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Manipueira - Uso Do Composto Como Insumo Agricola

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A Cartilha da Manipueira versa sobre o uso do compostocomo insumo agrícola, sendo destinada aos que desejam conhecer ou trabalhar com agricultura livre de agrotóxicos.

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CARTILHA DA MANIPUEIRA

USO DO COMPOSTO COMO INSUMOAGRÍCOLA

JOSÉ JÚLIO DA PONTELivre-Docente de Fitopatologia

Professor-Emérito da Universidade Federal do CearáPresidente da Academia Cearense de Ciências

Medalha de Ouro do Mérito FitopatológicoMedalha de Ouro do Mérito da Educação Agrícola Superior

Bolsista da Fundação Cearense de Apoio aoDesenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP)

Membro da Academia de Ciências de New York

CARTILHA DA MANIPUEIRA

USO DO COMPOSTO COMO INSUMOAGRÍCOLA

3a Edição

Banco do Nordeste do BrasilFortaleza

2006

Ponte, José Júlio da.P811c Cartilha da manipueira: uso do composto como insumo

agrícola/José Júlio da Ponte. – 3. ed. – Fortaleza: Banco doNordeste do Brasil, 2006.

66 p.ISBN 85-87062-67-01. Agricultura. 2. Insumos agrícolas. 3. Manipueira. I. Título.

CDD 581.69

Presidente:Roberto Smith

Diretores:Augusto Bezerra Cavalcanti Neto

Francisco de Assis Germano ArrudaJoão Emílio Gazzana

Luiz Ethewaldo de Albuquerque GuimarãesVictor Samuel Cavalcante da Ponte

Superintendência de Comunicação e CulturaJosé Maurício de Lima da Silva

Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENESuperintendente: José Sydrião de Alencar Júnior

Coordenadoria de Estudos Rurais e Agroindustriais – COERGMaria Odete Alves

Editor: Jornalista Ademir CostaNormalização Bibliográfica: Rodrigo Leite Rebouças

Diagramação: Franciana Pequeno

Cliente Consulta: 0800.783030Tiragem: 2.000 exemplares

Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei 10.994 de 14/12/2004

Copyright © by Banco do Nordeste do Brasil

Impresso no Brasil/Printed in Brazil

TRIBUTOS DO AUTOR

de Gratidão:Ao Doutor Francisco Ariosto Holanda, a quem a genteexcluída dos processos produtivos do novo Ceará deve, coma idealização e implantação dos Centros VocacionaisTecnológicos (CVTs), o mais competente instrumento deresgate da cidadania; e a quem devo, em particular, o estímulopara produzir esta Cartilha;

de Agradecimento:Aos que, ungidos com a essência do mesmo ideal, fizeram-seromeiros da mesma fé, dedicados colaboradores de minhastantas pesquisas sobre manipueira.Às instituições que me deram apoio logístico – UniversidadeFederal do Ceará (UFC), Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e FundaçãoCearense de Amparo à Pesquisa (FUNCAP), estas emimportantes etapas do “Projeto Manipueira”; aquela, minhaoficina de trabalho, o tempo todo;

de Reconhecimento:À pesquisadora Maria Erbene Góes Menezes, dileta einfatigável companheira das mais recentes (e ousadas)experiências com manipueira – incluindo a formulação damanipueira em pó – e grande incentivadora desta nova ediçãoda Cartilha e, máxime, de sua versão para o inglês, dandouma dimensão internacional a este livro.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................9

1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 11

2 – MANIPUEIRA: UM “NÃO” AOS AGROTÓXICOS ....... 15

3 – MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA ............................... 193.1 – Recomendações Práticas e Posologia .................................. 223.2 – Informações Adicionais ......................................................... 23

4 – MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA .... 254.1 – Recomendações Práticas e Posologia .................................. 284.1.1 – Manipueira como formicida .............................................. 29

5 – MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA . 315.1 – Recomendações Práticas e Posologia .................................. 33

6 – MANIPUEIRA COMO HERBICIDA .................................... 35

7 – MANIPUEIRA COMO ADUBO ............................................ 397.1 – Recomendações Práticas e Posologia .................................. 407.2 – Informações Adicionais ......................................................... 41

8 – OUTRAS SERVENTIAS ........................................................... 43

9 – COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO ...................... 45

10 – MANIPUEIRA EM PÓ ............................................................ 47

REFERÊNCIAS ................................................................................... 49

ANEXOS .............................................................................................. 55

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APRESENTAÇÃO

A Cartilha da Manipueira versa sobre o uso do compostocomo insumo agrícola, sendo destinada aos que desejam conhecerou trabalhar com agricultura livre de agrotóxicos.

No decurso de dez anos (1976/85), cresceu em mais de 500%o consumo de agrotóxicos no Brasil, enquanto, no mesmo período,a rentabilidade da produção agrícola brasileira crescia em apenas5%. A discrepância entre estes dados atesta, em linhas gerais, omalogro econômico de tão elevado investimento.

O emprego abusivo de agrotóxicos, que tem demonstrado serum empreendimento de elevado custo, até mesmo antieconômicoem muitos casos, constitui, em função da alta toxicidade da maioriadesses compostos, um permanente risco à ecologia e, sobretudo, àsaúde humana. Consciente desses graves inconvenientes, o Setorde Fitopatologia da Universidade Federal do Ceará criou, há maisde dez anos, uma linha de pesquisa direcionada para a descobertade defensivos agrícolas não-convencionais, a partir de extratos ouderivados vegetais. Nesse particular, sobressaiu-se a manipueira(nome indígena brasileiro designativo do extrato líquido das raízesde cassava, Manihot esculenta Crantz), um subproduto dafabricação da farinha de mandioca que, até então, era praticamentedesprezado, sem qualquer aproveitamento econômico. Estecomposto, uma vez testado como nematicida e, posteriormente,como inseticida, revelou extraordinária eficiência e notáveleconomicidade, sem os riscos de toxidez dos produtos comerciais.

Iniciada em 1979, esta linha de pesquisa, intitulada“Utilização da Manipueira como Defensivo Agrícola”, já produziudoze trabalhos científicos, dez dos quais relativos à primeira etapado projeto (utilização como nematicida), reunindo um acervo deresultados positivos. Os dois outros trabalhos correspondem àsegunda etapa (utilização como inseticida) e relatam pesquisasrecentes que atestam a eficácia do composto no combate, também,a insetos fitoparasitos.

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Na Cartilha da Manipueira, o prof. José Júlio relata, de formasumariada, todas as experiências científicas desenvolvidas por ele,usando a manipueira como adubo foliar e defensivo agrícola emsuas mais variadas especificações. Apresenta a Manipueira comoNematicida, Inseticida, Acaricida, Fungicida, Bactericida eHerbicida, mostrando, inclusive, suas fases experimentais e asrecomendações práticas para uso e posologia.

Pela importância do conteúdo e linguajar utilizado, de fácilentendimento mesmo por leigos no assunto, o documento tem tidoexcelente circulação entre técnicos extensionistas, produtoresorgânicos e agricultores familiares, fato que justifica o investimentodo BNB em sua 3ª edição.

José Sydrião de Alencar JúniorSuperintendente do Escritório Técnico de Estudos

Econômicos do Nordeste - ETENE

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1 – INTRODUÇÃO

A manipueira – vocábulo indígena incorporado à línguaportuguesa – é o líquido de aspecto leitoso e cor amarelo-clara queescorre das raízes carnosas da mandioca (Manihot esculenta Crantz),por ocasião da prensagem das mesmas para obtenção da fécula oufarinha de mandioca. Portanto, é um subproduto ou resíduo daindustrialização da mandioca, que, fisicamente, se apresenta naforma de suspensão aquosa e, quimicamente, como uma miscelâneade compostos: goma (5 a 7%), glicose e outros açúcares, proteínas,células descamadas, linamarina e derivados cianogênicos (ácidocianídrico, cianetos e aldeídos), substâncias diversas e diferentessais minerais, muitos dos quais fontes de macro e micronutrientespara as plantas (MAGALHÃES, 1993).

No Nordeste do Brasil, principal centro produtor de mandiocado país, grande parte dessa produção destina-se à alimentaçãohumana, em consonância com o fato de ser a farinha de mandiocaum dos alimentos básicos de subsistência das populações regionaisde baixa renda, justo a maioria dos habitantes. O restante é destinadoà alimentação de animais domésticos, especialmente bovinos.

Na citada região, a fabricação da farinha de mandioca écompetência, na maioria dos casos, de pequenos produtores ruraisque, a este fim, utilizam processos rudimentares, cujos fundamentosremontam à época colonial. Eis as etapas desse processo industrial(ver ilustrações em ANEXOS):

a) as raízes de mandioca são, primeiramente, lavadas edescascadas em operação manual;

b) as raízes descascadas são trituradas em caititu – moinhomovido manualmente ou por energia elétrica;

c) a massa pastosa obtida a partir dessa trituração é, emseguida, fortemente prensada, utilizando-se, no geral,prensa de madeira, acionada manualmente;

d) a massa que fica retida na prensa é, de imediato, esfareladaem peneira de malha grossa, e

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e) por fim, levada ao forno para secagem, após o que se tema farinha – um pó branco, granuloso, de variável finura esabor peculiar. (Convencionalmente, o forno é uma grandeestrutura circular, construída de tijolo e cimento, cujaplataforma mede de 3 a 5 metros de diâmetro).

