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Publicação IPR XXX MANUAL DE VEGETAÇÃO RODOVIÁRIA VOLUME 2 2009

MANUAL DE VEGETACAO RODOVIARIA - VOLUME 2.pdf

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  • Publicao IPR XXX

    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

    VOLUME 2

    2009

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    MINISTRO DOS TRANSPORTES Dr. Alfredo Pereira do Nascimento DIRETOR GERAL DO DNIT Luiz Antonio Pagot DIRETOR EXECUTIVO DO DNIT Eng.o Jos Henrique Sadok de S INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS Eng.o Chequer Jabour Chequer

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    129

    MINISTRIO DOS TRANSPORTES

    DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA EXECUTIVA

    INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

    Publicao IPR XXX

    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

    VOLUME 2

    FLORA DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    EQUIPE TCNICA: Eng. Jos Lus Mattos Britto Pereira Tc. Luiz Carlos Aurlio (Coordenador) (Tcnico em Informtica) Eng. Maria Lcia Barbosa de Miranda Tc. Karen Fernandes de Carvalho (Supervisora) (Tcnica em Informtica) Eng. Alvimar Mattos de Paiva Tc. Clia de Lima M. Rosa (Consultor) (Tcnica em Informtica) COMISSO DE SUPERVISO Eng. Gabriel de Lucena Stuckert (DNIT / DIREX / IPR) Eng. Pedro Mansour (DNIT / DIREX / IPR) Eng. Elias Salomo Nigri (DNIT / DIREX / IPR) COLABORADOR Bibliot. Tnia Bral Mendes (DNIT / DIREX / IPR) Reproduo permitida desde que citado o DNIT como fonte.

    Brasil. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria Executiva. Instituto de

    Pesquisas Rodovirias. Manual de vegetao rodoviria. - Rio de Janeiro,

    2009. 2v. (IPR. Publ., xxx).

    v. 1: Implantao e recuperao de revestimentos vegetais rodovirios. v. 2: Flora dos ecossistemas

    brasileiros. 1. Rodovias Arborizao e ajardinamento.

    I. Srie. II. Ttulo.

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    MINISTRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES

    DIRETORIA EXECUTIVA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

    Publicao IPR XXX

    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

    VOLUME 2

    FLORA DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

    RIO DE JANEIRO 2009

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA GERAL DIRETORIA EXECUTIVA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS Rodovia Presidente Dutra, km 163 Vigrio Geral Cep.: 21240-000 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3545-4504 Fax.: (21) 3545-4482/4600 e-mail.: [email protected] TTULO: MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA VOLUME 1: Implantao e recuperao de revestimentos vegetais rodovirios VOLUME 2: Flora dos ecossistemas brasileiros Elaborao: DNIT / ENGESUR Contrato: DNIT / ENGESUR 264 / 2007 IPR Aprovado pela Diretoria Colegiada do DNIT em xx / xx / xxxx Impresso no Brasil / Printed in Brazil

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSIIGGLLAASS

    ABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente.

    ANA Agencia Nacional de guas.

    APA rea de Proteo Ambiental (Federal).

    APAE - rea de Proteo Ambiental Estadual.

    APP rea de Preservao Permanente.

    ARIE rea de Relevante Interesse Ecolgico.

    ARPA Programa de reas Protegidas da Amaznia.

    ASV Autorizao para Supresso de Vegetao.

    CDB Conveno sobre Diversidade Biolgica.

    CMBBC Projeto de Conservao e Manejo da Biodiversidade do Bioma Cerrado.

    CNRH Conselho Nacional de Recursos Hdricos.

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.

    CONVIVER Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentvel do Semirido.

    DG Diretoria Geral do DNIT.

    DIREX Diretoria Executiva do DNIT.

    DMA Domnio da Mata Atlntica.

    DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

    EE Estao Ecolgica (Federal).

    EEE Estao Ecolgica Estadual.

    EIA Estudo de Impacto Ambiental.

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria.

    ES Norma DNIT do Tipo Especificao de Servios.

    EVTEA Estudo de Viabilidade Tcnico - Econmica - Ambiental.

    FCP Fundao Cultural Palmares.

    FLONA Floresta Nacional.

    FUNAI Fundao Nacional do ndio.

    FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade.

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    134

    IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    IME Instituto Militar de Engenharia.

    INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.

    IPR Instituto de Pesquisas Rodovirias.

    IRI International Research Institute.

    IS 246 Instruo de Servios n 246/DNIT Elaborao do Componente Ambiental dos Projetos de Engenharia Rodoviria.

    ISA Instituto Socioambiental.

    MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

    MDA Ministrio de Desenvolvimento Agrrio.

    MIN Ministrio da Integrao Nacional.

    MMA Ministrio de Meio Ambiente.

    MT Ministrio dos Transportes.

    PAS Plano da Amaznia Sustentvel.

    PCBAP Plano de Conservao da Bacia Alto Paraguai.

    PE Parque Estadual.

    PN Parque Nacional.

    PNAP Plano Nacional de reas Protegidas.

    PNMA Plano Nacional do Meio Ambiente.

    PORTALBIO Portal Brasileiro sobre Biodiversidade (MMA).

    PP.G7 Subprograma Piloto para Proteo das Florestas Tropicais do Brasil.

    PPA Plano Plurianual.

    PRAD Plano de Recuperao de reas Degradadas.

    PRDS/MS Plano Regional de Desenvolvimento Sustentvel do Estado do Mato Grosso do Sul.

    PRO Norma DNIT do Tipo Procedimento.

    RBE - Reserva Biolgica Estadual.

    RE Reserva Ecolgica.

    REBIO Reserva Biolgica (Federal).

    REE - Reserva Ecolgica Estadual.

    RESEX Reserva Extrativista.

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    135

    RIMA Relatrio de Impacto Ambiental.

    RPAA Relatrio Preliminar de Avaliao Ambiental.

    RPPN Reserva Particular de Patrimnio Natural.

    SBPC Associao Brasileira para Progresso da Cincia.

    SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente.

    SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza.

    SUDAM Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia.

    TAC Termo de Ajustamento de Conduta.

    TI Terras Indgenas.

    UC Unidade de Conservao.

    ZEE Zoneamento Ecolgico - Econmico.

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAEESS

    FFIIGGUURRAASS

    Figura 6 Ecossistemas Brasileiros ...................................................................................... 158 Figura 7 Rede Hidrogrfica do Rio Amazonas................................................................... 160 Figura 8 Bacia Amaznica.................................................................................................. 161 Figura 9 Florestas Tropicais do Mundo.............................................................................. 162 Figura 10 Mapa da Amaznia Legal................................................................................... 165 Figura 11 Mapa das Unidades Climticas Brasileiras ........................................................ 172 Figura 12 Perfil Esquemtico da Floresta Ombrfila Densa .............................................. 174 Figura 13 Perfil Esquemtico das Fcies da Floresta Ombrfila Aberta............................ 175 Figura 14 Perfil Esquemtico da Campinarana (Campina) ................................................ 176 Figura 15 Blocos Diagrama das Fisionomias Ecolgicas da Campinarana..................... 176 Figura 16 Perfil Esquemtico da Savana (Cerrado)............................................................ 177 Figura 17 Blocos Diagrama das Fisionamias Ecolgicas da Savana (Cerrado) .............. 178 Figura 18 Mapa do Potencial Florestal da Amaznia ........................................................ 179 Figura 19 Porcentagem de Cobertura com gramneas ........................................................ 190 Figura 20 Domnio da Mata Atlntica ................................................................................ 194 Figura 21 Remanescentes Florestais................................................................................... 198 Figura 22 Corredor Central da Mata Atlntica ................................................................... 205 Figura 23 Corredor Central................................................................................................. 206 Figura 24 Corredor da Serra do Mar.................................................................................... 207 Figura 25 Domnio do Cerrado........................................................................................... 230 Figura 26 Distribuio do Domnio de Cerrado ................................................................. 233 Figura 27 Perfil de Vegetao do Cerrado.......................................................................... 243 Figura 28 Domnio da Caatinga.......................................................................................... 252 Figura 29 Bacia do Rio So Francisco ............................................................................... 260 Figura 30 Bacia do Rio Parnaba ....................................................................................... 261 Figura 31 Regio Hidrogrfica do Atlntico Leste............................................................. 262 Figura 32 Unidades de Conservao da Caatinga............................................................... 265 Figura 33 Domnio do Pantanal Mato-Grossense .............................................................. 270 Figura 34 Hidrografia de Mato Grosso do Sul ................................................................... 285 Figura 35 Domnio do Bioma Pampa por Regio Fitoecolgica........................................ 288 Figura 36 Abrangncia das Mesorregies Riograndenses .................................................. 289

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    Figura 37 reas de Predominantes Campos Sulinos (Pampas) .......................................... 292 Figura 38 Hidrografia do Ecossistema Pampas ................................................................. 297

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAEESS

    FFOOTTOOSS

    Foto 1 Vegetao de Carter Arbreo ................................................................................. 222 Foto 2 Vegetao de Carter Arbustivo .............................................................................. 222 Foto 3 Elementos Arbreos Dominantes............................................................................. 226 Foto 4 Biodiversidade do Cerrado....................................................................................... 231 Foto 5 Solos do Cerrado ...................................................................................................... 241 Foto 6 Vista Geral de uma Floresta de Galeria ................................................................... 245 Foto 7 Vista Geral de uma Floresta do Cerrado .................................................................. 247 Foto 8 Vista Geral da Chapada dos Veadeiros .................................................................... 248 Foto 9 Vegetao da Caatinga ............................................................................................. 250 Foto 10 Plantas da Caatinga ................................................................................................ 254 Foto 11 Solos Caractersticos da Caatinga .......................................................................... 263 Foto 12 Afloramentos Rochosos ......................................................................................... 264 Foto 13 Formao Vegetal da Caatinga .............................................................................. 266 Foto 14 Aspecto Geral da Vegetao da Caatinga .............................................................. 266 Foto 15 Vista Geral do Pantanal.......................................................................................... 269 Foto 16 Vosta Geral dos Pastos Nativos ............................................................................ 287 Foto 18 Vista Geral da Estepe Parque ................................................................................. 300 Foto 19 Vista Geral da Estepe Gramneo-Lenhosa ............................................................. 300

