MANIFESTAÇÃO E DEMOCRACIA: SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA

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MANIFESTAÇÃO E DEMOCRACIA: SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA

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MANIFESTAO E DEMOCRACIA: SUA TRAJETRIA HISTRICABrbara Vitria Corra de Lucca[footnoteRef:2] [2: Graduanda em Direito na Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP)]

Maria Luiza Santiago Campanelli[footnoteRef:3] [3: Graduanda em Direito na Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP)]

RESUMOEste artigo apresenta um estudo remoto das manifestaes populares, traando um panorama da evoluo das mesmas. Buscando o motivo das manifestaes, bem como a influncia desta na evoluo da sociedade e no aperfeioamento da democracia, o presente trabalho objetiva fomentar a importncia das revolues sociais desde os tempos antigos. Exibe a histria das manifestaes populares e destaca as mais importantes do mundo, inclusive as do Brasil. Tem o papel tambm de salientar, que as manifestaes, embora estejam em momentos histricos diferentes, buscam os mesmo ideais. Por meio das pesquisas realizadas neste trabalho possvel chegar concluso de que as modificaes so eminentes para que a sociedade possa se aperfeioar e alcanar o bem comum. Por derradeiro, fica evidente no haver nada que una mais uma sociedade, um povo, do que uma revoluo popular, pois as pessoas estaro juntas para brigar, lutar por algo que trar benefcios para toda populao.Palavras-chave: Motivo das manifestaes. Bem comum. Sociedade. Democracia.

MANIFESTATION AND DEMOCRACY: ITS HISTORICAL TRAJECTORYABSTRACTThis paper presents a study of remote demonstrations, drawing a panorama of evolution. For the cause of the manifestations, as well as its influence on the evolution of society and the improvement of democracy, this work aims to promote the importance of social revolutions since ancient times. Displays the history of popular manifestations and highlights the most important in the world, including Brazil. Also has the role of stress that, the manifestations, although they are at different historical moments, seeking the same ideals. Through the research conducted in this paper is possible to conclude that the changes are eminent for society to improve and achieve the common good. For the last, it is evident that there is nothing more that unites a society, a people, than a popular revolution, because people will be together to fight, fight for something that will benefit the entire population.Keywords: Reason of manifestations. Common good. Society. Democracy.

INTRODUO

As revolues sociais sempre ocorreram pelos mesmos motivos? Manifestaes so sempre democrticas e buscam a evoluo da sociedade? Uma classe oprimida busca ascenso social com as manifestaes? A populao influencia no modo de governo? O governo democrtico uma luta da sociedade? Essas so umas das primeiras indagaes feitas para a realizao deste trabalho. Na busca de tentar solucion-las, foi preciso estudar como as manifestaes populares ocorrem desde os tempos mais remotos.Revolues ou manifestaes populares sempre fizeram parte do cotidiano de todas as sociedades. A busca por uma melhor qualidade de vida, direitos iguais, o fim de governos autoritrios, so uma das principais aspiraes da populao. Cabe ressaltar, que no comeo as revolues eram realizadas de forma violenta onde vidas eram colocadas em jogo para que uma transformao social ocorresse, no entanto ouve uma verdadeira evoluo e o carter democrtico surgiu; as manifestaes pacficas so a melhor maneira de se atingir os ideais pregados por um povo. vlido tecer consideraes, de que o objetivo desse trabalho informar e conscientizar que as transformaes e revolues sociais so de vital importncia. A ideia traar um panorama geral de como a evoluo das manifestaes foram ocorrendo e demonstrar os obstculos que a sociedade enfrentou para combater ditadores e implantar um governo mais justo, ou at os obstculos que ainda encaram. mister salientar, que para melhor compreenso, o artigo est dividido em 3 momentos: O primeiro apresenta, de maneira geral, a histria das manifestaes populares e as mais importantes no mundo. J num segundo momento, trata-se da maior manifestao popular que o Brasil j presenciou, destacando sucintamente os principais momentos. Para concluir, no terceiro perodo, tratado da Primavera rabe o maior movimento democrtico de todos os tempos.

