manuel coutinho pereira e hugo reis 2013_diferenças regionais no desempenho dos alunos portugueses, evidência do programa pisa na ocde

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    Artigos

    DIFERENAS REGIONAIS NO DESEMPENHO DOS ALUNOS POR-

    TUGUESES: EVIDNCIA DO PROGRAMA PISA DA OCDE*Manuel Coutinho Pereira**| Hugo Reis**

    Resumo

    Este artigo estuda as diferenas regionais no nvel e desigualdade do desempenhoescolar em Portugal. Apesar da natureza centralizada do sistema educativo portugus,existem diferenas significativas entre as regies. Considera-se, em primeiro lugar, opapel dos fatores familiares e da escola. Os resultados sugerem que o indivduo e afamlia desempenham um papel importante na explicao, quer do desempenho, quer

    da desigualdade. As caractersticas da escola tambm so importantes, mas apenas emtermos do desempenho. Alm disso, o papel de efeitos regionais puros afigura-selimitado. Numa perspetiva de poltica educativa, parece existir margem de intervenonomeadamente no que respeita organizao das escolas e a aspetos ligados sresponsabilidades dos professores. No entanto, para se intervir sobre a desigualdadeeducativa, necessrio ter-se em conta no somente a escola, mas o contexto escola-famlia-comunidade.

    1. Introduo

    Apesar de algumas melhorias em vrios indicadores de escolarizao em Portugal na ltima dcada, opas continua bastante mal posicionado no contexto da OCDE. Por exemplo, apenas 32 por cento da

    populao ativa tinha o ensino secundrio completo em 2010, em comparao com a mdia da OCDE

    de 75 por cento1. Ao mesmo tempo, a elevada taxa de abandono escolar, associada a baixas qualifi-

    caes, permanece um problema fundamental. Estes nmeros so, contudo, heterogneos quando se

    consideram as diversas regies do pas. Por exemplo, a referida percentagem da populao ativa que

    completou pelo menos o ensino secundrio varia entre cerca de 20 por cento nos Aores e 45 por cento

    na regio de Lisboa e Setbal. A taxa de analfabetismo oscila entre cerca de 3 por cento na Grande

    Lisboa e no Grande Porto e 10 por cento no Alentejo. Alm disso, os indicadores de sucesso escolar,

    tal como os resultados dos exames nacionais, mostram uma importante variao territorial. Verifica-se

    ainda que o perfil regional dos indicadores de escolarizao e de desempenho esto positivamente asso-

    ciados. O Programa para Avaliao Internacional de Estudantes (PISA) da OCDE incluiu em 2009, pelaprimeira vez, informao detalhada sobre a distribuio regional dos alunos portugueses na amostra2,

    a qual confirma as disparidades regionais mencionadas. Assim, dada a natureza altamente centralizada

    do sistema educativo portugus, por exemplo, no que diz respeito contratao e determinao dos

    salrios dos professores e definio dos currculos, importante entender as razes de tais disparidades.

    1 Entre os pases da OCDE, apenas a Turquia apresenta valores semelhantes. Para o grupo mais jovem (25-34anos) tal percentagem mais elevada (52 por cento), mas ainda bem abaixo da mdia da OCDE (82 por cento).

    2 A diviso regional toma como referncia a Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatsticos (NUTS)- nvel 3 (ver Apndice 1).

    * Os autores agradecem a Nuno Alves, Mrio Centeno, Jorge Correia da Cunha, Ana Cristina Leal e Jos FerreiraMachado pelos seus comentrios. As opinies expressas neste artigo so da responsabilidade dos autores, nocoincidindo necessariamente com as do Banco de Portugal ou do Eurosistema. Eventuais erros e omisses so daexclusiva responsabilidade dos autores.

    ** Banco de Portugal, Departamento de Estudos Econmicos.

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    Este artigo investiga as determinantes das diferenas regionais em relao ao nvel e desigualdade do

    desempenho dos alunos3, usando a abordagem da funo de produo de educao (Todd e Wolpin,

    2003). Esta funo fornece os meios para a compreenso do processo de produo da educao,

    por via da estimao dos efeitos dos vrios fatores explicativos do desempenho, o qual medido pelos

    resultados de testes. As variveis explicativas so as caractersticas individuais do estudante, o contextofamiliar e os recursos escolares. Neste artigo, tambm se analisa a relao entre as disparidades e as

    caractersticas regionais.

    Comea-se por estudar o nvel do desempenho. Um fator explicativo natural da heterogeneidade

    regional observada a este respeito a diversidade territorial nas caractersticas socioeconmicas dos

    estudantes. Num primeiro passo, procura-se quantificar o efeito destas caractersticas, por forma a retir-

    -lo dos diferenciais de pontuaes entre as regies. De seguida, investiga-se se o remanescente daquele

    diferencial pode ser atribudo s escolas e a fatores regionais puros. Em Portugal, existe pouca variao

    institucional (exceto relativamente ao ensino pblico versus privado, mas o nmero reduzido de escolas

    privadas na amostra do PISA, impede que se tire partido deste facto). No obstante, as escolas podero

    diferir, por exemplo, quanto sua organizao e ao corpo docente (escolas localizadas em reas mais

    desenvolvidas so suscetveis de atrair melhores professores). Finalmente, examina-se a desigualdade

    educativa, no esprito do Relatrio Coleman (1966)4, e seguindo Carneiro (2008) e Carneiro e Reis (2009),

    considerando-se novamente o papel da escola e dos fatores familiares na determinao da desigualdade

    no desempenho intra-regio .

    A identificao das determinantes do nvel e da desigualdade do desempenho relevante, a fim de se

    delinearem polticas pblicas direcionadas para os alunos e as escolas. Este tipo de evidncia ajuda, por

    exemplo, a melhorar a perceo de como poder ser alcanada uma maior igualdade de oportunidades

    entre as regies. Segundo julgamos, em Portugal tal anlise tem sido pouco explorada (para alm de um

    patamar puramente descritivo). A evidncia que se retira dos dados, apesar de se tratar de um primeiro

    estudo, constitui tambm um contributo para o debate sobre o sistema educativo, nomeadamente

    quanto eficcia de um sistema de ensino mais ou menos centralizado, no que se refere organizao, autonomia e responsabilizao das escolas.

    A estimao da funo de produo de educao levanta uma srie de questes. Algumas das caracte-

    rsticas dos professores e das escolas so no-observadas, dando origem a variao no explicada das

    pontuaes. Ao mesmo tempo, o efeito da composio socioeconmica das escolas sobre os resultados,

    quer direto, quer atravs da interao com os colegas (peer effects), pode no ser totalmente captado

    pelas variveis familiares. Alm disso, as diferenas territoriais nos resultados so suscetveis de refletir

    fatores regionais puros, os quais tambm so frequentemente no observados. Por exemplo, a valo-

    rizao do conhecimento e do investimento em capital humano poder variar de regio para regio.

    Finalmente, as caractersticas (observadas ou no) da escola, da famlia e da regio interagem e esto

    provavelmente correlacionadas. Neste caso, algumas das variveis na funo de produo de educao

    podero ser endgenas e refletir, em parte, o efeito de fatores no-observados. Apesar destas ressalvas,

    julga-se que a quantificao da importncia relativa do ambiente escolar, familiar e regional um exer-

    ccio interessante e instrutivo.

    Este estudo uma contribuio para a extensa literatura sobre o desempenho educativo. Em particular,

    o mesmo enquadra-se nas anlises regionais dos resultados do PISA semelhana de Wssman (2007),

    para a Alemanha, Bratti et al. (2007), para a Itlia, e Ferreraet al. (2010), para a Espanha. Alguns destes

    3 As pontuaes dos estudantes portugueses no PISA registaram uma convergncia com a mdia da OCDE entre2000 e 2009 (Pereira, 2011). Infelizmente, no possvel explorar a dimenso regional desta evoluo, devido arestries de dados.

    4 O Relatrio Coleman foi um estudo pioneiro na investigao, para os Estados Unidos, do papel relativo dosfatores familiares e dos recursos escolares no desempenho dos alunos, pondo em evidncia a importncia dafamlia e da desigualdade social (segregao).

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    estudos regionais, nomeadamente para a Alemanha, tiram proveito da variao institucional criada pela

    natureza descentralizada dos respetivos sistemas educativos. O artigo est organizado da seguinte forma.

    Na seco 2 faz-se uma anlise descritiva dos dados. A seco 3 estuda o perfil regional do desempenho

    educativo. A seco 4 debrua-se sobre o padro de desigualdade entre-regies e intra-regio dos

    resultados do PISA. As concluses so apresentadas na seco 5.

    2. A base de dados e anlise descritiva

    A base de dados do PISA 2009 para Portugal abrange 6298 alunos pertencentes a 214 escolas, das quais

    209 esto distribudas por regies da NUTS3. As variveis da famlia, do estudante e da escola includas

    nas regresses so essencialmente as j utilizadas em estudos anteriores com dados do PISA, como em

    Pereira (2010, 2011). H, no entanto, algumas variveis novas que merecem destaque (ver o apndice 2

    para uma lista completa das variveis usadas, bem como as respetivas mdias por regio)5. Um indicador

    de repetncia, calculado a partir de perguntas includas no questionrio do estudante, permite separar

    o efeito da repetio do ano do efeito da exposio a programas de diferente complexidade (captada

    pelo ano de escolaridade que tambm faz parte do conjunto de regressores). Neste contexto, a varivelidade, que entrou nas regresses em estudos anteriores, torna-se redundante (ver a discusso em Pereira,

    2010, sobre a interao entre o ano de escolaridade e a idade). Um amplo conjunto de variveis de

    escola existente na base de dados do PISA 2009, e que abrange aspetos para os quais no se encontra

    frequentemente informao disponvel, foi tambm considerado. Estas variveis incluem, em particular,

    indicadores sobre aspetos do comportamento dos alunos e professores que podem afetar os resultados

    escolares, a forma como as atividades dos professores so acompanhadas (por exemplo, por parte dos

    respetivos colegas), e a existncia de atividades extra-curriculares nas escolas. Alm de se usarem os

    dados do PISA, tambm se estuda a correlao de certos resultados com indicadores regionais relativos

    s caractersticas econmicas, alfabetizao e atitudes face educao, capacidade de atrao de

    pessoas e ao comportamento social.

