53
MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE

OBRAS

Page 2: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

ÍNDICE DE TEMAS

CAPITULO I 4

1. INTRODUÇÃO 4 1.1 DEFINIÇÃO 4 1.2 PAPEL DO FISCAL DA OBRA 4 1.3 MODO DE ACTUAÇÃO NA FISCALIZAÇÃO 6 1.4 RECLAMAÇÃO CONTRA AS ORDENS RECEBIDAS 7 1.5 FALTA DE CUMPRIMENTO DA ORDEM 7 1.6 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DESENHOS DO PROJECTO 8

CAPITULO II 9

2. CONTROLO DO PROGRESSO DA OBRA 9 2.1 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS USADOS EM OBRAS 9 2.2 TIPOS DE OBRAS 10 2.3 FASES DE UMA OBRA 11 2.4 MOVIMENTO DE TERRA E ROCHA 14 2.5 SERVIÇOS GERAIS INTERNOS 15 2.6 INFRA-ESTRUTURAS 15 2.7 BETÃO E FERRAGENS PARA FUNDAÇÕES 16 2.8 FUNDAÇÕES OU OU SAPATAS 17 2.9 GUARNECIMENTO DE VÃOS 20 2.10 COBERTURA 21 2.11 TECTO FALSO 21 2.12 REVESTIMENTO DE PAREDES 21 2.13 SISTEMAS HIDRÁULICOS 22 2.14 SISTEMAS ELÉCTRICOS 22 2.15 PINTURA 22

CAPITULO III 23

3. CONTROLO DE QUALIDADE 23 3.1 QUALIDADE DOS MATERIAIS - ESCOLHA DOS MATERIAIS 23 3.2 QUALIDADE DOS TRABALHOS - APLICAÇÃO DOS MATERIAL 27 3.3. CONTROLO DE QUANTIDADES 27

CAPITULO IV 34

4. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DE UMA OBRA 34 4.1 PROJECTO 34

2/54

Page 3: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

4.2 CADERNOS DE ENCARGOS 35 4.3 ORÇAMENTO 35 4.4 CRONOGRAMA DE TRABALHOS 35 4.5 CONTRATO 35 4.6 COMPROVATIVO DE PAGAMENTO DO ADIANTAMENTO 39 4.7 AUTO DE CONSIGNAÇÃO DA OBRA 39 4.8 LICENÇAS 39 4.9 DOCUMENTAÇÃO EM OBRA 39 4.10 AUTOS DE MEDIÇÕES 40 4.11 CERTIFICADOS DE PAGAMENTOS 40 4.12 ACTAS DE REUNIÕES 40 4.13 RELATÓRIO DO PROGRESSO DA OBRA 41

CAPITULO V 49

5. INFRA-ESTRUTURA DE APOIO E SEGURANÇA EM OBRA 49 4.1 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO Á OBRA – ESTALEIRO DA OBRA 49 5.2 MEDIDAS DE PROTECÇÃO PREVENTIVA NA OBRA 50 5.3 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIOS NA OBRA 51 5.4 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA NA OBRA 53

3/54

Page 4: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

CAPITULO I 1. INTRODUÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO

O Dono da Obra exercerá a fiscalização das obras/serviços através de equipas de

fiscalização ou técnicos especialmente designados para esse fim, sem reduzir

nem excluir a responsabilidade da Empreiteira. Ficam reservados à fiscalização o

direito e a autoridade para resolver todo e qualquer caso singular, duvidoso ou

omisso, não previsto no contracto, no edital, nas especificações, nos projectos,

nas leis, nas normas, nos regulamentos e em tudo mais que de alguma forma se

relacione directa ou indirectamente com as obras/serviços em questão. Os

complementos, independentemente da equipa de fiscalização ou técnicos

designados para fiscalização das obras/serviços, poderão ser contratados pelo

Dono da Obra, técnicos ou firmas especializadas para apoio da mesma, embora a

ela subordinados.

1.2 PAPEL DO FISCAL DA OBRA 1.2.1 Indicar à Empreiteira todos os elementos indispensáveis ao início das

obras/serviços, no prazo de 2 (dois) dias a contar da emissão de ordem de

serviço.

1.2.2 Exigir da Empreiteira o cumprimento integral do estabelecido no caderno de

encargos.

1.2.3 Exigir o cumprimento integral dos projectos, detalhes, especificações e

normas técnicas aplicáveis.

1.2.4 Verificar a implantação da obra de acordo com as referências necessárias

fornecidas ao empreiteiro.

4/54

Page 5: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

1.2.5 Verificar a exactidão ou erro efectuados nas previsões do projecto em

especial com a colaboração do empreiteiro no que respeita as condições de

terreno.

1.2.6 Rejeitar todo e qualquer material de má qualidade ou não especificado e

estipular o prazo para a sua retirada da obra.

1.2.7 Exigir a imediata substituição de técnicos, mestres ou operários que não

correspondam técnica ou disciplinarmente às necessidades dos serviços.

1.2.8 Verificar a observância dos prazos estabelecidos.

1.2.9 Averiguar se foram infringidas quaisquer disposições do contrato e das leis e

regulamentos aplicáveis.

1.2.10 Comunicar ao empreiteiro as alterações introduzidas no plano de trabalho

pelo Dono da Obra segundo as propostas pelo empreiteiro.

1.2.11 Informar da necessidade ou conveniência do estabelecimento de novas

serventias ou da modificação das previstas e da realização de quaisquer

aquisições ou expropriações, pronunciar-se sobre as circunstâncias que, não

sendo previstas no projecto, confirmam a terceiros direitos a indemnização e

informar das consequências contratuais e legais desses factos.

1.2.12 Decidir quanto à aceitação de material “similar” ao especificado, sempre

que ocorrerem motivos de forças maior.

1.2.13 Esclarecer prontamente as dúvidas que forem apresentadas pela

Empreiteira.

1.2.14 Expedir por escrito as determinações e comunicações dirigidas à

Empreiteira.

1.2.15 Autorizar as providências necessárias junto a terceiros.

1.2.16 Promover com presença da Empreiteira as medições dos serviços

executados.

1.2.17 Transmitir por escrito, instruções sobre as modificações dos serviços que

porventura venham a ser feitos, bem como, as alterações de traço, de prazo e

cronograma.

5/54

Page 6: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

1.2.18 Relatar oportunamente ao Dono da Obra ocorrências ou circunstâncias que

possam acarretar dificuldades no desenvolvimento dos serviços em relação a

terceiros.

1.2.19 Dar ao Dono da Obra a imediata ciência de factos que possam levar à

aplicação de penalidades contra a Empreiteira, ou mesmo à rescisão do Contrato.

A substituição de qualquer integrante da equipa técnica proposta pela Empreiteira,

durante a execução das obras/serviços, somente será admitida, a critério do Dono

da Obra, mediante a comprovação de experiência equivalente ou superior ao

substituto proposto.

1.2.20 Os serviços deverão desenvolver-se sempre em regime de estreito

entendimento entre a Empreiteira, sua equipa e a fiscalização, dispondo esta de

amplos poderes para actuar no sentido de cumprimento do contrato.

1.2.21 Reserva-se ao Dono da Obra o direito de intervir nas obras/serviços

quando ficar comprovada a incapacidade técnica da Empreiteira ou deficiências do

equipamento e da mão de obra empregada, sem que desse acto resulte o direito

da mesma pleitear indemnização seja a que título for.

1.3 MODO DE ACTUAÇÃO NA FISCALIZAÇÃO

1.3.1 Para realização das suas atribuições, a Fiscalização dará aos Empreiteiros

ordens, far-lhe-à avisos e notificações, procederá as verificações, medições e

praticará todos os demais actos necessários.

1.3.2 Os actos referidos no número anterior só poderão aprovar-se contra ou a

favor do Empreiteiro mediante documentos escritos.

1.3.3 A Fiscalização poderá processar-se sempre de modo a não perturbar o

andamento normal dos trabalhos e sem anular a iniciativa e correlativa

responsabilidade do Empreiteiro.

6/54

Page 7: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

1.4 RECLAMAÇÃO CONTRA AS ORDENS RECEBIDAS

1.4.1 Se o Empreiteiro refutar de forma ilegal, contrária ao contrato ou

perturbadora dos trabalhos de qualquer ordem recebida, deverá apresentar ao

fiscal da obra no prazo de 5 dias, a sua reclamação, em cujo duplicado será

escrito “recebido”.

1.4.2 Se a ordem não fôr da autoria do Fiscal da Obra, encaminhará este para a

entidade competente, pedindo as necessárias instruções.

1.4.3 O Fiscal da Obra notificará a decisão da Obra ao Empreiteiro no prazo de 30

dias, equivalente ao seu silêncio será o diferimento da reclamação.

1.4.4 Em caso de urgência ou de perigo eminente, poderá o fiscal da obra

confirmar por escrito a ordem de que pede a reclamação, exigindo o seu imediato

cumprimento.

1.4.5 Nos casos de números anteriores e bem assim quando a reclamação for

indeferida, será o Empreiteiro obrigado a cumprir prontamente a ordem, ficando

porem liberado de toda a responsabilidade civil ou criminal que desse

cumprimento resultar e tendo direito a ser indemnizado do prejuízo e do aumento

do suporte se vier a ser reconhecida a procedência da sua reclamação.

1.4.6 Das decisões do fiscal da obra proferidas sobre as reclamações do

Empreiteiro ou seu representante caberá sempre recursos hierárquicos para o

orgão de que ele depender mas, sem efeito suspensivo.

1.5 FALTA DE CUMPRIMENTO DA ORDEM

1.5.1 Se o Empreiteiro não cumprir com a ordem legal dimanada pelo fiscal da

Obra, dada por escrito sobre matéria relativa a execução da Empreitada nos

termos contratuais e, não fôr absolutamente impedido de o fazer por motivos de

força maior, assistirá o Dono da Obra o direito de, se assim o entender, rescindir o

contrato por culpa do Empreiteiro.

7/54

Page 8: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

1.5.2 Se o Dono da Obra não rescindir o contrato ficará o Empreiteiro responsável

pelos danos emergentes da desobediência.

