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MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA DURAÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO DE DESCOMISSIONAMENTO DE UM FPSO Laura Antonioli Meirim Coutinho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientador: Jean-David Caprace Rio de Janeiro 2019

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MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA DURAÇÃO DAS PRINCIPAIS

ETAPAS DO PROCESSO DE DESCOMISSIONAMENTO DE UM FPSO

Laura Antonioli Meirim Coutinho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheira.

Orientador: Jean-David Caprace

Rio de Janeiro

2019

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MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA DURAÇÃO DAS PRINCIPAIS

ETAPAS DO PROCESSO DE DESCOMISSIONAMENTO DE UM FPSO

Laura Antonioli Meirim Coutinho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA

NAVAL E OCEÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Jean David Job Emmanuel Marie Caprace

________________________________________________

Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza

________________________________________________

Prof. Ilson Paranhos Pasqualino

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

2019

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iii

Coutinho, Laura Antonioli Meirim

Mapeamento e Avaliação Preliminar da Duração das Principais

Etapas do Processo de Descomissionamento de um FPSO / Laura

Antonioli Meirim Coutinho. - Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica, 2019.

XVI, 66 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jean-David Job Emmanuel Marie Caprace

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia Naval e Oceânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 62-66.

1. Descomissionamento de FPSO. 2. Descomissionamento no

Brasil. 3. Estaleiros de Reciclagem. 4. Desmonte de plataformas. 5.

Regulamento Europeu 1257/2013. I. Caprace, Jean-David. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Naval e Oceânica. III. Mapeamento e Avaliação

Preliminar da Duração das Principais Etapas do Processo de

Descomissionamento de um FPSO.

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iv

A todas as mulheres que dedicaram suas vidas para que eu tivesse o direito dessa

conquista, em especial minha mãe.

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v

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, tampouco sem ela a sociedade

muda.”

Paulo Freire

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vi

AGRADECIMENTOS

A gratidão aqui expressa tenta alcançar, de alguma forma, todas as pessoas que

foram essenciais para que eu realizasse esse sonho. Antes de tudo os meus pais,

principalmente por todos os sacrifícios que realizaram para que os meus objetivos fossem

sempre prioridade, por concretizarem o impossível pela minha educação. “Muito

obrigada” parece pouco por fazerem eu me sentir a filha mais amada do mundo. Agradeço

aos meus irmãos, meus primeiros e melhores amigos, pois sem vocês eu não teria nem de

longe a força que tenho para batalhar pelos meus sonhos.

Aos meus amigos e parceiros dessa jornada que foi a Graduação na Engenharia

Naval, muito obrigada por terem trazido mais cor ao meu dia a dia (por muitas vezes

nebuloso), por terem feito os momentos difíceis menos dolorosos, as injustiças menos

cansativas e as alegrias terem sentido. Ana Clara, André, Andrew, Gabi, Guida, Lucas,

Luccas, Nic, Pê, Pedro, Ricardo, Victor, Yu e todos os que me apoiaram e me fizeram

reencontrar minhas forças nos percalços dessa estrada que dividimos, muito obrigada.

Vocês são o maior presente que a Engenharia Naval me deu.

Ao CAEng - o Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ e o mais antigo da

América Latina - obrigada por me fazerem sentir que não era loucura querer mudar a

Universidade, por me ensinarem tanto sobre diálogo, pensamento crítico, coragem,

privilégios e empatia. Obrigada às pessoas incríveis com quem dividi a gestão, pela

amizade e por me mostrarem que a luta por uma sociedade mais justa e igualitária pode

ser prazerosa. Ao coletivo ComCiência Feminina, o primeiro coletivo de mulheres de

Ciências Exatas da UFRJ, obrigada pelo tanto que crescemos, aprendemos e construimos

juntas. Sempre terei muito orgulho de ter feito parte dessa história.

Ao meu amigo Guilherme, que acompanhou a maior parte dos meus desafios sem

deixar eu me sentir menos do que capaz de qualquer coisa; se existem outras vidas, com

certeza a gente já se conhecia. Aos meus amigos Gente Bonita, pelo apoio incondicional,

os puxões de orelha, as melhores gostosas risadas e tudo que crescemos juntos – vocês

são minha segunda família.

Um agradecimento especial também aos profissionais cujo suporte foi essencial

para a execução desse projeto de graduação: Euler Ocampo, Flávia Schenato, John

Chillingworth, Joice Carrara e Ricardo Coutinho. Aos professores Alexandre Alho, Carl

Alberst, Marta Tapia, Murilo Vaz, Sérgio Sphaier e Severino Neto, agradeço pelo

conhecimento compartilhado e por fazerem parte do meu crescimento profissional e

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pessoal. Agradeço especialmente ao meu professor orientador Jean David pela melhor

orientação que eu poderia ter, e por todo apoio nesta etapa da minha vida profissional.

Aos servidores e funcionários da UFRJ, em especial Simone Morandini e Eloisa Ferreira

no DENO e a equipe da DAEC, muito obrigada pelo trabalho duro que tornou possível

que essa etapa da minha vida fosse concluída, mesmo com todas as dificuldades que a

nossa Universidade enfrenta.

Por fim, minha gratidão a toda sociedade brasileira, que financiou meus estudos e

minha formação na Universidade Pública. Em especial àqueles que não tiveram as

mesmas oportunidades que tive para seguirem se aprofundando nos estudos, mas cuja

contribuição me permitiu concluir a minha formação como Engenheira e a realização de

um sonho. Deixo registrada aqui a minha mais sincera gratidão.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Naval e Oceânica.

Mapeamento e Avaliação Preliminar da Duração das Principais Etapas do Processo de

Descomissionamento de um FPSO

Laura Antonioli Meirim Coutinho

SETEMBRO/2019

Orientador: Jean-David Caprace.

Curso: Engenharia Naval e Oceânica.

Com as Unidades Estacionárias de Produção encerrando suas atividades em quantidade

cada vez maior, a indústria nacional vive um cenário de novos desafios para os próximos

anos quanto ao descomissionamento de navios e plataformas que chegam ao fim de sua

vida útil. Muitos esforços tem sido dispendidos no desenvolvimento de tecnologias para

consolidar um mercado de descomissionamento padronizado que seja seguro, sustentável

e financeiramente atrativo. Nesse contexto, este projeto de graduação objetiva mapear as

principais etapas do processo de descomissionamento de uma Unidade tipo FPSO, muito

utilizada na indústria do pré-sal do Brasil, e realizar uma avaliação preliminar da duração

de tais etapas. Os principais processos realizados e recursos utilizados são identificados

em um fluxograma e discutidos, buscando evidenciar a relação entre eles. Além disso,

propõe-se um método para avaliar de forma preliminar o tempo de duração de cada etapa,

baseado em um estudo de caso de um FPSO em operação no Brasil. Espera-se abordar

um problema de engenharia latente propondo ideias para trabalhos futuros de forma

enriquecedora para o legado de produções acadêmicas do curso de Engenharia Naval.

Palavras-chave: Descomissionamento de FPSO, Descomissionamento no Brasil,

Estaleiros de Reciclagem, Desmonte de plataformas, Regulamento Europeu 1257/2013.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Mapping and Preliminary Time Assessment of FPSO Decommissioning Process Main

Steps

Laura Antonioli Meirim Coutinho

SEPTEMBER/2019

Advisor: Jean-David Caprace

Course: Naval Architecture and Marine Engineering

As the number of Offshore Floating Production Units finishing their activities increases

each year, Brazilian naval industry faces new challenges coming ahead for the next years

with respect to end-of-life ships dismantling and platform decommissioning. Many

efforts have been put on developing technologies to consolidate a sustainable, safe and

financially attractive decommissioning market. In this context, this Undergraduate

Project aims to outline the main stages of an FPSO decommissioning process, a type of

platform largely present at “pre salt” industry in Brazil, and engage a preliminary

assessment of the duration of these steps. The main processes and their related resources

are identified in a flow chart and discussed, as well as how they interact. Besides, the

method to evaluate preliminarily the duration of each step in the decommissioning

process is based on a case study of an FPSO operating in Brazil. For the legacy of

academic production of the Naval Architecture and Marine Engineering course of UFRJ,

it is expected to address a latent engineering issue and to propose ideas for future works.

Keywords: FPSO Decommissioning, Decommissioning in Brazil, Recycling Yards,

Platform Dismantling, EU Regulation 1257/2013.

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SUMÁRIO

1. O DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS NO BRASIL ...................... 1

2. RELEVÂNCIA DO FPSO NO CONTEXTO DO DESCOMISSIONAMENTO .... 4

3. OBJETIVO .............................................................................................................. 10

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 11

5. CARACTERÍSTICAS DO FPSO DO ESTUDO DE CASO ................................. 12

6. CONTEXTO REGULATÓRIO .............................................................................. 13

6.1. Convenção de Basiléia (CB) .............................................................................13

6.2. Convenção de Hong Kong (HKC) ....................................................................13

6.3. Regulamento Europeu 1257/2013 ....................................................................14

7. PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE NO ESTUDO DE

CASO ............................................................................................................................. 17

7.1. Bioinvasão por Coral-Sol..................................................................................17

7.2. NORMs – Materiais com Ocorrência Natural de Radioatividade ....................19

8. PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO DE DESCOMISSIONAMENTO DO

FPSO ESTUDADO ........................................................................................................ 23

8.1. Etapas Pré Remoção do Local ..........................................................................24

8.1.1. Limpeza dos Tanques ................................................................................24

8.1.2. Limpeza do Topside ...................................................................................25

8.1.3. Remoção dos Mangotes de Offloading ......................................................25

8.1.4. Limpeza e Desconexão dos Risers .............................................................26

8.1.5. Desconexão do Sistema de Amarração .....................................................29

8.2. Operações para Autorizar a Entrada do FPSO no Estaleiro .............................31

8.3. Etapas Pós Remoção do Local ..........................................................................32

8.3.1. Chegada no Estaleiro e Remoção dos Módulos ........................................32

8.3.2. Remoção de Equipamentos Relevantes .....................................................34

8.3.3. Descontaminação e Remoção de Materiais Tóxicos .................................36

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8.3.4. Fase de Corte e Separação dos Materiais para Destinação .....................38

9. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DOS TEMPOS ...................................................... 43

9.1. Estimativas Realizadas por Etapa do Processo Mapeado .................................47

10. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 54

11. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 62

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xii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Principais Etapas da Exploração e Produção de Óleo e Gás Offshore ........... 2

Figura 2 - Idade das Plataformas do Brasil. Retirado de [4] ............................................ 3

Figura 3 - Quantitativo de plataformas em operação no Brasil por tipologia. Retirado

de [3] ................................................................................................................................. 4

Figura 4 - Jaqueta da Plataforma de Mexilhão sendo transportada para Bacia de Santos.

Retirada de [8]. ................................................................................................................. 5

Figura 5 – Plataforma semissubmersível P-55 sendo transportada para a Bacia de

Campos. Retirada de [7]. .................................................................................................. 6

Figura 6 - Plataforma P-61 do tipo TLP após a operação de união do casco com a planta

de processo (deck mating). Retirada de [7]. ..................................................................... 7

Figura 7 - Plataforma P-53 do tipo FPU, atualmente instalada na Bacia de Campos.

Retirada de [10]. ............................................................................................................... 7

Figura 8 – FPSO P-50 no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos. Retirada de

[7]. .................................................................................................................................... 8

Figura 9 - FSO Cidade de Macaé MV15, Unidade hub de produção de múltiplas

plataformas na Bacia de Campos. Retirada de [11].......................................................... 9

Figura 10 - Etapas do Processo de Verificação de Estaleiros de Reciclagem Localizados

fora da UE. Retirada de [20]. .......................................................................................... 16

Figura 11 - Coral-sol. Retirada de [26] .......................................................................... 17

Figura 12 - Base da Brasco no Caju, Rio de Janeiro. Retirada de [31] .......................... 22

Figura 13 - Principais Etapas no Descomissionamento do FPSO do Estudo de Caso. .. 23

Figura 14 – Linha de mangotes de offloading acondicionados em carretel. Cortesia da

Royal IHC. ...................................................................................................................... 26

Figura 15 - ROV realizando inspeção submarina com transdutor de ultrassom. Retirado

de [38] ............................................................................................................................. 27

Figura 16 - Exemplo de PIG utilizado em inspeção interna de dutos. Retirada de [39] 27

Figura 17 - Exemplo de embarcação tipo PLSV. Cortesia de Subsea7. ......................... 28

Figura 18 - Configuração da chegada do riser no FPSO. Adaptada de [41] .................. 28

Figura 19 – Ilustração do sistema de amarração do tipo Spread Mooring em vista de

topo. ................................................................................................................................ 29

Figura 20 - Fluxo de atividades necessárias para autorização do envio da Unidade para

reciclagem segundo a HKC. ........................................................................................... 31

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Figura 21 – Vista de satélite em perspectiva do Estaleiro Altântico Sul. Retirada de

Google Maps. ................................................................................................................. 33

Figura 22 – Infraestrutura do Estaleiro Jurong Aracruz. Cortesia de Sembcorp Marine.

........................................................................................................................................ 34

Figura 23 - Esquema genérico do processamento primário da produção no topside de

um FPSO. Retirada de [36]............................................................................................. 35

Figura 24 - Opções de disposição para equipamentos relevantes e tubulações do topside.

Adaptado de [35]. ........................................................................................................... 36

Figura 25 - Layout padrão de estaleiro para reciclagem. Adaptado de [15]. ................. 39

Figura 26 – Tesoura de Demolição Hidráulica. Cortesia de Stanley Infrastructure. ..... 40

Figura 27 - Parque Siderúrgico Nacional. Adaptado de [47]. ........................................ 42

Figura 28 - Gráfico com a duração acumulada por etapa da fase offshore. ................... 55

Figura 29 – Gráfico com a duração acumulada por etapa de cada processo de

descomissionamento avaliado ........................................................................................ 58

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Principais características do FPSO estudado................................................. 12

Tabela 2 – Principais desafios relacionados à bioinvasão por coral-sol no

descomissionamento ....................................................................................................... 18

Tabela 3 - Classificação de resíduos sólidos segundo a NBR 10.004 ............................ 20

Tabela 4 – Divisão de materiais em navios ao fim da vida útil ...................................... 40

Tabela 5 – Quantificação dos materiais após o desmonte do FPSO do estudo de caso . 41

Tabela 6 - Método utilizado para a avaliação preliminar dos tempos de execução por

etapa ................................................................................................................................ 45

Tabela 7 - Resumo dos resultados obtidos para duração de cada etapa do

descomissionamento do FPSO estudado ........................................................................ 54

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LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIAÇÕES OU NOMENCLATURAS

AHTS – Anchor Handling Tug Supply (Navio de Apoio a Plataformas para Reboque e

Manuseio de Âncoras).

AL – Autoridade Local.

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

AUV – Autonomus Underwater Vehicle (Veículo Autônomo Subaquático).

BPMN - Business Process Model & Notation (Notação para Modelagem de Processos de

Negócios).

CB – Convenção de Basiléia.

CGR – Centro Gerenciador de Resíduos.

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.

COW – Crude Oil Washing (Lavagem com Óleo Cru).

DASR – Document of Authorization to conduct Ship Recycling (Documento de

Autorização para Reciclagem do Navio).