    2.1. Diviso regional

    A repartio do territrio portugus de acordo com a NUTS3 compreende 28 regies. Sendo o PISA um

    estudo por amostragem, constata-se que para algumas destas regies apenas um nmero reduzido de

    alunos e escolas foram amostrados (nomeadamente, cerca de 50 alunos pertencentes a duas escolas).

    Torna-se, assim, necessrio o uso de uma repartio mais agregada. Ao mesmo tempo, as semelhanas

    entre algumas regies da NUTS3 permitem uma agregao das mesmas sem se levantarem preocupa-

    es de homogeneidade. Desta forma, as 28 regies da NUTS3 foram agregadas em 12 -Norte Interior,

    Norte Litoral, Grande Porto, Centro Interior, Centro Litoral, Vale do Tejo, Grande Lisboa, Alto Alentejo,

    Pennsula de Setbal, Baixo Alentejo, Algarve e Ilhas (Grfico 1), estabelecendo um compromisso entre

    a necessidade de agregao e a captao de variabilidade regional6. A correspondncia entre a NUTS3

    e a diviso em 12 regies adotada no artigo apresentada no apndice 1.

    2.2. Pontuaes nos testes

    O grfico 2 mostra a pontuao mdia no PISA 2009 nos testes de matemtica e leitura, por regio.

    Considerou-se pertinente apresentar, para comparao, as mdias regionais nos exames nacionais do

    5 Da mesma forma que em estudos anteriores, os valores em falta para vrios regressores foram imputados atravsde uma regresso (ver Pereira, 2010, Apndice 2, para mais detalhes), tomando, como variveis de referncia a

    idade, o gnero, o ano de escolaridade, a localizao da escola e a regio.6 De notar que a nossa diviso regional , ainda assim, mais desagregada do que as utilizadas em estudos para

    outros pases, dadas as respetivas dimenses. Por exemplo, os estudos referidos para a Alemanha, Itlia e Espa-nha so baseados em reparties com, respetivamente, 16, 18 e 11 regies.

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    ensino bsico em 2009, de matemtica e portugus (valores centrados de acordo com a mdia nacional

    do PISA). Analisam-se, em primeiro lugar, as pontuaes do PISA. O perfil regional , de uma forma

    geral, o esperado, na medida em que Lisboa, Porto e as regies situadas na faixa litoral delimitada por

    aquelas, apresentam os mais altos nveis de desempenho. H alguns resultados mais inesperados como,

    por exemplo, as pontuaes elevadas dos estudantes do Centro Litoral que superam ligeiramente as

    dos seus colegas de Lisboa e Porto em matemtica, e os resultados fracos no Algarve e Setbal, apesar

    dos respetivos indicadores de desenvolvimento serem relativamente favorveis. A diferena entre as

    pontuaes regionais mxima e mnima (50 a 60 pontos) de cerca de 2/3 de um desvio-padro, tanto

    na matemtica como na leitura, um nmero muito semelhante ao da Espanha7 que tem nveis de desem-penho semelhantes aos de Portugal.

    A fim de se ilustrar melhor o que as disparidades regionais do PISA significam na prtica, as regies

    portuguesas foram comparadas com o grupo de 34 pases da OCDE para os quais existem resultados.

    A melhor regio em matemtica, Centro Litoral, viria logo aps o 12 pas, a Islndia, enquanto a pior,

    Ilhas, estaria colocada no final deste grupo, aps a 31 posio, ocupada por Israel. Uma comparao

    semelhante para a leitura indica disparidades mais acentuadas, com a regio com melhor desempenho,

    Lisboa, a ocupar o 6 lugar, um pouco acima da Holanda, e a regio Norte Interior, que tem a pontuao

    mais baixa, abaixo do 32 pas, a Turquia. Em suma, h diferenas importantes nos resultados escolares

    entre as regies portuguesas, medidos pelas pontuaes do PISA.

    7 Considerando a repartio regional apresentada em OECD (2010) - Anexo B2 e excluindo a regio de Ceuta yMelilla, que tem resultados muito piores do que qualquer outra regio espanhola.

    Grfico 1

    DIVISO DO TERRITRIO EM 12 REGIES

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    Grfico 2

    DESEMPENHO POR REGIES E TOTAL NACIONALMatemtica Leitura

    Setbal

    Norte Interior

    Centro Litoral

    Centro Interior

    Norte Litoral

    AlgarveAlto Alentejo

    Porto

    Vale do Tejo

    Ilhas

    Lisboa

    Portugal

    Baixo Alentejo

    440

    460

    480

    500

    520

    Examesnacionais,pontuaesmdias

    440 460 480 500 520PISA, pontuaes mdias

    Setbal

    Norte Interior

    Centro Litoral

    Centro InteriorBaixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo

    PortoVale do Tejo

    Ilhas

    Lisboa

    Portugal

    Norte Litoral

    460

    470

    480

    490

    500

    510

    Examesnacionais,pontuaesmdias

    440 460 480 500 520PISA, pontuaes mdias

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: As pontuaes mdias do PISA so calculadas considerando os cinco valores plausveis (dados por estudante). A mdia dosexames nacionais calculada a partir dos resultados por regies da NUTS3 apresentados em GAVE (2012), centrados para a mdianacional das pontuaes no PISA; o valor para as Ilhas inclui somente a Madeira, visto que no so reportados dados para os Aores

    Comparam-se agora os resultados do PISA e dos exames nacionais. O grfico 2 mostra uma correlao

    visvel entre as pontuaes regionais em ambos (embora existam algumas excees, nomeadamente,

    Lisboa e Setbal nos testes de matemtica e, novamente, Lisboa nos testes de leitura)8. Portanto, as

    concluses de uma anlise com base no PISA, aqui apresentada, permaneceriam provavelmente vlidas, se

    a investigao fosse baseada em resultados de testes formais, como os exames nacionais. A diferena nodesempenho medido em cada uma das fontes pode ter vrias razes. Em primeiro lugar, o PISA pretende

    avaliar a aquisio de competncias teis para a vida produtiva, enquanto os exames nacionais avaliam

    o conhecimento de um currculo pr-definido. Em segundo lugar, a populao-alvo no corresponde

    inteiramente nas duas fontes (alunos com 15 anos, distribudos por vrios graus, no PISA; alunos no

    final do 9 ano, nos exames nacionais). Em terceiro lugar, o PISA baseado em uma amostra que cobre

    apenas uma frao da populao-alvo de estudantes.

    O grfico 3 apresenta o perfil regional dos resultados do PISA em termos dos nveis de proficincia, que

    relacionam as classificaes com o grau de dificuldade das tarefas que os alunos tm de realizar (ver,

    por exemplo, PISA, 2010, Captulos 2 e 3). Os grficos mostram a vermelho a proporo de alunos que

    no so capazes de realizar tarefas com um grau de complexidade que lhes permita participar produti-

    vamente na sociedade (nvel de proficincia 1 e abaixo), e a azul a proporo de estudantes capazes de

    completar tarefas bastante exigentes (nvel 5 e acima). As regies encontram-se ordenadas de acordo

    com a sua pontuao mdia. Existe uma elevada percentagem de estudantes em nveis de proficincia

    muito baixos, especialmente em matemtica, nas cinco regies com pior desempenho. Alm disso, nesta

    disciplina, a diminuio do nmero de estudantes nos escales inferiores, medida que o desempenho

    mdio sobe, acompanhado por um aumento nos escales superiores. Isto indica que as distribuies

    regionais se deslocam para a direita, mantendo aproximadamente a respetiva compresso. Em contraste,

    8 A pontuao mais alta de Lisboa no PISA relativamente aos exames nacionais pode ficar-se a dever ao facto de avantagem de se viver numa grande cidade ser mais patente numa aval iao no baseada em currculos, como a doPISA. Outra possvel razo seria uma amostra particularmente favorvel de alunos para esta regio no PISA 2009.No que se refere a Setbal, os bons resultados no exame de matemtica 2009 podero ter sido atpicos; em 2011,a regio obteve resultados num patamar bastante infer ior.

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    nos testes de leitura, o aumento da mdia das classificaes fica-se principalmente a dever ao decrs-

    cimo do nmero de estudantes nos escales inferiores, o que significa que as distribuies regionais se

    tornam um pouco mais comprimidas.

    2.3. Variveis explicativas

    Termina-se esta seco com uma breve anlise das estatsticas regionais para as variveis explicativas (verApndice 2). Comeando pelo indicador de repetncia, este mostra uma acentuada variao regional,

    com valores entre 28 por cento no Centro Litoral e Porto e 52 por cento no Algarve. Dada a hetero-

    geneidade regional observada, no razovel presumir que o indicador reflita apenas disparidades

    nas capacidades inatas dos alunos9. A condio de repetente pode refletir outros fatores associados

    famlia, escola e mesmo regio (assim, embora includo por convenincia nas variveis do estudante,

    o mbito do indicador de repetncia mais amplo). Considerando a repartio por grau, tambm existe

    variao territorial importante: a proporo de alunos no 10 ano de escolaridade vai de 37 por cento no

    Algarve a 68 por cento no Centro Litoral. Existe uma correlao evidente entre a distribuio por grau

    e a condio de repetente. No entanto, tal distribuio tambm influenciada pelos procedimentos de

    amostragem do PISA (ver Pereira, 2011).

    Em relao s variveis da famlia, o padro de variao parece ser, em geral, o esperado, tendo em conta

    os nveis de vida das diferentes regies. A regio Ilhas destaca-se pelos valores particularmente baixos,

    mesmo relativamente s regies mais desfavorecidas, quanto aos indicadores de riqueza e recursos educa-

    tivos. Lisboa ocupa a melhor posio em termos da escolaridade e ocupaes dos pais, distanciando-se

    claramente at das outras regies com melhor desempenho. Por exemplo, a percentagem de alunos

    com pelo menos um dos pais com ensino superior situa-se em 47 por cento em Lisboa, contra 28 por

    cento no Centro Litoral, a segunda mais alta. As regies com baixos nveis de sucesso esto geralmente

    mal posicionadas em termos dos indicadores familiares, embora haja excees e o desempenho nem

    sempre acompanhe as variveis socioeconmicas.

