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1 Julho/Outubro 2003 NOTA DE ABERTURA Magia - Quanto é que custa um pirilampo? - Dois euros. O “pin” custa um euro... - Oh, só tenho cinquenta cêntimos… – disse pesaroso, mas com suave brilho no rosto gaiato. - Queria dar... Queria dar... “Obrigado, meu querido!” Saiu-nos, apertado, o abraço. Sorriu o jovenzinho, livros às costas, e abalou, homem feito, nos seus 11/12 anos. Aqui para nós, íamos jurar que vimos luz no olhar de um dos pirilampos... Ficámos sem jeito. Marcial Alves

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1 • Julho/Outubro 2003

N O TA D E A B E R T U R A

Magia

- Quanto é que custa um pirilampo?

- Dois euros. O “pin” custa um euro...

- Oh, só tenho cinquenta cêntimos… – disse pesaroso, mas com suave brilho no rosto gaiato.

- Queria dar... Queria dar...

“Obrigado, meu querido!” Saiu-nos, apertado, o abraço. Sorriu o jovenzinho, livros às costas, e abalou, homem

feito, nos seus 11/12 anos.

Aqui para nós, íamos jurar que vimos luz no olhar de um dos pirilampos... Ficámos sem jeito.

Marcial Alves

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Sum

ário 3 • PÓRTICO

António Rodelo

ANO EUROPEU • 5

Um breve olhar sobre – Ano Europeu das Pessoascom Deficiência 2003 em Portugal

CUMPLICIDADES • 10

Boa Vizinhança

A importância do desporto e da actividade físicaadaptada

DESPORTO • 13

Mais uma Iniciativa Original deSolidariedade Social

SOLIDARIEDADE • 12

11 • PARCERIAS

Projecto de Formação em InformáticaPromoção da sociedade de informaçãoVodafone – CERCI de lisboa

8 • DOS NOSSOS | OUTROS

Centro de recursos da CERCIAV – Um Parto Sem Dor

19 • O BRINQUEDO

16 • TEATRO

O Grupo de TeatroCentro Educacional/Ocupacional em Olivais-Sul

Oficina do brinquedo adaptado(Co-financiado pela Fundação Oriente/

/Johnson & Johnson)

24 • NA PRIMEIRA PESSOA

À equipa de intervenção precoce

22 • PROJECTO PILOTO

Uma Aventura Diferente

EXPERIÊNCIAS DE TRABALHO • 25

Confecções CECIRLIS

Participações em eventos artísticos e culturais

INTERVALO • 18

SOLTAS • 28

CERCI LISBOA 2002 • 31CCEERRCCIILLiissbbooaa22000022

30 • MULTIDEFICIENCIA

Centro de Recursos para a Multideficiência

MMuullttiiddee--ffiicciieenncciiaa

27 • DEDICATÓRIA

Para ti

SOMOS Nº 8REVISTA DA CERCI • LISBOA Julho/Outubro 2003

PropriedadeCERCI – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos InadaptadosRua Tomás Alcaide, Lote 62 – A1900-822 Lisboa

e-mail: [email protected]

Tel 218 39 17 00Fax 218 59 87 48

EditorCERCI – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados

DirectorMarcial Alves

Gabinete de OpiniãoAna Cristina, Anabela Cruz, Maria Alice Santos, MónicaSantos, Susana Alves, MarcialAlves

Design GráficoAtelier Ana Filipa Tainha

Redacção, Publicidade e AssinaturasCERCI – LisboaRua Tomás Alcaide, Lote 62 – A1900-822 Lisboa

Ilustração da CapaAtelier Ana Filipa Tainha

Montagem, Impressão e AcabamentosIDG

PeriocidadeQuadrimestral

Tiragem2000 exemplares

Preço – 1,5 W

Depósito Legal nº 160.915.01Registo no I.C.S. nº 123772

Fundadores da CERCI LisboaAntónio Pessegueiro, ÉliaGonçalves da Costa Pessegueiro,João Calçado, Paula Calçado,António de Oliveira Cruz, MariaSusete Batalha, Teresa Moutinho,Mário Jerónimo, Maria da LuzAndrade da Costa Jerónimo,Maria da Conceição EspinhoSempre!

Os autores dos artigos assinadossão responsáveis pelas opiniõesexpressas, podendo não coincidircom a da direcção da “SOMOS”. É permitida a reprodução dos trabalhos publicados, desde que,inequivocamente, citada a fonte.

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P Ó R T I C O

3 • Julho/Outubro 2003

Estávamos todos absorvidos pela azáfama habi-

tual da nossa Campanha Pirilampo Mágico 2003. So-

bravam tarefas e escasseava o tempo. E o tempo, esse

subjectivo elemento que tanto nos condiciona, deixou

assim, repentinamente, de fazer sentido para todos

nós.

Diz algures num livro sagrado que “...Há um tempo

para tudo....” Há um tempo para nascer, há um tempo

para cultivar, para colher, para descansar e... para partir.

Todos ficámos envolvidos, ao mesmo tempo, num

mesmo sentimento de um tempo que nos trouxe dor,

amargura, saudade e a profunda angustia da irreme-

diável certeza de que perderamos um companheiro,

um amigo, um colega...

O António Rodelo era aquele homem de espírito

aberto, de palavra fácil, de inteligência arguta, de

porte digno que prodigiosamente, em momentos mais

complicados e de resoluções mais drásticas, encontrava

a frase espirituosa que acabava por suavizar esses ins-

tantes difíceis. Tinha o riso fácil de uma criança grande,

mas também sabia aplicar e dosear soluções mais acer-

tadas para chegarmos a decisões sensatas e equilibra-

das.

O Dr. António Rodelo integrou, durante 13 anos, as

sucessivas Direcções da CERCI de Lisboa. Foi um volun-

tário que, durante esses 13 anos, ajudou a conduzir os

destinos desta Instituição, emprestando muito do seu

tempo à causa da reabilitação das pessoas com defi-

ciência mental. Era o nosso tesoureiro e, ao contrário

daquilo que normalmente caracteriza os “homens dos

números“, o seu trato era intimamente humanizado e

António Rodelo

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nunca ditado pela “frieza dos números”. Também era

um pai extremoso e preocupado e tudo o que queria

para o seu filho, que frequenta a nossa Instituição, que-

ria para todos os nossos jovens. Era um homem sensível

que, não se manifestando euforicamente, deixava con-

tudo transparecer no rosto e no olhar atento, um forte

apreço e respeito pelo trabalho desenvolvido pelos téc-

nicos. Nas festas, nas exposições de trabalhos, olhava

atentamente e, às vezes, deixava escapar uma curta

apreciação: ”Isto está giro”. Lutou a nosso lado para

encontrar todas as saídas possíveis que conduzem se-

rena e gradualmente à estabilidade financeira da

“Nossa Casa”. Demonstrou sistematicamente uma ele-

vada consideração pelo trabalho de todos os outros

membros da Direcção e em todas as horas soube ouvir

com tranquilidade, opinar com sabedoria e partilhar

com discrição.

O António Rodelo deixou-nos. Era o mês de Maio.

Um Maio de céu muito azul onde já se adivinhavam os

laivos do calor que estava para vir... Era uma Primavera

quente que nos arrebatou este Homem que ainda teria

muito para viver, para receber e para dar...

O tempo dele entre nós, terminou. A sua partida

deixou em todos um vazio, um sentimento nostálgico

da incapacidade de nada podermos fazer a não ser re-

cordá-lo com muito carinho, muita gratidão e muita

saudade de todo aquele tempo em que, juntos, traçá-

mos muitos caminhos que fizeram e continuam a fazer

a história da CERCI de Lisboa .

Obrigado António, por tudo o que foi, por tudo o

que fez, por tudo o que lhe devemos.

Vamos continuar com a mesma força e recordá-lo-

-emos em todos os momentos da nossa vida de tra-

balho, de alegrias e de sucessos.

Lembramos por si e para si, as palavras de Coelho

Neto:

”Quem dá atenção à passagem de um minuto ?

É uma respiração, um olhar, um sorriso, uma lá-

grima, um gemido; juntai, porém, muitos e tereis a

vida”!... l

A Direcção da CERCI de Lisboa

4 • Julho/Outubro 2003

P Ó R T I C O

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A N O E U R O P E U

5 • Julho/Outubro 2003

OBJECTIVOS DO AEPD

O Conselho da União Europeia, reconhecendo que per-

siste a necessidade de sensibilizar a opinião pública, à

escala europeia, para os direitos das pessoas com defi-

ciência, adoptou, em 3 de Dezembro de 2001, a Decisão

2001/903/CE que declara o ano de 2003 Ano Europeu

das Pessoas com Deficiência (AEPD).

Centrada na conscencialização da população em

geral sobre as necessidades das pessoas com deficiência

e os obstáculos que, frequentemente, o cidadão

comum, sem se aperceber, lhes levanta, a Decisão con-

sidera como objectivos fundamentais do AEPD, pro-

mover a sensibilização para o combate à discri-

minação e à exclusão social das pessoas com

deficiência e para a sua plena integração na so-

ciedade, em todo o espaço europeu.

ESTRUTURA DO AEPD EM PORTUGAL

Em Portugal, para promover as iniciativas que estão

programadas no âmbito do AEPD com vista a concreti-

zação dos objectivos enunciados, e na sequência do de-

terminado na Decisão, foi constituída, pelo Despacho

nº 24 730/2002 do

MSST, uma Co-

missão Nacional

de Coordenação

para o Ano Europeu

das Pessoas com Defi-

ciência (CNCAEPD) a fim de

implementar os objectivos aí definidos, com represen-

tação de Departamentos Governamentais (6 enti-

dades) e de Organizações não Governamentais das

Pessoas com Deficiência (6 ONGPD), coordenada

pelo Secretário Nacional para a Reabilitação e Inte-

gração das Pessoas com Deficiência.

Para garantir o envolvimento de todo o território

nacional nas actividades do AEPD e a convergência de

esforços e a responsabilidade colectiva entre entidades

públicas e privadas, a CNCAEPD considerou que a mel-

hor estratégia seria convidar os Governadores Civis e

os representantes dos Governos Regionais dos Aço-

res e da Madeira a constituírem Comissões Distritais

e Regionais, integrando autarquias, delegações re-

gionais dos serviços públicos, representantes das ONG

das áreas da deficiência e da reabilitação, empresários,

UM BREVE OLHAR SOBRE

Ano Europeu das Pessoas com Deficiência2003 em Portugal

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outras entidades privadas e personalidades de recon-

hecido mérito local.

Esta estrutura de âmbito distrital e regional tinha

como objectivo configurar-se como uma instância de

parceria, dinamização e coordenação das actividades a

desenvolver no âmbito do AEPD a nível distrital e re-

gional, no sentido de uma maior co-responsabilidade

na concretização das acções que figuravam nos Planos

Distritais e Regionais apresentados em Março de

2003.

