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Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária com 3º CEB de
Anadia
Vida de Manuela
Profissional de RVC: Salomé Ramos
Formador CE: Alice Costa
Formador LC: Alice Costa
Formador MV: Lídia Rosa
Formador TIC: Dulce Sampaio
Manuela Batista
Novembro, 2012
Índice
Entrevista a Manuela
Pág. 3
37
Autobiografia Pág.
4
Conclusão
Pág. 23
Anexo
Pág.25
37
Entrevista a Manuela…
Nome Completo: Maria Manuela Neves Conceição Batista
Data de nascimento: 19 de maio de 1944, em plena II guerra mundial e ano em que foi
inaugurado em Portugal o estádio nacional do Jamor.
Descrição física: Pessoa normal, um pouco gordinha.
Descrição Psicológica: Demasiado pensativa e nunca satisfeita com o que sou.
Família: Marido, filhos, nora e duas netinhas
Escolaridade: 4-ª classe
Profissões: Agricultora, domestica, auxiliar de cozinha, telefonista
Tempos livres: Faço rendas, arraiolos, vejo televisão e sou mensageira da paz
Música: Gosto de música popular, de igreja e fado
37
Autobiografia
Se for a lembrar vivências desde os meus primeiros anos, não haverá folhas que
consigam levar tudo, mas em poucas palavras posso dizer… tenho más recordações, mas
também tenho recordações muito boas.
Nasci numa aldeia em que as pessoas viviam apenas do trabalho no campo. Uns com
mais posses, que eram os grandes agricultores, e outros que não tinham nada e passavam
muitas necessidades. Nasci numa família pobre, composta pelos meus pais e por duas irmãs
mais velhas. Eram muitas as dificuldades sentidas pela minha família, até em alimentação.
Apesar disto lá se vivia, mas hoje nem sei como seria.
Naquela época, as brincadeiras eram na rua, pois as casas não tinham condições e,
imaginem, que nem sequer havia eletricidade e água canalizada. Como não se compravam
brinquedos, as brincadeiras eram feitas por imaginação nossa, com pinhões, pedrinhas, ...... .
Também fazíamos bonecas de trapos, e estas eram tão lindas, que as conservo na minha
memória.
Recordo com alegria o dia em que entrei para a escola e o dia em que fiz a primeira
comunhão. Também recordo o dia em que chegou a eletricidade à nossa terra, parecia que
estávamos a viver num paraíso!
Os dias foram passando e os anos também até que terminei a escola primária e
comecei a trabalhar. Eu gostava de ter ido estudar, mas os meus pais não tinham
possibilidades, uma vez que, para isso, tinha que ficar internada num colégio, pois não havia
Ilustração 1: Trabalho no campo
37
transportes e as distâncias não pareciam as de hoje. Hoje é tudo muito mais fácil, embora
pareça que não.
Fiquei a trabalhar no campo, em que era tudo feito com muito esforço, pois os
trabalhos eram feitos à mão ou com a ajuda de bois e vacas. Não havia máquinas no trabalho
do campo, era andar com a charrua, com a enxada ou com a foice, com o pulverizador às
costas para tratar as videiras. Todos os dias de sol a sol. Algumas pessoas que lerem estas
palavras podem até nem acreditar ou imaginar como era a vida antigamente, a realidade da
época.
O tempo não parou e os anos passaram e eu, já mulher, fui convidada para ir para
Espanha para servir em casa do Cônsul de Portugal em Madrid. Eu entusiasmei-me porque
eram pessoas conhecidas e importantes da sociedade. Embora eu já tivesse 23 anos, os meus
pais tiveram que dar autorização aos senhores. Os meus pais concordaram e eu fiquei muito
contente pois ia conhecer coisas novas e também ia ganhar 2000$00 por mês, o que já era um
grande ordenado para a época. Do dinheiro que eu ganhava, tinha que dar 500$00 aos meus
pais, uma vez que esta tinha sido uma exigência deles, para ajudar em casa.
