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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROPOSTA PRELIMINAR DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM PRODUÇÃO DE BIOGÁS UM ESTUDO DE CASO PARA MUNICÍPIOS DO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. GABRIELA MOREIRA BORGES 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PROPOSTA PRELIMINAR DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM PRODUÇÃO DE BIOGÁS – UM ESTUDO DE

CASO PARA MUNICÍPIOS DO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

GABRIELA MOREIRA BORGES

2019

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PROPOSTA PRELIMINAR DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM PRODUÇÃO DE BIOGÁS – UM ESTUDO DE

CASO PARA MUNICÍPIOS DO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

GABRIELA MOREIRA BORGES

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheira.

Orientadora: Profa. Monica Pertel

Co-orientadora: Engª. Luíza Santana Franca

RIO DE JANEIRO

Março de 2019

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PROPOSTA PRELIMINAR DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM PRODUÇÃO DE BIOGÁS – UM ESTUDO DE

CASO PARA MUNICÍPIOS DO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

Gabriela Moreira Borges

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Profª. Monica Pertel, D.Sc.

________________________________________________

Engª. Luíza Santana Franca, M. Sc.

_________________________________________________

Prof. Renan Finamore, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Março de 2019

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Borges, Gabriela Moreira

Proposta preliminar de tratamento da fração orgânica de

resíduos sólidos urbanos com produção de biogás – um estudo

de caso para municípios do sul do estado do Espírito Santo/

Gabriela Moreira Borges – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2019.

xii, 75 p.:il.; 29,7 cm.

Orientadora: Monica Pertel

Co-orientadora: Luíza Santana Franca

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 70-73

1. Fração orgânica de resíduos sólidos urbanos 2. Biogás

3. Digestão anaeróbia de resíduos orgânicos 4. Túneis de

metanização seca

I. Pertel, Monica; II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Proposta preliminar de tratamento da fração orgânica de resíduos

sólidos urbanos com produção de biogás – um estudo de caso para

municípios do sul do estado do Espírito Santo.

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AGRADECIMENTOS

Durante a elaboração deste trabalho me surpreendi positivamente com um grande número

de pessoas empenhadas em construí-lo junto a mim. Gostaria de agradecer àqueles que

efetivamente desenvolveram parte do conteúdo aqui escrito e também àqueles que

principalmente me incentivaram e fortaleceram em cada momento de desilusão.

Iniciando a lista de nomes tenho que agradecer aos meus pais, Francisco e Wanilda, e

minha irmã, Priscila, por dever a eles tudo que conquistei até hoje e em especial essa graduação

em Engenharia Civil. Foram essas três pessoas (e minha avó Wandira) que me deram as mãos

para subir cada degrau dessa trajetória e seguirão de mãos dadas a mim sempre.

Logo em seguida preciso agradecer a disponibilidade e o cuidado das minhas orientadoras

Monica e Luíza. Professora Monica abraçou um projeto quase falido de desenvolver este

trabalho em tempo não muito adequado e com quase nenhuma informação. Já a Luíza suportou

e construiu comigo cada parágrafo de conteúdo deste trabalho e merece uma menção muito

especial como o melhor presente que este projeto me deu. Também agradeço ao professor

Renan que se dispôs a acrescentar tanto a esse trabalho para que ele se tornasse relevante.

Devo um agradecimento muito especial a toda minha família extensa entre tios e primos

que muitas vezes ao longo desses anos de graduação me auxiliaram de várias formas, fosse

como minha tia Wandirinha que me abrigou por um ano em sua casa nos dias mais corridos de

estudos, ou como minha madrinha Luciana que me deu carona até a universidade tantas vezes

que eu tinha algum problema para resolver, ou como minha outra madrinha Cristina que cuidou

de mim todas vezes que precisei de absolutamente qualquer coisa, ou mesmo como meu primo

Andrei que soube escutar o que eu tinha a falar sobre qualquer um dos mil assuntos que eu

aprendia na faculdade e queria compartilhar.

Um agradecimento e um abraço muito forte nos meus amigos de faculdade. Dois deles se

tornaram tão especiais que fogem de qualquer enquadramento de amizade e se aproximam

muito mais da qualidade de família. Gabi e Thiago, muito obrigada por cada um e por todos os

momentos que tivemos e teremos juntos. Outros dividiram os 13 semestres de faculdade comigo

e me ajudaram a conquistar esse desafio, fosse nos trabalhos das disciplinas, como Felipe e

Luciana, fosse nas atividades complementares, como o Bady, fosse na vida extraclasse, como

a Carol, ou fosse em tudo isso e mais um pouco como a Bianca.

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Aos meus amigos de infância, preciso dizer que gostaria de tê-los mais perto, mas ao

amigo de infância que tenho muito perto quero dizer: Hugo, muito obrigada por me salvar

sempre e por tornar minha vida mais divertida.

Ao meu atual parceiro de trabalho, Mattana, gostaria de fazer um agradecimento mais que

especial pela compreensão pelo momento que vivia e por entender que era preciso estar longe

em alguns momentos decisivos. Preciso agradecer também o incentivo aos estudos e à

realização deste trabalho.

Por fim, mas com certeza não menos importante, um agradecimento único e especial ao

meu companheiro de vida e de caminhada, minha felicidade, minha alegria e meu amor, Lucas.

Agradeço por todos os momentos de incentivo, por todo carinho e por toda compreensão pelos

meus momentos de estresse e desespero. Obrigada por ser meu alicerce sempre.

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“A normalidade é uma estrada pavimentada: é

confortável de andar, mas nenhuma flor cresce. ”

Vincent van Gogh

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Para minha avó Wandira, que sonhou com

minha formatura em Engenharia por toda minha vida

e verá isso acontecer de um lugar privilegiado.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

PROPOSTA PRELIMINAR DE TRATAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM PRODUÇÃO DE BIOGÁS – UM ESTUDO DE

CASO PARA MUNICÍPIOS DO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

Gabriela Moreira Borges

Março de 2019

Orientadora: Monica Pertel

Co-orientadora: Luíza Santana Franca

A gestão de resíduos sólidos nos municípios brasileiros se mostra ainda pouco eficiente e

ambientalmente adequada, ainda que, desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), Lei 12.305, indique e especifique, dentre outras coisas, diretrizes de tratamento,

destinação e disposição dos resíduos. Nesse contexto de dificuldade para melhorar a qualidade

da gestão dos resíduos, o estado do Espírito Santo apresenta especial interesse por incentivar e

exigir mudanças em seus municípios. O presente trabalho se refere a um estudo preliminar de

viabilidade técnica da proposta de tratamento da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos

(FORSU) por metanização extrasseca com produção de biogás no aterro sanitário de Cachoeiro

de Itapemirim (CTRCI). O projeto visa diminuir os impactos ambientais da solução atualmente

adotada na região sul do Espírito Santo, que é destinação total do RSU ao aterro sanitário, assim

como o atendimento das diretrizes da PNRS. Os cálculos referentes ao desenvolvimento do

estudo tiveram como fonte principal dados fornecidos pela empresa desenvolvedora da planta

de metanização extrasseca da FORSU localizada no Usina do Caju no Rio de Janeiro, a

Methanum Resíduos e Energia, assim como normas e leis pertinentes, além de literatura

relevante ao tema. Foi, assim, realizado estudo preliminar da implantação de uma usina com

tecnologia de túneis de metanização por bateladas sequenciais (TMBS) no CTRCI. O estudo

encontrou dificuldades em viabilizar a instalação de uma usina que tratasse o resíduo

proveniente de toda a região sul do estado, desenvolvendo, assim, um projeto apenas para a

maior cidade, Cachoeiro de Itapemirim.

Palavras-chave: fração orgânica de resíduos sólidos urbanos; biogás; digestão anaeróbia de

resíduos orgânicos; túneis de metanização seca.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

PRELIMINAR PROPOSE FOR ORGANIC FRACTION OF MUNICIPAL SOLID WASTE

TREATMENT WITH PRODUCTION OF BIOGAS – A CASE STUDY FOR THE CITIES

ON THE SOUTH ZONE OF ESPÍRITO SANTO STATE.

Gabriela Moreira Borges

March 2019

Adviser: Monica Pertel

Co-adviser: Luíza Santana Franca

Waste management in Brazilian cities is still not efficient either environmentally correct, even

when you consider that, since 2010, has been implemented the Nacional Policy of Solid Waste

(PNRS, acronym in Portuguese), Law 12.305, which indicates and specifies also guidelines of

treatment, destination and disposing of solid waste. In this context of difficulties to improve the

quality of waste management, the state of Espírito Santo demonstrates special interest in

encourage and demand changes in its cities.This work refers to a preliminary technical viability

study of a propose of treatment of the organic fraction of the municipal solid waste (OFMSW)

by dry fermentation with biogas production in the sanitary landfill of Cachoeiro de Itapemirim

(CTRCI). The project intends to decrease the environmental impacts of the actual solution

adopted by this region in south of Espírito Santo, which consists in the landfilling of the total

amount of MSW, as well as the attendance of the PNRS. The calculus realized in the

development of the study had some data given by the company that made the project of the

OFMSW dry fermentation plant in the Usina do Caju, in Rio de Janeiro, Methanum Resíduos

e Energia, as well as the technical standards and laws that are relevant for the theme and the

related literature. Then, it has been made a previews study of the construction of a garage-type

dry fermentation plant in the CTRCI. The study met various difficulties on make viable the

construction of one plant to treat all the waste coming from the whole south zone of the state,

so it has been developed a project to attend only the biggest city, Cachoeiro de Itapemirim.

Keywords: Anaerobic digestion of food waste; biogas; organic fraction of municipal solid

waste, garage-type dry fermentation.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - TUBULAÇÃO DE SAÍDA E QUEIMA DO BIOGÁS DO ATERRO (ACERVO PRÓPRIO). ........ 22

FIGURA 2 - ORDEM DE PRIORIZAÇÃO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (BRASIL,

2010 - ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ......................................................................................... 26

FIGURA 3 - FLUXOGRAMA DE DECISÕES SOBRE A DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DO MUNICÍPIO

(CEMPRE, 2018). ............................................................................................................. 29

FIGURA 4 - PROCESSO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA (CHERNICHARO, 1997 APUD PROBIOGÁS,

2015A). .............................................................................................................................. 31

FIGURA 5 - CONVERSÕES OCORRIDAS NA ETAPA DE HIDRÓLISE (PROBIOGÁS, 2015A -

ELABORAÇÃO PRÓPRIA). .................................................................................................... 31

FIGURA 6 - MODELO ESQUEMÁTICO DE UM REATOR COM PROCESSO DRANCO (PROBIOGÁS,

2015A). .............................................................................................................................. 34

FIGURA 7 - MODELO ESQUEMÁTICO DO REATOR DE DIGESTÃO ANAERÓBIA DO PROCESSO AXPO

KOMPOGAS (PROBIOGÁS, 2015A). ................................................................................. 36

FIGURA 8 - MODELO ESQUEMÁTICO DE UM REATOR COM TECNOLOGIA VALORGA

(PROBIOGÁS, 2015A). .................................................................................................... 36

FIGURA 9 - MODELO ESQUEMÁTICO DE UM REATOR COM TECNOLOGIA LARAN (PROBIOGÁS,

2015A). .............................................................................................................................. 37

FIGURA 10 - ESQUEMA SIMPLIFICADO DO PROCESSO DE TRATAMENTO DE FORSU COM

TECNOLOGIA TMBS (QUIAN ET AL, 2016). ..................................................................... 37

FIGURA 11 - MODELO ESQUEMÁTICO DA USINA TMETHAR COM TECNOLOGIA TMBS

(TMETHAR, 2019). ......................................................................................................... 39

FIGURA 12 - EVOLUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE BIO-METANO PARA DIFERENTES CONDIÇÕES DE

PROCESSO (CAROTENUTO ET AL, 2016). ....................................................................... 42

FIGURA 13 - FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA UTILIZADA. ....................................................... 45

FIGURA 14 - IMAGEM ESQUEMÁTICA DOS ITENS DA GARAGEM DE DIGESTÃO (TMETHAR, 2019).

.......................................................................................................................................... 50

FIGURA 15 - DIVISÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO EM CONSÓRCIOS PÚBLICOS REGIONAIS

(SEDURB, 2019) .............................................................................................................. 54

FIGURA 16 - MUNICÍPIOS DO ES QUE DESTINAM RSU AO CTRCI (IJSN, 2018, ADAPTADO). .... 55

FIGURA 17 - MEDIDAS DA GARAGEM DE DIGESTÃO. .................................................................. 61

FIGURA 18 – PONTOS COM COTAS ESTIMADAS ATRAVÉS DO SOFTWARE GOOGLE EARTH PRO. . 62

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FIGURA 19 – LOCAL ESCOLHIDO PARA INSTALAÇÃO DA USINA – VISTA SUPERIOR. .................... 63

FIGURA 20 – LOCAL ESCOLHIDO PARA INSTALAÇÃO DA USINA – VISTA LATERAL (ACERVO

PRÓPRIO). .......................................................................................................................... 63

FIGURA 21 - REGIÃO DE INSTALAÇÃO DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DE INÓCULO. ................... 65

FIGURA 22 - ÁREA PARA INSTALAÇÃO DAS LEIRAS DE COMPOSTAGEM. ..................................... 65

FIGURA 23 - LAYOUT GERAL DA PLANTA DE TRATAMENTO DE FORSU (SEM ESCALA –

ELABORAÇÃO PRÓPRIA). .................................................................................................... 66

FIGURA 24 - UNIDADE DE PESAGEM DE CAMINHÕES DO CTRCI (ACERVO PRÓPRIO). ................ 73

FIGURA 25 - UNIDADE DE LAVAGEM DE CAMINHÕES DO CTRCI (ACERVO PRÓPRIO). ............... 73

FIGURA 26 - LAGOA DE ARMAZENAMENTO DE LIXIVIADO DO CTRCI (ACERVO PRÓPRIO). ........ 74

FIGURA 27 - VISTA DA UNIDADE DE PESAGEM, DO ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO E DA ENTRADA

DO CTRCI A PARTIR DO TOPO DE UMA DAS CÉLULAS DE ATERRAMENTO (AERVO PRÓPRIO).