1 HISTRIAS DAS MANIFESTAES POPULARES QUE, AJUDARAM NO APERFEIOAMENTO DA DEMOCRACIA

notrio comear a ressaltar que, em geral, as civilizaes nunca aceitaram um governo soberano, autoritrio e que no respeitasse a vontade popular. Prova disso, que quando um rei ou um governante comeasse a deixar claro que s realizava os desejos da elite, as pessoas se reuniam e faziam vrias manifestaes para acabar com o poder absoluto.A democracia surgiu na Grcia antiga, contudo era muito diferente da democracia que conhecida hoje. A da Grcia Antiga era bem restrita e quase no considerava os anseios da grande populao, muito menos o povo teria a soberania que disseminada pela democracia contempornea. Foi com a Revoluo Inglesa, Revoluo Americana e Revoluo Francesa que a democracia surgiu com as caractersticas que permanecem at os dias atuais; a soberania popular e o Estado Democrtico so os pontos mais fortes e mais altos dessa nova roupagem que ela recebeu. Fica evidente, que as revolues populares so e foram essenciais para que a democracia ganhasse novos ideais e conceitos. vlido, portanto, elencar as principais manifestaes populares que implantaram ou at mesmo aperfeioaram o Estado Democrtico: Movimento Negro (Estados Unidos da Amrica): Sem dvidas, o principal smbolo dessa luta foi o grande pastor protestante e ativista poltico Martin Luther King. Ele organizou e liderou passeatas a fim de conseguir o direito ao voto, fim da segregao, o fim das discriminaes no trabalho e outros direitos civis bsicos. Em sua alma, o anseio de liberdade e igualdade era o que mais alimentava seu desejo de se manifestar e mostrar para a sociedade a grande realidade do pas naquela poca. Lutava com fora e foco por um tratamento igualitrio e contribuiu para a melhoria da sade e educao em todo territrio Norte Americano. A sua busca pelos direitos sociais da populao era impecvel e digna de eternos elogios. Apartheid (frica do Sul): O Apartheid nada mais foi do que a famosa segregao racial, onde a minoria branca imperava sobre a populao negra. Teve inicio na colonizao da frica do Sul e dividia a populao em grupos (brancos, negros, indianos e de cor). Esse movimento trouxe intensa instabilidade para o pas, pois revoltava a populao que era segregada explicitamente; vrias pessoas eram proibidas de frequentar algum ambiente simplesmente por no serem brancos. Pensar em um absurdo desse atualmente chega a ser cmico, todavia, para a poca, aquela sociedade sofreu grandes traumas e as feridas continuam at hoje. A poltica de segregao era muito forte e fica evidenciado que:A poltica de segregao racial foi oficializada em 1948, com a chegada do Novo Partido Nacional (NNP) ao poder. O apartheid no permitia o acesso dos negros s urnas e os proibia de adquirir terras na maior parte do pas, obrigando-osa viver em zonas residenciais segregadas, uma espcie de confinamento geogrfico. Casamentos e relaes sexuais entre pessoas de diferentes etnias tambm eram proibidos. (FRANCISCO, s/p)

