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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONÔNIA - UNIR
Erivaldo Araújo de Souza
MANEJO E CUSTO NA PRODUÇÃO DE PEIXE TAMBAQUI EM PORTO VELHO
Porto Velho
1
2015
Erivaldo Araújo de Souza
MANEJO E CUSTO NA PRODUÇÃO DE PEIXE TAMBAQUI EM PORTO VELHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Econômicas da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como requisito parcial avaliativo para a obtenção do título de Bacharel em Economia.
Orientador: Msc Otacílio Moreira de Carvalho
2
Porto Velho2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................05
REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................07
ECONOMIA DO AGRONEGÓCIO
.....................................................................................07
PISCICULTURA NO
BRASIL...............................................................................................09
METODOLOGIA.............................................................................................................
.......11
RESULTADOS DA
PESQUISA............................................................................................12
PREÇOS MÉDIOS DE INSUMOS E DOS PEIXES E QUANT.
PRODUZIDAS............... 12
CONCLUSÃO.................................................................................................................
........18
REFERÊNCIAS...............................................................................................................
........20
3
MANEJO E CUSTO NA PRODUÇÃO DE PEIXE TAMBAQUI EM PORTO VELHO
Erivaldo Araújo de Souza
RESUMOA criação de peixe é praticada em todo o estado, nas espécies mais conhecidas como tambaqui, pintado, piau, pirarucu e jatuarana, e de 2011 a 2013 chegou a crescer mais de 300%. O objetivo dessa pesquisa foi verificar o volume de capital que gira em torno da criação do tambaqui na cidade de Porto Velho, desde a escavação de tanques até a despesca, abordando assuntos sobre o negócio agropecuário que mais se desenvolveu no estado de Rondônia nos últimos anos. Utilizando pesquisas bibliográficas e efetuando entrevistas a 3 colegas de trabalho que atuam em atividades de assistência técnica e extensão rural, bem como levantamento de informações em visitas efetuadas em algumas conhecidas propriedades piscícolas localizadas próximas à cidade, procurou-se verificar quanto, em termos financeiros, essa atividade conseguiu movimentar no cultivo do tambaqui no município de Porto Velho no ano de 2014, e qual é a taxa de retorno nesse tipo investimento. Os municípios que possuem produção acima de cinco mil toneladas estão situados no Território Madeira Mamoré, Território Vale do Jamari e Território Central da Cidadania. Juntos tiveram uma produção superior a 66.000 toneladas de carne de peixe da espécie tambaqui –colossoma macropomum, criados em tanques escavados com produção média de sete toneladas por hectare, o que equivale a aproximadamente 76,3% de toda a produção estimada para 2014.
Palavras-chave: Economia do Agronegócio. Piscicultura.
4
ABSTRACT
The fish farming is practiced throughout the state, the best-known species such as tambaqui painted piau, arapaima and jatuarana, and 2011-2013 came to grow more than 300%. The objective of this research was to determine the amount of capital that revolves around the tambaqui creation in the city of Porto Velho, from the excavation of tanks to is harvesting, addressing issues on the agricultural deal that has developed in the Rondônia state in recent years. Using literature searches and making interviews with three co-workers who work in technical assistance activities and extension, as well as gathering information in made visits to some known fish farms located near the city, we tried to check how much in financial terms, this activity could move in tambaqui farming in the city of Porto Velho in 2014, and what is the rate of return on this investment type. Municipalities that have production above five tons are situated in Madeira Mamore Territory, Territory Valley Jamari and Citizenship Central Territory. Together they had a production to 66,000 tons of fish in tambaqui kind of meat - macropomum Colossoma, raised in ponds with average production of seven tons per hectare, which is equivalent to approximately 76.3% of the estimated production for 2014.
Keywords: Economics off Agrobusiness. Fish Farming
1 INTRODUÇÃO
O peixe é um dos recursos naturais mais abundantes e consumidos na região
amazônica (MIDIC, 2003) e importante componente alimentar da comunidade
regional. O primeiro livro escrito sobre piscicultura, que contém os métodos de
criação de carpas pelos chineses, data de 500 antes do período cristão (DOTTO,
1999). Em Rondônia, nas últimas décadas a piscicultura racional foi introduzida e
vem se desenvolvendo rapidamente com aporte de investimentos em todas as suas
fases de produção (FIERO, 1997).
Rondônia foi a primeira unidade da federação a possuir Zoneamento
Socioeconômico-Ecológico – ZSEE, instrumento que indica a melhor forma de
ocupação e uso socioeconômico do espaço territorial e utilização dos recursos naturais
(RONDÔNIA, 2000).
5
A capital do estado de Rondônia, Porto Velho, objeto desta pesquisa, é
composta de solo denso e clima favorável a criação de peixes. As principais regiões
produtoras do estado, com produção acima de cinco mil toneladas por ano, estão
situadas nos territórios Madeira Mamoré (a qual está localizado o município de Porto
Velho), Vale do Jamari (Ariquemes e entorno) e Território Central da Cidadania (Ji
Paraná e entorno).
