8
Cícero Marco Túlio Cícero, em latim Marcus Tullius Cicero (Arpino, 3 de Janeiro de 106 a.C. Formia, 7 de De- zembro de 43 a.C.), foi um filósofo, orador, escritor, advogado e político romano. Cícero é normalmente visto como sendo uma das mentes mais versáteis da Roma antiga. Foi ele quem apresentou aos Romanos as escolas da filosofia grega e criou um vo- cabulário filosófico em Latim, distinguindo-se como um linguista, tradutor, e filósofo. Um orador impressionante e um advogado de sucesso, Cícero provavelmente pen- sava que a sua carreira política era a sua maior façanha. Hoje em dia, ele é apreciado principalmente pelo seu hu- manismo e trabalhos filosóficos e políticos. A sua corres- pondência, muita da qual é dirigida ao seu amigo Áticoespecialmente influente, introduzindo a arte de cartas re- finadas à cultura Europeia. Cornélio Nepos, o biógrafo de Ático do século I a.C., comentou que as cartas de Cícero continham tal riqueza de detalhes “sobre as inclinações de homens importantes, as falhas dos generais, e as re- voluções no governo” que os seus leitores tinham pouca necessidade de uma história do período. [1] Durante a segunda metade caótica do século I a.C., mar- cada pelas guerras civis e pela ditadura de Júlio César, Cí- cero patrocinou um retorno ao governo republicano tra- dicional. Contudo, a sua carreira como estadista foi mar- cada por inconsistências e uma tendência para mudar a sua posição em resposta a mudanças no clima político. A sua indecisão pode ser atribuída à sua personalidade sensível e impressionável: era propenso a reagir de modo exagerado sempre que havia mudanças políticas e priva- das. “Oxalá que ele pudesse aguentar a prosperidade com mais auto-controlo e a adversidade com mais firmeza!" escreveu C. Asínio Pólio, um estadista e historiador Ro- mano seu contemporâneo. [2][3] 1 Vida pessoal 1.1 Primeiros anos Cícero nasceu em 106 a.C. em Arpino, uma cidade numa colina, 100 quilómetros a sul de Roma. Por isso, ainda que fosse um grande mestre de retórica e composição La- tina, Cícero não era “Romano” no sentido tradicional, e sempre se sentiu envergonhado disto durante toda a sua vida. Durante este período na história Romana, se, alguém qui- sesse ser considerado uma pessoa com cultura, era ne- cessário falar Grego e Latim. A classe alta Romana até preferia usar a língua Grega em correspondência privada, sabendo que tinha expressões mais refinadas e precisas, era mais subtil, e em parte por causa da grande variedade de nomes abstractos. Cícero, como a maioria dos seus contemporâneos, foi educado com os ensinamentos dos antigos filósofos, poetas e historiadores gregos. Os pro- fessores mais proeminentes de oratória na altura também eram Gregos. [4] Cícero usou o seu conhecimento da lín- gua Grega para traduzir muitos dos conceitos teóricos da filosofia grega em Latim, apresentando-os desta forma a uma maior audiência. Foi precisamente a sua educação que o ligou à elite Romana tradicional. [5] O pai de Cícero era um rico equestre com bons contactos em Roma. Apesar de ter problemas de saúde que o im- pediam de entrar na vida pública, compensou por isto ao estudar extensivamente. Apesar de pouco ser conhecido sobre a mãe de Cícero, Hélvia, era comum as mulheres de importantes cidadãos Romanos serem responsáveis pela casa. O irmão de Cícero, Quinto, escreveu uma carta a dizer que ela era uma dona de casa frugal. [6] O cognome de Cícero em Latim significa grão-de-bico. Os Romanos normalmente escolhiam sobrenomes realis- tas. Plutarco explica que o nome foi originalmente dado a um dos antepassados de Cícero porque ele tinha uma covinha na ponta do nariz que parecia um grão-de-bico. Plutarco diz também que foi dito a Cícero para mudar este nome depreciativo quando ele decidiu entrar na po- lítica, mas que este recusou, dizendo que ele ia fazer Cí- cero mais glorioso do que Escauro (“com tornozelos in- chados”) e Catulo (“Cachorrinho”). [7] Jovem Cícero a ler, fresco de 1464, atualmente na Colecção Wal- lace. De acordo com Plutarco, Cícero era um estudante extre- 1

Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

  • Upload
    gladius

  • View
    19

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Uma breve biografia do filósofo, político, literato e advogado Marco Túlio Cícero.

