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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Curso de Graduação em Engenharia de Produção Campus XX Castanhal PA Mailson Ariel Moraes Monteiro Mayra Oliveira Ramos Avaliação da Relação entre a Importância Estratégica e o Desempenho de Práticas da Produção Enxuta: estudo de caso em um Centro de Distribuição Castanhal 2014

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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Curso de Graduação em Engenharia de Produção Campus XX – Castanhal – PA

Mailson Ariel Moraes Monteiro Mayra Oliveira Ramos

Avaliação da Relação entre a Importância Estratégica e o Desempenho de Práticas da

Produção Enxuta: estudo de caso em um Centro de Distribuição

Castanhal 2014

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Mailson Ariel Moraes Monteiro

Mayra Oliveira Ramos

Avaliação da Relação entre a Importância Estratégica e o Desempenho de Práticas da Produção Enxuta: estudo de

caso em um Centro de Distribuição

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado do Pará como exigência final para obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientador: Prof. M.Sc. Léony Luis Lopes Negrão

Castanhal 2014

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

M775a

Monteiro, Mailson Ariel Moraes.

Avaliação da relação entre a importância estratégica e o desempenho de práticas

da produção enxuta : estudo de caso em um centro de distribuição / Mailson Ariel

Moraes Monteiro, Mayra Oliveira Ramos ; orientador, Léony Luis Lopes Negrão. –

2014.

92 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado do

Pará, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia, Castanhal, 2014.

1. Produção enxuta. 2. Logística. 3. Distribuidores (Comércio) I. Ramos, Mayra

Oliveira. II. Negrão, Léony Luis Lopes, orient. III. Título.

CDD. – 22. ed. 658.503

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço ao Pai Celestial. Sua bênção e atuação durante

estes cinco anos de curso foram inegáveis. Desde os menores detalhes, da força

nos momentos de dificuldade, à forma como este trajeto vem sendo desenhado. A

Ele devo todos os agradecimentos.

Agradeço à minha família, por ser a base de todos os meus valores. Em

especial à minha mãe, Maria Rosa, tendo em vista que minha breve história e

conquistas até então, são nada além de frutos de seus esforços e sacrifício. Meu

caminho é apenas continuidade do seu. Ao meu pai Marcelo Augusto e meu irmão

Bruno Monteiro.

À minha namorada Lilian, que se tem mostrado uma das maiores bênçãos

de Deus em minha vida. Sua companhia no caminho desse curso, muito além de

felicidade e momentos de paz, me trouxe muita sabedoria. Se um dia vier a me

tornar um bom homem, grande parte dos méritos serão teus.

Aos meus amigos e colegas de universidade, a companhia e troca de

conhecimento com vocês foi de grande importância. Em especial, agradeço à minha

parceira de TCC Mayra Ramos, muito obrigado pela paciência e compreensão ao

longo deste trabalho.

Agradeço ao professor Léony, pelo qual saúdo os demais mestres que se

esforçaram para fazer de nós grandes profissionais.

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste

trabalho, meus sinceros agradecimentos.

Mailson Ariel Moraes Monteiro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais, Eliete e Arthur, por acreditarem em mim e por não

medirem esforços para tornar possível essa conquista em minha vida. Vocês são a

razão dessa vitória.

Ao meu noivo Ettore, pessoa com quem amo compartilhar a vida.

Obrigada por estar sempre ao meu lado, por ser tão carinhoso e paciente, e pela sua

capacidade de me trazer paz nos momentos de inquietude.

Aos familiares por compartilharem comigo esse momento único em minha

vida, em especial aos meus avós, Sinézia e Fernão, que tanto amo.

Aos meus amigos Danilo, Vinícius e Denyse que juntos, ao longo desses

cinco anos, construímos conhecimento e momentos inesquecíveis.

Ao Professor Léony que contribui com seu conhecimento, nos guiando até

o fim deste trabalho.

Ao meu parceiro de TCC e amigo Mailson que se mostrou a melhor

pessoa com quem eu poderia dividir a construção deste trabalho.

E, por fim, aos professores que nos mostraram que a melhoria contínua é

fundamental, buscar sempre crescer e alcançar novos objetivos faz parte da alma

dos Engenheiros de Produção, e essa lição eu levarei para a vida toda.

Mayra Oliveira Ramos.

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RESUMO

MONTEIRO, Mailson Ariel Moraes; RAMOS, Mayra Oliveira. Avaliação da relação entre a Importância Estratégica e o Desempenho de Práticas da Produção Enxuta: Estudo de Caso em um Centro de Distribuição. 2014. 90f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) Universidade do Estado do Para, 2014.

Este trabalho realiza uma avaliação do desempenho de práticas da produção enxuta

de uma operação logística, comparando os resultados alcançados por cada prática à

sua importância estratégica. Para realização do trabalho foi utilizado um centro de

distribuição de uma empresa de cosméticos localizada na cidade de Castanhal – Pa.

Inicialmente foi realizado um levantamento sobre as principais técnicas, práticas e

filosofias que compõem o sistema de produção enxuta. Em seguida foram

analisados os métodos de avaliação destas práticas já presentes na literatura, bem

como sua adequação ao estudo proposto. A aplicação da metodologia teve início

com a realização de entrevistas com os gestores do centro de distribuição a fim de

conhecer a cultura organizacional e em que estágio se encontra a aplicação das

práticas na empresa. Após este primeiro contato, foi aplicado pelos pesquisadores

um checklist com o intuito de verificar o desempenho de cada prática da produção

enxuta em relação ao ideal. Em um terceiro momento, foi elaborado junto ao

coordenador do centro de distribuição um ranking com o grau de importância de

cada prática à empresa. O estudo é finalizado com a análise entre o resultado

desejado pela coordenação e o realmente alcançado no cotidiano da operação. De

modo geral, a análise final apontou um resultado abaixo do desejado em práticas

consideradas mais importantes. O estudo denota a relevância de não só aplicar

práticas de melhorias isoladas, mas principalmente de acompanhar e avaliar em

conjunto essas práticas a fim de alocar esforços em objetivos prioritários.

Palavras-Chave: Produção Enxuta. Logística. Centro de Distribuição.

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ABSTRACT

MONTEIRO, Mailson Ariel Moraes; RAMOS, Mayra Oliveira. Avaliação da relação entre a Importância Estratégica e o Desempenho de Práticas da Produção Enxuta: Estudo de Caso em um Centro de Distribuição. 2014. 90f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Engenharia de Produção) Universidade do Estado do Para, 2014.

This paper conducts performance evaluation practices of lean production logistics

operation, comparing the results achieved by each practice to its strategic

importance. To carry out the work we used a distribution center for a cosmetics

company located in Castanhal - Pa. Initially a survey of the main techniques,

practices and philosophies that make up the lean production system was conducted.

Then the methods of evaluation of these practices already present in the literature, as

well as its suitability for the proposed study were analyzed. The methodology began

with interviews with managers from the distribution center to meet the organizational

culture and at what stage is the application of practices in the company. After this first

contact, was applied by the researchers a checklist in order to verify the performance

of each practice of lean production in relation to the ideal. In a third phase, was

prepared by the coordinator of the distribution center a ranking of the degree of

importance of each practice to the company. The study is concluded with the analysis

for the coordination between the desired result and the actually achieved in everyday

operation. In general, the final analysis showed less than optimal results desired

considered most important in practice. The study indicates the importance of not only

apply practices of isolated improvements, but mainly to monitor and evaluate these

practices together to allocate efforts on priority goals.

Palavras-Chave: Lean Production. Logistics. Distribution Center.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxo e funções de um CD. 15

Figura 2 – A estrutura do STP. 24

Figura 3 – O guarda-chuva do Kaizen. 28

Figura 4 – Separação entre homem e máquina. 35

Figura 5 – Etapas do MFV. 41

Figura 6 – Fragmento do método de avaliação dos indicadores dos princípios JIT.

44

Figura 7 – Princípios enxutos relacionados as três abordagens da ME. 45

Figura 8 – Estrutura das etapas do método. 46

Figura 9 – Fragmento da estrutura do método LEM. 47

Figura 10 – Prática nº 10 do método LEM. 48

Figura 11 – Estrutura dos elementos que compõe o Shingo Prize. 49

Figura 12 – Ciclo evolutivo da logística. 50

Figura 13 – Estrutura de tomada de decisões na cadeia de suprimentos. 53

Figura 14 – Funções básicas de um centro de distribuição. 54

Figura 15 – Layout do Centro de Distribuição. 58

Figura 16 – Importância X Desempenho. 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fragmento do check list. 64

Tabela 2 – Notas e colocação geral para desempenho. 65

Tabela 3 – Fragmento da lista utilizada para elaboração do ranking. 65

Tabela 4 – Notas e colocação geral para estratégia. 65

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Lista de cargos dos entrevistados. 59

Quadro 2 – Práticas identificadas. 60

Quadro 3 – Apontamentos fracos e inexistentes. 69

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LISTA DE SIGLAS

CD Centro de Distribuição

CQZD Controle de Qualidade Zero Defeito

EDI Eletronic Data Interchange

FO Forte

FR Fraco

IT Instrução de Trabalho

JIT Just in Time

LEM Lean Enterprise Model

MFV Mapeamento do Fluxo de Valor

MPT Manutenção Produtiva Total

MRP Material Requirement Planning

MRP II Manufacturing Resource Planning

MTBF Mean Time Between Failure

MTTF Mean Time to Failure

MTTR Mean Time to Repair

NE Não Existe

OEE Overall Equipament Effectivences

PCP Planejamento e Controle da Produção

PE Produção Enxuta

RH Recursos Humanos

SCM Suplay Chain Management

STP Sistema Toyota de Produção

TI Tecnologia da Informação

TRF Troca Rápida de Ferramentas

TPM Total Productive Maintence

WIP Work in Process

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S U M Á R I O

CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 13

1 INTRODUÇÃO 13

2 JUSTIFICATIVA 16

3 OBJETIVOS 17

3.1 OBJETIVO GERAL 17

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 18

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 18

4.1 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA 18

4.2 ETAPAS DA PESQUISA 19

4.2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

4.2.2 COLETA DOS DADOS 19

4.2.3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 19

4.2.4 COMPARAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 20

CAPÍTULO II – CONCEPÇÃO TEÓRICA 21

1 PRODUÇÃO ENXUTA 21

1.1 ORIGEM DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 21

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 22

2 A BASE DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 24

2.1 OPERAÇÕES PADRONIZADAS 24

2.2 HEIJUNKA 26

2.3 KAIZEN 27

3 PILARES DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 28

3.1 JUST-IN-TIME 28

3.1.1 FLUXO CONTÍNUO 30

3.1.2 PRODUÇÃO PUXADA 31

3.1.3 TAKT TIME 33

3.2 JIDOKA 33

3.2.1 SEPARAÇÃO HOMEM MÁQUINA 35

3.2.2 POKA-YOKE 35

4 PRÁTICAS DA PRODUÇÃO ENXUTA 36

4.1 TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS 37

4.2 CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITO 38

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12

4.3 GESTÃO VISUAL 39

4.4 5S 39

4.5 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR 40

4.6 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 42

5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA 43

5.1 MÉTODO PROPOSTO POR SÁNCHEZ E PÉREZ (2001) 43

5.2 MÉTODO PROPOSTO POR FERNANDES, GODINHO FILHO E DIAS

(2005) 44

5.3 MÉTODO PROPOSTO POR NOGUEIRA (2007) 45

5.4 LEAN ENTERPRISE MODEL (1998) 46

5.5 PRÊMIO SHINGO (1988) 48

6 LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTO 50

6.1 A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA 50

6.2 LOGÍSTICA EMPRESARIAL 51

6.3 O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E OS FATORES

DE DESEMPENHO LOGÍSTICO 52

6.4 O PAPEL DO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO PARA O DESEMPENHO

LOGÍSTICO 54

CAPÍTULO III - AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DA PRODUÇÃO ENXUTA

EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: IMPORTÂCIA ESTRATÉGICA

VERSUS DESEMPENHO OPERACIONAL.

56

1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA 56

2 ENTREVISTAS COM COORDENADOR, ANALISTAS, TÉCNICOS,

LÍDERES E OPERADORES 59

3 DESEMPENHO OPERACIONAL E IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DAS

PRÁTICAS DA PRODUÇÃO ENXUTA. 63

CAPÍTULO IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS 71

1 CONCLUSÃO 71

2 SUGESTÃO PARA A EMPRESA 72

3 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS 72

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

74

83

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13

CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Capítulo I apresenta quatro tópicos que abordam informações a

respeito do tema e objeto de aplicação do estudo, sendo eles: Introdução;

Justificativa; Objetivos, contendo o objetivo e geral e específicos; e, Procedimentos

Metodológicos.

1 INTRODUÇÃO

A Engenharia de Produção é uma ciência que estuda e estabelece

projetos, processo e produtos de manufatura e de serviços por meio de técnicas de

planejamento, execução, acompanhamento e melhorias desses projetos, processos

e produtos (BATALHA, 2011; SLACK et al, 2002; LAUGENI; MARTINS, 2005).

Assim sendo, as práticas usuais concernentes aos processos organizacionais

podem e devem ser melhor compreendidas pelas aplicações desta Ciência,

mantendo o alcance pleno dos objetivos de desempenho das empresas.

O ambiente competitivo atual vem sofrendo diversas transformações,

dentre estas estão: clientes mais exigentes, escassez de recursos naturais, grandes

avanços tecnológicos. Com isso, é necessário que as organizações busquem cada

vez mais por novas metodologias de gestão da produção que ajudem a enfrentar

estas transformações para que possa se tornar mais competitiva no mercado (DIAS,

2003).

Diante disso, a Produção Enxuta é um exemplo de filosofia de gestão que

tem como objetivo principal aumentar o poder competitivo das organizações. O

termo Produção Enxuta é o nome dado no ocidente ao STP (Sistema Toyota de

Produção), desenvolvido na Toyota, no Japão, por Eiiji Toyoda e Taiichi Ohno (DIAS,

2003).

Muitas empresas estão adotando o sistema de gestão desenvolvido pela

Toyota a fim de criar valor para o cliente e reduzir os custos totais simultaneamente,

por meio da eliminação de desperdício nas atividades produtivas e administrativas.

Os métodos desenvolvidos por esse tipo de gestão são denominados como Lean

Thinking, ou pensamento enxuto, ou ainda, mentalidade enxuta, e diferem dos

métodos usuais, pois as aplicações de melhorias são pontuais e não observadas

como um todo (SANTOS, 2009).

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Atualmente existem várias definições para PE (Produção Enxuta).

Womack e Jones (1998) a definem como uma abordagem que busca uma forma

melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos de uma empresa com seus

clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos e operações de

produção.

Produção Enxuta é um novo sistema de organização industrial, inspirado

no STP, quem tem como objetivo a eliminar perdas no sistema de produção,

possibilitando produtos e serviços de alta qualidade, ao menor custo possível e

atendendo da melhor forma às necessidades dos clientes (WOMACK; JONES;

ROSS, 1992).

Para Shah e Ward (2003) a PE engloba uma variedade grande de

práticas gerenciais, como o just in time, sistemas de qualidade, manufatura celular,

entre outros. Estas práticas devem trabalhar de maneira sinérgica para criar um

sistema de alta qualidade que fabrica produtos, sem desperdícios, no ritmo que o

cliente deseja. .

A PE apresenta diversos benefícios como a redução dos estoques, a

diminuição de defeitos e o aumento da produção e da variedade de produtos, além

da eliminação de tarefas, da diminuição do preço final para os clientes e da

obtenção de vantagens com os fornecedores (NOGUEIRA; CASALINHO, 2008).

As aplicações originais na Toyota, que tinham foco no sistema de

manufatura, agora vão mais além e estão criando uma tendência forte nas pesquisas

e aplicações práticas da PE estendendo a uma ampla gama de atividades industriais

e de serviços, bem como para todos os elementos de um sistema produtivo

(NOGUEIRA; CASALINHO, 2008).

Dentro desse contexto o trabalho busca, por meio de métodos presentes

na literatura, avaliar a aplicação do conceito de PE em uma operação logística de

um centro de distribuição.