Durante a prensagem da massa pastosa – etapa relatada noitem “c” –, flui uma suspensão aquosa de tonalidade bege ouamarelada e odor ativo, mas agradável – é a manipueira. Estesubproduto jorra com abundância, haja vista que o mesmo écontido na proporção de 3:1; ou seja, 1 litro de manipueira paracada 3 kg de raízes de mandioca prensadas. A par de abundanteem todas as regiões de cultivo e industrialização de mandioca, amanipueira é, no geral, cedida graciosamente, pois ainda se tratade um resíduo descartável em sua quase totalidade, com esporádicose restritos aproveitamentos em molhos de pimenta e de tucupi (esteno Estado do Pará) e no fabrico da tiquira, bebida alcoólica deconsumo praticamente limitado ao Estado do Maranhão. Mas essedesprestígio da manipueira tende a desaparecer, a fazer parte dopassado, quando se atentar para a excelência dos seus préstimoscomo insumo agrícola, seja como pesticida ou adubo, consoante osresultados de numerosas e pacientes pesquisas conduzidas peloautor e objetos de relato nesta cartilha.

Com efeito, a manipueira contém um glucosídeo cianogênico– a linamarina –, de cuja hidrólise (por ação da linamarase) provéma acetona-cianohidrina, da qual resultam, por ação enzimática (a-hidroxinitrila-liase) ou por quebra espontânea, o ácido cianídrico(bastante volátil) e os cianetos, além de aldeídos (Tabela 1). Sãoestes cianetos que respondem pelas ações inseticida, acaricida enematicida do composto, enquanto o enxofre, presente em largaquantidade (cerca de 200 ppm), garante-lhe a destacada eficiênciacomo fungicida, sem embargo da presença, em menor escala, deoutras substâncias que exercem, também, ação antifúngica, taiscomo cetonas, aldeídos, cianalaninas, lectinas e outras proteínastóxicas, inibidoras de amilases e proteinases, que atuam comoingredientes ativos complementares. Ademais, o enxofre tem,também, ação inseticida-acaricida. Na atualidade, a manipueira,quando investida nas funções de pesticida, vem sendo empregada

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em sua forma natural, tal como é recolhida da prensa, na casa-de-farinha. Não sofre qualquer beneficiamento, quer físico ou químico,salvo eventuais diluições em água, quando necessárias ouaconselháveis, a fim de se obter maior rendimento ou para prevenirefeitos fitotóxicos em plantas de compleição mais delicada. Isto nãoinvalida, obviamente, a possibilidade de a manipueira vir, em futuropróximo, a ser industrializada para uso como pesticida. E, nestesentido, o primeiro passo já foi dado pelo Autor deste livro, emparceria com Erbene Góes, pesquisadora-assistente da Clínica dePlanta “Dr. Júlio da Ponte”, os quais formularam a manipueira empó – ainda em fase de reconhecimento de patente –, produto queoferece algumas vantagens em relação à manipueira natural(líquida), conforme comentários inseridos no capítulo 10.

Tabela 1 – Composição química da manipueira (média de 20amostras analisadas)

Quantidade(ppm)

Nitrogênio (N) 425,5Fósforo (P) 259,5Potássio (K) 1853,5Cálcio (Ca) 227,5Magnésio (Mg) 405,0Enxofre (S) 195,0Ferro (Fe) 15,3Zinco (Zn) 4,2Cobre (Cu) 11,5Manganês (Mn) 3,7Boro (B) 5,0Cianeto livre (CN-) 42,5Cianeto total (CN) 604,0*

Fonte: Ponte (1992).Nota: *55,0 mg/litro, em média.

Por outro lado, considerando que a manipueira, em suacomplexa composição química, encerra todos os macro emicronutrientes (salvo o molibdênio) necessários à nutrição dasplantas superiores, e que os possui em teores geralmente expressivos,ela poderá ser utilizada, pura ou diluída, como fertilizante, seja

Componente

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em adubação convencional (aplicação no solo), seja por via foliar,esta com maiores proveitos, tanto pelo menor desperdício demanipueira como pelo provimento de respostas mais rápidas porparte da planta, pois a síntese deste processo nutricional passará ademandar menos energia e tempo.

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2 – MANIPUEIRA: UM “NÃO” AOS AGROTÓXICOS

Relatório da Organização das Nações Unidas para aAgricultura e Alimentação (FAO) classifica o Brasil como o terceiromaior consumidor de agrotóxicos do mundo e o primeiro,disparadamente, da América Latina, com o emprego anual de 1,5kg de ingrediente ativo por hectare cultivado. Isto em média global,considerando todo o universo agrícola nacional, pois, emdeterminados tipos de lavoura, a aplicação é bem maior. Nahorticultura, por excelência, onde o consumo médio anual excedea 10 kg/ha; particularmente, na cultura do tomate, o exagero éextremamente alarmante, eis que, para cada safra, aplicam-se, emmédia, 40 kg/ha. Coincidentemente ou não, em matéria demortalidade por câncer, o Brasil é o terceiro no ranking mundial eo primeiro no contexto latino-americano.

Mas o câncer não é a única doença grave causada porpesticida, conquanto seja a mais aterrorizante. Na longa esteira desuas terríveis conseqüências, incluem-se a cirrose hepática, o abortoou deformações fetais, a impotência e esterilidade sexuais, fibrosepulmonar (rigidez dos tecidos dos pulmões), braquicardia (lentidãodo ritmo cardíaco) e distúrbios do sistema nervoso central,implicando em depressão, loucura e/ou paralisias parciais. Aextensa lista prossegue com arritmia, arteriosclerose, pancreatite,tireoidite, hepatite, diabetes, gastrite, úlcera, leucopenia, atrofiamedular, atrofia testicular, acne, alergia e variados tipos dedistúrbios audiovisuais, implicando em surdez parcial e, até mesmo,em cegueira.

A esses tormentos maiores, somam-se as intoxicações demenor monta, induzindo irritações cutâneas, cefaléias, tonturas,salivação e transpiração excessivas, além de outras indisposiçõespassageiras. A estas pequenas mazelas, geradas por intoxicaçõesinstantâneas, estão mais sujeitos aqueles que lidam diretamentecom agrotóxicos no campo – os operadores ou “dedetizadores” –,ao passo que os consumidores de agroprodutos envenenados,máxime os vegetarianos, estão mais expostos aos efeitos cumulativosque geram os grandes males enumerados acima. Não obstante, as

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intoxicações instantâneas podem ser graves ou, até mesmo, letais,sobretudo quando ocorre a soma de dois fatores: a alta toxicidadedo veneno e a falta de equipamentos básicos de proteção,recomendados para o ato de aplicação.

Por mais paradoxal que possa parecer, esse exageradoinvestimento em agrotóxicos, crescente a cada ano, nãocorrespondeu, em nosso país, a uma redução significativa dasperdas agrícolas devidas a pragas e doenças. Em muitos casos, osresultados foram, até mesmo, contraproducentes, em função daintensidade dos desequilíbrios biológicos causados pelo coquetelde pesticidas utilizados, culminando com o extermínio dos inimigosnaturais dos agentes de pragas e fitomoléstias.

Em correspondência com a assertiva acima exposta, talinvestimento foi, em linhas gerais, economicamente frustrante.Com efeito, no período de dez anos (1976/85), cresceu em 500% oconsumo de agrotóxicos no Brasil, enquanto, no mesmo período,registrava-se um aumento de produtividade de apenas 5%, ganhoque, além de irrisório, não pode ser creditado, exclusivamente, aospesticidas. A enorme discrepância entre tais números sinaliza omalogro de tão pesado investimento em agrotóxicos. Não obstante,por força de uma campanha tenaz e massificante, indo dapersistente propaganda na mídia à corrupção de pesquisadores etécnicos, o faturamento das multinacionais dos agroquímicoscontinua em alta. Assim, de 1993 a 1997, as vendas cresceram em104%, passando de U$ 1,050 bilhão para U$ 2,161 bilhões (GALLI,1998, p. 3-8). Em oposto, os ganhos de produtividade continuaramirrelevantes, enquanto relevantes foram os impactos ambientais, acontaminação de alimentos e as intoxicações causadas emagricultores e consumidores. Com efeito, no mesmo período, os casosde intoxicações instantâneas – sem considerar, portanto, asconseqüências a médio e longo prazos – cresceram em 65%. Mas,seguramente, no doce embalo dos polpudos faturamentos, istopouco importou aos fabricantes de pesticidas. Mesmo que seusprodutos sejam comprovadamente cancerígenos. À guisa deexemplo, cite-se o captafol (produto comercial Orthodifolatan), oqual, durante duas décadas, prevaleceu como o fungicida maisconsumido no país, até ser proscrito do mercado, quando da

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comprovação de tal periculosidade. O mais preocupante é que ocitado produto não constitui um exemplo isolado, pois tambémsão cancerígenos vários derivados do carbofuram, ditiocarbamatoe captan, sem esquecer a forte suspeição que pesa sobre outrosgrupos químicos usados na mesma indústria.