Lá fui e cheguei a pensar que ia ficar rica. Gostei muito desta experiência e de estar
com aquelas pessoas, que eram pessoas muito civilizadas, com quem eu aprendi muitas coisas:
desde aprender a cozinhar e a servir pratos requintados, a cuidar da casa, a tratar de crianças,
uma vez que o casal tinha duas filhas ainda pequenas. Para além destas coisas, também
aprendi a ter outras maneiras e modos de comportamento, que me têm sido muito úteis ao
longo da minha vida. Este período durou apenas três anos. Apesar de ter sido uma experiência
muito rica, decidi não ir com a família do cônsul quando este foi transferido para outro país,
porque já namorava com o meu marido e vim outra vez para Avelãs de Cima.
Ilustração 2: Trabalho no campo
37
De novo a viver com os meus pais, já não quis trabalhar na terra e arranjei um
emprego de telefonista numa fábrica nova. Fui colocada a trabalhar numa central de telefones,
que apesar de moderna para a época, ainda funcionava em P. B. X., isto é, funcionava tudo
com sistema de “cavilhas” quer para receber e fazer telefonemas, quer para passar as
chamadas para qualquer secção. Para enviar um telegrama para o estrangeiro, tínhamos que
comunicar a uma central e dizer letra por letra tudo o que se pretendia comunicar. Muitos
devem desconhecer tudo isto, mas foi a minha época, antes da revolução do 25 de abril.
Depois resolvemos casar e emigrar para a Venezuela, onde o meu marido já estava há
alguns anos.
Nessa época, emigrar para Venezuela não era fácil, mas como ele já lá tinha estado,
decidimos aventurar-nos e começar a vida neste país. Passados alguns anos fiquei grávida e
nasceu o meu primeiro bebé. Foi um dia muito feliz, o dia em que começava a primavera. Tudo
foi felicidade. Passados 17 meses nascia o meu segundo filhinho. Sentia-me tão feliz, pois eram
dois bebés amorosos. Apesar das dificuldades que era viver longe da família e da nossa terra,
eu e o meu marido de tudo fizemos para dar aos nossos filhos o que não tinhamos tido.
Os professores que isto estão a ler devem estar a pensar “esta até chateia”, mas como
me disseram que era para falar das nossas vivências, eu cá vou continuando a relatá-las.
Enfim, trabalhamos com muitos altos e baixos, com rosas e com espinhos também. Os
meus filhos foram crescendo, até que chegaram à idade de entrar na escola. Decidimos colocá-
los num colégio católico, administrado por bispos e sacerdotes, chamado “Colégio Cristo Rey”.
Quando o mais velho fez a 4ª classe, eu queria que eles viessem estudar em Portugal,
porque pensávamos um dia regressar todos. Como o meu marido também é de Avelãs de
Cima, decidimos fazer a nossa casa. Compramos um terreno na nossa terra e construímos a
nossa casa, da qual eu gosto muito e onde me sinto muito bem. Eu vim para Portugal, ao fim
de 14 anos, com os filhos, mas o meu marido manteve-se na Venezuela.
Ilustração 3: Fotografia de um P.B.X
37
Na Venezuela sentia muitos problemas com o clima. A temperatura não tinha
alterações ao longo do ano, estava sempre calor, não era preciso muita roupa, mas o calor,
para mim, era insuportável de aguentar. Onde vivíamos, em Cidade de Bolivar, a temperatura
mantinha-se sempre entre os 38º e os 42 º graus de temperatura. Os costumes alimentares
eram muito diferentes dos nossos, mas de vez em quando lá se juntavam alguns portugueses
em nossa casa e fazíamos uns pratos típicos da nossa terra. Na Venezuela, a alimentação local
era feita à base de feijão preto e arroz que era feito de várias maneiras. Alguns dos pratos
típicos da Venezuela são arepas e hayacas. As hayacas são típicas do Natal e são feitas com
carnes variadas, enroladas farinha de milho pré-cozida. Este preparado è enrolado em carpela
de milho ou em folha de bananeira.
Apesar de gostar de muitos pratos que não são os mais indicados à saúde, no meu dia-
a-dia, procuro ter alguns cuidados, como por exemplo, fazer sempre sopa de legumes, e de
prato principal, carnes ou peixes grelhados ou simples estufados, sempre com legumes a
acompanhar. Depois há sempre uma peça de fruta para terminar e não falta o café.
