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MARCOS ALBERTO OSS VAGHETTI EFEITOS DA CINZA VOLANTE COM CINZA DE CASCA DE ARROZ OU SÍLICA ATIVA SOBRE A CARBONATAÇÃO DO CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND DISSERTAÇÃO DE MESTRADO UFSM SANTA MARIA, RS, BRASIL 1999

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MARCOS ALBERTO OSS VAGHETTI

EFEITOS DA CINZA VOLANTE COM CINZA DE CASCA DE ARROZ OU

SÍLICA ATIVA SOBRE A CARBONATAÇÃO DO CONCRETO DE CIMENTO

PORTLAND

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UFSM

SANTA MARIA, RS, BRASIL

1999

EFEITOS DA CINZA VOLANTE COM CINZA DE CASCA DE ARROZ OU SÍLICA

ATIVA SOBRE A CARBONATAÇÃO DO CONCRETO DE CIMENTO

PORTLAND

por

MARCOS ALBERTO OSS VAGHETTI

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (RS), como requisito parcial para obtenção do

grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL.

Santa Maria, RS - BRASIL

1999

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL – MESTRADO EM

ENGENHARIA CIVIL

A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

EFEITOS DA CINZA VOLANTE COM CINZA DE CASCA DE ARROZ OU SÍLICA ATIVA SOBRE A CARBONATAÇÃO DO CONCRETO DE CIMENTO

PORTLAND

ELABORADA POR

MARCOS ALBERTO OSS VAGHETTI

COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM ENGENHARIA CIVIL

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________________

Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia – Orientador – UFSM/RS

______________________________________________________

Prof. Dr. Antônio Luiz G. Gastaldini – UFSM/RS

______________________________________________________

Prof. Dr. Cláudio de Souza Kazmierczak – UNISINOS/RS

Santa Maria, 22 de janeiro de 1999.

“Acho que vai certo método através das minhas incoerências. Creio que há uma

coerência que passa por todas as minhas incoerências – assim como há na natureza uma

unidade que permeia aparentes diversidades”(GANDHI, 1985, p. 67).

“O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo

verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver”(GANDHI, 1985, p. 68).

“Aqueles que tem um grande auto controle, ou que estão totalmente absortos no

trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza:

Trabalha continuamente, mas em silêncio”(GANDHI, 1985, p. 76).

“O ser humano possuindo cultura e não tendo um interior equilibrado e altruísta, vai

transformando o conhecimento que possui em uma arma de poder, onde ao invés de

ajudar os outros seres a serem livres, faz dos mesmos objetos acríticos e escravos da sua

sabedoria”(Helenise Sangoi Antunes, 1991).

“O otimismo é o forte dos humildes, por isso sempre vencem; enquanto que o

pessimismo é o forte dos fracos, por isso estão sempre amargurados”(Marcos Alberto

Oss Vaghetti, 1988).

AGRADECIMENTOS

Neste momento importante da dissertação, após longo trabalho experimental e

extensa pesquisa bibliográfica, é necessário reconhecer como foi fundamental o trabalho

em conjunto. Quando pessoas e entidades, envolvidas direta ou indiretamente na

pesquisa, coordenaram ações na busca do aperfeiçoamento científico, cabe a mim a

tarefa de agradecer a todos, como reconhecimento do trabalho e do incentivo

demonstrados:

à minha esposa, Helenise, pela sua compreensão e ajuda nos momentos em que

necessitei fazer os ensaios no laboratório em feriados universais, como Natal e Ano

Novo. Pelo seu conhecimento e contribuição para a pesquisa em metodologia científica

e, mais do que tudo, pelo seu amor e carinho;

aos meus pais, Yolanda e Nilton, e aos meus irmãos, Marcelo, Marcio e Myrta,

pelo acolhimento, afeto e incentivo demonstrados ao longo da pesquisa;

ao meu orientador, professor Geraldo Isaia, pelo seu conhecimento adquirido ao

longo de anos, que me foi transmitido com segurança e determinação, para que eu

pudesse desenvolver a pesquisa com o máximo de rigor científico e voltado para o

objetivo principal, sem desviá-la para outros caminhos, o que é natural quando a

temática é envolvente e disseminada no meio técnico;

ao professor Antônio Gastaldini, pela paciência e dedicação em passar-me os

conhecimentos práticos de laboratório, necessários nos primeiros momentos da pesquisa

e imprescindíveis no transcorrer dos ensaios;

às empresas Sika S.A., Prontomix Tecnologia de Concreto Ltda. e Engenho Da

Cás Irmãos Ltda., um agradecimento especial pelos materiais doados para a pesquisa,

como o aditivo “Sikament”, a cinza volante e a cinza de casca de arroz,

respectivamente;

ao Laboratório de Materiais e Construção Civil - LMCC, na pessoa de seu

diretor, professor José Mario Doleys Soares, pela oportunidade em disponibilizar os

equipamentos e laboratoristas para a realização desta pesquisa, em especial, aos

laboratoristas Alceu, João, Aleise, Adelar, Gilberto, Mauro, Marialva e Vítor;

à Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio Grande do Sul (FAPERGS), pelo

recurso financeiro destinado a esta pesquisa, que proporcionou a compra de

equipamentos e materiais e foi fundamental para o seu desenvolvimento. Também um

agradecimento à FIPE/UFSM, CNPq/UFSM e CAPES, pelos recursos e bolsas

concedidas a este trabalho;

ao curso de pós-graduação, na pessoa de seu coordenador, professor Jorge Luiz

Pizzutti dos Santos, pelo apoio e incentivo dispensado a este trabalho e também a todos

os alunos e professores que criaram um ambiente saudável e propício ao

desenvolvimento da pesquisa;

aos alunos bolsistas Elton Cagliari, Adriana Cipolatto e Magali Segatti, que

contribuíram significativamente para o sucesso deste trabalho, com suas dúvidas e

questionamentos sobre o tema da pesquisa e, principalmente, com a ajuda na preparação

dos materiais e moldagem dos corpos de prova, bem como na realização dos demais

ensaios;

ao meu colega de curso Jorge Sarkis e ao aluno de graduação Rafael Muñoz

pela valiosa contribuição na formatação do texto e ajustes dos gráficos no computador;

também agradeço muito a colaboração dos alunos de graduação Marcos Renk e

Rodrigo Bender, que, mesmo não sendo contemplados com bolsa de pesquisa, atuaram

com dedicação e pontualidade nos ensaios programados ao longo dos trabalhos;

à professora Tatiana Choutova pela sua dedicada atenção e rigor na elaboração

do abstract da dissertação;

um agradecimento especial para André do Nascimento, que cumpriu todas as

tarefas a ele destinadas com muito capricho e dedicação;

finalmente, agradeço a Deus por dar-me saúde e espírito forte para enfrentar

todas as dificuldades inerentes a um trabalho como este, e por manter-me livre e cheio

de esperança para encaminhar novas pesquisas.

Obrigado a todos.

SUMÁRIO RESUMO ....................................................................................................................x

ABSTRACT ..............................................................................................................xii

LISTA DE TABELAS ..............................................................................................xiv

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................xv

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .............................................................xvii

LISTA DE ANEXOS..................................................................................................xx

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

CAPÍTULO I - O MECANISMO DA CARBONATAÇÃO E SUA

INFLUÊNCIA NO CONCRETO ................................................................................7

1.1 Mecanismo..................................................................................................7

1.2 A carbonatação e as variáveis que a influenciam........................................9

CAPÍTULO II - O EMPREGO DE POZOLANAS E OS EFEITOS NA

CARBONATAÇÃO DOS CONCRETOS DE ALTO DESEMPENHO ..................20

2.1 Introdução.................................................................................................20

2.2 Características das pozolanas....................................................................22

2.2.1 Cinza volante...................................................................................22

2.2.2 Sílica ativa........................................................................................24

2.2.3 Cinza de casca de arroz....................................................................26

2.2.4 Benefícios do emprego conjugado das pozolanas............................27

2.3 As pozolanas no CAD e a carbonatação...................................................28

CAPÍTULO III - INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL ........................................39

3.1 Introdução.................................................................................................39

3.2 Variáveis envolvidas na pesquisa.............................................................40

3.3 Procedimentos e técnicas para os ensaios.................................................42

3.4 Proporcionamento das pozolanas..............................................................49

3.5 Dosagem dos concretos.............................................................................50

3.6 Ensaios de caracterização dos materiais...................................................52

3.6.1 Cimento............................................................................................52

3.6.2 Pozolanas.........................................................................................56

3.6.3 Agregados........................................................................................62

3.6.4 Aditivo.............................................................................................63

3.7 Ensaio realizado com a pasta....................................................................63

3.7.1 Teor de hidróxido de cálcio remanescente (CH)..............................63

3.8 Ensaios realizados com o concreto...........................................................64

3.8.1 Resistência à compressão axial........................................................64

3.8.2 Carbonatação acelerada e natural.....................................................64

3.8.3 Alcalinidade (pH).............................................................................64

CAPÍTULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................66

4.1 Introdução.................................................................................................66

4.2 Análise dos resultados de resistência à compressão axial.........................67

4.3 Análise dos resultados de carbonatação acelerada....................................69

4.4 Análise dos resultados do teor de hidróxido de cálcio (CH).....................72

4.5 Análise dos resultados de alcalinidade (pH).............................................75

4.6 Integração dos resultados..........................................................................77

4.6.1 Resistência à compressão versus carbonatação................................77

4.6.2 Alcalinidade versus carbonatação....................................................79

4.6.3 Desempenho das pozolanas.............................................................80

4.7 Durabilidade com vistas à carbonatação...................................................84

CONCLUSÃO ..........................................................................................................89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................92

ANEXO A (tabelas) ...................................................................................................99

ANEXO B (figuras) .................................................................................................111

RESUMO

EFEITOS DA CINZA VOLANTE COM CINZA DE CASCA DE ARROZ OU

SÍLICA ATIVA SOBRE A CARBONATAÇÃO DO CONCRETO DE CIMENTO

PORTLAND.

Autor: Marcos Alberto Oss Vaghetti

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia

A partir do início dos anos 90, o termo CAD-Concreto de Alto Desempenho tornou-

se prioridade em pesquisas de ponta em diversos países, principalmente pela

necessidade do conhecimento de características de durabilidade deste material, levando

ao avanço do comportamento e vida útil das estruturas de concreto armado e protendido.

Para o CAD atuar satisfatoriamente, é necessário a utilização de pozolanas conjugadas

com o cimento Portland e um aditivo superplastificante, conferindo ao concreto

propriedades tais como coesão, trabalhabilidade, exsudação, compacidade, resistência

mecânica, durabilidade, etc.. Um aspecto da durabilidade do concreto que mais levanta

questionamentos no meio técnico é a corrosão do aço, e os dois principais agentes de

seu desencadeamento são a carbonatação e a ação de cloretos. Neste trabalho,

investigou-se a influência que teores normais e elevados de pozolanas, em misturas

binárias e ternárias, tiveram sobre a carbonatação do concreto de cimento Portland.

Foram realizados ensaios com 10 traços de concreto contendo pozolanas (cinza volante,

sílica ativa e cinza de casca de arroz) em teores de 10% a 50% de substituição do

cimento (em massa), e um traço de referência, sem adições. Os níveis de resistência

foram definidos em função das relações água/aglomerante 0,35; 0,45 e 0,55. O tempo de

cura úmida foi de 7 dias. Após, os concretos foram curados ao ar no laboratório por um

período de 28 e 91 dias da moldagem, antes da colocação dos corpos de prova na

câmara climatizada com 10% de CO2. Os ensaios executados foram carbonatação

acelerada, carbonatação natural e resistência à compressão axial. O tempo de pré-cura

ao ar dos concretos influenciou nos resultados, apresentando coeficientes de

carbonatação aos 91 dias, sendo em média, o dobro daqueles encontrados para os 28

dias. Todos os traços investigados apresentaram coeficientes de carbonatação superiores

ao concreto de cimento Portland. Em igualdade de resistência (60 MPa) e pré-cura de 28

dias, as misturas com melhor desempenho foram as binárias de cinza de casca de arroz

(25%) e cinza volante (25%), e a ternária de cinza volante e cinza de casca de arroz

(10+15)%, todas com coeficientes de carbonatação acelerada abaixo de 2,0

mm/ semana . Enquadram-se também como misturas adequadas, com coeficientes

entre 2,0 e 4,0 mm/ semana , as misturas binárias de sílica ativa (10%) e cinza volante

(50%), e a ternária de cinza volante e sílica ativa (15+10)%. Portanto, concretos

executados com estas misturas terão profundidade carbonatada inferior a 40mm em 100

anos, situando-se na faixa para concretos duráveis, com vida útil resistente aos efeitos

da carbonatação e, conseqüentemente, para a corrosão do aço. O bom desempenho da

cinza de casca de arroz e cinza volante mostraram que é possível obter-se concretos

duráveis com adição de elevados teores, não só prognosticando um futuro promissor

para a primeira pozolana, como reafirmando a possibilidade de emprego da segunda em

quantidades mais elevadas do que preconizam algumas normas ou entidades

internacionais.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Autor: Marcos Alberto Oss Vaghetti Orientador: Geraldo Cechella Isaia Título: Efeitos da cinza volante com cinza de casca de arroz ou sílica ativa sobre a

carbonatação do concreto de cimento Portland. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil Santa Maria, 22 de janeiro de 1999.

ABSTRACT

EFFECTS OF FLY ASH WITH RICE HUSK ASH

AND SILICA FUME ON CARBONATION OF PORTLAND CEMENT

CONCRETE

Author: Marcos Alberto Oss Vaghetti Coordinator: Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia

Starting from the beginning of the nineties, the High Performance Concrete (HPC)

became priority in research in several countries, mainly for estimation need of its

durability characteristics related to the progress of the behavior and useful life of

reinforced and pre-stressed concrete structures. For the HPC satisfactory performance it

is necessary that pozzolans are conjugated with the Portland cement. Admixture of

superplasticizers to the concrete mixtures gives to the material such properties as

cohesion, workability, compactness, mechanical resistance and durability. An aspect of

the concrete durability rises a lot of technical questions related to the processes of the

reinforcement steel corrosion connected with the two main agents of the material

degradation: carbonation and chloride-ion penetration. This work investigates effects of

normal and high contents of pozzolans in binary and ternary mixtures on the

carbonation of the Portland cement concrete. Experiments were accomplished with 10

groups of concrete mixtures containing pozzolans (fly ash, silica fume, and rice husk

ash) with the ratio of 10% to 50% of cement substitution (in mass), and a reference

mixture without admixtures. The resistance levels were defined in function of the

water/binder ratios 0.35, 0.45 and 0.55. The initial wet cure period was 7 days, then

concrete specimens were cured in the air at the laboratory up to 28 days (for one group)

and 91 days (for the other). After these periods the specimens were placed in the

carbonation chamber with 10% of CO2. The tests involved accelerated carbonation,

natural carbonation and axial resistance compression tests. The air cure period of the

concrete specimens influenced the calculation results of the carbonation coefficient. It

was found out that the calculated coefficients for the 91-day specimens group were two

times higher than for the 28-day group. All specimens presented higher carbonation

coefficients comparing with the reference ones of Portland cement concrete. In

resistance equality (60 MPa) and for the 28-day group, the better mixtures were the

binary of rice husk ash (25%) and fly ash (25%), and the ternary of fly ash and rice husk

ash (10+15)%, all of them with accelerated carbonation coefficients below 2.0

mm/ week . It is also possible to consider as adequate other mixtures with coefficients

between 2.0 and 4.0 mm/ week of binary mixtures of silica fume (10%) and fly ash

(50%), and fly ash with silica fume (15+10)%. Therefore, it is possible predict that such

concrete mixtures will have carbonation depths lower than 40mm for 100 years. So, this

performance place these mixtures within the scope of durable concrete, with resistant

useful life to carbonation effects and, consequently, for the steel corrosion. The good

performance of rice husk ash and fly ash showed that it is possible to obtain durable

concrete with high content of pozzolans. It is also possible not only predict a promising

future for the first pozzolan, but also emphasize the possibility of employment the

second one in higher quantities than those established for some standards.

FEDERAL UNIVERSITY OF SANTA MARIA COURSE OF MASTERS DEGREE IN CIVIL ENGINEERING Author: Marcos Alberto Oss Vaghetti Coordinator: Geraldo Cechella Isaia Title: Effects of fly ash with rice husk ash and silica fume on carbonation of Portland cement concrete Dissertation of Master Degree in Civil Engineering Santa Maria, January 22, 1999.

LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 - Coeficientes de carbonatação obtidos para as diferentes exposições (SIRIVIVATNANON & KHATRI, 1998.......................... 35

TABELA 3.1 - Teor de reposição de CCA e volume de aglomerante. ..................... 44

TABELA 3.2 - Teores de pozolanas estudados no plano da pesquisa. .................... 50

TABELA 3.3 - Características físico-mecânicas do cimento................................... 53

TABELA 3.4 - Composição granulométrica do cimento e pozolanas (% passante)..................................................................................... 53

TABELA 3.5 - Parâmetros da curva granulométrica. ............................................ 54

TABELA 3.6 - Composição química do cimento e pozolanas (% em massa).......... 55

TABELA 3.7 - Características físicas das pozolanas. ............................................. 57

TABELA 3.8 - Atividade pozolânica com cimento – NBR 5752. ............................. 57

TABELA 3.9 - Atividade pozolânica com cimento – NBR 5753 (Fratini). .............. 58

TABELA 3.10 - Características físicas dos agregados............................................ 62

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 - Efeito da relação a/c sobre o progresso da carbonatação (MEYER,1968).................................................................................... 10

FIGURA 1.2 - Efeito da relação a/c sobre a profundidade da carbonatação (FONTENAY, 1985). .......................................................................... 10

FIGURA 1.3 - Profundidade de carbonatação após 6 anos de exposição em ambiente com 20oC e 50% UR (SKJOLSVOLD,1986). ..................................... 11

FIGURA 1.4 - Porosidade das pastas carbonatadas (HOUST, 1997)..................... 12

FIGURA 1.5 - Porosidade das pastas não carbonatadas (HOUST, 1997).............. 12

FIGURA 1.6 - Profundidade de carbonatação aos 18 meses para os 17 tipos de cimento testados e para as 3 idades de cura úmida (1, 3 e 28 dias) (PARROT, 1996)................................................................................. 17

FIGURA 1.7 - Efeito da relação a/c e duração da cura úmida sobre a profundidade de carbonatação dos concretos nos seguintes ambientes: (a) em ambiente quente-seco com carbonatação acelerada (30ºC e 40% UR) e (b) por 5 anos em ambiente marinho (quente e úmido) no leste do mar Mediterrâneo (Israel) (BENTUR, DIAMOND & BERKE, 1997)............................................................................................................. 19

FIGURA 2.1 - Níveis de pH para os quatro conjuntos de argamassa e teores de CV (GOÑI et al., 1997)............................................................................. 32

FIGURA 2.2 - Porosidade total para os quatro conjuntos de argamassa e teores de CV (GOÑI et al., 1997)............................................................................. 33

FIGURA 2.3 - Coeficientes de carbonatação para os concretos de referência e com CV. (SIRIVIVATNANON & KHATRI, 1998). ..................................... 34

FIGURA 3.1 - Esquema de cura para o ensaio de carbonatação acelerada........... 46

FIGURA 3.2 - Câmara de carbonatação fechada.................................................... 47

FIGURA 3.3 - Câmara de carbonatação aberta. .................................................... 47

FIGURA 3.4 - Cinza Volante (25%)-17 semanas e relação a/ag = 0,55. ................ 48

FIGURA 3.5- Cinza Volante (50%)-17 semanas e relação a/ag = 0,55. ................ 49

FIGURA 3.6- Distribuição granulométrica do cimento e pozolanas....................... 54

FIGURA 3.7 - Difratograma de raios X do cimento. ............................................... 56

FIGURA 3.8 - Diagrama de pozolanicidade, ilustrando o teor de CaO em função da alcalinidade total................................................................................ 59

FIGURA 3.9 - Atividade pozolânica (Fratini) – mmol CaO consumido. ................. 60

FIGURA 3.10 - Difratogramas de raios X das pozolanas........................................ 61

FIGURA 3.11 - Composição granulométrica dos agregados. ................................. 63

FIGURA 4.1 - Correlação entre resistência à compressão a 91 dias e relação a/ag para as misturas investigadas. ........................................................... 68

FIGURA 4.2 - Correlação entre resistência à compressão a 28 dias e relação a/ag para as misturas investigadas. ........................................................... 68

FIGURA 4.3 - Profundidade carbonatada das 11 misturas investigadas na idade de 28 e 91 dias de pré-cura ao ar, para relação a/ag = 0,45...................... 70

FIGURA 4.4 - Relação entre coeficiente de carbonatação com o tipo e teor de pozolana, para resistência de 60 MPa................................................. 72

FIGURA 4.5 - Conteúdo de CH remanescente em pasta não carbonatada aos 91 dias de idade para todas as misturas......................................................... 73

FIGURA 4.6 - Correlação entre coeficiente de carbonatação e teor de hidróxido de cálcio da pasta não carbonatada aos 91 dias, para fc= 60 MPa. 74

FIGURA 4.7 - Relação entre a alcalinidade (pH) e a idade de permanência na câmara acelerada, para a cura aos 91 dias e fc=60 MPa.............................. 76

FIGURA 4.8- Evolução do kc com a resistência à compressão axial para as idades de 28 e 91 dias de pré-cura ao ar dos concretos. ................................... 78

FIGURA 4.9- Relação linear existente entre os coeficientes de carbonatação (kc) e alcalinidade (kpH).............................................................................. 80

FIGURA 4.10 - Desempenho das misturas em relação a carbonatação acelerada na idade de cura dos 28 dias e resistência de 60 MPa. .......................... 81

FIGURA 4.11 - Desempenho das misturas em relação a carbonatação acelerada na idade de cura dos 91 dias e resistência de 60 MPa. .......................... 83

FIGURA 4.12 - Relação entre o teor de pozolanas e o coeficiente de cabonatação acelerada na idade de cura dos 28 dias e resistência de 60 MPa. .... 87

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

a/ag - Relação água/aglomerante (cimento + pozolana), em massa

a/c - Relação água/cimento, em massa

AA - Concreto com teor elevado de cinza de casca de arroz (50%)

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland

Al2O3 - Óxido de Alumínio

AN - Concreto com teor normal de cinza de casca de arroz (25%)

ARI - Cimento Portland de alta resistência inicial

C2S - Silicato bicálcico

C2S - Silicato bicálcico

C3A - Aluminato tricálcico

C3S - Silicato tricálcico

C3S - Silicato tricálcico

C4AF - Ferroaluminato tetracálcico

CA - Concreto com teor elevado de cinza volante (50%)

Ca+2- Íons cálcio

CAA - Concreto com teor elevado de cinza volante (20%) e cinza casca de arroz(30%)

CaCO3 – Carbonato de cálcio

CAD - Concreto de Alto Desempenho

CAN - Concreto com teor normal de cinza volante (10%) e cinza casca de arroz (15%)

CaO - Óxido de cálcio

CaSO4 – Sulfato de cálcio

CCA - Cinza de casca de arroz

CH - Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)

