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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL · 1ª Dinastia, durante o reinado do Faraó MENHENÉS, e que, com o nome de AkRON, assumiu o cargo de 1º Faraó da 2ª Dinastia e Sumo Pontífice, que já

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

HÁ 5.000 CICLOS DE RÁA O.F.O. E A FRATERNIDADE DE FLOR DE LÓTUS

3ª FAMÍLIA ESPIRITUAL DE AKRONLIVRO I

5ª Edição

F

Brasília, 2015

O.F.O. EDITORA

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Copyright © 2004: Adhemar Luiz Lima de CarvalhoÉrika Cristina Alves Custódio Viana

Paulo Henrique de Paula Viana.

Outras obras:OS PAPIROS SAGRADOS DE HERMES: ESCOLA SINCROMÁTICA DE AkRONHÁ 5.000 CICLOS DE RÁ: 2ª FAMÍLIA ESPIRITUAL DE AkRON - LIVRO IIAS HISTóRIAS DO VOVô BENEDITO MALU - INFâNCIA VIOLENTADAGLOSSÁRIO OCULTISTA E DICIONÁRIO O.F.O.FRASES ÁUREAS DE AkRON

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS — Nenhuma parte deste livro, inclusive as capas, poderá ser apropriada, usada, reproduzida, estocada e/ou comercializada, sejam quais forem os meios empregados, sem a indispensável permissão escrita do Autor ou detentor de autorização escrita do Mesmo. Aos infratores se aplicam as sanções previstas em todas as leis pertinentes e vigentes no país e no exterior.

sites: http://www.hermesakron.net Revisão: Maria de Lourdes da Cruz Gomes

Catalogação na fonte

G463 Gil, Maria Lúcia Távora.Há 5.000 ciclos de Rá : a O.F.O. e a Fraternidade de Flor de Lótus :

3ª família espiritual de Akron : Livro I / Maria Lúcia Távora Gil. — 5. ed. — Brasília : O.F.O., 2015.

185p.

ISBN 978-85-7766-337-8

1. Egito Antigo. 2. Família espiritual. 3. Fraternidade de Flor de Lótus. 4. Ocultismo. I. Título.

CDU 133

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“Uma Mônada tem 7 Raios Monádicos ou Egos.Cada Ego tem 3 Aspectos ou Famílias Espirituais.”

AKRON

San-Shú _

Menhenúfis _

Karnak _

Menherteth _

Subahajah _

TERCEIRA FAMÍLIA ESPIRITUAL DE AkRON

Zornay

Nefáris

sem Nome Iniciático

Noreya

Surinaya

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NOSSO AMOR

Ao Venerável Sacerdote Egípcio que viveu na 1ª Dinastia, durante o reinado do Faraó MENHENÉS, e que,

com o nome de AkRON, assumiu o cargo de 1º Faraó da 2ª Dinastia e Sumo Pontífice,

que já era. AkRON nos legou sua Obra, um poema de harmonia que, penetrando no âmago das consciências, faz

brotar as luzes da Espiritualidade.

NOSSO OFERECIMENTO

A todos que já conhecem o Venerável Mestre AkRONe àqueles que talvez ainda venham a conhecê-LO.Também, com todo carinho, a todas as crianças.

NOSSO AGRADECIMENTO

A todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, cooperaram para a realização desta Obra e,

em especial, aos Irmãos:Ak-OM-THOR — Adhemar Luiz de Carvalho Lima

AkZAMON — Érika Cristina Custódio VianaAkMONRÁ — Paulo Henrique de Paula VianaHUNAY — Maria de Lourdes da Cruz Gomes

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Símbolo da ORDEM DAS ALMAS FRATERNALMENTE UNIDAS

O.F.O.

de Menhenúfis _das Almas _

dos Filhos de Kam _de Flor de Lótus _

o amor dividido é mais amor (o lema)o coraçãoo triânguloa flor de lótus

Representa suas 4 Fraternidades

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Prólogo................................................................11

P R I M E I R A P A R T E

Os Seis Irmãos........................................................15O Lugar................................................................19

S E G U N D A P A R T E

A Morte do Faraó Menhenés.......................................23Ápis – o Boi Sagrado............................................................27Câmara das Imagens sem Mácula.................................29O Palácio Real..................................................................33O Sepultamento do Faraó................................................39O Testamento de Menhenés...................................................43O Acólito Permanente..........................................................45Escolha da Sacerdotisa-Chefe................................................47A Coroação de Akron.....................................................51Os Cântaros Partidos...................................................57O Festival da Dádiva....................................................65Subahajah e karnak.......................................................75O Sacrifício....................................................................77O Documento..............................................................81A Pira....................................................................83O Conselho Secreto dos Vinte e Um....................................85O Desembarque de Akron em Tebas..................................87A Criação da Ordem das Almas Fraternalmente Unidas (O.F.O.).......89A Imagem de Amon......................................................91Promessas Finais de Uma Vida...........................................97A Fogueira.................................................................99O Sumo Pontífice Substituto................................................103O Faraó Atóthis...........................................................105O Faraó Aktóthis..........................................................107O Regresso dos Seis Irmãos...............................................111

S U M Á R I O

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T E R C E I R A P A R T E

Palavras da Autora.........................................................115O Apelo de Um Mestre...................................................117Fagulhas de Sabedoria...................................................141Parábolas............................................................163Previsões....................................................................167Flor de Lótus..................................................................177Saudação do Mestre........................................................183Epílogo...................................................................185

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AkRON — sem mácula em MENHERTETH, pois MENHERTETH só conhecia a alvura e o brilho das imagens polidas por si mesmo.

AkRON — elevado no amor de MENHENÚFIS, porque MENHENÚFIS não conhecia o ódio.

AkRON — altivo e corajoso em SUBAHAJAH, porque SUBAHAJAH não conhecia o temor.

AkRON — poderoso e orgulhoso em kARNAk, porque KARNAK era a personificação do próprio Poder.

AkRON — vítima inocente de Si Próprio, que, tendo atingido a maioridade, não alcançou a maturidade.

AkRON — que acreditou nos humanos, porque não os conhecia.

AkRON — que não encontrou lógica na preocupação de MENHENÉS, quando Este teve receio de deixar os humanos entregues à sua própria sorte.

AKRON — que confiou em demasia nos humanos e foi vítima dessa confiança.

AkRON — sentindo-se traído por kARNAk.

P R Ó L O G O

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

AkRON — contemplando o luto com que MENHERTETH cobriu as Imagens Sagradas.

AkRON — ouvindo os gritos de dor nascidos da espada de SUBAHAJAH.

AkRON — presenciando a luta de MENHENÚFIS contra o ódio.

AkRON — conhecendo a impureza quando procurou pelos humanos.

AkRON — clamando pelos humanos e eles haviam se perdido.

AkRON — Só!!! A HUMANIDADE AINDA ERA UMA CRIANÇA...

AkRON — amadurecido quando caminhou para a fogueira.

AkRON — imolado quando ardeu no fogo.

AkRON — um eterno Marco de Fogo para a Humanidade.

AkRON — O INÍCIO DE UMA NOVA ÉPOCA...

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P R I M E I R A P A R T E

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OS SEIS IRMÃOS

Que estranha energia atuava sobre eles?

Pareciam robôs despertando, como se fossem movidos por uma corrente magnética que, varrendo os céus, tocava a cada um deles, fazendo-os rodopiar e unirem-se uns aos outros, apesar das distâncias que os separavam.

Eram cinco homens e uma mulher. Dois, ou seja, um homem e a mulher se encontravam em distantes pontos do interior do país. No mesmo tempo daquele mesmo ano, embora distantes um do outro, como se houvessem sido despertados juntamente pelo toque magnético, movimentaram-se e convergiram para aquela cidade maravilhosamente diferente e distante de suas origens. Quanto aos outros quatro, já lá se encontravam há tanto tempo que se poderia dizer que tinham as suas origens ali. Todos os seis, no entanto, traziam consigo as aspirações mesquinhas inerentes a todo Ser Humano: o pão nosso de cada dia, o teto que protege, o carro que envaidece e os filhos que dão orgulho. Tinham anseios e lutas em busca da autoafirmação.

Aparentemente, todos os seis se acomodavam na rotina de seus afazeres dentro e fora do lar. Entretanto, lenta e sutilmente, um grande tabuleiro como que se armava, e eles, como peças animadas do grande jogo, ocupando cada qual o seu lugar, sem se aperceberem, iam tendo suas vidas entrelaçadas entre si. Começava o grande jogo, o jogo de suas próprias vidas!...

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

Era junho de 1959. Colegas que chegam atrasados culpando o trânsito louco, papéis e mais papéis revelando o início da luta de mais um dia de trabalho na grande firma. Começava a faina diária...

kARNAk aí estava. Com uma posição assegurada pelo longo tempo na empresa, cismava consigo mesmo e trazia um olhar vago. Sempre que lhe vinha à memória o que ocorrera na véspera, um tremor lhe descia pela espinha dorsal. Homem experiente e vivido, dificilmente se deixaria impressionar por algo que não fosse essencialmente marcante. Olhando para o lado, viu o colega bem mais jovem num impecável terno de linho azul-claro, que, já refeito do trânsito sufocante da manhã, trazia no rosto o entusiasmo e a esperança no trabalho comercial que realizava: era MENHENÚFIS. kARNAk, aproximando-se dele, convidou-o a irem juntos, na próxima semana, a um lugar... Sim, ao lugar que tanto o impressionara. Combinaram; então iriam juntos. Por que não?

Perto dali, num outro prédio maior, a movimentação que caracteriza os grandes bancos do país se fazia notar: ponto para bater, máquinas diversas de somar e escrever trabalhando ininterruptamente, chefes inspecionando as tarefas dos diversos setores. Em meio a tudo, MENHERTETH — funcionário de meia idade, constituição física invejável, ele também no seu terno de linho, era moda naquela ocasião e fazia calor — cismava e se abstraía. As lembranças da véspera o perturbavam como nunca havia sido em sua vida. Oh, aquele lugar! No seu Mato Grosso distante, jamais imaginaria que um dia sentiria e veria o que sentiu e viu ali...

Também no centro da cidade, um outro prédio ali numa posição tal que, caso se observasse um pouco mais, parecia formar com os outros dois prédios o vértice de um triângulo. Ou seria impressão?... Lá estava ela, ZORNAY, a única mulher

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HÁ 5.000 CICLOS DE RÁ

do grupo. Jovem nos seus vinte e poucos anos, envolvida pelo mesmo azáfama de um dia de trabalho, esperava ansiosa que o aparelho de ar-refrigerado amenizasse o calor do ambiente. Recém-chegada, imaginando que a cidade e o mar eram somente seus, vestia-se simplesmente, mas com o bom gosto daqueles que adoram a vida. Sonhadora e feliz, centro de muitas atenções, cheia de esperanças naquela nova vida bem distante do inverno rigoroso do seu Paraná. Sonhava com a sua independência, com o bem-estar dos seus filhos, com o teatro. Ah, o teatro! Não perdia uma só peça de temporada. No entanto, nem de leve suspeitava da existência daquele lugar. Ah, se ela soubesse!...

Dos outros dois componentes do grupo, SUBAHAJAH era o mais velho. Alto, claro, forte, militar da reserva, pautava a sua vida pela simplicidade e correção. Era daqueles que só se impressionava com o que podia ver, tocar e ter a certeza da existência. Prolixo, como se constatou no decorrer dos acontecimentos, fiel a tudo que assumisse, vivia só na sua dor de viúvo. Foram ele e o outro que primeiramente viram o lugar...

O outro, moreno, magro, baixo, sonhador, chamava-se SAN-SHÚ. Parecia viver em outra dimensão. Suas concepções de valores eram mais subjetivas que materiais, por isso era perseguido e criticado. Viam nele alguém que não se preocupava, nem um pouco, com o bem-estar da família. Achavam-no preguiçoso, irresponsável. No entanto, não o era, temos agora a certeza disso. Era, isto sim, dos seis, o ponto crítico daquele lugar. Por isso mesmo, como um predestinado, quedava-se ali, no lugar, como que aguardando inconscientemente os acontecimentos, os acontecimentos daquele lugar!...

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O LUGAR

Na cidade do Rio de Janeiro — uma sala de apartamento, como tantas salas de tantos apartamentos —, reunidos na hora mística da Ave-Maria, sentados num semicírculo, tendo ao centro, um pouco afastado — SAN-SHÚ —, o invólucro masculino que, nesse momento, transformava-se — em seus gestos, na sua postura, na sua voz e até mesmo na sua fisionomia — em um egípcio, que se denominou AkRON.

Foi aí que perderam inteiramente a consciência da época em que viviam e, como num passe de mágica, como que num sono hipnótico, deram um salto para quase 5.000 anos atrás.

Jet AMON!

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S E G U N D A P A R T E

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A MORTE DO FARAÓ MENHENÉS

Era a primeira hora do relógio d’água naquela manhã (três horas da madrugada).

O fogo da pira sagrada se extinguiu lentamente. Inacreditável! Como poderia o fogo sagrado ser apagado? Qual seria esse mecanismo? O segredo só a Primeira-Vestal saberia responder, pois somente ela o conhecia, e não havia a mínima esperança de arrancá-lo dela, já que isto significaria o seu emparedamento.

Esse fogo era especial. Ninguém sabia como acendê-lo e muito menos como apagá-Io. Sabia-se que seria apagado pela morte do Faraó MENHENÉS, que já se encontrava bastante combalido. Por isso, ultimamente, estavam alerta para que, no momento em que o fogo se apagasse, todos estivessem em seus postos.

Na Ala mais à frente, as Vestais só com a faixa da castidade lhes cobrindo o sexo; o resto do corpo, completamente nu, untado com os unguentos que se faziam necessários para a cerimônia.

Mais para trás, a Ala das Sacerdotisas. No momento em que o fogo se apagou, ouvindo o som prolongado do gongo, começaram elas a lamuriar-se num lamento baixo e compassado, enquanto iam rasgando as suas vestes de cores variadas — brancas, amarelas e azuis —, conforme os seus graus, em respeito ao Faraó que entregava o seu Bah (alma) a ANÚBIS.

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

Dali para frente, a cada meia volta do relógio d’água, o gongo soaria por mais ou menos um ciclo de Nut (um mês), dependendo do tempo que fosse necessário para os preparos do corpo (chamado por eles de Lah) do Faraó. Isso se deu quando MENHENÉS já reinava por longos 49 ciclos de Rá (anos) de profunda paz.

As Sacerdotisas menos graduadas, isto é, do Primeiro Grau, lavavam o corpo da Sacerdotisa-Chefe que, nesse momento, já estava completamente nua, assim como as demais Sacerdotisas. Umas jogavam água no corpo deitado em decúbito dorsal, na laje fria do átrio do Templo, enquanto outras queimavam essências de diversos odores em recipientes apropriados e o rodeavam com essas volutas. Após a água, outras se aproximaram do corpo e derramaram sobre ele os óleos aromáticos. De suas bocas todas, menos da que se encontrava deitada com os olhos cerrados, saía o mesmo murmúrio, como um lamento baixo e compassado.

Ela, a Sacerdotisa-Chefe, seria sacrificada quando Rá se pusesse no horizonte. Isso porque o Faraó sendo solteiro, ao invés da rainha, seria ela quem morreria para se cumprir a tradição de que um homem, mesmo divino, como era o Faraó, não poderia seguir sem uma companheira no Barco de Osíris, pelo Nilo. Sua morte, entretanto, seria rápida e sem sofrimento, como tão bem sabiam executar os sábios Sacerdotes, pois era uma morte de honra. Seria ela embalsamada com os mesmos unguentos a que fazia jus uma rainha.

Como raramente, muito raramente acontecia de um Faraó falecer celibatário, aquela cerimônia das Sacerdotisas prendia a atenção de quem estivesse ali presente. A sua substituta, com toda certeza, seria a de mais alto grau e a mais velha dentre elas, mesmo que houvesse alguma protegida. Essa substituição

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HÁ 5.000 CICLOS DE RÁ

interessava tanto à Ala das Sacerdotisas como à das Vestais, pois a Chefe ficaria encarregada de ambas as Alas.

As Vestais permaneceriam imóveis, como estátuas, não tendo o direito nem de chorar pelo seu Faraó, até que a pira fosse novamente acesa. Este tempo dependeria da preparação do corpo sagrado do Faraó; preparação essa bem demorada, pois a mumificação seria especial, no caso de tão ilustre figura. Elas não se moveriam e receberiam como alimento, ali mesmo, em pé, leite de cabra com mel. Não tinham o direito nem de se recolherem para atender às suas necessidades; fariam ali mesmo, em lugar apropriado para essas ocasiões. O importante era não abandonarem os seus postos sob hipótese alguma! Muitas, enfraquecidas ou doentes, pereciam ali sem socorro e só seriam retiradas quando o fogo da pira sacrossanta fosse aceso novamente.

À Primeira-Vestal cabiam todas as regalias: retirava-se para se alimentar, repousar e ali, no local, passaria poucas horas. Afinal, se ela perecesse, quem acenderia a pira? De mulher, no reino, só ela sabia o segredo, que era transmitido de boca para ouvido a uma escolhida sua que lhe fosse suceder. Ninguém ficava sabendo quem seria a escolhida, até a sua partida para a presença de OSÍRIS. A Primeira-Vestal só o seria até o seu primeiro fluxo sanguíneo, que geralmente se dava entre os 12 e os 14 anos. Essa jovem menina sacrificava-se, a si mesma, pois, se assim não o fizesse, o seu sangue contaminaria tudo o que tocasse. As Vestais eram para isso preparadas desde o seu nascimento e, mesmo sabedoras do sacrifício que lhes seria imposto, almejavam o lugar de Primeira-Vestal.

Muitos Sacerdotes sabiam o segredo do fogo da pira, mas não podiam usá-lo nem transmiti-lo a uma Vestal, pois lhes era vedada a aproximação com elas e, com muito mais rigor,

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

a aproximação da pira sagrada. Se aparecesse uma Vestal qualquer se dizendo sabedora do segredo, isto acarretaria infortúnios aos dedicados Sacerdotes, pois fariam tudo para descobrir qual deles esteve com a Vestal. Quase sempre eram cometidas injustiças e um inocente era sacrificado com a morte ou com a mutilação da sua língua, ou mesmo do seu sexo, dependendo de quão íntima fora a sua ligação com a Vestal. Quanto a ela, não havia dúvidas: seria queimada sem compaixão! Por isso, a Primeira-Vestal era cuidada com todo o carinho, para que esse complexo esquema não sofresse alteração nem houvesse complicações com quem quer que fosse. Os desvelos e preocupações constantes com a Primeira-Vestal se davam porque, dessa virgem, dependiam as cerimônias secretíssimas das Iniciações dos Pontos do Hierofante. Ela era a representação humanizada da Divina Mãe ÍSIS.

Bem mais à frente das Sacerdotisas, que pareciam carpideiras chorando a morte do seu Rei, entre elas e as Vestais, encontravam-se os Sacerdotes, cada qual ocupando, com os seus iguais, as Alas que lhes correspondiam. Logicamente eram os menos graduados, pois os demais se encontravam no palácio, em redor da câmara onde jazia o falecido Rei.

Igualmente nus, para simbolizar que o seu Divino e Amado Rei não teria nada para se envergonhar do seu rebanho quando prestasse contas para HóRUS — o Filho, para OSÍRIS — o Pai, e para a Divina ÍSIS — a Mãe. Desnudos, para mostrar que o Faraó, que partiu, não se envergonharia dos seus filhos, pois eles eram puros, sadios e belos. Desnudos, para mostrar que só com o seu corpo poderiam honrar o seu Rei e defender as suas lembranças, a sua dignidade, sem outra arma qualquer que não fossem eles mesmos. Naquele momento, todos estavam seguros de que assim seria agora e para sempre.

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ÁPIS - O BOI SAGRADO

Ao lado, em outro prédio, dentro do pátio daquele suntuoso Templo de Amon, em Mênfis, que era dedicado ao culto da Deusa HACTOR, em uma enorme câmara começava a cerimônia e o ritual da morte do Boi Ápis.

O animal era anestesiado e colocado em um sarcófago do formato de seu corpo, o qual tinha uma das partes, a do lado da cabeça, inclinada para baixo a fim de que, quando começasse a sangria, o sangue vigoroso, símbolo do vigor que o Faraó deixaria para os seus filhos, fosse colhido em um recipiente grande, todo de ouro, com a figura do boi entalhada no seu meio. Essa cerimônia era dirigida por Ak-Ápis, o grande Iniciado nesses afazeres.

Colhido o sangue, imediatamente o acólito Almeneths o levou para dentro do Templo de Amon e o serviu primeiramente para os Sacerdotes, depois para as Sacerdotisas, que o recebiam em um cálice igualmente de ouro, que ia passando de boca em boca para só um pequeno sorvo. Após, o cálice passava para os que se encontravam mais atrás: serviçais de atribuições diversas do próprio Templo, como, por exemplo, o encarregado de lavar as imagens sagradas, que outro não era senão MENHERTETH, e que também sorveu o seu gole. Encontravam-se ainda alguns militares, enquanto aguardavam ordens do comando superior.

Aquele sangue era a representação do sangue do próprio Faraó, com a sua vitalidade e alta inteligência, dividindo-se entre os seus súditos, como numa despedida.

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Quando aqueles que se encontravam no prédio dedicado a HACTOR — e que eram os responsáveis por todos os bois usados nesses rituais — acabassem a sua tarefa de retirar e servir o sangue, extrairiam o coração do animal, que seria embalsamado juntamente com os testículos, símbolo da fertilidade. Depois de embalsamados, os testículos ficariam junto da Sacerdotisa-Chefe, e o coração seguiria o Rei Divino, simbolizando o amor da despedida de todos os seus súditos que estiveram sob a sua proteção durante o reinado. O restante do boi era entregue ao povo que, na sua miséria e fome, via nele somente o alimento. O corte para a sangria era feito, com perícia, bem no centro do triângulo branco que esse boi especial trazia na testa; por isso, o povo supersticioso não comia a parte da cabeça, que ficava jogada no deserto para o banquete dos chacais. Assim se procedia por ocasião de cerimônia fúnebre, pois, do contrário, se o boi morresse por qualquer outro motivo, seria embalsamado e colocado na galeria que lhe correspondia.

Depois de tudo pronto, os encarregados saíam pelos domínios do reino para encontrar outro boi, que teria que ser todo preto, sem mancha alguma e com o triângulo branco no meio da testa. Esses encarregados eram muitos e não tinham número determinado, pois seria necessário vasculharem o reino todo à procura do Boi Ápis, já que não era fácil encontrá-lo. Às vezes, algumas manchas, que teimavam em aparecer no pelo do bicho, eram cuidadosamente pintadas e repintadas depois dos banhos que o boi tomava, antes de cada cerimônia ou ritual a ele dedicado. Os responsáveis pela câmara do Boi Ápis tinham que ser muito unidos, para não correrem o risco de serem delatados uns pelos outros. Mas, mesmo assim, isso ocorria com frequência. E quase sempre, eles, que aspiravam a subir aos mais altos postos dentro dos Templos, viam-se alijados para bem longe dos mesmos, graças às delações frequentes.

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CÂMARA DAS IMAGENS SEM MÁCULA

MENHERTETH sorveu o seu gole do sangue do boi sagrado e se sentiu fortalecido dentro da fé e do respeito pelos costumes da sua gente. Não tinha pressa. A imagem de AMON — um homem em tamanho natural — estava preparada desde a notícia do próximo desenlace do Faraó. Fora lavada, polida cuidadosamente e estava toda reluzente no fulgor maravilhoso do seu ouro. Fora perfumada e o incenso não cessara de queimar aos seus pés. Faltava apenas retirar de suas mãos o Pink e o Látego. O primeiro — com sua ponta bipartida simbolizando o Poder Divino e o Poder Temporal de um rei — era seguro pela mão da sinistra; o segundo — simbolizando a Justiça — era preso pela mão da destra. Em algumas imagens, o braço da destra era voltado para baixo; em outras, cruzado no peito, segurando o Látego. O Pink e o Látego só retornariam aos seus devidos lugares após a coroação do sucessor de MENHENÉS.

Isso foi feito sem pressa, pois MENHERTETH sabia que mais nada lhe restaria fazer, a não ser aguardar que, depois dos funerais, o outro Faraó fosse coroado. Entretanto, ele ainda tomou o Hank — símbolo da Vida Eterna — das mãos da imagem de ÍSIS e o colocou na mão da sinistra, a do Pink, da imagem de AMON. Antes de cumprir com essa cerimônia, respeitosamente ele implorou a AMON que guiasse os passos de MENHENÉS na caminhada da sua vida eterna, como simbolizava o Hank, mesmo porque ele acreditava piamente que assim seria.

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O Hank só voltaria para as mãos da imagem, igualmente de ouro, da Mãe Divina, quando a dupla coroa do alto e baixo Egito fosse colocada na cabeça do sucessor do Rei falecido. Isso porque a Divina ÍSIS seria a protetora e lhe conservaria uma vida saudável enquanto reinasse, pois, quando partisse, caberia a AMON — o Deus Supremo do Universo — encaminhá-lo na sua trajetória, que seria eterna. Quanto à imagem, também de ouro, de um menino representando HóRUS menino — o Filho —, chamado naquele tempo de HóRUS-ARAkITI, também já estava preparada com o seu manto de realeza. Faltava-lhe apenas a maravilhosa e rica coroa, parecendo mais um chapéu, toda ornamentada com pedras preciosas, a ser colocada em sua cabeça pelo próprio Faraó reinante. Assim seria porque HóRUS — o filho Divino — era representado, entre os homens, pela figura humana do próprio Faraó, considerado um Rei Divino.

MENHERTETH era feliz em seus domínios, pois ali estava o seu trabalho e também, anexa, a morada que compartilhava com a sua família.

Na Câmara das Imagens só penetravam, pela ordem: o Hierofante Sumo Pontífice, os Hierofantes e os Sacerdotes do 5º Grau. Além desses, o Faraó e a Rainha em ocasiões especiais relacionadas com as cerimônias femininas ou lunares. De quando em vez, o Escriba Zoluakipa — figura muito importante e que representava todos os artistas-artesãos do reino — e mais algum artesão que se sobressaísse nos seus trabalhos de entalhes nas pedras e que fosse portador de algum segredo, que fora obrigado a tomar conhecimento quando o gravou em hieróglifos. Por isso, teria que ser sacrificado após se entregar a alguma imagem na Câmara. Mesmo assim, era uma honra conhecê-la antes de morrer. Isso quando não fosse analfabeto, pois, em geral, esses artistas não compreendiam o significado do que gravavam. Mais raramente, ainda, ali penetravam

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algum parente do Faraó e o Chefe dos Exércitos. De mulheres, só a Rainha.

Portanto, MENHERTETH era o único que, sem iniciação alguma, tinha a incumbência de guardar e lavar as imagens sagradas, pois o seu cargo era de predestinação divina e de maior confiança, só superado pelo do Guardador dos Tesouros do Reino. Essa confiança só terminaria quando ele partisse desta vida, sucedessem-se quantos períodos fossem de reinados. Não tinha nada para guardar em segredo e, por isso, não temia castigo algum. Sabia bem das suas obrigações e as cumpria com todo respeito, vivendo pacatamente com a sua família, que era numerosa. MENHERTETH sempre foi amado e respeitado, principalmente pelos Altos Sacerdotes que compunham o Conselho dos Cento e Onze — o Tribunal Temporal da época — e que às vezes se aconselhavam com ele, pelo seu discernimento e pela sua sincera discrição. Mal sabia ele, naquele dia da morte de MENHENÉS, o que o destino lhe preparava...

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O PALÁCIO REAL

Em enorme prédio de pedra dentro do pátio do próprio Templo e próximo das suas dependências, ficava a residência oficial do Faraó, sua Rainha, suas mulheres e todo o seu séquito.

Aquele Faraó, entretanto, como sabemos, não admitiu dentro do palácio a Ala das Mulheres, pois era o último MENHENÉS vivo e, portanto, completamente purificado. Pelos corredores sem tamanho se chegava, em linha reta, aos aposentos reais. Esses aposentos eram de uma austeridade impressionante, entretanto, ricamente mobiliados e ornados. Em seu leito de cedro — madeira de grande valor que era trazida de terras distantes, onde hoje se situa o Líbano —, reclinado e envolto nos linhos alvos de todas as peças que lhe tocavam o corpo sacrossanto, estava MENHENÉS.

Era o momento de se recolher! Por isso, MENHENÉS deixaria com o seu sucessor o melhor de Si, o mais perfeito da Sua Sabedoria e da Sua Experiência, herdada dos antepassados. Só um desejo lhe restava agora no momento derradeiro: que o seu sucessor fosse a continuidade de sua Missão junto à Humanidade. Dali para frente, Ele — o sucessor — seguiria com os seus próprios pés, caminharia dentro daquilo que havia assimilado, que havia herdado, tal qual o filho que assume a direção dos assuntos do pai, quando este, já cansado, sente o próprio fim.

MENHENÉS se apresentava sereno no seu leito de morte. Entretanto, um vinco em sua testa, bem na altura do Olho

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de Hórus, demonstrava, aos mais atentos, a sua imensa preocupação.

Aos pés do leito e em posição de respeito, mas com toda a sua atenção voltada para o semblante do moribundo, estava um seu irmão — SUBAHAJAH —, que já fazia parte das fileiras dos exércitos do Faraó em um lugar de destaque, por isso mesmo considerado valente e destemido.

No lado direito, sereno, estava AkRON, sobrinho de ambos, Hierofante Sumo Sacerdote de todo o Poder Religioso daquele País.

No lado esquerdo, outro sobrinho de ambos, príncipe real, boêmio e que até então não se detivera em estudo algum mais profundo das Sabedorias daquela época, outro não era senão kARNAk. A ele só uma coisa interessava: o trono que iria vagar. E disso ele não tinha, naquele instante, dúvida alguma, nem ele nem o seu tio SUBAHAJAH, pois kARNAk era o sucessor de direito, por ser o sobrinho de mais idade, já que AkRON, como Sumo Sacerdote, só para isso fora preparado. Ele não! Como sucessor do Rei, tinha sido iniciado nas armas, nas montarias, nos segredos do Nilo, nos assuntos administrativos internos e externos, na astúcia para as guerras; enfim, parecia que tudo nele o levaria a ser um bom rei. Desde que se conheceu por gente, o seu tio SUBAHAJAH o preparou e, ainda ali, no momento decisivo, estava ao seu lado como parente, amigo e conselheiro.

