Maria Helena Dinis Familia

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MARIA HELENA DINISFAMILIANos lares bem formados, o clima dominante era oda igualdade. O ambiente de harmonia. As relaes de cooperao. Mas, na hora de proceder na vida civil e na vida domstica, a mulher aparecia inferiorizada. Relativamente incapaz. Na sociedade conjugal, o marido era o chefe. Pag 104No Estatuto da mulher casada que lhe atribuiu o velar pela direo material e moral da familia.A famlia o conjunto de pessoas que descendem de troncoancestral comum. Ainda neste plano geral, acrescenta-se o cnjuge, aditam-se os filhos do cnjuge (enteados), os cnjuges dos filhos (genros e noras), os cnjuges dos irmos e os irmos do cnjuge (cunhados). Na largueza desta noo, os civilistas enxergam mais a figura da romana Gens ou da grega Genos do que da famlia propriamente dita. 113 o casamento que gera as relaes familiares originariamente. Certo que existe fora do casamento,produzindo consequncias previstas e reguladas no Direito de Famlia. Mas, alm de ocuparem plano secundrio, e ostentarem menor importncia social, no perdem de vista as relaes advindas do casamento, que copiam e imitam, embora as contrastem frequentemente. 121Tem um ato matrimonial com solenidade, que se inicia com os editais, desenvolve-se na cerimnia e continua na inscrio ou assento prprio.Sobressai a presena ativa do representante do Estado, que colhe a vontade manifestada de viva voz pelos contraentes e em seguida anuncia e declara o casamento. 129No se pode perder de vista que a Carta das Naes Unidas, art. XVI e n 3 define: "A famlia o ncleo natural e fundamental da sociedade, e tem direito proteo da sociedade e do Estado."Finalidade natural do casamento a procriao de filhos. Natural, porque os casais devem ter filhos, que lhes continuem a existncia, perpetuando a espcie.Natural, mas no essencial, pois no so raros os casais sem filhos, como as unies de pessoas que pela idade ou estado de sade no tm condies de os ter.Confundindo-se com efeito normal do casamento, vem a comunho de vida e de interesses, a satisfao do amor recproco, aquela "affectio maritalis" que as npcias romanas destacavam como fator psquico da vida em comum e sustentculo da subsistncia do casamento. 141Com o tempo generalizou-se o casamento civil, celebrado paralelamente ao religioso, duplicidade que os hbitos sociais cultivavam e cultivam.Em vigor o Cdigo Civil de 1916, consolidou e regulou a matria relativa ao casamento exclusivamente civil, sem a menor aluso ao religioso. Tambm omitiu o mesmo diploma os esponsais, que o direito anterior regulava, e que emalgumas obras at hoje encontram lugar, no obstante abolidos totalmente, em nosso como na generalidade dos sistemas jurdicos contemporneos. 146Vlido o matrimnio oficiado por ministro de confisso religiosa reconhecida (catlico, protestante, muulmano, israelita). No se admite, todavia, o que se realiza em terreiro de macumba, centros de baixo espiritismo, seitas umbandistas, ou outras formas de crendices populares, que no tratam a configurao de seita religiosa reconhecida como tal. 149Aplicam-se unio estvel,com maior fora de convico, aquelas normas legais e pretorianas que envolvem o concubinato, dentre as quais a que emana da Smula do Supremo Tribunal Federal verbete 380, que permite atribuir companheira ou ao companheiro a metade daquilo com que tenha contribudo para o acrescentamento patrimonial do outro, mediante o aporte de recursos ou fora de trabalho. 200A lei, no seu conjunto, reflete um passo evolutivo a mais no conceitosociolgico da "famlia" em nosso Direito, ao envolver as relaes matrimoniaise extramatrimoniais. O Legislador tem em vista o casamento e os filhos havidosdas respectivas relaes; e a unio estvel e os filhos havidos das relaesextramatrimoniais partindo da premissa da completa equiparao dos filhos,proibidas quaisquer designaes discriminatrias (Constituio de 1988, art. 227, 6). 