Manual Básico Vol I 2014 - ESG

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    1/93

    ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

    Rio de Janeiro

    2014

    Volume I

    ELEMENTOS FUNDAMENTAIS

    MANUAL BSICO

    MANUAL

    EM

    REV

    ISO

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    2/93

    1

    ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

    MANUAL BSICO

    VOLUME I

    ELEMENTOS FUNDAMENTAIS

    Rio de Janeiro

    2014

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    3/93

    2

    Impresso no Brasil/Printed in Brazil

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - proibida a reproduo total ou parcial,

    de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com autorizao, por escrito,da Escola Superior de Guerra - ESG.

    Biblioteca General Cordeiro de Farias

    M294

    Manual Bsico / Escola Superior de Guerra. Rev., atual. - Rio de

    Janeiro, 2014.4 v.

    Contedo: v. 1. Elementos Fundamentais v.2. Assuntos

    Especficosv.3 Mtodo para o Planejamento Estratgico/ESG.1. Fundamentos. 2. Poltica Brasil. 3. Governo Brasil. 4.

    Segurana Nacional. 5. Defesa Nacional. 6. Planejamento

    Estratgico.

    MB - 2014

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    4/93

    3

    NDICE

    Parte I

    FUNDAMENTOS

    INTRODUO 8

    CAPTULO I - FUNDAMENTOS AXIOLGICOS 9

    Seo 1 - Valores 9Seo 2 - Princpios 13

    Seo 3 - Caractersticas 15

    CAPTULO II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS 17Seo 1 - Objetivos Nacionais 17

    1.1 - Introduo 17

    1.2 - Objetivos Individuais 181.3 - Objetivos Grupais 18

    1.4 - Objetivos Nacionais (ON) 20

    1.4.1- Conceituao 20

    1.4.2 - Objetivos Fundamentais (OF) 221.4.2.1 - Conceituao 22

    1.4.2.2 - Identificao 22

    1.4.2.3 - Caracterizao 23

    1.4.3 - Objetivos de Estado (OE) 26

    1.4.4 - Objetivos de Governo (OG) 27

    1.5 - Fatores Condicionantes para a identificao e Estabeleci- mento dos Objetivos Nacionais (Fundamentais, de Estado

    e de Governo) 28

    1.5.1 - Fatores Condicionantes Internos 28

    1.5.1.1 - Fatores Condicionantes Humanos 291.5.1.2 - Fatores Condicionantes Fisiogrficos 30

    1.5.1.3 - Fatores Condicionantes Institucionais 31

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    5/93

    4

    1.5.2 - Fatores Condicionantes Externos 31

    Seo 2 - Poder Nacional 32

    2.1 - Conceito 322.2Caractersticas 35

    2.2.1 - Sentido Instrumental 35 2.2.2 - Carter de Integralidade 36

    2.2.3 - Relatividade 36

    2.3 - Estrutura 372.3.1 - Introduo 37

    2.3.1.1 - Fundamentos 37

    2.3.1.2 - Fatores 39

    2.3.1.3 - Organizaes e Funes 402.4 - Expresses 40

    2.5 - Avaliao 432.6 - Preparo e Emprego 45

    2.6.1 - Potencial e Poder 45

    2.6.2 - mbitos de Atuao 47

    2.6.3 - Projeo 47 2.6.4 - Expanso 48

    2.6.5 - Estatura Poltico-Estratgica 48

    Seo 3 - Poltica Nacional 49

    3.1 - Poltica 49

    3.1.1 - Conceituao 49

    3.1.2 - Poltica e Poder 50

    3.1.3 - Poltica e tica 51 3.2 - Poltica Nacional 52

    3.3 - Poltica de Estado 53

    3.4 - Poltica de Governo 533.5 - Desdobramento da Poltica de Governo 54

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    6/93

    5

    Seo 4 - Estratgia Nacional 56

    4.1 - Estratgia 56

    4.1.1 - Conceituao 564.1.2 - bices 57

    4.1.3 - Aes Estratgicas 574.2 - Conflitos e Crises 58

    4.2.1 - Conceituao 58

    4.2.2 - Tipos de Crise 594.3 - Estratgia Nacional 62

    4.3.1 - Conceituao 62

    4.3.2 - Correlao com a Poltica Nacional 62

    4.4 - Estratgia de Estado 644.5 - Estratgia de Governo 64

    CAPTULO III - CAMPOS DE ATUAO DO PODER NACIONAL 66

    Seo 1 - Desenvolvimento Nacional 66

    1.1 - Desenvolvimento 66

    1.2 - Desenvolvimento Nacional 67 1.2.1 - Conceituao 67

    1.2.2 - Desenvolvimento Nacional e as Polticas de Estado e

    de Governo 69

    1.2.3 - Caractersticas 70

    1.2.4 - Avaliao 73

    1.2.5 - Desenvolvimento Nacional e as Estratgias deEstado e de Governo 74

    Seo 2 - Segurana e Defesa Nacionais 74 2.1 - Conceitos Bsicos 74

    2.1.1 - Introduo 74 2.1.2 - Segurana 75

    2.1.3 - Defesa 762.2 - Nveis de Segurana e Defesa 77

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    7/93

    6

    2.2.1 - Individual 77

    2.2.2 - Comunitria 78

    2.2.3 - Nacional 782.2.4 - Coletiva 78

    2.3 - Segurana e Defesa Pblicas 792.3.1 - Conceitos 79

    2.3.1.1 - Segurana Pblica 80

    2.3.1.2 - Defesa Pblica 802.4 - Segurana e Defesa Nacionais 80

    2.4.1 - Introduo 80

    2.4.2 - Conceitos 81

    2.4.2.1 - Segurana Nacional 81 2.4.2.2 - Defesa Nacional 81

    2.4.3 - mbitos de Atuao 822.4.3.1 - Aes de Defesa Externa 83

    2.4.3.2 - Aes de Defesa Interna 83

    2.4.4 - Poltica de Defesa Nacional 84

    2.4.5 - Segurana e Defesa Coletivas 84

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    8/93

    7

    APRESENTAO

    Este Manual Bsico, como parte de uma coletnea

    composta por trs volumes, destina-se a orientar os estudos e os

    trabalhos desenvolvidos pela ESG, em seus diversos Cursos, Ciclos de

    Extenso, Cursos de Estudos de Poltica e Estratgia/ADESG e demais

    atividades acadmicas.

    No Volume I, Elementos Fundamentais, so

    apresentados os Fundamentos Axiolgicos, os Conceitos Fundamentais

    (Objetivos Nacionais, Poder Nacional, Poltica Nacional e EstratgiaNacional) e os Campos de Atuao do Poder Nacional.

    O Volume II, Assuntos Especficos, aborda conceitos,

    fundamentos, fatores, organizaes e funes das Expresses do Poder

    Nacional e, ainda, assuntos ligados Inteligncia Estratgica, e

    Logstica e Mobilizao Nacionais.

    O Volume III, Mtodo para o Planejamento

    Estratgico/ESG detalha a metodologia preconizada pela ESG para o

    planejamento da ao poltica. A fim de propiciar melhor

    entendimento do Mtodo, foi elaborada a Nota Complementar de

    Estudo (NCE) 001-09 DFPG que trata das Bases Tericas de

    Planejamento.

    O contedo apresentado nestes trs volumes e na NCE

    001-09, longe de constituir um dogma, expressa o pensamento da

    Escola Superior de Guerra construido ao longo da sua existncia.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    9/93

    8

    INTRODUO

    O contedo deste Volume I consubstancia um conjunto de

    ideias bsicas voltado para normas de conduta dos que as aceitam.

    Nesse sentido, um sistema de dever ser e incorpora um propsito

    normativo, que pretende orientar as aes em sociedade. uma

    reunio de conhecimentos com caractersticas peculiares, em

    consonncia com a realidade.

    Procura desenvolver o sentido de crena de que o Homem

    pode buscar o seu aperfeioamento, ao mesmo tempo em que pode

    transformar a prpria sociedade a que pertence.

    Em ltima anlise, pode ser entendido como um corpo de

    conhecimentos estruturados de maneira coerente e uniforme, com a

    finalidade de compreender a realidade e possibilitar a sua

    transformao.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    10/93

    9

    CAPTULO I

    FUNDAMENTOS AXIOLGICOS

    Seo 1

    Valores

    Ao se cogitar dos valores que aliceram as ideias aqui contidas,

    torna-se indispensvel levar em considerao os traos prevalecentesna cultura da sociedade qual se destina. crucial, portanto,

    identificar a vertente cultural onde eles se inserem e, nessa vertente,

    quais so as concepes dominantes quanto s caractersticas, ao

    papel e ao destino dos seres humanos que a integram.

    Situa-se a sociedade brasileira na vertente acentuadamente

    latina dos valores da cultura ocidental, de marcada influncia crist.Sob essa influncia, aliada a outras igualmente transcendentais, a

    realidade do Homem no se esgota, simplesmente, na considerao da

    expresso biolgica de que ela se compe. Nossa cultura reconhece a

    presena imanente da divindade no ser humano, o que projeta seu

    destino em termos de infinito e eternidade. No se lhe desconhece,

    contudo, a capacidade de construir seu prprio destino: dotado de

    conscincia e vontade, o Homem pode ter sempre a possibilidade

    moral de decidir, superando os condicionamentos em busca da

    realizao de um projeto de vida individual.

    A aceitao desse humanismo testa e cristo de nossa cultura se

    faz pela assimilao dos seus valores, mesmo quando no se comungue

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    11/93

    10

    dos dogmas de f, prprios das religies crists. Isto se revela pela

    crena na superioridade do indivduo sobre o grupo, na liberdade, na

    igualdade de todos os homens e na fraternidade.

    A preeminncia da pessoa se d na medida em que nela e porela, exclusivamente, que se podem e devem realizar os valores

    supremos. Como pessoa, o Homem se ala acima do Estado, uma vez

    que seus fins so superiores aos do Estado. Cabe ao Estado e

    Sociedade proporcionar ao Homem as condies de sua

    autorealizao. Por isso a liberdade do indivduo constitui, em nossa

    cultura, valor prioritrio.

    A construo de uma ordem social de natureza democrtica s

    possvel quando a liberdade intrnseca a todos os seus integrantes. A

    liberdade pode tomar diversas formas, como as de expresso do

    pensamento, de criao, de escolha, de associao, de

    empreendimento e outras mais, sempre presentes na

    operacionalizao dos diversos conceitos.

    A igualdade, bsica a todos os Homens, deriva da aceitao de

    que todos nascem iguais, dotados de uma mesma dignidade de pessoa,

    sagrada e inviolvel, na medida em que compartilham de um mesmo

    patrimnio moral e espiritual.

