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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Informática Graduação em Ciência da Computação ANÁLISE DA ATIVIDADE SOCIAL DE COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E EDUCADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESPECIFICAÇÃO E PROTOTIPAGEM DO SISTEMA COLABORATIVO PIPPA Marcello Cysneiros Landim Valença TRABALHO DE GRADUAÇÃO Recife 15 de junho de 2012

Marcello Cysneiros Landim Valença. Análise da atividade social de comunicação entre pais e educadores na educação infantil: especificação e prototipagem do sistema colaborativo

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Marcello Cysneiros Landim Valença. Análise da atividade social de comunicação entre pais e educadores na educação infantil: especificação e prototipagem do sistema colaborativo PIPPA. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Ciência da Computação) - Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Alex Sandro Gomes.

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  • Universidade Federal de Pernambuco

    Centro de Informtica

    Graduao em Cincia da Computao

    ANLISE DA ATIVIDADE SOCIAL DE COMUNICAO ENTRE PAIS E EDUCADORES NA

    EDUCAO INFANTIL: ESPECIFICAO E PROTOTIPAGEM DO SISTEMA

    COLABORATIVO PIPPA

    Marcello Cysneiros Landim Valena

    TRABALHO DE GRADUAO

    Recife

    15 de junho de 2012

  • Universidade Federal de Pernambuco

    Centro de Informtica

    Marcello Cysneiros Landim Valena

    ANLISE DA ATIVIDADE SOCIAL DE COMUNICAO ENTRE PAIS E EDUCADORES NA

    EDUCAO INFANTIL: ESPECIFICAO E PROTOTIPAGEM DO SISTEMA

    COLABORATIVO PIPPA

    Trabalho apresentado ao Programa de Graduao em

    Cincia da Computao do Centro de Informtica da

    Universidade Federal de Pernambuco como requisito

    parcial para obteno do grau de Bacharel em Cincia da

    Computao.

    Orientador: Alex Sandro Gomes

    Recife

    15 de junho de 2012

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, Deus, que um guia inseparvel na minha vida e que permite que tudo

    isso acontea.

    Ao Professor Alex Sandro Gomes, pela orientao, indicao de material, incentivo e

    receptividade, me mostrando os melhores caminhos para alcanar os objetivos.

    minha tia, professora da Escola Municipal Santo Antnio do Caote, Adriana Cysneiros,

    pela enorme contribuio que deu ao trabalho, respondendo e distribuindo esses questionrios entre

    vrios companheiros de trabalho e entre outras escolas.

    s professoras, coordenador, alunos, pais e porteiro da Escola Pequenos Passos pela

    recepo e contribuio.

    Aos meus pais, pela educao que me deram e pelo amor incondicional. So eles que me

    do toda a base e segurana necessrias para estudar, arriscar e investir, e esto sempre ao meu lado

    independente de qualquer coisa. Todas as minhas realizaes e conquistas eu devo a eles.

    minha filha, que uma fonte eterna de inspirao e luz na minha vida.

    minha esposa, Emanuela, pela pacincia, incentivo e conforto nas horas mais difceis.

    Obrigado por transformar a minha vida e por me fazer to feliz. Eu te amo.

    minha famlia e amigos de infncia, pela sincera amizade.

    Aos amigos que fiz durante o curso, especialmente Gabriel do Amaral, um companheiro

    para todas as horas.

    Aos professores do Centro de Informtica da UFPE e de outros centros por onde passei, pela

    contribuio de valor incalculvel para a minha formao.

  • Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim

    para a coisa em que voc vai se focar. Mas no nada

    disso. Significa dizer no s centenas de outras boas ideias

    que existem. Voc precisa selecionar cuidadosamente.

    -STEVE JOBS para a revista Fortune, 2008

  • v

    RESUMO

    Novas tecnologias surgem a cada dia, e as escolas precisam se modernizar. O tempo tambm se

    torna cada vez mais escasso, e alternativas mais eficientes precisam ser encontradas para se fazer as

    coisas. Este trabalho se baseia na Teoria da Atividade, Etnografia e em cenrios para encontrar

    necessidades dos usurios e criar prottipos para solucionar essas necessidades, e a partir disso

    identificar requisitos para o Pippa, uma rede social escolar na web. Ao final deste trabalho, o Pippa

    passa a ser visto como uma ferramenta de interao entre pais, professores e alunos, mvel e

    adaptada s novas tecnologias, que aumenta a eficincia da comunicao tanto em sala de aula para

    os professores, como fora da escola para os pais. Com tudo isso, espera-se que a cooperao entre

    pais, professores e alunos seja alcanada e melhorada cada vez mais, com a finalidade de melhorar

    o desempenho do aluno.

  • vi

    ABSTRACT

    New technologies emerge every day, and schools need to modernize. Time also becomes

    increasingly scarce and more efficient alternatives must be found to do things. This work is based

    on Activity Theory, Ethnography and scenarios to find user needs and create prototypes to address

    these needs, and from this identify requirements for Pippa, a school social networking on the web.

    At the end of this work, Pippa is seen as a tool of interaction between parents, teachers and students,

    mobile and adapted to new technologies, which increases the efficiency of communication both in

    the classroom for teachers, and out of school for the parents. With all this, it is hoped that

    cooperation between parents, teachers and students is achieved and improved increasingly, for the

    purpose of improving student achievement.

  • vii

    SUMRIO

    Captulo 1Introduo .......................................................................................... 1

    Captulo 2Estado da Arte .................................................................................... 3

    2.1 COOPERAO FAMLIA-ESCOLA NA EDUCAO INFANTIL ................................................................ 3

    2.2 ANLISE DE COMPETIDORES ............................................................................................................. 7

    2.3 PIPPA: O RE-DESIGN DO AMBIENTE COOPERATIVO ........................................................................ 12

    Captulo 3Referencial Terico ........................................................................... 14

    3.1 TEORIA DA ATIVIDADE ..................................................................................................................... 14

    Captulo 4Mtodo............................................................................................. 18

    4.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................................. 18

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................................................. 18

    4.3 ETNOGRAFIA .................................................................................................................................... 19

    4.4 CENRIOS ........................................................................................................................................ 21

    Captulo 5Resultados ........................................................................................ 24

    5.1 MTODO EMPREGADO .................................................................................................................... 24

    5.2 ATIVIDADE 1: COMUNICAO FAMLIA-ESCOLA ............................................................................. 26

    5.2.1 Descrio da atividade segundo a Teoria da Atividade e o Modelo do Tringulo de Engestrm .............. 26

    5.2.2 Cenrio atual .............................................................................................................................................. 27

    5.2.3 Necessidades do usurio ............................................................................................................................. 29

    5.2.4 Prottipo ..................................................................................................................................................... 30

    5.2.5 Cenrio futuro............................................................................................................................................. 30

    5.2.6 Cenrios futuros caricaturados .................................................................................................................. 31

    5.2.7 Requisitos do produto ................................................................................................................................. 33

    5.3 ATIVIDADE 2: AGENDA ESCOLAR ..................................................................................................... 35

    5.3.1 Descrio da atividade segundo a Teoria da Atividade e o Modelo do Tringulo de Engestrm .............. 35

    5.3.2 Cenrio atual .............................................................................................................................................. 36

    5.3.3 Necessidades do usurio ............................................................................................................................. 38

    5.3.4 Prottipo ..................................................................................................................................................... 39

    5.3.5 Cenrio futuro............................................................................................................................................. 39

    5.3.6 Cenrios futuros caricaturados .................................................................................................................. 41

    5.3.7 Requisitos do produto ................................................................................................................................. 43

    Captulo 6Concluses e Trabalhos Futuros ........................................................ 46

    Anexo aTelas do Pippa ...................................................................................... 50

    Anexo bQuestionrios ...................................................................................... 53

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    5.1 Tabela de necessidades dos usurios Prottipo Comunicao Famlia-Escola ...................... 30

    5.2 Tabela de necessidades dos usurios Prottipo da atividade Agenda Escolar ........................ 39

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    2.1 Rede social LearnHub .................................................................................................................. 9

    2.2 Pgina inicial do site de gerenciamento online para escolas Spiral Universe. .......................... 10

    2.3 Agenda escolar, modelo infantil ideal para educao infantil. Polo Cultural Editora. .............. 11

    2.4 Logotipo do Pippa ...................................................................................................................... 13

    3.1 Tringulo de Engestrm ............................................................................................................. 15

    3.2 Exemplo de modelagem de atividade usando o tringulo de Engestrm. ................................ 16

    5.1 Planta baixa representativa da Escola (meramente ilustrativa) .................................................. 29

    5.2 Sala de aula do colgio infantil. ................................................................................................. 38

    5.3 Sala de aula do colgio infantil com um tablet. ......................................................................... 41

    5.4 Diagrama de casos de uso do Pippa ........................................................................................... 45

    A.1 Prottipo da pgina inicial do Pippa na perspectiva de um Pai ................................................. 50

    A.2 Prottipo da pgina de mensagens na perspectiva de um Pai .................................................... 51

    A.3 Prottipo da pgina de mensagens na perspectiva de um Professor .......................................... 52

  • 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    A melhor maneira de prever o futuro invent-lo

    ALAN KAY (Cientista da computao, 1971)

    Novas tecnologias no param de surgir e evoluir, e as escolas tendem a se manter

    atualizadas com as novas tecnologias que surgem. A mobilidade um fenmeno que veio para

    ficar, pois as pessoas precisam cada vez mais se comunicar de qualquer lugar que estiverem.

    O tempo se tornou um fator crtico para muita gente. So muitas coisas diferentes para se

    fazer, e as pessoas passam a maior parte do tempo ocupadas com alguma coisa. No caso de pais e

    mes, essa falta de tempo muitas vezes impede que elas deem mais ateno aos seus filhos. Com o

    avano da tecnologia, existem diversas opes de comunicao e interatividade, mas muitas dessas

    opes no esto ainda presentes na maioria das escolas. As tecnologias mveis precisam ser usadas

    pelas escolas, fornecendo novas opes para os pais, alunos e professores.

    Para melhorar o desempenho de um aluno em sala de aula, muito importante que exista

    uma cooperao entre todos que podem afetar diretamente o rendimento desse aluno. Os

    professores, que educam diretamente as crianas em sala de aula, os pais, responsveis pela

    educao geral dos filhos, e os prprios alunos, todos precisam ter conscincia do seu papel e da

    importncia do sincronismo entre as atividades de ambas as partes.

