Manual de treinamento agrícola Solos do Planalto Central ...A análise de um perfil de solo é uma das ferramentas de trabalho de agrônomos e engenheiros, no primei ro caso para

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  • Solos do Planalto Central em Angola

    Parte 1 - propriedades fsicas

    Manual de treinamento agrcola

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    Introduo O que o solo?

    - a camada superficial do globo terrestre, com espessura varivel, onde se desenvolvem todos os seres vivos

    - um agregado de partculas orgnicas e de minerais no-consolidados produzidas pela aco combinada do vento, da gua e dos processos de desintegrao qumica e orgnica. Os processos agem sobre a rocha matriz (rocha me)

    - a base essencial de toda a produo agrcola

    Para qu serve o solo? Importncia e funo do solo:

    - O solo o suporte fsico para as plantas e a fonte de gua e de nutrientes para as mesmas

    - O solo regula a distribuio da humidade atravs de sua capacidade de conservar gua disponvel s plantas (capacidade de infiltrao e armazenamento)

    - O solo purifica a gua que penetra ao subterrneo gua subterrnea

    - Todo o qu comemos, materiais para construo (adobe, barro), papel, etc., provem do solo atravs de plantas

    A produtividade agrcola depende: - Do solo e das condies biolgicas, qumicas e fsicas que oferece - Da planta e da sua capacidade gentica de produzir - Das tcnicas agrcolas pelos quais se tenta criar as condies que

    permitem o desenvolvimento da capacidade gentica da planta - Do clima

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    Do solo necessitamos que: - Permita um bom desenvolvimento

    da raiz - Tenha o suficiente em nutrientes

    para a planta - Conserve a maior quantidade de

    gua disponvel planta - Seja suficientemente arejado - No contenha substncias txicas,

    prejudiciais raiz

    Propriedades do solo O solo constitudo fisicamente por 4 componentes:

    - Substanciais minerais parte constante (aprox. 45%)

    - gua parte varivel (aprox. 25%)

    - Ar parte varivel (aprox. 25%) - Matria orgnica parte

    constante (aprox. 5%)

    Propriedades do solo que mudam dentro de tempo

    Propriedades que mudam dentro minutes

    ou horas

    Propriedades que mudam dentro de meses

    ou anos

    Propriedades que mudam ao longo de

    centsimas ou milhares de anos

    Temperatura pH do solo Substancias minerais

    Volume de humidade Cor do solo Distribuio de partculas minerais

    Composio de ar Estrutura de solo Horizontes Densidade Densidade de partculas Matria orgnica Textura do solo Fertilidade do solo

    Microrganismos, animais, plantas

    Porosidade

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    Geografia dos solos De acordo com o tipo de rocha matriz, temperatura, relevo, profundidade, textura, cor, influncia de lenol fretico, etc., os solos podem ser classificados e mapeados. A classificao dos solos importante para a escolha da cultura adequada, para o controle de eroso, para a estimativa de adubao e calagem necessrias, etc.

    Geografia de solos, tambm chamada pedogeografia, estuda a distribuio de solos, as associaes caractersticas dos solos com a vegetao, drenagem, relevo, rochas, clima e o significado dos solos na economia e cultura de uma regio.

    Sistemas de classificao de solos Existem vrios sistemas de classificao de solos mundiais:

    1. O sistema de FAO Organizao para agricultura e alimentao de ONU 2. O sistema de USDA Ministrio de agricultura de E.U.A. 3. Vrios sistemas nacionais

    Solos do Planalto central em Angola Os solos predominantes em Angola so solos de gneros Arenosols e Ferralsols (sistema da FAO) ou seja Entisols, Ultisols e Oxisols (sistema da USDA). Em provncias de Huambo e Bi existem vrios subgneros e combinaes desses solos, dependendo das caractersticas detalhadas de horizontes, por exemplo Ferralic arenosols, Gleyic arenosols, Acric ferralsol so solos predominante tipo arenosols e ferralsols mas de vrias outras caractersticas detalhadas como regime de humidade, caractersticas mineralgicas, presena de certos horizontes especficos para a localidade).

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    Ferralsols Caracterizam-se por serem solos muito desenvolvidos, muito profundos, de textura argilosa ou franco-argilosa, ptima porosidade, cor vermelha a amarela, baixa fertilidade natural, bem drenados, muito cidos. Nestes solos os processos de migrao esto restringidos pelo alto grau de estabilidade ou imobilidade de argila. Tm, portanto, ptimas propriedades fsicas mas requerem boa adubao qumica e orgnica, calagem e controle da eroso. So apropriados para cultivao de culturas exigentes, quando bem manejados.

    Arenosols Arenosols renem solos de pouco desenvolvimento o que est demonstrando pela ausncia de horizontes diagnsticos. So solos altamente arenosos, cor amarela, sem estrutura natural, profundos, moderada ou excessivamente drenados, cidos, muito pobres em nutrientes, sem possibilidade de adsoro destes. So de difcil manejo e para produo de culturas exigentes inapropriados.

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    Formao do solo A formao do solo um processo lento, gradual e constante, o que d origem aos chamados horizontes (camadas diferenciadas de solo). um processo no qual as rochas se dividem em partculas menores, misturando-se com matria orgnica em decomposio.

    O leito (litosfera crusta da terra) decompe-se na rocha-me, que, por sua vez, divide-se em partculas menores (II). Ao desenvolver-se o solo, formam-se camadas chamadas horizontes (III). Com o tempo, o solo pode chegar a sustentar uma cobertura grossa de vegetao, reciclando seus recursos de forma eficaz (IV).

