Manual de Construção e Manutenção de Trilhas - SVMA SP 2009

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Tradução, Adaptação e Ilustrações : Sérgio BeckEste documento foi traduzido e adaptado a partirdo original:Trail Construction and MaintenanceNotebook - 2007United States Department of AgricultureForest Service Technology & Development Program

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Manual de Construo e Manuteno de Trilhas

Governo do Estado de So PauloSecretaria do Meio Ambiente So Paulo / 2009

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Este documento foi traduzido e adaptado a partir do original: Trail Construction and Maintenance Notebook - 2007 United States Department of Agriculture Forest Service Technology & Development Program Em cooperao com: United States Department of Transportation Federal Highway Administration Autores Woody Hesselbarth Arapaho-Roosevelt National Forests and Pawnee National Grassland Rocky Mountain Region Brian Vachowski Missoula Technology and Development Center Mary Ann Davies Coordenadora do Projeto A Fundao Florestal agradece a estes rgos, pela gentileza em permitir a traduo, adaptao e publicao deste Manual.

Foto da Capa - Roney Perez dos Santos

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Governo do Estado de So Paulo Governador Jos Serra Secretaria do Meio Ambiente Secretrio Francisco Graziano Neto Fundao Florestal Presidente Dr. Paulo Nogueira Neto Diretor Executivo Jos Amaral Wagner Neto Diretoria de Operaes Boris Alexandre Csar Gerncia de Ecoturismo Anna Carolina Lobo Manual de Construo e Manuteno de Trilhas Organizadores Luiz Roberto Camargo Numa de Oliveira Maria Isabel Amando de Barros Viviane Coelho Buchianeri Traduo, Adaptao e Ilustraes Srgio Beck Reviso Anna Julia Passold Instituto Ekos Brasil Roney Perez dos Santos Julho de 2008 Diagramao e Arte Dirceu Rodrigues

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ndiceIntroduo O Trabalho da Equipe de Trilha Estabelecendo Prioridades Planejamento de Trilha Trilhas Acessveis Evitando Trilhas Problemticas Planejando a Rota no Mapa A Regra dos 10 por Cento Design de Trilha Reconhecendo a Rota em Campo A Regra da Metade Especificaes de Trilha Balizando Pegando Leve sobre o Terreno Foras Naturais em Ao Terra, gua e Gravidade A Ao de Animais Controle da gua Superficial Drenagem Natural Inverses de Declividade Drenando gua de Trilhas J Implantadas Bolses de Escoamento Valetas de Drenagem Barreiras de Drenagem Mantendo Aberto o Escoadouro Relocando Trechos Problemticos O Corredor da Trilha Roando e Limpando Removendo rvores Os Alicerces daTrilha Trilhas Curvilneas Construo com Corte Total do Talude Construo com Corte Parcial do Talude Deslocando a Terra O Piso da Trilha Caimento para Fora Removendo Razes e Tocos Remoo de Blocos de Pedra 08 09 11 15 16 17 18 19 20 20 22 23 25 29 31 31 33 34 34 35 37 38 40 42 46 47 48 49 53 57 57 57 58 60 63 64 65 66

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Manuteno do Piso Desbarrancamentos e Bermas Deslizamento do Piso Trilhas em reas Encharcadas Materiais Geossintticos Dreno Francs ou Cego Elevados Elevados sem Valetas Passarelas Passarelas Imersas Ripados de Troncos de Madeira Travessia de Rios e Ribeires Baixios Bueiros Pontes Estruturas Adicionais Curvas em Subida Ziguezagues Muros de Conteno Degraus Pavimentos Sinalizao Instalando Placas Instalando Marcas de Orientao Manuteno de Placas e Sinais Recuperando Trilhas Diques de Monitoramento Recuperao Ferramentas Ferramentas de Medio Ferramentas de Corte Ferramentas para Cavoucar Ferramentas para Cavar e Compactar Ferramentas para Podar Ferramentas para Martelar Ferramentas para Erguer ou Carregar Ferramentas para Descascar e Modelar Ferramentas para Afiar Outras Referncias

69 70 71 75 76 80 82 87 88 93 94 95 96 100 103 109 111 113 119 126 131 133 134 137 141 143 146 148 150 151 152 155 158 159 160 160 162 163 167

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Apresentao

A publicao deste manual vem se juntar a diversas outras iniciativas que compem o Programa Trilhas de So Paulo, cujo objetivo ampliar o uso das trilhas localizadas em unidades de conservao do Estado de So Paulo, garantindo a qualidade da experincia do visitante, por meio de trilhas mais bem construdas, mantidas, sinalizadas e divulgadas. O contedo do Manual consiste de informaes bsicas sobre construo e manuteno de trilhas, apresentadas em formato de fcil compreenso, e orientado s necessidades do gestor e de especialistas de campo. Seu formato de bolso visa a uma maior versatilidade no uso, sem perder de vista as ltimas tendncias e tecnologias a respeito de construo e manuteno de trilhas. Para manter o Manual em seu tamanho original e de fcil manuseio, no foram includas informaes mais detalhadas relativas a planejamento, inventrio, anlise ambiental, ou monitoramento. Dentro do possvel, os organizadores trabalharam no sentido de adaptar o contedo do Manual realidade brasileira, especialmente a do Sistema de Unidades de Conservao do Estado de So Paulo, mas sem ignorar a enorme contribuio de dcadas de conhecimento acumulado sobre o tema nos Estados Unidos. Esperamos que o Manual traga contribuies prticas e imediatas gesto das trilhas das unidades de conservao paulistas e de outros estados, tornando-as mais atraentes e instigantes aos visitantes, e causando menor impacto aos recursos naturais.

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IntroduoA verso original deste Manual Trail Construction and Maintenance Notebook foi publicada pela primeira vez em 1996. Desde ento foram publicados nos Estados Unidos mais alguns excelentes livros sobre o assunto, especialmente pelas organizaes International Mountain Bicycling Association (IMBA), Student Conservation Association (SCA) e Appalachian Mountain Club. No entanto este Manual continuou sendo muito popular, no s por seu tamanho e formato, mas tambm devido sua distribuio por meio de parceria entre o Forest Service, U.S. Department of Agriculture e o Federal Highway Administrations Recreation Trails Program. A presente traduo e adaptao foi feita com base na edio de 2007, que incluiu diversas sugestes buscando refletir as ltimas tendncias na construo e manuteno de trilhas, ainda que a maior parte do seu contedo seja ainda da verso original de 1996. Os autores reconhecem que mesmo nos Estados Unidos existem muitas diferenas regionais quanto construo e manuteno de trilhas, especialmente no tocante a ferramentas, tcnicas e terminologia adotada. Por isto mesmo o Forest Service criou o programa TRACS (Trail Assessment and Condition Surveys), que procura padronizar certos procedimentos como inventrio e monitoramento. O TRACS tambm organizou um dicionrio, numa tentativa de padronizar a terminologia adotada sobre o tema. Na verso traduzida e adaptada ao portugus, procuramos encontrar a melhor terminologia, e usar termos adotados na escassa bibliografia em portugus sobre o tema. No foi tarefa fcil. Assim, se voc encontrar

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termos ou tcnicas traduzidos de forma estranha, por favor entre em contato conosco no endereo abaixo, para que possamos aperfeioar o Manual em portugus, e no futuro produzir edies mais adequadas. Fundao para a Conservao e a Produo Florestal do Estado de So Paulo - Diretoria de Operaes - Gerncia de Ecoturismo Rua do Horto, 931 - 02377-000 So Paulo -SP

Faa do seu Jeito Voc pode no fazer as coisas da maneira como est descrita neste Manual - tudo bem! Compreender porqu as coisas so feitas de certa maneira pelo menos to importante quanto faz-las de um modo especfico. Se voc sabe porqu alguma coisa est acontecendo, ir descobrir uma maneira de resolver o problema. Entenda os conceitos bsicos. Experimente e anote os resultados. Seja curioso. Acrescente novas tcnicas e tticas ao seu acervo de truques. Suje-se de terra e DIVIRTA-SE!

O Trabalho da Equipe de TrilhaAs coisas mais importantes no trabalho com trilhas so sua segurana e bem estar pessoais. Voc est em boa forma? Conhece suas limitaes? Possui as necessrias habilidades? Seus objetos de uso pessoal, roupas e equipamento de segurana so importantes. Vamos comear pelos ps. O trabalho em trilhas pode lev-lo atravs de terreno difcil. Botas de caminhada so o padro entre excursionistas, mas botas impermeveis e anti-derrapantes,

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de cano alto, em couro ou lona sinttica, oferecem melhor suporte e proteo. Elas so exigidas pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, como Equipamento de Proteo Individual (EPI), se voc estiver trabalhando em terrenos midos, lamacentos ou encharcados. Se houver risco de perfurao, devem ser usadas botas com solado reforado, assim como perneiras quando voc estiver usando ferramentas para cortar, aparar ou escavar. Botas com biqueira reforada so exigidas quando se trabalha com pedras, ou quando houver perigo de queda de materiais. Botas de caminhada at podem ser usadas para alguns servios mais leves em trilha. J um par de tnis no oferece suporte e proteo suficientes. E fique atento a preferncias regionais: note que em quase todas as nossas reas rurais ou de mata, o calado mais usado so botas altas de borracha, tipo Sete Lguas, e botinas de couro, de cano mdio. Calas compridas do mais proteo do que bermudas ou cales, a cortes e espinhos, insetos e sol forte. Camisetas de mangas compridas tambm so melhores, pelas mesmas razes. Traga sempre equipamento para mau tempo. E voc no esquecer suas luvas uma segunda vez. gua potvel, protetor solar, culos de sol, repelente de insetos e medicamentos pessoais completam uma lista de itens pessoais, carregados na sua mochila. Capacete equipamento de proteo individual exigido em muitos tipos de trabalho de trilha, especialmente quando envolvem machados ou marretas, trabalho debaixo de rvores, ou quando houver qualquer chance do trabalhador levar uma pancada na cabea. Outros equipamentos de segurana que podem eventualmente ser exigidos, incluem proteo para os olhos em qualquer trabalho de corte ou com pedras, proteo auditiva perto de motores e compressores, e mscaras

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de p para alguns tipos de trabalho com pedras ou em condies extremamente poeirentas. No comece a trabalhar enquanto no estiver adequadamente equipado. Estude as normas do Ministrio do Trabalho e Emprego sobre equipamentos individuais de proteo, exigidos para trabalhos de campo. Sua equipe poder precisar de um estojo de Primeiros Socorros. O ideal que pelo menos um dos integrantes seja capacitado a prestar primeiros socorros e executar RCP (reanimao crdio-pulmonar). O lder da equipe e funcionrios envolvidos devem preparar uma anlise de risco de trabalho que inclua:l

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Um itinerrio (rota planejada, destino, tempo estimado de partida e de chegada). Os nomes dos integrantes da equipe. Riscos especficos de trabalho e aes preventivas. Um plano de evacuao de emergncia.

