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Manual DE OriEntaçõEs

Sobre

saúDE

Ao GEstOr Municipal

2017EDitOra aMM

BElO HOrizOntE

2017 – Associação Mineira de Municípios -AMMTodos os direitos reservados à Associação Mineira de Municípios

Presidente da Associaçào Mineira de MunicípiosAntônio Carlos Doorgal de andrada

Superintendência da AMM Gustavo Costa Nassif

CoordenaçãoGustavo Costa Nassif

OrganizaçãoVivian do Carmo Bellezzia

Colaboração Juliana Marinho

EstagiárioFelipe de Freitas Antunes

Projeto Gráfico e DiagramaçãoAlexandre Medeiros / Fábio Junio dos SantosRodney Arôuca / Simão Pedro

Associação Mineira de Municípios - Av. Raja Gabáglia, 385, Cidade Jardim

Belo Horizonte - MG

CEP: 30380-103 - Tel.: (31) 2125-2400

Manual de Orientações sobre Saúde ao Gestor Municipal é uma

publicação editada pela Associação Mineira de Municípios.

ISBN : 978-85-93293-15-3

2ª edição

ISBN BOX: 978-85-93293-03-0

Tiragem: 1500 exemplares

Distribuição gratuita Permitida a reprodução parcial ou total desta obra

desde que citada a fonte.

S U M Á R I O

PALAVRA DO PRESIDENTE 7

APRESENTAÇÃO 8

SAÚDE COMO DIREITO E DEVER DO ESTADO 11

1.1 Saúde 11

1.2 Sistema Único de Saúde (SUS) 15

1.2.1 Princípios e Diretrizes 22

1.2.2 Legislação 24

1.2.3 Estrutura e funcionamento 29

2. FINANCIAMENTO DA SAÚDE 31

2.1 Responsabilidade Tripartite 31

2.1.1 Recursos Financeiros do SUS 32

2.1.2 Pisos Salariais 34

2.1.3 Aplicação dos recursos financeiros 36

3. BLOCOS DE FINANCIAMENTO DO SUS 38

3.1 Atenção Básica 38

3.2 Atenção Média e Alta complexidade ambulatorial e hospitalar 38

3.3 Vigilância em Saúde 40

3.4 Assistência Farmacéutica 40

3.5 Atenção Básica 38

4. INSTRUMENTOS DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO SUS 49

4.1 Planos Municipal de saúde (PMS) 50

4.2 Programa Anual de Saúde (PAS) 51

4.4 Relatório Anual de Gestão 52

4.4 Plano Plurianual – PPA 54

4.5 Lei de Diretrizes Orçamentárias 55

4.6 Lei Orçamentária Anual (LOA) 56

5. PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS GASTOS EM SAÚDE 58

6. PENALIDADES 61

7. DESAFIOS E PROPOSTAS 63

8. SITES DE INTERESSE 66

9. GLOSSÁRIO 69

BIBLIOGRAFIA 73

PA L AV R A D O P R E S I D E N T E

A Associação Mineira de Municípios, no desempenho de suas funções institucionais

alinhadas com o exercício de seu papel pedagógico de bem orientar os Prefeitos e

Prefeitas Mineiros, primando pelo fortalecimento do municipalismo e contribuindo

para gestões municipais de resultado, edita a 2ª Edição do Manuais de Gestão Pública:

Orientações ao Gestor Municipal.

Com o objetivo de consolidar de forma prática e simplificada o box dispõe de 13

cartilhas nas áreas de Assistência social, esporte, jurídico, direitos humanos, captação

de recursos e convênios, cerimonial, eventos e comunicação, contábil, economia,

meio ambiente, marco regulatório, educação e saúde. Áreas de indiscutível interesse

para a gestão municipal.

A expectativa é que os agentes políticos e gestores desfrutem de um material de fácil

leitura e disponham de uma fonte de orientações segura e rápida. Almeja-se, ainda,

colaborar de forma efetiva para que os compromissos assumidos perante a sociedade,

pelos gestores eleitos, possam se concretizar.

Não há qualquer pretensão de se esgotar os detalhes acerca das matérias tratadas,

todavia a AMM entende que a observância aos aspectos aqui abordados, ao lado de

estudos e pesquisas poderá propiciar mais realização, em decorrência de uma gestão

cada vez mais responsável no trato da coisa pública.

Colocamos o conhecimento técnico da AMM, acumulado ao longo dos 66 anos

de existência da instituição, à disposição dos gestores mineiros, na perspectiva

de contribuir para uma administração pública fundamentada nos princípios

constitucionais e tendo como objetivo o desenvolvimento de políticas públicas

efetivas, capazes de se constituírem em instrumentos hábeis à promoção da cidadania.

Antônio Carlos Doorgal de Andrada Presidente da Associação Mineira de Municípios

A P R E S E N TAÇÃO

Caro Leitor

A Associação Mineira de Municípios – AMM elaborou para o gestor público, nas diversas áreas de sua atuação, um manual básico de orientações a fim de auxiliá-lo em sua lida cotidiana na Administração Pública municipal.

Aprimorar a qualidade da gestão tornou-se um desafio permanente do servidor público. A Constituição Federal reservou um capítulo especial à Administração Pública. E as melhores práticas em gestão governamental se fundam essencialmente na ética, no conhecimento e na conjugação de habilidades profissionais com o amadurecimento democrático.

O presente manual possui um conteúdo específico e irá contribuir com elementos básicos relativos à presente área para a qual fora desenvolvido. No seu contexto o leitor terá a oportunidade de identificar as suas necessidades em relação a este importante tema e, portanto, usá-lo como guia para o exercício de suas atividades.

Superar as dificuldades é um imperativo, e para isso, temos que inovar, elaborar boas práticas, vencer a burocracia e partir em direção a uma Administração Pública zelosa e tecnicamente bem aparelhada.

É por meio do conhecimento que procuramos estimulá-lo a perceber melhor seu município, bem como a sua área de atuação no âmbito da Administração. Ressaltamos a necessidade de criar um ambiente de confiança; construir relações de respeito e boa convivência, identificando as virtudes, bem como as dificuldades que permeiam a vossa atividade.

Por fim, resta esclarecer que precisamos ter uma visão integral de todas as áreas da Administração Pública, por serem absolutamente interdependentes. Assim, estamos convictos de que esta Cartilha: Manual de Orientações sobre Saúde ao Gestor Municipal, será de grande importância para todos os que nela se inspirarem.

Em tempos de instabilidades, esperamos encontrar luz no conhecimento para a (re)construção por vir........ . (Re)construção do homem, do pensamento, da moral, dos costumes, do lar, do caráter..........

Assim, (Re)construir é o brado que nos compete.

Boa Leitura

Gustavo Costa Nassif Superintendente da AMM

Doutor e Mestre em Direito Público, Professor Universitário e Advogado

N OTA DAO R GA N I Z A D O R A

Caro Leitor,

Tendo como norte o fomento e aperfeiçoamento da gestão da saúde nos municípios mineiros elaboramos a presente cartilha. O texto contém uma síntese das principais diretrizes e aspectos práticos da atuação do gestor municipal de saúde. Em oito capítulos, bastante sintéticos, apresentamos e destacamos temas como: Princípios e Diretrizes do SUS, Financiamento da Saúde nos Municípios Mineiros, Prestação de Contas dos gastos em Saúde, dentre outros. Para a elaboração do texto nos pautamos no conhecimento adquirido na Coordenação das Áreas técnicas da AMM, trabalhando lado a lado com os técnicos e gestores municipais, bem como nas mais diversas fon-tes de consulta, principalmente, nos inúmeros guias editados pelos Órgãos Estaduais de Saúde, Tribunais de Contas do Estado, Conselhos de Secretários Municipais de Saúde, Manuais de Direito Administrativo e Informativos Ju-risprudenciais. Nosso objetivo foi o de condensar em um único manual, de forma sintética e resumida, os temas de maior incidência e relevância para a gestão pública municipal em saúde. Esperamos que as orientações aqui compiladas sirvam de suporte aos Gestores Municipais Mineiros e fortaleci-mento da causa municipalista.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Vivian do Carmo Bellezzia

Advogada. Especialista em Direito Público. Mestranda em Direito Ambiental.

11A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

1 . SA Ú D E CO M O D I R E I TO E D E V E R D O E STA D O

1 . 1 SA Ú D E

A saúde pública é uma preocupação constante de grandes e pequenas popu-lações em todo o mundo. No Brasil, em especial, o crescimento do alcance da saúde pública é tido como um dos maiores desafios dos governos federais, estaduais e municipais. Conforme veremos detalhadamente adiante os mu-nicípios brasileiros são responsáveis pela gestão plena de atenção básica de saúde. Alguns também são responsáveis pela gestão plena do Sistema Mu-nicipal de Saúde, incluindo a rede hospitalar e as unidades de emergência.

Por isso, nesse primeiro capítulo serão apresentadas as bases teóricas e legais que imprimem a saúde o status de direito indisponível que deve ser garanti-do pelo Estado brasileiro a todos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como: “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades1 .

Partindo desse princípio pode-se dizer que a saúde em sua plenitude não diz respeito somente à ausência de algum tipo de enfermidade ou doença, e sim, de um estado integralizado de bem estar que compreende aspectos físicos, mentais e sociais.

Mariana Pretel, estudiosa do tema, ao citar Humenhuk (2002), em seu arti-go:“O direito constitucional da saúde e o dever do Estado de fornecer me-dicamentos e tratamentos”, disserta que a saúde está diretamente ligada a qualidade de vida do indivíduo e que o referido direito fundamental consiste numa construção através de procedimentos capazes de proporcionar ao ci-

1 Definição de Saúde segundo a OMS. Disponível em: http://cemi.com.pt/2016/03/04/conceito-de-saude-segundo-oms-who/.

12

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

dadão uma vida saudável, que deve objetivar a democracia, a igualdade, o respeito e o desenvolvimento2”.

O artigo 196 da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), diz que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, que deverá garantir mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal, igualitário às ações e serviços para sua pro-moção, proteção e recuperação”. Por isso se afirma que dentre as garantias constitucionais a saúde se insere no rol dos direitos fundamentais e sociais, inerentes a pessoa humana. E é nesse contexto que os gestores municipais tem o dever de zelar pela saúde da população.

ATENÇÃO

As normas que o garantem os direitos fundamentais, têm aplicação imediata, na forma do § 1º do art. 5º da CF/88.

Já os artigos 2 e 3, da Lei Federal nº 8080/90, que dispõe sobre as condi-ções para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços de saúde, trazem em seu escopo definições que expressam a amplitude do referido direito fundamental, veja :

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.

2 PRETEL, Mariana. O direito constitucional da saúde e o dever do Estado de fornecer medicamentos e tratamentos. Disponível em:http://www.oabsp.org.br/subs/santoanastacio/institucional/artigos. Acesso em 02/12/2016.

3 Planalto.lei 8.080/90. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm

13A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-es-tar físico, mental e social.

Assim, o Estado tem o dever de assegurar efetivamente o direito à saúde a todos sem qualquer distinção, como consequência da própria garantia do direito à vida.

Contudo, apesar de todo arcabouço normativo existente e dos grandes avanços alcançados na última década, a saúde ainda amarga problemas de grandes proporções, o que inviabiliza a plena efetivação da referida garantia fundamental em conformidade com os ditames constitucionais.

Eis aí um dos grandes desafios aos gestores que trabalham com a saúde nos municípios mineiros.

