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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS MANEJO DO SOLO E SUAS INFLUÊNCIAS EM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO ELAINE REIS PINHEIRO LOURENTE DOURADOS MATO GROSSO DO SUL 2007

MANEJO DO SOLO E SUAS INFLUÊNCIAS EM ATRIBUTOS QUÍMICOS E ...livros01.livrosgratis.com.br/cp057299.pdf · 2.4 Fundamentos metodológicos da correlação canônica..... 53 3 RESULTADOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

MANEJO DO SOLO E SUAS INFLUÊNCIAS EM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

ELAINE REIS PINHEIRO LOURENTE

DOURADOS MATO GROSSO DO SUL

2007

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2

MANEJO DO SOLO E SUAS INFLUÊNCIAS EM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

ELAINE REIS PINHEIRO LOURENTE Engenheira Agrônoma

Orientadora: PROFa DRa MARLENE ESTEVÃO MARCHETTI

Tese apresentada à Universidade Federal da Grande Dourados, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Produção Vegetal, para a obtenção do título de Doutor

Dourados Mato Grosso do Sul

2007

3

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade Federal da Grande Dourados

631.452 Lourente, Elaine Reis Pinheiro L892m

Manejo do solo e suas influências em atributos químicos e microbiológicos do solo. / Elaine Reis Pinheiro Lourente. -- Dourados, MS : UFGD, 2007. 66 f.

Orientadora: Profª. Drº. Marlene Estevão Marchetti Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal

da Grande Dourados.

1. Solos – Manejo. 2. Culturas – Rotação. 3. Solos – Fertilidade. 4. Solos – Correlação. 5 Biomassa microbiana. I. Título.

4

MANEJO DO SOLO E SUAS INFLUÊNCIAS EM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

por

Elaine Reis Pinheiro Lourente

Tese apresentada como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de DOUTOR EM AGRONOMIA.

Aprovada em: 17 / 08 / 2007 Profa. Dra. Marlene Estevão Marchetti Dr. Fábio Martins Mercante UFGD – FCA Embrapa Agropecuária Oeste Orientadora Co-orientador

Prof. Dr. José Oscar Novelino Prof. Dr. Antonio Carlos Tadeu Vitorino UFGD – FCA UFGD – FCA

Co-orientador Co-orientador

5

“Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria!

Sejam quais forem os teus caminhos, pensa Nele, e Ele aplainará tuas sendas.”

Provérbios 3, 5-6.

6

Ao meu esposo, Sergio Paulo Lourente, que junto comigo conquistou esta

vitória, presente em cada momento, com a palavra certa no momento certo, paciente,

incondicionalmente companheiro, a quem sempre serei grata. À minha filha Bruna,

alegria da minha vida e razão de tudo que faço. Aos meus pais Jamil e Maria

Amélia, por todo apoio e incentivo.

DEDICO

7

AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida, por iluminar meus passos e pela oportunidade de poder estudar.

À Universidade Federal da Grande Dourados e ao programa de Pós-Graduação

em Agronomia – Produção Vegetal pela oportunidade.

À professora Dra Marlene Estevão Marchetti por toda orientação e amizade, pelas

palavras de coragem e incentivo.

Aos co-orientadores Dr. Manuel Carlos Gonçalves e Dr Antonio Carlos Tadeu

Vitorino por estarem sempre dispostos a ajudar.

Ao Dr Fábio Martins Mercante, pela co-orientação pelo apoio e ensinamentos

dado sem reserva, pelas palavras de amizade e incentivo.

Ao professor Dr. Luiz Carlos Ferreira de Souza, pela amizade e conhecimentos

transmitidos sem reserva.

Ao professor Dr. Cristiano Márcio Alves de Souza, por todo apoio nas análises

deste trabalho, por toda amizade.

Aos trabalhadores de campo e laboratório da Universidade Federal da Grande

Dourados e Embrapa Agropecuária Oeste, pela colaboração na execução dos trabalhos,

pela amizade e dedicação.

A amiga Leisy Romero, pela amizade, por todo apoio no decorrer dos meus

estudos, por todo carinho dispensado a minha filha, para que eu pudesse passar tantas horas

de dedicação à construção deste conhecimento.

A todos os professores do curso de pós-graduação, pela amizade e ensinamentos

ministrados.

A todos os colegas que direta ou indiretamente contribuíram para esta conquista.

8

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS................................................................................................ vii

LISTA DE APÊNDICES............................................................................................. viii

INTRODUÇÃO GERAL............................................................................................. ix

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA........................................................................... xii

CAPÍTULO I - SISTEMAS DE MANEJO COM ROTAÇÃO DE CULTURAS E RELAÇÕES COM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO E PRODUTIVIDADE DO MILHO.

RESUMO...................................................................................................................... 18

ABSTRACT.................................................................................................................. 19

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 20

2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 22

2.1 Caracterização da área experimental e manejo adotado......................................... 22

2.2 Sistemas de manejo avaliados e procedimento estatístico...................................... 23

2.3 Determinações químicas e microbiológicas............................................................ 25

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 26

3.1 Atributos químicos e microbiológicos do solo........................................................ 26

3.2 Estudo da correlação de Pearson............................................................................ 34

3.3 Estado nutricional das culturas de inverno e verão e produtividade do milho....... 36

3.4 Estudo da Correlação de Pearson........................................................................... 38

4 CONCLUSÕES......................................................................................................... 40

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 41

CAPÍTULO II - CORRELAÇÕES CANÔNICAS ENTRE ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

RESUMO....................................................................................................................... 48

ABSTRACT.................................................................................................................. 49

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 50

2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 52

2.1 Caracterização da área experimental e manejo adotado.......................................... 52

2.2 Amostragens ........................................................................................................... 52

2.3 Determinações químicas e microbiológicas............................................................ 53

9

2.4 Fundamentos metodológicos da correlação canônica............................................. 53

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 55

4 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 61

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 62

10

LISTA DE QUADROS CAPÍTULO I PÁG.

Quadro 1 Seqüência de rotação de culturas no período de 2002 a 2006, em

condições de plantio direto de sequeiro. Dourados-MS, 2005/6.

22

Quadro 2 Atributos microbiológicos em função do manejo e uso do solo, no período do inverno e verão. Dourados-MS 2005/6

27

Quadro 3 Atributos químicos em função do manejo e uso do solo, no período do inverno e verão. Dourados-MS 2005/6

29

Quadro 4 Coeficientes de correlação de Pearson entre atributos químicos e microbiológicos do solo submetido em diferentes condições de uso e manejo do solo. Dourados-MS 2005/6

35

Quadro 5 Teores de nutrientes foliares (g kg-1) das culturas de inverno e verão (milho). Dourados, 2005/06.

36

Quadro 6 Produtividade média (kg ha-1) do milho (verão), em função do sistema de rotação de culturas. Dourados-MS, 2005/6

37

Quadro 7 Coeficientes de correlação de Pearson entre os atributos químicos e microbiológicos do solo, estado nutricional das culturas de inverno com a produtividade do milho. Dourados-MS 2005/6

39

CAPÍTULO II

Quadro 1 Seqüência de rotação de culturas no período de 2002 a 2006, em condições de plantio direto de sequeiro. Dourados-MS, 2005/6.

52

Quadro 2 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo I e II

55

Quadro 3 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo I e II

57

Quadro 4 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo I e II

59

11

LISTA DE APÊNDICES PÁG.

Apêndice 1 Quadrados médios da análise de variância para os atributos

microbiológicos em função manejo e uso do solo. Dourados-MS. 2005/6

65

Apêndice 2 Quadrados médios da análise de variância para os atributos químicos em função manejo e uso do solo. Dourados-MS. 2005/6

65

Apêndice 3 Quadrados médios da análise de variância para os teores de nutrientes foliares (g kg-1) das culturas de inverno e verão (milho). Dourados, 2005/06.

66

Apêndice 4 Quadrados médios da análise de variância para a produtividade média (kg ha-1) do milho (verão), em função do sistema de rotação de culturas. Dourados-MS, 2005/6

66

12

INTRODUÇÃO GERAL

A conversão de um sistema natural em áreas agrícolas implica, de modo geral, numa

redução acentuada nos teores de carbono orgânico com o preparo do solo, que está

relacionada com a diminuição das adições de carbono e com as condições mais favoráveis à

decomposição da matéria orgânica nos sistemas de cultivo. Estas alterações nos teores de

carbono orgânico são afetadas especialmente pelo revolvimento e pela cobertura do solo.

Num sistema natural, o balanço entre as adições e perdas de carbono leva a um estado de

equilíbrio dinâmico, o que, de maneira geral, não se verifica em áreas de cultivo agrícola,

onde o processo de decomposição da matéria orgânica é facilitado. Após um longo período

sob manejo constante, os teores de matéria orgânica tendem novamente a um nível estável

(Mercante, 2001)

Por exercer efeitos diretos e indiretos sobre as características do solo e sobre as

plantas, a matéria orgânica do solo é crucial para a produtividade dos solos agrícolas nos

trópicos e constitui o alicerce da sustentabilidade agrícola. A adição de matéria orgânica no

solo estimula os organismos heterotróficos que podem exercer efeitos benéficos sobre o

sistema de produção, podendo estimular a biota do solo, fornecer nutrientes aos vegetais,

melhorar o condicionamento físico do solo, estimular o crescimento das plantas, além de

favorecer o equilíbrio biológico e melhorar a retenção de água (Moreira e Siqueira, 2002).

A fração viva da matéria orgânica geralmente não ultrapassa 1 a 5 % do total de

materiais orgânicos do solo. Desta, 5 a 10% são raízes, 60 – 80 % são microorganismos e

15 – 30 % são componentes da macrofauna. Portanto, a maior parte da matéria orgânica

viva do solo é protoplasma microbiano, representando a biomassa microbiana que é

definida como a parte viva da matéria orgânica do solo (Moreira e Siqueira, 2002).Os

microorganismos do solo, sua concentração e atividade representada pelo teor de CO2

liberado pela mineralização do N orgânico, são influenciados pela quantidade e qualidade

dos resíduos orgânicos adicionados e pelo preparo do solo (Vasconcellos et al.,1998).

O efeito do manejo nas propriedades físicas e química do solo afetam a biomassa e

importantes processos a ela relacionados como a decomposição da matéria orgânica e a

disponibilidade de nutrientes para as plantas (Balota et al., 2003).

13

O plantio convencional, caracterizado pelo revolvimento do solo, contribui para

reduzir a quantidade e, possivelmente, a diversidade dos microorganismos, com grande

impacto à microbiota do solo (D`Andréa et al., 2002). Geralmente há um incremento na

biomassa microbiana do solo quando o plantio convencional é substituído pelo plantio

direto, especialmente sob condições tropicais e subtropicais, podendo ser atribuído a

diversos fatores, tias como temperaturas mais amenas, alto conteúdo de umidade, solos

altamente agregados e alto conteúdo de C. Isso é possível, devido ao não revolvimento do

solo no plantio direto que, provê um constante suprimento de C orgânico à biomassa

microbiana do solo, quando comparado ao sistema convencional de preparo do solo onde

há uma redução temporária da atividade microbiana em cada preparo resultando em

grandes perdas de C como CO2 (Balota et al., 2003).

Quando o sistema nativo é substituído por pastagem, em sistema de mocultivo, pode

haver um a redução de até 49% no carbono da biomassa microbiana (D`Andréa et al.,

2002). Geralmente maiores valores da relação C-BMS: C org e N-BMS: N total são

encontrados em sistemas de rotação quando comparado com sistemas de monocultivo

(Moore et al., 2000). Neste contexto, a rotação de culturas, dentro de um sistema

conservacionista de manejo do solo, torna-se importante por favorecer a ciclagem de

nutrientes e a presença de resíduos na superfície do solo, que reduz a taxa de

decomposição, favorecendo a liberação gradual de nutrientes em sincronismo com a

necessidade da cultura, além de favorecer uma maior diversidade biológica e qualidade do

solo (Amado et al., 2000; Balota et al., 1998).

Um solo de qualidade possui atividade biológica intensa e contém populações

microbianas balanceadas. O fato de muitos microrganismos utilizarem a fração disponível

da matéria orgânica os faz sensíveis às mudanças na sua qualidade. Desta forma, a

mensuração do C da biomassa microbiana é um sensível indicador de mudanças na química

do solo e permite um monitoramento da relação entre química do solo e vegetação de

cobertura. O C da biomassa microbiana pode atuar ainda como um indicador ambiental ou

de variações no ambiente (Tótola e Chaer, 2002; Hargreaves et al., 2003).