    Nascidos livres, iguais em dignidade e singulares, os Homens

    tm direito a buscar, ao longo de sua existncia, uma realizao

    pessoal diferenciada, prpria, intransfervel e em consonncia com os

    padres impostos pelo grupo.

    Entretanto, cnscios de sua dignidade essencial e da

    precariedade da existncia terrena, impe-se aos Homens o dever de

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    12/93

    11

    fraternidade, que tambm h de servir, em nossa cultura, como

    parmetro norteador da vida social.

    Dentro dessa ordem de ideias, os valores que embasam os

    Fundamentos da ESG, reconhecendo o primado da pessoa e do BemComum sobre as estruturas e os grupos sociais, buscam ultrapassar no

    s uma concepo meramente individualista da convivncia social,

    mas, ainda, as concepes coletivistas, que subordinam, de modo

    absoluto, os valores da pessoa aos valores da coletividade. Por isso o

    Bem Comum tornou-se um objetivo-sntese em torno do qual outros

    referenciais significativos esto articulados.

    Os valores da preeminncia da pessoa, da liberdade individual,

    da igualdade fundamental entre os homens e da fraternidade foram,

    portanto, os inspiradores do conceito de Bem Comum, materializando

    uma viso tomista que conduz ao seguinte entendimento:

    Ideal de convivncia que, transcendendo busca do Bem-Estar,

    permite construir uma sociedade onde todos, e cada um, tenham

    condies de plena realizao de suas potencialidades como pessoa e

    de conscientizao e prtica de valores ticos, morais e espirituais.

    O Bem Comum tem um sentido prprio que no se confunde

    com o simples agregar dos bens individuais. algo que transcende aos

    interesses, s aspiraes e s necessidades individuais e se projeta no

    todo social, no conjunto dos membros da sociedade e, por

    conseguinte, pode ser identificado como distinto do bem individual,

    sem que este tenha de ser suprimido em nome daquele.

    A concepo do Bem Comum, circunscrita a uma sociedade

    nacional, d origem a determinadas obrigaes de seus membros em

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    13/93

    12

    relao ao corpo social, no apenas consubstanciadas no plano tico e

    moral, mas, tambm, no ordenamento jurdico-institucional. Em

    decorrncia, no chamado Estado de Direito, o Bem Comum constitui-

    se, entre outros, num processo orientador de deveres e direitos de

    governantes e governados.

    Nas sociedades democrticas, vem se registrando uma grande

    preocupao quanto necessidade de serem reduzidas as

    desigualdades sociais extremas ou injustificveis, com base no conceito

    de justia social. Inspirada no valor maior da Justia, a justia social no

    s completa os conceitos da democracia e paz social, mas, ainda, gera

    contornos para os objetivos da Nao.

    Compondo os valores da liberdade, da igualdade e da

    fraternidade, sob a gide do justo, a Justia Social pretende superar a

    tenso entre a liberdade e a igualdade. Ela representa a superao

    desse dilema na medida em que prope, como critrio de sua

    realizao, a igualdade de oportunidades, ou seja, uma igualdade de

    base que enseja a realizao diferenciada, a competio justa e,

    portanto, preserva o espao da liberdade. Isto no tarefa exclusiva do

    governo, mas um compromisso efetivo de todos, incluindo as

    organizaes, grupos, categorias e classes sociais, com vistas ao Bem

    Comum.

    essencial, na busca do Bem Comum, o fortalecimento da

    Vontade Nacional. Portanto, preciso que todos e cada um compreendam a necessidade de participar na promoo do Bem

    Comum e de exercitar o direito de usufruir os resultados conquistados

    de forma progressiva, segura e justa, e em prazo adequado.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    14/93

    13

    Seo 2

    Princpios

    No caso das decises de Estado, os fins devem ser os objetivos

    prprios da cultura nacional - os Objetivos Nacionais - e os meios

    devem ser os recursos que a Nao aciona, principalmente por

    intermdio do Estado, para alcanar e manter aqueles fins - o Poder

    Nacional.

    Racionalizar essa ao poltica , pois, em ltima anlise,

    otimizar o uso de meios para atingir determinados fins. O que se quer

    racionalizar a destinao e o emprego do Poder Nacional para a

    conquista e a manuteno dos Objetivos Nacionais, buscando, alm

    disso, aliar o mximo de eficcia ao mais alto nvel tico, tanto na

    identificao e estabelecimento dos objetivos quanto na sua conquista

    e manuteno.

    Isso significa que a busca da eficcia no deve prescindir de umconjunto de valores que integra e confere unidade, coerncia e

    finalidade a todo o processo de racionalizao. Essa orientao tica se

    inspira nos valores universais, no constante do Prembulo da

    Constituio da Repblica Federativa do Brasil e nas peculiaridades

    decorrentes de nosso processo histrico-cultural.

    Assim, a identificao dos objetivos e o emprego dos meiosdisponveis devem respeitar alguns princpios que, portanto, passam a

    balizar todos os estudos e planejamentos. Na viso da ESG, esses

    princpios filosficos so os seguintes:

    fidelidade Democracia;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    15/93

    14

    preponderncia do interesse nacional sobre qualquer outro

    interesse; e

    valorizao do Homem, origem e fim do Desenvolvimento,

    sntese das aspiraes e interesses nacionais.

    Para consubstanciar o primeiro dos Princpios Filosficos,

    Fidelidade Democracia, foram estabelecidos conceitos, vlidos at

    hoje em suas linhas gerais e, tambm outros conceitos correlatos, com

    os objetivos de homogeneizar conhecimentos e possibilitar melhor

    compreenso dos estudos posteriores.

    O segundo princpioa Preponderncia do interesse nacional

    sobre qualquer outro interesseser atingido quando Governo, Elites

    e Povo forem conscientizados de que os interesses da Nao esto

    acima dos interesses individuais e grupais. A satisfao dos interesses

    nacionais traz, como consequncia, a sensao de bem estar geral, seja

    por atendimento dos interesses individuais e grupais, seja por renncia

    consentida destes, em benefcio do bem maior.

    Caracterizando o terceiro princpio Valorizao do Homem -

    origem, meio e fim do desenvolvimento os Fundamentos da ESG

    tem como objeto o Homem, considerado como pessoa dotada de

    conscincia e liberdade, que encerra valores permanentes e

    transitrios, cujo destino no se restringe mera procura do bem-estar

    social, seno que, simultaneamente, busca realizar todas as suas

    potencialidades, nos planos fsico, cultural, moral e espiritual, dado o

    carter de globalidade que envolve a problemtica humana.

    Tais conceitos foram consolidados em um conjunto coerente,

    que constitui hoje Conceitos Fundamentais da ESG, compostos de:

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    16/93

    15

    Objetivos Nacionais, Poder Nacional, Poltica Nacional e Estratgia

    Nacional.

    Por no ter um carter dogmtico, os Fundamentos evoluem

    em sintonia com as conquistas do conhecimento humano e com a

    Estatura Poltico-Estratgica da Nao, incorporando as grandes

    transformaes ocorridas desde a poca da criao da ESG. Refletem,

    dessa forma, os valores ticos, de fundamentao transcendental,

    caracterizadores do esprito democrtico, consolidado ao longo da

    histria e operacionaliza-se mediante terminologia consentnea, e

    metodologia de planejamento e deciso aplicveis gesto nos

    diferentes nveis da vida nacional.

    Seo 3

    Caractersticas

    Os Fundamentos da ESG se caracterizam, principalmente, por

    serem:

    Humanistas - por considerarem o Homem, dotado de

    dignidade por sua natureza e seu destino transcendentes, centro de

    todas as preocupaes, para o qual devem ser orientadas as polticas e

    as estratgias;

    Brasileiros - por estarem alicerados na cultura brasileira,

    sobretudo em seus valores, e voltados para a soluo dos problemas

    nacionais;

    Realistas -por terem como critrio bsico de avaliao as reali-

    dades nacional e internacional, entendidas como um processo

    histrico, em permanente transformao;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    17/93

    16

    Espiritualistas - por considerarem o Homem na sua

    globalidade, a um s tempo esprito e matria;

    Democrticos - por propugnarem pela construo de uma

    sociedade pluralista, sob a forma de Estado de Direito, onde o poderemane do povo e sejam asseguradas as garantias fundamentais da

    pessoa; nessa viso, o Estado deve estar a servio do Homem, a quem

    cabe o direito e o dever de participar, ativa e permanentemente, das

    decises nacionais;

    Adogmticos -por no defenderem dogmas nem crenas mas,

    ao contrrio, estimular o livre debate em torno de suas ideias eproposies que podem, deste modo, evoluir; e

    Flexveis - por ser possvel a sua utilizao em diversas

    atividades de planejamento, nos seus diferentes nveis.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    18/93

    17

    CAPTULO II

    CONCEITOS FUNDAMENTAISSeo 1

    Objetivos Nacionais1.1 - Introduo

    A ao poltica pressupe: definir objetivos e conhecer os

    meios a empregar para atingi-los. Quando o referencial a Nao,

    trata-se, no primeiro caso, de identificar e estabelecer os Objetivos

    Nacionais e, no segundo, de analisar, orientar e aplicar o Poder

    Nacional.

    O conceito de Nao est ligado com a ideia de identidade. O

    sentido de identidade, fundamentalmente cultural, revela-se no

    apenas na predominncia de uma lngua, uma religio e certos

    costumes, mas, sobretudo, na existncia de um passado comum e na

    conscincia de interesses e aspiraes gerais que canalizam energias

    vitais para a construo do futuro.

    Assim, Nao entendida como:

    Grupo complexo, constitudo por grupos sociais distintos que,

    em princpio, ocupando, um mesmo Espao Territorial, compartilham

    da mesma evoluo histrico-cultural e dos mesmos valores, movidospela vontade de comungar um mesmo destino.

    A Nao, como dimenso integradora dos diferentes

    indivduos, grupos e segmentos que convivem em seu Espao

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    19/93

    18

    Territorial, condiciona seu agir a objetivos que permitam atender s

    necessidades, interesses e aspiraes de toda a coletividade.

    A ntima ligao entre o Homem e a Terra cria vnculos afetivos

    que fazem desses elementos essenciais a razo do sentimento dePtria, imprescindvel para o despertar da fora criadora do civismo e

    do orgulho nacional.

    1.2 - Objetivos Individuais

    Ao longo de sua existncia, o Homem se defronta com extensa

    gama de necessidades materiais e de interesses e aspiraes de ordemcultural e espiritual. As necessidades, os interesses e as aspiraes

    constituem a base do agir humano, estimulando ou restringindo as

    atividades individuais. Como resultado da presena da racionalidade

    nessas atividades, impe-se ao Homem o estabelecimento dos seus

    prprios objetivos e o planejamento das aes, visando a alcan-los.