    Muitas pessoas j falam sobre uma tendncia natural do uso de tablets nas escolas. Isso pode

    ser visto com as campanhas do governo que objetivam levar tablets para todas as escolas pblicas

    do pas. As escolas particulares no ficaro para trs, mas necessria uma justificativa aceitvel e

    vivel para que essas escolas passem a utilizar tablets ou qualquer outra tecnologia.

    O Pippa, Programa de Integrao Professores Pais e Alunos, surgiu como uma ideia de rede

    social escolar, e vem evoluindo para se adaptar as novas necessidades das pessoas. Nesse trabalho,

    sero criados novos prottipos para evoluir esse projeto, realizando requisitos especificados a partir

    de observaes de aes de usurios.

    As tecnologias no devem ser vistas somente como uma ferramenta de auxlio nas escolas,

    mas sim como parte integrante e fundamental para a realizao das atividades dirias de uma escola.

    Para isso, essa tecnologia precisa ser transparente para aos usurios. Para que ela seja transparente,

  • 2

    ela precisa ser inserida no ambiente de forma que possa ser utilizada de forma natural pelas pessoas,

    assim como elas usam qualquer outra ferramenta. Em uma sala de aula, por exemplo, a professora

    deveria usar um tablet da mesma forma que ela usa o quadro branco, uma tesoura ou um apagador.

    Os computadores, cada vez mais, fazem parte da vida das pessoas, e ns nos acostumamos

    com eles. Sistemas embarcados esto presentes em diversos lugares e fazem parte do dia a dia das

    pessoas.

    Podemos, ento, juntar as novas tecnologias, com as necessidades que as pessoas tm de

    usar seu tempo de forma eficiente, e com a tendncia de modernizao das escolas, e criar novas

    opes para o ensino colaborativo.

  • 3

    CAPTULO 2

    ESTADO DA ARTE

    No se pode falar de educao sem amor

    PAULO FREIRE (Educador e filsofo brasileiro)

    2.1 COOPERAO FAMLIA-ESCOLA NA EDUCAO INFANTIL

    No mundo moderno, os pais nem sempre conseguem acompanhar seus filhos nas escolas, e

    quando o fazem, tendem a escutar mais seus filhos e a atribuir toda a responsabilidade de qualquer

    problema escola, aumentando os conflitos entre a famlia e a escola, dificultando assim o

    aprendizado do aluno. A verdade que os pais e as escolas perseguem um objetivo comum, que a

    educao dos alunos. Assim, o objetivo maior o alcance do ensino colaborativo.

    Colaborao pode ser definida como um estilo de interao entre, no mnimo, dois parceiros

    equivalentes, engajados num processo conjunto de tomada de deciso, trabalhando em direo a um

    objetivo comum [Friend e Cook, 1990]. Nesse caso, dois parceiros fundamentais so a famlia e a

    escola, que devem atuar em favor do crescimento fsico, mental e social das pessoas. Apesar disso,

    as aes educativas na escola e na famlia apresentam funes distintas quanto aos objetivos,

    contedos e mtodos, bem como as expectativas e interaes peculiares a cada contexto

    [Szymanski, 2011].

    A famlia tem como principal funo educar a criana de uma forma geral, ensinando a ela a

    linguagem materna, os smbolos culturais, as regras de convivncia e tudo o que for necessrio para

    a socializao da criana. Dessa forma, a cultura dos pais passada para a criana. Alm disso, a

    famlia tambm tem como funo uma parte da educao formal da criana, educao esta que no

    pode ser vista como responsabilidade nica da escola. A famlia precisa estar em contnua harmonia

    com a escola, j que uma complementa a outra no ensino formal da criana. A famlia apontada

    como uma das variveis responsveis pelo possvel fracasso escolar do aluno [Carvalho, 2000].

    Mas, por outro lado, incontestvel a enorme contribuio da famlia para o desenvolvimento e

    aprendizagem da criana.

    A escola tambm tem uma grande importncia no desenvolvimento do indivduo. Ela

    fundamental para que as crianas possam adquirir um conhecimento culturalmente organizado,

    dividido por reas diferentes. Segundo o Ministrio da Educao, o conhecimento escolar dividido

  • 4

    em reas que, quando reunidas, compartilham o mesmo objetivo de estudo. Essas reas so:

    Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias, que rene lngua portuguesa, estrangeira, artes,

    informtica, educao fsica e literatura; Cincias da Natureza e Matemticas, da qual fazem parte a

    cincia e a matemtica; e Sociedade e Cidadania, onde se tem filosofia, cincias humanas, geografia

    e histria [MEC, 2009]. Alm de todo esse contedo, a escola um lugar ideal para que as crianas

    possam desenvolver suas habilidades de expresso, comunicao e habilidades interpessoais, seus

    valores, sua imaginao, curiosidade ou experimentao, seja atravs do ensino, da brincadeira ou

    ambos, ampliando a sua experincia. A escola deve resgatar, alm das disciplinas cientficas, as

    noes de ao poltica e busca da cidadania e da construo de um mundo mais equitativo

    [Ananias, 2000].

    preciso ento que a famlia e a escola mantenham boas relaes para melhorar o

    aprendizado e desenvolvimento da criana. inegvel a importncia das escolas para a educao e

    crescimento das crianas, mas preciso tambm que as escolas reconheam a importncia dos pais

    na vida escolar dos alunos, auxiliando esses pais para que eles possam exercer o seu papel e fazer a

    sua parte. Esse processo de integrao entre a famlia e a escola precisa ser feito de maneira

    coordenada. Pesquisas [Costa, 2003; Fonseca, 2003; Marques, 2002] tm demonstrado os

    benefcios da integrao famlia e escola, quando o projeto pedaggico da escola abre espao para a

    participao familiar e quando ambas reconhecem os seus papis no processo de aprendizagem e

    desenvolvimento do aluno.

    Existem algumas barreiras colaborao. Para que ela ocorra, necessrio um

    envolvimento dos pais na vida acadmica das crianas. O envolvimento de pais com a escola passou

    a ser considerado nos ltimos anos como uma preocupao necessria e legtima e no pode ser

    mais uma opo extra [Bastiani, 1993], pois a participao ativa dos pais contribui no s com todo

    o processo escolar, mas tambm com a melhoria do ambiente familiar em que vive, j que eles

    passam a compreender melhor o processo de crescimento e aprendizagem da criana, e tudo isso

    ajuda muito no desenvolvimento do aluno. Ento, um dever dos pais participar ativamente da

    educao de seus filhos, tanto na escola quanto em casa. Mas essa uma das principais barreiras da

    integrao. Muitos pais acreditam que a escola no capaz de influenciar de forma positiva a

    famlia dos alunos. A verdade que a escola tem sim capacidade de melhorar o ambiente familiar, e

    deve sempre buscar isso. Uma das coisas que impedem uma maior participao dos pais a falta de

    tempo destes para esse fim, seja por ter que trabalhar integralmente, pelo trnsito nas grandes

    cidades ou por qualquer outro motivo. Isso, junto com outros fatores como terminologias e jarges

    usados pelos professores e coordenadores que atrapalham a compreenso da linguagem, pode

  • 5

    dificultar a comunicao com a escola. Alm disso, existe tambm o fato de muitos pais se sentirem

    inferiores aos coordenadores e professores (principalmente entre aqueles pais de mais baixa renda)

    muitas vezes devido a experincias educacionais negativas, ou mesmo a normas culturais que

    estabelecem uma hierarquia na qual os professores so mesmo superiores aos pais e alunos. Tudo

    isso acaba intimidando os pais, que ficam bloqueados na comunicao efetiva com a escola. Essa

    tradio que influi na separao entre os pais e as escolas precisa ser quebrada. Estruturas

    tradicionais ultrapassadas podem tirar a capacidade da escola de alcanar a colaborao. Alm da

    barreira familiar e da barreira estrutural da escola, uma outra barreira colaborao vem dos

    professores. Estes, muitas vezes, estabelecem com os pais um contato distante e formal, tratando

    apenas de assuntos ligados ao contedo ensinado, fazendo com que os pais ajam da mesma forma,

    podendo gerar alguma frustrao ou receio por parte deles.

    A colaborao tem efeitos positivos para a famlia, para a escola e para os alunos. A famlia

    beneficiada na medida em que os pais se tornam mais conscientes dos objetivos da escola, da

    atuao do professor como autor de situaes que promovem a aprendizagem e do processo

    educacional como um todo. Os pais que se envolvem na escolaridade dos filhos desenvolvem uma

    atitude mais positiva com relao escola e com relao si mesmos, se tornam mais ativos na sua

    comunidade e tendem a melhorar seu relacionamento com os filhos [Becher, 1984]. A escola, por

    sua vez, se beneficia pela reduo dos conflitos com os familiares, o que melhora o ambiente

    escolar, e com o aumento do desempenho dos seus alunos. O envolvimento dos pais na escola

    mostra aos alunos que o aprendizado formal e o bom desempenho escolar so importantes,

    resultando em um ambiente escolar positivo, conduzindo ao aprendizado [Comer, 1984]. Os alunos,

    por sua vez, so os mais beneficiados pelo ensino colaborativo. Alm da melhora do rendimento

    escolar, os efeitos positivos no aluno tambm incluem a diminuio das faltas e repetncias e a

    reduo dos problemas de comportamento [Comer, 1980]. Atravs de um processo de

    aprendizagem coordenado entre a escola, que desenvolve uma viso mais ampliada do

    conhecimento cientfico, e a famlia, que transmite seus valores e sua cultura, o aluno evolui nos

    nveis cognitivos, afetivos e sociais, modificando a sua personalidade e se tornando uma pessoa

    mais consciente do seu papel na comunidade. A consequncia disso tudo que a colaborao tem

    efeito positivo no s para a famlia, a escola e o aluno, mas tambm para toda a comunidade e todo

    o contexto em que essa trade est inserida.

    Para reforar as ideias apresentadas at agora, uma pesquisa [Cia et al., 2008] realizou

    estudos sobre a relao entre o envolvimento dos pais na educao dos filhos e o desempenho

    acadmico destes. 110 crianas da 4 srie do ensino fundamental participaram respondendo a um

  • 6

    questionrio. Como concluso dessa pesquisa temos que, de um modo geral, quanto maior a

    frequncia de interao entre pais e filhos e da participao dos pais nas atividades escolares,

    culturais e de lazer dos filhos, maior o desempenho acadmico das crianas. Outro ponto importante

    retirado dessa pesquisa e citado tambm por Bolsoni e Marturano (2002) que pais que se

    envolvem pouco ou no se envolvem da forma correta com os filhos poderia mudar esse

    comportamento a partir de programas educacionais promovidos pela escola, o que resultaria em um

    desenvolvimento mais saudvel das crianas.