A saúde é um bem que devemos preservar, cuidar e tudo fazer para a manter o melhor
possível. Não compete apenas às entidades competentes, mas antes a cada um de nós,
contribuir para que possa ser mantido um bom estado de saúde.
Muito se ouve dizer que a saúde começa na alimentação! Eu e a minha família
valorizamos uma alimentação rica e equilibrada em nutrientes, acompanhada de algum
exercício físico regular e bons cuidados básicos de higiene corporal e habitacional. Como na
minha habitação, tenho um quintal com um pomar diversificado, de lá retiro, através de uma
agricultura biológica que pratico, vegetais e legumes como a batata, couves diversas,
espinafres, cebolas, alhos, alfaces, abóbora, favas, nabos, feijões pimentos, pepinos, entre
outros, mas também frutas como pêra, o kiwi, a laranja, a tangerina, o pêssego, a ameixa, a
maçã, o limão, os figos, as nêsperas.
Com toda esta diversidade de vegetais, legumes e frutas, tento aproveitar ao máximo
para fazer uma alimentação equilibrada. Faço, no mínimo cinco refeições diárias, tentando
comer sempre que posso carne ao almoço e peixe ao jantar. Ao pequeno-almoço bebo leite
com mel. Substituí o açúcar refinado pelo mel porque me sinto melhor, além de que me traz
mais vantagens. A meio da manhã, como fruta e um iogurte, ao lanche como uma sandes de
queijo e fiambre.
Também tenho uma capoeira onde crio galinhas, patos e todo o comer que lhes dou, é
igualmente biológico, tudo à base de milho e couves, para desta forma poder retirar um
melhor proveito da sua carne. A maneira mais usual de confecionar os alimentos é cozê-los,
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grelhá-los ou assá-los no forno. Esse tipo de alimentação é-me bastante benéfico, porque
tenho tendência para apresentar os níveis de colesterol elevados.
Uma alimentação equilibrada é a melhor opção para manter os níveis de colesterol
controlados. Por isso, tento variar o mais possível a minha alimentação, privilegiando os frutos
e os vegetais. No que toca aos cereais, tento escolher pela variedade e pelos derivados menos
refinados. Como já referi, dou preferência ao consumo de peixe em detrimento da carne,
moderando o consumo de gorduras e de alimentos ricos em colesterol.
Em relação a outros tipos de comida, não como hambúrgueres, não gosto nem fazem
parte da minha alimentação. Este tipo de alimentos sem exercício físico regular levam ao
excesso de peso, hipertensão, diabetes, colesterol alto e problemas cardiovasculares.
Com o avançar da idade, tenho de ter ainda mais cuidado com a alimentação. Procuro
comer menos ou em menor quantidade e aumentar o número de refeições diárias. No verão,
faço uma alimentação mais leve, devido ao calor, que também me dá vontade de ingerir mais
líquidos. Tento estar sempre atenta ao que a televisão diz sobre a alimentação. Apesar de
saber que às vezes só querem vender, tento perceber que informações são as mais corretas.
Voltando ao assunto que me levou a falar da alimentação, na Venezuela a moeda
corrente é o Bolivar. Para nós, os emigrantes, que queríamos enviar as nossas poupanças para
Portugal, tínhamos que cambiar o Bolivar para Dólar, porque aqui em Portugal o Bolivar nada
valia.
A Venezuela faz fronteira com diversos países, por exemplo com o Brasil, Colômbia,
Aruba, etc. Também tem um sítio, uma ilha, que se chama Canaíma, onde se situa o Salto
Angel que é das paisagens mais bonitas que se pode imaginar. Não consigo descrever a beleza
das paisagens e da cascata que ali existe.
A Venezuela foi libertada por Simão Bolívar, nome que foi adotado na moeda, em
localidades, etc. Os venezuelanos, são pessoas muito meigas, com costumes tão diferentes
Ilustração 4: Mapa da Venezuela
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daqueles que temos no nosso país. Para além da gastronomia, do vestuário, na música
também tem uma coisa interessante, que é o facto da harpa ser um dos principais
instrumentos musicais. O Natal e a Páscoa são duas festas vividas com muita alegria. Também
havia coisas más, assim como os assaltos, os sequestros, etc. Era de ter medo, mas íamos
arriscando.