EB – Estado de Bandeira.

EJA – Estaleiro Jurong Aracruz.

EPI – Equipamento de Proteção Individual.

E&P – Exploração e Produção.

FPSO – Floating, Production, Storage and Offloading (Plataforma Flutuante de

Produção, Armazenamento e Transferência).

FPU – Floating Production Unit (Unidade Flutuante de Produção).

FSO – Floating Storage and Offloading (Unidade Flutuante de Armazenamento e

Transferência).

HKC – Hong Kong Convention (Convenção de Hong Kong).

IHM – Inventory Of Hazardous Materials (Inventário de Materiais Perigosos).

IMO – International Maritme Organization (Organização Marítima Internacional).

Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia.

IPIECA – International Petroleum Industry Environmental Conservation Association

(Associação Internacional de Conservação Ambiental da Indústria do Petróleo).

LDT – Lightship Displacement Tonnage (Toneladas de Deslocamento Leve).

LFL – Lower Flamable Limit (Indicador de Gás Inflamável).

MEPC – Marine Environment Protection Committee (Comitê de Proteção do Meio

Ambiente Marinho).

PCB – Polychlorinated Biphenyl (Bifenilas Policloradas).

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PIG – Pipeline Intervention Gadget (Dispositivo de Intervenção de Dutos).

PLSV – Pipe Laying Support Vessel (Navio de Apoio para Lançamento e Manuseio de

Dutos).

PSV – Platform Supply Vessel (Navio de apoio a operação de plataformas).

ROV – Remotely Operated Vehicle (Veículo Submarino Remotamente Operado).

SRFP – Ship Recycling Facility Plan (Plano da Instalação para Reciclagem de Navios).

SRP – Ship Recycling Plan (Plano de Reciclagem do Navio).

SS – Plataforma Semissubmersível.

TLP – Tension Leg Platform (Plataforma de Pernas Tensionadas).

UE – União Europeia.

UNEP – United Nations Environment Programme (Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente).

VLCC – Very Large Crude Carrier (Navio Petroleiro na faixa de 300.000dwt).

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1

1. O DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS NO BRASIL

Em grande parte dos processos industriais, a destinação de resíduos representa um

desafio para a sociedade. Na indústria de Exploração e Produção de óleo e gás não é

diferente. O ciclo de exploração e produção offshore pode ser sintetizado através das

etapas reunidas na Figura 1. Após a seleção das áreas exploratórias para oferta em leilão

(Definição de Blocos) por parte do Governo, segue-se para a aquisição do direito de

exploração, através de leilões públicos, com a assinatura do contrato de concessão.

Durante a Exploração são realizadas atividades como a aquisição de dados sísmicos e

geoquímicos visando expandir o conhecimento sobre o bloco adquirido. Também é nessa

fase que são realizadas perfurações e a avaliação dessas perfurações. Caso a conclusão da

avaliação seja a viabilidade econômica da Descoberta, é feita a declaração de

comercialidade da área, dando início ao Desenvolvimento do campo.

O Desenvolvimento consiste no conjunto de operações e investimentos que devem

ser feitos no campo para viabilizar a sua produção, através da implementação de toda a

infraestrutura necessária. São feitas, por exemplo, a perfuração dos poços produtores, a

instalação das plataformas de petróleo e a construção dos gasodutos e oleodutos que

escoarão a produção [1]. Com toda a infraestrutura instalada, o campo passa a produzir

óleo e/ou gás para abastecer o mercado. Esta fase é chamada de Produção, a mais longa

do ciclo de vida de um campo de petróleo [1].

A última etapa, que será o objeto de estudo deste projeto de graduação, tem seu

início após a parada de produção da Unidade e consiste no conjunto de ações a serem

tomadas para remoção da Unidade do local de operação e sua destinação, através de um

programa de desativação, e devolução da área à ANP. Esta fase é chamada

descomissionamento, desmonte ou desmantelamento.

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2

Figura 1 – Principais Etapas da Exploração e Produção de Óleo e Gás Offshore

Como sugerido em [2], o escopo do descomissionamento pode ser separado em três

grupos distintos – Plataforma, Sistemas Submarinos e Poço, de modo a aumentar a

segurança das operações e enfatizar os aspectos específicos de cada projeto durante seu

detalhamento. Dessa forma, ressalta-se que será tratado neste projeto de graduação o

descomissionamento de plataformas, especificamente do tipo FPSO, como explicitado no

capítulo seguinte.

Dentre as principais razões para o descomissionamento destaca-se a obsolescência

associada ao fim da vida produtiva da plataforma. Segundo levantamento da ANP de

2018 [3], 41% das instalações de produção no Brasil já ultrapassam os 25 anos de

operação offshore. Porém, características como o preço do petróleo, o fim do contrato de

concessão, ou do contrato de desenvolvimento do campo podem ser também justificativas

para descomissionar uma plataforma.

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3

Figura 2 - Idade das Plataformas do Brasil. Retirado de [4]

Perante a crise econômica que afeta a indústria de Construção Naval e Offshore no

Brasil, os estaleiros brasileiros se encontram ociosos devido às baixas demandas por

novos projetos de construção. Neste cenário - somado ao conjunto de plataformas com

mais de 25 anos de operação no país - o descomissionamento de navios e plataformas,

mesmo sendo uma atividade nova para o mercado brasileiro, surge como uma

possibilidade de alternativa no horizonte da indústria nacional.

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4

2. RELEVÂNCIA DO FPSO NO CONTEXTO DO DESCOMISSIONAMENTO

De acordo com o levantamento da ANP [3], as plataformas do tipo FPSO

representam o segundo maior conjunto de Unidades instaladas em operação no Brasil

hoje. De outro modo, o potencial ainda não explorado de campos offshore, especialmente

na região do pré-sal, coloca em vista um crescimento ainda maior deste tipo de plataforma

no mercado brasileiro; devido à sua vantagem em regiões ultraprofundas e distantes da

costa. Neste cenário, destaca-e todo o potencial petrolífeo brasileiro ainda não explorado,

onde menos de 5% da área sedimentar se encontra sob contrato, e somente 30.000 poços

de petróleo foram perfurados, contra 60 mil na Argentina e 4 milhões nos Estados Unidos,

por exemplo [5]. Sendo assim, é possível esperar que o descomissionamento de FPSOs

no futuro seja uma importante temática para a indústria naval brasileira.

A Figura 3 abaixo ilustra o levantamento das plataformas presentes no cenário

brasileiro atual.

Figura 3 - Quantitativo de plataformas em operação no Brasil por tipologia. Retirado

de [3]

• Plataformas Fixas:

Em sua maioria são do tipo jaqueta. Foram as primeiras Unidades a serem instaladas

na indústria de E&P marítima, inicialmente em águas rasas de até 300 m de profundidade.

Consistem de estruturas reticuladas relativamente rígidas, com um alto grau de

hiperestaticidade, fixadas ao fundo do mar por um sistema de estacas cravadas através de

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5

guias [6]. Não possuem capacidade de armazenamento, sendo o escomento da produção

feito através de dutos submarinos. Como vantagem, sua instalação é mais simples e o

controle dos poços pode ser feito na superfície, em sistemas do topside da plataforma [7].

Compreendem o tipo mais comum em operação no Brasil, mas não são estruturas

economicamente praticáveis de serem instaladas em lâminas d’água ultraprofundas.

Figura 4 - Jaqueta da Plataforma de Mexilhão sendo transportada para Bacia de Santos.

Retirada de [8].

• Semissubmersíveis (SS):

São sistemas flutuantes compostos por um casco que suporta uma estrutura com os

equipamentos e instalações que sustentam a produção (o topside). O casco consiste de

flutuadores submarinos (que podem ser simétricos ou anelares) com colunas nas

extremidades (usualmente circulares ou retangulares com cantos adoçados). Por serem

caracterizadas por uma baixa inércia de área de linha d’água, possuem vantagem quanto

ao comportamento dinâmico ao serem ancoradas em lâminas d’água ultraprofundas. Mas,

como desvantagem, não possuem capacidade de armazenamento, necessitando de redes

de dutos submarinos para escoamento da produção.

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6

Figura 5 – Plataforma semissubmersível P-55 sendo transportada para a Bacia de

Campos. Retirada de [7].

• TLPs (Tension Leg Platforms):

TLP’s ou plataformas de pernas tensionadas são semelhantes em estrutura às

semissubmersíveis, sendo sua particularidade a ancoragem através de “tendões”

tensionados. Incialmente lastra-se a plataforma antes de conectá-la à fundação no fundo

do mar e, após ancorada, é deslastrada ficando o excesso de flutuação compensado pelas

linhas de ancoragem que se tracionam. Sua vantagem está na baixa amplitude de

movimento vertical (heave), que permite que o controle dos poços seja feito na superfície

(no topside), entre outras implicações relacionadas ao arranjo sumbarino dos risers de

produção. Atualmente no Brasil há uma plataforma do tipo TLP em operação, instalada

no campo de Papa-Terra, no pós-sal da Bacia de Campos.

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7

Figura 6 - Plataforma P-61 do tipo TLP após a operação de união do casco com a planta

de processo (deck mating). Retirada de [7].

• FPU (Floating Production Unit):

Unidades flutuantes do tipo FPU surgiram inicialmente como navios petroleiros

convertidos em plataformas ancoradas offshore, capazes de realizar o processamento

primário da produção. Sem capacidade de armazenamento da produção, ou de

transferência direta da mesma para os navios aliviadores, são Unidades que redistribuem

o óleo produzido através de oleodutos. Hoje existe em operação no Brasil uma plataforma

do tipo FPU, ancorada no campo de Marlim Leste na Bacia de Campos, a P-53 [9].

Figura 7 - Plataforma P-53 do tipo FPU, atualmente instalada na Bacia de Campos.

Retirada de [10].

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8

• FPSOs (Floating Production Storage and Offloading):

Unidades flutuantes do tipo FPSO também tiveram sua origem na conversão de

navios petroleiros em plataformas - atualmente já existem Unidades construídas

diretamente para esse fim - portanto, além de capazes de realizar o processamento

primário da produção, são aptas para armazenar a produção temporariamente e exportar

periodicamente para os navios aliviadores através de sistemas de offloading. Por esta

razão representam um diferencial vantajoso em campos exploratórios cada vez mais

distantes da costa, como o pré-sal em águas ultraprofundas, especificamente em regiões

onde a construção de oleodutos é inapropriada. Atualmente, é o segundo tipo de

plataforma mais frequente em operação no Brasil, ficando atrás somente das plataformas

tipo Jaqueta.

Figura 8 – FPSO P-50 no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos. Retirada de [7].

• FSO (Floating Storage and Offloading):

Similares às Unidades tipo FPSO, porém sem as instalações de produção, são

plataformas concebidas como terminais de armazenamento offshore. De relevância

estratégica, muitas vezes funcionam como ponto focal de recebimento da produção de

diversas Unidades que não possuem capacidade de armazenamento próprias, para então

realizarem a transferência deste óleo armazenado para navios aliviadores (petroleiros que

irão descarregar a produção nos terminais em terra). Ou seja, têm como principal

vantagem a participação em uma logística integrada de escoamento da produção.

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9

Figura 9 - FSO Cidade de Macaé MV15, Unidade hub de produção de múltiplas

plataformas na Bacia de Campos. Retirada de [11].

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10

3. OBJETIVO

Dois terços dos navios sucateados atualmente são vendidos para serem

desmantelados em praias com pouca ou nenhuma regulamentação ambiental ou

trabalhista [12], gerando inúmeros problemas de poluição, saúde e segurança. A migração

desse mercado para venda a estaleiros que realizem a atividade de forma padronizada,

regulamentada e segura requer, entre outros aspectos, especialização técnica das partes

envolvidas no processo. Para isso, é essencial o entendimento das atividades e recursos

envolvidos no descomissionamento do navio ou plataforma.

Muitos esforços tem sido dispendidos no desenvolvimento de tecnologias para a

indústria naval no que diz respeito à construção de um mercado de descomissionamento

padronizado que seja seguro, sustentável e financeiramente atrativo. No contexto de

projeto de graduação, identificar e discutir os principais processos e recursos envolvidos

no descomissionamento de um FPSO (o modelo de Unidade Flutuante mais recorrente na

indústria do pré-sal do Brasil) de forma regulamentada e segura certamente será útil

dentro de uma sociedade que no futuro próximo demandará profissionais competentes na

indústria de reciclagem de navios.

O principal objetivo deste projeto de graduação é mapear as principais etapas do

processo de descomissionamento de uma Unidade Flutuante do tipo FPSO, identificando

as principais atividades realizadas e recursos utilizados, buscando evidenciar a relação

entre eles. Também faz parte do escopo deste trabalho realizar uma avaliação preliminar

da duração de cada etapa mapeada, através de um método proposto para estimar os tempos

necessários ao cumprimento das principais atividades identificadas.

Espera-se obter uma estrutura de fluxo com as principais etapas do

descomissionamento de uma Unidade Flutuante do tipo FPSO. Espera-se expor as

principais atividades e recursos que compõem o processo de descomissionamento de um

FPSO a partir do entendimento destes, e realizar uma estimativa de duração do processo

através da avaliação preliminar dos tempos gastos nas principais etapas que o

caracterizam, identificando as etapas que mais influenciam no tempo total do processo.

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4. METODOLOGIA

A metodologia aplicada nestre projeto de graduação consiste no modelo Bottom-

Up, que propõe a quebra de um problema complexo em diversas partes menores,

permitindo assim uma análise de Engenharia de um processo através da agregação das

análises individuais das pequenas etapas que o compõem [13]. A metodologia Bottom-

Up, por ser sensível a detalhes do projeto, possibilita a avaliação de indicadores de novos

desafios do mesmo, ainda que sem base histórica para comparação [4]. Sendo assim é

uma metodologia apropriada para processos produtivos que não estejam completamente

bem estabelecidos, como é o caso do descomissionamento de plataformas tipo FPSO.

A metodologia será aplicada como subsídio para uma avaliação preliminar do

tempo necessário para execução das principais etapas do processo de

descomissionamento de um FPSO. Evidencia-se a complexidade do assunto posto que se

trata de uma atividade pouco conhecida por estaleiros brasileiros, e carece de diversas

padronizações e ajustes que sustentariam a tomada de decisão ao longo do trabalho.

Entende-se a complexidade de fatores envolvidos no processo de

descomissionamento de plataformas, como diversas limitações logísticas, ou políticas.

Porém, para a elaboração desta avaliação preliminar, foi mantido o foco nas etapas

técnicas necessárias e seus principais desafios. Além disso, foram mapeados os principais

processos necessários para cumprir o escopo do descomissionamento de forma segura.

Cabe ressaltar também o desafio da aplicação da metodologia Bottom-Up em

conjunto com um fluxograma preliminar, posto que cada etapa mapeada pode ainda na

prática ser vista como um subprocesso a ser detalhado em menores partes, até o nível das

menores tarefas a serem realizadas. Deste modo, são necessárias diversas simplificações

para obtenção de um primeiro mapeamento das principais etapas do processo, como será

exposto ao longo deste projeto.

