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Manual de Gerenciamento de Energia

MANUAL DE GERENCIAMENTO DE ENERGIA 2011_BAIXA_16-01_LOS (2).pdf

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  • Manual de Gerenciamento

    de Energia

  • SumrioINTRODUO

    POR QUE USAR EFICIENTEMENTE A ENERGIA ELTRICA

    NOES GERAIS SOBRE FATURAMENTO E UTILIZAO DE ENERGIA ELTRICA

    Conceitos Estrutura tarifria Preo mdio Fator de carga Fator de potncia

    ANLISE DA CONTA DE ENERGIA ELTRICA

    ORIENTAES PARA GERENCIAR O CONSUMO DE ENERGIA

    Aprenda a identificar o seu consumo especfico e a gerenci-lo Aprenda a identificar o seu custo especfico e a gerenci-lo

    VERIFICANDO OS RESULTADOS

    Como dimensionar as economias em energia (kWh) e valores financeiros (R$)

    CONCLUSES

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    7

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  • uma satisfao t-lo como Cliente Cemig!

    A Cemig - Companhia Energtica de Minas Gerais um dos maiores e mais slidos grupos do segmento de energia eltrica do Brasil e Amrica Latina com 59 anos de tradio, constitudo por 58 empresas e 15 consrcios. Companhia de capital aberto controlada pelo Governo do Estado de Minas Gerais, possui 117 mil acionistas em 44 pases. Suas aes so negociadas nas Bolsas de Valores de So Paulo, Nova York e Madri.

    Hoje a Empresa uma referncia na economia global, reconhecida por sua atuao sustentvel. Em 12 anos consecutivos, a Cemig marca a sua permanncia na seleta lista de empresas do Dow Jones Sustainability World Index (DJSI World), consolidando-se como uma das empresas mais sustentveis do mundo.

    O Grupo Cemig reconhecido tambm pela sua dimenso e competncia tcnica, sendo con-siderada a maior empresa integrada do setor de energia eltrica do Brasil.

    Em Minas Gerais, responde por 96% da rea de concesso, com mais de sete milhes de cli-entes, em 774 municpios sendo considerada a maior Distribuidora da Amrica do Sul. , ainda, a maior fornecedora de energia para clientes livres do Pas, com 25% do mercado, e um dos maiores grupos geradores, responsvel pela operao de 65 usinas, com capacidade instalada de, aproximadamente, 7 GW. A Cemig est trabalhando 24 horas por dia durante todos os dias do ano, para fornecer a melhor energia do Brasil.

    O mundo se preocupa cada vez mais com as mudanas climticas, ento o uso racional e efi -ciente da energia se torna um desafi o constante para toda a sociedade. A efi cincia energtica uma das melhores alternativas para se reduzir as emisses dos gases de efeito estufa, tendo em vista que auxilia na reduo da taxa de expanso do sistema eltrico.

    Nesse sentido, os Programas de Efi cincia Energtica das Concessionrias, o Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica Procel, o Sistema Brasileiro de Etiquetagem e outras in-meras iniciativas contribuem de forma signifi cativa para a efi cincia energtica do pas, assim como para o aumento da segurana no abastecimento, pois suas aes possibilitam reduzir a demanda no horrio da ponta do sistema eltrico.

    O Brasil investe hoje pesadamente em gerao de energia atingindo uma capacidade instalada de 112 GW, para desperdiar em seguida quase 18% de toda energia gerada, em diversos setores: seja em processos, instalaes, equipamentos e principalmente no seu uso. Podemos dizer que a sociedade brasileira joga fora, anualmente, a energia gerada quase por 3 Cemigs.

    A Cemig atravs do seu Programa de Efi cincia Energtica tambm conhecido como Programa Energia Inteligente -EI, vm trabalhando no sentido de conscientizar a sociedade mineira da necessidade do uso racional de energia. Razes econmicas, ambientais e sociais inspiram essa poltica.

    Por iniciativas prprias ou em conjunto com outras Instituies, temos desenvolvido projetos de incentivo ao uso efi ciente de energia eltrica, desde da dcada de 80. Neste perodo foram realizados inmeros Diagnsticos Energticos (estudos onde so identifi cadas oportunidades em combater o desperdcio de energia eltrica) em unidades consumidoras das classes: industrial, comercial/servio, pblico e rural.

    Introduo

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    Foram realizados, alm disso, Estudos de Otimizao Energtica (estudos mais aprofundados sobre o uso de energia) em diversos setores, destacando-se: Txtil, Laticnio, Abate de Animais, Cermica Vermelha e Hotis.

    A Cemig j investiu na faixa de R$ 500 milhes em efi cincia energtica, por meio do Programa Energia Inteligente. Atualmente esto sendo instalados sistemas solares em 508 Instituies de Longa Permanncia para Idosos em parceria com o Servas-MG, na rea hospitalar pblica es-tamos atuando em mais de 100 hospitais atravs das substituio de autoclaves, sistemas de iluminao e instalao de sistemas solares. No Projeto Jaiba esto sendo substitudos sistemas de irrigao obsoletos de mais de 1000 colonos. Para a populao de menor poder aquisitivo do Estado estamos substituindo as lmpadas incandescentes por lmpadas uorescentes compac-tas, substituindo geladeiras e instalando 15.000 sistemas solares em casas dos conjuntos hab-itacionais da Cohab-MG. Todas estas aes so implementadas atravs de palestras orientando sobre o uso correto da energia.

    A Cemig espera que com esses exemplos a sociedade adote a utilizao de equipamentos efi -cientes e o uso correto da energia, contribuindo assim, para reduzir o enorme desperdcio de energia j mencionado.

    Devido a crescente preocupao de seus clientes com o uso racional da energia, foi criada a Efi -cientia S.A., uma subsidiria integral da CEMIG, com a misso de fornecer a soluo tcnica e a viabilidade fi nanceira para o desenvolvimento de projetos de efi cincia energtica no mercado nacional e internacional.

    Reunindo profi ssionais experientes e o know-how adquirido pela CEMIG em muitos anos de tra-balhos na rea, a Effi cientia oferece uma vasta gama de servios como treinamentos e consulto-rias visando o combate ao desperdcio, estudos de otimizao, projetos de converso energtica, cogerao, manuteno de subestaes entre outros. Objetivo

    Uma empresa que deseja alcanar uma estrutura de custos racionalizada e tornar-se mais competitiva deve saber como contratar corretamente a energia eltrica e no pode admitir o

    desperdcio ou o uso inefi ciente desse insumo.

    necessrio, pois, saber interpretar os dados da Conta de energia e adquirir equipamentos mais efi cientes, alm de acompanhar os resultados da implementao de aes de efi cincia energtica.

    importante ter em mente que em um equipamento eltrico o maior custo se concentra no seu uso, ento no economize na compra.

    Espera-se que as informaes contidas nesta publicao se-jam teis para melhorar a utilizao da energia eltrica, insu-mo essencial para o desenvolvimento do nosso Estado e con-forto da nossa gente.

    Para isso, foram utilizadas analogias, visando fazer com que as informaes aqui contidas sejam acessveis a todos os nossos clientes.

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  • Alguns motivos para o uso efi ciente da energia eltrica:

    Contribuir para o desenvolvimento sustentvel; Necessidade urgente da reduo da temperatura do nosso planeta; Reduo de custos para os clientes, para o setor eltrico e para o pas; Melhoria da produtividade e da competitividade dos produtos e servios; Reduo ou postergao dos investimentos para a expanso do sistema eltrico; Maior garantia e melhores condies de atendimento ao mercado consumidor de energia; Melhoria da e cincia de processos e equipamentos; Minimizao do impacto ambiental causado pelas instalaes de gerao, transmisso

    e distribuio de energia.

    A energia eltrica deve ser considerada como um fator de produo to importante quanto o trabalho, o capital e as matrias-primas. Por isso, gerenciar a energia to importante quanto gerenciar recursos humanos ou fi nanceiros. Para tal, so necessrios os seguintes passos: 1 - Conhecer alguns conceitos bsicos (grupos tarifrios, consumo, demanda, etc.); 2 - Identi car em qual modalidade tarifria sua empresa est enquadrada; 3 - Compreender as informaes da sua conta de energia; 4 - Identi car mensalmente o consumo e a demanda; 5 - Acompanhar mensalmente seu consumo espec co; 6 - Identi car seu fator de carga e atuar para aument-lo; 7 - Identi car se o fator de potncia est abaixo de 0,92 e corrigi-lo se for o caso; 8 - Implementar aes de uso efi ciente da energia.

    Os prximos tpicos sero dedicados a detalhar conceitos e tcnicas para acompanhamento e anlise do consumo especfi co, fator de carga, preo mdio, bem como outras grandezas importantes para o gerenciamento da energia eltrica.