Vários são os indicadores microbiológicos que podem fornecer uma estimativa de

qualidade do solo. Além da determinação do C-BMS, a relação entre C-BMS e C orgânico,

também denominada de quociente microbiano (qMIC), fornece uma medida da qualidade

14

da matéria orgânica. A determinação desta relação pode fornecer uma indicação do quanto

o solo está distante do seu estado de equilíbrio (Tótola e Chaer, 2002). A respiração basal

(C-CO2) é o parâmetro mais freqüentemente utilizado para avaliar a atividade microbiana,

estando, muitas vezes, relacionada com a disponibilidade de carbono na biomassa

(Mercante, 2001), podendo ser indicativo de alta atividade biológica e rápida decomposição

de resíduos orgânicos (Tótola e Chaer, 2002). O Quociente metabólico (qCO2), representa a

quantidade de CO2 liberado por unidade de biomassa microbiana em determinado tempo. À

medida que uma determinada biomassa microbiana se torna mais eficiente, menos carbono

é perdido como CO2 pela respiração e uma fração significativa de C é incorporada ao tecido

microbiano (Gama-Rodrigues, 1999).

Objetiva-se, portanto, com este trabalho avaliar a biomassa microbiana, seus índices

derivados e os atributos químicos como indicadores da qualidade do solo, buscando o

entendimento do seu papel no funcionamento do Sistema Plantio Direto.

15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J.; FERNADES, S. B. V. Leguminosas e adubação mineral como fontes der nitrogênio para o milho em sistemas de preparo do solo. Revista Brasileira de Ciências do Solo, Viçosa, v.24, n.1, p. 179-189, 2000. BALOTA, E. L.; COLOZZI-FILHO, A.; ANDRADE, D. S.; DICK, R. P. Microbial biomass in soils under different tillage and crop rotation systems. Biology and Fertility of Soils, v.38, 2003. BALOTA, E. L.; COLOZZI-FILHO, A.; ANDRADE, D. S.; HUNGRIA, M. Biomassa microbiana e sua atividade em solos sob diferentes sistemas de preparo e sucessão de culturas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.22, n.4, p. 641-649, 1998. D`ANDRÉA, A. F., SILVA, M. L. N., CURI, N., SIQUEIRA, J. O.; CARNEIRO, M. A. C. Atributos biológicos indicadores da qualidade do solo em sistema de manejo na região do Cerrado no Sul do estado de Goiás. Revista Brasileira de Ciências do Solo, Viçosa, n. 4, v. 26, p. 913-923, 2002 GAMA-RODRIGUES, E. F. da Biomassa Microbiana e Ciclagem de Nutrientes. In: SANTOS, G. de A.; CAMARGO, F. A. de O. Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistema tropicais e subtropicais. 1. ed. Porto Alegre:Gênesis, 1999.p. 227-243. HARGREAVES, P. R.; BROOKES, P. C.; ROSS, G. J. S.; POULTON, P. R. Evaluating soil microbial biomass carbon as an indicator of long-term environmental change. Soil Biology & Biochemistry, v. 35, p. 401-407, 2003. MERCANTE, F. M. Os microorganismos do solo e a dinâmica da matéria orgânica em sistema de produção de grãos e pastagem. Dourados: Embrapa Agropecuária do Oeste, Dez/2001.Coleção Sistema Plantio Direto, 5. MOORE, J. M.; KLOSE, S.; TABATABAI, M. A. Soil microbial biomass carbon and nitrogen as affected by cropping systems. Biology and Fertility of Soils, v. 31, p. 200-210, 2000. MOREIRA, F. M. de S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do solo. 1. ed. Lavras: Editora UFLA, 2002. 626p. TÓTOLA, M. R.; CHAER, G. M. Microorganismos e processos microbiológicos como indicadores da qualidade dos solos. Tópicos Ciências do Solo. v. 2, p. 195-276, 2002. VASCONCELLOS, C. A.; FIGUEIREDO, A. P. H. D.; FRANÇA, G. E. de; COELHO, A. M.; BRESSAN, W. Manejo do solo e a atividade microbiana em Latossolo Vermelho-Escuro na região de Sete Lagoas-MG. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.33, n.11, p.1897-1905,1998.

16

CAPITULO I

SISTEMAS DE MANEJO COM ROTAÇÃO DE CULTURAS E

RELAÇÕES COM ATRIBUTOS QUÍMICOS E

MICROBIOLÓGICOS DO SOLO E PRODUTIVIDADE DO

MILHO.

17

SISTEMAS DE MANEJO COM ROTAÇÃO DE CULTURAS E RELAÇÕES

COM ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO E

PRODUTIVIDADE DO MILHO.

Autora: Elaine Reis Pinheiro Lourente

Orientadora: Profa Dra Marlene Estevão Marchetti

18

RESUMO

As práticas de manejo do solo exercem importantes influências nas propriedades

biológicas e bioquímicas do solo. Neste sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar o

impacto do manejo do solo nos atributos químicos e microbiológicos, bem como a

interdependência destes atributos e influência na produtividade da cultura do milho. O

estudo foi realizado no ano agrícola de 2005/06, no Município de Dourados, MS, em

sistema plantio direto (PD), envolvendo diferentes rotações de culturas de inverno e

verão. Uma área próxima com vegetação nativa (VN), e uma área sob plantio

convencional (PC) foram utilizadas como padrão comparativo entre as possíveis

alterações nos atributos químicos e microbiológicos do solo com a implementação de

um sistema conservacionista de manejo do solo. O delineamento experimental foi de

blocos casualizados com os tratamentos dispostos em parcelas subdivididas com três

repetições. No plantio direto, as culturas de outono/inverno representaram cinco

tratamentos: T1= 80% de Aveia preta (Avena strigosa Sheib) + 20% de Crotalária

(Crotalaria junceae L.); T2=50% de Aveia preta (Avena strigosa Sheib) + 40% de

Ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth) e 10% de Nabo forrageiro (Raphanus sativus L.

var. oleiferus (Stokes) Metzg.); T3= 100% de Girassol (Helianthus annuus L.); T4=

100% de Ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth); T5= 100% de Crotalária (Crotalaria

junceae L.). Como cultura de verão, no plantio direto, foi utilizado o milho (Zea mays

L). O plantio convencional cultivado com milho no inverno e soja no verão, e a

vegetação nativa, representaram os demais tratamentos, T6 e T7, respectivamente. A

eliminação da vegetação nativa e posterior substituição por sistemas de cultivo afeta os

indicadores microbiológicos do solo. Os sistemas de cultivos estudados interferem em

atributos químicos e microbiológicos do solo. A rotação de culturas influencia a

produtividade do milho, sendo favorecida após o cultivo de determinadas espécies de

cobertura como crotalária e ervilhaca no sistema de rotação.

Palavras-chave: rotação de culturas, biomassa microbiana, fertilidade do solo

19

MANAGEMENT SYSTEMS IN CROP ROTATION AND SOIL BIOCHEMICAL AND MICROBIOLOGICAL CHARACTERISTICS AND CORN CROP YIELD

ABSTRACT This work aimed to valuate the impact in soil biochemical and microbiological

characteristics, as well its interdependence and influence on corn crop yield, resulting from

the impact of soil management practices. It was carried out at Dourados – MS, during

2005/06 growing seasons, in no-till system, at different winter-summer rotation crops.

Native vegetation and conventional system areas nearby were used as comparative pattern

between possible chemical and microbiological alters at soil conservative system. The

experiment was a randomized complete block design, with tree replications. Autumn-

winter crops at no-till system had five treatments: T1 = 80% black oat (Avena strigosa

Schreb) + 20% sunnhemp (Crotalaria junceae L.); T2 = 50% black oat (Avena strigosa

Schreb) + 40% hairy vetch (Vicia villosa, Roth) + 10% oilseed radish (Raphanus sativus L.

var. oliferus (Stokes) Metzg.); T3 = 100% sunflower (Helianthus annuus L.); T4 = 100%

hairy vetch (Vicia villosa, Roth); T5 = 100% sunnhemp (Crotalaria junceae L.). Corn (Zea

mays L.) was used as summer crop at no-till system. The treatments T6 and T7 were a

conventional system with corn in winter and soybean in summer and native vegetation,

respectively. Soil microbiological characteristics were affected at native vegetation

substitution by a crop system. Soil chemical and microbiological characteristics were

modified by the studied systems. Rotation crops influenced corn yield, in which sunnhemp

and hairy vetch represents favorable covers.

Key-words: rotation crops, microbian biomass, soil fertility.

20

1 INTRODUÇÃO

O uso intensivo e inadequado dos solos acelera a degradação da matéria orgânica,

principal componente da fertilidade dos solos. Os métodos de preparo do solo empregados,

nem sempre estão adequados às condições específicas de cada região. Aliado a isto, fatores

como ausência de cobertura vegetal e manejo inadequado dos resíduos vegetais têm

contribuído, decisivamente, para que ocorra o desencadeamento e aceleração dos processos

erosivos nestas áreas (Medeiros et al.,1994). Neste contexto, a rotação de culturas e a

manutenção de cobertura morta sobre o solo assumem importante papel como forma de

manter e melhorar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (Floss, 2000;

Moore et al., 2000). A adição de substratos ou resíduos de plantas no solo rapidamente

estimulam o crescimento de fungos e bactérias. Os resíduos orgânicos podem ser vistos

como um fator relevante para atividade microbiana (Gaillard et al., 1999).

Estudos relacionados com a sustentabilidade de sistemas de produção agropecuária

têm enfatizado a importância das práticas de manejo do solo nas propriedades biológicas e

bioquímicas do solo. Neste contexto, o teor e a dinâmica da matéria orgânica constituem-se

nos atributos que melhor representam a qualidade do solo, podendo ser alterados com as

práticas de manejo adotadas (Mercante, 2001).

A biomassa microbiana é considerada a parte viva da matéria orgânica do solo e

inclui fungos, bactérias, algas, actinomicetes, protozoários e microfauna, controlando a

decomposição e o acúmulo de matéria orgânica, ou as transformações envolvendo os

nutrientes minerais. Representa ainda uma reserva considerável de nutrientes, os quais são

continuamente desviados para os ciclos de crescimento dos diferentes organismos que

compõe o ecossistema (Tótola e Chaer, 2002; Moreira e Siqueira, 2002).

Um solo de qualidade possui atividade biológica intensa e contém populações

microbianas balanceadas. O fato de muitos microrganismos utilizarem a fração disponível

da matéria orgânica os faz sensíveis às mudanças na sua qualidade. Desta forma, a

mensuração do C da biomassa microbiana é um importante indicador de mudanças na

química do solo e pode possibilitar o monitoramento da relação entre química do solo e

21

vegetação de cobertura. Assim o C da biomassa microbiana pode atuar como um indicador

ambiental ou de variações no ambiente (Tótola e Chaer, 2002; Hargreaves et al., 2003).

Vários são os indicadores microbiológicos que podem fornecer uma estimativa de

qualidade do solo. Além da determinação do C da biomassa microbiana (C-BMS), a

relação entre C-BMS e C orgânico, também denominada de quociente microbiano (qMIC),

fornece uma medida da qualidade da matéria orgânica. A determinação desta relação pode

fornecer uma indicação do quanto o solo está distante do seu estado de equilíbrio (Tótola e

Chaer, 2002). A respiração basal é o parâmetro mais freqüentemente utilizado para avaliar

a atividade microbiana, estando, muitas vezes, relacionada com a disponibilidade de

carbono na biomassa (Mercante, 2001), podendo ser indicativo de alta atividade biológica e

rápida decomposição de resíduos orgânicos (Tótola e Chaer, 2002). O quociente metabólico

(qCO2), representa a quantidade de CO2 liberado por unidade de biomassa microbiana em

determinado tempo. À medida que uma determinada biomassa microbiana se torna mais

eficiente, menos carbono é perdido como CO2 pela respiração e uma fração significativa de

C é incorporada ao tecido microbiano (Gama-Rodrigues, 1999).

O efeito do manejo nas propriedades físicas e químicas do solo influenciam a

biomassa e importantes processos a ela relacionados como a decomposição da matéria

orgânica e a disponibilidade de nutrientes para as plantas (Balota et al., 2003). O estudo de

culturas em rotação procura determinar o efeito dessa prática na produtividade de cada

cultura, estabelecendo, se possível, a melhor combinação vegetal (Lombardi Neto et al.,

2002).