Por fim, os dois representavam, como é representado em tudo, SETH-TIFON — o lado negro —, assim como AkRON com MENHENÉS seriam FTAH-PTAH — o lado branco — nos acontecimentos dos destinos do Egito, naquela ocasião, há 5.000 ciclos de Rá.

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Foram feitas as preces, acompanhadas pelos diversos Sacerdotes dos 3º, 4º e 5º Graus e por aqueles do mais alto posto que compunham o Conselho dos Duzentos e Vinte e Dois — o Tribunal Religioso —, tão importante quanto o outro Tribunal. Nas fileiras desse Tribunal se encontrava MENHENÚFIS. As preces foram todas acompanhadas por toques no corpo do Faraó, que significavam o desligamento dos seus corpos. Esses toques, em pontos diversos, eram dados somente por AkRON, pois o corpo do Rei era intocável por ser de linhagem divina.

A um sinal do Sumo Sacerdote, aproximou-se do leito o Chefe dos Curadores — os médicos da época. Estes se encontravam em recanto bem afastado do aposento, preparados para a trepanação que era de hábito se fazer em todo Faraó moribundo. Aproximou-se, então, o Chefe dos Curadores com um escrínio nas mãos — de madeira, cobre e ouro —, representando as três etapas de um reinado:

A madeira — sua vida terrena; O cobre — sua fortaleza e a grandeza de um rei; e O ouro — sua morada eterna, resplandecente como Rá,

pois era para lá que tinham que caminhar depois de mortos. Os três compartimentos eram detalhadamente trabalhados com inscrições secretas e religiosas. Encimando o escrínio, havia a figura em ouro de um Escaravelho Sagrado — símbolo da Vida e da Morte.

Olhando-o assim tão próximo de Si, MENHENÉS só pensava em sua morte e no futuro do seu sucessor. E o sucessor? Estaria suficientemente adulto? Seria capaz? Sim! Para isso lhe havia herdado tudo... Tudo para que nada lhe faltasse. E se lhe faltasse não seria porque ele deixara de lhe dar. Porém, há sempre um “mas”: E o inimigo? A fraqueza? A tentação? A outra face das coisas? Afinal, era apenas uma criança e, para ele, jamais chegaria a ser adulto. Seria esse um novo

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sentimento que experimentava no final de sua Missão? Não. Sempre existiu essa preocupação, mas agora havia crescido dentro do seu peito de tal forma, que o sentia profundamente vazio. Faltava algo. Cismando assim, de olhos fixos no Sagrado Escaravelho, ele foi colocando ali todos os seus símbolos: o anel encimado com o próprio Escaravelho, tendo no seu dorso a gravação do seu próprio nome secreto e iniciático; outro anel com as suas armas; o seu brasão; o escudo de sua família reaI; o seu selo; o seu lacre e algumas outras joias que não puderam ser identificadas naquele instante. Por último e no momento culminante, quando todos os pares de olhos o fitavam atentos, foi que ele retirou de sob as almofadas o papiro ali previamente colocado — o papiro que continha gravado, sem deixar dúvida alguma, o nome do seu sucessor.

Nesse momento se ouviu, ali no aposento, a música suave de uma harpa. Do lado de fora, em todos os recantos, os gongos maiores e menores soavam e enchiam, com o seu som grave e desencontrado, o ar daquela tarde que se findava, onde Nut surgiria platinada e bela sobre o Nilo. O Nilo que, impassível, continuaria o seu passar metódico e certo dentro das suas cheias e das suas vazantes, tão bem controladas pelos sábios Sacerdotes egípcios.

A Estrela do Divino Faraó MENHENÉS se apagou lentamente naquela hora da madrugada, como o fogo sagrado da pira, não menos sagrada, do Templo de Amon em Menhenúfis, sede do Pontificado e do Reinado, cidade fundada por MENHENÉS e conhecida hoje por Mênfis. Partiu sem a trepanação, mesmo porque o seu sobrinho Sumo Sacerdote já havia declarado que essa delicada operação não seria necessária e que também ele não iria autorizá-la, porque o Rei, ali estendido, não era um simples mortal como qualquer outro Faraó. Esse Rei, último Faraó da 1ª Dinastia do antigo País de kAM, era metade divino e metade humano. No entanto, dali para frente, os seus

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sucessores seriam, ao contrário dele, primeiramente humanos e depois, talvez, divinos.

Estava tudo consumado! O corpo, com todos os pertences do Rei, ia sendo retirado do aposento; desceria as escadas toscas rumo à Casa da Morte, para o seu preparo, juntamente com o da Sacerdotisa-Chefe. Os pertences de ambos seriam vigilantemente incinerados ou guardados junto aos corpos dos mortos. Vigilantemente, pois eram nessas ocasiões que os maiores furtos ocorriam no palácio, nunca tendo sido descobertos os responsáveis.

SUBAHAJAH e o seu sobrinho kARNAk não prestavam mais atenção alguma para o que acontecia ao seu redor e já nem se lembravam mais do morto, que fora tão estimado por todos.

Este gesto de cupidez dos dois dignitários do reino não passou desapercebido pelos Sacerdotes ali presentes. MENHENÚFIS, então, teve a precaução de retirar logo dali o escrínio das joias contendo o papiro com o nome do sucessor escolhido, levando-o para um lugar onde ninguém, a não ser eles do Conselho dos Duzentos e Vinte e Dois, sabia. Mesmo assim, como por intuição, MENHENÚFIS vigiou aquele escrínio constantemente até a hora em que seria aberto em uma reunião dos dois Conselhos — o Religioso e o Temporal. Somente aí, mais ou menos quarenta dias após a morte de MENHENÉS, é que se saberia, com certeza, de quem era o nome ali colocado.

Nesse meio tempo, kARNAk se punha na posição de Faraó, acolitado sempre pelo seu tio e exigindo que já lhe prestassem as honrarias, mesmo antes do corpo do seu antecessor baixar à sepultura.

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O seu primo-irmão AkRON se recolheu ao Templo para a preparação de seus encargos nos funerais, e não mais foi visto nesse tempo de quarenta dias. Recolheu-se como o Íbis sagrado que, na beira do rio, antes de começar a medir as suas passadas, fica recolhido meditando por longo tempo, com o seu pescoço enfiado por debaixo da asa. Preparava-se Ele, AKRON, para cumprir, mais uma vez, a trajetória pré-determinada para si, dentro dos desígnios de AMON — o único Deus.

Os demais integrantes da vida e da rotina dentro do Templo, e que eram a maioria da população, também não davam expansões em público e viviam em grupos pelos cantos e recantos, aos cochichos, comentando como seriam as coisas dali para frente. Para muitos deles, kARNAk, aquele jovem alto, moreno e forte, era-lhes antipático pela sua presunção aberta e descabida. Mas, enfim, era o herdeiro natural e nenhum deles, em nenhuma ala e por nenhum instante, abrigou, em seu íntimo, a ideia de impedir a coroação. Estavam apenas apreensivos e dentre eles, muito principalmente, os Grandes Sacerdotes Maiores.

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O SEPULTAMENTO DO FARAÓ

Quatorze dias antes da cerimônia do enterro, naquela noite, à primeira hora da manhã, a mesma do desenlace, saiu da Casa da Morte o corpo verdadeiro do Rei Divino, enrolado em tiras de linho branco e acompanhado somente pelos 21 Sacerdotes, que eram aqueles que pertenciam à Ala das Responsabilidades e dos Conhecimentos mais ocultos que se possa imaginar. Esses homens, como o Venerável Sumo Pontífice, eram os únicos obrigados a se manter celibatários enquanto vivessem.

Os 21 Sacerdotes Maiores já haviam se purificado, começando pelo banho ritualístico no lago artificial que existia em todos os Templos, tendo à frente o Sumo Sacerdote AkRON. Após a purificação, AkRON, com mais um deles, puxava uma espécie de carreta na qual haviam colocado o corpo. Sem que ninguém os visse, no maior silêncio, encaminharam-se para uma barca preparada para eles, ancorada ali mesmo na entrada, pois as águas do Nilo eram represadas para essas entradas, em todos os templos, formando belas praias artificiais que encantavam a todos.

Dali rumaram incontinênti para a pirâmide do meio — chamada hoje de kéfren —, subindo para a câmara central e depois descendo, sem grandes esforços, pois o corpo franzino de MENHENÉS já não pesava tanto. Todos estavam plenamente compenetrados da importância do que faziam. Por essa descida, tomaram o túnel que se seguia e que ligava a pirâmide à Esfinge. Ambas, como todo o resto, tinham sido muito bem limpas por fora e, por isso mesmo, reluziam em seu revestimento de pedra de alabastro polida.

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Penetraram numa ampla sala localizada a sarkapta (sete) côvados abaixo da Esfinge, onde 10 sarcófagos permaneciam intactos com os corpos vivos, e em cada um deles brilhava uma Luz. Ao lado, no último sarcófago vazio, colocaram o corpo do Faraó Divino, do Faraó que foi um MANU, um Condutor da Humanidade. Ao fazê-lo, entoavam cânticos misteriosos e belos, verdadeiros mantras que atraíam as Forças de fora deste plano, enquanto aguardavam que a Luz se fizesse naquele corpo sacrossanto, pois esse seria o sinal de mais um — o último MENHENÉS humanizado daquela maneira. Sem muita demora, a chama começou a transluzir. Então, entusiasmados dentro das suas dores, eles entoaram hosanas ao Senhor, no sentido de agradecer mais esta vitória alcançada. O seu MANU estava vivo e o seu coração voltaria a pulsar quando chegasse a hora novamente.

Em se tratando do último deles, voltaram pelo mesmo túnel. Durante o trajeto, vieram acionando os controles dos blocos de granito que, descendo num engenho perfeito, vinham obstruindo aquela passagem oculta. Na lembrança deles tinham a figura de Orneka, o autor daquele engenho e que já havia partido para OSÍRIS. Ao entrarem na primeira sala abaixo da pirâmide, colocaram ali os rolos dos papiros secretos da sabedoria divina de TOTH, mais tarde chamado de HERMES — o Trimegisto — pelos helênicos. Isso foi executado por um Sacerdote que se parecia muito fisicamente com o Faraó construtor da pirâmide, tão parecido que todos eles jurariam tratar-se da reencarnação do próprio construtor, que, mais tarde, chamou-se kéfren. Portanto, kéfren e AkRON sempre souberam perfeitamente a posição desses papiros, dos cálices sacrossantos e de outros apetrechos relacionados somente com a Ara e os domínios íntimos do Templo. Aquela entrada também foi bloqueada e nunca mais seria usada. Para se penetrar na Esfinge, havia outra entrada marcada pelo triângulo de Hermes, com o seu ápice voltado para baixo, entre

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as patas do monumento, indicando exatamente onde deveria ser calcado. Mas a sala dos sarcófagos nunca mais seria aberta e nela só penetraria, dali para frente, um raio de sol, quando, numa certa conjuntura, incidisse pela abertura que existia na testa da Esfinge, também sagrada nos seus símbolos.

Saíram dali bem mais rápido e, tomando a barca, rumaram de volta para a Casa da Morte. Lá, uma réplica da múmia do Faraó MENHENÉS já estava no compartimento de madeira do sarcófago real, aguardando-os para o cerimonial do enterro, que duraria por mais sete dias. Colocaram essa réplica, juntamente com o compartimento de madeira do sarcófago da Sacerdotisa-Chefe, logo a seguir, no átrio da ara, para a visitação de todos os egípcios.

Naquela ocasião era proibida a entrada de pessoas estrangeiras, mesmo que ali estivessem cursando as Escolas Iniciáticas. Vários ritos eram realizados, de hora em hora, por esse período de sete dias. Para os sepultamentos, as múmias eram levadas no primeiro compartimento, isto é, o de madeira, pois os demais, em número de seis, eram colocados previamente em seus respectivos lugares no local do enterro: para o Faraó, no Vale dos Reis; para a Sacerdotisa, no Templo, hoje de karnak, pois ela não tinha o direito de se misturar com as rainhas no Vale delas.

Os dois sarcófagos eram como uma arca em ouro, fechados com tampa, também de ouro, em formato da esfinge dos mortos. Dentro da arca existiam seis compartimentos ou divisões, colocados um em cima do outro, feitos de diversos materiais: pedra, prata e madeira. Devido aos detalhes, a arca era de tamanho descomunal. Nos compartimentos, que eram a representação dos sete corpos ou das sete mortes etc, guardavam-se os diversos pertences dos falecidos.

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A barca que os conduziria era bem ampla, toda enfeitada, cabendo muita gente. Era chamada o Barco de Osíris. Com ela começaram a subida até Tebas, em Lúxor, onde de um lado do Nilo está o Templo de karnak e do outro lado, o Vale dos Reis. A viagem foi bem demorada, pois o povo nas margens fazia questão de lhes jogar flores, sementes de trigo e até mesmo animais de pequeno porte, para homenagear o seu Rei. Atrás, o séquito que acompanhava o Barco de Osíris recolhia essas oferendas, que seriam sacrificadas e oferecidas dentro dos diversos Templos existentes. Nos pátios dos principais Templos existiam inúmeros outros menores, que também recebiam essas oferendas.

Nesses momentos, AkRON se abstraía e ninguém conseguia penetrar em seus pensamentos. Parecia ter uma premonição dos acontecimentos que iriam suceder-se após aqueles enterros. E aconteceram...

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O TESTAMENTO DE MENHENÉS

Reunidos todos em círculo de acordo com as suas graduações, estando no centro os mais graduados, o escrínio foi aberto por um curumim, aquele que futuramente seria o Sumo Pontífice e que, na ocasião, tinha os seus sete anos mais ou menos. Aberto, ele o exibiu aos mais próximos para conferirem o que continha, mas o que interessava realmente era o papiro com o nome do futuro Faraó. O documento foi lido por um deles, que ansiosamente se adiantou. E, para surpresa geral, lá estava escrito:

“O MEU SUCESSOR, PELA MINHA PRóPRIA VONTADE DIVINA, E EM MEU PERFEITO ESTADO MENTAL, E EM NOME DE OSORÁPIS, MEU PAI, INDICO AkRON, MEU SOBRINHO MUITO AMADO POR PARTE DE MEU IRMÃO ASTRAkON, QUE FOI UNGIDO POR PTAH, PARA QUE ME SUCEDA NO TRONO E, COM ISTO, ACUMULE OS ENCARGOS DE SUMO PONTÍFICE E DE FARAó, NESTE COMEÇO DA 2a DINASTIA DOS GOVERNOS DA TERRA DE kAM. QUE OSORÁPIS, MEU DILETO PAI, E PTAH, O VOSSO DIVINO PAI, O ABENÇOEM E QUE AMON, AMON-RÁ E AMON-RÊ O TOMEM SOB A SUA PROTEÇÃO. AMALDIÇOADOS SEJAM TODOS AQUELES QUE PENSAREM OU AGIREM EM CONTRÁRIO A ESSA DECISÃO.”

Essas palavras seriam imediatamente gravadas nos peitorais, nas estelas e nos obeliscos de todos os Templos.

A preocupação de MENHENÉS, nesse momento solene, criou AkRON — seu nome, sua sabedoria, sua vibração, sua imagem —, para que a Humanidade não se perdesse quando ele tivesse partido. AkRON que, nos tempos presentes, ressurgiu

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como SAN-SHÚ — o invólucro masculino — e como ZORNAY — o invólucro feminino —, continuadores de sua linhagem.

Nesse instante, ao som das nove batidas do gongo ressoando no Templo, foi que a Primeira-Vestal acendeu novamente o fogo sagrado. Assim, as outras souberam que já existia um novo Faraó.

O espanto foi geral. A alegria também foi muito grande. A tranquilidade voltou às fisionomias dos mais achegados. A desconfiança reinou entre alguns. Outros poucos se sentiram lesados e não concordaram de imediato com a indicação de AkRON. Para tanto, trataram de se retirar logo a seguir e, depois de muitas confabulações, resolveram que se instalariam em Tebas, mais próximos das Sacerdotisas e distantes dos astutos Sacerdotes de Amon iniciados nos Mistérios de Osíris. As mulheres que pertenciam ao Templo de karnak seriam muito mais facilmente suas aliadas...

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O ACÓLITO PERMANENTE

Recuperando-se do choque que lhe deixou sem fala, AkRON, ali mesmo, antes de se retirar, convidou o Sacerdote, que era MENHENÚFIS, para aceitar os encargos de ser o seu Acólito Permanente e também a Sombra, como assim eram chamados esses homens de inteira confiança dos Faraós.

“SEGUIR-LHE-EI OS PASSOS ATÉ O FINAL DOS MEUS DIAS SOBRE A TERRA, NESTA VIDA E EM QUANTAS OUTRAS HOUVER.”

Assim respondeu aquele jovem sacerdote impetuoso que AkRON tão bem conhecia. Diante de tal resposta, AkRON, ali mesmo, tomando por testemunha aquela multidão que o ouvia, fez-lhe uma saudação e uma exaltação em público:

“TENDES O AMOR FORTE E PURO PELOS VOSSOS SEMELHANTES. NECESSITO DE VóS MAIS DO QUE NUNCA, E SE NÃO FOSSE O AMOR, NADA EU PODERIA FAZER. SOIS COMO A BRISA NESTE MOMENTO ABRASADOR E COM A ARAGEM DO VOSSO AMOR, UMEDECEIS TODOS OS CORAÇÕES BONDOSOS. DEIXAI O FARAó RENDILHAR A SUA HUMILDADE DIANTE DE UM AMOR COMO O VOSSO, PARA PROVAR AQUI QUE O MESTRE SOIS VóS, DENTRO DA BONDADE DO VOSSO AMOR. SEREIS O RECEPTÁCULO DE AkRON, VOSSO SUMO PONTÍFICE E PAI.”

A partir daí, nem o Sacerdote nem o Faraó foram vistos sem a Sombra.

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ESCOLHA DA SACERDOTISA-CHEFE

Mais adiante, de onde se sucediam essas coisas fantásticas, estavam as Sacerdotisas reunidas esperando pelo seu novo Faraó, que passaria por ali acompanhado sempre de MENHENÚFIS, a Sombra, para a indicação de sua Chefe. Se o escolhido fosse o outro sobrinho, elas já teriam a ideia de quem seria a substituta, pois previamente isso era estudado e decidido. Mas, agora, a expectativa da surpresa era geral. Enfim, após longa espera, chegaram os dois acompanhados sempre por outros, pois, enquanto o Sumo Sacerdote permanecia quase todo o tempo só, o Faraó, ao contrário, nunca estaria sozinho. Elas silenciaram e se recataram para o grande momento; momento em que o Faraó egípcio se sentiu na dúvida, pois não havia pensado neste detalhe. Foi então que num gesto para a Sombra, pediu o seu auxílio.

Este, por sua vez, relançou o olhar para aquelas mulheres predestinadas e em uma delas, bem distante deles, parecendo querer esconder-se, os seus olhos pousaram. Ela percebendo, olhou-o também fixamente; um olhar que MENHENÚFIS nunca mais esqueceria e que, em outras reencarnações, teria oportunidade muitas vezes de captar. Era e seria sempre um olhar de medo, de expectativa e de pedido de socorro. Para ela, as atenções se voltaram e a Sacerdotisa Nefáris, do 3º Grau Iniciático, nesse momento, passou a ser a Chefe das demais, cargo mais elevado entre as mulheres e, por isso mesmo, o mais invejado. Dizia-se, entre as invejosas, que Nefáris era apaixonada por MENHERTETH da Câmara das Imagens Sagradas. Poderia até ser verdade, mas isso nunca foi desvendado naquela ocasião.

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E AkRON partiu dali para começar a medir as suas passadas no caminho dos sete ciclos do reinado, que transcorreriam em relativa paz, já que ele havia recebido o país das mãos e da proteção divina de MENHENÉS.

Restava ainda a última cerimônia dos funerais, que era feita pelos Sacerdotes dos dois Conselhos, sem grandes pompas externas, mas com muito respeito, pois esse povo era amante da tradição e dela não abria mão. Consistia em levarem, até o túmulo do Faraó enterrado, os pertences do mesmo que sobraram dentro do escrínio. Isso foi feito no túmulo do Vale dos Reis com a réplica da múmia, pois os verdadeiros e secretos pertences já se encontravam na pirâmide, muito bem guardados.

Nessa ocasião, o novo Faraó poderia escolher se ficaria com os mesmos símbolos do falecido ou se mandaria confeccionar outros modelos criados só para ele. Geralmente era adotada a segunda decisão, pela vaidade em que todos se deixavam enredar. Entretanto, AkRON mandou confeccionar as suas insígnias idênticas às de MENHENÉS.

Seria Ele, assim, o traço de união entre MENHENÉS (o Pai) e a Humanidade (o Filho).Seria Ele a herança divina chamada MENHENÉS.Seria Ele a pureza do Homem chamado ASTRAkON (seu Pai carnal).Ele que, por meio de MENHENÉS, conheceu todo o mistério da Divindade.Ele que, por meio de ASTRAkON, conheceu toda a pureza da Humanidade.Ele, o reflexo divino de MENHENÉS.Ele, o reflexo humano de ASTRAkON.

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Para que tudo isso fosse real, foi construído, em frente da Ara principal, um tablado dentro de medidas cósmicas e ritualísticas. Esse tablado era pisado somente pelo Faraó AkRON e representava seu Poder Humano como Rei. A Ara, por sua vez, o seu Poder Divino como descendente dos Reis Divinos.

Há muito não se via uma Ara principal assim armada, pois há muito que um Faraó não era, ao mesmo tempo, o Supremo Sacerdote dos destinos dos seus súditos e o seu Rei.

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A COROAÇÃO DE AKRON

O trono foi removido para o tablado instalado em frente da Ara principal. Seu formato era de um assento redondo sobre um tripé e seu encosto era quadrado. O apoio para os braços, nesse trono, era do formato de duas esfinges. Afora as esfinges, que eram de ouro, tudo era de madeira entalhada.

O Templo estava maravilhosamente ornado numa profusão de cores e aromas! As Vestais se movimentavam em suas danças ritualísticas, ao som das flautas. Essas danças tinham, em cada tempo de execução, um simbolismo, pois eram a linguagem dos deuses. Como o Faraó a ser coroado era também o importante Hierofante, as cerimônias se misturavam: religiosas e profanas. As cerimônias religiosas eram executadas pelos 21 Sacerdotes que compunham o Conselho Secreto. Coroação idêntica nunca se tinha visto, até então.

As cerimônias eram entremeadas por diversas outras formalidades, como o dia da oferta dos estrangeiros. Nesse dia, todos os países amigos se faziam representar e eram lembrados com o que tivessem de maior riqueza, tanto no valor como na beleza. Seria nesse dia que o tesouro real ficaria muito mais rico.

Havia ainda o dia das oferendas do próprio povo egípcio. Desde os lavradores da beira do Nilo até os altos mercadores cheios de riqueza, todos participavam dela. Essa fileira era encabeçada por aqueles que tivessem as prendas mais valiosas e, após, pelos menos favorecidos, que poderiam ofertar até uma simples cabaça de barro contendo mel. Como era demorada essa cerimônia, geralmente os últimos acabavam

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sendo recebidos por algum outro dignitário, que os abençoava em nome do Faraó. Por isso, era grande a expectativa para se saber se teriam a sorte de oscular as mãos ou mesmo os pés do Rei.

Era interessante notar que os estrangeiros ofereciam, nessas ocasiões, mulheres, as mais belas dos seus reinos, para servirem de escravas. Mesmo os compatriotas do Faraó, quase sempre, tinham alguma filha ou parente que julgavam perfeitas, saudáveis e belas para ofertarem ao Templo. Essas mulheres, se fossem rejeitadas nos serviços particulares do Rei, ficariam à disposição dos Sacerdotes, que as disputariam, começando sempre pelos mais graduados.

Os dias dessa cerimônia terminavam em grande estafa para nosso Faraó Sacerdote. Durante o dia de cada cerimônia, Ele era obrigado a trocar as suas vestimentas de hora em hora, para dar tempo de exibir todos os trajes, os mais sofisticados, que eram confeccionados para a coroação. Esses trajes eram feitos de linho no Egito, mas alguns vinham de terras distantes, confeccionados com tecidos muitas vezes desconhecidos para causarem surpresa à corte. Representavam o orgulho de quem os oferecia e, quase sempre, eram de riqueza incalculável! O Faraó não poderia descuidar-se de usá-los, pois isso seria uma afronta aos países amigos. Esses trajes seriam colocados à disposição da curiosidade pública, em locais apropriados, pois, já em vida, o Faraó começaria a colecionar os objetos que iriam contar a história do seu reinado. Pensavam mais na posteridade do que no presente.

Os grandes salões do Templo estavam divididos de acordo com a importância daqueles que deles se serviam. Ali estavam armadas as mesas dos banquetes que em hora alguma do dia ou da noite, pelo período de um mês, no mínimo, ficavam vazias. Em ocasião alguma se vira tanta comida e bebida. Para

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o povo, que festejava na parte de fora ao redor do Templo, também não faltavam a carne, o pão, o vinho e uma bebida que era preparada de cereais, semelhante à cerveja.

Inúmeras eram as cerimônias que constavam do programa de uma coroação naquele tempo. Havia a cerimônia do beija-anel e até os nossos dias ela é seguida pelos padres da Igreja de Roma.

Solenemente eram proferidos pelo Faraó incontáveis juramentos. A maioria deles se relacionava com a obediência e a subordinação que o Rei teria para com o Alto Clero, isto é, os Sacerdotes de Amon. Outros, bem poucos, eram relacionados com os seus deveres para com o povo. O Faraó, se não tivesse fibra de aço, acabaria disfarçadamente como um escravo do sacerdócio. Mas era sui generis o caso desse Sacerdote Faraó: como não poderia jurar perante si mesmo, como Sumo Pontífice que era, jurava perante o Conselho Oculto dos Vinte e Um.

Mais sui generis ainda foi a sua coroação. Essa era a primeira grande cerimônia que dava início ao resto das festividades. Era feita na Câmara das Imagens Sagradas, perante Hórus menino, e só os mais achegados participavam dela. À sua disposição se encontravam duas coroas idênticas. Já nesse tempo, os egípcios conheciam o vidro e costumavam colori-lo para imitar pedras preciosas. Entretanto, as pedras que ornavam as duas coroas eram legítimas, maravilhosas e de grande valor. Nessa coroação, o próprio AkRON coroou a si mesmo, quando, em outra circunstância, ele seria coroado pelo Sumo Pontífice. Então, primeiramente, ele tomou uma das coroas e a colocou na cabeça da imagem de ouro de Hórus Arakiti. A seguir, tomando da outra coroa e começando a murmurar o seu primeiro juramento, ele a colocou na própria cabeça. O som do gongo, que anunciou esse momento da

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cerimônia, foi seguido por estrondos parecidos com fogos de artifício, pois os egípcios conheciam uma composição semelhante ao fósforo. O povo todo tomava conhecimento de que, naquele momento, um novo Rei havia sido coroado.

Flores exóticas enfeitavam todo o Templo derramando o seu perfume narcotizante, que se misturava com os odores das essências não menos exóticas e excitantes. De todas as paredes, de todos os ambientes saíam archotes alimentados por azeite de oliva para a iluminação à noite. Durante o dia, os Templos eram iluminados pela luz do sol através de grandes claraboias e, mesmo, pela falta de teto em muitos recintos, pois raramente chovia naquela terra. AkRON comunicou que não utilizaria o palácio real para a sua morada oficial e que continuaria a residir dentro do seu Templo. Ele seria sempre, primeiramente, um Sumo Pontífice; depois, um Faraó.

Coroado, AkRON era a personificação da própria beleza! De estatura mediana, parecendo mais alto do que realmente era, magro, entretanto forte, sua tez da cor de azeitona, as maçãs do rosto proeminentes, o contorno da boca bem acentuado, os lábios mais para grossos, testa alta e pescoço fino e bem feito para as golas que usava. Seu rosto austero raramente sorria. Impressionantes eram os olhos: grandes e amendoados, de olhar penetrante e pesquisador, quase sempre serenos e sonhadores e quase nunca vigilantes, pois era um olhar de quem nada deve e, por isso mesmo, nada teme. Em meio a esse movimento, o Templo estava repleto de astrólogos e adivinhos, que mais divertiam os convidados do que falavam a sério.

O espírito da festa era de muita alegria; e com a bebida deixando as cabeças mais leves, iam se esquecendo dos problemas para gozarem os deleites da alma. Entregavam-se à evolução daquele programa cheio de rituais que enfeitiçava

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a todos. Estavam felizes e essa felicidade engenhosa estava na coroação de um Rei quase desconhecido para eles, pois esse homem pouco era visto em público. Para aquele povo, a verdadeira felicidade era guardada para as suas almas no além-túmulo.

Enfim, após o término das festividades, todos estavam exaustos, mas satisfeitos — uns porque se divertiram, outros porque cumpriram com os seus deveres.

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OS CÂNTAROS PARTIDOS

As uniões se davam entre Sacerdotes e Sacerdotisas. Quando a escolhida de um Sacerdote não fosse das fileiras do TempIo, este tinha o direito de trazê-la e propor a sua aceitação como Sacerdotisa. No mínimo, por um ano, ele teria que aguardar para que ela estivesse em condições de assumir o compromisso do casamento. Esse compromisso era muito sério e as leis que o regiam também eram rígidas, principalmente para as mulheres. Estas não escolhiam o companheiro e eram obrigadas a aceitar por esposo somente os Sacerdotes. Nunca poderiam sonhar com um homem de fora do Templo.

Aos homens eram concedidas diversas regalias dentro do matrimônio, entretanto teriam que seguir certas regras, entre as quais nunca abandonar a esposa por outra. Poderiam adquirir as concubinas comprando-as como se fossem escravas. Essas escravas eram geralmente as Vestais que, a partir dos 14 anos de idade, eram alijadas dos seus encargos junto das piras sagradas. Quando isso acontecia, já havia sempre algum pretendente e na maioria das vezes casado, pois para elas era vedado o casamento em qualquer circunstância. Poderiam ser compradas também as Sacerdotisas que não tivessem pretendentes, as mulheres de fora do Templo, as estrangeiras que eram trazidas de suas terras ou as que eram ofertadas como presentes dos reis vizinhos. A aquisição dessas escravas para a ala das suas mulheres não poderia prejudicar a esposa e nem os filhos, legítimos ou não. Teriam tantas mulheres quantas fossem as suas posses. Eram levadas em conta, também, as despesas com o sustento da prole que resultaria dessas aquisições, assim como as despesas com os eunucos —

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guardiões dessas alas. Mesmo assim, cada qual só poderia ter o número de escravas de acordo com o seu grau hierárquico. Os menos graduados não poderiam ter mais mulheres que os de maior grau, e nenhum deles poderia ter em número igual ou superior ao do Faraó.

