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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIENCIAS TECNLOGICAS DA TERRA E DO MAR MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Mamíferos Marinhos, a Atividade de Prospecção Sísmica e o Uso do Sistema de Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SIMMAM Mariana de Karam e Britto Itajaí, 4 de junho, 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIENCIAS TECNLOGICAS DA TERRA E DO MAR

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Mamíferos Marinhos, a Atividade de Prospecção Sísmica e o Uso do Sistema de

Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SIMMAM

Mariana de Karam e Britto

Itajaí, 4 de junho, 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIENCIAS TECNLOGICAS DA TERRA E DO MAR

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Mamíferos Marinhos, a Atividade de Prospecção Sísmica e o Uso do Sistema de

Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SIMMAM

Mariana de Karam e Britto

Dissertação apresentada à Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Orientador: Dr. André Silva Barreto

Co-orientador: Dr. Rafael Medeiros Sperb

Itajaí, 4 de junho, 2009

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Á minha Família e ao meu Amor,

por todo apoio, sempre.

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AGRADECIMENTOS

Á todos os observadores de bordo que vêm coletando informações sobre a biota

marinha avistada durante atividades sísmicas, e dessa forma, contribuem para o

aumento do conhecimento sobre as espécies ocorrentes nas águas brasileiras.

À equipe do CGPEG que ao longo dos anos vem se esforçando para minimizar

os impactos que as atividades de exploração e produção de petróleo podem causar ao

meio marinho.

Ao FUNBIO que centralizou recursos para serem empregados na pesquisa e

conservação dos mamíferos aquáticos no Brasil.

Ao meu orientador Dr. André S. Barreto por todo conhecimento transmitido, por

nortear o andamento do trabalho e por todo apoio durante os obstáculos enfrentados

para realização do Mestrado.

Ao meu co-orientador Dr. Rafael M. Sperb pelo conhecimento transmitido, e

principalmente por possibilitar a aquisição dos dados necessários para a realização deste

trabalho.

Ao Sr. Gilberto Sales, por continuamente incentivar, auxiliar e apoiar a

realização deste e outros trabalhos, mesmo nas fases mais complicadas, sempre com

uma palavra amiga e uma sabedoria impar a respeito da política de gestão ambiental.

Aos meus colegas de trabalho, Fernando Fiedler e Patrícia Mancini pelo ótimo

convívio e por todas as preciosas horas de descontração no tenso ambiente de trabalho.

À minha melhor amiga, Suzana Guedes, por sempre estar ao meu lado em todas

as horas e, principalmente, nas maiores conquistas.

Enfim, a todos que possibilitaram e apoiaram a realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS............................................................................................................... II

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................IV

LISTA DE TABELAS............................................................................................................. VII

RESUMO ................................................................................................................................VIII

ABSTRACT...............................................................................................................................IX

INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 1

PROSPECÇÃO SÍSMICA............................................................................................................... 5 REDE DE ENCALHE DE MAMÍFEROS AQUÁTICOS DO BRASIL – REMAB E SISTEMA DE

MONITORAMENTO DE MAMÍFEROS MARINHOS – SIMMAM................................................. 10 DADOS DA PROSPECÇÃO SÍSMICA E SIMMAM....................................................................... 11

OBJETIVOS.............................................................................................................................. 14

OBJETIVO GERAL .................................................................................................................... 14 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................................... 14

MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................................... 15

PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BIOTA ......................................................................... 18 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................................. 20 AVALIAÇÃO DO SIMMAM PARA ATIVIDADES DE MONITORAMENTO................................... 25

RESULTADOS.......................................................................................................................... 26

HISTÓRICO DA NORMATIZAÇÃO DA ATIVIDADE NO BRASIL .................................................. 26 RELATÓRIOS DE MONITORAMENTO DA BIOTA MARINHA ...................................................... 34 ANÁLISE DE OCORRÊNCIA E DIVERSIDADE ............................................................................ 61 COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE OBSERVADA PROSPECÇÃO SÍSMICA X PESCA..................... 66 AVALIAÇÃO DO SIMMAM..................................................................................................... 69

DISCUSSÃO.............................................................................................................................. 72

CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 82

ANEXOS .................................................................................................................................... 96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação da aquisição de dados sísmicos através do método de reflexão (Fonte:

JAMSTEC - Japan Agency for marine-earth science and technology)......................................... 6

Figura 2. A esquerda uma foto de um air gun (Fonte: www.bolt-technology.com) e a direita um

esquema do funcionamento do mesmo (Fonte: woodshole.er.usgs.gov). .....................................7

Figura 3. Distribuição das linhas de prospecção sísmica 2D (A) e 3D (B) ao longo dos anos nas

áreas marinhas e bacias hidrográficas (Fonte: ANP, 2008). ......................................................... 9

Figura 4. Áreas onde foram levantados dados de avistagem de animais marinhos durante

atividades de prospecção sísmica no período de 2000 a 2008, com destaque para as diferentes

bacias sedimentares marinhas. .................................................................................................... 15

Figura 5. Exemplo de planilha de esforço de avistagem, no modelo sugerido pelo CGPEG no

Guia de Monitoramento da Biota (2005). ................................................................................... 19

Figura 6. Exemplo de planilha de Registro de Avistagem, no modelo sugerido pelo CGPEG no

Guia de Monitoramento da Biota (2005). ................................................................................... 20

Figura 7. Bacias Sedimentares agrupadas por área. Área 1: Santos, Campos, Espírito Santo;

Área 2: Mucuri, Cumuruxatiba, Jequitinhonha, Camamu-Almada, Jacuípe, Sergipe-Alagoas

(SEAL); Área 3: Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Ceará; Área 4: Barreirinhas, Pará-Maranhão,

Foz do Amazonas........................................................................................................................ 22

Figura 8. Número de pesquisas sísmicas (PS) realizadas por área nos anos de estudo,

identificadas nos Relatórios de Monitoramento da Biota entre 2000 e 2008..............................36

Figura 9. Registros de observações de animais marinhos em 59 relatórios de monitoramento da

biota, nas prospecções sísmicas realizadas entre 2000 e 2008.................................................... 36

Figura 10. Utilização dos diferentes tipos de planilha de monitoramento da biota ao longo dos

anos. Planilhas P13A – padrão para coleta de esforço de observação, e P13B – padrão para

coleta de dados de avistagem. ..................................................................................................... 37

Figura 11. Variação do número de informações contidas nas planilhas utilizadas ao longo do

tempo. A ordem das planilhas no gráfico obedece a ordem cronológica de utilização das

mesmas........................................................................................................................................ 37

Figura 12. Distribuição dos registros encontrados segundo o tipo de pesquisa geofísica

realizada. Os dados correspondem as observações realizadas entre 2000 e 2008....................... 38

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Figura 13. Histograma dos registros por ano (A) e área (B) e distribuição dos registros nas 4

áreas ao longo do tempo (C). ...................................................................................................... 39

Figura 14. Número de avistagens de mamíferos marinhos, separados por ordem ou sub-ordem,

registrados entre 2000 e 2008 nas prospecções sísmicas. ........................................................... 40

Figura 15. Número médio de indivíduos identificados por ordem ou subordem registrados entre

2000 e 2008 nas prospecções sísmicas........................................................................................ 40

Figura 16. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2000. .................................................................................................... 42

Figura 17. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2001. .................................................................................................... 43

Figura 18. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2002. .................................................................................................... 44

Figura 19. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2003. .................................................................................................... 45

Figura 20. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2004. .................................................................................................... 46

Figura 21. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2005. .................................................................................................... 47

Figura 22. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2006. .................................................................................................... 48

Figura 23. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2007. .................................................................................................... 49

Figura 24. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades

prospecção sísmicas em 2008. .................................................................................................... 50

Figura 25. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos por dia entre as áreas de estudo durante

os monitoramentos na prospecção sísmica.................................................................................. 61

Figura 26. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos por dia entre os anos de estudo durante

os monitoramentos na prospecção sísmica.................................................................................. 61

Figura 27. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos registradas antes e depois da

padronização das planilhas de coleta de dados na prospecção sísmica pelo IBAMA................. 63

Figura 28. Escalonamento multidimensional (MDS) dos dados de presença e ausência das

espécies de mamíferos marinhos durante as prospecções sísmicas entre 2000 e 2008............... 63

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Figura 29. Curvas de Acumulação de Espécies aplicada aos dados de presença e ausência das

espécies de mamíferos marinhos nas áreas de realização de sísmica.......................................... 65

Figura 30. Variação dos valores de riqueza obtidos a partir de monitoramento da biota na

prospecção sísmica e na pesca. ................................................................................................... 66

Figura 31. Variação dos valores de diversidade (Índice de Margalef) obtidos a partir de

monitoramento da biota na prospecção sísmica e na pesca......................................................... 66

Figura 32. Avistagens de mamíferos marinhos registradas pelos observadores de bordo na

prospecção sísmica (A) e na pesca (B) entre os anos 2001 e 2005. ............................................ 68

Figura 33. Visualização de avistagens cadastradas no SIMMAM, provenientes das atividades

de prospecção sísmica realizadas entre 2000 e 2008 (Dados inserido em 23/03/2009).............. 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Listagem das licenças de sísmica emitidas pelo IBAMA até junho de 2008 (Fonte:

CMA/SC e Centro de Documentação do CGPEG). * Licenças localizadas. ** Licença não

especificada, mas localizada. ...................................................................................................... 16

Tabela 2. Tabela de conversão para padronização das informações contidas nos Relatórios de

Monitoramento da Biota durantes atividades prospecção sísmicas. A coluna da esquerda contém

os valores adotados como padrão................................................................................................ 21

Tabela 3. Síntese das normas que regulamentaram a atividade de exploração de petróleo no

Brasil. .......................................................................................................................................... 35

Tabela 4. Número de indivíduos observados pela prospecção sísmica ao longo dos anos de

estudo (ni* = dados não informados). ......................................................................................... 41

Tabela 5. Resultados dos testes sobre as taxas de avistagens de odontocetos e misticetos........ 62

Tabela 6. Resultados dos testes sobre as taxas de avistagens para cada área ao longo dos anos.

..................................................................................................................................................... 62

Tabela 8. Níveis de significância encontrados na Análise de Similaridade (ANOSIM) entre as

áreas de estudo. ........................................................................................................................... 64

Tabela 9. Ocorrência de cetáceos nos anos coincidentes de realização de monitoramento nas

atividades sísmicas (Sm) e pescarias (Pc), nas áreas 1 e 2.......................................................... 67

Tabela 10. Comparação entre a planilha do SIMMAM e a planilha padrão adotada pelo

IBAMA para coleta de dados de avistagem durante as prospecções sísmicas. Variáveis em

negrito são as que estavam presentes em ambos os formatos. .................................................... 70

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RESUMO

Desde 1999, uma grande quantidade de dados sobre avistagem de mamíferos marinhos

vêm sendo coletados por Observadores de Bordo durante a realização das atividades

sísmicas na costa brasileira. Este procedimento é uma das medidas mitigadoras adotadas

para minimizar os possíveis impactos que a atividade exerça sobre as espécies marinhas.

As informações coletadas compõem os documentos necessários para o processo de

licenciamento da atividade, entretanto, os resultados destes relatórios não estavam

amplamente disponíveis nem à comunidade científica nem aos órgãos ambientais

responsáveis. Este trabalho reuniu as avistagens realizadas pelos observadores de bordo

entre os anos de 2000 a 2008, com o objetivo de avaliar o processo de coleta de dados

durante o monitoramento da biota marinha nas prospecções sísmicas marítimas. As

informações registradas foram validadas e inseridas no Sistema de Monitoramento de

Mamíferos Marinhos – SIMMAM. As avistagens válidas foram submetidas a análises

de ocorrência e diversidade e também foram comparadas com as diversidades relatadas

por observadores de bordo da pesca. As informações relatadas durante as prospecções

sísmicas foram consideradas confiáveis, pois a grande maioria das avistagens

identificadas coincide com a área de ocorrência descrita para as espécies. As bacias

sedimentares foram agrupadas em quatro áreas de estudo, por onde se distribuíram os

registros e foram comparados os valores médios de riqueza e diversidade, através de

métodos não-paramétricos, entre os anos e entre as áreas de estudo. Não houve alteração

estatisticamente significante na riqueza e diversidade de espécies entre os anos. Já entre

as áreas de estudo foi detectada diferença, havendo uma tendência ao aumento de

riqueza e diversidade em direção as maiores latitudes, padrão observado por outros

estudos. A variação dos valores de riqueza relatados pela pesca são bastante similares

aos relatados pela sísmica, entretanto a composição das espécies não foi a mesma.

Foram sugeridas alterações na metodologia de coleta de dados durante o monitoramento

da biota nas prospecções sísmicas e recomendado a utilização do SIMMAM como uma

ferramenta, não apenas para registro de dados, mas também de gestão ambiental.

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ABSTRACT

Since 1999, a large amount of data on marine mammals sightings has been collected by

observers on board during the conduct of seismic surveys in the Brazilian coast. This is

one of the mitigating measures adopted to minimize the potential impact that the

activity carries on marine species. The information gathered up the necessary

documents for the process of licensing the activity, however, the results of these reports

were not widely available nor the scientific community and the environmental agencies

responsible. This study gathered the sightings made by observers on board between the

2000 to 2008, to evaluate the process of collecting data during the monitoring of marine

biota in marine seismic surveys. The information reported has been validated and

included in the Monitoring System of Marine Mammals - SIMMAM. The valid

sightings were subjected to analysis of occurrence and diversity and were also compared

with the diversity reported by observers on board of fishing boats. The information

reported during the seismic surveys were considered reliable, because most sightings

coincides with the described range of the species. The sedimentary basins were grouped

into four areas of study, where the records are distributed and were compared the values

of diversity and richness, using non-parametric methods, between years and between

areas of study. There was no statistically significant change in richness and diversity of

species among years. Among the areas differences was detected, with a tendency to

increase in richness and diversity toward the temperate areas, pattern observed in other

studies. The range of values reported by the fisheries are very similar to those reported

by the seismic, however the composition of species was not the same. Changes were

suggested in the methodology for data collection during the monitoring of biota in

seismic surveys and recommended the use of the SIMMAM as a tool, not only to record

data, but also for environmental management.

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1

INTRODUÇÃO

Os mamíferos aquáticos estão no topo da cadeia alimentar e alguns deles podem

fornecer importantes informações sobre a qualidade ambiental (FAIR & BECKER,

2000). Com exceção das espécies generalistas e oportunistas, as demais podem prover

indicações sobre as condições ambientais. O aprofundamento do conhecimento a

respeito dos mamíferos aquáticos pode subsidiar inúmeras decisões na área da

conservação e manejo sustentável dos recursos naturais. O seu estudo é bastante

dificultado devido ao ambiente que ocupam. Nem sempre pode ser realizada uma

observação direta e contínua dos animais e seus comportamentos, dessa forma foram

desenvolvidas diversas metodologias para se compreender a biologia e as relações

ecológicas destes animais. Podemos citar como exemplos cruzeiros e sobrevôos de

monitoramento visual, detecção passiva e ativa (BARLOW & GISINER, 2006), a coleta

de material genético (FARRO et al., 2008)

O objetivo de medir a diversidade biológica é contar com parâmetros que

permitam a tomada de decisões ou a emissão de recomendações em favor da

conservação de espécies ou áreas ameaçadas, ou monitorar o efeito das perturbações no

ambiente. Medir a abundância relativa de cada espécie permite identificar aquelas

espécies que por sua baixa representatividade na comunidade podem ser mais sensíveis

às perturbações ambientais (MORENO, 2001). Os componentes da diversidade de

espécies são a riqueza e abundância relativa, ou seja, a quantidade de espécies presentes

e o número de indivíduos. A diversidade biológica é percebida de distintas formas por

diferentes grupos de interesse, podendo seu valor ser avaliado segundo diversos

critérios. Possui valor intrínseco e também valores ecológico, genético, social,

econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético (MMA, 2006). De

acordo com a escala de estudo pretendida pode-se distinguir três tipos de diversidade. A

diversidade alfa (α), ou local, corresponde à diversidade dentro de um hábitat ou

comunidade, e é bastante sensível à definição de hábitat, e à área e intensidade da

amostragem. A diversidade gama (γ), ou regional, corresponde à diversidade de uma

grande área, bioma, continente, ilha, etc. E a diversidade beta (β) corresponde à

diversidade entre hábitats ou outra variação ambiental qualquer, isto é, mede o quanto a

composição de espécies varia de um lugar para outro (ODUM, 1988; MORENO, 2001).

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A diversidade de espécies tem sido uma ferramenta importante para as análises de

impacto ambiental para diversos grupos de organismos (WARMICK, 1993;

PAOLETTI, 1999; RAINIO & NIELMELÄ, 2003; PARENTE et al., 2006b).

Atualmente 54 espécies de mamíferos aquáticos ocorrem em águas brasileiras,

43 espécies de cetáceos, 7 de pinípedes, 2 de sirênios e 2 de mustelídeos (IBAMA,

2001; PINEDO et al., 2002a). Todas estas estão sujeitas a diferentes pressões antrópicas

que ameaçam a sua sobrevivência. Interação com a pesca, degradação do hábitat,

poluição, perturbações sonoras, dentre outros, são fatores de risco aos quais os animais

estão sujeitos. A falta de informações sobre os mesmos faz com que muitas decisões na

área da conservação não sejam eficazes. A proteção, o manejo e a conservação marinha,

têm como base políticas públicas de gestão e uso sustentável dos recursos naturais,

conforme diversos compromissos internacionais assumidos pelo governo brasileiro e de

acordo com os princípios e fundamentos da política nacional do meio ambiente

(IBAMA, 2006a). É necessário que as decisões governamentais sejam apoiadas em

informações geradas pela comunidade científica, e que estas informações sejam

produzidas de maneira contínua e padronizada.

Os mamíferos marinhos habitam os mais variados locais, ocorrendo em regiões

oceânicas, mas podendo muitas vezes ser observados bem próximos da costa. Fatores

como temperatura da água e distribuição da produtividade primária são determinantes

no padrão de distribuição dos mamíferos marinhos (BAUMGARTNER, 1997).

Similarmente, a disponibilidade de presas influencia a ocorrência e distribuição de

golfinhos e baleias (JEFFERSON et al., 1993. SYKES, 2002; TETLEY et al., 2008).

Devido à alta produtividade dos ambientes estuarinos é comum encontrar diversas

espécies de mamíferos marinhos nesses locais (PINEDO et al., 1992).

