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MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA FBA/FCF/USP 2020

MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

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Page 1: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

MANUAL

INTERNO DE

SEGURANÇA

FBA/FCF/USP 2020

Page 2: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO

Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental – FBA Faculdade de Ciências Farmacêuticas – FCF Universidade de São Paulo – USP

Esse é um material disponível apenas para treinamento interno e consultas no FBA/FCF/USP, direcionado a docentes, funcionários, alunos e visitantes. Não substitui outros manuais de segurança ou outros documentos relacionados adotados pela FCF. Quaisquer alterações nos procedimentos devem ser comunicadas aos organizadores.

Organização da primeira edição online: Luciene Lauer ([email protected], 11 3091-3007)

Redação

Capítulos 1 a 7: Luciene Lauer ([email protected])

Capítulos 1 a 4: Fabiana Lima ([email protected])

Capítulo 7: Aline de Oliveira ([email protected])

Avaliação de aproveitamento

Capítulo 3 e revisão geral: Rosa Maria Cerdeira Barros ([email protected])

Capítulo 4: Fabiana Lima ([email protected])

Capítulo 5: Renato Heidor ([email protected])

Capítulo 6: Alexandre Pimentel ([email protected])

Capítulo 7: Tania Shiga ([email protected])

Revisão

Elias Araújo ([email protected])

Katia Leani ([email protected])

Rosângela Pavan ([email protected])

Prof. Chris Hoffmann ([email protected])

Prof. Uelinton Pinto ([email protected])

Aprovação

Profa. Dra. Inar Castro Erger ([email protected])

É proibida a reprodução total ou parcial, salvo pequenos trechos com citação da fonte.

Page 3: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

Ficha Catalográfica

Elaborada pela Divisão de Biblioteca e

Documentação do Conjunto das Químicas da USP .

Bibliotecária responsável pela orientação de catalogação da publicação:

Marlene Aparecida Vieira - CRB - 8/5562

Lauer, Luciene

L372 Manual interno de segurança em laboratório / Luciene Lauer (Org.),

Fabiana Lima, Aline de Oliveira. - - São Paulo : Faculdade de Ciências

Farmacêuticas, 2020.

93p. PDF

Manual para tre inamento em segurança de usuários dos labora tór ios do

Depar tamento de Alimentos e Nutr ição Experimenta l (F BA) da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas (FCF) da Univers idade de São Paulo (USP).

1 . Segurança em laboratório. 2 . Biossegurança. 3. Produtos químicos.

4. Emergências em laboratório. 5 . Boas práticas de laboratório. I . T ítulo .

I I . Fabiana, Lima. I I I . Olive ira , Aline de

Page 4: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

ÍNDICE

ÍNDICE ................................................................................................................................................... 5

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 1

2. CONTATOS ÚTEIS .............................................................................................................................. 1

3. SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS .................................................................................................... 2

3.1 Boas práticas de laboratório ....................................................................................................... 2

Normas de conduta ...................................................................................................................... 2

Boas práticas de laboratório – um sistema de qualidade ............................................................. 4

Direitos e Responsabilidades dos alunos e funcionários dos laboratórios ................................... 5

3.2 Prevenção de riscos .................................................................................................................... 5

Risco X Perigo ................................................................................................................................ 5

Gerenciamento de riscos .............................................................................................................. 6

Medidas de controle do risco ....................................................................................................... 6

Classes de riscos ambientais ......................................................................................................... 7

3.3 Equipamentos para Proteção Coletiva ....................................................................................... 7

Capela de exaustão de gases e vapores químicos ........................................................................ 8

Cabine de segurança biológica...................................................................................................... 8

3.4 Equipamento para Proteção Individual .................................................................................... 10

Proteção da cabeça, face e/ou crânio......................................................................................... 10

Proteção respiratória .................................................................................................................. 11

Proteção auditiva ........................................................................................................................ 12

Proteção do tronco ..................................................................................................................... 12

Proteção dos membros Superiores ............................................................................................. 12

Proteção dos membros inferiores .............................................................................................. 13

3.5 Higienização nos laboratórios ................................................................................................... 13

Agentes desinfetantes ................................................................................................................ 13

Procedimento geral e periodicidade ........................................................................................... 13

Cuidados especiais ...................................................................................................................... 14

4. AGENTES BIOLÓGICOS E BIOSSEGURANÇA ..................................................................................... 15

4.1 Biossegurança e agentes biológicos em geral .......................................................................... 15

Conceito ...................................................................................................................................... 15

Classes de risco de agentes biológicos ........................................................................................ 15

Níveis de biossegurança para manipulação de agentes biológicos ............................................ 16

4.2 Biossegurança com organismos geneticamente modificados .................................................. 17

Regulamentação de trabalho com OGM .................................................................................... 17

Page 5: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

Classificação do risco de OGM .................................................................................................... 17

Níveis de biossegurança para manipulação de OGM ................................................................. 18

Legislação em OGM .................................................................................................................... 19

5. SEGURANÇA COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS .................................................................. 21

5.1 Sistema de classificação de perigos .......................................................................................... 21

Perigos à saúde humana ............................................................................................................. 22

Toxicidade aguda ........................................................................................................................ 22

Perigos ao ambiente aquático .................................................................................................... 27

Toxicidade aguda ........................................................................................................................ 27

Toxicidade crônica ...................................................................................................................... 27

Perigos físicos .............................................................................................................................. 28

Substâncias e misturas corrosivas para os metais ...................................................................... 33

5.2 Rotulagem de Produto Químico ............................................................................................... 33

Produto químico classificado como perigoso ............................................................................. 34

5.3 Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico ........................................................ 36

5.4 Incompatibilidades entre produtos químicos ........................................................................... 53

Mistura de substâncias químicos ................................................................................................ 54

Armazenamento ......................................................................................................................... 56

6. DESCARTE DE RESÍDUOS ................................................................................................................. 60

6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) ............................................. 60

6.2 Classificação e gerenciamento dos RSS .................................................................................... 61

Grupo A: resíduo biológico ......................................................................................................... 61

Grupo B: resíduo químico ........................................................................................................... 63

Grupo C: rejeitos radioativos ...................................................................................................... 64

Grupo D: resíduo comum ............................................................................................................ 64

Grupo E: resíduo perfurocortante .............................................................................................. 65

6.3 Etapas do Manejo de RSS ......................................................................................................... 65

Segregação, acondicionamento e identificação ......................................................................... 65

Coleta e transporte interno ........................................................................................................ 67

Armazenamento interno, temporário e externo ........................................................................ 67

Coleta e transporte externos ...................................................................................................... 68

Destinação .................................................................................................................................. 68

6.5 Protocolo para descarte de RSS na FCF .................................................................................... 69

Resíduo sólido não-perigoso ....................................................................................................... 69

Resíduo líquido perigoso ............................................................................................................. 70

Resíduo sólido perigoso .............................................................................................................. 72

Page 6: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

6.4 Segurança ocupacional aplicada ao descarte ........................................................................... 73

7. GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIA ............................................................................................... 74

7.1 Primeiras ações em emergências ............................................................................................. 74

7.2 Plano de Abandono .................................................................................................................. 75

7.3 Suporte básico da vida realizada por leigos .............................................................................. 75

Contato com o sistema de emergência ...................................................................................... 76

Ressuscitação cardiorrespiratória ............................................................................................... 77

Uso do desfibrilador .................................................................................................................... 78

7.4 Incêndio .................................................................................................................................... 79

Sequencia básica de ações de emergência contra incêndio ....................................................... 80

Classes de incêndio .................................................................................................................... 80

Tipos de extintores de incêndio e suas aplicações ..................................................................... 81

7.5 Queimaduras ............................................................................................................................ 81

Queimaduras térmicas ................................................................................................................ 82

Queimaduras elétricas ................................................................................................................ 82

Queimaduras químicas ............................................................................................................... 83

7.6 Outras emergências comuns em laboratórios .......................................................................... 83

Cortes ou perfurações................................................................................................................. 83

Contaminação com material biológico infectante ...................................................................... 83

Contaminação com produto químico perigoso .......................................................................... 84

Derramamento de liquidos criogenicos ...................................................................................... 84

Derramamentos de produtos químicos ...................................................................................... 85

7.7 Crises convulsivas ..................................................................................................................... 85

Page 7: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

1

1. APRESENTAÇÃO

O Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental (FBA) da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP) realiza pesquisa em diversos campos da

Ciência dos Alimentos, cujos ensaios experimentais expõem os pesquisadores, entre alunos,

funcionários e docentes, a agentes nocivos físicos, químicos e/ou biológicos.

A publicação deste Manual Interno de Segurança em Laboratório visa direcionar estratégias

relacionadas à segurança e uniformização dos procedimentos nesse departamento, propondo-se

como material de apoio, referência, treinamento e consulta, adequado às características específicas

da infraestrutura laboral disponível, material e humana.

2. CONTATOS ÚTEIS

Em caso de qualquer emergência, comunique imediatamente o professor responsável pelo

laboratório e/ou pela pesquisa e o técnico do laboratório. Tenha seus contatos sempre à mão.

Na FCF

Secretaria do FBA/FCF: 3091-3656/3657

Chefia de segurança da FCF: 3091-3676

Portaria da FCF: 3091-3685

Comissão interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): [email protected]

Núcleo dos Direitos Humanos: [email protected]

Ouvidoria: [email protected]

Na USP

Serviço de Ambulância/Segurança da USP: 3091-3222/4222

Energia Elétrica da USP: 3091-4961/4962

Informações HU – SAME da USP: 3091-9327

Hospital Universitário (HU): 3091-9200

Externos

SAMU: 192

Corpo de Bombeiros: 193

Polícia Militar: 190

CEATOX: 0800 014 8110

Page 8: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

2

3. SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS

3.1 Boas práticas de laboratório

NORMAS DE CONDUTA

Nos laboratórios do FBA/FCF adotam-se normas de conduta, apresentadas a seguir, para garantir a

segurança e bom andamento dos trabalhos de pesquisas aqui realizados.

Preparando-se para entrar no laboratório:

Acesso restrito e controlado somente às pessoas autorizadas por funcionários e professores;

Alunos matriculados e treinados em segurança de laboratório podem solicitar cadastro da sua

biometria para acesso aos laboratórios;

É fortemente recomendado não trabalhar sozinho no laboratório;

Planejar atividades para horário comercial, no período de jornada dos técnicos e professores;

Quando, extraordinariamente, realizar experimentos à noite, finais de semana ou feriados,

combine com um colega de estarem juntos, e providencie autorização para a dupla, assinada por

seus orientadores;

Utilizar calçados fechados, impermeáveis, confortáveis, com solado liso e antiderrapante;

Trajar roupas que cubram toda a extensão das pernas;

É proibido uso de jaleco fora do laboratório, como em copa, banheiro, escritório ou biblioteca, a

não ser que você esteja transitando de um laboratório a outro;

Quando planejar somente fazer uso de notebooks (não estiver realizando experimentos), não

ocupar bancadas, mas usar áreas de escritório existentes nos laboratórios, ou mesas para estudo

alocadas no corredor do piso superior, ou ainda salas de informática (graduação e pós-graduação)

localizadas no Bloco 13A e bibliotecas do campus;

Visualize quais saídas podem ser usadas em caso de emergência.

Conheça a localização dos equipamentos de emergência, nos corredores:

Lava-olhos e chuveiros de emergência;

Carrinho cor de laranja com vermiculita, material absorvente para derramamentos;

Máscaras, luvas, botas e material de contenção (armário verde);

Informe-se sobre o espaço e as pessoas designadas em caso de emergências (quadro CIPA):

Veja a quais riscos você será exposto no Mapa de Riscos;

Conheça a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes);

Saiba quem compõe a Brigada de Incêndio e Primeiros Socorros.

Quando estiver dentro do laboratório:

É obrigatório usar jaleco de algodão, fechado na frente,

com mangas longas preferencialmente ajustadas nos

punhos, sempre que estiver dentro do laboratório,

mesmo que não esteja realizando experimentos;

Lentes de contato devem ser substituídas pelos óculos de grau;

Cabelos compridos devem estar sempre presos;

Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/adornos, como brincos, pulseiras e relógios;

Fazer silêncio e não dispersar a atenção enquanto você e/ou outro colega trabalham;

Page 9: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

3

Não correr;

É expressamente proibido fumar em qualquer dependência do departamento;

Não usar fones de ouvido para que possa estar alerta ao sinal de qualquer emergência;

Manter áreas de circulação desobstruídas.

Ao realizar um experimento:

Planejar-se para os ensaios antecipadamente, com previsão e reserva de material e reagentes;

Usar as agendas (online ou em papel) para reserva de equipamento e salas;

Observar os princípios básicos higiênico-sanitários, além de lavar as mãos antes e após qualquer

procedimento e após retirar as luvas, não mascar chicletes, nem ingerir, armazenar ou preparar

alimentos e bebidas dentro do laboratório, não tocar a boca ou o rosto com as mãos ou objetos;

Usar EPIs adequados ao risco do procedimento, tais como luvas, óculos de proteção e máscaras;

Usar luvas de procedimentos adequadas ao tipo de substância que está trabalhando, evitar tocar

com elas em objetos de uso comum, como maçanetas, canetas e computadores, e trocá-las ao

menor sinal de deterioração;

Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às atividades experimentais;

Caso planeje usar nitrogênio líquido ou reagentes inflamáveis, como o acesso é exclusivo aos

técnicos e professores, solicite a eles com antecedência;

Pipetar com a boca é expressamente proibido;

Ter em mãos os procedimentos para o ensaio que realizará e para os equipamentos que usará;

Identificar adequadamente todos os frascos que contenham reagentes, com a indicação do

nome do produto, grau de diluição e

solvente, data de preparo, nome de quem

preparou, validade, e outras informações

relevantes, como toxidade do produto,

condições de armazenamento, etc.;

O manuseio de produtos químicos voláteis

e/ou perigosos, ácidos e bases corrosivos

e/ou fumegantes, deve ser realizado em

capela de segurança química.

Evitar a dispersão de aerossóis ou respingos, e caso seja inevitável, utilizar capela, como em

procedimentos de trituração, homogeneização, agitação vigorosa, ruptura por ultrassom,

abertura de frascos com pressão interna maior que a ambiente, etc.;

Manipular substâncias inflamáveis com cuidado, longe de fontes de energia elétrica e de calor;

Atenção ao manipular o material perfurocortante, como agulhas, lâminas, pipetas de Pasteur de

vidro, tubos capilares e bisturis;

Não manipular vidraria quebrada com a mão, mas removê-la por meios mecânicos, como

vassoura e pá de lixo, ou pinça, e para descartá-la em caixa apropriada;

Não recapear as agulhas usadas, nem dobrar, quebrar ou remover da seringa, e descartar o

conjunto de seringa e agulha em caixa adequada para material perfurocortante;

Respeitar os requisitos de segurança para o trabalho com agentes biológicos, utilizando os meios

de contenção específicos para a sua classe de risco;

Centrifugar material que possa conter organismo biológico patogênico ou geneticamente

modificado em frascos lacrados, em centrífugas identificadas para esse fim;

Manusear, transportar e armazenar materiais (biológicos, químicos e vidrarias) de forma segura

com atenção, usando recipientes secundários resistentes, como bandejas, ou baldes com tampa.

Nome: Álcool Iodado a 1 % .

Preparado por: Ana Silva .

Data: 01/07/2020 – Validade: 1 semana . Obs.: Manter em frasco âmbar, protegido de luz e calor, perigoso à saúde e ao meio ambiente

Page 10: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

4

Observar os critérios de compatibilidade para o armazenamento de produtos químicos,

respeitando a disposição em instalações apropriadas para o risco apresentado;

Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de material biológico

disseminado, pode-se empregar, para a descontaminação do local: álcool a 70% ou solução de

hipoclorito de sódio a 1%, deixando agir por 30 minutos e após remover com papel absorvente.

Finalizando um experimento:

Organizar o espaço utilizado e guardar reagentes, material e equipamentos no lugar correto;

Descontaminar adequadamente a bancada de trabalho ao final de cada turno;

Os EPIs descartáveis devem ser desprezados em descarte apropriado para o resíduo

correspondente, e os reutilizáveis guardados em recipientes exclusivos para esse fim, devendo

ser descontaminados após o uso e antes do reuso;

Assegurar que resíduos biológicos patogênicos sejam descontaminados por método químico

(hipoclorito ou formaldeído, entre outros) ou físico (autoclave) e então sejam descartados

conforme o risco presente e/ou natureza física (se orgânico, líquido, sólido, perigoso, etc.);

Transferir o resíduo químico perigoso para recipiente identificado, fazendo uso de capela e EPIs

adequados, checando antes a compatibilidade com o conteúdo e com o material do recipiente;

Todos os resíduos devem ser descartados segundo as normas vigentes e em cumprimento ao

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) da FCF/USP.

Preparando-se para sair do laboratório:

Deixar ar condicionado ligado durante a noite somente quando há essa instrução;

Conferir se os equipamentos e lâmpadas estão desligados se for o último a sair;

Checar se os bicos de Bunsen e saídas de gás estão devidamente fechados;

Trancar as portas ao final do expediente, ou sempre que todos se ausentarem;

Dentro ou fora do laboratório:

Respeitar a organização administrativa de seu laboratório, seguindo as instruções do técnico;

Trabalhar com bom senso de convivência coletiva, sendo solícito e empático;

Preservar postura profissional e evitar conflitos pessoais.

BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO – UM SISTEMA DE QUALIDADE

Muito mais abrangente do que as Normas de Conduta apresentadas acima, as Boas Práticas de

Laboratório (BPL) são um conjunto de normas que visam garantir a qualidade, a confiabilidade e a

integridade dos estudos, o relato de conclusões verificáveis e a rastreabilidade dos dados, com foco

no processo organizacional e nas condições sob as quais estudos são planejados, realizados,

monitorados, registrados, arquivados e relatados.

Em termos normativos, para fins de registro de produtos, a conformidade com as BPL é exigida pelos

órgãos regulamentadores, de instalações que realizam testes para avaliar o risco à saúde humana e

ao meio ambiente, de produtos agrotóxicos, farmacêuticos, aditivos de alimentos e rações,

cosméticos, veterinários, produtos químicos industriais, e organismos geneticamente modificados

(OGM). Nenhuma instalação de teste pode reivindicar legitimamente a conformidade com as BPL se

não tiver implementado e não estiver em conformidade com o conjunto completo das regras das

BPL.

Page 11: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

5

O conteúdo completo das Boas Práticas de Laboratório pode ser encontrado nos seguintes links:

Norma da OMS: Handbook – Good Laboratory Practice;

Norma do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia: INMETRO, nº NIT-Dicla-35.

DIREITOS E RESPONSABILIDADES DOS ALUNOS E FUNCIONÁRIOS DOS LABORATÓRIOS

3.2 Prevenção de riscos

RISCO X PERIGO

Perigo é a situação ou a condição que pode causar

lesão física ou danos à saúde das pessoas, por

ausência de medidas de controle. Risco é a

probabilidade de ocorrência de determinada

situação ou evento potencialmente nocivo à

integridade física do trabalhador, às instalações

e/ou aos equipamentos do ambiente de trabalho,

em decorrência da exposição ao perigo.

Assim, o perigo é a causa e o risco, o seu efeito.

O vídeo aqui será bastante útil para esse

entendimento.

Em resumo:

Direitos Deveres

Usar EPI e EPC adequadamente, para garantir a segurança sua e de seus

colegas de trabalho.

Seguir as orientações e respeitar a supervisão das atividades experimentais

que você desenvolve.

Ler atentamente e seguir as instruções dos POP e FISPQ, antes de realizar

exprimentos.

Trabalhar somente quando sentir-se capacitado a fazê-lo de forma segura, atenta, e de acordo com as normas.

Equipamentos de segurança disponíveis para proteção contra riscos, e treinamento para o seu uso.

Orientação de técnico e/ou docente para que você trabalhe de forma segura e

obtenha resultados de qualidade.

Acesso aos procedimentos operacionais padrões (POP) e fichas de informação de segurança de produtos químicos (FISPQ).

Treinamento em todos os procedimentos de rotina no laboratório, como análises,

armazenamento e descartes.

Page 12: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

6

GERENCIAMENTO DE RISCOS

A gravidade do dano causado pela exposição a uma condição perigosa é tanto menor quanto maiores

forem as medidas de segurança adotadas. As normas regulamentadoras relativas à segurança e

medicina do trabalho estabelecem a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa

de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) por parte do empregador, visando à preservação da

saúde e da integridade dos trabalhadores. Esse conjunto de atitudes para eliminar ou minimizar os

efeitos da exposição a um perigo chama-se Gerenciamento do Risco:

MEDIDAS DE CONTROLE DO RISCO

A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos

trabalhadores quanto os procedimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as

eventuais limitações de proteção que ofereçam. Quando comprovado pelo empregador ou

instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não

forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em

caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à

hierarquia de efetividade como apresentada na figura a seguir, o que significa que as medidas de

proteção coletiva devem ser priorizadas.

Medidas primárias de proteção

coletiva

Medidas secundárias

-EFETIV

O

+EFETIV

O

1. Eliminação ou redução dos agentes prejudiciais à saúde

2. Prevenção de liberação ou disseminação

3. Redução nos níveis no ambiente de trabalho

4. Controle administrativo ou de organização do trabalho

5. Utilização de equipamento de proteção individual - EPI

Page 13: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

7

CLASSES DE RISCOS AMBIENTAIS

Os riscos ambientais dividem-se em 5 grupos (Tabela 1), cada um caracterizado por uma cor:

Tabela 1. Classificação dos riscos ambientais

Grupo Risco Cor de Identificação

Definição Exemplos

1

Físi

co

Diversas formas de energia Ruído, vibração, pressão anormal, radiação ionizante e não ionizante,

material cortante e pontiagudo, temperatura extrema, ultrassom.

2

Qu

ímic

o

Substâncias que possam ser absorvidas pelo organismo através da pele, ingestão ou

respiração.

Radioativos, ácidos, vapores orgânicos.

3

Bio

lógi

co Agentes capazes de provocar danos à saúde

humana, causando infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes ou a formação de neoplasias e malformações.

Bactérias, fungos, vírus, parasitas.

