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MARCELO SEMER Sentenciando tráfico: pânico moral e estado de negação formatando o papel dos juízes no grande encarceramento Tese de Doutorado Orientador: Professor Dr. Maurício Stegemann Dieter UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO São Paulo SP 2019

MARCELO SEMER

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MARCELO SEMER

Sentenciando tráfico: pânico moral e estado de negação

formatando o papel dos juízes no grande

encarceramento

Tese de Doutorado

Orientador: Professor Dr. Maurício Stegemann Dieter

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

São Paulo – SP

2019

MARCELO SEMER

Sentenciando tráfico: pânico moral e estado de negação

formatando o papel dos juízes no grande

encarceramento

Tese apresentada à Banca Examinadora do Programa

de Pós-Graduação em Direito, da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de Doutor

em Direito, na área de concentração Direito Penal e

Criminologia, sob a orientação do Prof. Dr. Maurício

Stegemann Dieter.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

São Paulo – SP

2019

Semer, Marcelo

Sentenciando tráfico: pânico moral e estado de negação formatando o papel dos

juízes no grande encarceramento

Semer. – São Paulo : M. Semer, 2019.

150 f. ; 30 cm.

Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, 2019.

Orientador: Prof. Maurício Stegemann Dieter

Notas de rodapé.

Inclui bibliografia

1. Criminologia. 2. Encarceramento. 3. Judiciário. 4. Tráfico de Drogas. 5. Pânico

Moral. I. Dieter, Maurício Stegemann. II. Título.

“Oskar Schindler: Poder é quando nós temos toda

a justificativa para matar e não matamos.

Amon Göth: Você acha que isso é poder?

Oskar Schindler: Isso é o que os Imperadores tinham. Um homem rouba uma coisa, ele se ajoelha no chão. Ele

implora por sua vida, ele sabe que ele vai morrer. E o

Imperador... perdoa ele. Este homem sem valor, ele deixa ele ir.

Amon Göth: Eu acho que você está bêbado.

Oskar Schindler: Isso é poder, Amon. Isso é poder.”

[Diálogo de A Lista de Schindler, Universal Studios, 1993]

AGRADECIMENTOS

Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio, já dizia John Donne

(Meditations XVII). Todos são parte do continente. Uma parte de um todo.

Aqui me toca agradecer a todos aqueles que fizeram parte do meu continente; que

evitaram que me desgrudasse para vagar, perdido, como um promontório.

Agradeço, em primeiro lugar, ao Mauricio Stegemann Dieter que, imprudente e

generosamente, acabou por me admitir no Doutorado, mesmo já sem o costume dos textos

acadêmicos, com a arrogância natural dos velhos práticos e sem o viço e o vigor da

juventude. Agradeço mais ainda por não ter permitido manter-me em uma zona de conforto.

Agradeço as recomendações que atendi com temor reverencial e que, mais tarde, se

mostraram não apenas úteis, mas absolutamente necessárias. Devo a ele duas primaveras nas

escrivaninhas da Biblioteca da Universidade de Westminster e, mais do que isso, o

conhecimento e a companhia de Sacha Darke, que me recebeu de braços e escritórios abertos

e foi essencial para essa pesquisa.

Eu não teria tido as ideias que tive e lido as bibliografias que li se Maurício não

tivesse deixado as pistas pelo caminho, nem teria rejuvenescido ao lado de tantos colegas

promissores que me estimularam (e, admito hoje, dos quais invejei fortemente o

conhecimento precoce), no CPECC. Jéssica da Mata, Tatiana Gasparini, Ana Carolina

Cartillone, Luísa Mesquita, Pedro Camargos, Pollyana de Santana Soares, Débora

Nachmanovitz, Marina Lima, Mariane Roccelo e o Patrick Cacicedo que já não era tão jovem

assim e, talvez por isso, acabou como meu mais dileto confidente acadêmico. Há uma plêiade

de pessoas que já me desculpo antecipadamente por deixar de registrar nestas curtas linhas.

Juntos lemos Pachukanis, Rusche e Kircheheimer, Di Giorgi, Florestan, Caio Prado e alguns

outros que deixei para trás, porque o trabalho me impediu.

Certamente o trabalho teria impedido ainda mais não fosse o empenho fora do normal

da Lilian de Oliveira Pena dos Santos, Camilla Cajango Rollemberg, Cláudia Carvalho,

Dayana Valensuela Barduzzi, Cauan Arantes Barcellos Silva, Renato Caetano de Almeida

Silva, Sarah Raquel Vieira, Bruno Lescher Facciola e Maria Clara de Sena que se

desdobraram para que os jurisidicionados de São Paulo não sentissem qualquer solução de

continuidade (nem perda de qualidade) enquanto cumulava as centenárias e tradicionais

instituições do Largo de São Francisco e do Tribunal de Justiça.

Flávio Roberto Batista, Allysson Leandro Mascaro, Rafael Godoi representaram

mais do que créditos e conceitos na ficha de alunos; eles me instigaram a fazer artigos com

os quais fui, gradativamente, apurando o texto que se tornaria este trabalho. Não sem antes

passar pelas agudas e pertinentes observações dos professores e amigos Rubens Casara e

Sérgio Salomão Shecaira, que me proporcionaram um produtivo exame de qualificação.

Adoraria ter feito tudo exatamente como eles me sugeriram, mas confesso que fiz o meu

melhor. As falhas, desnecessário dizer, são exclusivamente minhas.

Annus horribilis me foram suportáveis porque passei junto a pessoas queridas. Com

Marcio Sotelo Felippe, Giane Ambrosio Alvares, Patrick Mariano Gomes e, uma vez mais,

Rubens Casara, compartilhei a coluna ContraCorrentes no Justificando e depois dela, Além

da Lei na Revista Cult. Noticiamos um Brasil em Fúria e preparamos o relato de um país em

pedaços. Sofremos, tentando evitar; sentimos, tentando compreender.

Mas a verdade é que sem meus colegas da Associação Juízes para a Democracia,

tudo teria sido muito mais difícil. Agradeço o fato de poder não me sentir estrangeiro dentro

da própria casa. Tenho orgulho da história que escrevemos juntos e o mesmo sentimento de

Darcy Ribeiro sobre as causas que não conseguimos vencer. Sobretudo, uma solidariedade

sem tamanho com aqueles que pelos atos que defendemos acabaram escolhidos para sofrer,

como a desembargadora Kenarik Boujikian, minha referência hoje e sempre, e o juiz e amigo

Roberto Corcioli.

Espero sinceramente que meus colegas juízes criminais, que já se acostumaram com

as minhas críticas e minhas indignações, compreendam a necessidade de direcionar

holofotes para as sentenças, porque isso mostra o quanto somos, ao mesmo tempo, frágeis e

imprescindíveis. Se parte dos problemas nos ronda, é sinal de algumas soluções também

estão por perto. De mais a mais, só a companhia deles me permite entender o que sou e o

que venho fazendo há três décadas.

A todos os demais amigos que sempre estiveram por perto, no apoio e na adesão

incondicionais, sei que como eu, dispensam homenagens. A amizade que levamos no peito

tem a gratidão como acessório original de fábrica.

Ao Leon, por me fazer prudente e à Ida, por me ensinar a ser guerreiro.

Ao Mauro, Norma, Beatriz e Vivian; a Nelson, Maria Aparecida e Júnior, enfim,

porque as famílias não exigem explicações maiores que o carinho.

A Júlia e ao Rafael que suportaram minha ausência nestes três anos; mas ao mesmo

tempo foram crescendo junto com a tese, a tempo de me corrigir em algumas distrações,

problematizar metodologias e desprezar as soluções aparentemente mais simples que vinha

propondo. Agradeço pelo inesperado auxílio.

Mas se eu tivesse que escrever aqui os motivos pelos quais devo agradecer a Márcia,

teria sido necessário todo um novo volume. Vou me limitar a agradecer ao amor, porque

todo o mais é desnecessário.

A tese não teria sentido se não fosse ela mesma um libelo contra o grande e

desmedido encarceramento, contra os poderes sem limites, contra as versões falsamente

humanitárias com que se construíram as prisões. Contra um direito que exala, sobretudo, dor

e sofrimento. Nas hordas da obediência, nas malhas da repressão, uma multidão de vidas

destroçadas. E como, enfim, completa Donne: a morte de qualquer homem me diminui,

porque sou parte do gênero humano.

A todos aqueles, enfim, que perderam a vida ou parte dela nas prisões. Os sinos

dobram por ti.

RESUMO

SEMER, Marcelo. Sentenciando Tráfico: pânico moral e estado de negação na formatação do papel do

juiz no grande encarceramento. 2019. 526 p.Doutorado. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

O presente trabalho se propõe a discutir o papel do juiz na formação do grande

encarceramento no Brasil, a partir de uma análise de decisões de tráfico de drogas, em

pesquisa de campo realizada com 800 sentenças de 8 Estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio

Grande do Sul, Paraná, Goiás, Pará, Bahia e Maranhão). Nos capítulos introdutórios, discute-

se, em primeiro lugar, os modelos que estudaram a virada punitiva nas décadas finais do

século XX, especialmente no hemisfério norte, como ponto de partida para o grande

encarceramento. Nesse diapasão, são estudados os modelos de Loic Wacquant (perspectiva

sócio-econômica), David Garland (perspectiva culturalista); Jonathan Simon (a perspectiva

institucional), Michelle Alexandre (a perspectiva racial); Jock Young (perspectiva crítica,

do realismo de esquerda), além de uma abordagem de Stuart Hall e parceiros do Centro de

Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade de Birmingham, que, sob uma

perspectiva marxista e na análise da crise do capitalismo dos anos 1970, explicam o

nascedouro do Estado policial moderno, ao qual o encarceramento em massa é tributário.

Cotejando as distinções da realidade brasileira, enfocamos a compatibilidade dos modelos

para compreender o nosso grande encarceramento que, a bem da verdade, mescla o

populismo penal próprio dos novos tempos e o legado autoritário fruto das permanências

históricas, sobretudo a longevidade da escravidão. Conclui-se pela necessidade de combinar

o estudo das estruturas com o estudo das agências, estas com ênfase no fator juiz. As

sentenças são analisadas sob duas chaves de leitura, que funcionam como aporte teórico, em

conceitos trabalhados pelo sociólogo Stanley Cohen: o pânico moral e os estados de negação.

Só os reflexos do pânico moral permitem a consideração dos juízes sobre uma tamanha

gravidade do delito, que na realidade envolve réus primários, pobres, com pouca co-autoria,

quase nenhuma associação, presos em flagrante na posse de quantias módicas de droga e

dinheiro e quase nunca armados. Só o estado de negação permite superar o legado autoritário,

fechar os olhos à plêiade de violências e corrupção policiais e confiar plenamente em uma

prova frágil que se lastreia nas palavras de não mais que dois agentes. A pesquisa apura, sob

o viés quantitativo, o exagero na aplicação das penas e prisões provisórias, e, ademais, uma

regionalização indireta, com juízes de alguns Estados aplicando preferencialmente a

jurisprudência de seus tribunais, mesmo que contrárias e mais rigorosas do que as os

tribunais superiores. Há mais convergência do que divergência nas sentenças: um abuso do

senso comum, um desprestígio da presunção de inocência e um tratamento tão diverso entre

a verdade que se atribui a depoimentos e papéis policiais e a total ausência de credibilidade

de réus e suas testemunhas. Aqui também agem as ramificações do pânico moral, em especial

a construção social do traficante como inimigo público, a partir da adesão às crenças

generalizadas e, sobretudo, a do estado de negação, a partir da desindividualização do

policial e da desumanização da vítima.

PALAVRAS CHAVES – Criminologia - Grande encarceramento – Juiz – sentenças -

Tráfico de Drogas – Pânico Moral

ABSTRACT

SEMER, Marcelo. Sentencing Drug Traffic: moral panic and state of denial in the role of the judge in the

great incarceration. 2019. Doctorate. 526 p. Faculty of Law. University of São Paulo

This paper proposes to discuss the role of the judges in the development of the great

imprisonment on Brazil, based on an analysis of drug trafficking decisions, in empirical

research carried out with 800 sentences from 8 states (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande

do Sul , Paraná, Goiás, Pará, Bahia and Maranhão). In the introductory chapters, it discusses,

first, the models that studied the punitive turn in the late twentieth century, especially in the

northern hemisphere, with the starting point for the great incarceration. Within this range,

the models of Loic Wacquant (socio-economic perspective), David Garland (culturalist

perspective); Jonathan Simon (institutional perspective), Michelle Alexandre (racial

perspective); Jock Young (critical perspective, by the Left Realism), and an approach by

Stuart Hall and partners at the Center for Contemporary Culture Studies at the University of

Birmingham, who, from a Marxist perspective and in the analysis of the capitalist crisis of

the 1970s, explain the birth of the modern police state, to which mass incarceration is a

consequence. Contrasting the distinctions of the Brazilian reality, the thesis focus on the

compatibility of models to understand our great incarceration, which mixes the criminal

populism of the new times and the authoritarian legacy resulting from historical

permanences, especially the longevity of slavery. It is concluded that there is a need to

combine the study of structures with the study of agencies, with emphasis on the Judiciary.

The sentences are analyzed under two keys of reading, which serve as a theoretical

contribution, in concepts worked by the sociologist Stanley Cohen: moral panic and the state

of denial. Only the reflexes of moral panic allow judges to consider the seriousness of the

crime, which in reality involves poor defendants, almost without partners, arrested in

flagrante delicto with small amounts of drugs and money and rarely armed. Only the state of

denial allows to overcome the authoritarian legacy, to close the eyes to the plethora of police

violence and corruption, and to rely fully on a fragile evidence that stands in the testimony

of no more than two agents. The investigation examines, in quantitative terms, the

exaggeration in the application of provisional sentences and prisons, and indirect

regionalization, with judges of some States preferentially applying the jurisprudence of their

courts, even though they are contrary and stricter than the superior courts. There is more

convergence than divergence in the sentences: an abuse of common sense, a discredit of

presumption of innocence, and a different treatment of the truth that is attributed to testimony

and police roles, and the total lack of credibility of defendants and their witnesses. Here too

are the ramifications of moral panic, especially the social construction of the trafficker as a

folk devil, based on adherence to generalized beliefs and, above all, the state of denial, from

the deindividualization of the police and the dehumanization of the victim.

KEYWORDS – Criminology- Mass Incarceration - Judge - Sentences - Drug Trafficking -

Moral Panic

RÉSUMÉ

SEMER, Marcelo. Le Jugement de Trafic: panique morale et état de négation dans la mise en forme du

rôle du juge dans la grande incarcération. 2019. 526 p. Doctorat. Faculté de droit. Université de São Paulo

Cet article propose de discuter du rôle du juge dans la formation de la grande incarceration

au Brésil, sur la base d'une analyse des décisions en matière de trafic de drogue, dans le cadre

d'une recherche empirique réalisée avec 800 condamnations prononcées dans 8 États (São

Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Pará, Bahia et Maranhão). Dans les

chapitres introductifs, l’ouvrage traite en premier lieu des modèles qui ont étudié le virage

punitif au cours des dernières décennies du XXe siècle, en particulier dans l’hémisphère

nord, avec le point de départ de la grande incarcération. Dans ce contexte, le travaille présent

les modèles de Loic Wacquant (perspective socio-économique), David Garland (perspective

culturaliste); Jonathan Simon (perspective institutionnelle), Michelle Alexandre (perspective

raciale); Jock Young (perspective critique, du Left Realism), et une approche de Stuart Hall

et de ses partenaires du Centre d’Études sur la Culture Contemporaine de l’Université de

Birmingham qui, d’un point de vue marxiste et dans l’analyse de la crise capitaliste des

années 1970, expliquer la naissance de l’État policier moderne, pour lequel l’incarcération

de masse est un conséquence. Contrastant les distinctions de la réalité brésilienne, le travaille

será concentré sur la compatibilité des modèles pour comprendre notre grande incarcération,

qui melange le populisme criminel des temps modernes et l’héritage autoritaire résultant des

permanences historiques, notamment la longévité de l’esclavage. Il est conclu qu'il est

nécessaire de combiner l'étude des structures avec l'étude des agences, en mettant l'accent

sur le facteur juge. Les sentences sont analysées sous deux clés de lecture, qui servent de

contribution théorique, dans les concepts travaillés par le sociologue Stanley Cohen: la

panique morale et l’état de déni. Seuls les réflexes de panique morale permettent aux juges

d’envisager la gravité du crime, qui, em verité, implique en réalité des pauvres, auteurs avec

presque aucune association, arrêtés en flagrant délit avec de petites quantités de drogue et

d’argent et presque jamais armé. Seul le déni permet aux juges de vaincre l'héritage

autoritaire, de fermer les yeux sur la pléthore de violences policières et de corruption et de

appuyer pleinement sur une preuve fragile qui ne peut être exprimée que par deux agents.

L’enquête examine, en termes quantitatifs, les exagérations dans l’application des peines et

des arrestation temporaires, ainsi que la régionalisation indirecte, les juges de certains États

appliquant de manière préférentielle la jurisprudence de leurs tribunaux, même contraires et

plus sévère que celles des tribunaux supériuers. Il y a plus de convergence que de divergence

dans les peines: un abus de sens commun, un discrédit de présomption d'innocence et un

traitement différent de la vérité attribué aux témoignages et aux rôles de la police, et le

manque total de crédibilité des accusés et de leurs témoins. Ici aussi, les ramifications de la

panique morale, en particulier la construction sociale du trafiquant en tant qu’ennemi public,

reposant sur l’adhésion à des croyances généralisées et, surtout, sur le déni résultant de la

désindividualisation de la police et de la déshumanisation de la victime.

MOTS CLEFS – Criminologie - Grande incarcération - Juge - Sentences - Trafic de drogue

- Panique morale

1

SUMÁRIO

Índice de Tabelas................................................................................................................3

INTRODUÇÃO....................................................................................................................5

Cap. 1 – O GRANDE ENCARCERAMENTO.................................................................15

1.1.– Loic Wacquant e a onda punitiva (a perspectiva sócio-econômica)............................27

1.2. – David Garland e a cultura do controle (a perspectiva culturalista).............................35

1.3. – Jonathan Simon e o governo através do crime (a persectiva institucional)................38

1.4. – Michelle Alexander e o novo Jim Crow (a perspectiva racial)....................................43

1.5. – Jock Young e a sociedade excludente (a crítica realista)............................................47

1.6. – Stuart Hall e o policiamento da crise (a explicação marxista)....................................51

Cap. 2 – DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES (OS MODELOS E O

ENCARCERAMENTO BRASILEIRO)..........................................................................57

2.1. – A translação dos modelos...........................................................................................58

2.2. – Os modelos e a realidade brasileira..............................................................................61

2.3. – Convivência e informalidade.......................................................................................74

2.4. – O fator juiz...................................................................................................................82

Cap. 3- PÂNICO MORAL E POPULISMO PENAL......................................................84

3.1. – Stanley Cohen: o processo...........................................................................................86

3.2.- Goode-Ben Yehuda: os requisitos.................................................................................95

3.3. – Hall: a questão da ideologia.......................................................................................103

3.4. – Pânico moral: críticas e ajustes..................................................................................108

3.5. – Pânico moral: casuística............................................................................................118

3.5.1. – Pânico moral e as drogas........................................................................................123

3.6. – Pânico moral no Brasil: casuística............................................................................134

3.6.1. – Pânico moral e as drogas no Brasil.........................................................................148

3.7. – Populismo Penal........................................................................................................167

Cap. 4 – ESTADOS DE NEGAÇÃO E LEGADO AUTORITÁRIO...........................177

4.1. – As formas de negação................................................................................................178

4.2. – As atrocidades...........................................................................................................180

4.3. – Os atores da negação.................................................................................................191

4.4. – Sentidos e mecanismos da negação...........................................................................198

4.5. – O legado autoritário...................................................................................................206

4.5.1. – As facetas do autoritarismo....................................................................................211

4.6. – Reflexos no sistema penal.........................................................................................214

Cap. 5 – SENTENCIANDO TRÁFICO (PESQUISA DE CAMPO).............................230

5.1. – As sentenças..............................................................................................................232

5.2. – A metodologia...........................................................................................................236

5.3. – Heurística e psicologia social....................................................................................245

5.4. – O questionário...........................................................................................................249

5.5. – Os juízes....................................................................................................................252

5.6. – Os atores....................................................................................................................256

5.6.1. – Os réus...................................................................................................................256

5.6.2. – Os policiais.............................................................................................................263

2

5.7. – O local do crime........................................................................................................269

5.8. – A acusação................................................................................................................277

5.9. As provas.....................................................................................................................298

5.9.1. – O testemunho policial............................................................................................301

5.9.2. – As provas ancoradas..............................................................................................320

5.10. – A Defesa.................................................................................................................324

5.10.1. – Interrogatório.......................................................................................................327

5.10.2. – Testemunhas de Defesa........................................................................................332

5.11. – O ônus da prova......................................................................................................338