Um CD (Centro de Distribuição) é um armazém no qual são recebidas

cargas consolidadas de vários fornecedores, sendo que estas cargas são

fracionadas a fim de agrupar os produtos em quantidade e sortimento corretos, e

então encaminhados para os pontos de vendas (RODRIGUES; PIZZOLATO, 2003).

As atividades de um CD contemplam quatro processos principais que são:

recebimento, armazenagem, separação e expedição (GONTIJO, 2012).

A figura 1 mostra esses processos de forma mais abrangente.

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15

Figura 1 - Fluxos e funções de um CD. Fonte: Tompkins et al., 2003

O processo de recebimento caracteriza-se pelo descarregamento de

produtos do veículo de transporte, inspeção física e fiscal dos itens e atualização do

estoque. Na armazenagem se especifica em qual endereço o produto deve ser

alocado, sendo normalmente direcionado para a área de reserva ou área de picking.

O processo de armazenamento pode ser realizado manualmente, semianual, com

auxílio de empilhadeira ou por transelevador, que é totalmente automático

(GONTIJO, 2012 apud KOSTER et al., 2007; ROUWENHORST et al., 2000).

O processo de picking envolve a atividade de obter o produto certo, na

quantidade correta para atender a demanda dos pedidos. Em seguida, esses itens

podem ser transportados até uma área de acumulação, classificação e/ou

consolidação. E por fim, os itens são acondicionados nas embalagens apropriadas

de expedição e enviadas para os clientes. As áreas de expedição servem

principalmente para o acondicionamento das mercadorias e preparação de

documentos de expedição (GONTIJO, 2012).

Com isso, a utilização de práticas da Produção Enxuta em um centro de

distribuição tem como objetivo planejar, implantar e padronizar o sistema de puxar

os materiais e o de armazenagem e movimentação dos mesmos, a fim de fluir os

produtos de maneira eficiente e eficaz, desde os fornecedores até os clientes. A

eficiência garante a economia por meio da redução dos custos. E a eficácia vai

garantir o atendimento das necessidades do cliente, nas quantidades e momentos

certos (DALCOL, 2008).

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16

Dessa forma, a questão da pesquisa que norteará esse trabalho é: Como

avaliar a relação entre a importância estratégica e o desempenho de práticas da

Produção Enxuta nas operações de um Centro de Distribuição?

2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

A distribuição física de produtos constitui-se em permanente desafio

logístico. A escolha do posicionamento e da função das instalações é parte de um

conjunto integrado de decisões, que envolvem políticas de serviço ao cliente,

políticas de estoque, de transporte e de produção que visam prover um fluxo

eficiente de materiais e produtos acabados ao longo de toda a cadeia de

suprimentos (LACERDA, 2000).

Atualmente, esta definição tem sofrido mudanças e as exigências

necessárias nos processos logísticos vão muito além da tradicional estocagem de

curto e médio prazo. As empresas procuram cada vez mais agilizar o fluxo de

materiais, comprimindo o tempo entre o recebimento e a entrega dos pedidos, para

reduzir os investimentos em estoque.

Neste ambiente, Rodrigues e Pizoolato (2003) afirmam que:

“O papel da armazenagem está voltado para prover capacidade de resposta

rápida e muitos dos serviços executados visam justamente reduzir as

necessidades de estoque. Acompanhando esse cenário, o mercado está

migrando para a centralização de estoque, facilitando a entrega direta e

contínua em cada ponto de venda, fazendo com que os CDs assumam um

papel de relevância logística.”

É nesse contexto que a nova abordagem de gestão, o Pensamento

Enxuto, entra em cena, auxiliando as empresas, nesse caso os Centros de

Distribuição, a gerenciar estrategicamente seus processos produtivos a fim de

garantir que seus produtos sejam entregues na hora certa, no lugar certo, ao menor

custo possível, garantindo a satisfação do cliente. E com a crescente disseminação

do sistema de PE, surgiu a necessidade do desenvolvimento de métodos para

avaliar o progresso das empresas em direção a Produção Enxuta.

No período de transição entre o sistema da produção em massa e a PE é

fundamental a adoção de um sistema de medição de desempenho que reflita os

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17

novos pressupostos gerenciais (CARDOZA; CARPINETTI, 2005). Segundo Maskell

e Baggaley (2003) as medidas tradicionais englobam resultados gerais de toda a

manufatura, enquanto que as métricas alinhadas com a produção enxuta avaliam o

desempenho da cadeia de valor específica a cada família de produtos.

As diferenças presentes na produção tradicional com relação à produção

enxuta são muito grandes em função das alterações na administração do pessoal,

layout e no fluxo de materiais e informações, por isso, a decisão de se implantar a

produção enxuta se torna extremamente difícil. Principalmente as organizações

tradicionais encontram dificuldades para predizerem a magnitude das

transformações e dos benefícios que a PE pode trazer, fazendo com que a decisão

de se aplicar ou não a mentalidade enxuta seja uma combinação de fé nas técnicas

enxutas, aliada às experiências relatadas por outras organizações (DETTY;

YINGLING, 2000).

Portanto, esta pesquisa busca aventar um tema já abordado na literatura,

porém poucos autores tratam da avaliação da relação entre importância estratégica

e desempenho operacional das práticas da produção enxuta. O estudo irá auxiliar a

quantificar e qualificar os benefícios que podem ser esperados na aplicação das

práticas da PE, por meio da avaliação do desempenho de um sistema frente a um

processo em que o modelo enxuto já está instalado ou se encontra em fase de

implantação, relacionando o resultado do desenvolvimento destas práticas com a

importância estratégica das mesmas dentro da empresa. Além disto, pretende-se

que este estudo seja base de informação para aplicação em outras empresas do

setor, possibilitando melhorias produtivas.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a relação entre a importância estratégica e o desempenho de

práticas de Produção Enxuta nas operações de um centro de distribuição, por meio

de entrevistas, observações e coleta de parâmetros in loco.

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3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Pesquisar e estudar práticas de Produção Enxuta com base na

literatura existente e nas práticas mais usuais;

Conhecer e estudar os processos logísticos que envolvem o

funcionamento de um centro de distribuição;

Estudar e formatar o método de avaliação a ser utilizado para

relacionar a importância estratégica com o desempenho das práticas da

PE nas operações de um CD.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA

Silva e Menezes (2005) afirmam que toda pesquisa deve conter alguns

critérios de classificação, tais como: natureza da pesquisa, objetivos, forma de

abordagem do problema e procedimentos técnicos. A seguir serão apresentados

caracteríscas da pesquisa no que diz respeito a sua classificação.

O presente trabalho se classifica como uma pesquisa aplicada, pois tem

como objetivo solucionar um problema específico através de uma aplicação prática.

Quanto à abordagem do problema de pesquisa, este apresentará uma abordagem

qualitativa e quantitativa, pois será composta pelas características dos dois tipos.

No que diz respeito aos objetivos da pesquisa, esta é classificada como

exploratória, pois tem como objetivo coletar dados reais, que proporciona maior

familiaridade com o problema, a fim de torna-lo explícito. Do ponto de vista dos

procedimentos técnicos este estudo se classifica como bibliográfico, tendo como

fundamento a bibliografia oferecida sobre o assunto estudado, além de ser

considerado como um estudo de caso, com observações diretas e investigações da

situação atual.

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19

4.2 ETAPAS DA PESQUISA

O trabalho teve duração de 8 meses, no período de Março a Outubro. A

partir da definição metodológica foram delineadas as etapas necessárias para a

execução da pesquisa.

4.2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Foram realizadas pesquisas em livros, artigos, dissertações, teses e em

sites de busca acadêmica. A Revisão Bibliográfica foi desenvolvida com base em

fontes bibliográficas a respeito da Produção Enxuta, Métodos de Avaliação da

Produção Enxuta, Logística, dentre outros, e seu principal objetivo é aprimorar os

conhecimentos nessas áreas.

4.2.2 COLETA DE DADOS

Nesta etapa foram utilizadas entrevistas com o coordenador de operação,

analistas, técnicos, liderança dos setores e com os operadores da empresa, a fim de

conhecer como são desenvolvidas e aplicadas as práticas enxutas dentro da

empresa, entre outras informações que forem pertinentes ao objetivo do projeto;

pesquisa bibliográfica sobre o assunto; e observação em campo sobre os aspectos

relacionados com as práticas da produção enxuta. Os sujeitos da pesquisa serão a

alta gerência, técnicos, líderes e operadores.

Os dados foram organizados em quadros, figuras e tabelas que permitirão

avaliar a relação entre a importância estratégica e desempenho de práticas da PE

em um CD.

4.2.3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Nesta etapa utilizou-se como ferramenta de apoio o Microsoft Office Excel

2013, onde todos os dados coletados foram reunidos em uma planilha eletrônica,

promovendo uma melhor visualização deles, oferecendo maior facilidade para

análise e tratamento das informações geradas.

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20

4.2.4 COMPARAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

E por fim, nesta etapa foi realizada a comparação e discussão dos

resultados obtidos, procurando compreender os pontos fortes e fracos presentes no

objeto de estudo. O Microsoft Office Excel 2013 também foi utilizado nesta fase,

auxiliando na realização de cálculos e gráfico que permitiram chegar aos resultados

encontrados.

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21

CAPÍTULO II - CONCEPÇÃO TEÓRICA

O segundo capítulo aborda a fundamentação teórica necessária para o

desenvolvimento acerca do tema deste trabalho. Trata da Produção Enxuta, desde

sua origem, filosofia e práticas. Dos Métodos de Avaliação de Práticas da PE. E

sobre a Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.

1 PRODUÇÃO ENXUTA

1.1 ORIGEM DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

Os conceitos por trás do modelo de PE, ou STP, tem origem na década

de 50, na Toyota Motor Company em um cenário onde o Japão encontrava-se em

um período pós-segunda Guerra Mundial e a indústria automobilística era dominada

por grandes empresas norte americanas tais como Ford e General Motors.

Womack e Jones (2004) descrevem o sistema de Produção Enxuta

realizando um contraste com os outros dois métodos de produção: o método

artesanal e a produção em massa.

No método artesanal, os bens são produzidos com grau de customização

elevado, por operadores altamente qualificados, a uma frequência reduzida, tendo

sua principal desvantagem nos altos custos unitários de fabricação. Neste método é

frequente a descentralização do trabalho, onde diversas peças do projeto são

fabricadas em diferentes oficinas.

Em contraposição à produção artesanal, o sistema de produção em

massa utiliza-se de maquinas com capacidade de produção elevadas e pouca ou

nenhuma customização do produto final, resultando em baixos custos unitários de

manufatura. Devido ao preço elevado dos equipamentos, os recursos necessários

são disponibilizados com folga, de modo a assegurar a continuidade da produção.

Na detecção de alguma não conformidade durante o processo de fabricação, a

produção é levada a diante e o defeito é retrabalhado ao final da linha de montagem,

contribuindo para evitar paradas na produção (WOMACK; JONES, 2004)

Uma das principais características do modelo de produção em massa que

o diferencia do modelo artesanal está no alto grau de padronização tanto de peças e

produtos quanto das atividades. As peças padronizadas são produzidas em grandes

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lotes por equipamentos inflexíveis diminuindo seus custos e reduzindo a

necessidade de ajustes. Quanto à padronização de tarefas, cada etapa do processo

produtivo é realizada por operadores específicos, sendo estes profundamente

especializados na execução de suas atividades e com pouca visão do produto final.

A PE visa a combinação da flexibilidade e adaptabilidade da produção

artesanal, aliada aos baixos custos da produção em massa. Para isso, equipes

multiqualificadas são empregadas em todas as etapas de desenvolvimento do

produto, desde o projeto até a montagem; máquinas flexíveis são utilizadas para

reduzir as dificuldades de adaptação; e produção cada vez mais automatizada

visando a padronização e redução constante de custos.

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA

Lustosa et al (2008) descreve a PE como um sistema de manufatura que

tem como objetivos: otimizar os processos e procedimentos através da redução

contínua de desperdícios e fundamentalmente a obtenção da qualidade e

flexibilidade do processo, ampliando a capacidade produtiva e a competitividade da

empresa em um cenário globalizado.

De acordo com Womack e Jones (2004) esse sistema é “enxuto” por

utilizar menor quantidade de recursos que a produção em massa: menos esforço

dos operários, menos espaço para fabricação, metade do investimento em

ferramentas e metade das horas de planejamento para desenvolver um novo

produto. De maneira complementar, Serra et al (2008) destaca a utilização da PE

não só no chão de fábrica, mas como uma abordagem que busca organizar e

gerenciar os relacionamentos de uma empresa com seus clientes e fornecedores,

desenvolvimento de produtos e operações de produção.

Womack e Jones (2003) definem desperdício – do japonês muda – como

qualquer atividade humana que absorve recursos, mas não cria valor. Tais

atividades podem ser classificadas em três tipos:

Atividades que agregam valor ao produto/serviço: atividades que

tornam o produto/serviço mais valioso ao cliente;

Atividades que não agregam valor, mas são indispensáveis: atividades

que não tornam o produto/serviço mais valioso ao cliente, porém são

indispensáveis com os recursos e tecnologias atuais (muda tipo 1), e;

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Atividades que não agregam valor e podem ser dispensadas: são as

atividades que não tornam o produto/serviço mais valiosos ao cliente e

são dispensáveis de acordo com as condições atuais (muda tipo 2).

Ohno (1997) destaca o foco dado pela PE à redução de desperdícios,

utilizando de ferramentas desenvolvidas com esse propósito aos problemas

rotineiros, e da filosofia organizacional de busca por melhorias, aliada a

metodologias específicas, nos momentos em que novas soluções forem

necessárias.

Identificar e eliminar desperdícios são atividades constantes dentro da

filosofia de melhoria da Produção Enxuta. Deste modo, como forma de facilitar a

identificação de desperdícios, Liker (1997) e Womack e Jones (2003) listam as sete

principais categorias identificadas por Taiichi Ohno acrescentando cada autor à sua

lista uma oitava categoria:

Superprodução;

Defeitos;

Espera;

Processamento inapropriado;

Inventário;

Movimentação;

Transporte e;

Criatividade não utilizada, Liker (1997) / Design de produtos que não

atendem às necessidades do cliente, Womack e Jones (2003).

Destes a superprodução é tratada como a mais danosa das perdas, pois

serve de princípio para a maioria das outras.

Womack e Jones (2003) descrevem o Pensamento Enxuto como base

para a configuração do sistema de Produção Enxuta a uma empresa, sendo formado

por cinco princípios ou passos para a aplicação:

Especificar Valor;

Identificar a cadeia de valor;

Fluxo contínuo;

Produção puxada e;

Busca por perfeição.

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A Produção Enxuta depende, como qualquer outro sistema de produção

existente, de algumas técnicas de apoio para a sua sustentação, sendo que estas

estão de acordo com a base da PE, o STP.

Este sistema de produção, segundo Ghinato (2000) ocorre através da boa

implementação da base e dos dois pilares que buscam a eliminação total do

desperdício. Os pilares da estrutura do Sistema Toyota, Just in Time e Jidoka, estão

assentados sobre uma base formada pelas Operações Padronizadas, Heijunka e

Kaizen, que formam a estabilidade do processo. A figura 2 apresenta a estrutura do

STP segundo Ghinato (2000).

Figura 2 – A estrutura do STP

Fonte: GHINATO, 2000.

2 A BASE DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

2.1 OPERAÇÕES PADRONIZADAS

A padronização descende da administração científica de Taylor, porém

incorpora todos os conhecimentos modernos sobre pessoas, sistemas e

desempenho (LIKER, 2005).

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As principais ideias de Taylor, naquela época, eram que o trabalho fosse

dividido em tarefas e que a cada uma delas houvesse o método correto de executá-

las, através de tempos estabelecidos e ferramentas adequadas. Com a divisão das

responsabilidades, a gerência ficou responsável por definir os tempos e os métodos

de maneira que o operário conseguisse se concentrar somente na execução de sua

atividade (IIDA, 2005).

