Mamede-jefferson Alessandro Galdino

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    1/141

    1

    UNIVERSIDADE DE TAUBAT

    Jefferson Alessandro Galdino Mamede

    ANLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTEPAULISTA DESDE A CRIAO DO CODIVAP:impactos observados e necessidades futuras

    Dissertao apresentada para obteno doTtulo de Mestre em Gesto e DesenvolvimentoRegional. rea de concentrao: Planejamentoe Desenvolvimento Regional. Departamento deEconomia, Contabilidade e Administrao daUniversidade de Taubat.Orientador: Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias

    Taubat SP

    2008

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    2/141

    2

    JEFFERSON ALESSANDRO GALDINO MAMEDE

    ANLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTE PAULISTA DESDE ACRIAO DO CODIVAP: impactos observados e necessidades futuras

    Dissertao apresentada para obteno doTtulo de Mestre em Gesto e DesenvolvimentoRegional. rea de concentrao: Planejamentoe Desenvolvimento Regional. Departamento deEconomia, Contabilidade e Administrao daUniversidade de Taubat.Orientador: Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias

    Data: 03 de maro de 2008

    Resultado: ______________

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. Dr. Fbio Ricci Universidade de Taubat

    Assinatura __________________________________

    Prof. Dr.Jos Eduardo Marques Mauro Universidade de So Paulo

    Assinatura __________________________________

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    3/141

    3

    Dedico este trabalho ao meu amado pai, por seu exemplo de vida que influenciou o

    meu esforo e fomentou as minhas crenas, minha amada me por todo o esforo

    envidado na incessante busca de meu sucesso, por sua dedicao e acima de tudo

    por seu amor demonstrado em cada gesto seu, s minhas irms as quais eu tanto

    amo, e minha esposa que se tornou parte de minha vida, cooperadora e

    participante em minhas conquistas.

    A DEUS A HONRA, A GLRIA E O LOUVOR PARA SEMPRE AMM!

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    4/141

    4

    AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Dr. Nelson Wellausen Dias, por sua dedicao e pacincia durante a

    orientao desta pesquisa;

    Ao professor Fbio Ricci, por sua colaborao;

    Aos professores do Departamento de Economia, Contabilidade e Administrao da

    Universidade de Taubat.

    Ao amigo Dr. Vantoil de Souza Junior, por sua contribuio e apoio;

    Ao Evangelista Jos Geraldo, sua esposa Sueli e familiares por toda assistncia,

    amor e acolhida;

    Aos amigos Ismael Frango Pereira e Terezinha Gomes dos Santos pelo apoio

    incondicional e contribuies acadmicas;

    Aos companheiros, mestrandos MGDR / 2006 2008

    SraMarli e funcionrios do Programa de Ps Graduao da Unitau e

    A todos que direta ou indiretamente contriburam de alguma forma para elaborao

    desta pesquisa.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    5/141

    5

    "O cidado no mora na Unio, no morano estado, mora no municpio",costumava dizer o governador paulistaFranco Montoro.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    6/141

    6

    RESUMO

    Este estudo analisa o processo de regionalizao ao longo do tempo e seus efeitos

    no Estado de So Paulo, especificamente aps a dcada de 1960, e investiga o

    desenvolvimento da Regio Administrativa de So Jos dos Campos. Ainda

    apresenta uma anlise da atuao do Consrcio de Desenvolvimento Integrado do

    Vale do Paraba (CODIVAP), desde sua criao, na promoo de aes que

    efetivamente conduzam ao desenvolvimento dos Municpios do Cone Leste Paulista.

    Abordam-se conceitos e legislaes pertinentes ao consrcio pblico municipal

    como base contextual para apresentao dos resultados alcanados pelo CODIVAP,bem como sua contribuio para o desenvolvimento dos municpios consorciados.

    Ainda apresenta um breve histrico do Consrcio do ABC, e sua evoluo estrutural,

    para fins de reflexo. O estudo inclui pesquisa bibliogrfica, coleta de dados

    estatsticos e outras fontes de dados, que constituem a base de informaes

    necessrias s comparaes a que se prope. Os resultados indicam a existncia

    de desigualdades socioeconmicas entre as microrregies e sugere os consrcios

    como instrumento de materializao das aes planejadas para regio. A partir

    deste estudo recomenda-se que sejam adotadas medidas de adequao da

    estrutura do CODIVAP, tais como a insero de atores sociais e definio de seus

    papeis no desenvolvimento regional e na minimizao das desigualdades entre os

    municpios do Cone Leste Paulista. Recomenda-se ainda que seja considerada a

    escala microrregional e suas peculiaridades para elaborao do planejamento

    regional.

    Palavras-chave: CODIVAP; consrcio intermunicipal; desenvolvimento e

    desigualdades regionais.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    7/141

    7

    ABSTRACT

    This study analyzes the regionalization process over time and its effects in the State

    of So Paulo, especially during the 1960s. It investigates the development of the

    Administrative Region of So Jos dos Campos. And also presents an analysis of

    the Integrated Development Consortium of Paraiba Valley (CODIVAP) initiatives,

    since its creation, and their effects in promoting the development of all municipalities

    located in the Cone Leste Paulista (So Paulos Eastern Cone Region). It covers

    concepts and legislation associated with municipal public consortium to allow the

    analysis of the results obtained by CODIVAP, as well as the contributions to the

    development of its municipal members. A brief description of ABC Consortium and its

    evolutions is presented for comparison reasons. This study includes literature review,

    statistical data and other types of data that, together, formed an information database

    that permitted developing the necessary analysis. Results indicate the existence of

    unequal development patterns among the micro regions and suggest that consortia

    could be a good instrument for implementing planned interventions in the region. It s

    recommended the adoption of structural changes at CODIVAP such as, the increase

    of social representative institutions participation and the re-definition of its goals for

    promoting regional development and minimizing the unequal patterns of development

    in the Cone Leste Paulista. It is also recommended the micro regional scale as an

    ideal scope for diagnostic purposes and the development of regional planningactivities.

    Keywords: CODIVAP; inter-municipal consortium; unequal regional development.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    8/141

    8

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Caracterizao Demogrfica dosMunicpios Brasileiros ............................................................ 33

    Figura 2 - Composio da Estrutura Orgnica do CODIVAP ................ 50

    Figura 3 - Evoluo do IDH nos estados brasileirode 1970 a 1991....................................................................... 62

    Figura 4 - Mapa brasileiro conforme ndice de DesenvolvimentoHumano IDH .......................................................................

    62

    Figura 5 - Mapa representativo do indicador deescolaridade no ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000........................................................ 69

    Figura 6 - Mapa representativo do indicador de Longevidadeno ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000........................................................ 69

    Figura 7 - Mapa representativo do indicador de renda percapita no ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000 ....................................................... 70

    Figura 8 - Mapa da Regio Administrativa deSo Jos dos Campos .......................................................... 71

    Figura 9 - Diviso da RA So Jos dos Camposem Microrregies .................................................................. 74

    Figura 10 - Diviso da RA So Jos dos Campos emMicrorregies por faixa de IDH em 1970................................ 76

    Figura 11 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 1980....................................................... 77

    Figura 12 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 1991 ..................................................... 78

    Figura 13 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 2000 ...................................................... 79

    Figura 14 - Mapa das Microrregies do Vale do Paraba ........................ 95

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    9/141

    9

    Figura 15 - Distribuio da Populao, Segundo Faixas Etrias RA de so Jos dos Campos ............................................... 97

    Figura 16 - Participao percentual dos Setores Econmicono Valor Adicionado 2004 .................................................. 98

    Figura 17 - Grfico dos indicadores do IDH na regiodo Vale do Paraba entre 1970 e 2000................................... 103

    Figura 18 - Grfico do ndice de DesenvolvimentoHumano nas Microrregies do Vale do Paraba Paulista....... 106

    Figura 19 - Grfico do ndice de Desenvolvimento Humanodo Cone Leste Paulista por Microrregiesentre as dcadas de 1970 e 2000 ........................................ 107

    Figura 20 - Crescimento populacional da Regio por

    Microrregies ......................................................................... 108Figura 21 - Distribuio Populacional nas Microrregies

    Ano 2000..................................... .......................................... 109

    Figura 22 - Demonstrativo do percentual mdio dos responsveispor domiclio sem renda por municpios nasmicrorregies no ano de 2000................................................ 114

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    10/141

    10

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Municpios do Cone Leste Paulista que

    compem o CODIVAP........................................................... 48

    Quadro 2 - Os Municpios na viso dos atores sociais............................ 89

    Quadro 3 - Dados scio-econmicos de municpios doVale do Paraba Paulista....................................................... 91

    Quadro 4 - Comparativo entre os ndices de DesenvolvimentoHumano da Regio Administrativa de SoJos dos Campos, estado de So Paulo e do Brasil ........... 102

    Quadro 5 - Nmero de municpios participantes deConsrcios por rea de atuao............................................ 121

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    11/141

    11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Srie histrica de IDH no Brasil.............................................. 60

    Tabela 2 - Srie histrica do IDH nos estados brasileiros de1970 a 2000 ........................................................................... 61

    Tabela 3 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 2000( BRASIL 0,766) .................................................................. 64

    Tabela 4 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 1991( BRASIL 0,742) .................................................................. 65

    Tabela 5 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice de

    Desenvolvimento Humano IDH 1980(BRASIL 0,685) ................................................................... 66

    Tabela 6 Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 1970(BRASIL 0,462) .................................................................. 67

    Tabela 7 - Srie histrica de IDH no Estado de So Paulo .................... 68

    Tabela 8 - Srie histrica de IDH na Regio Administrativa de SoJos dos Campos SP .......................................................... 71

    Tabela 9 - Srie histrica de IDH na Regio Administrativa de SoJos dos Campos SP .......................................................... 75

    Tabela 10 Srie histrica do IDH entre os municpios que compema microrregio de So Jos dos Campos ........................ 80

    Tabela 11 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Caraguatatuba ......................... 81

    Tabela 12 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Guaratinguet ........................... 82

    Tabela 13 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Campos do Jordo .................. 83

    Tabela 14 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Bananal .................................... 84