PLANO NACIONAL DE ACTIVIDADES DO AEPD

A elaboração do Plano Nacional de Actividades

para o AEPD, documento contextualizante dos objec-

tivos fixados pela Decisão do Conselho da União Euro-

peia, consistiu numa primeira fase, em garantir não

apenas a dimensão nacional das actividades a desenro-

lar durante o AEPD, mas igualmente a dimensão distri-

tal e regional de forma a assegurar a real cobertura do

território nacional e a diversidade de entidades envol-

vidas, quer na sua concretização, quer como público

alvo das acções.

O Plano Nacional de Actividades engloba mais de

420 Actividades, desenvolvidas em parcerias constituí-

das por entidades públicas e privadas, nomeadamente

Governos Civis, Autarquias, ONG das áreas da deficiên-

cia e reabilitação, Associações Empresariais e Universi-

dades. Destas actividades, que versam temas tão diver-

sificados como o desporto, a expressão artística e cul-

tural, a formação profissional, a educação, a acessibili-

dade ou a reflexão sobre a deficiência e a reabilitação,

apenas 34 projectos tiveram apoio da Comissão Eu-

ropeia e do Estado Português, num total de cerca de

400.000,00 Euros.

A abrangência territorial, a diversidade de in-

terventores nos projectos, a natureza plural dos

eventos são prova objectiva de que está a ser alcançado

o objectivo fundamental da Decisão: a sensibilização da

opinião pública e a promoção de actividades que con-

duzem à mudança de atitudes da população em

geral face às pessoas com deficiência.

Numa segunda fase, dois projectos de âmbito na-

cional que tiveram início este ano, com o objectivo de

se projectarem para o futuro, envolvendo uma larga

camada da população portuguesa. Estes projectos

visam sedimentar os resultados alcançados, no que diz

respeito à mudança de atitudes, através das actividades

desenvolvidas na primeira fase: são os Projectos Es-

cola Alerta e Férias Praia, Praias Acessíveis.

• O Projecto Escola Alerta dirige-se a todas as

crianças e jovens dos Ensinos Básico e Secundário e,

através deles, aos respectivos familiares, professores,

amigos e vizinhos. O Objectivo principal do projecto

consiste em alertar os jovens para os elementos que

constituem barreiras no meio arquitectónico e urba-

nístico, nos transportes e na comunicação, à plena

6 • Julho/Outubro 2003

A N O E U R O P E U

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7 • Julho/Outubro 2003

participação das pessoas com deficiência motora, vi-

sual, auditiva ou mental na vida em sociedade.

• O Projecto Férias Praia, Praias Acessíveis tem por

objectivo tornar acessível as praias portuguesas, ma-

rítimas e fluviais, às pessoas com deficiência. A con-

cretização deste objectivo inclui a promoção das aces-

sibilidades físicas (instalando ou melhorando rampas,

passadeiras de acesso, corrimãos, etc.), a disponibili-

zação de cadeiras de rodas e canadianas anfíbias, a

sensibilização dos concessionários das praias para as

questões da segurança e do direito das pessoas com

deficiência ao acesso às praias e a atribuição da Ban-

deira Azul da UE, em articulação com a Associação

Bandeira Azul Europa, às praias que reunirem con-

dições de acessibilidade.

OBJECTIVOS NACIONAIS DA POLÍTICA DE REABILITAÇÃO

No nosso País, o AEPD vai ficar relacionado com a

adopção de medidas estruturantes, com efeitos re-

levantes na assumpção de políticas promotoras da não

discriminação das pessoas com deficiência.

Neste contexto, está em curso a preparação de nova

legislação, designadamente:

• a Lei de Bases da Deficiência e da Doença Cró-

nica que consagra a mais recente abordagem de de-

ficiência, considerada como resultante da interacção

entre o indivíduo, as suas capacidades e o meio;

• a Lei das Organizações Não Governamentais de

Pessoas com Deficiência que vai reger os direitos e

os deveres destas entidades;

• o Plano Nacional de Promoção da Acessibili-

dade, considerada nas suas vertentes de acessibili-

dade ao meio físico edificado, aos transportes e à so-

ciedade da informação;

Ao nível distrital e regional, iniciativas com origem

nas actividades do AEPD como Planos Municipais de

Acessibilidade, Protocolos de Atendimento ao Ci-

dadão com Deficiência, Guias Distritais de Recur-

sos, etc., constituem instrumentos estruturantes de

promoção da participação das pessoas com deficiência

na vida da comunidade.

CONCLUSÃO

É, por isso, que o Ano 2003 – Ano Europeu das Pessoas

com Deficiência – é apenas um começo e nunca um fim

em si mesmo. É um desafio que está hoje colocado à So-

ciedade Portuguesa. Que o dinamismo, o empenha-

mento, a colaboração generosa dos mais diversos acto-

res – Entidades públicas e privadas, Autarquias, ONG,

Parceiros Sociais, Individualidades interessadas – se for-

taleça e engrandeça de forma que, através de uma re-

forçada conjugação de esforços e de vontades, possa-

mos contribuir para uma sociedade mais justa, mais

igual e mais participada. l

Cristina Louro

Secretária Nacional para a Reabilitação e

Integração das Pessoas com Deficiência e

Presidente da Comissão Nacional

de Coordenação para o Ano Europeu

das Pessoas com Deficiência

A N O E U R O P E U

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Assim mesmo. Um parto sem dor. E, como em

(quase) todos os partos, com alegria. E precedido, na-

turalmente, de um longo período de gestação.

Não houve “revoluções” internas e ninguém ficou

desempregado. Apenas alguma apreensão em algumas

pessoas que iriam desenvolver o seu trabalho noutros

contextos. O financiamento do pessoal era superior ao

da escola especial (121%). E até, já em época de con-

tenção, nos aprovaram mais uma técnica. Portanto...

A CERCIAV “nasceu”, como todas as Cerci’s, com a

Escola de Educação Especial, em 16 de Novembro de

1975, logo a seguir às de Lisboa e Barreiro. E, nessa al-

tura, a Escola Especial das Cerci,s era, como bem sabe-

mos, alternativa credível de concretizar o direito dessas

crianças à educação. Também elas passaram a ir a uma

escola, ainda que especial. A verdadeira segregação era

não irem à escola, ou serem dela excluídas, por “não

poderem aprender” (?...); ou não deixarem (certos

adultos) as crianças “normais” chegarem-se muito

perto “destas”, porque “podia pegar-se” (?...).

Até que o “grito de Ipiranga” soou em 1981 na voz

de uma Educadora da Bela Vista (Águeda) – Rosa Ma-

deira: “Abaixo a segregação! Viva a integração!” – era

o slogan. Muitos de nós (eu incluído) ficaram choca-

dos. Nós, que tínhamos dado a essas crianças a possi-

bilidade de também irem a uma escola; que as leváva-

mos a diferentes locais da comunidade; que

organizávamos actividades com alunos de escolas re-

gulares, considerávamos que não éramos segregado-

res, mas integradores.

Só que... O conceito de integração já era outro. O

WarnocK Report tinha saído três anos antes em Inglate-

rra, preconizando que a educação dos alunos com ne-

cessidades educativas especiais devia acontecer no meio

o menos restritivo possível. E este meio era a escola re-

gular. Mas a net, nesse tempo, era uma miragem, pelo

que as notícias demoravam mais tempo a cá chegar.

Há quem, perante uma nova ideia, uma nova pers-

pectiva, vá logo atrás. Provavelmente, são mais rápidos

no processo recepção-assimilação-acção. Não foi, não é

o nosso caso. Demorámos (costumamos demorar) o

tempo de um estudo, de uma discussão, de uma expe-

rimentação. Pronto, somos como S. Tomé: ver para crer.

Mas, depois, vamos em frente.

E foi assim. Com o aparecimento da Equipa de En-

sino Especial Integrado de Aveiro, começámos por con-

certar os critérios de admissão. Depois, a Lei 46/86 – Lei

de Bases do Sistema Educativo – incorporou os princí-

pios do referido Warnock Report. Em 1988, o próprio

Movimento CERCI, em Encontro Nacional, perspectivou

a transformação gradual da Escola Especial em “UMA

ESCOLA PARA TODOS”, ainda que particular. Também

por essa altura, a ARCIL, corajosamente e sem qualquer

enquadramento legal, encerrou a sua Escola Especial e

devolveu alunos e pessoal a escolas e jardins de infân-

cia regulares. O Dec.Lei 319/91 proporcionou, pela pri-

meira vez, a implementação de respostas adaptadas ou

alternativas em contexto escolar. E a Declaração de Sa-

lamanca, em 1994, proclamou a Escola Inclusiva como o

grande objectivo a perseguir.

8 • Julho/Outubro 2003

D O S N O S S O S | O U T R O S

Centro de recursos da CERCIAV – UM PARTO SEM DOR

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D O S N O S S O S | O U T R O S

9 • Julho/Outubro 2003

Foi neste contexto que a Direcção da CERCIAV deci-

diu, em 1996, que não entrariam mais alunos para a sua

valência educativa, encerrando-se a Escola Especial

quando os alunos que restavam (apenas 15) atingissem

a idade de passar para as outras valências. Simultanea-

mente, iniciou-se uma reflexão (cá está a reflexão)

sobre a possibilidade de a Cerciav vir a constituir-se

como um recurso para a comunidade educativa. E o

ciclo completou-se da melhor maneira: a escola especial

terminou precisamente no ano lectivo em que se co-

memorou o 25º aniversário da instituição – 2000/2001.

Com a decisão de não admissão de mais alunos, ini-

ciou-se, no contexto do Centro de Reabilitação Profis-

sional (CRP), um trabalho de colaboração com as Esco-

las do 2º e 3º Ciclos ao nível do que então chamávamos

Educação Laboral - hoje, Transição para a Vida Adulta

(TVA) - tendo funcionado durante três anos sem qual-

quer apoio do Ministério da Educação (certo que tam-

bém não foi pedido).

Como consequência da diminuição gradual de alu-

nos, as Auxiliares Pedagógicas começaram, também

gradualmente, a ficar excedentárias. Conhecendo,

através da ECAE, algumas necessidades prioritárias de

algumas escolas, experimentámos (cá está a experi-

mentação) uma primeira colaboração com aquela

Equipa, elaborando conjuntamente três pequenos

projectos: através de um, disponibilizámos equipa-

mento informático, software educativo e formação a

duas escolas do 1º ciclo; através de outro, propusémo-

nos implementar um programa de TVA, não já no CRP,

mas numa EB 2,3; através de outro ainda, disponibili-

zámos uma Auxiliar Pedagógica a uma Escola do 1º

Ciclo e a um Jardim de Infância. Estávamos em 1997/98.

No ano seguinte, disponibilizámos também algumas

horas da Psicóloga e elaborámos com a ECAE um Pro-

jecto mais alargado, contemplando vários serviços, que

enviámos à DREC. Em 1999/2000, passaram a duas as

Auxiliares Pedagógicas disponibilizadas e a colabo-

ração da Psicóloga foi aumentada para 50%. 2000/01

foi o último ano da Escola de Educação Especial - a

valência com que a CERCIAV tinha iniciado as suas acti-

vidades 25 anos antes. E em Setembro de 2001 o Cen-

tro de Recursos começou a funcionar como tal, incor-

porando o que já estava em funcionamento para apoio

a escolas de dois concelhos.