    Ressaltamos que as informaes aqui contidas representam a consolidao de trabalhos elaborados no s pela Cemig como tambm pela Eletrobrs/Procel (Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica).

    Por que usar eficientemente a energia eltrica

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    Noesgerais sobrefaturamento e utilizaode energia

    eltrica Conceitos Estrutura tarifria Preo mdio Fator de carga Fator de potncia

  • -

    Para que se compreenda facilmente como faturada a energia eltrica, importante saber em qual grupo tarifrio sua instalao est enquadrada e alguns conceitos como consumo e demanda.

    Grupos tarifrios

    No mercado de comercializao de energia, os clientes so divididos em duas categorias: Grupo A: clientes de alta e mdia tenso Grupo B: clientes de baixa tenso

    Grupo A: a carteira de clientes do grupo A da Cemig composta por, aproximadamente, onze mil clientes que so responsveis por 65% de toda a energia comercializada. Este grupo constitudo por seis subgrupos, cujo enquadramento depende do nvel de tenso de atendimento: Subgrupo A1 - 230 kV ou mais Subgrupo A2 - de 88 a 138 kV Subgrupo A3 - 69 kV Subgrupo A3a - de 30 a 44 kV Subgrupo A4 - de 2,3 a 25 kV Subgrupo AS - subterrnea

    Grupo B: Nesta carteira os clientes so divididos em trs classes: residencial, rural e demais classes (industrial, comercial, servios e poder pblico).

    Como faturada a energia consumo e demanda

    Esta publicao mais indicada para os clientes de mdia tenso, no caso do subgrupo A4, por isso os comentrios a respeito do faturamento do grupo B no sero aprofundados.

    Inicialmente de suma importncia compreender os conceitos de demanda (W) e consumo (Wh). Com o intuito de simplifi car este entendimento, vamos fazer uma analogia do mercado de comercializao de energia com um mercado fi ctcio de locao de veculos para transporte de carga.

    Na prestao dos servios de transporte de carga, vamos supor que tambm existam apenas dois grupos de clientes:

    Grupo A: clientes de carga pesada. Grupo B: clientes de carga leve.

    Os clientes de carga leve, ao contra-tar os servios de transporte, pagam ape-nas pela distncia percorrida, ou seja, pelos quilmetros rodados. Os clientes de carga pesada pagam a parcela relativa aos quilmetros rodados e mais uma parcela que depender do peso da carga.

    No caso do transporte de cargas leves, o valor da fatura ir depender da distncia percorrida e do veculo utilizado.

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    Como exemplo veja a seguinte tabela:

    Tipo de veculo Tarifa do km rodado Modelo 1.0 R$ 0,20 Modelo 1.6 R$ 0,30 Modelo 1.8 R$ 0,40

    Supondo que um cliente necessite de um modelo 1.6 para transportar sua carga e em um certo ms foram rodados 3.000 km, sua fatura ser 3.000 km x R$ 0,30/km = R$ 900,00.

    Os clientes do grupo B do mercado de energia, podem ser comparados com os clientes de carga leve. Estes pagam apenas pelo consumo registrado de energia Wh e a tarifa do subgrupo em qual classe o cliente est e enquadrado.

    Compreenda como faturado o consumo de energia: o consumo mensal de energia eltrica de-pende do tempo de utilizao mensal (em horas = h) dos diversos equipamentos eltricos e de suas respectivas potncias (em watts = W).

    Como exemplo, vamos considerar um cliente com os seguintes equipamentos e perodos de funcionamento mensais: uma TV com uma potncia de 100 W e uma geladeira de 200 W; sendo que a TV foi utilizada durante 200 horas e a geladeira funcionou durante 400 horas. O consumo mensal registrado pelo medidor da Cemig ser de 100 kWh.

    Cargas Potncia Tempo de funcionamento Consumo (W) mensal (h) Wh kWh TV 100 200 20.000 20 Geladeira 200 400 80.000 80 Total 100.000 100

    O valor cobrado na conta de energia para os clientes de baixa tenso ser o produto do consumo de energia registrado (kWh) pelas tarifas das respectivas classes em que os clientes es-to enquadrados. Como j foi mencionado no grupo A o enquadramento depender do nvel de tenso, e no grupo B depender da classe do cliente.

    Veja a tabela do grupo B com as tarifas atuais (resoluo N 1.127, de 05/04/11):

    Subgrupo Classe Tarifa do kWh B1 Residencial R$ 0,39 B2 Rural R$ 0,23 B3 Demais classes R$ 0,36

    Obs.: Tarifas sem impostos: ICMS, PIS/PASEP, CONFINS e contribuio de Iluminao Pbli-ca. O valor do ICMS de 18% para o rural e demais classes e de 30% para o seguimento residencial.

    No exemplo, o cliente iria pagar como residencial: 100 kWh x R$ 0,61(tarifa j com os im-postos) = R$ 61,00 mais a Contribuio de Custeio de Iluminao Pblica que arrecadada para as Prefeituras

    importante ter em mente que, geralmente, o valor gasto com o consumo de energia inmeras vezes superior ao preo de compra do equipamento. Hoje em dia existem diversos equipamentos eltricos com a indicao do seu consumo mdio mensal e a maioria das pes-soas ainda os adquirem observando apenas o preo. A exemplo da compra de um veculo, onde o consumo de combustvel j levado em considerao, o mesmo comportamento deve ser adotado quando da na compra de qualquer equipamento eltrico.

    CONCEITOS

  • Reforando a analogia utilizada para o entendimento do faturamento do grupo B, observa-se que o valor a ser pago, no caso da energia, depender: da potncia dos equipamentos, dos respectivos tempos de utilizao e das tarifas conforme classes de enquadramento. No caso do mercado fi ctcio do transporte de carga, o valor depender da potncia dos veculos, das distncias percorridas e das tarifas conforme tipo de veculo utilizado.

    Uma outra analogia que pode ser feita comparar o consumo de energia com o consumo de combustvel. O consumo de combustvel depende basicamente da potncia dos veculos e da distncia percorrida e o consumo de energia depende basicamente da potncia dos equipa-mentos e do tempo de funcionamento dos mesmos.

    Agora vamos voltar a analogia do transporte de carga para compreender o faturamento do grupo A. O valor da fatura para os clientes de carga pesada ir depender alm da distncia percorrida tambm do peso da carga a ser transportada (no caso da fatura dos clientes de carga leve no considerado o peso). O valor da fatura dos clientes do grupo A depende do consumo de energia e da demanda contratada ou registrada (a fatura dos clientes do grupo B no considera a demanda).

    Para facilitar o entendimento da demanda e como e porque ela contratada vamos fazer uso da analogia. Na contratao do servio de transporte de carga pesada o cliente dever informar qual o peso da carga em kilograma (kg) que dever ser contratado. No decorrer da utilizao dos servios podem acontecer apenas duas hipteses, o peso da carga fi car abaixo/igual da capacidade contratada ou ultrapass-la. Ser levado em considerao para o clculo desta parcela, o maior valor entre o realizado e o contratado.

    Como exemplo, vamos supor que o cliente contratou o servio de um veculo com capacidade para transportar 3.000 kg. Na primeira hiptese foram realizadas diversas viagens durante o ms com a carga variando de 2.300 kg at 2.700 kg. No fi nal do ms sero cobrados os seguintes valores: a parcela relativa a quantidade dos quilmetros rodados e a parcela relativa aos 3.000 kg, apesar de o cliente ter transportado no mximo 2.700 kg.

    Na outra hiptese, durante a utilizao mensal do servio, foram realizadas diversas viagens com a carga prxima dos 3.000 kg, mas em apenas uma viagem durante o ms, foi necessrio trans-portar 3.400 kg.

    Imediatamente a locadora envia um outro veculo capaz de transportar o excedente. No fi -nal do ms sero faturados os seguintes valores: quantidade de quilmetros rodados, parcela relativa aos 3.400 kg registrados e uma outra parcela relativa aos 400 kg ex-cedentes. Para manter a mesma metodologia utilizada na comercializao da energia, o peso excedente ser faturado com uma tarifa duas vezes maior que a tarifa normal que utilizada para faturar os 3.400 kg.

    Os clientes do grupo A do mercado de energia podem ser comparados com os clientes de carga pesada.Estes pagam, alm do consumo registrado de energia kWh, outra parcela referente maior demanda entre a registrada e a contratada kW.

    O clculo do consumo de energia segue o mesmo raciocnio descrito para os clientes do Grupo B, isto , sempre depender das potncias dos equipamentos e do tempo de utilizao dos respectivos equipamentos.

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    Ao adquirir um equipamento eltrico, sempre verifi que se existe um similar no

    mercado que consuma menos energia. Muitos deles possuem

    o selo Procel e a etiqueta.