A piscicultura é uma alternativa à pesca artesanal, praticada por diversas
comunidades em Rondônia. Com a construção das usinas hidrelétricas do Rio
Madeira, o volume de pescado vem sofrendo forte retração, resultante do impacto das
hidrelétricas, já prevista no EIA/RIMA, com destaque para os seguintes impactos:
interrupção das rotas migratórias de peixes; alteração na estrutura da comunidade de
peixes; redução local da diversidade de peixes; e perda de áreas de desova de peixes
(FURNAS, 2005). Frente a essa realidade, a piscicultura vem se expandindo e
continuará em expansão na região de Porto Velho.
Segundo o superintendente da Superintendência da Aquicultura e Pesca no
estado, Giovan Damo, a piscicultura em Rondônia está sendo vista como o novo
agronegócio devido seu desempenho, que chegou a crescer mais de 300% de 2011 a
2013. Porém, Souza (2011) destaca que a expansão produtiva de peixes em sistemas
de piscicultura deve ocorrer com responsabilidade, a partir da produção de proteína de
alto valor nutritivo para fornecimento aos peixes, a atividade deve ser conduzida de
forma socialmente correta e ambientalmente aceitável, utilizando métodos adequados
baseados em princípios científicos, ecológicos, tecnológicos e econômicos.
Esta pesquisa propôs mensurar o atual volume de recursos financeiros que
gira, desde a aquisição do alevino até a sua despesca, em torno da cadeia produtiva do
peixe da espécie tambaqui no município de Porto Velho, no ano de 2014.
A pesquisa foi delineada por meio de uma abordagem teórica e entrevistas
realizadas junto a técnicos da Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Estado de Rondônia - EMATER-RO, que prestam assistência diretamente ao
piscicultor, bem como a coleta de informações dos empresários ligados ao setor e juto
a piscicultores, pretendendo-se, dessa forma, levantar a quantidade de alevinos e ração
que são comercializados, o custo empregado na abertura e preparação de tanques
escavados, energia elétrica, mão de obra assalariada e a venda dos produtos nos
mercados.
6
A pesquisa possibilitou uma ampla visão do capital que gira na cidade de
Porto Velho, aquecendo o comércio local, beneficiando o consumidor devido a
concorrência que se estabelece no mercado, concorrência por qualidade e preço, o que
dá uma alternativa saudável de alimento a preços baixos, atingindo principalmente as
famílias de baixa renda, sem contar com a melhoria da qualidade de vida do produtor,
na diversificação de atividades da propriedade, e ainda o consequente benefício
trazido à arrecadação de impostos para o Estado.
A estrutura de mercado, definida teoricamente como modelo de competição
perfeita, possui algumas características como elevado número de
produtores/vendedores e compradores, produto homogêneo, livre entrada e saída de
produtores/vendedores, compradores e produtores são tão pequenos que não
interferem na formação de preços, que é dado pelo mercado e os preços também são
homogêneos (KUPFER e HASENCLEVER, 2013). A venda de peixes em feiras
livres, feira do produtor, mercados, supermercados, açougues, venda direta do
produtor, entre outros estabelecimentos e formas de venda, bem como a facilidade de
entrada e saída de produtores e comerciantes nesse mercado, entre outras
características, aproxima esse mercado à estrutura de concorrência perfeita.
A espécie de peixe de maior produção e consumo em Rondônia é o tambaqui,
espécie rústica e de fácil adaptação às condições de cultivo da região, apesar de se
encontrar outras variedades também presentes na região, como o pacu, tilápia, piau e
pirarucu.
Na venda ao consumidor final, o preço do peixe varia conforme o tamanho, haja vista
que os peixes de maior peso representam maiores custos ao produtor, em especial no
consumo de ração. A venda do produto é muito volumosa e sua produção vem
crescendo ano a ano, para abastecimento não só no estado de Rondônia, mas para
outros estados também. Segundo o extensionista em Gestão da EMATER-RO,
Elisafan Batista de Sales, Rondônia possui aproximadamente oito mil propriedades
rurais com criatórios de peixe, desde os mais simples, com baixo uso tecnológico, até
os altamente tecnificados, abrangendo, em sua maioria, produção de pequena escala.
Desse total de criatórios, segundo dados obtidos junto ao cadastro da EMATER-RO,
há 159 criadores assistidos, mas não necessariamente licenciados
pela SEDAM, localizados no município de Porto Velho e, ainda segundo a EMATER-
RO, que presta assistência técnica gratuita a esses produtores, a produção de peixe em
7
tanques em 2014 alcançou a marca de cinco mil e duzentas toneladas, somente para a
espécie tambaqui.