Contudo, a presença de seres humanos pode ocasionar diferentes fontes de

estresse que podem afetar os animais de formas muito variadas. Dentre as fontes físicas

podemos citar a interação negativa com a pesca, as mudanças climáticas e as influências

acústicas, que podem interferir nos processos de comunicação, navegação e socialização

dos animais (HALL et al., 2000; RICHARDSON et al., 1995; PERRY, 1998; WELLER

et al., 2002). Existem ainda fontes químicas, como contaminantes industriais (metais

pesados, pesticidas, hidrocarbonetos, etc.) e mesmo efluentes domésticos (FAIR &

BECKER, 2000). E por último, as fontes biológicas, como doenças, parasitas e perda de

fontes de alimento (HARVELL et al., 1999; VAN BRESSEM et al., 2008).

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Dragagem, tráfego de embarcações, prospecções sísmicas, entre outras

atividades antrópicas geram poluição sonora devido à produção de fortes ruídos

subaquáticos, além de alterarem a topografia de fundo e com isso a distribuição de

presas. Muitos dos contaminantes químicos são persistentes e podem ser bioacumulados

e biomagnificados (PARSONS, 1998), concentrando-se em órgãos vitais e no tecido

adiposo dos mamíferos marinhos. Os efeitos oriundos dos poluentes podem ser agudos,

causando morte, ou crônicos, reduzindo taxas de crescimento e fecundidade de

populações. Em uma mesma espécie existe uma grande variação dos possíveis efeitos

devido à diferença de dieta, distribuição e comportamento individual que ocorre entre

grupos de diferentes idades (FAIR & BECKER, 2000).

Os ruídos de fundo nos oceanos podem ser gerados por processos físicos ou por

agentes biológicos. As ondas geradas pelos ventos, o resfriamento das águas marinhas e

o movimento dos sedimentos podem produzir pressões sonoras com níveis acima de

180 dB re 1 µPa @ 1m (RICHARDSON et al., 1995; SCAR, 2002). Os mamíferos

marinhos utilizam a acústica do meio marinho com diferentes propósitos: comunicação,

localização de presas, navegação e reconhecimento do ambiente (FAIR & BECKER,

2000; WEILGART, 2007). Sendo assim diferentes tipos de ruídos podem interferir

nestes processos, gerando desorientação e quebra de padrões sociais. Os sons de origem

antrópica podem causar danos fisiológicos e alterações comportamentais (PERRY,

1998). Diversos trabalhos relacionam os eventos de encalhe com a exposição dos

animais a fontes de ruídos antrópicos (BARLOW & GISINER, 2006; ENGEL et al.,

2004; PARENTE et al., 2006b). Além de danos físicos no sistema auditivo, pode

ocorrer o mascaramento de outros ruídos ocasionando colisões das embarcações com

animais. Efeitos indiretos, como o afugentamento de presas, também podem ocorrer

(VILARDO, 2006; AUGUSTOWSKI, 2005; SYKES, 2002), diminuindo a capacidade

de sobrevivência dos animais ou até mesmo alterando sua área de ocorrência. Diversas

são as fontes de poluição sonora geradas pelo homem sobre o ambiente marinho, no

entanto, é pequeno o conhecimento e as informações obtidas sobre os efeitos destas

atividades em aspectos da fisiologia, utilização do hábitat, rotas de migração,

comportamentos e agregações reprodutivas, em curto e longo prazo.

Atualmente os impactos sobre o ambiente marinho causados por fontes

antrópicas são intensamente discutidos, em âmbito nacional e internacional. Dentre

estas fontes de perturbação sonora, as atividades de aquisição de dados sísmicos têm

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sido foco de interesse em diversas pesquisas (STONE, 1997; MCAULEY et al., 2000;

WELLER et al., 2002; GORDON et al., 2003; BARLOW & GISINER, 2006;

PARENTE et al., 2007; PARENTE, 2008 ). Os estudos demonstram que o som emitido

pela atividade causa diversos efeitos, de acordo com a espécie (PARENTE et al.,

2006a). A atividade de prospecção sísmica gera um dos mais intensos ruídos artificiais

no ambiente marinho, pois além de operarem em grandes áreas também atuam por um

longo período de tempo (GORDON et al., 2003).

O Brasil é o segundo país da América do Sul em reservas de petróleo, grande

parte delas localizadas em áreas offshore (ANP, 2008), e um dos mais ricos do mundo

em termos da biodiversidade, possuindo uma das mais altas taxas de endemismo

(MMA, 1998). De acordo com o Primeiro Relatório Nacional para a Convenção sobre

Diversidade Biológica (MMA, 1998), a costa brasileira contem um mosaico de

ecossistemas considerados extremamente importantes como manguezais, restingas,

dunas, praias, ilhas, baias, estuários, recifes de corais, dentre outros, abrigando diversas

espécies de flora e fauna (GARCIA, 2007).

Com o fim do monopólio do petróleo desde 1999 vêm sendo licitados diversos

blocos de exploração nos campos petrolíferos terrestres e marinhos. Depois de licitadas

as áreas concedidas para a exploração passam pelo processo de prospecção sísmica para

definição das áreas para perfuração dos poços. De acordo com o processo de

licenciamento da atividade de prospecção sísmica são exigidas algumas medidas

mitigadoras para minimizar os impactos que podem ser causados ao ecossistema

marinho, entre elas o monitoramento da biota marinha. Este consiste em observar,

durante as horas de luz, as imediações do navio de prospecção sísmica com o intuito de

relatar quaisquer alterações na ocorrência e comportamento de aves, peixes, quelônios e

mamíferos marinhos, assim como solicitar o desligamento dos air guns quando algum

animal entrar na área de segurança (500m da fonte sísmica) (IBAMA, 2005).

Inicialmente a coleta de dados durante o monitoramento da biota marinha não

era padronizada, então cada empresa utilizava uma planilha própria para o registro das

avistagens e posterior produção do Relatório de Monitoramento da Biota. Somente em

março de 2005 foi elaborado pelo antigo Escritório de Licenciamento das atividades de

Petróleo e Nuclear – ELPN/IBAMA (atual Coordenação Geral de Petróleo e Gás –

CGPEG/IBAMA) o Guia de Monitoramento da Biota Marinha em Atividades de

Aquisição de Dados Sísmicos, que estabeleceu as diretrizes para os procedimentos que

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minimizem os impactos provenientes das atividades de aquisição de dados sísmicos na

biota marinha, em especial, mamíferos marinhos e quelônios (IBAMA, 2005). Dessa

forma padronizou a coleta de dados pelas diferentes empresas.

Prospecção Sísmica

Durante os primeiros cinqüenta anos da atividade petroleira mundial, o único

meio disponível para encontrar este combustível fóssil em grandes quantidades era a

perfuração de poços exploratórios. Entretanto, os riscos de acidentes, a possibilidade de

não se encontrar nada e o alto custo levaram a indústria a utilizar métodos indiretos de

detecção do petróleo. Isso permitiu diminuir o número de poços e melhor localizá-los.

Esses métodos eram conseqüência direta dos trabalhos científicos realizados a partir da

metade do século XVIII. Durante as duas primeiras décadas do século XX, foram

desenvolvidos os instrumentos e os métodos que permitiam a localização de reservas a

partir da análise da refração e da reflexão de ondas acústicas. Datam desta época as

primeiras utilizações dos equipamentos inventados pelo físico americano Reginald

Fessenden e pelo engenheiro alemão Ludger Mintrop. Com o desenvolvimento dos

métodos sísmicos de refração e reflexão, as companhias puderam obter ainda melhor

desempenho na exploração de reservatórios de petróleo (DUTRA, 1995). Segundo

Vilardo (2006), por volta dos anos 30 têm-se os primeiros registros de empresas

especializadas em levantamento de dados sísmicos para auxiliar a prospecção de

petróleo. É interessante notar que este modelo de mercado, onde as empresas

especializadas em aquisição de dados sísmicos são contratadas pelas empresas

petrolíferas, permanece até hoje.

A aquisição de dados sísmicos é um método geofísico para o mapeamento da

subsuperfície terrestre que envolve três fases distintas: a aquisição de dados, o

processamento e a interpretação (VILARDO, 2006). Os métodos de reflexão sísmica

são ferramentas importantes para o mapeamento da crosta terrestre e são usados

amplamente em pesquisas geológicas marinhas e geofísicas de diferentes tipos (SCAR,

2002). No início do século XX o setor petroleiro passou a utilizar este método de

prospecção, aumentando o ganho na eficiência da exploração de petróleo e gás

(DUTRA, 1995).

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Figura 1. Representação da aquisição de dados sísmicos através do método de reflexão (Fonte:

JAMSTEC - Japan Agency for marine-earth science and technology).

As atividades de prospecção sísmica marítima através do método de reflexão

consistem em gerar ondas acústicas a partir de fontes energéticas que liberam ar

comprimido à alta pressão (VILARDO, 2006). Estas ondas de alta intensidade e baixa

freqüência propagam-se até o fundo oceânico onde, através dos processos físicos, parte

da energia é refletida e captada por hidrofones, dispostos ao longo dos cabos

sismógrafos (Figura 1). As ondas sísmicas refletidas são então convertidas em sinais

elétricos que são transmitidos para o sistema de registro e processamento do navio de

prospecção sísmica onde, através de softwares específicos são interpretados, permitindo

a identificação de estruturas geológicas favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos

(SIMMONDS et al, 2004; IBAMA, 2003).

AIR GUNS

O air gun é um dispositivo mecânico que armazena ar a altas pressões em uma

câmara e o libera subitamente através de portas como resposta a um sinal elétrico

(Figura 2). Quando o ar é liberado, parte da energia é convertida em som, o qual viaja

até a subsuperfície e é refletido de volta (SCAR, 2002).

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Figura 2. A esquerda uma foto de um air gun (Fonte: www.bolt-technology.com) e a direita um

esquema do funcionamento do mesmo (Fonte: woodshole.er.usgs.gov).

Para aumentar a precisão do sinal e com isso obter um mapeamento detalhado do

leito oceânico utiliza-se um arranjo com vários canhões. Os canhões são organizados

em linhas, que são sustentadas por flutuadores. A distribuição dos canhões nesse arranjo

proporciona interferências construtivas e destrutivas entre os sinais gerados

individualmente para que o sinal principal resultante seja maximizado e as oscilações

residuais sejam minimizadas (VILARDO, 2007). Na prospecção sísmica marítima, os

canhões são normalmente rebocados entre 5 e 7 metros de profundidade (GAUSLAND,

1998; VILARDO, 2007) e entre 4 e 6 nós de velocidade (SIMMONDS et al., 2004).

De uma maneira geral os canhões de ar atuam numa faixa de freqüência que

varia de 10 a 1000Hz e pressão sonora variando de 216 a 259dB re 1µPa

(RICHARDSON et al., 1995; SIMMONDS et al., 2004). A escala decibel (dB) é uma

escala logarítmica utilizada para comparações entre valores de pressão acústica. A

escala dB é sempre definida a partir de um valor de referencia. No caso da pressão

acústica, este valor de referencia é diferente dependendo do meio de propagação do

som. Quando a propagação se dá na água o valor de referencia para a pressão acústica é

1µPa. (VILARDO, 2007) Dessa forma a unidade padrão de níveis de fontes contínuas

em acústica subaquática tipicamente utilizada é dB re 1 µPa @1m (x dB relativos à

1µPa a 1 metro da fonte) (SCAR 2002).

Os sinais emitidos pelos air guns e refletidos pelo substrato marinho são

registrados usando-se arranjos de hidrofones de vários kilômetros de comprimento. Os

disparos são emitidos em intervalos de 6 a 20 segundos ao longo de rotas

predeterminadas (chamadas linhas ou transects). Cada linha pode durar várias horas, e

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os programas de pesquisa podem durar meses e consistir de centenas de transects

(SIMMONDS et al., 2004).

A distância entre as linhas dependem do propósito da pesquisa prospecção

sísmica (SCAR, 2002). Com isso distinguem-se duas modalidades diferentes e

complementares da atividade, a prospecção sísmica bidimensional, 2D e tridimensional,

3D (Figura 3). Dependendo do tipo de pesquisa sísmica utilizada existem efeitos no

tipo de dado coletado e na extensão e duração das exposições a altos níveis de ruídos.

As atividades sísmicas bidimensionais empregam somente um arranjo de air

guns e hidrofones (streamer), e são conduzidas em linhas únicas, ou trilhas pré-

determinadas com um grid aberto, para gerar fatias verticais ou imagens 2D através da

crosta terrestre. A fonte, neste tipo de pesquisa, é o mais forte possível para alcançar

máxima penetração. Pesquisas sísmicas bidimensionais fornecem pouca ou nenhuma

informação sobre a posição verdadeira dos pontos de reflexão na subsuperficie e são

tipicamente usadas para pesquisas especulativas cobrindo grandes áreas geográficas

(SIMMONDS et al., 2004).

Pesquisas sísmicas tridimensionais são caracterizadas pela necessidade de

registrar um grid de dados, com cada linha próxima o suficiente para permitir o

processamento ao longo de ambos os eixos (SIMMONDS et al., 2004). O

processamento adequado dos grids pode ser usado para produzir uma reconstrução 3D

da superfície percorrida, resultando numa resolução muito maior que as pesquisas 2D.

Pela sua natureza, as pesquisas 3D requerem posicionamento acurado e utilizam

múltiplos streamers de hidrofones paralelos muitas vezes em conjunto com múltiplos

arranjos de air guns. As linhas sísmicas são separadas por 50 ou 100m. Este tipo de

pesquisa sísmica é tipicamente usada para melhor definir depósitos de hidrocarbonetos

potenciais e/ou existentes e, como conseqüência, a perfuração de poucos poços de

exploração seria necessário. Dessa forma o custo extra empregado para uso dessa

técnica acaba sendo balanceado pela qualidade e quantidade de dados produzidos.

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(A)

(B)

Figura 3. Distribuição das linhas de prospecção sísmica 2D (A) e 3D (B) ao longo dos anos nas áreas

marinhas e bacias hidrográficas (Fonte: ANP, 2008).

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A fonte usada durante as pesquisas 3D é muitas vezes menos forte do que a

usada na pesquisa 2D pois o processamento subseqüente está apto a lidar com a

diferença resultante na qualidade dos dados. Entretanto o disparo de múltiplos arranjos,

para reduzir a interferência no sinal, aumenta o período de exposição ao ruído.

Adicionalmente, a necessidade de um grid concentra a atividade sísmica em uma área

pequena por um prolongado período de tempo, sujeitando a fauna residente a altos

níveis de ruídos por períodos prolongados e pode conseqüentemente haver grandes

efeitos de longa duração (SIMMONDS et al., 2004).

Existem indícios dos efeitos da sísmica 3D sobre as espécies de Baleias Jubarte

que ocorrem durante seu período reprodutivo no Brasil. Em 2002, uma prospecção

sísmica 3D realizada na porção sul do Banco de Abrolhos coincidiu com o aumento

incomum das taxas de encalhe de Jubartes adultos (ENGEL et al., 2004). Entretanto, é

importante notar que os estudos devem ser mais aprofundados a fim de se correlacionar

precisamente os eventos de encalhes com ações antropogênicas.

Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Brasil – REMAB e

Sistema de Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SI MMAM

O Brasil possui aproximadamente 8.000km de extensão de litoral e um imenso

complexo fluvial na região norte. A vasta extensão territorial e, principalmente, a falta

de pessoal capacitado com habilidade para o trabalho em regiões remotas e isoladas,

dificultam o estudo dos mamíferos aquáticos em todo o território nacional.

O Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos

- CMA, um dos Centros Especializados do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade - ICMBio, vem concentrando esforços para a criação da Rede de

Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Brasil – REMAB. O objetivo desta Rede é

centralizar e compartilhar as informações geradas pelas diversas instituições que atuam

na pesquisa de mamíferos aquáticos ao longo da costa brasileira, objetivando elaborar

estratégias de ação mediante eventos de encalhe e aumentar os esforços para

conservação das espécies mais ameaçadas. Pretende-se a utilização de um Sistema de

Informações, reunindo as informações geradas pelas diferentes instituições de pesquisa,

inclusive os dados gerados pelo monitoramento durante as atividades de prospecção

sísmica e atividades pesqueiras.

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Desde 2002 o Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar da UNIVALI,

vem desenvolvendo o Sistema de Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SIMMAM,

um sistema de informação geográfica que coleta e armazena informações sobre

avistagens, capturas incidentais e encalhes de mamíferos aquáticos. O sistema permite a

inserção e a recuperação de dados georeferenciados servindo como uma ferramenta de

estudo da distribuição e de padrões de ocupação destes animais na costa brasileira e em

águas adjacentes. Além disso, o SIMMAM visa um maior intercâmbio de informações

entre pesquisadores, pois permite o compartilhamento de informações entre os

diferentes usuários, subsidiando o desenvolvimento de estratégias de proteção,

conservação e manejo dessas espécies (MORAES & BARRETO, 2005). O sistema de

informação é baseado em tecnologias opensource e mapserver, e permite o

compartilhamento de informações geocodificadas entre os participantes de uma rede de

observação, com o máximo nível de segurança (BARRETO et al., 2004). Estas

tecnologias possibilitam, entre outros, o baixo custo operacional, um código aberto,

suporte coletivo ao desenvolvimento e a inserção de cartas temáticas como: Mapas de

sensibilidade ambiental e Unidades de Conservação.

Através de um Acordo de Cooperação Técnica entre a UNIVALI e o Centro

Mamíferos Aquáticos – CMA/ICMBio, pretende-se a utilização do SIMMAM como o

banco de dados oficial da Rede de Encalhe de Mamíferos Marinhos do Brasil –

REMAB. Isto possibilitará não somente a formação de um grande centro de

informações técnicas sobre os mamíferos marinhos que ocorrem em águas brasileiras,

mas também para subsidiar e agilizar as decisões de proteção, manejo e conservação das

espécies.

Dados da prospecção sísmica e SIMMAM

Uma das medidas mitigadoras adotadas pelo órgão ambiental brasileiro para

minimizar os impactos que as prospecções sísmicas podem causar a biota marinha é a

utilização de observadores de bordo que tem por finalidade registrar as espécies

marinhas avistadas durante as aquisições sísmicas. Estes observadores também podem

solicitar a interrupção da atividade quando houver aproximação de algum mamífero

marinho ou quelônio a menos de 500 m da embarcação.

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Atualmente os dados contidos nos relatórios gerados pelo monitoramento da

biota marinha nas atividades de prospecção sísmica não se encontram sistematizados em

um banco de dados. Isto inviabiliza uma análise abrangente sobre a distribuição e

comportamento dos animais e, com isso, inferir sobre os possíveis impactos que estes

possam sofrer. O próprio órgão ambiental do governo brasileiro demonstrou a

necessidade da avaliação, em conjunto, destes dados visando subsidiar os futuros

processos de licenciamento.

Através do SIMMAM será possível agrupar e visualizar as avistagens de

mamíferos marinhos e a partir dos dados cadastrados, e com o uso de outros softwares,

poderão ser analisadas informações sobre ocorrência, diversidade e abundância relativa

dos animais e, por fim, subsidiar estratégias de conservação das espécies.