Diferentes espécies de plantas de cobertura do solo têm sido usadas em sistemas de

rotação e seus resíduos tendem a causar importantes efeitos sobre a química do solo

(Calegari, 2000). Porém, os materiais orgânicos fragmentados e depositados na superfície

variam quanto aos efeitos sobre as características químicas do solo, principalmente sobre

teor de carbono orgânico e fósforo (Braccini et al., 1995).

Objetiva-se com este trabalho avaliar o impacto do manejo do solo em atributos

químicos e microbiológicos, bem como a interdependência destes atributos e influência na

produtividade da cultura do milho.

22

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área experimental e manejo adotado

O estudo foi realizado no ano agrícola de 2005/06, na Fazenda Experimental da

Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD , no Município de Dourados- MS, localizado a

22º 14’ de latitude Sul e 54º 49’ de longitude Oeste e altitude de 452 metros em

LATOSSOLO Vermelho distroférrico, muito argiloso, cultivado em sistema plantio direto,

envolvendo sistemas de rotação de culturas de inverno e verão (Quadro 1).

Uma área próxima com vegetação nativa (VN), foi utilizada como ecossistema de

referência para comparação, bem como uma área sob plantio convencional (PC), como

padrão comparativo entre as possíveis alterações nos atributos químicos e microbiológicos

do solo com a implementação de um sistema mais conservacionista de manejo do solo. Os

diferentes manejos e uso do solo foram: vegetação nativa (VN) - Floresta Estacional

Semidecidual, com influência antrópica (extração seletiva de árvores de interesse

comercial) (Mato Grosso do Sul, 1990); plantio convencional (PC) – área preparada com

uma escarificação, uma gradagem com grade intermediária, seguida por uma gradagem

niveladora; plantio direto (PD) – área com 8 anos de plantio direto em sistema de rotação

de culturas (Quadro 1).

O clima da região é caracterizado como Cwa (Köppen), subtropical, com chuvas de

verão e verões quentes (Ayoade, 1986). Os dados de temperatura e precipitação

pluviométrica se encontram na Figura 1

Quadro 1 Seqüência de rotação de culturas no período de 2002 a 2006, em condições de plantio direto de sequeiro. Dourados-MS, 2005/6.

2002 2003 2004 2005 2006 Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão

Milho Ep+av+nb Feijão Ep+av+nb Soja Av+crotalária Milho Ep+av+nb Soja

Soja Trigo Milho Girassol Soja Ep+av+nb Milho Girassol Soja

Milho Ep+av+nb Soja Av+ crotalária Soja Girassol Milho Av+crotalária Soja

Soja Triticale Milho Feijão/milhet Soja Crotalária Milho Feijão/milhet Soja

Soja Ervilhaca Milho Sorgo Soja Ervilhaca Milho Sorgo Soja

Av =aveia preta (Avena strigosa Sheib); Ep= ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth); Nb=nabo forrageiro (Raphanus sativus L. var. oleiferus (Stokes) Metzg.); Milhet.=milheto (Pennisetum glaucum L.); Feijão (Phaseolus vulgaris L.); Girassol (Helianthus annuus L.); Crotalária (C rotalaria junceae L)

23

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

3º 1º

Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Março

Tem

per

atu

ra m

édia

(ºC

)

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

Pre

cip

taçã

o P

luvi

omét

rica

(m

m)

P (mm) T (ºC)

Figura 1 Precipitação pluviométrica acumulada e temperatura média, por

descêndio, registradas na Estação Meteorológica da Fazenda Experimental da UFGD em Dourados, entre abril de 2005 e março de 2006. Dourados-MS 2005/6

2.2 Sistemas de manejo avaliados e procedimento estatístico

O delineamento experimental foi de blocos casualizados com os tratamentos

dispostos em parcelas subdivididas com três repetições. Nas parcelas, foram consideradas

as estações do ano. Nas subparcelas, com dimensões de 12 x 36m, foram estudadas as

rotações de culturas, no plantio direto, e no plantio convencional a sucessão milho/soja. No

plantio direto, as culturas de outono/inverno representaram cinco tratamentos: T1= 80% de

Aveia preta (Avena strigosa Sheib) + 20% de Crotalária (Crotalaria junceae L.); T2=50%

de Aveia preta (Avena strigosa Sheib) + 40% de Ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth) e

10% de Nabo forrageiro (Raphanus sativus L. var. oleiferus (Stokes) Metzg.); T3= 100%

de Girassol (Helianthus annuus L.); T4= 100% de Ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth);

T5= 100% de Crotalária (Crotalaria junceae L.). Como cultura de verão, no plantio direto,

foi utilizado o milho (Zea mays L). O plantio convencional cultivado com milho no inverno

e soja no verão, e a vegetação nativa, representaram os demais tratamentos, T6 e T7,

respectivamente.

A semeadura das espécies de outono/inverno foi realizada em 20 de abril de 2005,

utilizando-se semeadora-adubadora, com 18 linhas espaçadas entre si por 0,17 m, sem

24

adubação. O manejo do nabo forrageiro e das demais espécies de inverno ocorreu,

respectivamente, no florescimento pleno e início do florescimento,utilizando-se rolo faca.

O híbrido de milho triplo DKB 350, semeado em 15 de outubro de 2005 sobre as culturas

anteriormente manejadas, com o uso de uma semeadora-adubadora em espaçamento entre

si de 0,9 m, regulada para obter uma população de 55 mil plantas ha-1. A adubação de

semeadura foi de 300 kg ha-1 da fórmula 08-20-20 (N-P-K). Quando as plantas de milho

apresentavam seis folhas completamente desenvolvidas, realizou-se a adubação de

cobertura com 50 kg ha-1 de nitrogênio na forma de uréia (45% de N), que foi colocada

próximo à linha de semeadura e na superfície do solo.

A análise do tecido vegetal foi realizada apenas para as culturas estabelecidas sob

plantio direto. No florescimento do milho e das culturas de inverno, foram coletados

materiais vegetais para avaliação do estado nutricional destas plantas. Para análise foliar do

milho, foram coletadas cinco folhas em cada suparcela, por repetição, seguido de lavagem

das folhas em água deionizada. As folhas foram levadas para estufa, com circulação

forçada de ar a 65°C, até atingir peso constante. Determinou-se a os teores de

macronutrientes de acordo com a metodologia descrita por Malavolta et al. (1997).

A amostragem do tecido vegetal das culturas de inverno foi realizada por meio de

uma estrutura de plástico retangular de 1 x 0,5 m. Coletou-se toda a parte aérea do interior

da estrutura que foi lançada ao acaso, dentro da parcela. A determinação dos teores foliares

foi realizada de forma semelhante ao milho. A produtividade do milho (Zea mays L.) foi

avaliada após a debulha das espigas, colhidas dentro da área útil, correspondendo às duas

linhas centrais com cinco metros de comprimento, de cada subparcela; os grãos foram

pesados em balança de precisão de duas casas decimais, corrigindo-se o grau de umidade

para 13%, com os valores expressos em kg ha-1. Para o estudo de produtividade, além dos

blocos, foram realizadas três repetições dentro de cada parcela, caracterizando um

delineamento de blocos casualizados com repetições dentro do bloco (Pimentel Gomes,

1987).

As coletas de solo foram realizadas em julho de 2005 (inverno) e em janeiro de

2006 (verão), no florescimento das culturas de inverno e do milho, respectivamente. As

amostragens de solo foram efetuadas em cada subparcela, na camada de 0 a 10 cm de

profundidade, sendo que cada amostra foi composta de cinco subamostras. Após

25

homogeneização, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente

identificadas e armazenadas em câmara fria (4ºC).

2.3 Determinações químicas e microbiológicas

As análises dos tecidos vegetais foram realizadas no Laboratório de Plantas e

Corretivos da Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados-MS.

As análises da biomassa microbiana foram realizadas no Laboratório de

Microbiologia do Solo da Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados-MS.

A análise do carbono da biomassa microbiana do solo (C-BMS), foi realizada pelo

método da fumigação-extração, adotando-se o fator de correção para eficiência de extração

(kec) igual a 0,33 (Vance et al., 1987); o C orgânico foi determinado pelo método de

Mebius, modificado por Yeomans e Bremner (1989); a respiração basal (C-CO2) foi obtida

pelo método da respirometria (evolução de CO2); o quociente microbiano (qMIC),

expresso em porcentagem, foi calculado pela seguinte fórmula: (C-BMS/Corg) x 100 e o

quociente metabólico (qCO2), foi obtido pela divisão dos valores da respiração basal pelo

do carbono microbiano (µ CO2/µg C-BMS h-1).

As análises químicas do solo foram realizadas no Laboratório da Universidade

Federal da Grande Dourados, de acordo com Claessen (1997). Além das análises de rotina,

foram determinados os teores de fósforo orgânico (P org), de acordo com Braga e

Delefelipo (1974) e de nitrogênio orgânico (N org) de acordo com EMBRAPA (1997)

modificado.

Os dados foram submetidos à análise de variância e os efeitos das estações e dos

manejos e usos do solo, foram analisados pelo teste de Duncan (p≤0,05). As variáveis

independentes foram comparadas entre si por meio da correlação de Pearson, sendo os

efeitos testados pelo teste t a 5% e 1% de probabilidade. Foi utilizado o aplicativo

computacional SAEG 9,1 (Ribeiro Jr, 2001).

26

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Atributos químicos e microbiológicos do solo

Os teores de carbono da biomassa microbiana do solo (C-BMS) nos sistemas sob

diferentes rotações de culturas variaram entre 160 e 433,9 µg C g-1de solo seco, sendo os

maiores valores obtidos no verão. No sistema sob VN, os valores médios de C-BMS

variaram de 808 a 1548 µg C g-1de solo seco, respectivamente no inverno e verão. Em

média, a eliminação da vegetação nativa e posterior implantação dos sistemas de cultivo

promoveu uma redução na biomassa microbiana de 74 % no plantio direto e de 73% no

sistema convencional (Quadro 2). Resultados semelhantes foram verificados por D`Andréa

et al. (2002) e Matsuoka et al. (2003) que, tendo como referência o cerrado nativo,

observaram 73% e 75% de redução do C-BMS para a média dos sistemas culturas anuais.

A diversidade das espécies vegetais na vegetação nativa (quantidade e qualidade),

notadamente maior do que os demais sistemas de manejo avaliados implica na deposição de

substratos orgânicos com composição variada na serapilheira, favorecendo maiores teores

de biomassa microbiana (D`Andréa et al., 2002; Matsuoka et al., 2003; Correia e Andrade,

1999).

No plantio direto, as diferentes rotações de culturas não influenciaram os níveis de

carbono microbiano. Balota et al. (1998) não observaram diferença entre as sucessões de

culturas estudadas, no entanto o C-BMS foi 118% maior no plantio direto quando

comparado ao plantio convencional.

27

Quadro 2 Atributos microbiológicos em função do manejo e uso do solo, no período do inverno e verão. Dourados-MS 2005/6

Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤ 0,05). qCO2= quociente metabólico (µ CO2/µg C-BMS h-1); C-CO2= CO2 respiração microbiana; qMIC= quociente microbiano ((C-BMS/Corg) x 100)

Manejo e uso do solo C-BMS (µg C g-1de solo) CO2 (µg g-1dia-1 de C-CO2 no solo)

qCO2 (µg CO2/µgCmic h-1) qMIC (%)

Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Vegetação Nativa 808,2 Ba 1548 Aa 24,9 Ba 68,2 Aa 12,9 Bbc 18,5 Aa 1,87 Ba 2,25 Aa Plantio Convencional 215,8 Bb 387,8 Ab 4,2 Bb 15,1 Ab 8,0 Bd 16,1 Aab 1,16 Bab 2,08 Aa Aveia + Crotalária 240,5 Bb 425,1 Ab 8,2 Ab 11,6 Ab 13,9 Aabc 10,9 Abc 1,01 Bb 2,01 Aa Erv.+ Nabo + Aveia 195,7 Bb 349,1 Ab 8,8 Ab 9,3 Ab 19,0 Aa 11,1 Bbc 1,28 Bab 2,57 Aa Girassol 160,1 Bb 433,9 Ab 5,4 Ab 9,7 Ab 14,9 Aab 9,31 Bc 0,78 Bb 2,12 Aa Crotalária 242,5 Bb 394,8 Ab 6,1 Bb 11,6 Ab 10,4 Acd 12,3 Abc 1,28 Bab 2,12 Aa Ervilhaca 207,5 Bb 404,1 Ab 8,9 Ab 10,9 Ab 17,9 Aab 11,4 Bbc 1,01 Bb 2,07 Aa Média 296 563 9,5 19,5 13,8 12,8 1,19 2,17

28

De modo geral, a maior biomassa microbiana ocorreu no verão (Quadro 2), quando se

verificam os maiores índices pluviométricos e temperaturas (Figura 1). Altos níveis de biomassa

microbiana podem ser atribuídos à disponibilidade de nutriente, carbono orgânico e resíduos de

plantas no solo (He et al.,1997), além de maiores teores de umidade do solo e temperatura, que

favorecem seu crescimento (Espíndola et al., 2001). A deposição dos resíduos das culturas de

inverno associada a precipitações pluviométricas mais freqüentes no verão, possivelmente,

influenciou um maior crescimento da biomassa microbiana. Durante a estação seca, parte da

biomassa microbiana morre e com a retomada das chuvas, a biomassa sobrevivente utiliza as

células mortas para o seu crescimento, concorrendo também para uma maior atividade

microbiana no verão (período chuvoso), quando comparado ao inverno (Piao et al., 2000).