.......................................................................................................................................... 74

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PORCENTAGEM DE MATÉRIA ORGÂNICA TRATADA EM RELAÇÃO AO TOTAL

ESTIMADO COLETADO (2008) (IPEA, 2012). ..................................................................... 26

TABELA 2 - NÚMERO DE MUNICÍPIOS COM UNIDADES DE COMPOSTAGEM E QUANTIDADE TOTAL

DE RESÍDUOS ENCAMINHADOS PARA ESSES LOCAIS (2000 E 2008) (IPEA, 2012). .............. 28

TABELA 3 – DADOS DE CUSTO E EFICIÊNCIA DE PROCESSO DE PLANTAS EM DIFERENTES ESCALAS

COM TECNOLOGIA DRANCO (PROBIOGÁS, 2015A). ........................................................ 35

TABELA 4 - COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS DE METANIZAÇÃO (PROBIOGÁS, 2015A -

ELABORAÇÃO PRÓPRIA) ..................................................................................................... 38

TABELA 5 - INIBIDORES E SUAS CONCENTRAÇÕES TÓXICAS NA DIGESTÃO ANAERÓBIA

(PROBIOGÁS, 2010). ...................................................................................................... 44

TABELA 6 - COMPARAÇÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS QUE DESTINAM RSU AO CTRCI (IBGE, 2019 -

ELABORAÇÃO PRÓPRIA) ..................................................................................................... 56

TABELA 7 - ESTIMATIVA POPULACIONAL PARA FINAL DE PROJETO. (IBGE, 2018 - ELABORAÇÃO

PRÓPRIA) ........................................................................................................................... 57

TABELA 8- POPULAÇÃO E GERAÇÃO DE RESÍDUOS PARA CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM (VÁRIAS

FONTES - ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ..................................................................................... 58

TABELA 9- CÁLCULO DO VOLUME DIÁRIO DE RESÍDUO A SER TRATADO (TMETHAR 2019 -

ELABORAÇÃO PRÓPRIA) ..................................................................................................... 60

TABELA 10 - ESTUDO DO NÚMERO DE GARAGENS DE DIGESTÃO ANAERÓBIA. ........................... 60

TABELA 11 - ESTUDO DAS MEDIDAS DAS GARAGENS DE DIGESTÃO ANAERÓBIA. ....................... 61

TABELA 12 - CÁLCULO DO VOLUME DO REATOR PARA RECEBER O LIXIVIADO DE 10 GARAGENS

DE DIGESTÃO ANAERÓBIA (ABNT, 1992- ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ................................... 64

TABELA 13- CÁLCULO DO VOLUME DO REATOR PARA RECEBER O LIXIVIADO DE 14 GARAGENS

DE DIGESTÃO ANAERÓBIA (ABNT, 1992- ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ................................... 64

TABELA 14 - CÁLCULO DAS DIMENSÕES DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DE INÓCULO

(ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ................................................................................................... 64

TABELA 15 - ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS NA USINA DO CTRCI (PROBIOGÁS,

2015A - ELABORAÇÃO PRÓPRIA). ....................................................................................... 67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem

CTRCI - Centro de Tratamento de Resíduos de Cachoeiro de Itapemirim

CTR – Centro de Triagem de Resíduos

DQO – Demanda Química de Oxigênio

Feam - Fundação Estadual do Meio Ambiente (MG)

FIP - Fundação Israel Pinheiro

FORSU – Fração Orgânica de Resíduos Sólidos Urbanos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (ES)

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MOS – Matéria Orgânica Seca

ONU – Organização das Nações Unidas

PERS - Política Estadual de Resíduos Sólidos (ES)

PGRS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PIB – Produto Interno Bruto

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEAMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (ES)

SEDURB - Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (ES)

Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

Suasa – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária

TMBS – Túneis de mtanização por bateladas sequenciais

TRH – Tempo de Retenção Hidráulico

TRS – Tempo de Retenção de Sólidos

TS – Teor de Sólidos

UPI – Unidade de Produção de Inóculo

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 4

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 18

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 20

OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 20

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 20

3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 21

ATENDER À LEGISLAÇÃO VIGENTE .................................................................... 21

AUMENTAR A VIDA ÚTIL DO ATERRO SANITÁRIO ......................................... 21

REDUZIR A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA ....................................... 22

ESTUDAR A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA DE METANIZAÇÃO

EXTRASSECA .................................................................................................................... 22

4 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 24

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...................................................... 24

4.1.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) ........................................ 24

4.1.2 Inventários de resíduos sólidos ............................................................................. 24

4.1.3 Coleta seletiva e associação de catadores ............................................................. 25

4.1.4 Pesquisa científica e tecnológica .......................................................................... 25

4.1.5 Incentivo à adoção de consórcios ......................................................................... 25

4.1.6 Ordem de prioridade de gerenciamento................................................................ 25

GESTÃO DA FORSU NO BRASIL............................................................................. 26

4.2.1 Origem e definição da FORSU ............................................................................. 27

4.2.2 Compostagem ....................................................................................................... 27

4.2.3 Aterro sanitário ..................................................................................................... 28

4.2.4 Digestão anaeróbia ............................................................................................... 30

TÚNEIS DE METANIZAÇÃO POR BATELADA SEQUENCIAL (TMBS)............. 39

4.3.1 Garagem de metanização ...................................................................................... 40

4.3.2 Unidade de produção de inóculo .......................................................................... 40

4.3.3 Gazômetro ............................................................................................................ 40

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4.3.4 Biofiltro ou unidade de beneficiamento do biogás ............................................... 40

4.3.5 Leiras de compostagem ........................................................................................ 41

4.3.6 Parâmetros para monitoramento operacional ....................................................... 41

5 METODOLOGIA........................................................................................................... 45

VISITA À CTRCI ......................................................................................................... 45

ESTUDO POPULACIONAL E DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS ............................... 46

5.2.1 Casos especiais – população ................................................................................. 47

5.2.2 Casos especiais – geração de resíduos .................................................................. 47

ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 48

ESCOLHA DA TÉCNICA UTILIZADA ..................................................................... 48

VISITA À USINA DO CAJU ....................................................................................... 49

ESCOLHA DOS PARÂMETROS ............................................................................... 49

DIMENSIONAMENTO PRELIMINAR DOS ELEMENTOS DA USINA ................ 49

5.7.1 Cálculo do volume de resíduo .............................................................................. 49

5.7.2 Cálculo do número de garagens de digestão ........................................................ 50

5.7.3 Projeto preliminar das garagens de digestão ........................................................ 50

5.7.4 Escolha da área de instalação da usina ................................................................. 51

5.7.5 Estudo do projeto do CTR .................................................................................... 51

5.7.6 Estudo do projeto preliminar da unidade de produção de inóculo ....................... 51

5.7.7 Escolha da área de instalação das leiras de compostagem ................................... 51

CÁLCULO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO ENERGÉTICO.................................. 52

6 ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 53

O ESTADO ................................................................................................................... 53

OS MUNICÍPIOS ......................................................................................................... 54

7 RESULTADOS ............................................................................................................... 57

ESTUDO POPULACIONAL E DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS ............................... 57

ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 58

ESCOLHA DA TÉCNICA UTILIZADA ..................................................................... 59

ESCOLHA DOS PARÂMETROS ............................................................................... 59

7.4.1 Tempo de retenção de sólidos .............................................................................. 59

7.4.2 Temperatura .......................................................................................................... 59

DIMENSIONAMENTO PRELIMINAR DOS ELEMENTOS DA USINA ................ 60

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7.5.1 Cálculo do volume de resíduo .............................................................................. 60

7.5.2 Cálculo do número de garagens de digestão ........................................................ 60

7.5.3 Projeto preliminar das garagens de digestão ........................................................ 61

7.5.4 Escolha da área de instalação da usina ................................................................. 62

7.5.5 Estudo do projeto do CTR .................................................................................... 64

7.5.6 Estudo do projeto preliminar da unidade de produção de inóculo ....................... 64

7.5.7 Escolha da área de instalação das leiras de compostagem ................................... 65

7.5.8 Layout da usina ..................................................................................................... 66

7.5.9 Cálculo do potencial de geração energético ......................................................... 66

8 CONCLUSÕES............................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 70

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 73

APÊNDICE B.......................................................................................................................... 75

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1 INTRODUÇÃO

Um dos grandes problemas enfrentados pela maioria dos países ao redor do mundo é a

taxa de urbanização acelerada. Hoje já passa de 50% da população mundial a quantidade de

residentes em áreas urbanas e a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que até 2050

esse número chegue a quase 70% (ONU, 2018). Com isso, surge uma série de demandas de

infraestrutura e gestão de sistemas urbanos que devem ser atentamente avaliados e

solucionados, dentre eles a gestão dos resíduos sólidos.

Aliado ao crescimento da taxa de urbanização global, aumenta também a geração de

resíduos sólidos. O relatório do Banco Mundial “What a waste” afirma que no início do século

XXI a geração de resíduos diária per capita mundial era de aproximadamente 0,64 kg de resíduo

sólido urbano (RSU), porém na data de elaboração do documento (março de 2012) esse valor

já havia subido para cerca de 1,2 kg, além disso, estima que até 2025 esse número aumente para

até 1,42 kg per capita por dia (TWB, 2012).

No que diz respeito à gestão de resíduos sólidos, o Brasil enfrenta grandes dificuldades

para evoluir. No Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil de 2016, produzido pela ABRELPE

(2017), é apresentada uma série de dados alarmantes que demonstram a dificuldade dos

governos municipais de desenvolverem melhores práticas de gestão e manejo de resíduos. A

geração de RSU do país em 2016 chegou a quase 78,3 milhões de toneladas, que, apesar de

apresentar redução de 2% em relação a 2015, possivelmente devido à retração econômica,

representa uma geração per capita de 1,04 kg de RSU por dia. Os dados a respeito do manejo

de resíduos do relatório são ainda mais preocupantes, como por exemplo a porcentagem de

coleta que ainda não chegou a 100%, ou a disposição de cerca de 41,6% de todo o resíduo

coletado no país em locais inadequados (lixões ou aterros controlados).

O estado do Espírito Santo apresenta interesse especial em tratar a problemática dos

resíduos sólidos, já que promulgou a lei estadual nº 9.264, a sua Política Estadual de Resíduos

Sólidos (PERS), em 2009 antes mesmo de a Política Nacional brasileira ter sido desenvolvida.

O estado possui cerca de 4 milhões de habitantes distribuídos em 78 municípios (ESPÍRITO

SANTO, 2019), desses, mais de 670 mil habitam os 25 municípios que destinam seus resíduos

sólidos urbanos para o Centro de Tratamento de Resíduos de Cachoeiro de Itapemirim

(CTRCI), o que segue o indicado no artigo 3º da lei estadual que incentiva a cooperação

intermunicipal para a gestão dos resíduos sólidos (ESPÍRITO SANTO, 2009).

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Diante desse quadro as alternativas de tratamento dos resíduos sólidos são essenciais

para melhorar a gestão dos resíduos e redução dos impactos ambientais relacionados a essa

problemática. Dentre o RSU, a fração orgânica mostra-se ainda muito relevante no Brasil, mais

de 50% do resíduo sólido urbano gerado segundo IBGE (2010), e seu tratamento é demasiado

incipiente no país, menos de 2% é tratada (IPEA, 2012). Tecnologias de compostagem ou

digestão anaeróbia dos resíduos, por exemplo, apresentam ainda várias lacunas de estudos para

adaptação para a realidade brasileira e o estudo técnico das mesmas tem muita importância.

Dentre as lacunas de estudos, a tecnologia de tratamento de FORSU em túneis de

metanização por bateladas sequenciais desperta especial interesse de pesquisa, já que a primeira

planta e escala industrial da América Latina acaba de ser inaugurada da Usina do Caju, no Rio

de Janeiro. Sendo assim, o presente projeto aproveita a oportunidade de trabalho no tema para

apresentar um estudo preliminar de viabilidade técnica de construção de uma planta de

tratamento da fração orgânica de RSU (FORSU) com geração de biogás através de digestão

anaeróbia extrasseca no aterro sanitário localizado no município de Cachoeiro de Itapemirim

no Espírito Santo, o CTRCI.