Ainda a título de informações prefaciais é preciso também ter em mente que a saúde, em razão de sua complexidade e impacto na vida das pessoas, demanda intervenções multidisciplinares o que exige o diálogo e troca de informações e saberes de várias profissões.

Por isso gestor, tenha como certo que cuidar da saúde das pessoas exige, na maioria das vezes, muito mais do que intervenções clínicas. Esteja sempre atento ao esquema organizacional que envolve a saúde pública; em pri-meiro plano devem ser implementadas ações de prevenção e em seguida a atuação e execução de medidas curativas e/ou paliativas junto à população. Essa fórmula pode parecer demasiado genérica, mas seu princípio deve ser observado em toda e qualquer ação municipal.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Lembre-se, todo o ciclo de vida do cidadão acontece no município, eis o local da vivência, onde as pessoas nascem, estudam, trabalham, produzem, se divertem, adoecem e morrem, portanto, este é o lugar que deve propor-cionar aos munícipes uma assistência à saúde em sentido global.

Mas lembre-se com isso, não se estar a dizer que o município é o único responsável pelas políticas e intervenções na saúde da população, mas que talvez seja ele o ente mais apto a identificar medidas que previnam seu ado-ecimento. Por isso, não restam dúvidas de que é no município que as ações preventivas mais concretas e eficientes devem sempre acontecer.

O direito a saúde, nesse contexto, nos remete a própria condição de vida do ser humano. Sobre esse preceito vale deixar os ensinamentos de Capistrano em sua obra “Da saúde e das cidades”:

A defesa da vida e o compromisso com a vida são valores que nem a mão invisível do mercado, nem a mão pesada do planejamento centralizado e burocrático são capazes de garantir. Valores que, ou vingarão através de empenho, luta, coragem e convicções firmes, ou simplesmente serão

•Esquema adaptado a partir da cartilha de planejamento e gestão pública municipal em saúde da CNM – Confederação Nacional de Municípios. Gestão 2017-2020. • Esquema adaptado a partir da cartilha de planejamento e gestão pública municipal em saúde da CNM – Confederação Nacional de Municípios. Gestão 2017-2020.

FarmacêuticosEnfermeirosfisioterapeutasPsicologosAssistentes SociaisOdontólogosTerapeutas Ocupacionais

AdministradoresPedagogosEducadores FísicosAgentes de SaúdeSanitaristasTécnicosMédicos

População SAÚDE

15A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

suplantados pelo cinismo, pela indiferença, pelo cupidez e pelo individualismo mais feroz .

Destarte, este é um tema que encontra prioridade nas pautas, debates e ações da Associação Mineira de Municípios, a entidade tem participado ativamen-te desse processo, junto aos representantes dos municípios, realizando en-contros a fim de discutir os principais problemas relacionados ao tema, na tentativa de buscar caminhos e soluções possíveis.

No Brasil, a organização institucional que lida com a implementação do di-reito a saúde consolidou-se através do Sistema Único de Saúde (SUS) cujas diretrizes e parâmetros modulam a forma de conceber e realizar a assistência à saúde nos municípios. Para se ter uma idéia da essencialidade do Sistema; de acordo com dados do Ministério da Saúde publicados em 2016, através do SUS foram implementados, aproximadamente, 95% das cirurgias de co-ração, tratamentos oncológicos e transplantes de órgãos do país. Atualmente o SUS realiza um milhão de internações/mês, 3,5 bilhões de atendimentos/ano, e a assistência primária cobre 60% da população com a Estratégia de Saúde da Família.

Essencial, portanto, que o gestor público que lide com a saúde municipal conheça os princípios que regem esse intrincado Sistema Único de Saúde, palco do necessário protagonismo municipal.

1 . 2 S I ST E M A Ú N I CO D E SA Ú D E ( S US )

O SUS é um sistema de saúde dinâmico e complexo baseado nos princípios da saúde enquanto um direito do cidadão e também um dever do Estado. Seu objetivo é o de prover uma atenção abrangente e universal, preventiva e curativa, por meio da gestão e prestação descentralizadas de serviços de saúde, promovendo a participação da comunidade em todos os níveis de governo5.

A implementação do SUS começou em 1990, mesmo ano em que foi edita-da a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) já referenciada acima. Em 1992

5 JAIRNILSON PAIM, Claudia Travassos, Celia Almeida, Ligia Bahia, James Macinko. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. Saúde no Brasil Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil, 2011, P. 15.

16

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

6 JAIRNILSON PAIM, 2011,p. 17.

7 JAIRNILSON PAIM, 2011, p.19.

foi lançado o Programa de Saúde da Família que fazia parte de um projeto maior que objetivou a descentralização do sistema de saúde no país6.

O sistema foi formalmente instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/90, Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos financeiros.

O SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as políticas e ações em cada subsistema.

A Constituição Federal de 1988 cuidou de positivar a criação do SUS, tor-nando obrigatório o atendimento público, gratuito, a todos os cidadãos bra-sileiros e a sociedade. Nos termos da lei, a população deve participar do planejamento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa par-ticipação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presentes na União, nos Estados e Municípios.

Sabe-se que o Sistema Único de Saúde (SUS), foi implantado com o intuito de descentralizar as ações de saúde e também de minimizar os efeitos da de-sigualdade social, no que tange a assistência à saúde da população, buscando dar caráter universal à cobertura das ações.

Em verdade, a descentralização do sistema de saúde foi a mola propulsora e a lógica subjacente da implementação do SUS; para isso, foram necessárias legislação complementar, novas regras e reforma administrativa em todos os níveis do governo. Normas aprovadas pelo Ministério da Saúde – destinadas a redefinir responsabilidades – estabeleceram mecanismos de repasse finan-ceiro (como o Piso da Atenção Básica – PAB –, um valor per capita transfe-rido pelo Ministério da Saúde aos municípios de modo a financiar a atenção básica) e novos conselhos representativos e comitês de gestão em todos os níveis de governo7.

Sendo o SUS um sistema de relevância pública, exigiu-se e ainda exigi-se do poder público a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde, independente da execução direta do mesmo.

Nesse sentido, as competências de cada ente/ator na complexidade do sis-tema devem ser monitoradas com o finco de garantir o funcionamento do

17A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

sistema, de acordo com Flávio Andrade Goulart, em Cadernos de Saúde (2009):

As competências decorrentes da relevância pública en-volvem, certamente, o exercício de um poder regulador, de arbitragem e de intervenção executiva por parte das esferas do poder público e, por conseqüência, de suas agências de prestação de serviços8 .

A luz das competências e da relevância pública, o contratado ou conveniado ao sistema, em sua prestação de serviço, deve atuar baseado nos mesmos pressupostos, os quais cumpre lembrar são:

Vale lembrar que os contratos de prestação de serviços devem ser enten-didos como instrumentos de gestão, pois permitem a regulação e avaliação dos resultados na prestação de serviços, o que pode resultar em melhoria da qualidade da assistência prestada, com as seguintes normas:

8 CAMPOS, F. E., OLIVEIRA JÚNIOR, M., TONON, L. M. Cadernos de Saúde. Planejamento e Gestão em Saúde. Belo Horizonte: COOPMED, 1998. Cap. 2, p. 11-26

EssêncialidadeIntegraçãoEconomia

PlanejamentoFinanciamento

ControleSUS

18

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Lei Federal nº 8.666. de 21 de junho de 1993, a qul estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos de serviços, entre outros, no âmbito dos Poderes de União, dos Estados, do distrito Federal e dos Municípos.

portaria nº 3.277/GM, de 22 de dezembro de 2006 que prevê a comple-mentaridade na contratação de instituioções privadas para a prestação de servió de saúde, conforme seus artigos.

Esse sistema, hierarquizado e regionalizado, faz parte do conjunto das ações de saúde da União, Estados, do Distrito Federal e Municípios. Nesse contex-to, cada ente executa funções e competências específicas e articuladas entre si, veja o esquema:

NA ESFERA FEDERAL, a gestão do SUS é atribuição do Ministério de Saúde, a quem compete a formulação de po-líticas nacionais de saúde, planejamento, normalização, ava-liação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distri-buição de recursos públicos arrecadados.

NA ESFERA ESTADUAL a gestão se dá por meio da Se-cretaria Estadual de Saúde, a este setor cabe a formulação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações e servi-ços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.

NA ESFERA MUNICIPAL a gestão se dá por meio da Se-cretaria Municipal de Saúde, cabendo-lhe formular a po-lítica municipal de saúde e a provisão das ações e serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos pelo Gestor Federal e/ou Estadual do SUS.

19A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

ATRIBUIÇÕES COMUNS AOS TRÊS ENTES FEDERA-DOS

A Lei Orgânica da Saúde estabelece, em seu artigo 15, as atribuições comuns aos entes da federação, de forma bem genérica e abrangendo vários campos de atuação, vejamos:

Mecanismos de controle, avaliação e fiscalização;

Recursos orçamentários e financeiros anuais;

Acompanhar, avaliar e divulgar do nível de saúde da popu-lação e das condições ambientais;

Organizar e coordenar o sistema de informação em saúde;

Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualida-de e parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde;

Elaborar normas técnicas e estabelecer padrões de qualida-de a saúde do trabalhador;

Formular eexecutar políticas e ações de saneamento básico e colaborar na proteção e recuperação do meio ambiente;

Elaborar e atualizar periodicamente o plano de saúde;

Formular e executar política de formação e desenvolvi-mento de recursos humanos para a saúde;

Elaborar proposta orçamentária do Sistema Único de Saú-de – SUS em conformidade com plano de saúde;

Elaborar normas para regular as atividades de serviços pri-vados de saúde;

Realizar operações externas de natureza financeira de in-teresse da saúde, previamente autorizadas pelo Senado Fe-deral;

20

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Requisitar a autoridade competente justa indenização, para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitó-rias, decorrentes de situações de perigo eminente, de cala-midade pública ou irrupção de epidemias;

Elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde;

Articular junto aos órgãos de fiscalização do exercício pro-fissional e outras entidades representativas da sociedade civil para definição e controle dos padrões éticos para a pesquisa, ações e serviços de saúde;

Articulação da política e dos planos de saúde;

Realizar pesquisas e estudos na área de saúde;

Definir instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;

Fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-tratégicos.

Cumpre ressaltar que mesmo sendo um dever do gestor prestar atenção in-tegral à saúde de seu povo, não significa que o mesmo tenha obrigação de implantar todos os serviços em seu território, pois o comprometimento do município para com a saúde da população deve se limitar as suas atribuições e competências. Por isso, é sempre importante que a gestão seja compartilha-da e integrada com o Estado e União, pois em caso de falta de atendimento o município será inevitavelmente afetado.

Portanto, o município poderá e deverá trabalhar em conjunto e exigir a coo-peração técnica e financeira, dos outros entes federados, uma vez que no to-cante ao funcionamento do SUS a responsabilidade é solidária entre a União, os Estados e os Municípios

21A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO ENTE MUNICIPAL

Compete à gestão municipal uma série de ações, em conformidade com o Artigo 18 da Lei 8080/90, quais sejam:

• Executar serviços de Vigilância Epidemiológica, Sanitária, de alimentação, nutrição, saneamento básico e de saúde do trabalhador;

• Colaborar na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;

• Executar política de insumos e equipamentos para a saú-de;

• Planejar, organizar, controlar, gerir, executar e avaliar as ações e os serviços prestados;

• Executar, controlar e avaliar ações e condições do ambien-te de trabalho;

• Formar consórcios administrativos intermunicipais;

• Celebrar contratos e convênios com entidades privadas, controlar e avaliar execução;

• Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços pri-vados de saúde;

• Participar, da rede regionalizada do SUS em articulação com a esfera estadual.