A vegetação nativa apresentou os maiores níveis de fertilidade do solo (Quadro 3),

favorecendo o desenvolvimento dos microrganismos do solo. Esse estímulo ocorre devido a

maior disponibilidade de matéria orgânica nutrientes e pH mais elevado (Gama-Rodrigues,

1999). As diferentes rotações de culturas não influenciaram os níveis de carbono microbiano (C-

BMS), respiração basal (CO2), porém influenciaram o quociente metabólico (qCO2) e qMIC e,

promoveram diferenças significativas nos atributos químicos do solo relação C/P, pH, CTC, Ca,

Mg, Sb, V% e m% (Quadro 2 e 3).

As altas temperaturas na região do Cerrado (Figura 1) favorecem a decomposição dos

resíduos sobre a superfície do solo evitando seu acúmulo (Balota et al., 2003), o que pode

explicar a semelhança dos resultados obtidos entre plantio direto e convencional. A presença de

resíduos sobre o solo é importante, uma vez que rapidamente estimulam o crescimento de fungos

e bactérias (Gaillard et al., 1999), além de ser um importante fator melhorador da estrutura do

solo capaz de estimular a atividade microbiana (Floss, 2000).

Considerando a média das duas estações, inverno e verão, no sistema plantio direto, o

valore obtido de C-BMS foi de 305,33 µg C g-1de solo e é similar ao observado por D`Andréa et

al. (2002), enquanto que, no plantio convencional (301,8µg C g-1de solo) está acima dos valores

observados por D`Andréa et al. (2002) e Marchiori Júnior e Mello (2000) que, de forma

semelhante, realizaram coletas de solo no verão. Para a vegetação nativa o valor médio do C-

BMS (1178,1 µg C g-1de solo) foi superiores aos observados por D`Andréa et al. (2002) no

29

Quadro 3 Atributos químicos em função do manejo e uso do solo, no período do inverno e verão. Dourados-MS 2005/6 Porg (mg dm-3) Corg (g kg-1) N org (g kg-1) C/N C/P Manejo e uso do solo

Inverno

Verão

Inverno

Verão

Inverno

Verão

Inverno

Verão

Inverno

Verão

Vegetação Nativa 132 Aa 110 Ba 43,6 Ba 68,6 Aa 4,2 Aa 3,8 Aa 10,4 Bb 17,8 Aa 330 Ab 650 Aa Plantio Convencional 37 Abc 36 Ab 16,9 Ab 18,6 Ab 1,5 Ac 1,3 Acd 11,1 Ab 14,6 Abc 457 Aab 570 Aab Aveia + Crotalária 24 Bc 49 Ab 20,6 Ab 21,0 Ab 1,3 Acd 1,7 Ab 15,5 Aab 12,2 Abc 696 Aa 427 Bab Erv.+ Nabo + Aveia 37 Abc 46 Ab 20,4 Ab 16,0 Bc 1,0 Bd 1,5 Abc 20,7 Aa 10,2 Bc 599 Aab 356 Bb Girassol 45 Abc 42 Ab 20,6 Ab 20,4 Ab 1,4 Ac 1,7 Ab 14,4 Ab 11,6 Abc 470 Aab 536 Aab Crotalária 39 Abc 37 Ab 18,8 Ab 18,6 Ab 1,6 Abc 1,1 Bd 11,5 Ab 16,7 Aab 499 Aab 502 Aab Ervilhaca 53 Ab 42 Ab 20,7 Ab 19,6 Ab 2,0 Ab 1,6 Abc 10,3 Ab 12,5 Abc 406 Ab 474 Aab Média 52,4 51,7 23,1 26,1 1,9 1,8 13,4 13,6 493,9 502,1 MO (g kg-1) pH (CaCl2) P (mg dm-3) CTC Ca Manejo e uso do solo

Inverno Verão

Inverno

Verão

Inverno

Verão

-------------------cmolc dm3----------------- Inverno Verão Inverno Verão

Vegetação Nativa 75,2 Ba 118,4 Aa 6,4 Aa 6,5 Aa 5,9 Ac 5,6 Ac 15,7 Aa 17,8 Aa 11,8 Aa 13,4 Aa Plantio Convencional 29,3 Ab 32,2 Abc 5,1 Ab 4,7 Ab 21,9 Aab 17,1 Ab 6,5 Ab 5,2 Ab 3,9 Ab 3,4 Ab Aveia + Crotalária 35,5 Ab 36,2 Ab 5,0 Ab 5,0 Ab 34,4 Aa 28,1 Aab 6,7 Ab 7,1 Ab 3,9 Ab 4,2 Ab Erv.+ Nabo + Aveia 35,2 Ab 27,7 Bc 4,9 Ab 4,8 Ab 22,2 Aab 32,7 Aa 6,8 Ab 6,5 Ab 4,0 Ab 3,9 Ab Girassol 35,7 Ab 35,3 Abc 4,9 Ab 4,9 Ab 23,5 Aab 16,1 Abc 7,0 Ab 6,6 Ab 4,2 Ab 4,0 Ab Crotalária 32,4 Ab 32,2 Abc 4,9 Ab 4,7 Ab 29,0 Aab 38,2 Aa 6,0 Ab 5,9 Ab 3,6 Ab 3,5 Ab Ervilhaca 35,8 Ab 33,9 Abc 5,2 Ab 5,1 Ab 19,2 Ab 27,1 Aab 7,1 Ab 7,4 Ab 4,3 Ab 3,4 Ab Média 39,9 45,1 5,2 5,1 22,3 23,6 8,0 8,1 5,1 5,1 K Mg SB V M Manejo e uso do solo

----------------------------------cmolc dm3------------------------------- Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão

% Inverno Verão

(%) Inverno Verão

Vegetação Nativa 0,83 Aa 0,65 Aab 3,0 Aa 3,7 Aa 15,7 Aa 17,8 Aa 87,5 Aa 88,0 Aa 0,00 Aa 0,00 Aa Plantio Convencional 0,60 Aab 0,46 Ab 1,8 Ab 1,2 Ab 6,4 Ab 5,1 Ab 54,7 Ab 41,3 Ab 2,12 Aa 3,28 Aa Aveia + Crotalária 0,65 Aab 0,84 Aa 2,0 Ab 1,9 Ab 6,5 Ab 7,0 Ab 53,4 Ab 52,6 Ab 3,10 Aa 1,03 Aa Erv.+ Nabo + Aveia 0,80 Aa 0,86 Aa 1,9 Ab 1,6 Ab 6,7 Ab 6,4 Ab 53,3 Ab 47,6 Ab 1,56 Aa 1,66 Aa Girassol 0,57 Aab 0,77 Aab 2,0 Ab 1,7 Ab 6,8 Ab 6,5 Ab 50,5 Ab 47,6 Ab 3,33 Aa 1,67 Aa Crotalária 0,57 Aab 0,72 Aab 1,7 Ab 1,5 Ab 5,9 Ab 5,8 Ab 45,0 Ab 44,7 Ab 1,29 Aa 3,08 Aa Ervilhaca 0,48 Ab 0,66 Aab 2,3 Ab 2,2 Ab 7,1 Ab 7,4 Ab 59,5 Ab 57,2 Ab 0,00 Aa 0,00 Aa Média 0,64 0,71 2,1 2,0 7,9 8,0 57,7 54,1 1,63 2,7 Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤ 0,05)

30

bioma Cerrado e por Moreira e Malavolta (2004) na região amazônica. Esse fato denota

que o C-BMS é muito sensível a condições ambientais locais, porém, segue a tendência dos

maiores valores obtidos em ecossistemas mais próximos do equilíbrio. Resultados semelhantes

foram compilados por Roscoe et al. (2006).

O solo sob vegetação nativa favoreceu uma maior liberação de CO2 em relação aos

demais sistemas de manejo. Este resultado, provavelmente, está relacionado com os maiores

teores de carbono na biomassa que foram 73 e 74% maiores no solo sob vegetação nativa,

quando comparados aos demais sistemas, no inverno e verão, respectivamente. Esses dados

corroboram com as observações de Mercante (2001) e Balota et al. (1998). Neste estudo, foi

observada uma alta correlação entre C-BMS e CO2 (r=0,96) (Quadro 4). A maior atividade da

biomassa microbiana contribui para uma maior dinâmica de nutrientes sob vegetação nativa,

quando comparado aos sistemas de cultivo, apesar das constantes adubações nestes últimos

(Quadro 3). As maiores taxas de respiração basal (CO2), nos sistemas sob cultivo agrícola, foram

observadas no verão. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores que atribuem esse

fato a uma íntima relação entre respiração e umidade do solo os quais favorecem o aumento da

população e respiração microbiana (Espíndola et al., 2001; Alvarez et al., 1995), uma vez que os

maiores índices pluviométricos ocorreram no verão (Figura 1).

O sistema sob vegetação nativa apresentou, numericamente maior qCO2, seguido do

plantio convencional, no verão (Quadro 2), indicando que a biomassa microbiana estaria

liberando nutrientes para a solução do solo (Espíndola et al., 2001). No inverno, os valores de

qCO2 variaram em função da rotação de culturas, sendo observados valores estatisticamente

maiores aos observados na vegetação nativa e plantio convencional.

De forma geral, no verão, os sistemas de rotação de culturas sob plantio direto

apresentaram menores qCO2, refletindo em uma biomassa microbiana mais eficiente, ou seja,

com menor perda de carbono como CO2, pela respiração, e com uma fração significativa de C

sendo incorporada ao tecido microbiano (Gama-Rodrigues, 1999). De forma geral, a relação C/N

da matéria orgânica, no sistema de rotação de culturas, no verão, foi inferior a observada na

vegetação nativa o que pode ter contribuído para uma menor perda de CO2, uma vez que os

microrganismos do solo, sua concentração e atividade representada pelo teor de CO2 liberado, são

31

influenciados pela quantidade e qualidade dos resíduos orgânicos adicionados e pelo preparo do

solo (Vasconcellos et al.,1998).

Sobre a relação qMIC houve efeito da estação do ano (p<0,05) (Quadro 2), sendo os

maiores valores observados no verão. A menor média observada no inverno indica que neste

período ocorreu perda de carbono, enquanto no verão ocorreu acúmulo de C (Balota et al.,1998).

Valores superiores a 1% desta relação indicam acréscimos de carbono no solo, ao longo do

tempo (Marchiori Júnior e Melo, 2000). Geralmente maiores valores da relação qMIC são

encontrados em sistemas de rotação quando comparado com sistemas de monocultivo (Moore et

al., 2000).

Os valores de qMIC mostraram-se superiores no verão, quando comparados aos obtidos

no inverno, indicando maior dinâmica da matéria orgânica do solo neste período. Contudo, não

foram detectadas diferenças significativas (p≤0,05) no verão, entre os diferentes sistemas

avaliados (Quadro 2). Do mesmo modo, não foram detectadas diferenças significativas entre os

sistemas cultivados na avaliação realizada no inverno. Nesta avaliação, verificou-se uma

superioridade do qMIC no sistema sob vegetação nativa, quando comparado com os sistemas sob

as coberturas de aveia+crotalária, girassol e ervilhaca. Os efeitos verificados no qMIC,

geralmente, estão associados com a qualidade nutricional da matéria orgânica do solo. Assim,

valores maiores deste quociente indicam um incremento da sua dinâmica no solo (Mercante,

2001). Vários autores têm observado semelhança entre os teores de C orgânico entre sistemas

plantio direto e convencional em condições de Cerrado, e associam ao efeito das condições de

temperatura, umidade, teores de argila e óxidos de Fe e Al sobre a matéria orgânica (Freitas et al.,

2000; Roscoe e Buurman, 2003).