Entender como as atividades antrópicas funcionam e em que níveis podem afetar

os mamíferos marinhos são passos muito importantes para a conservação,

principalmente das espécies mais ameaçadas. Além de indicativos sobre o efeito que a

atividade de prospecção sísmica possa ter sobre os mamíferos marinhos, deve-se avaliar

se os dados também podem ser utilizados para gerar informações biológicas sobre áreas

e épocas de ocorrência, abundância e diversidade dos animais, entre outras, fornecendo

assim subsídios para estratégias de manejo e conservação, assim como para o

aprimoramento dos planos de monitoramento da biota marinha durante as atividades de

prospecção sísmica.

Atualmente vêm crescendo a preocupação a respeito dos efeitos potenciais que a

atividade de prospecção sísmica marítima pode causar sobre os animais marinhos, isto

tem se refletido no constante surgimento de novas informações sobre essa atividade.

Entretanto muitas lacunas ainda são identificadas (GORDON et al., 2003; PARENTE et

al., 2007) para a compreensão das interações entre prospecção sísmica e as respostas

comportamentais e fisiológicas dos mamíferos marinhos.

A realização de experimentos controlados para avaliação dos efeitos deste tipo

de impacto sonoro nos animais possui grandes limitações, principalmente considerando

espécies ameaçadas de extinção e animais de grande porte, como os Misticetos

(VILARDO, 2006). Assim, toda informação oriunda das interações entre a fauna

marinha e a prospecção sísmica no ambiente natural são extremamente relevantes para o

preenchimento de lacunas do conhecimento. O trabalho de Parente & Araújo (2005)

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evidenciou que as variações na diversidade das espécies podem ser usadas como

indicadores do impacto da prospecção sísmica nos cetáceos.

O Programa de Monitoramento da Biota Marinha vêm gerando uma grande

quantidade de dados a respeito da ocorrência, diversidade e comportamento de

mamíferos marinhos durante as atividades de prospecção sísmica. Entretanto as

informações produzidas são pontuais, ou seja, os relatórios entregues à Coordenação

Geral de petróleo e Gás - CGPEG/IBAMA refletem somente o conhecimento gerado

por uma empresa de prospecção durante um intervalo de alguns meses, em uma área

específica de umas das bacias de exploração.

Como o próprio Guia de Monitoramento do IBAMA (2005) sugere a entrada

destas informações em um banco de dados sobre a interação entre a prospecção sísmica

e a biota marinha, aproveitou-se a oportunidade de reunir todos os relatórios gerados

pelas diferentes empresas em um único sistema de informação que possa mostrar uma

visão geral dos efeitos da prospecção sísmica em toda área de ocorrência da atividade.

Visto a dificuldade em se coletar informações acuradas sobre ocorrência, diversidade e

padrões comportamentais dos mamíferos marinhos, é importante atentar para o fato de

que os navios de prospecção sísmica, por atuarem em áreas amplas, podem ser grandes

plataformas de pesquisa para obtenção de dados oceanográficos e biológicos a respeito

da vida marinha. Somado a isso o SIMMAM é a ferramenta chave para integrar esses

dados e gerar informações que subsidiem as tomadas de decisão na área da conservação

e manejo das espécies de mamíferos marinhos assim como o gerenciamento da

atividade de exploração e produção de petróleo e gás.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar o processo de coleta de dados de avistagens de cetáceos por

observadores de bordo de atividades de prospecção sísmica e, caso necessário, sugerir

alterações na metodologia de coleta de dados de avistagens, que permitam subsidiar as

tomadas de decisão.

Objetivos Específicos

• Fazer um histórico da legislação referente ao monitoramento da biota

marinha em prospecções sísmicas.

• Validar os dados coletados por observadores de bordo durantes as atividades

de prospecção sísmica marinha.

• Avaliar possíveis alterações na ocorrência e diversidade de mamíferos

marinhos através dos anos, nas regiões onde há atividades de prospecção

sísmica para exploração de petróleo.

• Comparar a diversidade registrada pelos observadores de prospecção sísmica

com a diversidade registrada por observadores de pesca e por publicações

científicas.

• Avaliar o uso do Sistema de Monitoramento de Mamíferos Marinhos –

SIMMAM, como ferramenta na coleta de informações de ocorrência de

mamíferos marinhos na prospecção sísmica.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados para este trabalho foram provenientes das avistagens realizadas por

observadores de bordo desde a Bacia da Foz do Amazonas até a Bacia de Santos (Figura

4). Foi realizado um levantamento de todos os processos de licenciamento de

prospecção sísmica junto ao CGPEG, para localização de todos os Relatórios de

Monitoramento existentes no Centro de Documentação do CGPEG e do CMA/SC.

Entre 1999 e 2008 foram emitidas pelo IBAMA 85 licenças de prospecção sísmica

marítima (Tabela 1). Nem todos os processos estavam com a documentação completa, e

alguns deles não foram encontrados.

Figura 4. Áreas onde foram levantados dados de avistagem de animais marinhos durante atividades de

prospecção sísmica no período de 2000 a 2008, com destaque para as diferentes bacias sedimentares

marinhas.

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Tabela 1. Listagem das licenças de sísmica emitidas pelo IBAMA até junho de 2008 (Fonte: CMA/SC e

Centro de Documentação do CGPEG). * Licenças localizadas. ** Licença não especificada, mas

localizada.

Licença Empresa Bacia Bloco

LNE-1 ** CGG Sergipe-Alagoas BM-SEAL-09

LO 049/99 Pennzenergy Sergipe-Alagoas BSEAL-4

LO 050/99 Petrobras Sergipe-Alagoas SES-108

LO 056/99 SFR Ceará e Potiguar BPOT-2 e Campo de

Caraúna LO 063/99 Petrobras Foz do Amazonas BFZ-2

LO 071/99 Sipetrol Sergipe-Alagoas BSEAL-3

LO 076/00* Baker Hughes Foz do Amazonas -

LO 079/00 ESSO Pelotas BP-1

LO 080/00* Amerada Hess Santos BMS-03

LO 090/00* bp Brasil Foz do Amazonas BM-FZA-1

LO 102/00* CGG Campos e Espirito Santo -

RLO 107/00* PGS Campos - Espirito Santo - Santos -

LO 108/00 Schlumberger Campos -

LO 130/01 SFR Ceará e Potiguar BPOT-2 e Campo de

Caraúna

LO 131/01 PGS Ceará e Potiguar -

LO 137/01 Grant Geophysical Potiguar -

LO 143/01* Veritas Santos -

LO 149/01 Petrobras Ceará Campos de Atum, Xaréu e

Espada

LO 181/01* CGG Santos -

LO 191/02* Grant Geophysical Camamu-Almada -

LO 194/02 PGS Sergipe - Alagoas, Camamu-Almada,

Jequitinhonha e Cumuruxatiba -

LO 204/02 bp Brasil Foz do Amazonas BM-FZA-1

LO 208/02 CGG Sergipe-Alagoas -

LO 224/02* Petrobras - Grant Sergipe-Alagoas Guaricema e Dourado

LO 242/02* Veritas Campos e Espirito Santo -

LO 243/02* Petrobras - Grant Potiguar Poço 1-CES-134

LO 251/02 CGG Campos e Espirito Santo -

LO 252/02* Petrobras - Grant Potiguar BPOT-1 RNS 144

LO 259/02* PGS Barreirinhas e Pará-Maranhão -

LO 266/02* PGS Ceará -

LO 293/02* CGG Ceará-Potiguar BM-CE-01 e BM-CE-02

LO 300/03 Veritas Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do

Amazonas -

LO 301/03* Petrobras - Grant Ceará Campos de Atum, Xaréu,

Curimã e Espada

LO 303/03 PGS Camamu-Almada e Jequitinhonha BM-CAL-5, BM-CAL-6 e

BM-J-2

LO 311/03 CGG Barreirinhas BM-BAR-1 e BM-BAR-3

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Licença Empresa Bacia Bloco

RLO 315/03* PGS Campos e Santos -

LO 316/03 Veritas Cumuruxatiba, Jequitinhonha, Jacuípe e

Sergipe-Alagoas -

RLO 322/03* Western Geco Campos - Espirito Santo Complexo Marlim

LO 335/03 Maersk Oil do Brasil Santos BM-S-15

LO 351/03* CGG Santos BMS-3

LO 354/03 Amerada Hess Santos BM-S-22

LO 357/03 Western Geco Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e

Barreirinhas -

LO 358/03 Western Geco Ceará e Potiguar -

LO 361/03 Grant Geophysical Camamu-Almada -

LO 383/04 PGS Camamu-Almada BCAM-40 e BM-CAL-4

RLO 387/04* Western Geco Santos BM-S-15

LO 400/04* bp Brasil Foz do Amazonas BFZ-2

LO409/04 Western Geco Camamu-Almada, Jequitinhonha,

Cumuruxatiba e Mucuri -

LO 410/04 CGG Jequitinhonha BM-J-2 e BM-J-3

LO 414/04 CGG Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e

Barreirinhas -

LO 475/05* Veritas Campos - Espirito Santo -

LO 553/06* EMGS Maranhão - Barreirinhas -

LO 577/06* EMGS Jequitinhonha -

RLO 599/07* Petrobras Santos Área BRSA74BRJS

LPS 001/04 Petrobras Potiguar BM-POT-11

LPS 002/04 Western Geco Campos Tecnologia OBC

LPS 003/05* PGS Jequitinhonha BM-J-2

LPS 004/05* PGS Santos BM-S-22

LPS 005/05* PGS Espirito Santo BM-ES-24

LPS 006/05 Petrobras Sergipe - Alagoas BM-SEAL-09

LPS 007/05* PGS Camamu - Almada Fase I

LPS 008/05* PGS Santos BM-S-42

LPS 009/06* CGG Santos BM-S-36

LPS 010/06* PGS Santos BM-S-40

LPS 011/06* PGS Campos Campo Jubarte

LPS 012/06* PGS Jequitinhonha BM-J-4, BM-J-5

LPS 013/06* PGS Camamu-Almada Fase II

LPS 014/06* PGS Santos BM-S-4

LPS 015/06* CGG Campos BM-C-28

LPS 016/06* PGS Santos BM-S-29

LPS 017/06* CGG Foz do Amazonas BM-FZA-04 e BM-FZA-05

LPS 018/06* PGS Campos BM-C-7

LPS 019/06* Repsol YPF Santos -

LPS 020/06 CGG Sergipe-Alagoas BM-SEAL- 4, 10 e 11

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Licença Empresa Bacia Bloco

LPS 021/07* CGGVeritas Campos BM-C-26, BM-C-27

LPS 022/07* PGS Santos BM-S-50, 52 e 53

LPS 023/07* Fugro Campos e Santos -

LPS 024/07 Repsol YPF Espirito Santo -

LPS 025/07* CGGVeritas Foz do Amazonas BM-FZA-06

LPS 026/07* Gx Technology Santos, Campos, Espirito Santo -

LPS 027/07 CGG - BM-PAMA-08

LPS 028/07* CGGVeritas Barreirinhas BM-BAR-05

LPS 029/07 PGS Santos -

LPS 030/07 Fugro Camamu -

LPS 031/07 Fugro - BM-BAR-4

Concomitantemente foi realizado um levantamento da legislação disponível nos

sites do Governo Federal, referentes ao monitoramento da biota marinha durante as

atividades de prospecção sísmica. Com isso obteve-se um histórico do processo de

licenciamento da atividade, focando o monitoramento da biota marinha, e permitindo

uma avaliação da abrangência da legislação existente nos aspectos ambientais e

ecológicos que devem ser considerados ao se realizar uma atividade de potencial

impacto para a biota marinha.

Programa de Monitoramento da Biota

Antes do estabelecimento do Programa de Monitoramento da Biota Marinha,

foram identificados 23 tipos de planilhas utilizadas ao longo to tempo. Com isso o

número e tipo de informações coletadas ao longo dos anos variou bastante. A partir de

2005 os relatórios apresentados pelas empresas de prospecção sísmica foram

padronizados de acordo com o Guia de Monitoramento (IBAMA, 2005), e para o

registro das informações os observadores de bordo devem preencher dois tipos de

planilha:

(1) Planilha de Esforço Diário de Avistagem;

(2) Planilha de Registro de Avistagem.

A primeira deve conter informações sobre o esforço de observação que são

coletadas durante todos os dias de realização da atividade (Figura 5). Já o segundo tipo

de planilha é preenchida sempre que os animais são avistados (Figura 6). Além das

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planilhas padronizadas todos os diferentes tipos de planilhas encontrados foram

identificados e classificadas de acordo com o tipo de informação de avistagens que

continham. Com isso se buscou avaliar qual destes formatos demonstrou-se mais

eficiente.

Figura 5. Exemplo de planilha de esforço de avistagem, no modelo sugerido pelo CGPEG no Guia de

Monitoramento da Biota (2005).

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Figura 6. Exemplo de planilha de Registro de Avistagem, no modelo sugerido pelo CGPEG no Guia de

Monitoramento da Biota (2005).

Análise dos Dados

Para a validação dos dados foram considerados os padrões de ocorrência dos

mamíferos marinhos indicados na bibliografia. Através da sobreposição das áreas de

ocorrências conhecidas com as posições de ocorrência indicadas nas planilhas de

registro de avistagem, foi verificada se a informação era válida ou não. Os dados

inválidos foram registrados, quantificados e eliminados das análises subseqüentes. A

adoção desta metodologia implica em assumir alguns erros, visto que são escassos os

dados de espécies of shore. Assim, além dos erros de determinação, existem também as

espécies que podem ocorrer em determinadas áreas, mas não constam nos registros

bibliográficos. Esse tipo de erro, embora exista, não pode ser detectado.

Para avaliar as possíveis alterações na ocorrência e diversidade dos mamíferos

marinhos através dos anos nas áreas de prospecção sísmica foram considerados os

dados que obedecem aos seguintes critérios no momento da avistagem: Estado do Mar

(Escala de Beaufort) < 5; Visibilidade boa a moderada; Ondulação baixa e média;

Identificação do animal de máxima certeza ou provável (PINEDO et al.,2002b). Isto

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buscou garantir que as observações foram feitas de modo a aumentar a probabilidade de

avistagem e a qualidade da identificação. Devido a falta de padronização nem todas as

referencias de Visibilidade, Estado do Mar, Ondulação e Confiança eram as mesmas nas

diferentes planilhas, então criou-se um modo para padronizar as informações de acordo

com uma tabela de conversão (Tabela 2).

Tabela 2. Tabela de conversão para padronização das informações contidas nos Relatórios de

Monitoramento da Biota durantes atividades prospecção sísmicas. A coluna da esquerda contém os

valores adotados como padrão.

Visibilidade padronizada Visibilidade encontrada

BOA > 5 Km Excelente Ótima

MODERADA 1 – 5 Km Média Regular

FRACA < 1 Km Ruim / Baixa Péssima

Estado do Mar padronizad o Estado do Mar encontrado

CALMO 0 - 1 Boa

CRESPO 2 - 3 Leve / Moderado

AGITADO 4 Picado

FORTE ≥5 Bravio / Ondulado

Ondulação padronizada Ondulação encontrada

BAIXA < 2 m

MÉDIA 2 – 4 m Moderada

FORTE > 4 m Alta

Confiança padronizada Confiança encontrada

DEFINITIVA Certeza

PROVAVEL Moderada

INCERTA Possível / Baixa / Ruim

As bacias sedimentares onde foram realizadas as prospecções sísmicas foram

agrupadas em 4 áreas para a realização das análises de ocorrência e diversidade (Figura

7). Isto foi feito de acordo com a distribuição das licenças e o agrupamento das bacias

ocorreu em função da área de abrangência das licenças emitidas, a fim de não separar os

dados de uma mesma licença.

Notou-se que algumas licenças para a atividade de prospecção sísmica

abrangiam uma ou mais bacias e possuíam tempos de duração bastante diferentes.

Assim definiu-se a unidade amostral como sendo a pesquisa sísmica (PS), que

corresponde ao monitoramento realizado ininterruptamente por uma empresa, em um

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determinado local, por um período de tempo delimitado. Dessa forma uma mesma

licença pode conter mais de uma PS, se ocorrer alguma interrupção da atividade por

vários dias, ou se a pesquisa se entende por mais de um ano. As interrupções foram

motivadas por questões meteorológicas/oceanográficas, logísticas e/ou operacionais.

Figura 7. Bacias Sedimentares agrupadas por área. Área 1: Santos, Campos, Espírito Santo; Área 2:

Mucuri, Cumuruxatiba, Jequitinhonha, Camamu-Almada, Jacuípe, Sergipe-Alagoas (SEAL); Área 3:

Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Ceará; Área 4: Barreirinhas, Pará-Maranhão, Foz do Amazonas.

Através do agrupamento dos dados em Pesquisas Sísmicas (PS), realizadas por

ano e área foram definidas taxas de avistagens de animais por dia, ou seja, o número

total de registros de avistagens dividido pelo número total de dias de mar em cada PS

Os resultados foram comparados entre si, por meio de métodos não-paramétricos (teste

de Kruskall-Wallis), para a identificação de variações significativas nas taxas de

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avistagens encontradas entre os anos e áreas de realização das pesquisas sísmicas

marinhas.

O teste de Kruskall-Wallis é uma alternativa não-paramétrica para uma ANOVA

one-way. É utilizado para comparar três ou mais amostras, e testa a hipótese nula de que

as diferentes amostras na comparação foram retiradas da mesma distribuição ou de

distribuições com a mesma mediana. Assim, a interpretação do teste de Kruskall-Wallis

é baseada nos postos (ranks) que as amostras ocupam e não em suas médias. O teste de

Kruskal-Wallis assume que a variável em estudo é contínua e que foi medida em pelo

menos uma escala ordinal.

Para as análises sobre o número de espécies observadas (riqueza e diversidade)

durante as prospecções sísmicas, optou-se pela abordagem da diversidade beta (β), a

qual é definida por Anderson et al.(2006) como a variabilidade na composição de

espécies entre unidades amostrais de uma determinada área. O mesmo autor propõe que

a diversidade beta seja quantificada a partir de medidas apropriadas de dissimilaridade,

através desta abordagem as diferenças entre a diversidade beta entre grupos de amostras

podem ser testadas.

Os índices de diversidade do tipo alfa (α), como Shannon-Wierner, podem ser

bastante sensíveis a área e a intensidade da amostragem (ODUM, 1988), e foram

descartados para esta etapa do trabalho devido à distribuição bastante irregular das

Pesquisas Sísmicas (PS) entre os anos e áreas de estudo. Devido a falta de informações

precisas sobre o esforço amostral empregado por cada PS não foi possível padronizar a

amostragem e optou-se pela metodologia da diversidade tipo beta.