    Para alcanar a colaborao preciso, antes de tudo, que a escola reconhea a famlia como

    um aliado para atingir os objetivos da educao, tendo em mente que a escola no uma simples

    tutora de atividades e orientaes familiares. Depois, preciso que a escola mantenha uma boa

    comunicao com os pais, procurando envolver os mesmos nas decises e atividades da escola. A

    falta de participao de muitos pais ocorre porque durante o planejamento das atividades escolares

    no so consideradas as necessidades e interesses da famlia e dos alunos [Krasnow, 1990]. Por

    isso, preciso que a escola permita aos pais e alunos expressarem seus desejos e percepes, tanto

    no planejamento como no curso dirio das atividades. Alm disso, preciso que a escola encontre

    uma maneira efetiva de se comunicar com os pais, tentando sempre garantir que os pais consigam

    receber e entender as mensagens enviadas pela escola, tomando alguns cuidados como nos casos de

    pais analfabetos ou com alguma deficincia fsica que dificulte o acesso desses pais a essas

    mensagens. importante tambm evitar o uso de jarges e linguagens que dificultem o

    entendimento por parte dos pais, e a escola deve sempre abrir espao para receber um retorno dos

    pais. Com isso, a famlia passar a se sentir mais vontade para se comunicar com a escola, e dessa

    forma a troca de informaes poder ocorrer nas duas direes. Mas no s da escola que depende

    essa boa relao. Os pais devem se envolver nas tomadas de deciso, e dependendo da

    disponibilidade, eles podem tambm participar de atividades voluntrias, sejam elas temporrias ou

    permanentes. Atravs de funes que os pais se sintam capazes de realizar, e de atividades em

    horrios em que eles possam participar, o envolvimento destes se tornar mais frequente.

    importante promover oportunidades para que os pais usem suas qualidades e habilidades na escola

    [Kroth, 1985]. Pais e familiares, tanto quanto professores, apreciam terem suas qualidades

    reconhecidas [Epstein, 1988]. Isso deve ser levado em conta durante o planejamento das atividades

    na escola, e deve sempre se buscar uma forma de adaptar essas atividades as experincias e

    percepes dos familiares, dos alunos e dos professores. Sobretudo, as informaes trocadas

    precisam ser feitas de uma forma informal e mantendo sempre o respeito mtuo entre as partes

    envolvidas.

  • 7

    A partir dessa reviso de literatura, foram identificados alguns requisitos para promover a

    colaborao famlia-escola:

    Os pais precisam ser includos no processo de planejamento escolar, nas tomadas de

    deciso e nas atividades dirias da escola.

    Professores e coordenadores precisam tentar evitar o uso de jarges e terminologias

    especficas, para no retrair os pais.

    A comunicao entre as partes precisa ser feita de forma informal, buscando sempre

    quebrar o sentimento de inferioridade dos pais.

    Os pais precisam interagir mais com os filhos.

    preciso haver garantias de que os pais recebam as mensagens enviadas pela escola.

    Portanto, a colaborao beneficia a famlia, a escola e o aluno. Tanto a famlia quanto a

    escola possuem papis e funes fundamentais no processo educacional da criana. Existem

    barreiras, como a hierarquia adotada por algumas escolas, o sentimento de inferioridade dos pais e a

    falta de uma comunicao adequada e sem garantia de alcance das mensagens trocadas, e essas

    barreiras precisam ser quebradas. Os pais precisam se envolver mais nas atividades escolares e

    interagir mais com os filhos, e uma boa relao entre a escola e a famlia precisa ser mantida, com

    respeito mtuo entre as partes. E antes de tudo, necessrio o reconhecimento de ambas as partes

    da importncia da outra parte para alcanar o objetivo final, que a educao do aluno.

    2.2 ANLISE DE COMPETIDORES

    No Brasil, existe a LearnHub (Figura 2.1), que uma rede social para professores e alunos

    centrada na educao on-line. Nessa rede social, no h diferena entre professores e alunos, e

    qualquer um pode criar uma comunidade, compartilhar um tema e debater um assunto. uma rede

    de comunidades focadas em objetivos ou disciplinas especficos. A vantagem competitiva do Pippa

    est na incluso dos pais nesse relacionamento, favorecendo o ensino colaborativo e diminuindo os

    conflitos nas escolas. O foco do Pippa est no acompanhamento dos pais, e no apenas na relao

    entre os alunos e professores.

    Internacionalmente, existem sites de gerenciamento on-line para escolas, como o

    Kindergarten Management System, Spiral Universe Management System (Figura 2.2) e o

    Dreamschool. Para esses casos, a vantagem competitiva do Pippa est no fato de ser uma rede

    social, o que diminui a hierarquia entre os pais e professores, facilitando a comunicao e o

    relacionamento. A interface simples, a facilidade de uso e a possibilidade de interagir com os

  • 8

    professores, em vez de simplesmente receber informaes dos mesmos, so diferenciais do Pippa

    em relao aos sites internacionais.

    Tambm existe o Steps, que um recurso online para educadores que possui vrias aplicaes

    integradas e dispositivos de hardware, e permite que ideias inovadoras sejam compartilhadas alm

    da sala de aula. Os professores podem compartilhar conhecimento e planos de aula entre eles, indo

    alm do sistema. O sistema criado para tablets, possibilitando aos professores acompanhar seus

    alunos em tempo real, e se comunicar com os pais rapidamente. Os estudantes tambm podem

    interagir entre si nesse sistema. O Steps um sistema ideal para alguns propsitos, e torna possvel

    substituir as atuais formas de atividades de casa por seus produtos e servios. A grande diferena

    que o Steps no totalmente privado, possibilitando que informaes que circulam na rede sejam

    compartilhadas com pessoas externas. O foco maior dele, assim como os outros, est nas atividades

    dos professores e alunos e no relacionamento entre eles. Apesar de considerar tambm a

    comunicao dos professores com os pais, esse no o principal objetivo do Steps.

    A agenda escolar (Figura 2.3) tambm pode ser considerada uma concorrente do Pippa, j que

    as escolas precisam mudar sua cultura tradicional de fazer toda a comunicao atravs da agenda, e

    dar aos pais a possibilidade de acompanhar seus filhos pela internet, e para isso necessrio mudar

    tambm a cultura dos professores. Mas a agenda no precisa ser eliminada, ela pode continuar

    sendo utilizada de forma opcional, principalmente em escolas que possuam pais e alunos sem

    acesso a internet. A vantagem do Pippa est no fato de ser on-line, possibilitando uma comunicao

    em tempo real e a distncia, com todas as informaes armazenadas e disponveis a qualquer

    momento e de qualquer lugar com acesso a rede mundial de computadores. O objetivo maior do

    Pippa fornecer aos pais uma experincia equivalente a de visitar a escola do seu filho, o que no

    possvel apenas com a agenda.

    Com tudo isso, percebemos que o Pippa pode ser modificado para se adaptar s novas

    tecnologias, criando novas possibilidades para os usurios. Atravs de uma anlise do ambiente em

    que se pretende inserir o Pippa, novas necessidades dos usurios sero descobertas e novos

    requisitos de produto sero identificados.

  • 9

    Figura 2.1 Rede social LearnHub.

  • 10

    Figura 2.2 Pgina inicial do site de gerenciamento online para escolas Spiral Universe.

  • 11

    Figura 2.3 Agenda escolar, modelo infantil ideal para educao infantil. Polo Cultural Editora.

  • 12

    2.3 PIPPA: O RE-DESIGN DO AMBIENTE COOPERATIVO

    O Pippa - Programa de Integrao Professores Pais e Alunos (Figura 2.4) uma rede social

    escolar que possibilita aos pais um acompanhamento dirio do seu filho, e uma interao direta

    entre os pais, os alunos e as escolas. Como mostrado na primeira seo deste captulo, os pais nem

    sempre conseguem acompanhar seus filhos nas escolas, seja por falta de tempo, por desinteresse ou

    simplesmente por se sentirem inferiores aos professores. Isso faz com que muitos pais culpem a

    escola por qualquer problema que ocorra com o seu filho. A escola, por sua vez, no consegue

    melhorar a qualidade de ensino e suprir diversos problemas por no ter um retorno melhor dos pais,

    e pela falta de uma comunicao eficiente entre ambos. Tudo isso pode gerar conflitos entre eles, o

    que no bom para nenhum dos lados, e o mais prejudicado o prprio aluno. Como mostram os

    estudos realizados, o envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos reduz os conflitos e tende a

    melhorar o ambiente escolar, contribuindo para o melhor desempenho do aluno. O Pippa tem a

    misso de prover uma soluo diferenciada para facilitar a construo conjunta do conhecimento,

    fazendo com que os pais e as escolas trabalhem juntos, na tarefa de educar.

    O sistema atual dividido em trs tipos de usurios, que so os pais, os alunos e os

    professores. Ele tambm dividido em trs tpicos, Famlia-escola, Rede social e Fique por dentro.

    Na Famlia-escola, a Agenda o principal meio de comunicao, onde os professores escrevem as

    atividades dirias da turma, substituindo assim o mtodo atual e cansativo, no qual os professores

    precisam escrever em vrias agendas a mesma coisa. E no caso de uma mensagem pessoal, os

    professores podem deixar algum recado para os pais ou notificar os alunos, e essa notificao

    chegar aos pais. Ainda na Agenda, os usurios podem ver tudo o que acontece de forma

    organizada, baseado no calendrio. Na parte de Rede social, os usurios possuem um Perfil, com

    sua foto e a foto dos seus familiares (no caso dos alunos ou pais), para uma fcil identificao por

    parte dos outros usurios. Tambm existe o Frum, que possui tpicos categorizados em privado,

    protegido ou pblico, em que o privado visto apenas por membros de uma mesma turma,

    protegido visto por toda a escola, e pblico vai alm do sistema, e visto por qualquer pessoa na

    web. Assim, diversos assuntos podem ser discutidos, em diversos nveis de visualizao. Em Fique

    por dentro, a escola pode escrever notcias, que sero vistas por todos os integrantes da escola logo

    na pgina inicial. Uma Galeria tambm est disponvel, para que a escola possa registrar eventos

    que ocorreram.