Neste momento (e enquanto aguardamos por novas

instalações), estão a funcionar os seguintes serviços:

Transição para a Vida Adulta (15 alunos); Terapia da

Fala (20 alunos e 100 em lista de espera); Psicomotrici-

dade (40 alunos e outros tantos em espera); Psicologia

(apoio a Escolas, TVA e Equipa Multidisciplinar de Diag-

nóstico e Encaminhamento); Apoio a Escolas (Auxiliares

Pedagógicas - sala da multideficiência, sala Teacch e

TVA). Para estes serviços, contamos com os seguintes

profissionais: uma Professora do 1º Ciclo especializada

- coordenadora; uma Professora de Educação Física;

uma Terapeuta da Fala; uma Psicóloga; uma Técnica de

Serviço Social a 50%; três Auxiliares Pedagógicas. Futu-

ramente, contaremos ainda com mais dois serviços: Es-

paço Multimédia e Sala Polivalente para Formação, Bi-

blioteca, Mediateca e Ludoteca.

Foi. Foi mesmo um parto sem dor e com muita ale-

gria. E a CERCIAV saiu revalorizada por esta iniciativa.

Se receios houve por parte das Auxiliares em irem

trabalhar num contexto tão diferente daquele a que

estavam habituadas, perguntem-lhes hoje se querem

voltar para a CERCIAV. A resposta será “não”, porque

“aqui é que deve ser...” l

Fernando Vieira

Presidente da Direcção

AAvveeiirroo

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A boa vizinhança existe e não é nova. Mas todos os pretextos servem para a cimentar ou, na cir-

cunstância, fazer florir. Queremos dar notícia da cordialidade quotidiana verificada nas palavras e nos actos

entre a CERCI, Espaço da Luz, e o CALB (Centro de Apoio Laboral de Benfica), seu vizinho do lado.

Queremos deixar registo do bom entendimento, do consequente entendimento entre ambos os “morado-

res” da Luz, que decidiram dar-se a conhecer ainda melhor e trabalhar para concretizar obra que se veja.

No caso, à zona verde que ladeia a CERCI, justamente na Luz.

Conversámos primeiro (ver foto).

Actuámos no terreno a seguir (ver foto).

E estamos felizes, sobretudo pela amizade que, de um lado e outro, há-de aparecer regada, com gestos de

boa vontade e simpatia.

A propósito, sabem que o Mário, do CALB, já aprendeu connosco a ler os principais títulos dos jornais?...

É verdade! Aprendeu mesmo. Quis e aí está. Conheçam-no na foto.

Só com a cumplicidade e com a mais valia de cada uma das Instituições e o envolvimento de todos, técni-

cos e jovens, foi possível tornar o Sonho realidade! l

10 • Julho/Outubro 2003

C U M P L I C I D A D E S

Boa Vizinhança

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PA R C E R I A S

11 • Julho/Outubro 2003

No actual momento, a CERCI de Lisboa desenvolve

e operacionaliza uma diversidade de respostas exigidas

pelo conjunto de intervenções feitas e pelas caracterís-

ticas da população alvo atendida. Esta realidade cons-

tituiu-se como uma preocupação por parte dos respon-

sáveis da Entidade, relativamente ao desempenho dos

seus técnicos e às necessidades sentidas pelos mesmos,

ao nível da formação em exercício.

Daqui, decorreu a exigência de ser criado um Gabi-

nete para diagnosticar, conceber, organizar, planificar

e operacionalizar acções de sensibilização e formação

aos técnicos no âmbito da formação de aperfeiçoa-

mento - o Gabinete de Investigação, Estudos e Projec-

tos (GIEP). É ainda da competência deste gabinete o es-

tudo e investigação aos níveis de Projectos institu-

cionais e de projectos desenvolvidos no âmbito das par-

cerias e redes constituídas com outras entidades.

Foi exactamente no contexto da existência das ne-

cessidades sentidas, tanto ao nível da formação dos téc-

nicos como ao nível da dotação de alguns equipamen-

tos informáticos, que surgiu a oportunidade da

apresentação de um Projecto à Fundação Vodafone.

A Fundação Vodafone instituiu um programa de

acções direccionadas para o apoio financeiro a projec-

tos cujo objectivo principal se prende com a PRO-

MOÇÃO DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO. O projecto,

apresentado pela CERCI de Lisboa, foi analisado pelos

responsáveis do referido programa e foi considerado

credível para efeitos de financiamento, tendo sido alvo

da assinatura de um acordo de parceria entre aquela

empresa e a CERCI de Lisboa.

O PROJECTO ABARCA DOIS GRANDES OBJECTIVOS:

• Dar Formação Pedagógica Inicial de Formadores e For-

mação Específica em Informática aos técnicos que

lidam mais de perto com Jovens/Adultos susceptíveis

de integrarem o mercado de trabalho, seja em situação

efectiva de emprego, seja em situação de experiências

sócio-ocupacionais em estruturas empresariais.

• Utilizar as novas tecnologias nas aprendizagens das

competências sociais, dos Jovens/Adultos com defi-

ciência mental, promotoras do sucesso da integração

profissional. As competências adquiridas serão multi-

plicadas, através de formação, aos jovens/adultos com

deficiência mental e ainda a outros técnicos, num tra-

balho de equipa multidisciplinar, integrando-o no

plano de formação institucional

• De salientar que os equipamentos pedidos irão cons-

tituir-se, no futuro, como uma mais valia para os nos-

sos utentes, proporcionando-lhes a aquisição de com-

petências mais adequadas no que se relaciona com a

Promoção da Sociedade de Informação e permi-

tindo-lhes criar mais situações de comunicação à

distância com outros jovens de outras instituições.

• Queremos deixar aqui uma palavra de apreço à Voda-

fone pelo espírito de solidariedade que demonstra ao

desenvolver este tipo de acções dirigidas a públicos-alvo

mais carenciados e socialmente mais desprotegidos.

Em nome dos nossos jovens, das suas famílias e dos

nossos técnicos aqui deixamos o nosso “muito obri-

gado” à Fundação Vodafone. l

Projecto de Formação em InformáticaPromoção da sociedade de informaçãoVodafone – CERCI de Lisboa

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De novo a Vodafone apostou numa iniciativa que

é de louvar tratando-se, como foi o caso, de motivar nu-

merosos entrevistados a participarem na referida ini-

ciativa, respondendo a questionários.

Para melhor esclarecermos o mecanismo desta

acção, passamos a transcrever parte do conteúdo do

“Press Release” divulgado pela Vodafone:

“... A iniciativa surgiu quando a Vodafone enco-

mendou à Euroexpansão um importante estudo de

mercado que, pelas suas características, exigia uma ele-

vada disponibilidade do entrevistado, devido ao por-

menor e extensão das questões colocadas. Tendo em

conta a exigência de disponibilidade e os eventuais in-

cómodos causados, foi decidido propor um incentivo

aos entrevistados – mas um incentivo cuja motivação

fosse marcadamente ética.

Assim, cada entrevistado foi motivado pelo facto de

saber que a sua participação representaria um donativo

financeiro da Vodafone, destinado a uma instituição de

solidariedade social. A iniciativa excedeu todas as ex-

pectativas e foi apurada a quantia de 95 000 euros que

foi dividida equitativamente entre três Instituições:

“Sol”, “CERCI de Lisboa” e “Aldeias SOS”.

Saliente-se que tal foi possível graças aos numerosos

entrevistados, particulares e empresas, que se disponi-

bilizaram para colaborar nesta iniciativa.”

À CERCI de Lisboa, uma das três Instituições de Soli-

dariedade Social contempladas, coube a quantia de

31 666,70 Euros.

Queremos expressar aqui e publicamente o nosso pro-

fundo agradecimento à Vodafone. Cabe também, neste

espaço a nossa gratidão e um “Bem-Hajam” à empresa

Euroexpansão e a todos os entrevistados pela sua cola-

boração. Esta acção conjunta traduziu-se num apoio que

nos irá ajudar no trabalho que dia a dia desenvolvemos

em prol da reabilitação dos nossos jovens/adultos. l

12 • Julho/Outubro 2003

S O L I D A R I E D A D E

Mais uma Iniciativa Original de Solidariedade Social

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D E S P O R T O

A importância do desportoe da actividade física adaptada

13 • Julho/Outubro 2003

O conhecimento da realidade constitui um ins-

trumento concreto de trabalho. De facto, estima-se que

as pessoas portadoras de deficiência constituam cerca

de 10% da população europeia. Relativamente a Por-

tugal, de acordo com os Censos 2001, verifica-se que a

taxa de deficiência é 6,13%, isto significa que para uma

população de 10,3 milhões de indivíduos, há cerca de

634.408 de pessoas com deficiência. Desagregando por

tipos de deficiência, verificamos que a taxa de incidên-

cia da deficiência mental se situa nos 0,7%.

Este número é bastante elevado, principalmente se

pensarmos na falta de apoios a Organizações e Asso-

ciações, na escassez de técnicos especializados, na fraca

oferta de programas de actividade física adaptada e

desporto, e nas inúmeras barreiras arquitectónicas exis-

tentes nos equipamentos desportivos.

Na realidade dada a importância que a actividade fí-

sica e o desporto têm no desenvolvimento de qualquer

ser humano é incompreensível que a prática dos mes-

mos não esteja acessível a todos. Com efeito, a prática

do desporto ao estar acessível a todos deve estar pre-

parada para incluir indivíduos com qualquer tipo de de-

A Actividade Física Adaptada

e o Desporto devem ser reconhecidos

como meios vitais para a reabilitação

e integração das pessoas portadoras

de deficiência na sociedade.

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ficiência. É não só um direito, como neste grupo popu-

lacional, proporciona vários benefícios.

No que se refere à população portadora de defi-

ciência, a actividade física adaptada, segundo Paula

Lebre proporciona para além de benefícios de carácter

afectivo (melhoria do auto-conceito e da auto-imagem,

desenvolvimento de competências sociais e satisfação),

benefícios de carácter psicomotor (aquisição de skills

motores e de lazer e melhoria da condição física) e ao

nível cognitivo (comportamentos de jogo, funciona-

mento perceptivo-motor e expressão criativa).

O Desporto tem também um contributo indiscutí-

vel na integração social ao incluir pessoas portadoras

de deficiência. Ao nível da saúde melhora a condição fí-

sica do indivíduo, e o seu estado emocional e afectivo

torna-se mais estável.

No que concerne às crianças e jovens portadoras de

deficiência mental, estas apresentam uma capacidade

de aprendizagem mais lenta e limitada, o que afecta a

habilidade para desenvolver competências sociais e a

aquisição de skills motores. De uma maneira geral, as

crianças e jovens com deficiência mental exibem um de-

senvolvimento motor e uma condição física abaixo da

média. Apesar de seguirem as mesmas etapas de de-

senvolvimento motor, fazem-no num ritmo mais lento.

Segundo Joseph P. Winnick, geralmente, quanto maior

for o défice intelectual maior é o desfasamento para

atingirem um marco de desenvolvimento.