Os fatos e dados, ora relatados, são irrefutáveis. Não obstante,o atual presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal, fielescudeiro desses fabricantes, declarou, cinicamente, que “ocrescimento das vendas de produtos fitossanitários vem resultandoem aumento da produtividade agrícola” (GALLI, 1998, p. 3-8).Seria cômico, se não fosse trágico. Os pesticidas biológicos, exaltadospelo citado presidente no mesmo pronunciamento, são aindarestritos e têm faixa de atuação bastante limitada, posto queespecíficos para determinadas pragas. A verdade é bem outra,porquanto os agrotóxicos de última geração, em sua maioria, sãomais caros e mais tóxicos, acréscimos estes que resultam,respectivamente, em aumento do custo da produção e em crescenteameaça para a saúde humana e para a ecologia, dizimando faunae flora, envenenando lençóis freáticos e desertificando solos.

Consciente da gravidade do problema, o Autor do presentetrabalho instituiu, junto à Universidade Federal do Ceará, desde1979, uma linha de pesquisa que objetiva a descoberta de defensivosnaturais, a partir de extratos e derivados vegetais. No decurso desseprograma, dezenas de compostos já foram testados, com algunsresultados bem gratificantes. A infusão das raízes do tipi (Petiveriaalliacea L.) destacou-se como nematicida, no tratamento de solosinfestados de nematóides fitoparasitas (PONTE; FRANCO;SILVEIRA-FILHO, 1996). Todavia, os melhores resultados foramobtidos com a manipueira (extrato líquido ou sumo das raízes demandioca), um resíduo industrial abundante e gratuito em todasas regiões onde se cultiva essa planta.

A manipueira foi, sucessivamente, testada como nematicida,inseticida, fungicida e acaricida, mostrando excelentes resultadospara todas essas finalidades, a ponto de superar, nos ensaiosexperimentais, os melhores pesticidas comerciais dos respectivosgêneros. Mais recentemente, a partir do pleno conhecimento dacomposição química da manipueira (rica em todos os macro e

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micronutrientes requeridos pelas plantas, com exceção domolibdênio), resolveu-se testá-la como adubo foliar (tese demestrado orientada pelo Autor), com respostas sumamentepositivas. Assim, nessa oportunidade, plantas de tomate, quiabo egergelim, então adubadas (via foliar) com manipueira, crescerame produziram bem mais do que aquelas adubadas com umfertilizante sintético dos mais conceituados e que fora escolhidocomo testemunha ou referencial.

Os resultado dessas pesquisas envolvendo manipueira forame vêm sendo difundidos em periódicos científicos, revistas dedivulgação técnica e reportagens em jornal e televisão. Em funçãodisto, muitos agricultores já a usam regularmente, sobretudo comoinseticida, e o mesmo já se faz em muitos países do terceiro mundo,consoante centenas de cartas que o autor tem recebido. A maiscuriosa delas procede de Bahia Blanca, Argentina, escrita peloSecretário de Saúde daquele município platino. A carta suplicavainformações mais detalhadas sobre o uso da manipueira comodefensivo, a fim de minimizar, ali, o consumo de agrotóxicos que,de tão exagerado, vinha sobrecarregando a saúde pública comnumerosos casos de envenenamento, inclusive em berçários,vitimando criancinhas que se alimentavam do leite maternocontaminado por resíduos de pesticidas.

Eis, portanto, o surgimento de um pesticida natural inócuo àsaúde humana e do mais baixo custo, pois se trata de um resíduoindustrial abundante em todas as regiões de cultivo de mandioca;abundante e gratuito, pois ainda se trata de um produto descartávelem sua quase totalidade. A notoriedade dessas pesquisas vemmerecendo repercussão em diversos países, particularmente nospaíses essencialmente agrícolas do terceiro mundo, para o que muitocontribuíram os trabalhos publicados pelo Autor em línguaestrangeira (PONTE, 1988, 1989, 1993).

Os tópicos que se seguem abordam, por ordem seqüencialdas pesquisas desenvolvidas pelo Autor, as diversas utilidades damanipueira como insumo agrícola, enfocando os seus fundamentoscientíficos e modo de uso.

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3 – MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA

O projeto “Investigação sobre o Aproveitamento daManipueira como Defensivo Agrícola”, idealizado e coordenadopelo Autor, junto ao Centro de Ciências Agrárias da UniversidadeFederal do Ceará, Brasil, teve início em 1979, com a etapa “Uso daManipueira como Nematicida”.

Àquele ano, a manipueira foi originalmente testada comonematicida (PONTE; TORRES, FRANCO, 1979), justamente notratamento de solos infestados de nematóides das galhas(Meloidogyne spp.), vermes que se situam entre os mais tolerantesaos nematicidas comerciais (PONTE, 1992).

Esclareça-se que a opção por tais nematóides, como objetodas primeiras pesquisas, não se fez apenas em razão dessa aludidatolerância, mas, sobretudo, em nome de sua destacada expressãoeconômica, visto que se sobrelevam como integrantes do maisimportante gênero de nematóides fitoparasitas. Com efeito, emborase reconheça a importância de outros grupos, tais como Heterodera,Pratylenchus, Radopholus e Ditylenchus, os nematóides das galhasprevalecem em patamar de maior destaque, com respaldo em trêsargumentos: 1) larga dispersão geográfica; 2) elevado polifagismo,e 3) habitual gravidade de seu parasitismo. Relativamente aoprimeiro ponto, compete afirmar que esses nematóides, embora maispresentes na faixa tropical do globo, porquanto mais afeitos aclimas quentes, acham-se difundidos pelas mais diversas regiões,mesmo naquelas de clima frio, onde se notabilizam pelos prejuízosque impõem às culturas de estufa (LORDELLO, 1968). Em relaçãoao segundo item, basta afirmar que o número de hospedeiros deMeloidogyne, entre plantas cultivadas e silvestres, é inigualável,excedendo a dois milhares (PONTE, 1977; PONTE; HOLANDA;ARAGÃO, 1996). E, no tocante ao terceiro argumento, pertinenteàs conseqüências de sua patogenicidade, a literaturafitonematológica é pródiga em notificações que se estendem às maisvariadas culturas e que se difundem por todos os recantos doplaneta. A estes fortes argumentos, somam-se, ainda, as eventuaisintromissões de outros fitoparasitas que interagem com a associação

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planta/nematóide das galhas, a exemplo do conhecido sinergismoFusarium + Meloidogyne (LORDELLO, 1968), que se há notabilizadopor graves implicações econômicas a determinadas culturas, máximeàs do algodão (Gossypium spp.) e tomate (Lycopersicon esculentumMill.). Acrescentando-se, ademais, as grandes dificuldades que,habitualmente, se opõem ao controle desses vermes, ter-se-á, porfim, uma clara idéia da dimensão de sua extraordinária importânciaeconômica. Mui justificável, por conseguinte, que as investigaçõessobre uma possível ação nematicida da manipueira começassem pelosnematóides das galhas.

Logo na primeira investigação, Ponte; Torres e Franco (1979),a manipueira já revelava uma enérgica potencialidade nematóxica.Este teste preliminar envolveu o cultivo de plantas de quiabo(Hibiscus esculentus L.) em solos envasados que haviam sidopreviamente infestados com ovos e larvas de nematóides das galhase, dez dias depois, tratados com manipueira. Na ocasião, a partirde crescentes dosagens de manipueira – 0, 500, 750 e 1000 ml porvaso, com 6 litros de solo –, os autores obtiveram decrescentespercentagens de plantas atacadas por Meloidogyne: 100, 60, 50 e30%, respectivamente.

Dois anos depois, Ponte e Franco (1981) comprovaram essapotencialidade nematóxica através de resultados ainda maispositivos do que os obtidos no comentado experimento pioneiro.Com efeito, para a dosagem de 1000 ml/vaso, a percentagem deplantas atacadas, que fora de 30% no primeiro ensaio, caiu para0% (Tabela 2). Segundo os citados autores, este melhor desempenhodeveu-se ao uso exclusivo de manipueira extraída a partir,exclusivamente, de cultivares de mandioca brava e não de umamistura de mandiocas brava e mansa (macaxeira), como houveraacontecido no primeiro experimento. Com efeito, a mandioca bravagarante um teor bem maior de cianetos, justo os ingredientes ativosda manipueira. Neste segundo ensaio, o tomateiro cv. “Santa Cruz”foi admitido como planta-teste, haja vista a sua condição dehospedeiro da mais alta suscetibilidade ao parasitismo denematóides do gênero Meloidogyne.

Já no ano seguinte, Sena e Ponte (1982), confirmando osresultados obtidos em casa-de-vegetação, constataram um excelente

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controle de meloidoginose em canteiros de cenoura (Daucus carota L.):nos canteiros tratados com manipueira (1 litro/m2), a par da leveinfestação de nematóide das galhas constatada à época da colheita,a produção de cenoura foi 100% superior à obtida nos canteirosnão tratados, onde a incidência da meloidoginose se fez severa egeneralizada.

Tabela 2 – Infestação de nematóides das galhas (meloidogyne spp.)em raízes de tomateiros (lycopersicon esculentum mill.),cultivados em vasos contendo solo previamente infestadoe, posteriormente, tratado com diferentes dosagens demanipueira, extraída apenas de mandioca brava

InfestaçãoGrau Médio(2) Classe

0 4,0 forte500 1,3 muito fraca

1000 0,0 nula1500 0,0 nula

Fonte: Ponte; Torres; Franco (1979).Notas: (1) ml de manipueira por vaso, contendo 6 litros de solo infestado com cerca

de 10.000 espécimes de nematóides das galhas.(2) Média de 16 plantas por tratamento, distribuídas em quatro vasos.Notasatribuídas conforme o seguinte critério: 0 - ausência de galhas; 1 - 1 a 3galhas por sistema radicular; 2 - 4 a 6 galhas; 3 - 7 a 12 galhas; 4 - 13 a 20galhas; 5 - mais de vinte galhas, correspondendo, respectivamente, àsinfestações nula, muito fraca, fraca, moderada, forte e muito forte.