4

Ergo

mic

o

Qualquer fator que possa causar desconforto ou afetar a saúde.

Levantamento manual de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada

de trabalho.

5

Aci

den

tes Qualquer fator que coloque em situação de

perigo e possa afetar a integridade, bem-estar físico e moral.

Máquina sem proteção, probabilidade de incêndio, arranjo físico inadequado, armazenamento

inadequado, piso escorregadio.

Assegurar a segurança em ambiente laboratorial requer o relativo conhecimento. Na nossa realidade

acadêmica, temos uma grande variedade de formação e experiência dentre os alunos, assim, os

professores e técnicos são os “niveladores”, que devem ser sempre consultados, para dar

treinamentos e tirar dúvidas, baseados não somente nesse manual de apoio, mas na legislação

vigente, seja municipal, estadual ou federal, específica ao tipo de trabalho desenvolvido.

Como já vimos, para reduzir ou até eliminar esses riscos, basta controlar a exposição aos perigos.

Nos laboratórios, esse controle pode ser feito por meio do uso de equipamentos de proteção coletiva

e individual.

3.3 Equipamentos para Proteção Coletiva

Focaremos esse subcapítulo nos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) mais utilizados em nossa

infraestrutura laboratorial: os sistemas de exaustão, que eliminam gases, vapores ou poeiras

contaminantes.

Mas vale saber que os EPC também podem ser, por exemplo: enclausuramento de máquina que

elimine barulho excessivo, comando que mantenha as mãos fora da zona de perigo durante o ciclo

de uma máquina, ou cabo de segurança que contenha equipamentos suspensos sujeitos a esforço.

Page 14: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

8

CAPELA DE EXAUSTÃO DE GASES E VAPORES QUÍMICOS

A capela é o principal equipamento de segurança para proteção coletiva em qualquer laboratório

que manipule produtos químicos. A seguir listamos algumas práticas para o uso adequado da capela

de exaustão de gases e vapores químicos:

As operações envolvendo produtos químicos potencialmente prejudiciais para a saúde, como

tóxicos ou voláteis, devem ser realizados dentro da capela, bem como qualquer manipulação

passível de ocasionar reação perigosa, com geração de calor, partículas, vapores ou gases.

Manter distância mínima de 20 cm ente o contaminante e o vidro da capela;

Não apoiar na capela ou

colocar a cabeça em seu

interior quando em uso

com contaminantes;

Não usar a capela como

local de segregação de

descartes de resíduos;

Não armazenar vidraria ou substâncias químicas na capela de exaustão;

Manter o vidro da capela com abertura máxima de 45 cm, quando em funcionamento;

Manter as aberturas, incluindo a boca do duto (abertura no

fundo da capela), livres e desobstruídas de equipamentos e/ou

recipientes;

Devem-se colocar equipamentos de grande dimensão afastados

das paredes, sobre um suporte, para permitir a passagem do ar

pela parte inferior do equipamento e garantir o bom

desempenho;

Não remover painéis ou mesmo o vidro da capela, uma vez que

estes influenciam decisivamente o sistema de exaustão;

Dentro da capela de exaustão de gases não é permitida

nenhuma tomada elétrica;

Caso se perceba o fluxo de ar alterado, interrompa o trabalho e

informe a manutenção;

A avaliação técnica especializada da capela de exaustão deve

ser feita semestralmente.

CABINE DE SEGURANÇA BIOLÓGICA

A cabine de segurança biológica (CSB) é o mais importante equipamento de contenção no trabalho

com agentes biológicos, cuja principal finalidade é proteger tanto o usuário quanto o ambiente,

podendo também assegurar um ambiente asséptico para a manipulação do material, evitando

contaminações.

Dependendo das características de construção e aplicações específicas, as cabines são classificadas

em três tipos: classes I, II (subdividida em A1, A2, B1 e B2) e III, cujas características estão

apresentadas na Tabela 2.

Ótimo Bom Ruim

Page 15: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

9

Tabela 2. Características das Cabines de Segurança Biológica

Classe Proteção oferecida

Fluxo do ar

Filtração do ar

Recirculação do ar

Produtos

I

Protege o usuário e o ambiente,

mas não o produto.

Fluxo de ar frontal, como uma capela

química.

Possui um filtro HEPA* na exaustão

para a sala. 0%

Exclusivamente biológicos: níveis de

biossegurança 1, 2 e 3.

II

A1

O fluxo vertical forma uma

barreira,

protegendo o usuário, o

ambiente e o produto.

O ar ambiente entra frontalmente e junta-se ao ar contaminado

do fluxo vertical, seguindo para uma

câmara com pressão positiva.

Possui 1 filtro HEPA* para esterilização do ar que sai da câmara de ar contaminado.

70% do ar filtrado retorna

para a superfície de trabalho e

30% é exaurido diretamente para a sala.

Exclusivamente biológicos: níveis de

biossegurança 1, 2 e 3.

A2

Similar a CSB II-A1, porém com maior

velocidade de influxo de ar, e a câmara de ar

contaminado está dentro de uma câmara com pressão negativa,

como dispositivo de segurança contra

vazamento.

Possui 2 filtros HEPA*, um para

filtração do ar que segue para a superfície de

trabalho e outro para filtração do ar

que é exaurido diretamente para a

sala ou para fora dela através de duto.

70% do ar é filtrado e retorna

à superfície de trabalho, e os

outros 30% do ar contaminado segue para o

segundo filtro para exaustão.

Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2 e 3;

Substâncias químicas

voláteis em baixa concentração e

quantidades traço de radionucleotídeos

(manipular no fundo da superfície de trabalho), somente se a exaustão do ar for feita para fora da sala através de duto.

Igual à CSB II-A2. B1

O mesmo que para a CSB II-A2, sendo que o

ar contaminado é puxado para câmera

sob pressão negativa.

Quase igual à CSB II-A2, mas tem um

duto exclusivamente dedicado à exaustão

para fora da sala através de duto

rígido.

70% do ar é filtrado e retorna

à superfície de trabalho, e 30%

segue para filtração e exaustão.

B2

O ar é sugado por uma ventoinha e, após

esterilização através de filtro HEPA, passa

diretamente sob fluxo vertical para a

superfície de trabalho.

O ar contaminado é extraído da região de trabalho por pressão negativa, esterilizado

por filtro HEPA* e diretamente

exaurido por duto.

0%; há renovação total

do ar.

Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2 e 3;

Químicos; Radionucleotídeos.

III

Máxima proteção ao usuário e ao

ambiente, contra agentes

altamente infecciosos e substâncias

perigosas. Luvas afixadas na

frente da cabine impedem o

contato direto com o material

biológico.

A cabine tem ventilação própria, é totalmente vedada

hermeticamente, e seu interior é mantido sob pressão negativa por

um sistema de exaustão dedicado. Todo o ar que entra

pelo sistema de ventilação é esterilizado.

O sistema é exaurido diretamente para o

exterior da sala através de 2 filtros

HEPA* em sequência, ou 1 filtro

seguido de incinerador.

0%; há renovação total

do ar.

Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2, 3 e 4;

Químicos; Radionucleotídeos.

* High Efficiency Particulated Air

Todos os tipos de CSB devem ter como acessório uma lâmpada ultravioleta (UV), pois a radiação UV

(254nm) possui grande atividade germicida, letal para bactérias, esporos, vírus, fungos e algas,

embora as doses inativantes sejam variáveis. A UV-C é absorvida por materiais orgânicos, mas sua

penetração é baixa, por isso é necessária a limpeza das superfícies antes da exposição à luz UV-C.

Page 16: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

10

Veja aqui como funciona o fluxo de ar em uma CSB.

Não se confunda CSB com Capela de Fluxo Laminar.

Esta última protege o material manipulado de

contaminações, mas não oferece proteção ao

usuário e ao ambiente, sendo usada, por exemplo,

para técnicas de PCR.

3.4 Equipamento para Proteção Individual

Equipamento para Proteção Individual (EPI) é definido como todo dispositivo ou produto, de uso

individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a

segurança e a saúde no trabalho. Para ser comercializado, todo EPI deve ter Certificado de

Aprovação, emitido por órgão público competente.

Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),

em conjunto com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e trabalhadores usuários,

recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.

Cabe ao responsável pelo laboratório:

Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

Exigir seu uso;

Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de

segurança e saúde no trabalho;

Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;

Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;

Registrar o seu fornecimento ao trabalhador em livros, fichas ou sistema eletrônico.

Cabe ao funcionário ou aluno:

Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

Responsabilizar-se pela guarda e conservação;

Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;

Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

A seguir estão apresentados alguns dos tipos de EPIs especificados nas normas regulamentadoras

brasileiras, que podem ser utilizados nos nossos laboratórios:

PROTEÇÃO DA CABEÇA, FACE E/OU CRÂNIO

Óculos, protetor facial, ou máscara de segurança para

proteção de olhos e/ou face contra impactos de partículas,

luminosidade intensa, radiação infravermelha, radiação

ultravioleta (óculos ou máscara de solda) e contra respingos

de produtos químicos (óculos ou protetor facial).

Page 17: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

11

PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

A proteção respiratória pode ser de 3 tipos:

Respiradores de adução de ar

O respirador adutor de ar pode ser do tipo linha de ar comprimido, ou tipo

máscara autônoma, ou ainda as máscaras purificadoras de ar motorizadas.

Esse tipo de EPI atende situações de emergência, quando seu uso será

realizado por pessoas treinadas, como é o caso da Brigada de Incêndio e

Primeiros Socorros da FCF.

Respiradores purificadores de ar

São máscaras que contém capacidade de filtração para diversos tipos de

contaminantes. São dois tipos de máscara, cuja diferença principal é a

possibilidade de reutilização:

Peça Facial Filtrante (PFF): é descartável e o filtro é o próprio material

de que é feita a máscara e pode conter válvula de exalação, por onde

é dissipado o ar quente e úmido;

Máscara semifacial ou facial inteira: substituem-se somente os filtros

(P) acoplados à máscara, sendo toda a estrutura que se afixa à face

reutilizável e passível de higienização e manutenção.

A classificação da capacidade de proteção respiratória das máscaras (por

exemplo, o código PFF2-VO-S) agrupa informações sobre:

Classe do filtro mecânico:

Classe 1: contra poeiras e névoas, que são aerodispersóides

gerados mecanicamente, sólidos e líquidos, respectivamente;

Classe 2: contra poeiras, névoas e fumos (aerodispersóides gerados

termicamente, como fumos plásticos ou metálicos);

Classe 3: contra poeiras, névoas e fumos, inclusive tóxicos, e

radionucleotídeos, que não deve ser utilizado contra poeiras

altamente tóxicas.

Presença de filtro químico contra partículas e gases emanados de produtos químicos

específicos, como gases ácidos (GA), vapores orgânicos (VO), amônia/metilamina (AM),

ozônio (OZ), fluoreto de hidrogênio (HF), dióxido de enxofre, mercúrio e formaldeído, entre

outros, em concentrações abaixo do nível de ação (metade do limite de tolerância);

Resistência a aerossóis a base de água (S) ou de água e óleo (SL).

Presença de capacidade de retenção microbiológica para redução da exposição a aerossóis

contendo agentes biológicos patogênicos (máscara cirúrgica não é classificada como EPI);

Respiradores de fuga

O respirador de fuga tipo bocal protege contra gases, vapores e/ou material

particulado em condições de escape de atmosferas imediatamente perigosas

à vida e à saúde, ou com concentração de oxigênio menor que 18 % em

volume.

Peça Facial Filtrante

Máscara Semifacial

Máscara Facial Inteira

Page 18: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

12

PROTEÇÃO AUDITIVA

Protetor auditivo de inserção, concha ou semi-auricular contra níveis elevados de pressão sonora.

PROTEÇÃO DO TRONCO

Vestimentas de segurança que ofereçam proteção contra riscos de origem

química, térmica, mecânica, radioativa e/ou meteorológica, e umidade

proveniente de operações com uso de água.

Recomenda-se que o avental ou jaleco seja de material não sintético,

preferencialmente de algodão, ajustado na cintura e nos punhos, com

comprimento até o joelho.

PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES

Luva, manga, braçadeira e/ou dedeira de segurança para proteção das

mãos, braços e/ou antebraços. Há

luvas específicas para cada caso:

proteção contra material

perfurocortante ou escoriante, contra

choques elétricos, vibrações ou

radiações ionizantes, e contra agentes abrasivos, luvas térmicas específicas para o uso com

nitrogênio líquido, para manuseio de material em ultrafreezeres, e também para contato com alta

temperatura, como no uso de estufa e mufla. A variedade de luvas de procedimento existente é

devida a resistência contra diferentes agentes químicos (Tabela 3).

Tabela 3. Resistência química de luvas

Material Uso

Borracha butílica Bom para cetonas e ésteres; ruim para os demais solventes.

Latex Bom para ácidos e bases diluídas; péssimo para solventes orgânicos.

Neoprene Bom para ácidos, bases, peróxidos, hidrocarbonetos, álcoois e fenóis; ruim para solventes halogenados e aromáticos.

PVC (vinil, transparente) Bom para ácidos e bases; ruim para a maioria dos solventes orgânicos.

PVA Bom para solventes aromáticos e halogenados; ruim para soluções aquosas.

Nitrila (azul ou roxa) Bom para ácidos e bases e uma grande variedade de solventes orgânicos.

Viton Excepcional resistência a solventes aromáticos e halogenados.

Page 19: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

13

PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES

Calçado de segurança para proteção dos pés e/ou pernas contra impactos de quedas de objetos

sobre os dedos dos pés, choques elétricos, umidade proveniente de

operações com uso de água, agentes perfurocortantes, térmicos,

abrasivos, escoriantes e contra respingos de produtos químicos.

Calçados que cubram todo o pé, feito de material impermeável e solado

antiderrapante, são obrigatórios no laboratório.

3.5 Higienização nos laboratórios

AGENTES DESINFETANTES

Higienização é o processo de remoção de sujidades, ou limpeza, seguida da desinfecção que pode

acontecer por meio de agentes físicos, como calor ou radiação ultravioleta, ou por meio de agentes

químicos, como apresentado na Tabela 4.

Tabela 4. Agentes químicos desinfetantes

Desinfetante Preparo em laboratório

Bac

téri

as

Fun

gos

Esp

oro

s

Vír

us

Amônia Quaternária Cloreto de benzalcônio a 2%; Cloreto de trimetilamônio a 2%. -

Compostos de cloro Hipoclorito de sódio a 1% aquoso; Gluconato de clorexidina a 4% em etanol a 4% ou a 70%. -

Compostos de Iodo Iodopovidona a 10% em água ou solução alcoólica; Iodo a 1% em Iodeto de potássio aquoso a 2% (Lugol). -

Formaldeído Formaldeído 1 a 10% em sabão de potássio a 20% (lisofórmio).

Glutaraldeído Glutaraldeído a 2% em água com ajuste de pH entre 8 e 9.

Álcool Etílico Etanol a 70% em água (com 2% de glicerina: lavagem de mãos) (Vale saber: °INPM = % em massa e °GL = % em volume) -

Muito potente; pouco potente

PROCEDIMENTO GERAL E PERIODICIDADE

A Higienização das superfícies de equipamentos, bancadas, capelas, pias, pisos, lixeiras e afins, deve

acontecer conforme periodicidade indicada na Tabela 5.

Page 20: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

14

Tabela 5. Periodicidade de higienização

Superfície Frequência da higienização

Cabines de segurança biológica (fluxos), capelas e bancadas

Imediatamente após o uso, quantas vezes por dia forem usadas

Pias e pisos Diária, ou imediatamente após derramamento de

contaminante químico ou biológico

Equipamentos em geral, como autoclaves, banhos-maria, centrífugas e rotores

Semanal ou imediatamente após exposição a material biológico ou químico

Estufas de cultura e incubadoras Mensal ou imediatamente após verificada

contaminação

Lixeiras Mensal

Freezers e refrigeradores Trimestral

Filtro do ar condicionado Semestral

Procedimento geral de limpeza:

1. Limpar a superfície com papel absorvente, flanela, pano ou esponja, não abrasivo, limpo e

umedecido com água e opcionalmente sabão ou detergente;

2. Desinfetar com Hipoclorito de sódio a 1%, usando papel absorvente ou pano limpo;

3. Finalizar a assepsia com papel absorvente embebido com Etanol a 70%.

Em casos de contaminação biológica, deixar a superfície a ser limpa de molho com solução de

hipoclorito de sódio a 1% por 30 minutos, imediatamente após a contaminação, antes de realizar o

procedimento geral.

CUIDADOS ESPECIAIS

Deve-se manter formulário de registro da realização do procedimento, exposto em local de próximo

acesso, onde deve constar nome de quem realizou a limpeza, qual o procedimento utilizado e a data

da higienização, juntamente com cópia física do Procedimento Operacional Padrão (POP) de

higienização.

Alguns cuidados devem ser tomados na execução da higienização: ler sempre o rótulo do produto

ou material de limpeza antes de usar; verificar a resistência da superfície ao produto usado; não

misturar produtos de limpeza, pois eles podem reagir gerando compostos prejudiciais à saúde,

como cloraminas e gás cloro.

Atenção especial deve-se ter na higienização de ambientes assépticos, como por exemplo, a nossa

sala de cultura celular, para se evitar a ocorrência de contaminação cruzada. O material e produtos

de limpeza devem ser de uso exclusivo nesses ambientes.

Para detalhes acerca dos procedimentos de higienização e uso dos equipamentos comuns a todos os

laboratórios, como centrífugas e microcentrífugas, pipetadores, autoclaves, estufas, banho maria,

agitadores, termocicladores, vórtex, balança analítica e semi-analítica, capelas de exaustão, fluxos

laminares, ultrafreezeres, freezers e refrigeradores, entre outros, consulte o POP do equipamento.

Page 21: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

15

4. AGENTES BIOLÓGICOS E BIOSSEGURANÇA

4.1 Biossegurança e agentes biológicos em geral

CONCEITO

Há duas maneiras de se compreender o termo “Biossegurança”, sendo mais abrangente a definida

pela ANVISA, que é aplicada a qualquer agente biológico:

“Condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a

prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que

possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”.

Uma outra forma de se interpretar este termo é adotada no Brasil, no contexto regulatório, onde

“Biossegurança” refere-se à análise criteriosa do risco à saúde humana e ao meio ambiente, visando

a utilização segura, de produtos oriundos de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que

são organismos (microrganismo, animal ou vegetal) cujo genoma (DNA ou RNA) tenha sido

modificado por qualquer técnica de engenharia genética, excluindo-se, portanto, os provenientes de

técnicas de fusão celular, clonagem e mutação (natural ou induzida por agente natural).

Para se estabelecerem medidas de biossegurança, uma completa avaliação do risco deve ser

realizada previamente, pela caracterização dos agentes biológicos, da infraestrutura necessária para

a pesquisa (instalação física e equipamentos de proteção) e pelo gerenciamento efetivo do trabalho

a ser realizado. Para tanto, deve-se detalhar os seguintes critérios: origem do agente biológico – se

é humano, vegetal ou animal, como e onde foi coletado; concentração e volume – considerar que

quanto maior concentração, maior o risco; medidas de inativação – conhecer os métodos de

inativação do agente biológico; tipo de ensaio realizado – assegurar o controle do risco em processos

críticos; e fatores referentes ao indivíduo – idade, susceptibilidade, gravidez, vacinação, doença

preexistente, treinamento na atividade a ser desenvolvida.

CLASSES DE RISCO DE AGENTES BIOLÓGICOS

A elaboração e atualização da classificação dos agentes biológicos com potencial risco à saúde

humana, animal e ao meio ambiente é de responsabilidade do Ministério da Saúde, que os distribui

em quatro classes de risco, como definidas na Tabela 6. O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista

completa (veja aqui) desses agentes biológicos em cada classe de Risco.

Tabela 6. Classes de risco dos agentes biológicos

Classe Risco ao

indivíduo Risco para a comunidade

Infectividade Propagação Profilaxia e

terapia Exemplos

1 Baixo Baixo Não causam

doenças - -

Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis

2 Moderado Limitado Provocam infecções Limitada Conhecida

e eficaz Schistosoma spp. e vírus da rubéola

3 Alto Moderado Causam doenças

com potencial letal Transmissíveis, em especial

por via respiratória Existe

Bacillus anthracis e HIV

4 Alto Alto Causam doenças humanas de alta

gravidade

Transmissíveis, em especial por via respiratória, ou de transmissão desconhecida.

Não há Vírus Ebola e vírus

da varíola

Page 22: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

16

NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA PARA MANIPULAÇÃO DE AGENTES BIOLÓGICOS

O laboratório é classificado no Nível de Biossegurança (NB) do agente biológico de maior classe de

risco envolvido na pesquisa. Cada classe de risco está relacionada a um pacote de requisitos de

segurança, por exemplo, um laboratório que cumpre os requisitos de NB-1 pode manipular agentes

biológicos da classe de risco 1. Tais requisitos estão resumidamente relacionados na Tabela 7.

Tabela 7. Principais requisitos para os níveis de biossegurança laboratorial

Requisitos NB

1 2 3 4

Infraestrutura

Isolamento do laboratório N N S S

Sala completamente vedada para a descontaminação N N S S

Áreas de escritórios fora das instalações de biocontenção N N S S

Local para objetos pessoais fora das áreas de biocontenção R S S S

Refeitório fora da área de biocontenção S S S S

Símbolo de risco biológico afixado na porta de entrada N S S S

Símbolo de risco biológico afixado nas áreas de manipulação S S S S

Execução das atividades laboratoriais em dupla N N R S

Circuito interno de imagem N N R S

Registro pelas autoridades sanitárias nacionais N N S S

Roupas de proteção com pressão positiva e ventilação N N N* S

Uso EPIs S S S S

Cumprimento das BPLs S S S S

Entrada com porta dupla N N S S

Sistema de portas com travamento mecânico ou automático N R S S

Câmara de vácuo (pressão negativa na área de biocontenção) N N S S

Câmara de vácuo com ducha N N N S

Antecâmara N N S -

Antecâmara com chuveiros/duchas N N S N

Tratamento dos efluentes R R S S

Incineração dos resíduos após a esterilização N N N S

Pia para lavagem das mãos com acionamento mecânico ou automático S S S S

Chuveiro de segurança e lava-olhos S S S S

Ventilação

Adução de ar N R S S

Sistema de ventilação controlada N R S S

Exaustor com filtro HEPA (High Efficiency Particulated Air) N N S S

Autoclave

In loco N R S S

Em área separada, nas dependências do laboratório N N R S

Contendo duas portas N N R S

Cabines de Segurança Biológica

Classe I R R - -

Classe II R S S -

Classe III - - R S N - Não é mandatório; S - Mandatório; R - Recomendado. *Se houver risco de produção de aerossóis, é exigido o uso do traje de pressão positiva e ventilação associado à utilização de CSB classe II. Adaptado de PENNA et al. (2010).

