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PAISAGENS EM DEBATE revista eletrônica da área Paisagem e Ambiente, FAU.USP - n. 05, dezembro 2007 1 MANEQUINHO LOPES – O ENTOMOLOGISTA DO VERDE Silvia Valentini Artista Plástica Resumo Este trabalho, exigência de encerramento da disciplina AUP 5871 Viagens pela Paisagem, trata da vida do entomologista Manuel Lopes de Oliveira Filho – Manequinho Lopes. As memórias, os fatos, dados e variada documentação foram colhidos pela pesquisadora durante cinco entrevistas feitas de maio a julho de 2006 com sua filha Francisca Lopes de Oliveira Martinez, 95 anos e a neta do entomologista, Clélia Helena de Oliveira Martinez, 70 anos. Apresentação O acaso (e o amor da Juliana pelos gatos) levou-me a conhecer a família de Manequinho Lopes – a admiração foi instantânea. Dona Francisca recuperava-se de uma fratura na perna, mas sem titubear aquiesceu ao convite para as entrevistas, que começaram mesmo antes que ela voltasse para casa. Aos poucos, fomos mantendo uma convivência agradável, que, segundo Ecléa Bosi 1 , é condição para o bom desenvolvimento do trabalho. Dona Francisca fala com tocante admiração sobre seu pai, com quem aprendeu a usar o microscópio, do trabalho feito por ele na cidade, de como era a paisagem no local onde passeava com sua filha ainda pequena e que depois se transformaria no Parque Ibirapuera. Mas a história de São Paulo não contempla o profissional com a mesma consideração. Manequinho Lopes, como ele não gostava de ser chamado, aparece em poucas referências do paisagismo urbano paulistano. Dentro do Parque Ibirapuera não há menção sobre o seu trabalho; "as pessoas que trabalham no Ibirapuera pensam que o meu pai foi um jardineiro", conta D. Francisca. Muitas das referências foram encontradas na história do jornal O Estado de São Paulo, onde o entomologista mantinha uma coluna (na verdade, um rodapé) semanal sobre agricultura, nas notícias literárias sobre Monteiro Lobato, de quem foi amigo, e ligadas ao trabalho do médico Artur Neiva, com quem conviveu profissionalmente. 1 BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade – Lembrança de velhos. 1973, p37

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PAISAGENS EM DEBATE revista eletrônica da área Paisagem e Ambiente, FAU.USP - n. 05, dezembro 2007 1

MANEQUINHO LOPES – O ENTOMOLOGISTA DO VERDE

Silvia Valentini Artista Plástica

Resumo

Este trabalho, exigência de encerramento da disciplina AUP 5871 Viagens pela Paisagem, trata da vida do entomologista Manuel Lopes de Oliveira Filho – Manequinho Lopes. As memórias, os fatos, dados e variada documentação foram colhidos pela pesquisadora durante cinco entrevistas feitas de maio a julho de 2006 com sua filha Francisca Lopes de Oliveira Martinez, 95 anos e a neta do entomologista, Clélia Helena de Oliveira Martinez, 70 anos.

Apresentação

O acaso (e o amor da Juliana pelos gatos) levou-me a conhecer a família de Manequinho Lopes – a admiração foi instantânea. Dona Francisca recuperava-se de uma fratura na perna, mas sem titubear aquiesceu ao convite para as entrevistas, que começaram mesmo antes que ela voltasse para casa. Aos poucos, fomos mantendo uma convivência agradável, que, segundo Ecléa Bosi 1 , é condição para o bom desenvolvimento do trabalho.

Dona Francisca fala com tocante admiração sobre seu pai, com quem aprendeu a usar o microscópio, do trabalho feito por ele na cidade, de como era a paisagem no local onde passeava com sua filha ainda pequena e que depois se transformaria no Parque Ibirapuera. Mas a história de São Paulo não contempla o profissional com a mesma consideração. Manequinho Lopes, como ele não gostava de ser chamado, aparece em poucas referências do paisagismo urbano paulistano. Dentro do Parque Ibirapuera não há menção sobre o seu trabalho; "as pessoas que trabalham no Ibirapuera pensam que o meu pai foi um jardineiro", conta D. Francisca.