    Tabela 15 - Srie histrica do IDH entre os municpiosQue compem a microrregio deParaibuna/Paraitinga .............................................................. 85

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    12/141

    12

    Tabela 16 - Srie do IDH nas Microrregies doVale do Paraba Paulista ........................................................ 94

    Tabela 17 - Indicadores scio econmicos na regio emicrorregies. ......................................................................... 112

    Tabela 18 - Percentual de analfabetos com mais de 15 anosentre os anos de 1970 e 2000 ............................................... 115

    Tabela 19 - Percentual de analfabetos com mais de 25 anosentre os anos de 1991 e 2000 ............................................... 115

    Tabela 20 - Mdia de anos de estudo da populao naregio e microrregies ........................................................... 116

    Tabela 21 - ndice de sucesso das microrregies ..................................... 117

    Tabela 22 -

    Variao interna nas microrregies dos

    ndices de sucessos .............................................................. 118

    Tabela 23 - Demonstrativo das formas de parceria adotadas eo nmero de municpios participantes no estadode So Paulo........................................................................... 120

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    13/141

    13

    SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................. 151.1 PROBLEMA ................................................................................ 17

    1.2 OBJETIVOS ................................................................................ 181.2.1 Objetivo Geral ................................................................. 181.2.2 Objetivos Especficos .................................................... 18

    1.3 DELIMITAO E RELEVNCIA DO ESTUDO .......................... 191.4 ORGANIZAO DO TRABALHO .............................................. 20

    2 REVISO DA LITERATURA ........................................................... 222.1 DESENVOLVIMENTO ............................................................... 22

    2.1.1 Desenvolvimento Regional ............................................ 242.2 REGIONALIZAO .................................................................... 26

    2.2.1 Economia e Desenvolvimento Regional ....................... 292.3 O PLANEJAMENTO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL ... 31

    2.3.1 Caracterizao dos Municpios Brasileiros ................. 332.3.2 Os Consrcios Intermunicipais ..................................... 34

    2.3.2.1 As Formas Jurdicas e a Legalidade do Modelo ......... 352.3.2.2 A Lei 11.107 de 2005......................................... ......... 39

    2.4 O CAMINHO DA REGIONALIZAO E O CONE LESTEPAULISTA..........................................................................................

    42

    2.5 O CODIVAP ................................................................................ 462.5.1 O estatuto do CODIVAP .................................................. 48

    2.6 O CONSRCIO DO ABC ........................................................... 50

    3 MTODO .................................................................................... 53

    4 RESULTADOS E DISCUSSO........................................................ 594.1 NDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO IDH ................. 59

    4.1.1 IDH no Brasil ................................................................... 604.1.2 Srie Histrica de IDH no Estado ................................. 614.1.3 A Regio Administrativa de So Jos dos Campos..... 704.1.4 As Microrregies do Cone Leste Paulista..................... 724.1.5 A Composio das Microrregies do Cone

    Leste Paulista .................................................................. 794.2 AVALIAO DOS ATORES SOCIAIS SOBRE OSMUNICPIOS DA REGIO............ .................................................... 864.3 O CODIVAP E AS DESIGUALDADES DO

    DESENVOLVIMENTO NO CONE LESTE PAULISTA ..................... 904.4 ASPECTOS DA REGIONALIZAO DO ESTADO ................... 924.5 O DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTE PAULISTA ............ 96

    4.5.1 Aspectos Populacionais ................................................ 964.5.2 Aspectos Econmicos ................................................... 974.5.3 Longevidade .................................................................... 994.5.4 Educao ......................................................................... 1004.5.5 O IDH ................................................................................ 101

    4.6 AS MICRORREGIES E AS DESIGUALDADES DODESENVOLVIMENTO DA REGIO .................................... ............ 104

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    14/141

    14

    4.6.1 Aspectos Territoriais e Populacionais ....................... 1084.6.2 Indicadores do Sucesso do Desenvolvimento das

    Microrregies ................................................................. 1104.7 OS CONSRCIOS ........................................................ ............ 120

    4.7.1 O CODIVAP e a Cooperao entre os

    Consorciados .................................................................. 1224.7.2 A Eficincia do CODIVAP................................................ 1244.7.3 A Participao dos Atores Sociais nos

    Consrcios Pblicos.......................................................4.7.4 A Estrutura do CODIVAP.................................................

    125127

    5 CONSIDERAES FINAIS .............................................................. 129

    REFERNCIAS.................................................................................. 135

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    15/141

    15

    1 INTRODUO

    O crescimento populacional e o aumento das reas urbanas, resultado do

    desenvolvimento industrial do pas ocorrido a partir da dcada de 1950, geraram

    uma imensa demanda de servios nos municpios do Cone Leste Paulista. A essa

    demanda, no correspondeu o crescimento da capacidade dos municpios de

    solucionarem, isoladamente, os problemas pelos quais passavam a populao na

    busca de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida.

    Os municpios que compem o Cone Leste Paulista tm passado por um

    processo de desenvolvimento desigual. Esta desigualdade tem gerado problemas

    sociais relevantes para quase todos os municpios. Problemas estes relacionados

    com a migrao intra-regional, o empobrecimento da rea rural, a especulao

    imobiliria, a insuficincia dos recursos pblicos, a falta de capacidade de gerar

    receita, entre outros que exigem do planejador a tomada de decises por meio de

    instrumentos que sejam capazes de fomentar o desenvolvimento sustentvel dos

    municpios.

    Previa-se, desde a dcada de 1970, que o Vale do Paraba, por estar no

    maior corredor industrial do pas, cortado pela via Dutra e pelo rio Paraba do Sul,

    tornar-se-ia uma megalpole, que exigiria solues comuns para seus problemas

    devido a um processo de conurbao previsto naquela poca.

    A criao do Consrcio Integrado do Vale do Paraba (CODIVAP),visou a coordenao dos esforos municipais, estaduais, federais eprivados na Regio do Vale do Paraba Paulista, no sentido depromover seu pleno desenvolvimento. (CODIVAP, 1971).

    Pautado por esta afirmao, a qual d sentido a existncia do Consrcio de

    Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba Paulista CODIVAP, este estudo

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    16/141

    16

    busca caracterizar o desenvolvimento visado pelo CODIVAP. Assim, esta pesquisa

    parte de uma explorao histrica e conceitual sobre o desenvolvimento dos

    municpios do Vale do Paraba Paulista, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte que,

    conjuntamente, formam o Cone Leste Paulista.

    Fundado no dia 10 de outubro de 1970, em Campos do Jordo, no Grande

    Hotel, o Consrcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba (CODIVAP)

    foi, quanto ao modelo de governana regional, pioneiro no Brasil e serviu de

    paradigma para o surgimento de outros consrcios que se formaram pelo pas.

    Durante sua histria, a atuao do CODIVAP tem-se caracterizado como um

    instrumento facilitador para tornar os municpios mais prximos politicamente, por

    meio da participao de seus representantes em reunies mensais com discusses

    sobre temas relacionados aos problemas por eles identificados na regio.

    Analisando-se os indicadores de desenvolvimento scio-econmico do Cone

    Leste Paulista, pode-se observar a existncia de desigualdades crescentes entre os

    municpios, o que, por si s, justifica a realizao de um estudo sobre o desempenhodo CODIVAP desde sua criao.

    Outros modelos de Consrcios Intermunicipais vm sendo constitudos,

    principalmente a partir da dcada de 1990. Como o caso do Consrcio do Grande

    ABC, composto pelos municpios de Santo Andr, So Bernardo do Campo, So

    Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio Grande da Serra, abrangendo

    uma populao de aproximadamente 2.449.003 habitantes (IBGE, 2004). O

    consrcio tem sido um instrumento de articulao e tem possibilitado o surgimento

    de outras formas de cooperao intermunicipal, como o Frum da Cidadania, a

    Cmara do Grande ABC e a Agncia de Desenvolvimento Econmico. Todos atuam

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    17/141

    17

    conjuntamente, com papis distintos e sem perder a sua prpria identidade, com

    grande participao dos diversos atores da sociedade.

    Esta evoluo no modelo consorciado do ABC e a participao de novos

    atores tornam-se importantes pontos de reflexo para analisar a estrutura, os

    objetivos e a efetividade de Consrcios Pblicos Intermunicipais.

    1.1 O PROBLEMA

    Diante das mudanas impostas recentemente sobre a forma de governana

    municipal (e.g. Lei de Responsabilidade Fiscal) nas diferentes regies do Brasil, com

    intuito de contribuir e acelerar o processo de desenvolvimento urbano, o problema

    desta pesquisa se relaciona com esta problemtica ao tentar responder seguinte

    questo: como tem sido a atuao do CODIVAP, desde sua criao, na promoo

    de aes que efetivamente conduzem ao desenvolvimento eqitativo dos Municpios

    do Cone Leste Paulista?

    Com base nesta questo mais ampla, surgem outras questes mais

    especficas, como por exemplo: como se deu a delimitao da regio do Cone Leste

    Paulista? Quais os fundamentos histricos para a constituio do CODIVAP? Qual a

    evoluo do desenvolvimento da regio? Quais os resultados percebidos ao longo

    da histria do CODIVAP? Estas questes so discutidas neste estudo.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    18/141

    18

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    Este estudo prope uma caracterizao histrica sobre a formao e

    desenvolvimento econmico e social do Cone Leste Paulista a partir da dcada de

    1960 e ainda analisar o Consrcio Integrado de Desenvolvimento do Vale do

    Paraba Paulista, observando seus objetivos estatutrios e investigando seus

    resultados como instrumento articulador na promoo de aes que efetivamente

    conduzam ao desenvolvimento eqitativo dos municpios que compem esta regio.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Analisar relatrios e estudos coordenados pelo CODIVAP para dar suporte

    ao planejamento do desenvolvimento regional.

    Analisar indicadores de desenvolvimento da regio e confront-los com os

    objetivos do CODIVAP.

    Identificar quais tm sido os enfoques de atuao do CODIVAP, considerando

    a desigualdade do desenvolvimento dos Municpios do Cone Leste Paulista, e

    a necessidade de amenizar essas desigualdades.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    19/141

    19

    Propor recomendaes que visem melhorar a atuao do CODIVAP no

    sentido de atingir suas prprias metas estatutrias.