Page 23: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

17

4.2 Biossegurança com organismos geneticamente modificados

REGULAMENTAÇÃO DE TRABALHO COM OGM

A maioria dos países invocam o Princípio da Precaução, assim, quando há razões para suspeitar de

ameaças à biodiversidade ou de riscos à saúde humana, a falta de evidências científicas não deve ser

usada como razão para postergar a tomada de medidas preventivas. No Brasil, o marco regulatório

da Política Nacional de Biossegurança culminou na Lei 11.105/2005, que estabelece normas de

segurança e mecanismo de fiscalização de atividades que envolvam OGM e seus derivados. O

organograma criado a partir do marco legal e a função de cada órgão, são os seguintes:

As instituições que desenvolvem atividades com OGM e seus derivados, devem ter o Certificado de

Qualidade em Biossegurança (CQB), que constitui-se no credenciamento concedido pela CTNBio. Os

portadores do CQB devem ter ao menos um pesquisador (técnico principal) formalmente autorizado

pela CTNBio, com exceção dos ambientes de Nível de Biossegurança 1, que podem ser autorizados

diretamente pela CIBio.

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE OGM

O potencial patogênico do organismo doador e do receptor, a(s) sequência(s) nucleotídica(s)

transferida(s), a expressão desta(s) no organismo receptor, o OGM resultante, e seus efeitos

adversos à saúde humana, animal, vegetal e ao meio ambiente são considerados para a classificação

dos OGM. São quatro classes de risco, de critérios similares àqueles considerados para os agentes

biológicos em geral, como se segue:

Classe de Risco 1 (baixo risco individual e baixo risco para a coletividade): OGM que contém

sequências de ácido desoxirribonucleico (DNA, sigla em inglês) ou de ácido ribonucleico (RNA, sigla

em inglês) de organismo doador e receptor que não causem agravos à saúde humana e animal e

efeitos adversos aos vegetais e ao meio ambiente;

Classe de Risco 2 (moderado risco individual e baixo risco para a coletividade): OGM que contém

sequências de ADN/ARN de organismo doador ou receptor com moderado risco de agravo à saúde

CNBS

OERF

CIBio

CTNBio

Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS):

análise socioeconômica e interesse nacional

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio):

apoio técnico consultivo e de assessoramento ao

Governo Federal

Órgãos e entidades de registro e fiscalização (como ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Comissão Interna de Biossegurança: vigilância e monitoramento das atividades de transporte, produção e manipulação genética de OGM, manutenção do cumprimento das regras de biossegurança.

Page 24: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

18

humana e animal, que tenha baixo risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos vegetais

e ao meio ambiente;

Classe de Risco 3 (alto risco individual e risco moderado para a coletividade): OGM que contém

sequências de ADN/ARN de organismo doador ou receptor, com alto risco de agravo à saúde humana

e animal, que tenha baixo ou moderado risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos

vegetais e ao meio ambiente;

Classe de Risco 4 (alto risco individual e alto risco para a coletividade): OGM que contém sequências

de ADN/ARN de organismo doador ou receptor com alto risco de agravo à saúde humana e animal,

que tenha elevado risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos vegetais e ao meio

ambiente.

NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA PARA MANIPULAÇÃO DE OGM

As atividades e projetos envolvendo OGM e seus derivados deverão ser precedidos de uma análise

detalhada e criteriosa de todas as condições experimentais, devendo-se utilizar infraestrutura

compatível com o nível de biossegurança (NB) adequado à classe de risco do OGM de maior risco

que esteja envolvido no ensaio. São quatro os níveis de biossegurança, NB1 a NB4, crescentes em

grau de contenção e complexidade do nível de proteção, de acordo com a classe de risco do OGM.

Seguem-se os requisitos necessários para NB1 e NB2 existentes FCF:

NB-1 – para a manipulação de OGM da Classe de Risco 1:

Representa um nível básico de contenção, que se fundamenta na aplicação de normas básicas de

segurança em laboratório. Não é necessário que as instalações estejam isoladas, mas devem ser

planejadas de modo a permitir fácil limpeza e descontaminação. O trabalho é conduzido em biotério,

ou em bancada cuja superfície seja impermeável à água e resistente a ácidos, álcalis, solventes

orgânicos e a calor moderado, limpa após o trabalho com OGM ou sempre que ocorrer

contaminação.

Os OGM serão manipulados em áreas sinalizadas com o símbolo universal de risco biológico com

acesso restrito à equipe técnica e de apoio ou de

pessoas autorizadas. Deve-se adotar um Manual de

Biossegurança, adequado às especificidades das

atividades realizadas, e todos os usuários das

dependências devem ser treinados nesses

procedimentos, e sempre trabalhar sob a supervisão

do técnico principal.

Todo resíduo, material ou equipamento que tiver

entrado em contato com o OGM só pode ser retirado

das instalações em recipientes rígidos e à prova de

vazamentos, e deve ser descontaminado antes do

descarte e descaracterizado de forma a impossibilitar

seu reuso ou consumo. Deve ser mantido um

programa de controle de insetos e roedores.

Page 25: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

19

Deve-se manter registro de cada atividade ou projeto desenvolvidos com OGM e/ou derivados.

Qualquer outra atividade que ocorra concomitantemente e nas mesmas instalações deve respeitar

a classificação de risco do OGM.

NB-2 – para manipulação de OGM da Classe de Risco 2:

Para o trabalho em NB-2 deve-se atender aos requisitos de NB-1, além da necessidade de que no

interior das instalações exista cabine de segurança biológica classe I ou II, e autoclave para

descontaminação de todo o resíduo antes de ser retirado desse ambiente.

As instalações credenciadas para trabalho em NB-2 devem ter aviso na porta de entrada, onde se

sinalize o Nível de Biossegurança, a identificação do agente biológico do OGM, o nome do Técnico

Principal e seu telefone, contato da CIBio, e a indicação da paramentação e EPIs obrigatórios.

Toda a equipe técnica e de apoio, inclusive de serviços gerais terceirizada, deve apresentar

comprovante de vacinação contra os agentes infecciosos relacionados aos experimentos

conduzidos nas instalações NB-2. A CTNBio pode solicitar exame médico

periódico para os trabalhadores, incluindo avaliação em consideração às

medidas de proteção e prevenção. Cabe ao Técnico Principal a

responsabilidade estabelecer políticas e procedimentos de segurança,

provendo ampla informação sobre o potencial risco das atividades ali

conduzidas.

LEGISLAÇÃO EM OGM

Todas as pessoas que trabalham com OGM devem conhecer toda a normativa pertinente. A seguir,

encontram-se links para acesso à legislação que está disponível no site da CTNBio.

Leis e decretos:

“Lei da Biossegurança”: Lei nº 11.105/2005

Regulamentação de dispositivos da Lei 11.105/2005: Decreto nº 5.591/2005

Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança: Decreto nº 5.705 /2006 e Decreto nº 6.925/2009

Plantio de OGM em unidades de conservação: Lei nº 11.460/2007 e Decreto nº 5.950/2006

Regulamentação do direito à informação quanto a alimentos e seus ingredientes de consumo

humano ou animal que contenham ou sejam produzidos de OGM: Decreto nº 4.680/2003

Resoluções Normativas (RN):

Instalação e funcionamento das CIBios, e critérios e procedimentos para CQB: RN nº 1/2006,

alterada pela RN nº 11/2013 e pela RN nº 14/2015

Classificação de riscos de OGM e os níveis de biossegurança a serem aplicados nas atividades e

projetos com OGM e seus derivados em contenção: RN nº 18/2018

Normas para uso comercial de OGM microrganismos e seus derivados: RN nº 21/2018

Normas para liberação comercial e monitoramento de OGM e seus derivados: RN nº 24/2020

Normas para atividades de transporte de OGM e derivados no território nacional: RN nº 26/2020

Estabelecimento de requisitos técnicos para apresentação de consulta à CTNBio sobre as Técnicas

Inovadoras de Melhoramento de Precisão: RN nº 13/2014

Classificação do nível de risco das atividades econômicas sujeitas a atos públicos de liberação da

CTNBio: RN nº 25/2020

Page 26: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

20

Milho geneticamente modificados e sua progênie: RN nº 3/2007 e RN nº 4/2007

Liberação planejada no meio ambiente de OGM – de origem vegetal e derivados: RN nº 6/2008,

de origem animal com classe de risco 1 e microrganismos, e derivados: RN nº 7/2009, de classe

de risco 1 que já tenham obtido aprovações anteriores da CTNBio para fins de avaliações

experimentais em liberações planejadas (incluindo eventos combinados cujos eventos simples já

tenham sido aprovados): RN nº 23/2019, citros: RN nº 10/2013, cana-de-açúcar: RN nº 12/2014,

sorgo: RN nº 13/2014, eucalipto: RN nº 22/2019.

Listas de classificação de risco dos agentes biológicos para fins de enquadramento nos Níveis de

Biossegurança para trabalho em contenção com OGM:

Classificação de risco dos agentes biológicos: Portaria nº 2.349/2017

Relação de Pragas Quarentenárias Presentes no Brasil: Instrução Normativa nº 38/2018

Relação de Pragas Quarentenárias Ausentes no Brasil: Instrução Normativa nº 39/2018

Page 27: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

21

5. SEGURANÇA COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS

Na rotina laboratorial, além dos perigos intrínsecos dos produtos químicos, que serão abordadas

nesse capítulo, é de grande importância a capacitação para fazer uso deles de forma segura, e para

isso serão abordados como se faz a identificação dos perigos, o armazenamento, compatibilidade

entre substâncias, e ainda como identificar o perigo que certas misturas resultam.

Parte desse capítulo baseia-se na norma brasileira ABNT

NBR 14725 – Produtos químicos: Informações sobre

segurança, saúde e meio ambiente – que estabelece

critérios para a classificação dos perigos de substâncias ou

misturas, e é a aplicação do Sistema Globalmente

Harmonizado para a Classificação e Rotulagem de Produtos

Químicos (GHS, sigla em inglês de Globally Harmonized

System of Classification and Labelling of Chemicals) da

Organização das Nações Unidas (ONU), o Purple Book (veja aqui), que foi embasada pelas seguintes

premissas básicas:

A necessidade de fornecer informações sobre produtos químicos perigosos relativas à segurança,

à saúde e ao meio ambiente;

O direito do público-alvo de conhecer e de identificar os produtos químicos perigosos que

utilizam e os perigos que eles oferecem;

A utilização de um sistema simples de identificação, de fácil entendimento e aplicação, nos

diferentes locais onde os produtos químicos perigosos são utilizados;

A necessidade de compatibilização deste sistema com o critério de classificação para todos os

perigos previstos pelo GHS;

A necessidade de facilitar acordos internacionais e de proteger o segredo industrial e as

informações confidenciais;

A capacitação e o treinamento dos trabalhadores; e

A educação e a conscientização dos consumidores.

5.1 Sistema de classificação de perigos

A parte 2 da norma ABNT NBR 14725 estabelece critérios para o sistema de classificação dos perigos

de produtos químicos, sejam eles substâncias ou misturas. Os ensaios necessários para tal são

preconizados preferencialmente por normas internacionais, como as Diretrizes para Ensaios de

Produtos Químicos (veja aqui) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(sigla em inglês: OECD). Para a classificação quanto aos perigos físicos, é adotado o Manual de Testes

e Critérios (veja aqui), parte das Recomendações para Transporte de Produtos Perigosos da ONU, o

Orange Book.

Para a rápida identificação dos perigos, cada um deles é representado por um PICTOGRAMA DE

PERIGO, que é um símbolo em preto com fundo branco, inserido num quadrado vermelho apoiado

sobre um dos vértices, e uma palavra de advertência, PERIGO ou ATENÇÃO.

Dica:

A comunidade USP pode acessar as normas da ABNT pelo portal Target GEDWeb (veja aqui).

Page 28: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

22

A norma NBR ABNT 14725-2 também apresenta denso material sobre como fazer a estimativa do

perigo de misturas, e deve ser consultada sempre que produtos químicos perigosos forem

misturados para fazer, por exemplo, soluções de reagentes de trabalho.

PERIGOS À SAÚDE HUMANA

Os perigos das substâncias químicas e misturas à saúde humana são determinados e classificados

por meio da avaliação de suas propriedades toxicológicas a partir de: estudos epidemiológicos de

casos cientificamente válidos, ou de experiências apoiadas em elementos estatísticos; efeitos

toxicológicos classificados conforme os sintomas observados em seres humanos; efeitos sinérgicos,

de potenciação ou aditivos, na classificação de misturas, quando a avaliação convencional levar a

uma subestimação dos perigos toxicológicos, ou o mesmo também para efeitos antagônicos

superestimados. A toxicidade de misturas estima-se com base no conhecimento toxicológico dos

ingredientes presentes, e uma nova avaliação deve ser feita sempre que for modificada sua fórmula.

Toxicidade aguda

Classifica-se (Tabela 8) pelos limites aproximados de

exposição a partir dos valores de toxicidade aguda oral,

dérmica ou inalatória, que são dose (DL50) ou

concentração (CL50) que causa morte de 50% dos

organismos-teste.

Tabela 8. Categorias de perigo para toxicidade aguda

Categorias 1 2 3 4 5

Lim

ites

su

per

iore

s

de

DL 5

0 e

CL 5

0

Oral (mg/kg peso corpóreo) 5 50 300 2000 5000 (Toxicidade baixa, mas que pode

apresentar perigo para populações vulneráveis)

Dérmica (mg/kg peso corpóreo) 50 200 1000 2000

Inal

ató

ria Gases (μL/L) 100 500 2500 5000

Vapores (mg/L) 0,5 2 10 20

Poeiras e névoas (mg/L) 0,05 0,5 1 5

Palavra de advertência Perigo Perigo Perigo Atenção Atenção

Pictograma de perigo

-

Corrosão e irritação da pele

A corrosão da pele classifica-se pelo tempo de exposição

até o início dos efeitos e pela duração destes (tempo de

observação), e a irritação da pele pela severidade e grau

de reversibilidade das reações, como se vê na Tabela 9:

Relativa à substância que causa efeitos maléficos após

ÚNICA EXPOSIÇÃO.

CORROSÃO é um dano irreversível e IRRITAÇÃO é um

dano reversível à pele.

Page 29: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

23

Tabela 9. Categorias de perigo para corrosão e irritação da pele

Categoria Perigo Tempo (t) dos efeitos Palavra de

advertência Pictograma

Exposição Observação

1A Corrosivo

para a pele

t ≤ 3min t ≤ 1h

Perigo

1B 3min ≤ t ≤ 1h t ≤ 14dias

1C 1h ≤ t ≤ 4h t ≤ 14dias

2 Irritante para

a pele

Eritemas, escaras ou edema mais graves (score 2,3 a 4) e inflamação persistente durante a observação.

Atenção

3 Irritante leve para a pele

Eritemas, escaras ou edema mais leves (score 1,5 a 2,3).

Atenção -

Lesões oculares graves e irritação ocular

A lesão ocular grave é classificada (Tabela 10) com base

em dados epidemiológicos (humanos ou animais),

relação entre estrutura e atividade/propriedade, pH

ácido (≤2) ou alcalino (≥11,5), ensaios in vitro, ou ensaio

do potencial de corrosão para a pele. Em último caso são

realizados ensaios em animais. A irritação ocular é classificada pelo tempo para reversão das lesões.

Tabela 10. Categorias de perigo para corrosão e irritação ocular

Categoria Perigo Palavra de

advertência Pictograma

1 Lesões oculares graves, como opacidade da córnea

(score ≥ 3) e/ou irritação da íris (score > 1,5), que não se revertem num período de observação de 21 dias.

Perigo

2A Irritação ocular, como opacidade leve da córnea, irritação da íris, vermelhidão da conjuntiva e/ou

edema da conjuntiva, que regridem em até 21 dias. Atenção

2B Irritação ocular leve, cujos efeitos são revertidos

completamente em até 7 dias. Atenção -

Sensibilização respiratória ou da pele

A classificação dos produtos químicos sensibilizantes

(Tabela 11) é baseada em evidências em humanos ou

ensaios com animais. Essas evidências podem ser

reações como rinite, asma, conjuntivite ou alveolite,

cujos sintomas tem caráter clínico de reação alérgica.

LESÃO GRAVE é um dano irreversível e IRRITAÇÃO é um

dano reversível aos olhos.

SENSIBILIZANTES causam reação de hipersensibilidade

ou resposta alérgica.

Page 30: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

24

Tabela 11. Categorias de perigo para sensibilização respiratória e da pele

Categoria Sensibilizante respiratório Sensibilizante dérmico

Palavra de advertência Perigo Atenção

Pictograma

Mutagenicidade em células germinativas

Os critérios para classificar

uma substância química

como mutagênica estão

descritos na Tabela 12.

Tabela 12. Categorias de mutagenicidade hereditária em células germinativas humanas

Classe Perigo Critérios Palavra de

advertência Pictograma

1A Conhecido indutor

de mutações. Evidência epidemiológica positiva de

estudos em humanos. Perigo

1B Considerado indutor de mutações.

Positivos em ensaios in vivo em células germinativas de mamíferos, com

hereditariedade demonstrada ou não, ou combinados com evidência de

genotoxicidade em células somáticas.

Perigo

2 Há possibilidade

de causar mutações.

Evidência positiva de ensaios in vivo com células somáticas de mamíferos, ou ensaios de genotoxicidade in vitro

corroborado por mutagenicidade in vitro.

Atenção

Carcinogenicidade

Os critérios para a classificação de uma substância

química como mutagênica estão descritos na

Tabela 13.

Tabela 13. Categorias de perigo para carcinogenicidade.

Classe Perigo Critérios Palavra de

advertência Pictograma

1A Efeito carcinogênico

conhecido. Evidência epidemiológica positiva em

humanos. Perigo

1B Efeito carcinogênico

presumido. Evidência positiva de estudos em

animais. Perigo

2 Suspeito de ser carcinogênico.

Evidência positiva, mas insuficiente, de estudos em humanos e/ou animais.

Atenção

MUTAGÊNICO é o produto químico que induz MUTAÇÕES em células germinativas que podem causar

CÂNCER ou transmitir-se para gerações futuras.

CARCINOGÊNICO é o produto químico capaz de causar CÂNCER.

Page 31: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

25

Toxicidade à reprodução e lactação

As classes de perigo de

um produto químico à

reprodução ou lactação

estão apresentadas na

Tabela 14.

Tabela 14. Classes de perigo para toxicidade sobre a capacidade reprodutiva ou ao desenvolvimento

de seres humanos, e para toxicidade via lactação.

Categoria Perigo Critérios Palavra de

advertência Pictograma

1A Tóxico reconhecido para a reprodução

Evidência obtidas em estudos com humanos.

Perigo

1B Tóxico

presumido para a reprodução

Prova clara de toxicidade não secundária em estudos com animais.

Perigo

2 Suspeito de ser

tóxico à reprodução Evidência positiva, mas não suficiente, em estudos em humanos ou animal.

Atenção

Categoria adicional

Efeito tóxico sobre ou através da

lactação

Biodisponibilidade no leite, evidências em estudos em animais de efeito

adverso por meio do leite materno ou na qualidade dele, ou evidência

epidemiológica em seres humanos.

- -

Toxicidade sistêmica para órgão-alvo específico por exposição única

As classes (Tabela 15) de toxicidade aos órgãos-

alvo/sistemas específicos em exposição única

são definidas a partir de relatos de casos com

humanos, estudos epidemiológicos, ou estudos

com animais de experimentação.

Tabela 15. Classes de perigo para toxicidade sistêmica a órgão-alvo específico em exposição única.

Categorias 1 2 3

Val

ore

s d

e re

ferê

nci

a (c

) Oral (mg/kg peso corpóreo) c ≤ 300 2000 ≥ c > 300

Os valores indicativos não se aplicam.

Efeito passageiro

(narcóticos e irritação das vias respiratórias)

Dérmica (mg/kg peso corpóreo) c ≤ 1000 2000 ≥ c > 1000

Inal

ató

ria

Gases (μL/L) c ≤ 2500 5000 ≥ c > 2500

Vapores (mg/L) c ≤ 10 20 ≥ c > 10

Poeiras/névoas/fumos (mg/L) c ≤ 1 5 ≥ c > 1

Perigo de efeito tóxico Dose baixa Dose moderada

Palavra de advertência Perigo Atenção Atenção

Pictograma de perigo

Relativa à substância que causa EFEITOS MALÉFICOS sobre a capacidade REPRODUTIVA (função sexual ou fertilidade)

ou sobre o DESENVOLVIMENTO dos seres humanos, ou efeitos adversos aos descendentes pela lactação.

Substância que causa efeitos maléficos sobre ÓRGÃO-ALVO ou SISTEMA

específico após EXPOSIÇÃO ÚNICA.

Page 32: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

26

Toxicidade sistêmica para órgão-alvo específico por exposições repetidas

As classes de toxicidade (Tabela 16) a órgãos-

alvo ou sistemas específicos, por exposições

repetidas, são definidas a partir de relatos de

casos com humanos, estudos epidemiológicos,

ou estudos com animais de experimentação.

Tabela 16. Classes de perigo de toxicidade sistêmica a órgão-alvo específico em exposições repetidas

Categorias 1 2

Val

ore

s in

dic

ativ

os

de

refe

rên

cia

(c)

Oral (mg/kg peso corpóreo/dia) c ≤ 10 10 ≤ c < 100

Dérmica (mg/kg peso corpóreo/dia) c ≤ 20 20 ≤ c < 200

Inal

ató

ria

Gases (μL/L/6h/dia) c ≤ 50 50 ≤ c < 250

Vapores (mg/L/6h/dia) c ≤ 0,2 0,2 ≤ c < 1

Poeiras/névoas/fumos (mg/L/6h/dia) c ≤ 0,02 0,02 ≤ c < 0,2

Perigo Ação tóxica

com dose baixa Efeito nocivo com

dose moderada

Palavra de advertência Perigo Atenção

Pictograma de perigo

Aspiração

Na Tabela 17 estão apresentados os

critérios para classificação do perigo da

toxicidade por aspiração.