Importante seria que todos os produtores rurais que possuem tanques para a
piscicultura estivessem em situação regular de funcionamento, pois Muls (2008)
afirma que as instituições locais é um passo importante para o início de um processo
de desenvolvimento endógeno e para a construção de uma identidade territorial que
permita aos atores locais colocar em curso alguma modalidade de reação autônoma.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Economia do Agronegócio
As atividades produtivas ligadas a agropecuária passaram por um processo de
evolução muito forte no Brasil, a partir da década de 1960, deixando de ser uma
atividade auto-suficiente, passando a se integrar com outras atividades, sobretudo com
a indústria (agroindústrias), formando um complexo de atividades que a economia
industrial trata como agronegócio.
O agronegócio é dado pela soma total das operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção na fazenda, do
armazenamento, do processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles, (SILVA, 2010).
A modernização da agropecuária se torna um importante processo que
modifica as configurações geográficas locais pelo fato de o campo acolher as
atividades produtivas tecnológicas que impulsionam a produção de novas
mercadorias, seja na verticalização da produção, em que emergem as agroindústrias,
como na horizontalização das cadeias produtivas, produto da expansão do espaço
agrícola articulado aos circuitos espaciais da produção, aumentando cada vez mais o
intercâmbio entre campo e cidade, (COSTA SILVA, 2014).
O emprego de inovações tecnológicas impacta positivamente sobre os
indicadores de produção e dos produtos gerados, com reflexos positivos sobre a
qualidade de vida e a renda familiar (SIMIONI e ZILLIOTTO, 2012). Para o caso da
piscicultura em Porto Velho, informações da EMATER/RO dão conta de que a
maioria dos produtores que desenvolvem essa atividade é formada por pequenos
8
produtores de base familiar.
O mundo contemporâneo colocou o sistema familiar de produção dentro de
um contexto sócio-econômico próprio e delicado, haja vista que sua importância
ganha força quando se questiona o futuro das pessoas que subsistem do campo, a
problemática do êxodo rural e, consequentemente, a tensão social decorrente da
desigualdade social no campo e nas cidades (GUILHOTO et al, 2006). Desta forma, é
necessário o estabelecimento de políticas públicas que garantam a permanência dos
produtores familiares no meio rural, por meio de promoção de atividades que gerem
renda e produção, evitando assim o êxodo desses trabalhadores para os centros
urbanos, minimizando os problemas sociais nas cidades.
Cardoso e Teixeira (2013) afirmam que políticas intervensionistas de produção
agropecuária são amplamente utilizadas para promover a produção e garantir renda
aos produtores rurais, e que taxas de juros altas representam uma falha de mercado,
uma vez que incentivam aplicações financeiras em detrimento de aplicações
produtivas.
Apesar de possuírem poucos recursos produtivos, os agricultores familiares
são responsáveis por um percentual significativo do valor da produção agropecuária
brasileira. O percentual do valor bruto de produção produzido pela agricultura
familiar, quando consideradas algumas atividades, demonstra a sua importância em
produtos destinados ao mercado interno e também entre os principais produtos que
compõem a pauta de exportação agrícola brasileira (GUANZIROLI, 2006).
Cabe, então, ao governo e às comunidades a promoção de medidas capazes de
alterar os rumos da produção familiar, devido a sua importância estratégica no que se
diz respeito ao bem estar geral da sociedade (GUILHOTO, et al, 2006), no sentido de
dotar esses produtores de melhores condições para a permanência no campo.
A política agrícola se mostra eficiente quanto a seu propósito de corrigir a
falha de mercado associada aos riscos e maior vulnerabilidade a condicionantes
exógenas enfrentada no setor agrícola (CARDOSO e TEIXEIRA, 2013).
Segundo Novais et al (2009), a questão prioritária para o sucesso do agronegócio está
na questão da logística e infraestrutura, assim como a carga tributária. Essas são
questões que dependem da ação dos governos, sendo necessárias políticas
estruturantes com o pensamento de longo prazo e um planejamento que contemple
soluções rápidas e definitivas. Apresenta ainda dados relevantes sobre a preocupação
9
das empresas atuantes do agronegócio com relação aos custos gerados pela influência
do Estado Brasileiro com relação aos serviços prestados ao setor, além de apresentar
os principais fatores críticos de sucesso do agronegócio como pesquisa,
desenvolvimento e tecnologia, certificação e controle de qualidade dos produtos,
segurança do alimento e mudanças de comportamento do consumidor, rastreabilidade
entre outros.
2.2 Piscicultura no Brasil
A arte da criação de peixes pelos chineses remonta do período anterior à era
cristã, sendo que também há registros sobre criação de peixes durante os impérios
egípcio e romano (FARIA et al, 2013).
No Brasil, a criação de peixes foi uma novidade introduzida pelos holandeses,
quando ocuparam parte do território da região nordeste do país, no século XVIII.
Contudo, somente a partir da década de 1930 que a piscicultura começou a se
desenvolver no país, com o povoamento de açudes públicos no nordeste, destinados
ao armazenamento de água, e que permitiam, também, atender às necessidades de
pesca das populações circunvizinhas (FARIA et al, 2013).