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2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Este projeto tem como objetivo propor uma análise preliminar de tratamento para a

fração orgânica de resíduos sólidos urbanos (FORSU) destinados ao CTRCI através da

construção de uma planta de tratamento da FORSU com produção de biogás por digestão

anaeróbia extrasseca.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Calcular a projeção de crescimento populacional e a geração de resíduos dos 25

municípios da região sul do estado do Espírito Santo que destinam RSU para o

CTRCI;

ii. Dimensionar as unidades da planta de produção de biogás;

iii. Escolher o local de instalação da planta de produção de biogás;

iv. Estimar o potencial de geração energético da planta de biogás.

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3 JUSTIFICATIVA

As justificativas para a realização deste trabalho se estendem por várias áreas, desde

questões legais até demanda por pesquisas técnicas, passando por tentativa de redução de

impactos ambientais na gestão de resíduos sólidos. A importância deste estudo é melhor descrita

e apresentada nos subitens deste capítulo.

ATENDER À LEGISLAÇÃO VIGENTE

Com a promulgação da lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS), os municípios brasileiros foram obrigados a ajustar suas atividades

de gestão e manejo dos resíduos sólidos para atender às diretrizes da legislação. Contudo,

grande parte das cidades do país ainda não se adequou à PNRS total ou parcialmente.

Apesar de os 25 municípios integrantes deste projeto já cumprirem com a destinação

final ambientalmente adequada especificada na lei, outras premissas ainda são deixadas de lado

como a priorização da redução da geração, da reciclagem através de coleta seletiva, além da

compostagem ou digestão anaeróbia de resíduos orgânicos. Este trabalho objetiva a adequação

das cidades às diretrizes da principal legislação sobre resíduos do país.

AUMENTAR A VIDA ÚTIL DO ATERRO SANITÁRIO

No Brasil, estima-se que cerca de 50% do RSU seja fração orgânica (BRASIL, 2012).

No momento, praticamente a totalidade da FORSU coletada dos municípios da região sul do

Espírito Santo é disposta no CTRCI, sem qualquer aproveitamento ou tratamento anterior. A

usina de tratamento de FORSU com produção de biogás reduziria o aterramento de parte do

RSU destinado ao local já que a fração orgânica tratada se transforma majoritariamente em

composto que pode ser utilizado na produção agrícola e a parte destinada ao aterro é tão somente

o resíduo peneirado desse composto, aumentando consideravelmente a vida útil da área de

disposição.

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REDUZIR A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA

A situação atual do CTRCI envolve coleta e posterior liberação do biogás produzido no

aterro (RABELO, 2018), como pode ser observado na Figura 1. O não aproveitamento desse

biogás resulta na emissão do mesmo para a atmosfera ou emissão de gás carbônico após

combustão do metano.

Figura 1 - Tubulação de saída e queima do biogás do aterro (acervo próprio).

A separação da FORSU para digestão do mesmo de maneira controlada visa o aumento

da taxa de produção de biogás, já que o processo produzido e controlado em reator próprio tem

maior capacidade de degradação dos resíduos com microrganismos selecionados do que o

processo que ocorre no aterro. Além da prevenção da emissão de gases tóxicos e nocivos ao

meio ambiente, visto que a planta de biogás conta com instrumentos de limpeza e purificação

do gás, retirando, assim, elementos como o gás sulfídrico, nocivo à saúde humana e produzido

durante o processo de digestão anaeróbia.

ESTUDAR A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA DE METANIZAÇÃO EXTRASSECA

No fim do ano de 2018 foi inaugurada a primeira usina de tratamento de FORSU com

tecnologia de túneis de metanização por bateladas sequenciais (TMBS) da América Latina, o

projeto TMethar da empresa Methanum Resíduo e Energia na Usina do Caju, no Rio de Janeiro.

Dada a proximidade com a usina e a facilidade de obtenção de dados do projeto além da sua

incontestável inovação tecnológica, faz-se interessante o estudo da sua aplicação para casos

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reais de municípios de pequeno e médio porte brasileiros, com isso este trabalho busca fazer

um estudo preliminar desta aplicação iniciando, assim, pesquisas desse tema que possam

auxiliar na expansão da utilização dessa técnica para tratamento de FORSU no Brasil.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

A principal fonte de direcionamento e definições para a gestão de resíduos sólidos no

Brasil é a PNRS (BRASIL, 2010) que institui instrumentos que obrigam e/ou incentivam os

municípios a realizarem a gestão dos seus resíduos sólidos. Alguns desses instrumentos e

algumas diretrizes serão apresentados e descritos neste subitem. É comum encontrar, também,

estados que desenvolveram a própria Política Estadual de Resíduos Sólidos, a exemplo do

Espírito Santo, porém essa não apresenta grandes evoluções em relação à política nacional,

utilizando dos mesmos conceitos e instrumentos (ESPÍRITO SANTO, 2009).

4.1.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

Os planos de resíduos sólidos são, na maioria das vezes, elaborados para cada município

e devem apresentar diagnóstico atual, prognóstico para a situação encontrada e plano de gestão

integrada dos resíduos sólidos da região para a situação futura, com estudos sobre o crescimento

populacional, econômico e territorial da cidade.

Funciona como um dos principais instrumentos da PNRS porém é, frequentemente, mal

utilizado. É comum deparar-se com planos municipais sem diagnóstico adequado, sem dados

ou até mesmo planos genéricos, que funcionariam para qualquer cidade, o que demonstra a falta

de estudo adequado para a elaboração do mesmo, além dos casos onde os planos são bem

construídos, mas não são colocados em prática por parte da prefeitura.

4.1.2 Inventários de resíduos sólidos

Os inventários são documentos altamente relevantes para gestão de resíduos sólidos

industriais e/ou de grandes produtores. São declarações da destinação dos resíduos que devem

conter informações sobre o gerador e a empresa que trata e/ou dispõe os resíduos, aplicando

responsabilidade compartilhada por ambas as partes sobre a gestão desses.

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4.1.3 Coleta seletiva e associação de catadores

A PNRS incentiva a implantação de coleta seletiva nas cidades e a abertura de

associações de catadores para a triagem dos resíduos recicláveis. Esses instrumentos

apresentam forte conexão da PNRS com a realidade brasileira que emprega mais de 400 mil

pessoas em atividades de catação de resíduos recicláveis (IPEA, 2019).

4.1.4 Pesquisa científica e tecnológica

As pesquisas científicas e tecnológicas se apresentam como importante instrumento de

desenvolvimento de conhecimento e tecnologia para o gerenciamento de resíduos sólidos. A

gestão adequada dos resíduos envolve soluções variadas e aplicáveis para cada caso e região,

tornando assim a necessidade de criação de técnicas inovadoras para tratamento, disposição e

gerenciamento dos resíduos ainda maior.

4.1.5 Incentivo à adoção de consórcios

Tanto a PNRS quanto a Política Estadual de Resíduos Sólidos do estado do Espírito

Santo apresentam, como instrumento de viabilização de soluções de gestão de resíduos, a

construção de consórcios que unam vários municípios de uma mesma região em prol do

desenvolvimento de uma única instalação para tratamento e/ou disposição final de resíduos.

Esse instrumento se faz bastante comum em municípios de pequeno porte ao redor do Brasil e

viabiliza principalmente a redução da disposição inadequada de resíduos.

4.1.6 Ordem de prioridade de gerenciamento

A PNRS define uma ordem de priorização para as soluções de gerenciamento de

resíduos sólidos. Essa ordem, apresentada em Figura 2, explicita a necessidade de tratar e/ou

reciclar os resíduos sólidos antes de dispô-los em aterros sanitários.

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Figura 2 - Ordem de priorização de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010 - elaboração

própria).

Na Tabela 1 pode-se observar os resultados de um estudo realizado pelo IPEA em 2012

sobre a reciclagem, ou tratamento, dos resíduos orgânicos no Brasil. Inspirado por esse cenário

brasileiro e pelo direcionamento da PNRS sobre a ordem de priorização de gerenciamento de

resíduos, que este trabalho foi realizado.

Tabela 1 - Porcentagem de matéria orgânica tratada em relação ao total estimado coletado (2008)

(IPEA, 2012).

Unidade de

análise

Quantidade

encaminhada para

unidade de

compostagem (t/d)

Estimativa da quantidade de

matéria orgânica coletada¹ (t/d)

Taxa de tratamento em função

da quantidade coletada (%)

Brasil 1.519,5 94.309,1 1,6

Estrato populacional

Municípios

pequenos 497,2 40.797,3 1,2

Municípios

médios 495 32.250,1 1,5

Municípios

grandes 527,7 21.262,1 2,5

Macrorregião

Norte 18,4 7.523,5 0,2

Nordeste 13 24.262,6 < 0,1

Sudeste 684,6 35.044,1 2,0

Sul 475,3 19.193,7 2,5

Centro-Oeste 328,2 8.285,2 4,0

Nota: ¹Quantidade estimada equivale à quantidade total coletada multiplicando-se pela porcentagem de composição

gravimétrica.

GESTÃO DA FORSU NO BRASIL

A respeito da gestão da FORSU é importante também revisar a literatura existente e

apresentar o panorama atual de tratamento e destinação final dos resíduos orgânicos explorando

as alternativas existentes e a frequência de utilização delas, isso foi realizado e é apresentado

neste subitem.

A PNRS define destinação final ambientalmente adequada como apresentado a seguir:

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(...) destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a

recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos

órgãos competentes do Sisnama, do SNVS, e do Suasa, entre elas a disposição final,

observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde

pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (BRASIL,

2010)

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos estabelece metas e diretrizes de gestão de

resíduos sólidos. A respeito do que ele chama de fração úmida do RSU, como diretriz de

redução do aterramento desses resíduos, o plano estabelece a necessidade de se adotar como

destinação final a compostagem e outras técnicas de tratamento da FORSU com aproveitamento

de biogás e geração de compostos orgânicos úteis para a agricultura (BRASIL, 2012).

Em um dos documentos elaborados pelo Governo do Estado de Minas Gerais, através

da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e da Fundação Israel Pinheiro (FIP), em 2011,

que servem como diretrizes de elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

(PGRS) dos municípios do estado, são apresentados como destinação final da FORSU a

compostagem, a digestão anaeróbia e a disposição final. Cada uma delas será apresentada e

contextualizada nos subitens deste capítulo (PINHEIRO, MARTINS e DIAS, 2011).

4.2.1 Origem e definição da FORSU

A PNRS define como resíduo sólido urbano (RSU) a união entre os resíduos

domiciliares - provenientes de residências urbanas - e os resíduos de limpeza urbana -

provenientes principalmente de varrição de vias públicas – (BRASIL, 2010). Já a FORSU

representa a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, ou seja, a fração dos resíduos que

apresentam uma constituição propícia à biodegradação, ficando excluídos os produtos de papel

e derivados, porque possuem características adequadas para reciclagem (PINHEIRO,

MARTINS e DIAS, 2011).

4.2.2 Compostagem

O “Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado” elaborado pelo Compromisso

Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) define compostagem como processo biológico de

decomposição da matéria orgânica, resultando ao final um composto orgânico que pode ser

utilizado para melhorar as características do solo sem ocasionar risco ao meio ambiente

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(CEMPRE, 2018). A compostagem pode ser definida também como um processo controlado

de degradação de compostos orgânicos que objetiva o tratamento de resíduos sólidos orgânicos

e a formação de um composto que, quando estabilizado e homogeneizado, é benéfico para a

produção vegetal (CARVALHO, 2015).

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em seu “Diagnóstico dos Resíduos

Sólidos Urbanos” publicado em 2012 apresenta dados que mostram que menos de 4% dos

municípios brasileiros possuem unidades de compostagem para tratamento da FORSU (IPEA,

2012 e IBGE, 2019c). A Tabela 2 a seguir apresenta de forma mais explícita esses dados.

Tabela 2 - Número de municípios com unidades de compostagem e quantidade total de resíduos

encaminhados para esses locais (2000 e 2008) (IPEA, 2012).

Unidade de análise

Número de municípios com unidades de compostagem no próprio município

Quantidade total de resíduos encaminhados para unidades de compostagem no próprio município (t/dia)

2000 2008 2000 2008

Brasil 157 211 6.364,5 1.519,5

Estrato populacional

Municípios pequenos 139 190 529,8 497,2

Municípios médios 15 12 751,0 495

Municípios grandes 3 6 5.083,3 527,7

Macrorregião

Norte 1 3 5,0 18,4

Nordeste 17 3 112,5 13

Sudeste 70 110 5.368,9 684,6

Sul 68 92 192,5 475,3

Centro-Oeste 1 3 685,6 328,2

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos também apresenta alguns dados da Pesquisa

Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada duas vezes, em 2000 e 2008, pelo IBGE,

que mostram ainda um decrescimento na quantidade de resíduos orgânicos sendo tratados com

compostagem no Brasil na primeira década do milênio (BRASIL, 2012).

4.2.3 Aterro sanitário

Apesar de ser considerado pela PNRS a última opção de destinação ambientalmente

adequada dos resíduos sólidos, os aterros sanitários representam o destino de quase 60% do

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RSU gerado e coletado no Brasil (IPEA, 2012). Consiste de uma tecnologia que envolve

conhecimentos de engenharia para armazenar os resíduos utilizando a menor área e volume

possíveis com cobertura de terra e/ou material inerte (PINHEIRO, MARTINS e DIAS, 2011).