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12

5. CARACTERÍSTICAS DO FPSO DO ESTUDO DE CASO

O estudo de caso será uma Unidade Flutuante tipo FPSO convertido a partir de um

navio petroleiro (como é o caso mais comum das plataformas do tipo no Brasil) do tipo

VLCC, com capacidade aproximada de 250.000 ton deadweight. Tomando como

referência o cenário offshore da Bacia de Campos (região mais explorada da costa

brasileira), o FPSO estará localizado a cerca de 100 km da costa do Rio de Janeiro. A

Tabela 1 sumariza as principais características do FPSO deste estudo de caso, relevantes

para as análises subsequentes.

Tabela 1 - Principais características do FPSO estudado

Características Principais

Dimensões principais Comprimento: 320 m Boca: 54 m Pontal: 30 m

Peso Leve (após conversão) 47000 ton

Quantidade de risers conectados 34 no total, incluindo risers e umbilicais de controle.

Tipo de amarração Sistema Spread Mooring.

Quantidade de amarras 18 amarras divididas em: 2 grupos de 4 amarras cada e outros 2 grupos de 5 amarras cada.

Sistema de Offloading 2 estações de offloading (uma na proa e uma na popa), cada uma com uma linha de 20 mangotes, armazenados em carretel.

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6. CONTEXTO REGULATÓRIO

Em junho de 2017 o mercado de reciclagem de navios e plataformas passou a ser

reconhecido pelas autoridades nacionais através da Portaria nº 790 do Ministério do

Trabalho, que alterou a NR34 acerca da indústria de construção e reparo naval. Assim,

uma alternativa a ser estudada para os estaleiros brasileiros aumentarem sua

produtividade e contribuirem para a geração de emprego e renda é através da reciclagem

de navios e plataformas [14]. A seguir são expostas as principais legislações

internacionais que atualmente regem a atividade do descomissionamento: a Convenção

de Basiléia, a Convenção de Hong Kong e o Regulamento Europeu 1257/2013.

6.1. Convenção de Basiléia (CB)

A Convenção de Basiléia foi adotada em 1989 pela UNEP e trata do controle da

movimentação entre países de materiais perigosos e sua disposição. Entrou em vigor em

1992 e está centrada no controle de todo tipo de material perigoso, independente da

origem; apesar disso, em 2002, a CB publicou especificamente um Guia Técnico para

Gestão do Desmantelamento Sustentável Total ou Parcial de Navios [15], com o objetivo

de orientar países que almejem estabelecer instalações aptas para o desmantelamento de

navios em seus territórios. Acredita-se que tais diretrizes são relevantes no contexto do

descomissionamento seguro, mas existem críticas quanto à orientação da gestão de

materiais durante o processo da reciclagem, e de fiscalização destes ao final do processo

[14].

6.2. Convenção de Hong Kong (HKC)

Em maio de 2009, a IMO adotou a Convenção de Hong Kong [16] exclusivamente

para a indústria de reciclagem de navios, com o objetivo de procedimentar e padronizar

o processo de reciclagem com foco na segurança, incorporando requisitos e certificações

que atentam para todo o ciclo de vida do navio. Em linhas gerais, a ação do armador de

enviar a Unidade para ser reciclada em um dado Estaleiro deve ser validada pelo Estado

de Bandeira através do DASR (Document of Authorization to conduct Ship Recycling).

Este documento atesta que o estaleiro está autorizado a conduzir a reciclagem de navios

e para ser emitido, o estaleiro deve cumprir com uma série de requerimentos estabelecidos

na Convenção. Entre eles destacam-se o SRFP (Ship Recycling Facility Plan) e o SRP

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14

(Ship Recycling Plan), que devem ser elaborados pelo estaleiro e validados pela

Autoridade Local. Além disso, a Convenção estabelece que toda Unidade a ser reciclada

deve possuir um IHM (Inventory of Hazardous Materials).

O Plano da Instalação para Reciclagem de Navios (SRFP) é um documento do

estaleiro que deve considerar a segurança ocupacional, o treinamento dos trabalhadores,

a proteção do meio ambiente e da vida humana, além de considerar procedimentos de

resposta a emergência e sistemas de monitoramento [16]. Em suma, deve descrever a

metodologia e os processos técnicos adotados no estaleiro necessários a uma reciclagem

sustentável, de forma alinhada com a gestão de materiais perigosos.

O Inventário de Materiais Perigosos (IHM) de uma Unidade descreve os materiais

por sua natureza, classificação e localização no navio, garantindo a rastreabilidade destes

durante a execução dos procedimentos contidos no Plano de Reciclagem do Navio (SRP).

O SRP é o plano específico para uma dada Unidade que inclui a sequência de

descontaminação e remoção de materiais e líquidos pré-corte e a sequência de corte em

si, de maneira prática e segura, além da separação, quantificação e disposição dos

materiais previamente mapeados no IHM [17].

Para que a Convenção entre em vigor, ao mínimo 15 países precisam ratificar a

Convenção, tal que suas frotas combinadas representem 40% da arqueação bruta da frota

mundial; mais ainda, a arqueação bruta somada dos navios reciclados por esses países

precisa ser ao menos 3% da frota total desses países. Até o momento (Agosto de 2019), a

Convenção ainda não entrou em vigor, pois apenas 13 países a ratificaram, representando

29,42% da arqueação bruta mundial [18].

6.3. Regulamento Europeu 1257/2013

Como uma tentativa de evitar que navios de bandeira europeia sejam enviados para

desmantelamento em praias asiáticas, o regulamento europeu para reciclagem de navios

nº 1257/2013 foi criado, entrando em vigor em 30 de dezembro de 2013 e tendo a maior

parte de suas disposições aplicáveis desde 31 de dezembro de 2018. O regulamento

determina requerimentos aplicáveis durante todo ciclo de vida útil do navio, até a sua

reciclagem, estabelecendo parâmetros para proteção ao meio ambiente e saúde

ocupacional. Suas duas áreas de foco principais são a gestão de materiais perigosos a

bordo dos navios sob bandeira europeia, e requerimentos para a reciclagem sustentável e

segura dos mesmos [19].

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15

Ele incorpora a convenção de Hong Kong na gestão de materiais perigosos, indo

além ao estabelecer critérios mais restritivos para a seleção do estaleiro que realizará a

reciclagem, pois torna inelegíveis para certificação as instalações que realizam a prática

de desmonte de navios em praias, o que não é vetado de acordo com os critérios

exclusivamente da Convenção de Hong Kong [14]. Os principais requerimentos do

Regulamento Europeu 1257/2013 para estaleiros de reciclagem de navios, que se

destacam e vão além da Convenção de Hong Kong são [20]:

• Funcionar a partir de estruturas construídas (Artigo 13º, nº 1, alínea c).

• Prevenir efeitos adversos para a saúde humana e o meio ambiente, incluindo

demonstrações de que todos os vazamentos são controlados, em especial nas

zonas entremarés (Artigo 13º, nº 1, alínea f).

• Assegurar que materiais perigosos e resíduos do processo de reciclagem

apenas sejam manipulados em solos impermeáveis com sistemas de

drenagem eficazes (Artigo 13º, nº 1, alínea g, subalínea i).

• Assegurar o rápido acesso aos equipamentos de intervenção de emergência,

como os equipamentos e veículos de combate a incêndio, ambulâncias e

gruas, ao navio e a todas as zonas do estaleiro de reciclagem de navios

(Artigo 13º, nº 1, alínea h).

• Assegurar que a instalação de gestão de resíduos receptora funcionará

segundo normas de proteção da saúde humana e do meio ambiente

equivalentes às normas pertinentes internacionais e da União Europeia

(Artigo 15º, nº 5).

A União Europeia mantém uma lista de estaleiros aprovados para a atividade em

todo mundo, e navios de bandeira europeia somente devem ser enviados para tais

instalações aprovadas e certificadas. Tal restrição poderia representar uma oportunidade

para estaleiros do Brasil de se adequarem à atividade e entrarem na lista de instalações

certificadas, como uma alternativa para reaquecer o mercado nacional.

Para estaleiros localizados fora da União Europeia, essa inclusão é feita através de

uma aplicação submetida à Comissão Europeia. Essa aplicação é composta de: um

formulário de aplicação, uma cópia da certificação do estaleiro emitida por um

Verificador Independente e uma cópia do SRFP [19]. Os Estados Membros da UE que

participam do Comitê do Regulamento Europeu para Reciclagem de Navios então votam

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16

pela inclusão ou não do Estaleiro analisado pela Comissão Europeia. As etapas do

processo de verificação dos estaleiros de reciclagem localizados fora da UE são descritas

na Figura 10 a seguir.

O verificador independente deve ser autorizado de acordo com a legislação nacional

do país que opera. No âmbito do Regulamento Europeu, a independência e aptidão desta

entidade verificadora poderia ser demonstrada através da conformidade com a norma

ISO/IEC 17020, que define os requisitos para o funcionamento de diferentes tipos de

organismos de inspeção [20]. No contexto brasileiro, a Coordenação Geral de

Acreditação do Inmetro (Cgcre) é o órgão responsável pela acreditação de verificadores

independentes, entitulados Organismos de Avaliação da Conformidade (OACs), segundo

os requisitos estabelecidos na norma ABNT NBR ISO/IEC 17020:2012 [21], mas existe

uma lacuna a ser preenchida em relação a acreditação de organismos que realizam

inspeções na área de estaleiros de reciclagem.

Figura 10 - Etapas do Processo de Verificação de Estaleiros de Reciclagem Localizados

fora da UE. Retirada de [20].

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17

7. PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE NO ESTUDO DE

CASO

7.1. Bioinvasão por Coral-Sol

Os recifes de corais estão entre os ecossistemas mais diversificados do mundo e são

de grande importância econômica, pois fornecem às comunidades locais diversos bens e

serviços [24], como alimentação, turismo ou matéria-prima para a indústria farmacêutica.

Todavia, a presença de espécies invasoras como o coral-sol (Figura 11), entre outros

fatores, vem ameaçando a biodiversidade dos recifes de corais brasileiros.

Figura 11 - Coral-sol. Retirada de [26]

Em 1980, foi registrada pela primeira vez a presença do coral-sol no Brasil, em

plataformas na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro [25]. Segundo levantamento do

Ministério do Meio Ambiente, duas espécies de coral-sol são encontradas hoje no Brasil:

Tubastraea coccinea e Tubastraea tagusensis. Essas espécies têm determinadas

características biológicas que potencializam seu sucesso como bioinvasoras, competindo

com as espécies nativas e alterando o ambiente marinho [26].

As embarcações de modo geral representam vetores não intencionais de introdução

de espécies exóticas marinhas através das bioincrustações. Segundo [27], no âmbito

regulatório, não existem regulamentos mandatórios internacionais, ou nacionais,

especificamente sobre bioinvasão por bioincrustação marinha. No âmbito científico,

ainda há lacunas quanto ao conhecimento sobre métodos eficazes para controle e

erradicação das bioinvasões. E no âmbito operacional, há uma grande lacuna quanto à

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técnica para remoção e erradicação eficiente das bioincrustações, e à infraestrutura

logística necessária.

No que tange o descomissionamento do FPSO, a Tabela 2 a seguir expõe os desafios

que foram identificados durante o estudo de caso, relacionados à bioincrustação e ao risco

de bioinvasão de coral-sol nos habitat marinhos da costa brasileira.

Tabela 2 – Principais desafios relacionados à bioinvasão por coral-sol no

descomissionamento

Desafio O que poderia ser feito?

Consideração do peso adicional nas fases de reboque para o estaleiro e desmantelamento em si. No caso do transporte oceânico, devem ser consideradas ainda as cargas hidrodinâmicas causadas pela bioincrustação.

Limpeza mecância com ROVs ou AUVs de novas tecnologias voltadas para limpeza de cascos submersos; eliminando a necessidade de limpeza por mergulhadores, considerada uma atividade de alto risco para o trabalhador e que pode contribuir para a disseminação das espécies se não houver devida contenção.

Caracterização das espécies dominantes na bioincrustação do casco do FPSO, para identificação de espécies bioinvasoras que estariam sendo transportadas.

Filmagem com ROVs e análise das imagens por uma empresa especializada.

Ausência de legislação nacional mandatória específica para o transporte de Unidades Marítimas bioincrustadas na costa brasileira.

Seguir as orientações do Comitê de Proteção ao Meio Ambiente da IMO (MEPC/IMO), especialmente a Resolução MEPC.207(62); e as orientaçãos da IPIECA (Associação global da indústria de óleo e gás para assuntos ambientais), especialmente o Guia para prevenção e gestão de espécies invasoras.

Cabe ainda comentar o desafio da seleção do estaleiro para envio do FPSO a ser

reciclado no que tange à contaminação por coral-sol. Existe atualmente um debate quanto

à possibilidade de enviar navios contaminados com coral-sol para locais sem a presença

da espécie invasora. Ou seja, a necessidade de preservação da área ainda não contaminada

pode inviabilizar a escolha do estaleiro para desmonte. Tal requisito ainda está em

discussão entre autoridades brasileiras, mas certamente é um desafio para estaleiros que

queiram se especializar em desmonte de plataformas no Brasil.

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7.2. NORMs – Materiais com Ocorrência Natural de Radioatividade

Historicamente, observa-se incrustações e depósitos de natureza inorgânica em

unidades de produção offshore de óleo e gás constituídos principalmente de BaSO4

(sulfato de bário) e CaCO3 (carbonato de cálcio) contendo Rádio, elemento naturalmente

radioativo, proveniente da formação dos reservatórios [28] [29]. Essas incrustações e

borras contendo material naturalmente radioativo podem ser encontradas principalmente

em [28]:

• tubulações e válvulas do sistema de água produzida;

• balcão de risers (chegada das linhas advindas dos poços produtores);

• tanques de rejeito (slop tanks) e de água fora da especificação para descarte

(OffSpec tanks);

• Vasos separadores;

• Trocadores de calor;

• Válvulas choke e headers das linhas de produção;

Os resíduos NORM são portanto os materiais remanescentes do processo industrial

do FPSO contaminados por radionuclideos de origem natural que estão presentes nas

incrustações e borra de alguns equipamentos, tubulações e tanques. Durante a fase de

operação do FPSO, a presença de NORM e o seu nível de atividade devem ser

monitorados, para que não ultrapassem os limites de exposição dos trabalhadores e

indivíduos do público definidos pela CNEN [30]. Atividades de limpeza e

descontaminação periódicas devem ser realizadas e acompanhadas por um supervisor de

proteção radiológica certificado pela CNEN. Em casos mais críticos, preocupa-se com a

necessidade de parada não programada da produção para limpeza das incrustações, que

podem chegar a reduzir a capacidade de produção da planta do FPSO e comprometer a

eficiência operacional.

Segundo a NBR 10.004, que classifica os resíduos sólidos quanto ao risco ao meio

ambiente e à saúde pública, os resíduos podem ser classificados de acordo com a Tabela

3.

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Tabela 3 - Classificação de resíduos sólidos segundo a NBR 10.004

Classificação do Resíduo Definição

Classe I: Resíduos perigosos Apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

Classe II-A: Resíduos não-perigosos e não-inertes

Apresentam propriedades como biodegradabilidade, solubilidade em água e combustibilidade.

Classe II-B: Resíduos não-perigosos e inertes

Resíduos que não tem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, quando submetidos a um contato dinâmico ou estático com água destilada ou desionizada à temperatura ambiente.