1.6 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DESENHOS DO PROJECTO

Na obra deverão estar expostos todos os desenhos referentes ao projecto da obra

e a sua interpretação será feita na ordem do cronograma de execução da obra

apresentado pelo empreiteiro.

8/54

Page 9: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

CAPITULO II

2. CONTROLO DO PROGRESSO DA OBRA

2.1 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS USADOS EM

OBRAS

2.1.1 Noções Básicas Sobre Materiais De Construção Civil De entre os vários materiais usados na construção civil podemos destacar os

seguintes de acordo com as localizações.

• Estrutura - Pedra, burgau (fino, médio, grosso), areia, areião, cimento,

varões de aço, arame queimado, estacas de madeira, perfil de ferro, tubos,

etc.

• Alvenaria - Blocos de cimento, tijolo cerâmico, tijolo refractário, tijolito, areia,

cimento, cal, rede de capoeira, madeira, contraplacado, pedra, pau-a-pic,

adobe, etc.

• Guarnecimento de vãos-madeira, chapa metálica, contraplacado, vidros,

pregos, parafusos, fechaduras, fechos, dobradiças, tubos circulares e/ ou

rectangulares, etc.

• Cobertura – telhas cerâmicas, chapa de zinco, chapa de fibrocimento,

chapa acrílica, capim, betão armado, etc.

• Tecto falso – placa de gesso, contraplacado, chapas lisas de fibrocimento,

chapas de pvc, chapas metálicas, etc.

• Revestimento de piso e paredes – Mosaico (de todo o tipo), azulejo (de

todo o tipo), madeira, contraplacado, cimento, cola, etc.

• Pinturas - tinta plástica, tinta de esmalte, verniz, diluente sintético e

celuloso, lixa, bondex, antek, etc.

• Redes técnicas - tubos PVC, tubos VD, fios, uniões, válvulas de retenção,

canhão, etc.

9/54

Page 10: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.1.2 Noções básicas sobre equipamentos e ferramentas usadas em

construção civil • Estrutura - Betoneira, guincho, martelo, serrote, picareta, enxada, pá, balde,

dumper, etc.

• Alvenaria - Colher, talocha, prumo, nível, esquadro, escopro, carro- de-

mão, colher, ponteiro, régua, fita métrica, mangueira de nível, vibrador, etc.

• Guarnecimento de vãos – Folha de serra, broca, berbequim, martelo, plaina

e rubi.

• Cobertura - Martelo, chave de bola e berbequim.

• Tecto falso - Andaime, prancha, berbequim, martelo, nível, serrote, prumo,

grampos, máquina de soldar e fita métrica.

• Revestimento de piso e paredes - Nível, máquina de corte, mosaico, pente,

espátula, truque, martelo de borracha e martelo.

• Pinturas - Pincel, rolo, balde, andaime, gamela, trincha e espátula.

• Redes Técnicas – Chaves de fendas, alicate, busca-pólos, tarracha,

berbequim, mangueira de nível, chave de grife, chave francesa, escopro,

ponteiro, martelo, marreta, etc.

2.2 TIPOS DE OBRAS

Existem 4 tipos de Obras de construção civil que podemos dividir da seguinte

forma:

• Obras de Raiz

• Obras de Remodelação

• Obras de Reabilitação

• Obras de Restauro

10/54

Page 11: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.2.1 Obras de Raiz: São aquelas obras que irão ser edificadas em terrenos

baldios ou em que não tenha naquele lugar qualquer tipo de edificação.

Exemplo: construção de uma vivenda.

2.2.2 Obras de Remodelação: São as obras que serão feitas em edifícios já

erguidos e que irá sofrer uma alteração parcial que poderá ir desde alteração da

estrutura dos fechamentos até alterações da fachada.

Nota: As obras de remodelação implicam sempre demolições.

Exemplo: Construção um quarto adicional numa vivenda.

2.2.3 Obras de Reabilitação: São aquelas cujos trabalhos a realizar se

consubstanciam apenas em melhorar o edifício de forma total ou parcial, sempre

que o proprietário ache conveniente.

Exemplo: pintura das paredes de um edifício

2.2.4 Obras de Restauro: São aquelas que têm que se apanhar os elementos

construtivos e materiais o mais possível dos ORIGINAIS da Obra. Através de

várias técnicas pode-se por exemplo encontrar a primeira pintura de uma

determinada parede

2.3 FASES DE UMA OBRA As obras de construção civil, encontram-se divididas em várias fases de

intervenção de acordo com as prioridades pré-estabelecidas. Assim teremo-las

organizado da seguinte forma:

2.3.1 O Terreno Antes de começar a obra, saiba qual o tipo do terreno em que vai construir. De um

modo geral, os terrenos podem ser argilosos, arenosos, saibrosos e rochosos.

Conforme a qualidade do terreno serão dimensionadas as sapatas para suportar a

construção.

No terreno argiloso, de fraca consistência, as sapatas serão maiores e mais

profundas. Nos arenosos é preciso verificar se a areia não está em contacto com

11/54

Page 12: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

um lençol de água, o que viria a causar problemas no futuro. Existem ainda os

terrenos pantanosos em que, se consegue encontrar o lençol de água a mais ou

menos um metro de profundidade. Tais terrenos precisam de preparação especial

com a drenagem de lençol de água e posterior esfaqueamento. Fica muito

dispendioso construir em locais deste tipo, a assistência de um engenheiro torna-

se indispensável.

Para iniciar a obra, limpe o terreno tirando o capim e toda a sujeira. Nivele a área

onde se erguerá a construção tanto quanto possível, de forma a favorecê-lo

posteriormente no decorrer dos trabalhos. Decida de imediato onde ficará a fonte

de água. Para isso, será necessário contactar a companhia de água da sua

cidade, que irá proceder à instalação do hidrômetro. Será também necessário

definir onde irá ficar o poste com medidor de luz. A companhia de electricidade

local irá fornecer tais informações mediante simples consultas e apresentação de

um cróqui do terreno.

2.3.2 Serviços Iniciais

1. Sondagem

Consiste na verificação e sondagem de reconhecimento do subsolo com tubo de

2,5 polegadas para confirmar o tipo de subsolo.

2. Instalação de Estaleiro da obra

A criação de um Estaleiro de obras préviamente determinado, vai ajudar em muito

no andamento da obra. Escolha antecipadamente onde ficarão os diversos

materiais, como a areia, a pedra, os tijolos e os ferros, para não se perder

posteriormente e acabar com tudo misturado.

Muito importante é a área de trabalho, onde irá fazer massa, cortar madeira e

ferros, de modo a evitar desperdícios.

12/54

Page 13: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

• Limpeza do terreno

Na àrea a ser edificada será realizada a raspagem manual ou com máquina e

limpeza manual do terreno, de modo a não deixar raízes ou troncos de àrvores

que possam prejudicar os trabalhos ou a própria obra.

• Ligações provisórias de Água e luz

Para que o abastecimento de água e luz no estaleiro não seja interrompido será

necessário efectuar a ligação provisória de sanitários para os trabalhadores.

Da mesma forma, a ligação provisória de electricidade para a obra obedecerá

rigorosamente às prescrições da concessionária de energia eléctrica.

• Vedação e alojamentos

Serão instalados abrigos provisórios para alojamento e depósito de materiais, bem

como a execução de vedações em chapa de zinco ou similar, devidamente

estruturado, de maneira a proporcionar vedação e protecção aos transeuntes,

atendendo às normas vigentes.

• Marcação da obra

Serão implementados marcos com cotas de nível perfeitamente definidas para

demarcação dos eixos.

A marcação da obra terá de ser global, sobre um ou mais quadros de madeira

(gabarito ou balizas), que envolvam o perímetro da edificação.

Marcar uma obra é passar no solo as medidas da construção de acordo com o

que está determinado na planta. Todas as plantas têm escala, sendo a mais

comum 1:100, podendo existir outras. Isto significa que cada centímetro da planta

equivale a 100 cm (centímetros) no solo. Logo 8 cm são iguais a 0,8 m (metros).

Independentes disso, as plantas podem estar marcadas em metros no lado de

cada parede para facilitar a compreensão. O importante é que se torne necessário

passar as medidas da planta para o terreno com algumas providências realmente

práticas. Há várias formas de realizar a marcação, entre elas a piquetagem e a

13/54

Page 14: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

demarcação com madeiras. Preferimos a piquetagem, mais simples e menos

trabalhosa. Nas casas de material de construção vendem-se piquetes apropriados

e a linha de marcação. A boa marcação impedirá que o profissional construa os

cómodos fora do esquadro. Assim, vamos dar os passos fundamentais.

I. Da linha do meio – fiada calçada, meça três metros (ou o que o Município local

exigir) e marque a linha do muro.

II. Da linha do muro marque 4m e crave os piquetes A e B; estenda uma linha

entre os dois, amarrada no prego central.

III. Crave agora os piquetes C e D, depois de medir a extensão da obra com a Fita

métrica; se a obra tiver mais de 4m de comprimento, coloque piquetes

intermediários. Estenda as linhas.

III. Para saber se a sua marcação ficou no esquadro meça com a fita métrica 3m

na linha AB; marque a linha com giz colorido nos exactos 3m; em seguida, meça

4m na linha AC e marque-a com giz.

V. Estendendo a fita métrica da marca da linha AB até a da linha AC, você terá de

encontrar exactamente 5m. Se encontrar menos o piquete C terá de ser colocado

para fora até achar os 5m. Encontrando mais, mova o piquete C para dentro.

VI. Repita os itens 5 e 6 na linha BD e a sua marcação estará inteiramente nos

quadros, as paredes serão levantadas pelo lado de fora das linhas estendidas,

para que a obra não fique menor alguns centímetros. Isto quer dizer que os

alicerces também ficam do lado de fora das linhas com as ferragens das colunas

tomando as mesmas linhas como referência para se manter nos esquadros.