    Desintegrao - processos naturais de natureza fsica e qumica, que desgastam e corroem continuamente os solos e rochas da crosta terrestre. A maioria dos processos resulta da aco combinada de vrios factores, como o calor, o frio, os gases, a gua, o vento, a gravidade e a vida vegetal e animal. Em algumas regies predomina um desses factores, como o vento nas zonas

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    A rocha desintegra-se pela aco de: - gua - Microorganismos - Os organismos da

    regio contribuem para a formao do solo, desintegrando-o enquanto l vivem e acrescentando matria orgnica aps sua morte.

    - Razes - Temperatura

    Os fenmenos climticos iniciam a eroso das rochas e causam alteraes na superfcie de suas camadas. Nos climas secos, a camada superior da

    rocha se expande devido ao calor do sol e acaba rachando pelo contacto com as camadas inferiores. Se a rocha for composta de vrios minerais, esses sofrem diferentes graus de expanso, o que contribui para o rompimento da mesma. O vento pode carregar diversos fragmentos e deposit-los em outro lugar, formando dunas. Em climas hmidos, a chuva actua tanto qumica como mecanicamente na eroso das rochas. Nos climas frios, o gelo rompe as rochas devido gua que penetra em suas fendas. A gua dos riachos e rios um poderoso agente erosivo; dissolve determinados minerais e os seixos transportados pela corrente desgastam e arrastam os depsitos e leitos fluviais. Os rios gelados tambm causam a eroso de seus vales. Factores que actuam na formao so solo:

    1. Material de origem (por ex. rochas vulcnicas (eruptivas bsicas) transformam-se em excelentes solos)

    2. Clima (quantidade e distribuio das chuvas e sua percolao pelo perfil, e a temperatura)

    3. Relevo (altera os factores de insolao e penetrao de gua) 4. Tempo 5. Organismos vivos 6. Vegetao (cobertura do solo, a matria orgnica...) 7. Homem (culturas, arao, adubao, queimadas, e manejo do solo em

    geral...) A formao do solo resultado de reaces ou processos fsicos e qumicos, que conduzem a uma fragmentao dos seus componentes iniciais em minerais.

    Desintegrao de uma partcula de rocha de dimetro de 1mm at 0,8mm leva 60 000 anos!

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    A desagregao de rocha resulta de fenmenos fsicos (gua, ar, temperatura)

    Desintegrao A decomposio resulta de fenmenos qumicos

    Formao da argila As partculas ultra finas, que so a argila, com tamanho inferior a 0,002 mm, formam-se pela dissoluo dos minerais contidos na rocha e sua posterior cristalizao em escamas finssimas (No se formam pela desintegrao).

    A argila, graas sua estrutura laminar (camadas SiO4

    4- camadas Al2(OH)3, conjunto com matria orgnica, formam base de complexo de absoro do solos (Complexo de troca). Atravs deste complexo o solo pode fixar e trocar os nutrientes. Existem dois tipos bsicos de argila:

    - Caulinitas - em solos pobres am ctions, com lixiviao forte o Uma camada de slica para cada de alumnio (argilo mineral 1:1) o A argila mais frequente nos solos tropicais

    A rocha-matriz se desintegra at:

    areia grossa (2 0,2 mm de dimetro), depois at a areia fina (de 0,2 a 0,02 mm de dimetro) e, talvez ainda, o silte cuja finura pode ir at 0,002 mm.

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    - Montmorilonitas - em solos ricos em clcios e magnsio, que no sofrem lixiviao

    o Com lmina de alumina envolvida por duas de slica (argilo mineral 2:1)

    o Estas argilas so muito mais pesadas, mas igualmente muito mais ricas

    o Argila mais frequente em solos de clima temperado Considerou-se uma grande desvantagem para os trpicos possuir argila caulintica em lugar de montmorilontica uma vez que o argilo -mineral 2:1 apresenta 10 a 15 vezes mais eletrovalncias negativas que o de 1:1 sendo capaz de reter e trocar muito mais ctions, como potssio K+, clcio Ca++, magnsio Mg++ e outros, sempre disposio dos vegetais. So estes elementos trocveis que formam o lastro da fertilidade do solo.

    Perfil do solo

    Modalidades da pedognese Sob a aco da circulao da gua no solo, elementos orgnicos e minerais esto sujeitos a diversos transportes, ascendentes ou descendentes, que se designam por migraes.

    1. Migraes ascendentes So frequentes nas regies ridas ou semiridas devido forte evaporao. A gua ao subir, vem carregada de substanciais

    2. Migraes descendentes So caractersticas das regies de forte chuvas, levando os solos lexivisao, isto ao transporte em profundidade dos componentes minerais por aco da gua de gravidade, levando os solos a uma descalcificao e a uma correspondente acidificao na sua parte superior.

    Perfil de solo, corte do terreno no qual se observa a sucesso de camadas que formam o solo. Este consiste de uma super posio de agregados minerais e de matria orgnica, misturados pelos processos de eroso e deposio, situados entre a rocha matriz que os originou e a superfcie que fica em contacto com a atmosfera. Esses agregados se dispem em trs camadas principais, denominadas horizontes de solo.

    Elementos orgnicos e minerais (Ex. ctions: Ca++, Mg++, K+, Na+)

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    Formao de horizontes A diferenciao dos horizontes tanto mais fcil quanto mais evoludo for um solo. Assim um solo jovem, prximo ainda das caractersticas da rocha-me, no tem nenhum deles ainda bem definidos.

