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Coimbra 2012 Envelhecimento e Dinâmicas Sociais ou “o Envelhecimento demográficoComo Factor de insustentabilidade da Segurança Social? Fontes de Investigação Sociológica Manuel Filipe Figueiredo

Manuel Filipe Figueiredo Envelhecimento · 2013-01-17 · Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555!Página 5!! Para que a renovação de gerações estivesse assegurada, seria

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Coimbra 2012

 

 

 

Envelhecimento e

Dinâmicas Sociais ou

“o Envelhecimento demográfico” Como

Factor de insustentabilidade da

Segurança Social?

Fontes de Investigação Sociológica

 

  Manuel Filipe Figueiredo

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 1  

   

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Envelhecimento e

Dinâmicas Sociais Ou

“o Envelhecimento demográfico” como

Factor de insustentabilidade da

Segurança Social?

Fontes de Investigação Sociológica Ano lectivo de 2012 -2013

Coimbra 2012

Imagem:http://www.google.pt/imgres?q=idosos&start=469&num=10&hl=ptPT&tbo=d&biw=1266&bih=607&tbm=isch&

tbnid=lsNlsrnQdwU8pM:&imgrefurl=http://www.hotfrog.pt/Empresas/Idosos-2011&docid=e2O

Docente: Professor Doutor Paulo Peixoto

Discente: Manuel Filipe Figueiredo  

Aluno nº 2012119555

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“O futuro não pertencerá unicamente às pessoas idosas, o que seria contrário à própria ideia de integração das gerações. Mas também não se fará sem elas, o que é

uma oportunidade a não negligenciar (…)”.

Michel Loriaux

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Índice

1. Introdução ............................................................................................... 1 2. O idoso no futuro e o estádio dessa consciência .................................. 3

2.1 Envelhecimento e Dinâmicas Sociais ..........................................................3 2.1.1 Envelhecimento demográfico – CONCEITOS .......................................4

2.1.2 Os direitos do idoso ........................................................................................5

2.2 A Segurança Social..................................................................................................8

2.2.1 O Contrato social providencialista ................................................................9

2.2.2 Para onde vai a Segurança Social Portuguesa? ....................................... 10

2.3 O financiamento da Segurança Social ............................................................. 13

2.3.1 Sustentabilidade do sistema financeiro da segurança Social ................. 13

2.4 Distribuição de Responsabilidades ................................................................... 17

3. Descrição detalhada de pesquisa..................................................................19

4. Avaliação de um Web Site.............................................................................20

5. Ficha de Leitura................................................................................................21 Notas sobre o autor ................................................................................................. 21 Resumo ...................................................................................................................... 22 Desenvolvimento...................................................................................................... 22 Envelhecimento: Conceitos ...............................................................................23 Envelhecimento: Como e por quê? ..................................................................24 Envelhecimento demográfico: Receios ................................................................. 26 O envelhecimento demográfico e efeitos: Segurança Social e nas reformas ....26 Os Ciclos de Vida: e o Idadismo .......................................................................27 Conclusão: o envelhecimento da população portuguesa ...................................29 Pontos fracos e fortes do documento ..........................................................30

- Pontos fracos ...............................................................................................30 - Pontos fortes................................................................................................31 - Anotações finais ..........................................................................................33

6. Conclusão ............................................................................................................33

7. Referências bibliográficas

Anexo I – Web Site: http://www.seg-social.pt

Anexo II – Texto de apoio à ficha de leitura

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 1  

   

1. Introdução

Queiramos ou não, a verdade é que começamos a envelhecer a partir do primeiro

segundo da nossa concepção.

Sendo certo que, particularmente a partir da primeira dezena de anos, ansiamos

por uma grande velocidade no processo da passagem do tempo, é também verdade que,

todos nós, a partir do primeiro quarto de século, tentamos ignorar o continuum do

desgaste e a consequente fragilidade que o avanço da idade nos vai provocando.

Na verdade, as ciências: médica e farmacêutica, acompanhadas por melhores

práticas de alimentação, higiene e condições sanitárias, fizeram e continuam a fazer

crescer a esperança de vida humana para patamares impensáveis há poucas décadas.

Sendo um bem, na verdade, este aumento da esperança de vida traz alguns

problemas sobre os quais, todos, temos de reflectir num primeiro tempo, para depois

podermos, também todos, contribuir para uma boa solução.

Este trabalho, desenvolvido no âmbito da disciplina de Fontes de Informação

Sociológica, sobre o tema Envelhecimento e dinâmicas sociais, ou, (problematizando)

sobre “o envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança

Social?” foi por mim escolhido com total liberdade numa tentativa de ensaio reflexivo

sobre esta problemática.

Ao escolher esta temática, tenho a clara consciência de que, a minha condição de

“pré-idoso”- a caminho dos 64 anos de vida – com alguns deles dedicados, em

cidadania, à tentativa de solução, de alguns problemas daquelas pessoas que, no espaço

geográfico das minhas origens, se encontram nesse patamar de grande fragilidade, me

obrigam a um duplo esforço, de despojo e ruptura do conhecimento empírico adquirido

e do senso comum interiorizado.

Para iniciar a pesquisa sobre o tema: Envelhecimento e dinâmicas sociais - tive,

antes de mais, de elaborar uma pergunta de partida.

O tema “envelhecimento” é vasto e, só por si, encheria volumosos compêndios

com as imensas hipóteses de trabalho que proporia. Sendo certo que “dinâmicas

sociais”, associadas ao envelhecimento, já reduz um tanto o foco de investigação e

análise, a verdade é que ainda se mantinha como um campo de espectro bastante largo.

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 2  

   

Tenho a convicção de que a sociedade portuguesa e provavelmente também a de

outros países europeus, têm uma “bomba relógio” activada que, se não for desarmada,

poderá potenciar um verdadeiro conflito intergeracional.

O aumento da esperança de vida, por um lado, e a quebra de fecundidade, da

geração em idade procriadora, por outro, poderão vir a criar uma situação

Intergeracional delicada se houver ruptura e insustentabilidade na segurança social.

Feita esta observação, a minha pergunta de partida tornou-se mais evidente. “o

envelhecimento demográfico poderá ser factor de insustentabilidade da Segurança

Social”?

Depois de ter definido a pergunta de partida, precisava tentar perceber qual a

metodologia de pesquisa a utilizar, que caminho percorrer e quais as etapas a

“palmilhar”, para chegar a uma possível resposta à pergunta de partida.

Só então precisei as palavras-chave que me permitissem a pesquisa adequada de

quem, como e onde, tivesse produzido, academicamente falando, pensamento científico

sobre o tema.

Como palavras-chave adoptei: envelhecimento; envelhecimento demográfico;

segurança social; financiamento da Segurança social, (In) sustentabilidade da

Segurança Social.

Só depois passei à pesquisa e investigação. Para tanto, usei os meios à disposição:

livros próprios (pessoais) e da biblioteca, catálogos, internet e algumas das bases de

dados sugeridas ao longo da aprendizagem, com os instrumentos adequados.

Feita a pesquisa, passei, finalmente à compilação e redacção do trabalho que será

dividido em três partes fundamentais.

Na primeira parte situarei o Estado das Artes que dará corpo ao resultado das

pesquisas realizadas, sobre o idoso e seus direitos, enquanto pessoa, reconhecidos em

instâncias diversas e, sobre o pensamento académico produzido sobre a pergunta de

partida que, acabará por ter alguma reflexão pessoal.

Na segunda parte exporei a metodologia de trabalho desenvolvida, a ficha de

leitura do livro recomendado e a minha apreciação de uma página de internet1.

                                                                                                                         1  Nota: Para a formatação das fontes bibliográficas foi utilizada a modalidade do Word, para inclusão das fontes ao longo do texto, bem como para construir as referências bibliográficas. O estilo utilizado foi o APA 5ª edição Word 2010.  

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Na terceira parte, apresento as considerações finais que se constituirão, elas próprias, como os pontos da reflexão produzida e que, de algum modo, envolvendo-me pessoalmente, tentam deixar espaço para outros desenvolvimentos.

2. O idoso no futuro e o estádio dessa consciência

2.1. Envelhecimento e Dinâmicas Sociais

O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia proclamaram o ano de

2012 como o “Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre as

Gerações”. (Parlamento Europeu, 2011).

Provavelmente, esta proclamação resulta da consciência duma realidade que se

manifesta como uma das grandes preocupações de momento. De facto, o

desenvolvimento da ciência e os resultados positivos atingidos no campo da

investigação científica, particularmente nos campos da medicina e das ciências

farmacêuticas, por um lado, e a melhoria dos cuidados de saúde prestados, das

condições socioeconómicas e também dos cuidados higio-sanitários, por outro, têm

vindo a contribuir para o prolongamento da duração da vida humana.

O aumento da esperança de vida deveria ser considerado como um bem, devendo

até ser celebrado com alegria. E, no entanto, ele está a ser observado com a preocupação

suficiente para que os dirigentes europeus lhe dediquem um ano, período em que a

focalização dos holofotes, sobre esta problemática, permitirá uma maior observação e

potenciará a reflexão necessária, ao mesmo tempo em que lançará um apelo à

solidariedade entre gerações.