Realize rpida reunio de segurana antes de comear o trabalho, e sempre que as condies de trabalho tenham se alterado significativamente.

Estabelecendo PrioridadesPrioridades dependem de muitos fatores. Voc est balizando e abrindo uma nova trilha? Se estiver, comece por um bom planejamento e um projeto sustentvel, para minimizar futuras manutenes. Est avaliando uma trilha mais antiga, que pode no estar acompanhando o trajeto ideal? Quanta manuteno demais? Quando que voc decide remanejar algum trecho da trilha? Se estiver projetando uma trilha nova, assegure-se de que seja sustentvel (figura 1). O que significa isto? Significa criar e manter trilhas que iro permanecer

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abertas e utilizveis por longo tempo. Trilhas cujo piso no acabe sendo erodido pela gua e pelo uso.Trilhas que no afetem a qualidade da gua ou do ecossistema natural. Trilhas que satisfaam as necessidades de seus possveis usurios, e ofeream uma experincia positiva. Trilhas que no prejudiquem o ambiente natural.

Figura 1 - Uma trilha curvilnea resiste eroso

A Soluo Sustentvel Trilhas com o piso caindo para fora Declividades sustentveis Frequentes inverses de declividade Resistncia eroso Trilha que cruze a encosta em leve diagonal Condies para que a lmina dgua escoe naturalmente para fora da trilha Experincias positivas para o usurio Baixa manuteno Quando conseguimos juntar tudo isto, temos - uma trilha curvilnea

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Declividade a inclinao da trilha, subindo ou descendo. Inverses de declividade so pontos em que esta inclinao, numa trilha descendo, por exemplo, reverte para uma subida (ainda que seja por apenas dois ou trs metros) - e vice-versa. Os americanos tm a expresso rolling contour trail que ns traduzimos como trilha curvilnea. E que significa que a trilha ideal evita ser uma reta, mas serpenteia para um lado e para o outro (em curva de nvel, nas encostas) ou ondula para cima e para baixo (justamente para dar lugar s inverses de declividade que mencionaremos exausto). Voc precisa de orientadores e de experincia para aprender como traar e abrir trilhas sustentveis. Aprenda com os melhores. Investigue por a, converse com outros especialistas em trilha, inspecione seus trabalhos. Participe de reunies sobre abertura e manuteno de trilhas na sua rea, ou receba a visita de grupos de construtores de trilhas com mais experincia. Aprenda, aprenda, aprenda. Voc quer que as pessoas saiam da trilha dizendo Uau isto foi demais! Vamos faz-la de novo qualquer dia! A tarefa da sua equipe manter a gua fora da trilha, e os usurios em cima dela. Os melhores especialistas so aqueles com olho de trilha, a habilidade de antecipar ameaas fsicas e sociais integridade da trilha, e de enfrentar e resolver problemas. Como sempre haver mais trabalho a fazer, do que gente e tempo para faz-lo, como decidir o que fazer primeiro? O que importante :l l

Monitorar de perto as condies das trilhas. Decidir o que pode ser realizado com manuteno bsica.

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Determinar o que pode ser adiado. Identificar as reas que exigiro maior trabalho.

A seleo de prioridades nas trilhas ir ajud-lo a gastar sabiamente o oramento previsto com manuteno.

Seleo de Prioridades na Trilha

1- Corrija situaes verdadeiramente preocupantes. Por exemplo, conserte trechos desmoronados intransponveis, ao longo de um penhasco, ou remova barreiras cadas numa seo ngreme. 2- Corrija problemas que esto causando danos importantes trilha, como eroso. 3- Restaure a trilha de acordo com os padres planejados no projeto de implantao (quando houver). A facilidade em encontrar a trilha e andar por ela deve harmonizarse com as especificaes projetadas para o cenrio recreacional, e com os objetivos dos usurios levados em conta no projeto. As providncias podem ir desde simplesmente acrescentar sinais de orientao ao longo do caminho, a um total remanejamento de trechos mal projetados, no caso de uma trilha que esteja toda erodida. Qualquer que seja a prioridade, providencie a manuteno da trilha, to logo perceba a necessidade, para prevenir danos mais graves e mais dispendiosos no futuro.

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Planejamento da TrilhaPode parecer que uma boa trilha simplesmente acontece, mas esta impresso esconde inacreditvel dose de trabalho em reconhecimento, desenho, balizamento, construo e manuteno. Embora este guia enfoque o trabalho braal, preciso que voc entenda que essencial um slido planejamento. Tenha isto em mente ao projetar, construir e manter trilhas (figura 2).

Figura 2 - Projete e construa sua trilha harmonizando-a ao terreno

Trilhas de recreao ou de uso pblico so para todo mundo. Elas nos permitem voltar a nossas razes primitivas. As trilhas ajudam as pessoas a extrair algum sentido de um mundo cada vez mais dominado por automveis, caladas e concreto. Elas valorizam nossa herana selvagem e nos pem em contato com nossos ambientes naturais, nos confortam a alma, nos desa fiam o corpo, e nos permitem praticar habilidades pouco exigidas no dia-a-dia. (E poderamos at acrescentar que, ao invs de ameaar a integridade de nossas reas florestais, como receiam alguns ambientalistas, trilhas so, ao contrrio, paradoxal instrumento de preservao, de apreciao, e de

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educao ambiental. A existncia de uma trilha frequentada por visitantes afasta usurios indesejados, e preserva quilmetros quadrados ao redor). A psicologia humana tambm desempenha seu papel nos benefcios que uma trilha pode trazer. Uma trilha til deve ser fcil de encontrar, fcil de percorrer, e conveniente de usar. Trilhas existem simplesmente porque so uma maneira mais fcil de chegar a algum lugar. Muitas trilhas, tais como as picadas atravs da floresta, rotas de ciclistas e vias de escalada, so deliberadamente desafiadoras, com grau de risco relativamente alto. Tenha certeza, no entanto, de que se sua trilha oficial no for a via de mais fcil caminhamento, os usurios criaro sua prpria trilha. A trilha que voc construir deve ser mais bvia, mais fcil de transitar, e mais conveniente do que as alternativas ou estar desperdiando tempo e dinheiro.

Trilhas AcessveisA questo da acessibilidade tambm est em pauta na Fundao Florestal do Estado de So Paulo. Atualmente, toda reforma e construo de novas edificaes leva em conta a necessidade de acesso a portadores de necessidades especiais, como centro de visitantes e sanitrios. Esta diretriz estende-se tambm s trilhas, de forma que no futuro cada unidade de conservao conte com ao menos uma trilha adaptada s pessoas com deficincias e mobilidade reduzida. Nos EUA, onde o tema tratado com destaque, o Servio Florestal desenvolveu o Manual de Acessibilidade para Recreao e Trilhas em reas Naturais, visando ajudar projetistas de trilhas a se adaptarem s exigncias das linhas-mestras de acessibilidade de trilhas, quanto ao planejamento, desenho, construo e manuteno de trilhas. O livro oferece informao detalhada sobre exigncias de acessibilidade num formato de fcil uso, com fotos,

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ilustraes, dicas de design, hotlinks e boxes. O livro-guia est disponvel em http://www.fs.fed.us/ recreation/programs/accessibility. Grandes Amigos Os trs melhores amigos de quem trabalha com trilhas so: Umbominventriobsicodatrilha Umaavaliaodascondiesatuais Relatosdereascomproblemas Conte com estes amigos... Eles lhe daro dicas importantes

Evitando Trilhas ProblemticasSe alguma vez voc j encontrou uma trilha em mau estado, h boas chances de que ela tenha resultado de planejamento feito s pressas. Tirando os infortnios climticos, alguns dos piores problemas de trilha resultam de no se dar ao trabalho de pensar, antes de vestir as luvas e o capacete. Alguns exemplos evidentes: Construirseessemharmonia(comviradas abruptas). Porqu aconteceu? O ritmo e o fluxo da trilha no foram previamente estudados, antes de abri-la. guaescorrendoeerodindoatrilha.Porquaconteceu? A trilha foi projetada com excessiva inclinao. Mltiplastrilhas.Porquaconteceu?Paracomear, a trilha no foi colocada no melhor lugar... Planejar evitar problemas no futuro. Planeje corretamente, em todas as etapas do trabalho de abertura de uma trilha.

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Um bom planejamento tambm inclui o monitoramento das atuais condies dela. difcil planejar adequadamente, sem ter uma boa idia da situao da trilha, e das diversas possibilidades futuras. Nosso enfoque neste manual o trabalho de campo, mas outras operaes importantes fazem parte do planejamento da trilha. As exigncias variam, mas geralmente incluem uma consulta a especialistas em solo, em construo de pontes, a engenheiros geotcnicos, especialistas em fauna e flora, em uso pblico ou educao ambiental, at mesmo a paisagistas e arquitetos.

Planejando a Rota no MapaAssegure-se de conhecer os objetivos de manejo e zoneamento da rea onde a trilha se localiza (por exemplo Planos de Manejo e Planos de Uso Pblico) - aspectos como perfil dos usurios, grau de dificuldade pretendida, e experincia exigida. Os objetivos de manejo oferecem informao bsica para o planejamento da trilha, seu manejo, e monitoramento. Use cartas topogrficas e fotos areas para esboar a rota em potencial. Sobre o mapa, identifique pontos de controle lugares pelos quais a trilha precisa passar, tendo em conta: Destinos Incioefinaldatrilha Cruzamentoderioseriachos Afloramentosrochososemirantesnaturais

Inclua pontos de controle positivos - atraes como um mirante de especial beleza cnica, um lago, ou cachoeiras. Evite pontos de controle negativos - reas com solo

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pobre, de habitat crtico para a vida selvagem, ou mesmo abrigando espcies ameaadas.

A Regra dos 10 por CentoAo esboar a trilha sobre um mapa, conecte os pontos de controle guiando-se pelas curvas de nvel. Mantenha a declividade de cada trecho subindo ou descendo a encosta, em menos do que 10%. Isto ajuda a manter a rota com uma declividade adequada. Quando voc passar para o campo e comear a reconhecer a rota, ter maior flexibilidade para ajustar-se s declividades. Porcentagem de Declividade Adeclividadepodeserexpressacomo uma porcentagem ou como um ngulo. A porcentagem geralmente mais fcil de entender. Aporcentagemdedeclividadeoresultado do deslocamento vertical (o quanto se sobe) dividido pelo deslocamento horizontal (o quanto se anda pelo plano), multiplicado por 100. Exemplo:umganhode10metrosx100= 10% deslocamento de 100 m

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Design de TrilhaProjetar uma trilha realmente uma arte. Certas habilidades bsicas podem ser ensinadas, mas quem projeta uma trilha precisa desenvolver um olho para assentar um caminho sobre o terreno. Esta habilidade s pode ser desenvolvida pela experincia. Infelizmente h pouca literatura em portugus sobre o tema. Abaixo temos sugestes de livros em ingls, bem como um em portugus, recentemente publicado. Forest Service Trails Management Handbook (FSH 2309.18) Natural Surface Trails by Design - Parker (2004) Trail Solutions - IMBA (2004) Building Mountain Bike Trails: Sustainable Singletrack MTDC DVD (Davies & Outka-Perkins 2006) Planejamento, Implantao e Manejo de Trilhas em Unidades de Conservao - Larry Lechner 2006

Reconhecendo a Rota em CampoAs ferramentas para balizar uma possvel rota incluem: clinmetro, bssola, altmetro, GPS, bandeirinhas e fitas sinalizadoras de diferentes cores, cabos de arame ou de bambu (para as bandeirinhas), uma baliza de topgrafo, caneta de retroprojetor (para anotaes nas bandeirinhas), caderneta de campo, uma sonda para inspecionar a profundidade do solo acima de algum leito rochoso - e os mapas, evidentemente. Os objetivos deste reconhecimento so: Verificarpontosdecontroleeidentificarpontos adicionais, que no tenham sido percebidos ao estudar os mapas e fotos areas. Verificarsearotaesboadapraticvel. Encontraroalinhamentoquemelhorseharmonize com todos os objetivos.