Cim - Cimento

Cl-/OH- - Relação iônica entre cloretos e hidroxilas

CMA - Concreto com teor elevado de cinza volante (30%) e sílica ativa (20%)

CMN - Concreto com teor normal de cinza volante (15%) e sílica ativa (10%)

CN - Concreto com teor normal de cinza volante (25%)

CO2 - Anidrido carbônico ou dióxido de carbono

CP - Cimento Portland

CPE - Concreto com cimento Portland mais escória de alto forno

CPSA - Concreto com cimento Portland mais sílica ativa

C-S-H - Silicatos de cálcio hidratados

CV - Cinza volante

dr - Desvio relativo médio

fc - Resistência à compressão, em MPa

Fe2O3 - Óxido de Ferro

IAP - Índice de atividade pozolânica

K - Coeficiente de carbonatação em mm/ ano

K+ - Íons potássio

K2O – Óxido de potássio

kc - Coeficiente de carbonatação

KOH - Hidróxido de potássio

kpH - Coeficiente de alcalinidade

MA - Concreto com teor elevado de sílica ativa (20%)

MgO - Óxido de magnésio

MN - Concreto com teor normal de sílica ativa (10%)

H- Molécula de água (H2O)

Na+ - Íons sódio

Na2O – Óxido de sódio

NaOH - Hidróxido de sódio

OH- - Íon oxidrila ou hidroxila

pH - Potencial de hidrogênio ou hidrogeniônico

r - Coeficiente de correlação

s - Segundos

SA - Sílica ativa

sem - Semanas

Si+4 - Íons silício

SiO - Óxido de silício

SiO2 - Dióxido de silício

SO2 - Dióxido de enxofre

t - Tempo de exposição ao CO2 em ano

Tar - Temperatura do ar durante a moldagem dos corpos de prova

Tc - Temperatura do concreto fresco ao final da mistura

TR - Traço de referência

UR - Umidade relativa do ar, em %

x - Profundidade de carbonatação em mm

φm - Diâmetro médio

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A

TABELA 1A - Sequência de moldagem. ................................................................ 100

TABELA 2A - Quantidade de materiais por m3 de concreto................................. 101

TABELA 3A - Características do concreto fresco................................................. 102

TABELA 4A - Determinação do hidróxido de cálcio livre pelo Etilenoglicol-

NBR 7227. ....................................................................................... 103

TABELA 5A – Teor de hidróxido de cálcio (CH) remanescente da pasta não-carbonatada para a idade de pré-cura ao ar de 91 dias e resistência de 60 MPa. .......................................................................................... 104

TABELA 6A - Compressão axial aos 7, 28, 91 e 182 dias. ................................... 105

TABELA 7A - Carbonatação acelerada e natural. .............................................. 106

TABELA 8A- Coeficientes de carbonatação acelerada calculados a partir das profundidades de carbonatação e do tempo de exposição ao CO2, para idade de pré-cura ao ar de 28 dias e resistências de 50, 60 e 70 MPa.......................................................................................................... 107

TABELA 9A - Coeficientes de carbonatação acelerada calculados a partir das profundidades de carbonatação e do tempo de exposição ao CO2, para a idade de pré-cura ao ar de 91 dias e resistências de 50, 60 e 70 MPa......................................................................................................... 108

TABELA 10A - Coeficientes de alcalinidade (kpH) calculados a partir da alcalinidade (pH) do concreto aos 91 dias. ................................... 109

TABELA 11A - Coeficientes de alcalinidade (kpH) para idade de pré-cura ao ar de 91 dias e resistência de 60 MPa. ..................................................... 110

ANEXO B

FIGURA 1B- Correlação entre a resistência à compressão aos 7 dias e a relação a/ag para as misturas investigadas. ......................................................... 112

FIGURA 2B- Correlação entre a resistência à compressão aos 182 dias e a relação

a/ag para as misturas investigadas. 113

INTRODUÇÃO

O concreto é um material que, devido a sua composição heterogênea, necessita de

estudos e pesquisas avançadas que o façam melhorar o seu desempenho,

principalmente frente a um mercado exigente quanto à capacidade de melhor

resistir a ambientes agressivos e também à importância de se obter resistências

mecânicas elevadas, contribuindo para estruturas de maior porte.

Nos últimos oito anos, com o avanço das pesquisas na tecnologia do concreto,

surgiu a denominação CAD (concreto de alto desempenho), que vem a ser um

material com menor permeabilidade e maior resistência aos agentes agressivos,

resultando em uma maior durabilidade quando comparado aos concretos

convencionais.

Neste aspecto, NEVILLE (1997, p.662) ressalta que “os concretos de alto

desempenho não são materiais revolucionários, nem contêm materiais não usados

nos concretos usuais, mas são, antes de mais nada, uma evolução destes”.

Na produção desse concreto, utilizam-se normalmente agregados de boa

qualidade, com granulometria adequada; o cimento é o Portland comum, podendo

ser usado o cimento de alta resistência inicial (ARI); o emprego de pozolanas ou

escória de alto forno em proporções definidas em substituição ao cimento é

essencial para a obtenção das características desejáveis; e, por fim, o uso de um

superplastificante é quase sempre imprescindível para se conseguir uma relação

água/aglomerante baixa, com boa trabalhabilidade do concreto.

O emprego de adições pozolânicas aumentou consideravelmente nos

últimos tempos, proporcionando não só a diminuição dos custos e aumento da

resistência mecânica, mas principalmente o incremento de durabilidade nas

estruturas de concreto.

Entre as adições utilizadas nos concretos de alto desempenho, pode-se

citar a escória granulada de alto forno, a sílica ativa, a cinza volante e, com

emprego ainda bastante reduzido, a cinza de casca de arroz.

A escória granulada de alto forno é obtida pelo resfriamento brusco com

água ou uma combinação água-ar da escória líquida a alta temperatura na

produção do ferro fundido ou ferro gusa em indústrias siderúrgicas. Apresenta boa

reatividade nos primeiros períodos, com desenvolvimento da resistência já aos 7

dias de hidratação.

Este rejeito industrial poluidor é muito utilizado na mistura ao clínquer

Portland para obtenção do cimento Portland de alto forno e confere ao concreto

maior resistência à difusão de íons cloretos, sulfato e álcalis, contribuindo também

para proteção ao ataque químico e ação do gelo.

A sílica ativa, por sua vez, é uma das pozolanas mais consumidas em

concretos de alto desempenho em todo o mundo, principalmente pelas suas

características físicas e químicas adequadas quando em contato com as partículas

de cimento Portland.

Essa pozolana é um subproduto dos fornos das indústrias de silício

metálico e ligas ferro-silício. Sua contribuição para o concreto, entre outras,

consiste na alta reatividade nas primeiras idades de 1 a 3 dias, induzindo a um

aumento nas resistências mecânicas iniciais e também nas finais.

Como é um subproduto industrializado, sendo seu custo unitário elevado,

a sílica ativa torna-se relativamente onerosa quando utilizada em altos teores e

combinada somente com o cimento Portland. Por isso, seu melhor

aproveitamento ainda ocorre quando conjugada com outra pozolana, a cinza

volante, em misturas ternárias no concreto.

Esse efeito favorável é observado devido à alta reatividade da sílica ativa

nos períodos iniciais combinados com os benefícios que a cinza volante apresenta

sobre a reologia do concreto fresco, melhorando as características como coesão e

viscosidade, além do fato de essa última pozolana adquirir melhores resultados em

idades avançadas, principalmente com relação à resistência à compressão.

A cinza volante é obtida pela combustão do carvão mineral em usinas

termoelétricas. Quando apresenta finura adequada, sua reatividade é boa,

proporcionando influência considerável na trabalhabilidade e na velocidade de

desenvolvimento da resistência do concreto endurecido.

A cinza de casca de arroz, utilizada no CAD ainda em pequena escala, é

outra pozolana com excelentes qualidades. Ela é obtida através da queima da

casca de arroz a céu aberto ou pela combustão não controlada em fornos

industriais.

Entre os tipos de adições mencionadas, três fazem parte do trabalho

experimental: a sílica ativa, a cinza volante e a cinza de casca de arroz. Dessas, as

duas últimas são abundantes no Brasil, principalmente na Região Sul. O aumento

do seu emprego nos concretos traz grandes benefícios ecológicos, além de

representar muitas vantagens técnico-econômicas.

Os efeitos das adições minerais no concreto são relatados por

pesquisadores em todo o mundo, como o refinamento do tamanho dos poros entre

as partículas, a diminuição do fenômeno da exsudação, pela segmentação dos

canais de fluxo d′água, a melhora nas propriedades reológicas do concreto fresco,

como coesão e trabalhabilidade, e, principalmente, o efeito filler causado pela

presença física da adição, responsável diretamente no incremento da resistência à

compressão.

Por outro lado, com a crescente quantidade de cinza volante e cinza de

casca de arroz produzidas atualmente, crescem também os problemas ambientais,

pois estas cinzas, quando não aproveitadas pelas indústrias cimenteiras, como é o

caso da cinza volante, são lançadas indiscriminadamente na superfície do solo,

vindo a ocasionar poluição, principalmente quando dispostas nas margens dos

cursos d’água, áreas urbanas ou rurais.

Usando-se uma tecnologia adequada, pode-se fazer com que as cinzas,

em vez de causarem um desequilíbrio na natureza, sejam utilizadas para os mais

diversos fins, inclusive como substituição de parte do cimento para a fabricação

de concreto.

Fortes argumentos induzem ao aproveitamento dessas cinzas no concreto,

principalmente na Região Sul, onde se tem abundância desse material. O Rio

Grande do Sul é detentor de aproximadamente 90% das reservas nacionais de

carvão mineral (cerca de 28 bilhões de toneladas de carvão) e conta também com

42,4% da produção nacional de arroz (aproximadamente 3.609.100 t/ano -

fonte:IRGA,safra 97/98), sem que ainda tenha sido encontrada uma solução para o

problema da casca.

Como afirmam MEHTA e FOLLIARD (1995), à medida que a demanda

por um concreto mais durável aumenta, as nações estão se dando conta,

finalmente, do grande potencial dos materiais cimentantes suplementares. Com a

grande quantidade de arroz cultivada na maioria dos países do mundo, a cinza de

casca de arroz pode estar disponível em quantidades suficientes para satisfazer as

necessidades de uma mistura mineral de alta qualidade.

Portanto, a utilização nos ensaios das três pozolanas mencionadas, em

especial as cinzas provenientes dos recursos minerais disponíveis, contribuem no

sentido de procurar o aproveitamento dos rejeitos prejudiciais ao ambiente natural

e que certamente, pelas suas características, tanto atuando isoladamente ou em

conjunto, são importantes para o comportamento satisfatório do concreto de alto

desempenho.

Nesta pesquisa, a influência das pozolanas na microestrutura dos

concretos foi investigada principalmente com respeito à carbonatação. A

carbonatação é um fenômeno físico-químico decorrente da reação entre os

constituintes ácidos do meio ambiente com o líquido intersticial existente nos

poros do concreto, que se encontra saturado por hidróxido de cálcio (CH)

proveniente da hidratação do cimento. O processo ocorre por difusão gasosa do

CO2 (existente na atmosfera) na fase aquosa dos poros do concreto e pela posterior

reação química do CO2 dissolvido com o hidróxido de cálcio, formando os

carbonatos e água.

Esse mecanismo resulta na diminuição da alcalinidade da solução dos

poros do concreto, propiciando a despassivação do aço e a possibilidade de

desenvolvimento da corrosão.

A carbonatação do concreto é um fenômeno complexo, que depende de

muitas variáveis, como a finura, a natureza e a dosagem de cimento ou adições

minerais; o fator a/ag; a duração e as condições de cura, principalmente no que

tange à temperatura, à umidade e à concentração de CO2 no ar; a porosidade, a

permeabilidade e a compacidade da pasta de cimento endurecida; a resistência à

compressão e também a presença de fissuras no concreto.

Então, devido à complexidade que envolve, esse mecanismo é de grande

importância para regular a durabilidade das estruturas, o que torna relevante seu

estudo nesta pesquisa. Além disso, o fato de se adicionar pozolanas ao concreto

traz um novo horizonte de investigação, permeando na busca de quais as misturas

mais adequadas que proporcionam um melhor desempenho do material frente à

carbonatação.

Neste estudo, procura-se investigar a influência que a substituição de

parte do cimento por alguns tipos de pozolanas, como a cinza volante, a sílica

ativa e a cinza de casca de arroz, exercem sobre a carbonatação do concreto.

Como propósito social, objetiva-se incrementar o emprego de

subprodutos industriais poluentes da natureza, representados pelas três pozolanas

escolhidas, numa categoria de material que está sendo cada vez mais utilizado em

obras de construção civil.

Portanto, o problema que motivou a realização deste estudo constitui-se

no seguinte: Qual é a influência que teores normais e elevados de pozolanas, em

misturas binárias e ternárias, terão sobre a carbonatação do concreto de cimento

Portland?

Decorrentes deste problema e como objetivos específicos do trabalho,

foram analisados outros aspectos importantes, como a influência que o período de

pré-cura ao ar do concreto tem sobre a carbonatação, a evolução do coeficiente de

carbonatação quando se adicionam elevados teores de pozolanas e também as

possíveis relações entre a alcalinidade, o teor de hidróxido de cálcio remanescente

e a carbonatação dos concretos.

A dissertação está estruturada em quatro capítulos. O primeiro e o

segundo capítulo foram construídos a partir de pesquisa bibliográfica sobre a

temática investigada. O terceiro capítulo constitui-se no relato da fase

experimental. E, por último, o quarto capítulo contém as análises e discussões dos

resultados alcançados.

O capítulo I aborda o fenômeno da carbonatação dos concretos, como

acontece o seu mecanismo de deterioração e os fatores que o influenciam.

No capítulo II, sobre o emprego das pozolanas no CAD e os efeitos na

carbonatação, são relatadas as principais características das pozolanas estudadas,

bem como algumas pesquisas referentes ao assunto.

A descrição experimental está contida no capítulo III, através da

metodologia adotada, como a definição dos objetivos a serem alcançados, dos

materiais utilizados, das variáveis envolvidas, dos ensaios executados e seus

resultados.

O capítulo IV envolve a análise dos resultados dos ensaios realizados para

implementar os objetivos propostos, bem como uma discussão com outros estudos

relacionados com a carbonatação dos concretos.

Por fim, na conclusão, foram respondidos os questionamentos elaborados

para a dissertação, como a influência dos períodos de pré-cura ao ar dos concretos,

as misturas com melhor desempenho encontradas e a relação entre os ensaios

desenvolvidos.

CAPÍTULO I – O MECANISMO DA CARBONATAÇÃO E SUA

INFLUÊNCIA NO CONCRETO

1.1 O Mecanismo

O fenômeno da carbonatação acontece naturalmente nas estruturas de

concreto, exigindo apenas uma certa concentração de CO2 no ar ambiente e uma

variação de umidade.

Embora progrida lentamente no interior da estrutura, a partir de sua superfície, a

carbonatação, ao longo dos anos, contribui decisivamente para o rebaixamento do

pH e a despassivação da armadura, ocasionando o processo de corrosão da

mesma.

Sabe-se que a maior concentração de CO2 no ar favorece o incremento da

taxa de carbonatação. Em ambientes urbanos, com tráfego intenso, a concentração

em volume de CO2 no ar pode variar entre 0,1 e 1,2%, propiciando, na presença

de umidade, uma maior difusão desse gás nos poros e capilares do concreto.

Segundo HELENE (1993,p.99-100),

A penetração do gás carbônico no concreto dá-se preponderantemente por um mecanismo de difusão. (...) Portanto na maioria dos casos trata-se de gradientes de concentração de CO2. Influirá a concentração de CO2 no ambiente externo, junto à estrutura, comparativamente à concentração de CO2 nos poros capilares do concreto de cobrimento das armaduras.

Pode-se afirmar que, em poros saturados de água, o processo de carbonatação

quase não ocorre, devido à baixa difusão do CO2, ao passo que, em poros

excessivamente secos, o gás penetra facilmente, mas faltará água para que a

reação ocorra.

Por isso, em ambientes sujeitos a intempéries freqüentes, como chuva e sol

intenso, a carbonatação da superfície do concreto é lenta ou praticamente nula.

Por outro lado, em locais protegidos, onde a umidade se mantém na faixa entre 50

e 80%, a velocidade de avanço da frente de carbonatação é alta, contribuindo para

a deterioração do concreto num prazo mais curto.

A principal reação que caracteriza o fenômeno da carbonatação é a seguinte:

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O

O hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), liberado das reações de hidratação do

cimento, reage com o gás carbônico (CO2) ou outros gases ácidos, como o gás

sulfídrico (H2S) ou dióxido de enxofre (SO2), formando os carbonatos (CaCO3) ou

sulfatos (CaSO4) e água.

Outros compostos formados na hidratação do cimento também são suscetíveis ao

processo, como o hidróxido de potássio (KOH) e o hidróxido de sódio (NaOH).

Conforme afirma HELENE (1993, p.99), O hidróxido de cálcio Ca(OH)2 é menos solúvel que outros álcalis do cimento, o

hidróxido de sódio NaOH, e o hidróxido de potássio KOH. Dessa forma o hidróxido de cálcio encontra-se, na solução presente nos poros do concreto, normalmente na forma de cristais enquanto os outros estão dissolvidos na forma de íons. Como a solubilidade do Ca(OH)2 depende da concentração de OH- na solução intersticial, a reação de carbonatação começa através dos álcalis NaOH e KOH passando a seguir ao Ca(OH)2.

Observa-se, assim, que as reações de carbonatação são muito complexas,

prevalecendo a reação principal, onde um composto cristalino Ca(OH)2 é

transformado em outro também cristalino CaCO3. Outras reações também

ocorrrem, mas menos importantes, onde se verificam a formação de compostos

perfeitamente cristalinos como o Al2O3 e Fe2O3.

O concreto, quando endurecido, possui uma elevada alcalinidade (pH entre 12

e 14), devido principalmente aos íons OH-, Ca++, K+, Na+ presentes na solução

intersticial dos poros do material. Como sustenta KAZMIERCZAK (1993) “Neste

pH e na presença de oxigênio, o aço se recobre de uma capa de óxidos muito

aderente, que lhe protege da corrosão”.

Enquanto a armadura não for despassivada pela remoção desta camada de

óxidos, o processo de corrosão não se inicia. Entretanto, pela ação de íons cloreto

ou da carbonatação, os dois principais agentes desencadeantes da corrosão, esse

ambiente de estabilidade química do concreto é modificado, alterando o pH de

12,5 para 8,3, segundo pesquisa de PAPADAKIS, FARDIS & VAYENDAS

(1990).

Com esse pH baixo e na presença de oxigênio e uma certa umidade, ocorre a

deflagração do fenômeno da corrosão do aço no interior do concreto.

Neste contexto, o fator preponderante para a durabilidade do concreto

consiste em tentar minimizar os efeitos da carbonatação, utilizando na

especificação dos projetos um cobrimento adequado das armaduras para cada caso

e também uma boa qualidade deste material, que garanta ao longo da sua vida útil

uma importante proteção contra os agentes agressivos.

1.2 A carbonatação e as variáveis que a influenciam

A carbonatação é um dos principais agentes de deterioração das estruturas de

concreto, junto com a ação dos íons cloretos. Estes agentes não são prejudiciais ao

concreto em si, mas especialmente na corrosão da armadura que está dentro dele.

Existem, portanto, fatores que afetam preponderantemente o concreto, como a

lixiviação, a expansão ocasionada pela reação álcali-agregado e por ação dos

sulfatos, bem como fatores que atacam preponderantemente a armadura,

despassivando-a, como é o caso da carbonatação e dos cloretos.

O fenômeno da carbonatação dos concretos é muito complexo, pois muitas

variáveis físico-químicas se inter-relacionam e determinam um processo de maior

ou menor intensidade de avanço da frente carbonatada.

Essas variáveis são pesquisadas há várias décadas, contribuindo para melhor

interpretação do fenômeno na microestrutura do concreto, auxiliando também na

busca de novas misturas e adições que aumentem a durabilidade e a vida útil das

estruturas.

Abaixo, estão relacionadas algumas das variáveis mais importantes que

influenciam na carbonatação, que são:

a) a finura, a natureza e a dosagem de cimento ou adições minerais;

b) o fator a/c ou a/ag;

c) a porosidade;

d) a permeabilidade;

e) a duração e as condições de cura;

f) a resistência à compressão axial.

Relatos de várias pesquisas indicam que a taxa de carbonatação é fortemente

influenciada pelo fator a/ag. Em geral, a redução desta relação reduz

significativamente a medida da profundidade de carbonatação. Esta diminuição no

fator a/c ou a/ag implica também a diminuição da porosidade e permeabilidade do

concreto.

Estudos como os de MEYER (1968), FONTENAY (1985) e

SKJOLSVOLD(1986) mostraram a influência marcante do fator a/c ou a/ag na

medida da profundidade de carbonatação conforme observa-se nas figuras 1.1, 1.2

e 1.3 abaixo.

FIGURA 1.1- Efeito da relação a/c sobre o progresso da carbonatação.

. (MEYER,1968).

FIGURA 1.2- Efeito da relação a/c sobre a profundidade da carbonatação. .

(FONTENAY, 1985)

FIGURA 1.3- Profundidade de carbonatação após 6 anos de exposição em

ambiente com 20oC e 50% UR (SKJOLSVOLD,1986).

Nestes gráficos verifica-se, para diversas condições de exposição e idades dos

ensaios, a forte relação linear existente entre a profundidade de carbonatação e a

relação a/c, indicando assim que o controle do tamanho dos poros é muito

importante para regular o aumento ou a diminuição da frente de carbonatação.

Em pesquisa recente, HOUST (1997) estudou as variações microestruturais

da pasta de cimento hidratada devido à carbonatação, com vistas a melhor

compreender os efeitos sobre a porosidade do material. A modificação na

microestrutura da pasta, nessa pesquisa, foi medida através do ensaio de

porosimetria por intrusão de mercúrio. Foram testadas amostras de pasta de

cimento Portland, com relações a/c de 0,3 até 0,8. Os corpos de prova

permaneceram durante seis meses submersos em água com cal para uma perfeita

hidratação. Após a cura, as amostras foram submetidas à carbonatação acelerada,

com atmosfera de 80% a 90% de CO2 e umidade relativa de 76% até uma

completa carbonatação.Os resultados desse estudo, com relação à porosidade da

pasta, encontram-se nas figuras 1.4 e 1.5 a seguir, tanto para as amostras

carbonatadas quanto para as não-carbonatadas.

FIGURA 1.4- Porosidade das pastas carbonatadas (HOUST,1997)

A interpretação dos resultados de HOUST(1997) indica que a porosidade é

significativamente reduzida. Esta redução é maior para relações a/c mais baixas.

Todos os poros da pasta com relação a/c=0,4 são afetados pela carbonatação, mas

em particular aqueles com diâmetros abaixo de 0,1 µm. A alta porosidade da pasta

com a/c=0,8 mostra um aumento da quantidade de poros com diâmetros entre

0,04µm e 2µm, e também uma diminuição dos poros finos. A carbonatação

acelerada das pastas, conclui o autor, conduz a grandes modificações no sistema

de poros. Todos os tamanhos de poros são afetados pela carbonatação nas pastas

de relações a/c ≤ 0,5, mas é particularmente os poros com diâmetros < 0,1µm que

são reduzidos.

