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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Marcos Alberto de Mendonça Veiga MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO MÉDICA PORTO VELHO 2015

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Marcos Alberto de Mendonça Veiga

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO MÉDICA

PORTO VELHO

2015

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MARCOS ALBERTO DE MENDONÇA VEIGA

Métodos de Avaliação na Formação Médica

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em

Ensino em Ciências da Saúde do Departamento de

Medicina da Fundação Universidade Federal de

Rondônia como parte dos requisitos necessários para

obtenção do titulo de Mestre em Ensino em Ciências da

Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Horácio Tamada

PORTO VELHO

2015

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V426m

Veiga, Marcos Alberto de Mendonça. Métodos de avaliação na formação médica / Marcos Alberto de Mendonça Veiga. - Porto Velho, Rondônia, 2015.

83 f. : il.

Orientador: Prof. Horácio Tamada Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde) –

Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

1. Avaliação. 2. Métodos de avaliação. 3. Educação médica. I.Tamada, Horácio. II. Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. III.

Titulo.

CDU: 61

FICHA CATALOGRÁFICA

BIBLIOTECA PROF. ROBERTO DUARTE PIRES

Bibliotecária Responsável: Edoneia Sampaio CRB 11/947

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MARCOS ALBERTO DE MENDONÇA VEIGA

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO MÉDICA

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Ensino em Ciências

da Saúde do Departamento de Medicina da

Fundação Universidade Federal de Rondônia

como parte dos requisitos necessários, para a

obtenção do título de Mestre em Ensino em

Ciências da Saúde, sob orientação do

Professor Doutor Horácio Tamada.

APROVADO EM: 16/12/2015

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Horácio Tamada (orientador)

Doutor em Cirurgia pela Universidade de Osaka - Japão

Docente da Fundação Universidade Federal de Rondônia – Brasil.

____________________________________________________________________

Prof. Dra. Rosely Valéria Rodrigues

Doutora em Biologia experimental pela Fundação Universidade Federal de Rondônia

Docente da Fundação Universidade Federal de Rondônia – Brasil.

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Rodolfo Luís Korte

Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo

Docente da Fundação Universidade Federal de Rondônia – Brasil.

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DEDICO:

Aos meus pais, Alberto Cruz Veiga (in memoriam) e

Alcineia de Mendonça Veiga pelo carinho, amor e

dedicação em minha formação.

A Lucimar, minha esposa pelo apoio durante essa jornada.

As minhas filhas, Larissa e Lainne por tornar tudo

significativo.

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AGRADECIMENTOS

Aos alunos, preceptores e docentes da Fundação Universidade Federal de Rondônia e

Faculdade São Lucas que participaram dessa pesquisa.

A Secretaria de Saúde do Governo do Estado de Rondônia.

A coordenação do curso de medicina da Faculdade São Lucas.

A coordenação do curso de medicina da Fundação Universidade Federal de Rondônia.

A Débora, minha querida cunhada pelo apoio e presença constante nesta jornada.

A Fagno Ventura, pela dedicação e competência na secretaria do Mestrado Profissional em

Ensino em Ciências da Saúde.

A Emanuela Passos, pela ajuda durante a realização dessa pesquisa.

A todos os Professores do Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde pelos

ensinamentos que transformaram a minha visão do que é ensinar e avaliar.

Ao Professor Renato Roriz pelo incentivo constante durante esta pesquisa.

A Professora Lúcia Rejane Gomes da Silva, por quem tenho profundo respeito e admiração

pela dedicação incondicional à arte de ensinar.

Ao meu orientador, Professor Horácio Tamada, por me apontar as direções certas e tornar

possível a realização dessa pesquisa.

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RESUMO

Introdução: A formação médica nos últimos anos vem sendo objeto de discussões e reflexões

quanto ao atual modelo de ensino nos cursos de medicina em nosso país, norteando para a

necessidade cada vez mais constante da verificação da metodologia de avaliação da

aprendizagem dos nossos alunos. Dentro do processo de ensino-aprendizagem a avaliação

possui papel importante como ferramenta diagnóstica que reflete este processo e as práticas

pedagógicas. Na profissão médica há a necessidade de que além do desenvolvimento de um

conhecimento teórico se tenha o desenvolvimento de atitudes, habilidades e competências que

são formadas durante a graduação e na prática realizada nos estágios clínicos. O modo como

esses alunos são avaliados neste período de estágio no internato médico vai demonstrar a

verdadeira práxis nesta fase do curso de medicina e analisar se o que realmente está sendo

avaliado reflete o perfil do médico idealizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e se

efetivamente este aluno está apto para atividade médica. Objetivos: Investigar os métodos

utilizados na avaliação do aluno ao final do estágio de clínica cirúrgica. Metodologia:

Pesquisa quantitativa com abordagem descritiva realizada no Hospital de Base Dr. Ary

Pinheiro com 102 alunos matriculados no 5º ano do curso de medicina de duas instituições de

ensino superior do município de Porto Velho - RO. As notas obtidas por esses alunos através

de três métodos de avaliação (prova teórica, OSCE e avaliação por conceito) realizados ao

final do estágio em clínica cirúrgica foram os instrumentos desta pesquisa. Os dados após

serem tabulados foram submetidos à análise estatística com a verificação de média, mediana,

desvios-padrão e intervalo de confiança para média populacional com nível de significância

de 5% (p < 0,05). A distribuição da normalidade dos dados foi verificada pelo teste de

Kolmogorov-Smirnov. O teste de Mann-Whitney foi realizado para verificar possíveis

diferenças nas distribuições das notas. O coeficiente de correlação linear de Pearson foi

realizado para verificar a correlação entre as três notas. A confiabilidade foi verificada pelo

alfa de Cronbach. A analise fatorial foi aplicado as variáveis para descobrir e analisar as suas

inter-relações. A variância encontrada foi analisada pelo método de analise dos componentes

principais aplicados as variáveis. Resultados: A maior média (8,92) foi encontrada na

avaliação por conceito e a menor média (5,87) na prova teórica. As três notas apresentaram

uma associação fraca, mas a avaliação por conceito e o OSCE apresentaram uma associação

positiva com significância estatística (r = 0,259 e p = 0,008). O alfa de Cronbach encontrado

foi de 0,29 dando uma confiabilidade muito baixa aos métodos utilizados na avaliação dos

alunos. Conclusão: Os métodos de avaliação utilizados no internato de clínica cirúrgica para

avaliar os alunos do 5º ano do curso de medicina não possuem confiabilidade em sua

aplicação e não avaliam todos os níveis da Pirâmide de Miller.

Palavras-chave: Avaliação. Métodos de avaliação. Educação médica.

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ABSTRACT

Introduction: The medical education has in recent years been the object of discussions and

reflections on the current teaching models in medical courses in our country, the need for

constant checking and guiding of the evaluation methodology of our students. Within this

teaching-learning process evaluation is an important tool for diagnostic that reflects to this

process and our teaching models. In the medical profession there is need for development of

theoretical knowledge the development of attitudes, skills and competencies that are formed

during graduation and practice performed in clinical stages. The way these students are

evaluated in this trial period during the medical internship will demonstrate true praxis the

phase of the medicine course and analyze what is actually reflects the doctor's profile

designed by the National Curriculum Guidelines and actually shows that this student is ready

for medical activity. Objectives: To investigate the methods used to evaluate the student at

the end of the surgical clinic stage. Methodology: Quantitative research with descriptive

approach held at the Dr. Ary Pinheiro Base Hospital with 102 enrolled students in the 5th year

of medical school from two higher education institutions in the city of Porto Velho - RO. The

notes were obtained by these students through three assessment methods (theoretical test,

OSCE and concept evaluations) the final stage was carried out in a surgical clinic, the

instruments of this research. After tabulated the data and statistically analyzed with the

average check, median, standard deviation and confidence interval for population with a

significance level of 5% (p <0.05). The distribution normality of the data was verified with

the Kolmogorov-Smirnov test. The Mann-Whitney test was performed to verify the

possibility of differences in the release notes. The Pearson linear correlation coefficient was

conducted to verify the correlation between the three notes. Reliability was assessed by

Cronbach's alpha. The factor analysis was applied to discover the variables and analyze their

interrelationships. The variance was analyzed with the method of analysis of the principal

components. Results: The highest average (8.92) was found in the evaluation concept and the

lowest average (5.87) in the theoretical test. The three grades showed a weak association, but

the assessment by the concept of OSCE, showed out a positive association with statistical

significance (r = 0.259 and p = 0.008). The Cronbach's alpha shows that giving 0.29 is very

low for the methods they used in assessing students' reliability. Conclusion: The assessment

methods that were used in the surgical clinic of a boarding school, to assess students in the 5th

year of medical school shows out that the reliability in application not evaluate all levels of

the Miller pyramid.

Keywords: Assessment. Evaluation methods. Medical education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Pirâmide de Miller .................................................................................................. 23

Figura 2 – Gráfico de papel de probabilidade (AC) ................................................................. 40

Figura 3 – Gráfico de papel de probabilidade (OSCE) ............................................................ 40

Figura 4 – Gráfico de papel de probabilidade (PT) .................................................................. 41

Figura 5 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para PT ........................................ 42

Figura 6 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para OSCE .................................. 42

Figura 7 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para AC ....................................... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultado do teste de Kolmogorov-Smirnov entre os métodos de avaliação ......... 39

Tabela 2 – Resultado do teste de Mann-Whitney entre os métodos de avaliação .................... 39

Tabela 3 – Analise descritiva dos dados ................................................................................... 41

Tabela 4 – Correlação entre as variáveis .................................................................................. 43

Tabela 5 – Valor de α quando uma variável é retirada ............................................................. 44

Tabela 6 – Comunalidades das variáveis .................................................................................. 44

Tabela 7 – Variância total explicada ........................................................................................ 45

Tabela 8 – Matriz dos componentes ......................................................................................... 45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEM – Associação Brasileira de Educação Médica

AC – Avaliação por conceito

AFC – Análise Fatorial Confirmatória

AFE – Análise Fatorial Exploratória

AMB – Associação Médica Brasileira

ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior

ANMR – Associação Nacional dos Médicos Residentes

CES – Câmara de Educação Superior

CG – Conceito Global

CINAEM – Comissão Interinstitucional de Avaliação das Escolas Médicas

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNRM – Conselho Nacional de Residência Médica

CREMERJ – Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro

CREMESP – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo

CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

CSA – Clinical Skills Assessment

DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais

DENEM – Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina

ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENC – Exame Nacional de Cursos

FENAM – Federação Nacional dos Médicos

IES – Instituição de Ensino Superior

IVC – Índice de Validade de Conteúdo

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

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MEC – Ministério da Educação

MINI-CEX – Mini Clinical Evaluation Exercise

OSCE – Objective Structured Clinical Examination

OSLER – Objective Structured Long Case Examination Record

PACES – Practical Assessment of Clinical Examination Skills

PT – Prova Teórica

QME – Questões de Múltipla Escolha

QMEA – Questões de Múltipla Escolha Ampliada

SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SUS – Sistema Único de Saúde

TQCF – Teste de Qualificação Cognitiva Final

TQCI – Teste de Qualificação Cognitiva Inicial

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 18

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 18

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 18

1.2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 20

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................................ 20

2.2 FORMAS DE AVALIAÇÃO .................................................................................... 22

2.3 A PIRÂMIDE DE MILLER E A AVALIAÇÃO ...................................................... 22

2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO.................................................................................. 25

2.5 VALIDADE E CONFIABILIDADE ........................................................................ 28

2.5.1 Validade...................................................................................................................... 28

2.5.1.1 Validade de conteúdo ................................................................................................. 28

2.5.1.2 Validade de critério .................................................................................................... 29

2.5.1.3 Validade de constructo ............................................................................................... 30

2.5.1.4 Validade aparente ....................................................................................................... 31

2.5.2 Confiabilidade ............................................................................................................ 31

2.5.2.1 Coeficiente alfa de Cronbach ..................................................................................... 32

2.5.2.2 Coeficiente de correlação linear de Pearson............................................................... 32

2.5.2.3 Coeficiente Kappa ...................................................................................................... 33

2.5.2.4 Coeficiente do teste-reteste ........................................................................................ 34

2.5.2.5 Confiabilidade entre avaliadores ................................................................................ 34

2.5.2.6 Método de divisão em metades de Spearman ............................................................ 35

2.5.2.7 Método de Kuder-Richardson .................................................................................... 35

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 36

3.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................... 36

3.2 LOCAL DO ESTUDO ............................................................................................... 36

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................... 36

3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ........................................................................... 36

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE SUJEITOS DE PESQUISA ...... 37

3.5.1 Critérios de inclusão ................................................................................................... 37

3.5.2 Critérios de exclusão .................................................................................................. 37

3.6 COLETA DE DADOS ............................................................................................... 37

3.7 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 37

3.8 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS .............................................................................. 38

4 RESULTADOS ......................................................................................................... 39

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 46

6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 51

APÊNDICE A – Termo de Autorização do Gestor ............................................... 57

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APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 58

APÊNDICE C – Modelo de Formulário do Mini-Cex .......................................... 59

APÊNDICE D – Modelo de Avaliação do OSCE .................................................. 60

APÊNDICE E – Modelo de Avaliação por Conceito............................................. 63

ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIR ........................ 64

ANEXO B – Diretrizes Curriculares Nacionais .................................................... 66

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14

1 INTRODUÇÃO

A formação médica vem passando por transformações, e nos últimos anos, é objeto

de discussões em vários países com mudanças curriculares conciliadas a aspectos sociais e

políticos. No Brasil, muito se tem discutido sobre a formação médica e seu alinhamento com

as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentro desses debates sobre a formação

médica, os métodos de avaliação são cada vez mais discutidos no processo de ensino-

aprendizagem.

Nas conferências de Edinburgh em 1988 e 1993, houve a preocupação com a

formação médica em nível internacional, com a formulação de propostas como a construção

de currículos e sistemas de avaliação que assegurassem a aquisição de competência

profissional e de valores sociais e não somente memorização de informações

(FEUERWERKER, 2006). Nestas conferências, ficou como recomendação, dentre outras, que

os alunos tenham no seu processo de ensino-aprendizagem o desenvolvimento de habilidades

e competências básicas que os levem à resolução de problemas.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 criou o SUS com a instituição da Lei

Federal n◦ 8080 de 19 de setembro de 1990. Em 1991, foi criada a Comissão Interinstitucional

de Avaliação das Escolas Médicas (CINAEM) com o objetivo de avaliar a formação do

médico no Brasil (SIQUEIRA, 2006). Esta é formada por diversas entidades relacionadas com

o ensino médico: Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), Associação Médica

Brasileira (AMB), Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), Conselho de

Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Conselho Regional de Medicina do Estado

de São Paulo (CREMESP), Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro

(CREMERJ), Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM), Federação

Nacional dos Médicos (FENAM) e Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de

Ensino Superior (ANDES).

O CINAEM em suas avaliações apontou para os problemas encontrados na formação

médica. Dentre eles a formação pouco qualificada dos novos médicos, com deficiências em

aspectos básicos do conhecimento aplicado em habilidades e atitudes, formação humanística e

ética precária.

O CREMESP realizou em 11 de novembro de 2012, pela primeira vez de forma

obrigatória, por meio da Resolução n◦ 239 de 25 de julho de 2012, a todos os formados em

escolas de medicina do Estado de São Paulo, o exame do CREMESP. Neste ano, dos 2411

participantes 54,5% foram reprovados, pois acertaram menos de 60% da prova. Em 2013

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15

houve reprovação de 59,2% dos participantes. Houve baixo desempenho em Saúde Mental,

Saúde Pública, Ginecologia e Clínica Médica demonstrando deficiência nas áreas básicas.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Superior (CES)

através da Resolução CNE/CES nº 3, de 20 de junho de 2014 (ANEXO B), institui novas

Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Medicina (BRASIL,

2014). Nela, em seu art. 3º, o futuro profissional médico almejado tem um perfil com

formação generalista, humanista, crítica, reflexiva e ética. Atuando dentro do processo saúde-

doença em diferentes níveis de atenção, com ações de prevenção, promoção, recuperação e

reabilitação à saúde, com senso de responsabilidade e compromisso com a cidadania.

O internato médico ocorre na etapa final dos cursos de medicina, correspondendo ao

estágio determinado pelas DCN em seu art.24, por ela a formação em Medicina incluirá,

como etapa da graduação, estágio prático em regime de internato, sob supervisão em serviços

próprios, conveniados ou em regime de parcerias estabelecidas por meio de contrato

organizativo da ação pública ensino-saúde com as Secretarias Municipais e Estaduais de

Saúde, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013.