No decurso desta primeira fase do projeto, a qual se estendeupor 13 anos (1979 a 1992), o Autor e seus colaboradoresdesenvolveram mais de dez trabalhos de pesquisa – resenhadosem Ponte (1992) – a cerca do aproveitamento da manipueira comonematicida. Na esteira dessas pesquisas, não só provaram ecomprovaram a grande utilidade do composto para tal finalidade,calcado em um vigor nematóxico que excede ao dos nematicidascomerciais, mas abordaram, também, vários pontos correlatos(dosagem, tempo de estocagem, interferência com bactériasfixadoras de N, efeitos residuais e influência na fertilidade do solo),todos à guisa de subsídios para o uso prático da manipueira emcondições de campo.

Dosagens (1)

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Alguns dos aspectos então esclarecidos constituíram tema deuma tese de mestrado (FRANCO, 1986) orientada pelo Autor.Louve-se, no tocante a esses esclarecimentos complementares, adeterminação da dosagem mínima de manipueira para tratamentode solos infestados, quer para um tratamento extensivo a toda aárea de cultivo (PONTE; FRANCO; PONTES, 1987; FRANCO;PONTE, 1988; FRANCO et al., 1990), quer para uma aplicaçãorestrita, direcionada exclusivamente aos sulcos de plantio (PONTEet al., 1995). Importante, também, foi a mensuração do tempo deestocagem do composto, à temperatura ambiente (25-32°C), semperda de sua ação nematicida; esse tempo é de apenas três dias(PONTE; FRANCO, 1983b). A partir do quarto dia, o processo defermentação da manipueira vai abatendo os teores de compostoscianogênicos (MELO, 1999) e, por conseguinte, vai minando,gradativamente, a nematoxicidade. Releve-se, ademais, aabordagem feita a cerca das implicações da manipueira sobre apopulação rizobiana (Rhizobium spp.) do solo (PONTE; FRANCO,1983a), fato que assume importância quando o solo a tratar destina-se ao plantio de leguminosas. A propósito, os mencionados autoresconcluíram que, mesmo induzindo uma redução populacionaldessas bactérias, em escala inversamente proporcional à quantidadede manipueira aplicada, o tratamento, ainda assim, é vantajoso,pois o aumento do grau de fertilidade do solo, proporcionado pelocomposto, compensa a perda numérica de rizóbios.

3.1 – Recomendações Práticas e Posologia

Com base nos resultados dessas pesquisas, eis, abaixo, adosagem e outras recomendações pertinentes ao emprego damanipueira como nematicida, no tratamento de solos infestados.

a) Tratamento Total da Área de Cultivo- Usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção

de 1:1;- Com auxílio de um regador ou vasilhame similar, aplicar

de 4 a 6 litros dessa diluição por m2 de terreno;- Deixar o solo tratado em repouso, durante, no mínimo,

oito dias, e

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- Revolver o solo antes de voltar a cultivá-lo.

b) Tratamento Restrito às Linhas de Cultivo- Usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção

de 1:1;- Aplicar, no mínimo, 2 litros dessa diluição por metro

de sulco;- Observar um período de repouso semelhante ao

prescrito para a modalidade de tratamento anterior, e- Revolver o solo, operação que, no caso, restringir-se-á à

terra inerente e adjacente à linha de cultivo.

3.2 – Informações Adicionais

A manipueira pode ser estocada, à temperatura ambiente,por um período de três dias, sem prejuízo de sua potencialidadenematicida ou pesticida em geral (PONTE; FRANCO, 1983b).Todavia, em refrigerador (8 a 10°C), o período de estocagem podeestender-se por 60 ou mais dias, sem que haja fermentação docomposto e, por conseqüência, sem perda dessa potencialidade(MAGALHÃES, 1993).

O revolvimento do solo, decorridos oito dias da data deaplicação, é importante no sentido de prevenir efeitos residuaisfitotóxicos, conforme Franco (1986).

A diluição em água, na proporção indicada (1:1), érecomendável, a fim de tornar o composto menos viscoso e, assim,prover uma maior penetração da manipueira no solo, ampliando-se, destarte, o seu raio de difusão no substrato. O tratamento commanipueira pura tem, na prática, um rendimento inferior, pois adensidade do composto, consoante comprovação experimental(PONTE, 1992), impede uma maior dispersão, restringindo-lhe, porconseguinte, a abrangência da ação nematicida.

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4 – MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA

Esta segunda etapa do projeto teve início em 1988, medianteum teste preliminar conduzido por Ponte, Franco e Santos (1988) eenvolvendo cochonilhas de carapaça-marrom (Coccus hesperidumL.). Na oportunidade, uma única pulverização com manipueirapura (não diluída em água), sobre copas de limoeiro-galego (Citrusaurantifolia Swingle) praguejadas por tais cochonilhas, foi suficientepara eliminar toda a população desses coccídeos ali presente.

Seguiram-se vários outros testes, todos igualmente bemsucedidos, envolvendo, inclusive, insetos-pragas de maior porte, aexemplo da lagarta-peluda (Agraulis spp.) das passifloráceas, a parde outras pragas que se notabilizaram por marcante tolerância aosinseticidas tópicos em geral.

Em trabalhos recentes, um deles publicado em Cuba, Ponte eSantos (1997; 1998) controlaram duas importantes pragas dacitricultura, ambas bastante assíduas em todo o país: o pulgão-negro (Toxoptera citricidus Kirk) e a cochonilha “escama-farinha”(Pinnaspis aspidistrae Sign.), usando manipueira pura e manipueiradiluída em igual volume de água (1:1). Mesmo nesta diluição, ocomposto revelou-se tão eficaz quanto o inseticida à base deparathion-metílico que fora usado, nos ensaios, como referencialde controle químico, e muito mais econômico do que este, sobreser uma opção isenta das agressões que os agrotóxicoscostumeiramente cometem à ecologia e à saúde humana. À mesmaépoca, uma cultura de tomate, severamente atacada pela traçaScrobipalpula absoluta (Meirink), foi recuperada mediante trêspulverizações, a intervalos semanais, com manipueira em diluiçãoaquosa ainda menos concentrada, na proporção de uma parte docomposto para quatro partes de água, atendendo à sensibilidadedo tomateiro à manipueira. Os resultados deste teste foramrelatados por Ponte e Miranda (1997).

Com a difusão dos resultados dessas tantas pesquisas, o uso damanipueira como inseticida vem se tornando prática rotineira em váriosrecantos do território brasileiro, bem assim em determinados paísesdo terceiro mundo, a exemplo de Madagascar, África, onde, segundo

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Razafindrakoto (1997), a manipueira é assiduamente empregada nocontrole de cochonilhas, sobretudo em culturas de subsistência. Apropósito, ensaios desenvolvidos, simultaneamente, em Madagascare no Brasil (RAZAFINDRAKOTO, 1999), demonstraram a excelênciada manipueira no tratamento de estacas (manivas) de mandiocadensamente atacadas por duas espécies de cochonilhas. Com efeito, aimersão desses propágulos vegetativos em manipueira pura, durante1 h, foi tão eficiente quanto à termoterapia (imersão em água quente,47°C/30 min), seguida de quimioterapia (imersão em solução debenomyl a 20%/30 min), além de ser um ato operacional bem maissimples, menos dispendioso e sem qualquer afetação ao podergerminativo das estacas. Os resultados então obtidos podem serextrapolados, em nível de recomendação de prévio tratamento, paraoutros propágulos vegetativos usuais: tubérculos, bulbos, rizomas etc.

Duas outras comprovações da extraordinária eficácia damanipueira como inseticida ocorreram já neste século, quandoPonte (2001) a testou no controle de Stenodiplosis sp. – agente dececídias em folhas de cajueiro (Anacardium occidentale L.) – e,principalmente, quando Ponte (2002) a avaliou contra a cochonilha“piolho-branco” (Orthezia insignis Browe), praga que se destacapor sua elevada agressividade (assíduo fator limitante dalongevidade e produtividade da cultura da acerola, Malpighia glabraL.) e, também, por sua notável resistência aos inseticidas sintéticos,só sendo controlada por compostos sistêmicos da maior toxicidade,daqueles que exigem seis meses de carência. No caso do inseto dascecídias, a manipueira, nas concentrações 1:0 e 1:1 (pura e emdiluição aquosa a 50%) e em quatro pulverizações a intervalossemanais, determinou 95 e 86% de mortandade, respectivamente(Tabela 3); no caso da Orthezia, as mesmas concentraçõesinduziram, após igual número de aplicações, 100 e 95% demortandade, resultado da maior relevância, dadas as razões acimaexpostas. Em ambos os experimentos, acrescentou-se 1% de farinhade trigo à manipueira para efeito de melhor aderência.

Independentemente de recomendações calcadas em novostestes e ensaios científicos, os agricultores já identificados com ouso da manipueira a vêm usando no controle de uma extensa gamade insetos-pragas. De outra parte, a Clínica de Planta “Dr. Júlio da

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Ponte”, em sua dinâmica operacional, há recomendado o mesmocomposto no controle alternativo de pragas, sem o antecipado apoiode resultados experimentais, mas sempre com ótimas referênciasde seus clientes.