5.12. – O aproveitamento dos elementos de inquérito........................................................341

5.13. – A violência policial.................................................................................................349

5.14: A dependência químico-toxicológica........................................................................359

5.15. A sentença: caracterização do tráfico........................................................................366

5.16. As penas.....................................................................................................................376

5.16.1. Pena-base e circunstâncias......................................................................................376

5.16.2. Causa de aumento e diminuição (redutor)..............................................................386

5.16.3. Pena definitiva........................................................................................................394

5.16.4. – O regime..............................................................................................................396

5.16.4.1- A detração...........................................................................................................401

5.16.5. – A substituição......................................................................................................406

5.17. – Fundamentações: jurisprudência e doutrina...........................................................416

5.17.1. – Jurisprudência......................................................................................................418

5.17.2. – Doutrina..............................................................................................................422

5.18. – A prisão provisória.................................................................................................425

5.19. – O papel do juiz.......................................................................................................433

5.20.- As absolvições.........................................................................................................438

CONCLUSÃO..................................................................................................................448

Relação das reportagens..................................................................................................486

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................490

Apêndice...................................................................................................................... ......507

Questionário aplicados às sentenças...............................................................................508

Relação das sentenças pesquisadas.................................................................................519

3

Índice de Tabelas

Tab. 1 – Sentenças Pesquisadas..........................................................................................240

Tab. 2 – Condenação em Tráfico........................................................................................251

Tab. 3 – Regime da Pena, por Estados................................................................................251

Tab. 4 – Sentenças – gênero...............................................................................................254

Tab. 5 – Sentenças gênero, por Estado...............................................................................255

Tab. 6 – Pesquisa x Dados CNJ sobre gênero....................................................................256

Tab. 7 – Montante de apreensão.........................................................................................258

Tab. 8 – Valor de dinheiro apreendido até 1 S.M...............................................................259

Tab. 9 – Réus por gênero....................................................................................................260

Tab. 10 – Gênero pesquisa X Sistema prisional.................................................................260

Tab. 11 – Primários x reincidentes......................................................................................261

Tab. 12 – Réus por processo, por Estados...........................................................................262

Tab. 13 – Réus por processo...............................................................................................262

Tab. 14 – Início do inquérito..............................................................................................264

Tab. 15 – Agente policial....................................................................................................265

Tab. 16 – APF x Investigação.............................................................................................266

Tab. 17 – Acesso policial aos fatos.....................................................................................267

Tab.18 – Mandados de busca e apreensão..........................................................................272

Tab. 19 – Apreensão de droga............................................................................................276

Tab. 20 – Denúncia.............................................................................................................277

Tab. 21 – Crimes conexos do Estatuto do Desarmamento.................................................280

Tab. 22 – Apreensões de arma............................................................................................281

Tab. 23 – Balança de precisão............................................................................................283

Tab. 24 – Apreensões de maconha.....................................................................................285

Tab. 25 – Apreensão de maconha (< que 100g).................................................................286

Tab. 26 – Apreensão de cocaína.........................................................................................287

Tab. 27 - Apreensão de cocaína (< que 50g).....................................................................287

Tab. 28 – Apreensão de crack............................................................................................289

Tab. 29 – Apreensão de crack (< que 50g).........................................................................290

Tab. 30 – Mediana da apreensão da droga (em gramas)....................................................292

Tab. 31 – Interrogatórios....................................................................................................301

Tab. 32 – Testemunhas por processo (acusação x defesa).................................................301

Tab. 33 – Testemunhas de acusação..................................................................................302

Tab. 34 – Defesa................................................................................................................325

Tab. 35 – Réus x Defensoria Pública.................................................................................326

Tab. 36 – Comarcas atendidas pela DP (IV Diagnóstico).................................................326

Tab. 37 – Testemunhas x contradições..............................................................................337

Tab. 38 – Contradições apontadas.....................................................................................338

Tab. 39 – Aproveitamento dos elementos de inquérito.....................................................342

Tab. 40 – Violência policial..............................................................................................350

Tab. 41 - Dependência.....................................................................................................360

Tab. 42 – Exames..............................................................................................................365

Tab. 43 – Condenação em Tráfico de drogas....................................................................368

Tab. 44 – Resultado das sentenças....................................................................................370

Tab. 45 – Apreensão de drogas em via pública.................................................................372

Tab. 46 – Aplicação do redutor.........................................................................................389

Tab. 47 – Penas médias.....................................................................................................395

Tab. 48 – Regime de pena...................................................................................................397

4

Tab. 49 – Reincidência por Estados....................................................................................398

Tab. 50 – Penas restritivas..................................................................................................407

Tab. 51 – Rejeição em tese de restritivas...........................................................................407

Tab. 52 – Acórdãos TJSP...................................................................................................414

Tab. 53 – Acórdãos TJBA..................................................................................................414

Tab. 54 – Penas médias das sentenças – Redução dos acórdãos........................................415

Tab. 55 – Referências Jurisprudência x Doutrina..............................................................417

Tab. 56 – Temas de Jurisprudência....................................................................................418

Tab. 57 – Origem dos julgados..........................................................................................420

Tab. 58 – Índice de Referência de Jurisprudência.............................................................420

Tab. 59 – Temas de Referência doutrinária.......................................................................423

Tab. 60 – Obras mais mencionadas...................................................................................424

Tab. 61 – Autores mais citados.........................................................................................425

Tab. 62 – Prisão provisória...............................................................................................426

Tab. 63 – Liberdade provisória.........................................................................................427

Tab. 64 – Tempo médio de prisão.....................................................................................431

Tab. 65 – Réus por processo (absolvições).......................................................................439

Tab. 66 – Absolvição x Número de réus...........................................................................439

Tab. 67 – Pedidos de absolvição do MP...........................................................................440

Tab. 68 – PM x PC............................................................................................................441

5

INTRODUÇÃO

1.

Conhecer os mecanismos que põem em funcionamento uma bomba é tarefa essencial

para poder desarmá-la.

Chega a ser um truísmo dizer que vivemos em um tempo, e mais concretamente em

um país, afetado pelo hiper-encarcerceramento. Poucas características se tornaram tão

habituais quanto os ecos da superlotação carcerária no cotidiano brasileiro, sejam os reflexos

diretos, como a precariedade das instalações e as violências que cercam as prisões, das

insalubridades aos massacres; sejam os indiretos, como a criminalidade que é exportada para

fora das grades, por intermédio da organização das facções criminosas.

Não obstante esse quadro por si só horripilante, que deveria ser suficiente para

aquilatar a perversão do exagerado punitivismo, agimos como se ainda estivéssemos em

débito com o encarceramento: propostas legislativas cada vez mais vigorosas, militarização

crescente da atividade policial, sensacionalismo midiático marcado pela propagação do

medo, agenda política que insere a segurança como prioridade numero zero, numa

retroalimentação permanente que vitamina o círculo vicioso. Enfim, o direito penal talvez

seja o único produto que quanto mais falha mais se mantém prestigiado. Na ponta de lança

desse grande encarceramento, fundamentalmente, o crescimento constante das prisões

efetuadas na guerra às drogas –cuja execução, como lembra Juarez Tavares, “além de não

apresentar qualquer solução quanto a seu comércio e consumo só acarreta mais sofrimento

às populações carentes, que são os objetos prioritários dessa política criminal”1.

Para Nils Christie, o sistema penal de um país carrega mensagens profundas: ele

transmite informações sobre as características centrais dos estados que representam.2 Entre

os critérios de avaliação que sugere, a partir do sistema prisional, estão não apenas o volume

de presos e os motivos de suas prisões, mas quão representativos da população em geral

1 Fundamentos da Teoria do Delito, p. 79. 2 A suitable amount of crime, p. 101.

6

são em relação a idade, sexo, raça, classe etc3. A noção de encarceramento em massa não

se restringe apenas ao volume, mas ao fato de se dirigir prioritariamente a grupos específicos.

David Brown exemplifica com o moderado índice carcerário da Austrália, embora, no

conjunto, abrigue uma população aborígene fortemente sobrerrepresentada nos cárceres4. Ou

seja, o grande encarceramento é ainda mais grave porque se constrói sobre certos grupos,

em regra os mais vulneráveis: a sociedade não é destinatária de seus males de modo

uniforme.

Não é preciso muito para reconhecer o Brasil entre os países cujo sistema penal

transmite as mais deletérias informações. Mais de setecentos mil presos, segundo a contagem

que remonta ao ano de 2016, a terceira maior população prisional do mundo em números

absolutos, além de um conjunto nada equilibrado, predominantemente jovem, da cor preta

ou parda e de baixíssima instrução. Coincidentemente, o público destinatário das prisões é

exatamente o mesmo submetido às maiores violências no país –relatórios de encarceramento

e mapa da violência se sobrepõem quase integralmente5.

O novo ciclo autoritário que gradualmente já vinha se fortificando no horizonte com

o recrudescimento paulatino do direito penal, o esvaziamento formal das garantias

processuais, no binômio da legislação de emergência e da jurisprudência do pânico, tende a

ser agora brutalmente acelerado. No horizonte das propostas ultra-conservadoras que

dominam o ambiente político, de um lado o esfacelamento do sistema progressivo de

cumprimento da pena, de outro, a formalização da impunidade da violência policial. No meio

deste tiroteio, um Judiciário que constantemente se demite de seu papel de dique da repressão

para assumir orgulhosamente uma função de trampolim.

2.

São estes os dois polos da tese que ora se apresenta.

3 Idem, p. 102 4 “O aprisionamento torna-se um encarceramento em massa quando deixa de ser o encarceramento de

ofensores individuais e se torna o aprisionamento sistemático de grupos inteiros da população”. “Mass

Incarceration”, in Alternative Criminologies, p. 364. 5 A propósito, o Mapa da Violência, que registra aumento de 46,9% entre os negros vítimas de homicídio ao

mesmo tempo em que em relação às vítimas brancas em 26,1% (entre 2003 e 2014). Em 2014, vítimas negras

de homicídio atingem 70,5%, disponível em

<https://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2016/Mapa2016_armas_web.pdf>.

7

Primeiro, compreender os modelos que buscaram estudar os mecanismos do grande

encarceramento, a partir da guinada punitiva das últimas décadas do século XX,

especialmente no hemisfério norte. É o que fazemos no Capítulo 1, trazendo à lume os

diagnósticos de Loic Wacquant (perspectiva sócio-econômica, com a guinada neoliberal),

David Garland (a perspectiva culturalista e os frutos da modernidade tardia); Jonathan Simon

(a perspectiva institucional, da estipulação de uma nova governamentalidade); Michelle

Alexandre (a perspectiva racial, de um encarceramento como segregação); Jock Young

(perspectiva crítica a partir do realismo de esquerda), além de uma abordagem de Stuart Hall

e seus parceiros do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade de

Birmingham, que, sob uma perspectiva marxista, explicam o nascedouro do estado policial

moderno, ao qual o encarceramento em massa é tributário, nas entranhas da crise capitalista

dos anos 1970, que elegeu o aumento da coerção como matéria-prima para o reforço da

hegemonia esgarçada.

Em seguida, no Capítulo 2, partimos para uma análise da viabilidade da transposição

destes modelos para a realidade brasileira, a fim de encontrar as particularidades da nossa

história com que os estudos se atritam ou se acomodam. De alguma forma, todos ajudam a

explicar nosso grande encarceramento, mas nenhum deles nos compreende por inteiro.

Vamos atrás do que nos particulariza, inclusive o que auxilia a refletir acerca de um dos

vértices dessa equação, que normalmente está menos exposto: o papel dos juízes na

formatação do grande encarceramento.

O tema se desenvolverá em duas dimensões que, se bem-sucedida a apresentação, ao

término surgirão agregadas.

No âmbito macro, trabalhamos a hipótese de que nossas particularidades exigem uma

leitura mais abrangente do que aquela que apenas traduz a consequência de uma virada

punitiva, na qual se fortalece o populismo e se abandona o previdenciarismo penal, como

decorrência de uma transição do estado de bem-estar ao estado policial. Seja porque aqui,

atributos desta virada já eram de há muito tradicionais (como, por exemplo, a ausência da

ressocialização), seja porque a despeito de legislações iluministas que incorporamos no

curso da história, jamais nos desvencilhamos de nosso legado autoritário, fruto da instituição

que mais marcou a construção do país, a escravidão, e a preferência histórica pelas

permanências sobre as rupturas.

A convivência dissimulada entre iluminismo e escravidão não é apenas uma marca

datada de um passado distante. Ela vai se repetir em outros momentos históricos,

8

representando a mescla entre uma legislação liberal e uma prática autoritária, que distingue,

sobretudo, o cotidiano da segurança pública após a redemocratização em 1985. Níveis

estratosféricos de violência policial, de superlotação carcerária e o genocídio da juventude

negra convivem, sem muito esforço doutrinário, com uma Constituição pensada para o

minimalismo penal e o processo como garantia. Verdade seja dita, mal esquentaram as

gráficas ao publicar exemplares do novo texto constitucional e o legislador, aparentemente

arrependido, já estava desenhando um direito penal simbólico e um processo pautado na

eficiência que em nada lembrava a Carta Magna então promulgada. Ainda assim, na maior

parte do tempo, esse direito penal e processual tem sido vigente e válido, inclusive diante da

passividade dos juízes, a despeito de sua enorme competência, como, a se registrar, a

possibilidade de um amplo controle difuso da constitucionalidade, fortemente subutilizado

entre nós.

Sem prejuízo de perceber a recepção das inspirações modernas do populismo penal,

que se transmitiram como um vírus no meio de uma pandemia, no direito penal permeado

pela figura do hediondo, no processo pela combinação da eficiência, consenso e

protagonismo midiático, é preciso conceber os mecanismos próprios deixados pelo legado

autoritário que acabam por tornar inócuas certas novidades e ao mesmo tempo expandem

geometricamente outros aspectos desse espírito punitivista. A guerra às drogas não precisou

de medidas para facilitar, por exemplo, o acesso das polícias às residências, como as no-

knock laws nos Estados Unidos –a exigência de mandado judicial para a busca e apreensão

por aqui é quase tão exótica e inócua quanto a existência de uma taxa limite de juros fixada

pela Constituição.

Nesse particular, uma distinção importante em relação ao fator juiz: diferentemente

dos exemplo do common law em que a virada punitiva reduziu enormemente a

discricionariedade do juiz, criando limites então inexistentes e, assim, expandindo

radicalmente as penas (especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido), por aqui, os

juízes ajudam a impulsionar o Estado policial por conta própria, sobretudo, com a omissão

de um controle constitucional sobre legislações draconianas, da mesma forma como

historicamente se omitiram acerca da violência policial. A aplicação da nova lei de drogas é

paradigmática: pensada como uma forma de distinguir a criminalidade e reduzir a

prisionalização do micro-traficante, a práxis forense a levou para a direção exatamente

oposta, colocando o tráfico na ponta de lança do grande encarceramento.

9

Tomando emprestada uma chave de leitura trazida por Herbert Packer ao final dos

1970, para compreender os tipos ideais de processo, seria algo como concluir que enquanto

nos Estados Unidos e Europa a guinada punitiva acelera a transição do due process para o

crime control, no Brasil, permanecemos firmemente com o due process inscrito em nossas

leis e ao mesmo tempo o crime control marcando nossa atuação concreta.

E os reflexos dessa atuação são exatamente o que pretendemos mostrar ao nível

micro, através da pesquisa de campo realizada com sentenças de tráfico de drogas na Justiça

Estadual de oito unidades diferentes da Federação. É possível constatar o quanto os juízes

relutam em aplicar a parte benéfica da nova lei de drogas e, ainda, o tanto que resistem à

aplicação dos paradigmas mais liberais dos tribunais superiores, ao mesmo tempo em que

cedem praticamente sem resistência a tarefa primordial de recolha da prova aos policiais

civis e militares, cujas versões acolhem de forma quase absoluta.

3.

Para mediar esses distintos âmbitos da produção do encarceramento, o suporte

teórico é dado por dois conceitos, cujo desenvolvimento e vinculação aos estudos de

criminologia se devem a um mesmo autor, o sul-africano Stanley Cohen. No Capítulo 3,

abordamos o pânico moral. Na célebre definição de Cohen, “Uma condição, episódio,

pessoa ou grupo de pessoas surge para se definir como uma ameaça aos valores e interesses

sociais; sua natureza é apresentada de maneira estilizada e estereotipada pelos meios de

comunicação de massa; as barricadas morais são ocupadas por editores, bispos, políticos

e outras pessoas de pensamento conservador; especialistas socialmente credenciados

pronunciam seus diagnósticos e soluções6”. Ao trabalho, nos interessa conhecer não apenas

a dinâmica (quem age, como age e porque age), como os seus reflexos, a amplificação do

desvio como combustível para o agigantamento do controle social.

No capítulo 4, estudamos os estados de negação, para compreender como se dá a

situação dúbia de perpetradores e, especialmente, observadores, no sentido de conhecer e ao

mesmo tempo desconhecer as atrocidades praticadas pelo Estado sobre seus próprios

habitantes. Apuramos, sobretudo, os mecanismos empregados para assentar o

6 Folk Devils and Moral Panics, p.1.

10

desconhecimento ou, quando não, restringir ou minimizar os efeitos das verdades mais

incômodas.

Como veremos, há entre eles uma articulação possível: se de um lado o pânico moral

expressa o overreaction, com que a mídia e os agentes do controle hiperdimensionam as

narrativas de um crime ou de um conjunto de crimes, agigantando artificialmente os grandes

riscos à sociedade aí envolvidos, o estado de negação expressa o underreacting acerca de

atrocidades que são ao mesmo tempo tão públicas quanto desprezadas. Um olhar severo

sobre riscos à sociedade por desvios; um olhar incauto acerca dos perigos da repressão.

No âmbito macro, procuramos traçar a incorporação do pânico moral como um dos

instrumentos do populismo penal, alardeando a sociedade e produzindo o medo que justifica

a ampliação das medidas coercitivas; de outra parte, correlacionamos a negação com o nosso

próprio legado autoritário, que invisibiliza e, assim naturaliza, a violência policial,

incorporando os juízes acriticamente no rol dos cumpridores da ordem.

Cremos que o populismo penal, presente e atuante na virada punitiva, por aqui se

soma ao legado autoritário, que inviabiliza ao longo da história, todas as possibilidades de

limitação aos instrumentos e instituições de controle, e que distingue, sobretudo, os traços

do nosso grande encarceramento.

No âmbito micro, essa soma se desvela no cotidiano das sentenças de tráfico, que

será o objeto do Capítulo 5, dedicado à reprodução dos dados da pesquisa de campo. Pânico

moral como indutor de uma gravidade intensa, típico de uma generalização das decisões, a

gravidade abstrata que se fundamenta no próprio tipo. É o que se motiva na maior parte das

penas acima do mínimo, e a negação contínua de minorantes legalmente estatuídas, bem

ainda reforçam a prisionalização provisória. O estado de negação, por outro lado, é o que

permite que os juízes aproveitem, de bom grado a prova produzida pelos policiais, sejam os

depoimentos que acolhem sem ressalvas, sejam os elementos do inquérito que aproveitam

sempre que os dados colhidos em juízo se mostrem pouco consistentes. Enquanto o réu-

traficante é visto como um inimigo público, feroz e incorrigível, mergulhado indistintamente

no estereótipo do folk devil, como a exata dinâmica que se reproduz no pânico moral, do

outro lado, o policial é recebido no processo como um servidor de fé pública, íntegro e

honesto, presumindo-se verdade absoluta em seus atos e declarações, ignorando-se

completamente o quadro de altíssima concentração de violência e outras tantas perversões,

em uma situação de coletivo desconhecimento que se identifica com o estado de negação.

11

Só assim é possível de forma confortável terceirizar a prova de uma infração supostamente

tão relevante.

4.

Por óbvio, o trabalho se desenvolve sem escamotear as contradições que as questões

teóricas e empíricas nos apresentam.

Pânico moral é trazido como um elemento consolidado, sobretudo, pelo exaustivo

trabalho de Stanley Cohen em Folk Devils and Moral Panics, sem prejuízo de agregar

outras visões que dela se apartam ou complementam. Assim, ao lado desta inestimável

microfísica do pânico moral, no qual a descrição do processo é o elemento central, agregam-

se a análise dos requisitos do conceito, pela respeitada elaboração da dupla Goode-Ben

Yehuda e, por fim, o timbre ideológico costurado por Stuart Hall e seus colegas de

Birmingham –bem ainda as críticas que se formulam em prol da atualização ou do abandono

do conceito. O estudo se presta, também, a discorrer sobre as características e a

instrumentalização do pânico moral na elaboração do populismo penal.