Tínhamos um armazém grossista do qual já tínhamos 11 distribuidores, mas, com
vontade de os meus filhos estudarem, viemos para Portugal. Daí para a frente foi só perder,
pois a ideia que tínhamos de Portugal não era real, o país tinha mudado. Algum dinheiro que
trouxemos começou a perder-se, pois o meu marido comprou umas lojas em construção, mas
quando foi para assinar a escritura, descobrimos que estas lojas estavam hipotecadas ao banco
e lá se foi uma boa quantia. Depois comprou uma loja de utilidades domésticas em Coimbra.
Então as grandes superfícies que abriram derrubaram o comércio mais pequeno e o meu
marido disse que ia para a Venezuela outra vez e eu fiquei com os meus filhos a tentar levar a
vida. O meu marido esteve algum tempo ausente, depois foi assaltado e regressou para junto
de nós. Entretanto o tempo foi passando e consegui vender a loja em Coimbra, já que era
insustentável ir e vir todos os dias. Comecei a pensar que os meus filhos não iam continuar os
estudos e tirar os seus cursos. Aí sofri demasiado e, para não sofrer tanto, arranjei emprego na
APPACDM de Anadia, Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças Deficientes
Mentais. Aí trabalhei um ano. As minhas tarefas enquanto trabalhei nesta instituição eram
ligadas à cozinha. Depois tive que sair durante algum tempo com a possibilidade de regressar,
mas, por orgulho, já não quis ir mais. Mas confesso que aquelas crianças indefesas e com
tantas dificuldades me deixaram muito triste, pois são crianças que precisam de muito carinho
o que por vezes lhes falta. Depois fui trabalhar para uma empresa de limpezas, que prestava
serviços em casas particulares e em empresas, até que completei a idade para me reformar.
Ainda assim, trabalho em casa de duas professoras que muito me estimam.
O meu filho mais novo, entretanto decidiu casar com um rapariga da nossa terra e
ficou a viver à parte, mas numa pequena casa antiga que herdamos dos meus sogros,
encostada à minha. Já sou avó de duas lindas meninas.
Recentemente aconteceu-me uma coisa muito grave, cujo sofrimento é indescritível,
algo que não estou preparada ainda para falar. Apenas digo que nenhum pai ou mãe devia ter
que vivenciar aquilo por que estou a passar.
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Várias são as características que distinguem estes dois países.
A Venezuela é um país, localizado na Costa Norte do continente Sul Americano e pela
sua proximidade à linha do Equador, tem um clima essencialmente tropical.
Já Portugal é um País que se situa na zona ocidental do continente Europeu. E tem um
clima Mediterrânico.
Pesquisando no site http://maps.google.pt/ é possível encontrar a localização das
capitais destes dois países e, atendendo à escala do mapa, podemos determinar a distância,
em linha reta, entre as cidades marcadas com os pontos A e B:
2,5 cm ………………. 2000 km
8,3 cm ………………. X
X= 8,3 cm × 2000 km ÷ 2,5 cm = 6640 km
A Venezuela tem uma grande quantidade de recursos naturais. Além do Petróleo, que
é o seu maior recurso, possui ainda Ouro, Ferro, Alumínio, Carvão e Diamantes.
Ilustração 5: Bandeiras de Venezuela e Portugal
Ilustração 6: Distância entre Portugal e Venezuela
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Em relação a recursos naturais, Portugal tem um subsolo muito pobre.
Já no que respeita à gastronomia os pratos Venezuelanos mais apreciados são: as
Arepas, Pabilhon criolho, as Alhacas e o Pan de Jamón
Ilustração 7: Pratos típicos da Venezuela
Já em Portugal temos a Sardinha assada, as Alheiras, o Bolo-Rei e os Pastéis de Belém.
Ilustração 8: Imagens de pratos típicos de Portugal
Mas também podemos mencionar outros, sendo por exemplo, os pratos da nossa
região, a região da Bairrada, como a chanfana, o cozido à Portuguesa e o famoso leitão à
Bairrada, que foi um dos pratos vencedor das 7 maravilhas Gastronómicas de Portugal, e que é
acompanhado pelo bom vinho espumante.
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Chanfana Cozido à portuguesa Leitão à Bairrada
Ilustração 9: Pratos típicos portugueses
As desvantagens mais sentidas na Venezuela foram a língua e a cultura.