Tabela 3 – Comportamento de agentes causais de algumas doençase pragas do cajueiro ao tratamento com manipueira puraou em diluição aquosa 1:1.

Folhas Índice deSadias Atacadas Controle

Antracnose Manipueira 1:0 117 1 99,16%Manipueira 1:1 302 0 100%

Oídio Manipueira 1:0 44 0 100%Manipueira 1:1 111 0 100%

Cecídia Manipueira 1:0 41 2 95,35%Manipueira 1:1 94 15 86,24%

Ácaro-amarelo Manipueira 1:0 59 1 98,34%Manipueira 1:1 118 2 98,34%

Fonte: Ponte (2001).

Era presumível a eficácia da manipueira como inseticida-acaricida, não apenas pelos cianetos (principais ingredientes ativos)presentes em sua composição, mas, também, em razão da presençade elevados teores de enxofre, elemento tradicionalmenteidentificado na luta contra insetos e ácaros.

No tocante, particularmente, ao controle de ácarosfitoparasitas, a manipueira já vinha sendo usada, com muitosucesso, para tal finalidade, antes mesmo da comprovação científica,fato só ocorrido bem mais tarde, em experimento de campoenvolvendo um plantio de mamoeiro (Carica papaya L.) severamenteinfestado pelo ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus Banks). Naoportunidade, o ataque foi totalmente debelado mediante trêsaplicações de manipueira, em diluição aquosa da ordem de 1:3,ministradas a intervalos semanais (PONTE, 1996b).

Já neste século, ao ensejo da execução do projeto “Investigaçãosobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose doCajueiro”, estudo desenvolvido, sob encomenda, pela Clínica dePlanta “Dr. Júlio da Ponte” (em Fortaleza, Estado do Ceará), Ponte

Doença/Praga Tratamento

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(2001), além de testar a eficiência da manipueira em relação àcitada doença, estendeu suas observações de controle a algumasoutras importantes fitomoléstias e pragas que atacam a cultura docaju no Nordeste, incluindo o ácaro-amarelo (Tenuipalpus anarcadiiDe Leon, 1965). E, conforme os resultados exibidos na Tabela 3, amanipueira impôs à população do referido ácaro uma taxa demortandade superior a 98%, seja na concentração de 1:0 ou de1:1. A mesma tabela expõe os índices de controle pertinentes àsdemais pragas e doenças avaliadas, sendo todos bem expressivos,variando de 86 a 100%. A eficiência da manipueira como acaricidaficou demonstrada, também, na área da pecuária, conformeexperimento conduzido por Ponte (2000) e direcionado ao controledo carrapato Boophilus microplus Canestrini, 1887, persistente pragado gado bovino e de outros rebanhos domésticos. O ensaio envolveuvacas severamente infestadas de carrapatos, as quais receberamtrês aplicações do composto a intervalos semanais. Acrescentou-seóleo de rícino à manipueira (1:1), como veículo aderente e repelenteà lambida da vaca e, assim, evitar eventuais reações tóxicas. Amanipueira revelou-se tão eficiente quanto o carrapaticidacomercial (cresolfenol) usado como referencial de controle. Ambosinduziram 100% de mortandade aos carrapatos, só que amanipueira o fez a um custo baixíssimo.

Por oportuno, ressalta-se que, em quase todos esses testes eexperimentos direcionados ao aproveitamento da manipueira comoinseticida ou acaricida, optou-se pela adição de um adesivo aocomposto, preferentemente a farinha de trigo, na proporção de1%, a fim de prover-lhe maior aderência. Mas, no ensaio comocarrapaticida, usou-se óleo de rícino.

4.1 – Recomendações Práticas e Posologia

À luz dos resultados obtidos ao longo desta segunda etapado projeto – “Uso da Manipueira como Inseticida e Acaricida” –,eis as recomendações para o uso da manipueira, com vistas a taisfinalidades:

- O tratamento deve constar, no mínimo, de três ou quatropulverizações, ministradas a intervalos semanais;

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- Acrescentar à manipueira, pura ou diluída, ocorrespondente a 1% de farinha de trigo, a fim de garantir-lhe uma melhor aderência;

- Usar manipueira pura ou, por outra, diluída em água, deconformidade com a praga e, sobretudo, com a cultura a sertratada. Assim, no tratamento de árvores (citros, abacateiro,jambeiro etc), usar manipueira pura ou em diluição 1:1; paraarbustos (murici, maracujá etc.), deve prevalecer a diluição1:1 ou, até mesmo, 1:2, esta para controlar ácaros ou insetosmais sensíveis, tais como traças e pulgões; para plantasherbáceas de maior porte (pimentão, berinjela etc),recomendam-se as diluições 1:2 e 1:3 e, para aquelas de menorporte, mais delicadas, usar a diluição 1:4. Todavia, para osdois últimos casos, ou seja, para as herbáceas em geral, ésempre conveniente fazer, antes do tratamento definitivo,um teste preliminar, envolvendo um pequeno lote de plantas,a fim de ajustar a diluição à sensibilidade da planta a sertratada e da praga a ser controlada, e

- Para o caso específico de tratamento de propágulosvegetativos (estacas, rizomas etc.) praguejados, imergi-losem manipueira pura durante 1h, sendo dispensável oacréscimo de farinha de trigo. A fim de usá-la comocarrapaticida, acrescentar 20 a 50% de óleo de rícino, dadasas razões expostas anteriormente.

4.1.1 – Manipueira como formicida

Já em 2005, testou-se a manipueira no combate às saúvas(Atta sp.), atendendo a repetidos pedidos de agricultores.Realizaram-se dois ensaios, conduzidos simultaneamente (junho-julho/05), nos municípios de Acopiara e Russas, Estado do Ceará,ambos encravados no Semi-árido nordestino.

Na ocasião, aplicou-se cerca de 1 litro de manipueira pura(não diluída) em cada “olho” dos formigueiros. Nos dois ensaios,um único resultado: a desativação dos sauveiros.

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5 – MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA

Esta terceira fase do projeto teve início em 1993, a partir deum trabalho de tese (mestrado) desenvolvido pela Professora. AdéliaBenedito Coelho dos Santos, da Faculdade de Ciências Agráriasdo Pará (FCAP), Belém, Estado do Pará, sob orientação do autordeste livro. Na oportunidade, Santos (1993); Santos e Ponte (1993)estudaram a ação fungicida da manipueira no controle do Oídiodo urucu (Bixa orellana L.), doença causada pelo fungo Oidium bixaeViégas, um ectoparasita de marcante patogenicidade, haja vistaser a enfermidade por ele ocasionada a mais importante dentre asque afetam a citada planta em todo o Nordeste (PONTE, 1996a).

O experimento pertinente ao estudo em referência foiconduzido em condições de casa-de-vegetação e reuniu quatrotratamentos: testemunha (plantas não tratadas), manipueira pura(100%), manipueira em diluição aquosa (50%) e um fungicida àbase de pyrazophos que, por ser específico contra os fungos dogênero Oidium, foi incluído como referencial de controle químico.Ao final do experimento, constatou-se que a manipueira foi tãoeficiente quanto o fungicida sintético, então usado como parâmetrode controle. Os autores admitiram que a ação oidicida damanipueira é devida ao elevado teor de enxofre (cerca de 200 ppm)presente em sua composição, a exemplo do que ocorre com opyrazophos e com a maioria dos fungicidas recomendados para ocontrole curativo ou preventivo de oídios, cujo ingrediente ativo éo enxofre. É evidente, com fundamento em tais resultados, que amanipueira poderá muito bem substituí-los, com a vantagemadicional da economicidade devida à sua condição de subprodutoquase sempre descartável, sem esquecer, também, a inocuidade comrelação à saúde humana e a ausência de riscos ao ambiente.

Na tese em questão, a par do controle do Oídio, observou-seque o tratamento com manipueira proporcionou, de um modoestatisticamente significativo, um maior crescimento das plantasde urucu, fato que deve ser atribuído menos ao controle da doençae mais à adubação foliar proveniente dos macro e micronutrientesque integram a sua composição, incluindo o enxofre, o qual tem

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efetiva participação na síntese e constituição de aminoácidosessenciais, tais como cisteína, cistina e metionina. Vale recordarque a deficiência de S nos vegetais superiores assemelha-se, emsuas conseqüências, à carência de N, uma vez que impede,igualmente, a formação de proteínas.

Dois outros oídios – Oidium anacardii Noack e Oidium sp.,fungos patogênicos ao cajueiro a à ciriguela (Spondias purpurea L.),respectivamente – foram rigorosamente controlados pelamanipueira pura ou em diluição aquosa (1:1), conforme notificaram,pela ordem, Ponte (2001) e o fitopatologista Francisco das Chagasde Oliveira Freire, este em programa rural de TV. No primeiro caso,o Oídio do cajueiro foi objeto de um controle curativo absoluto(100%), conforme dados expostos na Tabela 3. Acresça-se que esteestudo fez parte de um projeto (citado anteriormente) envolvendoa manipueira no controle de doenças e pragas do cajueiro edesenvolvido na Clínica de Planta “Dr. Júlio da Ponte”.

