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36 | Mais Alto Mar | Abr 2004 WESTLAND-SIKORSKY WS-51 F oi timidamente que a Aviação Militar Portuguesa se iniciou nos helicópteros. A Aviação Na- val experimentou, durante pou- co tempo, um Westland-Sikorsky WS-51 Dragonfly Mk.1A civil britânico, com a matrícula G-ALMB (e o número de cons- trução c/n WA-H-6), que passou pela Doca do Bom Sucesso, em Lisboa (na zona de Belém). Depois de ter estado o amanhecer da ASA ROTATIVA ASA ROTATIVA na Aviação Militar Portuguesa Desde sempre que os helicópteros foram amados ou detestados, não havendo, de um modo geral, um meio-termo quanto à atitude das pessoas em relação àquela que é verdadeiramente a “máquina voa- dora”. Daí talvez advenha a razão porque se sabe tão pouco sobre os primeiros tempos dos “helis” na Força Aérea. O Westland Sikorsky WS-51 “Dragonfly” na Doca do Bom Sucesso O WS-51 I-MCOM numa demonstração no Aeroporto de Linate, em Milão Foto: Foto: Damiano Gualdoni Foto: Foto: Gregory Alegi SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DOS HELICÓPTEROS NA AVIAÇÃO MILITAR PORTUGUESA – I PARTE Texto: Cte. J. Munkelt Gonçalves Foto: Revista Mais Alto

Mais Alto - Asas Rotativas Na Fap Nº348

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WESTLAND-SIKORSKY WS-51

Foi timidamente que a AviaçãoMilitar Portuguesa se iniciounos helicópteros. A Aviação Na-val experimentou, durante pou-

co tempo, um Westland-Sikorsky WS-51Dragonfly Mk.1A civil britânico, com amatrícula G-ALMB (e o número de cons-trução c/n WA-H-6), que passou pelaDoca do Bom Sucesso, em Lisboa (nazona de Belém). Depois de ter estado

o amanhecer da ASA ROTATIVAASA ROTATIVAna Aviação Militar Portuguesa

Desde sempre que os helicópteros

foram amados ou detestados, não

havendo, de um modo geral, um

meio-termo quanto à atitude das

pessoas em relação àquela que é

verdadeiramente a “máquina voa-

dora”. Daí talvez advenha a razão

porque se sabe tão pouco sobre os

primeiros tempos dos “helis” na

Força Aérea.

O Westland Sikorsky WS-51 “Dragonfly” na Doca do Bom SucessoO WS-51 I-MCOM numa demonstraçãono Aeroporto de Linate, em Milão

Foto: Foto: Damiano Gualdoni Foto: Foto: Gregory Alegi

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DOS HELICÓPTEROS NA AVIAÇÃO MILITAR PORTUGUESA – I PARTE

Texto: Cte. J. Munkelt Gonçalves

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em Portugal foi vendido para Itália, ondefoi matriculado I-MCOM (matrícula civil)e posteriormente MM80118I (número decauda militar). Este helicóptero pertenceactualmente ao Museu da Força AéreaItaliana.

SIKORSKY UH-19AEmbora algumas fontes afirmem que

a Força Aérea Portuguesa recebeu doisSikorsky UH-19A “Chickasaw”, atravésdo MDA, em 1952, em todas as nossaspesquisas – incluindo a Air Force Histo-

rical Research Agency (EUA) – só encon-trámos registo de uma aeronave daqueletipo ao serviço da FAP, o 51-7139. Foimatriculado com o número de cauda9101 e foi colocado na Esquadra de Bus-ca e Salvamento na Base Aérea nº 4,nas Lajes (na Ilha Terceira, nos Açores),complementando a frota de três hidro-aviões Grumman SA-16 “Albatross” ecinco Boeing SB-17G então aí existen-tes. Foram-lhe atribuídas missões espe-ciais, tais como o transporte de doentesentre ilhas e a recolha de náufragos per-to da costa; dado o facto do hospital dabase estar situado a uma distância rela-tivamente grande do aeródromo – com

WS-51 G-ALMB no hangar do Bom Sucesso Grumman SA-16 “Albatross”, nas Lajes

O 9101 na Base das Lajes, vendo-se em segundo plano um Convair B-36 americano

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péssimas vias de comunicação – ohelicóptero viria a ser útil para o trans-porte de doentes que necessitassem deuma intervenção cirúrgica urgente, dabase para o referido hospital.