• Normatizar as ações e serviços públicos de saúde;

• Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

• Fiscalizar as agressões ao meio ambiente que impactem sobre a vida humana e atuar em ações de controle;

22

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Lembre-se:Exija cooperação dos outros niveis de governo, pois o funcionamento do sus é de responsabiliade solidária da união, dos estados e dos municípios.

Contudo, o gestor deve estar atento as suas responsabilidades e identificar acordos e pactos existentes em seu município, observar as atribuições e as competências dos outros níveis de governo, bem como dos municípios de sua região.

1 . 2 . 1 P r i n c í p i o s e D i r e t r i z e s

A construção do Sistema Único de Saúde se norteia por princípios e diretri-zes, responsáveis por orientar o gestor na organização e execução das ações, programas e projetos do sistema, tendo em vista o grau de complexidade das ações.

As ações e serviços de saúde de menor complexidade são disponibilizados ao usuário no âmbito do município ou bairro em que reside, enquanto as ações mais complexas são alcançadas por meio de mecanismos de referência, o que significa dizer que em casos específicos o usuário é encaminhado para o atendimento especializado.

Gestor, os princípios e diretrizes que devem nortear suas ações estão descri-tos a seguir:

23A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

UniversalidadeConsiste na garantia de atenção à saúde, a todo e qualquer cidadão: a saúde como direito de todos.

EquidadeConsiste em assegurar ações e servi-ços em conformidade com seu grau de complexidade e necessidade.

IntegralidadeConsiste em definir as prioridades dentro de cada nível de atenção (bá-sica, média e alta complexidade).

Descentralização

Com administração única em cada esfera de governo, com ênfase na municipalização das ações e serviços de saúde

Controle SocialParticipação ativa da população por meio dos representantes que inte-gram os conselhos de saúde

Regionalização

Consiste na organização e distribui-ção dos serviços por região, atendi-mento realizado mais próximo do cidadão, preferencialmente pelo município

Hierarquização

Os serviços deverão ser prestados em observância a sua complexida-de. Além de dividir os serviços em níveis de atenção, priorizando o sistema de referência e de retorno, contra referência.

•Esquema adaptado fonte: - Manual de gestão pública municipal em saúde da AMM;

- Cartilha de planejamento e gestão pública municipal em saúde da CNM – Gestão 2017-2020.

24

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Verifica-se que os princípios básicos e organizativos contribuem para que a prestação do serviço se torne mais eficiente, garantindo a otimização do sistema.

Observe que uma vez que o gestor tenha conhecimento das necessidades da população, será capaz de prever que ações e serviços serão garantidos pela municipalidade. Não obstante, diante da impossibilidade ou esgotamento da estrutura pública, faz-se pertinente recorrer ao setor privado para que este possa atuar de forma complementar no atendimento da população por meio de contrato ou convênio, o que não descaracteriza o caráter público da pres-tação de serviço.

1 . 2 . 2 L e g i s l a ç ã o

O SUS é uma reformulação política e organizacional para a estruturação dos serviços e ações de saúde, estabelecido e regulado por leis, decretos e porta-rias, tendo como base os preceitos Constitucionais.

Importantíssimo registrar o conjunto normativo que regula o sistema.

• Lei n. º 8.080, de 19 de setembro de 1990 - Lei Orgânica da Saúde

• Lei n. º 8.142, de 28 de dezembro de 1990 - Dispõe sobre a participação da comunidade e transferências.

• Artigo 6º da Lei n. º 8.689, de 27 de julho de 1993 - Cria o Sistema Nacional de Auditoria.

• Decreto n. º 1.232, de 30 de agosto de 1994 - Regulamenta o repasse fundo a fundo.

• Decreto n. º 1.651, de 28 de setembro de 1995

• Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde - NOB/96 01/96, de 05 de novembro de 1996.

• Portaria GM/MS n. º 1.882, de 18 de dezembro de 1997 - Estabelece o Piso de Atenção Básica - PAB e sua composição.

25A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

• Portaria GM/MS n. º 1.886, de 18 de dezembro de 1997 - Aprova nor-mas e diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família.

• Portaria GM/MS n. º 3916, de 30 de outubro de 1998 - Define a Política Nacional de Medicamentos.

• Portaria GM/MS n. º 3.925, de 13 de novembro de 1998 - Aprova o Manual para a Organização da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde.

• Lei N. º 9.782, de 26 de Janeiro de 1999 - Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências

• Lei N. º 9787, de 10 de fevereiro de 1999 -- Estabelece o Medicamento Genérico.

• Portaria GM/MS n. º 176, de 8de março de 1999 - Cria o Incentivo à Assistência Farmacêutica.

• Portaria GM/MS n. º 476, de 14 de abril de 1999 - Regulamenta o pro-cesso de acompanhamento e de avaliação da Atenção Básica, conforme expresso no Manual para Organização da Atenção Básica a Saúde e na NOB 01/96, e dá outras providências.

• Portaria GM/MS n. º 832, de 28 de junho de 1999 - Regulamenta o processo de acompanhamento e de avaliação da Atenção Básica, conforme expresso no Manual para Organização da Atenção Básica a Saúde e na NOB 01/96, e dá outras providências

• Portaria GM/MS n. º 1.077, de 24 de agosto de 1999 - Cria o Programa para a Aquisição dos Medicamentos para a Área de Saúde Mental.

• Portaria GM/MS n. º 1.399, de 15 de dezembro de 1999 - Cria o Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de Doenças.

• Lei n. º 9.961, de 28 de Janeiro de 2000 - Cria a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS e dá outras providências.

• Portaria GM/MS n. º 956, de 25 de agosto de 2000 - Regulamenta a Assistência Farmacêutica Básica (sobre a utilização dos recursos do Incen-tivo)

26

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

• Emenda Constitucional n. º 29, de13 de setembro de 2000 - Altera e acrescenta artigos da CF, para assegurar os recursos mínimos para o finan-ciamento das ações e serviços públicos de saúde

• Portaria GM/MS n. º 956, de 25 de agosto de 2000 - Regulamenta a Assistência Farmacêutica Básica (sobre a utilização dos recursos do Incen-tivo).

• Portaria GM/MS n. º 95, de 26 de janeiro de 2001 - Cria a Norma Ope-racional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2001.

• Portaria GM/MS n. º 17, de 05 de janeiro de 2001, republicada em 16 de fevereiro de 2001 - Institui o Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de Saúde

• Portaria GM/MS n. º 145, de 1 de fevereiro de 2001, republicada em 8 de fevereiro de 2001 - Regulamenta as transferências fundo a fundo para o financiamento das ações de média e alta complexidade, na área de Vigi-lância Sanitária, executadas pelos Estados, Municípios e Distrito Federal

• Decreto 3745, de 05 de fevereiro de 2001 - Institui o Programa de Inte-riorização do Trabalhador de Saúde.

• Portaria GM/MS n. º 393, de 29 de março de 2001 - Institui a Agenda de Saúde.

• Portaria GM/MS n. º 548, de 12 de abril de 2001 - Cria os Instrumentos de Gestão.

• Resolução n. º 316, do CNS, de 04 de abril de 2002 - Aprova diretrizes para a aplicação da EM-29.

• Portaria GM/MS n. º 373, de 26 de fevereiro de 2002 - Cria a Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002.

• Portaria GM/MS n. º 1020, de 31 de maio de 2002 - Regulamentação da Programação Pactuada e Integrada da NOAS-SUS 01/2002.

• Portaria GM/MS n. º 1919, de 22 de outubro de 2002 - Institui a RIPSA

• Portaria GM/MS n. º 2047, de 05 de novembro de 2002 - Aprova, na for-ma do Anexo, a esta Portaria, as Diretrizes Operacionais para a Aplicação da Emenda Constitucional nº 29, de 2000.

27A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

• Portaria GM/MS nº 2.488, de 24 de outubro de 2011, que aprova a Po-lítica Nacional de Atenção Primária, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Primária, para a Estratégia Saúde da Família/ ESF e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde/PACS.

• Decreto Presidencial 7508/2011, de 28 de junho de 2011, Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organiza-ção do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistên-cia à saúde e a articulação Inter federativa, e dá outras providências.

• Lei Complementar 141/2012, de 13 de janeiro de 2012, Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mí-nimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fis-calização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.

• Decreto Estadual nº 45.468, de 13 de setembro de 2010, que dispõe so-bre as normas de transferência, controle e avaliação das contas de recursos financeiros repassados pelo Fundo Estadual de saúde.

• - Lei Complementar n.º 141, de janeiro de 2012

Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor so-bre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; es-tabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.

28

M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

• Lei nº 12.466, de 24/08/2011

Acrescenta arts. 14-A e 14-B à Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”, para dispor sobre as comissões intergestores do SUS, Conass, Conasems e suas respectivas composições, e dar outras pro-vidências.

•- Lei 12.438, de 6 de julho de 2011

Altera a Lei no 8.689, de 27 de julho de 1993, que dispõe sobre a ex-tinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS e dá outras providências, para que a prestação de contas dos gestores do Sistema Único de Saúde - SUS ao Poder Legislativo estenda-se à esfera federal de governo.

• - Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011 - Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências.

Decreto n.º 7.507, de 27 de junho de 2011 - Dispõe sobre a movimenta-ção de recursos federais transferidos a Estados, Distrito Federal e Municí-pios, em decorrência das leis citadas.

Lei complementar 141, de 13/01/2012 - Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem apli-cados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos re-cursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.

Quadro 1: Adaptado de conteúdo disponibilizado pelo site do Ministério da Saúde. Disponível em: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.

29A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

Em linhas gerais, pode-se dizer que foram os dispositivos constitucionais que deram ênfase ao sistema de saúde, cuja legislação ordinária e atos administra-tivos decorreram exatamente da ordem constitucional.

1 . 2 . 3 E s t r u t u r a e f u n c i o n a m e n to

No que tange a estrutura e o funcionamento do SUS, a Constituição Federal determina que cabe ao ente municipal estabelecer as ações e serviços a serem executados com base nas necessidades locais. No caso do Sistema Único de Saúde, um hospital que atende pessoas das cidades e do entorno, por exem-plo, é de interesse regional, principalmente das cidades menores que não tem o serviço no próprio município.

O sistema funciona em três níveis de atenção:

- Atenção básica; devem ser executadas em postos de saúde e pequenos cen-tros de saúde, normalmente localizados nos bairros. Já as campanhas de va-cinação e de conscientização, são coordenadas por equipes do nível básico, pelos agentes de saúde e endemias da prefeitura. (Responsabilidade munici-pal – interesse local);

- Atenção de média complexidade- executada por profissionais mais especia-lizados e equipamentos um pouco mais caros.(Responsabilidade do Estado - interesse regional);

- Atenção de alta complexidade - Exige profissionais altamente especiali-zados e equipamentos muito caros. (Responsabilidade da União – interesse federal).

O Sistema Único de Saúde é um sistema de informação e de financiamento, e enquanto lógica administrativa, conta com três elementos básicos: identifi-cação, contabilização e repasses financeiros.

A identificação de cada cidadão, bem como de cada profissional do sistema é feita por meio do Cartão do SUS. Toda essa contabilização é feita através de um complexo sistema de informação e de produção. O ministério da Saúde e

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

as Secretarias Estaduais de Saúde são responsáveis por coordenar os repasses financeiros.