2.4 MOVIMENTO DE TERRA E ROCHA

• Escavação, carga e transporte do Material escavado

Todo o movimento de terra será executado mecânica ou manualmente de acordo

com os níveis de projecto, bem como as devidas contenções de terrenos de

vizinhos caso seja necessário.

14/54

Page 15: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.5 SERVIÇOS GERAIS INTERNOS

Relativamente à instalação de guincho deve-se preparar a base onde se instalará

o guincho.

2.6 INFRA-ESTRUTURAS

• Fundações profundas

2.6.1 Fundações ou Sapatas Entende-se por fundação ou sapata a parte da obra que fica sobre a terra, com a

finalidade de suportar o peso e manter a construção firme, sem risco de

inclinação, o que racharia as paredes. Para as sapatas cavam-se buracos nos

tamanhos apropriados colocando-se no seu interior uma malha de ferro. Nessa

malha amarram-se alguns ferros, que ficarão de fora depois da Betonagem

(80cm), servindo para neles serem presos os ferros dos pilares. A amarração dos

ferros é com arame cozido apropriado. Com a ponta do alicate se torce o arame

da esquerda para a direita, já que os ferros devem ficar firmes sem escorregar.

2.6.1.1 Dimensões das sapatas - dependem do tipo de terreno. Já que nas

sapatas ficam as pontas de ferro ou os pilares, é bom saber antes se as paredes

serão com tijolos deitados ou em pé.

2.6.1.2 Espessuras das ferragem – normalmente é em função da quantidade de

pavimentos da obra. Quanto mais andares tiver a casa mais grossos serão os

ferros. Para uma construção padrão de até 2 pavimentos, será aceitável o

seguinte:

Ferros dos pilares (que deve ficar 80cm alem da sapata): de 5 /16 com estribos

3/16; não esquecer de pelo menos dois estribos que ficarão dentro do betão.

Ferros do radier: no mínimo de 3/8, para uma sapata de 40x40cm, sendo mais

grosso se a sapata for mais profunda.

Para dobrar os ferros pode-se usar como recurso uma bancada de madeira, com 4

vergalhões grossos e bem enterrados nas distâncias desejadas. Quando colocar e

ao cortar o ferro para dobrar deixe uma sobra de 2,5cm.

15/54

Page 16: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.6.1.3 Quantidades de sapatas- o ideal seria uma sapata em cada canto, dando

total firmeza para a obra e garantindo sua durabilidade.

2.6.1.4 Betonagem das sapatas - Os buracos são ligeiramente maiores que as

ferragens para que os ferros fiquem envolvidos pelo betão. Antes de assentar as

ferragens no fundo dos buracos, faça um Betão pobre ou de Limpeza:

• 1:5:5(1 balde de cimento, 5 de areia e 5 de pedra). Molhe o fundo do

buraco e coloque uma camada de 5cm de Betão de limpeza. Assente a ferragem

encha o buraco com Betão Bom;

• 1:3:3(1 balde de cimento, 3 de areia e 3 de pedra). Vá sacudindo a

ferragem conforme despejar o betão para que ela suba um pouco e fique

totalmente envolvida. Saque o betão com um tubo de ferro se não possuir vibrador

eléctrico. Caso contrário, o betão ficará com bolas e rachará. Não despeje o betão

de uma grande altura, ou as pedras, mais pesadas, cairão, ficando a nata de

cimento por cima.

Dicas: em terrenos húmidos é interessante colocar uma camada de pedra de mão

no fundo do buraco (que será ainda maior) para diminuir a humidade. Toda massa

inclusivé o betão, deve ter os ingredientes misturados a seco até se conseguir

uma coloração uniforme. No final adiciona-se a água.

2.7 BETÃO E FERRAGENS PARA FUNDAÇÕES Vamos tentar esclarecer algumas dúvidas quanto ao tipo de betão para fundações

além das respectivas bitolas, os ferros necessários ao betão armado. Neste

capítulo tratamos apenas de fundações em sapatas (ou blocos, tipo convencional

para casa de até um andar extra, considerando-se um terreno de relativa firmeza.

Em prédios e edifícios, todos os cálculos devem partir de um engenheiro

especializado, os dados apresentados servirão apenas para orientação do mestre

da obra ou pedreiro, ou ainda de quem contratou a obra.

16/54

Page 17: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.8 FUNDAÇÕES OU SAPATAS

As fundações podem ser:

Profundas

• Superficiais- directa

• Artificial

• Radier

Profundas – estaca de madeira; estaca de betão pré-moldado; estaca de aço ou

ferro fundido; estaca de betão feito na obra, do tipo Strauss, Simplex, Franki,

Tubulâo e outros.

2.8.1 Profundas As fundações profundas são estacas de vários tipos que penetram terra a dentro,

em varias dimensões e profundidades, conforme o terreno e a quantidade de

andares.

Um prédio alto está firmemente estaqueado com estacas de madeira, de ferro ou

de betão enterradas por máquinas apropriadas, conhecidas como bate-estacas.

Damos estes esclarecimentos rapidamente, sabendo que a construção de um

prédio de mais de dois andares exige um estudo prévio de suas dimensões, vãos,

e de tipo de terreno demandado cálculos matemáticos a cargo de engenheiros

especializados. Não podemos propor um padrão para esses cálculos, uma vez

que as variantes são inúmeras e uma dezena de manuais iguais a este não

esgotaria o assunto. De qualquer modo, o construtor já tem noção de como o

trabalho se processará. Normalmente, o estaqueamento ocorre quando o terreno

firme se encontra a mais de 6 metros, não sendo económico fazer escavações tão

profundas. Porém a palavra final é do engenheiro, em função do projecto total do

prédio ou edifício.

17/54

Page 18: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Superficiais - para construções de até dois andares em terreno de relativa firmeza

como os indicados no capítulo 3, as fundações podem ser superficiais, com os

novos esclarecimentos aqui adicionados.

I – Directa – Neste tipo, tudo que se quer é cavar o buraco, nas dimensões

necessárias já mencionadas, construindo-se blocos que ficarão sustentando as

colunas. Se o terreno for bastante firme já é o suficiente.

II – Artificiais – Dependendo da firmeza do terreno, talvez se necessite adoptar

uma das seguintes providências:

a) Apiloamento, ou seja, socar o fundo do buraco para que a terra fique mais

firme.

b) Cravação de pedra quando as pedras são socadas com firmeza para garantir

uma construção melhor do buraco que reterá do bloco ou sapatas da fundação.

c) Cravação de estacas curtas de betão, que se justificam quando o terreno está

mais fraco.

d) Colocação de uma colcha de areia, para maior firmeza.

III – Radier – É um processo que tem sido aplicado em construções de casas

populares sobre terrenos de pouca firmeza. Na verdade, é como se fosse uma

laje, construída sob toda a extensão da obra, no chão com as ferragens das

colunas salientes nos pontos indicados. A ferragem usada no radier será sempre

igual a de uma laje, na bitola mínima de 3/8.

2.8.2 O Betão das Fundações Inicialmente, coloca-se uma camada de betão magro (1:5:5 de cimento, areia e

pedra). Em seguida, as ferragens de 3/8 com as malhas das colunas amarradas.

Em alguns casos, por medida de economia de ferro e para maior firmeza da

sapata, certos construtores preferem usar o betão ciclónico, principalmente se o

buraco for muito grande. O betão ciclópico não leva ferragem interna, é somente a

malha da coluna que ficará 80cm além do limite da superfície do buraco. Ele é

18/54

Page 19: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

feito substituindo-se a pedra comum por pedra de mão, na proporção de 1 parte

de cimento, 3 de areia e 6 de pedra de mão.

Nossa sugestão é que o uso de betão ciclópico seja supervisionado por um

engenheiro, sendo preferível, nas casas de até dois pavimentos o uso de bloco

com armação de ferro como já foi explicado nesta publicação O traço de betão

recomendado desde o inicio deste livro, de 1:3:3 (cimento, areia e pedra) para os

blocos ou sapatas (fundações) tem merecido algumas modificações nos vários

estados Brasileiros, por vezes em função da qualidade do cimento local ou por

desejo dos construtores de super dimensionar a garantia da obra.

• Armadura

As armaduras das sapatas, vigas, pilares, lajes, etc, serão executadas em aço e a

sua espessura será em conformidade com o projecto de execução.

O diâmetro dos estribos não poderá ser inferior a 6mm para aço A24 e a 5mm

para aço A40, A50 e A60. A distância entre estribos não deve ser superior nem a

30cm nem a 0,75 da altura útil das vigas.

Os pilares devem em geral ter as dimensões transversais superiores a 1/-20 da

sua altura, com mínimo de 20 cm.

• Betão

O betão estrutural para sapatas, vigas, pilares, lajes etc, será doseado numa

central camião betoneira ou betoneira de acordo com a especificidade da obra.

Lançamento e aplicação do betão nas fundações será feito cuidadosamente, de tal

forma que não ocorra o desagregamento dos materiais.

Fechamentos e Divisórias

• Alvenaria de elevação

As alvenarias serão executadas conforme espessura definidas no projecto de

arquitectura. Elas serão assentes com argamassa de cimento e areia ou cimento,

areia e cal hidratado.

19/54

Page 20: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

• Divisórias

As divisórias deverão ser executadas conforme espessuras definidas no projecto

de arquitectura.

2.9 GUARNECIMENTO DE VÃOS

• Aros , portas e janelas

As portas externas ou qualquer outra sujeita à acção da água deverá sempre ser

em madeira maciça, para o caso da madeira, ou em outro material não degradável

por estas águas.

Exemplo: Chapa metálica, alumínio, etc.

A medida que for levantando as paredes precisará deixar os vãos das portas e

janelas de acordo com as medidas do material comprado. Usualmente as portas

têm 2,10m de altura com 80cm de largura. Deixa-se um vão com 2,15m de altura

para manter 5cm no piso.

Da mesma forma saiba com antecedência a altura e largura das janelas que

devem ficar a 1 m de altura. Deixe também 5cm a mais para o piso. Certifique-se

antecipadamente se usará portas e janelas de ferro ou de madeira. Sendo de

madeira deverá deixar tacos para a posterior fixação dos portais. Normalmente, 2

tacos de cada lado para as janelas e 3 de cada lado para as portas.