Os casais só poderiam separar-se, dentro da lei, quando não tivessem filhos e quando a decisão fosse de comum acordo. Em nenhuma outra hipótese isso aconteceria. Se separados, não poderiam quebrar novamente os cântaros com outro companheiro ou companheira. A cerimônia do casamento era feita somente uma vez com a quebra dos cântaros: um contendo a água; outro, o vinho. Se o homem falecesse, a sua companheira tiraria a própria vida para acompanhá-lo na caminhada de além-túmulo. Ela fazia isso de boa vontade, pois acreditava que só após a morte é que seriam realmente felizes. Quando, ao contrário, era ela quem partia, o homem quase nunca lhe seguia os passos. Entretanto, não poderia quebrar o seu cântaro com mais ninguém, pois esse já estava quebrado. Escolheria dentre as concubinas uma para substituir, no leito, a esposa falecida. Por isso, a cerimônia dos cântaros era reverenciada como um acontecimento de grande importância, de enorme pompa e beleza. Era a realização do sonho de todas as Sacerdotisas.

Foi assim que a rica filha de um agricultor conheceu, na festa da coroação do Rei, o Sacerdote Orentóthis, que pertencia à ala dos músicos. Até então, esse Sacerdote não tinha outra paixão em sua vida a não ser a música.

Orentóthis se esforçava para que o programa musical, naquela importante ocasião, não tivesse falha. Realmente, as partituras eram singelas e maviosamente executadas pelas flautas e pelas harpas e harmoniosamente cantadas pela voz privilegiada desse Sacerdote. Foi a sua voz que primeiramente

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encantou aqueIa jovem que não pertencia ao Templo, pois os seus pais nunca admitiriam a sua separação deles. Da convivência daqueles dias de festa, começou a nascer um grande amor. Depois de conversas rápidas e esquivas para fugir ao controle dos genitores, a jovem já participava, ao lado de Orentóthis, fazendo coro com a sua voz não menos privilegiada e encantadora.

Quando de retorno ao lar, os pais, mesmo apreensivos, acreditaram que o romance teria terminado como terminou a festa. Que engano! Ela não teve mais tempo para as suas alegrias, para o seu canto, e a sua tristeza já começava a incomodar os seus familiares.

Orentóthis, imediatamente após as festividades, começou a se organizar a fim de trazer aquela jovem para as fileiras das Sacerdotisas de Ísis. Assim, eles já haviam combinado antes de se despedirem. E era isso que ela, taciturna e abatida pela saudade, aguardava ansiosamente e em segredo. Em segredo porque, filha de família abastada, sabia que o seu pai iria remover céus e terras para impedir aquele casamento com um Sacerdote. Para ela já haviam escolhido alguém que pertencia à mesma casta. Não podiam admitir a sua filha única envolvida com as leis rigorosas do Templo. Isso nunca!

Quando, tempos depois, o emissário do Templo bateu à porta daquele dono de grande extensão de terra que marginava o Nilo, este o recebeu contrariado. Mais contrariado ficou quando lhe foi entregue o papiro que continha o pedido da mão de sua amada filha. Tal pedido vinha assinado pelo Sacerdote Orentóthis e pelo Hierofante encarregado desses assuntos. Simplesmente não deu resposta alguma naquele momento. Fez, através daquele mesmo mensageiro, o pedido de audiência com o Faraó AkRON. Como Faraó, AkRON havia começado a sua vida pública e, por isso, era natural aquele

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pedido. A resposta veio breve, mas o Faraó solicitava que comparecesse juntamente com sua esposa e sua filha. Assim foi feito.

O pai, agricultor e mercador, falava muito, enquanto gesticulava sem parar, e solicitava o amparo da esposa que estava de pleno acordo com ele. AkRON ouvia atentamente sem se manifestar. Quando os desesperados genitores pararam de expor as suas razões e se fez um silêncio pesado, foi que, para surpresa de todos, o Faraó pediu para ficar sozinho com a jovem pretendente de Orentóthis.

Sós, a jovem e o Faraó. Depois de acomodados, este lhe contou a seguinte história: “Existia em Nut um Templo onde tive o gáudio de fazer parte de seus cerimoniais e rituais. Certa ocasião, bateu às portas desse Templo uma mulher, que solicitou, da autoridade máxima, o seu ingresso para as fileiras das Sacerdotisas. Entretanto, ela havia partido o cântaro com um homem do povo e, por isso, foi-lhe negado o ingresso. Cheia de dor dentro de si pela decepção, ela retornou à sua morada. Por um lado, o Templo a chamava para uma vida de sacrifícios, de renúncias e, por outro lado, havia aquele que, com ela, compartilhava de tudo em sua vida, aquele que ela amava com todas as suas forças, aquele que compreendia os mínimos detalhes de seus pensamentos. Depois de algum tempo de sofrimento atroz, atendendo à vontade de AMON — que se fez mais forte — e ao chamado de ÍSIS — que se fez imperioso —, ela se apresentou novamente ao Templo e comunicou que havia renunciado ao homem com quem havia partido o cântaro, para ingressar nas fileiras do Templo.”

E assim ela foi aceita, e assim ela passou a representar, daquele momento em diante, a Guardiã de todos aqueles que trazem o amor dentro do coração; esse amor que unirá a vós, dileta filha, ao meu dileto Orentóthis.

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“O companheiro dela não resistiu e, no maior dos desesperos, desprendeu o seu Ká (espírito) da matéria, e ela trouxe, dentro de si, mais esse sofrimento. Implorou à Divina ÍSIS que conservasse o corpo do seu companheiro até o dia em que ela estivesse liberta desta missão: onde houvesse um coração sentindo amor, onde houvesse um coração sofrendo de amor sofrido, ela deveria estar presente. A Divina ÍSIS atendeu o seu apelo e, até o presente momento, existem em Nut as ruínas de um Templo e nessas ruínas se encontra um corpo, um corpo que aguarda o retorno de sua companheira.”

Não estranheis, filha, se eu vos chamar de Dama de Tuíti. Salve a Dama de Tuíti! Porque, deste momento em diante, sereis a representação da Dama de Tuíti em nosso meio. Não sois a Dama de Tuíti, apenas sereis a representação dela. Onde houver um coração sofrendo de amor sofrido, Dama de Tuíti estará presente através de vós. Onde houver as incompreensões desse amor, Dama de Tuíti levará o bálsamo a esses corações, ela que traz dentro do seu próprio coração a maior parte de um amor sofrido. E só quando conseguir que todos os homens estejam unidos, parte com parte, dentro da mesma aura que une um homem e uma mulher, será então que Dama de Tuíti partirá para as ruínas do Templo, para buscar o seu companheiro. Era isso que eu tinha a dizer-vos, filha, no momento em que ingressais, como a Dama de Tuíti um dia ingressou, nas fileiras das Sacerdotisas do Templo. Farei o cerimonial da vossa união, como a Dama de Tuíti fez o cerimonial da desunião, para que daqui em diante os cerimoniais dos cântaros partidos representem somente a união.

Terminada a história, a jovem chorava copiosamente e declarou que a havia compreendido. Sim, ela iria unir-se a Orentóthis e aceitaria a missão de ser a representação da Dama de Tuíti. O Faraó ainda lhe afiançou que não seria esta a

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primeira vez, e nem a última, que renunciaria à sua verdadeira felicidade para ser a Dama de Tuíti.

Depois de tudo esclarecido, o casal, que esperava à parte cheio de apreensões, foi avisado de que a audiência terminara e que a filha deles já se encontrava aceita como Sacerdotisa de Ísis, no Templo de Amon. Que fossem preparar-se para o casamento que se daria de ali a um ciclo de Rá (um ano). Nada mais restou a fazer, pois quem desobedeceria a uma ordem dada assim? Ela não poderia nem mesmo ser discutida.

E sem discussões, chegou o grande dia esperado por aquela dedicada Sacerdotisa, a quem todos chamavam de Dama de Tuíti. Na véspera do casamento, tanto o noivo como a noiva permaneciam a noite toda recolhidos em uma câmara, acolitados: ela, por duas Vestais; ele, por dois Sacerdotes. Era nessa ocasião que cada qual recebia — ele de OSÍRIS, ela de ÍSIS — as instruções para essa nova etapa de suas vidas.

O átrio, que ficava em frente da ara secundária dedicada somente às cerimônias de casamento, estava todo iluminado pelas chamas vindas das tochas empunhadas pelas Sacerdotisas amigas e escolhidas pela noiva. Entre a fileira delas estava a ala das dançarinas, composta pelas Vestais e Sacerdotisas, que evoluíam em movimentos sinuosos as suas danças próprias para a ocasião. Atrás, estava o átrio dos convidados. Esse espaço estava repleto, pois a família da noiva era bem relacionada e tinha muitos amigos. Dentre eles, um estava morto por dentro! Era o noivo desprezado, que sucumbiria de tanta dor. Tinha o nome de Astrum.

A Sacerdotisa de nome Irmnéa nunca dançou tão bem! Se alguém pudesse penetrar no seu íntimo, sentiria que a dança ali executada não era para os noivos, e sim para o Faraó Sacerdote. Irmnéa homenageava o seu Rei que, como

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Sacerdote Maior, iria oficiar aquela cerimônia, cuja beleza ficaria marcada na memória de todos os presentes.

À direita da ara ficava o lugar reservado para os oráculos da corte, que ali permaneciam com as suas essências queimando, misturando-se aos perfumes, como se fossem um linguajar estranho que bem poucos conheciam. Entre eles, homens e mulheres, estavam as pitonisas Nayana e Andarah, como também outros conhecedores da Astronomia e da Astrologia. Os astros já tinham revelado o futuro do casal, o número de filhos etc; era costume se dar bastante importância a essas adivinhações. Mas a Dama de Tuíti, como já estava inteirada do seu destino, não se interessou.

O Sumo Pontífice estava todo de branco e ouro, rodeado pelos curumins com os seus corpinhos nus e reluzentes. Cada um deles, meninos e meninas, futuros sacerdotes e sacerdotisas, trazia nas mãos recipientes de barro contendo pétalas das flores exóticas daquela terra e sementes de trigo, com o propósito de jogar nos noivos no final da cerimônia, costume que até os nossos dias é executado. Em frente do oficiante estavam os noivos, igualmente com as túnicas brancas com fios de ouro, cheios de vida e felicidade. Nesse momento, ao comando de AkRON, o curumim Harmakipa pronunciou bem alto o nome que a noiva receberia como Sacerdotisa de Ísis: Ihamanaya. Assim, Orentóthis chamou por Ihamanaya e ela se voltou para ele. Tinha, entre as suas mãos, o cântaro de barro cheio de água, enquanto o noivo tinha, igualmente entre as suas mãos, o cântaro que continha o vinho. Caminharam lentamente um para o outro com os cântaros à altura do peito, bem firmes, e, ao se encontrarem, estes se entrechocaram, partindo-se. A união se realizava ali, à vista de todos, com o simbolismo dos cântaros partidos e o vinho se misturando com a água, mistura essa que ninguém mais conseguiria separar. Nesse exato momento, o coração de Orentóthis pulsava rápido,

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cheio de esperanças, e o coração de Ihamanaya sentia, bem no fundo, o sofrimento de um amor sofrido. Como Ihamanaya, era ela a felicidade de Orentóthis; mas, como Dama de Tuíti, seria o bálsamo para todos os corações partidos. A música e as danças continuaram até os nubentes se recolherem sob a chuva de pétalas de flores e sementes de trigo, que eram os augúrios de prosperidade. Os convidados festejariam por mais três dias o acontecimento, como era o costume.

Em meio aos convivas se encontrava um próspero mercador. Era um sábio em relação à navegação e um profundo conhecedor e amante de todos os mares existentes. Esse homem, depois de uma longa conversa com AkRON, requereu imediatamente o seu ingresso para o Templo. Abandonou tudo — mulher, filhos e riquezas — com o intuito de ingressar nas fileiras dos Sacerdotes de Amon. A conversa com o Sacerdote Faraó nunca foi conhecida, mas o seu nome ficou indelevelmente registrado como Arkhems.

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O FESTIVAL DA DÁDIVA

O 6º dia de Toth, primeiro mês do ano egípcio, era um dos dias mais ansiosamente aguardados. Aguardado pelo povo, devido a sua grande fé; e pelos Sacerdotes, devido à necessidade de proverem os depósitos de cereais, víveres, peixes, bebidas, enfim tudo o que pudesse ser dadivado para o sustento deles e de todo o Egito. Precavidos, eles mantinham em reserva o alimento para todos. Essa era uma das primeiras razões desse dia ser tão propalado e mantido como tradição. Eram intimados a não faltar, pois, nessa ocasião, fazia-se também o recenseamento. Portanto, nesse dia se misturavam todas as classes para, unidas, mostrarem a sua generosidade com os menos favorecidos, numa irmandade que ficava bem distante da realidade.

Naquele tempo não se conheciam as quatro estações do ano. Aos egípcios interessavam somente dois acontecimentos vitais: a enchente e a vazante do rio Nilo, por isso mesmo chamado de o Rio da Vida. Alguns acreditavam que esses acontecimentos eram regidos por Nut, a lua; outros achavam que esses dois pontos vitais se descontrolavam, ou não, devido ao merecimento das ofertas feitas nesse Dia da Dádiva. Em virtude disso, seria um crime praticado contra todo o país se alguém não ofertasse o que tivesse conseguido de melhor durante aquele ciclo de Rá. A classe sacerdotal impingia a crença de que eram eles, os Sacerdotes dedicados a Nut no Templo de Denderah, quem controlavam esses acontecimentos cíclicos.

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Ocorre que existia grande distância entre a sabedoria dos sacerdotes e a do povo, muito mais ainda em se falando dos sábios do Templo de Denderah. Esses sábios, que descendiam dos Seres Divinos que habitaram entre os homens no início da Atlântida, dedicavam as suas vidas ao estudo dos céus. Possuíam aparelhos sofisticados e, por isso, conheciam com exatidão todas as conjunturas astrais, todas as influências delas, principalmente as da lua; sobre tudo e todos. Com muita exatidão, sabiam eles dessa influência sobre o movimento das águas do Nilo.

O programa do dia das festividades da Dádiva era extenso. Essas festividades coincidiam com o período da enchente, em que não se poderia fazer nada a não ser esperar a vazante. Então, enquanto durasse a enchente, comemorava-se por tempo mais ou menos longo. Uma das partes do programa consistia em serem anunciadas, ao povo, as previsões para o ano que se seguia, a partir daquele dia. Era previsto o número de enchentes ou vazantes, a fertilidade das plantações, as pragas, as doenças ou a prosperidade dos rebanhos, a colheita do trigo etc.

Assim, o povo, na sua grande ignorância, orientava-se estritamente dentro dos preceitos determinados nesse dia. Acreditava que eram esses sacerdotes de Denderah quem comandavam e controlavam inteiramente as águas do Nilo, o que fugia aos limites em que eles realmente operavam. Por essa razão, dentre tantas, a casta sacerdotal dominava o povo e, reconhecidamente, isso era necessário em se tratando de tanto atraso e ignorância. Acreditava, o povo, que se não produzisse o que lhe fora exigido, cairia no desagrado do Faraó e no próximo período seria castigado com a falta d’água, vital para o país que quase não tinha chuva. O que tivesse vida dentro do Nilo era rigorosamente controlado pelos sacerdotes, que não hesitavam em tornar sagrado o animal que corresse

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perigo de ser exterminado. O crocodilo, muito importante na oxigenação das águas, foi declarado sagrado e, portanto, intocável.

No intervalo entre as datas das comemorações do Dia da Dádiva, o costume era decidir-se sobre as oferendas das vidas humanas; isso porque havia também os sacrifícios humanos. No seu barbarismo, acreditavam que assim saciariam os desejos da deusa NUT, livrando-os da sua fúria pelo período de um ano. Entretanto, a casta sacerdotal permitia o sacrifício humano somente para satisfazer a parte animalesca daqueles ignorantes. Essa era a parte do programa que se aguardava com ânsia mal contida.

Para isso, armava-se uma arena, onde era colocado um colosso na forma de uma deusa sentada com os braços estendidos para frente. Desses braços enormes, feitos de maneira a serem encharcados com combustível altamente inflamável, sairia o fogo para o sacrifício. Os corpos eram atirados nos braços da deusa NUT, enquanto durasse o fogo. Terminadas as chamas, acabaria a oferta a dadivar e as pessoas restantes ficariam nos templos para executar os serviços mais comezinhos. Eram homens, mulheres e crianças, exclusivamente do meio mais baixo do povo. Essas infelizes criaturas eram os enfermos, loucos ou rejeitados pelos seus familiares.

Os sacerdotes não se interessavam por essa cerimônia e não tomavam conhecimento de quem era, ou não, sacrificado. Só intervinham em duas situações: para que ficassem, sem morrer, os melhores dentre eles para os seus serviços; e também quando o número de pessoas para o sacrifício fosse pequeno. Neste caso, eles diminuíam o tempo das chamas nos braços da deusa para assim lhes sobrarem mais serviçais.

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Esses braços eram reconstruídos em seguida a fim de que, no próximo ano, voltassem a funcionar.

O povo chegava ao local do Templo dedicado a NUT, em Denderah, por diversos meios de transporte: camelos, cavalos e principalmente embarcações de portes diversos. No 6º dia de Toth, todos teriam que obrigatoriamente estar no local desde a antevéspera, pois, a partir da véspera, ninguém mais poderia transitar, nem pelos caminhos nem pelo rio. Assim teria que ser porque, na véspera, a corte e a sua grande comitiva — que incluía o Sumo Pontífice, os Conselhos Temporal e Religioso, o Conselho Secreto e também os convidados de honra — saíam na maior procissão aquática presenciada por olhos humanos.

Assim foi naquele 5º ano do reinado de AkRON. A barca real, que era a sua, ia na frente. Dentro dela estavam: a sua mãe FLOR DE LóTUS, assim chamada; MENHENÚFIS, o seu acólito permanente, e o Conselho dos Vinte e Um. ASTRAkON, seu pai muito amado, já havia entrado na grande Luz antes de MENHENÉS.

A ornamentação das barcas era de tal grandiosidade e cores que não se poderia descrever. Tudo ali resplandecia entre os raios solares e a profusão das cores. Como sabiam utilizá-Ias! Eram maravilhosas, vivas, combinadas entre si, de um bom gosto artístico fabuloso. A frente dos barcos era detalhada com figuras de deuses e deusas recebendo as oferendas do Faraó e dos grandes Hierofantes. A comitiva se estendia por toda a extensão do rio entre Tebas e Denderah. Por tradição, era no templo de karnak, em Tebas, que se reuniam para dali partirem. A distância entre Tebas e Denderah era percorrida navegando-se um dia e uma noite, se tudo corresse normalmente. Os remadores, homens vigorosos, cumpriam a sua tarefa com muita disposição, alegria e vigor.

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Essa alegria era traduzida nas canções entoadas por eles, ao ritmo de cada remada.

O Sumo Sacerdote Faraó vinha, como sempre, calado, recolhido e meditando. Meditava nas aberrações daqueles costumes e quanto mais os analisava, tanto mais se decidia por mudá-los. Para ele era uma profanação utilizarem o Templo de Nut, em Denderah. Mesmo que ninguém penetrasse no Templo, pois tudo era feito nos espaços ao redor do mesmo, Ele não se conformava e pretendia inovar a maneira de se realizarem essas cerimônias. Nos subterrâneos era onde Ele e todos os outros haviam recebido a Iniciação para os pontos do Hierofante. Por isso, era o local dedicado ao que havia de mais sagrado e oculto nos seus conhecimentos. Foi com ele pensando assim que a sua comitiva aportou na entrada do Templo; e só bem longe dali é que se movimentava a turba. A entrada dos barcos reais não seria, portanto, perturbada de forma alguma.

Depois de uma alimentação frugal, o Faraó Sacerdote se recolheu aos seus aposentos para o descanso merecido e não mais foi visto até a hora em que teria que oficiar a cerimônia de abertura do festival do Dia da Dádiva.

Causou impacto e estranheza AkRON não se apresentar com a coroa real. Ao invés do Faraó, viram todos diante de si um homem quase desnudo, coberto por uma tanga e um peitoral, vestimenta usada para a intimidade nos dias de grande calor. Muitos que já tramavam a sua queda reforçaram os seus pareceres, induzindo outros para os mesmos objetivos, pois todos se sentiram ofendidos. Teria o Faraó enlouquecido? AkRON se dirigiu para a arena dos sacrificados, acompanhado sempre pelo fiel Conselho dos Vinte e Um e pelo fiel companheiro, o Hierofante MENHENÚFIS, que também estava surpreso. Diante dos braços da deusa, que esperavam só por um sinal seu para

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virarem grandes tochas flamígeras, Ele parou e de pé, quase aos gritos para ser ouvido por todos, mandou que trouxessem as vítimas daquele ano. Estas estavam amarradas, pé com pé entre si, para não fugirem. A princípio, não se entendeu o que se passava, pois nem mesmo se conhecia aquele homem que dava aquelas ordens absurdas. Mas, por intercessão dos sacerdotes presentes, foi restabelecida a ordem entre o povo e a fileira dos desgraçados se adiantou. Cena igual jamais seria vista! A corda com que estavam amarrados começava a ser cortada com fúria por AkRON. Quando perceberam, os sacerdotes se puseram a ajudá-Io. Parecia inacreditável ver aqueles dignitários se curvando diante daqueles pés para cortarem a corda que os prendia. Não se soube, nunca, como apareceram tantos punhais para aquela inesperada cena em tão poucos minutos! A verdade é que em pouco tempo estavam libertos e, naquele ano, o número deles era bem grande.

Foi então que o silêncio pesou sobre todos, paralisando-os. O Faraó Hierofante fez um gesto com as mãos, e a multidão dos condenados para o sacrifício avançou para o colosso e começou a derrubá-Io. Ninguém se mexeu. Quando tudo terminou, só se ouvia o murmulhar das águas do Nilo. Foi nesse momento que se encararam — as vítimas e o Faraó Sacerdote, o libertador. Não houve dúvidas. Pareciam movidos por uma mola comandada. Ao mesmo tempo, juntaram-se ao redor dele e, aos gritos e aos prantos, alisavam-no, abraçavam-no, beijavam-no, acarinhavam-no não respeitando nada! Queriam tocá-Io, fosse como fosse e onde fosse. Principalmente, queriam beijar-Ihe os pés. Ninguém ousou impedir, por medo de ser trucidado.

AkRON se deixava amar sem resistência alguma, com as lágrimas quentes se misturando com as daquelas infelizes criaturas. Por fim, como que saciados, como que retornando a si, talvez movidos pelo medo de algum castigo, foram se

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afastando, formando um círculo e no meio ficou o Rei Sumo Sacerdote. Altivo na sua nudez, com a cabeça raspada, na sua profunda bondade, serenamente, ele pediu que prestassem atenção. Foi se transfigurando, parecendo que o Homem não pertencia mais a este plano, tal a aura luminosa que o envolvia!

A noite já descia; somente o acólito MENHENÚFIS se aproximou dele e se apressou em tomar notas do que iria ser falado. Então se ouviu, pausadamente, num tom de voz muito doce e plangente, como num encantamento, o ditado para o povo sofrido, amargurado e compungido — a prece do Pai-Nosso:

“PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU.PAI NOSSO QUE ESTAIS EM TODOS OS CORAÇÕES.

PAI NOSSO QUE RESIDE NA TRÍADE INFINITA E PERPÉTUA. VENHA A NóS O VOSSO REINO.

VENHA A NóS A VOSSA INFINITA SABEDORIA.VENHA A NóS O VOSSO IMENSO AMOR.

JET AMON!”

Pela primeira vez, os humildes foram despertados para as palavras — PAI NOSSO. Para aquele povo oprimido, o Pai sempre foi dos afortunados e nunca deles. Ouviram que o Pai estava em todos os corações e que, para eles, poderia vir o amor desse Pai. Se tinham o amor do Pai em seus corações, já não se sentiam tão rejeitados e infelizes. Parecia que um bálsamo milagroso ia sendo, de gota em gota, derramado sobre as suas cabeças, libertando-os dos grilhões que há tantos séculos os prendiam, por falta de alguém que lhes estendesse as mãos piedosas. Todos os presentes, amigos ou inimigos de AkRON,

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tiveram consciência de que as cerimônias do Dia da Dádiva nunca mais seriam como antes. Não o foram mesmo!

Em silêncio ouviram e em silêncio permaneceram até o Faraó se retirar para o interior do Templo. Retirou-se, sem olhar para ninguém nem falar com ninguém, e foi diretamente ao encontro de sua mãe, que o aguardava para lhe oscular a testa na altura do Olho de Hórus. Nessa noite, adormeceu sem notar e foi um sono profundo e sem sonhos.

Na manhã seguinte mandou gravar as novas regras para as festividades do Dia da Dádiva, dali para frente. Haveria a dádiva, sim! Todos deveriam dadivar, nessa mesma data, o que de melhor possuíssem. E o que todo Ser Humano possui de melhor é o seu próprio interior. Dadivassem, em primeiro lugar, as suas vidas corretas e perfeitas; depois, aquilo que cada um achasse que deveria ser ofertado para o bem de todos. Ficaria proibido qualquer sacrifício humano ou animal. Ao invés desses sacrifícios, deveriam começar a ter por hábito ofertar somente flores para as Divindades. Recomendava ainda que em todas as tardes, ao cair da noite, como lembrança daqueles últimos acontecimentos, se reunissem — famílias, amigos, companheiros de trabalho, com quem fosse possível — naquela volta do relógio d’água, para repetirem as palavras do Pai-Nosso.

A última recomendação foi uma ordem para a casta sacerdotal. O lema de aí para frente seria: primeiramente compreender, depois receber e por último distribuir.

A expectativa era grande para verem novamente o Sumo Pontífice. Finalmente, ele se apresentou todo paramentado com as vestes sacerdotais: o peitoral em formato de triângulo na cor verde e, na cabeça, com a majestosa mitra de formato cônico, não muito alongado, de cor azul. Esse cone achatado

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era circundado por cinco anéis de ouro formando uma espiral, que significava os cinco graus do Sacerdócio. Ladeando e sobre as orelhas, os dois cornos do Carneiro Sagrado de Amon, simbolizando o signo daquela Era. No meio da mitra, na frente, havia uma esmeralda triangular de onde saíam duas penas brancas. Esses símbolos eram: a esmeralda — o Olho de Hórus que nunca se fechava, representando também a Sabedoria Hermética; as penas — as armas do sábio que, pela sua leveza e sutileza, tudo venciam. Tinha ainda, o Sumo Pontífice, a barba postiça da cor de terra, com sete degraus, representando os sete pontos do Hierofante. Nas mãos trazia o Hank — símbolo da Vida — e o Pink — simbolizando o seu poder real.

Todos aliviados se apressaram em saudar o Sacerdote que tão majestosamente se apresentava, impondo-lhes o amor para uns, o temor para outros, mas a todos, principalmente, o respeito exigido por ele — insigne expressão do mais alto cargo que um homem poderia alcançar naquela terra. Com uma pequena reverência, sobranceiro, mas respeitoso, AkRON se encaminhou para cumprir as obrigações sacerdotais diante da ara que, naquele instante, começava a se iluminar pelos raios oriundos da estrela Sírius, da constelação do Cão Maior. Esses raios, sabiamente e por cálculos exatos, incidiam naquele altar que se encontrava na mais completa escuridão, através de um orifício na parede do Templo de Denderah.

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SUBAHAJAH E KARNAK

Voltemos a Tebas, conhecida hoje como Lúxor. Depois de toda a metade desse reinado (quatro ciclos de Rá, mais ou menos), vamos encontrar kARNAk, primo-irmão de AkRON, em um desvario da ânsia do poder, envolvendo consigo centenas e centenas de criaturas que almejavam as graças perante o Faraó, que ele se obstinava em ser. Declinara do cargo de Conselheiro junto ao Faraó, seu parente, e vivia com a ideia fixa de assumir o poder.

Já SUBAHAJAH, seu tio, aceitara sua nomeação como Chefe de todos os exércitos do reino, cargo este de que muito se orgulhava. Mesmo assim ocupado, não se descuidava de estar atento ao plano que urdia conjuntamente com o seu sobrinho predileto, que seria a mola-mestra da intriga que culminaria dali a bem pouco tempo.

Naquele plano diabólico, urdido sem pressa, estudou-se, com cuidado premeditado, o comportamento de um por um daqueles que necessitariam para a sua vitória, haja vista os membros do Conselho dos Cento e Onze, que já estavam todos, ou quase todos, em suas mãos. Quanto aos exércitos, agora sob o seu comando máximo, ele se responsabilizaria por eles. Não haveria problemas. kARNAk nunca deixou de se sentir como um rei e à sua volta muitos já o respeitavam, secretamente, como tal.

Dali de Tebas partiria a ordem — como partiu, justamente depois de sete anos de reinado do 1º Faraó (AkRON) da 2ª Dinastia —, ordem de prisão e de morte, que foi decidida em

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uma última reunião secreta do Conselho dos Cento e Onze — o Conselho Temporal —, no qual um deles, o Decano Sacerdote karmeth, deu o seu voto em contrário. Despachada a ordem e de prontidão todos os exércitos, AkRON foi arrancado do feliz aconchego do seu Templo e jogado nas masmorras subterrâneas, tendo por companheiro seu fiel acólito MENHENÚFIS. Foi amordaçado, foi espezinhado! Era o último dia de Epagômenes (28 de agosto) do 7º ano de reinado da 2ª Dinastia, aquela logo após o reinado do Faraó MENHENÉS. Ele foi vigiado e guardado como um indesejável.

Nessa ocasião, um soldado, burlando a vigilância, chegou até o cárcere e se comunicou com o prisioneiro, alertando-o de que seria sacrificado pelo fogo. Para um povo como aquele, não se preservar o corpo, como era a tradição, seria a maior das humilhações. Na volta, esse homem, que se chamava Arknor e que tinha por esposa Sandah, encontrou pela frente o fio de espadas e partiu antes mesmo do prisioneiro, pelo crime de ter se comunicado com ele.

