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MARIA SALETE SASSO - Operação de migração … já existentes na estrutura cognitiva e aqueles contidos no material de aprendizagem. No caso do material relativamente não familiar,

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MARIA SALETE SASSO

UNIDADE DIDÁTICA

CALIFÓRNIA - 2011

Tema:

Aprendizagem Significativa no ensino de Ciências

O conhecimento é significativo por definição. É o produto significativo de um processo psicológico cognitivo (“saber”) que envolve a interacção entre ideias “logicamente” (culturalmente) significativas, ideias anteriores (“ancoradas”) relevantes da estrutura cognitiva particular do aprendiz (ou estrutura dos conhecimentos deste) e o “mecanismo” mental do mesmo para aprender de forma significativa ou para adquirir e reter conhecimentos.

David P. Ausubel

1999

Título:

Aprendizagem significativa utilizando atividades em grupo

No trabalho em grupo, o estudante tem a oportunidade de trocar

experiências, apresentar suas proposições aos outros estudantes, confrontar ideias,

desenvolver espírito de equipe e atitude colaborativa. Essa atividade permite

aproximar o estudo de Ciências dos problemas reais, de modo a contribuir para a

construção significativa do conhecimento pelo estudante.

(DCE – CIÊNCIAS, 2008).

APRESENTAÇÃO

As dificuldades que um professor encontra hoje em sala de aula são

muitas. Uma delas vem me incomodando bastante ultimamente com relação a

conteúdos da 8ª série, principalmente nos conteúdos relacionados a átomos e

elementos químicos, onde os alunos apresentam maior dificuldade na

compreensão, o que consequentemente diminui o interesse pelas aulas e afeta os

resultados da aprendizagem.

Na prática o que se percebe é que quanto mais os alunos relacionam o

conteúdo ao seu cotidiano ou a algum conhecimento prévio o interesse e a

participação pelas aulas aumentam e há uma maior chance de aprendizagem, pois:

O estudante constrói significados cada vez que estabelece relações “substantivas e

não arbitrárias” entre o que conhece de aprendizagens anteriores (nível de desenvolvimento real –

conhecimentos alternativos) e o que aprende de novo (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN,1980, apud

DCE - 2008).

A partir dessa dificuldade faz-se necessário buscar uma maior

substantividade do conteúdo tanto quando o aluno faz a relação com o seu

cotidiano, quanto quando ele relaciona a algum conceito já assimilado, uma vez que

Quando o estudante relaciona uma noção a ser aprendida com um conceito já

presente na sua estrutura cognitiva, ele incorpora “a substância do novo conhecimento, das novas

ideias” e a esse processo denomina-se substantividade (MOREIRA, 1999, p.77, apud DCE-2008).

Pelo visto fica claro que a aprendizagem significativa supera a

aprendizagem mecânica, pois ao longo das experiências vivenciadas com as 8ª

séries, percebe-se que os alunos, em sua maioria, procuram aprender

mecanicamente, não fazendo as relações possíveis entre os conhecimentos, o que

posteriormente cai no esquecimento facilmente, pois conceitos isolados, mesmo que

retidos para uma avaliação se perdem cedo ou tarde.

Pode-se, portanto concluir que, conforme Moreira e Masini, 1982, p.9:

Supondo que a aprendizagem significativa deva ser preferida em relação à

aprendizagem mecânica, e que isso pressupõe a existência prévia de conceitos subsunçores, o que fazer quando eles não existem? Como pode a aprendizagem ser significativa nesse caso? De onde vem os subsunçores? Como se formam?

Ainda conforme Moreira e Masini, 1982, p.10:

Uma resposta plausível é que a aprendizagem mecânica é sempre necessária

quando um indivíduo adquire informação numa área de conhecimento completamente nova para ele.

Isto é, a aprendizagem mecânica ocorre até que alguns elementos do conhecimento, relevantes a

novas informações na mesma área, existam na estrutura cognitiva e possam servir de subsunçores,

ainda que pouco elaborados. À medida que a aprendizagem começa a ser significativa, esses

subsunçores vão ficando cada vez mais elaborados e mais capazes de ancorar novas informações.