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    Como exemplo, vamos supor o seguinte levantamento:

    Usos Carga Carga simultnea fi nais instalada com os outros usos Motores 40 kW 35 kW Iluminao 20 kW 10 kW Refrigerao 30 kW 20 kW Total 90 kW 65 kW

    Compreenda como faturada a demanda: para defi nir a demanda que dever ser contratada importante realizar o levantamento das potncias de todos equipamentos que iro funcionar simultaneamente.

    Atravs do exemplo apresentado na tabela acima, pode-se observar que, apesar da carga instalada ser de 90 kW, apenas uma parte de 65 kW funciona simultaneamente em um cer-to momento durante o ms. Como segurana, a demanda a ser contratada deveria ser um pouco acima de 65 kW. Entretanto a Cemig concede um prazo de trs meses para o ajuste da demanda a ser contratada e permitida a ultrapassagem de at 5% do valor contratado.

    A demanda registrada ser a maior somatria das potncias em um intervalo de 15 minutos du-rante o perodo de leitura, que geralmente de 30 dias.

    Visando adquirir a energia eltrica pelo menor preo, os clientes do grupo A devem contratar a demanda mais prxima possvel de suas necessidades e tambm fazer a opo pela melhor modalidade tarifria. So oferecidas para os clientes do grupo A4, duas modalidades tarifrias: a convencional e a horo-sazonal. Modalidades tarifrias

    Antes de falar sobre as opes tarifrias para o Grupo A (no Grupo B vimos as opes tarifarias que de-pendem apenas da Classe que o cliente pertence: residencial, rural, demais classes) importante saber como o comportamento do mercado de energia.

    Para facilitar a compreenso deste comportamento vamos supor que o mercado fi ctcio de locao de veculos para transporte de carga possua um comportamento similar ao mercado de energia.

    No mercado fi ctcio de locao de veculos para transporte de carga, vamos supor que exista um horrio durante os dias teis onde ocorra um aumento muito grande de solicitao de cargas a transportar, denominaremos horrio de pico e um certo perodo do ano onde a frota diminui devido manuteno, vamos denomin-lo de perodo de manuteno.

    Vamos considerar que o nmero de clientes de carga pesada muito pequeno em relao aos de carga leve, menos de 1%, entretanto, responsveis por 65% do peso de toda carga transportada.

    Com este comportamento onde ocorre grande solicitao de transporte de carga em algumas horas dos dias teis e pouca oferta de frota em alguns meses do ano, necessrio mostrar estas sanzonalidades para o mercado visando manter o equilbrio mais racional entre a oferta e a demanda. Isto obtido atravs de uma sinalizao tarifria diferenciada para os horrios e perodos, adotada apenas em uma quantidade pequena de clientes.

    Ento seriam disponibilizadas para estes clientes de carga pesada, opes tarifrias com tarifas dife-renciadas, onde as tarifas do km rodado e do kg seriam mais caras no horrio de pico e no perodo de manuteno.

    O mercado de energia da Cemig apresenta um comportamento similar, ocorre uma maior solicitao de carga em certas horas dos dias teis e existe uma menor oferta de energia em certo perodo do ano.

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    O horrio de maior solicitao de energia denominado horrio de ponta - HP, composto por trs horas dirias consecutivas definidas pela distribuidora considerando a curva de carga de seu sistema eltrico, aprovado pela ANEEL para toda a rea de concesso, com exceo feita aos sbados, domingos, tera-feira de carnaval, sexta-feira da Paixo, Corpus Christi, e os seguintes feriados definidos por leis federais: 01/01, 21/04, 01/05, 07/09, 12/10, 02/11, 15/11 e 25/12. Em mdia so 66 horas durante o ms.

    O horrio fora de ponta - HFP so as horas complementares s trs horas consecutivas que compem o horrio de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sbados, domingos e dos 11(onze) feriados indicados acima. Neste horrio as tarifas de energia so inferiores s do HP e em mdia so 664 horas durante o ms.

    O perodo onde a oferta de energia diminui denominado perodo seco PS, o perodo de 7 (sete) ciclos de faturamentos consecutivos, referente aos meses de maio a novembro.Neste perodo as tarifas de energia so superiores s do PU.

    O perodo onde a oferta de energia aumenta denominado perodo mido PU, o perodo de 5 (cinco) ciclos de faturamento consecutivos, referente aos meses de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.

    Diante da sazonalidade do mercado de energia e visando manter um melhor equilbrio en-tre a oferta e demanda so oferecidas para os clientes do grupo A, a modalidade tarifria Horo-sazonal.

    Na modalidade Convencional, tambm oferecida para os subgrupos A4 e AS, no existe sinalizao tarifria, as tarifas independem dos HP, HFP e dos PS e PU.

    Na modalidade Horo-sazonal existem 2 tipos, Azul e Verde, onde as tarifas de consumo so diferenciadas conforme os postos horrios e os perodos do ano. No caso da demanda as tarifas so diferenciadas apenas na modalidade Azul e somente para os horrios. Veja Tabela a seguir.

    Observem que, no caso da Verde, a tarifa do consumo muito elevada no HP e no caso da Azul a tarifa demanda HP mais de 3 vezes e meia o valor da demanda HFP.

    Consumidores A4 (de 2,3 kV a 25 kV) Resoluo Aneel 1.127 de 05/04/2011

    Tipo Demanda (R$/kW) Consumo (R$/kWh) Ponta Fora de ponta Ponta Fora de ponta Seco mido Seco mido Azul 44,69 12,54 0,26 0,23 0,16 0,15 Verde 12,54 1,29 1,27 0,16 0,15 Convencional 44,72 0,16

    Vamos dar uma dica para memorizar os tipos de tarifas: a regra do 4, 3, 2, 1

    Tarifas de Ultrapassagem: aplicvel sobre a diferena entre a demanda registrada e a con-tratada, quando a demanda registrada exceder em 5 % a demanda contratada. O valor duas vezes o valor da tarifa normal. Entretanto a demanda de ultrapassagem ser faturada tambm na parcela com tarifa normal (veja no exemplo a seguir), ou seja, o valor de 1 kW da demanda de ultrapassagem acaba onerando a conta com um valor 3 vezes maior que 1 kW da demanda contratada faturado na tarifa normal.

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    Aplicada como opo para consumidores com demanda menor que 300 kW.

    (Ver observao 1)

    Total registrado

    Maior valor entre- demanda medida- demanda contratada

    Preo nico

    Exceo(Ver observao 5)

    Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 5%.

    Verde

    Aplicada como opo para consumidores com demanda superior a 30 kW.

    (Ver observao 3)

    Total registrado no HFP

    Total registrado no HP

    (7)

    Preos diferenciadospara HFP e HP e paraperodos seco e mido.

    Maior valor entre- demanda medida- demanda contratada

    Preo nico

    Exceo (Ver observao 5)

    Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 5%.

    Azul

    Aplicada como opo para consumidores com demanda supe-rior a 30 KW.

    (Ver observao 3)

    Total registrado no HFP

    (6)

    Total registrado no HP

    (7)

    Preos diferenciadospara HFP e HP e para perodos seco e mido.

    Maior valor entre- demanda medida- demanda contratada

    e

    Preos diferenciados para HFP e HP

    Exceo (Ver observao 5)

    Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 5% nos respectivos horrios.

    e

    Exemplo de ultrapassagem de demanda: consumidor do A4 com 1.000 kW de demanda con-tratada.

    Demanda Parcela com Parcela com tarifa registrada tarifa normal de ultrapassagem 1.050 kW 1.050 kW - 1.051 kW 1.051 kW 51 kW

    ESTRUTURA TARIFRIA

    As regras para o enquadramento tarifrio esto apresentadas na tabela a seguir e as orientaes para a escolha da melhor opo tarifria sero detalhadas no final deste captulo.

    Tipos de tarifa Valores a serem faturados Consumo (kWh) Demanda (kW) Ultrapassagem Convencional

    Tipo Demanda (R$/kW) Ponta Fora de ponta Azul 89,38 25,08 Verde 25,08 Convencional 89,44

    18

    18

    19

    18

    19

    7

    7

    7 8

    16 17

    16

    16

    Observaes:(1) Os nmeros correspondem aos nmeros que sero indicados na conta de energia, no prximo captulo.

    7 8 16 17 18 19

    Azul 4 fatura-se 4 grandezas 2 demandas e 2 consumos

    Verde 3 fatura-se 3 grandezas 1 demanda e 2 consumos

    Convencional 2 fatura-se 2 grandezas 1 demanda e 1 consumo

    Baixa Tenso 1 fatura-se 1 grandeza 1 consumo

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    (3) Como a demanda mnima que pode ser contratada 30 kW, ento de 30 a 300 kW, o cliente pode optar entre os 3 tipos:convencional, verde ou azul e acima de 300 kW o cliente no pode optar pela convencional, apenas entre a azul e a verde.