Portanto, no âmbito do descomissionamento, surge a necessidade de gerir resíduos

NORM, classificados periogosos (Classe I). Quando não está mais prevista qualquer

utilização para esse material radioativo, ele é considerado rejeito NORM. A lei federal

10.308 (2001) suportada pela Norma CNEN 8.02 estabelece as normas para o destino

final do rejeito NORM, e define os seguintes tipos de depósitos:

• Depósito inicial: destinado ao armazenamento de rejeitos radioativos cuja

responsabilidade para administração e operação é do titular responsável pela

instalação geradora dos rejeitos.

• Depósito intermediário: destinado a receber e, eventualmente, acondicionar

rejeitos radioativos, objetivando a sua remoção para um depósito final.

• Depósito final: onde é feita a deposição dos rejeitos sem intenção de

removê-los.

Atualmente, o fluxo de gerenciamento desse resíduo contendo NORM ainda não

está completamente normatizado pela CNEN, o que representa um desafio para o

descomissionamento. Todavia, serão abordados alguns processos críticos dentro do

contexto de elaboração de um Plano de Gerência de Rejeitos Radioativos. Para tal, são

considerados os processos apresentados em [31], as diretrizes da Norma CNEN NN 8.01

[32] e conversas com especialistas da CNEN:

Em primeiro lugar, são identificados os itens contaminados contando com acessoria

externa de fornecedores qualificados creditados pelo CNEN, seguido de avaliação do

nível de radiação e contaminação. A partir de então as áreas podem ser classificadas de

acordo com a Norma CNEN 3.01.

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21

O segundo processo a ser considerado é a limpeza desse material. Devem ser

considerados os casos de borra em tanques de rejeitos e tanques de água produzida

contendo NORM e incrustações contendo NORM em equipamentos, válvulas ou

tubulações. Existe uma etapa de limpeza dos mesmos offshore, com acompanhamento de

um supervisor de proteção radiológica certificado pela CNEN, e também onshore durante

a remoção de materiais perigosos no estaleiro.

No caso de limpeza offshore, geralmente o material é acondicionado em tambores

e enviado para um porto receptor. A infraestrutura do porto selecionado deve conter

licenciamento ambiental específico IBAMA e licenciamento CNEN para realizar os

serviços de segregação, armazenamento temporário, transporte e destinação para um

depósito especializado [31]. Deve ainda contar com equipamentos específicos para

movimentação de carga como guindastes, empilhadeiras, etc.

No caso da limpeza e descontaminação feitas no estaleiro, o serviço deve ser

realizado por uma empresa licenciada pela CNEN. Para o licenciamento, a empresa deve

possuir um plano de gerência de rejeitos radioativos, um plano de tratamento de efluentes,

um plano de proteção física de trabalhadores e um processo de verificação da

descontaminação. Os equipamentos serão avaliados segundo os níveis estabelecidos no

Anexo V da Norma CNEN 8.01, abaixo do qual o material pode ser descontaminado e

reaproveitado, e acima do qual a contaminação radioativa não é removível e o mesmo

deve ser tratado como rejeito [32].

Além disso, de acordo com especialistas da área, existe a necessidade de limpeza

também em equipamentos metálicos que estejam contaminados por incrustações de

chumbo, e deve ser verificada a possibilidade de descontaminação ou necessidade de

descarte dos mesmos como resíduo.

Posteriormente é feita a segregação que, a depender do caso, pode ser feita pelo

porto receptor do material ou pelo estaleiro, levando em conta o estado físico,

características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade,

corrosividade e toxicidade química) e demais características do material (compactável,

putrecível, etc). Uma vez segregado, deve ser feito o armazenamento temporário em uma

área exclusiva para as embalagens contendo rejeitos com NORM, devidamente isolada,

sinalizada e monitorada. A instalação deve conter procedimentos claros para o manuseio

dos materiais e respostas de emergência.

Enfim, é feito o transporte para o local de destinação. Os meios de transporte devem

possuir instrumentos de fixação adequados, devem ser devidamente monitorados e estar

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22

em conformidade com a Norma CNEN 5.01 (Transporte de Material Radioativo). Os

rejeitos contendo NORM podem ser dispensados no sistema de coleta de resíduo urbano,

a depender do nível de contaminação, ou depositados em depósitos licenciados, que

podem ser superficiais ou subsuperficiais (cuja profundidade fica a cargo de uma análise

de segurança). Por último, ressalta-se que em 2019 foi licenciada a primeira alternativa

de depósito final de rejeitos contendo NORM no Brasil, através da empresa prestadora de

serviços em radioproteção LINCE [33].

O Porto Receptor selecionado para o estudo de caso, que atende os requisitos

mínimos para implementação de um Plano de Gerência de Rejeitos Radioativos é a Base

Brasco Caju, no Rio de Janeiro. A base conta com 65 mil m² de área total, 508 m de

comprimento de cais linear e uma Central de Resíduos com área contida [31]. A Figura

12 ilustra a Base Receptora selecionada.

Figura 12 - Base da Brasco no Caju, Rio de Janeiro. Retirada de [31]

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8. PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO DE DESCOMISSIONAMENTO DO FPSO ESTUDADO

O fluxograma apresentado na Figura 13 a seguir compreende as principais atividades do processo de descomissionamento do FPSO abordado

no estudo de caso. Estas estão separadas em pré e pós remoção do local de operação para o estaleiro. Em seguida, as etapas serão explicadas através

de um análise qualitativa. Será abordada posteriormente uma avaliação preliminar do tempo de execução de cada etapa.

Figura 13 - Principais Etapas no Descomissionamento do FPSO do Estudo de Caso.

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8.1. Etapas Pré Remoção do Local

8.1.1. Limpeza dos Tanques

Deve ser feita previamente à chegada do FPSO ao estaleiro uma limpeza dos

tanques, para remoção de borra e resíduos a serem devidamente tratados e descartados.

Nos tanques de carga, ocorre uma primeira etapa de lavagem com óleo cru (COW – Crude

Oil Washing) para remoção de resíduos do óleo produzido fixados nas anteparas e

estruturas do tanque. Esse resíduo em geral é composto de substâncias que são

hidrofóbicas e portanto necessitam de lavagem com óleo cru.

Em seguida é feita a lavagem com água. Esta geralmente é feita com água

produzida, proveniente do processamento do óleo advindo dos reservatórios, mas também

pode ser usada água do mar ou até da chuva. Durante a operação (tanto de lavagem com

água quanto com COW), o sistema de gás inerte é essencial, para manter o teor de

oxigênio abaixo de 8% e a pressão positiva dentro do tanque, impedindo a formação de

uma atmosfera inflamável [34]. O rejeito da lavagem dos tanques de carga é enviado para

o tanque de rejeitos sujos através da bomba de carga, e depois descarregado para um navio

aliviador.

Após a limpeza, o tanque precisa passar por um processo de purga (purge) e por

fim ventilação. A purga consiste em injetar gás inerte no tanque até que o teor de

hidrocarbonetos seja menor que 2% para que, na ventilação subsequente, não haja a

criação de uma atmosfera inflamável no tanque. Logo após a purga, o tanque é ventilado

através de um sistema fixo ou ventiladores portáteis (o tanque precisa estar

completamente isolado dos outros tanques nessa etapa), até que a condição “livre de gás”

seja atingida: pelo menos 21% de oxigênio e no máximo 1% LFL (indicador de gás

inflamável) [34]. A partir dessa condição, a entrada nos tanques é permitida. Neste ponto,

pode existir uma etapa adicional de remoção manual de borra com jatos d’água.

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8.1.2. Limpeza do Topside

As áreas do topside – tubulações, equipamentos, vasos etc – classificadas como

contendo hidrocarbonetos devem ser lavadas para a remoção de hidrocarbonetos

residuais, visando eliminar o risco de explosões e incêndios durante o processo de

descomissionamento, principalmente na fase de corte com trabalho a quente. Etapas que

são da prática padrão na indústria para a limpeza dos itens do topside são [35]:

• Despressurização: liberação de gases de hidrocarbonetos através do sistema do

flare, ou enviados para o sistema de gás combustível. Após a despressurização, os

sistemas são isolados e bloqueados.

• Drenagem: antes do isolamento de equipamentos com acúmulo de hidrocarbonetos,

os mesmos devem passar por um processo de drenagem para remoção desses

resíduos contendo hidrocarbonetos.

• Purga e lavagem: a lavagem em geral é feita num primeiro estágio com água, e em

alguns casos pode ser seguida de lavagem com vapores; posteriormente é feita a

purga com gás inerte.

Os seguintes equipamentos devem ser considerados como potenciais para

localização de hidrocarbonetos residuais [35]: transformadores, resfriadores, separadores,

trocadores de calor, embalagens de armazenamento de biocidas e tintas, bombas,

geradores, motores e coletores de óleo.

8.1.3. Remoção dos Mangotes de Offloading

O sistema de offloading é dotado de duas estações, uma na proa e outra na popa,

em extensões no convés principal construídas durante a conversão. Essa configuração em

duas estações é motivada pela segurança e continuidade operacional. Nesse cenário, a

estação de proa é preferencial por ser posicionada mais distante das acomodações,

enquanto a estação de popa é usada em casos de condições ambientais mais severas ou de

falha na estação de proa [36]. Cada estação conta com uma linha de mangotes flutuantes

armazenados em carretel (a Figura 14 ilustra um exemplo) e um cabo de arranjo

específico denominado hawser, para amarração do FPSO com o navio aliviador.

Inicialmente é preciso desconectar a linha de mangotes de offloading de óleo que

está armazenada em carretel no FPSO, que pode ser reaproveitada. Essa operação é

considerada usual durante a fase de produção da Unidade, posto que periodicamente os

mangotes devem ser inspecionados em terra. O processo é realizado com o auxílio de

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uma embarcação de apoio do tipo AHTS (Anchor Handling Thug Supply), que possui em

seu convés uma estrutura resistente e com espaço para o manuseio, desconexão das seções

e acondicionamento apropriado. Algumas embarcações desse tipo já possuem também

um carretel em seu convés principal. Nesse caso, é feita a transferência direta da linha

montada do carretel do FPSO para o carretel do barco de apoio, podendo ser seguida da

desmontagem das seções ainda a bordo do AHTS ou não. Outros recursos utilizados nessa

etapa são: pau de carga, cabo mensageiro, flanges cegos para vedar os mangotes das

extremidades da linha, cintas de carga, cabos de aço e manilhas de conexão.

Figura 14 – Linha de mangotes de offloading acondicionados em carretel. Cortesia da

Royal IHC.

8.1.4. Limpeza e Desconexão dos Risers

O FPSO analisado possui 34 dutos (contando risers, umbilicais de controle, etc)

que precisam ser desconectados e passarão pelo seu próprio projeto de

descomissionamento, que não será tratado dentro do escopo da Unidade, como ressaltado

no Capítulo 1. De acordo com [37], antes da desconexão, os dutos passam por um

processo de inspeção e em seguida limpeza. A inspeção externa é feita por mergulhadores,

até uma determinada profundidade (cerca de 50 m) e a partir daí, por veículos de operação

remota chamados ROVs (Figura 15). Para inspeção interna e identificação dos resíduos

incrustados, são utilizados dispositivos de intervenção de dutos chamados PIGs (Figura

16).

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Figura 15 - ROV realizando inspeção submarina com transdutor de ultrassom. Retirado

de [38]

Figura 16 - Exemplo de PIG utilizado em inspeção interna de dutos. Retirada de [39]

A limpeza geralmente é mecanizada com uso de PIGs ou com agentes

limpantes/neutralizadores. Tal processo é necessário devido às parafinas e hidratos

depositados nas paredes dos dutos de produção [40]. Após a limpeza, é feita a lavagem

dos dutos, com água do mar tratada ou outro fluido inerte, até que o duto atinja o

requerimento mínimo de 30ppm de óleo em seu conteúdo [37]. O conteúdo residual,

dependendo de sua natureza, pode ser reinjetado no reservatório ou recolhido no FPSO

para ser disposto em terra, operação que conta com um PSV de apoio e uma base logística

em terra. Outra alternativa é ainda o tratamento desse fluido na própria Unidade, nos casos

em que a planta de processo inclui este tipo de operação.

O método de desconexão abordado após a limpeza dos dutos pode contar com o

recurso de uma embarcação de apoio offshore do tipo PLSV (Figura 17) para receber os

risers e umbilicais que serão desconectados do FPSO, pórem, devido aos custos de

afretamento de uma embarcação de apoio desse porte, também pode ser utilizada como

alternativa uma embarcação do tipo AHTS.

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Outros recursos utilizados na operação são: guincho de pull-out do FPSO, cabos de

aço do guincho principal e auxiliar, cabo e guincho da embarcação de apoio, cabo

mensageiro, câmeras submarinas para monitoramento da operação e uma equipe de

mergulho. Um esquema da configuração da chegada dos risers no FPSO é apresentado

na Figura 18.

Figura 17 - Exemplo de embarcação tipo

PLSV. Cortesia de Subsea7.

Figura 18 - Configuração da chegada do

riser no FPSO. Adaptada de [41]

A operação começa com a retirada do spool que liga o riser à planta de produção

da Unidade. Em seguida, é feita a conexão e tensionamento do guincho de pull-out nos

acessórios de topo do riser para sua descida, seguido da desmontagem do hang-off do

riser (dispositivo ligado ao I-Tube superior que sustenta o riser no balcão). Nesse

momento, a tensão do riser é transferida do hang-off para o guincho. Então, ocorre a

liberação do enrijecedor de curvatura ligado à boca de sino (posicionado embaixo do I-

Tube inferior), que passa a ser sustentado por talhas tensionadas. O riser então desce pelos

I-Tubes, sustentado pelo guincho de pull-out. Quando a primeira manilha da lingada de

topo do riser fica abaixo da boca de sino, a embarcação de apoio se aproxima e após

repetidas manobras náuticas com cabos auxiliares, o cabo do guincho principal do barco

de apoio pode ser conectado pelo mergulhador na lingada de topo do riser. Nesse

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momento, a carga do riser é transferida do guincho da Unidade para o guincho do barco

de apoio, que recolhe o cabo até receber o riser.

8.1.5. Desconexão do Sistema de Amarração

O FPSO possui o sistema de amarração por múltiplos pontos (Spread Mooring

System), composto de 18 amarras divididas em 2 grupos de 4 amarras na popa e outros 2

grupos de 5 amarras na proa (Figura 19). Esse tipo de amarração fixa as duas extremidades

do navio restringindo seus movimentos. O aproamento do FPSO na posição ancorada

considera a melhor resposta aos esforços resultantes das condições ambientais, o arranjo

dos equipamentos submarinos e o alinhamento com os navios aliviadores [42].

Figura 19 – Ilustração do sistema de amarração do tipo Spread Mooring em vista de topo.

Já as linhas de ancoragem são compostas por trechos de amarra alternados com

trechos de cabos de poliéster. Tal configuração é escolhida devido à baixa relação

massa/resistência dos cabos de poliéster, sua maior capacidade de restauração e menor

peso resultante na Unidade; combinados com a maior resistência à abrasão das amarras,

utilizadas nas regiões de maior impacto (fundo e topo), e na região central, para minimizar

movimentos na linha causados por correntes [8].