Citation preview

Page 1: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

Cícero

Marco Túlio Cícero, em latim Marcus Tullius Cicero(Arpino, 3 de Janeiro de 106 a.C. — Formia, 7 de De-zembro de 43 a.C.), foi um filósofo, orador, escritor,advogado e político romano.Cícero é normalmente visto como sendo uma das mentesmais versáteis da Roma antiga. Foi ele quem apresentouaos Romanos as escolas da filosofia grega e criou um vo-cabulário filosófico em Latim, distinguindo-se como umlinguista, tradutor, e filósofo. Um orador impressionantee um advogado de sucesso, Cícero provavelmente pen-sava que a sua carreira política era a sua maior façanha.Hoje em dia, ele é apreciado principalmente pelo seu hu-manismo e trabalhos filosóficos e políticos. A sua corres-pondência, muita da qual é dirigida ao seu amigo Ático, éespecialmente influente, introduzindo a arte de cartas re-finadas à cultura Europeia. Cornélio Nepos, o biógrafo deÁtico do século I a.C., comentou que as cartas de Cícerocontinham tal riqueza de detalhes “sobre as inclinaçõesde homens importantes, as falhas dos generais, e as re-voluções no governo” que os seus leitores tinham poucanecessidade de uma história do período.[1]

Durante a segunda metade caótica do século I a.C., mar-cada pelas guerras civis e pela ditadura de Júlio César, Cí-cero patrocinou um retorno ao governo republicano tra-dicional. Contudo, a sua carreira como estadista foi mar-cada por inconsistências e uma tendência para mudar asua posição em resposta a mudanças no clima político.A sua indecisão pode ser atribuída à sua personalidadesensível e impressionável: era propenso a reagir de modoexagerado sempre que havia mudanças políticas e priva-das. “Oxalá que ele pudesse aguentar a prosperidade commais auto-controlo e a adversidade com mais firmeza!"escreveu C. Asínio Pólio, um estadista e historiador Ro-mano seu contemporâneo.[2][3]

1 Vida pessoal

1.1 Primeiros anos

Cícero nasceu em 106 a.C. em Arpino, uma cidade numacolina, 100 quilómetros a sul de Roma. Por isso, aindaque fosse um grande mestre de retórica e composição La-tina, Cícero não era “Romano” no sentido tradicional, esempre se sentiu envergonhado disto durante toda a suavida.Durante este período na história Romana, se, alguém qui-sesse ser considerado uma pessoa com cultura, era ne-

cessário falar Grego e Latim. A classe alta Romana atépreferia usar a língua Grega em correspondência privada,sabendo que tinha expressões mais refinadas e precisas,era mais subtil, e em parte por causa da grande variedadede nomes abstractos. Cícero, como a maioria dos seuscontemporâneos, foi educado com os ensinamentos dosantigos filósofos, poetas e historiadores gregos. Os pro-fessores mais proeminentes de oratória na altura tambémeram Gregos.[4] Cícero usou o seu conhecimento da lín-gua Grega para traduzir muitos dos conceitos teóricos dafilosofia grega em Latim, apresentando-os desta forma auma maior audiência. Foi precisamente a sua educaçãoque o ligou à elite Romana tradicional.[5]

O pai de Cícero era um rico equestre com bons contactosem Roma. Apesar de ter problemas de saúde que o im-pediam de entrar na vida pública, compensou por isto aoestudar extensivamente. Apesar de pouco ser conhecidosobre a mãe de Cícero, Hélvia, era comum asmulheres deimportantes cidadãos Romanos serem responsáveis pelacasa. O irmão de Cícero, Quinto, escreveu uma carta adizer que ela era uma dona de casa frugal.[6]

O cognome de Cícero em Latim significa grão-de-bico.Os Romanos normalmente escolhiam sobrenomes realis-tas. Plutarco explica que o nome foi originalmente dadoa um dos antepassados de Cícero porque ele tinha umacovinha na ponta do nariz que parecia um grão-de-bico.Plutarco diz também que foi dito a Cícero para mudareste nome depreciativo quando ele decidiu entrar na po-lítica, mas que este recusou, dizendo que ele ia fazer Cí-cero mais glorioso do que Escauro (“com tornozelos in-chados”) e Catulo (“Cachorrinho”).[7]

JovemCícero a ler, fresco de 1464, atualmente na ColecçãoWal-lace.