    (4) - A alterao de modalidade tarifria, por solicitao do consumidor, deve ser efetuada nos seguintes casos:

    I desde que a alterao precedente tenha sido anterior aos 12 (doze) ltimos ciclos de faturamento; ou II desde que o pedido seja apresentado em at 3 (trs) ciclos completos de faturamento posteriores reviso tarifria da distribuidora.

    (5) Exceto para unidade consumidora da classe rural ou reconhecida como sazonal quan-do a demanda a ser faturada ser:

    Tarifa Convencional - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da maior deman-da medida em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento anteriores;

    Tarifa Horo-sazonal - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da demanda contratada.

    A cada 12 (doze) meses, a partir da data da assinatura do contrato de fornecimento, dever ser verifi cada se registraram, o mnimo de 3 (trs) valores de demanda iguais ou superiores aos contratados, excetuando-se aqueles ocorridos durante o perodo de testes; e faturar os maiores valores obtidos pela diferena entre as demandas contratados e os montantes me-didos correspondentes, pelo nmero de ciclos em que no tenha sido verifi cado o mnimo referido.

    Com estes conhecimentos adquiridos at o momento possvel identifi car dois dados de suma importncia para realizar uma boa gesto energtica:

    Preo mdio Fator de carga

    PREO MDIO PM

    o indicador mais importante para saber se umainstalao est adquirindo energia corretamente.

    Utilizando a nossa analogia, vamos identifi car o PM do km rodado e no caso da energia ser em relao ao consumo de energia (kWh).

    No caso dos clientes de carga leve o PM ser igual a prpria tarifa, ento depender apenas do modelo do veculo. Veja a tabela das tarifas dos veculos.

    O PM do quilmetro rodado para os clientes de carga pesada depender do valor gasto com a mensalidade referente ao peso transportado e do valor dos quilmetros rodados. Nesse caso identifi que o valor da fatura, divida pela quantidade de quilme-tros rodados e ter o PM.

    Observe que, apesar de o cliente de carga pesada estar sujeito s mesmas tarifas (R$ 40,00/kg e R$ 0,20/km), o PM varia. No 1 ms rodou a metade do 2 ms e o PM foi quase o dobro. Conclui-se que quanto maior a quantidade de quilmetros rodados em relao a uma mesma carga registrada/contratada, mais o PM diminui.

    No caso da energia eltrica a fi losofi a a mesma e dever ser identifi cado o PM do kWh. O PM do kWh para os clientes do grupo B ser a prpria tarifa e depender apenas da classe do cliente. Veja a tabela das tarifas por classe do grupo B (pg. 9).

    O PM do kWh para os clientes do grupo A depende do valor pago para as parcelas da demanda (kW) e do consumo (kWh). A exemplo dos clientes de carga pesada, identifi que o valor da fatura, divida pela quantidade de kWh registrados e ter o PM.

    No caso dos clientes enquadrados na horo-sazonal importante identifi car o PM do HP e do HFP. Basta dividir o montante de reais da parcela do HP pelo consumo registrado no HP. O mesmo raciocnio vale para o HFP.

    De forma anloga concluso realizada para o transporte de carga pesada, o PM para os clientes do grupo A ser menor quando o consumo elevar-se em relao a uma mesma demanda registrada/contratada.

    A busca por um preo mdio menor deve ser um desafi o constante

    Como o PM igual tarifa, no caso dos clientes do grupo B no existem aes para reduzi-lo.

    Para os clientes do grupo A, existem alguns caminhos com o objetivo de reduzir o PM: 1. Contratar demandas prximas s atuais necessidades da instalao;

    muito comum encontrar clientes que no sabem qual a sua demanda contratada. Muitos possuem uma demanda muito abaixo ou acima das atuais necessidades. J foi visto que quando a demanda no estiver bem contratada o PM ser mais elevado.

    No caso de a demanda registrada fi car muito abaixo da contratada, voc pagar por algo que no est usando e quando estiver alm do limite dos 5%, estar pagando ultrapassagem (tarifa duas vezes maior que a normal). importante mencionar que existe a opo de contratar demandas diferentes para os perodos seco e mido, mas poucos clientes utilizam desta prerrogativa.

    Uma instalao sempre dinmica, existem alteraes na utilizao e na quantidade de cargas. Por isso acompanhe sempre suas necessidades a fi m de permanecer com a demanda con-tratada prxima da registrada.

    (2) A demanda mnima a ser contratada ser 30 kW.Vejamos um exemplo: o valor do quilograma R$ 40,00 e do quilmetro rodado, R$ 0,20. Supondo que um cliente necessitou transportar at 400 kg e rodou no 1 ms 5.000 km e no 2 ms 10.000 km.

    Ento foram gastos:1 ms: (R$ 40,00/kg x 400 kg) + (R$ 0,20/km x 5.000 km) = R$ 17.000,002 ms: (R$ 40,00/kg x 400 kg) + (R$ 0,20/km x 10.000 km) = R$ 18.000,00

    O preo mdio no 1 ms foi de R$ 3,40 (R$ 17.000,00/5.000 km) e no 2 ms foi de R$ 1,80 (R$ 18.000,00/10.000 km).

  • 16 17

    2. Enquadrar-se na melhor modalidade tarifria possvel;

    Com a existncia das trs opes tarifrias, a escolha correta possibilitar um PM menor. A relao entre a demanda e o consumo de suma importncia e, no mercado de energia, conhecida como fator de carga (ser detalhado a seguir). O fator de carga um ndice que tambm ajuda na escolha da melhor opo tarifria. Pea a ajuda do agente de relacionamento da Cemig para simular a melhor opo tarifria.

    Conforme j foi visto anteriormente, a atual estrutura tarifria oferece trs tipos de opes ta-rifrias que, em funo das caractersticas do consumo de cada empresa, apresentam mais ou menos vantagens em termos de reduo de despesas com energia.

    No se podem fi xar regras para esta escolha, devendo ser desenvolvida uma anlise detalhada do uso da energia eltrica, identifi cando as horas do dia de maior consumo e as utuaes de consumo ao longo do ano.

    No entanto, possvel dizer que as tarifas horo-sazonais apresentam maiores possibilidades para a administrao das despesas com energia, permitindo obter menores custos, desde que seja feito o acompanhamento da carga.

    Outro ponto importante que, uma vez fi xados os valores de contrato, deve-se supervisionar e controlar a demanda, de forma a evitar que algum procedimento inadequado provoque uma elevao que possa transformar-se em uma ultrapassagem.

    Para as empresas em que a demanda varia muito ao longo do tempo, pode ser conveniente a instalao de um sistema automtico de superviso e controle, equipamento conhecido como gerenciador de demanda.

    3. Modular a carga o mximo possvel, principalmente para o horrio fora de ponta;

    Como foi visto, a demanda registrada ser o maior somatrio de cargas funcionando simultaneamente em um intervalo de 15 minutos, durante o perodo de leitura (geral-mente 30 dias). Neste caso, modular carga signifi ca remanejar/deslocar as cargas com funcionamento simultneo que estejam provocando esta demanda mxima, conhecida como demanda de ponta, logicamente dentro das possibilidades.

    Por outro lado, considerando que o custo da energia no HP pode ser 8 vezes superior ao do HFP (tarifa de consumo da Verde), ento modular/remanejar cargas para o HFP propor-ciona, tambm, uma reduo do seu PM (Ex.: em caso de manuteno programada, faz-las no HP).

    4. Evitar pagar por reativos.

    Este assunto tambm ser detalhado a seguir a exemplo do fator de carga e conhecido como baixo fator de potncia.

    Para concluir, importante lembrar que do mesmo modo que o PM diminui para os clientes de carga pesada com o aumento da relao entre o quilmetro rodado e o peso, o PM para os clientes de mdia e alta tenso diminuir caso ocorra um aumento da relao entre o consumo e a demanda. Esta relao conhecida como fator de carga.

    FATOR DE CARGA

    O fator de carga, em linha geral, o indicador que informa se um cliente de mdia tenso est utilizando racionalmente a energia eltrica.Pode ser expresso pela seguinte funo bsica:

    um ndice cujo valor varia entre 0 e 1, capaz de apontar a relao entre o consumo de energia e a demanda, dentro de um determinado espao de tempo.

    Fator de carga =Consumo total (kWh)

    Demanda (kW) x Tempo (h)

    A melhoria (aumento) do fator de carga, alm de diminuir o PM pago pela energia consumida, conduz a um melhor aproveitamento da instalao eltrica.Veja as frmulas abaixo:

    Fatura (R$)PM = Consumo total (kWh) Fatura (R$) PM = Demanda (kW) x Tempo (h) x FC Consumo total (kWh)FC = Demanda (kW) x Tempo (h)

    Observa-se que o preo mdio inversamente proporcional ao fator de carga. Quanto maior o FC, menor ser o PM.