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAEESS

    TTAABBEELLAASS

    Tabela 11 Zonas da Amaznia Legal............................................................................... 165

    Tabela 12 Adaptao de Espcies e seus Resultados....................................................... 181

    Tabela 13 Porcentual de Cobertura de Solo e Vigor de gramneas.................................. 189

    Tabela 14 Espcies Vegetais Arbreas ............................................................................ 192

    Tabela 15 Distribuio Espacial Primitiva e Remanescente Florestais ........................... 197

    Tabela 16 Unidades de Conservao no Domnio da Mata Atlntica ............................. 217

    Tabela 17 Relao das Terras Indgenas Inseridas no Domnio da Mata Atlntica......... 219

    Tabela 18 Classificao de Kppen no Domnio da Mata Atlntica ............................... 220

    Tabela 19 Caracterizao do Bioma Mata Atlntica por Regio Fitoecolgica Agrupada 229

    Tabela 20 Caracterizao do Cerrado por Regio Fitoecolgica .................................... 234

    Tabela 21 Distribuio da Caatinga nos Estados Brasileiros........................................... 253

    Tabela 22 Distribuio da Caatinga por Regio Fitoecolgica Agrupada ...................... 268

    Tabela 23 Caracterizao do Bioma Pantanal por Regio Fitoecolgica Agrupada ....... 286

    Tabela 24 Caracterizao do Bioma Pampas por Regio Fitoecolgica Agrupada......... 288

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    143

    SSUUMMRRIIOO

  • Manual de Vegetao Rodoviria

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    SSUUMMRRIIOO

    VVOOLLUUMMEE 22

    Lista de Abreviaturas e Siglas ....................................................................................................... 133

    Lista de Ilustraes Figuras......................................................................................................... 137

    Lista de Ilustraes Fotos............................................................................................................ 139

    Lista de Tabelas ........................................................................................................................... 141

    Sumrio ........................................................................................................................... 145

    8 Ecossistemas Brasileiros ......................................................................................................... 151

    8.1 Definies .......................................................................................................................... 151

    8.2 Classificao dos ecossistemas .......................................................................................... 155

    8.2.1 Floresta Amaznica................................................................................................ 156

    8.2.2 Floresta Atlntica ................................................................................................... 157

    8.2.3 Cerrado................................................................................................................... 157

    8.2.4 Caatinga ................................................................................................................. 158

    8.2.5 Pantanal.................................................................................................................. 158

    8.2.6 Mata de Araucria ou Pinheiral ............................................................................. 158

    8.2.7 Campos .................................................................................................................. 159

    8.3 Ecossistema Floresta Amaznica....................................................................................... 159

    8.3.1 Abrangncia territorial ........................................................................................... 159

    8.3.2 Plano da Amaznia Sustentvel - PAS .................................................................. 166

    8.3.3 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 167

    8.3.4 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 169

    8.3.5 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 173

    8.3.6 Experincia de revegetao.................................................................................... 179

    8.3.7 Estudos de hidrossemeadura .................................................................................. 190

    8.3.8 Levantamento fitofisionmico da Regio Amaznica ao longo da rodovia

    BR-319/AM............................................................................................................ 191

    8.4 Ecossistema da Mata Atlntica ......................................................................................... 193

    8.4.1 Consideraes gerais.............................................................................................. 193

    8.4.2 Abrangncia territorial ........................................................................................... 196

    8.4.3 Sustentabilidade da Mata Atlntica........................................................................ 201

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    146

    8.4.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 213

    8.4.5 Sntese da legislao de proteo da Mata Atlntica ............................................. 214

    8.4.6 Unidades de conservao e terras indgenas ......................................................... 217

    8.4.7 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 219

    8.4.8 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 224

    8.4.9 Distribuio espacial da cobertura vegetal............................................................. 228

    8.5 Ecossistema Complexo Brasil Central - Cerrado............................................................... 229

    8.5.1 Consideraes gerais.............................................................................................. 229

    8.5.2 Principais problemas scio-ambientais.................................................................. 231

    8.5.3 Abragncia territorial ............................................................................................. 232

    8.5.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 234

    8.5.5 Distribuio espacial da vegetao ........................................................................ 234

    8.5.6 Unidades de conservao ....................................................................................... 235

    8.5.7 Planos e programas de sustentabilidade do Cerrado.............................................. 235

    8.5.8 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 237

    8.5.9 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 243

    8.6 Ecossistema Caatinga......................................................................................................... 249

    8.6.1 Consideraes gerais.............................................................................................. 249

    8.6.2 Abrangncia territorial ........................................................................................... 251

    8.6.3 Sustentabilidade da Caatinga ................................................................................. 253

    8.6.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 256

    8.6.5 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 257

    8.6.6 Unidades de conservao e terras indgenas .......................................................... 265

    8.6.7 Flora e fauna........................................................................................................... 265

    8.6.8 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 268

    8.7 Ecossistema Pantanal ......................................................................................................... 268

    8.7.1 Consideraes gerais.............................................................................................. 268

    8.7.2 Histrico regional da ocupao do Pantanal .......................................................... 270

    8.7.3 Abrangncia territorial ........................................................................................... 271

    8.7.4 Comunidades indgenas ......................................................................................... 272

    8.7.5 Planos e programas de sustentabilidade do Pantanal ............................................. 272

    8.7.6 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 276

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    147

    8.7.7 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 277

    8.7.8 Composio da vegetao...................................................................................... 286

    8.8 Ecossistema Pampas .......................................................................................................... 287

    8.8.1 Consideraes gerais.............................................................................................. 287

    8.8.2 Abragncia territorial ............................................................................................. 288

    8.8.3 Participao do bioma pampas nas divises do Estado ......................................... 289

    8.8.4 Planos de sustentabilidae ....................................................................................... 290

    8.8.5 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 294

    8.8.6 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 295

    8.8.7 Composio da Vegetao ..................................................................................... 298

    Anexos ........................................................................................................................... 303

    Anexo D: Gramneas de melhor comportamento no 1 experimento ................................ 305

    Anexo E: Leguminosas de melhor desempenho no 1 experimento.................................. 309

    Anexo F: Espcies e linhagens originrias da Regio Amaznica .................................... 311

    Anexo G: Testes de hidrossemeadura BR 319/AM ........................................................ 315

    Anexo H: Mapeamento das |Regies Fitoecolgicas do Pantanal ..................................... 319

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................................. 323

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    149

    88.. EECCOOSSSSIISSTTEEMMAASS BBRRAASSIILLEEIIRROOSS

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    151

    8. ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

    8.1. DEFINIES

    rea Protegida - Superfcie de terra e/ou de gua especialmente consagrada proteo e manuteno da diversidade biolgica, assim como dos recursos naturais e os recursos culturais associados, e manejada atravs de meios jurdicos ou outros meios eficazes. (IUCN, 1994)

    rea de Proteo Ambiental - APA - Unidade de conservao de uso direto destinada a conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando melhoria da qualidade de vida da populao local e, tambm, proteo dos ecossistemas regionais. As APAs devero ter sempre um zoneamento ambiental, que estabelecer normas de uso, condies biticas, geolgicas, urbansticas, agropastoris, extrativistas, culturais e outras, do local. Qualquer que seja a situao dominial de uma rea, ela poder fazer parte de uma APA.

    rea de Relevante Interesse Ecolgico - ARIE rea que possui caractersticas naturais extraordinrias e abriga exemplares raros da biota regional, exigindo cuidados especiais de proteo por parte do Poder Pblico. So preferencialmente declaradas como ARIE, quando tiverem extenso inferior a 5 mil hectares e abrigarem pequena ou nenhuma ocupao humana, por ocasio do ato declaratrio. Quando estiverem localizadas em permetros de APAs, integraro a Zona de Vida Silvestre, destinada melhor salvaguarda da biota nativa prevista no regulamento das APAs.

    reas de Interstcio - reas situadas entre unidades de conservao, outras reas protegidas e reas indgenas, podendo pertencer ao domnio pblico ou privado.

    Avaliao de Impacto Ambiental - Processo de avaliao dos impactos ecolgicos, econmicos e sociais que podem advir da implantao de atividades antrpicas (projetos, planos e programas), e de monitoramento e controle desses efeitos pelo poder pblico e pela sociedade.

    Bioma a denominao da unidade bitica de maior exenso geogrfica, compreendendo vrias comunidades em diferentes estgios de evoluo, porm, denominada de acordo com o tipo de vegetao dominante, tais como, mata tropical, campo, etc.

    Conservao da natureza Entende-se por conservao da natureza o manejo da biosfera, compreendendo a preservao, manuteno, utilizao sustentvel, restaurao e melhoria do ambiente natural.

    Conservao "in-situ" Conservao das espcies silvestres no seu local de ocorrncia natural.

    Corredores Ecolgicos - As pores dos ecossistemas naturais ou semi-naturais, ligando unidades de conservao e outras reas naturais, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a disperso de espcies e a recolonizao de reas degradadas, bem como a manuteno de populaes que demandam, para sua sobrevivncia, reas com extenso maior do que aquela das unidades individuais.