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O SACRIFÍCIO

Em Tebas não reinava a tranquilidade que à primeira vista parecia. As Sacerdotisas, aos poucos, iam se enfronhando nos acontecimentos que ali, bem debaixo dos seus domínios, estavam se desenrolando. Umas porque estavam insatisfeitas, outras por curiosidade, mas, finalmente, a maioria absoluta se decidia pelas fileiras do príncipe que fora relegado a segundo plano. Este levava a vida rodeado por pessoas que já o consideravam Faraó.

Pela rotina diária não se percebia nada. Tudo se processava de acordo com as tradições. As Iniciações femininas continuavam. Os cultos eram religiosamente executados por Sacerdotes compenetrados, que subiam de Mênfis para essas ocasiões. Alguns se admiravam ao ver o príncipe kARNAk muito recolhido, não se ocupando mais com as danças, que tanto o agradavam, nem com as caçadas às hienas. Viam-no sempre jogando em tabuleiros grandes, nos quais se travavam verdadeiras batalhas; mas isso disfarçava a grande batalha em que, na realidade, ele estava empenhado: a queda do Rei egípcio, seu primo.

Estranho era que os componentes do Conselho dos Cento e Onze, quase sempre, estavam viajando para Tebas. Caso se prestasse mais atenção, notar-se-ia que eles estavam desligados da rotina de suas reuniões tradicionais, em virtude de uma grande maioria deles estar frequentemente ausente de Mênfis.

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Mais estranho ainda era MENHERTETH, da Câmara das Imagens, ser também raramente visto em seus domínios. Desculpava-se da ausência por intermédio dos seus filhos, que ficavam de guarda das imagens. O próprio ar que se respirava estava impregnado de muitas coisas estranhas.

Estranho também SUBAHAJAH, chefe dos exércitos, estar sempre no meio da soldadesca, confabulando daqui, agradando dali. Estranho esse chefe tão liberal com os seus subordinados! Igualava-se, ombro a ombro, e não havia mais hierarquias. “É como se fosse um pai para nós”, diziam todos, satisfeitos e convictos de que era necessária a mudança do Rei. O mais difícil foi com aqueles que pertenciam à guarda particular do Faraó: SUBAHAJAH os substituía constantemente, alegando cuidados exagerados com a proteção do Rei. Com essas substituições constantes e com um trabalho penoso de catequese, no final, aqueles que formavam tal guarda já pertenciam, de corpo e alma, ao movimento encabeçado por kARNAk.

A grande dificuldade foi com Nefáris que, em hipótese alguma, concordou com os planos de traição. Ela tinha o seu orgulho, era compenetrada da importância do seu cargo de Chefe das Sacerdotisas e também amava com sinceridade o seu Rei e Senhor. Por isso, foi a primeira vítima daquela trama. Em uma manhã, aos primeiros raios de Rá, Nefáris se dirigia sozinha ao lago sagrado do Templo de karnak para o seu banho de purificação e a saudação ao Sol, que estava majestoso naquela hora, quando, sorrateiramente, um Sacerdote se aproximou e não teve dificuldade nenhuma em asfixiá-Ia e afogá-Ia nas águas tranquilas do lago artificial. A seguir, substituíram-na por outra mulher muito parecida com ela. Desta forma, caso não se observasse bem, não se notaria diferença entre as duas.

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Desencadeada a crise, as coisas foram se sucedendo paulatinamente sem ser esquecido detalhe algum. Os que resistiam, e que não eram muitos, iam sendo eliminados. Não eram muitos porque eram prometidas coisas fantásticas e mirabolantes; e todos, nas suas aspirações inconfessáveis, deixavam arrastar-se por essas promessas. Para MENHERTETH, que sempre aspirou em segredo, no íntimo, a ser ungido Sacerdote, foi-lhe prometido isso, mas nunca conseguido. A outros supersticiosos eram incutidos medos que fugiam à compreensão deles. Na verdade, envolvida pelas tramas e exacerbada por propósitos egoístas, a maioria dos que ocupavam cargos de confiança já se achava decidida pela traição.

Como poderiam esses acontecimentos estarem ocorrendo sem que AkRON ou MENHENÚFIS percebessem? Diríamos que, primeiramente, eles viviam muito mais para as atribuições religiosas do que para as mundanas, atribuições estas sempre delegadas a outras pessoas julgadas de confiança e que se mostraram indignas delas. Somando-se a isso, o Sacerdote Faraó não tinha sido preparado para as intrigas do reino e, mesmo, se esquivava a essas mesquinhas confabulações. Mantinha-se sempre afastado do convívio geral porque se julgava muito mais o Sumo Sacerdote de Amon, portanto, intocável, do que o Faraó que todos queriam tocar, de uma forma ou de outra, em demonstrações de carinho. Ele fugia aos compromissos mundanos, pois julgava que assim estava se preservando dos contatos de mãos hereges. E como celibatário, não tinha a seu lado uma rainha que, como mulher, seria bem mais astuta para perceber o que acontecia ao redor deles. Enfim, Ele e a Sombra, também muito mais Sacerdote do que homem da corte, eram sem vaidades, não possuíam maldade, não concebiam nunca a traição, mesmo porque os traidores eram sangue do mesmo sangue. Em suma, não percebiam o que acontecia em volta deles, porque já estava predeterminado,

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por ANÚBIS, o sacrifício de AkRON. Como julgar tão grande desígnio?!...

Os dias foram se passando, sucedendo-se em semanas, meses e anos. Encontramos kARNAk e SUBAHAJAH confidenciando entre si: “Temos motivos para nos orgulhar. Aqui para este Templo convergem todos os fios. Este Templo parece uma fábula e as ligações todas estão em nossas mãos”. Com essa certeza, SUBAHAJAH, chefe absoluto dos exércitos neste 7º período do reinado de AkRON, da 2ª Dinastia, expediu o seguinte comunicado aos seus subordinados: “Apresentem-se todos aos seus superiores imediatos e permaneçam de prontidão. Se as ordens de apresentação não forem cumpridas, agiremos com todos os meios que estão ao nosso alcance. A recusa de prestar obediência aos exércitos do reino será punida com a morte. Mandarei decapitar qualquer desertor ou insubmisso.”

Ordem clara e categórica! Para aqueles que se iludiram com o companheirismo e a bondade desse chefe, tudo ficou esclarecido quanto aos seus propósitos. Mesmo surpresos, ninguém ousou desobedecer tal ordem.

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O DOCUMENTO

Reunido pela última vez nesse final de reinado, o Conselho dos Cento e Onze — com as presenças de kARNAk, SUBAHAJAH e ainda MENHERTETH que, já sendo íntimo da falsa Sacerdotisa Nefáris, participava ao lado dela nessa reunião — assinou a sentença de morte, pelo fogo, para AkRON, seu Sumo Pontífice e Rei.

O decano deles, pela vez primeira, deixou de ser ouvido e as suas palavras se perderam naquele recinto, onde, nervosos, todos tratavam de ultimar o documento que seria levado para Mênfis. Mesmo assim, Karmeth, o decano, gritou até perder a voz e as forças e, tomando AMON por testemunha, declarou que não participaria daquela trama. Não lhe deram maiores atenções devido à sua adiantada idade. Os mais jovens, como Nerhoreb e Nerkapta, achavam que ele delirava e que não representaria perigo algum aos seus planos. Por isso, karmeth foi renegado ao esquecimento e mal maior não lhe aconteceu.

Muitas voltas do relógio d’água se passaram até que o documento ficasse redigido de uma forma astuta, convidando o Faraó para comparecer a uma cerimônia fictícia. Depois de pronto o documento, não viram mãos de maior confiança do que as de MENHERTETH para, no seu retorno a Mênfis, fazê-Io chegar ao destino.

O documento era mais ou menos isto: primeiramente se contava que um sacerdote, talvez fora do seu juízo perfeito, chamado Olofar, havia introduzido na Câmara Secreta

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(espécie de Santo Santorum) a figura de Basth, o gato, e o havia entronizado perante a Ara principal e sagrada. Depois o havia incinerado no fogo da pira, não menos sagrada. Contavam ainda que isso fora feito durante a vigília da noite e que ninguém se deu conta, a não ser quando, pela manhã, o próprio sacerdote insano veio vangloriar-se do seu feito. Imediatamente, os santos sacerdotes que guardavam aquele Templo pertencente às Sacerdotisas cercaram todas as entradas para aquela câmara, onde ninguém mais penetrou. Na câmara, o fogo da pira já se encontrava apagado e, dentro desta, achavam-se as cinzas do gato — a representação do mal. Por todos esses infaustos acontecimentos, depois de convocados para aquele local, o Conselho dos Cento e Onze, juntamente com o Conselho dos Duzentos e Vinte e Dois — o religioso —, reuniram-se várias vezes até que, em uma última reunião, ficou resolvido que comunicariam isso à sede do Pontificado. Humildemente solicitariam a presença do Venerável Sacerdote Maior, Sumo Pontífice Faraó, pois decidiram que a não ser Ele — Sua Santidade —, ninguém poderia corrigir esse gravíssimo erro cometido perante a Ara, naquele sacrossanto lugar. Comunicaram ainda que já haviam aplicado o merecido castigo a Olofar, que fora queimado depois de seu corpo ter sido mergulhado em azeite fervendo.

Esses acontecimentos foram reais, a fim de se dar maior veracidade ao convite que era feito para o palácio em Mênfis. Olofar só aceitara essa incumbência porque era cunhado de kARNAk, pois partira o cântaro com uma irmã do mesmo. Por isso, confiava cegamente no príncipe destronado. Que ingenuidade! Pagou bem caro por tudo aquilo que em princípio havia pensado: que a sua luta seria por uma causa sublime e bem mais elevada do que a profanação de um local santo.

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A PIRA

A pira, que permaneceu por longo tempo apagada, só foi acesa depois da coroação de kARNAk, em uma linda noite de lua cheia, aproveitando-se as cerimônias feitas à Divina NUT. Quem a acendeu foi uma Vestal que, até então, se encontrava na obscuridade, mas astuciosamente se fez aparecer, relacionando-se primeiramente com o Sacerdote Olofar e, por intermédio deste, com kARNAk. Em consequência, era bem vista por SUBAHAJAH e por MENHERTETH. Foi kARNAk, mais tarde como o Faraó Atóthis, quem a indicou para ser a Primeira-Vestal, na Ala das Vestais daquele Templo. Talvez ela não tivesse consciência de quão maldita era aquela pira e de quanto mal traria, para ela e para os demais, a força daquele fogo. Ela se chamava Zanuar, filha da influente Sacerdotisa de Ísis — Noreya — e do Sacerdote de Osíris — Akheper-Hik-Nor.

Noreya tinha também um filho chamado Skermeth, que abandonou o Templo para se juntar a uma mulher estrangeira.

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O CONSELHO SECRETO DOSVINTE E UM

AkRON recebeu a mensagem com o selo e o lacre do Chefe dos Exércitos, bem como do representante do Conselho dos Cento e Onze — o temporal — e do representante do Conselho dos Duzentos e Vinte e Dois — o religioso. Convocou ele imediatamente a reunião do Conselho Secreto dos Vinte e Um, que juntamente com MENHENÚFIS, a Sombra, assistiram a abertura daquela correspondência e ouviram a sua leitura.

A primeira reação do Faraó foi de indignação, não só contra o sacerdote faltoso, que não mais existia, mas também contra todos os responsáveis pelas coisas sagradas dos seus Templos. Como poderia ter acontecido aquilo? Fugia à compreensão de todos ali presentes. Urgia partir imediatamente! Decidiu sem mais delongas e indicou alguns do Conselho dos Vinte e Um para se responsabilizarem e responderem pelos encargos em sua ausência, que acreditava seria breve.

Ele e MENHENÚFIS, seu acólito, acompanhados somente de alguns serviçais, partiram imediatamente. E quando a barca real se pôs a caminho, um sorriso iluminou o rosto de MENHERTETH, que se encontrava muito apreensivo antes de saber o resultado de sua missão. Então dera certo! Faltaria apenas transmitir a ordem de prisão a todos os Sacerdotes componentes do Conselho Secreto dos Vinte e Um, ordem esta executada com precisão pelo chefe da guarda pessoal de AkRON. E mesmo antes de o Faraó aportar em Tebas, os Sacerdotes Maiores do misterioso Conselho já se achavam aguardando suas execuções, sem maiores esclarecimentos e sem a possibilidade de alguma reação. A única atitude foi

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tomarem uma dose mortal do veneno que traziam consigo para ocasiões especialíssimas como essa. Agiram dessa maneira, sem muitas especulações, para não correrem o risco de serem torturados e terem que revelar o esconderijo da Arca Sagrada.

Essa Arca Sagrada, toda de ouro e cobre, continha a gravação, em papiros ou em pedras, dos direitos sagrados e humanos, dos regulamentos judiciários, dos cultos à Divindade e suas manifestações, das regras para os sacrifícios e principalmente o que havia de mais oculto: os 14 pedaços contendo os Arcanos Sagrados. Continha tudo sobre a magia, a medicina etc. O guardião dela era o dedicado e sábio Sacerdote Ato-Himba-Yorihimbah, que, com o mais velho deles, Oren-Hatu, liderou os seus companheiros naquela hora derradeira. Assim, partiram sem dar trabalho ou preocupação a ninguém. Tudo corria perfeitamente, sem maiores tropeços.

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O DESEMBARQUE DE AKRONEM TEBAS

E sem maiores tropeços, desembarcaram os dois Sacerdotes. Preocupados, sim, mas à vontade, pois se encaminhavam para os seus domínios e para o encontro de parentes de sangue. Estranharam o silêncio que reinava, apesar do movimento intenso que se observava naquele espaçoso Templo em Tebas. Foram direto para a residência de kARNAk, que morava com o tio de ambos, SUBAHAJAH. Foram de peito aberto, apressados, cabeças ao vento, sem suspeitarem que os seus algozes, tal como víbora das areias do deserto, espreitavam-nos para darem o bote final.

Entraram, sentaram-se e lhes foi oferecida água fresca para mitigarem a sede. Estranharam que kARNAk parecia querer dizer-Ihes alguma coisa, mas tinha a voz presa, embargada. Quem assistisse àquela cena teria a impressão nítida de que, se não fosse o apoio de SUBAHAJAH, o príncipe naquele momento iria fraquejar e se omitir diante do seu primo-irmão, talvez pela sinceridade daqueles dois ali na sua frente. As palavras lhe saíram em atropelos; disse ele a AkRON que se considerasse sem liberdade para se movimentar e que já era tido como indesejável entre eles. Foi então que SUBAHAJAH falou pela primeira vez naquela manhã clara e límpida e assumiu o comando em relação ao prisioneiro.

Descrever o que AkRON sentiu seria impossível! Palavras humanas seriam muito pobres para se falar sobre o que se passou naquele íntimo. Com a mente em turbilhão, ele só se lembrava do sonho que tivera com MENHENÉS. Este tentava lhe prevenir sobre os acontecimentos, mas não era para alertá-lo

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no sentido de se proteger — era pedindo que ele aceitasse, sobre os ombros, o peso da podridão de toda uma época.

MENHENÚFIS estava petrificado! Estariam mesmo ocorrendo aquelas coisas absurdas ali sob às suas vistas? Num raciocínio rápido, AkRON pediu que a prisão não se desse ali. Que o deixassem voltar a Mênfis, para o aconchego do seu Templo querido e para a sua adorada Ara. Antes, porém, pediu para entrar na câmara onde Basth, o gato, fora sacrificado. Levaram-no pressurosos e lá dentro, ele implorou à Divina Mãe o perdão para aqueles que violaram aquele local sagrado. MENHENÚFIS o acolitou em silêncio e em seguida declarou, peremptoriamente, que seguiria o seu Sumo Pontífice para onde ele fosse. Muito sutilmente se teve a impressão que os dois traidores alimentavam alguma esperança daquele sacerdote se passar para o lado deles. Logicamente não o conheciam! Para eles seria bem mais cômodo ter o acólito ao seu lado a fim de que pudessem se justificar, se isso fosse necessário. Alguém tão ligado à vítima e que no último momento a abandonasse, seria ótimo para os dois traidores.

— Desejo morrer com o meu Rei, declinou MENHENÚFIS.

— Bem, se este é o vosso desejo, estejais certo de que vivereis para presenciar a morte do destronado, afirmaram os algozes.

Mais tarde, MENHENÚFIS percebeu o quanto foi necessário que a sua vida tivesse sido poupada. Este sacrifício imenso de ficar vivo com o propósito de presenciar os horrores de um assassinato teve a sua recompensa, quando ele entendeu que era o emissário do próprio AkRON para a causa mais sublime que resultou dos sofrimentos de ambos: o início da ORDEM DAS ALMAS FRATERNALMENTE UNIDAS (O.F.O.).

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A CRIAÇÃO DA ORDEM DASALMAS FRATERNALMENTE UNIDAS

(O.F.O.)

Depois de concedida a última vontade, o Faraó AkRON pôde ver, mais uma vez, a sua Ara querida e arrojar-se aos seus pés, tendo como acólito MENHENÚFIS, que foi a única testemunha daquele momento. AkRON, como que inspirado pelo Altíssimo, criou, ali mesmo, uma Ordem. E como despedida ditou para o seu acólito as regras dessa ORDEM DAS ALMAS FRATERNALMENTE UNIDAS (O.F.O.), que conteria, dentro dela, quatro grandes Fraternidades. O número de adeptos dessas Fraternidades não teria limites, pois a O.F.O. seria criada para a Humanidade. Para que se cumprisse essa profecia, AkRON — como pai dessa grandiosa e divina Obra, nascida ali em frente à Ara principal do Templo de Amon — a selaria com a sua vida e com o seu sangue. E de tempos em tempos, através dos séculos afora, a Ordem, que em qualquer tempo teria a sigla de O.F.O., ressurgiria para os homens, vertendo, cada vez mais, o sangue do amor dividido, porque o amor dividido é mais amor. As colunas sustentadoras, por ocasião das atividades dessa Ordem, seriam os Pais Espirituais de dois Egos irmãos: o da destra — o Venerável Shri Gana, e o da sinistra — o Venerável Sahadyl. Ambos, sábios Sacerdotes do Conselho Secreto dos Vinte e Um.

A primeira Fraternidade seria a ala dos Sacerdotes, comandada por MENHENÚFIS, e chamar-se-ia FRATERNIDADE DE MENHENÚFIS. Como símbolo, teria um coração representando o amor — o seu lema. Toda vez que os cinco homens e a mulher se reunissem, como aconteceu naquele lugar, onde estivessem, estariam dando a oportunidade da Fraternidade de Menhenúfis reiniciar mais uma etapa da sua missão.

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A segunda seria a OREHUMBA-BAH, a FRATERNIDADE DAS ALMAS. Seus responsáveis, em número de cinco, trariam sempre consigo a figura do Escaravelho Sagrado. Sob a égide da Sacerdotisa de Ísis — Noreya — estaria essa Fraternidade. Toda vez que Noreya convidasse os irmãos para partirem em busca de almas de boa vontade, estaria dando a oportunidade da Fraternidade das Almas reiniciar mais uma etapa da sua missão.

A terceira Fraternidade, IRMANDADE SECRETA DOS FILHOS DE kAM, teria como patrono, designado naquele momento, SUBAHAJAH, seu tio e chefe dos seus exércitos. Isto porque queria deixar o seu perdão para aquele que, sabia, teria mais tarde o seu nome riscado, pela sua cobiça e pela sua cupidez, e que enlouqueceria até o final dos seus dias naquela existência. Essa Irmandade teria como símbolo o rastro luminoso das cinzas de um Escaravelho Sagrado. Toda vez que se queimasse um Escaravelho Sagrado no fogo da pira, seria o sinal de que se estaria dando a oportunidade da Irmandade Secreta dos Filhos de kam reiniciar mais uma etapa da sua missão.

A quarta Fraternidade, a última e a síntese de tudo aquilo que se iniciava, com o seu inaudito, mas grandioso sacrifício, chamar-se-ia FRATERNIDADE DE FLOR DE LóTUS. Seu símbolo seria o cálice, que é o Santo Graal reencontrado — o Sagrado Coração onde vibra o Cristo e que, mais uma vez, sangrará e verterá o sangue do amor dividido. Toda vez que uma imagem de AMON se materializar, é certo que se estará dando a oportunidade da Fraternidade de Flor de Lótus reiniciar mais uma etapa da sua missão.

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A IMAGEM DE AMOM

Façamos um parêntese para nos reportarmos aos dias de hoje e falarmos sobre a imagem de AMON.

Na cama confortável de um luxuoso apartamento do Hotel Sheraton em Heliópolis, no Egito, o invólucro feminino — ZORNAY — aconchegava, nos fofos travesseiros, sua cabeça. Estava cansada da longa viagem que empreendia em companhia do seu esposo MENHENÚFIS e dos seus amigos: Aktóthis e sua esposa Imnhoah. Quando foi dominada pelo sono tranquilo e reparador, começou a sonhar: viu-se diante da figura majestosa de AKRON e a primeira frase que se formou em sua mente foi:

— Pai, e a minha imagem que prometestes?

— Filha, antes que tenhais partido do Egito, tereis a vossa imagem.

Ao acordar na manhã seguinte, entre todas as indescritíveis sensações de prazer e felicidade, cheia de gratidão pela oportunidade de rever, nesta vida, a terra das suas origens, aqueIa frase martelava em sua mente: “Filha, tereis a vossa imagem.” Teria sido mesmo um sonho? ZORNAY queria acreditar que fosse realidade...

Há vinte anos, em uma data certa, na sede da O.F.O. no Rio de Janeiro, Brasil, dentro da conjuntura lunar favorável, um número correto de mulheres e homens se reuniram com o propósito de armar um cerimonial e realizar o ritual da

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materialização de uma imagem de madeira de AMON. O centro energético desse ritual era ZORNAY. Quando AkRON, por intermédio do seu invólucro masculino — SAN-SHÚ —, armou cada qual em suas posições e quando a expectativa era enorme, foi notada a falta de uma irmã que se atrasara.

O Mestre imediatamente suspendeu o ritual e chamando ZORNAY em particular, disse-lhe:

— Filha, prometo-vos que tereis a vossa imagem.

Todos os presentes ficaram cheios de curiosidade para saber o que ZORNAY ouvira naquela noite de plenilúnio. Entretanto, ela não revelou a ninguém, nem mesmo ao seu companheiro MENHENÚFIS.

Decorridos 20 anos da promessa do Mestre, começaram os quatro — Menhenúfis, Zornay, Aktóthis e lmnhoah — sua peregrinação pelo antigo país de kam, cumprindo assim mais uma sagrada missão relacionada com tudo e todos que pertencem à Venerável Ordem das Almas Fraternalmente Unidas (O.F.O.). Por não caber aqui, essa missão não será descrita. Em todos os lugares percorridos do Egito — ruínas, areias do deserto, bazares das rueIas estreitas do Cairo, museus, estátuas abandonadas —, volta e meia aflorava à mente de ZORNAY a ideia de encontrar a imagem de madeira — a prometida imagem. Às vezes a desilusão se apoderava dela, mormente quando Aktóthis lhe afirmava, com a certeza dos que sabem, que ali era impossível encontrar imagens de madeira, já que só havia pedra. No entanto, ela sabia que se não fosse de madeira, não seria a imagem prometida!... Absorvida pelas maravilhas que se lhe deparavam, por instantes se esquecia de buscar a concretização de sua esperança.

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Assim, chegaram à última noite que passariam naquela terra muito querida. O guia do grupo, Sr. Ibrahim, pessoa boníssima que deixou a todos muito saudosos quando partiram, comunicou-lhes que havia reservado, para aquela última noite, o espetáculo de luz e som nas pirâmides. Um espetáculo fascinante, no qual as luzes, como num bailado, passam de uma pirâmide para outra e delas para a esfinge, ao mesmo tempo em que se ouve a conversa entre esses monumentos, conversação longa em que falam de sua sabedoria adquirida através de séculos e séculos. É de uma beleza indescritível! Só vendo! Em cada noite se fala em um idioma diferente: inglês, francês, alemão e árabe. Justamente naquela noite foi falada em árabe, a língua nativa.

Estavam jantando antes do espetáculo, em um restaurante dentro do recinto onde ficam as cadeiras para o show, quando MENHENÚFIS manifestou o desejo de comprar uma túnica que lhe tinham encomendado. Então, o guia acertou com o porteiro para saírem. Em todo o redor se encontravam inúmeros bazares, mas, por ser a noite em que o espetáculo seria falado em árabe, achavam-se fechados, já que não esperavam turistas e comparecia, na maioria, somente o povo da terra. Mesmo assim, o guia, muito gentilmente, deu uma volta grande com o carro na esperança de encontrarem algum bazar aberto. Não conseguiram. A hora passava e não queriam perder o espetáculo.

Quando voltavam, de repente viram uma casa com meia porta aberta. Que bom! Conseguiram! Lá foram os quatro. Entraram na loja, onde ZORNAY com MENHENÚFIS se entretinham na escolha da túnica, que teria que ser azul. Escolhe-se, verifica-se o tamanho e principalmente discute-se o preço com o vendedor, que singularmente falava o espanhol. Compra feita, retiraram-se apressados, pois estava na hora.

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Imnhoah saiu também com um embrulho; ninguém lhe prestara atenção, mas ela tinha feito a sua compra.

Acomodados, Aktóthis e Imnhoah ficaram mais distantes para verem o espetáculo de melhor ângulo. Quando teve início a música, com uma lua cheia iluminando aquele enorme recinto a céu aberto, ZORNAY se lembrou:

— Mestre, vou partir e nada de imagem. — Tereis a vossa imagem, repetia a voz dentro de sua

mente.

Enquanto isso, mentalmente, Imnhoah ouvia uma voz grave:

— Essa imagem não lhe pertence. Ela pertence a ZORNAY.

Imnhoah contou depois que ouviu essa voz durante todo o espetáculo, e que ela relutava em conceber a ideia de ser obrigada a dar a imagem à ZORNAY. Entretanto, a voz era de comando, embora ela não compreendesse por que teria que se desfazer dela. Quando saíram, todos encantados com o que assistiram, ao entrarem no carro, Imnhoah passou o embrulho para ZORNAY e disse:

— Isto não é para mim, é para você.

ZORNAY compreendeu de imediato do que se tratava. Estava ali a sua tão esperada imagem. Naquele novembro de 1980, nem ZORNAY nem qualquer dos outros três sabiam do seu significado. Não sabiam que a imagem de AMON de madeira — imaginem só, de madeira! — significaria o início da Fraternidade de Flor de Lótus. Ali mesmo, no carro parado

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do Sr. Ibrahim, ZORNAY contou, em prantos, a história dessa imagem. No final, todos choravam copiosamente, inclusive o guia, que levou algum tempo para se recuperar e tocar o carro de volta para o hotel em Heliópolis. Afirmam os entendidos que essa imagem é da época de 5.000 anos atrás, ocasião em que no Egito se importava a madeira.

Bendita seja ela!Bendito e louvado seja AMON!Bendito e louvado seja o nosso Mestre e Pai!Bendita e louvada seja a Fraternidade de Flor de Lótus

que, ainda encoberta para os homens, já resplandece com toda a sua força!

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PROMESSAS FINAIS DEUMA VIDA

O Sumo Sacerdote AkRON prometeu a MENHENÚFIS os dois últimos pontos secretos do Hierofante, que a vida não lhe permitiu conceder naquela ocasião.

Por último, o Venerável Mestre AkRON fez duas promessas solenes:

Primeira — iria, a partir daquele momento, influenciar para que kARNAk se tornasse um sábio, introduzindo-o no caminho dos conhecimentos da Sabedoria Eterna. Assim, Ele deixaria patenteado o seu perdão para aquele homem. Elevado no conhecimento divino, kARNAk teria a oportunidade de se redimir.

Segunda — MENHERTETH, só depois de séculos, teria a compreensão de que, por meio do sangue do Cordeiro Imolado, estaria redimido.

Isso tudo acertado, AkRON se dirigiu para o pátio e, no escuro de uma noite sem luar, viu os preparativos que se findavam para uma fogueira que ali iria armar-se.

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A FOGUEIRA

Armar-se uma fogueira significava armar-se uma pilastra. Essa pilastra era construída com a mistura de barro e palha seca do trigo; muito mais palha do que barro. Tinha ela de diâmetro duas vezes a largura do corpo do condenado para que, quando ardesse, o corpo todo fosse envolvido pelas chamas. Era ela encharcada por um combustível altamente inflamável, cujo segredo da combinação dos elementos era bem guardado pelos sacerdotes, que assim faziam brotar fogo das pedras. Não poderiam esbanjar madeira, tão preciosa para eles.

Estarrecidos, os poucos que se encontravam viram AkRON ser amarrado naquela pilastra. Aproximou-se dessa singular fogueira o Sacerdote chamado Thum, cujo nome quer dizer: o escuro da noite.

Esse mesmo Thum, certa feita, com mais outro companheiro, retornava de viagem na qual tivera uma importante missão para desempenhar a mando de MENHENÚFIS. Como a missão fora concluída a bom termo, foi preparada uma recepção para festejarem, com um banquete, os dois heróis daquele feito. Mas os dois sacerdotes, Thum e seu companheiro Thum-Bah, não souberam ter a modéstia e a discrição que se lhes esperavam e durante o banquete não se cansaram de se vangloriar. Revelaram assim toda a trama do segredo de uma importante missão. Terminados os festejos, eles, inflamados pelo orgulho e pela vaidade, receberam o castigo decretado por MENHENÚFIS e que era o hábito da época: tiveram as suas

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línguas cortadas. Do companheiro de Thum, nada se soube, mas dele se sabe que nunca conseguiu perdoar os culpados pela sua mudez e que sempre aguardou o momento da vingança.

O momento da vingança de Thum chegara. Estava à sua frente a pilastra com o importante e tão vilipendiado Faraó. Nele e em MENHENÚFIS, Thum descarregou o seu ódio. Acendeu a tocha e tocou fogo na pilastra que, em momentos, transformou tudo em cinzas. Quando ficaram cinzas sobre cinzas, um dos presentes, sob o terrível impacto, olhou para o seu próprio corpo e viu uma chaga só; parecia que o fogo o havia atingido também. Era MENHENÚFIS que, imediatamente, foi lançado aos porões da Casa da Morte. Dali em diante, teria por incumbência a retirada das entranhas dos mortos para o embalsamamento.

Dentre os poucos que ali se encontravam, era consternador o quadro da presença da mãe do Faraó, amparada por um dedicado sacerdote de nome Arthródis. O seu filho querido a chamava carinhosamente de Lótus, a flor sagrada, e assim ela era conhecida por todos. Para o Faraó Sumo Pontífice, foi constrangedor o sacrifício de sua mãe. Mas ela nunca o havia abandonado em instante algum da sua humilde vivência e não seria nesse momento supremo que iria faltar-lhe. AkRON implorou, já amarrado na pilastra, que Arthródis não abandonasse nunca mais aquela mulher. Assim, Arthródis, como um filho, amparou-a pelo resto dos seus dias.