A negação é importada pelas classificações de Cohen, menos por uma visão

psicanalítica capaz de a explicar, e mais pela descrição sociológica dos mecanismos

empregados para ocultar ou justificar a omissão no repúdio ou censura das atrocidades. Mas

aí também agregamos as experiências de psicologia social de desumanização e

desindividualização que são reportadas por Zimbardo, essenciais para compreender o

distanciamento que é um importante combustível para as atrocidades do dia-a-dia. O capítulo

se presta, por fim, para iluminar os reflexos do legado autoritário no sistema processual, do

qual a precocidade da prisão e o inabalável prestígio dos elementos do inquérito sobrestam

o nascimento e vida da presunção de inocência, com o quê os juízes se atém muito mais ao

controle da ordem do que propriamente ao resguardo da lei.

Da mesma forma, a pesquisa de campo vai encontrar as diversidades regionais que

acabam por propugnar em um país marcadamente unitário em sua legislação, a federalização

da jurisprudência, no caminho reverso da nacionalização que se pretendeu com a reforma do

Judiciário.

12

5.

O estudo não se pretende dogmático do ponto de vista jurídico, muito embora algum

percurso por entre conceitos penais e processuais acabe por ser imprescindível. Tampouco

se pretende formalmente um estudo jurisprudencial –as decisões aqui expostas não têm como

objetivo denotar um marco de correção ou alguma espécie de paradigma. Antes, o que nos

ocorre é proporcionar a compreensão de seus pressupostos e, sobretudo, de seus limites.

Muitas das fontes pesquisadas estão, inclusive, na esfera do jornalismo –afinal, pânico moral

é, sobretudo, um estudo preferencialmente dedicado à mídia. Tais como as sentenças, a

reprodução dos relatos jornalísticos não visa, propriamente, a reconstrução de verdades, se

não de símbolos, posturas, processos.

O enfoque do trabalho é, fundamentalmente, criminológico, para produzir, como

sugere Lola Aniyar, “um olhar com distanciamento e em perspectiva do próprio direito

penal”7. Com a premissa de questionar a legitimidade dos processos de criminalização e não

as causas pessoais, clínicas ou sociais da formação do criminoso, assume-se que o objeto de

pesquisa tem seu lastro fincado nos fundamentos da criminologia crítica, que, nas palavras

de Alessandro Baratta, não vê a criminalidade como “mais uma qualidade ontológica de

determinados comportamentos e de determinados indivíduos, mas se revela, principalmente,

como um status atribuído”8. Não se pretende buscar as causas que levam ao uso, guarda e

comercialização das drogas ilícitas, mas escrutinar as premissas de que se partem para a

extensa criminalização dessas condutas9 que, mais do que nenhuma outra figura típica, vem

turbinando, nas últimas décadas, os índices de aprisionamento e a construção de sua

seletividade. Faz parte do estudo, por exemplo, a questionável aposta criminológica dos

juízes nos objetivos de dissuasão, constantemente presentes nas fundamentações da

aplicação da pena, de seu regime de cumprimento e ainda do contumaz emprego da prisão

provisória.

7 Criminologia da Libertação, p. 118. 8 Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal, p. 161 9 No dizer de Vera Andrade: “(...) quando o enfoque macrossociológico se desloca do comportamento

desviante para os mecanismos de controle social, em especial para o processo de criminalização, que o

movimento crítico assume sua maturação na Criminologia, que se movimenta de uma teoria da criminalidade

para uma teoria crítica e sociológica do sistema penal.” Pelas mãos da criminologia, p. 92.

13

O trabalho não se pretende puramente descritivo; ao revés, o conhecimento tem, aqui,

um sentido de transformação. Afastar a ideia de que os juízes sejam, de alguma forma,

lenientes para com a punição do tráfico de drogas; apontar a insuficiência dos fundamentos

que assinalam a gravidade com que os juízes encaram o crime; questionar a fragilidade do

arsenal probatório com a adesão irrestrita aos elementos da ordem e, em especial, conhecer

os efeitos que essa adesão causa à própria independência judicial. Não é o caso de demonizar

a atividade jurisdicional; antes, prestigiá-la, afastando-a dos malefícios que a intransigente

defesa da ordem lhe provoca: a perda da função de controle e, por consequência, o

esvaziamento do imponente papel que o Estado Democrático lhe reserva, como garantidor

dos direitos: enfim, compreender que o juiz que só encarcera, encarcera-se a si mesmo.

6.

Por fim, uma explicação de um pesquisador nativo, em busca de dirimir eventuais

conflitos de interesse.

Por mais que tenha conhecido, por dentro, o trabalho da justiça em quase três décadas

de militância profissional, é o olhar externo que permite melhor compreender as posturas

típicas dos juízes, hábitos linguísticos, modelos pré-concebidos ou perversões de análise.

Ver as sentenças em seu conjunto ajuda a entender os mecanismos da produção. Não nos

colocamos neste trabalho como críticos de outros, até porque só a visão de um repertório

significativo de decisões nos permite ter percepção crítica acerca de determinados

comportamentos, posturas ou teses que, pelo consenso ou pela habitualidade, os operadores

normalizam sem perceber as dissociações com a realidade ou o direito. Jamais pretendemos,

portanto, nos excluir dessas observações críticas, como se fossem dirigidas apenas a eles.

As sentenças foram extraídas de forma pública do mesmo acervo a que cidadãos têm

acesso pelos sítios dos tribunais, mais ou menos amigáveis para a consulta. De outro lado,

para valorizar apenas o conteúdo, as decisões não são identificadas e dos trechos transcritos

foram eliminados nomes e referências geográficas desnecessárias. No apêndice deste

14

trabalho, todavia, acompanham o questionário a que as sentenças foram submetidas e a

identificação numérica de cada um dos processos nos quais foram lançadas.

Considerando que os textos guias não tem edições traduzidas e os artigos que com

eles dialogam tampouco, optou-se, considerando o elevado volume de referências em língua

estrangeira, por providenciar traduções livres às citações, sem a reprodução integral destas

em língua original.

448

CONCLUSÃO

1.

Os modelos que estudaram o grande encarceramento moderno são insuficientes para

compreendê-lo, tanto mais traduzi-lo para as causas e circunstâncias do nosso próprio

encarceramento.

Duas circunstâncias explicam a insuficiência.

A primeira, o fato de que, efetivamente, não se qualificavam para explicar todos os

encarceramentos, de distintas feições e diferentes dimensões, dado que as realidades

históricas e sociais dos países em muito pouco se assemelhavam. Algumas críticas pelo

caminho apontaram, por exemplo, motivos particulares para a diferença entre os patamares

prisionais de Estados Unidos e Itália, englobando desde a natureza mais indulgente da

religiosidade italiana, até as marcas recentes do fascismo; ou a distinção entre o patamar

norte-americano e o japonês, pela resistência conservadora dos operadores às mudanças

jurídicas.

A sugestão de Wacquant, portanto, que o modelo norte-americano houvera se

difundido mundo afora foi razoavelmente contrastada. Não apenas porque o modelo

esbarrou em particularidades estrangeiras, mas porque também ele estava supervalorizado

em relação a suas próprias particularidades. Chamamos atenção aqui para dois pontos de

discussão do modelo norte-americano: a existência de uma maior submissão à lógica

populista pela federalização (que foi levantada por John Pratt, com base na obra Harsh

Justice, de James Whtiman) e a aderência ao dilema do prisioneiro, prestigiada pelas

disputas majoritárias em seu bi-partidarismo, pelo qual um partido se sente obrigado a

endurecer a política criminal, sob pena de sair derrotado na eleição pelo outro (articulada

por Nicola Lacey).

449

De todo o modo, basta, para nós, compreender que o modelo do esvaziamento do

welfare state ou da mudança cultural com a falência do fordismo, não pode ser incorporado

da mesma forma sob situações materialmente distintas. E que, portanto, os modelos que

estudaram o grande encarceramento não são necessariamente gabaritos, em especial para as

realidades mais díspares –como atentou Jonny Steimbrg, discorrendo acerca das limitações

da reprodução da genealogia da virada punitiva proposta por Garland em relação às

estruturas sul-africanas, marcadas pelo legado da divisão racial, da construção tardia do

welfare state e de mecanismos punitivos informais. Colin Sunmer resume a situação

enfocando a inviabilidade da teoria do replay: o desenvolvimento dos países centrais não é

o futuro do desenvolvimento dos periféricos, inclusive porque o desenvolvimento dos países

centrais foi obtido com o subdesenvolvimento dos outros.

Mas a segunda circunstância talvez seja um pouco mais importante para a

relativização dos grandes modelos: no âmbito penal, as mudanças políticas podem não

significar tudo, ou seja, os paradigmas e valores não são refletidos necessária e integralmente

pelos operadores na ponta do sistema. Aí reside um ponto de partida para um trabalho que

exige uma sintonia fina maior do que apenas a análise do ambiente macro.

Importa dizer, por exemplo, e isso é um dos pontos que baliza este trabalho, que não

existe uma correlata e instantânea percepção pelos juízes das mudanças sociais ou políticas,

nem mesmo a segurança de que o sentido e o ritmo destas mudanças serão fielmente

observados. Falar em uma penologia neoliberal, portanto, depende de que os novos

paradigmas sejam compreendidos, aplicados ou mesmo, se o caso, excepcionados pelos

juízes, o que só acontece, todavia, dentro de lógicas particulares, que não são exatamente as

mesmas que a macro-análise sugere.

A postura dos juízes brasileiros, por exemplo, com a recepção da nova Constituição

Federal em 1988 foi muito resistente ao cipoal de garantias que emolduraram o texto –a

aplicação dos princípios penais com um sentido limitador ao próprio legislador, que se

acostumou a chamar de hermenêutica constitucional, foi gradativa e apenas parcial nas três

décadas que nos separam da promulgação. E hoje, pode-se dizer que é uma espécie de

garantismo que, mal nasceu, já se encontra praticamente em extinção.

Um exemplo mais longevo foi o que trouxe Ingo Muller a respeito da forma como os

juízes alemães recepcionaram a República de Weimar, com restrições que levaram a o país

a facilitar a aposentadoria das autoridades que não se compatibilizassem com a nova ordem

450

republicana –muito embora teriam se amoldado sem aparas ao nazismo. E ainda criação do

Tribunal Constitucional Espanhol, como órgão exterior e superior ao Poder Judiciário, em

1978, para superar, na transição à democracia, um poder quase que integralmente formatado

nas entranhas do franquismo.

Há um sentido de adesão, mas outro de resistência, na atuação dos juízes, de modo

que as alterações políticas podem explicar menos do que se supõe –inclusive como

consequência de mudanças legislativas. Foi assim que, de certa forma, o aprisionamento

referente ao tráfico de drogas cresceu com a Lei 11.343, de 2006, quando os objetivos e as

expectativas eram de redução, ao menos em relação ao microtráfico. A mudança legislativa

não só não foi suficiente para estancar o crescimento das prisões dos pequenos traficantes –

ou das situações limítrofes entre o comércio e o uso- como ainda o impulsionou fortemente.

A pesquisa de sentenças que aqui se apresenta deixou clara a aguda proporção do

microtráfico entre os processos julgados na Justiça Estadual, bem ainda a hesitação dos

juízes na aplicação da forma privilegiada do tráfico e dos padrões de aplicação de pena

menos gravosos que se consolidaram no STF. Em resumo, os juízes aplicaram,

objetivamente, o acréscimo de pena-mínima de 3 para 5 anos, mas, no momento de avaliar

subjetivamente o merecimento do privilégio, que reduziria a pena dos primários que não

fazem parte de organizações criminosas em até 2/3, impuseram toda a forma de obstáculos.

A situação não chega a ser propriamente uma novidade. Em 1996, alterou-se o artigo

366, do Código de Processo Penal (Lei 9.271/96), para exigir prova do contraditório efetivo

(citação pessoal do réu ou nomeação particular de defensor), para a viabilidade do processo,

sem o que, ele seria suspenso. Muitas prisões em flagrante passaram a ser mantidas pelos

juízes até a citação pessoal, sob o pretexto de diminuir o risco de revelia e assim evitar a

suspensão processual. Ou seja, a exigência de uma maior amplitude de defesa pode ter

provocado o efeito colateral da redução da presunção da inocência, por mais contraditório

que pareça. E mesmo na recente alteração das medidas cautelares (Lei 12.403/11), que se

supunha capaz de reduzir drasticamente o volume de prisões provisórias, ao fim e ao cabo,

ressuscitou entre os juízes a exigência da fiança e difundiu a tornozeleira eletrônica, que

acabaram tornando-se condições que impuseram mais restrições à liberdade provisória do

que propriamente à prisão preventiva.

Se é certo que a alteração legislativa não tem o condão de se reproduzir

necessariamente na ponta da operação, ou seja, na aplicação pelos juízes, o trabalho assinala

451

ainda que nem mesmo a construção de paradigmas do próprio Supremo Tribunal Federal

consegue esse resultado. As sentenças mostram de forma contundente a resistência de

difusão das jurisprudências que, de certa forma, amenizavam o rigor punitivo da legislação

anti-drogas. Em níveis diferenciados regionalmente, é certo, mas importa ressaltar que o

maior Estado da Federação, por onde transitam um volume equivalente a mais de um terço

dos processos (e dos presos), a fixação de regime diverso do fechado, como assinalou o STF,

é praticamente inexistente.

Por este motivo, não são vãs as advertências de Roger Matthews, cético quanto aos

verdadeiros efeitos da penologia neoliberal, pela necessidade do estudo dividido entre

estruturas e agências, bem ainda a constatação de Maximo Sozzo, de que mesmo os regimes,

como denomina, pós-neoliberais da América do Sul (Brasil, Venezuela, Equador, Uruguai

e Bolívia) também encarnaram suas viradas punitivas, indicando que as referências políticas

e econômicas não são suficientes para compreender os movimentos penais –por isso,

portanto, é preciso mergulhar no estudo dos agentes do sistema.

Nosso trabalho se empenhou na tentativa de compreensão do fator juiz; mas não há

dúvida de que outros estudos seriam relevantes para a compreensão mais ampla dos

processos de encarceramento, como, por exemplo, o fator polícia. Entre nós, dado o altíssimo

volume da violência policial, teríamos de compreender que o encarceramento é a segunda

etapa da repressão, destinada aqueles que sobreviveram ao primeiro e contundente embate.

Enfim, a diversidade dos desenvolvimentos históricos e as condições materiais

distintas, portanto, impedem o acolhimento generalizado dos modelos que pensaram o

grande encarceramento, sobretudo nos Estados Unidos e Inglaterra; de outra parte, a

exclusividade das alterações políticas não explica, necessariamente, as operações que

produzirão, no cotidiano forense, as mudanças na gerência do sistema penal. Apesar disso,

os modelos que estudaram a formação de um encarceramento em massa trouxeram

importantes subsídios que nos ajudam a compreender tais movimentos e é por esse motivo

que iniciamos nosso trabalho com a apresentação destas teses. Cabe, neste momento,

todavia, analisar em conjunto sua contribuição.

452

2.

O modelo de Wacquant, por exemplo, desvela um importante veio de comunicação

entre o neoliberalismo e o Estado policial que, à primeira vista, poderiam parecer

contraditórios entre si. Como justificar o agigantamento dos órgãos repressivos dentro de

uma filosofia de redução do Estado? De um lado, Wacquant revisita o campo burocrático de

Bourdieu, para justificar as disputas intestinas que se movem no corpo do próprio Estado,

até concluir que a repressão é um elemento indissociável do neoliberalismo, sobretudo como

mecanismo de substituição dos incentivos sociais do welfare state. De outro, uma análise

orçamentária aponta que os gastos previdenciários foram efetivamente substituídos pelas

despesas penitenciárias. O direito penal assume, portanto, a nova gestão da pobreza.

As peças se encaixavam tão bem, que pareceu irreal que a solução pudesse ser tão

simples –e ao mesmo tempo, tão universal. E, de fato, não foi. O estratosférico crescimento

prisional norte-americano, que chegou a ultrapassar dois milhões de presos, não se fez

repetir, imediatamente e nem nas mesmas dimensões, em outros cantos.

Mas o fato é que não se pôde compreender as estruturas do sistema penal e do Estado

democrático como um todo, sem mensurar o impacto que neles refletiu este moderno e

poderoso rearranjo do capitalismo. As garras do neoliberalismo estão muito além da redução

dos compromissos estatais ou a incorporação do modelo empresarial pautado na eficiência,

dirigido à máquina pública. O neoliberalismo não pode ser visto, exclusivamente, como um

atributo de redução ou desaparecimento do Estado –e nesse ponto, o estudo de Wacquant

trouxe importantes subsídios que vêm sendo desenvolvidos.

É o caso, por exemplo, dos estudos mais recentes de Dardot e Laval, enfocando a

estrutura neoliberal não reduzida a seu caráter econômico (mas tampouco, traduzida no

sociológico de Wacquant). O resgate que propõem é de Foucault e o conceito de

governamentalidade: mais ainda do que uma ideologia ou política econômica, o

neoliberalismo é uma racionalidade que estrutura e organiza a ação de governantes e

governados. Em resumo, uma lógica de empresa na qual mergulham não apenas o Estado e

seus braços, como as próprias subjetividades dos indivíduos, reduzindo drasticamente o

espaço da cidadania.

453

Garapon, a seu turno, buscou explicitar o impacto desta nova governamentalidade no

Judiciário, também inserido nas dinâmicas da eficiência, com aumento das transações, como

o plea bargain e a remuneração de testemunhas, e o que chamou de tratamento de casos

penais em tempo real.

Entre nós, Rubens Casara vem desenvolvendo as consequências da nova

racionalidade de um Estado Pós-Democrático, o que se põe abertamente a serviço do

mercado, da geração de lucro e dos interesses dos detentores do poder econômico, fincando,

sobretudo, no esgarçamento dos limites que o liberalismo do século XVIII havia construído.

A democracia não desaparece, mas perde seu conteúdo.

A ideia de encarceramento como forma de lidar com o disfuncional -ou o contingente

que deixa de ser aproveitado pelo novo desenho dos mercados de trabalho, um dos

fundamentos do estudo de Wacquant, permanece, portanto, íntegro, e não pode ser

descartado entre as causas que vitaminam o encarceramento. Mas, de fato, não se afasta

também a desfuncionalidade de um sistema prisional gigante, que tem provocado

especialmente nos Estados Unidos movimentos mais recentes de contenção, seja pelo

Executivo (em proposições de atenuação da fiscalização ou julgamento dos casos de tráfico

de drogas), seja pelo Judiciário (com a famosa decisão que envolveu o caso Brown x Plata,

em 2011, com a consequente determinação da redução do encarceramento no Estado da

Califórnia).

Esses eflúvios mais modernos de limitação, é bom que se diga, não chegaram ainda

às nossas praias, fazendo com que o Brasil se mantenha não apenas como um dos líderes da

população prisional em números absolutos, como ainda entre aqueles países em que o

crescimento prisional, inclusive a taxa relativa de encarceramento, permanece fortemente

em alta. Nada indica que isso possa se alterar em futuro próximo.

A descrição histórica mais precisa da transição para o neoliberalismo, todavia,

encontramos no trabalho do grupo de Birmingham, Stuart Hall à frente. O desgaste que as

crises do capitalismo promoveram no final dos trinta anos gloriosos, em que se acumularam

recessão, crise energética, queda dos salários, greves de serviços essenciais, enfim,

paulatinamente convergiram para uma mescla de livre mercado e estado policial que, à

primeira vista atribuíram ao thatcherismo (como a combinação entre uma nova disciplina de

mercado e a recuperação dos valores tradicionais do toryismo), mas que, como se pôde ver,

apresentou-se com certa universalidade após. A explicação é pertinente, no que respeita ao

454

retorno de valores morais e anticomunistas no bojo de uma situação de menor segurança: a

recessão econômica abria espaço para o retorno do conservadorismo mais agressivo: um

libelo pelo patriotismo, pela família, e contra a permissividade da sociedade.

De certa forma pode nos servir de guia para um momento em que a transição aqui se

avoluma. Não à toa, propostas que congelam os gastos sociais, desmontam a legislação

trabalhista e aumentam o foco da repressão, correm em paralelo entre nós, como braços de

um mesmo projeto. Para Hall, ademais, o fortalecimento dos espaços de coerção tem como

finalidade reconstruir a hegemonia esgarçada, razão pela qual confere enorme relevância aos

expedientes do pânico moral, cuja importância para a compreensão do fator juiz também

entendemos imprescindível.

Entre as combinações diversas do neoliberalismo e o neoconservadorismo (hoje já

pode falar no neoliberalismo e o fundamentalismo, forjando regimes liberais-autoritários),

existe um importante ponto de contato epistêmico, que é a recuperação da responsabilidade

individual. Uma contraposição à ideia de responsabilidade da sociedade, como bem frisado

no trecho do discurso de Reagan que reproduzimos no corpo do trabalho: É mais do que

evidente que a essência do nosso problema de criminalidade foi provocada por uma filosofia

social que concebia o homem, primordialmente, como uma criatura de seu ambiente

material.

A valorização da responsabilidade individual tanto é uma decorrência da perda da

ideia do Estado paternalista e cuidador (que projeta o esvaziamento da função de

ressocialização da pena) como o impulsionador do direito penal do inimigo (projetando a

pena a seus limites máximos, para contornar uma suposta ineficácia do sistema).