O grande lder da luta contra o Apartheid foi o glorioso Nelson Mandela um advogado, lder rebelde e presidente da frica do Sul de 1994 a 1999, lutou bravamente contra esse regime de segregao racial e buscou colocar os direitos sociais em primeiro lugar; lutando por uma causa to nobre, acabou enfrentando o governo autoritrio da poca e o resultado dessa batalha, foi que Mandela ficou preso por 27 anos (solto em 1990, por razo de uma guerra civil). Com absoluta certeza, Nelson Mandela foi um grande homem que guerreou contra uma discriminao sem fundamento e ultrapassada.Diretas J (Brasil, 1984): O movimento Diretas J pode ser considerado a maior manifestao popular j ocorrida na terra do Jorge Amado. Foi o grande marco dna democracia brasileira e, sem dvidas, pacfico, objetivo e organizado; envolveu todas as classes populares. O seu objetivo era de que o voto passasse a ser direto para eleio do Presidente da Repblica. Dentre os principais lderes da manifestao estava Tancredo Neves, Jos Richa, Dante de Oliveira, Lus Carlos Prestes entre outros com extrema importncia. Mesmo com tantos adeptos o movimento foi um verdadeiro fracasso, pois a Emenda que previa o voto direto foi reprovada. Fica ainda mais explicito o movimento na referencia a seguir:Com ascenso dos militares ao poder em 1964, foram eliminadas as eleies diretas para presidente da Repblica, governadores, prefeitos das capitais e municpios considerados reas de segurana nacional. Entretanto, o processo de abertura poltica restabeleceu as eleies diretas para governadores em 1982. nesse contexto que os partidos de oposio organizaram uma frente com o objetivo de restaurar as eleies diretas para presidente. Em novembro de 1983, realizou-se em So Paulo a primeira manifestao da campanha das Diretas J. No ano seguinte, o movimento ganhou a adeso de milhes de brasileiros. Ulysses de Guimares, presidente do PMDB, por sua atuao na campanha, recebeu o ttulo de senhor diretas. Em 25 de abril de 1984, a Emenda Constitucional Dante de Oliveira foi rejeitada ma Cmara dos Deputados pelo partido do governo, o PDS, presidido por Jos Sarney (OLIVEIRA, RODRIGUES, SILVA, 2012, p.97) Portanto, fica mais evidente ao entendimento que a populao sempre lutou e sempre lutar pela democracia e por seus direitos sociais. Nesse momento de busca pelo bem-estar social, os indivduos se unem formando uma nica massa, um nico povo, sem qualquer discriminao.Panelao (Argentina, 2011): Esse movimento se iniciou por uma grave crise econmica, social e poltica que a Argentina sofreu em meados dos anos 2001/2002. A sociedade da poca saiu s ruas para manifestar seu descontentamento com a realidade do pas naquele momento; milhares de pessoas foram para as ruas da Argentina protestar e reivindicar seus direitos. O movimento no foi to pacfico, houve embate com a polcia em frente a Casa Rosada culminado em mortes. O ento presidente De La Ra (que renuncia ao cargo mais a diante) decretou estado de stio, a partir desse momento a populao foi para as ruas batendo panelas para demonstrar sua decepo com o governo. Um breve resumo dos motivos do Panelao:Em 2001 houve boatos de confisco, afastando investidores estrangeiros. O governo argentino realizou o chamado corralito, bloqueando a disponibilidade de depsitos bancrios, devido aos excessivos saques que estavam ocorrendo. Essas restries do corralito e as perspectivas de novos ajustes geraram revoltas, conflitos de rua, saques e panelaos, o que provocou a sada do presidente. Duhalde assumiu a presidncia, aps duas semanas do governo de Sa, que havia declarado o default da dvida do governo em moeda estrangeira com credores privados. Duhalde abandonou a coversibilidade e adotou uma desvalorizao de 40% para operaes de comrcio exterior (FERNANDES, 2003, p.1)

Fica notvel, tambm, que aps essa revoluo a Argentina comeou a pensar em novas ideias e planos para colocar sua economia em patamar superior. A seguir, est bem representada a histria do Panelao:A Histria dos panelaos mostra que os utenslios de cozinha no possuem ideologia poltica, j que os primeiros panelaos surgiram no Chile para protestar contra o presidente socialista Salvador Allende em 1973. No entanto, em 1986 e 1989 os panelaos chilenos foram direcionados contra o ditador de extrema direita, o general Augusto Pinochet. Em 1996 foi a vez da Argentina tornar-se o cenrio de panelaos acompanhados por apages para protestar contra a poltica do presidente Carlos Menem. Em 2001 e 2002 essa modalidade de protesto teve seu apogeu de forma quase diria contra os presidentes Fernando De La Rua, Adolfo Rodrguez Sa e Eduardo Duhalde. Na poca os panelaos argentinos obtiveram fama mundial. A retomada do crescimento econmico, em 2003, com o presidente Nestor Kirchner fez os panelaos desaparecerem. Mas estemodus operandide protestar contra o governo de planto voltou quando a presidente Cristina Kirchner teve o conflito com o setor ruralista em 2008 (PALACIOS, 2013, s/p)