A massa de fixação dos tacos é mais forte que a usada para erguer as paredes.

Faça um traço 1:3 (uma parte de cimento e 3 de areia lavada).

Cuidado, pois alguns cômodos, como a banheira e a cozinha, costumam ter o piso

mais baixo que o da sala e dos quartos. Tão logo as paredes alcancem a altura

das portas e janelas deve-se colocar uma vigota. Esta vigota( ou verga) de betão e

ferro pode ser feita na obra ou comprada pronta.

20/54

Page 21: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.10 COBERTURA

• Placa de betão armado

• Chapa de zinco

• Chapa de fibrocimento

• Chapa acrílica, etc.

As placas de betão armado, subdividem-se em placas maciças e placa aligeirada.

As coberturas em chapas estarão apoiadas em estruturas metálicas ou em

madeira.

2.11 TECTO FALSO Quando a cobertura for em chapa de qualquer tipo, para que as mesmas não

fiquem aparentes é regra revestir-se de um tecto falso. Também é utilizado o tecto

falso nos casos em que se quer baixar o pé direito. O material a ser utilizado

depende muito do projecto e memória descritiva feita pelo arquitecto.

2.12 REVESTIMENTO DE PAREDES

• Chapisco, Emboço e Reboco

• Azulejo

Todas as paredes deverão levar chapisco, Emboço e reboco. Nas zonas húmidas

é norma as paredes estarem revestidas com azulejos. Nos casos em que o

movimento de pessoas é constante e não é possível em termos de custo revestir

com azulejos, pode-se pintar as paredes com tinta de esmalte ao nível de

contactos com as pessoas.

• Massame de betão

• Betonilha

• Betão armado

Depois do piso estar completamente compactado, deverá levar betão armado para

os casos em que os terrenos assim o exijam, ou Massame de betão que é um

21/54

Page 22: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

betão mais pobre em armação. Em qualquer dos casos o seu revestimento deverá

ser feito com betonilha de cimento e areia.

2.13 SISTEMAS HIDRÁULICOS

• Rede de água quente e fria

Os sistemas de hidráulicos, compreendem as redes de água quente e fria,

incêndio, esgotos e águas pluviais. Estas deveram ser executadas de acordo com

o respectivo projecto e memória descritivas.

2.14 SISTEMAS ELÉCTRICOS • Rede eléctrica

A rede eléctrica, compreende energia eléctrica, luz, pára-raios e telefone. Serão

executados de acordo com os respectivos projectos e memória descritivas.

2.15 PINTURA

• Estucagem

• Tinta plástica

• Tinta de esmalte

• Verniz

As pinturas serão aplicadas sobre substratos isentos de óleo, graxa, fungos, algas,

bolor, eflorescências e materiais soltos , sendo indispensável a aplicação de tinta

de fundo para homogeneizar a porosidade da superfície a ser pintada.

Programa do curso na conclusão da obra e antes da entrega final, deverá estar

prevista a limpeza geral do edifício.

22/54

Page 23: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

CAPITULO III

3. CONTROLO DE QUALIDADE • Qualidade dos materiais

• Qualidade dos trabalhos

3.1 QUALIDADE DOS MATERIAIS - ESCOLHA DOS MATERIAIS

Relativamente aos materiais de construção a venda, nem sempre o preço está

relacionado com a qualidade dos materiais, é muito comum a compra de material

de construção de má qualidade, uma vez que, o público em geral, por falta de

informação nesta área, prefere o material mais dispendioso.

Pode não lhe parecer importante, mas é necessário saber algo sobre os Materiais,

desde os utilizados na fundação até as portas, janelas e aparelhos sanitários.

Raros são os pedreiros que se preocupam com a qualidade da areia. Quando ela

vem muito suja o máximo que fazem é peneirá-la, o que nem sempre resolve a

situação.

A boa areia deve “ ranger” quando apertada com força na sua mão. Ao soltá-la a

sua mão terá de ficar limpa, sem sujeira, pois isto indicaria a presença de terra,

que nem mesmo a peneira separaria (a terra também é fina e passa pelos

buracos). Preocupar-se com a qualidade da areia é garantir fundações sólidas,

que manterão a sua casa firme por muitos e muitos anos. Também a pedra deve

ser analisada, ela tem de ser dura resistente e difícil de quebrar. Se a pedra se

parte simplesmente sem ser jogada com força sobre um piso de cimento ela não

presta. Suas fundações, colunas e vigas, ficarão frágeis, podendo rachar

facilmente. Quanto ao cimento, quando é fraco compromete toda a construção.

O cimento é obtido com a mistura de calcário e argila, submetidos a temperaturas

elevadas e fornos próprios. O resultado é um Material que depois é reduzido a um

pó fino capaz de endurecer quando misturado com água, a fase inicial de

23/54

Page 24: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

endurecimento de um cimento chama se “pega”, que começa mais ou menos uma

hora depois da mistura com água, terminando doze horas depois. Na fase

seguinte, começa o endurecimento, que se pode prolongar por vários anos, por

esta razão, é necessário ler com atenção as instruções de utilização nos sacos de

cimento.

Há Cimento de” pega” lenta ou rápida. Os de “pega” lenta (baixa resistência), os

mais fracos, depois de 28 dias tem uma resistência, à compreensão de 450

kg/cm2. Os de alta resistência, após 28 dias, têm uma capacidade para suportar

600 kg/cm2. Usando-se qualquer um dos dois, é preciso molhar com frequência as

lajes, fundações e colunas, durante todo período de cura, de aproximadamente 28

dias.

Há Cimentos mais fortes, utilizados em construções de prédios de muitos

pavimentos, como nos arránha-céus. Podem atingir a resistência de 700 kg/cm2

ou mais. Na fase inicial de endurecimento todo cimento eleva a sua temperatura

nos especiais, porém, se endurecem em três dias, a elevação é violenta, podendo

atingir de 40 a 60 graus centígrados. Se não for molhado com frequência, as

dilatações e contracções, provocarão rachaduras. O cimento comum, o mais

tradicional também se dilata e se contrai, embora em intervalos bem maiores já

que o endurecimento leva 28 dias. De qualquer forma, se não for molhado todos

os dias, também rachará. Como todo profissional sabe, não se molha o cimento

para apressar a sua secagem mas sim para impedir rachaduras; não iremos

mencionar marcas mas, se perguntar a um bom pedreiro ele irá indicar a melhor.

A qualidade da água também é importante, normalmente a água tratada que nos

chega pela rede da cidade é de boa qualidade, a água de poço ou de rio precisa

de verificação. Se a água for argilosa deve ficar de repouso, só deverá ser

utilizada no dia seguinte e terá de ser retirada do vasilhame lentamente para não

agitá -la.

Águas com coloração estranha serão evitadas. Aquelas de poços contaminados

nunca deveriam ser utilizadas.

Ferros também merecem atenção e, neste caso a qualidade está relacionada com

o preço, quanto mais elevado for o preço maior é a qualidade. Os tijolos devem

24/54

Page 25: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

ser bem cozidos mas, sem excesso, aqueles que absorvem muita água indicam

que não foram bem cozidos e que não são aconselháveis para a firmeza das

paredes pois podem rachar facilmente.

Se vai comprar madeiras escolha as que tiverem poucos nós; nós que se

desprendem com facilidades deixam a madeira com pouca resistência. No

máximo, pode ser usada para madeiramento de lajes e fundações.

Relativamente as tintas e vernizes, a diferença de qualidades entre as marcas é

algo incrível. Novamente evitamos citar marcas, embora os profissionais de

pintura possam indicar facilmente qual a melhor. Estas precauções embora

simples, vão ajudar o construtor a valorizar o seu imóvel, evitando refazer o que já

poderia estar pronto.

Se for negada a aprovação e o empreiteiro entender que deveria ser concedida,

uma vez que, os materiais satisfazem as condições do contrato, o empreiteiro

poderá pedir a imediata colheita de amostras e apresentar ao fiscal da obra a sua

reclamação fundamentada no prazo de 5 (cinco) dias.

Considerar-se-á deferida a reclamação se o fiscal da obra não se pronunciar

sobre ela nos 5 (cinco) dias subsequentes, a não ser que, exijam um período mais

alargado por quaisquer novos ensaios a realizar, facto que naquele prazo, se

comunicará ao empreiteiro.

Em caso de indeferimento pelo fiscal da obra, cabe recurso hierárquico, para

instrução do qual se poderá proceder a novos ensaios.

O empreiteiro terá direito a ser indemnizado pelo prejuízo sofrido e pelo aumento

de encargo de resultante da obtenção e aplicação de outros materiais quando,

pelos meios competentes venha a ser reconhecida a procedência da sua

reclamação.

Os encargos dos novos ensaios a que a reclamação do empreiteiro de origem

impedirão sobre a parte a decair efeitos de aprovação dos materiais.

Aprovados os materiais colocados junto da obra, não podem os mesmos ser

posteriormente rejeitados, salvo se ocorrerem circunstâncias que modifiquem a

sua qualidade.

25/54

Page 26: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

No acto da aprovação dos materiais poderá o empreiteiro exigir que se colham

amostras de qualquer um deles.

Se a modificação da qualidade dos materiais for devido à circunstâncias

imputáveis à culpa do empreiteiro, deverá este substituí-los a sua custa, mas se

for devido a motivo de força maior, terá o empreiteiro de ser indemnizado pelo

dono da obra dos prejuízos sofridos com a substituição.

3.1.1 Substituição dos materiais

• Serão rejeitados e removidos das zonas dos trabalhos e também

substituídos por outros com os necessários requisitos os materiais que:

a) Sejam diferentes dos aprovados;

b) Não tenham sido aplicados em conformidade com as especificações técnicas

de contratos ou, na falta destas com as normas ou processos a observar e que

possam ser utilizados de novo.

Os custos das demolições, da remoção e substituição dos materiais serão por

conta do empreiteiro.

Se o Empreiteiro entender que não se verificam as hipóteses previstas nas alíneas

a) e b) do ponto 1, poderá pedir a colheita de amostras e reclamar.