    Sua empresa tem dois caminhos para aumentar o fator de carga

    1. Manter o atual consumo de energia, mas reduzindo a parcela correspondente demanda. Isso se consegue modulando o funcionamento dos equipamentos, trocando os equipamentos por outros mais efi cientes, etc.

    Assim, por exemplo, uma empresa conseguiu reduzir a demanda faturada de 500 kW para 300 kW, mantendo um consumo de 120.000 kWh. E seu fator de carga que era de:

    passou para:

    Fator de carga =120.000 (kWh)

    500 (kW) x 730 (h)= 0,33

    Fator de carga =120.000 (kWh)

    300 (kW) x 730 (h)= 0,55

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    2. Manter a demanda e aumentar o consumo de energia. Para tanto, deve-se aumentar a produo, sem o acrscimo de novos equipamentos, mas ampliando o perodo de operao.

    No exemplo, se a empresa mencionada tivesse optado por esse caminho, conservaria a demanda de 500 kW, mas aumentaria o consumo de 120.000 kWh para 200.000 kWh e conseguiria o seguinte:

    FATOR DE POTNCIA

    Para explicar de maneira simples o que o cliente recebe de energia, vamos utilizar uma analogia famosa, a do copo de chope. O lquido (que de fato mata a sede) corresponde potncia ativa ou til (que de fato produz trabalho), a espuma (pode ser apreciada, mas no caso apenas ocupa o espao do lquido) corresponde potncia reativa e a soma vetorial das duas ou o copo inteiro denominada potncia aparente. Esta potncia aparente a que geralmente a instalao recebe da Cemig.

    O contrato de demanda refere-se apenas demanda ativa (kW), que a potncia que efetivamente realiza o trabalho atravs das mquinas e equipamentos eltricos. Existem muitas instalaes eltricas que necessitam da potncia reativa. Essa potncia, apesar de no produzir trabalho, necessria pois muitos equipamentos, como os motores, reatores, etc., demandam este tipo de potncia.

    A demanda contratada e ou a registrada remunera a demanda ativa, ento falta identifi car a potncia reativa, para que ela tambm possa ser faturada.

    Utiliza-se o fator de potncia FP, ndice que indica a relao entre a potncia ativa ou til e a potncia aparente.

    FP = potncia ativa/potncia aparente = kW/kVA

    Assim, por exemplo, se em uma instalao, em uma determinada hora, registrou-se um fator de potncia de 0,80, isso indica que 80% da potncia recebida foi ativa e 20% foi reativa.

    O Fator de Potncia de referncia regulamentado por legislao especfi ca e atualmente permitido o limite mnimo de 0,92. Aproveitando a analogia isto quer dizer o seguinte: at 8% de espuma fornecida gratuitamente, caso seja necessrio mais do que isso, ou seja, registrar um FP abaixo deste limite, o cliente ir pagar a espuma com o preo um pouco menor (o preo da demanda reativa igual ao da ativa mas o do consumo reativo ser apenas a tarifa de energia pois no considera a tarifa de utilizao do sistema) que o preo do liquido. Veja comentrios no Captulo a seguir, Analise da Conta de Energia Eltrica, com a numerao , , e .

    Existem dois tipos de potncia reativa: a indutiva e a capacitiva, uma compensa a outra. Como j foi dito, muitos equipamentos, como os motores e reatores, demandam a indutiva e outros geram a capacitiva, como os equipamentos conhecidos como banco de capacitores.

    A legislao atual determina que a medio da potncia capacitiva ocorra no perodo entre 0 e 6 horas e a medio da indutiva ocorra no perodo das 6 s 24 horas, diariamente.

    Quando a demanda reativa exceder o limite de 0,92, seja capacitiva (de 0 s 6 horas) ou indutiva (das 6 s 24 horas), sero faturadas na conta de energia a demanda reativa (UFDR) e/ou a energia reativa (UFER) como excedentes de reativos, e a Cemig comunica para que seja regularizada a situao.

    Seguem alguns exemplos para mostrar a importncia do FP (quanto mais prximo de 1, melhor).

    Pot. ativa (kW) Fator de potncia FP Pot. aparente (kVA) 1 exemplo 300 1 300 2 exemplo 300 0,5 600

    Observa-se que com o fator de potncia igual a 0,5 a potncia aparente duas vezes maior que a potncia ativa. Isto signifi ca que a Cemig tem que fornecer o dobro da potncia para atender mesma potncia ativa.

    Voc ento tem duas opes: pode comprar a energia reativa da Cemig e aumentar o preo mdio da sua energia ou gerar energia reativa em sua instalao.

    Como vimos, a energia capacitiva compensa a reativa e existem equipamentos que geram a energia capacitiva, conhecidos como capacitores e tambm os motores sncronos.

    O dimensionamento do banco de capacitores para correo do FP deve ser realizado por especialistas.

    Quando o fator de potncia corrigido de maneira efi caz, as perdas de energia reduzem, o aquecimento dos condutores e as variaes de tenso diminuem, a capacidade dos transformadores alcanam melhor aproveitamento, devido liberao de carga. H um aumento na vida til dos equipamentos eltricos, que passam a consumir a energia de forma racional e econmica. Todo o sistema de distribuio de energia tambm sai ganhando.

    Fator de carga =200.000 (kWh)

    500 (kW) x 730 (h)= 0,55

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    A Nota Fiscal/Conta de Energia Eltrica um importante documento para o gerenciamento energtico, por isso necessrio conhec-la e interpret-la.

    Geralmente a Fatura de Energia chega nas Empresas e vai direto para a contabilidade poder pagar. recomendvel que outras pessoas, com os conhecimentos adquiridos nesta publi-cao passem a receber uma cpia da Conta para analise e verifi car se o preo mdio est sendo o menor possvel.

    Ento muito importante que exista nas Empresas uma equipe responsvel por implantar e dar continuidade ao Programa de Gesto Energtica. Esta equipe conhecida como CICE Comisso Interna de Conservao de Energia.

    Apenas com analise dos dados da Conta ser possvel verifi car se o Programa est tendo sucesso. Diante da importncia desta analise segue um exemplo de uma Fatura.

    Trata-se de uma conta fi ctcia, de um cliente do subgrupo A4 enquadrado na modalidade tarifria Azul, onde a simulao realizada permitiu apresentar o maior nmero de situaes possveis.

    A Conta dos clientes de mdia tenso, pblico alvo desta Revista, composta de duas partes. Na primeira so apresentadas as informaes sobre o cliente e os valores faturados. Na segunda parte est o demonstrativo de como as grandezas foram obtidas.

    Todos os campos recebero uma numerao de forma facilitar a identifi cao e a descrio destes campos estar logo a seguir.

    Anlise da conta de

    energia eltrica

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    Cemig Distribuio S.A. CNPJ 06.981.180/0001-16 / Insc. Estadual 062.322136.0087 / Av. Barbacena, 1.200 17 andar Ala A1 CEP 30190-131 Belo Horizonte MGCemig Distribuio S.A. CNPJ 06.981.180/0001-16 / Insc. Estadual 062.322136.0087 / Av. Barbacena, 1.200 17 andar Ala A1 CEP 30190-131 Belo Horizonte MG

    www.cemig.com.br/atendimento

    Emergncias: 0800 723 2827

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    O valor de ultrapassagem neste exemplo 180 kW no HFP (1.080 900) e no ocorreu no HP pois a registrada fi cou dentro do limite de tolerncia.

    Em alguns clientes de mdia tenso a medio pode ser realizada antes do transformador, sendo conhecida como medio em Baixa Tenso. Neste caso acrescentam-se as Perdas de transformao que so de 2,5% de toda demanda registrada.

    No o caso deste exemplo, mas caso fosse, teramos que considerar estas perdas.

    Ex.:Perdas no HFP = (2,5% x 1.080)= 27 kW

    Ento a demanda de ultrapassagem no HFP seria:

    Ex.:Dem. Ultrap. HFP = 180 kW + 27 kW = 207 kW

    Energia ativa em kWh: Indicam os valores faturados de energia nos HFP/nico e HP, respectivamente. As energias faturadas so os valores de energia registrados acrescidas das perdas de transformao quando houver. O valor de no existe para Tarifa Convencional.

    No Demonstrativo de Grandezas so indicados os valores de energia eltrica registrados (kWh) nos HFP/nico e HP . So os resultados das diferenas de leituras de kWh (atual - anterior ), vezes a constante de faturamento de kWh .