Esse movimento foi, portanto, a busca por uma realidade melhor e para que a democracia sempre impere, pois nela o governo precisa ser limpo, claro e justo.Protestos em Mianmar (Mianmar, 2007): Esses protestos comearam contra o regime militar e o aumento de preos dos combustveis, no entanto as manifestaes tiverem um carter mais pr-democracia do que econmico. O grupo que deu o maior apoiou foram os budistas, que por sinal possuem grande respeito da sociedade por razo da influncia do Budismo na comunidade. As primeiras manifestaes ocorreram de forma pacfica em agosto, todavia o governo agiu com extrema violncia e vrias pessoas acabaram sendo presas; o segundo protesto no foi diferente. Em Setembro, os budistas aderiram revoluo e a partir desse momento a manifestao cresceu de forma incrvel, contudo o governo utilizou da fora para reprimir os manifestantes. Nesse sentido, Celeste Cristina Machado Badar disserta:Em agosto e setembro de 2007, a populao de Mianmar passou a protestar contra o regime ditatorial que governa o pas. Os protestos passaram a contar com a adeso de monges budistas, grupo influente no pas e despertaram a ateno internacional. (BADAR, 2007, p.1, s/p)Com todos esses argumentos, fica evidente que a religio interfere na sociedade para que ela melhore. A religio, como muitos discordam, se preocupa com a economia e com os direitos democrticos da populao. Impeachment de Collor (Brasil, 1992): O famoso caador de marajs no durou dois anos como Presidente da repblica, motivo: corrupo. Fernando Collor, eleito pelos descamisados, prometeu planos modernos e combate inflao. Na economia, Collor no se preocupou com a populao e simplesmente bloqueou os saldos nas contas correntes e tabelou os preos de produtos. No bastando toda essa poltica rgida, ele tinha um estilo autoritrio; no demorou muito para que a populao se revoltasse. Em maio de 1992, o esquema PC veio a explodir, acusando Fernando Collor de loteamento de cargos pblicos e cobrana de propina dentro do governo. Assim sendo, passeatas ocorreram em vrias cidades e regies para o impeachment do Presidente da Repblica, vrias pessoas saram de preto nas ruas e ficaram conhecidos como os caras-pintadas. Com a presso da sociedade e o escndalo em que Collor estava envolvido, no havia outra soluo se no o afastamento dele da presidncia. Cabe ressaltar que antes de ser condenado, o caador de marajs renunciou, no entanto seus direitos polticos foram cortados por um determinado tempo. Ainda, nas palavras de Geraldo Luiz de Souza e Thiago Paes Menezes (2013, p.15):No dia seguinte sua posse (15/03/90), Collor lanou o Plano Collor, seguramente o mais radical conjunto de medidas j tomadas na histria do pas. Alm dos j conhecidos congelamento e troca de moeda (restaurou-se o cruzeiro), esse plano bloqueou a movimentao de contas correntes e cadernetas de poupana [...]. O governo Collor, porm, mergulhou em crise profunda diante das denncias de corrupo e da montagem de um esquema de contabilidade paralela (caixa 2) por Paulo Csar Farias, tesoureiro de campanha e homem muito influente no Governo. Instalada uma CPI pelo Congresso Nacional, as investigaes foram tornando insustentvel a situao do Presidente. O congresso ento votou pela abertura do processo de impeachment contra o Presidente [...]