Naquela altura, o único piloto qualifi-cado em helicópteros era o capitão PILAV

Manuel Bento da Rocha Peixoto Rodri-gues. Este oficial tinha feito o curso bá-sico de pilotagem de helicópteros nosEstados Unidos, onde voou o Bell H-13na St. Marcus AFB (que mais tarde mu-dou de nome para Kelly AFB), a cercade 90 quilómetros de San António, noTexas.

De facto, durante aquele tempo, estefoi um "triângulo único"; um único heli-cóptero UH-19A, pilotado por um únicopiloto e mantido por um único mecânico,o sargento Domingos Amorim; para alémdeste último, não havia mais qualquerpessoal instruído na aeronave.

Após a chegada aos Açores, o 9101 foimontado e sofreu um acidente, ao pôrem marcha, naquele que seria o seu pri-meiro ensaio no solo: as pás do rotorprincipal não podiam começar a rodar naposição de repouso senão cortavam acauda… Como tal não foi feito, o heli-cóptero ficou inoperativo, ainda antes doseu primeiro voo! Este percalço terá tidoorigem na escassez de informação sobreo helicóptero, pois o UH-19A foi fornecidocom muitos poucos sobressalentes eainda menos manuais: dois, em inglês!

Também não havia plataformas detrabalho específicas para a aeronave,lança de reboque, suportes para a mon-tagem das pás do rotor principal, equi-pamentos de calibração das pás do ro-tor, entre muitas outras ferramentasespeciais do helicóptero.

Muito tempo passou, até que o 9101fosse enviado para as OGMA para serreparado. A reparação foi igualmente mo-

O comandante do USS "Tripoli", capt. James A.Thomas (à esq.), entregando o diploma de agra-decimento ao capitão Peixoto Rodrigues pela missão de evacuação efectuada ao marinheiroamericano, Robert Lee Gump, no dia 10 de Março de 1955

Antes de partir para os Açores, o capitão PeixotoRodrigues fez voos de refrescamento em Alverca

Um dos helicópteros Bell H-13 da USAF em que ocapitão Peixoto recebeu instrução, em St. MarcusAir Force Base (AFB)

Foto do USS “Tripoli” oferecida pelo capt. James A. Thomas ao capitão Peixoto Rodrigues

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rosa e o 9101 regressou à BA4 em Mar-ço de 1955, a bordo do porta-aviõesUSS "Tripoli".

O “Tripoli” dirigia-se para Mobile, nosEstados Unidos, após ter embarcado vin-te e quatro caças North American F-86Sabre, em Belfast, na Irlanda do Norte,oriundos da empresa aeronáutica ShortBros.

O capitão Peixoto Rodrigues e o sar-gento Amorim acompanharam o 9101nesta viagem a bordo do USS "Tripoli" eiriam descolar a partir dele quando es-tivessem próximo da Ilha Terceira, ater-rando na Base das Lajes. No entanto, já

muito perto dos Açores, o marinheiroamericano Robert Lee Gump adoeceusubitamente com apendicite. O capitãoPeixoto Rodrigues ofereceu voluntaria-mente os seus préstimos ao comandan-te do navio, o capt. James A. Thomas,para fazer a evacuação do marinheiro

doente para terra. Assim, na manhã dodia seguinte, a 10 de Março de 1955, o9101 descolou do convés do "Tripoli" pa-ra aquele que seria o seu voo de regres-so às Lajes e, simultaneamente, o seuvoo de estreia como aeronave de eva-cuações médicas.

Em consequência deste acto volunta-rioso, o capt. James A. Thomas distin-guiu o capitão Rodrigues e o sargentoAmorim, considerando-os membros ho-norários da tripulação do "Tripoli".

BALEIASO resto do ano de 1955 seria passado

Imagem de uma das três baleias marcadas porRobert Clarke, de bordo do 9101

O capitão Peixoto Rodrigues e o capt.James A. Thomas iriam encontrar-senovamente em Novembro de 1969 emAlverca. Peixoto Rodrigues era já coro-nel e comandava o Depósito Geral deMaterial da Força Aérea, quando JamesThomas se deslocou a Alverca para vi-sitar as Oficinas Gerais de MaterialAeronáutico, como director dos progra-mas internacionais do departamento"Military Systems Marketing" da Dou-glas Aircraft Company, sedeada emLong Beach, na Califórnia. Aquelaviagem a bordo do "Tripoli" tinha inici-ado uma amizade duradora.