    9 Pode-se supor que, para um grande nmero de alunos (por exemplo, se toda a populao fosse considerada), amdia das capacidades inatas assumiria valores semelhantes nas vrias regies. No caso do PISA, contudo, o pro-cesso de amostragem pode introduzir alguma heterogeneidade regional a este respeito.

    Grfico 3

    PROFICINCIA POR REGIES | ALUNOS NO NVEL 1 E ABAIXO (A VERMELHO) E NO NVEL 5 E ACIMA (A AZUL)

    Matemtica Leitura

    0 10 20 30 40Percentagem de estudantes

    Centro Litoral

    Porto

    Lisboa

    Vale do Tejo

    Norte Litoral

    Centro Interior

    Alto Alentejo

    Setbal

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Norte Interior

    Ilhas

    0 10 20 30Percentagem de estudantes

    Lisboa

    Centro Litoral

    Porto

    Vale do Tejo

    Alto Alentejo

    Norte Litoral

    Centro Interior

    Setbal

    Algarve

    Baixo Alentejo

    Ilhas

    Norte Interior

    Fonte: Clculos dos autores.

    Nota: Mdia das percentagens para cada um dos cinco valores plausveis.

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    Este estudo considera um grande nmero de variveis escolares. Embora haja muita heterogeneidade

    nos padres de variao entre-regies, possvel destacar alguns traos gerais. Dada a natureza centra-

    lizada do sistema de ensino portugus, compreensvel que algumas variveis institucionais apontem

    para uma uniformidade territorial. Tal o caso dos indicadores de autonomia na alocao dos recursos

    e na definio dos currculos e mtodos de avaliao

    10

    , e horas de aulas regulares. A dimenso mdia daescola tem diferenas importantes, oscilando entre cerca de 400 estudantes no Baixo Alentejo e 1200

    nas Ilhas. Considerando este indicador em conjunto com a amplitude dos graus ministrados, pode-se

    ainda observar que o tamanho das escolas nessas duas regies acompanha, respetivamente, um menor

    e um maior espetro de graus disponveis. Noutros casos, tais como a regio Norte Interior, as escolas so

    relativamente pequenas apesar de abrangerem uma ampla gama de graus.

    Os indicadores de recursos escolares apresentam um quadro misto. O tamanho das turmas regista

    alguma variao (entre cerca de 19 alunos nas Ilhas e 24 no Porto), com valores maiores nas reas mais

    populosas; a mesma tendncia, traduzindo-se neste caso em valores inferiores, pode ser observada no

    rcio professor-aluno. Em contraste, as escolas reportam, de forma uniforme, no serem afetadas pela

    falta de professores, bem como uma proporo alta de professores a tempo completo. Em relao aos

    recursos materiais, as variveis relacionadas com a disponibilidade de computadores e ligaes internet

    no diferem muito entre as regies (exceto para as Ilhas, onde a primeira dessas variveis assume um

    valor muito alto), enquanto o indicador de recursos educativos na escola (que tem um mbito mais

    amplo do que o do equipamento informtico) revela diferenas mais marcadas. Algumas das restantes

    variveis consideradas medem fatores explicativos potencialmente importantes, mas so ao mesmo tempo

    mais propensas a serem afetadas por julgamentos subjetivos no preenchimento do questionrio. Os

    indicadores das atitudes dos estudantes e dos professores suscetveis de afetar o clima escolar mostram

    alguma heterogeneidade regional, tal como os indicadores de liderana (envolvimento da direo da

    escola nos assuntos escolares) e de acompanhamento das atividades dos professores (atravs de testes

    e por parte dos colegas). A proporo de escolas que reportam a existncia de presso dos pais para

    melhorar a respetiva qualidade geralmente baixa (o valor mais elevado de 27 por cento em Lisboa),

    sendo nula em diversas regies.

    3. Perfil regional do desempenho educativo

    3.1 O papel dos alunos e das famlias

    Viu-se na seco anterior que os alunos das regies mais ricas tendem a ter melhor desempenho e que

    outras variveis, tais como a sua distribuio entre o 9 e 10 ano, tambm exibem variao regional

    considervel. Em face desta evidncia, a nossa investigao comea por quantificar o impacto das

    variveis do aluno e da famlia sobre o desempenho, e determinar o que acontece aos diferenciais

    regionais aps se controlar para estas variveis. Nesta investigao, segue-se a abordagem da funo

    de produo de educao, que relaciona os resultados dos testes com fatores familiares, do aluno e da

    escola. Note-se que existem variveis no-observadas que afetam os resultados dos testes e, ao mesmo

    tempo, so suscetveis de estar correlacionadas com alguns desses regressores. Assim, no se pode dar

    uma interpretao causal direta aos resultados da estimao. No entanto, o uso de efeitos-fixos (isto ,

    variveis binrias) de escola, conforme explicado abaixo, permite controlar para todas as caractersticas

    da escola, observadas ou no, minimizando os problemas referentes identificao do papel das carac-

    tersticas individuais e familiares. Alm disso, os efeitos-fixos para o conjunto das escolas pertencentes

    10Estes indicadores so padronizados para terem uma mdia nula e um desvio padro igual a um nos pases daOCDE. Portanto, os valores em Portugal (-0.44 e -0.93, respetivamente, para os indicadores de autonomia derecursos e currculos/avaliao) indicam que as escolas portuguesas gozam de pouca autonomia para os padresda OCDE.

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    a uma dada regio captam tambm variabilidade regional, na medida em que a sua soma corresponde

    ao respetivo efeito-fixo regional.

    A seguinte funo de produo de educao estimada pelo mtodo dos mnimos quadrados (com os

    dados para todas as regies, em conjunto):

    ijr ijr jr ijr T F (1)onde T

    ijr a pontuao do teste do aluno ida escolajna regio r, F

    ijr um vetor incluindo regres-

    sores para o gnero, repetncia, ano de escolaridade e o conjunto de caractersticas socioeconmicas

    listadas no apndice 2, e jr um vetor de efeitos-fixos de escola. Como foi dito, a incluso destesltimos permite uma estimativa mais precisa dos coeficientes dos regressores emF

    ijr. A mdia condi-

    cionada ao aluno e famlia para uma dada regio pode ser recuperada como a mdia (ponderada) dos

    coeficientes estimados dos efeitos-fixos para todas as escolas a localizadas (ou seja, a mdia regional

    dos coeficientes de jr ).

    Em primeiro lugar, reportam-se os resultados da estimao da regresso (1) - ver apndice 3. Estes esto

    muito em linha com o esperado, com os indicadores de repetio do ano e do grau de escolaridade

    claramente significativos e com um impacto mximo sobre os resultados dos testes (de notar que adimenso dos coeficientes das variveis binrias pode ser diretamente comparada). As variveis da famlia

    so geralmente significativas e, como frequentemente acontece, o nmero de livros em casa destaca-se

    como o regressor mais importante neste conjunto. Quanto educao e s ocupaes dos pais, apenas

    as categorias superiores (respetivamente, educao secundria superior ou terciria e ocupao inte-

    lectual/especializada) parecem fazer diferena para as pontuaes dos testes, embora com um impacto

    relativamente pequeno11.

    O grfico 4 mostra os resultados em termos do diferencial de cada uma das regies em relao regio

    de referncia12 - para a qual se escolheu Lisboa. Para efeitos de comparao, apresenta-se tambm a

    11 Um resultado aparentemente mais inesperado diz respeito influncia positiva estimada sobre as pontuaes dese pertencer a uma famlia monoparental. Esta varivel poderia estar a captar uma posio socioeconmica maiselevada dessas famlias, mas tal parece difcil dado o amplo conjunto de regressores do contexto familiar includos

    na equao (1).

    12 Os resultados apresentam-se como diferenas entre as regies, e no em valores absolutos, uma vez que a m-dia condicionada de difcil interpretao.

    Grfico 4

    PONTUAES NOS TESTES POR REGIES, DIFERENAS FACE A LISBOAMatemtica Leitura

    Setbal

    Norte Interior

    Centro Litoral

    Centro Interior

    Norte Litoral

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Vale do Tejo

    Lisboa

    Alto Alentejo

    Porto

    Ilhas

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    10

    Mdiac

    ondicionadaaoindivduoefamlia

    60 50 40 30 20 10 0 10Mdia no condicionada

    Norte Interior

    Centro Litoral

    Centro Interior

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo PortoVale do Tejo

    Ilhas

    Lisboa

    Setbal

    Norte Litoral

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    10

    Mdiac

    ondicionadaaoindivduoefamlia

    60 50 40 30 20 10 0 10Mdia no condicionada

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: O eixo das ordenadas mostra as mdias regionais dos coeficientes dos efeitos-fixos de escola na regresso (1), estimada combase nos dados para todas as regies em conjunto; o eixo das abcissas mostra a mdia no condicionada.

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    II

    Artigos

    mdia no condicionada. Quando se passa para uma anlise condicionada, o diferencial entre as regies

    com pontuaes mais baixas e Lisboa (ou, mais geralmente, as que tm melhor desempenho) encurta,

    embora permanea negativo, tanto para leitura como para matemtica. Essas regies aparecem nos

    grficos esquerda da linha de 45, sendo que a distncia face a esta linha mede a magnitude da

    diferena entre as duas mdias (que mxima para as Ilhas, Norte Interior e Algarve). Tal reflete umasituao desfavorvel comparativamente a Lisboa quanto composio socioeconmica e/ou variveis

    do estudante. Em contraste, a situao do Porto e do Centro Litoral em relao a Lisboa altera-se pouco,

    o que indica caractersticas semelhantes em termos das variveis que so mantidas constantes. Vale

    do Tejo constitui uma exceo na medida em que, tendo resultados relativamente elevados nos testes,

    melhora claramente a posio em relao s outras regies com melhor desempenho, quando se tomam

    as mdias condicionadas (especialmente em matemtica).