Garland e Young, a seu turno, enfatizaram, em seus modelos, a importância da

mudança cultural, provocada pelo fim do fordismo e suas consequências (alteração de postos

de trabalho, de residência, de laços familiares), como elemento essencial para a configuração

do modernismo tardio (Garland), ou excludente (Young). Olhando de baixo para cima,

ambos enfocam o crescimento da criminalidade como um dos fatores determinantes para os

padrões de encarceramento. Para Garland, o medo e a insegurança vitaminaram a derrota do

debate político; as críticas à esquerda às insuficiências da ressocialização acabaram por

convergir com uma proposta ainda mais conservadora, que sepultou, de vez, o

previdenciarismo penal. Para Young, serviu de alerta para distinguir a posição realista, a de

levar o crime a sério, sobretudo, porque ele seria cometido preferencialmente intra-classes,

455

de modo que as vítimas não teriam perfil muito diverso de seus autores. O erro da direita,

para Young, é desprezar as mudanças econômicas como causa do crescimento da

criminalidade; o da esquerda é desprezar o crescimento da criminalidade para o

encarceramento.

Garland é essencial para compreender a dinâmica da cultura do controle que se

forma, pela adesão das pessoas ao anseio de segurança (que, portanto, não se exerce apenas

como uma imposição, de cima para baixo), como o desgaste do conhecimento técnico que é

superado pelo senso comum e o difundido midiaticamente. O esvaziamento do valor do

especialista é um ponto relevante, não apenas para compreender o populismo na formatação

de políticas públicas (menos ciência e mais propaganda) como ferramenta para explicar a

própria atuação dos juízes. A corrosão pelo senso comum é um importante condimento do

pânico moral, pela difusão de crenças generalizadas, muitas vezes, em completa

desconformidade com a realidade dos fatos, inclusive no meio dos agentes de controle –

principalmente entre eles, em certos casos, como diagnosticaram Ana Regina Noto et al, em

sua pesquisa sobre drogas na mídia: A ênfase emocional estampada nos artigos jornalísticos

é outro fato que merece atenção, principalmente por ter sido observada com maior

frequência nos textos de especialistas que lidam com a questão no seu cotidiano.

Na transformação cultural de que relatam Garland e Young, no acréscimo das

inseguranças, no entanto, não se está contabilizando o tanto que a profusão dos pânicos

morais pode ter contribuído. Ou, na gramsciana linguagem adotada por Hall e parceiros, para

compreender que a extensão da insegurança (a angústia da modernidade tardia, no dizer de

Garland) pode ser também uma consequência dos esforços de reparo da hegemonia rompida.

Por fim, a crítica do realismo de esquerda se impõe no sentido de que a negação do

crime e de suas consequências podem, de fato, enfraquecer o discurso crítico para a disputa

de políticas públicas na área da segurança e, com isso, abrir extenso caminho para o

predomínio das visões administrativas e gerenciais. Mas, é de observar que, a contrario

sensu, a história demonstra que as concessões ao pragmatismo têm levado à adesão a

políticas mais severas, seletivas e punitivistas. O exemplo do governo Clinton, nos Estados

Unidos, e mesmo, como observou Sozzo, os pós-neoliberais na América do Sul, indicam

que o populismo penal virou moeda de uso corrente, tanto à esquerda quanto à direita,

esvaziando o sentido de limitação do poder de punir como tarefa primordial do direito e

processo penal. Pelos resultados das últimas eleições por aqui, não se acredita, ademais, que

456

os setores mais críticos pudessem chegar a discursos pragmáticos que aplacassem, de alguma

forma, a sanha punitivista. Há um certo conluio entre a crítica à ciência e assim à

intelectualidade e o desenvolvimento eleitoral de um nacionalismo fundamentalista, apegado

à recuperação de valores morais ou religiosos e a uma suposta recuperação da autoridade. O

momento é talvez o mais difícil para a contenção do apego populista.

Já os estudos de Simon e Alexander tem, em comum, o detalhamento dos

mecanismos de reprodução do punitivismo e, de certa maneira, compreendem uma transição

com o estudo das agências. Nos dois casos, observa-se a preocupação com a expansão do

Ministério Público como o poder proeminente, o que controla sem ser controlado e se divide,

como uma instituição peculiar, entre a advocacia coletiva da sociedade (na judicialização

das expectativas que o Estado abandonou) e a absorção do papel criminal do vingador social.

Este talvez o ponto central que mais auxilia a compreensão do encarceramento

brasileiro que, recentemente, tem incrementado seus mecanismos de negociação (como a

transação, colaboração premiada e acordos de leniência) e está em claro movimento de

transição para este hiper-empoderamento do Ministério Público. Simon constata que este

crescimento sucedeu, e de certa forma sufocou, um momento anterior de amplo prestígio do

Judiciário norte-americano, haurido, em especial, no desmantelamento da legislação

segregacionista. Tal como a luta contra a pobreza foi substituída pela luta contra o crime, o

Judiciário dos direitos civis foi substituído pelo pujante e repressivo Ministério Público.

Os riscos dessa importação estão cada vez mais palpáveis quando se vê que da

popularidade amealhada na Operação Lava Jato se pretendeu, sem maiores discussões, a

construção de uma espécie de Código de Processo formatado exclusivamente aos olhos da

acusação (as chamadas 10 Medidas contra a Corrupção), no qual o pilar de sustentação

filosófico é a compreensão de que os fins justificam os meios e que a lei não deve se tornar

um obstáculo para a apuração criminal. Ao esvaziar o sentido da lei, como por exemplo,

tornando mais complexa a declaração de nulidades, esvazia-se ao mesmo tempo a função do

juiz, de quem também se pretendeu amputar competências cautelares e a quem se postulava

impor a regra da preclusão. A continuação da importação desse projeto se foca, agora, nas

propostas de incorporação do plea bargain ao processo brasileiro –a despeito das inúmeras

e contundentes críticas de sua aplicação no sistema norte-americano. Conhecer, portanto, os

efeitos da sobrevalorização do Ministério Público e da justiça negociada no exterior, tende

457

a ser uma tarefa primordial entre nós, se não a explicar os movimentos do passado, a

antecipar os desvarios do futuro.

Metodologicamente, observa-se, o modelo de Simon se centra na recuperação da

noção foucaultiana de governamentalidade e, tal qual tivemos a condição de explicar,

preocupa-se mais com a formatação institucional do governo, sustentado pela preocupação

com o crime, com a vítima como epicentro, do que propriamente com as causas que levaram

a esta situação; o neoliberalismo, portanto, não é um protagonista neste estudo.

Michelle Alexander, por fim, apresenta o estudo mais próximo de um

compartilhamento entre a visão de estrutura e a dos agentes, na construção conjunta do

encarceramento em massa, sob a ótica da segregação racial. Se é certo que de seu ponto de

partida, a lei e a ordem nascem exclusivamente como instrumentos para debelar a luta pelos

direitos civis, e retomar a segregação nos tempos de neutralidade racial, de outra parte

compreende que os agentes, no caso um Ministério Público que se empodera e um Judiciário

que se omite, são compreendidos como instrumentos essenciais. Imprescindíveis à aplicação

do sistema de gaiola a que se refere: as barras que limitam, apenas em conjunto, a mobilidade

do pássaro ali custodiado. Não basta que haja uma legislação indiretamente segregacionista

ou uma polícia fortemente racista; o sistema só funciona na medida em que promotores e

juízes também nele estejam inseridos.

Para os efeitos do encarceramento brasileiro, portanto, o modelo ilumina, sobretudo,

a centralidade e a seletividade da guerra às drogas como forma de definir o perfil

populacional. Tais fatos também decorrem de nossas estatísticas que relacionam crime de

drogas e crescimento do encarceramento. A formatação do perfil prisional é, de certa forma,

também captada por nossa pesquisa de campo: a seletividade demonstrada nos processos

pesquisados é consequência direta da opção preferencial pelo pobre, evidenciado, sobretudo,

pela desproporcional atuação policial na repressão a partir da vigilância da rua. O aumento

das penas e um maior engajamento policial na guerra às drogas também vem tornando o

encarceramento brasileiro paulatinamente mais feminino –mantendo e aprofundando,

todavia, a sobrerepresentatividade negra nos cárceres.

Portanto, ainda que os modelos apresentados sejam insuficientes por si só para

compreender causas e consequências do encarceramento brasileiro, apresentam importantes

subsídios para nortear a nossa pesquisa.

458

3.

O segundo aporte teórico do trabalho adveio da necessidade de compreender as

decisões que estavam sendo colhidas na pesquisa de sentenças. É, por assim dizer, um aporte

teórico apto a funcionar como chave de leitura, apreendido a partir do próprio objeto.

Como pudemos descrever no conjunto dos resultados da pesquisa quantitativa, duas

disparidades despertavam atenção: a-) o caráter relativamente frágil das imputações e as

consequências desproporcionalmente severas; b-) a gravidade com que os juízes lidavam

com as acusações de tráfico e a precariedade do instrumental probatório.

Há muita incerteza na caracterização do tráfico de drogas, seja pela imprecisa

distinção fornecida pela lei entre os delitos de posse para uso e porte para mercancia, e a

ausência de critérios razoáveis delineados pela jurisprudência, bem ainda um conjunto

notadamente frágil de elementos de prova, quase que exclusivamente em duas ou três

testemunhas, com rápidos e breves relatos, e praticamente só de agente policiais. Não se tem

um volume considerável de investigações mais profundas, tampouco subsídios consistentes

a partir de provas técnicas. Ainda assim, a conotação do tipo e a envergadura dele por ter

sido alocado como infração equiparada a crimes hediondos, incrementa fortemente a

resposta penal. Tal como uma areia movediça, é um terreno pouco claro e preciso, mas com

a projeção de uma força incontrolável apta a tragar quem por ele é colhido.

O que a pesquisa de campo nos mostra, em termos quantitativos, é, em primeiro

lugar, o perfil dos processos de tráfico de drogas que os juízes estaduais julgam.

Os réus, em sua expressiva maioria (não menos de 2/3), são hipossuficientes; ou

necessitam do Estado para suas defesas (seja com Defensor Público, seja com defensor

dativo), ou têm profissões de baixa remuneração reconhecida e trazem consigo, ou tem

apreendido em suas residências, valores diminutos em dinheiro. Em grande medida, os

processos derivam de prisões em flagrante, vigilância de rua ou a partir de breves

informações anônimas. A investigação policial é diminuta; um trabalho mais profundo com

459

prévio mandado de busca e apreensão, interceptações telefônicas ou quebras de sigilo, raras

exceções. Em sua grande maioria os réus são primários (quase 80%), a taxa de denúncia por

associação é baixa (e a condenação ainda menor) e mesmo a coautoria é minguada: média

de 1,52 réus por processo com mais de 70% dos processos com apenas um réu. Um em cada

oito prisões é feita com apreensões de balança de precisão; menos de 7% dos casos ocorre

apreensão de arma de fogo.

Não é pouco, pois de certa forma, contradiz a expressividade do crime com que os

juízes tratam o tráfico de drogas. Embora seja tida como a porta de entrada da macro-

criminalidade, o delito responsável pela articulação dos outros crimes, enfim repositório da

grande violência urbana, como se expõem nas fundamentações transcritas, os processos em

si repousam em apreensões de quantias relativamente modestas de droga (medianas

respectivamente de 66,1g de maconha, 30,66g de cocaína e 13,36g de crack), com 56% a

75% de apreensão das pequenas porções. Mesmo nas grandes apreensões -a pesquisa

seleciona as vinte incidências acima de 10kg de droga (2,5% do total)- o panorama de

investigação não é muito superior: pouca apreensão de dinheiro, pouca co-autoria e a maioria

de réus primários, responsáveis pelas tarefas mais comezinhas, como a guarda ou o

transporte da droga.

A despeito desse panorama aparentemente atenuado das infrações, o trato judicial

não espelha essa fragilidade. A prisão em flagrante é comumente convertida em preventiva

(por volta de 90%); a prisão provisória durante o processo é uma regra –a liberdade

provisória, exceção. E a prisão cautelar muitas vezes se converte em uma pena em si mesmo

–nos vários casos em que ao final do processo não existe determinação de cumprimento de

pena no interior do sistema prisional. Todas as medidas de sanção são expressivas: as penas-

base no mínimo são em apenas 52%; há toda uma forma de driblar a pena mínima (aplicando

processos em andamento não como maus antecedentes, vedados por súmula do STJ, mas

como indicativos de desvios de personalidade; aumentando-a pelo volume, ainda que sem

critérios, ou pela natureza da droga, com uma perspectiva de senso comum); a forma

privilegiada é subutilizada (44% de aplicação e só 20% de aplicação no fator máximo, ou

seja 2/3), o que prejudica enormemente a possibilidade de substituição da pena privativa de

liberdade pela restritiva de direitos, em face da dimensão da pena (ademais da negativa de

aplicação das restritivas com base em argumentos de juridicidade questionáveis, em muitos

casos). Os regimes iniciais de cumprimento de pena são desproporcionalmente fixados em

460

mais graves do que a dimensão da reprimenda e atributos subjetivos dos réus permitem. Ao

final, tem-se que as penas médias estão quase três vezes acima do mínimo que a lei autoriza.

E aí, o que se apura é que pouca diferença faz a situação concreta para a maioria das

sentenças. O que significa dizer que se tratar de réu de primário, cometer o crime só, sem

coautores ou não responder por nenhum outro crime, não é tão relevante. Ser flagrado na

posse de um volume relativamente pequeno da droga ou estar desarmado, tampouco. Tratar-

se de um microtráfico não é propriamente uma situação abonadora, às vezes se dá até o

reverso. Muitos acréscimos de pena são justificados, inclusive, pela condição pessoal do

autor, viciado e hipossuficiente, que circunstâncias que provavelmente o levarão a cometer

outros crimes para alimentar seu vício.

Enfim, o tráfico de drogas é algo tão perigoso socialmente, tão fundante da

criminalidade organizada, tão nocivo às famílias, ao trabalho, à sociedade, ao mundo, e o

traficante um ser tão pessoalmente desprezível, de personalidade desvirtuada e praticante e

estimulador dos atos que mais constrangem à sociedade –que o aprisionamento cautelar e

definitivo se apresentam absolutamente indispensáveis. Como se fora esta uma providência

urgente, necessária e de salvaguarda do tecido social.

Fomos buscar, então, no conceito de pânico moral elementos para compreender essa

leitura: o alarde, a desproporção, o perigo iminente que ameaça a sociedade, a estereotipação

do inimigo público (folk devil), a necessidade imperiosa de providências que possam minorar

os efeitos maléficos, o enrijecimento das agências de controle e, ainda assim, a amplificação

do desvio.

As considerações dos juízes, fundadas em crenças generalizadas sobre a ação e

dimensão do uso e comércio de drogas ilícitas se acomodam à forma como se justifica o

apenamento, a prisão, a recusa em aplicar minorantes, como o redutor ou a restritiva de

direitos, diante da gravidade do tráfico e da nocividade do traficante –que faz superar,

inclusive, as situações concretas de menor hostilidade que se apresentam frequentemente no

cotidiano.

Para a compreensão do pânico moral, resgatou-se, em primeiro lugar, a concepção

que se tornou referência com a consolidação no trabalho do Stanley Cohen, Folk Devils and

Moral Panics, que retrata sua pesquisa da forma como a mídia e agentes de controle lidaram

com as rixas juvenis dos anos 1960 no litoral britânico, envolvendo os grupos Mod e

461

Rockers. Cohen traduz a forma como a desproporção e o alarde acabam por amplificar o

desvio, por intermédio do etiquetamento de seus atores, ao invés de combatê-lo. E como, por

intermédio dos exageros e das generalizações, que impactam a cobertura da mídia, mas

também as condutas dos diversos agentes do controle, respostas desproporcionais foram

instituídas.

Cohen desvela uma espécie de microfísica do pânico moral, desenhada a partir de

uma hipótese de desastre e os mecanismos empregados para sensibilizar e responder às

supostas ameaças à sociedade; da atuação dos empresários morais, que captura de Becker, à

criação dos folk devils; da noção de escalada incessante dos perigos às inovações trazidas

pelo controle social, como forma de contê-lo. E, por fim, como aquilo que dominou

incessantemente o cenário de repente se dissolve sem vestígios.

Mais do que descrever a dinâmica do pânico moral, os norte-americanos Goode e

Ben-Yehuda, formularam requisitos para reconhecê-los: a preocupação, o consenso, a

hostilidade, a desproporção e a volatilidade (o atributo, enfim, mais relativizado,

considerando a sucessão de pânicos que envolvem a mesma natureza, como nos casos das

drogas ilícitas). Goode e Ben-Yehuda propuseram, ainda, uma classificação de origem,

sugerindo, enfim, que os pânicos morais são produzidos de baixo para cima (grassroots),

pelas camadas médias da sociedade (grupos de interesse) ou pela ação das elites (elite

engeneering).

É com Hall e o grupo de Birmignham, todavia, que a perspectiva ideológica do

pânico moral se desvela. Não como uma teoria da conspiração, que insira a mídia na

malévola posição de instrumento da elite, mas como mecanismo de reprodução que se

encontra na própria estrutura do jornalismo -que diante da necessidade de produção com

urgência e confiabilidade, lastreia-se, sobretudo, na visão do poder instituído. Por intermédio

do pânico moral do mugging, assaltos de rua com violência, no começo da década de 1970,

em Londres, os autores mostram os desvios das próprias estatísticas, o viés racial que pautou

as ações da polícia e a legitimação de um esforço coercitivo que viria, sobretudo, para soldar

as fissuras sociais que a crise do capitalismo expunha. Mas é sobretudo com a noção de

espiral de significação, por intermédio dos mecanismos de convergência e transposição dos

limites, que Hall ilustra o crescendo do pânico moral: das rixas juvenis, às questões sexuais,

aos crimes ligados às drogas e à segurança pública como um todo. A perpetuação do pânico,

tal como vista singularmente por Cohen, nas respostas institucionais que sobravam como

462

vestígios eventualmente; por Goode e Ben-Yehuda, como a sucessividade ou a longevidade

dos pânicos ganha um novo perfil com Hall como uma consequência dos interesses que se

moldam na construção de um modelo policial de Estado.

Na profusão de pânicos morais, a mídia tem um papel essencial, seja como

estimuladora do alarde, seja como difusora das mensagens –de um lado, pauta as perguntas,

de outro, simplifica as respostas. No âmbito das drogas, as imagens se centram entre os dois

polos, saúde e segurança, sempre rodeados de estereótipos e exageros. Pesquisas na área de

saúde apontam como as reportagens que envolvem drogas mensuram de forma

desproporcional o consumo (elevando o de crack e ignorando o das anfetaminas, por

exemplo); supervalorizam a violência envolvida e prestigiam as soluções de custódia

(desprezando a realidade dos centros de apoio).

Sensacionalista na criação dos perigos, fundante nas imagens dos inimigos públicos,

a mídia oferece contribuição decisiva para fixar no imaginário do cidadão-espectador o

desastre dos dois paradigmas, dependente e criminoso. A saúde, com a deterioração em praça

pública dos usuários das Cracolândias (o exemplo intimidatório do futuro breve de cada

consumidor, dentro da fantasia de que qualquer utilização da droga já o prende a esses

efeitos) e na segurança (com a imagética das ações policiais junto aos morros cariocas, em

uma suposta “disputa de território”, portanto, de segurança nacional, travestida da logomarca

da pacificação).

Pesquisas que analisaram o jornalismo serviram de ferramentas para que pudéssemos

consolidar a casuística do pânico moral que, afinal, é um conceito com forte trânsito nas

áreas ligadas à comunicação. Destaca-se aqui a extensa cobertura das extorsões mediante

sequestro que culminaram com a resposta legislativa da criação da Lei dos Crimes

Hediondos e suas posteriores atualizações (após a repercussão dos casos Daniela Perez e das

pílulas de farinha). Como diagnosticou Hall, tivemos a transposição de limites; o hediondo

se tornou a nova racionalidade do sistema penal.

Os mecanismos que Cohen ilustra são claramente reconhecíveis nos elementos da

pesquisa: o clima de desastre que é pronunciado a cada decisão; a ruína da sociedade, o

flagelo do mundo, o risco à humanidade e, sobretudo, o caráter de generalização que impede

que o juiz analise as circunstâncias subjetivas do caso em tela, seja para a aplicação do

redutor, do regime diverso do fechado ou da substituição da pena privativa de liberdade por

restritiva de direitos.

463

O que está em julgamento em cada caso não é a propriamente a personalidade

distorcida do réu –mas do réu de tráfico de drogas; não é ganância deste agente, mas dos

réus desse tipo de uma forma geral; as perspectivas de ressocialização não são balizadas de

acordo com antecedentes do réu, mas de uma figura socialmente construída, o traficante –a

representação do folk devil cujo convívio social deve ser evitado a qualquer custo. Inovações

legais, supressões de direito, privilégio da exceção. Quando a situação se alarma, os

mecanismos coercitivos, como previa Hall, não apenas são impostos, como inclusive

reclamados. O alarde da mídia, a pressão da opinião pública incrementa a responsabilidade

a que o juiz assume.