  • 13

    A ideia de modelo de negcio do Pippa simples. O foco do Pippa est no acompanhamento

    dos pais. So eles que pagam a escola, e so eles que podem fazer as escolas usarem o sistema, e

    claro os alunos (no caso seus filhos) tambm. Para atrair as escolas, alm de demonstrar o interesse

    dos pais em utilizar o sistema, no haver nenhum custo para fazer parte do Pippa. Depois, elas

    podem personalizar o Pippa e adicionar funcionalidades especficas, gastando um pouco. Mas a

    principal fonte de renda ser o patrocnio. Assim, se os pais quiserem usar o sistema, eles iro atrair

    as escolas, e com as escolas utilizando, diversos usurios diferentes estaro utilizando o sistema, o

    que ir atrair empresas patrocinadoras.

    Figura 2.4 Logotipo do Pippa.

  • 14

    CAPTULO 3

    REFERENCIAL TERICO

    A mulher, assim que d a luz, ama o homem

    apenas tanto quanto este ama o filho

    CHRISTIAN FRIEDRICH HEBBEL (Poeta/Dramaturgo)

    3.1 TEORIA DA ATIVIDADE

    Um requisito importante em sistemas colaborativos de aprendizagem a capacidade de

    representar e dar suporte execuo, acompanhamento e avaliao de atividades colaborativas de

    ensino-aprendizagem. Levando isto em considerao, temos que a teoria da atividade contribui para

    uma melhor elicitao de requisitos de sistemas colaborativos de aprendizagem por permitir

    representar as atividades e todo o seu contexto atravs da anlise sistmica de elementos, tais como:

    sujeito, objeto, ferramentas de mediao, regras sociais, comunidade e diviso de trabalho [Gomes

    Neto et al., 2003].

    Em nossas vidas, sempre agimos para suprir nossas necessidades. Desde que surgiram na

    terra, os seres humanos sempre tiveram necessidades, sejam elas vitais ou simplesmente para

    melhorar seu bem estar. Ns temos necessidade de comida e gua, e tambm temos necessidade de

    prazer e diverso. Em psicologia, necessidade pode ser definida como um estado interno de

    insatisfao causado pela falta de algum bem necessrio ao bem-estar [Carver e Scheier, 2000]. a

    partir da necessidade que a atividade se constitui, ou seja, uma atividade realizada quando existe

    alguma necessidade ou algum motivo. A necessidade uma condio interna para que ocorra a

    atividade humana [Leont'ev, 1981].

    A teoria da atividade se baseia na atividade. Uma atividade uma forma de agir de um

    sujeito, ou grupo de pessoas, direcionada a um objeto com o objetivo de alcanar um determinado

    resultado [Leont'ev, 1978]. Uma atividade realizada atravs de aes. Essas aes tm seus

    objetivos prprios, mas possuem a funo de juntas realizarem a atividade. Portanto, a necessidade

    cria uma atividade, que deve ser realizada atravs de aes, e cada uma dessas aes possuem seus

    objetivos prprios, mas que juntos atendem a necessidade inicial da atividade. As aes de uma

    atividade so estimuladas pelo motivo da mesma, mas esto dirigidas aos seus objetivos prprios

    [Leont'ev, 1981]. Os tericos acreditam ser impossvel entender aes isoladamente, j que elas

  • 15

    sempre ocorrem dentro de um contexto [Kuutti, 2001]. Para entender melhor esse enunciado,

    Leontev utiliza o seguinte exemplo: considere um grupo de caadores que se subdividem em dois

    grupos, um com a funo de afugentar a presa em direo ao outro grupo, que ter a funo de

    esperar pela presa para poder abat-la. Se a ao do primeiro grupo for vista de forma isolada, ela

    perde a coerncia com o objetivo geral da atividade, que capturar a presa, pois no esperado que

    um caador que deseja capturar uma presa esteja tentando afugentar essa presa. A verdade que a

    ao desse grupo est inserida em um contexto maior, no qual faz todo o sentido o que esse grupo

    est fazendo. Portanto, isolar uma ao humana do seu contexto pode levar a interpretaes

    inconsistentes, e para evitar isso, preciso utilizar uma viso mais holstica, observando o contexto

    em que aquelas aes esto inseridas.

    Assim como os estudos em Interao Humano-Mquina preocupam-se com problemas

    prticos de projeto e avaliao de sistemas interativos, a Teoria da Atividade aborda a atividade

    prtica humana no mundo real [Kuutti, 2001]. A Teoria da Atividade incorpora a importncia do

    contexto social, tratando-o como ponto fundamental: os atos de cada pessoa esto embutidos na teia

    social de que todos fazem parte, uma teia composta de pessoas e artefatos, e caracterizada por sua

    cultura e histria [Nardi, 2001]. Dessa forma, possvel encaixar a teoria da atividade com a

    etnografia e a criao de cenrios.

    A Figura 3.1 mostra a estrutura de uma atividade modela por Engestrm [Engestrm, 1996]:

    Figura 3.1 Tringulo de Engestrm.5[fonte?]

  • 16

    Uma atividade estruturada por elementos. O objetivo de uma atividade pode ser

    considerado como a justificativa para as aes tomadas durante a sua execuo, ou seja, as pessoas

    agem para atingir esses objetivos. Um indivduo (sujeito), inserido em uma comunidade, realiza

    essa atividade. Esta comunidade possui normas e regras, formada por indivduos que possuem um

    mesmo objetivo e deve ser organizada atravs da diviso do trabalho. A diviso do trabalho o

    espalhamento das aes entre os indivduos, com papeis e tarefas especficas para cada um.

    Para Taciana Pontual [Falco, 2004], o tringulo de Engestrm pode ser interpretado da

    seguinte forma:

    A relao entre sujeito e objetivo mediada por ferramentas e pela comunidade;

    A relao entre sujeito e comunidade mediada por regras;

    A relao entre comunidade e objetivo mediada pela diviso do trabalho.

    Todos os componentes apresentados no tringulo esto ligados e interagem para formar a

    atividade [Kuutti, 2001]. Engestrm fornece um exemplo para demonstrar esse diagrama. Uma

    relao de ensino-aprendizagem tradicional no ambiente de uma sala de aula mostrado na Figura

    3.2:

    Figura 3.2 Exemplo de modelagem de atividade usando o tringulo de Engestrm. 6

  • 17

    O tringulo de Engestrm ajuda a capturar, portanto, a estrutura da atividade, mas uma

    estrutura inerentemente dinmica sujeita a mudanas contnuas em suas partes, em suas relaes e

    mesmo a uma modificao global [Pontelo e Moreira, 2008]. A Teoria da Atividade fornece um

    modo de se estruturar, esclarecer e compreender os dados obtidos atravs de mtodos etnogrficos,

    que descrevem a atividade diria [Falco, 2004].

  • 18

    CAPTULO 4

    MTODO

    "A principal meta da educao criar homens que sejam capazes de fazer coisas

    novas, no simplesmente repetir o que outras geraes j fizeram. Homens que sejam

    criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educao formar mentes que

    estejam em condies de criticar, verificar e no aceitar tudo que a elas se prope."

    JEAN PIAGET (Epistemlogo suo)

    4.1 OBJETIVO GERAL

    Especificar uma interface digital que permita mediar a comunicao e cooperao entre pais e

    professores na educao infantil.

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Os objetivos que devem ser alcanados como resultados dessa anlise so os seguintes:

    Analisar as atividades realizadas por pais, coordenao e professores em sua cooperao

    na educao infantil.

    Conceber cenrios e prottipos da interface Web;

    Especificar requisitos;

    Modificar o design do ambiente Pippa;

    Conceber uma aplicao Android;

    Diversos requisitos sero identificados a partir da anlise das atividades de comunicao e

    cooperao entre os pais, professores e coordenadores. Com esses requisitos conhecidos, cenrios e

    prottipos da interface Web sero criados. Alm disso, uma aplicao para Android tambm ser

    idealizada. Com tudo isso, ser possvel modificar o design do ambiente Pippa, adaptando aos

    requisitos estabelecidos.

  • 19

    4.3 ETNOGRAFIA

    Em um ambiente de uma sala de aula possvel perceber a existncia de uma organizao

    sociocultural. Um professor particular, com sua filosofia de trabalho e sua cultura, conduz a aula, e

    os alunos, cada um com sua personalidade individual, subentendem tudo o que se passa naquele

    ambiente, e respondem s interaes. Quando existe um grupo de pessoas reunidas para se

    socializar, uma ordem social desenvolvida para aquele grupo particular de indivduos [Hymes,

    1997; Goffman, 1981]. A etnografia busca entender o significado local para as pessoas que fazem

    parte desse grupo.

    Nesse trabalho, ser analisada a atividade de escrita e leitura na agenda por parte dos

    professores, para entender, entre outras coisas, o comportamento dos alunos em sala de aula durante

    essa atividade, o que os professores precisam fazer para manter o foco dos alunos nas suas tarefas

    evitando assim uma disperso desses alunos, o que deve ser escrito nas agendas e a repetio da

    mesma anotao em todas as agendas. Tambm ser analisada a comunicao entre pais, alunos,

    professores e coordenadores para responder diversas questes, entre elas como os pais identificam

    necessidades do seu filho, como eles fazem para se comunicar com a escola para resolver qualquer

    problema que tenha sido identificado, como os professores leem as agendas e respondem s

    iniciativas de comunicaes dos pais, como acontece a comunicao entre professores e

    coordenadores para o acompanhamento individual do aluno e como o dilogo entre a coordenao

    e os pais em episdios de reclamao e conflito.

    De acordo com o Novo Dicionrio Aurlio, etnografia uma disciplina que tem por fim o

    estudo e a descrio dos povos, sua lngua, raa, religio, etc., e manifestaes materiais de sua

    atividade. Etnografia tambm pode ser definida como uma tentativa de se entender a vida daqueles

    que esto sendo estudados [Laureau e Shultz, 1996]. Compreende o estudo, pela observao direta e

    por um perodo de tempo, das formas costumeiras de viver de um grupo particular de pessoas

    [Mattos, 2001]. preciso, ento, recolher os dados do que se est estudando. Existem algumas

    formas de recolher esses dados, como as entrevistas e a observao. A entrevista uma simples

    coversa entre dois membros, em que o entrevistador faz perguntas para obter informaes do

    entrevistado. Essas perguntas podem ser elaboradas antes, para facilitar a obteno da informao

    desejada. A observao se baseia na percepo e viso, mas no na interpretao. Cabe ao

    observador relatar os fatos exatamente como eles foram visualizados, e a princpio sem expor a sua

    interpretao pessoal do ocorrido.