    Ex.: Energia registrada no HFP: [(18.600 18.509) x 1.800] = 163.800 kWh

    Como j foi explicado, caso a medio fosse em Baixa Tenso, o valor de energia que seria fatu-rado deveria levar em considerao as perdas de transformao, ou seja:

    Ex.: Perdas no HP: (2,5% x 163.800)= 4.095 kWh

    Ento os valores faturados de energia ativa seriam os registrados acrescidos das perdas de trans-formao quando houver, ou seja:

    Ex.: energia ativa HP = 163.800 kWh + 4.095 kWh = 167.895 kWh

    DMCR (Demanda Mxima Corrigida Registrada): Indicam os valores de DMCR nos HFP/nico e HP respectivamente. So calculadas atravs das diferenas de leituras de DMCR (atual - anterior ) vezes a constante de faturamento de kW , dividido por 100.

    Ex.: DMCR no HFP = [(6.483 6.418) x 1.800] / 100 = 1.170

    Demanda Reativa - UFDR: Indicam os valores faturados de demanda reativa nos HFP e HP, respectivamente. Esses valores aparecem quando as DMCRs superarem as demandas faturadas e so obtidos da diferena das DMCR e das demandas faturadas nos respectivos horrios acrescidos das perdas de transformao quando houver. O valor de no existe para Tarifa Verde e Convencional.

    No Demonstrativo de Grandezas so indicados os valores de demanda reativa registradas -UFDR nos HFP/nico e HP .

    Ex.: Demanda Reativa HFP: 1.170 1.080 = 90 kW

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    N do Cliente: este nmero deve ser utilizado para o cliente identifi car-se ao ligar para o novo telefone da Cemig que o 116.

    N da instalao: este nmero identifi ca uma instalao consumidora, pois um mesmo cliente pode possuir vrias instalaes (Ex.:residncia, sitio, comrcio, etc).

    Classifi cao: indica o ramo do cliente: industrial, comercial, rural, etc.

    Categoria: indica em qual modalidade tarifaria (Convencional, THS Azul ou Verde) o cliente est enquadrado e logo em seguida o subgrupo (no Ex. est na tarifa Azul e pertence ao A4).

    Leitura Anterior e Atual: indicam o intervalo de leitura, isto , possibilita identifi car a quantidade de dias e o perodo no qual a energia foi utilizada. Deve ser desprezado o dia da leitura anterior e considerado o dia da leitura atual. Nesse caso, foram 31 dias e o perodo foi: 02/07 01/08. Verifi que que apesar da conta ser de agosto/2011, o perodo inclui a maioria dos dias do ms de julho/2011. Demanda Ativa em kW: Indicam os valores faturados de demanda nos HFP/nico e HP, respectivamente. Esses valores obedecem regras que foram apresentadas no item Es-trutura Tarifria (pg. 13). Referem aos valores das demandas registradas e quando estes fi carem acima dos valores de demandas contratadas e . Quando os valores registrados fi carem abaixo dos valores contratados sero faturadas as demandas contratadas (veja exemplo na pg. 13). O valor de no existe para THS Verde e Convencional. Ex.: Neste exemplo foram faturados os valores registrados e pois ocorreram ultrapassagens nos dois horrios.

    Demanda Contratada em kW: no Demonstrativo de Grandezas so indicados os va-lores de demanda contratadas nos HFP/nico e HP, respectivamente. O valor do HP 10 no existe nas modalidades Verde ou Convencional. Como j foi mencionado, deve-se contratar demandas prximas s atuais necessidades.

    Demanda ativa Registrada em kW: No Demonstrativo de Grandezas so indicadas as demandas registradas (kW) nos HFP/nico e HP, respectivamente. So calculadas atravs das diferenas de leituras de kW (atual anterior ) vezes a constante de faturamento de kW, dividido por 100.

    Ex.:Dem. Reg. HFP = [(5.750 5.690) x 1.800] / 100 = (60 x 1.800) / 100 = 1.080 kW Ultrapassagem em kW: Quando a demanda registrada fi car acima do limite de 5% da contratada (veja Estrutura Tarifria, pg. 13), a diferena ser faturada com tarifa de ul-trapassagem (duas vezes maior que a tarifa normal).

    No exemplo as demandas contratadas com os 5 % de tolerncia so 945 kW no HFP e 893 kW no HP. No exemplo ocorreu a ultrapassagem de 180 kW no HFP mas no ocorreu no HP.

    O clculo para defi nir o valor de ultrapassagem ser a diferena da registrada 11 e a con-tratada (9) quando ocorrer a ultrapassagem do limite de tolerncia de 5%, acrescida das perdas de transformao quando houver.

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    Os nmeros a seguir representam os campos da conta de energia eltrica, numerados sequen-cialmente. Alguns desses campos referem-se a uma mesma grandeza, embora apresentados em horrios diferentes. Nestes casos, usaremos apenas uma descrio para os dois campos, identifi cados por dois nmeros, ou seja, o que for descrito para o HFP vale para o HP.

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    APRENDA A IDENTIFICAR O SEU CONSUMO ESPECFICO E A GERENCI-LO O consumo especfi co um ndice que indica o total de energia consumida para o processamento completo de um determinado produto ou para a prestao de um servio. um dos parmetros de maior importncia em estudos que envolvam o uso racional de energia nas empresas.

    A importncia da identifi cao do(s) consumo(s) especfi co(s) se prende ao fato de que ele um ndice que facilita a apurao dos resultados de economia de energia.

    A busca por um menor consumo especfi co, atravs da implementao de aes voltadas para o uso racional de energia, deve ser uma preocupao permanente da CICE (Comisso Interina de Con-

    servao de Energia).

    Para explicar a necessidade da identifi cao do consumo especfi co, vamos usar a analogia do consumo de combustvel por um veculo. O proprietrio de um veculo, quando deseja controlar o consumo de combustvel do seu carro, no deve verifi car qual o consumo total de litros por ms, mas sim quantos quilmetros por litro o veculo est realizando.

    Muitas variveis in uenciam no consumo: quantos km foram percorridos na estrada e dentro da cidade, se o ar condicionado foi ou no utilizado, quantos passageiros o carro transpor-tou, etc. importante que o proprietrio esteja atento a todas essas variaes, mas o que mais in uencia o consumo so os quilmetros rodados.

    De maneira anloga deve ser feito o acompanhamento do consumo de energia eltrica. Muitas variveis in uenciam no consumo de energia eltrica: variao do nmero de dias para realizao da medio, o clima, frias, novos equipamentos que so ligados, interrup-es programadas para manuteno, variao de produo, etc.

    Da mesma maneira que no faz sentido acompanhar o consumo de combustvel de um veculo simplesmente pelos litros que ele consumiu no ms, tambm no far sentido acompanhar o con-sumo de energia eltrica (kWh) pelo consumo mensal registrado (informado em sua fatura). O correto ser identifi car qual o seu consumo de energia eltrica para o processamento com-pleto de um determinado produto ou para a prestao de um servio.

    Orientaes para gerenciar o consumo de energia

    Como j foi explicado, caso a medio fosse em Baixa Tenso, deveria levar em considerao as perdas de transformao, ou seja:

    Ex.: Perdas de Transf. Dem. Reativa HFP = (2,5% x 90)= 2,25 kW

    Ento o valor de demanda reativa faturada seria:

    Ex.: Demanda Reativa HFP = 90 kW + 2 kW = 92 kW

    Obs.: Observe que o valor da tarifa de demanda reativa do HFP e HP igual ao valor da tarifa da demanda ativa do HFP.

    Energia Reativa: Indicam os valores faturados de energia reativa nos HFP e HP, re-spectivamente. Esses valores aparecem quando o Fator de Potncia horrio for menor que 0,92 (ver item Fator de Potncia). As energias reativas faturadas so os valores de energia reativas registrados acrescidas das perdas de transformao quando houver. O valor de no existe para Tarifa Convencional.

    No Demonstrativo de Grandezas so indicados os valores de energia reativa registradas - UFER nos HFP/nico e HP . So os resultados das diferenas de leituras de UFER (atual - anterior ), vezes a constante de faturamento de kWh .

    Ex.: Energia reativa registrada no HFP: [(1.660 1.656) x 1.800] = 7.200 kWh

    Obs.: Observe que neste caso o valor da tarifa da energia reativa do HFP e HP so difer-entes, so menores que os valores da energia ativa do HFP.Para estes consumidores do A4 a tarifa de energia ativa composta de 2 parcelas: da TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuio) e da TE (Tarifa de Energia); na cobrana da energia reativa s considerada a parcela da TE.

    Como j foi explicado, caso a medio fosse em Baixa, o valor de energia reativa que seria faturado deveria levar em considerao as perdas de transformao, ou seja:

    Ex.: Perdas no HFP: (2,5% x 7.200)= 180 kWh

    Ento os valores faturados de energia reativa seriam os registrados acrescidos das perdas de transformao quando houver, mas no o caso.