As vantagens foram o aprender uma língua nova e conhecer pessoas muito
acolhedoras sempre disponíveis para ensinar.
Existiam lá todas as raças, que pessoalmente, respeito todos da mesma maneira, mas
as origens venezuelanas são indígenas; e nesse tempo ainda havia tribos espalhadas pela
floresta da Amazónia.
Lá não havia muitas festas religiosas, como há em Portugal; para eles as maiores festas
eram o Natal, Ano Novo e Páscoa, ou antes, a Semana Santa, como eles lhe chamavam. Mas
não deixavam de se divertir: nos fins-de-semana punham o rádio ou a aparelhagem a tocar e
toda a gente dançava; é por isso que tenho tantas saudades daquela gente alegre e carinhosa.
No que respeita a Portugal, vou falar em coisas da minha terra, os seus costumes e o
que nela existe. O que de melhor temos é uma fonte que fornece água continuamente e mata
a sede a muita gente que a procura, a famosa Fonte do Moleiro. A esta fonte chega gente de
todo o concelho buscar garrafões e garrafões de água. As pessoas chegam a fazer fila e até a
zangarem-se umas com as outras porque uns trazem mais garrafões que outros e querem
passar à frente uns dos outros. Também temos um clube desportivo com futebol de salão,
campo de futebol, café e sala para fazer exposições de bordados, arraiolos, trabalhos em
estanho, etc. Também temos na nossa terra a sede da Junta de Freguesia para ajudar a
resolver problemas que surgem em todas as freguesias e para ajudar nos melhoramentos de
todas as terras que são bastantes. Também temos um poeta e uma poetisa que é pena que só
agora lhes tenham dado o valor que merecem, pois têm feito poemas tão belos como alguns
poetas de renome nacional. A nossa poetisa Belarmina da Silva Martins já lançou dois livros
onde tem um poema dedicado à bendita Fonte do Moleiro e outro às marcas que a vida vai
deixando. De Armando Pereira, também já foi publicado um livro de poesia.
Vou transcrever dois poemas da nossa poetisa e um do poeta:
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Dedicado à Fonte do Moleiro
I
Avelãs de Cima foi abençoada
Não só por ser sede da freguesia
Mas por ter a água mais apreciada
De todo o concelho de Anadia
II
Nós temos por ela muita estima
E não deixamos poluir o monte
Por vi tanta gente a avelãs de cima
Buscar água a essa fonte
III
A água é essencial à vida
Quem cá vem recomenda ao companheiro
E assim nossa terra é conhecida
Graças à Fonte do Moleiro
IV
Foi o nome que o antigo foi escolher
Tal era o afeto que ele tinha
Ao moleiro que com o burrinho iam beber
Quando lhe trazia as taleigas da farinha
V
Mostra que esse povo é inteligente
Associando a água ao pão
Era tempo tão diferente
Mas sabia toda a gente
O que era estima e imaginação
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Marcas da vida
I
A vida que por nós passa
Deixa-nos marcas no corpo
Retira a beleza e a graça
Às linhas do nosso rosto
II
Os olhos não veem como outrora
O cabelo perdeu a sua cor
E cada dia que vivemos agora
Já é uma bênção do senhor
III
E o caminho da saída
Ninguém sabe como acaba
Porque os desígnios da vida
Estão numa carta fechada
IV
Há já muito que é sabido
Que ninguém pode prever
Se é suave ou dolorido
O fim do nosso viver
Agora vou escrever um poema do nosso poeta Armando Henriques Pereira
Cada Lei Cada Asneira
Certos senhores opulentos
A gente olha e descre
Vazios de alma e sentimento
São ricos ,maus e avarentos,
Pensando com a barriga, como se vê
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Esses políticos de carreira,
Que nunca ganharam seu pão,
Cada lei cada asneira,
Deixam-nos sem eira nem beira,
Enchendo a farta carteira
E o pobre sem um tostão.
È uma casta de malfeitores,
Sem caráter e sem vergonha
Armando-se em sábios e doutores,
Do nosso suor comedores,
Sanguessugas com peçonha
E não vale a pena mudar,
Para mim são todos iguais.