. vlido tecer consideraes que a populao brasileira, assim como as demais, revolta-se quando o bem-estar social ferido. Manifestaes como essa s demonstram que os indivduos utilizam de seus direitos democrticos para fazer justia e cobrar dos governantes posturas de idoneidade e tambm o cumprimento de promessas feitas outrora. Marcha da Famlia Com Deus Pela Liberdade: Ocorreu em protesto ameaa comunista que o ento presidente Joo Goulart queria implantar no Brasil. A manifestao contou com a participao de vrias camadas sociais, assim como da Igreja Catlica (religio de maior influncia no Brasil). O governo de Goulart prometeu para a populao vrios programas de reforma de base como a desapropriao de terras, o que gerou um certo desconforto na populao de classe mdia e alta, para pior a situao o mundo passava pela famosa Guerra Fria, onde o planeta se divida em dois grandes blocos econmicos (socialista e capitalista), com esse clima de instabilidade a sociedade temeu que o governo implantasse o comunismo e acabasse com a democracia. O assunto explanado da seguinte forma:Os manifestantes catlicos saram s ruas em repdio ao governo nacionalista de Joo Goulart, que, segundo acreditavam, possua um vis comunizante e caminhava para a destruio dos valores religiosos, patriticos e morais da sociedade. Tal evento legitimou uma espcie de pedido s Foras Armadas por uma interveno salvadora das instituies e, posteriormente ao golpe, passaram por uma re-significao de seu discurso, transformando-se numa demonstrao de legitimao do golpe militar. (GUISOLPHI, 2010, p.1)A primeira marcha ocorreu em So Paulo passando por vrias praas da cidade e quase 300 mil pessoas formaram essa primeira manifestao; vrios lderes polticos participaram como Auro de Moura Andrade e Carlos Lacerda. A presena do Catolicismo foi fundamental para o sucesso da marcha, no acervo do jornal Folha de So Paulo fica claro essa participao:A disposio de So Paulo e dos brasileiros de todos os recantos da patria para defender a Constituio e os principios democraticos, dentro do mesmo espirito que ditou a Revoluo de 32, originou ontem o maior movimento civico j observado em nosso Estado: a "Marcha da Familia com Deus, pela Liberdade". Com bandas de musica, bandeiras de todos os Estados, centenas de faixas e cartazes, numa cidade com ar festivo de feriado, a "Marcha" comeou na praa da Republica e terminou na praa da S, que viveu um dos seus maiores dias. Meio milho de homens, mulheres e jovens - sem preconceitos de cor, credo religioso ou posio social - foram mobilizados pelo acontecimento. Com "vivas" democracia e Constituio, mas vaiando os que consideram "traidores da patria", concentraram-se defronte da catedral e nas ruas proximas. Ali, oraram pelos destinos do pas. E, atravs de diversas mensagens, dirigiram palavras de f no Deus de todas as religies e de confiana nos homens de boa-vontade. Mas, tambem de disposio para lutar, em todas as frentes, pelos principios que j exigiram o sangue dos paulistas para se firmarem. (FOLHA DE SO PAULO, 1964, acervo online, s/p) Aps Joo Goulart ser deposto a marcha ficou conhecida como a marcha da vitria. Com a marcha os conspirados do Golpe Militar de 64, puderam perceber que j tinham a confiana e o apoio da grande massa popular. No demorou muito, para que os golpistas retirassem Jango do poder, decretassem o fim da democracia e o comeo do perodo mais obscuro e assustador que o povo brasileiro pode vivenciar.