Em média, no inverno e verão, os teores de Porg variaram de 24 a 53 mg dm-3 nos

sistemas de cultivo (Quadro 3). Com o uso dos sistemas de cultivo, houve uma redução nos

teores de Porg, Corg, MO e Norg nas duas estações estudadas. Para a relação C/N da matéria

orgânica do solo esta redução ocorreu apenas no verão. De forma geral, não houve diferença

entre sistema plantio direto e convencional de preparo do solo (Quadro 3). Freitas et al. (2000)

não observaram diferença significativa nos teores de C e N orgânico e C/N entre sistemas com

duração de 20 anos sob plantio direto e convencional, em condições de Cerrado. Muzzili (1983)

não observou diferença entre os teores de MO e Corg entre esses dois sistemas. Roscoe e

32

Buurman (2003), em seus estudos em solos de Cerrado não observaram diferença entre os teores

de C orgânico no sistema plantio direto e convencional, após 30 anos de cultivo, sendo 10 de

plantio direto. Segundo estes autores, a alta concentração de óxidos de Fe e de Al reduzem a

disponibilidade da matéria orgânica do solo para decomposição, além dos altos níveis de argila

que é um fator de proteção do C orgânico do solo contra a decomposição.

Quanto à relação C/P, as diferenças estatísticas observadas no inverno não se mantiveram,

no verão e, de forma geral, houve uma semelhança estatística entre os sistemas de culturas

utilizadas no plantio direto e entre sistemas plantio direto e convencional de preparo do solo

sobre esta variável (Quadro 3). De forma geral, experimentos realizados em regiões do Cerrado,

não têm apresentado teores significativamente maiores de C para o sistema plantio direto em

comparação ao sistema convencional, devido à maior intensidade de decomposição da matéria

orgânica do solo em função de altas temperaturas (Roscoe et al., 2006). No sul do país, onde as

temperaturas são mais amenas, têm sido observadas diferenças importantes nos teores de Corg

entre plantio direto e convencional, com maiores estoques de carbono no primeiro (Jantalia et al.,

2003).

Em amostragens realizadas no verão, em solos de Cerrado, observaram teores de carbono

de 21,4 e 21,7 mg g-1 no plantio convencional e direto, respectivamente, ambos com 20 anos de

duração, enquanto que na vegetação nativa o valor médio foi de 22,6 mg g-1 (Freitas et al.,2000).

De acordo com estes autores, a introdução de culturas exerce pequeno efeito nos estoques de C

das camadas mais superficiais.

Para os sistemas cultivados os valores da relação C/N variaram entre 11,1 e 20,7 no

inverno e 10,2 e 16, 7 no verão. Freitas et al. (2000), observaram relações C/N em torno de 14,8;

15,0 e 17,1 para VN, PC e PD, respectivamente, e consideram que valores altos como estes são

comuns em solos tropicais, devido à forte acidez do solo, que limita a decomposição da matéria

orgânica com elevada relação C/N.

Nos tratamentos com sistemas de cultivo, houve uma redução de 69 e 45 % ,

respectivamente, nos teores de Ca, Mg e, conseqüentemente 46% de redução na SB,

considerando os valores médios das duas estações estudadas, em relação à vegetação nativa. A

redução na disponibilidade de bases do solo pode estar associada à extração pelas culturas e a

aplicação de um período sem a aplicação de calcário, considerando-se que o solo recebeu 1

33

tonelada ha-1 cinco anos anteriores ao experimento. Perin et al. (2003) observaram um

incremento nos teores de Ca e Mg com o uso do solo, estando associado à prática da calagem,

porém, com uma tendência de declínio no sistema plantio direto com o tempo de uso, uma vez

que menores doses de calcário são aplicadas neste sistema. Outro aspecto, é que a menor

quantidade de matéria orgânica do solo observado nos sistemas de cultivo, quando comparado à

vegetação nativa, proporciona uma menor CTC e, conseqüentemente, maior lixiviação de bases.

Foi observado um incremento nos níveis de P (Mehlich 1) da ordem de 448% quando a

vegetação nativa foi substituída pelos sistemas de plantio. Esse resultado é justificado pelos

teores de P dos solos do Cerrado serem originariamente baixos (Martinhão et al. 2004) e a

necessidade de aplicação de altas doses deste elemento para atender a exigência das culturas. De

forma semelhante, Perin et al. (2003) observaram, com o uso agrícola e as conseqüentes

adubações fosfatadas, um acúmulo de P disponível no horizonte superficial.

Nos sistemas de cultivo houve uma redução média de 66% e 63% no teor de Porg e Norg

do solo, respectivamente, quando comparados à vegetação nativa. Tais resultados se devem,

provavelmente, a uma menor quantidade e diversidade dos resíduos produzidos pelas culturas e

deixados sobre o solo, nos sistemas de cultivo, quando comparado com a vegetação nativa

(Vasconcellos et al.,1998).

34

3.2 Estudo da correlação de Pearson

No estudo de correlação observou-se que, quanto maior a relação C/N e C/P da

matéria orgânica, menor será a quantidade de C imobilizado, com conseqüente perda de

carbono do solo na forma de CO2, representado por baixos valores nas correlações com

qMIC (Quadro 4). A relação qMIC, fornece uma medida da qualidade da matéria orgânica.

Geralmente, maiores valores da relação qMIC. são encontrados em sistemas de rotação

quando comparado com sistemas de monocultivo (Moore et al., 2000). Valores da relação

qMIC inferiores a 1% indicam que uma pequena quantidade de C está sendo imobilizado

pela biomassa microbiana (Marchiori Júnior e Melo, 2000).

Correlações significativas e positivas (p≤0,05) entre pH, SB, V%, CTC, Corg, C/P

com C- BMS e negativa com Al podem ser observadas no Quadro 4. Resultados

semelhantes foram obtidos por outros autores (Tótola e Chaer, 2002; He et al., 1997;

Hargreaves et al., 2003; Venzk Filho, 2003; Mielniczuk, 1999), podendo ser explicados

pela alta relação entre biomassa microbiana e fertilidade do solo. Os resíduos vegetais,

raízes e exsudados são fonte de alimento para a biota do solo, proteção do solo contra a

erosão e fonte de nutrientes as plantas. A biomassa microbiana do solo tem a função de

decomposição dos resíduos, agregação temporária e fonte de nutrientes. Alguns dos fatores

que interferem na biomassa microbiana são a fertilidade do solo, temperatura e umidade do

solo, grau de revolvimento do solo por também influenciarem a disponibilidade de resíduos

vegetais (Mielniczuk, 1999).

A correlação positiva entre os teores de Norg, Corg, Porg e C-BMS com os

atributos químicos de fertilidade do solo, demonstram a interdependência entre química e

biologia do solo. Solos férteis contribuirão para uma maior incremento da matéria orgânica

do solo e esta, por conseqüência, terá uma importante ação sobre a fertilidade dos solos

representada pela correlação positiva (r = 0,70 a 0,97) entre Norg, Corg e Porg com SB,

V%, pH e negativa do Norg, Corg e Porg com Al trocável (Quadro 4).

35

Quadro 4 Coeficientes de correlação de Pearson entre atributos químicos e microbiológicos do solo submetido em diferentes condições de uso e

manejo do solo. Dourados-MS 2005/6 pH P Ca Mg K SB Al CTC MO V% R C/N R C/P Norg Corg Porg C-BMS CO2 qCO2

R C/N -0,01ns 0,09 ns 0,06 ns 0,04 ns 0,07 ns 0,06 ns 0,12 0,07 ns 0,22 ns 0,01 ns 1

R C/P 0,04 ns 0,01 ns 0,00 ns 0,12 ns 0,01 ns 0,02 ns -0,07 0,02 ns 0,08 ns 0,08 ns 0,26 ns 1

Norg 0,90** -0,66** 0,92** 0,81** 0,09 ns 0,92** -0,40** 0,92** 0,85** 0,86** -0,22 ns -0,11 ns 1

Corg 0,87** -0,59** 0,94** 0,84** 0,04 ns 0,93** -0,34* 0,94** 1,00** 0,83** 0,22 ns 0,08 ns 0,85** 1

Porg 0,81** -0,60** 0,86** 0,70** 0,14 ns 0,85** -0,31* 0,85** 0,80** 0,77** -0,07 ns -0,35* 0,92 ns 0,80** 1

C-BMS 0,51* -0,17 ns 0,55* 0,46* -0,13ns 0,51* -0,41* 0,52* 0,52* 0,49* 0,23 ns 0,47* 0,19 ns 0,52* -0,06 ns 1

CO2 0,33 ns 0,14 ns 0,42 ns 0,30 ns -0,23ns 0,36 ns -0,3 -0,36ns 0,35 ns 0,34 ns 0,44* 0,19 ns -0,21 ns 0,35 ns 0,02 ns 0,96** 1

qCO2 0,04 ns 0,35 ns 0,13 ns 0,05 ns -0,28ns 0,07 ns -0,07 0,07 ns 0,00 ns 0,01 ns 0,43 ns -0,08 ns -0,50* 0,00 ns 0,00 ns 0,16 ns 0,36* 1

qMIC -0,07 ns -0,06 ns -0,05ns -0,06ns -0,31ns -0,09ns 0,21 -0,08ns -0,86** -0,06 ns -0,53* -0,45* -0,16 ns -0,86** -0,11 ns 0,46** 0,34* -0,30*

** e * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade pelo teste t, respectivamente. ns=não significativo.

36

3.3 Estado nutricional das culturas de inverno e verão e produtividade do milho

Os maiores teores foliares de N e P foram observados na ervilhaca, quando comparada

com as demais culturas de inverno. A ervilhaca e o girassol apresentaram maiores teores foliares

de K, enquanto que os maiores teores de S foram observados na ervilhaca e na mistura Ervilhaca

peluda + Nabo + Aveia. A cultura do girassol apresentou os maiores teores foliares de Ca e Mg.

De forma geral, as variações nos teores foliares de nutrientes da cultura antecessora não

influenciaram os teores foliares de nutrientes da cultura do milho, exceto para o teor de K foliar,

em que, o teor deste elemento, foi significativamente maior no sistema de rotação que envolveu

girassol e aveia + crotalária, quando comparado com ervilhaca, com menor teor de K no milho

em sucessão à ervilhaca (Quadro 5). Os teores foliares de nutrientes do milho, independente do

sistema de rotação de culturas, encontram-se em níveis adequados (Oliveira, 2002).

Quadro 5 Teores de nutrientes foliares (g kg-1) das culturas de inverno e verão (milho). Dourados, 2005/06.

Manejo do solo Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão

N P K ------------------------------------g kg-1--------------------------------------- Ervilhaca + Nabo + Aveia

18,9 b 30,5 a 2,5 b 2,2 a 30,7 b 17,5 ab

Girassol 21,4 b 29,0 a 1,7 d 2,1 a 36,8 a 18,8 a Crotalária 23,9 b 28,9 a 2,2 bc 2,0 a 21,5 c 17,5 ab Ervilhaca 32,2 a 28,8 a 2,9 a 2,1 a 37,0 a 16,5 b Aveia+Crotalária 20,9 b 32,9 a 2,0 cd 2,2 a 28,0 b 19,6 a Média 23,5 30,0 2,3 2,1 30,8 18,0 Ca Mg S ------------------------------------g kg-1--------------------------------------- Ervilhaca + Nabo + Aveia

7,8 c 4,7 a 2,4 c 1,3 a 2,1 a 1,1 a

Girassol 12,3 a 4,7 a 3,9 a 1,4 a 1,1 b 1,0 a Crotalária 8,9 b 4,7 a 2,9 b 1,3 a 1,0 b 1,1 a Ervilhaca 8,5 bc 4,9 a 2,4 c 1,6 a 2,0 a 0,9 a Aveia+Crotalária 5,7 d 4,6 a 2,3 c 1,5 a 0,9 b 1,1 a Média 8,6 4,7 2,8 1,4 1,2 1,0

Médias seguidas de uma mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤ 0,05)

37

As maiores produtividades do milho foram obtidas no sistema de rotação de culturas que

envolveram ervilhaca, crotalária, girassol e aveia+crotalária (Quadro 6). Diversos autores têm

observado incrementos na produtividade do milho em sistemas de rotação envolvendo culturas de

inverno; porém, estes incrementos na produtividade das culturas, são dependentes do aporte de

resíduos produzidos, da proporção das misturas e adubação nitrogenada (Basso e Ceretta, 2000;

Aita et al., 2001; Giacomini et al, 2004). Bortolini et al (2000), observaram maior produtividade

do milho em sucessão à ervilhaca, na ausência de adubação nitrogenada, sendo que a

produtividade do milho foi favorecida pelo incremento na proporção de ervilhaca na mistura

ervilhaca + aveia. Apesar de não haver diferença estatística na produtividade do milho em

sucessão a girassol, aveia + crotalária e à mistura ervilhaca + nabo + aveia, o milho em sucessão

à mistura de três culturas de inverno produziu 17% a menos do que o milho em sucessão ao

girassol. Em algumas situações, tem sido observado menor produtividade de milho em sucessão a

aveia, ou em misturas com aveia, quando não é realizada adubação nitrogenada adequada. Neste

caso, a alta relação C/N da aveia (48) pode promover alta imobilização de N no solo e redução da

disponibilidade de N para o milho, quando comparado com leguminosas (Gonçalves e Ceretta,

1999; Giacomini et al, 2004; Strieder et al., 2006; Aita et al., 2004).