    Ex.: energia ativa HFP = 7.200 kWh + 180 kWh = 7.380 kWh

    P e r c e n t u a l d e P e r d a s : Quando a medio realizada na mdia tenso este valor no aparece como neste exemplo. Caso a medio seja realizada na baixa tenso, esse valor ser 2,5%. Considera-se que o transformador possui uma perda de transformao de 2,5% em todas as grandezas envolvidas (kW, kWh e kVAr).

    Fator de Carga: Indicam os fatores de carga nos HFP e HP. Este fator j foi detalhado no captulo anterior.

    Fator de Potncia: Indica o fator de potncia, aparece quando a unidade consumi-dora for faturada na modalidade Convencional. Esse valor no deve ser menor que 0,92, pois caso isso ocorra, sua fatura ser onerada com o pagamento de reativos. Este fator j foi detalhado no captulo anterior.

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    Como j foi visto, o consumo de energia eltrica igual Potncia dos equipamentos x Tempo de funcionamento dos mesmos = Wh. Portanto, basicamente existem apenas estas opes: diminuir a potncia e/ou diminuir o tempo de funcionamento.

    Para diminuir a potncia devem-se usar equipamentos ou processos mais efi cientes e elaborar estudo visando verifi car a possibilidade da reduo da simultaneidade da operao das diversas cargas que compem a instalao (modulao).

    Para diminuir o tempo de funcionamento, deve-se atuar na mudana de hbitos/processos ou utilizar o recurso da automao.

    APRENDA A IDENTIFICAR O SEU CUSTO ESPECFICO E A GERENCI-LO

    O outro ndice que dever ser identifi cado e gerenciado o custo especfi co:

    Custo especfi co = consumo especfi co (kWh/unidade) x preo mdio (R$/kWh) ou simplesmente o valor da fatura dividido pelas unidades ou servios produzidos (R$/unidade)

    Aproveitando os resultados do exemplo do item anterior, onde o consumo especfi co anterior, e aps a implantao de algumas medidas de efi centizao energtica, era 10 kWh/pea e 7 kWh/pea, respectivamente, e considerando um preo mdio de R$ 0,30/kWh; obtm-se a reduo do custo especfi co de:

    10 kWh/pea x R$ 0,30 = R$ 3,00/pea7 kWh/pea x R$ 0,30 = R$ 2,10/pea

    Lembre-se que existem vrias possibilidades de reduzir o preo mdio para clientes de m-dia tenso. Nesse caso foi mantido constante.

    Conclui-se que para consumidores atendidos em mdia tenso existem duas possibilidades para reduo do custo especfi co, ou seja, para a reduo de custo com energia: atuar na reduo do consumo especfi co e do preo mdio.

    O consumo especfi co da maioria das unidades consumidoras do setor comercial/servios o consumo (kWh) dividido pelo nmero de dias realmente trabalhados no intervalo de leitura (kWh/dias trabalhados). Neste caso, ele serve para demonstrar o quanto de energia eltrica realmente utilizado para proporcionar um dia de trabalho com conforto. Alguns segmentos deste setor (comercial) possuem outros tipos de consumo especfi cos, como por exemplo: hotis (kWh/dirias ou kWh/n de hspedes, o que depender da taxa de ocupao).

    No setor industrial, geralmente, ser em relao ao que est sendo produzido.

    Por exemplo, uma indstria consumiu 10.000 kWh para produzir 8 toneladas de um produto A e 3 toneladas de um produto B. O importante descobrir o quanto de energia eltrica foi utilizado para produzir A e B. Vamos supor que depois de realizado o rateio de energia el-trica, chegou-se a 70% da energia eltrica utilizada para produzir A. Ento:

    o consumo espec co de A igual a 7.000 kWh/ 8t = 875 kWh/ t; o consumo espec co de B igual a 3.000 kWh/ 3t = 1.000 kWh/ t.

    Atravs deste exemplo conclui-se que uma empresa pode ter mais de um consumo especfi co.

    A identifi cao do consumo especfi co vai depender do bom senso. O importante desco-brir o que realmente faz alterar o consumo de energia eltrica. Acompanhar simplesmente a variao do consumo (kWh) mensal no sufi ciente, pois, aps implementar medidas de economia de energia, o consumo pode aumentar devido a um aumento de produo, au-mento de carga e outras variveis.

    Veja os exemplos.

    Antes de adotar as medidas de efi cincia energtica, uma empresa consumia 1.000 kWh para produzir 100 peas.

    Ento, o consumo especfi co (antes) = 1.000 kWh/100 = 10 kWh/pea

    Ex.1: supondo que, aps adotar as medidas de efi cincia energtica, a empresa passou a consumir 2.100 kWh, entretanto aumentou a produo para 300 peas.

    Ento, o consumo especfi co (aps) = 2.100 kWh/300 = 7 kWh/pea

    Ex.2: aps adotar as medidas de efi cincia energtica, passou a consumir 700 kWh, mas continuou a produzir 100 peas.

    Ento, o consumo especfi co (aps) = 700 kWh/100 = 7 kWh/pea

    A implantao de um programa de gesto energtica no implica, necessariamente, em reduo do consumo de energia eltrica (kWh) e, sim, na reduo do consumo especfi co.

    No prximo captulo ser apresentada uma planilha que facilitar o levantamento e o gerenciamento do consumo especfi co.

    Como reduzir o consumo especfi co de energia eltrica?

    Esta a questo fundamental. A princpio, a resposta parece complexa, mas na verdade muito simples. Considerando que o consumo especfi co igual ao consumo de energia/produo e sabendo que a produo ser determinada pela necessidade de mercado ou por estratgias empresariais, devemos atuar apenas no numerador dessa relao, o consumo de energia.

  • 30 31

    Rena as Notas Fiscais/Contas de Energia Eltrica do ano anterior(no caso 2010) e do ano atual(no caso 2011) e proceda conforme a seguir para o preenchimento da 1 Planilha:

    1 - Identifi que o ciclo de faturamento: O ciclo corresponde ao intervalo de leituras que com-preende os dias entre a data da leitura anterior e a data da leitura atual, desconsiderando o dia da leitura anterior. No exemplo da Planilha vamos considerar o intervalo da fatura apre-sentada nesta publicao, que foi de 02/07 at 01/08. Observe que apesar da data da leitura anterior ser 02/07, o ciclo considerado inicia 03/07.

    2 - Indique o consumo de energia e o valor da fatura do perodo: no se esquea que os valores da fatura do ms referem-se ao consumo do ms anterior. Escolha se ir utilizar o valor com ou sem impostos e taxas e mantenha essa escolha em todos os meses.

    3 - Verifi que a produo neste intervalo: faa o levantamento do que foi produzido durante o intervalo de leitura. Se no for possvel, estime, baseie-se na produo mdia diria verifi cada em perodo prximo ao intervalo de leitura. Ex.: nmero de dias realmente trabalhados, quantidade de matria-prima utilizada, horas-aula ministradas, toneladas de produto, peas, etc.

    4 - Calcule o consumo especfi co: divida o consumo total pela produo do respectivo perodo.

    5 - Calcule o custo especfi co: divida o valor da fatura pela produo do respectivo ms.

    A partir da 13 conta j ser possvel calcular as economias.

    Proceda da seguinte forma para o preenchimento da 2 planilha, a de resultados.

    6 - Calcule o preo mdio: divida o valor da fatura pelo consumo total.

    7 - Calcule as economias: Energia (kWh) = (consumo especfi co anterior atual) x produo atualValores (R$) = (economia em kWh x preo mdio)

    8 - Elabore os grfi cos de acompanhamento: do consumo especfi co, custo especfi co, economia em kWh e economia em reais.

    9 - Anlise: analise os motivos das variaes.

    Ex.: maior nmero de feriados, adoo de medidas de economia, maior nmero de horas trabalhadas, produtos com caractersticas diferentes, mudana de processo, etc.

    10 - Divulgao: importante que tanto o grfi co como a tabela sejam do conhecimento de todos e no somente dos responsveis pelo pagamento das contas e da CICE.

    11 - Metas: estabelea metas de reduo do consumo especfi co de energia eltrica.

    Ex.: 90% do consumo especfi co do respectivo ms do ano anterior ou 90% da mdia dos consumos especfi cos do ano anterior. Estabelea aes para atingir a meta.

    O que no medido no controlado. Na gesto energtica, esta mxima se aplica inteiramente. A verifi cao, anlise e

    acompanhamento dos resultados so premissas bsicas nas atividades desenvolvidas pela CICE.