  • 20

    A etnografia estuda preponderantemente os padres mais previsveis do pensamento e

    comportamento humanos manifestos em sua rotina diria; estuda ainda os fatos e/ou eventos menos

    previsveis ou manifestados particularmente em determinado contexto interativo entre as pessoas ou

    grupos [Mattos, 2001]. preciso, portanto, monitorar as aes tomadas por cada indivduo do

    grupo, e tentar encontrar significados para essas aes.

    O termo etnografia refere-se, em termos metodolgicos, investigao social que comporte

    a generalidade das seguintes funes [Hammersley, 1990]:

    O foco de estudo um grupo no muito grande de pessoas;

    O comportamento das pessoas estudado no seu contexto habitual e no em

    condies artificiais criadas pelo investigador;

    Os dados so recolhidos atravs de fontes diversas, sendo a observao e a

    conversao informal as mais importantes;

    O recolhimento de dados no estruturado, no sentido de que no decorre da

    execuo de um plano detalhado e anterior ao seu incio, nem so pr-estabelecidas

    as categorias que sero posteriormente usadas para interpretar o comportamento das

    pessoas;

    A anlise dos dados envolve interpretao de significado e de funo de aes

    humanas e assume uma forma descritiva e interpretativa, tendo a quantificao e

    anlise estatstica includa, mas como uma funo meramente acessria.

    Na engenharia de software, a etnografia utilizada na elicitao dos requisitos de um

    software. A etnografia uma tcnica de observao utilizada para compreender os requisitos sociais

    e organizacionais [Sommerville, 2006]. Para isso, um pesquisador se insere no ambiente de trabalho

    onde o sistema ser implantado e analisa como as pessoas trabalham, observando os fatores sociais

    e organizacionais mais importantes. Dessa forma, as pessoas no precisam explicar o seu trabalho,

    pois cabe ao pesquisador identificar os fatores essenciais. Os requisitos so derivados da forma

    como as pessoas trabalham, e no de como os desenvolvedores pensam que os processos funcionam

    [Sommerville, 2006].

    Nesse trabalho, a etnografia utilizada como uma forma de estudar, pela observao direta e

    por um intervalo de tempo predefinido, as aes tomadas por cada indivduo que faz parte do grupo

    observado, ou seja, que est presente na sala de aula. A etnografia tambm ser utilizada para

    encontrar dados sobre a comunicao entre pais e professores nas escolas, atravs de entrevistas,

    questionrios (Anexo B) e da observao direta.

  • 21

    4.4 CENRIOS

    Um cenrio uma descrio que contm atores, a informao por trs deles, percepes sobre

    o seu ambiente, os seus objetivos e sequncias de aes e eventos. Pode incluir tambm os

    obstculos, contingncias e xitos dos atores. Em alguns sistemas, os cenrios podem omitir um dos

    elementos ou express-lo de forma simples ou implcita [Rosson e Carrol, 2001]. Os pesquisadores

    utilizam cenrios para tentar entender melhor as aes e identificar possveis problemas. Com os

    cenrios, os requisitos se tornam mais claros.

    A anlise de cenrios uma metodologia que colabora para a elicitao de requisitos de um

    sistema. A partir de trabalho de campo (etnografia, entrevistas com os usurios, etc.), pode-se tanto

    montar cenrios que retratem a prtica humana situada como ela ocorre no presente, quanto criar

    cenrios futuros nos quais a inovao j esteja inserida [Alves et al., 2005].

    Cenrios tm elementos caractersticos [Carroll, 2000], que so o ambiente, os atores e o

    roteiro. O ambiente a descrio do lugar em que as aes acontecem, os atores so os participantes

    e executores das aes e o roteiro o fluxo ou sequncia das aes.

    Segundo Carroll, a propriedade que melhor define um cenrio o fato do mesmo projetar

    uma descrio concreta de uma atividade em que o cliente se engaja no momento em que est

    realizando uma tarefa especfica. Esta descrio tem de ser suficientemente detalhada de modo que

    implicaes sobre o desenho possam ser inferidas e discutidas [Carroll, 1995].

    Breitman, em sua tese de doutorado, resume as reas em que o autor (Carroll) acredita que a

    utilizao de cenrio pode ser benfica, da seguinte forma [Breitman, 2000]:

    Elicitao de requisitos: Captura requisitos e auxilia na compreenso do problema.

    Facilita o entendimento das relaes entre elementos do macrossistema. Cenrios

    tambm podem ser utilizados na identificao dos objetos do domnio.

    Comunicao entre clientes e desenvolvedores: Os prprios clientes podem descrever

    cenrios que ilustrem elementos de desenho importante para eles, problemas ou novas

    situaes que desejam que o sistema implemente.

    Captura das justificativas do desenho do sistema (design rationale): Cenrios podem

    ser utilizados como forma de registrar o processo de tomada de deciso. Neste

    enfoque no somente a soluo para um problema registrada, mas tambm outras

    propostas que foram rejeitadas e as razes que levaram os desenvolvedores a descart-

    las.

  • 22

    Projees futuras: Cenrios podem ser utilizados como meio de prototipar o

    funcionamento do futuro sistema, especialmente do ponto de vista da interao com

    clientes e usurios.

    Desenho do Software: Cenrios podem ser usados na avaliao de alternativas de

    desenho.

    Implementao: Cenrios so teis para ilustrar a interao entre os diversos

    subsistemas.

    Documentao e Treinamento: Cenrios podem ser utilizados para preencher o vazio

    que existe entre o artefato entregue, sistema, e as tarefas que usurios desejam cumprir

    atravs de sua utilizao.

    Avaliao do sistema: Atravs da utilizao de cenrios externos possvel verificar

    se os requisitos dos clientes foram atendidos.

    Dessa forma, possvel utilizar os cenrios em um ambiente como uma sala de aula, para

    tentar entender as relaes entre todos os atores desse ambiente, tentando compreender o motivo de

    cada deciso tomada, de cada evento que acontece e de cada ao realizada.

    Um mtodo que utilizado para anlise de requisitos e que se baseia em cenrios o SCRAM

    (SCenario Requirements Analysis Method). Nele, os autores utilizam uma combinao de tcnicas

    como prototipagem, entrevistas, rationale, alm dos cenrios [Sutcliffe, 1997]. Esses autores

    propem um mtodo para a integrao das tcnicas dividido em quatro fases:

    Captura inicial de requisitos e familiarizao do domnio - Entrevistas e outras

    tcnicas podem ser usadas. O objetivo procurar fatos, e tentar encontrar dados

    suficientes para permitir a construo de um prottipo, chamado de demonstrador de

    conceito.

    Especificao e desenvolvimento do demonstrador de conceito a construo de

    prottipos. Nesta fase o objetivo criar vises do sistema, numa fase inicial. Alguns

    autores recomendam a utilizao de ferramentas comerciais para esse fim.

    Validao de requisitos a fase de validao com clientes. Nesta fase os prottipos

    ou demonstradores de conceitos so utilizados para validar os requisitos junto aos

    utilizadores. preciso, portanto, convidar os utilizadores, ou usurios do sistema, a

    participar da demonstrao e emitir a sua opinio. Este estgio pode ser gravado

    atravs de vdeo ou udio para ser utilizado em anlise futura.

  • 23

    Anlise Esta a fase final, onde todos os dados elicitados nas fases anteriores so

    analisados, chegando a concluses. importante reportar essas concluses tambm

    aos utilizadores.

    Com isso, percebemos que possvel relacionar os cenrios com a etnografia. A etnografia

    utilizada para o entendimento do ambiente e captao de informaes. Aps essa coleta de dados,

    os cenrios podem ser utilizados para criar prottipos de diferentes vises do sistema, com possveis

    solues para os problemas encontrados. Em seguida, esses prottipos so validados junto aos

    utilizadores do sistema, que emitem opinio que podem modificar novamente os prottipos, como

    uma modelagem incremental. Por fim, uma anlise de todas as fases feita, e a partir das

    concluses retiradas de tudo isso, o sistema elaborado e/ou modificado, se adaptando as reais

    necessidades dos futuros utilizadores.

  • 24

    CAPTULO 5

    RESULTADOS

    No possvel refazer este pas, democratiz-lo, humaniz-lo, torn-lo

    srio, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida,

    destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educao sozinha no

    transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.

    PAULO FREIRE (Educador e filsofo brasileiro)

    5.1 MTODO EMPREGADO

    Neste captulo sero apresentados os resultados desse trabalho. O referencial terico que serviu

    de base para esse trabalho foi a Teoria da Atividade, apresentada no captulo 3. Como tcnicas de

    projeto foram utilizadas a pesquisa etnogrfica e a descrio de cenrios apresentados no captulo 4.

    O trabalho foi desenvolvido para descrever duas atividades em uma escola: a atividade de

    comunicao famlia-escola e a atividade diria de anotaes na agenda pela professora em sala de

    aula. No primeiro momento do trabalho, que durou cerca de um ms, um questionrio foi feito e

    distribudo impresso e virtualmente entre vrios professores de escolas pblicas e particulares da

    cidade do Recife. Esse questionrio pode ser encontrado no Anexo B deste trabalho.

    Atravs das respostas obtidas do questionrio, foi possvel obter informaes para a descrio

    dos cenrios das atividades. Alm desse questionrio, num outro momento de durao aproximada

    tambm de um ms, foi realizada a etnografia rpida. Essa etnografia tambm foi utilizada para as

    duas atividades, utilizando-se de vrios artefatos como a observao do dia-a-dia nas escolas, como

    tambm de observaes na prpria sala de aula. Ela foi de fundamental importncia para a atividade

    da agenda escolar, pois foi atravs da observao do comportamento da professora e dos alunos em

    uma sala de aula, no momento em que a professora recolheu as agendas para fazer as anotaes, que

    foi possvel descrever o cenrio dessa atividade. Devido s condies e ao tempo para a realizao

    desse trabalho, a etnografia teve que ser feita individualmente, o que contraria uma das diretrizes da

    tcnica de etnografia rpida. Alm disso, os dados foram registrados em papel, um pouco devido s

    dificuldades do autor em conseguir bons recursos tcnicos e tambm devido falta de experincia

    para lidar com os coordenadores na busca de permisso para gravar.

  • 25

    Durante a etnografia, os principais fatores observados foram os seguintes:

    Estrutura fsica da escola;

    Alternativas para um pai se comunicar com a escola;

    Organizao e espao fsico da sala de aula;

    Comportamento dos alunos durante a atividade;

    Comportamento da professora para com os pais e alunos;

    Necessidades de pais, alunos, professores e coordenadores;

    Na fase seguinte, todos os dados coletados foram tratados e analisados, apesar de mais uma

    vez fugir das recomendaes da etnografia rpida por ter sido feito individualmente. As atividades

    foram analisadas baseadas na Teoria da Atividade, para definir se poderiam realmente ser

    consideradas atividades. Em seguida, as atividades foram modeladas atravs do Tringulo de

    Engestrm, sendo definidos descrio, objetivos, sujeitos, comunidade, diviso do trabalho,

    ferramentas, regras e produto.