    A evidncia que resulta do grfico 4 indica que as variveis do aluno e da famlia, apesar de importantes,

    explicam apenas uma parte dos diferenciais regionais no condicionados. De notar, em particular, que a

    posio relativa inicial das vrias regies aproximadamente preservada aps se controlar para as variveis

    do estudante e da famlia13. No obstante, ocorre algum estreitamento dos diferenciais entre as regies

    e, simultaneamente, um esbatimento da respetiva significncia estatstica14. Por exemplo, na anlise no

    condicionada, a mdia de matemtica em Lisboa significativamente diferente face a todas as regies,

    exceto as outras trs pertencentes ao grupo com pontuaes mais elevadas (Centro Litoral, Porto e Vale

    do Tejo). Na anlise condicionada, a diferena mdia para Lisboa torna-se tambm no significativa face ao

    Algarve, Alto Alentejo e Centro Interior. Esta reduo da significncia estatstica dos diferenciais, quando

    as variveis da famlia e do aluno se mantm constantes, mais clara nos testes de leitura. Neste caso,

    se se excluir a regio com melhor desempenho, Lisboa, e as trs com pior desempenho, Norte Interior,

    Ilhas e Baixo Alentejo, as outras regies encontram-se num grupo intermdio cujas pontuaes no so

    estatisticamente diferentes entre si.

    Finalizamos esta seco apresentando uma decomposio dos diferenciais regionais mdios face a

    Lisboa, por meio de uma decomposio anloga de Oaxaca, entre a parte explicada pelas variveisdo estudante em sentido estrito (gnero e indicador de repetncia), grau de escolaridade e variveis

    socioeconmicas, ou seja, os regressores includos no vetor F, e uma parte inexplicada que se atribui s

    escolas e regies. Esta segunda parte reflete a diferena nos coeficientes estimados da constante e dos

    regressores em F, bem como no impacto conjunto dos efeitos-fixos de escola15, entre cada regio e Lisboa.

    Estes resultados complementam a evidncia apresentada no grfico 4, uma vez que a diferena entre as

    mdias no condicionadas e condicionadas conceptualmente igual soma dos efeitos do estudante,

    do grau de escolaridade e da famlia, enquanto o hiato remanescente corresponde parte inexplicada.

    O grfico 5 confirma que a influncia das escolas e regies (barra amarela) , geralmente, pelo menos

    to importante como a da famlia e dos indivduos (que corresponde soma das restantes barras). Os

    grficos indicam para todas as regies uma composio socioeconmica desfavorvel face a Lisboa. Na

    maioria delas, a distribuio dos alunos por anos de escolaridade tambm contribui negativamente para

    a diferena em relao a Lisboa e, em certos casos (nomeadamente, Algarve, Setbal e Alto Alentejo),

    tem um efeito comparvel ao da famlia. O papel das variveis do estudante fica-se essencialmente a

    dever ao indicador de repetncia, uma vez que o valor mdio da varivel gnero quase no tem variao

    regional. A maioria das regies penalizada por uma proporo maior de repetentes do que na regio

    13 Esta questo abordada em mais detalhe no final da seco 3.2.

    14 Matrizes com a significncia das diferenas entre mdias para todos os pares de regies esto disponveis epodem ser facultadas pelos autores.

    15A verso da decomposio de Oaxaca aqui utilizada difere da usual, na medida em que inclui efeitos-fixos deescola, que no podem ser comparados entre regies. Portanto, nesta verso da decomposio a parte inexpli-cada inclui, no apenas a habitual diferena entre os coeficientes estimados para as regies (para os regressoresem F e o termo constante), mas tambm o que captado pelos efeitos-fixos de escola.

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    de referncia, particularmente aquelas com um nvel intermdio-baixo de desempenho. Note-se que,

    como j se mencionou, este indicador est provavelmente a captar um conjunto de efeitos, que vo da

    capacidade inata dos alunos influncia da escola, da famlia e da regio.

    3.2 Efeitos das caractersticas da escola

    Nesta seco, analisa-se em que medida as caractersticas da escola explicam as diferenas regionais que

    subsistem aps se controlar pelas caractersticas do estudante e da famlia, descritas na seco anterior.

    Para o efeito, efetuada uma regresso dos efeitos-fixos de escola estimados na Seco 3.1 ( jr )sobre as variveis observadas da escola16 (S

    jr) e efeitos-fixos regionais ( r ); jr representa o termo

    de erro.

    jr jr r jr S (2)

    O grfico 6 apresenta, para os testes de matemtica e leitura, os efeitos-fixos regionais (ou seja, as

    diferenas remanescentes) de duas especificaes estimadas a partir da equao (2). Uma primeiraonde se usam exclusivamente variveis da escola (a vermelho) e uma outra onde se adiciona o efeito da

    interao com os colegas peer effects (a amarelo). Em termos gerais, as caractersticas observadas da

    escola aparecem com o sinal esperado e so conjuntamente significativas (teste F). Os resultados podem

    ser encontrados no apndice 3 e, tal como na anlise anterior, as diferenas regionais so apresentadas

    tomando Lisboa como referncia. De notar que, se as variveis observadas da escola no conseguirem

    explicar a totalidade das diferenas remanescentes, tal indica que as caractersticas no observadas da

    escola e os efeitos regionais puros tm relevncia.

    Comeando pela matemtica, o grfico mostra que, quando se controla adicionalmente para as variveis

    da escola, a posio de todas as regies, exceto o Porto, melhora relativamente a Lisboa. Nestas regies

    16 Uma descrio completa das variveis pode ser encontrada no apndice 2.

    Grfico 5

    DECOMPOSIO DAS DIFERENAS FACE A LISBOAMatemtica Leitura

    30

    20

    10

    0

    10

    Diferenanapontuaomdia

    Ilh NoIn Alg BaAl Set AlAl CeIn NoLi VaTe Por CeLi

    Estudante Grau esc. Famlia Escola/regio

    40

    30

    20

    10

    0

    Diferenanapontuaomdia

    NoIn Ilh BaAl Alg Set CeIn NoLi AlAl VaTe Por CeLi

    Estudante Grau esc. Famlia Escola/regio

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: A decomposio baseia-se na estimao da equao (1), por regio. Os efeitos das variveis do estudante, do ano de escola-ridade e da famlia so calculados como

    L(F

    ijr* - F

    ijL*), onde F

    ijr* e F

    ijL* so, respetivamente, as mdias dos regressores em Fna regio

    re em Lisboa, e L

    so os respetivos coeficientes estimados para Lisboa. O efeito da escola/regio calculado subtraindo os efeitosdas variveis de estudante, ano de escolaridade e famlia diferena entre as mdias (no condicionadas) entre a regio re Lisboa(tal corresponde a (

    r-

    L) F

    ijr* +

    r

    jr* -

    LjL

    *+r-

    Londe

    r,

    r,

    L,

    re

    Lso os restantes coeficientes estimados na equao (1) para

    na regio r e Lisboa, e jr* e

    jL* so as mdias dos efeitos-fixos).

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    II

    Artigos

    os recursos escolares observados contribuem negativamente para os resultados quando se compara com

    Lisboa, pelo que as mesmas se encontram esquerda da linha de 45 (no apresentada). Em particular,

    no Norte Interior, Baixo Alentejo e Centro Interior tal efeito muito forte, refletindo, por exemplo,

    valores particularmente baixos dos recursos educativos e da presso dos pais. Alm disso, controlando

    para as variveis da famlia e da escola, o conjunto das regies com melhor desempenho do que Lisboa

    alarga-se substancialmente, com o diferencial a mudar de sinal em vrios casos (salientando-se aqui o

    Alto Alentejo e o Centro Interior).

    De notar que, em termos estatsticos, as diferenas entre as regies no so de uma forma geral significa-

    tivas, com exceo do Vale do Tejo e do Centro Litoral, pelos seus bons resultados, e as Ilhas, pelos seus

    maus resultados. Um aluno com o mesmo contexto familiar e a frequentar uma escola semelhante teria

    um desempenho melhor no Vale do Tejo e no Centro Litoral do que em qualquer outra regio. Apesar da

    convergncia observada para as Ilhas, um estudante com o mesmo contexto familiar e a frequentar uma

    escola semelhante teria a, ainda assim, um desempenho pior do que em Lisboa e nas restantes regies.

    Os resultados nos testes de leitura apresentam um padro semelhante. Em geral, as variveis observadas

    da escola contribuem para os piores resultados registados pelas vrias regies comparativamente a Lisboa,

    com exceo do Porto. Num contexto familiar e escolar semelhante, as diferenas regionais atenuam-se

    e a heterogeneidade territorial do desempenho seria relativamente diminuta. Apenas as Ilhas e o Norte

    Litoral continuam a apresentar resultados estatisticamente piores do que as outras regies. Um aluno com

    o mesmo contexto familiar e a frequentar uma escola com caractersticas similares teria um desempenho

    pior nas Ilhas e no Norte Litoral do que nas restantes regies portuguesas.

    O papel da interao com os colegas (peer effects) analisado introduzindo na equao (2) uma varivel

    de contexto familiar ao nvel da escola17. Como se pode ver no grfico 6 (a amarelo), este efeito parece

    ser relativamente modesto, com exceo das Ilhas. Neste caso, o impacto reduz a diferena remanescente,

    que no obstante continua a ser significativa e negativa.