Em 2013 a aquicultura brasileira foi incluída pela primeira vez no relatório
anual de Produção da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Os números da criação de peixes apontaram para uma nova
realidade da piscicultura, que migrou do norte, tradicional região de pescados e onde
fica a maior bacia hidrográfica do país, para a região centro-oeste brasileira
(SINDIRURAL, 2015).
O pesquisador brasileiro Rodolpho von Ihering e sua equipe desenvolveram a
técnica da desova artificial, que permite a reprodução em cativeiro de espécies
reofílicas (que precisam realizar a piracema). A partir daí, outros cientistas no Brasil e
no mundo utilizaram e aperfeiçoaram a técnica, dominando a reprodução de diversas
espécies. A partir das décadas de 1960 e 1970, foi introduzido um modelo de
piscicultura popular aplicado a pequenos produtores, com o objetivo de complementar
sua renda familiar. Este modelo se caracterizava pela escala de produção muito
pequena, pelo sistema de criação extensivo (FARIA et all, 2013).
Em 2003, o governo federal criou a Secretaria Nacional de Aquicultura e
10
Pesca (SEAP), com status de ministério, ligada administrativamente à Presidência da
República, com o objetivo de atuar especificamente no desenvolvimento da
aquicultura e da pesca (SILVA, 2005).
No ano de 2010, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, a produção
brasileira de pescado, oriunda da aquicultura, atingiu 394 mil toneladas, o que
corresponde a 37,9% de toda a água doce (FARIA et all, 2013).
Tabela 01 - Mapa da piscicultura no Brasil (t)Regiões do Brasil Produção de Pescado (em toneladas)
Região Nordeste 140.748Região Sul 107.448Região Sudeste 50.297Região Centro-Oeste 105.010Região Norte 73.009
Fonte: MPA/IBGE (2013)
Conforme dados de 2013, conforme pode ser observado na Tabela 01, a
produção de pescado deu um salto para 476,512 toneladas no país, tendo a região
nordeste do país como maior produtora, e a região norte como quarta maior região
produtora, com 73.009 toneladas produzidas naquele ano.
Apesar de observado o potencial da piscicultura no Brasil, tal atividade
apresenta tanto pontos fortes quanto pontos fracos. É necessário que os atores que
atuam nessa cadeia produtiva, principalmente os atores políticos, atuem de forma a
potencializar os pontos fortes e reduzir os pontos fracos, buscando dinamizar a
piscicultura no país.
Aqui são apresentados os pontos fracos da piscicultura no Brasil, (FIRETTI, et
al, 2007):
• Dificuldade de controle e monitoramento de peixes estocados;
• Sanidade em peixes;
• Inexperiência de técnicos recém-formados;
• Falta de corporativismo e cooperação;
• Falta de programação na aquisição de alevinos
• Informalidade.
Por sua vez, a piscicultura no Brasil apresenta os seguintes pontos fortes,
(FIRETTI, et al, 2007):
• Diversidade de sistemas de produção;
11
• Diversificação de espécies;
• Pacotes tecnológicos definidos;
• Produtividade;
• Eficiência alimentar;
• Ciclo de produção;
• Número elevado de produtores.
A partir da predominância de pontos fortes sobree os pontos fracos, podem-se adotar
estratégias que busquem a sobrevivência, manutenção, crescimento ou
desenvolvimento da organização, A cadeia produtiva da piscicultura no Brasil se
desenvolveu os arranjos produtivos locais (APL’s) em vários pontos do país, reunindo
os seguimentos de insumos, produção, beneficiamento e comercialização em regiões
específicas e a atividade passou a ser conduzida de modo mais profissional e seus
canais de distribuição foram diversificados (FIRETTI, GARCIA e SALES, 2007).
As primeiras referências da atividade de piscicultura no estado de Rondônia
aconteceram por iniciativa de técnicos da EMATER-RO no final da década de 1980,
que participaram de um treinamento em reprodução artificial de tambaqui (Colossoma
macropomum) no nordeste do país, levando com eles produtores interessados em
implantar a atividade em suas propriedades (Projeto Piscicultura).
Dentre os sistemas de criação de peixe mais utilizados são sistema escavado –
o mais tradicional – o sistema raceway – menos conhecido – revestido por concreto
geomembrana e similar, tanque rede usado em grandes lagos e represas – tipo sistema
moderno, o que mais se desenvolveu nos últimos anos, (SOUZA, 2011).
3 METODOLOGIA
Para mensurar o volume de recursos financeiros que circula no município de
Porto Velho a partir da cadeia produtiva do peixe da espécie tambaqui, bem como de
outras informações produzidas nesta pesquisa, dados como preços médios de alevinos,
custo de referência para a construção da estrutura necessária para a construção de
tanques, preços de insumos e recursos para o processo de produção, bem como dos
preços do produto final (peixe tambaqui de piscicultura) e das quantidades
produzidas, foram utilizadas a partir de informações obtidas mediante pesquisa na
12
EMATER-RO, por meio de seus técnicos e relatórios da atividade da piscicultura em
Porto Velho, da pesquisa realizada por Xavier (2013) sobre a piscicultura em
Rondônia e mediante pesquisa realizada junto aos produtores do município de Porto
Velho, todos os dados referentes ao ano de 2014.