No inciso II do art. 24 das DCN a carga horária mínima do estágio curricular será de

35% da carga horária total do curso de graduação em Medicina. O inciso III determina que o

mínimo de 30% da carga horária prevista para o internato médico da graduação em Medicina

será desenvolvido na atenção básica e serviço de urgência e emergência do SUS, respeitando-

se o mínimo de dois anos deste internato. No inciso VI, os 70% da carga horária restante do

internato incluirão, necessariamente, aspectos essenciais das áreas de Clínica Médica,

Cirurgia, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva e Saúde Mental, em atividades

eminentemente práticas e com carga horária teórica que não seja superior a 20% do total por

estágio, em cada uma destas áreas.

O art. 31 diz que as avaliações dos estudantes basear-se-ão em conhecimentos,

habilidades, atitudes e conteúdos curriculares desenvolvidos, tendo como referência as DCN.

No art. 36 fica instituída a avaliação específica do estudante do curso de graduação em

Medicina, a cada dois anos, com instrumentos e métodos que avaliem conhecimentos,

habilidades e atitudes. Esta avaliação é de caráter obrigatório, processual, contextual e

formativo, considerando seus resultados como parte do processo de classificação para os

exames dos programas de Residência Médica, credenciados pela Comissão Nacional de

Residência Médica (CNRM), sendo sua realização de âmbito nacional.

Durante o internato médico, o aluno passa a vivenciar e a fazer parte do processo de

trabalho nas unidades a qual está realizando seu estágio, assim como, passa a ter inter-

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16

relações com pacientes e seus familiares, com as equipes multiprofissionais, docentes,

preceptores, residentes e funcionários. Neste período de sua formação, começa a observar o

funcionamento e o gerenciamento das unidades de saúde. Diariamente em suas atividades

sejam de enfermaria, centro cirúrgico, ambulatório, urgência e emergência, ocorre a

construção de habilidades e atitudes que são incorporadas pelo aluno em um processo natural

de desenvolvimento.

A necessidade das avaliações durante este período é fundamental para monitorarmos

o desenvolvimento, dar e obter informações sobre o desempenho e deficiências, e apontar

possíveis formas de melhora. Os métodos de avaliação podem servir como ferramenta de

diagnóstico, de verificação e de apreciação. Pode identificar a presença ou ausência de

habilidades, assim como, em que posição dentro na curva de aprendizagem o aluno se

encontra em seu processo de desenvolvimento. A construção dessas habilidades é dependente

dos conhecimentos teóricos já adquiridos e nas situações vividas na prática e que serão

armazenadas e organizadas em construções mentais (FERRACIOLI, 1999). Segundo o autor,

o desenvolvimento mental e o processo de construção do conhecimento são formados por

adaptação, assimilação e acomodação. Na adaptação, o individuo por estar sempre interagindo

com o meio ambiente passa por um processo de transformação contínua. A assimilação está

relacionada à aquisição de conhecimentos e habilidades. A acomodação é a reorganização de

construções mentais já existentes com novas assimilações adquiridas pelo individuo.

No Brasil, não temos uma lei que determine a obrigatoriedade da realização de

padrões mínimos de avaliação no que se refere à competência e habilidades desenvolvidas

durante a graduação médica. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o modelo e forma de

avaliação são definidos pelos projetos pedagógicos da própria Instituição de Ensino Superior

(IES), e não estão sujeitos à prévia aprovação pelo poder público. O que se coloca aqui, é que

para se ter uma formação de médicos com uma visão humanística, perfil generalista, e que

tenha competência e habilidades capazes de colocar todo o seu conhecimento adquirido

durante sua formação em prol da sociedade, os métodos de avaliação devem ser eficazes em

determinar se os alunos estão aptos para exercer medicina de acordo com normas e diretrizes

curriculares.

Os métodos de avaliação que utilizamos durante a formação, destes alunos, devem

ter a capacidade de avaliar conhecimento, atitudes e habilidades adquiridas durante a

formação conforme as DCN. Vale lembrar que nenhum método isolado é capaz de avaliar

conhecimento, competência e habilidade. Não podemos ter somente avaliações cognitivas,

que verificam somente o saber e o saber como. É de extrema importância que o médico ao

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17

exercer suas atividades tenha além do conhecimento teórico a capacidade de realizar com

destreza procedimentos clínicos ou cirúrgicos, comuns à prática médica.

Na grande maioria dos casos, estes profissionais ao entrar na residência médica,

possuem deficiências que não foram corrigidas durante a graduação. Tal fato despertou a

curiosidade e fez com que passasse a observar mais de perto esses jovens médicos do primeiro

ano de residência médica em cirurgia geral na realização do exame físico e história clínica dos

pacientes por eles examinados e em procedimentos básicos. Mesmo sendo formados em IES

diferentes, as deficiências eram muito semelhantes. A elaboração da história clínica do

paciente chamou mais atenção, pelo fato de que na grande maioria das vezes eram

incompletas, com grande deficiência na exploração dos sinais, sintomas e na construção de

hipóteses diagnósticas.

Com essas observações diárias surgiu o questionamento de como um aluno é

graduado médico sem conseguir realizar uma anamnese ou um exame físico com

competência. Ao refletir sobre tais fatos, percebe-se que as deficiências eram decorrentes do

período de graduação médica e que não foram detectadas como deveriam ser. Durante as

avaliações destes alunos, em algum momento foi reconhecido e houve tentativa de mostrar

pontos que deveriam ser melhorados? Ou neste período de formação, em suas avaliações,

prevaleceu a nota mínima determinada pelo método de avaliação para passar de ano?

Essas indagações levaram a formulação da pergunta desta pesquisa, qual seja: Como

são avaliadas as habilidades e competências no internato? Ao analisa-las, buscar-se-á verificar

se o método de avaliação utilizado no internato médico evidencia que o aluno possui as

habilidades e competência necessárias a profissão médica, e que são almejadas pelas DCN.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral:

a) verificar se a forma atual de avaliação no internato médico atende as necessidades

de construção de habilidades e competências exigidas à formação médica.

1.1.2 Objetivos específicos:

a) analisar os métodos utilizados na avaliação do aluno ao final do estágio em clínica

cirúrgica;

b) descrever possíveis deficiências na avaliação da aprendizagem no internato;

c) dar retorno às instituições envolvidas dos resultados apresentados pelos seus

alunos.

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1.2 JUSTIFICATIVA

A forma como avaliamos os nossos alunos é muito importante para refletirmos sobre

nossas práticas docentes dentro de uma visão crítica do processo de ensino-aprendizagem

(MORGADO, 2014). Ao observar deficiências na realização do exame físico e história

clínica, por parte dos internos e principalmente nos residentes do primeiro ano, passei a

refletir que essas deficiências tinham suas origens na formação básica desses alunos, e que

não foram percebidas e corrigidas. Durante reflexões, comecei a pensar que essas deficiências

ocorriam no processo de ensino-aprendizagem, nas disciplinas de Semiologia e Clínica

Médica, porém esses alunos eram de IES diferentes com professores diferentes, o que me

levou a questionar os métodos de avaliação pelos quais esses alunos foram submetidos

durante o aprendizado destas disciplinas.

A realização do exame físico e história clínica bem estruturada são ferramentas

importantes na prática médica, e observei que tais ferramentas não eram usadas de forma

correta ou em alguns casos simplesmente ignoradas (ABRAHÃO; MERHY, 2014). A

dificuldade na construção de um raciocínio clínico e na elaboração de hipóteses diagnósticas

era muitas vezes evidente por não saberem justificar nem os diagnósticos nem os exames

solicitados, estes eram normais na grande maioria das vezes (SOARES et al., 2014). A análise

dos métodos de avaliação, usados na formação do aluno, com relação às habilidades,

competências e conhecimento, pode verificar o perfil das práticas docentes, planejamento

pedagógico e se realmente avaliam ao ponto de podermos certificar o aluno como apto para

exercer e praticar a medicina com profissionalismo, responsabilidade social e uma visão

humanista (GONTIJO et al., 2013).

Estes questionamentos levaram a reflexões sobre os atuais métodos de avaliação na

formação médica. Por isso, vou realizar esta pesquisa com o intuito de verificar se os métodos

de avaliação usados no internato médico demonstram que o aluno está apto a ser aprovado em

uma disciplina, assim como ao final do Curso de Medicina considerá-lo apto para a graduação

médica. O tema escolhido tem relevância científica e social, pois a sociedade e a comunidade

acadêmica nos últimos anos têm colocado em debate a formação médica e neste contexto os

métodos de avaliação possuem grande importância, podendo nos mostrar possíveis

deficiências, sugerir mudanças em critérios mínimos de aprovação, na estratégia pedagógica e

na forma como avaliamos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Na antiguidade e idade média, já víamos dentro do processo de ensino que além do

saber teórico, havia a necessidade de um saber prático ao individuo que estava aprendendo

uma profissão. O aprendiz seguia o seu mestre e dele absorvia conhecimento, e via na prática

o desenvolvimento de suas habilidades até o ponto de adquirir competência suficiente para

seguir sua vida de forma autônoma (LAMPERT, 2006).

Na idade moderna, mecanismos de avaliação eram usados para avaliar a formação

médica e a competência de seus formandos. Em 1599, os jesuítas publicaram um plano

educacional a todos os seus colégios em várias partes do mundo desde o século XVI até à

extinção da Companhia de Jesus, o Ratio atque Institutio Studiorum Iesu (Ratio Studiorum),

determinando a forma como deveria ser conduzida a prática pedagógica e a avaliação do

aluno ao final do ano letivo (SANTOS et al., 2010).

Em o “Nascimento da Clínica” de Foucault relata os decretos de Marly promulgados

em março de 1707. Nele ficava estabelecido que os estudantes de medicina deveriam

anualmente, durante uma formação de três anos, serem submetidos a exame antes de

receberem o titulo de bacharel, licenciado e doutor (FOUCAULT, 1963).

É a partir de 1930, que surge pela primeira vez o termo avaliação da aprendizagem,

proposto por Ralph Tyler, educador americano que demonstrou sua preocupação com o

cuidado que deveria ter o docente dentro do processo de ensino-aprendizagem em relação aos

discentes. Ele passa a condicionar a avaliação com os objetivos a serem alcançados na

aprendizagem dos discentes (LUCKESI, 2011).

No Brasil, a avaliação da aprendizagem começa a ser debatida no final dos anos 60 e

início dos anos 70. O termo avaliação da aprendizagem até a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB) de 1996, não era empregado, sendo utilizado o termo exame escolar, que em

1971 com a Lei nº 5.692, passou a ser chamada de aferição do aproveitamento escolar.

Mesmo depois das propostas de Ralph Tyler, havia mais examinadores do que avaliadores

(LUCKESI, 2011).

Na década de 90 o CINAEM, realiza a avaliação do ensino médico no Brasil,

traçando um diagnóstico do médico formado na graduação, das IES e do modelo pedagógico

(LAMPERT, 2008). Dos resultados encontrados no CINAEM, um estudo coorte foi usado

para avaliar o desempenho discente sendo utilizado três instrumentos: Teste de Qualificação

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Cognitiva Inicial (TQCI), aplicado no início do internato; Teste de Qualificação Cognitiva

Final (TQCF), aplicado após um ano de internato; e uma ficha de avaliação de habilidades e

atitudes. Este estudo teve como conclusão uma deficiência significativa, encontrada nos

formandos, em aspectos básicos do conhecimento aplicado, habilidades e atitudes (FERLA,

1998).

O exame nacional de cursos (ENC), também conhecido como “provão” foi criado

com a Lei 9131/95 (BRASIL, 1995) e aplicado anualmente a todos os formandos, no período

de 1996 a 2003 (VERHIME; DANTAS; SOARES, 2006). Tinha como objetivo avaliar o

processo de ensino-aprendizagem, porém sofreu várias críticas por especialistas em avaliação,

por uma tendência a valorização de conteúdos específicos de cada área em detrimento das

competências e habilidades, não conseguindo aferir o aprender sobre e a adaptação as novas

realidades (VERHIME; DANTAS, 2005). Com os resultados encontrados nas avaliações do

ensino médico, observados pelo CINAEM e o ENC, houve a necessidade de mudanças no

modelo de ensino e na construção de uma avaliação que deve estar atrelada e cuidadosamente

realizada em consonância com os objetivos do ensino-aprendizagem das IES (LAMPERT,

2008).

Em 7 de novembro de 2001 foi homologado as DCN para os cursos de graduação

em medicina, através da Resolução CNE/CES nº 4 (BRASIL, 2001). Foi proposto uma

participação ativa do aluno na construção do conhecimento com inserção precoce em

atividades práticas para sua vida profissional que são vivenciadas no internato médico na

graduação (STELLA; CAMPOS, 2006). No art. 13 inciso 1, as avaliações dos alunos

deveriam basear-se em competências, habilidades e conteúdos curriculares desenvolvidos. No

inciso 2, os cursos de graduação em medicina deveriam utilizar metodologias e critérios para

acompanhamento, e avaliação do processo de ensino-aprendizagem definidos pelas IES

(BRASIL, 2001).

Em abril de 2004, com a Lei 10.861 (BRASI, 2004) foi criado o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior (SINAES) que apresentava uma abordagem diferente na

avaliação dos cursos (VERHIME; DANTAS; SOARES, 2006). Integrado ao SINAES o

Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), tem por objetivo aferir o

desempenho dos discentes em relação aos conteúdos previstos nas DCN, as habilidades e

competências em sua formação (BRASIL, 2004). O ENADE passa a ser não somente um

mecanismo de regulação, como foi o ENC, mas uma ferramenta de avaliação diagnóstica das

competências e habilidades adquiridas no espaço de três anos de curso de graduação,

associado a uma percepção do aluno sobre sua IES (VERHIME; DANTAS; SOARES, 2006).

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2.2 FORMAS DE AVALIAÇÃO

Durante a formação médica o aluno recebe uma grande quantidade de saberes

teóricos e técnicos que são necessários para a profissão. A avaliação dentro deste processo de

ensino e aprendizagem passa a ser o instrumento que vai demonstrar a aquisição destes

saberes. Esses métodos, além de mostrar as competências necessárias durante a formação,

devem dar retorno com informações pertinentes aos sujeitos e objetos deste processo.

A avaliação pode ser diagnóstica, somativa ou formativa. Na avaliação diagnóstica

determinamos o grau de conhecimento do aluno dentro dos conteúdos que serão aplicados. A

formativa é realizada no decorrer do curso e tem a capacidade de mostrar o desenvolvimento

do aluno dentro do plano de ensino, através da correção da avaliação o docente mostra ao

aluno os erros cometidos permitindo a este observar o seu progresso no ensino. A somativa

avalia o conhecimento adquirido ao final do curso ou período letivo, classificando os alunos

de acordo com o seu desempenho em parâmetros de aproveitamento estabelecidos (HAYDT,

2008). As competências referem ao uso da comunicação de forma adequada, conhecimento,

habilidades técnicas, raciocínio clínico, emoções, valores e capacidade de refletir sobre a

prática diária para benefício do indivíduo e comunidade que está sendo atendida (EPSTEIN;

HUNDERT, 2002).

2.3 A PIRÂMIDE DE MILLER E A AVALIAÇÃO

Em 1990, George E. Miller desenvolveu uma ferramenta para a avaliação da

competência chamada Pirâmide de Miller (MILLER, 1990). Esta é composta de quatro níveis

(Figura 1). A base da pirâmide é representada pelo saber, que corresponde ao conhecimento;

logo acima está o saber como, correspondendo ao como aplicar os conhecimentos em casos

concretos; no próximo nível está o mostrar como, mostrando as competências realizadas em

ambientes simulados, em que o aluno é capaz de fazer; no topo está o fazer, representando o

desempenho no qual o aluno realmente faz na prática real. O saber e o saber como, representa

o conhecimento teórico ou cognitivo. O “mostrar como” e o “fazer”, representa habilidades,

competência e desempenho.

Na pirâmide de Miller fica claro que apenas um método é insuficiente para avaliar

todos os níveis da formação, sendo necessários vários métodos diferentes combinados para

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avaliar as competências na formação médica. Também devem ser usados de forma criteriosa

para o que se pretende avaliar, pois em contextos diferentes podem ter resultados adversos.

Figura 1 – Pirâmide de Miller

Fonte: Miller G. E. Academic Medicine, v. 65, n. 9, p. 63-67. set. 1990.

O método de avaliação deve possuir as seguintes características: confiabilidade,

validade, impacto educacional, aceitabilidade e custos (WASS et al., 2001). Destas a validade

e a confiabilidade são as que mais dão credibilidade ao método. A validade diz respeito à

capacidade do método de avaliação em medir de fato o que se propõe em medir. Os resultados

obtidos são confrontados com as competências, definidas antes do teste, para verificarmos a

eficácia do teste realizado (BESSA, 2007). A confiabilidade está relacionada com a

constância dos resultados obtidos, quando o método é utilizado na avaliação de um mesmo

individuo mais do que uma vez. A confiabilidade de um teste depende de três fatores: do

grupo de examinados, das condições de aplicação e do próprio teste. Nem todo instrumento de

medidas que apresente confiabilidade tem validade, mas todo aquele que apresente validade

tem confiabilidade (MARTINS, 2006).