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Identificarpontosdecontrolepositivos,que enriqueam a experincia do usurio. Confirmarquearotasejarazoveldeconstruir e manter. Dicas para Reconhecimento Noconfieemestimativasvisuaisparaa declividade da trilha; use um clinmetro. Grandesrvoresgeralmenteapresentam patamares naturais do lado superior da encosta. mais aconselhvel que a trilha passe deste lado, do que do lado de baixo, onde muito provavelmente razes sero afetadas, prejudicando a rvore. Suas especificaes podero lhe dizer qual a melhor distncia a deixar entre a trilha e a rvore. Procuredegrausnaturaisparamudanas e d direo e ziguezagues. Eles poupam custos de de construo e harmonizam a trilha ao terreno. Cruzeravinas(valessecos)nadiagonal,ao invs de descer e subir suas margens em ngulo reto. Sinalizeasinversesdedeclividadecom bandeirinhas. Procureindicaesdelajesenterradas debaixo de solo fino, como reas de vegetao rala. Sinalizeoalinhamentocentraldatrilha, especialmente atravs de terreno difcil. Procurepordiscretoscalombosouvaletas, que sirvam para inverses de declividade. A trilha deve discretamente subir ou descer alguns metros, de ambos os lados deste ponto. Eviteassentarumatrilhaemterrenoplano, porque ali a gua no tem para onde escoar.

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O reconhecimento de campo exige slido conhecimento do uso de mapa e bssola, bem como familiaridade em encontrar seu rumo atravs do terreno. Comece por uma direo terica, e ento experimente com diversas rotas, at encontrar a melhor linha contnua entre dois pontos de controle. Ande, ande, ande. E registre anotaes de campo sobre outras rotas potenciais. muito til pendurar fitas ou bandeirinhas de referncia, perto de atrativos ou de pontos com potencial cnico, para que possa ser mais fcil reencontr-los mais tarde. Reconhecimento mais fcil quando feito a dois. Tanto voc como seu colega precisam de um clinmetro para determinar declividades adequadas.

A Regra da MetadeConstruir trilhas com declividade sustentvel ajuda a retardar problemas de manuteno, alm de diminuir

Figura 3 - A declividade da trilha no deve ser maior que metrade da inclinao da encosta. Esta a regra da metade.

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custos e trabalho adicionais. Mas o que torna uma declividade adequada? Este elemento de design vem do livro Solues de Trilha (IMBA 2004). chamado de regra da metade. A regra da metade diz que uma trilha no pode ter declividade maior do que metade da inclinao da encosta pela qual se est subindo. (figura 3) Esta regra realmente ajuda, ao traar uma trilha sobre encostas suaves. Por exemplo, se voc estiver trabalhando numa encosta com inclinao de 6%, a declividade da sua trilha no deve ser maior do que 3%. Se a trilha for mais inclinada, apresentar uma linha de desnvel muito abrupta, rasgando a encosta quase em p. Trilhas muito em p deixam a gua escorrer pelo piso, provocando eroso, e conseqentemente aprofundando o sulco. Mas medida que a encosta se torna mais ngreme, mesmo usando-se a regra da metade, a trilha pode acabar ficando inclinada demais. Neste caso, use seu bom senso e conhecimento daquela rea em particular.

Especificaes da TrilhaTrilhas no so todas criadas de forma igual. Em condies ideais, cada trilha desenhada, construda, e mantida para adequar-se a especificaes prestabelecidas. Estas especificaes so baseadas nas atividades recreativas que a trilha pretende oferecer, na intensidade do uso, e nas caractersticas fsicas do terreno. Consideraes ecolgicas e estticas tambm entram nesta anlise. Por exemplo, uma trilha estreita e curvilnea pode ser a escolha certa para trfego a p por entre as montanhas (figura 4), enquanto um caminho quase plano, com subidas suaves (figura 5), mais apropriado no

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caso de trilhas interpretativas ou projetadas para pessoas com deficincias ou mobilidade reduzida. Trilhas mais desafiadoras, incluindo passagens por cima de pedras e at mesmo com alguns degraus, podem ser projetadas para bicicletas de montanha e motocicletas. A inclinao de uma encosta influi consideravelmente na dificuldade em construir determinada trilha. Quanto mais ngreme a montanha,mais profunda ter que ser a escavao necessria para obter um talude estvel na encosta. A declividade da trilha tambm tem direta relao com os esforos, em planejamento, construo e manuteno, necessrios para estabelecer uma passagem slida e assim mant-la.

Figura 4 - Uma trilha estreita e serpenteante pode ser a escolha certa para percursos a p em reas mais remotas

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As declividades podem variar de 1% para acesso com cadeiras de rodas, a 50% ou mais para verdadeiras escalaminhadas. A maioria das trilhas de uso intensivo deveria ser construda com declividade mdia de 5 a 10%. Trilhas de maior dificuldade podem ser construdas com declividades aproximando-se dos 15%. Trilhas com 20% de declividade ou mais, so difceis de manter no curso original, sem recorrer a degraus ou superfcies artificialmente resistentes (reforadas com pedras).

Figura 5 - Dois amigos desfrutam de uma trilha acessvel, que lhes permite excurcionar atravs da floresta tropical

BalizandoUse fitas sinalizadoras para marcar o corredor ou a trilha semi-aberta. Use cores que se destaquem da vegetao ao redor. Um rosa choque ou fluorescente deve funcionar na maioria dos casos.

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Voc ter que usar o clinmetro para manter a declividade da trilha dentro dos limites da regra da metade. Duas pessoas ou mais balizando - Fique de p no centro da linha, mande seu colega frente em direo localizao desejada, e ento faa uma leitura com o clinmetro. Quando o lugar certo for encontrado, a pessoa frente amarra uma fita vegetao, com o n voltado em direo trilha pretendida, e ento deslocase mais para a frente. O colega com o clinmetro anda at fita, e direciona a prxima visada. Uma terceira pessoa pode estar reconhecendo o terreno ainda mais frente, buscando obstculos ou boas localizaes.

Usando o clinmetro: zerando o aparelho Fiquemdepemterrenoplano,voce seu colega, cada um voltado em direo ao outro. Olheatravsdoclinmetro,ealinheuma visada horizontal pelo zero (da escala). Abraooutroolho,evejaondealinha horizontal passa pelo corpo do seu colega. Useestemesmopontonoseucolega para visadas subseqentes com o clinmetro. Usesempreaescaladireita-quena maioria dos clinmetros a escala de percentagens.

Uma s pessoa balizando - De p, num ponto que seja o centro da linha, amarre uma fita altura dos olhos. Ento desloque-se 3 a 6 metros para o ponto central seguinte e vise de volta ltima fita. Quando estabelecer a localizao desejada, amarre nova fita altura dos olhos.

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Marcando a Rota - Bandeirinhas pelo terreno marcam a linha pretendida para a trilha. Durante a operao, voc certamente descobrir terreno pelo qual no h como passar, Usando uma luz pontos de controle adicionais, e obstculos que no mapa no Se estiver trabalhando dentro da mata, e no estavam evidentes. Use puder ver seu colega bandeirinhas de diferentes cores para marcar outras rotas atravs da vegetao, pea para que ele alternativas, medida que acene atravs dos assenta as opes disponveis arbustos com uma para a trilha. E use sempre lanterna acesa. um clinmetro para medir declividades adequadas. Comece amarrando fitas ou bandeirinhas s rvores, na altura dos olhos, a cada 3 ou 5 metros. No esquea de amarrar os ns de modo que fiquem voltados para o lado da passagem da trilha (e no para o lado oposto). Desta maneira, se outra equipe continuar o seu trabalho, saber quais eram as suas intenes. No economize! Bandeirinhas e fitas so baratas, comparadas ao tempo gasto assentando a trilha. Animais podem involuntariamente remover suas fitas, o vento pode carreg-las para longe. Bandeirinhas dispostas a curtos intervalos ajudam os designers e construtores a visualizar o fluxo da trilha. Se estiver trabalhando em rea aberta, sem rvores ou arbustos, use bandeirinhas espetadas no cho, ao invs de fitas amarradas. Estas bandeirinhas no passam de retalhos de tecido ou de papel, de 6 x 8cm, colados a compridos espetos de bambu. Marcando o Alinhamento Final - Bandeirinhas em estacas marcam a localizao exata da linha da trilha. Elas tanto podem ser colocadas ao longo da linha central,

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Figura 6 - Bandeirinhas marcam a exata localizao da linha da trilha e lhe do uma boa percepo do seu fluxo.

como ao longo dos limites superiores ou inferiores do piso. S se certifique de que a equipe saiba onde a trilha ficar assentada, em relao s bandeirinhas. Coloque-as a cada 3 ou 5 metros - mais melhor... Agora ande ao longo da trilha. Isto lhe d uma boa idia do fluxo dela. Faa alguns ajustes, e reoriente as Boas Idias Use sempre um clinmetro para medir as declividades. Amarre os ns das fitas de modo que fiquem sempre voltados na direo da trilha. Alinhe sua trilha com bandeirinhas. Use montes destas - elas o ajudam a visualizar o fluxo da trilha. Caminhe mais uma vez ao longo da rota escolhida. Faa ajustes finais para acertar o fluxo da trilha, antes de cortar qualquer arbusto.

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bandeirinhas se uma curva parecer muito fechada, ou se um trecho parecer muito reto. Quando o alinhamento da trilha estiver realmente bom, e voc estiver satisfeito com a localizao das bandeirinhas, pea para que o Gestor do Parque inspecione seu projeto. Voc precisar da aprovao dele, antes de comear a cortar a vegetao ou remover qualquer poro de terra.

