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MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus (DC.) McLeisch e Eremanthus incanus (Less.) Less.)

MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

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MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA

(Eremanthus erythropappus (DC.) McLeisch e

Eremanthus incanus (Less.) Less.)

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AUTORES José Roberto Scolforo Antonio Donizette de Oliveira Antonio Claudio Davide José Márcio de Mello Fausto Weimar Acerbi Junior

EQUIPE TÉCNICA

Cláudio Roberto Thiersch Dimas Vidal Resck Edmilson Santos Cruz Jorge Faisal Mosquera Pérez José Fábio Camolesi Luciano Teixeira de Oliveira Luís Fernando Rocha Borges Olívia Alvina Oliveira Tonetti

COLABORADORES

Adauta Cupertino de Oliveira Edson Gomes Renê Frederico Silva Diniz Lilian Telles Lucas Rezende Gomide Márcia Cristina de Oliveira Moura Maria Zélia Ferreira Sérgio Cecere Sérgio Teixeira da Silva Thais Cunha Ferreira Vanete Maria de Melo

PARCERIA

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Universidade Federal de Lavras - UFLA Departamento de Ciências Florestais - DCF Fundação de Apoio ao Ensino Pesquisa e Extensão - FAEPE

FINANCIAMENTO

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria Executiva - SECEX IBAMA- Diretoria de Florestas

COORDENAÇÃO DO PROJETO

José Roberto Scolforo Telefone: (35) 3829-1421 e-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

A Universidade Federal de Lavras, através do Laboratório de Manejo Florestal do

Departamento de Ciências Florestais, aprovou junto ao Ministério do Meio Ambiente um projeto

de pesquisa para desenvolver um sistema de manejo para a candeia (Eremanthus erythropappus

(DC.) MacLeish e Eremanthus incanus (Less.) Less.). Esta publicação é a primeira

correspondente aos conhecimentos e tecnologias gerados no primeiro ano do projeto, além de

agregar conhecimentos divulgados por outros autores. Ao longo dos anos, com o

desenvolvimento do projeto, publicações complementares sobre o manejo da candeia serão

agregadas a esta, com o objetivo de divulgar um sistema de produção de uma espécie nativa e na

expectativa de estimular outros autores a divulgarem de forma ordenada o sistema de produção

de espécies florestais nativas que possam vir contribuir com o desenvolvimento do setor florestal

brasileiro especialmente no segmento da agricultura familiar.

São duas as linhas básicas para o desenvolvimento da pesquisa. A primeira consiste em

desenvolver metodologia para manejar os candeais nativos. Para tal estão sendo elaborados

cientificamente planos de manejo que deverão ser colocados em prática para avaliar os impactos

da exploração e, principalmente, para definir uma metodologia para condução da regeneração

natural. Este fato é relevante, já que a espécie é uma pioneira e ao mesmo tempo em que tem um

ciclo de vida curto tem também uma alta capacidade de ocupar áreas sujeitas à ação antrópica,

desde que a semente receba diretamente alta luminosidade e seja depositada em solos com

umidade.

A segunda linha consiste na marcação de árvores matrizes, nos ensaios de produção de

mudas, nos ensaios de espaçamento e nutrição para que plantios possam ser viabilizados plantios

com essa espécie usando material genético mais produtivo. Após o primeiro corte, não será

necessário plantar um novo candeal, uma vez que haverá a condução da regeneração natural. Os

experimentos realizados com a vegetação nativa serão a base para entender como conduzir a

regeneração dos candeais.

Por este motivo, o principal objetivo deste estudo é desenvolver tecnologia para

viabilizar o manejo dos candeais nativos e o plantio e subseqüente desta espécie. Este objetivo

baseia-se na premissa que o manejo possibilita uma constante revitalização dos candeiais,

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gerando renda e impedindo que os povoamentos existentes sejam de alguma maneira substituídos

por pastagens de baixíssima produtividade.

Assim, além da alta relevância econômica da espécie, há a clara convicção que a adoção

de planos de manejo com base em critérios científicos não trará nenhum problema ambiental e

sim será uma solução para o não assoreamento dos cursos de água e a não substituição de áreas

com vegetação nativa por outras culturas que nas áreas de campos de altitude são de baixíssima

produtividade. Um fluxograma ilustrativo da estrutura do projeto é apresentado na Figura 1.

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PROJETO CANDEIA

VegetaçãonativaPlantações

Sócio-economiaCadeia de comercialização

Árvores matrizesSementes

Ensaio de melhoramento genéticoViveiro

ClonagemExperimentos

EquaçõesDinâmicaInventário

CrescimentoPlano de manejo

Experimentos

Experimentos de espaçamento e

adubação / crescimento / manejo

Exploração e impactos

Avaliação econômica de

planos de manejo

Condução daregeneração natural

(experimentos)

Condução daregeneração natural

ExploraçãoAvaliação econômica

Desenvolvimentode tecnologia

FIGURA 1 - Fluxograma da estrutura do projeto candeia.

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2 CARACTERIZAÇÃO DA CANDEIA

A candeia tem várias espécies à saber: Eremanthus arboreus (Gardner) MacLeish ,

Eremanthus brasiliensis (Gardner) MacLeish, Eremanthus polycephalus (DC.) MacLeish,

Eremanthus glomerulatus Less., Eremanthus erythropappus (DC.) Macleish e Eremanthus

incanus (Less.) Less. Destas espécies as duas últimas são as de maior ocorrência e compõem o

escopo desta publicação.

A candeia (Eremanthus erythropappus) é classificada como da família Asteraceae,

pertence ao grupo ecológico das pioneiras e é considerada precursora na invasão de campos

(Carvalho, 1994). Esta espécie se desenvolve rapidamente em campos abertos, formando

povoamentos mais ou menos puros. Isto também acontece dentro da floresta quando há alguma

perturbação, pois é uma espécie heliófila, sendo beneficiada pela entrada de luz. É uma árvore

cuja altura varia de 2 a 10 m, podendo seu diâmetro atingir 35cm.

O tronco desta árvore possui uma casca grossa e cheia de fendas no fuste e, nos galhos

mais novos, a casca torna-se menos rústica. As folhas têm uma característica marcante, que é a

dupla coloração. Na parte superior são verdes e glabras e na parte inferior possuem um tom

branco, tomentoso e são aveludadas (Corrêa, 1931). As folhas são simples, opostas com

pilosidade cinérea (Chaves e Ramalho, 1996). As flores são hermafroditas e se apresentam em

inflorescências de cor púrpura nas extremidades dos ramos (Araújo, 1944). As características das

folhas e de inflorescência facilitam a identificação da espécie mesmo à distância.

Conforme CETEC (1994), na Estação Ecológica do Tripuí, em Ouro Preto - MG, no ano

de 1993 a candeia começou a desenvolver seus botões florais em março. As flores abriram de

maio a agosto e o pico de floração foi no mês de julho quando alguns indivíduos já começaram a

frutificar, apresentando o pico entre os meses de setembro e outubro, quando se inicia a dispersão

de sementes ou aquênios.

O fruto é do tipo aquênio, com superfície cilíndrica e com dez arestas, de cor pardo-

escura, com aproximadamente 2 mm de comprimento. Cada fruto contém uma só semente.

Uma característica interessante dessa espécie é seu desenvolvimento em sítios com solos

pouco férteis, rasos e predominantemente, em áreas de campos de altitude, com esta variando

entre 1.000 e 1.700 m. Enfim, a candeia se desenvolve em locais em que seria difícil a

implantação de culturas agrícolas ou mesmo a implantação de alguma outra espécie florestal.

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A madeira é branca ou acinzentada com grã mais escura, seu peso específico é de 0,912,

apresenta resistência ao esmagamento, carga perpendicular 339 kg/cm2 e carga paralela 472

kg/cm2 (Corrêa, 1931). É uma espécie florestal de múltiplos usos, sendo utilizada como moirão

de cerca pela sua durabilidade, e também um óleo essencial cujo princípio ativo é o alfabisabolol,

que exibe propriedades antiflogísticas, antibacterianas, antimicóticas, dermatológicas e

espasmódicas (Teixeira et al., 1996). Por causa destas propriedades o alfabisabolol é utilizado na

fabricação de medicamentos e cosméticos, sendo que o quilo do óleo bruto e do óleo refinado é

comercializado a US$ 18,00 e US$ 40,00/kg, respectivamente.

A candeia Eremanthus incanus (Less.) Less. é uma árvore de porte que varia de 2 a 10 m

de altura e atinge até 20 cm de DAP. Possui tronco marrom-cinzento, casca grossa e poucos

galhos. As folhas são coriáceas, com pecíolos de 4 a 17 mm de comprimento e limbo com

comprimento de 5,5 a 14 m de comprimento e largura de 2 a 6 cm. A forma da folha é elíptica a

oval, a base é aguda, o ápice tende a obtuso e as margens são inteiras. Apresenta inflorescência

cimosa composta por 8 a 50 glomérulos com 5 a 15 mm de altura, 7 a 15 mm de diâmetro e

forma tendendo à esférica, com 30 a 100 flores subsésseis aglomerados por cada glomérulo. Os

invólucros são cilíndricos, com 2,4 a 5 mm de altura e 0,3 a 1,5 mm de diâmetro. Os verticilos

externos possuem forma triangular com 1,7 a 3 mm de comprimento, 0,1 a 0,5 mm de largura e

os ápices tendem a forma obtusa. Os verticilos internos são estreitos com 2,6 a 4 mm de

comprimento e 0,3 a 0,6 mm de largura. Os ápices são pontiagudos, as margens são inteiras, a

superfície abaxial possui cor de palha com ápice roxo. Apresenta, ainda, corolas púrpuras-pálidas

a brancas com 4,2 a 6,6 mm de altura, com lóbulos pontiagudos. Os aquênios cilíndricos possuem

de 2,2 a 2,6 mm de altura, são glandulares, sedosos e finos e têm de 15 a 20 nervuras, com

nectário apresentando altura entre 0,15 a 0,25 mm de altura e 3 a 4 séries de papo (tufo), variando

de branco opaco a roxo, são decíduos, tardios, duros e têm pêlos eriçados. A floração e a

produção de frutos ocorrem de julho a outubro.

Esta espécie é comum em Minas Gerais, com distribuição do sudeste ao nordeste do

Planalto Central do Brasil. A altitude predominante varia de 800 a 1200 m, ocorrendo no cerrado,

na floresta secundária ou na caatinga. Sua utilização é, basicamente, para produção de moirões, já

que apresenta baixa produtividade do óleo alfabisabolol, além deste apresentar baixa qualidade.

Apesar das candeias Eremanthus erythropappus e Eremanthus incanus serem espécies

florestais geradoras de renda, contraditoriamente não há um sistema de manejo consolidado para

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ela, seja para as áreas onde sua ocorrência é natural, seja em plantios puros ou mistos visando um

uso comercial mais planificado. Os produtos delas obtidos alcançam preços relativamente altos

no mercado. Por exemplo, os pequenos empreendimentos que extraem o óleo alfabisabolol

pagam entre R$ 60,00 e R$ 80,00 pelo metro “stere” (empilhado) de madeira. Já os produtores

rurais, pagam R$ 35,00 pela dúzia de moirões que serão usados para a construção de cercas. As

características comerciais dos Moirões são que estes devem possuir comprimento de 2,20 m e

diâmetro mínimo de 7 cm. Já para produção de óleo a madeira das plantas com diâmetro a 1,30 m

de altura (DAP) maior ou igual a 5 cm ou todas as demais partes da plantas não utilizadas para

produção de moirões são adequadas.

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3 ÁREA DE OCORRÊNCIA

Carvalho (1994) cita que a candeia ocorre na América do Sul, sendo encontrada no

nordeste da Argentina, norte e leste do Paraguai e no Brasil. Pedralli, Teixeira e Nunes (1996)

indicam que se pode encontrar a candeia no Brasil, nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito

Santo e Rio de Janeiro. Carvalho (1994) cita outros estados nos quais também a candeia vegeta,

como Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e, também, Distrito Federal.

3.1 Área de ocorrência em Minas Gerais

No Estado de Minas Gerais a candeia é encontrada em Sapucaí-Mirim, Camanducaia,

Extrema, Itapeva, Munhoz, Gonçalves, Paraisópolis, Córrego do Bom Jesus, Cambuí, Senador

Amaral, Consolação, Estiva, Bom Repouso, Tocos do Moji, Brasópolis, Venceslau Brás, Delfim

Moreira, Piranguinho, Conceição dos Ouros, Cachoeira de Minas, São José do Alegre, Maria da

Fé, Marmelópolis, Passa-Quatro, Virgínia, Itanhandu, Bueno Brandão, Inconfidentes, Pouso

Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Cristina, Pedralva, São Sebastião da Bela Vista, Borda da Mata,

Senador José Bento, Congonhal, Espírito Santo do Dourado, Careaçu, Natércia, Heliodora,

Conceição das Pedras, Lambari, Jesuânia, Olímpio Noronha, Carmo de Minas, Dom Viçoso,

Itamonte, São Sebastião do Rio Verde, Alagoa, Pouso Alto, São Lourenço, Bocaina de Minas,

Baependi, Caxambu, Soledade de Minas, Aiuruoca, Carvalhos, Liberdade, Seritinga,

Andrelândia, Serranos, São Vicente de Minas, Monte Sião, Ouro Fino, Albertina, Santa Rita de

Caldas, Ipuiúna, São Gonçalo do Sapucaí, Passa-Vinte, Santa Rita do Jacutinga, Arantina, Bom

Jardim de Minas, Rio Preto, Santana do Garambéu, Olaria, Lima Duarte, Santa Bárbara do Monte

Verde, Conceição do Rio Verde, Cambuquira, Campanha, Três Corações, Monsenhor Paulo, Boa

Esperança, Ilicínea, Carmo do Rio Claro, Coqueiral, Nepomuceno, Aguanil, Cristais, Guapé,

Campo Belo, Cana Verde, Perdões, Candeias, Ribeirão Vermelho, Lavras, Santana do Jacaré,

Minduri, Cruzília, São Tomé das Letras, São Bento Abade, Luminárias, Ingaí, Belmiro, Braga,

Simão Pereira, Santana do Deserto, Chiador, Mar de Espanha, Além Paraíba, Pequeri, Matias

Barbosa, Bicas, Guarará, Senador Cortes, Santo Antônio do Aventureiro, Maripá de Minas,

Argirita, São João Nepomuceno, Rochedo de Minas, Goiana, Piau, Rio Novo, Ewbank da

Câmara, Pedro Teixeira, Descoberto, Santos Dumont, Bias Fortes, Antônio Carlos, Santa Rita do

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Page 10: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Ibitipoca, Ibertioga, Oliveira, Fortes, Aracitaba, Piedade do Rio Grande, Madre de Deus de

Minas, São João Del-Rei, Carrancas, Itutinga, Nazareno, Conceição da Barra de Minas, Santa

Cruz de Minas, Tiradentes, Prados, Itumirim, Coronel Xavier Chaves, Ibituruna, Ijaci, Dores de

Campos, Barroso, Barbacena, Santa Bárbara do Tugúrio, Desterro do Melo, Alfredo

Vasconcelos, Paiva, Tabuleiro, Senhora dos Remédios, Ressaquinha, Mercês, Alto Rio Doce,

Carandaí, Capela Nova, Caranaíba, Cipotânea, Rio Pomba, Silveirânia, Barão do Monte Alto,

Muriaé, Patrocínio do Muriaé, Eugenópolis, Antônio Prado de Minas, Vieiras, Tombos, Pedra

Dourada, São Francisco do Glória, Rosário da Limeira, Dona Eusébia, Astolfo Dutra, Guarani,

Piraúba, Guidoval, Rodeiro, Ubá, Tocantins, Dores do Turvo, Guiricema, Visconde do Rio

Branco, Divinésia, Ritápolis, São Tiago, Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo, Alpinópolis,

São José da Barra, Capitólio, Pium-í, Pimenta, Formiga, Córrego Fundo, Pains, Doresópolis,

Oliveira, São Francisco de Paula, Camacho, Itapecerica, Carmo da Mata, Carmópolis de Minas,

Cláudio, Itaguara, Piracema, Passa-Tempo, Resende Costa, Desterro de Entre-Rios, Lagoa

Dourada, Entre-Rios de Minas, Piedade dos Gerais, Crucilândia, Bonfim, Belo Vale, Jeceaba,

São Brás do Suaçuí, Casa Grande, Queluzito, Cristiano, Otoni, Moeda, Brumadinho, Rio Manso,

Itatiaiuçu, Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Itabirito, Ouro Preto, Ouro Branco, Itaverava,

Santana dos Montes, Catas Altas da Noruega, Lamim, Rio Espera, Senhora de Oliveira, Brás

Pires, Piranga, Presidente Bernardes, Senador Firmino, Mariana, Diogo de Vasconcelos, Porto

Firme, Paula Cândido, São Geraldo, Coimbra, Ervália, São Miguel do Anta, Cajuri, Viçosa,

Guaraciaba, Teixeiras, Acaiaca, Amparo da Serra, Pedra do Anta, Oratórios, Jequeri, Canaã,

Araponga, Miradouro, Fervedouro, Sericita, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz,

Divino, Orizânia, Caparão, Alto Caparão, Alto Jequitibá, Santa Margarida, Santo Antônio do

Grama, Urucânia, Ponte Nova, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado, Piedade de Ponte Nova,

Rio Doce, Sem-Peixe, Dom Silvério, Alvinópolis, Pedrinópolis, Patrocínio, Medeiros, Serra do

Salitre, Ibiá, Bambuí, Iguatama, Japaraíba, Arcos, Pedra do Indaiá, Lagoa da Prata, Santo

Antônio do Monte, Araújos, Perdigão, São Gonçalo do Pará, Igaratinga, Divinópolis, São

Sebastião do Oeste, Carmo do Cajuru, Itaúna, Mateus Leme, Igarapé, São Joaquim de Bicas,

Mário Campos, Sarzedo, Nova Lima, Sabará, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara, Catas Altas,

Rio Piracicaba, Barão de Cocais, Caeté, Bom Jesus do Amparo, São Gonçalo do Rio Abaixo,

João Monlevade, Santana do Riacho, Jabuticatubas, Taquaraçu de Minas, Nova União, Bela Vista

de Minas, Nova Era, Itabira, Santa Maria de Itabira, Passabém, Itambé do Mato Dentro, São

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Page 11: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Sebastião do Rio Preto, Santo Antônio do Rio Abaixo, Morro do Pilar, Braúnas, Dores de

Guanhães, Carmésia, Senhora do Porto, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro, Alvorada de

Minas, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, São João Evangelista, Paulistas, Materlândia,

Serra Azul de Minas, Serro, Rio Vermelho, Coluna, Datas, Presidente Kubitschek, Diamantina,

Couto de Magalhães de Minas, São Gonçalo do Rio Preto, Felício dos Santos, Itamarandiba,

Senador Modestino Gonçalves, Ladainha, Pote, Frei Lagonegro, São José do Jacuri, Carbonita,

Perdizes, Coronel Pacheco, Chácara, Juiz de Fora, Itajubá, Piranguçu, Silvianópolis, São João da

Mata, Turvolândia, Jacutinga, Medina, Comercinho, Itinga, Coronel Murta, Virgem da Lapa,

Berilo, Francisco Badaró, José Gonçalves de Minas, Chapada do Norte, Jenipapo de Minas,

Leme do Prado, Turmalina, Veredinha, Minas Novas, Capelinha, Aricanduva, Angelândia,

Setubinha, Malacacheta, Franciscópolis, conforme ilustrado na Figura 2. Nesta mesma figura é

mostrada a área de execução do projeto candeia.

FIGURA 2 - Área de ocorrência e de estudo da candeia em Minas Gerais.

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3.2 Caracterização das áreas experimentais

• Área 1

A área é caracterizada por vegetação do tipo Campo Cerrado, Mata de Galeria e de

Floresta Semi-Decídua Montana. Uma vista parcial da área de estudo é mostrada na Figura 3.

FIGURA 3 - Vista parcial da área de mata e de candeais na Fazenda Bela Vista, Aiuruoca, MG.

• Área 2

A área é caracterizada por vegetação do tipo cerrado sensu stricto. Uma vista parcial da

área de estudo é mostrada na Figura 4.

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FIGURA 4 - Vista parcial da área de mata e de candeiais na Fazenda do Açude, Carrancas, MG.

• Área 3

A área é caracterizada por vegetação do tipo Campo Cerrado, Mata de Galeria e de

Floresta Semi-Decídua Montana. Uma vista parcial da área de estudo é mostrada na Figura 5.

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FIGURA 5 - Vista parcial da área de mata e de candeais na Fazenda dos Coelhos, Morro do Pilar,

MG.

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4 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ONDE SE ENCONTRA A CANDEIA

4.1 Clima

O clima, segundo a classificação de Köppen, é mesotérmico úmido do tipo Cwb, tropical

de altitude, com verões suaves. A temperatura do mês mais quente dependendo da altitude do

local considerado varia de 22oC a 30oC, a temperatura média anual varia entre 18oC e 20oC, e a

média anual de precipitação pluviométrica entre 1.400 e 1.550 mm. Os meses mais chuvosos

correspondem a novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, e as menores precipitações ocorrem em

junho, julho e agosto.

4.2 Solos

4.2.1 Classificação do solo

Nos campos de altitude da região sul de Minas o material de origem é denominado BI,

gnaisses, migmatitos, granitóides gnaisses e xistos grafitosos, ultramáficas e máficas, formações

ferríferas, conditos e quartzitos. O solo é classificado como Cambissolo álico (Ca) e Cambissolo

distrófico (Cd).

Já em áreas com altitude em torno de 1000m no sul de Minas o material de origem é

AX, micaxisto, quartzito anfebolitos, cálcio-cilicáticas e gnaisses. O solo é classificado como

Cambissolo álico (Ca), ocorrendo também Latossolo Vermelho Escuro distrófico (LEd) e

Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (LVd).

Na região da Serra do Cipó, próximo de onde se situa a área 3, o material de origem é

EIF, quartzito, filitos, meta-conglomerado, meta-brechas e filitos hematitico. O solo é

classificado como Latossolo roxo distrófico (LRd), ocorrendo também Latossolo Vermelho

Escuro álico (LEa), Cambissolo álico (Ca), solo litólico álico (Ra) e Podzólico Vermelho

Amarelo distrofico (PVd).

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Page 16: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

4.2.2 Análises químicas e físicas dos solos

De maneira geral, a fertilidade e textura do solo, onde ainda se encontram remanescentes

de candeia tem como características médias:

O valor de pH é baixo com valor médio de 5,1 e desvio padrão 0,3. A matéria orgânica

pode ser classificada como valores bons com média de 2,2 dag/kg e desvio padrão 0,9. O cálcio

apresenta valor de médio a baixo ou 0,3 mg/dm3 e desvio padrão 0,2. O magnésio apresenta

valores de baixo a muito baixo ou 0,1 cmolc/dm3 e desvio padrão 0,???. O potássio apresenta

grande variabilidade em sua disponibilidade nas áreas com valores de bons a baixo, na grandeza

de 40,7 mg/dm3 e desvio padrão 21,7. O fósforo apresenta baixos valores ou 1,4mg/dm3 e desvio

padrão 0,4. O alumínio apresenta valores médios de 1,2 cmolc/dm3 e desvio padrão de 0,5. O

índice de saturação de bases é em média de 9,7%. O índice de saturação de alumínio é de 67,6%.

A soma de bases trocáveis de 0,5 cmolc/dm3 com desvio padrão 0,2. A capacidade de troca

catiônica efetiva é em média de 1,7 cmolc/dm3 com desvio de 0,6 e a capacidade de troca

catiônica a pH 7,0 é de 6,6 cmolc/dm3 com desvio padrão de 2,8. Com base nos valores de pH,

alumínio, acidez potencial e saturação por alumínio, verifica-se que possuem acidez elevada, o

que pode influenciar negativamente no desenvolvimento do sistema radicular e na

disponibilidade de macronutrientes. A soma de bases apresenta baixos valores evidenciando a

baixa fertilidade deste solo.

Com relação às características físicas do solo as distribuições granulométricas por

tamanho, indicam solos variando de textura média a arenosa, com 68,7% de areia; 20,8% de

argila e 11,2% de silte em média.

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Page 17: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5 PRODUÇÃO, TECNOLOGIA DE SEMENTES E MUDAS E PLANTIO DE

CANDEIA

A silvicultura brasileira é uma atividade extremamente recente quando comparada com

países da Europa, onde ela tem tradição de vários séculos. No Brasil, a produção de sementes e

mudas de espécies florestais, com algum grau de melhoramento, só teve um incremento

significativo nas últimas três décadas, com maior ênfase em espécies dos gêneros Eucalyptus e

Pinus. As grandes empresas florestais do setor de celulose e papel e outros produtos da madeira

estabeleceram programas de melhoramento que pudessem fornecer sementes e propágulos com

características silviculturais e tecnológicas capazes de atender às suas necessidades.

Esse processo é contínuo, dinâmico e específico aos interesses de cada setor, já que na

sua maioria, baseiam-se na estratégia de multipopulações, explorando as interações com sítios

específicos. Além desses fatores, por se tratarem de espécies exóticas com ampla utilização em

vários países, são também bastante estudadas nos seus aspectos da fisiologia e tecnologia de

sementes e mudas.

Por outro lado, esses mesmos aspectos são desconhecidos para a maioria das espécies

florestais nativas, mas felizmente, os avanços obtidos na política ambiental, a crescente

conscientização da população em relação à preservação ambiental e as necessidades prementes de

manejo econômico de espécies florestais nativas, têm levado a uma crescente demanda de

conhecimentos sobre essas espécies, iniciando-se pelos aspectos ecológicos, da produção e

tecnologia de sementes e mudas. Atualmente a grande maioria dos plantios de espécies

nativas são destinados a restauração de áreas degradadas, onde busca-se alcançar a máxima

diversidade entre e dentro das espécies. No caso de plantios com fins comerciais, como os de

candeia, deve-se explorar ao máximo a variabilidade existente dentro da espécie, selecionando-se

procedências, progênies e/ou clones mais adaptados e produtivos para diferentes ambientes. Esse

processo é normalmente demorado e dispendioso, mas pode ser levado em paralelo com plantios

comerciais de pequena escala, que utilizam fontes de sementes locais, colhidas de populações

mais vigorosas.

No entanto, todos esses processos carecem da base de conhecimentos sobre os processos

de produção e tecnologia de sementes e mudas. No caso da candeia existem poucas pesquisas

com resultados conclusivos que possam ser aplicados ao processo produtivo, assim as etapas a

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Page 18: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

serem descritas neste capítulo são baseadas nas poucas publicações existentes, nas experiências

de campo realizadas por vários produtores rurais e na experiência acumulada sobre sementes e

mudas de espécies florestais nativas.

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Page 19: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.1 Produção e tecnologia de sementes

5.1.1 Caracterização das populações

Na maioria dos programas de implantação de florestas nativas realizados no Brasil,

pouca ou nenhuma atenção tem sido dispensada à qualidade das sementes, no sentido de que

estas sejam representativas de uma população de uma espécie. Em muitos casos, onde parcelas

experimentais com espécies florestais nativas foram plantadas a 20-30 anos atrás mostram

grandes potencialidades de utilização na silvicultura, nem mesmo existem registros da fonte de

sementes ou procedência, impossibilitando que o trabalho de melhoramento e/ou comercialização

de sementes possa ganhar escala comercial.

As populações de candeia destinadas á produção de sementes devem ser selecionadas

dentro de sua região de ocorrência natural, buscando-se capturar a maior representatividade

genética dessas populações. Kageyama & Gandara (1999), enfatizam a necessidade do

entendimento do conceito de tamanho efetivo (Ne), que vem a ser a representatividade genética

que uma árvore tem, em função de seu sistema reprodutivo e de sua genealogia. Assim, sementes

colhidas de uma árvore, podem representar um Ne que pode variar de 1 a próximo de 4,

dependendo se a espécie é alógama ou autógama, respectivamente.

O tamanho efetivo de uma população implicará na sua capacidade de manter suas

características genéticas ao longo de sucessivas gerações, de maneira que a colheita de sementes

deverá priorizar o tamanho efetivo da população, para que a futura floresta originada dessas

sementes, represente toda a variabilidade genética da espécie, além de evitar cruzamentos

endogâmicos e consequentemente a sua depressão.

Assumindo-se que uma espécie é alógama, como a candeia, pode-se adotar um tamanho

efetivo adequado para a colheita de sementes como sendo de 50. Segundo Kageyama & Gandara

(1999) este valor tem sido aceito na literatura para casos de populações a serem mantidas a médio

prazo. Na prática, esses autores sugerem: 1) colher sementes de 12-13 árvores de uma população

natural grande, ou seja, com mais de 500 árvores, ou; 2) reunir as sementes de várias populações

pequenas, somando-se os Ne individuais, ou; 3) coletar sementes de uma floresta plantada, desde

que as sementes utilizadas para formar essa população tenham um Ne de 50. Para todos os casos,

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deve-se colher a mesma quantidade de sementes de cada árvore, tomando-se o cuidado de

obedecer uma distância de 50 a 100metros entre as árvores selecionadas.

5.1.2 Seleção de matrizes

De acordo as recomendações de Davide, Faria e Botelho (1995), as árvores matrizes

devem apresentar características típicas da espécie alvo, serem vigorosas, apresentar boas

condições fitossanitárias, possuírem copa pequena, ramos finos com angulo de inserção próximos

de 90 graus, boa desrama natural, tronco cilíndrico, e constituírem-se em boas produtoras de

sementes em várias colheitas.

Um outro importante fator a ser destacado para a seleção de matrizes, é a classificação

das árvores na floresta. De acordo com Davide e Faria (2000), árvores dominadas ou suprimidas

apresentam pouca ou nenhuma capacidade de produzir sementes. Cerca de 90% das sementes são

produzidas por árvores dominantes e/ou codominantes da comunidade florestal. Como as árvores

de candeia ocorrem de maneira agregada, devem-se selecionar aquelas com copas que estejam

dominando suas vizinhas.

Uma vez estabelecidas as populações, os principais aspectos que devem ser

considerados no processo de produção de sementes de candeia, são: a) número de matrizes

coletadas; b) distância entre matrizes; c) número de ocasiões em que a matriz irá produzir

sementes em seu ciclo vital; d) intervalo entre eventos de produção; e) quantidade de sementes

produzidas por árvore em cada período de produção; f) duração do período de produção e g)

classificação da árvore na floresta.

5.1.3 Registro, marcação e identificação de plantas matrizes

Para cada população, as árvores matrizes deverão ser marcadas com uma etiqueta de

alumínio, com seu respectivo número, além de receber uma marca maior com tinta ou fita

colorida para facilitar sua visualização. Em cada etiqueta, constará um conjunto de letras e

números, referentes a população, espécie e número da matriz, seguindo-se os procedimentos e

recomendações do Grupo Permanente de Trabalho em Melhoramento Genético

Florestal(Coutinho,1981).

19

Page 21: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Todas as populações, bem como todas as matrizes deverão ser topograficamente

georreferenciadas e plotadas em mapas ou croquis que possam permitir a localização fácil e

rápida dessas árvores nas futuras coletas.

5.1.4 Colheita e transporte de frutos e sementes

Existem vários indicadores do ponto de maturação dos frutos que estabelecem a época

de colheita ou coleta de sementes. Para candeia, o melhor indicador do ponto de colheita é o

início da dispersão de seus diásporos. Seus frutos, dispostos em capítulos são do tipo aquênio,

com uma semente por fruto (Figuras 6 e 7), de acordo com Davide et al. (2000), genericamente

podem ser classificados como secos deiscentes e, portanto, devem ser colhidos antes que

completem a deiscência e dispersem todas as sementes.

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Page 22: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a)

(b)

(c)

(d) (e)

(f)

Legenda: (a) panícula corimbosa; (b) capítulos dispostos em glomérulo; (c) corola,

anteras soldadas e estigma; (d) ovário ainda com o “pappus”, corola, estames e estigma; (e) fruto (aquênio); (f) folha de um ramo comum.

FIGURA 6 - Representação de um ramo de candeia - Eremanthus erythropappus (DC.) McLeish

(Fonte: Araújo, 1946). Fonte: Ecofisiologia da candeia, CETEC, p. 15, 1994.

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Page 23: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 7 - Eremanthus incanus Less.: A e B - fruto; C - semente de tegumento; D e E -

embrião; F - eixo embrionário; G e I - germinação (5, 15, 30 dias, respectivamente); J - plântula com 40 dias; L - estádio inicial da fase de muda com 65 dias. C - cotilédone; co - coleto; e - epicótilo; ex - eixo-embrionário; f - folha; ga - gema apical; hp - hipocótilo; p - protofilo; pp - papus; rs - raiz secundária; s - semente.

Fonte: Davide et al., Revista Brasileira de Sementes, v.22, n.1, p.130, 2000.

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Page 24: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O sucesso da colheita de sementes depende do conhecimento da época de maturação,

características de dispersão das sementes e das condições climáticas. Para as espécies de candeia

mais importantes para produção de moirões e óleos essenciais, como Eremanthus incanus Less e

E. erytropapphus, no Sul de Minas Gerais, a época de frutificação ocorre entre os meses de

agosto a outubro, podendo estender-se até novembro, coincidindo com a maioria das espécies

florestais nativas da região. Essa variação normalmente ocorre entre ambientes, anos e genótipos.

Após a coleta, os capítulos deverão ser colocados em sacos de aniagem, identificado-se a

espécie, local e data de coleta, para em seguida, serem transportados para o galpão de

beneficiamento. Embora a ocorrência de chuvas seja rara na região durante os meses de colheita,

deve-se evitar a colheita de frutos logo após a ocorrência de chuvas, isso poderia levar ao

aceleramento do processo de deterioração das sementes.

5.1.5 Beneficiamento, identificação e armazenamento

O beneficiamento das sementes de candeia é essencialmente manual, utilizando-se

secagem ao sol dos frutos, seguida de maceração sobre peneira, ou seja, os capítulos devem ser

esfregados sobre a superfície de uma peneira do tipo “peneira de arroz”, colocando-se embaixo,

uma bandeja para aparar os diásporos. Em seguida, o material que foi recolhido na bandeja deve

ser peneirado ou soprado, buscando-se obter lotes de sementes com maior grau de pureza.

Utilizando-se dessa metodologia, Davide et al. (2000) obtiveram lotes com

aproximadamente 2.000.000 de sementes/kg. Após a formação dos lotes, estes serão identificados

por números e registrados no livro de entrada de sementes. No registro constará a origem, a data

de coleta das sementes, a porcentagem de germinação e o grau de umidade inicial das sementes.

Como as sementes de candeia são colhidas em setembro/outubro, antecedendo em

apenas 1 a 2 meses a época ideal de plantio e o ciclo de produção de mudas é de 100 a 150 dias,

torna-se de fundamental importância a manutenção de lotes viáveis de sementes em

armazenamento, para que o processo de produção de mudas se inicie em julho/agosto. Assim, as

mudas estariam disponíveis com padrão de plantio no início da estação chuvosa.

Quanto ao armazenamento, sementes ortodoxas como as da candeia devem ser

armazenadas com grau de umidade próximo de 5%, podendo ser acondicionadas em embalagem

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Page 25: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

semi-permeável (um filme de polietileno de 0,025 mm de espessura), colocados dentro de

tamboretes de fibra e armazenadas em câmara fria e seca (10°C; 40%UR).

5.1.6 Determinação do grau de umidade das sementes

A determinação do grau de umidade das sementes é de fundamental importância para a

indicação do método de armazenamento e baseia-se na perda de peso das sementes quando secas

em estufa. A perda de peso corresponde à água evaporada das sementes pela ação do calor.

De uma amostra média com aproximadamente 200 gramas, deve-se retirar 3

subamostras com 4 gramas, acondicionadas sobre pequenos recipientes de “papel alumínio” e

pesadas em balança de precisão, obtendo-se um peso inicial P ( peso das sementes úmidas, mais o

peso do recipiente). Esses recipientes devem ser levados para a estufa previamente aquecida e

regulada a 105ºC por 24 horas. Após esse período, os recipientes fechados devem ser levados ao

dessecador por 15 minutos para esfriar para obter-se o peso final “p” (peso das sementes secas,

mais o peso do recipiente).

O grau de umidade deve ser calculado na base do peso úmido, aplicando-se a fórmula:

100Pp)-(P (%) umidade deGrau

×=

Dados obtidos no Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Federal de Lavras

mostram que após secagem ao sol, o grau de umidade das sementes de diferentes procedências de

Eremanthus erythropappus e de Eremanthus incanus variou de 8,77 a 9,42%. Esse nível de

umidade sugere que as sementes poderiam ser armazenadas em câmara fria (5-10ºC/40-60% de

umidade relativa, em embalagem semipermeável), mas será necessário estudar com maior

profundidade a capacidade de armazenamento dessas sementes.

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Page 26: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 1 - Valores de umidade para as procedências de Eremanthus erythropappus.

Procedência Umidade (%) Morro do Pilar 9,28

Mariana 9,20 Carrancas 9,05

Caraça 9,42 Baependi 8,95 Minduri 9,06

São Tomé das Letras 8,79

TABELA 2 - Valores de umidade para as procedências de Eremanthus incanus.

Procedência Umidade (%) Morro do Pilar 8,77

São Tomé das Letras 8,48 Minduri 9,32

Carrancas 8,72 Mariana 9,32

5.1.7 Avaliação da viabilidade das sementes

Os lotes de sementes de candeia normalmente apresentam baixos valores de germinação

e com grande amplitude de valores para diferentes lotes. Dados obtidos pelo CETEC(!1994)

mostraram uma variação de 2,25% a 45,75% na porcentagem de germinação para sementes de E.

erythropappus, de diferentes progênies e procedências. Esses valores correspondem aos

encontrados por outros autores, como Chaves e Ramalho (1996) e Davide et al. (2000).

Entretanto, essa variação pode ter vários significados, como grau de dormência, de sementes

vazias, de sementes mortas ou deterioradas e ainda falta de condições ótimas para a realização do

teste de germinação.

Os últimos estudos de germinação de sementes de candeia, realizados pelo Laboratório

de Sementes Florestais da UFLA , mostraram uma variação de 7% a 12% para lotes compostos

de diferentes procedências de E. incanus e E. erythropappus. O teste durou 20 dias e foi realizado

em gerbox contendo 3 folhas de papel mata borrão.

Nota-se que a porcentagem de sementes vazias variou de 35% a 48%, enquanto a

porcentagem de sementes duras variou de 7% a 16%. Isso mostra que o grau de dormência

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Page 27: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

assume uma importância secundária para essas espécies. Outro fator que contribuiu para a baixa

viabilidade dos lotes testados foi a alta mortalidade de sementes ao final do teste, o que é um

fator muito comum para espécies florestais nativas, devido ao alto grau de contaminação durante

o teste.

TABELA 3 - Porcentagem de sementes de E. incanus e E. erythropappus, germinadas, duras, mortas e vazias submetidas a duas condições de temperatura.

Espécie T (oC) Germinação Duras (%)

Mortas (%)

Vazias (%)

20-30* 10 7 48 35 Eremanthus incanus 30 12 16 27 45 20-30 7 11 44 38 Eremanthus erythropappus 30 10 9 23 58

* Para a temperatura 20-30oC, a temperatura menor corresponde ao período de escuro com duração de 14 horas.

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Page 28: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.2 Produção de mudas de candeia

A produção de mudas de alta qualidade é função das sementes ou propágulos utilizados

e dos tratos silviculturais empregados no viveiro. Isso pode ser melhor visualizado na Figura 8.

Potencialidadeshereditárias

Fatores ambientaisno viveiro

Espécie, procedência, progênie ClimaSubstratoManejo

Processo fisiológico

FotossínteseRespiração, translocação

Transformações e armazenamento de fotossintetizados, metabolismo do nitrogênioEstresse hídrico

Características morfológicas e fisiológicasdas mudas

Altura, diâmetro do colo, relação raiz/parte aérea Acúmulo de matéria seca

Potencial de crescimento radicular (RGP)

Interações com o ambiente (campo)

Regime hídrico e temperaturaCompetição com plantas invasoras

Deficiências mineraisLimitações físicas do solo

Pragas e doenças

FIGURA 8 - Potencialidades hereditárias e fatores ambientais que operam através dos processos

fisiológicos para controlar as características das mudas.

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Page 29: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Deve-se então buscar a produção de mudas com qualidade morfo-fisiológica que permita

seu rápido estabelecimento no campo com altas taxas de pegamento e o máximo de incremento

médio anual de madeira.

5.2.1 Processos de produção de mudas de candeia

As estratégias de produção de mudas de espécies florestais tropicais, devem levar em

consideração o grupo sucessional a que pertencem. Swaine e Whitmore (1998), classificam as

espécies em pioneiras (P) e clímax, sendo estas últimas divididas em clímax exigentes em luz

(CL) e clímax tolerantes à sombra (CS). Essa classificação talvez não se aplique às espécies de

candeia, que são típicas de formações abertas, formando candeais que são predominantes sobre as

demais formas de vegetação na sua região de origem. Para efeito de produção de mudas, as

espécies de candeia podem ser consideradas como espécies pioneiras e portanto devem ser

produzidas à pleno sol.

Devido a baixa capacidade germinativa de suas sementes, pode-se adotar os processos

de semeadura direta ou de repicagem, dependendo da qualidade do lote de sementes disponível

(Figura 9).

Semeadura/Repicagem

Semeadura direta RepicagemVantagensDesvantagens

Exigência das espécies*Sempre que possível

Sementes dormentesSementes com baixa germinação

Sementes com comportamento desconhecidoSementes muito pequenas

Adequada para pequena produção

* Algumas espécies não toleram a repicagem, exigindo que se faça semeadura direta nos recipientes. FIGURA 9 - Fatores que influenciam na tomada de decisão quanto ao tipo de semeadura (direta

(recipientes), ou indireta (sementeiras)).