Muitas das referências foram encontradas na história do jornal O Estado de São Paulo, onde o entomologista mantinha uma coluna (na verdade, um rodapé) semanal sobre agricultura, nas notícias literárias sobre Monteiro Lobato, de quem foi amigo, e ligadas ao trabalho do médico Artur Neiva, com quem conviveu profissionalmente.

1 BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade – Lembrança de velhos. 1973, p37

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Esperamos que este trabalho possa trazer para os dias de hoje um pouco mais de visibilidade não só ao entomologista respeitado, profissional de visão, mas também ao homem sensível e amoroso, que carinhosamente apelidou a neta de "inseto" e de quem os amigos falavam com tanto carinho e admiração.

Temos certas lembranças que são como a pintura holandesa de nossa memória, quadros de costumes em que as personagens são muitas vezes de condição medíocre, captadas num momento bem simples de suas existências, sem acontecimentos solenes, às vezes sem qualquer acontecimento, numa moldura em nada extraordinária, sem grandeza. O natural das fisionomias e a inocência da cena são o seu enfeite, o distanciamento põe entre ele e nós uma luz suave que a veste de beleza.

Marcel Proust – Os prazeres e os dias, 1983 p194

A memória da cidade

O século XIX despediu-se de uma cidade agitada. São Paulo deixava de ser uma pacata cidade colonial e se abria para acolher os imigrantes que traziam consigo hábitos e feições européias e estabeleciam-se com restaurantes de preços módicos, pequenos negócios de família, padarias, sapatarias e toda sorte de prestação de serviços. Crescia o movimento, bondes elétricos circulavam no vai-e-vem da Rua 15 de novembro, novos negócios prosperavam na Rua Direita, grandes obras urbanas como a Estação da Luz eram planejadas e construídas, as ruas se despediam do lampião a gás2.

Acompanhada pelas linhas dos bondes, a cidade expandia-se para longe do triângulo que compreendia as ruas Direita, São Bento e 15 de Novembro. As regiões adquiriam características próprias, o Brás, Bom Retiro, Barra Funda ficariam com as indústrias e as moradias dos operários. As residências da elite dariam preferência ao bairro de Campos Elíseos e mais tarde, Higienópolis e a Avenida Paulista – a divisão entre pobres e ricos era evidente.

Os parques e jardins públicos

A Praça Marechal Deodoro tinha muitas rosas, a Praça da República também era um roseiral, rosas maravilhosas... (D. Francisca)

2 Banespa 60 anos. São Paulo, 1986

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Segundo Silva Bruno (vol. III, 1954), dos jardins públicos, o mais importante na virada do século, era o da Luz. Os outros, mais acanhados, plantados nos últimos 30 anos, eram jardinzinhos com quiosques e fontes com chafariz, que aos poucos ganhavam estátuas, grades, jardins de flores. No início do século XX o governo deu mais atenção à arborização urbana e a cidade ganhou os parques do Carmo, do Anhangabaú, além da Praça do Patriarca.

Já na primeira década do século, milhares de árvores seriam plantadas nas praças e nas ruas que, alargadas, transformariam-se em avenidas. O conselheiro Antonio Prado, prefeito na época, queria experimentar novas espécies para a arborização urbana, já que as antigas arrebentavam as calçadas e entupiam os bueiros. Ainda segundo Silva Bruno, o prefeito preocupava-se com o ajardinamento da Várzea do Carmo, do Anhangabaú e a reforma do Jardim da Luz, este, um jardim com poucas e rústicas espécies, além de uma provinciana cercadura de canteiros feita com garrafas de fundo voltado para cima.

No final da segunda década do século, São Paulo teria, segundo dados de Silva Bruno, 12 mil habitantes por hectare de parques e jardins, enquanto que Buenos Aires teria 1 200, Paris 1 354 e Londres 1 031. Ou seja, os jardins públicos existentes, considerados como purificadores do ar da cidade e local de encontros e lazer da comunidade, não eram suficientes. São Paulo, registra Kliass (1993), que na época já acusava um impressionante crescimento, contava então com 579 033 habitantes.