Pegando Leve sobre o TerrenoNenhuma discusso sobre trilhas estaria completa sem levar em conta a esttica. Estamos aqui falando de beleza cnica. De como agradar ao olhar. A tarefa simples. Uma trilha esteticamente funcional aquela que se ajusta ao cenrio. Ela se assenta agradavelmente sobre o terreno, e geralmente aparenta apenas ter acontecido. Trilhas bem desenhadas valem-se de elementos naturais de drenagem, reduzindo a manuteno que acabaria sendo necessria, ao mesmo tempo em que vai de encontro s necessidades dos usurios. A trilha pode contornar rvores e pedras, seguir plataformas naturais, e de muitas maneiras aproveitar-se das atraes naturais do terreno. As melhores trilhas quase no apresentam evidncias do esforo nelas investido. Algum trabalho extra podando rvores, dispersando os arbustos cortados, camuflando os cortes, evitando as cicatrizes de perfuraes, cobrindo a terra remexida com folhas cadas, e restaurando reas de emprstimo - compensa o investimento, resultando numa trilha de aparncia mais natural. Seja um artista. Na trilha, faa um trabalho de mestre.

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Figura 7 - Trilhas bem projetadas aproveitam-se das atraes naturais do lugar.

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Foras Naturais em AoA natureza sempre dar a ltima palavra. sempre melhor considerar as foras naturais, antes de comear a remexer na terra.

Terra, gua e GravidadeTerra, gua, e gravidade - tudo a que se refere o trabalho com trilhas. Terra (ou pedras) so o suporte sua trilha. Terra firme torna possvel ir do ponto A ao ponto B. O ponto principal do trabalho com trilhas providenciar terra onde voc quer que ela fique e ento segur-la ali. gua o mais poderoso elemento no seu mundo. E a gravidade cmplice da gua neste cenrio. A misso delas carregar sua preciosa terra para o oceano. Todo o sentido do trabalho de trilha manter esta trilha longe das garras da gua (figura 8).

Figura 8 - A gua e gravidade juntam foras para erodir a linha da trilha.

muito mais importante compreender como as foras da gua e da gravidade se combinam para remover a terra, do que de fato escavar a terra pessoalmente.

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Depois de acumular muitos anos abrindo trilhas, voc ver centenas de exemplos de trilhas construdas com escasso entendimento das foras envolvidas. E acabar poupando tempo e recursos, caso se concentre na fsica bsica. gua no modo erosivo desnuda a superfcie da trilha, solapa estruturas de suporte, e arranca a terra solta, em seu caminho para baixo... O tamanho do estrago depende da quantidade de gua envolvida, e da velocidade com que ela se movimenta. Mas a gua tambm tem uma capacidade de transporte. Mais gua consegue carregar mais terra. gua escoando com rapidez consegue carregar ainda mais terra. Voc precisa impedir a gua de correr trilha abaixo. Quando e onde fazer isto, determina o tipo de controle da gua ou a estrutura de drenagem usada. A gua tambm consegue afetar a coeso do solo. Ainda que de modo geral solos secos sejam mais coesos do que solos saturados, mesmo solos finos e secos podem ser facilmente erodidos e lavados. Os melhores especialistas em trilha conseguem identificar os solos bsicos da sua rea, e conhecer suas propriedades, sejam eles arenosos, argilosos, soltos ou compactos. Eles tambm conhecem plantas indicadoras que lhes dizem muito sobre o solo subjacente e sua drenagem. Sinais de Sucesso Voc supera os problemas com terra, gua e gravidade, quando consegue: Impediraguasuperficialdecorrerao longo da trilha. Manteratrilhabemdrenada Manternatrilhaomaterialdopiso.

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A Ao de AnimaisA gravidade tem um parceiro - os animais. Estes incluem tropas de carga, pequenos roedores, humanos, vacas, cabras, e mesmo animais silvestres, como antas, queixadas e tatus. Animais escavam atravs da trilha, perambulam ao redor dela, cruzam-na descendo, introduzem atalhos, tombam pedras sobre a trilha, mastigam o piso, ou escavam razes ao longo do caminho. A gravidade conta com estes animais, para afofar e fragmentar o solo ainda mais. Se voc reconhecer os efeitos potenciais dos animais (especialmente de humanos, gado domstico ou animais de carga), pode derrotar o sistema por algum tempo e segurar toda aquela terra: Noconstruaziguezaguesatravsdeumacrista. Nopermitaquesedesenvolvamobstculos,como brejos ou sulcos profundamente entrincheirados. Dificulteotrnsitodeanimaisdecargapelacrtica borda externa da trilha. Suas estratgias de trilha so apenas to boas quanto seu entendimento do comportamento dos animais.

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Controle da gua SuperficialDesviar da trilha a gua superficial precisa estar praticamente no topo da sua lista de prioridades. gua corrente escava a trilha e estruturas de suporte, e pode mesmo pr a prpria trilha a perder. gua parada geralmente resulta numa trilha encharcada, esponjosa (figura 9) ou em problemas no piso e nas estruturas de suporte. A gua uma coisa maravilhosa apenas mantenha-a afastada da trilha. Seu trabalho manter a gua fora, Fora, FORA da trilha.

Figura 9 - gua empoada resulta em trilha esponjosa, encharcada, enlameada.

Os melhores sistemas de drenagem so justamente aqueles j incorporados no projeto da nova construo. Estes incluem freqentes inverses de declividade e caimento para fora do piso. A marca clssica de uma boa drenagem que ela auto-sustentvel, exigindo depois cuidados mnimos.

Drenagem naturalQuando a chuva cai sobre a mata, depois que as plantas beberam seu quinho, a gua continua a escoar encosta abaixo em lenis dispersos - o chamado

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escoamento difuso (figura 10). Todos os elementos de design para uma trilha curvilnea - trilha encaixada na encosta, declividades adequadas, freqentes inverses de declividade, piso com caimento para fora - deixam a lmina dgua escoar por cima da trilha sem lhe causar dano algum.

Figura 10 - Elementos de design para uma trilha curvilnea deixam o fluxo da gua escoar atravs do piso. O escoamento difuso impede a gua de ser canalizada ao longo da trilha, onde ela causaria eroso.

Inverses de DeclividadeA idia bsica de quebrar a continuidade de uma declividade (ou seja, incluir curtas rampas subindo, numa trilha que est descendo), impedir que a gua siga escorrendo pelo piso, direcionando-a para fora da trilha imediatamente, antes que comece a erodi-la. Inverses de declividade so planejadas e includas em trilhas novas, antes mesmo de sua construo. Um caminho com inverses de declividade e piso com caimento para fora induz a gua a continuar escoando

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atravs da trilha, para fora - no ao longo dela. A coisa boa destas inverses de declividade que so o mais discreto de todos os dispositivos de drenagem, se construdas com suaves transies de inclinao... E exigem muito pouca manuteno. Elas se valem das dobras naturais do terreno (figura 11). A declividade de uma trilha invertida por 3 a 5 metros, e ento volta inclinao anterior, para continuar

Figura 11 - Mudanas de declividade so bem mais eficientes do que barreiras e degraus e exigem menos manuteno. Inverses de declividade associadas a piso com caimento para fora, so as melhores estruturas de drenagem.

descendo (ou subindo). Inverses de declividade devem ser colocadas freqentemente, digamos a cada 10 ou 20 metros. Inclusive porque a experincia de um usurio realada, por se oferecer um movimento de sobe-edesce, medida que a trilha contorna grandes pedras ou se curva para cima e ao redor de grandes rvores (figura 12).

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Figura 12 - Intensifique a experincia do usurio e crie uma inverso de declividade, desviando a trilha ao redor de grandes rvores e blocos de pedra.

Drenando a gua de Trilhas j ImplantadasA gua seguir sempre o curso de menor resistncia quase certamente a sua trilha! Canaletas formam-se medida que a gua remove o material do piso em trilhas ngremes. E nas reas mais baixas, onde a gua j no tem mais para onde ir, poas se formam. Quando a gua comea a destruir sua trilha, os usurios passam a contornar o estrago feito. A trilha ento comea a se alargar, ou formam-se mltiplos novos trilhos. Mas desviar a gua da trilha envolve mais do que rasgar uma valeta de drenagem. Descubra de onde vem a gua, e ento busque uma maneira de desvi-la para fora da trilha. Quando uma equipe arranca uma p de terra da berma, ou abre um buraco atravs da beirada de terra, isto um controle de drenagem, mas temporrio e pouco eficiente. Estas pequenas aberturas so rapidamente

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entulhadas de detrito, ou de lama espirrada pelo trfego. E a eroso continua acontecendo...

Bolses de EscoamentoPoas que se formam em trilhas planas provocam diversos tipos de estragos no piso. O trfego que comea a contornar uma poa, alarga a trilha (e eventualmente a prpria poa). gua parada geralmente enfraquece o piso e o talude. Quando o solo apropriado, a gua acaba por provocar a formao de um atoleiro. O pisoteamento da borda inferior de uma poa pode induzir ao colapso desta borda crtica, j que os andarilhos tambm pisam alm da borda da trilha, desfazendo-a. Colapsos da borda externa so uma das principais causas de deslizamentos de trilha.

Figura 13 - Bolses de escoamento construdos em trilhas j existentes drenam poas formadas em reas planas.

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Um bolso de escoamento um dreno eficiente, encosta abaixo. Bolses de escoamento so construdos em trilhas j existentes (figura 13). Mas para que funcionem, a trilha precisa apresentar ao lado, terreno ainda mais baixo, de modo que a gua tenha para onde escoar. Um bolso de escoamento uma depresso em semicrculo, escavada encosta abaixo, com uns 3 metros de dimetro, e uma declividade de cerca de 15% ao centro (figura 14). Bolses de escoamento so suaves e sutis, e acabam geralmente nem sendo percebidos pelos usurios...

Figura 14 - Uma bolsa de escoamento um semicrculo escavado no piso com 3 metros de dimetro e caimento de 15% ao centro.

Se o terreno impede tal caimento, a soluo alternativa escavar um dreno em trincheira de 60 cm de largura, cruzando inteiramente a largura do piso. Cave o dreno com profundidade suficiente para garantir que a gua escorra para fora do piso. Chanfre ligeiramente as bordas do piso para dentro do dreno, mas de modo que as pessoas no tropecem. Enterre pedras ou qualquer objeto grande (como estruturasguia) ao longo da borda inferior do trilho, para manter o trfego andando pelo centro. Numa poa realmente longa, construa vrios drenos alcanando o que lhe paream os pontos mais profundos.

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Valetas de drenagemOutra maneira de forar a gua para fora de trilhas j existentes, usar uma valeta de drenagem. Uma valeta de drenagem usada em trechos mais ngremes da trilha. Mas tambm funciona bem para drenar a gua pela borda inferior de trilhas em nvel. A valeta de drenagem se baseia no desenho de um bolso de escoamento. Na verdade um bolso, com uma curta rampa ascendente, de cerca de 3 ou 5 metros, construda ao p de longa rampa descendente como uma inverso de declividade (figura 15). Por exemplo, se uma trilha est descendo com uma declividade de 7%, uma valeta de drenagem inclui uma curta subida de 3 a 5 metros a 3%, a valeta escoando para o lado, e a continuao da descida logo adiante (figura 16).