4.

Foi também um conceito trabalhado por Stanley Cohen, porém em sentido

diametralmente oposto, que serviu de chave de leitura para os resultados que advinham da

segunda discrepância, os estados de negação.

States of Denial é o estudo da híbrida situação que envolve a circunstância de que,

em sofrimentos e atrocidades que nos circundam, as pessoas reagem como se não soubessem

aquilo que sabem. Ou então a informação é registrada -não há tentativa de negar os fatos-

mas sua implicação é simplesmente ignorada.

Cohen distinguiu as três formas principais de negação: a-) negação literal: o fato não

aconteceu; b-) negação interpretativa (não se nega o fato em si, mas dá a ele um sentido

diferente); c-) negação implicatória: não se nega o fato, nem dá a ele um sentido diferente,

mas nega a responsabilidade por ele, a implicação de que o fato possa lhe ser de alguma

forma atribuído.

Cohen formatou também os mais comuns instrumentos da negação, como a

naturalização, a culpabilização da vítima, a condenação dos condenadores e registrou um

mecanismo muito peculiar que se amolda à conivência das instituições: a folie a deux, uma

espécie de negação compartilhada entre parceiros, quando a proximidade institucional

464

vitamina a aparência de uma situação similar a de membros de uma família que sabem quais

problemas evitar. Cai como uma luva para o diagnóstico que Orlando Zaccone faz da

violência policial e a omissão do sistema de justiça: não é um erro de procedimento, é uma

política de Estado.

A segunda disparidade de que falávamos sobre a pesquisa se revela com a distância

entre a propalada magnitude do fato em análise (tráfico de drogas como flagelo da

humanidade) e, ao mesmo tempo, a exiguidade das investigações e a precariedade do

arcabouço probatório, praticamente restrito aos relatos dos policiais –quando não, em

complementação, o próprio aproveitamento dos elementos produzidos no inquérito policial,

antes do estabelecimento do contraditório. Algo de altíssima relevância relegado a um dos

julgamentos mais simples –e praticamente todo ele de responsabilidade dos mesmos

policiais que efetuaram as prisões, a despeito dos péssimos índices nacionais acerca da

violência estatal.

Dados trazidos por Susanne Karsted indicam que o Brasil é o país em que mais cresce

a prática de atrocidades (violência praticada pelos agentes públicos contra a população civil)

na América Latina e no período de 2000 a 2014 só fica atrás da Colômbia, imersa em um

conflito interno e armado de grandes proporções, recentemente objeto de um complexo pacto

de pacificação. Dados sobre violência policial, como homicídio de civis e tortura policial

permanecem inquietantes para a comunidade internacional de direitos humanos –mas a

possibilidade de abuso policial na prisão em flagrante remanesce como uma hipótese exótica,

quase que desconhecida de modo que não há qualquer incômodo judicial em praticamente

terceirizar a prova em mãos dos agentes policiais.

Há uma nítida desproporção da forma como são encarados os depoimentos de

policiais e testemunhas de defesa; os agentes estão cobertos por uma extensiva e equivocada

interpretação do atributo administrativo da fé pública, e a rejeição prematura das versões

defensivas praticamente torna a instrução um jogo de resultado certo. Não bastasse a prova

a considerar seja praticamente toda ela proveniente das forças policiais, tudo o que a

contraria é considerado isolado (independentemente do número de testemunhas que abonem

a versão).

Nas insuficiências da instrução judicial são resgatados para compor o quadro

probatório, os elementos produzidos no inquérito policial. Os testemunhos na delegacia de

polícia servem na ausência de repetição, na complementação dos depoimentos mal prestados

465

em juízo, e, até mesmo em substituição à prova judicial, sempre que existe a suspeita de

alguma espécie de favorecimento ao réu –ou seja, quando a oitiva judicial simplesmente não

confirma os relatos produzidos na delegacia de polícia. Sem contar que ainda há quem leve

em consideração o silêncio na lavratura do auto de prisão como indícios de culpa,

considerando uma atitude idealizada em que o inocente não se cala.

Essa adesão absoluta e exclusiva à prova policial não poderia se dar sem que o juiz ,

de alguma forma, incorporasse o estado de negação, abstraindo a ausência de defesa, a

fragilidade da memória, e todo o manancial de desconfianças que cercam o exercício da

repressão, e, enfim, abdicasse de alguma espécie de dúvida para abrigar-se quase sem

ressalvas, às palavras dos policiais ou as provas nelas ancoradas -a informação de uma

denúncia anônima, seu relato de uma campana, a apreensão da droga que ele mesmo dá conta

e até uma confissão informal da qual apenas o agente teve ciência.

Praticamente nenhum tipo de controle é exercido sobre essa atividade policial. Não

se exige mandado de busca e apreensão para invasões domiciliares, sob o argumento

tautológico de que se a droga foi achada posteriormente, é porque uma situação de flagrância

anterior permitia o ingresso, ainda que dela não existissem indícios contemporâneios. A cada

seis ingressos em residência, apenas um contou com prévia expedição de mandado de busca

e apreensão. De toda a forma, em relação a 84% dos outros casos, em nenhum deles houve

decretação de nulidade da prova.

Não se põe em questão os depoimentos policiais –as contradições a que se aferram

os juízes estão, sobretudo, nas testemunhas de defesa e no réu, contrastada sua versão em

juízo em relação às declarações de inquérito. As pequenas discrepâncias, quando das

testemunhas policiais, são desculpadas pelo excesso de trabalho e volume de diligências.

Os relatos de violência policial são, em sua maioria, ignorados, quando não

contestados e negados pelo próprio juízo, carimbados como mecanismos escusos para tentar

eximir-se de responsabilidade. Praticamente nenhuma diligência é empreendida para

confirmação. E, até nos casos em que existem laudos de exame corporal demonstrando

lesões nos réus, o máximo que se faz, e isso com muita parcimônia, é encaminhar cópias

para posterior avaliações correcionais, sem prejuízo da validade da prova desta forma

colhida –uma espécie de negação implicatória.

466

Os estados de negação são, assim, perceptíveis na pesquisa. De um lado, os réus se

presumem mentirosos, porque suas versões podem ajudá-los, porque não suportam sanções

pela falsidade, porque não têm interesse na verdade ou porque tudo não passa de estratégias

de isenção de responsabilidade. Mas de outro, o policial, cuja avaliação formal dispensa

conhecimento mais profundo, afinal os homens da lei foram recrutados para fazer o bem,

desconhecem os acusados (ou quando conhecem, tem motivos para vigiá-los), guardam uma

moral inabalável e a legitimidade do ato administrativo sob suas mãos, sem, portanto,

nenhum motivo palpável para mentir.

O cotejo dessa disparidade praticamente dispensa a realização da instrução. Os

policiais são críveis, quando coerentes, são tolerados quando contraditórios, são auxiliados

quando desmemoriados; enfim, em muitos casos, não resta mais do que o mero aval policial

para desencadear a persecução e fixar bases para a condenação. Enfim, a confiança plena

nos agentes, a despeito das inúmeras notícias acerca de índices elevados de corrupção e

violência policiais, inabaláveis às presunções de legitimidade e fé pública, indicam a

condição de conhecer e não-conhecer que se encontra no cerne da estrutura conceitual de

Cohen.

Em resumo, só a negação permite a condenação quase absoluta com base em

elementos probatórios tão frágeis; só a adesão irrestrita ao pânico moral permite concluir

pela necessidade de tantas penas e prisões a crimes e réus de gravidade muito questionáveis.

5.

Há duas importantes conexões que as chaves de leitura nos proporcionam.

Se de um lado infrações desproporcionais provocam alarde e emergência social, tal

qual a descrição que faz Stanley Cohen para conceituar os pânicos morais, de outro lado

existe a escassez, o silêncio, quando não o encobrimento, quando se trata de atrocidades e

sofrimentos que passam a nossa volta. Isto significa dizer que o alarme que põe em

movimento empreendedores morais, grande mídia e agentes de controle para produzir o

467

pânico moral (por exemplo, quanto ao uso abusivo ou a comercialização de drogas ilícitas)

não será repetido quando as violências forem praticadas pelos próprios agentes.

Os agentes do controle hiperdimensionam as narrativas de crimes ou de um conjunto

de crimes, agigantando artificialmente os grandes riscos à sociedade aí envolvidos, enquando

a mídia promove o overreacting; de outro lado, o estado de negação expressa o

underreacting acerca de atrocidades que são desprezadas mesmo sendo fortemente

conhecidas. Enfim: um olhar severo sobre riscos à sociedade por desvios; um olhar incauto

acerca dos perigos da repressão sobre estes mesmos atos.

Na dinâmica da pesquisa de sentenças, o que se pode apurar é que ao mesmo tempo

em que a realidade é trazida para dentro dos processos para indicar a gravidade do tráfico,

as famílias que se dissolvem, a capacidade laborativa que se perde, a formação de facções

criminosas e a extrema violência das disputas entre grupos, pintando o quadro de corrosão

social e perda da autoridade, tudo a sugerir uma intervenção ríspida, drástica e tenaz dos

órgãos da repressão, a realidade é afastada dos autos quando em questão a violência policial,

o retrato contínuo de abusos e corrupções, índices de homicídio policial e de permanência

da tortura. Trata-se o crime além dos autos, com tudo aquilo que se vê se ouve da mídia;

trata-se o agente policial, apenas com as formalidades de seu cargo e a importância

administrativa de suas funções. O testemunho do policial que efetua a prisão jamais é

suspeito; ao revés, é o único confiável.

Enquanto o traficante, o folk devil, é pintado com cores fortes, ameaçadoras,

implacáveis (o que justifica o volume alto de penas, prisões e afastamento de benefícios

legais), o policial é considerado de forma abstrata, como um servidor público, dotado de

especial eficácia probatória, acima de qualquer suspeita, salvo apenas se demonstrados

concretamente e com prova robustas, motivos para a sua desconfiança –mas as provas que

colidem com seus relatos, todavia, jamais serão robustas, porque sempre caracterizadas

como em contrariedade com as provas que se respeitam.

Quando se trata de ouvir a defesa, aponta-se que os réus frequentemente negam a

verdade, que os amigos próximos só os auxiliam, que as testemunhas civis, de uma forma

geral, têm medo de prejudica-lo e que, enfim, todo o esforço de produção de sua prova é

destinado a eximir sua responsabilidade, e, por isso mesmo, sempre suspeita. O que vem da

defesa, quase sempre, é tido como contrário ao conjunto probatório –como se dele nem

mesmo fizesse parte. Do outro lado, a presunção de veracidade, de idoneidade, de confiança

468

que decorre do cargo, jamais é rompida, pois alegações de parcialidade, relatos de violência,

são meros mecanismos retóricos, destituídos de eficácia probatória (ao mesmo tempo em

que praticamente nenhuma diligência é empreendida para certificar-se de tais fatos). A

situação é tal que o próprio Conselho Nacional de Justiça editou protocolo para indicar aos

juízes das audiências de custódia quais perguntas e como fazê-las para obter resultados mais

próximos da realidade acerca da violência policial, que a determinação das custódias

pretendeu debelar. As sentenças analisadas, todavia, são anteriores à resolução que

estabeleceu a realização das audiências, de modo que seu resultado não ingressa na pesquisa.

Não há paralelo possível entre o exagero do pânico moral e o silêncio da negação

salvo que representem faces antagônicas de uma mesma moeda. O alarde do pânico depende

em grande medida, do silêncio da negação das atrocidades –e é o que a pesquisa de sentenças

nos aponta. Por isso, devem se afastar as noções de neutralidade do pânico moral. Como

propuseram Goode e Ben-Yehuda, que, aliás, enfatizam a origem preferencialmene popular

ou dos estratos médios do pânico moral, desprezando o pânico que vem de cima; e o próprio

questionamento de Cohen na busca da concretização de supostos pânicos bons. Neste

particular, entendemos que é irrecusável a compreensão do timbre ideológico conferido ao

pânico moral pelo trabalho de Stuart Hall et al, no esforço de aumentar o espaço da coerção

consentida, contribuindo na formatação de um Estado da lei e da ordem, indispensável para

o rearranjo capitalista.

6.

A combinação do pânico moral e dos estados de negação deixa, ainda, pistas para

compreender os processos causais do modelo do nosso próprio encarceramento em massa.

Como expunha Denis Salas, a construção dos pânicos morais é a matriz própria do

populismo penal. E tal como evidenciado por Garland, e demais estudiosos da virada

punitiva, um dos eixos centrais desta mudança é exatamente a recuperação da vítima, como

causa e medida para as punições, inclusive como forma de resgate de um anseio coletivo de

469

segurança. Salas traduz esse movimento como a transição entre o direito de punir e a vontade

de punir.

A exacerbação do papel da vítima serve, em primeiro lugar, para estimular o medo;

a mídia converte a situação concreta de uma na situação provável de outras. Para estes

efeitos, um dos pontos centrais dos pânicos morais é a ideia de generalização, ou seja, de

que o crime sofrido pode ser replicado contra todos. Exemplo claro quando o estudo de

Corália Almeida Leite (Memória, mídia e pensamento criminológico) se refere à

reportagem de uma revista semana indicando possíveis alvos de sequestro, até chegar no

“azarado”: aquele sujeito que se equilibra para pagar as contas no fim do mês, só se lembra

que acontece sequestros quando assiste ao noticiário da TV, imagina que nunca irá passar

por essa experiência nem pode contratar um guarda-costas, porque mal consegue honrar

os salários da cozinheira. Todos estão autorizados a se sentirem vítimas em potencial.

Para o caso do tráfico de drogas, que é um crime sem vítima definida, a generalização

é procedida de forma a identificar o crime como um elemento da correia da criminalidade

organizada (e, portanto, inerente, a todos os outros delitos); identificar a ligação entre o

viciado de poucos recursos e a prática de crimes contra o patrimônio (em relação aos quais

todos podem ser vítimas) e, por fim, indicar a degradação da família e a desestruturação

social como um reflexo direto deste comércio. A ligação entre os perigos foi traduzida por

Stuart Hall como convergência, necessária para ampliar o espectro do pânico, na

denominada espiral de significação –como ligar protestos estudantis com o perigo dos

hooligans ou, conforme pudemos ver no estudo inglês de Julie Baldwin, uma exótica

conexão entre participantes de raves e atiradores de colégio.

De outra parte, o populismo também se alimenta da depreciação da deferência, na

resistência à autoridade, na frustração e no reconhecimento de que, nos órgãos oficiais, existe

um protecionismo em relação aos criminosos paralelamente a um desrespeito ao cidadão de

bem, o que provocaria, progressivamente, um desgaste da confiança e ao longo do tempo,

um esvaziamento da representação política. Não à toa, o prestígio conferido aos órgãos de

acusação pari passu em que se deprecia a atividade de representação: a luta contra a

corrupção aproveita a criminalização da política para a supervalorização do representante

das vítimas, no imaginário popular, ora o Ministério Público, ora o juiz condenador que

satisfaça o ressentimento popular.

470

O quadro expansionista está bem evidente entre nós, que também fomos alcançados

em cheio pela onda punitiva. Alguns reflexos evidentes, como o intenso volume de

legislação penal pós-redemocratização, ainda maior do que no período entre 1940 (último

Código Penal) e 1985, em que convivemos sob dois regimes ditatoriais. A segurança pública

se tornou ponto central do debate político-eleitoral e, inclusive por causa disso, destinatária

preferencial de gastos orçamentários. Isso tudo mais, em especial a partir do final da década

de 1980: entre 1990 e 2014, um crescimento superior a 500% do número de presos. Parte

considerável das expressões da virada punitiva aqui também se apresentaram, com a

contaminação de senso comum e espetacularização próprios de uma influência crescente da

mídia neste campo, crescente militarização da atividade policial e um endurecimento penal

legislativo, completamente disforme à Constituição recém promulgada.

A ampliação da esfera punitiva pela correia de transmissão do populismo penal, no

entanto, não pode ser responsabilizada entre nós pelo fim do previdenciarismo penal, ou

mais especificamente, pelo declínio dos ideais de reabilitação. A ressocialização, quando

muito, habita o cotidiano forense como um pretexto reverso para vedar promoções de

regime, quando ainda dependentes de laudo criminológico. O abandono social dos

condenados, dentro das instituições prisionais enquanto cumprem suas penas, e depois,

alijados pela sociedade com a forte estigmatização, é mais fácil de ser compreendida como

características históricas do que propriamente uma importação de modelos estrangeiros.

Tampouco se pode sentenciar que a onda punitiva entre nós seja uma consequência

das políticas neoliberais e do desmantelamento dos mecanismos de proteção social –eis que

o maior crescimento no encarceramento coincidiu, em certa medida, com os governos de

centro-esquerda, simultaneamente à implementação de instrumentos de transferência de

renda.

O turning point da discricionariedade judicial, valorizado nos estudos ligados a

realidade do common law, não tem por aqui a mesma relevância. As transformações

processuais do direito norte-americano e inglês restringiram enormemente a

discrionariedade judicial, com instrumentos como o minimun mandatory sentences e as

guidelines, o que provocou alargamento das penas, forte contribuinte do encarceramento em

massa. O mesmo fato não pode ser apontado por aqui, salvo a proibição da progressão em

crimes hediondos e equiparados (ao final, refutada por inconstitucional).

471

Ao revés, no âmbito dos crimes ligados às drogas, como se pôde constatar, os espaços

interpretativos sempre se fizeram, majoritariamente, em direção ao encarceramento, mesmo

à revelia da lei e da própria jurisprudência consolidada dos tribunais superiores. Aqui

desnecessária a edição de leis facilitando busca e apreensões (como as no knocks warrant

norte-americanas), porque a necessidade de autorização judicial vem afastada, desde logo,

pelos próprios juízes.

De outro lado, razão tinha Loic Wacquant ao prever que em uma sociedade

caracterizada por disparidades sociais vertiginosas, pelo uso rotineiro da violência policial e

pelo recorte de classe e discriminação racial impregnadas no sistema criminal, certas

medidas seriam seguramente maximizadas, como se tornou local comum a caracterização

de um genocídio da juventude negra, em especial nas periferias das grandes cidades.

O fator que interfere nessa acomodação particular da onda punitiva é o legado

autoritário, a contribuição nativa. A marca distintiva do país; o que mantém resistente,

inclusive, a magistratura, ao controle e fiscalização da polícia, inerente à função própria de

garantidor de direitos, atividade que pretere em relação à manutenção da ordem.

Da exploração colonial à legislação absolutista, na longeva escravidão que

ultrapassou a independência e manteve marcas perenes aos períodos ditatoriais mesmo após

a proclamação da República, da contenção armada de revoltas populares às conciliações

oligárquicas que evitaram rupturas. A marca do autoritarismo está presente na história

brasileira, ainda que a natureza de seu espólio seja objeto de discussão entre historiadores.

Uma vertente liberal-conservadora a concentrava no Estado, opressivo e ineficiente, e seu

peso sobre a sociedade civil; outra, sobretudo, na escravidão, cujas marcas de dominação

foram sendo permanentemente atualizadas. Como apontou Florestan Fernandes, de nenhuma

modernidade a burguesia nacional: Por suas raízes históricas, econômicas e políticas, ela

prendeu o presente ao passado como se fosse uma cadeia de ferro.

Em um breve compêndio das ideias autoritárias e sua repercussão no sistema penal,

Gloeckner ressalta elementos que, de uma forma ou de outra, sempre estiveram presentes

em nossa formação, como o catastrofismo (a ideia da crise permanente), o cientificismo (o

apelo à tecnocracia), o elitismo (governo por uma minoria esclarecida), o nacionalismo (na

forma de repúdio a ideias estrangeiras) e o antiliberalismo político (ainda que convivente

com as várias expressões do liberalismo econômico).

472

De outra parte, a acomodação entre uma forma democrático-republicana e uma

prática social autoritária é combustível para duas características marcantes da história

política, sem as quais é racionalmente impossível compreender os movimentos do sistema

penal, aí incluído o grande encarceramento: a convivência entre sistemas e a informalidade

que dela diretamente decorre. A convivência entre o liberalismo iluminista da Constituição

de 1824 e a escravidão não foi um fato isolado. A legislação penal severa que tem brotado

de forma compulsiva desde a promulgação da Constituição cidadã, em 1988, é uma marca

suficientemente contraditória, como é o crescimento da violência de Estado no período pós-

redemocratização. De outro lado, a informalidade é parte indissociável dos mecanismos de

repressão, seja pelo direito penal subterrâneo, praticado a olhos vistos, seja pela própria co-

gestão das instituições prisionais pelos reclusos.

A convivência nos fez sair da ditadura com uma multiplicidade de leis liberalizantes,

mas, ao final, sufocadas pela draconiana Lei dos Crimes Hediondos: a forma como o legado

autoritário se agiganta na dinâmica da convivência é certamente um elemento que deve ser

apreciado para compreender causas e efeitos do grande encarceramento. A informalidade, a

seu turno, depende fundamentalente das omissões relegadas a promotores e juízes –e por

isso trafega com tanta tranquilidade.