Cabe destacar que em Porto Velho há 159 produtores rurais que desenvolvem
a piscicultura com cadastro na EMATER-RO, sendo que os dados coletados se
referem a esse universo.
4 RESULTADOS DA PESQUISA
4.1 Preços Médios de Insumos e dos Peixes e Quantidades Produzidas
Os primeiros gastos surgem na escavação dos tanques, que recebem toda uma
estrutura que se considera ideal à criação do pescado. Os gastos são inúmeros e,
segundo a EMATER-RO, para a construção de um tanque escavado de um hectare de
tanque, é necessário apropriar-se de um orçamento de aproximadamente R$
22.464,00. Esses tanques demandam horas máquinas de trator, encanação, caçamba
para retirada de entulho, etc, que justificam o orçamento, (EMATER-RO). Junto aos
gastos com a construção desses tanques já se contabiliza a compra de materiais
necessários à produção como redes, produtos químicos, orgânicos e aeradores
(XAVIER, 2013).
Tabela 02 – Coeficiente técnico financeiro para construção de 1 há de tanque, em Porto Velho
Discriminação Unidade Qtde Valor Unit. Valor TotalLimpeza da área Hora/máquina 05 R$ 150,00 R$ 750,00Escavação Hora/máquina 50 R$ 250,00 R$ 12.500,00Caçamba (Retirada de entulho) Locação 05 R$ 300,00 R$ 1.500,00Pá Carregadeira Hora/máquina 15 R$ 230,00 R$ 3.450,00Preparo, correção Hectare 01 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00Kit para análise da água Unidade 01 R$ 364,00 R$ 364,00Kit abastecimento/escoamento da água
Unidade 01 R$ 1.400,00 R$ 1.400,00
TOTAL R$ 22.464,00
13
Fonte: Dados Pesquisados, 2015.
Com o tanque devidamente preparado, o próximo passo é a aquisição dos
alevinos, obedecendo a quantidade de indivíduos por metro quadrado que, segundo o
técnico da EMATER-RO Elande Batista de Sales, entrevistado nesta pesquisa, um
tanque escavado de um hectare comporta cinco mil alevinos. Como cada milheiro de
alevino de tambaqui custa R$ 110,00, então, o custo por hectare será de R$ 550,00.
Observou-se ainda o gasto com ração. Como o tempo de criação é de um ano para que
o peixe alcance o tamanho ideal – de aproximadamente 2,5 kg – para comercialização,
então o produtor irá precisar de 14,4 toneladas de ração, perfazendo um montante de
R$ 9.729,73, considerando que o preço médio da tonelada é de R$ 675,67.
A ração deve ser adquirida obedecendo as etapas do cultivo. Deve-se atentar,
ainda ao gasto com a mão de obra assalariada - caso haja - bem como o serviço de
transporte da produção vendida, também se houver. Esses valores variam conforme a
quantidade de empregados, bem como a localização da propriedade. Em média,
algumas poucas propriedades possuem trabalhadores assalariados atuando diretamente
na piscicultura e gastam por volta de R$ 10.600,00 por ano, conforme informação da
Engenheira de pesca Maria Mirtes. Ostrensky et al (2008), apud por Xavier (2013)
define aquicultura familiar como uma forma de produção onde predomina a interação
entre a gestão e o trabalho, onde se utiliza mais a mão-de-obra familiar que a
contratada apresentando grande capacidade de absorver de mão-de-obra e de gerar
renda, mas não de gerar emprego.
Com relação ao gasto com energia elétrica, Xavier (2013) afirma que não
existem dados suficientes em Rondônia que permita contabilizar a utilização de
energia elétrica para a piscicultura. Já o preço de venda do pescado, segundo a
EMATER-RO, alcançou o valor médio de R$ 4,00 por quilo. Nesse caso, após um
ano, o peixe tambaqui alcança um peso aproximado de 2,5 kg, e vendido ao preço de
R$ 4,00, em uma produção de sete toneladas por hectare, contando com 159
criatórios, Porto Velho fechou sua balança comercial do peixe tambaqui com um
montante de R$ 21.043.960,00 (EMATER-RO).
A taxa interna de retorno – TIR do investimento na criação de peixe, tipo
tambaqui, em Porto Velho deve ser verificada conforme ilustrado abaixo:
14
• T.I.R.