Por este motivo os programas de actividade deverão

ser adaptados. As modificações devem ser incluídas na

actividade física tendo em atenção as características e

necessidades especificas de cada indivíduo. A adap-

tação reduz desta forma as desvantagens que a defi-

ciência mental pode proporcionar.

Nas diversas convenções internacionais, no tratado

da União Europeia e nas Constituições Nacionais (Cons-

14 • Julho/Outubro 2003

D E S P O R T O

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D E S P O R T O

15 • Julho/Outubro 2003

tituição da República Portuguesa, art.º 71), é reconhe-

cido que todas as comunidades devem assegurar que as

pessoas com deficiência possam desfrutar integral-

mente dos direitos humanos. Isto implica que, todos os

sistemas da sociedade e do meio envolvente, devem

evoluir para uma concepção global que os tornem aces-

síveis a todos e em especial às populações com necessi-

dades especiais.

Em 1993, são adoptadas pelas Nações Unidas as Nor-

mas sobre a igualdade de oportunidades para as pessoas

com deficiência. De acordo com a norma 11, os Estados

devem tomar medidas que garantam às pessoas por-

tadoras de deficiência iguais oportunidades na

prática de actividades recreativas e desportivas.

Em 2003, assinala-se o décimo aniversário da

adopção pela Assembleia Geral das Nações Unidas, das

Normas sobre a igualdade de oportunidades das pes-

soas com deficiência, que permitiram realizar progres-

sos consideráveis no sentido de uma abordagem da de-

ficiência em conformidade com os direitos humanos.

As Nações Unidas, o Conselho da Europa, o Comité

Económico e Social, o Secretariado Nacional de Reabi-

litação (Lei de Bases da Reabilitação), apontam a im-

portância do Desporto na sociedade. No entanto, po-

deremos dizer que a nossa sociedade proporciona ao

nível da prática do desporto igualdade de oportunida-

des?

Relativamente a esta matéria e assinalando-se este

ano, o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, exis-

tem várias áreas no quadro do Desporto e Recreação

para pessoas portadoras de deficiência, onde se justi-

fica a intervenção prioritária, nomeadamente: na in-

formação/formação de técnicos e famílias, no incre-

mento de novos programas, na melhoria dos progra-

mas já existentes, na eliminação de barreiras arquitec-

tónicas em equipamentos desportivos e no incentivo às

organizações não governamentais a participarem na

elaboração de políticas desportivas que lhes digam res-

peito.

Segundo a Declaração de Madrid (apoiada pelo Co-

mité Económico e Social), é proposto às autoridades

públicas (nacionais e locais) que devem dar o exemplo

e serem as primeiras a desenvolver medidas que tor-

nem a sociedade inclusiva para todos.

BIBLIOGRAFIA

LEBRE, P. (1997): Acção de Formação “Actividades Físicas e Des-

portivas para Indivíduos com Necessidades Educativas Especiais –

Adaptação para a Inclusão” Dep. de Desporto/CML.

WINNICK, J. (1995): Adapted Physical Education and Sport (2.ª

Edição), Human Kinetics, Champaign (USA).

Declaração de Madrid, tirada do site:

www.acesso.umic.pcm.gov.pt/2003/madrid.htm

Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com

Deficiência, Secretariado Nacional de Reabilitação, Colecção Ca-

dernos SNR N.º3, (1995), Lisboa l

Margarida Grenha Reis

Técnica Superior do Departamento de Desporto da C.M.L

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Demos-lhe o nome de “Grupo Lanterna Mágica”.

Se calhar este não seria o nome ideal porque chegam

até nós várias publicidades, de vários grupos cénicos,

que têm rigorosamente o mesmo nome. Provavel-

mente foi uma das peças que representamos que nos

levou a encontrar esta denominação. A “História do Ci-

nema” que levou à pesquisa de vários factos históricos

relacionados com o aparecimento do Cinema, lem-

brava que no inicio dos inícios se chamou à máquina

milagrosa que sequenciava imagens “a lanterna má-

gica”. Daí a ideia e daí o nome.

Sempre fui uma apaixonada pelas coisas do teatro.

Sempre fiquei extasiada com aqueles momentos em

que se misturam as emoções de quem está no palco e

as emoções de quem está, do lado de cá, olhando,

acompanhando, aplaudindo ou não, aquelas persona-

gens que, como por magia, deixam de ser quem são

para passarem a ser aquilo representam.

Num longo percurso profissional, como professora

do 1º Ciclo muitas vezes estive ligada a grupos idênti-

cos e muitas vezes participei em representações onde

naturalmente os artistas pouco mais tinham que palmo

e meio. Foi ainda no decurso da minha vida profissio-

nal que estive associada a grupos de teatro amador.

Pensei eu que já tinha visto de tudo. Enganei-me e

como sempre, voltei a aprender muitas coisas novas.

Quando começámos a formar o nosso grupo e a per-

guntar aos nossos jovens actores se queriam entrar

para a Área do teatro, deparámo-nos com as situações

mais curiosas e emotivas que alguma vez eu imaginara.

Nos jogos preparatórios para trabalhar a comunicação:

o movimento, o ritmo, a respiração, a relaxação, a per-

sonagem e a relação intergrupal fomos surpreendidos

por expressões e actos de grande comunicabilidade.

Tivemos quem nos garantisse que estava a voar,

quando propusemos que cada um escolhesse ser aquilo

que mais admirasse. Uma jovem escolheu ser uma ave.

E voou. Deslocou-se por toda a sala, em bicos de pés,

de braços abertos e dizia: Estou a voar. Estou a voar.

Admirável! Inimaginável fazê-la compreender que o

jogo era apenas um “faz de conta”. Para ela era a

forma mais bem conseguida de se libertar e portanto

sentiu-se a voar e gostou da experiência.

Também houve quem dissesse apenas: Não sou

capaz.

E afinal, foi capaz !

Semana após semana acontece o encontro dos que

gostam de fazer aquilo que fazem: o teatro!

São 24 jovens/adultos que frequentam o Centro

Educacional/Ocupacional da CERCI de Lisboa e os cinco

técnicos, onde me incluo, que trabalham toda a ex-

pressão dramática que irá concretizar as posteriores re-

presentações. Para além de mim estão o Rodrigo

Duque, a Susana Henriques, a Maria João Veiga e a

Luísa Rodrigues. Mas por detrás de todo este trabalho

está ainda uma equipa de outros técnicos que repre-

sentam o suporte à realização efectiva do espectáculo.

É justo deixar aqui um apontamento a esses técnicos.

Um elogio às nossas aderecistas Isabel Caeiro, Mariana

e Maria João pela colaboração e pela arte com que nos

presenteiam. Um outro elogio às monitoras Esmeralda

e Anabela pelo jeito e rapidez na confecção de algum

16 • Julho/Outubro 2003

T E AT R O

O Grupo de TeatroCentro Educacional/Ocupacional em Olivais-Sul

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T E AT R O

17 • Julho/Outubro 2003

guarda- roupa. Justo é deixar aqui uma palavra para a

Teresa Silva e a Rute que estão a criar uma boa técnica

de rapidez e qualidade ao vestirem os nossos actores e

ao maquilhá-los tendo ainda um importantíssimo

papel nos bastidores durante as actuações.

De resto, é preciso dizer que, quando temos repre-

sentações toda esta equipa se envolve e se disponibi-

liza, não olhando a dias ou a horas. Graças a todos eles,

quando subimos para o palco tudo está pensado e

orientado para que o sucesso seja certo.

Lembremos ainda a nossa educadora Filomena que

se especializou na sonoplastia e já nos é imprescindível

na “reggie!”

Em todos os momentos temos contado com a cola-

boração da Coordenadora do Centro, que envida todos

os esforços, disponibilizando e gerindo os meios huma-

nos para que tudo possa decorrer de forma continua e

tranquila. É também ela que faz os contactos e orga-

niza as saídas para efectuar representações partici-

pando ainda como colaboradora de “bastidores”.

E se falamos da nossa equipa interna é de primor-

dial justiça deixar um agradecimento a dois técnicos vo-

luntários que nos têm feito todo o suporte audiovisual.

Aqui fica um forte abraço de gratidão para o Rui Ro-

drigues, especialista em audiovisuais e para o músico

Telmo Pádua.

Ambos têm colaborado connosco de forma desinte-

ressada e amiga.

Apenas resta dizer-vos que a nossa representação

mais recente foi, como já referi, a História do Cinema.

Iniciámos este trabalho há um ano. Fizemos a 1ª apre-

sentação na Festa de Natal da CERCI de Lisboa em 2002.

Depois disso já efectuámos mais seis representações.

A última foi no Parque das Nações no dia 29 de Setem-

bro de 2003, durante o espectáculo da Meia – Mara-

tona da Área Metropolitana de Lisboa.

Ao todo teremos representado para cerca de 3000

pessoas. No próximo dia 21 de Novembro iremos com a

mesma peça ao teatro de Pinhal Novo, por convite do

Sr. Presidente da Câmara de Palmela.

Aproxima-se a Festa de natal de 2003. Dezembro é

a nossa próxima meta. Em preparação está um trabalho

que nos está a dar muito prazer e pelo qual estamos a

dar todo o nosso melhor. Os nossos actores estão entu-

siasmados e garantem-nos que “vai ser muito giro”.

Estão altamente compenetrados! Quando os oiço

com a habitual pergunta de todas as vezes que nos en-

contramos - “professora hoje temos teatro”? - eu penso

sempre naqueles momentos iniciais quando todos es-

távamos em dúvida se seríamos capazes... mas também

penso que o Teatro tem na verdade a grande magia de

nos unir e de nos levar a acreditarmos uns nos outros,

partilhando um espaço que ao fim e ao cabo é o Palco

da Vida! l

Leonor Santos

1º FESTIVAL NACIONAL

DA CANÇÃO PARA PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA

Mobilizando instituições e pes-

soas de todo o País, teve lugar

no Cine-Teatro da Lousã, em

Julho passado, o 1º Festival Na-

cional da Canção para Pessoas

com Deficiência. Foi um êxito!

Pela CERCI Lisboa, actuou o grupo Lêchapô, formado em

1988, que tem participado em vários espectáculos, cola-

borado em projectos integrados no Programa Horizon.

Trata-se de um conjunto onde a experiência funcionou

em pleno e tem como objectivo a integração dos jovens

no meio social e a partilha daquilo que se gosta de fazer:

música.

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18 • Julho/Outubro 2003

I N T E R VA L O

O caminho mais longo começa com um passo.

Muitas pessoas viriam a ser sábios se

não se tivessem convencido de o ser já.

Séneca

O vitorioso tem muitos amigos. O vencido bons amigos.Prov. Mongol

Diz o juiz para o réu:

- No momento do furto, o senhor não

pensou na sua mulher e na sua filha?

- Se pensei, senhor doutor juiz, se pen-

sei... Mas no armazém só havia roupa

de homem.

Não há outro remédio para a falta de amor senão o amor.

Uma alegria partilhada transforma-se em alegriaa dobrar, uma tristeza partilhada em meia tristeza.Prov. Sueco

Não há árvore que o vento não tenha já sacudido.