De acordo com Plutarco, Cícero era um estudante extre-

1

Page 2: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

2 1 VIDA PESSOAL

mamente talentoso, cuja aprendizagem atraiu a atençãode toda a Roma,[8] dando-lhe a oportunidade de estudar alei Romana sob Quinto Múcio Cévola.[9] Outros estudan-tes eram Caio Mário, o Jovem, Sérvio Sulpício Rufo (quese tornou advogado, um dos poucos que Cícero conside-rava serem superiores a ele próprio em assuntos legais),e Tito Pompónio. Os dois últimos tornaram-se amigosde Cícero por toda a vida, e Pompónio (que mais tarderecebeu o apelido de "Ático” por causa do seu amor pelacultura helénica) iria ser o maior conselheiro e suportoemocional de Cícero.Cícero queria seguir uma carreira no serviço público civilnos passos do Cursus honorum. Em 90–88 a.C., Cíceroserviu Cneu Pompeu Estrabão e Lúcio Cornélio Sula du-rante a Guerra Social, apesar de não ter interesse nenhumna vida militar. Cícero era, antes de tudo, um intelectual.Cícero começou a sua carreira como advogado a cercade 83-81 a.C. O seu primeiro caso importante de que setem registo aconteceu em 80 a.C., e foi a defesa de SextoRóscio, acusado de parricídio.[10] Aceitar este caso foium acto corajoso: parricídio era considerado um crimehorrível, e as pessoas acusadas por Cícero, o mais famososendo Crisógono, eram favoritos do ditador Sula. Nestaaltura, teria sido fácil para Sula mandar alguém assassinaro desconhecido Cícero. A defesa de Cícero foi um desa-fio indirecto ao ditador, e o seu caso foi forte o suficientepara absolver Róscio.Em 79 a.C., Cícero partiu para a Grécia, Ásia Menor eRodes, talvez devido à ira potencial de Sula.[11] Cíceroviajou para Atenas, onde se encontrou de novo comÁtico,que se tinha tornado num cidadão honorário de Atenas eapresentou Cícero a alguns Atenienses importantes. EmAtenas, Cícero visitou os lugares sagrados dos filósofos.Mas antes de tudo, ele consultou retóricos diferentes paraaprender um estilo de falar menos exaustivo. O seu maiorinstrutor foi Apolónio Mólon de Rodes. Ele ensinou aCícero uma forma de oratória mais expansiva e menosintensa que iria caracterizar o estilo individual de Cícerono futuro.No fim dos anos 90 e inícios dos 80 a.C., Cíceroapaixonou-se pela filosofia, o que iria ter grande impor-tância na sua vida. Eventualmente, ele iria introduzir afilosofia grega ao romanos e criaria um vocabulário filo-sófico latino. Em 87 a.C., Filão de Larissa, o chefe daAcademia fundada por Platão em Atenas 300 anos antes,chegou a Roma. Cícero, “inspirado por um extraordi-nário zelo pela filosofia”,[12] sentou-se entusiasticamenteaos seus pés e absorveu a filosofia de Platão, chegando adizer que Platão era o seu deus. Admirava especialmentea seriedade moral e política de Platão, mas também res-peitava a sua imaginação. Mesmo assim, Cícero rejeitoua teoria das Ideias dele.

1.2 Família

Cícero provavelmente casou-se com Terência quando ti-nha 27 anos, em 79 a.C. De acordo com os costumes daclasse alta da época, era um casamento de conveniên-cia, mas existiu harmoniosamente durante uns 30 anos.A família de Terência era rica, mas embora tivesse ori-gem nobre, tinha ligações familiares com a plebe, eramos Terêncios Varrões, e preenchendo os requerimentosdas ambições políticas de Cícero em termos ambos eco-nómicos e sociais. Ela tinha uma meia-irmã (ou talvezprima) chamada Fábia, que em criança se tinha tornadonuma virgem vestal, o que era uma grande honra. Te-rência era uma mulher independente e (citando Plutarco)“tinha mais interesse na carreira política do marido doque o deixava a ele ter nos assuntos da casa”.[13] Era umamulher pia e provavelmente com os pés bem realista.Nos anos 40 a.C., as cartas de Cícero a Terênciatornaram-se mais curtas e frias. Ele queixou-se aos ami-gos que Terência o tinha traído, mas não explicou em quesentido. Talvez o casamento simplesmente não pudesseaguentar a pressão do tumulto político emRoma, o envol-vimento de Cícero nele, e várias outras disputas entre osdois. Parece que o divórcio aconteceu em 45 a.C. No fimde 46 a.C., Cícero casou-se com um jovemmoça patrícia,Publília, de quem ele tinha sido o guardião. Pensa-se queCícero precisava do dinheiro dela, especialmente depoisde ter de pagar de volta o dote de Terência.[14] Este casa-mento não durou muito tempo.Apesar do seu casamento com Terência ter sido um deconveniência, sabe-se que Cícero tinha grande afeiçãopela sua filha Túlia.[15] Quando ela ficou doente subita-mente em fevereiro de 45 a.C. e morreu depois de apa-rentemente ter recuperado de dar à luz em Janeiro, Cíceroficou arrasado. “Perdi a única coisa que me ligava à vida”escreveu ele a Ático.[16] Ático disse-lhe para o visitar du-rante as primeiras semanas depois deste evento, para queele o pudesse consolar. Na grande biblioteca de Ático,Cícero leu tudo o que os filósofos gregos tinham escritosobre como vencer a tristeza, “mas a minha dor derrotatoda a consolação.”[17] Júlio César, Bruto e Sérvio Sulpí-cio Rufo mandaram-lhe cartas de condolência.[18][19]

Cícero esperava que o seu filhoMarco se tornasse num fi-lósofo como ele, mas Marco queria uma carreira militar.Ele juntou-se ao exército de Pompeu em 49 a.C. e depoisda derrota de Pompeu na Farsália em 48 a.C., foi perdo-ado por Júlio César. Cícero enviou-o para Atenas paraestudar como um discípulo do filósofo peripatético Cra-tipo em 48 a.C., mas o jovem usou a ausência “do olhovigilante do seu pai” para “comer, beber e ser feliz.”[20]Depois do assassinato de Cícero, ele juntou-se ao exércitodos Liberatores, mas foi mais tarde perdoado por Augustodos Júlios. Os remorsos de Augusto por ter posto Cícerona lista de proscrição durante o segundo triunvirato fê-lodar considerável ajuda à carreira de Marco, o filho de Cí-cero. Este tornou-se num áugure, e foi nomeado cônsulem 30 a.C. juntamente com Augusto, e mais tarde feito