Quadro 6 Produtividade média (kg ha-1) do milho (verão), em função do sistema de rotação de culturas. Dourados-MS, 2005/6

Cultura antecessora Produtividade média (kg ha-1)

Ervilhaca peluda + Nabo forrageiro+ Aveia 2672 b Girassol 3228 ab Crotalária 3453 a Ervilhaca 3574 a Aveia+Crotalária 3057 ab Média 3197 Médias seguidas de uma mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p≤ 0,05)

A importância da rotação de culturas no sistema plantio direto também foi destacada

por Lombardi Neto et al. (2002). Em experimento realizado em Campinas-SP, em um

LATOSSOLO Vermelho distrófico, estes autores observaram efeitos altamente significativos

38

de 12 anos de rotação sobre a produtividade do milho, quando comparado ao milho contínuo,

porém, a diferença na produtividade foi se acentuando ao longo dos anos.

3.4 Estudo da Correlação de Pearson

Neste estudo, não houve correlação entre atributos microbiológicos e produtividade

(Quadro 7), porém, houve correlação entre atributos químicos (pH, Ca, Mg, SB e CTC) e

produtividade, que neste caso podem, de forma indireta, ser conseqüência dos benefícios

promovidos pela ação decompositora da microbiota do solo, uma vez que, a biomassa

microbiana, além de representar um considerável reservatório de nutrientes no solo é um atributo

fundamental para acentuar a ciclagem de nutrientes em diferentes ecossistemas (Gama-

Rodrigues, 1999). Desta forma, à medida que se incrementa o C-BMS há um incremento na

fertilidade do solo e, de forma indireta, o carbono da biomassa microbiana, por influenciar a

fertilidade do solo, pode ter contribuído para a produtividade do milho.

Neste estudo, não foi observada correlação significativa e positiva entre teores de

nutrientes foliares e produtividade do milho. Esta ausência de significância positiva,

possivelmente está relacionada aos níveis adequados de fertilidade do solo em que foi conduzido

o estudo.

Deve-se destacar que a rotação de culturas no sistema plantio direto tem sido relatada por

diversos autores como uma prática que pode incrementar a produtividade das culturas, além de

favorecer uma maior diversidade biológica do solo, aumentar a fertilidade e promover a melhoria

da qualidade do solo nos agroecossistemas (Lombardi Neto et al., 2002; Santos e Tomm, 2003;

Giacomini et al., 2004; Balota et al., 1998).

39

Quadro 7 Coeficientes de correlação de Pearson entre os atributos químicos e microbiológicos do solo, estado nutricional das culturas de inverno com a produtividade do milho. Dourados-MS 2005/6

Atributos químicos

pH 0,55* K -0,28 ns

P 0,01 ns SB 0,46*

MO 0,16 ns Al -0,58*

Ca 0,46* CTC 0,44*

Mg 0,51* V % 0,55*

Atributos microbiológicos

C-BMS 0,28ns qCO2 -0,07 ns

CO2 0,08 ns qMIC -0,15 ns

Teores foliares de nutrientes

N 0,38 ns Ca 0,11 ns

P 0,20 ns Mg 0,19 ns

K 0,11 ns S -0,17 ns

** e * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade pelo teste t, respectivamente. ns=não significativo. Valores limites dos atributos microbiológicos e químicos estudados (p≤ 0,05): C-BMS [368,6; 816,4]; C-CO2 [9,2;31,2]; qCO2 [10,5; 13,9]; qMIC [1,93; 2,45]; pH [4,84; 5,5]; P [17,3; 31,9]; Ca [3,8; 7,4]; Mg [1,7; 2,5]; K [0,68; 0,8]; SB [6,28; 10,68]; CTC [6,38; 10,72]; MO [30,7; 63,7]; H [4,97;6,95]; V% [48,1;64,3]; Al [0,03; 0,11].

40

CONCLUSÕES

A eliminação da vegetação nativa e posterior substituição por sistemas de cultivo afeta os

indicadores microbiológicos do solo.

Os sistemas de cultivos estudados interferem em atributos químicos e microbiológicos do

solo.

A rotação de culturas influencia a produtividade do milho, sendo favorecida após o

cultivo de determinadas espécies de cobertura como crotalária e ervilhaca no sistema de rotação.

41

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46

CAPITULO II

ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

AVALIADOS POR MEIO DE CORRELAÇÕES CANÔNICAS

47

ATRIBUTOS QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DO SOLO

AVALIADOS POR MEIO DE CORRELAÇÕES CANÔNICAS

Autora: Elaine Reis Pinheiro Lourente

Orientadora: Profa Dra Marlene Estevão Marchetti

48

RESUMO

A correlação canônica mede a existência e a intensidade da associação entre dois grupos

de variáveis e representa uma tentativa de concentrar uma relação de alta dimensão entre dois

grupos de variáveis em poucos pares de variáveis canônicas. Objetivou-se, neste trabalho, estimar

a máxima correlação entre as combinações lineares das variáveis microbiológicas e químicas do

solo. Para o estudo da correlação canônica entre atributos químicos e microbiológicos foram

considerados os dados obtidos nos sistemas de cultivo, ou seja, plantio direto e convencional, no

verão, de forma verificar o impacto do sistema de rotação de culturas e ausência de revolvimento

sobre os atributos do solo estudados. Para a discussão dos dados foi considerada a correlação

entre variáveis originais e variáveis canônicas (cargas canônicas), o que confere maior

consistência aos resultados. Os atributos biológicos estudados foram: C-BMS, C-CO2, qCO2 e

qMIC e os atributos químicos: pH, CTC, Ca, Mg, K, Al, MO, Corg, Porg, Norg, relação C/N e

C/P em três diferentes combinações. O teor de matéria orgânica do solo, mais do que a sua

qualidade, favorece o desenvolvimento da biomassa microbiana do solo.O qMIC foi um dos mais

importantes indicadores de qualidade do solo.

Palavras-chave: correlação canônica, indicadores microbiológicos, fertilidade do solo

49

SOIL BIOCHEMICAL AND MICROBIOLOGICAL CHARACTERISTICS VALUATED BY CANONIC CORRELATIONS

ABSTRACT

The analysis of canonic correlation measures the existence and the intensity of the association

between two groups of variables. The research objectified to evaluate the maximum correlation

among linear combinations of soil chemical and microbiological variables. Data obtained from

no-till and conventional growing systems, in summer, were used to verify the rotation crops

system impact and the plowing absence over soil characteristics studied. Original and canonic

variables correlations were the base for data discussion in support for the results. The biological

characteristics studied were: microbian biomass C, C-CO2, qCO2 and qMIC and the chemical

characteristics were: pH, CTC, Ca, Mg, K, Al, OM, organic C, organic P, organic N, C/N and

C/P relations in three different combinations. Soil organic matter contents, more than its quality,

are favorable to soil microbian biomass development. One of most importance to indicate soil

quality was qMIC.

Key-words: canonic correlation, microbiological indicators, soil fertility.

50

1 INTRODUÇÃO

A medida da qualidade do solo mediante o emprego de indicadores permite entender

como evolui o estado (capacidades e propriedades) dos solos sob determinados sistemas de

manejo, particularmente para uma agricultura sustentável. Esses conceitos complementam a

antiga visão reducionista, que só considera o solo como fonte de nutrientes e suporte para as

plantas cultivadas, o conceito de qualidade dos solos coloca este recurso como o centro dos

processos ambientais em todos os níveis. A fertilidade do solo, por exemplo, se relaciona

estreitamente com a biomassa microbiana, que atuaria na decomposição primária da matéria

orgânica derivada dos resíduos vegetais e animais, assim como a sua própria reciclagem. Os

subprodutos de sua ação influem diretamente nas propriedades químicas e físicas do solo, porém

sua ação não pode ser avaliada independentemente. Neste contexto, um solo fértil deve ser

definido de uma maneira integrativa como um solo que conserva as propriedades físicas,

químicas e biológicas, de forma desejável, capaz de suprir adequadamente a planta de nutrientes

e água, além de prover suporte mecânico (Astier-Calderón, 2002).

Um outro aspecto dentro desse conceito de agricultura sustentável, é a necessidade de

gerar informações sobre a biomassa microbiana, por ser um agente das transformações da matéria

orgânica do solo além de representar um importante estoque de nutrientes que pode favorecer

uma redução do uso de fertilizantes químicos. Esse é um ponto forte na agricultura brasileira

moderna, principalmente pelo elevado custo de aquisição de fertilizantes (Venzk Filho, 2003).

A biomassa vegetal viva tem a função de reciclagem de nutrientes e de proteção do solo

contra a erosão. Os resíduos vegetais, raízes e exsudatos são fontes de alimento para a biota do

solo, proteção do solo contra a erosão e fontes de nutrientes às plantas. A biomassa microbiana

do solo tem a função de decomposição dos resíduos, agregação temporária e fonte de nutrientes.

Os fatores que influenciam a biomassa microbiana são a fertilidade, temperatura, umidade e grau

de revolvimento do solo, além do tipo (qualidade, relação C/N) e magnitude dos resíduos

vegetais, exsudados e raízes (funções compiladas por Mielniczuk, 1999).

51

Os modelos estatísticos clássicos são geralmente menos sensíveis em sistemas biológicos,

em razão das particularidades de cada manejo, e não consideram o efeito conjunto de inúmeros

fatores e características que promovem respostas ao manejo. A análise multivariada tem sido

utilizada com eficácia em estudos microbiológicos quando se pretende identificar os atributos que

servem para separar áreas de estudo, por inexistência de similaridade (Maluche-Baretta et al.,

2006).

As informações obtidas por meio de atributos microbiológicos serão tão mais precisas

quanto melhor o método utilizado para o tratamento estatístico dos dados. Métodos de análise

multivariada, como por exemplo, análise de correlação canônica, são importantes por discriminar

precocemente as alterações de atributos do solo (Maluche-Baretta et al., 2006).

A correlação canônica mede a existência e a intensidade da associação entre dois grupos

de variáveis. O aspecto de maximização da técnica representa uma tentativa de concentrar uma

relação de alta dimensão entre dois grupos de variáveis em poucos pares de variáveis canônicas.

A análise é baseada na determinação de variáveis canônicas ortogonais em cada conjunto de

variáveis, por isso que as variáveis em cada conjunto devem ser linearmente independentes

(Trugilho et al., 2003).

No estudo de correlação canônica, a significância de, pelo menos um par canônico, leva à

conclusão de que os grupos considerados não são independentes, podendo utilizar seus

coeficientes para discussões mais específicas. Os pares canônicos não significativos podem ser

utilizados para avaliar o grau de importância das variáveis dentro de cada grupo, nas correlações

entre os grupos (Ribeiro-Júnior, 2001). O interesse, de modo geral, é o conhecimento das

relações existentes entre pares ou grupos de variáveis. As correlações canônicas referem-se às

correlações entre variáveis canônicas, de tal modo que, a correlação entre essas combinações seja

máxima. Assim, não existirá nenhuma outra combinação linear de variáveis cuja correlação seja

maior que essa (Trugilho et al., 2003).

Neste contexto, objetiva-se com este trabalho, estimar a máxima correlação entre as

combinações lineares das variáveis microbiológicas e químicas do solo.