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Page 30: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.2.1.1 Semeadura indireta (sementeiras)

A semeadura em canteiros para posterior repicagem das mudas para a embalagem

definitiva, foi a prática mais utilizada no início das atividades de reflorestamento. Este processo

era o mais viável em decorrência da pequena disponibilidade de sementes, da abundância de

mão-de-obra e do menor tamanho dos projetos de reflorestamento. Esta prática requer cuidados

especiais no manuseio das mudas, principalmente para evitar danos ao sistema radicular e suas

deformações, os quais podem resultar em perdas imediatas no viveiro ou

Esta técnica exige, além das sementeiras, condições climáticas adequadas, como dias

frescos e nublados durante o processo de repicagem e um aparato de cobertura para os canteiros

de mudas recém-repicadas, que devem ficar protegidas contra o sol forte e ventos, a fim de evitar

uma transpiração excessiva, causando seu ressecamento e morte.

a) Substrato para a sementeira

A sementeira é o local destinado à germinação das sementes. Ela é usada

preferencialmente no caso de sementes muito pequenas, com baixo poder germinativo, ou

espécies que apresentam dormência.

A sementeira é constituída de material drenante na sua parte inferior, e sobre este, o

substrato de plantio. O substrato usado na sementeira deve ser bem nivelado, e sua constituição

pode variar de acordo com o tamanho das sementes(Figura 10).

Para sementes pequenas, como as da candeia, o substrato pode conter diferentes

constituições, como pode ser observado na Tabela 4.

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Page 31: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 4 - Composição de substratos para sementeiras.

Composição Fonte 70% de terra de subsolo peneirada; 20% de esterco curtido de curral, ou casca de arroz carbonizado 10% de areia (se o solo for argiloso)

Faria, 1999

80% de areia média 20% de húmus de minhoca, ou esterco bovino curtido CESP, 2000

Para sementes grandes pode-se semear em areia lavada, que facilita o crescimento das

raízes e o arranquio das plântulas, além de diminuir a ocorrência de doenças.

Deve-se fazer uma irrigação da sementeira, antes da semeadura, para que ocorra o

acamamento do substrato.

SEMENTEIRA

3,0 a 5,0 m

1,2 m

NÍVEL SUBSTRATO

MATERIAL

Apoio

30cm

20cm

1,20m FIGURA 10 - Planta baixa de uma sementeira e em corte transversal.

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Page 32: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

b) Semeadura

A semeadura deve ser a lanço (Figura 11), espalhando-se as sementes uniformemente

sobre a sementeira, procurando-se manter uma distância entre as sementes equivalente ao seu

próprio comprimento.

FIGURA 11 - Semeadura a lanço de sementes de guatambú (Aspidosperma parvifolium) em

sementeira.

Após a semeadura, deve-se peneirar sobre as sementes uma fina camada de substrato (no

máximo 1,5 vezes a espessura das sementes) utilizando-se uma peneira de malha fina (2-3 mm),

seguida de uma camada de casca de arroz. Esta cobertura morta tem a finalidade de manter a

umidade da sementeira, além de proteger as sementes pré-germinadas contra os raios solares, os

ventos e os pingos d’água da chuva.

Como as sementes são pequenas e leves, recomenda-se que as irrigações sejam

realizadas com pulverizadores costais, dispersores ou mesmo por infiltração, para se evitar que o

excesso de água possa fazer as sementes boiarem para locais mais baixos da sementeira ou

mesmo que sejam enterradas em excesso (Figura 12). Deve-se realizar de 2 a 3 irrigações por dia

até a repicagem das mudas.

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Page 33: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 12 - Peneiramento de substrato sobre as sementes, aplicação de camada de cobertura

morta (casca de arroz) e irrigação da sementeira após a semeadura.

c) Repicagem

É o processo de transferência das plântulas da sementeira para as embalagens (sacos

plásticos ou tubetes). A retirada das mudas dos canteiros deverá ser feita com uma espátula, ou

ferramenta semelhante. Esta operação deve ser precedida de uma abundante irrigação no dia

anterior, sendo que os recipientes que irão receber estas mudas também devem ser umedecidos.

A repicagem deve ser feita quando as plântulas apresentarem seu segundo par de folhas.

No caso de mudas com sistema radicular muito desenvolvido, ele deverá ser podado, para evitar o

enovelamento no momento do transplantio.

Na ocasião da repicagem, deve-se tomar o cuidado para que raiz não fique dobrada ou

enovelada no novo recipiente. Deve-se também calçar o substrato ao redor da raiz e do colo da

muda de modo a firmá-la, espalhar casca de arroz por cima dos recipientes, sem cobrir as mudas,

molhar abundantemente e finalmente, cobrir o canteiro com Sombrite® 50% por 7 (sete) dias ou

até que se note o pegamento das mudas.

A repicagem deve ser feita pela manhã ou pela tarde, de preferência em dias nublados ou

até mesmo chuvosos.

5.2.1.2 Semeadura direta nos recipientes

Esse método deve ser a primeira opção para a produção de mudas de candeia. Ele

contituiu-se numa das principais inovações introduzidas na produção de mudas em grande escala,

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Page 34: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

a partir da década de 70. Segundo Gomes; Paiva e Couto (1996), as vantagens deste método são:

eliminação da necessidade de confecção dos canteiros para semeadura e posterior repicagem;

dispensa dos aparatos para sombreamento das mudas recém-repicadas; redução do prazo para

produção das mudas; produção de mudas mais vigorosas; diminuição das perdas de mudas por

doenças; produção de mudas com sistema radicular de melhor conformação; e, finalmente,

produção de mudas a um menor custo.

Para o procedimento da semeadura direta, os recipientes (saquinhos ou tubetes) devem

estar completamente cheios para evitar o “afogamento” das sementes. Uma camada bem fina de

substrato deve ser peneirada sobre a superfície dos recipientes antes da semeadura.

Como os lotes de sementes de candeia têm apresentado uma porcentagem média de

germinação que varia entre 7% a 45%, deve-se semear de 12 a 5 sementes/recipiente, para os

piores e melhores lotes, respectivamente. Como um quilo de sementes possui aproximadamente

2.000.000 de sementes, espera-se produzir de 50.000 a 100.000 mudas com um quilo de

sementes, considerando-se as outras perdas no processo de produção.

Após a semeadura, deve-se peneirar uma fina camada do substrato utilizado sobre as

sementes, colocando-se a seguir uma cobertura morta (casca de arroz ou capim picado). Esta

cobertura tem, dentre outras, a finalidade de proteger as sementes contra a incidência dos pingos

d’água e conservar a umidade da camada superficial, resultando em maior percentual de

germinação das sementes.

a) Recipientes

Os recipientes comumente utilizados na produção de mudas são os sacos de polietileno e

os tubetes (Figura 13). Estes recipientes são disponíveis no mercado em vários tamanhos (e

formatos, no caso de tubetes).

Os sacos de polietileno, sacolas plásticas, ou simplesmente saquinhos, são encontrados

mais comumente nas dimensões: 8 x 12cm; 10 x 15cm; 10 x 17cm; 12 x 22cm; 18 x 24cm.

Torna-se importante salientar que o primeiro valor da dimensão dos saquinhos corresponde à

metade do perímetro. Então, um saquinho 8x12cm, que deve ser adotado para a produção de

mudas de candeia, terá 5,0 cm de diâmetro (16 cm ÷ 3,1416), depois de cheio e alcançará uma

densidade de encanteiramento de aproximadamente 400 mudas/m2.

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Page 35: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O uso de tubetes de pequeno volume iniciou-se nos Estados Unidos, por volta de 1970,

atraindo os produtores florestais principalmente por sua economia e automação do sistema de

produção de mudas. Por outro lado, há quem considere que a utilização de tubetes está ligada a

vantagem biológica que este tipo de recipiente proporciona, como por exemplo, a obtenção de

mudas com sistema radicular sem distúrbios ou perturbação. A isto ainda pode-se adicionar maior

controle do ambiente de produção (casas de vegetação), podendo-se aumentar a produção, com a

demanda, permitindo desta forma, estender a estação de plantio, principalmente em locais de

clima frio, onde é comum a produção de mudas de raiz nua (Owston,1990).

Os tubetes são recipientes em forma de tubos plásticos, levemente cônicos e de várias

dimensões (50 cm3 a 250 cm3 - conhecido como tubete ou tubetão para espécies nativas,

respectivamente). As pesquisas têm mostrado que o tubete menor é suficiente para a produção de

mudas da maioria das nativas, ficando o maior para as espécies que apresentam sementes

grandes, maiores que o diâmetro superior do tubete.

Para a produção de mudas de candeia, tubetes com 80 cm3 e com 8 ranhuras internas são

os mais indicados por possibilitarem um maior tempo de permanência das mudas no viveiro.

Somente na primeira metade da década de 90 é que os tubetes passaram a ser utilizados na

produção de mudas de espécies nativas em larga escala, com a produção de mais de 3 milhões de

mudas no ano de 1994 pelos viveiros da Companhia Energética de São Paulo (CESP).

Atualmente, o sistema de tubetes é utilizado na produção de mudas de espécies florestais

nativas por várias empresas além da CESP, como a Companhia Energética de Minas Gerais

(CEMIG), com capacidade de 550.000 mudas; Aracruz Florestal S.A., Champion Papel e

Celulose S.A., Flora Tietê e outras.

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Page 36: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Saco plástico

Nutrição Irrigação Densidade Substrato Tamanho Volume Densidade

EspécieCiclo de Produção

Escolha da embalagem

Tubete

FIGURA 13 - Aspectos a serem considerados na escolha da embalagem para produção de mudas.

Segundo Faria (1999) e Davide, Faria e Botelho (1995), as principais vantagens e

desvantagens do sistema de sacos plásticos e em tubetes são:

Vantagens dos sacos plásticos

• Menor custo inicial;

• Mais aplicável a programas de extensão.

Desvantagens dos sacos plásticos

• Enovelamento de raízes;

• Substrato pesado dificultando operações de manejo no viveiro;

• Aumento do custo de transporte (um caminhão leva 16.000 mudas, 9,3 ton.);

• Enchimento manual;

• Necessidade de retirar a embalagem, retardando o plantio;

• Problemas ergonômicos;

• Realização de moveções periódicas;

• Risco de acidentes com animais peçonhentos;

• Maior incidência de contaminação fúngica.

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Page 37: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Vantagens dos tubetes

• Apresentam arestas internas, eqüidistantes, que percorrem o tubete longitudinalmente,

impedindo o enovelamento das raízes;

• Melhor ergonomia, pois as bandejas onde são colocados os tubetes ficam apoiadas em

bancadas ou suportes, de modo que o canteiro fique suspenso, possibilitando que os

funcionários manuseiem as mudas em pé, evitando prejuízos à coluna e aos joelhos do

trabalhador;

• As mudas não ficam em contato com o solo, o que reduz infecções fúngicas;

• Praticamente nulo o risco de acidentes com animais peçonhentos;

• Produção de mudas em série, permitindo a mecanização tanto do enchimento do tubete com

substrato, quanto da semeadura;

• Podem ser reutilizados diversas vezes, o que dilui o custo ao longo do tempo;

• A quantidade de substrato é menor;

• Não há a necessidade de executar a poda das raízes, já que elas são constantemente podadas,

quando passam pelo furo de drenagem e entram em contato com o ar. Consequentemente as

mudas não enovelam;

• O sistema radicular é mais compacto e estruturado, sendo portanto menos susceptível a

lesões no manuseio, transporte e plantio;

• Permite realizar a alternagem (raleio) das mudas, reduzindo sua densidade (n.º de mudas/m2)

e consequentemente seu estiolamento;

• As mudas são mais leves, o que facilita o seu manuseio no viveiro e sua distribuição no

campo (o rendimento do plantio é três vezes maior);

• O rendimento de transporte das mudas para o campo é significativamente maior (um

caminhão transporta 90.000 mudas, 3,8 ton.);

• Diminui a necessidade de mão de obra, tanto no viveiro (em até 50%) como no plantio;

• O custo final da muda é reduzido sensivelmente;

Desvantagens dos tubetes

• Uma maior freqüência de irrigação devido a menor quantidade de substrato para a retenção da

umidade;

• Um maior custo de investimento inicial e lixiviação de nutrientes mais intensa, gerando a

necessidade de adubações em cobertura;

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Page 38: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• A utilização contínua de fertilizantes nitrogenados na adubação de cobertura pode aumentar o

PH do substrato, o que leva a variações na disponibilidade de alguns nutrientes (Figura 12).

Ferreira e Marchetti (1990) fizeram a comparação entre os sistemas de produção de

mudas de eucalipto em sacos plásticos, tubetes fixos e tubetes contínuos na Riocell, e os

resultados são apresentados a seguir:

TABELA 5 - Produção de mudas em diferentes sistemas.

Ano Sistema Efetivo médio anual Custo da muda (milheiro)

Até 1983 Sacos plásticos 153 pessoas U$ 100,00 1983 Tubetes fixos 114 pessoas U$ 80,00 1990 Tubetes contínuos 70 pessoas U$ 35,00

b) Substratos para tubetes

Para se obter uma uniformidade do crescimento das mudas após a semeadura ou a

repicagem, é necessário que tanto os componentes dos substratos como os fertilizantes da

adubação de plantio fiquem bem homogeneizados. Essa mistura pode ser feita manualmente, com

o uso de enxadas e pás, ou mecanicamente utilizando-se betoneiras.

Durante o preparo da mistura, o substrato deve ser umedecido até adquirir consistência

friável, para que este não vaze do tubete durante a fase de enchimento e “compactação”. Este

ponto pode ser verificado ao se apertar o substrato com a mão e notar que este está friável, porém

sem que ocorra o escorrimento de água.

Os substratos utilizados no enchimento dos tubetes apresentam as mais variadas

composições, tendo como característica comum o uso de terra em pequenas proporções (Figura

14 e Tabela 6).

Segundo Gonçalves (1994) citado por CESP (2000), o substrato deve possuir as

seguintes características:

• Aeração (bom equilíbrio entre macroporos, preenchidos por ar e microporos, preenchidos por

água);

• Permeabilidade (determinada pela porosidade);

• Capacidade de retenção de umidade (definida pelo teor e qualidade da matéria orgânica,

sendo que é desejável que o substrato possa reter entre 20 a 22 ml de água);

37

Page 39: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Granulometria: é recomendável que os componentes apresentem mesma densidade e, a

amplitude de tamanho não seja muito alta entre partículas, para evitar a segregação dentro do

recipiente;

• Características químicas:

- pH em H2O = 6,0 a 6,5

- Fósforo = 300 a 600 g/cm3

- Potássio (níveis de K/T x 100) = 5 a 8%

- Cálcio + Magnésio (níveis de Ca + Mg/ T x 100) = 85 a 95%

TABELA 6 - Composição de alguns substratos usados na produção de mudas de espécies nativas aem tubetes (Faria, 1999).

Viveiro Composição do substrato

UFLA (Lavras, MG) 50% de esterco; 20% de casca de arroz carbonizada; 20% de vermiculita e 10% de terra de subsolo

CEMIG (Usina de Volta Grande) 70% de composto (a base de casca de pinus); 20% de húmus e 10% de vermiculita

CEMIG (Usina de Itutinga) 40% de esterco; 20% húmus; 20% de vermiculita e 20% de terra de subsolo

CESP (Usina de Paraibuna) 60% de húmus; 30% de casca de arroz carbonizada; 7% de areia e 3% de terra de subsolo

38

Page 40: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Escolha dob t t

Saco plástico Tubete

CustoDisponibilidade de sementes

Agregação, aeração edrenagem

Granulometria

Subsolo textura médiaMatéria orgânica (esterco de

curral , torta de filtro, composto

orgânico , etc)Fertilizantes (Super fosfato

simples, Yoorin®)Corretivos (calcário)

Casca de arroz carbonizadaVermiculita

VermiculitaMatéria orgânica(esterco de curral,

torta de filtrocomposto orgânico,casca de Pinus sp.)

Subsolo textura médiaCasca de arrozcarbonizada

FIGURA 14 - Seleção do substrato para os diferentes tipos de recipientes para produção de

mudas de espécies florestais tropicais.

Outra ação importante é o controle do pH, uma vez que este altera a disponibilidade de

alguns nutrientes. No caso da produção de mudas de espécies florestais em tubetes, tem ocorrido

com freqüência, deficiências de ferro e manganês, caracterizadas por clorose das folhas. Essas

deficiências são causadas pela elevação do pH dos substratos comumente utilizados, como pode

ser observada na Figura 15.

39

Page 41: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Potássio, Cálcio e Magnésio

Ferro, Cobre, Manganês e Zinco

Molibdênio e Cloro

Nitrogênio, Enxofre e Boro

A

Dis

poni

bilid

ade

5,0 6,0 6,5 7,0

FIGURA 15 - Efeito do pH do substrato na disponibilidade dos nutrientes e na solubilidade do Al

no solo.

c) Substrato para os sacos plásticos

O substrato utilizado para produção de mudas em sacos plásticos tem como componente

principal a terra de subsolo. A textura dessa terra de subsolo, condiciona a adição de vários

materiais como: areia, esterco, composto, húmus, casca de arroz carbonizada e fertilizantes

químicos (CEMIG, 1996).

O substrato para a produção de mudas em saco plástico pode ser composto de:

• 3 partes de terra de subsolo peneirada em peneira de encosto, com malha de ½ polegada

• 1 parte de esterco de curral • 3 Kg de superfosfato simples/m3

• 1 parte de casca de arroz carbonizada, caso o substrato utilizado seja muito argiloso.

Nestas condições a produção de mudas é bastante satisfatória como ilustrado na Figura

16.

40

Page 42: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 16 - Mudas de candeia com cem dias após a semeadura.

5.2.2 Tratamentos silviculturais

Para a produção de mudas de boa qualidade, a tomada de decisão em relação aos

tratamentos silviculturais torna-se de primordial importância, no planejamento e condução de

viveiros florestais. Estes tratamentos estão ilustrados na Figura 17.

5.2.2.1 Desbaste

5.2.2.2 Fertilização

Com aproximadamente 30 dias após a semeadura nos recipientes, ou quando as mudas

possuírem de 2 a 3 pares de folhas, deve-se proceder o desbaste das mesmas, deixando-se apenas

uma por recipiente, optando-se pela mais vigorosa e/ou mais central. Esse procedimento pode ser

realizado arrancando-se as mudinhas excedentes ou cortando-as com auxílio de uma tesoura. No

caso do arranquio, o substrato de estar bem molhado.

A necessidade de buscar alternativas para um crescimento adequado de espécies

florestais torna-se um desafio, principalmente no que se refere aos fatores do desenvolvimento

41

Page 43: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

inicial (Tedesco, 1999). Desse modo, a fertilização torna-se de fundamental importância, uma vez

que efetuada, melhora o nível nutricional das plantas (Tedesco, 1999 e Crane, citado por Lisbão

Júnior, 1988).

Podas

Tratamento silvicultural

Adubação de cobertura

Controle de pragas edoenças

DesbastesAclimatação

Moveção

RaleioRepicagem

Irrigação

FIGURA 17 - Principais tratamentos silviculturais aplicados na produção de mudas em um

viveiro florestal, sendo que quanto menor o tamanho da seta maior a freqüência do tratamento silvicultural.

A nutrição influência não somente a taxa relativa de crescimento de uma planta e o

padrão em que o carbono é alocado nas diversas partes da planta, mas também a taxa em que uma

dada área foliar pode assimilar o dióxido de carbono. Uma bem sucedida fertilização aumenta a

taxa de absorção e o movimento dos nutrientes para as partes fotossinteticamente ativa das

árvores; aumenta também a taxa de produção de lenho, assim como a massa foliar,

incrementando ainda mais a atividade fotossintética (Crane, citado por Lisbão Júnior, 1988).

Os nutrientes minerais atuam em três níveis: como constituinte de compostos, como

parte ou ativadores de enzimas ou como participantes de relações osmóticas, sendo que cada

nutriente pode ter uma ou mais funções nos processos fisiológicos das plantas (Alves, Oliveira e

Gomide, 1997).

Para que se tenha um crescimento adequado e aumento da qualidade das mudas no

viveiro, deve-se fazer a aplicação de fertilizantes que contenham os nutrientes necessários ao

42

Page 44: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

crescimento e desenvolvimento das plantas. É importante lembrar que um nutriente pode também

ter efeito tóxico, caso esteja presente na planta em concentração superior a necessária, sendo mais

freqüente para os micronutrientes (B,Cl,Co,Cu, Fe, MN, Mo, Ni, Se, Si e Zn) (Rosolem e

Boretto, 1987).

Respostas diferenciadas à adubação são encontradas entre os diferentes grupos

sucessionais e também entre as diferentes espécies como pôde ser observado nos trabalhos

realizados por Silva, 1996; Resende, 1997 e Duboc, 1994.

Geralmente, a adubação inicial, que é feita no substrato, é a mesma para todas as

espécies produzidas no viveiro (Tabela 6), sendo que a adubação em cobertura é que pode variar,

em função dos requerimentos nutricionais das espécies ou de grupos de espécies, do ritmo de

crescimento (ciclo de produção) e do regime de irrigação/chuvas. No entanto, algumas empresas

acabam adotando uma adubação em cobertura sistemática para todas as espécies (Tabela 6), via

água de irrigação, ainda que para algumas delas, esta adubação esteja sendo feita

desnecessariamente. Essa atitude pode ser justificada, considerando-se que operações

diferenciadas no viveiro encarecem as mudas e que o custo do adubo utilizado representa muito

pouco no custo final da muda.

A adubação de cobertura é realizada quando:

Deseja-se um crescimento mais rápido das mudas, com alta qualidade e dentro de um ciclo de

produção definido. A fertilização distribuída ao longo do ciclo de produção permite adequar o

ritmo de crescimento das mudas, tornando-o compatível com o cronograma de plantio. Neste

caso, pode-se dissolver 10g de uréia ou MAP hidrossolúvel em 18 litros de água e aplicar nas

mudas com um regador. Em seguida, fazer uma irrigação rápida (com água pura), para lavar

as folhas das mudas, evitando que o adubo as queime. Esta adubação pode ser feita uma vez

ou mais por semana, dependendo da ocorrência de chuvas. Quando chuvas muito intensas

ocorrerem após uma irrigação de cobertura, recomenda-se repetir essa operação no outro dia.

• No caso de mudas que apresentam sintomas de deficiência nutricional.

43

Page 45: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 7 - Adubações iniciais (no substrato) e em cobertura utilizadas na produção de mudas ade espécies nativas em tubetes (Fonte: Faria, 1999).

Instituição Modo Adubação utilizada

UFLA

No substrato (por m3)

Em cobertura*

2kg de Yorin + 300g de KCl + 500g de sulfato de amônio 80g de KCl + 1.000g de MAP aplicados em 10.000 tubetes

Início: 30 dias após a germinação ou repicagem Intervalo: a cada 15 dias

CEMIG (Usina de

Volta Grande)

No substrato (por m3)

Em cobertura

5kg de superfosfato simples + 500g de KCl + 300g de FTE-BR12

30 dias após a germinação: 500g de sulfato de amônio/10.000 tubetes

60 dias após a germinação: 80g de KCl/10.000 tubetes (mantendo a adubação anterior)

120 dias após a germinação: 500g de superfosfato simples/10.000 tubetes (mantendo as duas adubações

anteriores) Intervalo: a cada 7 dias

CEMIG (Usina de Itutinga)

No substrato (por m3)

Em cobertura

5kg de superfosfato simples + 500g de KCl + 300g de FTE-BR12

30 a 45 dias após a germinação: 500g de sulfato de amônio + 500g de superfosfato simples + 400g de KCl/10.000

tubetes Intervalo: a cada 7 dias

CESP

(Viveiro de

Paraibuna)

No substrato

(por m3)

Em cobertura

1,5kg de superfosfato simples + 300g de sulfato de amônio

+ 150g de KCl + 120g de FTE-BR12

A partir de 45 dias após a germinação: 150g de sulfato de

amônio + 50g de KCl em 1.000 tubetes, alternando com

150g de sulfato de amônio.

Intervalo: a cada 10 ou 15 dias

44

Page 46: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 8 - Principais alterações provocadas nas plantas por deficiências e excessos minerais.

NITROGÊNIO Visíveis

Sintomas de Deficiência

Folhas amareladas, inicialmente as mais velhas, como resultado da proteólise Ângulo agudo entre caule e folhas

Dormência de gemas laterais Redução no perfilhamento

Senescência precoce Folhas menores devido ao menor número de células

Crescimento Em geral, diminuído, com possível aumento no comprimento das raízes

em alguns casos

Sintomas de excesso Em geral não identificados; pode haver redução na frutificação

FOSFORO Visíveis

Sintomas de Deficiência

Cor amarelada das folhas, a princípio das mais velhas, pouco brilho, cor ver-azulada ou manchas pardas

Ângulos foliares mais estreitos Menor perfilhamento

Gemas laterais dormentes Número reduzido de frutos e sementes

Atraso no florescimento Sintomas de

excesso Não reconhecidos diretamente: pode haver deficiência de micronutrientes,

metais pesados (Cu, Fe, Mn,Zn) POTÁSSIO

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Clorose e depois necrose das margens e pontas das folhas, inicialmente das mais velhas. Internódios mais curtos em plantas anuais

Diminuição da dominância apical Menor tamanho de frutos

Deficiência de ferro induzida (acúmulos de ferro nos nós inferiores) Sintomas de

excesso Deficiência de magnésio induzida

Continua...

45

Page 47: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 8, Continuação ... CÁLCIO

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Amarelecimento de uma região limitada da margem das folhas mais novas Crescimento não uniforme da folha, do qual resultam formas tortas, às vezes

com gancho na ponta Murchamento e morte das gemas terminais

Gemas laterais dormentes Deformação de tubérculos acompanhada de desintegração interna

Manchas necróticas internervais Murchamento das folhas e colapso dos pecíolos

As raízes mostram a deficiência precocemente: aparência gelatinosa das pontas, pêlos inchados, cessão do crescimento apical

Pequena frutificação ou produção de frutos anormais (podridão estilar do tomate)

Produção pequena ou nula de sementes, mesmo com flores normais (em cereais)Menor nodulação das leguminosas

Sintomas de excesso Não são conhecidos, possível deficiência de potássio e magnésio

MAGNÉSIO Visíveis

Sintomas de Deficiência

Clorose das folhas, usualmente começando e sendo mais severa nas mais velhas; clorose internerval, às vezes necrose (cafeeiro); em algumas espécies a clorose é seguida pelo desenvolvimento de cor alaranjada, vermelha (aldodoeiro) ou roxa;

o padrão de clorose reflete a distribuição de magnésio no tecido Sintomas de

excesso Não identificados; possível carência de potássio e cálcio

ENXOFRE Sintomas de Deficiência Visíveis

Clorose primeiro nas folhas mais novas Coloração adicional em algumas plantas - laranja, vermelho, roxo

Folhas pequenas Enrolamento das margens das folhas

Necrose e desfolhamento Internódios curtos

Redução no florescimento Menor nodulação nas leguminosas

Sintomas de excesso Clorose internerval em algumas espécies

Continua ...

46

Page 48: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 8, Continuação ... BORO

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Folhas pequenas, com clorose irregular ou sem clorose, de formas bizarras ou deformadas, mais grossas e quebradiças, com nervuras suberificadas (cortiça) e

salientes; às vezes tons vermelhos ou roxos Morte do meristema apical do caule - comum em muitas plantas (cafeeiro); a

regeneração a partir de gemas axilares pode dar: galhos em leque (cafeeiro) na parte do ramo principal ou do caule; aspecto de arbusto (pinheiro), clorose,

margens necróticas, deformação das folhas ocorrem diferentemente nas várias espécies

O caule às vezes racha (tomateiro, eucalipto) As raízes podem ser escuras com as pontas engrossadas e depois necróticas e

ramificadas O florescimento pode não ocorrer; frutos deformados com lesões externas e

internas, cortiça na casca; má polinização. Sintomas de

excesso Clorose reticulada (cafeeiro) e queima das margens (zonas de acumulação de

boro) COBRE

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Folhas inicialmente verde-escuras localizadas em “ramos aquosos” vigorosos (laranjeiras), tornando-se cloróticas (pontas, margens); as folhas encurvam-se e

as nervuras podem ficar muito salientes (cafeeiro). Falta de perfilhamento e “topo caído” (cana-de-açúcar)

Morte descendente (“dieback”) de ramos Gemas múltiplas

Sintomas de excesso

Manchas aquosas e depois necróticas das folhas; desfolhamento precoce (cafeeiro)

Diminuição no crescimento, diminuição na ramificação (cafeeiro) Cessação do crescimento radicular e radículas enegrecidas (cafeeiro)

FERRO Visíveis

Sintomas de Deficiência

Clorose das folhas novas (rede verde fina das nervuras sobre fundo amarelado) seguida de branqueamento; o padrão coincide com a distribuição do ferro no

tecido Diminuição no crescimento e na frutificação

Sintomas de excesso Manchas necróticas nas folhas

Continua ...

47

Page 49: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 8, Continuação ... MANGANÊS

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Clorose das folhas novas (rede grossa das nervuras sobre fundo amarelado) seguida de branqueamento

Manchas pequenas e necróticas nas folhas Formas anormais das folhas

Sintomas de excesso

A princípio deficiência de ferro induzida, depois manchas necróticas ao longo do tecido condutor, encarquilhamento de folhas largas

Menor nodulação nas leguminosas MOLIBDÊNIO

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranja brilhantes em folhas mais velhas e depois necrose (manchas relacionadas à distribuição de

molibdênio) Murcha das margens e encurvamento do limbo para cima (tomateiro) ou para

baixo (cafeeiro) Áreas úmidas e translúcidas em algumas espécies

Floração pode ser suprimida Leguminosas podem mostrar sintomas de falta de oxigênio

Menor nodulação nas leguminosas

Sintomas de excesso

Glóbulos amarelo-ouro no ápice da planta (tomateiro) A faixa de concentração entre deficiência e excesso pode ser de um milhão de

vezes ZINCO

Visíveis

Sintomas de Deficiência

Diminuição no comprimento dos internódios com a formação dos tufos terminais de folhas perenes (“rosete” de laranjeira, cafeeiro, pessegueiros) ou

plantas anãs (milho, arroz, cana-de-açúcar) Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas

Diminuição na produção de sementes Sintomas de

excesso INDUÇÃO DE CARÊNCIA DE FERRO

ALUMÍNIO Visíveis

Diminuição no crescimento de raízes; raízes engrossadas e pouco ramificadas Folhas podem mostrar sintomas de falta de P, K Ca e MG

Sintomas de Deficiência

Indução de carência de ferro Fonte: Malvolta et al. (1997).

48

Page 50: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.2.2.3 Irrigação

De acordo com Mexal e Landis (1990), entre o nível de irrigação e fertilidade ocorre

uma forte interação, sendo que o crescimento máximo é observado quando há uma irrigação

adequada e um nível moderado a alto de fertilidade do substrato. Os autores ressaltam ainda que

em baixos regimes de água, os fertilizantes podem desfavorecer o crescimento devido a toxidez

dos sais.

As culturas requerem adequado suprimento de água durante todo o ciclo para atingirem

crescimentos potenciais. Após prolongados déficits de água o metabolismo das plantas apresenta

profundas alterações que conduzem a um desenvolvimento insatisfatório e à queda na produção

(Kozlowxki, citado por Leite & Medina, 1985).

A irrigação é uma das etapas na produção de mudas em tubetes que requer maior

atenção. As mudas devem ser irrigadas quantas vezes forem necessárias no dia,

preferencialmente através de micro-aspersores, mantendo o substrato sempre úmido, sem

encharcar. A sensibilidade do viveirista é que vai determinar quando e o quanto irrigar.

Limitações no plantio de mudas em pequenos recipientes (tubetes) foram observadas por

diversos pesquisadores (Faria, 1999; Francescato, 1995), onde ressaltam que o manejo adequado

da irrigação torna-se de fundamental importância para o bom desenvolvimento das mudas

produzidas em tubetes, uma vez que possuem volume reduzido de substrato. Outro fator que

colabora para o rápido ressecamento do substrato está associado a maior ventilação, tanto em

cima, quanto em baixo do recipiente, proporcionada pela maneira como os tubetes ficam

dispostos em bandejas suspensas, fazendo com que se aumente a freqüência/quantidade de

irrigação, tendo como conseqüência negativa a intensificação na lixiviação, tornando necessárias

as adubações em cobertura

A água de irrigação e o substrato devem ter qualidade controlada, sendo isentos de

nematóides, fungos do gênero Phytophthora e outros patógenos e pragas. Após o a semeadura ou

transplante a irrigação deve ser diária. Posteriormente aumenta-se o intervalo de rega até que,

próximo à retirada das mudas para plantio, ou seja, só o suficiente para as mesmas não

murcharem (Fundecitrus, 2002).

49

Page 51: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.2.2.4 Alternagem ou raleio

As mudas competem por recursos necessários ao seu crescimento e desenvolvimento,

como, luz, água e nutrientes. A área disponível para o crescimento da muda afeta o seu hábito e

potencial de crescimento.

As mudas produzidas em tubetes ou em sacos plástico não competem por nutrientes e

água, devido à individualização de cada recipiente, porém, há a competição por luz, sendo

necessário realizar a redução do número de plantas por área quando perceber que iniciou-se a

competição por este recurso. Esta operação é denominada “alternagem ou raleio” e no caso de

cultivo em tubetes, esta operação é feita de forma sistemática, reduzindo-se a quantidade de

mudas em cada bandeja em 50%. Segundo Mexal e Landis (1990) e South (2000), esta operação

é de grande importância para evitar o estiolamento das mudas e favorecer o crescimento em

diâmetro, característica que está associada à qualidade de mudas de espécies florestais.

Juntamente com essa operação também faz-se a seleção de mudas por tamanho,

colocando-se dentro de um mesmo canteiro, as mudas menores de um lado (no sentido da largura

do canteiro) e as maiores de outro, obtendo-se um gradiente contínuo (Figura 18). Essa operação

é fundamental para que mudas menores não sejam dominadas pelas vizinhas maiores, ela

possibilita também que as mudas menores, dispostas em um dos lados do canteiro possam receber

mais adubações em cobertura e luz, fazendo com que estas alcancem as maiores até o final do

ciclo de produção.

FIGURA 18 - À esquerda, mudas de Aspidosmperma parvifolium (guatambu), crescendo em

tubetes de 50 cm3, em densidade de 400 mudas por m2, e a direita, após o raleio, com redução da densidade em 50%.

50

Page 52: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 9 - Efeito do tamanho do tubete, adubação de cobertura e densidade de crescimento na produção de mudas de guapuruvu (Schizolobium parahyba).

Tubete Densidade (nº/m2)

Adubação de Cobertura *

Diâmetro (mm)

Altura (cm)

Pequeno (50cm3) 400 200

2,02g SA + 0,521g KCl

5,0 c 5,3 bc

25,0 a 23,7 ab

Médio (140cm3) 570 280

1,615g SA + 0,173g KCl

5,2 bc 5,4 b

23,5 ab 23,4 b

Grande (250cm3) 225 0,48g SA + 0,125g KCl 6,4 a 24,5 ab

* A adubação de cobertura (g/100 mudas) iniciou-se 30 dias após a repicagem; freqüência semanal; total de 9 aplicações; avaliação aos 90 dias (altura, diâmetro do colo, peso de matéria seca, análise química e teste de arranquio.

5.2.2.5

5.2.2.6 Aclimatação

Podas radiculares

Podas radiculares é prática comum em viveiros e tem como objetivo principal a indução

de raízes novas nas mudas, obtendo-se maior massa e/ou superfície radicial.

Mudas produzidas em tubetes sofrem contínua poda de seus sistemas radiculares.

Conforme a muda cresce, as raízes tendem a sair pelo orifício inferior do tubete que está suspenso

no ar. Em contato com o ar as raízes morrem e assim novas raízes brotam dentro do tubete

formando uma fibrosidade.

Em mudas produzidas em sacos plásticos, as podas são realizadas juntamente com o

processo de moveção. Nesta operação, as mudas são “desgrudadas” do chão com o auxilio de

uma ferramenta cortante como uma colher de pedreiro.

Podas de parte aérea podem ser usadas quando as mudas apresentam relação parte

aérea/raiz desbalanceada. Assim, esta operação é feita para ajustar as características das mudas

para as condições de plantio, tendo como objetivo somente manter a qualidade das mudas (Mexal

e Landis, 1990).

Cerca de 15 dias antes de serem plantadas, as mudas devem passar por um processo de

aclimatação ou rustificação, que consiste na diminuição do número de irrigações e/ou da

51

Page 53: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

quantidade de água aplicada em cada irrigação, associadas às podas radiculares. As podas são

realizadas no momento das moveções para as mudas produzidas em sacos plásticos e nos tubetes,

diz-se que as podas são automáticas, ou seja, as raízes vão morrendo à medida que saem pela

extremidade inferior dos tubetes.

O processo de aclimatação pode trazer respostas vantajosas ou desvantajosas para as

mudas, assim se a aclimatação não for realizada ou for realizada com pouca intensidade, poderá

ocorrer perdas no plantio provocadas pela falta de adaptação das mudas às condições de campo.

Por outro lado, se o processo de aclimatação for muito rigoroso, as mudas podem adquirir um

certo grau de dormência, paralisando ou diminuindo seu crescimento inicial no campo.

A aclimatação de mudas através da restrição de água proporciona alterações nos

processos fisiológicos, as quais ocorrem bem antes que os sintomas de murcha possam ser

percebidos. De acordo com Ferreira (1997), a aclimatação atua na regulação osmótica das

mudas, influenciando significativamente o potencial hídrico foliar, condutância estomática e

transpiração das mudas de Eucalyptus spp., justificando a utilização dessa prática.

5.2.2.7 Micorrização

As micorrizas representam “um fenômeno de ocorrência generalizada, resultante da

união entre raízes e o micélio de fungos a um órgão morfologicamente independente, com

dependência fisiológica íntima e recíproca, seguido pelo crescimento de ambas as partes e com

funções fisiológicas muito estreitas” (Frank, 1985 citado por Siqueira, 1993).

Há muito tempo é sabido da importância da associação micorrízica com as plantas, para

o aumento da produtividade, crescimento inicial e qualidade das mudas (Carneiro et al., 1996),

sendo que seus efeitos podem afetar as futuras fases sucessionais das espécies.

Davey (1990) cita que a associação micorrízica por ser de caráter mutualístico, apresenta

benefícios tanto para os fungos, quanto para as plantas, dentre elas:

Absorção de nutrientes pouco móveis ou imóveis no solo;

Absorção de água e íons móveis em solos secos e em baixas taxas de difusão;

Tolerância a alta temperatura do solo;

Ação contra toxidez causada pela alta concentração de alumínio, acidez ou alcalinidade

acentuada, salinidade ou presença de metais pesados;

52

Page 54: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Aumento da agregação do solo, reduzindo as perdas pela erosão; •

Conservação dos nutrientes no sítio de plantio, através de reciclagem mais eficiente dos

elementos que se tornam disponíveis no solo; e

Proteção das raízes de doenças por antibiose, barreiras físicas contra a penetração de

patógenos no tecido hospedeiro, aumento da nutrição da árvore, que pode rapidamente

compensar as perdas e ao impedimento da infecção pelo aumento da suberização de raízes

finas.

As micorrizas podem ser classificadas em: ectomicorrizas e endomicorrizas, podendo

estas últimas serem divididas em endomicorrizas vesículo-arbusculares (MVA) e ericóides e

orquidóides. As ectomicorrizas e as endomicorrizas vesículo arbusculares são as mais

importantes do ponto de vista ecológico e econômico (Siqueira, 1993), devido aos resultados

positivos encontrados com relação ao crescimento de mudas inoculadas.

As MVA’s caracterizam-se pelo desenvolvimento do fungo no córtex, com penetração

inter e intracelular, formação de vesículas, pelotões, arbúsculos e crescimento micelial

extrarradicular, com ramificação das hifas no solo (Siqueira, 1993). Os fungos que formam este

tipo de micorriza pertencem a ordem Glomales, sendo conhecidas cerca de 140 espécies,

distribuídas nos gêneros Glomus, Sclerotocystis, Acaulospora, Gigaspora, Scutellospora e

Entrophospora.

As ectomicorrizas caracterizam-se pela associação de fungos, que crescem como um

manto na superfície das raízes, penetrando nestas somente intercelularmente, formando uma

malha fúngica que substitui a lamela média da célula, sendo conhecida como rede de Harting.

São conhecidas mais de 5.000 espécies de fungos que formam este tipo de associação, porém, as

espécies vegetais que formam este tipo de micorriza restringem-se a poucas famílias, na maioria

espécies arbóreas de maior importância econômica e ocorrência nas regiões de clima temperado

onde aproximadamente 90% das espécies arbóreas formam este tipo de associação. Em regiões

tropicais está restrita a leguminosas arbóreas da sub-família Caesalpinoideae e representantes da

família Myrtaceae, em especial do gênero Eucalyptus (Siqueira, 1993).

Embora a micorrização tenha efeito sobre a absorção de diferentes nutrientes vegetais,

seu efeito mais acentuado e de maior interesse econômico vem sendo atribuído a maior absorção

de fósforo em solos com baixa fertilidade e/ou em solos onde as concentrações destes nutrientes

na solução do solo são extremamente baixas, que são condições comuns nos trópicos (Embrapa,

53

Page 55: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

1982) e (Perry e Amaranthus, 1990; Bolan, 1991; Pearson e Jacobsen, 1993; Siqueira e Saggin

Junior, 1993; Santos, 1995 citados por Rodrigues, 1997).