Uma alternativa de desconexão é através do corte das amarras conectadas ao FPSO,

na região do poliéster inferior próximo à amarra de fundo. Porém, antes do processo de

corte começar, deve ser realizada a inspeção das amarras com um ROV para assegurar a

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integridade da operação. São necessárias ao menos duas embarcações tipo AHTS para

apoio da operação. Um AHTS “principal” para segurar e tensionar a linha a partir da

amarra de topo e recolhê-la em seu convés após o corte, e um AHTS de corte equipado

com ROV. Além disso, serão necessários até 4 rebocadores, que entrarão em ação quando

o número de amarras conectadas for inferior ao necessário para manutenção da posição

do FPSO.

A sequência de corte proposta neste método é baseada na sequência de instalação,

ou seja, uma amarra retirada de cada grupo por vez (por exemplo: Proa BB – Proa BE –

Popa BB – Popa BE). O corte é feito com uma garateia de corte ligada ao AHTS de corte

por um cabo tensionado. A operação de corte é assistida por um ROV. Após cortada, a

linha é recolhida no convés do AHTS principal, que durante a operação se mantém

posicionado próximo ao fairlead do FPSO sustentando a linha com uma garateia ligada

por um cabo tracionado, para evitar tensões excessivas no fairlead.

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8.2. Operações para Autorizar a Entrada do FPSO no Estaleiro

A sequência de atividades necessárias para autorização do envio da Unidade para

reciclagem elaborada de acordo com a HKC e [14] é descrita na Figura 20 abaixo. A partir

dessa estrutura, os Estados Membros podem propor e implementar processos

complementares, como é o caso do Regulamento Europeu 1257/2013.

Previamente, o estaleiro deve estar autorizado pelo Estado de Bandeira,

considerando suas características físicas e sua capacidade de reciclagem em LDT. Nesta

etapa entra em ação o regulamento europeu que, para os Estados de Bandeira da União

Europeia, limita a seleção para uma instalação que seja certificada de acordo com os

requisitos do Regulamento. O estaleiro por sua vez deve aceitar as Unidades que atendam

os requisitos da HKC e que contem com a documentação prévia necessária para

reciclagem especificada na Convenção.

Figura 20 - Fluxo de atividades necessárias para autorização do envio da Unidade para

reciclagem segundo a HKC.

Dessa forma, o processo de enviar a Unidade para ser reciclada é validado tanto

pelo Estado de Bandeira, quanto pela Administração Local que autoriza o estaleiro. Os

documentos principais que regem o processo (DASR, IHM, SRFP e SRP) e

principalmente a certificação do estaleiro frente à Comissão Europeia garantem que o

projeto seja feito de maneira sustentável.

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8.3. Etapas Pós Remoção do Local

Antes da operação de reboque oceânico para o estaleiro de reciclagem, uma série

de decisões e atividades devem ser realizadas como preparação para a viagem. Como por

exemplo [43]: verificação da integridade dos cabos de reboque e demais equipamentos

para amarração da Unidade nos rebocadores, verificação das luzes de navegação, possível

reforço estrutural de tanques de carga e reparo de guinchos. Além disso, deve ser

elaborado um plano de reboque, incluindo a quantidade de barcos de apoio e demais

recursos envolvidos na operação, a rota, velocidade de navegação e bollard pull

necessário. A prática mais comum de mercado envolve que o plano seja elaborado de

acordo com Guias Internacionais de referência - sendo inclusive uma exigência por parte

de seguradoras - como o Guia da Sociedade Classificadora DNV GL: DNVGL-ST-N001

– Sec.11 - Sea Voyages.

Também de acordo com [43], cerca de 1 a 2 meses de antecedência à viagem deve

ser realizado um HAZID (uma reunião para identificação de riscos) com as principais

partes interessadas, incluindo operadores e clientes, para garantir a segurança do processo

de reboque para o estaleiro autorizado. Requerimentos legais para a autorização da

viagem pela Autoridade Local e o Estado de Bandeira também devem ser acessados com

antecedência.

8.3.1. Chegada no Estaleiro e Remoção dos Módulos

Aapós a chegada ao estaleiro, foram abordadas para este estudo de caso duas

locações no Brasil cuja capacidade seja suficiente para receber o FPSO. Optou-se por

selecionar dois estaleiros com características físicas diferentes, para que seja possível

explorar dois métodos de reciclagem diferentes.

O primeiro estaleiro selecionado é o Atlântico Sul, localizado no Complexo

Industrial Portuário de Suape, município de Ipojuca, em Pernambuco, estado do Nordeste

brasileiro. O estaleiro conta com capacidade de processamento de 160 mil toneladas de

aço/ano, 1,62 milhão m² de terreno, área industrial coberta de 130 mil m² e um dique seco

de 400 m de extensão, 73 m de largura e 12 m de profundidade. O dique é servido por

dois pórticos de 1.500 ton/cada, dois guindastes de 50 ton/cada e dois de 35 ton/cada [22].

O FPSO é levado até o dique fechado e alagado, cuja água é posteriormente

bombeada para fora, onde são removidos primeiro os módulos da planta de processo.

Uma vez no dique seco, o FPSO pode então ser desmantelado em blocos, com o uso dos

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pórticos e guindastes do estaleiro, em uma área completamente contida minimizando o

risco de poluição ambiental. A Figura 21 ilustra a infraestrutura do Estaleiro Atlântico

Sul.

Figura 21 – Vista de satélite em perspectiva do Estaleiro Altântico Sul. Retirada de Google

Maps.

O segundo estaleiro selecionado foi o Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no Espírito

Santo, estado do Sudeste brasileiro. O empreendimento é capaz de processar 4 mil

ton/mês de aço e conta com uma área total de 825 mil m² e um cais de 740 m de

extensão [23], apropriado para o método de descomissionamento denominado pela

Comissão Europeia Alongside (“lado a lado” em tradução livre), por ser resistente e

extenso. Neste método, o FPSO é atracado em um cais em águas abrigadas e desmontado

de cima para baixo com guindastes, a partir de cortes mecânicos verticais, sem que as

áreas de corte entrem em contato com a água do mar. As atividades de corte são tomadas

até que a estrutura remanescente do casco possa ser içada de uma vez [17].

O estaleiro dispõe de 2 guindastes de 50 t cada, localizados sobre trilhos ao longo

do seu cais, uma cábria com capacidade de içamento de até 3600 t e um pórtico paralelo

ao cais com 150 m de extensão e capacidade de 300 t de içamento, em uma área de

montagem de blocos capaz de dar suporte à remoção dos módulos da planta de processo,

ao desmonte das estruturas e separação de materiais. O calado limite na região do cais é

de 15,5 m e não representa uma limitação para o FPSO estudado. A Figura 22 a seguir

mostra a estrutura física do EJA.

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34

Figura 22 – Infraestrutura do Estaleiro Jurong Aracruz. Cortesia de Sembcorp Marine.

8.3.2. Remoção de Equipamentos Relevantes

O FPSO, em seu topside, apresenta um vasto aparato necessário para o

processamento primário da produção, que consiste essencialmente em receber a mistura

proveniente dos poços produtores, processar e estabilizar o óleo cru, e separá-lo da água

produzida e do gás natural. O óleo produzido é armazenado em tanques de carga e

posteriormente transferido para os navios aliviadores; a água produzida é descartada após

tratamento até as especificações requeridas; o gás natural é comprimido, tratado e

utilizado como gás combustível ou gas-lift para os poços de produção, ou exportado via

gasoduto.

Um esquema genérico das principais atividades presentes no topside é apresentado

na Figura 23. A planta do topside é separada em módulos, que contemplam os sistemas

da produção e também sistemas de Utilidades que dão suporte à atividade principal da

Unidade.

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35

Figura 23 - Esquema genérico do processamento primário da produção no topside de um

FPSO. Retirada de [36]

A prática de mercado mais comum no contexto do descomissionamento é a de

aproveitamento do máximo de equipamentos instalados possível, após avaliadas as

condições de depreciação e possível contaminação dos mesmos. Além disso, são

aproveitados os sobressalentes (peças e equipamentos) que compõem o almoxarifado da

Unidade. Atualmente, a prática mais comum no mercado é a de venda do navio para os

chamados scrap buyers, que fazem a análise de depreciação e aproveitam os

equipamentos, para posteriormente vender o navio como sucata para estaleiros com pouca

ou nenhuma infraestrutura. Uma proposta alternativa é o próprio estaleiro adquirir os

equipamentos e revender os mesmos após sua avaliação e condicionamento. A Figura 24

a seguir apresenta as opções para destinação de tubulações e equipamentos, após a

avaliação dos mesmos, de acordo com [35].

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36

Figura 24 - Opções de disposição para equipamentos relevantes e tubulações do topside.

Adaptado de [35].

8.3.3. Descontaminação e Remoção de Materiais Tóxicos

O estaleiro deve desenvolver um Plano de Reciclagem da Unidade (SRP) que inclui

a sequência de remoção de materiais e líquidos previamente à fase de corte, além de

apresentar a sequência de corte a ser feita de forma segura. A localização dos materiais

perigosos é sinalizada no plano, e as estruturas e equipamentos são identificados de

acordo com o tipo e quantidade de materiais perigosos presentes. De posse dessa

informação, o estaleiro pode elaborar e aplicar os procedimentos que serão seguidos

durante o trabalho de desmantelamento da Unidade [17]. Se não houver um Inventário de

Materiais Perigosos (IHM) para suportar o plano, deve ser feita uma inspeção no estaleiro,

com as devidas análises e retirada de amostragens, para suportar a elaboração do SRP.

Ainda antes da fase de corte propriamente dita, o navio precisa estar livre do

máximo de materiais perigosos possível. A remoção prévia completa dificilmente é

factível, posto que uma série de materiais classificados perigosos se encontram em regiões

do navio que só serão acessadas após iniciada a fase de corte. Sendo assim, a remoção

continua na fase de corte, conforme as regiões vão se tornando acessíveis. De acordo

com [15] e [44] os seguintes materiais merecem destaque durante a etapa de remoção de

materiais perigosos pré-corte:

• Amianto e materiais contendo amianto:

Quando materiais contendo amianto são desintegrados, o mineral se fragmenta em

fibras muito finas, às vezes invisíveis aos olhos, que ao serem inaladas representam sérios

riscos à saúde do trabalhador, incluindo a possibilidade de câncer de pulmão e outras

doenças. O estaleiro deve proporcionar o isolamento destas regiões contendo amianto

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37

para realização apropriada da remoção, com sistema de ventilação, monitoramento do ar,

EPIs específicos e ermeticamente fechados para os trabalhadores e embalagens próprias

para esse resíduo. Além disso, áreas de descontaminação para as roupas e ferramentas

devem ser fornecidas nas instalações do estaleiro.

• PCBs (bifenilas policloradas):

PCBs são compostos utilizados principalmente na fabricação de líquidos isolantes

térmicos. No Brasil, sua fabricação, comércio e importação são proibidos desde 1981,

mas podem ser encontrados em diversos materiais e equipamentos a bordo de navios no

fim da vida útil, como transformadores, capacitores, materiais isolantes, tintas, entre

outros. Os PCBs devem ser removidos com o uso de EPI adequado para evitar o contato

com a pele ou inalação. O armazenamento temporário desse resíduo no estaleiro deve ser

estanque, para impedir o contato do mesmo com o ambiente externo, deve ser separado

de outros materiais perigosos e devidamente sinalizado. Para os equipamentos contendo

PCBs, deve ser avaliada a possibilidade de descontaminação ou necessidade de descarte.

• Óleos e combustíveis:

Os principais riscos associados a esses materiais são incêndios e explosões, mas

também devem ser considerados vazamentos ou intoxicação de trabalhadores. Portanto,

o estaleiro deve possuir um plano de resposta de emergência e de prevenção para o caso

de incêndios ou vazamentos. Outros recursos disponíveis: tambores específicos para

armazenamento, sistemas de drenagem, de contenção, separadores de óleo e água,

solventes limpantes e dispersantes.

• NORMs:

É necessário fazer a descontaminação de tubulações e componentes metálicos que

podem conter NORMs na forma de incrustações ou contaminações de chumbo, como

abordado no Capítulo 0. Dessa forma, é avaliada a possibilidade de reaproveitamento dos

mesmos, ou necessidade de descarte em depósitos específicos.

• Pinturas e revestimentos:

Tintas e revestimentos contendo componentes metálicos para previnir corrosão e

anti-incrustantes são frequentemente usados e pode ser necessário removê-los antes da

fase de corte, se forem altamente inlamáveis ou tóxicos. Para isso, antes de cortar uma

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38

superfície pintada, deve ser feita a avaliação da composição da tinta ou revestimentos

presente. A remoção, quando necessária, normalmente é feita de uma das três maneiras a

seguir: Remoção mecânica, remoção química (com aplicação de solventes) ou jateamento

de material abrasivo (por exemplo finas lâminas de aço) em alta pressão. Os flocos

removidos contendo metais pesados devem ser armazenados sem possibilidade de

dispersão.

• Materiais contendo SDOs:

SDOs são substâncias químicas destruidoras da camada de ozônio, como HCFCs e

CFCs, sendo o consumo deste último completamente elimiado no Brasil em 2010. As

SDOs podem estar presentes na fabricação de espumas para extinção de incêndio e em

fluidos de refrigeração. Materiais contendo SDOs devem ser retirados em contêineres

ermeticamente fechados.

• Água de lastro e esgoto oleoso:

Água de lastro e de esgoto oleoso remanescentes devem ser retiradas previamente,

através de sistemas de bombeamento, para que não representem risco de vazamento e

contaminação durante a fase de corte. Tanques para armazenamento apropriado deste

resíduo devem ser providenciados pela instalação de reciclagem. Desinfectantes e locais

de evaporação também podem ser fornecidos como uma alternativa para o tratamento da

água de lastro residual retirada.

8.3.4. Fase de Corte e Separação dos Materiais para Destinação

Durante esta etapa do processo de reciclagem do FPSO no estaleiro, a gestão dos

materiais inclui: corte da Unidade em blocos, corte dos blocos em pequenas partes,

separação dos materiais, fornecimento e manutenção de áreas para armazenamento

temporário dos diferentes materiais e transporte dentro do estaleiro. O layout do estaleiro

para cumprir com os requisitos de descomissionamento sustentável inclui:

• Uma área de corte de blocos primária equipada com sistemas de contenção de

vazamentos e de resposta a emergência para o caso de incêndios ou demais

acidentes.

• Área de desmonte secundária, quebra em partes menores e separação dos materiais.

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39

• Área de armazenamento temporário de materiais não perigosos e armazenamento

seguro de rejeitos perigosos.

• Área de estocagem específica para equipamentos e materiais já processados pelo

estaleiro e prontos para a destinação.

• Rotas entre as devidas regiões, e sistemas de contenção e fuga específicos.

• Instalações comerciais e de resposta a emergência.

A Figura 25 a seguir ilustra o layout de um estaleiro padrão apto para a reciclagem

de navios.

Figura 25 - Layout padrão de estaleiro para reciclagem. Adaptado de [15].

A Zona A, de corte primário dos blocos, pode ser o dique seco ou o cais abrigado,

onde o desmonte é feito, respectivamente, com portico ou cábria de grande porte. Em

ambos os casos, é possível garantir a impermeabilidade e contar com sistemas de

drenagem para evitar vazamentos, como demandado pelo Regulamento Europeu. A

documentação dos materiais perigosos e resíduos a serem transportados para os locais de

destinação também deve ser mantida pelo estaleiro.