Por isso, os parâmetros de atendimentos do ano anterior definem os repasses posteriores, pois o quantitativo de procedimentos torna-se espectável para cada um dos entes.

31A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

2 . F I NA N C I A M E N TO DA SA Ú D E O sistema de saúde brasileiro é financiado por meio de impostos gerais, con-tribuições sociais (impostos para programas sociais específicos), desembolso direto e gastos dos empregadores com saúde.

O financiamento do SUS tem como fontes as receitas estatais e de contribui-ções sociais dos orçamentos federal, estadual e municipal. As demais fontes de financiamento são privadas – como os gastos por desembolso direto e aqueles realizados por empregadores.

2 . 1 R e s p o n s ab i l i d a d e Tr i p a r t i t e

No que tange o financiamento da saúde, o sistema é administrado sob o manto da responsabilidade tripartite, significa dizer que o financiamento da saúde é uma responsabilidade comum as três esferas de governo, com atri-buições e competências comuns e especificas a cada um deles. Portanto, o gestor deve estar atento e ter conhecimento das pactos realizados pelo seu município.

Decorre da responsabilidade tripartite que as ações e serviços de saúde, im-plementados pelos Estados, Municípios e Distrito Federal, são financiados com recursos da União, próprios e de outras fontes suplementares de finan-ciamento, todos devidamente contemplados no Orçamento da Seguridade Social.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

2 . 1 . 1 R e c u r s o s F i n a n c e i ro s d o S US

Acerca das receitas Municipais, aponta o Ministério da Saúde (MS):

a) Impostos Municipais: ISS, IPTU, ITBI (sobre transmissão de bens imó-veis); b) Transferências da União: cota-parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), cota-parte do ITR e transferências da Lei Complementar nº. 87/96 Lei Kandir;

c) Imposto de Renda Retido na Fonte;

d) Transferências do Estado: cota-parte do ICMS, cota-parte do IPVA e cota-parte do IPI - Exportação;

e) Outras Receitas Correntes: receita da dívida ativa de impostos, multas, juros e correção monetária de impostos.

O governo federal é o principal financiador da rede pública, disponibilizan-do os recursos através do Ministério da Saúde, sendo o Fundo Nacional de Saúde o gestor financeiro. Aos estados cabe planejar e coordenar o SUS no nível, por serem responsáveis pelo atendimento em seu território. A gestão municipal cabe a criação de secretaria específica, Conselho Municipal de Saúde e formulação de políticas públicas, e a gestão a cargo do Fundo Muni-cipal de Saúde (FMS).

A Emenda Constitucional nº 29 estabelece que os gastos da União devam ser iguais ao do ano anterior, corrigidos pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Os estados devem garantir 12% de suas receitas para o financiamento à saúde. Já os municípios precisam aplicar pelo menos 15% de suas receitas. (CF/88).

De acordo com a CF/88, art. 198, as ações e serviços de saúde são finan-ciados com recursos do orçamento da Seguridade Social da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Ou seja, os recursos para o financiamento das ações de saúde têm origem:

- Na contrapartida do tesouro municipal e do tesouro estadual (convênios e Lei 8142/90);

33A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

- E outras fontes como doações, alienações patrimoniais; Rendimentos de

Capital, etc, de acordo com o art. 32, da Lei 8080/90.

Os Recursos são repassados por meio de transferências Fundo a Fundo, re-gulares e automáticas, remuneração por serviços produzidos na assistência, convênios, contratos de repasses e instrumentos similares.

As transferências de recursos são feitas diretamente do Fundo Nacional de Saúde, os referidos recursos são destinados às ações e serviços de saúde am-bulatorial e hospitalar, à assistência de média e alta complexidade e às ações básicas.

As transferências legais consistem em repasses de recursos do Governo Fe-deral para Estados, Distrito Federal e Municípios. Essas transferências de re-cursos são disciplinadas em leis específicas.

Há duas formas de transferência legal cujos recursos estão vinculados a um fim específico: a transferência automática e a transferência fundo a fundo. A saúde utiliza apenas a modalidade de transferência fundo a fundo.

A transferência fundo a fundo é um instrumento de descentralização de recursos disciplinado em leis específicas, que se caracterizam pelo repasse diretamente de fundos da esfera federal para fundos das esferas estaduais, municipais e do Distrito Federal, dispensando a celebração de convênios. Os fundos que operam essa modalidade de transferência são o Fundo Nacional de Saúde – FNS e o Fundo Nacional da Assistência Social – FNAS.

As normas que disciplinam essa forma de transferência no âmbito do FNS são a Lei nº 8.142, de 19 de fevereiro de 1990, regulamentada pelo Decreto nº 1.232, de 30 de agosto de 1994. O Governo estadual realiza esta transfe-rência de acordo com a Lei n.13.333 de 22 de fevereiro de 2005.

Os recursos das transferências fundo a fundo destinam-se à cobertura das ações e serviços de saúde implementados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. Essa cobertura das ações e serviços de saúde corresponde ao in-vestimento na rede de serviços, cobertura ambulatorial e hospitalar e demais ações de saúde. Os recursos são repassados de forma regular e automática, independentemente de convênio ou instrumento congênere.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Na transferência, os valores são depositados diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos fundos de saúde estaduais, do Distrito Federal e municipais. O depósito é efetuado em contas individualizadas específicas dos fundos, conforme os blocos de gestão da Portaria GM/MS nº 204 de Janeiro 2007, e Portaria nº 1.497 de 22 de junho de 2007. A aplicação dos recursos deve ser realizada conforme o previsto no plano de saúde do Estado, Distrito Federal ou Município.

A Portaria n º 204, de 29 de janeiro de 2007, regulamentou o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle. Os blocos de financiamento serão trabalhados detalhadamente no próximo capítulo.

2 . 1 . 2 P i s o s S a l a r i a i sDe forma bem simplista e deixando de lado as exceções que precisam ser trabalhadas pontualmente, pode-se dizer que o sistema remuneratório do servidor público é composto por três modalidades:

• Vencimento: De acordo com o Art. 40, da Lei 8.112/90: Venci-mento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Portanto, vencimento é o valor-base fixado em lei.

• Remuneração: De acordo com o Art. 40, da Lei 8.112/90: Remu-neração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

• Subsídio: Versa o § 4º do Art. 39 que: O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá-rios Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou ou-tra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no Art. 37, X e XI. Salvo as indenizações pois essas têm caráter de ressarcimento e não integram a remuneração.

35A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

REGIME JURÍDICO DE TRABALHO E REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E DOS AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS.

Atualmente, segundo a Portaria MS nº 314, de 28.2.2014, o piso salarial está fixado em R$ 1.014,00 (mil e quatorze reais), por Agente Comunitá-rio de Saúde, o valor mensal do incentivo financeiro referente aos ACS das Estratégias de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, por conta do orçamento do Ministério da Saúde para o programa de trabalho 10.301.2015.20AD – Piso de Atenção Básica Variável – Saúde da Família.

LIMITE DE RECURSOS DE ACORDO COM AS FONTES NORMATIVAS SOBRE O TEMA

LIMITE DE RECURSOS

Lei 12.994/2014 Autoriza o Poder Executivo federal a fixar em decreto os parâmetros referentes à quantidade máxima de agentes passível de contratação, em função da população e das pe-culiaridades locais, com o auxílio da assistência financeira complementar da União; (Art. 9-C).

Decreto 8.474/2015 Delega ao Ministério da Saúde es-tabelecer o quantitativo máximo de ACS e ACE;

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Portaria 1.024

Portaria 2.488

O Ministério da Saúde estabeleceu na Portaria 1.024 que o parâmetro para estabelecer o máximo de ACS para cada município seria a Política Nacional de Atenção Básica - Porta-ria 2.488/GM/MS, de 21 de outu-bro de 2011. Para saber o limite de cada município, é preciso consultar a Diretoria de Atenção Básica do Ministério. Esta Diretoria disponi-bilizou nota técnica para cada mu-nicípio, especificando o máximo de ACS, entre outras informações so-bre os recursos federais.

Portaria 1.025/2015 O Ministério também estabeleceu (Portaria 1.025/2015, Anexo) uma lista de municípios com o quantita-tivo máximo de ACE para cada mu-nicípio, segundo parâmetros elabo-rados pela Secretaria de Vigilância em Saúde;

Quadro elaborado a partir de texto disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/

2 . 1 . 3 A p l i c a ç ã o d o s r e c u r s o s f i n a n c e i ro s

Para que o gestor pratique uma gestão em conformidade com as necessida-des públicas e previsão legal, importante conhecer os principais mecanismos de aplicação dos recursos financeiros destinados ao sistema. Alguns aponta-mentos iniciais se fazem essenciais.

O plano de aplicação financeira deve ser coerente com as ações previstas no plano de saúde; deve ser aprovados no respectivo conselho de saúde e deve conter a previsão de gastos com pessoal, material de consumo; serviços ter-

37A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

ceirizados; despesas de capital, equipamentos e etc.

Assim, conforme Decisão nº 600/2000 do TCU e Portaria nº 3.925/GM /1998, os recursos federais destinados ao sistema de saúde deverão ser utili-zados da seguinte forma:

• Exclusivamente para execução de ações e serviços de saúde;

• Jamais podem ser utilizados em despesas administrativas das secretarias de saúde, bem como para aquisição, ampliação e reforma de imóveis e ou equi-pamentos que não estejam destinados ás ações finalísticas de saúde;

• Elaborar plano de aplicação dos recursos e submetê-lo ao Conselho de Saúde e utilizar somente em despesas das unidades de saúde;

• Devem ser previstos no orçamento do município e identificados no FMS como receita operacional proveniente da esfera federal.

De acordo com a Constituição Federal, os municípios deverão gastar no mínimo 15% do seu orçamento com Saúde, os esta-dos 12% e a União efetuar um ajuste anual do investimento em saúde em relação ao PIB. Este último item está em deba-te no Congresso, tanto pelas necessidades crescentes do SUS quanto pela questão da CPMF e seu possível tributo sucessor.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

3 . B LO CO S D E F I NA N C I A M E N TO D O S US

A Emenda Constitucional nº 29/2000 garante o financiamento de ações e serviços de saúde, bem como determina que as três esferas do governo efeti-vem a transferência anual dos recursos mínimos originários da aplicação de percentuais das receitas, pormenorizando as suas bases de cálculo.

Nesse compasso, o artigo 196 e 198, § 2º, da Constituição Federal e a Lei n. 8.080/90, dispõe que são consideradas despesas com ações e serviços de saúde, aquelas destinadas ao pagamento de pessoal ativo e outras despesas de custeio e de capital, financiadas pelas três esferas de governo, desde que estejam destinadas às ações e aos serviços de acesso universal, respaldados na gratuidade e na igualdade e concernentes as metas estipuladas por cada ente federativo.

Na sequência o Decreto nº 1.232/94, regulamentou os repasses regulares e automáticos dos recursos do SUS, em seguida a portaria GM/MS nº204/07 tratou de estabelecer o financiamento, a transferência, o monitoramento e o controle dos recursos federais destinados às ações e serviços de saúde, que por sua vez passaram a ser organizados e transferidos sob a forma de blocos de financiamento.