Em pesquisa recente, GASTALDINI et al. (1996) investigou a influência das

adições minerais na porosidade das pastas de cimento Portland. Foram estudadas

várias misturas de cimento Portland (ARI) com cinza volante, cinza de casca de

arroz, escória granulada de alto forno e sílica ativa, em misturas binárias e

ternárias. A porosidade total e o diâmetro médio dos poros foram determinados

em amostras de pasta com relação a/ag igual a 0,48 e curados por 7 e 28 dias.

Constatou-se, através dos resultados dessa pesquisa, que houve modificação na

microestrutura das pastas com pozolanas, com aumento no volume de poros de gel

e diminuição no volume de poros capilares, ou seja, um refinamento dos poros,

além da redução na porosidade total, contribuindo para uma menor

permeabilidade, uma vez que restringe os movimentos da água, íons e gases para

o interior do concreto.

Este comportamento microestrutural ratifica o efeito benéfico das pozolanas no

concreto, diminuindo o tamanho dos poros, conjuntamente com um aumento na

quantidade de poros mais finos. Com isso, melhoram as propriedades como

permeabilidade e exsudação, implicando o aumento da durabilidade do concreto.

Numa contribuição importante para o estudo da carbonatação em pastas

hidratadas, PARIS (1973) aponta como fatores que influenciam na velocidade

deste fenômeno a natureza, a finura e a dosagem do cimento ou adições.Em seu

trabalho, investigou a carbonatação das pastas hidratadas dentro de uma

interpretação físico-química.

Hamada apud PARIS (1973) constatou, através dos ensaios, que a natureza dos

aglomerantes influencia na carbonatação, citando por ordem os que são mais

resistentes ao fenômeno: o cimento Portland de alta resistência inicial (ARI), o

cimento Portland comum, os cimentos que contêm escórias e, por fim, os

pozolânicos. Em geral, afirma que os aglomerantes compostos se carbonatam

mais rapidamente que os Portland simples.

Com relação à finura do aglomerante, o trabalho de Venuat apud PARIS (1973)

mostrou ser nula a influência da finura na velocidade de carbonatação durante o

primeiro ano. Posteriormente, a carbonatação é tanto mais rápida quanto menor a

finura. Mas, para efeitos práticos, as variações são tão pequenas que podem ser

consideradas nulas. Também segundo esse autor, na dosagem do cimento ou

adições, a velocidade diminui à medida que a proporção de cimento ou adições

aumenta. Qualquer ação que tende a diminuir a porosidade freia o processo de

carbonatação.

Nota-se, através dessas pesquisas, a importância do controle da natureza, da finura

e da dosagem do cimento ou adições, pois regulam as variações na microestrutura

do concreto, e, por sua vez, as propriedades que influenciam na durabilidade, em

especial a carbonatação.

A difusividade do CO2 na pasta de cimento hidratada é um fator que regula a

carbonatação. Ela é função da distribuição dos poros no momento em que ocorre a

difusão do CO2 na pasta. O sistema de poros da pasta, portanto, é influenciado

pelo grau de hidratação, pela relação a/ag e também pelo tipo de cimento.

Essas variáveis, por sua vez, modificam a microestrutura da pasta de cimento

e influenciam na resistência à compressão do concreto.

Segundo NEVILLE (1997, p.498), “Esses fatores influenciam a resistência do

concreto qualquer que seja a pasta de cimento que ele contenha. Por essa razão,

muitas vezes se diz que a carbonatação é função da resistência do concreto”. Mas,

conforme este autor, essa abordagem “... é uma simplificação inadequada,

embora, no final, seja verdade”. Principalmente porque a resistência obtida nos

ensaios de laboratório não reflete a mesma realidade que os concretos em obra,

quando expostos ao CO2.

Entretanto, é evidente que essa profundidade de carbonatação irá sofrer

variações substanciais, conforme o local de exposição da peça de concreto, das

condições de cura e também do tipo e proporção de cimento ou adições minerais

deste concreto.

A permeabilidade do concreto é outro fator que influencia na carbonatação,

pois a maior ou menor difusão dos gases dentro dos poros capilares implica

aumento ou diminuição na velocidade da reação principal deste fenômeno.

Esta permeabilidade está vinculada a fatores inerentes ao próprio material,

como as características físico-químicas do aglomerante e dos agregados, a relação

a/c ou a/ag, o conteúdo de cimento no traço, etc.. Também pode estar relacionada

com fatores ambientais, tais como ambientes com gases agressivos, umidade

relativa e temperatura no local de exposição e ações de congelamento do concreto.

E, por fim, a fatores tecnológicos, como a própria execução do concreto:

transporte, lançamento e cura.

Com isso, torna-se difícil a adequação de modelos ou regras definidas que

permitam diminuir a permeabilidade do concreto com vistas a sua durabilidade.

Entretanto, é necessário conhecer os diversos elementos que alteram a

microestrutura do material e influenciam na permeabilidade, e esta, por sua vez,

na carbonatação.

Estudo realizado por COSTA, FACOETTI & MASSAZZA (1992) sobre a

permeabilidade e difusão de gases em concreto mostra que os coeficientes de

fluxo de gás são altamente dependentes da relação a/c, conteúdo de cimento,

tempo de cura e também das resistências desenvolvidas pelos concretos. Nessa

pesquisa utilizaram-se concretos com cinza volante, concretos com pozolana

natural, concretos com escória de alto forno e concretos com cimento Portland. Os

tipos de cimentos testados, relatam os autores, não tiveram influência direta na

permeabilidade dos concretos, mas sim indireta e dependente da resistência à

compressão. A redução na permeabilidade dos concretos torna-se mais

significativa quando há uma diminuição na relação a/c, um conteúdo de cimento

adequado e uma idade de cura prolongada, concluem os pesquisadores.

Sabe-se que a área próxima à superfície do concreto promove uma proteção

tanto física quanto química para o ingresso de agentes agressivos no seu interior,

como líquidos e gases do ambiente. Esta proteção, no entanto, está relacionada

diretamente com as características de permeabilidade do concreto, influindo ou

não sobre a resistência à carbonatação.

O trabalho de DHIR, HEWLETT & CHAN (1989) teve o propósito de

investigar a praticabilidade de usar a permeabilidade intrínseca para predizer a

resistência potencial do concreto à carbonatação. Como conclusões, eles salientam

que a profundidade de carbonatação pode ser relacionada com a permeabilidade

intrínseca, e o teste de índice de ar de FIGG, com equipamento portátil, barato e

simples de operar, pode ser utilizado para prognosticar diretamente a resistência

potencial do concreto à carbonatação.

Outra variável importante que influencia na carbonatação é a cura do

concreto. Muitos estudos relatam a necessidade de uma boa cura para minimizar

os efeitos do CO2 sobre a superfície deste material.

Pesquisa como a de HOBBS (1988) mostra a influência da cura sobre a

profundidade de carbonatação em concretos contendo 35% de cinza volante em

substituição ao cimento Portland. Foram testadas três condições de exposição:

uma internamente, no laboratório, com umidade e temperatura controladas (65% e

20ºC); outra externamente, sob cobertura, e uma terceira embaixo d′água a 20ºC.

A cura úmida para todos os concretos foi de 24 horas. Após 3 anos, a

profundidade de carbonatação dos concretos depositados internamente foi de 1,5 a

2,0 vezes maior do que aqueles depositados externamente. Entre as conclusões da

pesquisa consta que os concretos contendo cinza volante apresentaram

carbonatação similar ou ligeiramente maior que o concreto de referência, em

igualdade de resistência aos 28 dias. Entretanto, fazendo a comparação em

igualdade de relação a/ag ou conteúdo de aglomerante, a profundidade de

carbonatação foi significantemente maior para os concretos com cinza volante.

Pelo experimento relatado acima, observa-se que o concreto sofre influência

marcante do tipo de ambiente ao qual ele é exposto. Quando está sujeito a

intempéries, ou seja, próximo à saturação devido a chuvas prolongadas ou faces

muito secas pela estiagem, a carbonatação quase não ocorre ou progride muito

lentamente através da superfície do concreto. Entretanto, em locais protegidos e

úmidos, ela se desenvolve com maior velocidade, pois encontra condições

favoráveis para a difusão do CO2 nos poros, como a umidade relativa entre 50 e

80% e temperatura praticamente constante.

Também com relação às condições de exposição, a pesquisa de BARKER &

MATTHEWS (1994) relata que concretos armazenados em locais fechados

(ambiente de laboratório à 20°C e 65% UR) carbonataram mais que os

armazenados ao ar livre (expostos ao tempo, mas protegidos), sendo que estes

apresentaram redução de 40% na profundidade de carbonatação quando

comparados aos concretos em recinto fechado. Quanto ao período de cura úmida,

eles verificaram que, aumentando este de 1 para 3 dias, a profundidade

carbonatada reduz-se ao redor de 15%. Foram testadas duas séries de concretos

com diferentes tipos de cimentos. Os concretos permaneceram nos moldes por 24

horas após a moldagem. Para a cura úmida por 3 dias, os prismas de 75x75x200

mm foram colocados em sacos plásticos umidecidos sob uma temperatura de

20°C. Através da boa correlação entre a profundidade de carbonatação na idade de

1 ano e as resistências à compressão aos 28 dias para ambas as séries ensaiadas, os

autores concluíram que a resistência à compressão é um parâmetro mais fidedigno

que a relação a/c para predizer a espessura carbonatada dos concretos,

principalmente quando são analisados diversos tipos de cimento com uma

variedade de componentes secundários, como as pozolanas.

A cura úmida para o concreto, portanto, define praticamente o

comportamento das propriedades deste material ao longo de sua vida útil, em

especial a carbonatação. Esta é substancialmente reduzida quando o equilíbrio de

umidade entre a superfície do concreto de cobertura e o exterior encontra-se

adequado, principalmente nos períodos iniciais com uma cura prolongada,

possibilitando melhor hidratação do cimento, diminuição da porosidade e,

conseqüentemente, aumento das resistências finais.

Outra pesquisa que trata sobre o efeito da cura sobre a carbonatação é a de

PARROTT (1996). Nesse trabalho, foi verificada a influência dos tipos de

cimento e da cura na profundidade de carbonatação e na corrosão do aço dentro

do concreto. Foram testados três períodos de cura úmida 1, 3 e 28 dias, e usados

17 tipos de cimento. As leituras da profundidade carbonatada foram feitas aos 6 e

18 meses, sendo constatado que aos 18 meses a espessura foi 64% maior do que

aos 6 meses. Através da figura 1.6, abaixo, pode-se acompanhar o

desenvolvimento da profundidade de carbonatação para os diversos tipos de

cimento após 18 meses, para as 3 idades de cura úmida.

0

5

10

15

20

D54 U

1

U2

U3

U4

U5

U6

U7

U8

U9 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

Tipos de cimento

Prof

. de

carb

onat

ação

apó

s 18

mes

es

(mm

)

1dia de cura3 dias de cura28 dias de cura

FIGURA 1.6- Profundidade de carbonatação aos 18 meses para os 17 tipos de

cimento testados e para as 3 idades de cura úmida (1, 3 e 28

dias) PARROTT (1996).

A influência da cura no experimento de PARROTT (1996) foi significativa,

como pôde-se observar na figura 1.6, ocorrendo em média 38% de redução na

profundidade de carbonatação quando a comparação é feita entre as idades de 1 e

28 dias de cura úmida para os 17 tipos de cimento testados. Fazendo ainda a

comparação da espessura carbonatada para a idade de cura por 3 dias, verifica-se

que, em média, ela aumenta 33% em relação a cura por 28 dias e reduz 20% em

relação à cura por 1 dia.

Com isso, nota-se a tendência de uma menor carbonatação à medida que se

prolonga o tempo de cura, podendo ser explicada também, além dos fatores já

citados, devido à maior reserva alcalina proporcionada pela melhor hidratação dos

compostos anidros do cimento durante esse aumento do período de cura inicial.

Junta-se a isso o fato de a camada superficial do concreto apresentar uma

microestrutura menos porosa, dificultando a difusão do CO2.

BENTUR, DIAMOND & BERKE (1997), ao comentarem o papel da cura

sobre a carbonatação, fizeram comparações de concretos curados em ambientes

diferentes, baseados em pesquisas de JAEGERMANN & CARMEL (1988) e

BENTUR & JAEGERMANN (1989 e 1990). A influência combinada da cura e

relação a/c em relação à profundidade de carbonatação, quando os concretos

foram expostos em locais diferentes e com 3 períodos de cura úmida 1, 2 e 7 dias,

é ilustrada na figura 1.7. Os autores observaram que uma cura inadequada resulta

em um aumento da profundidade de carbonatação de um fator de 2 a 4.

Segundo BENTUR, DIAMOND & BERKE(1997), os prejuízos de uma cura

inadequada dependem das condições ambientais. Eles são piores sob condições

quente-secos, mas também não podem ser ignoradas em ambientes quente-

marinhos úmidos. A necessidade da prática de uma boa cura para o concreto é

enfatizada na figura 1.7, salientam os autores. A prescrição de resistência ou a/c

para os concretos, concluem os pesquisadores, não pode por si só ser suficiente

para obter o desempenho de durabilidade desejados, e uma cura inadequada pode

resultar numa redução de 20% na resistência à compressão, mas terá uma

influência mais danosa sobre a profundidade de carbonatação.

Neste contexto, entende-se que o efeito de aumentar o período de cura úmida

torna-se obrigatório para as estruturas de concreto, contribuindo para incrementar

as potencialidades das propriedades deste material, como também para retardar ou

impedir o aparecimento dos fatores de deterioração, reduzindo com isso os custos

de recuperação.

CAPÍTULO II- O EMPREGO DE POZOLANAS E OS EFEITOS NA

CARBONATAÇÃO DOS CONCRETOS DE ALTO DESEMPENHO

2.1 Introdução A utilização de adições minerais nos concretos vem a ser, na atualidade, uma

das formas de aumentar as características de durabilidade das estruturas. Isto,

juntamente com o fato do aproveitamento das cinzas para a diminuição dos

problemas ambientais, faz dos pesquisadores que estudam o tema sujeitos na

busca de trabalhos experimentais que comprovem os benefícios destas adições e

sua conseqüente disseminação nos concretos.

O emprego de pozolanas, portanto, parece ser a tendência mundial para

melhorar as propriedades do concreto, especialmente as relativas à durabilidade,

como foi enfatizado nas palestras proferidas pelos professores MEHTA e

SWAMY, no 40º Congresso Brasileiro do Concreto (REIBRAC), realizado

recentemente na cidade do Rio de Janeiro (agosto, 1998).

Uma pozolana é assim definida, segundo MEHTA & MONTEIRO (1994,

p.217),

Material silicoso ou sílico-aluminoso que em si mesmo possui pouca ou nenhuma propriedade cimentante mas, numa forma finamente dividida e na presença de umidade, reage quimicamente com o hidróxido de cálcio a temperaturas ambientes para formar compostos com propriedades cimentantes.

Assim, a reação principal que ocorre entre o CH liberado da hidratação do

cimento Portland e a pozolana, chamada reação pozolânica, é a seguinte:

Pozolana + CH + H → C – S – H

Nas reações pozolânicas, de acordo com MASSAZZA(1998), ocorre uma

aceleração da hidratação do C3S pelas partículas finas das pozolanas, liberando os

íons Ca+2 e, posteriormente, formando o CSH com locais preferenciais de

nucleação, fazendo com que este precipite na solução dos poros . Em outras

palavras, acontece um mecanismo de dissolução e precipitação do CH, com a

adsorção dos íons Ca+2 pelos íons Si+4 dissolvidos da superfície dos grãos da

pozolana, com a conseqüente formação do C-S-H.

A formação dos silicatos de cálcio hidratados (C-S-H) secundários, de baixa

densidade, contribui para o refinamento do tamanho dos poros, ou seja, a

transformação de vazios capilares grandes em muitos vazios de pequenos

tamanhos.

Além deste efeito físico importante, a reação pozolânica é responsável

também pelo refinamento do tamanho dos grãos, que é a transformação dos grãos

maiores de um componente em grãos menores, aumentando com isso a resistência

da pasta de cimento.

Tanto o refinamento do tamanho dos poros como o dos grãos aumentam a

resistência da zona de transição, que é fonte principal das microfissuras no

concreto.

Esta redução na microfissuração do concreto, devido ao aumento da

resistência da pasta através das reações pozolânicas, diminui sensivelmente a

permeabilidade do sistema, impedindo a penetração de agentes agressivos e,

conseqüentemente, melhorando a durabilidade do material.

Entretanto, na medida em que o processo de formação do C-S-H nas reações

pozolânicas ocorre por dissolução e precipitação do CH, nas reações de

carbonatação o mecanismo não é o mesmo, devido às diferenças de natureza entre

as reações. Segundo MATALA (1997), nas reações de carbonatação, a difusão e

dissolução do CO2 na solução dos poros ocorre por um mecanismo de dissolução,

quando os compostos anidros do cimento são dissolvidos em seus constituintes

iônicos com a formação dos hidratos, ou por um processo topoquímico ou

hidratação no estado sólido, quando acontecem as reações diretamente na

superfície dos componentes do cimento anidro sem entrarem em solução,

modificando as características microestrutural e estrutural dos poros dos

compostos cimentantes.

O desenvolvimento das reações pozolânicas, portanto, induz a uma

diminuição nos teores de CH na solução dos poros do concreto, fazendo com que

necesssite menor quantidade de CO2 para reagir com o CH e formar os carbonatos

(NEVILLE,1997).

Este processo, conseqüentemente, aumenta a velocidade de carbonatação,

pois a difusão do CO2 nos poros é mais rápida devido à menor quantidade de CH

disponível para reagir.

As pozolanas utilizadas na pesquisa experimental foram a cinza volante, a

sílica ativa e a cinza de casca de arroz. Este capítulo aborda as principais

características destas pozolanas, como as vantagens e desvantagens do seu

emprego nos concretos, bem como dos seus efeitos na combinação ternária com o

cimento Portland.

O fenômeno da carbonatação no CAD também é tratado neste capítulo,

buscando pesquisas recentes realizadas com as pozolanas estudadas neste

trabalho, relacionando-as com as propriedades do concreto.

2.2 Características das pozolanas

2.2.1 Cinza volante

As cinzas provenientes da combustão do carvão mineral, chamadas de cinzas

volantes (CV), são resíduos sólidos obtidos principalmente em usinas

termoelétricas, quando suas partículas finas e esféricas são retidas por

precipitadores eletrostáticos ou mecânicos e armazenadas em silos apropriados,

sendo constituídas essencialmente de sílica, alumina e óxidos de ferro.

Sabe-se que o carvão mineral é uma das maiores fontes de energia não-

renovável da Terra, e, entre os países que mais detém estes recursos, estão a União

Soviética, Estados Unidos e China. A União Soviética, segundo MEHTA (1989),

é a maior produtora de carvão no mundo, e também a que mais produz cinza,

cerca de 10 milhões de toneladas/ano.

No Brasil, as fontes produtoras estão restritas à Região Sul, nos estados de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Neste último estado, encontram-se as usinas

termoelétricas de Charqueadas, em São Jerônimo, e Presidente Médici, em Bagé,

e os sistemas de geração de vapor da Riocell, em Guaíba, e da Copesul, em

Montenegro e Triunfo.

As quantidades de cinza volante produzidas anualmente nessas usinas são as

seguintes: Presidente Médici- 220.000 t/ano, Charqueadas- 120.000 t/ano,

Copesul-190.000 t/ano e Riocell-50.000 t/ano (KIHARA & SCANDIUZZI,

1992).

Boa parte dessas cinzas, aproximadamente 60%, são utilizadas nas indústrias

cimenteiras para a fabricação do cimento pozolânico, que, segundo a

especificação brasileira EB-758, admite de 15% a 50% (em massa) de pozolanas

na sua composição. A outra parte que não é aproveitada pela indústria é lançada

na natureza, causando poluição do ar e da água.

A cinza volante foi utilizada durante muito tempo em obras de barragem para

a diminuição do calor de hidratação e o custo do empreendimento. Outro emprego

dessa cinza é como componente na estabilização de solos, usada junto com a cal

para formação da base em pavimentações de estradas.

Os benefícios da CV para o concreto no estado fresco são significativos, como

o aumento no tempo de pega, melhora na coesão e trabalhabilidade, diminuição da

exsudação e segregação, facilitando o transporte e o bombeamento a grandes

distâncias.

No concreto endurecido, as reações de hidratação ficam um pouco retardadas

nos períodos iniciais, contribuindo para a diminuição da temperatura. A longo

prazo, em idades superiores a 28 dias, ocorre o aumento da resistência do

concreto, devido principalmente ao refinamento dos poros da pasta.

Com isso, as vantagens da adição dessa cinza aos concretos se traduz no

incremento da impermeabilidade e, conseqüentemente, da durabilidade do

material.

As cinzas volantes são classificadas em duas categorias, segundo a norma

americana ASTM C 618 (1980): as de baixo teor de cálcio (menos de 10% de

CaO) do tipo F, e as de alto teor de cálcio (entre 10 e 30% de CaO) do tipo C.

As cinzas do tipo F são as mais comuns e provenientes do carvão betuminoso,

e as cinzas do tipo C são originadas do carvão sub-betuminoso ou lignito e

resultam cinzas volantes ricas em cal.

A constituição mineralógica das cinzas volantes de baixo teor de cálcio (tipo

F) consistem principalmente de vidros de aluminossilicatos, sendo que os

principais minerais cristalinos são quartzo, mulita, hematita ou magnetita. Quando

esses minerais estão presentes em grandes proporções, eles tendem a reduzir a

reatividade das cinzas, pois não reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura

ambiente. A maioria das cinzas volantes, tanto a do tipo F quanto a do tipo C,

possuem aproximadamente 60 a 85% de vidro, 10 a 30% de compostos

cristalinos, e até cerca de 10% de carvão não-queimado (MEHTA &

MONTEIRO, 1994). Portanto, quanto mais elevado for o teor de matéria amorfa,

sob a forma de vidro, mais reativas serão as cinzas volantes.

A composição química da cinza volante restringe-se basicamente ao teor de

óxidos. Pela norma ASTM C 618 (1980), os principais requisitos são os seguintes:

o total de sílica, alumina e óxido férrico não deve ser inferior a 70%; teor máximo

de 5% de SO3; perda ao fogo de até 5%; e um teor máximo de álcalis (Na2O) de

1,5%. Esses requisitos para a cinza volante também estão de acordo com a norma

brasileira

NBR 12653/92, com exceção apenas do limite da perda ao fogo, que admite um

máximo de 6%.

As características físicas das cinzas volantes são muito variáveis e dependem

muito da composição e grau de pulverização do carvão, da qualidade e tipo de

equipamento da combustão, bem como do modo de coleta das cinzas.

As partículas de cinza volante são esféricas e possuem diâmetro entre 1 µm e

100 µm, com mais de 50% menores do que 20 µm. A área específica Blaine está

normalmente entre 250 e 600 m2/kg. Estas características, juntamente com a

morfologia da cinza, exercem muita influência sobre a demanda de água, a

trabalhabilidade do concreto fresco e a velocidade de desenvolvimento da

resistência do concreto endurecido (NEVILLE, 1997).