    1.3 DELIMITAO E RELEVNCIA DO ESTUDO

    Este estudo prope uma anlise da constituio da Regio do Cone Leste

    Paulista e da atuao do Consrcio Integrado do Vale do Paraba, a fim de verificar

    os resultados de um modelo consorciado ao longo de sua histria. Para tanto

    investigada sua estrutura, abrangncia geogrfica e forma de atuao. A anlise

    tem como ponto de partida o prprio Estatuto do CODIVAP, o qual traduz suas

    finalidades. Estas finalidades sero confrontadas com indicadores regionais capazes

    de medir a eficincia do CODIVAP.

    A relevncia deste estudo se sustenta em trs pilares principais: (1) a

    constituio de inmeros consrcios, principalmente a partir da dcada de 1990,

    aponta para importncia deste instrumento; (2) o CODIVAP foi pioneiro como

    instrumento de planejamento do desenvolvimento regional, porm necessrio se faz

    analisar seus resultados e sua estrutura para identificar sua capacidade de

    minimizar os impactos da desigualdade do desenvolvimento dos diversos municpios

    que o integram; e (3) uma reflexo sobre outros modelos de Consrcios no sentido

    de contribuir para a elaborao de recomendaes por meio deste estudo.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    20/141

    20

    1.4 ORGANIZAO DO TRABALHO

    O trabalho est dividido em cinco captulos, conforme apresentado a seguir.

    O primeiro captulo apresenta uma introduo com consideraes preliminares dos

    assuntos abordados na pesquisa. Apresenta, tambm, o problema de pesquisa, os

    objetivos geral e especficos, a delimitao do estudo e a sua relevncia.

    O segundo captulo apresenta a reviso de literatura necessria susteno

    terica do estudo, apresentando os conceitos correlatos ao tema. Caracteriza, de

    forma geral, os municpios brasileiros a fim de evidenciar a importncia dos modelos

    de parcerias intermunicipais, bem como suas formas jurdicas e seu amparo legal.

    No mesmo captulo apresentado o Cone Leste Paulista desde suas origens

    e seu processo de regionalizao at a sua atual composio. Essa regio o foco

    de atuao do Consrcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba

    CODIVAP e tambm o objeto de anlise dessa pesquisa.

    No terceiro captulo descrita a metodologia empregada nessa pesquisa com

    detalhes sobre as formas de coleta de dados, as tcnicas de analise utilizadas, o

    desenvolvimento da pesquisa e a obteno dos resultados.

    No quarto captulo so apresentados os resultados da pesquisa com a

    caracterizao da regio do Cone Leste Paulista e suas microrregies com o uso de

    indicadores scio-econmicos de desenvolvimento. Tambm faz parte desse

    captulo sries histricas que sejam convergentes com a criao do CODIVAP.

    A Partir da apresentao dos resultados discutido o processo de

    regionalizao do Cone Leste e a formao do CODIVAP, considerando seus

    aspectos estatutrios e contrastando com indicadores regionais apresentados no

    captulo anterior.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    21/141

    21

    No quinto captulo so apresentadas as consideraes finais dessa pesquisa

    e recomendaes para melhorar a atuao do CODIVAP no sentido de atingir suas

    finalidades estatutrias.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    22/141

    22

    2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 DESENVOLVIMENTO

    Nesta seo so apresentados os conceitos e definies selecionados da

    bibliografia mais atual e associados aos temas desenvolvimento (evidenciando a

    diferena de crescimento econmico), desenvolvimento econmico e

    desenvolvimento sustentvel.

    At poucos anos existia uma grande distoro no conceito de

    desenvolvimento, o qual era meramente associado com crescimento. Clemente e

    Higachi (2000) apontam crescimento como variao positiva da produo e da

    renda, por outro lado, desenvolvimento sugere a elevao do nvel de vida da

    populao.

    O crescimento econmico evidencia a capacidade de acmulo de riquezas

    em um dado perodo e em um dado lugar, geralmente representado por meio do

    produto interno bruto PIB.

    Como afirmam Oliveira e Oliveira (2006), o modelo de polticas pblicas

    fundamentado no crescimento econmico foi, paulatinamente, sendo substitudo

    pelo modelo de desenvolvimento econmico.

    O crescimento econmico desenvolve as bases para o desenvolvimento,

    porm, o desenvolvimento resultado de mudanas sociais, as quais podem ser

    no s percebidas, mas mensuradas por meio de indicadores que remetem

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    23/141

    23

    eficincia da distribuio da riqueza produzida, o que se traduz na melhoria da

    qualidade de vida da populao.

    Em 1987, foi divulgado pela Organizao das Naes Unidas ONU, o

    Relatrio Brundtland, no qual surge o termo desenvolvimento sustentvel como o

    desenvolvimento que satisfaz as necessidades das geraes atuais sem

    comprometer a capacidade das geraes futuras de satisfazer as suas prprias

    necessidades (ONU, 1987), destacando a harmonia entre trs componentes

    fundamentais para o desenvolvimento: equilbrio e proteo ecolgica e ambiental,

    eqidade social e desenvolvimento econmico.

    Clemente e Higachi (2000) ainda consideram um outro conceito de

    desenvolvimento, o desenvolvimento auto sustentado, neste o processo

    desencadeia uma seqncia de fases, nas quais, cada uma desenvolve as

    condies necessrias subseqente. Assim os indicadores demonstram um

    processo progressivo e continuo de transformao social.

    Cabe aqui uma diferenciao entre desenvolvimento sustentvel e

    desenvolvimento sustentado:

    Desenvolvimento sustentado refere-se ao desenvolvimentoconquistado nos ltimos dez anos, que precisa vigorar, daqui parafrente, em clima previsvel de crescimento com estabilidade,consolidado pelo controle da dvida, responsabilidade fiscal eequilbrio oramentrio e financeiro. J o termo desenvolvimentosustentvel deve ser entendido como um conjunto de mudanasestruturais articuladas, que internalizam a dimenso da

    sustentabilidade nos diversos nveis, dentro do novo modelo dasociedade da informao e do conhecimento, numa perspectiva maisabrangente do que o desenvolvimento sustentado, que apenasuma dimenso relevante da macroeconomia e pr-condio para acontinuidade do crescimento. (BRASIL, 2004).

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    24/141

    24

    2.1.1 Desenvolvimento Regional

    Clemente e Higachi (2000) afirmam que o indicador mais utilizado para se

    medir desenvolvimento regional a variao da renda per capita. No entanto,

    existem desdobramentos deste indicador que necessitam ser avaliados, como por

    exemplo, a distribuio da renda, tendo em vista refletir diretamente em outros

    indicadores sociais, econmicos e polticos.

    A abordagem da temtica sobre desenvolvimento regional ou dimenso

    territorial do desenvolvimento passa a informar prticas, intervenes e estratgias

    de ao pblica aliada s discursivas dos diversos atores sociais, como sustentao

    do desenvolvimento.

    Brando et al. (2004) discutem o pensamento de que a escala menor a mais

    adequada na promoo de verdadeiro desenvolvimento sustentvel, o que sugere a

    possibilidade de consolidao de um novo modelo de desenvolvimento.

    Segundo estes autores, bvio que no mbito local, muitas aes podem ser

    articuladas e promovidas, mas a escala local encontra uma srie de limites que

    devem ser levados em conta nas polticas de desenvolvimento (BRANDO et al.,

    2004). Ressaltam ainda que as melhores polticas de desenvolvimento, assim

    caracterizadas por seus resultados, so as que optam por aes mesorregionais e

    microrregionais, definidas a partir de cada problema a ser enfrentado.Neste contexto, a necessidade de territorializao das polticas de

    desenvolvimento passa a ser vista Como uma panacia: na qual todos os atores

    sociais econmicos e polticos, estariam cada vez mais plasmados, diludos,

    enraizados em um determinado recorte territorial. [...] (BRANDO, et al., 2004).

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    25/141

    25

    Contudo, torna-se necessria a criao de um ambiente no geogrfico,

    consolidado por meio de parcerias, no qual os atores atuariam de forma cooperativa

    com coincidncia de objetivos buscando de forma consensuada, projetos integrados

    com caractersticas regionais.

    O Estado pouco teria o que fazer nesse contexto deaprendizagem coletiva, em que os atores se congregam e seaproximam de forma cooperativa e solidria. A ao pblica deveriaapenas prover externalidades positivas, desobstruir entravesmicroeconmicos e institucionais, regular e sobre tudo, desregular, afim de garantir o marco jurdico e o sistema normativo, atuando sobreas falhas de mercado. (BRANDO, et al., 2004)

    A necessidade de cooperao entre os agentes regionais, neste sentido,

    tornar possvel a substituio dos modelos arcaicos de poltica de incentivos,

    geralmente fiscais e financeiros calcados na prtica de investimentos em obras de

    infra-estrutura, por estratgias de carter regional, sobre tudo as que fomentem a

    endogeneizao dos processos de desenvolvimento, para que possam ter carter

    mais durvel e sustentvel (BRANDO, et al., 2004).

    A endogeneizao do desenvolvimento, discutida por alguns autores,

    sustenta a hiptese de que o desenvolvimento regional pode ser alcanado atravs

    da ao sinrgica entre os atores de um determinado espao econmico abstrato.

    Brando et al. (2004) apresentam como proposta de implementao de

    poltica regionalizada de desenvolvimento a possibilidade de formao de arranjos

    institucionais, os quais caracterizam como Arranjos Verticais, Arranjos Horizontais e

    Arranjos Mistos.

    Os arranjos verticais ocorrem na relao de um mesmo nvel de interveno,

    como por exemplo, local-local ou intermedirio-intermedirio.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    26/141

    26

    Os arranjos horizontais so derivados do movimento de descentralizao

    tanto das reformas constitucionais como administrativas, compreendendo a

    articulao local-intermedirio, intermedirio-nacional ou local-nacional.

    Os arranjos mistos compreendem-se na relao que se estabelece entre os

    arranjos verticais e os governos supra-locais, como na articulao que envolve os

    nveis local-local-intermedirio, local-local-nacional, intermedirio-intermedirio-

    nacional.