As avistagens consideradas válidas para as análises de diversidade foram

ordenadas por área e ano de estudo. Em função da baixa confiabilidade nos valores de

tamanho de grupos identificados pelos observadores de bordo para cada espécie, foram

consideradas apenas a presença e ausência dos animais. A matriz de dados foi então

submetida a um Escalonamento Multidimensional (MDS). O propósito do MDS é

construir um mapa ou configuração das amostras em um número específico de

dimensões, as quais tentam atender todas as condições impostas pela matriz de (dis)

similaridade. Este é um método multivariado, e assim como os demais, é baseado nos

coeficientes de similaridade calculados entre cada par de amostras. Estes facilitam a

classificação ou agrupamento das amostras em grupos mutuamente similares, ou uma

representação ordenada na qual as amostras podem ser mapeadas (em duas ou três

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dimensões) de tal forma que as distâncias entre os pares de amostras reflitam sua

dissimilaridade relativa na composição de espécies (CLARKE & WARWICK, 1994). O

coeficiente utilizado para o estudo foi o de Jacard.

Também foram construídas curvas de acumulação de espécies para as áreas de

estudo. Uma curva de acumulação de espécies é o gráfico do número acumulado de

espécies observadas em função de alguma medida do esforço amostral necessário para

observá-las (COLWELL et al., 2004). A riqueza e a diversidade de espécies dependem

também do esforço amostral empregado, uma vez que o número de espécies aumenta

com o aumento do número de indivíduos amostrados (BARROS, 2007). Assim, as

curvas de acumulação de espécies permitem avaliar o quanto um estudo se aproxima de

capturar todas as espécies do local. Esta curva representa a diversidade ou riqueza de

espécies de uma determinada área. O acúmulo seqüencial de indivíduos em uma única

amostra, ou as sucessivas combinações de mostras de uma única série amostral produz

uma curva de espécies acumuladas. Por ser construída com base em um número elevado

de permutações (999) e representa o modelo de diversidade para a área estudada. Os

erros proporcionados pela diferença no esforço amostral durante as comparações entre

áreas são minimizados com a utilização das curvas de acumulação (GOTELI &

COLWELL, 2001).

Através da importação das informações cadastradas no SIMMAM, provenientes

dos observadores de bordo de embarcações de pesca, foi feita uma comparação com os

dados de avistagens de mamíferos marinhos das observações de prospecção sísmica.

Para esta etapa foram calculados os índices de diversidade de Margalef para cada ano

para as avistagens durante as atividades pesqueiras, e comparados com as diversidades

anuais relatadas nas prospecções sísmicas. O índice de Margalef, ou índice de Riqueza

de Espécies (ODUM, 1988) foi escolhido por ser bastante simples e incluir em seu

cálculo não somente a riqueza, mas também a abundância relativa das espécies. O

índice de Margalef transforma o número de espécies por amostra em uma proporção na

qual as espécies são acrescentadas por expansão da amostra, supondo que há uma

relação funcional entre o número de espécies e o número de indivíduos, e se esta relação

não se mantém o índice varia com o tamanho da amostra de forma desconhecida

(MORENO, 2001). As análises envolveram as avistagens ocorridas nos mesmos anos e

nas áreas 1 e 2 de realização das atividades, pois essas áreas continham maior número

de registros, tornando as análises mais consistentes.

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Avaliação do SIMMAM para Atividades de Monitorament o

As avistagens consideradas válidas foram inseridas no Sistema de

Monitoramento de Mamíferos Marinhos – SIMMAM, na categoria de “Avistagem

Oportunista”. A categoria utilizada no SIMMAM como “Avistagens Dedicadas”, exige

o cadastro de dados de esforço e como estes nem sempre estavam presentes optou-se

por não considerá-los neste trabalho. Dessa forma foi avaliado como o sistema se

comporta. Muitas das informações contidas na Planilha de Monitoramento do IBAMA,

não puderam ser inseridas no sistema por não existirem campos adequados para isso. Os

problemas encontrados foram listados e serão informados ao administrador do sistema.

Como o SIMMAM não possui uma entrada exclusiva para dados de avistagens

na prospecção sísmica, com base nos dados exigidos pela CGPEG, e nos relatórios

analisados, foi sugerida a elaboração de uma tela de cadastro próprio para os

observadores de bordo, visando o fácil acesso às informações geradas pelos órgãos

ambientais. Os relatórios de monitoramento da biota entregues a partir de 2005, já

possuem um formato padrão, entretanto alguns dos campos das planilhas de esforço e

avistagem não são preenchidos em alguns casos. Como o SIMMAM não possibilita o

cadastro de avistagens se algumas informações essenciais não forem preenchidas (i.e.

data, hora, posição geográfica), o cadastramento obrigatório de campos evitará a perda

de qualidade dos registros realizados por observadores de bordo.

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RESULTADOS

Histórico da Normatização da Atividade no Brasil

A indústria petrolífera brasileira iniciou o processo de flexibilização da forma de

execução do monopólio da União para as atividades de exploração, desenvolvimento e

produção de petróleo e gás natural, através da Emenda Constitucional n° 09, de 09 de

novembro de 1995. Mas foi com a criação da Lei Federal n° 9.478, de 06 de agosto de

1997, também conhecida como “Lei do Petróleo”, que foram estabelecidas as bases para

a abertura do mercado e a flexibilização do monopólio da União. Esta lei dispõe sobre a

política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo e também

institui o Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) e a Agência Nacional do

Petróleo (ANP). Neste mesmo ano (1997) foi regulamentado o sistema nacional de

licenciamento ambiental, através da Resolução CONAMA n° 237, de 09 de dezembro.

Esta resolução determina que todas as atividades e empreendimentos que utilizem

recursos ambientais e/ou sejam passiveis de degradação ambiental dependerão de prévio

licenciamento do órgão ambiental competente. Anteriormente a esta norma, o

CONAMA já havia estabelecido os procedimentos específicos para licenciamento

ambiental visando o melhor controle e gestão ambiental das atividades relacionadas a

exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural. Através da

Resolução CONAMA n° 23, de 7 de dezembro de 1994, as atividades relacionadas a

perfuração e produção de petróleo e gás natural ficam condicionadas ao licenciamento

pelo IBAMA ou pelos órgãos ambientais estaduais. Esta foi a primeira norma que

instituiu critérios específicos para o licenciamento ambiental das atividades citadas

acima.

Na zona costeira e no mar territorial do Brasil as atividades de exploração e

produção de petróleo e gás passaram por um processo de intensificação. Desde 1997

com a abertura do setor ao capital externo e a realização dos leilões anuais de blocos

petrolíferos pela Agência Nacional de Petróleo e Gás – ANP, o Brasil passou a integrar

a área de atuação das maiores empresas de petróleo no mundo, além da atuação da

Petrobras S.A. Estas atividades, apesar de estratégicas para a auto-suficiência energética

do País, implicam em riscos para a biota marinha, frente ao elevado potencial poluidor

e/ou degradador das diferentes fases do processo de exploração e produção,

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compreendendo os levantamentos sísmicos marítimos, a perfuração de poços, a

instalação de estruturas de produção, escoamento e armazenamento de óleo e gás

(IBAMA, 2006b). O aumento da inquietação sobre as questões ambientais pode ser

percebido com a criação da “Lei dos Crimes Ambientais” (Lei Federal n° 9.605, de 12

de fevereiro de 1998) que determinou as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Entretanto a Portaria ANP n° 188 de 18

de dezembro de 1998, que regulamentou as atividades de prospecção exploratória, não

trouxe nenhuma preocupação com a qualidade ambiental e sim com a questão da

propriedade dos dados coletados pelas empresas.

Em 06 de agosto de 1998, conforme previsto no artigo 33 da Lei do Petróleo,

foram assinados 397 Contratos de Concessão entre a Agência Nacional de Petróleo

(ANP) e a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). Essa ficou conhecida como a Rodada 0

(zero) de licitações. A realização da Primeira Rodada de Licitações, em junho de 1999,

entrou para a história da exploração de petróleo e gás natural no Brasil, sendo de fato o

marco da flexibilização do monopólio da União sobre as atividades de exploração e

produção. Apesar de fatores conjunturais desfavoráveis, como o preço do óleo em seu

nível mais baixo, em termos reais, desde o início da década de 70, a Primeira Rodada

teve 58 empresas interessadas, das quais 42 pagaram taxa de participação e 11 foram

vencedoras (ANP, 2008). O incremento das operações de prospecção sísmica marítima

em águas brasileiras fez com que o IBAMA adotasse, a partir de 1999, procedimentos

de licenciamento ambiental específicos para esta atividade, objetivando exercer um

controle ambiental mais efetivo (IBAMA, 2003).

Na época havia muita controvérsia entre o IBAMA e as empresas de aquisição

de dados, pois estas entendiam que a atividade não causava impacto ambiental – e,

portanto, estaria isenta de licenciamento ambiental. No entanto, o corpo técnico do

Escritório de Licenciamento das Atividades de Petróleo e Nuclear – ELPN/IBAMA,

substituído em 2006 pela Coordenação Geral de Petróleo e Gás – CGPEG, entendeu que

a bibliografia científica relacionada aos impactos da prospecção sísmica oferecia

suficientes indicativos de que a atividade era potencialmente impactante. Assim, com

base na interpretação da Lei Federal n° 6.938/81 e no Decreto n° 99.274/90, o ELPN

procedeu desde então o Licenciamento Ambiental da atividade de prospecção sísmica

marítima.

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Em janeiro de 2000 ocorreu um vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na

Baía de Guanabara, causando grandes danos aos manguezais, praias e à população de

pescadores. A necessidade de estabelecer estratégias seguras de prevenção e gestão de

impactos ambientais gerados pelas atividades petrolíferas somado a este evento trágico,

culminaram na aprovação da Resolução CONAMA nº 265, em 27 de janeiro de 2000.

Esta norma determina ao IBAMA e aos órgãos estaduais de meio ambiente a avaliação

das ações de controle e prevenção e do processo de licenciamento ambiental das

instalações de petróleo e derivados. Em 28 de abril deste mesmo ano, foi criada a Lei

Federal nº 9.966, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição

causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob

jurisdição nacional. O uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no mar foi

regulamentado em 14 de setembro de 2000, através da Resolução CONAMA nº 269.

A Segunda Rodada de Licitações, realizada em junho de 2000, marcou a

consolidação do processo de entrada de novos agentes no cenário exploratório

brasileiro. Ainda em 2000 foi assinada entre MMA/IBAMA e ANP a Agenda

Ambiental do Petróleo, orientada ao aprimoramento dos instrumentos de controle e

gestão ambiental, visando reduzir a incerteza sobre a viabilidade ambiental do

desenvolvimento da indústria petrolífera (MMA, 2008a). Desde então, diversas ações

vinham sendo empreendidas para o alcance dos objetivos pretendidos, incluindo a

realização de estudos de suporte à melhoria da interlocução com o setor, o

fortalecimento institucional do IBAMA e o estabelecimento de uma sistemática de

análise ambiental preliminar de áreas propostas.

Em junho de 2001, seguindo a tendência de reduzir o tamanho dos blocos e

oferecer oportunidades a empresas de todos os portes e perfis, 54 blocos foram

colocados em oferta na Terceira Rodada de Licitações, englobando desde áreas em

águas ultra-profundas a blocos terrestres em bacias maduras. E somente em 25 de julho

de 2001 é que foi aprovado o regulamento técnico que define os procedimentos a serem

adotados na devolução de áreas de concessão na fase de exploração, através da Portaria

ANP nº 114. Outra medida importante veio com a resolução CONAMA nº293, de 12 de

dezembro de 2001 que determina o conteúdo mínimo do Plano de Emergência

Individual para incidentes de poluição por óleo originados em portos organizados,

instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem como suas respectivas

instalações de apoio, e orienta a sua elaboração.

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Durante as Rodadas de Licitação ocorridas anteriormente não havia um

procedimento formal de consulta ao IBAMA a respeito das áreas propostas pela ANP

para a atividade de E&P. Visando evitar ofertas de blocos localizados em áreas

protegidas ou ambientalmente muito sensíveis foi celebrada em 2002 uma cooperação

técnica entre o IBAMA e a ANP, e com isso a foi elaborado o primeiro Guia de

Licenciamento do IBAMA, enfocando a sensibilidade dos ambientes costeiros e

marinhos aos impactos efetivos e potenciais da perfuração (MMA, 2008b). Entretanto,

o processo de elaboração deste Guia para a Quarta Rodada de Licitações não discutiu a

possibilidade de exclusão de blocos da rodada.

Apesar da conjuntura econômica internacional desfavorável, a Quarta Rodada de

Licitações, em junho de 2002 incluiu empresas que na época não tinham qualquer

atividade no Brasil. Com o aumento da atividade de exploração, as preocupações com

os efeitos colaterais aos quais o meio ambiente vinha sendo submetido cresceram

também (ANP, 2008). Desde os primeiros processos de licenciamento de prospecção

sísmica eram exigidos os monitoramentos de biota. Mas somente a partir dos Termos de

Referência de 2002 é que esta solicitação foi incorporada definitivamente ao processo

de licenciamento. As empresas encaminhavam os projetos e o ELPN aprovava se estes

estivessem de acordo com as solicitações.

Em 5 de julho de 2002, através da resolução CONAMA nº 306, foram

estabelecidos os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de

auditorias ambientais. Objetivando avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental

nos portos organizados e instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio

e refinarias, tendo em vista o cumprimento da legislação vigente e do licenciamento

ambiental.

Até meados de 2003, o estudo requerido para o licenciamento da atividade de

prospecção sísmica era o Estudo Ambiental (EA) – que segue basicamente o escopo de

um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), principalmente no que se refere ao seu

principal instrumento de gestão: a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) de acordo

com os critérios e diretrizes previstos na Resolução CONAMA nº001/86. A partir de

agosto de 2003, tendo em vista os crescentes conflitos com a atividade pesqueira e sob

recomendação do Ministério Público Federal, o ELPN passou a exigir para o

licenciamento em áreas sensíveis a elaboração de EIA, com seu respectivo Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) e a realização de Audiências Públicas, conforme

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preconizado nas Resoluções CONAMA n° 001/86 e 009/87. No entanto, o

licenciamento da prospecção sísmica ainda se ressentia da ausência de uma

regulamentação própria, que permitisse ao ELPN/IBAMA adequar seus procedimentos

às especificidades da atividade (ANP, 2008).

A Quinta Rodada de Licitações, realizada em agosto de 2003, marcou a

implementação do novo sistema de desenho e licitações de blocos exploratórios,

estabelecidos pela Resolução CNPE nº 8 de 21.7.2003, o qual estabelece a política de

produção de petróleo e gás e define diretrizes para a realização de licitações de blocos

exploratórios ou áreas com descobertas já caracterizadas. As principais modificações

foram:

- Separação das bacias em setores, divididos em um grid de tamanho pré-definido.

- Eliminação do Programa Exploratório mínimo pré-definido pela ANP. O Programa

Exploratório passou a ser proposto pelas empresas, como parte das ofertas.

Neste mesmo ano o antigo ELPN, através do acordo de cooperação técnica com

a ANP, desenvolveu a primeira versão pública do novo “Guia para o Licenciamento

Ambiental das Atividades de Prospecção Sísmica Marítima na Costa Brasileira”, no

qual foram reunidas as principais informações disponíveis pertinentes ao tema, assim

como identificadas algumas lacunas onde os esforços para a geração de conhecimento

precisavam ser ampliados. Desse modo, este foi o primeiro passo de um processo

contínuo de discussão e aperfeiçoamento do licenciamento ambiental das atividades de

levantamentos de dados sísmicos marítimos no Brasil. O guia era composto por:

- Informação Técnica ELPN 12/2003: documento base contendo uma revisão

bibliográfica sobre os efeitos e implicações da atividade de levantamento de dados

sísmicos marítimos no meio ambiente.

- Mapas Temáticos: mapas das áreas prioritárias para a conservação dos recursos

biológicos mais suscetíveis aos impactos da atividade de levantamento de dados

sísmicos marítimos. Os mapas originais foram elaborados pelo Ministério do Meio

Ambiente no âmbito do programa PRONABIO, publicados no documento "Avaliação e

Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade Marinha e Costeira". A partir

da realização da "I Reunião Técnica de Discussão sobre os impactos da atividade de

sísmica marítima" com a participação de diferentes setores do IBAMA (TAMAR,

CMA, CEPSUL etc), do MMA e da ANP, algumas informações foram incorporadas aos

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mesmos considerando os impactos da atividade de levantamentos sísmicos e novos

conhecimentos trazidos pelos participantes. Os mapas produzidos foram digitalizados e

os temas foram sobrepostos a fim de se identificar as áreas mais vulneráveis aos

impactos da prospecção sísmica. Gerou-se desse modo um novo produto denominado

"Mapa Base para o Licenciamento Ambiental das Atividades de Sísmica Marítima", o

qual expressa em termos de "níveis de exigência para o licenciamento" as áreas mais

sensíveis da costa brasileira.

- Impactos na Pesca: acreditava-se que esta era a principal atividade socioeconômica

impactada pelos levantamentos sísmicos marítimos. No entanto, a escassez de dados

mais aprofundados sobre a mesma impediu a conclusão dos "Mapas de Sensibilidade da

Atividade Pesqueira à Atividade de Prospecção Sísmica". Sendo assim o tópico,

apresentou um resumo dos impactos conhecidos e buscou, ainda, nortear a discussão

sobre a elaboração de uma base de dados da atividade pesqueira que possa futuramente

subsidiar a elaboração destes mapas (ANP, 2008).

Em setembro de 2003, foi criado um Grupo de Trabalho dentro do Conselho

Nacional do Meio Ambiente – CONAMA para discutir uma regulamentação específica

para o licenciamento das atividades de pesquisa mineral por meio de prospecção sísmica

indutiva. Fizeram parte das reuniões deste Grupo de Trabalho representantes do ELPN,

de outros setores do IBAMA, das Empresas, da Marinha, de organizações não-

governamentais e do Ministério do Meio Ambiente, sob a coordenação da secretaria

executiva do CONAMA. Após cinco reuniões, foi produzida uma proposta de resolução

que representa um consenso entre os participantes do Grupo de Trabalho. A proposta

final aprovada pelo CONAMA foi publicada em julho de 2004, (Resolução CONAMA

nº350) e dispõe sobre o licenciamento ambiental específico das atividades de aquisição

de dados sísmicos marítimos e em zonas de transição (ANP, 2008).

O Guia de Monitoramento da Biota a Bordo (IBAMA, 2005) foi lançado

somente em 2004, e a partir de então as regras para o monitoramento vem passando por

um processo de aperfeiçoamento, inclusive com a contribuição dos Centros

Especializados, como o Centro Mamíferos Aquáticos – CMA/ICMBio e o Centro

Nacional de Conservação e Manejo das Tartarugas Marinhas - TAMAR. Não existe

uma norma regulatória para o monitoramento da biota, mas sim diretrizes da

Coordenação Geral de Licenciamento (Com Pessoal, José Tadeu de Oliveira, jan.2008).