A massa específica da CV encontra-se na faixa entre 1,9 e 2,4 g/cm3, não

sendo uma característica determinante da qualidade da cinza, mas é um indicativo

da dimensão dos grãos. A finura é uma propriedade importante desta pozolana,

pois influencia sobretudo na atividade pozolânica, de modo que, quanto mais fina,

mais rapidamente elas reagem com o cimento (ISAIA, 1991).

Com relação à carbonatação dos concretos com CV, vários estudos

demonstram que o pH não é substancialmente reduzido para promover a

despassivação do aço. Na pesquisa como a de DIAMOND (1981), investigando

dois tipos de pasta de cimento com cinzas volantes, foi observado que a

alcalinidade é mais dependente dos teores de hidróxido de sódio e potássio

provenientes do cimento do que do hidróxido de cálcio liberado das reações de

hidratação.

2.2.2 Sílica ativa

A sílica ativa (SA), também conhecida por microssílica, sílica volatizada ou

simplesmente fumo de sílica, é um subproduto da fabricação de silício ou ligas de

ferro-silício a partir de quartzo de elevada pureza em fornos a arco e de indução

das indústrias de silício metálico.

Segundo NEVILLE (1997, p. 104), “...o SiO que se desprende na forma de

gás, se oxida e se condensa na forma de partículas esféricas extremamente

pequenas de sílica amorfa (SiO2); por esta razão o nome de fumo de sílica”.

Essa pozolana, quando adicionada ao concreto, melhora sensivelmente a

resistência à compressão nos períodos iniciais (2 e 3 dias), devido a sua elevada

superfície específica que está entre 20000 e 25000 m2/ kg e não pode ser detectada

pelo método Blaine, mas sim através de ensaio por adsorção de nitrogênio.

O efeito filler das pequenas partículas induz a uma microestrutura da pasta

mais densa e uniforme, reforçando a zona de transição pasta-agregado,

contribuindo para o acréscimo de resistência e impedindo a entrada de agentes

agressivos devido à maior compacidade do concreto.

A sílica ativa também melhora a zona de transição através das reações

pozolânicas. O consumo de CH por estas reações proporciona uma redução na

espessura da camada entre a pasta e o agregado, ocorrendo uma densificação da

mesma, ratificada por várias pesquisas, como as de LARBI & BIJEN (1990,

1993) e BIJEN & SELST (1993).

Portanto, tanto o efeito microfiller como a influência pozolânica da SA são

responsáveis pelo aumento da resistência na interface pasta-agregado, reduzindo a

possibilidade de microfissuração.

A maioria das partículas de SA possuem diâmetro entre 0,03 µm e 0,3 µm,

sendo que a dimensão média é aproximadamente 0,1 µm. A massa específica

situa-se na ordem de 2,20 g/cm3 (NEVILLE, 1997).

A distribuição granulométrica das partículas de SA é duas ordens de grandeza

mais fina que a do cimento Portland comum e das cinzas volantes típicas. Esse

comportamento caracteriza a SA como altamente pozolânica, mas, ao mesmo

tempo, aumenta o consumo de água no concreto, que só é solucionado com o

emprego de aditivos plastificantes (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

Apesar do alto consumo de CH pelas reações pozolânicas, os concretos com

SA não modificam substancialmente o seu pH. Pesquisa realizada por

HAVDAHL & JUSTNES (1993) com pastas de cimento e SA na proporção de 1 a

20% de substituição e relações a/ag entre 0,2 e 0,4 mostraram que, em todas as

pastas em que o CH havia sido consumido, o pH encontrava-se superior a 12,5,

sendo explicado pela alcalinidade fornecida pelo C-S-H.

2.2.3 Cinza de casca de arroz

A cinza de casca de arroz (CCA) é um subproduto da queima da casca de

arroz a céu aberto ou pela combustão não-controlada em engenhos para a secagem

dos grãos, como também em fornos de olarias para a fabricação de tijolos.

Nos dias de hoje, o acúmulo da casca, especialmente em engenhos de

beneficiamento de arroz, representa um sério problema ambiental, pois, quando

ela é queimada, gera um volume considerável de cinza, que, por sua vez, é

lançada ao solo, ar e nas margens dos rios, arroios ou açudes, causando um

desequilíbrio no ecossistema.

Essa questão tem despertado nos pequisadores, principalmente da área

tecnológica, uma motivação para a descoberta de soluções que visem ao

aproveitamento desses rejeitos, minimizando os efeitos danosos à natureza. Com

isso, as pesquisas em certos países encontram-se num bom ritmo, como no Japão

e Malásia, que detém uma grande produção de arroz em nível mundial, buscando

a utilização da casca na geração de energia e da cinza como material suplementar

para o emprego em concretos.

No beneficiamento do arroz, cada tonelada produz ao redor de 200 kg de casca

e esta, por combustão, gera 40 kg de cinza, que geralmente contém altos teores de

minerais de sílica não-reativos, tais como a cristobalita e a tridimita. Após um

processo de moagem, as partículas ficam mais finas e passam a desenvolver

atividade pozolânica (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

Nesse aspecto, a CCA tem comportamento similar ou até melhor que a SA,

por isso alguns pesquisadores a consideram como uma superpozolana, devido a

sua alta reatividade quando a queima for controlada.

A explicação, de acordo com MEHTA (1992), se deve ao fato de a CCA ser

formada a baixas temperaturas, apresentando superfície microporosa, facilitando a

formação de C-S-H e de sílica hidratada. Com as outras pozolanas, o processo de

obtenção se dá pelo rápido resfriamento de gotas fundidas a altas temperaturas,

produzindo partículas com superfície mais impermeável, necessitando de maior

tempo de indução para que a sílica amorfa reaja com os compostos alcalinos.

A finura da CCA está representada pela sua elevada superfície específica, que

é determinada por adsorção de nitrogênio e gira ao redor de 50000 a 60000 m2/kg,

quando produzidas industrialmente (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

Como acontece com a SA, o efeito filler (físico), acompanhado das reações de

natureza química (reações pozolânicas) da CCA, contribui para a segmentação dos

poros do concreto, fazendo com que ocorra o refinamento dos grãos de CH,

formando cristais de menores dimensões. Com isso, a zona de transição pasta-

agregado é diminuída e reforçada pela produção do C-S-H secundário, sendo este

o maior responsável pelo aumento da resistência à compressão.

Em vista dessas características, a CCA é uma pozolana que desperta muito

interesse no meio técnico, apesar das poucas pesquisas realizadas até o momento.

As qualidades que ela apresenta, não só pelas altas resistências nas primeiras

idades (1 e 3 dias) como também a longo prazo, melhorando as propriedades

relativas a durabilidade do concreto, já são suficientes para torná-la corriqueira em

experimentos e lançá-la como a adição mineral do futuro.

2.2.4 Benefícios do emprego conjugado das pozolanas

Foram relatadas as vantagens da utilização das pozolanas (CV, SA e CCA) em

misturas binárias com o cimento Portland. As pesquisas com essas adições

apontam que a conjugação em misturas ternárias apresenta igual ou maior

benefício que seu emprego isoladamente.

Extenso trabalho experimental foi realizado por ISAIA(1995), analisando

várias propriedades ligadas à durabilidade do CAD com vistas à corrosão do aço,

empregando misturas binárias e ternárias com as três pozolanas citadas acima.

Entre as variáveis investigadas estão resistência à compressão, módulo de

elasticidade, retração, calor de hidratação, penetração de cloretos, relação Cl-/OH-,

penetração de água e carbonatação acelerada. Foram estudadas 13 misturas, sendo

seis ternárias, seis binárias e uma mistura de referência. Nos traços ternários, a CV

foi conjugada com a SA e a CCA.

Os resultados, segundo ISAIA(1995, p. xvi), foram analisados de forma não

segmentada, "... sob ótica integrada (holística), privilegiando os processos

interativos que ocorrem na hidratação das pastas cimentantes,...". Com isso, foi

adotado um fator de desempenho global para cada mistura, para mostrar sua

eficiência com relação à durabilidade. As misturas que apresentaram os melhores

resultados foram as ternárias, em especial a CV+CCA(20+30)%, indicando que o

aumento do efeito sinérgico foi mais significativo para os altos teores. Assim,

conclui ISAIA(1995, p. 217) "... a ação física (defloculação, dispersão) que a CV

exerceu em conjunto com as adições pozolânicas da CCA e MS1, resultou em

microestrutura com menor porosidade (tortuosidade, bloqueio dos poros) e textura

mais homogênea (nucleação e refinamento dos grãos)".

A combinação, portanto, de pozolanas altamente reativas nos períodos iniciais,

como é o caso da SA e CCA, com a CV que possui efeito mais retardado, após 28

dias, parece ser mais promissora para os concretos sob o ponto de vista da

durabilidade, caracterizando a ação sinérgica entre as adições como um fator

importante no desempenho das misturas ternárias.

Nesta dissertação, procura-se também analisar o efeito sinérgico da CV

conjugada com a SA ou CCA em relação ao fenômeno da carbonatação,

1 A sigla MS , conforme anunciada na citação de ISAIA(1995,p.217), refere-se a sílica ativa (SA).

contribuindo para mostrar o desempenho das misturas ternárias neste tema

específico dentro da durabilidade dos concretos.

2.3 As pozolanas no CAD e a carbonatação

Alguns estudos sobre a influência da CV, SA e CCA na carbonatação dos

concretos de alto desempenho encontram-se relatados neste item, procurando

estabelecer relações existentes entre as propriedades modificadas pelo fenômeno,

tanto para o concreto fresco como a coesão, trabalhabilidade e exudação, quanto

para o concreto endurecido como o desenvolvimento das resistências mecânicas, a

porosidade e a permeabilidade.

O efeito das adições pozolânicas na micreoestrutura do CAD, como visto

anteriormente, se faz presente através da densificação da matriz da pasta,

reforçando a zona de interface pasta-agregado, principalmente devido ao aumento

do teor de finos, caracterizado pela alta superfície específica destes materiais, bem

como pelas reações químicas entre as pozolanas e o CH liberado da hidratação do

cimento.

Nesse aspecto, o aumento da quantidade de pozolana no traço do concreto

contribui favoravelmente, implicando uma maior compacidade e resistência da

pasta endurecida. Por outro lado, ocorre um maior consumo de CH, ocasionando o

incremento na carbonatação.

Pesquisa de HO & LEWIS (1987) investigando 16 combinações de misturas

contendo de 20% a 40% de CV mostrou, entre outros aspectos, a influência dos

altos teores sobre a carbonatação dos concretos. Os corpos de prova tiveram cura

úmida inicial durante 1, 7, 28, 91 e 365 dias, seguidas de cura ao ar no laboratório

por 21 dias. Para o teste de carbonatação acelerada foi utilizada câmara com

umidade relativa de 50%, temperatura ao redor de 23ºC e concentração de CO2 de

4%. As medidas da espessura carbonatada foram realizadas após 1, 4, 9 e 16

semanas de processo acelerado, em corpos de prova de 75x75x300 mm. A

incorporação de maior quantidade de CV aumentou o coeficiente de carbonatação

dos concretos. Analisando as misturas, concluem os autores, em igualdade de

resistência aos 28 dias, mesmo teor de aglomerante e mesma relação a/ag, os

concretos com cinza volante apresentaram menor resistência à carbonatação.

ISAIA (1992) faz um enfoque crítico sobre concretos com altos teores de

cinza volante frente à corrosão da armadura. Segundo o autor, embora exista uma

queda do pH da solução dos poros, essa diminuição ainda não é suficiente para

promover a despassivação da armadura, pois a reserva alcalina encontra-se

superior ao mínimo necessário. À medida que decresce levemente o pH, aumenta

o valor crítico da relação Cl-/OH-, dificultando a difusão dos íons cloreto.

O pequeno decréscimo do pH e o aumento da relação Cl-/OH-, obtido nos

ensaios de difusão de cloretos, pode ser explicado, de acordo com ISAIA(1992,

p.225), pelo “...refinamento dos poros proporcionados pela cinza, a presença de

compostos alcalinos em sua constituição, aliado à existência de Ca(OH)2

remanescente...”.

Também com relação aos altos teores de cinza volante, GALEOTA,

GIAMMATTEO & MARINO (1995) testaram concretos variando a proporção de

CV de 0 a 50%. As propriedades analisadas foram, entre outras, a resistência à

compressão e a flexão, módulo de elasticidade, aderência concreto-aço e retração.

Os resultados deste estudo mostraram que o concreto com altos teores possui

considerável potencial dentro de uma ampla variedade de aplicações estruturais.

Outra pesquisa com CAD contendo CV foi realizada por MÜLLER,

HÄRDTL & SCHIESSL (1997), sendo investigadas as propriedades mecânicas e

de durabilidade do concreto. As conclusões indicam que conteúdos de CV entre

40 e 60% de substituição do cimento fornecem resistências satisfatórias e também

uma boa proteção do aço contra a corrosão.

Com isso, observa-se que a utilização de altos teores de CV no CAD, apesar

de diminuir a sua resistência à carbonatação, ainda não é suficiente para promover

a deterioração do material em níveis prejudiciais à corrosão do aço.

A reserva alcalina do CAD com pozolanas é influenciada pelo aumento ou

diminuição no consumo de CH através das reações pozolânicas. Esse consumo é

modificado conforme a quantidade de adições minerais, bem como na combinação

binária ou ternária das mesmas com o cimento Portland. Diversas pesquisas

relatam o efeito sinérgico das pozolanas na carbonatação e também a influência

do conteúdo de CH.

SCHUBERT(1987) comenta que a substituição do cimento e/ou dos

agregados finos por cinza volante como uma adição, ou como um componente

principal do cimento no concreto ou na argamassa, afeta a permeabilidade e o

conteúdo de cálcio deste concreto. O consumo de CH na reação pozolânica,

conforme o autor, reduz a quantidade que pode ser carbonatada, de tal forma que a

ação do CO2 leva à formação de uma quantidade menor de carbonato de cálcio.

Neste caso, a taxa de carbonatação pode ser aumentada, já que a permeabilidade é

diminuída pelo carbonato de cálcio.

Outro estudo enfocando o conteúdo de CH nos concretos com misturas

binárias e ternárias de cinza volante e escória de alto forno em relação à taxa de

carbonatação foi apresentado por HORIGUCHI et al.(1994). Numa das

conclusões verificadas, em especial sobre as misturas binárias com cinza volante,

os autores referem que a utilização da CV em teores até 30% aumentou o

coeficiente de carbonatação, sendo que esse incremento foi proporcional à medida

que cresceu o teor de pozolana no traço e a tendência não mudou para os três tipos

de cimentos testados. Ainda com relação às conclusões, eles afirmam que, para

avaliar a taxa de carbonatação dos concretos com pozolanas, deve ser levado em

conta o conteúdo de CH presente na mistura, sendo determinado pelo balanço

entre a quantidade de CH produzido pela hidratação do cimento Portland e a

quantidade de CH necessária para a completa reação com as pozolanas.

Pesquisa, também envolvendo concretos com misturas binárias e ternárias de

CV, realizada por JONES, DHIR & MAGEE (1997), verificou que as taxas de

carbonatação dos concretos com pozolanas em misturas ternárias eram

significativamente mais altas que os traços binários e o concreto de referência. As

profundidades de carbonatação obtidas foram em média 2,5 vezes maiores que

para as misturas binárias. O aumento também foi proporcional à medida que

cresceu o teor de pozolana na mistura. Estudo de ISAIA (1997) sobre a ação

sinérgica da cinza volante em misturas pozolânicas ternárias concluiu que esta

pozolana possui efeito multiplicador tão maior quanto mais elevados forem os

teores de pozolanas contidos em cada mistura. Isto se deve, segundo o autor, à

maior dispersão dos grãos de cimento proporcionados pela cinza volante,

resultando na formação de locais adicionais de nucleação, bem como maior

quantidade de produtos hidratados.

BRANCA et al.(1993) estudou concretos contendo diferentes quantidades de

cimento Portland comum e cinza volante. Uma das conclusões dessa pesquisa

mostra que a adição de CV para substituir o cimento acelera o processo de

carbonatação. Os autores explicam é o fato de que, quando a CV substitui o

cimento, o CH é reduzido em função das reações pozolânicas, tornando o

processo de carbonatação mais rápido.

Pesquisa realizada por SASATANI, TORII & KAWAMURA(1995) também

estudou concretos contendo adições minerais, sendo expostos a várias condições

de cura. Foram analisadas a resistência à compressão axial, a permeabilidade, a

profundidade de carbonatação e a penetração de cloretos. Com respeito à

carbonatação, os pesquisadores observaram que, para todas as condições de cura,

a profundidade de carbonatação dos concretos contendo 30% de CV e concretos

com 50% de escória foi muito maior que o concreto testemunho e com aqueles

contendo 10% de sílica ativa. Este comportamento, segundo eles, não está

associado somente à porosidade do concreto e ao grau de saturação do mesmo,

mas também à quantidade de CH remanescente.

Estudo na microestrutura da argamassa com teores de CV de 15%, 35% e

50%, realizado por GOÑI et al.(1997), confirma que a diminuição na porosidade

total é decorrente da carbonatação. Os corpos de prova de argamassa de 10x10x60

mm permaneceram 24 horas nos moldes e, após, foram acondicionados em

câmara saturada de umidade por 28 dias. Quatro conjuntos de argamassa foram

moldados, um de referência (não-carbonatado), um para carbonatação natural (1

ano) no laboratório (40% a 50% UR) e dois conjuntos para carbonatação

acelerada, sendo um com 5% CO2 e outro com 100% CO2. Os ensaios para

caracterização da argamassa foram os de porosimetria, microscopia eletrônica de

varredura e resistência à flexão. A relação a/ag foi de 0,5 para todos os conjuntos.

Pela análise da solução dos poros, o pH foi um bom indicador do estágio da

carbonatação, como é mostrado na figura 2.1.

Através da figura 2.1, GOÑI et al. (1997) observaram que a neutralização total

da solução dos poros, de acordo com o indicador de fenolftaleína (pH<9), somente

foi encontrado para a carbonatação acelerada com presença de altos teores de CV.

Após um ano de carbonatação natural, o valor do pH da solução dos poros ainda

encontrou-se elevado, exceto para o teor de 50% de CV. Isto dá a impressão,

segundo os autores, que a carbonatação total ainda não foi atingida, sendo

explicado provavelmente pelo elevado conteúdo de CH não-carbonatado dentro

do cimento.

FIGURA 2.1- Níveis de pH para os quatro conjuntos de argamassa e teores de CV

(GOÑI et al., 1997).

Com relação à porosidade das argamassas, a figura 2.2 ilustra as variações

microestruturais causadas pela carbonatação.

FIGURA 2.2- Porosidade total para os quatro conjuntos de argamassa e teores de CV (GOÑI et al., 1997)

Na figura 2.2, pode-se notar, de acordo com GOÑI et al. (1997), que as

variações na porosidade total foi menos relevante para as argamassas com 50% de

CV (redução de 12%) do que para aquelas apenas com cimento Portland (redução

de 22%). Em geral, ambos os tamanhos de poros (> 0,05µm e < 0,05µm) são

diminuídos como resultado da carbonatação das argamassas, sendo expressiva a

percentagem diminuída (em média 45%) da porosidade total para os poros <

0,05µm. Existe algumas diferenças no comportamento da porosidade dependendo

se a carbonatação é acelerada ou natural. Para a carbonatação natural, após um

ano de exposição, a porosidade diminui ligeiramente para teores abaixo de 15% de

CV, enquanto que para adições mais elevadas (35 e 50%) a porosidade total

aumenta ligeiramente, significando que o material não é afetado do ponto de vista

da sua microestrutura porosa. Quando a carbonatação é acelerada, concluem os

autores, a densificação da microestrutura é claramente observada, sendo menos

densa para teores de 50% de CV, e para as amostras completamente carbonatadas.

Observa-se, portanto, que a distribuição dos poros em misturas pozolânicas

carbonatadas modifica a porosidade total, havendo aumento dos macroporos e

diminuição dos microporos à medida que cresce o teor de adição no traço.

A quantidade adequada de CV para os concretos de alto desempenho dentro

de uma variedade de aplicações estruturais consistiu no experimento de

SIRIVIVATNANON & KHATRI (1998). A durabilidade dos concretos com CV

foi comparada com os concretos de cimento Portland, em igualdade de resistência

à compressão (28 dias), em termos da resistência para a carbonatação, penetração

de cloretos e ataque de sulfatos. Com relação à carbonatação, foi investigado o

efeito do emprego de aditivos nos concretos, o efeito do ambiente sobre a taxa de

carbonatação, bem como os testes de carbonatação acelerada. Sobre os ensaios

acelerados, os autores observaram que a cura dos concretos em períodos curtos

(28 dias) pode afetar os coeficientes de carbonatação devido à exposição

prematura dos corpos de prova ao processo acelerado. Em função disso, eles

deixaram os concretos envelhecerem naturalmente por três meses (90 dias) para

depois colocarem os corpos de prova na câmara com 4% de CO2. Na figura 2.3

estão representados os coeficientes de carbonatação para os concretos de

referência e com 30% de CV, em função das resistências.

FIGURA 2.3- Coeficientes de carbonatação para os concretos de referência e com

CV. (SIRIVIVATNANON & KHATRI, 1998). Nesta figura 2.3, observa-se que os concretos com cinza volante possuem

coeficientes de carbonatação em mm/ semana mais elevados que o concreto de

referência, sem adições. Para estabelecer a validade do teste acelerado para a

idade de pré-cura aos 90 dias, os autores fizeram uma comparação dos resultados

dos coeficientes de carbonatação para três tipos de exposição dos concretos, um

no teste acelerado, um dentro do laboratório e outro de campo (em Sydney, na

Austrália). Foram testados concretos com cimento Portland (CP), concretos com

cimento Portland mais escória (CPE) e concretos com cimento Portland mais

sílica ativa (CPSA) para as três condições de exposição. Na tabela 2.1 encontram-

se os coeficientes de carbonatação obtidos, sendo expressos em mm/ ano para os

corpos de prova com exposição natural (laboratório e campo) e mm/ semana

para os corpos de prova com exposição acelerada.

TABELA 2.1- Coeficientes de carbonatação obtidos para as diferentes exposições (SIRIVIVATNANON & KHATRI, 1998).

Concretos CP CPE CPSA

Resistência (MPa) 35 40 50 35 40 50 35 40 50

Teste acelerado (mm/ semana )

4,6 4,0 2,4 5,1 5,2 3,9 5,2 2,7 2,9

Laboratório (mm/ ano ) 3,9 2,6 1,8 5,6 4,5 3,1 4,0 1,6 0,9

Campo (Sydney) (mm/ ano ) 2,1 1,3 0,3 2,6 2,1 0,9 1,3 1,1 0,4

Através dos resultados da tabela 2.1, segundo SIRIVIVATNANON &

KHATRI (1998), pode-se observar que os coeficientes são mais elevados para o

teste acelerado, quando comparados com os dados do laboratório e de campo.

Neste último, os coeficientes foram significativamente menores do que aqueles

obtidos em laboratório e no ensaio acelerado. Isto pode ser explicado pelas

diferenças nas condições ambientais, pois em Sydney o tempo apresenta-se muito

chuvoso, sempre com altas umidades, enquanto no laboratório a umidade é baixa

e encontra-se numa faixa controlada. De qualquer modo, concluem que a

tendência obtida para o ensaio acelerado e para a exposição no laboratório pode

ser considerada igual à exposição de campo, embora os valores absolutos dos

coeficientes sejam diferentes.