    Degradao da Qualidade Ambiental - Alterao das caractersticas do meio ambiente.

    Desenvolvimento Sustentvel - Forma socialmente justa e economicamente vivel de explorao do ambiente que garanta a perenidade dos recursos naturais renovveis e dos processos ecolgicos,

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    152

    mantendo a diversidade biolgica e os demais atributos ecolgicos em benefcio das geraes futuras e atendendo s necessidades do presente.

    Diversidade biolgica a variedade de gentipos, espcies, populaes, comunidades, ecossistemas e processos ecolgicos existentes em uma determinada regio. Isto significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espcies, entre espcies e de ecossistemas.

    Ecossistema Significa um complexo dinmico de comunidades vegetais, animais e de microrganismos e o seu meio inorgnico, que interagem como uma unidade funcional.

    Estao Ecolgica - Unidade de conservao que se destina preservao integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites e realizao de pesquisas cientficas. No permitida a visitao pblica, admitindo-se, no entanto, de acordo com regulamento especfico, a sua realizao com objetivo educacional.

    Extrativismo - Sistema de explorao baseado na coleta e extrao, de modo sustentvel, de recursos naturais renovveis.

    Floresta Nacional - FLONA - So reas de domnio pblico, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecida com objetivos de promover o manejo dos recursos naturais, com nfase na produo de madeira e outros vegetais e garantir a proteo dos recursos hdricos, das belezas cnicas e dos stios histricos e arqueolgicos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa cientfica bsica e aplicada, da educao ambiental e das atividades de recreao, lazer e turismo.

    Fragmentao - Todo processo de origem antrpica que provoca a diviso de ecossistemas naturais contnuos em partes menores instaladas.

    Gesto Ambiental - um processo de mediao entre interesses de atores sociais voltado ao uso ou preservao de um recurso.

    Habitat Significa o lugar ou tipo de local onde um organismo ou populao ocorre naturalmente.

    Impacto Ambiental - Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia.

    Manejo dos recursos naturais o ato de intervir, ou no, no meio natural com base em conhecimentos cientficos e tcnicos, com o propsito de promover e garantir a conservao da natureza. Medidas de proteo aos recursos, sem atos de interferncia direta nestes, tambm fazem parte do manejo.

    Manejo de Unidades de Conservao o conjunto de aes e atividades necessrias ao alcance dos objetivos de conservao de reas protegidas, incluindo as atividades fins, tais como proteo, recreao, educao, pesquisa e manejo dos recursos, bem como as atividades de administrao ou gerenciamento. O termo gesto de uma unidade de conservao pode ser considerado sinnimo de manejo da mesma.

    Material Gentico Todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que contenha unidades funcionais de hereditariedade.

  • Manual de Vegetao Rodoviria

    153

    Meio Ambiente - O conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

    Monitoramento - o acompanhamento peridico, por observaes sistemticas de um atributo ambiental, de um problema ou situao, pela quantificao das variveis que o caracterizam. O monitoramento determina os desvios entre normas preestabelecidas (referenciais) e as variveis medidas.

    Parque Nacional - So reas geogrficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de preservao permanente, submetidas condio de inalienabilidade e indisponibilidade de seu todo.

    Plano de Gesto - Conjunto de aes pactuadas entre os atores sociais interessados na conservao e/ou preservao ambiental de uma determinada rea, constituindo projetos setoriais e integrados contendo as medidas necessrias gesto do territrio.

    Plano de Manejo - Documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o manejo dos recursos naturais, incluindo a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da Unidade, segundo o Roteiro Metodolgico.

    Poluio - Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas ou biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o bem-estar da populao, as atividades sociais e econmicas, a biota, as condies estticas e sanitria do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.

    Populao Tradicional - Populao vivendo h pelo menos duas geraes em um determinado ecossistema, em estreita relao com o ambiente natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reproduo sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental.

    Preservao So as prticas de conservao da natureza que asseguram a proteo integral dos recursos naturais.

    Proteo Integral - Manuteno dos ecossistemas livres de alteraes causadas por interferncia humana, admitindo apenas o uso direto dos seus atributos naturais.

    Recuperao - Restituio de um ecossistema ou de uma populao silvestre degradada a uma condio no-degradada, que pode ser diferente de sua condio original.

    Recurso Natural Toda matria e energia que ainda no tenha sofrido um processo de transformao e que usada diretamente pelos seres humanos para assegurar as necessidades fisiolgicas, socioeconmicas e culturais, tanto individual quanto coletivamente.

    Recursos Ambientais - A atmosfera, as guas interiores, superficiais ou subterrneas, os esturios, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

    Recursos Biolgicos - Recursos genticos, organismos ou partes destes, populaes ou quaisquer outros componentes biticos de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade.

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    Reserva Biolgica - rea essencialmente no-perturbada por atividades humanas que compreende caractersticas e/ou espcies da flora ou fauna de significado cientfico e tem por objetivo a proteo de amostras ecolgicas do ambiente natural para estudos cientficos, monitoramento ambiental, educao cientfica e manuteno dos recursos genticos em estgio dinmico e evolucionrio.

    Reserva Ecolgica - O artigo 1 da Resoluo CONAMA n 004/85 diz que: "so consideradas reservas ecolgicas as formaes florsticas e as reas de florestas de preservao permanente mencionadas no artigo 18 da lei federal n 6.938/81, bem como as estabelecidas pelo Poder Pblico".

    Reserva de Fauna - rea que contm habitat de espcies nativas da fauna silvestre, onde seja possvel a observao por turistas, investigao cientfica e educao sobre o meio ambiente. Tem como objetivo a obteno de protenas ou produtos de vida silvestre, alm da contemplao da fauna, investigao e educao.

    Reserva Extrativista - rea que corresponde a espaos destinados explorao autosutentvel e conservao de recursos naturais renovveis, por populao extrativista. criada pelo Poder Pblico em espaos territoriais de interesse ecolgico e social.

    Reserva Florestal - rea extensa, desabitada, de difcil acesso e em estado natural. Dela se carece de conhecimento e tecnologia para uso racional dos recursos e ento as prioridades nacionais, em matria de recursos humanos e financeiros, impedem investigao de campo, avaliao e desenvolvimento, no momento. uma categoria de manejo transitria. Tem por objetivo a proteo dos valores dos recursos naturais para uso futuro e o impedimento de atividades de desenvolvimento at que sejam estabelecidos outros objetivos de manejo ou simples extino.

    Reserva Indgena - rea isolada e remota que possui comunidades indgenas e pode manter sua inacessibilidade por um longo perodo de tempo. Destina-se a evitar o distrbio pela moderna tecnologia e a realizao de pesquisas sobre a evoluo humana e sua interao com a terra. H forte dependncia humana sobre o meio natural para a obteno de alimentos, abrigo e outros requisitos para a sua sobrevivncia. O cultivo extensivo ou outras modificaes significativas na vegetao e na vida animal devem ser permitidos.

    Reserva Particular do Patrimnio Natural - RPPN - Imvel de domnio privado em que, no todo ou em parte, sejam identificadas condies naturais primitivas, semiprimitivas e recuperadas, ou cujas caractersticas justifiquem aes de recuperao do ciclo biolgico de espcies da fauna e da flora nativas do Brasil. Devem ser assim reconhecidas e registradas pelo IBAMA, por determinao do proprietrio e em carter perptuo. O imvel ser reconhecido como RPPN atravs de portaria da Presidncia do IBAMA.

    Restaurao - Restituio de um ecossistema ou uma populao silvestre degradada o mais prximo possvel da sua condio original.

    Sistema Nacional de Unidades de Conservao Conjunto organizado de reas naturais protegidas atravs de Unidades de Conservao federais, estaduais, municipais e particulares que, planejado, manejado e gerenciado como um todo e constitudo de forma a abranger comunidades biticas geneticamente sustentveis, capaz de viabilizar os objetivos nacionais de conservao.

    Unidade de Conservao Espao territorial delimitado e seus componentes, incluindo as guas jurisdicionais, com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudo pelo Poder Pblico para a proteo da natureza, com objetivos e limites definidos, sob regime especfico de administrao, ao qual se aplicam adequadas garantias de proteo.

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    Unidades de Conservao de Proteo Integral - Nova designao para as Unidades de Conservao de Uso Indireto.

    Unidades de Conservao de Uso Sustentvel - Nova designao para as Unidades de Conservao de Uso Direto.

    Uso Sustentvel Significa a utilizao de componentes da diversidade biolgica de modo e ritmo tais que no levem, no longo prazo, diminuio da diversidade biolgica, mantendo assim seu potencial para atender s necessidades e aspiraes das geraes presentes e futuras.

    Zona de Amortecimento - rea no entorno de uma unidade de conservao, onde as atividades humanas esto sujeitas a normas e restries especficas, com o propsito de minimizar os impactos negativos sobre a Unidade.

    Zona de Transio Uma zona, perifrica ao Parque Nacional ou reserva equivalente, onde restries so colocadas sobre o uso dos recursos ou medidas especiais de desenvolvimento so tomadas para aumentar o valor da conservao da rea.

    Zoneamento - Definio de setores ou zonas em uma unidade de conservao com objetivos de manejo e normas especficas, com o propsito de proporcionar os meios e as condies para que todos os objetivos da Unidade possam ser alcanados de forma harmnica e eficaz.

    8.2. CLASSIFICAO DOS ECOSSISTEMAS

    A classificao dos ecossistemas brasileiros vem sendo realizada atravs de diversas ticas ao longo dos anos, desde Martius (1824), passando por Rizzini (1963) at Veloso (1991).

    Optou-se pela classificao de Rizzini (1963), por consider-la como a que mais se aproxima da linguagem usual de simples compreenso, a qual se relaciona aos ecossistemas brasileiros e seus tipos de vegetao.