    1.3 - Objetivos Grupais

    Convivendo com seus semelhantes, o Homem descobre que

    possui, em comum, uma srie de necessidades, interesses e aspiraes.

    medida que identifica esses vnculos comuns, aflora naturalmente o

    sentimento de que, por intermdio de uma ao conjunta e solidria,

    pode tornar mais efetiva sua ao individual e coletiva. Surgem, ento,

    os objetivos grupais como referencial para a ao do grupo social.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    20/93

    19

    A origem dos diferentes grupos que integram uma nao

    vincula- se diversidade de necessidades, interesses e aspiraes que,

    em cada local e poca, congregam seus integrantes.

    A ideia de nao pressupe a sedimentao continuada, aolongo de geraes, de uma perspectiva comum de integrao e

    harmonia temporal, onde tanto os indivduos quanto os grupos sociais,

    muito embora diferentes, quando observados na dimenso espacial, se

    identificam entre si por comungarem de uma realidade cultural estvel,

    pois embasadora do sentimento, individual e coletivo, de uma origem e

    destinao comuns.

    Entre os mais importantes grupos sociais esto os familiares, os

    profissionais, os ocupacionais, os religiosos, os polticos, os

    comunitrios, os de lazer, os tnicos e os regionais, os quais induzem

    seus integrantes definio de objetivos, s vezes, diferenciados ou

    at mesmo conflitantes.

    medida que a sociedade e a nao se desenvolvem, tambm

    os grupos que as integram modificam suas estruturas, redefinem seus

    valores, interesses, aspiraes e, assim, seus objetivos, mantendo

    deste modo o dinamismo caracterstico de todos os complexos

    histrico-culturais.

    Segundo um prisma amplo, pode-se distinguir, em relao aos

    grupos sociais, diferentes tipos de interesses, bem como afinidades ou

    semelhanas, tais como:

    de sobrevivncia, representando o anseio comum de manter a

    existncia e a vitalidade do grupo;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    21/93

    20

    de expanso, relacionado com o desejo de ampliao e

    fortalecimento;

    de coeso, exprimindo o desejo e a necessidade de harmonia

    interna, por intermdio da reduo dos conflitos;

    de influncia, traduzindo a vontade de alterar o

    comportamento de outros grupos com os quais se relaciona, em

    benefcio de seus prprios interesses; e

    de integrao, representando a necessidade do

    estabelecimento da conscincia de identidade entre seus

    componentes, com vistas aos objetivos a que o grupo se prope.

    1.4 - Objetivos Nacionais (ON)

    1.4.1Conceituao

    A evoluo histrico-cultural da comunidade nacional, ao

    promover a integrao de grupos sociais distintos, gera o surgimentode valores, necessidades, interesses e aspiraes que transcendem s

    particularidades grupais, setoriais e regionais e, ao mesmo tempo,

    conformam as aes individuais e coletivas.

    Os valores, fundamentao para qualquer definio de

    objetivos, foram anteriormente analisados.

    As necessidades so, primeiramente, identificadas no indivduo

    para, a partir da, servirem como referencial para os grupos e para a

    prpria Nao.

    Ao lado dos interesses nacionais, e em nvel mais profundo,

    como uma verdadeira dimenso integradora que emana da conscincia

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    22/93

    21

    nacional, esto as aspiraes nacionais. Estas e aqueles podem estar

    revestidos de um significado tal que acabam por se confundir com o

    prprio destino da nacionalidade.

    A sntese ltima decorrente do atendimento dessasnecessidades, interesses e aspiraes nacionais, o que se pode

    denominar Bem Comum.

    Para melhor orientar esses esforos, traduz-se o Bem Comum

    como objetivo sntese dos Objetivos Nacionais.

    Objetivos Nacionais (ON) so aqueles que a Nao buscasatisfazer, em decorrncia da identificao de necessidades,

    interesses e aspiraes, em determinada fase de sua evoluo

    histrico-cultural.

    Os Objetivos Nacionais so classificados segundo sua natureza,

    em trs grupos:

    Objetivos Fundamentais (OF)

    Objetivos de Estado (OE)

    Objetivos de Governo (OG)

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    23/93

    22

    1.4.2 - Objetivos Fundamentais (OF)

    1.4.2.1 - Conceituao

    Quando se tratar de pontos de referncia capazes deresponder ao projeto que a Nao tem de seus destinos, os Objetivos

    Nacionais so denominados Objetivos Fundamentais, e perduram por

    longo tempo.

    Objetivos Fundamentais (OF) so Objetivos Nacionais (ON)

    que, voltados para o atingimento dos mais elevados interesses da

    Nao e preservao de sua identidade, subsistem por longo tempo.

    1.4.2.2Identificao

    Os Objetivos Fundamentais (OF) no so estabelecidos nem

    fixados. Derivam do processo histrico-cultural e emergem,

    naturalmente, medida que as necessidades e interesses da

    comunidade se cristalizam na conscincia nacional, representando

    aspiraes que, independente de classes, regies, credos religiosos,

    ideologias polticas, origens tnicas ou outros atributos, a todos

    irmanam.

    Os Objetivos Fundamentais devem ser identificados; para isso o

    papel de destaque cabe s elites, a quem incumbe captar os interesses

    e aspiraes nacionais. Refletindo o continuado processo de mudana

    sociocultural e institucional, esses objetivos representam o referencial

    maior a nortear todo planejamento em nvel nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    24/93

    23

    1.4.2.3 - Caracterizao

    Para o correto entendimento do significado de cada Objetivo

    Fundamental, faz-se necessria sua caracterizao, com base na

    evoluo histrica da Nao e na atuao de suas elites, alm doexame dos fatores condicionantes humanos, fsicos, institucionais e

    externos, criando percepes diferenciadas.

    Convm ressaltar que os Objetivos Fundamentais propostos e

    caracterizados adiante tm finalidade, sobretudo, didtica, de permitir

    o prosseguimento dos estudos da Poltica e da Estratgia Nacionais,

    bem como o desenvolvimento e a aplicao do Mtodo dePlanejamento Estratgico da ESG.

    Assim, os Objetivos Fundamentais didticos da ESG so

    explicitados e caracterizados como se segue:

    a) Democracia

    A Democracia, como Objetivo Fundamental, tem dois

    significados essenciais:

    em primeiro lugar, a incessante busca de uma sociedade que

    propicie um estilo de vida identificado pelo respeito dignidade da

    pessoa, pela liberdade e pela igualdade de oportunidades; e

    em segundo lugar, a adoo de um regime poltico que se

    caracterize fundamentalmente por:

    contnuo aprimoramento das instituies e da representao

    poltica, bem como sua adequao aos reclamos da realidade nacional;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    25/93

    24

    legitimidade do exerccio do poder poltico, por intermdio do

    governo da maioria e do respeito s minorias; e

    organizao de um estado de direito, significando:

    * participao da sociedade na conduo da vida pblica;

    * garantia dos direitos fundamentais do Homem;

    * pluralidade partidria;

    * diviso e harmonia entre os poderes do Estado (Executivo,

    Legislativo e Judicirio);

    * responsabilidade de governantes e governados pela

    conduo da ao poltica; e

    * alternncia no poder.

    b) Integrao Nacional

    Consolidao da comunidade nacional, com solidariedade

    entre seus membros, sem preconceitos ou disparidades de qualquer

    natureza, visando a sua participao consciente e crescente em todos

    os setores da vida nacional e no esforo comum para preservar os

    valores da nacionalidade e reduzir desequilbrios regionais e sociais.

    Incorporao de todo o territrio ao contexto poltico e

    socioeconmico da Nao.

    c) Integridade do Patrimnio Nacional

    Integridade do Territrio, do Mar Territorial, da Zona Contgua,

    da Zona Econmica Exclusiva e da Plataforma Continental, bem como

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    26/93

    25

    do espao areo sobrejacente. Integridade dos bens pblicos, dos

    recursos naturais e do meio ambiente, preservados da explorao

    predatria. Integridade do patrimnio histrico-cultural, representada

    pela lngua, costumes e tradies. Enfim, a preservao da identidade

    nacional.

    d) Paz Social

    Na viso de uma sociedade que cultua valores espirituais, a paz

    constitui condio necessria e efeito desejado. A Paz Social reflete um

    valor de vida, no imposto, mas decorrente do consenso, em busca de

    uma sociedade caracterizada pela conciliao e harmonia entrepessoas e grupos, principalmente entre o capital e o trabalho, e por um

    sentido de justia social que garanta a satisfao das necessidades

    mnimas de cada cidado, valorizando as potencialidades da vida em

    comum, beneficiando a cada um, bem como a totalidade da sociedade.

    e) Progresso

    O Progresso, como fato, uma constatao com base no

    passado e no presente; como ideia, toma o fato por base, mas se

    projeta no futuro sob a forma de objetivo. Neste enfoque, tem, dentre

    outras, as seguintes caractersticas:

    adequado crescimento econmico;

    justa distribuio de renda;

    aperfeioamento moral e espiritual do homem;

    capacidade de prover segurana;

    padres de vida elevados;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    27/93

    26

    tica e eficcia no plano poltico; e

    constante avano cientfico e tecnolgico.

    f) Soberania

    Manuteno da intangibilidade da Nao, assegurada a

    capacidade de autodeterminao e de convivncia com as demais

    naes, em termos de igualdade de direitos, no aceitando qualquer

    forma de interveno em seus assuntos internos, nem participao em

    atos dessa natureza em relao a outras naes.

    Observao: importante esclarecer que a Constituio

    Federal da Repblica Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988,

    apresenta os Objetivos Fundamentais e princpios, seguindo a

    inspirao histrico-cultural da poca de sua elaborao. Os postulados

    didticos utilizados nos ensaios acadmicos da ESG no conflitam com

    o texto constitucional.

    1.4.3 - Objetivos de Estado (OE)

    So objetivos intermedirios, estabelecidos para o

    atendimento de necessidades, interesses e aspiraes da sociedade

    nacional, mediatas ou imediatas, consideradas de alta relevncia para a

    conquista e manuteno dos Objetivos Fundamentais.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    28/93

    27

    Os Objetivos de Estado devem traduzir a viso prospectiva que

    a sociedade nacional tem de seu futuro mediato e a efetiva vontade de

    ver concretizados seus anseios. So, assim, objetivos que ultrapassam

    os compromissos que caracterizam a ao governamental.

    Mesmo que no estejam chancelados por consenso nacional,

    os Objetivos de Estado devem resultar de amplo debate e serem

    aceitos pela maioria, condio que destaca a importncia da

    participao das Elites no seu estabelecimento.

    Objetivos de Estado (OE) - so Objetivos Nacionais

    intermedirios, voltados para o atendimento de necessidades,

    interesses e aspiraes, considerados de alta relevncia para a

    conquista, consolidao e manuteno dos Objetivos Fundamentais.