O Parágrafo único do Art. 3º do referido decreto estabelece que “os blocos de financiamento são constituídos por componentes, conforme as especi-ficidades de suas ações e dos serviços de saúde pactuados”. Atualmente o financiamento de custeio com recursos federais é organizado e transferido em 6 (seis) blocos:

3 . 1 - B LO CO DA AT E N ÇÃO BÁ S I CA ( D O I S CO M P O N E N T E S ) O Componente Piso da Atenção Básica Fixo (PAB Fixo) refere-se ao finan-ciamento de ações de Atenção Básica à saúde, cujos recursos serão trans-

39A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

feridos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios. Os recursos do incentivo à descentralização de unidades de saúde da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) incorporados ao Componente PAB Fixo, podem ser aplicados no financiamento dessas unidades.

O Componente Piso da Atenção Básica Variável (PAB Variável) é constituí-do por recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias, rea-lizadas no âmbito da Atenção Básica em saúde, tais como: Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde, Saúde Bucal, Compensação de Especifici-dades Regionais, Fator de Incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas, Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário, Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei, em regime de internação e internação provisória, e outros que venham a ser instituídos por meio de ato normativo específico.

Os recursos do Componente PAB Variável são transferidos do Fundo Na-cional de Saúde aos Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios, mediante adesão e implementação das ações a que se destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde.

Os recursos destinados à estratégia de Compensação de Especificidades Re-gionais correspondem a 5% (cinco por cento) do valor mínimo do PAB Fixo multiplicado pela população do Estado.

Os critérios de aplicação dos recursos de Compensação de Especificidades Regionais devem ser pactuados nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e levados ao conhecimento do plenário da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), devendo atender a especificidades estaduais e serem transferidos me-diante ato normativo específico do Ministério da Saúde.

Os recursos federais referentes aos incentivos para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário e para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei, em regime de internação e internação provisória, poderão ser transferidos ao Distrito Federal, aos Estados e aos Municípios, conforme pactuação na CIB.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

3 . 2 . B LO CO D E AT E N ÇÃO D E M é D I A E A LTA CO M P L E x I DA D E A M B U L ATO R I A L E H O S P I TA L A RO bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospi-talar é constituído por dois componentes:

I - Componente Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambula-torial e Hospitalar -MAC;

II - Componente Fundo de Ações Estratégicas e Compensação - FAEC.

Os recursos federais são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos Fun-dos de Saúde dos estados, Distrito Federal e municípios, conforme a Progra-mação Pactuada e Integrada, publicada em ato normativo específico.

3 . 3 . B LO CO D E V I G I L â N C I A E M SA Ú D EAs Portarias GM/MS n. 3252, de 22 de dezembro de 2009, e GM/MS n. 1106, de 12 de maio de 2009, alteraram dispositivos da Portaria GM/MS n. 204/07. Os recursos que compõem o bloco financeiro de Vigilância em Saú-de dos municípios, do Distrito Federal e dos estados representam o agrupa-mento das ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e de vigilância sanitária. O bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde é constituído por dois componentes:

I. Componente da Vigilância e Promoção da Saúde;

II. Componente da Vigilância Sanitária.

3 . 4 . B LO CO D E A SS I ST ê N C I A FA R M AC ê U T I CAAs Portarias GM/MS n. 2981 e GM/MS n. 2982, ambas de 26 de novembro de 2009, alteraram dispositivos da Portaria GM/MS n. 204/07. O bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica é constituído por três compo-nentes:

I. Componente Básico da Assistência Farmacêutica;

41A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

II. Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica;

III. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

O Componente Básico da Assistência Farmacêutica destina-se à aquisição de medicamentos do elenco de Referência Nacional de Medicamentos e In-sumos Complementares para a Assistência Farmacêutica na Atenção Básica.

O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica destina-se ao finan-ciamento de ações de assistência farmacêutica e programas de saúde estra-tégicos.

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica é uma estratégia de acesso a medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde caracteri-zada pela busca da garantia da integralidade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde.

3 . 5 . B LO CO D E G E S TÃO D O S USO bloco de financiamento para a Gestão do SUS é constituído de dois com-ponentes:

I. Componente para a Qualificação da Gestão do SUS;

II. Componente para a Implantação de Ações e Serviços de Saúde.

A transferência dos recursos do Componente para a Qualificação da Ges-tão do SUS dar-se-á mediante a adesão ao Pacto pela Saúde, por meio da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão e respeitados os critérios estabelecidos em ato normativo específico.

A transferência dos recursos do Componente de Implantação de Ações e Serviços de Saúde será efetivada em parcela única, respeitados os critérios estabelecidos em cada política específica.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

3 . 6 . B LO CO D E I N V E ST I M E N TO S NA R E D E D E S E RV I ÇO S D E SA Ú D EEm 2009, a Portaria GM/MS n. 837, de 23 de abril, alterou e acrescentou dispositivos à Portaria GM/MS n. 204/2007, para inserir o bloco de Inves-timentos na Rede de Serviços de Saúde na composição dos blocos de finan-ciamento relativos à transferência de recursos federais para as ações e os serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

O bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde é composto por recursos financeiros que são transferidos mediante repasse regular e auto-mático do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, exclusivamente para a realização de des-pesas de capital, mediante apresentação de projeto, encaminhado pelo ente federativo interessado ao Ministério da Saúde.

Os recursos referentes a cada bloco de financiamento devem ser aplicados nas ações e serviços de saúde relacionados ao próprio bloco.

ATENÇÃO!! É MUITO IMPORTANTE QUE O GES-TOR SAIBA O QUE PODE E O QUE NÃO PODE SER GASTO EM SAÚDE, VEJAMOS:

Artigo 3 e 4 lei complementar 141:

Art. 3º Observadas as disposições do art. 200 da Constituição Federal, do art. 6o da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e do art. 2º desta Lei Com-plementar, para efeito da apuração da aplicação dos recursos mínimos aqui estabelecidos, serão consideradas despesas com ações e serviços públicos de saúde as referentes à:

I - vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária;

II - atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de comple-xidade, incluindo assistência terapêutica e recuperação de deficiências nutricionais;

III - capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS);

IV - desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade

43A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

promovidos por instituições do SUS;

V - produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos serviços de saúde do SUS, tais como: imunobiológicos, sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos médicoodontológicos;

VI - saneamento básico de domicílios ou de pequenas comunidades, desde que seja aprovado pelo Conselho de Saúde do ente da Federação financiador da ação e esteja de acordo com as diretrizes das demais deter-minações previstas nesta Lei Complementar;

VII - saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos;

VIII - manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de vetores de doenças;

IX - investimento na rede física do SUS, incluindo a execução de obras de recuperação, reforma, ampliação e construção de estabelecimentos públi-cos de saúde;

X - remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade nas ações de que trata este artigo, incluindo os encargos sociais;

XI - ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS e imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde; e

XII - gestão do sistema público de saúde e operação de unidades presta-doras de serviços públicos de saúde.

Art. 4o Não constituirão despesas com ações e serviços públicos de saú-de, para fins de apuração dos percentuais mínimos de que trata esta Lei Complementar, aquelas decorrentes de:

I - pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde;

II - pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à referida área;

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

III - assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal;

IV - merenda escolar e outros programas de alimentação, ainda que exe-cutados em unidades do SUS, ressalvando-se o disposto no inciso II do art. 3o;

V - saneamento básico, inclusive quanto às ações financiadas e mantidas com recursos provenientes de taxas, tarifas ou preços públicos instituídos para essa finalidade;

VI - limpeza urbana e remoção de resíduos;

VII - preservação e correção do meio ambiente, realizadas pelos órgãos de meio ambiente dos entes da Federação ou por entidades não governa-mentais;

VIII - ações de assistência social;

IX - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede de saúde; e

X - ações e serviços públicos de saúde custeados com recursos distintos dos especificados na base de cálculo definida nesta Lei Complementar ou vinculados a fundos específicos distintos daqueles da saúde.

Fique atento, pois os recursos referentes aos blocos da Atenção Básica, Aten-ção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Vigilância em Saúde e de Gestão do SUS devem ser utilizados considerando que fica vedada a utilização desses para pagamento de:

I - Servidores inativos;

II - Servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempenhar funções relacionadas aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde;

III - Gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles dire-tamente ligados às funções relacionadas aos serviços relativos ao respecti-vo bloco, previstos no respectivo Plano de Saúde;

IV - Pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores pú-

45A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

blicos pertencentes ao quadro do próprio município ou do estado; V - Obras de construções novas, exceto as que se referem a reformas e ade-quações de imóveis já existentes, utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde.

Os recursos do bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica também devem ser aplicados, exclusivamente, nas ações definidas para cada compo-nente do bloco.

Síntese esquemática dos blocos para fixação

BLOCOS DESCRIÇÃO

ATENÇÃO BÁSICA

(PBA – Piso de atenção Básica - fixo)

(PBA – Piso de atenção Básica -Variável)

• PISO FIXO– refere-se ao financiamento de ações, cujos recur-sos são transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fun-dos de Saúde do Distrito Federal e dos municípios.

• PISO VARIÁVEL – refere-se aos recursos financeiros destina-dos ao financiamento de estratégias realizadas no âmbito da atenção básica em saúde, tais recursos são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde do Dis-trito Federal e dos municípios, me-diante adesão e implementação das ações a que se destinam e desde que constantes no respectivo Plano de Saúde.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

ATENÇÃO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE

(MAC - Média e Alta Complexida-de Ambulatorial e Hospitalar).

(FAEC - Fundo de Ações Estratégi-cas e Compensação)

• O bloco da Atenção de Mé-dia e Alta Complexidade Ambula-torial e Hospitalar é constituído por dois componentes, MAC E FAEC;

• Os recursos federais são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde dos es-tados, Distrito Federal e municípios, conforme a Programação Pactuada e Integrada, publicada em ato norma-tivo específico.

VIGILÂNCIA EM SAÚDE

(As Portarias GM/MS n. 3252, de 22 de dezembro de 2009, e GM/

MS n. 1106, de 12 de maio de 2009, alteraram dispositivos da Portaria GM/MS n. 204/07).

Os recursos que compõem o bloco financeiro de Vigilância em Saúde dos municípios, do Distrito Federal e dos estados representam o agru-pamento das ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e de vigilância sanitária.

É constituído por dois componen-tes:

I. Vigilância e Promoção da Saúde;

II. Vigilância Sanitária.

47A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

É constituído por três componentes:

I. Componente Básico da Assistên-cia Farmacêutica - destina-se à aqui-sição de medicamentos do elenco de Referência Nacional de Medica-mentos e Insumos Complementares para a Assistência Farmacêutica na Atenção Básica.

II. Componente Estratégico da As-sistência Farmacêutica - destina-se ao financiamento de ações de assis-tência farmacêutica e programas de saúde estratégicos.

III. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica - é uma estratégia de acesso a medicamen-tos no âmbito do Sistema Único de Saúde caracterizada pela busca da garantia da integralidade do tra-tamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cui-dado estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados peloMinistério da Saúde.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

BLOCO DE GESTÃO DO SUS

É constituído de dois componentes:

I. Componente para a Qualificação da Gestão do SUS - A transferên-cia desse recurso ocorre mediante a adesão ao Pacto pela Saúde, por meio da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão e respeita-dos os critérios estabelecidos em ato normativo específico.