As micorrizas utilizadas atualmente são obtidas em vasos de cultivo com Brachiaria

decumbens Staf, em solo esterelizado. Para a obtenção do inóculo a parte aérea desta gramínea é

cortada e descartada, sendo as raízes removidas e seccionadas em segmentos menores, que

conterão o “inóculo”, também denominado de “solo-inóculo”, que é constituído de esporos, hifas

e raízes colonizadas.

Os principais fungos utilizados atualmente para inoculação de mudas de espécies nativas

são: Glomulus etunicatum Trappe, Gigaspora margarita Becker & Gerdemann e Acaulospora

scrobiculata Becker & Hall.

54

Page 56: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 10 - Inoculação de espécies florestais com fungos micorrízicos.

Fungo Espécie Inoculada Quantidade de inóculo

Glomulus etunicatum Fonte: Renó, 1994

Senna multijuga Cedrela fissilis

Caesalpinea ferrea Piptadenia gonoacantha

Platicyanus regnellii

400 Esporos/Planta

Glomulus etunicatum

Fonte: Saggin Junior, 1997

Solanum granulosum-leprosum Litraea molleoides Trema micrantha

Luehea grandiflora Senna spectabilis

Croton floribundus Tibouchina granulosa

Cecropia pachystachya Cordia trichotoma Senna macranthera

Cedrella fissilis Caesalpinea ferrea Myrsine umbellata

Tabebuia impetiginosa Tabebuia serratifolia Sapindus saponaria

Aspidosperma parvifolium Copaifera langsodorffii

225 Esporos/Planta

50% Glomulus etunicatum 25% Gigaspora margarita

25% Acaulospora scrobiculata

Fonte: Rojas, 1997

Senna macranthera Luehea grandiflora

Enterolobium contortisiliquum Senna multijuga Sesbania virgata

Anadenanthera peregrina Cecropia pachystachya

200 Esporos/Planta

Glomulus etunicatum Fonte: Rodrigues, 1997 Trema micrantha 200 Esporos/Planta

5.2.2.8 Seleção, expedição e transporte de mudas

Ao final do ciclo de produção que para candeia pode variar de 100 a 150 dias, as mudas

deverão ter padrão de plantio, com altura entre 25 a 40 cm e diâmetro do colo com

aproximadamente 5 mm. Essas mudas devem ser classificadas por classes de altura e

55

Page 57: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

encaixotadas, separando-se lotes de mudas com 25 a 30 cm, 30 a 35 cm e outro com mudas de 35

a 40 cm. As mudas que não se encaixarem nessas categorias devem ser descartadas.

Um caminhão com 2 eixos pode transportar aproximadamente 5.000 mudas em sacos

plásticos ou 80.000 mudas em tubetes. O transporte a curta distância dispensa maiores cuidados,

mas mesmo assim, deve-se evitar molhar as mudas em excesso e as horas mais quentes do dia.

Para distâncias maiores (maior que 100 Km), deve-se enlonar o caminhão.

56

Page 58: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.3 Implantação de povoamentos de candeia

5.3.1 Zoneamento ecológico

A implantação de povoamentos comerciais de espécies florestais nativas como os de

candeia, carecem de conhecimentos básicos que se iniciam na ausência de sementes e/ou

propágulos adaptados e produtivos, até as técnicas silviculturais mais simples, como a definição

de espaçamento, adubação, ciclo de produção e ocorrência de pragas e doenças que podem se

transformar em fatores de grande importância quando grandes áreas são plantadas com uma só

espécie.

Quando um grupo de genótipos é plantado em vários locais, anos, espaçamentos ou com

diferentes níveis de tecnologia, normalmente eles tendem a apresentar respostas diferenciadas no

seu desempenho. Essa falta de uniformidade de resposta é conhecida como interação genótipo x

ambiente. Isso significa que, quando um povoamento é implantado utilizando-se sementes não

testadas para um ambiente especifico ou para um grupo de ambientes, corre-se um grande risco

de não obter-se o resultado esperado.

No caso da candeia, não existe até agora procedências, progênies ou clones testados que

possam ser indicados para plantio em determinados ambientes ou regiões. Assim deve-se utilizar

fontes locais de sementes, ou seja, deve-se colher sementes de árvores selecionadas na própria

região de plantio, até que materiais selecionados estejam disponíveis.

De maneira análoga deve-se evitar os plantios comerciais fora das áreas de ocorrência

natural das candeias, que se estende de São Paulo até a Bahia, em locais com altitude de 900 a

1.400 m, associados aos solos com textura média a arenosa e de baixa fertilidade. Devido à falta

de experiências anteriores com implantação e condução de florestas de candeia, serão abordados

abaixo os principais aspectos da implantação de povoamentos comerciais de candeia, baseando-

se na experiência de implantação de povoamentos de eucalipto e de florestas nativas de proteção.

5.3.2 Preparo do terreno

Naqueles locais onde a topografia permitir e onde não houver afloramentos de rocha,

deve-se proceder a aração, utilizando-se arado de disco 3X36”, grade pesada ou grade aradora.

57

Page 59: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Onde o terreno não permitir a mecanização, pode-se recorrer ao simples coveamento do terreno

com enxadetas, fazendo-se covas de 30x30x30 cm. Essa operação é de baixo rendimento( 30-50

covas/homem/dia). Em terrenos de campo, onde a vegetação for composta de graníneas pouco

agressivas, pode-se dispensar o revolvimento do solo, procedendo-se apenas o sulcamento, já que

a maioria dos solos recomendados para o plantio da candeia são de textura média a arenosa.

O sulcamento mecânico deve ser feito em nível para terrenos declivosos, a uma

profundidade de 30 cm, espaçados de 3 metros, entre linhas. Espaçamentos entre linhas menores

que 3m podem ser adotados, mas irão impedir a mecanização dos tratos silviculturais como as

roçadas das entre-linhas (Figura 19).

FIGURA 19 - Preparo do terreno.

58

Page 60: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

5.3.3 Combate a formigas

As formigas cortadeiras são as pragas mais importantes até agora relatadas na literatura,

embora os agricultores da região de Carrancas - MG, relatem que a candeia não é muito apreciada

por formigas cortadeiras, embora ocorram ataques. O controle deverá ser executado após 15 dias

do revolvimento do solo, quando as formigas já desobstruíram seus olheiros, deixando aparecer o

solo mais claro trazido de camadas mais profundas, o que facilita a localização dos formigueiros.

Deve-se buscar a eliminação de no mínimo 95% dos formigueiros de saúva e quenquém

instalados na área de plantio, além daqueles formigueiros situados ao redor das áreas de plantio a

uma distância de 50 metros em todo seu perímetro. O combate poderá ser realizado inicialmente

por termonebulização, utilizando-se um formicida organofosforado, na dosagem de 3,0 (três)

ml/m² de formigueiro, aplicado com termonebulizador. Devem-se observar rigorosamente as

especificações do fabricante do formicida e a legislação pertinente (Lei Federal nº 7802).

Após a aplicação, periodicamente, devem-se executar vistorias nas áreas e fazer

combates de repasse com isca formicida granulada.

5.3.4 Espaçamento

Os primeiros experimentos que objetivam a definição de espaçamentos para o plantio de

candeia foram implantados recentemente e ainda não permitem a recomendação segura de

espaçamentos, mas baseando-se nas experiências anteriores com outras espécies florestais

nativas, recomenda-se inicialmente, espaçamentos de 3,0 x 1,0; 3,0 x 1,5 e 3,0 x 2,0m, para

plantios onde o preparo mecanizado do solo foi possível de ser efetuado. Nas áreas onde só é

possível o coveamento, pode-se adotar os espaçamentos: 2,0 x 1,5; 2,0 x 2,0 e 2,0 x 2,5m,

adotando-se o procedimento de espaçamentos menores nos piores solos.

5.3.5 Adubação

Inicialmente, pode-se adotar as adubações de plantio usualmente praticadas para os

plantios de espécies nativas, variando-se de 100 a 150 gramas de superfosfato simples por cova

ou uma formulação N:P:K, facilmente encontrada no mercado como 4:14:8, na mesma dosagem.

59

Page 61: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

No caso da utilização do superfosfato simples, deve-se fazer uma adubação de cobertura, 30 dias

após o plantio, utilizando-se 50 gramas de N:P:K- 20:0:20/ planta.

Estudo realizado por Pereira (1998), mostrou que plantas jovens de candeia (Eremanthus

eryhtropappus), apresentaram alto requerimento nutricional, sendo que P,N,S seguidos por Mg e

B, foram os nutrientes mais limitantes ao crescimento das plantas. A aplicação de Zn reduziu o

crescimento das plantas, enquanto que a omissão de boro contribuiu para o aumento da

tortuosidade do caule das plantas. Assim, seria interessante a inclusão de uma adubação de

cobertura, 60 dias após o plantio, utilizando-se 3,0 gramas de bórax/planta.

5.3.6 Plantio

O plantio poderá ser efetuado, utilizando-se mudas em tubetes ou sacos plásticos com

padrão de 25 a 35 cm de altura e diâmetro do colo mínimo de 5,0mm. As mudas deverão ser

cuidadosamente retiradas dos tubetes ou sacos plásticos. Para mudas produzidas em tubetes,

recomenda-se molha-las abundantemente, imediatamente antes da operação de plantio. Para

mudas em sacos plásticos, o substrato deve estar úmido, mas não encharcado.

Utilizando-se mudas em sacos plásticos, o plantio será efetuado em covas abertas no

sulco, onde o fertilizante deve ser incorporado e bem misturado ao solo, acondicionando-se as

mudas no fundo das covas, tomando-se o cuidado para que bolsas de ar não permaneçam em

contato com o sistema radicular das mudas. Para tanto é preciso que ocorra uma compactação do

solo em torno do sistema radicular da muda, do fundo da cova para a superfície (Figura 20).

Para mudas em tubetes, após a incorporação do adubado, os sulcos ou covas individuais

devem ser tapados, as mudas devem ser acondicionadas numa cova aberta por uma vara na qual

fixa-se um tubete na ponta. O colo da muda deverá ficar em relação ao nível do solo, do mesmo

modo que estava no tubete. Quando a perda de mudas por morte for superior a 5% , deverá ser

efetuado o replantio das mudas mortas, iniciando-se 15 dias após o plantio.

60

Page 62: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 20 – Diversas fases do plantio da candeia. (Continua ...)

61

Page 63: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 20 - Diversas fases do plantio da candeia. (Continuação ...)

5.3.7 Irrigação

Caso não ocorram chuvas no período compreendido entre o plantio e a pega definitiva

das mudas, as mesmas deverão ser irrigadas com 5 (cinco ) litros de água/cova, repetindo-se essa

operação após 7 dias se a falta de chuvas persistir. As irrigações são realizadas com carretas pipa

munidas de 2 mangueiras acopladas na traseira.

5.3.8 Tratos silviculturais

Contempla os trabalhos de capina manual na linha de plantio, trabalhando-se 0,5 metros

de cada lado. As entre-linhas podem ser tratadas mecanicamente com roçadeira ou grade.

Culturas como o feijão podem ser plantadas nas entre-linhas da candeia, tomando-se o cuidado de

deixar a linha de plantio a 1,0 metro de distância da linha de candeia. Para as áreas plantadas em

covas individuais, deve-se proceder ao coroamento com diâmetro de 1,0 metro ao redor das

mudas e roçada com foices entre as covas.

62

Page 64: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

6 MÉDIA/ÁRVORE DO VOLUME, PESO SECO, PESO DE ÓLEO E NÚMERO DE

MOIRÕES

Para viabilizar planos de manejo para a vegetação nativa é crucial realizar a cubagem

rigorosa das árvores, o ajuste de equações volumétricas, de peso seco, de peso de óleo e de

número de moirões, a fim de conhecer as quantidades relativas a espécie em relaçção a cada uma

destas variáveis.

6.1 Cubagem Rigorosa

Para árvores que tem muitos galhos, com tamanho e forma os mais variados, como é o

caso da candeia, recomenda-se o uso da fórmula de cubagem rigorosa de Huber. Antes de se

proceder a cubagem rigorosa, deve-se mensurar o CAP e a altura total das árvores selecionadas,

para o posterior ajuste da equação volumétrica.

Após o abatimento das árvores, o volume do toco deve ser calculado conforme o volume

de um cilindro, ou seja:

Ld000785398,0V 2toco =

onde, Vtoco é o volume do toco, em m3; d é o diâmetro medido na extremidade do toco, em cm;

L é o comprimento do toco, em m, e 0,0000785398 é o resultado da divisão de π (3,1416) por

40000.

A quantificação do volume real exclusive o toco e do volume até 3 cm de diâmetro com

casca das árvores de candeia poderá ser obtida através da fórmula de Huber:

Ld000785398,0V 2int=

na qual, V é o volume da seção, em m3; L é o comprimento da seção, em metros; dint é o

diâmetro, em centímetros, tomado no meio da seção; e 0,0000785398 conforme definido

anteriormente.

63

Page 65: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Na Figura 21, pode-se visualizar como deve ser feita a cubagem rigorosa e na Figura 22 é

mostrada uma sequência de fotografias das atividades vinculadas a cubagem rigorosa.

Alturafuste

Alturatotal

DAP dint1dint2

dint3dint4

l1

l2l3

l4

li = comprimento da seção (m)dint = diâmetro no meio da seção (cm)* Aplicado a todos os galhos da árvore.

FIGURA 21 - Esquema da cubagem rigorosa aplicada à candeia.

Devem ser cubadas rigorosamente pelo menos 10 árvores por classe diamétrica

(amplitude de 5cm), sempre que existir interesse em ajustar uma nova equação volumétrica. As

árvores em cada classe diamétrica devem abranger toda sua amplitude, a amplitude em altura e

também a amplitude de forma ou diâmetro de copa. Naturalmente que para isto as árvores

cubadas deverão estar fora da parcela e dispersas em toda área para que possam representar bem

a população na qual estão inseridas.

64

Page 66: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a)

(b)

(c) (d)

FIGURA 22 - Esquema de cubagem rigorosa, incluindo derrubada da árvore (a), limpeza da

árvore (b) e medições (c,d). 6.2 Fator de empilhamento

Para a obtenção do volume de madeira empilhada, as árvores abatidas para cubagem

rigorosa devem ser empilhadas e em seguida, mensurar a altura, a largura e o comprimento das

pilhas para obtenção do volume das mesmas, que consiste no produto das três medidas para cada

65

Page 67: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

pilha (Figura 23). Como de cada peça da pilha foi obtido, por ocasião da cubagem rigorosa, o seu

volume real, através da aplicação da fórmula de Huber, é possível calcular o fator de

empilhamento através da razão entre o volume da pilha e o volume real das peças que a

compuseram. Assim, toda vez que se tiver o volume sólido das árvores, basta multiplicá-lo pelo

fator de empilhamento para que seja obtido o volume de madeira empilhada.

(a) (b)

FIGURA 23 - Madeira das árvores cubadas (a) e estas empilhadas (b).

6.3 Peso seco

Todas as árvores derrubadas para a cubagem rigorosa devem ser desfolhadas

manualmente sobre uma lona para a quantificação do peso verde das mesmas. Destas deve-se

retirar uma amostra composta as quais devem ser identificadas, pesadas e armazenadas em sacos

plásticos pretos para evitar que a luz interfira no processo fisiológico das folhas durante o

transporte do campo ao Laboratório. O peso seco das folhas deverá ser determinado pela secagem

total das amostras, ou seja, secagem até peso constante, à temperatura não superior a 40°C, para

evitar perda de óleo por volatilização. Os valores de peso seco obtidos serão então, relacionados

com o peso verde das amostras e com o peso verde de todas as folhas, possibilitando calcular o

peso seco total de folhas para cada árvore.

O procedimento para obtenção do peso dos galhos finos é similar ao procedimento

adotado para as folhas. Após a separação dos galhos finos do fuste, deve-se proceder a pesagem

dos mesmos para obtenção do peso verde total de galhos finos, para cada árvore. Deve-se tomar

66

Page 68: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

amostras compostas contendo galhos finos com diferentes diâmetros, sendo uma amostra para

cada árvore, as quais deverão ser identificadas, pesadas e armazenadas em sacos plásticos. O peso

seco dos galhos finos deve ser determinado pela secagem total das amostras, ou seja, secagem até

peso constante, à temperatura não superior a 40°C, para evitar perda de óleo por volatilização. Os

valores de peso seco obtidos deverão ser relacionados com o peso verde das amostras e com o

peso verde de todos os galhos finos, possibilitando calcular o peso seco total de galhos finos para

cada árvore.

Para determinação do peso seco do fuste das árvores cubadas rigorosamente, deve-se

retirar, de cada árvore, discos com aproximadamente 3 cm de espessura, nas alturas

correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% da altura da árvore até 3 cm de diâmetro com casca.

Para obtenção da densidade básica, os discos devem ser mergulhados em água, por um

período de 5 a 7 dias, até atingirem a saturação. No ponto de saturação, deve-se medir o volume

dos mesmos pelo método de deslocamento de água (Princípio de Arquimedes). Em seguida, os

mesmos discos devem ser pesados e levados à estufa, à temperatura de 103±1°C, até atingir peso

constante, que corresponde ao peso seco. Com a relação entre o peso seco e o volume saturado,

obtém-se a densidade básica para cada disco, as quais possibilitam o cálculo da densidade média

ponderada para cada árvore utilizando o volume da seção entre um disco e o outro, conforme

expressão:

4321

410075

37550

25025

1250

VVVV

V2

ddV2

ddV2

ddV2dd

DMA+++

+

+

+

+

+

+

+

=

Onde:

DMA - Densidade média ponderada da árvore;

d0, d25,...,d100 - Densidade a diferentes alturas relativas na árvore;

v1, v2,...,v4 - Volumes das seções entre os discos.

Para determinação do peso seco do fuste, deve-se multiplicar o volume do fuste da

árvore por sua densidade básica média (DMA). Na Figura 24 é ilustrado o procedimento de

campo para obtenção do peso seco das diferentes partes da árvore.

67

Page 69: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a) (b)

(c) (d)

FIGURA 24 - Esquema de coleta e pesagem de folhas (a, b) e de galhos com menos que 3 cm (c).

6.4 Peso de óleo

O método de arraste a vapor foi considerado o de melhor benefício custo para a extração

do óleo de folha e galhos finos. As amostras após serem secas à temperatura ambiente, para

retirar o excesso de umidade, devem ser trituradas em triturador tipo TN-4 com peneira de malha

4, e, posteriormente, secas em estufa ventilada à temperatura não superior a 40°C para evitar

perdas de óleo por volatilização. As folhas devem receber o mesmo tratamento aplicado para os

galhos.

Destas amostras, retira-se uma sub-amostra de 10 g, para a extração do óleo, obtendo no

final deste período um hidrolato, no qual devem ser feitas três lavagens com o solvente

diclorometano para que o solvente através de semelhança de polaridades possa se ligar ao óleo,

68

Page 70: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

separando-o então da água. Para a recuperação do solvente e quantificação do óleo pode-se

utilizar um evaporador rotativo.

Para o fuste recomenda-se o método através de solventes, sendo necessário a coleta de

discos a diferentes alturas (0, 25, 50, 75, 100% da altura de cada árvore cubada). Estes devem

primeiramente ser secos à temperatura ambiente para evitar perdas de óleo por volatilização, após

ter sido triturada no moinho Triturador tipo TN-4 com peneira de malha 4.

Uma sub-amostra de 10 g deve ser retirada desta amostra maior e mergulhada

inteiramente no solvente (hexano) por um período de 8 dias para que se processe a extração do

óleo. A recuperação do solvente pode ser feita no evaporador rotativo. Com o teor de óleo

obtidos nos discos de cada árvore, calcula-se a média ponderada do teor de óleo da árvore.

4321

410075

37550

25025

1250

VVVV

V2

ttV2

ttV2

ttV2

tt

TMO+++

+

+

+

+

+

+

+

=

Onde:

TMO - Teor de óleo médio ponderado da árvore;

t0, t25,...,t100 - Teor de óleo a diferentes alturas relativas na árvore;

v1, v2,...,v4 - Volume das seções entre os discos.

Para a obtenção do peso de óleo contido no fuste de cada árvore, faz-se o produto do seu

peso seco pelo teor de óleo medido ponderado (TMO) da árvore.

6.5 Média por planta do volume, peso seco, peso de óleo e número de moirões

Na Tabela 11 são mostrados os valores médios para as árvores cubadas rigorosamente,

das variáveis volume, peso seco, peso de óleo, número de moirões e fator de empilhamento em

cada classe diamétrica.

Para as quatro primeiras características, há um acréscimo contínuo em suas quantidades

quanto maior a classe diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 12,5

cm apresentam praticamente 6 vezes menos óleo que aquelas com diâmetro 27,5 cm ou 10 vezes

menos que aquelas com diâmetro de 32,5 cm. Este fato também pode ser visualizado na Figura

69

Page 71: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

25, onde observa-se, também, o comportamento do fator de empilhamento, o qual tende a

decrescer quanto maior a classe diamétrica, embora nitidamente esteja sujeito a uma fonte de

variação maior. Todos esses comportamentos estão em conformidade com as leis biológicas e

serão muito úteis na definição da melhor estratégia de manejo para a candeia.

TABELA 11 - Médias por classe diamétrica, das árvores de candeia amostradas, considerando a

árvore toda, o fuste, os galhos finos e as folhas.

Classes diamétricas (cm)

5 - 10 10 - 15 15 - 20 20 - 25 25 - 30 30 – 35 DAP (cm) 7,37 12,36 17,10 22,16 27,24 31,79 HT (m) 6,61 6,83 9,19 9,62 7,94 9,25

Vcc - total (m3) 0,017594 0,044747 0,115128 0,202881 0,287145 0,404643 Vsc - total (m3) 0,013576 0,033168 0,087226 0,139043 0,208509 0,265912

PS (kg) 14,917 44,962 87,054 179,192 233,785 344,728

Árvore

Óleo (kg) 0,176 0,465 1,065 1,693 2,805 4,481 Vcc - 3 cm (m3) 0,013931 0,030770 0,070809 0,080065 0,117014 0,149359 Vsc - 3 cm (m3) 0,010691 0,023085 0,053908 0,054356 0,084679 0,103435

PS (kg) 11,302 33,467 73,567 152,761 194,362 293,277 Fuste

(> 3 cm) Óleo (kg) 0,109 0,365 1,009 1,585 2,642 4,042 PS (kg) 2,869 9,573 10,910 23,008 34,461 45,666 Galhos

Finos Óleo (kg) 0,011 0,037 0,047 0,100 0,138 0,422 PS (kg) 0,746 1,922 2,576 3,423 4,962 5,785 Folhas Óleo (kg) 0,056 0,063 0,009 0,008 0,026 0,017 Fuste 75,76 74,43 84,51 85,25 83,14 85,07

Galhos 19,23 21,29 12,53 12,84 14,74 13,25 % PS Árvore Folhas 5,01 4,28 2,96 1,91 2,12 1,68

Fuste 62,23 78,46 94,78 93,63 94,17 90,20 Galhos 6,01 8,02 4,41 5,92 4,92 9,42 % Óleo

Árvore Folhas 31,76 13,52 0,81 0,45 0,91 0,38

Fator de empilhamento 2,28 1,99 1,62 2,02 1,73 1,86

Número de moirões 1,10 2,42 5,50 9,20 8,70 13,50

Em que: DAP : diâmetro médio à 1,30 cm do solo; HT : média da altura total; Vcc : média do volume com casca; Vsc : média do volume sem casca; PS : média do peso seco; Óleo : média do peso de óleo; Vcc 3 cm - volume com casca do fuste até 3 cm de diâmetro; Vsc 3 cm - volume sem casca até 3 cm; PS: peso seco.

70

Page 72: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 25 - Comportamento para a árvore toda (total), para o fuste (fuste), para os galhos finos (galhos), do volume com casca (a), sem casca (b), do peso seco (c), do peso de óleo (d), do número de moirões (e) e do fator de empilhamento (f) por classe diamétrica. Para o peso seco (c) e peso de óleo (d), foram também consideradas as folhas (folhas).

71

Page 73: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

De forma complementar, na Tabela 11 e na Figura 25 pode-se também observar que

quanto menor a classe diamétrica, maior é a porcentagem de galhos finos (< 3 cm de diâmetro) e

de folhas em relação ao fuste, seja para a variável peso seco ou para o peso de óleo contido nestas

porções da planta. Do ponto de vista do peso de óleo existente nas plantas, pode-se constatar que

o aproveitamento total da árvore deve ser preferível ao aproveitamento só de seu fuste. Este fato

possibilitará, para um mesmo número de plantas, uma maior quantidade de óleo, ou para uma

mesma quantidade de óleo, exploração de um menor número de plantas. A exceção é que não há

acréscimo significativo na produção de óleo quando se faz o aproveitamento das folhas em

árvores pertencentes à classe de 17,5 cm ou em classes superiores a este diâmetro.

6.6 Densidade básica e teor de óleo ao longo da árvore

Na Tabela 12 é mostrado o comportamento da densidade básica e do teor de óleo desde

a base até 3 cm de diâmetro com casca para a candeia. A faixa de densidade para esta espécie

situa-se entre 0,60 e 0,78 g/cm3, com uma predominância deste valor se situar entre 0,63 e 0,71

g/cm3. No entanto, dois fatos são notórios. O primeiro é que para uma mesma classe diamétrica, a

densidade decresce no sentido base-topo e somente nas classes 12,5; 22,5 e 27,5 cm existe um

único valor discrepante dessa tendência. O outro fato é que entre classes diamétricas, se

considerada a mesma altura relativa de coleta do disco, há uma tendência da densidade aumentar

das menores para as maiores classes, embora variações neste comportamento sejam notadas.

Ainda na Tabela 12, pode-se observar que o teor de óleo não tem um comportamento tão

claro quanto o da densidade ao longo do fuste. Há uma tendência de um comportamento

ligeiramente senoidal, ora com inclinação ascendente, ora com inclinação descendente no sentido

base-topo.

72

Page 74: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 12 - Valores médios ao longo do fuste da densidade e do teor de óleo em cada classe de diâmetro. DAP = média dos diâmetros medidos a 1,30 cm do solo; HT = média das alturas totais das árvores.

Classes diamétricas (cm) 5 - 10 10 - 15 15 - 20 20 - 25 25 - 30 30 - 35 DAP (cm) 7,37 12,36 17,10 22,16 27,24 31,79 HT (m) 6,61 6,83 9,19 9,62 7,94 9,25

0% 0,67 0,69 0,65 0,63 0,71 0,71 25% 0,65 0,67 0,64 0,78 0,73 0,71 50% 0,65 0,71 0,64 0,66 0,73 0,70 75% 0,63 0,68 0,64 0,67 0,72 0,70

Densidade Básica (g/cm3)

Altura

100% 0,62 0,63 0,60 0,65 0,68 0,69 Ponderado 0,65 0,68 0,63 0,68 0,71 0,70

0% 1,10 1,08 1,44 0,99 1,48 1,30 25% 1,08 1,17 1,42 0,82 1,17 1,32 50% 0,79 1,05 1,47 1,02 1,39 1,50 75% 1,05 1,14 1,32 1,19 1,29 1,43

Teor de Óleo (%) Altura

100% 0,97 1,13 1,14 1,28 1,36 1,25 Ponderado 1,00 1,11 1,36 1,06 1,34 1,36

Já entre classes diamétricas existe uma nítida tendência de um maior percentual de óleo

com um aumento destas, em qualquer das alturas relativas de coleta do disco.

6.7 Eficiência da indústria na extração do óleo

A Tabela 13 apresenta os pesos de óleo produzidos em laboratório para amostras de

discos do fuste, amostras de galhos e amostras de folhas, e pesos de óleo produzidos na usina

com o fuste das árvores por classe de diâmetro. Também são mostradas as perdas que ocorreram

no processo de extração de óleo na usina em relação à extração feita no laboratório.

73

Page 75: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 13 - Valores dos pesos de óleo obtidos em laboratório e na usina e perdas ocorridas no processo.

Classes de diâmetro (cm) 5 – 10 10 - 15 15 - 20 25 - 30 30 - 35

Fuste (> 3 cm) 0,109 0,365 1,009 2,642 4,042 Galhos finos 0,011 0,037 0,047 0,138 0,422 Laboratório

Folhas 0,056 0,063 0,009 0,026 0,017 Usina Fuste (>3cm) 0,098 0,291 0,769 2,101 3,608

Perda na usina em relação a árvore até 3 cm (%) 10,09 20,27 23,79 20,48 10,74

Perda na usina em relação a árvore incluindo galhos finos (%) 18,33 27,61 27,18 24,42 19,18

Perda na usina em relação a árvore toda (%) 44,32 37,42 27,79 25,12 19,48

Nota-se que há perdas no processo de extração de óleo da usina em todas as classes

diamétricas. No caso da primeira classe, 7,5 cm, ao comparar a quantidade de óleo extraída do

fuste na usina com a quantidade de óleo extraída em laboratório, observa-se que há uma perda de

10,09%, o que implica no desperdício de uma a cada 10 árvores exploradas nessa classe. Esta

perda aumenta para 18,33% quando nesta comparação se inclui a quantidade de óleo extraída dos

galhos finos no laboratório, o que implica no desperdício de praticamente 2 árvores a cada 10

exploradas nesta classe. A perda chega até 44,32% ao se incluir também, na comparação, a

quantidade de óleo extraída das folhas no processo do laboratório, o que implica no desperdício

de 4,4 árvores a cada 10 exploradas nesta classe.

Este fato é repetitivo, mudando apenas a proporção de árvores desperdiçadas. No caso

da maior classe diamétrica amostrada neste estudo, pode-se constatar que a cada 10 árvores

exploradas desperdiça-se uma quando considerado o uso da planta até 3 cm de diâmetro com

casca. Se agregados a esta os galhos com menos que 3 cm, a perda é de 2 árvores a cada 10

exploradas. Já com a agregação das folhas há um ligeiro acréscimo no desperdiço, o que também

foi verificado nas classes de 17,5 e 27,5 cm. Este fato contrasta com aquele observado nas

menores classes diamétricas, de 7,5 e de 12,5 cm.

74

Page 76: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

7 EQUAÇÕES PARA ESTIMAR O VOLUME, PESO SECO, PESO DE ÓLEO E

NÚMERO DE MOIRÕES

Para viabilizar a estimativa do volume, peso seco, peso de óleo e número de moirões,

foram ajustados modelos nos quais a alteração foi na variável, que ora foi o volume, ora o peso

seco, ora o peso de óleo, ora o número de moirões, como discriminado à seguir:

• Volume (m3) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;

• Volume do fuste (m3);

• Peso seco (kg) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;

• Peso seco (kg) do fuste;

• Peso seco (kg) dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro com casca);

• Peso de óleo (kg) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;

• Peso de óleo do fuste (kg);

• Peso de óleo (kg) dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro com casca);

• Número de moirões.

Quando desejada a estimativa do volume da copa compreendida pelos galhos com

diâmetro até 3 cm com casca, deve-se estimar a característica de interesse expressa pela equação

que estima fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca e subtraí-la da característica de

interesse estimada pela equação para o fuste.

Quando desejada a estimativa do peso seco ou do peso de óleo das folhas, deve-se

estimar a característica de interesse expressa pela equação que estima (fuste + galhos ≥ 3cm) +

fuste < 3cm + folhas, ou seja, a equação para o total e subtraí-la das estimativas de duas

equações, uma que estima o volume do fuste + galhos ≥ 3 cm e outra que estima os galhos finos

< 3 cm.

O critério de seleção dos modelos baseou-se no coeficiente de determinação ajustado

(R2), erro padrão residual corrigido (Syx) e em porcentagem e na análise gráfica de resíduos. O

R2 expressa a quantidade de variação da variável dependente que é explicada pelas variáveis

independentes. Assim, quanto mais próximo de um for o valor do R2, melhor terá sido o ajuste. O

Syx mede a dispersão média entre os valores observados e estimados ao longo da linha de

regressão. Valores menores desta estatística indicam melhores ajustes.

75

Page 77: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O R2 e o Syx não devem ser utilizadas isoladamente para o julgamento da precisão do

modelo, pois podem fornecer informações enganosas sobre o ajuste. O recomendado é completá-

las através da análise gráfica de resíduos. Esta análise é decisiva na avaliação da qualidade das

estimativas, pois permite detectar se há ou não tendenciosidade na estimativa da variável

dependente ao longo de toda a linha de regressão.

As equações selecionadas para estimar o volume, o peso seco, o peso de óleo e o número

de moirões são apresentadas na Tabela 14, acompanhadas de suas medidas de precisão.

TABELA 14 - Equações para a estimativa do volume, quantidade de óleo, peso seco e número de moirões para a candeia, região de Aiuruoca, MG.

Característica Equação R2

corr (%)

Syx*

Ln Vcc = -12,021443 + 2,024449 Ln (CAP) + 0,822959 Ln (H) 97,63 0,052778 Ln Vfustecc = -11,057239 + 1,507869 Ln (CAP) + 1,023071 Ln (H) 89,36 0,046959

fusteccVVccVgalhoscc^^

−=

Ln Vsc = -11,997595 + 1,956983 Ln (CAP) + 0,781851 Ln (H) 95,78 0,037795

Ln Vfustesc = -11,163939 + 1,437837 Ln (CAP) + 1,046575 Ln (H) 80,64 0,043979

Volume (m3)

fustescVVscVgalhossc^^

−=

Ln PST = -4,626534 + 2,070674 Ln (CAP) + 0,412421 Ln (H) 97,06 42,595984 Ln Psfuste + galhos ≥ 3 cm = -5,542399 + 2,114627 Ln(CAP) + 0,664666 Ln (H) 97,57 36,214802

Ln Psgalhos < 3 cm = -4,337392 + 1,999887 Ln (CAP) - 0,532305 Ln (H) 72,68 11,371240 Peso seco

(kg)

cm3galhosPScm3galhosfustePSPSTPSfolhas^^^

<−≥+−=

Ln POT = -10,109711 + 2,287298 Ln (CAP) + 0,435491 Ln (H) 91,86 1,076777 Ln Pofuste + galhos ≥ 3 cm = -10,523597 + 2,32229 Ln (CAP) + 0,512361 Ln (H) 91,40 0,996686

Ln Pogalhos < 3 cm = -10,943578 + 2,414379 Ln (CAP) - 0,72726 Ln (H) 71,18 0,091597 Peso de óleo

(kg)

cm3galhosPOcm3galhosfustePOPOTPOfolhas^^^

<−≥+−= 25,59 0,588180

Número de moirões Ln NM = -6,917230 + 1,326640 Ln (CAP) + 1,497660 Ln (H) 86,04 2,717010

Onde: V - volume, em m3, do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm ; cc - com casca; sc - sem casca; PST - peso seco, em kg, do (fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm) + peso seco dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro) + peso seco das folhas; POT - peso de óleo, em kg, do (fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm) + peso de óleo dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro) + peso de óleo das folhas; NM - número de moirões; Ln - logaritmo neperiano. * Encontram-se nas seguintes unidades: m3 para os volumes e kg para as quantidades de óleo e para os pesos secos.

As variáveis independentes explicam de maneira muito satisfatória as variações da

variável dependente, o que é constatado ao observar os valores de R2. Já com relação ao erro

76

Page 78: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

médio, verifica-se que são valores elevados, fato justificado pela variabilidade encontrada nas

árvores amostra, típico da vegetação nativa. No entanto, ao observar os gráficos de resíduos,

constatou-se que embora o erro de estimar o volume, o peso seco, o peso de óleo ou o número de

moirões de um único indivíduo seja relativamente grande, a inexistência de tendência (Figura 26)

indica claramente que erros de super estimativas estão anulando os erros de subestimativa. Este

fato garante o bom uso das equações ao nível das parcelas do inventário florestal. Em essência,

ao aplicar equações em um povoamento, este é o ponto crucial que se procura atingir.

77

Page 79: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(b)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(c)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(d)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(e)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(f)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(g)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

(h)

-100

-50

0

50

100

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5

Diâmetro à altura do peito (cm)

Res

íduo

s (

%)

FIGURA 26 - Distribuição gráfica dos resíduos do volume com casca (a), do volume sem casca

(b) para o fuste + galhos com diâmetro ≥ 3 cm; volume do fuste com casca (c); volume sem casca (d); do peso seco com casca (e), do peso de óleo com casca (g) para fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm + galhos finos < 3 cm + folhas; peso seco do fuste com casca (f) e peso de óleo do fuste com casca (h).

78

Page 80: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

8 PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM

8.1 Instrumentos e métodos de medição utilizados

• Vara graduada (10 em 10 cm) de 7,5 metros para medição da altura total;

• Fita métrica para medição da circunferência à altura do peito. Quando o fuste apresentar

irregularidades a 1,30 m, o CAP poderá ser medido imediatamente acima da mesma;

• A identificação botânica (espécie e família) pode ser feita diretamente no campo, ou em caso

de dúvida através da coleta de material botânico para identificação em herbário;

• As árvores do estrato com diâmtero maior que 5 cm deverão ser identificadas com plaquetas

de alumínio contendo o número da parcela e o seu respectivo número dentro da mesma.

8.2 Método de amostragem

Deve-se utilizar parcelas de área fixa, preferencialmente de 1000 m2, com forma

retangular e 10m de largura por 100m de comprimento ou ainda 20 metros de largura por 50

metros de comprimento. Para amostragem da regeneração natural quando houver interesse

sugere-se estabelecer no interior da parcela mãe uma sub parcela de 10m de largura por 5 m de

comprimento.

8.3 Procedimento de amostragem

Deve-se preferencialmente utilizar uma amostragem sistemática com distribuição

uniforme das parcelas na área. Uma ilustração através de fotografias de como pode ser realizada a

instalação da parcela para amostrar o estrato arbóreo e a regeneração natural é mostrada na Figura

27.

79

Page 81: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a) (b) (c)

(d) (e)

FIGURA 27 - Instalação da parcela permanente (a,b,c,d) e da sub parcela para amostrar a

regeneração natural (e).

Na Figura 28 é mostrada a identificação do ponto de medir a circunferência, sua

medição, marcação do ponto com tinta, etiquetagem da árvore e medição da altura.

80

Page 82: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a) (b) (c)

(d) (e)

FIGURA 28 - Medições nas parcelas permanentes.

81

Page 83: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

9 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO

A comunidade florestal apresenta-se constantemente sofrendo mudanças em sua

estrutura, fisionomia e composição florística, fato este que perdura até que a floresta atinja o

estado clímax. Mesmo nesta circunstância a morte de árvores por causas naturais ou não, ainda

implicará em mudanças na floresta, ainda que em menor proporção.

Uma maneira de detectar o estádio em que a floresta se encontra, assim como as

alterações que estas sofrem é realizar a análise estrutural da vegetação ali existente, de tal modo

que possam ser observados os aspectos que envolvem as espécies quando consideradas

isoladamente (aspectos autoecológicos) e as interações relativas aos indivíduos que compõem a

comunidade florestal (aspectos sinecológicos).

A análise estrutural é especificamente justificada, quando intervenções estão sendo

planejadas, para serem efetuadas numa comunidade florestal qualquer. Por exemplo, área sujeita

a mineração, área sujeita a inundações provenientes da construção de hidroelétricas, áreas sujeitas

a manejo sustentado, área onde vai ser implantado um empreendimento qualquer, de tal modo a

auxiliar tanto na recomposição da área ou áreas vizinhas, com vegetação nativa, como na

manutenção de diversidade florística e na definição do potencial lenheiro, no caso da

implementação do manejo sustentado.

A interpretação da estrutura da população florestal possibilita:

a) Manter compromisso da diversidade florística se intervenções com base em regime de manejo

sustentado são previstas para a floresta nativa.

b) Compreender como as espécies florestais vivem em comunidade, bem como sua importância

para a mesma.

c) Verificar como é a distribuição espacial de cada espécie numa floresta nativa.

d) Auxiliar na definição de planos ou estratégia de revegetação de áreas degradadas, com

espécies nativas.

9.1 Estrutura horizontal da vegetação

Indica a participação, na comunidade, de cada espécie vegetal em relação às outras, e a

forma como esta se encontra distribuída espacialmente na área. Os índices que a caracterizam

82

Page 84: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

são: densidade, dominância e freqüência, todos absolutos e relativos; índice de valor de cobertura

e índice de valor de importância. As equações usadas para determinar estes índices são mostradas

a seguir:

DAi - Ni

DRi - (DAi / )100 ∑=

q

1iNi

FAi - (NUi / NUT)100;

FRi - (FAi / )100; ∑=

q

1iFAi

DoAi - ∑=

n

1i

2Di000078398,0 ou ∑=

n

1i

2Ci40000079577,0

DoRi - (DoAi / )100 ∑=

q

1iDoAi

IVI - DRi + FRi + DoRi

IVC - DRi + DoRi

Onde:

DAí - Densidade absoluta para a i-ésima espécie;

Ni - Número de indivíduos vivos amostrados para a i-ésima espécie por unidade de área,

normalmente o hectare;

DRi - Densidade relativa para a i-ésima espécie;

∑=

q

1iNi - Soma da DAi de todas as espécies, por unidade de área (ha);

FAi - Freqüência absoluta para a i-ésima espécie;

NUi - Número de unidades amostrais em que ocorreu a i-ésima espécie;

NUT - Número total de unidades amostradas;

FRi - Freqüência relativa para a i-ésima espécie;

∑=

q

1iFAi - Soma das freqüências absolutas de todas as espécies amostradas;

83

Page 85: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

DoAi - Dominância absoluta para a i-ésima espécie;

DoRi - Dominância relativa para a i-ésima espécie;

IVI - Índice de valor de importância;

IVC - Índice de valor de cobertura;

Ci - Circunferência (cm) a 1,30 m de altura do solo;

Di - Diâmetro (cm) a 1,30 m de altura do solo;

.n - Número de árvores da i-ésima espécie amostrada;

.q - Número de espécies amostradas.