Remédio? Era pô-los a puxar
Uma carroça com varais.
Escolhi este poema do nosso poeta Armando Henriques Pereira, porque me pareceu a
realidade da política de hoje. Parece que só pensam nos seus interesses Quando andam em
campanha, são só promessas de que vão defender o povo e o seu País, quando afinal só vão
zelar pelos seus próprios interesses monetários, e pensar no povo… nada!
Sempre tenho cumprido o meu dever de voto em eleições, mas à conclusão que chego
é que são todos iguais só lhes interessa é os seus altos salários e o povo que aperte o cinto.
Sou muito participativa na comunidade. Já participei em trabalhos para angariação
para restaurar os nossos monumentos, em cortejos para restaurar a nossa igreja da qual
também fui zeladora durante algum tempo e fui também duas vezes juíza das nossas festas
populares que neste caso é o São Pedro.
Os altares da nossa igreja matriz foram todos restaurados à custa de muito sacrifício de
toda a freguesia. Começamos a realizar uma feira anual, que se chama feira das barraquinhas,
na qual também participo. Dá muito trabalho, mas no final recolhem-se os frutos. Na feira há
refeições completas, petiscos variados, barraca de artesanato, barraca de todos os legumes e
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cereais, venda de pão e bolos, jogos das argolas nas garrafas, quermesse e não faltam as
distrações, com música e ranchos.
É hábito fazer-se a feira das barraquinhas em Abril ou Maio. A nossa freguesia tem 14
lugares, cada lugar coze pão num domingo e vende na saída da missa dominical. As pessoas
fazem isto de boa vontade e vão pessoas de outras freguesias comprar, só por ser cozido em
forno de lenha como antigamente. Esta atividade dá a volta a todos os lugares e assim
conseguimos algum rendimento, pois é tudo lucro. Isto, claro, enquanto os políticos não se
lembrarem de nos cobrar imposto!
Também fizemos uma capela no lugar de Avelãs de Cima. Participei nos trabalhos e já
fui zeladora dessa mesma capela. Em cada ano ficam 4 senhoras responsáveis pela
conservação da capela, pois ultimamente até os velórios são na capela.
O presidente da junta de freguesia de Avelãs de Cima é o Sr. Manuel Veiga, que foi
eleito nas últimas eleições. Penso que tem feito um bom trabalho. Por exemplo, foi através da
junta de freguesia que tive conhecimento da iniciativa Novas Oportunidades. Esta aproximação
dos políticos à comunidade é muito importante. E porque sei que é importante, gosto sempre
de ir votar. Temos que contribuir de alguma forma para o país e somos responsáveis por
escolher quem nos representa.
37
Um dia de trabalho
Atualmente, um dia da minha vida é igual a um dia de vida doméstica. Levanto-me e,
depois da higiene pessoal e o indispensável pequeno-almoço e dou de comer aos meus
animaizinhos, para depois sair e dirigir-me a uma das casa onde presto serviço de doméstica,
há alguns anos, mais precisamente desde que me reformei. Inicio o dia de trabalho pelas
8h:30m com todos os trabalhos referentes a higiene da casa, lavar e passar a roupa. Preparo as
minhas refeições e também cuido das minhas netas. Resumidamente apresento o horário de
um dia comum de trabalho:
Tabela 1: Tabela de tarefas diárias
UM DIA DE TRABALHO
7:00 Acordei com o tocar do rádio despertador e levantei-me.
Fiz o pequeno-almoço para mim e para o meu marido.
Tratei dos animais e dirijo-me à casa onde trabalho.
8:30 Estendi roupa a secar que já estava lavada.
Fiz as camas, limpei as casas de banho e aspirei.
12:30 Regressei a casa e preparei o almoço
Almoçamos e de seguida arrumei a cozinha.
14:00 De volta a casa de trabalho, apanho a roupa e passo a ferro.
Vou tratando do jardim e rego as plantas
17:30 De regresso a casa passo pelo infantário e levo as minhas netas para casa.
18:00 Lancho com as netas e o marido
19:00 Começo a fazer o jantar e trato do banho das meninas.
20:30 Jantamos.