    17 Que foi aproximado pela mdia da varivel mais de 200 livros em casa.

    Grfico 6

    EFEITOS-FIXOS REGIONAIS (DIFERENAS FACE A LISBOA)Matemtica Leitura

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo

    Setubal

    Centro Litoral

    Vale do Tejo

    Centro Interior

    Norte Litoral

    Porto

    Norte Interior

    Ilhas

    Lisboa

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Mdiacondicionadaaoindivduo,

    famliaeescola

    30 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25Mdia condicionada ao indivduo e famlia

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo

    Setubal

    Centro Litoral

    Vale do Tejo

    Centro Interior

    Norte Litoral

    Porto

    Norte Interior

    Ilhas

    Lisboa

    40

    35

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    5

    10

    15

    Mdiacondicionadaaoindivduo,

    famliaeescola

    40 35 30 25 20 15 10 5 0 5 10 15Mdia condicionada ao indivduo e famlia

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: A vermelho - efeitos-fixos regionais da equao (2) usando apenas variveis da escola; a amarelo - efeitos-fixos regionais daequao (2) adicionando uma varivel que capta os efeitos de interao com os colegas peer effects (mdia da varivel livros emcasa ao nvel da escola). No eixo das abcissas apresenta-se a equao (2) usando apenas efeitos-fixos regionais (mdia condicionadaao indivduo e famlia). No eixo das ordenadas apresenta-se os resultados da equao (2) controlando tambm pelas variveis deescola (mdia condicionada ao indivduo, famlia e escola).

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    Apesar das variveis observadas da escola poderem variar endogenamente e refletir o efeito de variveis

    que no se observam, a anlise revela que as escolas, e no apenas o contexto familiar, tm um papel

    relevante na determinao das pontuaes do PISA. Tal indica que h espao para a poltica educativa

    reduzir as diferenas existentes em termos de recursos escolares e aspetos organizacionais, por exemplo,

    no que diz respeito ao papel desempenhado pelos professores. Em contraste, usando o PISA 2000,Carneiro (2008) constatou que os recursos escolares no so particularmente importantes. Uma possvel

    explicao para esse resultado o nmero reduzido de variveis relativas aos professores disponveis em

    2000. No entanto, os nossos resultados no invalidam a necessidade de uma poltica educativa inovadora

    onde o papel da famlia deve ser tido em considerao e onde necessria uma melhor utilizao dos

    recursos disponveis pelas escolas.

    A evidncia apresentada neste artigo pode constituir tambm um contributo para a discusso sobre a

    descentralizao da poltica educativa, em termos de organizao, responsabilidade e monitorizao

    das escolas. Os resultados sugerem que, em termos de poltica, a qualidade dos recursos educativos

    e das atividades extra-curriculares se encontra entre as principais caractersticas observadas. A poltica

    educativa dever incidir tambm sobre a alocao dos recursos pelas escolas, em particular, atribuindo

    maiores responsabilidades aos professores, e a forma como os professores so monitorizados (sobretudo

    por parte dos respetivos colegas). Finalmente devero dar-se os incentivos corretos para a participao

    dos pais nas discusses e atividades escolares. Neste caso, a contribuio das famlias provavelmente

    to importante como a das escolas.

    Uma srie de reformas, implementadas no passado e no perodo recente, esto em curso em Portugal e

    abrangem algumas das questes anteriormente referidas. Em particular, podem-se mencionar as reformas

    relacionadas com a autonomia das escolas, a avaliao de professores, a liderana escolar e a fixao

    de padres de aprendizagem para os alunos (para mais detalhes ver, por exemplo, o Relatrio OECD

    Reviews of Evaluation and Assessment in Education: Portugal 2012). No entanto, importante garantir

    uma correta execuo e avaliao da eficcia de tais polticas, nomeadamente, atravs da responsabili-

    zao das escolas e dos professores. Em termos de recursos educativos, apesar da importncia de maise melhores recursos para as escolas, alguns dos programas do passado revelaram-se pouco eficientes.

    Para concluir, o quadro 1 apresenta a correlao entre as trs medidas de diferenas regionais estu-

    dadas neste trabalho: (i) efeitos-fixos regionais no condicionados, (ii) efeitos-fixos regionais depois

    de se controlar pelo contexto familiar e (iii) diferenas regionais remanescentes depois de se controlar

    tambm pelas variveis observadas da escola. interessante notar que as duas primeiras medidas esto

    altamente correlacionadas, mas ao introduzir os recursos escolares, a correlao torna-se substancial-

    mente mais baixa. Este resultado indicativo de que as diferenas regionais relativamente famlia no

    so suficientes para alterar o perfil inicial dos resultados nos testes do PISA. Em contraste, ao controlar

    tambm pelas caractersticas da escola, verificam-se alteraes no padro de desigualdades regionais

    inicialmente observado, em especial, no caso dos testes de leitura.

    Quadro 1

    CORRELAO ENTRE MEDIDAS DE DIFERENAS REGIONAIS

    Matemtica Leitura

    Mdia nocondicionada

    Mdiacondicionada

    famlia

    Mdiacondicionada famlia e escola

    Mdia nocondicionada

    Mdiacondicionada

    famlia

    Mdiacondicionada famlia e escola

    Mdia no condicionada 1 1

    Mdia condicionada famlia 0.92* 1 0.92* 1

    Mdia condicionada famlia e escola 0.56* 0.69* 1 0.39 0.58* 1

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: Mdia no condicionada: mdia regional; mdia condicionada famlia: mdia regional controlando pelas caractersticasdo aluno e da famlia; mdia condicionada famlia e escola: mdia regional das pontuaes controlando pelas caractersticas doaluno, da famlia e da escola.* estatisticamente significativo a 10%.

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    Artigos

    Diferenas regionais remanescentes

    Apesar das diferenas regionais se estreitarem substancialmente aps se controlar pelas caractersticas

    da famlia e da escola, importante perceber o que pode explicar a parte remanescente. Nesse sentido,

    realiza-se uma anlise de correlao simples entre esta parte remanescente e as caractersticas regionais

    relevantes (Quadro 2)18. Em particular, consideram-se indicadores de desertificao rural/interior que

    revelam a incapacidade das regies para captarem os melhores profissionais (como por exemplo, a

    experincia dos professores e o nmero de mdicos por habitante), indicadores estruturais de educao

    (taxas de abandono escolar e de alfabetizao) e indicadores de comportamento social (taxa de divrcio

    e a taxa de criminalidade). De realar que apenas as diferenas nas taxas de abandono escolar parecem

    ter alguma importncia na medida em que a correlao significativa, como tambm evidenciado

    pelo grfico 719. Face a este resultado, poder-se-ia interpretar a diferena persistente entre as Ilhas e

    as outras regies como o reflexo de uma menor valorizao da educao e do investimento em capital

    humano. As restantes variveis analisadas no apresentam correlao significativa, o que est em linha

    com o papel modesto de efeitos regionais puros na explicao do desempenho dos alunos, depois de

    se controlar pelas caractersticas da famlia e da escola.

    4. Desigualdade no desempenho escolar

    Esta seco estuda a desigualdade no desempenho escolar no esprito do Relatrio Coleman. Compara-se

    o papel da escola e dos fatores familiares na determinao da desigualdade em cada regio. A desigual-

    dade um tpico de grande preocupao nas sociedades atuais, e pode-se presumir que a mesma exista

    ainda antes de os indivduos ingressarem no mercado de trabalho. Apesar da natureza centralizada do

    sistema educativo portugus, tambm interessante estudar se a magnitude da desigualdade observada

    corresponde a diferenas no contexto regional. O grfico 8 apresenta os desvios-padro por regio para

    18 Como se disse anteriormente, no se pode excluir que tais disparidades tambm reflitam variveis de escola no

    observadas.

    19 Apesar do nmero limitado de observaes a nvel regional (12), os resultados permanecem vlidos quando serealizam regresses simples, apenas com 2 ou 3 variveis.

    Quadro 2

    CORRELAO ENTRE DIFERENAS NA MDIA CONDICIONADA FAMLIA E ESCOLA ECARACTERSTICAS REGIONAIS

    Matemtica Leitura

    PIBpc -0.23 -0.18

    ndice de desenvolvimento regional 0.10 0.31

    Taxa de analfabetismo 0.12 0.15

    Taxa de abandono escolar -0.49* -0.58*

    Educao obrigatria -0.11 0.12

    Educao universitria -0.13 0.06

    Pr-escolar 0.30 0.19

    Experincia do professor 0.21 0.44

    Mdicos por habitante 0.02 0.01

    Taxa de divrcio -0.12 -0.05

    Taxa de criminalidade -0.08 0.06

    Fonte: Clculos dos autores.Nota: * estatisticamente significativo a 10%.

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    os testes de matemtica e para um indicador compsito de contexto familiar da OCDE (ESCS), sugerindo

    que mais desigualdade nos testes est associada a uma maior desigualdade familiar20.

    As determinantes da desigualdade no desempenho escolar entre as regies portuguesas so avaliadas

    atravs de uma decomposio da varincia, obtida a partir de uma regresso. Examina-se o nvel de

    desigualdade em cada regio que resulta de desigualdades (i) no contexto familiar, (ii) nos recursos e

    organizao da escola, e (iii) provenientes da segregao de famlias mais pobres em escolas piores.

    Assim, relaciona-se a importncia de cada fator (famlia, escola e segregao) com as caractersticasde cada regio, como a riqueza, o nvel de desenvolvimento, a atratividade, o comportamento social e

    indicadores estruturais relativos educao.

    20 Note-se que um melhor desempenho parece estar igualmente associado a mais desigualdade.

    Grfico 8

    DESVIOS-PADRO: PONTUAES E CONTEXTO FAMILIAR

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo

    Setubal

    LisboaCentro Litoral

    Vale do Tejo

    Centro Interior

    Norte Litoral

    Porto

    Norte Interior

    Ilhas

    .95

    1

    1.0

    5

    1.1

    1.1

    5

    1.2

    ESCS

    75 80 85 90 95Pontuaes

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: ESCS - indicador de contexto familiar produzido pela OCDE com os dados do PISA. A regresso deste indicador nas diferentes

    variveis da famlia usadas no artigo apresenta um R2

    de aproximadamente 0.9.

    Grfico 7

    DIFERENAS REGIONAIS REMANESCENTES (MATEMTICA)

    Baixo Alentejo

    Algarve

    Alto Alentejo

    Setubal

    Lisboa

    Centro Litoral

    Vale do Tejo

    Centro Interior

    Norte Litoral

    Porto

    Norte Interior

    Ilhas

    20

    10

    0

    10

    20

    30

    Pontuaes

    diferenaremanescente

    2 2.5 3 3.5 4 4.5Taxa de abandono escolar

    Fonte: Clculos dos autores.