9.2 Estrutura vertical da vegetação

Permite a avaliação do estádio sucessional do povoamento e das espécies que o

compõem. A posição sociológica foi o parâmetro considerado para esta análise.

]Ni.VF[]Ni.VF[]Ni.VF[PsAi )Es()Es()Em()Em()Ei()Ei( ++=

100PsAi

PsAiPsRiq

1i∑

=

=

Onde:

VF - NE / ; ∑=

q

1iNi

PsAi - Posição fitossociológica absoluta do estrato;

VF - Valor fitossociológico do estrato;

Es,Em,Ei - Estratos inferior, médio e superior;

Ni - Número de indivíduos vivos da i-ésima espécie;

NE - Número de indivíduos vivos amostrados no i-ésimo estrato;

Q - Número de espécies amostradas.

84

Page 86: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Neste estudo foram considerados três estratos. Os limites dos estratos foram definidos

pela variabilidade da altura das espécies observadas na área em questão.

• Estrato inferior: hj < ( h - 1 Sh )

• Estrato médio: h – 1 Sh ≤ hj ≤ h + 1 Sh

• Estrato superior: hj > h + 1 Sh

Onde:

h - Média aritmética das alturas (m) das plantas que compuseram a amostra;

Hj - Altura das plantas que compõem o j-ésimo estrato;

Sh - Desvio padrão das alturas (m) das plantas que compuseram a amostra.

O índice de valor de importância ampliado (IVIAi) para a i-ésima espécie foi obtido pela

expressão:

PsRFRDoRDRIVIA iiiii +++= PsRiFRiDoRiDRiIVIAi +++=

Na Tabela 15 são mostrados os índices que caracterizam a estrutura de três fragmentos

com diferentes estruturas em diferentes regiões de Minas Gerais. Pôde-se observar no fragmento

1 que a candeia é, notoriamente, a espécie mais importante existente na área. São desta espécie

38,5% das árvores existentes na área (como indica a densidade relativa), 46,2% de toda a área

basal amostrada (dominância relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral

(freqüência relativa). Com relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se

a presença de candeia em todos os estratos (dominados, codominados e dominantes), o que se

traduz num índice de posição sociológica pelo menos 8 vezes superior ao da segunda colocada.

Os índices constatados para a candeia, por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se

instalar na área ocorrendo em maciços puros ou nas bordas das vegetações ciliares, o que reforça

o seu potencial de espécie a ser manejada.

Para o fragmento 2 pode-se observar que a candeia é, notoriamente, a espécie mais

importante existente na área. São desta espécie 30,75% (Eremanthus incanus) e 9,76%

(Eremanthus erythropappus) das árvores existentes na área (como indica a densidade relativa),

25,86% (Eremanthus incanus) e 10,75% (Eremanthus erythropappus) de toda a área basal

85

Page 87: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

amostrada (dominância relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral

(freqüência relativa). Com relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se

a presença de candeia em todos os estratos (dominados, codominados e dominantes), o que se

traduz num índice de posição sociológica significativamente superior a da segunda colocada. Os

índices constatados para a candeia, por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se instalar

na área, o que reforça o seu potencial de espécie a ser manejada.

Para o fragmento 3 pode-se observar que na área só houve ocorrência de candeia,

havendo notoriamente a predominância da candeia Eremanthus incanus em relação a Eremanthus

erythropappus. A candeia Eremanthus incanus é responsável por 99,84% das árvores existentes

na área (como indica a densidade relativa), 99,14% de toda a área basal amostrada (dominância

relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral (freqüência relativa). Com

relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se a presença de candeia em

todos os estratos (dominados, codominados e dominantes). Os índices constatados para a candeia,

por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se instalar na área, o que reforça o seu

potencial de espécie a ser manejada.

86

Page 88: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 15 - Estrutura horizontal e vertical da vegetação amostrada, em Minas Gerais.

Fragmento 1 Espécie DA DR DoA DoR IVC FA FR PS1 PS2 PS3 PSA PSR IVIA

Eremanthus erythropappus 479,66 4,56 46,21 84,70 100,0 5,31 91,08 8,82 265,16 7,04 38,44 129,52

Outras espécies 766,54 61,51 5,31 53,79 115,30 -

IVI

38,49 281,02

- - 10,72 424,76 450,10 61,56 -

Media aritmética da altura = 6,15; Desvio padrão da altura = 2,07; Valor fitossociológico do estrato 1= 0,13; Valor fitossociológico do estrato 2 = 0,74; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,13 Fragmento 2

Espécie DA DR DoA DoR IVC FA FR IVI PS1 PS2 PS3 PSA PSR IVIA Eremanthus

incanus 266,67 30,75 1,64 25,86 56,61 100,00 68,91 0,95 164,53 4,18 169,66 38,22 107,13

Eremanthus erythropappus 84,67 9,76 0,68 10,75 73,33 5,98 27,99 0,00 34,24 5,47 39,71 9,00 36,99

Outras espécies 516,00 59,49 63,39 122,88 - - - 13,68 242,52 9,64 265,85 - - Media aritmética da altura = 4,653; Desvio padrão da altura = 1,1294; Valor fitossociológico do estrato 1 = 0,13; Valor fitossociológico do estrato 2 = 0,72; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,15.

Fragmento 3 Espécie DA DR DoA DoR IVC FA FR IVI PS1 PS2 PS3 PSR

14,61

8,15

20,51

4,03

PSA IVIA Eremanthus

incanus 965,38 99,84 3,52 99,14 198,98 100 92,86 291,84 24,60 440,06 26,48 491,14 99,79 391,62

Eremanthus erythropappus 1,54 0,16 0,03 0,86 1,02 7,69 7,14 8,16 0,00 1,04 0,00 0,21 8,38 1,04

Media aritmética das alturas = 4,335; Desvio padrão das alturas = 0,7035; Valor fitossociológico do estrato 1 = 0,16; Valor fitossociológico do estrato 2 = 0,68; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,17. DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; DoA - Dominância absoluta; DOR - Dominância relativa; IVC - Índice de Valor de Cobertura; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI: Índice de Valor de Importância; PS1, PS2 e PS3 - Posição sociológica dos estratos 1, 2 e 3; PSA - Posição sociológica absoluta; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.

9.3 Regeneração natural

Este item da análise estrutural aborda temas tais como a densidade absoluta e relativa;

freqüência absoluta e relativa e a classe de tamanho absoluta e relativa, todas elas ligadas a

regeneração natural.

Particularmente em relação a densidade e freqüência deve-se utilizar a mesma

formulação apresentada para caracterizar a estrutura horizontal do estrato arbóreo. É necessário

apenas redefinir estas variáveis adequando-as ao tema regeneração natural (RNi). Assim a

densidade absoluta (DAi) será definida como (DARNi); a densidade relativa (DRi) como

DRRNi; a freqüência absoluta (FAi) como FARNi e a freqüência relativa (FRi) como FRRNi.

87

Page 89: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Classes de tamanho

Para obtenção deste índice absoluto e relativo, far-se-á uso de uma série de definições,

conforme encontrado na FAO (1971).

Estas definições estão apresentadas a seguir e caracterizam basicamente as classes de

altura:

R = classe na qual se encontram indivíduos arbóreos com altura inferior a 0,30 m

u1 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 0,3 m e 1,50 m

u2 = classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 1,5 e 3,0m

E = classe na qual se encontram indivíduos que possuem altura superior a 3,0 m e DAP inferior a

5,0 cm.

a) Classe de tamanho absoluta

CATRNi = ∑=

q

1i NNinij

b) Classe de tamanho relativa

CATRNi =

∑=

q

1i

CATRNi

CATRNi . 100

Em que: CATRNi = classe absoluta de tamanho da regeneração natural da iésima espécie

CRTRNi = classe relativa de tamanho da regeneração natural da iésima espécie

Nij = número de indivíduos da iésima espécie na iésima classe de tamanho

N = número total de indivíduos da regeneração natural

Ni = número total de indivíduos da iésima espécie da regeneração natural em todas classes de

tamanho

q = número de espécies.

88

Page 90: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Regeneração natural relativa

RNRi = 3

CRTRNiDRRNiFRRNi ++

Em que:

RNRi = regeneração natural da iésima espécie

FRRNi = freqüência relativa da regeneração natural da iésima espécie DRRNi = densidade relativa da regeneração natural da iésima espécie

9.4 Índice de valor de importância ampliado e econômico (IVIEAi)

Este índice tenta associar a representatividade da estrutura horizontal da iésima espécie

representada pelo índice de valor de importância (IVIi); a representatividade da estrutura da

iésima espécie representada pela posição sociológica relativa (PSRi); a representatividade da

regeneração natural relativa da iésima espécie (RNRi); e a qualidade do fuste das espécies

arbóreas, na tentativa de estratificar o seu valor, expressa pela qualidade do fuste relativa na

iésima espécie (QRFi). Assim o índice de valor de importância ampliado e econômico da iésima

espécie (IVIAEi) é dado por:

IVIEAi = IVIi + PSRi + RNRi + QRFi

Para completar a abordagem é necessário quantificar a qualidade absoluta do fuste e a

qualidade relativa do fuste. Devem ser considerados indivíduos arbóreos com diâmetro a 1,30 m

(DAP) ≥ 5 cm e normalmente 3 ou 4 classes de fuste.

a) Qualidade absoluta do fuste da iésima espécie (QAFi), considerando 3 classes de

qualidade

QAFi = N

NnNnNn 33i22i11i ++

89

Page 91: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

b) Qualidade relativa do fuste da iésima espécie (QRFi)

QAFi =

∑=

q

1i

QAFi

QAFi . 100

Em que:

ni1, ni2, ni3 = número de indivíduos da iésima espécie nas classes de qualidade de fuste 1, 2 e 3

N1, N2, N3 = número total de indivíduos nas classes de qualidade de fuste 1, 2 e 3,

respectivamente

N = número total de indivíduos da amostragem.

9.5 Índice para avaliação da similaridade entre tipos fisionômicos

• Índice de Similaridade de Jaccard (ISJ): permite a avaliação florística entre as diversas

áreas amostradas de mesma fitofisionomia, assim como a comparação com outros estudos

já desenvolvidos que utilizam metodologia semelhante. É expresso pela seguinte fórmula:

ISJ = cba

c−+

. 100

Onde:

ISJ = Índice de similaridade de Jaccard

a = Número de espécies da comunidade

b = Número de espécies da comunidade B

c = Número de espécies comuns.

9.6 Índices para avaliação da diversidade florística

• Índice de Densidade de Shannon-Wiener (H’): expressa a diversidade de espécies das

comunidades vegetais e pode ser calculado através da fórmula:

H’ = ∑=

S

1e Nniln

Nni

90

Page 92: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Onde: i = 1 ... n

S = número de espécies amostradas

n¡ = número de indivíduos amostrados para a espécie i

N = número total de indivíduos amostrados

Log = logaritmo neperiano

Quanto maior for o valor de H’, maior a diversidade florística da população em estudo.

• Índice de Simpson

C = ∑=

−−S

1i

)1N(N(/)1ni(ni

Em que:

C = Índice de dominância de Simpson

ni = Número de indivíduos amostrados da iésima espécie

N = Número total de indivíduos amostrados

S = Número total de espécies amostradas.

O valor estimado de C varia de 0 a 1, sendo que para valores próximos de 1 a

diversidade é considerada menor.

Os índices utilizados para retratar a diversidade dos fragmentos amostrados foram os de

Shanon-Weaver e o de Simpson (Tabela 16). Pode-se observar que o índice de Shanon para o

fragmento 3 é muito próximo de zero, assim como o de Simpson é muito próximo a 1, o que

corrobora com a tese de que a população apresenta baixíssima diversidade de espécies. Este fato

pôde ser observado na Tabela 25 onde as soma das densidades relativas das candeias totalizou

100% nos 800 ha amostrados. Já para o fragmento 1 além da ocorrência da candeia pode ser

constatado um grande número de outras espécies o que é retratado no alto valor de Shanon e no

baixo valor de Simpson. Vale ressaltar para este fragmento que a candeia ocorreu em reboleiras e

no entorno das áreas de preservação permanente. O fragmento 2 expressa uma situação

intermediária de diversidade de espécies e neste a candeia ocorreu de forma dispersa entre as

demais espécies do cerrado amostrado. Na realidade a ocorrência de candeia neste fragmento foi

91

Page 93: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

estimulada pela ação do proprietário da área que anualmente disseminava nesta semente desta

espécie, fato que se iniciou no inicio da década de 90.

TABELA 16- Índices de diversidade.

Índices Fragmento Shanon-Weaver Simpson 1 3,1200 0,1600 2 2,2083 0,1797 3 0,0118 0,9968

92

Page 94: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

10 TREPADEIRAS E EPÍFITAS

Para evitar que numa eventual exploração das áreas com candeia sejam impactadas

negativamente outras espécies, procurou-se compreender em que situações a ocorrência de

epífitas e trepadeiras foi siginificativa. Foi constatada a ocorrência de epífitas na candeia somente

nas áreas amostradas nas quais a altitude foi acima de 1300 metros de altitude, no caso no

fragmento de Baependi. A proporção encontrada foi de 0,27 epífitas ou trepadeiras por candeia

ou 1 epífita ou trepadeira a cada 4 candeias. Naqueles fragmentos amostrados abaixo desta

altitude em nenhum caso foi constatada a presença de trepadeiras ou de epífitas ocorrendo nos

candeais.

Deve-se considerar, a partir destes dados, que em caso de exploração florestal através de

um plano de manejo sustentado as epífitas devem ser transplantadas em outras árvores ou em

estufas.

93

Page 95: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

11 SERRAPILHEIRA

A serrapilheira ou litter é uma das camadas da matéria orgânica do solo florestal a qual é

mais ou menos decomposta, sendo formada por deposição de resíduos da própria árvore e

também resíduos de animais. Esta matéria orgânica torna o solo poroso, fofo, solto, escuro, tendo

a capacidade de reter umidade e enriquicer o solo com nutrientes pela ação da microflora e

microfauna. Segundo Pogiani (1989) a serrapilheira além de proteger o solo, constitui um

complexo laboratório de transformação, no qual a matéria orgânica é decomposta e os nutrientes

são relocados a disposição do sistema radicular dos vegetais. Além disso, a matéria orgânica

desempenha importante papel no aumento da solubilidade e no transporte de nutrientes catiônicos

como o ferro, manganês, zinco e cobre, até as raízes por meio de certos radicais orgânicos

(Guilherme, Vale e Guedes, 1993).

De maneira geral pôde-se constatar que a quantidade de serrapilheira aumenta no sentido

borda interior do fragmento. Entretanto, em todas as situações os candeais apresentam pouca

abundância na ocorrência de serrapilheira.

94

Page 96: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

12 EXISTÊNCIA E DIVERSIDADE DA FAUNA

Nos 3 fragmentos amostrados, a ocorrência da fauna foi maior quanto maior a

diversidade de espécies. Especificamente para o fragmento 1, na região de Baependi - MG foi

constatado o endemismo de répteis e anfíbios, como de resto em toda APA da Mantiqueira. A

riqueza da fauna pode ser observada na Tabela 17.

A hipótese é que um plano de manejo para a candeia tenha um baixíssimo impacto na

fauna por uma série de motivos, podendo-se destacar:

• O manejo não envolverá corte raso;

• A candeia a ser explorada é a que ocorre em maciços e nas bordas das matas, fato que não

leva a pressão sobre áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente;

• A candeia é uma espécie pioneira, assim a sua remoção após a dispersão das sementes

propiciará uma rápida reocupação dos locais se estas sementes já no solo receberem luz

diretamente e umidade.

• O sistema de exploração é de baixo impacto, sendo que, para o corte, utiliza-se o

machado, uma vez que as plantas têm diâmetro pequeno;

• O transporte da candeia também é de baixo impacto, uma vez que a retirada da madeira da

área é feita com muares, que caminham em trilhas não havendo, portanto, movimento de

terra. Esta forma de retirada da madeira é justificada pela atividade se concentrar em

pequenas propriedades e pela própria topografia das regiões onde a candeia ainda ocorre.

• O número de plantas que será removido simplesmente duplicará inicialmente o

espaçamento entre plantas, o que logo será ocupado pela regeneração, como pode-se

verificar na Tabela 29.

• As propriedades deverão manter áreas de reserva legal e as áreas de preservação

permanente deverão propositalmente ser ampliadas para manter intactas as outras áreas ao

longo da propriedade, o que propiciará um maior e melhor abrigo à fauna.

• A restrição exacerbada e inconseqüente a qualquer remoção da espécie leva

invariavelmente a clandestinidade ou a subistituição da espécie por áreas com pastagem

de baixa produtividade, estas sim práticas que impactam significativamente a presença da

fauna.

95

Page 97: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 17 - Relação da fauna da região da fazenda Bela Vista, em Baependi, Minas Gerais.

AVIFAUNA Nome comum Nome científico Família Alma-de-gato Piaya cayana Cuculidae

Andorinha Phaeoprogne tapera Hirundinidae Anú-branco Guira guira Cuculidae Anú-preto Crotophaga ani Cuculidae

Azulão Cyanocompra brissonii Thraupidae Bem-te-vi Pitangus sulphuratus Tyrannidae

Canário-do-campo Emberizoides herbicola Fringilidae Codorna Nothura maculosa Tinamidae Coruja Speotyto cunicularia Strigidae

Curiango Nyctidramus albicollis Caprimulgidae Corruíra Troglodytes aedon Troglodytidae

Gavião-cará-cará Polyborus plancus Falconidae Gavião-pato Spizastus melanoleucus Accpitidae Gavião-pinhé Milvago chimachima Falconidae

Guaxe Sericosypha loricata Thraupidae Inhambu Rhynchotus rufescens Tinamidae

João-bobo Nystalus chacuru Bucconidae João-de-barro Furnarius rufus Furnariidae Maria-branca Xolmis cinerea Tyranidae Maria-preta Knipolegus lophotes Tyranidae

Maritaca Aratinga leucophthalmus Psittacidae Papagaio Amazona aestiva Psittacidae

Pardal Passer domesticus Ploceidae Pássaro-preto Gnorimopsar chopi Icteridae

Periquito Brotogeris chiriri Psittacidae Pica-pau Campephilus melanoleucus Picidae

Pintassilgo Carduelis magellanicus Fringilidae Pompa-do-ar Zenaida ariculata Columbidae

Rolinha branca Columbina picui Columbidae Rolinha-caldo-de-feijão Columbina talpacoti Columbidae

Fogo-apagou Scardafella squammata Columbidae Sabiá Turdus rufiventris Turdidae Saci Tapera naevia Cuculidae

Sangue-de-boi Ramphocelus bresilius Thraupidae Sanhaço Thraupis sayaca Thraupidae Saracura Aranides saracura Rallidae Seriema Cariama cristata Cariamidae

Soldadinho-da-serra Antilophia galeata Pipridae Tico-tico Zonotrichia capensis Fringilidae

Tiziu Volatinia jacarina Fringilidae Trinca-ferro Saltator similis Fringilidae

Continua ...

96

Page 98: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 17, Continuação ... Tucano Ramphastos toco Ramphastidae

Uru Capito aurovirens Capitonidae MASTOFAUNA

Nome comum Nome científico Família Ariranha Pteronura brasiliensis Mustelidae

Cachorro-do-mato Dusicyon thous Canidae Gambá Didelphis marsupialis Didelphidae

Lobo-guará Chrysocyon brachyurus Canidae Lontra Lutra longicaudis Mustelidae

Macaco-bugio Alouatta fusca fusca Cebidae Macaco-sauá Callicebus personatus Cebidae Mico-estrela Callithrix aurita Callitrichidae

Rato Rattus rattus Muridae Tatu Tolypeutes tricinctus Dasypodidae

HERPETOFAUNA Nome comum Nome científico Família

Cascavel Crotalus durissus Viperidae Jararaca Bothrops itapetiningae Viperidae

97

Page 99: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

13 INVENTÁRIO FLORESTAL

Para conhecer um pouco mais da candeia nativa, serão mostradas sínteses de inventários

florestais de áreas com diferentes estruturas, em que há predominância de candeia.

13.1 Volume, peso seco, peso de óleo, área basal e número de árvores para produção de

óleo em mata situada em Baependi - MG

Na Tabela 18 é apresentado, somente para a candeia, o processamento das quantidades

de volume, peso seco e peso de óleo, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o

manejo florestal sustentado. Foi considerado no inventário um diâmetro mínimo de medição de 5

cm.

Observa-se que o diâmetro predominante para a candeia é até a classe cujo valor central

é 32,5 cm. Existe em torno de um indivíduo por hectare para as classes de 37,5 e de 67,5 cm, as

quais não foram contempladas por ocasião da cubagem rigorosa. Este fato pode ser considerado

raro e não caracteriza adequadamente a espécie.

98

Page 100: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 18 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia, considerando diâmetro mínimo de 5 cm.

Característica 7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5 67,5 Total

V 4,55 5,25 3,50 0,87 1,61 1,05 0,42 3,67 20,92 VE 10,37 10,45 5,67 1,76 2,78 1,95 0,79 6,82 40,59 PS 3032,65 3541,91 2317,73 590,33 1107,90 749,20 312,30 2520,38 14172,40

PO 31,20 39,20 26,24 7,03 13,75 9,85 4,31 34,85 166,43

G 1,43 1,36 0,70 0,17 0,31 0,23 0,10 0,46 4,76 Número de

árvores 323,69 111,06 29,03 4,32 5,30 2,78 0,93 1,28 478,39

Volume médio/árvore

0,014 0,047 0,121 0,201 0,304 0,378 0,452 2,867 0,044

Volume empilhado

médio/árvore 0,032 0,094 0,195 0,407 0,525 0,701 0,849 5,328 0,085

Peso seco médio/árvore

9,369 31,892 79,839 136,650 209,038 269,496 335,806 1969,047 29,625

Peso de óleo médio por

árvore 0,096 0,353 0,904 1,627 2,594 3,543 4,634 27,227 0,348

Área basal média/árvore

0,004 0,012 0,024 0,039 0,058 0,083 0,108 0,359 0,010

Onde: V - volume com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VE - Volume empilhado com casca do fuste + galhos com casca ≥ 3 cm total (metro “stere”/ha); PS - Peso seco com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PO - Peso de óleo com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); G - área basal observada, em m2/ha.

Quanto ao peso de óleo médio por planta existente em cada classe diamétrica, obtido a

partir da Tabela 23, é evidente que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior

a classe diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 12,5 cm apresentam

7,34 vezes menos óleo que aquelas com diâmetro 27,5 cm ou 10,04 vezes menos que aquelas

com diâmetro de 32,5 cm. Este fato também pode ser visualizado na Figura 29. Esse

comportamento está em conformidade com as leis biológicas e é muito útil na definição da

melhor estratégia de manejo para a candeia.

99

Page 101: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

4,6344

3,5435

2,5951

1,6252

0,90370,35629

0,096939

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Ce ntro de clas s e (cm )

Pes

o de

óle

o (k

g)

FIGURA 29 - Peso de óleo médio por planta nas diferentes classes de diâmetro.

Entretanto, observando nesta mesma tabela o peso de óleo por hectare (Peso de óleo

médio na classe diamétrica vezes o número de árvores na classe diamétrica) o que é ilustrado na

Figura 30, verifica-se que este decresce das menores para as maiores classes diamétricas, já que o

número de árvores por hectare, típico de uma distribuição binomial negativa, influencia esta

relação. Esta tendência fica clara se eliminada da análise a única árvore amostrada na população

com diâmetro superior a 37,5 cm. Assim, na classe de 7,5 e de 12,5 cm, a quantidade total de óleo

por hectare é de 31,20 e 39,20 kg, vinda de 323,69 e 111,06 indivíduos de candeia,

respectivamente, enquanto, na classe de 37,5 cm, a quantidade de óleo por hectare é de 4,31 kg,

proveniente de 0,93 indivíduos/ha.

05

1015202530354045

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Ce ntro de clas s e (cm )

Pe

so

de

óle

o d

e f

us

te +

g

alh

os

(k

g)

mai

or

ou

igu

al a

3c

m

0

50

100

150

200

250

300

350

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Ce ntro de clas s e (cm )

me

ro d

e á

rvo

res

/ha

(a) (b)

FIGURA 30 - Peso de óleo/ha (a) e número de árvores/ha (b).

100

Page 102: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas num sistema de manejo

podem ter dimensões mínimas de até 5 cm, principalmente por que o tempo para as árvores

atingirem os maiores diâmetros é demasiadamente logo. Pelo observado nesta Tabela e Figura a

situação ideal é de explorar as plantas com diâmetro entre 10 e 15cm.

13.2 Volume, área basal, número de árvores e número de moirões em mata situada em

Baependi - MG

A Tabela 19 mostra somente para a candeia, o volume do fuste + galhos com diâmetro

com casca (voltot) ≥ 3 cm, o volume do fuste e o volume dos galhos (copa) até 3 cm de diâmetro

com casca. Mostra, também, a área basal e o número de moirões estimados, já que esta é a

espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado. No inventário,

considerou-se um diâmetro mínimo de medição igual a 7 cm.

Como é de se esperar, há um acréscimo no número de moirões médio por planta

existente em cada classe diamétrica à medida em que esta aumenta. Por exemplo, plantas com

diâmetro cujo valor central é 12,5 cm apresentam 3,5 vezes menos moirões que aquelas com

diâmetro 27,5 cm ou 4,6 vezes menos que aquelas com diâmetro 32,5 cm. Este fato também pode

ser visualizado na Figura 31.

101

Page 103: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 19 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia, para um diâmetro mínimo de 7 cm.

Característica 7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5 67,5 Total

V 1,88 5,25 3,50 0,87 1,61 1,05 0,42 3,66 18,24 VE 4,30 10,45 5,67 1,76 2,78 1,95 0,79 6,82 34,52

Vfuste 1,37 3,01 1,79 0,39 0,65 0,38 0,14 1,04 8,77 Vgalhos 0,52 2,24 1,71 0,48 0,96 0,67 0,28 2,63 9,49

G 0,55 1,36 0,70 0,17 0,31 0,23 0,10 0,46 3,88 Número de árvores/ha 125,28 111,06 29,03 4,32 5,30 2,78 0,93 1,28 279,98

Número de moirões/ha 110,36 235,86 153,30 32,27 51,76 27,09 9,10 89,30 709,04

Volume médio/moirão

0,017 0,022 0,023 0,027 0,031 0,039 0,046 0,041 0,026

Volume empilhado

médio/miorão 0,039 0,044 0,037 0,055 0,054 0,072 0,087 0,076 0,049

Número de árvores

médio/moirão 1,135 0,471 0,189 0,134 0,102 0,103 0,102 0,014 0,395

Onde: V - volume com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VE - Volume empilhado com casca do fuste + galhos com casca ≥ 3 cm total (metro “stere”/ha); G - área basal observada, em m2/ha.

9,78499,74829,7735

7,4768

5,2807

2,124

0,8812

0

2

4

6

8

10

12

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Centro de classe (cm)

Núm

ero

de m

oirõ

es/á

rvor

e

FIGURA 31 - Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.

Já no caso do número de moirões por hectare (Número de moirões por classe diamétrica

vezes o número de árvores na classe) (Figura 32), há decréscimo das menores para as maiores

classes diamétricas, uma vez que o número de árvores por hectare influencia esta relação.

Eliminando-se a classe de 67,5 cm, esta tendência fica clara. Na primeira classe diamétrica o

número de moirões cai, pois a amplitude da mesma englobou árvores com diâmetro entre 7 e 10

102

Page 104: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

cm. Na classe de 12,5 cm (10 - 15 cm), o número de moirões é 235,9 e decresce sistematicamente

a partir desta. Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões podem

ter diâmetro mínimo igual a 7 cm.

0

50

100

150

200

250

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Ce ntro de clas s e (cm )

me

ro d

e m

oir

õe

s/h

a

0

20

40

60

80

100

120

140

7,5 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 37,5

Ce ntro de clas s e (cm )

me

ro d

e á

rvo

res

/ha

(a) (b)

FIGURA 32 - Número de moirões (a) e número de árvores/ha (b).

13.3 Volume, peso seco, peso de óleo, área basal e número de árvores para produção de

óleo (Eremanthus erythropappus) e volume, peso seco, área basal, número de árvores e

número de moirões visando somente a produção de moirões (Eremanthus incanus) em

mata amostrada em Carrancas

a) Eremanthus erythropappus

A Tabela 20 mostra o volume, o peso seco e o peso de óleo para a espécie Eremanthus

erythropappus, na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado.

103

Page 105: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 20 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia (Eremanthus erythropappus), considerando diâmetro mínimo de 5 cm.

Característica 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Total

VT 0,3602 0,4404 0,4265 0,3551 0,1751 0,1675 0,2257 0,0769 0,0000 0,0000 0,0000 2,2275 Média do

volume/árvore 0,0079 0,0154 0,0267 0,0381 0,0526 0,0838 0,1129 0,1148 0,0000 0,0000 0,0000 0,0208

VF 0,2832 0,3073 0,2752 0,2038 0,0932 0,0847 0,1081 0,0340 0,0000 0,0000 0,0000 1,3895 VG≥3cm 0,0770 0,1330 0,1512 0,1513 0,0819 0,0828 0,1176 0,0430 0,0000 0,0000 0,0000 0,8380

%(VF/VG) 78,62 69,78 64,53 57,39 53,23 50,57 47,90 44,21 0,00 0,00 0,00 62,38 PST 355,84 420,45 386,75 333,89 165,38 148,62 197,04 72,68 0,00 0,00 0,00 2080,65

PSFG 239,23 294,39 283,75 243,11 121,42 114,75 155,05 54,83 0,00 0,00 0,00 1506,53 PSG<3cm 90,74 94,78 74,71 67,89 32,85 24,57 30,82 13,32 0,00 0,00 0,00 429,68

PSFOL 25,87 31,28 28,28 22,89 11,11 9,30 11,18 4,53 0,00 0,00 0,00 144,44 POT 2,89 3,64 3,51 3,17 1,62 1,51 2,06 0,77 0,00 0,00 0,00 19,18

POFG 2,39 3,06 3,01 2,72 1,40 1,33 1,83 0,68 0,00 0,00 0,00 16,41 POG<3cm 0,31 0,35 0,29 0,30 0,15 0,12 0,15 0,07 0,00 0,00 0,00 1,74

POFOL 0,20 0,23 0,21 0,15 0,07 0,07 0,08 0,02 0,00 0,00 0,00 1,04 Média do

POT/árvore 0,06375 0,12696 0,21938 0,33976 0,48649 0,75500 1,03000 1,14925 0,00000 0,00000 0,00000 0,17870

G 0,1247 0,1380 0,1176 0,1030 0,0502 0,0415 0,0534 0,0211 0,0000 0,0000 0,0000 0,6494 ARVNUM 45,33 28,67 16,00 9,33 3,33 2,00 2,00 0,67 0,00 0,00 0,00 107,33

VT - Volume total com casca do fuste + galhos com diâmetro ≥ 3cm (m3/ha); VF - Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VG ≥3cm - Volume dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); % do volume do fuste em relação ao volume do fuste + galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm; PST - Peso seco total da árvore com casca; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); POT - Peso de óleo total da árvore (kg/ha); POFG - Peso de óleo do do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); POG<3cm - Peso de óleo dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); POFOL - Peso de óleo das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de árvores por hectare.

Evidentemente, o peso de óleo médio por planta existente em cada classe diamétrica

aumenta com o aumento da classe diamétrica (Figura 33). Por exemplo, plantas com diâmetro na

classe em que o valor central é 8 cm apresentam 5,95 vezes menos óleo que aquelas com

diâmetro da classe de 16,0 cm ou 9,05 vezes menos que aquelas com diâmetro da classe de 20,0

cm. Esse comportamento está em conformidade com as leis biológicas e é muito útil na definição

da melhor estratégia de manejo para a candeia.

104

Page 106: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

1.03000

1.14925

0.75500

0.48649

0.33976

0.21938

0.063750.12696

0.0

0.3

0.6

0.9

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Centro da classe (cm)

FIGURA 33 - Peso de óleo médio por planta nas diferentes classes de diâmetro.

Já o peso de óleo por hectare (peso de óleo médio na classe diamétrica vezes o número

de árvores na classe diamétrica) decresce das menores para as maiores classes diamétricas, uma

vez que o número de árvores por hectare, típico de uma distribuição binomial negativa, influencia

esta relação (Figura 34). Nota-se na Tabela 20 que na classe de 8,0 e de 10,0 cm, a quantidade

total de óleo por hectare é de 3,06 e 3,01 kg, vinda de 28,67 e 16,00 indivíduos de candeia,

respectivamente. Por outro lado, na classe de 18,0 cm, a quantidade de óleo por hectare é de

1,891 kg, proveniente de 2,0 indivíduos/ha, ou ainda na classe de 20 cm, a quantidade de óleo por

hectare é de 0,68 kg proveniente de 0,67 árvores/ha.

(a)

0

1

2

3

4

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Centro da classe (cm)

Peso

de

óleo

de

fust

e +

galh

os (k

g) m

aior

ou

igua

l a 3

cm

(b)

01020304050

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de

árvo

res/

ha

FIGURA 34 - Peso de óleo/ha (a) e número de árvores/ha (b).

105

Page 107: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

b) Eremanthus incanus

A Tabela 21 mostra os resultados do inventário florestal apenas para Eremanthus

incanus, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado.

Considerou-se, no inventário, um diâmetro mínimo de medição igual a 5 cm e um diâmetro

mínimo dos moirões de 7 cm.

Como era esperado, o número de moirões médio por planta existente em cada classe

diamétrica cresce continuamente à medida em que aumenta a classe diamétrica. Por exemplo,

plantas com diâmetro cujo valor central é 8 cm apresentam 3,4 vezes menos moirões que aquelas

com diâmetro 16,0 cm, ou 5,0 vezes menos que aquelas com diâmetro 20,0 cm. Este fato também

pode ser visualizado na Figura 35.

TABELA 21 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia (Eremanthus incanus), considerando um diâmetro mínimo de medição igual a 5 cm e um diâmetro mínimo dos moirões de 7 cm.

Características 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Total

VT 1,0792 1,1260 0,6728 0,5774 0,2905 0,0865 0,3192 0,2112 0,0000 0,0000 0,2706 4,6335 Média do

volume/árvore 0,0065 0,0136 0,0224 0,0346 0,0484 0,0650 0,0798 0,1056 0,0000 0,0000 0,2035 0,0149

VF 0,8174 0,7510 0,4064 0,3222 0,1506 0,0424 0,1458 0,0942 0,0000 0,0000 0,1077 2,8377 VG≥3cm 0,2618 0,3750 0,2664 0,2552 0,1399 0,0442 0,1734 0,1170 0,0000 0,0000 0,1629 1,7958

PST 1165,43 1161,06 682,02 572,43 286,90 84,42 318,04 201,81 0,00 0,00 248,24 4720,34PSFG 741,12 776,35 468,17 403,65 205,07 61,36 230,17 150,84 0,00 0,00 194,01 3230,75

PSG<3cm 364,72 311,27 168,54 130,11 62,53 17,42 67,70 38,22 0,00 0,00 40,76 1201,27PSFOL 59,59 73,44 45,30 38,67 19,29 5,65 20,17 12,75 0,00 0,00 13,47 288,33

G 0,4469 0,4108 0,2310 0,1856 0,0909 0,0260 0,0987 0,0594 0,0000 0,0000 0,0679 1,6172 ARVNUM 166,67 82,67 30,00 16,67 6,00 1,33 4,00 2,00 0,00 0,00 1,33 310,67

Total de Moirões 0,00 53,31 28,59 22,71 10,44 2,92 9,68 6,48 0,00 0,00 7,50 141,63 Média de

moirões/ árvore 0,00 0,64 0,95 1,36 1,74 2,20 2,42 3,24 0,00 0,00 5,64 -

VT - Volume total com casca (m3/ha)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VF- Volume do fuste com casca(m3/ha); VG≥3cm - Volume dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm (m3/ha); PST - Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.

106

Page 108: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

0.640.95

1.361.74

2.202.42

3.24

5.64

0

1

2

3

4

5

6

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de m

oirõ

es/á

rvor

e

FIGURA 35 - Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.

Em relação ao número de moirões por hectare (número de moirões por classe diamétrica

vezes o número de árvores na classe), há um decréscimo das menores para as maiores classes

diamétricas, já que o número de árvores por hectare influencia esta relação (Figura 36). Na classe

de 8,0 cm (7,0 - 8,9 cm), o número de moirões é 53,31 e decresce sistematicamente a partir desta.

Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões podem ter diâmetro

mínimo igual a 7 cm.

0

20

40

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de m

oirõ

es/h

a

0

60

120

180

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de á

rvor

es/h

a

FIGURA 36 - Número de moirões (a) e número de árvores/ha (b)

107

Page 109: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

13.4 Volume, peso seco, peso de óleo, área basal, número de árvore e número de moirões

para elaborar plano de manejo que inclua o aproveitamento da Eremanthus

erythropappus e Eremanthus incanus para produzir moirões e os resíduos da

Eremanthus erythropappus para produzir óleo

A Tabela 22 mostra os resultados do inventário florestal para as espécies Eremanthus

erythropappus e Eremanthus incanus, considerando um diâmetro mínimo de medição igual a 5

cm e um diâmetro mínimo de 7 cm quando as plantas forem ser usadas para moirões.

TABELA 22 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia.

Característica 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Total

VT 1,4394 1,5663 1,0993 0,9326 0,4657 0,2540 0,5449 0,2881 0,0000 0,0000 0,2706 6,8610 VF 1,1006 1,0583 0,6817 0,5260 0,2439 0,1270 0,2539 0,1282 0,0000 0,0000 0,1077 4,2272

VG≥3cm 0,3388 0,5080 0,4176 0,4066 0,2218 0,1270 0,2911 0,1600 0,0000 0,0000 0,1629 2,6338 PST 1521,27 1581,50 1068,77 906,32 452,28 233,04 515,08 274,48 0,00 0,00 248,24 6800,99

PSFG 980,35 1070,74 751,93 646,77 326,49 176,11 385,22 205,67 0,00 0,00 194,01 4737,28PSG<3cm 455,46 406,05 243,25 198,00 95,38 41,99 98,51 51,54 0,00 0,00 40,76 1630,95

PSFOL 85,46 104,71 73,58 61,56 30,41 14,94 31,35 17,28 0,00 0,00 13,47 432,76 POT 2,89 3,64 3,51 3,17 1,62 1,51 2,06 0,77 0,00 0,00 0,00 19,18

POFG 1,88 3,06 3,01 2,72 1,40 1,33 1,83 0,68 0,00 0,00 0,00 16,41 POF 0,51 2.13 1.94 1.56 0.75 0.68 0.88 0.30 0.00 0.00 0.00 10,63

POG≥3cm 2.39 0.93 1.07 1.16 0.66 0.65 0.95 0.38 0.00 0.00 0.00 8,19 POG<3cm 0,31 0,35 0,29 0,30 0,15 0,12 0,15 0,07 0,00 0,00 0,00 1,74

POFOL 0,20 0,23 0,21 0,15 0,07 0,07 0,08 0,02 0,00 0,00 0,00 1,04 G 0,5716 0,5487 0,3487 0,2885 0,1411 0,0675 0,1521 0,0804 0,0000 0,0000 0,0679 2,2666

ARVNUM 212,00 111,33 46,00 26,00 9,33 3,33 6,00 2,67 0,00 0,00 1,33 418,00*Moirões para

E. incanus 0,00 53,31 28,59 22,71 10,44 2,92 9,68 6,48 0,00 0,00 7,50 141,63

Média de moirões /arvore 0,00 0,48 0,62 0,87 1,12 0,88 1,61 2,43 0,00 0,00 5,64 0,34

Moirões para E.erythropappus 0,00 23,91 22,14 15,35 6,85 6,51 8,33 2,36 0,00 0,00 0,00 85,45

Média de moirões /árvore 0,00 0,21 0,48 0,59 0,73 1,95 1,39 0,88 0,00 0,00 0,00 0,20

Total de Moirões 0,00 77,23 50,73 38,07 17,30 9,43 18,01 8,84 0,00 0,00 7,50 227,09 Média de

moirões /árvore 0,00 0,69 1,10 1,46 1,85 2,83 3,00 3,31 0,00 0,00 5,64 0,54

* A diferença do número de árvores desta tabela e demais tabelas para a Tabela 2 (análise estrutural) é que aqui cada fuste foi considerado um ndivíduo e lá as bifurcações ou trifurcações compuseram um único indivíduo através da fórmula

2n

22

21 D...DDD +++= .

VT - Volume total com casca (m3/ha)(VT)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm); VF – volume do fuste (m3//ha) VG - Volume dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm (m3/ha); PST - Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); POT - Peso de óleo total da árvore(kg/ha); POFG - Peso de óleo do do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); POF - Peso de óleo do fuste(kg/ha); POG>3cm peso de óleo dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); POG<3cm - Peso de óleo dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); POFOL - Peso de óleo das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.

108

Page 110: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

13.5 Volume, peso seco, área basal, número de árvores e número de moirões para mata

amostrada em Morro do Pilar - MG

Na Tabela 23 são apresentados os resultados do inventário florestal para a espécie

Eremanthus incanus, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal

sustentado.

Conforme esperado, há um acréscimo contínuo do número de moirões médio por planta

existente em cada classe diamétrica à medida em que esta aumenta. Por exemplo, plantas com

diâmetro cujo valor central é 8 cm apresentam 1,36 vezes menos moirões que aquelas com

diâmetro de 10,0 cm ou 3,27 vezes menos que aquelas com diâmetro 16,0 cm. Este fato também

pode ser visualizado na Figura 37.