Depósito de materiais não destinados a Obra: O Empreiteiro não poderá depositar nos estaleiros, sem autorização do fiscal da

Obra, materiais ou equipamentos que não se destinem à execução dos trabalhos

da Empreitada.

3.1.2 Remoção dos materiais

• Se o Empreiteiro não retirar dos estaleiros, no prazo que o Fiscal da Obra

fixar de acordo com as circunstâncias, os materiais definitivamente reprovados e

os materiais e equipamentos que não respeitem as Obras, poderá o Fiscal

26/54

Page 27: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

transportar para um local de maior conveniência, pagando o que fôr necessário e

a cobrança será feita ao empreiteiro.

• Depois de terminada a Obra, o Empreiteiro é obrigado a remover do local,

no prazo fixado pelo Caderno de Encargos os restos dos materiais, entulhos,

equipamento, andaimes e tudo mais que tenha servido para a execução dos

trabalhos. Se não o fizer, o Dono da Obra prosseguirá com a remoção e os custos

ficarão por conta do Empreiteiro.

3.2 QUALIDADE DOS TRABALHOS - APLICAÇÃO DOS

MATERIAIS

3.2.1 Os materiais devem ser aplicados pelo empreiteiro em absoluta

conformidade com as especificações técnicas do contrato;

3.2.2 Na falta de tais especificações, seguir-se-ão as normas em vigor ou se estas

não existirem os processos propostos pelos empreiteiros e aprovado pelo fiscal da

obra.

3.3. CONTROLO DE QUANTIDADES 3.3.1 O Consumo por Metro Cúbico Ao fazermos o cálculo na obra, encontramos pequenas divergências entre nossos

cálculos e os livros tradicionais de engenharia.

3.3.2 Consumo de Materiais por Metro Cúbico (m3) de Betão Traço 1:2:4

Cálculo tradicional Nosso Cálculo

6,2 sacos de cimento 6 sacos de cimento

o,56m3 de areia 0,51m3 de areia

0,87m3 de pedra 0,92m3 de

27/54

Page 28: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Traço 1:3:3

Cálculo tradicional Nosso Cálculo

6,2 sacos de cimento 6 sacos de cimento

0,71,5m3 de areia 0,77m3 de areia

0,71,5m3 de pedra 0,77m3 de pedra

A divergência certamente se deu por causa de diferenças na humidade da areia,

além das medidas fornecidas pela casa de material de construção. Não

acreditamos que a maioria entregue realmente 1 metro cúbico de areia ou de

pedra, difíceis de serem medidas com exactidão. De qualquer modo, aceitamos

que o cálculo dos engenheiros será o mais correcto, estando todas as medidas

exactas, a areia seca e as pedras de tamanho uniforme. Contudo, o uso do nosso

cálculo não proporcionará maiores problemas na qualidade final de uma obra de

até dois pavimentos.

Aliás, cabe recordar que a quantidade de água recomendada para cada saco de

cimento é a seguinte, conforme a areia disponível:

27 litros por saco de cimento para uma areia bem seca;

24 litros por saco de cimento para uma areia bem húmida;

20 litros por saco de cimento para uma areia bem molhada;

18 litros por saco de cimento para uma areia bem encharcada

Perigo! – Água de poços, lagoas e riachos podem conter lodo e sujeiras que

enfraquecerão o betão. Qualquer água menos limpa precisa ficar em repouso para

se usar só a parte superior, ou então pode-se coar a água.

Importante – A boa qualidade de todos os componentes como a areia, pedra ,

cimento e ferro dependerá da segurança da sua obra.

Todos os ingredientes devem ser misturados a seco, até se obter uma coloração

uniforme, antes da adição da água. O grande segredo da qualidade de qualquer

massa, seja de betão ou de alvenaria, está no trabalho de misturar os ingredientes

com perfeição, limpos e peneirados;

28/54

Page 29: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Quando a mistura dos ingredientes for manual (virar betão, na gíria), nunca faça o

traço usando mais de 2 sacos de cimento. Mesmo um bom profissional acharia

dificuldades para fazer a mistura ideal. Assim, por exemplo, se for usar um metro

cúbico de betão, faça 3 viradas, cada uma com 2 sacos.

Duvida: O betão das fundações deve encher todo o buraco até a superfície da

terra?

Resposta: Não necessáriamente, até por medida de economia. Digamos que, por

causa do terreno, recomenda-se fundações no mínimo de 1 m de profundidade

por 1,10 m de largura. Encher esse buraco gastaria 1,1 m³ de betão! Uma casa

com 9 sapatas gastaria apenas, de betão, 9,9 m³! Agora imaginemos que o

terreno firme só é encontrado a 2 m de profundidade, conforme o próprio nome

diz, a fundação é uma sapata que por sua largura recebe o peso da construção.

Nas obras de pequeno porte, com fundações pouco profundas, fica mais fácil para

o pedreiro encher o buraco até à superfície, com o betão, de onde sairão os ferros

para as colunas ou sapatas. Quando a fundação exigida é muito profunda, a

sapata pode ficar no fundo do buraco, sendo o restante dele completado com terra

ou areia. Neste caso porém, é necessário fazer uma armação de madeira, para

que a ferragem da coluna dentro dela seja concretada desde a sapata, o que é

mais trabalhoso, embora muito mais económico.

As sapatas devem ter um mínimo de 20 cm de espessura, simples ou em degraus.

Alicerces (Betão) - Ferragens dos Alicerces Os alicerces são cordões de betão e ferro, sobre os quais se erguem as paredes.

Em toda a volta da construção você amarrará a malha nos ferros das sapatas.

A espessura destes ferros varia conforme a estrutura do prédio. Para uma casa de

até dois pavimentos, aceitam-se:

• 4 ferros de horizontais de 5/16; verticais (estribos, dobrados e amarrados

de 20 em 20cm)3/16.

29/54

Page 30: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

A malha não se apoia na sapata, é amarrada nos ferros que saem da sapata a uns

5 a 10 cm de altura, de modo a que o betão, depois, envolva toda a ferragem, não

a deixando em contacto com o chão. Coloque a malha em todas as posições, de

uma sapata para a outra, bem amarrada, em volta, arme a madeira para conter o

betão. A parte superior da madeira deverá estar absolutamente nivelada, para que

depois os tijolos subam sem problemas. O profissional experiente usa o nível dos

pedreiros e uma ripa recta para ir acertando as tábuas de 30. O betão será

despejado até as bordas das tábuas. Outro método bom é o uso de uma

mangueira transparente, cheia de água com duas pessoas estendendo-a de um

canto para outro e acertando as madeiras conforme o nível de água.

Nota: pessoas com pouca experiência no uso da mangueira de nível devem colocar um pouco de

anilina na água. Isto porque a mangueira é transparente, com a água dificulta a medição mas com

a coloração da anilina identificar o nível é mais fácil.

As formas são cheias com o betão gordo (1:3:3 = 1 balde de cimento, 3 de areia e

3 de pedra nº 1). Não despeje o betão do alto. Soque-o com um tubo de ferro. É

bom sacudir a malha, conforme despejar o betão para que ela não fique de

”barriga” para baixo.

Em casos especiais quando os alicerces são muito profundos, é necessário deixar

um vão por onde passam os tubos de esgoto. Isto pode ser feito colocando uma

lata sem tampa e fundo dentro das ferragens, antes da concretagem.

Evidentemente, os alicerces são projectados antes do início da obra, levando-se

em consideração o tipo de construção desejada, já que tanto se pode usar tijolo

em pé como tijolo deitado. De um modo geral, o construtor determina como vai ser

e projecta tanto as colunas como os alicerces para as medidas adequadas.

Um alicerce de tijolo em pé terá 10 cm de largura por 30 cm de altura suportado

sobre uma parede de até 4 m de comprimento. Para um comprimento até 6

metros, aumente sua altura para 40cm, ou seja, o alicerce acaba seguindo sempre

a largura das colunas.

30/54

Page 31: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Porém, há casos em que o construtor faz pilares, ao invés de simples colunas

ocultas no emboço. São aquelas colunas que se projectam das paredes, muito

comuns em pequenos prédios, que embora forneçam maior segurança perdem na

estética. Nesse caso, os alicerces serão mais estreitos que os pilares,

obedecendo ao tipo de tijolo a ser usado. Suas ferragens são amarradas nas

ferragens das colunas ou dos pilares.

3.3.3 Dosagens

Controlar o traço:

Traços do Betão:

Betão B15 Traço: 1: 2,5: 3,5 (Cimento, Areia e Brita)

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 280 kg – 0,254 m3 – 5,6 Sacos

Areia: 2,5 - 760 kg – 0,633 m3

Brita1: 3,5 – 410 kg – 0,306 m3

- 800 kg – 0,597 m3

Água : 120 litros

Betão B20 Traço: 1: 2,5: 3,5 (Cimento, Areia e Brita)

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 310 kg – 0,282 m3 – 6,2 Sacos

Areia: 2,5 - 740 kg – 0,617 m3

Brita1: 3,5 – 410 kg – 0,306 m3

- 820 kg – 0,612 m3

Água : 115 litros

31/54

Page 32: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Betão B25 Traço: 1: 2: 3 ( Cimento, Areia e Brita )

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 330 kg – 0,300 m3 – 6,6 Sacos

Areia: 2 - 710 kg – 0,592 m3

Brita1: 3 – 405 kg – 0,302 m3

- 835 kg – 0,623 m3

Água : 110 litros

Betão B30 Traço: 1:1, 5: 2,5 (Cimento, Areia e Brita)

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 400 kg – 0,364 m3 – 8 Sacos

Areia: 1,5 - 630 kg – 0,525 m3

Brita1: 2,5 – 410 kg – 0,306 m3

- 845 kg – 0,630 m3

Água : 115 litros

- Betão B35 Traço: 1: 1: 2,5 (Cimento, Areia e Brita)

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 440 kg – 0,400 m3 – 8,8 Sacos

Areia: 1 - 600 kg – 0,500 m3

Brita1: 2,5 – 420 kg – 0,313 m3

- 820 kg – 0,612 m3

Água : 120 litros

- Betão B40 Traço: 1: 1: 2 (Cimento, Areia e Brita)

Quantidades/m3

Cimento: 1 - 470 kg – 0,427 m3 – 9,4 Sacos

Areia: 1- 560 kg – 0,467 m3

Brita1: 2 – 425 kg – 0,317 m3

- 800 kg – 0,597 m3

Água: 130 litros

32/54

Page 33: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Nota Importante: Muitos pedreiros usam o carrinho de mão como medida, ou seja,

um saco de cimento para três carrinhos de areia e três de pedra, que é

erradíssimo. Um carrinho de mão convencional (eles mudam de tamanho

conforme o fabricante), comporta, mais ou menos três latas de 20 (vinte) litros,

seja de areia ou de pedra. Assim use sempre uma medida padrão que pode ser

latas de 20 (vinte) ou até os actuais baldes de plástico tão tradicional. Para cada

quantidade de cimento, coloque o correspondente em areia e pedra conforme a

proporção. Repetindo:

No traço 1:3:3 – uma quantidade de cimento, três de areia e três de pedra.