52

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área experimental e manejo adotado

O trabalho foi realizado no ano agrícola de 2005/06, na Fazenda Experimental da

Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD, no Município de Dourados- MS, localizado a

22º 14’ de latitude sul e 54º 49’ de longitude Oeste e altitude de 452 metros, em um

Latossolo Vermelho Distroférrico argiloso, cultivado em sistema plantio direto (PD)

durante 8 anos e em sistema de rotação de culturas (Quadro 1); e plantio convencional (PC)

em uma área preparada com uma escarificação, uma gradagem com grade intermediária,

seguida por uma gradagem niveladora. O clima da região é caracterizado como Cwa

(Köppen), subtropical, com chuvas de verão e verões quentes (Ayoade, 1986).

Quadro 1 Seqüência de rotação de culturas no período de 2002 a 2006, em condições de plantio direto de sequeiro. Dourados-MS, 2005/6.

2002 2003 2004 2005 2006 Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão Out/Inv Verão

Milho Ep+av+nb Feijão Ep+av+nb Soja Av+crotalaria Milho Ep+av+nb Soja

Soja Trigo Milho Girassol Soja Ep+av+nb Milho Girassol Soja

Milho Ep+av+nb Soja Av+Crotaria Soja Girassol Milho Av+crotalaria Soja

Soja Triticale Milho Feijão/milhet Soja Crotalaria Milho Feijão/milhet Soja

Soja Ervilhaca Milho Sorgo Soja Ervilhaca Milho Sorgo Soja

Av =aveia preta (Avena strigosa Sheib); Ep= ervilhaca peluda (Vicia villosa, Roth); Nb=nabo forrageiro (Raphanus sativus L. var. oleiferus (Stokes) Metzg.); Milhet.=milheto (Pennisetum glaucum L.); Feijão (Phaseolus vulgaris L.); Girassol (Helianthus annuus L.); Crotalária (Crotalária junceae L)

2.2 Amostragens

As coletas de inverno foram realizadas em julho de 2005 e as de verão em janeiro

de 2006, no pleno florescimento do nabo forrageiro e inicio do florescimento das demais

culturas de inverno e do milho, respectivamente. As amostragens de solo foram

efetuadas em cada subparcela, na camada de 0 a 10 cm de profundidade, sendo que cada

amostra foi composta de cinco sub-amostras. Após homogeneização, as amostras foram

acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificadas e armazenadas em câmara

fria (4ºC).

53

2.3 Determinações químicas e microbiológicas

A análise do carbono da biomassa microbiana (C-BMS) do solo foi realizada pelo

método da fumigação-extração descrito por Vance et al. (1987); o C orgânico foi

determinado pelo método de Mebius, modificado por Yeomans e Bremner (1989); a

respiração basal (C-CO2) foi obtida pelo método da respirometria (evolução de CO2);

quociente microbiano - qMIC foi expresso em porcentagem, e calculada pela seguinte

fórmula: (C-BMS/Corg) x 100 e o Quociente metabólico (qCO2) obtido pela divisão da

respiração basal pelo carbono microbiano (µ CO2/µg C-BMS).

As análises da biomassa microbiana foram realizadas no Laboratório de

Microbiologia do Solo da Embrapa Agropecuária Oeste, localizado em Dourados-MS e as

análises químicas do solo no Laboratório da Universidade Federal da Grande Dourados, de

acordo com Claessen (1997) (Quadro 3). Além das análises de rotina, foram determinados

os teores de fósforo orgânico (P org), de acordo com Braga e Delefelipo (1974) e de

nitrogênio orgânico (N org) de acordo com EMBRAPA (1997) modificado.

2.4 Fundamentos metodológicos da correlação canônica

No estudo de correlações canônicas são considerados dois grupos de variáveis X e

Y, cujas definições contidas em Ribeiro Júnior (2001) são:

X’= [ x1x2...xp] = vetor de p variáveis que constituem o grupo 1;

Y’= [y1y2...yq] = vetor de q variáveis que constituem o grupo 2.

O objetivo é estimar a máxima correlação entre as combinações lineares das

combinações do grupo 1 e 2, bem como, estimar os respectivos coeficientes de ponderação

das variáveis em cada combinação linear PCX1 e PCY1, respectivamente.

PCX1= a1X1 + a2X2 + ... apXp

PCY1= b1Y1 + b2Y2 + ... bpYp

a’= [a1a2...ap] = vetor de p coeficientes de ponderações das variáveis do grupo 1 associado

ao PCX1;

b’= [b1b2...bq] = vetor de q coeficientes de ponderações das variáveis do grupo 2 associado

ao PCY1.

A primeira correlação canônica será definida como aquela associada ao maior autovalor de

uma matriz de ordem s versus s e que maximiza a relação entre as funções PCX1 e PCY1,

sendo denominadas como o primeiro par canônico associado a esta correlação canônica,

expressa por:

54

^

V^

r = Côv (PCX1, PCY1)

√ (PCX1).V (PCX2)

As demais correlações e pares canônicos serão estimados, utilizando os demais

autovalores em ordem decrescente e os autovetores correspondentes até p ou q correlação

estimada (Ribeiro Júnior, 2001).

Para o estudo da correlação canônica entre atributos químicos e microbiológicos

foram considerados os dados obtidos nos sistemas de cultivo, ou seja, plantio direto e

convencional, no verão (amostragem em janeiro/2006), de forma a verificar o impacto do

sistema de rotação de culturas e ausência de revolvimento sobre os atributos do solo

estudados. Para a discussão dos dados foi considerada a correlação entre variáveis originais

e variáveis canônicas (cargas canônicas), o que confere maior consistência aos resultados

(Khattree e Naik, 2000). Foram estudados os seguintes grupos de variáveis: atributos

microbiológicos: C-BMS, C-CO2, qCO2 e qMIC e atributos químicos: pH, CTC, Ca, Mg,

K, Al e MO; atributos microbiológicos e atributos químicos: pH, CTC, Ca, Mg, K, Al, MO,

Corg, Porg, Norg, C/N e C/P; e componentes orgânicos do solo: C-BMS, C-CO2, qCO2 e

qMIC e atributos químicos: pH, CTC, Ca, Mg, K e Al. O aplicativo computacional

utilizado foi o SAEG 9.1 (Ribeiro Júnior, 2001).

55

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos quatro pares canônicos extraídos entre atributos microbiológicos e químicos do

solo, limitados pelo menor número de atributos microbiológicos, apenas os dois primeiros

pares foram significativos (p≤0,000 e p≤0,050, respectivamente), com uma correlação

canônica rc= 0,99 e 0,93, respectivamente, portanto os grupos considerados não são

independentes (Quadro 2). Apesar do segundo para canônico ter sido significativo, não foi

detectada nenhuma informação relevante para o estudo, portanto, apenas o primeiro será

analisado. A significância de pelo menos um par canônico, leva a conclusão de que os

grupos considerados não são independentes, podendo utilizar seus coeficientes para

discussões mais específicas. Os pares canônicos não significativos podem ser utilizados

para avaliar o grau de importância das variáveis dentro de cada grupo, nas correlações

entre os grupos, no entanto, não serão considerados neste trabalho.

Quadro 2 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo I e II

Autovalor Correlação Significância 0,9908 0,9954 0,000 0,8673 0,9313 0,050 0,3079 0,5549 0,918 Grupo 1– Atributos Microbiológicos 1ºPar Canônico 2º Par Canônico C-BMS 0,40925 -0,00486 C-CO2 0,26999 -0,09805 qCO2 0,05152 -0,12111 qMIC -0,6918 -0,00576 Grupo 2– Atributos Químicos pH 0,14948 0,03705 P 0,00703 0,01406 Ca 0,17436 0,02836 Mg 0,13470 0,05216 Sb 0,16687 0,05255 CTC 0,15914 0,05418 MO 0,79283 0,01093 Correlação 0,995** 0,931*

**significativo pelo teste t (p<0,01), *significativo pelo teste t (p<0,05). Valores limites dos atributos microbiológicos e químicos estudados (p≤ 0,05): C-BMS [368,6;816,4]; C-CO2 [9,2;31,2]; qCO2 [10,5; 13,9]; qMIC [1,93; 2,45]; pH [4,84; 5,5]; P [17,3; 31,9]; Ca [3,8; 7,4]; Mg [1,7; 2,5]; SB [6,28; 10,68]; CTC [6,38; 10,72]; MO [30,7; 63,7].

56

Dentre os atributos químicos considerados, o teor de matéria orgânica foi o que

mais influenciou o carbono da biomassa microbiana do solo (C-BMS), com carga canônica

de 0,79283 (Quadro 2). Os demais atributos químicos tiveram pouca importância, com as

cargas variando de 0,007 a 0,17. Estudos, em condições de Cerrado nativo, têm

demonstrado um importante incremento na biomassa microbiana em função do aporte

contínuo de matéria orgânica e a diversidade desta matéria orgânica, além da íntima relação

entre adição de matéria orgânica no solo e estímulo dos organismos heterotróficos do solo

(D`Andréa et al., 2002; Moreira e Siqueira, 2002).

Dentre os atributos microbiológicos a relação entre carbono microbiano e carbono

orgânico, denominada de quociente microbiano (qMIC), foi o que mais influenciou os

atributos químicos do solo (-0,69). O sinal negativo da carga canônica indica que quanto

maiores os valores de qMIC menor será a fertilidade do solo. Valores maiores de qMIC,

implica em dizer que está ocorrendo um importante aumento do C-BMS em detrimento do

C orgânico. A menor fertilidade do solo pode ser um reflexo direto de um aporte

insuficiente de C no solo, devido a menor reciclagem de nutrientes, menor CTC e menor

estruturação do solo. De acordo com Floss (2000), a matéria orgânica é o principal

componente da fertilidade dos solos no Cerrado.

Em circunstâncias em que a biomassa microbiana do solo encontra-se sob condições

de estresse (acidez, deficiência de nutrientes) a capacidade de utilização de carbono é

diminuída (< qMIC). Se uma fonte de matéria orgânica de qualidade é adicionada ao solo

ou há mudanças no fator limitante há um rápido aumento no qMIC (Tótola e Chaer, 2002).

O aumento da relação entre C microbiano e C orgânico pode promover uma imobilização

temporária de nutrientes pela biomassa microbiana, com conseqüente redução na

disponibilidade de nutrientes na solução do solo. De acordo com Gama-Rodriguez (1999)

os microorganismos imobilizam temporariamente, carbono, nitrogênio, fósforo, potássio,

cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes, que serão disponibilizados após sua morte.

Valores superiores a 1% desta relação indicam que está havendo acréscimos de carbono no

solo, ao longo do tempo, valores menores podem indicar perda de carbono (Marchiori

Júnior e Melo, 2000), em conseqüência da decomposição da matéria orgânica do solo, com

grande parte do carbono sendo utilizado para consumo energético e uma pequena parte

sendo incorporada à biomassa microbiana (Anderson e Domsch, 1989 citados por Tótola e

Chaer, 2002). A decomposição da matéria orgânica é interessante sob o ponto de vista de

liberação de nutrientes, no entanto, se não houver um aporte de carbono adequado, pode

57

haver a decomposição da matéria orgânica mais estável, responsável pela qualidade física

do solo, por exemplo, agregação (Tótola e Chaer, 2002).

O sinal negativo da carga canônica para qMIC e positivo para C-BMS demonstra

que as áreas com elevado teor de C-BMS apresentaram baixos valores de qMIC indicando

que o aumento da biomassa microbiana pode estar ocorrendo em função da adição de uma

matéria orgânica de baixa qualidade (< qMIC) (Balota et al., 1998) (Quadros 2 e 3). Moore

et al. (2000), observaram um efeito significativo entre rotação de culturas e qMIC, sendo

que os maiores valores foram observados em sistemas de rotação quando comparados com

monocultivos. Segundo estes autores, isto está associado à maior qualidade da matéria

orgânica no sistema de rotação que favorece o equilíbrio da biomassa microbiana.