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O Guia para a Sexta Rodada de Licitações, realizada em 2004, apresentou as

diretrizes técnicas para os futuros processos de licenciamento ambiental para as

diferentes bacias sedimentares brasileiras. Elas foram fruto da experiência de aplicação

do licenciamento ambiental no país, do conhecimento e práticas internacionais e da

produção de conhecimento sobre os ambientes costeiros e marinhos no país. Os

impactos e interferências das atividades da indústria de petróleo e gás não são somente

relativos ao ambiente natural, devem ser compatibilizadas também, por exemplo, com

as importantes atividades de pesca e turismo.

Uma das mais importantes medidas de controle ambiental que o IBAMA utiliza

no licenciamento ambiental da atividade de prospecção sísmica é a definição de Áreas

de Restrição. A restrição de áreas é utilizada na presença de importantes fatores de

sensibilidade ambiental que poderiam ser impactados pela realização da atividade de

prospecção sísmica. Há duas possibilidades de restrição: permanente – áreas nas quais

existe uma proibição contínua para a realização da atividade; e temporária – quando

uma área é interditada à atividade por um período definido, cíclico ou não, com o

objetivo de proteger um processo biológico específico dos possíveis impactos advindos

da atividade de prospecção sísmica.

A partir da Sexta Rodada, a ANP passou a adotar um procedimento de consulta

formal ao IBAMA antes de definir os blocos marítimos e em zona de transição a serem

ofertados. A análise prévia dos blocos da 6º Rodada foi realizada por técnicos das

Diretorias de Licenciamento e Qualidade Ambiental, Ecossistemas e Fauna/Recursos

Pesqueiros (DILIQ, DIREC e DIFAP) do IBAMA, em um grupo de trabalho não-

formalizado.

Em 2005, na Sétima Rodada de Licitações, além dos blocos com risco

exploratório foram ofertados pela primeira vez blocos contendo áreas inativas com

acumulações marginais.

Em 2006 iniciaram-se as atividades de um Grupo de Trabalho – GT criado

através da Portaria IBAMA nº 2040/05 de dezembro de 2005. Este GT ligado ao

gabinete da presidência possuía a finalidade de fornecer suporte técnico à análise das

questões ambientais relacionadas ao licenciamento de empreendimentos de exploração e

produção (E&P) de óleo e gás no território nacional e águas jurisdicionais brasileiras.

Além disso visava particularmente subsidiar a seleção de áreas para licitação e a adoção

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de áreas de restrição para as rodadas de licitação da ANP, fazendo cumprir o que

determina a Resolução CNPE nº 8/2003. Este GT reunia analistas de seis diretorias do

IBAMA (MMA, 2008b).

Agendada para os dias 28 e 29 de novembro de 2006, a Oitava Rodada com

oferta de áreas para exploração de petróleo e gás natural foi suspensa em seu primeiro

dia, por força de duas medidas liminares. De acordo com s Resolução CNPE nº 06 de

8.12.2007, a ANP deverá promover o prosseguimento e a conclusão de licitação dos

blocos desta rodada. Encontrava-se prevista a oferta de 284 blocos distribuídos por sete

bacias sedimentares (Pará-Maranhão, Barreirinhas, Sergipe-Alagoas, Tucano Sul,

Espírito Santo, Santos e Pelotas). Neste mesmo ano, com a reestruturação do IBAMA

foi criada a CGPEG em substituição ao ELPN, porém com atribuições semelhantes.

Concluída em 27 de novembro de 2007, a Nona Rodada colocou em oferta 271

blocos. O Guia para a Nona Rodada foi elaborado em meio a mudanças tanto em suas

bases de informações como na própria estrutura da área ambiental federal. As primeiras

se deram em decorrência da publicação da Portaria do Ministério do Meio Ambiente

N°9, de 23 de janeiro de 2007, que alterou o documento base usado para a produção dos

guias de licenciamento, “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da

Biodiversidade das Zonas Costeira e Marinha”. A atualização, que se deu em função da

disponibilidade de novas informações e instrumentos, e em consonância com as

estratégias sugeridas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), e pelo PAN-

Bio - Diretrizes e Prioridades do Plano de Ação para Implementação da Política

Nacional de Biodiversidade, gerou o documento “Áreas e Ações Prioritárias para

Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade”

(ANP, 2008).

Após reestruturação do IBAMA, o grupo técnico responsável pela análise prévia

das áreas a serem licitadas inclui em sua composição atual representantes do Ministério

do Meio Ambiente, do IBAMA e do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio), e denomina-se GTPEG - Grupo de Trabalho Interministerial

de Atividades de Exploração e Produção de Óleo e Gás (Portaria 119, de 24 de abril de

2008).

Como resultado desse trabalho conjunto são elaborados pareceres pelos órgãos

ambientais contendo algumas diretrizes, que permitem ao futuro concessionário a

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inclusão da variável ambiental em seus estudos de viabilidade técnica e econômica dos

projetos de exploração e produção de petróleo e gás natural. As diretrizes são revisadas

e atualizadas a cada rodada de licitações para acompanhar as alterações na legislação

ambiental. A criação de áreas protegidas, a evolução do conhecimento sobre os

ecossistemas, as tecnologias de exploração e produção e a realidade socioeconômica são

fatores dinâmicos que também influenciam diretamente o nível de exigência para o

licenciamento ambiental dos blocos ofertados. É importante que estas informações

sejam sempre consultadas, mesmo para blocos em oferta que já foram objeto de rodadas

anteriores.

A 10ª Rodada de Licitações de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e

Gás Natural foi realizada no dia 18 de dezembro de 2008, no Rio de Janeiro. Com a

oferta de 130 blocos, todos localizados em bacias terrestres, o leilão alcançou o objetivo

de atrair empresas de pequeno e médio porte, além das grandes companhias petrolíferas.

Esta última Rodada de Licitações movimentou cerca de R$ 700 milhões, dos

quais R$ 89,9 milhões em arrecadação de bônus de assinatura para a União e R$ 611

milhões de investimentos mínimos previstos para a exploração. O valor superou as

expectativas para uma rodada sem oferta de blocos marítimos.

Relatórios de Monitoramento da Biota Marinha

Segundo informações do CGPEG, foram emitidas 85 licenças de prospecção

sísmica desde 1999 até junho de 2008, destas 36 (42%) não foram localizadas ou seus

documentos estavam incompletos, ou seja, sem o Relatório de Monitoramento da Biota

Marinha. Cada processo de licenciamento da prospecção sísmica pode conter um ou

mais Relatórios de Monitoramento da Biota, dependendo das exigências dos Termos de

Referencia para cada licença. No material reunido foram identificadas 70 pesquisas

sísmicas (PS) entre março de 2000 e março de 2008 (Figura 8). Até o momento existe á

disposição do Centro Mamíferos Aquáticos – CMA-SC/ICMBio 59 Relatórios de

Monitoramento entregues pelas empresas de prospecção sísmicas entre os anos 2000 e

2008. Nestes foram identificadas 5272 avistagens de animais marinhos, em 7394

registros de observação. Nestes dados de avistagens estão relacionadas informações

sobre a ocorrência de mamíferos marinhos, peixes, aves e quelônios (Figura 9).

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35

Tabela 3. Síntese das normas que regulamentaram a atividade de exploração de petróleo no Brasil.

Data Ato Síntese

09/11/1995 Emenda Constitucional nº09 Flexibilização do monopólio da União

06/08/1997 Lei Federal nº 9.478 Dispõe sobre a política energética nacional e institui o CNPE e a ANP

07/12/1994 Resolução CONAMA nº 23 Licenciamento Ambiental para atividades relacionadas a exploração de combustíveis líquidos e gás natural

09/12/1997 Resolução CONAMA nº 237 Regulamentação do Sistema Nacional de Licenciamento Ambiental

12/02/1998 Lei Federal nº 9.605 Dispõe sobre os crimes ambientais

18/12/1998 Portaria ANP nº 188 Regulamentou as atividades de prospecção exploratória

27/01/2000 Resolução CONAMA nº 265 Avaliação do processo de licenciamento das instalações de petróleo

28/04/2000 Lei Federal nº 9.966 Prevenção, controle e fiscalização da poluição por óleo

14/09/2000 Resolução CONAMA nº 296 Uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no mar

25/07/2001 Portaria ANP nº 114 Procedimentos para devolução de áreas de concessão exploratória

12/12/2001 Resolução CONAMA nº 293 Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo

5/07/2002 Resolução CONAMA nº 306 Termo de referencia para realização de auditorias ambientais

21/07/2003 Resolução CNPE nº 08 Diretrizes para a licitação de blocos exploratórios

06/07/2004 Resolução CONAMA nº 350 Licenciamento Ambiental específico para prospecção sísmica

04/2005 Guia de Monitoramento da Biota a Bordo

Diretrizes e padronização da atividade de monitoramento da biota marinha durante as prospecções sísmicas

02/12/2005 Portaria IBAMA nº 2040 Criação do GT para questões de E&P

08/12/2007 Resolução CNPE nº 06 Prosseguimento da 8º Rodada de Licitações

23/01/2007 Portaria MMA nº 09 Alterou os documentos base para produção dos guias de licenciamento da sísmica

24/04/2008 Portaria MMA nº 119 Criação do GTPEG

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36

0

2

4

6

8

10

12

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Num

. Pes

quis

as S

ism

icas

Area 1

Area 2

Area 3

Area 4

Figura 8. Número de pesquisas sísmicas (PS) realizadas por área nos anos de estudo, identificadas nos

Relatórios de Monitoramento da Biota entre 2000 e 2008.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Aves

Peixes

Quelônios

MamíferosMarinhos

Sem Avistagem

Numero de Registros

Figura 9. Registros de observações de animais marinhos em 59 relatórios de monitoramento da biota, nas

prospecções sísmicas realizadas entre 2000 e 2008.

Os 59 relatórios digitados continham 23 tipos de planilha de registros de

informações sobre a biota marinha que foram usadas por diferentes empresas ao longo

dos anos (Figura 10). Estas foram classificadas de acordo com a quantidade de

informações que continham (Figura 11). Dentre estas a planilha identificada como P16

(Anexo 01), utilizada em 2004, conteve o maior número de campos para registro de

informações (n=28). E as planilhas P4, P3B* e P6x (Anexo 01) continham o menor

número de campos para informações (n=11). As planilhas P13A e P13B (Figura 5 e

Figura 6) são as padronizadas pelo IBAMA em 2005.

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37

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

P13A

P13B

P9

P10

P16

P3A

P8

P5

P12

P6y

P6x

P3B

P11

P11x

P3B*

P1

P2

P2x

P6

P15

P4

P0

P14

Figura 10. Utilização dos diferentes tipos de planilha de monitoramento da biota ao longo dos anos.

Planilhas P13A – padrão para coleta de esforço de observação, e P13B – padrão para coleta de dados de

avistagem.

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

P15 P14 P0 P4 P6 P2x P2 P1 P6y P6x P3B P11 P11x P8 P5 P3A P12 P3B* P16 P10 P9 P13

Num

. Inf

orm

açõe

s

Figura 11. Variação do número de informações contidas nas planilhas utilizadas ao longo do tempo. A

ordem das planilhas no gráfico obedece a ordem cronológica de utilização das mesmas.

Além da prospecção sísmica 2D e 3D, outro método de levantamento de dados

utilizado nas licenças trabalhadas foi através de prospecções eletromagnéticas (Figura

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12). Quatro licenças (LO 475/05, LO 553/06, LO 577/06 e RLO 599/07) utilizaram esta

tecnologia, que segundo EMS (2005) é uma pesquisa exploratória não intrusiva do

subsolo marinho, para detecção, em águas profundas e ultraprofundas (>500m), da

presença de hidrocarbonetos nas estruturas rochosas. O método se baseia na emissão,

próxima ao fundo do mar, de ondas eletromagnéticas que permitem distinguir se o

conteúdo da rocha-reservatório é hidrocarboneto ou não, utilizando os parâmetros

físicos de condutividade e resistividade elétricas. Assim como a prospecção sísmica, o

método eletromagnético gera alterações nos padrões físicos do meio marinho, podendo

ou não causar perturbações aos organismos ali presentes. Dessa forma e como medida

precautória, a atividade passa pelo mesmo procedimento de licenciamento ambiental

que a prospecção sísmica, e gera, igualmente, relatórios de monitoramento da biota

marinha. Como as metodologias de coleta de dados de avistagens utilizadas são as

mesmas os dados foram agrupados sem distinção quanto ao tipo de método de aquisição

de dados geofísicos.

NI 2D 3D eletromagnetica

Tipo Sismica

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

2600

Num

. Reg

istr

os

Figura 12. Distribuição dos registros encontrados segundo o tipo de pesquisa geofísica realizada. Os

dados correspondem as observações realizadas entre 2000 e 2008.

Os dados contidos nos relatórios examinados mostram que as atividades

prospecção sísmicas ocorreram com bastante variação em sua freqüência e duração, em

função disto os dados se distribuem de maneira irregular entre os anos e entre as áreas

de realização da atividade (Figura 13). A maior parte dos registros (46%) se concentra

nos anos 2002 e 2006, e na área 1 (72,7%) (Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo).

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39

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Num

. Reg

istr

os

A

1 2 3 4

Áreas

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Num

. R

egis

tros

B

1

2

3

4

Área

2000

20012002

20032004

20052006

20072008

Ano

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Num. Registros

C

Figura 13. Histograma dos registros por ano (A) e área (B) e distribuição dos registros nas 4 áreas ao

longo do tempo (C).

Os mamíferos marinhos estavam presentes em 40% (n=2946) dos registros.

Destes, 321 puderam ser identificados somente ao nível de família, e 163 apenas como

sub-ordem. Os misticetos foram responsáveis por 47% das avistagens já os sirênios

contabilizam apenas 4 registros (0,13%; Figura 14). Em termos de tamanho de grupo os

odontocetos são mais expressivos com registros de até 1000 indivíduos, entretanto o

tamanho médio ficou próximo de 30 animais por avistagens (Figura 15). Entre 2000 e

2008 foram identificadas 26 espécies de mamíferos marinhos (Tabela 4, Figura 16 a

24).

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40

Cetacea NI Mysticeti Odontoceti Sirenia

Ordem/Subordem

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Num

. Reg

istr

os

Figura 14. Número de avistagens de mamíferos marinhos, separados por ordem ou sub-ordem,

registrados entre 2000 e 2008 nas prospecções sísmicas.

Odontoceto Misticeto Cetaceo Sirenio

Ordem/Subordem

0

5

10

15

20

25

30

35

Nu

mer

o M

édio

de

Indi

vidu

os

Mean Mean±0,95 Conf. Interval

Figura 15. Número médio de indivíduos identificados por ordem ou subordem registrados entre 2000 e

2008 nas prospecções sísmicas.

Apenas 2% (n=60) dos registros de mamíferos marinhos foram considerados

inválidos, pois estava com erros na posição geográfica (localizados em terra ou em área

improvável) ou identificados claramente equivocadamente. Deve-se ressaltar que erros

na identificação, mas que estivessem em área normal de distribuição da espécie, não

puderam ser identificados, assim como falhas ou a escassez de dados bibliográficos

podem ter levado a invalidar certas identificações.

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Tabela 4. Número de indivíduos observados pela prospecção sísmica ao longo dos anos de estudo (ni* =

dados não informados).

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Cetacea Não Identificados 774,50 31,00 286,00 879,17 335,67 1578,00 3658,00 2747,00 40,00

Balaenopteridae Balaenoptera acutorostrata 2,00 6,00 8,33 8,00 11,00 18,00 23,00 1,00

Balaenoptera bonaerensis 5,00 1,00 1,00 4,00 Balaenoptera borealis 7,00 6,00 2,00 Balaenoptera edeni 1,00 6,00 1,00 1,00 16,00 Balaenoptera physalus 2,00 1,00 Balaenoptera sp. 1,00 19,00 5,00 2,00 1,00 28,50 35,00 47,00 2,00

Megaptera novaeangliae 46,50 51,00 979,67 25,67 5,00 133,00 1619,00 72,00 2,00

Balaenidae Eubalaena australis 1,00 7,00 Total Mysticeti 47,50 85,00 1006,67 43,00 14,00 173,50 1676,00 163,00 5,00 Physeteridae Physeter macrocephalus 1,00 26,00 57,17 8,33 3,00 164,50 205,00 51,00 5,00

Delphinidae Delphinus capensis ni* 15,00 Delphinus delphis 5,00

Delphinus sp. 5,00 2,00 62,00 Feresa attenuata 100,00 50,00 50,00 10,00

Globicephala macrorhynchus 12,00 55,00 10,00 21,00 ni* 2,00 Globicephala melas 10,00 20,00 Globicephala sp. 11,00 28,00 79,00 4,00 140,00 Grampus griseus 14,00 10,00 94,00 42,00 3,00 Orcinus orca 5,00 30,00 8,00 Peponocephala electra 35,50 47,50 50,00 Pseudorca crassidens 9,00 1,00 107,00 Sotalia fluviatilis 176,00 42,00 Stenella attenuata 60,00 342,00 178,00 12,00 562,50 355,50 443,50 580,00

Stenella clymene 135,00 48,00 120,00 87,00 440,00 Stenella coeruleoalba 18,00 47,83 12,50 50,00 Stenella frontalis 670,00 638,00 70,00 186,00 1344,00 1784,00 300,00

Stenella longirostris 15,00 803,83 964,33 319,67 1914,00 1074,00 1140,00 580,00

Stenella sp. 170,00 222,50 335,33 146,00 914,00 1109,50 566,00 Steno bredanensis 5,00 22,50 16,00 4,00 Tursiops truncatus 34,00 5,00 832,50 252,17 546,33 387,00 430,00 617,50 Total Odontoceti 50,00 307,00 3355,00 2619,00 1122,00 4592,50 4725,50 5545,00 1480,00

Sirenia Trichechidae Trichechus manatus 6,00

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Figura 16. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2000.

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Figura 17. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2001.

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Figura 18. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2002.

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Figura 19. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2003.

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Figura 20. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2004.

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Figura 21. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2005.

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Figura 22. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2006.

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Figura 23. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2007.

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Figura 24. Mamíferos marinhos observadas pelo monitoramento da biota durante atividades prospecção

sísmicas em 2008.

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DESCRIÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES REGISTRADAS NAS

PROSPECÇÕES SÍSMICAS

ORDEM CETACEA

MYSTICETI

Os misticetos de uma maneira geral, são animais migratórios sua reprodução

ocorre em baixas latitudes, durante os meses de inverno e durante o verão procuram as

altas latitudes para alimentação (MIZROCH et al., 1984; KASAMATSU et al., 1995).