Através de processos de pensamento o discente terá a aquisição do conhecimento.

Essa conscientização dos discentes em relação aos seus conhecimentos e sua capacidade de

compreender, estabelecer metas, controlar suas habilidades são importantes dentro da

aprendizagem, pois seriam construídas durante a formação, sendo usadas de forma automática

e inconsciente dentro da subjetividade de cada individuo.

Saber com

Mostrar com SABER

SABER COMO

MOSTRAR COMO

FAZER

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No processo de aprendizagem existe sempre uma autoconstrução de habilidades,

conhecimentos, atitudes, valores que são construídos de modo progressivo e que vão

modificando o aprendizado anterior, sendo necessário uma interrelação entre condições

internas inerentes ao sujeito e condições externas determinadas pelo meio. Esta

autoconstrução pode ser dirigida pelo ensino como fator externo ou de forma espontânea pelo

próprio sujeito, na ausência de quem o oriente ou por sua própria vontade, porém se realizará

de forma experimental entre ensaio-erro-sucesso mediada pelo próprio sujeito (DÍAZ, 2011).

Esta atividade individual é derivada do conceito de atividade coletiva ou social

desenvolvida por Vigotski, em que, os processos interpsíquicos (externos) e os processos

intra-psíquicos (internos), em um movimento de fora para dentro é chamado de

internalização, ou seja, tudo que o sujeito constrói por si mesmo, dentro dele em sua

autoconstrução de aprendizagem, esteve antes fora dele, em sua cultura e seu meio

(ABRANTES; MARTINS, 2006).

Na formação médica a aquisição de um conjunto de habilidades desenvolvidas,

durante a graduação, vai levar o discente ao desenvolvimento das competências. O internato

médico é o período de estágio obrigatório, em que o discente tem uma inserção no trabalho

médico, passando pela clínica cirúrgica, clínica médica, ginecologia/obstetrícia e pediatria. A

avaliação do discente neste período é fundamental, para termos uma referência dentro do

processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos adquiridos na formação, possíveis

falhas metodológicas, observar determinadas habilidades e comportamentos, sugerir

mudanças curriculares tanto na forma de avaliar, quanto ao ensinar-avaliar, ensinar-ensinar,

ensinar-aprender e no aprender-aprender. Neste período os docentes devem ter o preparo

necessário para o ensino.

O período de estágio, não pode ser mera formalidade na graduação médica, deve ser

dada toda importância que possui, e que contribuirá na formação de um profissional como é

idealizado pela DCN, com formação generalista, visão humanista, profissionalismo,

integridade, com habilidades e competências pautadas em práticas cuidadoras centradas no

paciente. Para que tenhamos uma avaliação que realmente consiga nos mostrar a capacitação

profissional, não podemos usar somente métodos que eram referenciados na avaliação

tradicional ou somativa e que somente avaliam o “saber” e o “saber como”, precisamos de

métodos que avaliem o “fazer”, sendo necessário o uso de mais de um método para que

possamos alcançar o topo da pirâmide de Miller na avaliação discente. Na literatura

encontramos diversos métodos de avaliação, que são empregados para medir as competências

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desenvolvidas durante a formação profissional, alguns desses métodos já são utilizados há

alguns anos em várias universidades internacionais e nacionais.

2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

A prova objetiva é um método que avaliamos o “saber” e o “saber como” (cognição).

Neste método o avaliador determina as respostas das questões, anteriormente a aplicação do

teste, com somente uma resposta correta, o que proporciona o mesmo resultado entre

examinadores diferentes (TRONCON, 1996). As perguntas devem possuir um contexto

(avaliam o raciocínio clínico), devendo ser evitado um contexto vazio (avaliam conhecimento

baseado na memorização) durante a sua formulação. Podemos dividi-la de forma didática em:

com seleção de respostas fornecidas (falso/verdadeiro; tipo associação; teste de múltipla

escolha) e com fornecimento de respostas pelo aluno (respostas curtas; completar frases;

preencher lacunas).

A questão de múltipla escolha (QME) avaliam os conhecimentos teóricos, podem ser

aplicadas de forma simultânea entre vários alunos, com baixo custo e com mínima

participação humana. A questão de múltipla escolha ampliada (QMEA) é uma variante da

QME, difere desta por possuir uma estrutura de formulação de respostas, fazendo com que o

aluno use seu raciocínio clínico e não o artifício de eliminação das alternativas (EPSTEIN,

2007). Possuem um contexto rico na simulação de casos clínicos reais e avaliam de forma

satisfatória o “saber como”.

O OSCE (Objective Structured Clinical Examination) foi idealizado em 1975

(HARDEN et al., 1975). Representa o “saber como” da pirâmide de Miller. Nesta forma de

avaliação os alunos passam por estações, que são cenários práticos simulados. Os pacientes

são atores treinados e cada cenário representa um caso clínico, que o aluno deve resolver em

um tempo predeterminado que pode variar entre 5 a 10 minutos. Durante a avaliação todos os

alunos passam por todas as estações e são avaliados pelos avaliadores de cada estação. Esses

avaliadores recebem um checklist previamente formulado e validado. É um método avaliativo

de atitudes e habilidade clinica em que o aluno é analisado na realização de exame físico,

história clínica, raciocínio clínico e procedimento. O OSCE permite avaliar um grande

número de alunos, e fornece ao final da avaliação um feedback necessário para que o aluno

possa melhorar em pontos que não tiveram o desempenho desejável, e ao docente permite

mostrar pontos específicos da aprendizagem que possam ser melhorados.

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MINI-CEX (Mini Clinical Evaluation Exercise) representa o “faz” na pirâmide de

Miller. Foi desenvolvido por Norcini e vem sendo utilizado como uma escala de avaliação das

habilidades clínicas e procura avaliar seis competências clínicas fundamentais: história

clínica; exame físico; profissionalismo; raciocínio clínico; comunicação; organização e

eficiência. Neste método de avaliação o aluno deve realizar uma consulta objetiva e rápida ou

um exame físico no paciente, em ambientes reais de trabalho, podendo ser o contexto do

cenário uma consulta ambulatorial, enfermaria, urgência ou centro de saúde. A avaliação

dura de 15 a 20 minutos, sendo que neste período de tempo, uma parte fica para o feedback

dado pelo docente ao aluno avaliado. O avaliador observa o aluno durante o exame e faz

anotações em um formulário estruturado baseado em escalas de Likert de 1 a 9 valores. Cada

competência tem um descritor de desempenho no formulário, o que facilita a classificação

dada pelo avaliador e sistematizada em: 1 a 3 insatisfatório, 4 a 6 satisfatório, 7 a 9 exemplar.

Em cada exame o avaliador registra a data, a complexidade do problema do paciente em uma

escala de 1 a 3, sexo do paciente, contexto em que foi realizada a avaliação (ambulatório,

enfermaria, urgência), tempo usado pelo aluno para realização do teste e tempo usado no

feedback com o aluno (MEGALE; GONTIJO; MOTTA, 2009).

PACES (Practical Assessment of Clinical Examination Skills) método utilizado

pelo Royal College of Physicians no Reino Unido. Neste método os candidatos passam por 5

estações, que ficam disposta em formato de um carrossel, na qual todos vão passar por um

tempo de 20 minutos em cada estação. Em cada estação o candidato será avaliado por dois

examinadores diferentes com escores independentes. Na primeira estação o candidato realiza

o exame do sistema respiratório e abdome com 10 minutos para cada sistema; na segunda

estação realiza a história clínica dentro de 20 minutos; na terceira estação realiza o exame do

sistema cardiovascular e neurológico com 10 minutos para cada; na quarta estação é avaliado

em suas capacidades de comunicação e ética durante 20 minutos; na quinta estação é avaliado

na realização dos exames dermatológico, locomotor, oftalmológico e endócrino, com um

tempo de 5 minutos para cada exame (FIRTH, 2008).

OSLER (Objective Structured Long Case Examination Record) idealizado por

Gleeson em 1992. Este método é realizado com a aplicação de 10 casos longos, com um

tempo de 30 minutos para realização de cada caso. O aluno é observado por dois avaliadores

em cada caso. São avaliados elementos da história clínica, exame físico, raciocínio clínico e

conduta (PONNAMPERUMA et al., 2009).

CSA (Clinical Skills Assessment) método semelhante ao OSCE, porém difere deste

por apresentar um formato em que o aluno deve cumprir todas as etapas para uma abordagem

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completa do paciente. O aluno deve colher história clínica e realizar exame físico durante o

atendimento ao paciente, fazer diagnostico e instituir o tratamento. Cada aluno realiza a

consulta de 12 pacientes com um tempo de 10 minutos para cada consulta, sendo todas

gravadas em vídeo. O avaliador irá verificar, em cada caso atendido pelo aluno, três domínios

ou áreas: coleta de dados e competência técnica, competência de gestão clinica, competência

interpessoal. Este método permite uma avaliação integral dos casos em um ambiente e

formato mais próximo da realidade profissional (SWANSON; CLAUSER; CASE, 1999).

O Conceito global (CG) quando elaborado de forma bem estruturada e associado a

outros métodos, se torna uma boa ferramenta para avaliação. Ele deve ser aplicado ao final do

estágio, atribuindo um conceito ao aluno de forma retrospectiva. Essa avaliação pode ser

realizada por um ou mais avaliadores. Os avaliadores, em um formulário que contém itens

específicos como a qualidade da história clínica, exame clínico, conhecimentos, comunicação,

relacionamento com pacientes e familiares, capacidade de resolver problemas, autorreflexão,

julgamento clínico, respeito e ética, atribuem pontuação a cada item, em uma escala tipo

Likert, e ao final a nota do aluno é obtida por média das notas dadas (DOMINGUES;

AMARAL; ZEFERINO, 2009).

A avaliação por conceito (AC) é realizada através de uma ficha estruturada pela qual

os preceptores e docentes ao final do estágio avaliam o aluno quanto aos seguintes aspectos:

pontualidade e apresentação, interesse e participação, conceitos teóricos básicos e impressão

geral do aluno. É atribuído valores para cada quesito a ser avaliado, tais como: ótimo – 2,5;

bom – 2,0; regular-1,5; insuficiente – 1,0. Ao final é feito a somatória dos quatro quesitos

avaliados e temos a nota de conceito.

A auto-avaliação é realizada pelo aluno sobre o seu desempenho, por meio de

perguntas que o faça refletir sobre seus avanços, suas deficiências e limitações no processo de

ensino-aprendizagem. Pode ser realizada em formulário ou oralmente ao final de trabalhos em

grupo. Nela o aluno passa a desenvolver a autorregulação da aprendizagem e o aprender a

aprender, podendo adquirir as habilidades de criticar, planejar e ser responsável pelo próprio

aprendizado (MENEZES, 2009).

O Portfólio é um dossiê construído durante o período de estágio do aluno, que

contém os registros de todos os casos atendidos, apresentações e discussão de casos

selecionados e sua auto-avaliação. Permite avaliação formativa e somativa, podendo mostrar

evidências de aprendizado em vários contextos diferentes. Possui característica marcante

quanto à capacidade de demonstrar a evolução do discente em relação à aprendizagem,

funcionando como um mediador entre teoria e a prática, podendo ser considerado como um

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instrumento de aprendizagem no momento em que o discente realiza uma reflexão crítica

acadêmica de seu desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem, verificando pontos

positivos e pontos vulneráveis em sua formação (FERLA; CECCIM, 2009).

Na literatura nacional e internacional não encontramos um consenso, sobre quais

métodos de avaliação devem ser utilizados para avaliar a formação médica de uma forma

uniforme, ficando tal escolha por conta da IES, porém verificamos que de forma consensual,

na literatura atual, que métodos isolados não são suficientes para medir habilidades e

competências na formação destes profissionais. Visto que o internato médico, é o período

final desta formação, cabe a nós docentes, despertarmos para a necessidade de encontrar uma

forma de avaliação mais sólida dentro do processo de ensino-aprendizagem na formação

médica, que nos dê retorno necessário na forma de ensinar e avaliar todos os níveis da

Pirâmide de Miller.

2.5 VALIDADE E CONFIABILIDADE

A construção de um instrumento de avaliação deve levar em consideração: o que

avaliar, como avaliar e interpretar os resultados obtidos pelo método aplicado. Para isso é

necessário que o instrumento utilizado apresente a capacidade de medir o que realmente

propõe medir, o que se chama validade do método. Deve apresentar uma constância nos

resultados quando repetida sua aplicação nos sujeitos avaliados, transmitindo assim uma

confiança na medida, o que se chama confiabilidade ou fidedignidade.

2.5.1 Validade

A validade demonstra a capacidade que um teste possui em medir o que realmente

pretende medir, porém deve haver o alinhamento entre instrumento de medida e os objetivos

específicos do que se quer medir, e assim evitar erros de medida relacionados ao instrumento

com uma falsa percepção de validade (HAYDT, 2008). Ela nunca é absoluta, mas relativa,

visto que o instrumento de medida pode ser válido para um determinado objetivo e não ser

para outro. Pode ser dividida em quatro categorias fundamentais de validade: de conteúdo, de

critério, de constructo e aparente (MARTINS, 2006).

2.5.1.1 Validade de conteúdo

Avalia a capacidade de um instrumento de medida em mostrar correlação entre os objetivos

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dos conteúdos de uma construção teórica e os elementos de medida do instrumento. Estas

devem estar em consonância com os objetivos específicos do plano de ensino (HAYDT,

2008), pois o instrumento utilizado para avaliar um conteúdo pode não ser válido para avaliar

outro. Mesmo sendo importante no processo de adaptação e desenvolvimento de instrumentos

de medidas (ALEXANDRE; COLUCI, 2011), não possui característica fixa (HAYDT, 2008)

apresentando limitações por ser um processo subjetivo (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

A validade de conteúdo do instrumento é realizada de forma qualitativa e

quantitativa. No primeiro, um grupo de juízes verifica se os itens do instrumento estão em

consonância com os conceitos e domínios a serem medidos, podendo fazer alterações

necessária com adaptações, inclusões ou eliminação de algum item. No segundo, pode ser

feito através de: porcentagem de concordância e índice de validade de conteúdo

(ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

A porcentagem de concordância é obtida pelo: número de participantes que

concordam dividido pelo número total de participantes multiplicado por cem (ALEXANDRE;

COLUCI, 2011). Assim, consegue-se determinar o grau de concordância entre os juízes,

sendo a taxa aceitável de 90%. Esta é a forma mais simples de concordância

interobservadores (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). O grau de concordância pode também

ser aferido pelo coeficiente Kappa (PERROCA; GAIDZINSKI, 2003) mostrando que para

valores acima de 0,75 temos excelente concordância entre os juízes.

O índice de validade de conteúdo (IVC) indica a proporção de juízes que concordam

com os itens e o instrumento de medida como um todo (DOMINGUES et al., 2011). Cada

item do instrumento é avaliado quanto à representatividade e relevância, sendo utilizado uma

escala do tipo Likert com pontuação de um a quatro, tal que as respostas dos juízes em

representação numérica , ficam distribuídas como segue: 1- item não relevante ou não

representativo; 2- item necessita de grande revisão para ser representativo; 3- item necessita

de pequena revisão para ser representativo; 4- item relevante ou representativo

(ALEXANDRE; COLUCI, 2011).

Os itens que receberam pontuação 1 ou 2 devem ser revisados ou eliminados. O

índice é calculado pelo número de respostas 3 ou 4 dividido pelo número total de respostas.

Quando o IVC for menor ou igual a 0,75 o item é revisado, pois nesse caso, pelo menos um

dos juízes não ratificou a validade de conteúdo (DOMINGUES et al., 2011).

2.5.1.2 Validade de critério

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Estabelece a validade de um instrumento de medida através de comparações com um

critério externo (MARTINS, 2006). A correlação entre critério e os resultados de um

instrumento que prediz o desempenho futuro, chamamos validade preditiva (HAYDT, 2008).

Neste tipo de validade deve haver uma escolha criteriosa da medida critério que mostre ser

adequada ao instrumento em avaliação, pois a interpretação e generalização das conclusões

feitas de forma empírica podem dar a falsa impressão de validade (BESSA, 2007).

O critério escolhido deve estar adequado aos objetivos específicos dos itens do

instrumento de medida, com confiabilidade e verificação de possíveis fontes de

tendenciosidade, principalmente aos itens do instrumento que avaliam comportamento com

conceitos abstratos, tais qual: habilidade, profissionalismo, proficiência, perícia e aspectos

afetivos (BESSA, 2007).