Gloeckner situa em duas principais categorias estruturantes as heranças legadas ao

sistema penal: os poderes instrutórios do juiz e o princípio da livre apreciação das provas

que, como vimos, serão decisivos para a montagem de um processo essencialmente

inquisitorial. Processo inquisitorial que, como ensina Jacinto Coutinho, interessa e sempre

interessou aos regimes de força, às ditaduras, aos senhores do poder.

É o legado autoritário que se vislumbra na incorporação dos estados de negação, tais

como descritos por Cohen. A adesão judicial aos relatos da polícia, a omissão em relação às

violências, o estilhaçamento da presunção de inocência, o desprestígio do contraditório,

enfim, nada disso é proveniente de um avanço do populismo penal. São características que,

a bem da verdade, marcaram a nossa história como a mescla da legislação liberal e da prática

autoritária, da ausência de pena de morte e da profusão de mortes sem pena; no âmbito

processual, o prestígio da prisão provisória sobre a presunção de inocência. Para usar uma

conhecida classificação ideal dos processos, efetuada por Herbert Packer: o devido processo

legal inscrito nas leis; um modelo de controle do crime praticado efetivamente.

473

As chaves de leitura, portanto, nos permitem depreender por intermédio dessa

correlação entre estrutura e agência, algumas considerações mais concretas acerca do

encarceramento brasileiro: a junção de um populismo penal que se espraiou mundo afora

(como revigoramento da estrutura capitalista) e nosso legado autoritário (marca da

escravidão, permanências sobre rupturas, e uma conservação da ordem em uma perspectiva

elitista).

Enfim, a hipótese de que tratamos é justamente uma combinação entre a influência

externa e as matrizes autoritárias que nos formam. No Brasil, a virada punitiva encontra o

legado autoritário: temos a mesma onda punitiva, mas ao mesmo tempo diferente. A mesma,

porque o crime também contamina a governamentalidade, também se impõe pelos critérios

de eficiência e se lustra no espetáculo, também é tributário do populismo; porém diferente,

pois não rompe com o processo como garantia (que nunca deixou de ser uma quimera), não

inviabiliza a ressocialização (que sempre foi o eufemismo para o castigo carcerário) e não

tolhe de todo a discricionariedade judicial destinada a elevar penas ou regimes –os juízes

fazem isso mesmo quando não são compelidos. De outro lado, a dinâmica prisional mais

estimula do que previne a própria criminalidade.

Com o que regressamos, após a pesquisa do microcosmo, às considerações então

lançadas em relação às macro-análises. Considerando que os espaços políticos parecem hoje

ocupados pela junção de um populismo nacionalista e uma recuperação popular do

autoritarismo, ou seja, populismo e legado autoritário praticamente fundidos, não seria

surpresa se o encarceramento atual se transforme, em um futuro próximo, em objeto

nostálgico de desejo.

7.

A pesquisa de sentenças trouxe resultados que demandam algumas considerações,

em especial a questão da regionalização das decisões, que nela ficou patente. Grosso modo,

nos Estado de maior porte (assim considerados pelo movimento no CNJ), SP, MG, RS e PR,

474

os juízes usam como referências mais as decisões de seus próprios tribunais do que as

decisões dos tribunais superiores, aí incluído o Supremo Tribunal Federal. Essa escolha de

decisão bairrista, que de certa forma molda bolhas de convergência, não é gratuita. Na

maioria destes Estados, as decisões são, de certa forma, mais rigorosas, justamente a partir

das distâncias dos paradigmas do STF. Isso significa dizer que haverá penas em regime

fechado em maior proporção e substituição por penas restritivas em menor proporção.

Assim, em que pese exista uma enorme convergência no resultado das decisões,

praticamente em 80% dos processos, o desate é a sentença condenatória em tráfico de drogas;

na aplicação das penas existe uma enorme discrepância judicial. Maior ou menor adesão (ou

dito de outra forma, em grau mais ou menos elevado de resistência) às decisões do STF que

a-) considerou inconstitucional a proibição de substituição de penas privativas de liberdade

pelas restritivas de direito (excluída a vedação do ordenamento jurídico por resolução do

Senado); b-) considerou inconstitucional a obrigatoriedade do início da pena de condenação

de tráfico de drogas em regime fechado.

O Estado de São Paulo, neste ponto, é um destaque entre os extremos. De um lado,

nenhum dos índices de gravidade são elevados. O Estado lidera o índice de apreensões de

dinheiro de baixo valor (96,62% abaixo de um salário mínimo); apresenta média de 1,31

réus por processo (o menor índice de coautoria entre os Estados pesquisados); 7,02% de

investigações (o segundo menos investigativo); 4,91% de armas apreendidas (o menor índice

entre os oito Estados), 8,07% de apreensão de balança de apreensões (também o nível mais

baixo). São Paulo lidera, ainda, o maior índice de pequenas apreensões de crack (81,52% de

apreensões inferiores a 50g) e é o segundo Estado em que nos processos mais se apreende

quantias pequenas de maconha (66,67% de apreensões inferiores a 100g).

Por outro lado, é o líder em condenações (85,52% para uma média de 78,40%) e

também o Estado que menos absolve (8,85% para uma média de 15,33%). É o Estado com

penas em regime fechado em maior proporção, de longe (89,66%, de uma média de 67,93%)

e o que menos aplica as penas restritivas (5,64%, de uma média de 15,98%), sendo que 34%

das rejeições de aplicação não se fazem por impeditivos legais –como por exemplo a

reincidência ou a dimensão das penas, e sim com base em apreciações subjetivas de

juridicidade questionável (em uma média geral que é inferior a 16%).

Não há propriamente uma proporção entre acusação, gravidade, condenação e pena.

Não se pode afirmar que os crimes paulistas sejam mais graves; mas pode-se confirmar que

475

suas penas são significativamente mais expressivas –com encarceramento mais duradouro

em face, principalmente, do regime inicial de cumprimento e da enorme hesitação com a

aplicação de sanções restritivas.

A regionalização que se constata com a pesquisa desmente, de certa forma, todos os

esforços legislativos de nacionalização da jurisdição, que compreenderam: a-) a competência

privativa da União para legislar sobre normas penais e processuais; b-) a criação do Superior

Tribunal de Justiça para a uniformização da interpretação da lei federal; c-) os mecanismos

de verticalização instalados com a reforma do Judiciário, cumprindo a vocação de um caráter

essencialmente nacional (entre eles, a própria criação do CNJ, a as súmulas vinculantes etc).

A punição é extremamente regionalizada, e especial pelo descompasso das

interpretações estaduais dos tribunais superiores (do qual o TJSP parece ser o ponto

culminante, embora não o único). Na regionalização à brasileira, São Paulo é, por assim

dizer, uma espécie de Texas –condenados por tráfico de drogas tem uma chance muito maior

de iniciarem o cumprimento de pena no interior do sistema carcerário do que a maior parte

dos outros Estados.

Entre os riscos da regionalização se encontram, por exemplo, uma enorme

diversidade de forma de cumprimento das penas, não sendo as jurisprudências consolidadas

nos tribunais acessíveis a todos os réus. O quadro, todavia, só tende a se aguçar com a decisão

do STF de permitir, em contradição com o expresso texto constitucional, o início da

execução da pena já com a decisão em segundo grau, com o quê se prestigia em demasia

decisões estaduais muitas vezes contrárias à jurisprudência superior. Indiretamente, com

esse perfil desconstitucional, o STF apenas alimenta as possibilidades de diversidade

regional e aprofunda o desvio entre os réus. Considerando que os tribunais de grande porte

são as mais refratárias às jurisprudências do STF, isto tende a significar mais uma

contribuição para o encarceramento.

Pela pesquisa de confirmação, em altíssimo grau de concordância, sabe-se que esta

distância dos paradigmas do STF não é exclusiva dos juízes paulistas do primeiro grau; ao

reverso, as sentenças proferidas pelos juízes são em grande parte mantidas pelo TJSP, em

índices que superam a 80% -da mesma forma, como as sentenças dos juízes baianos pelo

respectivo tribunal (que também utilizamos como amostra para essa pesquisa de

confirmação).

476

O que se verifica aqui não é propriamente uma divergência praticada no exercício da

independência judicial –mas apenas a submissão a um tribunal em que estão os juízes

vinculados. Uma hipótese dessa constatação pode estar no raciocínio de Richard Posner, ao

afirmar que o juiz segue precedente da Corte para a qual suas decisões serão apeladas mesmo

quando o precedente não é vinculante (por não provir de uma corte superior), pode estar

tão profundamente tecido na lei que descumpri-lo é impensável. Zimbardo, por sua vez,

estudando como atrocidades são praticadas por pessoas comuns, invocou situação que pode

ajudar a iluminar a questão: o acatamento de expectativas não-verbalizadas –a submissão

implícita como forma de manter-se no grupo, dentro do inner ring. Até porque, como

costuma mencionar Zaffaroni, o diferente é quase sempre objeto de estranhamento, inclusive

e, principalmente, dentro do Judiciário.

É difícil, no entanto, apenas com os dados apurados, encontrar com exatidão, as

circunstâncias que determinam esse desnível punitivo. A distância dos paradigmas do STF

foi o único dado efetivamente colhido na pesquisa, que corrobora o intervalo. De fato, quanto

menos relevância se dá aos paradigmas do STF, preterindo-os por seus próprios, maiores

tendem a ser as sanções aplicadas nos Estados.

São Paulo pode nos trazer algumas indicações. Distâncias históricas, frutos de

embates políticos, marcaram as administrações de Estado e União, pelo menos desde a

década de 1930, com a Revolução que levou Getúlio Vargas ao poder e, em seguida, o

engajamento dos paulistas no movimento constitucionalista. Para Jessé Souza, inclusive, a

necessidade de criar um pensamento que representasse a elite paulista, um think tank liberal

conservador é que moveu o Estado pela instalação ainda na própria década de trinta da

Universidade de São Paulo662. No campo educacional, por exemplo, até hoje permanece a

distância, observando-se a longeva resistência na aplicação de critérios nacionais para o

ingresso nas instituições, nos casos das cotas raciais e do Exame Nacional do Ensino Médio.

Ao descrever os arranjos político-administrativos que teriam marcado o

relacionamento entre as instituições do sistema de justiça de São Paulo e o Poder Executivo,

Luciana Zaffalon chama a atenção, de um lado, para a histórica proximidade do Tribunal de

Justiça com a Polícia Militar. E, de outro lado, os mecanismos pelos quais, na gestão político-

administrativo do Tribunal de Justiça, cargos chave que influenciam os padrões de

encarceramento foram constantemente mantidos fora do sistema legal de promoção, por

662 A elite do atraso, p. 131.

477

antiguidade e merecimento, como nos casos do Departamento de Inquéritos e das Execuções

Criminais, portas de entrada e saída do sistema663.

O trabalho de José de Jesus Filho e Francisco César Pinto da Fonseca aponta uma

curiosa contradição, na análise de taxas de encarceramento comparativa entre os Estados

brasileiros: os Estados que mantem níveis de encarceramento maiores tem menores taxas de

aprisionamento provisório –circunstância que pudemos atestar também na linha dos

processos pesquisados. Grosso modo, a ideia é que quanto mais estruturados os órgãos do

sistema de justiça, mais diminuem-se os atrasos -que impulsionam prisões provisórias mais

longevas. Contraditoriamente, todavia, aumentam as taxas de encarceramento. Não à toa, os

tribunais de justiça considerados de grande porte pelo CNJ (TJSP, TJMG, TJPR, TJRS) são

aqueles nos quais encontramos maiores proporções das penas fixadas em regime fechado.

Enfim, a pujança na estruturação da Justiça tem significado maior encarceramento e

não maior liberdade. O que, aliás, de certa forma fora anotada por Gorete Marques, em

pesquisa que buscou apurar a construção da verdade nos processos de tráfico: a prisão, além

de ser um dispositivo de controle de populações (Foucault) torna-se um índice de produção

no campo político da segurança pública.

8.

O veio qualitativo da pesquisa nos permite destacar outras questões relevantes que

auxiliam a compreensão dos bens que estão em jogo, nos processos de tráfico de drogas.

Chama a atenção, por exemplo, um absoluto desprestígio à questão sanitária.

Primeiro, do ponto de vista probatório, são raros os casos em que o juiz determina ou defere

a realização de exame de dependência químico-toxicológica. Em várias situações, o juiz

baseia seu indeferimento em uma superficial análise que ele próprio tenha feito do réu

durante o interrogatório, sobrepondo-se às alegações de dependência, aos relatos de

663 A política da Justiça, p. 344/362.

478

pretéritas internações ou mesmo de comportamentos compatíveis com a situação, relatados

por testemunhas. Até a afirmação do réu de que é dependente chega a justificar, a contrario

senso, sua plena capacidade de discernimento.

Não obstante, em algumas destas situações, a existência de um vício acaba sendo

imputada ao réu como circunstância a sopesar, por exemplo, na escolha do regime de pena,

na vedação da substituição por restritivas ou no status libertatis. A lógica empregada é a de

que, imerso no vício (a despeito de não ser formalmente considerado dependente),

permanecerá praticando crimes para sustentá-lo. Não perpassa a lógica, a circunstância de

que, se é o vício que o remete ao crime, dificilmente largará o crime sem tratamento –

considerando ademais a larga oferta de droga nas instituições prisionais.

Mas o desprezo pela prova da dependência é, em verdade, resultado de puro

pragmatismo, considerando que os juízes, de uma maneira geral, não entendem possível a

translação de efeitos da dependência para o crime de tráfico de drogas. O argumento é o de

que é plenamente possível cumular-se as duas situações, a de traficante e a de viciado, sem

nenhum tipo de atenuação. E, de certa forma, tal análise acaba por ter um lastro nos próprios

laudos, pois os experts em regra apontam que o réu não é dependente para os fins do tráfico

de drogas.

Diversamente, contudo, da via crucis que o réu precisa empreender para tentar provar

sua dependência de modo a evitar ou minorar os efeitos da condenação, no âmbito cível ela

é largamente aceita, sem muitas exigências. Uma mera declaração de médico acerca da

dependência é o que basta, em regra, para justificar a decretação da internação compulsória.

A dependência química, portanto, só é relevante e significativa se tiver como consequência

alguma forma de custódia. A questão, por óbvio, transborda a saúde e ingressa

explicitamente no terreno da ordem pública.

Entre as fissuras mais comprometedoras da presunção de inocência, que se revela

seja no exagero da prisão provisória ou no aproveitamento praticamente sem ressalvas dos

elementos de inquérito, está uma insistente transferência do ônus da prova para a defesa.

A partir da prova da apreensão da droga, que também é derivada da palavra dos

policiais, todo o resto é exigido do réu como contra-prova. É a ele, no fundo que cabe

demonstrar que a posse da droga se destina exclusivamente a seu uso pessoal. A ele cabe

provar a capacidade financeira de adquiri-lo, a origem lícita do dinheiro apreendido (por

479

menor que ele seja), e, em suma, a prova negativa de que não pretende comercializar a droga.

Considerando que a quantidade de droga permanece plurívoca, na ausência de um critério

legal ou mesmo jurisprudencial, a presunção da mercancia se sobrepõe quase que

absolutamente. Não à toa, tirante as referências à aceitação dos testemunhos policiais como

prova, o segundo tema mais pesquisado na jurisprudência pelos juízes, é justamente a

suficiência da apreensão, ou seja, sem a necessidade de maiores elementos probatórios.

Se o réu imputa a posse a terceiros, é seu mister demonstrar o álibi, sob pena de ter

contra si provada a circunstância –e pouco importa, nesse contexto, que sua prova seja a

admissão do adolescente em juízo. Prevalecerá sua versão policial e a versão dos policiais.

A ausência de comprovação documental de atividade lícita pode inclusive levar à conclusão

de uma dedicação às atividades criminosas e, portanto, vedar-lhe o acesso à figura

privilegiada.

Enfim, não faltam decisões em que a dúvida acerca da destinação da droga se resolva

contra o réu, na pressuposição de que para a configuração do tipo penal basta o porte ou

guarda da substância –desde que não exaustivamente provada a situação do uso pessoal. A

transferência de consequências da dúvida é, talvez, entre tantos, o abuso mais contundente

da presunção de inocência.

Por fim, parte do trânsito livre que o pânico moral tem entre as decisões judiciais

deve-se a um agudo predomínio do senso comum, principalmente no que respeita às drogas,

uso, natureza, riscos etc. A pesquisa buscou identificar as doutrinas vinculadas ao assunto,

considerando as consequências produzidas: a ideia de que uma droga é mais perigosa do que

a outra impactando na gradação das penas; o volume das drogas apreendidas e sua vinculação

com eventual propósito de consumo; a especial natureza do crack refletindo na negativa de

privilégio, na ausência de substituições por penas restritivas e, ainda, impacto considerável

na fundamentação das prisões cautelares, em especial aquela decretada na sentença.

Todavia, a despeito de tamanha relevância dos aspectos técnicos, e dos efeitos que

concretamente produzem, há uma precariedade de consulta a bibliografias científicas.

Apenas em 11 das 800 sentenças foram feitas referências a obras técnicas que, de alguma

forma, avaliem tais questões. E mesmo estas poucas referências variaram de pesquisas

acadêmicas a manuais de medicina legal, sítios de informação geral, como o Wikipédia e

Brasil-Escola, matérias jornalísticas e páginas de campanhas proibicionistas. Não há

propriamente razoável contribuição de pesquisa científicas para decisões que interferem

480

decisivamente na formação dos encarceramentos. O senso comum norteia decisões que

avaliam a destruição cerebral do usuário, a dependência imediata, do caráter epidêmico da

droga etc. A bem da verdade, no que respeita a colação da doutrina jurídica, também existe

uma forte preponderância nas referências dos manuais, repositórios de jurisprudência, e

obras de autores com grande trânsito nos cursos preparatórios.

A criminologia, enquanto disciplina, é outra que passa à distância das preocupações

da preparação de magistrados. Há uma nítida despreocupação com o sentido de seletividade

da ação penal, uma confusão de conceitos entre o usuário e o dependente, e, sobretudo, uma

confiança desmesurada na capacidade dissuasória do direito penal: muitas prisões são

decretadas para que o réu deixe de ter contato com a droga ou na esperança de que a

comunidade, sem o seu passador possa de alguma forma amealhar espaços de maior

tranquilidade.

Atônito, o juiz até reconhece que o volume de prisões não tem feito diminuir o

ingresso de processos: Observa-se, ainda, o grande número de casos de tráfico em

andamento na justiça paulista, que continua a receber considerável número de novos casos,

indicando que não há redução nesse tipo de infração. Mas, ainda assim, ao final, rende-se à

solução de decretar uma vez mais a prisão do acusado de tráfico.

9.

A pesquisa lança luz também sobre alguns mitos da atuação dos juízes, que impõem

a este momento ressaltar. O primeiro e mais elementar deles é a falsa ideia de leniência. Não

se pode mais conjugar o antigo chavão sem a referida atualização: a polícia prende e os juízes

também. E em larga medida.

Se de um lado a constatação pode aquilatar a importância do fator juiz para a

formatação do grande encarceramento e ser então visto como crítica, um comportamento a

ser conhecido para ser transformado; de outro, sem dúvida, permite aos juízes que assumam

os papéis de heróis vingadores. Há um significativo reclamo na magistratura no que concerne

481

a uma consideração de sua pouca importância no combate à criminalidade, ou de que, pelo

menos, de baixa sensibilidade da mídia em relação a isto. Os dados que aqui se apresentam

permitem que arroguem com mais ênfase tais façanhas.

Podemos dizer, ainda, que outros mitos vêm se tornando cada vez menos aceitáveis:

a-) cada cabeça, a mesma sentença: os dados colhidos sugerem um certo rompimento com

a ideia de imponderabilidade da decisão judicial. O que o conjunto de sentenças mostra é

um padrão claro, seja no expressivo resultado das condenações, justamente onde poderia

existir maior divergência fática, seja nos argumentos com os quais o desequilíbrio das

versões acusação x defesa é construído, como um jogo de resultado esperado. Mesmo em

relação às penas, em que se vislumbra uma informal regionalização jurisprudencial, pode-se

falar em bolhas locais de convergência, mais do que propriamente uma diversidade de

avaliações;

b-) nem ativista nem legalista: a controvertida disputa epistêmica não encontra nas decisões

representações significativas de seus arquétipos. Raríssimos são os espaços de ativismo -é

mais fácil encontrar decisões que ignoram paradigmas de tribunais superiores que aplicaram

diretamente princípios constitucionais, pois estes, quando usados, pervertem o próprio

sentido de limitação ao poder. Ao mesmo tempo, lastro quase nenhum no formalismo, como

o estilhaçamento da presunção de inocência e o pouco cuidado com o trato da legalidade da

prova, além da predominância do senso comum sobre o arcabouço doutrinário. Enfim,

elementos que estão a indicar também que o espaço de “ordem” é muito mais presente do

que propriamente o da lei –com o quê o respeito ao que emana da atividade policial quase

se transforma em acatamento.

c-) a busca da verdade é uma contrafação da realidade: o predomínio do senso comum

não afasta apenas o direito (na medida em que presume relações causais inexistentes), mas

também se insere em avaliações que se apodera vulgarmente de questões científicas (como

a gravidade da droga ou a forma de seu consumo) e algumas proposições de política-criminal

muito pouco verificáveis, como o efeito dissuasório da pena, tratado como regra inabalável

e que justifica a escolha e aplicação das medidas cautelares e das sanções criminais. Mas o

instinto de realidade tem o limite da própria ideologia que preserva a ordem: o policial é

sempre a mesma figura formal e abstrata, impoluta e diligente, cumpridora de suas funções

protetivas, salvo prova robusta em contrário. Uma ficção jurídica para combater perigos

supostamente reais.