    COMO DIMENSIONAR AS ECONOMIAS EM ENERGIA (kWh) E VALORES (R$)

    Os resultados esperados de um Programa de Gesto Energtica, basicamente, so verifi cados atravs de apenas duas constataes: economia calculada pela reduo do consumo de ener-gia (kWh) e em valores fi nanceiros (R$). No devem ser verifi cadas estas redues na fatura de energia e sim calculando o consumo especfi co antes e aps a implementao de um Pro-grama de Gesto Energtica

    A reduo do consumo de energia eltrica em kWh obtida mediante a diferena do consumo especfi co antes e aps a implementao das medidas, multiplicada pela produo atual.

    Aproveitando os dados dos exemplos utilizados no captulo anterior: A diferena de consumos especficos foi: 10 kWh/pea 7 kWh/pea = 3 kWh/pea. No exemplo 1 a produo atual passou a ser de 300 peas e no exemplo 2 a produo manteve-se em 100 peas. Ento:

    As economias em kWh seriam: 3 kWh/pea x 300 peas = 900 kWh no exemplo 13 kWh/pea x 100 peas = 300 kWh no exemplo 2

    A reduo do consumo de energia eltrica em R$ obtida pela diferena do custo especfi co antes e aps a implementao das medidas, multiplicada pela produo atual ou, simplesmente, pela economia total em kWh multiplicada pelo preo mdio.

    Nos exemplos utilizados, a reduo do custo especfi co foi de: 3,00 2,10 = R$ 0,90/pea e as economias em reais seriam:

    R$ 0,90/pea x 300 peas ou 900 kWh x R$ 0,30/kWh = R$ 270,00R$ 0,90/pea x 100 peas ou 300 kWh x R$ 0,30/kWh = R$ 90,00

    Para facilitar o controle dos resultados, ser apresentada uma metodologia que permita acompanhar as evolues dos consumos e custos especfi cos, das economias em kWh e em reais.

    As planilhas apresentadas a seguir esto simplifi cadas, baseiam-se apenas em um consumo total e em um produto. As empresas com mais de um produto e que pos-suam consumos nos horrios de ponta e fora de ponta devem refi nar as planilhas apresentadas.

    Verificando os resultados

  • 32 33

    O controle apresentado corresponde a um modelo mais simplificado. Cabe CICE ou empresa, em funo de suas experincias e complexidades, aprimorar o modelo proposto.Como j foi dito, os controles podem ser realizados considerando os horrios de ponta e de fora de ponta, por produto, etc.

    Variao do custo especfico (R$/unidade)

    Economia (kWh)

    Economia (R$)

    0,98

    0,96

    0,94

    0,88

    0,86

    0,84

    0,82JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    0,90

    0,92

    1,00

    R$/

    unid

    ade

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    -10

    -20

    -30JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    kWh

    0,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    R$

    -8,00

    -6,00

    -4,00

    -2,00

    2,00

    4,00

    6,00

    8,00

    10,00

    12,00

    14,00

    2010 2011

    Ms de Economia Preo mdio Economia Acumulado referncia no ms (kWh) (R$/kWh) no ms (R$) atualizado (R$) Janeiro 25 0,2000 5,00 5,00 Fevereiro 33 0,2071 6,77 11,95 Maro -25 0,1889 -4,72 6,17 Abril 19 0,2000 3,76 10,30 Maio 15 0,2000 3,00 13,30 Junho 35 0,2000 7,00 20,30 Julho -25 0,1889 -4,72 14,45 Agosto 47 0,2000 9,41 24,71 Setembro 15 0,2000 3,00 27,71 Outubro 8 0,2417 1,93 35,42 Novembro 15 0,1909 2,86 30,84 Dezembro -24 0,2000 -4,74 27,57

    Planilha de acompanhamento

    Planilha de resultados

    Dados de identificao da empresaReferncia: Identificador: Grupo: Modalidade tarifria: N do contrato: Planta/unidade: vigente anterior 1 anterior 2Demanda contratada fora de ponta ou nica kW Demanda contratada de ponta kW Atividade produtiva: Produto: Acabado:

    Controle do consumo e custo especficosMs/ano de Ciclo de Consumo Total fatura Produo Consumo especfico Custo especfico referncia faturamento (kWh) (R$) (*) (kWh/*) (R$/*)

    jan/10 1.000 200,00 200 5,00 1,00fev/10 700 145,00 150 4,67 0,97mar/10 900 170,00 180 5,00 0,94abr/10 800 160,00 170 4,71 0,94mai/10 1.000 200,00 200 5,00 1,00jun/10 03/07- 01/08 1.000 200,00 200 5,00 1,00jul/10 900 170,00 180 5,00 0,94ago/10 800 160,00 170 4,71 0,94set/10 1.000 200,00 200 5,00 1,00out/10 600 145,00 150 4,00 0,97nov/10 1.100 210,00 220 5,00 0,95dez/10 900 180,00 190 4,74 0,95

    Ms/ano de Ciclo de Consumo Total fatura Produo Consumo especfico Custo especfico referncia faturamento (kWh) (R$) (*) (kWh/*) (R$/*)jan/11 1.000 200,00 205 4,88 0,98fev/11 700 145,00 157 4,46 0,92mar/11 900 170,00 175 5,14 0,97abr/11 800 160,00 174 4,60 0,92mai/11 1.000 200,00 203 4,93 0,99jun/11 1.000 200,00 207 4,83 0,97jul/11 03/07- 01/08 900 170,00 175 5,14 0,97ago/11 800 160,00 180 4,44 0,89set/11 1.000 200,00 203 4,93 0,99out/11 600 145,00 152 3,95 0,95nov/11 1.100 210,00 223 4,93 0,94dez/11 900 180,00 185 4,86 0,97

    * Colocar a unidade de produo (toneladas, peas, horas trabalhadas, etc.).

    O valor positivo indica a economia de energia eltrica, devendo ser verificadas as medidas implemen-tadas que contriburam para essa economia.

    O valor negativo indica que pode ter ocorrido um desperdcio de energia eltrica ou um aumento de carga. Procure identificar os motivos e descrev-los (por exemplo: horas extras, aumento de carga, etc.).

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    Companhia Energtica de Minas Gerais Cemig DistribuioAv. Barbacena 1200 - Belo Horizonte - MG

    EQUIPE TCNICA

    Coordenao - Texto

    Superintendncia de Relacionamento Comercial com Clientes de Distribuio - RCPrograma Energia Inteligente - E.I

    Autor: Leonardo Resende Rivetti Rocha

    Coordenao - Edio

    Superintendncia de Comunicao EmpresarialResponsvel: Fernando Ferreira Melo

    Fotografi a: Eugnio Pacelli

    Patrocnio Effi cientia

    Espera-se que com as informaes aqui trazidas j seja possvel uma melhor interpretao da sua fatura de energia, a busca por um au-mento do fator de carga, a escolha da melhor opo tarifria, a con-tratao das demandas (HP e/ou HFP) que atendam s suas reais necessidades, a reduo ou eliminao da cobrana dos reativos excedentes, a reduo do consumo especfi co, o que implicar na reduo do seu custo especfi co com energia.

    Uma Comisso Interna de Conservao de Energia - CICE dever ser constituda para implantao do Programa de Gesto Energtica PROGEN. Como foi visto existem inmeras aes que possibilitaro uma melhor utilizao da energia, o que certamente contribuir por tornar sua Empresa mais competitiva e tambm, para a postergao de novos inves-

    timentos no setor eltrico. Esta atitude cidad possibilita a preser-vao do meio ambiente para as prximas geraes. Alm dos ga-nhos fi nanceiros, voc estar contribuindo para o desenvolvimento sustentvel do nosso Planeta.

    Outro fato importante foi de modo a formalizar as diretrizes a serem seguidas e instruir o mercado sobre o consumo racional de energia, em junho/2011 foi publicada a norma internacional de gesto da ener-gia da International Organization for Standardization: a ISO 50.001, por meio da qual empresas que adotarem polticas de sustentabilidade, visando um consumo inteligente, podero ser certifi cadas.

    Saliente-se que a Effi cientia a empresa da CEMIG especializada em solues energticas e poder fornecer os mais diversos servios sua

    Empresa, desde treinamentos para criao de CICEs at o desenvolvi-mento e viabilizao de grandes projetos de efi cincia energtica.

    importante conhecer o estabelecido na Resoluo Normativa N 414, de 9 de setembro de 2010, que estabelece de forma atualizada e con-solidada as Condies Gerais de Fornecimento de Energia Eltrica a ser observado tanto pelas concessionrias e permissionrias quanto pelos consumidores.

    Em caso de dvida Fale com a Cemig ligue para o telefone 116, a ligao gratuita e estamos disposio 24 horas por dia.

    No deixe de entrar em contato com a Melhor Energia do Brasil.

    Concluses