TABELA 23 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para Eremanthus incanus, considerando um diâmetro mínimo de medição igual a 5 cm e um diâmetro mínimo dos moirões de 7 cm.

Característica 6 8 10 12 14 16 Total

VT 6,1809 2,0083 0,5817 0,4142 0,0000 0,1041 9,2891 Média de

volume/árvore 0,0072 0,0135 0,0216 0,0336 0,0000 0,0676 0,0089

VFG 4,8203 1,3895 0,3556 0,2307 0,0000 0,0503 6,8464 VG ≥ 3 cm 1,3606 0,6188 0,2261 0,1835 0,0000 0,0537 2,4427

PST 6302,69 2001,03 588,38 413,87 0,00 101,93 9407,90 Média de

peso/árvore 7,3815 13,4090 21,8566 33,6206 0,0000 66,1883 9,0127

PSFG 4150,77 1362,56 403,73 290,28 0,00 74,00 6281,34 PSG<3cm 1738,09 499,40 146,21 96,34 0,00 21,58 2501,62

PSFOL 413,83 139,07 38,43 27,25 0,00 6,36 624,95 G 2,285 0,687 0,200 0,136 0,000 0,032 3,339

ARVNUM 853,85 149,23 26,92 12,31 0,00 1,54 1043,85 Total de Moirões 0,00 103,25 25,24 16,15 0,00 3,48 148,12

Média de moirões/árvore - 0,69 0,94 1,31 - 2,26 -

VT - Volume total com casca (m3/ha)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VF- Volume do fuste com casca(m3/ha); VG≥3cm - Volume dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm (m3/ha); PST - Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.

109

Page 111: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

2.25

1.261.31

0.920.69

0

1

2

3

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de m

oirõ

es/á

rvor

e

FIGURA 37 - Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.

Já o número de moirões por hectare (número de moirões por classe diamétrica vezes o

número de árvores na classe) decresce das menores para as maiores classes diamétricas, uma vez

que o número de árvores por hectare influencia esta relação (Figura 38). Na classe de 8,0 cm (7,0

- 8,9 cm), o número de moirões é 103,25 e decresce sistematicamente a partir desta. Este fato

mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões podem ter diâmetro mínimo

igual a 7 cm.

0

30

60

90

120

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de m

oirõ

es/h

a

0

250

500

750

1000

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Centro da classe (cm)

Núm

ero

de á

rvor

es/h

a

FIGURA 38 - Número de moirões (a) e número de árvores/ha (b).

A Tabela 24 mostra que quando se inclui a espécie Eremanthus erythropappus no

processamento dos resultados do inventário, há acréscimos insignificantes no volume, peso seco,

área basal, número de árvores e número de moirões.

110

Page 112: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 24 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia, considerando na medição um diâmetro mínimo de 5 cm e, para a confecção de moirões, 7 cm.

Característica 6 8 10 12 14 16 Total

VT 6,2035 2,0333 0,6101 0,4142 0,0302 0,1041 9,3953 VFG 4,8372 1,4059 0,3720 0,2307 0,0153 0,0503 6,9115

VG≥3cm 1,3663 0,6273 0,2381 0,1835 0,0149 0,0537 2,4838 PST 6328,37 2026,06 620,10 413,87 32,23 101,93 9522,57

PSFG 4166,57 1379,65 424,26 290,28 21,92 74,00 6356,67 PSG<3cm 1747,69 505,56 155,91 96,34 8,39 21,58 2535,47

PSFOL 414,11 140,86 39,93 27,25 1,92 6,36 630,42 G 2,2957 0,6957 0,2115 0,1355 0,0111 0,0316 3,3811

ARVNUM 857,69 150,77 28,46 12,31 0,77 1,54 1051,54* Total de Moirões 0,00 104,44 26,27 16,15 0,97 3,48 151,31

Média de moirões/árvore - 0,69 0,92 1,31 1,26 2,25 -

VT - Volume total com casca (m3/ha)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (m3/ha); VF- Volume do fuste com casca(m3/ha); VG≥3cm - Volume dos galhos com diâmetro com casca ≥ 3 cm (m3/ha); PST - Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ≥ 3cm (kg/ha); PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.

111

Page 113: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

14 SISTEMA SILVICULTURAL

Os sistemas silviculturas são um conjunto de intervenções do homem na floresta, tais

como, desbastes de árvores, remoção e substituição por novas culturas, de modo a aumentar sua

produtividade. Um sistema silvicultural é caracterizado pelo método de regeneração utilizado e

pelo arranjo no espaço da cultura em questão, de modo a facilitar sua proteção e colheita. Para

que a pratica de manejo florestal sustentado tenha êxito é necessário o conhecimento teórico

destes sistemas.

Especificamente para a candeia, espécie pioneira e cujo aproveitamento para fins

comerciais deve ser restrito à áreas homogêneas com a espécie ou nas bordas das matas, o

conjunto de métodos silviculturais que mais se aproxima ao manejo desejável para esta espécie é

o que se baseia no Método de Transformação por Via da Sucessão Dirigida. A seguir, será

apresentada uma síntese de alguns métodos que compõem o espectro dos métodos de

transformação por via da sucessão dirigida a fim de que o manejador possa escolher qual será o

mais viável manejar a candeia.

14.1 Sistema de Corte Raso com Regeneração Natural

Em certas condições o sistema de corte raso pode ser seguido por uma bem sucedida

regeneração natural. A regeneração natural pode ser obtida por meio do banco de sementes ou

mudas, já existente na área ou por meio da dispersão das sementes, das árvores adjacentes e/ou

circunvizinhas, através do vento, água ou por animais silvestres.

Este sistema é bastante simples de ser praticado e a cobertura vegetal do solo é

reestabelecida com rapidez e de forma mais segura, visto que as novas mudas estão mais aptas

morfologicamente às condições do sítio (fatores bióticos e abióticos). Uma outra importante

característica deste sistema é a redução (quase zero) das despesas necessárias com a implantação

da regeneração.

É importante observar que ao optar por este sistema, a derrubada (corte raso) deverá ser

feita após a dispersão das sementes da(s) espécie(s) de interesse, para que haja redução dos

danos à regeneração devido a exploração (quebra das mudas).

112

Page 114: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Aplicação: •

O caso mais conhecido de corte raso seguido de regeneração natural, a partir do banco

de sementes existente, é o caso particular da floresta de Pinus pinaster localizada no Sudoeste da

França.

Um dos mais notáveis exemplos de regeneração natural, em áreas submetidas a corte

raso, a partir do estoque de semente no solo foi descrito para a espécie de Tectona grandis no

Sudeste da Índia.

Com relação a regeneração natural a partir da disseminação das sementes de áreas

circunvizinhas e/ou adjacentes, a forma mais comum é através do vento (dispersão eólica) sendo

menos comum pela água e por animais silvestres. No entanto, este último agente é bastante

importante nas florestas tropicais úmidas principalmente em se tratando de grandes distâncias de

dispersão e sementes pesadas.

Na região da Costa do Pacífico, na América do Norte, espécies como: Pseudotsuga

menziesii, Tsuga heterophylla, Thuja plicata e Abies grandis regeneram frequentemente após o

corte raso, principalmente se os rejeitos forem queimados após a exploração.

Na Europa o corte raso com regeneração natural a partir de florestas adjacentes ou

circunvizinhas tem sido sistematizado principalmente de Pinus silvestris, embora ele também

tenha sido aplicado para outras coníferas inclusive Pinus nigra var nigra.

Algumas variações do sistema de corte raso com regeneração natural podem ser

encontrados na literatura. Estas são apenas uma pequena modificação do sistema original,

visando uma melhor adaptação do sistema às condições locais, tais como: sistema de corte raso

em blocos (Região da Costa do Pacífico na América do Norte); sistema de corte raso em faixas

(Europa); sistema de corte raso progressivo (Alemanha); sistema de corte raso em faixas

alternadas (França e Canadá).

14.2 Sistema de corte seletivo

Na sua forma mais primitiva o sistema de corte seletivo se baseava na remoção de todas

as árvores que alcançassem um certo diâmetro mínimo pré-estabelecido de acordo com o objetivo

e destino da madeira explorada, deixando apenas as árvores de menor tamanho, algumas poucas

113

Page 115: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

árvores porta-sementes, a fim de garantir a regeneração na área, e as árvores sem interesse

comercial.

Tal prática, é uma mera exploração, não constituindo-se em um sistema silvicultural e

não faz parte do espectro de práticas que caracterizam o manejo florestal. O corte seletivo como

descrito no parágrafo anterior é uma prática mecânica propiciando a degradação da floresta. Para

que o corte seletivo seja considerado um sistema silvicultural, é necessário que haja compromisso

com a produção sustentada, com retiradas periódicas em cada talhão ou compartimento nas várias

classes de idade, de maneira a manter proporções corretas de plantas nas classes diamétricas

sucessivas, ou seja, adotar o conceito de floresta balanceada; compreender a estrutura da floresta,

respeitar a diversidade florística ou a biodiversidade; efetuar tratamentos que privilegiem a

regeneração das espécies de interesse, eliminando-se a concorrência com as plantas invasoras.

Deve-se eliminar ainda as plantas doentes, sem vigor e que de certa forma diminuem a

potencialidade da floresta. Por último, deve-se adotar um sistema de corte e colheita que

impactem o mínimo a floresta remanescente.

Desta forma pode-se concluir que o sistema de corte seletivo quando aplicado

corretamente, respeitando as leis ecológicas impostas pela natureza, é inegavelmente uma prática

de melhoramento da floresta. Aumenta a proporção das espécies de interesse na área, através do

processo de regeneração dirigida, conduzindo-as para uma produção sustentável e

ecologicamente viável.

Atualmente este método caracteriza-se por selecionar plantas de modo que haja uma

série contínua de classes de idade e um contínuo recrutamento, advindo da regeneração natural. A

idéia é abastecer o estoque de crescimento, de maneira que a razão entre o número de árvores

remanescente nas classes de diâmetro seja constante. Este fato indica que a floresta é balanceada

e pode ser representada pela distribuição exponencial negativa.

A seleção de árvores na floresta toda só é possível em áreas pequenas. Em grandes áreas

florestais faz-se necessário a divisão desta em vários blocos ou compartimentos, para

operacionalizar a remoção das árvores selecionadas, isoladas ou em pequenos grupos. Esses

compartimentos são explorados um a cada ano, estabelecendo assim o ciclo de corte que será

igual ao número de compartimentos. O ciclo de corte é estabelecido de acordo com as

características particulares da floresta, principalmente utilizando-se informações do incremento

periódico em diâmetro das árvores.

114

Page 116: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Deve-se tomar um cuidado muito especial no estabelecimento do ciclo de corte. Se este

é muito curto, envolvendo grandes áreas, há o risco de ocorrer uma rápida degradação da floresta

o que é indesejável para qualquer plano de manejo florestal visando a sustentabilidade, se for

longo elimina a possibilidade da prática de manejo florestal ser economicamente viável.

Em sítios onde as condições são favoráveis a regeneração natural deve ser conduzida,

nas clareiras formadas durante o processo de exploração. Caso contrário, serão introduzidas

novas plantas na área através da regeneração artificial.

Na Tabela 25 são listadas algumas das principais atividades envolvidas do sistema de

corte seletivo. A implementação destas deve ser de acordo com as características particulares de

cada área de interesse.

TABELA 25 - Sequência das principais atividades silviculturais envolvidas no sistema de corte seletivo.

Atividades Período

1 - Inventário detalhado, visando obter informações sobre a viabilidade do sistema (qualidade e quantidade do estoque comercial e da regeneração) e delimitar as unidades de exploração (3 a 20 ha) e as vias de acesso

(n - 2)

2 - Marcar e mapear as árvores selecionadas, a partir de um DAP mínimo pré-estabelecido, anelamento ou envenenamento das árvores sem interesse (com grandes copas) e remoção dos cipós

(n - 1)

3 - Exploração das árvores marcadas e derrubada das árvores aneladas ou envenenamentos n

4 - Reparo dos danos causados pela exploração e se necessário efetuar a regeneração artificial (n + 1)

5 - Condução e acompanhamento (inventário) do crescimento da regeneração n + 1 + i

a = ano da exploração comercial n = idade da rotação ou ciclo de corte

Aplicação •

O corte seletivo é difundido e utilizado nas florestas do mundo todo, principalmente nas

florestas tropicais úmidas onde há um amplo e diverso estoque de madeiras comercializáveis e o

crescimento destas, de certa forma, ocorre rapidamente. De acordo com a região e o tipo de

floresta onde ele é aplicado algumas modificações são implementadas para ajustá-lo as

características locais.

115

Page 117: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Por exemplo: nas Florestas das Filipinas o sistema de seleção é empregado para

favorecer as espécies da família Dipterocarpaceae, e o número de árvores a serem exploradas,

obedece o cálculo da distribuição balanceada das classes diamétricas (20-70 de DAP), em cada

unidade de área pré-delimitada para a exploração. Normalmente deixa-se na área

aproximadamente 60% das árvores do grupo das espécies de interesse comercial e o ciclo de

corte varia entre 30 e 40 anos.

Na Malásia o sistema de corte seletivo foi considerado como sendo o sistema ideal para

as florestas tropicais pluviais ali existentes. No entanto, algumas observações são recomendadas

para garantir a sustentabilidade econômica e ecológica destas florestas. Sendo este também

conhecido como método do limite de circunferência desenvolvido no estado de Sarawak.

Em Porto Rico o sistema de corte seletivo é considerado como o satisfatório para as

florestas pluviais das montanhas de Luqüillo. Neste caso particular, os objetivos do uso deste

sistema é a formação de maciços florestais, com uma área basal de aproximadamente 18 m2/ha,

para um DAP mínimo de 50 cm, com um ciclo de corte entre 5 a 10 anos dependendo da

qualidade do sítio, visando fundamentalmente proporcionar uma distribuição balanceada dos

indivíduos remanescentes em todas as classes de diâmetro na floresta.

No Norte de Queensland o sistema é aplicado nas florestas tropicais úmidas de Atherton,

classificada como “Florestas Pluviais Submontanas”. Nesta região o ciclo de corte varia entre 15

a 20 anos, e as espécies mais enfatizadas pelo sistema são: Flindensia braylexana e

Cenatopetalum apetalurn, alcançando uma produção média de ??? m3/ha em condições de clima

e sítio favorável.

Vários outros exemplos de uso deste sistema são encontrados na literatura tanto para as

florestas tropicais e sub-tropicais como também para as florestas equatoriais. No Brasil,

infelizmente, a versão original deste procedimento e não a versão moderna, é utilizada em muitas

áreas de vegetação nativa, seja em cerrado, seja nas florestas tropicais úmidas da Amazônia. A

definição da prática de manejo baseada no sistema silvicultural de corte seletivo, deve fortalecer a

ação dos organismos públicos do pais, no sentido de cobrar que os empreendedores do setor

florestal pratiquem o verdadeiro manejo florestal.

Vantagens: Por manter uma constante cobertura floresta no solo há uma redução dos danos

causados pela erosão tais como, deslizamento de terra em áreas inclinadas e perda de nutrientes

por escorrimento superficial das águas da chuva; reduz a possibilidade de danos causados por

116

Page 118: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

ventos e geadas; boa flexibilidade do sistema, adaptando-se a qualquer área; respeita a

capacidade de suporte de produção de sítio; possibilita a promoção do desenvolvimento das

árvores com maior crescimento e com forma florestal comercializável; e proporciona a

manutenção da aparência estética da floresta além de manter a fauna silvestre no local.

Desvantagens: Exige uma intensiva intervenção silvicultural; a operação de derrubada e extração

é cara e exige perícia do operador; o sistema necessita de um bom estoque de regeneração das

espécies de interesse; o sistema é de difícil supervisão e acompanhamento de regeneração e;

durante a operação de derrubada e extração os danos aos indivíduos remanescentes é elevado

podendo às vezes atingir proporções de 1:1 ou 1:2, ou seja, para cada m3 explorado 1 ou 2 m3 são

danificados.

14.3 Sistema de seleção de grupo ou sistema de corte seletivo em grupo

A forma típica do sistema de corte seletivo, na qual árvores isoladas são exploradas, é

mais indicado para se trabalhar com espécies que desenvolvem e reproduzem na sombra, o que

reduz a possibilidade de ser rapidamente suprimida pelas espécies de rápido crescimento

(exigentes de luz), geralmente sem interesse econômico.

O sistema de corte seletivo aplicado em espécies que sejam exigentes de luz, baseia-se

na remoção de um pequeno grupo de árvores na operação de exploração e derrubada. Desta

forma, pequenas clareiras são formadas para que haja boa incidência de luz solar e estas sejam

distribuídas por toda a área. O propósito é garantir que a regeneração natural das espécies de

interesse ocorram de forma satisfatória.

Portanto, o sistema de seleção de grupo consiste apenas em uma pequena variação do

sistema de corte seletivo. As demais operações envolvidas neste sistema são semelhantes ao do

sistema anterior, assim como as suas vantagens e desvantagens.

14.4 Sistema de floresta de cobertura (shelterwood system)

Este sistema teve a sua origem na Europa, com predominância nas florestas de Quercus

sp e Fagus sp.

117

Page 119: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O sistema de floresta de cobertura é compreendido pela associação do sistema de cortes

sucessivos da regeneração e o sistema de seleção ou corte seletivo. Constitui-se, basicamente, na

abertura do dossel através da remoção ou eliminação das árvores, arbustos e cipós existentes na

floresta original.

Posteriormente, a esta etapa de preparação da floresta, são introduzidas as práticas de

condução da regeneração das espécies de interesse, sob um dossel composto pelas espécies de

interesse econômico.

Os principais passos a serem seguidos neste sistema são resumidos na Tabela 26.

TABELA 26 - Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema de floresta de cobertura.

Atividades Período

1 - Inventário detalhado (regeneração e estoque) a-2 2 - Eliminação dos cipós e indivíduos indesejados (todos os estratos a-1 3 - Exploração das árvores de interesse (adultas/maduras) a 4 - Condução da regeneração das espécies de interesse (tratos silviculturais) a+ n

a = ano da exploração comercial e; n = período do ciclo de corte.

Vantagens: Proporciona uma maior proteção do solo contra erosão (escoamento superficial),

menor risco de pragas e doenças, obtenção de um produto final mais homogêneo; redução da

competição entre as espécies comerciais através do corte de melhoramento, e substituição gradual

da floresta pelas espécies desejáveis.

Desvantagens: Demanda um maior tempo (inicial) para obtenção do retorno financeiro; o

controle da regeneração é difícil, assim como a execução dos cortes de exploração; e as

atividades não são concentradas um único período, resultando em um maior custo operacional.

Variações do sistema: •

A seguir serão descritos, sucintamente, as cinco classificações do sistema de floresta de

cobertura (Shelterwood system): sistema uniforme, em grupos, sistema irregular, sistema em

faixa e sistema tropical.

118

Page 120: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

14.5 Sistema uniforme de floresta de cobertura ou sistema uniforme

O sistema uniforme implica basicamente na abertura uniforme do dossel superior da

floresta com o propósito de favorecer a regeneração (natural ou artificial).

Durante o estádio de desenvolvimento e crescimento da regeneração de interesse, até

que esta atinja o estádio final, o sistema é dividido em duas etapas:

1. Fase de Preparação ou Condução: nesta etapa a regeneração, em sua fase inicial, está sujeita à

atividades de limpeza (capina, desbastes. etc.). estendendo-se até o estabelecimento

propriamente dito da regeneração.

2. Fase de Regeneração: inicia-se com o favorecimento das espécies de interesse, através de

cortes das espécies indesejáveis, visando proporcionar condições para que as mudas se

estabeleçam e desenvolvam. Termina com o corte final da “nova” floresta.

Os cortes de regeneração podem ser subdivididos em três fases distintas:

• Corte de semeadura: o objetivo principal desta operação não é estimular a produção de

sementes, mas sim promover uma maior e melhor dispersão das sementes por toda a floresta,

favorecendo assim a germinação, o estabelecimento das mudas, além de propiciar uma maior

infiltração de luz, a qual é de fundamental importância para que as mudas sobrevivam e

desenvolvam-se;

• Corte secundário: o objetivo desta operação é a remoção do sub-bosque, do dossel superior,

os quais são concorrentes por água, luz e nutrientes com as espécies de interesse. A

periodicidade e a intensidade do corte secundário vai depender das características particulares

da área (qualidade do sítio) e espécies envolvidas (exigência de luz e tolerância a

competição);

• Corte final: nesta operação são removidas todas as árvores de interesse, respeitando um

diâmetro mínimo pré-estabelecido. Após o corte final, as áreas de clareiras formadas pela

extração devem ser recuperadas através da regeneração dirigida ou artificial).

No sistema uniforme com regeneração natural, também chamado de desbaste de

transformação ou homogeneização via desbaste, é possível, em alguns casos, entre as fases dos 3

estádios descritos, proceder um ou mais desbastes afim de favorecer o desenvolvimento das

árvores de interesse.

119

Page 121: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O sistema uniforme com regeneração artificial é recomendado quando a regeneração

natural não for suficiente; para introduzir uma nova espécie de interesse ou então para aumentar a

proporção de uma determinada espécie já existente na área. A introdução das novas espécies

poderá ser via semeadura direta ou plantio de mudas, sendo este último mais eficiente, porém

mais oneroso.

A seqüência das atividades envolvidas neste sistema é ilustrada na Tabela 28. Utilizou-

se para tal as atividades do sistema Malaio Uniforme que constitui-se no exemplo clássico do

sistema uniforme de floresta de cobertura (Lamprecht, 1990).

TABELA 28 - Seqüência das principais atividades envolvidas no sistema uniforme.

Atividades Período Inventário detalhado da regeneração natural e do estoque. Se o estoque

de regeneração for satisfatório (40% das espécies comercializadas estiverem regenerando e 20% atingiram o estádio de exploração) é feito a exploração. Caso contrário espera-se até atingir tal exigência.

a-2

Exploração do estoque comercial (DAP ≥ 40 cm) e envenenamento ou

anelamento das árvores indesejadas (DAP ≥ 5 cm) a

Tratos silviculturais do povoamento para promover o desenvolvimento

da regeneração a + 2

Acompanhamento de desenvolvimento dos remanescentes através do uso

de amostragem a + 5 e a + 10

Rotação do povoamento “domesticado” (DAP ≥ 60 cm) a + 70

a = ano da exploração comercial.

As atividades neste sistema são semelhantes ao do sistema de floresta de cobertura

original, com algumas vantagens quando comparada com os demais tipos de sistema de

cobertura.

Vantagens: as operações de corte são mais simples de serem conduzidas e são produzidos

estratos com regenerações de diferentes idades, assemelhando-se a estrutura da floresta nativa,

porém com ênfase nas espécies com boa forma florestal e de interesse comercial.

Desvantagens: maior dano ao estrato inferior em desenvolvimento durante a exploração; as

árvores porta-sementes mantidas isoladas, são mais susceptíveis a danos pela ação do vento, entre

outras.

120

Page 122: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Geralmente, quando o clima, as condições de regeneração e o crescimento das mudas

são favoráveis, o sistema uniforme torna-se mais viável. Porém quando o clima e as condições de

solo não são favoráveis o sistema uniforme não é bem sucedido.

Aplicação •

Na França o sistema de floresta de cobertura é usado para regenerar 90% das florestas de

Quercus sp e Facus sp.

Na Alemanha, atualmente, o sistema é pouco usado, sendo aplicado nos povoamentos de

Facus sp. Na Dinamarca e nos países escandinavos ele é usado para regenerar os povoamentos de

Pinus silvestris, principalmente na Finlândia.

O sistema uniforme com árvores porta-sementes é usado na Índia e no Paquistão (Pinus

roxburghii), no sudoeste dos Estados Unidos (Pinus echinata e Pinus elliotti) e no noroeste do

Himalaia (Pinus roxburghii).

14.6 Sistema de floresta de cobertura em grupo ou regeneração por grupo

A diferença entre este sistema e o sistema uniforme está no fato de que o sistema de

regeneração por grupo, favorece a regeneração de grupos de indivíduos de interesse econômico

(mesma espécie ou não).

A estratégia para promover esta regeneração é a partir das clareiras naturais. Se estas não

existirem em número suficiente, então serão abertas clareiras, de pequeno porte, distribuídas por

toda a área da floresta (clareiras artificiais).

O tamanho e a forma das clareiras artificiais depende das condições locais (tipo de solo,

topografia, relevo) e das características da(s) espécie(s) de interesse (exigência de luz, resistência

a competição, desgalhamento). Normalmente as clareiras devem possuir entre 18-23 m de

diâmetro. Clareiras maiores propiciam ocorrência de espécies pioneiras, sem interesse comercial.

Nestas áreas abertas são conduzidos os cortes de regeneração (semeadura), o corte

secundário e o corte final, de forma semelhante ao sistema uniforme de floresta de cobertura.

O sistema é implantado de maneira semelhante ao sistema uniforme, porém favorecendo

não apenas indivíduos isolados de forma uniforme, mas sim grupos de indivíduos de interesse

comercial com crescimento promissor.

121

Page 123: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

As vantagens e desvantagens gerais do sistema de floresta de cobertura, também podem

ser aplicadas à este sistema, porém o sistema em grupo apresenta ainda as seguintes

particularidades.

Vantagens: por favorecer grupos de espécies com alto crescimento e desenvolvimento, o sistema

torna-se mais eficiente em florestas onde a produção de sementes não é freqüente e vigorosa; a

regeneração desenvolve-se mais naturalmente, explorando melhor a capacidade do sítio e a

potencialidade da(s) espécie(s); há melhor controle da heterogeneidade de espécies em

regeneração pela introdução de novas espécies ou por mecanismos de regulação da regeneração

natural; há maior controle das clareiras, quanto ao tamanho e forma.

Desvantagens: Propicia condições a ocorrência de danos causados pelo vento, principalmente

nas bordas das clareiras; devido ao grande número de pontos de regeneração, o controle é mais

difícil e oneroso; a regeneração remanescente sofre maior dano devido a maior exposição direta

ao sol e compactação do solo, provocados pelo grande número de intervenções.

14.7 Sistema irregular de floresta de cobertura

Este sistema pode ser definido como um sistema de sucessivos cortes de regeneração,

com um longo e indefinido período de regeneração (± 50 anos), variando de acordo com as

características particulares do local e da(s) espécie(s) envolvida(s), produzindo colheitas dos

indivíduos, ainda jovens, em diferentes estádios de regeneração.

O sistema irregular de floresta de cobertura baseia-se nas características individuais da

floresta e da região onde ele é implementado.

O objetivo principal desse sistema é a qualidade e quantidade de madeira produzida no

campo, respeitando a capacidade de suporte do sítio.

Embora possa fazer uso de espécies exóticas, este método é preferencialmente aplicado

às espécies nativas da região.

Um importante fator de melhoramento aplicado ao crescimento do estoque de madeira é

realizado através da seleção ou eliminação das árvores com crescimento lento. Assim, a

qualidade da madeira produzida no final do ciclo de corte será mais elevada. Para estes fins, são

aplicados as operações de capina, limpeza, refinamentos, corte de regeneração (semeadura),

122

Page 124: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

desbaste, corte de melhoramento entre outras atividades. Sendo estas, aplicadas como um

contínuo processo de seleção e melhoramento da floresta.

O sistema assemelha-se ao procedimento adotado no sistema de regeneração por grupo,

com algumas diferenças particulares: as áreas destinadas à regeneração dirigida são abertas em

linhas paralelas e espaçadas a partir de 20-30 m; a abertura das áreas é obtida através da remoção

das árvores com tronco danificados, doentes e com copas grandes, aumentando assim a proporção

de árvores com melhor forma; e as operações de desbaste seletivo, devem ser efetuadas em toda a

floresta, em todas as classes de altura e distribuídas em intervalos de tempo regulares.

Vantagens: o sistema apresenta flexibilidade o que possibilita uma boa prática de manejo da

floresta, considerando-se as características particulares para cada sítio; o incremento em volume

das espécies que propiciam madeira de valor comercial é assegurado através das condições

criadas para o desenvolvimento e crescimento das melhores árvores; e a floresta apresenta uma

maior variabilidade de atrativos e aparência para a fauna local.

Desvantagens: requer grande intensidade de operações silviculturais e estas operações exigem

grande número de mão de obra, consequentemente onera os custos do sistema; necessita de um

tempo inicial (carência) para obtenção dos primeiros retornos financeiros; o sistema tende a

favorecer a abertura de clareira proporcionando assim o crescimento de espécies secundárias

exigentes de luz (sem interesse econômico), causando competição com as espécies de interesse.

Aplicação: •

O sistema irregular de floresta de cobertura é bastante utilizado nas florestas da

Alemanha e Áustria, com algumas variações em relação ao sistema original.

Embora seja um sistema silvicultural recente ele tem sido bem desenvolvido e tem

superado os outros sistemas, exceto o sistema de seleção. Na região Norte da Alemanha, este

sistema é usado associando as espécies Fagus sp e Abies alba. Na Inglaterra o sistema também

tem sido utilizado com algum sucesso.

14.8 Sistema em faixa

Este sistema difere em poucos detalhes dos outros sistema, tendo em comum a

característica de deixar o estrato superior visando a proteção natural do solo. Neste caso, a

regeneração dirigida é conduzida em estreitas faixas abertas na floresta.

123

Page 125: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O sistema em faixa pode ser dividido em 5 formas diferentes:

• Sistema de faixas progressivas;

• Sistema de faixas alternadas;

• Sistema de faixa em cunha;

• Sistema de cobertura em faixa;

• Sistema de faixa em grupo.

Neste módulo será abordado apenas os dois últimos sistemas.

a) Sistema de floresta de cobertura em faixa

Este sistema foi desenvolvido a partir do sistema uniforme de floresta de cobertura, com

algumas modificações. Os cortes de condução da regeneração são realizados seguindo a direção

predominante dos ventos, evitando assim maiores danos.

O sistema de floresta de cobertura em faixa, requer poucas alterações para se converter

em um sistema de cortes sucessivos de regeneração (corte de semeadura, corte secundário e corte

final). O resultado final deste sistema, consiste na abertura de estreitas faixas dos estratos

superiores, com o objetivo de proporcionar um maior ou menor ângulo de infiltração de luz à

regeneração, seguindo a direção predominante dos ventos na região.

Assim que a regeneração de interesse estiver suficientemente estabelecida na faixa, um

segundo corte de semeadura é feito ao longo da segunda faixa adjacente a primeira, seguindo a

direção do vento.

Quando a regeneração estiver suficientemente estabelecida na segunda faixa, esta será

submetida ao corte secundário e a primeira faixa, aos sucessivos cortes de condução (desbaste,

melhoramento, refinamento e colheita). Na terceira faixa, adjacente a segunda, é feito então o

corte de semeadura. Estes tratamentos para favorecimento da regeneração são conduzidos

progressivamente seguindo a direção dos ventos predominantes em uma série de estreitas faixas

adjacentes a anterior e distribuídas regularmente sobre toda a floresta a ser manejada.

Assim como no sistema uniforme, no sistema de floresta de cobertura em faixa, o

número, a freqüência dos cortes de condução da regeneração, a amplitude e o espaçamento entre

as faixas, variam de acordo com a espécie, localidade, desenvolvimento de regeneração, e outros

fatores relacionados à ecologia da espécie e características do sitio.

124

Page 126: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Na prática, o número de sucessivos cortes de condução da regeneração não são

constantes para todas as faixas, já que em algumas faixas a regeneração pode desenvolver-se mais

rapidamente do que em outras. Desta forma o número de faixas sucessivas com regeneração em

um certo tempo pode variar, embora teoricamente elas sejam geralmente 3: estádio de muda,

estádio secundário e estádio final, seguindo respectivamente esta ordem quanto a sua idade.

Vantagens: Proporciona uma melhor proteção da floresta contra a ação dos ventos; favorece a

regeneração das espécies exigentes de luz; minimiza os danos ao povoamento durante as

operações de corte e extração; melhor controle do progresso da regeneração; proporciona uma

melhor aparência à floresta devido a diversidade de estratos.

Desvantagens: As atividades silviculturais não são concentradas em uma única área, o que

aumenta ainda mais os custos de condução do povoamento; o sistema demanda um rigoroso e

específico mapeamento da área e faixas de regeneração.

Aplicação •

Este método segundo Matthews (1994), foi utilizado a ± 150 anos em povoamentos

puros de abeto vermelho na Noruega com adição de espécies exigentes de luz e tolerante à

sombra.

À partir da 2ª guerra vem sendo praticado no sudeste da Alemanha, com algumas

adaptações para favorecer as espécies locais.

b) Sistema de Faixa em Grupos

Este sistema é uma modificação do sistema de floresta de cobertura em faixa. De modo

geral, o planejamento com relação a abertura do dossel e as faixas são iguais, somente o modo de

como são executados esses cortes é que difere.

No primeiro caso o corte de semeadura consiste de uma abertura total do dossel

dispostos em faixas espaçadas regularmente sobre toda a área. Já para o segundo caso, a abertura

do dossel superior também é feita em faixas, porém não é removida toda a cobertura florestal da

faixa. A intenção é de favorecer grupos de espécies de interesse e com crescimento superior.

São abertas pequenas clareiras com um diâmetro médio variando entre 30-50 m,

dependendo do sítio e das características ecológicas da(s) espécie(s) envolvida(s).

125

Page 127: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Estas clareiras destinadas a favorecer o desenvolvimento dos grupos de espécies de

interesse são ampliadas continuamente com o passar dos anos.

O progresso dos cortes (de regeneração, secundário e colheita) e a forma das faixas são

pouco regulares neste sistema, quando comparadas com o sistema de floresta de cobertura em

faixa.

Vantagens: A regeneração pode ser estabelecida de maneira mais simples e rápida, por favorecer

grupos de indivíduos com melhor desenvolvimento; a formação de estratos de diferentes idades e

tamanho, proporcionam uma melhor proteção aos estádios mais jovens; os povoamentos mistos

podem ser facilmente conduzidos; e a aparência da floresta torna-se mais atraente à fauna.

Desvantagem: A maior desvantagem está nos danos causados ao estoque de regeneração das

espécies de interesse, durante a exploração. Estes danos tornam-se maiores quando a área possui

uma inclinação elevada.

Este sistema foi amplamente utilizado por H. von Huber, do serviço florestal alemão,

especificamente na Bavaria e toda Europa Central.

14.9 Sistema tropical de floresta de cobertura

Este sistema é uma modificação do sistema uniforme de floresta de cobertura adaptado

às florestas tropicais úmida, na qual o corte de semeadura consiste de uma abertura geral do

dossel superior. Esta abertura é feita pelo corte de cipós, progressiva redução do estoque de

árvores medianas através de desbastes, e anelamento e envenenamento das árvores sem interesse

comercial.

O sistema tropical de floresta de cobertura consiste basicamente na conversão da floresta

nativa em uma floresta mais uniforme, sob o ponto de vista da altura e homogeneidade da

composição das espécies de interesse econômico. As atividades de condução da regeneração

são reduzidas, geralmente, em duas operações: cortes de semeadura (regeneração) e cortes de

melhoramento e seleção, incluindo o desbaste.

Normalmente os cortes de semeadura consistem simplesmente, na liberação da

regeneração já existente, embora ocorram situações em que se faz necessário o emprego da

regeneração artificial.

126

Page 128: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Os cortes de melhoramento e seleção são utilizados para explorar a madeira das "árvores

maduras", assim como, remover as árvores defeituosas e sem valor comercial, que estiverem

competindo e interferindo negativamente no desenvolvimento dos indivíduos de maior interesse.

O sistema tropical de floresta de cobertura difere do sistema uniforme nos seguintes

aspectos: o sistema tropical de cobertura mantém o dossel superior da floresta fechada, formando

uma cobertura alta da floresta das espécies de interesse com boas características florestais e boa

produção de sementes; difere ainda por manter na floresta, todos os indivíduos da(s) espécie(s) de

interesse pertencentes as diversas classes de desenvolvimento.

Este sistema é bastante difundido nas florestas tropicais do mundo, variando de acordo

com as características particulares de cada região.

A Tabela 28, serão apresentados de maneira resumida, as principais atividades

envolvidas no sistema tropical de floresta de cobertura.

Os cortes na floresta prosseguem através da seleção e melhoramento, explorando as

árvores “maduras” e eliminando as indesejadas, proporcionando condições favoráveis para que os

estratos inferiores desenvolvam-se e ocupem o dossel superior, formando assim um sistema

policíclico de exploração da floresta.

TABELA 28 - Síntese das principais atividades envolvidas no sistema tropical de floresta de cobertura, nas suas mais variadas formas de aplicação.

Atividades Período

1 - Inventário detalhado e demarcação das sub-áreas de regeneração (talhões com ± 250 ha) a -2

2 - Remoção das trepadeiras e eliminação das árvores indesejadas (envenenamento ou anelamento) a - 1

3 - Exploração das árvores “maduras” da (s) espécie (s) de interesse e remoção do sub-bosque indesejado a

4 - Tratos silviculturais (favorecer os indivíduos de interesse e eliminar os danos ocasionados durante a exploração), se necessário, efetuar a regeneração artificial

a + 1

5 - Corte de melhoramento e seleção (desbaste), limpeza do sub-bosque (eliminação dos indivíduos indesejados) e remoção de cipós a + (2 a 6)

6 - Acompanhamento do crescimento do povoamento (Inventário) e exploração das árvores “maduras” tempo de exploração da floresta a + n

a = ano da exploração comercial n = período do ciclo de corte Todas estas operações devem ser conduzidas separadamente nos talhões de regeneração de forma intercalada com ações anuais.

127

Page 129: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Vantagens: O estoque de crescimento poderá ser enriquecido com espécie(s) de interesse através

da condução da regeneração ou por regeneração artificial; a divisão da floresta em talhões de

regeneração, favorece o controle e o acompanhamento do desenvolvimento e crescimento da(s)

espécie(s) de interesse; o custo total da regeneração é reduzido; a regeneração desenvolve-se em

condições de rápido estabelecimento e desenvolvimento; não expõe o solo, reduzindo os riscos de

erosão; mantém na área as árvores porta-sementes até que a regeneração seja estabelecida.

Desvantagem: Só produz receita após um certo período de tempo gasto na preparação da

floresta, ou seja, apresenta um alto custo inicial de transformação da floresta.

Aplicação: •

Na Malásia o sistema tem sido aplicado nas florestas de Dipterocarpaceas, com uma

estrutura de multi-estoque, a qual é conhecido como "Sistema Malaio Uniforme".

O ponto chave do sucesso deste sistema é a presença constante na floresta, dos cortes de

condução da regeneração, favorecendo as espécies de interesse, principalmente a espécie Shorea

leprosula (Dipterocarpaceae).

Em Uganda, o sistema é aplicado em 2 grandes grupos de florestas tropicais semi-

decídua. O primeiro ocorre na Costa Norte e Noroeste do lago Victória, chamado de Mengo do

Sul; o segundo grande grupo, estende-se do Norte de Masindi ao Sul de Ruanda, chamado de

floresta de Budongo, Bugoma e Toro. As espécies predominantes nas florestas mistas destas

áreas são: Khaya anthotheca, Entandrophragma angolense, E. cylindricum, E. utile, Lovoa

brownii, Chlorophora excelsa, entre outras, incluindo alguns gêneros da família Meliaceae com

valor comercial.

Na Índia o sistema é aplicado às florestas onde a espécie Shorea robusta

(Dipterocarpaceae) apresenta um padrão agregado de distribuição sobre uma área com uma

ampla variação edáfica e climática. Nestas florestas, 5-6 anos após a primeira intervenção inicia-

se o desbaste da regeneração e uma gradual remoção do sub bosque. O processo de

transformação da floresta, completa-se por volta do 10° - 12° ano.

Em síntese o objetivo do sistema neste caso baseia-se em elevar o dossel superior das

espécies de interesse e reduzir o número de classes de idade na floresta.

O sistema tropical de floresta de cobertura é também aplicado em outras regiões,

obtendo resultados satisfatórios como no caso da Nigéria, Guiana Inglesa e Trinidad e Tobago.

128

Page 130: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Em alguns casos, o sistema original sofreu modificações, objetivando-se proporcionar melhores

condições de desenvolvimento da espécie de interesse e ajustar o sistema às condições locais.

Estas modificações são conhecidas por outras denominações como: Método do plantio sob abrigo

temporário em Trinidad e Tobago, entre outros.

129

Page 131: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

15 SISTEMA DE MANEJO

O sistema de manejo utilizado para a candeia é o de corte seletivo, para o qual devem ser

observadas as seguintes informações:

• Inventário florestal;

• Análise da estrutura da vegetação;

• Peso de óleo contido nas diversas classes diamétricas;

• Número de moirões contidos nas diversas classes diamétricas;

• Ritmo de crescimento em diâmetro das árvores;

• Critério de floresta balanceada;

• Plano de manejo propriamente dito.

Após a aplicação do plano é crucial o cuidado com a floresta remanescente.

Especificamente no caso da candeia o cuidado deve ser em estimular o desenvolvimento da

regeneração natural, assim como em conduzi-la para gerar uma nova floresta, com potencial

comercial.

15.1 O critério de floresta balanceada

Para que os fragmentos com candeia possam ser conduzidos conforme este critério, é

necessário ajustar o modelo de Meyer em sua forma logarítmica:

XLnLnY i10i β+β=

no qual Y é o número de árvores correspondente à i-ésima classe diamétrica; Xi é o valor central

da classe diamétrica; β são os parâmetros a serem estimados no ajuste do modelo; e Ln é o

logaritmo natural.

is

Com esse modelo ajustado, pode-se obter o quociente de De Lioucourt (q), que nada

mais é que a razão entre o número de árvores das classes diamétricas sucessivas, sendo o número

de árvores em cada classe diamétrica estimado pela equação ajustada.