    O ecossistema brasileiro constitudo pelas seguintes unidades:

    Floresta Amaznica;

    Floresta Atlntica;

    Complexo do Brasil Central;

    Complexo da Caatinga;

    Complexo do Meio Norte;

    Complexo do Pantanal;

    Complexo da Restinga;

    Complexo do Pinheiral;

    Campos do Alto Rio Branco;

    Campos da Plancie Riograndense.

    Os tipos de vegetao caractersticos nestes ecossistemas so:

    Mata ou Floresta Amaznica;

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    Mata ou Floresta Atlntica;

    Cerrado, Caatinga, Babaual;

    Mata de Palmeiras, Palmeiral;

    Pantanal, Restinga e Manguezal;

    Mata de Araucria ou de Pinheiros;

    Campos Gerais;

    Campos do Sul.

    Cada uma dessas unidades tem ambiente natural prprio, cujas caractersticas bsicas lhe so peculiares, as quais devem ser consideradas e analisadas nos estudos ambientais rodovirios, pois a implantao de uma rodovia possibilita a induo de novos vetores de ocupao e a apropriao de espaos por usos associados, cuja expanso pode configurar-se inadequada s condies de vulnerabilidade e fragilidade deste ambiente.

    Pelo exposto, a eficcia e a eficincia de uma revegetao planejada, com fins de reabilitao ambiental para o setor rodovirio, deve atentar de modo objetivo para as espcies vegetais nativas de cada ecossistema ou mesmo alguma espcie extica, desde que devidamente testada e comprovada naquele ecossistema.

    Objetivando o conhecimento das vulnerabilidades e fragilidades destes ambientes, so apresentadas a seguir as caractersticas dos ecossistemas brasileiros.

    8.2.1. Floresta Amaznica

    A Floresta Amaznica considerada a maior rea verde do planeta, abrigando milhares de espcies da flora e fauna, muitas delas ainda desconhecidas, o que lhe confere a caracterstica de regio de alta diversidade biolgica, abrigando ainda os povos da floresta representados pelos ndios e pelos caboclos amaznicos.

    Conforme exposto anteriormente (subseo 8.1), considerando-se a floresta amaznica em seu aspecto mais amplo como bioma, ela abrange uma rea de 4.196.943 km2 (IBGE-2000), correspondendo a 49,28% do territrio brasileiro (8.514.876 km2)

    A floresta amaznica, de maneira geral ou sob o aspecto de ocupao territorial, pode ser subdividida em trs formaes predominantes, as quais so representadas pelas matas de terra firme, matas de vrzea e matas de igap.

    Sob o aspecto de regio fitoecolgica o bioma Amaznia constitudo pelos seguintes ecossistemas:

    Floresta ombrfila densa (aluvial, terras baixas, submontana, montana);

    Floresta ombrfila aberta (terras baixas, submontana);

    Campinarana;

    Refgios ecolgicos;

    Savanas amaznicas.

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    As matas de terra firme so as que ocupam a maior rea do territrio amaznico e ocorrem nas partes mais altas do relevo, distantes dos rios e sujeitas a poucas alteraes, sendo formadas por rvores alongadas e finas, apresentando espcies como a castanha-do-par, o cacaueiro e as palmeiras, bem como, possuem grande quantidade de espcies de madeira de alto valor econmico, as quais no so influenciadas pelas inundaes peridicas.

    As matas de vrzea ocorrem nas plancies periodicamente inundveis, sendo muito influenciadas pelas cheias dos rios amaznicos. O aspecto mais aberto e mais claro do que a da mata de terra firme. Este tipo de vegetao pode permanecer inundado por um perodo, s vezes maior que seis meses, entretanto, apresenta maior variedade de espcies. o habitat da seringueira e das palmceas.

    As matas de igaps ocorrem ao longo ou prximas dos rios e igaraps, conseqentemente, permanecendo inundadas quase todo o ano, sendo suas rvores um pouco menores que as de terra firme e de vrzea, sendo, tambm, mais espaadas e com menos trepadeiras e cips no seu interior, com razes adaptadas s regies alagadas. Das trs formaes descritas a que menos sofre com as aes degradadoras das atividades do homem e tem como planta caracterstica a vitria-rgia.

    8.2.2. Floresta Atlntica

    Originalmente a mata atlntica ocorria desde o nordeste at o sul do Pas, margeando o litoral nas pores mais elevadas do relevo, avanando para o interior em parte do territrio dos estados do nordeste, bem como nos Estados da Bahia, Esprito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Paran e Santa Catarina.

    Atualmente restam apenas cerca de 8% da superfcie antes coberta pela mata atlntica, distribuda por reas remanescentes e que, apesar de abrigar ambientes de alta diversidade biolgica e exercer papel fundamental como regulador climtico e estabilizador dos solos, continua sofrendo desmatamentos, queimadas e vrias outras formas de explorao irracional.

    Na mata atlntica ocorrem rvores de at 30-35 metros de altura, com uma infinita variedade de cips e trepadeiras, que lhe conferem o aspecto de mata fechada e escura.

    Atualmente as reas preservadas localizam-se, principalmente, nas regies mais elevadas e de difcil acesso, estando protegidas pela legislao ambiental brasileira (Decreto n 6.660, de 21/11/08, regulamentando a Lei n 11.428, de 22/12/06, que dispe sobre o corte, a explorao e a supresso de vegetao primria, ou nos estgios avanados e mdios da mata atlntica).

    8.2.3. Cerrado

    Um dos maiores ecossistemas brasileiros em extenso e importncia, o Cerrado ocorre desde o nordeste, em parte dos Estados do Piau e Maranho at o Estado de So Paulo, abrangendo praticamente toda a regio central do Pas.

    Este ecossistema abrange a rea de 2.036.448 km2, correspondendo a 23,92% do territrio brasileiro.

    O Cerrado composto pelas formaes de Cerrado arbustivo-arbreo, do cerrado, do campo Cerrado e dos campos (campo limpo, campo sujo e campo rupestre), abrigando, tambm, grande biodiversidade biolgica e apresentando fauna e flora exuberantes.

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    Ao longo dos cursos d'gua, associadas ao Cerrado, ocorrem as florestas ou matas de galeria, tambm denominadas matas ciliares, de extrema importncia por sua diversidade biolgica e pela proteo ao processo erosivo nas encostas e margens dos rios e crregos.

    Atualmente, o Cerrado vem sendo substitudo por pastagens, pela silvicultura intensiva e pelas florestas comerciais de eucalipto e pinus.

    8.2.4. Caatinga

    Principal ecossistema do nordeste brasileiro, a caatinga ocorre em regio semirida, onde chove muito pouco e a temperatura bastante elevada.

    Este ecossistema abrange a rea de 982.563,3 km2, correspondendo a 11,53% do territrio brasileiro.

    Estas caractersticas no impedem a caatinga de ser um dos principais complexos de vegetao brasileiros, pois, apesar de todas as adversidades, ela abriga grande diversidade de fauna e flora, alm de representar um importante fixador do homem na regio nordestina, o qual extrai dela praticamente todos os elementos necessrios sua sobrevivncia.

    Durante a poca da seca, a caatinga apresenta aspecto raqutico, de cor acinzentada, quase sem folhas nas plantas, bastando um ou dois dias de chuvas para brotar o verde das folhas e modificar radicalmente a paisagem desrtica anterior.

    8.2.5. Pantanal

    Ocupando os baixios e as depresses da bacia do rio Paraguai, o pantanal ocorre desde o sul do Estado de Mato Grosso at o sul de Mato Grosso do Sul.

    Este ecossistema abrange a rea total de 150.355 km2, dos quais 91,9% em territrio brasileiro.

    O Pantanal apresenta caractersticas to peculiares, que a ele no se pode comparar qualquer outra formao ocorrente no Pas. Abriga ambientes de alta diversidade biolgica e extremamente dependentes das cheias dos inmeros cursos d'gua, onde ocorrem muitas espcies vegetais exclusivas dessa regio.

    A vegetao, de maneira geral, representada pelas gramneas das plancies de inundao, ocorrendo nas partes mais elevadas as matas de galeria, e pelas formaes arbustivas, que abrigam grande nmero de espcies da fauna, principalmente de aves.

    8.2.6. Mata de Araucria ou Pinheiral

    A mata de araucria abrangia parte dos Estados do Paran e do Rio Grande do Sul e quase a totalidade do Estado de Santa Catarina. Seu nome deve-se ocorrncia predominante do pinheiro do Paran (Araucria angustiflia), espcie de grande importncia na indstria madeireira da regio sul do Pas e que foi quase que totalmente erradicada em virtude da explorao intensiva e irracional.

    Atualmente restaram poucas reas cobertas pelas matas de araucria nos Estados do Paran e de Santa Catarina, sendo que a maior parte delas encontra-se sob regime de preservao permanente em reas de Parques Nacionais e Estaduais e outras reas de proteo ambiental.

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    8.2.7. Campos

    Essa formao representada pelos campos do alto rio Branco e pelos campos do sul, sendo os primeiros considerados incorporados ao ecossistema amaznia e os campos do sul (pampa) so constitudos por uma rea de 176.496 km2, correspondendo a 2,07% do territrio brasileiro.

    Os primeiros ocorrem no Estado de Roraima, onde a vegetao predominante representada pelas gramneas, os solos so arenosos e os ndices pluviomtricos bastante elevados.

    Os campos do sul ocorrem nas depresses riograndenses, onde predominam as gramneas e, em geral, formam-se grandes reas inundadas. Os campos abrigam grande diversidade da fauna, notadamente a avifauna.

