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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS - FADE CURSO DE DIREITO MARCOS GUILHERME NUNES PEREIRA O MEIO AMBIENTE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 Governador Valadares - MG, 2009.

MARCOS GUILHERME NUNES PEREIRA O MEIO AMBIENTE … · muito distante, porque naquela época os recursos naturais eram considerados ... No primeiro capítulo, busca-se estudar os conceitos

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE

FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E EC ONÔMICAS - FADE

CURSO DE DIREITO

MARCOS GUILHERME NUNES PEREIRA

O MEIO AMBIENTE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 19 88

Governador Valadares - MG,

2009.

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MARCOS GUILHERME NUNES PEREIRA

O MEIO AMBIENTE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 19 88

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito, da UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce, como requisito indispensável à obtenção do título de Bacharelado em Direito. Orientador: Glaydson Sarcinelle Fabri

Governador Valadares - MG,

2009.

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MARCOS GUILHERME NUNES PEREIRA

O MEIO AMBIENTE E A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 19 88

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________

Orientador: Glaydson Sarcinelle Fabri

____________________________

Banca

____________________________

Banca

Governador Valadares - MG,

2009.

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RESUMO

A presente monografia versa sobre o direito ambiental na Constituição da República de 1988. Ao longo de todo este estudo será mencionado o direito ambiental, os princípios que o norteiam e a visão constitucional acerca desse ramo do direito tão novo e importante. Será tratado, também, o papel do Poder Público na preservação e defesa do meio ambiente e o dever de cada pessoa em não degradar a natureza. Por tais motivos esse tema faz uma abordagem constitucional e social acerca do meio ambiente. Palavras-chave : Direito Fundamental. Recursos Naturais. Preservação do Meio Ambiente. Qualidade de Vida. Poder Público. Sociedade.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 06 2 MEIO AMBIENTE ........................................................................................ 08

2.1 Da Ecologia.................................................................................................. 08

2.2 Do Meio Ambiente ....................................................................................... 09

2.3 Direito Ambiental.......................................................................................... 10

3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ................................................... 12

3.1 Legislação Ordinária e as Constituições Brasileiras Anteriores a 1988 ....... 12

3.2 Constituições Estrangeiras .......................................................................... 15

4 O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 ...... 17

4.1 Referências Constituicionais ao Meio Ambiente .......................................... 17

4.1.1 Referências implícitas.................................................................................. 17

4.1.2 Referências explícitas ................................................................................. 18

4.2 O Capítulo do Meio Ambiente ...................................................................... 20

4.3 Dos Deveres Específicos do Poder Público................................................. 21

4.3.1 Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais .............. 21

4.3.2 Promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas .................. 22

4.3.3 Preservação da biodiversidade.................................................................... 22

4.3.4 Definição dos espaços territoriais especialmente protegidos ...................... 23

4.3.5 Exigência de estudo prévio de impacto ambiental ....................................... 24

4.3.6 Controle da produção, comercialização e utilização de técnicas,

métodos e substâncias nocivas à qualidade de vida e ao meio ambiente .. 25

4.3.7 Educação ambiental .................................................................................... 26

4.3.8 Proteção à fauna e à flora ........................................................................... 27

4.4 Determinações Constitucionais Particulares de Proteção do Meio

Ambiente...................................................................................................... 28

4.4.1 Da proteção aos recursos minerais ............................................................. 28

4.4.2 Da responsabilização pelas atividades lesivas do meio ambiente .............. 29

5

4.4.3 Da proteção especial às macrorregiões....................................................... 30

4.4.4 Da indisponibilidade das terras devolutas ................................................... 31

5 PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM A TUTELA DO MEIO AMBIENT E NA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 ............................................... 32

5.1 Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado como Direito

Fundamental da Pessoa Humana................................................................ 33

5.2 Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental................................. 34

5.3 Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal................................... 34

5.4 Princípio do Controle Poluidor pelo Poder Público ...................................... 35

5.5 Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo Decisório

de Políticas de Desenvolvimento ................................................................. 36

5.6 Princípio do Desenvolvimento Econômico Sustentável ............................... 37

5.7 Princípio do Poluidor-Pagador ..................................................................... 37

5.8 Princípio da Prevenção................................................................................ 38

5.9 Princípio da Participação Comunitária ........................................................ 39

5.10 Princípio da Função Social da Propriedade ................................................ 40

6 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ......................................................... 42

6.1 Competência da União ................................................................................ 42

6.2 Competência Comum .................................................................................. 43

6.3 Competência Concorrente ........................................................................... 44

6.4 Competência dos Estados ........................................................................... 45

6.5 Competência dos Municípios ....................................................................... 45

7 CONCLUSÃO....................................... ....................................................... 47 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................... ................................................... 49

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1 INTRODUÇÃO

O homem entendia que a natureza estava a sua disposição, e que tinha

caráter meramente econômico. Poluir sem precedentes está em um passado não

muito distante, porque naquela época os recursos naturais eram considerados

infinitos. A partir do final da década de 60 e início dos anos 70, a sociedade moderna

passou a sentir as conseqüências das agressões à natureza tais como: a escassez

de água, chuvas ácidas, efeito estufa e racionamento de energia. A preservação do

meio ambiente passou a ser uma preocupação global.

Com a Constituição da República de 1988, a tutela do meio ambiente

passou a ter força e personalidade, tendo prestígio em todo território nacional.

As Constituições anteriores a 1988 não contemplaram de forma

específica a matéria ambiental. Antes da nova Constituição, o Direito não criou um

instrumento eficaz para combater a agressão ambiental. Nenhum regime

constitucional, até então, tinha demonstrado qualquer tipo de proteção ambiental e

garantido à sociedade uma melhor qualidade de vida.

Com o advento da atual Carta Magna, foi criado um capítulo inteiro para

legislar sobre o meio ambiente. O Capítulo VI, do Título VIII, especificadamente no

art. 225, com seus parágrafos e incisos, têm o escopo final de proteger o meio

ambiente e, ainda, tem a preocupação com as necessidades vitais das presente e

futuras gerações.

O Texto Maior é um dos regimes constitucionais mais atuais e

desenvolvidos do mundo sobre a matéria ambiental e, apesar disso, diversas leis

foram criadas tanto em nível federal, estadual e municipal.

A atual Constituição não se resumiu a meras normas a serem cumpridas

em matéria ambiental. Ela definiu o meio ambiente como um direito fundamental da

pessoa humana, com o objetivo de se construir uma sociedade mais justa,

consciente e ecologicamente equilibrada.

O trabalho tem o objetivo de analisar normas de proteção do meio

ambiente constantes na Constituição da Republica de 1988.

7

A presente monografia está estruturada em cinco capítulos.

No primeiro capítulo, busca-se estudar os conceitos e diferenças

fundamentais de ecologia e do meio ambiente tratados na Constituição da República

de 1988.

O segundo capítulo, de uma forma, ampla, versa sobre a evolução da

doutrina e da legislação do direito ambiental nas constituições brasileiras anteriores

a 1988. Dispõe, ainda, de como as constituições estrangeiras tratam da matéria

ambiental.

O meio ambiente na Constituição da República de 1988, suas referências,

os deveres específicos do Poder Público e as determinações constitucionais

particulares de proteção ao meio ambiente são objeto de estudo do terceiro capítulo.

Nele, mostra-se a responsabilidade do Poder Público e da coletividade de preservar

o meio ambiente como um direito fundamental e como garantia de qualidade de vida

das presentes e futuras gerações.

O quarto capítulo versa sobre os princípios fundamentais que norteiam o

meio ambiente presentes na Constituição da República de 1988.

Finalmente, no quinto capítulo, busca-se mostrar a repartição de

competências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios em matéria

ambiental.

A metodologia usada nesta monografia e exploratória, compilativo-

descritiva e visa a conclusão do curso e a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

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2 MEIO AMBIENTE

2.1 DA ECOLOGIA

Ecologia deriva do grego oikos, que significa casa e logos que significa

ciência. O termo "Ecologia" foi criado pelo alemão Ernest Heinrich Haeckel

(1834/1917), em seu livro "Morfologia geral dos seres vivos", para indicar "o estudo

da economia, da organização doméstica dos organismos animais. Inclui relações

dos animais com o ambiente orgânico e inorgânico, especialmente todas as relações

benéficas e inimigas que Darwin mencionava como representando as condições de

luta pela existência". 1

A idéia inicial de Ecologia alterou, com o tempo, no sentido de ser uma

área específica do conhecimento humano que diz respeito do estudo das relações

entre os seres vivos e o ambiente, que é o meio que os cerca.

Segundo Édis Milaré (2001)2:

Em rigor, ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o seu meio físico. Este, por sua vez, deve ser entendido, no contexto da definição, como cenário natural em que aqueles se desenvolvem. Por meio físico entendem-se notadamente seus elementos abióticos, como solo, relevo, recursos hídricos, ar e clima (...)

Hoje em dia, o termo "ecologia" é mal empregado. Confunde-se Ecologia

com o estudo de problemas ambientais, criados pela agressão humana na natureza.

Na cultura popular, a principal confusão que se faz é correlacionar o

vocábulo "ecologia" como movimento de proteção ambiental.

Embora os estudos das relações entre organismos e meio ambiente

serem antigos, o reconhecimento da ecologia como ciência e como campo distinto

da Biologia data-se a partir da década de 30.3

A partir disso, os estudos ecológicos foram unificados e desde o final da

década de 60 e início dos anos 70, desenvolveram-se rapidamente, em resposta às

crescentes alterações no meio ambiente pela sociedade.