2.5.1.3 Validade de constructo

Refere ao grau de consistência entre as medidas de um instrumento e um conceito ou

constructo que elas medem e demonstram estar correlacionadas (PASQUALI, 2007). O

conceito de validade de constructo foi introduzido por Lee J. Cronbach e Paul E. Meehl em

1955 (CRONBACH; MEEHL, 1955). Para a compreensão desta definição há a necessidade

de entendimento ao que chamavam de rede nomológica (VIANNA, 1983), um sistema inter-

relacionado de leis e conceitos ligados a comportamentos observáveis. (PASQUALI, 2007;

VIANNA, 1983).

É muito utilizada nos testes psicológicos fornecendo dados sobre uma determinada

característica do indivíduo (HAYDT, 2008; PASQUALI, 2007). Em educação é utilizada na

análise dos instrumentos de medida podendo verificar aspectos abstratos da avaliação

demonstrando qual variável explica uma característica educacional, e permite realizar testes

de hipóteses por meio de métodos dedutivos, que confirmem ou neguem o constructo. Essa

testagem de hipótese concede ao pesquisador aumentar a precisão da definição do constructo

(VIANNA, 1983).

A análise fatorial é um dos métodos mais utilizados para se mensurar a validade de

constructo (VIANNA, 1983). É um método estatístico multivariado utilizado para analisar as

correlações entre as variáveis, definindo um conjunto de dimensões latentes comuns, que são

os fatores. Estes quando interpretados descrevem os dados em um número muito menor de

conceitos do que as variáveis originais (LAROS, 2005).

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31

Pode ser dividida em: análise fatorial exploratória (AFE) e análise fatorial

confirmatória (AFC). A AFE é uma técnica descritiva de redução de dados utilizada para

determinar os fatores comuns, que a princípio não são identificados, e quais variáveis são

indicadores de várias dimensões latentes. A AFC é uma técnica estatística denominada

modelagem por equação estrutural, utilizada para avaliar a validade de constructo das medidas

e não para redução de dados. Esta técnica testa se a estrutura fatorial teórica se adequa aos

dados observados (LAROS, 2005).

Na AFC o pesquisador por meio do diagrama de caminho pode realizar hipóteses de

causa-efeito no modelo de estudo em relação ao comportamento e a relação das variáveis, e

assim determinar se tal modelo é válido. No diagrama representamos as variáveis latentes por

círculos ou elipses e as variáveis observadas por quadrados ou retângulos. As setas indicam o

tipo de relação existente entre as variáveis. Se esta for unidirecional a relação entre as

variáveis é dita recursiva, e se for bidirecional a relação é dita recíproca. A correlação e a

covariância entre as variáveis são demonstradas por uma linha curvada e bidirecional

(CAMPANA; TAVARES; SILVA, 2009).

2.5.1.4 Validade aparente

Analisa se o instrumento de medida avalia aparentemente uma variável em estudo

(MARTINS, 2006). É considerado o método mais simples e menos satisfatória de se verificar

a validade de um instrumento (AMENDOLA et al., 2011), porém é importante na construção

deste, em um processo subjetivo ao qual um juiz ou grupo de juízes (ou especialistas) vão

determinar se o instrumento de medida mede a variável em estudo. Ao determinar a validade

aparente do constructo outros critérios de validade podem ser usados (MARTINS, 2006).

2.5.2 Confiabilidade

É a capacidade que um instrumento de medida possui, quando aplicado a um sujeito

ou objeto, de demonstrar os mesmos resultados ao ser aplicado de forma repetida. A medida

verificada deve ser uma constante, porém variações de resultados podem ser decorrentes de

diferenças reais entre medidas ou erros de mensuração (MARTINS, 2006; PERROCA;

GAIDZINSKI, 2003). O grau de concordância entre as avaliações pode ser aferido por um

coeficiente de confiabilidade (MENEZES, 1998). O desvio-padrão também pode ser usado

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32

como um indicador do grau de confiança à medida que quanto menor o for, maior será o grau

de confiabilidade do instrumento (MARTINS, 2006).

A confiabilidade de um instrumento pode ser avaliada por vários testes, porém a

escolha dependerá da natureza do instrumento de medida que se deseja avaliar (MENEZES,

1998). Dentre esses testes destacamos: coeficiente alfa de Cronbach; coeficiente Kappa;

coeficiente do teste-reteste; confiabilidade entre avaliadores; método de divisão em metades

de Spearman; método de Kuder-Richardson.

2.5.2.1 Coeficiente alfa de Cronbach

Foi descrito em 1951 por Lee J. Cronbach, sendo utilizado para medir a

confiabilidade de uma escala através da correlação entre os elementos de um instrumento. Os

valores deste coeficiente variam de 0 a 1. O valor mínimo para confirmar confiabilidade é 0,7

sendo que, quanto mais próximo de 1 maior será a confiabilidade, o que determina uma

vantagem ao método não sendo necessário as repetições ou aplicações paralelas de um teste

para estimar a sua consistência (ALMEIDA; SANTOS; COSTA, 2010).

A fórmula do coeficiente alfa de Cronbach é a seguinte:

∝=𝑁�̅�

[1 + �̅� (𝑁 − 1)]

Onde:

N = número de itens;

�̅� = média dos coeficientes de correlação linear de Pearson entre os itens.

2.5.2.2 Coeficiente de correlação linear de Pearson

Este coeficiente tem sua origem no trabalho conjunto de Karl Pearson e Francis

Galton, sendo uma medida de associação e linearidade entre duas variáveis. Estas podem estar

associadas pela distribuição das frequências ou pelo compartilhamento de variância, a qual o

aumento ou decremento de uma das variáveis determina o mesmo efeito na outra (FILHO;

JÚNIOR, 2009).

O coeficiente de correlação de Pearson é representado pela letra (r) com valores que

vão de –1 a +1. Na literatura a magnitude de (r) pode apresentar interpretações diferentes

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quanto aos seus valores. (FILHO; JÚNIOR, 2009) relatam que Cohen (1988) considera o

valor de (r) entre 0,10 e 0,29 tendo pequena associação das variáveis; entre 0,30 e 0,49

moderada associação; e entre 0,50 e 1 forte associação, ou seja, quanto mais próximo de 1

estiver o valor de (r) maior é a força de relação entre as variáveis, e o oposto ocorrendo com

valores próximos de zero.

A fórmula do coeficiente de correlação de Pearson é a seguinte:

𝑟 =1

𝑛 − 1 ∑ (

𝑥𝑖 − �̅�

𝑠𝑥) (

𝑦𝑖 − �̅�

𝑠𝑦)

Onde:

r = coeficiente de correlação de Pearson;

n = número de pares de dados presentes;

xi = valores observados da variável x

�̅� = média da vaiável x;

yi = valores observados da variável y

�̅� = média da variável y;

sx = desvio-padrão da variável x;

sy = desvio-padrão da variável y;

Σ = soma.

Para sua aplicação é necessário verificar alguns aspectos que são inerentes ao

coeficiente e ao estudo de pesquisa que se deseja analisar (FILHO; JÚNIOR, 2009). Dentre

tais, podemos destacar:

a) as variáveis em estudo devem ser quantitativas;

b) o coeficiente de correlação de Pearson não altera o seu valor entre as variáveis

dependentes e independentes, ou seja, a correlação entre A e B será a mesma entre B e A

(FILHO; JÚNIOR, 2009);

c) o pesquisador deve atentar para a presença de outliers o que determina grande

influencia sobre o coeficiente de correlação de Pearson levando aos erros tipo I ou tipo II na

pesquisa. No erro tipo I, o pesquisador conclui que H0 é falsa, porém ela é verdadeira. No erro

tipo II, o pesquisador conclui que H0 é verdadeira, porém ela é falsa.

2.5.2.3 Coeficiente Kappa

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É uma medida de associação que mede o grau de concordância interobservadores

além do que seria esperado pelo acaso (PERROCA; GAIDZINSKI, 2003). Apresenta

limitação na estrutura de concordância e discordância, deixando de demostrar fatos relevantes

na analise dos dados, por isso é recomendado o uso associado de outras técnicas estatísticas a

este método (PERROCA; GAIDZINSKI, 2003).

O seu valor de máxima concordância é 1, e valores próximos a zero ou abaixo falam

a favor de nenhuma concordância ou concordância esperada pelo acaso. Alguns autores

classificam esses valores como segue: para valores maiores do que 0,75 temos uma excelente

concordância; valores abaixo de 0,40 temos baixa concordância; valores entre 0,40 e 0,75

temos moderada concordância (LANDIS; KOCH, 1977).

2.5.2.4 Coeficiente do teste-reteste

Também chamado de coeficiente de estabilidade. Neste método um instrumento de

medida é aplicado a um mesmo grupo de estudo em períodos de tempo diferentes

(FERREIRA; VEIGA, 2008), se houver correlação entre os resultados obtidos pelo

instrumento dizemos que este é confiável. A correlação dos dados pode ser analisada pelo

coeficiente de correlação linear de Pearson, quando a variável em estudo apresentar nível

intervalar de mensuração (MARTINS, 2006).

O fator tempo pode exercer grande influencia nos resultados, pois períodos longos de

tempo entre teste e reteste podem estar sob a influência da aquisição de novas aprendizagens

pelo individuo, o que compromete a interpretação do coeficiente de confiabilidade obtido

(MARTINS, 2006). Períodos curtos de tempo também exercem influencia nos resultados pelo

efeito chamado de superavaliação da estabilidade, neste caso as respostas dadas pelo

individuo ao instrumento de medida são influenciadas pela lembrança das respostas do teste

anterior (MARTINS, 2006).

2.5.2.5 Confiabilidade entre avaliadores

Nesse método, a confiabilidade das medidas será aferida pelo coeficiente de

correlação linear de Pearson entre os escores dos avaliadores quando os dois avaliadores

observarem o mesmo comportamento de forma idêntica (MARTINS, 2006). Alguns autores

relatam que o coeficiente de correlação intraclasse seria o melhor teste estatístico para a

análise de confiabilidade entre avaliadores, pois apresenta uma análise de associação dos

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resultados em um dado intervalo, e que o coeficiente de correlação linear de Pearson tende a

superestimar a associação dos dados e aumentar os valores de confiabilidade

(BONAGAMBA; COELHO; OLIVEIRA, 2010).

2.5.2.6 Método de divisão em metades de Spearman

Consiste em dividir em duas partes iguais ou comparáveis um conjunto de dados

qualitativos. Essa divisão dos dados pode ser realizada de forma aleatória ou não, desde que

mostre ser viável para estimar o coeficiente (BISPO; GIBERTONI, 2007). Este método

requer somente uma única aplicação do instrumento de medida, sendo suficiente para

determinar a confiabilidade (MARTINS, 2006). O instrumento é dito confiável se houver

forte relação entre os resultados das duas metades dos dados coletados.

A fórmula do coeficiente de correlação de Spearman-Brown é a seguinte:

𝑟𝑥𝑥 = ′′

𝑛𝑟𝑥𝑥 ′

1 + (𝑛 − 1)𝑟𝑥𝑥 ′

Onde:

𝑟𝑥𝑥 ′′ = coeficiente de correlação de Spearman-Brown para a mensuração completa;

n = número de divisões da mensuração completa;

𝑟𝑥𝑥 ′= coeficiente de correlação entre as divisões da mensuração completa.

2.5.2.7 Método de Kuder-Richardson

Este método é semelhante ao alfa de Cronbach sendo um indicador do grau de

confiabilidade de um instrumento de medida que possui respostas dicotômicas ou binárias

(MARTINS, 2006). É determinado através da correlação baseada sobre a consistência das

respostas a todos os itens do instrumento de medida. O valor mínimo para determinar

confiabilidade é 0,70.

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36

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Esta é uma pesquisa quantitativa com abordagem descritiva.

3.2 LOCAL DO ESTUDO

Foi realizada no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, maior hospital público da região,

este foi escolhido por ser uma instituição do SUS de referência no Estado de Rondônia e

ligada ao ensino com estágio de cursos de graduação das IES do Município de Porto Velho,

assim como residência médica.

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Foi realizada com alunos do quinto ano do curso de medicina de duas IES: Faculdade

São Lucas (FSL) e Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Escolhemos o

quinto ano do curso de medicina, por ser justamente neste ano, que o aluno inicia o período de

estágio prático chamado internato. Este estágio é obrigatório e determinado pelas DCN.

3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

No início desta pesquisa seria utilizado como instrumentos de coleta de dados a

prova teórica (PT), OSCE e MINI-CEX, porém observamos que o uso do MINI-CEX como

instrumento poderia ser um viés por não ser um método utilizado na avaliação desses alunos,

e com isso não demonstrar a verdadeira forma de avaliação em nosso internato, e dar a

impressão de que estaríamos aplicando um método e observando sua validade. Outro fator

importante que contribuiu para retirar o Mini-Cex desta pesquisa foi devido ao fato de que os

preceptores em sua grande maioria não possuem experiência com esta forma de avaliação ou

até mesmo não conhecem este método.

Então, utilizamos como instrumentos de pesquisa: PT, OSCE e avaliação por

conceito (AC). Todos os alunos foram avaliados ao final do módulo de clínica cirúrgica por

esses métodos de avaliação que realmente refletem a forma como é realizada a avaliação no

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internato médico em clínica cirúrgica com os alunos do 5º ano do curso de medicina. Os

preceptores e docentes das IES foram os aplicadores desses instrumentos de coleta de dados.

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE SUJEITOS DE PESQUISA

3.5.1 Critérios de inclusão

O aluno deveria estar matriculado regularmente na IES, cursando o quinto ano do

curso de medicina e ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

3.5.2 Critérios de exclusão

a) o aluno que não assinou o TCLE;

b) o aluno que não participou de todas as avaliações;

c) o aluno que estava com avaliações incompletas lançadas por seu preceptor.

3.6 COLETA DE DADOS

Foi realizada de outubro de 2014 a outubro de 2015. Os preceptores e docentes das

IES, após realizarem as avaliações, enviaram para o pesquisador os formulários de cada

método de avaliação com as notas obtidas pelos alunos. Estes dados coletados foram

submetidos à análise descritiva com a finalidade de organizá-los e classificá-los.

3.7 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram classificados, organizados e tabulados na planilha

eletrônica do Excel do Microsoft Office 2010 e submetidos à análise estatística através dos

softwares Minitab versão 17 e SPSS versão 20.

As notas dos três métodos (PT, OSCE e AC) foram analisadas mediante médias,

desvios-padrão, medianas e intervalo de confiança para médias populacionais. Nesta pesquisa

adotamos um nível de significância de 5% (p < 0,05).

A normalidade da distribuição dos dados foi realizada pelo teste de Kolmogorov-

Smirnov, e quando o p-valor < 0,05 indicava anormalidade na distribuição.

O teste de Mann-Whitney foi realizado para verificar possíveis diferenças na

distribuição das notas das variáveis.

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O coeficiente de correlação de Pearson foi aplicado às notas dos três métodos (PT x

OSCE; PT x AC; OSCE x AC) para verificar a existência e a intensidade de associação linear

entre os métodos.

A confiabilidade das notas obtidas por cada método de avaliação foi verificada pelo

coeficiente alfa de Cronbach e era confirmada se α > 0,70.

A analise fatorial foi realizada para descobrir e analisar a inter-relação das variáveis.

A variância encontrada foi analisada pelo método de analise dos componentes

principais aplicado às variáveis.

3.8 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIR, sob o parecer

nº 870.188 de 26/09/2014 e CAAE 36707614.9.0000.5300. A identidade de todos os

participantes desta pesquisa foi mantida no mais absoluto sigilo, seguindo a Resolução nº 466,

de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

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39

4 RESULTADOS

Dos 127 alunos foram excluídos do estudo 25 dos quais: 13 não apresentavam as

notas completas e 12 por não assinarem o TCLE. Então, os dados desta pesquisa são

referentes a 102 alunos. As notas obtidas nos três métodos de avaliação (OSCE; AC; PT)

foram submetidas à análise estatística com intervalo de confiança de 95%. Inicialmente foi

realizada a verificação da distribuição das notas das três variáveis em estudo para verificar se

essa distribuição era normal ou anormal.

O teste de Kolmogorov-Smirnov (Tabela 1) aplicado às três variáveis apresentou

uma distribuição anormal pelos valores de p < 0,05 encontrados, e podemos verificar suas

distribuições no gráfico de papel de probabilidade (Figuras 2, 3, 4) aonde se observa uma

distribuição dispersa dos dados ao longo da reta.

O teste de Mann-Whitney (Tabela 2) mostrou diferença significativa na distribuição

das notas das variáveis (p < 0,001).