Não há aflição que um dia de sol não diminua em parte.

Houdett

No fotógrafo, diz este à cliente:- Aqui tem a fotografia dos seus 2 gémeos.- Mas eu só vejo um no retrato.- Como são iguais não valia a pena foto-grafar mais do que um...

1.Romã2.Vinagre e vinho3.Lagos4.Roca

5.Arminho (Minho)6.Canário (cana-rio)7.Líbia (tíbia)

So

luçõ

es

3. Sou cidade cheia de água, quem sou?

4. Qual o cabo português que fia?

5. Qual o animal que, tirando-lhe uma sílaba,

é uma província portuguesa?

6. Sou pássaro cantador mas cortado ao meio

passo a pescador

7. Qual é o país africano que substituindo uma

letra dá nome de osso humano

1. De Roma me veio o nome

Coroada eu nasci

De tanto filho que tive

Todos da mesma cor vesti.

2. Somos dois irmãos

De diferente condição

Meu irmão vai à Missa

E eu à Missa não vou não

Para festas e banquetes

A mim me convidarão

Para cozinhas e petiscos

Falem com meu irmão

Selecção de Ignácio Oitaven

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O B R I N Q U E D O

19 • Julho/Outubro 2003

Destina-se a crianças dos 0 aos 6 anos de

idade, em situação de risco biológico, estabelecido ou

ambiental, e suas famílias que residem nas Freguesias

de Marvila e Olivais

O Projecto Oficina do Brinquedo adaptado surge no

seguimento de outros projectos desenvolvidos nesta

instituição, consubstanciando a ideia de que esta insti-

tuição é um recurso da comunidade, devendo-se por-

tanto, moldar às suas necessidades e desenvolver res-

postas de qualidade, contribuindo com a sua vasta

experiência e recursos técnicos, no que se refere à po-

pulação com deficiência.

Estes outros projectos em desenvolvimento, como é

o caso do Projecto Comunitário de Intervenção Precoce,

constituem-se também como observatórios das realida-

des na zona geográfica que circunda a localização da

Instituição (Freguesias de Marvila e Olivais), permitindo

identificar a existência de muitas crianças com defi-

ciência e em idade pré-escolar, ainda não integradas no

meio educativo. No caso das crianças com deficiência

integradas em meio educativo, regista-se por parte das

próprias crianças, dos seus pais e agentes educativos e

comunitários necessidades/dificuldades a vários níveis,

nomeadamente: informação sobre brinquedos e activi-

dades específicas; adaptação de brinquedos; partilha

de experiências; diversificação e adaptação de estraté-

gias. Da articulação que estabelecemos com as diversas

instituições da comunidade verificamos que estas se de-

batem diariamente com situações limite, vendo o seu

trabalho muitas vezes comprometido, por falta de es-

truturas de apoio complementar às crianças e famílias.

É hoje um dado adquirido que para todas estas

crianças, e independentemente da sua situação escolar,

o jogo e o brincar assumem uma importância extrema

como factores promotores do desenvolvimento. No

caso das crianças com deficiência a importância do jogo

e do brincar é ainda mais relevante e lata, abrangendo

os aspectos desenvolvimentais, relacionais e sociais. Em

última instância e desde que partilhados pelos pares,

são facilitadores da inclusão destas crianças na comuni-

dade.

Consideramos a caracterização socio-económica

desta comunidade como um factor de necessidade e

possibilidade de intervenção do tipo comunitária,

tendo em conta que a maioria dos habitantes desta co-

munidade apresentam baixos rendimentos (encon-

trando-se abrangidos pelo Programa de Rendimento

Mínimo Garantido) e encontram-se em situação de rea-

lojamento, vivendo em habitações do tipo social. No

que diz respeito aos bairros circundantes observa-se a

Oficina do brinquedo adaptado(Co-financiado pela Fundação Oriente/ /Johnson & Johnson)

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ausência de um planea-

mento ambiental que

contemple espaços para

lazer e uma grande con-

centração de problemas

sociais, pobreza, droga,

prostituição e falta de segurança na vizinhança.

Estes problemas socio-económicos reflectem-se nas

crianças, verificando-se um aumento significativo de

casos com necessidades especiais em áreas específi-

cas, como a Saúde a Socialização o Comporta-

mento e a Comunicação.

Pelo exposto, a Oficina do Brinquedo Adaptado

surge como uma necessidade premente para dar res-

posta a um número variado de crianças, famílias e téc-

nicos. Enquadrada na política da instituição, onde a in-

tervenção atempada e a resposta às necessidades das

famílias assumem um papel inquestionável, e sob a

missão da promoção dos direitos da criança e da famí-

lia, do respeito pela igualdade de oportunidades, e da

luta contra a exclusão social.

A par da satisfação das necessidades básicas, brincar

é uma actividade fundamental para o desenvolvimento

físico, cognitivo, social e afectivo de todas as crianças: o

jogo ajuda a criança a descobrir as suas próprias capa-

cidades e as possíveis funções e qualidades dos objec-

tos; tem um papel privilegiado no desenvolvimento da

personalidade; ajuda a conviver, partilhando activida-

des e interesses, liberta tensões e gere conflitos. Assim

o jogo assume funções educativas e terapêuticas.

Não podemos deixar de constatar que no caso

das crianças deficiência, o seu desenvolvimento

pode encontrar-se comprometido: a falta de con-

trolo nos seus movimentos, dificulta-lhe a explo-

ração dos objectos que a rodeiam, desta forma os

brinquedos podem estar fora do seu alcance ou

mesmo inacessíveis, tornando mais difícil a ini-

ciativa, o tocar e o agarrar. Esta dificuldade na

mobilidade, pode conduzir a situações de insu-

cesso continuado e consequentemente levar a

uma privação intelectual. Para estas crianças, o

jogo e o brincar assumem uma dimensão decisiva

no seu desenvolvimento físico, social, afectivo e

cognitivo, sendo portanto necessário redimensio-

nar as regras, fazendo chegar o jogo à criança, au-

mentando as suas experiências de exploração dos

objectos, a sua motivação e autoconfiança.

A Oficina do Brinquedo Adaptado é um espaço de

actividades lúdicas orientadas, onde as crianças podem

brincar e jogar. Outra das suas funções é emprestar

brinquedos, que as crianças levam durante um deter-

minado período de tempo, para brincar em casa.

A Oficina do Brinquedo Adaptado é um meio de as-

segurar à criança um desenvolvimento global harmo-

nioso, sem que as famílias fiquem sobrecarregadas com

pesadas despesas ou com as dificuldades de escolha de

brinquedos adequados aos vários estádios de desen-

volvimento da criança, a partir de um vasto leque de

oferta existente no mercado.

Neste espaço, e em conjunto, pais e técnicos (tera-

peutas e educadores), ensaiam novas formas de moti-

var e alargar o campo de interesses da criança. Este as-

pecto assume uma maior importância, quando se trata

de uma criança com deficiência , tendo em conta a ne-

cessidade de adaptação de brinquedos (às característi-

cas específicas da criança) e função terapêutica do

jogo enquanto meio facilitador do desenvolvi-

mento da criança.

A Oficina do Brinquedo Adaptado desenvolve, em

colaboração com outros parceiros, actividades diversifi-

cadas de animação e culturais, tendo em conta as mo-

tivações e interesses da comunidade, de tal

forma que constituem uma mais valia

para a comunidade.

Para concluir, pretende-se com

este projecto:

• actuar junto das famílias e das

crianças em situação de risco so-

cial ou com Necessidades Educa-

tivas Especiais, promovendo as

condições para o seu desenvolvi-

mento global e harmonioso;

20 • Julho/Outubro 2003

O B R I N Q U E D O

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O B R I N Q U E D O

21 • Julho/Outubro 2003

• apoiar os pais na sua tarefa de educação dos seus fil-

hos, procurando resolver simultaneamente o pro-

blema da selecção de brinquedos de qualidade e o

problema económico, nas suas vertentes de incapaci-

dade e de desperdício;

• implementar uma dinâmica de cooperação interinsti-

tucional, envolvendo a comunidade através dos seus

recursos formais e das redes informais de

interajuda. l

Ana Cristina Gonçalves Sandra Baptista

Acções

Desenvolvimento de actividades lúdicasna Oficina do Brincar; incluem-se as acti-vidades específicas no âmbito da comuni-cação;

Desenvolvimento de actividades nos Jar-dins de Infância da zona geográfica deabrangência, promovendo sempre quepossível o intercâmbio entre os diversosJardins de Infância.

Empréstimo de brinquedos à comuni-dade.

Acções e encontros de formação e infor-mação a pais e técnicos.

Desenvolvimento de actividades culturaispara e com a comunidade.

Desenvolvimento de ateliers de recupe-ração/adaptação e elaboração de brin-quedos.

Articulação com a Associação para a Pro-moção da Segurança Infantil - investiga-ção/acção

Articulação com os recursos da comuni-dade e outras entidades que desenvol-vam actividades específicas para criançasdos 0 aos 6 anos de idade

Organização do espaço de funciona-mento da Oficina do Brincar; Planificaçãoe divulgação das acções; Avaliação

Confecção do livro “O Brinquedo Adap-tado – Faça você mesmo”

Resultados/ Produtos

Promover o desenvolvimento harmo-nioso da criança; Promover as suas ca-pacidades de interacção; Prevenir face a situações de discriminação; Promovera criação de grupos de auto-ajuda.

Aumentar os recursos dos Jardins deInfância; Diminuir o isolamento de al-guns serviços / técnicos.

Promover o respeito pelos bens co-muns; Contribuir para a gestão da eco-nomia familiar; Contribuir para diversi-ficar os brinquedos a que as criançastêm acesso.

Brochuras de informação construídaspor pais e técnicos; Tornar a informaçãomais acessível; Melhorar e equilibrar asatitudes educativas.

Diversificar os interesses culturais da co-munidade; Promover uma melhor inte-gração das diversas minorias existentesna comunidade; fortalecer os laços devizinhança

Participação dos pais e técnicos nas ac-tividades da Oficina do Brincar; Manu-tenção dos brinquedos; Criação e diver-sificação de brinquedos adaptados

Brinquedos com melhor qualidade, se-gurança e que satisfaçam as necessida-des e motivações das crianças

Maior participação dos recursos técni-cos na vida social da comunidade;Maior proximidade da comunidade aosrecursos culturais.

Panfletos de divulgação; Garantir obom funcionamento e aproveitamentodo espaço

Resumos e fotografias passo a passosobre a adaptação de brinquedos

População a Abranger

Crianças até aos 6 anos deidade e suas famílias

Crianças integradas emmeio educativo

Crianças em situação derisco biológico, ambientalou estabelecido e suas fa-mílias

pais e técnicos

comunidade residente nazona geográfica de abran-gência

pais e técnicos

crianças dos 0 aos 6 anosde idade

comunidade residente nazona geográfica de abran-gência

Crianças dos 0 aos 6 anosde idade, suas famílias etécnicos

Famílias e técnicos

Previsão Temporal

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

Setembro de 2003

ACÇÕES A DESENVOLVER

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Cada um de nós transporta em si uma herança

que nos marca de uma forma única e irrepetível, a que

damos o nome de idiossincracia. Os nossos valores, as

nossas vivências familiares, o meio em que nos inseri-

mos, a nossa personalidade, ou seja, o contexto em que

vivemos e crescemos, tem muita influência no “ser”

que cada um de nós é no seu todo. É como se todos

estes factores construissem as impressões digitais da

nossa existência. Não é, pois, por acaso que encaramos

a vida segundo determinados padrões e de acordo com

determinados princípios e valores que nos foram incu-

tidos desde crianças.