    O horizonte A, ou superior, se caracteriza pela deposio de matria orgnica originada da vegetao (folhas e galhos mortos) e da vida animal microbiana e superior (dejetos de animais e suas carcaas, quando mortos e decompostos), que inicia seu processo de fuso com os minerais desagregados pela eroso, para formar o hmus. a camada mais frtil do solo, por conter grande quantidade de nutrientes e estar protegida da eroso superficial pela

    camada de vegetais em crescimento. O horizonte B ou intermedirio caracterizado pelos minerais desagregados que j se consolidaram com as matrias orgnicas de tempos passados. a camada em que se fixam as razes dos vegetais de maior porte, para dar sustentao s plantas. O horizonte C ou inferior , situado junto rocha matriz, o que sofre as modificaes causadas pelos processos de intemperismo qumico e mecnico (eroso). O perfil de solo pode ser completo, apresentando todas as camadas, ou mostrar a ausncia de uma delas. Entre especialistas, freqente a subdiviso em um nmero maior de horizontes (como AB ou BC, A1, B1, B2) para estudos mais pormenorizados. A anlise de um perfil de solo uma das ferramentas de trabalho de agrnomos e engenheiros, no primeiro caso para determinar os cultivos possveis, no segundo para a avaliao do tipo de alicerces ou sapatas necessrios para a sustentao de obras (edifcios ou estradas).

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    Solo jovem o perfil pouco evoludo - Falta do horizonte B

    O perfil com horizontes bem visveis - Spodosols

    Ferralsol solos ferralticos

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    Parte mineral do solo Volume aprox. 45 % do volume total do solo

    1. Rocha desintegrada existe no solo na forma de pedra, cascalho, areia e silte. Sua influncia na capacidade de reter nutrientes no solo mnima. Mas, pelo processo de constante desintegrao se desprendem da rocha vrios ons com importncia para plantas (PO4

    3-, K+, Ca2+, Mg2+, etc.). 2. xidos e hidrxidos forma se atravs do processo de desintegrao

    qumica (decomposio). No solo existem sobre tudo xidos e hidrxidos de ferro (Fe), alumnio (Al) e slica (Si). Esses compostos tm pequena capacidade de reter nutrientes.

    3. Argila (ver captulo II Formao do solo) a sua importncia para fertilidade elevada, atravs alta capacidade de reter nutrientes.

    As propriedades fsicas (textura, estrutura, porosidade, entre outras) so de difcil controlo ou mudana, ao contrrio das propriedades qumicas (fertilidade, acidez).

    Textura do solo Refere-se ao tamanho e proporo das partculas que compem o solo e proporo destas no total. a distribuio percentual da fraco mineral do solo. A textura influi na reteno dos nutrientes, na porosidade do solo, na permeabilidade, na temperatura, na humidade, na mecanizao, na penetrao das razes e na eroso.. Classificao granulomtrica A parte mineral do solo constituda de partculas reunidas segundo seu tamanho, em agrupamentos denominados fraces do solo. A classificao granulomtrica mais usada pelo sistema americano (USDA), detalhada assim: Fraco do solo dimetro em mm Pedra .. maior que 20 mm Cascalho .. 20 a 2 mm Areia grossa .. 2 a 0,2 mm Areia fina .. 0,2 a 0,02 mm Silte ou limo .. 0,02 a 0,002mm Argila .. menor que 0,002mm

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    Analise da textura A determinao da classe textural de um solo pode ser feita em laboratrio ou a campo. Em laboratrio dada pela percentagem de areia, silte e argila que passam sucessivamente pelo sistema de crivos com orifcios de vrios dimetros. O resultado se deriva dum diagrama textural. A proporo dos diversos elementos revelados pela anlise mecnica d a cada solo caractersticas fsicas bem distintas e permite classific-los numa das categorias definidas pela escala internacional (combinaes de quatro alternativas Arenoso, Franco, Argiloso, Siltoso). A determinao a campo feita de acordo com o tacto. As partculas maiores (areia) do sensao spera, as intermedirias (silte) do a sensao de maciez, as partculas menores (argila) do sensao dura, quando seca, e plstica e pegajosa, quando hmidas. Areia grossa - tamanho maior de 2 mm o seu papel pode ser algumas vezes benfico. Por exemplo pode limitar a evaporao superfcie. Mas, em geral, a sua importncia para solo diminutiva e quando ultrapassa 50% areia grossa diminui a fertilidade. Proporo de terra fina (de tamanho menor de 2 mm) cada vez que esta diminui abaixo de 80%, a fertilidade fraca ou medocre. Nas terras arenosas a drenagem efectua-se facilmente e acusa os efeitos da seca. Proporo de argila Quando excede 25%, a terra torna-se hmida, compacta, impermevel e difcil de trabalhar. Disso resulta uma reduo considervel da fertilidade. Onde a areia, limo e argila esto mais equilibrados, o solo se chama franco. Solos francos so solos geralmente frteis, arejados e fceis de trabalhar.

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    Densidade do solo Densidade grandeza numerical igual massa da unidade de volume de uma substncia. Dividimos a massa do corpo pelo seu volume:

    No solo podemos distinguir: D densidade real do solo seco (densidade epecfica) s a materia (g/cm3) D densidade aparente (densidade volumtrica) incluindo tambm espacos entre partculas (g/cm3) A densidade real , em mdia, de 2,5 a 2,6 g/cm3 depende primeiramente da rocha matriz A densidade aparente muito mais varivel: 0,7 1,6 g/cm3. Com o aumento da densidade aparente do solo a raiz encontra dificuldades de penetrao (a partir de 1,2 g/cm3). A partir de 1,6 g/cm3 a maioria das razes desvia. O hmus tem baixa densidade, e portanto, a densidade aparente do solo diminui com o teor em hmus: Hmus % 1 .. 1,6 g/cm3 5 .. 1,34 g/cm3 10 .. 1,16 g/cm3 20 .. 0,91 g/cm3

    Porosidade do solo Cham-se porosidade ao volume dos espaos cheios de gua ou de ar, expresso em percentagem do volume total da terra. calculada pela frmula: P = D-D x 100 D densidade real do solo seco D D densidade aparente (volumtrica)

    1. macroporosidade que totaliza, em geral, os grandes espaos lacunares. Estes esto, em princpio, repletos de ar.