Para alcançar o modelo de floresta balanceada deve-se:

130

Page 132: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Definir a área basal remanescente (Gremanescente);

• Redefinir o novo valor do Quociente de De Lioucourt;

• Redefinir ou não o diâmetro máximo (Dmax) para a floresta remanescente;

• Calcular o novo valor de β como: 0

[ ]

++π=β

βββ eX...eXeX

nteGremanesce40000LnmaxD12111 X2

maxDX2

2X2

10

Calcular o novo valor de β como: 1

XXLnq

)1i(i1

+−=β

Maiores detalhes sobre o método podem ser encontrados em Campos, Ribeiro e Couto

(1983), Lima (1997) e Scolforo (1998).

15.2 Plano de manejo propriamente dito

O plano deve considerar somente a remoção da candeia. Todas as demais espécies

devem ser consideradas proibidas de corte. A definição de quantas plantas serão removidas por

classe diamétrica será através da expressão desenvolvida por Scolforo (1998):

Fi.PS20NEiPROIBNEiDi

NEiDiNRs

1i

s

1i

∑−

=

= =

Onde:

NR - Número de indivíduos a serem removidos da i-ésima espécie;

NEiDi - Número de indivíduos a serem removidos na i-ésima classe

131

Page 133: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

diamétrica;

∑=

s

1iNEiDi - Número total de árvores na i-ésima classe diamétrica;

s - Número de espécies;

PS20NEiPROIB - Número de árvores das espécies proibidas de corte na i-ésima classe

de diâmetro (NEPROIB) no plano de manejo e a exigência de deixar

no mínimo 20% de plantas de candeia como porta sementes em cada

classe de diâmetro (20PS);

Fi - Freqüência a ser removida da i-ésima classe pelo conceito de floresta

balanceada.

Para que esta expressão possa ser efetiva na definição de um plano de manejo sustentado

deve-se obrigatoriamente considerar:

• Em qualquer circunstância cada classe diamétrica ficará com no mínimo 20% como porta

sementes;

• Peso de óleo existente por planta associado ao número de árvores por classe diamétrica; ou o

número de moirões + o peso de óleo dos galhos por classe diamétrica;

• Ritmo de crescimento das plantas nas diferentes classes diamétricas;

• Conceito da floresta balanceada;

• Necessidade de definir um diâmetro mínimo de corte com base nos 3 últimos critérios

mencionados.

15.2.1 Plano de manejo para produção de óleo em fragmento situado no município de

Baependi - MG

Definida a estratégia de como implantar o plano, já é possível ajustar o modelo de

Meyer na forma logarítmica. Para fins de exemplificação será utilizada a equação

, para a qual o quociente de De Lioucourt foi igual a 1,5747. O plano

adotado foi o que teve quociente de De Lioucourt (q) igual a 2,2 vezes o valor do q original

(1,5747) para uma área basal remanescente de 40% e um diâmetro máximo remanescente de 30

e778,124N CLD091,0^

−=

132

Page 134: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

cm. Esta opção de plano implicou numa exploração de 13,394 m /ha ou 25,625 mst/ha (Tabela

29).

3

ANTES DA EXPLORAÇÃO

VC N

Volume de fuste + galhos ≥ 3 cm observado

3

Volume de fuste + galhos ≥

3 cm (mst)

Peso seco de fuste + galhos ≥ 3 cm observado

(kg/ha)

Peso de óleo de fuste + galhos ≥ 3 cm observado

(kg/ha)

Área basal observada

(m /ha) 2

7,5 5,22 4,548 10,37 3032,647 3,01 31,201 1,430 12,5 111,06 6,49 5,251 10,45 3541,913 3,75 1,363 17,5 29,03 8,85 3,501 5,67 4,62 26,236 0,698 22,5 4,32 8,93 1,76 590,333 4,00 7,031 0,172 27,5 8,94 1,609 2,78 1107,905 4,95 13,754 0,315 32,5 2,78 7,70 1,047 1,95 749,183 5,05 0,231 37,5 0,93 6,80 0,422 0,79 5,46 4,311 0,103 67,5 1,28 15,00 6,82 2520,381 5,11 34,846 0,458

Média 4,49 Total 478,39 20,917 40,59 14172,389 4,769

REMOVIDO A PARTIR DO PLANO DE MANEJO

N removida

Volume removido de fuste + galhos ≥ 3

cm (m /ha) 3

FE

Volume removido de fuste + galhos ≥

3 cm (mst)

(R$/ha)2

Peso de óleo

removido de fuste + galhos ≥

3 cm (kg/ha)

Renda do óleo

(US$/ha) 3

(kg/ha)

Renda do óleo

removido de galhos

< 3 cm (US$/ha)3

Peso de óleo

removido das

folhas (kg/ha)

Renda do óleo das folhas

3

Renda total da

venda do óleo

(US$/ha)3

7,5 2,184 2,28 4,979 298,77 14,981 269,66 1,698 1,190 21,43 321,65 12,5 62,49 2,955 5,880 352,78 22,055 396,99 2,000 36,00 1,357 457,41 17,5 15,01 1,810 1,62 2,933 13,566 244,18 0,864 15,55 0,654 11,77 271,50 22,5 0,28 0,057 2,02 0,114 6,86 0,456 0,029 0,53 0,017 0,30 9,03 27,5

TABELA 29 - Número de plantas com diâmetro maior que 5cm de diâmetro por classe diamétrica, média aritmética das alturas, volume, peso seco, peso de óleo e área basal por hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada quando comercializada para produção de óleo.

Peso de óleo (kg/mst)

H(m /ha)

323,69 39,197

2317,731 0,873

5,30 9,851

312,295 3,665

166,427

Peso de óleo

removido de galhos

< 3 cm

Renda da madeira VC

(US$/ha)

155,42 30,56 1,99 24,43

175,96 8,20

4,13 1,254 1,73 2,170 130,17 10,718 192,92 0,703 12,65 0,301 5,41 210,98 32,5 2,78 1,047 1,86 1,947 116,84 9,851 177,31 0,789 14,20 0,194 3,49 195,00 37,5 0,93 0,422 0,786 47,14 4,311 77,60 0,408 7,35 0,043 0,78 85,73 67,5 1,28 3,665 1,86 6,816 408,97 34,846 627,23 1,306 23,52 -0,664 -11,95 638,79 Total 242,32 13,394 1,921 25,625 1537,49 110,783 1994,09 7,797 140,35 3,092 55,66 2190,10

1,86

Onde: VC - Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ≥ 5 cm por hectare; H - Média aritmética das alturas (m); FE - fator de empilhamento. 1 Valor ponderado pelas classes diamétricas. 2 R$ 60,00 é o valor de venda da cada mst. 3 US$ 18,00 é o valor de venda do óleo na forma bruta.

Biologicamente, o volume e o número de plantas removidos são consistentes com o

grupo ecológico das pioneiras ao qual a candeia pertence. Assim, para se desenvolver, ela

necessita de muita luminosidade, o que será obtido com o plano proposto, que propiciará o dobro

de espaçamento entre plantas em relação àquele que a vegetação apresenta naturalmente,

133

Page 135: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

ocasionando um desenvolvimento mais acelerado do estoque das plantas que estão no estrato das

dominadas e codominadas.

A execução deste plano gerará uma renda/ha de R$ 1.537,49 ao agricultor pela venda da

madeira de fuste mais galhos até 3 cm de diâmetro com casca. Se forem incluídos os galhos com

menos de 3 cm de diâmetro serão agregados R$ 108,21 ou 7,038% a mais na renda do agricultor.

Incluindo-se as folhas, a renda aumenta em R$ 42,91 ou 2,79% em relação a venda de madeira do

fuste mais galhos com diâmetro maior ou igual a 3 cm.

Um aspecto interessante é que extraindo óleo apenas do fuste e de galhos com diâmetro

maior ou igual a 3 cm, haverá uma renda de US$ 1.994,00/ha. Utilizando-se, também, galhos

com diâmetro menor que 3 cm e folhas, a renda aumentará em US$ 140,35 e US$ 55,66

respectivamente, ou seja, 9,83% a mais de renda em relação a situação anterior.

Estes valores de renda (US$ 1.994,00 ou US$ 2.190,10) e a estrutura relativamente

simples para extrair o óleo da candeia (picador + autoclave + caldeira + galpão + pátio de

estocagem) indicam que é interessante definir uma política pública de apoio aos agricultores da

região para extração e comercilização do óleo de candeia em um sistema de cooperativa, o que

propiciará um significativo aumento na renda por eles obtida.

15.2.2 Plano de manejo para produção de moirões e de óleo (resíduos) em fragmento situado

no município de Baependi - MG

A estratégia de intervenção usada aqui é idêntica a do plano para produção de óleo.

Como exemplo, será usado o modelo de Meyer, considerando o diâmetro mínimo de medição

igual a 7 cm, que resultou na equação: , para a qual o quociente de

De Lioucourt foi de 1,5260. O plano de manejo adotado para a produção de moirões foi similar

ao adotado para a produção de óleo, no qual o quociente de Lioucourt foi 2,2 vezes o valor do

quociente original (1,526), a intensidade de remoção em área basal foi de 60% e o diâmetro

máximo de condução dos candeais foi de 30 cm. Esta opção de plano implicou numa exploração

de 12,154 m

CLD008453,0^e13817,95N −=

3/ha ou 22,504 mst/ha, dos quais 5,256 m3 ou 9,788 mst foram utilizados para

produção de moirões e os 6,897 m3 ou 12,716 mst de galhos podem ser utilizados para óleo ou,

numa situação menos nobre, para energia (Tabela 30).

134

Page 136: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Biologicamente as considerações são as mesmas já feitas quando se tratou do plano de

manejo visando o uso da madeira apenas para a produção de óleo.

A execução deste plano implicará numa renda de R$ 1.238,59/ha ao agricultor pela

venda da madeira do fuste após o desdobro para moirões. Se o volume dos galhos ≥ 3 cm de

diâmetro forem vendidos como madeira para produção de óleo, a renda aumentará em R$ 762,95,

totalizando R$ 2.001,54/ha, o que mostra a potencialidade deste plano de manejo para a candeia.

TABELA 30 - Número de plantas com diâmetro maior que 5 cm por classe diamétrica, média aritmética das alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada quando comercializada para produção de moirões e os galhos para produção de óleo.

ANTES DA REMOÇÃO

VC N H

Volume de fuste +

galhos ≥ 3 cm

observado (m3/ha)

Volume de fuste

+ galhos ≥ 3 cm (mst)

Volume do fuste

observado(m3/ha)

Volume do fuste

(mst)

Volume dos galhos

≥ 3 cm observado

(m3/ha)

Proporção de volume de galhos

em relação ao volume do fuste

Área basal

observada(m2/ha)

Número de

moirões

Número de

moirões por mst

em relação

ao volume do fuste + galhos ≥ 3cm

Número de

moirões por mst

em relação

ao volume do fuste

7,5 125,28 5,67 1,884 4,29 1,367 3,12 0,517 0,378 0,553 110,4 25,7 35,4 12,5 111,06 6,49 5,251 10,45 3,007 5,98 2,244 0,746 1,363 235,9 22,6 39,4 17,5 29,03 8,85 3,501 5,67 1,793 2,9 1,708 0,952 0,698 153,3 27,0 52,9 22,5 4,32 8,93 0,873 1,76 0,393 0,79 0,480 1,221 0,172 32,3 18,3 40,9 27,5 5,30 8,94 1,609 2,78 0,654 1,13 0,956 1,462 0,315 51,8 18,6 45,8 32,5 2,78 7,70 1,047 1,95 0,379 0,70 0,668 1,762 0,231 27,1 13,9 38,7 37,5 0,93 6,80 0,422 0,79 0,138 0,26 0,284 2,058 0,103 9,1 11,5 35,0 67,5 1,28 15,00 3,665 6,82 1,038 1,93 2,626 2,530 0,458 89,3 13,1 46,3

Média 1,389 18,8 41,8 Total 279,98 18,253 34,51 8,769 16,81 9,484 3,893 709,0

Continua ...

135

Page 137: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 30, continuação ... REMOVIDO A PARTIR DO PLANO DE MANEJO

VC N removida

Número de

moirões removidos

Volume de fuste + galhos ≥ 3

cm removidos

(m3)

Volume de

moirões removidos

(m3)

FE

Volume de fuste + galhos ≥ 3

cm removidos

(mst)

Volume de

moirões removidos

(mst)

Volume de galhos não

aproveitados como

moirão (m3)

Volume dos galhos não

aproveitados como

moirão (mst)

Renda advinda

dos moirões (R$/ha)

Renda advinda

do volume

de galhos para óleo

(R$/ha)

Renda total

(R$/ha)

7,5 15,49 13,6 0,233 0,169 2,28 0,531 0,385 0,064 0,146 39,84 8,75 48,59 12,5 70,32 149,3 3,325 1,904 1,99 6,616 3,788 1,421 2,828 436,07 169,68 605,75 17,5 16,89 89,2 2,037 1,043 1,62 3,300 1,690 0,994 1,610 260,44 96,62 357,06 22,5 0,71 5,3 0,143 0,065 2,02 0,290 0,131 0,079 0,159 15,49 9,56 25,05 27,5 4,22 41,2 1,281 0,521 1,73 2,217 0,901 0,761 1,316 120,33 78,98 199,31 32,5 2,78 27,1 1,047 0,379 1,86 1,947 0,704 0,668 1,243 79,11 74,58 153,69 37,5 0,93 9,1 0,422 0,138 1,86 0,786 0,257 0,284 0,528 26,56 31,70 58,26 67,5 1,28 89,3 3,665 1,038 1,86 6,816 1,931 2,626 4,885 260,75 293,09 553,84

Média Total 112,62 424,2 12,154 5,256 1,92* 22,504 9,788 6,897 12,716 1238,59 762,95 2001,54

VC - Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ≥ 5 cm por hectare; H - Média aritmética das alturas (m); FE - fator de empilhamento. * Valor ponderado pelas classes diamétricas. R$ 35,00 - preço da dúzia de moirões. R$ 2,92/moirão.

O plano de manejo visando a produção de moirões e de óleo dos resíduos da madeira

gera mais renda do que o plano em que se objetiva apenas a produção de óleo. Contudo, deve-se

considerar que:

• Os custos com o desdobro dos moirões são mais altos que os incorridos com a venda da

madeira para a produção de óleo;

• Os custos da comercialização dos, quando se usa a madeira para produzir óleo, não existem;

• Os custos da comercialização dos moirões são mais altos que a venda da madeira para

produção de óleo;

• Produzindo óleo, o agricultor pode se organizar em cooperativas para vender o alfabisabolol

extraído da madeira. Com isso, sua renda será maior, comparado à situação em que vendia

madeira, produto primário com pequeno valor agregado.

15.2.3 Plano de manejo para produção de moirões (E. incanus) e óleo (E. erythropappus) em

fragmento situado no município de Carrancas - MG

Na Tabela 31 é apresentado um plano de manejo para um valor de De Lioucourt igual ao

valor original, assim como uma remoção de 60% da área basal de candeias. Pode-se observar que

a renda é de apenas R$ 475,00 por hectare. No entanto, pode-se considerar que este valor é

136

Page 138: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

significativo, já que os candeais estão em uma área típica de cerrado sensu stricto e sua existência

se deve à ação do proprietário João Alves Taveira, nos últimos 10 anos.

TABELA 31 - Número de plantas com diâmetro maior que 5 cm por classe diamétrica, média aritmética das alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada quando comercializada para produção de moirões (Eremanthus incanus) e para produção de óleo (Eremanthus erythropappus).

ANTES DA REMOÇÃO

Número de plantas/ha

Número de plantas/ha

Volume observado do fuste + galhos ≥ 3

cm (m3/ha)

Volume observado do fuste + galhos ≥

3 cm (m3/ha) VC

E. erythropappus E. incanus

Número total de plantas/ha H

Área basal (m2/ha)

E. erythropappus E. incanus

FE

6 45,33 166,67 212,00 3,9 0,5716 0,3602 1,0792 2,2 8 28,67 82,67 111,34 4,6 0,5487 1,1260

16,00 46,00 0,6728 12 16,67

9,33 0,1411 2,0 3,33 0,0865 1,9

2,00 6,00 0,1521 0,2257 0,3192 1,9 20 0,67 2,00 2,67 0,0804 0,0769 0,2112

0,4404 2,1 10 30,00 5,1 0,3487 0,4265 2,1

9,33 26,00 5,2 0,2885 0,3551 0,5774 2,0 14 3,33 6,00 5,4 0,1751 0,2905 16 2,00 1,33 6,3 0,0675 0,1675 18 4,00 5,8

5,9 1,9 26 0,00 1,33 1,33 6,6 0,0679 0,0000 0,2706 1,8

107,33 310,67 418,00 - 2,2655 2,2274 4,6334 2,1

ANTES DA REMOÇÃO

Volume observado do fuste (m3/ha)

Volume observado dos galhos ≥ 3 cm

(m3/ha)

Proporção do volume dos galhos em relação ao

fuste

Número de moirões por

hectare

Número de moirões em relação ao volume do

fuste + galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

Número de moirões em relação ao volume do

fuste + galhos ≥ 3 cm

(mst/ha)

Número de moirões em relação ao volume do

fuste (m3/ha)

Número de moirões em relação ao volume do

fuste (mst/ha)

E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus 0,8174 0,2618 0,3203 - - - - - 0,7510 0,3750 0,4993 53,31 47,34 22,55 70,99 33,80 0,4064 0,2664 0,6555 28,59 42,49 20,24 70,35 33,50 0,3222 0,2552 0,7921 22,71 39,33 19,67 70,48 35,24 0,1506 0,1399 0,9290 10,44 35,94 17,97 69,32

0,1170 1,2420 30,68

-

34,66 0,0424 0,0442 1,0425 2,92 33,76 17,77 68,87 36,25 0,1458 0,1732 1,1879 9,68 30,33 15,96 66,39 34,94 0,0942 6,48 16,15 68,79 36,21 0,1077 0,1629 1,5125 7,50 27,72 15,40 69,64 38,69 2,8377 1,7956 0,4627 141,63 - - -

VC - Valor central da classe diamétrica; FE -Fator de empilhamento. Continua ...

137

Page 139: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 31, continuação ...

APÓS A REMOÇÃO

Número de plantas removidas/ha

Número de plantas removidas/há

Número de moirões removidos/ha

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3 cm

(mst/ha)

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3 cm

(m3/ha) E. erythropappus E. incanus E. incanus E. incanus

6 36,30 - - - - 8 22,93 66,13 42,64 0,9007 1,8915

10 11,32 21,23 20,23 0,4761 0,9998 12 6,38 11,40 15,53 0,3949 0,7897 14 1,54 2,77 4,82 0,1341 0,2682 16 0,16 0,11 0,24 0,0072 0,0136 18 1,38 2,75 6,66 0,2195 0,4170 20 0,38 1,14 3,69 0,1204 0,2287 26 - 1,07 6,03 0,2177 0,3919

80,39 106,60 99,85 2,4705 5,0004

VC

E. incanus

APÓS A REMOÇÃO

Volume de moirões

removidos (m3/há)

Renda advinda dos moirões

(R$/ha)

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3 cm (mst/ha)

Renda advinda do fuste + galhos para óleo (R$/ha)

E. incanus E. incanus E. erytropappus E. erytropappus E. erytropappus

Renda total

(R$/ha)

- 0,6346 38,07 0,6007 124,52 0,7397 0,2876 59,08

0,1002 0,2959 37,19 0,0436 0,0829

17,62 0,00 1,4223 291,56

0,3522 44,38 168,90 0,3017 0,6337 38,02 97,10

0,2203 45,35 0,2428 0,4856 29,14 74,49 0,0695 14,07 0,0810 0,1620 9,72 23,79 0,0035 0,71 0,0134 0,0255 1,53 2,23

19,43 0,1557 17,75 0,0537 10,79 4,97 15,76 0,0866 - - 17,62

1,4790 3,0598 183,59 475,15

- 0,2884 38,07

VC - Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ≥ 5 cm por hectare; H - Média aritmética das alturas (m); FE - fator de empilhamento. * Valor ponderado pelas classes diamétricas. R$ 35,00 - preço da dúzia de moirões. R$ 2,92/moirão.

15.2.4 Plano de manejo para produção de moirões das espécies E. incanus e E. erythropappus

para produção de óleo dos resíduos da Eremanthus erythropappus em fragmento

situado no municípo de Carrancas - MG

Este plano de manejo gerou uma renda de R$ 540,28/há, valor menor que o obtido em

áreas onde há candeiais formados. Entretanto, como já considerado anteriormente, a instalação da

candeia na área ocorreu a partir dos 10 últimos anos por meio da dispersão de sementes pelo

agricultor João Alves Taveira. Sob esta ótica, a renda propiciada pelo plano de manejo é bastante

razoável.

138

Page 140: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 32 - Número de plantas com diâmetro maior que 5 cm por classe diamétrica, média aritmética das alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada quando comercializada para produção de moirões e os galhos para produção de óleo.

ANTES DA REMOÇÃO

Número de plantas/ha

Número de plantas/ha

Volume observado do fuste + galhos ≥ 3

cm (m3/ha)

Volume observado do fuste + galhos ≥ 3

cm (m3/ha) VC

E. erythropappus E. incanus

Número total de

plantas/ha H

Área basal (m2/ha)

E. erythropappus E. incanus

FE

6 45,33 166,67 212,00 3,9 0,5716 0,3602 1,0792 2,28 28,67 82,67 111,34 4,6 0,5487 0,4404 1,1260 2,110 16,00 30,00 46,00 5,1 0,3487 0,4265 0,6728 2,112 9,33 16,67 26,00 5,2 0,2885 0,3551 0,5774 2,014 3,33 6,00 9,33 5,4 0,1411 0,1751 0,2905 2,016 2,00 1,33 3,33 6,3 0,0675

4,6334

0,1675 0,0865 1,918 2,00 4,00 6,00 5,8 0,1521 0,2257 0,3192 1,920 0,67 2,00 2,67 5,9 0,0804 0,0769 0,2112 1,926 0,00 1,33 1,33 6,6 0,0679 0,0000 0,2706 1,8

107,33 310,67 418,00 - 2,2665 2,2274 2,1

ANTES DA REMOÇÃO

Volume observado

do fuste (m3/ha)

Volume observado

dos galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

Proporção do volume dos galhos em relação

ao fuste

Número de moirões/há

Volume observado do fuste (m3/ha)

Volume observado dos galhos ≥ 3 cm

(m3/ha)

Proporção do volume de galhos

em relação ao fuste

Número de moirões/ha

E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. erythropappus E. erythropappus E. erythropappus E. erythropappus 0,8174 0,2618 0,3203 - 0,2832 0,0770 0,2719 - 0,7510 0,3750 0,4993 53,31 0,3073 0,1330 0,4328 23,92 0,4064 0,2664 0,6555 28,59 0,2752 0,1512 0,5494 22,14 0,3222 0,2552 0,7921 22,71 0,2038 0,1513 0,7424

0,1399 10,44 6,86

7,50 1,3895 0,8378 0,4505

15,36 0,1506 0,9290 0,0932 0,0819 0,8788 0,0424 0,0442 1,0425 2,92 0,0847 0,0828 0,9776 6,51 0,1458 0,1732 1,1879 9,68 0,1081 0,1176 1,0879 8,33 0,0942 0,1170 1,2420 6,48 0,0340 0,0430 1,2647 2,36 0,1077 0,1629 1,5125 - - - - 2,8377 1,7956 0,4627 141,63 85,48

VC - Valor central da classe diamétrica; FE -Fator de empilhamento. Continua ...

139

Page 141: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 32, continuação ... APÓS A REMOÇÃO

Número de plantas

removidas/ha

Número de plantas

removidas/há

Número de moirões

removidos/há

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

Volume removido do fuste + galhos ≥ 3

cm (mst/ha)

Volume de moirões

removidos (m3/ha)

Número de moirões removidos/ha

Volume removido do fuste + galhos ≥

3 cm (m3/ha) VC

E. erythropappus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. incanus E. erythropappus E. erythropappus 6 36,30 - - - - - - 0,2884 8 22,93 66,13 42,64

15,66

56,08

0,9007 1,8915 0,6007 19,13 0,3522 10 11,32 21,23 20,23 0,4761 0,9998 0,2876 0,3017 12 6,38 11,40 15,53 0,3949 0,7897 0,2203 10,50 0,2428 14 1,54 2,77 4,82 0,1341 0,2682 0,0695 3,17 0,0810 16 0,16 0,11 0,24 0,0072 0,0136 0,0035 0,52 0,0134 18 1,38 2,75 6,66 0,2195 0,4170 0,1002 5,75 0,1557 20 0,38 1,14 3,69 0,1204 0,2287 0,0537 1,34 0,0436 26 - 1,07 6,03 0,2177 0,3919 0,0866 - -

80,39 106,60 99,85 2,4705 5,0004 1,4223 1,4790

APÓS A REMOÇÃO

Volume removido do fuste + galhos

≥ 3 cm (mst/ha)

Volume de moirões

removidos (m3/ha)

Volume removido de

fuste da classe de 6 cm e de

galhos ≥ 3 cm para as demais classes (m3/ha)

Volume removido de

fuste da classe de 6 cm e de

galhos ≥ 3 cm para as demais

classes (mst/ha)

Renda dos resíduos para óleo (R$/ha)

Total de moirões (No/ha)

Renda dos moirões (R$/ha)

Renda total (R$/ha)

E. erythropappus

E. erythropappus

E. erythropappus

E. erythropappus E.

erythropappus E.

erythropappus

E. erythropappus

E. incanus + E. incanus + E. incanus + E.

erythropappus 0,6346 - 0,00 0,2884 0,6345 41,24 - 41,24 0,7397 0,2458 0,1064 0,2234 14,52 61,78 180,38 194,90 0,6337 0,1947 0,1070 0,2246 14,60 35,90 104,82 119,42 0,4856 0,1394 0,1035 0,2069 13,45 26,03 76,02 89,47 0,1620

0,0193

0,0431 0,0379 0,0758 4,92 7,99 23,34 28,26 0,0255 0,0068 0,0066 0,0126 0,82 0,76 2,23 3,04 0,2959 0,0746 0,0811 0,1542 10,02 12,40 36,22 46,24 0,0829 0,0244 0,0463 3,01 5,03 14,69 17,71

- - - - - - - 3,0598 0,7236 0,7552 1,5783 102,59 149,89 437,69 540,28

VC - Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ≥ 5 cm por hectare; H - Média aritmética das alturas (m); FE - fator de empilhamento. * Valor ponderado pelas classes diamétricas. R$ 35,00 - preço da dúzia de moirões. R$ 2,92/moirão.

15.2.5 Plano de manejo para produção de moirões da espécie Eremanthus erythropappus em

fragmento situado no município de Morro do Pilar - MG

A equação utilizada para gerar o plano foi: , com

quociente de De Liocourt igual a 3,5898. O quociente de De Lioucourt foi igual a 2,2 o q

original, a área basal remanescente foi 40% da existente originalmente e o diâmetro máximo de

e11328,19479N CLD63904,0^

−=

140

Page 142: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

17 cm permaneceu inalterado. O plano para a área apresentou uma pequena remoção de moirões

(137,72 ou 14 dúzias/ha) provenientes de 175,20 plantas, embora exista um contigente

considerável de plantas na classe de 5 a 7 cm (857,69). A renda obtida foi de R$ 402,25, valor

considerado muito baixo dado o potencial da espécie na área em questão. No entanto, é

necessário considerar que recentemente houve uma grande remoção das plantas com mais que 7

cm para produção de moirões. Este fato ocorreu em época anterior ao início desta pesquisa.

Assim, o valor baixo da renda obtida neste plano não expressa o real potencial da candeia na área

em questão. É possível que, em uma situação normal, a renda obtida atinja um valor 4 a 5 vezes

maior que o obtido neste plano.

TABELA 33 - Número de plantas com diâmetro maior que 5 cm por classe diamétrica, média aritmética das alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada quando comercializada para produção de moirões e os galhos para produção de óleo.

ANTES DA REMOÇÃO

VC Número total de

plantas/ha H

Área basal

(m2/ha)

Volume observado do

fuste + galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

FE Volume

observado do fuste (m3/ha)

Volume observado dos galhos ≥ 3 cm

(m3/ha) 6 857,69 4,29 2,2957 6,2035 2,2 4,8372 1,3663 8 150,77 4,71 0,6957 2,0333 2,1 1,4059 0,6273

10 28,46 4,62 0,2115 0,6101 2,1 0,3720 0,2381 12 12,31 4,89 0,1355 0,4142 2,0 0,2307 0,1835 14 0,77 4,26 0,0111 0,0302 2,0 0,0153 0,0149 16 1,54

2,18 5,35 0,0316 0,1041 1,9 0,0503 0,0537

1051,54 - 3,3811 9,3954 6,9114 2,4838

ANTES DA REMOÇÃO

Proporção do volume de galhos em relação ao

fuste

Número de moirões por

hectare

Número de moirões em relação ao

volume do fuste + galhos ≥ 3cm

(m3/ha)

Número de moirões em relação ao

volume do fuste + galhos ≥ 3cm

(mst/ha)

Número de moirões em relação ao

volume do fuste (m3/ha)

Número de moirões em relação ao

volume do fuste (mst/ha)

0,2825 - - - - - 0,4462 104,44 51,3648 24,4594 74,2869 35,37

35,00 0,6401 26,27 43,0585 20,5041 70,6183 33,63 0,7954 16,15 38,9908 19,4954 70,0043 0,9739 0,97 32,1192 16,0596 63,3987 31,70 1,0676 3,48 33,4294 17,5944 69,1849 36,41 0,3233 151,31 198,9627 98,1129 0,4505 172,12

VC - Valor central da classe diamétrica; FE -Fator de empilhamento. Continua ...

141

Page 143: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 33, Continuação ... APÓS A REMOÇÃO

Número de plantas

removidas/ha

Número de moirões

removidos/ha

Volume removido do

fuste + galhos ≥ 3 cm (m3/ha)

Volume removido do

fuste + galhos ≥ 3

cm (mst/há)

Volume de moirões

removidos (m3/ha)

Volume de moirões

removidos (mst/ha)

Renda advinda

dos moirões (R$/ha)

6 - - - - - - - 8 134,48 93,16 1,8136 3,8086 1,2540 2,6334 272,01

10 26,40 24,37 0,5659 1,1885 0,3451 0,7247 71,16 12 12,05 15,81 0,4055 0,8109 0,2258 0,4517 46,16 14 0,74 0,93 0,0290 0,0580 0,0147 0,0294 2,72 16 1,53 3,46 0,1034 0,1965 0,0500 0,0949 10,10

175,20 137,72 2,9174 6,0625 1,8896 3,9341 402,15

VC

VC - Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ≥ 5 cm por hectare; H - Média aritmética das alturas (m); FE - fator de empilhamento. * Valor ponderado pelas classes diamétricas. R$ 35,00 - preço da dúzia de moirões. R$ 2,92/moirão.

142

Page 144: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

16 IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO NO CANDEAL

Em locais em que não há cursos d’água, o número de árvores de candeia a ser explorado

por classe diamétrica será uniformemente distribuído na área, sendo esta plana ou em declive.

Nos locais em que houver cursos d’água, serão adotados os seguintes procedimentos para

implementação do plano de manejo:

• Área plana - deixar como área de preservação permanente a área mínima prescrita em lei,

acrescida de pelo menos 10%;

• Área inclinada - deixar a área de preservação permanente prescrita em lei e, nas faixas

subsequentes a esta área, estabelecer um gradiente para remoção da candeia de forma que nas

faixas mais próximas haverá remoção de um número menor de plantas que o estabelecido

pelo plano de manejo original e, nas faixas mais distantes, haverá remoção de mais plantas

que o estabelecido no plano.

O número de árvores retirado em cada faixa subsequente deve ser definido de forma a

garantir que o número total de árvores a ser retirado da área seja igual ao prescrito no plano de

manejo. Este procedimento permite manejar corretamente o candeal e conservar o solo e a água

da microbacia em questão.

143

Page 145: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

17 PLANEJAMENTO DA EXPLORAÇÃO

Para explorar o candeal, pode-se ou não dividir a área em glebas, devendo ser esta

decisão tomada pelo responsável pela exploração.

A derrubada das árvores pode ser com o uso de machado e, ou, motosserra, fazendo-se

um corte em bisel a uma altura média de 10 cm.

No desgalhamento e no desdobro, pode-se usar machado ou foice. Para transportar a

madeira até o pátio de estocagem, que situa-se às margens de estradas localizadas no entorno dos

candeais, usam-se muares.

Este sistema de exploração se constitui em uma ação sensata de aproveitamento do

ambiente, uma vez que é de baixíssimo impacto ambiental, não envolve movimentação de terra e

gera emprego para o homem do campo.

144

Page 146: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

18 REGENERAÇÃO NATURAL

A utilização ou não de tratamentos silviculturais em áreas onde se quer incrementar a

regeneração natural da candeia depende de condições específicas de cada local e das condições

que o cercam. Nos casos em que, no sub-bosque do candeal, há grande incidência de plantas

invasoras, como capins, samambaias, etc, que impedem a incidência de luz sobre a semente,

recomenda-se efetuar uma limpeza a fim de eliminá-las. A aplicação de herbicidas, roçadas ou

até queima controlada são maneiras de limpar a área que podem ser adotadas, dependendo de

cada situação.

A candeia é uma espécie pioneira e a dispersão de suas sementes ocorre no período de

agosto a meados de novembro. Havendo incidência de luz direta nas sementes e chuvas para

aumentar a umidade, a regeneração natural pode ser intensa, promovendo o ocupação da área.

18.1 Exemplos de regeneração natural da candeia em povoamentos não sujeitos a

exploração

a) Caso de um fragmento situado no município de Baependi - MG

Nas Tabelas 34 e 35 são apresentadas as estruturas da regeneração natural para um

fragmento onde não houve corte das candeias adultas. Pode-se observar que a regeneração natural

da candeia foi abundante, porém inferior ao potencial da espécie, embora esta seja de longe a

espécie que mais ocorreu no sub bosque da vegetação amostrada. A justificativa para este fato é

que a candeia é uma espécie heliófila e, portanto, necessita de muita luminosidade para que as

sementes germinem e se desenvolvam, o que não ocorreu na vegetação em questão uma vez que a

área não foi explorada. Outra justificativa para a baixa regeneração é que as candeias adultas

estão concentradas em áreas onde o solo é do tipo Cambissolo, que inibem a regeneração.

Entretanto, com tratamentos de liberação adequados para o candeal adulto será possível

estimular a regeneração natural desta espécie para que o plano de manejo seja sustentável.

145

Page 147: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 34 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.

Espécie DA DR FA FR IVI PS1 PS2 PS3 PS4 PSR IVIA

Eremanthus erythropappus 1511,11 5,05 77,78 43,75 48,8 44,44 800 366,67 300 4,28 53,08

Outras espécies 8400 94,95 100 56,25 151,2 5555,56 18022,22 3133,33 1688,89 95,72 246,92 DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice de Valor de Importância; PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com 0,03 ≤ H < 1,5 m; Posição sociológica dos indivíduos com 1,5 ≤ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ≥ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.

Os números apresentados na Tabela 35 mostram que, apesar do sombreamento no sub-

bosque, que é limitante ao desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de

candeias na classe de altura entre 30 cm e 1,50 m (em média, 894,41 plantas/ha), mostrando a

potencialidade da área, mesmo sem qualquer tratamento de liberação.

TABELA 35 - Número de indivíduos de candeia e de outras espécies/ha, distribuídas em diferentes classes de altura.

Classes de Altura (m)

Parcela Espécie 0,30 1,50 1,50 3,00 > 3,00 (DAP < 5,0 cm) Total

894,41 366,7 250,0 1511,11 Média Outras 23544,4 3200,0 1655,6 28400,00 Candeia

Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração

natural da candeia, é apresentado na Figura 39 a distribuição espacial das plantas em 18 parcelas

(5x20m) amostradas em fragmento situado no município de Baependi, Minas Gerais. Em 4

parcelas não ocorreu regeneração da candeia, já que estas se encontravam em região de transição

com matas densas e de alto porte, o que dificulta a penetração de luz em seu interior.

146

Page 148: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

PARCELA 1

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 2

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 3

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 4

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 5

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 7

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 8

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 9

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 10

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 11

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 13

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 12

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 14

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 15

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 16

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 17

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 18

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 19

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

FIGURA 39 - Distribuição espacial da candeia (vermelho) e das demais espécies (azul) do sub-bosque da vegetação amostrada em fragmento situado no municípo de Baependi, MG.

147

Page 149: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

b) Caso de um fragmento situado no município de Carrancas - MG

Nas Tabelas 36 e 37 são apresentadas a estrutura da regeneração natural para um

fragmento onde não houve corte da candeia adulta. A regeneração natural da candeia foi

abundante, porém inferior ao potencial da espécie, embora esta seja de longe a espécie que mais

ocorreu no sub bosque da vegetação amostrada. Entretanto, com tratamentos de liberação

adequados para o candeal adulto será possível estimular a regeneração natural desta espécie para

que o plano de manejo seja sustentável.

TABELA 36 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.

Espécie DA DR FA FR IVI PS1 PS2 PS3 PS4 PSR IVIA

Eremanthus incanus 6640 92,74 100 62,5 155,24 0 3666,67 2506,67 466,67 94,25 249,48

Eremanthus erythropappus 520 7,26 60 37,5 44,76 0 213,33 133,33 173,33 5,75 50,52

DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice de valor de importância; PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com 0,03 ≤ H , 1,5 m; Posição sociológica dos indivíduos com 1,5 ≤ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ≥ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.

Os números apresentados na Tabela 37 mostram que, apesar de haver sombreamento no

sub-bosque, que é limitante ao desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de

plantas desta espécie nas seguintes classes de altura: entre 30cm e 1,50 m, em média 3666,67

plantas/há; entre 1,5 e 3,0 m, em média 2746,67 indivíduos; com mais de 3,0 m e menos de 5 cm

de diâmetro, 746,67 indivíduos. Estes números mostram a potencialidade da área mesmo sem ter

havido tratamentos de liberação para aumentar a luminosidade e reduzir a competição. São mais

significativos ainda, levando em conta que originalmente não havia candeia na área, sendo que

sua presença se deve a estímulos feitos gradativamente pelo homem.

TABELA 37 - Número de indivíduos de candeia distribuídas em diferentes classes de altura.

Classes de Altura (m) Parcela 0,30 1,50 1,50 3,00 ≥ 3,00

(DAP < 5,0 cm) Total

Média 3666,67 2746,67 746,67 7160,00

148

Page 150: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração

natural da candeia, é apresentado na Figura 40 a distribuição espacial das plantas em 15 parcelas

amostradas em fragmento situado no no município de Carrancas, Minas Gerais.

PARCELA 1

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Y (m

)

PARCELA 2

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 3

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 4

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 5

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 6

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 7

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 8

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 9

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 10

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 11

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 12

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 13

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 14

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 15

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

FIGURA 40- Distribuição espacial da candeia (vermelho) e das demais espécies (azul) do sub-

bosque da vegetação amostrada em fragmentos situado no município de Carrancas, MG.

149

Page 151: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

18.2 Exemplo de regeneração natural da candeia em um povoamento sujeito a exploração

As Tabelas 38 e 39 mostram a estrutura da regeneração natural de um fragmento de 800

há situado no município de Morro do Pilar, MG, que vem sofrendo exploração florestal intensiva

desde 1985, sendo que em 2000 foram retiradas 15000 dúzias de moirões de candeia. Nota-se que

a regeneração natural da candeia é abundante, possibilitando um manejo imediato para sua

condução, selecionando-se os melhores indivíduos para colher mais no menor prazo possível e

aumentar a rentabilidade do manejo.

TABELA 38 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.

Espécie DA DR FA FR IVI PS1 PS2 PS3 PS4 PSR IVIA

Eremanthus incanus 17907,69 99,91 100 92,86 192,77 0,00 3569,23 8800 5538,46 99,89 292,66

0,09 7,69 7,14 7,23 0,00 0,00 0,00 0,11 7,34 Outras espécies 15,38 15,38

DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice de Valor de Importância; PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com 0,03 ≤ H < 1,5 m; Posição sociológica dos indivíduos com 1,5 ≤ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ≥ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.

A Tabela 39 mostra que, apesar de haver sombreamento no sub-bosque, que é limitante

ao desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de plantas desta espécie nas

seguintes classe de altura: entre 30 cm e 1,50 m, em média 3569,23 plantas/há; entre 1,5 e 3,0 m,

em média 8815,38 indivíduos; com mais de 3,0 m e menos de 5 cm de diâmetro, em média

5538,46 indivíduos. Estes números mostram a potencialidade da área mesmo sem ter havido

tratamentos de liberação para aumentar a luminosidade e reduzir a competição.

TABELA 39 - Número de indivíduos de candeia distribuídas em diferentes classes de altura.

Classes de Altura (m) Parcela 0,30 1,50 1,50 3,00 ≥ 3,00

(DAP < 5,0 cm) Total

Média 3569,23 8815,38 5538,46 17923,08

150

Page 152: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração

natural da candeia, é apresentado, na Figura 41, a distribuição espacial das plantas em 33 parcelas

amostradas em fragmento situado no município de Morro do Pilar, Minas Gerais.

PARCELA 1

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 2

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)Y

(m)

PARCELA 3

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 4

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 5

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 6

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 7

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 8

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 9

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 10

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 11

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 12

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 13

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 14

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 15

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

FIGURA 41 - Distribuição espacial da candeia nas 30 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural em fragmento situado no município de Morro do Pilar, MG (Continua ...)