Jardim da Luz, c. 1930 Praça da República.

http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/galeria/vila_historia1_19.asp

Goulart Reis Filho (1994) comenta que o aumento do número de parques e jardins adequava-se aos anseios da população. Na cidade com maior densidade demográfica, a paisagem rural se distanciava, o que ocasionava certa nostalgia da natureza. Portanto, os moradores da cidade viam com bons olhos as benfeitorias em parques e jardins.

Em publicação sobre os jardins particulares, Dierberger (1929) comenta sobre a simpatia com que o paulistano via os jardins e o prazer que tinha em cultivar, ele próprio, roseiras, cana-da-índia, azáleas, buxinho, antúrios, caladiuns, dálias. Na época, as casas maiores possuíam também quintal com frutíferas e galinhas.

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Em São Paulo, metrópole em trânsito, encontramos também referência aos pequenos jardins das casas operárias, cujo plantio e cuidado eram incentivados pelas próprias fábricas, em concursos anuais que premiavam os mais bonitos.

Manequinho Lopes

Não tinha onde estudar aqui, então o meu avô mandou ele (Manequinho) estudar na Europa, de modo que ele estudou na França, na Alemanha, tanto que falava alemão fluentemente... os que tinham dinheiro saiam para estudar.

Graças ao diploma (na volta) ele entrou para a prefeitura e começou a pintar a cidade de verde, como dizem, (...). São Paulo naquela época tinha poucas árvores e ele começou a formar os parques...

Quando ele saía de guarda-chuva a gente falava: - Pai, para quê isso? Depois nós descobrimos que era para cotucar os canteiros... para ver se a terra estava úmida, ver se tinham aguado...(Francisca)

O prefeito era o Antonio Prado e eles se davam bem, ele tinha autonomia (...) trabalhou no Biológico também, naqueles combates das pragas da lavoura, a broca do café, a lagarta rosada do algodão, a saúva...

O meu pai muitas vezes trabalhava em casa, às vezes ele plantava e também acolhia pessoas para ensinar (...) eram as três casas: uma eu fiquei morando, a outra era a dele, que tinha cozinha funcionando, e na outra ele tinha o escritório dele, tudo arrumado, livros, tudo. Eu era criança (...) ele me pegou no colo para me mostrar uma lagarta saindo do casulo, eu me lembro como se tivesse sido hoje, porque eu fiquei tão entusiasmada de olhar no microscópio... Ele estava sempre ali, olhando no microscópio, e foi a primeira vez que eu olhei no microscópio, que é muito diferente desses microscópios de hoje, não é? (Francisca)

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D. Francisca em casa com o microscópio do pai O entomologista em seu escritório. Foto Juliana Valentini – junho 2006

Nascido em 14 de março de 1872, alguns de seus documentos apontam o local do nascimento como o Rio de Janeiro, enquanto que outros citam Sorocaba. A verdade é que Manuel Lopes de Oliveira Filho dizia-se paulista de coração, apaixonado pela cidade que ajudou a pintar de verde. Entomologista formado em Heilderberg, na Alemanha, quando ouvia alguém falar em ciência pura, dizia que não conhecia ciência impura. Residiu na Europa dos 10 aos 21 anos, tendo estudado também em Zurique, na Suíça. De volta ao Brasil, em 1893, casou-se (aos 21 anos), com sua prima portuguesa Cândica Teixeira, de 16 anos, mudando-se em seguida para uma fazenda de sua propriedade, em Botucatu.

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Certidão de nascimento Certidão de casamento – Acervo da família

Posteriormente, com o pai enfrentando problemas financeiros, vende a fazenda e inicia a sua carreira como funcionário público no Instituto Biológico, desde a criação do mesmo, como um dos cientistas da equipe de Artur Neiva.