Comércio do Porto, edição de 29 de Março de 1955

Sargento Amorim, cap. Amorim, maj. R. Rodriguese lt. cor. K. Stallings

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normalmente e em Julho, o 9101 partici-paria numa missão insólita: a observa-ção e marcação de baleias. Na manhãdo dia 23 daquele mês, foram feitos doisvoos: um de uma hora e quatro minutose outro de uma hora e vinte e três mi-nutos. Durante aqueles voos foram mar-cadas três baleias pelo biólogo RobertClarke, do National Institute of Oceano-graphy, entre as 35 e as 42 milhas a sulde Angra do Heroísmo. A tripulação do9101 nestes voos foi composta pelo ca-pitão Peixoto Rodrigues (comandante damissão), pelo major José António Mar-tins Rosa Rodrigues (co-piloto) e pelosargento Domingos Amorim (mecânico).

BASE AÉREA Nº 6, MONTIJOEntre o final de 1958 e o início de 1959,

o 9101 foi transferido da Base Aéreanas Lajes, para a Base Aérea do Monti-jo. Nesta base, o UH-19A passou a ter amissão de helicóptero de transporte.

No verão de 1959 fez uma missão devários dias a Sagres, onde participounos preparativos das comemorações docinquentenário da morte do Infante D.Henrique, que iriam ter lugar em 1960.

ACIDENTE EM MONTE REALO 9101, já baseado no Montijo par-

ticipou no dia da inauguração da BaseAérea de Monte Real, a 4 de Outubrode 1959, sofreu um acidente que nos écontado na primeira pessoa por um dosintervenientes, o sr. Aniceto Carvalho,que na altura era mecânico em AlouetteII:

"O motivo da cerimónia era a inaugu-ração da BA5, em Monte Real. Porém,fosse o que fosse, nem a "festa" se faziase nós lá não fossemos mostrar as ha-bilidades com os helicópteros. Eu era omecânico do Alouette presente; todavia,porque pelos vistos mais ninguém pare-cia interessado em servir de "acrobata",fui eu o indigitado a trabalhar no "trapé-zio". Não era coisa que me afectasse poraí além: com vinte e quatro anos, poucome importava andar por ali pendura-do no helicóptero. Mas claro, fazia-o noguincho do Sikorsky. Para cirandar dumlado para o outro, tudo bem, o Alouetteera o melhor, mas para ficar suspensonaquele guincho que ninguém sabia se

Manobra de aproximação e aterragem nas Lajes

O 9101 largando os seus ocupantes

O 9101 na Base das Lajes

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ia enrolar o cabo a seguir, ou se simples-mente o ia deixar cair por ali abaixo, omelhor mesmo era não arriscar. A mimainda não me tinha calhado, mas o Vile-la, porque era um bocado mais deste-mido, já tinha apanhado dois ou três va-lentes sustos.

Por fim, como o equipamento não da-va nenhuma confiança, o mais acertadofoi acabar com a brincadeira antes quefosse tarde.

O Sikorsky UH-19 era do tempo doshelicópteros com motor de pistão. Em ca-pacidade de manobra, nem pouco maisou menos se aproximava do Alouette,mas o guincho era fiável, não metia me-do a ninguém andar por ali um bocadopendurado naquilo. Com o Alouette pre-parado para voo, ia treinar no UH-19:

Com o helicóptero a pairar a uns vintemetros do chão, içavam-me suspensona ponta de um cabo de aço de cima deum escadote, puxavam-me para dentroda cabina, davam uma volta pela unida-de, tentavam acertar comigo no mesmosítio, acabavam por me deixar de novoem cima do escadote. O piloto era o ca-pitão Gouveia, um oficial recentementechegado à Base Aérea nº 6. Só o conhe-ci por voar algumas vezes no Sikorsky;depois daquele dia, não me lembro de oter voltado a ver. O furriel Nazaré estavahá pouco tempo na esquadra de heli-cópteros; era piloto de Alouette. Na cir-cunstância, porém, estava a voar comosegundo piloto do capitão. O sargentoRosa era o operador do guincho: trans-mitia pela interfonia as indicações aos

dois pilotos, fazia-me subir ou descerpendurado na ponta do cabo quando asposições entre o helicóptero e o escado-te estavam finalmente mais ou menoscoincidentes. Já não me lembro qualdos dois era "vedeta": Se o Alouette II,com o seu bailado de beija-flor, se o Si-korsky com a demonstração do salva-mento.