A vida é o bem maior da humanidade, no entanto se, conjuntamente com o

aumento da esperança de vida, não existirem solidariedades intergeracionais, aquilo que

é um bem pode transformar-se num autêntico drama. O drama da possível ruptura entre

cidadãos idosos e activos, pela insustentabilidade social que este facto poderá provocar,

tendo em conta o envelhecimento demográfico das sociedades.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde “Em quase todos os países, a

proporção de pessoas idosas com mais de 60 anos está a crescer mais rápido que

qualquer outro grupo etário, como consequência do aumento da esperança média de

vida e do declínio dos índices de fertilidade” (Direcção Geral de Saúde). (OMS, 2002)

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No “Sítio” da Direcção Geral de Saúde, ao fazer-se referência ao “Ano Europeu

do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações”, refere-se que, ao

vivermos muito mais tempo e com mais saúde, deve também ser considerada a

oportunidade de um envelhecimento activo que permita aos cidadãos idosos, transcrevo:

• Permanecerem no mercado do trabalho e partilharem a sua experiência,

• Continuarem a desempenhar um papel activo na sociedade,

• Viverem uma vida o mais saudável e gratificante possível.

Acrescentando ainda: […] O ano de 2012 deverá ir além do debate e começar a

produzir resultados palpáveis. (Direcção Geral de Saúde, p. 15/12/12)

De facto, a manifestação de preocupação da DGS de que o idoso não pode ser

visto como um encargo para a sociedade, é outra forma de reconhecer ao idoso um esta-

tuto que pode passar pela atribuição dum papel mais activo e participativo na sociedade

da qual é uma parte com plenos direitos e obrigações, ainda que, dadas as circunstâncias

da condição, sejam mais aqueles que estas.

Há já muitos trabalhos académicos efectuados onde é reconhecido o acelerado

envelhecimento da sociedade portuguesa. A nossa estrutura demográfica apresenta

variações rápidas e surpreendentes “A demografia de Portugal está, assim, a bater

alguns recordes populacionais históricos, quer no que diz respeito ao seu perfil etário,

quer quando se pensa nos comportamentos demográficos que estão na base dessas

alterações de perfil, como a mortalidade e a fecundidade”. (Rosa, 2012, p. 79).

Segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística, em menos de 20 anos, um em

cada cinco portugueses terá mais de 65 anos e em meados do século XXI essa

proporção será de um para três (INE, 2011)

2.1.1 Envelhecimento demográfico – CONCEITOS

O envelhecimento demográfico da sociedade portuguesa não é, contudo, resultado

exclusivo, e nem sequer principal, do assinalável aumento da esperança de vida e

longevidade dos cidadãos que, aos 65 anos, passou a esperar viver mais “17 anos para

os homens e 20 para as mulheres” (Rosa, 2012, p. 30).

O envelhecimento demográfico deve-se, em grande parte, à actual baixa fecundidade da

população portuguesa.

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Para que a renovação de gerações estivesse assegurada, seria necessário que cada

mulher tivesse pelo menos, em média, 2,1 filhos e, mesmo assim, que, dessa média, um

filho fosse mulher. “Portugal, no início da década de 1960, apresentava uma média de

filhos por mulher superior a três, um dos valores de fecundidade mais elevados entre os

países do actual conjunto da UE27. Hoje, com um valor inferior a 1,4 filhos por mulher,

já não assegura a substituição de gerações” (Rosa, 2012, pp. 31-32).

O envelhecimento da sociedade portuguesa deve ser entendido como

consequência das bem-sucedidas políticas de saúde pública, do desenvolvimento

socioeconómico e até do efeito do retardamento da maternidade motivada pela

integração, por direito próprio, da mulher na vida activa e da sua luta por uma carreira:

académica, política ou empresarial.

2.1.2 Os direitos do idoso

Os direitos do idoso, sendo uma questão de sempre, só recentemente concitaram

direito a uma observação mais cuidada.

A nova realidade, consubstanciada no aumento da esperança de vida e, por via

disso, da dificuldade em definir o conceito - “idoso” - e o papel que lhe deva estar

reservado em sociedade, por um lado, e pela necessidade de uma intervenção legislativa

global, em função da fragilidade das pessoas mais velhas e dos eventuais desafios

específicos aos direitos humanos que poderiam suscitar, por outro, levaram a que a

ONU lhe dedicasse uma Resolução. A Assembleia Geral das Nações Unidas de

16/12/1991 estipula, para o mundo, a Resolução 46/91 como o:

Princípio das Nações Unidas para o Idoso: 1. Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao vestuário, à saúde, a apoio

familiar e comunitário.

2. Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de

rendimentos.

3. Poder determinar em que momento se deve afastar do mercado de trabalho.

4. Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e

requalificação profissional.

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5. Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que

sejam passíveis de mudanças.

6. Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

7. Permanecer integrado na sociedade, participar activamente na formulação e

implementação de políticas que afectam directamente o seu bem-estar e

transmitir aos mais jovens conhecimentos e habilidades.

8. Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando

como voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades.

9. Poder formar movimentos ou associações de idosos.

10. Beneficiar da assistência e protecção da família e da comunidade, de acordo com

os seus valores culturais.

11. Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o bem-estar físico,

mental e emocional, prevenindo a incidência de doenças.

12. Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem

protecção, reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, num

ambiente humano e seguro.

13. Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de

autonomia, protecção e assistência.

14. Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em

instituições que lhe proporcionem os cuidados necessários, respeitando-o na sua

dignidade, crença e intimidade. Deve desfrutar ainda do direito de tomar

decisões quanto à assistência prestada pela instituição e à qualidade da sua vida.

15. Aproveitar as oportunidades para o total desenvolvimento das suas

potencialidades.

16. Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais e de lazer da

sociedade.

17. Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objecto de exploração e maus-

tratos físicos e/ou mentais.

18. Ser tratado com justiça, independentemente da idade, sexo, raça, etnia,

deficiências, condições económicas ou outros factores.

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 7  

   

Do mesmo modo, a Constituição da República Portuguesa consagra, no Capítulo II,

relativo a Direitos e Deveres Sociais, a esta temática:

Artigo 63º (Segurança social e solidariedade):

1. Todos têm direito à segurança social.

2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança

social unificado e descentralizado, com a participação das associações sindicais,

de outras organizações representativas dos trabalhadores e de associações

representativas dos demais beneficiários.

3. O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez,

viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de

falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.

4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o cálculo das

pensões de velhice e invalidez, independentemente do sector de actividade em

que tiver sido prestado.

5. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade e o funcionamento das

instituições particulares de solidariedade social e, de outras, de reconhecido

interesse público, sem carácter lucrativo, com vista à prossecução de objectivos

de solidariedade social consignados, nomeadamente, neste artigo, na alínea b) do

n.º 2 do artigo 67.º, no artigo 69.º, na alínea e) do n.º 1 do artigo 70.º e nos

artigos 71.º e 72.º.

Artigo 72.º (Terceira idade):

1. As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação

e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e

evitem e superem o isolamento ou a marginalização social.

2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e

cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização

pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.

No contexto europeu destaca-se a promulgação, em 1992, da:

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 8  

   

- “Carta Europeia dos Idosos” que define os direitos específicos desta faixa

etária.

Também, em 1995, foi publicado em Portugal o:

- “Livro Verde dos Idosos” onde se expõem numerosas questões relacionadas

com o futuro das políticas sociais e com o papel económico e social das pessoas idosas,

nomeadamente: o direito de acesso a rendimentos mínimos garantidos; o direito a

escolher o local de residência e o dever, por parte da sociedade, de garantir os serviços

sociais necessários para o exercício desse direito; O direito à saúde mental e física, a

medidas de reabilitação, de prevenção e protecção legal em caso de tratamento; o direito

a um modo de vida adequado e a um sistema de transportes públicos adaptados às suas

necessidades; o direito a um meio ambiente que lhes assegure a saúde e a segurança; o

direito ao lazer, ao acesso à cultura, à formação e à prática de actividade física; o direito

à informação; e, o direito à participação cívica e a uma cidadania responsável no

financiamento das reformas para os idosos activos (hoje a partir dos 65 anos) da saúde

para um substancial aumento de idosos num patamar de 4ª idade (a partir dos 80 anos)

cada vez com maiores necessidades de apoios na saúde, na assistência médica e

medicamentosa e, finalmente, na capacidade funcional dos idosos em família ou na

criação de ambientes de instalação parcial e activa ou residencial.

2.2. A Segurança Social

A Segurança Social Portuguesa é um organismo, criado pelo Estado, com o

objectivo de prover às situações de desemprego, reformas, pensões, rendimento social

de inserção, prestações familiares, cuidados de saúde e outras regalias sociais.

Este organismo de apoio social desenvolve-se através de um fundo comunitário

que recebe prestações de todos os rendimentos do trabalho (por conta própria ou de

outrem).

No caso concreto dos trabalhadores por conta de outrem (regime geral), o

contributo para este fundo é composto por: 11% do salário que a entidade patronal está

obrigada a retirar directamente do salário do trabalhador, a reter, conjuntamente com

outra “tranche” igual a 23,75% desse salário, resultante dessa mesma prestação de

trabalho que a entidade patronal está obrigada a entregar ao Instituto de Gestão

Financeira da segurança Social, Lei nº. 110/2009, de 16 de Setembro, (Assembleia da

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 9  

   

República, 2009), mais tarde alterada pela Lei nº. 119/2009, de 30 de Dezembro, pela

Lei nº. 55-A//2010, de 31 de Dezembro e pelo Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3

de Janeiro.

A Segurança Social em Portugal é composta, ainda, por dois sistemas: o Sistema

Previdencial e o Sistema de Protecção Social e Cidadania que, por sua vez, é composto

por três subsistemas: Acção Social; Solidariedade e Protecção Familiar.

Esta é a base do chamado Estado-providência português e do dito contrato social

providencialista.