Henry Ford foi um dos primeiros a integrar a padronização na linha de

montagem. Na sua visão, a padronização é o ponto de partida das melhorias,

definindo com nitidez e precisão a maneira como se executam as atividades (LIKER,

2005).

Segundo Ford (1988) padronizar significa escolher o melhor método e

usá-lo. A padronização só é alcançada com a união dos melhores pontos do produto

com os melhores pontos da produção, sendo que este produto pode ser produzido

na melhor qualidade, na quantidade certa e com o menor custo para o cliente.

A padronização, segundo Nogueira (2007), é a descrição minuciosa e de

fácil acesso de cada operação, para que dessa forma se garanta que o operador

responsável por executar uma atividade a faça sempre da mesma maneira, sem

realizar ações e movimentos desnecessários, mantendo sempre a mesma qualidade

e tempo de execução.

Para que se possa obter a padronização nas tarefas são necessários três

requisitos, descrito por Liker e Meier (2007):

A tarefa deve ser passível de repetição;

A linha de produção e o equipamento devem ser confiáveis, e o tempo

de paralização deve ser mínimo;

Os problemas de qualidade devem ser mínimos.

Na concepção de Monden (1994), os objetivos da padronização são:

A obtenção da alta produtividade

A obtenção do balanceamento de linha entre todos os processos em

termos de tempo de produção e;

Manter uma quantidade mínima de material em processo, denominada

quantidade padrão de processo, para que não haja desperdícios de

movimentação.

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A padronização das atividades busca principalmente obter o máximo de

produtividade com a identificação e padronização dos elementos de trabalho que

agregam valor e com a eliminação de perdas (SPEAR; BOWEN, 1999).

2.2 HEIJUNKA

Segundo Liker (2005), muitas empresas comumente focalizam na

identificação e eliminação de perdas, porém, não conseguem alcançar o processo

de estabilizar o sistema e criar uniformidade. Esse nivelamento do plano de trabalho,

conhecido como heijunka, talvez seja o princípio mais contra intuitivo do modelo

Toyota. O heijunka é fundamental para eliminar o desnivelamento (mura).

Nivelamento de produção, ou heijunka, significa distribuir, através do

tempo, o volume e a mistura de produção de forma equilibrada. Por exemplo, em vez

de montar todos do tipo A de manhã e todos os produtos do tipo B de tarde, se

alternaria para pequenos lotes de A e B (PASCAL, 2008).

O heijunka juntamente com o trabalho padronizado e o kaizen, é um dos

principais fundamentos do STP. A prática do nivelamento na Toyota surgiu quando a

empresa, afim de produzir tudo o que o cliente pede e na hora que ele pede,

percebeu que nenhum sistema produtivo consegue ser continuamente responsivo ao

girar ordens sem criar problemas de qualidade e sobrecarga dos recursos, gerando

desperdícios (ARAUJO, 2009).

Jones (2006) acrescenta que foi por meio dessa percepção que se deu

partida a prática de calcular a demanda de um determinado produto no longo prazo,

rodando a produção de forma nivelada e constante no nível de demanda no longo

prazo.

Heijunka é a criação de uma programação nivelada do sequenciamento

de pedidos em um padrão repetitivo, e do nivelamento das variações diárias de

todos os pedidos para atender à demanda em longo prazo – é o nivelamento das

quantidades e dos tipos de produtos (GHINATO, 2000).

De acordo com Pascal (2008), os benefícios do heijunka são:

Lead time mais curto;

Estoque de produtos finais e WIP (Work in Process) menores;

Menor desequilíbrio e sobrecarga sofrida pelos operários.

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Dessa forma o nivelamento significa alimentar uniformemente a produção,

enquanto atende as demandas dos clientes por vários produtos. É o método pelo

qual se reduz ao máximo a variabilidade das quantidades produzida de forma a

otimizar os recursos necessários (ARAUJO, 2009).

2.3 KAIZEN

Kaizen é uma fermenta utilizada pela Toyota visa a melhoria, baseada na

eliminação de desperdícios com base no bom senso, no uso de soluções baratas

que se apoiam na motivação e criatividade dos colaboradores para melhorar a

prática de seu processo de trabalho (LAZARIN, 2013).

Kaizen é a mudança da situação atual de um processo, analisando-o e

implementando melhorias que se traduzem em benefícios concretos (LIKER, 2005).

Esta ferramenta é considerada como essencial para o controle de

qualidade e produtividade, pois fornece uma nova dimensão para a competitividade

da organização, trazendo vários benefícios, como, o aumento da produtividade sem

investimentos significativos, a redução de custos e a motivação dos funcionários

(LAZARIN, 2013).

O kaizen tem como objetivo a implementação sempre contínua de novas

metodologias de trabalho, buscando a obtenção de redução de desperdícios no

sistema de produção, aumentando a satisfação dos funcionários, pois o mesmo vai

ter uma carga menor e mais fácil de trabalho (SLACK; CHAMBERS; JONHSTON,

2002).

Existem três características essenciais do kaizen: ele é contínuo, de fácil

implementação e é participativo, permitindo o envolvimento e uso da inteligência da

força de trabalho (BRUNET; NEW, 2003).

Existem dois tipos de kaizen segundo Rother e Shook (2003):

Kaizen de sistema ou de fluxo: dirigido aos gerentes, que tem impacto

no fluxo total de valor;

Kaizen de processo: dirigido a equipes de trabalho e líderes de equipe,

que foca em processos individuais.

Abaixo segue a figura 3 que segundo Imai (1990) retrata que o kaizen tem

um conceito de um guarda chuva que abrange as práticas exclusivamente e que

tomaram dimensão mundial.

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Figura 3 - O guarda-chuva do kaizen. Fonte: IMAI, 1990.

O necessário é que a empresa desenvolva um plano diretor de mudanças,

sendo que este plano deve ser desenvolvido de forma consensual com diversos

segmentos da empresa e deve ser compartilhado com todos os envolvidos no

processo de mudança (ARAUJO; RENTES, 2005).

3 PILARES DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

3.1 JUST IN TIME

O primeiro pilar da produção enxuta, o JIT (Just in time), tem como

objetivo suprir cada estágio do processo produtivo somente com os insumos certos,

no momento certo, na quantidade certa e no local certo. O sucesso do JIT depende

de três elementos inter-relacionados: o takt time, o fluxo contínuo e a produção

puxada (SIMOES, 2009).

O JIT surgiu no Japão na década de 70, a ideia foi desenvolvida na

empresa Toyota Motor Company e tinha como objetivo coordenar a produção com a

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demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos, com um mínimo de

atraso (ARAÚJO, 2005).

O Just in Time promulga que cada processo deve ser suprido com os

itens certos, no momento certo, na quantidade certa e no local certo identificando e

eliminando desperdícios, garantindo assim o fluxo continuo no chão de fábrica

(SHINGO, 1996).

Um dos efeitos da utilização do JIT foi o aumento na velocidade de

produção dos veículos, gerando satisfação do cliente e melhoria da qualidade do

produto já que não se tinha tempo nem opções de peças para escolher, cada peça

tinha que se encaixar perfeitamente, para isso, a Toyota investiu no treinamento nos

fornecedores das peças a fim de assegurar a qualidade da entrega (ARAÚJO, 2005).

Uma empresa que trabalha totalmente na lógica do Just in Time pode

chegar a um estoque zero, e do ponto de vista da gestão da produção isso pode ser

considerado ideal. Deve-se olhar do fim do processo para o início e considerar

somente o que as atividades finais do processo necessitam em termos de

componentes. Dessa forma, as atividades iniciais do processo só produziram aquilo

que as finais demandarem (OHNO, 1997).

Para Slack (1997), o JIT visa a atender as demandas incertas, com

qualidade perfeita e sem desperdícios. Portanto, somente poderá existir dentro do

processo produtivo o recurso necessário para atender à demanda, ou seja, a

matéria-prima, máquinas e equipamentos apropriados para atender às operações

necessárias para transformar matéria-prima em produtos, e a quantidade de

pessoas adequada à demanda.

O sistema JIT foi desenvolvido para trabalhar continuamente nas metas

de melhoria de desempenho. Para uma empresa que adota o JIT integrar e

aperfeiçoar o sistema de manufatura e a cadeia de suprimentos deve ser um

processo constante (SANTOS, 2009).

Dessa forma, o objetivo do JIT é identificar, localizar e eliminar as perdas,

garantindo um fluxo contínuo de produção. A viabilização do JIT depende de três

fatores intrinsecamente relacionados: fluxo contínuo, takt time e produção puxada

(LIKER, 2005). A ferramenta utilizada para operar o JIT e facilitar a gestão da

produção puxada é sistema kanban (OHNO, 1997).

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3.1.1 FLUXO CONTÍNUO

O fluxo contínuo de produção é um dos princípios da mentalidade enxuta,

proposta por Womack e Jones (2004), e tem como objetivo atender, com eficiência,

à demanda sem estimular a superprodução. Por esse motivo a continuidade do fluxo

deve ser seguido sempre, desde a matéria-prima até os produtos acabado.

Para os autores Rother e Shoock (2003), ao longo de uma série de

etapas de processamento, onde cada etapa se realiza apenas o que é exigido pela

etapa seguinte, deve-se produzir e movimentar um item ou peça por vez (one piece

flow). Quando a etapa flui continuamente e de maneira estável, a produção tem fluxo

contínuo.

O fluxo contínuo é caracterizado pela capacidade de produzir somente o

que é necessário para o momento, nem mais e nem menos. O que é importante

nesta abordagem de produção é que se eliminam os desperdícios de todas as

formas (TAPPING; SHUKER, 2003).

O fluxo contínuo permite que as peças percorram o processo produtivo

sem interrupções, evitando esperas, formação de estoques intermediários e

superprodução, reduzindo a movimentação e o transporte. As máquinas são postas

próximas umas das outras em um arranjo em forma de “U”, conhecido como células

de produção, para redução da área física (SAIA, 2009).

Os autores Rother e Harris (2001) definem uma célula como um arranjo

de pessoas, máquinas, materiais e métodos em que as etapas do processo estão

próximas e ocorrem em ordem sequencial, permitindo um fluxo contínuo no processo

produtivo.

A implantação de um fluxo contínuo de produção torna necessário um

perfeito balanceamento das operações ao longo da célula de fabricação/montagem.

O balanceamento tradicional procura nivelar os tempos de ciclo de cada trabalhador,

de forma a fazer com que ambos trabalhadores recebam cargas de trabalho

semelhantes, e a abordagem da Toyota para o balanceamento das operações difere

inteiramente da abordagem tradicional e está fundamentalmente ligado ao conceito

do takt time (COSTA; NETO, 2008).

De acordo com Liker (2005) a utilização do fluxo contínuo acrescenta

qualidade, cria flexibilidade, gera maior produtividade, libera espaço, aumenta a

segurança, reduz o custo do estoque, e melhora a autoestima.

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As vantagens da utilização do fluxo contínuo são muitas e entre elas uma

está relacionada a qualidade, pois se torna mais rápida a percepção de defeitos e

peças não-conformes, visto que o consumo das peças pelo processo seguinte é

praticamente instantâneo (SILVA, 2007).

Portanto, a utilização dos cinco princípios determinados por Womack e

Jones (2004) tem como objetivo principal eliminar as sete perdas, criando um fluxo

contínuo de valor que permeie por toda a cadeia produtiva, para que haja perfeição

no atendimento aos requisitos dos clientes.

3.1.2 PRODUÇÃO PUXADA

Na produção enxuta, o ritmo da demanda do cliente deve repercutir ao

longo de toda a cadeia de valor, desde o armazém de produtos acabados até os

fornecedores de matérias- primas, fazendo com que a produção seja puxada, ou

seja, o cliente solicita o produto ou serviço e a partir do momento inicia-se a

produção. A vantagem no sistema de produção puxada é que só se produz aquilo

que for vendido (SILVA, 2006).

Um sistema de produção, trabalhando sob a lógica da produção puxada

produz somente o que for vendido, evitando a superprodução. Ainda, sob esta

lógica, a programação da produção é simplificada e auto regulável, eliminando as

contínuas reavaliações das necessidades de produção e as interferências das

instruções verbais, características da produção empurrada (COSTA E NETO, 2008).

Segundo Tubino (1999), a produção puxada é um sistema em que cada

etapa do processo deve produzir somente quando um processo posterior, ou cliente

final, solicite, tornando-se uma forma de controlar a produção entre os fluxos.

A produção puxada transfere para o chão-de-fábrica a responsabilidade

pela programação diária, dando mais autonomia para os operadores na decisão do

que fazer e de quando fazer. Estas decisões são tomadas de acordo com um

sistema visual que indicará as necessidades de produção: o cartão kanban

(FIGUEIREIDO, 2010).

Deve-se haver uma comunicação eficaz entre o final e o início de cada

processo para que haja um funcionamento perfeito da lógica do Just in Time, e a

técnica utilizada para que esse fluxo na comunicação aconteça entre os processos é

o kanban (OHNO, 1997).

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Derivada das palavras japonesas kanban significa “cartão” e é uma

ferramenta de comunicação para o JIT que acompanha as peças na linha de

produção ou no recebimento dos materiais. Quando todas as peças foram utilizadas

em determinado processo produtivo, é enviado um sinal (seja o cartão ou luminoso)

ou a embalagem vazia para o ponto inicial de abastecimento, que caracteriza uma

nova ordem para um novo suprimento (GROSS, 2005).

Kanban é uma técnica criada pelo STP com o objetivo de controlar os

níveis de estoque, a produção e o fornecimento de componentes cooperando com o

conceito JIT (LAGE, 2010).

Umas das principais características do sistema kanban é sua contribuição

para o conceito de produção puxada. Esta técnica permite a produção de uma nova

peça e um determinado posto de trabalho somente quando este receber um sinal do

setor a diante informando o que necessita ser fornecido. Este sinal é transmitido com

um cartão kanban fornecendo informações específicas sobre o lote, como por

exemplo, o nome do produto, o código do produto, a sua data de vencimento,

tamanho do lote, entre outros, permitindo ao operador o conhecimento sobre o que

ele deve efetuar (CHAN, 2001).

Segundo Ohno (1997), o kanban possui as seguintes funções:

Fornecer informações sobre a produção;

Fornecer informações sobre o que buscar e o que transportar;

Impedir que se produza além do necessário;

Impedir produtos defeituosos através da identificação do processo que

o produz;

Revelar problemas existentes e manter o controle do estoque.

De acordo com Gaury (2000), as vantagens do kanban são:

Redução dos lead times, possibilitando a antecipação dos prazos de

entrega;

Redução do estoque do material em processo;

Melhor administração dos estoques em processo e final, e;

Aumento da produtividade.

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3.1.3 TAKT TIME

O takt time é o tempo necessário para produzir um componente ou um

produto completo, baseado na demanda do cliente (ROTHER; SHOOK, 2003);

O takt time foi usado pela primeira vez como ferramenta de

gerenciamento da produção na indústria aeronáutica alemã na década de 1930. Takt

time é um termo alemão que se refere a um intervalo de tempo preciso (LEAN

INSTITUTE BRASIL, 2003).

O takt time, que pode ser definido como o tempo disponível para a

produção dividido pela demanda do cliente, sincroniza o ritmo de produção com o

ritmo de vendas e desestimula a superprodução. Este conceito altera o

balanceamento tradicional da produção, que é nivelar o tempo de ciclo de cada

trabalhador para que eles tenham carga de trabalho semelhante, para o conceito de

produzir ao ritmo da demanda (SIMOES, 2009).

O tempo takt é usado para sincronizar o ritmo da produção com o ritmo de

vendas, no processo puxado em particular. Ele é o número de referência à noção do

ritmo em que cada processo deveria estar produzindo e ajuda a enxergar como os

processos estão indo e o que precisa ser feito para melhorar (ROTHER E SHOOK,

2003).

Takt time é o ritmo de produção necessário para atender a um

determinado nível considerado de demanda, dadas às restrições de capacidade da

linha ou célula. Concretamente, o takt time é o ritmo de produção alocado para a

produção de uma peça ou produto em uma linha ou célula (ALVAREZ; JUNIOR,

2001).