Tabela 1 – Resultado do teste de Kolmogorov-Smirnov entre os métodos de avaliação

Variável

P-valor

AC

0,010

OSCE

0,010

PT

0,032

Fonte: O autor.

Tabela 2 – Resultado do teste de Mann-Whitney entre os métodos de avaliação

Grupo

Resultado

OSCE x PT

A estimativa pontual para η1 - η2 é 2,0000

O intervalo de confiança 95% para η1 - η2 é (1,5000; 2,5001)

Teste de η1 = η2 vs η1 ≠ η2 é significativo a 0,0000

AC x PT

A estimativa pontual para η1 - η2 é 3,0000

O intervalo de confiança 95% para η1 - η2 é (2,8001; 3,5000)

Teste de η1 = η2 vs η1 ≠ η2 é significante a 0,0000

AC x OSCE

A estimativa pontual para η1 - η2 é 1,0000

O intervalo de confiança 95% para η1 - η2 é (0,8999; 1,3000)

Teste de η1 = η2 vs η1 ≠ η2 é significante a 0,0000

Fonte: O autor.

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Figura 2 – Gráfico de papel de probabilidade (AC)

Fonte: O autor.

Figura 3 – Gráfico de papel de probabilidade (OSCE)

Fonte: O autor.

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Figura 4 – Gráfico de papel de probabilidade (PT)

Fonte: O autor.

A maior média (8,92) foi encontrada na AC e a menor média (5,87) na PT, assim

como a maior mediana (9,0) na AC e a menor mediana (6,0) na PT. A menor nota da PT foi

2,5 e a maior nota foi 9,7. A menor nota do OSCE foi 3,5 e a maior nota foi 10,0. A menor

nota da AC foi 7,5 e a maior nota foi 10,0 (Tabela 3). O intervalo de confiança de 95% para a

média foi: PT entre 5,56 – 6,18; OSCE entre 7,44 – 8,00; AC entre 8,81 – 9,02. O intervalo de

confiança de 95% para a mediana foi: PT entre 5,50 – 6,00; OSCE entre 8,00 – 8,00; AC entre

9,00 – 9,00. O intervalo de confiança de 95% para o desvio-padrão foi: PT entre 1,39 – 1,83;

OSCE entre 1,25 – 1,65; AC entre 0,45 – 0,60 (Figuras 5, 6, 7).

Tabela 3 – Analise descritiva dos dados (n = 102)

Variáveis

Média

Mediana

Desvio-padrão

Erro padrão da média

Mínimo

Máximo

AC

8,92

9,0

0,5179

0,0513

7,5

10,0

OSCE

7,72

8,0

1,430

0,142

3,5

10,0

PT

5,87

6,0

1,581

0,157

2,5

9,7

Fonte: O autor.

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Figura 5 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para PT

Fonte: O autor.

Figura 6 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para OSCE

Fonte: O autor.

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Figura 7 – Gráfico do histograma e intervalo de confiança para AC

Fonte: O autor.

Na verificação de possíveis correlações entre as notas foi realizado o coeficiente de

correlação de Pearson (Tabela 4). Essa correlação era significativa para p < 0,05.

Tabela 4 – Correlação entre as variáveis

AC

OSCE

PT

AC

Correlação de Pearson 1 0,259

0,182

p-valor

0,008 0,067

OSCE

Correlação de Pearson 0,259

1 -0,085

p-valor 0,008

0,395

PT

Correlação de Pearson 0,182 -0,085 1

p-valor 0,067 0,395

Fonte: O autor.

Verificamos na tabela 4 que as notas possuem uma correlação fraca, mas foi

estatisticamente significativa entre AC e OSCE com r = 0,259 e p = 0,008. Entre as notas da

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PT e do OSCE observamos não haver correlação significativa com r = -0,085 e p = 0,395,

assim como entre PT e AC não houve associação significativa com r = 0,182 e p = 0,067.

A confiabilidade das notas dos três métodos de avaliação que compõem a nota final

do aluno foi testada através do alfa de Cronbach (α > 0,70). Observamos uma baixa

confiabilidade nas notas ao obtermos um α = 0,29. Quando realizamos o teste e uma das

variáveis era retirada da análise (Tabela 5), observamos que a retirada da PT era a variável

que mais aumentava o valor do teste (α = 0,41), e a retirada da AC era a variável que mais

diminuía o valor do teste e dava um valor negativo ao alfa de Cronbach (α = -0,19). A nota da

PT apresentou a menor correlação item total corrigida e o menor quadrado da correlação

múltipla prejudicando a confiabilidade do teste.

Tabela 5 – Valor de α quando uma variável é retirada

Vaiável

retirada

Média se item

retirado

Variância se item

retirado

Correlação item

total corrigida

Quadrado da

correlação

múltipla

Alfa de Cronbach

se item retirado

AC 13,596 4,161 0,092 0,109 -0,19

OSCE 14,793 3,067 0,072 0,085 0,31

PT 16,646 2,698 0,061 0,052 0,41

Fonte: O autor.

A análise fatorial foi aplicada as variáveis em estudo e mostrou que a PT apresentou

a maior comunalidade, sendo então a variável que mais explica a variância encontrada

(Tabela 6).

Tabela 6 – Comunalidades das variáveis

Variável

Inicial

Extração

AC

OSCE

PT

1,000

1,000

1,000

0,722

0,781

0,858

Fonte: O autor.

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A análise dos componentes principais aplicada às variáveis mostrou que 78,7% da

variância encontrada nos dados (Tabela 7) pode ser explicada pelo componente 1 com

autovalor = 1,2813 (42,7%) e componente 2 com autovalor = 1,0794 (36%).

Tabela 7 – Variância total explicada

Componente

Autovalores Extração Rotação

Total % de

Variância

%

Acumulada Total

% de

Variância

%

Acumulada Total

% de

Variância

%

Acumulada

1 1,281 42,709 42,709 1,281 42,709 42,709 1,249 41,621 41,621

2 1,079 35,979 78,688 1,079 35,979 78,688 1,112 37,066 78,688

3 0,639 21,312 100,000

Fonte: O autor.

A matriz dos componentes mostra que para o componente 1 temos dois fatores para

AC e OSCE (0,843; 0,674) e no componente 2 temos dois fatores para OSCE e a PT (-0,572;

0,861) explicando a possível correlação entre AC e OSCE de um lado, e do outro lado a não

correlação entre a PT e os outro dois métodos em estudo (Tabela 8).

Tabela 8 – Matriz dos componentes

Variável

Componentes

1 2

AC 0,843 0,108

OSCE 0,674 -0,572

PT 0,342 0,861

Fonte: O autor.

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5 DISCUSSÃO

O internato médico é uma etapa do curso de medicina de grande importância na

formação do futuro médico. Neste período o aluno é inserido em um ambiente de trabalho e

coloca em prática seus conhecimentos adquiridos nos anos anteriores de estudo, assimilando e

desenvolvendo novas habilidades que são necessárias a profissão médica. Durante seu estágio

as avaliações são necessárias para verificar se tais habilidades foram adquiridas de forma

correta ou mostrar possíveis deficiências no processo de ensino-aprendizagem.

Nesta pesquisa observa-se que as menores notas obtidas pelos alunos foram na PT

com média menor que as notas do OSCE e AC. Esse fato pode ser explicado por uma

avaliação que mediu somente aspectos cognitivos dos alunos e como tal esses aspectos são

inerentes a cada sujeito podendo variar conforme a heterogeneidade dos grupos em estudo

(MARTINS et al., 2008).

A PT não apresentou associação significativa com os outros dois métodos, e este

resultado pode ter ocorrido pelo fato da AC e o OSCE serem métodos de observação direta

(MARTINS et al., 2008) e avaliam aspectos diferentes do ensino, fato confirmado pela

análise de componentes principais que mostrou o comportamento entre as variáveis (PT x AC

x OSCE) pelos seus fatores encontrados na matriz dos componentes, aonde de um lado está o

OSCE e AC avaliando habilidades clínicas e do outro lado a PT avaliando aspectos cognitivos

dos alunos. Isto também pode explicar o baixo valor do alfa de Cronbach encontrado (α =

0,29), pois ao retirar as notas da PT, o valor do teste aumentava (α = 0,41).

A maior média encontrada na AC chamou atenção nesta pesquisa e levou a formular

possíveis causas, tais quais: efeito halo; benevolência dos preceptores no momento da

avaliação; despreparo pedagógico que pode gerar insegurança para o avaliador; o instrumento

utilizado pode não ser claro em seu formato avaliativo; pouco tempo de contato entre

preceptor e aluno; ou a escala de pontuação pode não apresentar uma métrica adequada às

habilidades que se desejava avaliar.

A ficha de AC utilizada no internato de clínica cirúrgica avalia aspectos cognitivos e

comportamentais do aluno como: pontualidade e apresentação; interesse e participação; e

conceitos básicos em cirurgia. Podem-se apontar algumas falhas nesta forma de avaliação, ao

constatar que alguns aspectos da aprendizagem não são verificados. A história clínica e o

Termo criado pelo psicólogo Edward L. Thorndike em 1920 que consiste em uma generalização equivocada de

uma só característica quando julgamos, e a partir disto generalizamos todas as outras de forma positiva ou

negativa.

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exame físico que são ferramentas valiosas na prática médica não são avaliados em um

momento importante da formação do aluno como é o internato (ZEFERINO; PASSERI,

2007), e o que é pior contribui para uma deterioração do cuidado, medicalização da medicina

e oneração do SUS através da solicitação de exames na maioria das vezes desnecessários

(SOARES et al., 2014).

A PT e o OSCE não apresentaram associação positiva com significância estatística

(r = -0,085 e p = 0,393), resultados que foram observados em alguns anos do estudo de

(SANDOVAL et al., 2010) apresentando o OSCE a variável com menor média utilizando 12

a 15 estações. Nesse estudo retrospectivo realizado de 2001 a 2007 com 697 alunos do

internato de pediatria do sexto ano de medicina, os autores encontraram uma associação

positiva com significância estatística (p < 0,001) no ano de 2003, 2005, 2006 e 2007 para o

OSCE e a PT. Segundo os autores este fato pode ter ocorrido por ser o período de adequação

dos métodos de avaliação usados no internato.

O OSCE tem sido utilizado como ferramenta de avaliação na graduação e pós-

graduação em diversas partes do mundo, sendo objeto de estudo e críticas (BARMAN, 2005).

Por avaliar o “saber como” da pirâmide de Miller e não avaliar o aluno em condições reais

(AMARAL; DOMINGUES; ZEFERINO, 2007), é recomendada a associação de outros

métodos que demonstrem o “mostrar como” e o “fazer” para que se tenha uma abrangência na

avaliação da competência clínica, assim como o número de estações usadas na avaliação tem

que ser adequado para que haja confiabilidade (BARMAN, 2005).

Diante da baixa confiabilidade encontrada e da correlação positiva significativa entre

o OSCE e a AC mesmo sendo métodos de observação direta, eles avaliam aspectos diferentes

do ensino, com isto, pode-se considerar que fatores que influenciaram as notas da AC também

possam ter influenciado o resultado do OSCE. (GONTIJO; ALVIM; LIMA, 2015) relatam

que alguns fatores, tais quais: avaliadores que não lidam com o que está sendo avaliado de

forma constante, e o efeito halo podem influenciar na avaliação do OSCE por comprometer o

padrão de resposta e a imparcialidade do avaliador.

O número de estações do OSCE é um fator importante que impacta no resultado

desse método como mostrou o estudo de (NEWBLE; SWANSON, 1988). Neste estudo os

autores verificaram a confiabilidade entre estações através do coeficiente de correlação de

Spearman-Brown e encontraram valores muito baixos, sendo 0,08 para as estações de

pacientes e 0,06 para estações estáticas, e concluíram que uma boa confiabilidade entre

avaliadores requer um grande número de estações. (TRONCON et al., 1999) relatam o uso de

dez estações para avaliação de habilidades clínicas em um estudo para avaliação final do

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desempenho dos graduandos na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de

São Paulo (FMRP-USP). (TRIVIÑO et al., 2002) encontraram confiabilidade em seu estudo

de aplicação do OSCE na avaliação final do internato de pediatria de duas IES (Universidade

do Chile e a Pontifícia Universidade Católica do Chile) a 124 alunos do 6º ano de medicina,

que foram submetidos a 21 estações. (NICKBAKHT; AMIRI; LATIFI, 2013) em um estudo

de validade e confiabilidade encontraram coeficiente de correlação de Spearman-Brown de

0,908 usando dez estações, dando uma alta confiabilidade ao método.

O OSCE realizado pelos alunos nesta pesquisa era formado por quatro a cinco

estações distribuídas entre as disciplinas do internato, sendo uma destas de clínica cirúrgica e

o aluno tinha o tempo de dez minutos para realizar cada uma. Este baixo número de estações

pode explicar a baixa confiabilidade encontrada nesta pesquisa, pois uma ou duas estações de

cirurgia não são suficientes para avaliar de forma completa competências como: qualidade da

história clínica e exame físico, raciocínio clínico, execução de procedimentos diagnósticos e

terapêuticos, profissionalismo e atitudes.

Verifica-se que cada método neste estudo apresenta uma característica diferente ao

que se propõe medir, porém por sofrer influencias em sua construção e aplicação, acabam por

apresentar uma baixa confiabilidade. O atual formato de avaliação a que esses alunos do

internato de cirurgia são submetidos avalia apenas aspectos cognitivos (saber e saber como)

não conseguindo verificar o “mostrar como” e o “fazer” da Pirâmide de Miller, necessários

para demonstrar a aquisição de habilidades nessa fase da formação médica.

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6 CONCLUSÃO

Um único método de avaliação não é capaz de avaliar todos os níveis da Pirâmide de

Miller, e a associação de métodos é uma forma de conseguir esse objetivo, contudo os

métodos escolhidos devem estar alinhados aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem

para que a avaliação tenha fundamento em sua aplicação e de retorno aos sujeitos envolvidos.

O formato de avaliação no internato de clínica cirúrgica para os alunos do 5º ano do

curso de medicina das duas IES é somativa classificatória realizada ao final do estágio,

através da PT avaliando aspectos cognitivos e o OSCE e AC verificando as habilidades

clínicas. Cada um desses métodos de avaliação medem aspectos diferentes da competência

médica e quando utilizados de forma correta dão confiabilidade ao que se deseja avaliar,

porém observa-se que o atual formato de avaliação em nosso internato não avalia todos os

níveis da Pirâmide de Miller e apresentam falhas na construção e aplicação das avaliações.

Observa-se pelos resultados encontrados nesta pesquisa que ocorre uma

“hipervalorização” nas notas do OSCE e AC pelos motivos expostos anteriormente, que não

refletem a verdadeira verificação das habilidades clínicas necessárias nesta fase da formação

médica dando uma falsa impressão de que os alunos possuem todas as habilidades clínicas

formadas e que estão aptos a serem aprovados na disciplina.

A AC deveria ser reestruturada dando um formato mais abrangente à avaliação como

a qualidade da história clínica e exame físico, podendo ser observadas e avaliadas no decorrer

do estágio. Propiciando ao preceptor fazer determinados ajustes assim que julgue necessário,

mostrando ao aluno que pontos devem ser melhorados em sua aprendizagem. Para isso, é

necessário que haja uma melhor capacitação dos preceptores quanto aos aspectos do processo

de ensino-aprendizagem e dentro deste processo a avaliação possui grande importância e não

pode ser vista e realizada como mera formalidade do ensino.

O OSCE no atual modelo de avaliação dos internos das duas IES não apresenta

confiabilidade estatística como demonstrado nesta pesquisa, e deve ser reestruturado com um

número maior de estações, que a literatura mostra ser no mínimo entre 10 a 20 estações e com

avaliadores preparados para avaliar, o que aumentaria a confiabilidade entre avaliadores nas

estações e consequentemente dando uma maior confiabilidade a este método de avaliação.

A criação de comissões de ensino que realizem verificações na construção e

aplicação desses métodos utilizados no internato pode contribuir com um melhor e confiável

formato avaliativo, verificando se a avaliação é ou não consistente, e se realmente avalia as

habilidades e competências necessárias à formação médica.

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Há a necessidade de outros métodos de avaliação associados aos que já utilizamos e

que avaliem o aluno em seu estágio, podendo acompanhar e dar retorno do seu desempenho e

desenvolvimento, contribuindo com a construção sólida de um conhecimento teórico e prático

que demonstram o “fazer”.

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TRONCON, L. E. Avaliação do estudante de medicina. Revista Medicina, Ribeirão Preto,

São Paulo, v. 29, p. 429-439, out./dez. 1996.

TRONCON, L. E. et al. Implantação de um programa de avaliação terminal do desempenho

dos graduandos para estimar a eficácia do currículo na Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 217-224. 1999.