2.2.1. O Contrato social providencialista

Por Contrato Social entende-se a resposta à avaliação das instituições sociais que

terão a virtude de serem justas (Rawls, 1993).

Ou seja, para o filósofo norte-americano, uma sociedade bem ordenada

compartilha de uma concepção pública de justiça que regula a estrutura básica da

sociedade. Com base nesta preocupação, Rawls formulou a teoria da justiça como

equidade, questionando: “mas, como podemos chegar a um entendimento comum sobre

o que é justo”?

Entretanto, de outras origens e em reflexões diversas chegam-nos algumas

preocupações de investigadores/cientistas sociais e sociólogos:

“Nas últimas décadas, sobretudo desde os meados dos anos oitenta, assistiu-se ao

esgotamento da velha relação salarial fordista, o Estado-providência entrou em crise e o

chamado modelo social europeu está em risco de colapsar” (Estanque, 2006).

No mesmo tom, “Este colapso de expectativas es el colapso de la sociedad misma,

el colapso del contrato social, es el contrato de las poblaciones desechables, son

procesos de exclusión irreversibles. La gente deja de ser ciudadana, y es el paso de la

sociedad civil a los que llamo sociedad incivil: tanta gente que vive con desigualdad y

donde hay un colapso total de expectativas porque dependen totalmente de fuerzas

poderosas sobre las cuales no tienen ningún control. El obrero está contratado hoy, pero

si no hay un contrato colectivo o una ley laboral, mañana puede no tener empleo, y no

tiene ninguna posibilidad de reaccionar” (Santos, 2003).

A verdade é que neste tempo de crise, já pouco de “túnel”, mas cada vez mais de

“buraco negro”, parece que aos idosos está reservado um papel de descartabilidade

como, a outro propósito, mas relativamente a idosos franceses nos diz José Manuel

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 10  

   

Mendes: “Esses limites evidenciam-se na abordagem convencional a acontecimentos

extremos, em que as pessoas e os grupos descartáveis são remetidos ao silêncio e à

invisibilidade” (Mendes J. M., 2010).

2.2.2. Para onde vai a Segurança Social Portuguesa?

“O Estado assegura aos cidadãos a segurança social, baseada no conceito de

garantia de recursos, que inclui nos seus mecanismos quer o previdencialismo do seguro

social, quer a solidariedade nacional assistencialista” (Mendes F. R., 1995, p. 406)

Contudo o debate associado às propostas e estratégias de reforma do Estado-

providência, em Portugal, parece pôr em evidência o aparente esgotamento do contrato

social em que ele assentou originariamente.

“Os últimos vinte anos testemunharam a crise dos diversos modelos de Estado-

providência do após-guerra e o desenvolvimento de diferentes estratégias de

resposta a tal crise nas principais economias do mundo. Em Portugal e no mesmo

período assistimos, em contraciclo, à transição da previdência social corporativa

para um modelo de protecção social pública similar ao que entrara em crise nos

países mais desenvolvidos” (Mendes F. R., 1995, p. 405)

[…]

“O desenvolvimento do Estado-providência em Portugal pôde então iniciar-se,

com a organização subsequente de dois grandes pilares em que assenta: o sistema

nacional de saúde e a segurança social.

A ampliação dos riscos sociais a cobrir pela protecção social pública foi sendo

realizada ao longo das décadas de 70 e 80, com a atribuição de novas prestações

sociais contingentes de determinadas eventualidades — licença de parto de 90

dias, pensão social, subsídio de desemprego, etc. —, que consagraram novos

direitos subjectivos no domínio da segurança social. Em 1984, o parlamento

aprovou, finalmente, uma lei de bases da segurança social, a Lei n.º 28/84, de 14

de Agosto, que enquadrou todos os regimes e todas as prestações de segurança

social, configurando em definitivo o sistema, e que permanece em vigor até hoje”.

(Mendes F. R., 1995, p. 411)

[…]

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 11  

   

“Até 1991 houve financiamento solidário quase pleno entre os regimes

contributivos e os não contributivos e a acção social, em resultado do expediente

orçamental de fazer suportar parte dos custos da solidariedade nacional aos

activos empregados e às empresas empregadoras. Paralelamente, acumularam-se

as situações de reduzida contribuição dentro do regime geral contributivo.

Criou-se, deste modo, uma opacidade (indesejável) no financiamento do

sistema que ameaça a sustentabilidade social e intergeracional do modelo de

segurança social no futuro próximo.

Em domínios tão importantes como seja o modelo de financiamento, a

definição da gama de riscos sociais cobertos, a universalidade da sua cobertura

pelos regimes de segurança social ou a gestão do sistema estão em aberto as

resposta possíveis à questão “por aonde vai à segurança social portuguesa?”, na

perspectiva da reforma do Estado-providência tardiamente implantada entre nós.

[…] Com efeito, enquanto a carreira contributiva média dos pensionistas de

velhice do regime geral da segurança social foi de apenas 13,5 anos e mais de

50% dos pensionistas de invalidez e de velhice do regime geral tinham tido menos

de dez anos de esforço contributivo (o que sucedia em 1991), os encargos das

pensões dos regimes contributivos eram relativamente modestos” (Mendes F. R.,

1995, p. 422).

Também Graça Carapinheiro, em “A globalização do risco social”, e Boaventura

de Sousa Santos, reflectindo sobre este tema dizem-nos:

“O projecto de um sistema integrado de segurança social composto por serviços

sociais públicos universais acende-se, apaga-se e reacende-se à medida que se desenrola

o processo de normalização democrática e à medida que a expansão dos direitos sociais,

mas sob o efeito cruzado das pressões contraditórias, que tanto apressavam a adopção

de modelos europeus de segurança social que viabilizassem a adesão de Portugal à

Comunidade Económica Europeia como colocavam essa opção sob reserva” […]

(Carapinheiro, 2005)

“Nas últimas décadas, acumularam-se os argumentos contra a sustentabilidade

deste modelo de Estado e, portanto, das políticas sociais que ele funda. Falou-se da crise

financeira do Estado, das mudanças demográficas de que supostamente decorre a

inevitabilidade da privatização da segurança social, da necessidade de promover a

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 12  

   

autonomia dos cidadãos, tornando-os responsáveis pelo seu bem-estar presente

(emprego, saúde, reinserção social) e futuro (reforma). Estes argumentos traduziram-se

em mudanças nas políticas públicas que, em geral, contribuíram para quebrar o vínculo

de confiança e lealdade que se criara entre o Estado e os cidadãos”. (Santos, 2006)

Segundo os diversos autores, os programas de Segurança Social têm contribuído

para a diminuição da participação no mercado de trabalho de pessoas mais velhas, uma

vez que em muitos casos existem incentivos para estas pessoas se reformarem mais

cedo. Com efeito, durante alguns anos, e na vigência de alguns governos, estimularam-

se as ditas reestruturações de empresas, acordadas tacitamente com o Governo, com

negociações de saída de trabalhadores para uma situação de desemprego subsidiado,

durante três anos, seguido de uma situação de reforma antecipada, com o único

objectivo de embaratecer a produção com a entrada de trabalhadores mais jovens, mais

qualificados do ponto de vista académico e particularmente muito mais baratos.

“Inicialmente, a protecção social em Portugal traduzia-se em previdência e

em assistência social. Estes esquemas caracterizavam-se pela concessão de

prestações a um leque reduzido de beneficiários, dos quais se excluíam os

trabalhadores rurais e todos aqueles que não contribuíam financeiramente

para o sistema. No início do século XX surgiram as primeiras caixas de

pensões, e posteriormente outras instituições sociais, contribuindo assim

para a evolução da protecção social. Em 1984 foi publicada a primeira lei

de bases da Segurança Social, que visa proteger os trabalhadores e as suas

famílias de situações de perda de capacidade de trabalho e de situações de

carência económica. Desde então, muito mudou, mas o indicador mais

expressivo talvez seja o crescimento observado no número de pensionistas,

que passou de 1.898.085 beneficiários em 1984 para 2.859.882 em 2009”.

(Aleixo, 2011)

2.3. O financiamento da Segurança Social

Já em ponto anterior apresentámos o Regulamento contributivo da Segurança

Social no regime geral. No entanto, e segundo Maria Sofia Calado Aleixo,

“O sistema actual português, à semelhança de muitos outros Sistemas de

Segurança Social de diferentes países, assenta num regime de repartição,

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 13  

   

financiado através de contribuições pagas pelos trabalhadores e entidades

patronais, que não são mais do que percentagens sobre os rendimentos dos

actuais activos e futuros beneficiários das pensões. Neste regime, as

contribuições de um período são utilizadas para pagar as prestações desse

mesmo período. No caso do valor das contribuições excederem o valor das

prestações do período, como se tem verificado nos últimos anos, esse valor

é aplicado num fundo colectivo de capitalização, para ser utilizado numa

situação em que a diferença entre os fluxos seja negativa”. (Aleixo, 2011,

p. 17).

Segundo a CGTP: “as contribuições de trabalhadores e empregadores são a

principal fonte de receita do sistema previdencial, o qual tem por base uma relação

sinalagmática directa entre a obrigação legal de contribuir e o direito às prestações”.

(Intersindical, 25/11/12).

2.3.1. Sustentabilidade do sistema financeiro da segurança Social

O sistema de pensões vigente é, neste momento, fracamente sustentável, pois o

número de contribuintes para a segurança social encontra-se progressivamente a

diminuir, enquanto o número de beneficiários está gradualmente a aumentar.