A NBR 8419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) explicita os

cuidados necessários para avaliação e desenvolvimento de um projeto de aterro sanitário, dentre

outros, o documento expõe a necessidade de se avaliar o local de instalação do aterro quanto a

7 fatores (zoneamento ambiental e urbano, acessos, infraestrutura urbana, etc.) e a avaliação

hidrogeológica do lugar escolhido buscando evitar ou minimizar os impactos ambientais na

bacia hidrográfica (ABNT, 1996).

A Figura 3 abaixo apresenta um fluxograma elaborado por CEMPRE (2018) que ajuda

a entender a tomada de decisão para escolha do projeto de aterro sanitário pela qual o município

deve passar.

Figura 3 - Fluxograma de decisões sobre a disposição de resíduos do município (CEMPRE, 2018).

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4.2.4 Digestão anaeróbia

A digestão anaeróbia representa a degradação de um substrato em meio anóxido, ou

seja, na ausência de oxigênio (PINHEIRO, MARTINS e DIAS, 2011). Nesse processo, há

geração de dois componentes, um substrato que pode ser utilizado como fertilizante de solo

devido a sua riqueza de nutrientes e o biogás, um gás composto majoritariamente por metano e

dióxido de carbono (BRANCOLI, 2014).

Esse tratamento, já relativamente comum para tratamento de esgotos, ainda é bastante

incipiente no Brasil para tratamento de resíduos sólidos, sendo inclusive desconsiderado em

importantes pesquisas sobre o assunto como o Diagnóstico de Resíduos Sólidos Urbanos

elaborado pelo IPEA em 2012 e a PNSB do IBGE de 2008 que, provavelmente, consideram a

tecnologia em “outras destinações”.

A tecnologia, apesar de apresentar maior complexidade que a compostagem em termos

de construção da planta e até mesmo operação, apresenta uma vantagem bastante relevante que

é a produção de biogás, o que se traduz em geração de energia renovável, atendendo às

necessidades de tratamento da FORSU e a de geração de energia (PINHEIRO, MARTINS e

DIAS, 2011).

Uma outra forma de utilizar a tecnologia é a co-digestão anaeróbia, o que consiste em

digerir simultaneamente resíduos sólidos orgânicos e o lodo de esgoto proveniente das estações

de tratamento de esgotos. O trabalho do BRANCOLI (2014) “Avaliação experimental da co-

digestão anaeróbia de resíduos orgânicos e lodo de esgoto em digestores têxteis” apresenta

como principais vantagens, em relação à digestão de cada substrato isoladamente, o melhor

equilíbrio de nutrientes (compensado através da união de substratos distintos), efeitos

sinérgicos de microrganismos e melhores taxas de produção de biogás. Já como a principal

desvantagem ele descreve o custo de transporte dos dois substratos para uma mesma planta de

tratamento (BRANCOLI, 2014).

O Programa Brasil-Alemanha de fomento ao aproveitamento energético de biogás no

Brasil em sua publicação “O estado da arte da tecnologia de metanização seca” apresenta uma

variedade de tecnologias de tratamento de RSU anaerobicamente e sem adição de outro

substrato (como na co-digestão), ressaltando a tecnologia de túneis de metanização por

bateladas sequenciais (TMBS) que está sendo estudada em um projeto de escala industrial na

Usina de triagem e compostagem do Caju, no Rio de Janeiro (PROBIOGÁS, 2015a). Essa

tecnologia será melhor descrita no subitem 0 deste trabalho.

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O processo de degradação da matéria orgânica segue cinco fases apresentadas na Figura

4 e melhor descritas nos subitens deste capítulo.

Figura 4 - Processo de digestão anaeróbia (CHERNICHARO1, 1997 apud PROBIOGÁS, 2015a).

4.2.4.1 Hidrólise

A hidrólise é a primeira etapa da digestão anaeróbia e reconhece-se como o processo

em que as bactérias fermentativas, através de enzimas extracelulares, converte partículas

complexas em compostos solúveis mais simples como apresentado a Figura 5 (PROBIOGÁS,

2015a e BRANCOLI, 2014).

Figura 5 - Conversões ocorridas na etapa de hidrólise (PROBIOGÁS, 2015a - elaboração própria).

1 CHERNICHARO, C. A. L. Reatores anaeróbios.2.ed. Belo Horizonte: DESA, UFMG, Princípios do Tratamento

Biológico de Águas Residuárias, v.5. Editora UFMG, 2016.

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A hidrólise pode ser facilitada por adição de compostos químicos, esse procedimento

diminui o tempo de digestão da matéria orgânica e aumenta as taxas de produção de metano

(RISE-AT, 19982 apud VERMA, 2002).

4.2.4.2 Acidogênese e acetogênese

As duas fases, acidogênese e acetogênese, são, muitas vezes, consideradas uma única

fase já que acontecem seguidas. Na primeira os compostos formados na hidrólise são

convertidos majoritariamente em ácidos graxos voláteis, mas existe também a formação de

álcoois, gás carbono e outros. Já na segunda, o resultante da acidogênese é convertido em

hidrogênio, dióxido de carbono e acetato, substratos necessários para o desenvolvimento das

bactérias metanogênicas (PROBIOGÁS, 2015a).

4.2.4.3 Metanogênese

Existem duas formas de as bactérias metanogênicas produzirem metano nessa fase: a

primeira é por redução do dióxido de carbono com hidrogênio, já a segunda é através da quebra

do ácido acético em dióxido de carbono e metano (VERMA, 2002). Devido aos baixos índices

de hidrogênio no reator, a formação de metano se dá principalmente através da quebra do ácido

acético (OMSTEAD et tal, 19803 apud VERMA, 2002). A primeira reação é realizada pelas

bactérias hidrogenotróficas, já a segunda reação é realizada pelas acetoclásticas (PROBIOGÁS,

2015a).

4.2.4.4 Sulfetogênese

Essa fase frequentemente não é apresentada, visto que ela é pouco desejada quando o

processo visa principalmente a formação de metano. Quando há grandes quantidades de sulfato

no meio as bactérias sulforedutoras convertem os sulfatos e outros compostos sulforados em

sulfetos (PROBIOGÁS, 2015a).

4.2.4.5 Processos de digestão anaeróbia de RSU

Classificação por tipo de alimentação e número de estágios:

i. Estágio único

A técnica do estágio único consta de um sistema contínuo de alimentação de

substrato com um único reator de digestão onde todas as fases do processo

ocorrem (PROBIOGÁS, 2010).

2 RISE-AT, Regional Information Service Centre for South East Asia on Appropriate Technology. “Review of

current status of Anaerobic Digestion Technology for treatment of MSW”, 1998. 3 OMSTEAD, D.R., JEFFRIES, T.W., NAUGHTON, R., HARRY, P. “Membrane -Controlled Digestion:

Anaerobic Production of Methane and Organic Acids”, Biotechnology and Bioengineering Symposium, 1980.

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ii. Estágios múltiplos

Já a técnica de estágios múltiplos apresenta dois ou mais reatores no sistema,

dividindo, assim, as fases do processo, que ocorrem separadamente em cada

biodigestor. Esse processo também utiliza alimentação contínua de substrato

(PROBIOGÁS, 2010).

iii. Batelada

A técnica de batelada consiste em um reator único onde ocorre todo o processo,

a alimentação é descontínua, sendo assim, o substrato é adicionado no início do

processo, o reator é hermeticamente fechado e apenas depois de finalizada a

digestão o substrato é inteiramente retirado do biodigestor, sendo adicionado

novamente um novo substrato (PROBIOGÁS, 2010).

Classificação por teor de sólidos no reator:

Teor de sólidos (TS) é o índice que identifica a porcentagem, em massa, de sólidos do

substrato.

i. Baixo TS

A digestão anaeróbia com baixo teor de sólidos, ou “via úmida”, opera com menos de

10% de TS (TCHOBANOGLOUS et al, 19934 apud VERMA, 2002).

ii. Médio TS

A digestão anaeróbia com médio teor de sólidos, ou “via seca”, opera com TS entre 15%

e 20% (TCHOBANOGLOUS et al, 19934 apud VERMA, 2002).

iii. Alto TS

A digestão anaeróbia com alto teor de sólidos, ou “via extrasseca”, opera com TS entre

22% e 40% (TCHOBANOGLOUS et al, 19934 apud VERMA, 2002).

Classificação por temperatura do processo:

i. Mesofílico

O processo apresenta temperaturas entre 37°C e 42°C (PROBIOGÁS, 2015a).

ii. Termofílico

O processo apresenta temperaturas entre 50°C e 60°C (PROBIOGÁS, 2015a).

4 TCHOBANOGLOUS, G., THEISEN, H., and VIGIL, S. “Intergrated Solid Waste Management”, chapter 9,

McGraw-Hill, New York, 1993.

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Classificação por tipo de reator:

Os tipos de reatores a serem apresentados utilizam técnicas de metanização a seco e

extrasseco, serão analisadas apenas essas opções por apresentarem mais proximidade com as

tecnologias utilizadas neste projeto. As informações deste subitem foram retiradas do material

produzido por PROBIOGÁS em 2015 (A) que apresenta as diferentes tecnologias de

metanização a seco de forma bastante didática e simplificada.

i. Processo Dranco

Essa tecnologia surge nos anos 1990 com a empresa belga Organic Waste

Systems e consiste em um reator em formato parecido ao de silos de

armazenagem que é alimentado continuamente com resíduo com TS variando

entre 15 e 40%. O reator trabalha na faixa termofílica, sendo assim, o resíduo de

entrada é aquecido até uma temperatura de 50°C e recirculado no sistema através

de uma bomba externa ao biodigestor, essa recirculação dispensa a necessidade

de misturadores no interior do reator. A Figura 6 ilustra as instalações e o

processo melhor. A Tabela 3 apresenta alguns dados de custo e eficiência do

processo Dranco.

Figura 6 - Modelo esquemático de um reator com processo Dranco (PROBIOGÁS, 2015a).

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Tabela 3 – Dados de custo e eficiência de processo de plantas em diferentes escalas com tecnologia

Dranco (PROBIOGÁS, 2015a).

Parâmetro Unidade de

medida

CAPACIDADE (t/ano)

5000 10000 25000 50000 100000

Investimento Milhões de € 9 12 15 20 30

€ / kg 657 438 219 146 110

Custos operacionais € / t 40 20 17 13 10

Requerimento de área m2 3000 4000 7000 1000 15000

Produção de eletricidade kWh/t 225 225 225 225 225

Eletricidade excedente kWh/t 140 140 145 150 150

% Eletricidade excedente % 62% 62% 64% 67% 67%

Produção de calor kWh/t 300 300 300 300 300

Calor excedente kWh/t 270 270 270 270 270

% Calor excedente % 90% 90% 90% 90% 90%

ii. Processo Axpo Kompogas

A tecnologia Kompogas surge na mesma época que o Dranco, entre o fim da

década de 1980 e início da década de 1990, na Suíça. A digestão ocorre também

por via seca e termofílica, em estágio único, mas desta vez o reator é horizontal

e apresenta tecnologia de fluxo pistão com alimentação semicontínua. O

substrato de entrada é armazenado por dois dias antes de ser adicionado ao

processo para alcançar o TS de 28%, quando é inserido no reator juntamente ao

efluente líquido que é recirculado. Essa técnica utiliza sistema de mistura interno

por pás fixas a um único eixo paralelo ao comprimento do reator. A Figura 7

ilustra melhor o reator e o processo de digestão anaeróbia.

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Figura 7 - Modelo esquemático do reator de digestão anaeróbia do processo Axpo Kompogas

(PROBIOGÁS, 2015a).

iii. Processo Valorga

A técnica desenvolvida na França originalmente para tratamento de resíduos

orgânicos e, em seguida, adaptada para tratamento da FORSU, diferentemente

dos processos anteriores, trabalha na faixa de temperatura mesofílica e

apresenta,assim como o Kompogas, alimentação semicontínua. O reator possui

uma barreira física no seu interior correspondente a aproximadamente 2/3 do

diâmetro do biodigestor propiciando que as regiões afluentes e efluentes fiquem

separadas. A Figura 8 apresenta melhor o interior do reator.

Figura 8 - Modelo esquemático de um reator com tecnologia Valorga (PROBIOGÁS, 2015a).

iv. Processo Laran

Originalmente conhecida como Linde-BRV, a técnica Laran digere

anaerobicamente diversos tipos de resíduos orgânicos por via seca, podendo

trabalhar em temperaturas termofílicas ou mesofílicas em um reator de estágio

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único apresentado na Figura 9 a seguir. O reator possui sistema de mistura por

pás perpendiculares às paredes laterais o que evita a formação de escuma e

sedimentação de inertes.

Figura 9 - Modelo esquemático de um reator com tecnologia Laran (PROBIOGÁS, 2015a).

v. Túneis de metanização por bateladas sequenciais (TMBS)

O sistema de garagens ou túneis de metanização, diferentemente de todos

apresentados anteriormente, possui alimentação por bateladas, o que significa

que o substrato é inserido no início do processo, a garagem é hermeticamente

fechada e o resíduos é retirado no final do tempo de detenção dos sólidos. Não á

sistema de mistura, porém utiliza-se um sistema de recirculação por aspersão do

lixiviado. Para realizar a abertura do túnel, é importante inserir ar ambiente no

interior, expulsando o metano e reduzindo as chances de explosão. Um esquema

simplificado da tecnologia é apresentado na Figura 10, porém, sendo essa a

tecnologia escolhida para aplicação neste trabalho, optou-se por apresentá-la de

forma mais descritiva no subitem 4.3 a seguir.