Procurando uma aprendizagem mais significativa, pode-se aproveitar o

conhecimento que alguns alunos conseguem trazer para a sala de aula, tanto do

cotidiano, como da relação com conteúdos anteriores e possibilitar uma integração

com os demais alunos, que são a maioria, realizando atividades em grupo, onde os

alunos possam se interagir e socializar o conteúdo a ser estudado antes da

exposição do mesmo. Dessa forma pode haver um aumento do interesse e da

participação e consequentemente as chances de aprendizagem para aqueles que

sequer lembram o mínimo possível do conteúdo estudado em ciências nos anos

anteriores, ou até mesmo nas aulas anteriores.

A aprendizagem significativa pressupõe o uso de organizadores prévios

que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de

conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem subseqüente. O uso de

organizadores prévios é uma estratégia proposta por Ausubel para deliberadamente,

manipular a estrutura cognitiva a fim de facilitar a aprendizagem significativa.

(Moreira, Masini, p.11,1982)

A estratégia da atividade em grupo para responder a questões pré-

elaboradas servirá como organizador prévio, pois assim haverá uma chance de troca

de experiências do cotidiano e de conceitos previamente conhecidos por alguns

alunos em anos anteriores sobre o assunto a ser trabalhado.

Segundo Moreira, 2006:

Os organizadores prévios podem tanto fornecer “idéias-âncora” relevantes para a

aprendizagem significativa do novo material, quanto estabelecer relações entre idéias, proposições e conceitos já existentes na estrutura cognitiva e aqueles contidos no material de aprendizagem. No caso do material relativamente não familiar, um organizador “expositivo”, formulado em termos daquilo que o aprendiz já sabe em outras áreas do conhecimento.

A partir do momento que o professor busca alcançar os subsunçores

com perguntas que estimulem os grupos a explorarem o que tem de conhecimento

prévio e discutirem sobre, há uma maior chance de integração tanto do conteúdo a

ser trabalhado, quanto dos integrantes do grupo compartilharem seus

conhecimentos, melhorando assim, o interesse pelo conteúdo.

A ideia central desse material é melhorar a qualidade das aulas sobre

átomos e elementos químicos nas 8ª séries, uma vez que estes conteúdos são

mais abstratos e de difícil compreensão pela maioria dos alunos.

Partindo do pressuposto que quando a aula se torna mais significativa

para o aluno há uma maior chance de retenção dos conteúdos e da necessidade de

conhecimentos prévios para isso, a aplicação de atividades em grupos com

questões que levem o aluno a pensar sobre o assunto e compartilhar suas

experiências com os colegas acaba sendo uma importante estratégia para

concretizar a idéia.

Para melhorar o interesse e a aprendizagem dos alunos, o trabalho em

grupo é uma boa alternativa, desde que bem direcionado pelo professor, pois é uma

oportunidade de compartilhar seus conhecimentos e tornar a ciência mais próxima

daqueles que a vêem muito distante de seu dia-a-dia.

A seguir seguem sugestões de atividades a serem desenvolvidas com

os alunos da turma escolhida para implementação do projeto, que servirão de

organizadores prévios e posteriormente para avaliação da proposta.

BUSCANDO CONHECIMENTOS PRÉVIOS SOBRE ÁTOMOS (partículas da

matéria)

I- Experimento:

Colocar um copo vazio de boca para baixo dentro de uma vasilha com

água e responder às questões:

a) O que aconteceu?

b) Por que isso aconteceu?

II- Discuta com os colegas sobre o que você sabe sobre:

1-O que é matéria? Dê exemplos:

2- De que a matéria é formada?

3- Como você representaria essa formação (partículas)?

4- Onde podemos encontrá-las? Podemos vê-las?

BUSCANDO CONHECIMENTOS PRÉVIOS SOBRE ELEMENTOS QUÍMICOS

I- Discuta com os seus colegas sobre as seguintes questões:

1- Qual o gás da atmosfera que você respira?

2- Você já teve anemia, o que usou para curá-la?