“Raramente falamos de envelhecimento da população sem o associar de

forma directa ao agravamento das despesas sociais, nomeadamente com

a protecção social e em particular com as pensões de velhice. Esta

questão remete-nos para a «famosa» incerteza de insustentabilidade do

sistema de insegurança social, para o agravamento das pensões de

velhice ou de reforma e para o aumento progressivo do esforço

contributivo”. (Rosa, 2012, p. 45)

No Site da CGTP – Intersindical, pode ler-se:

“Não podemos deixar de salientar que o Programa de Governo inclui

um conjunto de medidas que traduzem um forte ataque ao sistema

público de segurança social e, em particular, ao sistema previdencial de

base contributiva. Além disso, apesar de afirmar reiteradamente a

necessidade de garantir a sustentabilidade financeira do sistema de

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 14  

   

segurança social, a verdade é que preconiza também várias medidas que

vão no sentido de reduzir as receitas do sistema, designadamente

através de várias situações de redução das taxas contributivas, que

acrescem à chamada política de desvalorização fiscal”.

E:

“Se se viesse a concretizar a descida da TSU, a perda de receita por

cada ponto percentual reduzido seria de 400 milhões de euros, tendo em

conta as receitas de contribuições, para a segurança social, previstas

para 2011 no Orçamento de Estado”. (Intersindical, 25/11/12)

A CGTP-IN contrapõe que, ao mesmo tempo em que transformam a TSU no

bode expiatório dos males da competitividade da economia, são ignorados outros

factores essenciais para a produtividade e a competitividade, como a responsabilidade

das políticas macroeconómicas, a responsabilidades dos patrões e gestores, as razões da

baixa produtividade, a falta de organização e de opacidade de gestão das empresas,

entre outros.

A central sindical considera também que a forma de financiamento, do fundo da

segurança social, não pode ser arbitrariamente alterada pelo Governo sem que aqueles

que financiam esse “fundo comunitário social” sejam ouvidos e seja considerada a sua

opinião.

“Isto significa que estamos perante um seguro social – que visa

compensar os seus beneficiários por determinadas eventualidades, entre

as quais a reforma e o desemprego – e não um imposto. Significa

também que antes de qualquer mudança no sistema, os beneficiários –

neste caso os trabalhadores – têm que ser ouvidos e a sua opinião tida

em conta”. (Intersindical, 25/11/12)

Contudo, com a aprovação da Lei das Bases da Segurança Social, em 1984, e

como a aprovação “do princípio da coesão geracional implica um ajustado equilíbrio e

equidade geracionais na assunção das responsabilidades do sistema”, art.14º da Lei de

Bases, passou a existir um princípio de solidariedade geracional em que a fórmula

distributiva estabelece que as gerações activas (trabalhadores e empregadores)

financiem, com os descontos resultantes do seu trabalho, as reformas dos reformados

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 15  

   

actuais, aceitando as actuais gerações activas que, quando chegar a sua idade de

reforma, terão outras gerações a financiar as suas reformas (Rosa, 2012, p. 45).

Ora, é exactamente aqui que reside o problema.

“Com efeito, a evolução do número de pensionistas da segurança Social

em Portugal (por velhice, invalidez ou sobrevivência – ou seja, por

morte de alguém) tem sido impressionante: de cerca de 56 mil, em 1960

(e de cerca de 187 mil, em 1970), passa-se para um milhão, em 1976, e

para dois milhões, em 1987. Actualmente, o total de pensionistas já está

muito próximo dos três milhões de indivíduos, valor que atinge os três

milhões e meio de pensionistas se acrescentarmos os pensionistas da

Caixa Geral de Aposentações (CGA). Em contrapartida, o número de

activos (empregados e desempregados) não está a aumentar na mesma

proporção: passou de quatro milhões, em 1976, para pouco mais de

cinco milhões e meio, em 2010 2.

Por outro lado, para além do número de pensionistas por activo

aumentar, há ainda a considerar o aumento dos montantes envolvidos

com as pensões de reforma, devido, no essencial, a três factores.

Em primeiro lugar, dilatou-se o período de reforma (a esperança de vida

aumentou 4 anos - de 14 para 18).

Em segundo lugar, as remunerações referência para a determinação do

montante de pensões de reforma aumentaram. De 1985 a 2009, as

remunerações médias do trabalho praticamente duplicaram se

considerarmos a evolução desses montantes a preços constantes de

2006 (ou seja, se se retirar a inflação): passaram de 484€ para 839€.

Em terceiro lugar, devido à maturação do sistema de segurança social,

chegam à idade de reforma mais pessoas com carreiras contributivas

completas, com mais tempo de descontos”. (Rosa, 2012, pp. 46-47)

                                                                                                                         2  Anote-­‐se  que  o  desemprego,  registado  nos  Centros  de  Emprego,  atingiu  em  Outubro  de  2010  a  fasquia  de  mais  de  16%   equivalente   a   cerca   de   1.000.000   de   activos   a   que   terá   de   se   juntar   mais   cerca   de   465.000   que,   já   tendo  perdido  o  subsídio  de  desemprego  e  a  esperança  de  encontrar  emprego  através  destes  centros,  não  se  encontra  contabilizada  nestes  números.  

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 16  

   

Independentemente de a observação empírica poder indiciar que algumas medidas

de governação poderiam conduzir a uma boa administração do “fundo comunitário e

social”, na condição de Segurança social, a verdade é que se vai dizendo que, a prazo, e

nas actuais condições, a Segurança Social é insustentável.

O enquadramento geral subjacente à formulação das presentes projecções da

Conta do Subsistema Previdencial é particularmente negativo.

Fruto da conjugação de um conjunto de factores negativos, como de um fraco

crescimento económico, do crescimento do desemprego, da maturação do sistema e da

consolidação de esquemas de antecipação/flexibilização da idade de acesso à pensão,

assistiu-se nos últimos cinco anos a uma acentuada deterioração do equilíbrio financeiro

do Sistema de Segurança Social, particularmente evidente pelo crescimento explosivo

verificado desde 2000 nas despesas com pensões e com prestações associadas ao

desemprego.

“O ritmo de crescimento destas despesas foi, como se pode constatar pela

leitura do Quadro I, muito superior ao verificado para as contribuições e

quotizações, principal fonte de financiamento do Subsistema Previdencial

e de toda a Segurança Social.

Assim, constata-se que entre 2000 e 2005 as despesas com o subsídio de

desemprego cresceram cerca de 150%, o que corresponde a uma taxa

média anual de 20%, as pensões de velhice do Subsistema Previdencial a

uma taxa média de 10.5%, os complementos sociais de pensão, fruto em

parte do esforço de convergência das pensões mínimas do Regime Geral

com o SMN, cerca de 22.5% ao ano, enquanto as contribuições cresceram

apenas a uma média de 4.6% ao ano” (UGT, 2006).

Quadro I – Contas da Segurança Social - 2000, 2004 e.2005

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 17  

   

Fonte: CSS in Relatório UGT

2.4. Distribuição de Responsabilidades

Num estudo recente da OCDE, estima-se que, a não se verificarem quaisquer

alterações, os países ricos tenham que aumentar os recursos afectos ao pagamento de

pensões num montante equivalente a 3% do PIB, enquanto que, Portugal, para o mesmo

efeito, terá de fazer um aumento de 5,1%.

A redefinição do modelo do Estado-Providência e o futuro da Segurança Social

são duas questões que têm ocupado o debate público em Portugal e na Europa nos

últimos anos. Afinal, existem ou não condições para a sustentabilidade deste modelo

social e para assegurar as pensões de reforma das próximas gerações?

Com a aprovação da Lei de Bases da Segurança Social e do acordo com os

parceiros sociais sobre Modernização da Protecção Social, o governo afirma ter

conseguido aumentar o financiamento e reforçado o Fundo de Reserva da Segurança

Social, - “havendo agora perspectivas de que este subsector será sustentável nas

próximas três décadas”.

Boaventura de Sousa Santos, Professor da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra e director do Centro de Estudos Sociais afirma: A viabilidade

do Estado-Providência não é uma questão técnica é uma questão política. (Santos, Bento,

Gonelha, & Costa, 1998, p. 37). De acordo com Alfredo Bruto da Costa, professor e investigador universitário na

área da pobreza, exclusão e política social, a sustentabilidade da Segurança Social em

Portugal é, antes de mais, “uma concepção de filosofia política” e não um problema

exclusivamente “financeiro ou económico”. Para este especialista, os meios financeiros

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 18  

   

para garantir a sua sustentabilidade dependem em parte do contexto económico mas,

sobretudo, do “grau de solidariedade que cada sociedade está disposta a dar” (Costa,

2006, p. 36).

Entretanto, o Governo actual passou para o domínio e responsabilidade da

Segurança Social os fundos de pensões da banca. O Ministro da Solidariedade e da

Segurança Social apresentou o Programa de Emergência Social, afirmando que «o mais

importante hoje é promover direitos e apresentar medidas que possam minorar o

impacto social da crise, que possam constituir uma «almofada social» que amortece,

para muitos, as dificuldades que agora atravessam».

De tempo a tempo, os portugueses são confrontados com discussões sobre a

sustentabilidade do Sistema de Segurança Social. Apesar de este ser, de acordo com a

Lei Portuguesa, constituída por vários subsistemas, a grande preocupação da

esmagadora maioria dos portugueses que, como empregadores ou como empregados,

financiam o Sistema, concentra-se nas pensões de reforma e, arrisco dizer que, quando

assistem ao reacender destas discussões, a pergunta que surge de imediato ao cidadão é:

– “Será que, quando me reformar, existirá dinheiro para me pagarem a pensão de

reforma?”.