Page 3: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

2.1 Questor 3

procônsul da Síria e da província da Ásia.[21]

1.3 Obras

Cícero foi declarado um pagão justo pela Igreja católica,e por essa razão muitos dos seus trabalhos foram preser-vados. Santo Agostinho e outros citavam os seus traba-lhos "De re publica" (Da República) e "De Legibus" (DasLeis), devido a essas citações é que se podem recriar di-versos de seus trabalhos usando os fragmentos que res-tam. Cícero também articulou um conceito abstrato dedireitos, baseado em lei antiga e costume. Dos livrosde Cícero, seis sobre retórica sobreviveram, assim comopartes de oito livros sobre filosofia. Dos seus discursos,oitenta e oito foram registados, mas apenas cinquenta eoito sobreviveram.Seu livro De Natura Deorum, que discute teologia, foiconsiderado, por Voltaire, possivelmente o melhor livro detoda a Antiguidade [22].

2 Carreira pública

Marco Túlio Cícero

2.1 Questor

O seu primeiro cargo foi como um dos vinte questoresanuais, um trabalho de treino para a administração pú-blica em áreas diferentes, mas com ênfase tradicional naadministração e a contabilidade rigorosa de dinheiro pú-blico sob a orientação de um magistrado veterano ou co-mandante provincial.Cícero serviu como questor na Sicília Ocidental em 75a.C. e demonstrou grande honestidade e integridade naforma como lidava com os habitantes. Como resultado,os gratos Sicilianos pediram a Cícero que processasseCaio Verres, um governador da Sicília, que tinha pilhadoa ilha. A sua acusação de Caio Verres foi um grande su-cesso forense para Cícero. Depois do fim deste caso, Cí-cero tomou o lugar de Hortênsio, advogado de Verres,como o maior orador de Roma. A oratória era conside-rada uma grande arte na Roma antiga, e uma ferramentaimportante para espalhar conhecimento e promover-sea si próprio em eleições, em parte porque não haviameios de comunicação regulares na altura. Apesar dosseus grandes sucessos como advogado, Cícero não tinhauma genealogia com reputação: não era nem nobre nempatrício.[carece de fontes?]

Cícero cresceu num tempo de confusão civil e guerra. Avitória de Sula na primeira de muitas guerras civis deulugar a uma infra-estructura constitucional que sabotavaa liberdade, o valor fundamental da República Romana.De qualquer modo, as reformas de Sula fortaleceram aposição dos equestres, contribuindo para o aumento dopoder político dessa classe. Cícero era um eques Italianoe um novus homo, mas acima de tudo, era um constitucio-nalista romano. A sua classe social e lealdade à Repúblicacertificaram-se que ele iria “comandar o suporto e confi-ança do povo assim como as classes médias Italianas.”O facto dos optimates nunca o terem aceitado realmente,prejudicou os seus esforços para reformar a República aomesmo tempo que preservava a constituição. Mesmo as-sim, ele foi capaz de subir o cursus honorum, ocupandocada posto exactamente na idade mais jovem possível,ou perto dela: Questor em 75 a.C. (31 anos), Edil em 69a.C. (37 anos), e Pretor em 66 a.C. (40 anos), onde serviucomo presidente do Tribunal de “Reclamação” (ou extor-são). Foi depois eleito Cônsul quando tinha 43 anos.

2.2 Cícero e Pompeu

2.3 Cônsul

Cícero foi eleito Cônsul em 63 a.C. O seu co-cônsul nesseano, Caio António Híbrida, teve um papel menor. Nessecargo, ele destruiu uma conspiração para derrubar a Re-pública, liderada por Lúcio Sérgio Catilina. O Senadodeu a Cícero o direito de usar o Senatus Consultum de RePublica Defendenda (uma declaração de lei marcial), eele fez Catilina deixar a cidade com quatro discursos (as

Page 4: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

4 2 CARREIRA PÚBLICA

famosas Catilinárias), que até hoje são exemplos estupen-dos do seu estilo retórico. As Catilinárias enumeraramos excessos de Catilina e os seus seguidores, e denuncia-ram os simpatizantes senatoriais dele como sendo patifese devedores dissolutos, que viam Catilina como uma es-perança final e desesperada. Cícero exigiu que Catilina eos seus seguidores deixassem a cidade. Quando acabouo seu primeiro discurso, Catilina saiu do Templo de Jú-piter Estator. Nos seus próximos discursos, Cícero nãose dirigiu directamente a Catilina, mas ao Senado. Comestes discursos, Cícero queria preparar o Senado para opior caso possível, e também entregou mais provas contraCatilina. [carece de fontes?]

Cícero denuncia Catilina, fresco por Cesare Maccari, 1882-1888.