    2. microporosidade representada pelos pequenos espaos vazios, capazes de reter a gua depois secagem pelo vcuo.

    D = m / V Exemplos da densidade: Ferro = 7800 kg/m3 = 7,8 g/cm3 gua = 1000 kg/m3 = 1 g/cm3 Ar = 1,29 kg/m3 = 0.00129 g/cm3

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    no micrporos que circulam os nutrientes e onde vive a maioria dos organismos inferiores. A macroporosidade representa po isso a quantidade mnima de ar existente num solo seco. O desaparecimento dos macroporos provoca tambm a reduo drastica da infiltrao. A porosidade depende de:

    - textura - grau de compactao - do teor de matria orgnica

    O valor da porosidade varia muito segundo os solos e o seu estado: Solo arenoso . 39 47% - predominando macroporos Solo franco . 52 56% Solo argiloso . 40 60% - predominando microporos - nestes a porosidade depende primeiramente da estrutura Um solo ideal deve apresentar porosidade formada metade por macroporos e metade de microporos.Quando a porosidade diminui aboaixo de 30 %, o meio torna-se mal para os organismos vivos e a capacidade de conter o ar e muito fraca.

    Estrutura do solo agregados Estrutura arranjo das partculas individuais. As partculas do solo devem estar dispostas de tal forma que deixam circular entre si o ar e a gua. Quando os espaos so pequenos, prximos, aderentes, o solo apresenta-se calcado, pesado e compacto. A estrutura depende de teor e qualidade de agregados e grumos.

    Estrutura esquemtica do solo Elementos arenosos Complexo argilo-hmico

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    Solo compacto Solo com boa estrutura

    Estrutura esquemtica de um agregado (partculas 0,002 mm 2mm)

    Agregado um elemento de pequena dimenso (0,002 2 mm). Graas forcas fsico-qumicas e mecnicas estvel gua. constitudo essencialmente por vrias partculas de areia ligadas entre si pelo cimento do colides argilosos e hmicos. O hmus melhor cimento do que a argila, pois bastam 3,6% de hmus para produzir o mesmo que 10% de argila. Os agregados se juntam s estruturas maiores os grumos (0.5 50 mm). So formados pelo aco dos microrganismos. Sua estabilidade depende da presena de matria orgnica. Solos bem estruturados:

    - So fceis de trabalhar - Permitem uma boa infiltrao de gua, e portanto o armazenamento da

    mesma para as plantas - Facilitam tambm a retirada da gua excedente aps chuvas torrenciais - Facilitam a circulao do ar - Facilitam a penetrao das razes - Melhoram o aproveitamento dos nutrientes do solo

    Ao contrrio da textura, a estrutura facilmente modificada pela eroso e pelo manejo do solo. Uma melhoria estrutura de um solo pode ser conseguida atravs da incorporao de matria orgnica. Pelo cultivo sempre ocorre uma degradao da estrutura do solo. Os grumos se tornam instveis gua e uma camada adensada forma-se no subsolo ou na superfcie.

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    A destruio dos grumos pode ocorrer por:

    - Presso mecnica de mquinas agrcolas rodas de tractor, enxada rotativa, etc., especialmente quando o solo for trabalhado enquanto estiver com humidade elevada.

    - Compresso do ar nos microporos dos agregados durante rehumedecimento de um solo seco, com elevado teor em argila. A argila expande-se, causando o exploso do grumo.

    - Fora cintica da gota de chuva, que capaz de atirar partculas arrancadas at 1 a 2 metros de distncia. Assim forma -se a crosta superficial.

    - Pela arao profunda e o abafamento dos grumos - Pela falta de matria orgnica e nutrientes.

    O impacto da chuva sobre os grumos tanto maior quanto maior for a chuva. Esta, com 88 mm de precipitao por hora, a mais prejudicial. As partculas finas, de argila, penetram com a gua para dentro do solo. E onde a fora da gua se torna menor, sedimentam-se estas partculas, entupindo os poros e causando um adensamento de subsolo a 20 40 cm de profundidade. O problema mximo das zonas tropicais, com suas chuvas torrenciais, proteco da superfcie do solo contra o impacto das gotas de gua e a manuteno dos grumos activos, ou seja, da boa estrutura, na superfcie do solo!!! medida que o solo se adensa, diminui a infiltrao da gua e a falta de gua se torna aguda aps alguns dias de sol. No somente porque a infiltrao menor, mas tambm porque o espao de solo, explorado pela raiz, menor, e ainda lhe falta oxignio para o metabolismo vegetal. Quando chover, grande parte de gua escorre causando a eroso.