II. Componente para a Implantação de Ações e Serviços de Saúde - será efetivada em parcela única, respei-tados os critérios estabelecidos em cada política específica

INVESTIMENTOS NA REDE

DE SERVIÇOS DE SAÚDE

(Portaria GM/MS nº37/2009, alterou e acrescentou dispositivos à

Portaria GM/MS nº 204/2007)

É composto por recursos financei-ros que são transferidos mediante repasse regular e automático do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos de Saúde Estaduais, Munici-pais e do Distrito Federal, exclusiva-mente para a realização de despesas de capital, mediante apresentação de projeto, encaminhado pelo ente federativo interessado ao Ministério da Saúde

• Quadro adaptado. Fonte: Fundo Nacional de Saúde – Disponível em: http://www.fns.saude.gov.br.

49A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

4 . I N ST R U M E N TO S D E G E STÃO E P L A N E JA M E N TO D O S USOs instrumentos de gestão e planejamento do SUS encontram destaque nas Leis 8080/90 e 8142/90, por esse arcabouço legal, o planejamento constitui ferramenta primordial para organização do sistema, quer indicando proces-sos e métodos de formulação, quer como requisitos para fins de repasse de recursos, de controle e de auditoria.

NACHIF (2006), no recente texto “Planejamento em saúde” explica que pla-nejamento também é “um modo de explicitação do que vai ser feito, quando, onde, como, com quem, e para quê.” Nesse compasso, o documento que registra essas escolhas é o Plano. Sobre o Plano, Matus (2002) nos ensina que trata-se de “um produto momentâneo de um processo de planejamento. É um instrumento de negociação, nunca está acabado, mas sempre em constru-ção” . Ou seja, o principal objetivo do Plano deve ser o de orientar as ações, apontar correções e avaliar os resultados obtidos em relação aos objetivos propostos.

Importante ressaltar que o processo ascendente de planejamento no SUS deve garantir a participação popular e o controle social, nesse contexto, pla-nejar implica mobilizar recursos e esforços para concretização dos objetivos traçados.

A construção dos instrumentos de planejamento nas três esferas de gestão do SUS utiliza uma organização variável, que pode contemplar uma simples projeção de tendências, ou até mesmo modelos mais complexos. Os princi-pais instrumentos de planejamento do SUS são:

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

INSTRUMENTO DE

PLANEJAMENTO

Administração dos recursos orçamentários e �nanceiros destinados, ã cada ano a saúde

Apresentação as intenções a dos resultados a serem buscados no período de quatro anos, os quais são expressos em objetivos, diretrizes e metas.

4 . 1 P L A N O S M U N I C I PA L D E SA Ú D E ( P M S )

O Plano Municipal de Saúde (PMS) é o instrumento que norteia a definição da Programação Anual das ações e serviços de saúde prestados, bem como da gestão do SUS, regulado pela portaria 3.332/GM/2006, o Plano apresen-ta as intenções e os resultados a serem perseguidos no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas.

A busca pela solução de problemas é o que determina as intervenções ne-cessárias para alcançar os objetivos propostos, portanto,

o processo de planejamento, na saúde deve compatibilizar a percepção do gestor com as necessidades e os interesses da sociedade.

A estrutura operacional do PMS e seus instrumentos devem ser compre-endidos como uma técnica avançada e dinâmica que possibilita retificação regular dos seus objetivos, estratégias, prioridades e ações, seja para vencer os problemas eu reverter os cenários existentes no tocante as doenças e a condição política.

• Esquema elaborado a partir de: - Manual de gestão pública municipal em saúde da AMM;

- Texto: Planejamento em saúde- por Maria Cristina Abrão Nachif e Sonia Maria Oliveira Andrade. Disponível em: http://virtual.ufms.br/

objetos/Unidade2

51A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

As atividades do FMS deverão ser realizadas por servidores da própria pre-feitura, porém coordenadas pelo Secretário de Saúde. As atividades mais comuns no dia a dia do FMS são: elaboração dos orçamentos e das progra-mações de execução de receitas e despesas; abertura e controle de contas bancárias; realização de licitações, administração de contratos e convênios; elaboração de relatórios financeiros; prestação de contas; captação de recur-sos, etc.

Nos municípios pequenos, essas atividades poderão ser realizadas nas estru-turas existentes na prefeitura (contabilidade, comissão de licitação), evitan-do-se o acréscimo desnecessário de custos com estruturas paralelas.

Municípios de médio e grande porte poderão optar por montar, na pró-pria Secretaria Municipal de Saúde - SMS, estruturas específicas de apoio à operação do FMS como: comissão de licitação, almoxarifado, serviço de contabilidade específica e designação de um gerente/técnico para auxiliar o Secretário de Saúde na coordenação da execução, controle e avaliação dessas atividades, visto que, geralmente o gestor da SMS não possui formação ou experiência na área de administração e finanças públicas.

Destarte é de fundamental importância que a Secretaria Municipal de Saú-de trabalhe na perspectiva de contratação e monitoramento de indicadores com as equipes técnicas de saúde, contemplando as diretrizes institucionais, processos de trabalho, sua efetividade e produtividade, bem como os fatores favoráveis e ou desfavoráveis á execução das ações e serviços.

4 . 2 P R O G R A M A A N UA L D E SA Ú D E ( PA S )

O Programa Anual de Saúde (PAS) é o instrumento elaborado a partir das diretrizes e metas do Plano Municipal de Saúde, apresenta a mesma estru-tura programática do Plano Municipal de Saúde (PMS), significa dizer que se articulam por meio dos objetivos, diretrizes, metas, indicadores e ações.

O referido programa é resultado de vários movimentos que corroboraram para elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a revisão do Pla-

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

no Plurianual de Ação Governamental (PPAG) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Após minuciosa análise, a proposta orçamentária é apreciada pelo Conselho Municipal de Saúde, que á disponibiliza no Sistema Orçamentário e Finan-ceiro (SOF) para discussão na Câmara Municipal de Saúde. Os eixos de programação que constituem a PAS estão em consonância com os blocos de financiamento do PPAG e LOA.

4 . 3 R E L ATó R I O D E TA L H A D O D O Q UA D R I M E S T R E A N T E R I O R ( R D QA )O Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA) contém a es-trutura preconizada no artigo 36 da Lei Complementar 140/2012, de 13 de janeiro de 2012, onde estabelece que o gestor do SUS, em cada ente da federação, deve elaborar relatório de gestão referente aos quadrimestres dos anos em exercício.

Este relatório apresenta os recursos aplicados em cada quadrimestre, as au-ditorias realizadas ou em fase de execução, os atendimentos da Ouvidoria a oferta e produção de serviços públicos na rede assistencial própria, contrata-da e conveniada, bem como, o total dos recursos aplicados e dos atendimen-tos realizados.

O gestor deve apresentar o RDQA, até o final do mês de fevereiro, maio e setembro em audiência pública na câmara de vereadores dos municípios, o relatório deve conter:

• O montante e a fonte dos recursos aplicados no período;

• As auditorias realizadas ou em fase de execução no período e suas recomendações e determinações;

• A oferta e a produção de serviços públicos na rede assistencial própria, contratada e conveniada, cotejando esses dados com os indi-cadores de saúde da população;

• Além de ter que seguir um modelo padronizado e aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde. (Anexo I – Resolução - 459/2012)

53A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

Ressalta-se que o plano e o relatório se alinham as ações e os serviços, desta forma o gestor deve analisar detidamente os campos que merecem a discus-são e a aprovação das ações necessárias.

Plano e Relatório Ações e ServiçosRQDA

4 . 4 R E L ATó R I O A N UA L D E G E S TÃO

O Relatório Anual de Gestão é o instrumento do âmbito do plane-jamento,assim dispõe o item IV do art. 4º da Lei Nº 8.142/90, referenciado também na Lei Complementar 141/2012 e Portaria 575/2012 do Ministério da Saúde.

De acordo com as portarias 3.085/GM e 3.332/GM, o relatório anual con-siste em um instrumento de planejamento que expressa os resultados alcan-çados com determinada execução de programas de saúde efetivados anual-mente, além de orientar eventuais redirecionamentos quando necessários.É a principal ferramenta de acompanhamento da gestão da saúde nas três esferas de governo.

O relatório contém a comprovação da aplicação dos recursos repassados para os fundos de saúde dos Estados, dos Municípios e do Distrito federal e deve ser submetido à apreciação e aprovação do respectivo Conselho de Saúde até o final do primeiro trimestre do ano subsequente. (Portaria 399 / 2006)

Após a apreciação pelo conselho cabe ao mesmo emitir parecer conclusivo, sobre o cumprimento ou não das normas estabelecidas na lei complementar 141/ 2012.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

ATENÇÃO GESTOR

• Fique atento aos prazos legais.

• Para elaboração do Relatório Anual de Ges-tão utilize a ferramenta de apoio disponível em (SARGSUS – www.saude.gov.br/sargsus).

4 . 5 P L A N O P LU R I A N UA L – P PA

O Plano Plurianual é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição Federal / 1988destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da República.

A Lei do (PPA) é editada a cada quatro anos e determina as diretrizes, os ob-jetivos e as metas da administração pública para um período de quatro anos, que se inicia no segundo ano do mandato do gestor e encerra-se no primeiro ano de mandato do governo seguinte.

A versão mais atualizada do PPA reforça a ideia de inclusão social e redução das desigualdades, com foco na qualidade dos serviços públicos e no equilí-brio da economia, está organizado em dois seguimentos:

- dimensão estratégica, composta pela visão de futuro, por quatro eixos estra-tégicos e pelas 28 diretrizes estratégicas,

- dimensão tática, que apresenta os 54 programas temáticos e os programas de gestão, manutenção e serviços ao Estado.

O conteúdo total do PPA 2012-2015 pode ser acessado no Portal do Minis-tério do Planejamento _ PPA 2012-2015

55A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

VALE SABER:

A construção do PPA 2016 – 2019 contou com a participação de órgãos do governo e representantes da sociedade, envolveu mais de 4.000 pessoas, sendo realizadas 12 gover-namentais para a formulação dos programas temáticos, 02 fóruns Inter Conselhos, 06 fó-runs regionais, 04 setoriais e amplo debate no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de planejamento (CONSEPLAN).

4 . 6 L E I D E D I R E T R I Z E S O R ÇA M E N TÁ R I A S

A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelece as metas e as prioridades que devem orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano se-guinte, também dispõe sobre alteração na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento, bem como mudan-ças na política salarial e de pessoal.

As diretrizes estabelecidas na LDO correspondem a uma parte do que foi definido para o Plano Plurianual (PPA), restringindo-se a um ano específi-co. Por determinação constitucional, o governo é obrigado a encaminhar o Projeto de Lei do Orçamento ao Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano, assim, a elaboração do projeto da LDO é de competência do Poder Executivo, que deve encaminhá-lo para o respectivo Poder Legislativo para aprovação, observados os prazos previstos na legislação vigente.

Desta feita, pode-se dizer que a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem por finalidade fazer a conexão entre o planejamento de longo prazo, represen-tado na PPA e as ações políticas e necessárias no dia-a-dia, concretizadas no orçamento anual.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

4 . 8 L E I O R ÇA M E N TÁ R I A A N UA L ( LOA )

A Lei Orçamentária Anual consiste nos relatórios anuais que abarcam os orçamentos fiscais da seguridade social e de investimentos das estatais. Apresenta estimativa da receita e a fixação das despesas do Governo, com o propósito de evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, os quais devem ser executados por órgãos da Adminis-tração Direta e Indireta, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

Integram a Lei Orçamentária Anual: o sumário geral; o quadro demonstra-tivo; quadro discriminativo e o quadro das dotações, conforme demonstra o esquema abaixo:

Lei orçamentária Anual

• SUMÁRIO GERAL de receita por fontes e da despesa por funções do governo;

• QUADRO DEMONSTRATIVO da receita e da despesa, segundo as categorias econômicas;

• QUADRO DISCRIMINATIVO da receita por fontes;

• QUADRO DAS DOTAÇÕES por órgãos do governo e da administra-ção.