1 MILARE, Edis. Direito do ambiente. São Paulo Revista dos Tribunais, 2001, p. 51. 2 Idem, ibidem, p. 75. 3 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999, p. 37.

9

O aumento populacional, a escassez dos recursos naturais e a crescente

poluição ambiental fez com que a Ecologia se tornasse um dos ramos mais

estudados e pesquisados pela sociedade.

Atualmente, os estudos ecológicos não se restringem apenas à área da

Biologia, pois procura-se explicar fenômenos muito mais complexos e, para isso,

envolve-se em diversos outros ramos do conhecimento como a Física, Química,

Geografia, Climatologia, Direito, Botânica, Sociologia etc. A Ecologia é uma ciência

muito jovem e se tornou um campo multidisciplinar, em que os conhecimentos de

todos os ramos precisam estar interligados.

Na segunda metade do século XX, o estudo da Ecologia foi subdivido em:

Ecologia Social, Ecologia Animal, Ecologia Vegetal, Ecologia Humana dentre outras.

Nelson Mello e Souza (2000)4 visando contornar as imprecisões

conceituais, no decorrer do século XX, indicou uma definição:

Ecologia é a ciência que estuda as relações entre as relações entre o sistema social, o produtivo e o de valores que lhe serve de legitimação, características da sociedade industrial de massas, bem como o elenco de conseqüências que este sistema gera para se manter, usando o estoque de recursos naturais finitos, dele se valendo para lograr seu objetivo econômico. O campo de ação da ecologia, como ciência, é o estudo das distorções geradas na natureza pela ação social deste sistema; seu objetivo maior é identificar as causas, no sentido de colaborar com as políticas de encaminhamento das soluções possíveis à nossa época.

De acordo com o autor, a Ecologia visa explicar as conseqüências do

indivíduo com o meio ambiente, aquele tem que colaborar na busca de soluções

para problemas que estão surgindo com a degradação deste.

2.2 DO MEIO AMBIENTE

A expressão "meio ambiente" não é jurídica, mas sim, de outras ciências

do qual o Dicoisas se envolvem. Já o sentido da palavra "meio" está contido na

palavra ambiente se apropriou. A palavra "ambiente" significa espaço em que os

seres vivos habitam, sendo uma certa redundância a expressão " meio ambiente".

10

Preleciona José Afonso da Silva (2000)5:

O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais.

Bem se vê que o autor em seu conceito de meio ambiente abarcou todo o

meio natural e artificial, bem como os culturais correspondentes, abrangendo o solo,

a água, o ar, a flora, a fauna, etc.

O meio ambiente natural ou físico é constituído pelo solo, pelo ar

atmosférico, pela energia, pela flora, pela fauna, pela integração dos seres vivos e o

meio ambiente físico que ocupam.

O meio ambiente artificial é composto pelas edificações e de

equipamentos públicos, isto é, ruas praças e espaço urbano aberto.

2.3 DIREITO AMBIENTAL

O Direito Ambiental é um direito autônomo e que apesar de não existir

uma consolidação das leis ambientais leva-se em consideração que possui métodos

e princípios próprios.

O objeto do direito ambiental não se confunde com os objetos de outros

ramos de direito.

Segundo Édis Milaré (2001)6:

Direito Ambiental é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.

O autor, nesse conceito, mostra que o objetivo do Direito Ambiental é a

conservação da vitalidade, da diversidade e da qualidade de vida, para usufruto das

presentes e futuras gerações.

4 SOUZA, Nelson Mello. Educação ambiental – dilemas da prática contemporânea. Rio de Janeiro: Thex, 2000, p. 86. 5 SILVA. José Afonso da. Direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 20. 6 MILARÉ, Édis. Op.cit., p. 109.

11

O Direito Ambiental é muito complexo, e para isso, mantem relações com

os demais ramos do direito.

Logo, é interligado com o Direito Constitucional pois retira deste as regras

de competência e inclui o Direito Ambiental como direito fundamental do indivíduo.

No Direito Administrativo obtêm-se regras de autorizações e licenças

ambientais.

É ligado com Direito Internacional, pelo fato da globalização dos

problemas ambientais e recursos naturais desconhecerem fronteiras políticas, e

ainda, a assinatura de tratados com o objetivo de estipular regras de comportamento

para os países em defesa do meio ambiente.

Relaciona-se com o Direito Tributário, quando através do tributo, estimula

condutas de proteção ao meio ambiente e desestimula condutas poluidoras.

Com o Direito Penal, já que as condutas causadoras de danos ambientais

são consideradas delitos e punidos por vários diplomas legais.

Busca no Direito Civil, regras de proteção ao meio ambiente, como por

exemplo, o direito a propriedade. No Direito Processual extrai mecanismos de

responsabilização pelas condutas que causam dano ao meio ambiente.

Encontra-se ligado com o Direito do Trabalho, devidos as relações entre

as atividades laborativas e a ecologia. 7

7 SEGUIN, Elida. Nossa casa planetária. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 61.

12

3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

O meio ambiente – como um bem jurídico - teve sua proteção jurídica

codificada recentemente. A Constituição da República de 1988, quando promulgada,

trouxe imensa novidade em relação ao direito ambiental; o que as leis anteriores não

o fizeram de forma abrangente e sistemática.8

Apesar da existência de diversos diplomas legais, de fato, somente a

partir de 1973, sob influência da Conferência de Estocolmo9 em 1972, é que as

pessoas, já conscientizadas com a degradação do meio ambiente, passaram a

manifestar a sua indignação. Com isso, a legislação ambiental no Brasil,

timidamente, começou a ser regulada em face à degradação desenfreada da

natureza.

O conjunto de normas, até então existentes, cuidava da proteção do meio

ambiente de forma dispersa e confusa.

Com isso, o direito do meio ambiente aparece nas constituições

contemporâneas como um direito fundamental da pessoa humana e não mais

considerados como recursos econômicos como ocorria nas constituições mais

antigas.

3.1 LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA E AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ANTERIORES A 1988

As Constituições da República anteriores a 1988 não fazem referência ao

meio ambiente, o que mostra uma total despreocupação com a conservação da

natureza.

O Brasil Colonial, compreendido entre 1500 e 1821, não possuía

Constituição. Nessa época, as florestas se constituíam um valioso patrimônio para

os colonizadores. A economia colonial era caracterizada pela mão- de- obra

escrava, latifúndio, cana de açúcar e depois pelo o café. O pau-brasil foi

8 ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p. 40. 9 Conferencia das Nações Unidas, realizada em Estocolmo, em junho de 1972, que adotou a Declaração do Meio Ambiente. Esta firmou vinte e seis princípios fundamentais de proteção ambiental, que influíram na elaboração do capitulo do meio ambiente na Constituição da Republica de 1988.

13

intensamente explorado e, logo após, veio a exploração de metais e pedras

preciosas. Apesar da ausência da Constituição, predominava as legislações

ordinárias, como exemplo as Ordenações Filipinas que adotaram importantes

medidas para preservação do meio ambiente determinando a proibição da pesca,

em determinadas épocas, e proibição expressa à poluição dos lagos.

Depois de proclamada a independência por Dom Pedro I (1822), foi

outorgada em 1824 a primeira Constituição do Brasil que não fazia qualquer menção

à proteção ambiental.

Nesta época, o país era essencialmente exportador de produtos agrícolas

e minerais. Era caracterizado pela escravidão e, ainda, pelo cultivo do café. O

Estado não podia intrometer-se nas atividades econômicas e todas as atenções

estavam voltadas para as questões políticas. Os artigos da Constituição de 1824

somente mostravam preocupação com a qualidade de vida dos cidadãos em face ao

desenvolvimento econômico do Estado.

Com a promulgação da Constituição dos Estados Unidos do Brasil, em

1891,apenas atribuiu-se a União a competência para legislar sobre minas e terras.

Em 1º de janeiro de 1916 foi promulgado o Código Civil brasileiro que não

demonstrou qualquer tipo de preocupação com o meio ambiente. Apenas fez de

forma muito esparsa referência à qualidade de vida das pessoas. Esse Código

mostrou-se muito individualista.

No ano de 1934, foi outorgada uma nova Constituição que, apesar de

negligente na questão ambiental, trouxe algumas inovações. São elas: competência

privativa da União e complementar aos Estados para legislar sobre riquezas do

subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidroelétrica, florestas, caça e pesca

e a sua exploração; separava da propriedade as riquezas do subsolo e as quedas

d'água para efeito de exploração e aproveitamento e, ainda, atribuía competência

concorrente à União e aos Estados para cuidarem da saúde e da assistência pública

e protegerem as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico.

Após esta Constituição, a legislação ambiental evoluiu. Houve o

surgimento do Código Florestal (Decreto nº 23.793 de 10/07/1934) e o Código das

Águas (Decreto nº 24.643 de 10/07/1934). Essas legislações foram exemplares

adiantados para a época.10

10 ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p. 39.

14

A Constituição da República de 1937 discorria em seu art. 16, inciso XIV,

que competia privativamente à União legislar sobre "os bens de domínio federal,

riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, água, energia hidroelétrica, florestas,

caça e pesca e sua exploração". Demonstrou ainda, a preocupação com a proteção

dos monumentos históricos, artísticos e naturais.

Já a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946 nos reconduziu

ao período democrático e não contemplou nenhuma inovação sob a questão

ambiental. Somente manteve as inovações da Constituição de 1937.

A legislação ambiental continuou se aperfeiçoando e em 1960, o direito

ambiental tornou-se maciço. Foi criada a Política Nacional de Saneamento Básico;

houve o novo Código Florestal e uma lei que regulamentava sobre a proteção da

fauna e da flora.