21:30 As netas vão para a sua casa e eu arrumo a cozinha e ponho uma máquina a lavar
22:00 Sento-me, na companhia do meu marido, para ver um pouco de tv antes de deitar e
dar por concluído o dia.
No fim-de-semana trato eu da minha casa e da roupa e, também, do meu jardim.
Normalmente, na hora de almoço, arranjo um tempinho para ir até ao quintal e tratar da
horta, onde planto todo o tipo de verduras e também flores.
37
Ilustração 10: Plantação de flores
No quintal tenho árvores de fruto, nomeadamente laranjeiras e para poder apanhar
laranjas tenho que usar uma escada, isto é, um escadote que é mais seguro, como mostra a
seguinte figura:
Ilustração 11: Escadote para apanhar laranjas
Como o escadote tem a forma de um triângulo com dois lados iguais, então para saber
altura, sem a medir, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras e conclui-se que é de cerca de
1,4 m:
37
Na parte de trás, junto ao quintal, tenho um pequeno espaço com um baloiço e um
escorrega para que as minhas netas passem o tempo cá fora. No verão lá tenho eu que encher
a piscina insuflável para maior contentamento das minhas netinhas. A piscina, que é como a
que a seguir se apresenta, leva mais de 1000 litros de água:
Como o diâmetro da piscina, que é cilíndrica, é de 1,80 m, então a área mínima
necessária para colocar esta piscina é igual a área correspondente a um quadrado de lado 1,80
m:
Para que as crianças possam brincar sem desperdiçar grande quantidade de água, a
piscina é enchida até 2/3 da sua capacidade:
Como cada metro cúbico corresponde a 1000 litros, então
Em casa, tenho que me preocupar com todos os gastos que isso acarreta, juntamente
com os compromissos que temos todos os meses, que são os gastos fixos. Assim, sempre geri
as despesas mensais através de um orçamento. Supondo que tenho 900€ para gerir num mês,
então os gastos seriam assim determinados:
37
Tabela 2: Tabela com orçamento familiar
Orçamento familiar
Receita 900 € $ 180.433,80
Água 10 € $ 2.004,82
Luz 70 € $ 14.033,74
Gás 25 € $ 5.012,05
Compras 300 € $ 60.144,60
Gasolina 120 € $ 24.057,84
Seguro 150 € $ 30.072,30
Telemóveis 30 € $ 6.014,46
Farmácia 50 € $ 10.024,10
Outros 50 € $ 10.024,10
total 805 € 161.388 €
Portanto, tendo 900€ para gerir, por mês, e sendo as despesas previsíveis no valor de
805€, então restam 11% para qualquer eventualidade.
900 € ------------ 100%
95 € ------------ x
x = 95×100÷900 =11%
Gráfico 1: Gráfico com orçamento
37
Nos dias de hoje, não é fácil, porque o dinheiro não é abundante. Acabo por fazer
sempre contas. Por exemplo, só em luz gasta-se bastante durante um ano inteiro. Supondo
que os gastos mensais, durante um ano, relativamente às contas da luz foram os seguintes,
pode calcular-se o consumo médio e mediano:
Tabela 3: Despesas anuais de luz
CONTAS DA LUZ (em euros)
JANEIRO 45,00€
FEVEREIRO 27,20€
MARÇO 35,00€
ABRIL 24,20€
MAIO 27,50€
JUNHO 31,40€
JULHO 25,65€
AGOSTO 35,00€
SETEMBRO 27,50€
OUTUBRO 27,50€
NOVEMBRO 39,50€
DEZEMBRO 45,00€
Pode confirmar-se os valores obtidos com a folha de cálculo, efectivamente:
45,00 € 27,20 € 35,00 € 24,20 € 27,50 € 31,40 € 25,65 € 35,00 € 27,50 € 27,50 € 39,50 € 45,00 €
Mediana:
Moda: 27,50€ porque é o valor da variável (conta da luz) que mais se repete.
37
Em baixo, apresento os mesmos dados, no seguinte gráfico:
Gráfico 2: Gastos de luz anuais
No meu dia-a-dia há algumas estratégias que uso para poupar luz. Por exemplo, em
minha casa não se usam aquecedores. No inverno, temos aquecimento central, que funciona
com lenha. Ao pouparmos na eletricidade, estamos também a poupar o meio ambiente, que é
uma das preocupações que temos de ter diariamente.