2 MANIFESTAO DOS 20 CENTAVOS: O MAIOR MOVIMENTO SOCIAL DEMOCRTICO QUE O BRASIL PRESENCIOU

Necessria e eficaz. Essas palavras definem, por quase completo, as manifestaes ocorridas na terra do Vincius de Moraes. Alm de demonstrar o verdadeiro significado da palavra democracia, elas unem a populao, independentemente da classe social, para lutar por um pas mais justo, democrtico, real e concreto. vlido explanar, a revolta da populao com o aumento de vinte centavos na passagem de nibus no foi o motivo principal dos movimentos que ocorreram em junho. A populao estava e est cansada de tantos impostos e falta de retorno, de falta de competncia de alguns polticos e de esquecimento dos principais ideais da democracia que a vontade popular. O voto uma das principais maneiras de manifestar insatisfao e desejo de mudana, no entanto no basta um simples voto para que todo o sistema pobre de corrupo e no pensamento no bem-estar social se quebre ou desmonte como um castelo de cartas. preciso mais. Os indivduos brasileiros cansados da realidade decidiram tomar as ruas para que suas vontades fossem atendidas e que o famoso Estado Democrtico fosse efetivado e no apenas para ingls ver. De acordo com Luiz Carlos Bresser-Pereira:As grandes manifestaes que esto ocorrendo no Brasil so um momento de retomada do esprito cvico e democrtico de jovens que pareciam imersos no cinismo consumista, mas tiveram como alvo principal os polticos, que so uma condio para a existncia da democracia. As impressionantes manifestaes de junho alcanaram seu objetivo especfico, a revogao dos reajustes dos nibus, mas, ao contrrio das Diretas J ou da Primavera rabe no Egito e na Tunsia, que tinham uma meta clara, a democracia, os manifestantes querem a melhoria da qualidade da democracia, algo que no se alcana em um dia. (FOLHA DE SO PAULO, 2013, s/p) Alm de todas essas reivindicaes, outra proposta que os manifestantes lutavam era por uma grande reforma poltica. Nova regulamentao do art. 14 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, reforma dos segmentos sub-representados nos espaos de poder, fim dos privilgios dos parlamentares, democratizao e transparncia dos partidos polticos essas so algumas das principais modificaes que o povo brasileiro clama para o governo. A sociedade vem de histrico de muita corrupo, uso indevido do dinheiro pblico, nepotismo, regalias para os governantes; com toda essa situao, o sentimento de revolta, perceber que todas as promessas feitas por prefeitos, deputados e presidentes etc. no passam de simples palavras que vo embora com o tempo, foram plantando indignao na mente da populao e em junho de 2013 todos esses sentimentos foram colocados nas ruas. As manifestaes populares trouxeram urgncia longamente debatida reforma poltica. Vrios assuntos esto em foco, como financiamento de campanha, fortalecimento dos partidos, transparncia etc. Um ponto fundamental em qualquer sistema poltico o de garantir que os eleitos, de fato, representem os interesses dos seus eleitores. A prtica poltica de pases com democracias consolidadas aponta que um sistema bem-sucedido para assegurar a proximidade com o eleitor e a sua capacidade de fiscalizar seu representante o distrital puro, em que cada parlamentar eleito por um determinado distrito com um nmero limitado de eleitores. Nos pases com sistema distrital consolidado, um parlamentar que contrarie a linha de conduta preferida de seus eleitores ou a plataforma de seu partido tem muito mais chance de ser punido nas eleies seguintes. (MEIRELLES, 2013, s/p) mister salientar que as mdias tiveram suma importncia para a propagao da manifestao. Elas ajudaram a populao do Brasil e mundial a tomarem conhecimento da dimenso de todo o movimento social. A internet, como o maior meio de comunicao do mundo, foi capaz de disseminar as ideologias propostas pelo Movimento dos 20 centavos para todo o mundo. As redes sociais contriburam, sem dvidas, para organizao das passeatas, elas foram de suma importncia para que grupos marcassem encontros para protestar.Com todos esses argumentos contundentes, fica claro que o movimento social ocorrido em Julho no Brasil, visou mudana da poltica brasileira, mas, acima de tudo, que a democracia fosse respeitada e seus ideais voltassem mais fortes e potentes.3 PRIMAVERA RABE: O FIM DE UMA DITADURA E O COMEO DA DEMOCRACIA