Figura 10 - Esquema simplificado do processo de tratamento de FORSU com tecnologia TMBS

(QUIAN et al, 2016).

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A Tabela 4 a seguir apresenta breve comparação entre os processos de metanização

apresentados anteriormente.

Tabela 4 - Comparação entre as técnicas de metanização (PROBIOGÁS, 2015a - elaboração própria)

Técnica Alimentação TRS/TRH Rendimento

(biogás) Tratamento do efluente

Dranco

1 vez por dia, com proporção

de material digerido/material

fresco de 6:1

20 a 30 dias 80-120 Nm³/t

O substrato deve ser digerido

aerobicamente por pelo menos 2

semanas e o líquido deve ser

tratado separadamente devido à

sua alta concentração de matéria

orgânica e amônia

Kompogas

1 vez a cada 2 dias, com

material fresco a TS de 28% e

adição de material digerido

recirculado.

- 100-150 Nm³/t

O substrato deve ser digerido

aerobicamente por pelo menos 2

semanas e o líquido deve ser

tratado separadamente devido à

sua alta concentração de matéria

orgânica e amônia

Valorga

Semicontínua com material

fresco em TS entre 20% e

30%

18 a 30 dias 82- 103 Nm³/t

O substrato deve ser digerido

aerobicamente por pelo menos 2

semanas e o líquido deve ser

tratado separadamente devido à

sua alta concentração de matéria

orgânica e amônia

Laran

Semicontínua com material

fresco em TS entre 15% e

45%, podendo ou não haver

recirculação do resíduo

digerido.

- ~100 Nm³/t

O efluente passa por prensa e

centrífuga e posteriormente é

estabilizado aerobicamente

TMBS Bateladas ~30 dias 100 – 120

Nm³/t

O resíduo sólido efluente deve

ser digerido aerobicamente e o

lixiviado é tratado

anaerobicamente em um reator

produtor de biogás e de inóculo

para o processo

Nota:

TMBS – Túneis de metanização por bateladas sequenciais

TRH – Tempo de retenção hidráulico

TRS – Tempo de retenção de sólidos

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TÚNEIS DE METANIZAÇÃO POR BATELADA SEQUENCIAL (TMBS)

A tecnologia de túneis de metanização por bateladas sequenciais já bastante comum em

alguns países europeus (QUIAN et al, 2016), chega ao Brasil muito recentemente, tendo a

inauguração da primeira planta em escala industrial no final do ano de 2018. Essa usina

(TMethar), localizada no Rio de Janeiro e projetada e operada pela empresa Methanum Resíduo

e Energia, é a principal fonte de inspiração e conhecimento deste trabalho e será mencionada

muitas vezes por ter fornecido a maioria da escassa bibliografia e dados para elaboração deste

projeto.

TMBS surge como alternativa às tecnologias de digestão anaeróbia úmida, mais

comuns, por apresentar vantagens como a maior aceitação de impurezas no substrato, tornando

dispensável o pré-tratamento do resíduo, e seu baixo consumo energético (QUIAN et al, 2016).

A TMBS baseia-se em digerir o substrato fresco (normalmente sem pré-tratamento)

dentro de uma garagem de metanização anóxida, nessa garagem é coletado o lixiviado do

resíduo que é digerido em uma unidade de produção de inóculo e novamente inserido no sistema

da garagem por aspersão. Ao final do processo o resíduo é retirado desse sistema e sua digestão

é finalizada aerobicamente em leiras de compostagem, o lixiviado deve ser tratado e o gás passa

por uma usina de purificação e beneficiamento, seguindo assim para sua utilização como

combustível automotivo, ou para geração energética e térmica (PROBIOGÁS, 2018a).

A Figura 11 apresenta o modelo esquemático da planta TMethar que descreve parte do

processo da tecnologia TMBS.

Figura 11 - Modelo esquemático da usina TMethar com tecnologia TMBS (TMETHAR, 2019).

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4.3.1 Garagem de metanização

A primeira fase do tratamento se dá dentro da garagem de metanização, onde ocorre a

degradação da matéria orgânica com produção de biogás. O resíduo é inserido diretamente dos

caminhões de coleta ou por pás carregadeiras e não possui qualquer sistema de homogeneização

do substrato. A garagem deve possuir portas com fechamento hermético evitando a entrada de

oxigênio para formação de um meio anóxido e canaletas de coleta de lixiviado no solo com

inclinação adequada, assim como tubulações de asperção de inóculo na superfície superior da

construção (PROBIOGÁS, 2018a).

4.3.2 Unidade de produção de inóculo

A unidade de produção de inóculo (UPI) é a instalação que recebe e trata o lixiviado da

garagem, ao mesmo tempo que produz inóculo para recirculação no processo. Consiste de um

reator anaeróbio com sistema misturador (PROBIOGÁS, 2018a).

4.3.3 Gazômetro

Instalação de armazenagem do biogás antes de seu beneficiamento, pode ser, a exemplo

do projeto TMethar, uma bolsa têxtil com pressurizador (TMETHAR, 2019). Essa unidade não

é objeto de estudo deste trabalho

4.3.4 Biofiltro ou unidade de beneficiamento do biogás

O gás desejado na digestão anaeróbia é o metano (CH4), porém o biogás é composto

minoritariamente por outros elementos, como dióxido de carbono (CO2), vapor d’água (H2O),

sulfureto de hidrogênio (H2S) e amônia (NH3) (PROBIOGÁS, 2018b). Com isso, é necessário

ser feito um beneficiamento desse gás com objetivo de retirar elementos nocivos ao meio

ambiente e/ou à saúde humana, como o sulfureto de hidrogênio, e aumentar o teor de metano

aumentando o potencial energético do gás (PROBIOGÁS, 2018b). Esse tratamento do gás é

feito na unidade de beneficiamento do biogás, o que não é tampouco estudo deste trabalho.

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4.3.5 Leiras de compostagem

Apesar de digerido, o efluente sólido das garagens de metanização ainda precisa passar

por um processo de digestão aeróbio (compostagem) para configurar substrato adequado para

utilização na agricultura (PROBIOGÁS, 2018a).

4.3.6 Parâmetros para monitoramento operacional

Alguns parâmetros precisam ser controlados ao longo do processo para que a produção

de metano seja maximizada e para que se evite situações que possam inibir a ação das bactérias

ou até resultar no seu perecimento. Esses parâmetros são comuns à maioria dos processos de

digestão anaeróbia, não sendo, então, exclusivos da tecnologia TMBS.

4.3.6.1 Taxa de carga orgânica

A taxa de carga orgânica tem especial importância em processos contínuos de digestão

anaeróbia podendo interferir inclusive na escolha de equipamentos como bombas e

misturadores (BRANCOLI, 2014), mas ainda representa um parâmetro relevante para

processos em bateladas.

Esse parâmetro revela a capacidade de degradação do sistema de digestão anaeróbia. A

inserção de carga orgânica maior que a estipulada em projeto pode acarretar em baixos índices

de produção de metano devido ao acúmulo de inibidores no biodigestor, isso no caso de

processos contínuos (VERMA, 2002), essas altas taxas de carga orgânica também podem

resultar em redução do pH o que acaba inibindo as bactérias metanogênicas e impede a

produção do gás (BRANCOLI, 2014).

Alguns estudos feitos com digestores de resíduos de graxa (gordura de óleo e/ou

glicerol) revelaram que rápidas variações de taxa de carga orgânica geram redução súbita na

população microbiana, porém com posterior retomada das taxas de produção de biogás devido,

possivelmente, à diversificação dos microrganismos metanogênicos (MEEGODA et al, 2018 e

FERGUSON; COULON e VILLA, 2016).

4.3.6.2 Tempo de retenção de sólidos

Será considerado tempo de retenção de sólidos, neste documento, o tempo equivalente

que os resíduos sólidos se mantiverem dentro do reator, sendo esse tempo contado, em dias, a

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partir do fechamento hermético do biodigestor até a sua abertura e retirada total dos resíduos

tratados.

4.3.6.3 pH

O controle dos valores de pH no sistema é de extrema importância, já que cada grupo

de microrganismos do processo prefere uma faixa de valores. As bactérias hidrolíticas e

acidogênicas, por exemplo, trabalham melhor em números entre 5,2 e 6,3, já as acetogênicas e

as arqueas metanogênicas exigem valores de pH num intervalo de 6,5 a 8 (PROBIOGÁS, 2010).

4.3.6.4 Temperatura

Assim como o pH, a temperatura ideal para cada microrganismo do sistema varia,

podendo inclusive inibir ou matar alguns tipos de bactérias caso o calor no meio esteja

excedente ou escasso (PROBIOGÁS, 2010).

Um estudo de 2016 de pesquisadores da Universidade de Nápoles, na Itália, apresenta

relações entre variação de pH e temperatura para digestão anaeróbia de resíduos de excreta de

búfalo. Nesse trabalho concluiu-se que a temperatura de 55°C (processo termofílico) é possível

obter melhores resultados de produção de biogás do que a 37°C (CAROTENUTO et al, 2016).

Um dos resultados da pesquisa é apresentado na Figura 12 a seguir.

Figura 12 - Evolução da concentração de bio-metano para diferentes condições de processo

(CAROTENUTO et al, 2016).

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Ainda que a temperaturas mais elevadas o processo apresente melhores índices de

produção de biogás, quando em condições altamente controladas, o procedimento mais comum

nas usinas de biogás é manter as temperaturas em faixas mesofílicas (37°C a 42°C), alcançando-

se assim, valores relativamente elevados de produção de metano e mantendo o processo mais

estável (PROBIOGÁS, 2010).

4.3.6.5 Inibidores

A inibição do processo ocorre, basicamente, por excesso de substância, sendo essas

separáveis entre as que são formadas durante a digestão anaeróbia e as que são adicionadas

junto com o substrato, FORSU neste caso, (PROBIOGÁS, 2010).

Exemplo de substâncias formadas no processo que são possíveis inibidores:

i. A amônia livre (𝑁𝐻3) é um exemplo de substância que prejudica as bactérias

ainda que em concentrações bem baixas, ela se encontra em equilíbrio com o íon

amônio (𝑁𝐻4+) (a reação da amônia com a água gera o íon amônio e o 𝑂𝐻− e

vice-versa), porém caso esse equilíbrio seja desfeito e a concentração de

𝑂𝐻−aumente, o pH ficará mais alcalino o que pode gerar inibição das reações

(PROBIOGÁS, 2010).

ii. O sulfeto de hidrogênio é produzido durante a digestão anaeróbia e aumenta sua

presença no meio à medida que o pH diminui, quando sua concentração passa

de 50 mg/l aumenta a chance de inibição do processo (PROBIOGÁS, 2010).

Exemplo de substâncias adicionadas ao processo que são possíveis inibidores:

i. Quando ocorre carregamento excessivo de substrato no reator pode acarrear

vários problemas que geram inibição do processo, um exemplo é quando esse

substrato apresenta certa concentração de antibióticos (por exemplo, quando se

adiciona adubo orgânico ou gordura animal), além de inibir esses antibióticos

podem matar até matar as bactérias (PROBIOGÁS, 2010).

ii. Metais pesados, quando inseridos no meio diluídos, são agregados pelo sulfeto

de hidrogênio que foi produzido no processo e acabam precipitando na forma de

sulfetos menos solúveis, ainda assim, muitas vezes esse processo nem perturba

o sistema pelo fato de acontecer na fase de metanogênese (PROBIOGÁS, 2010).

iii. Compostos de cobre, quando adicionados aos substratos, ainda que em baixas

concentrações, são tóxicos às bactérias (PROBIOGÁS, 2010).

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Na Tabela 5 é possível observar uma síntese das substâncias inibidoras e suas

concentrações.

Tabela 5 - Inibidores e suas concentrações tóxicas na digestão anaeróbia (PROBIOGÁS, 2010).

Inibidor Concentração de

inibição Observação

Oxigênio > 0,1 mg/l Inibição das arqueas metanogênicas

anaeróbicas obrigatórias.

Sulfeto de hidrogênio > 50 mg/l H2S Quanto menor o pH, maior o efeito inibitório.

Ácidos graxos voláteis > 2.000 mg/l HAc

(pH = 7,0)

Quanto menor o pH, maior o efeito inibitório.

Alta adaptabilidade das bactérias

Nitrogênio amoniacal > 3.500 mg/l NH4+

(pH = 7,0)

Quanto maiores o pH e a temperatura, maior

o efeito inibitório. Alta adaptabilidade das

bactérias

Metais pesados Cu > 50 mg/l

Zn > 150 mg/l

Cr > 100 mg/l

Só metais dissolvidos apresentam efeito

inibidor. Descontaminação pela precipitação

de sulfeto.

Desinfetantes antibióticos N.E. Efeito inibitório varia com o composto.