Figura 15 - Valtas de drenagem desviam a gua dos trechos mais ngrimes de trilhas existentes.

Figura 16 - Uma valeta de drenagem baseia-se no desenho de um bolso de escoamento. Ela ajuda a desviar a gua dos trechos mais ngrimes de trilhas j existentes.

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A gua correndo trilha abaixo no consegue ultrapassar a curta subida, e deixar o trilho pelo fundo da valeta. A beleza desta estrutura que nada existe para apodrecer ou ser deslocado. A manuteno simples. Valetas de drenagem deveriam ser construdas com freqncia suficiente para impedir a gua de acumular volume e velocidade suficientes a ponto de levar embora a superfcie do piso. Mas no fazem sentido no ponto mais alto de uma declividade. Sua melhor localizao a meio da descida. Quanto mais ngreme a trilha, mais valetas de drenagem sero necessrias. Mas no devem ser construdas onde possam mandar gua carregada de sedimentos para dentro de riachos e ribeires.

Figura 17 - Troncos usados pela drenagem precisam ser descascados ou tratados e enfiados menos de 30cm em encosta adentro, espequeados ou ancorados, mas quase totalmente enterrados.

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Barreiras de DrenagemBarreiras ainda so estruturas de conteno de gua muito usadas. Certifique-se apenas de instal-las corretamente, e no lugar certo. A gua descendo pela trilha desvia para o lado ao bater numa barreira e, em teoria, jogada para fora da beirada inferior da trilha (fig. 17). Em declividades menores que 5%, barreiras de drenagem so menos propensas a entupirem, a no ser que atendam a um longo trecho de trilha, ou que sejam construdos em material extremamente erosvel. J em declividades mais altas (15 a 20%), as barreiras de drenagem so propensas a entupirem, se assentadas a um ngulo menor que 45 graus com o eixo da trilha. E em declividades ainda mais altas que 20%, so praticamente inteis. Nestas inclinaes, existe uma linha muito tnue entre entupir o escoadouro e erodi-lo (arrancando a barreira). A maior parte das barreiras de drenagem no so instaladas com o ngulo correto, so muito curtas, ou no incluem uma inverso da declividade. Barreiras de drenagem mal construdas e mal-mantidas tornam-se ento obstculos, e quebram o fluxo da trilha. A estrutura acaba virando um estorvo para os usurios, que acabam preferindo contorn-la, alargando a trilha. Um problema adicional com barreiras feitas de tronco, que cavalos podem escoice-los e arranc-los do lugar. Pedra, quando disponvel, sempre mais durvel que madeira (figura18). Ciclistas, de modo geral, detestam barreiras de drenagem, porque a superfcie exposta pode apresentar-se muito escorregadia, resultando num tombo quando a roda bate no degrau e derrapa. medida que aumenta a declividade, o ngulo deste ressalto (e frequentemente a altura de sua face) tambm aumentam, para impedir sedimentao, aumentando a possibilidade de tombos.

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Valetas so o que h, Barreiras j eram Em trilhas j implantadas, com problemas de gua, encorajamos o uso de valetas de drenagem ou de bolses de escoamento, ao invs de barreiras de drenagem. E aqui est porqu: pelo seu prprio desenho, a gua que se choca contra um degrau desviada. Mas neste ponto sua velocidade diminui, acabando por deixar algum sedimento no escoadouro. E ento, quando o sedimento entope o escoadouro, a barreira acaba falhando. A gua passa por cima dela e continua descendo pelo trilho. O escoadouro torna-se intil. Voc consegue construir uma boa valeta de escoamento mais rpido do que instala uma barreira, e uma valeta de escoamento funciona melhor.

Barreiras de Pedra

Figura 18 - Barreiras de drenagem precisam ser construdas com ngulo de 45 a 60 graus em relao trilha. As de pedra so obviamente mais durveis que as de madeira.

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Barreiras de drenagem chegam pois a ser teis? Claro. Ressaltos de madeira ou de pedra so teis em trilhas de caminhada ou de tropa, onde um tropeo risco desprezvel, especialmente em declividades com menos que 5%. Onde no se tem muita terra com que trabalhar, e em reas que ocasionalmente sofrem chuvas torrenciais (como na Mata Atlntica), considere tambm valetas reforadas ou lajotadas.

Barreira com Escoramento em Tabuleiro

Figura 19 - Barreira de drenagem com escoramento em tabuleiro.

Uma variao da barreira de drenagem tradicional a barreira com escoramento em tabuleiro, ou seja, um aterro reforado com pedras. O escoramento construdo com pedras assentadas numa canaleta escavada. Os topos destas pedras esto rentes superfcie existente do piso, de modo que no representam obstculo ao trfego. Em seguida (logo abaixo), constroi-se, agora sim, um ressalto de pedras. Use pedras retangulares, encaixadas umas contra as outras, no sobrepostas. Enterre dois teros de cada pedra, alinhando-as num ngulo entre 45 e 60 graus com a trilha. Comece com sua pedra mais pesada, do lado externo da trilha - sua pedra fundamental - e v dali assentando as seguintes, transversalmente ao piso, subindo com a

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encosta, at amarrar o conjunto com o prprio talude. Por ltimo acrescente uma linha de pedras de conteno, angulada em direo oposta da barreira de drenagem. A extremidade externa desta mureta de conteno forma outro ngulo, de modo a quase tocar o canto inferior do ressalto de drenagem (figura 19). Encha o espao entre ambos com pedrinhas compactadas ou terra - e pronto.

Figura 20 - A chave para a manuteno de escoadouros garantir que o dreno no acabe sendo entupido de sedimento antes da prxima visita de manuteno. Assente pedras ou troncos um pouco mais profundamente, cubra-os com terra, e ter uma drenagem reforada.

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Mantendo Aberto o EscoadouroO inimigo nmero 1 dos drenos simples sedimento, especialmente em barreiras de drenagem. Se o escoadouro entope, a gua da qual estamos tentando nos livrar continua erodindo o piso caminho abaixo, ou apenas se assenta ali, numa poa. Os melhores escoadouros so aqueles que se limpam automaticamente, ou seja, aqueles nos quais a prpria gua lava o sedimento para longe, mantendo o dreno limpo. No mundo real, a maioria dos drenos coleta detritos e sedimento que precisa ser removido - ou o escoadouro ir parar de funcionar. E uma vez que pode se passar muito tempo entre as visitas de manuteno, o dreno necessita lidar com um alto volume de escoamento anual, sem falhar (figura 20). A melhor soluo para uma barreira que fora a gua a se desviar muito abruptamente, reconstruir a estrutura, na forma de uma valeta de drenagem, simples ou reforada...

Caminhando na chuva Muito se aprende quando se chapinha por uma trilha empoada durante uma tempestade, para observar o que a gua anda fazendo, e como seus drenos e estruturas esto se arranjando. Forme uma ideia de onde est vindo a gua, e para onde vai. Pense em tipos de solo, inclinao, distncia de fluxo, e volume dgua, antes de se decidir por alguma estratgia de ao.

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Relocando Trechos ProblemticosSe voc j tentou vrios mtodos de drenagem, e a gua continua rasgando sua trilha, hora de pensar seriamente em reorientar os trechos problemticos. Isto significa construir novos segmentos de trilha, desviando ou abandonando aqueles trechos. Esta sua chance de incorporar todas as boas idias de uma trilha curvilnea, que levem a gua a escoar transversalmente trilha. So elas: Assentaronovotrechodetrilhacontornandouma encosta. Manteradeclividadedatrilhamenorqueametade da inclinao da encosta. Construirumtaludecomcortetotal,paracriarum trilho slido e durvel. Incluirgenerosaquantidadedeinversesde declividade. Construiropisocomdiscretocaimentoparafora. Compactarporinteiroopisodatrilha. Certifique-se de que a nova seo que se conecta com a antiga trilha tenha transies suaves - nada de desvios abruptos. Alguns curtos trechos de trilha erodida podem no ser grande problema. Se a superfcie da trilha rochosa - e a gua, o uso, e as declividades so moderados - este trecho pode eventualmente estabilizar-se por conta prpria. Um trecho curto de trilha erodida pode provocar um dano ambiental menor do que a construo de um longo trecho reorientado. Pese suas opes com sabedoria.

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O Corredor da TrilhaO corredor da trilha inclui seu piso, bem como o espao acima e para os lados deste. Tradicionalmente, as laterais do corredor so definidas como reas de influncia, e suas bordas consideradas os limites de limpeza (figura 21). A vegetao aparada, e obstculos como grandes blocos e rvores cadas so removidos, para permitir que se possa caminhar (ou mesmo cavalgar ou pedalar) sobre o piso, com certo espao visual at mesmo para apreciar a mata e seus encantos.

Figura 21 - Vimos descrevendo os limites de limpeza do corredor da trilha. preciso entender estes termos, para limpar uma trilha dentro das especificaes.

As dimenses deste corredor so determinadas pelas necessidades dos usurios-alvo, e pelo desafio da trilha. Trilhas de caminhada so limpas at 2,5 metros de altura e at uma largura total de 2 metros. J trilhas para cavaleiros e tropas de animais so limpas at 3

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metros de altura e 2,5 metros de largura. preciso, portanto, conferir com a administrao, para confirmar o uso pretendido, e as dimenses apropriadas de qualquer trilha em questo.

Roando e LimpandoRoar uma trilha tem tudo a ver com aquela grande fornalha celeste - o Velho Sol. O Velho Sol, e seu cientista maluco, o Dr. Fotossntese, convertem a terra e a gua naqueles artifcios que desafiam a gravidade, chamados plantas. Trilheiros tarimbados atestaro sem hesitar a incrvel tenacidade e o poder singular das plantas. s limpar o corredor dos arbustos l existentes, e novas plantas se precipitaro em direo avenida ensolarada. Plantas invadindo o corredor da trilha e rvores tombando atravs dele, so um claro desafio integridade de uma trilha. Os arbustos rasteiros so os maiores viles. Mas outras plantas invasoras, como tufos de capim alto ou samambaiaus, tambm conseguem deixar a caminhada desconfortvel, ou mesmo fechar a trilha completamente. Se as pessoas tm dificuldade de andar pelo piso da trilha, acabaro pisoteando as laterais (geralmente ao longo da borda externa) ou criaro seu prprio caminho. Limpe esta maaroca vegetal! (figura 22) Em terreno plano, um corredor roado at distncias iguais, de cada lado do piso. No caso de uma trilha para excursionistas, isto significa que o corredor limpo at um metro para cada lado do centro. At 30cm da borda deste trilho, plantas e restos devem ser roados ao nvel do cho - at mesmo para que, em caso de chuva, plantas molhadas no fiquem encharcando a roupa do usurio, roubando parte do prazer da caminhada. A partir de 50cm, as plantas j no precisam ser aparadas,

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a no ser que ultrapassem meio metro de altura, ou algo assim - criando o espao visual ao nvel dos olhos. Troncos cados so geralmente removidos at os limites de limpeza (um metro).

