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Maria Lucia Fattorelli
Seminário Regional “A Corrupção e o Sistema da Dívida” Porto Alegre, 27 de agosto de 2015
Experiências de Auditoria Cidadã da Dívida Grécia - Equador - Brasil
EVIDÊNCIA REVELADA PELA AUDITORIA CIDADÓSistema da Dívida”
• Utilização do endividamento como mecanismo de subtração de recursos e não financiamento dos
Estados
• Se reproduz internacionalmente e internamente, em âmbito dos estados e municípios: CRISE EM DIVERSOS ENTES FEDERADOS BRASILEIROS
• Dívidas sem contrapartida
• Maior beneficiário: Setor financeiro
Sistema da Dívida
Mecanismos que Geram
Dívida
Interferência do FMI
Privilégios Legais,
Políticos, Financeiros e Econômicos
Influência do Poder
Financeiro
Salvamento Bancário
“Sistema da Dívida”Como opera
• Modelo Econômico
• Privilégios Financeiros
• Sistema Legal
• Sistema Político
• Corrupção
• Grande Mídia
Dominação financeira e graves consequências sociaisSeminário Nacional em SP dias 30 e 31 de outubro
2015
SISTEMA DA DÍVIDA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS
• Endividamento sem contrapartida: mecanismos financeiros
• Refinanciamento pela União Lei 9.496/97: Pacote• Plano de Ajuste Fiscal• Privatizações do patrimônio dos estados• Assunção de passivos de bancos – PROES
• Endividamento com Banco Mundial e bancos privados internacionais para pagar à União
• Ilegalidades. Ilegitimidades. Abusos. Fraudes
• SACRIFÍCIO SOCIAL
GRÉCIA
CONJUNTURA NA EUROPA 2008: Crise financeira localizada nos grandes bancos
privados. Bolha: excesso de ativos “tóxicos” Decisão de países europeus de “salvar os bancos” Grandes mobilizações não foram capazes de barrar o
processo Fevereiro de 2009: documento secreto. Objetivo dos bancos:
“Esquema de alívio de ativos” por meio de transferência para o setor público e para “bad banks”
Discurso do presidente do BCE: “Já temos a solução, mas temos que construir a saída da crise”
Diversos atos da Comissão Europeia referente a estatísticas e registros da dívida grega
Maio de 2010: elevado déficit exige plano de socorro à Grécia Mesmo ato da Comissão Europeia: criação da EFSF Mesmo dia: diversos atos “fora de padrão” do BCE, sob a
justificativa de turbulência financeira = socorro aos bancos
AUDITORIA DA DÍVIDA NA GRÉCIA
Iniciativa do Parlamento: Comité da Verdade sobre a Dívida Pública para realizar AUDITORIA DA DÍVIDA
Relatório Preliminar apresentado em 17 e 18/06/2015 Ilegalidades e Ilegitimidades Esquemas para beneficiar o setor financeiro privado.
Grécia não recebe dinheiro vivo. Imensurável custo social: crise humanitária Referendo de 05/07/2015: “NÃO” Tsipras assina o acordo apesar do “NÃO” e renuncia
em 20/08/2015
AUDITORIA DA DÍVIDA NA GRÉCIA
• Inauguração em 04/04/2015. Início dos trabalhos em 04/05/2015. Relatório preliminar apresentado em 17 e 18/06/2015.
• Trabalho preliminar: foco no período a partir de 2010 (Troika)• Acordos analisados:
o 2010 (conhecido como acordo “Bilateral”)o 2012 (acordo com EFSF, companhia não-financeira de
Luxemburgo, Sociedade Anônima)• GRÉCIA NÃO FOI BENEFICIADA. ILEGALIDADES E
ILEGITIMIDADES. ESQUEMA PARA BENEFICIAR BANCOS PRIVADOS.