Independentemente de outros testes de avaliação damanipueira como oidicida, é claro que os resultados dessesexperimentos pioneiros podem ser extrapolados e prescritos paraos oídios de um modo geral, os quais constituem um importantegrupo de fitomoléstias para muitas culturas, a exemplo dasanacardiáceas, rosáceas e curcubitáceas, além do citado urucu. Etal prescrição equivaleria a um tratamento tão eficaz quãoeconômico, haja vista as razões acima enumeradas, máxime asupressão de riscos ao ambiente e à saúde humana, tão própriosdos agrotóxicos em geral.

Duas outras bem sucedidas avaliações da manipueira comofungicida ocorreram em datas recentes, sendo relatadas por Ponte eGóes (2000) e Ponte (2001), envolvendo, respectivamente, fungos de“ferrugem”e “antracnose”: Uredo crotonis (P. Henn.) e Glomerellacingulata (Ston.) Spauld. & Schrenk., sobre plantações de cróton-de-jardim (Croton variegatus L.) e cajueiro (Anacardium occidentate L.). Noprimeiro caso, a manipueira foi usada em diluição aquosa 1:1, com1% de farinha de trigo à guisa de adesivo. Uma única aplicação docomposto foi suficiente para prevenir, durante três semanas, osurgimento de novas pústulas de ferrugem. No segundo caso, amanipueira, sem ou com adição de água (1:1), também acrescida de

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farinha de trigo (1%), mediante seis aplicações a intervalos semanais,suprimiu praticamente o aparecimento de novas lesões foliares(mancha ou crestamento) de Antracnose nas plantas de cajusubmetidas ao tratamento. Os resultados desta segunda pesquisa estãosumariados na Tabela 3 e foram obtidos com o projeto “Investigaçãosobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose do Cajueiro”,elaborado e executado pela Clínica de Planta “Dr. Júlio da Ponte”.

Mas a avaliação fungicida continua em aberto, ainda longede ser concluída. Com efeito, a manipueira ainda deverá ser testadano controle de diversas outras doenças, de muitos outros gruposde fungos fitopatogênicos, tais como os agentes de cercosporioses,cancros, carvões, míldios, fusarioses e podridões de frutos, paracitar alguns dos mais assíduos em culturas tropicais (PONTE, 1980;1996c). Tais testes estariam cercados de expectativas otimistas, hajavista que, além do enxofre e cianetos, a manipueira contém outrassubstâncias antifúngicas (MAGALHÃES, 1993), com destaque paracetonas, aldeídos, tioninas, fitoalexinas, quitinases, lectinas e outrasproteínas de baixo peso molecular. Eis, portanto, um sugestivo filãoque se oferece aos pesquisadores igualmente interessados emminimizar o uso de agrotóxicos.

Até hoje, a única experiência de controle de fitobacteriosecom manipueira é a que se fez envolvendo a Galha de Coroa dourucu, doença causada por Agrobacterium tumefaciens (E.F.Sm. &Towsend) Conn., a qual foi preventivamente controlada comaplicações semanais desse composto, na diluição de 1:1 (PONTE;HOLANDA, 1995). Todavia, neste caso, a ação de controle foi maisde natureza inseticida, pois exercida sobre o percevejo-grande(Leptoglossus gonagra Fabr.) que, nas circunstâncias experimentais,atuava como ativo agente disseminador da bactéria. Não obstante,os testes laboratoriais, envolvendo a mesma bactéria, demonstraramum enérgico poder bactericida da manipueira, fato a ser reiteradoem experimentos vindouros.

5.1 – Recomendações Práticas e Posologia

Para o uso da manipueira como fungicida e bactericida devemser observadas as mesmas recomendações prescritas para o seuuso como inseticida.

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Assim, o tratamento deve estender-se por, no mínimo, trêsou quatro semanas, com uma pulverização a cada sete dias.Prevalece, também, a recomendação no sentido de acrescentar-se1% de farinha de trigo ao composto, a fim de dar-lhe maisaderência, uma condição particularmente importante no trato dedoenças, haja vista a prevalência do controle preventivo sobre ocurativo. E, no tocante à dosagem, as prescrições pertinentes são,também, as mesmas. Desta forma, a opção pelo uso da manipueirapura ou diluída (diluições aquosas de 1:1, 1:2, 1:3 e 1:4) fica nadependência, sobretudo, do porte e tolerância da planta, reiterando-se a conveniência, no caso de tratamento de plantas delicadas, deproceder-se a um prévio teste de sensibilidade.

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6 – MANIPUEIRA COMO HERBICIDA

Quem visita uma casa-de-farinha observa a total ausênciade vegetação rasteira, de plantas ruderais ou invasoras, na faixade terreno que ladeia a vala externa por onde escorre a manipueira.Este fato, amplamente conhecido por quantos lidam com farinhada,é um atestado eloqüente da ação herbicida desse composto,independentemente de comprovação científica. Tal comprovaçãoseria prefaciada pelo trabalho de Fioretto (1994), especulando sobreo efeito da manipueira sobre diversas plantas daninhas, quando ausou em fertirrigação.

Tais informações eram alvissareiras, mas não suficientes parafins de uso prático. Com efeito, o aproveitamento da manipueiracomo herbicida estava a exigir mais pesquisas, um aprofundamentodo estudo no propósito de dimensionar a sua exata potencialidadeem tal especialidade, de esclarecer o espectro de sua ação sobreplantas de folhas largas e estreitas, de aferir possíveis efeitosresiduais etc. Enfim, o esclarecimento de muitos pontos quepudessem subsidiar e disciplinar o seu emprego em substituiçãoaos herbicidas comerciais.

E valeria a pena explorar esse veio de investigação científica,não apenas pelo apelo da economicidade, mas, sobretudo, no zeloda preservação do meio ambiente, haja vista os graves e constantesimpactos ambientais devidos aos herbicidas convencionais, cujatoxicidade é, em regra, bem superior à dos demais grupos deagrotóxicos.

Enfim, em 2001, fez-se a primeira avaliação, dentro do devidorigor científico, da manipueira como herbicida. Eis que aCompanhia Energética do Ceará (COELCE), por determinação dosórgãos oficiais de saúde pública e preservação ambiental, viu-seimpedida de prosseguir com o uso de herbicidas sintéticos nas áreasfísicas de suas subestações elétricas, sob a alegativa, absolutamenteprocedente, de que tais compostos iriam envenenar os lençóisfreáticos subjacentes, pondo em risco a saúde da populaçãocircunvizinha, a par de outros graves impactos ambientais. Diantedisto, a citada empresa passou a buscar um substitutivo para osherbicidas comerciais, já que deveria ter continuidade a eliminaçãode plantas invasoras em suas unidades, pois este mato abriga

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passarinhos, répteis, lacertílios, insetos e outros pequenos animaisque, com certa freqüência, danificam as instalações elétricas porprovocarem curto-circuitos. Assim, a Coelce encomendou à Clínicade Planta “Dr. Júlio da Ponte” um estudo sobre a viabilidade douso da manipueira como herbicida. Então, a Clínica elaborou oprojeto “Investigação sobre a Utilização da Manipueira comoHerbicida nas Subestações da Coelce”. Consoante este projeto, amanipueira pura (sem diluição em água) foi, com auxílio deregadores, aplicada, por três vezes, na área experimental(quadrilátero de terreno onde estão fincadas as torres doinstrumental elétrico da empresa), a intervalos de 24 horas e naproporção de 5 litros por m2 de solo. Ali, estavam presentes 17diferentes espécies de plantas invasoras. Conforme Ponte e Góes(2002b) que conduziram os trabalhos, 12 dentre as 17 espécies deervas (70,58%) comportaram-se como suscetíveis, logo fenecendoao impacto do tratamento; três outras espécies (17,64%)posicionaram-se como moderadamente suscetíveis, apresentandograves sintomas de atrofia e crestamento foliar, emborasobrevivessem (mas, segundo os autores, as chances desobrevivência seriam mínimas, caso o tratamento prosseguisse commais uma ou duas aplicações do composto); por fim, apenas duasespécies (11,76%) – no caso, o ciúme ou flor-de-seda (Calotropisprocera R. Br.) e a salsa (Ipomoea asarifolia Roem. & Schult.) –comportaram-se como resistentes, mostrando-se infensas aotratamento. Tais resultados, expostos no Quadro 1, revelam umaoutra qualificação da manipueira no âmbito de sua utilização comodefensivo agrícola: uma apreciável ação herbicida. Aliás, comodefensivo, a manipueira sobreleva-se em relação a qualquer outrocomposto, por sua abrangência, pela amplitude de seu leque deopções, atuando como inseticida, acaricida, fungicida, nematicidae, também, como herbicida.

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PlantaNome Científico Nome VulgarAlternanthera tenella Moq. Quebra-pedraAster chinensis L. Raínha MargaridaBoerhaavia coccinea Mill. Pega-pintoCenchrus echinatus L. Carrapicho-de-boiChamaesyce hyssopifolia(L.) Small Erva-de-leite SuscetíveisChloris gayana Kunth Capim RhodesCroton sp. MarmeleiroCyperus rotundus L. Capim-juncoEvolvulus argenteus Pursch Dinheiro-em-pencaMalva silvestris L. MalvaPriva echinata Juss. Verbena-encarnadaSchrankia leptocarpa DC. Malícia-roxa

Eragrostis ciliaris Link. Capim-fino ou grama-finaSolanum paniculatum L. Jurubeba

Turnera subulata Sm. Chanana

Calotropis procera R. Br. Ciúme ou flor-de-sedaIpomoea asarifolia Roem. Resistentes& Schult. Salsa

Quadro 1 – Plantas invasoras presentes na área experimental(Subestação Elétrica da Companhia Energética do Ceará– Coelce) e seu comportamento em relação ao tratamentocom manipueira (extrato líquido das raízes de mandioca)

Fonte: Ponte e Góes (2002).