4.3.6.6 Indicadores de produtividade do processo

São três os principais indicadores de produtividade do processo de digestão anaeróbia:

produtividade de gás, rendimento e taxa de degradação. As definições de cada um deles foram

retiradas do “Guia prático do biogás” do PROBIOGÁS de 2010 e serão apresentadas a seguir.

i. Produtividade: pode ser medida em relação à produção de biogás (𝑃𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠) ou à

produção de metano (𝑃𝐶𝐻4), se define pelo quociente entre a produção diária de

gás e volume do reator representada em 𝑁𝑚³

𝑚3.𝑑.

ii. Rendimento: assim como a produtividade, rendimento pode ser representado em

relação à produção de biogás (𝐴𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠) e de metano (𝐴𝐶𝐻4), porém, diferente da

produtividade, se define pelo quociente entre produção de gás e massa seca de

entrada de substrato e não ao volume do reator, é representada por 𝑁𝑚³

𝑡𝑀𝑂𝑆.

iii. Taxa de degradação: pode ser calculada com base na matéria orgânica seca

(MOS) ou na demanda química de oxigênio (DQO), porém recomenda-se

utilizar a MOS , se define pela equação a seguir:

𝜂𝑀𝑂𝑆 =𝑀𝑂𝑆𝑠𝑢𝑏 × 𝑚𝑖𝑛 − (𝑀𝑂𝑆𝑠𝑎 × 𝑚𝑠𝑎)

𝑀𝑂𝑆𝑠𝑢𝑏 × 𝑚𝑖𝑛× 100 [%]

A siga “MOS” representa a matéria orgânica seca e “m” significa matéria

orgânica fresca, já os índices “sub” e “sa” indicam substrato de entrada e saída

do sistema, respectivamente, e o índice “in” indica matéria fresca introduzida.

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5 METODOLOGIA

O projeto de implementação da alternativa de tratamento do FORSU escolhida, envolve

a construção de um Centro de Triagem de Resíduos (CTR), uma planta de tratamento de

FORSU e a sistema de tratamento do biogás. Este trabalho se aterá ao CTR e ao biodigestor,

devido ao objetivo acadêmico de estudos da área de conhecimento do tratamento de resíduos

sólidos. A Figura 13 apresenta um fluxograma esquemático da metodologia utilizada.

Figura 13 - fluxograma da metodologia utilizada.

VISITA À CTRCI

Seguindo as boas práticas de trabalho de engenharia, foi realizada uma visita ao CTRCI

no dia 23 de abril de 2018 com finalidade de reconhecimento do local e entendimento dos

processos adotados. Nessa visita a responsável da empresa CTRCI apresentou a estrutura do

aterro que conta com:

i. Laboratório de análises,

ii. Unidade de pesagem de caminhões,

iii. Unidade de lavagem de caminhões,

iv. Usina de incineração de resíduos de serviços da saúde, l

v. Lagoa de armazenamento de lixiviado (o qual não é tratado no local, mas sim

enviado à usina de tratamento localizada no município de Vila Velha na região

central do estado) e

vi. Escritório administrativo.

Alguns registros fotográficos da planta serão apresentados no Apêndice A deste

documento (RABELO, 2018).

A empresa, que administra também o Centro de Tratamento de Resíduos de Vila Velha

(CTRVV), demonstrou abertura para o desenvolvimento deste trabalho já que em suas outras

unidades já realiza o aproveitamento energético do biogás de aterro, porém, os contatos

posteriores não foram bem-sucedidos e não foi possível mais obter dados dessa fonte.

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No momento da visita foram observados alguns dos procedimentos do aterro, como o

fechamento diário da célula com terra. Além disso, foi relatado pela técnica do CTRCI que o

biogás de aterro seria queimado e que infelizmente estava com o sistema de queima parado

momentaneamente, porém o que foi possível perceber foi que provavelmente sequer existe o

flare e esse biogás é emitido diretamente para a atmosfera.

Os dados obtidos ao longo da visita foram:

i. Lista de municípios que destinam o RSU ao CTRCI;

ii. Informação de que não havia estações de transbordo de resíduos em Cachoeiro

de Itapemirim e que o resíduo que chegava ao aterro vinha diretamente da coleta

domiciliar;

iii. Apresentação da área do CTRCI e seu entorno;

iv. Apresentação do aterro e seus processos.

ESTUDO POPULACIONAL E DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS

O estudo dos dados demográficos históricos e a projeção futura de crescimento para 20

anos de projeto, tempo definido baseando-se na lei federal nº 11.445 de 2007 que, em seu artigo

52, parágrafo segundo, estabelece que planos de resíduos sólidos devem ser projetados para

esse horizonte de tempo, foi realizado com base nos dados extraídos dos censos demográficos

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerou-se também o

desmembramento de alguns municípios da região estudada ao longo das últimas décadas.

Para todos os municípios foram realizadas as projeções segundo os quatro métodos -

aritmético, geométrico, logístico e decrescente – e analisado o que mais se adequava de acordo

com os gráficos. Os dados obtidos são dos anos de 1970, 1980, 1991, 2000, 2010 e 2017, porém,

para os cálculos de projeção, foram usados valores retirados de interpolações para os anos de

1977, 1987, 1997 e 2007, projetando, assim, para o ano de 2037.

Devido a não disponibilização dos dados de geração de resíduos sólidos de cada

município por parte da empresa CTRCI, o estudo de geração de RSU e FORSU foi feito com

base em literatura adequada e, quando existiu, em valores apresentados pelos Planos Municipais

de Resíduos Sólidos e/ou de Saneamento Básico

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5.2.1 Casos especiais – população

Alguns municípios apresentaram situações diferenciadas e a metodologia de cálculo

teve de ser desenvolvida para cada caso. Essas exceções serão apresentadas a seguir:

i. Algumas cidades da região pertenciam a um mesmo município e se

desmembraram nas últimas décadas, com isso, foi necessário realizar a

estimativa populacional considerando os dois municípios juntos, caso contrário

uma das cidades teria uma queda populacional drástica no ano de emancipação

de seu distrito. Esse foi o caso de: Afonso Cláudio e Brejetuba, Alegre e

Ibitirama, Cachoeiro de Itapemirim e Vargem Alta, Conceição do Castelo e

Venda Nova do Imigrante e Itapemirim e Marataízes.

ii. Alguns municípios apresentaram dados de população de 1977 e 1987 pouco

condizentes com os dados de 1997, 2007 e 2017, sendo assim, foi necessário

utilizar, então, apenas os últimos anos citados no cálculo da estimativa

populacional. Esse foi o caso de: Afonso Cláudio e Brejetuba, Ibatiba e

Itapemirim e Marataízes.

iii. Para identificação do crescimento populacional da cidade de Cachoeiro de

Itapemirim isoladamente, foi realizado o cálculo para Cachoeiro de Itapemirim

e Vargem Alta como uma única cidade, em seguida foram feitos os cálculos de

crescimento da cidade de Vargem Alta separadamente e subtraído o valor final

de população para o ano de 2037 desse município.

5.2.2 Casos especiais – geração de resíduos

Alguns municípios apresentaram situações diferenciadas e a metodologia de cálculo

teve de ser desenvolvida para cada caso. Essas exceções serão apresentadas a seguir.

i. Cachoeiro de Itapemirim: o documento base para esse município foram os dados

do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS).

ii. Cachoeiro de Itapemirim: para identificação da FORSU desse município foi

utilizado como referência um estudo de composição gravimétrica da cidade de

Campo Mourão no Paraná, essa pesquisa apresenta metodologia e materiais de

estudo mais consistentes e condizentes com a situação deste projeto. Levou-se

em consideração os resultados de uma comparação dos dados demográficos,

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econômicos e de território e saneamento dos dois municípios. Apesar do

distanciamento geográfico das cidades (uma na região sudeste e a outra na região

sul do país), elas apresentam renda média e PIB per capta equiparáveis além de

índices de saneamento próximos (IBGE, 2019a e IBGE, 2019b).

iii. Castelo: foi utilizada a média de destinação total de RSU ao aterro do ano de

2016, apresentados no Plano Municipal de Saneamento Básico e Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos, e dividido pelo número de habitantes da cidade

no mesmo ano segundo o IBGE.

iv. Marataízes: foi utilizada a média de destinação total de RSU ao aterro de três

meses do ano de 2015, apresentados no Plano Municipal de Saneamento Básico

e Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e dividido pelo número de habitantes

da cidade no mesmo ano segundo o IBGE.

ANÁLISE DOS DADOS

Após estudos iniciais dos 25 municípios e cálculo do crescimento populacional foi

realizada uma análise dos dados obtidos com objetivo de entender melhor a situação trabalhada

e escolher a técnica a ser utilizada no processo. Após essa análise optou-se por trabalhar

somente com a cidade de Cachoeiro de Itapemirim (decisão melhor explicada no capítulo de

resultados), sendo assim, a partir de agora este trabalho apresentará enfoque especial nesse

município ainda que siga discorrendo brevemente sobre os demais.

ESCOLHA DA TÉCNICA UTILIZADA

Realizada a análise inicial dos dados de crescimento populacional e de geração de

resíduos dos municípios da região estudada, iniciou-se a reflexão sobre a técnica de digestão a

ser utilizada.

O principal ponto de mudança do projeto foi a constatação de que o volume de resíduos

orgânicos passaria de 60 t por dia o que tornaria a digestão úmida pouco adequada devido à alta

utilização de água no processo, gerando um grande impacto ambiental e aumentando o volume

de resíduo líquido a ser tratado.

Ao considerar a realização do projeto com tecnologias de metanização seca e/ou

extrasseca, o estudo da técnica de TMBS, utilizada na Usina do Caju no Rio de Janeiro, se fez

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bastante interessante devido à sua inovação tecnológica enquanto nova proposta de tratamento

da FORSU e ao fato de a tecnologia ser tão recente e ainda apresentar muitas lacunas de

pesquisa, além de apresentar vantagens operacionais como elevado grau de aceitação de

impurezas e baixo consumo de energia (QUIAN et al, 2016).

VISITA À USINA DO CAJU

Foi realizada uma pesquisa de campo com visita técnica à planta de digestão anaeróbia

do CTR Caju na cidade do Rio de Janeiro, projeto TMethar realizado pela empresa Methanum

Resíduo e Energia. Essa visita representa tem como objetivo principal a absorção de

conhecimento sobre a tecnologia inovadora aplicada na usina e obtenção de parâmetros de

construção e operação.

Apesar de haver algumas restrições de divulgação de dados do projeto, os funcionários

revelaram parâmetros importantes para o processo, assim como detalhes da técnica, que foram

usados como base principal para o desenvolvimento deste documento.

ESCOLHA DOS PARÂMETROS

Dentre os parâmetros apresentados no subitem 4.3.6 foram eleitos valores para o projeto

com base em indicações de literatura, restrições de normas técnicas, cálculos com base na

situação trabalhada e dados consultados à empresa Methanum.

DIMENSIONAMENTO PRELIMINAR DOS ELEMENTOS DA USINA

5.7.1 Cálculo do volume de resíduo

Através de entrevistas com os funcionários do projeto TMethar, optou-se por utilizar o

valor médio relatado do peso específico da FORSU recém coletada, de 542 kg/m³ (TMETHAR,

2019) como referência para o cálculo do volume diário de resíduo a ser tratado neste projeto.

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5.7.2 Cálculo do número de garagens de digestão

Para calcular o número de garagens levou-se em consideração o tempo de retenção de

sólidos escolhido. Foram avaliadas algumas opções em um intervalo de volume útil, ocupado

pelos resíduos por garagem entre 120m³ e 200m³, com base nas entrevistas sobre o projeto

TMethar que utiliza valores em torno de 100m³ por túnel.

5.7.3 Projeto preliminar das garagens de digestão

Para desenvolver o projeto preliminar das garagens de digestão mais uma vez foram

utilizados como base os dados do TMethar, apresentados em forma de texto e figuras, cedidos

pela Methanum.

Considerou-se o pé direito da garagem de 5 m e a altura da pilha de resíduos de 3 m,

medidas indicadas pelos funcionários da Methanum que apontaram problemas de

desestruturação da pilha de resíduos quando utilizadas medidas superiores. O cálculo do volume

de resíduos por garagem estimou que a pilha de resíduos possui um formato próximo ao de um

prisma horizontal de base trapezoidal e comprimento do tamanho do comprimento da garagem.

A imagem esquemática do perfil da garagem é apresentada na Figura 14.

Figura 14 - Imagem esquemática dos itens da garagem de digestão (TMETHAR, 2019).

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5.7.4 Escolha da área de instalação da usina

A empresa CTRCI não disponibilizou as plantas baixas do terreno, sendo assim a

escolha do local de implantação da usina precisou ser realizada com base em dados obtidos pelo

software Google Earth Pro, além das análises feitas na visita ao local realizada em 23 de abril

de 2018. Observou-se na escolha as cotas da região e a facilidade da operação com os

caminhões.

5.7.5 Estudo do projeto do CTR

Faz-se necessário avaliar as necessidades e condições para a construção de um centro

de triagem de resíduos (CTR) com objetivo de retirar a FORSU do RSU destinado ao aterro.

Esse estudo envolve pesquisa sobre as condições da gestão de resíduos local, área para

instalação do CTR e logística do processo.

5.7.6 Estudo do projeto preliminar da unidade de produção de inóculo

O estudo do volume e área necessários para construção das unidades de produção de

inóculo utilizou como base as restrições da norma técnica da ABNT (1992), NBR 12209, que

indica parâmetros para construção de reatores de digestão anaeróbia em estações de tratamento

de esgotos, por considerar que o processo no interior do biodigestor é bastante parecido e ainda

faltar literatura específica sobre o tema.