Figura 22 - Esta trilha precisa ser roada. Corte fora toda a maaroca vegetal.

J em encostas moderadas ou ngremes, uma estratgia diferente precisa ser usada. Pisoteamento ao longo da borda inferior (externa) do piso causa comum de problemas. Pode-se usar material j existente nas beiradas, para ajudar o trfego a se manter mais no centro do piso. Um tronco cado, disposto ao longo desta beirada, orientar os andarilhos a se deslocarem

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mais para dentro, de forma a evit-lo. Pedras e galhadas podem ser deixadas intrometendo-se um pouco pela beirada externa, para guiar o trfego de volta ao centro, desde que este material-guia no impea a gua de escoar para fora da trilha (figura 23).

Figura 23 - Pedras e troncos ajudam a manter a trilha no lugar. Mas lembre-se de que este um caminho atravs da natureza, no um memorial a tila, o Huno.

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A chave assegurar-se de que este material-guia no interfira com o trfego ao longo do centro do corredor, e no bloqueie a drenagem. Por exemplo, ciclistas precisam de espao extra para seus pedais, evitando que esbarrem no talude de um lado, e nos materiaisguia de outro - neste caso, s dar ao piso um pouco mais de largura... Alguma coisa vai ter que sair Se tempo ou oramento estiverem apertados, considere roar apenas o lado de cima da trilha. S isto j permite que os usurios deixem livre a beirada inferior, conservando a trilha em seu devido lugar. Mas s vezes o maior problema acmulo de vegetao na beirada superior, que empurra o andarilho para a beirada oposta. Neste caso, corte e remova material do lado de cima da encosta, at uma distncia maior do centro do piso. Por exemplo, em encostas com inclinao maior que 50% interessante cortar troncos cados ou galhos intrometidos, at 2 metros do centro da trilha (distncia horizontal). Isto particularmente importante numa trilha que tambm serve a cavaleiros e tropas de carga, j que animais tendem a se desviar de objetos na altura das suas cabeas. Roar um corredor visual de trfego (ao invs de simplesmente limpar at altura e largura pr-fixadas) exige um pouco de intuio. Que pode ser algo meio difcil para equipes ainda inexperientes... Lembre finalmente que a viso de terra devastada, criada por um corredor de bordas retas, no muito agradvel de contemplar. Trabalhe com os arranjos vegetais j existentes, para naturalmente adornar ou guarnecer as beiradas do seu trabalho de limpeza, de

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forma a no deixar linhas retas demais. Apare os arbustos intrometidos ao nvel do cho, ao invs de cort-los a meia altura nos limites estabelecidos para limpeza. Corte todos os talos de plantas rente ao cho. Disperse os restos de galhos cortados para to longe quanto possvel. Jogue tocos e galhos, com as pontas cortadas na direo oposta da trilha - eles tambm voaro mais longe atravs dos arbustos. No amontoe os galhos em feixes, a no ser que esteja verdadeiramente decidido a queim-los ou remov-los mais tarde (e neste caso, d-lhes outro destino longe das vistas)... Esfregar com terra as pontas cortadas dos tocos beira da trilha, diminui aquela desagradvel impresso de corte fresco. Em reas especialmente sensveis, corte os tocos (rente ao cho), e depois cubra-os com terra, folhas cadas, ou restos de musgo. Ou mesmo enterreos. aqui que se pode dar asas criatividade. Um corredor cuidadosamente roado pode dar trilha um visual especial, que estimula os usurios a voltarem... Algumas trilhas podem acabar precisando ser roadas vrias vezes ao ano (especialmente em reas onde chove muito, como na Serra do Mar), outras apenas uma vez ao ano, ou at mesmo com um intervalo de anos... Mas executar alguma manuteno de corredor, quando necessria, bem mais fcil do que esperar at que o crescimento descontrolado quase apague a trilha do mapa, causando problemas mais dispendiosos.

Removendo rvoresGeralmente rvores crescendo dentro do corredor precisaro ser removidas. Lembre que aqueles brotinhos adorveis eventualmente crescem at cerrar fileiras, numa maaroca de rvores adolescentes. mais fcil arranc-los, com raiz e tudo, enquanto ainda so pequenos, do que pod-los depois, quando j crescidos.

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Figura 24 - H alguma coisa errada com estas rvores! Derrubeas inteiras, se precisarem poda excessiva.

Pode os ramos rente ao tronco. Para um corte limpo, faa primeiro um pequeno corte por baixo, para ento decep-los por cima. Isto impede que o galho arranque junto parte da casca da rvore, para baixo. No use machado para podar galhos, um faco ou foice funcionam melhor. Se mais do que metade da rvore exigir poda, melhor derrub-la por inteiro (figura 24). Corte as rvores rente ao cho, sem deixar um toco pontiagudo aflorando ao solo. Cortar grandes troncos que tenham cado atravessados na trilha trabalho perigoso. O tamanho dos troncos com os quais se est lidando, restries a equipamento motorizado, e sua habilidade e treinamento, iro determinar se melhor usar moto-serras, grandes serras traadeiras, ou machados. De qualquer forma, a segurana vem em primeiro lugar. preciso treinamento para operar uma moto-serra ou traadeira. Este treinamento, experincia e nvel de capacitao podem lhe permitir lidar com troncos j no cho, ou encarregar-se de tarefa mais avanada (e perigosa) como derrubar rvores ainda de p. Assegure-se de estar adequadamente treinado e capacitado, antes

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de cortar rvores, tanto cadas como de p. O uso do machado impe riscos similares. Remover os troncos cados outro problema para reflexo. O prprio treinamento exigido lhe ajudar a resolver tais problemas, por isso no nos deteremos nos detalhes. Corte troncos cados nos exatos limites de limpeza para o lado de cima da trilha, mas mais para dentro da trilha do lado de baixo. Role as toras para fora da trilha, e para alm dos limites de limpeza do lado de baixo. Nunca as deixe atravessadas sobre valas ou sobre as sadas de escoadouros de drenagem. Se precisar deixar toras do lado de cima da trilha, vire-as ou enterre-as, de modo que em hiptese alguma deslizem ou rolem de volta para cima da trilha. Algumas vezes voc encontrar uma rvore cada, paralela trilha. Se o tronco no estiver dentro dos limites de limpeza, e voc decidir deix-la no lugar, ao menos apare os galhos rente ao tronco. Desgalhar uma rvore de modo que o tronco repouse ao nvel do cho apressa sua decomposio. mais difcil decidir remover ou no rvores pendentes, troncos que ainda no vieram ao cho, mas que esto inclinados sobre a trilha. Se ela est dentro da zona de limpeza da trilha, deve ser derrubada. Fora isto, questo a discutir, se aquela rvore em particular deve ou no ser cortada. preciso levar em conta a intensidade de uso desta trilha, quanto tempo levar para que ela seja roada novamente, a solidez (ou no) do tronco, e o risco potencial que esta rvore esteja criando (figura 25). Derrubar uma rvore pendente, especialmente uma que esteja apoiada e escorada em outras rvores, pode ser muito perigoso. Apenas profissionais altamente qualificados devem trabalhar nelas.

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Quando em dvida, marque esta rvore com fitas, e notifique seu supervisor. Estatsticas de acidentes de trabalho revelam que derrubar rvores (incluindo os tocos) est entre as atividades mais perigosas para pessoas que trabalham no campo. Nem mesmo considere derrubar rvores, se no tiver sido formalmente treinado e capacitado.

Figura 25 - Se estiver se sentindo desconfortvel diante da sua competncia para cortar uma rvore com segurana, por causa dos perigos ou da sua falta de experincia, caia fora...

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Os Alicerces da TrilhaAqui voc vai saber como garantir que sua trilha tenha um alicerce slido e duradouro.

Trilhas CurvilneasConstruir trilhas encaixadas numa encosta, em nvel ou na diagonal, exige escavar a encosta da montanha para providenciar um piso estvel e slido. Alis, fique longe das reas planas, onde a gua no tem para onde escoar. Mantenha as inclinaes sustentveis, usando a regra da metade, e acrescente boa quantidade de inverses de declividade. Alm disso, imperativo dar ao piso um leve caimento para fora (cerca de 5%), para ajudar a gua a escoar atravs da trilha.

Construo com Corte Total do TaludeQuase todos os especialistas preferem construir o piso da trilha com o talude (degrau cortado na encosta) inteiro. Um degrau construdo removendo da encosta a largura integral da trilha, e dispersando a terra to longe quanto possvel (figura 26). Este tipo de construo exige mais escavao e deixa na encosta um corte

Figura 26 - Uma trilha com corte total do talude construda cortando da encosta a largura total do piso. E este piso precisa ter um caimento para fora de pelo menos 5%.

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mais alto que a construo com corte parcial, mas a base da trilha acaba sendo mais durvel, exigindo depois menos manuteno. Use a construo com corte total, sempre que possvel.

Construo com Corte Parcial do TaludeJ a construo com corte parcial outro mtodo (mais econmico) de cortar a trilha na encosta, mas exige certa experincia para obter o mesmo resultado. Parte do piso da trilha assenta-se para dentro da encosta, parte apoia-se sobre o material de aterro (figura 27).

Figura 27 - Na construo com corte parcial do talude, o piso da trilha fica meio para dentro da encosta, meio sobre o material de aterro. Como no outro caso, o piso precisa tambm de um caimento para fora, de pelo menos 5%.

O aterro precisa consistir de firme e slido material de enchimento, como pedras ou madeira que no apodrea. E precisa ser compactado por igual - esta a charada a resolver. O Talude - o talude consiste na rea escavada e exposta, acima da superfcie do piso. A inclinao deste talude deve combinar com o ngulo de repouso (ou seja, de estabilidade) do material da encosta. Especificaes de trilha podem pedir um talude com inclinao de 1:1, o que significa um metro de elevao para um metro de deslocamento (ou projeo) horizontal.

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A maioria dos solos estvel com um talude de 1:1. Rocha slida pode at ter uma inclinao mais vertical de 2:1, enquanto solos menos coesos precisam de uma inclinao de 1:2 (figura 28).

Figura 28 - Taludes so determinados atravs de uma relao entre a elevao e sua projeo horizontal.

Como base, v diminuindo a inclinao do talude at que o material solto pare de rolar de volta sobre o piso. Ento estabilize o barranco todo, compactando-o com a parte chata de uma p ou enxada.