Esta é uma forma natural de, no instante em que somos confrontados com a

questão, reflectirmos sobre o modo como poderemos vir a ser afectados no futuro.

Portugal foi dos países que mais evoluiu na esperança média de vida à nascença, e

este é um excelente indicador de desenvolvimento social, mas, esta bondade vem

acompanhada de alguns desafios, para os quais tem de ser encontrada resposta.

Somos um país relativamente envelhecido e as projecções demográficas dizem-

nos que, se nada for feito para o contrariar, deveremos envelhecer mais rapidamente no

futuro. Esta combinação faz com que a percentagem de pessoas em idade activa,

relativamente ao número total de reformados, diminua rapidamente. Em 2008 tínhamos

3,5 pessoas em idade activa por cada pessoa com mais de 65 anos, prevendo-se que em

2050 se passe para 1,6.

“Em síntese, o futuro da sociedade, face ao envelhecimento demográfico,

dependerá do modo como o programarmos. O mundo que nos espera, certamente com

muito mais pessoas idosas, conseguirá ser produtivo, e feliz, se o pensarmos de novo, e

com todos os intervenientes envolvidos, que são os indivíduos enquanto tal,

independentemente do seu, sexo, idade ou nacionalidade”. (Rosa, 2012, pp. 83-84).

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 19  

   

3. Descrição detalhada da pesquisa  

Como metodologia de pesquisa e depois de ter lido Maria João Valente Rosa, no

seu Ensaio “Sobre o envelhecimento da sociedade portuguesa” Iniciei uma pesquisa

simples, através do catálogo da Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade

de Coimbra, em toda a colecção, com o descritor <envelhecimento demográfico>.

Realizei uma pesquisa booleana com os descritores <Envelhecimento> and <dinâmicas

sociais> and <envelhecimento demográfico> onde percebi a possibilidade de novos

descritores de pesquisa: <os idosos>, <vulnerabilidade do idoso>, <reformas e

descontos>, <solidão>, <duplo envelhecimento – baixa natalidade>. O caminho

apontava para trabalhos desenvolvidos no Centro de Estudos Sociais.

Para a elaboração do “Estado das Artes”, a construção do enquadramento teórico

foi bem mais complexa, porque, apesar de ter uma estratégia mais ou menos clara,

pareceu-me necessário apresentar o que de mais significativo encontrei sobre a questão

de partida, tendo em conta o idoso, o envelhecimento demográfico e a sustentabilidade

da Segurança Social. A minha condição de sénior com uma relação de proximidade,

durante alguns anos, com a problemática, tanto ajudava como problematizava. Se, por

um lado entendia e entendo que a situação - idosos -, enquanto realidade social, precisa

de decisões e acções imediatas, por outro lado, também pretendia potenciar um caminho

que ultrapassasse a observação empírica, sem queimar etapas de fundamentação que,

porventura, viessem a prejudicar a reflexão. Comecei por desenvolver um índice com os

objectivos de construção do trabalho que me mapeasse o caminho, mas tive de fazer

vários reajustes em função da constatação da minha ignorância e da quantidade de

reflexões encontradas, em investigações, teses de mestrado e doutoramento, publicações

e documentos electrónicos.

Relativamente às fontes electrónicas, investiguei a temática em reflexão, com o

critério que a minha habilitação de conhecimento, já assimilado, me permite. Anoto,

contudo que, neste patamar de aprendizagem, ainda sinto bastante fragilidade no uso de

muitos dos instrumentos postos à disposição nas aulas de “Fontes” e tenho a consciência

da necessidade de grande investimento de tempo, para obter melhores resultados. Para

obter informação credível, centrei a investigação nos sites oficiais de estruturas

políticas: governamentais e não-governamentais, nacionais ou internacionais e

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 20  

   

académicas. O site escolhido para análise crítica de página de internet foi

http://www.seg-social.pt.

4. Avaliação de uma Web Site O site da Segurança Social - http://www.seg-social.pt, em função da

multiplicidade de vezes que tive de o consultar, e pela preocupação que, nesta reflexão,

suscita, acabou por ser a página WEB eleita para a avaliação crítica.

O link de acesso a esta página, particularmente na área do idoso é: www4.seg-

social.pt/programa-de-apoio-integrado-a-idosos-paii. Neste site, cada uma das áreas

temáticas apresenta um separador independente, sendo o separador “apoios sociais e

programas” o escolhido pela relevância de interesse para a temática em estudo –

“Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança

Social?”.

Trata-se de um site oficial que confirma, no final de cada página do site, as suas

credenciais:

• http://www4.seg-social.pt/descricao-do-simbolo-de-acessibilidade-a-web;  

• http://www.w3.org/WAI/WCAG1A-­‐  Conformance.html.en;

• http://digg.com/submit?url=http%3A//www.seg-social.pt;  

• http://delicious.com/save.

Em qualquer página podemos encontrar, ainda, o mapa do sítio e ajuda técnica de

grande importância para quem careça de aceder. Apesar das informações serem dadas

somente em Português, a verdade é que parecem cobrir a maior parte das necessidades

de qualquer utente da Segurança Social. Naturalmente a informação veiculada é a

oficial. Todas as páginas apresentam também janelas de busca interna, tanto de texto

como de título que, podendo ir para lá dos itens, pode facilitar uma pesquisa mais

especializada em formato simples.

Sendo um site extenso pela imensa informação que veicula, não deixa de ser

bastante simples e até amigo do utilizador. No que diz respeito ao grafismo, é de leitura

fácil e abrangente. Contudo, embora tenha uma apresentação agradável, talvez ganhasse

mais vida, em meu entender, se fosse menos monocolor.

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 21  

   

As datas das últimas actualizações, por tema ou página, estão sempre visíveis e,

ainda que, por vezes, sejam referidas actualizações com um mês e mais, a verdade é

que, como deve ser, a informação é actual.

Em suma, no site em análise, o único óbice verdadeiro que me parece existir, tem

que ver com uma eventual consulta de imigrantes interessados que não dominem a

língua Portuguesa. Anoto, como referência final, que uma consulta a alguma legislação

de trabalho também pode ser feita no Site.

5. FICHA DE LEITURA  

Título da obra: “O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa”

Autor: Maria João Valente Rosa.

Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Edição: 1ª

Local de edição: Lisboa.

Data de publicação: 2012.

Tipo de publicação: Livro.

Data de leitura: Outubro de 2012

Páginas: 1 a 84.

Assunto: O envelhecimento demográfico em Portugal e a sustentabilidade da Seg.

Social.

Palavras-chave: envelhecimento em Portugal; a sustentabilidade da segurança social;

idoso ou velho? O envelhecimento activo em Portugal.

Observações: A ficha de leitura deste livro é um elemento objectivo, clarificador,

mas perturbador da consciência do cidadão jovem ou menos jovem, adulto ou pré-idoso,

que ao ser posto perante uma realidade que lhe escapa, na maior parte das vezes, pelo

facto da análise objectiva da condição se sustentar mais sobre os direitos, supostamente,

adquiridos e menos sobre novas realidades que vão mudando sem que, muitas vezes,

disso se aperceba.

Notas sobre o autor: Maria João Valente Rosa, é professora da Universidade

Nova de Lisboa, nasceu em Lisboa, em 1961. Licenciada em Sociologia e doutorada em

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 22  

   

Sociologia (especialidade Demografia). Autora e coordenadora de inúmeros estudos

publicados sobre a demografia portuguesa, relacionados com a temática do

envelhecimento. Está, desde 2009, a dirigir a Pordata – Base de dados Portugal

Contemporâneo, projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Resumo: “O principal problema das sociedades modernas não é o futuro, é o

passado” (Rosa, 2012). - Esta parece ser a grande síntese da própria autora que,

abordando neste livro a realidade social do envelhecimento da sociedade portuguesa,

tanto do ponto de vista individual como do ponto de vista colectivo, anota os traços e

factores do envelhecimento demográfico, ao mesmo tempo em que, reflectindo sobre o

facto “de as sociedades não mudarem desde que começaram a envelhecer” (Rosa,

2012), analisa os dados de sustentabilidade do sistema de Segurança Social e teoriza

sobre eventuais saídas da situação, sempre com a preocupação de dignificação daqueles

que sendo o testemunho vivo da nossa história recente, são base a de reflexão e de

projecto tanto para o presente como para o próximo futuro.

Desenvolvimento: O aumento da esperança de vida e o consequente aumento da

população idosa, por um lado, e um considerável abaixamento da natalidade, por outro,

tem colocado as sociedades desenvolvidas perante uma notável mudança etária. Não

pretendendo a autora reflectir, neste ensaio, sobre as razões do abaixamento da

natalidade, a verdade é que, não as ignorando de todo, considera que as regras de

competição das pessoas no mercado global, particularmente com a entrada das mulheres

na economia, no ensino, na investigação, etc. associada a uma perspectiva de carreira e

ao usufruto natural daquilo que a vida, através da exigência e do esforço, oferece como

excelência e contrapartida, são algumas dessas razões. Na verdade, estes, serão os

ingredientes mais notáveis que tem vindo a pôr Portugal, considerado, há poucos anos

(30) como dos países mais jovens da C.E., perante uma das mais delicadas questões

sociais que, os organizadores duma sociedade moderna, estavam longe de imaginar – o

envelhecimento demográfico - galopante. Com efeito, a soma da população jovem, em

caminhada de formação para aquisição de competências com vista à sua entrada na vida

produtiva, com a população activa, começa a atingir níveis perigosamente baixos para

suportar, com dignidade, um tão acentuado crescimento da população idosa

(reformada), situação que coloca em causa, nesta área, o actual Estado-social.