    Em seguida, foram criados os cenrios, descrevendo as atividades. O objetivo desses

    cenrios era fazer uma descrio narrativa das atividades, que inclusse os elementos identificados

    no Tringulo de Engestrm. A partir desses cenrios, foram identificados as necessidades e os

    problemas dos usurios, e foi construda uma tabela com essas necessidades [tabela de necessidades

    dos usurios, Kujala et al. 2001].

    Com a criao do cenrio e a identificao das necessidades dos usurios, foram gerados os

    prottipos, com o objetivo de definir uma nova forma de atuao do Pippa. A partir desses

    prottipos, foram criados os cenrios futuros, que descrevem as atividades sendo realizadas com a

    utilizao da implementao desses prottipos. O objetivo desses cenrios futuros satisfazer as

    necessidades dos usurios identificadas anteriormente, com a utilizao do prottipo criado.

    Finalmente, foram criados os cenrios futuros positivo e negativo, que so cenrios

    caricaturados. O objetivo desses cenrios descrever as atividades como se tudo desse certo e como

    se tudo desse errado, ou seja, descrever o que aconteceria no melhor e no pior caso. O cenrio

    positivo descreve uma situao onde tudo ocorre perfeitamente bem, enquanto o cenrio negativo

    tenta mostrar os diversos problemas que podem vir a ocorrer.

    A partir dos cenrios futuros caricaturados, foi possvel obter os diversos requisitos para o

    produto. Os requisitos funcionais, que descrevem funcionalidades que o sistema deve ter, e os

    requisitos no funcionais, que definem as restries que o sistema deve ser submetido

    [Sommerville, 2006].

  • 26

    Nas prximas sees so mostrados todos os passos executados para a realizao dos

    processos descritos aqui. As duas atividades so: Comunicao Famlia-Escola e Agenda Escolar.

    5.2 ATIVIDADE 1: COMUNICAO FAMLIA-ESCOLA

    5.2.1 Descrio da atividade segundo a Teoria da Atividade e o Modelo do Tringulo de

    Engestrm

    Descrio: Ao fazer o acompanhamento escolar dirio do seu filho, o pai identifica algum

    problema ou necessidade. A partir disso, ele tenta se comunicar com a escola, para tentar

    encontrar uma soluo junto ao professor, ou se necessrio, envolvendo tambm o

    coordenador. Pais, professores e coordenadores se comunicam e cooperam entre si em busca

    da melhor soluo para uma necessidade identificada.

    Objetivo: Alcanar uma comunicao eficaz entre os pais, professores e coordenadores,

    sempre que for necessrio, seja para corrigir ou prevenir algum problema, ou simplesmente

    para melhorar algum processo.

    Sujeitos: Pai, aluno, professora e coordenador. O pai jovem, tem apenas um filho, e

    bastante presente na vida do seu filho. O aluno uma criana de apenas 3 anos, que est em

    seu segundo ano no colgio. Apesar de ser muito curiosa e bem esperta, essa criana se

    comporta muito bem, tanto diante de seus pais como diante da sua professora. Pai e aluno

    so de uma famlia de classe mdia do Recife. A professora, tambm de classe mdia,

    demonstra bastante controle sobre a turma, aparentando ter bastante experincia em sala de

    aula. perceptvel como trata os alunos e pais dos alunos com bastante pacincia e

    receptividade, demonstrando muito amor e prazer com o que faz. O coordenador, sempre

    bem atarefado, demonstra ser bem responsvel e ciente da sua responsabilidade, mantendo o

    controle de todos que fazem parte da escola.

    Comunidade: Escola particular de educao infantil situada em Recife, em um bairro de

    classe mdia. Essa escola, at pouco tempo, suportava at o 5 ano do ensino fundamental, e

    recentemente expandiu, abrindo turmas at o 9 ano, que fica em um novo prdio localizado

    em frente ao que j existia anteriormente. Por causa dessa separao entre os alunos, se

    torna mais fcil manter o controle do ensino infantil, que o foco desse trabalho.

    Diviso do trabalho: O pai identifica alguma necessidade do seu filho e inicia uma

    comunicao com a escola. A professora l as agendas em sala de aula e responde qualquer

    comunicao que tenha sido iniciada por algum pai atravs dessa agenda, ou mesmo procura

    as respostas para qualquer comunicao que tenha sido iniciada por ela prpria para relatar

  • 27

    algum evento aos pais. A professora se comunica com o coordenador para o

    acompanhamento individual dos alunos, principalmente daqueles que esto com alguma

    necessidade mais urgente, ou que tenham sido foco de algum conflito entre os pais e os

    professores. O pai tambm se comunica diretamente com o coordenador para resolver algum

    problema ou obter alguma resposta, inclusive nos casos que envolvem o professor.

    Ferramentas: Telefone, email (ferramentas tcnicas), linguagem verbal (ferramenta

    conceitual).

    Regras: Cdigos de tica e comportamento, respeito mtuo entre as partes, entre outras

    regras bsicas que as pessoas que fazem parte de uma sociedade devem seguir para uma boa

    relao e comunicao entre elas.

    Resultado: Ao final da atividade, o pai ter conseguido se comunicar com a professora e/ou

    o coordenador, para resolver questes que sejam de interesse de uma das partes ou de

    ambas.

    5.2.2 Cenrio atual

    Atores: Pai, aluno, professora e coordenador.

    Ambiente (setting): Escola (Figura 5.1) um porteiro controla a entrada das pessoas na

    porta de entrada. Nesse primeiro ambiente, possvel sentar nos bancos localizados nas

    laterais, de onde possvel ter uma visibilidade de toda a rea de lazer da escola. Uma

    segunda porta d acesso ao corredor principal, e tambm controlada por um porteiro, que

    libera acesso nas horas de grande movimentao, como nas horas de incio e fim das aulas.

    Em outros horrios, preciso justificar o motivo para que o porteiro possa liberar seu acesso

    ao corredor principal. Percorrendo por esse corredor, do lado direito, existem vrias lixeiras

    de produtos reciclveis, divididas por tipo de material. Em seguida, algumas salas de aulas

    direita e em frente. Do lado esquerdo, uma pequena escada d acesso a toda a rea de lazer

    da escola, que inclui um parquinho com brinquedos, casinhas e escorregadores, um jardim

    com algumas plantas e rvores, e um mini zoolgico com alguns bichinhos como coelhos e

    galinhas. No final, est localizada a quadra poli esportiva, que utilizada tanto para a

    prtica de esportes como para qualquer tipo de atividade fsica que seja necessria para os

    alunos da escola. Voltando para o corredor principal, seguindo para o lado direito tem-se

    acesso mais algumas salas de aula e tambm a escadaria que d acesso as salas de aula do

    1 andar do prdio. Prximo a essa escadaria e por trs de algumas salas de aula ficam

    algumas secretrias, que atendem os telefonemas, armazenam alguns materiais, entre outras

  • 28

    coisas. Voltando para a entrada da escola, logo em frente entrada est a sala da

    coordenao, que possui uma antessala utilizada para que os pais possam aguardar por

    algum atendimento. possvel fazer um tour completo pela estrutura da escola atravs do

    link: www.pequenospassos.com.br/tour_virtual/

    Roteiro (plot): O pai identifica uma necessidade do seu filho, devido a um comportamento

    inesperado por parte deste, por uma nota baixa que ele tirou, e tambm devido baixa

    frequncia do aluno em sala de aula. Alm disso, a escola est chamando a ateno do pai,

    convocando o mesmo para uma conversa mais esclarecedora. Geralmente a escola se

    comunica com os pais atravs da agenda [NEC 1.1], mas dependendo da gravidade, pode

    tentar se comunicar diretamente por telefone [NEC 1.2]. Aps essa identificao de uma

    necessidade do filho, o pai buscar alguma alternativa para enviar uma mensagem para a

    escola. Inicialmente, ele liga para a escola esperando ser atendido por algum professor ou

    coordenador, mas estes no esto disponveis [NEC 1.3]. A secretria avisa que ele deve

    fazer uma solicitao de agendamento por telefone ou por email. Ele envia um email, mas

    mesmo depois de esperar um bom tempo no recebe nenhuma resposta [NEC 1.4]. Ento,

    ele resolve simplesmente escrever na agenda. Na sala de aula a professora coloca os alunos

    para fazerem suas atividades de rotinas dirias e pega todas as agendas para ler possveis

    anotaes e fazer os registros do dia. Ao ler a agenda com um comunicado de problema do

    pai, a professora responde prontamente na agenda, enviando ela de volta ao pai atravs do

    aluno. Em casa, o pai ainda no est conformado com a resposta da professora [NEC 1.5] e

    decidi ir escola para conversar diretamente com o coordenador. O pai tem dificuldades

    para encontrar um horrio livre pra ir escola [NEC 1.6], mas finalmente decide por chegar

    um pouco atrasado no trabalho para ir at a escola do seu filho. Na escola, aguarda por um

    tempo [NEC 1.7] e consegue finalmente ser atendido pelo coordenador. Este, por sua vez, j

    estava ciente do problema, pois j havia sido relatado pela professora. Os dois conversam

    por algum tempo e juntamente com algumas recomendaes deixadas pela professora,

    entram em consenso sobre a soluo do problema.

  • 29

    Figura 5.1 Planta baixa representativa da Escola (meramente ilustrativa).

    5.2.3 Necessidades do usurio

    Na Tabela 5.1 so mostradas as necessidades dos usurios (pai, professora e coordenador),

    elicitadas a partir das fases de execuo da atividade descrita. Essas necessidades esto rotuladas de

    acordo com as referncias feitas a elas no cenrio atual.

    Aes Problemas e possibilidades

    Escola se comunica com os pais [NEC 1.1] Os pais nem sempre leem as

    agendas todos os dias.

    [NEC 1.2] Os pais no esto em casa no

    horrio comercial, e no podem atender

    ao seu telefone mvel no local do seu

    trabalho.

    Pai busca uma alternativa para enviar uma

    mensagem para a escola

    [NEC 1.3] Pai liga para a escola, mas a

    professora e o coordenador no esto

  • 30

    disponveis para atend-lo, o que

    comum de acontecer.