No traço 1:2:4 – uma quantidade de cimento, duas de areia e quatro de pedra e

assim sucessivamente.

A colocação do betão deve processar-se tanto quanto possível de modo contínuo.

No caso de interrupção, a escolha de localização desta e a preparação da

superfície do betão para o recomeço da colocação (junta de betonagem) devem

ser objecto de cuidados especiais.

Traços da Argamassa:

- Alvenaria 1: 6 (Cimento, Areia)

- Betonilha 1:4 (Cimento, Areia)

- Reboco Exterior 1: 1: 5 (Cimento, Cal comum, Areia)

- Reboco Exterior para Revestimento 1: 5 (Cal Hidráulica, Areia)

- Reboco Interior 1: 1: 5 (Cimento, Cal Hidráulica, Areia)

- Reboco Interior para Estuque 1: 7 (Cal Hidráulica, Areia)

- Reboco Interior para Revestimento 1: 2: 8 (Cimento, Cal comum, Areia)

33/54

Page 34: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

CAPITULO IV

4. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DE UMA OBRA

4.1 PROJECTO Projecto de execução, é um conjunto de documentos elaborados, em escala

conveniente, de todos os elementos da obra ou serviços, necessário à exacta

execução técnica e artística da edificação, tais como:

Projecto de arquitectura – que compreende plantas, cortes, fachadas e detalhes

de execução - áreas húmidas, escadas, rampas e esquadrias bem como detalhes

construtivos de cobertura, impermeabilização e arremates em geral.

Projecto de estrutura que compreende, sapatas, fundação, vigas, pilares, lajes etc.

Projecto de instalações eléctricas, hidráulico sanitárias e de gás.

Projectos especiais – ar condicionado, ventilação/ exaustão, alarmemos oxigénio,

etc.

Memória descritiva: tem por objectivo caracterizar as condições de execução e o

padrão de acabamento para cada tipo de serviço, indicando os locais de aplicação

dos mesmos.

Caderno de Condições Técnicas: Tem por objectivo definir, qualificar e

estabelecer as normas que nortearão o desenvolvimento das obras e serviços

relativos à edificação e afixar todas as referências técnicas achadas convenientes.

Planilha de Orçamento: É a relação de todos os serviços com as respectivas

unidades de medidas, extraído dos projectos executivos e de mais especificações

técnicas e classificados segundo as necessidades do construtor e do contratante.

34/54

Page 35: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

4.2 CADERNOS DE ENCARGOS Tem por objectivo definir, qualificar e estabelecer as normas que nortearão o

desenvolvimento das obras e serviços relativos à edificação e afixar ainda as

obrigações e direitos do proprietário e do construtor.

4.3 ORÇAMENTO É a relação de todos os serviços com as respectivas unidades de medidas,

extraído dos projectos executivos e de mais especificações técnicas e

classificados segundo as necessidades do construtor e do contratante.

4.4 CRONOGRAMA DE TRABALHOS Consiste na relação tempo de execução/ etapa de execução.

Todos os trabalhos realizados na obra estão subdivididos em etapas, a cada etapa

corresponde um determinado tempo que somado nos irá dar o prazo máximo de

duração da obra. E é a partir deste cronograma que o fiscal poder dar seguimento

à obra em termos de tempo.

4.5 CONTRATO 4.5.1 Definições:

Tendo como objectivo facilitar a interpretação do conteúdo de contratos de obras e

dos acontecimentos que o rodeiam apresenta-se em seguida uma listagem de

definições.

35/54

Page 36: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

As principais definições a conhecer para uma boa interpretação do tema são:

i) Obra - todo o trabalho de construção, reconstrução, restauro, reparação,

conservação ou adaptação de bens imóveis.

ii) Empreitada - o contrato pelo qual uma das partes se obriga, em relação

à outra, a realizar certa obra mediante um preço e em determinado

prazo.

iii) Fornecimento de obra - contrato pelo qual uma das partes se obriga,

em relação à outra, à entrega, de forma avulsa ou continuada, de

materiais ou bens imóveis que se destinem a ser incorporados ou a

complementar uma obra mediante um preço e determinado prazo.

iv) Obra pública - toda a obra executada total ou parcialmente por conta do

Estado, associações públicas, institutos públicos, autarquias locais,

empresas publicas, empresas de economia mista e empresas

concessionárias do Estado ou de outras entidades públicas.

v) Obra privada - toda a obra executada totalmente por conta particular ou

empresas privadas.

vi) Empreiteiro - a empresa cujo o objecto social inclua a realização de

empreitadas e fornecimento de obras.

vii) Industrial de construção civil -a empresa cujo o objecto social inclua a

realização de obras promovidas por entidades particulares e sujeitas a

licenciamento.

viii) Contrato - acordo , promessa aceite, combinação entre duas partes.

ix) Dono da obra - é a pessoa colectiva que manda executar a obra, ou no

caso de obras executadas com comparticipação, aquela a quem

pertença os bens ou que ficará a administrá-los.

x) Partes de contrato de obras - as partes de um contrato de empreitada

de obras são o dono da obra e o empreiteiro.

xi) Caderno de encargos - é o documento que contém ordenados por

artigos numerados, as cláusulas jurídicas, técnicas gerais e especiais a

incluir no contrato a celebrar.

36/54

Page 37: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

xii) Proposta - é o documento pelo qual o concorrente manifesta ao dono da

obra a vontade de contratar e indica as condições em que se dispõe

fazê-lo.

xiii) Programa de concurso - é o documento que se destina a definir os

termos a que obedece o respectivo processo.

xiv) Concurso público - o concurso diz-se público quando possam

apresentar propostas todas as empresas que se encontrem nas

condições gerais estabelecidas por lei.

xv) Concurso limitado - o concurso diz-se limitado em que só podem

apresentar proposta as empresas para o efeito convidadas pelo dono da

obra.

xvi) Ajuste directo - a empreitada é celebrada por ajuste directo quando o

empreiteiro é escolhido independentemente do concurso.

xvii) Adjudicação - é o acto administrativo pelo qual a entidade competente

para autorizar a despesa escolhe a proposta.

xviii) Empreitada por série de preços - a empreitada é estipulada por série

de preços quando a remuneração do empreiteiro resulta da aplicação

dos preços unitários previstos no contrato para cada espécie de trabalho

a realizar às quantidades desses trabalhos realmente executados.

xix) Empreitada por preço global - a empreitada é estipulada por preço

global quando a remuneração ao empreiteiro é fixada adiantadamente

numa soma certa, correspondente à realização de todos os trabalhos

necessários para a execução da obra ou parte da obra objecto da

empreitada.

xx) Empreitada por percentagem - a empreitada é estipulada por

percentagem quando a remuneração ao empreiteiro é fixada pelo preço

correspondente ao custo da obra acrescido de uma percentagem

destinada a cobrir os encargos de administração e a remuneração

normal da empresa.

37/54

Page 38: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

xxi) Caução definitiva - é o documento pelo qual o adjudicatário garante o

exacto e pontual cumprimento das suas obrigações que assume com a

celebração do contrato.

A caução definitiva corresponde, em geral, a 5% do valor global de

adjudicação da empreitada e é prestada por depósito em dinheiro ou em

títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária

ou seguro caução, conforme escolha do adjudicatário.

xxii) Consignação - consignação da obra é o acto pelo qual o representante

do dono da obra faculta ao empreiteiro os locais onde serão executados

os trabalhos e as peças escritas e desenhadas complementares ao

projecto e que serão necessárias para que possa proceder os

trabalhos.a

4.5.2 Objectivos da Assinatura de um Contrato

Um contrato tem por objectivo assegurar o cumprimento de um compromisso, isto

é, a execução de uma obra pública ou privada obedecendo a um conjunto de

condições e cláusulas contratuais, normalmente escritas e que satisfaçam em

simultâneo aos interesses das partes envolvidas.

4.5.3 Enquadramento do Contrato no Processo de Obras

A assinatura de um contrato de obras públicas enquadra-se entre dois grandes

acontecimentos que envolvem a realização de uma obra pública.

A realização de uma obra pública é complexa e está rodeada de múltiplas acções

devidamente enquadradas e encadeadas por forma a tornarem o processo

continuo salvaguardando os interesses das partes envolvidas.

Nesse processo a assinatura do contrato é um acontecimento que tem como

acontecimento inicial a prestação da caução definitiva por parte do concorrente

38/54

Page 39: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

cuja proposta foi a escolhida e como acontecimento final a consignação ao

empreiteiro da obra.

4.6 COMPROVATIVO DE PAGAMENTO DO ADIANTAMENTO O Dono da Obra deve apresentar ao Fiscal o Documento que comprova que o

adiantamento foi pago e qual percentagem.

4.7 AUTO DE CONSIGNAÇÃO DA OBRA

O Dono da Obra deve apresentar ao Fiscal o Documento que comprova que a

Adjudicação foi efectuada.