Sob uma perspectiva operacional o tempo disponível para a produção não

é necessariamente igual à duração do expediente. Em situações reais devem-se

descontar os tempos de paradas programadas, tais como paradas por razões

ergonômicas ou para manutenção preventiva dos equipamentos (ALVAREZ;

JUNIOR, 2001).

3.2 JIDOKA

A autonomação (ou Jidoka) ao lado do JIT ocupa a posição de pilar de

sustentação do STP e pode ser interpretada como um controle autônomo de

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defeitos. Tem como objetivo proporcionar ao operador ou à máquina a autonomia de

interromper um trabalho sempre que for detectada alguma anomalia no processo

produtivo (LAZARIN, 2013).

Segundo Pascal (2008), o fundador da empresa, Sakichi Toyoda, foi o

primeiro a instituir o conceito Jidoka. Ele inventou uma máquina de tear que parava

automaticamente se qualquer fio se rompesse, abrindo portas para o tear

automatizado. Esta invenção reduziu o número de defeitos e o tempo de espera e

aumentou a produtividade.

O objetivo principal da autonomação é impedir a produção e a

propagação de anormalidades no processo de produção por meio da paralização.

Essa parada provoca uma concentração de esforços para identificar a causa-raiz do

problema e eliminá-la, sem que aconteça a propagação do problema (OHNO, 1997).

No STP a autonomação é ampliada para a aplicação em linhas de

produção operadas manualmente. Dessa forma, quando alguma anomalia for

detectada qualquer operador de linha pode parar a produção (OHNO, 1997).

Existe um dispositivo que auxilia na detecção de problemas chamado de

poka yoke, definido no item 3.2.2 sua utilização viabiliza a implementação da

autonomação e auxilia na definição da prática de controle de qualidade zero defeito.

Para auxiliar a comunicação realizada durante as paradas de produção,

com base no conceito de autonomação, são utilizados os andos. Os andos são

painéis luminosos que indicam as condições das estações de trabalho e devem estar

dispostos em local de visibilidade de todos para facilitar a localização das estações

de trabalho onde estão ocorrendo os problemas e o gerenciamento visual

(GHINATO, 1996).

De acordo com Womack et al (1992), a ação de paralisar a linha de

produção ou a máquina para levantamento e correção das causas é o procedimento

chave na obtenção dos índices de qualidade superiores das fábricas da Toyota em

relação às montadoras de veículos.

Segundo Monden (1984), os efeitos importantes com a autonomação são:

A redução de custo através da redução da força de trabalho;

Flexibilidade na produção para alterações na demanda;

Qualidade assegurada;

Aumento do respeito à condição humana.

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Segundo Ghinato (2000) o Jidoka é baseado em dois conceitos:

separação entre homem e máquina e poka yoke.

3.2.1 SEPARAÇÃO HOMEM MÁQUINA

Segundo Guinato (2000) a separação entre homem e máquina é um

requisito fundamental para a implementação do jidoka, e visa na prática distinguir

que a detecção de uma anormalidade é função da máquina e a solução ou correção

do problema é responsabilidade do homem. Dessa forma, a transferência das

atividades manuais e funções mentais (inteligência) do homem para a máquina,

permitem que o trabalhador opere mais de uma máquina simultaneamente, como

mostra a figura 4.

Figura 4 – Separação entre homem e máquina Fonte: GHINATO, 2000.

3.2.2 POKA YOKE

Shigeo Shingo desenvolveu e estendeu o conceito de jidoka e para atingir

a meta de zero defeito ele inventou um conceito chamado poka yoke, que se

referem a dispositivos, simples, baratos, e a prova de falhas. Shingo também

desenvolveu o que ele chamou de inspeção na fonte para apoiar os poka yoke. E

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por fim, ele provou que a inspeção 100% é possível a um baixo custo (PASCAL,

2008).

Poka significa erro inadvertido e yoke significa prevenção poka-yoke

significa implementar dispositivos simples, de baixo custo, que, ou detectam

situações anormais antes que ocorram, ou, uma vez essas tenham ocorrido, parem

a linha para prevenir defeitos (PASCAL, 2008).

Os dispositivos poka yoke são a maneira pela qual o conceito do jidoka é

colocado em prática. Na Toyota, os dispositivos poka yoke são utilizados na

detecção da causa raiz dos defeitos. Para tanto, são aplicados em regime de

inspeção 100% associados à inspeção na fonte (GHINATO, 2000).

Segundo Shingo (1996), há duas maneiras nas quais o poka yoke pode

ser utilizado para corrigir erros:

Método de controle: quando o poka yoke é ativado, a máquina ou a

linha de processamento para, de forma que o problema seja corrigido;

Método de advertência: quando o poka yoke é ativado, para que se

possa alertar o trabalhador, uma luz sinaliza ou um alarme toca.

O dispositivo poka yoke não é um sistema de inspeção em si, ele é um

método de detectar defeitos ou erros que pode ser usado para satisfazer uma

determinada função de inspeção. A inspeção é o objetivo e o poka yoke é o método

(SHINGO, 1996).

Existem exemplos de poka yokes que são segundo Lazarin (2013):

Dispositivos que impedem o início de um processo de alguma peça do

processo anterior tiver sido esquecida.

Dispositivos que impedem uma peça de encaixar em um gabarito se

algum erro operacional tiver sido feito;

O primeiro exemplo é acertado para inspeções sucessivas (trabalhadores

checam o trabalho realizado pelos colegas) enquanto que o segundo é apropriado

para a auto inspeção (LAZARIN, 2013).

4 PRÁTICAS DA PRODUÇÃO ENXUTA

Além dos conceitos destacados na pirâmide do lean, outros princípios

e/ou ferramentas não menos importantes podem ser destacadas como partes da

estrutura do STP. Tais ferramentas podem ser aplicadas de maneira independente

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37

em um sitema produtivo sem que este seja considerado “enxuto”. Porém sua

aplicação em conjunto com a base e os pilares do STP já apresentados, formam a

estrutura operacional da filosofia de produção enxuta. Algumas dessas ferramentas

são listadas nos próximos parágrafos.

4.1 TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS

O TRF (Troca Rápida de Ferramentas) também conhecido como SMED

(Single minute exange of dies), é uma metodologia desenvolvida por Shigeo Shingo

ao longo de 19 anos como forma de diminuir as perdas fora de ciclo, ou seja, perdas

que ocorrem geralmente quando o equipamento está fora de operação.

Os estudos realizados por Shingo são descritos em seu livro SMED -

Revolution in Manufacturing – que apresenta uma breve estrutura conceitual (SUGAI

et al, 2007). No relato do desenvolvimento, Shingo divide a metodologia em três

estágios (SHINGO, 1985), sendo eles:

Estágio preliminar: oferece apenas os parâmetros iniciais das

atividades realizadas no setup. É indicada a utilização de cronômetro para

realização de estudo de tempos, entrevista com operadores e análise de

filmagem.

Estágio 1: Esta fase corresponde à organização das atividades,

classificando-as em como setup interno, para aquelas realizadas com a

máquina parada, e setup externo para as atividades realizadas com a

máquina em funcionamento (SUGAI et al, 2007).

Estágio 2: Na segunda etapa deve-se realizar uma nova análise para

confirmar que nenhuma atividade foi classificada erroneamente. Em

paralelo, deve ser realizado um esforço no intuito de converter o máximo

possível de operações internas para externas. Fogliatto e Fagundes

(2003) destacam que a conversão de operações internas em externas

pode ser obtida através da análise da função das operações durante o

setup buscando novas oportunidades de melhoria.

Estagio 3: No terceiro estágio as operações implementadas devem ser

racionalizadas e aplicadas de maneira sistemática. Segundo Fogliatto e

Fagundes (2003), nesta etapa as melhorias alcançadas devem ser

documentadas e o novo processo de setup deve ser padronizado. O

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38

trabalho padronizado é a combinação ótima de operários, máquinas e

materiais (Imai, 1990).

4.2 CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITO

O CQZD (Controle de Qualidade Zero Defeito) refere-se a um método de

controle da qualidade capaz de eliminar a ocorrência de defeitos através da

identificação e controle das causas e atuação na sua fonte. Este conceito é aplicado

a todas as operações de forma que em cada processo seja planejado considerando

todas as possibilidades de falha (GHINATO, 1995).

Shingo (1985) aponta os quatro princípios fundamentais para a

sustentação do CQZD:

Utilização de inspeção na fonte: este método tem caráter preventivo,

aplicando-se o controle na origem e não sob seus resultados. A inspeção

na fonte estruturou-se na grande relação entre erros e defeitos. Portanto o

objetivo da inspeção na fonte é detectar erros antes que estes se tornem

defeitos.

Utilização da inspeção 100% ao invés de inspeção por amostragem.

Redução do tempo decorrido entre detecção de um erro e tomada da

ação corretiva.

Reconhecimento de que os trabalhadores são falíveis. Deste modo

deve-se dispor de mecanismos que impeçam que estes erros se tornem

defeitos, como os dispositivos poka yoke.

Segundo Guinato (1996), o CQZD é a base operacional essencial para a

prática da autonomação. Como mencionado anteriormente, através da utilização do

Just in Time, o processo produtivo busca a operação com um número mínimo de

peças ou o one piece flow, fluxo de apenas uma peça por ciclo. No limite, se o

operador possuir apenas uma peça para trabalhar e esta peça possuir algum defeito,

todo o processo produtivo é parado, deste modo, Monden (1984) afirma que o

controle da qualidade do produto é indispensável para o STP, pois sem um controle

da qualidade efetivo, o fluxo contínuo da produção se torna impossível de ser

alcançado.

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39

4.3 GESTÃO VISUAL

Gestão visual da produção são todos os mecanismos utilizados para

tornar visível ou aparente os fatores relevantes para administração a nível

operacional (Ciosaki, 1999). Segundo Monden (1998), a gestão visual proporciona

aos operadores autonomia e responsabilidade, difundindo a consciência da

necessidade de eliminar desperdícios ou anormalidades.

A principal função da gestão visual é proporcionar o desenvolvimento da

padronização. Segundo Liker (1997), padronização é um dos elementos da

produção enxuta desestimados com maior frequencia e o gerenciamento visual é o

principal passo para o seu alcance. O autor ainda denota que a razão para a

existência deste método está em definir o estado padrão de procedimentos, níveis

de estoque e indicadores, por exemplo, para que sejam rapidamente reconhecidos

quaisquer desvios do estado esperado.

4.4 5S

O programa de 5S teve início no Japão durante a década de 50 de modo

paralelo ao STP. O programa reflete a necessidade de reconstrução não só da

indústria japonesa quanto do país, sob condições adversas da limitação de recursos

como espaço físico e capital. Ao final da segunda guerra mundial, o Japão passou

por um processo de reestruturação baseado principalmente na necessidade de

desenvolver produtos de qualidade para manter-se competitivo e reestruturar sua

economia pós-guerra (Moura et al, 2013).

Neste cenário, segundo Campos (2004), “o programa 5S não é somente

um evento episódico de limpeza, mas uma nova maneira de conduzir a empresa

com ganhos de produtividade”.

Gavioli (2009), afirma que o programa de 5S tem como objetivo

administrar de forma participativa e melhorar o ambiente de trabalho. Além dos

ganhos diretos obtidos com sua implantação adequada, a difusão da cultura de 5S

desenvolve hábitos de trabalhos disciplinados, fatores cruciais para outras etapas da

implantação da PE (LIKER, 1997).

Osada (1992) destaca que os 5S’s são traduzidos como sensos, primeiro

para manter o nome original, e segundo para refletir a ideia de profunda mudança

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40

comportamental necessária por toda a empresa. O autor ainda afirma que a alta

administração deve mostrar comprometimento com a melhoria antes de solicitar aos

demais funcionários qualquer tipo de colaboração.

A nomenclatura é composta pela inicial de cinco passos ou cinco sensos

que formam a base do método: SEIRI, SEITON, SEISOU, SEIKETSU e SHITSUKE;

os quais podem ser traduzidos como:

SEIRI – Senso de utilização, arrumação, organização, seleção,

descarte;

SEITON – Senso de ordenação, sistematização, classificação;

SEISOU – Senso de limpeza, zelo;

SEIKETSU – Senso de saúde, limpeza, asseio, higiene;

SHITSUKE – Senso de autodisciplina, educação compromisso.

Campos et al (2005) observam que apesar dos resultados extremamente

positivos, possíveis com a aplicação do 5S, algumas considerações importantes

sobre a dificuldade de implementação devem ser feitas: a falta de conhecimento das

pessoas responsáveis ou incapacidade de aplicação; resistência da equipe a

mudanças; necessidade de condescencia de todos (pois o programa deve ser

disseminado top-down); a gerência média pode sentir-se ameaçada; barreira cultural

ocidental e; o programa 5S é uma jornada sem fim.

4.5 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) vem do inglês Value Stream

Mapping e é uma das principais ferramentas da produção enxuta. Rother e Shoock

(2003) foram os precursores do termo. Os autores se basearam em uma técnica de

modelagem proveniente da metodologia análise da linha de valor.

Segundo Riani (2006) o MFV é o processo de identificação de todas as

atividades específicas que ocorrem ao longo do fluxo de valor referente ao produto.

Sendo que o fluxo de valor é o conjunto de atividades que ocorrem desde a

colocação do pedido até a entrega ao consumidor final. É uma representação visual

de cada processo no fluxo do material e informação real que se reformulam em um

conjunto de questões chaves e desenha um mapa do estado futuro de como a

produção deveria fluir.

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41

De acordo com Womack e Jones (2004), o fluxo de valor representa a

agregação de valor, observada pelo cliente, através de todas as ações cabíveis para

satisfazer um cliente específico através de produtos específicos com capacidades

específicas. Para o desenvolvimento do Pensamento Enxuto, a empresa deve ser

repensada como um todo, incluindo-se aí as instalações, equipamentos e o papel

das pessoas.

Para Rother e Shook (1999), criar o fluxo de valor enxuto requer uma técnica

mais apropriada e extremamente importante, conhecida como mapeamento do fluxo

de valor. Esta é uma ferramenta simples, desenvolvida e difundida no mundo pelos

próprios autores e que abrange o mapeamento do fluxo de material e do fluxo de

informação.

O mapeamento ajuda a identificar as fontes de desperdícios, fornece uma

linguagem comum para tratar dos processos de manufatura, fornece visibilidade

para as decisões a respeito do fluxo, de modo que se possa discuti-las, engloba os

conceitos e técnicas enxutas, que ajuda a evitar a implementação de algumas

técnicas isoladamente, forma a base para um plano de implementação e identifica a

relação entre o fluxo de informação e de material (ROTHER E SHOOK, 1999).

Rother e Shooter (2003) elaboraram um manual prático que estabelece uma

sequência lógica de etapas necessárias para a elaboração do mapeamento do fluxo

de valor. A figura 5 abaixo mostra as etapas básicas que constituem essa

ferramenta.

Figura 5 – Etapas do MFV

Fonte: Rother e Shooter (2003)

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42

De acordo com a figura 5 para começar a elaboração do mapeamento do

fluxo de valor deve-se primeiramente determinar qual a família de produtos a ser

estudada. Feito isso inicia-se a etapa de desenhar o estado atual, no qual é feito

coletando informações no chão de fábrica e, dessa forma, fornecendo as

informações para desenvolver o estado futuro. As setas entre esses dois estados

têm duplo sentido indicando que o desenvolvimento de ambos são esforços

superpostos.

Desse modo às ideias referentes ao estado futuro fluirão enquanto se estiver

mapeando o estado atual, assim como mapear o estado futuro mostrará importantes

informações sobre o estado atual que passaram despercebidas (ROTHER E

SHOOK, 1999).

E por fim, o passo final é propor um plano de melhorias para alcançar os

objetivos do estado futuro e colocá-lo em prática, assim que esse estado se tornar

tangível, outro mapa deverá ser desenhado, para gerar uma melhoria contínua no

fluxo de valor.

4.6 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL

A Manutenção Produtiva Total (MPT) vem do inglês Total Productive

Maintenance (TPM). Segundo Werkema (2011) o MPT é um conjunto de

procedimentos que garantem que os equipamentos de um processo produtivo sejam

sempre capazes de executar as tarefas necessárias, a fim de não interromper a

produção.