    Os Objetivos de Estado, embora sejam estabelecidos por um

    Governo, devem refletir um consenso nacional sobre aspiraes

    relevantes e assim devero ser buscados por seus sucessores, por

    intermdio de outros objetivos intermedirios.

    1.4.4Objetivos de Governo (OG)

    Na permanente busca da conquista e preservao dos OF, a

    dinmica da conjuntura impe condies distintas quanto

    caracterizao e ao atendimento das necessidades, interesses e

    aspiraes nacionais, levando fixao de objetivos intermediriosadequados quelas condies: so os Objetivos de Governo.

    Objetivos de Governo (OG) so Objetivos Nacionais

    intermedirios, voltados para o atendimento imediato de

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    29/93

    28

    necessidades, interesses e aspiraes, decorrentes de situaes

    conjunturais em um ou mais perodos de Governo.

    Portanto, so objetivos fixados por um Governo para o

    atendimento imediato de necessidades, interesses e aspiraes dasociedade, decorrentes de situaes conjunturais que influem nos

    ambientes interno e externo da Nao.

    1.5 Fatores Condicionantes para a Identificao e Estabelecimento

    dos Objetivos Nacionais (Fundamentais, de Estado e de Governo)

    A universalidade das necessidades primrias do ser humano e asimilitude das condies existenciais das naes determinam a

    caracterizao de alguns Objetivos Nacionais comuns quase

    totalidade das comunidades. Todavia, mesmo nesses casos, as formas

    de explicitao, e de conquista e manuteno dos objetivos sero

    histrica e culturalmente distintas. Alm desses, outros objetivos sero

    especificamente estabelecidos pelas diferentes naes, ao longo de sua

    evoluo, em face de variveis que atuam no processo histrico-cultural.

    A identificao dessas variveis deve levar em conta duas

    classes de condicionantes: internos e externos. A primeira diz respeito

    evoluo histrico-cultural da comunidade nacional; a segunda,

    presena da Nao na comunidade internacional, possibilitando

    compreender a forma como tal realidade interage com os interesses easpiraes nascidos da prpria cultura nacional.

    1.5.1 - Fatores Condicionantes Internos

    Os Fatores Condicionantes Internos referem-se a aspectos

    humanos, fisiogrficos e institucionais.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    30/93

    29

    1.5.1.1 - Fatores Condicionantes Humanos

    Os Fatores Condicionantes Humanos representam as variveis

    bsicas no processo de formao da nacionalidade, pois expressam os

    elementos dinmicos da vontade nacional. Dentre os condicionanteshumanos, dois se destacam: o Carter Nacional e as Elites.

    Carter Nacional

    Ao longo da formao da comunidade nacional, diferentes

    grupos tnicos, com traos culturais distintos, integram-se,

    constituindo uma realidade com caractersticas prprias. Surgemformas especficas de pensar, sentir e agir que, em determinado

    momento, constituem bases significativas da ao poltica de cada

    povo.

    O carter nacional no pode ser entendido como generalizao

    de traos individuais. Decorre de um processo histrico-cultural, onde

    a interao dos elementos que constituem a Nao lhe d carterdinmico, evoluindo e transformando-se ao longo desse processo.

    Elites

    Outro fator condicionante para a identificao e

    estabelecimento dos Objetivos Nacionais representado pelas Elites,

    na captao e interpretao das necessidades, interesses e aspiraes

    nacionais. Mesmo que se reconhea que, em seu agir, a comunidade

    nacional o conjunto de todos os seus integrantes, a dinmica social

    determina uma complexidade de papis resultantes da estratificao

    que toda formao social apresenta.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    31/93

    30

    Elites so os conjuntos de pessoas que, no governo ou nos

    diferentes segmentos da sociedade nacional, exercem papis de

    conduo ou representao das necessidades, dos interesses e das

    aspiraes coletivas.

    Essa conduo ou representao decorre de um processo

    natural e legtimo em que a coletividade, ao exprimir o seu querer, o

    faz por intermdio da ao de parte de seus integrantes.

    Os componentes das Elites, em que pese sua vinculao grupal

    especfica, no devem estabelecer objetivos que estejam distanciados

    das aspiraes nacionais ou com elas conflitantes, sob pena de frustrara comunidade em nome da qual se propem a agir.

    1.5.1.2 - Fatores Condicionantes Fisiogrficos

    A identificao dos Objetivos Fundamentais e o estabelecimento

    dos Objetivos de Estado e de Governo tm no ambiente outro fator

    condicionante de fundamental importncia. A relao do Homem coma natureza e seu esforo para transform-la em riqueza so de grande

    relevncia para a fixao dos Objetivos de Governo. Outro ponto

    importante a ser considerado a necessidade de utilizar a natureza

    sem destru-la, garantindo s futuras geraes os meios de

    subsistncia.

    A extenso territorial, o posicionamento geogrfico, a

    suficincia, a abundncia ou escassez de recursos naturais, o clima e o

    relevo limitam ou facilitam a formao da identidade nacional.

    Conforme as naes sejam mediterrneas, insulares, tropicais,

    temperadas ou frias, possuam grande ou pequena extenso territorial,

    abundncia ou carncia de riquezas minerais, tero objetivos distintos.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    32/93

    31

    A grande extenso territorial nem sempre homognea e a

    diversidade de suas regies exige cautela na identificao e no

    estabelecimento de autnticos Objetivos Nacionais.

    1.5.1.3- Fatores Condicionantes Institucionais

    As Instituies representam um complexo integrado de ideias,

    sentimentos, normas, padres de comportamento e relaes

    interpessoais, criado para responder s necessidades, aos interesses e

    s aspiraes de uma comunidade nacional, refletindo, de um lado, a

    identidade cultural de um povo, e de outro, as transformaes que

    ocorrem ao longo do processo histrico-social.

    Tais transformaes acontecem, quer por motivos endgenos,

    quer como resultado do contato e interao com outras culturas. Desse

    contato podem ocorrer tanto a assimilao de traos exgenos,

    mantida a identidade do grupo nacional, quanto um choque cultural,

    com o possvel desaparecimento dessa identidade.

    Nos dois casos, as Instituies influem no desenvolvimento e na

    estabilidade nacionais, podendo ser, tambm, encaradas como a forma

    pela qual se materializam.

    1.5.2 - Fatores Condicionantes Externos

    As relaes internacionais determinam condies ou

    circunstncias que ampliam ou restringem, que estimulam ou limitam opoder e o prestgio das naes e influenciam no resultado da

    cooperao, da competio e do conflito entre elas, em todos os

    setores da atividade humana.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    33/93

    32

    Quando se analisam o surgimento e o desenvolvimento das

    naes , constata-se que algumas se apresentam em expanso, outras

    em estado estacionrio e outras em decadncia. Essas situaes

    representam condicionantes identificao e estabelecimento dos

    Objetivos Nacionais.

    Qualquer que seja o nvel em que se encontrem as naes no

    contexto das relaes internacionais, o que se projeta so seus

    interesses e aspiraes. Assim, no terreno das influncias recprocas,

    cada nao busca conquistar e manter seus objetivos ou preservar seus

    legtimos interesses, o que, de pronto, contribui tanto para a existncia

    de reas de cooperao como de competio ou, por outro lado, para o

    surgimento ou exacerbao de focos de conflitos.

    Os fatores condicionantes dos Objetivos Nacionais no se

    esgotam nos limites das relaes internas da comunidade nacional,

    havendo profunda interao entre esses e os provindos do exterior,

    num processo de mtua influncia.

    Seo 2

    Poder Nacional2.1 - Conceito

    O Poder Nacional se apresenta como uma conjugao,

    interdependente de vontades e meios, voltada para o alcance de uma

    finalidade. A vontade, por ser um elemento imprescindvel na sua

    manifestao, torna-o um fenmeno essencialmente humano,

    caracterstico de um indivduo ou de um grupamento de indivduos.

    A vontade de ter satisfeita uma necessidade, interesse ou

    aspirao no basta. preciso que vontade se some a capacidade de

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    34/93

    33

    alcanar tal satisfao, ou seja, preciso que existam os meios

    necessrios e suficientes que integralizam o Poder Nacional. Para

    satisfazer quelas necessidades, interesses e aspiraes, que se

    traduzem como objetivos, o Homem, movido por sua vontade e, ao

    mesmo tempo, direcionando-a, deve utilizar-se de meios adequados e

    disponveis, entre os quais ele mesmo se inclui.

    A dimenso do Poder de um grupo social tem como base o

    conjunto de meios disposio da vontade coletiva, isto , da vontade

    comum aos subgrupos e aos indivduos.

    O Poder Nacional reflete sempre as possibilidades e limitaesdos Homens que o constituem e dos meios de que dispe, nas suas

    caractersticas globais e nos efeitos de seu emprego.

    A visualizao do Poder Nacional como um sistema complexo

    coerente com o reconhecimento da integralidade como uma de suas

    caractersticas marcantes. O sentido mtuo das relaes entre os

    Homens que o constituem e os meios de que dispe aquele Poder, bemcomo a afirmativa de ser ele uno e indivisvel, aspectos mais evidentes

    quando vistos sob enfoque de poder em ao, reafirmam essa

    integralidade e reforam seu carter sistmico.

    Entretanto, sendo a manifestao de um sistema social e, em si

    mesmo, um sistema, o Poder Nacional admite didaticamente a sua

    subdiviso para a anlise de suas caractersticas e de seu valor.

    A Nao, ao organizar-se politicamente, escolhe um modo de

    aglutinar, expressar e aplicar o seu Poder de maneira mais eficaz,

    mediante a criao de uma macroinstituio especial - o Estado - a

    quem delega a faculdade de instituir e pr em execuo o processo

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    35/93

    34

    poltico-jurdico, a coordenao da vontade coletiva e a aplicao

    judiciosa de parte substancial de seu Poder.

    Assim:

    Estado a Nao politicamente organizada.

    No s para evitar a violncia e a anarquia entre os indivduos

    mas, principalmente, para dotar o Governo dos meios destinados

    garantia da ordem instituda, torna-se o Estado detentor monopolista

    dos meios legtimos de coero (Poder de Polcia).

    O Poder do Estado ou Poder Estatal corresponde, portanto, aosegmento politicamente institucionalizado do Poder Nacional.

    O conceito de Poder Nacional destaca o papel do Homem em

    sua composio, para que ele no figure apenas como mais um

    daqueles meios de que o Poder dispe, valorizando, assim, sua trplice

    condio de origem do Poder Nacional, de agente principal de seu

    emprego e de destinatrio final dos resultados assim obtidos.

    Poder Nacional a capacidade que tem o conjunto de

    Homens e Meios que constituem a Nao para alcanar e manter os

    Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional.