3- A fórmula química da água é H2O. O que compõe a água?

4- Cite nomes de elementos químicos que você já ouviu falar:

5- Onde podemos encontrar esses elementos químicos?

II- Experimento: Eletrólise da água

Analise a decomposição da água e responda as questões propostas:

1- O que acontece quando a corrente elétrica atravessa a água?

2- Como ficaram os tubos de ensaio?

3- Por que um dos tubos de ensaio ficou com o dobro de “ar” do outro?

4- Que elementos químicos estão presentes nos gases dos tubos de

ensaio? Você pode vê-los?

EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO PROPRIAMENTE DITO:

Após a discussão dos conhecimentos prévios nos grupos, é hora da

aplicação do conteúdo pelo professor, que acontecerá da seguinte forma:

Primeiramente, os grupos expõem o que conseguiram descobrir com

as atividades aplicadas, deixando espaço para novas discussões entre os grupos;

Em seguida, é hora de receber as informações científicas propriamente

ditas, tendo início com a apresentação dos seguintes vídeos:

Para átomos – partículas da matéria: Mundos invisíveis (disponível

em WWW.diaadiaeducação.pr.gov.br)

Para elementos químicos: Festa Química e Mundos invisíveis

(disponível em WWW.diaadiaeducação.pr.gov.br)

Após a apresentação dos vídeos, é hora da exposição do conteúdo

pelo professor com o auxílio do livro didático e diálogo permanente com os alunos

sobre as possíveis relações do conteúdo com os conhecimentos prévios

apresentados pelos grupos.

Nesse momento também abre-se espaço para novas relações que

possam surgir durante a explicação e que não foram registradas nos grupos.

Com o auxílio da tabela periódica, o professor apresenta os elementos

químicos e respectivos símbolos, procurando discutir sobre a aplicação daqueles

mais presentes no cotidiano dos alunos.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA DEPOIS DA EXPOSIÇÃO DOS

CONTEÚDOS - AVALIAÇÃO

I- Analise cada situação e responda:

1- Você, o papel do caderno, a cadeira, o ar, as rochas, todos os seres vivos são

formados por pequeníssimas partículas. Como se chamam essas partículas?

2- Todas essas partículas são iguais? Explique, comparando a infinidade de

materiais existentes na natureza:

3- A água, mesmo pura, não é um elemento. Explique por quê:

4- Durante muito tempo acreditava-se que tudo no universo era formado por 4

elementos: ar, terra, água e fogo. Hoje sabemos que isso não é verdade. Por

quê?

5- Onde podemos encontrar os elementos químicos?

6- A fórmula química da glicose é C6H12O6. Quais elementos químicos formam a

glicose?

II- Carta de um químico apaixonado (fonte:

http://desciclopedia.org/wiki/Deslivros, acessado em 30/07/2011)

III- Analise a ilustração e responda:

Representa átomo de oxigênio

Representa átomo de hidrogênio

1- Quantos elementos químicos estão representados?

2- Quantos átomos estão representados?

CONCLUINDO A APLICAÇÃO DO MATERIAL

A conclusão do trabalho será feita pelo registro das atividades

propostas aos alunos nos grupos antes da exposição do conteúdo e depois da

mesma, formando um material que lembra um portfólio com o antes e o depois,

registrando assim os conhecimentos prévios dos alunos de um lado, e de outro o

conhecimento adquirido e assimilado depois da aula propriamente dita.

Os registros serão feitos em fichas individuais durante a discussão dos

grupos e posteriormente das atividades realizadas após a exposição do conteúdo.

Essas fichas serão apresentadas para a comunidade escolar, onde os

próprios alunos farão a exposição de seus avanços alcançados pelo

desenvolvimento do projeto.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

AUSUBEL, D. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva

cognitiva. Lisboa: Paralelo, 2003. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes curriculares da educação básica do estado do Paraná. Curitiba: SEED, 2008.

MOREIRA, M.A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação

em sala de aula. Brasília: UnB, 2006. < http://diaadiaeducação.gov.pr.br> < http://desciclopedia.org/wiki/Deslivros>