Catilina fugiu e deixou para trás outros conspiradorespara começarem a revolução de dentro, enquanto Catilinairia atacar a cidade com um exército de “falidos morais efanáticos honestos”. Catilina tinha tentado ter ajuda dosAlóbroges, uma tribo da Gália Transalpina, mas Cícero,trabalhando com os Gauleses, conseguiu recuperar car-tas que incriminavam cinco conspiradores e os forçarama confessar os seus crimes em frente ao Senado.[23]

O Senado então decidiu qual seria o castigo dos conspi-radores. Como era o corpo conselheiro dominante dasvárias assembleias legislativas e não um corpo judicial,o seu poder tinha limites. Contudo, o país estava a fun-cionar em lei marcial, e temia-se que as opções normais(prisão domiciliária ou exílio), não eram o suficiente pararemover a ameaça contra o estado. A princípio, a maioriados Senadores queriam usar a “pena extrema”, mas mui-tos foram desencorajados por Júlio César, que criticou oprecedente que iria ser criado, e falou a favor de prisãoperpétua em vária cidades italianas. Catão então defen-deu a pena de morte e todo o Senado concordou. Cíceroordenou que os conspiradores fossem levados a Tuliano,onde foram estrangulados. O próprio Cícero acompa-nhou o ex-cônsul Públio Cornélio Lêntulo Sura, um dosconspiradores, a Tuliano. Cícero recebeu o honoríficopai da pátria por ter suprimido a conspiração, mas desdeentão viveu com medo de ser julgado ou exilado por tercondenado cidadãos Romanos à morte sem julgamento.

2.4 Exílio e retorno

Em 60 a.C., Júlio César convidou Cícero para ser oquarto membro do grupo que era formado por ele,Pompeu e Crasso, o que mais tarde seria chamado oPrimeiro Triunvirato. Cícero recusou porque suspeitavaque isto prejudicasse a República.[24]

Em 58 a.C., Públio Clódio Pulcro, o tribuno dos plebeus,introduziu uma lei (a Leges Clodiae) com a ameaça doexílio a quem quer que tivesse executado um cidadão Ro-mano sem julgamento. Cícero, tendo executado mem-bros da conspiração de Catilina quatro anos antes semum julgamento formal, e tendo atraído a ira de Clódioao arruinar o seu álibi num caso, era o alvo da nova lei.Cícero disse que o senatus consultum ultimum o protegiade castigo, e tentou ganhar o suporto de senadores e côn-sules, especialmente de Pompeu. Quando a ajuda não sematerializou, ele foi exilado. Chegou à Tessalónica, naGrécia, no dia 23 de Maio de 58 a.C.[25][26][27] O exíliofê-lo cair em depressão, como é possível ver numa cartaem que diz a Ático que foram os pedidos deste últimoque o impediram de se suicidar.[28] Depois novo TribunoTito Ânio Papiano Milão ter intervindo, o Senado, coma excepção de Clódio, foi unânime no seu voto a favorde chamar Cícero de volta. Cícero voltou para a Itália nodia 5 de Agosto de 57 a.C., emBrundísio.[29] Foi acolhidopor uma multidão e pela sua querida filha Túlia.[30]

Cícero tentou reintegrar-se na política, mas falhou no seuataque de uma lei de César. A conferência em Luca, em56 a.C., forçou Cícero a mudar a sua posição e a dar oseu suporto ao Triunvirato. Com isto, Cícero voltou aosseus trabalhos literários e abandonou a política durante ospróximos anos.[31]

2.5 A Guerra Civil de Júlio César

A luta entre Pompeu e Júlio César ficou mais intensaem 50 a.C.. Cícero escolheu o lado de Pompeu, mas aomesmo tempo também evitou alienar César abertamente.Quando César invadiu a Itália em 49 a.C., Cícero fugiu deRoma. César, querendo a legitimidade que o patrocíniode um senador e veterano lhe daria, tentou atrair o favorde Cícero, mas este saiu de Itália e viajou para Dirráquio,na Ilíria, onde o pessoal de Pompeu estava.[32] Cícero de-pois viajou com as forças de Pompeu até Farsália em 48a.C.,[33] apesar de estar a perder a fé na competência eintenções do grupo de Pompeu. Eventualmente, ele pro-vocou a hostilidade de Catão, que lhe disse que ele teriasido mais útil aos optimates se tivesse ficado em Roma.Depois da vitória de César, Cícero voltou a Roma, mascom cuidado. César perdoou-o e Cícero tentou ajustar-seà situação e manter o seu trabalho político, esperando queCésar ressuscitasse a República e as suas instituições.Numa carta a Varro em c. 20 de Abril de 46 a.C., Cí-cero criou a sua estratégia sob a ditadura de César. Con-tudo, ele foi completamente surpreendido pela acção dos

Page 5: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

2.6 Oposição a Marco António, e morte 5

Caio Júlio César.