Essa preocupação dos pesquisadores SIRIVIVATNANON & KHATRI

(1998), quanto ao período de pré-cura ao ar dos concretos antes da colocação dos

corpos de prova em câmara acelerada de carbonatação é justificada, pois o

concreto com pozolanas necessita de um tempo adequado para que as reações

pozolânicas se processem antes das reações de carbonatação e sem a interferência

destas, pelo menos de uma forma marcante como acontece nos ensaios acelerados.

Um dos objetivos desta pesquisa é justamente verificar a influência dos

períodos de pré-cura ao ar dos concretos antes do processo acelerado, procurando

contribuir para compreender melhor esta questão.

Também com relação à cura, ALMEIDA(1991) testou concretos com

pozolanas e concretos testemunhos. Os corpos de prova foram submetidos a dois

tipos de exposição: um a céu aberto (sujeito a intempéries) e outro em câmara

condicionada (20°C e 55% UR), com idades de leitura da profundidade

carbonatada aos 28, 90, 180, 365 e 730 dias. Segundo o autor, o concreto de

referência apresentou maior carbonatação que os concretos com adições minerais,

quando mantidas a céu aberto. Na câmara condicionada, o inverso foi quase

sempre verdadeiro, indicando que os concretos com pozolanas são mais sensíveis

a condições de cura mais severas. Portanto, como uma das conclusões do estudo,

o autor afirma que “As profundidades de carbonatação medidas em câmaras

condicionadas podem então ser consideradas como valores máximos, favoráveis à

segurança estrutural”.

Pesquisa realizada com concretos contendo cinza volante foi relatada por

THOMAS & MATTHEWS (1992), com ênfase particular sobre o papel da cura.

Os resultados enfatizam a importância de uma cura adequada para a durabilidade

do concreto, independentemente da presença da cinza volante. Em alguns casos, o

aumento do período de cura inicial de 1 para 7 dias teve o efeito de reduzir a

carbonatação em 50%. Uma das conclusões deste trabalho mostra que a taxa de

carbonatação diminuiu à medida que a duração da cura inicial era aumentada.

Entretanto, o efeito da duração da cura se tornou menos marcante num ambiente

de umidade relativa mais alta. A profundidade de carbonatação também diminuiu

à medida que a umidade relativa, depois da moldagem, aumentou, bem como as

reduções tornaram-se mais marcantes nas umidades relativas acima de 80%.

Conclusão semelhante a de THOMAS & MATTHEWS (1992) também foi

relatada por HO & LEWIS (1987), verificando que para a cura úmida de 7 dias, a

carbonatação foi essencialmente dependente da relação a/ag, mostrando-se

indiferente ao tipo de mistura considerada no estudo. Quando a cura inicial foi

aumentada de 1 para 7 dias, a carbonatação diminuiu, enquanto ficou praticamente

inalterada quando ela foi superior a 7 dias.

As profundidades de carbonatação em concretos com e sem sílica ativa foi

objeto de estudo de SKJOLSVOLD (1986), onde foram retiradas 16 amostras de

concreto em estruturas com SA e 11 amostras em estruturas que continham apenas

cimento Portland. Algumas amostras foram extraídas da parte interna das

edificações e outras da parte externa. Para cada teste, foram retirados 3 pedaços de

concreto com diâmetro de 31mm e comprimento entre 30 e 40 mm. O tempo de

exposição destas amostras variou de 41 a 90 meses antes da leitura da

profundidade carbonatada. Para uma razoável comparação dos concretos, tanto o

período de tempo (valor médio de 58,5 meses) quanto as resistências (valor médio

de 34,7 MPa) foram corrigidas para 60 meses e 33 MPa, respectivamente,

procedendo após os ajustes em todas as profundidades de carbonatação. A

espessura média de carbonatação foi de 11,6 mm para os concretos com SA e 8,8

mm para os concretos com cimento Portland. Estes valores apresentaram um

grande desvio padrão para as profundidades de carbonatação dos concretos, sendo

mais elevado para os concretos com SA (desvio padrão= 5,9 mm). As

investigações de campo mostraram resultados inaceitáveis para as profundidades

de carbonatação em ambos os concretos , após 5 anos. O autor conclui que as

investigações em estruturas existentes não são fidedignas para a comparação entre

os concretos estudados, e as razões disso são as variações locais de cada estrutura,

bem como dados pouco confiáveis sobre a composição dos concretos (relação a/c,

resistências, etc.).

O microclima de cada região, portanto, encontra-se como o maior responsável

pela variação das profundidades de carbonatação dos concretos, podendo

apresentar valores mais elevados em ambientes quentes e com umidade entre 50%

e 80%, e valores menores para ambientes chuvosos ou muito secos.

Com relação à CCA, muitos experimentos têm destacado as qualidades desta

pozolana, como, por exemplo, ZHANG & MALHOTRA (1995), que avaliaram às

propriedades físicas e químicas da CCA incorporada ao concreto, bem como o

desempenho desta cinza no concreto fresco e endurecido. Foram analisados

concretos contendo CCA, concretos com SA e concretos testemunhos (com

cimento Portland comum). Para a resistência à compressão, os concretos com

CCA apresentaram melhores resultados em várias idades até 180 dias quando

comparados com o concreto testemunho, mas valores menores do que os

concretos com sílica ativa. Todos os concretos estudados indicaram resultados

semelhantes com relação às propriedades de resistência à flexão e cisalhamento,

módulo de elasticidade e retração, sendo que o concreto com CCA mostrou-se

com excelente resistência à penetração de íons cloretos. Os autores concluem que

a CCA é altamente pozolânica e pode ser usada como material cimentante

suplementar.

Apesar de poucos experimentos com esta adição, a CCA tem-se mostrado com

boa performance nas propriedades do CAD como descrito acima, e também com

relação à carbonatação.

Com efeito, a CCA tem sido apontada como uma mistura promissora para o

concreto, por MATSUI et al.(1996), já que possui uma maior ou igual área

específica quando comparada com a sílica ativa, e um efeito favorável ao

desenvolvimento da resistência do concreto. Em relação ao teste de carbonatação

acelerada, foi observado que a profundidade de carbonatação diminuiu com o

decréscimo da relação a/ag da mistura testemunho, enquanto nenhuma

carbonatação pôde ser detectada para as misturas com CCA ou SA. Isto pode ser

atribuído ao aumento da densidade do concreto pelo uso da CCA e da SA.

Pesquisa como a de SUGITA et al. (1997), também com relação a CCA,

mostra a resistência dos concretos feitos com esta pozolana para o ataque ácido,

penetração de íons cloreto e carbonatação. Foram utilizadas adições de 10 a 50%

de CCA, e relações a/ag de 0,75 e 0,80. Para a carbonatação, as leituras foram

realizadas após 2, 4 e 8 semanas de processo acelerado com 5% de CO2 na

câmara, sob condições de 30ºC de temperatura e 60% de umidade relativa. Como

conclusões, os autores colocam que os efeitos da CCA no aumento da resistência

à compressão e também na melhoria do concreto ao ataque ácido, penetração de

íons cloretos e carbonatação, podem ser atribuídos principalmente a formação de

maior quantidade de gel C-S-H e menos Portlandita (CH), bem como na

diminuição do tamanho dos poros.

CAPÍTULO III – INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL

3.1 Introdução

Pelos padrões da ciência, toda descoberta necessita ser embasada em

parâmetros físicos, que possa ser comprovada mediante os cinco sentidos: tato,

olfato, visão, audição e paladar.

As pesquisas científicas de um modo geral, portanto, envolvem uma base

teórica de onde se criam modelos e referencial para o aprofundamento do assunto

ou tema e um desenvolvimento prático e experimental, que visa ratificar através

da física o problema proposto dentro do delineamento teórico.

Esta visão um tanto cartesiana contribuiu de forma eficiente para que

prevalecesse a idéia de que somente era científico aquilo que poderia passar pelo

crivo da racionalidade, da mensuração e da comprovação.

Nesta pesquisa, apesar de buscar através dos resultados dos experimentos

uma resposta aos problemas propostos, é necessário certamente ampliar os

olhares, isto é, admitir outras formas de contemplar a diversidade da pesquisa

científica, principalmente devido à pluralidade da dimensão humana.

Por isso, deve-se possuir uma visão despreendida do experimento em si e

procurar analisar todos os elementos envolvidos na pesquisa, tanto os materiais

quanto os recursos humanos, de uma maneira integrada, propiciando assim

contribuir para a desmistificação do “pensar ciência” apenas com a racionalidade

de Descartes, mas sim disseminar a verdadeira faceta do ser humano, que é

possuir criatividade e imaginação.

Este trabalho experimental procura dar subsídios, através de seus resultados,

para a interpretação do fenômeno da carbonatação do concreto com pozolanas.

O objetivo principal que move esta investigação é o de verificar qual a

influência que teores normais e elevados de pozolanas, em misturas binárias e

ternárias com o cimento, terão sobre a carbonatação do concreto.

Este objetivo principal foi desdobrado em questões mais específicas tais

como:

• Quais as pozolanas que mais influenciam na velocidade de

carbonatação, e em que teores de substituição do cimento elas contribuem

mais diretamente para o fenômeno?

• O período de pré-cura ao ar do concreto causa alguma influência

entre as reações pozolânicas e as reações de carbonatação, na câmara

climatizada?

• Quais são as possíveis influências entre o teor de hidróxido de

cálcio (CH) remanescente, a alcalinidade e a carbonatação dos concretos

estudados?

• Como evolui o coeficiente de carbonatação quando se adicionam

elevados teores de pozolanas, isolada ou conjuntamente, em comparação

com o concreto de referência, sem pozolanas?

O delineamento da experiência foi realizado a partir da determinação das

variáveis envolvidas na pesquisa, onde se procurou fixar as condições dos ensaios,

tais como as idades de cura do concreto, as relações a/ag, a temperatura, umidade

e concentração de CO2 na câmara climatizada, etc..

Com as variáveis definidas, determinaram-se os procedimentos e técnicas

para a execução dos ensaios, como a preparação dos materiais e as recomendações

das normas brasileiras e internacionais.

Os ensaios de caracterização dos materiais como o cimento, as pozolanas e

os agregados serviram para a determinação das propriedades fisicas e químicas

necessárias ao desenvolvimento dos demais ensaios, como também para elucidar

possíveis questionamentos sobre a microestrutura dos concretos.

Para implementar os objetivos da pesquisa, procedeu-se à realização dos

ensaios com a pasta (teor de CH) e com o concreto (alcalinidade/pH, resistência à

compressão axial, carbonatação acelerada e carbonatação natural).

3.2 Variáveis envolvidas na pesquisa

Na elaboração da metodologia de um experimento, deve-se definir e

quantificar as variáveis utilizadas para atingir os objetivos propostos.

Neste intuito, procura-se fixar as variáveis independentes, intervenientes e

dependentes, para melhor adaptar a pesquisa dentro dos prazos de tempo

disponíveis e condições físicas para os ensaios, bem como facilitar o alcance das

metas desejadas.

Para tal, torna-se importante a definição de cada uma delas dentro dos padrões

tecnológicos, a saber:

a) Variáveis independentes: são aquelas que influenciam a relação

sólido/espaço da pasta e o seu grau de compacidade, sendo inerente à

própria constituição do concreto. Para esta pesquisa, foram definidas as

seguintes:

- Relação água/aglomerante (a/ag – em massa): 0,35, 0,45 e 0,55, mantidas

fixas para todos os concretos ao longo do experimento;

- Idade de ensaio: 7, 28, 91 e 182 dias para a compressão axial; 91 dias para

os ensaios de teor de hidróxido de cálcio e alcalinidade; e, ½, 1, 2, 3, 4 e 5

anos para a carbonatação natural.

b) Variáveis intervenientes: são aquelas que modificam as propriedades do

material cimentante. Consistem nas seguintes:

- Tipo de pozolana:

• sílica ativa;

• cinza volante;

• cinza de casca de arroz;

• cinza volante com sílica ativa;

• cinza volante com cinza de casca de arroz.

A utilização da cinza volante conjugada com a sílica ativa ou cinza de casca

de arroz, em misturas ternárias, é importante para o concreto, pois apresentam

propriedades complementares ao longo do tempo, principalmente porque a sílica

ativa e a cinza de casca de arroz são mais ativas nos primeiros períodos (1 a 7

dias), enquanto que a cinza volante tem ação mais tardia, geralmente acima de 28

dias.

- Teor de pozolana: foram definidos dois níveis de substituição de cimento

por pozolana, normal e elevado, como segue abaixo:

• sílica ativa: 10% e 20%;

• cinza volante: 25% e 50%;

• cinza de casca de arroz: 25% e 50%;

• cinza volante e sílica ativa: (15 + 10)% e (30 + 20)%;

• cinza volante e cinza de casca de arroz: (10 + 15)% e (20 + 30)%.

c) Variáveis dependentes: são aquelas que necessitam da definição das outras

variáveis para estas atingirem os resultados esperados. Constituem-se nas

seguintes:

- Em concreto:

• resistência à compressão axial;

• profundidade de carbonatação acelerada;

• profundidade de carbonatação natural;

• pH da solução aquosa dos poros.

- Em pasta endurecida:

• teor de hidróxido de cálcio remanescente.

3.3 Procedimentos e técnicas para os ensaios

O experimento dividiu-se em três fases, cada uma delas interligada com as

outras e principalmente com o objetivo final de obtenção dos resultados para

análise e conclusões da pesquisa.

Em um primeiro momento, fase inicial, procedeu-se à coleta dos materiais e

à preparação dos mesmos para os ensaios.

O cimento usado foi o Portland de alta resistência inicial, do tipo CPV–ARI,

com embalagens de 40 kg. Este tipo de cimento é o mais adequado para a

pesquisa porque tem menos adições, possibilitando a substituição de altos teores

por pozolanas.

Das três pozolanas utilizadas na pesquisa, apenas a sílica ativa veio

industrializada, pronta para os ensaios. Este material foi adquirido de fabricante

nacional, do tipo não-densificada.

As outras pozolanas, cinza volante e cinza de casca de arroz, foram doadas

por empresas da região e passaram por processos de moagem, peneiramento e

secagem no laboratório.

A cinza volante foi fornecida pela empresa Prontomix-Tecnologia de

Concreto Ltda., sendo proveniente da Riocell (Guaíba/RS).

A cinza de casca de arroz, primeiramente, foi coletada em dois engenhos da

região, que a obtinham através da queima da casca de arroz para secagem dos

grãos. Por meio dos ensaios de pozolanicidade foi escolhida a que apresentou

melhor reatividade com o cimento. Portanto, optou-se pela cinza proveniente do

engenho Da Cás Irmãos Ltda.

Tanto a cinza volante como a cinza de casca de arroz sofreram moagem por

um período de uma hora em moinho de bolas, sendo após secas em estufa a 110 oC e peneiradas, tomando-se para os ensaios a fração passante na peneira #0,3mm.

As cinzas foram acondicionadas em embalagens plásticas bem fechadas e

identificadas.

Como agregado miúdo, utilizou-se areia de rio, natural e quartzoza,

proveniente do Arenal e peneirada na #6,3mm. Foi devidamente lavada para a

retirada de impurezas e seca em estufa a 110º C. Este último procedimento teve a

finalidade de empregar-se no concreto areia praticamente isenta de umidade.

Foi empregada, como agregado graúdo, pedra britada de rocha basáltica,

oriunda de jazida da região, com partículas na maioria de forma equidimensional e

diâmetro máximo de 19 mm. A brita foi previamente lavada, seca ao ar ambiente

e armazenada em caixas para o uso quando da moldagem dos concretos.

O aditivo usado para conferir a trabalhabilidade desejada aos concretos foi o

“Sikament”, produto da empresa Sika S/A. Este superplastificante é isento de

cloretos e possui densidade de 1,18 g/cm3 .

Na fase seguinte do experimento, fase intermediária, foram realizados os

ensaios de caracterização dos materiais, os ensaios de trabalhabilidade com o

concreto e a moldagem definitiva dos corpos de prova.

Tendo em vista a importância do conhecimento das características físicas e

químicas dos materiais envolvidos na pesquisa, procedeu-se à realização dos

ensaios de caracterização, segundo as normas brasileiras ou recomendações de

normas estrangeiras.

Primeiramente, foi necessária a determinação da massa específica do cimento

e pozolanas para aplicá-las ao ensaio de atividade pozolânica com cimento, bem

como também para a correção dos traços definitivos, devido à grande diferença de

densidade entre o cimento e as pozolanas.

Após, realizaram-se os outros ensaios de caracterização com os materiais

finos e também com os agregados miúdo e graúdo, possíveis de serem feitos no

laboratório.

Alguns ensaios, como as análises químicas e a distribuição granulométrica

do cimento e pozolanas, exigiram equipamentos não disponíveis no laboratório,

sendo, portanto, executados na Associação Brasileira de Cimento Portland-ABCP

em São Paulo.

O ensaio de trabalhabilidade com o concreto fresco teve por objetivo a

obtenção da consistência desejada para os traços, através da variação na

quantidade de água ou aditivo superplastificante.

Experimentalmente, o volume de argamassa no concreto de referência foi

determinado variando-se os volumes de areia das misturas-testes, até obter-se a

consistência desejada pelo abatimento do cone de Abrams, que foi especificado

em 60mm ± 15mm, bem como o tempo de remoldagem pelo aparelho de Vebe,

correspondendo ao tempo de 3” com tolerância de 1”.

Encontrou-se um volume ótimo de 52% de argamassa seca em relação ao

volume total dos materiais secos.

Portanto, manteve-se constante o volume de argamassa para todos os traços

da pesquisa, retirando-se o volume correspondente de agregado miúdo (areia

média), à medida que aumentou o teor de pozolanas de cada traço. Este

procedimento foi necessário para impedir que teores mais elevados de pozolanas

aumentassem excessivamente o volume de argamassa, e com isso também a

demanda de água.

Optou-se pelo método da simples substituição de parte da massa de cimento

por pozolanas, com teores variando de 10% a 50%, em massa, de acordo com a

pozolana estudada e com a conjugação da mesma em traços ternários.

Essa substituição do cimento por pozolanas proporcionou um aumento no

volume de pasta de cimento dos traços em relação ao concreto de referência sem

cinza. Esse incremento foi de até 23% para a mistura binária de cinza de casca de

arroz, conforme mostra a tabela 3.1 abaixo.

TABELA 3.1-Teor de reposição de CCA e volume de aglomerante.

CIMENTO CCA AGLOMERANTE Peso

(Kg) Volume(

dm3) Peso

(Kg) Volume(

dm3) Volume(

dm3) %

100 31,8 0 - 31,8 100 75 23,9 25 11,6 35,5 112 50 15,9 50 23,1 39,0 123

Com o aumento no volume de pasta, houve necessidade de correção na

quantidade de areia média para manter o volume de argamassa constante. Após a determinação da quantidade de água e aditivo a ser adicionado a cada

um dos 11 traços de concreto, através do ensaio de trabalhabilidade, procedeu-se à

moldagem dos corpos de prova.

Tendo todas as proporções de cada traço definidas, foi pesada uma

quantidade de material suficiente para moldar 19 corpos de prova cilíndricos

(10x20 cm), sendo 12 deles para o ensaio de compressão axial, 4 para

carbonatação acelerada e 3 para carbonatação natural.

Na tabela 1A do anexo A, encontra-se a seqüência de moldagem dos corpos

de prova.

Para cada traço de concreto foi feito o ensaio de abatimento do tronco de

cone e também o tempo de remoldagem (VEBE), verificando-se a umidade e

temperatura ambiente e a temperatura do concreto no final da mistura. O

adensamento foi executado com mesa vibratória, e o concreto lançado no molde

em três tempos, aumentando a homogeneidade e a coesão da mistura.

Na última fase do experimento, fase final, deu-se o corte dos concretos com

disco diamantado, o acondicionamento dos mesmos para o processo de cura e os

ensaios propriamente ditos para a coleta dos resultados, tais como a resistência à

compressão axial, a carbonatação natural e acelerada, a alcalinidade e o teor de

hidróxido de cálcio remanescente.

Após a desmoldagem, todos os corpos de prova foram identificados e

colocados na câmara úmida, com temperatura e umidade controladas. Os

concretos destinados ao ensaio de compressão axial permaneceram nesta câmara

até as idades de rompimento (7, 28, 91 e 182 dias), enquanto que os demais, em

número de sete para cada traço, foram retirados da câmara aos 7 dias e serrados ao

meio, resultando em corpos de prova cilíndricos de 10x10 cm.

Depois de serrados, os corpos de prova foram deixados ao ar, em ambiente

do laboratório, até as idades de ensaio. As séries destinadas ao ensaio de

carbonatação acelerada tiveram pré-cura ao ar de 28 e 91 dias, quando então

foram acondicionados na câmara climatizada para o ensaio acelerado,

permanecendo nesta por 4, 8, 12 e 16 semanas. As séries destinadas ao ensaio de

carbonatação natural foram deixadas ao ar até as idades de ensaio: 182 dias, 1, 2,

3, 4 e 5 anos.

A figura 3.1, a seguir, ilustra o esquema de cura para o ensaio de

carbonatação acelerada.

CURA AO AR

CU

RA

28

DIA

SC

UR

A 9

1 D

IAS

SEMANAS

SEMANASE1

E1

1

CARBONATAÇÃO

CURA ÚMIDA

E4

E4

E3

E3

E2

E2

4

13

8

17

12

21

16

25

20

29

FIGURA 3.1- Esquema de cura para o ensaio de carbonatação acelerada.

A câmara climatizada tem a função de acelerar a carbonatação do concreto

em um ambiente que propicia este processo pelo aumento da concentração de

CO2.

De acordo com HO & LEWIS (1987), cada semana na câmara de

carbonatação equivale, aproximadamente, a 12 meses de exposição normal

(câmara com 4% CO2, 50% UR e 23°C). Outro estudo, como o de DHIR,

HEWLETT & CHAN (1989), estabelece que cada semana em processo acelerado

corresponde a 15 meses de exposição normal (câmara com 4% CO2, 50% UR e

20°C).

A umidade ótima dentro desta câmara, entre 50% e 80%, foi controlada

mediante a utilização de recipientes com sílica gel, que absorve parte da umidade

do interior da câmara. A temperatura manteve-se sempre em torno de 23oC ± 3oC.

Para este trabalho, a concentração de CO2 na câmara foi de 10% do volume

da mesma. Foram realizadas recargas diárias de CO2 na câmara, retirando-se parte

do ar do seu interior através de vácuo, e injetando-se o mesmo volume de gás.

Controlou-se o teor de CO2 através da coleta periódica de amostras de solução

para ensaios químicos. Os resultados ficaram sempre na média de 10% de CO2.

Abaixo, nas figuras 3.2 e 3.3, enconta-se a câmara de carbonatação utilizada para

os ensaios.

FIGURA 3.2 - Câmara de carbonatação fechada

FIGURA 3.3 - Câmara de carbonatação aberta

Para o complemento do trabalho de pesquisa, realizaram-se os ensaios de

compressão axial, carbonatação, pH e teor de CH.