Apesar de não fazer reciclagem de todos os resíduos, tento sempre separar o papelão,
o óleo, as pilhas e o vidro para o ecoponto. É importante fazer esta separação, porque há
resíduos que podem ainda ser aproveitados e alguns devem ser tratados de forma especial,
porque são perigosos, por exemplo, as pilhas, que deixo no pilhão existente nos bombeiros.
Para além disto, todos os restos de comida vão para os animais e alguns restos servem
para o campo. Costumo ainda queimar os guardanapos e algumas coisas que os animais não
comem, não dão para reciclar e podem ser queimados.
Guardo também tampinhas de plástico, que algumas instituições pedem para ajudar a comprar
cadeiras de rodas para quem mais precisa.
As imagens que se seguem, mostram os contentores adequados para colocarmos os
diferentes tipos de resíduos: vidrão, contentor de papel e plástico, pilhão provisório e
contentor e oleão.
37
Em anexo encontra-se uma notícia que mostra como muitas vezes os contentores do
lixo são maltratados (“Contentores em míseras condições”). A notícia refere que os
contentores em Avelãs de Cima se encontram em muito mau estado, porque os responsáveis
pela recolha do lixo não têm cuidado quando fazem este trabalho. A notícia chama atenção
para o facto de, neste caso, não serem apenas os cidadãos responsáveis por esta situação.
Ilustração 12: Vidrão Ilustração 14: ecoponto para o papel Ilustração 13: Ecoponto para o plástico
Ilustração 15: Pilhão provisórioIlustração 16: Contentor pilhão
Ilustração 17: Oleão
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Entrevista a Manuela…
…Conclusão
Evolução ao longo do processo de RVCC:
Aprendi a trabalhar com o computador;
Desenvolvi a capacidade de escrita e reflexão
Tive dificuldades em fazer alguns exercícios de matemática
Efeito da frequência do processo de RVCC:
Melhorou a minha auto-estima;
Pessoalmente, foi uma espécie de terapia psicológica com resultados muito
positivos.
Projetos que gostaria de realizar:
Quando era nova gostava de poder ter continuado a estudar, mas não foi possível.
Neste momento o que gostava era de conseguir ajudar a educar as minhas netas e
incentiva-las a estudar e a fazerem um curso universitário. Mas penso que o país
em que estamos atualmente não permite realizar grandes projetos.
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Chuva (Mariza)
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
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ANEXOS
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Índice de Anexos
Anexo 1:Curriculum vitae e certificados
Anexo 2: Carta formal e carta informal
Anexo 3: Resumo
Anexo 4: Comentário a uma notícia
Anexo 5: Actividades Complementares
Anexo 6: Rascunhos
Anexo 7: Materiais das sessões
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Avelãs de cima 25 de outubro de 2012
Estimada amiga Laura,
Olá como estás?
Está tudo bem convosco? Como está teu marido e teus filhos?
Espero que estejam todos bem, pois nós por cá vamos andando conforme Deus quer.
Laura, já há tempo que andava para te escrever, pois de vez em quando lembro-me das nossas
aventuras da juventude e dá-me uma saudade e uma vontade de estarmos um tempo juntas,
para relembrar certas coisitas que nos ia-mos divertir.
E tu não sentes saudades? Olha, agora vou contar-te algumas novidades das nossas vidas
Sabes, já tenho duas netinhas que são as meninas dos meus olhos, gostava que as
conhecesses. Olha, também a nossa colega Luísa se lhe casou o filho, e foi um casamento em
grande… tudo num luxo que não fazes ideia! A Floripes, uma filha dela, adotou um menino que
é tão lindo, tão lindo!!!
Também têm acontecido algumas coisas más, mas não quero estragar-te estas palavras que te
escrevo, pois foste há anos para o Brasil e só quero que recordes as coisas que te façam sorrir
e te façam sentir saudades.
Olha Laura, vou terminar, pois se Deus quiser agora não vamos estar tanto tempo sem nos
Comunicar. Agora vamos aprender a comunicar pela internet ou será que já não
conseguimos?
Saudades para teu marido e filhos.
E tu, recebe beijinhos e saudades da tua sempre amiga
Nélita
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