Liberatores, que assassinaram César nos Idos de Marçoem 44 a.C.. Cícero não tinha sido incluído na conspi-ração, apesar dos conspiradores terem a certeza de queele simpatizava com eles. Marco Júnio Bruto chamouo nome de Cícero e pediu-lhe que restaurasse a Repú-blica quando levantou o punhal ensaguentado depois doassassinato.[34] Numa carta escrita em Fevereiro de 43a.C. a Trebónio, um dos conspiradores, Cícero disse quedesejava ter sido convidado para “aquele glorioso ban-quete nos Idos de Março"![35] Cícero tornou-se num lí-der popular durante o período de instabilidade depois doassassínio. Ele não tinha nenhum respeito por Marco An-tónio, que queria vingar-se dos assassinos de César. Emtroca da amnistia dos assassinos, Cícero fez com que oSenado concordasse em não considerar César um tirano,o que permitiu aos Cesarianos terem suporto legal.

2.6 Oposição a Marco António, e morte

Cícero e Marco António transforaram-se nos dois ho-mens mais importantes de Roma: Cícero era o porta-vozdo Senado, e Marco António o cônsul, líder da facção

Cesariana, e executor oficial do testamento de César. Osdois homens nunca tinham estado em termos amigáveis ea relação deles piorou com a opinião de Cícero queMarcoAntónio estava a tomar liberdades com a sua interpreta-ção dos desejos e intenções de César. Quando Otaviano,o herdeiro e filho adoptivo de César, chegou a Itália emAbril, Cícero formou um plano para o usar contra MarcoAntónio. Em Setembro, Cícero começou a atacar MarcoAntónio numa série de discursos chamadas Filípicas, emhonra das denunciações Demóstenes contra Filipe II daMacedónia. Elogiando Otaviano, ele disse que o jovemapenas queria honra e não iria fazer o mesmo erro que oseu pai adoptivo. Durante este tempo, a popularidade deCícero não tinha par.[36]

Cícero apoiou Décimo Júnio Bruto Albino como gover-nador da Gália Cisalpina e disse ao Senado para declararMarco António como um inimigo do estado. O discursode Lúcio Pisão, o sogro de César, atrasou isto, masMarcoAntónio foi considerado um inimigo do estado quando serecusou a acabar o cerco de Mutina, que estava nas mãosde Décimo Bruto. O plano de Cícero, contudo, falhou.Marco António e Otaviano reconciliaram-se e tornaram-se aliados, juntamente com Lépido, formando assim oSegundo Triunvirato depois das batalhas sucessivas deFórum dos Galos (Forum Gallorum) e Mutina. O Triun-virato começou a usar proscrições para se livrarem dosseus inimigos e rivais potenciais imediatamente depoisde legislarem a aliança e a legalizarem por um termo decinco anos com imperium consular. Cícero e todos os seuscontactos e apoiantes estavam entre aqueles consideradosinimigos do estado e, segundo Plutarco, Otaviano discu-tiu durante dois dias contra colocar Cícero na lista.[37]

Cícero foi procurado viciosamente. Era visto com sim-patia por grande parte do público e muitas pessoasrecusaram-se a reportá-lo. Foi apanhado no dia 7 de De-zembro de 43 a.C. ao deixar a sua villa em Fórmias numaliteira para ir para a costa, onde ele esperava embarcarnum barco a caminho da Macedónia.[38] Quando os as-sassinos, Herénio (um centurião) e Popílio (um tribuno),chegaram, os escravos de Cícero disseram que não o ti-nham visto, mas reportado por Filólogo, um liberto doseu irmão Quinto Cícero.[38]

Depois de ser descoberto, diz-se que as últimas palavrasde Cícero foram: “Não há nada correcto no que estás afazer, soldado, mas tenta matar-me correctamente.” Fezuma vénia aos seus captores, inclinando a cabeça parafora da liteira num gesto gladiador para facilitar a tarefa.Ao mostrar o seu pescoço e garganta aos soldados, estavaa indicar que não iria resistir. Segundo Plutarco, Heré-nio matou-o primeiro, e depois cortou-lhe a cabeça. Se-guindo ordens de Marco António, as suas mãos, que ti-nham escrito as Filípicas, também foram cortadas e pre-gadas, juntamente com a sua cabeça, na Rostra no FórumRomano de acordo com a tradição de Mário e Sula, quetinham feito o mesmo às cabeças dos seus inimigos. Cí-cero foi a única vítima das proscrições a ter este trata-mento. Segundo Dião Cássio[39] (numa história por vezes

Page 6: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

6 4 REFERÊNCIAS

Cícero com cerca de 60 anos, busto de mármore.

atribuída a Plutarco por engano), a esposa de Marco An-tónio, Fúlvia, pegou na cabeça de Cícero, arrancou-lhe alíngua, e trespassou-a com o seu gancho de cabelo numavingança final contra o seu poder de discursar.[40]

O filho de Cícero, Marco, vingou a morte do seu paiquando foi cônsul em 30 a.C., ao anunciar a derrota navalde Marco António em Áccio em 31 a.C. contra Otavianoe Agripa. Na mesma reunião, o Senado votou para proi-bir os futuros descendentes de Antônio de usarem o nomeMarco. Otaviano iria mais tarde encontrar um dos seusnetos a ler um livro escrito por Cícero. O rapaz tentou es-conder o livro, com medo da reacção do avô. Otaviano,agora Augusto, tirou-lhe o livro, leu parte, e devolveu-lho, dizendo: “Ele era um homem sábio, cara criança,um homem sábio que amava a sua pátria.”[41]

3 Legado

Cícero era um escritor talentoso e enérgico, com um in-teresse numa grande variedade de tópicos de acordo astradições filosóficas e helenísticas nas quais ele tinha sidotreinado. A qualidade e acessibilidade de textos dele fa-voreceram grande distribuição e inclusão nos currículosescolares. Os seus trabalhos estão entre os mais influ-enciais na cultura Europeia, e ainda hoje constituem umdos corpos mais importantes de material primário para aescrita e revisão da história romana.