A sua formação de entomologista e a sua eficiência no combate as pragas faz com que ele viaje para diversas cidades do país: na Ilha de Paquetá combate saúvas; no interior de São Paulo e Paraná é chamado para exterminar a broca do café e a lagarta do algodão.

Em artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo (16 de outubro de 1947) o colega e escritor que assina V. Cy. comenta:

(...) Na administração pública, deixou no setor em que trabalhou um rastro inesquecível. Descobriu-lhe a capacidade nesse terreno Antonio Prado Júnior que, quando veio dirigir a municipalidade do Rio de Janeiro, trouxe Manequinho Lopes para chefiar a Inspetoria Agrícola e Florestal. Não cabe nos limites desta simples notícia o registro da obra que realizou na fazenda municipal de Guaratiba, na Floresta da Tijuca, nos Hortos, nas Ilhas da Guanabara, nas estradas do Distrito Federal, nas próprias ruas da cidade. Por onde passava, surgiam árvores, brotavam canteiros floridos, nasciam encantos e seduções, desabrochava beleza. Mais tarde, em São Paulo, quando Fabio Prado foi prefeito, chamou Manequinho para um de seus auxiliares. E Manequinho encheu São Paulo de árvores e de suas ruas fez jardins. Remodelou parques e transformou feiuras urbanas em perspectivas de belezas (...).

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O Suplemento Agrícola

...quando começou a coluna no jornal ele tinha um pouco de dificuldade no português, por ter ficado muitos anos só no alemão, aí quem corrigia era a Candoquinha (filha mais velha), mas ele achava que estava numa linguagem muito elevada e mudava tudo. Ele recebia muitas cartas com consultas de todo o Brasil e às vezes até da América do Sul. Ele escrevia os artigos agrícolas, era um rodapé que saía no Estado. Depois foi melhorando, os agricultores querendo mais notícias; eles escreviam tudo errado, mas escreviam pedindo orientação...gente muito ignorante que escrevia com dificuldade, mas ele respondia tudo. Era semanal... Toda semana tinha consulta. Depois o rodapé foi crescendo e virou o caderno agrícola, muito lido. Antes de trabalhar com o paisagismo da cidade ele era mais ligado à agricultura. (Francisca)

A sede do jornal O Estado de São Paulo funcionava no mesmo prédio da Light, construído por Martinico Prado, irmão do prefeito Antonio da Silva Prado, no Largo Antonio Prado, local onde existia a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, demolida por ocasião da ampliação do largo3.

Afonso Schmidt (2003) nos relata a história da praça: construída em 1725, a capela de Nossa Senhora do Rosário ficava entre o pátio de São Bento e o de São Francisco. A capela que depois se tornou igreja, tinha ao lado um terreno que servia de cemitério para os mortos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Ao longo do beco que ligava o terreno à Rua de São Bento, já no século XIX, havia inúmeras casinhas de negros, antigos escravos, que ali vendiam quitandas: doces, geléias, pamonhas, cuscuz, verduras e legumes. Local das festas de Nossa Senhora do Rosário, a praça era também palco de festas da comunidade.

No final do século, as casas, juntamente com o terreno do cemitério, foram desapropriadas pela Câmara Municipal (pela quantia de seis contos de réis) para transformar o local em Largo do Rosário. Já no início do século XX, foram demolidas a igreja e as primeiras casas da Rua do Rosário, buscando ampliar a praça, que não mais se chamava Largo do Rosário e sim Praça Antonio Prado. Em seguida, Martinico Prado iniciou a construção do prédio, ocupado posteriormente pelos escritórios da Light e do jornal O Estado de São Paulo.

O Suplemento Agrícola foi criado no dia 5 de janeiro de 1955, em formato tablóide de 16 páginas (hoje o "Agrícola" é editado com 20 páginas). O encarte há muito fazia parte dos planos dos Mesquita e a sua edição foi anunciada como uma moderna revista agrícola de linguagem simples e clara, que o jornal O Estado de São Paulo oferecia aos seus leitores, principalmente os residentes em regiões agrícolas. O primeiro número trazia em destaque a agricultura do estado, numa reportagem especial do editor Edgar Fernandes Teixeira. No entanto, desde 1918 Manequinho Lopes já escrevia, toda quarta-feira, o seu rodapé de nome Assumptos Agrícolas4.