    A Figura 6 a seguir ilustra os ecossistemas brasileiros.

    Figura 6 Ecossistemas brasileiros

    8.3. ECOSSISTEMA FLORESTA AMAZNICA

    8.3.1. Abrangncia territorial

    Objetivando um perfeito conhecimento da abrangncia territorial da floresta amaznica, apresentam-se inicialmente os descritivos da regio hidrogrfica amaznica, como habitat natural da mesma, seguindo-se do descritivo da floresta amaznica, do bioma amaznia, por ser mais abrangente que os aspectos anteriores (floresta amaznica e regio hidrogrfica) e finalmente conceitua-se amaznia legal.

    Amaznia uma regio na Amrica do Sul coberta em grande parte pela floresta amaznica, caracterizada por floresta tropical (tambm chamada de floresta equatorial da amaznia ou hilia amaznica).

    A Amaznia Brasileira, considerada somente pela bacia hidrogrfica do rio amazonas, compreende uma rea de 3,87 milhes de km2 (45,2% do territrio nacional), ocupada pela floresta tropical mida

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    densa e no densa; entretanto, considerada como bioma amaznia, abrange uma rea de 4.196.943 km2 (acrscimo de 326.943 km2), ocupando 49,28% do territrio brasileiro e sendo o maior bioma terrestre do Pas.

    O conhecimento deste ecossistema importante para o engenheiro rodovirio, tendo em vista que o planejamento, a elaborao de projetos, e a execuo de atividades rodovirias nesta regio torna-se mais trabalhosa, devido sua importncia e o destaque da legislao ambiental para proteo da mesma, em especial, s reas legais constitudas pelas Unidades de Conservao, que so o instrumento legal de proteo da biodiversidade amaznica.

    a) Regio Hidrogrfica Amaznica

    O rio Amazonas o maior rio do mundo e constitui a mais extensa rede hidrogrfica do globo terrestre.

    Desde sua nascente, na quebrada Apacheta, situada na base do Nevado Quehuisha, e pertencendo ao Departamento de Arequipa, a 5.150 metros de altitude, at sua desembocadura no Oceano Atlntico, o rio alcana a extenso de 7.062 km, com 391 quilmetros a mais do que o segundo colocado, o rio Nilo, na frica.

    Ao longo de seu percurso ele recebe os nomes Tunguragua, Maran, Apurmac, Ucayali, Solimes e finalmente Amazonas, conforme ilustrada na Figura 7 a seguir.

    Figura 7 Rede Hidrogrfica do Rio Amazonas

    A regio hidrogrfica amaznica conhecida por sua disponibilidade hdrica (da ordem de 133.000 m/s constituindo 73% do total do Pas), sendo considerada a maior do mundo, bem como pela quantidade de ecossistemas que abriga, como matas de terra firme, florestas inundadas, vrzeas, igaps, campos abertos e Cerrados.

    Abriga, ainda, uma infinidade de espcies vegetais e animais, sendo da ordem de 1,5 milho de espcies vegetais catalogadas, trs mil espcies de peixes, 950 tipos de pssaros e ainda insetos, rpteis, anfbios e mamferos.

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    Sob o aspecto de regio hidrogrfica brasileira, a bacia hidrogrfica do rio Amazonas complementada pelas bacias hidrogrficas dos rios existentes na Ilha do Maraj, alm das bacias hidrogrficas dos rios situados no Estado do Amap que desguam no Atlntico Norte (Resoluo CNRH n 32, de 15 de outubro de 2003), e abriga uma populao de 7.609.424 habitantes (censo do ano 2000), sendo 4,5% da populao do Pas, com a densidade demogrfica de apenas 2,01 hab/km.

    Os centros urbanos que mais se destacam dentre os 304 municpios da regio hidrogrfica amaznica, so as capitais de Estado, Manaus, Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista, Macap, bem como os municpios de Santarm (PA) e Sinop (MT).

    A Figura 8 a seguir ilustra graficamente a bacia amaznica.

    Figura 8 Bacia Amaznica

    Durante as estaes de chuvas a rea coberta por gua no rio Amazonas e seus afluentes mais do que triplica pois, em mdia, esto submersas na estao seca 110.000 km, enquanto que na estao das chuvas, essa rea chega a ser de 350.000 km. No seu ponto mais largo o rio Amazonas mede na poca seca 11 km de largura e na estao das chuvas atinge 45 km.

    A maior bacia hidrogrfica do mundo abriga metade das espcies conhecidas de plantas tropicais, uma variedade de peixes maior que a do Oceano Atlntico, e possui aproximadamente 80 mil quilmetros de rios navegveis.

    O ecossistema amaznico constitui um grande reservatrio da biodiversidade do planeta, com grandes potenciais ainda inexplorados, alm de abrigar imensas quantidades de minrios, terras agricultveis e outros tantos recursos.

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    b) Floresta Amaznica

    Maior floresta tropical contnua do mundo, a Amaznia tem 6,7 milhes de km2, sendo que 57,76% esto em territrio brasileiro (3,87 milhes de km2), dividindo-se o restante entre as duas Guianas, Suriname, Venezuela, Colmbia, Equador, Peru e Bolvia.

    A floresta amaznica a floresta equatorial que forma a maior parte da Amaznia, sendo uma das trs grandes florestas tropicais do mundo. A hilia amaznica (como a definiu Alexander von Humboldt), vista de cima por satlite, possui a aparncia de uma camada contnua de copas, situadas a aproximadamente 50 metros do solo.

    A Amaznia abriga um tero das florestas tropicais midas do planeta, que concentram cerca de 30% da diversidade biolgica mundial e apresentam imenso potencial gentico, princpios ativos de inestimvel interesse econmico e social e oferta de produtos florestais com alto valor no mercado, sendo que o patrimnio biolgico representa grande potencial ecolgico, econmico e poltico, de importncia estratgica regional, nacional e internacional.

    Figura 9 Florestas Tropicais do Mundo

    A dificuldade para a entrada de luz pela abundncia de copas das rvores faz com que a vegetao rasteira seja muito escassa na Amaznia e, conseqentemente, prejudicando os animais herbvoros que habitam o solo e precisam desta vegetao para subsistncia.

    A maior parte da fauna amaznica composta de animais que habitam as copas das rvores, entre 30 e 50 metros, no existindo animais de grande porte, como nas savanas. Entre as espcies que habitam nas copas esto as aves, tais como os papagaios, tucanos e pica-paus, e entre os mamferos esto os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.

    A diversidade de espcies e a dificuldade de acesso s altas copas, fazem com que grande parte da fauna ainda seja desconhecida.

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    Apesar de abrigar mais de um tero das espcies de animais e plantas existentes no planeta, a amaznia um ecossistema frgil, pois cerca de 60% do seu solo so de baixo ou nulo potencial agrcola, o que faz com que a extrao de madeira seja a principal atividade econmica.

    O solo amaznico bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Apesar disso, a flora e fauna mantm-se em virtude do estado de equilbrio (clmax) atingido pelo ecossistema, e o aproveitamento de recursos timo, havendo mnimo de perdas.

    Um exemplo claro est na distribuio acentuada de macrorrizas pelo solo, que garantem s razes uma absoro rpida dos nutrientes que escorrem com as chuvas das copas das rvores da floresta. Tambm forma-se no solo uma camada de decomposio de folhas, galhos e animais mortos que rapidamente so convertidos em nutrientes e aproveitados antes da lixiviao.

    A diversidade to grande que, para efeitos de pesquisa e planejamento, a regio est sendo dividida em 23 ecorregies ou amaznias, facilitando a sistematizao de dados sobre clima, vegetao, botnica, aves, peixes, solos, fungos, bactrias, vrus (de espcies vegetais e animais), povos indgenas, meio ambiente e biodiversidade, de modo geral.

    A diversidade e a integrao de ecossistemas amaznicos interagem de tal forma, que aes de ocupao ou desenvolvimento numa determinada regio podem repercutir sobre as caractersticas do ecossistema em outra regio, exigindo no planejamento o desafio de se buscar ou encontrar solues conjuntas.

    c) Bioma Amaznia

    O bioma amaznia, com rea total de 4.871 milhes km2, abrange no Brasil uma rea cerca de 4,197 milhes de km2 (86,16% do bioma e 49,28% do territrio brasileiro), formado por 23 ecorregies, sendo uma das principais caractersticas usadas na separao das ecorregies, os grandes interflvios da bacia amaznica, portanto, com rea de 8,4% maior que a da bacia hidrogrfica.

    Estes ecossistemas abrangem os Estados do Acre, Amap, Amazonas, Par, Rondnia, Roraima, pequena parte do Maranho, Tocantins e Mato Grosso, incluindo tambm zonas de transio com os biomas vizinhos, Cerrado, caatinga e pantanal.

    Sob o aspecto de regio fitoecolgica o bioma amaznia constituda pelos seguintes ecossistemas:

    Floresta ombrfila densa (a chamada Floresta Amaznica);

    Floresta ombrfila aberta;

    Campinarana;

    Refgios ecolgicos;

    Savanas amaznicas.

    A regio fitoecolgica pode ser considerada como o espao definido por uma florstica de gneros tpicos e de formas biolgicas caractersticas, que se repetem dentro de um mesmo clima, podendo ocorrer em terrenos de litologias variadas, mas com relevo bem marcado.

    Os refgios ecolgicos so reas geralmente isoladas e relquias de possveis paleoclimas que permaneceram intactos, ou quase intactos, situando-se nas partes mais elevadas dos planaltos.

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    A representao das paisagens em cada ecorregio importante para a conservao da biodiversidade e tem que ser estabelecida na mesma individualmente, pois cada uma delas uma unidade biogeogrfica distinta, resultante de processos histricos, evolutivos e ecolgicos, apresentando, desta forma, componentes biticos e abiticos nicos.