Tabela 17. Categorias de perigo para toxicidade por aspiração

Categoria 1 2

Perigo Toxicidade por aspiração

reconhecida. Provável toxicidade por aspiração.

Critérios

Dados experimentais confiáveis e consistentes para o homem,

ou, se hidrocarboneto, viscosidade cinemática (40°C)

≤ 20,5 mm2/s.

Dados experimentais em animais, em conjunto com informações como tensão

superficial, solubilidade em água, ponto de ebulição, volatilidade, ou, se hidrocarboneto,

viscosidade cinemática (40°C) ≤ 14 mm2/s.

Palavra de advertência

Perigo Atenção

Pictograma

Substância que causa efeitos maléficos sobre ÓRGÃO-ALVO ou SISTEMA

específico após exposições REPETIDAS.

A toxicidade por aspiração inclui EFEITOS AGUDOS SEVEROS, como pneumonia, lesões pulmonares e aspiração seguida de morte.

Page 33: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

27

PERIGOS AO AMBIENTE AQUÁTICO

Os perigos ao meio ambiente associados aos produtos químicos são avaliados por meio de ensaios

ecotoxicológicos e toxicológicos em organismos aquáticos e de suas propriedades físico-químicas.

Toxicidade aguda

São três categorias de toxicidade aguda (Tabela 18),

definidas com base somente nos dados de toxicidade aguda:

concentração que causa morte de 50% dos organismos (CL50-

96h, para peixes), ou concentração que causa efeito agudo a

50% dos organismos-teste (CE50-48h, para crustáceos, ou e

CEr50-72h, para algas e plantas aquáticas).

Tabela 18. Categorias de perigo para toxicidade aguda ao meio aquático

Classe Perigo aos

organismos aquáticos Critérios

(c = CL50, CE50 ou CEr50) Palavra de

advertência Pictograma

1 Muito tóxico c ≤ 1 mg/mL Atenção

2 Tóxico 1 < c ≤ 10 mg/mL -

3 Nocivo 10 < c ≤ 100 mg/mL -

Toxicidade crônica

A classificação (Tabela 19) para a toxicidade crônica integra

as informações de toxicidade aguda (CL50, CE50 ou CEr50), de

toxicidade crônica, pela concentração na qual não se

observam efeitos (NOEC), e de impacto ambiental, como

potencial de degradação e de bioacumulação, que se verifica

quando o fator de bioconcentração, que é a razão entre as

concentrações de equilíbrio de uma substância tóxica num organismo e no seu ambiente (sigla em

ingês: BCF) é ≥ 500, ou, na sua falta, pela lipofilicidade, ou coeficiente de partição (Log10Kow) ≥ 4.

Tabela 19. Categorias de perigo para toxicidade crônica ao meio aquático

Classe Perigo aos

organismos aquáticos Critérios

(c = CL50, CE50 ou CEr50) Palavra de

advertência Pictograma

1 Muito tóxico, com

efeitos duradouros. c ≤ 1 mg/mL + biodegradação lenta e/ou

potencial bioacumulativo Atenção

2 Tóxico, com efeitos

duradouros.

1 < c ≤ 10 mg/mL + biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se NOEC

≤ 1mg/mL -

3 Nocivo, com efeitos

duradouros.

10 < c ≤ 100 mg/mL + biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se

NOEC ≤ 1mg/mL - -

4 Pode ser nocivo, com efeitos duradouros.

Sem toxicidade aguda, baixa solubilidade, biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se NOEC ≤ 1mg/mL

- -

Relativa à propriedade de um produto químico causar

DANOS a organismos aquáticos com exposição

de CURTO PRAZO.

Relativa à propriedade de um produto químico causar

DANOS ambientais com EFEITOS DURADOUROS.

Page 34: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

28

PERIGOS FÍSICOS

Os perigos físicos associados às substâncias e suas misturas são avaliados por meio da análise das

suas propriedades físico-químicas.

Aerossóis inflamáveis

Um aerossol é inflamável se tiver mais de

1% de ingredientes inflamáveis e calor de

combustão >20kJ/g. Outros ensaios

levam à classificação dos aerossóis em

duas categorias (Tabela 20):

Tabela 20. Categorias de perigo de aerossóis inflamáveis

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

1 Extremamente inflamável Perigo

2 Inflamável Atenção

Substâncias, misturas e artigos explosivos

Os produtos químicos explosivos

(Tabela 21) são classificados por

meio de critérios de explosividade,

sensibilidade e estabilidade térmica,

em seis divisões:

Tabela 21. Categorias de perigo de substâncias, misturas e artigos explosivos

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

Divisão 1.1 Explosivo: perigo de explosão em massa. Perigo

Divisão 1.2 Explosivo: grave perigo de projeção. Perigo

Divisão 1.3 Explosivo: perigo de incêndio, de onda

explosiva e de projeção. Perigo

Divisão 1.4 Explosivo: perigo de incêndio e de projeção. Atenção

Divisão 1.5 Explosivo: perigo de explosão em massa em

caso de incêndio. Perigo -

Divisão 1.6 Contém substâncias detonantes: sem perigo de explosão em massa, incêndio ou projeção.

- -

EXPLOSIVO é o material que por si só é capaz de produzir gás, por reação química, a

temperatura, pressão e velocidade tais, que provoque danos a sua volta.

AEROSSOL é um recipiente contendo gás, que é munido de dispositivo que ejeta seu

conteúdo como partículas sólidas ou líquidas em SUSPENSÃO NO GÁS.

Page 35: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

29

Gases inflamáveis

Os gases quando a 20°C e pressão normal

(101,3 kPa), dependendo da quantidade de ar

necessária para a inflamabilidade, são

classificados (Tabela 22) em duas categorias:

Tabela 22. Categorias de perigo de gases inflamáveis

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

1 Gás extremamente inflamável Perigo

2 Gás inflamável Atenção -

Gases sob pressão

Os gases sob pressão,

pelas suas características,

são classificados em

quatro grupos como se vê

na Tabela 23:

Tabela 23. Categorias de perigo de gases inflamáveis

Categoria Perigo Critérios Palavra de

advertência Pictograma

Gás comprimido

Pode explodir com o aquecimento.

Gás que quando envasado sob pressão é inteiramente gasoso

a -50°C.

Atenção

Gás liquefeito Pode explodir com

o aquecimento.

Gás que quando envasado sob pressão é parcialmente líquido

em temperatura > -50°C.

Gás líquido refrigerado

Pode provocar queimaduras ou

lesões criogênicas.

Gás que quando envasado sob pressão encontra-se parcialmente

líquido devido à baixa temperatura.

Gás dissolvido

Pode explodir com o aquecimento.

Gás que quando envasado sob pressão está dissolvido num

solvente em fase líquida.

Gases oxidantes

Há apenas uma única categoria

para a classificação de gases

oxidantes e suas misturas,

apresentada na Tabela 24:

Um produto INFLAMÁVEL tem facilidade para entrar em combustão, ou seja, de queimar, produzir chamas.

A LIBERAÇÃO SÚBITA de gases sob pressão podem causar SÉRIOS DANOS às pessoas ou ao ambiente,

independente de outros perigos que o próprio gás possa representar.

São gases COMBURENTES, ou que CONTRIBUEM MAIS DO QUE O AR PARA A COMBUSTÃO de outro material, pela liberação de oxigênio.

Page 36: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

30

Tabela 24. Perigo de gases oxidantes

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

1 Pode provocar ou agravar um incêndio;

comburente. Perigo

Líquidos inflamáveis

Um líquido inflamável deve ser classificado em uma das categorias descritas na Tabela 25.

Tabela 25. Categorias de perigo para líquidos inflamáveis

Categoria Perigo Critérios Palavra de

advertência Pictograma

1 Líquido e vapores

extremamente inflamáveis. Ponto de fulgor < 23°C e ponto de ebulição ≤ 35°C

Perigo

2 Líquido e vapores muito

inflamáveis. Ponto de fulgor < 23°C e ponto de ebulição > 35°C

Perigo

3 Líquido e vapores

inflamáveis. Ponto de fulgor ≥ 23°C e ≤ 60°C

Atenção

4 Líquido combustível. Ponto de fulgor > 60°C e ≤ 93°C

Atenção -

Sólidos inflamáveis

Substâncias e misturas dessa classe de

perigo são classificadas (Tabela 26) em

uma das duas categorias, com base em

ensaios de tempo de combustão (t) ou

velocidade de combustão (v).

Tabela 26. Categorias de perigo para sólidos inflamáveis

Categoria Critérios Palavra de

advertência Pictograma

1 Pós metálicos: t ≤ 5 min;

Outros sólidos: zona umedecida não impede a propagação da chama, t < 45s ou v >2,2 mm/s.

Perigo

2 Pós metálicos: 5 < t ≤ 10 min;

Outros sólidos: zona umedecida impede a propagação da chama por ao menos 4min, t < 45s ou v >2,2mm/s.

Atenção

Sólidos inflamáveis são substâncias que podem entrar imediatamente em

COMBUSTÃO ou contribuir para o fogo POR MEIO DE FRICÇÃO.

Page 37: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

31

Substâncias e misturas que apresentam auto-aquecimento

A classificação para essa classe de risco

(Tabela 27) dá-se com base no tamanho da

embalagem na qual o produto químico será

acondicionado, e nos testes de auto-

aquecimento em que amostras cúbicas de

diferentes comprimentos de aresta, são

expostas a diferentes temperaturas.

Tabela 27. Categorias de perigo para produtos químicos que apresentam auto-aquecimento

Categoria Perigo Critérios

(teste de auto-aquecimento) Palavra de

advertência Pictograma

1 Aquece-se

espontaneamente e pode inflamar-se.

Positivo para 25mm a 140°C. Perigo

2

Aquece-se espontaneamente

em grandes quantidades e

pode inflamar-se.

Negativo para 25mm a 140°C, e: Positivo para 100mm a 100°C e

embalagem > 3m3, ou Positivo para 100mm a 120°C e embalagem > 450L,

ou Positivo para 100mm a 100°C.

Atenção

Líquidos ou sólidos pirofóricos

São duas classes de perigo separadas, sólidos

e líquidos, mas são igualmente classificadas

com única categoria de risco cada classe

(Tabela 28).

Tabela 28. Perigo de sólidos ou líquidos pirofóricos

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

1 Inflamam-se espontaneamente em

contato com o ar. Perigo

Produtos químicos auto-reativos ou peróxidos orgânicos

São duas classes de perigo

separadas, auto-reativos

ou peróxidos orgânicos,

que são igualmente

classificadas em sete

categorias de perigo cada

classe (Tabela 29):

AUTO-AQUECIMENTO é a capacidade de um produto químico, quando

aquecido, GERAR CALOR ADICIONAL, pela EXPOSIÇÃO AO AR.

Os sólidos ou líquidos pirofóricos INFLAMAM-SE EM MENOS DE 5 min,

quando EXPOSTOS AO AR.

São compostos TERMICAMENTE INSTÁVEIS, sujeitas a combustão espontânea, propensos a sofrer uma

DECOMPOSIÇÃO FORTEMENTE EXOTÉRMICA com o perigo de explosão. Os peróxidos orgânicos ainda são

sensíveis a choque e atrito ou podem reagir violentamente com outras substâncias.

Page 38: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

32

Tabela 29. Categorias de perigo para produtos químicos auto-reativos ou para peróxidos orgânicos

Categoria Perigo Palavra de

advertência Pictograma

Tipo A Explosivo sob efeito de calor, quando envasado, tem

detonação e deflagração rápida. Perigo

Tipo B Explosivo sob efeito de calor, quando envasado, que não

apresenta detonação ou deflagração rápida. Perigo

Tipo C Explosivo, que se envasado, não apresenta detonação,

deflagração rápida ou explosão sob efeito de calor. Perigo

Tipo D Detonação parcial ou lenta com deflagração lenta e sem reação violenta ao calor, ou reação moderada ao calor,

sem detonação nem deflagração, sob confinamento. Perigo

Tipo E Reage fracamente ou não reage ao calor sob

confinamento, sem detonação ou deflagração. Atenção

Tipo F Reage fracamente ou não reage ao calor sob

confinamento, com poder de explosão baixo ou nulo, sem detonação em estado de cavitação ou total deflagração.

Atenção

Tipo G Não reage ao calor sob confinamento, com poder de

explosão nula, sem detonação em estado de cavitação e sem deflagração.

- -

Substâncias e misturas que, em contato com água, desprendem gases inflamáveis

Estas substâncias e misturas são classificadas em três categorias de perigo (Tabela 30):

Tabela 30. Categorias de perigo para produtos químicos que, em contato com água, desprendem

gases inflamáveis

Categoria Perigo Palavra de

advertência Pictograma

1 Forte reação com a água em temperatura ambiente

desprendendo gases espontaneamente inflamáveis, ou gases inflamáveis em quantidade ≥ 10L/min/Kg do produto.

Perigo

2 Reação imediata com a água em temperatura ambiente desprendendo gases suscetíveis de se inflamarem em

quantidade ≥ 20L/h/Kg do produto. Perigo

Reação lenta com a água em temperatura ambiente

desprendendo gases suscetíveis de se inflamarem em quantidade ≥ 1L/h/Kg do produto.

Atenção

Page 39: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

33

Líquidos oxidantes ou sólidos oxidantes

São duas classes de perigo diferentes, sólidos e

líquidos oxidantes, mas que são igualmente

classificados em três categorias de perigo (Tabela

31) para cada classe, com base em resultados de

testes de tempo de combustão em mistura com

celulose, em comparação com substâncias-padrão

comburentes.

Tabela 31. Categorias de perigo para líquidos oxidantes ou para sólidos oxidantes

Categoria Perigo Palavra de

advertência Pictograma

1 Muito comburente, pode provocar incêndio ou explosão. Perigo

2 Comburente, pode agravar um incêndio. Perigo

3 Comburente, pode agravar, em menor escala, um incêndio. Atenção

Substâncias e misturas corrosivas para os metais

Produtos químicos com

essas características são

classificadas em uma única

categoria (Tabela 32):

Tabela 32. Perigo de substâncias e misturas corrosivas para os metais

Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma

1 Pode ser corrosivo para os metais. Perigo

5.2 Rotulagem de Produto Químico

O fornecedor de certo produto químico deve assegurar que sua identificação com rótulo, no qual

devem estar relatadas as informações essenciais quanto aos riscos à segurança, à saúde e ao meio

ambiente.

O público-alvo é responsável por agir de acordo com uma avaliação de riscos, observando as

recomendações de uso e finalidade do produto químico, por tomar as medidas de precaução

necessárias quanto aos seus perigos, bem como é responsável por preservar as informações do

rótulo do produto químico até sua destinação final adequada.

Nesse subcapítulo, ao citar-se a palavra “norma”, trata-se da parte 3 da ABNT NBR 14725, que

especifica critérios para a rotulagem de produtos químicos. O foco é a rotulagem de produtos

É um COMBURENTE, que tem potencial de AUMENTAR A TAXA OU A INTENSIDADE DA QUEIMA

de um material combustível, quando misturados.

A substância ou mistura que, por AÇÃO QUÍMICA, pode CAUSAR DANOS materiais ou mesmo DESTRUIR

METAIS, é classificada como CORROSIVA.

Page 40: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

34

químicos perigosos, mas determina também o conteúdo de rótulos de produto químico não

classificado como perigoso, que deve ser:

a. Identificação do produto;

b. A frase “Produto quimico não classificado como perigoso de acordo com a ABNT NBR 14725-2”;

c. Recomendações de precaução, quando exigidas e/ou pertinentes;

d. Outras informações.

PRODUTO QUÍMICO CLASSIFICADO COMO PERIGOSO

O rótulo de produto químico classificado como perigoso deve conter as informações a seguir.

Identificação do produto e telefone de emergência do fornecedor:

Deve conter o nome comercial, o nome técnico do produto e o número de telefone de emergência

do fornecedor, que deve oferecer suporte para situações de emergência, fornecendo informações

sobre segurança, saúde (incluindo informações toxicológicas) e meio ambiente.

Page 41: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

35

Composição química:

Deve conter o nome comum de todos os ingredientes ou impurezas que contribuem para o perigo,

e, caso seja segredo industrial, o fornecedor fica desobrigado de identifica-los, e pode declarar como

“Informação confidencial retida”, “Segredo industrial” ou “Informação confidencial”. Mas ainda

assim devem informar os perigos relacionados a todos os ingredientes, mesmo daqueles cujos nomes

não foram revelados, de forma que não comprometa a saúde e a segurança dos trabalhadores ou

consumidores, e a proteção do meio ambiente.

Pictogramas de perigo:

Os pictogramas de perigo do GHS (previstos na norma ABNT 14725), devem estar presentes no

rótulo, sendo cada imagem relacionada a um ou mais perigos à saúde, ao meio ambiente ou perigos

físicos. A embalagem externa pode ter só o pictograma do transporte, para não ocorrer duplicidade

para uma mesma informação de perigo.

Se duas classes de perigo remetem ao uso de um mesmo pictograma, ele só será empregado uma

vez. Nos perigos para a saúde, aplicam-se os seguintes critérios de prioridade: se o símbolo do crânio

com ossos cruzados se aplica, não se usa o ponto de exclamação; se o símbolo de corrosivo se aplica,

o ponto de exclamação não pode ser utilizado quando for usado para irritação aos olhos e pele; e se

o símbolo de perigo à saúde for empregado para sensibilização respiratória, o ponto de exclamação

não pode ser aplicado quando usado para sensibilização à pele ou para irritação aos olhos e pele.

Palavra de advertência:

As palavras de advertencia são “Perigo”, para as categorias mais graves de perigo, e “Atenção” ou

“Cuidado”, para as menos graves, devendo constar no rótulo somente a que represente o maior

perigo presente. Cada categoria de perigo à saúde, ao meio ambiente, ou perigo físico, tem já pré-

definida uma palavra de advertência, segunda a norma.

Page 42: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

36

Frases de perigo:

As frases de perigo são textos padronizados listados na norma, que descrevem o perigo oferecido

pelo produto químico. Para evitar redundância de informação, caso duas frases de perigo apareçam

conjuntamente representando um mesmo perigo, deve-se usar somente a frase que represente o

nível mais grave do perigo.

Frases de precaução:

Deve conter no máximo seis frases de precaução, de acordo com as categorias de perigo,

propriedades específicas do produto e a utilização pretendida, e compreendem informações frases

de precaução gerais, apropriadas aos rótulos dos produtos químicos destinados ao consumidor final

para uso próprio, como “Se for necessário consultar um médico, tenha em mãos a embalagem ou o

rótulo.”, “Mantenha fora do alcance das crianças.” e “Leia o rótulo antes de utilizar o produto.”,

frases de precaução de prevenção, frases de precaução de resposta à emergência, frases de

precaução de armazenamento e frases de precaução de disposição final.

Outras informações:

Deve conter a seguinte frase: “A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Quimicos deste

produto químico perigoso pode ser obtida por meio de…”. Além disso, outras informações de

segurança relevantes podem ser fornecidas, desde que não impeçam a identificação clara das

informações previstas na norma, como por exemplo, as frases suplementares sobre perigos e

precauções, também incluídas na norma.

5.3 Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é um meio de o fornecedor

transferir informações essenciais ao usuário sobre os perigos de uma substância ou mistura, sobre

transporte, manuseio, armazenagem e ações de emergência, possibilitando a ele tomar as medidas

necessárias relativas à segurança, saúde e meio ambiente. Em inglês, essa ficha é chamada de Safety

Data Sheet (SDS).

A elaboração da FISPQ é regulamentada pela parte 4 da norma ABNT NBR 14725, que define o as 16

seções obrigatórias, seu modelo geral de apresentação, numeração e a sequência das seções e as

informações a serem preenchidas e as condições de sua aplicação ou utilização. Essa ficha não é um

documento confidencial, assim, os perigos relativos a qualquer componente da fórmula, mesmo

sendo ela confidencial, devem ser informados.

Veja agora um exemplo de uma FISPQ do produto químico Metanol, da marca Sigma-Aldrich:

Page 43: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

48

A seguir estão descritas todas as seções que devem compor a FISPQ, cujos títulos-padrão, numeração

e sequencia não podem ser alteradas:

Seção 1 – Identificação:

Alternativamente, esse titulo pode ser “Identificação do produto e da empresa”, que deve conter o

nome do produto e o código interno utilizado pela empresa, conforme aparecem no rótulo, além de

alguns dos principais usos recomendados, podendo incluir também breves descrições, como

“retardante de chamas” ou “oxidante”, e restrições especificas. Devem ser informados aqui também

os dados do fornecedor: nome da empresa, endereço, número de telefone de contato e telefone

para emergências.

Seção 2 - Identificação de perigos:

Subseção 2.1: Classificação das substâncias ou mistura, constando classe e categoria de cada perigo,

incluindo a diferenciação dentro de uma mesma classe de perigo, que resulte em frases de perigo

diferentes, como por exemplo, a via de exposição.

Subseção 2.2: Elementos de rotulagem do GHS, incluindo as frases de precaução, as frases de perigo,

palavra de advertência e os pictogramas e perigo, em colorido ou em preto e branco.

Subseção 2.3: Outros perigos que não resultam em uma classificação, mas que contribuem para a

periculosidade geral do produto, como formação de contaminantes do ar, perigo de asfixia ou

congelamento, ou perigos para organismos que vivem no solo.

Seção 3 - Composição e informações sobre ingredientes:

Nessa seção informa-se se o produto químico é uma substância ou uma mistura, o que abrange a

identificação das impurezas e aditivos que contribuem para o perigo.

Substâncias: devem ser identificadas com o nome químico comum ou nome técnico e eventuais

sinônimos, o número de registro no Chemical Abstract Service (número CAS), da mesma forma que

qualquer impureza e/ou aditivo perigoso.