Ver:• Artigo “Tragédia Grega esconde segredo de bancos privados”http://www.ihu.unisinos.br/noticias/544075-tragedia-grega-esconde-segredo-de-bancos-privados
QUEM SÃO OS CREDORES DA GRÉCIA?• Maior credora da Grécia: 130.9 bilhões de euros em maio/2015
o EFSF, companhia de Luxemburgo criada por imposição do FMIo Sócios: 17 países europeus o Compromisso dos países com garantias para EFSF: 440 bilhões de euros em
2010, elevado para 780 bilhões em 2011 o Operada de fato pela Agência da Dívida Alemã
o Pelo menos 48,2 bilhões de euros registrados como “dívida” para com a EFSF foram diretamente para a recapitalização de bancos privados gregos, através do HFSF, o fundo privado grego criado por imposição do FMI
o A Grécia não obteve nenhum benefício dos “empréstimos” da EFSF desde 2012, porque essa empresa emite papéis e serve à transferência de ativos tóxicos de bancos privados para o setor público. O balanço contábil do Banco da Grécia demonstra isso. No final, os bancos privados ficam com os papéis garantidos pelos países europeus, e a Grécia com papéis tóxicos, desmaterializados e não comercializáveis, além de uma enorme dívida com a EFSF.
QUEM SÃO OS CREDORES DA GRÉCIA?
• Segundo maior credor da Grécia (52,9 bilhões de euros) são os chamados “credores bilaterais”: os 14 países e o banco alemão KfW, partes no acordo de 2010. A análise desse documento mostra que ele foi arranjado para permitir o pagamento total a bancos privados que possuíam títulos de dívida muito abaixo do valor de face, enquanto a Grécia não recebeu nenhum benefício através desses “empréstimos”.
• O BCE registra um crédito (19,9 Bilhões de Euros) relativo a títulos da dívida Grega adquiridos sob o Programa de Securitização de Mercados, ilegal segundo o disposto no Artigo 123 do Tratado da União Europeia, mas justificado pela crise dos bancos.
• O FMI nunca apoiou a Grécia, pois os seus empréstimos “Stand-by” de 20,6 bilhões de euros apenas garantiram o reembolso aos credores. Além disso, os memorandos impostos pelo FMI pelas instituições europeias, ligados aos acordos bilaterais e EFSF, afetaram negativamente a economia grega e a vida das pessoas. A participação do FMI na EFSF, sediada em Luxemburgo (com uma contribuição de 250 bilhões de euros) seria ilegal. (https://www.fas.org/sgp/crs/row/R41167.pdf , página 18).
AUDITORIA DA DÍVIDA NA GRÉCIACompleta modificação do perfil dos credores da dívida grega após os acordos de 2010 e 2012:
AUDITORIA DA DÍVIDA NA GRÉCIA
CONSEQUENCIAS ECONÔMICAS E SOCIAIS
Queda do PIB Queda do Orçamento Desemprego recorde Migração Fechamento de serviços públicos Redução de salários, aposentadorias e pensões Contra-Reformas da previdência e tributária Privatizações: O país está à venda no site do HRADF. Degradação social: famílias vivendo nas ruas, se alimentando de lixo Suicídios
Fonte: Εισηγητική Έκθεση Απολογισµού και Ισολογισµού 2013 – p. 90.Elaborado por Stavros Papaioannou.