    2. 2 REGIONALIZAO

    A discusso sobre desenvolvimento regional avanou significativamente com

    a proposta desenvolvida pela Secretaria de Poltica e Desenvolvimento Regional e a

    Secretaria de Programas Regionais. Esta proposta foi divulgada pelo Ministrio da

    Integrao Nacional em dezembro de 2003. Este documento trouxe uma nova

    abordagem sobre as aes da administrao federal direcionadas ao

    desenvolvimento regional e ao enfrentamento das desigualdades regionais

    (BANDEIRA, 2004)

    Tal documento faz referncia Mesorregio, apontando-a como escala

    preferencial de interveno: As aes sero [...] desenvolvidas preferencialmente escala mesorregional [...] (BRASIL, 2003).

    Mesorregies so estabelecidas com base no conceito de organizao

    espacial, o qual resulta da dinmica da sociedade sobre um suporte territorial.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    27/141

    27

    Segundo Perroux (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000), a mesorregio

    uma rea individualizada em uma unidade da federao, organizada no espao

    geogrfico em trs dimenses: o processo social como determinante, o quadro

    natural como condicionante e a rede de comunicao e de lugares como elemento

    de articulao social. Estas trs dimenses possibilitam que a mesorregio tenha

    uma identidade regional. (CLEMENTE, A., HIGACHI, 2000.)

    O Plano Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR traduz que a escala

    nacional a nica compatvel com a perspectiva de regulao do fenmeno das

    desigualdades inter-regionais e que possibilita critrios gerais de ao sobre o

    territrio. Ainda assim, as locais e sub-regionais teriam destaque como aes

    operacionais.

    Assim, os programas mesorregionais constituem-se na unidade de

    articulao das aes federais nas sub-regies selecionadas pelos critrios definidos

    para todo o territrio nacional [...] (BANDEIRA, 2004).

    Segundo Bandeira (2004), a opo por esta escala territorial denominada

    mesorregio, tanto vinha sendo discutida na bibliografia referente ao tema quanto

    nas prprias prticas de polticas pblicas do governo.

    Neste contexto, o de se dar preferncia as mesorregies, observamos alguns

    entes federativos evidenciando preocupao no sentido de valorizar escalas

    territoriais mais prximas, conforme afirma Bandeira,

    Ainda durante a dcada de 90[...] algumas administraes estaduaisse preocupavam em definir novas escalas territoriais para suaatuao, chegando a empreender esforos (nem sempre bem-sucedidos) no sentido de implantar instncias administrativasintermedirias, em nvel de meso ou microrregional. (BANDEIRA,2004)

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    28/141

    28

    Apesar de corretos os objetivos propostos pela nova Poltica de

    Desenvolvimento Regional, entende-se que a mesma suscita questes sobre como

    sero estabelecidas as bases institucionais e organizacionais adequadas para

    implementao das aes nesse nvel territorial. Ainda prope-se uma discusso

    abrangente sobre os critrios utilizados pelo Ministrio de Integrao Nacional para

    definio das mesorregies e as formas de infra-estrutura institucional necessria

    para atuao em escala mesorregional. (BANDEIRA, 2004).

    Importante observar que a proposta do Ministrio da Integrao Social, frisa

    sua preocupao e maior ateno para as foras endgenas do sistema regional e

    para o tecido scio cultural presente nas regies (BRASIL, 2003).

    Bandeira (2004) sugere trs critrios prticos para delimitao de

    mesorregies: a identificao da abrangncia das redes j existentes, o

    aproveitamento de identidades e referncias simblicas existentes e a exigncia de

    um patamar mnimo de densidade institucional.

    O primeiro critrio sugere que a articulao e integrao entre os atores

    polticos, sociais e econmicos de uma determinada regio ser a condio para

    endogeinizao do desenvolvimento regional sustentado.

    O sucesso na articulao desses atores fundamental para queesses territrios sejam (ou se tornem) entidades social epoliticamente relevantes, no se constituindo apenas em substratopassivo para aes concebidas e implementadas de fora para dentroe de cima para baixo. (BANDEIRA, 2004)

    O segundo critrio considera que, para se aproveitar as identidades regionais,

    necessrio considerar seus aspectos formadores, como aspectos histricos,

    polticos, econmicos, culturais, paisagsticos ou ainda a forma como o indivduo

    experimenta sua situao de habitante da regio.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    29/141

    29

    O terceiro critrio considera que a facilitao da articulao entre os atores

    regionais pode ser alcanada dentro do programa de desenvolvimento por meio da

    definio de uma base regional e da capacitao dos atores locais.

    Bandeira (2004) ainda discute o papel dos Fruns das Mesorregies, os

    quais poderiam funcionar como instncias de articulao de atores regionais e o de

    tornar-se instncia de representao e deliberao. No primeiro caso, existe a busca

    da integrao entre as diversas organizaes, com fins de cooperao para

    implementao de aes que respondam s demandas mais complexas da regio.

    No segundo caso, sugere a construo de um espao para representao, debate e

    deliberao sobre propostas que atendam as demandas da regio.

    2.2.1 Economia e desenvolvimento regional

    Perroux (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000) cria o conceito de

    espao econmico abstrato, o qual tem origem na atividade humana, ou seja, na

    relao econmica existente entre os seres sobre um determinado espao

    geogrfico necessrias sua sobrevivncia, como produo, consumo, tributao,

    investimento, exportao, importao e migrao.

    Entre as dcadas de 1920 e 1930 j se discutia idias de espaoseconmicos. Christaller (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000) descreve a

    teoria dos lugares centrais, na qual o espao se organiza a partir de um lugar

    central, criando lugares subordinados ao redor. Este conjunto funcionalmente

    integrado e as funes so hierarquizadas a partir de um lugar central.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    30/141

    30

    Ainda entre as dcadas de 1950 e 1960 os conceitos de centralidades e

    periferias fundamentavam as discusses sobre desenvolvimento econmico

    abordadas pela Comisso Econmica para Amrica Latina e o Caribe CEPAL.

    A nvel regional, a relao entre as reas centrais e as perifricas, apresenta

    implicaes sociais e econmicas que refletem em deficincias nas reas perifricas

    por no arrecadarem impostos de seus moradores que compram e se relacionam na

    rea central.

    So essas centralidades urbanas, em suas dimenses mltiplas, quearticulam regies e definem eixos de desenvolvimento atravs dosquais a produo e o consumo se organizam e circulam.

    (CEDEPLAR, 2004)

    Clemente e Higachi (2000) apresentam para discusso trs conceitos de

    espaos econmicos: Espao de Planejamento, Espao Polarizado e Espao

    Homogneo.

    Espao de planejamento, como contedo de um plano configurado pelo

    territrio sobre o qual o administrador pblico exerce atividades, utilizando-se de

    previso e deciso. Este conceito d origem regio de planejamento.

    A referncia espacial das decises econmicas, tanto do setor privado quanto

    do setor pblico constitui uma regio de planejamento.

    No espao polarizado, a polarizao explicada por meio de foras

    centrpetas (de atrao) e por meio de foras centrfugas (repulso), por exemplo,

    uma metrpole polariza toda rea circunvizinha, atraindo mo de obra especializada,

    lojas, supermercados e outros empreendimentos, entretanto mantm afastada a

    populao mais pobre, que se obriga a ocupar as regies perifricas.

    Espao homogneo definido geralmente por variveis como renda, preo,

    produo, e outras. Muitas vezes a homogeneidade define uma regio, como por

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    31/141

    31

    exemplo, o grande ABC, a regio txtil de Santa Catarina, a regio dos minrios, e

    outras.

    Nas dcadas de 20 e 30 Walter Christaller apresentava os conceitosde centralidade regio complementar e hierarquia das cidades,desenvolveu a teoria do lugar central resultante da organizao emtorno de um ncleo. (BREITBACH,1988 apud CARMO, 2003)

    2.3 O PLANEJAMENTO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL

    Conforme afirma Carmo (2003), o planejamento no Brasil tem sido uma ao

    do Estado, o qual tem atuado sobre o espao urbano de diversas formas,

    propiciando a infra-estrutura necessria ao desenvolvimento, ou mesmo intervindo

    no prprio espao fsico, como legislador ou regulador.

    Segundo a Constituio do estado de So Paulo (1989), o planejamento deve

    impulsionar o desenvolvimento scio econmico e a melhoria de qualidade de vida

    no estado.

    Artigo 152 - A organizao regional do Estado tem por objetivopromover:

    I - o planejamento regional para o desenvolvimento scio-econmicoe melhoria da qualidade de vida;

    IV - a integrao do planejamento e da execuo de funes pblicasde interesse comum aos entes pblicos atuantes na regio;

    V - a reduo das desigualdades sociais e regionais.

    Pargrafo nico - O Poder Executivo coordenar e compatibilizar osplanos e sistemas de carter regional.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    32/141

    32

    Considerando que o desenvolvimento regional ocorre de forma desigual, o

    planejamento deve ter a funo de contribuir com a reduo destas desigualdades,

    contribuindo para melhoria da qualidade de vida dos cidados.

    O estado de So Paulo fundamenta a sua diviso territorial conforme descrito

    na constituio estadual de 1989.

    Artigo 153 - O territrio estadual poder ser dividido, total ouparcialmente, em unidades regionais constitudas por agrupamentosde Municpios limtrofes, mediante lei complementar, para integrar aorganizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas deinteresse comum, atendidas as respectivas peculiaridades.Constituio do Estado de So Paulo.

    Art. 153 3 - Considera-se microrregio o agrupamento deMunicpios limtrofes que apresente, entre si, relaes de interaofuncional de natureza fsico-territorial, econmico-social eadministrativa, exigindo planejamento integrado com vistas a criarcondies adequadas para o desenvolvimento e integrao regional.(ALESP, 2007)

    Assim como o Estado Brasileiro, por meio do Plano Nacional de

    Desenvolvimento Regional PNDR vem intervindo no territrio nacional com aes

    planejadas na escala mesorregional, o estado de So Paulo classifica suas regies

    e define regies metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregies por meio da

    Constituio Paulista de 1989 e da Lei 760 de 1994.