    Neste conceito esto contidos os elementos do Poder

    Nacional: o Homem, a Vontade e os Meios, sendo a Vontade Nacional

    entendida como a interpretao pelas Elites dos anseios da sociedade

    nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    36/93

    35

    2.2 - Caractersticas

    Dentre as caractersticas do Poder Nacional, destacam-se:

    sentido instrumental;

    carter de integralidade; e

    relatividade.

    2.2.1 - Sentido Instrumental

    O Sentido Instrumental do Poder Nacional destaca o erro de

    entend-lo como um fim em si mesmo. O Poder um meio para a

    produo de efeitos. Por isso, muito mais que a preocupao com o

    poder sobre, o que se tem em vista o poder para.

    certo que o atingimento de objetivos sempre exige uma

    capacidade de atuar sobre, j que o Poder no se aplica no vazio, e sim

    no meio social, seja dentro da prpria Nao, ou fora dela, onde

    sempre esto presentes bices, materiais ou no-materiais, dotados ou

    desprovidos de vontade, com maior ou menor capacidade de se

    oporem aos propsitos para os quais o Poder aplicado.

    Para a superao de um bice, necessrio que ele seja

    eliminado, afastado, neutralizado ou, at mesmo, transformado em

    fator de cooperao; em outras palavras, que o Poder seja capaz de

    atuar sobre um bice para chegar a qualquer destas solues.

    No entanto, o propsito ltimo do uso do Poder no superar

    obstculos, mas alcanar objetivos. Por isso entende-se que o Poder

    Nacional o instrumento de que dispe a Nao para conquistar e

    manter seus objetivos.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    37/93

    36

    2.2.2 - Carter de Integralidade

    O Carter de Integralidade do Poder Nacional resulta da

    relao sistmica dos seus componentes. Esse resultado mais do que

    a simples soma dos componentes: a resultante do efeito sinrgico,em que todos eles se intercondicionam, se interligam e se completam;

    gerando, no processo, uma nova dimenso que no est nos indivduos

    nem nos grupos, mas desponta no todo.

    2.2.3 - Relatividade

    necessrio levar em conta que h um aspecto de relatividade

    entre o Poder Nacional e os bices antepostos ao seu emprego, alguns

    dos quais, se atuando direcionados por um interesse contrrio, podem

    assumir caractersticas de verdadeiro contrapoder, entendendo-se por

    contrapoder componentes que se opem (intencionalmente ou no)

    busca do Bem Comum. Assim, seu valor sempre relativo e a avaliao

    de sua capacidade exige uma anlise racional, abrangente e cuidadosa.

    O Poder Nacional caracteriza-se, tambm, por seu estreito

    condicionamento aos fatores Tempo e Espao. Ao tempo, em

    funo dos meios disponveis, que variam de poca poca, e ao

    espao, em funo de sua dupla esfera de atuao, interna e

    externa, sendo, neste ltimo caso, necessria a sua comparao

    com outro Poder Nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    38/93

    37

    2.3 - Estrutura

    2.3.1 - Introduo

    H mltiplas concepes sobre a estrutura do Poder Nacional.Variam os critrios adotados para analis-lo, as nomenclaturas e a

    interpretao de seus principais elementos.

    A ESG adota critrios e mtodos prprios, com a preocupao de

    permitir uma anlise pragmtica, voltada para a tarefa fundamental

    que a de avaliar o Poder Nacional, pois a eficcia do emprego desse

    Poder depende diretamente do rigor de tal avaliao.

    A anlise da estrutura do Poder Nacional, quando realizada sob o

    ngulo organizacional, envolve todos os seus elementos constitutivos,

    bem como as relaes existentes entre eles.

    De acordo com esse enfoque a estrutura do Poder Nacional

    constitui-se de:

    Fundamentos- elementos bsicos da composio do Poder;

    Fatores-elementos dinmicos que influem sobre os Fundamentos,

    valorizando-os ou depreciando-os;

    Organizaes- agentes que promovem os Fatores;e

    Funes- desempenhadas pelas Organizaes.

    2.3.1.1 - Fundamentos

    O estudo dos elementos bsicos da nacionalidade - Homem,

    Terra e Instituies- permite deles inferir os prprios Fundamentos do

    Poder Nacional, qualquer que seja sua estrutura.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    39/93

    38

    O Homemapresenta-se como ncleo de valores espirituais e ,

    por isso, o valor mais alto de uma nao.

    Embora os Fundamentos Bsicos optem pela viso de que os

    trs elementos essenciais da nacionalidade fundamentem o PoderNacional, apontam o Homem como o mais significativo deles.

    O supracitado entendimento, revelador de total

    antropocentrismo, no apenas reconhece seu papel como essncia do

    Poder Nacional mas posiciona-o, tambm, como agente e beneficirio

    desse Poder. Origem da prpria sociedade e elemento indispensvel

    ao seu desenvolvimento, o Homem que valoriza a Terra onde vive,explorando com eficcia e equilbrio os recursos que lhe so

    disponveis. Para viver em melhores condies, institucionaliza a vida

    da sociedade.

    No processo de desenvolvimento, quando comea a

    predominar o esprito de nacionalidade, a sociedade humana tende a

    procurar uma base fsica para ser habitada em carter permanente eser conservada ntegra sob seu domnio Terra, compreendendo o

    espao territorial, limitado pelas fronteiras (terrestres, martimas e

    aeroespaciais), a comunidade estabiliza-se e as foras que a integram

    se tornam mais slidas, pelo interesse comum em mant-la. Em suma,

    a existncia de um certo espao territorial requisito normal para a

    constituio de uma nao.

    As relaes entre Homem e Terra so da maior importncia

    para a sobrevivncia e o desenvolvimento de uma nao. No processo

    de formao e evoluo histrica, o Homem fortemente influenciado

    pelo ambiente que habita, levando-o a ajust-lo aos seus objetivos.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    40/93

    39

    Para coordenar a convivncia e disciplinar o conjunto das

    atividades do Homem, a comunidade nacional se orienta segundo

    determinados padres sociais, polticos, econmicos, militares e

    cientfico-tecnolgicos. Esses padres organizados da vida nacional,

    indispensveis ao desenvolvimento e a segurana da Nao,

    conformam as Instituies. Assim, as Instituies constituem o

    complexo integrado por ideias, normas, padres de comportamento e

    relaes inter-humanas, organizado em torno de um interesse

    socialmente reconhecido.

    As Instituies so reguladoras e exercem funo normativa,isto , que controlam o funcionamento de uma parte diferenciada da

    estrutura social, a qual visa a atender necessidades vitais do grupo. As

    operativas dizem respeito s organizaes e s funes por eles

    desempenhadas.

    Finalmente, tais Fundamentos - Homem, Terra e Instituies -

    embora se encontrem em permanente interao, podem ser estudadosseparadamente em seus aspectos puramente fsicos, demogrficos,

    sociais, polticos, econmicos e outros.

    2.3.1.2 - Fatores

    Se os Fundamentos constituem a prpria base do Poder Nacional,

    no possvel consider-los estaticamente em sua estrutura.

    So considerados Fatores do Poder Nacional os elementos

    dinmicos que influem sobre os seus Fundamentos, valorizando-os ou

    depreciando-os.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    41/93

    40

    A atuao dos Fatores sobre os Fundamentos reflete-se de

    modo mais ntido no funcionamento das organizaes por meio das

    quais empregado o Poder Nacional.

    2.3.1.3 - Organizaes e Funes

    O Poder Nacional pode ser analisado como um todo integrado,

    sob o ponto de vista estrutural e funcional de suas organizaes.

    As Organizaes so os agentes que promovem os fatores.

    As Funes que devem ser estudadas so aquelas

    desempenhadas pelas Organizaes.

    2.4 - Expresses

    O Poder Nacional deve ser sempre entendido como um todo,

    uno e indivisvel. Entretanto, para compreender os elementos

    estruturais anteriormente referidos, podemos estud-lo segundo suas

    manifestaes, que se processam por intermdio de cinco Expresses,a saber:

    Poltica;

    Econmica;

    Psicossocial;

    Militar; e

    Cientfica e Tecnolgica.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    42/93

    41

    O estudo do Poder Nacional em cinco Expresses visa facilitar o

    trabalho de sua avaliao e, em consequncia, de sua racional

    aplicao dentro de um processo de planejamento.

    Neste tipo de anlise, os Fundamentos do Poder Nacionalmanifestar-se-o diferentemente em cada uma das Expresses. Assim,

    esses Fundamentos (HOMEMTERRA- INSTITUIES) apresentam-se

    diferenciados conforme o seguinte quadro resumo:

    PODER NACIONAL

    FUNDAMENTOS

    EXPRESSES

    POLTICA ECONMICA PSICOSSOCIAL MILITAR C & T

    HOMEM POVO RECURSOS PESSOA RECURSOSRECURSOS

    HUMANOS

    TERRATERRITRIO RECURSOS NATURAIS AMBIENTE TERRITRIO RECURSOS NATURAIS

    E MATERIAIS

    INSTITUIESINSTITUIES

    POLTICAS

    INSTITUIES

    ECONMICAS

    INSTITUIES

    SOCIAIS

    INSTITUIES

    MILITARES

    INSTITUIES

    C &T

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    43/93

    42

    Cada Expresso do Poder Nacional caracteriza-se por ser

    constituda, predominantemente, por elementos de uma mesma

    natureza.

    Deve-se, no entanto, observar que uma Expresso do PoderNacional pode:

    alm de produzir efeitos em sua dimenso especfica, causar

    normalmente reflexos nas demais Expresses; e

    ser constituda de elementos de qualquer natureza, embora

    nela predominem os que lhe so peculiares.

    Considerando a unidade do Poder Nacional, necessrio

    ressaltar que cada Expresso, ao mesmo tempo em que se caracteriza

    pela produo de efeitos prevalentes de uma certa natureza, no pode

    jamais ser considerada isoladamente.

    Ressalta-se que, devido caracterstica finalstica do Poder

    Nacional, qual seja, a de alcanar objetivos, e por ser a Expresso

    Poltica aquela que os fixa, esta Expresso sobressai entre as demais,

    podendo ocorrer, entretanto que, em funo de situaes

    conjunturais, qualquer uma das outras possa ocupar essa primazia,

    sem que o carter de unidade seja perdido.

    Enfim, analisando-se o Poder Nacional sob enfoque de suas

    manifestaes (poltica, econmica, psicossocial, militar e cientfico-

    tecnolgica), constata-se a vantagem didtica e, sobretudo, prtica de

    admitir-se como categorias analticas, diferentes Expresses do Poder

    Nacional, caracterizando-se cada qual pela prevalncia dos efeitos a

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    44/93

    43

    serem obtidos, em funo dos elementos correspondentes natureza

    de cada uma delas.