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Taludes Estveis Examine a paisagem e o solo das redondezas, para observar reas estveis. Crie um talude com inclinao um pouco mais deitada do que achar necessrio. Embora voc possa inicialmente expor maior rea de terra nua, as chances de sua trilha permanecer estvel, e de o talude voltar a se cobrir de vegetao (que tambm ajuda a segurar a terra), so maiores do que se deixar o talude to em p, que ele continue deixando cair terra. Uma opo para reduzir a escavao de um talude cortar menos, e construir um muro de conteno. Isto pode ser menos agressivo do que largas escavaes, e mais estvel, se o muro for bem construdo. Aterro - O aterro aquela rea abaixo do piso, na encosta abaixo da trilha. Um talude com corte total obviamente no ter nenhum aterro deste lado, o que um ponto a seu favor. Pois aterros so crticos. Geralmente precisam ser reforados com muros de conteno, para impedir que desmoronem. E o desmoronamento de aterros comum, podendo comprometer inteiramente a trilha. Esta a razo pela qual a maioria dos construtores de trilha prefere os taludes com corte total.

Deslocando a terraEstudar planos de construo uma coisa. Sair e construir uma trilha curvilnea, outra totalmente diferente. Aqui temos um mtodo testado, que funciona at para novatos. Esta tcnica para a remoo de terra, depois que a vegetao superficial tiver sido removida.

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Coloqueestacas(oubandeirinhas)paramantera escavao no alinhamento certo. Ponha-sedepsobreumadasestacasdecentrode trilha e olhe encosta acima. Gire sua enxada ou outra ferramenta, para marcar a rea a ser limpa. Onde a ferramenta atingir a encosta, ser aproximadamente o topo do talude. Quanto mais vertical a encosta, mais alto o talude. Repita isto em cada estaca de centro, e ento trace uma linha unindo as marcas. Isto define a rea a ser escavada at o solo mineral. Limpe mais ou menos a mesma distncia do lado oposto, abaixo da estaca. Deixe mo a serapilheira (camada defolhas secas e decompostas sobre o solo), depositando-a acima do corte. Ela ser usada mais tarde. No limpe mais trilha do que possa escavar no mesmo dia, a no ser que saiba que no v chover at completar o trecho todo. Agoratrabalheopiso,aolongodaprprialinha de estacas. Primeiro nivele o piso, depois trabalhe o caimento correto para fora. Por ora, evite preocuparse com o talude, examinando a encosta acima enquanto estiver dando forma ao piso ainda que sinta vontade de atac-lo tambm. Assegure-sedequealarguradopisoaindasem acabamento se iguale ao comprimento do cabo da sua enxada. O piso terminado ficar da largura certa para uma boa trilha de caminhada. Certifique-sedequeasinversesdedeclividadee outras estruturas de drenagem sejam sinalizadas (com bandeirinhas especiais) e construdas de acordo. Trabalheagoraotalude,cominclinaoquaseigual da encosta original. ngulos de inclinao so complicados de entender. Em vez disto, estude as encostas naturais ao redor, e procure copi-las. Arredondeotopodotalude,bemcomosuabase, onde o talude se funde ao piso da trilha. E tambm a crtica borda externa da trilha. Manter estas reas

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lisas e arredondadas ajuda a gua a escoar naturalmente atravs da trilha. Andeaolongodatrilha,paraconferirocaimento do piso. Se sentir seus calcanhares se inclinando para fora, provavelmente h caimento excessivo (figura 29). O caimento deveria ser mal e mal perceptvel ao olho. Uma garrafa PET parcialmente cheia dgua pode servir como um bom nvel. Ou voc pode colocar a enxada de p, sobre o piso da trilha - o cabo deveria inclinarse de leve para fora. Compacteopisoporinteiro,incluindootalude, socando-o com as costas de uma enxada. No deixe a compactao a cargo dos futuros usurios da trilha. Eles iro compactar apenas o centro desta, criando um sulco que canalizar a gua, a escorrer pelo centro da trilha. Porltimo,espalheosoloorgnicopreviamente reservado, sobre a terra solta que foi atirada encosta abaixo. Este solo orgnico ajuda a deixar a borda externa mais natural, e faz a nova trilha parecer como se j estivesse l h anos... Cuidedenocriarumaberma,juntocomestesolo orgnico.

Figura 29 - Se seus calcanhares comearem a se inclinar, porque o piso j apresenta caimento excessivo.

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O Piso da TrilhaO piso a prpria superfcie trafegvel, onde as solas (ou cascos) encontram a trilha. a superfcie construda e mantida para resistir ao uso projetado para sua trilha. A abertura de trilhas exige a construo de um piso slido e duradouro. Para conseguir isto, assente a trilha de acordo com o perfil do terreno. Fatores como tipo de solo, precipitao anual e outros, certamente influenciam quanto tempo um piso permanece estvel, antes que manuteno adicional seja necessria. O tipo e textura de solo exercem enorme influncia sobre sua drenagem e propenso eroso. A textura consiste no tamanho das partculas individuais do solo, e na proporo de argila, silte e areia na sua composio. Argila e silte so os componentes com as menores partculas. Partculas pequenas tendem a dar ao solo uma textura barrenta quando molhadas, e poeirenta quando secas. Argila e silte no oferecem boa drenagem, e tendem a empoar o solo. J a areia feita de partculas grandes, que no se ligam umas s outras e so portanto muito soltas, sendo facilmente erodveis - mas oferecem boa drenagem. A quantidade de matria orgnica tambm influencia seu potencial de drenagem e resistncia eroso. O melhor tipo de solo uma mistura adequada de argila, silte e areia. Se o seu solo carece de qualquer um destes, pode-se tentar acrescentar o que estiver faltando. Conhecer os tipos de solo encontrados quando se constri uma trilha, ajuda a desenvolver um piso slido e estvel. A superfcie do piso deve harmonizar-se com o uso pretendido. Trilhas mais fceis devem apresentar um piso liso, de aparncia uniforme.

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Conhea seu Tipo de Solo com teste de fita Tome um punhado de solo umedecido e modele um cilindro, enrolando com as duas mos. Ento, aperte-o entre o polegar e o indicador, para modelar uma fita o mais longa e fina possvel. TexturaArenosa Franca

SensaoAspereza Segurana alguma aspereza Sedosidade Significativa aspereza Maciez

FitaNo forma fita Grossa e muito curta

Siltosa Argilosaarenosa Argilosa

Produz flocos, mais do que uma fita Fina, bastante comprida (50-70mm) e no se parte Muito fina e muito longa (75mm)

Trilhas mais remotas podem ser mais rsticas e desafiadoras. Deixar alguns obstculos na trilha ajuda a reduzir a velocidade dos usurios. O piso tambm a superfcie de deslocamento em estruturas como elevados e passarelas. Sempre que o piso ficar mais elevado, deve ser abaulado, ou seja, mais alto no centro do que dos lados, para promover a drenagem.

Caimento para ForaO piso com caimento aquele que mais baixo do lado de fora (ou externo), do que do lado de dentro (ou seja, do talude). O caimento para fora deixa a gua superficial escoar atravs da trilha naturalmente. O piso deve ter portanto um caimento para fora, de no mnimo 5%. A perda deste caimento geralmente o primeiro

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problema de manuteno a ocorrer em qualquer trilha. Quando oramentos estiverem apertados, se voc no puder fazer mais nada pela trilha, ao menos restabelea este caimento. Cuidar dele rende grandes dividendos...

Removendo Razes e TocosA remoo de tocos e razes trabalho duro. Explosivos e trituradores so boas alternativas para remover tocos, mas o mais provvel que se tenha que fazer o trabalho mo. Ocasionalmente, uma picareta larga ou uma enxada grossa podem ser usadas para decepar as razes. Se voc conta com algum tipo de sistema de guincho para lhe ajudar a arrancar tocos, deixe-os compridos o suficiente, coisa de um metro, para dar-lhe suporte onde fixar cabos e polias... Mas nem todas as razes e tocos representam problemas. Numa trilha em construo, no se deveria precisar remover muitos tocos grandes. E antes de arrancar um toco, reflita se outras equipes no o teriam deixado, para ancorar a terra, evitando assim que a trilha deslize encosta abaixo.

Regra prtica para razesSeasrazesestotransversaisaopiso,bem rentes ao cho, e no representam perigo de tropeos, deixe-as. Removarazesqueestejamparalelasaopiso. Estas ajudam a canalizar a gua trilha abaixo, e introduzem o risco de escorreges. Direcionesuatrilhadeformaquepasse acima de grandes rvores. Construir abaixo das rvores enfraquece suas razes - ao ponto de eventualmente matar a prpria rvore.

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Remoo de Blocos de PedraO trabalho com pedras vai da construo de muros de conteno demolio de rocha slida. Estas tarefas envolvem um trabalho de especialista. Quando for necessrio remover uma rocha, uma boa exploso pode poupar equipe assombrosa carga de trabalho. Quando se constri um muro de conteno, o uso da pedra chega a ser uma arte, criando uma estrutura que pode resistir por sculos. O trabalho com pedra exige portanto bom planejamento e habilidades especiais. O segredo de mover grandes blocos pensar primeiro. Planeje para onde o bloco dever ir, e antecipe como rol-lo at l. Seja paciente - quando blocos so deslocados s pressas, acabam quase sempre tombando no lugar errado. E combine com os outros colegas de equipe como o trabalho ser feito, e que passo ser dado a seguir. As ferramentas do ofcio incluem: Muitasalavancasdeboaqualidade.Enose contente com simples barras de ferro barato. Voc precisa de alavancas de ao forte, com maior resistncia e teno. Picaretas Marretas culosdeproteo,luvasecapacete.Nemmesmo pense em usar uma ferramenta na pedra, sem usar equipamento individual de proteo. Carrinhosdemo,sacosdelona,baldesecaixas para cascalho - todos teis para carregar pedras de variados tamanhos. Sistemasdeguinchos,cabosepolias.Algunsblocos podem ser arrastados, outros deixados no lugar. Vriostiposdeequipamentosmotorizados, incluindo brocas, cunhas, e marteletes a bateria ou ar comprimido.

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Crebro Primeiro, Msculos Depois Lembre que as duas leses mais comuns ao trabalhar com pedra so dedos esmagados e costas arrebentadas. Ambas decorrem de usar os msculos primeiro, e o crebro depois. O trabalho caprichado com pedras quase sempre tarefa metdica, quase entediante. Trabalhar com segurana sempre mais rpido do que procurar socorro mdico. Dinamite pode ajudar a remover pedras, ou a reduzir substancialmente o tamanho dos blocos. A tcnica correta com explosivos pode produzir material do tamanho de cascalho. Equipamento motorizado pode ser usado para partir blocos ou aplainar obstculos ao longo do piso. Cunhas e talhadeiras podem ser usadas para lavrar pedras para muros de conteno ou estruturas-guias. Agentes qumicos de expanso podem ser despejados dentro de orifcios previamente perfurados em grandes rochas, partindo-as sem o uso de explosivos - uma tcnica que pode assim ser usada por pessoas sem familiaridade com explosivos. Especificaes particulares de manuteno de trilha podem pedir a remoo de rochas encravadas. Use aqui seu bom senso. Blocos maiores geralmente so removidos mais facilmente com explosivos. Outras solues podem incluir uma rampa que passe por cima da pedra, ou ainda desviar a trilha para que contorne o bloco. Rochas devem ser removidas at uma profundidade de 10 cm abaixo da superfcie do piso - ou de acordo com quaisquer padres especficos para a trilha em questo. Simplesmente arrancar o topo da pedra, de modo que a rocha fique rente ao piso, pode mais tarde deixar um

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obstculo, se o solo mais superficial sofrer algum grau de eroso. Alavancas funcionam bem, para movimentar blocos mdios e grandes. Use as alavancas para descolar os blocos do cho e gui-los para fora da trilha. Quando uma equipe consegue enfiar duas ou trs barras por baixo de diferentes faces de um bloco avantajado, pode aplicar foras pedra e literalmente flutu-la at uma nova locao com movimentos de remada. Para melhor aplicar tais foras, use um bloco menor ou um tronco atravessado, como ponto de apoio. Pode parecer divertido na hora, mas evite a tentao de empurrar um bloco solto encosta abaixo. Quando uma pedra comea a rolar pela montanha, pode derrubar rvores menores, arrancar a casca das maiores, e destruir estruturas de trilha j construdas.