Quadro 3 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo I e II

Autovalor Correlação Significância 0,9946 0,9973 0,0000 0,9464 0,9728 0,0198 0,7752 0,8804 0,4082 0,3166 0,5627 0,8746 Grupo 1– Atributos Microbiológicos 1º Par Canônico 2º Par Canônico C-BMS -0,5420 0,0201 C-CO2 -0,3187 0,1213 qCO2 -0,0274 0,1352 qMIC 0,9255 0,0135 Grupo 2– Atributos Químicos Porg -0,0155 -0,0491 Norg -0,1930 -0,0766 Corg -1,0000 -0,0058 pH -0,2147 -0,0369 P -0,0021 -0,0095 Mg -0,1980 -0,0518 Ca -0,2465 -0,0278 K -0,1374 -0,1040 Al 0,2960 0,0275 C/N -0,5908 0,0605 C/P -0,6206 -0,0040 Correlação 0.997** 0.973*

**significativo pelo teste t (p<0,01), *significativo pelo teste t (p<0,05). Valores limites dos atributos microbiológicos e químicos estudados (p≤ 0,05): C-BMS [368,6; 816,4]; C-CO2 [9,2;31,2]; qCO2 [10,5; 13,9]; qMIC [1,93; 2,45]; Porg [13,9; 41,5]; Norg [1,49; 2,41]; Corg [17,8; 36,9]; pH [4,84; 5,5]; P [17,3; 31,9]; Ca [3,8; 7,4]; Mg [1,7; 2,5]; K [0,68; 0,8]; Al [0,03; 0,11]; C/N [12,1; 15,7]; C/P [417,2; 564,8].

Quando realizou-se o estudo da correlação canônica entre os atributos

microbiológicos e químicos do solo, com a matéria orgânica sendo estudada quanto aos

58

teores de Norg, Porg, relação C/N e C/P (Quadro 3), foi observado um efeito significativo

dos dois primeiros pares canônicos p≤0,000 e p≤0,019, respectivamente, demonstrando a

interdependência dos grupos. O teor de C orgânico foi mais importante para os atributos

microbiológicos do que a qualidade da matéria orgânica representada pela relação C/N,

C/P, Norg e Porg (Quadro 3). Os sinais negativos observados entre as cargas canônicas

C/N, C/P e entre a carga canônica C-BMS, indica que ambos seguem a mesma direção, ou

seja, quanto maior a relação C/N e C/P, maior será a biomassa microbiana do solo. É

possível que este fato esteja associado à alta taxa de decomposição da matéria orgânica do

solo, nas condições de Cerrado, o que faz com que a quantidade de resíduos e seus efeitos

sobre temperatura, umidade e suprimento de carbono sejam mais importantes, em termos

relativos, do que a qualidade. Segundo Floss (2000), a manutenção de restos culturais na

superfície do solo, num sistema de rotação de culturas, é importante por proporcionar

melhorias na estrutura do solo, refletindo de maneira eficaz no incremento da infiltração de

água, redução da temperatura superficial do solo, aumento da estabilidade dos agregados e

da disponibilidade de nutrientes e água, e estímulo às atividades microbiológicas, com

conseqüente redução nas perdas por erosão do solo e água, aumento gradativo da

produtividade das culturas e a redução dos custos de produção.

A relação C/N e C/P, no entanto, se destacam em relação pH, CTC, Ca, Mg, K e

Al, quanto à influência sobre o C-BMS (Quadro 3). Diversos autores mencionam a

importância da fertilidade do solo sobre a biomassa microbiana do solo (Tótola e Chaer,

2000; Gama-Rodrigues, 1999; Moreira e Siqueira, 2002; Hargreaves et al., 2003; Gaillard

et al., 1999). Neste estudo, os atributos químicos, tiveram, relativamente, menor

importância nos atributos microbiológicos, uma vez que os teores de nutrientes e pH nos

ambientes do solo estudados estão em níveis adequados a altos (pH [4,84; 5,5]; P [17,3;

31,9]; Ca [3,8; 7,4]; Mg [1,7; 2,5]; K [0,68; 0,8]; SB [6,28; 10,68]; CTC [6,38; 10,72]; MO

[30,7; 63,7]). Maluche-Baretta et al. (2006), observaram em seus estudos que o teor de Al e

pH foram os atributos que mais influenciaram o C-BMS quando comparado com C

orgânico, em condições em que os teores de matéria orgânica no solo eram

consideravelmente maiores (69 e 77 g kg-1) do que os observados neste estudo (28 a 36 g

kg-1).

Quando no grupo 1 foi incluída toda fração orgânica estudada no trabalho, com o

objetivo de observar a influência dos atributos químicos sobre os indicadores

microbiológicos e matéria orgânica, verificou-se que os teores de P, Mg, e K foram os

59

atributos que mais influenciaram a matéria orgânica do solo (Quadro 4). Quanto maiores os

teores destes nutrientes, menores os indicadores qCO2, C-CO2, demonstrando que a

biomassa estaria sendo mais eficiente e equilibrada com menor perda de CO2 por unidade

de biomassa (Tótola e Chaer, 2002; Gama-Rodrigues, 1999; Balota et al.,1998). O sinal

negativo observado nas cargas canônicas das relações C/N (-1,000) e C/P (-1,000) e

positivos para P, Mg e K indicam que, quanto menor a relação C/N e C/P da matéria

orgânica do solo, maior será a possibilidade de mineralização, e portanto, uma maior

disponibilização destes nutrientes na solução do solo.

Quadro 4 Correlações canônicas e pares canônicos entre as características do grupo

I e II

Autovalor Correlação Significância 0,9278 0,9632 0,0263 0,8669 0,9311 0,1415 0,7358 0,8578 0,3901 0,5902 0,7682 0,5838 0,3867 0,6218 0,7066 0,2071 0,4551 0,6800 Grupo 1– Atributos Microbiológicos 1º Par Canônico 2º Par Canônico C-BMS -0,0321 0,1000 C-CO2 -0,7427 0,6125 qCO2 -1,0000 0,4564 qMIC -1,0000 -0,8223 Porg 1,0000 -0,3086 Norg -0,0596 -0,9428 Corg 0,4445 0,8350 C/N -1,0000 1,0000 C/P -1,0000 0,4045 Grupo 2– Atributos Químicos pH 0,0118 0,2166 P 0,6523 0,0693 Ca 0,0652 0,2315 Mg 0,6881 0,3112 K 0,7128 0,0301 Al 0,0677 -0,1583 Correlação 0,963* 0,931ns

**significativo pelo teste t (p<0,01), *significativo pelo teste t (p<0,05), ns não significativo pelo teste t (p<0,05). Valores limites dos atributos microbiológicos e químicos estudados (p≤ 0,05): C-BMS [368,6; 816,4]; C-CO2 [9,2;31,2]; qCO2 [10,5; 13,9]; qMIC [1,93; 2,45]; Porg [13,9; 41,5]; Norg [1,49; 2,41]; Corg [17,8; 36,9]; C/N [12,1; 15,7]; C/P [417,2; 564,8]; pH [4,84; 5,5]; P [17,3; 31,9]; Ca [3,8; 7,4]; Mg [1,7; 2,5]; K [0,68; 0,8]; Al [0,03; 0,11];.

Por outro lado, a atividade da biomassa (C-CO2), o qCO2 e qMIC influenciaram a

disponibilidade de P, K e Mg sendo estes últimos dependentes dos primeiros. Este resultado

60

confirma que à medida em que se tem uma maior atividade microbiana (C-CO2), maior é a

liberação de nutrientes. Altos valores de qCO2, comumente ocorrem em sistemas que estão

sob algum nível de estresse, refletindo em maior decomposição da matéria orgânica e

liberação de nutrientes (Tótola e Chaer, 2002).

A alta dependência entre teor de Porg (1,00) e P disponível no solo (0,65) evidencia

a importante contribuição da matéria orgânica nos teores de P disponível do solo. Ao

estudar o efeito da incorporação de resíduos orgânicos sobre as características químicas do

solo, Braccini et al. (1995), observaram um aumento no teor de fósforo. Da mesma forma, a

disponibilidade de P na solução do solo pode incrementar o teor de P orgânico por

promover o desenvolvimento vegetal. Em condições de Cerrado, este fato ganha uma

importância particular devido à baixa disponibilidade de P destes solos (Martinhão et al.,

2004).

61

4 CONCLUSÕES

O teor de matéria orgânica do solo, mais do que a sua qualidade, favorece o

desenvolvimento da biomassa microbiana do solo.

O qMIC foi um dos mais importantes indicadores de qualidade do solo.

62

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Apêndice 1 Quadrados médios da análise de variância para os atributos microbiológicos em função manejo e uso do solo. Dourados-MS. 2005/6

* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F , (ns) não significativo

Apêndice 2 Quadrados médios da análise de variância para os atributos químicos em função manejo e uso do solo. Dourados-MS. 2005/6

Quadrados médios Fonte de variação Porg C/N Corg C/P MO Norg pH

Blocos 15,873ns 10,9403

ns 16,754** 34503,9ns 49,798** 0,0672 ns 0,0771 ns

Estação 6,1142ns 0,5423ns 97,352** 21339,9 ns 289,34** 0,0168 ns 0,1050 ns Resíduo (a) 59,733 4,6819 0,3061 34892,2 0,9100 0,0392 0,0257 Manejo e uso do solo 5619,46** 9,5647ns 1166,9** 61242,0 ns 3468,25** 5,6196 ** 2,1700 ** Estação x Manejo e uso

335,47* 56,322** 146,73** 145064,5* 436,111** 0,2389** 0,0377 ns

Resíduo 137,63 10,0111 6,075 52385,3 18,057 0,05320 0,0778 CVa (%) 14,9 16,0 2,2 36,0 2,2 9,5 3,1

23,0 23,0 CVb (%)

10,0 44,0 10,0 12,0 5,4

Fonte de variação P CTC V Ca Mg K Sb m%

Blocos 48,794ns 1,876 ns 139,3 ns 1,1266 ns 0,1164** 0,009 ns 2,052 ns 0,0159 * Estação 16,343 ns 0,141 ns 131,6 * 0,3631 ns 0,1609 ** 0,0425 * 0,165 ns 0,0009ns Resíduo (a) 144,03 0,679 ns 18,85 0,6199 0,0145 0,0066 0,699 ns 0,0045 Manejo e uso do solo 519,54 ** 90,72 ** 1288 ** 65,241** 2,3688 ** 0,0671 * 92,76 ** 0,0254ns Estação x Manejo e uso

90,669 ns 1,560 ns 34,49 ns 0,7126 ns 0,2337 ns 0,0383ns 1,602 ns 0,0103ns

Resíduo 82,336 1,115 67,51 0,5741 0,1826 0,0200 1,274 ns 0,0116 CVa (%) 52,4 10,3 7,8 15,1 6,0 12,0 10,5 74,5 CVb (%) 39,5 13,2 14,6 14,5 21,0 21,0 14,0 119,0 * e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F , (ns) não significativo

Quadrados médios Fonte de variação C-BMS CO2 qCO2 qMIC

Blocos 9064,300* 12,962 ns 2,6864 ns 0,6531** Estação 751733,4** 1043,5** 12,102 ns 10,177** Resíduo (a) 2247,75ns 8,5710 17,584 0,0102 Manejo e uso do solo 656139,5** 1202,9** 17,841 ns 0,2331 ns Estação x Manejo e uso 67644,95** 338,76** 59,735** 0,2433 ns Resíduo 7330,960 10,503 10,089 0,1822 CVa (%) 11,0 20,2 31,5 6,0 CVb (%) 20,0 22,4 24,0 25,0

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Apêndice 3 Quadrados médios da análise de variância para os teores de nutrientes foliares (g kg-1) das culturas de inverno e verão (milho). Dourados, 2005/06.

Fonte de variação Quadrados médios N P K Ca Mg S Blocos 1,270 ns 0,0474 ns 1,194 ns 3,687 ns 0,130 ns 0,588 ns Estação 266,7 ** 0,1877 * 1024 ** 97,68 ** 11,33 ** 0,902 ns Resíduo (a) 2,541 0,0311 6,333 0,137 0,016 0,051 Manejo e uso do solo 55,91 ** 2,054 ** 544,4 ** 275,9 ** 0,577 ** 2,511 ** Estação x Manejo e uso 57,79 ** 0,236 ** 96,11 ** 10,49 ** 1,035 ** 0,549 ns Resíduo 7,842 0,034 2,297 2,012 0,057 0,203 CVa (%) 6,2 9,2 12,2 3,9 6,0 15,2 CVb (%) 10,8 9,5 7,3 15,1 11,0 30,1

* e ** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F , (ns) não significativo

Apêndice 4 Quadrados médios da análise de variância para a produtividade média (kg ha-1) do milho (verão), em função do sistema de rotação de culturas. Dourados-MS, 2005/6

Fonte de variação Quadrados médios Produtividade

Blocos 60267,07 ns Rotação de culturas Resíduo

1134851* 486431,4

CV (%) 21 * significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F , (ns) não significativo

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