A referida lei é dividida em temas como: saúde, educação, e transporte. Faz projeções de antecipação quanto á arrecadação do governo, para que os gas-tos programados possam de fato ser executados. Essa arrecadação se dá por

57A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

meio dos tributos, como impostos, taxas e contribuições. Se a projeção da Lei Orçamentária anual for bem feita, esta atingirá os objetos e metas estabele-cidos pelo Plano Plurianual, com segurança.

De acordo com a Lei n. 8.080/90, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, deverão pautar-se pelos seus planos de saúde para a elaboração das respectivas propostas orçamentárias anuais. A elaboração do projeto da LOA compete ao Poder Executivo e deve ser encaminhado ao respectivo Poder Legislativo e ser aprovado nos prazos definidos na legislação vigente.

A Lei Orçamentária Anual compreende três modalidades de orçamentos, quais sejam:

- O Orçamento Fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público;

- O Orçamento de Investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

- O Orçamento da Seguridade Social, abrangendo todas as entidades e ór-gãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fun-dos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público.

Cumpre lembrar que todos os níveis de governo elaboram seus próprios documentos orçamentários, já que cada um possui suas próprias despesas e responsabilidades.

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

5 . P R E STAÇÃO D E CO N TA S D O S GA STO S E M SA Ú D EO ato de prestar contas consiste em demonstrar a correta e regular aplica-ção dos recursos, para tanto, o gestor deve preocupar-se em comprovar a execução do objeto, bem como demonstrar que os referidos recursos foram destinados para tal, em conformidade com a legislação vigente. Esse é o cerne da questão.

Para garantir a lisura do processo de prestação de contas, faz-se pertinente juntar ao processo uma série de documentos comprobatórios, que de fato demonstrem relação entre o gasto, a origem do recurso e o objeto, para efei-tos de comprovação, vale citar:

a) Extratos bancários que comprovem a abertura de conta específica; as mo-vimentações e aplicações financeiras dos recursos e os rendimentos auferidos;

b) Cumprimento da contrapartida acordada;

c) Adoção obrigatória de procedimento licitatório (municípios) ou processo licitatório análogo (entidades privadas) – observar a Lei nº. 8.666/1993;

d) Cheques nominais ao credor ou ordens bancárias que comprovem os pa-gamentos realizados;

e) Notas fiscais emitidas corretamente (dentro do prazo de vigência do con-vênio, sem rasuras e com os seguintes carimbos:- Recebemos; - Referência ao convênio e projeto; - Certificamos que o material/serviço foi recebido/prestado (com assinatura legível); - Referência bancária: número do cheque, conta, banco e assinatura do tesoureiro/contador; - Ordem de pagamento (PAGUE-SE, com assinatura legível).

Determina o artigo 27, do Decreto Estadual nº. 43.635/2003, que os docu-mentos comprobatórios das despesas, tais como as notas fiscais, recibos, entre outros, devem ser originais, não sendo aceitos documentos com rasuras ou prazo de validade vencido. Portanto, nos termos do caput do artigo 27 do De-

59A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

creto nº. 43.635/2003 podem ser aceitas cópias devidamente autenticadas, no lugar dos originais.

Fique atento, cabe ao gestor o ônus da prova, de forma a não deixar dúvidas, que aplicou corretamente o recurso no objeto do convênio, sob pena de desaprovação da despesa realizada e não comprovada de forma inequívoca.

A prestação de contas é processo regular e obrigatório e deve ser providen-ciada em ambas as modalidades de transferências de recursos, quais sejam:

Nas transferências fundo a fundo, os gestores devem prestar contas:

- Ao Tribunal de Contas do Estado, compondo a prestação de contas anual do município;

- Ao Conselho Municipal de Saúde, no que se refere ao período acordado, seja mensal, bimestral, trimestral etc. Contendo:

Demonstrativo de Receita e Despesas

Relação de Pagamentos

Extratos das Contas Bancarias

- Ao Ministério da Saúde, por meio do Relatório de Gestão, previamente aprovado pelo respectivo Conselho de Saúde.

Relatório de Gestão

Objetiva comprovar junto ao Ministério de Saúde a aplicação dos recursos transferidos “fundo a fundo” para os Estados, Distrito Federal e municípios (Arts.3º e 6º do Decreto Nº 1.651/1995).

O Relatório de Gestão compõe-se dos seguintes elementos:

- Programação e execução física e financeira do orçamento;

- Comprovação dos resultados alcançados quanto à execução do Plano de

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M a n u a i s D e G e s t ã o P ú b l i c a M u n i c i P a l e M s a ú D e

Saúde;

- Demonstração do quantitativo de recursos financeiros próprios aplicados no setor saúde, bem como das transferências recebidas de outras instâncias do SUS;

- Documentos adicionais avaliados pelos órgãos colegiados de deliberação própria do SUS.

Outra modalidade de transferência de recursos são as transferências voluntá-rias, aqui o gestor deverá:

- Prestar contas dos recursos recebidos, sob pena de aplicação de sanções previstas em lei;

- Comprometer o fluxo de recursos, mediante suspensão de transferências.

Atenção: A prestação de contas deve ser tempestiva, organizada, numerada e acompanhada dos documentos, demonstrativos e relatórios necessários, o gestor deve verificar detidamente se o seu ato está conformidade com os ditames legais, com o finco de evitar problemas futuros.

Vale lembrar que o Município que não aplicar o percentual mínimo estará sujeito às seguintes punições:

• intervenção do Estado, conforme o inciso III do artigo 35 da Constituição (possibilidade incluída pela Emenda 29);

• retenção de repasses constitucionais da União (FPM, ITR) e do Estado (ICMS, IPVA, IPI / Exportação), tal qual prescreve os incisos I e II do pa-rágrafo único do artigo 160 da Constituição (possibilidade incluída pela Emenda 29);

• não-recebimento de transferências voluntárias da União ou do Estado, as-sim como determina a alínea “b” do § 1o do artigo 25 da Lei de Responsa-bilidade Fiscal.

61A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

6 . P E NA L I DA D E S De início cumpre lembrar que no Setor Privado é permitido fazer tudo aqui-lo que a lei não proíbe. Já no Setor Público só é permitido fazer aquilo que a lei autoriza. O referido ditame legal, refere-se a retidão dos atos praticados pelo gestor durante sua gestão, não só no que se refere a prestação de contas, mais num contexto geral.

São 3 (três) as modalidades de penas administrativas previstas na Lei nº 8.112/90:

- ADVERTÊNCIA; é pena de menor gravidade e de menor repercussão no trabalho. Em geral, resulta de condutas comportamentais associadas a valores básicos para o funcionamento da administração, tais como zelo, dedicação, lealdade, hierarquia, discrição, presteza, assiduidade, pontualidade, urbanida-de, desde que não sejam reincidentes.

- SUSPENSÃO; refere-se à reincidência das faltas puníveis com advertência e de maior intensidade por desrespeito a deveres e proibições reveladoras de desvio de comportamento grave que, todavia, não implicam demissão.

- DEMISSÃO; refere-se ao cometimento de infração grave no exercício de cargo efetivo e que ainda se encontra na ativa quando da apuração da pena. É, portanto, o caso geral da aplicação de pena que causa a expulsão do ser-vidor.

- As Penas capitais referem-se à demissão, cassação de aposentadoria, cassa-ção de disponibilidade e destituição de cargo em comissão, já se desconside-rando a destituição de função comissionada (função de confiança).

A demissão, a cassação de aposentadoria e a cassação de disponibilidade têm as mesmas hipóteses de aplicação, variando apenas o polo passivo (servidor ativo de cargo efetivo no primeiro caso e inativo para as outras duas hipó-teses). Expressa o Art. 132 da Lei nº 8.112 que são ilícitos caracterizadores da demissão.

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Art. 132 da Lei nº 8.112:

I - crime contra a administração pública;

II - abandono de cargo;

III – inassiduidade habitual;

IV - improbidade administrativa;

V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

VI - insubordinação grave em serviço;

VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;

VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;

IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;

X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI - corrupção;

XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

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7. D E SA F I O S E P R O P O STA SA Saúde é uma das principais preocupações dos brasileiros e também um dos maiores desafios a serem encontrados pelos novos gestores para a gestão 2017/2020.

A gestão e o financiamento do SUS se apresentam como os principais pro-blemas para o funcionamento e manutenção do sistema, principalmente em âmbito municipal. Recursos escassos, atrasos de recursos federais e estaduais, congelamento de gastos com a saúde, falta de pessoal capacitado, aumento de pisos salariais sem ajustes ao Município e outros tantos desafios a serem superados nessa nova gestão.

O SUS como um sistema universal e igualitário não vem conseguindo aten-der todas as demandas e manter a saúde da população. Deparamos-nos com um sistema falho que não é capaz de atender a cobertura completa proposta. As conseqüências dessas falhas? Fácil de serem encontradas. Filas gigantescas para atendimentos (consulta e exames), hospitais lotados e sem vagas para internação, falta de médico, falta de estrutura, falta de materiais, falta de me-dicamentos e diversas outras faltas.

Como se não bastasse toda a falta de recursos, os Municípios ainda enfren-tam o grande problema atual da saúde, a Judicialização, que vem onerar ainda mais os cofres municipais.

Além disso, nos deparamos muitas vezes com problemas da gestão, falta de pessoal capacitado para atuar frente à secretaria municipal.

Não obstante, fato é que o SUS está em constante processo de aperfeiçoa-mento, tanto no que diz respeito às tecnologias que se aprimoram diariamen-te e melhoram os serviços e ações de saúde quanto dos processos internos de gestão do próprio sistema.

Importante, portanto, que o gestor faça cursos e capacitações para assegurar o direito à saúde de seus munícipes, que assuma responsabilidades pelos resultados, reduzindo os riscos de doenças e mortalidade através de ações e

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serviços no município. Para isso o gestor deve pactuar com as demais partes envolvidas no processo de todos sempre primarem pelas boas práticas para oferecer o melhor atendimento aos seus usuários. O gestor deve assegurar a referência da rede básica de saúde para as unidades de redes especializadas através dos pactos com os demais partícipes do sistema.

Várias dificuldades de ordem política, organizacional e orçamentária mar-cam a atuação do gestor municipal de saúde. Não obstante, é preciso que o gestor esteja engajado com esses desafios tomando para si a responsabilidade de provocar a evolução diária do sistema, provocando as mudanças necessá-rias para o desenvolvimento das ações em saúde, melhorando a qualidade de vida da população.

Na prática o gestor pode começar por trabalhar e contribuir para que o mu-nicípio busque:

- Consolidar mecanismos de atendimento ás necessidades imediatas da população, evitando filas, otimizando tempo, melhorando a qualida-de e resolvendo problemas nos estabelecimentos de saúde. Tratando o usuário com dignidade e respeito.