    Notas: Eixo das ordenadas: diferenas remanescentes face a Lisboa, isto , efeitos-fixos regionais estimados na equao (2); eixo dasabcissas: taxa de abandono escolar por regio.

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    Artigos

    A medida de desigualdade utilizada, a varincia, pode ser facilmente obtida e decomposta a partir da

    estimao da equao (1) por regio, nos seguintes termos:

    ij ij j ij , j ij Var(T ) Var( F ) Var( ) Cov( F ) Var( ) 2 (3)

    onde o primeiro elemento representa a contribuio da desigualdade nas caractersticas familiares eo segundo da desigualdade entre-escolas. O termo de covarincia representa a relao entre a escola

    e os fatores familiares, ou seja, d-nos uma ideia se a escola est a exacerbar, a manter ou a diminuir

    a desigualdade inicial. Neste ltimo caso, podemos dizer que as escolas promovem a igualdade de

    oportunidades. Tambm se pode obter uma contribuio relativa, dividindo cada elemento pelo total

    da varincia explicada.

    Em termos gerais, a decomposio no quadro 3 mostra alguma heterogeneidade entre as regies

    portuguesas. A varincia explicada pelas variveis observadas varia entre 50 por cento nas Ilhas e 62 por

    cento no Alto Alentejo. Esta amplitude muito menor do que a registada entre pases europeus, onde

    a varincia explicada oscila entre 17 e 70 por cento (ver Carneiro e Reis, 200921). de salientar ainda a

    importncia da componente no explicada.

    Apesar de se observarem magnitudes diferentes, as caractersticas do aluno e da famlia desempenham

    um papel crucial em todas as regies, enquanto os recursos escolares tm um impacto menor sobre

    a desigualdade educativa. Note-se que a decomposio da varincia depende no s da varincia dos

    regressores, mas tambm dos respetivos coeficientes. No nosso caso, as variveis do aluno e da famlia

    so importantes para explicar as diferenas no desempenho escolar, mas a sua varincia no difere muito

    entre as regies. Deste modo, nas regies onde existe um maior contributo da desigualdade individual

    e familiar, tal parece resultar de um maior impacto destas variveis no desempenho escolar (estimado

    pelos coeficientes).

    21 Com base nos dados do PISA 2003.

    Quadro 3

    DECOMPOSIO DA VARINCIA (VARINCIA EXPLICADA PELAS COMPONENTES)Matemtica

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    Var(F) 3302.4 3248.0 3525.9 3354.9 2848.9 3169.3 3771.6 3036.5 3409.6 3585.8 2628.9 4039.6 3526.6

    Var(S) 738.7 382.8 1067.7 632.4 561.2 585.4 525.4 837.6 190.6 567.5 991.3 169.1 500.5

    Cov(F,S) 451.2 220.2 -200.4 -392.7 489.3 895.1 -944.2 359.6 16.0 155.7 1074.9 144.0 350.0

    Var(exp) 4492.4 3851.0 4393.3 3594.6 3899.4 4649.9 3352.8 4233.6 3616.3 4309.0 4695.1 4352.7 4377.1

    Var(inexp) 3515.5 3192.1 2714.2 2849.9 3738.5 3550.4 3370.8 3429.3 3013.3 3486.4 3374.0 3300.1 3356.4

    Leitura

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    Var(F) 2753.5 2860.2 2716.2 2971.9 2469.7 2740.6 3375.7 2299.9 3278.4 3038.1 1850.3 3598.1 3506.5

    Var(S) 594.4 395.2 356.9 876.4 574.9 477.7 387.8 490.8 546.9 602.6 823.7 328.6 196.1

    Cov(F,S) 542.9 594.8 299.2 -715.7 756.2 851.6 -320.1 422.1 942.4 111.2 1088.7 217.4 28.8

    Var(exp) 3890.7 3850.2 3372.3 3132.6 3800.8 4069.8 3443.4 3212.8 4767.7 3752.0 3762.7 4144.1 3731.4

    Var(inexp) 3260.5 2967.7 2415.9 2900.1 3714.4 3266.4 3178.3 2938.8 2796.5 3061.3 3379.7 3161.8 3031.5

    Fonte: Clculos dos autores.Notas: Var(F) - contributo das variveis do aluno e da famlia para a varincia das pontuaes; Var(S) - contributo das variveis daescola para a varincia das pontuaes; Cov(F,S) - contributo da associao entre fatores da famlia e da escola para a varincia das

    pontuaes; Var(exp) - varincia explicada resultante da equao (2); Var(inexp) - varincia inexplicada resultante da equao (2).

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    Os resultados da covarincia apresentam igualmente valores distintos, o que sugere a existncia de

    regies com maior segregao no sistema de ensino. Em particular, o Porto e o Centro Litoral apre-

    sentam o maior nvel de segregao, enquanto nas Ilhas e no Baixo e Alto Alentejo observamos uma

    associao negativa entre as caractersticas do estudante e da famlia e as caractersticas observadas da

    escola. Em ambos os casos, os valores so influenciados principalmente pelos coeficientes e no pelonvel da covarincia22. No primeiro caso, as escolas parecem exacerbar a desigualdade inicial, enquanto

    no segundo, as escolas contribuem para diminuir a desigualdade. Tal evidncia poder ser explicada

    por diversos fatores. Por um lado, se os estudantes com melhores caractersticas individuais e/ou de

    famlias mais favorecidas escolherem as melhores escolas, essa correlao ser positiva. Por outro lado,

    se o governo tentar compensar as desigualdades no contexto familiar e fornecer ajuda extra s escolas

    problemticas23, poder haver uma correlao negativa entre a escola e a famlia. Ambos os fenmenos

    estaro provavelmente presentes nos nossos resultados.

    Dada a heterogeneidade entre as regies portuguesas instrutivo documentar o modo como a importncia

    de cada fator est relacionada com algumas caractersticas regionais (Quadro 4). Usando as mesmas

    caractersticas da seco anterior, os resultados sugerem que as regies onde a escola contribui para

    aumentar a desigualdade inicial esto associadas com: melhores indicadores estruturais de educao,

    maior desenvolvimento e maior desigualdade na experincia dos professores. Este resultado pode estar,

    em certa medida, relacionado com a disponibilidade de mais escolas nessas reas, no obstante a rela-

    tiva ausncia de escolha no sistema de ensino portugus24. Caractersticas opostas so apresentadas

    pelas regies mais desfavorecidas, onde as escolas parecem contribuir para reduzir a desigualdade de

    oportunidades.

    22 Os resultados expressivos no Porto e nas Ilhas (respetivamente, positivo e negativo) refletem o impacto das vari-veis do estudante - indicador de repetncia e grau.

    23 Em Portugal, existem vrias iniciativas e programas com esse intuito. Por exemplo: o estudo acompanhado nasescolas e o programa nacional de apoio ao desenvolvimento educacional em reas socialmente excludas (Terri-trios Educativos de Interveno Prioritria).

    24 Tal est de acordo com a ideia de que mais escolha pode aumentar a segregao, levando a uma maior concen-trao dos bons alunos em certas escolas, e gerar concorrncia em atributos irrelevantes, se os pais valorizarempouco o desempenho escolar dos filhos. Em contraste, uma maior escolha pode criar incentivos para um aumen-to da produtividade das escolas (na medida em que estas forem ao encontro da procura) e, ao mesmo tempo,expandir o conjunto de escolhas para os estudantes mais desfavorecidos.

    Quadro 4

    CORRELAO ENTRE COMPONENTES DA DECOMPOSIO DA VARINCIA E CARACTERSTICASREGIONAIS

    VAR(F) VAR(S) COV(F,S)

    PIBpc -0.12 0.46 -0.10

    ndice de desenvolvimento regional -0.51* 0.32 0.49*

    Taxa de analfabetismo 0.43 0.13 -0.49*

    Taxa de abandono escolar 0.45 -0.14 -0.52*

    Educao obrigatria -0.28 0.07 0.37

    Educao universitria -0.45 0.23 0.42

    Pr-escolar 0.09 0.21 -0.28

    Experincia do professor (anos) -0.32 0.30 0.43

    Experincia do professor (desvio padro) -0.55* 0.22 0.72*

    Mdicos por habitante -0.67* 0.42 0.57*Taxa de divrcio -0.13 -0.01 0.25

    Taxa de criminalidade -0.12 -0.26 0.25

    Fonte: Clculos dos autores.Nota: * estatisticamente significativo a 10%.

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    Artigos

    Resumindo, a maior parte da desigualdade no desempenho escolar intra-escola (explicada por fatores

    individuais e familiares) e no entre-escolas, o que significa que as escolas, por si s, no explicam as

    disparidades observadas. Nesse sentido, medidas de poltica educativa podem no ser suficientes para

    combater o fenmeno, uma vez que as diferenas regionais em termos de oportunidades e resultados

    escolares tm uma natureza mais ampla. Para alterar os padres globais de desigualdade, as polticasque incidam sobre a pobreza e questes sociais tendero a ter mais sucesso do que polticas focadas

    exclusivamente em questes educativas.

    5. Concluses

    Este artigo estuda o desempenho e a desigualdade escolar nas regies portuguesas, usando dados do

    PISA da OCDE de 2009. As principais concluses so as seguintes:

    H importantes diferenas regionais no desempenho educativo medido pelas pontuaes do PISA, e o

    seu padro parece corresponder, em termos gerais, ao que decorre das pontuaes nos exames nacionais.

    Uma anlise descritiva indica que tais diferenas esto de acordo com as discrepncias nas caractersticas

    socioeconmicas e indicadores de escolaridade entre as regies portuguesas.

    Como seria de esperar, as variveis do aluno e da famlia explicam uma parte dos diferenciais no-

    -condicionados. Em particular, as regies com nveis de desempenho intermdios ou baixos so pena-

    lizadas por uma composio socioeconmica desfavorvel, uma maior proporo de repetentes e uma

    prevalncia de alunos no 9 ano ou graus inferiores (em detrimento do 10 ano). Mantendo estas variveis

    constantes, h um esbatimento das diferenas iniciais e da significncia estatstica das mesmas, embora

    a posio de partida das vrias regies no se altere substancialmente.