Foi por sentir esta urgência de criar um espírito de

abertura aos outros e ao mundo, nas gerações que

construirão a sociedade do amanhã, que nasceu o pro-

jecto-piloto “Uma Aventura Diferente”, no âmbito do

Conselho Municipal para a Integração da Pessoa com

Deficiência (CMIPD). Sentimos que é preciso ir mais

além, ter uma visão a longo prazo: é importante mudar

a mentalidade nos adultos, mas não será igualmente

importante participar activamente na educação das

nossas crianças?... Para que os futuros médicos, profes-

sores, engenheiros e arquitectos deste país encarem a

diferença como algo natural, que não “complica” a

nossa vida, mas antes a enriquece. Só assim teremos

profissionais conscientes, professores que ensinam

numa escola para todos e engenheiros e arquitectos

que idealizam um meio envolvente sem barreiras ar-

quitectónicas.

Bom, mas chega de “introdução” (que aliás, já vai

longa...) e vamos para o que sucedeu na “prática”...

Foram os alunos da turma da professora Rute, da Es-

cola de Ensino Básico nº 54, do Vale Fundão, que vive-

ram, no passado dia 22 de Outubro, “Uma Aventura Di-

ferente”. A proposta foi apresentada pela Secção IV do

CMIPD ao Conselho Executivo daquela Escola e foi bem

acolhida pela directora, Fátima Gaspar, prof.ª Rute,

professora de motricidade e até auxiliares de educação.

Todos se desdobraram em esforços para que estes me-

ninos tivessem uma manhã diferente e enriquecedora

do ponto de vista das aprendizagens.

No início tivemos um momento de acolhimento na

sala de aula, em que os técnicos das várias insti-

tuições: Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes

(CNAD), Associação Promotora de Emprego de Defi-

cientes Visuais (APEDV), Fundação Raquel e Martin

Sain (FRMS) e CERCI-Lisboa, se apresentaram e expli-

cou-se qual o principal motivo que nos trazia à Escola:

dar-lhes a conhecer um bocadinho “do que é isto da

deficiência” e das dificuldades que isso representa,

através de uma dinâmica criada com actividades lú-

dico-pedagógicas.

22 • Julho/Outubro 2003

P R O J E C T O P I L O T O

Uma Aventura Diferente

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P R O J E C T O P I L O T O

23 • Julho/Outubro 2003

A seguir, dividiu-se a turma em quatro subgrupos

rotativos, para que todos tivessem a oportunidade de

experimentar as diferentes actividades concebidas,

quer ao nível da deficiência visual, quer ao nível das

acessibilidades.

Antes de continuar, e se não se importam, vou

“puxar a brasa à nossa sardinha”. Eu explico melhor:

como a CERCI-Lisboa participou activamente (junta-

mente com a CNAD) no subgrupo da acessibilidade, é

sobre a actividade preparada neste âmbito que iremos

incidir com algum pormenor.

Esta pequena equipa propôs aos alunos uma espé-

cie de “peddy-paper” em diferentes espaços da Escola.

Convém referir que as etapas do percurso foram pre-

viamente estipuladas, de forma a demarcar os diferen-

tes locais do recinto escolar que são utilizados pelos

alunos no seu dia-a-dia e que podem representar si-

tuações de menor acessibilidade. Tinhamos assim,

desde a sala de aula, passando pela biblioteca, refeitó-

rio, “hall” com cabine telefónica, casa de banho adap-

tada e brincadeiras no recreio.

Explicou-se aos participantes que todos eles, rotati-

vamente, teriam que realizar o percurso, experimen-

tando diferentes situações de mobilidade condicionada

(ex: andar ou empurrar cadeira de rodas, andar com

candianas e empurrar um carrinho de bébé).

A ideia subjacente foi fazê-los “sentir” as dificulda-

des, para além de se passar a mensagem de que a aces-

sibilidade tem que ser pensada para todos.

Cada equipa teve que responder a um pequeno

questionário ao longo do percurso (com apoio e escla-

recimentos do técnico quando necessário). As pergun-

tas tinham como principal objectivo pensar as dificul-

dades sentidas pelas pessoas com mobilidade reduzida,

e o que se poderia fazer para que o espaço físico en-

volvente se tornasse acessível para todos Ex: conse-

guiste telefonar (sentado na cadeira de rodas)?

Para concluir a aventura, ficou a proposta ende-

reçada à professora Rute para, posteriormente, em sala

de aula, fazer um levantamento das sugestões dos alu-

nos, no sentido de melhorar o espaço da Escola, e das

suas opiniões sobre o que tinha acontecido.

Quanto a nós, foi gratificante, verificar que esta

“aventura” mexeu, não só com os alunos que partici-

param directamente, com os professores e pessoal que

foram envolvidos, mas até com colegas de outras tur-

mas, quando nos perguntaram: “também vão fazer isto

na minha turma?” l

Ana Clara Andrade

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Poderia estar toda a noite a escrever porque até

gosto, mas depois tinha que explicar o “porquê de não

ter dormido”, e claro, ninguém iria acreditar!

Ter sido convidada para pertencer a esta equipa, foi

para mim um enorme privilégio.

Fiquei orgulhosa, feliz, agradecida, mas também em

pânico. Tive tempo para pensar, mas a decisão foi to-

mada no momento do convite.

Penso que foi ontem, mas afinal já passou um ano!

Já me tinham falado bem de todos vocês e portanto

a minha expectativa era alta.

Quis estar bem atenta, quis ouvir, quis aprender,

quis perceber a dinâmica de grupo, quis participar, quis

trabalhar, mas acima de tudo, quis partilhar e estar dis-

ponível.

Dei-vos sempre um pedacinho de mim sendo eu,

mostrando-me como sou e fui colhendo de todos vocês,

todos os pedacinhos que me quiseram dar.

Ofereci-vos toda a minha boa disposição, a minha

alegria, o meu carinho, o meu afecto.

Afinal eu só vos devolvi aquilo que sempre me deram.

Senti que se trabalha bem nesta equipa, porque po-

demos expressar as nossas dúvidas, os nossos medos, os

nossos sentimentos e emoções, sem receios, sem cons-

trangimento.

Aqui podemos questionar, duvidar, discordar, con-

cordar, rir ou chorar e continuamos sempre a ter ao

nosso lado o colega, o amigo, a equipa.

Poderia continuar toda a noite a escrever, mas

tenho que ir dormir.

“Quero dizer só mais uma coisa, posso?” (eu já ouvi

isto esta tarde, vocês não?).

Sinto que de facto somos um grupo de pessoas di-

ferentes, que se respeitam, que se aceitam, que querem

crescer, que querem melhorar e isso faz com que seja-

mos uma verdadeira EQUIPA.

Foi e é bom trabalhar com vocês.

Obrigada por me terem acolhido tão bem!

Um abraço. l

Isabel Aleixo

Educadora dos Apoios Educativos

SÍSIFO

(Coimbra, 27 de Dezembro de 1977)

Recomeça...Se puderes,Sem angústia e sem pressa.E os passos que deres,nesse caminho duroDo futuro,Dá-os em liberdade.Enquanto não alcancesNão descanses.De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,Vai colhendoIlusões sucessivas no pomar.Sempre a sonharE vendo,Acordado,O logro da aventura.És homem, não te esqueças!Só é tua a loucuraOnde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

24 • Julho/Outubro 2003

N A P R I M E I R A P E S S O A

À equipa de intervenção precoce

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E X P E R I Ê N C I A S D E T R A B A L H O

25 • Julho/Outubro 2003

Ora vivam!

Hoje é o dia de vos apresentarmos uma pequena

unidade produtiva que optou por ser, formal-

mente, uma Sociedade por Quotas detida em

99,9% pela CERCI de Lisboa.

Chama-se CONFECÇÕES CECIRLIS, LDA e pro-

duz peças de malha (casacos, camisolas, túnicas,

calças, etc) essencialmente para o sexo femi-

nino.

Como vêem na CERCI não se tecem só laços

de solidariedade e amor, que aquecem a alma,

mas também tecemos malhas que nos confor-

tam e embelezam o corpo.

Está a questionar como nascemos e porquê!

Aproveitando o Programa Comunitário HO-

RIZON I – eixo Emprego para pessoas com defi-

ciência –, apresentámos um Projecto a que cha-

mámos CERCICEV, que tinha como principais

objectivos:

• Dar resposta em termos laborais a sete jovens

que haviam terminado o Curso de Tricot no

nosso Centro de Formação e para as quais não

tinha sido possível uma integração em mer-

cado aberto, uma vez que o sector têxtil estava

em crise e muitas empresas estavam a encer-

rar.

• Testar o mercado e perceber até que ponto os

nossos produtos eram aceites num meio em

que a concorrência se tornava combativa;

• Participar de forma activa em exposições para

também recolhermos as sensibilidades dos con-

sumidores e dos potenciais compradores face à

qualidade e apresentação das nossas malhas;

O Projecto foi conduzido e concluído com

bastante sucesso. A participação nas Filmodas e

a carteira de encomendas representaram, nessa

altura, estímulo para que se desse continuidade

ao trabalho até ali desenvolvido.

Demos ainda trabalho a algumas desempre-

gadas de longa duração. A Direcção da CERCI se-

guindo a sua filosofia de acção, à imagem da-

quilo que fez relativamente a todos os Projectos

apoiados pelos programas Comunitários e pelo

Estado Português, deu continuidade às acções

preconizadas dentro deste Projecto e assim nas-

ceu a empresa CONFECÇÕES CECIRLIS, LDA. O

objectivo geral era desenvolver a produção de

malhas, com a obrigação de recrutar pelo menos

50% dos seus trabalhadores entre as pessoas

que, pelas suas características, tivessem dificul-

dade em ser integradas em mercado de trabalho

aberto.

Confecções CECIRLIS

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SE NASCEMOS E SOMOS VIVOS COMO CRESCEMOS?

Bem, entretanto apareceu a globalização e a abertura

dos mercados, sempre penosa para os sectores mais fra-

cos e desprovidos de meios.

Com muito esforço foram comprados dois teares em

4ª mão que eram notoriamente insuficientes. Recorre-

mos então à Sociedade Civil e fomos junto de alguns fa-

bricantes, que num acto de grande espírito solidário -

bem haja Sr. Armindo Pinheiro -, nos deram a hipótese

de adquirirmos 5 ou 6 teares, estes já em 2ª mão e que

representaram um avanço na produção.