Esse movimento social foi, sem dvidas, a maior revoluo popular que buscou a democracia no sculo XXI. A vontade de acabar com um governo soberano, arcaico e tirano fez com que a maioria da populao do norte da frica e do Oriente Mdio se unissem para lutar por seus direitos e por sua autonomia. Fica ainda mais evidente, que a populao no aceita de nenhuma forma que o governo abuse do poder e que o governante utilize de extrema autoridade para coagir a populao. Essa regio possui histrico de governos tiranos, que no estavam preocupados com a populao, consequentemente os pases acabam ficando subdesenvolvidos e todo povo fica carente de ateno e cuidados bsicos. A religio (isl) adotada pela maior parte desse local faz com que o sentimento de absolutismo cresa no presidente do pas, pois uma corrente do isl ditatorial e busca manter a populao em estado de submisso, portanto a revoluo inevitvel. Um ponto a enfatizar a utilizao das mdias sociais para a Primavera rabe. O uso do Twitter, Facebook, MySpace etc. foram fundamentais para que a populao pudesse se organizar e se unisse para protestar. O rpido crescimento da internet e do sistema de globalizao fez com que povos de diferentes regies pudessem se unir, discutir problemas e solues, compartilhar ideias, assim sendo a distncia acaba no importando. Viviane Tavares destaca, Como resultado deste novo episdio, temos que: medida que o acesso internet aumenta; a criao de comunidades virtuais, ou redes sociais tambm crescem e, consequentemente, os movimentos instantneos de protestos por parte destes usurios tomam grandes propores no cenrio internacional. Por outro lado, e ao mesmo tempo em que o indivduo foi adquirindo mais fora e visibilidade, o poder regulador estatal vem diminuindo, em razo das dificuldades de se controlar o ciberespao. Nestes termos, as revoltas do mundo rabe de 2011 expressam exatamente este novo momento que a sociedade global est vivendo. A falta de perspectivas para o futuro em um universo em que o desemprego predominava, a populao vivia marginalizada e sem perspectivas motivou fortemente as pessoas a buscarem por melhorias imediatas atravs da internet.Portanto, fica claro que os meios de comunicao so essenciais para que ocorra o desenvolvimento da populao. As informaes so divulgadas em um nvel extraordinrio, isso influencia como os acontecimentos sero realizados, vrios pases possuem acesso em tempo real do que est se passando e assim podendo ajudar a disseminar as manifestaes, ou no.A grande luta do povo rabe para que as condies de vida na regio melhorem; a desigualdade social muito forte e conviver todos os dias com isso horrvel. Ver pessoas queimadas, mulheres massacradas, simplesmente por no obedecerem a regras antiquadas de um governo atrasado , sem dvidas, devastador. A populao do mundo rabe formada de pessoas entre 25 anos em 40%, que no suportam mais ver o pas em tamanha desigualdade. Assim sendo, esses jovens foram para as ruas e lutaram e lutam com todas as foras para que o futuro seja diferente e que seus filhos e netos possam ter uma vida mais tranquila.

CONSIDERAES FINAIS

Atravs da pesquisa e do desenvolvimento do tema Manifestao e democracia: sua trajetria histrica conseguiu-se proporcionar um panorama sobre a histria e o motivo das revolues democrticas.Cabe salientar, que as manifestaes populares ocorrem desde o princpio da humanidade, pois os mtodos de governo no so capazes de agradar a todos. Esse materialismo histrico, que segundo Karl Marx um dos motores da sociedade, faz com que os meios de produo e o sistema de governo sejam constantemente transformados a fim de melhorar a qualidade de vida da populao.Outro filsofo contemporneo que tambm destaca essas mudanas progressivas na sociedade Hegel. Para ele, as transformaes ocorrem em espiral, onde h uma tese, uma anttese e uma sntese. Com esse estudo de Hegel e Marx, fica provado que as modificaes so extremamente necessrias para que a sociedade v se aperfeioando de modo que o bem-estar coletivo fique cada vez menos distante.Como foi possvel analisar neste trabalho, nos quatro cantos do mundo os seres humanos foram para as ruas e pleitearam seus direitos. O ferimento da igualdade, dignidade humana, liberdade etc. sempre foram um dos pontos cruciais para a constante revolta do povo.H muito ainda a se descobrir sobre o respectivo tema, muitos documentos e artefatos foram perdidos com o tempo. Contudo as manifestaes seguem a mesma linha de reivindicao, observadas as diferenas de contexto e realidade social. Almejam, sempre, uma transformao em que o poder no se concentre na mo de uma minoria e, sim, do povo, pois este o que tem a verdadeira legitimidade seja para governar, seja para escolher seus representantes.Por derradeiro, cumpre-se dizer que o assunto gera discusses e debates por tratar de seres humanos e de suas aspiraes futuras. No entanto, entender como as manifestaes ocorreram faz com que a populao atual no cometa os erros do passado e, alm disso, entenda o motivo da realidade ser como .

REFERNCIAS

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