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A distância de casa até o trabalho é percorrida em cerca de 40 minutos desde dezembro de 2013. De segunda a sexta, Ariadna Fernández Martí- nez vai de ônibus do centro de Porto Alegre até a Cohab Cavalhada, onde trabalha das 8h às 17h na Unidade de Saúde da Família. No coletivo, ninguém sabe que está mulher de 45 anos veio de Cuba atendendo um chamado do governo brasileiro por médicos dispostos a atender a popu- lação da periferia. Entre os mais de mil médicos de- signados para o Rio Grande do Sul dentro do Programa Mais Médicos, Ariadna e outros dois colegas (um cubano e outro dominicano) aten- dem na unidade da Cohab. João Henrique Rodrigues, 51 anos, que aparece nas fotos ao lado, é uma referência entre os moradores, quase um conselheiro local de saúde. Ele sabe que a consulta pode durar entre 20 e 40 minutos e que vai sentar ao lado da médica. Ela prefere estar per- to do paciente, olhar nos olhos. “Al- guns chegavam aqui querendo logo uma receita, um remédio”, lembra Ariadna. “Não estavam acostumados a serem ouvidos”. Dos cerca de trin- ta atendidos diariamente, nem todos estão, de fato, doentes. Muitos deles querem falar de seus problemas, pre- cisam de alguém que os ouça. A enfermeira Eunice Hilleshein, 30 anos, coordena a equipe, que conta também com dentista, téc- nicos de enfermagem e de saúde “O Brasil têm muitos jogadores de futebol. Cuba tem médicos”. Ariadna Martínez Médica Informativo da Atenção Básica do RS Aqui tem saúde n° 2 | junho/2014 Atenção na hora certa

Mais Médicos no RS jun04

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O Programa Mais Médicos preconiza a melhoria do atendimento aos usuários do SUS. O Mais Médicos no RS divulga suas ações no Rio Grande do Sul.

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Page 1: Mais Médicos no RS jun04

A distância de casa até o trabalho é percorrida em cerca de 40 minutos desde dezembro de 2013. De segunda a sexta, Ariadna Fernández Martí-nez vai de ônibus do centro de Porto Alegre até a Cohab Cavalhada, onde trabalha das 8h às 17h na Unidade de Saúde da Família. No coletivo, ninguém sabe que está mulher de 45 anos veio de Cuba atendendo um chamado do governo brasileiro por médicos dispostos a atender a popu-lação da periferia.

Entre os mais de mil médicos de-signados para o Rio Grande do Sul dentro do Programa Mais Médicos, Ariadna e outros dois colegas (um cubano e outro dominicano) aten-dem na unidade da Cohab.

João Henrique Rodrigues, 51 anos, que aparece nas fotos ao lado, é uma referência entre os moradores, quase um conselheiro local de saúde. Ele sabe que a consulta pode durar entre 20 e 40 minutos e que vai sentar ao lado da médica. Ela prefere estar per-to do paciente, olhar nos olhos. “Al-guns chegavam aqui querendo logo uma receita, um remédio”, lembra Ariadna. “Não estavam acostumados a serem ouvidos”. Dos cerca de trin-ta atendidos diariamente, nem todos estão, de fato, doentes. Muitos deles querem falar de seus problemas, pre-cisam de alguém que os ouça.

A enfermeira Eunice Hilleshein, 30 anos, coordena a equipe, que conta também com dentista, téc-nicos de enfermagem e de saúde

“O Brasil têm muitos jogadores de futebol. Cuba tem médicos”.

Ariadna Martínez Médica

Informativo da Atenção Básica do RSAqui tem saúden° 2 | junho/2014

Atenção na hora certa

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bucal e agentes comunitários de saúde, como preconiza a Estraté-gia Saúde da Família.

Ela participa do acolhimento que acontece pela manhã, onde são definidas as prioridades de atendimento. “Ninguém recebe uma senha em uma fila: nós ou-vimos o que cada um tem a nos dizer, o motivo dele estar nos pro-curando, e definimos a ordem de atendimento pela gravidade”, es-clarece Eunice.

Para o secretário da Saúde de Porto Alegre, Carlos Casartelli, “este choque de cultura, esta di-ferença entre os profissionais que estão chegando e o profissional que é formado no Brasil vai ajudar a fazer uma mudança no perfil, na formação do nosso profissional”.

A médica Ariadna já tinha al-gum conhecimento da nossa lín-gua por já ter atuado no Tocantins dez anos atrás. A enfermeira Eu-nice não deixa dúvida: depois de resolvidas as questões técnicas, como o preenchimento de recei-tuários e encaminhamentos, o que fala mais alto nesta nova fase é o que ela define como “o idioma da saúde”.

TExTo E FoToS DE AURACEBio PEREiRA JoRNAliSTA | MTB 5526

Com o Mais Médicos, o RS ampliou em 1.081 o número de médicos

atuando na atenção básica de 369 municípios

Em cerimônia de acolhimento na Capital, prefeitos de todo o estado conheceram os médicos, na sua maioria estrangeiros, designados aos seus municípios

Av. Borges de Medeiros, 1501 - 5º andar - Porto Alegre/RSfones (51) 3288.5904 / 3288. 5905 | e-mail [email protected]

Os médicos que vêm de fora tem uma qualificação clínica diferente. Isso influenciará também na formação do médico brasileiro.Carlos Henrique Casartelli Secretário da Saúde de Porto Alegre

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