Tínhamos treinado... no dia da festatudo parecia em ordem. Descolámosmeia hora antes, fomos espalhar panfle-tos do evento pela assistência. Antes demostrar as nossas habilidades, para dartempo às outras exibições, ficámos adar umas voltas pelos arredores. No Si-korsky, a cabina dos pilotos era separa-da do compartimento dos passagei-ros. Ficava num plano superior, à frente;tudo quanto se via da cabina de trás pa-ra o exterior, era pelas quatro pequenasvigias laterais... Ou pela porta deslizantedo lado direito, se estivesse aberta, oque era o caso, para atirar os panfletos.

O sargento Rosa já tinha feito a partedele... estava sentado do lado esquerdodo helicóptero, defronte da porta; eu ti-nha acabado de fazer esvoaçar a últimamão cheia de papeis... Fui projectadopara a frente, bati contra o separador en-tre as duas cabinas, por uma unha negranão saí disparado pela porta fora. Ra-mos e caruma voavam por todo o lado.Tínhamos chocado com a ponta dumpinheiro. O helicóptero estava desgover-nado, oscilava a um lado e ao outro, iadespenhar-se a qualquer momento. Sal-tou em mais uns tantos solavancos, fi-nalmente empinado num “quick-stop”mal definido, acabou por afundar numterreno lavrado logo a seguir. Não ater-rou!!! Não o podia fazer: o trem da frenteestava partido, com uma das rodas den-

Fotografia tirada em Sagres, no Verão de 1959.À esquerda, o 1º sarg. Bragança, o chefe damanutenção dos helicópteros, ao meio, de boné,o ten. Abel Orlando Rebelo de Sousa Queiroz (ocomandante da Esquadra), Aniceto de Carvalho(o terceiro da direita), a seguir o sarg. Rosa e oúltimo é o sr. José Maria, o fotógrafo da BA6.Os outros dois elementos visíveis são tripu-lantes da camioneta que transportava o materi-al de campanha para os dois dias de permanên-cia no promontório. Os que a mancha na fotonão permite ver, são os pilotos: o sarg. MárioSantos e o fur. José Nazaré dos Santos Silva; oprimeiro era, de facto, o piloto do Alouette II alipresente; o segundo era o co-piloto do ten. AbelQueirós, no Sikorsky

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Ilha do Faial: recolha de um doente para a Terceira (aterragem no campo de um clube filial do Sport-ing. Curiosamente, teve depois de aterrar no campo de um clube filial do Benfica para não estimularrivalidades locais!)

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tro da blindagem, a parte frontal estavadesfeita, espalmada contra o motor. Estenão parecia ter sido atingido: não tinhafugas, nenhuma anomalia era indicadanos instrumentos. Continuava a trabalharcomo se nada tivesse acontecido.

Antes que surgissem imprevistos, re-gressámos à base. Uns caixotes a subs-tituir o trem danificado foi o melhor quearranjamos para pôr o helicóptero em ci-ma. Vimos depois que também tinha-mos batido com a ponta das pás dorotor de cauda em qualquer lado... mastinha sido só de raspão; afinal por unscurtos dois ou três centímetros, aindairíamos almoçar nesse dia…

Enfim, vale mais ter sorte que boa apa-rência!!!

O helicóptero acabou por nunca serreparado, após este percalço, e foi defi-nitivamente abatido ao efectivo da ForçaAérea, em 1962.

Depois de desmantelado, a engrena-gem do rotor principal e a cauda foramdestinados ao Museu do Ar, onde aindahoje podem ser vistos.

Pilotos que voaram o UH-19: ManuelBento da Rocha Peixoto Rodrigues, José

António Matins Rosa Rodrigues, Fernan-do Aurélio Gouveia, Adelino Rego de Sou-sa, Abel Orlando Rebelo Sousa Queiróse José Nazaré dos Santos Silva.

AGRADECIMENTOS

Arquivo Histórico da Força Aérea, Museu doAr, Sr. Aniceto Ferreira de Carvalho, Sr. Damia-no Gualdoni, Sr. Gregory Alegi, Esquadra 552"Zangãos" (Alouette III, B.A.11) e Dr. JoséManuel Correia.

UH-19A preservado pelo Museu do Ar, em exposição permanente na Base Aérea nº1, em Sintra

Caixa de transmissão do rotor principaldo UH-19 em exposição no Museu do Ar

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