• Lucro bruto Lucro Líquido
•
• Investimento Inicial R$ 71.054,80
•
• 1º ano – R$ 83.761,15 - R$ 12.706,35
•
• 2º ano – R$ 83.761,15 - R$ 35.884,55
•
• 3º ano – R$ 83.761,15 - R$ 83.046,95
Mensura-se a área da piscicultura em metros quadrados de lâmina d’água e
esses tanques escavados possuem em média um metro e meio de profundidade. Esses
valores devem ser multiplicados pelo total de área cultivada no Município de Porto
Velho. A tabela abaixo apresenta valores empregados em apenas um hectare
cultivado:
Tabela 3 – Valores para cultivo em 1 haUnidade Quantidades Valor
Um ha de produção 7 toneladas de carne R$ 28.000,00Um ha de produção 14,4 toneladas de ração R$ 9.729,73Um ha de produção 5 mil alevinos R$ 550,00Construção de tanque 1 hectare R$ 22.464,00
Fonte: Dados pesquisados, 2015.
Considerando que no município de Porto Velho, para a criação de tambaqui
em tanques escavados, está sendo utilizado 751,57 ha de área alagada, o volume total
mensurado é da ordem de R$ 28.769.896,68, englobando a venda do peixe (R$
21.043.960,00), a venda de ração (R$ 7.312.573,18) e a venda de alevinos (R$
413.363,50).
Não foi contabilizado a construção do tanque por que os mesmos já tinham
sido abertos, motivo pelo qual considera-se que o mercado não é um mercado em
formação e sim em transformação. Somente poderia estar sendo contabilizado caso
essa indústria estivesse sendo implantada.
15
Não foi conferido o gasto com energia elétrica, pois Xavier (2013) afirma que
não existem dados suficientes em Rondônia que permita contabilizar a utilização de
energia elétrica para a piscicultura, e ainda muitos agricultores familiares
aproveitaram o tipo de terreno acidentado para construir barragens, aproveitando a
gravitação e evitando o uso de bomba d’água. Mesmo assim quando possuem esse
recurso de reposição de água através dessas bombas, os agricultores não conseguem
estimar o quanto gastam de energia elétrica, pois afirmam que esses gastos estão
inseridos no valor total pago da conta de luz, de acordo com informações de um dos
produtores entrevistados, morador da fazenda situada na BR 319, km 7, sentido Porto
Velho/RO-Humaitá/AM. “Só uso a bomba no verão, pois no inverno os igarapés estão
cheios e o nível da água tá alto e não há necessidade de ligar a bomba”.
O piscicultor, ao invés de contratar trabalhadores, recorre aos vizinhos no
momento da despesca, onde esses se ajudam mutuamente como num sistema de
parceria. Quanto ao transporte do produto até o mercado consumidor, um dos
produtores entrevistados informou que o comprador vai buscar todo o pescado em sua
propriedade e isso acontece com todos os criadores que conhece. A Tabela 02
apresenta a situação da criação de peixe no estado.
Tabela 4 – Criação de Tambaqui em Rondônia
Munícipio/Distrito Piscicultor (A) Área AlagadaEstimativa em t
(B)Média (B/A)
Porto Velho 159 751,57 5.260,99 33,09Candeias do Jamari 125 238,83 1.671,81 13,37Extrema 2 71,40 499,80 249,90Nova Mamoré 29 36,45 255,15 8,80Guajará Mirim 44 83,00 581,00 13,20Itapuã do Oeste 31 225,29 1.577,03 50,87Ariquemes 149 1.615,97 11.311,79 75,91Alto Paraiso 116 315,13 2.205,91 19,01Cacaulândia 91 620,52 4.343,64 47,73Machadinho do Oeste 38 201,47 1.410,29 37,11Cujubim 76 761,04 5.327,28 70,09Monte Negro 51 252,02 1.764,14 34,59Rio Crespo 58 631,87 4.423,09 76,26Buritis 45 113,81 796,67 17,70Campo Novo de Rondônia 20 60,19 421,33
21,06
Ji Paraná 145 345,50 2.418,50 16,68Jaru 79 428,32 2.998,24 37,95Theobroma 32 136,11 952,77 29,77
16
Jorge Teixeira 44 102,08 714,56 16,24Ouro Preto do Oeste 146 462,52 3.237,64 22,17Mirante da Serra 309 866,86 6.068,02 19,64Nova União 118 311,45 2.180,15 18,47Teixeiropolis 27 82,37 576,59 21,35Urupá 390 917,95 6.425,65 16,47Vale do Paraiso 192 569,33 3.985,31 20,75Presidente Médici 74 177,63 1.243,41 16,80Alvorada do Oeste 45 97,49 682,43 15,16Pimenta Bueno 98 195,62 1.369,34 13,97Espigão do Oeste 57 75,60 529,20 9,28Cacoal 82 93,69 655,83 7,99São Felipe do Oeste 18 13,58 95,06 5,28Ministro Andreazza 8 10,27 71,89 8,98Primavera do Oeste 7 25,19 176,33 25,19Parecis 1 2,00 14,00 14,00Rolim de Moura 104 317,02 2.219,14 21,34Novo Horizonte 16 43,54 304,78 19,05Castanheiras 12 34,18 239,26 19,94Nova Brasilândia 12 71,90 503,30 41,94Alta Floresta do Oeste 182 392,40 2.746,80 15,09Santa Luzia do Oeste 32 105,41 737,87 23,06Alto Alegre 47 95,48 668,36 14,22São Miguel do Guaporé 52 88,71 620,97 11,94Seringueiras 9 12,32 86,24 9,58São Francisco do Oeste 55 40,74 285,18 5,18Costa Marques 32 74,04 518,28 16,19Colorado do Oeste 60 103,80 126,60 2,11Cerejeiras 42 38,74 271,18 6,45Cabixi 3 14,40 100,80 33,60Corumbiara 6 5,00 35,00 5,83Chupinguaia 23 11,41 79,87 3,47Vilhena 40 93,65 655,55 16,39Pimenteiras do Oeste 3 1,30 9,10 3,03Fonte: EMATER-RO/SEDAM – 2014