Misturas: devem ser identificadas com o nome químico comum ou nome técnico e eventuais

sinônimos, o número CAS e os valores das concentrações ou a faixa de concentração, em ordem

decrescente, de todos os ingredientes perigosos que estejam presentes em valores superiores aos

de corte/limites de concentração (Tabela 33), ou que possuam limites de exposição ocupacional

estabelecidos. Opcionalmente podem ser listados todos os ingredientes, inclusive os não perigosos.

O fornecedor pode omitir o nome e número CAS, quando for segredo industrial, mas a classificação

de perigo e sua faixa de concentração devem ser informadas, e nesse caso, deve constar uma frase

informativa, como “Informação confidencial” ou “Segredo industrial”.

Page 44: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

49

Tabela 33. Valores de corte/limites de concentração as classes de perigo à saúde e ao meio ambiente

Classe de perigo Limite de concentração

Toxicidade aguda ≥ 1,0 %

Corrosão/Irritação da pele ≥ 1,0 %

Lesões oculares graves/irritação ocular ≥ 1,0 %

Sensibilização respiratória ou da pele ≥ 0,1 %

Mutagenicidade: categoria 1 ≥ 0,1 %

Mutagenicidade: categoria 2 ≥ 1,0 %

Carcinogenicidade ≥ 0,1 %

Toxicidade à reprodução e lactação ≥ 0,1 %

Toxicidade sistêmica a certos órgãos-alvo – exposição única

≥ 1,0 %

Toxicidade sistêmica a certos órgãos-alvo – exposição repetida

≥ 1,0 %

Perigo por aspiração: categoria 1 ≥ 10 % de ingredientes da categoria 1 e

viscosidade cinemática ≤ 20,5 mm2/s a 40°C

Perigo por aspiração: categoria 2 ≥ 10 % de ingredientes da categoria 1 e

viscosidade cinemática ≤ 14 mm2/s a 40°C

Perigoso ao meio aquático ≥ 1,0 %

Seção 4 - Medidas de primeiros-socorros:

Aqui a FISPQ deve tratar das medidas de primeiros socorros que podem ser aplicadas por pessoas

sem treinamento específico, sem uso de equipamentos de adequados e sem dispor de uma ampla

seleção de medicamentos. As instruções sobre primeiros-socorros devem ser fornecidas em função

das vias de exposição pertinentes, usando-se subtítulos para indica-las: inalação, contato com a pele,

contato com os olhos e ingestão. Deve-se fornecer instruções sobre se a atendimento médico deve

ser imediato e se são esperados efeitos retardados após a exposição, se é recomendável remover a

pessoa exposta para um local ventilado, ou remover roupas e calçado, ou se os socorristas precisam

usar EPI, ou outras medidas de proteção, além das subseções a seguir:

Subseção 4.1: Sintomas e efeitos mais importantes, agudos ou tardios, após a exposição.

Subseção 4.2: Notas para o médico, quando apropriado, sobre ensaios clínicos, monitoramento,

antídotos e as contraindicações.

Seção 5 - Medidas de combate a incêndio:

Subseção 5.1: Meios de Extinção, informações sobre meios apropriados de extinção, e, indicação dos

meios de extinção inadequados.

Subseção 5.2: Perigos específicos da substância ou mistura, como produtos perigosos oriundos da

decomposição térmica ou da combustão, indicando, por exemplo, “pode produzir fumos tóxicos de

Page 45: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

50

monóxido de carbono, em caso de incendio”, ou produz óxidos de enxofre e de nitrogenio, em caso

de combustão”.

Subseção 5.3: Medidas de proteção da equipe de combate ao incêndio, como “mantenha os

recipientes resfriados com água”.

Seção 6 - Medidas de controle para derramamento ou vazamento:

Recomendam-se nessa seção as medidas que devem ser tomadas em caso de derramamento,

vazamento, fuga ou perda, inclusive medidas de intervenção em função do volume do vazamento

(grande ou pequeno) quando este influencia a magnitude do perigo que se apresenta.

Subseção 6.1: Precauções pessoais, equipamentos de proteção e procedimentos de emergência, que

são 1) Para o pessoal que não faz parte dos serviços de emergência: utilização equipamento de

proteção adequado para impedir qualquer contaminação da pele, olhos ou roupa, necessidade de

eliminar as fontes de ignição, propiciar ventilação suficiente, evacuar a área de risco, ou consultar

um especialista, e 2) Para o pessoal do serviço de emergência: material adequado da roupa de

proteção (por exemplo, material adequado: butileno; não adequado: PVC).

Subseção 6.2: Precauções ao meio ambiente, como “manter afastado de águas superficiais e

subterrâneas”.

Subseção 6.3: Métodos e materiais para a contenção e limpeza, como barreira de proteção,

fechamento do sistema de coleta de água/esgoto e instalação de revestimento para a contenção, e

técnicas de neutralização e descontaminação, aspiração ou material absorvente para a limpeza.

Seção 7 - Manuseio e armazenamento:

Deve indicar práticas seguras com ênfase nas precauções em função do uso previsto e das

propriedades específicas da substância ou mistura.

Subseção 7.1: Precauções para o manuseio seguro, prevenção do manuseio de produtos

incompatíveis e minimização da liberação do produto no meio ambiente, além de recomendações

gerais de higiene, como “proibido comer, beber ou fumar nas áreas de trabalho”, “lave as mãos após

o uso do produto”, e “remova a roupa e o equipamento de proteção contaminados antes de entrar

nas áreas de alimentação”.

Subseção 7.2: Condições de armazenamento seguro, incluindo qualquer incompatibilidade, sendo 1)

como evitar atmosferas explosivas, condições corrosivas, perigos relacionados com a

inflamabilidade, armazenamento de produtos incompatíveis, condições de evaporação e fontes de

ignição, 2) necessidade de controle efeitos de condições climáticas, pressão ambiente, temperatura,

luz solar, umidade e vibrações, 3) como manter a integridade do produto mediante o emprego de

estabilizantes ou antioxidantes, e 4) outras recomendações, como requisitos para ventilação ou para

salas/reservatórios de armazenamento, limite de quantidade de armazenamento (se aplicável) e

embalagens compatíveis.

Page 46: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

51

Seção 8 - Controle de exposição e proteção individual

Subseção 8.1: Parâmetros de controle, ou limites de monitorização ambiental e biológica, quando

disponíveis, com referências e de acordo com legislações nacionais, para cada substância ou

componente da mistura, inclusive contaminando do ar formados pela utilização do produto.

Subseção 8.2: Medidas de controle de engenharia, como por exemplo, “manter as concentrações do

produto no ar abaixo dos limites e exposição ocupacional”, “utilizar sistema de ventilação geral ou

exaustor local”, “utilizar somente em sistema fechado ou hermético”, “manusear mecanicamente

para reduzir o contato das pessoas com o produto”, ou “usar medidas de controle para poeiras com

caracteristicas explosivas”.

Subseção 8.3: Medidas de proteção pessoal, ou EPI, necessário para minimizar o potencial de danos

à saúde, devido à exposição ao produto, o que inclui proteção de olhos/face, proteção da pele,

proteção respiratória e proteção contra perigos térmicos. Exigências especiais, quando pertinentes,

devem ser claramente especificadas, como por exemplo, luvas de PVC ou luvas de borracha nitrílica,

espessura e tempo de desgaste do material da luva, ou especificações de máscaras.

Seção 9 - Propriedades físicas e químicas

Deve apresentar as seguintes informações empíricas da substância ou dos produtos, de acordo com

o Sistema Internacional de Unidades:

a) Aspecto (estado físico, forma, cor, etc.)

b) Odor e limite de odor

c) pH

d) Ponto de fusão/ponto de congelamento

e) Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição

f) Ponto de fulgor

g) Taxa de evaporação

h) Inflamabilidade

i) Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade

j) Pressão de vapor

k) Densidade de vapor

l) Densidade relativa

m) Solubilidade

n) Coeficiente de partição – n-octanol/água

o) Temperatura de autoignição

p) Temperatura de decomposição

q) Viscosidade

Seção 10 - Estabilidade e reatividade

Subseção 10.1: Reatividade, específicos da substância, ou dados genéricos sobre a classe ou família

a que pertence quando a representarem adequadamente, e incompatibilidades, considerando o

produto, recipiente e possíveis contaminações.

Subseção 10.2: Estabilidade química, indicando em que condições normais de temperatura e

pressão, durante armazenagem ou manuseio, o produto é estável ou instável, com a descrição de

Page 47: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

52

estabilizantes que possam ser usados e indicação de qualquer mudança na aparência física que seja

importante, do ponto de vista da segurança.

Subseção 10.3: Possibilidade de reações perigosas, se o produto reage ou polimeriza, e em quais

condições, liberando excesso de pressão ou calor, ou gerando outras condições perigosas.

Subseção 10.4: Condições a serem evitadas, como calor, pressão, choque, impacto, atrito, luz,

descarga estática ou vibrações.

Subseção 10.5: Materiais incompatíveis, listados por classes de substância químicas com as quais há

risco de reação que produza alguma situação perigosa, como explosão, liberação de produtos tóxicos

ou inflamáveis ou liberação de calor excessivo.

Subseção 10.6: Produtos perigosos de decomposição, conhecidos e razoavelmente previstos,

resultantes de manuseio, armazenagem e aquecimento (exceto produtos de combustão).

Seção 11 - Informações toxicológicas

Essa seção é utilizada principalmente por profissionais médicos, toxicologistas e profissionais da área

de segurança do trabalho, assim, deve-se fornecer uma descrição concisa, completa e compreensível

dos vários efeitos toxicológicos, bem como os dados disponíveis para identificar esses efeitos, para

cada uma das classes de perigo à saúde. Se informação em alguma dessas classes de perigo não

estiver disponível, deve-se mencionar “não disponivel”.

Para cada classe de perigo à saúde que seja relacionada, deve-se indicar as vias de exposição

(ingestão, inalação e/ou exposição dérmica), sintomas relativos às características físicas, químicas e

toxicológicas, efeitos tardios e imediatos e também efeitos crônicos de curto e longo períodos de

exposição, dados numéricos de toxicidade (como estimativas de toxicidade aguda) associados a

sintomas e efeitos, efeitos de interação (como adição, potenciação, sinergia ou antagonismo), dados

químicos específicos, classificação das misturas em comparação com a classificação dos ingredientes

separadamente, e outras informações pertinentes.

Seção 12 - Informações ecológicas

Deve-se fornecer informações para avaliar o impacto ambiental do produto químico, quando

liberado no meio ambiente, que auxiliam em casos de vazamentos e derramamentos, bem como nas

práticas de tratamento de resíduos. Deve-se indicar claramente as espécies, o meio, as unidades, as

condições e a duração dos ensaios. Se a informação não estiver disponível, deve-se mencionar.

Subseção 12.1: Ecotoxicidade, informações fornecidas através de dados de ensaios realizados em

organismos aquáticos e/ou terrestres, como toxicidade aguda e crônica para diversos organismos, e

quando houver efeito inibidor de micro-organismos, deve ser mencionado o possível impacto em

estações de tratamento de esgotos.

Subseção 12.2: Persistência e degradabilidade, com base em dados como tempo de meia vida de

degradação, indicando se foi obtido por mineralização ou por degradação primária.

Subseção 12.3: Potencial bioacumulativo, com referência para ensaios de coeficiente de partição n-

octanol/água (Kow) e fator de bioconcentração (FBC ou BCF).

Page 48: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

53

Subseção 12.4: Mobilidade no solo, a partir de resultados de estudos de adsorção e lixiviação, como

coeficiente de partição solo/água (Koc), ou dados preditivos, sem prevalência sobre os reais.

Subseção 12.5: Outros efeitos adversos, como danos ambientais, potencial de diminuição da camada

de ozônio, de formação de ozônio fotoquímico, de perturbação do sistema endócrino ou de

contribuição com o aquecimento global.

Seção 13 - Considerações sobre destinação final

Alternativamente esse título-padrão pode ser “Considerações sobre tratamento e disposição”.

Subseção 13.1: Métodos recomendados para destinação final, informações seguras e

ambientalmente aprovadas e regulamentadas, para produtos e embalagens usadas, como

coprocessamento, incineração ou reciclagem.

Seção 14 - Informações sobre o transporte

Deve conter informações sobre códigos e classificação de acordo com regulamentações nacionais e

internacionais, diferenciadas pelo meio de transporte, se terrestre (ferrovias e rodovias), hidroviário

(marítimo, fluvial, lacustre) ou aéreo, sendo indicados, para cada um desses modos, o número ONU,

o nome apropriado para embarque, a classe/subclasse de risco principal e subsidiário, se houver, o

número de risco, o grupo de embalagem e o perigo ao meio ambiente. Se qualquer informação não

estiver disponível, deve-se mencionar.

Seção15 - Informações sobre regulamentações

Alternativamente esse título-padrão pode ser “Regulamentações”, onde se descreve qualquer outra

regulamentação que ainda não tenha sido citada, como de substâncias sujeitas a proibição ou

restrição, e exigências do Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério

do Exército, Departamento de Polícia Federal, Acordo Mercosul, Convenção de Armas Químicas,

Convenção de Estocolmo, Convenção de Rotterdam, Protocolo de Montreal, Protocolo de Kyoto, etc.

Seção 16 - Outras Informações

Deve fornecer outras informações importante, como necessidades especiais de treinamento ou

dados do fabricante, além das referências bibliográficas, legendas e abreviações usadas na FISPQ.

5.4 Incompatibilidades entre produtos químicos

Produtos químicos incompatíveis são substâncias que quando combinadas, produzem reações muito

exotérmicas que podem ser violentas, explosivas, ou que podem liberar substâncias tóxicas,

geralmente gases. Para saber como pode ser o armazenamento de forma segura dos produtos

químicos e os riscos de eventuais misturas podem ocasionar, quando não se tem pleno

conhecimento sobre quais são as funções químicas, deve-se consultar a literatura, inclusive a

indicada nos links deste texto, e buscar auxílio dos técnicos e docentes.

Page 49: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

54

MISTURA DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICOS

Tabela de Compatibilidade de Misturas:

A mistura de reagentes no preparo de soluções e principalmente no momento do descarte, pode

provocar reações com uma série de consequências adversas, que em alguns casos podem ser

perigosas. Para se prever qual é o risco que misturas binárias entre produtos químicos perigosos

pode representar, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (sigla em inglês, EPA)

elaborou uma Tabela de Compatibilidade de Resíduos Perigosos (veja aqui), com base em grupos de

características químicas similares (Tabela 34).

Tabela 34. Tabela de compatibilidade de resíduos perigosos (misturas binárias)

#

1 1

2 2 H

3G

H3 F

4 HH

F

H

P4 G

5H

P

H

P

H

P5 Gt

6 HH

Gt6 Gf

7 HH

Gt

H

PH 7 E

8H

G

H

Gt

H

G

H

GH 8 P

9H

G

H

Gt

H

G9 S

10 H H H HH

G10 U

11Gt

Gf

Gt

Gf

Gt

GfG 11

12H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H F

GfU

H

G12

13 HH

F

H

GH 13

14 HH

Gt14

15 Gt Gt Gt 15

16H

F16

17H

Gt

H F

Gt

H

Gt

H

G

H

GtH 17

18H

G

H F

Gt

H

G

H

P

H

P

H

G

H

Gt

H

GU 18

19 HH

F

H

G

H

GtH 19

20Gt

Gf

H F

Gt

H

GH H H 20

21H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H

Gf

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Gf

H F

Gf

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Gf

H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H

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Gf

H

Gf

H

Gf

H21

22H F

Gf

H F

Gf

G

F

H F

Gt

H

Gf

H

E

Gf

H

H F

Gf22

23H F

Gf

H F

Gf

H F

G

H

F 23

24 S S S S S S 24

25H F

Gf

H F

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H

Gf

H E

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H

GfU

H

GU

H

Gf

H

Gf

H

Gf

H

GfU

H

Gf

H

GfE 25

26H Gt

Gf

H F

GfH U

H

PS

H

Gf26

27H F

GtH

H

E

H E

Gf

H E

Gf27

28 HH

FH

H

E28

29 H F 29

30H

G

H

E

H

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H

G

H

Gt

H F

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H F

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Gt

H F

Gt

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Gt

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G

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Gf

H P

Gt

H

P30

31 HH

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H

G

H

P

H

Gf

H

GfH 31

32H

Gt

H

GtU

H

EH U 32

33Gt

Gf

H F

GfGt H E H

H

Gt33

34H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

PU

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

PU

H

P34

101H

G

H F

Gf

H F

G

H F

Gf

H F

Gt101

102H

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H

E

H

E

H

E

H

E

H

E

H

E

H

EE E

H

E

H

E

H

E

H

E

H

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103H

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H

P

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P

H

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H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P

H

P103

104H

Gt

H

Gt

H

F

H

F

H

Gt

H

Gt

H

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H F

Gt

H E

Gt

H F

Gt

H F

Gf

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Gt

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H F

Gt

H F

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H F

E

H

F

H F

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H F

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H

E

H

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H

F

H

Gt

H

F

H F

Gt

H F

Gt

H F

Gt

H F

Gt104

105 H

Gf

H F

T

H

Gf

H F

Gf

H F

Gf

H

Gf

H

Gf

H

G

H

Gt

H

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H

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H

Gf

H

Gf

H

Gf

H

Gf

H

E

H

E

H

Gf

H Gt

GfH

H

Gf

H

F

H P

Gf

H F

E105

106 H H GH

Gf

H

Gf

H

GfS

H

Gf

Gt

Gf

Gt

Gf

Gt

Gf106

107 107

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 101 102 103 104 105 106 107

LEGENDA

COMPATÍVEL

CALOR

COMBUSTÃO/FOGO

GÁS INÓCUO E NÃO INFLAMÁVEL

GÁS TÓXICO

INFLAMÁVEL

EXPLOSÃO

POLIMERIZAÇÃO VIOLENTA

SOLUBILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

DESCONHECIDO

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX EXTREMAMENTE REATIVO - NÃO MISTURAR COM NENHUMA OUTRA SUBSTÂNCIA QUÍMICA XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Font

e: U

nite

d St

ates

Env

iron

men

tal P

rote

ctio

n A

gen

cy, E

PA-6

00/2

-80-

076

Page 50: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

55

Essa ferramenta prática lista numericamente 41 grupos de reatividade (Tabela 34), dos quais os

grupos 1 a 34 são classificados por classes químicas ou grupos funcionais, e os outros 7 são baseados

em reatividade química geral, denominados grupos 101 a 107, como apresentado na Tabela 35:

Tabela 35. Número de grupo de reatividade (NGR) e o grupo químico correspondente

NGR Nome do Grupo

1 Ácido mineral não-oxidante

2 Ácido mineral oxidante

3 Ácido orgânico

4 Álcoois e Glicóis

5 Aldeídos

6 Amidas

7 Aminas alifáticas e aromáticas

8 Azo-compostos, diazo-compostos e hidrazinas

9 Carbamatos

10 Cáusticos

11 Cianetos

12 Ditiocarbamatos

13 Ésteres

14 Éteres

15 Fluoretos inorgânicos

16 Hidrocarbonetos aromáticos

17 Orgânicos halogenados

18 Isocianatos

19 Cetonas

20 Mercaptanos e outros sulfitos orgânicos

21 Metais alcalinos e alcalinos terrosos, elementais e ligas

22 Outros metais, elementais e ligas, na forma de pó, vapor ou poroso

23 Outros metais, elementais e ligas, em folhas, lascas, barras, gotas, etc.

24 Metais tóxicos e seus compostos

25 Nitritos

26 Nitrilas

27 Nitro-compostos

28 Hidrocarbonetos alifáticos insaturados

29 Hidrocarbonetos alifáticos saturados

30 Peróxidos e hidroperóxidos orgânicos

31 Fenóis e Cresóis

32 Organofosfatos, fosfotioatos e fosfoditioatos

33 Sulfitos inorgânicos

34 Epóxidos

101 Materiais combustíveis e inflamáveis

102 Explosivos

103 Compostos polimerizantes

104 Agentes oxidantes fortes

105 Agentes redutores fortes

106 Água e misturas contendo água

107 Substâncias que reagem com água

Page 51: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

56

Procedimento para uso da Tabela de Compatibilidade para Misturas

Para a combinação binária de quaisquer grupos de reatividade, basta utilizar as Tabelas 34 e 35, com

o Número do Grupo de Reatividade (NGR) das duas substâncias químicas que serão verificadas, e

seguir o passo a passo a seguir:

ARMAZENAMENTO

Há uma série de regras gerais para o armazenamento de produtos químicos em pequenas

quantidades, como é o caso dos reagentes de uso geral em nossos laboratórios:

Produtos químicos não devem ser estocados por ordem alfabética;

Separar todos os reagentes em grupos quimicamente compatíveis;

Manter grupos incompatíveis distantes um do outro, de preferência em armários diferentes;

Separar líquidos de sólidos, para evitar um meio propício a reações, no caso de quebra de frascos;

A distância da separação entre frascos em uma prateleira deve ser o suficiente para prevenir a

mistura de incompatíveis no caso de queda e quebra dos recipientes. Para isso, quando dispostos

lado a lado, deve-se intercalar os produtos químicos perigosos com reagentes inertes;

Os produtos químicos deverão ser armazenados com seus rótulos originais intactos, ou, no caso

de rótulo deteriorado ou de fracionamento do reagente, deve ser preparada a rotulagem de

acordo com a norma NBR ABNT 14725-3;

O local de armazenamento dos reagentes, salas ou câmaras e armários, geladeiras ou freezers,

deve ser previamente definido e sinalizado, inclusive com referência aos perigos.

Devem ser organizados de forma que sejam localizados com facilidade, por exemplo, usando um

sistema de codificação interna do laboratório;

A lista dos reagentes do laboratório deve ser bastante detalhada, contendo dados sobre a

quantidade armazenada e indicação precisa da localização (por exemplo: armário X, prateleira Y);

Mesmo que a lista de reagentes possa ser acessada de forma digital, obrigatoriamente deve haver

uma cópia impressa e mantida próxima à área de armazenamento, pois é um importante material

de consulta em caso de derramamentos ou vazamentos.