Rodrigues (2014) afirma que a MTP tem foco na eliminação de perdas

vinculadas aos equipamentos e vem sendo utilizada por muitas organizações com

uma visão estratégica e com participação de toda a organização, sendo um

procedimento de grande importância para a PE, e tem como principais objetivos:

Integrar todo o setor produtivo e administrativo no processo de

manutenção;

Otimizar o desempenho e o cliclo de vida dos equipamentos;

Distribuir a responsabilidade de manutenção com o operador de cada

equipamento;

Reduzir custos de manutenção e operação, e;

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43

Motivar e capacitar o operador a respeito de todas as informações

técnicas ou operacionais que o equipamento utiliza.

A utilização da MPT tem levado à significativa melhoria em indicadores de

organizações que buscam um sistema de produção enxuto, com base em

publicações científicas de entidades vinculadas ao setor, pode-se citar:

Aumento de produtividade;

Redução de custos de produção;

Redução de estoque;

Diminuição dos acidentes de trabalho, e;

Maior comprometimento e participação dos colaboradores

(RODRIGUES, 2014).

5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO ENXUTA

Diante da crescente disseminação do sistema de Produção Enxuta desde

a década de 1980 (WHITE; PEARSON; WILSON, 1999), surgiu a necessidade de

desenvolver meios para averiguar o nível de maturidade de sua implantação, bem

como os benefícios e dificuldades enfrentadas pelas empresas. De fato, é grande a

preocupação em como implantar a PE, porém avaliar o quão enxutas as empresas

se apresentam, tem recebido menos atenção na literatura (WAN; CHEN, 2008;

BHASIN, 2011).

No entanto, alguns estudos têm sido dedicados ao assunto e que estão

baseados em desenvolvimento de propostas visando a avaliação do nível de

implementação de princípios ou práticas enxutas. As propostas mais citadas na

literatura nacional e internacional são apresentadas a seguir (MACHADO, 2010).

5.1 MÉTODO PROPOSTO POR SÁNCHEZ E PÉREZ (2001)

O método proposto por Sanchéz e Perez se fundamenta na aplicação de

um check list que possui seis princípios enxutos. A figura 6 apresenta um fragmento

da estrutura apresentada por Sanchéz e Pérez (2001).

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44

Figura 6 - Fragmento do método de avaliação dos indicadores do princípio JIT. Fonte: Sanchéz e Pérez (2001) APUD Nogueira (2008).

Os princípios estão associados a trinta e seis indicadores de desempenho

caracterizados por práticas básicas da produção enxuta que contribuem para a

melhoria do desempenho das empresas.

O método foi testado em 107 empresas na Espanha em 2000. O

resultado da pesquisa atendeu a três objetivos: “avaliar a utilização de indicadores

de Produção Enxuta, analisar algumas relações entre o uso de indicadores e estudar

a influência que os objetivos de produção da empresa têm sobre a utilização de

indicadores de produção enxuta.” (MACEDO, 2010).

Com relação aos princípios enxutos, os que obtiveram melhores

desempenhos foram: a eliminação de atividades que não agregam valor e a

melhoria contínua. Já com relação aos indicadores os prioritários apontados pelo os

entrevistados foram: rotação de inventário, lead time dos pedidos e a porcentagem

de procedimentos documentos na empresa (NOGUEIRA, 2007).

5.2 MÉTODO PROPOSTO POR FERNANDES, GODINHO FILHO E DIAS (2005)

Fernandes, Godinho e Dias apresentam um método baseado no modelo

proposto por Karlsson e Ahlstrom (1996) que visa contribuir de uma maneira

empírica com o estudo dos indicadores de desempenho (MACEDO, 2010).

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45

O método apresenta um conjunto de 44 indicadores que tem como

objetivo medir a evolução do desempenho da produção. Estes indicadores estão

atrelados a doze princípios da PE, de acordo com o grau de abrangência de cada

um, de acordo com a figura 7 (NOGUEIRA, 2007).

Figura 7 - Príncipios enxutos relacionados às três abordagens da ME. Fonte: Fernandes, Godinho e Dias (2005)

À cadeia de suprimentos estão atrelados os indicadores de lead time dos

pedidos dos clientes, percentual das peças entregues Just in Time pelos

fornecedores, percentual de peças e componentes projetados em parceria com os

fornecedores. Na abordagem da empresa estão os indicadores de percentual de

peças comuns nos produtos da empresa, o valor do estoque em processo em

relação ao valor de vendas e o giro anual de estoque. E no que diz respeito ao chão

de fábrica estão presentes o tempo de setup, tamanho dos lotes de produção,

quantidade de estoques em processo, e tempo de fluxo médio (MACEDO, 2010).

5.3 MÉTODO PROPOSTO POR NOGUEIRA E SAURIN (2008)

O método proposto por Nogueira e Saurin (2008) apresenta uma proposta de

avaliação das práticas da Produção Enxuta, de acordo com a percepção dos

envolvidos com a implementação enxuta, realizada em uma empresa metal

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46

mecânica de grande porte, baseando em práticas da PE encontradas na literatura e

nas normas SAE J4000 e SAE J4001. A figura 8 mostra a estrutura deste método

(WALTER, 2012).

Figura 8 – Estrutura das etapas do método

Fonte: Nogueira (2007)

A primeira etapa é um pré-requisito para todas as etapas seguintes, pois

se a empresa não possui metas estratégicas consistentes com a produção enxuta a

aplicação do método não faz sentido. As etapas que estão no segundo nível podem

ser executadas simultaneamente, desde que os responsáveis pela aplicação do

método tenham disponibilidade de tempo para tanto. E as etapas de coleta de

indicadores e de seminário para validação e consenso dos resultados, que estão no

segundo nível e em outra cor, não foram realizadas (NOGUEIRA, 2007).

5.4 LEAN ENTERPRISE MODEL (1998)

O LEM (Lean Enterprise Model) foi desenvolvido a partir de um método de

referência baseado em surveys, estudos de caso e outras atividades de pesquisa,

realizados na indústria aeronáutica norte-americana (NOGUEIRA, 2007).

O modelo é uma ferramenta para a avaliação do desempenho de uma

empresa utilizando-se de indicadores de desempenho que são comparados com

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47

valores referenciais fornecidos pelo próprio modelo. A partir desse comparativo

encaminham-se as iniciativas em busca da melhoria (LAI, 2009).

O método LEM é composto por três partes principais: um método

estrutural, onde estão resumidas as práticas da empresa e seus indicadores

associados; um software; e, um manual que apresenta um completo e detalhado da

estrutura do método (DÚRAN; BATOCCHIO, 2003).

A figura 9 mostra seis princípios, quatro medidas de desempenho e doze

práticas que possuem prioridade e suas respectivas descrições para melhor

entendimento.

Figura 9 - Fragmento da estrutura do método LEM Fonte: Adaptado de Dúran e Batocchio (2003) apud Machado (2010)

A prática nº 10 (Nutrir um ambiente de aprendizado constante), por

exemplo, apresenta métricas e indicadores que devem ser utilizados para avaliar

uma prática, de acordo com a figura 10.

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48

Figura 10 - Prática nº 10 do método LEM (1998)

Fonte: Dúran e Batocchio (2003)

5.5 PRÊMIO SHINGO (1988)

O Prêmio Shingo foi estabelecido em 1988 na Utah State University, nos

Estados Unidos. O objetivo do prêmio era promover a implementação de conceitos

de manufatura enxuta e reconhecer organizações nos Estados Unidos, Canadá e

México. A comissão de avaliadores do prêmio é formada por representantes de

empresas, organizações, profissionais e instituições acadêmicas, sendo que os

membros são escolhidos com base em suas especialidades e disposição para

endossar e promover os princípios e a missão do prêmio Shingo (NOGUEIRA,

2007).

A avaliação do prêmio visa estabelecer uma medição do quão aderido

está o Sistema de Gestão ao Modelo Shingo permitindo que a empresa vislumbre as

oportunidades de desenvolvimento da mesma, mas também busca verificar se a

companhia se classifica em um dos três níveis de excelência estabelecidos pelo

Shingo Prize. Estes níveis são: inicialmente o Bronze como sendo o primeiro

estágio, em seguida a Prata como um estágio mais avançado e como nível de

excelência o Prize (ROCHA, 2012).

O prêmio caracteriza-se pela avaliação de doze elementos divididos em

quatro dimensões, de acordo com a figura 11.

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49

Figura 11 - Estrutura dos elementos que compõe o Shingo Prize.

Fonte: Macedo (2010)

A estrutura apresentada na figura 11 foi desenvolvida para ajudar os

gestores a identificar a posição da empresa ocupa na caminhada à implementação

dos conceitos de manufatura enxuta. Os progressos alcançados por empresas que

buscam receber o Prêmio Shingo variam devido a amplitude dos diferentes tipos de

segmento de negócios. O modelo Shingo busca ser flexível para que possa ser

aplicado a todos os tipos de indústrias, do setor público ou privado, com fins

lucrativos ou não, e também em setores específicos das organizações assim como

em toda a planta por completo.

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50

Com isso, o objetivo final do Prêmio é integrar toda a empresa e seus

fluxos de valor com a criação completa e sistêmica da filosofia enxuta a fim de

alcançar melhores resultados empresariais (MACEDO, 2010).

6 LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

6.1 A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA

Diversos autores discutem e subdividem o processo de evolução da

logística. A mais difundida divide o processo de evolução, da distribuição rígida ao

recente conceito de cadeia de suprimento, em quatro etapas conforme o descrito por

Arbache et al (2006), Novaes (2007), e ilustrado na figura 12:

Figura 12 – Ciclo evolutivo da logística Fonte: Arbache et al, (2006)

Na primeira fase os sistemas logísticos eram desintegrados, tanto interna

quanto externamente. A padronização dos produtos era a principal alternativa para a

redução de custos. Altos níveis de estoque eram necessários para o balanceamento

da cadeia de suprimento, preenchendo as lacunas entre produção distribuição e

vendas causadas pelos sistemas de informação rudimentares. Tal fase marca a

adoção do sistema de Lote Econômico de Compra como método de controle de

estoques.

Na segunda fase, a de integração interna ou integração rígida, as

empresas buscaram integração no intuito de reduzir os custos excessivos de

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estoque através da atuação coordenada entre os setores. Os setores de vendas

geram a previsão de demanda, que é repassada ao centro de distribuição e à

manufatura, onde esta elabora o planejamento de produção e encaminha ao setor

de compras para a aquisição dos insumos necessários. Sob esse enfoque são

amplamente utilizados os sistemas de produção MRP (Material Requirement

Planning) e MRPII (Manufacturing Resource Planning II).

Esta abordagem pode ser caracterizada como uma busca inicial pela

racionalização da logística, porém com a deficiência do planejamento logístico

elaborado ser ainda rígido, ou seja, suscetível a variações na demanda do cliente

devido à grande dificuldade de adaptação.

A terceira fase tem início no fim da década de 80, com a ideia de que os

processos além de integrados deveriam ser flexíveis e apoiados pelo

desenvolvimento acentuado da informática. Foi através da evolução da informática

que se tornou possível a troca rápida de informações através do EDI (Eletronic Data

Interchange). Tal integração é realizada em dois níveis: dentro da empresa e inter-

relação com clientes e fornecedores, podendo ser notado nessa fase uma maior

preocupação não só com o consumidor final, mas também com todos os elos da

cadeia de suprimentos.

A Quarta e atual fase, ou SCM (Suply Chain Management) é representada

pela integração exterior à organização ou integração estratégica, com o intuito de

criar um só processo de atendimento das necessidades do cliente. Na primeira,

segunda e terceira etapa, a troca de informação entre os componentes da cadeia de

suprimento é realizada unicamente de maneira operacional, já no SCM as empresas

começam a tratar as questões logísticas de maneira estratégica.

6.2 LOGÍSTICA EMPRESARIAL

Em sua origem, o termo “Logística” esteve ligado a operações militares.

Por se tratar de um serviço de apoio e sem glamour, os grupos logísticos militares

trabalhavam em silêncio e na retaguarda (NOVAES, 2007). Tal fato ocorreu no meio

empresarial durante muito tempo, quando operações logísticas eram resumidas a

transporte e armazenagem.

Balou (2003) destaca a importância da logística para a competitividade

empresarial nos tempos atuais com baixas taxas de crescimento, onde a distribuição

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52

física pode consumir de 15% a 20% do Produto Nacional Bruto, denotando deste

modo a crescente importância dessa área de estudo para o desempenho

empresarial.

O Council of Supply Chain Proffessional (2008) norte americano define

Logística como:

“O processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o

fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações

associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo,

com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor”

A integração da gestão de materiais e da distribuição física se mesclam

para formar o que é conhecido como logística empresarial. De maneira

complementar, Balou (2006) descreve a logística empresarial como o tratamento de

todas as atividades de movimentação e armazenagem, assim como informação, que

facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de extração da matéria prima até o

consumidor final. A meta de nível de serviço logístico empresarial é entregar o

produto certo, no tempo exato, no local certo, na condição desejada ao menor custo

possível.

A logística empresarial tem evoluído muito desde seus primórdios,

segundo Novaes (2007), ela agrega quatro tipos de valores à cadeia produtiva: valor

de lugar (local certo); valor de tempo (tempo exato); valor de qualidade (produto

certo) e; valor de informação (demanda do cliente).

6.3 O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E OS FATORES DE

DESEMPENHO LOGÍSTICO

Para Ballou (2006) o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos destaca

as interações logísticas que ocorrem entre as funções de uma empresa e da

interação dessas com outras empresas legalmente separadas no âmbito da

manutenção do fluxo adequado de produtos.

De acordo com Chopra e Meindl (2003) uma cadeia de suprimentos

engloba todas as etapas envolvidas direta ou indiretamente no atendimento do

pedido de um cliente, tornando claro o fato do cliente ser a peça principal do seu

funcionamento. Ainda segundo o autor, o desempenho do alinhamento estratégico

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53

de uma cadeia de suprimentos deve ser analisado sob a ótica de quatro principais

fatores chave de desempenho logístico, são eles: estoque, transporte, instalações e

informação. Paralelamente, Ballou (2006) afirma que o planejamento logístico deve

resolver quatro grandes tipos de problema: os níveis de serviço, localização de

instalações, decisões sobre estoque e estratégia de transporte.

Deste modo, Melo e Alencar (2010) sintetizam que os fatores chave de

desempenho logísticos de uma cadeia de suprimentos podem ser divididos em:

níveis de estoque, transporte, instalações físicas e informação. Os autores denotam

que tais fatores são considerados fatores de desempenho operacionais, pois a

tomada de decisão isolada em cada um destes influencia o desempenho das

operações logísticas. Ainda de acordo com os autores, cada fator chave deve ser

avaliado de acordo com os componentes estratégicos da operação logística, sendo

eles nível de serviço e custo, ambos os indicadores mais observados pelos clientes.

A estrutura do gerenciamento da cadeia de suprimentos é exemplificada na figura

13.

Figura 13 – Estrutura de tomada de decisões na cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado de Chopra e Meindl (2003)

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54

6.4 O PAPEL DO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO PARA O DESEMPENHO

LOGÍSTICO

Um CD constitui um dos principais elos da cadeia de suprimentos, que

tem como função básica a intermediação das cargas vindas de fornecedores e envio

destas para atacadistas, revendedores e/ou até mesmo o consumidor final. Chopra e

Meindl (2003) denotam as duas principais funções de um CD: o armazenamento de

estoque e serviço como local de transferência. Em ambos os casos, sua existência

pode contribuir para a redução de custos de transporte em detrimento da elevação

do custo com instalações. Conforme Moura (2002) a principal finalidade do CD está

no aumento do nível de serviço ao cliente, posicionando o produto mais próximo ao

ponto de venda reduzindo assim o lead time.