    Conforme Carmo (2003), o planejamento regional deve ter a caracterstica de

    dirimir o desequilbrio e contribuir para que o desenvolvimento ocorra tornando a

    regio melhor.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    33/141

    33

    2.3.1 Caracterizao dos Municpios Brasileiros

    Cruz (2002) define o Brasil como sendo um pas continental em funo de sua

    dimenso e que possui grandes disparidades. Possui 5.561 municpios e uma

    populao de 169.799.170 habitantes, segundo censo de 2000.

    Dos municpios brasileiros, 83,29% tm uma populao inferior a 30.000

    habitantes e a soma das populaes desses municpios equivale apenas a 27,9% da

    populao nacional.

    Figura 1 Caracterizao Demogrfica dos Municpios Brasileiros

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    34/141

    34

    Por serem os municpios, em sua maioria, de pequeno ou mdio porte,

    conforme Figura 1, Cruz (2002) salienta a necessidade de seus problemas serem

    resolvidos de forma articulada e integrada.

    A dificuldade e deficincia pblica dos municpios de grande, mdio ou

    principalmente os de pequeno porte em implantarem seus projetos ou servios,

    principalmente em funo da resumida receita que possuem, denotam a

    necessidade de se repensar como resolver os problemas territoriais, os quais muitas

    vezes transcendem ao territrio municipal, o que torna necessrio que a atuao

    seja discutida com os municpios vizinhos.

    2.3.2 Os Consrcios Intermunicipais

    Os modelos de parcerias entre entes federados, nas diversas esferas tm se

    tornado comum, mas principalmente entre municpios, como so os casos de

    pactos, consrcios, fruns intermunicipais e outros modelos apresentados como

    instrumentos para implantao de polticas pblicas. [...] destacando aqui aquelas

    experincias vinculadas s reas de sade e de recuperao e proteo ambiental.

    (CRUZ, 2002).

    Os consrcios comeam a serem vistos como uma alternativa de [...]ganhode escala nas polticas pblicas (CRUZ, 2002) e ganham mais adeptos

    principalmente a partir da dcada de 1980, embora neste estudo tratarmos do

    Consrcio Integrado de Desenvolvimento do Vale do Paraba que foi criado na

    dcada de 1970.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    35/141

    35

    Com o objetivo de elucidar o conceito de Consrcio Intermunicipal, foram

    selecionadas algumas definies feitas por diferentes estudiosos do tema.

    Cruz (2002) destaca o significado de consrcio pblico municipal como sendo

    uma parceria baseada numa relao de igualdade jurdica que possibilite a

    territorializao dos problemas comuns.

    Bonatto (2004) enfatiza que a sinergia entre os consorciados otimiza os

    resultados evitando o desperdcio de esforos improdutivos quando aplicados

    isoladamente.

    Note-se que os consrcios constituem soluo no s para os municpios de

    pequeno porte, como tambm para os limtrofes, justifica-se portanto, o consrcio

    ser utilizado nas regies metropolitanas, onde a proximidade dos municpios os

    deixa em posio favorvel para exercitar esta cooperao e onde o alcance na

    prestao dos servios otimizado. (BONATTO, 2004)

    2.3.2.1 As formas jurdicas e a legalidade para o modelo

    Pelo fato de os consrcios terem se tornado um modelo de grande

    importncia na busca de solues integradas que possibilitam a resoluo em

    sinergia dos problemas comuns dos municpios conurbados ou distantes entre si, apartir da dcada de 1990, vrias leis complementares Constituio Federal de

    1988, colaboraram para discusso de novos arranjos intermunicipais.

    Segundo Cruz (2002) ainda que as Leis Orgnicas Municipais sejam omissas

    em seu escopo quanto previso para a constituio de consrcios, os municpios

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    36/141

    36

    podero faz-lo com base na Constituio Federal de 1988, que, em seu artigo 30,

    inciso I dispe sobre a competncia municipal para legislar sobre algum interesse

    local. O interesse local pode ser visto como aquele que predomina com relao

    Unio e aos Estados.

    O art. 241 da Constituio Federal possibilita duas formas pelas quais a

    Administrao Pblica pode associar-se para prestao de servios pblicos

    sociedade: os convnios e os consrcios.

    Conforme Bonatto (2004) a similitude entre convnios e consrcios extrema,

    diferindo em alguns poucos aspectos tornado-se assim necessria a diferenciao

    legal entre estes dois instrumentos para o escopo deste estudo.

    J na Constituio de 1969 (art. 13, 3) existia a prescrio para Unio,

    Estados e Municpios celebrarem convnios para a execuo de suas leis, servios

    ou decises.

    O convnio tem representado a forma de associao entre o poder pblico

    com entidades pblicas ou privadas para realizao de aes especficas de

    interesse comum.

    Constitui forma de que o poder pblico tem-se utilizado para se associar com

    outras entidades pblicas ou privadas de forma a realizar objetivos comuns

    mediante mtua colaborao. (BONATTO, 2004).

    Conforme Montenegro (2005), facultado aos conveniados a possibilidade de

    resciso do instrumento, a qualquer momento sem nus ou indenizaes, o queagrega um grande risco aos investimentos neste instrumento.

    Os consrcios municipais so instrumentos que tm sido utilizados pelos

    governos para maximizao de seus resultados no enfrentamento dos problemas

    que emergem da urbanizao.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    37/141

    37

    Os consrcios so instrumentos que podem ser formados sem que se

    comprometa a autonomia municipal, consagrada no art. 29 da Constituio Federal,

    sendo coordenados de forma sinrgica a fim atingir os interesses coletivos e

    regionais.

    A principal diferena entre os consrcios pblicos e outras formas de

    associaes como convnios ou contratos, que as entidades participantes so, no

    caso de consrcios, sempre pblicas e tm interesses comuns.

    Os municpios partcipes firmam um acordo, no qual se estabelece a

    participao de cada um, na medida de suas disponibilidades, que podero ser

    financeiras, materiais, humanas ou administrativas.

    A estrita abrangncia dos consrcios, que ocorrem, normalmente, entre

    municpios ou entre estados, traduz-se nas poucas referncias explcitas a respeito

    na legislao.

    Art. 241 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpiosdisciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios

    de cooperao entre os entes federados, autorizando a gestoassociada de servios pblicos, bem como a transferncia total ouparcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais constituio dos servios transferidos.

    Assim, ainda que a Lei Orgnica municipal possa ser omissa quanto

    celebrao de um consrcio, como consta do art. 18 da Constituio da Repblica,

    os municpios fazem parte da federao e gozam da mesma autonomia conferida

    Unio e aos estados.

    Fica clara a delimitao de que somente mediante lei se poder disciplinar os

    consrcios.

    Segundo Bonatto (2004) ao analisar a fundamentao legal dos consrcios,

    entende que os mesmos esto sujeitos a Lei 8666/93, alterada pela Lei 8.883/94 que

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    38/141

    38

    regulamenta as licitaes e contratos da Administrao Pblica e salienta que o

    consrcio ser resultado de um pacto, de uma negociao que incluir a elaborao

    e aprovao do estatuto, expresso do compromisso assumido. (BONATTO, 2004).

    Aplica-se a este estudo a identificao de modelos diferentes adotados para

    formao de consrcios.

    Segundo Cruz (2002) antes da constituio de um consrcio

    intermunicipal, devem-se analisar alguns pr-requisitos essenciais, so eles:

    existncia de interesses comuns entre os municpios;

    disposio de cooperao por parte dos prefeitos na busca

    de soluo conjunta para seus problemas;

    busca por parte dos prefeitos de superar conflitos poltico-

    partidrios;

    proximidade fsica, facilidade de comunicao e acesso entre

    os municpios consorciados;

    deciso poltica dos prefeitos de se consorciarem, e

    existncia de uma identidade intermunicipal.

    Cruz ainda aponta que os consrcios podem funcionar como pactos ou como

    consrcios que assumem personalidade jurdica devendo para isso obedecer a

    algumas etapas respectivas ao modelo desejado, que vo desde a identificao de

    responsabilidades dos diferentes consorciados aprovao do pacto pelos

    legislativos municipais, bem como a elaborao de estatuto para os consrcios de

    personalidade jurdica, sendo que para o segundo, existem maiores exigncias que

    para o primeiro.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    39/141

    39

    Os consrcios intermunicipais, de personalidade jurdica de direito pblico ou

    de direito privado, devero se sujeitar aos controles e procedimentos legais previstos

    para as pessoas jurdicas de direito pblico, por isso, em sua estruturao, deve-se

    prever as atividades relativas elaborao de oramento, contabilidade,

    planejamento, controle financeiro e prestao de contas, conforme descrito do art.

    70, pargrafo nico, da Constituio da Repblica, com a redao dada pela

    Emenda Constitucional 19, de 04/06/98: :

    Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ouprivada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre

    dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unioresponda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes denatureza pecuniria.

    2.3.2.2 A Lei 11 107 de 2005

    O esforo dos entes federativos para que os consrcios tivessem tratamento

    jurdico mais adequado cooperaram para a criao da Emenda Constitucional no19,

    de 1998, que altera a redao do art. 241 da Constituio Federal, que passou a

    prever expressamente os consrcios pblicos e os convnios de cooperao.

    Brando et al. (2004) entende que a cooperao entre os municpios ganharimpulso e que as reformas constitucionais sobre o tema sero fundamental para

    elaborao de um projeto comum de desenvolvimento regional no pas e ainda

    fomentar o surgimento de novos consrcios pblicos.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    40/141

    40

    Em 6 de abril de 2005, marca-se um significativo avano para formao dos

    consrcios, foi promulgada a Lei Federal n. 11.107, dispondo sobre normas gerais

    para contratao de consrcios pblicos pela Unio, Estados, Distrito Federal e

    Municpios.

    Esta Lei colabora para que os entes federativos alcancem objetivos comuns,

    pois ainda que a Constituio de 1988 trouxesse em seu escopo a descentralizao

    de poder da Unio, outorgando autonomia aos estados e municpios, os consrcios

    pblicos eram vistos como [...]meros pactos de cooperao, de natureza precria e

    sem personalidade jurdica tal como os convnios (BRASIL, 2005).