Use o crebro, no a fora bruta Ao lidar com pedras, trabalhe com a cabea, no s com os msculos. Arrastar os blocos o mais fcil. Rol-las pode ser necessrio, algumas vezes. Levantar as pedras o ltimo recurso.

Ou pior, um bloco que escape ao controle pode cruzar a trilha ou uma estrada abaixo, atingindo algum. Se existe qualquer possibilidade de que haja gente abaixo, ao lidar com grandes blocos, feche a trilha ou a estrada, ou pelo menos coloque vigias em locais seguros, para avisar quaisquer transeuntes. Voc pode at construir previamente uma barreira de troncos, ancorada pelas rvores, antes de tentar mover

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a pedra, impedindo-a de ganhar impulso. Mas depois que um bloco comear a rolar, no tente par-lo. Quando precisar levantar alguma pedra, lembre de manter as costas retas e levant-la com a fora das pernas. Dividir o esforo com outro colega, tambm uma boa idia. Para colocar uma pedra dentro de um carrinho de mo, deite o carrinho para trs, sobre seus cabos, role a pedra com jeito por cima destes (ou de outras pedras menores, ali dispostas em rampa) e tombe o carrinho de volta sobre a roda. Toda vez em que lidar com pedras, deixe seus dedos a salvo delas. Pedras menores so geralmente necessrias como material de aterro, por trs de muros de conteno, e em elevados e escadas. Aqui, baldes e carrinhos de mo vm muito bem a calhar, assim como sacolas de lona, para carreg-las. Se a equipe numerosa, passar as pedras de mo em mo muitas vezes funciona bem. Mas lembre-se, geralmente no boa idia girar o corpo da cintura para cima, segurando um bloco pesado.

Manuteno do PisoUma superfcie slida e com caimento para fora, o objetivo principal da manuteno de trilhas. Remova e disperse o material da berma que se acumule na borda de fora do trilho. Refaa o piso e restaure o caimento. Mantenha o piso com a largura projetada. Remova todo o detrito que tiver cado no trilho - paus e pedras, e at papis de bala. A manuteno inclui ainda remover obstculos, tais como razes e pedras salientes, nas trilhas mais fceis. Significa tambm reparar quaisquer trechos que possam ter sido danificados por deslizamentos, rvores desenraizadas, queda de barreiras, ou problemas de drenagem. Compacte novamente todo o piso e trechos de talude que tenham sido refeitos.

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Desbarrancamentos e BermasEm trilhas de encosta, desbarrancamentos so a terra, pedras, e outros detritos que desmoronaram para dentro do piso, estreitando a passarela. Este material precisa ser removido (figura 30). E fazer isso trabalho duro. Mas desbarrancamento que no removido, uma das principais razes para que as trilhas deslizem insidiosamente encosta abaixo. Afofe a terra compactada com um enxado, e ento remova-a com uma p. Reajuste o piso, para restaurar o caimento para fora. Evite mexer no talude inteiro, a no ser que seja absolutamente necessrio. Apenas remova a terra desbarrancada e refaa a inclinao ao p do talude. Lembre de compactar minuciosamente o piso. As bermas so produzidas pelo acmulo de terra que vai se acumulando do lado externo da trilha, formando uma barreira que impede a gua de escoar para fora. Bermas se formam quando a gua escava o piso insuficientemente compactado durante a construo, deixando um meio-fio de terra na beirada da trilha. Conseqentemente a gua corre ao longo do piso, ganhando volume e carregando ainda mais terra - e formando uma berma ainda maior. Remov-la sempre a melhor prtica. As bermas formam uma falsa borda, especialmente quando associadas ao deslizamento da trilha. Esta falsa beirada material no consolidado, geralmente incluindo importante quantidade de material orgnico, que no suporta peso. Este provavelmente o ponto menos estvel na maioria das trilhas, e um dos fatores que mais contribuem aos desmoronamentos e colapsos da beirada. Se as bermas persistem, um caimento para dentro pode

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Figura 30 - Remova o desbarrancamento e a berma, refazendo o caimento para fora de modo que a gua possa escoar e escapar.

ser uma opo. Este essencialmente uma curva associada a uma berma. Curvas com caimento para dentro melhoram o fluxo de trilha, e acrescentam um elemento de diverso em trilhas para veculos fora-de-estrada e bicicletas de montanha. Mas deve-se investir especial ateno na criao de estruturas de drenagem apropriadas. Isto exige muita experincia em construo de trilhas, e bom entendimento dos fluxos dgua.

Deslizamento do PisoSua trilha por acaso exibe: Lajerochosaourazesexpostas,aolongodoladode cima do trilho? Umalinhamentodetrilhoquesobeatcadaponto de controle, para novamente baixar antes de subir ao prximo ponto de controle? rvoresarranhadasdoladodebaixo,poralforgesde animais de carga? Qualquer das trs indicaes sugere que o piso est sendo erodido e compactado pelo uso ao longo da

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beirada de fora. Um forte escorregamento do piso pode estar acontecendo. Este deslizamento precisa ser detido, ou a trilha eventualmente acabar ficando muito difcil ou mesmo perigosa de percorrer (figura 31).

Figura 31 - Um caso clssico de deslizamento do piso. esta trilha precisa de providncias agora, porque o piso est escorregando encosta abaixo.

O que causa um deslizamento de piso? A resposta simples. A maior parte dos animais de carga, trfego sobre rodas, e at alguns usurios, tendem a andar pela borda externa das trilhas ao longo de encostas.

Figura 32 - O deslizamento do piso em marcha - pequenos desbarrancamentos e terra arrancada das beiradas.

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Pequenos desbarrancamentos tambm empurram o trfego para a borda da trilha, deixando-a como nica faixa mais plana onde andar. Taludes verticais demais podem desbarrancar material sobre o piso, estreitando a trilha. E assim tambm o crescimento de plantas no roadas, na borda de cima do caminho. A trilha acaba ficando estreita demais. O resultado que o trfego acaba andando perto demais da borda de fora (figura 32). Seu trabalho trazer a trilha de volta para seu lugar original, e ali mant-la. Para consertar um piso escorregado, recorte adequadamente o talude, remova as barreiras cadas, e restabelea o caimento de 5% para fora. Aproveite-se de grandes objetos fixos (estruturas-guia) para reorientar pessoas e animais, visualmente empurrando-os de volta ao centro da trilha e impedindo-os de caminhar pela beirada. rvores e arbustos, tocos semienterrados, pedras e galhadas deixadas perto da crtica beirada inferior da trilha, induziro o trfego a andar mais pelo centro desta. O material de piso entre uma destas estruturasguia e a seguinte pode escorregar encosta abaixo, criando uma situao em que a trilha passa por cima de cada um destes pontos de controle e volta a descer do outro lado, num constante sobe-e-desce... No ponto mais baixo de cada uma destas descidas, gua e sedimentos se acumulam. Este o ponto mais vulnervel do piso, e o mais sujeito a uma catastrfica queda de barreira. O piso pode estar to solto, que animais de carga podem enfiar a pata completamente atravs do piso, desmoronando sua beirada inferior. Ou bicicletas e motos podem tombar junto com a borda que desmorone, resultando num acidente grave. Onde houver pouca terra, voc pode ter que construir um baixo muro de conteno e trazer material para

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refazer o piso. A trilha (puxada de volta para cima) precisar de novo talude na encosta, mantendo o alinhamento original. Estruturas-guias podero ser instaladas na beirada de fora do piso, para manter o trfego no centro da trilha. Uma observao sobre estas estruturas-guia: se voc usar uma grande pedra, assegure-se de que ao menos dois teros fiquem enterrados, de modo que pessoas ou animais no acabem por rol-la para baixo (figura 33). Estruturas-guia devem ser colocadas ao acaso, mas de forma que no represem a gua ao longo do trilho. A trilha pode at precisar ser alargada um pouco mais, para acomodar a estrutura-guia.

Estabilizando o Deslizamento do Piso

Figura 33 - Pedras-guia adequadamente instaladas para ajudar a impedir o escorregamento do piso. Mas cuidado para no criar uma barreira contnua que impea a drenagem da gua.

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Trilhas em reas EncharcadasPoucos animais gostam de molhar os ps. H algumas excees, naturalmente. Lontras, castores, ces perdigueiros, motociclistas, e crianas pequenas gostam de pular para dentro da gua. Mas o resto de ns - cavalos, lhamas, e excursionistas adultos - geralmente do grandes voltas para no molhar os ps ou evitar cair na gua. Este captulo lida com uma gama de opes para conduzir o trfego da trilha, de um lado do terreno encharcado ao outro. J que quase todas as tcnicas para adequar trilhas em reas pantanosas so dispendiosas e precisam ser refeitas periodicamente, transferir a seo-problema para lugares mais adequados a primeira alternativa a ser considerada. Procurar lugares mais secos onde assentar a trilha e estudar eventuais mapas de solo, tempo bem empregado. A rota alternativa deveria atravessar uma encosta, para favorecer a drenagem da trilha. No desvie a seo-problema para dentro de outra rea encharcada. Se o fizer, o resultado sero duas sees com problemas, ao invs de uma s. Dois tipos de estruturas, mais dispendiosas e complexas pisos elevados e passarelas - so geralmente construdas para manter as trilhas secas quando atravessam reas molhadas ou pantanosas. Reforar a trilha com pedras uma tcnica popular em reas onde trilhas mais resistentes so necessrias. O uso de materiais geossintticos em combinao com estas tcnicas tambm resulta num piso melhor, com menos aterro. Um pontilho pode ser necessrio para cruzar riachos ou em situaes onde longas transposies ficaro suspensas sobre o terreno. Mas pontes exigem desenhos especficos, adaptados para cada tipo de uso.

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E antes de construir, seja uma ponte padro, seja uma verso especial, necessria uma aprovao tcnica. Passarelas so comuns em alguns lugares, e podem variar de estruturas mais simples colocadas sobre superfcies encharcadas