151

Page 153: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

PARCELA 16

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 17

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 18

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 19

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 20

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 21

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 22

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 23

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 24

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 25

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 26

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 27

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 28

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 29

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

PARCELA 30

0

1

2

3

4

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

X (m)

Y (m

)

FIGURA 41 - Distribuição espacial da candeia nas 30 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural em fragmento situado no município de Morro do Pilar, MG (Continuação ...)

152

Page 154: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

18.3 O manejo a partir do controle da regeneração natural

a) Caso em que o povoamento remanescente não recebe tratamento silvicultural após a

exploração

A Figura 42(a) retrata a estrutura de um povoamento de candeia remanescente à

exploração, no qual a própria natureza se encarrega de prover o auto desbaste para que parte das

plantas possam apresentar um desenvolvimento em diâmtero que a torne aproveitável

comercialmente. Esta é a estratégia é adotada por 100% dos agricultores que exploram a candeia.

É interessante notar que apesar da espécie apresentar alto retorno econômico ela não é tratada

como uma cultura. Assim não se exercita o conceito de uma agricultura tecnificada, e baseada na

alta produtividade, e sim o conceito de extrativismo.

Com esta estratégia o agricultor deixa o povoamento em constante stress, com um

número de plantas por hectare sempre superior ao que o sítio tem capacidade para suportar. Desta

maneira, aumenta-se o ciclo de corte e reduz-se a rentabilidade do proprietário. A Figura 42(b)

ilustra uma situação em que as plantas atingem um diâmetro maior em um curto período de

tempo, por estarem se desenvolvendo em espaçamento mais amplo.

153

Page 155: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(a) (b)

FIGURA 42 - Retratam o desenvolvimento em diâmetro de plantas de candeia crescendo em

grupo (a) e crescendo isoladas (b).

b) Caso em que a regeneração natural se estabelece na área após a ocorrência de queimada

A Figura 43 retrata a estrutura da regeneração de um candeal após este ter sido

totalmente destruído por um incêndio florestal em outubro de 1999, corroborando com a posição

de que com boa intensidade luminosa sobre as sementes e ocorrência de chuvas logo em seguida

é possível obter alta intensidade da regeneração natural.

154

Page 156: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 43 - Mostra regeneração de um candeal 2,6 anos após a ocorrência de um incêndio

florestal.

A Tabela 40 apresenta a estrutura da regeneração natural de parcelas lançadas nesta área

mostrando que, em média, há 96625 plantas/ha, implicando na total ocupação da área. Este fato

tem duas implicações: a primeira é que com uma regeneração natural tão intensa todos os espaços

são ocupados, permitindo selecionar as plantas que se deseja conduzir para o ciclo de corte sem

que haja a formação de clareiras na área; a segunda é que se nenhum manejo for adotado na área

haverá competição excessiva e as plantas se desenvolverão em altura e quase nada em diâmetro.

Este na realidade só começará a apresentar desenvolvimento mais significativo quando começar a

ocorrer o autodesbaste na vegetação em questão, o que torna a rotação da cultura mais longa e

reduz o potencial produtivo da área pelo excesso de competição. É neste instante que o

155

Page 157: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

manejador deve agir, promovendo intervenções para controlar a competição e obter o máximo

aproveitamento do potencial produtivo do sítio.

PS3 IVIA

TABELA 40 - Estrutura horizontal e vertical da regeneração natural de um candeal 2,6 anos após a ocorrência de um incêndio florestal.

Espécie DA DR FA FR IVI PS1 PS2 PS4 PSR

96625 100 7175 0 100 300 Eremanthus incanus 100 100 200 18025 71425

DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice de Valor de Importância; PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com 0,03 ≤ H < 1,5 m; Posição sociológica dos indivíduos com 1,5 ≤ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ≥ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.

Para estudar o comportamento da regeneração natural submetida a diferentes níveis de

competição, instalou-se, no candeal queimado, um experimento com 4 blocos e 6 tratamentos,

que foram definidos com base no seguinte princípio: redução do número de plantas da

regeneração original por meio de desbaste até obter uma população residual cujas plantas fiquem

distribuídas em um mosaico no qual o espaçamento seja o mais próximo possível daquele pré-

determinado para o tratamento em questão. Com base neste princípio, foram especificados os

seguintes tratamentos:

• T1 - espaçamento 1,0 x 1,5 m, com cerca de 6.666 plantas/ha

• T2 - espaçamento 1,5 x 1,5 m, com cerca de 4.444 plantas/ha

• T3 - espaçamento 2,0 x 1,5 m, com cerca de 3.333 plantas/ha

• T4 - espaçamento 2,5 x 1,5 m, com cerca de 2.667 plantas/ha

• T5 - espaçamento 3,0 x 1,5 m, com cerca de 2.222 plantas/ha

• T6 - testemunha, mantendo-se o número de plantas original

A Figura 44 mostra como as plantas se distribuíam na área onde foram instalados os

tratamentos referentes ao Bloco I do experimento, e a Figura 45 mostra a distribuição das plantas

após a realização do desbaste em cada tratamento.

156

Page 158: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Tratamento 1

FIGURA 44 - Distribuição da regeneração natural nas parcelas do bloco I antes da instalação dos tratamentos (Continua ...)

FIGURA 44 - Distribuição da regeneração natural nas parcelas do bloco I antes da instalação dos tratamentos (Continuação)

157

Page 159: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 41 - Exemplo do controle dos tratamentos (T) sujeitos às linhas (L) de controle em seu interior.

Número de plantas

Linhas T1 (1x1,5m)

T2 T3 (1,5x1,5m) (2x1,5m)

T4 (2,5x1,5m)

T5 (3x1,5m) T6 (test.)

L1 17 12 14 10 11 - L2 15 15 12 11 10 - L3 14

15 -

L9 14 -

- -

L15 - -

14 12 11 9 - L4 15 14 11 11 6 - L5 18 14 10 7 11 - L6 18 11 12 12 7 - L7 18 15 13 12 - L8 15 15 11 13 12

15 16 8 13 L10 20 10 9 11 - - L11 16 12 15 - - - L12 15 15 - - - - L13 19 14 - - - L14 18 - - - -

15 - - - - L16 22 - - - -

Total de plantas por cada 400m2 270 179 133 107 91 3865

FIGURA 45 - Faixas de controle e número de plantas remanescentes em cada tratamento.

158

Page 160: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 46- Tratamentos de desbastes aplicados aos blocos com regeneração natural da candeia. 19 CRESCIMENTO DA VARIÁVEL DIÂMETRO

Na ausência de plantios de candeia que tenham sido monitorados ao longo do tempo, e

como a candeia apresenta anéis de crescimento visíveis, pode-se usar a técnica de análise de

tronco para viabilizar algum conhecimento sobre o desenvolvimento desta candeia.

A metodologia utilizada para contar e medir os anéis de crescimento foi a proposta por

Baruso (1977). Ela consiste em identificar o maior diâmetro do disco, marcar 45° no sentido anti-

horário. Neste ponto, faz-se uma cruz de forma ortogonal e, então, contam-se os anéis de

crescimento e medem-se suas espessuras, obtendo-se o incremento em diâmetro e a idade em que

este ocorreu. No caso dos discos apresentarem forma muito diferente da circular, ou nos casos

dos discos apresentarem defeitos que não permitam a aplicação desta metodologia, é necessário

traçar raios em locais em que for possível a medição (Figura 47).

Os discos utilizados podem ser aqueles retirados a 0% da altura de cada árvore. Eles

devem ser lixados para facilitar a identificação dos anéis de crescimento e, então, proceder à

marcação dos pontos de medição. Para auxiliar na distinção dos anéis, pode-se utilizar também

Phloroglucinol em solução preparada na proporção de: 1,21 g de Phloroglucinol, 40 ml de ácido

clorídrico (50%) e 80 ml de álcool etílico.

159

Page 161: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 47 - Posições de medição dos anéis de crescimento.

A análise do crescimento das árvores cubadas rigorosamente mostrou que, em todas as

classes diamétricas, o crescimento em diâmetro teve uma aumento consistente até atingir um

ponto máximo, a partir daí, houve declínio consistente do crescimento desta variável.

Foi possível definir, também, que o incremento médio anual (IMA) em diâmetro na base

da árvore variou de 0,522 a 0,853 cm, para as classes de 7,5 e de 27,5 cm, respectivamente

(Tabela 42). Estes números indicam que a candeia, após a aplicação de tratamentos que reduzam

a sua competição, pode vir a apresentar crescimento superior a 1 cm/ano e que um programa de

seleção de árvores matrizes e experimentos de espaçamento e nutrição podem ser alternativas que

viabilizam o uso desta espécie em larga escala comercial. Verificou-se ainda que, após atingir a

classe de 27,5 cm de diâmetro, o crescimento das plantas foi muito lento.

TABELA 42 - Incremento corrente anual (ICA) em diâmetro dos anéis de crescimento da candeia

retirados da base da planta (0% da altura).

Crescimento em Diâmetro por Classe (mm) Idade 5 - 10 10 - 15 15 - 20 20 - 25 25 - 30 30 - 35 1 4,94 5,63 5,01 5,32 8,71 5,03 2 4,42 5,63 5,36 5,82 7,02 5,18

5,84 5,46 6,35 7,39 7,55 8,35 6,81

9,73

10,01

3 4,71 6,82 6,60 7,46 6,19 4 5 5,32 6,34 8,30 8,38 8,76 6 6,11 6,75 8,15 8,81 9,02 8,91 7 6,00 7,30 7,34 9,21 10,31 8,72 8 5,69 7,59 8,49 10,32 11,54 9,70 9 5,62 6,98 9,55 9,52 10,54 9,02 10 6,41 6,34 8,05 8,78 10,29 11 6,36 7,23 8,39 10,14 10,33 9,95 12 6,42 7,15 7,98 9,35 9,69 11,04

160

Page 162: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

13 5,56 7,13 8,35 9,42 8,28 8,58 8,53

8,23

6,79 6,22 7,77 8,26

-

-

14 4,50 7,60 9,07 9,96 8,86 15 4,83 7,26 8,73 8,03 7,70 8,39 16 3,10 7,77 7,98 7,49 8,32 8,32 17 4,19 7,83 7,46 7,86 8,60 18 4,32 7,46 7,56 6,75 7,27 8,03 19 - 7,27 6,43 7,14 7,80 8,07 20 - 6,86 6,57 7,39 6,99 8,26 21 - 6,16 6,53 7,87 6,97 7,64 22 - 5,98 6,55 7,41 7,61 7,68 23 - 5,23 5,50 6,26 7,34 7,76 24 - - 25 - - 6,88 6,44 9,67 7,52 26 - - 6,64 6,39 7,81 7,12 27 - - 6,05 5,69 7,97 7,84 28 - - 6,05 3,42 7,82 7,65 29 - - 4,65 - 7,12 8,42 30 - - - - 8,03 6,47 31 - - - 7,93 7,17 32 - - - - 8,87 6,47 33 - - - - 5,22 34 - - - - 7,25 4,90 35 - - - - 6,28 36 - - - - - 6,26 37 - - - - - 6,37 38 - - - - - 6,51 39 - - - - - 5,57 40 - - - - 5,11

Continua ...TABELA 42, Continuação ...

41 - - - - - 5,93 42 - - - - - 6,59 43 - - - - - 6,05 44 -

-

5,22 6,79 7,19 7,58 8,53 7,25

- - - - 6,13 45 - - - - - 6,64 46 - - - - - 6,85 47 - - - - - 6,38 48 - - - - - 6,25 49 - - - - 4,78 50 - - - - - 4,18

IMA

10,99

161

Page 163: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

A Tabela 42 mostra que a idade média das plantas foi de 18 anos na classe diamétrica de

7,5 cm, de 23 anos na classe de 12,5 cm, em torno de 28,5 anos nas classes de 17,5 e 22,5 cm, de

34 anos na classe de 27,5 cm e de 50 anos na classe de 32,5 cm.

Estes números aparentemente altos foram obtidos das árvores cubadas rigorosamente

que estavam em competição com outras espécies, ou com outras árvores da própria candeia.

Analisando a primeira classe diamétrica, nota-se que a ausência de tratamentos para

reduzir a competição entre as plantas e aumentar a incidência de luz sobre a candeia são fatores

indutores de um crescimento lento. Pode-se observar, também, que a passagem de árvores da

classe diamétrica de 27,5 para 32,5 cm é muito vagarosa, provavelmente já refletindo o estádio de

senescência a que esta espécie está sujeita, principalmente por se tratar de uma espécie pioneira.

Os fatos mencionados anteriormente são ilustrados na Figura 48, seja através dos dados

quantificados na análise do tronco, seja através do modelo ICA=β0+β1I+β2I2, em que IC é o

incremento corrente em diâmetro, I a idade em anos e βis são parâmetros estimados pelo método

dos mínimos quadrados.

FIGURA 48- Comportamento do incremento corrente anual em diâmetro (ICA) da candeia na

classe de diâmetro 7,5 cm (a), 12,5 cm (b), 17,5 cm (c), 22,5 cm (d), 27,5 cm (e) e 32,5 cm (f).

20 O POTENCIAL ECONÔMICO DA CANDEIA PLANTADA

Com base na experiência dos pesquisadores da UFLA em relação a vegetação nativa da

candeia e nas primeiras avaliações de desenvolvimento após plantio, realizaram-se diversos testes

de sensibilidade para definir o potencial econômico da espécie. Considerou-se o plantio em

espaçamento 3,0x1,5m, e duas taxas de incremento médio anual em diâmetro das plantas na idade

prevista de corte de 7 anos (Tabela 43).

162

Page 164: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 43 - Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) para povoamentos de candeia plantados.

(menos falhas Espaç DAP

Esperado (cm)

IMAD (cm/ano)

Volume /árvore

m3

No de arvores

e mortas = 10%)

Volume (m3/ha)

Volume (mst/ha)

Renda (R$ 70,00/mst)

Taxa de Juros (%)

VPL (R$/ha)

TIR (%)

7,37 1,05 0,0176 2.000 35,2 80,256 5.617,92 4% 2.914,81 28,9 7% 2.236,18 10% 1.694,49

13% 1.259,50 16% 908,21 19% 622,98

12,36 1,76 0,0448 2.000 89,5 178,100 12.467,00 4% 7.524,20 44,7 7% 6.013,99 10% 4.807,48 13% 3.838,06 16% 3.054,65

3 x 1,5

19% 2.418,12

Nota-se que, vendendo a madeira a R$ 70,00/mst, obtém-se uma renda total de R$

5.167,92/ha, se o DAP esperado aos 7 anos de idade for de 7,37 cm. Nestas condições, a TIR será

de 28,9% e o VPL variará de R$ 622,98 a R$ 2.194,81/ha, dependendo da taxa de juros

considerada. Caso o DAP esperado seja de 12,36 cm, a renda aumenta para R$ 12.467,00/ha, a

TIR para 44,7% e o VPL para a faixa de R$ 2.418,12 a R$ 7.524,20/ha.

21 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CANDEIA

A madeira de candeia tradicionalmente foi muito empregada na construção naval,

construção de canoas, lenha, postes e como moirão para cercas. Nos últimos anos, além destes

usos a candeia tem sido usada para a extração de óleo essencial, o qual apresenta altos teores de

alfabisabolol, um composto de grande importância econômica muito utilizado na fabricação de

medicamentos e cosméticos.

163

Page 165: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Apesar de ser uma espécie florestal importante como geradora de renda em diversos

municípios mineiros contraditoriamente, muito pouco se conhece sobre a forma com que seus

produtos (moirão para cerca e óleo essencial) são comercializados, o preço de venda destes

produtos, os produtores e os consumidores de candeia, bem como outros aspectos referentes a

cadeia de comercialização da madeira desta espécie.

21.1 A cadeia de comercialização da candeia

Para caracterizar a cadeia de comercialização da candeia é preciso distinguir as espécies

Eremanthus incanus e Eremanthus erythropappus. A primeira, popularmente conhecida como

“capituda”, é utilizada principalmente como moirão na construção de cercas que delimitam

propriedades rurais e/ou que dividem pastagens internas das mesmas, devido a sua grande

durabilidade. A segunda espécie, popularmente conhecida como “cheirosa” é utilizada como

moirão para cerca e também para a produção de óleo, cujo principal produto é o alfabisabolol,

utilizado na fabricação de medicamentos e cosméticos.

21.1.1 Cadeia de comercialização de Eremeanthus incanus

A Figura 49 mostra como ocorre a comercialização dos moirões desta espécie de

candeia. O processo inicia com o corte da árvore pelos extratores, que normalmente são

trabalhadores rurais e pequenos produtores rurais.

a) Extratores de candeia

Os trabalhadores rurais são pessoas não-proprietárias de terras que, na maior parte do

tempo, dedicam-se a retirada de candeia em terra de terceiros. Eles residem em zonas rurais e

urbanas dos municípios onde a candeia ocorre com abundância.

Os pequenos produtores rurais dedicam parte de seu tempo as atividades agropecuárias

em sua propriedade e parte a extração de candeia em terras próprias ou em terras de terceiros.

164

Page 166: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Para cortar a candeia o mais comum é os extratores usarem o machado, mas há situações

em que eles usam motosserra. O baldeio da madeira até a beira das estradas normalmente é feito

com muares (burros).

Os extratores são contratados pelos proprietários de terras onde há candeia e/ou por

atacadistas de candeia, que fazem o pagamento por dia de trabalho ou em função da quantidade

de moirões cortados e baldeados até a beira da estrada, sendo esta a maneira mais usada.

O salário pago por dia de trabalho varia entre regiões e mesmo em determinado município.

Por exemplo, no município de Morro do Pilar, MG, o salário diário de um trabalhador varia de R$

6,00 a R$ 12,00. Já o preço pago pela dúzia de moirões colocada na beira da estrada varia de

R$2,00 a R$ 5,00. Este valor depende do diâmetro dos moirões, da quantidade de moirões

existentes por unidade de área, da proximidade das estradas para onde os moirões serão baldeados,

da topografia da área, e de outras dificuldades encontradas para cortar e retirar a madeira de dentro

do candeal.

Utilizando machado um trabalhador consegue cortar de 8 a 20 dúzias de moirões por dia,

sendo este rendimento dependente das condições mencionadas anteriormente. Para baldear a

madeira até a beira da estrada utilizando tropa de 3 burros o rendimento é de 15 a 30 dúzias por

dia. Cada burro transporta de 8 a 15 moirões, dependendo do diâmetro dos mesmos e das

condições do terreno.

FIGURA 49 - Cadeia de comercialização da espécie Eremanthus incanus.

165

Page 167: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Para a produção de moirões, as árvores a serem cortadas devem ter pelo menos uma

grossura variando de “garrafa” (7 cm de diâmetro) a “litro” (10 a 12 cm de diâmetro). Abaixo

deste diâmetro o moirão não tem boa aceitação pelo mercado devido a sua baixa durabilidade,

uma vez que a madeira tem pouco cerne e muito “branco” (alburno). Já quando o moirão vai ser

usado como “esticador”, o ideal é que sua grossura seja pelo menos igual a de um garrafão (15

cm de diâmetro).

A renda mensal que um extrator de candeia consegue obter cortando as árvores com

machado e retirando os moirões até a estrada ou até a entrada da propriedade usando uma tropa

de 3 burros é estimada em R$560,00, equivalente a 3,11 salários mínimos (Salário mínimo

vigente = R$180,00). Para conseguir esta renda o trabalhador tem que receber R$3,50 por dúzia

de moirão colocado na beira da estrada, retirar 8 dúzias de moirão por dia e trabalhar 20 dias por

mês.

b) Grandes produtores rurais

São fazendeiros capitalizados que geralmente têm caminhões para transportar a candeia.

Há casos em que o produtor rural além de explorar candeia em sua propriedade compra candeia

de outros proprietários de terra de seu município e algumas vezes dos municípios vizinhos.

A compra de candeia de outros proprietários é feita na base de madeira em pé ou

madeira já explorada e colocada na beira da estrada.

Os grandes produtores rurais contratam os extratores para realizar a exploração de candeia

em sua propriedade e em propriedades de terceiros.

A candeia é vendida para os atacadistas de candeia ou diretamente aos consumidores

(fazendeiros). No primeiro caso, a madeira pode ser vendida em pé ou já explorada e colocada na

beira da estrada (“na porteira da fazenda”). No segundo caso, a candeia é vendida em diversos

municípios mineiros e de outros estados.

No caso de o produtor rural possuir caminhão, há duas formas mais utilizadas para

venda de candeia: a) o produtor contrata um motorista e lhe paga cerca de

R$150,00/caminhão/viagem para que ele venda a candeia (60 a 80 dúzias). O produtor fixa o

preço pelo qual o motorista deve vender a madeira (de R$ 25,00 a R$ 60,00 a dúzia, dependendo

do diâmetro dos moirões e da distância percorrida até o mercado consumidor). As despesas de

166

Page 168: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

viagem correm por conta do produtor; b) O produtor disponibiliza seu caminhão a determinado

motorista e lhe vende uma carga de candeia por um preço que varia de R$ 20,00 a R$ 50,00 a

dúzia. O motorista tem autonomia para vender os moirões ao consumidor final pelo preço que

desejar, mas as despesas de viagem são por sua conta.

Estimar a renda obtida com a venda de candeia pelos grandes produtores rurais é difícil

devido a grande variação existente nas informações referentes a tamanho de propriedade, área das

propriedades ocupada com candeia, preços de venda de moirão, etc. Contudo, para ter uma noção

do montante de recursos que a candeia gera a este componente da cadeia de comercialização,

estimou-se a renda de um produtor rural do município de Morro do Pilar, MG, que no ano de

2001 extraiu cerca de 12.000 dúzias de moirão de uma propriedade de 1.210 hectares, sendo

cerca de 70% ocupada com candeia. Ele possui 6 caminhões e em média emprega 6 motoristas e

15 trabalhadores nas fases de corte, extração e carregamento/descarregamento dos caminhões.

Considerando um preço de venda médio de R$ 30,00/dz para o moirão entregue na fazenda do

consumidor estima-se que o produtor tenha obtido uma renda anual de R$360.000,00 com a

venda dos moirões. Deve-se ressaltar que trata-se de uma renda bruta não sendo dela descontados

os custos com pessoal, transporte, documentação, etc.

c) Atacadistas de candeia

São pessoas que comercializam candeia e que normalmente possuem caminhão,

utilizado para o transporte de diversas mercadorias, mas a atividade principal é o transporte de

candeia. Compram a madeira de produtores rurais e a vendem em diversos municípios mineiros e

de outros estados. A área de abrangência do atacadista pode envolver vários municípios onde a

candeia ocorre em abundância.

Nos casos em que a madeira é adquirida em pé, o preço situa-se na faixa de R$5,00 a R$

8,00. Já se a madeira for adquirida na beira da estrada o preço pago varia de R$ 8,00 a R$ 15,00.

Os caminhões com candeia se deslocam para diversas cidades mineiras (principalmente

do sul de minas e do triângulo mineiro) e de outros estados (principalmente de São Paulo e do

Espírito Santo) onde estacionam próximo a sindicatos rurais, cooperativas agrícolas,

estabelecimentos comerciais que vendem produtos agropecuários, praças e vias de tráfego intenso

e aguardam a chegada dos compradores. A negociação é feita diretamente entre o comprador

167

Page 169: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

(normalmente fazendeiros da região) e o caminhoneiro. A preferência do atacadista é pela venda

de toda a carga a um só comprador, mas na maioria dos casos são vendidos lotes de diversos

tamanhos (dúzias) a vários fazendeiros. Normalmente a entrega dos moirões é feita na

propriedade do comprador.

O preço de venda da dúzia de moirões varia de R$ 25,00 a R$ 60,00 e depende de

fatores como diâmetro dos moirões, época do ano e distância percorrida pelo caminhoneiro.

A época em que há mais procura por moirões é no início do plantio da safra agrícola

quando há necessidade de isolar as áreas para evitar acesso de animais domésticos nos plantios.

Contudo, a comercialização de moirões ocorre o ano inteiro, havendo paralização apenas em

épocas de chuvas intensas que danificam as estradas rurais e impedem o acesso dos caminhões

aos candeais para a retirada da madeira. Alguns atacadistas possuem pátios para estocar moirões

e assim garantir um fluxo mais constante do produto no mercado.

A renda que determinado atacadista obtém com a comercialização da candeia depende

de fatores como preço de compra e venda da madeira, quantidade de caminhões usados na

atividade, estocagem ou não de madeira, etc.

Conforme já mencionado, há três maneiras mais usadas pelos atacadistas para adquirir o

moirão: compra de moirão em pé no candeal; compra de moirão colocado na beira da estrada;

compra de moirão colocado no pátio de estocagem. No primeiro caso o preço de compra da dúzia

de moirão varia de R$ 5,00 a R$ 8,00; no segundo caso a variação é de R$ 8,00 a R$ 15,00; no

terceiro caso o preço varia de R$ 12,00 a R$ 20,00.

Para obter uma estimativa da renda deste segmento da cadeia, considerou-se como

referência o caso de um atacadista que possui apenas um caminhão para transportar candeia e que

não dispõe de pátio para estocar candeia, ou seja, o moirão sai direto da propriedade para o

consumidor. Ele adquire a candeia colocada na beira da estrada pelo preço médio de R$ 11,00/dz

e a vende aos consumidores finais (produtores rurais) por R$ 30,00/dz. Considerando a venda

mensal de 3 caminhões de candeia com uma carga de 70 dúzias por caminhão, obtém-se R$

3.990,00/mês, equivalente a uma renda anual de R$47.880,00.

d) Consumidores ou mercado terminal

168

Page 170: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Constituem o último e maior segmento da cadeia de comercialização. Trata-se,

principalmente, de fazendeiros de diversas cidades mineiras e de outros estados que compram os

moirões de candeia dos caminhoneiros ou diretamente dos produtores rurais. Os moirões são

usados principalmente para a construção de cercas divisórias de pastagens, de plantios agrícolas e

limites da propriedade.

O preço de compra é negociado diretamente com o vendedor e o pagamento normalmente

é feito a vista. O mais comum é não haver contrato formal de compra e venda entre as partes, ou

seja, toda a transação é verbal.

e) Margem de comercialização

Para uma melhor apreciação sobre a percentagem de ganho que fica para cada um dos

participantes da cadeia, estimou-se a margem de comercialização, que é entendida como a

diferença entre o preço do produto nos diversos níveis da cadeia de comercialização.

O cálculo da margem de comercialização da candeia, estimada para os extratores,

grandes proprietários de terra e atacadistas, baseou-se na média dos preços recebidos pela dúzia

de candeia por estes membros da cadeia, durante o ano de 2001, conforme mostra a Tabela 1.

No caso dos grandes proprietários de terra, decidiu-se pela estimativa de sua margem de

comercialização com base apenas na produção de moirões de candeia, ou seja, considerou-se que

eles vendem a candeia colocada na beira da estrada aos atacadistas, não participando, portanto, do

processo de venda diretamente aos consumidores. De maneira geral, esta é a situação que ocorre

com maior frequência.

Os preços recebidos pelos participantes da cadeia de comercialização pela venda

de moirões de candeia e as margens de margens de comercialização de cada participante são

apresentados na Tabela 44 e na Figura 50, respectivamente. Nota-se que a maior margem de

comercialização corresponde aos atacadistas, os quais ficam com 63,33 % do valor total pago

pelos consumidores. Por outro lado os proprietários de terra onde há candeia e os extratores

obtiveram margens de comercialização de 25,00 % e 11,67 %, respectivamente.

169

Page 171: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

TABELA 44 - Preço recebido pelos participantes da cadeia de comercialização pela venda de moirões

Participantes da cadeia de comercialização da candeia Preço da dúzia de moirão (R$/Kg)1

- Extratores (PE) 3,50 - Produtores rurais (PP) 11,00

- Atacadistas (PA) 30,00 1 PE = preço recebido pelos extratores, para cada dúzia de moirão de candeia colocada na beira da

estrada; P oirão de candeia vendida aos

atacadistas.

P = preço recebido pelos produtores rurais, para cada dúzia de m

PA = preço recebido pelos atacadistas, para cada dúzia de moirão de candeia vendida aos consumidores.

FIGURA 50- Margem de comercialização, em percentagem, dos diferentes participantes da

cadeia de comercialização de moirões para cerca obtidos da espécie Eremanthus incanus.

É importante observar que no caso em que os proprietários de terra vendem moirões

diretamente aos consumidores, ou seja, sem nenhuma intermediação, como acontece com

frequência, sua margem de comercialização será ampliada de 25% para 88,33%, uma vez que o

preço de venda será de R$ 30,00 e não de R$ 11,00.

170

Page 172: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

21.1.2 Cadeia de Comercialização da espécie Eremanthus erythropappus

Normalmente a madeira desta espécie é usada como moirão e para a produção de óleo.

O procedimento mais adotado é vender a madeira do fuste para moirão de cerca e os galhos para

as indústrias produtoras de óleo, apesar de haver casos em que toda a madeira obtida é

direcionada para a produção de óleo.

A Figura 51 mostra a cadeia de comercialização da espécie Eremanthus erythropappus.

Nota-se que no caso do uso da madeira como moirão de cerca, os participantes da cadeia são os

mesmos da cadeia de comercialização da espécie Eremanthus incanus, o que dispensa

comentários adicionais a respeito do fluxo de comercialização nesta direção.

O preço pago pelo metro estéreo (mst) de madeira colocada na beira da estrada varia de

R$ 3,00 a R$ 7,00. Este valor depende do diâmetro e da altura da árvores, da densidade de

árvores por unidade de área, da proximidade das estradas para onde a madeira será baldeada, da

Quando a madeira da candeia é usada para a produção de óleo, o último elo da cadeia é

formado pelos consumidores de medicamentos e/ou de produtos cosméticos cuja formulação

contenha o alfabisabolol. Neste estudo, a cadeia de comercialização foi caracterizada até as

indústrias que obtém o alfabisabolol. Deste ponto em diante, a pulverização de indústrias que

usam o alfabisabolol é tão complexa que não foi possível descreve-las. Sabe-se apenas que cerca

de 70% do alafabisabolol é colocado no mercado externo e, muitas vezes, retorna ao Brasil em

forma de medicamentos e cosméticos.

a) Extratores de candeia (trabalhadores rurais e pequenos proprietários rurais)

Os extratores de candeia já foram caracterizados na cadeia de comercialização da

Eremanthus incanus. No caso da Eremanthus erythropappus aproveita-se o fuste e os galhos da

planta. Assim, o extrator pode receber seu pagamento tanto em relação a quantidade de dúzias de

moirões extraídos quanto em função do volume de madeira retirado, sendo esta a forma mais

utilizada quando a madeira é usada para a produção de óleo.

171

Page 173: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

topografia da área, e de outras dificuldades encontradas para cortar e retirar a madeira de dentro

do candeal.

Utilizando machado um trabalhador consegue cortar e baldear até a beira da estrada de 2

a 6 mst (moirões, galhos finos e galhos grossos) de madeira por dia, sendo este rendimento

dependente das condições mencionadas anteriormente. Normalmente o baldeio da madeira é feito

utilizando tropa de 3 burros.

FIGURA 51 - Cadeia de comercialização da espécie Eremanthus erythropappus.

A renda obtida com a venda de moirões para cerca já foi caracterizada quando se tratou

da espécie Eremanthus incanus. Assim, no caso da Eremanthus erythropappus, o enfoque será

para a determinação da renda dos participantes da cadeia de comercialização considerando o uso

da madeira para a produção de alfabisabolol.

A renda mensal que um extrator de candeia consegue obter cortando as árvores com

machado e retirando a madeira até a estrada ou até a entrada da propriedade usando uma tropa de

3 burros é estimada em R$400,00, equivalente a 2,2 salários mínimos (Salário mínimo vigente =

R$180,00). Para conseguir esta renda o trabalhador tem que receber R$5,00 por mst de madeira

colocado na beira da estrada, retirar 4 mst de madeira por dia e trabalhar 20 dias por mês.

b) Grandes produtores rurais

Este segmento da cadeia de comercialização já foi caracterizado na cadeia da espécie

Eremanthus incanus. O que muda aqui é que além de vender madeira (moirão para cerca e para

óleo, galhos finos e galhos grossos para óleo) para os atacadistas de madeira e moirões para os

fazendeiros, os grandes produtores rurais vendem madeira diretamente para as indústrias que

processam o óleo.

172

Page 174: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Normalmente, o valor do moirão da Eremanthus erythropappus é superior ao valor do

moirão da Eremanthus incanus, já que o moirão da primeira espécie tem maior durabilidade, uma

vez que a quantidade de óleo nele existente é maior.

A venda de madeira (moirão para cerca e/ou madeira para óleo) para os atacadistas de

candeia pode ser feita na base de madeira em pé ou madeira já explorada e colocada na beira da

estrada (“na porteira da fazenda”).

A venda para as indústrias que extraem óleo da candeia normalmente é feita com base

no preço da madeira colocada no pátio da fábrica, ou seja, o frete é por conta do vendedor. O

preço pago pela indústria varia principalmente em função da qualidade da madeira. Um dos

parâmetros visuais mais utilizados para avaliar a qualidade da madeira é o diâmetro das peças,

ou seja, peças de maior diâmetro tem maior valor. A explicação para este fato é que a

concentração maior de óleo está no cerne. Assim, peças de maior diâmetro tem uma proporção

maior de cerne que de “branco” (alburno). Outro parâmetro utilizado pelas indústrias para avaliar

a qualidade da madeira é o teor de umidade. Madeiras secas e que já estão sem casca tendem a

produzir mais óleo.

O valor pago pelas indústrias pode ser em relação ao mst de madeira ou em relação a

quantidade de óleo que a madeira produz. No primeiro caso, a madeira contida no caminhão é

medida (cubada) no pátio da indústria e o acerto entre o vendedor e o comprador é feito no

momento da entrega. O valor do mst varia de R$ 60,00 a R$ 100,00, dependendo da distância de

transporte. No segundo caso, o valor da madeira contida no caminhão só será definido após seu

processamento pela indústria, quando será possível avaliar o rendimento na produção de óleo.

Esta forma de pagamento tem sido a preferida pelas indústrias, uma vez que o risco de errar no

momento de avaliar a madeira a ser adquirida é menor do que quando a compra é feita com base

no mst de madeira. O valor pago pelo Kg de óleo varia de R$ 10,00 a R$ 15,00.

Para ter uma noção do montante de recursos que a candeia gera aos grandes produtores

rurais, estimou-se a renda de um produtor rural, que no ano de 2001 extraiu cerca 3.600 mst de

candeia de uma propriedade rural de 1.050 hectares, sendo cerca de 80% ocupada com a espécie

Eremanthus erythropappus. Ele possui um caminhão para o transporte da madeira, que é vendida

pelo preço médio de R$ 50,00/mst a um atacadista que tem pátio para estocagem de candeia.

Com base nestas informações, sua renda bruta anual com a candeia é estimada em R$

180.000,00.

173

Page 175: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

c) Atacadistas de candeia

Os atacadistas de candeia, comercializam madeira para óleo e para moirão de cerca.

Alguns possuem pátios para estocar madeira de onde partem caminhões carregados de moirões

com destino a diversas cidades mineiras e de outros estados, e madeira para óleo com destino às

indústria existentes em Minas Gerais e São Paulo, as quais serão caracterizadas mais a frente.

Os atacadistas adquirem a candeia colocada pelos vendedores nos pátios de estocagem,

na beira da estrada ou em pé no candeal. No caso de compra de madeira em pé há duas maneiras

mais utilizadas para definir o valor do candeal a ser adquirido a) o atacadista estima o volume de

madeira a ser extraído e paga ao proprietário das terras um valor definido com base nesta

estimativa; b) o atacadista retira a madeira do candeal, empilha na beira da estrada, determina seu

volume e efetua o pagamento com base neste volume.

• Madeira em pé: de R$ 8,00 a R$ 20,00

O preço de venda da madeira pelos atacadistas é igual ao preço de venda praticado pelos

grandes produtores rurais.

Os preços pagos pelo mst de candeia para óleo são:

• Madeira na beira da estrada: de R$ 15,00 a R$ 30,00

• Madeira no pátio de estocagem: de R$ 30,00 a R$ 50,00

A renda obtida com a comercialização da candeia por determinado atacadista depende

de fatores como preço de compra e venda da madeira, quantidade de caminhões usados na

atividade, etc.

Para obter uma estimativa da renda deste segmento da cadeia, considerou-se um

atacadista que possui apenas um caminhão para transportar candeia. Ele adquire a candeia

colocada na beira da estrada pelo preço médio de R$ 23,00/mst e a vende para a indústria de óleo

por R$ 70,00/mst. Considerando a venda mensal de 3 caminhões de candeia com uma carga de

40 mst por caminhão, obtém-se R$ 8.400,00/mês, equivalente a uma renda anual de R$

100.800,00.

d) Consumidores de moirão

174

Page 176: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Os consumidores de moirão já foram caracterizados na cadeia de comercialização da

Eremanthus incanus, razão pela qual não serão novamente tratados aqui. Para a espécie

Eremanthus erythropappus, estes consumidores constituem um dos mercados terminais da cadeia

de comercialização. O outro mercado terminal é constituído pelos consumidores de cosméticos e

medicamentos em cuja formulação esteja contido a alfabisabolol extraído da candeia.

e) Indústrias de extração de óleo de candeia natural bruto e alfabisabolol

Há no Brasil quatro indústrias que extraem o óleo de candeia natural bruto, sendo duas

no estado de Minas Gerais e duas no estado de São Paulo (Tabela 45). As duas indústrias

paulistas produzem também o alfabisabolol a partir da purificação do óleo bruto. As Figuras 52,

53, 54 e 55 mostram alguns detalhes destas indústrias.

TABELA 45 - Indústrias que extraem o óleo de candeia natural bruto e/ou alfabisabolol.

Especificação Município Estado

Além das 4 indústrias mencionadas há uma indústria em Barra Bonita, Estado de São

Paulo, que produz alfabisabolol a partir de óleo bruto adquirido de terceiros.

- CITRÓLEO óleos essenciais indústria e comércio Ltda* Torrinha SP - PURITA óleos essenciais indústria e comércio Ltda* Torrinha SP - CITROMINAS óleos essenciais Ltda** Carrancas MG - CITROFLORA Ltda** Morro do Pilar MG - DIERBERGER óleos essenciais S.A***. Barra Bonita SP

* produção de óleo de candeia natural bruto e alfabisabolol ** produção de óleo de candeia natural bruto *** produção de alfabisabolol

A Citróleo e a Puritta produzem óleo de candeia natural bruto e fazem seu

refinamento/beneficiamento para a obtenção de alfabisabolol. Este refino consiste em obter um

óleo com características específicas de aspecto, cor, odor, densidade, índice de refração, rotação

ótica, solubilidade em álcool, índice de acidez, pureza (GLC) em alfabisabolol, etc. O rendimento

obtido no refino do óleo bruto é de cerca de 65%, ou seja, cada Kg de óleo bruto gera 650 g de

alfabisabolol

A Citroflora e a Citrominas não possuem estrutura para produzir alfabisabolol. Elas

produzem óleo de candeia natural bruto e vendem este produto para as outras indústrias.

175

Page 177: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

O preço de venda do Kg de óleo de candeia natural bruto é de cerca de US$20.00

(US$1.00 = R$ 2,30). Já o Kg de alfabisabolol atinge US$ 40.00.

FIGURA 52 - Vista geral da fábrica de óleo da Citróleo (a), do picador de madeira (b), da parte

superior das altoclaves (c) e dos equipamentos utilizados para a obtenção de alfabisabolol (d)

FIGURA 53 - Vista geral da fábrica de óleo da Puritta (a), do picador de madeira (b), da parte

superior das altoclaves (c) e dos equipamentos utilizados para a obtenção do alfabisabolol (d).

176

Page 178: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 54 - Vista geral da fábrica de óleo da Citrominas (a), do pátio de estocagem de candeia

(b), das quatro altoclaves (c) e do picador de madeira (d)

FIGURA 55 - Vista geral da fábrica de óleo da CITROFLORA (a), das partes superior e inferior

das altoclaves (b, c) e do picador de madeira (d).

A Tabela 46 mostra a estimativa da capacidade anual de produção de óleo de candeia

natural bruto da Citróleo, Puritta, Citroflora e Citrominas bem como a quantidade de madeira

necessária para obter aquela produção. Juntas elas tem capacidade instalada suficiente para

produzir 101,5 mil kg de óleo por ano.

Para estimar a quantidade de candeia consumida anualmente para produzir óleo,

considerou-se um rendimento médio de 4 kg de óleo essencial extraído a partir de 1 m3 de

177

Page 179: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

madeira. Assim, são necessários cerca de 25,38 mil metros cúbicos para atender a demanda

potencial das indústrias. Usando um fator de empilhamento igual a 1,92, obtém-se um volume de

madeira de 48,7 mil metros estéreos.

TABELA 46 - Estimativa da capacidade anual de produção de óleo de candeia natural bruto e da quantidade média de madeira necessária para obter esta produção

Indústria Capacidade de produção de óleo (Kg/ano)

Quantidade de madeira necessária (m3/ano)

- CITRÓLEO 25.920 6.480 - PURITA 38.880 9.720

- CITROFLORA 25.920 6.480 - CITROMINAS 10.800 2.700

Total 101.520 25.380

Considerando um preço de venda do óleo igual a US$20.00/Kg e levando em conta a

capacidade média de produção anual de óleo estimada anteriormente para cada indústria,

elaborou-se a Tabela 47. Nota-se que o faturamento anual estimado da Puritta, a maior produtora

de óleo, é de 777 mil dólares. Juntas as quatro indústrias faturam mais de dois milhões de dólares.