    Com a aprovao da Lei n. 11.107, ratificam-se os consrcios como

    instrumentos de cooperao horizontal e vertical, porm assegurando-se o princpio

    da subsidiariedade.

    Art. 1. 2 A Unio somente participar de consrcios pblicos emque tambm faam parte todos os Estados em cujos territriosestejam situados os Municpios consorciados. (BRASIL, 2005)

    Outro aspecto da Lei 11.107 que o consrcio torna-se uma associao

    pblica e poder assumir personalidade jurdica de direito pblico ou privado

    contrapondo-se s configuraes de associaes civis.

    Art.1 1 O consrcio pblico constituir associao pblica oupessoa jurdica de direito privado.

    Art. 6 O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica:

    I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica,mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo deintenes;

    II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos dalegislao civil.

    Art. 6 [...] 2 No caso de se revestir de personalidade jurdica dedireito privado, o consrcio pblico observar as normas de direitopblico no que concerne realizao de licitao, celebraode contratos, prestao de contas e admisso de pessoal, que

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    41/141

    41

    ser regido pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT.(BRASIL, 2005)

    A constituio dos consrcios, de acordo com o fulcro desta Lei, continua

    obedecendo s etapas para sua consecuo, como: elaborao do protocolo de

    intenes, ratificao do protocolo por meio de lei, na qual os respectivos legislativos

    aprovam o protocolo e por fim a elaborao do estatuto que se converte em contrato

    do consrcio.

    Montenegro (2005) destaca que a Lei 11.107 amplia a possibilidade de

    concretizao de objetivos para os consrcios. Segundo ele, ainda que os

    consrcios no detenham capacidade de criao de leis podero colaborar para

    criao delas, pois por meio de seus resultados e relatrios tcnicos podero ser

    aprovadas Leis como cdigos tributrios ou planos diretores entre outras.

    A Lei 11.107 define as formas de constituio de receitas possveis aos

    consrcios pblicos para garantir sua sustentabilidade, como:

    Ser contratado pelos consorciados.

    1 Para o cumprimento de seus objetivos, o consrciopblico poder:III ser contratado pela administrao direta ou indireta dosentes da Federao consorciados, dispensada a licitao.

    Arrecadar receitas advindas da gesto associada de servios pblicos.

    2 Os consrcios pblicos podero emitir documentos decobrana e exercer atividades de arrecadao de tarifas eoutros preos pblicos pela prestao de servios ou pelo usoou outorga de uso de bens pblicos por eles administrados ou,mediante autorizao especfica, pelo ente da Federaoconsorciado.

    3 Os consrcios pblicos podero outorgarconcesso, permisso ou autorizao de obras ou serviospblicos mediante autorizao prevista no contrato de

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    42/141

    42

    consrcio pblico, que dever indicar de forma especfica oobjeto da concesso, permisso ou autorizao e ascondies a que dever atender, observada a legislao denormas gerais em vigor.

    Estabelecer receitas de contrato de rateio.

    Art. 8 Os entes consorciados somente entregaro recursos aoconsrcio pblico mediante contrato de rateio.

    1 O contrato de rateio ser formalizado em cadaexerccio financeiro e seu prazo de vigncia no ser superiorao das dotaes que o suportam, com exceo dos contratosque tenham por objeto exclusivamente projetos consistentesem programas e aes contemplados em plano plurianual ou agesto associada de servios pblicos custeados por tarifas ou

    outros preos pblicos.

    2 vedada a aplicao dos recursos entregues pormeio de contrato de rateio para o atendimento de despesasgenricas, inclusive transferncias ou operaes de crdito.

    3 Os entes consorciados, isolados ou em conjunto,bem como o consrcio pblico, so partes legtimas para exigiro cumprimento das obrigaes previstas no contrato de rateio.

    Estabelecer receitas de convnios com entes no consorciados.

    Art. 14. A Unio poder celebrar convnios com os consrciospblicos, com o objetivo de viabilizar a descentralizao e aprestao de polticas pblicas em escalas adequadas.

    2.4 O CAMINHO DA REGIONALIZAO E O CONE LESTE PAULISTA

    Na dcada de 1950, foi elaborado o Plano de Metas que trazia a preocupao

    com as desigualdades regionais do pas, com o processo de urbanizao acelerada,

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    43/141

    43

    principalmente em torno das metrpoles, fomentando polticas pblicas para

    correo dos desequilbrios e desigualdades.

    Em 1962 foi criado o Ministrio do Planejamento que desenvolveu polticas e

    meios para estruturao dos sistemas urbanos, tendo como facilitador o prprio

    Estado.

    Segundo Carmo, a partir de 1964, sobre o governo de Castelo Branco, surge

    o PAEG Plano de Ao Econmica do Governo com objetivo de sanear as

    finanas pblicas, realinhar preos de bens e servios pblicos e recuperar

    capacidade de investimento e aumentar a participao do pais no comrcio mundial.

    Em 1970 surge o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND, com

    objetivo de acelerar o crescimento econmico e conter a inflao. O discurso do

    crescimento era sustentado pela gesto da poltica nacional voltada para questo

    urbana, assim, em 1973, foi desenvolvida a Poltica Nacional de Desenvolvimento

    Urbano.

    Ainda em 1973, o Ministrio do Planejamento elaborou o II PND, o qual

    apontava a preocupao para o enfrentamento dos problemas urbanos.

    O desenvolvimento das regies administrativas do estado de So Paulo

    aconteceram principalmente a partir da dcada de 1970, quando o estado incentivou

    a desconcentrao industrial da capital, mas observa-se que a questo regional do

    estado j era contemplada desde a dcada de 1950.

    No incio da dcada de 1960 os prefeitos dos municpios do Vale do Parabareuniam-se em torno de uma discusso: criar um organismo comum como modelo

    de parceria, que associando municpios que apresentassem objetivos comuns,

    promovessem o desenvolvimento da regio.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    44/141

    44

    Para utilizao destes modelos de parcerias, um grande desafio, passa a ser

    a formao de regies. Segundo Vitale (2000) para definir uma regio preciso

    reconhec-la e no invent-la, principalmente se ela for utilizada como um objeto de

    ao governamental. (VITALE, 2000).

    Reconhecer uma regio implica em conhecer as relaes de dependncia e

    complementaridade de seus membros, bem como suas caractersticas individuais, a

    fim de tornar-se possvel um planejamento de aes regionalizadas.

    O Brasil divide-se, na forma poltico-administrativa, em Unio, Estados,

    Distrito Federal e Municpios, mas a partir da Constituio de 1967, Art. 157, a Unio

    passa a ter a possibilidade de estabelecer Regies Metropolitanas.

    O Estado de So Paulo utilizou-se da Carta de Andes, elaborada em 1958

    durante o Seminrio de Tcnicos e Funcionrios em Planejamento Urbano, para

    fundamentar seu processo de regionalizao, a qual conceituou planejamento como

    um processo de ordenao territorial com determinao de metas a serem atingidas

    ao longo do tempo (CARMO, 2003).

    Segundo Carmo (2003), outro fator relevante para difuso da regionalizao

    foi a instalao do Centro de Pesquisas e Estudos Urbansticos (CPEU), na

    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo em 1957, pois

    atravs do CPEU, foram desenvolvidos na dcada de 1960, mais de 30 planos

    diretores municipais, os quais, em sua implantao, tornaram clara a necessidade

    da regionalizao.Tendo como base os estudos desenvolvidos pelo CPEU e ainda estudos

    posteriores do arquiteto Luiz Carlos Costa, atravs do Decreto Estadual n 48162 de

    03 de julho de 1967, criou-se a subdiviso regional do Estado de So Paulo.

    As regies administrativas resultantes deste processo foram:

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    45/141

    45

    1 - Regio Metropolitana de So Paulo

    2 - Regio Administrativa de Bragana Paulista

    3 - Regio Administrativa de So Jos dos Campos

    4 - Regio Administrativa de Sorocaba

    5 - Regio Administrativa de Campinas

    6 - Regio Administrativa de Ribeiro Preto

    7 - Regio Administrativa de Bauru

    8 - Regio Administrativa So Jos do Rio Preto

    9 - Regio Administrativa de Araatuba

    10 - Regio Administrativa de Presidente Prudente

    Atualmente, o estado de So Paulo possui a seguinte composio entre

    Regies Metropolitanas e Administrativas:

    Regies Metropolitanas

    So Paulo, Santos e Campinas.

    Regies Administrativas

    Registro, So Jos dos Campos, Sorocaba, Campinas, Ribeiro Preto, Bauru, So

    Jos do Rio Preto, Araatuba, Presidente Prudente, Marlia, Central (Araraquara e

    So Carlos), Barretos e Franca.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    46/141

    46

    2.5 O CODIVAP

    Na Regio Administrativa de So Jos dos Campos, esto localizados os

    municpios que compreendem o Cone Leste Paulista, que no final da dcada de

    1970 possua uma populao de 830.421 habitantes, sendo que 73,2 % da

    populao era urbana. O desenvolvimento desta regio, apesar de pujante, tem sido

    desigual, levando os gestores pblicos busca de solues para torn-lo mais

    eqitativo, menos competitivo internamente e mais competitivo como regio. Assim

    surgem ainda no final da dcada de 1960, as primeiras discusses sobre a

    necessidade de integrao dos municpios dessa regio.

    O modelo adotado entre esses municpios foi o de consrcio, com o objetivo

    de instrumentalizar o planejamento a nvel regional.

    Como fruto de inmeras reunies e, segundo Martins (1971), com um esprito

    de livre iniciativa entre os prefeitos, surge o Consrcio de Desenvolvimento

    Integrado do Vale do Paraba CODIVAP, em 10 de outubro de 1970. O objetivo de

    sua criao foi aproximao poltico - administrativa dos municpios.

    O 1 Superintendente do CODIVAP foi o Empresrio Sr. Paulo Egydio

    Martins, o qual destacou que a possibilidade de evidncias das precariedades dos

    municpios, tanto de recursos econmicos quanto humanos, no interfeririam no

    idealismo e vontade de fomentar o crescimento harmnico da regio do Vale do

    Paraba.