O ensaio de resistência à compressão axial, segundo a norma NBR 5738,

teve por objetivo inter-relacionar a resistência dos concretos com as demais

propriedades a serem avaliadas, em especial a carbonatação.

Neste ensaio, os corpos de prova eram retirados da câmara úmida nas idades

de 7, 28, 91 e 182 dias da moldagem. Após, faziam-se as leituras dos diâmetros

para o cálculo da área e o capeamento das superfícies com enxofre. Procedeu-se

ao rompimento logo em seguida e sempre com três corpos de prova para cada

mistura, idade e relação a/ag.

No ensaio de carbonatação acelerada, os corpos de prova eram retirados da

câmara climatizada e rompidos por compressão diametral. Após, determinava-se a

profundidade carbonatada através do uso de indicador químico, ou seja, da

aspersão da solução composta de 70% de álcool absoluto, 29% de água destilada e

1% de fenolftaleína sobre a superfície do concreto.

Esta solução possui ponto de viragem conhecido, onde ocorre a mudança do

pH. Visualmente era possível definir a cor violeta, caracterizando um pH alto e

uma faixa incolor, onde o pH encontrava-se abaixo de 9. Esta região incolor, a

partir da superfície, indicava o concreto carbonatado e era medida com

paquímetro digital.

O mesmo procedimento foi realizado para o ensaio de carbonatação natural.

Abaixo, nas figuras 3.4 e 3.5, pode-se ver dois exemplos de corpos de prova

carbonatados, com adição de cinza volante.

FIGURA 3.4 - Cinza Volante (25%)-17 semanas e relação a/ag = 0,55

FIGURA 3.5- Cinza Volante (50%)-17 semanas e relação a/ag = 0,55

O ensaio de alcalinidade (pH) foi realizado para o período de pré-cura ao ar

dos concretos de 91 dias. Na idade determinada para o ensaio de carbonatação

acelerada e após a leitura da profundidade carbonatada, fazia-se a extração com

furadeira de 50g de pó de cada metade dos corpos de prova (10x10cm), com

profundidade de 1,5cm a partir da superfície lateral. A verificação do pH da

solução aquosa foi determinada conforme técnica descrita por AL-AMOUDI,

RASHEEDUZZAFAR & MASLEHUDDIN (1991).

O ensaio de teor de hidróxido de cálcio da pasta endurecida não-carbonatada

também foi feito na idade de 91 dias para todas as misturas. Pesou-se material

suficiente para a moldagem de dois corpos de prova (3x5)cm para cada traço.

Após, foram moldados com as mesmas relações a/ag dos traços em concreto. A

desmoldagem ocorreu depois de 24 horas e em seguida foram colocados imersos

em água com cal a fim de manter o meio alcalino e a hidratação por 91 dias.

Nesta idade, interrompeu-se o processo de hidratação através da secagem em

estufa a 110 oC. Com as amostras secas, procedeu-se à pulverização da pasta para

a extração de 1g na peneira #0,075mm. Após a coleta do pó, foi realizada a

lavagem com etanol e novamente a secagem em estufa a 110º C. Com as amostras

prontas, as mesmas foram encaminhadas para o ensaio químico.

3.4 Proporcionamento das pozolanas

A dosagem das pozolanas nos concretos deu-se em dois níveis de substituição de

igual massa de cimento: normal e alto.

Considerou-se como nível normal as taxas de substituição geralmente empregadas

em pesquisas e mesmo em obras, segundo relatos da literatura. É de consenso

geral, até o presente momento, que taxas normais são aquelas que propiciam

resultados adequados, com bom desempenho quanto à durabilidade e à resistência

dos concretos.

Com a finalidade de verificar-se o efeito de dosagens elevadas de pozolanas,

principalmente sobre a durabilidade dos concretos ensaiados, em especial ao

fenômeno da carbonatação, considerou-se como altos teores de substituição o

dobro dos níveis normais, tanto para as misturas binárias quanto ternárias.

Adotou-se para a pesquisa experimental o uso conjugado, em misturas ternárias,

da cinza volante com a sílica ativa ou cinza de casca de arroz, pelo efeito benéfico

que apresentam estas duas últimas pozolanas, mais ativas nos primeiros períodos,

com aquela de atividade mais tardia, após os 28 dias, conforme relatado por

MEHTA (1992).

Assim, no plano do trabalho, estudaram-se 11 misturas, sendo 10 de pozolanas e 1

sem pozolana, tomada como referência. Na tabela 3.2, a seguir, encontram-se os

teores de pozolanas investigados, calculados a partir da massa de cimento.

TABELA 3.2 - Teores de pozolanas estudados no plano da pesquisa.

POZOLANAS NORMAL ALTO

Cinza volante (CV) 25% 50%

Sílica ativa (SA) 10% 20%

Cinza de casca de arroz(CCA) 25% 50%

CV + SA 15 + 10% 30 + 20%

CV + CCA 10 + 15% 20 + 30%

3.5 Dosagem dos concretos

Os concretos foram dosados pelo método experimental, buscando sempre a

melhor trabalhabilidade e coesão da mistura para as relações a/ag pretendidas,

bem como para os níveis de resistências desejados.

Utilizaram-se conceitos e procedimentos práticos determinados por HELENE

(1992) para a definição dos traços, como também algumas instruções básicas para

o proporcionamento de concreto de alto desempenho recomendados por MEHTA

& AITCIN (1990).

Como parâmetro constante em todos os traços, o volume de argamassa seca

foi fixado em 52%, como descrito anteriormente no item 3.3.

Para os níveis de resistência pretendidos, fixaram-se as relações a/ag em 0,35;

0,45 e 0,55, com proporções aglomerante: agregado de 1:2,5 ou 1:3,0; 1:4,5 e

1:6,0, respectivamente.

Portanto, como foram adotadas 11 misturas e 3 relações a/ag para o

experimento, o número de traços moldados foi de 33, sendo 3 para cada uma das

misturas de pozolanas.

Na dosagem dos traços, o teor de (água + aditivo)/(materiais secos) manteve-

se em uma média de 9,1% para as relações a/ag = 0,35, em 8,1% para a/ag = 0,45

e em 8,0% para a/ag = 0,55. A tabela 2A do anexo A apresenta as quantidades de

materiais por m3 de concreto empregadas na dosagem dos traços.

O teor de aditivo ficou entre 0,5% e 3,5% da massa de aglomerante para

teores normais de pozolanas e entre 1,5% e 6,0% para os teores elevados.

Foram realizados os seguintes ensaios e medições com o concreto fresco:

• consistência pelo abatimento do tronco de cone – NBR 7223;

• ensaio de tempo de remoldagem – VEBE – RILEM CPC 2.2;

• temperatura e umidade relativa do ambiente;

• temperatura interna do concreto ao final da mistura;

• moldagem de corpos de prova cilíndricos (10 x 20) cm – NBR

5738.

Procurou-se manter a consistência do concreto constante para todos os traços, com

valores de referência no intervalo de 45 a 75 mm para o abatimento do tronco de

cone e tempo de remoldagem entre 2 e 6 segundos.

A tabela 3A do anexo A contém os resultados dos ensaios realizados com o

concreto fresco para os 33 traços executados.

3.6 Ensaios de caracterização dos materiais

3.6.1 Cimento

O aglomerante utilizado na pesquisa foi o cimento Portland de alta resitência

inicial, tipo V – ARI conforme EB-NBR 5733. Esse cimento apresenta teores de

calcário e argila diferenciados na produção do clínquer, bem como uma moagem

mais fina, que, ao reagir com a água, adquire elevadas resistências em idades

menores.

Os ensaios para caracterizar o cimento foram os seguintes:

• finura #0,075 mm – NBR 11579;

• finura #0,045 mm – NBR 9202;

• curva granulométrica – granulômetro laser (ABCP);

• superfície específica – NBR 7224;

• massa específica – NBR 6474;

• tempo de pega – NBR 11581;

• água da pasta de consistência normal – NBR 11580;

• resistência à compressão da argamassa normal – NBR 7215;

• análise química – NBR 5743, 5744, 5745, 5747, 7227 e 9203;

• análise por difração de raios X.

A tabela 3.3 apresenta os resultados dos ensaios físicos e mecânicos. O

ensaio da distribuição granulométrica das partículas do cimento e pozolanas foi

realizado por granulômetro de difração a laser, e os resultados são mostrados na

tabela 3.4 e figura 3.6.

TABELA 3.3 - Características físico-mecânicas do cimento. IDADE (dias) fc (MPa)

1

3

7

28

14,2

32,0

45,5

58,9

ENSAIOS RESULTADOS

Início de pega-min

Fim de pega-min

Resíduo # 0,075 mm (%)

Resíduo # 0,045 mm (%)

Superfície específica – BLAINE(m2/kg)

Massa específica (kg/dm3)

215

290

0,28

1,80

463

3,14

TABELA 3.4 - Composição granulométrica do cimento e pozolanas (% passante).

DIÂMETRO (µm) CIMENTO CV SA CCA

1

5

10

20

40

60

80

100

130

9,82

37,85

56,24

81,58

99,70

100,0

100,0

100,0

100,0

2,84

12,04

24,73

45,84

75,41

90,48

96,81

99,16

99,69

1,55

13,81

40,19

90,69

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

3,82

37,12

65,79

95,44

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

FIGURA 3.6 - Distribuição granulométrica do cimento e pozolanas

Na análise desta distribuição, constatam-se características concordantes do

cimento, da CV e da CCA com os demais ensaios físicos, como também com o

encontrado na literatura. A sílica ativa apresentou resultados inconsistentes,

principalmente para o diâmetro médio, com valor de 11,72 µm, sendo que o valor

médio para este material está ao redor de 0,1 µm. Neste ensaio com a sílica ativa,

conforme relatório da ABCP, foram tomados todos os cuidados adicionais para

precaver-se da aglutinação das partículas, como o uso de defloculantes e dispersão

por ultrassom durante a medição. Apesar disto, os diâmetros abaixo dos quais

encontram-se 90% das partículas foram menores do que os do cimento.

Na tabela 3.5 estão os valores de dimensão média e a equivalente a 90% de

partículas passantes, para os quatro materiais.

TABELA 3.5- Parâmetros da curva granulométrica

Material Dimensão média

(µm)

Diâmetro abaixo do qual encontram-se 90% das

partículas (µm)

Cimento 9,10 25,02

CV 22,25 59,07

CCA 6,89 16,96

SA 11,72 19,76

Observa-se, através dos valores da tabela 3.5 e da figura 3.6, que a CV

apresenta partículas mais grossas que os outros materiais, com ∅m = 22,25 µm,

enquanto que a CCA com ∅m = 6,89 µm, situa-se como a pozolana mais fina.

A tabela 3.6 mostra a composição química do cimento – ARI e das pozolanas

utilizadas.

TABELA 3.6 - Composição química do cimento e pozolanas (% em massa).

Componentes Cimento C. Volante C.C. Arroz Sílica Ativa Perda fogo 1,94 1,00 2,83 3,32

SiO2 20,27 65,50 92,24 94,46 Al2O3 4,64 25,89 0,25 0,15 Fe2O3 3,36 3,15 0,59 0,14 CaO 60,86 0,34 0,78 0,62

MgO 3,66 1,53 0,48 0,76 SO3 2,69 * * *

Na2O 0,09 0,21 0,03 0,29 K2O 0,85 1,98 2,12 0,,92

Res. Ins. 0,37 * * * CaO livre 1,09 * * *

Total 98,36 99,60 99,,32 100,66 * não determinado

Nos resultados da análise química, mostrados na tabela 3.6, pode-se

verificar que o cimento está de acordo com a norma NBR 5733 para o cimento

Portland de alta resitência inicial, com resíduo insolúvel ≤ 1,0% e perda ao fogo ≤

4,5%.

A cinza volante apresenta composição sílico-aluminosa, com teores de

SiO2 e Al2O3 de 65,50% e 25,89%, respectivamente. Estes componentes estão

dentro da faixa de variação das cinzas volantes nacionais, com SiO2 de 55% a

69% e Al2O3 de 20 a 29%.

O componente químico principal da SA e da CCA é o dióxido de silício

(SiO2), com valores de 94,46% e 92,24%, respectivamente. A perda ao fogo ficou

abaixo de 5% para as duas pozolanas, contribuindo para o bom desempenho do

concreto fresco e endurecido, devido ao aumento do teor de sílica que

praticamente comanda o comportamento pozolânico destes materiais.

Na figura 3.7 pode-se visualizar o difratograma de raios X do cimento ARI

utilizado no experimento.

FIGURA 3.7-Difratograma de raios X do cimento ARI. 3.6.2 Pozolanas

As pozolanas utilizadas na pesquisa tiveram a seguinte procedência:

• cinza volante: indústria Riocell (Guaíba/RS);

• sílica ativa: do tipo não-densificada, de fornecedor nacional;

• cinza de casca de arroz: proveniente da queima não-controlada da

casca de arroz em engenho da região.

Os ensaios para a caracterização das pozolanas foram os seguintes:

• atividade pozolânica com cimento – NBR 5752;

• atividade pozolânica em CP pozolânico – NBR 5753 – ensaio

Fratini;

• finura #0,075 mm – NBR 11579;

• finura #0,045 mm – NBR 9202;

• curva granulométrica – granulômetro laser (ABCP);

• superfície específica – BET – ASTM D-3663;

• massa específica – NBR 6474;

• análise química – NBR 5743, 5744, 5745, 5747, 7227 e 9203;

• análise por difração de raios X.

A análise dos resultados de caracterização dos materiais contribuiu para elucidar

os questionamentos inicialmente propostos para o trabalho, pois, através das

características dos materiais finos como a finura na #0,045 mm, as curvas

granulométricas, a atividade pozolânica, a análise química e os difratogramas de

raios X, e inter-relacionando-as com os resultados de resistência à compressão e

carbonatação, foi possível chegar às conclusões da pesquisa.

A tabela 3.7 mostra as características físicas das pozolanas e a tabela 3.8 a

atividade pozolânica com cimento – NBR 5752.

TABELA 3.7 - Características físicas das pozolanas.

ENSAIOS CV SA CCA

Resíduo #0,075 mm (%)

Resíduo # 0,045 mm (%)

Superfície específica – m2/g (BET)

Superfície específica – m2/ Kg (Blaine)

Massa específica – Kg/dm3

2,11

13,20

1,5

391

2,19

nd.

1,00

17,2

nd.

2,15

3,00

0,20

18,9

nd.

2,16

TABELA 3.8 - Atividade pozolânica com cimento – NBR 5752.

CIMENTO CV SA CCA

(%) água p/ consistência normal

*pozolanicidade com cimento(%)

100

100

108

77

150

60

110

92

* % da resistência à compressão relativa ao cimento de referência.

A finura dos materiais cimentícios apresentou coerência de resultados, como

pode-se observar através das tabelas 3.7 e 3.8. A cinza volante contém partículas

mais grossas, com resíduo de 13,2% na #45 µm, enquanto que a cinza de casca de

arroz e a sílica ativa tiveram os menores resíduos 0,2% e 1,0%, respectivamente,

confirmando a elevada finura destas pozolanas.

Os resultados da superfície específica-BET também ratificam este

comportamento, onde nota-se que a SA e a CCA apresentam valores elevados,

17,2 e 18,9 m2/g, respectivamente, quando comparados com o cimento e a cinza

volante, 1,5 m2/g.

Devido a estes resultados, bem como com o desenvolvimento das

resistências, observa-se uma grande relação existente no comportamento dos

quatro materiais, no que diz respeito ao efeito que as características físicas causam

sobre as propriedades do concreto, tanto no estado fresco quanto endurecido.

O cimento ARI apresentou valor de superfície específica Blaine compatível

com a média dos cimentos de alta resistência inicial nacionais (valor médio de 463

m2/kg), enquanto a cinza volante ficou com valor abaixo, de 391 m2/kg,

evidenciando sua menor finura, conseqüência de suas partículas mais grossas.

Os valores da massa específica, mostrados na tabela 3.3 e 3.7, confirmam a

baixa densidade das pozolanas em comparação com o cimento, sendo não mais do

que 70% deste. Este efeito se traduziu no aumento do volume de pasta e,

conseqüentemente, no de argamassa, sendo necessária a correção dos traços do

concreto, conforme descrito no item 3.3.

A tabela 3.9 e a figura 3.8 apresentam o ensaio de Fratini realizado na ABCP

em São Paulo.

TABELA 3.9 - Atividade pozolânica com cimento – NBR 5753 (Fratini).

Atividade Pozolânica Dist. Índice Nº da mistura

Tipo da mistura

mmol CaO/l mmol OH-/l d(cm) Ativ. Pozol.

1 REF 8,2 61,0 6,3 15,9

2 SA(10%) 5,6 49,4 4,75 21,1

3 SA(20%) 4,0 40,4 4,20 23,8

4 CV(25%) 4,2 50,0 4,80 20,8

5 CV(50%) 2,7 39,5 3,85 26,0

6 CCA(25%) 4,1 40,2 4,15 24,1

7 CCA(50%) 2,5 6,6 1,10 91,0

8 CV+SA(15+10)% 7,0 38,9 4,25 23,5

9 CV+SA(30+20)% 7,9 28,2 3,85 26,0

10 CV+CCA(10+15)% 4,3 45,2 4,70 21,3

11 CV+CCA(20+30)% 1,1 24,0 2,35 42,6

ISOTERMA DE SOLUBILIDADE DE Ca(OH) a 40 C, em presença de álcalis2

o

0

2 711

5

9

8

63

3 - SA (20%)5 - CV (50%) 8 - CV+ SA (15 + 10)% 11 - CV+ CCA (20 + 30)%6 - CCA (25%) 9 - CV + SA (30 + 20)%

2

2 - SA (10%)

104

1

1 - TR 4 - CV (25%) 7 - CCA (50%) 10 - CV + CCA (10 + 15)%

4

6

8

10

12

14

16

18 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Teor

de

CaO

na

solu

ção

com

a p

asta

de

cim

ento

(mm

ol C

aO/l)

Alcalinidade total da solução em contato com a pasta de cimento (mmol OH/l)

CIMENTO NÃO POZOLÂNICO

CIMENTO POZOLÂNICO

FIGURA 3.8 - Diagrama de pozolanicidade, ilustrando o teor de CaO em função

da alcalinidade total.

Nos resultados de atividade pozolânica com cimento pelo método Fratini,

observa-se que houve uma redução na concentração de CaO presente na solução,

em função do teor da adição, como também da natureza do material adicionado.

Na tabela 3.9 e na figura 3.9 a seguir, pode-se visualizar melhor este

comportamento, com exceção da mistura CV+SA (30+20)% que, ao invés de

apresentar descrécimo na quantidade de CaO consumido, como as demais

misturas com altos teores, mostra aumento de 0,9 mmol CaO/l.

0

2

4

6

8

10

0 20 40 60

% Pozolanas

Ativ

idad

e po

zolâ

nica

mm

ol C

aO c

onsu

mid

o 1-SA2-CV3-CCA4-CV+SA5-CV+CCA

1

4

235

FIGURA 3.9- Atividade Pozolânica (Fratini) – mmol CaO consumido.

Pelo gráfico, nota-se que as misturas binárias com cinza volante e com

cinza de casca de arroz e a mistura ternária com CV + CCA apresentaram menor

reserva alcalina para a solução dos poros, principalmente para os altos teores,

indicando que estas misturas consumiram mais hidróxido de cálcio através das

reações pozolânicas, estando disponível uma quantidade menor para as reações de

carbonatação.

Através do índice de atividade pozolânica (IAP), mostrado na tabela 3.9 e

calculado em função do gráfico da figura 3.8, pode-se verificar que, quanto maior

este índice, maior é a atividade pozolânica da mistura considerada,

proporcionando maior consumo de hidróxido de cálcio e menor alcalinidade total.

Este índice, IAP, representa o inverso da distância (d), em cm, que separa

os pontos do gráfico com a origem das coordenadas, multiplicado por 100.

Portanto, confirmando o que ilustra a figura 3.9, os maiores valores ficaram com

as misturas de CV (50%), CCA (50%) e CV+CCA (20+30)%.

Os difratogramas de raios X mostrados na figura 3.10 apresentam os

principais minerais detectados no ensaio, para as três pozolanas utilizadas na

pesquisa. A SA apresentou-se amorfa; os minerais quartzo, hematita e mulita

foram encontrados para a CV; e, para a CCA , os minerais quartzo e cristobalita.

FIGURA 3.10 – Difratogramas de raios X das pozolanas.

3.6.3 Agregados

Como agregado miúdo foi utilizada areia de rio, natural e quartzoza,

proveniente do rio Vacacaí, lavada, peneirada na #6,3 mm e seca em estufa,

conforme procedimentos descritos no item 3.3.

Para o agregado graúdo, empregou-se pedra britada basáltica, previamente

lavada e peneirada, bem como a que apresentou o melhor coeficiente de forma dos

grãos.

Foram realizados os seguintes ensaios:

• composição granulométrica – NBR 7217;

• massa específica do agregado miúdo – NBR 9776;

• massa específica e absorção do agregado graúdo – NBR 9937;

• massa unitária solta – NBR 7251;

• índice de forma por paquímetro – NBR 7809.

A tabela 3.10 apresenta os resultados dos ensaios de caracterização e a

figura 3.11 a curva granulométrica dos agregados.

TABELA 3.10 - Características físicas dos agregados. PENEIRAS (mm) BRITA (%) AREIA MÉDIA (%) 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15

55 91 100 100 100 100 100 100 100

- - - - 2 4 21 62 92

Módulo de finura Dim. Máx. Caract. (mm) Massa específica (kg/dm3) Massa unitária (kg/dm3) Absorção de água (%) Índice de forma

6,91 19,00 2,46 1,32 3,01 2,73

1,81 1,20 2,61 - - -

0

20

40

60

80

100

120

Abertura das peneiras

% re

tida

acum

ulad

a em

mas

sa 1- Brita 2- Areia média

1

2

0,15

mm

0,3

mm

0,6

mm

1,2

mm

2,4

mm

4,8

mm

6,3

mm

9,5

mm

12,5

mm

19 m

m

FIGURA 3.11- Composição granulométrica dos agregados.

Quanto aos resultados da distribuição granulométrica dos agregados, de

acordo com a tabela 3.10 e figura 3.11, observam-se curvas mais inclinadas,

favorecendo uma granulometria contínua, tanto para a brita quanto para a areia

média fina, proporcionando melhor consistência e trabalhabilidade para o

concreto.

Com relação à forma dos grãos, o índice de forma de 2,73 para o agregado

graúdo mostra-se dentro do especificado pela NBR 7211, que não deve ser

superior a 3,00.

3.6.4 Aditivo

O aditivo utilizado no experimento foi um superplastificante de pega normal, à

base de naftaleno, do tipo F da ASTM C494. O teor de sólidos foi 32,5%, a

densidade 1,18 kg/dm3 e o pH= 7,68.

3.7 Ensaio realizado com a pasta

3.7.1 Teor de hidróxido de cálcio remanescente (CH)

O ensaio de teor de hidróxido de cálcio foi realizado aos 91 dias de idade para a

pasta não-carbonatada. Nesta idade, interrompeu-se a hidratação da pasta através

da pulverização, peneiramento na #0,075 mm, lavagem com etanol e secagem em

estufa a 110º C, conforme descrito no item 3.3.