    [NEC 1.4] Pai envia um email para tentar

    agendar um encontro, mas ningum por

    parte da escola responde esse email em

    tempo hbil.

    Professora envia uma reposta ao pai atravs

    da agenda do aluno

    [NEC 1.5] Pai no se conforma com a

    resposta dada pela professora. O pai no

    da agenda a devida credibilidade para

    aceitar as notificaes que ali esto.

    O Pai decide ir escola para conversar

    diretamente com o coordenador

    [NEC 1.6] O pai trabalha em tempo

    integral e com isso no consegue arrumar

    tempo livre para ir escola do seu filho.

    [NEC 1.7] O pai espera bastante tempo

    para ser atendido, pois o coordenador

    est ocupado com outros pais ou outras

    atividades. Ele no fez o agendamento

    prvio para evitar isso.

    Tabela 5.1 Tabela de necessidades dos usurios Prottipo Comunicao Famlia-Escola.

    5.2.4 Prottipo

    O Pippa funcionar para cada famlia de forma exclusiva, ou seja, uma famlia no sabe o que

    acontece com a outra famlia dentro da rede social. Apenas o coordenador e os professores que

    ensinam quelas crianas daquela famlia especfica tero acesso rede. uma rede social apenas

    para os pais, aluno, professores do aluno e coordenador da escola. Dessa forma, a privacidade de

    todos estar assegurada, e os pais tero total liberdade para se comunicar com os professores ou

    coordenador da escola.

    Na prxima seo, o uso desse novo prottipo do Pippa ilustrado atravs do cenrio futuro,

    que mostra como esse produto atenderia s necessidades dos usurios identificadas anteriormente.

    5.2.5 Cenrio futuro

    Atores: Pai, aluno, professora e coordenador.

  • 31

    Ambiente (setting): A mesma escola do cenrio atual, com a diferena de que cada sala de

    aula teria um tablet disponvel para uso do professor.

    Roteiro (plot): O pai identifica uma necessidade do seu filho, devido a um comportamento

    inesperado por parte deste, por uma nota baixa que ele tirou, e tambm devido baixa

    frequncia do aluno em sala de aula (a frequncia est registrada e disponvel no Pippa).

    Alm disso, a escola est chamando a ateno do pai, convocando o mesmo para uma

    conversa mais esclarecedora atravs de uma notificao deixada no Pippa. A escola se

    comunica com os pais atravs de mensagens trocadas utilizando o Pippa [NEC 1.1], [NEC

    1.2]. Aps essa identificao de uma necessidade do filho, o pai buscar alguma alternativa

    para enviar uma mensagem para a escola. Ele liga o computador e acessa o Pippa para

    enviar uma mensagem pessoal para o professor, sendo possvel ao coordenador acompanhar

    esse processo de troca de mensagens [NEC 1.3], [NEC 1.4]. Na sala de aula a professora

    coloca os alunos para fazerem suas atividades de rotinas dirias e pega o tablet para acessar

    o Pippa, ler possveis anotaes deixadas por algum pai e fazer os registros do dia. Ao ler

    algum comunicado de problema do pai, a professora responde prontamente, enviando uma

    mensagem de reposta ao pai. Em casa, o pai volta a acessar o Pippa e l a resposta da

    professora, sabendo que o coordenador est ciente daquela comunicao [NEC 1.5]. Mesmo

    assim, o pai quer conversar diretamente com o coordenador. O pai tem dificuldades para

    encontrar um horrio livre para ir escola, ento decide trocar mensagens com o

    coordenador atravs do Pippa, consciente de que, assim que for possvel, o coordenador ir

    responder suas solicitaes [NEC 1.6], [NEC 1.7]. O coordenador, por sua vez, j estava

    ciente do problema, pois j havia sido relatado pela professora. Os dois trocam algumas

    mensagens e juntamente com algumas recomendaes deixadas pela professora, entram em

    consenso sobre a soluo do problema.

    5.2.6 Cenrios futuros caricaturados

    Cenrio positivo (plus scenario):

    Roteiro: O pai identifica uma necessidade do seu filho, devido a um comportamento inesperado

    por parte deste, por uma nota baixa que ele tirou, e tambm devido baixa frequncia do aluno

    em sala de aula (a frequncia est registrada e disponvel no Pippa, pois os professores esto

    sempre atualizando esse dado [RF 1.1]). Alm disso, a escola est chamando a ateno do pai,

    convocando o mesmo para uma conversa mais esclarecedora atravs de uma notificao deixada

    no Pippa [RF 1.2], e que foi vista pouco tempo depois pelo pai. A escola se comunica com os

  • 32

    pais atravs de mensagens trocadas utilizando o Pippa [RF 1.2]. Aps essa identificao de uma

    necessidade do filho, o pai buscar alguma alternativa para enviar uma mensagem para a escola.

    Ele possui um computador ligado prximo a ele, e logo acessa o Pippa para enviar uma

    mensagem pessoal para o professor [RF 1.2], sendo possvel ao coordenador acompanhar esse

    processo de troca de mensagens entre o pai e a escola. Na sala de aula a professora coloca os

    alunos para fazerem suas atividades de rotinas dirias e pega o tablet para acessar o Pippa, ler

    possveis anotaes deixadas por algum pai e fazer os registros do dia. Enquanto ela faz as

    anotaes no Pippa [RF 1.2], os alunos se concentram em suas atividades, permitindo a

    professora ter tranquilidade para executar suas aes. Ao ler algum comunicado de problema do

    pai, a professora responde prontamente, enviando uma mensagem de reposta ao pai [RF 1.3].

    Em casa, o pai volta a acessar o Pippa e l a resposta da professora, sabendo que o coordenador

    est ciente daquela comunicao. Mesmo assim, o pai quer conversar diretamente com o

    coordenador [RF 1.2]. O pai tem dificuldades para encontrar um horrio livre para ir escola,

    ento decide trocar mensagens com o coordenador atravs do Pippa, consciente de que, assim

    que for possvel, o coordenador ir responder suas solicitaes. O coordenador, por sua vez, j

    estava ciente do problema, pois j havia sido relatado pela professora. O pai e o coordenador

    acessam o Pippa mais ou menos no mesmo horrio, e conseguem trocar mensagens

    praticamente em tempo real, funcionando como um chat [RF 1.4]. Aps a troca de algumas

    mensagens e juntamente com algumas recomendaes deixadas pela professora, entram em

    consenso sobre a soluo do problema.

    Cenrio negativo (minus scenario):

    Roteiro: O pai identifica uma necessidade do seu filho, devido a um comportamento inesperado

    por parte deste, por uma nota baixa que ele tirou, e tambm devido baixa frequncia do aluno

    em sala de aula (a frequncia est registrada e disponvel no Pippa [RF 1.1], mas esse dado pode

    no estar atualizado, pois os professores no tem o costume de atualizar sempre). Alm disso, a

    escola est chamando a ateno do pai, convocando o mesmo para uma conversa mais

    esclarecedora atravs de uma notificao deixada no Pippa [RF 1.2]. A escola se comunica com

    os pais atravs de mensagens trocadas utilizando o Pippa [RF 1.2]. Aps essa identificao de

    uma necessidade do filho, o pai buscar alguma alternativa para enviar uma mensagem para a

    escola. Ele quer acessar o Pippa, mas no possui nenhum computador com acesso a internet

    prximo a ele que possa ser utilizado. Em casa, ele tambm no est com acesso a internet.

    Mesmo assim, no fim do dia, ele vai a uma lan house prxima a sua casa e acessa o Pippa para

    enviar uma mensagem pessoal para o professor, sendo possvel ao coordenador acompanhar

  • 33

    esse processo de troca de mensagens. Na sala de aula a professora coloca os alunos para

    fazerem suas atividades de rotinas dirias e pega o tablet para acessar o Pippa, ler possveis

    anotaes deixadas por algum pai [RF 1.2] e fazer os registros do dia. Mas a conexo da internet

    na escola est bastante lenta, e ela leva bastante tempo para acessar os dados [RNF 1.3]. A

    professora tambm tem dificuldades de utilizar o sistema, por no saber exatamente que passos

    seguir para executar as suas aes [RNF 1.1]. Alm disso, os alunos ficam bastante curiosos

    com a utilizao do equipamento pela professora, e ficam perto da professora tentando mexer no

    tablet. Ao ler algum comunicado de problema do pai, a professora tenta responder, enviando

    uma mensagem de volta ao pai, mas a lentido da conexo atrasa o envio da mensagem. Em

    uma tentativa de enviar alguma mensagem, o sistema gera um erro, levando a professora a

    perder alguns dados registrados anteriormente, e a ter que recomear as aes [RNF 1.2].

    Algum tempo depois, o pai volta a acessar o Pippa e l a resposta da professora, esperando que

    o coordenador esteja ciente daquela comunicao. Mesmo assim, o pai quer conversar

    diretamente com o coordenador [RF 1.2]. O pai tem dificuldades para encontrar um horrio livre

    para ir escola, ento decide trocar mensagens com o coordenador atravs do Pippa, consciente

    de que, assim que for possvel, o coordenador ir responder suas solicitaes. Mas como tanto o

    pai quanto o coordenador acessam pouco o Pippa, essa comunicao bastante demorada. O

    coordenador j estava ciente do problema, pois j havia sido relatado pela professora. Aps

    alguns dias de sucessivas trocas de mensagens e juntamente com algumas recomendaes

    deixadas pela professora, finalmente entram em consenso sobre a soluo do problema. Pai,

    professora e coordenador se sentem ainda inseguros quanto ao uso do Pippa [RNF 1.4].

    5.2.7 Requisitos do produto

    Requisitos funcionais

    o [RF 1.1] Armazenar histrico: um histrico da frequncia dos alunos em sala de aula

    deve ser armazenado, de forma que os professores possam atualizar esses dados

    diariamente, e os pais, coordenadores e inclusive os prprios professores possam acessar

    quando necessrio.

    o [RF 1.2] Troca de mensagens: os pais, professores e coordenadores precisam trocar

    mensagens entre si. Na verdade, essa a principal funcionalidade do Pippa: a

    comunicao entre as partes para que todos possam cooperar entre si, com o objetivo

    final de melhorar o desempenho do aluno na escola.

  • 34

    o [RF 1.3] Opo de resposta rpida: o usurio deve poder responder a qualquer

    mensagem de forma rpida, com apenas um ou dois cliques, com foco no que mais

    importante, que a comunicao.

    o [RF 1.4] Tempo real: o sistema deve funcionar em tempo real, onde qualquer

    atualizao feita por um usurio imediatamente visvel para os outros usurios que

    devem ter acesso quela informao. Dessa forma, caso dois usurios estejam acessando

    o sistema ao mesmo tempo e se comunicando entre si, ser possvel utilizar a

    funcionalidade de troca de mensagens como um chat.