Outros recursos e equipamentos relevantes nesta etapa são: máquinas de corte

hidráulico, empilhadeiras, guinchos, transportadores modulares (SPMTs), detectores de

gás e de teor de O2, guindastes, equipamentos de içamento de cargas em geral,

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40

transformadores, ventiladores portáteis, alarmes sonoros, visuais e sistemas de

comunicação em geral, equipamentos de primeiros socorros, EPIs, aparelhos

respiratórios, equipamentos de resposta a vazamentos e conteineres para armazenamento

temporário dos materiais recicláveis. Uma máquina de corte hidráulico para o desmonte

dos blocos em pequenas partes está ilustrada na Figura 26 a seguir, um recurso

amplamente utilizado na indústria de demolição.

Figura 26 – Tesoura de Demolição Hidráulica. Cortesia de Stanley Infrastructure.

A divisão de materiais encontrados em navios no fim de sua vida útil que está

apresentada na Tabela 4 é baseada em um estudo da DNV [45], e foi utilizada como

referência para o cálculo de porcentagem de sucata que pode ser alcançada após o

desmonte do FPSO do estudo de caso, conforme proposto em [46].

Tabela 4 – Divisão de materiais em navios ao fim da vida útil

Código Tipo de Material

W01 Sucata ferrosa

W02 Sucata não ferrosa

W03 Maquinário

W04 Equipamentos elétricos e eletrônicos

W05 Minerais

W06 Plásticos

W07 Líquidos, Gases, Produtos Químicos

W08 Marcenaria

W09 Diversos

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41

O artigo Quantitative assessment of material composition of end-of-life ships using

onboard documentation [46] propõe uma metodologia para quantificar os materais que

compõem navios ao fim de sua vida útil (conforme separados na Tabela 1) a partir das

informações contidas no Manual de Estabilidade do mesmo, e aplica a metodologia em

um graneleiro Handymax. Usando a mesma metodologia, foi feito um estudo para

quantificar os materiais que compõem um FPSO convertido, e os resultados apresentados

foram usados como referência para o presente estudo de caso. O fator de

proporcionalidade utilizado para adequar os valores obtidos no estudo citado ao FPSO

analisado neste estudo de caso foi o peso leve de ambas embarcações após a conversão

(considerando os módulos das respectivas plantas de processamento).

Tabela 5 – Quantificação dos materiais após o desmonte do FPSO do estudo de caso

A sucata obtida pode ser enviada para uma siderúrgica que atua com sua reciclagem

como matéria prima. A Figura 27 a seguir mostra o cenário atual do parque siderúrgico

nacional. Próximo aos dois estaleiros selecionados no estudo de caso, as empresas

ArcelorMittal e Gerdau, no Espírito Santo e Pernambuco respectivamente, são opções

reais para o envio da sucata gerada com a reciclagem do FPSO.

Código Tipo de Material % do Peso Leve LDT [ton]

W01 Sucata ferrosa 78,0% 36667,1

W02 Sucata não ferrosa 10,1% 4756,0

W03 Maquinário 7,7% 3609,5

W04Equipamentos elétricos

e eletrônicos0,6% 268,3

W05 Minerais 1,8% 826,2

W06 Plásticos 0,3% 128,4

W07Líquidos, Gases e

Produtos Químicos - -

W08 Marcenaria 0,4% 193,3

W09 Diversos 1,2% 551,2

41423,1Total de sucata obtida [ton]

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42

Figura 27 - Parque Siderúrgico Nacional. Adaptado de [47].

Após o corte em pequenas partes, parte dos materiais recicláveis e não recicláveis

ainda não se encontram completamente separados. Um triturador industrial e sistemas de

separação magnética não são considerados investimentos viáveis para um estaleiro [17],

sendo assim, considera-se que a sucata, junto aos demais resíduos do processo, são

enviados a uma empresa gerenciadora de resíduos. Tal empresa é responsável pela coleta

e transporte dos mesmos, comercialização e destinação, a depender do tipo de resíduo

segundo a NBR 10.004, conforme abordado no Capítulo 0. Para o presente estudo de

caso, a empresa Vitoria Ambiental, no Espírito Santo, e a empresa AFC Soluções

Ambientais, em Pernambuco, se apresentam como opções para a separação dos materiais

e o gerenciamento dos resíduos sólidos e efluentes industriais gerados, desde os

recicláveis até os determinados perigosos Classe I.

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9. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DOS TEMPOS

Em primeiro lugar, algumas hipóteses foram consideradas para o estabelecimento

das estimativas realizadas:

• A estimativa para o tempo de limpeza dos tanques do FPSO é tomada a partir dos

tanques de carga e rejeito, que somam 13 tanques no total, envolvem processos mais

complexos e representam mais de 70% da região de carga; Além disso, para o

somatório do tempo total de limpeza, considera-se que a operação pode ocorrer em

2 tanques simultaneamente;

• O tempo tomado para limpeza do topside é aproximado pelo tempo de limpeza de

equipamentos e tubulações do mesmo durante o shutdown regular de manutenção

da plataforma, até a condição de “livre de gás”;

• O tempo médio de remoção da linha de offloading já considera o tempo de

mobilização da equipe que embarcará para realizar a operação; também considera-

se que o AHTS de apoio possui carretel em seu convés, não havendo necessidade

de desmontar as sessões da linha durante a retirada;

• O tempo estimado para desconexão das amarras foi considerado a partir do tempo

médio para operação de conexão acrescido de 50% como contingência, por ser a

conexão uma operação mais bem estabelecida com duração aproximada conhecida;

• Foi adotado 1,5 nós como velocidade média de reboque, de acordo com o que é

praticado de forma recorrente na indústria;

• A taxa média de quantidade de semanas gastas por módulo a ser removido do FPSO

no estaleiro já considera o tempo de preparação necessário pré e pós a realização de

cada içamento;

• Foi adotada a hipótese de 45 dias (ou 1 mês e meio) para o período de remoção de

equipamentos relevantes, o que corresponde a cerca de 10% do tempo total da fase

pós remoção da Unidade do local de operação. O período foi dividido em 80% do

trabalho passível de ser feito antes de iniciar a fase de corte, e 20% após a mesma,

que corresponde à remoção de equipamentos inacessíveis antes do corte dos blocos;

• A duração da etapa de remoção de materiais tóxicos foi aproximada para o tempo

gasto na remoção de amianto, por ser o elemento da lista levantada que exige ação

mais complexa (envolve isolamento completo da área de remoção, montagem de

EPIs complexos, descontaminação dos trabalhadores e instrumentos pós operação,

etc);

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• A hipótese para quantidade de amianto encontrada no FPSO do estudo de caso é de

1 ton. Para o tempo de preparação da área pré e pós remoção, 2 dias. Para a divisão

entre as fases de remoção primária e secundária, foi adotada a hipótese de 2/3 da

quantidade total passível de ser removida antes de se iniciar o corte da Unidade, e

1/3 após o mesmo, que corresponde à remoção de amianto em regiões inacessíveis

antes do corte dos blocos;

• A espessura de chapa única considerada para o cálculo da velocidade do oxicorte é

15mm, por ser a espessura encontrada na maior parte do navio, nas chapas do casco.

Foi considerada 1 máquina de oxicorte disponível para a atividade, e 8h de trabalho

de corte por dia. Além disso, considera-se 20% de adicional no tempo de corte,

como tempo de mobilização e desmobilização para realização da operação;

• Considera-se que não há projetos ocorrendo em paralelo no estaleiro, sendo assim,

o tempo de corte não considera intervalos de espera para disponibilidade de área.

Tanto para o corte dos blocos na Zona A, quanto para o corte em pequenas partes

na Zona B;

• Considerou-se a hipótese de 3 tesouras de demolição hidraúlicas disponíveis no

estaleiro, cada uma com a capacidade de processamento de sucata estimada a partir

de casos reais;

• Considera-se 100% de disponibilidade em relação à capacidade da frota de

caminhões para transporte dos materiais para destinação, ou seja, foi estimado o

tempo de trajeto para uma viagem única. Além disso, acrescentou-se o período de

2 dias correspondente ao carregamento e descarregamento dos caminhões;

Na Tabela 6 a seguir é possível ver as premissas empregadas para a estimativa de

duração de cada etapa mapeada no processo de descomissionamento. Foram levantados

os tempos de execução de acordo com práticas da indústria, conversas com especialistas

e, para algumas etapas sem base histórica de comparação, como abordado na Metodologia

deste estudo de caso, foram propostas funções objetivo baseadas na quebra do tempo de

execução da etapa completa em tempos unitários, ou taxas representativas.

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45

Tabela 6 - Método utilizado para a avaliação preliminar dos tempos de execução por etapa

# Etapa Tempo estimado para realização Variáveis

1 Limpeza dos Tanques (carga e rejeito)

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 = 𝑁𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠

2∗ 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎

𝑁𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 = quantidade de tanques de carga + rejeito;

𝑇𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = Tempo médio de limpeza de 1 tanque

[dias/tanque];

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 = tempo total de limpeza dos tanques de

carga e rejeito [dias];

2 Limpeza de tubulações e equipamentos no Topside

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑜𝑝𝑠𝑖𝑑𝑒 Tlimp topside = taxa média de tempo de limpeza de

tubulações e equipamentos do topside [dias];

3 Remoção dos mangotes de offloading

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑜𝑓𝑓𝑙𝑜𝑎𝑑𝑖𝑛𝑔 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑜𝑓𝑓𝑙𝑜𝑎𝑑𝑖𝑛𝑔 = tempo médio de remoção de uma

linha de offloading de cerca de 20 mangotes [dias];

4.1 Limpeza dos risers 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝 𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 =

𝑁𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑃𝑟𝑜𝑑 ∗ 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑃𝑟𝑜𝑑 + 𝑁𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝐸𝑥𝑝 ∗ 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝐸𝑥𝑝

𝑁𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑃𝑟𝑜𝑑 = número de risers de produção a serem

limpos;

𝑁𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝐸𝑥𝑝 = número de risers de exportação a serem

limpos;

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑃𝑟𝑜𝑑 = tempo médio para limpar um riser de

produção [dias];

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝐸𝑥𝑝 = tempo médio para limpar um riser de

exportação [dias];

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝 𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = tempo total para limpar todos os risers

[dias];

4.2 Desconexão dos risers

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 =

𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑀𝑜𝑏&𝐷𝑒𝑚𝑜𝑏 + ∑ 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖

𝑛_𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟

𝑖=1

𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 = tempo considerado para troca de equipes a

cada 15 dias [dias];

𝑇𝑀𝑜𝑏&𝐷𝑒𝑚𝑜𝑏 = Tempo de preparação para a atividade

(mobilização e desmobilização) [dias];

𝑛_𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟 = número de risers a serem desconectados;

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖 = Tempo necessário para desconectar o riser i

[dias];

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = Tempo total para desconectar todos os

risers [dias];

5 Desconexão das amarras

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =

𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 + ∑ 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖

𝑛_𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

𝑖=1

𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 = tempo considerado para troca de equipes a

cada 15 dias [dias];

𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 = Tempo de preparação para apoio à

atividade [dias];

𝑛𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = número de amarras a serem

desconectadas;

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖 = tempo para desconectar a amarra i [dias];

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = Tempo total para desconectar todas as

amarras [dias];

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46

# Etapa Tempo estimado para realização Variáveis

6 Reboque para o estaleiro 𝑇𝑛𝑎𝑣 =1

24∗

𝑑𝑛

𝑉𝑟𝑒𝑏

𝑑𝑛 = distância do local de operação até o estaleiro

selecionado [mn];

𝑉𝑟𝑒𝑏 = Velocidade média de reboque [nós];

𝑇𝑛𝑎𝑣 = tempo total de transporte até o estaleiro

selecionado [dias];

7.1 Ancoragem no cais 𝑇𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑚é𝑑𝑖𝑜

𝑇𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑚é𝑑𝑖𝑜 = tempo médio da operação de

ancoragem no cais [dias];

7.2 Entrada no dique 𝑇𝑑𝑖𝑞𝑢𝑒𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 𝑇𝑑𝑖𝑞𝑢𝑒𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = tempo médio da operação de entrada

no dique seco [dias];

8 Remoção dos módulos 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 7 ∗ 𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∗ 𝑡𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜

𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = quantidade total de módulos a serem içados;

𝑡𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜 = taxa média de semanas gastas por módulo a

ser içado [semanas/módulo];

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = tempo total para remover todos os

módulos [dias];

9.1 Remoção primária de equipamentos relevantes

0,8 ∗ 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 = tempo total de remoção dos

equipamentos relevantes para reaproveitamento

[dias];

9.2 Remoção secundária de equipamentos relevantes

0,2 ∗ 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 = tempo total de remoção dos

equipamentos relevantes para reaproveitamento

[dias];

10.1 Remoção primária de materiais tóxicos

23⁄ ∗ 𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀

𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀 = 𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 + (𝑄𝑚𝑡 ∗ 𝑉𝑝𝑟𝑜𝑐)

𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 = tempo de preparação para a atividade [dias];

𝑄𝑚𝑡 = quantidade de amianto [ton];

𝑉𝑝𝑟𝑜𝑐 = taxa de processamento do estaleiro para

remover o amianto [dias/ton];

𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀 = tempo total de remoção de materiais

perigosos [dias];

10.2 Remoção secundária de materiais tóxicos

13⁄ ∗ 𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀

𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀 = tempo total de remoção de materiais

perigosos [dias];

11 Corte dos blocos

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 =

𝑡𝑝𝑟𝑒𝑝 ∗ (1

8 ∗ 60 ∗

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑉𝑜𝑥𝑖𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 ∗ 𝑄𝑚á𝑞𝑠)

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Comp total de chapa a ser cortado [m];

𝑉𝑜𝑥𝑖𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 = velocidade do oxicorte para a espessura

considerada [m/min];

𝑄𝑚á𝑞𝑠 = Quantidade de máquinas de corte disponíveis

no estaleiro;

𝑡𝑝𝑟𝑒𝑝 = percentual adicional que considera o tempo de

preparação para a atividade [%];

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 = tempo total de corte dos blocos [dias];

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# Etapa Tempo estimado para realização Variáveis

12 Corte da sucata em pequenas partes 𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑝𝑝 =

𝑃𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎

𝑄𝑚á𝑞𝑠 ∗ 𝐶𝑚á𝑞

𝐶𝑚á𝑞𝑠 = capacidade de processamento da máquina

hidráulica de corte [ton/mês];

𝑄𝑚á𝑞𝑠 = Quantidade de máquinas de corte disponíveis

no estaleiro;

𝑃𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎 = quantidade de sucata a ser cortada [ton];

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑝𝑝 = tempo total de corte em pequenas partes

[meses];

13 Separação dos materiais para destinação 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑖 = 𝑇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎&𝑑𝑒𝑠𝑐 +

𝐷𝑖𝑠𝑡𝑖

𝑉𝑟𝑜𝑑𝑜𝑣𝑖𝑎

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑖 = tempo médio total de viagem para o

local i de destinação dos materiais [h];

𝑇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎&𝑑𝑒𝑠𝑐 = tempo considerado para carregamento e

descarregamento dos caminhões [h];

𝐷𝑖𝑠𝑡𝑖 = distância até o centro gerenciador de resíduos

selecionado [km];