Os resultados do ensaio químico para determinação de hidróxido de cálcio

livre pelo etilenoglicol – NBR 7227 encontram-se na tabela 4A do anexo A.

3.8 Ensaios realizados com o concreto

3.8.1 Resistência à compressão axial

Para este ensaio, foram moldados corpos de prova cilíndricos (10 x 20 cm) e

rompidos nas idades de 7, 28, 91 e 182 dias, segundo a NBR 5738.

A resistência mecânica foi um dos critérios escolhidos para se avaliar o

desempenho dos concretos com relação à propriedade de carbonatação.

Os resultados dos ensaios de compressão axial estão na tabela 6A do anexo

A.

3.8.2 Carbonatação acelerada e natural

O ensaio de carbonatação deu-se de duas maneiras, acelerada e natural. Para o

ensaio acelerado, conforme descrição de LEVY (1992), os concretos tiveram pré-

cura ao ar de 28 e 91 dias de acordo com esquema de cura (figura 3.1), quando

então foram colocados na câmara de carbonatação com 10% de CO2 em volume.

As leituras da profundidade carbonatada foram feitas com 4, 8, 12 e 16 semanas,

com aspersão de solução de fenolftaleína a 1%.

Para o ensaio natural, os concretos foram dispostos ao ar ambiente do laboratório

por um período de 1/2, 1, 2, 3, 4 e 5 anos. As leituras dos 180 dias e do 1º ano já

foram realizadas, enquanto as demais serão divulgadas em relatórios futuros.

Os resultados das profundidades de carbonatação estão na tabela 7A do anexo

A.

3.8.3 Alcalinidade (pH)

A determinação da alcalinidade do concreto foi realizada com os corpos de prova

curados por 91 dias e submetidos à carbonatação acelerada. Este ensaio foi

executado conforme técnica AL-AMOUDI, RASHEEDUZZAFAR &

MASLEHUDDIN (1991).

Na tabela 10A do anexo A encontram-se os valores medidos do pH dos concretos

para as diferentes misturas.

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Introdução

Para se obter as conclusões do trabalho, foi realizada análise dos dados

referentes aos ensaios com a pasta e com os concretos, passando por um

tratamento estatístico e, em seguida, a obtenção dos gráficos para a ilustração dos

resultados mais expressivos que fundamentaram a discussão com outros estudos e

pesquisas.

Neste experimento, procurou-se dar ênfase à interpretação macroestrutural,

permeando o objetivo principal da pesquisa, que foi a influência das pozolanas

sobre a carbonatação dos concretos.

A análise de alguns ensaios, como a atividade pozolânica (Fratini), a difração

de raios X, o teor de hidróxido de cálcio e a alcalinidade possibilitaram uma visão

do comportamento microestrutural da pasta e dos concretos, auxiliando na

elucidação dos questionamentos da pesquisa.

A resistência à compressão dos concretos apresenta-se como uma das

propriedades de maior importância para a análise e interpretação de experimentos,

pois através dela pode-se fazer comparações entre as misturas em uma

determinada idade, verificando o comportamento das demais propriedades,

relacionando-as entre si. Por isso, avaliam-se concretos em igualdade de

resistência à compressão.

Na pesquisa, adotou-se comparar os concretos com resistências de 60 MPa,

visto ser esta compatível com concreto de alto desempenho e também por estar em

uma faixa intermediária dos resultados obtidos.

Para a carbonatação acelerada, trabalhou-se com coeficientes em mm/� EQ

\R(semana) �, com períodos de permanência dos corpos de prova na câmara

climatizada de 4 em 4 semanas tanto para os 28 dias quanto para os 91 dias de

pré-cura ao ar.

A avaliação dos resultados teve por base, primeiramente, a interpretação dos

dados de resistência à compressão, carbonatação acelerada, teor de CH e

alcalinidade (pH). Após, foram feitas as análises estatísticas e a integração dos

resultados, usando-se gráficos e tabelas mostrando a relação existente entre as

variáveis principais da pesquisa.

Por fim, avaliaram-se os concretos em função da durabilidade com vistas à

carbonatação, contribuindo com discussões envolvendo a temática da pesquisa.

4.2 Análise dos resultados de resistência à compressão axial

Para a análise dos resultados de compressão axial, desenvolveu-se uma

interpretação dos dados através de tabelas e gráficos, visando ao comportamento

individual de cada mistura, bem como à influência entre os 33 traços de concreto

investigados.

Primeiramente, para os dados de resistência, calculou-se o desvio relativo

médio (dr) entre os valores para os 3 corpos de prova moldados para cada traço,

adotando para a resistência final a média aritmética dos resultados, quando dr (

5,0%. Para dr acima de 5,0%, adotou-se o maior valor, ou o que melhor se

adequava na curva de Abrams.

Assim, na tabela 6A do anexo A, encontram-se as resistências finais adotadas

para as idades de 7, 28, 91 e 182 dias para cada traço moldado.

No gráfico da figura 4.1, observa-se o desenvolvimento da resistência à

compressão com as relações a/ag para a idade dos 91 dias das 11 misturas

ensaiadas. Pelas curvas de Abrams, evidenciam-se resistências mais elevadas para

as misturas mais reativas, ou seja, para aquelas com maior refinamento dos poros

e dos grãos, obedecendo a uma ordem decrescente de valores, de SA, passando

para CCA e, por último, a CV.

Para a idade dos 28 dias, figura 4.2, o comportamento foi semelhante, com as

misturas ordenadas em função de sua reatividade, porém com resistências mais

baixas. A cinza volante, em particular, confirmou a tendência de ser menos reativa

em idades menores, quando comparados com outras pozolanas, como a sílica ativa

e a cinza de casca de arroz. Para resistência de 50 MPa, as relações a/ag da CV

(50%) foram 0,32 aos 28 dias e 0,43 aos 91 dias, mostrando a evolução da

resistência desta pozolana conforme a progressão da idade e a hidratação da pasta.

Tanto para as resistências aos 28 quanto aos 91 dias, as misturas ternárias de

CV+CCA apresentaram resultados mais baixos que o concreto de referência,

sendo o inverso para as misturas ternárias de CV+SA, evidenciando que o efeito

conjugado da CV (menos reativa) foi mais marcante com a CCA do que com a

SA.

Através da comparação entre as figuras 4.1 e 4.2, para resistência de 60 MPa,

também verifica-se a ordenação decrescente das relações a/ag em função da

reatividade das pozolanas. Na idade dos 91 dias, as relações a/ag variaram de 0,63

para a mistura com 20% de SA até 0,36 para 50% de CV; e na idade dos 28 dias,

de 0,55 para a mistura com 10% de SA até 0,33 para CV com 25%.

No anexo B, as figuras 1B e 2B mostram as curvas de Abrams para as idades

de 7 e 182 dias, respectivamente, ratificando este comportamento para as

misturas.

Alguns resultados de resistência à compressão, como verificado para a mistura

de CCA(25%) aos 91 dias, apresentaram valores mais baixos quando comparados

com as idades de 7 e 28 dias. Presume-se que isso possa estar relacionado com a

interferência dos álcalis em resistências de idades mais avançadas, ou também a

fatores inerentes ao ensaio, como irregularidades da superfície de capeamento ou

distorções na prensa.

4.3 Análise dos resultados de carbonatação acelerada

Os resultados do ensaio de carbonatação acelerada, mostrados na tabela 7A do

anexo A, indicam a profundidade carbonatada em milímetros dos corpos de prova

cilíndricos (10 x 10) cm, nas idades de pré-cura ao ar de 28 e 91 dias.

A figura 4.3 ilustra as profundidades de carbonatação acelerada medidas para

a idade dos 28 e 91 dias de pré-cura ao ar dos corpos de prova com relação a/ag de

0,45.

Para a mistura de referência, bem como para as misturas binárias de sílica

ativa, não foi detectada carbonatação que pudesse ser medida com paquímetro

digital.

Através da figura 4.3, observa-se que as misturas com teores normais

apresentaram valores abaixo de 0,8 cm para a idade de 29 semanas (16 semanas

na câmara), enquanto os altos teores variaram de 1,2 cm para a mistura ternária de

CV + SA (30+20)%, na idade de cura aos 28 dias, até 4,5 cm para a cinza volante

(50%), na idade de cura aos 91 dias.

A tendência para a maior profundidade de carbonatação com os altos teores

deve-se ao maior consumo de CH através das reações pozolânicas. Com isso, a

disponibilidade de CH para as reações de carbonatação é menor, tendo como

conseqüência o aumento da frente carbonatada.

5

1 0

1 5

2 0

2 5

3 0

0 ,1 1 1 0 1 0 0

P ro fu n d id a d e(m m )

Idad

e(se

man

as)

1- R EF2-S A (10% )3-S A (20% )4-C V (25% )5-C V (50% )6-C C A (25% )7-C C A (50% )8-C V + S A (15+ 10)%9-C V + S A (30+ 20)%10-C V + C C A (10+ 15)%11-C V + C C A (20+ 30)%

2 8 d ia s9 1 d ia s

6 8 4 10

9 5 7 111 , 2 , 3

6 8 4 10 9

57 11

FIGURA 4.3- Profundidade carbonatada das 11 misturas investigadas na idade

de 28 e 91 dias de pré-cura ao ar, para relação a/ag = 0,45.

Observa-se ainda nesta figura 4.3 que as menores profundidades de

carbonatação, para a relação a/ag = 0,45, tanto para os altos quanto para os baixos

teores de pozolanas, ocorreram para as misturas binária de CCA e ternária de (CV

+ SA).

Todas as misturas carbonataram mais que o concreto de referência, com

exceção das misturas binárias de sílica ativa.

Como pode-se observar nesta figura 4.3, o comportamento foi semelhante para

as leituras de carbonatação na idade dos 91 dias, para mesma relação a/ag, onde a

ordem das misturas permaneceu igual para os baixos teores, apenas com

profundidades mais elevadas.

O desenvolvimento da carbonatação acelerada dos concretos também pode ser

acompanhado mediante a utilização do coeficiente de carbonatação, que indica a

profundidade carbonatada num determinado tempo, sendo expresso nesta pesquisa

em mm/� EQ \R(semana.) �

Este coeficiente é calculado pela expressão:

tKx .=

onde: x = prof. de carbonatação em mm

K= coef. de carbonatação em mm/ semana

t = tempo de exposição ao CO2 em semana

Em função das idades de leitura em � EQ \R(semana) �da carbonatação

acelerada ((8, (12, (16 e (20 para os 28 dias; e (17, (21, (25 e (29 para os 91 dias)

e das profundidades de carbonatação acelerada em mm (tabela 7A), foi possível,

através de regressão linear simples, encontrar-se os valores dos coeficientes de

carbonatação acelerada em mm/� EQ \R(semana) � para cada uma das misturas e

relacões a/ag.

Os valores dos coeficientes de carbonatação acelerada para as resistências de

50, 60 e 70 MPa foram calculados a partir das relações a/ag e dos coeficientes

definidos anteriormente, aplicando-se uma regressão de potência com equação: y

= A ( xB , onde “x” é a relação a/ag obtida da curva de Abrams para as três

resistências pretendidas e os valores de A e B as constantes da regressão.

Nas tabelas 8A e 9A do anexo A, encontram-se os coeficientes de

carbonatação acelerada para os 28 e 91 dias de pré-cura ao ar dos concretos,

respectivamente, e também os coeficientes para as resistências de 50, 60 e 70MPa.

Para as misturas binárias de SA, também foram realizados ensaios com

relação a/ag de 0,65, e a partir dos resultados das profundidades de carbonatação

calculou-se os coeficientes, auxiliando para obtenção de mais dados para a

equação de regressão.

Observou-se para algumas misturas, tanto aos 28 dias quanto aos 91 dias de

pré-cura ao ar, baixas profundidades de carbonatação acelerada, próximas a zero,

o que proporcionou coeficientes também quase nulos. Em razão disso, optou-se

por atribuir coeficientes de carbonatação muito baixos (tabelas 8A e 9A), da

ordem de alguns décimos, com a finalidade de possibilitar a aplicação da

regressão com no mínimo três pontos.

O coeficiente de carbonatação em relação ao tipo e teor de pozolana, para as

misturas binárias e ternárias, e para resistência de 60 MPa, pode ser visualizado na

figura 4.4, abaixo.

FIGURA 4.4- Relação entre coeficiente de carbonatação com o tipo e teor de

pozolana, para resistência de 60 MPa.

O coeficiente de carbonatação aumentou à medida que cresceu o teor de

pozolana na mistura, mostrando também que este incremento foi dependente da

reatividade de cada pozolana.

Pelo gráfico da figura 4.4, observa-se também que as misturas ternárias

apresentaram retas mais inclinadas, com maior carbonatação para os altos teores,

mostrando que a ação conjunta da cinza volante com sílica ativa ou cinza de casca

de arroz aumentou o consumo de CH, induzindo a um incremento na velocidade

de carbonatação.

4.4 Análise dos resultados do teor de hidróxido de cálcio (CH)

O teor de hidróxido de cálcio remanescente para as diversas misturas na idade

de 91 dias encontra-se na tabela 4A do anexo A. O gráfico da figura 4.5 mostra o

conteúdo de CH nesta idade para as três relações a/ag estudadas no experimento.

Nota-se, na figura 4.5, que o maior consumo de CH aconteceu para os altos

teores de pozolanas, principalmente para as misturas ternárias com SA e CCA,

enquanto que o menor consumo foi para o traço de referência, pois neste não

ocorrem as reações pozolânicas, e, portanto, implica em maior quantidade de CH

disponível para as reações de carbonatação.

Observa-se, também, a tendência de maior consumo de CH para as pozolanas

mais reativas, como a SA e a CCA, tanto para os baixos quanto para os altos

teores, ao passo que a cinza volante apresenta maior disponibilidade de CH aos 91

dias.

A figura 4.6 mostra a relação entre o coeficiente de carbonatação (tabela 9A) e

o teor de hidróxido de cálcio remanescente aos 91 dias (tabela 5A) para todas as

misturas, observando-se uma quantidade maior de CH disponível para os baixos

teores, representados pela região A, enquanto na região B para os altos teores de

pozolanas, o consumo de CH foi mais elevado, sendo responsável pelo incremento

na carbonatação.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

0,10 1,00 10,00 100,00

Coeficiente de Carbonatação - Kc ( mm / √ semana )

% H

idró

xido

de

Cál

cio

(CH

)

1 REF2 SA (10% )3 SA (20% )4 CV (25% )5 CV (50% )6 CCA (25% )7 CCA (50% )8 CV + SA (15+10)%9 CV + SA (30+20)%10 CV + CCA (10+15)%11 CV + CCA (20+30)%

1

2 34

5

6

7

8

9

10

11

A

B

FIGURA 4.6 - Correlação entre coeficiente de carbonatação para os 91 dias e

teor de hidróxido de cálcio da pasta não carbonatada aos 91 dias,

para fc= 60 MPa.

A figura 4.6 confirma a tendência das reações pozolânicas consumirem maior

quantidade de CH na medida em que cresce o teor de pozolana no traço. Com

relação aos coeficientes de carbonatação, nota-se um aumento significativo para

os altos teores (região B), em comparação com os baixos teores (região A),

justificados também pelo decréscimo na proporção de CH na pasta aos 91 dias.

Relacionando as misturas pozolânicas com o cimento ARI (mistura 1), verifica-se

neste último que a elevada reserva alcalina resultou num baixo coeficiente de

carbonatação, devido à menor velocidade de difusão do CO2 na solução dos poros

quando a concentração de CH é mais elevada, pois necessita primeiro rebaixar o

pH para depois reagir com todo o hidróxido de cálcio presente e então seguir

penetrando e precipitando o carbonato de cálcio.

Já nas misturas com pozolanas, apesar do efeito físico de redução da

permeabilidade do concreto, prepondera o fator de menor reserva alcalina e, como

conseqüência, a maior facilidade de carbonatação quando comparado com

misturas somente com cimento Portland.

Como a atividade pozolânica e a quantidade de adições foram os fatores mais

influentes sobre a carbonatação dos concretos neste experimento, cabe entender

um pouco mais a relação entre a pozolanicidade, o teor de CH e a carbonatação.

Fazendo uma comparação entre a figura 4.6 e a atividade pozolânica no ensaio

de Fratini, tabela 3.9 e figura 3.8, visualiza-se um comportamento semelhante para

os concretos. As misturas mais reativas proporcionaram menor reserva alcalina

para a solução dos poros, como, por exemplo, com os altos teores: misturas 7

(IAP=91,0) e 11 (IAP=42,6), e, para os baixos teores: misturas 6 (IAP=24,1) e 10

(IAP=21,3), propiciando maior carbonatação devido ao consumo mais elevado de

CH pelas reacões pozolânicas. Esta situação indica, portanto, uma aproximação

coerente entre o teor de CH e a quantidade de mmol CaO/l para a maioria das

misturas.

Cabe também fazer referência ao bom desempenho da mistura de CV (50%),

que apresentou o menor coeficiente de carbonatação para os altos teores, bem

como um menor consumo de CH quando comparada com as misturas 7, 9 e 11.

4.5 Análise dos resultados de alcalinidade (pH)

A determinação da alcalinidade (pH) dos concretos, nesta pesquisa, teve por

objetivo balisar os efeitos do avanço da carbonatação a partir da superfície,

procurando mostrar, através do índice de pH, o comportamento das diferentes

misturas em função da espessura carbonatada.

Com este objetivo, ilustram-se na figura 4.7 os níveis de pH para todos os

traços em relação às idades de leitura da carbonatação acelerada, para a cura aos

91 dias e resistência de 60 MPa.

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

13 17 21 25 29 33

Idade (semanas)

pH1-REF2-SA(10%)3-SA(20%)4-CV(25%)5-CV(50%)6-CCA(25%)7-CCA(50%)8-CV+SA(15+10)%9-CV+SA(30+20)%10-CV+CCA(10+15)%11-CV+CCA(20+30)%

9

7

3

8

5611

10

1

24

kpH

FIGURA 4.7 - Relação entre a alcalinidade (pH) e a idade de permanência na

câmara acelerada, para a cura aos 91 dias e fc=60 MPa.

Analisando o gráfico acima, observa-se a diminuição do pH para todos os

concretos à medida que aumenta a idade de leitura de 17 para 29 semanas de

carbonatação acelerada.

De um modo geral, as misturas ímpares 3, 7 e 9, com exceção da 11, foram as

que apresentaram os menores índices de pH, confirmando a tendência de maior

carbonatação e, conseqüentemente, menor alcalinidade para os altos teores de

pozolanas.

Para a análise dos resultados da alcalinidade (pH), foi necessário também,

como feito para a carbonatação, um trabalho estatístico dos dados brutos, obtendo

os coeficientes de alcalinidade kpH em pH/ � EQ \R(semana) �. Este coeficiente

é negativo e indica a velocidade de queda do pH na medida em que ocorre a

carbonatação dos concretos (kpH = ângulo com o eixo das abcissas). Eles são

mostrados na tabela 10A e calculados novamente para a resistência de 60 MPa na

tabela 11A do anexo A.

Para as misturas com baixos teores, as retas são menos inclinadas, mostrando

que a perda da alcalinidade foi menor quando houve uma diminuição no teor de

pozolana no traço. Analisando as inclinações das retas através dos valores do

coeficiente de alcalinidade (kpH), nota-se que a mistura de CV(25%) apresenta a

menor inclinação (kpH= - 0,77 pH/ � EQ \R(semana) �) quando comparada com

o traço de referência (kpH= - 0,45 pH/ � EQ \R(semana) �), ratificando o

melhor desempenho para os baixos teores.

Ainda pode-se observar na figura 4.7 a boa aproximação de paralelismo das

retas para as misturas 2, 4, 5, 6, 10 e 11, com coeficiente de alcalinidade médio

igual a –0,90 pH/ � EQ \R(semana) � e coeficiente de variação de 13%.

Considerando que o meio alcalino para manter o concreto com boa capacidade

de proteção à armadura esteja acima do pH=11, as misturas situadas além deste

valor, que foram na maioria aquelas com baixos teores, com exceção da CV

(50%) e CV + CCA (20+30)%, podem ser entendidas como misturas com bom

desempenho para impedir a despassivação do aço e evitar a sua corrosão.

4.6 Integração dos resultados

4.6.1 Resistência à compressão versus carbonatação

Para acompanhar o desenvolvimento da carbonatação dos concretos para as

diferentes misturas investigadas, foi necessário a comparação dos resultados em

igualdade de resistência à compressão axial.

Assim, construiu-se o gráfico da figura 4.8, com os coeficientes de

carbonatação acelerada em escala logarítmica para todas as misturas,

relacionando-os com três níveis de resistências: 50, 60 e 70MPa. O primeiro

segmento (a) ilustra os resultados para os corpos de prova curados por 28 dias ao

ar e o seguinte (b) para os de 91 dias.

Através da figura 4.8 a seguir, interpretam-se importantes aspectos na

comparação entre as misturas e também entre as idades de pré-cura ao ar,

elucidando, assim, alguns questionamentos propostos inicialmente para a

pesquisa.

45

50

55

60

65

70

75

0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 1000,00

Coeficiente de Carbonatação - Kc ( mm / √ semana )

Res

istê

ncia

à C

ompr

essã

o - f

c (M

Pa1 REF2 SA (10%)

3 SA (20%)4 CV (25%)5 CV (50%)6 CAA (25%)

7 CAA (50%)8 CV + SA (15+10)%9 CV + SA (30+20)%10 CV + CCA (10+15)%

11 CV + CCA (20+30)%

1 10 4 2 6 3 5 8 11 7 9

Kc = 24,34Kc = 0,35(a)

69x

45

50

55

60

65

70

75

0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 1000,00

Coeficiente de Carbonatação - Kc ( mm / √ semana )

Res

istê

ncia

à C

ompr

essã

o - f

c (M

Pa

1 10 4 2 6 3 58 11 7 9

Kc = 0,69 Kc = 60,64

87x

(b)

FIGURA 4.8 - Evolução do kc com a resistência à compressão axial para as

idades de 28 (a) e 91 (b) dias de pré cura ao ar dos concretos.

O coeficiente de carbonatação acelerada aumentou para todas as misturas,

quando a cura passou de 28 para 91 dias, sendo aproximadamente o dobro para

esta

da adição, variando de 0,35 mm/� EQ

\R(s

diminuição da

poro

forme a atividade pozolânica. Nota-se que os maiores coeficientes

fora

de misturas, caracterizada pelo seu número na legenda: 10, 4, 6 e 8 para

teo

s carbonatação

ia da carbonatação sobre a alcalinidade

os concretos investigados, procura-se, através da figura 4.9, estabelecer a

última idade, como pode-se notar no incremento de 0,35 mm/� EQ

\R(semana) �para 0,69 mm/� EQ \R(semana) � no traço de referência, para o

mesmo nível de resistência (60MPa).

Nota-se também que, para ambos os casos, o valor do coeficiente foi tão mais

elevado quanto maior foi o teor

emana) �no traço de referência para 24,34 mm/� EQ \R(semana) �na

mistura de CV + SA (30 + 20)% para cura de 28 dias (aumentando 69 vezes).

Para estes mesmos concretos, na cura dos 91 dias, o aumento foi ainda maior, de

87 vezes, passando de 0,69 para 60,64 mm/� EQ \R(semana) �.