3 São Paulo, metrópole em trânsito 4 Texto publicado no Suplemento Agrícola de 05/01/2005

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Recibo de pagamento do jornal O Estado de São Paulo Manequinho Lopes. Acervo da família

Manequinho Lopes publicou sua coluna Assumptos Agrícolas por 20 anos, de 1918 a 1938, ano de seu falecimento. Assinava O. F. (Oliveira Filho), pois não gostava do apelido carinhoso dado pelos amigos – Manequinho Lopes.

Em 1920 o Brasil já teria 20 milhões de habitantes, mais de 70% deles analfabetos. As informações da coluna eram repassadas oralmente no campo, pelas poucas pessoas que sabiam ler5.

Em seus artigos, O.F. procurava estimular as mais variadas práticas agrícolas, em escrita simples que pudesse ser entendida pelos agricultores menos cultos. Pela correspondência dos seus leitores, nas inúmeras cartas que recebia, podia averiguar se os seus conselhos estariam sendo seguidos. Isso aconteceu com o capim Kikuio. Manequinho tinha em seu jardim uma pequena touceira do capim e, em uma de suas colunas, ofereceu mudas e sementes aos leitores. Isso despertou o interesse do chefe do Posto Zootécnico da Diretoria de Indústria Pastoril que procurou O.F. e iniciou uma plantação de capim que teria se espalhado por vários municípios. O Posto Zootécnico passou então a colaborar com o jornal, distribuindo diretamente mais sementes e mudas para os leitores interessados.

Nessa época Manequinho, preocupado com a diminuição dos palmitais, já seriamente ameaçados, resolve aproveitar-se do sucesso obtido com o capim Kikuio. Em uma quarta-feira escreve um artigo aconselhando a todos que plantassem grande quantidade de determinada palmeira, pois esta, ao final de cinco anos já produziria o palmito. Desnecessário dizer que depois de cinco anos o jornal receberia inúmeras cartas reclamando do tamanho acanhado da palmeira, o que não perturbaria O.F., pois, passados cinco anos, ninguém mais as arrancaria.

Manequinho foi também responsável por introduzir em São Paulo a plantação de cinamomos. Em 1928, de posse de certa quantidade de sementes importadas, escreveu que as sementes seriam distribuídas aos leitores interessados. Em pouco tempo as sementes se esgotaram, o que demonstrava a surpreendente penetração da coluna Assumptos Agrícolas.

5 D.O. Leitura, Imprensa oficial de SP, 11/nov/92

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A vida nos Campos Elíseos e a residência da família

A Barão de Campinas era uma rua muito simples, perto do Palácio do Governo, o Campos Elíseos era lindo naquela época... O bairro era mais de chácaras do que de casas residenciais. ... Não havia perigo de se andar à noite, na rua... Morávamos na Barão de Campinas, esquina com a Al. Glete, onde passava o bonde...A nossa casa tinha um porão alto e lá eu levei muitos tombos da rede. Quando fomos para lá a rua não era calçada, só era calçada a rua principal, onde passava o bonde... A casa tinha quintal com plantas ornamentais, mas não tinha frutas. Não tínhamos galinhas no quintal, mas quase todas as casas tinham... Mamãe não tinha horta, ela não era dessas coisas...

Tinha um cachorro policial com o nome de raio, em alemão, e tinha o fox paulistinha que mordia a perna do cachorro policial... Eu ficava na janela com esse cachorro policial, todo mundo conhecia a casa da menina dos cachos que ficava na janela com o cachorro...