Depois da guerra civil, Cícero sabia que o fim da Repú-blica esta perto. A guerra tinha destruído a Repúblicae a vitória de César tinha sido absoluta. O assassinatode César não restituiu a República, apesar de mais ata-ques à liberdade pelo “próprio capanga de César, MarcoAntónio.” A sua morte apenas sublinhou a estabilidadedo governo de um único homem, visto que foi seguidapelo caos e mais guerras civis entre os assassinos de Cé-sar, Bruto e Cássio, e finalmente entre os seus apoiantes,Marco António e Otaviano.

4 Referências[1] Cornélio Nepo, Atticus 16, trans. John Selby Watson.

[2] Haskell, H.J.:"This was Cicero” (1964) p.296

[3] Castren and Pietilä-Castren: “Antiikin käsikirja” /"Hand-book of antiquity” (2000) p.237

[4] Rawson, E.:"Cicero, a portrait” (1975) p.8

[5] Everitt, A.:"Cicero: The Life and Times of Rome’s Gre-atest Politician” (2001) p.35

[6] Rawson, E.: Cicero, a portrait (1975) p.5-6; Cicero, AdFamiliares 16.26.2 (Quintus to Cicero)

[7] Plutarco, Cicero 1.3–5

[8] Plutarco, Cicero 2.2

[9] Plutarco, Cicero 3.2

[10] Rawson, E.: “Cicero, a portrait” (1975) p.22

[11] Haskell, H.J.: “This was Cicero” (1940) p.83

[12] Rawson:"Cicero, a portrait” (1975) p.18

[13] Rawson, E.: “Cicero, a portrait” (1975) p.25

[14] Rawson, E.: Cicero p.225

[15] Haskell H.J.: This was Cicero, p.95

[16] Haskell, H.J.:"This was Cicero” (1964) p.249

[17] Cicero, Cartas a Ático, 12.14. Rawson, E.: Cicero p. 225

[18] Rawson, E.:Cicero p.226

[19] Cicero, Samtliga brev/Collected letters

[20] Haskell, H.J.: This was Cicero (1964) p.103- 104

[21] Paavo Castren & L. Pietilä-Castren: Antiikin käsi-kirja/Encyclopedia of the Ancient World

[22] Peter Gay, The Enlightenment - The Rise of Modern Paga-nism, W.W. Norton & Company, 1995, p. 109

[23] Cicero, In Catilinam 3.2; Sallust, Bellum Catilinae 40-45;Plutarco, Cicero 18.4

[24] Rawson, E.: Cicero, 1984 106

[25] Haskell, H.J.: This was Cicero, 1964 200

Page 7: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

7

[26] Haskell, H.J.: This was Cicero, 1964 p.201

[27] Plutarco, Cicero 32

[28] Haskell, H.J.: “This was Cicero” (1964) p.201

[29] Cicero, Samtliga brev/Collected letters (in a Swedish trans-lation)

[30] Haskell. H.J.: This was Cicero, p.204

[31] Grant, M: “Cicero: Selected Works”, p67

[32] Everitt, Anthony: Cicero pp. 215.

[33] Plutarco, Cicero 38.1

[34] Cicero, Second Philippic Against Antony

[35] Cicero, Ad Familiares 10.28

[36] Appian, Civil Wars 4.19

[37] Plutarco, Cicero 46.3–5

[38] Haskell, H.J.: This was Cicero (1964) p.293

[39] Dião Cássio, Roman History 47.8.4

[40] Everitt, A.: Cicero, A turbulent life (2001)

[41] Plutarco, Cicero, 49.5

5 Bibliografia• Saylor, Steven. Sangue romano. Romance históricosobre o quotidiano e o trabalho de Cícero, enquantoadvogado, no princípio de sua carreira.