Os seguintes grupos de produtos químicos devem ser separados um do outro:

Ácidos e bases;

Ácidos orgânicos (tem cadeias carbônicas) e ácidos inorgânicos;

Agentes oxidantes (cloratos, cromatos, dicromatos, peróxidos, ácido nítrico, nitrato, etc.) e

agentes redutores (amônia, carbono, metais, hidretos metálicos, fósforo, enxofre, etc.);

Pesquise na Tabela 35 qual é o NGR correspondente aos compostos que serão avaliados

Encontre o NGR do primeiro composto na primeira coluna da Tabela 34

Encontre o NGR do segundo composto na diagonal dos últimos quadrados das linhas

Percorra a tabela até encontrar o quadrado da intersecção entre os dois NGR

Veja na legenda o que significam as siglas dos efeitos que podem ocorrer nessa reação

1

2

3

4

5

Page 52: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

57

Ácido Perclórico, Ácido Nítrico e Ácido Fluorídrico devem ser separados entre si e isolados de

todas as outras substâncias.

Além disso, há grupos de produtos químicos altamente perigosos, que devem ser segregados

distante de todos os outros grupos e que devem ser armazenados em local e em armários com tipo

de construção planejada para que atenda aos requisitos de segurança. São eles:

Materiais potencialmente explosivos

Materiais que reagem com água

Substâncias pirofóricas

Materiais formadores de peróxidos

Materiais que sofrem polimerização

Gases tóxicos sob pressão

Produtos químicos que envolvam perigo: inflamáveis, tóxicos e carcinogênicos.

Quando possível, deve-se organizar isoladamente todos os grupos de armazenamento em armários

separados. Se o espaço não permitir, pode-se seguir o

diagrama sugerido ao lado para combinar diferentes

grupos. O uso de um recipiente secundário é

recomendado para prevenir que projeções de um

produto atinja o frasco de um outro material

incompatível no mesmo armário.

Os grupos de armazenamento são os seguintes:

A) Bases orgânicas compatíveis;

B) Pirofóricos e produtos químicos que reagem com

água compatíveis;

C) Bases inorgânicas compatíveis;

D) Ácidos orgânicos compatíveis;

E) Oxidantes, incluindo peróxidos, compatíveis;

F) Ácidos inorgânicos compatíveis, sem incluir

oxidantes e combustíveis;

G) Produtos químicos não reativos, não inflamáveis

e não combustíveis;

X) Incompatíveis com todos os outros grupos de

armazenamento.

Casos específicos precisam de atenção especial no atendimento das seguintes regras:

Produtos inflamáveis, como solventes orgânicos e metais reativos, nunca devem ser

armazenados em geladeiras comuns, pois há perigo de explosão, mas sim em armários

metálicos, com porta corta-fogo e anti-explosão, apropriados para esse risco, separando os

inorgânicos dos orgânicos e obedecendo os critérios de compatibilidade entre os grupos

A G L

L G

G

G

D

C E

F E

Prateleira 1

Prateleira 2

Prateleira 3

Prateleira 4

X B Isolados de

todos os outros Isolados de

todos os outros

Page 53: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

58

químicos; há armários desse tipo disponíveis na sala de estoque de reagentes inflamáveis, no piso

inferior do Bloco 14, para os quais somente os técnicos devem ter acesso;

Produtos químicos com facilidade de evaporação devem ser mantidos sempre sob temperatura

controlada e afastados de fontes de calor, como insolação direta.

Produtos químicos tóxicos e carcinogênicos devem ser estocados em armários isolados, em

armários trancados, sob controle de acesso do técnico do laboratório;

Materiais muito tóxicos ou perigosos, e mercúrio metálico, devem também ser acondicionados

em frascos resistentes, dentro de recipiente secundário, como bandeja, caixa plástica

organizadora ou dessecador de material resistente;

Reagentes com odor muito forte devem ser colocados em recipientes secundários bem fechados.

Na Tabela 36 apresentam-se as principais incompatibilidades químicas entre substâncias:

Tabela 36. Tabela de incompatibilidade química

Substância Incompatível com

Acetileno Cloro, Bromo, flúor, Cobre, Prata, Mercúrio

Ácido acético Ácido crômico, ácido perclórico, peróxidos, permanganatos, ácido nítrico, etilenoglicol

Acetona Misturas de ácidos sulfúrico e nítrico concentrados, Peróxido de hidrogênio

Ácido crômico Ácido acético, naftaleno, cânfora, glicerol, turpentina, álcool, outros líquidos inflamáveis

Ácido hidrociânico Ácido nítrico, álcalis

Ácido fluorídrico anidro, fluoreto de hidrogênio

Amônia (aquosa ou anidra)

Ácido nítrico concentrado

Ácido cianídrico, anilinas, óxidos de cromo VI, sulfeto de hidrogênio, líquidos e gases combustíveis, ácido acético, ácido crômico

Ácido oxálico Prata e mercúrio

Ácido perclórico Anidrido acético, álcoois, bismuto e suas ligas, papel, madeira

Ácido sulfúrico Cloratos, percloratos, permanganatos e água

Alquil alumínio Água

Amônia anidra Mercúrio, cloro, hipoclorito de cálcio, iodo, bromo, ácido fluorídrico

Anidrido acético Compostos com hidroxil tais como etilenoglicol, ácido perclórico

Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio

Azida sódica Chumbo, cobre e outros metais

Bromo e Cloro Benzeno, hidróxido de amônio, benzina de petróleo, hidrogênio, acetileno, etano, propano, butadienos, pós-metálicos

Carvão ativo Dicromatos, permanganatos, ácido nítrico, ácido sulfúrico, hipoclorito de sódio

Cloro Amônia, acetileno, butadieno, butano, outros gases de petróleo, hidrogênio, carbeto de sódio, turpentine, benzeno, metais finamente divididos, benzinas e outras frações do petróleo

Cianetos Ácidos e álcalis

Page 54: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

59

Cloratos, percloratos, clorato de potássio

Sais de amônio, ácidos, metais em pó, matérias orgânicas particuladas, substâncias combustíveis

Cobre metálico Acetileno, peróxido de hidrogênio, azidas

Dióxido de cloro Amônia, metano, fósforo, sulfeto de hidrogênio

Flúor Isolado de tudo

Fósforo Enxofre, compostos oxigenados, cloratos, percloratos, nitratos, permanganatos

Halogênios (Flúor, Cloro, Bromo e Iodo)

Amoníaco, acetileno e hidrocarbonetos

Hidrazida Peróxido de hidrogênio, ácido nítrico e outros oxidantes

Hidrocarbonetos (butano, propano, tolueno)

Ácido crômico, flúor, cloro, bromo, peróxidos

Iodo Acetileno, hidróxido de amônio, hidrogênio

Líquidos inflamáveis Ácido nítrico, Nitrato de amônio, óxido de cromo VI, peróxidos, flúor, cloro, bromo, hidrogênio

Mercúrio Acetileno, ácido fulmínico, amônia

Metais alcalinos Dióxido de carbono, tetracloreto de carbono, outros hidrocarbonetos clorados

Nitrato de amônio Ácidos, pós-metálicos, líquidos inflamáveis, cloretos, enxofre, compostos orgânicos em pó

Nitrato de sódio Nitrato de amônio e outros sais de amônio

Óxido de cálcio Água

Óxido de cromo VI Ácido acético, glicerina, benzina de petróleo, inflamáveis, naftaleno,

Oxigênio Óleos, graxas, hidrogênio, líquidos, sólidos e gases inflamáveis

Perclorato de potássio Ácidos

Permanganato de potássio

Glicerina, etilenoglicol, Ácido sulfúrico

Peróxido de hidrogênio Cobre, Cromo, Ferro, álcoois, acetonas, substâncias combustíveis

Peróxido de sódio Ácido acético, Anidrido acético, benzaldeído, etanol, metanol, etilenoglicol, Acetatos de metila e etila, furfural

Prata e sais de Prata Acetileno, ácido tartárico, ácido oxálico, compostos de amônio.

Sódio Dióxido de carbono, tetracloreto de carbono, outros hidrocarbonetos clorados

Sulfeto de hidrogênio Ácido nítrico fumegante, gases oxidantes

Page 55: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

60

6. DESCARTE DE RESÍDUOS

Os resíduos são definidos segundo sua origem e classificados de acordo com o seu risco em relação

ao homem e ao meio ambiente em resíduos urbanos e resíduos especiais. O resíduo urbano é

também conhecido como lixo doméstico, gerados nas residências, no comércio ou em outras

atividades desenvolvidas nas cidades, como lixos de varrição. O resíduo especial é aquele gerado em

indústrias ou serviços de saúde, que, pelo perigo que representa à saúde pública e ao meio ambiente,

exige maior cuidado no seu acondicionamento, transporte, tratamento e destinação final.

Como classificar os resíduos?

Por sua natureza física: seco e molhado;

Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;

Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos ou não-inertes.

De acordo com a norma NBR 10.004/2004 da ABTN, os resíduos são classificados em:

Classe I - Perigosos:

Apresentam perigos ao meio ambiente ou à saúde pública associados às suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, que portanto, exigem

tratamento e disposição especiais;

Classe II – Não perigosos:

- Classe II A – não inertes:

Tem propriedades como solubilidade em água, biodegradabilidade ou combustibilidade;

Classe II B – inertes:

Não tem nenhum de seus constituintes solúveis em concentrações superiores aos padrões

de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Abordaremos nesse capítulo com mais detalhamento o gerenciamento dos resíduos perigosos,

sendo que a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, como estabelecimento de ensino e

pesquisa na área de saúde, está sujeita à aplicação da norma da ANVISA RDC nº 222/2018 (veja aqui),

que regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).

6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde

A norma RDC 222 estabelece que, para a obtenção de licença sanitária, todo serviço gerador deve

dispor de um Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde (PGRSS), em conformidade

com as ações de proteção à saúde pública, do trabalhador e do meio ambiente, com a

regulamentação sanitária e ambiental e com as normas de coleta e transporte dos serviços locais de

limpeza urbana. Esse plano, cuja elaboração, implantação e monitoramento é de responsabilidade

do gerador, deve contemplar:

Procedimentos relacionados a geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta,

armazenamento, transporte, tratamento, disposição final ambientalmente adequada e, quando

for o caso, logística reversa dos RSS;

Page 56: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

61

Ações para situações de emergência e acidentes decorrentes do gerenciamento dos RSS;

Medidas preventivas e corretivas de controle integrado de vetores e pragas urbanas;

Estimativa da quantidade de RSS gerado;

Programas de capacitação para todas as unidades geradoras e setor de limpeza e conservação;

Apresentação de documentos comprobatórios de treinamentos, de operação de venda ou de

doação dos RSS destinados à recuperação, à reciclagem, à compostagem e à logística reversa, e

cópia do contrato e da licença ambiental da empresa prestadora de serviços contratada para a

destinação final de RSS.

6.2 Classificação e gerenciamento dos RSS

GRUPO A: RESÍDUO BIOLÓGICO

O grupo A é identificado, no mínimo, pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco,

desenho e contornos pretos, acrescido da expressão RESÍDUO INFECTANTE.

São RSS com possível presença de agentes biológicos que podem apresentar risco de infecção.

Subgrupo A1:

Culturas e estoques de microrganismos, meios de cultura e instrumentos utilizados para

transferência, inoculação ou mistura de culturas, resíduos manipulação genética e de fabricação

de produtos biológicos (exceto de medicamentos hemoderivados).

Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, que podem ser

descartadas diretamente no sistema de coleta de esgotos após o tratamento, e recipientes ou

material que os contenha, além de bolsas de sangue ou de hemocomponentes rejeitadas;

RSS de atividades de vacinação com microrganismos vivos, atenuados ou inativados, incluindo

frascos e seringas, quando desconectadas. As agulhas ou o conjunto seringa-agulha não

desconectado, deve atender às regras de manejo dos resíduos perfurocortantes;

RSS resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais com

suspeita ou certeza de contaminação por agente biológico de classe de

risco 4.

Os RSS desse subgrupo devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final, para a redução ou eliminação da carga microbiana, na própria unidade geradora, para o caso de microrganismos das classes de risco 3 e 4, ou também fora dela, para classes 1 e 2, após acondicionados de forma compatível com o tratamento.

Subgrupo A2:

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a

processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações, e

os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância

Page 57: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

62

epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo

anatomopatológico ou confirmação diagnóstica.

Os RSS desse subgrupo devem ser tratados, dentro (microrganismos de alto risco) ou fora da unidade geradora, antes de serem encaminhados para disposição final. Após o tratamento, devem ser acondicionados em saco branco leitoso, identificado com a inscrição “PEÇAS ANATÔMICAS DE ANIMAIS”. Se outra solução for necessária, em função do porte do animal, deve haver autorização prévia dos órgãos de saúde e ambiental competentes.

Subgrupo A3:

Peças anatômicas humanas (membros) e feto sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas

ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não

tenham valor científico ou legal e não tenham sido requisitados pelo paciente ou seus familiares.

Os RSS desse subgrupo devem ser destinados para incineração, acondicionados em sacos identificados como "PEÇAS ANATÔMICAS", ou para cremação ou sepultamento.

Subgrupo A4:

Sobras de amostras e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de

pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4;

Cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos;

Kits descartados de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores;

Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento

médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

Resíduos de tecido adiposo proveniente de cirurgias como lipoaspiração ou lipoescultura;

Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue

ou líquidos corpóreos na forma livre;

Peças anatômicas (órgãos e tecidos), incluindo a placenta, e outros resíduos provenientes de

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos e de confirmação diagnóstica;

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

Os RSS desse subgrupo devem ser devem ser acondicionados em saco branco leitoso e encaminhados para a disposição final ambientalmente adequada.

Subgrupo A5:

Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos e os materiais resultantes da atenção à saúde de casos

suspeitos ou confirmados de alta infectividade para príons.

Os RSS desse subgrupo devem ser devem ser encaminhados para incineração, segregados e acondicionados em saco vermelho duplo (barreira de proteção) e contidos em recipiente exclusivo e identificado.

Page 58: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

63

GRUPO B: RESÍDUO QUÍMICO

O grupo B é identificado por meio de símbolo e frase de risco associado à periculosidade do resíduo

químico, e outros símbolos e frases do GHS também podem ser utilizados.

São RSS contendo produtos químicos que apresentam periculosidade à

saúde pública ou ao meio ambiente, por sua quantidade e por suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,

carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade. Nesta classe

incluem-se produtos farmacêuticos, resíduos de saneantes, desinfetantes ou

desinfestantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para

laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes, efluentes de processadores de

imagem (reveladores e fixadores), efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises

clínicas, ou demais produtos considerados perigosos.

Os RSS do grupo B com características de periculosidade, se sólidos, devem ser dispostos em aterro para resíduos perigoso, se líquidos, devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final, pois é proibido a disposição final de líquidos em aterros sanitários;

Os RSS do grupo B que não apresentem periculosidade à saúde pública ou ao meio ambiente não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de recuperação ou reutilização;

Para o acondicionamento antes do descarte, as incompatibilidades das substâncias químicas e das misturas, como visto no Capítulo 5 desse Manual, devem ser observadas;

Quanto às embalagens e material contaminado, devem ser submetidos ao mesmo manejo do produto químico que os contaminou; as embalagens vazias podem ser utilizadas para acondicionamento de RSS do grupo B observada a compatibilidade química, ou são consideradas rejeitos, e somente embalagens vazias de produtos sem periculosidade podem ser enviadas para reciclagem;

A RDC 222 da ANVISA ainda estabelece normas para diversos tipos de descartes, como pilhas e baterias, várias classes de medicamentos e suas embalagens, resíduo radiológico e rejeitos contendo metais pesados, como por exemplo, o Mercúrio na forma elementar líquida, que deve ser descartado sob selo d’água;

A NBR 10.004 da ABNT lista uma série de fontes de resíduos, identificando nelas os constituintes perigosos e as características de periculosidade (anexos A e B da norma), bem como lista as substâncias que conferem periculosidade aos resíduos (anexo C), agudamente tóxicas (anexo D), ou tóxicas (anexo E), cuja consulta pode auxiliar na identificação do perigo do resíduo que se queira descartar.

Page 59: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

64

GRUPO C: REJEITOS RADIOATIVOS

O grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante, o trifólio

de cor magenta ou púrpura em rótulo de fundo amarelo, acrescido da

expressão MATERIAL RADIOATIVO, REJEITO RADIOATIVO ou RADIOATIVO.

É qualquer resíduo que contenha radionuclídeo em quantidade superior aos

níveis de dispensa especificados em norma da Comissão Nacional de Energia

Nuclear.

Os rejeitos radioativos devem ser segregados de acordo com o radionuclídeo ou natureza da radiação, estado físico, concentração e taxa de exposição, e devem ser armazenados em condições adequadas para o tipo de descarte (por exemplo, se orgânico ou perfurocortante);

Deve ser armazenado por tempo suficiente para o decaimento do elemento radioativo, até atingir o limite apropriado para a dispensa, quando o rótulo de "REJEITO RADIOATIVO" deve ser retirado, após medição da radiação, permanecendo a identificação dos demais riscos presentes, seguindo então para disposição final adequada.

GRUPO D: RESÍDUO COMUM

O grupo D deve ser identificado conforme definido pelo órgão de limpeza urbana. São resíduos que

não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser

equiparados aos resíduos domiciliares, como papel de uso

sanitário, fraldas, absorventes higiênicos, peças descartáveis

de vestuário, gorros e máscaras descartáveis, resto alimentar

de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia

de venóclises, luvas de procedimentos que não entraram em

contato com sangue ou líquidos corpóreos, equipo de soro,

abaixadores de língua e outros similares não classificados

como grupo A1, sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resto alimentar de refeitório,

resíduos provenientes das áreas administrativas, de varrição, flores, podas e jardins, de gesso

provenientes de assistência à saúde, forrações de animais de biotérios sem risco biológico associado,

pelos de animais, ou resíduos recicláveis sem contaminação biológica, química e radiológica

associada.

Os RSS do grupo D, quando não encaminhados para reutilização, recuperação, reciclagem, compostagem, logística reversa ou aproveitamento energético, devem ser classificados como rejeitos, e dispostos conforme as normas ambientais vigentes;

Artigos e materiais utilizados na área de trabalho, incluindo vestimentas e EPI, desde que não apresentem sinais ou suspeita de contaminação química, biológica ou radiológica, podem ter seu manejo realizado como RSS desse grupo;

Page 60: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

65

Só podem ser destinados para compostagem forrações de animais de biotérios que não tenham risco biológico associado, os resíduos de flores, podas de árvores, jardinagem, sobras de alimentos e de seu pré-preparo, restos alimentares de refeitórios e restos alimentares de pacientes que não estejam em isolamento.

GRUPO E: RESÍDUO PERFUROCORTANTE

O grupo E é identificado pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco, desenho e

contorno preto, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE

ou somente PERFUROCORTANTE.

Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como todos os utensílios

de vidro quebrados no laboratório, ponteiras de micropipetas, lâminas e

lamínulas, espátulas, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lancetas, tubos

capilares, lâminas de barbear, brocas, limas endodônticas, pontas

diamantadas, lâminas de bisturi, e outros similares.

O material perfurocortante deve ser descartado em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, substituídos de acordo com a demanda ou quando o nível de preenchimento atingir ¾ da capacidade, sendo proibidos seu esvaziamento manual e seu reaproveitamento;

Os RSS do grupo E, quando contaminados por agentes biológicos, químicos e substâncias radioativas, devem ter seu manejo de acordo com cada classe de risco associada, e o recipiente de acondicionamento deve conter a identificação de todos os riscos presentes;

É permitida a separação do conjunto seringa agulha com auxílio de dispositivos de segurança, sendo vedada a desconexão e o reencape manual de agulhas.

6.3 Etapas do Manejo de RSS

SEGREGAÇÃO, ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO

Os RSS devem ser segregados no momento de sua geração, conforme a classificação por Grupos,

e em função do risco presente, observadas as incompatibilidades;

A lista a seguir apresenta materiais que devem ser segregados e acondicionados separadamente:

- Ácidos

- Asfixiantes

- Bases

- Brometo de etídio

- Carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos

- Corrosivos

- Criogênicos

- De combustão espontânea

- Ecotóxicos

- Explosivos

Page 61: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

66

- Formalina ou formaldeído

- Gases comprimidos

- Líquidos inflamáveis

- Materiais reativos com a água

- Materiais reativos com o ar

- Mercúrio e compostos de mercúrio

- Metais pesados

- Mistura sulfocrômica

- Óleos

- Orgânicos halogenados

- Orgânicos não halogenados

- Oxidantes

- Resíduo fotográfico

- Sensíveis ao choque

- Soluções aquosas

- Tóxicos

Os RSS no estado sólido devem ser dispostos em saco de material impermeável e resistente a

ruptura ou vazamento, respeitando os limites de peso do saco e de 2/3 de sua capacidade, sendo

proibido seu esvaziamento ou reaproveitamento;

Os RSS químicos sólidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material rígido,

resistente e compatível com as características do produto químico acondicionado;

O coletor (lixeira), no qual o saco é colocado, deve ser de material liso, lavável, resistente à

punctura, ruptura, vazamento ou tombamento, com cantos arredondados e tampa provida de

sistema de abertura sem contato manual, exceto para casos quando a substituição do saco seja

imediata após a realização de um procedimento, quando não há necessidade de tampa;

Os RSS líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível

com o líquido armazenado, de material resistente, rígido, estanque, com tampa que ofereça

vedação suficiente para garantir a contenção do RSS; os produtos a seguir não devem ser

envasados em embalagens de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), pois reagem com eles:

- Ácido butírico

- Ácido nítrico

- Ácidos concentrados

- Álcool benzílico

- Anilina

- Bromo

- Bromobenzeno

- Bromofórmio

- Butadieno

- Ciclohexano

- Cloreto de amila

- Cloreto de etila

- Cloreto de tionila

- Cloreto de vinilideno

- Cresol

- Dietilbenzeno

- Dissulfeto de carbono

- Éter

- Fenol / clorofórmio

- Nitrobenzeno

- o-diclorobenzeno

- Óleo de canela

- Óleo de cedro

- p-diclorobenzeno

- Percloroetileno

- Solventes bromados e fluorados

- Solventes clorados

- Tolueno

- Tricloroeteno

- Xileno

Os sacos, os coletores (lixeiras) e os recipientes, os carros de coleta e os locais de armazenamento

que contém os RSS, devem ser identificados com o símbolo, expressões, cores e frases do grupo

do rejeito, em local de fácil visualização, de forma clara e legível, com adição de outras exigências

relacionadas à identificação de conteúdo e à periculosidade específica do rejeito;

A identificação dos sacos para RSS deve estar impressa, sendo vedado o uso de adesivo;

Os RSS do Grupo A, biológicos, que não precisam ser tratados ou após descontaminação, devem

ser acondicionados em branco leitoso, substituídos ao atingirem o limite de 2/3 de sua

capacidade ou a cada 48 horas independentemente do volume, ou no caso de resíduos de fácil

putrefação, a cada 24 horas, e em algumas regiões do país, pode ser exigido que rejeitos tratados

sejam acondicionados em sacos vermelhos, como é obrigatório para o grupo A5;

Os RSS do Grupo D, comum, devem ser acondicionados de acordo com as orientações dos órgãos

locais responsáveis pelo serviço de limpeza urbana, em sacos que não precisam ser identificados.