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    A conservao da grumosidade e com isso da produtividade do solo faz-se com:

    1. A incorporao superficial dos restos orgnicos

    2. A proteco da superfcie do solo contra o impacto das chuvas, seja por cobertura morta (mulch), seja por espaamento menor da cultura, ou por uma cultura protectora

    3. Pela adubao completa e equilibrada com macro e micronutrientes para conseguir o mais rapidamente possvel o fechamento do solo

    4. Pala arao pouco profunda ou arao mnima 5. Pela rotao de culturas para promover a multiplicidade da

    microvida. 6. Evitando o fogo.

    gua no solo A gua constitui, atravs das solues (colides) do solo, a base essencial da alimentao da planta. A gua e o ar ocupam os espaos que se encontram entre as partculas minerais e de matria orgnica ou entre os seus agregados (poros). A gua

    retirada com facilidade pelos poros pequenos e mdios, o que j no acontece com os grandes, que permitem a sua infiltrao rpida devido a gravidade. Um solo frtil, com gua nos poros mais pequenos e ar nos maiores, oferece um bom ambiente para o desenvolvimento das razes e para a vida dos microrganismos.

    Fig. A formao de um adensamento pela sedimentao da argila carregada pela gua que se infiltrou

    Os microporos retiram a gua

    Os macroporos deixam a gua descer devido gravidade

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    O solo tem a capacidade de absorver e reter a gua da chuva, funcionando como um reservatrio capaz de suprir as necessidades hdricas das culturas. Importncia da gua:

    - solvente e veculo para absoro de nutrientes

    - Para os processos vitais das plantas

    - Na vida dos microrganismos - Na regulao trmica - Na germinao de sementes

    Quando chove, parte da gua penetra no solo pelo processo de infiltrao. Esta gua pode ficar perto da superfcie ou pode penetrar profundamente. A gua que penetra profundamente chama-se gua subterrnea. O nvel a que se encontra a gua subterrnea chama-se nvel do lenol fretico (fritico). Se o nvel do lenol

    fretico to alto que fica acima da superfcie do terreno, ento forma pntanos, lagos e ribeiros. Quando chove, nem toda a gua penetra no solo. Parte dela pode

    ficar superfcie, se o terreno for plano, ou correr ao longo da superfcie, se o terreno for montanhoso. Esta gua carrega as partculas do solo e d o incio da eroso. A quantidade de gua que penetra no solo depende de:

    - Da quantidade de chuva (chuva forte menos de gua penetra, mais escorre)

    - Do tipo de solo (textura, estrutura)

    - Da inclinao do terreno - Da quantidade e tipo de plantas

    Na superfcie a gua evapora-se. O vapor de gua eleva-se no ar e vai formar novas nuvens. O vapor de gua tambm expelido pelas plantas. A isto chama-se transpirao.

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    Pouca gua fica superfcie de solos arenosos. Mas, como a areia tem uma textura pobre os solos arenosos retm pouca gua. Se o solo tem muita argila, a gua no penetra nele rpida e facilmente, mas parte da gua fica retida nele, e usada pelas plantas.

    A capacidade mxima da gua A capacidade mxima o volume mximo de gua no solo. Equivale porosidade.

    A capacidade de reteno de gua A capacidade de reteno de um solo determina as suas possibilidades de armazenagem de gua. A capacidade de reteno a quantidade mxima

    de gua que um solo pode reter. a gua retida por foras superiores da gravidade. Capacidade de reteno dos diversos tipos de solos (% da terra seca): Solo arenoso pode reter .. 18 a 19 % Solo franco .. 27 a 29 % Solo argiloso .. 56 a 80 % Grau de saturao Humidade existente x 100 = Grau de saturao Capacidade mxima

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    Embora a gua seja indispensvel a qualquer processo qumico ou biolgico no solo, as razes suportam seu excesso to mal quanto uma escassez. Nenhuma cultura, com excepo de arroz, consegue crescer num solo saturado a 100% de sua capacidade mxima. Cereais preferem geralmente uma saturao de 60% enquanto ervilhas, soja e outras leguminosas tm seu melhor desenvolvimento com 80% da capacidade. A disponibilidade da gua no solo mede-se em pF ou atmosferas. O pF medida de humidade do solo alcanando atravs de suco total de gua por uma coluna de gua de altura determinada. Uma coluna de gua de 1000 mm corresponde a 1 atmosfera de presso ou pF 3. Os valores mnimos oscilam entre 0,14 e 0,65 atm, ou seja, pF 2,13 a 2,81. Geralmente se estabelece como limite de gua facilmente disponvel a 2,5 pF de tenso, que equivale, mais ou menos, capacidade de reteno. Os valores maiores significam que a gua no est disponvel s plantas. Os movimentos da gua

    1. Movimentos descendentes Penetrao da gua no

    solo = infiltrao = percolao 2. Movimentos ascendentes

    O movimento ascensional da gua ocorre devido evaporao nas camadas superficiais, seguindo as leis da capilaridade. Os movimentos so muito lentos. (1 cm por dia) e so ligados microporosidade. No solo com macroporos predominantes a gua no pode subir. Por isso necessrio apertar o solo ao redor de semente depois de plantao.

    A gua disponvel planta depende de:

    - Fontes: o Volume de gua da chuva ou irrigao o Volume de gua subterrnea

    - Perdas: o Evaporao (depende de temperatura) o Transpirao da planta (depende de temperatura)

    - Qualidade do solo: o Bom desenvolvimento da raiz (depende de crostas e camadas

    adensadas) o Boa infiltrao (depende macroporos e adensamento) o Capacidade de reter gua (depende de microporos)

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    O Ar do solo A planta precisa o oxignio do ar no solo para seus processos metablicos. O volume de oxignio no solo depende de sua densidade aparente. A razo que, durante o processo de adensamento, os primeiros poros a desaparecer so os macroporos, que justamente servem ventilao. A raiz absorve o oxignio (O2) e expira gs carbnico (CO2). Tambm os microrganismos que vivem na rizosfera, expiram CO2. Para isso, necessita-se da circulao do ar, removendo o gs carbnico para fora do solo e substituindo-o por ar fresco, rico em oxignio. A deficincia de oxignio ocorre por causa de:

    - Adensamento do solo, com seus macroporos reduzidos

    - Inundao pela gua

    Temperatura do solo o estado de frio ou de calor em que se encontra a camada de solo explorada pelas razes das plantas cultivadas. Caractersticas do solo que afectam a sua temperatura:

    1. Cor do solo: solos escuros absorvem mais radiao solar e se aquecem mais do que os claros

    2. Textura do solo: solos arenosos aquecem-se mais rapidamente do que argilosos

    3. Cobertura do solo: reduz a variaes trmicas 4. gua no solo: reduz a variaes trmicas 5. Horrio: por volta das 14 horas o solo se aquece mais 6. Profundidade do solo: na camada superficial ocorrem maiores oscilao

    trmicas

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    Importncia da temperatura do solo para:

    1. Germinao de sementes: deve ser ptima para a cultura 2. Actividade dos microrganismos: eles necessitam de temperatura

    favorvel 3. Gnese (formao) do solo: provocando dilataes e contraces nas

    rochas, trincando-as e desintegrando-as para formarem o solo 4. Reteno da gua no solo: quanto maior a temperatura do solo, maiores e

    mais rpidas sero as perdas de humidade pelo mesmo (no aconselhvel reger quando o solo for quente)

    5. Crescimento do sistema radicular

    6. Absoro de nutrientes: o mximo de absoro ocorre s na temperatura favorvel para a planta

    Matria orgnica Matria orgnica (M.A.) toda substncia morta no solo, quer provenha de plantas, microrganismos, excrees animais, quer da fauna morta. Razes vivas no constituem matria orgnica. Por outro lado, no somente o hmus matria orgnica e nem toda matria orgnica hmus.

    Formas da matria orgnica

    1) Os restos orgnicos antes de decomposio representam aprox. 10 15 % de volume total do M.A.

    2) Matria orgnica humificada hmus

    a. Huminas b. cidos hmicos c. cidos flvicos

    Exemplos da temperatura ptima para germinao: Feijo (Phaseolus vulgaris) 28 C Cevada (Hordeum vulgare) 18 C Milho (Zea mays) 25 30 C Ervilha (Pisum sativum) 18 22 C Batata doce (Solanum tuberosum) 20 23 C Trigo (Triticum aestivum) 20 C

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    Huminas formam se somente no clima com temperaturas abaixo de 0 C. So substncias no solveis, extremamente estveis , ligam-se com argila e formam o complexo de adsoro. Permanecem no solo ao longo de milnios. Desta forma contribuem eficazmente para a manuteno da estrutura do solo. O melhor tipo do hmus. cidos hmicos no solveis na gua, mas de decomposio fcil. Permanecem no solo uns meses. Tm uma estrutura grande e complexa. Como Huminas, tambm ligam as argilas, e formam o complexo de adsoro humo -argiloso de boa estabilidade. cidos flvicos tem estrutura simples e tamanho pequeno. Formam se em todos os solos onde as condies para a vida de microrganismos so precrias. So muito moveis e lixiviam com facilidade o solo. Este a pior forma do hmus. Caractersticas da matria orgnica humi ficada:

    - Capacidade de reter nutrientes mais alta do que na argila - Pode ligar as partculas do solo como cimento, tornando-o grumoso com

    boa estrutura - Melhora o ambiente para microrganismos

    Hmus da cor escura, frivel. O seu teor no solo produtivo aproximadamente 5 %. uma substncia agregadora de grumos. A perda do hmus , portanto, a perda da estrutura do solo. A palha e qualquer orgnica morta, no tem efeito sobre a estrutura do solo. Somente durante a sua decomposio que se formam substncias agregantes e estabilizantes para os grumos. O hmus um produto de decomposio parcial com posterior sntese.

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    Decomposio e sntese da matria orgnica

    Decomposio

    Decomposio

    Sntese

    pH = 5,6 a 7,3 pH < 5,6 pH > 7,3

    Sntese Decomposio A decomposio realizada pela transformao em substncias simples dos resduos orgnicos vegetais pelos microrganismos do solo. Alguns compostos orgnicos simples tomam parte em sntese bioqumica. este o segundo processo da formao do hmus. Estas molculas simples so metabolizadas em novos compostos nos corpos celulares dos microrganismos do solo. Os novos compostos so objecto de futuras modificaes e sntese nas clulas de outros microrganismos, que se alimentam dos primeiros.

    Restos orgnicos

    Compostos orgnicos simples

    CO2 H2O

    Minerais simples = nutrientes para

    plantas

    Huminas

    cidos hmicos

    cidos flvicos

    CO2 H2O

    Minerais simples = nutrientes para

    plantas

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    Em reas de cultivo, o hmus se decompe e esgota. Para restaurar o equilbrio orgnico, necessrio acrescentar hmus ao solo sob a forma de adubao orgnica. Em clima temperado, onde faltam as bactrias de decomposio, a maior fraco de matria orgnica se encontra na forma humificada, devido decomposio muito fraca. Ento ocorre a acumulao de hmus em grande escala. Porm difcil encontrar desta forma de hmus nos pases tropicais, porque falta a condio bsica o frio. Em solos agrcolas no clima tropical, onde predominam bactrias aerbias, a formao de hmus, e quase impossvel. Em 1 a 3 anos este hmus seria gasto pelo cultivo. Quando, graas aco de bactrias, diminui a quantidade de matria orgnica ainda indecomposta, o efeito sobre o solo benfico. Quando diminui a quantidade de matria j humificada, o efeito malfico. Factores de decomposio:

    - Tipo e nmero de microrganismos - Clima - Tipo de cultura de plants - pH

    Formao do hmus Toda a decomposio feita na presena do oxignio. A velocidade de decomposio no somente depende do arejamento e do nmero e actividade dos microrganismos, mas tambm da composio do material a ser decomposto e sua relao C / N no seu corpo. Somente material de decomposio difcil pode fornecer hmus (lignina, celulose). Enquanto a folha de leguminosa material rico em protenas e, portanto, de fcil decomposio, a raiz de gramnea (capins) mais rica em lignina e, portanto, de decomposio mais difcil, podendo fornecer hmus. As substncias de fcil decomposio so atacadas primeiro e, geralmente, rapidamente decompostas at gs carbnico, gua e minerais. O pH O pH responsvel pelas diversas fraces de hmus, que possuem efeito completamente diferente sobre o solo. Formam-se:

    - Em pH < 5,6 .. cidos flvicos

    - pH 5,6 a 6,8 .. predominam cidos hmicos

    - pH > 7,3 .. cidos flvicos

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    Manejo da matria orgnica no solo Podemos manejar o nvel da matria orgnica no solo atravs de adubos orgnicos (estrume, resduos pos-colheita, adubao verde, composto, etc.). O melhor para criao do hmus incorporar a palha superficialmente, at 8 a 10 cm de profundidade. Em campo arado teremos um mximo de estrutura entre 3 a 8 semanas aps a aplicao da palha. Com 3 meses cessa o efeito. Se a palha e os restos forem queimados, priva-se o solo da matria orgnica. A adubao mineral, por mais completa que seja, nunca consegue manter a produtividade do solo, sem que exista o retorno sistemtico e dirigido da matria

    A vida no solo Em um metro quadrado de solo produtivo, at 30 cm de profundidade, vivem aproximadamente:

    Animal Numero Peso em g Protozorios (Amebas) 1.551.000.000 10 Nematides (200 m 2 mm) 21.000.000 40 caros (0.04 4 mm) 100.000 10 Colmbolos (Soltadores) (0.04 4 mm)

    50.000 20

    Centopias, milips e outros 2.500 23 Formigas 300 10 Larvas de insectos 100 60 Minhocas 800 400 Moluscos (Lesmas, caracis) 50 30

    Peso total da fauna de 1m2 de solo at 30cm de profundidade: 619 g

    Em uma colher de ch de terra encontraremos 100 a 200 milhes de micrbios! Os organismos no solo podemos dividir em:

    - Microfauna (microrganismos) podemos ver s com microscpio

    - Mesofauna visveis a olho nu de observao muito atenta

    - Macrofauna bem visveis

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    O papel positivo de organismos no solo: - Melhoram a estrutura - Revolvem e mexem o solo (As minhocas podem transportar superfcie a

    argila lixiviada, melhorando assim a textura superficial) - Decompem a matria orgnica - Alguns podem fixar o nitrognio do ar (especialmente com plantas

    leguminosas) - Podem ajudar s plantas mobilizar e absorver nutrientes em volta da raiz

    (Micorrizas) De que se alimentam?:

    - Plantas vivas - Matria orgnica - Outros animais

    (predadores) Que ambiente precisam para a vida e seu desenvolvimento?:

    - gua - Ar - Temperatura agradvel sem variaes abruptas - Boa textura e estrutura com macroporos (sem camadas adensadas) - O solo sem disturbao (sem arao) - O solo sem queimadas - Escuridade - Sem matrias txicas

    A arao, a queimada, a exposio do solo ao sol e o uso de adubos amoniacais destroem a vida no solo. O solo funciona como um corpo. Os seres vivos no solo fazem parte dele, modificando-o e influenciando-se mutualmente. O solo formado atravs de sua vida, e a vida tpica s caractersticas especficas do solo. como numa linha de desmontagem onde dezenas de seres trabalham para desmontar uma pea, fazendo cada um somente uma pequena manipulao. Tudo depende do equilbrio entre todos os seres no solo. Quando surge um animal patgeno, a pergunta no deveria ser: Como se mata este organismo? A pergunta deveria ser sempre: Qual a condio ambiental que permitiu seu aparecimento incontrolado? Os organismos no solo podem ser nossos aliados se soubermos manej-los, mas tambm podem ser nossos inimigos se somente soubermos combat-los.

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    Microrganismos Bactrias 0.2 20 m - Rhizobium, Azotobacter, Bacillus, Clostridium,

    Pseudomonas Actinomyces 1 70 m Fungos Penicillium, Rhizopus, Aspergillus, Mucor Protozorios 100 200 m (Ameba, Paramcia) Importncia de microrganismos:

    - Ciclo de carbono o Decomposio de matria orgnica

    - Ciclo do nitrognio (azoto): a. Mineralizao dos compostos

    azotados i. nitrosomas e nitrosococus,

    que transformam o NH3 em cido nitroso ii. nitrobactrias que transformam o cido nitroso em cido

    ntrico b. Fixao directa de azoto gasoso bactrias noduladoras

    (Rhizobium, Azotobacter). Podem fixar entre 60 e 200 kg / h de N2.