    As escolas desempenham um papel importante na explicao das diferenas territoriais no sucesso

    escolar. Desta forma, quando se tomam em considerao as variveis observadas da escola, os diferenciais

    estreitam-se e existem alteraes significativas nas posies relativas das regies.

    O papel desempenhado pelas escolas sugere que existe margem para intervenes de poltica a fim de

    melhorar a sua contribuio nas regies com pior desempenho. Em particular, o reforo da autonomia das

    escolas na alocao de recursos, da participao e responsabilizao dos professores e do envolvimento

    dos pais parecem ser reas frutferas de interveno.

    A importncia de fatores regionais puros parece limitada, embora haja indcios de alguma influncia

    de disparidades regionais relativamente forma como a educao valorizada.

    A anlise da desigualdade no desempenho intra-regio e entre-regies tambm revela alguma hete-

    rogeneidade territorial, a qual parece ter principalmente origem nos alunos e nas famlias.

    Existe alguma evidncia de que as escolas tendero a agravar a desigualdade no desempenho nas regies

    mais desenvolvidas, e o oposto nas regies menos desenvolvidas. Entre outros fatores, estes resultados

    podem estar relacionados com uma maior oferta de escolas, no primeiro caso, e com o impacto de

    programas que visam apoiar os estudantes provenientes de zonas socialmente problemticas, no segundo.

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    Referncias

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    Ferrera, J., Cebada, E. e Gonzlez, D. (2010), Factors affecting regional attainment: Evidence from

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    Artigos

    Apndice 1

    CORRESPONDNCIA ENTRE AS NUTS3 E A DIVISO DO TERRITRIO EM 12 REGIES SEGUIDA NOARTIGO

    Diviso em12 regies

    Peso estud.populao

    Escolas naamostra

    Alentejo Central Alto 0.022 12

    Alto Alentejo Alentejo

    Alentejo Litoral Baixo 0.019 9

    Baixo Alentejo Alentejo

    Lezria do Tejo Vale do 0.074 18

    Mdio Tejo Tejo

    Oeste

    Algarve Algarve 0.029 22

    Baixo Mondego Centro 0.097 19

    Baixo Vouga litoral

    Pinhal Litoral

    Beira Interior Norte Centro 0.070 18

    Beira Interior Sul Interior

    Cova da Beira

    Do Lafes

    Pinhal Interior Norte

    Pinhal Interior Sul

    Serra da Estrela

    Alto Trs-os-Montes Norte 0.036 8

    Douro Interior

    Grande Lisboa Lisboa 0.178 29

    Pennsula de Setbal Setbal 0.068 11

    Ave Norte 0.230 35

    Cvado Litoral

    Entre Douro e Vouga

    Minho Lima

    Tmega

    Grande Porto Porto 0.142 20

    Madeira Ilhas 0.035 8

    Aores

    APNDICES

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    Apndice 2 (continua)

    ESTATSTICAS DESCRITIVAS (MDIAS)

    Variveis doestudante

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    9 ano(b) 0.27 0.39 0.25 0.31 0.29 0.23 0.24 0.27 0.31 0.27 0.27 0.22 0.36

    10 ano(b) 0.58 0.37 0.51 0.52 0.60 0.68 0.53 0.59 0.53 0.60 0.63 0.53 0.48

    repetente(b) 0.35 0.52 0.43 0.39 0.37 0.28 0.39 0.33 0.48 0.32 0.28 0.41 0.46

    feminino(b) 0.51 0.49 0.55 0.46 0.51 0.52 0.58 0.51 0.48 0.52 0.49 0.51 0.52

    Fonte: Base de dados do PISA.Nota: As variveis assinaladas com (b) so binrias.

    Variveis dafamlia

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    riqueza (nd.) 0.49 0.49 0.56 0.46 0.32 0.56 -0.05 0.54 0.34 0.48 0.59 0.46 0.55

    rec. educ. casa(nd.) 0.18 0.05 0.15 0.13 0.22 0.27 -0.08 0.30 0.14 0.12 0.20 0.12 0.21

    livros em casa

    25-200(b) 0.48 0.46 0.51 0.48 0.47 0.48 0.33 0.51 0.44 0.45 0.51 0.48 0.53

    livros em casa

    > 200(b) 0.15 0.15 0.15 0.11 0.10 0.21 0.07 0.26 0.10 0.10 0.15 0.12 0.16

    imigrante(b) 0.05 0.11 0.02 0.05 0.03 0.04 0.00 0.12 0.01 0.02 0.03 0.16 0.03

    lng. estrang.

    casa(b) 0.02 0.05 0.01 0.02 0.01 0.01 0.01 0.03 0.01 0.01 0.01 0.02 0.01

    ocup. manual/

    espec.(b) 0.22 0.15 0.15 0.20 0.30 0.21 0.31 0.09 0.26 0.34 0.20 0.17 0.22

    ocup. int./no

    espec.(b) 0.34 0.47 0.37 0.50 0.35 0.34 0.44 0.32 0.33 0.26 0.31 0.46 0.40

    ocup. int./

    espec.(b) 0.35 0.31 0.34 0.25 0.25 0.39 0.13 0.53 0.24 0.30 0.40 0.32 0.28

    educ. sec.

    inferior(b) 0.23 0.25 0.22 0.28 0.27 0.22 0.26 0.18 0.21 0.24 0.21 0.28 0.27

    educ. sec.

    superior(b) 0.24 0.28 0.28 0.34 0.23 0.27 0.19 0.24 0.25 0.17 0.25 0.34 0.26

    educ.

    terciria(b) 0.26 0.25 0.26 0.20 0.15 0.28 0.12 0.47 0.14 0.20 0.26 0.23 0.20

    mono-

    parental(b) 0.11 0.14 0.12 0.13 0.09 0.09 0.08 0.17 0.13 0.09 0.11 0.11 0.09

    sem pais em

    casa(b) 0.02 0.02 0.03 0.05 0.04 0.02 0.03 0.02 0.05 0.02 0.02 0.04 0.03

    ESCS (nd.) -0.32 -0.38 -0.27 -0.39 -0.63 -0.18 -1.05 0.23 -0.73 -0.56 -0.24 -0.30 -0.42

    Fonte: Base de dados do PISA.Notas: O ndice ESCS utilizado somente nas decomposies da varincia. As variveis assinaladas com (b) so binrias.

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    Artigos

    Apndice 2 (continuao)

    ESTATSTICAS DESCRITIVAS (MDIAS)

    Variveis daescola

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    dim. esc.(1000 alunos) 0.94 0.71 0.61 0.41 0.51 0.77 1.20 1.06 0.71 1.10 1.05 0.98 0.82

    proporo de

    alunas(b) 50.5 49.6 52.7 44.9 50.0 50.2 49.4 49.6 50.6 51.6 51.0 50.1 51.0

    cidade 15 -

    100 mil (b) 0.42 0.84 0.73 0.38 0.33 0.32 0.52 0.18 0.64 0.44 0.53 0.47 0.45

    cidade > 100

    mil(b) 0.22 0.01 0.00 0.00 0.00 0.27 0.21 0.66 0.00 0.15 0.18 0.09 0.03

    amp. graus(max-min) 5.7 4.4 5.2 4.9 5.0 5.9 6.2 5.5 6.4 5.7 6.0 5.9 5.9

    prop.repetentes 0.10 0.10 0.14 0.11 0.10 0.08 0.13 0.10 0.09 0.07 0.08 0.16 0.13

    lng. dif. port.

    >10 % (b) 0.02 0.27 0.00 0.00 0.00 0.05 0.00 0.00 0.07 0.00 0.00 0.08 0.00

    autonomiarecursos (nd.) -0.44 -0.64 -0.57 -0.62 -0.40 -0.34 -0.62 -0.47 -0.40 -0.51 -0.13 -0.58 -0.58

    auton. prog./aval. ( nd.) -0.93 -1.05 -0.96 -1.09 -1.05 -1.01 -0.94 -0.88 -0.96 -0.85 -0.90 -0.98 -0.97

    escola

    privada(b) 0.14 0.01 0.04 0.21 0.13 0.20 0.04 0.12 0.08 0.18 0.23 0.00 0.10

    currculo

    aluno(b) 0.16 0.00 0.16 0.09 0.14 0.00 0.04 0.34 0.30 0.09 0.27 0.09 0.06

    presso dos

    pais(b) 0.13 0.00 0.06 0.00 0.00 0.09 0.00 0.27 0.00 0.15 0.19 0.08 0.12

    concorrncia (b) 0.79 0.73 0.68 0.62 0.76 0.90 0.25 0.93 0.72 0.83 0.78 1.00 0.53

    prop. decomp. internet 0.95 0.90 0.87 0.98 0.96 0.94 1.00 0.97 1.00 0.95 0.94 0.92 0.96

    rcio comp./aluno 0.56 0.52 0.57 0.79 0.60 0.43 1.03 0.57 0.72 0.53 0.46 0.54 0.60

    activ. extra-curric. (nd.) 0.29 0.20 -0.33 -0.32 0.16 0.50 0.44 0.09 -0.49 0.52 0.51 0.28 0.11

    rec. educ.escola (nd.) -0.17 -0.26 -0.07 0.01 -0.04 -0.39 -0.39 -0.08 -0.32 -0.13 -0.04 -0.45 -0.26

    participao

    prof. (nd.) -0.78 -0.82 -0.61 -0.94 -1.00 -0.85 -0.39 -0.72 -0.98 -0.83 -0.73 -0.69 -0.74

    escassez deprof. (nd.) -0.80 -0.77 -0.41 -0.93 -0.68 -0.91 -0.96 -0.71 -0.77 -0.82 -0.80 -1.02 -0.82

    comportam.prof. (nd.) 0.13 0.08 0.02 0.20 -0.16 0.00 -0.55 -0.11 -0.05 0.48 0.60 -0.16 -0.05

    prof. tempocompleto(%) 0.87 0.86 0.88 0.81 0.81 0.89 0.85 0.88 0.77 0.89 0.84 0.94 0.87

    liderana (nd.) -0.15 -0.42 -0.15 0.12 -0.13 0.11 -0.26 0.05 -0.43 -0.18 -0.09 -0.65 -0.25