Outro que estava presente, mas se ocultando, pois não pertencia à ala alguma do Templo, era Aram-Hakipa, homem do povo que teve importante papel nesse sacrifício. Por razões que a própria razão desconhece, foi Aram-Hakipa quem juntou as cinzas ainda quentes daquela fogueira e as guardou com a sua genitora, de nome Nufar. Evitou, ele, que as cinzas do Santo Homem sacrificado fossem ultrajadas ou

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profanadas, ficando abandonadas ao vento. Fazendo isso, ele queimou as suas mãos e o seu sangue ficou misturado com as cinzas de AkRON. Muito tempo depois, Aram-Hakipa e Nufar, secretamente num cerimonial, lançaram as cinzas do Sumo Sacerdote Faraó nas águas do rio Nilo, que serviu de berço para aquele Avatar.

AkRON, ao contrário de MENHENÉS, foi muito mais humano do que divino e, como humano, soube tão bem compreender, perdoar e amar todos os homens. Morreu o Sumo Pontífice e 1º Faraó da 2ª Dinastia do País de kAM, e nasceu o Pai e o Mestre da Ordem das Almas Fraternalmente Unidas (O.F.O.).

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O SUMO PONTÍFICE SUBSTITUTO

A terra de kAM era dividida em 12 Nomos naquela época. Em um deles, chamado cidade de OM, hoje Heliópolis, estava o Templo da Iniciação dos curumins do sexo masculino. O respeitável Guardião desse templo era Thor-Arakiti, cujo nome significa Hórus menino. Thor-Arakiti tinha como auxiliar o seu protegido de nome Thor-A-Thor.

Os curumins eram preparados, na sua maioria, desde a mais tenra idade pelos Sacerdotes de Amon-Rá, que constituíam uma ala de sábios. O curumim, que deveria ser a continuidade da linhagem dos Sumos Pontífices, era entregue a esses Sacerdotes desde o seu primeiro vagido. Vê-se, por aí, como eram rígidos esses ensinamentos e iniciações.

Essa cidade ficava situada próxima às pirâmides e à Esfinge Sagrada; justamente por isso, esses monumentos eram, naquela ocasião, o ponto alto da Iniciação Sacerdotal. O jovem que tivesse passado pelo Templo dos Sete Portais do Sol, dedicado a AMON-RÁ, em OM, estaria completamente familiarizado com todos os segredos daquela milenar sabedoria. Por lá passou, quando curumim, AkRON, que foi tratado com toda a deferência em razão da sua linhagem divina.

Havia ali um grande e respeitado Sacerdote Maior que chamaremos de O Essênio, filho de Imnharu. Esse venerável sábio Sacerdote tomou conhecimento da morte do seu querido discípulo, o muito mais Venerável Sumo Pontífice AKRON, bem depois dos acontecimentos, pela demora que se tinha na transmissão das notícias, devido às distâncias a percorrer.

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Juntamente com a mensagem oral sobre a morte do seu Faraó, vinha uma ordem do novo Rei Atóthis para que enviasse, imediatamente, o jovem que seria elevado ao cargo de Sumo Pontífice da religião praticada. Foi assim que Harmakipa, filho de Nefer-U, mesmo antes dos 21 anos de idade, teve que assumir tão alto posto. Estava na ocasião com os seus 15 anos incompletos e se lembrava muito bem de AkRON, quando, bem criança, abrira o escrínio de MENHENÉS durante a reunião dos Conselhos.

O Essênio, que tinha por esposa a Sacerdotisa Jerus, não teve outra alternativa senão cumprir a ordem do Rei, mas não conseguiu conformar-se com a nefasta notícia sobre o Sumo Pontífice desaparecido. Na inconsciência de uma grande dor, atentou contra a própria vida, vindo a falecer sem grandes sofrimentos nos braços de seus familiares, dentre eles — Neizeth e Sandah. Teria ele um ano sideral para se recuperar. Entretanto, muito antes disso, ele foi Ben Yossuf, o Essênio Verdadeiro; e ali mesmo em HeIiópolis, em outras circunstâncias bem parecidas, recebeu em seus braços e apertou contra o peito um outro Venerável Sumo Pontífice da Humanidade: YESUS NAZARENUS. E a história se repetiu, de alguém que iniciava outro nos Mistérios da Divindade e nos Mistérios da Vida!

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O FARAÓ ATÓTHIS

O país inteiro se engalanou para a posse do novo Faraó. Alguns poucos sacudiam as suas cabeças com a intenção de jogarem fora as lembranças daquela noite terrível do sacrifício de AkRON. Nem se falava mais nisso. kARNAk, o novo Faraó, mandou riscar dos escritos em hieróglifos e em sânscrito, a linguagem sacerdotal, o nome de AkRON e se considerou como Atóthis, o 1º Faraó da 2ª Dinastia do Egito. Esse era o hábito natural dos faraós vaidosos em relação aos seus antecessores.

Noreya, como mãe da Primeira-Vestal Zanuar, foi a escolhida para o cargo de Sacerdotisa-Chefe, sendo assim, logicamente, uma escolha de grande conveniência para o novo Faraó Atóthis.

Outra providência tomada por ele foi sobre a Sacerdotisa-Chefe, aquela que indevida e criminosamente usava o nome de Nefáris. Teria ela que ser silenciada. Por isso, foi emparedada viva por ordem de Noreya, a sua sucessora. Mais um crime foi cometido em nome das coisas santas do Templo de Amon! A identidade real dessa mulher foi conservada em segredo e o seu nome riscado, para que se preservasse qualquer envolvimento nesse sentido.

Com esse Faraó veio a desordem e o caos, como se pragas fossem jogadas do alto sobre aquela terra! Foram sete longos ciclos de escuridão, torturas e injustiças. Os povos vizinhos já cobiçavam as terras do país de kAM, vendo a possibilidade fácil de conquista. Por isso, as guerras se sucederam, enfraquecendo

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os homens. A sua esposa e Rainha não teve grande expressão, por ser o Faraó muito volúvel. Essa Sacerdotisa deu um ósculo em AkRON quando este partia para a fogueira, mesmo sabendo que já era a escolhida para ser a companheira real do Faraó Atóthis.

Na ala das suas mulheres, que eram muitas, estavam as Sacerdotisas de Ísis: Surinaya, Andayah, Tankika, Ak-Ta-Them, Aktínia, Shyrnéia, Hatay, Nenúfar, Irakenah, Indayah, Tayana, Harmaki e sua filha, a princesa Harmakititi, dentre incontáveis outras. Essa ala era severamente controlada por eunucos e um deles, sabe-se, foi Sukanfar.

O Faraó Atóthis, quase sempre, tinha por companhia o cântaro cheio de vinho. Teve como primogênito um varão; e eram para ele que as esperanças de todos se voltavam, dentro das grandes desilusões.

Em meio a isso tudo, um homem perdera a paz consigo mesmo: era MENHERTETH. Ele, sem conhecimento algum, aconselhara e mesmo insuflara muitos do Conselho Temporal para que se decidissem pela condenação do Faraó Sacerdote AKRON. No final dos sete ciclos desastrosos do reinado de Atóthis, perseguido pelo remorso, embriagado, tomou de um punhal e quando o Rei se encontrava em seu trono, MENHERTETH — o Homem das Imagens sem mácula — solicitou uma entrevista. O Faraó, sentindo-se solitário, recebeu-o imediatamente, pois já ninguém mais o queria por companhia e, fosse quem fosse, seria bem vindo para amenizar a sua solidão, como também o peso dos seus crimes.

A cena foi inesperada e sem testemunhas. O Faraó se levantou cambaleando pelo excesso de álcool, e MENHERTETH, com os olhos dentro dos olhos dele, bem de frente, matou-o com uma punhalada à altura dos rins.

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O FARAÓ AKTÓTHIS

Morto o Rei, sobe ao trono o seu filho ainda bem jovem e toma o nome de Aktóthis, que quer dizer: o filho de Atóthis. Esse jovem demonstrou, desde o primeiro instante, que governaria o seu país com pulsos de ferro e disso todos deram testemunhos mais tarde. Ficou conhecido como o 2º Faraó, na realidade era o 3º, da 2ª Dinastia, tão distante dos nossos dias. Tomou ele por esposa e Rainha a Sacerdotisa de Ísis chamada Imnhoah.

Sabe-se que uma de suas primeiras decisões foi corrigir um dos erros do pai: reintegrar no Templo de Amon, em Mênfis, MENHENÚFIS, patrono de uma ala de Sacerdotes que lhe tinha sido usurpada por um Sacerdote conhecido pelo nome simbólico de Akhepertiti. Este havia partido o cântaro com a Sacerdotisa Menefreth.

Sem pestanejar, o Faraó Aktóthis, utilizando-se de sua Vontade e Poder de Rei, decidiu imediatamente substituir o Sumo Pontífice Harmakipa por MENHENÚFIS, contrariando assim a tradição rigorosa da época sobre essas indicações.

Como tal, investido da autoridade máxima religiosa daquele País, MENHENÚFIS renovou e ditou a Tábua das Leis, que foi, daí para frente, respeitada e cumprida. O Sacerdote e Escriba do Rei de nome Amenhotep foi quem divulgou, mandando gravar essa Tábua:

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1ª) EU SOU TEU AMON.2ª) NÃO DESONRAREI VOSSO SANTÍSSIMO NOME.3ª) HONRAREI MEU PAI, HONRAREI MINHA MÃE, HONRAREI MEUS FILHOS.4ª) NÃO DIREI NUNCA O NOME DAS DIVINDADES EM VÃO.5ª) NÃO SEREI ORGULHOSO, NÃO SEREI VAIDOSO, NÃO SEREI MENTIROSO.6ª) NÃO FURTAREI O PÃO E PLANTAREI O TRIGO.7ª) E NUNCA DEIXAREI DE CRER NA REENCARNAÇÃO, ONDE ANÚBIS É O SENHOR!

Com os seus poderes readquiridos e aumentados pelo eminente posto de Sumo Pontífice do Culto de Amon, aquele Sacerdote celibatário e Hierofante — MENHENÚFIS — teve oportunidade para, inovando, recriar a Ala de Mulheres Sacerdotisas com a finalidade de caminhar dentro dos mesmos propósitos que caminhava a Ala dos Sacerdotes. Feito fantástico para aquela ocasião! A Ala das Mulheres havia deixado de existir depois da morte de AkRON.

As primeiras Sacerdotisas a serem convidadas, dentre muitas outras, foram: Zakititi, kherínia, Nayana, Neferkaris, Aytis, Zuniara e Ihatys. Esta última o amparou, quando, genuflexado em frente à imagem de Amon recém-lavada, entregou o seu bah para ANÚBIS. kherínia, por sua vez, tinha por costume colocar uma flor, que parecia uma açucena azul, entre as dobras das túnicas de MENHENÚFIS. Nessa ocasião, Iritiah foi a Primeira-Vestal.

Sabe-se que ele, na sua grande e incompreendida compaixão e amor pelos seus semelhantes, socorreu as mulheres abandonadas da Ala das concubinas do falecido Faraó Atóthis, conduzindo-as com dignidade para a nova Ala do Templo de Amon, em Mênfis. Era muito amado por todas elas, que lhes eram gratas pela oportunidade preciosa de se

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elevarem como Seres Humanos. Mister se fazia que, para tanto, MENHENÚFIS contasse com a proteção influente e benfazeja da Rainha Imnhoah. Esta proteção lhe veio espontaneamente, pois ele privava da intimidade do Faraó e de sua família. A Rainha realizou o trabalho relevante de colocar a mulher, naquele tempo, em lugar digno e de destaque. Por isso, ela foi cognominada a “Rainha Bondosa”.

Para as suas realizações, MENHENÚFIS ainda contou com a lealdade incontestável de diversos Sacerdotes de Osíris, destacando-se, dentre eles: Orenkatu, Anknatum e aquele que partira o cântaro com uma de suas irmãs, chamado Menkatóthis.

Aktóthis mandou recolher do convívio geral MENHERTETH, assassino de seu pai. Ao que se sabe, ele pereceu sem nunca mais ver a luz de Rá, enclausurado nas masmorras do Palácio Real.

Nesse reinado de Aktóthis houve muitas construções de templos e palácios, dando assim ocupação aos homens do povo que não pertenciam a nenhuma das quatro classes existentes: sacerdotal, da realeza, militar e comercial. O trabalho sempre fora um dever para aquele povo que não conhecia a preguiça. Reimplantou ainda o costume de divertimentos, que se constituía em corridas de cavalos e de touros, na caça e jogos. Estes geralmente eram disputados em grandes tabuleiros com pedras em figuras de crocodilos de um lado, e de barcos de uma frota, do outro.

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O REGRESSO DOS SEIS IRMÃOS

E ei-los de volta, os seis — cinco homens e uma mulher —, de volta da peregrinação pelo passado. E havia transcorrido 14 cicIos de Rá (anos). No entanto, fora tudo tão rápido! Como num passe de mágica!

Agora já não são mais como antes. Agora eles têm conhecimento que pertencem a uma mesma família espiritual.

Os seus Pais os despertaram para o caminho que, juntos, terão que empreender para prepararem o Tapete do Senhor, por onde caminhará um novo FLOR DE LóTUS. Esse Avatar — a exemplo de AkRON, no Egito de há 5.000 anos — ressurgirá para a sua gloriosa missão avatárica neste imenso e maravilhoso Brasil, reduto das reencarnações dos egípcios daquela época. Ele virá para consolar os corações de todas as criaturas.

Jet AMON-RÁ!

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T E R C E I R A P A R T E

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PALAVRAS DA AUTORA

A princípio, pensei em escrever esta terceira parte me baseando nos ensinamentos do Mestre dirigidos somente a mim. Entretanto, compreendi que o mais importante é o que tinha sido ditado para todos através de mim — o seu invólucro.

As suas palavras seriam, portanto, para todos os homens e mulheres, naquela ocasião, agora e sempre... O seu Verbo é e será, por conseguinte, eterno, como o leitor poderá constatar no decorrer da leitura deste capítulo.

Quando o Venerável Mestre diz “o homem”, é porque usa o termo clássico da nossa língua para se reportar à espécie humana, pelo que subentendemos “o homem e a mulher”.

Estamos, desta forma, transmitindo o chamamento deste elevado Espírito, que se fez conhecer pelo nome simbólico de AkRON, cujos ensinamentos chegaram até nós através de seus dois invólucros em nossa época — SAN-SHÚ e ZORNAY —, ficando, com certeza, para a posteridade.

Maria Lúcia Távora Gil(Zornay — I.M.F.M.)

Brasília, DF

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O APELO DE UM MESTRE

OUVI A VOZ DO MESTRE:

AkRON solicitaria de vós um encontro que podereis organizar. AkRON, na sua pequenina humildade e na sua grande ignorância, também tem que aprender e aprenderá no meio de homens da estatura vossa; e se compromete a dar-vos todas as explicações, responder-vos-á todas as perguntas e vos aguardará com ansiedade.

AkRON vos saúda! AkRON saúda a vossa mente! Abri-a! Preparai-vos mental e espiritualmente para o nosso encontro. Erguei-vos e caminhai, pois que sois filho(a) da vida. Não descanseis e não repouseis. Não mancheis a vossa veste; não sujeis o vosso coração; não enlameeis a vossa mente, pois que sois filho(a) de Deus. Praza aos deuses que dentro de tanto amor, outros amores se engrandeçam.

Coloquemos o incenso, porque onde há uma pequenina chama que se eleva, branca, há sempre uma sutil emanação de AMON.

IURINÃNA SARAKUMBARÊ AMON-RÊ(Eu sou o Filho de Deus e para Ele me dirijo)

Este é um ritual simples. Esse hino, quando emitido, nos condensa numa egrégora única e faz com que um ponto central vibre os seus treze raios, que nos abarcam os cinco pontos. É a estrela de cinco pontas.

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

Jet ÍSIS! Jet a Santa Mãe ÍSIS, que consegue fazer-vos sentir o contato veludoso do seu Manto Sagrado! Quando o Manto Sagrado se identificar convosco, surgirá então, nessa mente radiosa, aquela palavra sagrada: A.U.M.

Escutai, escutai! A vós responderei por linhas atravessadas, mas vós o entendereis. Quando, na descida dos planos, não se encontram senão as trevas, é chegado então o momento de um AkRON, de muitos “AkRONS”, portadores da centelha divina, iluminarem o caminho daqueles que na escuridão se encontram.

Deixai, pois, que AkRON siga o seu caminho; deixai que AkRON cumpra a sua trajetória; deixai que AkRON sofra, porque o sofrimento é a redenção, e AkRON aspira essa redenção que um dia há de chegar.

AkRON tem uma missão importante, uma missão de religiosidade: AkRON necessita transformar aquilo que os homens chamam de Espiritismo em um verdadeiro culto. E como AkRON pertence ao país de kAM, só pode cultuar e exaltar o seu Deus na figura de AMON e todas as suas manifestações. O que AkRON vos transmitirá são ensinamentos adquiridos aos pés da Esfinge. AKRON não deseja que o que ides aprender ultrapasse as fronteiras do vosso cérebro.

AkRON não perderá nunca esta personalidade. Sabeis por quê? Porque não deseja perdê-la; porque é egípcio até as mais ínfimas de suas vibrações; mesmo em todas as suas vidas subsequentes, sempre se portou como um egípcio e não deseja mudar, e isso é estranho aos homens. Mas AkRON não vem para satisfazer aos homens; AkRON vem para lhes dar algo, algo de que carecem e, desta ou de outra maneira, será justificado se conseguir o intento. Entendeis?

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AkRON se encontra num deserto, sem ponto de referência. O tempo está nublado e o sol não aparece para dizer, a Ele, qual a direção a tomar. Quando a noite baixa, o deserto se clareia; mas as estrelas que fulgem, fulgem longinquamente em miríades de agrupamentos que AkRON não conhece. Entendeis?

AkRON se perde dentro de suas próprias meditações e procura então encontrar, no amor dos Seres Humanos, a resposta do “porquê” que AkRON aqui vem. AkRON necessita mais de vós, do que vós de AkRON. Porque se AkRON não conseguir, dentro da aura do amor que O domina e que O inspira, fazer com que os homens e as mulheres partam para outra trilha, AkRON nunca mais será Luz. Entendeis?

AkRON empenha, nessa missão, todo o amor que Ele adquiriu através dos tempos. Impõe, a isso, uma virtude única: mesmo sem ser compreendido, AkRON vos ama a todos, como deseja que O amem. Aos Seres Humanos, cujos corações empedernidos não encontram o eco das vibrações Dele, AkRON deseja que procurem fazer uma egrégora de amor; mas também necessita, como viandante cansado, encontrar a sombra de um oásis e a água pura, fresca e cristalina para Lhe dar força a fim de continuar a jornada.

Que nossas horas de emanação de amor emitam a vibração do nome de AkRON. Porque emitindo a vibração do nome de AkRON, mentes bem formadas captarão o amor Dele. AkRON conta convosco! Sede vós o balaústre onde se ampara toda a força da Fraternidade de FIor de Lótus! O Olho Sagrado de Hórus, aquele que representa toda a súmula de uma sabedoria milenar, verteu, sobre vós, os raios Dele. E o vosso organismo pré-disposto os recebeu no âmago do vosso Shushumnah. Entendeis?

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AkRON, por certo, ainda não teve condições de falar convosco, mas vos dará, numa de vossas noites, um som: é a forma sob a qual AkRON poderá comunicar-se convosco. Segui-o! Segui-o! Nessa situação, AkRON abrirá um caminho para vos falar. Portanto, recebereis um sinal: uma luz intensa vibrará diante de vossos olhos, numa de vossas horas de divagação. Preparai-vos e recebereis AkRON. Entendeis? E assim AkRON vos dará o tão almejado caminho, já que as ordens superiores estão se fazendo apressar.

O silêncio encerra a maior força que o Ser Humano conhece, porque é no silêncio que nos chega a voz Dele. AkRON se sente, neste momento, jubiloso, exaltado, tanto que não se contém... e chora. AkRON ainda vos pode mostrar, não digo outros caminhos, porque os percorrestes quase todos, mas vos pode levar através dos planos e pode então fazer com que o vosso horizonte, tão restrito ainda, se alargue mais e mais.

OH! SABAT SURYNAN JAKARAMAN! (ERGUEI-VOS E CAMINHAI,

POIS QUE SOIS FILHO(A) DA VIDA, SOIS FILHO(A) DE DEUS!)

Um pouco da mente de AkRON vos pertencerá; levai-a, é vossa... Usá-la-eis como desejardes, apenas para usardes os conhecimentos de AkRON. Ao vos sentar, elevai vossas extremidades ao vosso peito e tereis então, dentro da mesma concentração, os conhecimentos que de AkRON emanam. E quando digo de AkRON, quero dizer de onde AkRON provém. Serão vossos. Dai licença para que AkRON continue a sua ronda.

Deixai AKRON identificar-vos. Mentalizai, mentalizai. AkRON sente a força de vossa mente penetrar na dele, mas, apesar de terdes a mente poderosa, não sabeis ainda,

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dileto(a) filho(a), separar vossas mentalizações; e são tantos os pensamentos que borbulham nessa mente, que não sois capaz de distingui-los e emiti-los um a um. Mentalizai mais serenamente! Escutai e vede se conseguis limitar o pensamento que assoberba a vossa submente e afastar os outros. AkRON vos auxiliará. AkRON deseja penetrar na vossa submente. Havereis de entrar na Verdade, porque a Verdade procura por vós; são dois pontos de atração magnética. Quando a Virgem dos muitos braços puder tocar-vos, então tereis conseguido realizar-vos.

AkRON vos poderia dar a sua bênção. Vai parecer estranho o que irá ser feito: AkRON solicita a vossa bênção. Com a paz e o amor nos corações, possamos, todos nós, vibrar intensamente. O amor, o amor puro e a pureza da alma e da mente sejam sempre o nosso símbolo, o nosso caminho para um porvir melhor. Que a paz e o amor vibrem em todos os corações. A.U.M.

Ao soar das trombetas dos Arcanjos, vós não vos afastareis mais, a partir desse momento, da mentalização de OSÍRIS. OSÍRIS é vosso! Vós pertenceis a OSÍRIS! Quando sentirdes o silêncio de vossas perguntas, erguei as vossas extremidades, como num disco solar, sobre a vossa mente e nesse gesto direis: “a mim OSíRiS, a mim!” E Ele vos responderá. E quando tiverdes recebido a resposta de OSÍRIS, reservai, em vossa mente e em vosso coração, um pequenino lugar para AkRON. De agora em diante, num reencontro, porque fostes chamado, encontrareis o vosso campo de ação. Entendeis? Se vós permitirdes, AkRON vos dominará, para juntarmos peito com peito, mente com mente. AkRON vos agradece por vossa boa vontade, compreensão e amor, porque há uma irmandade entre os nossos espíritos.

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RÊ, o divino e grandioso RÊ, em sua forma alada, baixa sobre nós a sombra de suas asas e, ao entrarmos na penumbra dela, vamos sentindo que os nossos espíritos crescem... crescem em direção a Ele. Que RÊ nos abençoe a todos e que todos se sintam na maviosidade do som que, neste momento, penetra pelo Kosmos: A.U.M. Além, esse som, em desdobramento e em vibrações concêntricas, há de chegar até a vibração Dele e Ele nos dará a egrégora para nos abrigar.

Encontros maravilhosos dar-se-ão entre nós. Em vossa trajetória levareis convosco SETH — o Deus do Mal; deixareis, aqui, ÁPIS — a Deusa do Bem. As serpentes que vos rastejam as plantas (pés), dominai-as, por Basth. Não as deixeis soltas em consequência dos sentimentos daqueles que vos pertencem. Prendei-as!

A Força reside dentro de vós, com a Força e a fé que vos movimentam. Vós tendes uma Entidade que vos domina. Identificai-vos com ela. Nas horas de vosso desespero, nas horas de vossa incompreensão, nas horas de vossas torturas sentimentais, chamai por ela. Ireis sentir, então, uma paz interna.

É maravilhoso se encontrar hoje em dia, nos verdadeiros Seres Humanos de boa vontade, a fé e o desejo sincero que não se encontravam no tempo de AkRON. O homem e a mulher evoluíram muito desde aqueles tempos até hoje. A mente do Ser Humano abrilhantou-se, agigantou-se! Hoje, os Seres Humanos são meio divinos, porque sabem aquilo que ainda não deveriam saber. O Ser Humano adiantado encontra-se. Evoluiu no espírito e no coração. Vós, portanto, estais de parabéns!

AkRON não resiste ao embate dos nossos corações! E se sente materializado dentro do peito do invólucro que o serve, e sente palpitar uníssono convosco numa só batida, numa só

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espiritualidade, numa só Luz radiosa que de vós emana! Oh, filho(a)! Quanto vos esperei! Quanto me fizestes esperar! A missão que AkRON tem é espinhosa e conta com o vosso amor para poder levá-la a termo. Por isso, amado(a) discípulo(a), é que caminhastes através dos tempos, através da Luz, através das vibrações; e viestes com a vossa verdadeira vibração, com a vossa verdadeira individualidade, com a vossa personalidade radiosa de Amor, Bondade, Luz e Paz. Assim, AkRON sabe que conta convosco, desta hora para diante. Não conseguiram nos desencontrar. Encontrados estamos e caminharemos juntos. AkRON sabia e esperava.

O Filho do Homem — YESUS — vos domina e sois, pois, a humildade personificada. Sabeis o que gera a humildade? A bondade! A bondade gera a caridade e a caridade gera o amor.

Vós não sois divino(a). Mas, quando há um ardente, sincero e honesto desejo de vos identificar, um pequenino sopro, um átomo de Luz é lançado e vos sentireis preso(a) a esse átomo, onde outros já se encontram. Portanto, está próximo o princípio do fim para vós. E praza a AMON que vos embebais tanto neste princípio de caminho, que havereis de sentir vossa veste iluminada!

Vossas atitudes deverão ser retas, vossos escrúpulos deverão duplicar-se. A mentira, a falsidade e a blasfêmia deverão ser banidas de vossas conjecturas. Devereis ser puro(a), numa pureza real. AKRON não vos deseja santificar. As vossas relações humanas deverão continuar. As vossas relações sexuais deverão continuar com o vosso par. Essas relações deverão ser, única e exclusivamente, para a satisfação da necessidade da carne e nunca para a satisfação dos desejos lésbicos, porque os deuses fálicos olharão para vós e, na oportunidade primeira, tentar-vos-ão. Continuai a vossa vida

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normal, não a modifiqueis. Não vos transformeis. Pertencei a AMON no vosso íntimo. Procurai fazer o bem e evitai o mal. Elevai o Ser Humano e, sobretudo, amai-o. Amai-o como a vós próprio(a).

Se vós conseguirdes sublimar... Oh, mérito dos méritos! Mais mérito do que AkRON que vive num plano onde não há dessas tentações, onde tudo já foi sublimado, onde existe uma compreensão perfeita, uma disciplina rigorosa e uma hierarquia sabiamente respeitada, onde há um entrosamento perfeito, em que tudo é luz, harmonia e som, onde não há mérito em AkRON ser o que é e onde haverá mérito em vós, se conseguirdes ser o que não sois.

Entretanto, é necessário compreender que AkRON não vos deseja santificar. AKRON vai repetir: AkRON vos deseja homens e mulheres conscientes — Seres cuja fé brote do interior de vossas chamas; Seres que raciocinem; Seres que saibam separar o joio do trigo; Seres que saibam escolher um caminho. Resguardai-vos, pois, resguardai-vos conscientemente. Resguardai-vos convictamente. Antes de fazerdes algo, pensai pichi (três) vezes. Se no vosso interior levantar uma voz contra aquilo, não o façais, por AMON! É chegado o momento de equilibrardes perfeitamente a vossa mente radiosa e grandiosa com o vosso coração, não menos grandioso e radioso.

O Ser Humano se torna identificado quando alcança um plano que estava destinado a alcançar, e transpõe a morte, e transpõe a vida, e se identifica com a dor. Vós ireis, um dia, participar dessas experiências e sempre tereis, à vossa destra, um Senhor que haverá de vos levar através dos planos, para sentirdes que há tanta coisa após e além, e que aquilo que é denso neste plano em que vos encontrais é reflexo daquilo que está em cima. Se aqui vos esbarrais numa densidade, lá

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vos interpenetrais, porquanto todos são unos, porque o UNO é o TODO. O coração do Ser Humano realizado se transformará numa chaga ardente, cuja luz radiosa haverá de se espargir sobre todos.

É necessário esclarecer os Seres Humanos. Palestrai com eles sobre esses assuntos e trazei à tona a curiosidade deles. Fazei com que os Seres Humanos interessados se esclareçam o máximo possível, em todas as oportunidades que tiverdes, durante as vossas atividades. Dai-lhes um pouquinho de calor e deixai que a curiosidade faça com que o interesse descubra a Luz que emana de tal calor.

Das mentes mal formadas surgem fluidos putrefatos. De cada anomalia mental nascida surgem monstros que mantêm, em suas entranhas, toda a força da vivificação daquele pensamento. Faço-me entender? Com a força que eles possuem, com os tentáculos que eles projetam, não estranharia AkRON que tal força vibratória os tornasse matéria. Pode suceder, já sucedeu! É necessário extirpar o cancro nascido na mente! É necessário fazer da mente do Ser Humano — não o excremento sórdido largado em larvas no pó da vida, não! —, é necessário fazer fluir doçura, compreensão, tolerância, amor, respeito aos irmãos, misericórdia pelos que sofrem. É preciso erguê-Ios de seus catres e fazê-Ios caminhar, como o Mestre JESUS já fez caminhar a pústula que era o homem deitado no catre, a quem disse com a força do seu amor, com a pureza de sua realidade: “Lázaro, levanta-te e caminha”.