O meu pai e minha mãe quase não saíam, ficavam muito em casa... Tinha uma escadinha para subir e já era a porta de entrada... O banheiro era dentro de casa, mas não tinha água encanada... Tinha uma sala de visitas, a sala de jantar. Fazíamos as refeições na sala... O almoço era 11:30...quando escurecia já era hora do jantar. O fogão era a lenha, depois a carvão; muito depois a gás, mas não era qualquer um que tinha... As panelas primeiro eram de ferro, e depois meu pai arranjou uma coisa muito importante, as panelas de níquel, importadas. .. O ferro de passar era a carvão uma coisa muito primitiva. Dentro do ferro ficavam as brasas... Quando começava a apagar a gente assoprava atrás para ativar as brasas. Era pesado. As brasas estouravam dentro do ferro e as fagulhas queimavam as roupas... Um homem trazia o carvão em um carroção. O ferro elétrico foi um acontecimento.

As frutas também eram vendidas de porta em porta, e as galinhas e os ovos também.

O lixo era colocado numa lata que era recolhido num carroção de burros.

A luz era de lampião, tanto na casa como na rua... de tardezinha passava o homem acendendo...era muito bonito, a gente se adaptava a essas simplicidades, pois era o que tinha.

Monteiro Lobato almoçava todo domingo na minha casa; ele ia sozinho sem a família, era muito amigo do meu pai... O prato era "cozido": carne de porco, frango, carne de boi... Batata, repolho, cenoura, ihh, tanta coisa, era uma delícia mesmo o cozido.

Ele (Manequinho) cozinhava muito bem, fazia um famoso chocolate que aprendeu na Alemanha... Um chocolate delicioso; batia as claras em neve e as gemas muito bem batidas, juntava o leite e ia mexendo; depois punha o chocolate derretido e já na xícara colocava as claras em neve – para os dias de inverno era muito gostoso (Francisca)

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Schmidt (1954) faz menção à venda de leite de porta em porta, comentando que às sete horas havia uma combinação de diferentes sons na cidade: os cocheiros, os bondes, os guizos das vacas e das cabras. O copo de leite custava cem réis. Mais tarde, proibidos pela prefeitura de circular com as vacas pela cidade, passaram a vender o leite de carroças, em litros que depositavam junto das janelas ainda fechadas.

Campos Elíseos – 1897 e em 1930 A esquina de Al. Glete com a Barão de Campinas. São Paulo – Percursos Urbanos e Culturais

Bairro de Campos Elíseos – 1902-1903 – Foto de Guilherme Gaensly. São Paulo 1900

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Campos Elíseos hoje, com indicações da esquina da Al Glete com a Barão de Campinas,

Residência da família, e a Rua Lopes de Oliveira, nome do pai de Manequinho Lopes.

Guia de ruas Quatro Rodas 1999.

Campos Elíseos, vista da torre da Estação da Luz – 1920

São Paulo – andar, vagar, perder-se

Segundo Rosa Kliass (1993), no final do século XIX o centro de São Paulo caracterizava-se como uma área de serviço e comércio. Em 1879 Frederico Glete dividiria em lotes a área a oeste do Anhangabaú, que viria a ser o bairro de Campos Elíseos, escolhido como local de moradia pela elite burguesa da cidade.

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A família de Manequinho Lopes residiu nos Campos Elíseos até 1934, quando se mudou para Vila Mariana.

O bairro de Vila Mariana

Como era boa a vida na Morgado de Mateus, tinha todo recurso, o padeiro que distribuía o pão vinha com uma carrocinha puxada por um burro... A rua era de terra; só a Rodrigues Alves era de paralelepípedo. ...A casa do meio era a casa da família, todo mundo comia lá... O meu marido e o meu pai vinham almoçar em casa, comer em restaurante era um acontecimento. A rua era um parque para as crianças, não tinha perigo algum, as crianças corriam na rua para lá e para cá, era um acontecimento passar um carro na rua.