Page 62: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

67

COLETA E TRANSPORTE INTERNO

O transporte interno dos RSS deve ser realizado atendendo a rota e a horários previamente

definidos, em coletor devidamente identificado;

O coletor utilizado para transporte interno deve ser constituído de material liso, rígido, lavável,

impermeável, provido de tampa articulada, cantos e bordas arredondados;

Os coletores com mais de 400 litros de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.

ARMAZENAMENTO INTERNO, TEMPORÁRIO E EXTERNO

O armazenamento interno é a segregação do resíduo dentro da área de trabalho, o armazenamento

temporário é a segregação dos coletores de RSS, em ambiente próximo aos pontos de geração,

visando agilizar a coleta no interior das instalações e otimizar o deslocamento entre os pontos

geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa, e o armazenamento externo é a

segregação dos coletores de resíduos em ambiente exclusivo, com acesso facilitado para a coleta

externa.

No armazenamento de RSS temporário e externo é obrigatório manter os sacos acondicionados

dentro de coletores com a tampa fechada;

A coleta e o transporte externo devem seguir o plano municipal de gestão de resíduos sólidos e

as demais normativas aplicáveis, e os procedimentos para o armazenamento interno devem ser

descritos e incorporados ao PGRSS da instituição;

O abrigo temporário de RSS deve:

- Ser provido de pisos e paredes revestidos de material resistente, lavável e impermeável;

- Possuir ponto de iluminação e de água, tomada elétrica alta e ralo sifonado com tampa;

- A área de ventilação deve ser dotada de tela de proteção contra roedores e vetores;

- Ter porta de largura compatível com as dimensões dos coletores; e

- Estar identificado como "ABRIGO TEMPORÁRIO DE RESÍDUOS".

O abrigo externo do grupo A, na FCF, fica próximo à rua em frente ao bloco 13B, onde também

são depositados os RSS do grupo E e do grupo D. Esse local é de fácil acesso aos caminhões

responsáveis pela coleta municipal desse tipo de resíduo. Há também o abrigo temporário

exclusivo para os RSS do grupo B, localizado no piso térreo do bloco Semi-industrial, de onde são

facilmente transportados pela empresa contratada para a destinação final desse grupo de RSS;

Os RSS perecíveis devem ser submetidos a método de conservação, como refrigeração ou

congelamento, em caso de armazenamento por período superior a vinte e quatro horas;

É proibido o armazenamento dos coletores em uso fora de abrigos;

O abrigo externo deve:

- Permitir fácil acesso às operações do transporte interno e aos veículos de coleta externa;

- Ser dimensionado com capacidade de armazenagem mínima equivalente à ausência de uma

coleta regular, obedecendo à frequência de coleta de cada grupo de RSS;

- Ser construído com piso, paredes e teto de material resistente, lavável e de fácil

higienização, com aberturas para ventilação e com tela de proteção contra vetores;

Page 63: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

68

- Ser identificado conforme os grupos de RSS armazenados;

- Ser de acesso restrito às pessoas envolvidas no manejo de RSS;

- Possuir porta com abertura para fora, provida de proteção inferior contra roedores e

vetores, com dimensões compatíveis com as dos coletores utilizados;

- Ter ponto de iluminação;

- Possuir canaletas para o escoamento dos efluentes de lavagem, direcionadas para a rede de

esgoto, com ralo sifonado com tampa;

- Possuir área coberta para pesagem dos RSS, quando couber;

- Possuir área coberta, com ponto de saída de água, para higienização e limpeza dos coletores;

- Respeitar a segregação das categorias de RSS químicos e incompatibilidade química;

- Estar identificado com a simbologia de risco associado à periculosidade do RSS químico;

- Possuir caixa de retenção a montante das canaletas para o armazenamento de RSS líquidos

ou outra forma de contenção validada;

- Possuir sistema elétrico e de combate a incêndio, que atendam aos requisitos de proteção

estabelecidos pelos órgãos competentes.

COLETA E TRANSPORTE EXTERNOS

Os veículos de transporte externo dos RSS não podem ser dotados de sistema de compactação

ou outro sistema que danifique os sacos contendo os RSS, exceto para os RSS do Grupo D.

O transporte externo de rejeitos radioativos, deve seguir normas da CNEN.

DESTINAÇÃO

Os RSS que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico podem ser encaminhados

para reciclagem, recuperação, reutilização, compostagem, aproveitamento energético ou

logística reversa, ou devem ser encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;

Sempre que não houver indicação específica, o tratamento do RSS pode ser realizado dentro ou

fora da unidade geradora, e os RSS tratados são rejeitos, e não podem ser reaproveitados;

Após o tratamento, o símbolo de identificação relativo ao risco que foi tratado deve ser retirado;

O tratamento dos RSS que apresentem múltiplos riscos deve obedecer à seguinte sequência:

- Na presença de risco radiológico, primeiro armazenar para decaimento da atividade do

radionuclídeo até que o nível de dispensa seja atingido;

- Na presença de risco biológico, contendo agente biológico classe de risco 4, encaminhar para

tratamento; e

- Na presença de riscos químico e biológico, o tratamento deve ser compatível com ambos os

riscos associados.

A RDC 222 da ANVISA ainda estabelece normas para segregação, coleta e destinação, especiais para

outros tipos de rejeitos, como medicamentos e suas embalagens, e resíduo radiológico.

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69

6.5 Protocolo para descarte de RSS na FCF

O Fluxograma de decisão a seguir pode auxiliar no encaminhamento que pode ser dado ao resíduo

gerado. Além disso, os técnicos e docentes estão disponíveis para ajudar nessa análise.

Na FCF, a Comissão de Segurança Química e Biológica é responsável pela elaboração do PGRSS, e,

enquanto esse documento está com sua atualização em andamento, adotaremos os procedimentos

apresentados a seguir, para realizar o descarte dos resíduos no FBA.

RESÍDUO SÓLIDO NÃO-PERIGOSO

O RSS do grupo D (classe II), conforme as normas municipais, devem ser separados em secos e

úmidos. O município de São Paulo tem o programa Recicla Sampa (veja aqui), que é uma iniciativa

para sensibilizar as pessoas e ampliar a conscientização acerca da importância de tratar, com mais

responsabilidade, os resíduos que geramos, cujos objetivos estão totalmente integrados às políticas

nacional e municipal de resíduos sólidos. No site do programa podemos encontrar muitas

informações úteis, como por exemplo, listas de quais materiais podem ser reciclados em cada

categoria (plásticos, vidros, metais ou papéis) e de quais se enquadram como lixo comum, além das

localizações dos pontos de coleta de lixo reciclável.

Page 65: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

70

O coletor de cor azul é para o resíduo reciclável, e marrom, cinza ou preto, para o comum.

RESÍDUO LÍQUIDO PERIGOSO

Como saber se um descarte líquido deve ser segregado como resíduo perigoso? Pode-se encontrar

todas as informações necessárias para essa decisão na FISPQ de cada produto químico, como qual é

o perigo que oferece.

Cuidado! Nunca misture descartes desconhecidos!

Não misture resíduos diferentes sem ter certeza de que não reagem entre si!

Os resíduos líquidos perigosos devem sempre ser segregados observando-se as incompatibilidades

entre as substâncias químicas, e para isso, além da FISPQ, deve-se consultar as tabelas 34 e 36 deste

documento. Certificar-se disso sempre antes de adicionar um resíduo líquido num recipiente que já

contenha algum resíduo, para evitar qualquer reação que possa gerar perigos. Mais uma vez, se tiver

qualquer dúvida, pergunte aos técnicos ou professores.

Há também regras para se estimar o perigo de misturas de produtos perigosos, que podem ser

consultadas na norma NBR 14725-2. Substância muito perigosas, aquelas que encontram-se com

classificação de perigo no grau máximo nas categorias de perigo à saúde e de perigos físicos devem

ser segregados separadamente de outros descartes menos tóxicos.

Jornais, revistas, papelão e embalagens de suco e leite.

Garrafas PET, copos descartáveis e peças.

Garrafas e cacos.

Latas e ferragens.

Page 66: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

71

Estes descartes líquidos perigosos devem ser acondicionados em bombonas plásticas resistentes e

compatíveis com todos os componentes do rejeito, com tampa e de preferência

com capacidade não superior a 5 litros. A segregação interna tem local específico

definido em cada laboratório. Informe-se sobre isso.

O transporte para o abrigo temporário de resíduos químicos, que fica no piso

térreo do bloco Semi-industrial, é realizada pelos técnicos na manhã da primeira

quarta-feira dos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro.

Uma empresa especializada é contratada para recolher esses descartes, que, na FCF, são

identificados em 4 categorias: clorado, não-clorado, combustível e outros, como apresentado à

frente. Esta separação é necessária para que a destinação final realizada por essa empresa, seja feita

por meio de tratamentos adequados, por exemplo, com a correta escolha do tipo de forno ou

presença de filtros específicos para os gases gerados.

Todos os recipientes que contém descartes químicos perigosos, sejam líquidos ou sólidos, devem ser

identificados conforme a recomendação da Comissão de Segurança Química e Biológica da FCF, com

a Ficha para Descarte de Resíduo e Vidraria preenchida e afixada.

Clorado:

“Clorados” são solventes orgânicos que contenham átomos de qualquer halogênio, seja Cloro (Cl),

Flúor (F), Bromo (Br) ou Iodo (I) ligado covalentemente em sua molécula, como clorofórmio,

diclorometano, tetracloreto de carbono, tricloroetano e bromofórmio. Isso exclui qualquer

substância cuja molécula tenha halogênio na forma de íon, como cloretos, fluoretos e iodetos,

iodatos, brometos ou bromatos. Soluções aquosas de íons orgânicos que contenham átomo de

halogênio ligados covalentemente também estão inclusas nessa classe, como é o caso, por exemplo,

de ácido tricloroacético e ácido trifluoracético.

Não-clorado:

“Não-clorados” são todos os outros solventes orgânicos, que não tenham halogênios em suas

moléculas. Nessa categoria não se incluem soluções aquosas de nenhuma espécie. São exemplos

dessa categoria os hidrocarbonetos (como pentano, hexano, octano, tolueno, benzeno, ciclohexano,

Page 67: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

72

xileno), os éteres (como éter etílico, éter terc-butil etílico e éter de petróleo), os ésteres (como

acetato de etila), os aldeídos (como aldeído acético), as cetonas (como acetona) e os álcoois (como

metanol, etanol, álcool isopropílico e álcool butílico).

Combustível:

“Combustiveis” são substâncias que podem alimentar chamas, como é o caso de agentes oxidantes,

como iodo, permanganato de potássio, água oxigenada e ácido nítrico. Grande parte dos solventes

também são combustíveis. Essa categoria pode ser marcada mesmo se o descarte já estiver

enquadrado em qualquer outra das categorias.

Outros:

“Outros” são todas as outras substâncias perigosas que não se enquadram nas categorias anteriores,

respeitadas as características de compatibilidade entre os descartes num mesmo recipiente.

RESÍDUO SÓLIDO PERIGOSO

Os resíduos sólidos perigosos (classe I) devem ser gerenciados conforme o capítulo 6 desse Manual,

sobre gerenciamento de RSS, observando cuidadosamente a correta identificação, com os símbolos

e expressões obrigatórias a cada grupo de resíduo, e o acondicionamento de forma segura. Os

resíduos são armazenados inicialmente em locais previamente definidos dentro dos laboratórios.

Não temos nesse departamento a geração de resíduos do grupo C (radioativos).

Os resíduos do grupo A (biológicos), após tratamento de descontaminação quando este for

necessário, são recolhidos pelos técnicos ou auxiliares de laboratório a cada 48 horas e transportados

para o abrigo externo que fica próximo à calçada em frente à garagem da FCF. O resíduo biológico

que pode sofrer putrefação deve ser levado ao abrigo externo pelo próprio gerador, seja aluno,

funcionário ou docente, assim que o procedimento for finalizado. Há serviço de coleta municipal que

recolhe esse tipo de resíduo.

Os resíduos sólidos do grupo B (químicos) são transportados pelos técnicos na manhã da primeira

quarta-feira dos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro, até o abrigo

temporário de resíduos químicos, que fica no piso térreo do bloco Semi-industrial. Uma empresa

especializada é contratada para recolher esses descartes e encaminhá-los para sua destinação final,

como por exemplo, aterro sanitário para resíduos perigosos (classe I). Quando esses resíduos são

acondicionados na caixa, imediatamente deve ser preenchida e afixada uma ficha de identificação,

chamada Ficha para Descarte de Resíduo e Vidraria, conforme será detalhado mais à frente, no

tópico de Resíduos Líquidos Perigosos.

Os resíduos do grupo E (perfurocortantes) são divididos em 2 grupos, em função do

encaminhamento que é dado a eles:

1) Seguem para o abrigo temporário de resíduos perigosos, os vidros inteiros ou quebrados:

a) Limpos, ou que já passaram por tratamento para descontaminação de resíduo biológico, ou

b) Contaminados com produto químico perigoso

Page 68: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

73

2) Seguem para o abrigo externo de resíduos biológicos, os vidros inteiros ou quebrados com

resíduo biológico não patogênico ou qualquer material perfurocortante que não seja de vidro,

como por exemplo, agulha com ou sem seringa e lâminas de bisturi.

A tabela 37 apresenta os resíduos sólidos perigosos mais comuns gerados nesse departamento:

Tabela 37: Segregação dos principais RSS sólidos perigosos.

Material Grupo Acondicionado em: Identificados como:

Frasco de reagente limpo e seco

D Caixa de papelão resistente “Frascos de reagente limpos”

Vidro quebrado sem resíduos

E Caixa de papelão resistente “Vidros quebrados limpos”

Frasco com resíduo de produto perigoso

B Caixa de papelão resistente “Vidros contaminados com

produtos químicos perigosos” + símbolos dos riscos associados

Produto químico vencido ou

contaminado B Caixa de papelão resistente

“Passivo” + nome do produto químico e

quantidade descartada.

Vidro quebrado contaminado com produto perigoso

E + B/A

Caixa de papelão resistente ou “caixa amarela” para perfurocortante

“Perfurocortante” + símbolo de Infectante

+símbolo do risco associado.

Ponteiras ou agulhas com ou sem seringa

E Caixa de papelão resistente ou “caixa

amarela” para perfurocortante “Perfurocortante”

+ símbolo de Infectante.

Carcaça de animal ou meio de cultura

A Saco branco para resíduo biológico “Residuo Biológico”

+ símbolo de Infectante.

6.4 Segurança ocupacional aplicada ao descarte

A instituição deve garantir que a saúde ocupacional de seus trabalhadores seja avaliada

periodicamente, seguindo a legislação específica, mantendo registros desta avaliação.

Além disso, deve manter um programa de educação continuada para todas as pessoas envolvidas

nas atividades de gerenciamento de resíduos, mesmo os temporários, que contemplem os seguintes

temas: 1) Sistema adotado para o gerenciamento dos RSS; 2) Prática de segregação dos RSS; 3)

Símbolos, expressões, padrões de cores adotadas para o gerenciamento de RSS; 4) Localização dos

ambientes de armazenamento e dos abrigos de RSS; 5) Ciclo de vida dos materiais; 6)

Regulamentação ambiental, de limpeza pública e de vigilância sanitária, relativas aos RSS; 7)

Definições, tipo, classificação e risco no manejo dos RSS; 8) Formas de reduzir a geração de RSS e

reutilização de materiais; 9) Responsabilidades e tarefas; 10) Identificação dos grupos de RSS; 11)

Utilização dos coletores dos RSS; 12) Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva

(EPC); 13) Biossegurança; 14) Orientações quanto à higiene pessoal e dos ambientes; 15)

Treinamento em proteção radiológica quando houver rejeitos radioativos; 16) Providências a serem

tomadas em caso de acidentes e de situações emergenciais; 17) Visão básica do gerenciamento dos

resíduos sólidos no município; 18) Noções básicas de controle de infecção e de contaminação

química; e 19) Conhecimento dos instrumentos de avaliação e controle do PGRSS.

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74

7. GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIA

Um acidente pode acontecer a qualquer momento. Para que se possa minimizar ao máximo os danos

causados por qualquer emergência, uma estrutura de equipamentos e material precisa existir e ser

mantida sob manutenção preventiva, bem como procedimentos e conhecimento dessa estrutura e

como utilizá-la, como por exemplo, os extintores de incêndio, do tipo correspondente ao risco

apresentado no local, as saídas de emergência ou menor rota para a saída, o quadro de chaves de

eletricidade, os chuveiros de emergência e lava-olhos e a vermiculita.

7.1 Primeiras ações em emergências

Avise um brigadista ou a portaria da FCF, relate detalhadamente o

ocorrido e siga suas orientações, e avise também seu orientador e o técnico do laboratório;

A Brigada de Incêndios e Primeiros Socorros é a equipe de funcionários que atua no combate ao

princípio de incêndio, na prevenção de situações que causem esse risco, na

evacuação da edificação em caso de emergência e nos primeiros socorros;

ela será acionada pela portaria e imediatamente iniciará a execução de uma

sequência de ações, após ser comunicada sobre uma emergência;

A Brigada irá acionar o serviço de emergência, mas esteja junto para fornecer todas as

informações solicitadas sobre a ocorrência;

Observe os riscos, e garanta primeiro a sua segurança, antes de tomar qualquer providência.

Page 70: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

75

7.2 Plano de Abandono

Plano de Abandono é a evacuação emergencial do edifício, quando da ocorrência de uma emergência

que possa colocar em risco a saúde e segurança das pessoas presentes, ou que possa afetar a

estrutura da edificação. Sua execução pode ser necessária em uma variedade de situações, como por

exemplo, derramamento de produto químico perigoso, deslocamento (por equipe especializada) de

produto químico explosivo para descarte, e principalmente, incêndios.

Num plano de abandono, é muito importante que se sigam as seguintes recomendações:

Siga rigorosamente todas as ordens dos Brigadistas ou dos Bombeiros, atendendo à voz de

comando, que indicará a necessidade de abandono do edifício;

Interrompa imediatamente o que estiver fazendo, sem pegar seus pertences pessoais, e deixando

onde está qualquer material, como equipamento, reagente, caderno ou amostra;

Caminhe de forma ordeira, sem gritarias e empurrões, formando uma fila única;

Conduza à rota de fuga, os visitantes que estiverem no seu local de trabalho;

Mantenha a calma e caso não consiga acalmar pessoas em pânico, avise um brigadista;

Siga até o ponto de encontro de emergência, que fica no gramado em frente ao Bloco 13B,

próximo à calçada;

Não fique na rua, pois há grande risco de

atropelamento, maior ainda pois o incidente

pode distrair motoristas que passam pela via;

Não fique na área pavimentada que dá acesso

aos prédios, por onde transitarão veículos de

atendimento à emergência;

Durante e após o abandono, nunca retorne para apanhar pertences e objetos;

Retorne ao local de trabalho somente após autorização da Brigada ou Bombeiros.

7.3 Suporte básico da vida realizada por leigos

Ao se encontrar uma pessoa desacordada, ela pode estar em parada cardiorrespiratória (PCR), que

se reconhece pela verificação da ausência de pulso carotídeo ou presença de gasping (padrão

respiratório caracterizado por respiração agônica, ineficaz, com movimentos de curta duração,

respiração ruidosa ou espasmos respiratórios). O Suporte Básico da Vida (SBV) é uma sequência de

ações de início imediato a partir da detecção de uma PCR, e pode ser realizada por pessoas comuns,

que tenham informação suficiente para executar a seguinte sequência de ações:

Contato com o sistema de emergência (SAMU – telefone 192);

Ressuscitação cardiorrespiratória (RCP);

Uso de desfibrilador.

Page 71: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

76

A seguir, a sequência de ações do SBV, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (veja aqui):

As três etapas fundamentais do SBV no adulto são detalhadas a seguir:

CONTATO COM O SISTEMA DE EMERGÊNCIA

Leigos devem imediatamente ligar para o serviço médico de emergência (SAMU – telefone 192), caso

encontre uma vítima que não responde, que dará orientações para a identificação da respiração da

vítima e como realizar as compressões torácicas. Caso o socorrista esteja sozinho, ele pode acionar

o serviço de emergência por meio do celular, colocando-o no viva-voz para seguir as orientações do

atendente do serviço médico de emergência.

Legenda:

DEA: desfibrilador automático externo SME: serviço médico de emergência RCP: ressuscitação cardio-pulmonar SAV: serviço avançado de vida (atendimento médico de urgência)

Page 72: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

77

RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA (RCP)

Nos primeiros minutos de uma PCR, as ventilações não são importantes como são as compressões.

A realização de compressões torácicas contínuas aumenta substancialmente a sobrevida dos

indivíduos, e sua prioridade deve-se à necessidade imediata de gerar fluxo de sangue, além de se

evitar atrasos pelas tentativas de ventilações adequadas. Além disso, se a vítima possui uma via aérea

patente, ocorre a chamada ventilação passiva durante as compressões torácicas. Se o socorrista leigo

for treinado, pode realizar ventilações na relação de 30 compressões e 2 ventilações.