VERHINE, R. E.; DANTAS, L. M. V. Avaliação da educação superior no Brasil: do provão

ao ENADE. Documento Preparado para o Banco Mundial, dez. 2005.

Disponível em: < http://www.isp.ufba.br/ avalia% C3%A7%C3% A3o%20da%20Ed%

20Superior%20do%20 Provao%20ao%20ENADE.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2015.

VERHINE, R. E.; DANTAS, L. M. V.; SOARES, J. F. Do provão ao ENADE: uma análise

comparativa dos exames nacionais utilizados no ensino superior brasileiro.

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 52,

p. 291-310, jul./set. 2006.

VIANNA, H. M. Validade de constructo em testes educacionais. Educação e Seleção, São

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WASS, V.; VLEUTEN, C. V. D.; SHATZER, J.; JONES, R. Assessment of clinical

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ZEFERINO, A. M. B.; PASSERI, S. M. R. R. Avaliação da aprendizagem do estudante.

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APÊNDICE A – Termo de autorização do gestor

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

CARTA DE ANUÊNCIA PARA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

Ilmo. Sr. Dr. Willians Pimentel

MD Secretario de Saúde do Estado de Rondônia

Solicitamos autorização institucional para realização da pesquisa intitulada

“MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO MÉDICA" a ser realizada nos

Hospitais subordinados a esta Secretaria, pelo aluno Marcos Alberto de Mendonça Veiga -

Mestrando em ensino em ciências da saúde /UNIR. sob orientação do Prof. Dr. Horácio

Tamada, com o(s) seguinte(s) objetivo(s): investigar os métodos utilizados na avaliação do

aluno ao final do estágio em clínica cirúrgica. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para

que o nome desta instituição possa constar no relatório final bem como em futuras

publicações na forma de artigo científico.

Ressaltamos que os dados coletados serão mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) nº 466/12 que trata da Pesquisa

envolvendo Seres Humanos. Salientamos ainda que tais dados sejam utilizados tão somente

para realização deste estudo.

Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta Diretoria, agradecemos

antecipadamente a atenção, ficando à disposição para quaisquer esclarecimentos que se

fizerem necessária.

Porto Velho, _______ de _____________ de 2014.

________________________________

Marcos Alberto de Mendonça Veiga

Mestrando em Educação em Ciências da Saúde

( ) Concordamos com a solicitação ( ) Não concordamos com a solicitação

___________________________________

Dr. Williames Pimentel de Oliveira

Secretario de Estado da Saúde do Estado de Rondônia

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APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) ___________________________________________________, Você está sendo

convidado(a) a participar de uma PESQUISA ENTITULADA “MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NA

FORMAÇÃO MÉDICA". Pesquisador: Marcos Alberto de Mendonça Veiga - Mestrando em

ensino em ciências da saúde /UNIR. Orientador Prof. Dr. Horácio Tamada. Objetivo da pesquisa:

investigar a validade dos métodos para avaliar as habilidades e competência na formação

médica. Metodologia da pesquisa: A pesquisa será realizada com alunos do internato que estejam

cursando o quinto ano do curso de medicina. Vamos realizar a aplicação de métodos de avaliação de

formatos diferentes aos alunos e analisar a validade destes métodos para avaliar as habilidades e

competências, que são necessárias na formação médica, assim como analisar os métodos de avaliação

vigentes e confrontar os resultados obtidos em nossa pesquisa. Riscos e benefícios: Não haverá gastos

ou prejuízos bem como pagamento pela participação. A pesquisa não trará nenhum benefício

financeiro para os participantes. Porém, permitirá que através da analise dos métodos de avaliação,

possamos ter a percepção de qual seria a melhor forma de avaliar os nossos alunos, quanto à aquisição

de habilidades e competências necessárias para a prática da profissão médica. Esclarecimentos: Serão

garantidos esclarecimentos antes e durante a pesquisa. Podendo entrar em contato com o pesquisador

através do e-mail: [email protected] – tel. (69) 8439-0112. Uso de informações: Os dados

coletados na pesquisa serão utilizadas para fins científicos resguardando-se o sigilo e a

confidencialidade e a retirada de informações desnecessárias. Garante-se o sigilo e

confidencialidade absoluta sobre as informações fornecidas, você tem o direito de abandonar

a participação na pesquisa sem penalidades. Contato: Marcos Alberto de Mendonça Veiga : e-

mail - [email protected] – tel. (69) 8439-0112. CEP/UNIR: [email protected] - tel.

(69)1182-2111.

Eu, ................... ................................................................................., RG: ..............................................;

CPF ........../........./.........-......, abaixo assinado, concordo em participar da pesquisa.

Porto Velho, _____ de ________________ de 2015.

Assinatura:_______________________________________________________________________

Assinatura do pesquisador: ___________________________________________________________

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APÊNDICE C – Modelo de formulário do Mini-Cex

Mini-Cex – Mini Avaliação Clínica

Avaliador:____________________________________________ Data:_____/____/_______

Discente:___________________________________________________________________

Paciente: Idade:______ Sexo:_____________ ⃝ Caso Novo ⃝ Retorno

Local da avaliação:

⃝ Enfermaria ⃝ Ambulatório ⃝ Pronto-socorro ⃝ Outros_____________

Foco da consulta:

⃝ Exame Físico ⃝ História Clínica ⃝ Diagnóstico ⃝ Tratamento

1. Anamnese

1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

2. Habilidade no Exame 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

3. Raciocínio Clínico 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

4. Comunicação 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

5. Profissionalismo e ética 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

6. Organização 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝

7. Competência Clínica 1 2 3 | 4 5 6 | 7 8 9 | Não observado

Insatisfatório Satisfatório Excelente ⃝ __________________________________________________________________________________________

Tempo de observação:____________ minutos Tempo de Feedback com o discente:____________minutos Comentários:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Assinatura do discente:________________________________________________________

Assinatura do Avaliador:_______________________________________________________

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APÊNDICE D – Modelo de avaliação do OSCE

Disciplina de Clínica Cirúrgica

Docente:___________________________________________________

Turma:____________________________________________________

Discente:___________________________________________________ Nota:

Prova prática

Tema: trauma abdominal fechado.

Objetivos:

a) Analisar o atendimento inicial ao paciente politraumatizado, realizado pelo discente;

b) Verificar as habilidades desenvolvidas pelos discentes;

c) Verificar o comportamento emocional do discente diante de situações de urgência;

d) Analisar a capacidade de resolver situações problema;

e) Analisar a capacidade de formular diagnóstico e instituir tratamento.

Local de realização da prova prática:

A prova prática será realizada em um consultório simulando a sala de urgência de um

pronto-socorro.

Atores da simulação:

Participam desta simulação três atores, sendo uma enfermeira que ajudará o discente, porém

ela só executa o que ele solicitar e responde o que for pertinente a simulação para não haver

favorecimento e perda da simulação. Os outros atores são o paciente, treinado e orientado em suas

respostas e o acompanhante que durante o atendimento responde as perguntas do discente e solicita

informações sobre o estado de saúde do paciente, fazendo indagações sobre o diagnostico, e sinais e

sintomas apresentados pelo paciente.

Tempo da simulação: 15 minutos.

Feedback: 10 minutos. Neste período será apresentado ao discente à correção e apontando possíveis

deficiências que precisam ser melhoradas.

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APÊNDICE D – Modelo de avaliação do OSCE (continuação)

CENÁRIO

Você esta na sala de urgência do pronto socorro de um hospital com uma enfermeira que só

sabe fazer o que você ordenar e recebe o paciente abaixo com acompanhante.

CASO CLÍNICO

Paciente 25 anos, sexo masculino, foi admitido no pronto-socorro com trauma abdominal

fechado, decorrente de acidente automobilístico. Ao exame físico estava taquicárdico,

dispnéico, hipocorado +++/4+, sudorese e PA= 60x40 mmhg. Abdome distendido e doloroso

a palpação superficial e profunda. Apresentava escoriações em franco direito, mesogástrio,

hipocôndrio direito e ombro esquerdo.

CONDUZA O CASO BASEADO NA HISTÓRIA ACIMA

1- QUAL A HIPOTESE DIAGNÓSTICA?

2- QUAL A SUA CONDUTA?

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APÊNDICE D – Modelo de avaliação do OSCE (continuação)

Descritores da prova prática

Discente: ______________________________________________________________________

Avaliador: _____________________________________________________________________

ACERTOU

(SIM)

ERROU

(NÃO)

OBS.

1 Apresentou-se ao acompanhante e /ou paciente?

2 Explicou a hipótese diagnostica?

3 Explicou a razão da prescrição?

4 Explicou a razão dos procedimentos?

5 Verificou se as vias aéreas estavam pérvias?

6 Solicitou mascara de O2 para suplementar a oxigenação do paciente?

7 Verificou o nível de consciência?

8 Retirou as roupas do paciente e verificou outras lesões associadas ao

trauma?

9 Diagnosticou o choque?

10 Realizou o acesso venoso calibroso com duas veias periféricas em

membro superiores, com Jelco n◦ 14 ou 16?

11 Iniciou a reposição volêmica com 2000 ml de ringer lactato aquecido?

12 Solicitou concentrado de hemácias ou sangue total?

13 Realizou lavado peritoneal?

14 Solicitou a sonda vesical de demora?

15 Prescreveu medida do volume, coloração da secreção da sonda vesical?

16 Indicou laparotomia exploradora na persistência do choque

hipovolêmico, após reposição volêmica, achados positivos no lavado

peritoneal ou ultrassonografia (FAST)?

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APÊNDICE E – Modelo de Avaliação por Conceito

FICHA DE AVALIAÇÃO – INTERNO

INTERNATO DE CLÍNICA CIRÚRGICA-HB

NOME DO INTERNO:______________________________________________________________________

Matrícula:______________________

Data do Rodízio: ______/_____/______ a _______/_______/________

1- Preceptor: _______________________________________________

CARIMBO:

- Atividades: ( ) Ambulatório

( ) Centro cirúrgico

( ) Enfermaria

- Critérios de avaliação:

Valores 2,5 2,0 1,5 1,0 NOTA

a) Pontualidade e apresentação

b) Interesse e Participação

c) Conceitos básicos em cirurgia

d) Impressão geral do interno

∑=

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIR

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIR (continuação)

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ANEXO B – Diretrizes Curriculares Nacionais

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESOLUÇÃO Nº 3, DE 20 DE JUNHO DE 2014

O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de

Educação, tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 4.024, de 20 de

dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, com

fundamento no Parecer CNE/CES n° 116/2014, homologado por Despacho do Senhor

Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 6 de junho de 2014, e considerando o

estabelecido na Lei de criação do Sistema Único de Saúde nº 8.080 de 19 de setembro de

1990, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996 e na Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013,

RESOLVE:

CAPÍTULO I

DAS DIRETRIZES

Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso

de Graduação em Medicina, a serem observadas na organização, desenvolvimento e avaliação

do Curso de Medicina, no âmbito dos sistemas de ensino superior do país.

Art. 2º As DCNs do Curso de Graduação em Medicina estabelecem os princípios, os

fundamentos e as finalidades da formação em Medicina. Parágrafo único. O Curso de

Graduação em Medicina tem carga horária mínima de 7.200 (sete mil e duzentas) horas e

prazo mínimo de 6 (seis) anos para sua integralização.

Art. 3º O graduado em Medicina terá formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética,

com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção,

prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com

responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da

saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a

determinação social do processo de saúde e doença.

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Art. 4º Dada a necessária articulação entre conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas

do egresso, para o futuro exercício profissional do médico, a formação do graduado em

Medicina desdobrar-se-á nas seguintes áreas:

I - Atenção à Saúde;

II - Gestão em Saúde; e

III - Educação em Saúde

Art. 5º Na Atenção à Saúde, o graduando será formado para considerar sempre as dimensões

da diversidade biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual,

socioeconômica, política, ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o

espectro da diversidade humana que singularizam cada pessoa ou cada grupo social, no

sentido de concretizar:

I - acesso universal e equidade como direito à cidadania, sem privilégios nem preconceitos de

qualquer espécie, tratando as desigualdades com equidade e atendendo as necessidades

pessoais específicas, segundo as prioridades definidas pela vulnerabilidade e pelo risco à

saúde e à vida, observado o que determina o Sistema Único de Saúde (SUS);

II - integralidade e humanização do cuidado por meio de prática médica contínua e integrada

com as demais ações e instâncias de saúde, de modo a construir projetos terapêuticos

compartilhados, estimulando o autocuidado e a autonomia das pessoas, famílias, grupos e

comunidades e reconhecendo os usuários como protagonistas ativos de sua própria saúde;

III - qualidade na atenção à saúde, pautando seu pensamento crítico, que conduz o seu fazer,

nas melhores evidências científicas, na escuta ativa e singular de cada pessoa, família, grupos

e comunidades e nas políticas públicas, programas, ações estratégicas e diretrizes vigentes.

IV - segurança na realização de processos e procedimentos, referenciados nos mais altos

padrões da prática médica, de modo a evitar riscos, efeitos adversos e danos aos usuários, a si

mesmo e aos profissionais do sistema de saúde, com base em reconhecimento clínico-

epidemiológico, nos riscos e vulnerabilidades das pessoas e grupos sociais.

V - preservação da biodiversidade com sustentabilidade, de modo que, no desenvolvimento

da prática médica, sejam respeitadas as relações entre ser humano, ambiente, sociedade e

tecnologias, e contribua para a incorporação de novos cuidados, hábitos e práticas de saúde;

VI - ética profissional fundamentada nos princípios da Ética e da Bioética, levando em conta

que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico;

VII - comunicação, por meio de linguagem verbal e não verbal, com usuários, familiares,

comunidades e membros das equipes profissionais, com empatia, sensibilidade e interesse,

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preservando a confidencialidade, a compreensão, a autonomia e a segurança da pessoa sob

cuidado;

VIII - promoção da saúde, como estratégia de produção de saúde, articulada às demais

políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribuindo para

construção de ações que possibilitem responder às necessidades sociais em saúde;

IX - cuidado centrado na pessoa sob cuidado, na família e na comunidade, no qual prevaleça o

trabalho interprofissional, em equipe, com o desenvolvimento de relação horizontal,

compartilhada, respeitando-se as necessidades e desejos da pessoa sob cuidado, família e

comunidade, a compreensão destes sobre o adoecer, a identificação de objetivos e

responsabilidades comuns entre profissionais de saúde e usuários no cuidado; e

X - Promoção da equidade no cuidado adequado e eficiente das pessoas com deficiência,

compreendendo os diferentes modos de adoecer, nas suas especificidades.

Art. 6º Na Gestão em Saúde, a Graduação em Medicina visa à formação do médico capaz de

compreender os princípios, diretrizes e políticas do sistema de saúde, e participar de ações de

gerenciamento e administração para promover o bem estar da comunidade, por meio das

seguintes dimensões:

I - Gestão do Cuidado, com o uso de saberes e dispositivos de todas as densidades

tecnológicas, de modo a promover a organização dos sistemas integrados de saúde para a

formulação e desenvolvimento de Planos Terapêuticos individuais e coletivos;

II - Valorização da Vida, com a abordagem dos problemas de saúde recorrentes na atenção

básica, na urgência e na emergência, na promoção da saúde e na prevenção de riscos e danos,

visando à melhoria dos indicadores de qualidade de vida, de morbidade e de mortalidade, por

um profissional médico generalista, propositivo e resolutivo;

III - Tomada de Decisões, com base na análise crítica e contextualizada das evidências

científicas, da escuta ativa das pessoas, famílias, grupos e comunidades, das políticas públicas

sociais e de saúde, de modo a racionalizar e otimizar a aplicação de conhecimentos,

metodologias, procedimentos, instalações, equipamentos, insumos e medicamentos, de modo

a produzir melhorias no acesso e na qualidade integral à saúde da população e no

desenvolvimento científico, tecnológico e inovação que retroalimentam as decisões;

IV - Comunicação, incorporando, sempre que possível, as novas tecnologias da informação e

comunicação (TICs), para interação a distância e acesso a bases remotas de dados;

V - Liderança exercitada na horizontalidade das relações interpessoais que envolvam

compromisso, comprometimento, responsabilidade, empatia, habilidade para tomar decisões,

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comunicar-se e desempenhar as ações de forma efetiva e eficaz, mediada pela interação,

participação e diálogo, tendo em vista o bem-estar da comunidade,

VI - Trabalho em Equipe, de modo a desenvolver parcerias e constituição de redes,

estimulando e ampliando a aproximação entre instituições, serviços e outros setores

envolvidos na atenção integral e promoção da saúde;

VII - Construção participativa do sistema de saúde, de modo a compreender o papel dos

cidadãos, gestores, trabalhadores e instâncias do controle social na elaboração da política de

saúde brasileira; e

VIII - Participação social e articulada nos campos de ensino e aprendizagem das redes de

atenção à saúde, colaborando para promover a integração de ações e serviços de saúde,

provendo atenção contínua, integral, de qualidade, boa prática clínica e responsável,

incrementando o sistema de acesso, com equidade, efetividade e eficiência, pautando-se em

princípios humanísticos, éticos, sanitários e da economia na saúde.