Em 1967, foi promulgada a Constituição do Brasil que cuidou do meio

ambiente de forma enfraquecida. Houve a preocupação de proteger o patrimônio

histórico cultural e paisagístico.

A Carta de 1969 manteve a posição, trazendo uma inovação no que diz à

respeito às competências legislativas em relação à energia, que foi subdividida em

elétrica, térmica, nuclear ou de qualquer natureza.

Cumpre salientar que todas as Constituições anteriores a 1988 cuidaram

do meio ambiente de forma esparsa, referindo-se apenas à caça, pesca, florestas ou

então de matérias indiretamente relacionadas a elas.

A partir da década de 1960, aparecem diplomas legais com normas

diretamente ligadas a questão ambiental. Entre eles: o Estatuto da Terra; o Código

Florestal, que substituiu o Decreto nº 23.793, de 23.01.1934; Lei 5.197, de

03.01.1967 (Proteção à Fauna); Código da Pesca; Código de Mineração, que

substituiu o Decreto-Lei 1.985, de 29.01.1940; Lei 5.318, de 29.09.1967 (Política

Nacional de Saneamento), que revogou os Decretos-Leis 248/67 e 303/67; Lei

5.357, de 17.11.1967 (Penalidades para embarcações e terminais marítimos ou

fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras); Decreto-Lei 1.413, de

14.08.1975 (Controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades

industriais); Lei 6.453, de 17.10.1977 (Responsabilidade civil por danos nucleares e

15

responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares); Lei

6.513, de 20.12.1977 (Criação de áreas especiais e locais de interesse turístico).11

A Lei 6.938, de 31/08/1981 foi um marco na legislação ambiental

brasileira. Esta lei conceituou o meio ambiente, iniciou o estabelecimento de uma

política ambiental impondo a obrigação do poluidor de reparar os danos causados à

natureza (responsabilidade objetiva).

A Lei 7.347, de 24.07.1985, criou uma ação específica, Ação Civil Pública,

como instrumento processual para proteção do meio ambiente. Concedeu, ainda,

legitimidade ao Ministério Público, União, Estados, Municípios e qualquer cidadão

para ingressarem em juízo na defesa do meio ambiente.

Em outubro de 1988, a atual Constituição foi promulgada e foi dedicado

um capítulo exclusivo ao meio ambiente. Finalmente esse entrou em uma fase de

aperfeiçoamento e ganhou toda atenção merecida.

A Lei 9.605, de 12.02.1998, veio regulamentar as sanções penais e

administrativas aplicáveis à condutas lesivas ao meio ambiente.

3.2 CONSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS

O meio ambiente é uma preocupação globalizada, na medida em que os

problemas vão surgindo pelas crescentes alterações provocadas pela sociedade

moderna. As Constituições Estrangeiras disciplinam o meio ambiente como direito

fundamental da pessoa humana.

A Constituição da República Federal da Alemanha, do ano de 1949,

dispõe que a competência concorrente entre União e os Estados abrange “a

proteção do comércio de produtos alimentares e estimulantes, assim como de

artigos de consumo, forragens, sementes e plantas agrícolas e florestais, a proteção

de plantas contra enfermidades e pragas, assim como a proteção de animais” e

ainda “a eliminação do lixo, combate à poluição e luta contra ruído” (art. 74, 20º e

24º), e que “a União tem o direito de determinar normas gerais sobre a caça, a

proteção da Natureza e a estética da paisagem” (art. 75, 3º).

11 ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p. 40.

16

A Constituição da Iugoslávia, do ano de 1974, em seus artigos 192 e 193

reza que todos têm o dever de preservar a natureza, seus bens, as raridades, os

lugares naturais e os monumentos naturais. Diz, ainda, que o homem tem direito a

um meio ambiente de vida sadio e que ao Ministério Público é conferido o dever de

amparar os interesses da comunidade.

A Constituição de Portugal, de 1976, relacionou o direito do meio

ambiente com o direito à vida, estabelecendo em seu art. 66 in verbis:

[...] art. 66 1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender. 2. Incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e por apelo a iniciativas populares: a) prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de erosão; b) ordenar o espaço territorial de forma a construir paisagens biologicamente equilibradas; c) criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreios, bem como classificar e proteger paisagens e sítios, de modo a garantir a conservação da natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico e artístico; d) promover o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e estabilidade ecológica.

A Constituição do Chile, do ano de 1981, estabelece que todos têm o

direito de viver em um ambiente livre de contaminação, sendo dever do Estado

controlar para que este ambiente não seja contaminado.

A Constituição Chinesa dispõe em seu art. 9º ser de propriedade do

Estado ou de propriedade coletiva os recursos naturais e ambientais. Estabelece,

ainda, que o Estado protege e melhora o meio ambiente e que a melhor forma de

eliminar a poluição é fazendo o reflorestamento.12

12 SILVA, Jose Afonso da. Op. cit., p. 54.

17

4 O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1 988

A Constituição da República de 1988 é extremamente ambientalista,

dedicando um capítulo inteiro ao meio ambiente. Essa preocupação que se dá ao

meio ambiente é devido aos problemas já existentes no planeta tal como a chuva

ácida, efeito estufa, dentre outros.

Há necessidade da valorização da qualidade de vida e a percepção de

que à sobrevivência do homem depende da preservação dos recursos naturais.

De forma ampla e moderna, a atual Carta Magna em seus artigos cuida

da obrigação da sociedade e do Poder Público com o meio ambiente de forma

ampla e moderna.

Essa nova concepção do meio ambiente trazida pela atual Constituição

trata de um novo modelo social e econômico, que mantém o progresso e preserva o

meio ambiente, baseando-se na idéia de desenvolvimento sustentável, garantindo

assim, qualidade de vida para as presentes e futuras gerações.

A Lei deve ser utilizada em conjunto com ações individuais, com a

conscientização de cada indivíduo para a garantia do Planeta Terra saudável e com

a qualidade de vida para a humanidade.

4.1 REFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS AO MEIO AMBIENTE 4.1.1 Referências implícitas

As referências implícitas ao meio ambiente dizem respeito a um setor ou a

um recurso ambiental.

O art. 20 da Constituição da República de 1988 enumera os bens públicos

que pertencem à União, citando os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em

terreno de seu domínio ou que banhe mais de um Estado, sirvam de limites com

outros países ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, assim

como terrenos marginais e as praias fluviais (inciso III); os recursos naturais da

Plataforma Continental e da zona econômica exclusiva (inciso V), o mar territorial

(inciso VI), os potenciais de energia hidráulica (inciso VIII), os recursos minerais

18

(Inciso IX), as cavidades naturais subterrâneas, os sítios arqueológicos e pré

históricos (inciso X).13

Por sua vez, o art. 21, XIX delega competência à União para instituir o

sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e para determinar critérios

de outorga e direito (inciso XIX). Prevê ainda, no seu inciso XX, competência federal

para instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,

saneamento básico e transportes urbanos. O inciso XXIII refere-se à exploração e

instalação dos serviços nucleares; o inciso XXV fala do estabelecimento de áreas e

condições para garimpagem, todos do mesmo art. 21.

É da competência privativa da União, segundo disposto nos incisos IV, XII

e XXVI, do art. 22, legislar sobre águas, energia, jazidas, minas e outros recursos

minerais, metalurgia e atividades nucleares.

Em seguida, têm-se a competência comum da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios para cuidar da saúde, proteger bens de valor histórico, artístico

e cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos;

conforme disposto no art.23, incisos II, III e IV.

O art. 30, inciso VIII dá aos Municípios competência para promover, no

que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento de uso,

parcelamento e ocupação do solo. Esse dispositivo cominado com o art. 182, do

mesmo diploma, destaca o meio ambiente urbano.

O art. 30, inciso IX, determina sobre a proteção do patrimônio histórico e

cultural local pelo Município, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e

estadual.

Finalmente, os arts. 196 a 200, dispõem sobre valores ambientais, já que

a proteção do meio ambiente constitui um dos instrumentos para se atingir a

qualidade de vida e o bem-estar da população.

4.1.2 Referências Explícitas

As referências explícitas, em matéria ambiental, encontram-se com maior

clareza no Texto Supremo, facilitando o estudo do pesquisador.

13 ANTUNES, Paulo de Bessa. Op. cit., p.37.

19

A primeira referência explícita encontra-se no art. 5º, inciso LXIII da

Constituição da República de 1988, que concedeu a qualquer cidadão a legitimação

para ingressar em juízo na defesa ambiental, através da Ação Popular.

Por sua vez, o art. 20, inciso II, dispõe como bens da União as terras

devolutas indispensáveis à preservação do meio ambiente.

Por seu turno, o art. 22 delega competência comum aos Estados, União,

Distrito Federal e Municípios para “protegerem as paisagens naturais notáveis e o

meio ambiente”, “combaterem a poluição em qualquer de suas formas” e para

‘preservar as florestas, a fauna e a flora”.

Já o art. 24 em seus incisos VI, VII e VIII dizem respeito à competência

concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislarem em matéria sobre

florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos

recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle de poluição, proteção do

patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico e sobre a

responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de

valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

O art. 91, § 1º, inciso III estabelece ser uma das funções do Conselho de

Defesa Nacional emitir parecer sobre o efetivo uso das áreas indispensáveis à

segurança do território nacional, especialmente na faixa de fronteiras e nas áreas

relacionadas com a preservação e exploração dos recursos naturais.

O art. 129, inciso II dispõe ser função do Ministério Público promover o

inquérito civil e ação civil pública para proteção do patrimônio público, social, do

meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

O art. 170 é de extrema importância, pois inseriu a defesa do meio

ambiente como um dos princípios da ordem econômica. As atividades econômicas

só podem existir se não agredirem o meio ambiente.