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 23  

   

Envelhecimento: Conceitos - o envelhecimento pode dividir-se em individual e

colectivo, sendo que, o envelhecimento individual, pode ainda ser fraccionado em

“cronológico”, aquele que resulta directamente da idade enquanto processo contínuo do

nosso desenvolvimento humano e que tem início imediatamente após a concepção da

vida. E “biopsicológico” que é pouco mais do que o reflexo do cronológico uma vez

que é dependente de vários factores, próprios da vida de cada indivíduo, como (hábitos,

estilos de vida, género e condicionantes genéticas). Por outro lado, o envelhecimento

colectivo também se divide em dois: o envelhecimento demográfico e o envelhecimento

social.

O envelhecimento demográfico separa a população em activa e idosa. Separação

que, embora arbitrária, define os ciclos da vida: a 1ª idade, que vai até aos 15 anos

(agora, na sociedade portuguesa, com a obrigatoriedade escolar até ao 12º ano, pode ir

até aos 18 anos); a 2ª idade, ou idade activa que vai desde os 15 até aos 65 anos; a 3ª

idade a partir dos 65 anos, idade em que, em normalidade, o cidadão atinge o direito à

reforma por inteiro (se, por qualquer razão, não tiver usado esse direito por

antecipação); e a 4ª idade que, se começa a convencionar, depois dos 80 anos. O

envelhecimento demográfico depende das variáveis da população, nestas idades. Quanto

maior for o total da população jovem somada à população em idade activa, por

contraponto com a população sénior (3ª e 4ª idades), menor é o envelhecimento

demográfico. Ao contrário, se a população sénior for aumentando e a população jovem

e activa somadas for diminuindo, então as sociedades entram em processo de

envelhecimento.

O envelhecimento social, apesar de ter uma relação directa com o envelhecimento

demográfico, tem mais que ver com o estado psicológico – positivo ou negativo – do

conjunto duma sociedade determinada e desencadeia-se a partir de variáveis diversas,

como as situações – políticas, económicas e sociais -, podendo uma sociedade

demograficamente envelhecida ter capacidade e ânimo para assumir/encarar e reagir,

enquanto uma sociedade menos envelhecida pode estar psicologicamente incapacitada

de fazê-lo. Em Portugal, baixaram, quer os níveis de mortalidade, o que é um bem, quer

os níveis de natalidade, o que, não sendo um mal, contribui para o envelhecimento da

sociedade.

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 24  

   

No ano 2000, pela primeira vez na história colectiva portuguesa, o número de

idosos com mais de 65 anos suplantou o número de jovens, enquanto aqueles que, na 4ª

idade, tinham superado a fasquia dos 80 anos, ultrapassaram o meio milhão, com a

curiosidade deste número de idosos ter quadruplicado desde inícios da década de 70 do

século XX.

Envelhecimento: Como e por quê? A relação entre a idade activa, também se

alterou, tendo a faixa dos 15 aos 24 anos perdido cerca de dez pontos percentuais, entre

1960 e a actualidade, ao mesmo tempo em que a idade activa perdeu um peso

considerável, uma vez que, no início dos anos 60, existiam oito pessoas em idade activa

por idoso e duas por cada jovem, e hoje existem: três pessoas em idade activa, por cada

idoso, e quatro por cada jovem.

O INE, para quem possa ter algumas ilusões de reversão desta tendência nos anos

próximos, apresenta números avassaladores: a tendência relativamente ao índice

sintético de fecundidade é de, em 2060, 1,6 filhos, por mulher, enquanto a esperança de

vida é de 82,3 anos para os homens e de 87,9 anos para as mulheres. Sendo verdade que

a população portuguesa poderá manter-se estável (próxima dos 10 milhões de pessoas),

verdade é, também, que as pessoas com 65 e mais anos poderão, nessa altura, ser quase

o triplo do número de jovens, e, cerca de um, em cada 3 residentes em Portugal, poderá

ter 65 anos ou mais, e destes, cerca de um milhão e meio terá atingido o estatuto de 4ª

idade (80 ou mais anos) com uma acentuada necessidade de cuidados de saúde. Hoje,

este valor é de um em cada cinco. Entretanto, a relação de pessoas activas para pessoas

idosas, sendo hoje, ainda, um pouco superior a três para cada idoso, pode, em 2060, ser

inferior a dois, enquanto a população com idade activa com menos de 40 anos deverá

diminuir por aumento dos que terão mais de 55anos.

E, no entanto, a mortalidade infantil, em Portugal, é hoje e desde alguns anos,

uma das mais baixas do mundo. No início dos anos 60, morriam cerca de oitenta

crianças, com idades inferiores a um ano, em cada mil, enquanto hoje, o valor é de três

em mil.

Outro factor de envelhecimento demográfico, responsável por esta tão profunda

alteração, reside na enorme redução dos níveis de fecundidade que provocou a

diminuição do número de nascimentos. No início da década de 60 cada mulher tinha,

em média, um número de filhos superior a três, sendo esse um dos rácios mais elevados

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 25  

   

da UE27. Hoje, com um número de filhos inferior a 1,4 por mulher, rácio

particularmente notável a partir do 8º ano da revolução de Abril, Portugal passou a

pertencer aos países com o índice de fecundidade mais baixos da Europa.

Quais os factos que tornaram esta situação possível? Foram seguramente vários e

diversos, problematizamos alguns: a mudança de regime e o desenvolvimento da

sociedade portuguesa? A grande conquista das mulheres a participarem na vida activa

em pé de igualdade com os homens numa luta desigual por uma carreira? A perda de

alguns valores e da noção da finitude humana, neste processo acelerado de mudança?

Entretanto, os fluxos migratórios mudaram e também deram o seu contributo. A

partir dos primeiros oito anos da revolução de Abril, começaram a regressar a Portugal

aqueles e aquelas que, desde os finais da década de 50 e particularmente durante a

década de 60, tinham “embarcado” na imigração legal ou clandestina. Regressaram, mas

vieram quase sós, isto é, já não trouxeram os filhos maiores que, tendo acompanhado os

pais, uns, outros pelo facto de terem nascido nos países de acolhimento, aí se radicaram.

Se antes saíam os novos e ficavam os idosos, a verdade é que, quando voltaram já

vinham idosos e reformados dos países de acolhimento, e, no seu contributo para a

economia, ainda vieram recuperar, uma 2ª reforma, de Portugal.

É também verdade que, durante alguns anos, Portugal passou a ser um país de

acolhimento para uma vaga de emigração vinda das ex-colónias e, mais tarde, depois da

implosão do bloco soviético, para muitos emigrantes de leste, seguida ainda de uma

vaga vinda do Brasil. Eram imigrantes, na sua maioria jovens, com formação superior,

os de leste, que juntamente com os oriundos das ex-colónias se “envolveram

economicamente” na construção civil, enquanto os brasileiros se dedicaram mais aos

serviços, mas, uns e outros, trouxeram algum equilíbrio, estatístico, ao envelhecimento

demográfico.

Em contrapartida a emigração portuguesa acentuou-se, particularmente nos

últimos anos, agora já não de comboio ou a “salto” como a cantada por Manuel Freire -

“velhos e novos […] de saca às costas” - mas só de novos, de avião e de carrinhos de

rodas cheios de diplomas e “canudos”, duma formação paga pela população, idosa e

quase idosa, portuguesa, na expectativa da grande mudança. Apesar disso, e segundo o

INE, a relação entre imigração e emigração ainda é positiva, isto é, ainda há mais gente

a entrar do que jovens a sair. Por enquanto. É também verdade que, graças à qualidade

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 26  

   

do clima ameno português, muitos cidadãos, seniores reformados, oriundos da Europa

Comunitária e outros, vieram “ajudar” ao envelhecimento demográfico português.

Envelhecimento Demográfico: Receios - a desestruturação da economia, o

aumento do desemprego, o preconceito de que as pessoas mais velhas, pelo facto de o

serem e, também, pela sua menor preparação escolar - rendem menos do que as mais

novas - faz com que, as próprias pessoas, na condição de activas, mas em situação de

desemprego, digam e sintam, porque é isso que ouvem na sua demanda por um posto de

trabalho, que são demasiado velhas para um novo emprego e demasiado novas para a

reforma.

É do senso comum que as pessoas mais velhas, ainda que em idade activa, são

claramente discriminadas em paridade com outros mais novos, particularmente em

períodos de altos níveis de desemprego. E são-no, primeiro pelos empregadores que,

quantas vezes, com o acordo tácito dos organismos oficiais, fazem despedimentos

colectivos para as ditas reestruturações empresariais, mas cujo objectivo último é o de

recrutarem trabalhadores jovens por metade do salário pago aos despedidos. Entretanto,

esta discriminação também acontece por parte dos jovens que, não tendo emprego,

entende que os mais velhos deveriam ser reformados, para que os lugares na economia

pudessem ser ocupados por eles próprios.

O envelhecimento demográfico e os seus efeitos: na Segurança Social e nas

reformas – A Constituição da República Portuguesa, consagra no seu articulado, a

organização do sistema de segurança social que, em 1984, teve a sua aprovação através

da Lei de Bases da Segurança Social, consagrado como “o princípio da Coesão

Geracional” implicando um ajustado equilíbrio e equidade geracionais na assunção das

responsabilidades do sistema.