AUDITORIA DA DÍVIDA NA GRÉCIA
CONCLUSÕES: Poderio do sistema financeiro privado no comando do BCE e governos de
países europeus Articulação desse poder nas instituições: Tróika (FMI, BCE e Comissão
Europeia) Todos os acordos (2010 e 2012) foram preparados por essas instituições;
não foram uma iniciativa da Grécia. ILEGALIDADES. ABUSOS. Novo acordo 2015: aprofundamento do processo, reciclagem de EFSF
para ESM Troika comemorou a renúncia de Tsipras Dívida Pública Grega: muitas semelhanças com o processo de
endividamento público de outros países europeus e latinoamericanos; o mesmo esquema; o mesmo “modus operandi”; o mesmo “Sistema da Dívida”
BRASIL
BRASIL: CONJUNTURAAprofundamento da Crise
• Econômica seletiva• Social• Política
Avanço das concessões ao Capital• Elevação de juros e lucros dos bancos• Mecanismos financeiros, por exemplo
“swap”• Aceleração de privatizações e contra
reformas• Acordos internacionais feitos com EUA em
2015
BRASIL: MODELO ECONÔMICO EQUIVOCADOvoltado para a concentração de riqueza e rendaMODELO TRIBUTÁRIO INJUSTO E REGRESSIVO SISTEMA DA DÍVIDA METAS ESTÉREIS
o Superávit Primário o Inflação
DESCONTROLE SOBRE A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO TRAVADO
o Insuficiência de investimentos em direitos sociais (educação, saúde, segurança, assistência), infraestrutura, reforma agrária
o Desindustrialização POLÍTICA SALARIAL RESTRITIVA
CONJUNTURA BRASIL 2015Aumento de tarifas
o preços administrados: energia, telefonia, água, combustível, transporte provocam aumento dos preços de produtos e serviços
Elevação da inflação Aumento dos juros (sob a justificativa de combater inflação)
o SELIC (das eleições de 2014 até agora a SELIC já aumentou 30%, saltando de 11 para 14,25% a.a.)
o Taxas de mercado: superam 300% a.a. Aumento de tributos para consumidores e trabalhadores AJUSTE FISCAL:
o corte de gastos públicos, direitos sociais e investimentos para destinar recursos para pagar juros;
o continuidade das Privatizações (Folha federais, Petrobrás Distribuidora, CEF, PIL 2ª Fase: portos, aeroportos, estradas etc.)
PIB: crescimento nulo e previsão negativaEssa conjuntura é pontual ou está estruturada pelo modelo
econômico?Qual é a perspectiva de avanço de direitos sociais nessa
conjuntura?
Orçamento Geral da União 2014 (Executado) Total = R$ 2,168 trilhão
Fonte: SIAFI Elaboração: AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA
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Orçamento Geral da União - Gastos selecionados (R$ milhões)
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - SIAFI. Inclui a rolagem, ou “refinanciamento” da Dívida, pois a CPI da Dívida constatou que boa parte dos juros são contabilizados como tal.
Juros e amortizações da dívida
Previdência e Assistência Social
Pessoal e Encargos Sociais
Saúde e SaneamentoEducação e Cultura
Evolução de gastos selecionados - 1995 a 2014
INDÍCIOS DE ILEGALIDADES NA DÍVIDA ATUAL Juros sobre juros: ANATOCISMO Atualização monetária automática, mensal e cumulativa da
dívida Contabilização de parte dos juros como se fosse amortização Geração de dívida pública sem contrapartida real ao país
o Operações de swap cambial realizadas pelo Banco Central: de setembro/2014 a junho/2015 os resultados negativos somaram R$128,03 bilhões
o Operações “compromissadas” ou de “mercado aberto” superam R$ 1,1 trilhão
Conflito de interesses no estabelecimento da Taxa Selic Descumprimento de atribuições legais e constitucionais
pelos órgãos de controle do endividamento público federal Desrespeito aos Direitos HumanosA corrupção institucionalizada no Sistema da Dívida amarra o
Brasil
Escandaloso crescimento do lucro dos bancos…
Fonte: http://www4.bcb.gov.br/top50/port/top50.asp
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Lucro dos bancos (R$ bilhões)
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Dívida Externa (US$ bilhões)
Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Setor Externo - Quadro 51 e Séries Temporais - BC
Década de 70: dívida
da ditadura
Década de 80: Elevação ilegal das
taxas de jurosEstatização de
dívidas privadas
Pagamento antecipado ao FMI e resgates com ágio
Década de 90:
PlanoBrady
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Dívida Interna (R$ bilhões)
Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Política Fiscal - Quadro 35.