Se vós, filho(a), pudésseis compreender, se vós pudésseis, como AkRON, ler nos corações e ler nas mentes, desdobrar-vos-íeis numa cavidade infinita! Porque cada mente é uma chaga, cada coração é uma fogueira e quando não queima para o bem, queima para o mal. Entendeis? As chagas que existem na mente dos Seres Humanos são chagas que,

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muitas e muitas vezes, dileto(a) filho(a), todo o amor de um AkRON, tudo o que AkRON pede por eles não basta para ser o bálsamo. É necessário então que esse corpo que tornou a sua mente uma chaga sanguinolenta — por meio de seus próprios pensamentos maledicentes, de sua carne pútrida e de seus instintos animalescos e bestiais, chaga que nem em outros planos encontra o lenitivo — tenha que voltar, voltar muitas e muitas vezes à procura da pomada para que lhe feche o ardor dela. Se vós pudésseis, dileto(a) filho(a), ver, como AkRON vê nessas mentes, então vós voluntariamente ergueríeis vossa mente e pediríeis para serdes transformado nesse bálsamo, nessa pomada, e chafurdar-vos-íeis nessas chagas, numa impetuosa ânsia louca de fazê-las sentir o amor de AMON. Porque só o amor de AMON poderá fazer cessar essa chama que crepita nos Seres Humanos e que eles ainda não entenderam. Portanto, quando sentirdes em torno de vós uma vibração odiosa, não a repudieis. Pelo contrário, imantai-a de bondade e chamai-a para vós, porque AkRON não permitirá que vós sejais contaminado(a).

Tereis que aprender a dominar o vosso cérebro! Tereis que aprender a dominar a vossa vontade! Permiti AMON que vos equilibreis numa marcha acelerada e uniforme, para que possais ser aquele(a) que AkRON espera. Está em vossa vontade; AkRON vos faz apenas um aviso.

Necessitamos muito, muito de amor, como nunca foi necessitado! Identificai essa vibração que desce. É de amor! É para vós! Absorvei-a, absorvei-a! Jet AMON-RÁ! Jet AMON-RÊ! Jet HóRUS! E que TIPHON se afaste, que SETH seja repudiado e que somente ÍSIS recaia sobre nós! Que o amor seja uníssono em nossos corações! Oh, Senhor! A vossa proteção, mais do que nunca, é necessária para que nos façamos todos unos, nas graças para a vossa grandiosidade.

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AkRON solicita que não deglutais a carne, solicita que desprezai este papiro fumegante (cigarro); e há uma razão para isso, razão que vós ireis compreender. Há no vício, há nos alimentos uma força que em geral declina de Entidades, de Entidades meio materiais ainda. Faço-me entender? Quando se coloca uma dessas coisas na boca e se chupa, uma vibração daquela Entidade está por detrás do indivíduo chupando também. E não chupa apenas aquilo que ele chupa; com a sucção suga, também, fluidos do próprio indivíduo para alimentar a sua carcaça. Entendeis? Na carne há uma evolução onde o animal se encontra numa escala abaixo. São, portanto, irmãos menores nossos. A vibração constante dessa carne também alimenta alguém mais do que aquele(a) que a ingere. Essa é a razão porque AkRON solicita que, em dias especiais, abstenham-se dessas pequeninas coisas. O contato carnal também. Porque não é possível que num dia em que se prepara para um encontro espiritual, haja a possibilidade de se ter um contato carnal com ideia elevada. Se a ideia está elevada, o contato carnal está abolido. Portanto, AkRON vos pede e expõe as razões.

O fato de combater, o fato de discutir, o fato de incompreender é o passo primeiro dado para a compreensão, porque da divergência nasce a Luz e um de vós se aproveitará dessa Luz! Entendeis? Portanto, AkRON vos pede, com toda a intensidade, que continueis sempre dono(a) da vossa mente. AkRON não costuma interceder; intercede apenas para mostrar que pode realmente ajudar, pode realmente dar força a vós outros(as). Ou nós daremos o impulso ou nós perderemos a oportunidade, e outro Filho do Homem terá que pagar. Evitemos que isso aconteça! O sofrimento ou grandiosidade do futuro Filho do Homem, por incrível que vos pareça, depende

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de nós. Se dermos uma boa semente, o fruto colhido será perfeito. Se na semeadura lançarmos mal a semente, o fruto já nascerá raquítico e terá que ser sacrificado em benefício dos demais. Depende de nós, depende da grandiosidade de como lançaremos uma Fraternidade, que está destinada a transpor fronteiras. Tocaremos as trombetas, empunharemos as flâmuIas, ergueremos bem alto o nome de AMON e alastrar-se-á a Fraternidade de Flor de Lótus. Haveremos de vencer, porque assim é o desejo dos Mestres.

Vós, filho(a), não viestes em vão! Fostes enviado(a) por Aquele que vos domina. Conclamo-vos e vos concito a unir-vos! Vós já passastes por muitas vidas: já fostes indígena, africano, hindu etc. Vós fostes um mineral, vós fostes um vegetal, vós fostes um animal. Vossa submente contém experiências sem conta, e o vosso karma junto daria para resgatar o karma da Humanidade em consequência de vossas vidas passadas. Procurai-vos elevar naquilo que denominais o caminho da espiritualidade, para alcançardes alguma coisa. No entanto, o que se passa é o inverso, isto é, Aquele que vos domina é quem procura preparar-vos para que possa fazer morada permanente em vosso corpo. AkRON vos diz: “É necessário sutilizar a matéria para que haja a condensação do Espírito.”

Existem os que caminham a passos céleres em direção ao grande, ao único amor — Deus Onipotente. Vós podeis ser um deles; vós deveis ser um deles. Vós sois como a vaga turbulenta que, rebatida contra a rocha, volta. E como não sabe mais para aonde ir, torna a se jogar contra a rocha. Um dia, porém, essa vaga encontra uma correnteza e vai então se confundir com a água doce do rio que procura o mar. Nessa confusão, ela não é mais nem a água do mar nem a água do rio — é uma identificação perfeita! Permita AMON que deixeis de ser a vaga rebatida e que encontreis o vosso leito para a identificação final.

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Procurareis e não achareis. Mas, depois de procurardes, depois de ferirdes as plantas de vossos pés no áspero da via, depois de bater vossa mente em tudo quanto é parede, depois de maculardes vossa mente com o desespero, vinde! Vinde e encontrareis a Paz do Senhor irradiando em mentes que se chamam Seres Humanos. Homens e mulheres que vos darão tudo e que não vos pedirão nada. Homens e mulheres como vós!

Preparai-vos, pois, dileto(a) irmão(ã). Reparai que AkRON tem-vos alertado, tem-vos espicaçado a curiosidade, tem-vos feito ficar preso à palavra Dele. AKRON necessita que sintais a seriedade, a gravidade dos conhecimentos que ireis receber. Se alguém vos disser: “quisera eu ter determinados poderes nas mãos para fazer isto ou para fazer aquilo”, esse alguém não está à altura de compartilhar de tais segredos. AkRON necessita, portanto, que peseis bem, mais uma vez, a responsabilidade do que ireis receber, porque, uma vez iniciando, AkRON não poderá mais parar. Necessita apenas que o vosso pensamento seja mais sadio, pois irá colocar em vossas mãos, por ordem superior, determinados poderes para o amor ao próximo. Que será do próximo se uma aversão, uma antipatia, uma vibração negativa fizerem com que desafiemos aqueles que devemos respeitar, para podermos ter nas mãos poderes para neutralizá-lo?

AkRON vos diz: “O amor não se dá. O amor se sente na carne, fibra por fibra, e se divide, porque o amor dividido é mais amor”.

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Vós, mente conturbada e bipartida que ainda não encontrastes a paz dentro de vós, que dais outro significado ao valor real das verdades, havereis também de vos encontrar. Assim AkRON espera! A vós que encontrastes espinhos amargos, vós que sentistes o peso de UM em vós, incito-vos a desdobrar-vos, a não desejar que outros se encontrem sozinhos e perdidos dentro das trevas que os sentimentos humanos criam.

É necessário saber ter piedade. É necessário dosar aquilo que nós chamamos de humanismo. É necessário dar a quem realmente necessita. E é mais difícil saber dar do que saber receber. Filho(a), é chegado o momento de tudo dardes!

Vós que sentistes a dor de um afastamento, vós que sabeis avaliar a saudade, a vós conclamo: iluminai a Humanidade! Iluminai a Humanidade todos vós e uni-vos! Olhai o(a) irmão(ã) que está ao vosso lado como se fosse carne da vossa carne, alma da vossa alma. Amai-vos, equilibrai-vos e caminhai sempre para frente, altaneiro(a), sobranceiro(a), acima das maldades humanas. Sede diferente! Sede Ser Humano mortal que sois, mas sede puro em vossas convicções!

Elevai o vosso pensamento ao vosso Deus, como AkRON eleva o pensamento Dele ao seu Deus. Vós tendes um Pai, AkRON também. Se conseguirmos, todos nós, elevarmos o nosso espírito no sentido de um único Pai, teremos nos libertado.

Sois capazes de descrever um trigal quando o vento sopra? Formam-se ondas! Exato! Notastes, quando isso acontece, a sincronização dos movimentos? Quando o Ser Humano cria, dentro de si, verdadeiro amor fraternal por tudo e por todos,

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é como se fosse um trigal oscilando ritmicamente ao sabor da brisa. Quem viu um canavial? Quando, porém, o Ser Humano não encontra dentro dele o verdadeiro amor fraternal, o seu coração vibra como canavial. Em sentidos contrários e opostos, como que se digladiando entre si, muitas e muitas vezes uma cana estraga a outra. Quando AkRON comparece, Ele equilibra os corações mal formados e faz transformar o canavial bravio no trigal dolente e harmonioso.

AKRON costuma dizer que não influi no livre-arbítrio de ninguém. Na verdade, porém, quando a necessidade se impõe, damos as diretrizes. Foram dadas.

Mas vós sois um barco, um barco que diversos náufragos, nadando sofregamente, não podem alcançar. E vós tendes então, em vossa trajetória, de cerrar os panos e fazer com que a marcha se torne mais lenta, a fim de dar oportunidade a esses náufragos sem salvação de, pelo menos, estender a mão e descansar os espíritos doentios. Aceitai-os! Aceitai-os como sendo provação vossa e tornar-vos-eis grandioso(a)! E assim AkRON, Sacerdote de MENHENÉS, usado e ungido por PTAH, seu grande e dileto irmão, deixa convosco as bênçãos divinas de HóRUS, o Filho do Homem.

Prestai atenção a tudo o que se passar convosco. Analisai, pesai, criticai, separai e aceitai aquilo que achardes que deve ser aceito. Repudiai aquilo que achardes que não condiz com as vossas convicções, mas pesquisai e, sobretudo, nunca deis uma sentença sem antes fazer um julgamento sincero.

Existiu em tempos idos, na terra de AkRON, um engenho maravilhoso que elevava o nível da água da barranca do Nilo

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até uma altitude maior para depois, então, ir molhar os campos. Era uma hélice dentro de um tronco de madeira. Um homem apenas, ao movimentar uma pequenina alavanca, movimentava essa hélice, e a água era elevada de uma altitude para outra, de onde era jorrada. Se esse homem não movimentasse essa manivela, toda a fertilidade de uma pequena área ficaria árida. Era necessário, pois, que uma mente, na sua simplicidade, tivesse então previsto aquele engenho. Antes desse engenho, muito antes, os homens simples das margens do Nilo saltavam sobre uma espécie de balança e faziam um jogo de ombros, até a água, com o balanço do corpo, ser entornada de um cesto. Mas era necessário que houvesse o cesto e que houvesse o homem dando o balanço de corpo. Foi necessário que depois houvesse um homem trabalhando a alavanca, para que surgisse então, de um campo árido, o trigo benfazejo. Entendeis? Vós sois, pois, a hélice; e AkRON, o operário humilde que dá movimento à alavanca. E vós carregais, dentro de vós, toda aquela água que vai fertilizar o campo árido. Sois vós quem carregais toda a aridez daquele campo e que deixais lá toda a pujança da água que brota de vós. AkRON nada fará, apenas tocará a alavanca para que vós, o verdadeiro elemento, possais regar aqueles corações áridos, sôfregos da água do bem e do amor.

Escutai, irmão(ã): quando um Ser Humano erra, ninguém interfere. Sentimos nós o erro dele, choramos por ele e damos-lhe, muitas e muitas vezes, a oportunidade de remediar o erro. Mas quando um Espírito que não se encontrava na Luz radiosa entra nela e recebe, como um caudal volumoso, todos os ensinamentos do Senhor, e o germe da vaidade o toca, perde ele o direito, como humano, de se fazer proteger e erra sozinho. Caminha então como humano, sem saber, para trás. Já se julga um Mestre. Este necessita muito de ajuda, porque está prestes à derrocada. Se puderdes, se quiserdes, se

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sentirdes necessidade de ajudá-Io, ajudai-o. Necessita mais, muito mais do que o lazarento putrefato.

Se conseguirdes equilibrar aquilo que parte da vossa mente com aquilo que colocais para dentro do vosso coração, se conseguirdes equilibrá-Ios — oh, filho(a)! —, AkRON beijará a poeira em que pisardes! Sereis completo(a)! AkRON aguarda isso com a ansiedade da mãe que espera ver a criança dar os primeiros passos, falar a primeira palavra. Ainda conseguireis, porque assim está escrito.

Depois de ter conseguido sublimar todas as suas aspirações — de ser bom(a) filho(a), de ser bom(a) esposo(a), de ser pai (mãe) extremoso(a) —, depois do Ser Humano ter realizado todas essas aspirações da mente, todos esses desejos, aquilo que ele pode aspirar de mais sublime é conseguir mergulhar para se elevar e chegar a ter conhecimento do verdadeiro Nirvana.

AkRON responde à vossa mentalização. Por que vos preocupais se tudo corre como plano pré-traçado? Pois bem, tudo que vos pareça difícil, adquirido com sacrifício e sem facilidades, será, em tempo não muito longínquo, satisfatório para vós. Em vós não reside mais o espírito de galhardia da realeza, de domínio e de poder; reside agora um espírito humilde, sem ser servil, que não se deixa dominar pelas fraquezas humanas. E quanto mais vos enquadrais na misericórdia pelos Seres Humanos, mais forte vos fareis, maior podereis fazer-vos. AkRON vos dá o toque!

AkRON necessita dizer-vos que o Espírito realmente sublimado não condena nem julga os atos humanos da matéria. Vós também sois Espírito e nós não viemos aqui para vos dirigir. Viemos aqui para vos orientar. A missão vossa é mais árdua do que a nossa. Vós viveis num plano

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de matéria cercado(a) de dinheiro, de sexo e de inimigos. Cercado(a) de invejosos que tudo cobiçam, desde a(o) vossa(o) companheira(o), o vosso cargo e até a vossa felicidade. Se sois simples, sois invejado(a); se sois garboso(a), sois invejado(a). Se sois humilde, também sois invejado(a) por aqueles que não têm capacidade de serem humildes. Se sois grandioso(a), sois invejado(a) por aqueles que não têm capacidade de alcançar os pináculos onde vos colocastes. A tarefa é árdua! Dia a dia, hora a hora sois tentado(a) e sois jogado(a), como a vaga, nos embates da vossa luta interna. É mais árdua para vós a tarefa do que para nós. É, portanto, no desejo de vos ajudar a cumprir o tão pouco que resta da meta final, que se vos dá um pouco de orientação.

Como os Seres Humanos são cegos, Senhor! É necessária uma hecatombe sobre as suas cabeças para que se convençam da verdade! Porque só veem aquilo que desejam ver; porque são nulos na sua crença! Permita o glorioso AMON, permita o inefável HóRUS, permita vós, Senhor, que as mentes se esclareçam!

O orgulho e a vaidade, o amor e a compaixão são sentimentos divergentes; correm em polos opostos; não pode haver os quatro reunidos. Ou vibrais no polo de lá ou vibrais no polo de cá. Se entrelaçásseis todos esses sentidos, anular-vos-íeis; e AkRON se anularia convosco, porque estais fadados(as) a um futuro brilhante.

Se colocardes a vossa mente a serviço do Mal, pelo Mal vos deformareis. Se colocardes a vossa mente a serviço do Bem, pelo Bem vos engrandecereis.

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AkRON surgiu de uma Vontade Superior e tem uma mensagem a dar. Para isto, conta com Seres Humanos de mentes puras, com os corações sadios, com aqueles que não devem ter dúvidas. AkRON não deseja tornar-vos santo(a), mas vos conclama para as fileiras de AKRON. O Ser Humano evolui; o espírito, passo a passo, também evolui. Cresçamos, cresçamos tanto que o ser pequeno, aquele que é capaz de uma violência, de uma mentira, de uma falsidade, não encontre campo para praticar essa mentira, essa violência e essa falsidade. Cerremos fileiras em torno do Divino Pai, em torno do Filho Divino do Homem; e lancemos as bases, lancemos as sementes para aqueles que hão de conviver com o futuro Filho do Homem, com o novo CRISTO oriundo do Senhor INCRIADO, oriundo do Pai Nosso que está no céu. Despertemos, despertemos! Os tempos são chegados e o Ser Humano não sabe o que o espera. Despertemos! Façamo-nos puros, e aqueles seres, cujas mentes conturbadas são cloacas de maus instintos, elevemo-los e tiremo-los da lama. Lembremos, filho(a), que essa flor, essa flor que nasce e viça no lodo (flor de lótus) é pura! Ela não se macula, ela não se deixa sequer tocar pela podridão de onde deriva.

Nossas portas estarão abertas para aqueles que nos procurarem. Nossos sacerdotes e sacerdotisas estarão prontos para aqueles que necessitarem. Nossa Fraternidade vibrará de amor e com amor crescerá, redobrará, turbilhonará qual egrégora divina emanante da Luz platinada da Fraternidade Branca. E assim AkRON, Sacerdote do 5º Grau, Hierofante do 7º Ponto, Irmão Maior da Fraternidade de Menhenúfis, usado e ungido por PTAH, seu dileto irmão, deixa convosco os fluidos magnéticos e radiosos de HóRUS, o Divino Filho do Homem. Que ÍSIS, a Divina Mãe, vos oriente e que, aos Seres Humanos, aponte a Luz luminosa que haverá de fazer brilhar dentro de cada um de vós! Que FLOR DE LóTUS vos domine!

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Filho(a), necessito de vós, necessito de vós como o andante do deserto necessita de água. Acho-me exausto na caminhada árdua e na aridez encontrada nas mentes humanas. Necessito beber da vossa compreensão. Necessito saciar a sede na vossa abundância, para ter a coragem de prosseguir caminhando na aridez das mentes.

AkRON deseja, juntamente convosco, ter a oportunidade de expandir um movimento de real fraternidade, de real entrosamento entre os homens e as mulheres. A Fraternidade de Menhenúfis não terá limitação. É a Fraternidade do amor pelo próximo, é o desejo de se sentir no próximo como um(a) irmão(ã) palpitante dentro de nós mesmos. Isto é o que AkRON desejou ao falar de Fraternidade. AkRON não é o patrono dessa Fraternidade, porque AkRON recebe de cima as diretrizes. O outro lado dessa Fraternidade se denomina Flor de Lótus. Portanto, AKRON é um mero, pequenino, insignificante e humilde instrumento que vos transmitirá as ordens e as origens recebidas de um verdadeiro Mestre. Necessita de cinco tônicas, de cinco mentes para vibrar.

Partiremos agora para o reino das realizações. Sois, portanto, a própria Fraternidade! Não nos cingiremos a esse pequenino Templo improvisado. Não! A Humanidade nos chama! O ódio, a incompreensão, a intolerância nos conclamam! Ergueremos bem alto a flâmula de AMON e haveremos de partir para o sacrifício.

Filho(a), sois mortal e, como mortal, passível, portanto, de erros e tropeços. AkRON sabe que tendes afazeres que vos prendem a maior parte do dia. AkRON sabe que, na época em que viveis, muitas e muitas vezes um contato, uma palestra, uma reunião faz com que tentações surjam, faz com que conversas apareçam vos causando asco; mas, mesmo assim, tendes que fazer boa fisionomia. AKRON reconhece os tempos

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em que estais vivendo. No vosso labor, nas vossas atividades quotidianas lembrai-vos sempre, nos menores detalhes, que vós pertenceis à Divina Mãe, à Sagrada Irmã e à Doce Esposa. Entendeis? Para Ela ireis viver. Portanto:

1ª RecomendaçãoAmai os Seres Humanos como a vós mesmos(as), mas não jogueis pérolas aos porcos. A Fraternidade Branca, nos dias de hoje, tem uma missão importante. A Fraternidade Branca, numa esteira luminosa, caminha em direção ao Filho, porque nessa hora brilha uma determinada estrela que incide sobre todos os Seres Humanos ligados a Ela.

2ª RecomendaçãoQuerei a Sabedoria do Divino OSÍRIS e esperai a Luz que emana do Glorioso HóRUS.

3ª RecomendaçãoNão espereis que os Seres Humanos vos compreendam. Nunca espereis a tolerância deles, compreendei sempre os Seres Humanos e dai-lhes sempre tolerância. É importante, muito importante para o vosso sublimismo. Porque no dia em que tiverdes a real convicção de que um Ser Humano não vos compreendeu, mas vós o perdoastes, foi porque vós o compreendestes. Quão maravilhoso seria se todos pudessem compreender-vos!

4ª RecomendaçãoDai sempre! Portanto, sempre que puderdes dai, mas sem nunca contar à mão direita o que a esquerda fez. Assim, quando as unirdes, numa comunhão sincera e íntima, uma não tenha que se envergonhar da outra.

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5ª RecomendaçãoAtitude limpa. Não vos quero tornar santo(a). As necessidades do corpo, cumpri-as. Nas necessidades da alma, o Divino AMON vos guiará.

Última RecomendaçãoExortai e com o pé esquerdo passado para trás, numa inclinação natural, dizei:

Se for homem: Com OSíRiS chego, com OSíRiS parto. Na grandiosidade do Mestre me reparto. Se for mulher: Com a Divina íSiS chego, com a Divina íSiS parto. Na grandiosidade dos seus Mistérios me reparto.

Fazei uma prece com AkRON:

“Oh, AMON! Glorioso e Demiurgo AMON! Prostrados no pó, identificados com a terra, elevamos o Vosso Santo Nome às Glórias do Infinito! Que as Vossas auras radiosas envolvam o Ser Humano, dando-lhe a luz da estrada luminosa de onde partirá com destino a Vós!

Oh, OSÍRIS! Filho extremoso, esposo sublime e irmão carinhoso, verdadeiro portador das Sabedorias de AMON, descerrai sobre nós o Vosso Manto, dando-nos a Força e a Sabedoria para erguermos o véu de Vossa mãe, de Vossa esposa e de Vossa irmã ÍSIS, que aureolada de Luz descerá sobre nós! E com a Força de Vossa convicção, com a Força do Vosso amor, sob a proteção do Divino HóRUS, invoquemos os poderes divinos para que nos deem o alento, o calor, a energia necessária para o reconhecimento de Vós.

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E prostrados, arrojados em comunhão com o pó, solicitamos o direito de entrarmos em contato convosco e com os Vossos divinos mensageiros.

Jet AMON-RÁ! Jet glorioso OSÍRIS! Jet inefável ÍSIS!

Jet amoroso HóRUS!

Iniciemos as nossas atribuições e ergamos a Vós o cântico de Paz, Harmonia e da Sabedoria de AMON. A.U.M.”.

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FAGULHAS DE SABEDORIA

AkRON vos diz:

“A Sabedoria é o próprio Deus, é infinita, é impalpável, é o Tudo e é o Nada. Ain-Suph — o Tudo-Nada; o Tudo-Nada da Escola Sincromática de AkRON. Ain-Suph significa: Meu Sopro.

O MEU SOPRO É TUDO, O MEU SOPRO É NADA,

PORQUE O MEU SOPRO CRIA E O MEU NADA ENCHE.”

Irmão(ã), pisastes pela vez primeira o umbral, certo do caminho da Sabedoria. Mentalizai agora. Tudo é motivo exterior; passada a causa, cessa o efeito. Entendeis? No momento, uma conjuntura estelar brilha em vosso benefício. A balança não oscila e o Cordeiro Sagrado de Amon, o dos cornos de ouro, vibra em uníssono com ela e vos é favorável. Quedai-vos em meditação e se puderdes pensai no que AkRON vos diz. Jet AMON!

Se pegardes um(a) religioso(a) e perguntardes a ele(a) por que aceita isto ou aquilo, não saberá responder. Vós, não! Vós tereis sempre uma argumentação, porque vós havereis de conhecer a origem que deu razão, que deu motivo a tudo aquilo que hoje existe.

Se puderdes, fazei como o sábio pescador: dai bastante linha,para depois poder recolher com segurança, preso à ponta dela, “o peixe da Sabedoria”. E quando AkRON diz o símbolo

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do peixe, vós sabeis a quem pertence esse símbolo? Houve um homem pescador que pela sua simplicidade, pelo seu amor, o Mestre o chamou em primeiro lugar. Ele soube fazer uma boa pescaria; soube também lançar a rede nos corações dos homens.

Recebestes, vós, o sopro de diversos papiros (livros) que foram colocados em vossas mãos. Olhai-os com carinho. Ireis encontrar as chaves do Véu de OSÍRIS. Vedes, AkRON não vos fala de ÍSIS. Percebestes? AkRON vos fala de OSÍRIS, o segundo aspecto do terceiro LOGOS. Entendeis? É a cartilha dos conhecimentos que AkRON quer colocar em vossas mãos. BUDDAH tinha o ápice dele crescido, tão crescido, que caía e vinha até as orelhas. Aquilo, vós sabeis, era a irradiação do Lótus que emanava da mente dele. Assim como ele, vós caminhais e a Luz já se faz sentir. Quando ela vos cobrir de todo, vós não tereis mais perguntas a fazer. Entendeis? AkRON conta convosco!

AkRON promete introduzir-vos nos Mistérios Dele e vos diz: quando o silêncio penetrar em vossa mente, colocai-vos em estado de receberdes os ensinamentos de kHEPER-RÁ, porque, se conseguirdes ouvir o turbilhonar vertiginoso que existe como ruído dentro do silêncio, se vos colocardes em condições tais de ouvirdes o silêncio, dileto(a) irmão(ã), vós passareis de Discípulo(a) a Adepto(a) e recebereis então todo o manancial de Sabedoria que, como um caudal dadivoso, jorrará sobre vós.

Oh, Divino AMON, portador da Sabedoria do Inexorável! Nesse simbolismo, averiguai todas as forças que daqui emanam. As Fraternidades, também presentes, dão o toque da Força de Menhenúfis. Assim possam as Legiões do Bem, nas suas vestes diáfanas e transparentes, carregar dentro de si o amor da Humanidade e possam carregar também os pesos que

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porventura irão sobrecarregá- Ia. A Fraternidade de Menhenúfis, através dos tempos, pelos tempos afora, haverá de resistir, crescer, transbordar qual sangue de OSÍRIS, transbordando do Graal Divino. Que o Mestre OSORÁPIS, neste momento, incida a Luz no ápice da pirâmide! Que o Mestre YESUS, portador do Amor de toda a Humanidade, vos abrace com o seu Sagrado Coração! HARMAkIS-kHEPEPERA, o silêncio feito sabedoria, rende a homenagem! O Sumo Pontífice Sacerdotal Menhenúfis rende a homenagem! PTAH, o Divino PTAH, rende a homenagem! SETH, genuflexado, rende a homenagem! HóRUS, radioso na sua forma alada, paira sobre nós e do triângulo que lhe serve de base, treze raios aqui descem: nove vos incidem e quatro espargem para a Humanidade os poderes ocultos dos tempos, dos tempos...

Não são, portanto, todos que suportam o peso da Sabedoria. A pirâmide se esfacelou! Contido, pois, dentro dela, contido dentro da base quatro está oculto o triângulo três. Ergamos, pois, nós, com as nossas vibrações, o equilíbrio que faltou. A Fraternidade de Menhenúfis muito espera de vós e deposita em vós grandes esperanças. E olhando para o alto, para o ápice hipotético de nossa pirâmide, façamo-Ia crescer! Façamo-la crescer através das mentes! Façamo-la ser mais do que simples guardiã dos poderes ocultos! Façamo-la ser o simbolismo real do triângulo que contém o Ser Humano: o Pai, o Filho e o Espírito. Jet ÍSIS, MATER RHÉA!

Maravilhoso(a) filho(a) de mentalização abstrata, de pesquisas que se perdem no além! Desejais ter conhecimento de tudo, no entanto, há o véu espesso a cobrir-vos a visão. Filho(a) que desejaríeis sondar o espaço; filho(a) que desejaríeis estender o braço e alcançar o mastro; filho(a) que

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vos perdeis na imensidão do Kosmos e que fazeis a célebre pergunta: Por que, meu Deus, por quê?

Todos os Seres Humanos buscam a Sabedoria e todos os Seres Humanos buscam a Verdade. E se fecham, como o caracol, dentro de sua própria casca de vaidade. O que AkRON quis dizer com isso é que não basta o saber; é preciso sentir Amor naquilo que estais fazendo! Também é preciso um minuto de comunhão de pensamento por Amor aos Seres Humanos!

Todos nós possuímos um guru. Ora, pergunta-se: Por que temos um guru? A resposta se faz sentir: é uma conjuntura do Ego, uma necessidade que o Ego sente de dar uma manifestação para aquele(a) seu (sua) representado(a). É quando sentimos que aquela formiguinha é tão importante ou mais do que nós mesmos(as); é quando sentimos que aquela rocha pulsa como nós; é quando sentimos que há uma verdadeira fonte de energia dentro de um pequenino pé-de-capim. É isto, filho(a) — haverá um equilíbrio perfeito entre a mente, a ação e o sentimento.

AkRON vos pergunta: Por que o Mal vence o Bem? Realmente, o Mal tem mais força de momento. O impacto da vibração anula a reação. E quando o lado branco, chamemos assim, se organiza para a reação, o efeito da causa já existe. É por isso que nos Mundos Subterrâneos não há descanso nem para aqueles que já venceram o lado negro. Quando, lá embaixo, todos conseguirem vencer o lado negro, surgirá apenas um aspecto e o último Adormecido se erguerá. O Ser Humano, portanto, tem muito que caminhar, muito que caminhar...

AkRON sente, como sempre, a satisfação da vossa vibração. Na glória da vossa fé, AkRON se emana numa aura de amor e satisfação. Se nas horas de maior confusão — em

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vossa pequena, mas brilhante mente —, sentirdes brotar o amor por Aquele que vos guia, nada temais, nada temais! Somos nós mesmos, nós mesmos numa manifestação superior. As Entidades que vos servem escolheram um invólucro, mas não vos dominam o Espírito. O Espírito é vosso, é uno, intransferível. O Ego é o que domina no seu aspecto superior. Ele tem experiências que vós não tendes e orienta-vos, equilibra-vos, proteje-vos. E vós não sois um(a) qualquer. Vós sois um(a) intermediário(a), vós sois um(a) médium, e AkRON deposita em vós as suas maiores esperanças. Portanto, não decepcioneis a AkRON, não decepcioneis a Humanidade, não decepcioneis, sobretudo, a vós mesmo(a).