O envelhecimento da população remete-nos para a questão do agravamento das

despesas sociais, particularmente com as reformas, ou pensões de velhice e o outro lado

da Sustentabilidade da Segurança Social. A questão é que a realidade actual está

desequilibrada e esse desequilíbrio continuará a agravar-se, de forma acelerada. Por

outro lado, a população activa empregada e a activa desempregada não está a aumentar

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 27  

   

na mesma proporção, uma vez que passou dos quatro milhões em 1976 para pouco mais

de cinco milhões e meio em 2010.3

“Com efeito, a evolução do número de pensionistas da Segurança Social

em Portugal (por velhice, invalidez ou sobrevivência - ou seja, por morte

de alguém) tem sido impressionante: de cerca de 56 mil, em 1960, (e de

187 mil, em 1970), passa-se para um milhão, em 1976 e para dois

milhões em 1987. Actualmente, o total de pensionistas já está muito

próximo dos três milhões de indivíduos, valor que atinge os três milhões

e meio de pensionistas se acrescentarmos os pensionistas da Caixa Geral

de Aposentações (CGA)”. (Rosa, 2012, p. 46).

Os Ciclos de Vida: e o Idadismo – Idadismo é um estereótipo de discriminação

negativa, das pessoas, com base na idade. Nos ciclos de vida, quando pensamos em

idosos pensamos em pessoas: frágeis, inactivas, reformadas (com baixas reformas),

pobres, pouco instruídas, e em estado de isolamento ou solidão. Contudo, o ciclo de

vida, é estabelecido na relação directa de as variáveis: idade, o processo de

envelhecimento, o relacionamento cultural e a situação no trabalho.

É absolutamente visível que, a única coisa que nunca muda, é a própria mudança.

Na verdade, tendo mudado o corpo populacional, seria necessário que mudassem

também os modelos que o organizam e enquadram ou, pelo menos, algumas das suas

variáveis. Não tendo havido tempo, vontades (política, social), ou até, não tendo os

modelos atingido o grau de maturidade suficiente para a mudança necessária, o

problema não pode ser imputado à alteração do “corpo”, mas sim à falta de reflexão e

de acções necessárias para que as mudanças pudessem acontecer de forma mais

equilibrada. Com efeito, o modelo de organização da sociedade, tendo como base a

acentuada separação entre as três ou (4) idades, em função das novas realidades do

envelhecimento demográfico português, carece de ser repensado.

                                                                                                                         3  O número de desempregados registados no IEFP, no final do primeiro trimestre de 2012, era superior a 800.000 indivíduos a que terão de ser acrescidas mais de duas centenas de milhares de pessoas, quer porque tivessem perdido o subsídio de desemprego, quer porque já tivessem perdido a esperança de encontrar emprego/trabalho.  

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 28  

   

A partição, por um lado, e a estanquicidade entre ciclos, por outro, parecem dar

provas de não resistirem quadros de profunda crise, como a que vivemos, e a deixar

provada a inviabilidade presente/futura do modelo vigente.

É necessário transformar (ou pelo menos seriamente tentar) as ameaças de

ruptura, em oportunidades de mudança e solução.

Provavelmente será na formação ao longo da vida, conjugada com a possível

mudança para uma “segunda” actividade mais conforme com essa formação e com a

evolução: física, mental ou outra dentro dum quadro de vida activa, que possa ir para lá

da fasquia dos 65 anos, hoje tida como, de abandono necessário e aconselhável de

actividade, mesmo que possa ser acompanhado de uma percentagem de reforma. Ou

seja: teremos que repensar a partição e a estanquicidade dos ciclos de vida, de forma a

criar mecanismos de estímulo para o usufruto da vida, em sociedade, em economia, na

cultura e até na disponibilidade com alegria.

A questão é: como começar a pensar hoje, sobre o amanhã, tendo em conta o

cenário actual do idoso, do envelhecimento demográfico e da sustentabilidade ou

insustentabilidade da Segurança Social com este ritmo de envelhecimento demográfico?

Como poderemos fazer os equilíbrios e os ajustes para uma vida, na globalidade, com

um “continuum” mais equilibrado, com menos insatisfações, frustrações e nostalgias

naquilo que melhor temos – VIVER?

Apesar de a regra do senso comum ser a de perda de valor consoante a idade vai

avançando, a verdade é que há profissões que não confirmam esta regra. Advogados,

arquitectos, professores, “designers”, investigadores e até cineastas, teimam em

demonstrar o contrário. Mais, idade, em normalidade, deveria ser tida como sinónimo

de maturação de qualidade, e de maior sabedoria que, obrigatoriamente, deverá estar

para lá da condição física. Um sábio pode sê-lo, em alto nível, e estar fisicamente

diminuído. Mais, um sábio pode sê-lo mesmo sem saber ler ou escrever, embora, neste

caso, esteja diminuído da condição do conhecimento. O conhecimento, além do seu

significado emocional, não sendo concorrencial, não é esgotável e recria-se

permanentemente, podendo ser aumentado sistematicamente.

Nos primórdios da revolução industrial, a capacidade física era condição

indispensável para o trabalho, a verdade é que, com a revolução tecnológica, a

capacidade física deixou de ter essa indispensabilidade.

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 29  

   

Talvez nós, que nos vamos preocupando com os ciclos da vida, possamos dizer

que, em função da forma como organizámos a saída do ciclo da idade activa para as 3ª e

4ª idades ou, até, para os estados de esgotamento e invalidez, possamos encontrar razões

para considerarmos que, há situações em que a velhice chega primeiro que a sabedoria.

Que fazer com os idosos do hoje e do amanhã? Que “obrigações” têm as actuais

gerações, com aqueles que, sendo presente com pouco futuro, tentaram construir, com

os parcos meios disponíveis, o melhor presente? Será que temos consciência de que

teremos aquilo que lhes devemos? Ou, e ainda, o que mais podem fazer aqueles que

fizeram o presente de ontem - idosos de hoje -, para a projecção de um melhor futuro?

O Parlamento Europeu, associando-se a esta preocupação de envelhecimento

demográfico dos países que compõem a E.U., decretou o ano de 2012, como o ano de

Envelhecimento Activo. Podem ser feitas várias leituras deste envelhecimento activo,

contudo, e chegados à conclusão resultante da leitura dos dados estatísticos, de que as 3ª

e 4ª idades atingiram números, perigosamente, próximos da paridade da idade activa

empregada, Há urgência duma profunda reflexão sobre esta problemática.

Provavelmente as idades, de produção/trabalho e descanso/lazer, possam ser

enquadradas para que, ambas, com as suas diferenças, possam ser interactivas e

interligadas e com uma formação continuada, que só deveria terminar quando a

absorção de conhecimento fosse dada como esgotada (pelos vários factores possíveis).

A autora apresenta uma sugestão de enquadramento desta aprendizagem ao longo da

vida com a sugestão de uma actividade, em função do trabalho/descanso/lazer, com

várias carreiras adequadas à idade e à capacidade de cada um, na linha de participação

em actividades de utilidade social.

“As sociedades não mudam por decreto. As sociedades são compostas por pessoas

que nascem, crescem e aprendem em contextos particulares, baseados em pressupostos

que o tempo se encarrega de tornar resistentes à mudança” (Rosa, 2012, p. 78).

Conclusão: o envelhecimento da população portuguesa, por paradoxal que

pareça, é um processo demográfico pelo qual temos de estar satisfeitos.

Se a população envelhece é porque a humanidade cresceu em saber e em

conhecimento técnico – científico e as condições das populações melhoraram de forma

assinalável. A sociedade portuguesa também continua a envelhecer porque o índice de

natalidade continua a baixar. Neste ensaio a autora deixa-nos mais um paradoxo, ao

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 30  

   

dizer que o problema da sociedade portuguesa não é demográfico. Poderá ser um

problema cariz sociológico, ideológico ou filosófico ou um pouco de todos, mas é um

problema que não se resolve com paliativos demográficos.

“O problema da sociedade portuguesa não é o do envelhecimento da sua

população, mas antes o da incapacidade de pensarmos de forma diferente perante uma

estrutura populacional que tem outros contornos, porque envelhece” (Rosa, 2012, p.

81).

Contudo, o envelhecimento e a grave situação da Segurança Social, por força das

circunstâncias, acabaram por “dar visibilidade ao que, apesar de tudo, ainda tem

resistido à mudança: a organização da sociedade”. (Rosa, 2012, p. 81).

E rematando, diz-nos Maria João Valente Rosa:

“Em síntese, o futuro da sociedade, face ao envelhecimento demográfico,

dependerá do modo como o programarmos. O mundo que nos espera,

certamente com muito mais pessoas idosas, conseguirá ser produtivo, e

feliz, se o pensarmos de novo, e com todos os intervenientes envolvidos,

que são os indivíduos enquanto tal, independentemente do seu, sexo,

idade ou nacionalidade” (Rosa, 2012, pp. 83-84)

Pontos fracos e fortes do documento

1. Pontos fracos:

Sendo verdade que isto é um processo, é também verdade que as variáveis deste

processo têm vindo a alterar-se significativamente nas últimas décadas.