- Estabelecer a integração dos serviços, desde a atenção básica, rede hospitalar, com serviços auxiliares, formando modelos alternativos de gestão dos serviços que permitam aumentar a autonomia gerencial e premiar a eficiência a partir dos resultados alcançados;

- Modernizar os serviços por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação que facilitem a marcação eletrônica de consultas me-dicas e a existência de registros eletrônicos que contenham históricos e dados clínicos dos pacientes, auxiliando nos processos de planeja-mento.

- No que se refere ao financiamento da saúde, não apenas aumentar os recursos, mas melhorar o uso dos recursos existentes do SUS, au-mentando a eficiência, a fiscalização, a fim de reduzir a corrupção e o mau uso;

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- Regulamentar e normatizar instrumentos parciais e de alta fragili-dade jurídica, como portarias e resoluções do Ministério da Saúde e seus departamentos, ex; assistência farmacêutica não possui definição quanto à competência dos medicamentos excepcionais e de alto custo, aumentando as demandas judicializadas na saúde;

- Combata política e institucionalmente o subfinanciamento federal e estadual presentes em todos os seguimentos da saúde, associado à ausência de uma política de financiamentos equânime e integrada para o SUS;

- Lute pela reformulação do pacto federativo e a definição superficial ou quase que inexistente das competências de cada esfera de gestão em dispositivos legais;

- Combata o descumprimento das regras legais de financiamento por parte da União e dos Estados, sem as devidas penalidades;

• Quadro adaptado a partir de conteúdo disponível em:: - Cartilha de planejamento e gestão pública

municipal em saúde da CNM – Gestão 2017-2020.

Quantos desafios nesse processo! Por isso, a importância de se realizar uma ampla discussão sobre o tema, sobre a importância de fazer a saúde aconte-cer e fazer valer o trabalho e dedicação dos gestores municipais de saúde em toda e qualquer instância.

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8 . S I T E S D E I N T E R E SS E•MINISTÉRIO DA SAÚDE-http://portalsaude.saude.gov.br/

• FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE - http://www.fns.saude.gov.br/

• SALA DE APOIO A GESTÃO ESTRATÉGICA DO MINISTÉRIO DA SAÚ-DE - http://sage.saude.gov.br/

• SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE - http://www.saude.mg.gov.br/

• ASSEMBLEIA LEGISLATIVA - http://politicaspublicas.almg.gov.br/

• CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE - http://www.conass.org.br/

• CONSELHO NACIONAIS DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE - http://www.conasems.org.br/

• CONSELHO DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE - http://www.cosemsmg.org.br/site/

• SIOPS - http://portalsaude.saude.gov.br/

• TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - http://www.tce.mg.gov.br/

• COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE - http://www.saude.mg.gov.br/cib

DOCUMENTOS ÚTEIS PARA CONSULTA

• Guia de prestação de contas do COSECSMG - http://www.cosecsmg.org.br/guia_prest_contas_convenios.pdf

Cartilha de encerramento de mandato da CGU - http://www.cgu.gov.br/Publica-coes/auditoria-e-fiscalizacao/arquivos/cartilha-encerramento-mandato-2012.pdf

• Cartilha sobre fiscalização e auditoria da CGU - http://www.cgu.gov.br/Publica-coes/auditoria-e-fiscalizacao/arquivos/cartilha-encerramento-mandato-2012.pdf

67A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

9 . G LO SSÁ R I O

• AÇÃO – é a medida ou iniciativa concreta a ser desenvolvida e que deverá contribuir para o alcance dos objetivos e metas.

• DIRETRIz – formulação que aponta as linhas de ações a serem seguidas. É expressa sob a forma de enunciado, síntese. Exemplo: Reestruturação e qualifi-cação da rede de laboratórios de patologia clínica.

• EFETIVIDADE – impacto positivo ou negativo que o público alvo obtém com o desenvolvimento do programa, além dos seus produtos imediatos.

• EFICIêNCIA – é a relação entre os resultados e os custos envolvidos na exe-cução de um projeto ou programa.

• LEI DE DIRETRIzES ORÇAMENTÁRIAS – lei que estabelece regras para a elaboração do orçamento do exercício seguinte, orienta a elaboração da LOA e dispõe sobre alterações na legislação tributária.

• LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - lei que detalha a aplicação dos recursos do governo em obras e ações para o exercício seguinte.

• META – expressa o objetivo quantificado em um prazo definido. Concretiza o objetivo no tempo, esclarecem e quantificam “o que”, “para quem”, “quando”. Exemplo: Implantar o exame de urocultura nos distritos sanitários Leste, Norte e Venda Nova, até dezembro de 2017. Capacitar 10 profissionais de laboratório, até agosto de 2017.

• MONITORAMENTO – é a observação e o registro regular das atividades de um projeto ou programa. É um processo rotineiro de acúmulo de informações do projeto em todos os seus aspectos.

• MONITORAR- é checar o progresso das atividades do projeto, ou seja, uma observação sistemática e com propósitos. Monitorar é também dar um retorno sobre o projeto aos seus colaboradores, implementadores e beneficiários.

• OBJETIVO GERAL – expressa uma proposta mais abrangente daquilo que

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se pretende fazer a fim de superar os problemas identificados, dentro do res-pectivo eixo, ou seja, atingir a situação desejada. Exemplo: Aprimorar a rede de apoio diagnóstico do SUS.

• OBJETIVO ESPECíFICO – são linhas que delimitam e especificam o ob-jetivo geral. Esses objetivos, somados, conduzirão à conclusão do objetivo geral. Ex: Estruturar a rede de apoio diagnóstico dos Distritos Sanitários. Ampliar a capacidade dos laboratórios regionais Norte e Venda Nova.

• ORÇAMENTO PARTICIPATIVO – política de governo por meio da qual as decisões sobre a aplicação de recursos públicos são tomadas pela popula-ção.

• REPASSE FUNDO A FUNDO – investimento estimulo a regionalização e o fortalecimento da atenção básica

• PLANO DE SAÚDE: É o instrumento que apresenta as intenções e os re-sultados a serem buscados no período de quatro anos, os quais são expressos em objetivos, diretrizes e metas. É a definição das políticas de saúde numa determinada esfera de gestão. É a base para a execução, o acompanhamento, a avaliação e a gestão do sistema de saúde

• PROJETO– Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo.

• ATIVIDADE -Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente.

• PROGRAMA – é o instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurados por indicadores estabelecidos no plano plurianual

• RECEITA - É todo recebimento efetuado pela entidade com a finalidade de ser aplicado em gastos operativos e de administração

• PREVISÃO - é a estimativa de quanto se espera arrecadar durante o exer-cício;

• ARRECADAÇÃO – é o momento em que o contribuinte recolhe, ao agen-

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te arrecadador, o valor do seu débito;

• RECOLHIMENTO - é o momento em que o agente arrecadador repassa o produto arrecadado ao Tesouro Nacional, Estadual ou municipal

• DESPESA PÚBLICA -É o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos.

• CONCEDENTE - Órgão ou entidade responsável pela transferência dos recursos financeiros ou pela descentralização dos créditos orçamentários destinados à execução do objeto do convênio.

• CONTRAPARTIDA - Parcela de recursos da instituição proponente que deverá ser aplicada no objeto do convênio. Está devidamente regulamentada em lei e é obrigatória. Apenas se caracterizarão os recursos aplicados como contrapartida, se houver previsão expressa em termo de convênio. O recurso próprio do município que não está previsto no termo de convênio, utilizado para complementar a execução do objeto, não pode ser considerado contra-partida.

• CONVêNIO - Instrumento que disciplina a transferência de recursos pú-blicos, formalizado entre a SES/MG e entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos para realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua colaboração.

• CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO - Previsão de transferência de re-cursos financeiros, de conformidade com a proposta de execução das metas, etapas e fases do plano de trabalho.

• CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO - Ordenação das metas especificadas, qualificadas e quantificadas em cada etapa ou fase, segundo a unidade, de medida pertinente, com previsão de início e fim.

• DESCENTRALIzAÇÃO - Princípio administrativo consagrado pelo art. 10 do Decreto-Lei 200/1967. A administração descentralizada é aquela em que a atividade administrativa, caracterizada como serviço público ou de in-teresse público, é transferida ou deslocada do Estado para outra entidade por ele criada ou cuja criação é por ele autorizada. O art. 18 da Lei 9293/1996 esclarece que os recursos públicos só podem ser descentralizados mediante

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celebração de convênios ou outros instrumentos congêneres, ressalvados os casos de lei específica, que discipline a transferência de recursos alocados a programas de trabalhos, nos termos do art. 1º, §4º da IN 01/1997-STN. Des-pesa de Capital Classificação legal dos gastos que, em princípio, produzem alteração qualitativa e quantitativa do patrimônio público.

• DESPESA DE CAPITAL- são os gastos realizados cujo propósito é o de criar novos bens de capital, como é o caso dos investimentos (obras, equipa-mentos, alienações e mobiliários) e da aquisição de bens de capital, que são as inversões financeiras. São as que contribuem, diretamente, para a forma-ção ou aquisição de bem de capital. Para efeito de classificação da despesa, considera-se material permanente o de duração superior a dois anos (Lei nº. 4.320/1964 art.15 § 2º).

• DESPESA DE CUSTEIO - Classificação dos gastos que se destinam, basi-camente, à manutenção dos serviços e programas sociais existentes, obras de conservação e adaptação de imóveis. São os gastos de natureza operacional, realizados para a manutenção e o funcionamento dos seus órgãos. São as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital.

• DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA - São valores monetários autorizados, consignados na Lei Orçamentária Anual (LOA) para atender a uma deter-

71A s s o c i A ç ã o M i n e i r A d e M u n i c í p i o s

minada programação orçamentária.

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BRASIL. Lei nº 13.255, de 14 de janeiro de 2016 – Pub. no DOU de 15.1.2016.

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BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, à organização e o funcionamen-to dos serviços correspondentes e dá outras providencias. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 de set. 1990.

BRASIL. Lei nº 8.142 de 28 dezembro de 1990. Dispõe sobre a participa-ção da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 29de dez. 1990.

CARTILHA de encerramento de mandato. Auditoria e Fiscalização Pública. Disponível em: http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/auditoria-e-fiscalizacao/arquivos/cartilha-encerramento-mandato-2012.pdf

CARVALHO, A. I.; BARBOSA, P.R. Políticas de saúde: fundamentos e dire-trizes do SUS. 2 ed. Florianópolis. Departamento de Ciências da Administra-ção/ UFSC; (Brasília): CAPES: UAB, 2012.

CECÍLIO, L. C. O. et al.O Gestor Municipal na atual implantação do SUS:

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características e desafios. Revista Eletrônica de Comunicação Informa-ção Inovação em Saúde. Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.200 -207, jul/dez, 2007. Disponível em: http://reciis.cict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/dowlo-ad/84/79.

COSTA, M.B.S.; SALAzAR, P.E.L.; SANTOS, J.P. Percepção de Gestores de Saúde sobre as mudanças no Sistema Único de Saúde. Disponível em:

EMENDA CONSTITUCIONAL N° 29, de 13 de setembro de 2000. Altera os artigos. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saú-de, Brasília, 2000.

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GOMES, Gesanne Fonseca. Gestão Orçamentária Participativa dos Municí-pios. 2014. Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/

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MARQUES, Rosa Maria M; MENDES, Aquilas. Os dilemas do financiamen-to do SUS no interior da seguridade social. Revista Economia e Sociedade, 2016. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/

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ROSA, Tatiane. O que esperar da saúde pública no Brasil, 2015. Disponível em: http://www.conass.org.br/

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