    2.5Avaliao

    A impossibilidade de uma nao dispor de poder suficiente

    para alcanar todos os seus objetivos, defrontando-se com eventuais

    bices de qualquer tipo, explica a necessidade da avaliao do Poder

    Nacional. Tal avaliao inclui o exame de suas possibilidades, de suas

    vulnerabilidades em relao aos bices e da formulao de juzo de

    valor sobre sua capacidade.

    A Avaliao do Poder Nacional propicia o conhecimento dos

    recursos de que dispe a Nao e da viabilidade de sua aplicao. Essa

    Avaliao indica a capacidade que tem o Poder Nacional para atender

    s Necessidades Bsicas. Se esse atendimento for possvel, essas

    Necessidades daro origem a Objetivos de Estado e Objetivos de

    Governo.

    Entretanto, se algumas dessas Necessidades no puderem ser

    atendidas imediatamente, por incapacidade do Poder Nacional,

    cumpre fortalec-lo, mediante o estabelecimento de Objetivos de

    Governo e/ou de Estado com essa finalidade.

    Constituem aspectos essenciais a serem considerados na

    avaliao:

    o fato de que o Poder Nacional, como um todo, se destina a

    atender tanto s necessidades de Desenvolvimento quanto s de

    Segurana;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    45/93

    44

    o grande nmero de dados, sua complexidade e a natureza

    subjetiva de parte dos fatores a examinar e a avaliar;

    a impossibilidade de obter informaes precisas sobre alguns

    bices;

    a influncia dos Fatores sobre todos os elementos da estrutura

    do Poder Nacional e sobre as relaes sistmicas entre eles;

    a variao do Poder Nacional; e

    a relatividade do Poder Nacional, no tempo e no espao.

    O Poder Nacional de um pas de difcil mensurao, sendo

    relevante no s o que ele julga possuir como o que outros pases lhe

    atribuem. Trs so os erros mais frequentes nessa avaliao:

    considerar o Poder Nacional de modo absoluto, no o

    relacionando com as Necessidadese com os bices;

    desprezar a dinmica dos Fatores; e

    atribuir importncia exclusiva a um s de seus componentes, no

    levando em conta a relao sistmica entre eles.

    Ainda que sujeita a erros, a avaliao um processo

    indispensvel para o conhecimento da capacidade do Poder Nacional,

    permitindo detectar vulnerabilidades e bices. Embora possua cartersubjetivo, a predominncia de dados objetivos, passveis de

    quantificao; so utilizados, fundamentalmente, levantamentos de

    dados e indicadores, atinentes a todas as reas de interesse.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    46/93

    45

    2.6 - Preparo e Emprego

    O preparo do Poder Nacional consiste em um conjunto de

    atividades executadas com o objetivo de fortalec-lo, seja mantendo e

    aperfeioando o poder existente, seja transformando potencial emPoder.

    O emprego do Poder Nacional consiste em seu uso, por

    intermdio de Polticas e Estratgias que, propiciem as condies de

    Segurana necessrias ao processo de Desenvolvimento da Nao. A

    eficincia e a eficcia do emprego do Poder Nacional dependem de sua

    correta avaliao.

    2.6.1Potencial e Poder

    Em face da caracterstica dinmica do Poder Nacional, meios

    que esto disponveis para serem empregados em dado momento

    podero perder essa condio. Por outro lado, meios no disponveis

    podero, mediante adequado preparo, tornar-se suscetveis deemprego futuro.

    Assim, fundamental conhecer o estado em que se encontra o

    Poder Nacional no momento de sua avaliao e prever aquele em que

    se encontrar, quando de sua aplicao.

    Destas consideraes decorrem vrios entendimentos.

    Assim sendo, o Poder Nacional Atual encerra a noo de

    elementos existentes, prontos e disponveis para a aplicao imediata,

    visando alcanar determinado fim.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    47/93

    46

    Da mesma forma, o Potencial Nacional o conjunto de Homens e

    Meios de que dispe a Nao, em estado latente, passvel de ser

    transformado em Poder e Potencial Nacional Utilizvel, a parcela do

    Potencial Nacional passvel de ser transformada em Poder, num prazo

    determinado. Essa transformao ser obtida por meio de medidas de

    mobilizao.

    O Poder Nacional Atualpode sofrer desgaste, vindo a ser, no

    futuro, at menor; mas pode vir a ser maior medida que os

    resultados da transformao do Potencial Nacional em Poder superem

    os efeitos decorrentes daquele desgaste.

    Poder Nacional Futuro o conjunto dos Homens e Meios de

    que ir dispor a Nao, ao trmino de um prazo determinado, para

    alcanar e preservar os Objetivos Nacionais.

    Poder de Estado - Conhecido o estado atual e potencial do

    Poder Nacional, fundamental que sua aplicao se efetue com

    eficincia e eficcia, evitando-se perdas que podem comprometer seu

    estado futuro. Para isso, as aes a empreender devero estar

    ajustadas com a conjuntura e envolver a sociedade nacional, como

    agente beneficiria direta que dos resultados. Essas condies

    exigem planejamento e conduo adequados por parte dos

    representantes da prpria sociedade nacional - o Governo - que, por

    delegao, aplicar a parcela do Poder Nacional que lhe disponibilizada, para alcanar e preservar os Objetivos de Estado e de

    Governo, induzindo a participao da sociedade, como um todo no

    processo. A essa parcela do Poder Nacional, disponibilizada aos

    representantes da sociedade para em seu nome atuar, denomina-se

    Poder Estatal.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    48/93

    47

    Poder Estatal a parcela do Poder Nacional disponibilizada ao

    Governo pela sociedade nacional, para que sejam alcanados e

    preservados os Objetivos de Estado e de Governo.

    2.6.2 - mbitos de Atuao

    Tendo em vista que a finalidade do Poder Nacional a de

    promover o atingimento e a manuteno dos Objetivos Nacionais, e

    considerando que estes se situam tanto no mbito interno quanto no

    externo, conclui-se que sua atuao se dar nestes mbitos.

    No mbito interno atua, principalmente, na garantia dasegurana e na promoo do desenvolvimento. Externamente atua,

    sobretudo, como instrumento de afirmao da Soberania, embora em

    condies normais seu emprego natural deva estar voltado para

    aumentar a projeo internacional da Nao em todos os seus campos

    de interesse, em clima de cooperao ou de superao dos conflitos

    naturais desta convivncia.

    2.6.3Projeo

    A Projeo do Poder Nacional pode decorrer naturalmente ou

    como resultado desejado de uma afirmao pacfica de presena no

    contexto internacional, sendo resultante de manifestaes de todas as

    Expresses do Poder Nacional, tais como projeo cultural, poltica,

    econmica, cientfica-tecnolgica, militar e outras.

    Projeo do Poder Nacional o processo pelo qual a Nao

    aumenta, de forma pacfica, sua influncia no cenrio internacional,

    por intermdio da manifestao produzida com recursos de todas as

    Expresses de seu Poder Nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    49/93

    48

    2.6.4Expanso

    No conceito de Expanso do Poder Nacional est embutida a

    ideia de fora, bem como um claro propsito de fazer valer a Vontade

    Nacional sobre espaos, bices e decises vinculadas a outros centrosde Poder, numa dimenso tal que privilegia a Expresso Militar como

    meio adequado para a conquista de objetivos.

    Expanso do Poder Nacional a manifestao produzida por

    intermdio do emprego de todas as suas Expresses, por meio das

    quais uma Nao impe ou tenta impor sua vontade alm de suas

    fronteiras, com o propsito de controlar reas estratgicas especficas.

    A Doutrina da ESG no adota os regimes expansionistas

    (colonialismo, Expanso de Base Fsica e outros).

    2.6.5Estatura Poltico-Estratgica

    O processo natural ou intencional de projeo de Poder leva

    uma nao a ter participao e influncia significativas no contexto

    internacional, no apenas pela capacidade atual e futura de definir e

    perseguir seus objetivos, mas, tambm, pelo modo como esse Poder

    percebidoe avaliadopor outras naes.

    A situao que passa a ocupar entre essas naes o que define

    a sua Estatura Poltico-Estratgica. Esta se caracteriza, portanto, por um

    conjunto de atributos que inclui tanto os elementos estruturais do Poder

    Nacional de que ela dispe, como a capacidade de faz-los atuar em

    nome dos seus interesses. Essa capacidade no se limita quela de que

    se reconhece detentora, mas, tambm, a que lhe atribuda por outras

    naes.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    50/93

    49

    A Estatura Poltico-Estratgica de uma nao o conjunto de

    seus atributos que so percebidos e reconhecidos pelas demais

    naes, e que definem o nvel relativo de sua participao e influncia

    no contexto internacional.

    Seo 3

    Poltica Nacional

    3.1 - Poltica

    3.1.1 - Conceituao

    A Poltica um fato natural da convivncia humana. Os mais

    antigos indcios da presena do Homem na Terra j o mostram vivendo

    em grupos, em funo de sua Segurana. Mas, se desde os primrdios

    os Homens vivem agrupados, se a vida solitria uma exceo, e asocial uma exigncia da prpria natureza humana, os problemas

    concernentes direo e liderana, no grupo social, impem uma

    relativa especializao de funes, embrio de uma futura ordem

    social.

    Cabe sociedade nacional, por meio da Poltica, estabelecer

    os seus objetivos e, nestes apoiada, compor uma ordem social justa,distinguir o setor pblico do privado, estruturar o Estado, garantir os

    direitos individuais e inserir-se no contexto internacional. Essas so

    aes de natureza poltica, que devem ter slidos fundamentos

    axiolgicos, ntida viso do futuro e estar identificadas com os

    interesses da Nao, buscando a formulao de um Projeto Nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    51/93

    50

    As decises tomadas nesse plano so duradouras e conformam o

    destino de toda a sociedade.

    Cabe tambm Poltica congregar vontades em torno de

    objetivos, buscar consensos, suportes da ao administrativa, destinarmeios para os diferentes setores do Estado e definir orientaes para

    os mesmos, em funo de um Projeto Nacional.

    Habilidade, probidade, argcia e sagacidade so algumas das

    qualidades exigidas dos polticos para conduzir tal projeto, onde a arte

    da Poltica, para ser bem praticada, necessita desenvolver a

    sensibilidade exigida para a interpretao das aspiraes da

    comunidade.

    Portanto,aPoltica entendida como a arte de fixar objetivos

    e orientar o emprego dos meios necessrios sua conquista.

    Identificados, definidos e caracterizados os Objetivos Nacionais

    e conhecido e avaliado o Poder Nacional, o processo da ao polticavisa a maximizar a compatibilizao entre meios e fins, e evitar as

    improvisaes e o empirismo. O que se deseja racionalizar a

    destinao e a aplicao do Poder, empregando normas e mtodos que

    subordinem a busca da eficcia aos preceitos ticos.