4.8 LICENÇAS a) Licença de vedação

b) Licença de Demolição

c) Licença de Construção

d) Licença de Ligação de Esgotos

e) Licença de Ligação de Energia e/ou manutenção de PT

f) Licença /Contrato de fornecimento de Água

g) Licença/Contrato de telefones

h) Licença/Contrato de TV por Cabo

4.9 DOCUMENTAÇÃO EM OBRA a) Livro de Obra

b) Diário de Ocorrência

c) Fichas de controlo de materiais

d) Instruções de obra

e) Aprovação de materiais

f) Registo de correspondências

39/54

Page 40: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

Relativamente ao “ Diário de Ocorrências”, compete à Fiscalização:

• Pronunciar-se sobre a veracidade das anotações feitas pela Empreiteira.

• Registar o andamento dos serviços tendo em vista os projectos, as

especificações, o prazo e o cronograma.

• Fazer observações cabíveis decorrentes dos registos da Empreiteira no

referido Diário.

• Dar solução às consultas feitas pela Empreiteira, quando dirigida a

fiscalização.

• Registar as restrições que lhe pareçam cabíveis quanto ao desempenho da

Empreiteira, seus propostos e sua equipa.

• Determinar as providências cabíveis para o cumprimento dos projectos dos

detalhes das especificações e das normas técnicas.

• Anotar os factos ou alegações cujo registro se faça necessário.

4.10 AUTOS DE MEDIÇÕES Auto de Medições Consiste no levantamento de quantidades de serviços (área,

volumes, perímetros, unidades) que compõem os projectos de execução,

vinculados às respectivas especificações técnicas e critérios de medição que

foram executadas num determinado período de tempo.

4.11 CERTIFICADOS DE PAGAMENTOS Os certificados de pagamentos são as facturas dos pagamentos efectuados pelo

dono da obra ao empreiteiro desde a primeira prestação (down Payment) até a

última. Os certificados em cópias deverão ser entregues ao fiscal.

4.12 ACTAS DE REUNIÕES As reuniões efectuadas entre todos os intervenientes da obra deverão estar

registadas em actas e distribuídas aos participantes.

40/54

Page 41: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

4.13 RELATÓRIO DO PROGRESSO DA OBRA As visitas de vistoria efectuadas à obra pelo fiscal serão relatadas em documento

escrito e cópias do mesmo deverão ser entregues ao dono da obra e ao

empreiteiro.

Pontos que devem ser abordados em relatório:

• Trabalhos executados em conformidade com cronograma;

• Trabalhos por executar;

• Qualidade dos trabalhos;

• Causas de atraso dos trabalhos (se for o caso);

• Cumprimento ou não das normas de segurança;

• Recomendações.

Segundo o Diário da República de Angola de 22 de Maio de 1992, 1 série – Nº 20

SOBRE:

ARTIGO 160º (Reclamação contra aprovação de materiais)

1. Se for negada aprovação e o empreiteiro entender que devia ter sido concedida,

por os materiais satisfazerem as condições do contrato, poderá pedir a imediata

colheita de amostras e apresentar ao fiscal da obra e a sua reclamação

fundamentada no prazo de 5 (cinco) dias.

2. Considerar-se-á deferida a reclamação se o fiscal da obra se não pronunciar

sobre ela nos 5 (cinco) dias subsequentes, a não ser que exijam período mais

largo quaisquer novos ensaios a realizar, facto que naquele prazo, se comunicará

ao empreiteiro

3. Em caso de indeferimento pelo fiscal da obra, cabe recurso hierárquico, para

instrução do qual se poderá proceder a novos ensaios.

41/54

Page 42: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

4. O empreiteiro terá direito a ser indemnizado pelo prejuízo sofrido e pelo

aumento de encargo de resultante da obtenção e aplicação de outros materiais

quando, pelos meios competentes venha a final a ser reconhecida a procedência

da sua reclamação.

5. Os encargos dos novos ensaios a que a reclamação do empreiteiro de origem

impedirão sobre a parte a decair

ARTIGO 161º (Efeitos de aprovação dos materiais)

1. Aprovados os materiais postos ao pé da obra, não podem os mesmos ser

posteriormente rejeitados, salvo se ocorrerem circunstâncias que modifiquem a

sua qualidade.

2. No acto da aprovação dos materiais poderá o empreiteiro exigir que se colham

amostras de qualquer deles.

3. Se a modificação da qualidade dos materiais for devido a circunstâncias

imputáveis à culpa do empreiteiro deverá este substituí-los a sua custa, mas se for

devido a motivos de força maior, terá o empreiteiro de ser indemnizado pelo dono

da obra pelos prejuízos causados com a substituição.

ARTIGO 162º (Aplicação dos materiais)

1. Os materiais devem ser aplicados pelo empreiteiro em absoluta conformidade

com as especificações técnicas do contrato:

2. Na falta de tais especificações, seguir-se-ão as normas em vigor ou se estas

não existirem os processos propostos pelo empreiteiros e aprovado pelo fiscal da

obra

42/54

Page 43: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

ARTIGO 163º (Substituição dos materiais)

1. Serão rejeitados removidos, para foras das zonas dos trabalhos e substituídos

por outros com os necessários requisitos os materiais que:

a) Sejam diferentes dos aprovados

b) Não hajam sido aplicados em conformidade comas especificações técnicas de

contratos ou, na falta destas com as normas ou processos a observar e que

possam a ser utilizados de novo.

2. As demolições e a remoção e substituição dos materiais serão da conta do

empreiteiro.

3. Se o Empreiteiro entender que não se verificam as hipóteses previstas nas

alíneas a) e b) do nº 1, poderá pedir a colheita de amostras e reclamar.

ARTIGO 164º (Depósito de materiais não destinados a Obra)

O Empreiteiro não poderá depositar nos estaleiros, sem autorização do fiscal da

Obra, materiais ou equipamentos que não se destinem a execução dos trabalhos

da Empreitada.

ARTIGO 165º (Remoção dos materiais)

2.4 Se o Empreiteiro não retirar dos estaleiros, em prazo que o Fiscal da Obra

fixar de acordo com as circunstâncias, os materiais definitivamente reprovados e

os materiais e equipamentos que não respeitem as Obras, poderá o Fiscal faze-

los transportar para onde mais lhe convenha, pagando o que necessário for, tudo

a custa do Empreiteiro.

43/54

Page 44: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2.5 Depois de terminada a Obra, o Empreiteiro é obrigado a remover do local, no

prazo fixado pelo Caderno de Encargos os restos dos materiais, entulhos,

equipamento, andaimes e tudo ou mais que tenha servido para a execução dos

trabalhos. Se o não fizer, o Dono da Obra mandará proceder a remoção, à custa

do Empreiteiro.

SECÇÃO VI Da fiscalização ARTIGO 166º (Agentes da Fiscalização)

1. A execução dos trabalhos será fiscalizada pelos agentes do dono da obra que

este para tal designe.

2. Quando a fiscalização seja constituída por dois ou mais agentes, o dono da

obra designará um deles para chefiar como fiscal da obra; sendo um só, a este

caberão a funções de fiscal da obra.

3. A obra e o empreiteiro ficam também sujeitos a fiscalização que nos termos da

legislação oficial incumba as outras entidades.

4. A fiscalização referida no número anterior de exercer-se de modo que:

a) Seja dado prévio conhecimento ao fiscal da obra da efectivação de qualquer

diligência no local de trabalho

b) Sejam, imediatamente, e por escrito, comunicadas ao oficial das obras todas

ordens dadas e notificações feitas ao empreiteiro que possa influírem no normal

desenvolvimento dos trabalhos.

44/54

Page 45: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

5. O empreiteiro que não possa residir poderá designar um representante que ali

tenha residência permanentes com os poderes necessários para responder

perante fiscal na obra pelas dos trabalhos.

ARTIGO 167º (Função da Fiscalização)

À fiscalização incumbe vigiar e verificar o exacto cumprimento do projecto e suas

alterações do contrato, de caderno de encargos, do plano de trabalhos em vigor e

designadamente:

a) verificar a implantação da obra de acordo com as referências necessárias

fornecidas ao empreiteiro;

b) Verificar a exactidão ou erro efectuados nas previsões do projecto em especial

com a colaboração do empreiteiro no que respeita as condições de terreno;

c) Aprovar os materiais a aplicar;

d) Vigiar os processos de execução;

e) Verificar as características dimensionadas da obra;

f) Verificar em geral o modo como são executados os trabalhos;

g) Verificar a observância dos prazos estabelecidos;

h) Proceder as medições necessárias verificar o estado de adiamento de trabalho;

i) Averiguar se foram infringidas quaisquer disposições do contrato e das leis e

regulamentos aplicáveis;

j) Verificar se os trabalhos são executados pela ordem e com os meios

estabelecidos nos planos;

k) Comunicar ao empreiteiro as alterações introduzidas no plano de trabalho pelo

dono da obra segundo as propostas pelo empreiteiro;

l) Informar da necessidade ou conveniência do estabelecimento de novas

serventias ou da modificação das previstas e da realização de quaisquer

aquisições, ou expropriações pronunciar-se sobre as circunstâncias que, não

havendo sido previstas no projecto confirmam a terceiros direitos a indemnização

e informar das consequências contratuais e legais desses factos;

45/54

Page 46: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

m) Resolver, sempre que seja da sua competência todas as questões que surjam

ou lhes sejam postas pelo empreiteiro e providenciar o que seja necessário para o

bom andamento dos trabalhos para a perfeita execução e segurança da obra e

facilidades das medições;

n) Transmitir ao empreiteiro as ordem do dono da obra e faze-las cumprir;

o) Praticar todos os demais actos previstos em outros preceitos deste diploma.