Ser Humano algum doente da mente dá passagem a qualquer Entidade. Ninguém vem à face da terra e tem a propriedade de sentir, receber, de viver dentro de seu corpo, dentro de sua matéria, dentro de suas células, as vibrações superiores, sem que para isso já não tivesse sido designado. Nada é feito sem causa, nada é feito sem razão. Tudo o que sentis através desse corpo — que não vos pertence, mas que pertence à transição de vossa trajetória — são as vibrações devidas à vossa mediunidade. Por que tanta preocupação com o vosso corpo? Dobrai essa preocupação com o vosso Espírito e tereis a resposta para todas as vossas ânsias.

Realmente, um Ser Humano necessita de determinadas qualidades para poder servir de invólucro para um Espírito. Mas quando isso acontece, dão o nome de médium, que significa: o(a) intermediário(a). Não é de se estranhar que uns sejam e outros não? Não é de se estranhar que todos tenham um pouquinho da falada mediunidade? Todos os Seres Humanos mantêm em si uma Entidade que vela por eles. Desenvolvimento da mediunidade existe realmente, mas AkRON não conhece e nem sabe como vos orientar para se fazer uma sessão de desenvolvimento.

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Quando a AkRON interessa alguém e para que esse alguém sirva melhor, AkRON lhe dá os toques; coloca-o(a) numa auréola magnética, chama a si os fluidos da aura dele(a), dá um impulso nos chakrans, rasga-lhe o invólucro defensivo e o(a) deixa apto(a) para receber qualquer um. Entendeis? AkRON respeita e venera mesmo todas as manifestações espirituais que se processam através desse(a) ou daquele(a) mortal. Somos todos irmãos perante AMON! Todos, aqui e além!

AkRON vai desdobrar-vos uma doutrina que nasceu, foi desenvolvida e viveu onde o tempo já perdeu a memória. A Verdade é uma só, perdura e perdurará sempre através dos tempos. Mas há diversas maneiras de se dizer essa Verdade, diversos são os caminhos para se alcançar as Verdades do fim. O que AkRON vai depositar em vós são Verdades do princípio, são os primórdios da Lei dessas Verdades. Da palavra que ouvireis, outros já se aproveitaram dela. Mesmo aquele a quem os Seres Humanos chamam de JESUS CRISTO, mesmo Ele foi portador dos conhecimentos que AkRON vai fornecer-vos. Ele soube aproveitá-los e soube transformá-los para a necessidade de uma época. Entendeis?

O Ser Humano costuma dizer que há céu, que há inferno e que há purgatório. Isso foi criado por uma mente humana, mas baseado num profundo conhecimento da Verdade. O Mundo Subterrâneo existe e AkRON vai dizer-vos. São sete planos, também chamados sete círculos. E essa mente tinha conhecimento disso. Os indianos, cientes e zelosos das tradições do passado, colocam o Nirvana acima de tudo, como

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morada de PARABRAHM. Pois bem: onde é? Como é? Por que é? Se nós estamos fadados e indicados a fazer a nossa evolução neste Planeta, como sairmos dele? Como? Julgais que o espaço nos pertence. Também somos limitados! Tudo, portanto, se passa do plano em que vós estais para baixo. Acima é outra coisa, acima é o Hálito Divino, acima é aquilo que conheceis como o Ovo Criador. A evolução hominal, no desejo de se tornar espiritual, é restringida, dileto(a) irmão(ã), a este Planeta. Todos os planos que conheceis se interpenetram, e o próprio Planeta constitui parte deles.

A real caridade é aquela que não se diz que vai ser feita. Deveis dar com esta mão, mas devereis exigir que aquela outra mão ignore o que está sendo dado. Como, pois, fazer alarde de uma coisa que não deve ser dada, mas deve ser sentida, solicitada, suplicada, implorada e evocada? Nunca Entidade acima de AkRON disse: “Vim fazer uma caridade”, porque o rastro de caridade que ela traz atrás de si é tão luminoso, que ela não precisa enunciar que veio fazer uma caridade. Nesse momento se pratica uma caridade. Nesse momento se faz uma caridade. Que significa o nome caridade? Dar por pena. Esse é o verdadeiro e real significado de caridade. AKRON não faz caridade. AkRON não dá por pena. AkRON dá por sentir amor. Porque AKRON sente o sofrimento dos Seres Humanos fibra por fibra, vibração por vibração; e sofre por eles, chora com eles e implora ao Deus deles, se preciso for, porque o Deus deles é o Deus de AkRON. Tão mal difundido está o nome caridade! Se amor é fazer o Bem e se fazer o Bem é a caridade tão propalada pelos Seres Humanos, então AkRON faz a caridade!

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Existem homens e mulheres que fazem as perguntas: Por que acontece isso? Por que acontece aquilo? Por que se deixa fenecer a criancinha? Por que se deixa armar o braço assassino? Por que se permite deflagrarem as guerras, irmãos contra irmãos se atirando como feras e devorando-se uns aos outros numa vertigem sanguinária e fratricida? Por quê? Se existe um Deus, por que permite Ele tais barbaridades?

Dileto(a) irmão(ã), o caminho do Ser Humano é cavado na rocha de sua existência à custa do labor constante de suas atitudes. Se ele cava o abismo, para o abismo ele caminha. Se ele cava degraus que o elevam, mais rapidamente galga o trono do Senhor. AMON, na sua incomensurável onipotência, na sua bondade justa e sem limitação, distribui então o prêmio a quem merece; distribui então o castigo a quem pediu. Ao distribuir o prêmio, Se rejubila; ao determinar o castigo, Se entristece. Mas como a Justiça Dele é una e Ele está em todos, premia-se a Si próprio e castiga-se a Si próprio. O Ser Humano que se castiga, castiga a própria Divindade; o Ser Humano que se premia, eleva a própria Divindade. Não há, pois, amor sem justiça. Não há, pois, julgamento sem a equidade. Só o Ser Humano costuma condenar, prejudicando; é uma característica própria da vaidade deles. AMON, entretanto, não condena e não julga; premia e castiga, porque ambos são merecedores de algo. Deixai-vos premiar, equilibrando os pratos da balança, e ANÚBIS crescerá de gáudio ao sentir que o equilíbrio se perfaz.

Quando um mortal está para se preparar para outra reencarnação, já nesta, nos últimos momentos de sua existência, tem disto conhecimento. É quando então a Coorte — vós chamais de Hierarquia —, quando a Coorte se reúne

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e através de um passe que AkRON chama de mágico, corta a ligação do Espírito com a matéria. Esse corte se processa paulatinamente dentro da matéria. O Ser Humano desliga a matéria da mente e conscientemente tem ideia de tudo aquilo que já fez e de tudo aquilo que lhe resta fazer. A matéria vai se decompondo aos poucos.

Quando alguém morre e ANÚBIS recebe dele o Espírito, coloca-o no prato da balança. Vede vós, não é simbolismo. Realmente, as ações desse Ser são pesadas. Atentai bem para o que AkRON vos diz: as ações do Ser Humano são pesadas! As ações são refletidas no Espírito, isto é, colocadas num prato da balança. Perguntai vós: o que é colocado no outro prato? Duas coisas só, duas. Atentai bem: AMOR e TOLERâNCIA.

Todos os mortais procuram e é raro achar o seu raio correspondente (companheiro(a)). Um raio sem o outro não tem equilíbrio.

Alma gêmea não significa aquilo que o nome em sua generalidade explica. Não. Alma gêmea significa uma alma par a par. São karmas adquiridos por pessoas no passado, cujas responsabilidades pertencem a ambos. Caminham através das evoluções com esse karma pendente um do outro e, enquanto não o liquidam, continuam gêmeas através dos tempos, só se divorciando no fim, quando cada um toma, de per si, o seu próprio bah (alma) livre, liberto do karma que dependia do outro. Por isso, a responsabilidade de arrastarmos conosco aqueles que não nos desejam acompanhar é muito séria. Quando fazemos algo e cumpliciamos outro, esse karma é dividido e surgem daí, a partir desse momento, as almas gêmeas, que para se libertarem dependem uma da

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outra. Porque um(a) pode pagar o(a) do(a) outro(a), mas o(a) outro(a) pode não ter pago o seu próprio karma. Isto faz deles verdadeiras almas gêmeas!

Há, entretanto, um mal entendido: julgam que almas gêmeas são almas derivadas do mesmo Pai Egoico. Não. Pode acontecer, mas via de regra são de Pais diferentes. Existem almas gêmeas e almas irmãs.

AKRON tentará sintetizar o simplificado. Quando tem início a manifestação hominal, quando ela sai de uma coisa e passa a ser outra coisa, aquilo que estava agrupado, como que por cissiparidade se bifurca, se parte. Aquilo que vós chamais de Átomo Permanente é constituído de duas conchas, formando um todo por onde transita o Fio de Sutratmã. Quando se desenvolve a primeira manifestação de vida hominal, uma dessas duas conchas se manifesta na parte positiva e a outra, na parte negativa (homem e mulher). Conjunturas estelares, vede bem, atuam sobre esse Átomo e fazem isso: uma concha corre sobre a outra, de cima para baixo. As partes se deslocam; aquela que passa para baixo tanto pode ser uma como pode ser a outra, indicando o nascimento primeiro do homem ou da mulher. Quando é completado então um pequeno giro ao redor de si mesma, dessa estrela que domina, vede bem, a outra parte nasce. É a contraparte, é o lado oposto, é aquela parte que deve seguir, passo a passo, os passos tortuosos ou retos da outra. Observai atentamente que quando uma parte é ativa, a outra é passiva; quando uma parte é belicosa, a outra parte é pacificadora; quando as duas são belicosas, o que acontece? Elas se separam e saem então à procura de sua verdadeira parte. Entendeis? E lá de cima é abençoada a união que é feita desse encontro na vida terrena. AkRON falou.

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A estrela que determina os nascimentos dos pares tem uma rotação sobre si mesma. Pode ser pequena, pode ser longa, entretanto nunca ultrapassa aquilo que vós chamais de sete anos. A diferença do espaço de tempo entre os dois nascimentos é marcada pelo número de vezes das rotações da estrela que os domina.

No final da trajetória, não importa que uma espere pela outra ou que a outra espere pela primeira; não importa. Quando terminarem as missões é que vem a maravilha: essas duas partes completamente harmonizadas, completamente entrosadas, voltam a ser um todo inicial. É quando então caminharão, par a par, no verdadeiro matrimônio com que AMON os uniu desde o primeiro sopro emanado. Tudo então será harmonia, claridade, luz, maravilha das maravilhas, porque partilharão do brilhantismo e da coorte do manto do Senhor!

Não é apenas por acaso que se usa o azeite, que se usa a água, que se usa o sal. Reparai que todos os três são fontes de vida. Todos os três são elementos que o Ser Humano dispõe e não pode dispensar. Aprendereis o real significado do azeite, o valor verdadeiro da água e o poder excepcional do sal.

Já vistes vós que o azeite é extraído de uma pequenina fruta? Que poder fabuloso tem essa frutinha que pode ser transformada em calor e em fogo! Tendes aí, portanto, um elemento vital da natureza combinado em dois: terra e vegetal dão fogo. É, o azeite, o símbolo da fusão entre as forças latentes do interior da terra.

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O sal, se notardes que o sal provém do líquido, vereis que nada mais é do que a fusão de alguns éteres. Tendes, pois, o ar em função da água, dando o mineral. É, portanto, o simbolismo das forças que envolvem a terra. É interessante notar que se caminhardes para baixo nessas galerias que se abrem constantemente, encontrareis, arejando a própria galeria, verdadeiros lençóis de sal. Estes arejam e purificam o ambiente, chamando para si toda a atmosfera saturada, que é absorvida por eles e devolvida então num teor de frescura, onde os Seres Humanos toupeiras (mineiros) podem respirar mais livremente. Comanda, portanto, os etéreos.

Finalmente, temos a água. Já vistes de onde ela brota? Da rocha! Onde houver um olho d’água, podeis estar certo(a) de que há uma rocha. Acompanhemos então o fenômeno. Na rocha, onde instrumentos pontiagudos e mais duros do que ela às vezes não a penetram, a água surge, mesmo assim, dadivosa e boa, límpida, clara e fresca, gota a gota, crescendo de um filete para um regato, de um regato para um rio, de um rio para o mar. E do mar, para onde? Sabiamente para o alto! Mais sabiamente, ainda, devolvida através da chuva. E nesse ciclo permanente, numa demonstração cabal da Onipotência do Senhor, não tendo nem princípio nem fim, os mananciais não terminarão enquanto houver na face da terra algo que careça de evolução. A água é, portanto, o símbolo natural da evolução de todas as coisas — aquilo que conseguindo se macular ao ser despejada na lama, na podridão, nos detritos, ao ser elevada se purifica, numa demonstração cabal de que o que é divino não se contamina! Não há água poluída, não há água estagnada, pois, mesmo contendo os germes que nela pululam, ao bater o sol — a luz radiosa de Rá —, eleva-se e é devolvida para a terra, pura e cristalina, como o mais puro e cristalino diamante. Vede, pois, que a água oferecida à Onipotência do Senhor, quando a elevamos, purifica-se, e quando baixamo-Ia, torna-se apta a curar os males mais

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incuráveis. Se nessa força de elevação tiverdes a consciência de saber solicitar, a Onipotência do Senhor, que vive nela, nos oferece aquilo que solicitamos.

Ao iniciardes uma nova fase, AkRON se coloca à disposição para trocarmos palavras que nos esclareçam, que nos orientem, que nos conduzam ao caminho da Verdade. Começamos hoje a verdadeira Iniciação nos destinos da doutrina de AMON. Convosco AkRON conta para multiplicardes os ensinamentos que porventura venhais a receber.

Uma explicação: HAHAT. HAHAT é a Divindade que sempre gerou o ovo humano.

HAHAT teve, através dos tempos e das culturas, nomes diversos. O último nome que vossa época conhece denomina-se MARIA. HAHAT simboliza, portanto, o germe da Matéria; simboliza, portanto, a própria manifestação; simboliza, portanto, a exaustão de algo que, fecundado do Nada, deu o Tudo. Se puderdes alcançar a profundidade do que esta pequena filosofia encerra, podereis aquilatar que HAHAT somos todos nós reunidos, somos cada um de per si, somos o Tudo e somos o Nada, somos o EU SOU.

HAHAT significa dois sopros: • o sopro HA; e• o sopro HAT.

Em outro linguajar mais conhecido vosso, significa o Ain-Suph. Desta forma, teremos a homenagear TOTH por meio dos seus papiros, que vós sobejamente conheceis pelo nome de PAPIROS SAGRADOS DE HERMES. Jet TOTH! TOTH é, portanto,

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uma Divindade; humanizado que foi num Raio Crístico, ditou aos Seres Humanos as primeiras letras da cultura. E como ditou! Por meio dos papiros secretos, misteriosos e mágicos de HERMES, que ainda persistem num relicário sacrossanto guardado por Entidades da Fraternidade Branca, TOTH legou aos homens o princípio das letras, o princípio dos números, o princípio da força. Se hoje tendes vós o poder do raciocínio, deveis à chama divina criada por HAHAT e insuflada por TOTH.

TOTH, portanto, descerrou aos olhos dos Seres Humanos os segredos ocultos contidos na Natureza. TOTH e HAHAT são — como poderei dizer? —, são SAN-SHÚ e ZORNAY. São duas coisas num único princípio: um, a Força, o outro, o Espírito; um, a parte negativa, o outro, a parte positiva — que fazem o todo. Um, o Amor, o outro, o Sentimento; um, o Raciocínio, o outro, a Lógica; um, a Compreensão, o outro, a Tolerância. Um completa o outro. São duas Almas Irmãs. TOTH deu-nos o que recebeu de HAHAT. HAHAT criou para que TOTH desse.

AkRON falará do Ser Humano em função de sua consciência. Por que AkRON falará sobre esse tema? Porque a vossa consciência está voltada para o alto e porque ela está diretamente ligada a HAHAT e a TOTH. AkRON se sente no dever de vos dizer o que é a consciência do Ser Humano, em função de seus aspectos.

O corpo do humano que circunda aquilo que realmente é, que dá condições àquilo que realmente é de transitar por um plano grosseiro, esse corpo, ponto por ponto dele, é uma consciência. Milênios e milênios de experiências de todo o Planeta em que viveis estão contidos dentro de vossas fibras. Tendes o embate de todas as eras geológicas e arqueológicas dentro do vosso corpo. Sois fóssil vivo! Sois fóssil consciente!

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Cada reflexo dessa consciência, o Ser Humano denominou de sentido; cada direção desse sentido atua diretamente na consciência superior do Ser Humano. Segundo conhecimentos de TOTH, o Ser Humano tem duas consciências: a consciência lunar e a consciência solar. Nada tem a ver com aspectos positivos e aspectos negativos dessa própria consciência. AkRON se faz entender?

A consciência lunar é aquela material que o Ser carrega consigo no peso incômodo de um cérebro enfeixado dentro de uma caixa óssea.

A consciência solar é aquela que vem da energia. É aquela que vem da consciência energética, a chama que nos anima. É a consciência formada através dos embates de nossa própria evolução.

Somos, portanto, Sopro de algo superior.

Muitas e muitas vezes raciocinamos logicamente sobre um determinado impulso, sobre uma determinada necessidade. Quando vamos dar o primeiro passo para o cumprimento daquilo que a nossa consciência ditou, um poder mais clamoroso nos sofrea um ímpeto e algo sutilmente nos sussura no âmago de nosso ser: “Não façais, irmão(ã); não façais, filho(a)”. E quantas e quantas vezes o embate da chama chega realmente tão clamoroso — e ele se faz sentir nas pequeninas consciências dotadas de nosso ser —, que conseguimos dominar o impulso de uma mente inferior.

Dessa forma dominamos as paixões bestiais da fera que reside dentro de nossos próprios domínios. E quantas e quantas vezes essa consciência solar nos leva a formar um grupo branco! TOTH incide sobre isso. HAHAT nos dá condições sentimentais para podermos amar uns aos outros.

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Quando o país de kAM — hoje chamado Egito — se formou em eras que o tempo já se esqueceu, as Divindades em suas manifestações humanas habitavam entre nós. AkRON insiste: as Entidades em suas manifestações humanas!

Nessa oportunidade, OSÍRIS, o Dileto e Divino OSÍRIS, na sua forma humanizada, partilhava dos problemas dos Seres Humanos. Da Sabedoria divina, daquilo que era oculto para os humanos, apenas essas manifestações humanizadas tinham conhecimento dela. OSÍRIS denominava-se, nessa época, OSOR. OSÍRIS é uma locução, uma junção devido ao matrimônio de OSOR com ÍSIS. OSOR-ÍSIS deu, então, o nome de OSÍRIS, porque Ele chamou a Si a manifestação Dela e se identificou. OSOR foi mais tarde denominado HERMES pelos helênicos — um povo culto, pesquisador, amante das ciências e das artes, um povo que amou o belo e o belo difundiu. Eles sabiam, entretanto, que HERMES era uma Divindade e que mais três coisas identificavam a coisa Dele; deram-lhe então o título de O Trimegisto. Vede bem que AkRON vos procura dar o fato como se passou, sem procurar fazer enredamento, tão próprio dos Seres Humanos sábios que gostam de discorrer sobre a sua sapiência. AkRON procura sintetizar o máximo.

OSOR, portanto, prevendo a possibilidade de que pela tradição oral — a que passa de boca para ouvido, de pai (mãe) para filho(a), de mestre(a) para discípulo(a) — o conhecimento sofresse desvirtuamento, sentiu a necessidade de deixá-lo gravado e o gravou. Isto em virtude do fato de que uma mente, ao receber, pode entender de forma diferente e, assim, transmitir a informação já um pouco deturpada.

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A Sabedoria que AkRON vai passar-vos é a essência sintetizada do que OSOR nos legou. Vós ireis perceber que isto que AkRON vai dar-vos é muito sério, muito grave e, porque não dizer, perigoso! Porque com os conhecimentos adquiridos, se desejardes incandescer um círio sem que o toqueis, sem que provoqueis o fogo, vós ireis fazê-lo. O introito sintético que AkRON desejava dar era esse.

OSOR, portanto, dividiu a Sabedoria, que perdura por meio dos símbolos, em dez mais quatro grandes partes, sendo que duas são secretíssimas. Não julgueis vós que o que AkRON vai dar-vos é apenas o conhecimento conhecido como Kahbahlah. Entendeis? Ela faz parte, ela é uma complementação. O que AkRON vai dar-vos é a síntese de conhecimentos, cujas raízes básicas já são conhecidas. AkRON não tem pressa. O plano está traçado e todos o cumprirão. Verificareis, vós, porque a iniciação é sob a égide de OSÍRIS. Tirai, vós, as vossas deduções e sabereis porque teremos que simbolicamente erguer o Véu de ÍSIS. É porque se ÍSIS está identificada com OSOR, OSOR-ÍSIS é uma só coisa e, dissecando OSOR, levantaremos e ergueremos o Véu de ÍSIS. Jet ÍSIS! Preparai-vos mui seriamente, porque pouco vos falta para que vos torneis aquilo que devereis tornar-vos.

Sabeis por que é chamado de Espírito Santo? Porque é a manifestação Dele que nos abarca a todos e, como tal, é o único Espírito Santificado. Por isso, chamam-no de Espírito Santo. Não é apenas um nome, é uma realidade. E ainda dizem que no tempo de AkRON a ignorância imperava!

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SETH, PTAH, TIPHON e tantas outras são manifestações secundárias das Divindades primordiais. O primordial que AkRON diz é a Divindade de origem. São manifestações cujas representações simbólicas determinam este ou aquele estado de coisas às quais a Sabedoria egípcia, para dar ênfase junto ao povo ignorante da época, deu nomes. E então, para que ele compreendesse que não deveria matar, criou-se a manifestação de TIPHON. Como o Ser Humano deveria compreender que devia render um culto às coisas superiores, criou-se PTAH — o religioso, aquele que cuida da seara do Senhor.

Apesar da Índia legendária, mística e misteriosa ter seguido um ramo de saber paralelo ao ramo egípcio, podeis estar certo(a) que foge à regra dos números. Essa paralela se encontra num ponto e todas as suas características — de nomes diferentes, de teor diferente — encerram, quase sempre, o mesmo senso, a mesma essência. Havereis de compreender que, nesse assunto, tudo é uma questão de nomes. BRAHMA, AkRON chama de AMON; a maioria chama de DEUS. Verificareis que tudo é uma questão de nomes, mas a essência da verdadeira Sabedoria emanou de uma só origem. Portanto, pode ser desta ou daquela doutrina, a verdade é una e para ela caminharemos. Todos convergem para RÁ. Que RÁ seja louvado! O Senhor seja louvado! Agradeçamos ao Senhor pelo fato de sermos, nós, homens e mulheres de boa vontade e termos Dele recebido essa boa vontade. Cantemo-Io no nosso íntimo!

Como ATON simbolizava a Divindade oculta, a Força feito Energia; como ATON simbolizava o Hálito Divino, foi Ele encerrado numa encíclica hermética dos conhecimentos pelos sacerdotes, pelos mestres da época, pelos sábios e pelos divinos, e foi, portanto, generalizado em todas as suas manifestações: RÁ, RÊ, AMON, OSÍRIS, ÍSIS e HóRUS. Ficou bem claro? Portanto, o divino RÁ, o divino RÊ, o majestoso

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AMON, o OSÍRIS miraculoso, ÍSIS boníssima virgem e HóRUS, o seu filho imaculado. Entendeis o sublimismo do simbolismo? Penetrais vós até onde Ele pode ser alcançado? Vós havereis de penetrá-Io. ATON não existe! ATON apenas é citado de maneira sublime, secreta. AkRON se faz entender? AMON era o DEUS! ATON representa tudo, era um: AT-ON, o primeiro Sopro, a primeira Energia, o primeiro Raio Emanado, a manifestação espacial, o Todo, o Princípio e o Fim. Era isto: o Círculo. Isso foi secretamente, avaramente guardado. Às manifestações desse próprio Sopro, desse AT-ON, foram então dadas as verdadeiras denominações: ATMON-RÁ, ATMON-RÊ e, sucessivamente, OSÍRIS, ÍSIS, HóRUS e AMON.

Observai que quando AkRON invoca RÁ, é sempre em benefício ou em favor de um terceiro. Quando AkRON invoca RÊ, é em benefício do ambiente em que se está. Alguém doentio, inteligente, pesquisador descobriu o nome de ATON e resolveu reviver a sua glória. Uma glória que não necessitava ser revivida, porque ATON está contido em AMON-RÁ, em AMON, em OSÍRIS, ÍSIS e HóRUS. É essa a diferença entre ATON e AMON. Nós somos o reflexo desse Uno. Nós somos eco do Verbo e esse eco se faz repetir através de milhões de criaturas. Do Verbo do Uno até o fim dos séculos.

Filho(a) amado(a), discípulo(a) muito amado(a), vós que seguireis a doutrina, vós que penetrareis nos mistérios, por vosso intermédio AKRON se identificará realmente com as auras celestes. AkRON será o discípulo do vosso amor, será o discípulo de vossa bondade e aquilo que não foi permitido a AkRON fazer em vida, fará agora, radioso de ter reencontrado a vós, meu (minha) querido(a) discípulo(a).

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A Verdade é uma só e não muda. O que acontece, muitas e muitas vezes, é que a tradição passada é deturpada e mal captada. E se ela é mal captada é mal transmitida; e, por defeito de transmissão, chegou até nós com alguns erros bastante sérios, que se procura corrigir sem chocar a tradição. Entendeis?

Quando HERMES gravou nos papiros toda a Sabedoria Dele em quatorze capítulos, denominou-se cada um desses pedaços ou capítulos de Arcano. É uma síntese que se completa com os Arcanos menores. Dentro deles, dileto(a) filho(a), encerrada está toda a Sabedoria dos Maiores da antiga Atlântida. Dentro deles está condensada toda a Sabedoria da Natureza. Dentro deles estão condensados todos os elementos constantes como força, como elemento, como vibração, como positivismo e como negativismo, como homem, como mulher, como branco, como negro, como bom e como mau. Ides, portanto, mergulhar numa Sabedoria que precisamente há 5.000 ciclos de sóis (anos) não mais se repetiu. E durante esse tempo, caríssimo(a) discípulo(a), sabeis o que aconteceu? AkRON levou tanto tempo mergulhado nos ensinamentos daqueles papiros já idosos, cujo respeito e carinho não nos permitia tocá-los bruscamente com medo de ofendê-los, que os dilatou; e é isto o que AkRON vem vos oferecer. O que AkRON vai dizer-vos não existe em parte alguma, só existe após a entrada num determinado plano — o Plano Crístico.

Que das cinco Sabedorias dos cinco graus da iniciação sacerdotal comecem, neste momento, a fluir a Verdade. Sois a verdadeira Força da Fraternidade de FIor de Lótus, numa época conturbada em que os Seres Humanos mais creem naquilo que tocam do que naquilo que sentem. Aprendereis com AkRON.

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Introduzir-vos -eis nos mistérios de OSÍRIS e ireis, depois, para a formação de outros grupos, dando a multiplicidade de uma Sabedoria que atravessou milênios e que continuará perdurando, porque AMON é único; é RÁ — todo poderoso; é RÊ — criador dos mundos e dos Seres Humanos. Que os sete Raios Sagrados, multiplicando-se por vós, faça-vos sentir cada vez mais pujante!

AkRON julga, AkRON sabe que a sua resposta, atravessando os planos, chegou até vós. AkRON vos diz que mergulhareis mais profundamente nos Mistérios longínquos, na Sabedoria que não termina.

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PARÁBOLAS

O motivo por que AkRON e todos aqueles que respondem por hipérboles, por parábolas, por metáforas o fazem é porque se a vossa mente, ao sentir o impacto da Verdade, se romper, então sereis um dique cuja catadupa não podereis conter, e a Sabedoria será jorrada de dentro para fora e vós não a contereis.

Perguntaram certa vez a um sacerdote do Templo, por que ele passava as noites genuflexado sobre a lousa fria, enquanto os outros dormiam. Respondeu ele: “Porque o silêncio e a solidão a mim não pesam, e a multidão que me cerca, embarga-me, pesa-me e me oprime.”

O que AkRON vai dizer-vos é para a vossa submente: a tâmara, quando não amadurecida, mantém áspera a sua casca; quando também é desprendida e no solo se encontra, amarga se torna e o sabor não se suporta. Portanto, a tâmara, para ser perfeita, deve ser colhida no pé quando a sua casca é sedosa e aveludada. A vós, portanto, AkRON oferece a tâmara madura da Sabedoria, que colhestes durante toda a árvore da vossa vida.

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Escutai! AkRON vai contar-vos uma passagem: em uma tarde radiosa de sol, uma mãe ouviu o garrular de seu filho. Brincava a criança. Na ânsia de embeber os olhos na imagem do filho querido, chegou ao portal. A primeira coisa que viu, gravada na areia do chão, foi a sombra projetada por seu filho, que marcava uma cruz. Aquele coração de mãe confrangeu-se; viu, no símbolo projetado, todo o destino do seu filho. Soube, naquele momento, por uma intuição divina, que ele iria ter uma vida de sofrimento, de tortura e que iria sucumbir pregado naquele símbolo. Aquele coração de mãe, que transbordava o amor que dedicava à criança, num impulso maior, arrojou-se ao menino e, agasalhando-o no peito como se quisesse defendê-lo de um mal hipotético, transformou-se toda em amor. E carregou, durante toda a vida, a chaga do sofrimento, vertendo mais sangue de amor.

Se emitis amor, não espereis recebê-lo em troca! Dai algo por nada! Porque se esperais receber também amor, não estais dando, não estais dividindo! Fazei como aquela mãe: dai o máximo em troca do máximo, seja ele bom, seja ele mau.

De uma feita, um caminhante encontrou dentro de um cofre uma peça de ouro. Paupérrimo, faminto e exausto da caminhada, sentiu-se repentinamente senhor do mundo. Jubiloso, carregou avaramente o seu tesouro. Mas era uma peça muito grande, muito pesada e, assim sendo, ele encontrou dificuldade em se desfazer dela — não conseguiu quem a comprasse. Continuou assim possuidor de um tesouro, mas faminto, roto e mendigo como antes, até que um dia adormeceu. Ao acordar, viu-se despojado da peça: tinham-na roubado. Chorou a perda do tesouro; mas, repentinamente, começou a sorrir, do sorriso para o riso, do riso para o gargalhar

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insano. Tinha chegado à conclusão de que não tinha ficado mais pobre, porque ele nunca tinha sido rico. É para vós meditardes...