O art. 174, § 3º reconhece que o Estado favorecerá a organização da

atividade garimpeira e cooperativa, levando em consideração o meio ambiente.

O art. 186 dispõe sobre os requisitos da função social da propriedade

rural que se desobedecidos poderá ocorrer a desapropriação desse imóvel.

Já o art. 200, inciso VIII, estabelece que ao Sistema Único de Saúde

compete, dentre outras atribuições, colaborar para a proteção do meio ambiente e

que conjugado com art. 7º, XXII, dá direito aos trabalhadores a um ambiente de

trabalho higiênico.

20

Os conjuntos urbanos e sítios ecológicos são considerados bens

integrantes do patrimônio cultural brasileiro, conforme dispõe o art. 216, inciso V da

Constituição da República de 1988.

Compete à lei federal definir os meios legais que garantam às pessoas e

à família a possibilidade de se defenderem da “da propaganda de produtos, práticas

e serviços nocivos à saúde e ao meio ambiente”, conforme preceitua o art. 220, § 3º,

inciso II da Carta Magna.

Finalmente o art. 231, § 1º menciona ser imprescindível a preservação

dos recursos ambientais presentes nas terras ocupadas pelos índios como forma de

garantir o bem estar a estes.

4.2 O CAPÍTULO DO MEIO AMBIENTE

A Constituição da República de 1988 dedicou um capítulo especial ao

meio ambiente, capitulo VI do Título VIII, estabelecendo diretrizes e linhas

prioritárias de ação.

O artigo 225 do mesmo diploma, dispõe sobre a regulação do meio

ambiente, estabelecendo que a sua defesa e preservação é papel do Direito Público,

através de um programa a ser instituído.

São deveres do Poder Público: preservar e restaurar os processos

ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as

entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; definir, em

todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem

especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente

através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos

atributos que justifiquem sua proteção; exigir, na forma da lei, para instalação de

obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio

ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; controlar a

produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que

comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; promover a

educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para

a preservação do meio ambiente; proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da

21

lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção

de espécies ou submetam os animais à crueldade.

O cidadão, por sua vez, deixa de ser mero titular passivo de um direito ao

meio ambiente, ecologicamente equilibrado e passa a possuir também o dever de

preservá-lo e defendê-lo.

4.3 DOS DEVERES ESPECÍFICOS DO PODER PÚBLICO

A Constituição da República de 1988, como dito anteriormente, impôs ao

Poder Público o dever de preservar e defender o meio ambiente. Essa

responsabilidade imposta pela Constituição é específica.

4.3.1 Preservação e Restauração dos Processos Ecológicos Essenciais

Processos ecológicos essenciais segundo o mestre José Afonso da Silva

(2000)14 são “os governados sustentados ou intensamente afetados pelos

ecossistemas, sendo indispensáveis à produção de alimentos, à saúde e a outros

aspectos de sobrevivência humana e do desenvolvimento sustentado”.

Em outras palavras, são aqueles processos que garantem o

funcionamento dos ecossistemas e a higidez do meio ambiente.

A preservação e a recuperação dos processos ecológicos essenciais,

significa proteger os solos, o ar atmosférico, defender a qualidade das águas, o

patrimônio florestal, dentre outros.

O art. 225, § 1º, I, 1ª parte, dispõe que todas as esferas do Poder Público

preservem e restaurem o meio ambiente para garantir o que se encontra em boas

condições e recuperar o que foi degradado.

O artigo em tela impõe ao Poder Público assegurar a todas as pessoas

um ambiente ecologicamente equilibrado.

14 SILVA, José Afonso da. Op.cit., p. 109.

22

4.3.2 Promoção do Manejo Ecológico das Espécies e Ecossistemas

Com previsão constitucional no art. 225, § 1º, 2ª parte prover o manejo

ecológico das espécies segundo José Afonso da Silva (2000)15:

[...] prover o manejo ecológico das espécies significa lidar com as espécies de modo a conservá-las, recuperá-las, quando for o caso. E prover o manejo dos ecossistemas quer dizer cuidar do equilíbrio das relações entre a comunidade biótica e o seu habitat (mar, floresta, rio, pântanos etc.).

A utilização do ecossistema pela humanidade não deve afetar suas

características essenciais.

A fauna e a flora devem ser conservadas dentro de suas condições

naturais, ou bem perto delas. Aplicam-se aqui os programas de manutenção da

biodiversidade, de reflorestamento, dentre outros.

Os ecossistemas precisam ser usados com um planejamento prévio que

inclua o uso do solo, o zoneamento, limites de adensamento urbano e exploração

racional.

4.3.3 Preservação da Biodiversidade

De acordo com Pedro Paulo de Lima e Silva (1999)16 biodiversidade é:

A variedade de organismos consideradas em todos os níveis taxonômicos, desde variações genéticas pertencentes a mesma espécie, até as diversas series de espécies, gênero, famílias e níveis taxonômicos superiores. Mais genericamente, o conceito de biodiversidade não está sendo considerado apenas no nível das espécies, mas também dos ecossistemas, dos habitats e ate da paisagem; pode incluir não só as comunidades de organismos em um ou mais habitats como as condições físicas sob as quais eles vivem.

A diversidade biológica está espalhada por todo país, tornando-se

imprescindível para sua efetividade a cooperação do Poder Público e de toda

sociedade.

15 SILVA, José Afonso da. Op.cit., p. 87 16 SILVA, Pedro Paulo de Lima e. Dicionário brasileiro de ciências ambientais. Rio de Janeiro: Thex, 1999, p. 30.

23

Preservar a biodiversidade significa preservar todas as espécies,

mantendo a maior variedade destas, já que quanto maior a diversidade, maior será a

possibilidade de vida e adaptação as mudanças.

Hoje, a preocupação dos ambientalistas tem uma maior amplitude, já que

se preocupam tanto com a proteção das espécies, da fauna, da flora em extinção

bem como com a preservação do patrimônio genético.

Realizado em Washington em 1986 o Fórum da Biodiversidade alertou

para o desaparecimento acelerado das espécies bem como a possibilidade de cura

de doenças, através do patrimônio genético.

Em 1992, foi firmada a Convenção sobre a Biodiversidade que tem como

meta manter a diversidade biológica para as presentes e futuras gerações. Essa

convenção, por meio de seus artigos, guiam os dirigentes dos países no que dizem

respeito à conservação da biodiversidade existente em seu território.

O Decreto 1.752, de 20.12.1995, que regulamenta a Lei 8.974, de

05.01.1995, criou a Comissão Técnica de Biossegurança para acompanhar o

desenvolvimento e o progresso técnico e cientifico da biossegurança e das áreas

afins, visando a segurança dos consumidores e a proteção do meio ambiente.

A referida lei dispõe sobre normas de segurança e mecanismos do Poder

Público, das entidades de pesquisa e manipulação de material genético.

4.3.4 Definição de Espaços Territoriais Especialmente Protegidos

Segundo José Afonso da Silva (2000)17 espaços territorialmente

protegidos:

São áreas geográficas, públicas ou privadas dotadas de atributos ambientais que requeiram sua sujeição, pela lei, a um regime de interesse público que implique sua relativa imodificabilidade e sua utilização sustentada, tendo em vista a preservação e proteção da integridade de amostras de toda a diversidade de ecossistemas. A proteção aos processos evolutivos das espécies, a preservação e proteção dos recursos naturais.

De acordo com a Lei 9.985, de 18.07.2000, esses Espaços são Unidades

de Conservação, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação,

dispondo em seu art. 2º in verbis:

17 SILVA, José Afonso da. Op.cit., p.21

24

[...] Art. 2º (omissis) I - Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos

ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Essas Unidades podem ser de proteção integral e de uso sustentável.

As de uso sustentável permitem a exploração do ambiente de forma a

garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos

ecológicos, de forma justa.

Já as unidades de proteção integral promovem-se a manutenção dos

ecossistemas livres de alterações humanas, não se permitindo a coleta e o acesso

direto aos recursos ambientais.

Esses espaços territoriais a serem protegidos devem ser estabelecidos

pelo Poder Público, mediante lei ou decreto.

4.3.5 Exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental

O conceito de impacto ambiental está expresso no art. 1º in verbis, da

RESOLUÇÃO nº 1/86 do CONAMA:

[...] Art. 1º (...) considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria resultante das atividades humanas que, direta e indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais

O Estudo de Impacto Ambiental tem uma função preventiva, avalia as

proporções das possíveis alterações que um empreendimento pode causar ao meio

ambiente, evitando conseqüências danosas.

O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) tem fundamento no art. 225,

§ 1º, IV da Carta Magna e o Poder Público tem a obrigação de exigi-lo se a atividade

for poluidora ou degradadora da qualidade ambiental. É feito um Relatório de

Impacto Ambiental que deverá conter alguns requisitos.

25

Esses requisitos se encontram presentes no art. 9º da RESOLUÇÃO Nº

1/86 do CONAMA:

[...] Art. 9º (omissis) I - os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II - a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e vocacionais, especificando para cada uma delas, na fase de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas, mão-de-obra, as fontes de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III - a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambientais na área de influência do projeto; IV - a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação, V - a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização; VI - a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado; VI I- o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - recomendação da alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).

O EIA é um dos mais importantes instrumentos para preservação do meio

ambiente tendo como objetivo a prevenção da degradação da natureza.

É assegurada pela Carta Magna a publicidade do EIA, que deve estar

vinculado ao RIMA, podendo toda a sociedade emitir a sua opinião acerca do

conteúdo dos estudos, dando suas sugestões e tirando suas dúvidas.