482

d-) a autoridade expressa a submissão: a independência judicial não atua em prol da

garantia de direitos fundamentais -em regra, a autonomia do juiz é utilizada para negar a

proteção de direitos concedida pelos tribunais superiores; o respeito à jurisprudência local –

dos tribunais que manejam promoções, remoções e designações- mais do que o que merecem

as decisões pacificadas do STF, indica que ao mesmo tempo em que se procura impor pela

ordem, o magistrado a ela se submete sem muitas aparas.

Uniformidade de decisão, que evoca consenso e disciplina; manutenção de ordem,

que remete à autoridade e a submissão. Segundo J. A. Griffith, valores que não são

propriamente distantes da realidade política do Judiciário. Como se vê de todos os fluxos da

visão do interesse público, demonstrada em atitudes judiciais, afirma Griffith, como ternura

para a propriedade privada e antipatia dos sindicatos, forte adesão à manutenção da ordem,

o desgosto para opiniões minoritárias664, “os juízes não são fortes defensores naturais da

liberdade. Os juízes estão preocupados em preservar e proteger a ordem existente”.665

e-) dissidência é uma exceção que consagra a regra: Pela pesquisa complementar que se

fez com as decisões absolutórias, apurou-se que elas representam: a-) o resultado de uma

falha na colheita da prova, como o laudo pericial negativo ou a ausência de qualquer

testemunha de acusação, ou sua absoluta falta de memória, a despeito de todas as

oportunidades que lhe foram dadas; b) o reconhecimento tardio do excesso de denúncia,

especialmente em relação aos casos de vários réus, amigos e familiares, em que a prova

desde o início firmou-se contra apenas um deles, mas houve o processamento, e quase

sempre com prisão, de todos. A maior amplitude de réus nas sentenças de absolvição é a

única variável justificada; c-) por fim, uma cota pouco significativa de decisões a que

denominamos de contracultura, em que o prestígio da presunção de inocência se faz com

maior intensidade. Longe de comprovar orgulhosamente o pluralismo, as instituições mais

segregam do que estimulam a diversidade de pensamentos, na linha do que comenta Posner:

o processo de preconfirmação e o desafio de confirmação que os candidatos devem tomar

parte se somam para expelir os juízes que nadam contra a maré666.

664 The politics of Judiciary, p. 336 665 Idem, p. 342. 666 Op.cit., p. 374.

483

10.

Compreender o tamanho da responsabilidade judicial pelo grande encarceramento

não é uma operação necessariamente negativa. É um convite para discutir os próprios

poderes do juiz, em um momento em que está tão em voga a crítica acerca da construção de

uma ditadura do Judiciário. A conclusão que é possível extrair das decisões pesquisadas é

justamente no sentido contrário.

Como apontou Cohen, o fortalecimento da repressão acaba sendo a marca mais aguda

das respostas produzidas pelos agentes do controle social. Na ação do juiz, essa repressão ou

combate significa mais condenações, mais pena, regimes mais graves, menos minorantes,

mais tempo de prisão cautelar. Em resumo, mais encarceramento.

Quando cede ao senso comum, quando se aparta da técnica, quando mergulha na

decisão política, de oportunidade ou conveniência, menos o juiz tem condição de exercer

seu poder. As presunções que o ajudam a formar sua livre convicção, em especial a aposta

desmedida na idoneidade dos policiais, cujo poder lhe incumbe controlar e refrear, e a busca

por uma verdade que pode ser obtida de qualquer forma, não lhe prestigia. A presunção da

culpa o torna dispensável. Omissão à tortura e aproveitamento sem reservas dos elementos

de inquérito, notadamente os fragmentos de declarações, esvaziam sua competência

constitucional de processar e julgar. A adesão ao pânico moral, às razões de Estado, ao

clamor público, enfim, lhes retiram não apenas um considerável naco de independência, mas

a própria serventia. Para ser o repositório dos anseios populares, sua existência é claramente

dispensável.

O decisionismo não é um exercício de poder, mas, sobretudo, um esvaziamento dele.

O prestígio dos vetores constitucionais é a única garantia de relevância aos juízes. É da

Constituição que se subtrai a função garantista do juiz, entre os diversos direitos que foram

tutelados para moldar o exercício da dignidade humana e da inafastabilidade do Judiciário

de apreciar qualquer lesão ou ameaça a eles.

A submissão à ordem, o alinhamento às políticas, a adesão incondicional às polícias

o impede de exercer e fazer cumprir as limitações ao poder punitivo que são a sua razão de

existir. Como relembra a personagem de Liam Nesson, no diálogo que epigrafou este

trabalho, retirado do filme A Lista de Schindler: não é a possibilidade de punir que

484

empodera a autoridade: poder é quando nós temos toda a justificativa para matar e não

matamos.

Por fim, uma nota sobre a independência judicial.

A independência judicial é um atributo do cidadão, mais do que uma prerrogativa do

juiz. Como afirma o Valor 1, dos Princípios de Bangalore de Conduta Judicial: “A

independência judicial é um pré-requisito do Estado de Direito e uma garantia fundamental

de um julgamento justo.667”

Ela existe para que o juiz possa, sem pressões, garantir os direitos que a Constituição

assegura a seus cidadãos: Não se trata de privilégio do cargo de juiz e sim da

responsabilidade a ele atribuída668. A independência é um encargo, portanto, não uma

vantagem.

Chega a ser uma perversão, nesta situação, que decisões plenárias do STF sejam

refutadas, mesmo que fora do controle direto de constitucionalidade, por interpretações

menos protetivas, que imponham o retrocesso. A regra deve espelhar, ao menos, as relações

que o direito interno mantém com o sistema internacional de direitos humanos: acolher as

normas que expandem a proteção aos direitos humanos, sem prejuízo de reconhecer a

validade das normas que no nosso direito conferem proteção mais substanciosa ao que se

consignam nos tratados.

Os juízes não devem ser vedados a conferir uma proteção de direitos humanos maior

que aquela conferida em súmulas dos tribunais superiores ou mesmo em decisões plenárias

do STF (nem jurídica, muito menos disciplinarmente); mas não devem poder, sob o pretexto

da independência, submeter-se a jurisprudência menos protetiva. Para lembrar Zimbardo,

acerca da desinvidualização pela conformidade: Eles permaneceram independentes - em

suas mentes, mas não em suas ações.

Não obstante tem-se verificado um crescimento contínuo de encarceramento em

relação aos crimes ligados a drogas, e a pesquisa de sentenças conclui pelo exagero das

penas, ao lado do excesso de prisão provisória, ainda assim, o conjunto dos juízes avalia uma

certa insuficiência na repressão. Pesquisa institucional realizada pela Associação dos

Magistrados Brasileiros, em 2015 (último ano de colheitas das sentenças deste trabalho),

667 “Comentários aos Princípios de Bangalore de Conduta Judicial”. 668 Op. cit.

485

apontou que 71,7% dos juízes eram a favor do aumento da pena mínima para delitos de

tráfico de drogas e 67,0% eram a favor da proibição de liberdade provisória, com ou sem

fiança, para os mesmos delitos.

Há nitidamente uma sensação de que o tráfico de drogas é, efetivamente, um delito

de imensa gravidade, mais por seu timbre “equiparado a hediondo”, do que propriamente

pelas particularidades do caso concreto. E, com ela, uma aposta desmesurada no

encarceramento como forma de solução, naquilo que se constitui, a essa altura, uma espécie

de triunfo da esperança sobre a experiência. Acossados pelos reflexos não tão passageiros

do pânico moral, suportando o silêncio sobre violências para confiar nos propósitos da

polícia, seja na repressão, seja na instrução, os juízes, em grande medida, abonam a tutela

da ordem pública que se dá ao crime de tráfico preterindo-se questões sanitárias.

A figura do juiz como um mantenedor da ordem, mais ainda do que garantidor da lei,

não lhe engrandece, porém. E, tal qual a violência que perpetra ao estilhaçar a presunção de

inocência para esse desiderato, ou a que observa, ao calar-se na denúncia de tortura na qual

não acredita, acaba por se enredar no estado de negação também quando é vítima do

esvaziamento de suas próprias competências.

O juiz que só encarcera, encarcera-se a si mesmo.

486

RELAÇÃO DE REPORTAGENS

“Dilma caiu por não apoiar Ponte para o Futuro, diz Temer”, Exame, 23/09/16, disponível em

<https://exame.abril.com.br/brasil/dilma-caiu-por-nao-apoiar-ponte-para-o-futuro-diz-temer/>,

acesso em 01/07/18, às 19h00.

“Um em cada 5 mortos em São Paulo é vítima da PM” – Folha de S. Paulo, edição de 27/01/12,

Caderno Cotidiano, disponível em

<http://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=19021&keyword=v%C3%ADtima&anchor=574474

1&origem=busca&pd=a7ae303043c8cf7e54b8ebf0e57d3731>, acesso em 18/11/16, 10h20.

“Taxa de negros mortos pela polícia de SP é três vezes a de brancos, diz estudo”, G1, edição de

26/03/14, disponível em <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/03/taxa-de-negros-mortos-

pela-policia-de-sp-e-3-vezes-de-brancos-diz-estudo.html>, acesso em 18/11/16, 10h25.

“Assassino que chocou a capital em 1992 está próximo da liberdade”, Estado de Minas, 02/09/11,

disponível em <https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/09/02/interna_gerais,248406/assassino-que-

chocou-a-capital-em-1992-esta-proximo-da-liberdade.shtml>, acesso em 20/07/18, às 21h30.

“Falsificar remédio será crime hediondo”, Folha de S. Paulo, edição de 01/07/98, disponível em

<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff01079819.htm>, acesso em 23/07/18, às 17h00.

“Para recordar: “Operação Limpa” foi ação da prefeitura em 2005 para dar fim à cracolândia”, Blog Sem Mais nem Menos, postado em 18/01/12; disponível em

<https://semaisnemenos.wordpress.com/2012/01/18/para-recordar-operacao-limpa-foi-acao-da-

prefeitura-em-2005-para-dar-fim-a-cracolandia/>, acesso a 15/06/18, às 18h15.

“Cracolândia resiste agora em novo endereço”, Folha de S. Paulo, edição de 07/04/05, disponível em

<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0704200517.htm>, acesso em 15/06/18, às 18h00.”

“1º dia de ações na cracolândia prende traficantes, interna 5 e interdita imóveis em SP”, Folha de S. Paulo, edição de 22/07/09. Disponível em <https://m.folha.uol.com.br/cotidiano/2009/07/598875-1-

dia-de-acoes-na-cracolandia-prende-traficantes-interna-5-e-interdita-imoveis-em-

sp.shtml?mobile>, acesso em 15/06/18, às 18h10.

“Ação na Cracolândia resulta em 27 prisões por envolvimento com o tráfico de drogas”, UOL, edição

de 29/07/09, disponível em <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/07/29/ult5772u4804.jhtm>, acesso em 16/06/18, às 15h00

“SP usa ‘dor e sofrimento’ para acabar com Cracolândia”. Revista Exame, 05/01/12. Disponível em <https://exame.abril.com.br/brasil/sp-usa-dor-e-sofrimento-para-acabar-com-cracolandia/>, acesso em 16/06/18, às

15h10

“Dois meses após início da Operação Centro Legal, PM tira usuários de crack só de ‘área nobre’ da

Luz”, R7, edição de 03/03/12, reproduzido atualmente em <http://noticias.r7.com/sao-

paulo/noticias/dois-meses-apos-inicio-da-operacao-centro-legal-pm-tira-usuarios-de-crack-so-de-

area-nobre-da-luz-20120303.html>, acesso em 15/11/18, às 16h00.

“Megaoperação no Alemão deixa 19 mortos”, Extra, edição de 27/06/07, disponivel em

<https://extra.globo.com/noticias/rio/megaoperacao-no-alemao-deixa-19-mortos-681274.html>, acesso em 15/06/18, às 22h00.

“Secretário nega excessos da polícia em operações no Complexo do Alemão”, Carta Maior, 29/06/07. Disponível em <https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Secretario-nega-

487

excessos-da-policia-em-operacoes-no-Complexo-do-Alemao/5/13631>, acesso em 15/06/18, às

22h10.

“Relatório da União acusa operação policial no Rio de Janeiro de execução sumária”. Folha Online,

edição de 01/11/2007. Disponível em

<https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u341949.sht>, acesso em 15/06/18 às 22h30

“Trovão e mais dois são expulsos da Polícia Civil por envolvimento com o tráfico”. O Dia, edição

de 24/08/2014. Disponível em <https://odia.ig.com.br/_conteudo/noticia/rio-de-janeiro/2014-08-23/trovao-e-mais-dois-sao-expulsos-da-policia-civil-por-envolvimento-com-o-trafico.html>, acesso

em 15/06/18 às 22h40

“Justiça suspende mandado de busca e apreensão no Alemão, VEJA, 27/10/11, disponível em

<https://veja.abril.com.br/politica/justica-suspende-mandado-de-busca-e-apreensao-no-alemao/>, acesso em 16/06/18, às 19h05.

“Ocupação do Alemão, em 2010, contou com 600 homens e blindados da Marinha”. O Globo, edição

de 11/07/2013. Disponível em <http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/ocupacao-do-alemao-em-2010-contou-com-600-homens-blindados-da-marinha-9001633>, acesso em 16/06/18, às 19h20.

“Saldo da operação é de 253 presos. Exército deve ficar até julho no Complexo do Alemão”, Carta Capital, edição de 30/11/10, disponível em <https://www.cartacapital.com.br/sociedade/saldo-da-

operacao-ate-agora-tem-253-presos-exercito-deve-ficar-ate-julho-no-complexo-do-alemao>, acesso

em 16/06/18, às 19h30.

“As violações de direito no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro”. Brasil de Fato, edição de

27/12/2010. Disponível em <https://www.brasildefato.com.br/node/5339/>, acesso em 16/06/18, às

20h00.

“Maioria no Rio aprova intervenção federal, mas não vê melhoria na cidade. Segundo Datafolha,

76% dos que vivem na capital do estado apoiam a medida”. Folha de S. Paulo, edição de 25/03/18, disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/maioria-no-rio-aprova-

intervencao-federal-mas-nao-ve-melhora-na-cidade.shtml>, acesso em 15/12/18, às 14h00.

“PM de SP bate recorde de mortes e não evita crimes”. Ponte Jornalismo, edição de 12/01/15,

disponível em <https://ponte.org/pm-de-sp-bate-recorde-de-mortes-e-nao-reduz-crimes/>, acesso

em 26/06/18, às 19h20.

“Letalidade da PM é escandalosa, diz diretor da Anistia Internacional no BR”. Disponível em

<https://anistia.org.br/imprensa/na-midia/letalidade-da-pm-e-escandalosa-diz-diretor-da-anistia-

internacional-br/>, acesso em 26/06/18, às 19h25.

“Força policial brasileira é a que mais mata no mundo, diz relatório”. G1, edição de 07/09/15, disponível em <http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/09/forca-policial-brasileira-e-que-

mais-mata-no-mundo-diz-relatorio.html>, acesso em 26/06/18, às 19h30.

“Anistia Internacional aponta aumento de mortes por policiais no Brasil”. Folha de S. Paulo, edição de 21/02/17, <disponível em https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1860898-anistia-

internacional-aponta-aumento-de-mortes-por-policiais-no-brasil.shtml>, acesso em 26/06/18, às

19h35.

“19,5% das mortes violentas em 2017 em SP foram causadas por policiais”, G1, edição de 10/05/18,

disponível em https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/195-das-mortes-violentas-em-2017-em-sp-foram-causadas-por-policiais.ghtml, acesso em 26/06/18, às 19h15.

488

“20% dos homicídios são cometidos pela polícia em serviço, aponta Anistia”, G1, edição de

21/02/17, disponível em https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/20-de-homicidios-no-rj-sao-

cometidos-pela-policia-em-servico-aponta-anistia.ghtml, acesso em 26/06/18, às 19h00.

“Brasil lidera ranking de medo de tortura policial”. BBC Brasil, edição de 15/05/04, disponível em

<https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140512_brasil_tortura_vale_rb>, acesso em 26/06/18, às 20h30.

“Seis Pessoas são torturadas por dia no Brasil “. El País, edição de 29/01/15, disponível em

<https://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/29/politica/1422542790_405990.html>, acesso em 26/06/18, às 20h40.

“O Brasil que ainda tortura”. IstoÉ, edição de 15/07/11, disponível em

<https://istoe.com.br/146953_O+BRASIL+QUE+AINDA+TORTURA/>, acesso em 26/06/18, às 21h00.

“ONU denunciará Brasil por impunidade de violência policial; 8 em cada 10 Brasileiros temem

tortura”, Catraca Livre, edição de 07/03/16, disponível em

<https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/onu-denunciara-brasil-por-impunidade-

de-violencia-policial-8-em-cada-10-brasileiros-temem-tortura/>, acesso em 26/06/18, às 21h15.

“Relatório da Defensoria é considerado um marco contra a tortura no Estado”. Século Diário (ES), edição de 10/01/18, disponível em <https://seculodiario.com.br/public/jornal/materia/relatorio-da-

defensoria-e-considerado-um-marco-contra-a-tortura-policial-no-es.>, consulta em 22/11/18, às

14h00.

“Mulheres representam 37,3% dos magistrados em atividade em todo o país”. CONSELHO

NACIONAL DE JUSTIÇA, 08/03/17, disponível em <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84432-

percentual-de-mulheres-em-atividade-na-magistratura-brasileira-e-de-37-3>, acesso em 25/11/18, às

19h00.

“Especialistas apontam repressão ao tráfico como causa de onda de violência em SP”. UOL,

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noticias/2012/06/30/especialistas-apontam-repressao-ao-trafico-de-drogas-como-causa-da-onda-de-

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“Em cada batalhão da PM, tem um grupo de extermínio”. Caros Amigos, edição de setembro de 2012 Disponível em <https://apublica.org/wp-

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06/09/18, às 18h00

“Profissão Repórter mostra aumento de número de pessoas mortas por policiais militares”. Profissão

Repórter, TV Globo, edição de 25/02/15. Disponível em

<http://forum.darkside.com.br/vb/showthread.php?t=61583&styleid=3>, acesso em 06/09/18h15

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507

APÊNDICE

a-) Questionário aplicado às sentenças;

b-) Relação das sentenças pesquisadas.