O aroma do sândalo, do puro sândalo, faz AkRON se reportar aos tempos das cerimônias fálicas, onde esse bálsamo perfumava o ambiente, e OSÍRIS-AMON, com a cabeça de carneiro, ouvia o cântico dos cânticos e a dança sagrada dos véus multicolores. Era então queimada uma pira de sândalo que embalsamava o ar. E dizem que da pira fumegante de sândalo ressurgia a expressão máxima de ÍSIS, feito mulher. Lenda! Todo povo tem a sua lenda e o país de kAM também. Assim, quando homens e mulheres, sob o perfume inebriante do sândalo que envolvia a todos, remiam, diante de AMON, todos os seus pecados, nesse dia e nessa noite era que os homens se purificavam e as mulheres se purificavam.

Sândalo: perfume que exala da madeira quando ela é

queimada; perfume que inebria a acha que fere a sua madeira; perfume que, quando a brisa canta, transmite ao passante o aroma árido da natureza. E quando queimado, como num grito de desespero, mantém-se puro no seu aroma inconfundível, numa expressão sincera.

As mentes devem seguir o exemplo do sândalo: quando feridas, tombadas, trituradas e calcinadas devem manter a mesma emissão de vibração, o mesmo perfume sutil que nunca perde a sua essência, mesmo quando transfiguradas pelos seus destinos, pois que o Ser Humano, perante a si mesmo, pouco importa; entretanto, muito importa o Ser Humano perante a Divindade. O sândalo veio até nós. Sejamos como sândalo!

Jet AMON!

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PREVISÕES

São prematuros o alertamento e as previsões em geral, pois são falhos e mantêm um sentido ambíguo; nunca o sentido oculto, real e verdadeiro. Só servem então para fazer com que haja um alarme que não é necessário. Todas as vezes que puderdes, ao ouvirdes as previsões, não as desmintais, mas apaziguai-as.

A época do momento atual é tenebrosa para os Seres Humanos! AkRON, pequenino elo de uma corrente que se estende, usa de toda a sua influência para, nas mentes dos Seres poderosos, incutir o amor; e se conseguirmos isto numa fração de tempo, a hecatombe será evitada. Eflúvios de amor é o que necessitamos. AkRON deixará convosco um cordão magnético e tentará dar respostas às vossas perguntas.

Dileto(a) filho(a) meu (minha), agora, o interior da terra, irado, expele seus vômitos sobre a superfície; e o gelo não contém o fogo, e os mortais não encontram guarida, e as labaredas, qual dançarinas diabólicas, deixam marcadas numa larva os passos de suas contradanças, arrastando na avalanche aquele(a) que não tem peso na balança de ANÚBIS. Vós, filho(a), já deveis ter notado que a ceifa começou; já deveis ter notado que os Senhores aram, aram a terra, lançam a semente e ela não medra. Por quê? Porque não medrou, dentro do Ser Humano, a semente da paz! Porque ele não quer enxergar uma drachma diante do nariz! Porque o Ser

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Humano é inóspito, árido, frio! Porque ele não se eleva e insiste teimosamente em quedar-se terra a terra! Oh, meu RÁ! Oh, Divino Senhor! Por quê? Se a Luz nasce para todos; se só existe segredo para aquele(a) que quer manter-se em segredo; se a própria Luz de RÁ não é misteriosa, por que só para uma plêiade escolhida há de a Verdade vir à tona? AkRON explica: o Ser Humano de mente dilatada e que sente pulsar dentro de si algo que não é material, aquele(a) que ama, aquele(a) que busca, aquele(a) que procura atingir o inatingível, este(a) costuma fazer as perguntas:

De onde viemos?O que somos? Para onde vamos?

Aquele(a) que faz essas três perguntas a si mesmo(a) nunca será devorado(a) por HARMAkIS-kHEPEPERA (a Esfinge).

Choremos a desgraça, não choremos os Seres Humanos. Choremos a catástrofe, não choremos os corpos. Pranteemos a tragédia, não pranteemos os mortos. Que RÁ seja louvado!

AkRON uma vez, duas vezes, por três vezes já queimado foi e sabe que quando o Ser Humano morre pelo fogo, apesar do corpo sofrer dolorosamente, é uma dádiva. Lembrai-vos que dentro da energia do Senhor, o fogo existe. Lembrai-vos que na ira do Senhor, o fogo existe. Lembrai-vos que na Sabedoria do Senhor, o fogo existe. Lembrai-vos, sobretudo, que no amor do Senhor, o fogo ardente existe. Lembrai-vos que uma vez as sarças já queimaram. É necessário que ardam outra vez. E se o povo não compreender esse aviso, seja feita a vontade do Senhor.

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Choremos, pranteemos os que ficaram. Pranteemos os que não faleceram. Pranteemos os que neste momento lutam com as suas dores por perder os seus entes queridos. Pranteemos, irmão(ã), os que realmente sofrem. Os que se foram, cumpriram a sua missão; devem ser regozijados, nunca pranteados. Pranteemos aqueles(as) que quedaram, cuja carne sente fremir a falta do(a) filho(a) que não voltará, da mãe que não acalentará, da(o) noiva(o) que não esperará mais, do(a) esposo(a) que não trará mais o sustento, do(a) pai (mãe), do(a) filho(a), do(a) irmão(ã). Pranteemos o(a) mutilado(a) que quedou. Pranteemos o(a) cego(a) que restou. Pranteemos aquele(a) que ficou sem teto, sem lar, sem parentes, mas não sem amigos, porque é nessa hora que a Fraternidade Humana sente a força da coesão, e os povos se unem no desejo de confraternização. Louvemos, pois, o fato, como os Sacerdotes da Atlântida louvaram a sua destruição. Louvemos o fato, como HERMES louvou a destruição da Lemúria. Louvemos a causa e ergamos loas ao Senhor! Filho(a), dentro da vossa energia mental, compreendereis AkRON.

Escutai: são cíclicas e cronométricas as destruições de civilizações; por isso, temos uma série de dilúvios caracterizando essas destruições. Posseidones não fugiu à regra: foi destruída também pela água. Não houve, dileto(a) filho(a), força alguma extraída do interior da terra; houve, sim, uma manifestação vulcânica. Não foi produto de forças solicitadas, como alguns historiadores fazem crer. Não foi produto de uma força que julgavam poder controlar e que depois se mostrou incontrolável. Não. Posseidones ainda existe. A Lemúria é que submergiu. Entendeis? Posseidones ainda existe. Está começando a ressurgir neste momento. Em breve ressurgirá. E quando ela ressurgir, novo cataclismo

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abalará a face da Terra. Posseidones nunca deixou de existir. Existirá enquanto os Seres Humanos tiverem morada neste planeta. Posseidones, portanto, para o ocultista, é um mito, um mito que perdura. É o “decifra-me, senão te devoro”. É um mistério. É a pedra filosofal. É tudo o que quiserdes. Isso foi Posseidones. Significou o que ainda hoje significa: os próprios homens e mulheres. Quando as vossas paixões despertam, sois a população de Posseidones em desabrida desenfreada, copulando nas ruas, degradando-se nas mais baixas e torpes atitudes. Degradando o homem pelo homem, a mulher com o animal, o homem com a cadela. Caminham para isso, os homens comuns. Caminham para isso, as mulheres, aquelas que não conseguem reter o calor da víbora que existe dentro do sexo. Posseidones ainda existe, filho(a). Existirá na vossa mente, existirá no vosso sexo, existirá na vossa atitude. Enquanto existir um humano que AkRON costuma chamar de argep e que outros chamam de arrupa, enquanto existir um desses seres, Posseidones estará presente na mente e na esfera divina.

Hoje em dia se extrai Força não do interior da terra, como vós pensais, extrai-se da mente humana. A mente humana entra agora no seu período áureo, entra no seu círculo. Aquarius está aí para determinar essa prova. A mente humana vai desenvolver-se ao máximo. As descobertas que serão feitas, neste período, serão assombrosas! O Ser Humano partirá conscientemente, materialmente para o incognoscível! Permitirá AMON? Não permitirá AMON? Isto a AMON pertence.

O Ser Humano mergulhará nas profundezas do fogo interno em busca do saber. Mergulhará, como mergulharam os profanos de Posseidones, na lama, no charco, fazendo de seus corpos receptáculos imundos em procura do gozo. Permitiu AMON? Deixou os(as) seus(suas) filhos(as) soltos(as)? Sim. Vós

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sois descendentes de um daqueles que viveu em Posseidones. Todos são. AkRON também é. Todos trazemos, dentro de nós, a marca férrea dos habitantes da antiga Atlântida.

Os lemurianos, como castigo, tiveram seu intelecto paralisado e, de uma civilização mais remanescente do que a própria Posseidones, reverteram ao barbarismo. Foram eles relegados ao norte de Posseidones e lá entregues às suas próprias sortes. Escravos dos prazeres, foram transformados em escravos dos seus irmãos, os descendentes dos atlantes, aqueles que partiram para diversos lugares e se localizaram em diversos lugares, para depois descerem e povoarem o resto da terra: Pamir, Sinai e tantos outros. Para uma cordilheira, chamada Cordilheira do Fogo, partiu uma leva. No planalto deste País em que viveis, chegou aqui uma leva. Para o ocidente e para o oriente, eles partiram. Só os lemurianos tiveram que se circunscrever e viver entre feras, das feras se defender e o seu castigo perdura até hoje. Só irá terminar quando o homem e a mulher tiverem a suficiente concepção de considerá-los como irmãos(ãs) de sangue. E vós sabeis que até hoje, em vossos dias, a concepção do negro é negro, não sendo considerado como gente. No tempo de AkRON, os núbios eram considerados semianimais e lhes eram reservados os mais baixos afazeres, sem direito a nunca reclamarem. E muitos, muitos sacerdotes, e muitos puros da minha época faziam das mulheres núbias verdadeiros cancros de suas deformações psíquicas.

A clarinada soou. Começa agora a verdadeira etapa inicial da preparação para o advento do Novo Cristo. Aqueles(as) que estão imbuídos(as) de missões deverão principiar seus trabalhos. Chegou a hora do sacrifício. É chegado o momento

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de tudo dardes, além do que já vindes dando. A clarinada soou!... Os Seres Humanos alados formam alas preparando o Tapete do Senhor. Louvado seja o seu Santo Nome! Bendita seja a hora do Seu levantamento! Começou a preparação! Quando o toque divino, metamorfoseado em Luz, baixar sobre a sua morada e os cânticos de louvor soarem, ouvir-se-ão os salmos dos cânticos dos cânticos: AMOIM. Os povos os cantarão.

A fome não existirá nesse dia, os sofrimentos se apaziguarão e aquele(a) que nunca ouviu o timbrar do som do Seu nome, sentirá vibrando-o na carne. Jet FLOR DE LóTUS! Muitos e muitos grupos recebem, neste momento, as mesmas palavras. Há um movimento coordenado. As mãos se unirão e erguerão uníssonas, qual feixe de homens e mulheres em busca de Luz, que cada um de vós há de sentir. Os Senhores, neste momento, se desdobram; os Magos se desdobram; os Homens e Mulheres Santos se desdobram; os Mestres se desdobram; uma multiplicidade de forças iniciarão a colheita.

Dileto(a) filho(a), a colheita será tenebrosa! É necessário compreensão, aceitação e convicção para aceitardes a colheita que já começou. As patas das bestas desprenderão fagulhas dos seus cascos bipartidos sobre as carnes pútridas dos humanos. Os clarins daqueles que as cavalgam gargalharão macabramente, amontoando ossos, tíbias, vísceras, podridão. Gargalharão loucamente! Gritos lancinantes soltarão! As pragas tornarão a surgir, as águas se tornarão vermelhas e as mentes se tornarão negras! O vampirismo das paixões desenfreará e um novo festim de Baltazar, nas letras de sangue, surgirá: INUMÃNES - TÁLkIUS - FÉRIUS (pesado, medido e contado). Os Seres Humanos terão as suas paixões medidas, pesadas e contadas, para que não passem da conta, para que não excedam da medida, para que se limitem ao peso, porque não há nada que pese mais na terra do que a consciência do mortal inconsciente.

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Dileto(a) filho(a) meu (minha), não é desejo de AKRON assustar-vos. Não. É desejo de AkRON alertar-vos, porque cada alma que conseguirdes chamar ao seio vosso, cada Ser Humano que conseguirdes convocar para este exército que há de seguir na salvação da entrada do novo ciclo, será menos um para ser medido, para ser pesado, para ser contado. O novo festim das bacantes bamboleantes não cegará as paixões dos Seres Humanos e suas volúpias se tornarão brancas, pouco a pouco, e a dança profana da lascívia se transformará em dança amorosa do respeito, do ritual, do caminho. E ao invés de entoar cânticos que o Ser mais antigo teria vergonha de ouvir, entoarão “AUMS” harmoniosos, em uníssono crescente, até que uma harmonia de vozes se funda com as vozes dos planos superiores. É chegado, portanto, o momento da ação. AkRON vos transmitiu, neste preâmbulo, mensagens de FLOR DE LóTUS. É necessário alertar todos(as) aqueles(as) que não tiveram a felicidade de terem o contato direto com AkRON. É essa, portanto, a vossa missão.

As portas do Amentis (Plano Astral) estão abertas. Permita AMON que tenhamos a Força necessária e a pureza suficiente para que esses miasmas não nos ataquem. Dileto(a) filho(a), aquele(a) que não pode tomar posse de algo, acua esse algo. Já vistes uma matilha de lobos famintos? Provavelmente não vistes, pois nunca vivestes no deserto. O lobo acua a sua vítima. Conheceis o termo acuar? Sabeis o que significa? É colocar alguém em situação de não ter defesa por todos os lados. Acuam de tal forma que a presa se entrega pelo cansaço e passa a ser presa fácil aos famintos lobos do deserto. Assim são os miasmas da baixa esfera. Não podendo de todo tomar-vos porque tendes uma defesa natural, cercam-vos e vos assediam de tal forma que, não podendo atuar diretamente,

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impedem as manifestações formais benfazejas. Entendeis? E ficais numa espécie de isolamento passivo, entretanto em comunhão com os vossos instintos, abrindo-se uma brecha na defesa que vós possuís. Fiz-me entender? Não podendo, portanto, tomar-vos, atuam nos vossos sentidos e se infiltram de tal forma que sois capaz de fazer aquilo que normalmente não faríeis. É necessário, pois, cautela! Todos vós possuís um círculo magnético em torno de vós, alimentado, entretanto, pelo próprio magnetismo que emana do vosso corpo. Sabendo disso, esses miasmas atuam no vosso corpo por meio dos vossos sentidos, tornando esse círculo magnético enfraquecido. Isso acontece porque o magnetismo da pessoa deixa de atuar no círculo, para atuar como toxina em defesa desses miasmas que afluíram para determinada parte do corpo.

Filho(a), ao entrardes em morada vossa, todas as vezes que lá penetrardes, penetrai com a vossa base da sinistra (pé esquerdo). Fazei uma parada no portal, fazei o Hank e só após puxai a base da destra (pé direito) para a entrada definitiva. Ao deixardes a vossa morada, deixai sempre com a base da destra e, ao retornar, retornai sempre com a base da sinistra. Sinistro por sinistro, usaremos o sinistro.

O que AkRON vos está dando são pequenas defesas de magia. As forças negativas se combatem com negatividade, para que o veneno seja anulado. Todas as vezes que sentirdes a influência dessas forças, fazei o signo da Vida (Hank) no peito, em cima do coração. Para isto, AkRON ensina:

Com o polegar da mão direita, traçai um círculo no • sentido dextrogiro; Com o • indicador da mão direita, traçai uma linha no mesmo sentido; Com os dois já citados (indicador e polegar), uni e • abri.

Será então elaborada a seguinte figura:

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HÁ 5.000 CICLOS DE RÁ

Ao abrir os traços, abri a mão, deixai-a cair ao longo do corpo e, então, invocai:

JET HACTOR! JET SEKHEMETH!(pronuncia-se ráquitor e sequirrémet)

Entendido? Fazei sempre isto. Tendes a obrigação de ensinar àqueles com quem tiverdes contato, a todos aqueles que necessitarem e sentirem a influência dessa camada que surge e que está solta.

Com o polegar direito- o círculo -

Com o indicador direito- a barra -

Com os dois unidos (indicador e polegar),no centro provável da barra que traçastes,

abaixo do círculo- os dois traços -

(as pernas)

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FLOR DE LÓTUS

Atentai para o que AkRON vai dizer-vos. Estamos, no presente momento, numa preparação à espera do Advento. Isso significa que uma nova manifestação do Filho do Homem já surgiu! Isso é cíclico. Exato. Por que é cíclico? Porque quando todas as Casas Zodiacais são visitadas por RÁ, perfazendo um determinado número de ciclos de RÁ — que no tempo de AkRON se chamava o ano de Denderah —, uma conjunção termina e inicia-se outra, brilha a Pólaris e a manifestação do Homem é surgida. Outras anteriores já aconteceram e isso não é mais do reino da novidade.

Entretanto, antes daqueles que provinham da Atlântida se refugiarem no país de kAM, os povos que marginavam o Rio da Vida eram regidos por criaturas tocadas por OSÍRIS: eram os MENHENÉS; vós chamais de MANUS. Há uma semelhança nos termos. AkRON deriva do último desses ungidos e tocados.

O ciclo que se aproxima já existe, já teve o seu início. Estamos plenamente dentro de sua atuação e, por incrível que vos possa parecer, o ciclo de Aquarius nada tem a ver com a constelação do mesmo nome. Realmente é emitente do Sol que vós chamais de Mahat e que AkRON chama de Sun-Shina. Esse Sol tem uma influência marcante neste ciclo presente. Tem sido realmente através de uma constelação, através de três outras, ou melhor dizendo, de quatro outras. Entendeis? De todas as três — Leo, Sagitarius e Aquarius —, Sagitário é a incidência mor. Não poderia deixar de sê-lo. Vede bem: qual o simbolismo de Sagitarius? É o Ser Humano se desprendendo do reino animal. Na nova Era que atingiremos em Aquarius,

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a Sabedoria será paulatinamente desvendada, pois já a Humanidade estará amadurecida, como nos simboliza o velho com a sua bilha derramando a água da Sabedoria.

AkRON e o Mestre Ramakrishna depositam em vós grande parte das esperanças nossas, porque vós havereis de vos iluminar. Então, Amor e Sabedoria caminharão par a par, e vós tereis o grande mérito.

Temos diversos meios para nos comunicar convosco; porém, há planos mais elevados, há Consciências mais formadas que, numa formalidade espiritual, desejam vir até nós. É o início de determinado acontecimento. Entendeis? E quando essas Consciências se dignam sair de seus egocentrismos para despejar sobre a Humanidade a essência de suas experiências, mais um LÓTUS, meu (minha) filho(a), mais um LÓTUS virá para reger uma nova etapa de coisas.

É preciso que vos lembreis do LóTUS grandioso, radioso que foi o Filho do Homem; os Seres Humanos foram preparados para recebê-LO. Cabe a nós esta missão. Nós temos que preparar os corações bem formados, no sentido de que compreendam que haverá uma fase mais séria, uma fase importante em que o novo LóTUS vai surgir e para o qual as mentes devem estar preparadas. O homem e a mulher, nas suas inconsequências, não O enxergam nem O veem. Entendeis? É necessário que sejais a semente que há de vingar neste campo árido, que são as mentes humanas. De todas as sementes, muitas sucumbirão, mas outras sobreviverão. Destas, uma terá que levar consigo a compreensão dos Seres Humanos. E vós sereis a alavanca!

Ireis encontrar, no espasmo do silêncio a que AkRON se referiu, um som. Esse som incapaz de ser percebido pela acústica humana, vós o sentireis em forma de vibração, que repercutirá tão fortemente em vós, que ireis tornar pelo

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caminho de cima, dos dois que vos serão mostrados. Aguardai, pois, com o respeito e com a veneração que vós sabeis ter no momento de ligação.

A Fraternidade de Flor de Lótus é a expressão manifestada do Senhor de MAYTREIA. Ele prepara o caminho. Ele prepara, pois, os espíritos. Ele congrega, em torno Dele, os(as) prováveis futuros(as) pupilos(as). FLOR DE LóTUS há de ser reverenciado com veneração, respeito e adoração. Ele reside na fragrância da flor de lótus, que é a sua expressão imanifestada ainda. A Fraternidade de Flor de Lótus tem que crescer! Há dezenas, centenas, porque não dizer milhares de criaturas ávidas por se colocarem a serviço do Senhor, sem, contudo, ficarem amarradas a dogmas. A Fraternidade oferece esta oportunidade a quem quiser abraçar os desígnios do Senhor, dentro de uma manifestação pura e formal de amor ao próximo, de igualdade e de fraternidade. Coisas assombrosas e maravilhosas havereis de presenciar!

Começam a turbilhonar na mente aquelas célebres perguntas que turbilhonam na mente de todos aqueles que elevam o pensamento. Quando eles esbarrarem dentro de suas próprias negatividades, partirão com destino à Fraternidade e esta abrirá as suas portas, par a par, para receber no seu seio mais um(a) dileto(a) irmão(ã), mais um(a), e assim iniciarmos a corte maravilhosa que há de arregimentar os bons, porque os maus e os ímpios ficarão no caminho. AKRON deseja olhar-vos e deseja banhar-se nos fluidos que haverão de fluir de vós. São de pessoas como vós que a Humanidade necessita! AkRON trabalha por ela e vos arregimenta. Se desejardes ser um de AkRON, segui-o, mas segui-o conscientemente e não cegamente. É assim que AkRON deseja os seus seguidores,

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porque não são seguidores de AkRON, são seguidores de um Mestre, de um Mestre do qual AkRON é o mais pequenino e humilde servidor.

Em Wesak, para o seu festival, as criaturas de todas as margens compareceram e ouviram do Senhor FLOR DE LóTUS a mensagem para a Humanidade. É como se atirasse pérolas aos porcos! E o que nos proporcionou BUDHAH, na expressão do Senhor de MAYTREIA? Deu-nos uma dádiva; deu-nos uma joia; atirou-nos uma pérola, olvidando que, muitas e muitas vezes, somos os porcos ávidos sem darmos valor à pérola jogada. Considerou-nos filhos(as) Dele e nos trouxe a seguinte mensagem, que AkRON tem o gáudio de ser o primeiro a transmiti-la, além daqueles que a ouviram por voz direta. Disse-nos na sua voz suave, plangente e compassada:

“Homens e mulheres da Humanidade! Espíritos de Luz! Não estais, neste momento, recebendo a minha Luz, mas estou sendo embebido na Luz que parte de vós outros(as). Se a fé não perdurasse, não teríeis condições de escutar Aquele que vos fala. Se a convicção não transpusesse as forças do impossível, não estaríeis aqui à espera do que vou dizer. A Humanidade se completa com o nascimento do Filho do Homem! Tereis a mente descongestionada, e os canais que regem Ida e Píngala serão abertos a todos os seres quando a incidência do Senhor se fizer sentir. Sabeis, filho(a), o que isto significa? Significa que tereis dentro de vós, latente e pujante, a própria Divindade, e disto todos tomarão conhecimento. O tão propalado percurso retorna ao seio vosso. Tereis então, filho(a), condições reais de amor! Quando olhardes para um simples inseto, identificar-vos-eis com ele. Quando olhardes para a fera bravia, deixar-vos-eis devorar por amor àquela

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fera. Compreendereis e sentireis as dores alheias dentro de vós próprios(as). E tudo isso erguendo Hosanas ao Senhor! As pessoas serão puras, as pessoas serão boas, as pessoas amarão e o retorno do princípio se fará sentir. Tereis conhecimento que da união de dois Seres para surgir um outro, surgirá um Ser puro, isento de mácula, compreendendo os segredos austeros que tão avara e severamente a Natureza guardou. Tereis, cada um, o vosso Deus dentro de vós mesmos(as)! A Luz brilhará e os corações pulsarão mais apressadamente, na ânsia incontida de se identificar com o vosso Deus! Oh, Filho(a)! Oh, Homem! Oh, Mulher! Vós sereis puros! Vós sentireis o amor em vossa matéria; e aquela frase de AkRON terá perdido o seu sentido, porque dividireis de tal forma o vosso amor, que o ódio desaparecerá. Dominareis de tal forma os vossos instintos carnais e bestiais, que vossa mente não conceberá o Mal.”

Ah, vós que ouvis AkRON! Já meditastes no legado que deixareis aos vossos filhos quando FLOR DE LóTUS descer? No dia em que Ele surgir, as flores cantarão, os pássaros emudecerão em respeito ao Senhor, os répteis se esconderão e o bramir das feras não se fará ouvir. A criança não chorará, e o Ser Humano sentirá, dentro de si, o espoucar da Luz. A mente se abrirá e tudo aquilo que a Divina ÍSIS guardou vos será mostrado interiormente.

Oh, Pai! Divino Pai! Agradecemo-vos em nome da Humanidade! Oh, Mãe! Divina Mãe! Se as mulheres, até os nossos dias, foram o equilíbrio dos sentidos dos homens, se as mulheres foram mães, serão mais mães ainda! E todas as mulheres serão ÍSIS e todos os homens serão HóRUS! E da união de um homem e uma mulher, surgirá OSÍRIS vivo; e da união de todos os OSÍRIS, surgirá a grandiosidade de AMON-RÊ, para quem um simples elevar de pensamento coletivo se transforme em AMON-RÁ. E para que quando aquele(a) que puder vir possa sentir que tudo se funde em ATON, então,

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assim, as Forças do fogo não queimarão mais; a Força do bramir do trovão não assustará mais; os fenômenos cíclicos, kósmicos e sísmicos não atemorizarão mais. O Ser Humano receberá a tempestade como dádiva divina, e ouvirá o crescer da relva, e compreenderá a palavra dos animais, e sentirá a verdadeira comiseração pela rocha fria e passiva que recebe o embate das ondas bravias. Com o estender de sua palma pura, acalmará as águas revoltas. Chorará quando uma árvore desprender uma folha. Sentirá dentro de si o peso, quando pisar o indefeso animal. Sentirá, enfim, a voz do seu interior. Tudo isso, filho(a), foi-nos prometido na mensagem transcendental que nos trouxe o Senhor BUDHAH.

Se perante a Força que incidiu e que incide ainda sobre a Humanidade, todos nós genuflexarmos, erguermos nossas palmas para o alto e intimamente agradecermos a dádiva, estaremos nos enquadrando na Força que ainda incide. E se soubermos, nesse momento, deixar entrar em nosso Bah a palavra sagrada, num grito, num hino, todos uníssonos diremos: A.U.M. O Divino Filho do Homem transfere o cetro para o seu sucessor.

Jet YESUS NAZARENUS! Jet SENHOR DE MAYTREIA!

Se vos perguntarem quem é FLOR DE LóTUS, respondereis:

FLOR DE LÓTUS é A PAZ;FLOR DE LÓTUS é O AMOR;

FLOR DE LÓTUS é A HARMONIA.

Jet FLOR DE LóTUS!Jet AMON-RÊ!

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SAUDAÇÃO DO MESTRE

Filho(a) amado(a) da minha alma, escutai! Se desejardes sentir, no íntimo, o calor do amor universal; se sentirdes, no âmago, a Força que renasce; se sentirdes, no mais recôndito de vossa mente, a curiosidade da busca; se sentirdes, em vosso imo, nascer a Força que há de vos conduzir para a eterna claridade, transponha este umbral que é AkRON, e as Fraternidades de Menhenúfis e de Flor de Lótus vos receberão de braços abertos! Jet AMON! Havereis de entrar na Sabedoria do Silêncio, aquela que verdadeiramente nos penetra a alma. Elevar-se-á a vossa alma radiosa, e o vosso Espírito soberano pairará sobre o Templo que haverá de surgir para a grandiosidade de AMON e para a grandiosidade de nós outros.

Agora AkRON já vos pertence! Pertence a cada uma das Forças que vos dominam, e AkRON prestigiará e respeitará o homem e a mulher. AkRON procurará satisfazer as forças internas das vossas ânsias. AkRON vos necessita mais do que nunca! Entretanto, necessita-vos coesos num amálgama indestrutível, numa força capaz de resistir a todos os embates que partem de fora para dentro, e capaz de anular todos os tumultos que crescem de dentro para fora. Assim AkRON vos deseja, assim vos reconhece, assim vos amará.

Dividamos, portanto, entre nós outros, a Força do nosso amor, porque o amor dividido é mais amor! Abandonemos os nossos ódios, dividindo -os entre nós outros, porque o ódio dividido é menos ódio! Amemo-nos, respeitemo-nos, propugnemos pelo bem caminhar de nossa obra e não haverá força capaz de destruí-Ia.

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MARIA LÚCIA TÁVORA GIL

Uni-vos, ombro a ombro, erguendo a mente para o alto, deixando que a Tríade que reside em cada um de vós domine a base quadrangular de vossa própria pirâmide; e que o ápice dela, imantado pela Força do Senhor, aponte permanentemente para o alto e nunca possa se curvar sob o peso da vaidade, das paixões descontroladas, das ânsias mal contidas e dos pensamentos desvirtuados. Assim AkRON vos deseja, assim osculará os vossos pés, não numa demonstração de humildade, mas numa demonstração de reconhecimento ao homem e à mulher capazes de se sobreporem às suas próprias ambições. AkRON fará isso com reconhecimento e gáudio, como marco da esperança que deposita em vós.

Ao fim de vossa caminhada, uma estreIa brilhará no Kosmos, uma nebulosa se formará dos milhões de vossas vibrações irradiantes. E daqui a milênios, quando outras raças povoarem outros mundos iluminados pela Luz que vós criastes, apontarão para o Kosmos e não saberão dizer por que umas estrelas não brilham mais do que as outras, porque todas brilharão por igual. Ao descobrirem a nossa constelação daqui a muitos milênios, terão toda certeza de que o brilho dos seus sóis será irradiado das vossas vibrações. AkRON espera que tenhais sentido, no âmago de vosso Ser, a mensagem que vos doou.

Jet AMON-RÊ!

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E P Í L O G O

“SE NESTAS EXPLOSÕES DE VIDAS TUDO SE ACABAR, NÃO SE ESPANTE:

É APENAS O COMEÇO OUTRA VEZ.”

Menhenúfis e Zornay(I.M.F.M.)

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