Bertaglia (2009) resume as operações genéricas de um CD em

recebimento de cargas, armazenagem e expedição. A expansão de cada uma

dessas etapas forma as suas principais atividades. De modo complementar,

Calazans (2001) apud Rodrigues e Pizzolato (2003), lista suas atividades básicas

como: recebimento, movimentação, armazenagem, separação de pedidos e

expedição. A figura 14 exemplifica as funções básicas de um centro de distribuição.

Figura 14 - Funções básicas de um centro de distribuição Fonte: Autores, 2014.

O recebimento de cargas consiste em descarregar os materiais vindos

dos fornecedores, verificando sua integridade física e conformidades fiscais. As

cargas são então unitizadas e movimentadas para a etapa de armazenagem, nessa

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55

etapa são criados os registros de inventário e endereçamento dos produtos no

estoque. De acordo com os pedidos dos clientes (fluxo puxado) é realizada a etapa

de separação dos pedidos em embalagens adequadas ao produto e ao tamanho do

lote. Em seguida tais pedidos são direcionados à área de expedição, de onde serão

roteirizados e carregados dentro de veículos responsáveis pelo transporte e entrega.

Tal fluxo pode ser encurtado aplicando-se a estratégia de crossdocking

caracterizada por centros de distribuição concebidos para não realizar a

armazenagem de materiais, servindo como ponto de apoio para o fracionamento

cargas em lotes menores, direcionando-os ao consumidor final ou varejista.

Como o citado anteriormente, o Centro de Distribuição constitui uma peça

fundamental para na cadeia de suprimentos, influenciando diretamente os quatro

componentes de desempenho operacional logístico. Isso torna o planejamento de

sua localização, capacidade de armazenagem e níveis de estoque, uma questão

estratégica no Gerenciamento da Cadeia de Suprimento, através dos trade-offs entre

custos e nível de serviço ao cliente.

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56

CAPÍTULO III – AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DA PRODUÇÃO ENXUTA EM UM

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

O Capítulo III relata o processo de avaliação de práticas da PE em seus

detalhes. Inicialmente é realizada uma apresentação da empresa, seus setores e

funcionamento. Em seguida, são retratados os processos que compõem a avaliação

em si, tais quais: entrevista com os gestores, check list e ranking de importâncias. O

capítulo é finalizado com uma análise dos resultados obtidos em cada etapa,

realizando uma comparação entre o que é desenvolvido e a importância estratégica

de cada prática da Produção Enxuta.

1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA

A empresa objeto de estudo é uma das maiores empresas nacionais do

setor de cosméticos. Fundada no final da década de 60, possui um modelo logístico

composto por uma fábrica central onde são manufaturadas a maior parte dos seus

produtos, um hub – ponto central para armazenagem e expedição de produtos

vindos das fábricas próprias e de terceiros - localizado na cidade de Jundiaí - SP,

oito centros de distribuição ao longo do país, além de presença internacional com

operações na Argentina, Chile, México, Peru, Colômbia e França.

O presente estudo foi realizado no Centro de Distribuição localizado na

cidade de Castanhal – PA, a 60 km da capital, responsável pelo atendimento dos

estados do Pará, Amapá, Macapá, Maranhão, Piauí e Amazonas. O CD foi fundado

no ano de 2010, possui uma área total de 10.900 m² e uma média de 250

colaboradores ativos, variando de acordo com os períodos de maior e menor

demanda, atua com uma capacidade de produção de 700 volumes por hora,

recebimento de cinco caminhões por dia e capacidade de armazenagem de 8035

paletts.

A operação do CD pode ser dividida em dois ciclos: o ciclo recebimento-

armazenagem e o ciclo do pedido. O ciclo de recebimento-armazenagem tem início

com a chegada de carretas com produtos finais. A equipe de Recebimento

descarrega os caminhões e confere a acurácia de suas cargas. O processo é

auditado pela equipe de Estoque, liberando então a carga para a armazenagem,

onde os produtos aguardarão a demanda no próximo ciclo.

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57

O ciclo do pedido inicia-se com a captação pelos consultores de vendas.

De acordo com a região de destino e o prazo de entrega, a equipe de PCP realiza o

envio dos pedidos para a linha de picking onde serão separados pela equipe de

Separação e, quando necessário, conferidos no setor de Conferência. Em seguida

os pedidos passam para a área da Expedição onde são agrupados em paletts de

acordo com sua rota de destino.

Finalizadas as etapas do CD, os pedidos são entregues às

transportadoras que realizarão a entrega aos consultores de vendas.

A operação logística e parte da gestão do CD são terceirizadas a um

Operador Logístico responsável pelas equipes operacionais, tendo como principais

atividades:

Recebimento – Descarregamento de cargas, conferência das cargas

recebidas e realização de devoluções;

Estoque – Auditoria de recebimento/devoluções, auditoria de depósitos,

inventário cíclico e logística reversa;

Abastecimento – Ressuprimento da linha de picking;

Separação – Separação de pedidos;

Conferência – Conferência de pedidos separados e;

Expedição – Divisão de cargas por transportadora e faturamento de

pedidos.

assim como as funções de apoio:

PCP – Sequenciamento da produção, envio de pedidos para a linha de

picking, balanceamento da linha;

Qualidade – Auditoria da qualidade, conferência aleatória de pedidos,

controle e prevenção de Não Conformidades;

Segurança do Trabalho – Acompanhamento das condições de

segurança no CD, treinamentos sobre segurança e prevenção de

acidentes;

RH (Recursos Humanos) – Recrutamento e seleção de colaboradores,

e;

TI (Tecnologia da Informação) – Suporte a sistemas e informática.

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58

Gestão e operação são acompanhadas pela empresa contratante por

meio de uma equipe composta por um Coordenador de Operação, três Analistas e

quatro mantenedores.

A figura 15 ilustra para mais detalhes a organização do centro de

distribuição, assim como a divisão por área das equipes operacionais.

Figura 15 – Layout do centro de distribuição

Fonte: Autores, 2014.

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59

2 ENTREVISTAS COM COORDENADOR, ANALISTAS, TÉCNICOS, LÍDERES E

OPERADORES.

Como primeira etapa para a avaliação das práticas enxutas

implementadas pelo objeto de estudo, foram realizadas uma série de entrevistas

com gestores da operação logística visando estabelecer um cenário atual da

operação, seus pontos positivos e falhas, bem como os detalhes da implementação.

O roteiro para as entrevistas, presente no apêndice, foi elaborado com base no

trabalho realizado por Nogueira (2007), realizando uma adaptação à realidade da

empresa e as diferenças entre o processo logístico realizado dentro do Centro de

Distribuição em contraste ao ambiente produtivo do trabalho original.

A escolha dos entrevistados foi realizada de acordo com a importância

dos mesmos para a operação, considerando suas capacidades de interferir nos

resultados e nos processos assim como suas disponibilidades. Foram realizadas

entrevistas tanto com os responsáveis pela empresa contratante como o operador

logístico a fim de identificar melhor a visão do cliente como a prática em chão de

fábrica. A priori decidiu-se por realizar entrevistas com os operadores, porém não foi

possível devido à falta de disponibilidade dos mesmos. A lista dos cargos dos

entrevistados pode ser observada no quadro 1.

Entrevistados

Empresa Contratante Operador Logístico

Coordenador de Operação Líder de Recebimento

Analista de Performance Líder de Estoques

Analista de Qualidade Líder de Abastecimento

Analista de Loss Prevention Líder de Expedição

Técnico de Manutenção Líder de PCP

Líder de Qualidade

Quadro 1- Lista dos cargos dos entrevistados Fonte: Dos Autores (2014)

As entrevistas foram realizadas entre os meses de Agosto e Setembro do

ano de 2014, com duração média de uma hora por entrevistado.

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60

A princípio foi possível perceber que não há no CD um consenso

aprofundado sobre a Produção Enxuta e seus pilares. A concepção da PE tem base

principalmente em práticas isoladas já estabelecidas no projeto dos processos

(gestão visual, balanceamento da produção, poka yokes, dentre outros) e em

treinamentos realizados sobre MFV, Ferramentas da Qualidade e reestruturação do

setor de Manutenção em Engenharia de Confiabilidade. Os gestores entendem e

aplicam práticas isoladas sem um conhecimento aprofundado sobre a PE.

Esta etapa teve como objetivo coletar informações necessárias para

estabelecer um panorama inicial, identificar os pontos fortes e pontos fracos das

práticas desenvolvidas nos vários setores da empresa, e conhecer o histórico do

processo de implantação. As entrevistas foram fundamentais para servir de base

para as análises realizadas ao longo do estudo de caso, sendo que a partir da

análise das entrevistas foi possível definir as informações que possuem caráter

qualitativo. Os roteiros das entrevistas estão apresentados no Apêndice A.

A partir da entrevista e de visitas técnicas realizadas na organização

estudada, definiram-se as práticas da PE, já implantadas ou que estão em processo

de implantação, presentes na empresa. Tal identificação auxiliará nas próximas

etapas de coleta de dados que são: a aplicação de um check list e a elaboração de

um ranking; e, na avaliação final dos resultados. O quadro 2 apresenta quais foram

as práticas identificadas.

PRÁTICAS STATUS

OPERAÇÕES PADRONIZADAS

JUST IN TIME

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS

NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO

MELHORIA CONTÍNUA

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL

INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR

GESTÃO VISUAL

CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITOS

BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO

AUTONOMAÇÃO

Legenda: Implantado Em processo de Implantação Quadro 2 - Práticas identificadas

Fonte: Dos Autores (2014)

No que diz respeito ao resultado das entrevistas foi possível identificar

que a difusão inicial sobre Produção Enxuta foi realizada com um projeto de

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61

Mapeamento do Fluxo de Valor que consistiu em uma primeira etapa onde foi

realizado o treinamento de supervisores, coordenadores e analistas tanto da

empresa estudada quanto do Operador Logístico, para que esses possam atuar

como multiplicadores internos. Após o treinamento, os multiplicadores repassaram

os conceitos estudados para a liderança operacional, realizando então o

mapeamento da cadeia de valor do CD onde foram levantados os processos chave

e as principais oportunidades de melhoria. Em um terceiro estágio, os líderes ficaram

encarregados de pôr em prática os preceitos estudados, porém foi possível notar

ganho real de produtividade apenas no setor de Recebimento, onde ocorreu um

aumento de 25% da capacidade através da reestruturação do trabalho, elevando a

capacidade de recebimento de quatro para cinco caminhões por dia.

Em outras áreas não foi notada mudança significativa na rotina da

operação. O acompanhamento do desempenho das implementações foi realizado

por meio de um plano de ação com ações direcionadas para cada um dos

participantes internos e dos indicadores de desempenho logísticos (Duração de

ciclo, Não Conformidades, Índice de não atendimento dentre outros) já existentes,

não havendo indicadores específicos para a PE.

De modo paralelo, durante a realização das entrevistas, o setor de

manutenção tem passado por uma reestruturação, deixando de ser terceirizado para

ser incorporado à empresa estudada, esse processo teve início em janeiro do ano

de 2013 com término previsto para o final do ano de 2015. Deste modo, o setor

passa a ser conhecido como Engenharia de Confiabilidade e os colaboradores estão

sendo treinados nos pilares da MPT em práticas ligadas à atuação do setor como:

OEE (Overall Equipament Effectivences), 5S e eventos Kaizen. Tais treinamentos

são realizados simultaneamente em todos os centros de distribuição por uma

empresa de consultoria externa. As ações advindas do processo de treinamento e

reestruturação são acompanhadas por um master plan acessível diretamente aos

diretores e seus resultados são medidos com base nos próprios indicadores de

manutenção que são o MTBF (Mean Time Between Failure), MTTR (Mean Time To

Repair) e MTTF (Mean Time To Failure).

As atividades de gestão da política de estoque e gestão da demanda são

realizadas de maneira externa ao CD, a primeira é realizada por uma equipe de

Supply Chain e a segunda pela equipe de comercial sem interferência direta dos

centros de distribuição, restando a esses a necessidade de adequar suas

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capacidades produtivas e prazos de entrega à demanda prevista. As atividades de

ressuprimento do estoque do CD e programação da produção variam de acordo com

ciclos de venda, onde em cada ciclo uma série de produtos é ofertada aos clientes

de uma região com ações específicas, visando atender a estratégias de vendas da

empresa. Na gestão de estoques, o ressuprimento visa tornar todos os itens

ofertados disponíveis para entrega, levando em consideração a distância do CD em

relação ao hub e a fabrica central. Já a programação da produção do CD é realizada

de acordo com a previsão de venda diária, que alcança seus picos geralmente nos

últimos dias de venda de cada ciclo. Deste modo a suavização da demanda é

realizada de maneira global programando datas de fechamento de ciclo diferentes

para cada região atendida em datas diferentes, e de maneira interna com o

balanceamento da linha de separação de pedidos de modo a buscar a uniformidade

da carga de trabalho entre os operadores.

A padronização foi tratada com destaque pelos entrevistados, a sua

importância foi destacada principalmente como forma de gerar know how para a

empresa em relação aos seus próprios processos. Todos os procedimentos são

padronizados por meio de um documento descrevendo seu passo a passo que é

denominado IT (Instrução de Trabalho) e todos os procedimentos comuns aos

centros de distribuição tem sua IT padronizada. Quando alguma melhoria é

identificada, uma equipe do setor de Qualidade avalia se a mudança se aplica

apenas ao CD de origem ou se pode ser replicada aos demais. Em ambos os casos

o processo é padronizado alterando a IT atual e caso necessário replicando a ação a

todos os demais Centros.

De modo geral a liderança operacional da empresa Operadora Logística

se mostrou leiga ao tema, porém, com conhecimento isolado de algumas das

práticas já apresentadas em treinamentos e ações específicas. De acordo com o

relatado nas entrevistas com gestores e líderes, a equipe de operadores não é

exposta aos princípios por trás das ações da PE, por isso também, optou-se por não

realizar entrevistas com os operadores.

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63

3 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA E DESEMPENHO OPERACIONAL PRÁTICAS

DA PRODUÇÃO ENXUTA.

O check list utilizado nesta pesquisa originou-se da ferramenta

desenvolvida no estudo de Nogueira (2008) e no de Ferreira (2006), para avaliação

preliminar de empresas que já estão em processo de implantação da PE.

Nogueira (2008) utilizou o check list em uma multinacional que fornece

peças para montadoras de carros. A ferramenta foi respondida pelos gerentes dos

setores da empresa, diferente do trabalho desenvolvido por Ferreira (2006) onde o

check list foi respondido pelos pesquisadores tendo como objeto de estudo uma

empresa produtora de máquinas agrícolas.

A etapa de coleta de dados através da utilização do check list foi de suma

importância para identificar quantitativamente a aderência do sistema produtivo da

empresa a práticas da produção enxuta.

Foram realizadas pelos pesquisadores três visitas in loco, cada uma com

duração de 3 horas, para que fosse possível realizar a elaboração e a aplicação do

check list. O preenchimento foi realizado pelos pesquisadores de acordo com o

conhecimento adquirido por meio das entrevistas e das visitas na organização. O

check list é baseado nas práticas descritas no Capítulo 2 de revisão bibliográfica.

Para a avaliação das atividades foi utilizada três vertentes:

FO (Forte) – a organização tem conhecimento da prática e aplicam

com eficácia;

FR (Fraco) – a organização não tem conhecimento da prática, mas

aplicam de forma eficaz e/ou eficiente;

NE (Não existe) – a organização não aplica.

Para a análise dos resultados foram atribuídos pesos aos itens a fim de

obter uma grandeza numérica para facilitar as discussões a cerca dos resultados

obtidos. Os pesos foram os seguintes: FO= peso 10; FR= peso 5; NE= peso 0. A

nota total é extraída a partir do cálculo da média de todas as notas presentes em

cada prática. A tabela 1 mostra um fragmento do check list, sendo que a

apresentação completa preenchida pode ser encontrada no Apêndice B. E a tabela 2

mostra as notas gerais e sua respectiva classificação no que diz respeito ao

desempenho operacional de cada prática.

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64

Para a elaboração do ranking desenvolveu-se uma lista contendo as doze

práticas da PE utilizadas no check list. A lista foi entregue pessoalmente ao

coordenador geral e ele deveria distribuir uma nota de 1 a 10 para cada prática, de

acordo com a importância que as mesmas apresentavam para a empresa, sendo 1 a

nota mais baixa e 10 a mais alta.