Art. 7º Na Educação em Saúde, o graduando deverá corresponsabilizar-se pela própria

formação inicial, continuada e em serviço, autonomia intelectual, responsabilidade social, ao

tempo em que se compromete com a formação das futuras gerações de profissionais de saúde,

e o estímulo à mobilidade acadêmica e profissional, objetivando:

I - aprender a aprender, como parte do processo de ensino-aprendizagem, identificando

conhecimentos prévios, desenvolvendo a curiosidade e formulando questões para a busca de

respostas cientificamente consolidadas, construindo sentidos para a identidade profissional e

avaliando, criticamente, as informações obtidas, preservando a privacidade das fontes;

II - aprender com autonomia e com a percepção da necessidade da educação continuada, a

partir da mediação dos professores e profissionais do Sistema Único de Saúde, desde o

primeiro ano do curso;

III - aprender interprofissionalmente, com base na reflexão sobre a própria prática e pela

troca de saberes com profissionais da área da saúde e outras áreas do conhecimento, para a

orientação da identificação e discussão dos problemas, estimulando o aprimoramento da

colaboração e da qualidade da atenção à saúde;

IV - aprender em situações e ambientes protegidos e controlados, ou em simulações da

realidade, identificando e avaliando o erro, como insumo da aprendizagem profissional e

organizacional e como suporte pedagógico;

V - comprometer-se com seu processo de formação, envolvendo-se em ensino, pesquisa e

extensão e observando o dinamismo das mudanças sociais e científicas que afetam o cuidado

e a formação dos profissionais de saúde, a partir dos processos de auto-avaliação e de

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avaliação externa dos agentes e da instituição, promovendo o conhecimento sobre as escolas

médicas e sobre seus egressos;

VI - propiciar a estudantes, professores e profissionais da saúde a ampliação das

oportunidades de aprendizagem, pesquisa e trabalho, por meio da participação em programas

de Mobilidade Acadêmica e Formação de Redes Estudantis, viabilizando a identificação de

novos desafios da área, estabelecendo compromissos de corresponsabilidade com o cuidado

com a vida das pessoas, famílias, grupos e comunidades, especialmente nas situações de

emergência em saúde pública, nos âmbitos nacional e internacional; e

VII - dominar língua estrangeira, de preferência língua franca, para manter-se atualizado com

os avanços da Medicina conquistados no país e fora dele, bem como para interagir com outras

equipes de profissionais da saúde em outras partes do mundo e divulgar as conquistas

científicas alcançadas no Brasil.

CAPÍTULO II

DAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA DA PRÁTICA MÉDICA

Art. 8º Para permitir a transformação das Diretrizes previstas no Capítulo I e os componentes

curriculares contidos no Capítulo III desta Resolução em efetivas práticas competentes,

adequadas e oportunas, as iniciativas e ações esperadas do egresso, agrupar-se-ão nas

respectivas Áreas de Competência, a seguir relacionadas:

I - Área de Competência de Atenção à Saúde;

II - Área de Competência de Gestão em Saúde; e

III - Área de Competência de Educação em Saúde. Parágrafo único. Para os efeitos desta

Resolução, competência é compreendida como a capacidade de mobilizar conhecimentos,

habilidades e atitudes, com utilização dos recursos disponíveis, e exprimindo-se em iniciativas

e ações que traduzem desempenhos capazes de solucionar, com pertinência, oportunidade e

sucesso, os desafios que se apresentam à prática profissional, em diferentes contextos do

trabalho em saúde, traduzindo a excelência da prática médica, prioritariamente nos cenários

do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 9º A Área de Competência Atenção à Saúde estrutura-se em 2 (duas) subáreas:

I - Atenção às Necessidades Individuais de Saúde; e

II - Atenção às Necessidades de Saúde Coletiva.

Art. 10. A Atenção às Necessidades Individuais de Saúde compõe-se de 2 (duas) ações-chave:

I - Identificação de Necessidades de Saúde; e

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II - Desenvolvimento e Avaliação de Planos Terapêuticos.

Art. 11. A Atenção às Necessidades de Saúde Coletiva desdobra-se em 2 (duas) ações chave:

I - Investigação de Problemas de Saúde Coletiva; e

II - Desenvolvimento e Avaliação de Projetos de Intervenção Coletiva.

Art. 12. A ação-chave Identificação de Necessidades de Saúde comporta os seguintes

desempenhos e seus respectivos descritores:

I - Realização da História Clínica:

a) estabelecimento de relação profissional ética no contato com as pessoas sob seus cuidados,

familiares ou responsáveis;

b) identificação de situações de emergência, desde o início do contato, atuando de modo a

preservar a saúde e a integridade física e mental das pessoas sob cuidado;

c) orientação do atendimento às necessidades de saúde, sendo capaz de combinar o

conhecimento clínico e as evidências científicas, com o entendimento sobre a doença na

perspectiva da singularidade de cada pessoa;

d) utilização de linguagem compreensível no processo terapêutico, estimulando o relato

espontâneo da pessoa sob cuidados, tendo em conta os aspectos psicológicos, culturais e

contextuais, sua história de vida, o ambiente em que vive e suas relações sócio familiares,

assegurando a privacidade e o conforto;

e) favorecimento da construção de vínculo, valorizando as preocupações, expectativas,

crenças e os valores relacionados aos problemas relatados trazidos pela pessoa sob seus

cuidados e responsáveis, possibilitando que ela analise sua própria situação de saúde e assim

gerar autonomia no cuidado;

f) identificação dos motivos ou queixas, evitando julgamentos, considerando o contexto de

vida e dos elementos biológicos, psicológicos, socioeconômicos e a investigação de práticas

culturais de cura em saúde, de matriz afro-indígena-brasileira e de outras relacionadas ao

processo saúde-doença;

g) orientação e organização da anamnese, utilizando o raciocínio clínico epidemiológico, a

técnica semiológica e o conhecimento das evidências científicas;

h) investigação de sinais e sintomas, repercussões da situação, hábitos, fatores de risco,

exposição às iniquidades econômicas e sociais e de saúde, condições correlatas e antecedentes

pessoais e familiares; e

i) registro dos dados relevantes da anamnese no prontuário de forma clara e legível.

II - Realização do Exame Físico:

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a) esclarecimento sobre os procedimentos, manobras ou técnicas do exame físico ou exames

diagnósticos, obtendo consentimento da pessoa sob seus cuidados ou do responsável;

b) cuidado máximo com a segurança, privacidade e conforto da pessoa sob seus cuidados;

c) postura ética, respeitosa e destreza técnica na inspeção, apalpação, ausculta e percussão,

com precisão na aplicação das manobras e procedimentos do exame físico geral e específico,

considerando a história clínica, a diversidade étnico-racial, de gênero, de orientação sexual,

linguístico-cultural e de pessoas com deficiência; e

d) esclarecimento, à pessoa sob seus cuidados ou ao responsável por ela, sobre os sinais

verificados, registrando as informações no prontuário, de modo legível.

III - Formulação de Hipóteses e Priorização de Problemas:

a) estabelecimento de hipóteses diagnósticas mais prováveis, relacionando os dados da

história e exames clínicos;

b) prognóstico dos problemas da pessoa sob seus cuidados, considerando os contextos

pessoal, familiar, do trabalho, epidemiológico, ambiental e outros pertinentes;

c) informação e esclarecimento das hipóteses estabelecidas, de forma ética e humanizada,

considerando dúvidas e questionamentos da pessoa sob seus cuidados, familiares e

responsáveis;

d) estabelecimento de oportunidades na comunicação para mediar conflito e conciliar

possíveis visões divergentes entre profissionais de saúde, pessoa sob seus cuidados, familiares

e responsáveis; e

e) compartilhamento do processo terapêutico e negociação do tratamento com a possível

inclusão das práticas populares de saúde, que podem ter sido testadas ou que não causem

dano.

IV - Promoção de Investigação Diagnóstica:

a) proposição e explicação, à pessoa sob cuidado ou responsável, sobre a investigação

diagnóstica para ampliar, confirmar ou afastar hipóteses diagnósticas, incluindo as indicações

de realização de aconselhamento genético.

b) solicitação de exames complementares, com base nas melhores evidências científicas,

conforme as necessidades da pessoa sob seus cuidados, avaliando sua possibilidade de acesso

aos testes necessários;

c) avaliação singularizada das condições de segurança da pessoa sob seus cuidados,

considerando-se eficiência, eficácia e efetividade dos exames;

d) interpretação dos resultados dos exames realizados, considerando as hipóteses diagnósticas,

a condição clínica e o contexto da pessoa sob seus cuidados; e

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e) registro e atualização, no prontuário, da investigação diagnóstica, de forma clara e objetiva.

Art. 13. A ação-chave Desenvolvimento e Avaliação de Planos Terapêuticos comporta os

seguintes desempenhos e seus respectivos descritores:

I - Elaboração e Implementação de Planos Terapêuticos:

a) estabelecimento, a partir do raciocínio clínico-epidemiológico em contextos específicos, de

planos terapêuticos, contemplando as dimensões de promoção, prevenção, tratamento e

reabilitação;

b) discussão do plano, suas implicações e o prognóstico, segundo as melhores evidências

científicas, as práticas culturais de cuidado e cura da pessoa sob seus cuidados e as

necessidades individuais e coletivas;

c) promoção do diálogo entre as necessidades referidas pela pessoa sob seus cuidados ou

responsável, e as necessidades percebidas pelos profissionais de saúde, estimulando a pessoa

sob seus cuidados a refletir sobre seus problemas e a promover o autocuidado;

d) estabelecimento de pacto sobre as ações de cuidado, promovendo a participação de outros

profissionais, sempre que necessário;

e) implementação das ações pactuadas e disponibilização das prescrições e orientações

legíveis, estabelecendo e negociando o acompanhamento ou encaminhamento da pessoa sob

seus cuidados com justificativa;

f) informação sobre situações de notificação compulsória aos setores responsáveis;

g) consideração da relação custo-efetividade das intervenções realizadas, explicando-as às

pessoas sob cuidado e familiares, tendo em vista as escolhas possíveis;

h) atuação autônoma e competente nas situações de emergência mais prevalentes de ameaça à

vida; e

i) exercício competente em defesa da vida e dos direitos das pessoas.

II - Acompanhamento e Avaliação de Planos Terapêuticos:

a) acompanhamento e avaliação da efetividade das intervenções realizadas e consideração da

avaliação da pessoa sob seus cuidados ou do responsável em relação aos resultados obtidos,

analisando dificuldades e valorizando conquistas;

b) favorecimento do envolvimento da equipe de saúde na análise das estratégias de cuidado e

resultados obtidos;

c) revisão do diagnóstico e do plano terapêutico, sempre que necessário;

d) explicação e orientação sobre os encaminhamentos ou a alta, verificando a compreensão da

pessoa sob seus cuidados ou responsável; e

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e) registro do acompanhamento e da avaliação do plano no prontuário, buscando torná-lo um

instrumento orientador do cuidado integral da pessoa sob seus cuidados.

Art. 14. A ação-chave Investigação de Problemas de Saúde Coletiva comporta o desempenho

de Análise das Necessidades de Saúde de Grupos de Pessoas e as Condições de Vida e de

Saúde de Comunidades, a partir de dados demográficos, epidemiológicos, sanitários e

ambientais, considerando dimensões de risco, vulnerabilidade, incidência e prevalência das

condições de saúde, com os seguintes descritores:

I - acesso e utilização de dados secundários ou informações que incluam o contexto político,

cultural, discriminações institucionais, socioeconômico, ambiental e das relações,

movimentos e valores de populações, em seu território, visando ampliar a explicação de

causas, efeitos e baseado na determinação social no processo saúde-doença, assim como seu

enfrentamento;

II - relacionamento dos dados e das informações obtidas, articulando os aspectos biológicos,

psicológicos, socioeconômicos e culturais relacionados ao adoecimento e à vulnerabilidade de

grupos; e

III - estabelecimento de diagnóstico de saúde e priorização de problemas, considerando sua

magnitude, existência de recursos para o seu enfrentamento e importância técnica, cultural e

política do contexto.

Art. 15. A ação-chave Desenvolvimento e Avaliação de Projetos de Intervenção Coletiva

comporta os seguintes descritores de seu desempenho único:

I - participação na discussão e construção de projetos de intervenção em grupos sociais,

orientando-se para melhoria dos indicadores de saúde, considerando sempre sua autonomia e

aspectos culturais;

II - estímulo à inserção de ações de promoção e educação em saúde em todos os níveis de

atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde;

III - estímulo à inclusão da perspectiva de outros profissionais e representantes de segmentos

sociais envolvidos na elaboração dos projetos em saúde;

IV - promoção do desenvolvimento de planos orientados para os problemas priorizados;

V - participação na implementação de ações, considerando metas, prazos, responsabilidades,

orçamento e factibilidade; e

VI - participação no planejamento e avaliação dos projetos e ações no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS), prestando contas e promovendo ajustes, orientados à melhoria da

saúde coletiva.

Art. 16. A Área de Competência Gestão em Saúde estrutura-se em 2 (duas) ações-chave:

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I - Organização do Trabalho em Saúde; e

II - Acompanhamento e Avaliação do Trabalho em Saúde.

Art. 17. A ação-chave Organização do Trabalho em Saúde comporta os seguintes

desempenhos e seus respectivos descritores:

I - Identificação do Processo de Trabalho:

a) identificação da história da saúde, das políticas públicas de saúde no Brasil, da Reforma

Sanitária, dos princípios do SUS e de desafios na organização do trabalho em saúde,

considerando seus princípios, diretrizes e políticas de saúde;

b) identificação de oportunidades e de desafios na organização do trabalho nas redes de

serviços de saúde, reconhecendo o conceito ampliado de saúde, no qual todos os cenários em

que se produz saúde são ambientes relevantes e neles se deve assumir e propiciar

compromissos com a qualidade, integralidade e continuidade da atenção;

c) utilização de diversas fontes para identificar problemas no processo de trabalho, incluindo

a perspectiva dos profissionais e dos usuários e a análise de indicadores e do modelo de

gestão, de modo a identificar risco e vulnerabilidade de pessoas, famílias e grupos sociais;

d) incluir a perspectiva dos usuários, família e comunidade, favorecendo sua maior autonomia

na decisão do plano terapêutico, respeitando seu processo de planejamento e de decisão

considerando-se, ainda, os seus valores e crenças;

e) trabalho colaborativo em equipes de saúde, respeitando normas institucionais dos

ambientes de trabalho e agindo com compromisso ético-profissional, superando a

fragmentação do processo de trabalho em saúde;

f) participação na priorização de problemas, identificando a relevância, magnitude e urgência,

as implicações imediatas e potenciais, a estrutura e os recursos disponíveis; e

g) abertura para opiniões diferentes e respeito à diversidade de valores, de papéis e de

responsabilidades no cuidado à saúde.

II - Elaboração e Implementação de Planos de Intervenção:

a) participação em conjunto com usuários, movimentos sociais, profissionais de saúde,

gestores do setor sanitário e de outros setores na elaboração de planos de intervenção para o

enfrentamento dos problemas priorizados, visando melhorar a organização do processo de

trabalho e da atenção à saúde;

b) apoio à criatividade e à inovação, na construção de planos de intervenção;

c) participação na implementação das ações, favorecendo a tomada de decisão, baseada em

evidências científicas, na eficiência, na eficácia e na efetividade do trabalho em saúde; e

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d) participação na negociação e avaliação de metas para os planos de intervenção,

considerando as políticas de saúde vigentes, os colegiados de gestão e de controle social.

Art. 18. A ação-chave Acompanhamento e Avaliação do Trabalho em Saúde comporta os

seguintes desempenhos e seus respectivos descritores:

I - Gerenciamento do Cuidado em Saúde:

a) promoção da integralidade da atenção à saúde individual e coletiva, articulando as ações de

cuidado, no contexto dos serviços próprios e conveniados ao SUS;

b) utilização das melhores evidências e dos protocolos e diretrizes cientificamente

reconhecidos, para promover o máximo benefício à saúde das pessoas e coletivos, segundo

padrões de qualidade e de segurança; e

c) favorecimento da articulação de ações, profissionais e serviços, apoiando a implantação de

dispositivos e ferramentas que promovam a organização de sistemas integrados de saúde.