Sendo assim, utilizou-se TRH de 30 dias (pela NBR 12209, tempo para reatores com

homogeinização), volume de lixiviado produzido igual a 25% do volume inserido de resíduos

e 15% de volume vazio no reator para liberação do biogás produzido.

5.7.7 Escolha da área de instalação das leiras de compostagem

A técnica das garagens de metanização exige degradação final do resíduo sólido efluente

por meio aeróbio, com isso, seria necessário construir leiras de compostagem para esse

substrato. Levou-se em conta para escolha da área de compostagem a proximidade com a área

de instalação da planta de tratamento de FORSU, além da disponibilidade de grandes áreas com

o máximo de uniformidade topográfica.

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CÁLCULO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO ENERGÉTICO

A técnica de túneis de metanização apresenta pouca literatura devido ao curto período

de operação (segundo PROBIOGÁS, 2015 – A, as primeiras usinas foram instaladas entre 2006

e 2007). Com isso, o estudo prévio do potencial de geração energético da planta deste projeto

utilizou como referência os valores de produção de biogás disponibilizados pela Methanum

(apresentados na Tabela 4), que foram utilizados nos estudos para elaboração do projeto

TMethar. Ainda assim, é importante ressaltar que essa estimativa inicial pode apresentar

grandes erros já que ainda não existe material de pesquisa adequado sobre o assunto.

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6 ESTUDO DE CASO

O trabalho tem como objeto de estudo os resíduos destinados ao aterro sanitário CTRCI

localizado na região sul do estado do Espírito Santo no município de Cachoeiro de Itapemirim,

o aterro recebe o RSU de 25 municípios da região sul do estado, mas neste trabalho leva-se em

conta apenas o RSU com origem em Cachoeiro de Itapemirim. O estado e seus municípios serão

melhor apresentados neste capítulo com o objetivo de contextualizar a região e os resíduos

destinados ao aterro do trabalho.

O ESTADO

O Espírito Santo é o estado com menos habitantes (pouco menos de 4 milhões) da região

sudeste do Brasil e possui índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,740, considerado alto

(IBGE, 2019d). O rendimento nominal mensal domiciliar per capita do estado é de R$1295,00,

colocando o estado em 11º no ranking nacional (IBGE, 2019d).

O IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) é o órgão

responsável por “planejar, coordenar, executar, fiscalizar e controlar as atividades de meio

ambiente, dos recursos hídricos estaduais e dos recursos naturais federais, cuja gestão tenha

sido delegada pela União”, sendo assim a instituição da Secretaria de Estado de Meio Ambiente

e Recursos Hídricos (SEAMA) responsável por licenciamento ambiental e parte do corpo que

elabora o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (IEMA, 2019).

A Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano

(SEDURB) é a repartição do governo estadual responsável por implementar a PERS e um de

seus programas é o “Espírito Santo sem lixão” que visa a destinação de todo o RSU do estado

para aterros sanitários (SEDURB, 2019). O programa divide o estado em três consórcios

públicos regionais que objetivam aumentar a viabilidade de implantação de destinações

ambientalmente adequadas para os resíduos gerados nos municípios, estratégia incentivada

tanto pela PERS quanto pela PNRS (SEDURB, 2019). A Figura 15 a seguir apresenta a divisão

dos três consórcios.

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Figura 15 - Divisão do estado do Espírito Santo em consórcios públicos regionais (SEDURB, 2019)

OS MUNICÍPIOS

Ainda que neste projeto esteja-se considerando apenas o RSU do município de

Cachoeiro de Itapemirim, é válido apresentar as outras 24 cidades que compõe a região que

destina os resíduos ao Centro de Tratamento de Resíduos CTRCI. É nítida a semelhança entre

os munícios apresentados na PERS como integrantes do possível consórcio “Consul”, em rosa

na Figura 15, e as cidades destacadas no mapa da Figura 16 que apresentam os municípios que

efetivamente destinam resíduos para o aterro. Como o aterro foi inicialmente projetado para

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atender a Cachoeiro de Itapemirim, os outros municípios foram sendo adicionados por contratos

separados, não foi, então, pensado originalmente como consórcio (RABELO, 2018).

Figura 16 - Municípios do ES que destinam RSU ao CTRCI (IJSN, 2018, adaptado).

Para efeito de facilitação da comparação entre os municípios foi elaborada a Tabela 6

que expões dados de cada uma das 25 cidades.

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Tabela 6 - Comparação entre os municípios que destinam RSU ao CTRCI (IBGE, 2019 - elaboração

própria)

Município

População

(estimada

2018)

Salário médio mensal dos

trabalhadores formais

[em salários mínimos]

PIB per

capita [R$]

Distância até o

CTRCI [km]

Afonso Cláudio 30.720 1,8 14.579,47 123

Alegre 30.568 2,2 15.145,44 54

Apiacá 7.580 1,6 11.766,2 97

Atílio Vivacqua 11.765 1,7 22.858,06 18

Bom Jesus do Norte 9.910 1,5 13.116,9 111

Brejetuba 12.381 1,8 20.275,59 103

Cachoeiro de

Itapemirim 207.324 2,0 22.904,87 13

Castelo 37.317 1,8 23.339,54 30

Conceição de Castelo 12.638 1,7 15.993,99 67

Divino de São

Lourenço 4.338 2,0 14.309,32 95

Dores do Rio Preto 6.727 1,7 18.333,31 107

Guaçuí 30.607 1,7 18.334,27 76

Ibatiba 25.732 2,0 12.898,65 117

Ibitirama 8.919 1,9 16.506,04 98

Itapemirim 34.032 2,3 57.370,27 36

Jerônimo Monteiro 11.744 1.8 11.263,91 35

Marataízes 38.108 2,0 29.171,51 57

Mimoso do Sul 26.191 1,9 16.475,97 48

Muniz Freire 17.613 2,1 16.311,14 86

Muqui 15.370 1,7 10.783,05 30

Presidente Kennedy 11.488 2,4 169.012,45 51

Rio Novo do Sul 11.618 1,8 15.855,76 40

São José do Calçado 10.566 1,7 15.946,79 113

Vargem Alta 21.207 1,9 17.863,8 33

Venda Nova do

Imigrante 24.800 2,0 22.503,03 70

Nota:

PIB – Produto Interno Bruto

CTRCI – Centro de Tratamento de Resíduos de Cachoeiro de Itapemirim

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7 RESULTADOS

Este trabalho apresentará estudos iniciais contemplando os 25 municípios da região sul

do estado do Espírito Santo que destinam resíduos ao CTRCI, porém, em seguida, voltará a

abordar somente os resíduos provenientes da cidade de Cachoeiro de Itapemirim.

ESTUDO POPULACIONAL E DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS

Na Tabela 7 é possível observar os resultados encontrados no estudo de estimativa

populacional de cada município.

Tabela 7 - Estimativa populacional para final de projeto. (IBGE, 2018 - elaboração própria)

Município 2017 Curva utilizada 2037

Afonso Cláudio (ES) 32.361 Aritmético 47.785

Brejetuba (ES) 12.838

Alegre (ES) 32.146 Aritmético 44.500

Ibitirama (ES) 9.373

Apiacá (ES) 7.932 Geométrico 8.588

Atílio Vivacqua (ES) 11.804 Aritmético 14.556

Bom Jesus do Norte (ES) 10.254 Logístico 10.841

Cachoeiro de Itapemirim (ES) 211.649 Aritmético 291.558

Vargem Alta (ES) 21.584

Castelo (ES) 38.304 Aritmético 44.532

Conceição do Castelo (ES) 12.944 Aritmético 47.966

Venda Nova do Imigrante (ES) 24.575

Divino de São Lourenço (ES) 4.612 Aritmético 5.131

Dores do Rio Preto (ES) 6.949 Aritmético 8.463

Guaçuí (ES) 31.201 Aritmético 37.503

Ibatiba (ES) 25.882 Aritmético 33.771

Itapemirim (ES) 34.628 Aritmético 92.616

Marataízes (ES) 38.670

Jerônimo Monteiro (ES) 12.036 Aritmético 14.062

Mimoso do Sul (ES) 27.388 Geométrico 29.614

Muniz Freire (ES) 18.745 Aritmético 18.660

Muqui (ES) 15.806 Geométrico 17.706

Presidente Kennedy (ES) 11.742 Geométrico 12.662

Rio Novo do Sul (ES) 12.095 Aritmético 13.653

São José do Calçado (ES) 11.036 Aritmético 11.916

Total 676.554 - 806.083

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Os estudos de geração de RSU foram interrompidos para realização de análise dos dados

até então encontrados. Sendo assim, fez-se mais coerente a apresentação dos resultados deste

subitem ao final da seção “ANÁLISE DOS DADOS”.

ANÁLISE DOS DADOS

Os cálculos iniciais deste projeto envolviam o desenvolvimento de uma planta de

tratamento de FORSU que tratasse o resíduo de todos os 25 municípios que destinam RSU para

o CTRCI, esses cálculos indicavam um volume de resíduos a serem tratados diariamente da

ordem de 340 toneladas, em tempo final de projeto. Sendo esse volume um valor elevado,

considerando a alta demanda territorial da planta de tratamento de FORSU e a baixa

disponibilidade de terra no CTRCI, além da dificuldade em obter dados consistentes dos

municípios menores da região em comparação à cidade de Cachoeiro, foi tomada a decisão,

então, de fazer o projeto para tratamento dos resíduos somente originários da cidade de

Cachoeiro de Itapemirim, reduzindo, assim, a dimensão da planta e aumentando a viabilidade

de execução da sua construção.

Com isso, obtém-se também uma vantagem operacional para o tratamento da FORSU

uma vez que o RSU destinado estará mais fresco (a origem e o destino são o mesmo município)

e manterá a regularidade de chegada, já que o município de Cachoeiro de Itapemirim não possui

estações de transbordo de resíduos, enviando os mesmos diretamente da coleta para o aterro

sanitário diariamente (RABELO, 2018). Além disso, foi considerado que a gestão de resíduos

descentralizada apresenta vantagens ambientais interessantes com a diminuição do transporte

dos resíduos e redução da emissão de gases do efeito estufa.

A Tabela 8 apresenta os resultados de estimativa populacional e de geração de resíduos

para o município de Cachoeiro de Itapemirim.

Tabela 8- População e geração de resíduos para Cachoeiro de Itapemirim (várias fontes - elaboração

própria).

Município

População (IBGE, 2018)

Geração média de RSU [t/d] (SNIS, 2017)

FORSU [t/d] (GASQUES, 2013)

2017 2037 per capta

(kg/d) 2017 2037 Fração do

RSU 2017 2037

Cachoeiro de Itapemirim (ES) 211.649 264.335 0,532 112,549 140,566 46,00% 51,773 64,660

Total - 112,549 140,566 - 51,773 64,660

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ESCOLHA DA TÉCNICA UTILIZADA

Com base em avaliação dos seguintes fatores foi eleita a técnica de digestão anaeróbia

extrasseca por bateladas em túneis de digestão, semelhante à técnica do projeto TMethar:

i. Volume de resíduo a ser tratado: com base nos resultados preliminares

encontrados, foi decidido por utilizar o biodigestor de túneis por facilitar o

manejo de grandes volumes de resíduos.

ii. Redução de impacto ambiental: também levando em conta a quantidade grande

de resíduos a serem tratados, optou-se por utilizar a digestão anaeróbia

extrasseca evitando-se, assim, a adição de um volume muito grande de água que

resultaria em volumosas quantias de efluente líquido a ser tratado.

iii. Vantagens e desvantagens operacionais: a técnica por bateladas em garagens de

digestão anaeróbia apresenta vantagens operacionais como baixa necessidade de

pré-preparo do substrato, resiste bem a resíduos pouco homogêneos e com

elevado teor de impróprios (PROBIOGÁS, 2015a), baixa utilização de energia

elétrica, além da redução das chances de acúmulo de inibidores no reator já que

o espaço é totalmente esvaziado a cada batelada (PROBIOGÁS, 2015b).

ESCOLHA DOS PARÂMETROS

7.4.1 Tempo de retenção de sólidos

Usando como referência os dados do projeto Tmethar, elegeu-se um tempo de retenção

de sólidos similar ao do projeto da empresa Methanum Resíduo e Energia de 30 dias,

ressaltando-se que a própria companhia estuda a possibilidade de extensão desse prazo,

pesquisa essa que acontece ainda no momento do desenvolvimento deste texto.

7.4.2 Temperatura

Foi eleita a faixa de temperaturas mesofílicas (37°C a 42°C) para a digestão anaeróbia

deste projeto objetivando alcançar o processo mais estável possível ainda que visando altos

índices de produção de biogás. Além desses fatores, o aquecimento dos reatores exigiria um

gasto excessivo de energia que deve ser evitado.

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DIMENSIONAMENTO PRELIMINAR DOS ELEMENTOS DA USINA

7.5.1 Cálculo do volume de resíduo

Os resultados do cálculo de volume de FORSU a ser tratado no CTRCI são apresentados

na Tabela 9.