Posteriormente, com base na resposta, elaborou-se um ranking que

classifica as práticas que receberam maior nota como mais importantes (1º lugar),

decrescendo de posição de acordo com o decrescer das notas. Os resultados

obtidos com o ranking serão comparados com os do check list a fim de identificar o

que a empresa almeja estrategicamente com o que realmente é desenvolvido.

Levou-se uma semana para a realização desta etapa. A tabela 3 apresenta um

fragmento da lista entregue ao coordenador, sendo que a tabela na íntegra

encontra-se no Apêndice C.

1 OPERAÇÕES PADRONIZADAS FO FR NE NOTA

1.1 Existem rotinas-padrão para todas as atividades a serem executadas (rotinas-padrão são procedimentos escritos que

descrevem o conteúdo, tempos, movimentos e resultados de cada atividade)?

X

10

1.2 Existem folhas de operações-padrão (folhas de operação-padrão são documentos que

contêm as sequencias de operações a serem realizadas permitindo a repetição do ciclo ao

longo do tempo)?

X

10

1.3 As folhas de operação-padrão apresentam a quantidade de material em processamento,

pontos de checagem de qualidade, o takt time, tempo de ciclo e rotina padrão?

X

5

1.4 As folhas de operação-padrão são periodicamente revisadas e comunicadas aos

usuários? X

10

1.5 Há definição do nível mínimo de estoque em processamento (quantidade padrão) em cada

posto?

X

5

TOTAL 8 Tabela 1 - Fragmento do check list

Fonte: Dos Autores (2014)

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65

PRÁTICAS DESEMPENHO COLOCAÇÃO

MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 9,38 1º

AUTONOMAÇÃO 7,50 4º

GESTÃO VISUAL 8,33 2º

OPERAÇÕES PADRONIZADAS 8,00 3º

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS 7,50 4º

CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITOS 7,00 5º

MELHORIA CONTÍNUA 5,00 6º

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR 5,00 6º

INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR 5,00 6º

BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO 5,00 6º

JUST IN TIME 4,23 7º

NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO 3,00 8º Tabela 2 - Notas e colocação geral para desempenho

Fonte: Dos Autores (2014)

PRÁTICAS NOTA

OPERAÇÕES PADRONIZADAS 8

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS 5,5 NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO 8,5

MELHORIA CONTÍNUA 8 Tabela 3 - Fragmento da lista utilizada para elaboração do ranking.

Fonte: Dos Autores (2014)

A tabela 4 mostra o grau de importância estratégia das práticas

desenvolvidas no CD, do ponto de vista da coordenação, na coluna “importância” se

encontram as notas conferidas pelo coordenador de logística e na coluna

“colocação” estão às classificações de cada prática em relação às demais.

PRÁTICAS IMPORTÂNCIA COLOCAÇÃO

MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 10,00 1º

AUTONOMAÇÃO 7,00 6º

GESTÃO VISUAL 6,00 8º

OPERAÇÕES PADRONIZADAS 8,00 5º

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS 5,50 9º

CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITOS 6,00 8º

MELHORIA CONTÍNUA 8,00 5º

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR 10,00 1º

INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR 9,50 2º

BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO 9,00 3º

JUST IN TIME 6,50 7º

NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO 8,50 4º Tabela 4 - Notas e colocação geral para estratégia

Fonte: Dos Autores (2014)

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66

Diante desse cenário, ao realizar uma comparação das práticas que a

empresa considera importante estrategicamente com o que realmente é

desempenhado na empresa concluiu-se que existe uma grande disparidade entre

algumas práticas, principalmente as que possuem maior importância estratégica,

mas não possuem um desempenho satisfatório. A figura 16 apresenta a comparação

das notas obtidas nas etapas de check list (desempenho) e ranking (importância).

Figura 16 - Importância X Desempenho Fonte: Dos Autores (2014)

Foi possível observar que metade das práticas avaliadas obteve um

resultado satisfatório, superando as expectativas da empresa ou chegando próximo.

Foi o caso das práticas de MPT, Autonomação, Gerenciamento Visual, Operações

padronizadas, TRF e CQZD. A MPT, que foi considerada a mais importante

estrategicamente (nota 10 no ranking) também obteve o maior resultado de

desempenho (nota 9,38 no check list). Essas notas elevadas refletem o esforço da

empresa em integrar o setor de manutenção baseados em padrões de classe

mundial, e os resultados que vem sendo obtidos com essa integração. O único ponto

observado em check list foi à falta de autonomia dos operadores, processo que

ainda se encontra em desenvolvimento pelo setor.

No caso da Autonomação, a nota do desempenho (7,5) foi superior ao da

importância (7,0), isso se dá ao fato de que a maioria dos entrevistados não possui

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total conhecimento sobre esta prática, fazendo com que a empresa a desenvolva de

maneira intuitiva. Falta aos operadores o senso de importância e orientação sobre

quando e porque parar a linha de produção.

Os dispositivos que detectam anormalidades estão disponíveis, porém os

operadores carecem de conhecimento sobre quando utilizá-los. Outro fator que se

encontra com fraco desempenho é que somente algumas máquinas param

automaticamente quando alguma anormalidade é detectada, não todas. Estes

fatores refletem negativamente na empresa, pois a Autonomação é um dos pilares

da Produção Enxuta, e devido a isso deveria ser fortemente explorada e

desenvolvida pela mesma.

A Gestão Visual foi uma das práticas em que as expectativas foram

superadas, sua nota de desempenho (8,33) superou a importância estratégica (6,00)

da mesma para a empresa. De modo geral, os controles visuais são bem

disseminados, deixando a desejar apenas na clareza do fluxo dos materiais na

produção e na aplicação de poka yokes. O mesmo ocorre com a TRF em que teve

um desempenho 7,5 em frente à importância de 5,5, a prática deixa a desejar em

dois aspectos: a falta de uma frequência de estudo claro sobre como reduzir o

número de componentes a fim de reduzir os ajustes necessários para realizar a troca

de ferramentas, sendo q este fator colide com a baixa importância que a empresa dá

para esta prática, devido à baixa variedade dos produtos, o que reduz o número de

troca de ferramentas na linha de produção e; Inexistem padrões que definem setup

interno e externo.

Operações Padronizadas e CQZD apresentaram individualmente notas

próximas para os dois quesitos, importância e desempenho, respectivamente 8 e 8

para Operações Padronizadas e 6 e 6,5 para CQZD. No caso das operações

padronizadas, faltam alguns detalhes que remetam o operador à base da PE, como

takt time de produção, tempo de ciclo e quantidade necessária de material em

processamento. Também não há definição clara do nível adequado de estoque em

processamento. Já no CQZD houveram falhas principalmente nos quesitos

relacionados à implementação de poka yokes que não chegam a parar a linha

quando uma anomalia é detectada, à inspeção dos produtos acabados que é

realizada em torno de 35% do que é produzido, e ao índice de retrabalho dentro do

aceitável após a linha de produção.

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68

Já a outra metade das práticas, Melhoria Contínua, Mapeamento do Fluxo

de Valor, Integração com o fornecedor, Balanceamento da Produção, Just in time e

Nivelamento da Produção, apresentaram um desempenho bastante inferior ao que a

empresa almeja estrategicamente, mostrando o quanto que a empresa ainda precisa

desenvolver e melhorar no que diz respeito a implantação de práticas da PE. Para a

prática de Melhoria Contínua, as notas para desempenho e importância foram 5,0 e

8,0, respectivamente. A empresa recebeu notas de caráter de classificação “Fraco”

para todos os itens presentes no check list. Nem todas as melhorias são

padronizadas, não são realizados kaizens com frequência e são poucos os membros

treinados para terem conhecimento da filosofia, princípios e práticas da Produção

Enxuta, por exemplo, notou-se que os entrevistados conheciam apenas algumas

práticas, a filosofia e princípios da PE era desconhecido por eles.

O MFV é uma das mais recentes práticas desenvolvidas pela empresa,

ainda está em processo de implantação e por isso recebeu nota 5,0 no

desempenho. Porém sua importância estratégica para a empresa é grande (nota

10,0), deste modo, estão sendo realizados diversos investimentos pela empresa em

treinamento e capacitação dos funcionários a fim de avançar com a implantação do

MFV. Foi apenas realizado um mapeamento do fluxo de valor, sem atualização

ainda dos mapas do estado atual e do futuro.

Na Integração com Fornecedor muita importância é dada (nota 9,5),

porém o seu desempenho não é satisfatório (nota 5,0). Isto se dá devido ao fato de

que é ainda precária a utilização de kanbans para puxar a entrega do fornecedor e

não utilizam técnicas típicas de CQZD para assegurar a qualidade de seus produtos.

A prática de Balanceamento de Produção é muito importante,

principalmente na linha de produção, devido a isso recebeu nota 9,0. Porém seu

desempenho deixou a desejar, pois os tempos de ciclo dos postos de trabalho e da

linha de produção não são totalmente balanceados, este fator pode ser explicado

pelas várias mudanças que ocorrem na demanda em um curto período de tempo.

Isto não está 100 % ao controle da empresa, entretanto, é necessário que se tome

alguma medida que consiga acompanhar estas variações de uma forma mais eficaz.

A prática de Just in Time foi a maior surpresa encontrada nessa

avaliação. Tanto a nota da importância (6,5) quanto à do desempenho foram baixas

(4,23) e isto reflete um ponto negativo para a empresa, pois assim como a

Autonomação o Just in Time também é um dos pilares na estrutura da Produção

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69

Enxuta, mostrando que seu desempenho e importância deveriam ser superiores ao

encontrado na realidade.

Não são utilizados kanbans na empresa, uma vez que a linha de

produção é automatizada e só produz o que foi demandado pela equipe de PCP,

caracterizando uma produção puxada. A linha de produção não é paralisada com

frequência quando ocorre algum defeito, foi identificado no check list que este

elemento ainda é fraco na empresa. Ocorrem atrasos nas entregas dos produtos

acabados aos clientes finais, não havendo uma baixa variabilidade nos lead times de

produção. Os tempos de ciclo de todos os postos e linha de produção não são

conhecidos, e a soma dos tempos de ciclo da linha não é frequentemente menor ou

igual ao seu takt time.

E o Nivelamento da Produção foi a prática que apresentou maior

discrepância nas notas de importância (8,5) e desempenho (3,0). A empresa não

possui uma programação nivelada de produção com sequenciamento de ordens de

produção em um padrão repetitivo considerando um horizonte a médio e longo prazo

(7 a 180 dias) e isso fez com que seu desempenho fosse pendido para uma nota tão

baixa. O quadro 3 apresenta um resumo de todos os elementos apontados como

fracos ou inexistentes no check list.

PRÁTICAS OBSERVAÇÃO

OPERAÇÕES PADRONIZADAS Falta definir quantidade padrão de

materiais em processamento, takt time e tempo de ciclo padrão.

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS Falta identificar as atividades de setup interno e externo assim como estudos

para diminuir o tempo de setup

NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO A programação de produção deve ser

revisada a fim de criar um padrão repetitivo no médio prazo.

MELHORIA CONTÍNUA Falta estruturação nos processos de

melhoria contínua, assim como melhor treinamento das equipes responsáveis.

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR O mapa do fluxo de valor desde sua

criação ainda não foi revisado.

MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL

O processo de treinamento dos operadores para realização da

manutenção autônoma encontra-se ainda na fase de projeto.

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JUST IN TIME

Falta precisão no cumprimento de prazos estabelecidos junto ao cliente

interno (transportadora); Não há medição do tempo de ciclo real entre os

postos de trabalho; Os kanbans são aplicados sem ajuste preciso à demanda

ou a detalhes da produção; Não há controle sobre a quantidade de kanbans

necessários para produção.

INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR São constantes os problemas de

divergência de saldo e conferência de materiais devido a falhas do fornecedor.

GESTÃO VISUAL

Falta identificação intuitiva sobre o fluxo de processo; A aplicação dos poka

yokes não é efetiva para a eliminação dos erros.

CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITOS

Cerca de 30% da produção é retrabalhada após a linha de separação

de pedidos; Não são frequentes a aplicação das três ferramentas em

conjunto.

BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO

As estações de trabalho são balanceadas de maneira intuitiva a fim de garantir o equilíbrio entre as cargas de trabalho, porém sem controle direto

do tempo de ciclo.

Quadro 3 - Apontamentos fracos e inexistentes.

Fonte: Dos Autores (2014)

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CAPÍTULO IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse Capítulo serão expostas todas as considerações finais a respeito

do trabalho, apresentando três tópicos, que são: o de conclusão, o de sugestão para

a empresa, e o de sugestão para trabalhos futuros.

1 CONCLUSÃO

A Produção Enxuta surgiu como um paradigma de produção que utiliza

princípios e práticas de gestão a fim de eliminar desperdícios na cadeia produtiva,

aumentando a qualidade do produto final a um menor custo possível. Sua crescente

disseminação instigou a necessidade do desenvolvimento de métodos que auxiliem

na avaliação do desempenho operacional das praticas da PE implantadas pelas

empresas, com o objetivo de medir qualitativamente e quantitativamente os

benefícios e dificuldades encontradas.

A questão da pesquisa que norteou este trabalho foi: Como avaliar a

relação entre a importância estratégica e o desempenho de práticas da Produção

Enxuta nas operações de um Centro de Distribuição? Assim sendo, por meios dos

resultados obtidos com relação ao desempenho e importância atribuída a cada

prática de PE implantada na empresa objeto de estudo, conclui-se que o problema

de pesquisa fora respondido a contento.

O objetivo deste trabalho é avaliar a relação entre a importância

estratégica e o desempenho de práticas de Produção Enxuta nas operações de um

centro de distribuição, por meio de entrevistas, observações e coleta de parâmetros

in loco. Com isso, pode concluir que a pesquisa alcançou o objetivo a que se propôs,

conforme demonstrado pelos resultados obtidos.

Observou-se que os colaboradores não tinham total conhecimento acerca

da contextualização, dos princípios da PE, e por isso implantaram as práticas

isoladamente sem integrá-las ao sistema. Porém, era claro para a empresa a

importância estratégica de tais práticas e suas contribuições para a redução de

custos e melhoria da qualidade dos produtos e processos. Com isso, o trabalho

auxiliou na identificação dos pontos fortes e fracos no que diz respeito ao

desempenho das práticas da PE desenvolvidas na empresa estudada, fazendo com

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72

que a mesma conheça onde deve melhorar para alcançar todos os benefícios

propostos por este modelo de gestão.

2 SUGESTÃO PARA A EMPRESA

Diante dos resultados encontrados com esta pesquisa, sugere-se que a

empresa foque na melhoria dos seguintes pontos:

Treinamento acerca dos princípios e praticas da PE para lideres e

operadores, para que a equipe operacional tenha conhecimento da

importância dos processos de melhorias que executam, e os benefícios

gerados por eles, e;

Colocar em prática a utilização de check list e desenvolver outras

ferramentas para acompanhar a integração dos princípios e praticas da

PE no processo produtivo, assim como verificar se estes estão sendo

aplicados de forma correta, com o objetivo de auxiliar na tomada de

decisão e na melhoria continua.

Dessa forma o trabalho desenvolvido mostrou que a implantação de

práticas, mesmo que isoladas, da PE, são importantes para o desenvolvimento da

empresa.

Por outro lado, se mostra necessário medir e acompanhar o desempenho

destas práticas de maneira global, de forma a garantir o equilíbrio entre essas

aplicações e obter resultados mais efetivos, evitando o gasto de esforços em

práticas já estabelecidas e tornando evidentes oportunidades de melhoria.

3 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Diante do tema desenvolvido e dos resultados encontrados sugere-se que

o mesmo tenha continuidade por meio de alguns estudos futuros, que são:

Medir o desempenho operacional e financeiro com a implantação de

práticas enxutas;

Medir a perspectiva dos colaboradores internos e externos com a

relação às práticas enxutas implantadas, e;

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Utilizar indicadores de desempenho como um parâmetro auxiliar na

avaliação das práticas da PE.