Comportamento

Moderadamenteresistentes

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7 – MANIPUEIRA COMO ADUBO

Este capítulo aborda um outro programa de pesquisa. Emverdade, paralelamente ao projeto “Investigação sobre oAproveitamento da Manipueira como Defensivo Agrícola”, o Autor,a partir dos anos oitenta, criava um novo e original projeto, intitulado“Investigação sobre o Aproveitamento da Manipueira comoFertilizante”, estimulado pelos bons resultados obtidos com estecomposto para a mencionada finalidade, logo ao ensejo do primeiroteste, quando Franco e Ponte (1988) observaram que plantas de milho(Zea mays L.), cultivadas em solo adubado com manipueira,apresentavam, em confronto com o milho semeado em solo nãotratado (testemunha), crescimento, peso verde e produçãosignificativamente superiores: 20, 100 e 65% a mais, respectivamente.

Mais tarde, desde quando se passou a conhecer, comexatidão, a composição química da manipueira – potencialmenterica em macronutrientes (K, N, Mg, P, Ca e S, pela ordemquantitativa) e com suficientes teores de todos os micronutrientesrequeridos pelas plantas, salvo o molibdênio –, o Autor iria priorizaras pesquisas sobre a utilização deste subproduto como fertilizantefoliar, por ser uma modalidade de adubação mais apropriada aum substrato líquido, sem subestimar, naturalmente, as vantagensinerentes a esta forma de suprimento de adubo, tais como menordesperdício do composto e, em relação à planta tratada, economiade tempo e energia, visto que o nutriente é entregue “na porta dafábrica”, isto é, diretamente sobre a folha, local-sede da fotossíntese.

No tocante a esta linha de pesquisa, o teste preliminar, Ponteet al. (1997), logo mostrou a procedência da hipótese, através darevelação de resultados bastante sugestivos, uma vez que plantasde gergelim (Sesamum orientale L.) adubadas foliarmente commanipueira, em diluição aquosa 1:6, mediante seis pulverizações aintervalos semanais, responderam com uma produçãoestatisticamente superior à das plantas-testemunhas, fosse emnúmero ou peso totais de frutos, com 67,3 e 52,1% a mais,respectivamente.

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Estimulado pelo sucesso desse teste inicial, o autor elegeria omesmo tema para a dissertação de mestrado (ARAGÃO, 1995) que,pouco depois, iria orientar e para a qual projetou, naturalmente,um experimento de maior amplitude, envolvendo duas culturas(tomate e quiabo) e quatro diluições de manipueira (1:4, 1:6, 1:8 e1:10), também aplicadas seis vezes, a intervalos semanais. Estetrabalho viria comprovar a eficiência da manipueira comofertilizante foliar, pois as plantas com ela tratadas, indiferentementeà diluição testada, apresentaram produção significativamentesuperior àquela obtida com a aplicação de um fertilizante sintéticode grande aceitação comercial e que fora escolhido como referencialde nutrição via foliar (ARAGÃO; PONTE, 1995).

Na esteira do mesmo filão, seguiu-se o trabalho de Ponte et al.(1998), envolvendo cultivo de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.)Moench.), sob condições de solo paupérrimo (com baixos teores deN, P e K). As plantas de sorgo forrageiro foram adubadas, via foliar,com manipueira (diluição 1:6), acrescida ou não de um coadjuvanteadesivo, no caso a farinha de trigo. Em ambas as situações, isto é,com ou sem este adesivo, a adubação com manipueira, praticadaseis vezes, a intervalos semanais, induziu uma produção de massaverde estatisticamente superior à da testemunha, com aumentos daordem de duas e três vezes mais, respectivamente. Aliás, a inclusãoda farinha de trigo não melhorou o rendimento da manipueira comoadubo foliar; pelo contrário, restringiu-lhe a eficiência, com retornoem ganho de peso verde estatisticamente inferior ao que se obtevesem esse adesivo. Provavelmente, o aumento da densidade docomposto, pela incorporação da farinha, dificultou, em parte, a suaabsorção pelas folhas.

A mais nova experiência da manipueira como fertilizantefoliar fez-se em data recente, já envolvendo um significativo avançotecnológico em torno deste composto – sua formulação em pó. Osresultados (excelentes) então obtidos e as características do novoformato do produto serão comentados mais adiante, no capítulo10, totalmente reservado à manipueira em pó.

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7.1 – Recomendações Práticas e Posologia

À luz dos resultados ora relatados, conclui-se que amanipueira, para efeito de adubação, pode ser usada por vias foliare edáfica, o que implica em recomendações distintas para taismodalidades de uso.

a) Fertilização do solo- Usar a manipueira na diluição 1:1;- Aplicá-la ao solo, justo na linha de cultivo, com o auxílio

de um regador ou vasilhame similar, na razão de 2 a 4litros da diluição por metro de sulco;

- A aplicação deve preceder ao plantio – adubação defundação –, e o solo, após o tratamento, deve ficar emrepouso por 8 ou mais dias, e

- Revolver levemente o solo que compõe e margeia a linhade cultivo, antes de proceder à semeadura.

b) Fertilização foliar- As diluições mais apropriadas são 1:6 e 1:8, a menos

que haja, simultaneamente, necessidade de controle depragas ou doenças, optando-se, em tais casos, pordiluições mais concentradas, de acordo com asrecomendações apostas nos capítulos correspondentesa tais controles;

- Fazer o mínimo de seis e o máximo de dez pulverizações,preferentemente a intervalos semanais, e

- Quando do uso da manipueira com a finalidadeexclusiva de fertilização foliar, não adicionar farinhade trigo, ingrediente só recomendável nos casos decontrole de pragas e doenças.

7.2 – Informações Adicionais

Com vistas à adubação do solo, as recomendações oraenumeradas são, exatamente, aquelas prescritas para a utilizaçãodo mesmo composto como nematicida, no tratamento de linhas decultivo, em solo infestado de fitonematóides, conforme o exposto

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no item b, do tópico 3.1. Portanto, ao fazermos uma adubação defundação com manipueira, estaremos, também, efetuando ocontrole dos nematóides fitoparasitas porventura presentes nomesmo solo. São, por conseguinte, operações simultâneas, o quereleva o aproveitamento da manipueira como fertilizante.Destacamos a conveniência da diluição do composto em água (1:1),a fim de torná-lo mais fluido e, assim, garantir-lhe uma maiorpenetração no solo. No zelo dessa finalidade, a adição da farinhade trigo ou de qualquer coadjuvante-adesivo seriacontraproducente, sobre ser desnecessária.

Do mesmo modo, ao fazermos o controle de pragas e doençasfoliares mediante pulverizações com manipueira, estaremos,qualquer que seja a diluição utilizada, fazendo, simultaneamente,uma fertilização foliar, fato que torna ainda mais rentável a opçãopelo uso desse composto como defensivo agrícola.

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8 – OUTRAS SERVENTIAS

Os projetos sob responsabilidade do Autor objetivam,exclusivamente, o aproveitamento da manipueira como insumoagrícola. Mas não fica apenas nisto, o que já seria de grandeimportância, o repertório de préstimos deste composto. Amanipueira pode ter uma serventia bem mais ampla, conformeindicam os resultados de pesquisas recentes, coordenadas poroutros autores.

Cabello e Leonel (1994) obtiveram, a partir da manipueira, oácido cítrico, composto utilizável nas indústrias farmacêutica e dealimentos, máxime na produção de refrigerantes. Da mesma fonte,Cereda (1994) obteve uma biomassa oleaginosa de boa qualificação,dados os elevados teores de proteínas e lipídios ali presentes e bemafeitos a fins alimentares. O mesmo trabalho faz alusão, também,ao uso da manipueira como meio de cultura apropriado ao cultivode microrganismos benéficos em fecularia.

Outras serventias, embora não tão divulgadas, são relatadasna literatura. Eis alguns exemplos: a) na produção de álcool, a partirda fermentação dos açúcares presentes na goma residual docomposto (CEREDA, 1994); b) na indústria da borracha, prestando-se como coagulante do látex da seringueira (CEREDA, 1994); c)na fabricação de tijolos, substituindo a água e ensejando um tijolomais resistente, que não precisa ser queimado (MAGALHÃES,1993); d) o tradicional emprego na culinária paraense, constituindoo afamado molho condimentar denominado tucupi, bem assim naculinária nordestina, substituindo o vinagre ou a cachaça napreparação do molho de pimenta, e e) na produção da bebidaalcoólica tiquira, muito comum no Maranhão.

Este leque de utilidades é bem um atestado da potencialidadeindustrial que a manipueira encerra e que não vem sendo, até hoje,convenientemente explorada.

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9 – COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO

Nas regiões de clima tropical, a principal limitação ao uso damanipueira como insumo agrícola diz respeito à indisponibilidadedeste composto em determinada época do ano. No nordestebrasileiro, por exemplo, via-de-regra não se faz farinhada durantea estação das chuvas (de fevereiro a maio ou junho, nos anosnormais), atividade só exercida ao longo do verão, época em queas raízes estão “enxutas”, provendo, por conseguinte, um maiorrendimento de farinha.

