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E sse casarão histórico, bem no centro da cidade, era de adobe, paredes grossas e em seu inte- rior a temperatura era bem menor que no exterior. Foi derrubado para se erguer no local um prédio quadrado e sem graça, o antigo Forum. No térreo existiam saloes para receber tropeiros e seus bur- ros. Nos anos 50 em um desses salões funcionou o Correio do Sul. Era um ponto de referência de gerações. É por isso que digo: se nossos prefeitos fossem eleitos em Paris colocariam abaixo todo aquele casario velho. Eta falta de sensibilidade ar- quitetônica e histórica. À frente, primeiro plano, o marco geodésico da ci- dade. Sem cerimônia foi mudado de lugar. Os marcos executam um papel fundamental na lo- calização de qualquer obra ou empreendimento na superfície terrestre, constituindo-se em um impor- tante instrumento para a atualização cartográfica. Valerio Fabris - 31.10.2010 Os cupins se multiplicam a cada ano. Agora, por exemplo, depois da última chuvarada, então. E o casarão da praça? Era, originalmente, o prédio da prefeitura e da Câmara Municipal. H oje tive um verdadeiro “insight” com relação as posta- gens do Facebook. Alguns assuntos pouco comentados por ocasião de sua postagem, podem retornar com força anos depois. Acabam tornando-se objeto de assuntos atemporais. Como por exemplo o do Marco Geodésico. Fui pesquisar algo que fazia referência a cidade e deparei com a foto ao lado, postada por Sergio Garschagen em 24 de outubro de 2010. Logo em seguida vários comentários curtos, dos quais pincei mais dois de Sérgio, um de Valério Fabris em 31 de outubro do mesmo ano, e outro de Higner Mansur em 24 de fevereiro de 2012. O curioso é que na época da postagem Mansur ainda não utilizava o programa, apesar da insistência dos amigos que o alertavam para o poder multiplicador das redes sociais em relação a sua obra jor- nalística e sua missão de vigilante da coisa pública. Aí vem o aspecto que me despertou. Tendo penetrado neste ano no universo facebookiano, Higner com sua perspicácia e senso crítico, deu sequência a uma conversa que vinha acontecendo há dois anos e quatro meses antes, trazendo a baila um assunto que estava esquecido desde a postagem de Sérgio: Onde foi parar o Marco geodésico da ci- dade? E quem foi o prefeito idiota, ou melhor, o perfeito idiota que o retirou? Estará no quintal de alguém, ou servirá de poste do galin- heiro no quintal de algum ex-mandatário do poder. Fui procurar no Google e deparei com uma informação absurda prestada pelo IBGE EM 1998: Relatório de Estação Geodésica - Laudo Anual Estação : 91541 Nome da Estação : 91541 Tipo : Estação Planimé- trica - SAT Município : CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM UF : ES Última Visita: 15/10/1998 Situação Marco Principal : Destruído por Gilson Leão [email protected] MARCO GEODÉSICO Detonaram com ele. E a nossa geração detonou a Praça Jernônimo Monteiro, o busto de Newton Braga, o entorno da Estação, a ponte ferroviária (que se tornou em via para automóveis). Detona- mos nossos morros, empilhando uma casa sobre a outra. Detonamos o verde da cidade,o colégio dos Herkenhoff. Os mentecaptos dizem que é o progres- so, que a frota de automóveis cresceu, que a cidade ficou mais cimentada e, portanto, mais limpa. Essa ideia vem de longe: até os remansos da Ilha da Luz não escaparam à fúria cimenteira. O pessoal que faz isso viaja a Paris, Londres, Praga, Madri, Barcelona, Roma. São pessoas “ilustradas”, mas desprovidas de sensibilidade e cultura. Viajam, fotografam, tomam bons vinhos, mas não vêem e não sentem. É só uma pátina. “A verdadeira viagem de descobe- rta consiste não em ver novas paisagens, mas em ter outros olhos” (Proust). Higner Mansur - 20 02 2012 Foi construido ao redor de 1902, por Bernardo Horta, que acaba de completar 150 anos de nasci- mento e 99 anos de morte (20 de fevereiro de 2012 2012) 2012) e morte (20 de fevereiro de 2012) PRESERVAÇÃO HISTÓRICA DECORES TINTAS TEM UMA COR QUE É SÓ SUA Sergio Garschagen- 24 de Outubro de 2010 2010 Sergio Garschagen- 24 de Outu- GRAVURA PARA COLORIR [email protected]