Os aspectos principais a serem observados nas compressões torácicas são a frequência, a

profundidade, o retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima do procedimento.

Passo a passo para a realização das compressões torácicas:

1. Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus

joelhos com certa distância um do outro, para que

tenha melhor estabilidade;

2. Afaste ou corte a roupa da vítima para

deixar o tórax desnudo.

3. Coloque a região hipotenar de uma mão

na metade inferior do esterno da vítima e a outra mão

sobre a primeira, entrelaçando-a;

4. Estenda os braços e mantenha-os

perpendiculares (cerca de 90°) acima da vítima;

5. Comprima na frequência de 100 a 120 compressões por minuto (cerca de 2 por segundo);

6. Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm, e não mais que 6 cm;

7. Não apoiar-se no tórax da vítima, permitindo seu retorno completo após cada compressão;

8. Minimize interrupções e pause as compressões no máximo 10 s para fazer duas ventilações;

9. Reveze com outra pessoa a cada 2min, para evitar cansaço e compressões de má qualidade;

As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto quando a vítima se movimentar e quando

ocorrer exaustão do socorrista, ou durante a fase de análise do ritmo cardíaco pelo desfibrilador ou

durante o posicionamento de via aérea avançada pelo serviço avançado de vida (SAV).

As ventilações são aplicadas após 30 compressões torácicas durante a RCP. Independentemente da

técnica utilizada para aplicar ventilações, é necessária a abertura de via aérea, que pode ser realizada

com as seguintes manobras:

Inclinação da cabeça e elevação do queixo.

Ou, se houver suspeita de trauma, Elevação do ângulo da mandíbula.

Page 73: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

78

Socorristas leigos, que se sintam confiantes em realizar ventilações, podem realizar a manobra de

inclinação da cabeça e elevação do queixo para vítimas sem suspeita de lesão medular. Caso haja

suspeita de trauma, indica-se a imobilização manual da coluna cervical.

Devem ser realizadas em uma proporção de 30 compressões para duas ventilações, com duração de

apenas 1 segundo cada, fornecendo quantidade de ar suficiente para promover a elevação do tórax.

A hiperventilada é contraindicada, pois pode aumentar a pressão intratorácica, comprometendo a

sobrevida. Há ainda o risco de hiperinsuflação gástrica, que pode provocar vômitos, broncoaspiração

e limitação da mobilidade do diafragma. Evidências de contaminação com a realização de ventilação

boca a boca são mínimas, mas é indicado que o socorrista utilize mecanismos de barreira − por

exemplo, máscara de bolso ou Bolsa-Válvula-Máscara, mais conhecida como “Ambu”, cujo uso

requer prática e deve ser feito na presença de dois

socorristas, um responsável pelas compressões e outro por

aplicar as ventilações com o dispositivo.

A vítima que não respira ou respira de forma ineficaz

(gasping), porém apresenta pulso palpável, encontra-se

em parada respiratória. Nesses casos, realize uma

ventilação a cada 5 a 6 segundos (10 a 12 ventilações por

minuto) para vítimas adultas. O pulso deve ser checado a cada 2 minutos, com a finalidade de

verificar se a parada respiratória progrediu para uma PCR, necessitando de RCP.

USO DO DESFIBRILADOR

Desfibrilação precoce é o tratamento para vítimas fibrilação

ventricular ou em taquicardia ventricular sem pulso, que

apresentaram colapso súbito em ambiente extra-hospitalar. A

desfibrilação pode ser realizada com um equipamento manual ou o

desfibrilador automático externo (DEA). Este último pode ser utilizado por qualquer pessoa, assim

que o equipamento estiver disponível. O tempo ideal para a aplicação do primeiro choque

compreende os primeiros 3 a 5 min da PCR.

O DEA é um equipamento portátil, capaz de interpretar o ritmo cardíaco, selecionar o nível de

energia e carregar automaticamente, cabendo ao operador apenas pressionar o botão de choque,

quando indicado. Recomenda-se que se continue com a DEA esteja pronto para analisar o ritmo.

Então o socorrista, se estiver sozinho, deve parar a RCP para conectar o aparelho à vítima. Porém, se

houver mais de um socorrista, o segundo socorrista manuseia o DEA e, nesse caso, a RCP só é

interrompida quando o DEA emitir um alerta verbal como: “analisando o ritmo cardiaco”, “não toque

o paciente” e/ou “choque recomendado, carregando, afaste-se do paciente”.

Os passos para utilização do DEA são descritos a seguir:

1. Ligue o DEA, apertando o botão on-off (alguns dispositivos ligam automaticamente ao abrir a

tampa). Isso ativa os alertas verbais que orientam todas as etapas subsequentes;

2. Conecte as pás (eletrodos) ao tórax desnudo da vítima, observando o desenho contido nas

próprias pás para o posicionamento correto (selecionar pás do tamanho correto para o

tamanho/idade do paciente e remover o papel adesivo protetor das pás);

3. Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho;

Page 74: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

79

4. Quando o DEA indicar “analisando o ritmo cardiaco, não toque no paciente”, solicitar para que

todos se afastem efetivamente;

5. Se o choque for indicado, o DEA emitirá a frase: “choque recomendado, afaste-se do paciente”.

O socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar para a todos se afastem;

6. Pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque, o qual produz uma contração

repentina dos músculos do paciente;

7. A RCP deve ser reiniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após o choque, caso a

vítima não retome a consciência;

8. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás não devem

ser removidas ou desconectadas até que o serviço médico de emergência (SME) assuma o caso;

9. A cada 2 minutos, o DEA analisa o ritmo e pode indicar novo choque, se necessário;

10. Se não houver suspeita de trauma, e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o socorrista

pode lateralizar a vítima, para colocá-la em posição e descanso, porém deve permanecer no local

até que o serviço médico de emergência chegue.

As situações especiais a seguir podem exigir que o socorrista

tenha cautela na colocação das pás ao usar um DEA:

Excesso de pelos no tórax deve ser removido, somente da região onde são posicionadas as pás;

Se o tórax da vítima estiver molhado, secar por completo; se ela estiver em uma poça d’água não

há problema, porém se essa poça envolver o socorrista, remover a vítima para outro local;

Se um marca-passo ou Cardioversor Desfibrilador Implantável estiver na região onde é indicado

colocar as pás, afaste-as ou opte por outro posicionamento das pás;

Remover adesivo de medicamento se estiver no local onde são aplicadas as pás do DEA;

Utilizar o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de carga em crianças com até 25 kg; se o kit

DEA possuir somente pás de adulto, está autorizada a utilização delas, porém se o tórax for

estreito, pode ser necessária a aplicação de uma pá na região anterior do tórax (sobre o esterno)

e outra na região posterior do tórax (entre as escápulas), para que não se sobreponham; as pás

infantis não devem ser utilizadas em adultos, pois o choque aplicado é insuficiente.

Há pessoas da Brigada de Incêndio e Primeiros Socorros treinadas para o uso do DEA.

7.4 Incêndio

Algumas das causas mais comuns de incêndio em laboratório são:

Circuito elétrico sobrecarregado por instalação elétrica sem avaliação da capacidade da rede;

Manutenção precária do sistema elétrico, por exemplo, cabos mal conservados;

Vários aparelhos ligados na mesma tomada em adaptadores do tipo T (benjamim);

Uso inapropriado de equipamentos, como geladeiras comuns para produtos inflamáveis;

Equipamentos ligados continuamente sem supervisão;

Presença de chamas vivas, tais como as obtidas com o bico de Bunsen;

Encanamentos de gás com defeito e mangueiras de gás não apropriadas;

Manipulação ou armazenamento inadequados de inflamáveis, explosivos, oxidantes ou reativos;

Erro na separação de produtos químicos incompatíveis;

Aparelhos que produzem faíscas na proximidade de substâncias ou vapores inflamáveis;

Ventilação inadequada ou insuficiente.

Page 75: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

80

SEQUENCIA BÁSICA DE AÇÕES DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIO

A Brigada de Incêndio ou o Corpo de Bombeiros liderarão a seguinte sequência de ações:

Alerta: identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa pode alertar através dos meios

de comunicação disponíveis, os ocupantes do local e os brigadistas. Nossa portaria (3091-3685) tem

um alarme de incêndio;

Análise da situação: após o alerta, a brigada deve analisar a situação; havendo necessidade, acionar

o Corpo de Bombeiros (193) e apoio externo, e desencadear os procedimentos a seguir, que podem

ser priorizados ou realizados simultaneamente, de acordo com o número de brigadistas e os recursos

disponíveis no local;

Primeiros socorros: atender as possíveis vítimas, mantendo ou restabelecendo suas funções vitais

com SBV e RCP até se obtenha o socorro especializado;

Corte de energia: cortar, quando possível ou necessário, a energia elétrica da área ou geral;

Abandono de área: proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme

comunicação preestabelecida, removendo para local seguro, a uma distância mínima de 100 m do

local do sinistro, permanecendo até a definição final.

Confinamento do sinistro: evitar a propagação do incêndio e suas consequências.

Isolamento da área: isolar fisicamente a área, de modo a garantir os trabalhos de emergência e

evitar que pessoas não autorizadas adentrem ao local.

Extinção: eliminar o fogo (ver instruções de uso de extintores abaixo).

Investigação: levantar as possíveis causas do sinistro e suas consequências e emitir relatório para

discussão nas reuniões extraordinárias, com o objetivo de propor medidas corretivas para evitar a

repetição da ocorrência.

CLASSES DE INCÊNDIO

Classe A: incêndios causados por materiais sólidos, como papel, madeira, tecidos, algodão e madeira,

que deixam resíduos, como carvão e cinzas.

Classe B: incêndios causados por materiais líquidos, gases inflamáveis ou sólidos que se tornam

líquidos, como gasolina, querosene, óleo, parafina, tinta e graxa.

Classe C: incêndios que envolvem equipamentos elétricos que estejam energizados, como

geradores, quadros e cabos de força, computadores e transformadores.

Classe D: incêndios causados por metais pirofóricos, como metais que em partículas finas podem

entrar em combustão facilmente, como zinco, titânio, urânio e lítio.

Classe K: incêndios que envolvem óleo de cozinha e gorduras.

Page 76: MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA

81

TIPOS DE EXTINTORES DE INCÊNDIO E SUAS APLICAÇÕES

Extintor com carga de água: à base de água potável pressurizada, com uso recomendado para

apagar fogos da classe A, por resfriamento e abafamento, por sua capacidade de vaporização.

Extintor com carga de espuma mecânica: carga constituída por detergente concentrado (LGE), que

quando misturada com a água e o ar, durante o choque mecânico que ocorre com a saída dela,

produz-se a espuma, formando uma película sobre o fogo, abafando e resfriando a chama, sendo

mais indicado para incêndios de classe B e A, pois resfria rapidamente, graças ao efeito manta, que

impede a chama de se propagar ainda mais.

Extintor com carga de dióxido de carbono (CO2): o CO2 abafa a chama e corta o suprimento de

oxigênio, além de resfriar, com a vantagem de não conduzir corrente elétrica, sendo então utilizado

para fogos classe C, quando há eletricidade envolvida e também para combater incêndios classe K;

o CO2 pode ser asfixiante, por isso, não é recomendado o uso em ambientes pequenos e fechados.

Extintor com carga de pó químico BC: seu componente principal é o bicarbonato de sódio, que atua

resfriando rapidamente o calor e interrompendo a reação de combustão, além de também não

conduzir corrente elétrica, sendo indicado para incêndios das classes B e C, líquidos, sólidos e gases

inflamáveis, além de equipamentos elétricos.

Extintor com carga de pó químico ABC: à base de monofosfato de amônia siliconizado, que derrete

e adere à superfície dos materiais do tipo A, recomendado para combater incêndios industriais,

residenciais e comerciais, pois abafa a reação em cadeia, além de também não conduzir corrente

elétrica, controlando incêndios de classe B e C.

Extintor de halon: com carga de halogenados que interrompem a reação em cadeia do fogo e, em

seguida, o abafa, impedindo sua propagação, não danificando equipamentos eletroeletrônico e

indicado para incêndios das classes A, B e C.

Extintor da classe D: à base de cloreto de sódio, utilizado apenas para os incêndios da classe D, pois

isola o metal pirofórico da atmosfera, impedindo um maior alastramento do fogo; possui aplicador

longo para alcançar o metal mantendo-se distante, evitando o contato com o gás emitido durante a

queima.

Extintor da classe K: base alcalina que ao entrar em contato com a gordura saturada, formada pelo

óleo em alta temperatura, causa reação de saponificação, criando espuma que abafa o fogo,

exclusivo para incêndios da classe K, que são extremamente difíceis de apagar.

7.5 Queimaduras

Apague as chamas nas roupas ou nos cabelos abafando o fogo com um avental de algodão ou

cobertor para este fim. Caso não haja nada à mão para abafar o fogo, role a vítima no chão para

eliminar o fogo. Leve a pessoa até um chuveiro de segurança ou outra fonte de água. Procure

assistência medica para administrar os primeiros socorros e relate o incidente para o responsável do

laboratório ou para o técnico responsável.

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Queimaduras são lesões produzidas no tecido de revestimento do organismo por agentes térmicos,

fontes elétricas, produtos químicos, irradiação ionizante, etc. As queimaduras podem ser divididas

em graus, de acordo com a profundidade:

QUEIMADURAS TÉRMICAS

São provocadas por fontes de calor muito quente ou muito fria. Em caso de queimaduras térmicas

quentes deve-se:

Apagar as chamas;

Molhar e retirar as roupas em brasa;

Imergir a área afetada em água potável fria ou colocar compressa fria;

Encaminhar a vítima ao pronto socorro.

Jamais aplique alguma substância ou gelo nas lesões.

Em caso de queimaduras térmicas frias (Ex. Nitrogênio líquido) deve-se:

Lavar imediatamente a área atingida com água corrente por pelo menos 15 minutos;

Em caso de congelamento, molhar com água morna (abaixo de 41°C) por pelo menos 15 minutos;

Em caso de grande exposição, remover as roupas enquanto banha a vítima com água morna;

Encaminhar imediatamente a vítima ao pronto socorro.

Não utilizar aquecimento seco, e não pressionar ou esfregar a área afetada.

QUEIMADURAS ELÉTRICAS

É ocasionada por corrente elétrica que passa pelos tecidos. Diferem das térmicas por ter a tendência

de acometer uma superfície corporal relativamente pequena, mas causando lesões em estruturas

profundas. Deve-se antes de qualquer coisa, desligar a corrente elétrica enquanto chama por

socorro, para então verificar os sinais vitais da vítima e encaminhá-la imediatamente ao pronto

socorro. É muito importante não tocar a vítima enquanto houver corrente elétrica e não entrar em

áreas onde equipamentos elétricos foram expostos a água ou umidade.

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83

QUEIMADURAS QUÍMICAS

São provocadas, geralmente, por ácidos ou bases. O grau de queimadura depende da natureza do

agente químico, da sua concentração e da duração de contato com a pele. Em caso de queimaduras

químicas deve-se:

Utilizar proteção universal para evitar o contato com o agente químico;

Identificar o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico;

Avaliar a concentração, o volume e a duração de contato;

Remover as roupas e retirar o excesso do agente causador;

Remover o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó;

Diluir a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos;

Irrigar exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares;

Encaminhar imediatamente a vítima ao pronto socorro.

Jamais tentar neutralizar a reação.

Recomendações gerais: nunca colocar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra

substância sobre a queimadura; nunca tocar a queimadura com as mãos; nunca furar bolhas; nunca

tentar descolar tecidos das queimaduras; nunca considerar uma queimadura como um acidente sem

importância.

7.6 Outras emergências comuns em laboratórios

CORTES OU PERFURAÇÕES

A utilização de material cirúrgico, como lâminas de bisturi, ou mesmo a quebra acidental de vidraria,

ou o manuseio de vidro quebrado, pode causar cortes, muitas vezes, profundos. Em caso de

pequenos cortes, a área afetada deverá ser lavada com água e sabão. Após secagem, deverá ser

aplicado um curativo.

Se houver sangramento intenso, a área afetada deverá ser pressionada levemente com papel ou

pano limpo e seco. Se necessário, eleve a extremidade que está sangrando para diminuir o fluxo

sanguíneo. O acidentado deve ser encaminhado para atendimento no Hospital Universitário, e ele

ou um acompanhante deve informar ao médico se há contaminação química ou biológica no

ferimento. O acidente deverá ser comunicado ao responsável pelo laboratório.

Nos laboratórios que realizam experimentos com animais, há o risco de mordeduras que podem

causar perfuração. Nesses casos, embora possa não haver um grande sangramento, a lesão pode

infeccionar, e devem também ser examinadas por um médico.

CONTAMINAÇÃO COM MATERIAL BIOLÓGICO INFECTANTE

Uma pessoa que sofre contaminação com produto biológico do qual não se tenha completa certeza

de não estar contaminado por qualquer agente infeccioso, deve imediatamente ser encaminhada

para atendimento médico, relatando o máximo de informações pertinentes, principalmente quais

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são os possíveis agentes infectantes, e qual é o material biológico, indicando os tratamentos aos

quais ele foi submetido, como por exemplo, se sofreu adição de produtos químicos.

Para se evitar que o usuário se contamine, os recipientes de vidro quebrados contaminados com

material biológico devem ser cobertos com panos ou papel absorvente, que deverão ser encharcados

com hipoclorito de sódio à 2% por pelo menos 30 minutos, então os fragmentos de vidro deverão

ser manipulados com pinça e descartados apropriadamente.

CONTAMINAÇÃO COM PRODUTO QUÍMICO PERIGOSO

Se houver suspeita de envenenamento ou intoxicação com produto químico, entrar em contato com

os Centros de Assistência Toxicológicas (CEATOX), no telefone 0800 014 8110, e seguir suas

instruções.

Procurar socorro médico imediatamente em todos os casos de inalação ou ingestão de produto

químico perigoso, por menor que seja a quantidade. Encaminhar a pessoa ao Pronto Socorro do

Hospital Universitário, de preferência acompanhada. É importantíssimo consultar a FISPQ e leva-la

aos cuidados do médico, bem como o máximo possível de informações sobre a ocorrência.

Em caso de liberação de produto químico no ar, por evaporação, volatilização, por formação de

aerossol ou qualquer outro mecanismo, interromper os experimentos, fechar os recipientes, abrir as

janelas e remover as pessoas para uma área ventilada. Em situações de maior inalação, colocar a

vítima coberta em área ventilada livre do contaminante, deitada de lado, até que ela seja levada ao

atendimento médico. Se o laboratório não possuir um sistema central de exaustão do ar, a entrada

deve ser retardada por período suficiente para que não haja maiores risco de exposição ao agente.

No caso de contato de produto químico corrosivo com a pele, se não houver sinal de queimadura,

lavar a área afetada com sabão em água corrente, repetindo a lavagem da área afetada, caso a dor

persista. Se houver derramamento desse tipo de produto sobre a pessoa, é essencial que as

providências sejam tomadas com rapidez: remover as roupas molhadas com o contaminante e

encaminhar-se ao chuveiro de emergência e lavador de olhos mais próximo, lavando a área afetada

abundantemente com água corrente por pelo menos 15 minutos. Remover joias, relógios, ou

apetrechos que possam conter resíduos. Caso a sensação de queimação na pele persista, procurar

auxílio médico. Se o produto químico for tóxico além de corrosivo, é imprescindível encaminhar-se

o mais rápido possível ao Pronto Socorro.

DERRAMAMENTO DE LIQUIDOS CRIOGENICOS

O contato de líquidos criogênicos com a pele causa queimadura pela formação de cristais de gelo na

área superficial e nos tecidos mais profundos. O procedimento de primeiros socorros inclui o

reaquecimento da área afetada o mais depressa possível por imersão em água morna. O tecido

afetado não deve ser esfregado, nem aquecido com água quente ou com lâmpadas, e as bolhas

formadas não devem ser estouradas. A área afetada deve ser coberta com material estéril e deve-se

procurar assistência médica imediatamente. Os derramamentos de grandes quantidades de líquidos

criogênicos em áreas fechadas podem deslocar o ar respirável causando sufocamento e

inconsciência instantânea nas pessoas presentes. Nesse caso, retirá-las para uma área externa

ventilada e chamar pelo atendimento médico de emergência.

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DERRAMAMENTOS DE PRODUTOS QUÍMICOS

Os fabricantes de produtos químicos utilizados em laboratório devem fornecer instruções sobre a

maneira de proceder em caso de derramamento. Manter as FISPQ em local de fácil acesso e consultá-

las antes de utilizar qualquer produto químico.

Ao se fazer a contenção de derramamentos, seguir as seguintes recomendações:

1. Alertar as pessoas da área onde ocorreu o derramamento;

2. Consulte a FISPQ para recomendações;

3. Avaliar a toxicidade, inflamabilidade, e outras propriedades perigosas dos produtos químicos

bem como o tamanho e localização do derramamento;

4. Aumente a eficiência de exaustão, ligando a capela e abrindo portas e janelas;

5. Consulte a FISPQ e o plano de emergência do laboratório;

6. Utilizar EPIs adequados (óculos, avental, avental de borracha, luvas, sapatos adequados);

7. Adicionar material absorvente inerte ao produto derramado (vermiculita), trabalhando das

margens para o centro da poça;

8. O resíduo neutralizado ou o material usado na absorção deve ser acondicionado, identificado

e descartado conforme o perigo apresentado pelo material derramado;

9. Após remoção do produto derramado, lavar a superfície atingida.

7.7 Crises convulsivas

Diversas condições clínicas podem levar a crises convulsivas, como epilepsia, envenenamento,

trauma crânio-encefálico, febre alta, entre outros, que podem levar a contrações involuntárias,

bruscas, mal coordenadas, generalizadas ou localizadas, que podem ser dividas em clônicas (há

alternância de contração e relaxamento muscular), e tônicas (a contração muscular é mantida

imobilizando as articulações). No caso de presenciar uma crise convulsiva, proteja o indivíduo de

queda, afaste todos os objetos ao redor do local para não machucá-la. Mantenha a vítima em

decúbito lateral se for possível; libere as vias aéreas e proteja a cabeça; afrouxe as roupas. Tente

evitar que a vítima se machuque sem restringir seus movimentos.