    3.1.2 - Poltica e Poder

    Ligada ao tema est a problemtica do Poder, na qual muitos

    autores fazem incidir o prprio fundamento da Poltica. Podemos

    entend-lo como uma realidade, ao mesmo tempo social e jurdica.

    Sociologicamente, Poder a capacidade ou autoridade de coagir ou

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    52/93

    51

    dominar os homens, levando-os obedincia ou compelindo-os a atuar

    de certa maneira.

    Do ponto de vista jurdico, o Poder a base de toda a

    organizao poltica e, nesse sentido, prende-se ao conceito de Estado poder organizado para dirigir politicamente a Nao.

    A formao do Estado coincide justamente com o monoplio

    do uso do Poder e da autoridade, porque ele passa a dispor da

    coercibilidade, isto , da capacidade de se fazer obedecer, por meio de

    uma instrumentao jurdica.

    3.1.3 - Poltica e tica

    H relao entre as aes polticas e as exigncias ticas, pois

    aquelas aes devem pautar-se pelos valores que inspiram a vida

    social, decorrentes da matriz cultural em que a Nao se situa.

    um equvoco, porm, imaginar ser possvel transplantar para

    o universo da Poltica, em todas as suas dimenses, os mesmosprincpios ticos que devem reger os comportamentos pessoais.

    Devem coexistir a tica individual e a tica poltica. A primeira uma

    tica de convices, a segunda, uma tica de responsabilidade.

    No entanto, necessrio reconhecer que o exerccio

    pragmtico da Poltica exige esforo constante no sentido de conciliar

    os valores que devem orientar as decises pessoais do Homem, comoindivduo, com aqueles que melhor atendam efetividade de sua

    participao poltica voltada para o Bem Comum.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    53/93

    52

    3.2 - Poltica Nacional

    A anlise do processo histrico-cultural de uma nao

    permite identificar as decises com que ela marca seu prprio

    destino. O normal que o Governo, buscando situar-se comointrprete da vontade do povo, fixe objetivos que respondam com

    clareza e propriedade s aspiraes nacionais.

    Deve-se notar, porm, que eventuais governantes podem

    contrariar essas posies, fato que, conforme o grau de

    discordncia, favorecer a ecloso de crises.

    A continuidade de certas posies coerentes, ao longo do

    processo histrico-cultural da Nao, expressa uma identificao de

    objetivos cujo conjunto a prpria Poltica Nacional. O estudo das

    sucessivas Polticas Governamentais constitui, portanto, importante

    subsdio para a compreenso da Poltica Nacional.

    A Poltica Nacional se manifesta quando se busca aplicar

    racionalmente o Poder Nacional, orientando-o para o Bem Comum,

    por meio do alcance e manuteno dos Objetivos Fundamentais.Dois so os aspectos bsicos a se considerar na anlise dessa

    Poltica: os Objetivos a serem alcanados e preservados, e o Poder a

    ser empregado com tal finalidade. A Poltica Nacional se caracteriza por

    sua grande abrangncia no tempo, pois se identifica com os Objetivos

    Fundamentais.

    Poltica Nacional o conjunto dos Objetivos Fundamentais

    bem como a orientao para emprego do Poder Nacional, atuando

    em conformidade com a Vontade Nacional.

    A Poltica Nacional se prope ao atingimento e

    manuteno de Objetivos Fundamentais, no se preocupando com a

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    54/93

    53

    capacidade do Poder Nacional ou com a existncia de bices que se

    anteponham ao seu emprego.

    3.3 - Poltica de Estado

    Nos regimes democrticos, dada a possibilidade de

    alternncia de poder que lhes inerente, a Poltica Nacional se

    segmenta em definidos perodos de tempo, de modo a determinar

    opes que, levando em conta tal condicionamento temporal,

    possam concretizar-se sob a forma de Objetivos de Estado, quando

    esto sendo considerados os relevantes interesses nacionais e

    Objetivos de Governo ligados s necessidades, interesses e

    aspiraes imediatas da sociedade nacional, atendendo a

    determinado conjunto de circunstncias: perodo de mandato,

    natureza dos bices a enfrentar e capacidade do Poder Nacional.

    Poltica de Estado o conjunto de Objetivos de Estado, bem

    como a orientao para o Emprego do Poder Estatal, atuando em

    consonncia com os relevantes interesses nacionais.

    3.4 - Poltica de Governo

    Sendo o Governo quem dirige o Estado por delegao daNao, sua Poltica deve concorrer para a consecuo da Poltica

    Nacional.

    A Poltica Nacional segmenta-se em definidos perodos de

    tempo, de modo a determinar opes que, levando em conta tal

    condicionamento temporal, possam concretizar-se sob a forma de

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    55/93

    54

    Objetivos de Governo, atendendo a determinado conjunto de

    circunstncias: perodo de mandato, natureza dos bices a enfrentar

    e capacidade do Poder Nacional, na conjuntura considerada.

    A Poltica de Governo representa, pois, a descida de um

    degrau na escala da dinmica poltica e se desenvolve em termos

    delimitados pelas motivaes e circunstncias da conjuntura.

    Por outro lado, serve como referncia para os esforos da

    sociedade como um todo, influenciando as decises autnomas de

    seus diferentes segmentos ou grupos componentes, tendo em vista

    os Objetivos que buscam alcanar.

    Poltica de Governo o conjunto dos Objetivos de Governo,

    bem como a orientao para o emprego do Poder Nacional, atuando

    em consonncia com a conjuntura.

    Para consecuo de suas polticas, os Governos devemconsiderar a capacidade do Poder Nacional Atual, evitando a fixao

    de objetivos cuja exequibilidade no esteja assegurada; essa

    caracterstica visa reduzir a probabilidade de frustraes que podem

    se instalar na sociedade nacional e ameaar o equilbrio

    institucional.

    3.5Desdobramento da Poltica de Governo

    Quando da fixao dos Objetivos de Governo, deve-se

    discernir sobre as necessidades ligadas preservao e evoluo

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    56/93

    55

    dos interesses e aspiraes nacionais, bem como o mbito, interno

    ou externo da atuao do Poder Nacional.

    Justifica-se, pois, o desdobramento da Poltica de Governo

    segundo os dois grandes campos de atuao: Segurana e

    Desenvolvimento, dos quais derivam as Polticas Setoriais, Regionais e

    Especficas.

    As Polticas Setoriais dizem respeito s atividades prprias

    dos vrios segmentos em que se divide a administrao pblica

    (transporte, comunicaes, agricultura, educao, sade e outros).

    Num Estado Federativo, o planejamento e a execuo das Polticas

    Setoriais no devem prescindir de estreita articulao e cooperaoentre os vrios nveis governamentais: Unio, Estados e Municpios.

    As Polticas Regionais tm uma abordagem espacial,

    envolvendo a atuao conjunta, numa determinada rea geogrfica,

    de vrios rgos e entidades federais, estaduais e municipais,

    geralmente sob coordenao federal.

    As Polticas Especficas ou Especiais so adotadas para o

    conjunto de atividades consideradas, por um determinado Governo,

    de fundamental relevncia ou para a soluo de problemas

    emergenciais graves. Normalmente so realizadas com a

    participao de vrios segmentos da administrao pblica.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    57/93

    56

    Seo 4

    Estratgia Nacional

    4.1 - Estratgia

    4.1.1 - Conceituao

    A arte de governar torna-se cada vez mais difcil e complexa.

    No basta a simples persuaso, pois a obteno do consenso quanto

    aos resultados nem sempre significa a participao, e o valor da

    liderana e o prestgio da autoridade so, muitas vezes, insuficientes

    para vencer determinadas resistncias. Impe-se uma decidida ao

    para superar os bices que se antepem aos interesses nacionais,

    ao essa representada por esforo contnuo e pertinaz at a

    obteno do fim desejado. E, isso ocorre tanto no mbito nacional

    como no internacional.

    Entende-se bicescomo:

    Obstculos de toda ordem que dificultam ou impedem a

    conquista e manuteno de objetivos.

    A superao dos bices que impedem ou dificultam a

    conquista e a manuteno dos Objetivos Nacionais exige, pois, a

    preparao e o emprego adequado do Poder Nacional.

    Entende-se Estratgia em seu sentido amplo, como:

    A arte de preparar e aplicar o poder para conquistar e preservar

    objetivos, superando bices de toda ordem.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    58/93

    57

    4.1.2 - bices

    Os bices, existentes ou potenciais, podem ser, ou no, de

    ordem material. Resultam, s vezes, de fenmenos naturais, como

    secas e inundaes, outras vezes, de fatores sociais, como a fome, apobreza e o analfabetismo, ou, ainda, da vontade humana.

    Representam, em sua essncia, condies estruturais ou

    conjunturais, podendo variar, tambm, em intensidade e na

    maneira como se manifestam.

    Os bices classificam-se em Fatores Adversos e

    Antagonismos.

    Fatores Adversos so bices que dificultam os esforos da

    sociedade ou do Governo para alcanar e preservar os Objetivos

    Nacionais.

    Antagonismos so bices de toda ordem, internos ou

    externos, que impedem o alcance e preservao dos Objetivos

    Fundamentais.

    4.1.3 - Aes Estratgicas

    A Estratgia efetiva-se por intermdio de aes.

    Aes Estratgicas so a efetivao do emprego do Poder.

    As Aes Estratgicas, de qualquer natureza, podem ser

    realizadas tanto em reas geogrficas, quanto nas diferentes reas da

    atividade humana; que constituem reas Estratgicas.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    59/93

    58

    reas Estratgicas so espaos, de qualquer natureza,

    caracterizados pela presena ou pela possibilidade de existncia de

    relevantes interesses para a Nao.

    Na execuo do planejamento, a opo estratgica definidapela escolha de uma trajetria, ou seja, da sequncia de aes

    estratgicas, a serem implementadas.

    4.2Conflitos e Crises

    4.2.1Conceituao

    As relaes sociais so marcadas por constantes choques de

    interesses que geram desequilbrios exigindo, por vezes, aes

    necessrias retomada do estado de equilbrio. Este fenmeno atinge

    as relaes entre indivduos, entre grupos sociais e entre naes.

    Assim, sociologicamente, um choque de interesses, de

    qualquer natureza, compreendido como Conflito.

    Dependendo de sua magnitude, um Conflito tambm pode se

    constituir em bice para o emprego do Poder.

    Quando se trata do emprego do Poder Nacional na conquista e

    preservao dos Objetivos Nacionais, bices dessa origem devem ser

    criteriosamente estudados. Este entendimento, leva necessidade dese conhecer a natureza, as causas e os atores envolvidos nos Conflitos,

    para que possamos eliminar ou minimizar seus efeitos.