À medida que a resistência aumentou, para cada traço, houve um decréscimo

no coeficiente de carbonatação acelerada, indicando que a

sidade do concreto acarreta menor penetração de CO2 para as reações de

carbonatação.

Outra comparação significativa aponta que os coeficientes de carbonatação se

ordenaram con

m para as misturas mais reativas, apresentando uma disposição em ordem

crescente não só do grau de atividade pozolânica como também do seu teor na

mistura.

Esta ordenação, conforme pode-se verificar no gráfico, apresentou a seguinte

sequência

res normais; e, 5, 11, 7 e 9 para os altos teores, tanto na cura aos 28 dias quanto

aos 91 dias. Somente os traços binários com sílica ativa mostraram-se diferentes

dos demais, com retas menos inclinadas e não acompanhando a reatividade

crescente das pozolanas.

4.6.2 Alcalinidade versu

Com o objetivo de verificar a influênc

d

correlação linear existente entre os coeficientes calculados, sempre na idade de

cura dos 91 dias e resistência de 60 MPa.

FIGURA 4.9 - Correlação linear existente entre os coeficientes de carbonatação

(kc) e alcalinidade (kpH).

y = 0,032x + 0,723R2 = 76%

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

C o eficiente de Carbo natação - K c ( m m / √ sem ana )

Coe

ficie

nte

de A

lcal

inid

ade

- KpH

( pH

/ √

sem

ana

)

1

2

3

4 5

6

7

8

9

10 11

3,50

1 REF2 SA (10% )3 SA (20% )4 CV (25% )5 CV (50% )6 CCA (25% )7 CCA (50% )8 CV + SA (15+10)%9 CV + SA (30+20)%10 CV + CCA (10+15)%11 CV + CCA (20+30)%

ada pelo coeficiente de determinação de

5 %, ou seja, a relação existente entre as variáveis pode ser considerada

ade da adição mineral.

portamento das pozolanas utilizadas no experimento com

ção esclareceu um dos objetivos do trabalho,

ue foi o de investigar seu desempenho e em que teores de substituição do

cim

Observa-se na figura 4.9 uma correlação linear entre os coeficientes kpH

(tabela 11A) e kc (tabela9A), sendo explic

7

satisfatória, indicando que os resultados do pH são dependentes e relacionados

com os de carbonatação.

Portanto, a carbonatação dos concretos acarreta o rebaixamento do pH, sendo

este mais significativo quando cresce o teor de pozolana na mistura, bem como

quando aumenta a reativid

4.6.3 Desempenho das pozolanas

A verificação do com

relação ao fenômeno da carbonata

q

ento elas tiveram maior influência.

A figura 4.10 procura ilustrar o desempenho das misturas binárias e ternárias

de pozolanas para a carbonatação acelerada na idade de cura dos 28 dias e

resistência de 60 MPa.

0 ,1 0 1 ,0 0 1 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0

2 5

5 0

% P

ozol

ana

C o e f ic ie n te d e C a r b o n a ta ç ã o - m m / √ s e m a n a

M I S T U R A ST E R N Á R I A S

C V + C C A

C V + C C A

C V + S A

C V + S A

(b )

0 ,1 0 1 ,0 0 1 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0

1 0

2 0

2 5

5 0

% P

ozol

ana

C o efic ien te d e C a rb o n a ta çã o - m m / √ sem a n a

M IS T U R A SB IN Á R IA S

C V

C V

C C A

C C A

S A

S A(a )

IGURA 4.10 - Desempenho das misturas em relação a carbonatação acelerada

na idade de cura dos 28 dias e resistência de 60MPa.

ntou maior

carbonatação 3,95 mm/

F

Para as misturas binárias com baixos teores, a SA aprese

semana , enquanto a CCA ficou com 1,77 mm/ semana

e a CV 1,07 mm/ semana .

Nas misturas binárias com altos teores, o comportamento foi semelhante ao

dos baixos teores, apenas a CCA apresentando maior carbonatação 14,41

mm/ semana , ao invés da SA. Estes resultados comprovam que as pozolanas

mais reativas, SA e CCA, carbonataram mais que a CV, menos reativa.

Nota-se, também, o bom desempenho da CV com alto teor de substituição

(50%), resultando num coeficiente de carbonatação abaixo de 4,0 mm/ semana ,

indicando que a mistura com essa pozolana, mesmo para altas dosagens, mostra-se

favorável quanto à durabilidade do concreto frente ao fenômeno da carbonatação.

Para as misturas ternárias com altos teores, na pré-cura aos 28 dias, observa-

se um incremento no coeficiente de carbonatação quando ocorre a conjugação da

CV com a SA , variando de 11,03 mm/ semana para SA (20%), até 24,34

mm/ semana para CV + SA (30+20)%.

Esse comportamento está associado ao efeito sinérgico que acontece quando

associa-se a CV com outra pozolana, vindo a consumir maior quantidade de CH

atrav s das reações pozolânicas, aumentando a velocidade de carbé onatação,

conf

natação acelerada para as diferentes misturas.

Isso

orme descrito no item anterior.

Analisando também o desempenho das pozolanas para os 91 dias de pré-cura

ao ar dos concretos, figura 4.11 a seguir, verifica-se um desenvolvimento mais

acentuado dos coeficientes de carbo

comprova que o aumento do tempo de cura ao ar para os 91 dias,

proporcionou um maior consumo de CH através das reações pozolânicas,

incrementando assim a taxa de carbonatação dos concretos.

Observa-se, através da figura 4.11, que as misturas com coeficientes abaixo

de 2,0 mm/ semana foram a binária de CV(25%) com 1,55 mm/ semana e a

ternária de CV+CCA(10+15)% com 0,97 mm/ semana . Somente a mistura

binária de CCA(25%) com coeficiente de 3,12 mm/ semana permaneceu na faixa

entre 2,0 e 4,0 mm/ semana .

Assim, de um modo geral, tanto para a pré-cura ao ar dos 28 dias quanto para

os 91 dias, as misturas binárias de CV e CCA e a ternária de CV+CCA, todas com

baixos teores, situam-se na categoria de concretos duráveis, com coeficientes

abaixo de 4,0 mm/ semana .

Optou-se nesta pesquisa, em considerar para efeito de desempenho das

pozolanas os coeficientes de carbonatação calculados para a pré-cura ao ar de 28

dias, por ser a idade mais empregada nos estudos de carbonatação acelerada

segundo a literatura.

0 ,1 0 1 ,0 0 1 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0

2 5

C V + C C A C V + S A5 0

% P

ozol

ana

C o e f ic ie n te d e C a r b o n a ta ç ã o - m m / √ s e m a n a

M I S T U R A ST E R N Á R I A S

C V + C C A C V + S A

(b )

0 ,1 0 1 ,0 0 1 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0

1 0

2 0

2 5

5 0

% P

ozol

ana

C o efic ien te d e C a rb o n a ta çã o - m m / √ sem a n a

M IS T U R A SB IN Á R IA S

C V

C V

C C A

C C A

S A

S A(a )

FIGURA 4.11 - Desempenho das misturas em relação a carbonatação acelerada

na idade de cura dos 91 dias e resistência de 60MPa.

Portanto, as misturas que apresentaram melhor desempenho neste

à

carb os binários,

experimento, considerando a idade de pré-cura aos 28 dias, em relação

onatação acelerada foram a CV (25%) e a CCA (25%) para os traç

e a CV + CCA (10+15)% para os traços ternários, todos com coeficientes abaixo

de 2,0 mm/ semana .

4.7 Durabilidade com vistas à carbonatação

Para se obter uma visão mais abrangente deste trabalho, procurou-se

tras pesquisas e estudos sobre a

tem o responder aos questionamentos propostos nos

obje

modo similar, ocorrendo muitas vezes

inte

colaborando para uma análise mais acurada a respeito da

dura

ma influência entre as reações

pozo

ão. A

form

relacionar os resultados encontrados com ou

ática em pauta, bem com

tivos específicos da dissertação.

Neste aspecto, salienta-se a dificuldade para a comparação de resultados entre

experimentos deste gênero, pois nem sempre as condições de investigação são

planejadas e implementadas de

rpretações diversas e sem generalizações possíveis para a tomada de

conclusões.

Mesmo assim, buscaram-se algumas contribuições importantes existentes na

literatura sobre a carbonatação dos concretos com pozolanas, enriquecendo as

discussões e

bilidade deste material frente ao fenômeno.

Uma das questões que motivou a realização desta pesquisa foi o interesse em

compreender melhor se o período de pré-cura ao ar dos concretos antes da

colocação na câmara climatizada causa algu

lânicas e de carbonatação. Em face disso, foram testadas duas idades de cura

ao ar, aos 28 e 91 dias, proporcionando uma comparação, em igualdade de

resistência, dos coeficientes de carbonatação para as 11 misturas ensaiadas.

Conforme a análise dos resultados realizada no item anterior, a maior

carbonatação dos concretos curados aos 91 dias pode ser explicada pelas

diferenças de natureza entre as reações pozolânicas e de carbonataç

ação do C-S-H nas reações pozolânicas ocorre por um mecanismo de

dissolução e precipitação do CH (MASSAZZA,1998), enquanto que nas reações

de carbonatação a difusão do CO2 nos poros do concreto acontece por um

processo de dissolução ou topoquímico, formando os carbonatos e água

(MATALA,1997).

Pela análise dos resultados do item 4.4 e subitem 4.6.3, verificou-se a

influência que a atividade pozolânica e a proporção de pozolanas nas misturas,

respectivamente, tiveram sobre o incremento na carbonatação dos concretos,

conf

ões pozolânicas se processaram mais rapidamente do que as

de

28 e 91 dias

com

8), entre outros assuntos, enfocou

part

ara isso ser normalizado tanto o período de cura

inic

scente.

O comportamento do teor de CH, realizado na análise dos resultados, foi

importante na medida que possibilitou o acompanhamento da reserva alcalina das

irmando que as reações pozolânicas precederam as reações de carbonatação e

ocorreram de forma mais veloz, pelo que se pôde notar comparando as idades de

cura de 28 e 91 dias.

De acordo com artigo realizado sobre esta pesquisa, em particular sobre o

efeito das idades de pré-cura ao ar, ISAIA, VAGHETTI & GASTALDINI (1998)

concluem “que as reaç

carbonatação, diminuindo tanto mais a reserva alcalina quanto maior a

reatividade ou a quantidade de pozolana no traço”, justificando os maiores

coeficientes de carbonatação para os concretos curados aos 91 dias.

Com relação ao período de pré-cura ao ar dos concretos mais apropriado para

realizar o ensaio de carbonatação acelerada, conclui-se que ainda se faz necessária

a comparação entre os coeficientes de carbonatação acelerada dos

os coeficientes de carbonatação natural.

Apesar de existirem poucos experimentos na literatura abordando o período

de cura inicial antes de acelerar o processo de carbonatação, a pesquisa realizada

por SIRIVIVATNANON & KHATRI (199

icularmente esse tema. Os pesquisadores relataram que a carbonatação

acelerada com pré-cura de 90 dias apresentou bons resultados quando comparada

com a de carbonatação natural, embora obtendo coeficientes de carbonatação

diferentes em valores absolutos.

Portanto, o período de pré-cura ao ar dos concretos antes da colocação na

câmara de carbonatação, principalmente nos ensaios com adições de pozolanas,

influirá nos resultados, devendo p

ial quanto a concentração de CO2.

Outra questão levantada nos objetivos do trabalho foi com relação às

possíveis influências entre os resultados de carbonatação e os ensaios de

alcalinidade (pH) e teor de CH remane

past

cia, o incremento na carbonatação dos concretos. Esse comportamento

tam

foi encontrado para a carbonatação nas misturas ternárias do presente

trab

elatada na pesquisa de

JON

levado quanto maior a proporção de pozolana no traço.

asca de arroz,

com

de alcalinidade (kpH) e carbonatação (kc), conforme mostra a figura 4.9.

as não-carbonatadas para as 11 misturas ensaiadas, comparando com a

carbonatação dos concretos, contribuindo para o delineamento das conclusões do

trabalho.

O teor de CH remanescente das misturas com altos teores foi pequeno,

quando comparado com os baixos teores e com o concreto de referência (figura

4.6). Isso comprova que, devido às reações pozolânicas, a quantidade de CH

diminuiu à medida que aumentou o conteúdo de pozolana no traço, tendo, como

consequên

bém foi verificado nas pesquisas de SCHUBERT (1987) e HORIGUCHI et al.

(1994).

O emprego conjugado da CV em misturas ternárias com o cimento Portland

contribui para o aumento dos coeficientes de carbonatação, principalmente

quando os concretos possuem teores elevados de adições.

Este efeito multiplicador que a CV exerce sobre outras pozolanas, como a SA

e CCA,

alho, conforme ilustram as figuras 4.10 e 4.11 sobre o desempenho dos traços

ensaiados.

A ação sinérgica da CV nos traços ternários foi r

ES, DHIR & MAGEE (1997), na qual as profundidades de carbonatação para

as misturas ternárias foram em média 2,5 vezes maiores que as misturas binárias.

ISAIA (1997) também descreve em seu trabalho que o efeito multiplicador da CV

é tão mais e

Pela análise dos resultados de pH na tabela 10A do anexo A, verificou-se,

para uma mesma relação a/ag dos 11 traços estudados à mesma profundidade de

15 mm, a diminuição da alcalinidade com o aumento do teor de pozolanas nas

misturas, sendo menos acentuado este decréscimo para os traços binários com

sílica ativa, e mais acentuado para os traços binários com cinza de c

o ilustra a figura 4.7.

O rebaixamento do pH em função da profundidade carbonatada, portanto, foi

mais significativo para os altos teores e de acordo com a reatividade de cada

pozolana. Também foi verificada a existência de correlação entre os coeficientes

A tendência para menor alcalinidade com o incremento do teor de pozolanas

nas misturas vem ratificar o maior consumo de CH pelas reações pozolânicas,

conf

isturas,

tant

apresentaram maior coeficiente de carbonatação que o concreto de

refe

pelo CO2 nas reações de carbonatação, necessitando primeiro rebaixar

o p

Quais as misturas com melhor desempenho em relação à

carb

ela figura 4.10, foi

poss

bonatação acelerada, como pode-se visualizar melhor

na figura 4.12, abaixo.

orme visto nas figuras 4.6 e 4.8, bem como o aumento dos coeficientes de

carbonatação.

Ainda dentro das questões levantadas para a pesquisa, encontra-se a de

entender como evolui o coeficiente de carbonatação para as diferentes m

o binárias quanto ternárias, em comparação com o concreto de referência, sem

pozolanas.

Através da figura 4.8 do subitem 4.6.1, verificou-se que todas as misturas

com pozolanas

rência, independentemente do período de pré-cura ao ar dos concretos.

Este comportamento está associado basicamente à maior reserva alcalina que

o cimento Portland proporciona, pois existe maior quantidade de CH para ser

consumido

H da solução para depois continuar avançando, fazendo com que a

profundidade carbonatada progrida lentamente, diminuindo assim os coeficientes

de carbonatação.

Algumas pesquisas com pozolanas contribuem para ratificar os resultados

encontrados e também para justificar tal comportamento, como as de BRANCA et

al. (1993) e de SASATANI, TORII & KAWAMURA (1995).

Para melhor entender a durabilidade do concreto com vistas à carbonatação,

formulou-se outra questão importante para ser respondida nesta investigação, que

foi a seguinte:

onatação e em que teores de substituição do cimento elas influenciaram mais

diretamente no fenômeno?

Pela análise dos resultados do subitem 4.6.3, bem como p

ível compreender quais as misturas que tiveram melhor desempenho quando

comparadas entre si e também quais as pozolanas mais eficientes.

De um modo geral, as misturas binárias com CCA e com CV e a mistura

ternária de CV+CCA, todas com baixos teores, foram as que apresentaram os

menores coeficientes de car

onata-

de características

seme

oladamente com teor de 30% como nas misturas ternárias CV+CCA (20+30)%.

de

lina que

a, por ser menos reativa que a SA”.

FIGURA 4.12- Relação entre o teor de pozolanas e o coeficiente de carb

ção acelerada na idade de cura dos 28 dias e resistência de

60 MPa.

Pesquisa realizada por ISAIA (1995), com materiais

lhantes aos do presente trabalho, também comprovou que a CCA, entre as

pozolanas estudadas, foi a de melhor desempenho à carbonatação acelerada, tanto

is

Conforme ISAIA (1995, p.209), “O melhor desempenho da cinza de casca

arroz em relação às demais misturas pode ser função da maior reserva alca

esta pozolana proporcion

O comportamento da CCA nesta pesquisa vem confirmar as qualidades desta

pozolana, apresentando boa resistência à carbonatação, principalmente quando

conjugada com a CV em baixos teores. Experimentos como os de MATSUI et al.

(1996) e de SUGITA et al. (1997) relatam que, além da carbonatação, outras

propriedades são melhoradas com o emprego da CCA, tais como a resistëncia à

compressão e resistência do concreto ao ataque ácido e à penetração de íons

cloreto.

A cinza volante foi outra pozolana que apresentou desempenho adequado na

carbonatação, mesmo com altos teores de substituição em mistura binária. A

utilização de proporções elevadas desta cinza encontra restrições em algumas

normas ou códigos internacionais.

Mesmo assim, muitas pesquisas, entre elas as de GALEOTA,

GIAMMATTEO & MARINO (1995) e MULLER, HARDTL & SCHIESSL

(199

evido a teores elevados de CV, ISAIA (1992)

apon

das melhores

mist

, visando retardar e até impedir o desencadeamento do processo de

corro

7), salientam que o uso da CV em teores até 60% de substituição do cimento

ainda oferece boa resistência do concreto à corrosão do aço e também melhoria

nas propriedades de aderência, retração e módulo de elasticidade.

Quanto à diminuição do pH d

ta que o decréscimo da reserva alcalina ainda não é suficiente para promover

a despassivação da armadura, como sustenta também DIAMOND (1981) em sua

pesquisa.

Neste contexto, a durabilidade do concreto com vistas à carbonatação está

fundamentada em vários aspectos, principalmente na escolha

uras de pozolanas, nos seus teores de substituição, na tecnologia para a

preparação, transporte, adensamento e cura do concreto, mas, sobretudo, a uma

prescrição adequada da camada de cobrimento da armadura nos projetos

estruturais

são, contribuindo para o aumento da vida útil das construções.

CONCLUSÃO

Partindo das questões levantadas nos objetivos específicos da pesquisa,

rocura-se estabelecer as respostas com base nos resultados obtidos, nas análises

realizadas e também na literatura existente sobre o tema.

Com relação ao período de pré-cura ao ar dos concretos antes da colocação na

câmara de carbonatação, const oi significativo e influiu nos

esultados. Conforme visto, os coeficientes de carbonatação encontrados para a

atureza entre as reações

ais rápida, diminuindo tanto mais a reserva

carbonatação natural estiverem

vançando, fazendo com que a profundidade carbonatada progrida

p

ata-se que ele f

r

idade de cura inicial de 91 dias foram em média o dobro daqueles para a cura de

28 dias, sempre em igualdade de resistência à compressão. A maior carbonatação

para os 91 dias pode ser explicada pelas diferenças de n

pozolânicas e de carbonatação, ou seja, prioridade de consumo de CH pelas

primeiras em relação às segundas.

O desenvolvimento das reações pozolânicas induz a diminuição dos teores de

CH na solução dos poros do concreto e, conseqüentemente, aumento da

velocidade de carbonatação, pois a difusão do CO2 nos poros é mais rápida devido

à menor quantidade de CH disponível para reagir.

Conclui-se, portanto, que as reações pozolânicas precederam às reações de

carbonatação e ocorreram de forma m

alcalina quanto maior a reatividade ou a quantidade de pozolana no traço. Para se

afirmar qual o melhor período de pré-cura ao ar dos concretos, 28 ou 91 dias,

torna-se necessária a comparação dos coeficientes de carbonatação acelerada e

natural, que será realizada quando os ensaios de

completos.

Verificou-se que o concreto de referência apresentou menor coeficiente de

carbonatação em relação aos concretos com pozolanas. Este comportamento está

associado à maior reserva alcalina que o cimento Portland proporciona, existindo

maior quantidade de CH para ser consumido pelo CO2 nas reações de

carbonatação, necessitando primeiro rebaixar o pH da solução, para depois

continuar a

lentamente, diminuindo assim os coeficientes de carbonatação.

As misturas de pozolanas com melhor desempenho com relação à

carbonatação, foram as binárias de CCA (25%) e CV (25%), e a ternária de

CV+CCA (10+15)%, todas com coeficientes de carbonatação acelerada abaixo de

2,0 mm/ semana .

Enquadram-se também como misturas adequadas, com coeficientes de

carbonatação entre 2,0 e 4,0 mm/ semana , as misturas binárias de SA (10%) e

e so acelerado de carbonatação corresponder a um ano de

ração de íons cloretos, etc..

CV (50%), e a ternária de CV+SA (15+10)%.

Portanto, concretos executados com estas misturas terão profundidade

carbonatada inferior a 40mm em 100 anos, adotando a equivalência de uma

semana m proces

envelhecimento natural. Assim, esses traços situam-se na faixa para concretos

duráveis, com vida útil resistente aos efeitos da carbonatação e,

conseqüentemente, para a corrosão do aço.

Duas pozolanas merecem destaque neste estudo: a CCA e a CV. A primeira,

por ser menos conhecida experimentalmente, revela-se com boa performance em

relação à carbonatação, corroborada por algumas poucas, mas importantes

pesquisas, que salientam também o bom desempenho sobre outras propriedades

ligadas à durabilidade do concreto, tais como a alta resistência mecânica inicial, a

baixa permeabilidade e a resistência à penet

A segunda, a cinza volante, foi a que resultou para o traço binário com 50% de

substituição, coeficientes de carbonatação acelerada abaixo de 4,0 mm/ semana ,

apresentando, assim, os menores valores entre as misturas com altos teores. Estes

resultados confirmam o bom desempenho desta pozolana à carbonatação, mesmo

para proporções elevadas.

Outro benefício do uso da CV em concretos fica por conta da ação sinérgica

ão conjunta das duas pozolanas são favoráveis para a

que esta pozolana proporciona quando conjugada com outra, como a CCA ou a

SA, resultando num efeito multiplicador tão maior quanto mais elevados forem os

teores de pozolanas contidos em cada mistura. Nesta pesquisa, os traços ternários

da CV+CCA ratificam este comportamento, e os resultados para a carbonatação

comprovam que a utilizaç

durabilidade do concreto.

Para os ensaios de carbonatação acelerada, torna-se importante a normalização

do período de cura inicial e da concentração de CO2 na câmara, para que os

resultados acelerados sejam comparáveis entre si como também com os de

carbonatação natural.

Espera-se que esta dissertação contribua para reafirmar as

ra que isto aconteça, impera a necessidade da

i n

potencialidades do CAD com pozolanas e para o despertar do seu uso em

obras correntes, oportunizando a adequação qualidade/desempenho sob o

ponto de vista técnico e a maior relação custo/benefício sob a ótica

econômico-social. Pa

continuidade de novas pesquisas, sed mentando os co hecimentos já

adquiridos sobre a durabilidade deste material, como também

impulsionando para novas descobertas.

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