As casas, quase todas, tinham um jardinzinho na frente, e geralmente eram as donas que cuidavam. No jardim tinha a palmeirinha, tinha rosas... Aquela roseira branca que passou para o nosso quintal é daquela época. (Francisca)

Os sobrados construídos em 1934 Os três sobrados em 2006 – Foto Silvia Valentini. Acervo da família

Ponciano informa que o primeiro nome do bairro foi Cruz das Almas, motivado pela história de que no século XVI dois irmãos tropeiros teriam sido assassinados por ladrões próximo à atual Rua Afonso Celso, local onde foi colocada uma grande cruz. No entanto, com a chegada de imigrantes italianos no final do século XIX, o bairro passaria a chamar-se Colônia e assumiria feição de bairro produtor de frutas e legumes, com diversas chácaras e pomares. Entre 1883 e 1886 o engenheiro Alberto Kuhlman, da Companhia Carris de Ferro de São Paulo, construiria a estrada de ferro da Liberdade até Santo Amaro, no antigo Caminho do Carro para Santo Amaro, depois Estrada do Fagundes. Kuhlman teria dado o nome de sua mulher, Mariana, a uma das estações; e é assim que aparece o nome do bairro Vila Mariana registrado na Prefeitura, na entrada do século XX6.

6 Bairros Paulistanos de A a Z. 2001

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No início de 1900 seria construída, próximo à Chácara Flora, uma residência na Rua Domingos de Moraes que, segundo Massarolo, de chácara com galinhas passaria a ser a casa mais elegante do bairro, propriedade do Conde Queirolo, sócio do Banco João Brícola. O bairro já estava bastante desenvolvido, com novas lojas, oficinas, mercado de burros e o conforto de uma farmácia, o que evitava que os moradores tivessem que ir até o centro para aviar uma receita. Nas vendas podia-se comprar querosene, sal, açúcar, pinga, pagando-se por mês – ao final, a soma da caderneta daria entre 30 e 40 mil réis. Como diversão, as opções eram o jogo de bocha ou de cartas e os bailes no Parque de Vila Mariana, sempre aos domingos, das 16 às 22 horas. Os cavalheiros pagavam o ingresso de 500 réis e as damas não podiam recusar (dar tábua) os convites para dançar.

No ano de 1900 o bairro assistiu a venda da Companhia de Ferro Carril, com dificuldades financeiras, para a Light e assim logo chegaram os bondes elétricos, fazendo o percurso para o Matadouro.

A região do Ibirapuera, antiga parada obrigatória das boiadas que vinham do interior para o Matadouro Municipal, registra Massarolo, era então uma grande planície que se via de longe, com capim ralo e montículos de cupins. Terminada a segunda década do século, com exceção da Rua Domingos de Moraes, o bairro continuava sem calçamento. O bonde circulava na Av. Jabaquara, do parque do mesmo nome até o Largo da Sé. A espera pelo bonde era de aproximadamente uma hora. O Largo do Matadouro, endereço de várias casas de comércio, já era calçado. De lá saiam vários bondes de meia em meia hora, com destino ao Largo São Francisco, passando pelas ruas Brigadeiro Luís Antonio, Av. Paulista, Paraíso, Domingos de Morais, Rodrigues Alves, Rua do Curtume. Atrelado ao bonde, um reboque apelidado "Cara-dura", que, segundo Masarolo, cobrava meio ingresso (o preço regular era de 200 réis) e onde se permitia viajar descalço. O bonde da linha Santo Amaro era diferente dos outros, maior e fechado como um vagão de trem. Pintado de amarelo, no início recebeu o apelido de Gaiola de Tatu; mais tarde, devido à velocidade que alcançava próximo ao Instituto Biológico, teria ganho o apelido de Perigo Amarelo7.

O Viveiro e o Parque Ibirapuera – a obra de Manequinho

O Parque Ibirapuera não existia, era mato... Era encharcado mesmo. Foi quando a Clélia teve coqueluche; naquele tempo não existia vacina e então eu levava ela toda manhã para respirar o ar dos eucaliptos. Porque para conseguirem que o parque ficasse calçado eles botaram os eucaliptos, porque chupam a umidade do solo, não é? Foi meu pai que fez isso, ele tomava conta dos parques e jardins... O parque tinha muitas árvores... Era muito acolhedor, mas era mato. E depois foi se transformando (Francisca)

Era enorme, depois foram construindo, construindo, chegava até a Abílio Soares... Depois foram fazendo a Assembléia, roubando do parque; Ali na Av. Quarto Centenário tinha tanta casa na área do parque..(Clélia)