4.3.6 Controle da Produção, Comercialização e Utilização de Técnicas, Métodos e

Substâncias Nocivas à Qualidade de Vida e ao Meio Ambiente

Cabe ao Poder Público interferir nas atividades econômicas privadas, a

fim de não permitir práticas nocivas ao meio ambiente e a saúde da população.

O art. 225, § 1º, V é muito importante já que privilegia as denominadas

tecnologias limpas. Todas as substâncias que atentem contra a vida da população e

ao meio ambiente não podem ser utilizadas. A Lei 7.802, de 11.07.1989, alterada

pela Lei 9.974, de 06.06.2000, trata da pesquisa, experimentação, produção,

embalagem, transporte, comercialização, propaganda, utilização, importação,

26

exportação, registro, classificação, controle, fiscalização de agrotóxicos, seus

componentes e afins.

4.3.7 Educação Ambiental

A Educação é forma de transformação social. Educar ambientalmente

quer dizer reduzir os custos ambientais à medida que a sociedade será guardiã do

meio ambiente.

A Educação ambiental foi recepcionada no art. 225, § 1º, VI da

Constituição da República de 1988 e impõe ao Poder Público promovê-la em todos

os níveis de ensino. Deve promover, ainda, a conscientização pública para que a

sociedade converta as práticas degradadoras do meio ambiente em práticas de

preservação e reconstrução.

A Lei 6.938, de 31.08.1981, já previa como um dos princípios da Política

Nacional do meio ambiente o dever de promover a educação ambiental:

[...] Art. 2º (omissis) (...) X- educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

É inquestionável que as escolas, universidades do país e o Poder Público

não cumpram o dispositivo citado.

A Lei 9.798, de 27.04.1999, prevê:

[...] Art 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do Meio Ambiente, bem do uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Essa lei tem como objetivo dar praticidade aos arts. 205 e 225, § 1º, VI da

Constituição da República de 1988 e, ainda, institui a Política Nacional de Educação

Ambiental.

Esta política veio mostrar que o meio ambiente deve ser defendido e

preservado pelo Poder Público e pela humanidade através de uma democratização

27

das informações e da transformação da consciência das pessoas e de seus

comportamentos.

A educação ambiental deve ser vista como uma maneira de

fortalecimento da cidadania e surge com a participação de todos.

4.3.8 Proteção à Fauna e à Flora

O art. 23, inciso VII, da Carta Magna, estabelece ser competência comum

da União, Estado, Distrito Federal e Município preservar à fauna, à flora e as

florestas. Entretanto quando se fala em competência concorrente à Constituição,

apenas menciona a fauna e as florestas não se falando nada da flora.

O art. 225, § 1º inciso VII da Constituição da República de 1988 determina

ao Poder Público a obrigação de proteger a fauna e a flora de modo genérico e, em

razão disso, é função das normas infraconstitucionais definir a proteção mais

adequada a fauna e a flora.

A fauna consiste no conjunto de animais que vivem numa determinada

região, ambiente ou período geológico, incluindo-se aqui os animais, domesticados

ou não, da fauna terrestre e da fauna aquática. A proteção é para todos os animais,

uma vez que todos eles têm valor na natureza.

Apesar disso, cada espécie deve ser preservada, levando-se em conta

seu papel na biosfera, cabendo assim, como já dito anteriormente, a legislação

infraconstitucional determinar a proteção mais adequada a cada fauna ou espécie.

Exemplo disso é a Lei 9.605/98 que regula os crimes contra a fauna.

A flora compõe-se de todas as formas de vegetação úteis que revestem a

Terra o que incluem florestas, cerrados, caatingas e bujos. A flora recebeu o mesmo

tratamento da fauna no dispositivo constitucional e em sede infraconstitucional. A lei

4.771, de 17.09.1965 – Código Florestal- disciplina a proteção das florestas e das

demais formas de vegetação.

A Carta Magna proibiu as práticas que coloquem em risco a função

ecológica da fauna e da flora ou que provoquem a extinção das espécies ou

submetam à crueldade dos animais.

Com sabedoria, o legislador não enumerou as práticas degradadoras da

fauna e da flora já que novas podem ser descobertas todos os dias.

28

A Lei 5.197/67 proíbe a caça profissional, sendo um exemplo clássico de

lei contra pratica de depredação ambiental.

4.4 DETERMINAÇÕES CONSTITUCIONAIS PARTICULARES DE PROTEÇÃO DO

MEIO AMBIENTE

4.4.1 Da Proteção dos Recursos Minerais

A atividade mineraria é, por si, só uma agressão à natureza, já que é

impossível extrair um mineral sem causar danos.

Diante disso, é necessário que se faça um rigoroso controle de qualidade

ambiental e fiscalizações constantes.

Apesar dos graves danos ambientais que a extração dos recursos

minerais podem causar, esta não é considerada uma atividade ilegal no país. Afinal

o próprio legislador as reconheceu quando as dispôs na Constituição da República.

E, ainda, as atividades minerárias trazem um grande desenvolvimento econômico

para o país.

Contudo existem algumas restrições que podem ser alegadas contra as

atividades minerárias. São elas: quando praticadas em áreas definidas como

intocáveis e forem realizadas em áreas indígenas sem autorização do Congresso

Nacional e sem que as comunidades indígenas sejam consultadas.

Além dessas restrições, só será permitido a extração de recursos

minerais, quando apresentado o Estado Prévio de Impacto Ambiental e quando

atendidas as obrigações impostas no § 2º do art. 225 que dispõe:

[...] Art. 225 (omissis) (...) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Percebe-se que o legislador impôs ao minerador a responsabilidade de

recuperar o dano ecológico. Analisando tal fato, Humberto Mariano de Almeida

(1999) 18 disse:

18 ALMEIDA, Humberto Mariano de. Mineração e meio ambiente na constituição federal. São Paulo: LTr, 1999, p. 94.

29

O projeto de recuperação deve contemplar cronologicamente os objetivos a serem alcançados, em escalas de curto, médio e longo prazo. Os objetivos de curto prazo envolvem: recomposição topográfica do terreno; controle de erosão; revegetação do solo; controle dos depósitos de espécies e rejeitos, entre outros. A médio prazo, busca-se a reestruturação das propriedades físicas e químicas do solo; a reciclagem dos nutrientes e o reaparecimento da fauna. E, finalmente, a longo prazo: a auto-sustentação do processo de recuperação, o inter-relacionamento entre solo-planta-animal e a utilização da futura área.

Cumpre ressaltar, que a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em

seu art. 2º, VIII, regulamenta a recuperação de áreas degradadas para propiciar

melhor qualidade de vida e, assegurar, no País, condições de desenvolvimento

econômico.

4.4.2 Da Responsabilização Pelas Atividades Lesivas ao Meio Ambiente

Prescreve o art. 225, § 3º in verbis, da atual Constituição da República:

[...] Art. 225 (omissis) (...) §3º As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Basta a lesividade para responsabilizar aqueles que de alguma forma

degradaram o meio ambiente, pois, como se extrai do artigo examinado a reparação

de danos ambientais não está relacionado à comprovação de culpa.

Havendo dano há o dever de reparação. O dispositivo acima mostra três

modalidades de imposições. São elas: sanções administrativa, criminal e a civil.

As sanções administrativas ocorrem, quando há infração de normas

administrativas. São elas: advertências, multas, interdição da obra, suspensão de

benéficos, dentre outros. Tem caráter de castigo e não está relacionado com a

apuração de dolo ou culpa, sendo a responsabilidade objetivo.

As infrações administrativas devem estar previstas em lei ou

regulamentos. Um exemplo é a Lei 9.605, de 12.02.1998, que regulamenta sanções

administrativas e penais contra atividades lesivas ao meio ambiente.

30

A ocorrência de sanções penais depende da culpa lato sensu, ou seja,

tem que ter havido a vontade do autor, e, ainda, a possibilidade de ter havido dolo

ou culpa em sentido estrito.

As discussões geradas acerca da responsabilidade penal da pessoa

jurídica, em crimes ambientais, já foram ultrapassadas. O Direito Penal superou o

caráter individual da responsabilidade penal e cumpriu o disposto no art. 225, § 3º da

Carta Magna e elevou a pessoa jurídica à condição de sujeito ativo da relação

processual penal.

A intenção do legislador foi de suma importância, pois possibilita punir o

criminoso correto, já que a maioria dos crimes ambientais são cometidos por

pessoas jurídicas.

Na esfera civil, impõe-se ao infrator a responsabilidade de reparar o dano

(recomposição daquilo que foi destruído). Essa responsabilidade, como já

mencionado, independe da culpa. Se comprovar a existência do dano e o nexo com

a fonte degradadora já existe a responsabilidade civil objetiva.

A Lei 6.938, de 31.08.1981 é bem clara ao dispor:

[...] Art. 14 (omissis) (...) §1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Vale dizer que uma mesma atividade pode ensejar a imposição de sanções penais, administrativas e civis, tendo em vista a importância do bem tutelado.

4.4.3 Da Proteção Especial às Macrorregiões

A Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a

Zona Costeira possuem características que os diferenciam das demais regiões do

Brasil e, por isso, recebem um tratamento diferenciado.

Os territórios acima elencados têm tanta importância que são

denominados pelo legislador como “patrimônio nacional”.

Como já dito anteriormente, o meio ambiente é bem de uso comum do

povo, tem interesse público, sendo, portanto indisponível. Diante disso, essas

regiões pertencem ao domínio da União, que atua como simples administrador já

31

que esses biomas pertencem à coletividade. É um equivoco quem pensa que essas

regiões integram o patrimônio do País.