Portanto, sendo a manipueira um subproduto da fabricaçãoda farinha de mandioca, ela normalmente estará em falta durantea estação chuvosa, justo quando se faz mais requisitada paradesempenhar a sua principal finalidade, ou seja, o seu empregocomo pesticida. Com efeito, é nessa época que se intensifica aatividade agrícola, com a prática do tradicional “plantio das águas”e, correspondentemente, quando se faz mais assídua e severa aocorrência dos agentes de pragas e doenças, para cujo controledestaca-se, com eficácia e economicidade, a manipueira.

E como superar tal limitação, de sorte a ter-se manipueira,em disponibilidade, em qualquer época do ano?

Uma das alternativas seria conservá-la em refrigerador,evitando-se a fermentação do composto. Mas seria uma soluçãopouco prática, seja porque o grande volume de manipueira aconservar iria ocupar muito espaço no refrigerador, seja porque amaioria dos agricultores de baixa renda não dispõe desseeletrodoméstico. Mas seria uma solução viável para o tratamentode pequenos cultivos de jardim e quintal.

Outra alternativa, bem mais simples e prática, seria manter,na propriedade agrícola, um cultivo permanente de mandioca, sópara a extração de manipueira, sempre que se fizesse necessário oseu emprego como pesticida ou adubo foliar. Seria uma espécie de“farmácia viva” para a lavoura. Para tal fim, bastaria uma árearelativamente pequena (não mais de 5% da gleba) e de menorfertilidade, pois a mandioca é uma cultura rústica, pouco exigente.

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A terceira alternativa, de fundamentação industrial e,portanto, de maior validade prática, é a “manipueira em pó”,matéria enfocada no capítulo seguinte.

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10 – MANIPUEIRA EM PÓ

A formulação da manipueira em pó é, sem dúvida, aalternativa mais prática para se ter a manipueira o ano todo e pormais tempo ainda. A esta formulação chegaram Ponte e Góes(2002a) mediante liofilização, isto sem prejuízo das qualificaçõesdo composto natural (manipueira líquida), porquanto mantendo,em semelhantes proporções, todos os seus componentes químicos,sejam os macro e micronutrientes que lhe garantem a excelênciacomo adubo, sejam os cionetos que, como principais ingredientesativos, garantem sua vigorosa ação pesticida (Tabela 4).

A manipueira em pó veio para anular a principal limitaçãoda manipueira líquida, justamente a sazonalidade comentada nocapítulo anterior. Em forma de pó, ela estará disponível a qualquerépoca, pois independe do imediatismo da fabricação da farinha demandioca. Outras limitações serão, também contornadas: aperecibilidade, pois a manipueira líquida vai perdendo suapotencialidade pesticida a partir do quarto dia pós-extração,conforme Ponte e Franco (1983b); a dificuldade de transporte, fatoinerente ao deslocamento de grande massa líquida para otratamento de extensos cultivos, e a dificuldade de comercialização,em decorrência da sazonalidade e da pouca durabilidade docomposto líquido. Em oposto, a manipueira em pó, além de suadisponibilidade a qualquer tempo, terá uma longevidade bemexpressiva, enquanto sua transportação e comercialização tornar-se-ão bem mais ágeis, por força do menor volume (cada 100 litrosdo composto líquido gera de 6 a 8 kg de manipueira em pó).

Este novo produto, embora ainda esteja em via dereconhecimento de patente, já foi submetido ao primeiro teste decampo. Góes e Ponte (2002) o testaram como fungicida e fertilizantefoliar e os resultados confirmaram a hipótese lógica, aquela ditadapela composição química da formulação em pó, semelhante à damanipueira líquida.

No aludido experimento pioneiro, Góes e Ponte (2002), amanipueira em pó foi testada, em amendoim (Arachis hypogaea L.),como adubo foliar e fungicida, no controle de Mycosphaerella

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arachidicola W. A. Jenkins, agente da Mancha Castanha. Usaram-seduas dosagens de manipueira em pó: 1 e 2 colheres de sopa por litrode água (cada colher contendo cerca de 20g do composto),comparando-as com a manipueira líquida em diluição aquosa 1:1 ea testemunha (água + 1% de farinha de trigo, componente adesivotambém incluso nos demais tratamentos). Todos os tratamentos foramministrados quatro vezes, mediante pulverizações a intervalossemanais. A incidência da Mancha Castanha foi praticamente nulanas plantas tratadas com manipueira em pó e os efeitos destecomposto como fertilizante foliar, especialmente na dosagem de 2colheres/litro, foram excelentes, aumentando, de um modoestatisticamente significativo, tanto a produção (peso total de vagens)como o porte vegetativo (peso fresco) das plantas de amendoim.

Novos experimentos com manipueira em pó – investigando-a como inseticida, acaricida etc. – estão sendo programados, masjá cercados de uma expectativa otimista, haja vista o sucesso desteensaio pioneiro.

Tabela 4 – Composição química da manipueira em pó comparada àda manipueira líquida

Manipueiraem pó líquida

Macronutrientes % ppmPotássio (K) 6,72 1.183,5Nitrogênio (N) 1,00 425,5Magnésio (Mg) 0,37 405,0Fósforo (P) 0,29 259,5Cálcio (Ca) 0,28 227,5Enxofre (S) 0,10 195,0Micronutrientes mg/kg ppmFerro (Fe) 5.355,00 15,3Manganês (Mn) 109,00 3,7Zinco (Zn) 22,00 4,2Cobre (Cu) 4,50 11,5Boro (B) 2,00 5,0Cianetos % ppmLivre 9,30 42,5Total 86,40 604,0

Fonte: Análises procedidas na UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo.

Componente

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

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Foto 1 – Descascamento manual de raízes de mandiocaFonte: Sebastião da Ponte.

Foto 2 – Trituração de raízes de mandioca em moinho elétrico(caititu).

Fonte: Sebastião da Ponte.

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Foto 3 – Massa pastosa de mandioca, após a trituração.Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 4 – Aposição de massa de mandioca em prensa de madeira deacionamento manual

Fonte: Sebastião da Ponte.

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Foto 5 – Prensagem da massa de mandioca em prensa de madeirade acionamento manual

Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 6 – Secagem da massa em forno de alvenaria: última etapa dafarinhada

Fonte: Sebastião da Ponte.

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Foto 7 – Manipueira: extrato líquido das raízes de mandioca, umsubproduto da farinhada

Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 8 – Oídio (oidium bixae) em folha de urucuFonte: Sebastião da Ponte.

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Foto 9 – Haste de urucu infectada pela bactéria Agrobacteriumtumefaciens, agente causal da Galha de Coroa

Fonte: Sebastião da Ponte.

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1 Apresentação parcialmente extraída do texto escrito por Osvaldo de OliveiraRiedel – médico e membro da ACECI, prefaciando um dos livros de José Júlio daPonte.

O AUTOR1

JOSÉ JÚLIO DA PONTE, com 46 anosde tráfego pelas sendas da Fitopatologia, éum dos mais experientes e competentesfitossanitaristas da atualidade. Experiênciamaterializada em mais de 500 trabalhospublicados (livros, capítulos de livro, teses,artigos e comunicações científicas,monografias e conferências) no Brasil e noexterior; competência reconhecida e laureadanos muitos títulos e comendas que ilustram o

seu esplêndido curriculum: presidente da Academia Cearense deCiências (ACECI) e ex-presidente da Sociedade Brasileira deFitopatologia (SBF) e da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN);bolsista-pesquisador nível I-A do CNPq; Medalha de Ouro do MéritoFitopatológico (SBF), Medalha de Ouro do Mérito da EducaçãoAgrícola Superior (1º lugar em concurso de títulos promovido pelaABEAS e envolvendo representantes de todas agrofaculdades dopaís) e Medalha “Boticário Ferreira” (Câmara Municipal deFortaleza); diploma do Mérito Científico Professor Prisco Bezerra ecomendas de Honra ao Mérito outorgadas pela SBF, SBN e PrefeituraMunicipal de Fortaleza (Destaque da Ciência/1992); eleito “Man ofthe Year/1997” (Homem do Ano/1997) pelo American BibliographicalInstitute (USA); reconhecimento internacional da Organização dosEstados Americanos (OEA) e da New York Academy of Sciences; Livre-Docência em Fitopatologia, e o título que mais contempla o seucoração – o de Professor-Emérito, a maior honraria universitária, aqual, com sobras, ele fez por merecer.

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Desde os primeiros passos de sua longa e infatigávelperegrinação científica, ele fez da luta contra os agrotóxicos apreocupação maior de suas investigações, fosse através da criaçãode variedades resistentes, fosse mediante a busca de defensivosagrícolas naturais, insistência esta premiada com a “descoberta”da manipueira. Este trabalho, a “Cartilha da Manipueira”, é umapaciente e minuciosa dissecação de tudo quanto já fez em prol doaproveitamento da manipueira como insumo agrícola, emsubstituição aos famigerados agroquímicos.

Vale a pena conhecê-lo.

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SUPERINTENDÊNCIA DE LOGÍSTICA

Ambiente de Recursos LogísticosCélula de Produção GráficaOS 2006-01/0677 - Tiragem: 2.000