A Tabela 04 mostra que todos os municípios possuem criatórios de peixe
assistidos, com exceção do município de Vale do Anari, no Território Vale do Jamari,
região de Ariquemes. Entre os municípios que se destacam em volume de produção, o
município de Ariquemes aparece como o maior produtor, com uma produção anual de
mais de onze mil toneladas, seguido de Urupá, com produção aproximada de seis mil
e quinhentas toneladas, com base de dados da EMATER/RO e Sedam referentes a
2014. Porto Velho aparece na quinta colocação e Pimenteiras do Oeste detém a última
colocação entre os municípios de Rondônia.
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Outra informação interessante é facilmente verificada quando se compara a
quantidade de criadores existentes nos municípios de Ariquemes, Porto Velho e
Urupá. Observa-se que esses municípios possuem respectivamente 149, 159 e 390
criadores e suas produções deveriam obedecer a uma produção equivalentemente
crescente e isso não acontece, pois Ariquemes, com menos criadores, aparece com
uma produção de 215% acima da produção de Porto Velho e 176% acima da produção
de Urupá. Essas informações ilustram uma alta produtividade da piscicultura em
Ariquemes, com uma média de 75,91 toneladas por produtor.
A EMATER-RO, por meio de seus técnicos de campo, afirma que possuía um
Programa Estadual de Mecanização Agrícola, Água e Terra Produtiva, onde era
disponibilizada cinco horas máquinas de tratores aos produtores, para efetuar
pequenos serviços nas propriedades. Esse programa beneficiou por volta de 100
pequenos agricultores que aproveitaram a política do Governo Estadual – de 2003 a
2011 – para escavação de tanques, num total de 211,94ha de área alagada, visando a
criação de peixes, em todo o estado, o que proporcionou a ampliação da produção de
3.311 para 36,2 mil toneladas/ano entre 2011 e 2013, com estímulo a implantação de
novos entrepostos de comercialização.
Porém, afirma Francisco Evandro, Gerente do Programa de Mecanização
Agrícola da EMATER-RO, que o Município de Porto Velho não foi beneficiado pelo
programa. Evandro afirma ainda que o programa firmado entre o Governo do Estado e
a EMATER-RO, foi da ordem de R$ 3.976.960,97 (Três Milhões, Novecentos e
Setenta e Seis Mil, Novecentos e Sessenta Reais e Noventa e Sete Centavos).
Outro programa da instituição é o Programa Pró-peixe que foi implementado
no segundo trimestre de 2008 visando ampliar a produção de alimento no espaço
rural. Esse programa distribuiu em 2009 mais de 580.000 alevinos para 304 famílias
rurais. Esse foi o início a piscicultura na agricultura familiar que se expandiu com
abertura de novos tanques e invadindo o comércio de peixe – tambaqui – em todo o
estado.
Xavier (2013) afirma que o pequeno produtor de peixe realiza seus
investimentos com renda oriunda da atividade rural existente em sua propriedade, em
geral a agropecuária. Porém o produtor ainda pode contar com a captação de recursos
via linhas de crédito para investimento e custeio na agricultura, como é o caso do
programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar – PRONAF, que oferece
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crédito a taxa de juro baixo e valores que variam entre R$ 7.000,00 até R$ 36.000,00.
Em uma estrutura macroeconômica, a empresa produz, o banco financia, a
administração coleta impostos e os redistribui (MULS; LEONARDO MARCO,
2008).
Outro benefício ao piscicultor é o licenciamento ambiental fornecido
gratuitamente pela SEDAM, como incentivo do Governo Estadual de expandir ainda
mais a criação de peixes no estado bem como comercializar com a nota fiscal do
produtor que pode vender sua produção em qualquer lugar, sem passar pelo
atravessador e garantindo um preço ainda melhore consequentemente aumentando sua
lucratividade. A questão da infraestrutura de transporte não pode ser vista como um
caso isolado, pois tanto o produtor como a população necessita de boas condições da
malha viária que fundamental ao transporte de carga e de passageiros.