    Martins ainda acreditava na capacidade de contraposio ao desmetido

    histrico das cidades mortas, que segundo Martins, s morre quando morre o ltimo

    de seus filhos (MARTINS, 1972). Para Martins, a criao do CODIVAP sugere a

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    47/141

    47

    idia de que as cidades do Vale do Paraba no morrero e que o Vale ainda ser

    uma s cidade.

    Alm da criao do CODIVAP visar o pleno desenvolvimento do Vale do

    Paraba, tambm tinha como objetivo a fixao de diretrizes de planejamento e para

    isso foi contratada uma equipe de profissionais agrupados em cinco especialidades:

    Ecolgico; Urbanstico; Scio Econmico; Scio Cultural; Institucional. Esta equipe

    realizou dois seminrios que permitiram unificao de linguagem para pesquisa e

    coletas de dados e por fim, anlise sobre os municpios que pertenciam esfera de

    atuao do CODIVAP, produzindo ao final dos trabalhos a Caracterizao do

    Conhecimento do Vale do Paraba. Esse documento se constituiu em um um

    importante alicerce para a discusso sobre o desenvolvimento da regio,

    possibilitando o planejamento de aes que cooperariam com a reduo das

    desigualdades ao longo dos anos.

    Atualmente, presidido pelo prefeito de Caapava , Carlos Antonio Vilela, o

    CODIVAP tem como proposta, contribuir para o desenvolvimento da regio e, sua

    composio conta com a participao de 39 municpios do Cone Leste Paulista que

    representam uma rea de 16.268 Km2 com uma populao de 2.185.111

    habitantes, da qual 93,6% predominantemente urbana . Tambm integram-se a

    este consrcio as cidades de Mogi das Cruzes, Nazar Paulista, Salespolis e

    Santa Isabel, conforme Quadro 1.

    Situado no maior eixo econmico da Amrica Latina (So Paulo, Rio

    de Janeiro e Belo Horizonte), o Vale do Paraba e o Litoral Norte do

    Estado de So Paulo, historicamente, tem se caracterizado por ser

    uma das mais importantes regies do pas, desde a poca dos

    bandeirantes, no Brasil colonial, quando foi suporte para a

    interiorizaro do desenvolvimento, at na atualidade, quando se

    constitui em plo tecnolgico e industrial de grande magnitude.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    48/141

    48

    O Vale do Paraba est geograficamente localizado entre as serras

    do Mar e Mantiqueira. cortado pelo rio Paraba do Sul, pela rodovia

    Presidente Dutra e pelos trilhos da Rede Ferroviria Federal, que

    serpenteiam pela regio, compondo uma paisagem mpar em

    belezas naturais, quer sejam nos contrafortes serranos, quer sejam

    nos municpios erguidos em meio ao vale. (CODIVAP, 2006)

    Aparecida do Norte, Ilhabela Redeno da SerraArape Jacare RoseiraAreias Jambeiro So Bento do SapucaBananal Lagoinha So Jos do BarreiroCaapava Lavrinhas So Jos dos CamposCachoeira Paulista Lorena So Lus do Paraitinga

    Campos do Jordo Monteiro Lobato So SebastioCanas Natividade da Serra Santa BrancaCaraguatatuba Paraibuna Santo Antnio do PinhalCruzeiro Pindamonhangaba SilveirasCunha Piquete TaubatGuaratinguet Potim TremembIgarat Queluz Ubatuba

    Quadro 1 Municpios do Cone Leste Paulista que compem o CODIVAP

    OBS: Tambm fazem parte da composio do CODIVAP os municpios de Mogi das Cruzes,Nazar Paulista, Salespolis e Santa Isabel, os quais se integraram ao CDIVAP, mesmo

    no fazendo parte da mesma Regio Administrativa.

    2.5.1 O Estatuto do CODIVAP

    O Consrcio Integrado do Vale do Paraba CODIVAP, foi constitudo sob

    forma jurdica de fundao e foi registrado em 18 de dezembro de 1970.

    Conforme disposto no artigo 4, todos os municpios participantes possuem os

    mesmos direitos e deveres, sem preferncia nem predomnio de um sobre o outro.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    49/141

    49

    So finalidades do CODIVAP, planejar, adotar e coordenar medidas que

    promovam e ou, acelerem o desenvolvimento scio-econmico da regio

    abrangente aos municpios consorciados.

    O artigo 7, que dispe sobre as competncias do CODIVAP, deixa clara apreocupao do CODIVAP com alcance de seus objetivo em assegurar o

    desenvolvimento scio-economico da regio. No entanto, a sua responsabilidade

    com as aes propostas no efetivamente capaz de assegurar a eficincia deste

    processo, uma vez que seu papel est definido em promover e fomentar aes, ou

    ainda em ser articulador entre o CODIVAP e outras instancias de governo ou

    empresas privadas.

    Os recursos do CODIVAP constituem-se por meio das quotas de contribuio

    de cada municpio, doaes, legados, subvenes e contribuies de qualquer

    natureza, podendo ainda obter receita consoante a retribuio por suas atividades,

    neste caso como forma de remunerao.

    A organizao administrativa do CODIVAP conta com um conselho de

    prefeitos, conselho de curadores, diretoria executiva, assessoria tcnica e

    procuradoria, conforme Figura 2. As funes de cada rgo constam no seu

    estatuto.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    50/141

    50

    Figura 2 - Composio da Estrutura Orgnica do CODIVAP

    2.6 O CONSRCIO DO ABC

    A inteno deste tpico tornar o modelo de Consrcio Municipal do ABC

    em um instrumento facilitador da discusso sobre o objeto deste estudo o

    CODIVAP.

    O Consrcio Municipal do ABC, constitudo em 19 de dezembro de 1990,

    com a proposta inicial de soluo para disposio final dos resduos slidos da

    regio (CLEMENTE, 1999) e que engloba os municpios de Santo Andr, So

    Bernardo do Campo, So Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio

    CONSELHODE PREFEITOS

    CONSELHODE CURADORES

    DIRETORIAEXECUTIVA

    SUPERINTENDNCIA

    DIRETORADMINISTRATIVO

    DIRETORTCNICO

    ESCRITRIOSREGIONAIS

    PROCURADORIA

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    51/141

    51

    Grande da Serra, abrangendo uma populao de aproximadamente 2.449.003

    habitantes (IBGE, 2004), dispostos em zona urbana conurbada, vem desenvolvendo

    um modelo de gesto voltado ao desenvolvimento econmico regional.

    O Consrcio do ABC dotado de um oramento constitudo em forma de

    rateio entre os municpios participantes, proporcionalmente s receitas correntes.

    Suas decises passam por fruns de cidadania, bem como por cmaras temticas,

    de forma a garantir um pacto de governana que propicie a gesto regional

    democrtica, compartilhada e responsvel.

    Para Daniel e Somekh, o Grande ABC seria uma regio plenamentedistinguvel por apresentar caractersticas econmicas peculiares, seraltamente polarizada e apresentar elevado grau de integraopoltico-administrativa. Esta polarizao seria resultado do fato deque cerca de 90% do movimento das pessoas ocorre dentro doslimites da regio. A integrao regional, do ponto de vista poltico eadministrativo resultaria da existncia de entidades cuja atuaoextrapolam os limites de cada um dos sete municpios que compemo Grande ABC. (DANIEL E SOMECK apud BERBEL, 2001 inFERREIRA, 2005)

    Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica - IBGE, de

    1960 a 2001, a populao absoluta do Grande ABC passou de 504.416 para

    2.048.678 habitantes.

    Assim, o rpido e desordenado crescimento da regio e a crise econmica e

    social, a partir do final dos anos 80, so responsveis pela constituio de um novo

    regionalismo no ABC. (FERREIRA, 2005)

    Destaca-se no Consrcio Intermunicipal do Grande ABC, a sua evoluo na

    busca de solues integradas e contribuio para o desenvolvimento local, atravs

    do surgimento de novos instrumentos de parceria entre os municpios que o integra.Na regio do ABC, co-existem trs instrumentos de cooperao

    intermunicipal, so eles: o Consrcio Intermunicipal, a Cmara e a Agncia de

    Desenvolvimento Econmico e o Frum da Cidadania do ABC.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    52/141

    52

    O consrcio, alm de instrumento de articulao, tem possibilitado que as

    outras formas de cooperao intermunicipal atuem conjuntamente, com papis

    distintos, e sem perder a sua prpria identidade.

    Essa parceria possibilitou que a regio firmasse vrios acordos,elaborasse um plano estratgico regional e estabelecesse seis eixosestruturantes (educao e tecnologia; sustentabilidade das reas demananciais; acessibilidade e infra-estrutura; fortalecimento ediversificao das cadeias produtivas; ambiente urbano de qualidade;identidade regional; e incluso social) definindo responsabilidade decada ator envolvido. (CRUZ, 2002)

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    53/141

    53

    3. METODOLOGIA

    A metodologia empregada constituiu-se de pesquisa do tipo bibliogrfica,

    exploratria, quantitativa e qualitativa que possibilitou uma abordagem descritiva do

    tema abordado.

    Primeiramente, aborda a formao da Regio Administrativa de So Jos

    dos Campos, com nfase a partir da dcada de 1960 e apresenta aspectos do

    desenvolvimento desta regio, com objetivo de fundamentar o tema da pesquisa.

    Foram analisadas obras que definem Consrcio Intermunicipal, demonstrando

    sua real importncia como ferramenta no planejamento do desenvolvimento

    regional. Por meio de visitas tcnicas ao Consrcio de Desenvolvimento Integrado

    do Vale do Paraba, foram consultados documentos histricos capazes de

    demonstrar resultados, definir modelo de estrutura organizacional vigente no

    CODIVAP e obter outras informaes que colaboraram com este estudo.

    A anlise ao estatuto do CODIVAP traz o entendimento acerca dos reais

    objetivos do CODIVAP, suas competncias e seu modelo estrutural, o que torna

    possvel investigar sua eficincia face ao que se prope.

    A reviso bibliogrfica evidenciou resultados de estudos relacionados

    problemtica dessa pesquisa, focando principalmente estudos sobre o CODIVAP.