Os imóveis particulares presentes nessas áreas, segundo o art. 225, § 4º,

não são convertidos em bens públicos. Os recursos lá existentes se sujeitam ao

domínio privado, não impedindo, portanto, a utilização deles pelos particulares.

A utilização dessas cinco macrorregiões deve ser feita na forma da lei. O

aproveitamento dessas áreas não se faz com um simples consentimento do Poder

Executivo, mas, sim, com norma obrigatória, de caráter genérico e abstrato, editado

pelo Poder Legislativo.

4.4.4 Da Indisponibilidade das Terras Devolutas

As terras devolutas, segundo Edis Milaré (2005) “são as que não estão

destinadas a qualquer uso público e nem está legitimamente integrada ao patrimônio

particular”.

O art. 20, II da Carta Magna prevê que pertencem à União as terras

devolutas indispensáveis à defesa de fronteiras, fortificações, construções militares,

vias federais de comunicação e à preservação ambiental. Conforme definidas em lei.

Dispõe o art. 225, § 5º da Constituição da República:

[...] Art. 225 (omissis) (...) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

Conforme o artigo, as terras devolutas que se destinam à proteção de um

ecossistema são indisponíveis.

A Lei 9.985/00 criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza, que estabeleceu a criação de espaços protegidos em razão dos seus

atributos específicos.

Essa será a destinação das terras devolutas, quando necessárias à

proteção do meio ambiente.

32

5 PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM A TUTELA DO MEIO AMBIENTE NA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988

Os princípios constituem elementos predominantes na construção de

sistemas jurídicos, que servem como parâmetros para a formulação do seu

conteúdo conceitual e normativo.

O direito ambiental na lição de Helita Barreira Custódio (1996)19:

Conjunto de princípios e regras impostos, coercitivamente, pelo Poder Público competente, e disciplinadores de todas as atividades direta ou indiretamente relacionadas com o uso racional dos recursos naturais (ar, águas superficiais e subterrâneas. Águas continentais ou costeiras, solo, espaço aéreo e subsolo, espécies animais e vegetais, alimentos e bebidas em geral, luz, energia), bem como a promoção e proteção de bens culturais (de valor histórico, artístico, arquitetônico, urbanístico, monumental, paisagístico, turístico, arqueológico, paleontológico, ecológico, científico), tendo por objeto a defesa e a preservação do patrimônio ambiental (natural e cultural) e por finalidade a incolumidade da vida em geral, tanto a presente como a futura.

Apesar de ser um ramo novo, o Direito Ambiental possui princípios bem

definidos, sendo esses a base fundamental na qual a norma é construída. Os

princípios visam proporcionar à humanidade, a manutenção da qualidade de vida,

em qualquer forma que esta se apresente, conciliando elementos econômicos e

sociais, e se baseando na idéia de desenvolvimento sustentável.

Os princípios que dizem respeito à questão ambiental estão presentes na

Constituição da República de 1988, bem como em legislações esparsas e

legislações infraconstitucionais e devem sempre caminhar juntos com outros

princípios do direito.

De acordo com José Cretella Junior (1999)20 “princípios de uma ciência

são as proposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as

estruturações subseqüentes. Princípios, neste sentido, são os alicerce da ciência”.

Os princípios insculpidos no art. 225 da Carta Magna são adotados como

um meio de defesa e proteção do meio ambiente adaptando-se à realidade de cada

Estado brasileiro.

19 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Legislação ambiental no Brasil. São Paulo: alheiros, 1996, p. 58.

33

5.1 PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO

DIREITO FUNDAMENTAL DA PESSOA HUMANA

O art. 5 º da Carta Magna, em seu caput, prescreve:

[...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

O legislador elencou no referido artigo os direitos fundamentais da pessoa

humana e impôs ao Estado o dever de garantir a todos um ambiente digno e, ainda,

de satisfazer as necessidades básicas de cada indivíduo.

O art. 225 do Texto Constitucional trouxe um complemento fundamental a

esses direitos, adicionando o meio ambiente ecologicamente equilibrado como

direito fundamental da pessoa humana, declarando que “todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essência à

sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Esse direito fundamental, já havia sido reconhecido pela Conferência das

Nações Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972:

Princípio 1: O homem tem direito fundamental à liberdade, à igualdade, e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e futuras.

Cumpre ressaltar que o direito ao meio ambiente equilibrado é uma

extensão ao direito à vida, garantindo à qualidade de vida e protegendo toda a

sociedade de qualquer abuso contra a natureza.

Ressalta o ilustre autor José Afonso da Silva (2001)21:

A proteção ambiental, abrangendo a preservação da Natureza em todos os seus elementos essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio ecológico, visa tutelar a qualidade do meio ambiente em função da qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa humana.

20 CRETELLA, José Júnior. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Thex, 1999, p. 30. 21 SILVA, José Afonso da. Op. cit., p. 58.

34

5.2 PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL

O princípio, em exame, considera que o meio ambiente é um direito que

deve ser estendido a todos, e, conseqüentemente, deve ser protegido para o uso de

todos. É um direito de interesse público, portanto indisponível.

Diante do fato de que todas as pessoas podem gozar do meio ambiente e

que este corresponde a uma finalidade pública, considera-se que o bem ambiental é

um patrimônio público.

Na mesma linha ensina José Afonso da Silva (2001)22:

Este princípio decorre da previsão legal que considera o meio ambiente como um valor a ser necessariamente assegurado e protegido para o uso de todos ou, como queiram, para fruição humana coletiva.

O art. 225, caput, da Constituição da República considera que o meio

ambiente é de uso comum do povo, impondo ao Estado e a coletividade o dever de

protegê-lo e agir de forma coercitiva se assim precisar.

Conforme o artigo em tela, compete tanto ao Estado quanto à

coletividade, a tutela do meio ambiente. A tutela, portanto, tem caráter público e

indisponível, já que Estado e particular não podem dispor do bem ambiental.

Este princípio ao dizer que o meio ambiente é de uso comum do povo

impede a apropriação individual de suas parcelas. Qualquer realização individual

deste direito fica diretamente ligada à realização social.

Daí surgiu o princípio da natureza pública da proteção ambiental onde é

interesse de todos e do Estado a manutenção da estabilidade do ambiente, podendo

este intervir em situações particulares de abuso esta estabilidade.

5.3 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA INTERVENÇÃO ESTATAL

Este princípio tem fundamento no princípio 17 da Declaração de

Estocolmo:

Principio 17 – Deve ser confiada às instituições nacionais competentes a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente.

22 SILVA, José Afonso da. Op.cit., p. 63.

35

Como já foi dito, o meio ambiente consiste em um bem jurídico de

natureza pública, que pertence à coletividade e não integra o patrimônio disponível

do Estado. A tutela do meio ambiente tem caráter público e pertence a todos.

O art. 225, § 1º da Constituição da República de 1988 dispõe que, para

assegurar a efetividade do direito ambiental ecologicamente equilibrado, o Poder

Público deve intervir obrigatoriamente na: a) proteção e restauração dos processos

ecológicos essenciais e execução do manejo ecológico das espécies e

ecossistemas; b) preservação da diversidade e da integridade do patrimônio

genético do País e fiscalização das entidades dedicadas às pesquisas e

manipulação do material genético; c) definição, em todas as unidades da Federação,

dos espaços territoriais e dos componentes a serem especialmente protegidos; c)

exigência, na forma da lei, do estudo prévio de impacto ambiental para a instalação

de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente; e)

controle de produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que possam causar risco à vida, à qualidade de vida a ao meio

ambiente; f) promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, bem

como na conscientização pública para a preservação do meio ambiente; g) proteção

da fauna e da flora.

Cumpre salientar, que a partir desse princípio, cabe ao Estado proteger o

meio ambiente, através de seus institutos, adotar políticas públicas e, inclusive, agir

coercivamente para defendê-lo.

A Carta Magna impôs regras de competências ambientais para o Estado

proteger o meio ambiente, cabendo a coletividade à obrigação de exigi-lo de forma

equilibrada.

5.4 PRINCÍPIO DO CONTROLE POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO

A atuação do Poder Público é concretizada pelo exercício do poder de

polícia administrativo, com o objetivo de fiscalizar e orientar seus particulares quanto

aos seus limites de usufruir o meio ambiente.

36

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2005)23 define como poder de polícia “A

atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em

benefício do interesse público”.

Desta forma, é necessária a intervenção do Poder Público para a

preservação, a manutenção e restauração dos recursos ambientais, principalmente

na forma educativa, com o intuito de conscientizar a população da utilização racional

do meio ambiente.

É possível, ainda, a possibilidade de composição dos interesses públicos

com os poluidores, de maneira que estes parem com suas atividades causadoras de

danos ao meio ambiente.

Esse princípio encontra respaldo no art. 225, § 1º, inciso V da

Constituição da República de 1988, e, ainda, é encontrado em leis ordinárias, por

exemplo, na Lei 7.347/85.

5.5 PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO PROCESSO

DECISÓRIO DE POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO

Este princípio versa sobre a obrigação de se analisar as variáveis

ambientais, tanto no âmbito público quanto no privado, quando tiver que ser tomada

alguma decisão ou efetuada alguma ação que possa causar impacto negativo sobre

o meio ambiente.

Este princípio está calcado no art. 225, § 1º, inciso IV da Carta Magna e,

ainda, na legislação infraconstitucional, como por exemplo, na Lei 6.938/81 (art. 9º,

III) e na Lei 6.803/80 (art. 10, §§ 2 e 3º).