É verdade que, ao longo dos anos, as pessoas que são hoje idosas, foram

obrigadas a contribuir com 33% do seu salário (um terço descontado directamente da

sua folha de salário e retidos pela entidade patronal e os outros dois terços que a

entidade patronal estava obrigada, ela própria, a entregar directamente, como parte de

rendimento salarial do trabalhador) para descontos para a Caixa de Previdência, com os

objectivos de prover às falhas na saúde, aos abonos para os trabalhadores com filhos

menores e à reforma, quando, e se, a ela, o tempo de vida lhe permitisse chegar. Só

uma imensa generosidade colectiva permitiria a uma sociedade produtiva e com

descontos para a sua Caixa de Previdência, disponibilizar-se para entregar ao colectivo

da sociedade, aquilo que sendo um fundo de caixa para as suas fragilidades, na

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 31  

   

proporção dos seus descontos, pudesse ser distribuído por todos, mesmo por aqueles

que nunca o puderam fazer.

Por isso, a um idoso do presente, quando atinge, a sua idade de reforma, não se

lhe pode dizer que todos os seus descontos mensais, de dezenas de anos a fio, foram mal

administrados: pelos gestores, pelos políticos, pelos governos. Esta preocupação deverá

ser responsabilidade daqueles que, por força da dinâmica da vida, dentro de pouco

tempo também serão velhos.

Heróis ou vilões? Um idoso, sendo, num primeiro tempo, um lutador, não deixa

de ser um resistente e chegado a este patamar de vida tem que ser considerado também

um herói-vencedor. Qualquer que fosse o lugar em que tivesse contribuído para a

economia do país, a verdade é que ele foi trabalhador, militar/guerreiro, resistente

politico e construtor pontífice. Resistiu à pobreza, à miséria, à opressão política,

sujeitou-se sofridamente, às guerras coloniais (das quais, ainda hoje, paga um preço

elevado quer física, quer psicologicamente), sem apoios nem subsídios, mas foi capaz

de construir uma sociedade democrática, tolerante, doseando sabiamente os limites dos

extremos e criando pontes para o futuro. Só quem conheceu o antes, podendo ser

acusado de senso comum, será capaz de perceber a diferença do aqui e agora.

Estes idosos, heróis do ontem, que ganharam o direito à sua reforma, sofreram por

si e lutaram pela formação da geração dos activos de hoje, e correm o risco de serem

transformados, pelas mesmas gerações (filhos e netos), hoje semi à rasca, que já nem

sabem o que fazer aos “verdadeiramente enrascados”, que são o precariado de hoje, nos

vilões-derrotados.

Portugal tem graves problemas económicos e sociais. Os portugueses, gente séria

e trabalhadora, têm sérios problemas, porque sempre confiou. Hoje paga o preço da sua

boa-fé, nas P.P.P.s, no desemprego, nos malabarismos, numa economia desregulada.

Mais sacrifícios, para aqueles que já com tanto contribuíram? Têm a palavra, hoje,

aqueles que, ontem, foram motivo de preocupação e de luta.

2. Pontos fortes

A autora é lúcida e ousada, pois, na sua condição de socióloga, deixa-nos, neste

ensaio, perguntas, dados e hipóteses de reflexão de grande significado. A única verdade

que nunca muda, é que tudo está em mudança permanente. E, contudo, Maria João

Valente Rosa afirma: “o verdadeiro problema das sociedades envelhecidas não está

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tanto no envelhecimento da sua população, mas no que as sociedades não mudaram

desde que começaram a envelhecer”. (Rosa, 2012, p. 14)

Autores citados no livro:

1. Alfred Sauvy, La vieillesse des nations, ed. Gallimard, 2001.

2. George Minois, História da velhice no Ocidente, Lisboa, ed.Teorema,1999

(trad. Serafim Ferreira).

3. John Bond, Peter Coleman, Sheila Peace, Ageing in Society: an introduction to

social gerontology, Londres, sage Publication, 1998 (2ª edição).

4. M.J. Valente Rosa e C. Vieira, A população portuguesa no século XX: análise

dos censos de 1990 a 2001, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2003.

5. Michel Loriaux (coord), Populations âgées et révolution grise: les hommes et

les sociétés face à leurs vieillissements, Louvain – la – Neuve, Ciaco, 1990.

6. OCDE, Seminar on the life risks, life course and social policy,

DELSA/ELSA/WI1 (2007)

7. Phil Mullan, The imaginary time: why an ageing population is not a social

problem, Londres, I.B. Tauris Publishers, 2002 (2ª ed).

8. Todd D. Nelson (ed.), Ageism: Stereotyping and prejudice against older

persons, MIT Press, A Bradford BOOK, 2002.

Websites (Estatísticas)

www.pordata.pt

www.ine.pt

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/eurostat/home/

Referências: A autora esclarece: para não pesar excessivamente o texto com

referência às fontes, esclarece-se aqui que os dados estatísticos utilizados no texto são

da responsabilidade de entidades oficiais com competência nas referidas áreas, com

destaque para o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Eurostat. De referir ainda que

uma larga parte da informação estatística apresentada pode ser encontrada em Pordata -

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Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 33  

   

Base de Dados de Portugal Contemporâneo (www.pordata.pt), projecto da Fundação

Francisco Manuel dos Santos.

CONCEITOS (temas, problemáticas)

O Envelhecimento: Conceitos, causas, receios/consequências e teorização de

caminhos de solução.

Anotações finais: A leitura deste livro é perturbadora pela crueza da realidade dos

números, mas sendo-o, pela urgência de ser lançado na opinião pública para debate,

consciencialização e solução, é ainda mais perturbadora pelas dificuldades resultantes

da reestruturação das contas públicas, pelas fragilidades, em crescendo, da economia, do

volume de desemprego que há e, se admite, venha a haver, da fome escondida, das

qualificações que deixarão de se fazer, das desestruturações familiares e o aumento da

criminalidade e do eventual recuo social (senão político) que se advinha.

Penso que seria pacífico, para o idoso de hoje, e objecto de uma reacção generosa

e pró-activa, se a economia estivesse a absorver a mão-de-obra disponível e se ele se

sentisse necessário para ajudar. Foi isso, de resto, o que sempre fez durante toda a sua

vida: dar muito, para pouco receber.

Sendo a realidade social, diametralmente oposta, tem que ser através do social que

temos de encontrar a hipótese para uma porta de saída. “O que apenas depende da

capacidade de os homens, face ao envelhecimento demográfico, criarem uma sociedade

mais inteligente”. (Rosa, 2012, p. 84).

6. Conclusão Ao escolher este tema, tinha, por experiência vivida, a convicção de que o

processo de envelhecimento é como que caminhar por uma zona minada e mal

sinalizada. Num campo minado, sem sinalização, corre-se sempre o risco de activar uma

mina sem sequer se saber se, no caso de correr mal, se terá a hipótese de evitar a

contaminação por simpatia.

De todo o modo, não havendo alternativa à caminhada, e porque a ciência ainda

só encontrou respostas para o prolongamento da vida, não tendo o mesmo êxito para o

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Envelhecimento e dinâmicas sociais   Ou “O Envelhecimento demográfico como factor de insustentabilidade da Segurança Social?”

Manuel Filipe Figueiredo Aluno nº 2012119555   Página 34  

   

prolongamento da juventude, facto que seria muito mais interessante, então, teremos de

viver a oportunidade da vida possível, com toda a dignidade e qualidade.

Houve um tempo em que as classes desfavorecidas precisavam de mais filhos para

a sustentabilidade da família. Faço parte desse tempo e dessas classes. Conforme fomos

“enriquecendo”, tanto do ponto de vista laboral e económico, como social ou cultural,

fomos também diminuindo a fecundidade e a consequente natalidade. Hoje, os jovens

com capacidade procriadora, em virtude do seu calendário de afirmação: pessoal,

académica, profissional e social, vão atrasando a vinda dos filhos.

Em condições normais deveríamos ter os filhos a cuidarem (?) dos pais,

descontando para a sua reforma e a cuidarem dos próprios filhos com o apoio do

Estado, na saúde, na educação, etc... tendo havido grandes alterações na esperança de

vida, poder-se-ia perguntar: e quem se preocupará com os avós? E com os bisavós?

Pior, se a geração melhor formada da história portuguesa, é convidada a emigrar;

se o Estado-Providência ameaça colapsar; se para educar os filhos é preciso pagar; se

com a pesada factura da saúde dos avós é preciso contar, como é que isto vai acabar?

Percebi, no desenvolvimento deste trabalho, e pela investigação que desenvolvi,

que há muita gente em Portugal, também no CES, a reflectir sobre esta problemática. É

muito bom e, para além de necessário, parece-me muito urgente.

Este é um primeiro passo investigatório e reflexivo que, com as características

que tem, gostei muito de dar. Desse ponto de vista, este trabalho, acaba de começar. Eu

próprio me surpreendo pela urgência de o continuar.

As perguntas que carecem de resposta satisfatória são muitas. As hipóteses, sendo

algumas, não são excessivas. Os conceitos, são alguns; as dimensões são várias, mas, os

indicadores, sendo muitos, não são nada animadores.

Foi muito exigente fazer este trabalho, mas só da exigência nasce a excelência.

Esta aprendizagem, exigente, permitiu a aquisição de um conjunto de conhecimentos,

tanto na forma, como no modo, particularmente no desenvolvimento das competências

de pesquisa, e na referenciação das fontes bibliográficas. Tenho consciência que ainda

muito terei de aprender. Não me parece que haja, nisto, qualquer problemática, já que,

na verdade, estou conscientemente receptivo e disponível. Tenho só de investir na

aprendizagem, mais tempo, mais estudo e mais prática.

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Anexos Anexo I Web Site http://www.seg-social.pt Página de internet: www4.seg-social.pt/programa-de-apoio-integrado-a-idosos-paii    

• Apresentada em suporte de papel

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Anexo II Texto de apoio à Ficha de Leitura

- O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa

Maria João Valente Rosa

 

 

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