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74

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APÊNDICE A – Roteiro das Entrevistas

ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA COM COORDENADOR GERAL

A. Há quanto tempo e por quais motivos a Produção Enxuta entrou na sua

empresa?

B. Qual a relação da aplicação da Produção Enxuta com os objetivos e

estratégias da empresa?

C. Há um plano global de implementação da Produção Enxuta na sua

empresa?

D. Quais as práticas enxutas que foram implantadas na sua empresa e

como foram escolhidas?

E. Como estas práticas foram implantadas?

F. Quais as pessoas que se envolveram nessa implementação e como

foram escolhidas?

G. Qual foi a reação das pessoas a respeito da implementação de práticas

da Produção Enxuta?

H. Como é feito o acompanhamento dessas implementações? Quais os

indicadores de desempenho utilizados? Como foram definidos esses indicadores?

I. Quais os pontos positivos e negativos obtidos com a implementação da

Produção Enxuta?

J. Foi feito benchmarketing com outras empresas do setor?

K. O pessoal interno recebeu algum curso de treinamento/capacitação

em produção enxuta?

L. Quais são os procedimentos utilizados para envolver a força de

trabalho(operadores) no processo de implementação da produção enxuta?

M. Como tem sido a implementação da produção enxuta fora da área de

produção (área administrativa, relações com clientes e fornecedores, etc.?

ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA COM TÉCNICOS DE

MANUTENÇÃO

A. Como a Produção Enxuta chegou ao setor e há quanto tempo?

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84

B. Como foi discutida a implementação e a apresentação da PE no seu

setor?

C. Quais as pessoas que se envolveram nessa implementação?

D. Qual a reação das pessoas a respeito da implementação das práticas

da PE?

E. Como é feito o acompanhamento dessas implementações? Quais os

indicadores de desempenho utilizados?

F. Quais os resultados positivos alcançados depois da implementação?

Quais foram os maiores obstáculos?

G. O pessoal envolvido recebeu algum treinamento/capacitação em PE?

H. Qual o tipo de manutenção utilizada na empresa (corretiva/ preventiva/

preditiva ou TPM)?

I. A manutenção obedece a um cronograma? Como é definido?

J. Qual a porcentagem de manutenção autônoma? Qual a porcentagem

de treinamento de operadores?

K. Quais os pontos positivos e negativos desse tipo de manutenção?

ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA COM ANALISTA DE PCP

A. Como a Produção Enxuta chegou ao setor e há quanto tempo?

B. Como foi discutida a implementação e a apresentação da PE no seu

setor?

C. Quais as pessoas que se envolveram nessa implementação?

D. Qual a reação das pessoas a respeito da implementação das práticas

da PE?

E. Como é feito o acompanhamento dessas implementações? Quais os

indicadores de desempenho utilizados?

F. Quais os resultados positivos alcançados depois da implementação?

Quais foram os maiores obstáculos?

G. O pessoal envolvido recebeu algum treinamento/capacitação em PE?

H. Como é feita a programação diária da produção?

I. Como é definida a política de estoque?

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85

J. Qual o grau de variação da demanda? Como são feitas as

programações a partir da demanda existente? Quais as medidas tomadas para

ajustar a demanda aos processos produtivos?

K. Qual a importância da padronização de operações para este setor?

ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA COM ANALISTA DE QUALIDADE

A. Como a Produção Enxuta chegou ao setor e há quanto tempo?

B. Como foi discutida a implementação e a apresentação da PE no seu

setor?

C. Quais as pessoas que se envolveram nessa implementação?

D. Qual a reação das pessoas a respeito da implementação das práticas

da PE?

E. Como é feito o acompanhamento dessas implementações? Quais os

indicadores de desempenho utilizados?

F. Quais os resultados positivos alcançados depois da implementação?

Quais foram os maiores obstáculos?

G. O pessoal envolvido recebeu algum treinamento/capacitação em PE?

H. Como são definidos os padrões de qualidade? Como eles são

difundidos dentro da fábrica?

I. Existem operadores que só trabalham na qualidade?

J. Existe preocupação com a causa-raiz dos problemas encontrados?

Como são investigadas? Quais são as causas principais?

K. É utilizada inspeção na fonte?

L. Qual a porcentagem de retrabalho, dentro e fora da linha produção?

M. São feitas auditorias de qualidade nos postos de trabalho? Como são

feitas? Documentação? ISO?

N. Qual a porcentagem de inspeção de qualidade nas peças?

O. Como é feita a implementação de poka-yokes (onde, tipo)? Existem

poka-yokes para parar as máquinas ou somente para adverti-las?

P. Qual a frequência que são realizados os acontecimentos da qualidade

(workshop, kaizen, atividade em pequenos grupos)?

Q. Como é inspecionada a qualidade dos produtos recebidos do

“fornecedor”? Qual procedimento no caso de defeituosos?

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R. As melhorias realizadas são sempre padronizadas?

ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA COM LÍDERES DA OPERAÇÃO

A. Quando você ouviu falar pela primeira vez da PE?

B. Como a PE chegou na sua empresa e há quanto tempo?

C. Como foi discutida a apresentação e implementação da PE na sua

empresa?

D. Como você conceituaria a PE?

E. Quais seriam os princípios e as práticas da PE utilizados na sua

empresa e quais as que vpcê considera mais importantes e quais as que

apresentaram maior desempenho?

F. Como foi o período de implementação de princípios e práticas da

produção enxuta na sua empresa e como foram implantadas?

G. Como se dá o acompanhamento dessas implementações?

H. O seu setor já obteve algum resultado após a implementação? quais

foram?

I. O pessoal interno recebeu algum curso de treinamento/capacitação em

PE?

J. Você sabe se existem planos futuros para implementação de novas

práticas?

APÊNDICE B – Check list

1 OPERAÇÕES PADRONIZADAS FO FR NE NOTA

1.1 Existem rotinas-padrão para todas as atividades a serem executadas (rotinas-padrão são procedimentos

escritos que descrevem o conteúdo, tempos, movimentos e resultados de cada atividade)?

X 10

1.2 Existem folhas de operações-padrão (folhas de operação-padrão são documentos que contêm as

sequencias de operações a serem realizadas permitindo a repetição do ciclo ao longo do tempo)?

X 10

1.3 As folhas de operação-padrão apresentam a quantidade de material em processamento, pontos de checagem de qualidade, o takt time, tempo de ciclo e

rotina padrão?

X 5

1.4 As folhas de operação-padrão são periodicamente revisadas e comunicada aos usuários?

X 10

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87

1.5 Há definição do nível mínimo de estoque em processamento (quantidade padrão) em cada posto?

X 5

TOTAL 8

2 JUST IN TIME FO FR NE NOTA

2.1 É adotada uma fórmula para dimensionar supermercados (ou estoques tipo FIFO) de produtos, a qual considere no mínimo os seguintes parâmetros:

demanda média diária, variação da demanda, coeficiente de segurança, lead time de reposição?

X 10

2.2 Os tempos de espera entre as atividades consecutivas são baixos?

X 10

2.3 A entrega dos produtos acabados aos clientes finais é realizada dentro do prazo prometido?

X 5

2.4 Existe baixa variabilidade nos lead times de produção, garantindo maior confiabilidade da

capacidade de produção e prazos de entrega (lead time é o tempo decorrido entre o pedido efetuado pelo

cliente até a entrega do produto)?

X 5

2.5 Os tempos de ciclo de todos os postos, linhas, ou células, são conhecidos e padronizados?

X 0

2.6 Há dispositivos para puxar a produção entre células ou linhas? (ex: cartões kanban, FIFO)

X 5

2.8 A soma dos tempos de ciclo das linhas ou células são menores ou iguais aos respectivos takt times?

X 5

2.9 Havendo uso de cartões kanban ou similar, os mesmo contêm informação sobre o que foi produzido,

em que momento, em que quantidade, onde armazenar, o que foi produzido, a sequência de produção e a indicação da operação anterior e

posterior?

X 0

2.10 Há painéis porta kanbans ou kanbans informatizados indicando a entrada de matérias-primas e saídas de

produtos processados?

X 0

2.11 Os painéis porta kanbans ou kanbans informatizados indicam as prioridades de fabricação?

X 0

2.12 Os processos só produzem o que é indicado no kanban de produção?

X 10

2.13 Os itens defeituosos não seguem para o processo seguinte? A linha ou célula é paralisada caso ocorra

algum defeito?

X 5

2.14 O número de kanbans é periodicamente reduzido? Estime a periodicidade de redução do número de kanbans:________Quando foi a última redução?

X 0

TOTAL 4,2308

3 TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS FO FR NE NOTA

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88

3.1 Existem padrões escritos que identificam e separam claramente atividades de setup interno e externo

(setup externo são aquelas atividades que podem ser executadas enquanto a máquina está funcionando e setup interno são aquelas atividades que só podem

ser executadas enquanto a máquina estiver parada)?

X 0

3.2 Na preparação externa, as ferramentas, dispositivos de fixação e os materiais estão organizados próximos

à máquina?

X 10

3.3 Na preparação Interna, somente a remoção e a colocação de ferramentas são feitas?

X 10

3.4 São estudadas, frequentemente, medidas para evitar o uso de parafusos e porcas de tamanhos diferentes, redução do número de roscas, redução do número de

orifícios e eliminação de ajustes desnecessários?

X 5

3.5 Existe espaço suficiente ao redor das máquinas para facilitar a movimentação dos operadores durante os

setups?

X 10

3.6 Inexiste a necessidade de levantar peças pesadas manualmente durante as trocas?

X 10

TOTAL 7,5

4 NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO FO FR NE NOTA

4.1 Considerando um horizonte de uma semana, existe programação nivelada de produção através do

sequenciamento de ordens de produção em um padrão repetitivo?

X 5

4.2 Considerando um horizonte de 7 a 30 dias, existe programação nivelada de produção através do

sequenciamento de ordens de produção em um padrão repetitivo?

X 0

4.3 Considerando um horizonte de 30 a 180 dias, existe programação nivelada de produção através do

sequenciamento de ordens de produção em um padrão repetitivo?

X 0

4.4 Existe uma programação nivelada de produção referindo-se tanto as quantidades quanto aos tipos de

produtos?

X 5

4.5 Inexistem variações grandes e rápidas no mix de modelos e níveis de demanda?

X 5

TOTAL 3

5 MELHORIA CONTÍNUA FO FR NE NOTA

5.1 Periodicamente, ocorrem kaizens workshops (eventos caracterizados por trabalho intensivo, brainstorming e

envolvimentos de equipes, com duração de 4 a 5 dias, onde os membros tentam alcançar o máximo de

melhoria de uma atividade ou processo)?

X 5

5.2 As melhorias realizadas são sempre padronizadas? X 5

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5.3 Os grupos de melhoria contínua utilizam ferramentas estruturadas para análise e solução de problemas

(Ex: 5W2H, brainstorming)?

X 5

5.4 Todos os membros da organização são treinados para terem conhecimento da filosofia, princípios e

práticas da produção enxuta?

X 5

TOTAL 5

6 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR FO FR NE NOTA

6.1 O mapeamento do fluxo de valor é periodicamente realizado, sendo atualizados os mapas do estado

atual e mapa do estado futuro?

X 5

TOTAL 5

7 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL FO FR NE NOTA

7.1 Há preferência pela manutenção preventiva em vez da manutenção corretiva?

X 10

7.2 Existe manutenção preditiva? X 10

7.3 Existe manutenção autônoma, ou seja, os operadores são capacitados a executar a manutenção preventiva básica de suas máquinas (inspeção diária, limpeza,

lubrificação)?

X 5

7.4 Os funcionários são treinados para detectar anormalidades nas máquinas e equipamentos que

usam em seu trabalho?

X 10

7.5 Existe programação para a execução de manutenção?

X 10

7.6 Existe check list para verificações? X 10

7.7 Existem programas de 5S para as áreas de manutenção?

X 10

7.8 O índice de disponibilidade operacional das máquinas (tempo total disponível para o funcionamento, menos

o tempo em que a máquina realmente funciona, dividido pelo tempo total disponível para o

funcionamento, vezes 100%) está entre: 0 a 50% (fraco); 50,1 a 100%(forte)?

X 10

TOTAL 9,375

8 INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR FO FR NE NOTA

8.1 O fornecedor faz entrega em pequenos lotes e em curtas periodicidades? (ex: diariamente)

X 10

8.2 Há dispositivos para puxar entregas do fornecedor? (ex: kanbans)

X 5

8.3 Os dispositivos para puxar as entregas do fornecedor contêm informações sobre o que é o pedido, em que momento deve chegar, em que quantidade e onde

armazenar?

X 5

8.4 O fornecedor adota técnicas típicas de CQZD que asseguram a qualidade de seus produtos?

X 0

TOTAL 5

9 GESTÃO VISUAL FO FR NE NOTA

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90

9.1 O fluxo de processos é visível e compreensível do início ao fim?

X 5

9.2 Existem indicadores visuais tais como placas de segurança, indicadores de locais de transito permitido

ou proibido?

X 10

9.3 Existem, bem disseminados, controles visuais tais como faixas para demarcar local de

descarregamento, armazenamento e bordas no piso?

X 10

9.4 Existem, bem disseminadas, garantias visuais (equivalente aos poka yokes que adotam o método de

controle)?

X 5

9.5 Existem, bem disseminados, sinais visuais tais como quadros de ritmo de produção?

X 10

9.6 Existe a aplicação de ferramentas que enfocam a ação contínua na organização, arrumação, limpeza, padronização e disciplina como forma de mudar a

maneira como as pessoas encaram seu trabalho e o que fazem como, por exemplo, 5 S?

X 10

TOTAL 8,3333

10 CONTROLE DE QUALIDADE ZERO DEFEITOS FO FR NE NOTA

10.1 Há identificação e controle de causas-raiz de defeitos?

X 10

10.2 Há baixo índice de retrabalho fora da linha? X 5

10.3 Existe documentação sobre qualidade? X 10

10.4 Existem procedimentos de auditorias nos postos de trabalho?

X 10

10.5 É usada preferencialmente inspeção na fonte ao invés de inspeção informativa?

X 10

10.6 Existem indicadores de processo e resultados relativos à qualidade?

X 10

10.7 São frequentes as combinações de poka yokes + inspeção na fonte + ação imediata?

X 0

10.8 Há inspeção de qualidade 100% dos itens montados? X 5

10.9 São usados poka yokes com função de regulagem pelo método de controle (dispositivos que param a linha quando alguma anormalidade é detectada)?

X 5

10.10 São usados poka yokes com função de regulagem pelo método da advertência (dispositivos que apenas sinalizam quando alguma anormalidade é detectada)?

X 5

TOTAL 7

11 BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO FO FR NE NOTA

11.1 Os tempos de ciclo dos diversos postos são balanceados?

X 5

11.2 Os tempos de ciclo das linhas ou células são balanceados?

X 5

TOTAL 5

12 AUTONOMAÇÃO FO FR NE NOTA

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91

12.1 As máquinas são dotadas de dispositivos que detectam anormalidades (ex: peças defeituosas,

quebra de máquinas, etc.)?

X 10

12.2 As máquinas param automaticamente quando alguma anormalidade é detectada?

X 5

12.3 Os funcionários tem autonomia para paralisar a linha quando alguma anormalidade é detectada?

X 5

12.4 Há painéis sinalizadores para indicar os postos paralisados (ex: painéis andon)?

X 10

TOTAL 7,5

APÊNDICE C – Lista para Elaboração do Ranking

PRÁTICAS NOTA

OPERAÇÕES PADRONIZADAS 8

TROCA RÁPIDA DE FERRAMENTAS 5,5

NIVELAMENTO DA PRODUÇÃO 8,5

MELHORIA CONTÍNUA 8

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR 10

MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 10

JUST IN TIME 6,5

INTEGRAÇÃO COM O FORNECEDOR 9,5

GESTÃO VISUAL 6 CONTROLE DE QUALIDADE ZERO

DEFEITOS 6

BALANCEAMENTO DA PRODUÇÃO 9

AUTONOMAÇÃO 7

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