Foi, em nível internacional ratificado pela Declaração do Rio de Janeiro,

em seu princípio 17:

Princípio 17: A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, que dependam de uma decisão da autoridade nacional competente.

23 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2005, p. 111.

37

5.6 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão Mundial sobre

Meio Ambiental e Desenvolvimento24 como:

Aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades, podendo também ser empregado com significado de melhorar a qualidade de vida humana, dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas.

Este princípio tem o objetivo de conciliar o desenvolvimento econômico e

a preservação do meio ambiente. É usufruir, protegendo. Ao mesmo tempo em que

há um direito de uso e gozo do meio ambiente há uma obrigação de preservá-lo

para as futuras gerações.

A meta desse princípio é minimizar o desperdício, o consumo

desordenado, ou seja, a degradação ambiental causado pela atividade econômica.

A degradação ambiental pode causar a diminuição da capacidade

econômica do país. Diante disso, o legislador na atual Constituição deu um novo

enfoque nas atividades econômicas, levando em consideração a preservação do

meio ambiente.

Seria omisso não dizer que toda atividade econômica, na maioria das

vezes, causa alguma degradação ambiental. Contudo, o que se procura é minimizar

ao máximo essa degradação. Todo o esforço da ordem econômica deve ser voltado

para a preservação do meio ambiente.

5.7 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

Segundo Prieur (1996)25 esse princípio:

Visa imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele gerada, engendrando um mecanismo de responsabilidade por dano ecológico abrangente dos efeitos da poluição não somente sobre bens e pessoas, mas sobre toda a natureza.

24 Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: Nosso futuro comum. 2 ed., Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1991, p. 46. 25 PRIEUR, Michel. Droit de l´environnement. Paris: Thex, 1996, p. 135.

38

Este princípio está elencado no art. 225, § 3º da Carta Magna que dispõe:

[...] Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Quando se diz princípio poluidor-pagador, tem-se uma órbita preventiva e

outra repressiva. Preventiva na medida em que busca evitar a ocorrência de danos

ambientais, devendo o poluidor utilizar instrumentos necessários à prevenção do

dano. Já o significado repressivo é no sentido de que se acontecer algum dano

efetivo o poluidor deve repará-lo.

Na inteligência do artigo citado, na órbita repressiva, há a incidência da

responsabilidade civil objetiva, ou seja, independente da culpa do agente, bastando

causalidade entre a sua conduta e a ocorrência do dano, estabelece a prioridade de

reparação específica do dano ao meio ambiente a todos que de alguma maneira

contribuíram para que ele fosse causado.

5.8 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

Édis Milaré (2001) ensina com destreza:

O princípio da prevenção é basilar ao Direito Ambiental, concernindo à prioridade de que deve ser dadas as medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, molde a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar a sua qualidade26.

O princípio da Prevenção encontra-se presente no caput do art. 225 da

Constituição da República de 1988 e no art. 2º da Lei 6.938/81. A Carta Magna

estabeleceu que compete à coletividade e ao Poder Público preservar o meio

ambiente para as presentes e as futuras gerações.

26 MILARÉ, Édis. Op. cit., p. 101.

39

Depreende-se do inciso IV, § 1º art. 225, um exemplo essencialmente

preventivo, onde se exige a realização de um estudo prévio de impacto ambiental

para instalações de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação

ambiental.

Para prevenir e preservar o meio ambiente é necessário, antes de tudo,

desenvolver uma política de educação ambiental, ou seja, a tomada da consciência

ecológica. A partir dela, é que se alcança sucesso no combate preventivo do dano

ambiental. Para ser possível a total efetividade do Princípio da Prevenção, deve-se

utilizar instrumentos como o mencionado estudo prévio de impacto ambiental, o

manejo ecológico, o tombamento, as sanções administrativas, etc.

Deve-se, ainda, em sede de efetivação de dano ambiental, o Poder

Público exercer punições ao poluidor, impondo multas e sanções mais pesadas, que

funcionam como um estimulante negativo contra práticas de agressões ao meio

ambiente. O Poder Público deve conceder maiores benefícios fiscais às atividades

que utilizem uma tecnologia limpa.

Esse princípio encontra-se presente como princípio da Declaração do Rio

de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, formulada na ECO-9227.

Princípio 15: com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução, conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente.

Cumpre ressaltar que o princípio da prevenção não deve ser somente

analisado com o risco iminente de dano ambiental, mas, também nos riscos de

futuros empreendimentos.

5.9 PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

Segundo esse princípio, disposto no caput do art. 225 da Constituição da

República de 1988, é necessário que sejam instituídas políticas ambientais, sendo

fundamental a cooperação entre o Estado e a comunidade.

27 ECO-92: denominação comum da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Reuniu mais de cento e vinte Chefes de Estado e representantes, no total de mais de sessenta países.

40

O fato da tutela do meio ambiente ter caráter público não retira do povo a

responsabilidade de atuar na sua conservação e defesa, uma vez que o que resulta

dessa omissão participativa é um prejuízo a ser suportado pela própria sociedade.

Os princípios do Direito Ambiental são interligados, possuindo uma

relação de complementaridade; logo, os princípios à informação e à educação são

necessários para o acesso aos elementos e informações sobre o meio ambiente,

para que seja possível a participação e cooperação do povo na conservação e

preservação do direito do qual é titular.

Resta expressamente consagrado na Carta Magna em seu art. 225, §1º,

V o dever do Poder Público promover a educação ambiental para a conscientização

de todos os indivíduos para preservação ambiental.

A Lei 9795, de 27.04.1999, dispõe sobre educação ambiental e institui a

Política Nacional de Educação Ambiental:

[...] Art 1º - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O princípio da participação comunitária é premissa da educação

ambiental, pois através desta há a conscientização política para a população atuar

como guardiã do meio ambiente e, assim, permitir qualidade de vida para as

presentes e futuras gerações.

5.10 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

A propriedade foi concebida pela Carta Magna como um direito

fundamental, conforme disposto em seu art. 5º, XXII. Entretanto, o legislador

condicionou que o uso da propriedade atenderá o bem estar social (art. 5º, XXIII).

Assim, a propriedade não consiste em um direito ilimitado e inatingível.

No Código Civil de 1916, a propriedade tinha uma concepção

individualista. Já Código Civil de 2002 acabou por adicionar a função sócio-

ambiental da propriedade ao prescrever:

41

[...] Art. 82 Deve ser exercitado em consonância com suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

A função social da propriedade está elencada no art. 182, § 2º da

Constituição da República, que diz:

[...] Art. 182 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, têm por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. (...) § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Já o art. 186 do mesmo diploma prevê os requisitos exigidos para o

cumprimento da função social pela propriedade rural.

Ressalta-se que a função ambiental da propriedade consiste em

preservar a fauna e a flora, o equilíbrio ecológico, evitar a poluição e, ainda,

conservar o patrimônio histórico e artístico.

É necessário que o uso da propriedade seja controlado pelo Estado,

impondo-se medidas para evitar qualquer lesão ou ameaça ao meio ambiente.

42

6 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

O Estado brasileiro possui uma organização interna muito complexa. O

Brasil é uma República Federativa que estabelece regras de repartição de

competências entre seus entes federativos. São eles a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios, todos autônomos, conforme disposto nos artigos 1º a 18 da

Constituição da República de 1988.

Com clareza ensina José Afonso da Silva (2001)28:

Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. Isso permite falar em espécies de competências, visto que as matérias que compõem seu conteúdo podem ser agrupadas em classes, segundo sua natureza, sua vinculação cumulativa a mais de uma entidade ou vínculo do governo. Sob esses vários critérios, podemos classificar as competências, primeiramente em dois grandes grupos com suas subclasses: I - competência material, que pode ser: a) exclusiva (art. 21); e b) comum (art. 23); II - competência legislativa, que pode ser: a) exclusiva ou privativa ( art. 25, §§ 1º e 2º); b) concorrente ( art. 24); d) suplementar ( art. 24, § 2º).

A Constituição da República de 1988 utilizou para repartição de

competência em matéria ambiental, os mesmos princípios para distribuição de

competência em geral.

A matéria de competências em direito ambiental é muito complexa e

também um tema polêmico. Um exemplo disso é que se um Estado regulamenta

determinada atividade causadora de dano ambiental, e essa atividade atinge outro

Estado, onde não existe tal regulamentação. Diante disso, é possível o surgimento

de problemas em razão da repartição de competências em matéria ambiental.

6.1 COMPETÊNCIA DA UNIÃO

A Constituição da República de 1988 em seus arts. 21 e 22 enumeram a

competência exclusiva e privativa da União sendo que o remanescente pode ser

assumido pelos demais entes federativos.

28 SILVA, José Afonso da. Op. cit., p. 72.

43

No que diz a respeito à proteção ambiental, compete à União elaborar e

executar planos nacionais e regionais de ordenação do território; instituir sistema

nacional de gerenciamento de recursos hídricos; instituir diretrizes para

desenvolvimento urbano; explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer

natureza; promover a inspeção do trabalho; estabelecer áreas e condições para o

exercício da garimpagem.

Consoante disposto no art. 22 da Carta Magna a União possui

competência privativa para legislar sobre águas e energia, direito agrário,

desapropriação, jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia e atividades

nucleares de qualquer natureza.

Como já dito acima, é muito complexa a repartição de competências em

matéria ambiental. Embora se fale aqui de competência privativa da União, existe a

possibilidade de os Estados legislarem sobre as questões específicas acima

enumeradas. É necessário, porém, autorização de lei complementar que ainda não

vige no ordenamento jurídico brasileiro, logo as eventuais leis editadas pelos

Estados – membros neste campo, carecem de legalidade e legitimidade.