ARTIGO 168º (Função da Fiscalização nas Empreitadas por percentagem)

Quando se trata de trabalhos realizados por percentagem, a fiscalização, além de

promover o necessário para que a Obra se execute com perfeição e dentro da

maior economia possível, deve:

a) Acompanhar todos os processos de aquisição de materiais, sugeridos ou

impondo, se for necessário, a consulta e aquisição a empresas que possam

oferecer melhores condições de fornecimento, quer em qualidade, quer em preço;

b) Vigiar todos os processos de execução, sugeridos ou impondo, se for

necessário, adopção dos que conduzam à maior perfeição ou economia;

c) Visar todos os documentos e despesas quer de materiais, quer de jornais;

d) Velar pelo conveniente acondicionamento dos materiais e pela sua guarda e

aplicação;

e) Verificar toda a contabilidade da Obra, impondo a efectivação dos registos que

considere necessários.

ARTIGO 169º (Modo de actuação na Fiscalização)

1. Para realização das suas atribuições, a fiscalização dará aos empreiteiros

ordens, far-lhe-à avisos e notificações, procederá às verificações, medições e

praticará todos os demais actos necessários.

46/54

Page 47: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

2. Os actos referidos no número anterior só poderão aprovar-se contra ou a favor

do empreiteiro mediante documentos escritos.

3. A fiscalização poderá processar-se sempre de modo a não perturbar o

andamento normal dos trabalhos e, sem anular a iniciativa e correlativa

responsabilidade do empreiteiro.

ARTIGO 170º (Reclamação contra as ordens recebidas)

1. Se o empreiteiro julgar ilegal, contrária ao contrato, ou perturbadora dos

trabalhos qualquer ordem recebida, deverá apresentar ao fiscal da obra no prazo

de 5 dias, a sua reclamação, em cujo duplicado será passado o recibo.

2. Se a ordem não for da autoria do fiscal da obra, encaminhará este para a

entidade competente pedindo as necessárias instruções.

3. O fiscal da obra notificará a decisão da obra ao empreiteiro no prazo de 30 dias,

equivalente ao seu silêncio será o diferimento da reclamação.

4. Em caso de urgência ou de perigo eminente, poderá o fiscal da obra confirmar

por escrito a ordem de que pede a reclamação exigindo o seu imediato

cumprimento.

5. Nos casos de números anteriores e bem assim quando a reclamação for

indeferida, será o Empreiteiro obrigado a cumprir prontamente a ordem, ficando

porem liberado de toda a responsabilidade civil ou criminal que desse

cumprimento resultar e tendo direito a ser indemnizado do prejuízo e do aumento

do suporte se vier a ser reconhecida a procedência da sua reclamação.

47/54

Page 48: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

6. Das decisões do fiscal da obra proferidas sobre as reclamações do empreiteiro

ou seu representante caberá sempre recursos hierárquicos para o órgão de que

ele depender, mas sem efeitos de suspensão.

ARTIGO 171º (Falta de cumprimento da ordem)

1. Se o Empreiteiro não cumprir com a ordem legal dimanada pelo fiscal da Obra

dada por escrito sobre matéria relativa à execução da Empreitada nos termos

contratuais e, não for absolutamente impedido de o fazer por motivos de força

maior, assistirá o Dono da Obra o direito de, se assim o entender, rescindir o

contrato por culpa do Empreiteiro.

2. Se o Dono da Obra não rescindir do contrato ficará o Empreiteiro responsável

pelos danos emergentes da desobediência.

48/54

Page 49: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

CAPITULO V 5. INFRA-ESTRUTURA DE APOIO E SEGURANÇA EM OBRA

4.1 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO À OBRA – ESTALEIRO DA OBRA A criação de uma área provisória para apoio a obra designada por estaleiro de

obras ou canteiro de obra deve ser préviamente determinado. A organização do

estaleiro deve ser bem clara de modo a permitir a harmonia entre as distintas

áreas que a compõem: área de produção, área de aprovisionamento de materiais

e equipamentos, parqueamento de máquinas e viaturas, sanitários e balneários

para trabalhadores, cozinha, despensa, refeitório para trabalhadores e abrigos

para trabalhadores:

• Deverão ser criados pelo Empreiteiro as condições para ligações

provisórias de apoio ao estaleiro tais como: abastecimento de água,

saneamento, energia eléctrica e telecomunicações;

• O estaleiro deve ser vedado de maneira a proporcionar protecção aos bens

que aí se encontram, atendendo às normas vigentes;

• O fiscal deve inteirar-se da funcionalidade do estaleiro de obra a partir dos

dados fornecidos pelo Empreiteiro;

• O Fiscal de obra deve advertir no sentido de melhorar a funcionalidade do

estaleiro sempre que estiver perante situações que dificulte o bom

andamento da obra ou que coloque em perigo vidas humanas.

Na conclusão da obra e antes da entrega final, deverá estar prevista a limpeza

geral do edifício e a remoção do estaleiro da obra.

49/54

Page 50: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

5.2 MEDIDAS DE PROTECÇÃO PREVENTIVA NA OBRA A Protecção Individual deve ser adoptada na falta de meios de protecção

colectiva. Consiste na utilização do equipamento de segurança específico para o

tipo de tarefa que o trabalhador execute, em ordem à protecção integral das partes

mais sensíveis do corpo, nomeadamente cabeça, olhos, tronco e membros.

Cabeça Capacete

Olhos e Rosto Òculos ou viseiras com vidros transparentes ou

coloridos

Vias Respiratórias Máscaras filtrantes

Ouvidos Auscultadores e auriculares

Tronco Vestuário apropriado, aventais, coletes, etc.

Pés e membros inferiores Botas (biqueira e palmilha de aço)

Botas de borracha (rasto anti-derrapante)

Mãos e membros

superiores

Luvas (couro, tecido, borracha, plásticas,

metálicas).

A Protecção Colectiva do pessoal do estaleiro abrange os dispositivos gerais de

segurança tanto no que se refere às construções provisórias (andaimes, escadas,

passadiços, escoramentos, tapumes, etc.), como às fases de construção

(aberturas em pavimentos, trabalhos de montagem, elevação e armazenamento

de materiais, etc.) ou ainda à resistência dos cabos, estropos, ganchos e cordas.

O Comportamento do Pessoal dentro de um estaleiro nem sempre é o desejado

devido aos diferentes temperamentos e hábitos pessoais. Esta situação torna-se

gravosa quando se verifica um consumo exagerado de álcool. Uma medida

aconselhável será distribuir água e outras bebidas não alcoólicas no período de

trabalho.

50/54

Page 51: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

A distribuição de trajes impermeáveis embora não sendo um factor de protecção

contra acidentes é uma segurança contra doenças e desconforto. Um trabalhador

desprotegido de chuva ou frio tem uma grande perda de produtividade.

A construção civil é a indústria em que existem maiores riscos de quedas. Para

evitar estes riscos é obrigatório o uso de cinto de segurança. O cinto deve ainda

ser completado com suspensórios resistentes.

5.3 PREVENÇÃO E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIOS NA OBRA

Existem três factores que activados conjuntamente motivam a eclosão de um fogo

(triângulo do fogo).

Triângulo do Fogo

Combustível Substância que vai arder

Comburente Ar contendo 21% de

oxigénio

Energia de Activação Fonte de inflamação

5.3.1 Prevenção de Incêndios Existe um conjunto de medidas tendentes a minorarem as probabilidades de

ocorrência de incêndios.

Em geral, é possível actuar sobre o combustível e sobre a energia de activação, o

que não acontece com o comburente - oxigénio do ar - normalmente presente.

A actuação sobre o combustível, no sentido da sua supressão ou do controlo da

formação de misturas inflamáveis, baseia-se em processos vários:

• Evitar a presença de resíduos inflamáveis através de limpezas frequentes;

• Programar a manutenção periódica de condutas de gases e de líquidos

inflamáveis no sentido de evitar fugas;

• Substituir combustíveis inflamáveis por outros que não sejam em

determinadas condições ou recobri-los por camadas incombustíveis (ex:

tintas, betumes, lentes para madeira);

51/54

Page 52: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

• Diluir misturas combustíveis mediante a adição de substâncias que

aumentem o ponto de inflamação;

• Ventilar ou aspirar locais onde seja possível a formação de misturas

explosivas;

• Actuar sobre o combustível, mediante a adição de compostos que dificultem

ou inibam a propagação da reacção em cadeia (ex: adição de anti-

oxidantes a plásticos e a tecidos ignifugados, etc.).

A eliminação de focos de ignição é uma das técnicas mais frequentes de

prevenção de incêndios.

Neste domínio, poderão ser adoptadas medidas preventivas traduzidas em

inspecções periódicas de segurança aos potenciais focos de ignição.

A actuação sobre o comburente é possível apenas em casos pouco frequentes em

que são criadas atmosferas inertes (através da adição de gases inertes como o

azoto ou óxido de carbono, diminuindo as proporções de oxigénio).

Recomendações: A empresa deve ter presente a necessidade de reunir, sobre a

forma de recomendações, todas as disposições relativas à organização de luta

contra incêndios e distribuí-las nos diferentes locais de trabalho.

São considerados vários tipos de recomendações:

• recomendação geral e prevenção contra incêndios (regras de prevenção) a

qual deve ser conhecida de todos os elementos da empresa;

• recomendação geral de luta contra incêndios (medidas em caso de

incêndio) a qual também deve ser conhecida de todos os elementos da

empresa;

• recomendações particulares, referentes a determinados locais;

• recomendações especiais, aplicáveis a serviços especializados e

responsáveis pela segurança na empresa.

52/54

Page 53: MANUAL DE FISCALIZAÇÃO

MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

5.4 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA NA OBRA A prevenção é um dos meios eficazes para evitar acidentes. O fiscal deve fazer o

empreiteiro cumprir com as normas de informação, educação e prevenção de

acidentes no trabalho. Caso o Empreiteiro o faça o fiscal deverá:

• Exigir que o fiscal coloque os meios adequados à prevenção – Sinalização

de segurança – na entrada do estaleiro, na obra e em todas as áreas em

que se verifiquem mudanças de actividade;

• Os sinais de segurança por sua vez podem ser: com formas geométricas,

sinalização luminosa, sinalização acústica, sinalização gestual, sinais

verbais, sinais de salvamento ou socorro, sinais de combate a incêndio,

sinais de obstáculos, locais perigosos e vias de circulação.

53/54