508

QUESTIONÁRIO- PESQUISA DE SENTENÇAS

Estado: ______

Comarca/Foro Distrital: ____________________________________

Número Processo:_________________________________________

Nome do(a) Juíz (a):____________________________________________ ( )H___( )M

Defesa ( )Defensoria Pública Número de réus ( )

( ) Dativo

( ) Constituído

( ) informação não conhecida

1-) Denúncia:

( ) art. 33, Lei 11.343/06

( ) art. 35, Lei 11.343/06

( ) art. 40, da Lei 11343/06________________________________________

( ) crimes conexos

---------( ) porte de arma___________________________________________

---------( ) art. 157________________________________________________

---------( ) art. 180________________________________________________

---------( ) outros_________________________________________________

2-) Início do inquérito:

( )flagrante

-------( ) PM

-------( ) PC

------------( ) PF

-------( ) Policiais (não especificado)

-------( ) GCM

-------( ) agente penitenciário

-------( ) outros______________________________________________________________

( )portaria____________________________________________________________________

3-) Droga/volume/acondicionamento:

( ) maconha:________/____________

( ) cocaína, pó: _________/_________

( ) crack:_____________/_____________

509

( ) outras_______________________________________________________________

4-) Apreensão de bens:

( ) dinheiro: ____________________________

( ) veículo:_____________________________

( ) apetrechos: __________________________

( ) armas: ______________________________

( ) celular:______________________________

( ) outros:_______________________________

5-) Réu:

( ) homem ( ) homem ( ) homem ( ) homem

( ) mulher ( ) mulher ( ) mulher ( ) mulher

( ) menor ( ) menor ( ) menor ( ) menor

Obs: _________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6-) Dados para informação socioeconômica: ( ) pobre ( ) não ( ) INC

( ) meio transporte: __________________________________________________________

( ) profissão:_________________________________________________________________

( ) educação:_______________________________________________________________

( ) região da cidade:__________________________________________________________

( ) vestimentas:______________________________________________________________

( ) outros: __________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

__________________________________________________________________

7-) Acesso policial ao fato:

( ) patrulhamento

( ) investigação prévia

( ) denúncia anônima

( ) informante

( ) interceptação telefônica

( ) outras_________________________________________________________________

510

8-) Local:

( ) residência

----------( ) unifamiliar

----------( ) multifamiliar

----------( ) comunidade

( )via pública

----------( ) com réu

----------( ) próximo a ele

----------( ) com adolescente

----------( ) dispensada por ele

( )prisão

-----------( ) recluso

-----------( ) visita

( ) outros__________________________________________________________________

9-) mandado de busca

( )sim

-------( )individual

-------( ) coletivo

--------------- ( ) residência unifamiliar

--------------- ( ) residência multifamiliar

--------------- ( ) comunidade

( ) não

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

10-) Prisão processual:

( )sim

---------( )flagrante convertida em preventiva

---------( ) preventiva decretada sem flagrante

( ) não

Fundamento:____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

11-) Audiência de custódia

( )sim

511

--------------( )liberdade

--------------( )prisão

Fundamento:____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

( ) não

12-) Liberdade provisória (posterior ou sem audiência de custódia):

( ) sim, data__/__/____ ( ) desconhecida

( ) não

( ) informação não conhecida

Obs: ________________________________________________________________________

13-) Impetração de HC:

( ) sim

---------------( )concedido, data ___/___/____ ( ) desconhecida

---------------( ) negado

Fundamento/Órgão:______________________________________________________________

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

( ) não

( ) informação não conhecida

14-) Testemunha de acusação/quantidade

( ) Polícia militar ( )

( ) Polícia Civil ( ) --------- ( ) Policial Federal

( ) Policial – não especificado ( )

( ) GCM ( )

( ) agente penitenciário ( )

( ) outros___________________________________________________________________

15-) Testemunha de defesa:

( ) sim ( )

-------------------- ( ) fatos

---------------------( ) antecedentes

---------------------( ) informação não conhecida

( )não

512

( ) sentença não esclarece seu conteúdo

____________________________________________________________________________

16-) Interrogatório judicial:

( ) antes da instrução

( ) depois da instrução

( ) informação não conhecida

17- Interrogatório (cont.):

( ) confissão ( ) confissão ( ) confissão ( ) confissão

( ) negativa autoria ( ) negativa autoria ( ) negativa autoria ( ) negativa autoria

( ) admissão porte ( ) admissão porte ( ) admissão porte ( ) admissão porte

( ) revelia ( ) revelia ( ) revelia ( ) revelia

__________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

18-) Pedido do MP:

( ) procedência

( ) procedência parcial

-----------( ) um dos crimes_____________________________________________________

-----------( ) um dos réus_______________________________________________________

-----------( ) desclassificação___________________________________________________

( ) improcedência

19-) Teses da defesa:

( ) insuficiência de provas

( ) prova ilícita

----------( )busca sem mandado

----------( ) interceptação não autorizada

----------( ) tortura

( ) prova exclusivamente policial

( ) atipicidade_______________________________________________

( ) desclassificação__________________________________________

( ) aplicação do redutor

513

( )aplicação da substituição por restritiva de direitos

( ) nulidades

( )outras: ____________________________________________________________________

20-) Registro de violência policial

( ) sim

---------( ) pelo réu

----------------( ) auto de prisão/inquérito

----------------( ) juízo

---------( ) por testemunhas___________________________________________________

---------( ) pela defesa

---------( ) pelo MP

-------------------( ) providência____________________________________________________

( ) não______________________________________________________________________

21-) Sentença:

( ) improcedência/anulação/prescrição

-------------( ) absolvição por atipicidade

---------------------( ) com prévia desclassificação para porte

---------------------( ) sem prévia desclassificação para porte

-------------( ) absolvição por insuficiência de provas

-------------( ) outro fundamento__________________________________________________

-------------( ) anulação do processo________________________________________________

------------( ) prescrição________________________________________________________

( ) procedência

-------------( ) total

-------------( ) parcial

-------------------( ) parcial para um/alguns réu

-------------------( ) parcial para um dos crimes

-------------------( )desclassificação para porte

22-) condenação (sem desclassificação)

( ) tráfico

( ) auxílio para tráfico

( ) associação para tráfico

514

( ) concurso de crimes da lei de entorpecentes____________________________________

( ) crimes conexos __________________________________________________________

( ) prejudicado_______________________________________________________________

23-) Ato de mercancia (considerado pelo juízo)

( ) conduta: ______________________________________________________________

( ) volume/acondicionamento__________________________________________

( ) local: ponto de tráfico_____________________________________________________

( ) antecedentes___________________________________________________________

( ) prejudicado/ Observação__________________________________________________

24-) Sentença utiliza depoimentos do inquérito:

( ) confissão policial ( ) confissão informal ( ) não

( ) testemunhas ( ) silêncio ( ) interrogatório

Observação:

______________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

25-) Sentença analisa contradições:

( ) sim

---------( ) T. acusação

---------( ) T. Defesa

---------( ) Réu

( ) não

Observações:

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

26-) Réu(s):

( ) primário ( ) primário ( ) primário ( ) primário

( ) reincidente ( ) reincidente ( ) reincidente ( ) reincidente

( ) maus antecedentes ( ) maus antecedentes ( ) maus antecedentes ( )maus anteced

__________________________________________________________________________

27-) Pena-base:

( ) mínimo legal ( ) mínimo legal

515

( ) acima do mínimo ____________ ( ) acima do mínimo________

--------( ) maus antecedentes --------( ) maus antecedentes

--------( ) volume___________ ---------( ) volume

--------( ) natureza da droga --------( ) natureza da droga___________

Fundamento:_______________________________________________________________

Agravante:_________________________________________________________________

Causa de aumento:

28-) Aplicação do redutor (art 33 §4º, L. 11343/06):

( ) sim

-----------( ) 2/3

-----------( ) 1/2

-----------( ) 2/5

-----------( ) 1/3

-----------( ) 1/5

-----------( ) 1/6

-----------( ) outra proporção________

Fundamento:______________________________________________________________

( )não, fundamento:

---------( )inaplicabilidade genérica

---------( ) inaplicabilidade ao caso concreto

-----------------------( ) espécie de droga__________________________________________

----------------------- ( )volume__________________________________________________

----------------------- ( ) membro de organização criminosa____________________________

------------------------( ) habitualidade no crime_____________________________________

------------------------( ) reincidência

------------------------( ) maus antecedentes

Obs:________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

29-) Pena Final:_____________________________________________________________

Padrão de Congruência acusação: _________________

Padrão de Congruência tráfico:_____________________

30-) Regime de pena:

( )fechado ( )fechado ( ) fechado ( ) fechado

( )semiaberto ( )semiaberto ( ) semiaberto ( ) semiaberto

516

( ) aberto ( ) aberto ( ) aberto ( ) aberto

( ) prejudicado ( ) prejudicado ( ) prej. ( ) prej.

Fundamento:____________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

31-) Prisão preventiva na sentença

( ) mantém

( ) decreta

( ) revoga

( ) mantém solto

Fundamento:

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

32-) Expede alvará de soltura na sentença:

( ) sim

( ) não

33-) Tempo de prisão provisória:

Prisão:__/__/_____

Soltura (liberdade provisória/HC) ___/___/_____

Sentença:__/__/_______

Tempo de prisão provisória:_________________________________________________

Proporção: prisão provisória/ pena:_________

Prisão provisória/absolvição/restritiva:_________________

34-) Utilizou detração de prisão processual para regime (art. 387, §2º, CPP):

( ) sim

---------( ) reduzindo pena a cumprir

----------------( ) altera regime

----------------( ) não altera regime

---------( ) apenas alterando o regime

----------------( ) para semiaberto

----------------( ) para aberto

( ) não

---------( ) sem prazo hábil para alteração de regime

---------( ) com prazo hábil para alteração de regime

517

Fundamentos_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

35-) Substitutição por restritiva de direitos no tráfico

( )sim

( )não, fundamento:

---------( )inaplicabilidade genérica

---------( ) inaplicabilidade ao caso concreto

-----------------------( )dimensão da pena

-----------------------( ) reincidência

-----------------------( ) maus antecedentes

-----------------------( ) espécie de droga__________________________________________

----------------------- ( )volume__________________________________________________

----------------------- ( ) outros__________________________________________________

( ) prejudicado

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

36-) Providências para apurar falso testemunho

( )sim

-----------( ) testemunha acusação

-----------( )testemunha defesa

( ) não

Obs:

____________________________________________________________________________

37-) Emprega doutrina na fundamentação:

( ) não ( ) acusação ( )

( ) sim ( ) defesa ( )

-------- tema: _______________________________________________________________

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

autor:__________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

obra:________________________________________________________________________

38-) Emprega jurisprudência na fundamentação:

518

( ) não ( ) acusação ( )

( ) sim ( ) defesa ( )

------------tema: ____________________________________________________________

___________________________________________________________________________

------------tribunal: ___________________________________________________________

39-) Exame de dependência toxicológica/insanidade: ( ) pedido ( ) não pedido

( ) indeferido ______________________________________________________________

( ) deferido ( ) de ofício

----------( ) imputável_________________________________________________________

----------( ) semi-imputável_____________________________________________________

----------( ) inimputável_________________________________________________________

39b-) Reflexo do exame de dependência/insanidade:

----------( ) nenhum/prejudicado________________________________________________

----------( ) absolvição imprópria________________________________________________

----------( ) redução de pena___________________________________________________

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

40-) Fundamentos/frases a serem analisados:

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________

519

RELAÇÃO DAS SENTENÇAS PESQUISADAS

001-) 0053080-69.2013.8.26.0050 (TJSP)

002-) 0089486-89.2013.8.26.0050 (TJSP) 003-) 0017501-26.2014.8.26.0050 (TJSP)

004-) 0055763-79.2013.8.26.0050 (TJSP)

005-) 0015527-85.2013.8.26.0050 (TJSP) 006-) 0011521-35.2013.8.26.0050 (TJSP)

007-) 0830037-75.2010.8.26.0050 (TJSP)

008-) 0025720-28.2014.8.26.0050 (TJSP) 009-) 0019635-26.2014.8.26.0050 (TJSP)

010-) 0031505-05.2013.8.26.0050 (TJSP)

011-) 0024731-90.2012.8.26.0050 (TJSP)

012-) 0053867-98.2013.8.26.0050 (TJSP) 013-) 0070340-62.2013.8.26.0050 (TJSP)

014-) 0069586-23.2013.8.26.0050 (TJSP)

015-) 0032664-46.2014.8.26.0050 (TJSP) 016-) 0048566-50.2012.8.26.0554 (TJSP)

017-) 0064114-31.2013.8.26.0506 (TJSP)

018-) 0007278-41.2013.8.26.0602 (TJSP) 019-) 0022810-55.2013.8.26.0602 (TJSP)

020-) 0001575-44.2011.8.26.0168 (TJSP)

021-) 0010655-90.2013.8.26.0223 (TJSP) 022-) 0008061-42.2013.8.26.0114 (TJSP)

023-) 0014574-45.2013.8.26.0625 (TJSP)

024-) 0010528-13.2013.8.26.0625 (TJSP)

025-) 3010771-72.2013.8.26.0602 (TJSP) 026-) 0001402-83.2013.8.26.0577 (TJSP)

027-) 0004735-82.2013.8.26.0564 (TJSP)

028-) 0000481-69.2014.8.26.0681 (TJSP)

029-) 0011978-38.2013.8.26.0577 (TJSP)

030-) 0083899-83.2012.8.26.0224 (TJSP) 031-) 0009547-62.2013.8.26.0114 (TJSP)

032-) 0009733-62.2013.8.26.0348 (TJSP)

033-) 0004349-92.2012.8.26.0368 (TJSP)

034-) 0004190-37.2013.8.26.0297 (TJSP) 035-) 0000506-32.2013.8.26.0224 (TJSP)

036-) 0004797-08.2012.8.26.0484 (TJSP)

037-) 3004674-31.2013.8.26.0481 (TJSP) 038-) 0007727-08.2013.8.26.0114 (TJSP)

039-) 3002853-20.2013.8.26.0601 (TJSP)

040-) 0023830-46.2012.8.26.0625 (TJSP)

041-) 0029179-67.2010.8.26.0506 (TJSP) 042-) 3002722-56.2013.8.26.0080 (TJSP)

043-) 0000071-08.2013.8.26.0564 (TJSP)

044-) 2009.300-9 (TJPR) 045-) 0002368-60.2013.8.16.0048 (TJPR)

046-) 0000570-59.2014.8.16.0103 (TJPR)

047-) 0023027-86.2013.8.16.0017 (TJPR) 048-) 2011.2819-1 (TJPR)

049-) 2013.5819-6 (TJPR)

050-) 0009400-87.2014.8.16.0014 (TJPR)

051-) 0002512-71.2015.8.16.0013 (TJPR) 052-) 0000567-49.2015.8.16.0013 (TJPR)

053-) 0023954-30.2014.8.16.0013 (TJPR)

054-) 0006119-92.2015.8.16.0013 (TJPR) 055-) 0016856-06.2012.8.21.0019 (TJRS)

056-) 0016184-49.2013.8.21.0023 (TJRS)

057-) 0000034-85.2015.8.21.0002 (TJRS) 058-) 0010551-33.2014.8.21.0052 (TJRS)

059-) 0001109-82.2013.8.21.0018 (TJRS)

060-) 0015401-84.2013.8.21.0014 (TJRS)

061-) 0039332-58.2014.8.21.0022 (TJRS) 062-) 0079868-14.2013.8.21.0001 (TJRS)

063-) 0288967-87.2014.8.21.0001 (TJRS)

064-) 0006572-22.2014.8.21.0001 (TJRS)

065-) 0367139-43.2014.8.21.0001 (TJRS)

066-) 0010660-60.2012.8.10.0040 (TJMA)

067-) 0007176-57.2012.8.10.0001 (TJMA) 068-) 0000305-59.2015.8.10.0048 (TJMA)

069-) 0000663-05.2012.8.10.0056 (TJMA)

070-) 0000342-84.2013.8.10.0136 (TJMA)

071-) 0036533-48.2013.8.10.0001 (TJMA) 072-) 2014.0184.2792 (TJGO)

073-) 2013.0104.9837 (TJGO)

074-) 2009.0366.4911 (TJGO) 075-) 2009.0061.2490 (TJGO)

076-) 2014.0000.4866 (TJGO)

077-) 2014.0199.4410 (TJGO)

078-) 0023442-38.2013.8.14.0401 (TJPA) 079-) 0009897-95.2013.8.14.0401 (TJPA)

080-) 0011932-65.2011.8.14.0401 (TJPA)

081-) 0005300-70.2014.8.14.0006 (TJPA) 082-) 0001403-93.2014.8.14.0051 (TJPA)

083-) 0001451-34.2013.8.14.0133 (TJPA)

084-) 0005192-57.2014.8.14.0033 (TJPA) 085-) 0001415-87.2012.8.14.0048 (TJPA)

086-) 0300293-59.2013.8.05.0022 (TJBA)

087-) 0301955-53.2013.8.05.0250 (TJBA)

088-) 0000148-58.2013.8.05.0125 (TJBA) 089-) 0000482-67.2013.8.05.0198 (TJBA)

090-) 0301936-76.2014.8.05.0229 (TJBA)

091-) 0003763-31.2012.8.05.0080 (TJBA) 092-) 0003378-49.2013.8.05.0080 (TJBA)

093-) 0300615-65.2014.8.05.0274 (TJBA)

094-) 0001268-74.2011.8.05.0039 (TJBA) 095-) 0011021-59.2010.8.05.0146 (TJBA)

096-) 0301935-37.2014.8.05.0150 (TJBA)

097-) 0342107-51.2012.8.05.0001 (TJBA)

098-) 0372688-15.2013.8.05.0001 (TJBA) 099-) 0356156-63.2013.8.05.0001 (TJBA)

100-) 0371254-25.2012.8.05.0001 (TJBA)

101-) 0009233-44.2011.8.13.0261 (TJMG)

520

102-) 0075585-28.2013.8.13.0693 (TJMG)

103-) 0506129-72.2011.8.13.0702 (TJMG) 104-) 0135145-71.2013.8.13.0313 (TJMG)

105-) 0053683-51.2013.8.13.0456 (TJMG)

106-) 0131309-11.2013.8.13.0016 (TJMG)

107-) 0088689-87.2014.8.13.0035 (TJMG) 108-) 0180771-95.2013.8.13.0707 (TJMG)

109-) 0180475-58.2013.8.13.0518 (TJMG)

110-) 0143026-17.2013.8.13.0114 (TJMG) 111-) 0027690-65.2014.8.13.0231 (TJMG)

112-) 0049179-51.2014.8.13.0105 (TJMG)

113-) 0313110-64.2013.8.13.0433 (TJMG)

114-) 0259822-66.2010.8.13.0027 (TJMG) 115-) 0111068-17.2013.8.13.0145 (TJMG)

116-) 0144513-04.2013.8.13.0702 (TJMG)

117-) 3521799-28.2013.8.13.0024 (TJMG) 118-) 0722331-35.2014.8.13.0024 (TJMG)

119-) 0917998-56.2014.8.13.0024 (TJMG)

120-) 3410472-78.2013.8.13.0024 (TJMG) 121-) 0040668-72.2014.8.26.0050 (TJSP)

122-) 0036623-59.2013.8.26.0050 (TJSP)

123-) 0047738-43.2014.8.26.0050 (TJSP)

124-) 0091428-25.2014.8.26.0050 (TJSP) 125-) 0060506-35.2013.8.26.0050 (TJSP)

126-) 0095097-23.2013.8.26.0050 (TJSP)

127-) 0099451-91.2013.8.26.0050 (TJSP) 128-) 0053951-65.2014.8.26.0050 (TJSP)

129-) 0033647-79.2013.8.26.0050 (TJSP)

130-) 0015257-27.2014.8.26.0050 (TJSP) 131-) 0113696-44.2012.8.26.0050 (TJSP)

132-) 0001793-67.2013.8.26.0050 (TJSP)

133-) 0086069-31.2013.8.26.0050 (TJSP)

134-) 0089751-91.2013.8.26.0050 (TJSP) 135-) 0049421-18.2014.8.26.0050 (TJSP)

136-) 0056084-80.2014.8.26.0050 (TJSP)

137-) 0056684-09.2011.8.26.0050 (TJSP) 138-) 0099320-58.2009.8.26.0050 (TJSP)

139-) 0001143-49.2015.8.26.0050 (TJSP)

140-) 0078449-31.2014.8.26.0050 (TJSP)

141-) 0000224-51.2015.8.26.0635 (TJSP) 142-) 0056275-28.2014.8.26.0050 (TJSP)

143-) 0037883-40.2014.8.26.0050 (TJSP)

144-) 0051905-11.2011.8.26.0050 (TJSP) 145-) 0115670-19.2012.8.26.0050 (TJSP)

146-) 0003615-57.2014.8.26.0050 (TJSP)

147-) 0050038-12.2013.8.26.0050 (TJSP) 148-) 0071950-65.2013.8.26.0050 (TJSP)

149-) 0076155-06.2014.8.26.0050 (TJSP)

150-) 0025037-25.2013.8.26.0050 (TJSP)

151-) 0062312-08.2013.8.26.0050 (TJSP) 152-) 0053880-97.2013.8.26.0050 (TJSP)

153-) 0005770-33.2014.8.26.0050 (TJSP)

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521

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522

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610-) 0501763-73.2014.8.05.0001 (TJBA) 611-) 0393949-70.2012.8.05.0001 (TJBA)

612-) 0394718-44.2013.8.05.0001 (TJBA)

613-) 0342109-21.2012.8.05.0001 (TJBA) 614-) 0354695-90.2012.8.05.0001 (TJBA)

615-) 0323030-22.2013.8.05.0001 (TJBA)

616-) 0347528-85.2013.8.05.0001 (TJBA) 617-) 0387654-17.2012.8.05.0001 (TJBA)

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525

639-) 0010598-60.2012.8.05.0201 (TJBA)

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700-) 1650145-31.2013.8.13.0024 (TJMG)

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704-) 2828603-24.2011.8.13.0024 (TJMG)

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731-) 0132124-52.2012.8.13.0433 (TJMG)

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742-) 0027588-78.2014.8.13.0672 (TJMG) 743-) 0349034-98.2013.8.13.0672 (TJMG)

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526

747-) 0117035-11.2013.8.13.0479 (TJMG)

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750-) 0206465-30.2013.8.13.0525 (TJMG)

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758-) 0038388-61.2014.8.13.0351 (TJMG)

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799-) 1768800-30.2011.8.13.0024 (TJMG) 800-) 9907356-75.2008.8.13.0024 (TJMG)