Com facilidade de escoamento da produção o transporte fica mais barato
impactando menos o preço do produto ao consumidor final como vemos em alguns
comércios da capital que nem todos comercializam o produto base do estudo e que os
mesmos praticam preços próximos, conforme pode ser verificado abaixo. Os
mercados apresentam opção de venda além do tradicional como é o caso da
comercialização em partes selecionadas e a venda da carcaça que compreende a
cabeça do tambaqui e a parte central onde se localiza a espinhal:
Tabela 05 – Preços Praticados no Comércio Local, Abril de 2015Comércio local Valor (R$/kg)
Supermercado Gonçalves – Rua Abunã R$ 6,49Supermercado Irmãos Gonçalves – Rua Rio de Janeiro não encontradoSupermercado DB – Rua Rio de Janeiro R$ 5,98Supermercado Gonçalves - Rua Raimundo Cantuária R$ 6,49Supermercado Gonçalves – Av. Guanabara R$ 6,49CentroNorte – Av. Brasília R$ 6,99Supermercado Jardim – Rua Alexandre Guimarães R$ 7,69Supermercado Araújo – Av. Gov. Jorge Teixeira R$ 6,99Supermercado Irmãos Gonçalves – Av. Gov. Jorge Teixeira R$ 6,49Mercado Central – Avenida Farquar R$ 13,00Mercado do km 1 – Avenida 7 de Setembro R$ 10,00Feira livre-feira do produtor (itinerante) - preço médio R$ 7,50Supermercado Gonçalves – Av. Calama R$ 5,99Supermercado Peg Pag – Av. 7 de Setembro R$ 5,99Supermercado Gonçalves – Av. Jatuarana R$ 5,99Supermercado Irmãos Gonçalves – Av.Jatuarana não encontrado
Fonte: Dados Pesquisados, 2015.
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Os preços expressam as relações de poder existentes entre os atores
econômicos (RAUD-MATTEDI, 2005), interessante verificar que os supermercados
apresentam preços próximos ao passo que os mercados e feiras livres vendem seus
produtos a preços maiores e ambos possuem a mesma qualidade. Nossa infraestrutura
precisa ser melhorada para atender esse número crescente de piscicultores, pois conta-
se apenas com três fábricas de ração, doze
laboratórios de alevinos e dois frigoríficos com inspeção federal, conforme Sociedade
Nacional de Agricultura – SNA. Infraestrutura, recursos de capital, recursos naturais e
recursos de conhecimento são elementos que interessam o desenvolvimento
(BOISIER, 1996).
CONCLUSÃO
Foram analisados os gastos em valores monetários e, posteriormente, esses
valores foram divididos entre os criadores cadastrados para verificação da
disponibilidade de cada criador e, logo em seguida, sua lucratividade, comparando-se
os gastos com a venda de sua produção.
Isso possibilitou verificar a taxa interna de retorno, tudo isso desconsiderando-
se os gastos com transporte, mão de obra assalariada e energia elétrica. Como foi
obtido uma produção de peixes de 5.260,99 toneladas em 2014, os custos com a
compra de ração e a aquisição de alevinos foram estimados em R$ 7.725.936,68.
Dividindo-se esse valor pelo número de 159 produtores cadastrados, estima-se que
cada um deles gastou, em média, R$ 48.590,80.
Quanto sua lucratividade, segundo a EMATER-RO, o peixe vendido na
propriedade rural alcançou o valor médio de R$ 4,00. A partir desse valor médio,
constata-se que toda a produção conseguiu movimentar R$ 21.043.960,00. Sendo
assim a lucratividade total da piscicultura em Porto Velho, em 2014, foi de R$
13.318.023,32. Dividindo esse lucro pelo número de criadores, pode-se afirmar que
cada produtor conseguiu um ganho de R$ 83.761,15 no ano de 2014.
Considerando a abertura de tanque escavado necessária a criação desses
peixes, o produtor gastará em um hectare o equivalente a R$ 71.054,80. Então na
primeira despesca haverá um lucro de apenas R$ 12.706,35. Esse lucro seria reduzido
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quando abatido o gasto com mão de obra, energia elétrica e deslocamento ao mercado
para aquisição de insumos. Então esse valor não é suficiente para um novo ciclo,
porém, ao menos que não haja continuidade de ampliação do criatório, o produtor
consegue retorno do investimento a partir da terceira despesca, conforme ilustração.
No terceiro ano o retorno do investimento é de quase 100%. Já subtraído o
financiamento da próxima produção (4º ano), o produtor alcançou um lucro líquido de
R$ 35.170,35. A partir desse ponto o produtor possui renda suficiente para dar
continuidade a
sua produção, sem que seja preciso recorrer a nenhum outro recorso que não seja da
própria piscicultura.
Esses resultados podem ser melhorados com o auxílio de novas tecnologias,
acompanhamento técnico e ração e água de boa qualidade e na medida certa.
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