O professor Raul Machado Horta (1995)29 se manifestou a respeito:

A competência de legislação privativa é, por sua natureza, monopolística e concentrada no titular dessa competência. Desfazendo a rigidez inerente à competência privativa, a Constituição Federal de 1988 prevê, no parágrafo único do art. 22, após a enumeração das matérias incluídas na privatividade legislativa da Federação, que lei complementar poderá autorizar os Estados a legislarem sobre questões específicas relacionadas na competência privativa. Essa forma de delegação legislativa da União aos Estados, no nível dos ordenamentos constitutivos da República Federal, exige lei complementar, portanto, a aprovação da maioria absoluta das duas Casas do Congresso Nacional, e não reveste de generalidade, requerendo, ao contrário, a particularização de questões específicas, subtraídas ao elenco das matérias incluídas na privatividade da União.

6.2 COMPETÊNCIA COMUM

O art. 23 da Constituição da República de 1988, atendendo o disposto no

art. 225 do mesmo diploma, elencou as competências comuns a todos os entes,

ressaltando que não há supremacia de um sobre o outro.

29 HORTA, Raul Machado. Estudos de direito constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 1995, p. 415.

44

Nesse artigo há a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e aos Municípios, para em conjunto, executarem medidas que visem a

proteção do meio ambiente.

Paulo Régis Rosa da Silva (1992)30 interpreta a regra do art. 23 da

Constituição da seguinte forma:

[...] a) matérias de interesse local, isto é, que não extrapolem os limites físicos do município, devem ser administrados pelo Executivo Municipal; b) quando a matéria extrapola os limites físicos do Município, ou seja, os seus efeitos não ficam confinados na área física do Município ou envolvam mais de um Município, desloca-se a competência do Executivo Municipal para o Executivo Estadual; c) tratando-se de bens públicos estaduais e de questões ambientais supramunicipais, a competência será do Executivo Estadual; d) nas hipóteses em que as matérias envolvam problemas internacionais de poluição transfronteiriça ou duas ou mais unidades federadas brasileiras, a competência será do Executivo Federal.

É competência dos referidos entes de acordo com o art. 23 da Carta

Magna: proteção de documentos, obras, outros bens de valor artístico, cultural e

histórico, paisagens naturais, monumentos e sítios arqueológicos (inciso III), impedir

a destruição de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural

(inciso IV), proteção do meio ambiente e combate a poluição (inciso VI) , bem como

preservar a fauna, a flora e as florestas (inciso VII).

Dispõe o § 1º do artigo supramencionado que as normas que tratam da

maneira pela qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cuidarão

da matéria devem ser objetos de lei complementar nacional. Contudo essa lei não

existe e para definir qual ente político será competente dependerá do caso concreto.

6.3 COMPETÊNCIA CONCORRENTE

O art. 24, incisos I, VI, VII e VIII da Constituição da República de 1988

cuida da competência legislativa concorrente a ser exercida pela União, Estados e

Distrito Federal em matéria ambiental.

Compete a eles legislarem concorrentemente sobe florestas, caça, pesca,

fauna, defesa do solo e dos recursos naturais, controle de poluição, conservação da

30 SILVA, Paulo Régis Rosa da. Repartição constitucional de competência em matéria ambiental. Revista do Ministério Público. Porto Alegre: Nova Fase, n. 27, 1992, p. 198.

45

natureza e proteção do meio ambiente (inciso VI), bem como sobre proteção do

patrimônio histórico, cultural, turístico e paisagístico (inciso VII) e a responsabilidade

por dano ao meio ambiente, a bens de direitos de valor artístico, histórico, cultural,

paisagístico, turístico e estético (inciso VIII).

No âmbito da competência concorrente, cabe à União estabelecer normas

gerais sobre as matérias e aos Estados normas específicas de seu interesse,

obedecendo às normas gerais da União.

No caso da União não legislar sobre normas gerais, os Estados podem

exercer competência legislativa plena para atender seus interesses.

6.4 COMPETÊNCIA DOS ESTADOS

Os Estados não possuem competência exclusiva em matéria ambiental.

Tal fato está nítido pelo disposto no § 1º do art. 25 da Constituição quando diz que

são reservados aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por ela.

Esta os autoriza a fazerem só o que for disposto e também tudo que não for vedado.

Diante disso, os Estados possuem competência comum com a União,

Distrito Federal e Municípios conforme disposto no art. 23, III, IV, V, VI e VII da Carta

Magna, ainda, competência legislativa suplementar de normas gerais estabelecidas

pela União, conforme elencado no art. 24, VI, VII, VIII e § 2º do mesmo diploma.

6.5 COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS

Segundo o art. 23 da Constituição da República de 1988, os Municípios

possuem competência comum com a União, Estados e Distrito Federal no que diz

respeito à proteção ambiental. Contudo a Carta Magna não recepcionou a

competência concorrente dos Municípios, como fez com relação aos Estados.

Apesar disso, o art. 30 do mesmo diploma regula a competência

legislativa dos Municípios, ficando reservado a esses legislar sobre assuntos de

interesses locais, suplementando a legislação federal e Estadual.

Os Municípios quando forem legislar deverão observar as normas gerais

da União e as leis estaduais, para não ferirem o ordenamento jurídico legal a que

estão submetidos.

46

Segundo Francisco Van Acker (1996)31:

Competência suplementar pressupõe que ela seja concorrente. Portanto, é evidente que, se o Município pode editar legislação suplementar, ele o pode em todas as matérias de sua competência administrativa comum, inclusive nas relativas à proteção ambiental. O Município, em matéria ambiental, exerce competência administrativa em comum com a União e o Estado, e tem competência concorrente, ou seja, suplementar. Conseqüentemente, suas normas devem conformar-se com as da União e do Estado, não podendo ignorá-las ou dispor contrariamente a elas. Sua ação administrativa também não afasta dos Estados e da União. Competência concorrente e, essencialmente, não excludente.

Se a Constituição atribui aos Municípios poder para proteger o meio

ambiente e combater a poluição - competência comum -, para que esta tarefa seja

cumprida, devem os mesmos legislar sobre a matéria.

31 ACKER, Francisco van. O Município e o meio ambiente na Constituição de 1988. Revista de Direito Ambiental. São Paulo: RT, n. 1, 1996, p. 98.

47

7 CONCLUSÃO

A proteção ao meio ambiente se constrói diariamente. A Constituição da

República de 1988 não se resume à mera norma a ser cumprida, mas busca

construir uma sociedade mais justa, consciente e ecologicamente equilibrada.

A Carta Magna de 1988 dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente.

Este foi definido como um direito fundamental da pessoa humana para se buscar a

qualidade de vida, em qualquer forma que esta se apresente, conciliando elementos

econômicos e sociais, baseando-se na idéia de desenvolvimento sustentável. Impôs,

também, ao Poder Público e à sociedade os deveres de preservação, manutenção e

restauração dos recursos ambientais.

Apesar de ser um ramo novo, o Direito Ambiental possui princípios bem

definidos e postulados pela atual Constituição. Os princípios nela insculpidos são

adotados como meio de defesa e proteção do meio ambiente e se adaptam à

realidade de cada Estado brasileiro.

O direito a um meio ambiente, ecologicamente equilibrado, deve ser

entendido como extensão do direito à vida, protegendo todos dos abusos ambientais

de qualquer natureza.

O interesse na preservação do meio ambiente é de natureza pública, logo

a tutela de seu interesse deve prevalecer, quando em confronto com interesses

privados. O Estado e o particular não podem dispor do bem ambiental.

É preocupação da Constituição, prevenir e preservar o meio ambiente e

responsabilizar quem provocou o dano ambiental. Conclui-se que o princípio da

prevenção deve ser aplicado antes da ocorrência do dano ambiental.

A Carta Magna delegou competências ambientais para o Poder Público,

sendo seu dever zelar pelo meio ambiente através de seus institutos, e inclusive,

agir coercivamente para defendê-lo.

Vale dizer que incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental

em todos os níveis de ensino e a conscientização de todas as pessoas para

preservar o meio ambiente.

Existe em nosso País uma legislação moderna e consistente em proteger

o meio ambiente contra os abusos do homem, bem como garantir o

desenvolvimento econômico, sem prejuízo para as futuras gerações.

48

Faz-se necessário a interação das normas previstas na Constituição da

República de 1988 com a colaboração da sociedade e das autoridades competentes

para a construção de um meio ambiente, ecologicamente equilibrado, trazendo

qualidade de vida a todos.

Contudo, é perceptível por parte do Poder Público a falta de interesse, e,

por parte da sociedade a falta de educação, tendo em vista as constantes e

inconseqüentes agressões à natureza.

Infelizmente, a sociedade ainda não está preparada para atender a

legislação ambiental prevista na Carta Magna. Além disso, os órgãos ambientais no

Brasil não possuem muita credibilidade. O acesso é difícil e os recursos técnicos e

humanos são precários para cumprirem suas funções.

Isso explica a falta de aplicabilidade das disposições ambientais, fazendo

com que os danos continuem sendo freqüentes e graves a natureza.

O presente trabalho concluiu que não basta termos uma das mais

modernas Constituições em matéria ambiental, se não tivermos ações concretas de

implementação. É preciso que o Poder Público elabore medidas de conscientização

da população, pois, não se pode esperar que o homem execute, por vontade

própria, essas normas. Por outro lado, cabe a cada indivíduo, deixar seu egoísmo de

lado, e colaborar para a manutenção e restauração dos recursos naturais, pois,

como dito exaustivamente, o homem depende do meio ambiente para ter uma

qualidade de vida sadia.

49

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