Mas, para crescermos mais tínhamos que nos mo-

dernizar e a capacidade financeira não permitia adqui-

rir equipamentos mais sofisticados e de maior rapidez

na execução. A partir desse momento começamos a

crescer. Dois anos, dois passos em frente, um bom in-

cremento da produção, as vendas a subirem a carteira

de clientes a consolidar-se e a aumentar.

Surge a oportunidade de aumentar a nossa capaci-

dade produtiva com novos teares e ainda ter a colabo-

ração activa do Sr. José Amaral (um especialista em tea-

res) e agarramo-lo com as duas mãos.

Mas, logo a seguir veio a recessão que alastrou a

todo o nosso país e este ano não iremos dar nenhum

passo em frente. Estamos esperançados que também

não daremos nenhum passo atrás.

Vamos ficar firmes e confiantes; e, tudo faremos

para que, nos tempos que aí vêm, possamos ter mais es-

tímulos para aumentar a nossa produção e as nossas

vendas. É de justiça deixar aqui agradecimentos a todos

os nossos clientes : um obrigado ao Tó, ao Sr. Aníbal, à

Dª. Clemência, e ao Sr. António Cardoso . E um “bem

vindo” ao Sr .Mário Jorge . A todos deixamos a certeza

de que podem confiar na qualidade dos nossos produ-

tos e contar connosco na altura certa. Nesta “batalha”

não seria justo não evocarmos os nossos fornecedores,

permitam-nos uma saudação especial ao Sr. Joaquim

Gomes, que tanto nos têm ajudado.

E O FUTURO?

Vamos continuar a crescer com a ajuda de todos, ape-

sar de estarmos conscientes das dificuldades que nos es-

peram.

Vamos consolidar, aumentar a nossa carteira de

clientes, manter a qualidade e inovação dos nossos pro-

dutos tentando modernizar mais as nossas máquinas.

Vamos com muita carolice mas também com muito

profissionalismo, continuar a ser uma empresa voltada

para o mercado, nunca perdendo de vista o nosso fim

último que é proporcionar emprego a pessoas com di-

ficuldade de inserção .

Daqui convidamos os leitores a fazerem uma visita

às nossas instalações para melhor verem o que fazemos

e quem SOMOS.

Até sempre. l

António Arroio

26 • Julho/Outubro 2003

E X P E R I Ê N C I A S D E T R A B A L H O

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D E D I C AT Ó R I A

27 • Julho/Outubro 2003

Passou mais um dia e eu sem te conhecer. Nãopodia apressar o tempo até à tua chegada, mas os dias co-rriam lentos para quem, como eu, estava ansiosa para teconhecer. Eu tinha que te ver, olhar para ti, sorrir-te.

Bem sei que já te conhecia um pouco, já me tinham faladode ti. Sabes, disseram-me coisas bonitas. Mas isso não che-gava, eu precisava conhecer-te, queria conhecer-te. Que-ria que tu me conhecesses, queria que tu olhasses paramim, queria que tu também me sorrisses.

Nesse dia havia muita agitação à nossa volta, havia muitobarulho, muita gente. Todos falavam, contavam coisas.

Irias tu reparar em mim? Cruzarias por um momento, ape-nas por um momento, o teu olhar com o meu?

Vi-te ao longe, ouvi o teu nome. Alguém te beijou e faloucontigo.

Avancei de mansinho, não queria interromper. Sabia queos reencontros são únicos para quem os vive, mas nãopodia esperar mais. Acariciei a tua face, beijei o teu rostoe finalmente olhei para ti. Olhei de verdade, olhei-te nosolhos, mas tu não viste, estavas a olhar noutra direcção.Estavas calmo, com um ar sereno, distante.

Em que pensavas?

Afastei-me. A mim bastava olhar-te ao longe, observar-te.

Nesse dia nem falei contigo, não queria perturbar-te,muito menos queria invadir o teu espaço, os teus pensa-mentos.

Afinal a partir de agora eu ia ver-te todos os dias, sempreque quisesse.

Sabes gostei de ti. Não. Não foi quando te vi. Eu já gostavade ti antes, acho até, que já te conhecia. Não como te con-heço agora que partilhamos muitas coisas, mas alguns bocadinhos teus. Aqueles bocadinhos teus, que me tinhamfalado antes e que eu tinha gostado. Os outros boca-dinhos, eram aqueles que eu sem te conhecer, faziam comque eu já me sentisse próxima de ti. Porque te respeitava,porque sabia que éramos diferentes. Tu eras novo paramim e eu era nova para ti.

Tínhamos que nos aproximar, mas como?

Tu, sereno, silencioso, distante. Às vezes estavas muito agi-tado, mas era contigo, não era com os outros.

Eu, nervosa, faladora, presente, agitada, mas terrivel-mente envergonhada, tímida, incapaz de dar o primeiropasso.

Tu já tinhas conquistado outras pessoas, eras querido, de-sejado.

Eu tinha que te conquistar. Eu tinha que te fazer olharpara mim, tinha que te provocar o desejo de me abraça-res, de me sorrires. Eu queria partilhar contigo o meumundo, mas precisava que tu conseguisses partilhar co-migo o teu. Queria que tu crescesses feliz, e eu assim, tam-bém cresceria na tua felicidade.

Avançámos devagar, com cautela. Tu és o único e eu sou aúnica. A cada encontro, sinto que estamos mais próximos.Sinto que nos conhecemos melhor.

Eu sei aquilo que tu não gostas e aquilo que te dá muitoprazer. Sei que por vezes te posso magoar porque não tedeixo fazer algumas coisas, mas tu agradeces. Vens deva-garinho abraçar-me.

Mas também sei aquilo que tu gostas muito, que te faz rir,que te faz querer brincar.

Sei todas as aquelas coisas que tu queres e partilhas co-migo todos os dias.

Sinto que um dia cheguei ao pé de ti, espreitei pela janelae tu abriste-me a porta. Eu entrei no teu mundo e tu en-traste no meu, agora temos apenas um mundo, o mesmomundo, o nosso.

Já sabemos partilhar muitas coisas, já sabemos rir muitasvezes e o mais importante de tudo, somos felizes quandoestamos juntos.

A porta que me abriste eu não a fechei, ficou aberta paraque possamos os dois entrar e sair quando quisermos.Quando precisarmos. A porta já não a vamos fechar mais,porque há muitas pessoas a querer entrar nela, outras há,que teremos que as ajudar a entrar.

E tu também tens que sair, tens que passar para o outrolado da porta, devagar, sem medo, sem sofrimento, aospoucos, quando quiseres

Eu estarei sempre ao teu lado, ou se preferires à tua frentepara te estender a mão, ou os braços, para te apoiar, parate confortar.

Talvez me digas, que a porta é estreita e não conseguespassar. Ou que te sentes melhor do lado de dentro. Ou quete assusta sair daí.

Acredito. Aceito. Compreendo.

Eu quero apenas respeitar-te, aceitar-te, ajudar-te e dese-jar que tu possas sentir isso.

Porque para mim o teu sorriso é brilhante e eu apenasquero que sejas feliz. l

Isabel Aleixo

* Dedicado a uma criança autista com 5 anos de idade

PPaarraa ttii** PPaarraa ttii** PPaarraa ttii** PPaarraa ttii**

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S O LTA S

28 • Julho/Outubro 2003

A Junta de Freguesia de Santa Ma-ria dos Olivais esteve fisicamente con-nosco nas instalações CERCI, dos Olivais.Trouxeram-nos a sua simpatia, aoabrigo de um ATL, que elege minis-tros, que tem presidentes, que re-presentam países (República das Co-rujas, República da Fantasia, Repú-blica das Guloseimas, República da

Amizade, República da Brincadeira,República dos Golfinhos), com ban-deira, hino nacional e tudo...Foi uma excelente oportunidadepara estreitar laços de amizade e deboa vizinhança. A população CERCIrecebeu de braços abertos a ilustredelegado oficial que vinha acompan-hada por altas individualidades da

freguesia. Na ocasião, as crianças deSanta Maria dos Olivais obsequiarama CERCI, não só com o seu sorriso,mas também com um “envelope”surpresa, que muito apreciámos.Com o nosso sincero obrigado pelahonra da visita, aqui fica a notícia doacontecimento que as fotos docu-mentam para a posteridade. l

CRIANÇAS – DIPLOMATAS NA CERCI DOS OLIVAIS

1 2

5

3

4 61. República dos Golfinhos

2. República da Brincadeira

3. República da Amizade

4. República das Guloseimas

5. República da Fantasia

6. República das Corujas

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S O LTA S

29 • Julho/Outubro 2003

VILA NOVA DE MIL FONTESNa semana de 2 a 6 de Junho de 2003 eu,Cristina Apóstolo e os meus colegas,Ruben Monteiro, Tiago Videira, AndreiaFernandes, Ana Polaco e Rui Gomes e asTécnicas: Carla Silva e Ana Heleno, Fomosaté Vila Nova de Mil Fontes participar nas«Jornadas de lazer 2003». Foi muito bom, pois tinhamos aulas deginástica todos os dias, depois do peque-no almoço, que era tomado com todos osamigos de outras CERCI’S que também láestavam.Iamos à praia, e até tinhamos piscina. O apartamento era muito bonito comtelevisão. Fomos à noite a um bar fazerkaraoke e na noite seguinte fomos à dis-coteca onde dançámos muito e ouvimosmuita música.Passeámos no farol, na Ilha do Pesse-gueiro onde têm paisagens muito giras.Andámos num balão a gás que levavatrês pessoas de cada vez.Depois do jantar viamos um pouco detelevisão. Gostei muito de participar emtodos os jogos e actividades e ganhámostodos novos amigos.Adorei.

Cristina Apóstolo

O NOSSO SONHO DE JARDINEIROS,levou-nos até à casa da julinha e do lino, paisda cristina apóstolo.Como se vê na fotografia, o nosso trabalho foiimportante e gostámos de o fazer.Primeiro tirámos as ervas daninhas dos can-teiros, depois, cavámos os canteiros e plantá-mos plantas novas: plantámos um limoeiro;fizemos pequenos canteiros com pedras bran-cas, com se vê na fotografia.Gostámos muito de fazer este trabalho.

C.T.V.A.A.

VISITA DOS 23 JOVENS DA FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANAUm dia destes tivemos a visita de vinte e três jovens da Faculdade deMotricidade Humana vieram pela primeira vez conhecer o nosso Espaço daLuz com a Professora Maria Celeste.Entrámos na sala de reuniões onde cada um dos jovens do Espaço da Luz seapresentou. Falámos sobre as nossas expereriência de trabalho falámos so-bre as nossas actividades no Centro.Dirigimo-nos à Informática onde a nossa colega Caterine explicou o que sefaz nesta sala.Uma das jovens leu relatório feito pelo Luís Nobre.Eu fui ao computador explicar como se liga à Internet.Seguimos à sala de Espressão Plástica onde a Senhora Directora mostrou umapasta de papel reciclado feita por nós, com a orientação da professora AnaFigueiredo.Seguimos para o refeitorio onde foi servido ao convidados o cházinho,bolachas, doce de abóbora e marmelada.E no final, para ficarmos com uma recordação, tirámos umas fotos em grupo.