Balaenopteridae

Balaenoptera acutorostrata – Baleia Minke Anã

Sua presença é documentada em todos os oceanos do Hemisfério Sul e em águas

Antárticas. Em latitudes tropicais a baleia Minke Anã parece preferir hábitats mais

costeiros, ocorrendo geralmente sob a plataforma continental, entretanto podem ser

vistas em águas oceânicas. Esta espécie é comumente encontrada ao longo da costa leste

da América do Sul, do nordeste do Brasil (5ºS) até o sul da Argentina (56ºS)

(MAGALHÃES et al., 2006). A maior porcentagem dos encalhes observados está nas

regiões Sul e Sudeste, sustentando a hipótese de que ela seja mais comum em médias

latitudes do Oceano Atlântico Sul Ocidental (SICILIANO et al., 2006). Existem

registros para o Estado de Santa Catarina, nos municípios de Içara, Sombrio, Rincão,

Florianópolis, Palhoça, Camboriú, Barra Velha, São Francisco do Sul (CHEREM et al.,

2004; SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993). Alguns registros de neonatos em Santa

Catarina sugerem que esta seja uma área de procriação da espécie (SIMÕES-LOPES &

XIMENEZ, 1993). Nos relatórios de monitoramento da biota das prospecções sísmicas

analisados, foram registrados 58 avistagens desta espécie, localizadas nas áreas de

estudo 1, 2 e 3.

Balaenoptera bonaerensis – Baleia Minke

São restritas ao hemisfério sul. Nas áreas de reprodução do Oceano Atlântico Sul

Ocidental existem indícios de que existam áreas distintas para o nascimento de filhotes

e o acasalamento das baleias (LUCENA, 2006). No Brasil a espécie ocorre em áreas

profundas sobre ou além do talude continental, desde o Rio Grande do Sul até a Região

Nordeste. Há um importante sítio de reprodução da espécie na costa da Paraíba, onde

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foram observados picos de densidade nos meses de setembro e outubro (SICILIANO et

al., 2006). Nos dados analisados, foram registradas 10 avistagens desta espécie,

localizadas nas bacias de Santos e Campos.

Balaenoptera borealis – Baleia Sei

Ocorrem em todos os oceanos, mas preferencialmente em águas oceânicas e

temperadas. Pode ser encontrada entre a Convergência Subtropical e a Convergência

Antártica, durante o verão do Hemisfério Sul (BELGRANO et al., 2007). No Brasil, os

registros de caça do século XX confirmam que a baleia foi abundante na região

Nordeste e Cabo Frio. Os demais registros de ocorrência da espécie se deram por

eventos de encalhe (SICILIANO et al., 2006). Um esqueleto encontrado em

Florianópolis, Santa Catarina, foi identificado como o primeiro registro da espécie para

o estado (SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993; CHEREM et al., 2004). Neste

trabalho foram registradas 10 avistagens de Baleias Sei, localizadas em grande parte na

bacia de Santos além da quebra da plataforma.

Balaenoptera edeni – Baleia de Bryde

Sua ocorrência tem sido registrada para todas as águas tropicais e temperadas

entre 40ºN e 40ºS. Algumas populações são residentes, como as que habitam o Golfo da

Califórnia e a costa da África do Sul (SICILIANO et al., 2006). As baleias de Bryde são

regularmente observadas em áreas costeiras do sudeste do Brasil, durante o verão e

outono (SICILIANO et al., 2004). Embora existam registros de encalhes desde o Estado

do Maranhão até o Rio Grande do Sul (SICILIANO et al., 2006). A partir das

observações realizadas durante as prospecções sísmicas foram registradas 15 avistagens

desta espécie, localizadas principalmente sobre a plataforma continental e talude, nas

bacias de Santos e Campos.

Balaenoptera physalus – Baleia Fin

Esta espécie habita primariamente águas oceânicas, entretanto são avistadas

próximo a costa onde as águas profundas se aproximam da região costeira devido ao

relevo submarino. As baleias Fin podem ser vistas em zonas tropicais, temperadas e

polares de todos os oceanos (JEFFERSON et al., 1993). Possuem ampla distribuição

entre as latitudes 20-75ºS e 20-75ºN. Muitas populações desta espécie apresentam

movimentos migratórios característicos para os misticetos, entretanto, novos estudos

apontam para a existência de populações residentes durante todo o ano no Golfo da

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Califórnia. No Brasil, a maior parte dos registros de ocorrência da espécie provém dos

relatórios das estações de caça (SICILIANO et al., 2006). Apenas 2 registros de

avistagens desta espécie foram identificados durante as pesquisas sísmicas avaliadas

para este trabalho. Ambos ocorreram na bacia de Campos, um sobre a plataforma e

outro em região oceânica bem afastado da costa.

Megaptera novaeangliae – Baleia Jubarte

As baleias Jubarte ocorrem em todos os oceanos, desde regiões polares e

subpolares até o Equador. Espécie cosmopolita, realiza extensos movimentos

migratórios entre as áreas de alimentação e as áreas de reprodução e cria de filhotes

(SICILIANO et al., 2006). No Brasil podem ser avistadas ao longo da costa, desde o

Rio Grande do Sul até o Arquipélago de Fernando de Noronha. Durante a estadia em

águas quentes tropicais e subtropicais, para a reprodução, tendem a se concentrar

próximo a ilhas ou sistemas recifais (ZERBINI et al., 2004). Apesar de apresentarem

hábitos costeiros na área de reprodução, durante a migração optam por águas profundas

para voltar aos pólos (WARD et al., 2006; ZERBINI et al., 2006). Neste trabalho as

Baleias Jubarte foram identificadas em todas as áreas de estudo, tanto áreas costeiras

como oceânicas. Esta foi a espécie com maior número de registros (n=1061).

Balaenidae

Eubalaena Australis – Baleia Franca

Nas áreas de reprodução a distribuição das baleias Francas é freqüentemente

relacionada águas calmas e rasas. Ocorrem geralmente entre 20ºS e 63º S. Os principais

sítios de cria conhecidos localizam-se em áreas costeiras do sul da Austrália, Mar da

Tasmânia e Nova Zelândia, Argentina, Uruguai, Brasil e África do Sul (SICILIANO et

al., 2006). No Brasil sua concentração principal se da no litoral sul, mas existem

registros de avistagens da espécie no banco de Abrolhos, litoral da Bahia (GROCH,

2005). As maiores concentrações da espécie são observadas em águas costeiras do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina (SICILIANO et al., 2006). Picos de alta freqüência de

ocorrência da espécie durante agosto e setembro, nas águas do litoral de Santa Catarina

e a presença de filhotes em quase metade das avistagens indicam que a área é utilizada

como berçário (SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993). Apenas 5 avistagens de Baleias

Francas foram realizadas durante o monitoramento da biota nas prospecções sísmicas

avaliadas. Os registros foram realizados nas bacias de Santos e Campos.

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ODONTOCETI

Physeteridae

Physeter macrocephalus – Cachalote

Sua distribuição vai desde os trópicos até as regiões polares, mas apenas os

machos alcançam as latitudes acima de 40º nos dois homisférios (SICILIANO et al.,

2006). Mergulham a altas profundidades, e tendem a habitar águas oceânicas, mas

podem ser vistos próximo à costa onde cânions submarinos ou outras características

geomorfológicas trazem a água profunda para próximo da costa (JEFFERSON et

al.,1993). Existem registros de encalhes e avistagens para os estados de Rio Grande do

Sul e Santa Catarina (SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993; CHEREM et al., 2004).

Nos registros de monitoramento nas prospecções sísmicas, foram identificadas 88

avistagens, localizadas principalmente sobre o talude e regiões oceânicas das 4 áreas de

estudo.

Delphinidae

Delphinus delphis – Golfinho-comum-de-bico-curto

É uma espécie abundante em águas oceânicas. Sua distribuição abrange regiões

tropicais e temperadas quentes em todo o mundo. Existem registros da espécie em torno

de 60ºN no Atlântico Norte e 50ºS no Hemisfério Sul (JEFFERSON et al., 1993).

Apesar de ser uma espécie abundante, apenas uma avistagem de 5 indivíduos

localizados na bacia de Santos foi registrada durante as pesquisas sísmicas avaliadas.

Delphinus capensis – Golfinho-comum-de-bico-longo

São encontrados em águas temperadas quentes e águas costeiras tropicais em

todo o mundo. Esta espécie vem sendo identificada na costa leste da América do Sul,

desde a Venezuela até o norte da Argentina (CULIK, 2005a). Somente 2 registros de

avistagem desta espécie foram identificados no monitoramento das prospecções

sísmicas avaliadas, ambos na bacia de Santos próximos a quebra da plataforma.

Feresa attenuata – Orca Pigméia

Tem sido observada em águas tropicais, subtropicais e temperadas quentes em

todos os oceanos (ROSSI-SANTOS et al., 2006). É considerada uma das espécies

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menos conhecidas entre os pequenos cetáceos. Existem registros da espécie na

Flórida/EUA, Ilhas Virgens, Porto Rico, Venezuela, Brasil e Argentina (MAGALHÃES

et al., 2007). Encalhes desta espécie são raros na costa brasileira, e pouco se conhece

sobre sua distribuição (SICILIANO et al., 2006). Durante as prospecções sísmicas

analisadas foram identificadas 4 avistagens localizadas nas áreas 1 e 4, no talude e

regiões oceânicas.

Globicephala macrorhynchus – Baleia-piloto-de-peitorais-curtas

Possui distribuição cosmopolita em águas temperadas quentes e tropicais

(SHANE, 1995). Geralmente são avistadas em águas oceânicas, e possuem uma área de

abrangência entre 50ºN e 40ºS (JEFFERSON et al., 1993). No Brasil esta espécie

parece não se distribuir ao sul de São Paulo, onde os registros conhecidos são de G.

melas. Existem encalhes confirmados para os estados do Piauí, Rio Grande do Norte,

Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (SICILIANO et

al., 2006). Nos relatórios de monitoramento da biota analisados, foram identificadas 11

avistagens desta espécie, nas áreas 1 e 4 de estudo, tanto em regiões costeiras como

oceânicas.

Globicephala melas – Baleia-piloto-de-peitorais-longas

Ocorre em zonas temperadas e subpolares. São encontradas em águas oceânicas

e em algumas regiões costeiras do Oceano Atlântico Norte (JEFFERSON et al., 1993).

Existem registros, no Brasil, para os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina

(SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993; CHEREM et al., 2004) Durante as pesquisas

sísmicas avaliadas aqui foram identificadas apenas 2 avistagens de G. melas ambas na

bacia de Santos, na quebra da plataforma continental.

Grampus griseus – Golfinho de Risso

Tem distribuição cosmopolita em águas temperadas e tropicais (SHANE, 1995).

O golfinho de Risso habita regiões oceânicas profundas e águas do talude continental

em ambos os hemisférios (JEFFERSON et al., 1993). No Brasil, a espécie

provavelmente ocorre ao longo de toda a costa, em águas profundas. Na Bacia de

Campos já foram avistados indivíduos se alimentando próximo a uma plataforma de

petróleo (SICILIANO et al., 2006). Os registros de G. griseus identificados nas

pesquisas sísmicas avaliadas concentraram-se nas bacias de Santos e Campos, mas

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houve uma avistagem de 2 animais na área 2 (bacia de Camamu-Almada). Todos os

registros ocorreram sobre o talude ou em regiões mais profundas.

Orcinus orca – Orca

As Orcas possuem distribuição cosmopolita e vivem em grupos sociais bem

definidos (BRAULT & CASWELL, 1993). Elas podem ser vistas em qualquer região

marinha, entretanto parecem ser mais comuns em áreas costeiras, águas temperadas

frias a subpolares (JEFFERSON et al., 1993). No Brasil, existem registros da espécie

em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro (SIMÕES-LOPES &

XIMENEZ, 1993; CHEREM et al., 2004). Na Bacia de Campos são avistadas com

alguma freqüência, inclusive próximo a costa (SICILIANO et al., 2006). Durante as

prospecções sísmicas avaliadas, 9 avistagens da espécie foram identificadas, todas na

área 1, entre São Paulo e Espírito Santo.

Peponocephala electra – Golfinho cabeça de melão

Relatos esporádicos sugerem que a espécie se distribui em águas tropicais e

subtropicais de todo o mundo (WATKINS et al., 1997). Segundo Jefferson et al. (1993)

a área de abrangência de P. electra coincide com a F. attenuata em águas oceânicas

tropicais e subtropicais entre 40ºN e 35ºS. Existem poucos registros da espécie para o

Atlântico Sul. No Brasil existem relatos de encalhes para a Bahia, Ceará e Alagoas

(SICILIANO et al., 2006). Esta espécie foi observada em 5 registros de avistagem

durante as prospecções sísmicas avaliadas para este trabalho. Os registros distribuíram-

se pelas áreas 1, 2 e 4.

Pseudorca crassidens – Falsa orca

A falsa Orca é encontrada em todo o mundo em águas tropicais e temperadas. O

limite sul de sua distribuição ocorre em Chubut na Argentina (CULIK, 2005). Registros

da espécie no Brasil ocorreram no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro

(SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993; CHEREM et al., 2004). Também existem

registros de avistagens para a Paraíba e Espírito Santo e relatos de encalhes desde a

Região Nordeste até o sul do Brasil (SICILIANO et al., 2006). Nos relatórios de

monitoramento da biota das prospecções sísmicas foram observados 6 registros de

avistagem nas áreas 1 e 4.

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Sotalia guianensis – Tucuxi ou Boto-Cinza

O boto-cinza é encontrado mais comumente em águas costeiras e estuarinas ao

longo da costa oeste do Oceano Atlântico (JEFFERSON et al., 1993). Sua distribuição é

continua deste Florianópolis, Santa Catarina, até a Nicarágua (HARDT, 2005). Na costa

norte do Rio de Janeiro são observados desde a Barra de São João até o limite norte da

região da Bacia de Campos (SICILIANO et al., 2006). As avistagens da espécie

confirmam que, em Santa Catarina, esta ocorre durante todo o ano em águas rasas e

protegidas (SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993). No litoral catarinense a presença de

filhotes ocorre o ano todo, mas sofre um aumento significante nas estações quentes

(DAURA-JORGE et al., 2005). Nas pesquisas sísmicas analisadas foram identificados

35 registros da espécie, todas no litoral nordeste do país, nas bacias de Camamu-

Almada, Sergipe-Alagoas (SEAL) e Ceará.

Stenella frontalis – Golfinho-pintado-do-Atlântico

Esta espécie ocorre sobre a plataforma continental e talude até 1000m de

profundidade. A área de abrangência ao sul corresponde à região influenciada pela

Convergência Subtropical. A distribuição de S. frontalis no Atlântico Sul Ocidental é

descrita como contínua, da costa central da América do Norte (50°N), através do Caribe

e ao longo da costa Norte e Leste da América do Sul. No Brasil parece ser abundante no

litoral sudeste e sul, mas nenhum registro da espécie foi relatado entre 6 e 21°S.

(MORENO et al., 2005). A região ao norte da Bacia de Campos parece ser o limite

norte da distribuição da espécie da população sul. Nessa área a ocorrência de avistagens,

encalhes e capturas acidentais é relativamente comum (SICILIANO et al., 2006). Os

registros S. frontalis identificados nos monitoramentos da biota marinha durante as

pesquisas sísmicas somaram 130 avistagens, nas regiões de plataforma e talude das

bacias de Santos, Campos, Potiguar e Ceará.

Stenella attenuata – Golfinho-pintado-Pantropical

O Golfinho-pintado-Pantropical é encontrado em oceanos tropicais, subtropicais

e temperados quentes em todo o mundo. Tem sido observado em águas profundas além

da quebra da plataforma. Na costa brasileira foram avistados até os 22oS, em águas

profundas, em geral além da quebra da plataforma (MORENO et al., 2005). Habitam

águas profundas entre o talude e 4500m e parecem não ocorrer sobre a plataforma

continental (SICILIANO et al., 2006). Durante as prospecções sísmicas analisadas

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foram registradas 62 avistagens da espécie, localizadas nas bacias sedimentares de

Santos, Campos, Jequitinhonha, Camamu-Almada, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão

e Foz do Amazonas.

Stenella clymene – Golfinho-de-climene

Esta espécie distribui-se no Atlântico Sul Ocidental além da plataforma

continental, principalmente sobre o talude ou em águas profundas. A área sul de

abrangência da espécie é o Estado do Rio Grande do Sul (29°58’S), no sul do Brasil,

mas mesmo nesta área a espécie é considerada incomum (MORENO et al., 2005). É

observada principalmente em águas tropicais da costa nordeste do Brasil, em águas

profundas, desde 1000m até 4500m (SICILIANO et al., 2006). Durante o

monitoramento da biota nas pesquisas sísmicas foram registradas 21 avistagens da

espécie, nas bacias de Santos, Campos e Foz do Amazonas.

Stenella longirostris – Golfinho Rotador

O golfinho-rotador tem uma distribuição tropical e temperada nos oceanos

Atlântico, Pacífico e Índico, ocorrendo preferencialmente em águas pelágicas e costeiras

profundas, com limites de distribuição perto dos 30o norte e sul (JEFFERSON et al.,

1993). Tendem a ser avistados na plataforma externa e além do talude (ZERBINI et al.,

2004; MORENO et al., 2005). No Brasil, a presença da espécie foi confirmada nos

estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,

Paraíba, Pernambuco, Ceará e Piauí (CASTELLO & PINEDO, 1986; DANIEL,

FIORETTI & REBELO ROCHA, 1992; SANTOS & DITT, 1994; SECCHI &

SICILIANO, 1995; MORENO et al, 1996; SAMPAIO & REIS, 1998; SOTO &

CASECA-SANTOS, 1999; ZERBINI & KOTAS, 1998). Apesar de existirem avanços

sobre a compreensão da distribuição das diferentes espécies do gênero na costa

brasileira (FERTL et al., 2003; MORENO et al., 2005) não existem informações sobre a

estrutura populacional ao longo do litoral brasileiro. O arquipélago de Fernando de

Noronha (PE) é conhecido por abrigar uma população residente, a qual tem sido

estudada com relação ao comportamento (SILVA-Jr., 1996; SILVA-Jr. et al., 2005).

Apesar de se ter informações sobre grupos de 3 a 2094 animais ocupando quase que

diariamente a Baía dos Golfinhos (SILVA & SILVA-Jr., 2004), ainda não existem

estimativas confiáveis do tamanho total da população. No Nordeste têm sido observados

grupos mistos da espécie com Stenella attenuata e no Sudeste, com S. frontalis

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(MORENO et al., 2000). Esta espécie foi registrada em 81 avistagens nas prospecções

sísmicas, principalmente na região do talude e áreas oceânicas de todas as 4 áreas de

estudo.