TABELA 47 - Renda bruta anual (ou faturamento) estimada das indústrias que produzem óleo de candeia natural bruto

Faturamento bruto anual estimado Indústria US$1 R$

- CITRÓLEO óleos essenciais ind. e comércio Ltda 518,400.00 1.192.320,00 - PURITTA óleos essenciais ind. e comércio Ltda 777,600.00 1.788.480,00

- CITROFLORA Ltda 518,400.00 1.192.320,00 216,000.00 - CITROMINAS óleos essenciais Ltda 496.800,00

Total 2,030,400.00 4.669.920,00 1US$1.00 = R$ 2,30

f) Indústrias/laboratórios de cosméticos e medicamentos

Os compradores de alfabisabolol são indústrias/laboratórios nacionais e internacionais

que usam este produto nas formulações de medicamentos e cosméticos. Deste ponto em diante a

pulverização das indústrias é tão complexa que não foi possível descrevê-la neste estudo. Sabe-se

178

Page 180: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

apenas que cerca 70% do óleo de candeia é colocado no mercado externo e, muitas vezes retorna

ao Brasil em forma de medicamento e cosmético já processado.

g) Consumidores

Os consumidores são os compradores de medicamentos e cosméticos em cuja

formulação/constituição encontra-se o alfabisabolol.

h) Margem de comercialização

O cálculo da margem de comercialização dos participantes da cadeia foi feita em relação

ao preço de venda do Kg de alfabisabolol, ou seja, qual a percentagem do valor do Kg deste

produto que fica com cada membro da cadeia. A Tabela 48 mostra o preço recebido por cada

participante da cadeia de comercialização.

TABELA 48 - Preço recebido pelos participantes da cadeia de comercialização pela venda de seus produtos

Participantes da cadeia de comercialização da candeia Preço recebido (R$/Kg)1 - Extratores (PE) 3,70

P) 17,02 - Atacadistas (PA)

IO) 70,84 - Indústrias produtoras de alfabisabolol (PIA) 92,00

- Produtores rurais (P51,80

- Indústrias produtoras de óleo bruto (P

1 PE = preço recebido pelos extratores para cortar e retirar até a beira da estrada a madeira necessária para produzir 1 Kg de alfabisabolol

PP = preço (madeira colocada na beira da estrada) recebido pelos produtores rurais pela venda da madeira consumida na produção de 1 Kg de alfabisabolol

PA = preço recebido pelos atacadistas pela venda da madeira consumida na produção de 1 Kg de alfabisabolol

PIO = preço recebido pelas indústrias que produzem óleo bruto, pela venda da quantidade deste produto necessária para produzir 1 Kg de alfabisabolol

PIA = preço do Kg de alfabisabolol, recebido pelas indústrias que o produzem

No caso dos grandes produtores rurais, decidiu-se pela estimativa de sua margem de

comercialização com base apenas na produção de madeira para óleo, ou seja, considerou-se que

179

Page 181: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

eles vendem a candeia colocada na beira da estrada diretamente aos atacadistas, não participando,

portanto, do processo de venda para as indústrias que produzem óleo bruto.

A Figura 56 mostra que a maior margem de comercialização corresponde aos

atacadistas, os quais ficam com 37,80% do valor total pago pelos consumidores de alfabisabolol.

Por outro lado, a menor margem de comercialização fica com os extratores de candeia.

É importante observar que no caso em que os proprietários de terra vendem candeia

diretamente para as indústrias de óleo, ou seja, sem nenhuma intermediação, como acontece

muito na região de estudo, sua margem de comercialização será ampliada de 14,48% para

52,28%, uma vez que o preço de venda será de R$ 51,80 e não de R$ 17,02.

FIGURA 56- Margem de comercialização, em percentagem, dos diferentes participantes da

cadeia de comercialização do alfabisabolol extraído da espécie Eremanthus erytropappus.

21.2 Conclusões e recomendações

O estudo possibilitou uma boa caracterização da cadeia de comercialização da candeia

até a produção do alfabisabolol. Deste ponto em diante a pulverização das indústrias

consumidoras deste produto é tão complexa que não foi possível descrevê-la.

O estudo aponta para a importância sócio-econômica da exploração da candeia. Nas

regiões em que há ocorrência de candeia, além de seu uso ser uma fonte de emprego de mão-de-

obra, é uma atividade econômica rentável para os participantes da cadeia de comercialização.

A exploração da candeia para a produção de moirões e óleo vem sendo realizada a vários

anos de forma irrestrita. Este fato, aliado ao pouco conhecimento do manejo desta espécie e ao

preço atrativo do moirão e do óleo essencial nos mercados nacional e internacional, são os

principais agentes causadores de um extrativismo exacerbado no estado de Minas Gerais,

podendo no futuro colocar esta espécie em perigo de extinção.

180

Page 182: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

22 DIAGNÓSTICO AGRO-SÓCIOECONÔMICO DA REALIDADE RURAL DAS

REGIÕES DE CARRANCAS/BAEPENDI - MG E MORRO DO PILAR/BARÃO DE

COCAIS - MG

A candeia é uma espécie florestal que ocorre em diversos municípios do estado de

Minas Gerais, sendo utilizada em grande escala pelos habitantes destes municípios

principalmente para a produção de moirões para cerca e para a produção de alfabisabolol, produto

consumido pelas indústrias de cosméticos e medicamentos.

181

Page 183: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Em alguns municípios a exploração e o comércio de candeia são atividades importantes

uma vez que constituem alternativas geradoras de renda e emprego principalmente para os

produtores rurais. Diante destas evidências, torna-se necessário conhecer melhor os aspéctos

sócio-econômicos em nível de agricultores, com vistas ao atendimento das metas institucionais de

geração de bem-estar e renda no campo, de forma a evitar a expansão do desemprego no meio

rural e a destruição dos recursos naturais. Assim, os objetivos da realização do presente

diagnóstico foram:

• Conhecer o perfil agro-sócioeconômico dos produtores rurais;

• Conhecer de forma sistemática todas as dificuldades de infraestrutura e socio-econômicas

vivida/sentidas pelos produtores;

22.1 Metodologia

A área de estudo compreendeu duas regiões situadas no estado de Minas Gerais, cuja

característica marcante é a ocorrência em grande abundância de candeais nativos das espécies

Eremanthus incanus e Eremanthus erythropappus. a primeira região, chamada neste estudo por

“região de Carrancas/Baependi”, abrange os municípios de Carrancas, Baependi, Aiuruoca,

Minduri, Cruzília, Seritinga, Madre de Deus de Minas, São Tomé das Letras, Itutinga,

Luminárias, Serranos e São Vicente de Minas. A segunda região, chamada neste estudo por

“região de Morro do Pilar/Barão de Cocais”, abrange os municípios de Morro do Pilar, Barão de

Cocais, Caeté, Santa Bárbara, Nova União, Taquaruçu de Minas, Santo Antônio do Rio Abaixo,

Conceição do Mato Dentro, Santana do Riacho, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato

Dentro, Jaboticatubas, Bom Jesus do Amparo, Itabira e São Gonçalo do Rio Abaixo. A Figura 57

mostra a localização das duas regiões no estado de Minas Gerais.

A seleção de quantos e quem entrevistar foi definida com base no “cadastramento de

imóveis rurais do Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), do INCRA, datado de

03/05/2001”.

Do universo de propriedades rurais dos municípios que compõe cada região, definiu-se

uma amostra aleatória e estratificada proporcionalmente por classe de tamanho de área das

propriedades, as quais foram agrupadas em três estratos, quais sejam, 0 - 100 hectares, 100 a 500

hectares e > 500 hectares.

182

Page 184: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Na região de Carrancas/Baependi, foram entrevistados 50 proprietários rurais, sendo 27

do estrato com menos de 100 hectares, 18 do estrato de 100 a 500 hectares e 5 do estrato com

mais de 500 hectares, representando 54%, 36% e 10%, das propriedades amostradas,

respectivamente (Figura 58). Já na região de Morro do Pilar/Barão de Cocais, foram entrevistados

75 proprietários rurais, sendo 44 do estrato com menos de 100 hectares, 24 do estrato de 100 a

500 hectares e 7 do estrato de mais de 500 hectares, representando %, % e %, das propriedades

amostradas, respectivamente (Figura 59).

As entrevistas com os produtores rurais foram feitas in loco, mas este relatório não

revela a identidade dos entrevistados.

183

20 0 20 40 km

1

243

6

11

1 1

5

7

18 9

1

Legenda 1- Conceição do Mato Dentro2- Santana do Riacho 3- Morro do Pilar 4- Santo Antônio do RioAbaixo 5- São Sebastião do Rio preto6- Jabuticatubas 7- Itambé do Mato Dentro 8- Taquaraçu de Minas 9- Nova União 10- Itabira 11- Bom Jesus do Amparo 12- Caeté 13- Barão de Cocais 14- São Gonçalo do RioAbaixo 15- Santa Bárbara 16- Itutinga

18- Carrancas 19- Madre de Deus 20- São Tomé 21- Cruzília 22- Minduri 23- São Vicente deMinas 24- Baependi 25- Aiuruoca 26- Serranos 27- Seritinga

17- Luminárias

Page 185: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 57 - Mapa do Estado de Minas Gerais com a localização dos municípios das duas

regiões onde foi realizado o diagnóstico.

FIGURA 58 - Distribuição percentual dos entrevistados, por estrato em hectares, nos doze

municípios da região de Carrancas/Baependi.

184

Page 186: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 59 - Distribuição percentual dos entrevistados, por estrato em hectares, nos quinze

municípios da região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.

22.2 Análise das condições agro-sócioeconômicas da região de Carrancas/Baependi-MG

A área total dos doze municípios que compõe esta região é de 5.319 Km2. Segundo o

último senso realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população

residente nestes municípios é de 76.010 habitantes, sendo 49,5% homens e 50,5% mulheres

(Figura 60), apresentando uma densidade demográfica de 14,3 habitantes/Km2. A maior parte da

população (71,3%) reside em áreas urbanas (Figura 61), mas os municípios de Aiuruoca e

Minduri possuem maior população rural do que urbana (Figura 62), dando uma característica

essencialmente rural a estes municípios. A população rural tem importância significativa na

demanda por produtos florestais, principalmente a lenha, para uso energético.

FIGURA 60- Distribuição percentual da população masculina e feminina residente nos doze

municípios que compõe a região de Carrancas/Baependi.

Há 12,6% de pessoas com mais de dez anos de idade que não sabem ler e escrever. No

total há 49 estabelecimentos de ensino pré-escolar, 125 estabelecimentos de ensino fundamental e

13 estabelecimentos de ensino médio. Existem 7 hospitais e 9 agências bancárias.

185

Page 187: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 61- Distribuição percentual da população residente em áreas urbanas e rurais nos doze municípios que compõe a região de Carrancas/Baependi.

FIGURA 62- População urbana e rural, por município, na região de Carrancas/Baependi.

De acordo com dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)

há 6.263 propriedades rurais nos doze municípios estudados (Figura 63), ocupando uma área total

de 342,3 mil hectares (Figura 64). 86,16% destas propriedades tem menos de 100 hectares,

12,98% tem área entre 100 e 500 hectares e 0,86% tem área maior que 500 hectares (Figura 65),

prevalecendo um regime de minifúndios, ou seja, a maior parte das propriedades rurais possui

tamanho abaixo de 100 hectares.

186

Page 188: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 63 - Número de propriedades rurais, por município, na região de Carrancas/Baependi.

FIGURA 64 - Área total das propriedades rurais, por município, na região de

Carrancas/Baependi.

FIGURA 65 - Distribuição percentual do número de propriedades rurais, por estrato em hectares,

nos doze municípios da região de Carrancas/Baependi.

22.2.1 O perfil do homem do campo

Na região, nota-se que as atividades agropecuárias estão em mãos de pessoas cuja idade

média é de 54 anos. Em vista da falta de perspectivas no campo, os jovens tendem cada vez mais

a migrarem para as cidades. É preciso urgentemente definir programas de fixação dos jovens no

campo, principalmente entre os pequenos produtores.

O grau de escolaridade é baixo pois 2% dos entrevistados são analfabetos e 42% não

completaram o 1o grau (Figura 66). Isto indica que os agricultores estão pouco propensos a

adotarem técnicas melhoradas de produção.

187

Page 189: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 66 - Nível de escolaridade dos entrevistados.

A maior parte dos entrevistados (70%) reside na propriedade juntamente com seus

familiares (Figura 67), havendo em média 5,23 pessoas por propriedade. O número de pessoas

que vivem na propriedade tende a aumentar a medida em que o tamanho da propriedade diminui.

FIGURA 67 - Local de residência dos entrevistados

Segundo os entrevistados, os principais problemas que enfrentam são: falta de capital de

giro, de assistência técnica, de tecnologia, de crédito subsidiado e de incentivo do governo. Além

disso, consideram que os insumos estão muito caros e os preços dos produtos que eles produzem

tem baixo valor de mercado.

22.2.2 O uso da terra

Em termos de área, a pecuária é a atividade mais importante, pois cerca 62% da área

total dos entrevistados está destinada a esta atividade. Porém, ao que parece, não está sendo

desenvolvida corretamente. Isto porque, as pastagens nativas ainda ocupam um índice expressivo

das terras (34%), e a área ocupada por capineiras (0,70%) é quase inexpressiva (Figura 68).

188

Page 190: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 68 - Uso da terra nas propriedades amostradas.

O milho é a cultura temporária mais expressiva na região. A seguir vem o feijão e o

arroz (Figura 69). As culturas temporárias ocupam 5,6% da área total dos entrevistados.

Considerando-se outras áreas que apresentam potencial de aproveitamento, este índice poderá ser

ampliado, uma vez que os entrevistados de todos os estratos, tem interesse, se houver apoio, em

incrementar o cultivo de, principalmente, milho e feijão. Em vista dos altos preços dos insumos,

as dificuldades climáticas, falta de mecanização, entre outras, a atuação das prefeituras, apoiando

e subsidiando tais culturas, pode elevar a produção/produtividade significativamente.

A produção de hortaliças é baixa na região, restringindo-se basicamente ao consumo

doméstico. As olerícolas mais frequentes nas propriedades visitadas são, pela ordem: abóbora,

couve, alface, repolho, chuchu, beterraba e jiló. É preciso incentivar mais a formação de hortas

caseiras na região, para complementação alimentar e até para comercializar, já que alguns

agricultores estão interessados nesta atividade.

FIGURA 69 - Principais produtos agrícolas produzidos nas propriedades amostradas.

As culturas permanentes como o café e as plantas frutíferas ocupam uma área pequena

nas propriedades visitadas (0,5%). A fruticultura na região é basicamente para consumo

familiar. As frutas mais comuns detectadas nos pomares domésticos foram, em ordem

decrescente de freqüência nas propriedades: limão, laranja, manga, banana, abacate, mexerica e

jabuticaba. Entre os 50 entrevistados 18 manifestaram interesse em iniciar e/ou incrementar

pomares em suas propriedades. Já no caso do café, apenas um produtor manifestou interesse em

189

Page 191: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

iniciar e/ou incrementar esta atividade em sua propriedade. Este desinteresse pela atividade é um

reflexo do baixo preço atual do café.

O índice de reflorestamento (0,8%) por parte do entrevistados, é inexpressivo. Deve-se

incentivar o reflorestamento e o florestamento através de mudas e orientação técnica, já que um

número expressivo de produtores manifestaram interesse na produção de madeira. A criação de

um programa de florestamento e reflorestamento pode propiciar, além do atendimento às

exigências de preservação ambiental e de encostas, o aumento da capacidade de suporte para a

produção de madeira, exploração apícola, essências, etc. Tal atividade pode resultar, a médio

prazo, em uma alternativa econômica significativa para todos os produtores dos 12 municípios

amostrados.

A área ocupada com o cultivo da cana de açúcar (0,70% da área total) é destinada ao

trato animal e produção de cachaça.

Um fato importante é que, nas propriedades visitadas, a área ocupada com candeia

representa 7,50% da área total. Este índice mostra a presença marcante da candeia nos municípios

amostrados. É de se supor que programas relacionados ao uso desta espécie tenham êxito na

região, já que 78% dos entrevistados manifestaram interesse em iniciar/incrementar o plantio e/ou

o manejo da candeia.

22.2.3 Criações

A bovinocultura na região é um misto carne e leite. Outros produtos pecuários como o

queijo e a manteiga tem pouco significado econômico para os entrevistados, exceto no caso de

um produtor que produziu 144.000 Kg de queijo no último ano agrícola (2001).

A comercialização não aparenta ser um problema, exceto pelos baixos preços pagos aos

produtores, problema este que é nacional. A saída possível para aumentar a renda dos produtores

é incrementar a produtividade com o apoio de entidades privadas ou governamentais. Sugere-se

colocar em andamento um Programa de Desenvolvimento da Pecuária. Deverá estar voltado

principalmente para o melhoramento genético, melhoria de pastagens, manejo do rebanho e

suplementação alimentar nos períodos de seca.

A suinocultura na região é incipiente e de características rústicas, exceto no caso de um

produtor que produziu 2.000 arrobas de carne de porco no último ano agrícola. A

190

Page 192: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

comercialização de excedentes não é expressiva e a maioria da produção é para consumo

familiar. Os poucos produtores dispostos a iniciar/incrementar a atividade necessitam,

principalmente, de maior orientação e assistência técnica para melhoramento e alternativas de

arraçoamento.

A avicultura de corte e postura não desperta interesse maior dos produtores

entrevistados. Alguns agricultores criam aves para auto-consumo de carne e ovos, na chamada

“avicultura de fundo de quintal”.

O número de equinos/muares amostrados indica a existência, na média, de cerca de

11,22 animais de tração e/ou sela por propriedade. Este fato, aliado ao expressivo numero de

implementos de tração animal e carroças indica que é preciso orientar os proprietários sobre

melhoramento genético, adestramento, alimentação e manejo do rebanho equino, cuja

importância e utilidade no contexto regional é fundamental. A venda de equinos/muares é

pequena e corresponde apenas aos excedentes.

Outro fato que pode estar associado ao grande número de equinos/muares encontrados é

que há bastante candeia nesta região e, normalmente os extratores de candeia utilizam estes

animais para retirar a madeira de dentro do candeal.

22.2.4 A infra-estrutura das propriedades amostradas

No que se refere às benfeitorias existentes nas propriedades amostradas, chamam a

atenção as seguintes situações:

Cochos para sal mineral: o número de cochos sem cobertura é maior que o de cochos

cobertos. O fato significa que, provavelmente, acontece uma perda significativa de minerais nos

períodos chuvosos. Coberturas simples, de baixo custo, poderiam ser recomendadas via

EMATER-MG.

Silos: no total existem 45 silos nas 50 propriedades visitadas. Por se tratar de uma região

onde a pecuária é significativa, este número é reduzido. Este fato pode significar que os

produtores tem dificuldades para alimentar os rebanhos na seca. Pode-se observar, inclusive, que

muitos produtores valem-se de cana picada e capim para alimentar o gado. Silos de trincheira e

de superfície são de baixo custo e podem garantir alimentação farta para os rebanhos. Incentivo e

apoio para a construção de silos deve ser uma ação prioritária.

191

Page 193: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Quanto aos Paióis observou-se que na sua maioria são rústicos, o que implica em

armazenamento inadequado, com perdas significativas causadas por pragas e roedores. Paióis

simples e eficientes já desenvolvidos e amplamente divulgados pelos orgãos de

pesquisa/extensão, devem ser objeto de uma campanha de difusão, a ser coordenada pelas

instituições locais.

Os alambiques (5), engenhos (5) e serrarias (6) encontrados comprovam que a

produção de cachaça, rapadura e madeira tem certa expressividade na região.

22.2.5 Máquinas e equipamentos dos entrevistados

A maior parte da tração mecânica (tratores e implementos) existente na região, encontra-

se nas propriedades maiores. Por exemplo, dos 24 tratores de pneu existentes, 15 são de

propriedades com mais de 100 hectares.

Implementos de tração animal (arado, sulcador e plantadeira) e manual (plantadeira e

pulverizador costal) também estão presentes em diversas propriedades. Carroças e carro de bois

são utilizados em um número expressivo de propriedades, independente da classe de área.

22.2.6 Insumos utilizados nas propriedades

Segundo o volume da aquisição de insumos informados pelos entrevistados, pode se

inferir o seguinte:

• Sal mineral: a relação sal comum e sal mineral é de (1,7:1) indicando boa mineralização

do rebanho.

• Arraçoamento: o arraçoamento do gado bovino é suficiente para uma produção de leite

econômica. Considerando apenas os farelos, rações e milhos adquiridos tem-se um índice

de, aproximadamente, 3.856 Kg em arraçoamento por dia para 2245 matrizes (vacas) ou

seja, média diária de 1,71 Kg/vaca. Certamente esta relação é maior se for levado em

consideração o milho produzido na própria propriedade que é usado para a alimentação do

rebanho.

192

Page 194: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Vacinas: pelos dados sobre compra de doses contra aftosa (são necessárias duas doses por

ano), cerca de 89% do rebanho foi vacinado. No caso das demais vacinas específicas os

números indicam que o rebanho foi vacinado de madeira razoável.

• Adubos: a julgar pelo número de sacos adquiridos (6.327), e pela área total ocupada

apenas com culturas agrícolas temporárias (807,3 hectares), a adubação é, em média, de

392 kg/ha, o que é suficiente para obter uma boa produtividade.

• Sementes: predomina o uso de sementes de milho híbrido, havendo também pequena

quantidade de semente de milho de paiol

• Sêmen de bovino: a preocupação com o melhoramento genético dos rebanhos aparece em

pequena escala. É preciso orientar e apoiar os produtores no uso de sêmem,

principalmente no caso da pecuária leiteira.

• Aluguel de tratores: pela média (número de horas/número de produtores) cada

entrevistado alugou 26,1 horas de trator, o que comprova a necessidade de se

criar/ampliar a patrulha agrícola municipal para dar suporte aos agricultores.

• Moirões: foram utilizados 8.593 moirões de candeia e 3.840 moirões de outras espécies

florestais nas 50 propriedades visitadas. A média é de 248 moirões por propriedade, o que

comprova a importância deste insumo para os proprietário e mostra a necessidade urgente

de se implementar programas de incentivo ao plantio e manejo racional de candeia na

região, inclusive porque 78% dos entrevistados manifestaram interesse neste tipo de

atividade.

22.2.7 Orientação na compra de insumos

A análise da orientação na compra de insumos indica falta de assistência técnica, pois

68% dos entrevistados alegam decidir o uso de insumos por conta própria, o que revela

amadorismo. Somente os técnicos é que devem indicar o que, quanto e como usar, principalmente

produtos veterinários, fertilizantes, rações e defensivos.

22.2.8 Tenência da terra

193

Page 195: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

A maioria dos entrevistados (88%) exploram suas terras há mais de 5 anos, em média.

Apenas 40% comprou suas terras, o que sugere uma baixa migração regional. Cerca de 38% dos

entrevistados herdou suas terras (Figuras 70 e 71), mostrando que na região também a certo grau

de tradição na agropecuária, mesmo porque a maior parte dos amostrados (68%) não

desenvolvem outras atividades econômicas fora da propriedade.

FIGURA 70 - Tempo de exploração das propriedades pelos proprietários atuais.

FIGURA 71 - Forma de aquisição da propriedade pelos proprietários atuais

22.2.9 Associativismo/cooperativismo

Apenas 42% dos entrevistados é filiado à cooperativas (Figura 72) e 60% deles é

sindicalizado (Figura 73). É necessário que os sindicatos e cooperativas locais e regionais

realizem um trabalho de filiação, mobilização e conscientização maior.

FIGURA 72 - Participação dos entrevistados em cooperativas.

194

Page 196: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 73 - Participação dos entrevistados em sindicatos.

22.2.10 Crédito rural

No último ano agrícola 24% dos produtores entrevistados utilizou o crédito rural (Figura

74). A importância do crédito rural para o desenvolvimento agropecuário sugere o estudo de uma

sistemática de crédito rural via cooperativas, ou um sistema de financiamento baseado na

equivalência produto, coordenado pelas entidades regionais, em apoio aos produtores que não

têm condições de tomar crédito junto aos bancos.

FIGURA 74 - Utilização de crédito rural pelos produtores no último ano agrícola.

22.2.11 Força de trabalho

Cerca de 36% dos entrevistados trabalha apenas com mão-de-obra familiar em suas

propriedades (Figura 75). Nas propriedades com mais de 500 hectares toda a mão-de-obra

utilizada é contratada.

Em relação a mão-de-obra contratada, a maior parte (70%) trabalha de forma

permanente nas propriedades, sendo o restante contratada de forma temporária para a execução

de tarefas em épocas especificas ao longo do ano (Figura 76). Trabalhadores braçais, retireiros e

tratoristas constituem o tipo de mão-de-obra mais requisitados pelos entrevistados (Figura 77).

195

Page 197: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 75 - Tipo de mão-de-obra usada na propriedade.

FIGURA 76 - Percentual da mão-de-obra permanente e temporária contratada pelos proprietários

entrevistados.

FIGURA 77 - Participação percentual dos tipos da mão-de-obra contratada pelos proprietários

entrevistados.

22.2.12 Assistência técnica

Há pouca assistência técnica nos municípios pesquisados. A EMATER – MG, técnicos

particulares, dos sindicatos e do IEF-MG visitaram, no total apenas 30 propriedades (60%)

(Figura 78). Por essa razão, acredita-se, é que 21 entrevistados não adotam qualquer prática de

conservação de solos. O fato indica que é preciso uma união de esforços de entidades regionais

para a promoção conjunta de eventos, ações de orientações e assistência técnica com maior

frequência e intensidade.

196

Page 198: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 78 - Categorias de técnicos que visitaram as propriedades dos entrevistados, em

percentagem.

22.3 Análise das condições agro-sócioeconômicas da região de Morro do Pilar/Barão de

Cocais-MG

A área total dos quinze municípios que compõe esta região é de 9.682 Km2. Segundo o

último senso realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população

residente nestes municípios é de 316.491 habitantes, sendo 50,87% homens e 49,13 % mulheres

(Figura 79), apresentando uma densidade demográfica de 32,7 habitantes/Km2. Quase 80% da

população reside em áreas urbanas (Figura 80), mas os municípios de Nova União, Taquaruçu de

Minas, Santana do Riacho, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Bom Jesus do

Amparo, São Gonçalo do Rio Abaixo e Santo Antônio do Rio Abaixo possuem maior população

rural do que urbana, dando uma característica essencialmente rural a estes municípios (Figura

81). A população rural tem importância significativa na demanda por produtos florestais,

principalmente a lenha, para uso energético.

197

Page 199: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

FIGURA 79- Distribuição percentual da população masculina e feminina residente nos quinze

municípios que compõe a região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.

A taxa de alfabetização dos quinze municípios é de 89,4%, havendo um total de 108

estabelecimentos de ensino pré-escolar, 284 estabelecimentos de ensino fundamental e 36

estabelecimentos de ensino médio. No setor de saúde a situação é bem precária, havendo apenas

9 hospitais. O número total de agências bancárias é de 79.

FIGURA 80 - Distribuição percentual da população residente em áreas urbanas e rurais nos

quinze municípios da região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.

FIGURA 81 - População urbana e rural, por município, na região de Morro do Pilar/Barão de

Cocais.

O número de propriedades rurais dos municípios é de 9.291 (Figuras 82 e 83), sendo que

deste total 91,15% tem menos de 100 hectares, 7,75% estão no estrato de 100 a 500 hectares e

1,10% estão acima de 500 hectares (Figura 84), prevalecendo um regime de minifúndios, já que a

198

Page 200: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

maior parte das propriedades rurais possui tamanho abaixo de 100 hectares (INCRA - Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

FIGURA 82 - Número de propriedades rurais, por município, na região de Morro do Pilar/Barão

de Cocais.

FIGURA 83 - Área total das propriedades rurais, por município, na região de Morro do

Pilar/Barão de Cocais.

FIGURA 84 - Distribuição percentual do número de propriedades rurais, por estrato em hectares,

nos quinze municípios da região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.

199

Page 201: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

22.3.1 O perfil do homem do campo

Na região, nota-se que as atividades agropecuárias estão em mãos de pessoas cuja idade

média é de 51 anos. Em vista da falta de perspectivas no campo, os jovens tendem cada vez mais

a migrarem para as cidades. É preciso urgentemente definir programas de fixação dos jovens no

campo, principalmente entre os pequenos produtores.

O grau de escolaridade é baixo, pois 56% dos entrevistados não completaram o 1o grau

(Figura 85), por isso estão pouco propensos a adotarem técnicas melhoradas de produção.

FIGURA 85 - Nível de escolaridade dos entrevistados.

Quase a metade dos entrevistados reside na propriedade juntamente com seus familiares

(Figura 86), havendo em média 5,65 pessoas por propriedade. Em nenhuma das propriedades

com mais de 500 hectares há membros da família residindo na propriedade.

FIGURA 86 - Local de residência dos entrevistados.

Segundo os entrevistados, os principais problemas que enfrentam são: falta de capital de

giro, de assistência técnica, de tecnologia, de crédito subsidiado e de incentivo do governo. Além

disso, consideram que os insumos estão muito caros e os preços dos produtos que eles produzem

tem baixo valor de mercado.

22.3.2 O uso da terra

200

Page 202: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Em termos de área, a pecuária é a atividade mais importante, pois cerca 27,41% da área

total dos entrevistados está destinada a esta atividade, sendo a maior parte constituída de

pastagem artificial (Figura 87).

FIGURA 87 - Uso da terra nas propriedades amostradas.

O milho é a cultura temporária mais expressiva na região. A seguir vem o feijão e a

mandioca (Figura 88). As culturas temporárias ocupam 5,06% da área total dos entrevistados.

Considerando-se outras áreas que apresentam potencial de aproveitamento, este índice poderá ser

ampliado, uma vez que 37,33% dos entrevistados, tem interesse, se houver apoio, em incrementar

o cultivo de culturas temporárias como o milho e o feijão. Em vista dos altos preços dos insumos,

as dificuldades climáticas, falta de mecanização, entre outras, a atuação das prefeituras, apoiando

e subsidiando tais culturas, pode elevar a produção/produtividade significativamente.

A produção de hortaliças é baixa na região, restringindo-se basicamente ao consumo

doméstico. As olerícolas mais frequentes nas propriedades visitadas são, pela ordem: couve,

quiabo, abóbora, alface, chuchu, jiló e urucum. É preciso incentivar mais a formação de hortas

caseiras na região, para complementação alimentar e até para comercializar, já que alguns

agricultores estão interessados nesta atividade.

FIGURA 88 - Principais produtos agrícolas produzidos nas propriedades amostradas.

201

Page 203: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

As culturas permanentes como o café e as plantas frutíferas ocupam uma área pequena

nas propriedades visitadas (0,66%). A fruticultura na região é basicamente para consumo

familiar. As frutas mais comuns detectadas nos pomares domésticos foram, em ordem

decrescente de freqüência nas propriedades: banana, laranja, manga, limão, abacate e mexerica.

42,67% dos entrevistados manifestaram interesse em iniciar e/ou incrementar pomares em suas

propriedades. Já no caso do café, apenas 9,33 dos produtores manifestaram interesse em iniciar

e/ou incrementar esta atividade em sua propriedade.

A área ocupada com reflorestamento representa 10,22% da área total das propriedades

amostradas. Este índice é significativo e enfatiza a necessidade de promover mais orientação

técnica em relação a formação e manejo de florestas plantadas afim de aumentar a produção e a

produtividade das área já reflorestadas. A criação de um programa de florestamento e

reflorestamento pode alcançar bons resultados já que 29,33% dos entrevistados manifestaram

interesse em iniciar/incrementar atividades relacionadas ao florestamento/reflorestamento de

áreas em suas propriedades.

A área ocupada com o cultivo da cana de açúcar (0,76% da área total) é destinada ao

trato animal e produção de cachaça.

Nas propriedades amostradas 25% da área é ocupada com candeia, o que demonstra a

importância desta espécie nos municípios estudados. É importante desenvolver programas

relacionados ao manejo adequado de candeia afim de conter a exploração desordenada a que esta

sujeita. Programas de incentivo ao plantio de candeia têm possibilidade de sucesso já que 37,33%

dos entrevistados manifestaram interesse neste tipo de atividade.

22.3.3 Criações

O número de reprodutores, apurado junto aos entrevistados, indica uma boa relação

touro/matriz (1/13,9).

Nas 75 propriedades amostradas são produzidos diariamente 2.992 litros de leite, o que

dá uma produção diária média por propriedade de 39,9 litros. A produção mensal de queijo é bem

significativa, situando-se em torno de 70,6 Kg/propriedade amostrada. Outros produtos pecuários

como a manteiga e o requeijão também tem razoável significado econômico para os

entrevistados.

202

Page 204: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

A comercialização não aparenta ser um problema, exceto pelos baixos preços pagos aos

produtores, problema este que é nacional. A saída possível para aumentar a renda dos produtores

é incrementar a produtividade com o apoio de entidades privadas ou governamentais.

No último ano agrícola foram produzidas 1.443 arrobas de carne de porco nas

propriedades amostradas, sendo a maior parte para o consumo familiar. A comercialização de

excedentes foi feita, principalmente em feira livre (76,23%).

Alguns agricultores criam aves para auto-consumo de carne e ovos, na chamada

“avicultura de fundo de quintal”. Quando há algum excedente, vendem em feiras livres e para

agricultores vizinhos.

O número de equinos/muares amostrados indica a existência, na média, de cerca de 4,71

animais de tração e/ou sela por propriedade. O fato de haver bastante candeia na região pode ser

uma das explicações para a existência deste número significativo de animais, já que eles

normalmente são utilizados para extrair madeira de dentro dos candeais. A venda de

equinos/muares é pequena e corresponde apenas aos excedentes.

Foram produzidos quase dois mil quilos de mel no último ano agrícola, sugerindo que a

região tem aptidão para esta atividade, merecendo, portanto, maior atenção por parte dos orgãos

de apoio ao seu desenvolvimento.

22.3.4 A infra-estrutura das propriedades amostradas

No que se refere às benfeitorias existentes nas propriedades amostradas, chamam a

atenção as seguintes situações:

Cochos para sal mineral: há 136 cochos sem cobertura e 48 cochos cobertos. Nos

cochos sem cobertura, provavelmente, acontece uma perda significativa de minerais nos períodos

chuvosos. Coberturas simples, de baixo custo, poderiam ser recomendadas via EMATER-MG.

Silos: nas 75 propriedades visitadas há apenas 8 silos. Este número reduzido pode

significar que os produtores tem dificuldades para alimentar os rebanhos na seca. Pode-se

observar, inclusive, que muitos produtores valem-se de cana picada e capim para alimentar o

gado. Silos de trincheira e de superfície são de baixo custo e podem garantir alimentação farta

para os rebanhos. Incentivo e apoio para a construção de silos deve ser uma ação prioritária.

203

Page 205: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Paióis: na sua maioria são rústicos, o que implica em armazenamento inadequado, com

perdas significativas causadas por pragas e roedores. Paióis simples e eficientes já desenvolvidos

e amplamente divulgados pelos orgãos de pesquisa/extensão, devem ser objeto de uma campanha

de difusão, a ser coordenada pelas instituições locais.

Os 10 alambiques e os 23 engenhos encontrados comprovam que a produção de

cachaça e rapadura tem muita expressividade na região.

Fornos de carvão: a produção de carvão na região é bastante expressiva, fato

comprovado pela existência de 77 fornos para carbonização encontrados nas propriedades

amostradas.

22.3.5 Máquinas e equipamentos dos entrevistados

A tração mecânica (tratores e implementos) existente nas propriedades amostradas é

pequena. Há apenas 5 tratores de pneu e 3 tratores de esteira. Implementos de tração animal

(arado, sulcador e plantadeira) e manual (plantadeira e pulverizador costal) também estão

presentes em diversas propriedades. Carroças e carro de bois são utilizados em algumas

propriedades, em todas as classe de área.

22.3.6 Insumos utilizados nas propriedades

Segundo o volume da aquisição de insumos informados pelos entrevistados, pode se

inferir o seguinte:

• Sal mineral: a relação sal comum e sal mineral é de (2,54:1) indicando uma

mineralização razoável do rebanho.

• Arraçoamento: o arraçoamento do gado bovino não é suficiente para uma produção de

leite econômica. Considerando apenas os farelos, rações e milho adquiridos, tem-se um

índice de, aproximadamente, 1.212 Kg em arraçoamento por dia para 1.265 matrizes

(vacas) ou seja, média diária de 0,96 Kg/vaca. Considerando que as 45,68 toneladas de

milho produzidas nas propriedades seja utilizada para alimentação do rebanho, o

arraçoamento médio diário passa para 1,06 kg/vaca, que ainda não é suficiente para se

obter uma produção de leite econômica.

204

Page 206: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

• Vacinas: pelos dados sobre compra de doses contra aftosa (são necessárias duas doses por

ano), apenas 74% do rebanho foi vacinado. No caso das demais vacinas específicas os

números indicam que o rebanho foi vacinado de madeira razoável.

• Adubos: a julgar pelo número de sacos adquiridos (935), e pela área total ocupada apenas

com culturas agrícolas temporárias (732 hectares), a adubação é, em média, de 64 kg/ha, o

que não é suficiente para obter uma boa produtividade.

• Sementes: a maior parte da semente de milho utilizada é de milho híbrido, mas há

também pequena quantidade de semente de milho de paiol;

• Sêmen de bovino: foram usadas apenas 61 doses de sêmen, mostrando pouca

preocupação com o melhoramento genético dos rebanhos. É preciso orientar e apoiar os

produtores no uso de sêmem, principalmente no caso da pecuária leiteira.

• Aluguel de tratores: pela média (número de horas/número de produtores) cada

entrevistado alugou 11,5 horas de trator, o que comprova a necessidade de se

criar/ampliar a patrulha agrícola municipal para dar suporte aos agricultores.

• Moirões: foram utilizados 28.160 moirões de candeia e 2.665 moirões de outras espécies

florestais nas 75 propriedades visitadas. A média é de 411 moirões por propriedade, o que

comprova a importância deste insumo para os proprietário e mostra a necessidade urgente

de se implementar programas de incentivo ao plantio e manejo racional da cadeia na

região.

22.3.7 Orientação na compra de insumos

A análise da orientação na compra de insumos indica falta de assistência técnica, pois

44% dos entrevistados alegam decidir o uso de insumos por conta própria, o que revela

amadorismo. Somente os técnicos é que devem indicar o que, quanto e como usar, principalmente

produtos veterinários, fertilizantes, rações e defensivos.

22.3.8 Tenência da terra

A maioria dos entrevistados (90,67) exploram suas terras há mais de 5 anos, em média.

55% das propriedades foram compradas, o que sugere uma alta migração regional. 32% dos

205

Page 207: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

entrevistados herdou suas terras (Figuras 89 e 90), mostrando que na região também a certo grau

de tradição na agropecuária, mesmo porque 49% não desenvolvem outras atividades econômicas

fora da propriedade.

FIGURA 89 - Tempo de exploração das propriedades pelos proprietários atuais.

FIGURA 90 - Forma de aquisição da propriedade pelos proprietários atuais.

22.3.9 Associativismo/cooperativismo

Apenas 8% dos entrevistados é filiado à cooperativas e 18,7% deles é sindicalizado

(Figuras 91 e 92). É necessário que os sindicatos e cooperativas locais e regionais realizem um

trabalho de filiação, mobilização e conscientização maior.

206

Page 208: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

22.3.10 Crédito rural

No último ano agrícola 9,33% dos produtores entrevistados utilizou o crédito rural

(Figura 93). A importância do crédito rural para o desenvolvimento agropecuário sugere o estudo

de uma sistemática de crédito rural via cooperativas, ou um sistema de financiamento baseado na

equivalência produto, coordenado pelas entidades regionais, em apoio aos produtores que não

têm condições de tomar crédito junto aos bancos.

FIGURA 91 - Participação dos entrevistados em cooperativas.

FIGURA 92 - Participação dos entrevistados em sindicatos.

FIGURA 93 - Utilização de crédito rural pelos produtores no último ano agrícola.

22.3.11 Força de trabalho

207

Page 209: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Cerca de 36% dos entrevistados trabalha apenas com mão-de-obra familiar em suas

propriedades (Figura 94). Nas propriedades com mais de 500 hectares 86% da mão-de-obra

utilizada é contratada.

FIGURA 94 - Tipo de mão-de-obra usada na propriedade.

Em relação a mão-de-obra contratada, a maior parte (75%) trabalha de forma

temporária nas propriedades, realizando tarefas em épocas especificas ao longo do ano (Figura

95). Trabalhadores braçais, vaqueiros, retireiros, lenhadores e operadores de motoserra

constituem o tipo de mão-de-obra mais requisitado pelos entrevistados (Figura 96).

FIGURA 95 - Percentual da mão-de-obra permanente e temporária contratada pelos proprietários

entrevistados.

FIGURA 96 - Participação percentual dos tipos da mão-de-obra contratada pelos proprietários

entrevistados.

22.3.12 Assistência técnica

208

Page 210: MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA (Eremanthus erythropappus

Há pouca assistência técnica nos municípios pesquisados. Técnicos particulares e

técnicos do IMA visitaram 15 e 10 propriedades cada, respectivamente. No total apenas 48% das

propriedades foram visitadas (Figura 97). Esta pode ser uma das razões para a não adoção de

técnicas de conservação do solo por 61 entrevistados.

O fato indica que é preciso uma união de esforços de entidades regionais para a

promoção conjunta de eventos, ações de orientações e assistência técnica com maior frequência e

intensidade.

FIGURA 97 - Categorias de técnicos que visitaram as propriedades dos entrevistados, em

percentagem.

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