MARCO GEODÉSICO

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MATÉRIA FOLHA ES

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Page 1: MARCO GEODÉSICO

Esse casarão histórico, bem no centro da cidade, era de adobe, paredes grossas e em seu inte-

rior a temperatura era bem menor que no exterior. Foi derrubado para se erguer no local um prédio quadrado e sem graça, o antigo Forum. No térreo existiam saloes para receber tropeiros e seus bur-ros. Nos anos 50 em um desses salões funcionou o Correio do Sul. Era um ponto de referência de gerações. É por isso que digo: se nossos prefeitos fossem eleitos em Paris colocariam abaixo todo aquele casario velho. Eta falta de sensibilidade ar-quitetônica e histórica.À frente, primeiro plano, o marco geodésico da ci-dade. Sem cerimônia foi mudado de lugar.Os marcos executam um papel fundamental na lo-calização de qualquer obra ou empreendimento na superfície terrestre, constituindo-se em um impor-tante instrumento para a atualização cartográfica.

Valerio Fabris - 31.10.2010

Os cupins se multiplicam a cada ano. Agora, por exemplo, depois da última chuvarada, então. E o casarão da praça? Era, originalmente, o prédio da prefeitura e da Câmara Municipal.

Hoje tive um verdadeiro “insight” com relação as posta-gens do Facebook. Alguns assuntos pouco comentados por ocasião de sua postagem, podem retornar com força

anos depois. Acabam tornando-se objeto de assuntos atemporais. Como por exemplo o do Marco Geodésico. Fui pesquisar algo que fazia referência a cidade e deparei com a foto ao lado, postada por Sergio Garschagen em 24 de outubro de 2010. Logo em seguida vários comentários curtos, dos quais pincei mais dois de Sérgio, um de Valério Fabris em 31 de outubro do mesmo ano, e outro de Higner Mansur em 24 de fevereiro de 2012.O curioso é que na época da postagem Mansur ainda não utilizava o programa, apesar da insistência dos amigos que o alertavam para o poder multiplicador das redes sociais em relação a sua obra jor-nalística e sua missão de vigilante da coisa pública.Aí vem o aspecto que me despertou. Tendo penetrado neste ano no universo facebookiano, Higner com sua perspicácia e senso crítico, deu sequência a uma conversa que vinha acontecendo há dois anos e quatro meses antes, trazendo a baila um assunto que estava esquecido desde a postagem de Sérgio: Onde foi parar o Marco geodésico da ci-dade? E quem foi o prefeito idiota, ou melhor, o perfeito idiota que o retirou? Estará no quintal de alguém, ou servirá de poste do galin-heiro no quintal de algum ex-mandatário do poder. Fui procurar no Google e deparei com uma informação absurda prestada pelo IBGE EM 1998:

Relatório de Estação Geodésica - Laudo AnualEstação : 91541 Nome da Estação : 91541 Tipo : Estação Planimé-trica - SATMunicípio : CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM UF : ESÚltima Visita: 15/10/1998 Situação Marco Principal : Destruído

por Gilson Leã[email protected]

MARCO GEODÉSICO

Detonaram com ele. E a nossa geração detonou a Praça Jernônimo Monteiro, o busto de Newton Braga, o entorno da Estação, a ponte ferroviária (que se tornou em via para automóveis). Detona-mos nossos morros, empilhando uma casa sobre a outra. Detonamos o verde da cidade,o colégio dos Herkenhoff. Os mentecaptos dizem que é o progres-so, que a frota de automóveis cresceu, que a cidade ficou mais cimentada e, portanto, mais limpa. Essa ideia vem de longe: até os remansos da Ilha da Luz não escaparam à fúria cimenteira. O pessoal que faz isso viaja a Paris, Londres, Praga, Madri, Barcelona, Roma. São pessoas “ilustradas”, mas desprovidas de sensibilidade e cultura. Viajam, fotografam, tomam bons vinhos, mas não vêem e não sentem. É só uma pátina. “A verdadeira viagem de descobe-rta consiste não em ver novas paisagens, mas em ter outros olhos” (Proust).

Higner Mansur - 20 02 2012Foi construido ao redor de 1902, por Bernardo Horta, que acaba de completar 150 anos de nasci-mento e 99 anos de morte (20 de fevereiro de 2012 2012) 2012) e morte (20 de fevereiro de 2012)

PRESERVAÇÃO HISTÓRICA

DECORES TINTAS

TEM UMA COR QUE É SÓ SUA

Sergio Garschagen- 24 de Outubro de 2010 2010 Sergio Garschagen- 24 de Outu-

GRAVURA PARA COLORIR

[email protected]