201Registro. Completa-se o processo de habilitao com o registro dos editais no cartrio que os houver publicado (Cdigo Civil, art. 182), com o objetivo de sua perpetuao, no interesse da segurana social, e o ensejo de fornecer certido deles a quem a pedir. 209Na primeira ordem dos impedimentos vm aqueles que, por motivos demoralidade social, a ordem jurdica inscreve como portadores de maior gravidade,envolvem causas que condizem com a instituio da famlia e a estabilidadesocial. Por isto mesmo, pode sua existncia ser acusada por qualquer pessoa, epelo rgo do Ministrio Pblico na sua qualidade de representante da sociedade. nulo o matrimnio celebrado com a sua infrao (n 391, infra).So eles em nmero de oito (art. 183, ns I a VIII), compreendendo quatro categoriasjurdicas: incesto (impedimentum consanguinitatis), bigamia (impedimentum ligaminis seu vinculi), adultrio (impedimentum adulterii) e homicdio (impedimentumcriminis). 212Bigamia. Tendo em vista o tipo familiar monogmico dominante no mundo ocidental, constitui impedimento a existncia de um casamento anterior.No , obviamente, o fato de j se ter antes casado qualquer dos contraentes, mas o de ser casado. A proibio, que vigora enquanto o matrimnio anterior subsistir,desaparece com a sua dissoluo pela morte do outro cnjuge ou por decreto judicial de anulao ou de divrcio. 217Adultrio. Posto que dirimente absoluto, este impedimento tratado em termos mais restritos, pois que se institui dizendo no poderem casaar o cnjuge adltero com o seu co-ru por tal condenado (diramos hoje: co-autor). No admite a lei se arga o adultrio simplesmente, pois converter-se-ia em fonte de escndalos. Qualifica como impedimento a condenao em crime de adultrio,o que na verdade esvazia a proibio, dado que a vida forense quase no registra aes penais com este fundamento. Onde h divrcio, o impedimentum adulterii encontra maior objetividade, proibido o casamento entre o cnjuge divorciado por adultrio e o que ele o praticou, mas acentua-se que mister tenha sido oadultrio a causa do divrcio. 220 Homicdio. No pode casar o vivo ou viva com o condenado por homicdio de seu consorte. Tambm aqui o que caracteriza o impedimento (crimen) a condenao, no bastando a mera acusao ou o processo. A proibio vai alcanar obviamente o mandante ou autor intelectual, desde que condenado. E estende-se, por lei, ao que o for por tentativa de homicdio, ainda que de outra causa venha a falecer a vtima.A inspirao do impedimento moral, presumindo-se no cnjuge suprstite repugnncia por quem tirou ou tentou tirar a vida de seu consorte. E se no a sente,a sociedade manifesta-se pela proibio legal. 224Coao ou incapacidade. Trata-se, nesse passo, de um defeito da vontade, fundado em que o matrimnio, segundo a tradio romana, se origina do consentimento e no do comrcio sexual: nuptias consensus non concubitus facit.Destarte, a ausncia de vontade positiva um obstculo npcia vlida. O coacto, efetuando embora uma emisso de vontade, a ela conduzido por fora de uma insinuao que no ato substitui o seu verdadeiro querer pelo do coator. Constitui coao a violncia fsica (vis absoluta), que impe a cerimnia a quem no quer casar, e o faz sob violncia atual. 230Rapto. Tirada a mulher de sua casa, vigora o impedimento, enquanto permanecer em poder do raptor. E cessa, estando ela em lugar seguro. Reminiscncia cannica um impedimento ocioso, porque se a mulher se ope ao raptor,mas casa-se neste estado, incorre em coao anteriormente examinada. Mas, se o rapto ocorreu com a sua conivncia, casa-se porque quer, e no seria caso de anular-se. Nem se objete com a menoridade, pois nesta hiptese seria outro oimpedimento, examinado em seguida. 231