    Este sistema deve, necessariamente, incluir todos os tipos de paisagem existentes, na ecorregio, dando-se especial ateno queles ambientes nicos e de distribuio restrita, pois estes so os que podem abrigar, com maior probabilidade, elementos biticos singulares.

    O planejamento atual da criao de novas unidades de conservao em cada uma das ecorregies deve atentar para a conexo das mesmas atravs de corredores ecolgicos, incluindo-se unidades de conservao de uso sustentvel e as terras indgenas, desde que haja um monitoramento permanente da qualidade ambiental destas reas.

    d) Amaznia Legal

    No Brasil, para efeitos de governo e economia, a amaznia delimitada por uma rea chamada "Amaznia Legal" definida a partir da criao da SUDAM (Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia), em 1966.

    A Amaznia Legal constituda por um conceito essencialmente poltico para fins de planejamento governamental, o qual aumenta em 1,3 milhes de km2 a rea da amaznia brasileira, totalizando 5.170.000 km2, englobando nela uma longa faixa de vegetao de transio, com cerca de 700 mil km2.

    A rea da Amaznia Legal composta de 61% de floresta (3.153.700 km2), 14% de savana (723.800 km2), 10% de savana estpica (517.000 km2), e outros tipos de vegetao, e 15% de rea antrpica (modificada pelo homem) da ordem de (775.500 km2).

    Da rea antrpica, a criao de gado toma conta de 8%, a agricultura de 2%, a vegetao secundria de 5% e as reas urbanas correspondem a 0,05%, resultando o total de 15,05% equivalente rea de 116.712 km2, caracterizando a ocorrncia de um desmatamento com rea inaproveitada de 658.788 km2, da ordem de 12,74% da rea total.

    A Amaznia Legal brasileira abrange nove estados constitudos pelos Estados do Amazonas, Amap, Acre, Mato Grosso, oeste do Maranho, Par, Rondnia, Roraima e Tocantins.

    Destes nove Estados, cinco (Amazonas, Acre, Rondnia, Roraima e Amap) tm a totalidade de seus territrios na Bacia Amaznica, enquanto os outros quatro somente uma parte.

    As zonas da Amaznia Legal podem ser classificadas em no-florestal, desmatada, sob presso antrpica e florestal.

    No-florestal a regio coberta por Cerrados, campos e campinaranas, localizando-se, principalmente, no arco leste-sul da amaznia (exceo para algumas reas no norte do Amazonas e Roraima), abrangendo 1,218 milho de quilmetros quadrados (24%). Parte dessa zona compreende a regio de colonizao antiga cujas atividades principais so a pecuria extensiva e a agricultura, com destaque para os gros.

    Desmatada uma rea originalmente coberta por florestas, mas cujos municpios j perderam mais de 70% de sua rea florestal (excluindo-se as reas protegidas). Esses municpios esto

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    situados ao longo do arco do desmatamento em uma regio de colonizao antiga. Essa zona soma 0,514 milho de quilmetros quadrados (10%). As principais atividades econmicas so a pecuria extensiva e a agricultura.

    Sob presso corresponde aos municpios situados nas novas fronteiras agrcolas caracterizadas pelo desmatamento e ocupao da amaznia. Essa zona representa cerca de 0,7 milho de quilmetros quadrados (14% da regio). As principais atividades econmicas so a explorao madeireira predatria e a pecuria extensiva.

    Florestal a regio mais conservada da Amaznia, com apenas 5% da cobertura florestal desmatada, abrangendo 2,6 milhes de quilmetros quadrados (52%), com exceo do plo industrial de Manaus e outros poucos municpios com explorao mineral e de gs-petrleo, tendo essa regio atividades econmicas incipientes (extrativismo no-madeireiro e atividade madeireira).

    A Tabela 11 e Figura 10 a seguir ilustram as zonas da Amaznia Legal.

    Tabela 11 Zonas da Amaznia Legal

    Indicadores e Zonas na Amaznia Legal No-florestal Desmatada Sob

    presso Florestal

    Nmero de municpios 366 218 26 164

    rea (mihares de km2) (IBGE) 1.218,8 513,5 690,2 2.626,1

    - Desmatamento total at 2005 (%) (Inpe 2005) - 0 - 56 16 5

    - reas Protegidas at 2006 (%) (Isa 2005) 28 23 50 49

    Figura 10 - Mapa da Amaznia Legal

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    8.3.2. Plano da Amaznia Sustentvel (PAS)

    A amaznia brasileira foi tratada por muito tempo como territrio homogneo e sujeito s aes de carter padronizado, como se a floresta tropical pudesse ser considerada espao fsico a ser desbravado e ocupado, nos moldes do que ocorreu com outras reas do globo e do Pas, a partir da falsa premissa que a mesma ocupava toda a extenso territorial da regio.

    A percepo de que o territrio amaznico complexo e multifacetado, e que a diversidade regional antes de tudo uma oportunidade, nos remete necessidade de compreend-la melhor.

    essa diversidade e sua respectiva traduo territorial que devem nortear o novo olhar para a regio, em que espaos distintos, com caractersticas prprias, se distinguem e se complementam, em prol da melhoria da qualidade de vida da populao local, cumprindo na sua amplitude o papel de destaque que cabe amaznia no cenrio poltico-institucional brasileiro.

    Ao se estratificar o territrio amaznico e se compreender o escopo de sua rica diversidade, o PAS acena com uma nova proposta de desenvolvimento, um novo olhar para o territrio, caracterizando-se como instrumento de redefinio da abordagem estratgica que se prope regio.

    Apesar da aparente homogeneidade, o meio ambiente amaznico possui grande diversidade interna. Da ordem de 62% da amaznia legal mantm sua cobertura florestal original 20% ocupadas por Cerrados e ecossistemas de transio.

    Quase a metade do Cerrado brasileiro est na amaznia legal. A proporo coberta por florestas maior na amaznia central e sobretudo na amaznia ocidental, onde a ao antrpica tem sido menos intensa. Dois teros da cobertura florestal so florestas densas de terra firme ou de vrzea e um tero constitudo por florestas abertas, transacionais e estacionais.

    Referente estratgia, a diversidade interna da amaznia pode ser resumida em termos de trs macrorregies:

    Arco do povoamento adensado, que corresponde borda meridional e oriental, do sudeste do Acre ao sul do Amap, incluindo Rondnia, Mato Grosso, Tocantins e o sudeste e nordeste do Par;

    Amaznia central, que corresponde ao oeste e norte do Par, ao norte do Amap e ao vale do rio Madeira, no Amazonas;

    Amaznia ocidental, que consiste no restante do Amazonas acrescido de Roraima e do centro e oeste do Acre.

    Resumindo as diferenas entre as trs macrorregies propostas, observa-se que o arco do povoamento adensado concentra a maior parte da produo agropecuria, do desmatamento e da populao. Na amaznia ocidental esto concentrados os macios florestais, as maiores unidades de conservao e as populaes indgenas e tradicionais. A fronteira em vias de ocupao da amaznia central constitui-se em uma transio entre uma macrorregio e outra.

    Dentro das trs macrorregies do PAS, encontram-se espaos menores diversificados em termos socioeconmicos e ambientais, denominados sub-regies. No mbito do PAS, as sub-regies foram classificadas de acordo com caractersticas determinantes.

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    Tais regies manifestam especificidades, identidades e dinmicas prprias que dificilmente coincidem com as microrregies ou mesorregies do IBGE. Tampouco coincidem com os recortes poltico-administrativos entre pases, estados e municpios. No esgotam o territrio todo, nem so mutuamente excludentes, sobrepondo-se uma a outra, em processos dinmicos e evolutivos. Alm disso, atividades diversas, e unidades de conservao de proteo integral, podem ser encontradas nas trs macrorregies.

    Um dos principais desafios do planejamento do desenvolvimento regional sustentvel lidar com esta diversidade sub-regional e local, nas diversas escalas e segundo mltiplos critrios.

    Tratar a amaznia como uma grande regio homognea no mais uma abordagem adequada. Algumas questes relativas ao planejamento regional podem ser tratadas em grandes agregados, mas outras, especialmente quando exigem a participao dos atores locais, demandam recortes especficos em espaos menores. A dinmica regional desigual gerou diferenas econmicas e sociais inter e intra-regionais.

    8.3.3. Infraestrutura Rodoviria Regional

    Os grandes investimentos em infraestrutura foram os principais vetores de transformao do espao e da dinmica social na amaznia ao longo das ltimas dcadas.

    Ora defendidos como condio essencial ao desenvolvimento e integrao da regio ao Pas, ora criticados como vetor de devastao ambiental, conflitos sociais e fragmentao territorial, os grandes projetos de infraestrutura na amaznia ainda no foram avaliados adequadamente quanto a seus custos e benefcios.

    Anteriormente ao Plano Sustentvel da Rodovia BR-163, que almeja o asfaltamento da Rodovia Cuiab-Santarm com uma estratgia de desenvolvimento da sua rea de influncia, jamais as decises sobre as obras na regio eram integradas a um processo abrangente de planejamento multissetorial.

    O resultado era um padro distorcido de intervenes autoritrias, com grande impacto socioambiental, em que raramente as vocaes econmicas e os interesses das populaes regionais eram considerados.

    A mera expectativa de realizao de grandes obras estimulava especulao fundiria, grilagem de terras pblicas, s migraes e, em conseqncia, a abertura de novas frentes de desmatamento e a ocupao desordenada do espao territorial.

    Por outro lado, faltavam condies estruturais bsicas para viabilizar a economia local, principalmente em termos de acesso energia, manuteno de estradas vicinais, melhoria da confiabilidade e segurana do transporte fluvial, acesso s comunicaes, capacidade de estocagem de mercadorias e boa conservao dos produtos.