    Diagrama de casos de uso: Na Figura 5.4 (no final deste captulo) mostrado o diagrama

    de casos de uso relativo aos prottipos criados nas duas atividades descritas neste trabalho.

    Esse diagrama foi criado a partir dos requisitos do produto identificados nos cenrios futuros

    caricaturados. Os atores externos ao sistema so o Pai, o Professor e o Coordenador. O

    Coordenador herda os casos de uso do professor e pode, adicionalmente, inserir novos

    usurios, remover e atualizar dados dos usurios.

    Requisitos no funcionais

    o [RNF 1.1] Interface amigvel: essencial que professores, pais e coordenadores no

    tenham dificuldades de utilizar o sistema, tanto para no atrasar a realizao das

    atividades, como tambm para que esses usurios se sintam confortveis de usar o

    sistema. Um sistema difcil pode gerar desmotivao para quem o utiliza. Portanto, a

    interface deve ser limpa, simples e clara, com foco no que realmente necessrio para a

    boa navegao.

    o [RNF 1.2] Robustez e tolerncia a falhas: muito importante que o sistema no tenha

    uma grande incidncia de erros, pois isso pode causar desconfiana nos usurios. Alm

    disso, as transaes precisam ser atmicas, consistentes, isoladas e durveis, de forma

    que um erro no sistema no ocasione perda de informaes nem afete outras partes do

    sistema.

    o [RNF 1.3] Desempenho: o sistema precisa ter um tempo de resposta aceitvel. Os

    professores no podem demorar muito tempo para registrar as anotaes em sala de aula,

    pois isso pode causar impacincia nos alunos. A troca de mensagens entre qualquer

    usurio tambm precisa ter uma resposta rpida, para que o sistema possa funcionar em

    tempo real e possibilitar o chat.

  • 35

    o [RNF 1.4] Segurana: o Pippa precisa ser seguro o suficiente, garantindo a integridade,

    confidencialidade e disponibilidade na troca de informaes. Os usurios precisam ter a

    certeza de que sua privacidade estar mantida, e de que pessoas no autorizadas no

    tero acesso s informaes que esto contidas ali. A segurana fundamental para a

    utilizao do sistema.

    5.3 ATIVIDADE 2: AGENDA ESCOLAR

    5.3.1 Descrio da atividade segundo a Teoria da Atividade e o Modelo do Tringulo de

    Engestrm

    Descrio: Em sala de aula, a professora precisa recolher a agenda de todos os alunos, ler

    algum comunicado deixado pelos pais, fazer todas as anotaes necessrias e devolver as

    agendas para os alunos.

    Objetivo: Registrar as atividades dirias dos alunos e promover uma comunicao com os

    pais para o acompanhamento dos alunos.

    Sujeitos: Alunos e professora. Os alunos so crianas de classe mdia, entre 3 e 4 anos e de

    ambos os sexos. Essas crianas so bastante curiosas e participativas, e se mostram bem

    atualizadas. A professora, tambm de classe mdia, demonstra bastante controle sobre a

    turma, aparentando ter bastante experincia em sala de aula. perceptvel como ela sente

    prazer e gosta do que faz, tratando os alunos com bastante pacincia, demonstrando muito

    amor e prazer com o que faz.

    Comunidade: Sala de aula de uma escola particular de educao infantil situada em Recife,

    em um bairro de classe mdia. Uma das especializaes dessa escola com crianas que tem

    autismo. A sala possui 15 alunos, e essa quantidade impede em parte a professora de dar

    uma maior ateno a cada um dos alunos individualmente.

    Diviso do trabalho: Antes de pegar as agendas, a professora mostra a atividade do dia que

    as crianas tero que fazer. Ela pede que as crianas deixem suas agendas em cima da mesa

    e faam suas atividades. Os alunos iniciam suas atividades. Eles parecem bem acostumados

    com as rotinas dirias, e esse processo bem natural para eles. De vez em quando, algum

    desses alunos interrompe a professora para tirar alguma dvida ou para reclamar de algum

    colega que est incomodando os outros ou que no est contribuindo para a atividade. A

    professora olha as agendas de uma em uma, e a atividade de casa copiada repetidamente

    em todas as agendas.

  • 36

    Ferramentas: Agenda escolar, caneta (ferramentas tcnicas), linguagem (ferramenta

    conceitual).

    Regras: Regras bsicas de comportamento em sala de aula, como fazer silncio, levantar a

    mo quando quiser falar, prestar ateno atividade, ouvir a professora, respeitar a

    professora e os outros colegas, entre outras. Os alunos sabem que devem respeitar essas

    regras, que j so bem conhecidas por todos. Apesar disso, a professora ainda precisa

    constantemente chamar a ateno dos alunos por causa de alguma conduta errada por parte

    destes.

    Resultado: Com o trmino da atividade, a professora ter registrado na agenda as atividades

    dirias dos alunos e tambm possveis anotaes sobre o comportamento de cada criana

    como forma de comunicao com a famlia.

    5.3.2 Cenrio atual

    Atores: Alunos e professora.

    Ambiente (setting): Sala de aula (Figura 5.2) Essa sala possui duas portas. Na parede de

    cima, h uma porta, e ao lado dessa porta tem uma janela. Prximo a essa janela, no conto

    direito e acima, tem um bebedouro. Na parede do lado direito tem algumas estantes, que

    guardam os vrios materiais utilizados pelos professores durante as aulas. Tambm do lado

    direito, h um banheiro. Na parede de baixo fica a porta principal. Na parede de baixo e na

    parede esquerda existem vrios murais, alguns pintados pelos prprios alunos. Prximo

    parede esquerda fica uma caixa com vrios brinquedos para as crianas. Nessa sala h 3

    mesas hexagonais para os alunos. No canto superior esquerdo est localizado o bir do

    professor, e sobre esse bir esto vrias agendas empilhadas. possvel fazer um tour

    completo pela estrutura da escola atravs do link: www.pequenospassos.com.br/tour_virtual/

    Roteiro (plot): A professora entra na sala de aula e aguarda pela chegada dos alunos.

    Quando os alunos chegam, a aula comea normalmente e uma rotina de atividades seguida

    pelos alunos sob as orientaes e cuidados da professora. A aula comea s 7:30 h, e os pais

    devem voltar para pegar seus filhos s 11:30 h. Por volta das 10:30 h, ao voltar do parquinho

    com os alunos, a professora pede para que eles peguem suas agendas em suas bolsas e

    deixem em cima da mesa dela. Um desses alunos vai direto a mesa para pintar, e no entrega

    a sua agenda professora, precisando ir ela mesma pegar a agenda desse aluno [NEC 2.1].

    Um outro aluno esqueceu de trazer sua agenda, e a professora tenta arrumar uma outra

    alternativa para registrar as anotaes naquele dia [NEC 2.2]. Em seguida, ela avisa que eles

  • 37

    devem sentar para pintar os desenhos que esto sobre a mesa. A professora, ento, senta em

    seu bir e abre a primeira agenda. Ela observa que o pai do aluno assinou no espao

    indicado, confirmando o recebimento do bilhete sobre o dia das mes enviado pela

    professora no dia anterior. Ela anota a atividade de casa e fecha a agenda, colocando-a no

    outro canto da mesa [NEC 2.3]. Ela pega a prxima agenda e o processo se repete [NEC

    2.4]. Na quarta agenda, ela percebe que o pai no havia assinado a confirmao de

    recebimento do bilhete, e faz uma anotao reforando o aviso do bilhete [NEC 2.5]. Nesse

    momento, um aluno interrompe a professora, pois no estava conseguindo fazer a sua

    atividade, e a professora para um pouco para explicar ao aluno o que ele deveria fazer [NEC

    2.6]. Na sexta e stima agenda, a professora observa uma anotao deixada pelos pais, na

    qual eles contestam o bilhete, por no entender exatamente ao que se refere o valor cobrado

    no bilhete enviado pela professora. A professora responde a esses pais, mas pensa que essa

    resposta poderia ser enviada para todos os pais j que outros pais poderiam ter essa mesma

    dvida [NEC 2.4]. Ento, outro aluno volta a interromper a professora, se queixando de que

    o seu coleguinha estava atrapalhando ele e no estava fazendo a atividade [NEC 2.6]. A

    professora volta novamente suas atenes para resolver esse problema, trocando os alunos

    de lugar e mostrando a eles o que eles deveriam fazer. Na dcima agenda, a professora faz

    uma anotao sobre uma dor que o aluno estava se queixando, para conscientizar os pais

    [NEC 2.5]. Nas agendas restantes, o processo o mesmo, sem nenhuma anotao especial

    ou aviso deixado pelos pais.

  • 38

    Figura 5.2 Sala de aula do colgio infantil.7

    5.3.3 Necessidades do usurio

    Na Tabela 5.2 so mostradas as necessidades dos usurios (professora e alunos), elicitadas a

    partir das fases de execuo da atividade descrita. Essas necessidades esto rotuladas de acordo com

    as referncias feitas a elas no cenrio atual.

    Aes Problemas e possibilidades

    Professora pede que os alunos peguem suas

    agendas e coloquem sobre o bir dela

    [NEC 2.1] Alguns alunos no obedecem

    professora e no entregam a sua agenda

  • 39

    [NEC 2.2] Um aluno no traz a sua

    agenda.

    Professora ler todas as agendas e faz todas as

    anotaes necessrias para se comunicar com

    os pais

    [NEC 2.3] O espao no bir da

    professora pequeno para a grande

    quantidade de agendas que esto sobre

    ele.

    [NEC 2.4] A professora anota um mesmo

    recado em vrias agendas, tornando isso

    um processo repetvel e entediante.

    [NEC 2.5] A professora tambm faz

    anotaes que so especficas para cada

    aluno.

    [NEC 2.6] A professora constantemente

    interrompida por algum aluno.

    Tabela 5.2 Tabela de necessidades dos usurios Prottipo da atividade Agenda Escolar.

    5.3.4 Prottipo

    O Pippa ser desenvolvido para funcionar em telefones mveis e tablets. Cada sala de aula

    ter um tablet que ser usado pelo professor. Os pais podero acessar o Pippa de qualquer lugar

    atravs de um telefone mvel com acesso internet. A professora usar o tablet para acessar o

    Pippa, e poder facilmente se comunicar com os pais atravs do sistema