    Para sustentao do estudo, utilizamos o ndice de Desenvolvimento Humano

    IDH apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, vinculado

    ao Ministrio de Planejamento. Por meio do IDH, discutiram-se as diferenas

    encontradas entre os municpios e microrregies do Cone Leste Paulista.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    54/141

    54

    Considerando que o desenvolvimento representa uma escala maior que

    crescimento econmico, pois como afirma Clemente, A. e Higachi (2000)

    desenvolvimento sugere elevao do nvel de vida da populao, este estudo se

    utilizar do ndice de Desenvolvimento Humano - IDH como parmetro de

    mensurao do desenvolvimento do Cone Leste Paulista.

    O ndice de Desenvolvimento Humano IDH, contribui, de forma quantitativa,

    em definir um parmetro capaz de mensurar o grau de atendimento s demandas

    humanas consideradas bsicas em um determinado espao local tendo em vista trs

    aspectos bsicos: Renda percapita, longevidade e educao.

    O conceito de Desenvolvimento sugere que para mensurar o desenvolvimento

    de uma dada populao local, no se deve considerar apenas a dimenso

    econmica, mas tambm outras caractersticas sociais, culturais e polticas que

    influenciam a qualidade da vida humana.

    O IDH foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistans Mahbub ul

    Haq, com base nos estudos sobre indicadores de desenvolvimento realizados pelo

    economista indiano Amartya Kumar Sen, e passou a ser utilizado junto ao Programa

    das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desde 1993.

    O IDH agrega e mensura, como componentes do desenvolvimento as

    seguintes variveis:

    a longevidade, que tambm reflete, entre outras coisas, ascondies de sade da populao; medida pela esperana de vidaao nascer,

    a educao; medida por uma combinao da taxa de alfabetizaode adultos e a taxa combinada de matrcula nos nveis de ensinofundamental, mdio e superior

    a renda; medida pelo poder de compra da populao, baseado noPIB per capita ajustado ao custo de vida local para torn-locomparvel entre pases e regies, atravs da metodologiaconhecida como paridade do poder de compra (PPC)

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    55/141

    55

    Conforme Oliveira (2000), a metodologia de clculo do IDH envolve a

    medio desses trs aspectos a partir de ndices de longevidade, educao e renda,

    que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor). A combinao destes ndices, ponderados

    igualmente, gera um indicador sntese do nvel de desenvolvimento.

    Desde 1990, a ONU calcula o IDH para um conjunto extenso de pases e

    publica os resultados anualmente no Relatrio do Desenvolvimento Humano (RDH)

    do PNUD. Quanto mais prximo de 1, maior ser o nvel de desenvolvimento

    humano do pas ou regio. (Oliveira in BNDES, 2000).

    Para efeito de anlise comparada, o PNUD estabeleceu trs principais

    categorias:

    0 IDH< 0,5 Baixo Desenvolvimento Humano

    0,5 IDH< 0,8 Mdio Desenvolvimento Humano

    0,8 IDH 1 Alto Desenvolvimento Humano

    A partir dos dados de desenvolvimento humano, apresentados pelo Instituto

    de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, para o estado de So Paulo, foram

    criadas as tabelas representativas do IDH da Regio Administrativa de So Jos dos

    Campos e suas respectivas microrregies.

    Com objetivo de se evitar distores durante interpretao dos dados, as

    tabelas de IDH apresentadas nesse estudo consideram a diferena populacional das

    diferentes microrregies. Dessa forma, o IDH microrregional foi ponderado, portanto

    representa a soma do IDH de cada municpio multiplicado pela suas respectivas

    populaes e dividido pelo somatrio da populao da microrregio.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    56/141

    56

    A mesma frmula foi considerada na produo do IDH da Regio

    Administrativa, considerando a populao de cada microrregio.

    Tambm se investigou dados quantitativos que contriburam para

    interpretao da realidade dos 39 municpios da regio, consorciados do CODIVAP.

    Os dados quantitativos foram extrados das seguintes fontes: Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica - IBGE, Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados -

    SEADE, Ncleo de Pesquisa Econmicas e Sociais da Universidade de Taubat

    NUPES e Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada - IPEA.

    Com a anlise desses dados foi desenvolvido um indicador que compara o

    grau de sucesso no desenvolvimento de uma regio, o qual foi aplicado para

    comparar as microrregies do Cone Leste Paulista. Para o clculo deste indicador

    foram utilizadas variveis de: renda rendimento mdio mensal dos responsveis

    por domiclios; educao percentual de analfabetos com mais de 15 anos; e

    longevidade expectativa de vida ao nascer.

    Com essas variveis foram computados valores totais para cada microrregio

    por meio das frmulas a seguir:

    1- ndice de sucesso na renda: calculado por meio do rendimento

    mensal mdio do chefe de famlia por municpio dividido pela maior

    mdia da microrregio.

    ISr = RmMm

    Onde:

    ISr o ndice de sucesso na renda

    Rm a renda mdia do chefe de famlia no municpio

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    57/141

    57

    Mm a maior renda mdia do chefe de famlia entre os municpios da regio

    2- ndice de sucesso na educao: calculado a partir da subtrao do

    percentual de analfabetos maiores de 15 anos divido por 100 do

    valor 1.

    ISe = 1 - %A+15100

    Onde:

    ISe o ndice de sucesso na educao

    %A+15 o percentual de analfabetos maiores de 15 anos

    Deve-se observar que este indicador no infinito, por isso sua frmula no

    levar em conta a maior mdia regional.

    3- ndice de sucesso na expectativa de vida: calculado por meio da

    expectativa de vida por municpio dividida pela maior mdia da

    regio. (mdia do municpio/maior mdia da regio)

    ISev = EvEvm

    Onde:

    ISev o ndice de sucesso na expectativa de vida

    Ev a expectativa de vida do municpio

    Evm a maior mdia da expectativa de vida entre os municpios da regio

    Posteriormente foi calculado o ndice de insucesso do desenvolvimento

    regional por meio da seguinte frmula:

    ndice de Insucesso Regional: calculado a partir da soma dos trs

    ndices encontrados subtraindo-se o valor total de 3, que seria o

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    58/141

    58

    valor mximo possvel. Assim, quanto mais distante o valor

    encontrado de zero e mais prximo de trs, maior a desigualdade.

    IIR = 3 (ISr + ISe + ISev)

    Onde:

    IIR o ndice de insucesso regional

    Por meio de softwares de editorao grfica e elaborao de planilhas

    eletrnicas, foram desenvolvidos mapas, quadros e tabelas com objetivo de

    demonstrar visualmente os resultados.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    59/141

    59

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    Este Captulo apresenta e discute dados e resultados scio econmicos

    diretamente relacionados ao desenvolvimento scio-econmico no Cone Leste

    Paulista.

    4.1 INDCE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH

    Ao apresentar o IDH como um parmetro de mensurao do

    desenvolvimento, resgata-se os pensamentos de Amartya Sen. Tais pensamentos

    influenciaram o Relatrio de Desenvolvimento Humano RDH, apresentado pela

    Organizao das Naes Unidas em 1990.

    Sen amplia a discusso sobre desenvolvimento apresentando ferramentas

    analticas para sua mensurao que extrapolassem os critrios econmicos e

    discutissem questes de ordem social, o que trouxe a reflexo os conceitos de

    desigualdade e pobreza.

    Conforme Kerstenetzky (2000), desde 1973 Sen debrua-se sobre as

    questes da medida da pobreza e da desigualdade debatendo a noo de qualidadede vida dos indivduos com suas capacidades de concretizarem seus objetivos

    pessoais em um determinado lugar.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    60/141

    60

    4.1.1 IDH no Brasil

    Tabela 1 - Srie histrica de IDH no Brasil

    IDH BRASIL 1970 1980 1991 2000

    EDUCAO 0,501 0,577 0,645 0,849LONGEVIDADE 0,44 0,531 0,638 0,727

    RENDA 0,444 0,947 0,942 0,723

    GERAL 0,462 0,685 0,742 0,766Fonte: dados do IPEA

    Observa-se que a variao do IDH no pas, entre as dcadas de 1970 e 1990

    calcou-se principalmente sobre a variao do ndice de renda, da mesma forma o

    crescimento de 33% entre as dcadas de 1970 e 1980, no entanto, entre as dcadas

    de 1980 e 1990, apesar do crescimento do IDH, observamos a variao negativa no

    ndice de renda.

    Entre as dcadas de 1990 e 2000, observou-se que, apesar do declnio

    relacionado aos resultados do PIB, o IDH ainda apresentou um crescimento de 3,2%

    sustentado pelo salto no indicador de educao que agregava os reflexos das novas

    polticas pblicas voltadas para esta rea como criao o FUNDEB, FUNDEF entre

    outras aes.

  • 7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino

    61/141

    61

    4.1.2 Srie histrica do IDH nos Estados

    A Tabela 2 apresenta a srie histrica do IDH dos estados brasileiros e as

    Figuras 3 e 4 demonstram o comportamento da variao do IDH nos diferentes

    estados ao longo desta srie histrica, pela qual se observa a formao de regies

    polarizadas, como o caso das regies Sul e Sudeste, nas quais o desenvolvimento

    obteve um resultado mais expressivo que as demais regies.

    Tabela 2 - Srie histrica do IDH nos estados brasileiros de 1970 a 2000

    IDH - ESTADOS 1970 1980 1991 2000Acre 0,35 0,51 0,58 0,70Alagoas 0,29 0,41 0,47 0,65Amazonas 0,40 0,61 0,66 0,71Amap 0,42 0,58 0,69 0,75Bahia 0,33 0,52 0,53 0,69Cear 0,29 0,44 0,52 0,70Distrito Federal 0,65 0,75 0,81 0,84Esprito Santo 0,42 0,67 0,70 0,77Gois 0,40 0,66 0,72 0,78

    Maranho 0,29 0,41 0,46 0,64Minas Gerais 0,41 0,68 0,70 0,77Mato Grosso do Sul 0,44 0,69 0,75 0,78Mato Grosso 0,40 0,62 0,70 0,77Par 0,40 0,58 0,60 0,72Paraba 0,28 0,40 0,49 0,66Pernambuco 0,33 0,50 0,57 0,71Piau 0,27 0,39 0,47 0,66Paran 0,44