Graves indícios de ilegalidade identificados pela CPI:
Juros sobre jurosConflito de interessesFalta de transparência
Dívida Externa
US$ 554 bilhões (R$ 1,476 trilhão, utilizando-se a cotação do dólar a R$2,66)
Dívida Interna
R$ 3,301 trilhões
Dívida Brasileira
R$ 4,777 trilhões
86,5% do PIB 2014 divulgado pelo IBGE, de R$ 5,52 trilhões
Números da Dívida em 31/12/2014
PARADOXO BRASIL Estamos muito
distantes do
Brasil que
queremos
• 7ª ECONOMIA MUNDIAL• Pior distribuição de renda do mundo
http://iepecdg.com.br/uploads/artigos/SSRN-id2479685.pdf COMPARADO COM GINI index | Data | Table
• 79º no ranking de respeito aos Direitos Humanos – IDH
• Penúltimo no ranking da Educação (Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais )
• 128o no ranking do crescimento econômico
DÍVIDA: impede a vida digna e o atendimento aos direitos humanos
De onde veio toda essa dívida pública? Quanto tomamos emprestado e quanto já pagamos?
O que realmente devemos? Quem contraiu tantos empréstimos? Onde foram aplicados os recursos?
Quem se beneficiou desse endividamento? Qual a responsabilidade dos credores e organismos
internacionais nesse processo? Somente a AUDITORIA responderá essas questões
AUDITORIA DA DÍVIDA Prevista na Constituição Federal de 1988
Plebiscito popular ano 2000: mais de seis milhões de votos
AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDAwww.auditoriacidada.org.br
CPI da Dívida PúblicaPasso importante, mas ainda não significa o cumprimento
da Constituição
CPI DA DÍVIDA – CÂMARA DOS DEPUTADOS
Criada em Dez/2008 e Instalada em Ago/2009, por iniciativa do Dep. Ivan Valente (PSOL/SP)
Concluída em 11 de maio de 2010
Identificação de graves indícios de ilegalidade da dívida pública
Relatórios (oficial e alternativo) entregues ao Ministério Público Federal em maio/2010
Procedimentos Administrativos no
1.00.000.005612/2010-131.00.000.003703/2012-86
EQUADOR
EQUADOR: Lição de Ética e Soberania
Comissão de Auditoria Oficial criada por Decreto
Em 2009: Proposta Soberana de reconhecimento de no máximo 30% da dívida externa representada pelos Bônus 2012 e 2030
95 % dos detentores aceitaram a proposta equatoriana, o que significou anulação de 70% dessa dívida com os bancos privados internacionais
Economia de US$ 7,7 bilhões nos próximos 20 anos
Aumento gastos sociais, principalmente Saúde e Educação
.
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EQUADOR: Resultado da Auditoria
CONCLUSÃO
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
CONHECIMENTO DA REALIDADE MOBILIZAÇÃO SOCIAL CONSCIENTEAÇOES CONCRETAS
• Participar dos NÚCLEOS da Auditoria da Dívida Pública• Reivindicar a AUDITORIA DA DÍVIDA COM
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ para desmascarar o “Sistema da Dívida” e redirecionar a aplicação dos recursos • Construir o Seminário Nacional – 2015:
“A Corrupção e o Sistema da Dívida” https://www.youtube.com/watch?v=rRQHG5kd-Q0
A Corrupção e o Sistema da Dívida
30 e 31/10/2015São Paulo
PUBLICAÇÕES DIDÁTICAS
WWW.INOVEEDITORA.COM.BR
ObrigadaMaria Lucia Fattorelli
www.auditoriacidada.org.brwww.facebook.com/auditoriacidada.pagina
“A emancipação dos oprimidos será obra deles mesmos.”
Karl Marx