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    BANCOD

    EPORTUGAL

    |

    BOLETIME

    CONMICO

    Inverno2012

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    II

    Apndice 2 (continuao)

    ESTATSTICAS DESCRITIVAS (MDIAS)

    Variveis da

    escola

    Portu-

    galAlgarve

    AltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    Centro

    Interior

    Centro

    LitoralIlhas Lisboa

    Norte

    Interior

    Norte

    LitoralPorto Setubal

    Vale do

    Tejo

    comportam.alunos (nd.) 0.03 -0.43 -0.25 -0.11 -0.15 -0.18 -0.68 -0.16 0.04 0.47 0.36 -0.42 0.07

    acompanh.

    prof.: testes(b) 0.51 0.31 0.38 0.75 0.38 0.30 0.71 0.73 0.42 0.54 0.40 0.53 0.50

    acomp. prof.:

    colegas(b) 0.80 0.85 0.63 0.87 0.73 0.90 0.77 0.89 0.51 0.69 0.85 0.89 0.81

    acomp. prof.:

    seniores(b) 0.22 0.21 0.36 0.12 0.23 0.30 0.36 0.27 0.07 0.13 0.14 0.34 0.28

    acomp. prof.:

    externo(b)

    0.04 0.05 0.00 0.00 0.09 0.08 0.32 0.00 0.00 0.02 0.04 0.00 0.03

    dim. turmas(alunos) 22.3 21.2 19.6 19.8 19.7 22.4 19.3 23.2 19.6 23.0 24.0 22.8 21.5

    rcio aluno/professor 8.5 7.6 7.4 7.6 6.7 8.6 7.0 9.0 7.0 9.6 9.3 8.1 7.5

    lies reg.mat. (horas) 4.4 4.1 4.3 4.8 4.6 4.3 5.0 4.8 4.1 4.0 4.5 4.4 4.4

    lies reg.port. (horas) 3.8 3.6 3.8 4.5 4.0 3.5 4.7 4.0 3.4 3.5 3.8 3.7 3.9

    Fonte: Base de dados do PISA.Nota: As variveis assinaladas com (b) so binrias.

    Variveis daregio

    Portu-gal

    AlgarveAltoAlen-tejo

    BaixoAlen-tejo

    CentroInterior

    CentroLitoral

    Ilhas LisboaNorte

    InteriorNorteLitoral

    Porto SetubalVale do

    Tejo

    PIBpc - 2008 15647 15883 13299 18626 10959 15089 17653 25353 10799 10946 15726 11459 13581

    nd. desenv.reg. - 2010 100.0 97.0 98.4 94.4 96.6 99.5 93.4 109.8 94.8 97.7 99.8 98.7 96.7

    analfabetismo(%) - 2011 5.2 5.4 10.0 11.3 8.2 6.4 5.8 3.0 9.5 5.3 3.1 3.9 6.4

    abandono esc.(%) - 2001 2.8 2.0 2.6 2.8 2.4 1.9 3.8 1.8 4.3 3.8 2.6 2.0 2.6

    educ. obrigat.(%) - 2001 38.0 39.0 31.7 28.7 27.3 36.6 32.2 53.9 26.6 27.1 43.4 48.0 33.3

    educ. univ.(%) - 2001 8.6 7.0 6.1 4.9 5.3 8.4 6.4 15.1 5.8 4.9 10.8 8.9 5.9

    pr-escolar

    (%) - 2007/08 78.3 78.0 92.2 98.4 97.4 85.5 83.3 75.3 94.1 74.0 69.2 58.1 88.2exp. prof.(anos) - 2005 17.2 15.8 18.0 16.9 16.6 17.1 15.3 18.8 18.2 17.0 17.8 17.1 17.2

    mdicos (porhab.) - 2010 3.9 3.0 2.8 1.7 2.0 5.5 2.6 6.6 2.2 1.9 6.9 2.4 1.6

    divrcio (%)-2010 2.6 3.0 2.4 2.0 1.9 2.6 2.8 2.8 2.2 2.2 3.1 3.0 2.6

    criminalidade(%) - 2011 39.4 57.3 27.8 28.2 27.1 36.0 35.0 48.1 32.0 29.9 38.8 43.2 36.5

    Fontes: INE para todas as variveis excepto Experincia do Professor que foi calculada a partir da Base de Dados de Recursos Huma-nos da Administrao Pblica 2005.

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    II

    Artigos

    Apndice 3 (continua)

    REGRESSO (1) PAPEL DAS VARIVEIS DO ESTUDANTE E DA FAMLIA

    Matemtica Leitura

    repetente(b) -53.1 -44.6

    [3.8]*** [4.2]***gnero feminino(b) -28.3 22.1

    [1.8]*** [1.8]***

    9 ano de escolaridade(b) 50.0 44.9

    [4.2]*** [3.4]***

    10 ano de escolaridade(b) 74.9 71.0

    [5.8]*** [6.0]***

    riqueza (nd.) 0.7 -2.2

    [1.4] [1.3]*

    recursos educativos em casa (nd.) 5.1 2.8

    [1.5]*** [1.0]***

    livros em casa 25-200(b) 15.3 12.1

    [2.6]*** [2.3]***livros em casa > 200(b) 31.3 25.4

    [3.4]*** [3.2]****

    imigrante(b) -12.3 -11.5

    [5.2]** [4.5]**

    lngua estrangeira em casa(b) 16.9 1.0

    [9.1]* [8.5]

    ocup. manual/espec.(b) -2.3 -6.6

    [4.6] [4.2]

    ocup. intelectual/no espec.(b) 0.5 2.4

    [4.2] [3.6]

    ocup. intelectual/espec.(b) 10.6 11.7

    [5.1]** [4.2]***

    educ. secundria inferior(b) 0.5 4.6

    [3.1] [2.9]

    educ. secundria superior(b) 7.2 6.9

    [3.1]** [3.1]**

    educ. terciria(b) 12.3 6.5

    [3.1]*** [3.4]*

    apenas um dos pais casa(b) 14.3 12.5

    [3.7]*** [3.2]***

    sem pais em casa(b) -2.5 -11.2

    [6.7] [6.6]*

    Observaes 5913 5913

    R-quadrado 0.56 0.55

    Fonte: Clculos dos autores.Notas: As variveis assinaladas com (b) so binrias. Calculado com base nos cinco valores plausveis das pontuaes dos testes.Desvios-padro entre parntesis. As regresses incluem tambm efeitos-fixos de escola que no so mostrados. * significativo a10%; ** significativo a 5%; *** significativo a 1%

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    BOLETIME

    CONMICO

    Inverno2012

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    II

    REGRESSO (2) PAPEL DAS VARIVEIS DA ESCOLA

    Matemtica Leitura

    propor. de computadores com internet 8.4 1.1

    [16.3] [14.4]

    rcio computador/aluno 10.3 0.5

    [6.9] [6.1]proporo de alunas(b) 0.1 0.4

    [0.3] [0.3]

    dimenso da escola (1000 alunos) 10.2 11.1

    [5.6]* [4.9]**

    class size (students) 2.5 1.3

    [0.8]*** [0.7]*

    rcio aluno/professor -1.1 -1.1

    [1.2] [1.0]

    escola privada(b) -16.1 -7.0

    [10.9] [9.5]

    activ. extra-curriculares (nd.) 2.1 5.8

    [2.3] [2.0]***

    recursos educativos escolas (nd.) 4.5 3.9

    [2.5]* [2.2]*

    participao dos professores (nd.) 7.4 4.3

    [3.8]** [3.3]

    escassez de professores (nd.) 6.2 5.8

    [4.0] [3.6]

    comportamento professores (nd.) -0.2 -0.2

    [2.8] [2.4]

    influncia dos pais na escola (b) 9.3 8.8

    [5.4]* [4.7]*

    loc. em cidade 15 000 - 100 000 pess.(b) 1.6 1.7

    [4.3] [3.8]

    loc. em cidade > 100 000 pess.(b) 9.3 10.4

    [5.9] [5.2]**

    escola enfrenta concorrncia(b) -6.1 0.6

    [5.1] [4.4]

    perc. de professores com tempo completo 21.1 23.1

    [17.6] [15.5]

    lies regulares (horas) 0.8 1.3

    [3.3] [2.6]

    liderana (ndice) 1.6 1.8

    [2.8] [2.5]

    comportamento aluno (nd.) 3.8 2.9

    [2.6] [2.3]

    acompanhamento dos professores: testes(b) 0.8 -4.1

    [4.0] [3.5]

    acompanhamento dos professores: colegas(b) 11.9 7.9

    [5.0]** [4.3]*

    acompanhamento dos professores: colegas snior (b) -1.8 -2.8

    [4.9] [4.3]

    acompanhamento dos professores: externo(b) -6.3 -3.9

    [14.2] [12.5]

    autonomia recursos (nd.) 7.7 3.3

    [4.0]* [3.5]

    autonomia programas/aval. (nd.) -5.0 7.9

    [7.1] [6.2]

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    Artigos

    Apndice 3 (continuao)

    REGRESSO (2) PAPEL DAS VARIVEIS DA ESCOLA

    Matemtica Leitura

    lng. materna dif. portug. > 10 % (b) -1.2 -17.4

    [10.9] [9.6]*consid. currculo aluno(b) 9.2 7.0

    [5.4]* [4.7]

    proporo de repetentes -19.7 -6.4

    [28.7] [24.9]

    amp. graus esc. (grau max-min) 0.9 -0.5

    [0.9] [0.8]

    Constante 337.4 365.3

    [33.7]*** [30.0]***

    Observaes 209 209

    R-quadrado 0.42 0.44

    Teste F (variveis de escola) 2.72 3.04

    Valor-p 0.00 0.00

    Notas: As variveis assinaladas com (b) so binrias. Desvios-padro entre parntesis. As regresses incluem tambm efeitos-fixosde regio que no so mostrados. * significativo a 10%; ** significativo a 5%; *** significativo a 1%