Stenella coeruleoalba – Golfinho-listrado

O golfinho-listrado possui uma distribuição cosmopolita, ocorrendo em águas

tropicais e sendo a única espécie dentro do gênero que possui registros regulares em

águas temperadas (ARCHER & PERRIN, 1999). Esta é a espécie do gênero Stenella

menos conhecida no Atlântico Sul Ocidental. Poucos registros foram efetuados na costa

leste da América do Sul. Os registros validos foram obtidos em águas relativamente

próximas à costa e rasas (<200m), mas é improvável que esta espécie se limite apenas á

zonas costeiras do Atlântico Sul Ocidental (MORENO et al., 2005). Durante os

monitoramentos da biota nas atividades sísmicas, apenas 7 registros da espécie foram

identificados, nas bacias de Santos, Campos e Ceará.

Steno bredanensis – Golfinho-de-dentes-rugosos

O golfinho-de-dentes-rugosos tem sido descrito como uma espécie pelágica,

encontrada em muitos oceanos do mundo (WEST, 2002). A espécie esta presente em

quase todas as regiões tropicais e subtropicais. Apesar de ser considerado um golfinho

oceânico por diversos autores (JEFFERSON et al., 1993; WÜRSIG et al., 2000;

REEVES et al., 2002), no Brasil tem sido freqüentemente registrado perto da costa

(LODI & HETZEL, 1998). Estudos voltados para a sua alimentação reforçam a

distribuição da espécie sobre a plataforma continental (SANTOS & HAIMOVICI,

2001). A espécie já foi registrada do Ceará (MONTEIRO-NETO et al., 2000) ao Rio

Grande do Sul (OTT & DANILEVICZ, 1996), tendo sido avistada no Banco de

Abrolhos (WEDEKIN et al., 2004) e regularmente dentro da Baía da Ilha Grande, RJ

(HETZEL et al., 1994; LODI & HETZEL, 1999). Nas prospecções sísmicas avaliadas

foram identificados 5 registros da espécie, distribuídos entre as áreas 1, 3 e 4, nas

regiões de plataforma continental e talude.

Tursiops truncatus – Golfinho Nariz de Garrafa

O golfinho-nariz-de-garrafa, conhecido também como golfinho-flipper ou boto,

é um delfinídeo de ampla distribuição, ocorrendo em zonas tropicais e temperadas de

todo o mundo. É uma espécie com grande plasticidade comportamental, ocupando

diferentes hábitats desde regiões costeiras, lagoas, estuários e mares internos até águas

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pelágicas e ilhas oceânicas. No Atlântico Sul Ocidental, distribui-se desde o Caribe até a

Província de Chubut, Argentina (MERMOZ, 1977). Em águas oceânicas, o limite norte

de sua distribuição estende-se até o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (SKAF &

SECCHI, 1994; CAON & OTT, 2000). No sul do Brasil, ocorre freqüentemente em

águas costeiras, penetrando em estuários e rios (PINEDO et al., 1992). A espécie pode

ser facilmente avistada nas águas costeiras de Santa Catarina, onde esta adentra as bocas

de rios, lagoas e manguezais (SIMÕES-LOPES & XIMENEZ, 1993; CHEREM et al.,

2004). Em Laguna, a pesca cooperativa entre golfinhos e pescadores pode ser

comumente observada (PETERSON et al., 2008) Nos relatórios de monitoramento da

biota foram identificados 173 registros de avistagens de T. truncatus distribuídos em

todas as áreas de estudo, tanto em regiões costeiras como oceânicas.

ORDEM SIRENIA

Trichechidae

Trichechus manatus – Peixe-boi-marinho

No Brasil considera-se o peixe-boi-marinho como desaparecido do litoral dos

estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe (IBAMA, 2001). Ao longo dos demais

estados da região NE existem áreas de descontinuidade de ocorrência da espécie, entre

Barra de Camaragibe/AL e Recife/PE, entre Iguape/CE e Jericoacoara/CE. No litoral

Norte a espécie não ocorre mais no Delta do Parnaíba/MA e Lençóis Maranhenses/MA

e apresenta alternâncias de ocorrência do Golfão Maranhense, nas reentrâncias do MA e

PA, no litoral do Amapá e no Golfão Amazônico (LUNA et al., 2008). Apenas 4

registros de peixe-boi-marinho, localizados bem próximo a costa do Ceará, foram

identificados nas pesquisas sísmicas avaliadas.

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Análise de Ocorrência e Diversidade

Para avaliar a existência de diferenças significativas na ocorrência de mamíferos

marinhos, as taxas de avistagens foram comparadas entre as áreas de ocorrência e os

anos através do teste de Kruskal-Wallis. Foram detectadas diferenças significativas

entre as taxas médias de avistagem para cada área de estudo (Kruskal-Wallis: H

=10,44955 p =0,0151; Figura 25).

Mean Mean±SE Mean±SD 1 2 3 4

Área

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

Ta

xa d

e A

vist

agem

(in

divi

duos

/dia

)

Figura 25. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos por dia entre as áreas de estudo durante os

monitoramentos na prospecção sísmica.

Mean Mean±SE Mean±SD 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Ano

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

Ta

xa d

e A

vist

agem

(in

divi

duos

/dia

)

Figura 26. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos por dia entre os anos de estudo durante os

monitoramentos na prospecção sísmica.

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O teste de Kruskal-Wallis para as taxas de avistagens entre os anos, não detectou

diferença significativa (p= 0,0790) (Figura 26).

Também foram comparadas as taxas de avistagem para odontocetos e misticetos,

entre anos e áreas. Para os odontocetos nenhuma diferença significativa foi observada,

ao contrário os misticetos apresentaram taxas diferentes entre as áreas de estudo, mas

não entre os anos (Tabela 5). Dentro da mesma área através dos anos não foi observada

diferença significativa nos valores das taxas de avistagens (Tabela 6).

Tabela 5. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para as taxas de avistagens de odontocetos e misticetos,

comparados entre anos (2000 a 2008) e áreas de prospecção sísmica (1 a 4).

Odontocetos Misticetos

Áreas Anos Áreas Anos

Kruskal-Wallis p 0,4147 0,2687 0,0016 0,1923

Tabela 6. Resultados do teste de Kruskal-Wallis para as taxas de avistagens de odontocetos e misticetos,

comparados para cada área de prospecção sísmica entre os anos (2000 a 2008).

Kruskal-Whalis p

Área 1 0,5174

Área 2 0,3958

Área 3 0,1432

Área 4 0,1863

Foram detectadas diferenças significativas entre os valores das taxas de

avistagem registradas antes e depois da padronização das planilhas de coleta de dados

pelo IBAMA (Figura 27; Teste U de Mann-Whitney, p = 0,026035), o que demonstra

que a maneira como os dados foram coletados interfere nos resultados.

A ordenação das amostras para as análises de similaridade através do MDS

(Figura 28) mostra uma maior similaridade entre os dados coletados na área 1, os dados

da área 4 encontram-se levemente agrupados, e as áreas 2 e 3 não possuem um padrão

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definido. Este resultado pode estar sendo influenciado pelo número de pesquisas

sísmicas realizados em cada área, visto que a área 1 foi a área mais amostrada entre

2000 e 2008. Entre os anos de estudo não foi observado nenhum padrão de agrupamento

entre as amostras, o que reflete a ausência de diferenças significativas entre o número de

espécies observadas pelos observadores de bordo ao longo dos anos.

Mean Mean±2*SE Mean±0,95*SD

Antes de 2005 Depois de 2005-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Tax

a d

e A

vist

agem

(in

divi

duos

/dia

)

Figura 27. Taxas de avistagens de mamíferos marinhos registradas antes e depois da padronização das

planilhas de coleta de dados na prospecção sísmica pelo IBAMA.

Figura 28. Escalonamento multidimensional (MDS) dos dados de presença e ausência das espécies de

mamíferos marinhos durante as prospecções sísmicas entre 2000 e 2008.

Transform: Presence/absenceResemblance: S17 Bray Curtis similarity

AREA1234

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2002

2005

2006

2007

2002

2003

20002002

2003

20042007

2D Stress: 0,12

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64

Para testar as diferenças existentes entre as amostras de cada área e ano foi usado

um procedimento simples de permutação não-paramétrica aplicado á matriz de

similaridade das amostras, a análise de similaridade (ANOSIM). Os resultados (Tabela

7) mostram uma diferença significativa apenas entre as áreas 1 e 2, e 1 e 4. Sendo que a

diferença entre as áreas 1 e 4 é mais expressiva, mostrando uma maior dissimilaridade

entre os a riqueza de espécies observadas para estas áreas. Este resultado, de certa

forma, já era esperado visto que as áreas 1 e 4 representam os extremos em termos

latitudinais, área 4 mais ao norte e área 1 mais ao sul da região estudada.

Tabela 7. Níveis de significância encontrados na Análise de Similaridade (ANOSIM) entre as áreas de

estudo.

Grupos Valor de

R Nível de Significância % 1, 2 0,303 4,9 1, 3 0,242 16,4 1, 4 0,605 0,4 2, 3 -0,321 86,7 2, 4 0,178 15,9 3, 4 0,391 14,3

A similaridade média para a área 1 foi de 53,16 e as espécies que mais

contribuíram para essa semelhança foram Tursiops truncatus (14,12%), Megaptera

novaeangliae (13,86%), Balaenoptera acutorostrata (12,49%) e Physeter

macrocephalus (12,49%). A área com a segunda maior média de similaridade foi a área

4 (44,67) e a espécie que mais contribuiu para este resultado foi Tursiops truncatus com

mais de 70%.

Foram construídas três curvas de acumulação de espécies, uma curva geral para

todo o litoral brasileiro onde foram realizadas pesquisas sísmicas, outra para a área 1 de

estudo, e a terceira curva foi construída agrupando-se os dados das áreas 2, 3 e 4, que

possuíam pouquíssimas amostras em relação a área 1 (Figura 29).

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65

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

número de amostras

núm

ero

acum

ulad

o d

e es

péci

es

Todas as Areas

Area 1

Areas 2, 3 e 4

Figura 29. Curvas de Acumulação de Espécies aplicada aos dados de presença e ausência das espécies de

mamíferos marinhos nas áreas de realização de sísmica.

Nenhuma das curvas construídas chega a estabilizar completamente, isto indica

que nem todas as espécies que ocorrem no litoral brasileiro foram amostradas durante as

atividades de prospecção sísmica analisadas. Realmente para o litoral brasileiro temos

registros de 43 espécies de cetáceos (IBAMA, 2001; PINEDO et al., 2002a) e nos

relatórios analisados contabilizamos apenas 25 espécies de cetáceos e 1 de sirênio. É

interessante notar que a curva da área 1 possui número médio de espécies maior que a

curva geral para todas as áreas. Apesar de a curva de acumulação de espécies minimizar

o efeito do esforço amostral, fica claro que a grande concentração de pesquisas sísmicas

na área 1 influencia fortemente os resultados.

De qualquer maneira fica evidente que existe um maior número de espécies

ocorrendo em direção à área 1, ou seja, nas maiores latitudes. As áreas 2, 3 e 4

apresentaram um número de espécies menor em relação a área total onde foram

realizadas prospecções sísmicas.

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66

Comparação das Diversidades Observadas: prospecção

sísmica x pesca

Foram selecionados e recuperados do SIMMAM dados de avistagem de

mamíferos marinhos coletados por observadores de bordo da pesca entre os anos 2001 e

2005, ocorrentes nas áreas definidas como 1 e 2 , e foram calculados os valores de

riqueza e diversidade (Índice de Margalef). O mesmo procedimento ocorreu com os

dados de avistagem dos observadores de bordo da prospecção sísmica. Os resultados

foram plotados ano a ano para a comparação dos valores encontrados. A variação dos

valores de riqueza em ambas as atividades foram bastante próximos (Figura 30 e Figura

31). A pesar da variação da riqueza observada entre as duas atividades ser bastante

próxima, a composição das espécies muda ano a ano entre as duas atividades (Tabela 8).

Areas 1 e 2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2001 2001 2002 2002 2003 2003 2004 2004 2005 2005 2006

Riq

ueza

(S

)

S(pesca)

S(sísmica)

Figura 30. Variação dos valores de riqueza obtidos a partir de monitoramento da biota na prospecção

sísmica e na pesca.

Areas 1 e 2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2001 2001 2002 2002 2003 2003 2004 2004 2005 2005 2006

Div

ersi

dade

(D

Mg)

DMg(pesca)

DMg(sísmica)

Figura 31. Variação dos valores de diversidade (Índice de Margalef) obtidos a partir de monitoramento

da biota na prospecção sísmica e na pesca.

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67

Tabela 8. Ocorrência de cetáceos nos anos coincidentes de realização de monitoramento nas atividades

sísmicas (Sm) e pescarias (Pc), nas áreas 1 e 2.

2001 2002 2003 2004 2005

Sm Pc Sm Pc Sm Pc Sm Pc Sm Pc

Balaenopteridae

Balaenoptera acutorostrata � � � � � � � �

Balaenoptera bonaerensis � �

Balaenoptera borealis � � � � �

Balaenoptera edeni � � � � �

Balaenoptera physalus � �

Megaptera novaeangliae � � � � � � � �

Balaenidae

Eubalaena australis � � Physeteridae

Physeter macrocephalus � � � � � �

Delphinidae

Delphinus delphis � � � � �

Feresa attenuata �

Globicephala macrorhynchus � � �

Globicephala melas �

Grampus griseus � � �

Orcinus orca � � � �

Peponocephala electra � �

Pseudorca crassidens � � �

Sotalia guianensis � �

Stenella attenuata � � � � � � � � �

Stenella clymene � � �

Stenella coeruleoalba � � � � � � �

Stenella frontalis � � � � � �

Stenella longirostris � � � � �

Steno bredanensis �

Tursiops truncatus � � � � � � � �

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68

(A)

(B)

Figura 32. Avistagens de mamíferos marinhos registradas pelos observadores de bordo na prospecção

sísmica (A) e na pesca (B) entre os anos 2001 e 2005.

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69

Avaliação do SIMMAM

Os dados validados provenientes dos Relatórios de Monitoramento da Biota na

prospecção sísmica foram inseridos no SIMMAM, na conta do CMA/SC. O mapa da

Figura 33 foi gerado pelo sistema e indica as avistagens de mamíferos marinhos ao

longo da costa brasileira entre os anos de 2000 e 2008.

Figura 33. Visualização de avistagens cadastradas no SIMMAM, provenientes das atividades de

prospecção sísmica realizadas entre 2000 e 2008 (Dados inserido em 23/03/2009).

Nem todas as informações contidas nos relatórios da prospecção sísmica

puderam ser incorporadas ao banco de dados do SIMMAM, pois não haviam campos

específicos para isso. A Tabela 9 mostra uma comparação ente os campos de registro de

dados da planilha do SIMMAM e da planilha padrão do IBAMA (P13A e P13B). Os

registros em destaque indicam os campos comuns em ambas as planilhas. Somente as

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70

informações referentes à avistagens foram inseridas no sistema, os dados sobre esforço

não foram incorporados.

Tabela 9. Comparação entre a planilha do SIMMAM e a planilha padrão adotada pelo IBAMA para

coleta de dados de avistagem durante as prospecções sísmicas. Variáveis em negrito são as que estavam

presentes em ambos os formatos.

Planilha SIMMAM Planilha Padrão IBAMA Observador - Data Data Data confiável - Hora Hora Lat. Lat. Long. Long. Local de observação Profundidade Posição na embarcação Rumo do navio Espécie Espécie Confiança Confiança Número mínimo Número de adultos Melhor estimativa Número de filhotes Número máximo Comportamento Tempo - Velocidade Vento - Estado do Mar Estado do mar Reflexo Visibilidade Estado do animal Ondulação Comentários Desenho esquemático Material Coletado Status air gun Tombamento Tempo de interrupção da atividade Interação pesca -

Avi

stag

em

Publicação -

Data Data Tipo observação - Observador - Embarcação Tempo total (Hf-Hi) Altitude Tempo de avistagem com disparos Lat. inicial - Long. inicial - Lat. final - Long. final - Hora inicial Hora inicial Hora final Hora final Tempo - Veloc. Vento - Direção Vento - Estado do Mar - Reflexo -

Esf

orço

Inform. Add. Obs./Comentarios

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Algumas informações essenciais como número da licença, empresa, nome da

embarcação e comportamento registrado, foram inseridas no SIMMAM no campo

“comentários”. As demais informações ocorrentes nas planilhas utilizadas antes da

padronização em 2005, foram inseridas no SIMMAM nos campos correspondentes e

muitas informações não puderam ser cadastradas.

Com a implementação da planilha padrão do IBAMA para a atividade de

monitoramento da biota marinha, algumas informações coletadas anteriormente por

algumas empresas foram perdidas. A listagem abaixo elenca as informações descartadas

com a padronização da coleta de dados:

• Vento velocidade/direção • Tipo de avistagem • Tempo Inicial • Tempo Final • Tamanho dos animais • Tempo total de avistagem • Tempo de operação dos air guns • Tipo de Atividade da embarcação (Prospecção sísmica/Apoio) • Reflexo • Pressão do ar • Potencia dos air guns • Nome dos Observadores • Número mínimo de animais • Número máximo de animais • Número de Licença de Pesquisa Prospecção sísmica • Lat/Long Inicial – do esforço • Lat/Long Final – do esforço • Hora final da avistagem • Informações de Foto/Vídeo • Estado do Mar Inicial – do esforço • Estado do Mar Final – do esforço • Nome da Embarcação • Distância entre barco de apoio e navio de prospecção sísmica • Distância entre animais e barco de apoio • Descrição da espécie • Bloco • Bacia • Distância entre animais e navio de prospecção sísmica • Rumo Avistagem

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72

DISCUSSÃO

O aperfeiçoamento da metodologia de monitoramento da biota marinha

acompanhou a evolução das normas ambientais referentes ao licenciamento da atividade

de prospecção sísmica. Considerando que a padronização dos dados ocorreu só em

2005, temos 6 anos de coleta de avistagens de maneira irregular e não controlada. O

grande passo para aumentar o controle e a regulamentação da atividade ocorreu em

2004 com o lançamento do Guia de Monitoramento da Biota Marinha e da Resolução

CONAMA nº350 (VILARDO, 2007), a partir daí os procedimentos vêm sendo

aperfeiçoados a cada rodada de licitação de blocos de exploração de petróleo e gás,

visando minimizar os possíveis impactos da atividade de aquisição de dados sísmicos

no ambiente marinho.

A abordagem multidisciplinar adotada pelo IBAMA para garantir que as licenças

emitidas sejam avaliadas por técnicos de diversos setores (MMA, IBAMA e ICMBio),

permite uma definição mais acurada de áreas de exclusão da atividade, sejam elas

temporárias os permanentes. Talvez essa seja a medida mitigadora aplicada pelo

governo brasileiro que mais resguarda o meio ambiente a seus componentes das ações

antrópicas. Mesmo sabendo que os ruídos subaquáticos se propagam de forma diferente

no ambiente marinho, visto sua ampla variabilidade topográfica e batimétrica, a

exclusão de áreas minimiza os impactos diretos provocados pelas explosões acústicas.