• Caldwell, Taylor. Um pilar de ferro. 5.ed., Rio deJaneiro: Record, 2006. ISBN 85-01-01661-6

6 Ver também• Catilinárias

• Catilina - peça de Henrik Ibsen

7 Ligações externas• Obras de Cícero em latim, em The Latin Library

• Obras de Cícero: textos com concordâncias e listade freqüência

Page 8: Marco Túlio Cícero - Breve Biografia

8 8 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

8 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

8.1 Texto• Cícero Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADcero?oldid=43478649 Contribuidores: Paul Beppler~ptwiki, Muriel Gottrop, Ms-

chlindwein, Rui Malheiro, E2mb0t, Juntas, Chico, LeonardoRob0t, Pedrassani, Alexg, Ziguratt, NTBot, RobotQuistnix, Rei-artur, Sturm,Clara C., Marcoavgdm, Cesarschirmer, Águia, YurikBot, Fernando S. Aldado, Gpvos, Bonás, Roberto Cruz, Gabbhh, Boni, Malafaya-Bot, Chlewbot, Servitiu, Jo Lorib, Andrew Dalby, Nemracc, Thijs!bot, Rei-bot, GRS73, Biologo32, Belanidia, Daimore, Kikadue~ptwiki,JAnDbot, Albmont, Bot-Schafter, EuTuga, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot, Francisco Leandro, YonaBot, Kaktus Kid, Hxhbot, Auréola,Maañón, PixelBot, RafaAzevedo, H. Winkler, BOTarate, Ruy Pugliesi, Perosa, SilvonenBot, Vitor Mazuco, Maurício I, Fadesga, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Eurogirl, Lucia Bot, GoeBOThe, Vanthorn, Mppalermo, Salebot, ArthurBot, Swendt, Coltsfan, Xqbot, Fernandoe, Al-mabot, Darwinius, LucienBOT, RibotBOT, Ts42, Leonidas Metello, D'ohBot, RedBot, Omfabio, Joao4669, TobeBot, AstaBOTh15, AlchBot, Felipemp93, Dinamik-bot, HVL, Capitão Pirata Bruxo, Multihistorian, Defender, EmausBot, Joao.pimentel.ferreira, JackieBot, Zéro-Bot, HRoestBot, Renato de carvalho ferreira, Jbribeiro1, ChuispastonBot, Stuckkey, WikitanvirBot, Antero de Quintal, DARIO SEVERI,M.utt, Bya97, Dexbot, Legobot, Dark-Y, Willamy Fernandes, Mary Eleanor de Normandy e Anónimo: 63

8.2 Imagens• Ficheiro:Cicero.PNG Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/Cicero.PNG Licença: Public domain Contribuido-res: Cicero aus Baumeister: Denkmäler des klassischen Altertums. 1885. Band I., Seite 396. Artista original: Visconti - Iconograph rom.pl. 12 N. 1 (Abb. 428) (Publisher K. A. Baumeister)

• Ficheiro:CiceroBust.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/23/CiceroBust.jpg Licença: Public domain Contri-buidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Commons-logo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Commons-logo.svg Licença: Public domainContribuidores: This version created by Pumbaa, using a proper partial circle and SVG geometry features. (Former versions used to beslightly warped.) Artista original: SVG version was created by User:Grunt and cleaned up by 3247, based on the earlier PNG version,created by Reidab.

• Ficheiro:Disambig_grey.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Disambig_grey.svg Licença: Public domainContribuidores: Obra do próprio Artista original: Bub’s

• Ficheiro:Giulio-cesare-enhanced_1-800x1450.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/be/Bust_of_Gaius_Iulius_Caesar_in_Naples.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Photo by Andreas Wahra, first uploaded to de.wikipediaGiulioCesare.jpg. Modifications by Wolpertinger und Phrood. Artista original: Andreas Wahra

• Ficheiro:Maccari-Cicero.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a3/Maccari-Cicero.jpg Licença: Public do-main Contribuidores: [1] Artista original: Cesare Maccari

• Ficheiro:SeptemArtes-Philosophia-Detail.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/SeptemArtes-Philosophia-Detail.jpg Licença: Public domain Contribuidores: from “Hortus deliciarum” of Herrad von Landsberg- date: about 1180 Artista original: User:Markus Mueller

• Ficheiro:The_Young_Cicero_Reading.jpg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4f/The_Young_Cicero_Reading.jpg Licença: Public domain Contribuidores: Web Gallery of Art: <a href='http://www.wga.hu/art/f/foppa/y_cicero.jpg' data-x-rel='nofollow'><img alt='Inkscape.svg' src='https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6f/Inkscape.svg/20px-Inkscape.svg.png' width='20' height='20' srcset='https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6f/Inkscape.svg/30px-Inkscape.svg.png 1.5x, https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6f/Inkscape.svg/40px-Inkscape.svg.png 2x' data-file-width='60'data-file-height='60' /></a> Image <a href='http://www.wga.hu/html/f/foppa/y_cicero.html' data-x-rel='nofollow'><img alt='Informationicon.svg' src='https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/35/Information_icon.svg/20px-Information_icon.svg.png'width='20' height='20' srcset='https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/35/Information_icon.svg/30px-Information_icon.svg.png 1.5x, https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/35/Information_icon.svg/40px-Information_icon.svg.png2x' data-file-width='620' data-file-height='620' /></a> Info about artwork Artista original: Vincenzo Foppa

• Ficheiro:Wikiquote-logo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/Wikiquote-logo.svg Licença: Public do-main Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Wikisource-logo.svg Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Wikisource-logo.svg Licença: CC BY-SA3.0 Contribuidores: Rei-artur Artista original: Nicholas Moreau

8.3 Licença• Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0