Cláudia Caiado

PALÁCIO DE QUELUZNão, não temos nenhuma máquina deviajar no tempo!!!Arranjamos é tempo para viver outrasépocas... Para isso nada melhor que vi-sitar o nosso Palácio de Queluz, ondenuma visita interactiva pudemos entrarno Séc. XVIII.Dois de nós fomos escolhidos parafazer parte da história: a Ana Isabeldesempenhou muito bem o seu papelde princesa que ajudada pela aia esco-lheu os vestidos para um baile que se iria realizar nessa noite no salão nobre; o João Pedro, um excelente actor, o seu papel era de um príncipe numa aula como seu mestre.Também assistimos a uma das danças da época.Foi uma surpresa muito engraçada, que todos gostámos muito. Tivemos oportu-nidade de visitar outras dependências, a sala do trono, da música, a sala dolanternim, a sala de fumo, os aposentos da princesa Dona Maria FranciscaBenedita e a capela.Aprendemos algumas coisas sobre a nossa história: por exemplo esta era a resi-dência de verão; os reis gostavam muito de música, serenatas, cavalgadas e espec-táculos de fogo preso; a nossa rainha D. Maria gostava muito de cantar, mas eramuito desafinada; mais tarde com o incêndio no palácio da Ajuda os reis fazemdeste local a sua residência permanente.A sua decoração é muito rica em dourados ao estilo rócóco dessa época.Acabámos a visita nos magníficos jardins estilo francês, e decorado com muitasestátuas, balaustradas, lagos e azulejos.Hoje em dia a ala nascente é residência dos chefes de estado estrangeiros em visi-ta oficial ao nosso país.O público que visita este palácio pode semanalmente desfrutar dos numerososconcertos que se realizam nos salões ou assistir à exibição da Escola Portuguesa deArte Equestre no picadeiro ao ar livre.

Passo a Passo

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O Centro de Recursos para a Multideficiên-

cia (CRM) é um projecto em desenvolvimento, finan-

ciado pelo Programa Comunitário CITE, envolvendo o

Departamento de Educação Básica, a CERCI de Lisboa e

a Escola Superior de Educação de Lisboa. O CRM é com-

posto por terapeutas, psicólogo e educadora especiali-

zada em multideficiência e tem os seguintes os objecti-

vos: 1) observar, avaliar e participar na planificação

educativa de crianças e jovens com multideficiência, 2)

colaborar na formação de profissionais envolvidos no

processo educativo desta população e 3) produzir ma-

teriais de apoio à educação destas crianças e jovens.

A criação do CRM surgiu da dificuldade que os do-

centes referem sentir na educação da criança e do

jovem com multideficiência e surdocegueira congénita,

bem como da escassez de recursos neste domínio, no-

meadamente a falta de recursos na vertente da obser-

vação, da avaliação e da planificação educativa.

Com a sua actividade o CRM procura contribuir para

o aumento da independência e o desenvolvimento da

criança e do jovem com multideficiência como partici-

pante efectivo na comunidade a que pertence Neste

contexto, a formação dos professores e de outros pro-

fissionais envolvidos constitui um factor crítico para o

sucesso educativo destes alunos.

POPULAÇÃO ALVOA população alvo do CRM são: 1) as crianças e jovens

com multideficiência e surdocegueira congénita e suas

famílias e 2) os profissionais intervenientes na edu-

cação de crianças e jovens com multideficiência e sur-

docegueira congénita.

ACTIVIDADES DESENVOLVIDASNo ano lectivo de 2002-2003 o CRM participou na ob-

servação e planificação educativa de um grupo de

crianças e jovens com multideficiência que frequentava

estabelecimentos educativos pertencentes à região de

Lisboa. Estas observações permitiram a participação na

elaboração de planos educativos individuais para as

crianças e jovens observados. O CRM participou ainda

em avaliações à distância de crianças e jovens que fre-

quentavam escolas fora da região de Lisboa. No pre-

sente ano lectivo o CRM continuará a dar resposta às

solicitações que lhe sejam enviadas.

Encontra-se também em fase de elaboração um CD-

ROM intitulado “Avaliação e Intervenção em Multide-

ficiência” o qual irá conter informação teórica e ainda

sugestões práticas que auxiliem os agentes educativos

na sua prática pedagógica.

Estão ainda programadas para o presente ano lec-

tivo acções de formação destinadas a agentes educati-

vos a trabalhar com crianças e jovens multideficientes.

QUEM PODE SOLICITAR A AVALIAÇÃO:A avaliação pode ser solicitada: 1) pelos educadores/

/professores da criança ou do jovem, com o consenti-

mento expresso da família; 2) pelos familiares da

criança ou do jovem se esta não estiver integrada em

nenhum estabelecimento educativo e 3) pelos técnicos

que desenvolvem a sua actividade junto de crianças ou

jovens com multideficiência ou surdocegueira congé-

nita, com o consentimento expresso da família. l

Como podem [email protected]: 21 393 46 000Fax: 21 393 46 05(Clarisse Nunes)

[email protected]: 21 859 17 03Fax: 21 859 87 48(Ana Maria)

30 • Julho/Outubro 2003

M U LT I D E F I C I E N C I A

Centro de Recursos para a Multideficiência

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C E R C I L I S B O A 2 0 0 2

31 • Julho/Outubro 2003

• 3º Festival de Arte, criatividade e Recriação –

Funchal – Madeira.

• Escola do Ensino Básico D. Dinis – Actuação

do Coro de Formandos do Centro de For-

mação Profissional, no dia 19 de Março.

• Festival Nacional de Teatro Especial (FNATES

2002) . 22 de Março pelas 21 horas. Grupo de Te-

atro de Chelas – Promovido pelo Centro de Recu-

peração Infantil de Abrantes.

• Auditório Fernando Pessa – Actuação do Coro

de Formandos no – Espaço da Flamenga – no dia

23 de Março – organizado pela Escola do Ensino

Básico D. Dinis.

• Semana da juventude organizada pela Câmara

Municipal de Lisboa, participámos no dia 22 de

Março com o Conjunto Lêchapô e o Grupo de Tea-

tro do Espaço da Luz.

• Actuação do Grupo de Teatro de Chelas em

Maio, organizado pela Câmara Municipal da

Amadora.

• Dia Mundial da Criança, 1 de Junho em Lisboa,

organizado pela Câmara Municipal de Lisboa. Par-

ticipámos com o conjunto Lêchapô e com o Grupo

de Teatro/Animação de Rua, do Espaço da Luz.

• IV Feira das expressões artísticas de Carnide

– participámos no dia 5 de Junho, com a dança tra-

dicional da Cerci de Lisboa. Organizado pela Junta

de Freguesia de Carnide.

• XX Concurso dos Tronos de Santo António.

Uma realização da Associação dos Artesãos da re-

gião de Lisboa, a realizar de 10 a 19 de Junho. Par-

ticipámos com os tronos elaborados pelos nossos

jovens (ganhámos o 1º prémio).

• Exposição de Pintura na Ourivesaria Pinho e Al-

meida – Jovens do Passo-a-Passo, no dia 19 de

Junho.

• VII Gala Corrente Jovem, participámos com o

Grupo de Teatro de Chelas, no dia 20 de Junho no

Forum de Lisboa.

• Lar de 3ª Idade – Actuação do Grupo de Dança

Tradicional no dia 28 de Junho, organizado pelo

Lar de Nº Senhora do Amparo ao Bairro Alto.

• Marchas Infantis de Lisboa 2002, integradas

nas Festas de Lisboa em Junho. Participámos com

a marcha da Cerci de Lisboa no dia 28 de Junho no

Liceu D. Dinis. Promovido pela Câmara Municipal

de Lisboa.

• Marcha de Stº António , Marchas Infantis de Lis-

boa 2002, desfile nos Jardins de Belém. Promovido

pela CML.

• Exposição itenerante – para comemorar o Ano

Europeu da Pessoa com Deficiência. A Inclusion

Europe irá organizar uma exposição em 2003. Para

este efeito enviámos em Agosto de 2002 fotogra-

fias de trabalhos elaborados pelos nossos jovens.

continua >

Participações em eventosartísticos e culturais

Page 32: Magia - Cerci Lisboa · NOTA DE ABERTURA Magia - Quanto é que custa um pirilampo? ... Nas festas, nas exposições de trabalhos, olhava atentamente e, às vezes, deixava escapar

• Festival de Artes, organizado pela Câmara Mu-

nicipal de Lisboa, iniciativa do Conselho Municipal

para a Integração da Pessoa com deficiência. Par-

ticipámos no dia 11 de Outubro com o Grupo de

Teatro do Espaço da Luz “Manchetes” e também

na exposição de Artes plásticas.

• Exposição de Artes Pláticas – Organizado pela

Câmara Municipal de Odivelas em Outubro.

• Animação de Encontro de Terapeutas ocupacio-

nais em alcoitão, dia 2 de Novembro. Grupo de Tea-

tro do Espaço da Luz.

• Arte e Criatividade – Teatro em Almada. Dia 7

de Novembro, promovido pela Câmara Municipal

de Almada. Participámos com o Grupo de Teatro

do Espaço da Luz, e com trabalhos plásticos dos

nossos jovens.

• Forum Municipal Luisa Tody – actuação do

Grupo de Teatro de Chelas no, dia 7 de Novembro

e promovido pela APPCDA de Setúbal.

• CRIDEM 2002 – de 12 a 24 de Novembro – parti-

cipámos com trabalhos plásticos elaborados pelos

nossos jovens.

• Festivarte/2ª Edição – Festival de Arte/Ama-

dora 2002, dia 13 de Novembro, promovido pela

ANACED. Participámos com o Grupo de Teatro do

Espaço da Luz.

• Junta de Freguesia de S. João de Brito – Ac-

tuação do Grupo de Teatro de Chelas, dia 18

de Novembro.

• Arte e Criatividade – Exposição de trabalhos de

27 de Novembro a 1 de Dezembro, organizado

pela Câmara Municipal de Almada.

• Mês da Integração 2002 – Festa convívio – Ac-

tuação do Grupo Musical Lêchapô no dia 3 de De-

zembro, no Ateneu Artístico Vilafranquense, or-

ganizado pela Câmara Municipal de Vila Franca de

Xira.

• Semana Cultural “100 Faces, 1 Expressão” –

3 a 5 de Dezembro, organizado pela Câmara Mu-

nicipal da Amadora. Participámos com o Grupo de

Dança Tradicional e com o Grupo de Teatro de

Chelas.

• Colóquio “ Integrar pela Arte” – Organizado

pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no

dia 5 de Dezembro. Participámos com a Actuação

do Conjunto Lêchapô.

• Exposição de Artes plásticas – Lisboa/Mercado

da Ribeira, organizado pela CNOD, de 2 a 14 de

Dezembro. Participámos com trabalhos dos nossos

jovens.

• FESTA DE NATAL da Cerci de Lisboa, 16 de De-

zembro no auditório do Colégio de S. João de

Brito, ao Lumiar. l

32 • Julho/Outubro 2003

C E R C I L I S B O A 2 0 0 2