    - Micorrizas A rizosfera vegetal densamente populada por fungos e bactrias, aproveitando as excrees radiculares. Os microrganismos por sua vez mobilizam nutrientes minerais para as plantas, aumentam a possibilidade de retirar gua do solo, fixam nitrognio e defendem a rizosfera por antibiticos.

    a. Ecttrofos ou externos que pouco penetram nas razes b. Endtrofos que vivem dentro da raiz

    Meios de influenciar os microrganismos do solo:

    - Pelo pH entre 5,3 e 6,1 ptimo - Pela matria orgnica A incorporao superficial de palha, folhas secas,

    bagao de cana, resteva, etc., isto o material mais lignificado e com alto teor em celulose, o mais benfico

    - Pela adubao especialmente calcrio, fsforo que serve como alimento deles

    - Pela rotao de culturas

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    Solos na biblioteca do Centro de Educao Agrcola da Provncia do Bi em Kuito:

    1. Solos Tropicais - potencialidades, limitaes, manejo e capacidade de uso 2. Preparo de So lo: Tcnicas e Implementos 3. Fundamentos da Qumica do Solo : Teoria e Prtica 4. ABC da Anlise de Solos e Folhas 5. Formao e conservao dos solos 6. Manual de Edafologia - Relaes Solo-Planta 7. Criao de Minhocas sem Segredo - Como realizhar um minhocrio e produzir

    hmus em 90 dias 8. Qualidade Fsica do Solo: Sistemas de Preparo e Manejo do Solo 9. Pedologia Aplicada 10. Conservao e Cultivo de Solos para Plantaes Florestais 11. Mtodos de Anlises de Enxofre em Solos e Plantas 12. Cerrado - Correo do solo e adubao 13. Manual de Morfologia e Classificao de Solos 14. Manual da Cincia do Solo - Com nfase aos Solos Tropicais 15. A Regenerao do Solo - Aos que cuidam do solo e zelam pela ua evoluo 16. Solo e o Clima na Produtividade Agrcola 17. Noes de Conservao do Solo 18. Manual Internacional de Fertilidade do Solo 19. Solo, Planta e Atmosfera - Conceitos, Processos e Aplicaes 20. Nutrientes Vegetais no Meio Ambiente - Ciclos Bioqumicos, Fertilizantes e

    corretivos 21. Nutrio Mineral, Calagem, Gessagem e Adubao dos Citros 22. Prticas Mecnicas de Conservao do Solo e da gua 23. Potssio: Necessidade e Uso na Agricultura Moderna 24. Micronutrientes na Agricultura 25. Elementos de Nutrio Mineral de Plantas 26. Desordens Nutricionais no Cerrado 27. Avaliao do Estado Nutricional das Plantas - princpios e aplicaes 28. Fertirricao - Citrus, Flores, Hortalias 29. Fertilizantes Fulidos 30. Fertilizantes Orgnico 31. Boletim Tcnico 8 - Nutrio e Adubao Feijoeiro 32. Manual de Calagem e Adubao das Principais Culturas 33. Fertirrigao - Flores, Frutas e Hortalias 34. Nutrio Mineral e adubao do Cafeeiro - Colheitas Econmicas Mximas 35. Fertilidade do Solo 36. Anlise Qumica para Avaliao da Fertilidade de Solos Tropicais 37. Nutrio e Adubao de Hortalias 38. Manual de adubao Foliar 39. Fertilidade do Solo e Adubao 40. Adubao Verde e Rotao de Culturas 41. Boletim Tcnico 100 - Recomendaes de Adubao e Calagem para o Estado de

    So Paulo 42. ABC da Adubao 43. Minhoca - de Fertilizadora do Solo a Fonte alimentar 44. Manejo ecolgico do solo 45. Agricultura geral

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    Anotaes:

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    ndice: Introduo ........................................................................................... 1 Propriedades do solo ........................................................................... 2 Geografia dos solos ............................................................................ 3 Sistemas de classificao de solos...................................................... 3 Solos do Planalto central em Angola .................................................. 3 Ferralsols ............................................................................................ 5 Arenosols ............................................................................................ 5 Formao do solo ............................................................................... 6 Formao da argila ............................................................................. 8 Perfil do solo ....................................................................................... 9 Formao de horizontes.................................................................... 10 Parte mineral do solo ........................................................................ 11 Parte mineral do solo ........................................................................ 12 Textura do solo ................................................................................. 12 Densidade do solo............................................................................. 14 Porosidade do solo............................................................................ 14 Estrutura do solo agregados........................................................... 15 gua no solo ..................................................................................... 18 O Ar do solo ..................................................................................... 22 Temperatura do solo ......................................................................... 22 Matria orgnica ............................................................................... 23 Formas da matria orgnica.............................................................. 23 Decomposio e sntese da matria orgnica ................................... 25 Formao do hmus ......................................................................... 26 Manejo da matria orgnica no solo................................................. 27 A vida no solo................................................................................... 27 Microrganismos ................................................................................ 29 Solos na biblioteca do Centro de Educao Agrcola da Provncia do Bi em Kuito: ................................................................................... 30 Anotaes:........................................................................................ 31 ndice:............................................................................................... 32

  • O Centro de Educao Agrcola da Provncia do Bi em Kuito foi estabelecido no incio do ano 2004 como o resultado da cooperao entre Governo da provn-cia do Bi e Instituto Tropical e Subtropical da Universidade Agrcola Checa em Praga (Repblica Checa). Alm dos actividades ligados a ensino tcnico no nvel mdio (Instituto mdio de Agronomia no Kuito), oferece o Centro vrios tipos de treinamento, servios de biblioteca e laboratrio agro-qumico para o pblico.

    Financiado pelo:

    - Ministrio de Educao, Juventude e Educao Fsica da Repblica Checa- Delegao da Comisso Europeia na Repblica de Angola

    Implementado pelo:

    Instituto Tropical e Subtropical CARE Internacional, Angola

    Preparado pelo: Jiri HejkrlikPaginao e design: Jiri Hejkrlik

    Outubro 2005