    O sistema de transportes na amaznia brasileira, no obstante a grande expanso ocorrida nas ltimas dcadas, ainda apresenta-se bastante insuficiente para o atendimento das necessidades locais, com baixo grau de eficincia e operando em condies bastante precrias.

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    A rede fluvial a mais extensa do pas e uma das maiores do mundo, com cerca de 20.000 km, com boas condies de calado, particularmente na estao das chuvas, mas operando com equipamento bastante precrio.

    A malha rodoviria bastante reduzida, e em sua maior parte no pavimentada, concentrando-se essencialmente na macrorregio do arco do povoamento adensado. As rodovias totalizam 241 mil km, estando a maior malha no Mato Grosso (84,6 mil km), Maranho (53,2 mil km) e Par (34,6 mil km).

    Sete grandes rodovias federais estruturam a rede rodoviria regional:

    BR-230 (Transamaznica),

    BR-163 (Cuiab Santarm),

    BR-364 (Cuiab Porto Velho Rio Branco),

    BR-319 (Porto Velho Manaus),

    BR-174 (Manaus Boa Vista),

    BR-010/153 (Belm Braslia),

    BR-316 (Belm So Luis).

    A malha ferroviria extremamente reduzida na regio, restringindo-se s seguintes ferrovias: EF Carajs, com 1.056 km, ligando Carajs, no Par ao porto de Itaqui, no Maranho; a Ferrovia Norte-Sul, com 226 km, em operao entre Aailndia e Estreito, ambas no Maranho; um pequeno trecho, 90 km da Ferronorte, no sul do Mato Grosso, em direo a Santos; alm de pequenas ferrovias, como a Estrada de Ferro Amap (194 km), a Estrada de Ferro Jari (68 km) e a Estrada de Ferro Trombetas (35 km).

    O sistema porturio possui grande importncia na Amaznia, devido s imensas distncias e s grandes dificuldades de acesso terrestre a boa parte das regies. Os principais portos so:

    Itaqui (embarque de minrio de ferro e gros);

    Belm (carga geral e combustvel);

    Vila do Conde/Barcarena (embarque de alumina e alumnio);

    Manaus (carga geral e combustvel);

    Santarm (carga geral e gros);

    Itacoatiara (gros);

    Porto Velho (gros) e

    Trombetas (bauxita).

    Pelos mesmos motivos anteriores, o sistema aeroporturio tem grande relevncia. Os principais aeroportos so os de Belm e Manaus, secundados pelos aeroportos de Cuiab e So Lus e das demais capitais.

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    A formao de eixos de transporte decorrentes do processo de integrao terrestre e fluvial do territrio atraiu investimentos pblicos e privados, definindo uma espcie de macro zoneamento da regio.

    Trs questes relativas matriz de transporte merecem tratamento estratgico:

    Primeiramente, a abertura de novas estradas pode induzir ou facilitar o uso intensivo e extensivo dos recursos naturais pois, ao se elevar a oferta de terras, e conseqentemente a reduo o seu preo, viabiliza vrias atividades danosas economia da regio, tais como a pecuria de baixa produtividade, a explorao madeireira e a produo de carvo vegetal.

    De outro lado, o asfaltamento de estradas e a melhoria geral da infraestrutura em regies j ocupadas induzem a elevao do preo da terra e intensificao de seu uso, resultando em padres mais elevados de produtividade e competitividade.

    Por ltimo, na definio das necessidades regionais, devido a uma tendncia histrica de se desconsiderar as alternativas para melhoria dos transportes fluviais e de integrao multimodal de transportes.

    Tem-se observado notvel efeito das polticas pblicas, em particular aquelas associadas infraestrutura, nas expectativas dos diversos segmentos sociais. A simples possibilidade de novas estradas vem produzindo intensa mobilizao de agentes, que procuram garantir primazia no acesso aos recursos naturais.

    8.3.4. Caracterizao ambiental da regio

    a) Caracterizao ambiental do meio fsico

    Pedologia

    O bioma amaznia possui cerca de cinco milhes de km2 de solos, dos quais em 50% deste territrio tem aptido agrcola variando de regular restrita, sendo que cerca de um oitavo (625.000 km2) est em uso e o restante com limitaes muito fortes no solo (toxidez e falta de nutrientes) ou na topografia desaconselha a utilizao agrcola.

    Na subseo 8.3.6. Experincias de Revegetao apresentada a pesquisa sobre revegetao elaborada pelo extinto DNER/MT nos idos de 1975, pelos tcnicos do IRI - Internacional Research Institute e do Instituto de Pesquisas Rodovirias (IPR), sob a superviso do 1 Distrito Rodovirio Federal, ao longo dos 390 km da Rodovia Porto Velho - Manaus (BR-319/AM).

    Esta pesquisa evidenciou a caracterstica generalizada da extrema acidez e toxidade dos solos da regio amaznica, depreendendo-se que os mesmos necessitam de altas doses de calcrio para neutralizar o alumnio livre e elevar o pH a nveis satisfatrios, tornando esta operao economicamente invivel para a agricultura.

    Geologia

    A amaznia possui um subsolo com gigantescas reservas de minrios tradicionais em explorao (ferro, bauxita, ouro, cassiterita e mangans) e ocorrncias de minrios com potencial para novas aplicaes tecnolgicas (nibio, titnio).

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    Em termos fsicos a reduzida fertilidade de grande parte dos solos devida elevada pluviosidade, solo arenoso de alta toxidez, s pragas, doenas e ervas daninhas comuns no trpico mido e onde a prpria abundncia de recursos favorece sua explorao insustentvel e o isolamento dificulta a integrao econmica, social e poltica.

    Relevo

    A topografia da bacia no sempre plana, mas contm ondulaes, serras e planaltos, na medida em que se afasta da calha do rio Amazonas. Os rios so de guas claras, brancas e negras e o esturio distingue-se pelas ilhas, furos e mars.

    Clima

    O clima no homogneo no espao e no tempo: 17% da amaznia tm precipitao anual abaixo de 1.800 mm e uma estao nitidamente seca; 38% tm chuvas entre 1.800 e 2.200 mm por ano e uma breve estao de estiagem; 45% da rea, principalmente na amaznia ocidental, recebem mais de 2.200 mm por ano, podendo chegar a 3.000 mm, mantendo umidade expressiva durante o ano inteiro.

    No vasto espao da regio amaznica, onde prevalece uma topografia de baixas altitudes, atuam os seguintes sistemas de circulao atmosfrica: anticiclone subtropical semi-fixo do Atlntico Sul e anticiclone subtropical semi-fixo dos Aores, origem dos ventos estveis de leste (E) a nordeste (NE); massa de ar equatorial (mEc) ou sistema de circulao perturbada de oeste (O); circulao perturbada de norte (N) ou zona de convergncia intertropical (CIT); sistema de circulao perturbada de sul (S), decorrente da invaso do anticiclone polar com sua descontinuidade frontal, frente polar. Os ventos de oeste (0), do norte (N) e do sul (S) por serem correntes perturbadas, so responsveis por instabilidades e chuvas.

    Quanto ao regime trmico, o clima quente, com temperatura mdia anual variando entre 24 e 26 C. Apenas as reas serranas da fronteira setentrional, Planalto Guiano e Meridional, Serra dos Pacas Novos e Chapada dos Parecs possuem temperatura mdia inferior a 24 C. Temperaturas superiores a 26 C so registradas ao longo dos cursos baixo e mdio do rio Amazonas. Os meses mais quentes (setembro-outubro) no registram mximas dirias elevadas, em funo da intensa nebulosidade e da alta umidade relativa, exceto no mdio rio Amazonas e no sudeste do Par, onde j foram registradas mximas de 40 C. No perodo de junho a agosto, as temperaturas so mais amenas, com mdias em tomo de 22 C, no entanto comum ocorrer mnimas dirias inferiores a 12 C na poro meridional da regio.

    Este fato decorre da invaso do anticiclone polar de trajetria continental e da frente polar dele resultante, muito comum no inverno, ocasio em que so produzidos abaixamentos trmicos de grande significado regional. O fenmeno conhecido por "friagem" pode ocasionar mnimas absolutas de at 8 C, conforme j registradas no Acre, Rondnia e sul do Amazonas.

    b) Distribuio da pluviosidade

    Com relao pluviosidade, no h uma longa homogeneidade espacial como acontece com a temperatura. Na foz do rio Amazonas, no litoral do Amap e no extremo noroeste do Amazonas, onde so freqentes a atuao da massa de ar equatorial (mEc) e da convergncia intertropical (CIT), o total pluviomtrico anual excede a 3.000 mm.

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    Por outro lado, o setor menos chuvoso corresponde ao corredor de direo NO/SE, que se estende de Roraima a leste do Par, que por no estar sujeito ao dos ventos instveis de O e de NO, apresenta total pluviomtrico entre 1.500 e 1.700 mm anual.

    O perodo chuvoso ocorre nos meses correspondentes ao vero-outono, com exceo de Roraima e do norte do Amazonas, onde o mximo pluviomtrico se d no inverno e o mnimo no vero, por estarem ligados ao regime do Hemisfrio Norte.

    A durao do perodo seco de 1 a 3 meses, na maioria da regio, exceto na rea ocidental e em torno de Belm, onde no existe sequer um ms seco. Outra exceo o leste de Roraima, onde o perodo seco se estende de 4 a 5 meses.

    A Figura 11 a seguir contm o mapa das Unidades Climticas Brasileiras.