    De outra forma, quando o conflito, influenciado por fatores

    internos e/ou externos ao seu ambiente, se agrava, atinge um estado

    de tenso ao qual denominamos crise. Neste estgio, o conflito, se no

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    60/93

    59

    administrado adequadamente, corre o risco de sofrer um

    agravamento, at a situao de confrontao1 ou enfrentamento2

    entre as partes ou atores envolvidos. Quando envolve o emprego de

    armamento, o enfrentamento entendido como Conflito Armado.

    Portanto, a crise no subentende a confrontao ou o

    enfrentamento.

    Crise um estado de tenso, provocado por fatores internos

    e/ou externos, sob o qual um choque de interesses, se no

    administrado adequadamente, corre o risco de sofrer um

    agravamento, at a situao de enfrentamento entre as partesenvolvidas.

    A soluo da crise no significa, obrigatoriamente, a extino

    do conflito que a originou.

    4.2.2Tipos de Crise

    Quanto ao mbito de influncia, os Conflitos podem se instalar

    dentro ou fora da Nao. Os Conflitos de mbito interno podem

    resultar da explorao de insatisfaes quanto ao no atendimento de

    necessidades vitais da sociedade nacional, anseios polticos, excluso

    1 Confrontao a fase do desenvolvimento da crise composta por aes e reaes, quando aspartes oponentes buscam manter a iniciativa, mediante uma atuao que inflija, no mximo,

    dano igual ou ligeiramente superior ao causado pela ao adversria.

    2 Enfrentamento a disposio de lutar, entre pessoas, grupos ou naes, com a finalidade deobter determinados ganhos, de modo a conquistar ou manter os interesses almejados.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    61/93

    60

    social, aspiraes separatistas, contestao s Instituies, entre outras

    causas. Tais motivaes podem gerar crises internas e projetarem-se

    nas diversas Expresses do Poder Nacional. Assim, podemos tipific-las

    em:

    Polticas;

    Econmicas;

    Psicossociais;

    Militares; e

    Cientfica-Tecnolgicas.

    Quanto aos Conflitos de mbito externo, geralmente decorrem

    de choques de interesses entre Estados Nacionais. Esses Conflitos

    quando tardam a encontrar soluo por via diplomtica ou jurdica,

    podem gerar Crises Internacionais que, antes de atingir o nvel de

    confrontao armada, podem incluir a participao, de forma

    prevalente, da Expresso Militar do Poder Nacional, como elemento de

    dissuaso para respaldar as gestes diplomticas, visando ao

    atingimento de solues favorveis.

    As Crises Internacionais so consideradas poltico-estratgicas

    quando tm em sua gnese alguns fatores de relevante importncia

    estratgica, tais como:

    ameaa integridade do Patrimnio Nacional;

    ameaa Soberania;

    acesso Tecnologia;

    apoio Externo insurreio interna;

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    62/93

    61

    dever de ingerncia; e

    antagonismo histrico.

    Na formulao das Polticas de Governo, devem serconsideradas as crises em andamento, internas ou externas.

    Administr-las um dever do Governo.

    Quando se tratar de Conflitos de natureza Poltico-Estratgica,

    podero advir condies irreversveis que, ao se agravarem, levam as

    partes ao Conflito Armado.

    Da decorrem dois conceitos importantes para o planejamento

    governamental: Hiptese de Crise Poltico-Estratgica (HCPE) e

    Hiptese de Emprego (HE).

    Hiptese de Crise Poltico-Estratgica a anteviso de um

    quadro, nacional ou internacional que exija o emprego do Poder

    Nacional, por meio de aes, predominantemente diplomticas ou

    militares, capazes de administrar crises de qualquer natureza, de

    origem externa, que comprometem o alcance e a preservao dos

    Objetivos Nacionais.

    A evoluo de uma Crise Poltico-Estratgica deve ser

    cuidadosamente acompanhada, ante a possibilidade de que sua

    evoluo possa levar ao Conflito Armado. Portanto, trata-se de uma

    Hiptese a ser sempre considerada, quando tratamos do emprego do

    Poder Nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    63/93

    62

    4.3 - Estratgia Nacional

    4.3.1 - Conceituao

    O emprego do Poder Nacional deve considerar os tipos debices. As parcelas de Poder empregadas devero ser adequadas

    intensidade desses bices.

    Estratgia Nacional a arte de preparar e de aplicar o Poder

    Nacional para, superando os bices, alcanar e preservar os Objetivos

    Nacionais, de acordo com a orientao estabelecida pela Poltica

    Nacional.

    Como bices enfrentados pela Estratgia Nacional, incluem-se

    no somente os componentes do universo antagnico, externos e

    internos, como tambm Fatores Adversos, muitos deles,

    potencialmente geradores de Antagonismos; para enfrent-los a

    Estratgia Nacional vale-se dos Homens e dos Meios polticos,

    econmicos, psicossociais, militares e cientfico-tecnolgicos queintegram o Poder Nacional.

    4.3.2Correlao com a Poltica Nacional

    A Poltica e a Estratgia precisam ser coordenadas e ajustadas

    em todas as conjunturas, nveis e reas de atuao, devendo estar

    harmonizadas entre si e com as reais necessidades e disponibilidadesde meios, como condio bsica para poderem alcanar os xitos

    desejados. Muitos planos e programas fracassam por no atenderem a

    esse condicionamento.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    64/93

    63

    A Poltica, ao identificar e definir objetivos, orienta os destinos

    da sociedade, organizando a ordem social e o Estado, estabelecendo a

    distino entre os setores pblico e privado, e assegurando os direitos

    individuais. Preocupa-se, fundamentalmente, com a evoluo e com a

    sobrevivncia da nao, procurando atender aos interesses e as

    aspiraes nacionais.

    Os referenciais da poltica so a justia e a tica, sem os quais a

    ordem social destruda e a prpria nao se desagrega.

    A Estratgia envolve uma forma de luta que emprega os meios

    do Poder para superar todos os obstculos que se antepem aos

    supremos interesses da sociedade. Nesse sentido, sua diretriz

    permanente a eficcia, isto , o compromisso com a consecuo dos

    objetivos estabelecidos pela Poltica, sem descurar, no entanto, da

    eficincia, ou seja, da obteno do rendimento mximo dos meios

    disponveis.

    Princpio Estratgico da Eficcia:

    Os meios devem ser aplicados no momento oportuno, no

    valor e no local exatos em que podero produzir, da melhor forma, os

    efeitos desejados.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    65/93

    64

    O modo de empregar o Poder, o como fazer, que

    caracterstico da Estratgia, tem seu campo de ao limitado por uma

    orientao poltica que subordina o princpio estratgico da eficcia aos

    postulados ticos da Poltica.

    Por sua vez, a Poltica deve conhecer as necessidades da

    Estratgia. Quando os meios forem insuficientes ou inadequados, cabe

    Poltica orientar a obteno de outros meios ou formular objetivos

    mais modestos.

    4.4 - Estratgia de Estado

    A superao de bices que possam comprometer a consecuo

    e a manuteno de objetivos de alta relevncia para a vida da Nao e

    que compem as Polticas de Estado deve ser fator prioritrio dos

    governos, uma vez que tm a responsabilidade do emprego do Poder

    Estatal que lhe delegado. Nesse mister os governantes tm que ser

    seletivos e atribuir prioridades com eficcia e, acima de tudo sem

    compromisso com resultados imediatos.A escolha de sua trajetria estratgica poder transform-los

    em autnticos e reconhecidos estadistas.

    Estratgia de Estado a forma como o Governo prepara e

    aplica o Poder Estatal para, superando bices de alta relevncia,

    alcanar e preservar os Objetivos de Estado de acordo com a

    orientao estabelecida pela Poltica de Estado.

    4.5 - Estratgia de Governo

    Em nvel governamental, so tambm considerados os elementos

    bsicos (meios, bices e fins a atingir) e os fatores condicionantes

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    66/93

    65

    (espao e tempo) da Estratgia. Da interrelao desses fatores e

    elementos e considerada a orientao estabelecida pela Poltica de

    Governo, quanto aos prazos e s prioridades de aplicao dos meios,

    sero estabelecidas as Estratgias mais adequadas para que sejam

    conquistados e mantidos os respectivos Objetivos.

    Estratgia de Governo a forma como o Governo prepara e

    aplica o Poder Nacional para, superando bices, alcanar e preservar

    seus Objetivos, de acordo com a orientao estabelecida pela Poltica

    de Governo.

    As Estratgias de Governo devem ser estabelecidas levando-se

    em conta a superao de bices que permitem o atendimento

    imediato de necessidades e aspiraes nacionais.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    67/93

    66

    CAPTULO III

    CAMPOS DE ATUAO DO PODER NACIONAL

    Seo 1

    Desenvolvimento Nacional

    1.1 - Desenvolvimento

    O Desenvolvimento deve ser entendido como um processo

    social global em que todas as estruturas passam por contnuas e

    profundas transformaes. A rigor, no tem sentido falar em

    desenvolvimento apenas poltico, econmico, social ou tecnolgico, a

    no ser por motivos metodolgicos.

    O Desenvolvimento no deve ser confundido com o

    Crescimento. Este fator indispensvel do processo, no envolve o

    sentido de abrangncia e o contedo tico do primeiro. Aquele ,

    fundamentalmente, um processo de mudana onde, mais do que

    nunca, a tnica reside na valorizao do Homem e aprimoramento de

    seus Sistemas Sociais.A verdadeira dimenso do Desenvolvimento no est nos

    nmeros e indicadores da amplitude do crescimento material, mas nas

    transformaes que a sociedade capaz de realizar, tendo em vista a

    aproximao ao ideal do Bem Comum. Trata-se de um processo

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    68/93

    67

    identificado com a busca da qualidade, embora muitos de seus

    aspectos possam ser apresentados quantitativamente.

    Portanto, podemos entender que:

    Desenvolvimento o processo global de aperfeioamento do

    Homem e o aprimoramento dos Sistemas Sociais.

    1.2 - Desenvolvimento Nacional

    1.2.1Conceituao

    O Desenvolvimento Nacional guarda estreito relacionamento

    com o estudo do Poder Nacional. Sendo assim, os Fundamentos do

    Poder Nacional esto em estreito relacionamento com o

    Desenvolvimento. Estudar o Poder Nacional significa conhecer o nvel

    do Desenvolvimento Nacional.

  • 7/25/2019 Manual Bsico Vol I 2014 - ESG

    69/93

    68

    Para compreendermos o processo de Desenvolvimento

    Nacional por intermdio da evoluo de seu Poder, devemos estudar o

    Desenvolvimento de