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VASCO Manfredo Tafuri falecido em 1994 é um dos mais influentes historiadores e críticos de Arquitetura e mantém até os dias de hoje uma grande importância em vários debates contemporâneos. Ele contribuiu com um rigor filológico das suas pesquisas, por a sua leitura crítica das utopias das vanguardas e sobretudo pela sua capacidade intensa de análises por outras disciplinas das ciências humanas, como a filosofia, a psicologia e a sociologia. Nos seus mais importantes textos ladeou o Renascimento e a atualidade de diferente forma para tecer as suas críticas, através de articulações de noções de tempo, para ele o tempo é um objeto de estudo por si só, e remete às raízes do seu trabalho nos debates filosóficos italianos. FERNANDO O seu livro “ Progetto e utopia” publicado pela primeira vez em 1973, é ainda hoje um livro fundamental da historiografia da arquitetura contemporânea, nessa sua publicação tafuri procura uma expressão de um pensamento marxista radical que perante a crise dos últimos ciclos da arquitetura moderna, decreta a “ morte” da arquitetura como disciplina humanista Algo que esta na base do pensamento de tafuri é a sua ideia de me trópole, uma certa ideia de modernidade. Para tafuri o termo metrópole não se refere a uma cidade específica, mesmo sendo possível ler as enumeras referências a cidades como paris e Viena nas suas obras. Tafuri refere o complexo sistema de produção e consumo que é expressão da realidade industrial da cidade burguesa, no entanto assume o termo “ metrópole” como uma abstração, uma alegoria, ou seja a metrópole é a metáfora do mundo moderno e simultaneamente a realidade do nosso mundo contemporâneo. Tafuri entende que qualquer gesto, qualquer ato, qualquer ação da logica instaurada pelo iluminismo, é uma resposta ás questões colocadas pela metrópole. Para ele a modernidade não é imaginável sem a metrópole porque a metrópole é a “forma-tipo” da modernidade. A metrópole é sinonimo de negatividade e de pensamento negativo, ou seja, a metrópole é necessariamente o locus da crise que caracteriza a modernidade. RENATO A presença desta atitude de “desconfiança” em relação a metrópole é uma marca de um tempo que é o nosso. Nos últimos dois seculos a metrópole foi violentamente denunciada e apaixonadamente exaltada, tornou-se central na cultura contemporânea constituindo um ponto de fixação dos nossos receios e das nossas esperanças. Neste sentido, as reflexões sobre a metrópole de Manfredo tafuri, apoiadas no processo desta dialética, iniciada em finais do sec .XVIII respondem a uma interrogação sobre a consciência desse tempo. No Pós Guerra o autor viveu o período da dissolução do movimento moderno e as complexas transformações culturais, e é partir do contexto revisionista dos anos 60 que tafuri começa verdadeiramente a atuar, recorrendo a “dialética negativa” de Theodor Adomo e Max Horkeimer para diagnosticar a “crise” da arquitetura contemporânea e iniciar uma leitura critica dos fundamentos ideológicos da disciplina estabelecidos desde o iluminismo. As investigações de tafuri reflectem-se nos trabalhos editados em 73, o livro “Progetto e utopia” já referenciado anteriormente e o ensaio “ La montagna disicantata: II grattacielo e la City, dedicado ao fenómeno do arranha-céus e ao seu território privilegiado.

Manfredo Tafuri

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Critica de manfredo tafuri

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  • VASCO

    Manfredo Tafuri falecido em 1994 um dos mais influentes historiadores e crticos de

    Arquitetura e mantm at os dias de hoje uma grande importncia em vrios debates

    contemporneos. Ele contribuiu com um rigor filolgico das suas pesquisas, por a sua leitura

    crtica das utopias das vanguardas e sobretudo pela sua capacidade intensa de anlises por

    outras disciplinas das cincias humanas, como a filosofia, a psicologia e a sociologia.

    Nos seus mais importantes textos ladeou o Renascimento e a atualidade de diferente forma

    para tecer as suas crticas, atravs de articulaes de noes de tempo, para ele o tempo um objeto de estudo por si s, e remete s razes do seu trabalho nos debates filosficos italianos.

    FERNANDO

    O seu livro Progetto e utopia publicado pela primeira vez em 1973, ainda hoje um livro

    fundamental da historiografia da arquitetura contempornea, nessa sua publicao tafuri

    procura uma expresso de um pensamento marxista radical que perante a crise dos ltimos ciclos da arquitetura moderna, decreta a morte da arquitetura como disciplina humanista

    Algo que esta na base do pensamento de tafuri a sua ideia de metrpole, uma certa ideia de

    modernidade. Para tafuri o termo metrpole no se refere a uma cidade especfica, mesmo

    sendo possvel ler as enumeras referncias a cidades como paris e Viena nas suas obras. Tafuri

    refere o complexo sistema de produo e consumo que expresso da realidade industrial da

    cidade burguesa, no entanto assume o termo metrpole como uma abstrao, uma

    alegoria, ou seja a metrpole a metfora do mundo moderno e simultaneamente a realidade do nosso mundo contemporneo.

    Tafuri entende que qualquer gesto, qualquer ato, qualquer ao da logica instaurada pelo

    iluminismo, uma resposta s questes colocadas pela metrpole. Para ele a modernidade no imaginvel sem a metrpole porque a metrpole a forma-tipo da modernidade.

    A metrpole sinonimo de negatividade e de pensamento negativo, ou seja, a metrpole necessariamente o locus da crise que caracteriza a modernidade.

    RENATO

    A presena desta atitude de desconfiana em relao a metrpole uma marca de um

    tempo que o nosso. Nos ltimos dois seculos a metrpole foi violentamente denunciada e

    apaixonadamente exaltada, tornou-se central na cultura contempornea constituindo um

    ponto de fixao dos nossos receios e das nossas esperanas. Neste sentido, as reflexes sobre

    a metrpole de Manfredo tafuri, apoiadas no processo desta dialtica, iniciada em finais do

    sec .XVIII respondem a uma interrogao sobre a conscincia desse tempo.

    No Ps Guerra o autor viveu o perodo da dissoluo do movimento moderno e as complexas

    transformaes culturais, e partir do contexto revisionista dos anos 60 que tafuri comea

    verdadeiramente a atuar, recorrendo a dialtica negativa de Theodor Adomo e Max

    Horkeimer para diagnosticar a crise da arquitetura contempornea e iniciar uma leitura critica dos fundamentos ideolgicos da disciplina estabelecidos desde o iluminismo.

    As investigaes de tafuri reflectem-se nos trabalhos editados em 73, o livro Progetto e

    utopia j referenciado anteriormente e o ensaio La montagna disicantata: II grattacielo e la

    City, dedicado ao fenmeno do arranha-cus e ao seu territrio privilegiado.