O uso de observador de bordo é uma estratégia útil para minimizar os impactos

da emissão de ruídos no meio marinho (WEIR et al., 2006; JOHNSON, 2002).

Entretanto a observação direta de mamíferos marinhos e seus comportamentos é

influenciada por diferentes fatores tanto ambientais como de nível de experiência dos

observadores de bordo. As forçantes oceanográficas e climáticas influenciam fortemente

o poder de observação (PINEDO et al., 2002b), em alguns casos impossibilitando a

visualização e identificação dos animais (BARLOW & GISINER, 2006). Entretanto,

não há duvidas sobre a importância de se considerar a atividade de observador de bordo

como uma importante fonte de dados de ocorrência e distribuição de animais marinhos,

visto a abrangência temporal e espacial da atividade de prospecção sísmica.

Os resultados deste trabalho são conseqüência do esforço de diversos

observadores de bordo (n>100), que passaram pelas empresas de prospecção sísmica ao

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longo dos anos. É importante notar que uma atenção especial deve ser dada à formação

e qualificação destes profissionais por parte dos órgãos responsáveis visando o

aprimoramento das informações geradas. Deve-se lembrar que as observações de

mamíferos marinhos na prospecção sísmica são plataformas de oportunidade, e não

cruzeiros de detecção de animais. Com isso, a abrangência das observações registradas

para este trabalho obedeceu às áreas de E&P licenciadas para a atividade e não a um

desenho amostral bem distribuído na costa brasileira. Além disso, cerca de 40% do

material gerado pelos observadores de bordo não foi encontrado no Centro de

Documentação da CGPEG, representando uma importante perda de informações. A

utilização de dados coletados com diferentes tipos de esforço amostral gera fortes

tendências de erro na comparação entre os índices de diversidade (DIAS, 2004).

Para o estudo da ocorrência de mamíferos marinhos na costa brasileira

conseguiu-se determinar os dias de mar de cada pesquisa sísmica e com isso estabelecer

taxas de avistagem por dia, ou seja, a quantidade de animais registrados em cada dia de

trabalho, para cada pesquisa sísmica. Com isso conseguiu-se comparar as taxas de

avistagens encontradas em cada área e ano de estudo. De uma maneira geral foram

detectadas diferenças significativas nas taxas de avistagens entre as áreas de estudo,

com maiores valores para as áreas 1 e 2. Já entre os anos esta diferença não foi

percebida. De qualquer forma podemos considerar os anos 2002 e 2006 como anos de

maior relato de ocorrência de mamíferos marinhos. Separando os dados entre

odontocetos e misticetos, novamente não observamos variações significativas entre os

anos de estudo. Entretanto para os misticetos foram observados diferenças significativas

entre as áreas de estudo. Isso mostra que a diferença observada na taxa geral entre as

áreas pode estar sendo influenciada principalmente pelos misticetos, já que estes

possuem uma maior freqüência de avistagens.

Nos Relatórios de Monitoramento da Biota foram identificadas 26 espécies de

mamíferos marinhos, que variam na sua composição entre as 4 áreas de estudo pré-

definidas. Estudos sobre a diversidades de espécies têm sido usados como ferramenta

para análises de impacto ambiental (PARENTE, 2008; WARMICK, 1993; PAOLETTI,

1999; RAINIO & NIELMELÄ, 2003). Entretanto, existem pouquíssimos estudos

focando a relação entre diversidade de mamíferos marinhos e a realização de pesquisas

sísmicas no Brasil (PARENTE & ARAÚJO, 2005; PARENTE et al., 2007). Segundo

Odum (1983), o conceito de diversidade de espécies possui dois componentes, a

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riqueza, baseada no número total de espécies presentes, e a uniformidade, baseada na

abundância relativa de espécies. Dessa forma a abordagem para cada tipo de estudo

pode ser diferente. Diversos fatores naturais podem controlar a diversidade de

mamíferos marinhos nos oceanos. Fatores como temperatura da água e distribuição da

produtividade primária são determinantes no padrão de distribuição dos mamíferos

marinhos (BAUMGARTNER, 1997). Similarmente, a disponibilidade de presas

influencia a ocorrência e distribuição de golfinhos e baleias (SYKES, 2002), assim

como os processos migratórios amplamente conhecidos para os misticetos.

A análise da riqueza e diversidade de espécies mostrou variações significativas

somente entre as áreas de estudo, com tendência de aumento no número de espécies em

direção as maiores latitudes. A tendência de aumento da diversidade de mamíferos

marinhos em direção as áreas mais frias já foi observada por outros estudos. Através da

ferramenta MapIt da FAO (1996), é possível observar uma maior riqueza de espécies ao

se comparar as áreas entre 10ºN e 20ºS (29 espécies) e 20ºS e 40ºS (36 espécies).

Withehead et al. (2008) evidenciou relações entre a temperatura da superfície do oceano

e a diversidade de cetáceos no oceano pelágico, sugerindo que maiores diversidades são

naturalmente encontradas em latitudes intermediárias. Este padrão é o inverso do que o

senso comum considera, ou seja, a literatura de ecologia em geral diz que a diversidade

das espécies diminui em direção as zonas mais frias (ODUM, 1988).

Parente (2008) calculou índices de diversidade de cetáceos (índice de Shannon-

Wierner) para o período de 1999 a 2004 e os valores encontrados demonstraram uma

pequena variação ao ano, com redução nos anos 2000 e 2001. No presente estudo não

foram identificados padrões de similaridade das amostras entre os anos.

As pesquisas sobre a diversidade de espécies em ecossistemas pelágicos são

bastante escassas, com lacunas de informações sobre predadores de topo, como os

cetáceos. Walker (2005) usou fatores oceanográficos para predizer áreas de grande

concentração de diversidade de cetáceos e evidenciou a importância de habitats de

quebra de plataforma, com alta declividade e profundidade para a diversidade de

espécies de golfinhos. Através da compilação das avistagens realizadas na prospecção

sísmica é possível observar esta mesma tendência, em que grande parte das avistagens

está localizada nas bordas da plataforma continental. Com isso evidencia-se um

problema amostral, também observado para os dados provenientes da pesca, onde o

esforço amostral não é bem definido e com isso as áreas de abrangência da atividade

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não são claramente identificadas. Sem a definição destas áreas não é possível

estabelecer os locais onde efetivamente não ocorrem avistagens.

Embora os misticetos possuam uma riqueza de espécies menor que os

odontocetos, o número de avistagens deste grupo foi maior. A grande maioria dos

registros refere-se à Megaptera novaeangliae e este fato pode estar relacionado com a

realização dos estudos sísmicos nas épocas de concentração reprodutiva da espécie, e

com o expressivo comportamento das Jubartes na superfície (CLAPHAM & MEAD,

1999; FÉLIX & HAASE, 2001), realizando saltos, exposições de nadadeira caudal e

peitoral, entre outros. Os registros das baleias de Bryde e Minke Anã regularmente

relatados para áreas costeiras do sudeste do Brasil (SICILIANO et al., 2004;

MAGALHÃES et al., 2006) também podem ser observados em águas mais profundas,

fora da plataforma continental. Os únicos dados de misticetos considerados inválidos

foram registros de Baleias Jubarte localizados em terra. Assim, pode-se supor que exista

erro embutido nos dados, mas com a informação disponível nas fichas de avistagens não

é possível se identificar tais erros. Determinar a que distância um observador experiente

pode determinar com segurança a qual espécie corresponde um animal do gênero

Balaenoptera, é algo que varia de acordo com a experiência do observador, as

condições ambientais e características de cada espécie.

Entre os odontocetos houveram muitas avistagens de Tursiops truncatus

amplamente distribuídas nas áreas de estudo, e apenas 3 foram consideradas invalidas.

Esta é uma espécie de ampla distribuição (IBAMA, 2001) que ocupa desde regiões

costeiras até águas pelágicas e ilhas oceânicas. As avistagens de Sotalia guianensis

restringiram-se a águas rasas do litoral nordeste do Brasil, 2 registros efetuados pelo

mesmo observador durante a mesma PS, foram invalidados por estarem em regiões

oceânicas, além da quebra da plataforma e provavelmente identificados

equivocadamente. Esta espécie é tipicamente costeira, entretanto já foi observada até a

70 Km de distância da costa, em Abrolhos (ROSSI-SANTOS, 2006).

O gênero Delphinus conhecido por ser abundante em águas oceânicas

(JEFFERSON et al., 1993) foi pouco registrado durante o monitoramento da biota na

prospecção sísmica. Este fato pode estar relacionado a identificações equivocadas. Uma

revisão sobre a distribuição de Delphinus spp. no Oceano Atlântico ocidental mostra

que ao longo da costa leste da América do Sul estes animais estão restritos ao sul de

20ºS, diferente dos padrões de distribuição comumente aceitos para o gênero

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(JEFFERSON et al., 2009), pois eram facilmente confundidos com outros delfinideos.

Se a identificação errônea de Delphinus ssp. também ocorreu por parte dos

observadores de bordo, é possível que a distribuição e/ou abundância do mesmo seja

maior do que pode ser registrada neste trabalho.

Os registros de Stenella durante o monitoramento na prospecção sísmica, foram

bastante coincidentes com os resultados sobre a distribuição do gênero descrita por

Moreno et al. (2005) e Davis et al. (1998), com S. frontalis ocorrendo sobre a

plataforma continental e talude até 1000m de profundidade. Já S. attenuata, S. clymene,

S. longirostris e S. coeruleoalba foram observadas em áreas mais profundas, além da

quebra da plataforma, mas também com alguns registros em zonas costeiras.

É sabido que as alterações antrópicas nos oceanos podem causar variações na

ocorrência e diversidade de mamíferos marinhos. Cañada et al. (2006) relacionou

alterações na distribuição e abundância de Delphinus delphis e Tursiops truncatus com

o aumento de atividades como tráfego de embarcações e cultivos de peixes. Entretanto

os resultados apresentados aqui corroboram o padrão normal esperado para as espécies,

não indicando alterações de origem humana.

A comparação entre os dados provenientes do monitoramento de mamíferos

marinhos na prospecção sísmica e na pesca mostraram uma relação bastante

interessante. Ao contrário da prospecção sísmica, os dados da pesca não puderam ser

agrupados em relação aos cruzeiros dos quais foram provenientes, pois no SIMMAM

não haviam informações que possibilitassem a identificação de cada cruzeiro. De uma

maneira geral a plotagem dos valores de riqueza e diversidade média de espécies

determinada entre 2001 e 2005 com os dados presentes nas áreas 1 e 2 de estudo,

mostrou uma variação bastante semelhante no número de espécies detectadas, embora a

prospecção sísmica tenha registrado um número total de espécies maior que a pesca.

Provavelmente isto se deu em função da diferença nos esforços de observação, nas

embarcações de prospecção sísmica a plataforma de observação esta a uma altura maior

que nas embarcações pesqueiras, o que amplia o campo de visão do observador. Ao

observarmos a composição das espécies registradas por cada atividade pode-se notar

algumas diferenças. Para os anos e áreas selecionados para comparação os Delphinus

delphis foram registrados somente durante as pescarias, e as espécies Balaenoptera

bonaerensis, Eubalaena australis, Fersessa attenuata, Globicephala macrorhynchus, G.

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77

melas, Grampus griseus, Stenella clymene e Steno bredanensis foram observadas

apenas durante as atividades sísmicas.

Os resultados mostram que apesar cada uma das atividades possuírem uma

metodologia diferente para o monitoramento de mamíferos marinhos, com diferenças

nas áreas de atuação, número de observadores de bordo, tipo de planilha de coleta de

dados, posição do observador na embarcação, entre outras, o resultado final em relação

à variação do número de espécies percebidas pelas duas atividades é bastante

semelhante. Observou-se que os dados de avistagens da pesca são mais costeiros e

distribuem-se mais ao sul em comparação aos da prospecção sísmica.

Sistemas de Informação Geográfica tem sido amplamente aplicados na gestão

ambiental, para iniciativas de conservação e/ou monitoramento. O Programa Nacional

de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite – PREPS (SPERB et al.,

2007) utiliza um sistema de informação baseado na web e tecnologias open source, para

monitorar alguns tipos de pescarias. Os mapeamentos da sensibilidade ambiental ao

derramamento de óleo também vem sendo desenvolvidos utilizando-se os sistemas de

informação geográfica (GHERARDI et al., 2008; SILVA et al., 2008). Os sistemas

de informação do Projeto TAMAR, Projeto Baleia Franca, foram ou estão sendo

desenvolvidos pelo Laboratório de Computação Aplicada da UNIVALI, e trazem

consigo a concepção baseada em tecnologias web e o emprego de padrões de

interoperabilidade para dados geoespaciais (BUGHI, 2007).

Dentro desta mesma linha o uso do SIMMAM não só por uma rede de

pesquisadores, mas também pelos órgãos de controle ambiental, vêm de encontro com

as providências sugeridas pelo Plano de Ação para Mamíferos Aquáticos do Brasil

(IBAMA, 2001) para incrementar a conservação destes animais. Através do

estabelecimento de uma rede de informação sobre mamíferos aquáticos, ampliam-se as

possibilidades de pesquisa, monitoramento e regulamentação das atividades de

pesquisas sísmicas, aquisição de dados geofísicos no mar e de exploração petrolífera

sobre mamíferos aquáticos.

O cadastramento das avistagens provenientes da prospecção sísmica no

SIMMAM exigiu a exclusão de alguns dados importantes. Por outro lado a planilha

Padrão do IBAMA não contempla algumas informações que são suportadas pelo

SIMMAM. Dessa forma, e com base nos resultados apresentados neste trabalho,

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78

sugere-se a criação de uma tela própria para o uso dos observadores de bordo da

prospecção sísmica. Também fica como recomendação ao IBAMA que inclua nos

procedimentos de licenciamento das atividades sísmicas o uso do SIMMAM como um

método de otimização e sistematização das informações sobre mamíferos marinhos, e

principalmente para que torne mais eficiente o controle da atividade potencialmente

impactante.

O cadastro das informações referentes a uma dada licença de prospecção sísmica

poderia ser feito em nome da própria licença, considerando-a como um usuário

temporário. Dessa forma uma consulta rápida aos dados reportados por determinada

empresa em determinado período licenciado para a atividade pode ser realizada. Para

tal os campos sugeridos para inclusão das informações pelos observadores de bordo são:

Dados de Esforço Diário:

• Data

• Empresa

• Bacia/Bloco

• Observadores

• Nome da Embarcação

• Tipo de atividade (prospecção sísmica 2D, prospecção sísmica 3D, Eletromagnética)

• Hora Inicial

• Hora Final

• Posição Geográfica Inicial

• Posição Geográfica Final

• Tempo/Visibilidade

• Velocidade e Direção do vento

• Estado do Mar

• Reflexo

• Observações

Dados de Avistagens

• Data do cadastro

• Categoria: Avistagem – Prospecção sísmica (categoria sugerida)

• Nome do Observador

• Data

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79

• Hora

• Posição Geográfica (Lat. Long.)

• Profundidade

• Rumo do navio

• Tempo/Visibilidade

• Velocidade e Direção do vento

• Estado do Mar

• Reflexo

• Espécie

• Confiança

• Número mínimo

• Melhor estimativa

• Número máximo

• Filhotes

• Comportamentos

• Status do air gun (Ligados, Desligados, Testes ou Soft Start)

• Solicitação de desligamento

• Tempo de interrupção da atividade

• Desenho esquemático (indicando posição do animal em relação à fonte prospecção sísmica)

Além disso, sugere-se que as espécies e os comportamentos sejam descritivos e

não pré-sugeridos, como ocorre com a planilha padrão adotada pelo IBAMA. Existe

uma série de comportamentos subjetivos indicados na planilha que podem induzir o

observador a classificações errôneas, visto que não há parâmetros estabelecidos para a

identificação destes comportamentos. Da mesma forma a seletividade de espécies, que

aparecem na planilha para identificação, pode interferir no processo de identificação dos

observadores de bordo.

O trabalho de Parente (2008) evidenciou que apesar dos esforços que vêm sendo

empregados para padronização e otimização dos procedimentos de monitoramento da

biota marinha durante as atividades sísmicas, os resultados sobre ocorrência,

distribuição e comportamento das espécies identificadas não eram amplamente

disponibilizados para a comunidade científica. O custo da realização de cruzeiros

científicos ou sobrevôos para estudos desta natureza é bastante elevado, por isso

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resultados deste tipo de trabalho são escassos. Daí a importância de se utilizar a

embarcação de prospecção sísmica como plataforma de oportunidade para coleta de

dados e geração de informações acessíveis aos pesquisadores e principalmente aos

gestores ambientais. Com isso será possível dar melhor suporte as políticas publicas de

conservação das espécies e manejo das atividades potencialmente impactantes, como a

prospecção sísmica.

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81

CONCLUSÃO

O custo da realização de cruzeiros científicos ou sobrevôos para estudos de

ocorrência, distribuição e abundância de mamíferos marinhos é bastante elevado, por

isso resultados deste tipo de trabalho são bastante escassos. Daí a importância de se

utilizar a embarcação de prospecção sísmica como plataforma de coleta de dados.

Considerando que há obrigatoriedade de se manter uma pessoa responsável

exclusivamente pela a observação e registro de avistagens, o aperfeiçoamento da

metodologia de coleta de dados através do uso de tecnologias como o SIMMAM pode

ajudar a refinar a coleta de dados e melhor compreender a ocupação do meio marinho

pelas diferentes espécies. Além disso, é necessário estabelecer um programa de

qualificação e aperfeiçoamento dos observadores de bordo para que se possa reduzir as

identificações equivocadas e, assim, garantir a qualidade dos dados coletados e das

informações geradas.

Os procedimentos de controle da atividade sísmica no Brasil já vêm sendo

aperfeiçoados ao longo dos anos visando minimizar os impactos que podem ser

causados a biota marinha e seus habitats. A implementação do SIMMAM nos processos

de licenciamento das atividades de E&P vêm somar os esforços empregados pelo

governo brasileiro para conservação da biodiversidade e manutenção das atividades

econômicas essenciais ao desenvolvimento do país.

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ANEXOS

ANEXO 01 – Exemplos de planilhas utilizadas para monitoramento da biota

marinha durante realização das prospecções sísmicas.

Planilha P15

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97

Planilha P14

Planilha P0

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98

Planilha P4

Planilha P6

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99

Planilha P2x

Planilha P2

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100

Planilha P1

Planilha P6y

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101

Planilha P6x

Planilha P3B

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102

Planilha P11

Planilha P11x

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103

Planilha P8

Planilha P5

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104

Planilha P3A

Planilha P12

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105

Planilha P3B*

Planilha P16

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106

Planilha P10

Planilha P9