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    Figura 11 Mapa das Unidades Climticas Brasileiras

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    c) Unidades de Conservao

    O SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza) contm vrias unidades de conservao nos estados ocupados pela Amaznia, sendo que entre as de proteo integral existem dez Parques Nacionais (alm do Ja) e oito reservas biolgicas, entre outros.

    Entre as unidades de uso sustentvel esto as reservas extrativistas, as quais so, na maioria, administradas por ONG em parceria com o poder pblico e com as prprias populaes tradicionais, acostumadas ao uso sustentado dos recursos naturais.

    Atualmente a rea total de UC na Amaznia chega a 688.870 km, significando que aproximadamente 13% da Amaznia esto protegidos por 129 Unidades de Conservao .

    Desse total, 216.480 km compem a rea das 51 UC de proteo integral ((parques, estaes ecolgicas e reservas biolgicas), ocupando 4,18% do bioma e 472.400 km correspondem rea das 78 UC de uso sustentvel (florestas, reservas extrativistas e reas de proteo ambiental), ocupando 9,1% do mesmo.

    Da rea do bioma, 22,86% ocupado por 259 terras indgenas, o qual somado aos territrios das UC, totalizam 36,14% do mesmo.

    Alm do exposto, ainda no foram contabilizados 154.000 km2 que esto na rea decretada sob limitao administrativa provisria ao longo da BR-319 no Amazonas para o estudo de criao de novas UC e destinao da terra.

    O Programa reas Protegidas da Amaznia (Arpa) planeja criar at 2009 mais 500.000 km2 em unidades de conservao, implementando novas UC de proteo integral e uso sustentvel e, entre 2009 e 2012, consolidar e manter as UC de proteo integral existentes.

    O Arpa traz inovaes importantes, pois administra os recursos do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e os emprega com agilidade, flexibilidade e segurana, conforme as decises das instncias do programa.

    Com as novas unidades de conservao que esto para ser criadas, particularmente no sudeste amazonense, assim como algumas terras indgenas a serem demarcadas, o total de reas protegidas na Amaznia Legal dever ser ainda significativamente ampliado.

    8.3.5. Caractersticas peculiares das espcies vegetais

    O bioma amaznia constitudo pelos seguintes ecossistemas:

    a) Floresta ombrfila densa (Floresta pluvial tropical)

    O termo floresta ombrfila densa, criado por Ellemmberg & Mueller-Dombois (1965/66) (apud Veloso Rangel - Filho e Lima, 1991), substitui o termo pluvial (de origem latina) por ombrfila (de origem grega), ambos com o mesmo significado "amigo das chuvas", alm disto, empregaram pela primeira vez os termos densa e aberta como diviso das florestas dentro do espao intertropical.

    Este tipo de vegetao caracterizado por fanerfitos nas subformas de vida macro e mesofanerfitos, alm de lianas lenhosas e epfitas em abundncia, que o diferencia das outras classes de formaes.

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    A caracterstica ecolgica principal deste tipo florestal est ligada aos fatores climticos tropicais de elevadas temperaturas (mdias entorno de 25 C) e de alta precipitao, bem distribuda durante o ano (no mximo 60 dias secos), o que determina uma situao sem perodo biologicamente seco.

    As reas deste tipo de vegetao so constitudas por rvores que variam de mdio a grande porte com gneros tpicos que as caracterizam muito bem na Amaznia: Hevea, Bertholetia e Dinzia; sendo comum a presena de trepadeiras lenhosas, palmeiras e epfitas em abundncia.

    A floresta ombrfila densa apresenta cinco formaes: aluvial, terras baixas, submontana, montana e alto montana, conforme mostrado na Figura 12 a seguir.

    Figura 12 Perfil esquemtico de floresta ombrfila densa

    1500

    1000

    0 -

    5

    m

    5 m

    500

    250

    0

    4

    3

    2

    1

    1 - aluvial 2 - terras baixas 3 - submontana 4 - montana 5 - alto montana b) Floresta ombrfila aberta (Floresta de transio).

    Este tipo de vegetao existente entre a amaznia e o espao extra-amaznico, foi conhecido at recentemente como "rea de transio", ocorrendo, em geral, sob um clima que pode apresentar um perodo com mais de dois e menos de quatro meses secos, com temperaturas mdias entre 24 C e 25 C. A fisionomia florestal composta de rvores mais espaadas, com estrato arbustivo pouco denso, e caracterizada ora pelas fanerfitas rosuladas, ora pelas lianas lenhosas.

    Esta regio fitoecolgica ocorre com quatro tipos florsticos, que alteram a fisionomia ecolgica da floresta ombrfila densa, imprimindo-lhe claros, advindo da o nome adotado e abrigando a floresta-de-palmeiras (cocal), onde a Orbignya phalerata (babau) e a Maximiliana regia (inaj) so as Palmae mais importantes; a floresta-de-bambu (bambuzal), dominada pelo gnero Bambusa, subgnero Chusquea; a floresta-de-cip (cipoal), assim denominado em funo da enorme quantidade de lianas que envolvem as suas poucas e espaadas rvores; e a floresta-de-sororoca (sororocal), caracterizada pelos agrupamentos da Musaceae Phenakospermum guyanense (sororoca) A Figura 13 a seguir ilustra o perfil esquemtico da floresta ombrfila aberta.

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    Figura 13 Perfil esquemtico das fcies da floresta ombrfila aberta

    40 m

    20 -

    0 -

    1 2 3 4

    1 - com cip 2 - com palmeira 3 - com bambu 4 - com sororoca c) Campinarana (Campinas do rio Negro)

    Os termos campinarana e campina so sinnimos e significam "falso campo", entretanto, a prioridade cabe ao primeiro termo porque Ducke, 1938 (apud Veloso Rangel e Lima, 1991) e Sampaio (1944) o empregaram para regio do Alto Rio Negro, embora tambm se referiram ao mesmo tipo de vegetao com a designao "Caatinga do rio Negro".

    um tipo de vegetao restrito s reas do alto rio Negro e adjacncias dos seus afluentes, penetrando na Colmbia e Venezuela, onde ocorre em reas semelhantes.

    Reveste as reas deprimidas, quase sempre encharcadas, sendo caracterizada por agrupamentos de uma vegetao fina e alta do tipo "ripria", que resultante da pobreza de nutrientes minerais do solo (oligotrofia). Estes locais so constitudos pela maior pluviosidade no territrio brasileiro, com cerca de 4.000 mm anuais, bem distribudas mensalmente, mas com chuvas torrenciais no vero.

    Estas caractersticas propiciam o estabelecimento desta vegetao oligotrfica, da enfatizar-se a expresso vegetao de influncia pluvial. As temperaturas atingem, em mdia, 25 C.

    Na campinarana brasileira ocorre o domnio monoespecfico de palmerinha Barcella odora (piaabarana), alm de vrias espcies dos gneros Aldina, Henriquezia, Leopoldina e outros.

    A campinarana compreende trs subgrupos de formao: florestada, arborizada e gramneo-lenhosa, conforme as Figuras 14 e 15 a seguir.

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    Figura 14 - Perfil esquemtico da campinarana (Campinas)

    1 23

    1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Gramneo Lenhosa

    0 -

    20m -

    Figura 15 Blocos Diagramas das fisionomias ecolgicas da campinarana

    (1).

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    1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Gramneo Lenhosa

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    d) Savana (Cerrado)

    A denominao savana originria da Venezuela, onde foi utilizada pelo naturalista espanhol Oviedo y Valdez para definir os llanos arbolados que revestem as extensas reas estacionais venezuelanas. Todavia, foi Tansley, eclogo ingls, quem reintroduziu o termo no vocabulrio americano na dcada de 30.

    A savana (Cerrado) conceituada como uma vegetao xeromorfa, preferencialmente de clima estacional, com cerca de seis meses secos, podendo, todavia, ser encontrada tambm em clima ombrfilo. Reveste solos lixiviados aluminizados, apresentando sinsias de hemicriptfitos, gefitos, camfitos e fanerfitos, oligotrficos de pequeno porte, com ocorrncia por toda a zona neotropical.

    uma vegetao que ocorre predominantemente no Centro-Oeste, mas suas disjunes aparecem na Amaznia setentrional desde o vale do rio Tacutu, em Roraima, at os tabuleiros do Amap.

    Ela apresenta formaes distintas, da florestada a gramneo-lenhosas, em geral serpenteadas por florestas-de-galeria, revestindo solos lixiviados aluminizados.

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    Caracteriza-se por apresentar uma estrutura composta por rvores baixas e tortuosas, isoladas ou agrupadas sobre um contnuo tapete graminoso. No extrato arbreo, constitudo de micro e macrofanerfitos, predominam os gneros Qualea, Vochysia, Caryocar, Salvertia, Callisthene, Kielmeyera, Bauhinia e Styrax, entre outros. No gramneo-lenhoso predominam camfitas, pertencentes s famlias myrtaceae, leguminosa e hemicriptfitas pertencentes s gramneas.

    Os indivduos lenhosos que compem a savana apresentam brotos foliares bem protegidos, casca grossa e rugosa, esgalhamento profuso, grandes folhas coriceas e perenes e rgos de reserva subterrneos (xilopdios) geralmente profundos, constituindo formas biolgicas adaptadas a solos cidos, deficientes e aluminizados.

    A savana compreende quatro subgrupos de formao: florestada (cerrado), arborizada (campo Cerrado), parque (parkland-parque de Cerrado) e gramneo-lenhosa (campo), conforme mostrado nas Figuras 16 e 17 a seguir.

    Figura 16 Perfil esquemtico da savana (Cerrado)

    1

    23 4

    1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Parque 4 - Gramneo - Lenhosa

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    Figura 17 Blocos Diagramas das fisionomias ecolgicas da savana (Cerrado)

    (1).

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