𝑉𝑟𝑜𝑑𝑜𝑣𝑖𝑎 = velocidade média de percurso até o CGR

[km/h];

9.1. Estimativas Realizadas por Etapa do Processo Mapeado

A avaliação começa com a estimativa de tempo de limpeza dos tanques de carga e

rejeito, onde o tempo médio de limpeza de um tanque considera as etapas de preparação,

limpeza com o sistema fixo de óleo (COW), purga e ventilação. Após conversas com

profissionais especialistas no assunto, o seguinte resultado médio foi alcançado:

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 + 𝑇𝑓𝑖𝑥𝑜 + 𝑇𝑝𝑢𝑟𝑔𝑎 + 𝑇𝑣𝑒𝑛𝑡

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 7 + 1 + 7 + 1 = 16 𝑑𝑖𝑎𝑠

E para o tempo total:

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 = 𝑁𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠

2∗ 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 =

13

2∗ 16 = 104 𝑑𝑖𝑎𝑠 = 3,5 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

Em seguida, foi estimada a duração do processo limpeza de tubulações e

equipamentos do topside, e de remoção dos mangotes de offloading de óleo para o seu

reaproveitamento. Por serem ambas práticas comuns na indústria de produção de óleo e

gás offshore, seus valores foram coletados a partir de consultas com especialistas na área

de operação:

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𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑜𝑝𝑠𝑖𝑑𝑒 = 4 𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑜𝑓𝑓𝑙𝑜𝑎𝑑𝑖𝑛𝑔 = 2 𝑑𝑖𝑎𝑠

A quarta etapa foi dividida em limpeza e posterior remoção dos risers contectados

à plataforma, conforme discutido na Seção 8.1.4. Para os risers de produção, o tempo

médio de limpeza é cerca de 4 horas; para um riser de exportação, esse tempo pode chegar

a 2 dias. Considera-se que a plataforma já está preparada para realizar a atividade, por ser

algo recorrente durante a fase de operação da mesma. Ou seja:

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = 𝑁𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟 𝑝𝑟𝑜𝑑 ∗ 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑝𝑟𝑜𝑑 + Nriser exp ∗ Tlimpexp

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = 18 ∗ 4 + 1 ∗ 48 = 120 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 = 5 𝑑𝑖𝑎𝑠

Quanto à desconexão dos risers, foi estimado junto a especialistas da área o

intervalo de 1 semana para mobilização e 1 semana para desmobilização dos operadores

e recursos necessários, pois a operação envolve interface com embarcação tipo PLSV,

suporte de ROVs e ação de mergulhadores, o que exige um maior tempo de preparação.

Já a desconexão em si, pode ser feita em um dia. Porém, como são 34 risers e umbilicais

conectados, adicionou-se o tempo de troca de equipes a cada 15 dias, como é comum da

prática offshore. O tempo padrão médio de uma troca de equipes é de 48 horas.

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = 𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑀𝑜𝑏&𝐷𝑒𝑚𝑜𝑏 + ∑ 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖

𝑛_𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟

𝑖=1

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 = 6 + 14 + (34 ∗ 1) = 54 𝑑𝑖𝑎𝑠

Para a etapa seguinte, referente à desconexão das amarras, a divisão inicial para o

cálculo do tempo do processo foi feita de forma semelhante à desconexão dos risers,

porém, a desconexão de amarras é considerada uma atividade mais complexa, menos

consolidada e portanto, do ponto de vista de estimativa de duração, mais incerta. Deste

modo, o tempo unitário de desconxão foi aproximado pelo tempo médio de instalação de

uma amarra, este sim amplamente estimado na indústria, com uma margem de

contingência de 50%.

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 𝑇𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 + ∑ 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖

𝑛_𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

𝑖=1

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Após questionamentos feitos a especialistas da área, estimou-se o tempo médio de

conexão de uma amarra em 12 horas, estando posicionadas as equipes e recursos de apoio.

Quando à preparação para a atividade, ocorre em torno de 1 semana pré operação, e mais

1 semana pós operação para desmobilização dos recursos. Adicionou-se ainda 2 dias para

o tempo de uma troca de equipes a cada 15 dias.

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 2 + 14 +1,5 ∗ (18 ∗ 12)

24= 29,5 𝑑𝑖𝑎𝑠

O somatório dos tempos das etapas até então reflete o tempo médio de participação

da fase offshore do descomissionamento, ou seja, de preparação para envio da Unidade

ao estaleiro. A seguir, avalia-se a duração da fase offshore do descomissionamento entre

6 e 7 meses. Tal avaliação, ainda que preliminar, é relevante para o planejamento das

atividades por parte da gestão das operadoras de plataforma.

𝑇𝑜𝑓𝑓𝑠ℎ𝑜𝑟𝑒 =

𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 + 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑡𝑜𝑝𝑠𝑖𝑑𝑒 + 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑜𝑓𝑓𝑙𝑜𝑎𝑑𝑖𝑛𝑔 + 𝑇𝑙𝑖𝑚𝑝𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 + 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑠𝑒𝑟𝑠 + 𝑇𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

𝑇𝑜𝑓𝑓𝑠ℎ𝑜𝑟𝑒 = 104 + 4 + 2 + 5 + 54 + 29,5 = 198,5 dias = 6,6 meses

Iniciando a remoção da Unidade, o tempo de reboque para o estaleiro selecionado

foi calculado a partir da distância entre o local de operação do FPSO e os estaleiros

selecionados no estudo de caso: O Estaleiro Jurong Aracruz no Espírito Santo e o

Estaleiro Atlântico Sul em Pernambuco. A velocidade de reboque assumida foi de 1,5

nós, coerente com o que é praticado na indústria.

𝑇𝑛𝑎𝑣 =1

24∗

𝑑𝑛

𝑉𝑟𝑒𝑏

𝑇𝑛𝑎𝑣𝐸𝐽𝐴 =1

24

200𝑚𝑛

1,5 𝑛ó𝑠= 5,6 𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑇𝑛𝑎𝑣𝐸𝐴𝑆 =1

24

1060𝑚𝑛

1,5 𝑛ó𝑠= 29,4 𝑑𝑖𝑎𝑠

Ao chegar no estaleiro selecionado para o desmonte, a Unidade pode ser atracada

no cais para o desmonte lado a lado, como aplicado no caso do EJA; ou manobrada para

dentro do dique que é posteriormente esvaziado, como aplicado ao EAS. Para cada etapa,

foi estimado um tempo de duração para a operação:

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𝑇𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 12 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

𝑇𝑑𝑖𝑞𝑢𝑒𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = 48 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

Em seguida, é realizada a remoção dos módulos da planta de processo do FPSO. O

FPSO do estudo de caso possui 19 módulos em seu topside. Para cada módulo, foi

avaliado o seu peso total considerando o peso do módulo em si mais o peso das peças e

instrumentos necessários para o içamento e mais uma porcentagem de contingência.

Devido à confidencialidade das informações utilizadas para embasar o estudo de caso, os

cálculos não serão aqui detalhados, mas é possível afirmar que o maior peso encontrado

por módulo foi de 1287 ton, não representando uma limitação para a capacidade de

içamento em nenhuma das locações selecionadas para o estudo. A hipótese de tempo

médio adotada foi de 1 semana por módulo, discutida com profissionais da área.

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 7 ∗ 𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∗ 𝑡𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 7 ∗ 19 ∗ 1 = 133 𝑑𝑖𝑎𝑠

A remoção dos equipamentos reaproveitáveis, ou seja, os que são removidos para

serem recondicionados e em seguida reutilizados, é feita nesta etapa, antes de dar início

ao corte propriamente dito da Unidade. De acordo com as hipóteses previamente citadas,

o tempo total desta etapa é de 45 dias, divididos em 80% anteriores à fase de corte, e 20%

em paralelo com o corte da Unidade. A remoção secundária corresponde à retirada de

equipamentos de regiões inacessíveis anteriormente (como na praça de máquinas) e, por

ser uma atividade em paralelo com outras que demandam mais tempo, sua duração não é

considerada no somatório final.

𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 = 45 𝑑𝑖𝑎𝑠

Para estimar a duração da remoção de materiais perigosos, foi utilizada como

parâmetro a remoção de amianto. A quantidade de amianto no FPSO foi estimada em

1 ton, com base em um inventário de materiais perigosos de um FPSO semelhante que se

teve acesso, em confidencialidade. A taxa de processamento do estaleiro para remoção

do amianto também foi definida a partir de um projeto real, e corresponde a 1 dia de

trabalho de remoção por tonelada de amianto.

Aqui também é considerado que uma parcela da atividade ocorre após o início da

fase de corte, devido à porção de amianto localizada em áreas inabordáveis anteriormente,

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51

definida em 1/3 da quantidade total do material. Por ocorrer em paralelo com outras

atividades que demandam mais tempo, esta parcela não será incluída no somatório do

tempo total do processo. Por último, foi adicionado 1 dia ao início e 1 dia ao final da

atividade, correspondente à preparação e recondicionamento dos locais de remoção.

𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀 = 𝑇𝑝𝑟𝑒𝑝 + (𝑄𝑚𝑡 ∗ 𝑉𝑝𝑟𝑜𝑐)

𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀 = 2 + (1 ∗ 1) = 3 𝑑𝑖𝑎𝑠

Para o comprimento total de corte dos blocos do FPSO, foi calculada inicialmente

a quantidade de blocos a serem cortados, definidos pelo peso leve da embarcação sem os

módulos da planta de processo (38000 ton) dividido pela capacidade de içamento de cada

estaleiro. Em seguida, para cada bloco, foi estimado um comprimento de corte com base

nas dimensões da seção mestra do FPSO, adicionando-se 10% para capturar os

reforçadores. Uma vez obtido o comprimento total de corte, foi calculado o tempo total

de operação a partir de 1 máquina operando 8 h/dia a uma taxa de 0,6 m/min. Ao final,

considerou-se um fator de 20% no tempo total como preparação para a atividade.

𝑃𝐸𝐴𝑆 = 1500 𝑡𝑜𝑛 , 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑙𝑒𝑖𝑟𝑜 𝐴𝑡𝑙â𝑛𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑆𝑢𝑙

𝑃𝐸𝐽𝐴 = 3600 𝑡𝑜𝑛 , 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑙𝑒𝑖𝑟𝑜 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑛𝑔 𝐴𝑟𝑎𝑐𝑟𝑢𝑧

𝐿𝑆𝑀 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜

𝐿𝑆𝑀 = (2 ∗ 54 + 4 ∗ 30) ∗ 1,1 = 250,8 𝑚

𝑁𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠𝐸𝐴𝑆 =38000 𝑡𝑜𝑛

1500 𝑡𝑜𝑛= 26 𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠

𝑁𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠𝐸𝐽𝐴 =38000 𝑡𝑜𝑛

3600 𝑡𝑜𝑛= 11 𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐸𝐴𝑆 = (26 − 1) ∗ 250,8 = 6270 𝑚

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐸𝐽𝐴 = (11 − 1) ∗ 250,8 = 2508 𝑚

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 = 𝑡𝑝𝑟𝑒𝑝 ∗ (1

8 ∗ 60∗

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑉𝑜𝑥𝑖𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 ∗ 𝑄𝑚á𝑞𝑠)

Para o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco:

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 = 1,2 ∗ (1

8 ∗ 60∗

6270 𝑚

0,6 𝑚/𝑚𝑖𝑛 ∗ 1) = 27 𝑑𝑖𝑎𝑠

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52

Para o Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo:

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠 = 1,2 ∗ (1

8 ∗ 60∗

2508 𝑚

0,6 𝑚/𝑚𝑖𝑛 ∗ 1) = 11 𝑑𝑖𝑎𝑠

Chegando ao final do processo, é estimado o tempo do corte de sucata em pequenas

partes. Nesta fase considera-se que os materiais perigosos e equipamentos que serão

reutilizados já foram retirados, e resta apenas a sucata que será cortada para ser enviada

ao CGR. A partir da hipótese de 3 tesouras de demolição hidráulicas disponíveis no

estaleiro, cada uma com a capacidade de processamento de 1800 ton/mês (obtida a partir

de um caso real) e com o volume de sucata estimado na Seção 8.3.4, tem-se:

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑝𝑝 =𝑃𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎

𝑄𝑚á𝑞𝑠 ∗ 𝐶𝑚á𝑞

𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑝𝑝 =41423,1 𝑡𝑜𝑛

3 ∗ 1800 𝑡𝑜𝑛/𝑚ê𝑠= 7,7 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

A última etapa do processo mapeado diz respeito ao envio dos resíduos gerados no

ao todo para os centros gerenciadores. Na Seção 8.3.4 foram avaliadas opções de CGR

nas redondezas de cada estaleiro, e optou-se pelo centro mais próximo de cada um, desde

que já contenha infraestrutura para manipular rejeitos da indústria de óleo e gás, por já

atuarem nesse segmento. Sob a velocidade média de percurso dos caminhões de 40 km/h

e a partir das hipóteses de que o transporte é feito em uma viagem única e que são

adicionados 2 dias ao tempo total devido ao carregamento e descarregamento dos

materiais, tem-se:

𝐷𝑖𝑠𝑡𝐸𝐽𝐴, 𝑉𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑎 𝐴𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 = 44,2 𝑘𝑚

𝐷𝑖𝑠𝑡𝐸𝐴𝑆, 𝐴𝐹𝐶 = 18,4 𝑘𝑚

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐴𝑆 = 𝑇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎&𝑑𝑒𝑠 +𝐷𝑖𝑠𝑡𝐸𝐴𝑆

𝑉𝑟𝑜𝑑𝑜𝑣𝑖𝑎

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐴𝑆 = 48 + 18,4

40= 22,1 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐽𝐴 = 𝑇𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎&𝑑𝑒𝑠 +𝐷𝑖𝑠𝑡𝐸𝐽𝐴

𝑉𝑟𝑜𝑑𝑜𝑣𝑖𝑎

𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐽𝐴 = 48 +44,2

40= 53 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

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Em último lugar, é feito o somatório das etapas realizadas a partir da desinstalação

do FPSO do local de operação, e tem-se uma primeira avaliação preliminar do tempo de

duração do processo de descomissionamento de um FPSO partir de um estudo de caso

em operação no Brasil e de dois estaleiros brasileiros.

𝑇𝑜𝑛𝑠ℎ𝑜𝑟𝑒 = 𝑇𝑛𝑎𝑣𝑖 + 𝑇𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑚é𝑑𝑖𝑜 + 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 + 𝑇𝑟𝑒𝑚𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 + 𝑇𝑟𝑒𝑚𝐻𝑀

+ 𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑠, 𝑖 + 𝑇𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑝𝑝 + 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑖

Para o Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo:

𝑇𝑜𝑛𝑠ℎ𝑜𝑟𝑒, 𝐸𝐽𝐴 =(5,6 + 0,5 + 133 + (0,8 ∗ 45) + (2

3⁄ ∗ 3) + 11 + 2,3)

30+ 7,7 = 14 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

Para o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco:

𝑇𝑜𝑛𝑠ℎ𝑜𝑟𝑒, 𝐸𝐴𝑆 =(29,4 + 2 + 133 + (0,8 ∗ 45) + (2

3⁄ ∗ 3) + 27 + 0,9)

30+ 7,7 = 15,3 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

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10. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Tabela 7 apresenta um resumo dos resultados encontrados para a estimativa dos

tempos por etapa. Durante o mapeamento dos processos, elaboração do fluxograma de

atividades e a realização das estimativas preliminares de tempo, foram identificadas as

ativididas consideradas mais críticas, discutidas em seguida.