Tabela 9- Cálculo do volume diário de resíduo a ser tratado (TMETHAR 2019 - elaboração própria)

Município FORSU [t/d] Peso específico [kg/m³]

(TMETHAR, 2019)

FORSU [m³/d]

2017 2037 2017 2037

Cachoeiro de Itapemirim (ES) 51,773 64,660 542,25 95,478 119,246

Total 51,773 64,660 - 95,478 119,246

7.5.2 Cálculo do número de garagens de digestão

O resultado das análises de número de garagens é apresentado na Tabela 10. Optou-se

por realizar a construção de 24 garagens com capacidade de digestão anaeróbia de até 150 m³

de FORSU cada.

Tabela 10 - Estudo do número de garagens de digestão anaeróbia.

Volume de

resíduo por

garagem [m³]

Número de garagens

2017 2037

120 23,9 29,8

140 20,5 25,6

150 19,1 23,8

160 17,9 22,4

170 16,8 21,0

180 15,9 19,9

190 15,1 18,8

200 14,3 17,9

Como em tempo inicial serão necessárias apenas 20 garagens de digestão, as 4 garagens

restantes poderão ser utilizadas como área de compostagem do resíduo efluente do processo,

ou poderá optar-se por construir as novas garagens em tempos futuros.

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7.5.3 Projeto preliminar das garagens de digestão

Os resultados do estudo do projeto preliminar das garagens de digestão são apresentados

na Tabela 11. Foi realizada uma iteração entre possíveis áreas de garagens e a disposição delas

na região escolhida para instalação da usina de metanização, considerando garagens

retangulares de diferentes larguras e profundidades e disposições em fila única ou em duas filas.

Foi escolhida a opção que apresenta 6,0 m de largura e 19,0 m de comprimento com duas filas,

uma com 10 garagens e outra com 14 garagens. É possível observar melhor o estudo das

medidas na Figura 17.

Tabela 11 - Estudo das medidas das garagens de digestão anaeróbia.

Largura

[m]

Comprimento

[m]

Altura da garagem /

altura da pilha de

resíduos [m]

Volume de

resíduo [m³]

5.5 15,5 5 / 3 146,3

6 15 5 / 3 152,3

6.5 14,5 5 / 3 157,5

7 14 5 / 3 162,0

7.5 13,5 5 / 3 165,8

Figura 17 - Medidas da garagem de digestão.

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7.5.4 Escolha da área de instalação da usina

Devido à inexistência de informações e levantamentos topográficos da área, através do

software Google Earth Pro foram estimadas cotas de 20 pontos da única área livre (segundo

RABELO, 2018) em local de fácil acesso para a chegada dos caminhões de resíduos. Com essas

cotas, observou-se um declive no terreno que seria aproveitado para posicionar as unidades de

produção de inóculo na região mais baixa facilitando a coleta de lixiviado. Ainda assim, com

estudo posterior e levantamento topográfico adequado seria necessário avaliar uma possível

elevação da cota em 1 m ou 2 m. As Figuras 18, 19 e 20 ilustram parte do processo de escolha

da área da usina.

Figura 18 – Pontos com cotas estimadas através do software Google Earth Pro.

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Figura 19 – Local escolhido para instalação da usina – vista superior.

Figura 20 – Local escolhido para instalação da usina – vista lateral (acervo próprio).

A região escolhida para instalação da usina apresenta área de aproximadamente 11.320

m², segundo levantamento realizado pelo software Google Earth Pro.

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7.5.5 Estudo do projeto do CTR

O centro de triagem de resíduos (CTR) foi pensado originalmente no projeto quando

esse atenderia a todos os 25 municípios da região, a partir do momento que optou-se por

trabalhar apenas com a cidade de Cachoeiro de Itapemirim a instalação foi repensada. Como

indicado pela Prefeitura Municipal da cidade, a coleta seletiva já foi implantada e teve

reconhecível expansão no ano de 2018 atingindo a maioria dos bairros da cidade e do interior,

retirando os resíduos recicláveis mais comuns e eletrônicos (PMCI, 2018).

Considerando esse fato, a falta de espaço adequado no local para instalação de um CTR

e a alta capacidade da técnica utilizada de receber resíduo com elevado teor de impróprios,

optou-se por utilizar os resíduos frescos sem pré-tratamento ou separação.

7.5.6 Estudo do projeto preliminar da unidade de produção de inóculo

O estudo considerou a construção de sete reatores, três menores recebendo o lixiviado

das 10 garagens de uma das linhas e quatro maiores recebendo o lixiviado das 14 garagens da

outra linha. As Tabelas 12, 13 e 14 a seguir apresentam os resultados encontrados.

Tabela 12 - Cálculo do volume do reator para receber o lixiviado de 10 garagens de digestão anaeróbia

(ABNT, 1992- elaboração própria).

Volume diário de

produção de lixiviado

[m³/d]

TRH [dias]

(ABNT, 1992)

Volume

inicial do

reator [m³]

Volume

final do

reator [m³]

305 30 9.135 10.505,25

Nota:

TRH – Tempo de Retenção Hidráulico

Tabela 13- Cálculo do volume do reator para receber o lixiviado de 14 garagens de digestão anaeróbia

(ABNT, 1992- elaboração própria).

Volume diário de

produção de lixiviado

[m³/d]

TRH [dias]

(ABNT, 1992)

Volume do

reator inicial

[m³]

Volume do

reator final

[m³]

426,3 30 12.789 14.707,35

Nota:

TRH – Tempo de Retenção Hidráulico

Tabela 14 - Cálculo das dimensões das unidades de produção de inóculo (elaboração própria).

Nº de reatores Raio [m] Área [m²] Altura [m] Volume unitário [m³] Volume total [m³]

3 9 254,47 14 3.562,6 10.687,7

4 9,4 277,59 13,5 3.747,5 14.989,9

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A área de instalação dos reatores está inserida na área de instalação da usina de produção

de biogás, mas a Figura 21 a seguir apresenta mais especificamente a região de construção das

unidades de produção de inóculo.

Figura 21 - Região de instalação das unidades de produção de inóculo.

A região escolhida para instalação das UPIs tem aproximadamente 5.537 m² segundo

levantamento realizado com auxílio do software Google Earth Pro.

7.5.7 Escolha da área de instalação das leiras de compostagem

Observando a área ao redor da região escolhida para instalação da planta de tratamento

de FORSU foi escolhido o espaço assinalado na Figura 22 que apresenta área

consideravelmente plana, o que reduz os custos de terraplanagem.

Figura 22 - Área para instalação das leiras de compostagem.

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A região escolhida para instalação das leiras de compostagem tem aproximadamente

8.383 m² segundo levantamento realizado com auxílio do software Google Earth Pro.

7.5.8 Layout da usina

A Figura 23 apresenta o layout completo da planta de tratamento de FORSU com

produção de biogás. A planta com medidas e em escala 1:200 encontra-se no Apêndice B. A

região ocupada pela instalação da usina teria uma área de aproximadamente 10.341 m² segundo

levantamento realizado com auxílio do software AutoCad.

Figura 23 - Layout geral da planta de tratamento de FORSU (sem escala – elaboração própria).

7.5.9 Cálculo do potencial de geração energético

A Tabela 15 apresenta os resultados da estimativa preliminar de produção de biogás na

usina do CTRCI.

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Tabela 15 - Estimativa de produção de biogás na usina do CTRCI (PROBIOGÁS, 2015a - elaboração

própria).

Tempo

FORSU

tratada

diariamente

(t)

FORSU

tratada

anualmente

(t)

Taxa de

produção de

biogás

(Nm³/t)

Potencial de

produção de

biogás

diariamente

(Nm³/d)

Potencial de

produção de

biogás

anualmente

(Nm³)

Início de plano -

2017

51,77 18.897 100 5.177,26 1.889.698

Fim de plano -

2037

64,66 23.601 100 6.466,04 2.360.103

A usina pode ser considerada de médio porte (entre 2.501 e 12.500 Nm³/d) e faria parte

do atual grupo de 68 usinas de produção de biogás de médio porte em instalação, operação ou

reforma no Brasil (CIBIOGÁS, 2019).

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8 CONCLUSÕES

Realizou-se neste trabalho um estudo prévio para a construção de uma planta de

tratamento de FORSU por digestão anaeróbia extrasseca com produção de biogás a ser instalada

no CTRCI em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo.

Os estudos iniciais visavam a elaboração de um projeto para tratar a FORSU proveniente

dos 25 municípios da região sul do estado que destinam seu RSU para o CTRCI. Contudo, após

os estudos iniciais de crescimento populacional e geração de resíduos, percebeu-se que o

volume de resíduos a ser tratado exigia uma usina de dimensões muito maiores do que o espaço

disponibilizado no aterro, tornando, assim, inviável a sua execução.

Optou-se, então, por trabalhar apenas com a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, por ser

a maior da região (representa mais de 30% da população da região estudada) e por apresentar

maior facilidade na obtenção de dados. Com isso, este trabalho traz uma importante conclusão

de que possivelmente a tecnologia do TMBS torne-se inviável para tratamento de grandes

volumes de FORSU, sendo mais apropriada como tecnologia de gestão descentralizada dos

resíduos.

Para solucionar o problema do tratamento da FORSU dos outros municípios da região,

acredita-se que o desenvolvimento de projetos-padrão de plantas de geração de biogás menores

que atendam a cada 4 ou 5 municípios vizinhos faça sentido, ficando assim como sugestão de

trabalhos futuros.

Durante o dimensionamento das unidades da usina, foram enfrentados muitos desafios

devido à falta de literatura adequada, o que resultou em um dimensionamento pouco preciso,

ainda que preliminar, e pôs luz à oportunidade de pesquisas no tema para otimização de

parâmetros e boas práticas de projetos utilizando a TMBS. Outra lacuna encontrada foi a de

estudos técnicos sobre a produção média de biogás em uma usina com essa tecnologia, mais

uma sugestão para futuros trabalhos.

Parte do estudo necessário para expansão da utilização da tecnologia TMBS já está

sendo realizado no Usina do Caju, na planta TMethar, graças ao trabalho da empresa Methanum

Resíduos e Energia, com parcerias da Universidade Federal de Minas Gerais, da Comlurb e

C40, e com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(TMETHAR, 2019). Importante reconhecer os esforços dessas instituições em desenvolver a

tecnologia e incentivar a pesquisa científica na área.

Além das dificuldades comuns a todos os trabalhos que envolvem tecnologia muito

novas e com pouco bibliografia, este projeto enfrentou o desafio de propor uma solução de

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tratamento de FORSU, através da construção de uma usina com tecnologia TMBS, sem

informações da Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim e sem apoio de dados da

empresa CTRCI. Sendo assim, foi um desafio realizar o projeto na única área apresentada como

disponível pela empresa administradora do aterro e sem informações topográficas e

hidrogeológicas do local.

Alguns outros temas estudados neste trabalho despertaram especial interesse e dúvida,

devido à pouca literatura existente, como estudos sobre a relação entre a temperatura do

processo e a produção de biogás, em escala industrial, e não somente em escala de bancada, ou

mesmo estudos sobre tempo de retenção de sólidos (TRS) ideal e taxa de produção de biogás

média para a técnica de garagens de metanização, temas relevantes para futuros trabalhos a

serem desenvolvidos na área.

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11. CIBIOGÁS, CIBiogás Energias Renováveis. “Nota técnica n° 02/2019 – Panorama do

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id&Itemid=23, obtido em 10 de março de 2019.

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https://esa.un.org/unpd/wup/DataQuery/, obtido em 26 de junho de 2018.

28. PINHEIRO, Eualdo Lima; MARTINS, Gleice Kelly Ribeiro; DIAS, Luciana do

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http://www.cachoeiro.es.gov.br/site.php?nomePagina=NOTICIA&id_item=Coleta_sel

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30. PROBIOGÁS (A), Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento

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31. PROBIOGÁS (B), Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético

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32. PROBIOGÁS, Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de

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33. QUIAN, M. Y.; LI, R. H.; LI, J.; WEDWITSCHKA, H.; NELLES, M.; STINNER,

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34. RABELO, Marcia Helena. Entrevista concedida à Gabriela Moreira Borges em visita

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abril de 2018.

35. SEDURB, Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano.

Disponível em: https://sedurb.es.gov.br/programa-es-sem-lixao. Acesso em: 18 de

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37. TMETHAR. Visita técnica realizada em 26 de fevereiro de 2019 na Usina de

metanização de resíduos orgânicos e aproveitamento energético de biogás – TMethar.

2019.

38. TWB, The World Bank. “What a Waste: A Global Review of Solid Waste

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39. VERMA, Shefali. “Anaerobic digestion of biodegradable organics in municipal solid

wastes”, dissertação de mestrado, Columbia University, Nova Iorque, 2002.

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APÊNDICE A

Registro fotográfico de visita técnica realizada no CTRCI no dia 23 de abril de 2018.

Figura 24 - Unidade de pesagem de caminhões do CTRCI (acervo próprio).

Figura 25 - Unidade de lavagem de caminhões do CTRCI (acervo próprio).

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Figura 26 - Lagoa de armazenamento de lixiviado do CTRCI (acervo próprio).

Figura 27 - Vista da unidade de pesagem, do escritório administrativo e da entrada do CTRCI a partir

do topo de uma das células de aterramento (aervo próprio).

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APÊNDICE B

Plantas em escala 1:200 do projeto da planta de tratamento de FORSU com produção de biogás.