II - Monitoramento de Planos e Avaliação do Trabalho em Saúde:

a) participação em espaços formais de reflexão coletiva sobre o processo de trabalho em

saúde e sobre os planos de intervenção;

b) monitoramento da realização de planos, identificando conquistas e dificuldades;

c) avaliação do trabalho em saúde, utilizando indicadores e relatórios de produção, ouvidoria,

auditorias e processos de acreditação e certificação;

d) utilização dos resultados da avaliação para promover ajustes e novas ações, mantendo os

planos permanentemente atualizados e o trabalho em saúde em constante aprimoramento;

e) formulação e recepção de críticas, de modo respeitoso, valorizando o esforço de cada um e

favorecendo a construção de um ambiente solidário de trabalho; e

f) estímulo ao compromisso de todos com a transformação das práticas e da cultura

organizacional, no sentido da defesa da cidadania e do direito à saúde.

Art. 19. A Área de Competência de Educação em Saúde estrutura-se em 3 (três) ações-chave:

I - Identificação de Necessidades de Aprendizagem Individual e Coletiva;

II - Promoção da Construção e Socialização do Conhecimento; e

III - Promoção do Pensamento Científico e Crítico e Apoio à Produção de Novos

Conhecimentos.

Art. 20. A ação-chave Identificação de Necessidades de Aprendizagem Individual e Coletiva

comporta os seguintes desempenhos:

I - estímulo à curiosidade e ao desenvolvimento da capacidade de aprender com todos os

envolvidos, em todos os momentos do trabalho em saúde; e

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II - identificação das necessidades de aprendizagem próprias, das pessoas sob seus cuidados e

responsáveis, dos cuidadores, dos familiares, da equipe multiprofissional de trabalho, de

grupos sociais ou da comunidade, a partir de uma situação significativa e respeitando o

conhecimento prévio e o contexto sociocultural de cada um.

Art. 21. A ação-chave Promoção da Construção e Socialização do Conhecimento comporta os

seguintes desempenhos:

I - postura aberta à transformação do conhecimento e da própria prática;

II - escolha de estratégias interativas para a construção e socialização de conhecimentos,

segundo as necessidades de aprendizagem identificadas, considerando idade, escolaridade e

inserção sociocultural das pessoas;

III - orientação e compartilhamento de conhecimentos com pessoas sob seus cuidados,

responsáveis, familiares, grupos e outros profissionais, levando em conta o interesse de cada

segmento, no sentido de construir novos significados para o cuidado à saúde; e

IV - estímulo à construção coletiva de conhecimento em todas as oportunidades do processo

de trabalho, propiciando espaços formais de educação continuada, participando da formação

de futuros profissionais.

Art. 22. A ação-chave Promoção do Pensamento Científico e Crítico e Apoio à Produção de

Novos Conhecimentos comporta os seguintes desempenhos:

I - utilização dos desafios do trabalho para estimular e aplicar o raciocínio científico,

formulando perguntas e hipóteses e buscando dados e informações;

II - análise crítica de fontes, métodos e resultados, no sentido de avaliar evidências e práticas

no cuidado, na gestão do trabalho e na educação de profissionais de saúde, pessoa sob seus

cuidados, famílias e responsáveis;

III - identificação da necessidade de produção de novos conhecimentos em saúde, a partir do

diálogo entre a própria prática, a produção científica e o desenvolvimento tecnológico

disponíveis; e

IV - favorecimento ao desenvolvimento científico e tecnológico voltado para a atenção das

necessidades de saúde individuais e coletivas, por meio da disseminação das melhores

práticas e do apoio à realização de pesquisas de interesse da sociedade.

CAPÍTULO III

DOS CONTEÚDOS CURRICULARES E DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO

DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

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Art. 23. Os conteúdos fundamentais para o Curso de Graduação em Medicina devem estar

relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade e

referenciados na realidade epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das

ações do cuidar em saúde, contemplando:

I - conhecimento das bases moleculares e celulares dos processos normais e alterados, da

estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos, aplicados aos problemas de sua

prática e na forma como o médico o utiliza;

II - compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos,

ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença;

III - abordagem do processo saúde-doença do indivíduo e da população, em seus múltiplos

aspectos de determinação, ocorrência e intervenção;

IV - compreensão e domínio da propedêutica médica: capacidade de realizar história clínica,

exame físico, conhecimento fisiopatológico dos sinais e sintomas, capacidade reflexiva e

compreensão ética, psicológica e humanística da relação médico-pessoa sob cuidado;

V – diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica nas doenças que acometem o ser humano

em todas as fases do ciclo biológico, considerando-se os critérios da prevalência, letalidade,

potencial de prevenção e importância pedagógica;

VI - promoção da saúde e compreensão dos processos fisiológicos dos seres humanos

(gestação, nascimento, crescimento e desenvolvimento, envelhecimento e morte), bem como

das atividades físicas, desportivas e das relacionadas ao meio social e ambiental;

VII - abordagem de temas transversais no currículo que envolvam conhecimentos, vivências e

reflexões sistematizadas acerca dos direitos humanos e de pessoas com deficiência, educação

ambiental, ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais), educação das relações étnico-raciais

e história da cultura afro-brasileira e indígena; e

VIII - compreensão e domínio das novas tecnologias da comunicação para acesso a base

remota de dados e domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira, que seja,

preferencialmente, uma língua franca.

Art. 24. A formação em Medicina incluirá, como etapa integrante da graduação, estágio

curricular obrigatório de formação em serviço, em regime de internato, sob supervisão, em

serviços próprios, conveniados ou em regime de parcerias estabelecidas por meio de Contrato

Organizativo da Ação Pública Ensino-Saúde com as Secretarias Municipais e Estaduais de

Saúde, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013.

§ 1º A preceptoria exercida por profissionais do serviço de saúde terá supervisão de docentes

próprios da Instituição de Educação Superior (IES);

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§ 2º A carga horária mínima do estágio curricular será de 35% (trinta e cinco por cento) da

carga horária total do Curso de Graduação em Medicina.

§ 3º O mínimo de 30% (trinta por cento) da carga horária prevista para o internato médico da

Graduação em Medicina será desenvolvido na Atenção Básica e em Serviço de Urgência e

Emergência do SUS, respeitando-se o mínimo de dois anos deste internato.

§ 4º Nas atividades do regime de internato previsto no parágrafo anterior e dedicadas à

Atenção Básica e em Serviços de Urgência e Emergência do SUS, deve predominar a carga

horária dedicada aos serviços de Atenção Básica sobre o que é ofertado nos serviços de

Urgência e Emergência.

§ 5º As atividades do regime de internato voltadas para a Atenção Básica devem ser

coordenadas e voltadas para a área da Medicina Geral de Família e Comunidade.

§ 6º Os 70% (setenta por cento) da carga horária restante do internato incluirão,

necessariamente, aspectos essenciais das áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia

Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva e Saúde Mental, em atividades eminentemente práticas

e com carga horária teórica que não seja superior a 20% (vinte por cento) do total por estágio,

em cada uma destas áreas.

§ 7º O Colegiado do Curso de Graduação em Medicina poderá autorizar a realização de até

25% (vinte e cinco por cento) da carga horária total estabelecida para o estágio fora da

Unidade da Federação em que se localiza a IES, preferencialmente nos serviços do Sistema

Único de Saúde, bem como em instituição conveniada que mantenha programas de

Residência, credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica, ou em outros

programas de qualidade equivalente em nível internacional.

§ 8º O colegiado acadêmico de deliberação superior da IES poderá autorizar, em caráter

excepcional, percentual superior ao previsto no parágrafo anterior, desde que devidamente

motivado e justificado.

§ 9º O total de estudantes autorizados a realizar estágio fora da Unidade da Federação em que

se localiza a IES não poderá ultrapassar o limite de 50% (cinquenta por cento) das vagas do

internato da IES para estudantes da mesma série ou período.

§ 10. Para o estágio obrigatório em regime de internato do Curso de Graduação em Medicina,

assim caracterizado no Projeto Pedagógico de Curso (PPC), a jornada semanal de prática

compreenderá períodos de plantão que poderão atingir até 12 (doze) horas diárias, observado

o limite de 40 (quarenta) horas semanais, nos termos da Lei Federal nº 11.788, de 25 de

setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes.

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§ 11. Nos estágios obrigatórios na área da saúde, quando configurar como concedente do

estágio órgão do Poder Público, poderão ser firmados termos de compromisso sucessivos, não

ultrapassando a duração do curso, sendo os termos de compromisso e respectivos planos de

estágio atualizados ao final de cada período de 2 (dois) anos, adequando-se à evolução

acadêmica do estudante.

Art. 25. O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Medicina deverá ser construído

coletivamente, contemplando atividades complementares, e a IES deverá criar mecanismos de

aproveitamento de conhecimentos, adquiridos pelo estudante, mediante estudos e práticas

independentes, presenciais ou a distância, como monitorias, estágios, programas de iniciação

científica, programas de extensão, estudos complementares e cursos realizados em áreas afins.

Art. 26. O Curso de Graduação em Medicina terá projeto pedagógico centrado no aluno como

sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo,

com vistas à formação integral e adequada do estudante, articulando ensino, pesquisa e

extensão, esta última, especialmente por meio da assistência.

Art. 27. O Projeto Pedagógico que orientará o Curso de Graduação em Medicina deverá

contribuir para a compreensão, interpretação, preservação, reforço, fomento e difusão das

culturas e práticas nacionais e regionais, inseridas nos contextos internacionais e históricos,

respeitando o pluralismo de concepções e a diversidade cultural. Parágrafo único. O Currículo

do Curso de Graduação em Medicina incluirá aspectos complementares de perfil, habilidades,

competências e conteúdos, de forma a considerar a inserção institucional do curso, a

flexibilidade individual de estudos e os requerimentos, demandas e expectativas de

desenvolvimento do setor saúde na região.

Art. 28. A organização do Curso de Graduação em Medicina deverá ser definida pelo

respectivo colegiado de curso, que indicará sua modalidade e periodicidade.

Art. 29. A estrutura do Curso de Graduação em Medicina deve:

I - ter como eixo do desenvolvimento curricular as necessidades de saúde dos indivíduos e das

populações identificadas pelo setor saúde;

II - utilizar metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do

conhecimento e na integração entre os conteúdos, assegurando a indissociabilidade do ensino,

pesquisa e extensão;

III - incluir dimensões ética e humanística, desenvolvendo, no aluno, atitudes e valores

orientados para a cidadania ativa multicultural e para os direitos humanos;

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IV - promover a integração e a interdisciplinaridade em coerência com o eixo de

desenvolvimento curricular, buscando integrar as dimensões biológicas, psicológicas, étnico-

raciais, socioeconômicas, culturais, ambientais e educacionais;

V - criar oportunidades de aprendizagem, desde o início do curso e ao longo de todo o

processo de graduação, tendo as Ciências Humanas e Sociais como eixo transversal na

formação de profissional com perfil generalista;

VI - inserir o aluno nas redes de serviços de saúde, consideradas como espaço de

aprendizagem, desde as séries iniciais e ao longo do curso de Graduação de Medicina, a partir

do conceito ampliado de saúde, considerando que todos os cenários que produzem saúde são

ambientes relevantes de aprendizagem;

VII - utilizar diferentes cenários de ensino-aprendizagem, em especial as unidades de saúde

dos três níveis de atenção pertencentes ao SUS, permitindo ao aluno conhecer e vivenciar as

políticas de saúde em situações variadas de vida, de organização da prática e do trabalho em

equipe multiprofissional;

VIII - propiciar a interação ativa do aluno com usuários e profissionais de saúde, desde o

início de sua formação, proporcionando-lhe a oportunidade de lidar com problemas reais,

assumindo responsabilidades crescentes como agente prestador de cuidados e atenção,

compatíveis com seu grau de autonomia, que se consolida, na graduação, com o internato;

IX - vincular, por meio da integração ensino-serviço, a formação médico-acadêmica às

necessidades sociais da saúde, com ênfase no SUS;

X - promover a integração do PPC, a partir da articulação entre teoria e prática, com outras

áreas do conhecimento, bem como com as instâncias governamentais, os serviços do 13 SUS,

as instituições formadoras e as prestadoras de serviços, de maneira a propiciar uma formação

flexível e interprofissional, coadunando problemas reais de saúde da população;

Art. 30. A implantação e desenvolvimento das DCNs do Curso de Graduação em Medicina

deverão ser acompanhadas, monitoradas e permanentemente avaliadas, em caráter sequencial

e progressivo, a fim de acompanhar os processos e permitir os ajustes que se fizerem

necessários ao seu aperfeiçoamento.

Art. 31. As avaliações dos estudantes basear-se-ão em conhecimentos, habilidades, atitudes e

conteúdos curriculares desenvolvidos, tendo como referência as DCNs objeto desta

Resolução.

Art. 32. O Curso de Graduação em Medicina deverá utilizar metodologias ativas e critérios

para acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem e do próprio curso, bem

como desenvolver instrumentos que verifiquem a estrutura, os processos e os resultados, em

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consonância com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e com a

dinâmica curricular definidos pela IES em que for implantado e desenvolvido.

Art. 33. O Curso de Graduação em Medicina deverá constituir o Núcleo Docente Estruturante

(NDE), atuante no processo de concepção, consolidação, avaliação e contínua atualização e

aprimoramento do Projeto Pedagógico do Curso, com estrutura e funcionamento previstos,

incluindo-se, dentre outros aspectos, atribuições acadêmicas de acompanhamento, em

consonância com a Resolução CONAES nº 1, de 17 de junho de 2010.

Art. 34. O Curso de Graduação em Medicina deverá manter permanente Programa de

Formação e Desenvolvimento da Docência em Saúde, com vistas à valorização do trabalho

docente na graduação, ao maior envolvimento dos professores com o Projeto Pedagógico do

Curso e a seu aprimoramento em relação à proposta formativa contida no documento, por

meio do domínio conceitual e pedagógico, que englobe estratégias de ensino ativas, pautadas

em práticas interdisciplinares, de modo a assumirem maior compromisso com a

transformação da escola médica, a ser integrada à vida cotidiana dos docentes, estudantes,

trabalhadores e usuários dos serviços de saúde. Parágrafo único. A instituição deverá definir

indicadores de avaliação e valorização do trabalho docente, desenvolvido para o ensino de

graduação e para as atividades docentes desenvolvidas na comunidade ou junto à rede de

serviços do SUS.

Art. 35. Os Cursos de Graduação em Medicina deverão desenvolver ou fomentar a

participação dos Profissionais da Rede de Saúde em programa permanente de formação e

desenvolvimento, com vistas à melhoria do processo de ensino-aprendizagem nos cenários de

práticas do SUS e da qualidade da assistência à população, sendo este programa pactuado

junto aos gestores municipais e estaduais de saúde nos Contratos Organizativos da Ação

Pública Ensino-Saúde.

Art. 36. Fica instituída a avaliação específica do estudante do Curso de Graduação em

Medicina, a cada 2 (dois) anos, com instrumentos e métodos que avaliem conhecimentos,

habilidades e atitudes, devendo ser implantada no prazo de 2 (dois) anos a contar da

publicação desta Resolução.

§ 1º A avaliação de que trata este artigo é de caráter obrigatório, processual, contextual e

formativo, considerando seus resultados como parte do processo de classificação para os

exames dos programas de Residência Médica, credenciados pela Comissão Nacional de

Residência Médica (CNRM), sendo sua realização de âmbito nacional.

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§ 2º A avaliação de que trata este artigo será implantada pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para as Instituições de Educação Superior, no

âmbito dos Sistemas de Ensino.

Art. 37. Os programas de Residência Médica, de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de

1981, ofertarão, anualmente, vagas equivalentes ao número de egressos dos cursos de

graduação em Medicina do ano anterior. Parágrafo único. A determinação do caput é meta a

ser implantada, progressivamente, até 31 de dezembro de 2018.

Art. 38. Nos cursos iniciados antes de 2014, as adequações curriculares deverão ser

implantadas, progressivamente, até 31 de dezembro de 2018.

Art. 39. Os cursos de Medicina em funcionamento terão o prazo de 1 (um) ano a partir da data

de publicação desta Resolução para aplicação de suas determinações às turmas abertas após o

início da sua vigência.

Art. 40. Os estudantes de graduação em Medicina matriculados antes da vigência desta

Resolução têm o direito de concluir seu curso com base nas diretrizes anteriores, podendo

optar pelas novas diretrizes, em acordo com suas respectivas instituições, e, neste caso,

garantindo-se as adaptações necessárias aos princípios das novas diretrizes.

Art. 41. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se a Resolução

CNE/CES nº 4, de 9 de novembro de 2001, e demais disposições em contrário.

ERASTO FORTES MENDONÇA

Presidente em Exercício