Tabela 7 - Resumo dos resultados obtidos para duração de cada etapa do

descomissionamento do FPSO estudado

# Etapa Duração EJA

(dias) Duração EAS

(dias)

1 Limpeza dos Tanques (carga e rejeito) 104 104

2 Limpeza do Topside 4 4

3 Remoção dos mangotes de offloading 2 2

4.1 Limpeza dos risers 5 5

4.2 Desconexão dos risers 54 54

5 Desconexão das amarras 29,5 29,5

6 Reboque para o estaleiro 5,6 29,4

7.1 Ancoragem no cais 0,5 x

7.2 Entrada no dique x 2

8 Remoção dos módulos 133 133

9 Remoção dos equipamentos relevantes 45 45

10 Remoção de materiais tóxicos 3 3

11 Corte de blocos 11 27

12 Corte da sucata em pequenas partes 230,1 230,1

13 Separação dos materiais para destinação 2,2 0,9

O tempo para limpeza de tanques é o primeiro processo considerado crítico após a

análise de todas as etapas. Um dia a mais de diferença para limpeza com o sistema fixo

de óleo, ou no tempo de preparação da equipe de operação para realizar a atividade, por

exemplo, podem refletir em até um mês de atraso na partida da Unidade para o estaleiro.

A desconexão das amarras do FPSO, do ponto de vista operacional e logístico, é

um desafio dentro do projeto de descomissionamento de uma unidade flutuante de

produção. Um dos motivos é a necessidade de recondicionar equipamentos por muitos

anos sem operação, como guinchos e polias. Outro fator diz respeito às técnicas de

remoção, isto porque ainda não estão completamente consolidadas, e novos métodos vem

sendo desenvolvidos e realizados de forma pioneira. Por este motivo, a estimativa de

tempo para essa etapa baseou-se na operação de instalação do sistema de amarração,

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aplicando-se uma margem de proporcionalidade. Outro ponto crítico nesta etapa é a

necessidade de garantir a posição do FPSO enquanto se dão as atividades de corte, sendo

portanto uma operação que envolve interface com diversas embarcações (de 3 a 4

rebocadores além dos AHTS de apoio), contribuindo para a complexidade da operação.

Ao final da etapa offshore do descomissionamento, é importante ressaltar como

ponto crítico o recondicionamento dos equipamentos e ferramentas para serem usados

durante o reboque (guinchos, cabos de reboque, manilhas, conexões etc), que podem

necessitar de reparo ou até substituição, a depender da rotina de manutenção e devido ao

tempo de inatividade. Em relação à estimativa de tempo do processo, destaca-se na fase

de reboque a influência da distância ao estaleiro de reciclagem, que para as duas locações

selecionadas no estudo de caso, chega a ocasionar quase 1 mês de discrepância entre os

dois cenários, mesmo sendo ambas localizadas na costa brasileira. Isso aponta para a

vantagem estratégica do Brasil em relação às plataformas nas bacias de campos e santos

que precisarão ser descomissionadas nos próximos anos.

O grafico ilustrado na Figura 28 a seguir reflete a participação de cada etapa na fase

offshore de preparação do FPSO para partida, com os tempos acumulados. A legenda no

eixo X reflete a numeração das etapas, de acordo com a Tabela 7. Após a chegada do

FPSO no estaleiro, tem início o desmonte e reciclagem da Unidade, avaliada como a fase

mais longa do descomissionamento, cuja duração estimada nesta avaliação preliminar é

de 14 a 15 meses, aproximadamente.

Figura 28 - Gráfico com a duração acumulada por etapa da fase offshore.

3 4 4 4

6

7

0

1

2

3

4

5

6

7

1 2 3 4.1 4.2 5

DU

RA

ÇÃ

O (

MES

ES)

ETAPAS

Etapas pré remoção do FPSO do local de operação

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A primeira atividade crítica no estaleiro é a remoção dos módulos da planta de

processo. A avaliação do tempo para remoção total dos mesmos foi feita a partir da

hipótese de um tempo médio por módulo discutida com profissionais da área. Uma

limitação do estudo foi, devido ao caráter preliminar da avaliação, não captar as

diferenças operacionais entre o içamento dos módulos com a cábria posicionada próximo

ao cais, e com o pórtico do dique seco, que podem refletir na duração do processo e na

discrepância entre os 2 métodos. Ainda assim, é possivel captar a influência desta etapa

no todo avaliado. Com duração de mais de 4 meses, é a segunda atividade que mais

demanda tempo em todo o mapeamento realizado, e portanto qualquer ganho de tempo

nesta operação reflete consideravelmente no projeto. Além disso, mostra a relevância de

um sistema de içamento de grande porte para estaleiros que queiram se adaptar à atividade

de reciclagem de plataformas.

Dando continuidade à discussão, foi analisado o processo de remoção dos

equipamentos pertinentes para recondicionamento e reutilização. Devido ao estado da arte

ainda pouco aprofundado do desmonte de plantas de processamento, especificamente

quanto a análises das alternativas de destinação de seus componentes (reutilização,

reciclagem ou descarte), foi adotada uma estimativa para a etapa de remoção dos

equipamentos reaproveitáveis ainda grosseira, mas também coerente com práticas

semelhantes observadas em estaleiros reais, sob a perspectiva do tempo total avaliado

para o processo.

Na sequência, destaca-se que alcançar um levantamento mais preciso da localização

e volume de materiais perigosos que precisarão ser removidos ainda demanda muitos

esforços. Um passo importante identificado nessa direção é a ratificação da Convenção

de Hong Kong, que estabelece a obrigatoriedade do Inventário de Materiais Perigosos.

Outra alternativa é a inspeção no local, feita a partir de empresas subcontratadas

especializadas na inspeção e gestão de materiais perigosos, como já ocorre atualmente

como boas práticas para Unidades que não possuem o IHM. Assim, será mais factível

capturar um conjunto de volumes e áreas de localização desses materiais a bordo de

plataformas, e estabelecer métodos para estimativas mais precisas. Tal detalhamento

pode, inclusive, capturar a influência do método de descomissionamento (no cais ou no

dique seco) no tempo tomado para remoção do materiais tóxicos.

Para a estimativa de tempo de corte dos blocos, ressalta-se a relevância da

capacidade de içamento disponível no estaleiro (da cábria ou pórtico em questão), que

limita a quantidade de blocos a serem cortados nessa avaliação preliminar. Porém, é

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importante destacar que, em uma estimativa mais precisa, o efeito do cálculo estrutural

ou de estabilidade na divisão dos blocos deve ser considerado, principalmente em relação

ao método de desmonte do navio atracado no cais. Outro efeito da avaliação preliminar é

uma estimativa mais grosseira do comprimento total a ser percorrido pela máquina de

corte, que pode ser refinada com base nas seções transversais do navio em cada local de

divisão dos blocos.

Como último ponto de discussão desta etapa de corte, vale ressaltar que a

velocidade do oxicorte tomada como único parâmetro para o tempo de corte da Unidade

em blocos reflete em um resultado ainda grosseiro. Na prática, o corte realizado com o

navio flutuando é uma atividade mais complexa (quando comparada àquela em que o

navio se encontra no dique seco) e que envolve maiores tempos de preparação e

desmobilização, o que não foi considerado nesta estimativa preliminar.

O corte dos blocos de sucata em pequenas partes foi avaliado como a atividade mais

longa entre todo o mapeamento (7,7 meses de duração). Nesta etapa, o peso de sucata

calculado na Seção 8.3.4 ainda é preliminar, apoiado sobre estudos recentes de desmonte

de navios e plataformas. Entretanto, o resultado já mostra a importância do investimento

por parte do estaleiro de reciclagem em máquinas hidráulicas eficientes para demolição

de sucata. Em um detalhamento das estimativas, recomenda-se considerar a área

disponível no estaleiro para os blocos e para a sucata cortada em pequenas partes, que

pode significar um tempo de espera até a liberação da área, para então dar continuidade

ao processo de corte.

Como discutido na seção 8.3.4, não só os rejeitos que precisam ser descartados são

enviados para o CGR, mas também a sucata e demais resíduos recicláveis. Isso é feito

pois, por mais que haja uma separação prévia no estaleiro, materiais diferentes podem

estar misturados à sucata. Máquinas complexas de separação não são consideradas

investimentos viáveis em estaleiros devido ao custo, mas são comuns a centros

gerenciadores de resíduos. Portanto, considera-se que o envio ocorre para o centro de

resíduos, e só então para a siderúrgica que comprará a sucata como matéria prima.

O gráfico ilustrado na Figura 29 a seguir reflete os tempos estimados por etapa, em

cada método de reciclagem avaliado, a partir do reboque da Unidade para o estaleiro, logo

após o corte das amarras. A legenda no eixo X reflete a numeração das etapas, de acordo

com a Tabela 7. No eixo Y, a contagem dos meses é acumulada, e já conta inicialmente

com o tempo de duração da etapa offshore do processo.

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Figura 29 – Gráfico com a duração acumulada por etapa de cada processo de

descomissionamento avaliado

Como fechamento da avaliação preliminar de duração do processo, destaca-se as

duas etapas que mais influenciam na diferença percebida entre os 2 métodos mostrados:

a distância do estaleiro de reciclagem ao local de operação do FPSO; e a capacidade de

içamento do estaleiro, que limita o corte dos blocos. De toda forma, não são percebe num

primeiro levantamento grandes diferenças entre os métodos avaliados (40 dias de

discrepância entre os tempos), e o resultado aponta para uma vantagem estratégica, do

ponto de vista técnico, dos estaleiros brasileiros em relação ao descomissionamento de

plataformas das bacias de Campos e Santos.

7 7 7

1113 13 13

21 21

8 8 8

1214 14

15

22 22

0

5

10

15

20

25

6 7.1 7.2 8 9 10 11 12 13

DU

RA

ÇÃ

O (

MES

ES)

ETAPAS

Etapas pós remoção do FPSO do local de operação

Estaleiro Jurong Aracruz Estaleiro Atlântico Sul

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11. CONCLUSÃO

O mercado de descomissionamento de navios e plataformas, atualmente e a nível

global, ainda é muito dependente das praias asiáticas, especialmente na Índia, Paquistão

e Bangladesh. Ao considerar as condições a que são submetidos os trabalhadores e o meio

ambiente nestas instalações, fica evidente o desafio que esta atividade representa para a

sociedade. Olhando para o Brasil, como levantado no Capítulo 1, mais de 40% das

instalações de produção já ultrapassam os 25 anos de operação. Sendo assim, o

estabelecimento de um mercado de descomissionamento sustentável sólido se apresenta

não só como uma necessidade global, mas uma oportunidade para os estaleiros brasileiros

de superarem as baixas demandas por projetos.

Nesse cenário, como visto no Capítulo 6, foram criadas regulamentações

internacionais como uma tentativa de limitar a atividade de forma segura e sustentável.

Em especial, o Regulamento Europeu 1257/2013 impõe que navios e plataformas sob

bandeira europeia sejam enviados somente para instalações certificadas que cumpram os

requisitos discutidos no capítulo supracitado. Porém, a capacidade dos estaleiros

credenciados atualmente é limitada. Ao se adaptarem às regras do Regulamento Europeu,

estarão os estaleiros nacionais se colocando como mais uma alternativa para o destino de

navios e plataformas submetidos a ele. Entretanto, percebe-se o processo de certificação

de Verificadores Independentes como uma lacuna (do ponto de vista normativo) a ser

preenchida pelas autoridades locais neste contexto.

No Capítulo 7, foram discutidas duas questões identificadas como grandes desafios

para o descomissionamento sustentável de plataformas no Brasil, durante o mapeamento

do processo: a disseminação da espécie invasora coral-sol durante o transporte da

Unidade, cujas técnicas de prevenção e mitigação ainda não estão totalmente afirmadas;

e a destinação de rejeitos contendo materiais perigosos, especialmente os materiais com

ocorrência natural de radioatividade, chamados NORMs.

No Capítulo 8, foram discutidas as principais operações e atividades identificadas

durante o mapeamento do processo de descomissionamento a partir de um estudo de caso

de um FPSO na bacia de Campos. Foi proposto um fluxograma preliminar com a

sequência de realização das principais atividades levantadas, separadas em pré e pós

remoção do local de operação para o estaleiro. Especificamente na Seção 8.2, um fluxo

de atividades para autorização do envio da Unidade para reciclagem é delineado com base

nos principais regulamentos internacionais existentes. Em seguida, são abordadas duas

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instalações no Brasil consideradas potenciais para se certificarem como aptas, do ponto

de vista técnico, para a reciclagem de navios frente à União Europeia, e são discutidos os

principais aspectos da infraestrutura necessária para as mesmas se adaptem ao

descomissionamento.

Buscou-se ressaltar durante o mapeamento quais são recursos necessários para a

execução de cada etapa, bem como aspectos operacionais e de segurança, na tentativa de

estruturar um modelo passível de ser aprofundado e aperfeiçoado, apontando para o

cenário nacional. Cabe comentar a interface com uma série de empresas subcontratadas

como um dos fatores identificados durante o mapeamento que mais influenciam na

complexidade do processo.

É importante destacar neste ponto duas etapas do processo: a remoção de

equipamentos que podem ser reaproveitados (Seção 8.3.2) e remoção dos principais

materiais periogosos encontrados a bordo (Seção 8.3.3), ambas identificadas como as

principais lacunas do mapeamento. Como discutido no Capítulo 10, por ser uma atividade

pouco consolidada tanto no Brasil quanto mundialmente, estruturar a execução destas

etapas dentro do descomissionamento sustentável de FPSOs de forma mais detalhada

ainda é um desafio.

Por fim, foi realizada no Capítulo 9 uma estimativa preliminar da duração de cada

etapa, levantando para cada uma um tempo médio de execução. É necessário destacar que

diversos resultados foram obtidos a partir de premissas oriundas de práticas comuns da

indústria, porém, algumas hipóteses precisaram ser feitas devido à ausência de históricos

reais ou estudos de caso. Ainda sim, a partir deste levantamento, foi possível identificar

já num primeiro momento de estimativas, quais são os principais gargalos, ou seja, as

etapas mais longas, tal que a direção dos esforços e recursos no sentido de otimizar o

processo já toma forma.

Uma primeira proposta de trabalho futuro é a identificação de equipamentos que

potencialmente podem ser reaproveitados a partir do desmonte de plataformas de

produção de óleo e gás. Outra proposta nesse sentido é o detalhamento da estimativa de

tempo de execução de cada atividade, que aliado a um detalhamento do mapeamento de

recursos associados, abre portas para estimativas de custos, e planejamento de projetos

concretos.

Conclui-se afinal que este projeto de graduação contribui para o debate acerca da

afirmação de um mercado de descomissionamento sustentável de navios e plataformas no

Brasil: a partir da análise sobre os principais processos e recursos envolvidos em um

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estudo de caso, da identificação das principais lacunas operacionais e técnicas, da

estruturação de uma sequência preliminar de atividades e da avaliação preliminar da

duração do processo; que permitiu identificar, entre outros fatores, as etapas que mais

contribuem para o tempo total do desmonte de um FPSO ao final de sua vida útil.

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