7 O bairro de Vila Mariana. Série História dos Bairros de São Paulo – VIII.

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As mudas que abasteciam os jardins públicos, no primeiro quarto do século, vinham de viveiro próximo ao Jardim da Luz e também do viveiro da Água Branca, logo transformado em Parque da Secretaria de Agricultura. Com o crescimento da demanda por árvores e plantas, em 1927, o então Diretor da Divisão de Matas, Parques e Jardins da prefeitura, Manuel Lopes de Oliveira Filho, escolhe um grande espaço da Vila Clementino, várzea dos córregos Caaguaçu e Sapateiro, para ali instalar um viveiro maior, enquanto o do centro seria fechado. O local era conhecido como Ypy-ra-ouêra o que em Tupy significa pau-podre. Manequinho, profundo conhecedor de plantas e solos, inicia um trabalho de saneamento, retirando o excesso de umidade do solo com o plantio de eucaliptos8.

Na área de 2 000 000 m2 plantou também outras espécies como: Ipê – Tabebuia chrysotricha, Pau-Brasil – Caesalpinia echinata, Pau-jacaré – Piptadenia gonoacantha, Tipuana – Tipuana titu, Plátano – Platanus acerifolia, Magnólia – Magnolia grandiflora e Canela – Cryptocarya aschersoniana. A intenção seria que o parque tivesse um tratamento artístico e sofisticado, semelhante aos parques europeus, por estar próximo a bairros nobres.

Região do Ibirapuera em 1930 – http://200.230.190.125/atlas/conteudo/metro/metro_14_1.jpg

Segundo Rosa Kliass, no início dos anos 30 a cidade de São Paulo tinha um total de 978.227m2 de área de parques, referentes ao: Jardim da Luz, Praça da República, Parque Trianon, Jardim da Aclimação, Praça Buenos Aires, Parque Dom Pedro II e Parque da Água Branca.

O novo parque e o viveiro de mudas começam então a se formar e, como as mudas eram distribuídas gratuitamente entre a população, logo o bairro começa a ficar mais verde, com as espécies crescendo em canteiros de residências e avenidas.

Com o falecimento de Manequinho Lopes em 1938, o viveiro, como homenagem, recebe o seu nome. O parque, porém, só seria entregue à população meses depois do IV

8 O Estado de São Paulo, 12/06/98 – Caderno Seu Bairro – Ibirapuera

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Centenário de São Paulo (25 de janeiro de 1954), no dia 21 de agosto, dia estabelecido como aniversário do Parque Ibirapuera9.

Ipê roxo Tipuana Sibipiruna

Pau-ferro Pau-Brasil Produção de mudas

Mapa do Parque – Prodam

9 Histórico do parque – Prodam : www.prodam.sp.gov.br

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Parque Ibirapuera Manequinho Lopes. http://revistaturismo.cidadeinternet.com.br/passeios/ibirapuera.html. Acervo da família

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TOLEDO, Benedito Lima de. São Paulo: três cidades em um século. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1981

Agradecimentos

Dona Francisca Lopes de Oliveira Martinez, uma encantadora e elegante senhora que me confiou suas memórias de jovem mulher adiante do seu tempo, e que a cada dia transmite novas lições de vida. Com muita admiração.

Clélia Helena de Oliveira Martinez, pela companhia nos percursos, pelas chamadas que ativaram as lembranças embaçadas, pela afetuosa acolhida com biscoitinhos de canela e café em porcelana inglesa antiga; mas, sobretudo pela extrema confiança ao entregar todas as memórias, registros, fotos e documentos originais do avô, sem o que este trabalho não teria sido possível. Com amizade.

Juliana Valentini, sempre atenta, pela apresentação de suas vizinhas e pelos registros fotográficos. Com amor.

Gata Gina, intrigante, pela aprovação instantânea manifestada por meio de complexas alegorias, o que nos permitiu o salvo-conduto para a convivência. Com respeito.

Nota dos Editores

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