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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Música Licenciatura em Música Mariana Anibal Fernandes O ENSINO DE MÚSICA NO CONTEXTO NÃO FORMAL: Um projeto desenvolvido na Igreja Católica do Beato André de Soveral Natal/RN 2014

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Escola de Música

Licenciatura em Música

Mariana Anibal Fernandes

O ENSINO DE MÚSICA NO CONTEXTO NÃO

FORMAL: Um projeto desenvolvido na Igreja

Católica do Beato André de Soveral

Natal/RN

2014

Mariana Anibal Fernandes

O ENSINO DE MÚSICA NO CONTEXTO NÃO

FORMAL: Um projeto desenvolvido na Igreja

Católica do Beato André de Soveral

Monografia apresentada como exigência parcial para

obtenção do título de Licenciatura pleno em Música

à Banca Examinadora da Escola de Música da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Profª Drª: Valéria Lazaro de Carvalho

Natal/RN

2014

O ENSINO DE MÚSICA NO CONTEXTO NÃO FORMAL:

Um projeto desenvolvido na Igreja

Católica do Beato André de Soveral

Mariana Anibal Fernandes

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acadêmico a todas as pessoas que acreditaram em mim e me ajudaram com incentivo e tendo paciência comigo nesta etapa importante da minha via. A vocês amigos, família, comunidade e paroquianos em geral.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente ao meu Deus que sempre esteve presente comigo

durante todo esse percurso, bem como todas as graças que foram derramadas

sobre mim. “Minha alma engrandece ao senhor, cântico de Maria”.

A minha família que sempre esteve presente comigo e se esforçaram para que eu

tivesse uma educação digna e não se deixaram vencer pelas dificuldades que a

vida colocava a nossa frente, aos amigos e irmãos conquistados dentro da Igreja

e ao Padre Abelardo que me permitiu desenvolver o projeto na paróquia.

Agradeço ao amigo que sempre me ajudou antes mesmo de eu fazer parte da

faculdade, me incentivando na área de Música e também na vida profissional,

sendo um exemplo de conquista para mim, a você aluno e Mestre em Música

Washington Nogueira de Abreu e a toda a sua família.

A professora Orientadora deste trabalho,Valeria Carvalho, pela paciência e

presente de Deus para mim. Ao professor Jean Joubet Mendes que esteve

presente durante toda a minha vida acadêmica na Escola de Música e a sua

família, e a todos os professores dessa instituição e da banca presente.

Agradeço ao Professor Doutor Danilo Cesar Guanais de Oliveira que foi um

exemplo de pai, de dedicação e amor para mim. Aos PIBIDIANOS e supervisores

do projeto, a professora Catarina Aracelle que foi minha supervisora dentro do

PIBID-MÚSICA , onde foi exemplo para cada um de nós, demonstrando que é

preciso ter garra, dedicação e amor ao ensino de Música na escola pública.

A todos o meu obrigada, desejo muitas graças a cada um. Deus abençoe!!!

RESUMO

O presente projeto relata a importância da Música em um contexto não formal de ensino de música como um meio de evangelização e aprendizado musical. Este trabalho tem como principal objetivo comentar sobre o desenvolvimento de um curso de violão realizado na Igreja do Beato André de Soveral. Utilizaremos como metodologia um relato de experiência que vem ancorado na pesquisa qualitativa. Como fundamentação teórica trabalhamos com autores que desenvolvem pesquisas no espaço não formal de ensino além de descrevermos o papel importante que a Igreja e a Música desenvolvem no espaço social, e espiritual dos seus paroquianos, bem como as dificuldades e progressos presentes no desenvolvimento do curso de violão.

PALAVRA CHAVES: ensino de violão; ensino não formal; programas

sociais religiosos.

ABSTRACT

This project relates the importance of music in a non-formal context of music education as a means of evangelization and musical learning. This work aims comment on the development of a guitar course held in the Church of Blessed André Soveral . We will use methodology as an experience report that comes anchored in qualitative research . As theoretical foundation work with authors who develop research in non-formal education space beyond describing the important role that the Church and the music developed in the social space , and spiritual of his parishioners , as well as the difficulties and present progress in the development of the course guitar. KEY WORD : guitar education , non-formal education , religious social programs.

O Sacrifício de hoje é Com certeza a Vitória do amanhã! Nenhum obstáculo é grande demais quando confiamos em Deus! Autor anônimo.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................10

Capítulo 1 – Ensino de Música em contextos não formais.................................12

1.1 O que é o ensino não-formal..........................................................................12

1.2 O Terceiro setor ............................................................................................14

1.3 ONGs e profissões ........................................................................................16

1.4 A importância da música na Igreja católica....................................................18

1.5 A importância da Igreja na transformação Social...........................................22

Capítulo 2 – O ensino de Música na Igreja do Beato André de Soveral............ 23

2.1 História e construção do Projeto Musical.......................................................24

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 28

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 29

ANEXOS .............................................................................................................31

10

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo analisar e refletir sobre as práticas

musicais que são desenvolvidas na igreja do Beato Andre de Soveral,

descrevendo o ensino de música nesse contexto e a repercussão que causa na

comunidade que participa desse projeto. Escolhemos como metodologia para

descrever esse relato de experiência, uma abordagem qualitativa, para melhor

compreendermos o que envolve aprender música em um espaço não formal de

ensino. Segundo Oliveira (2003), a pesquisa qualitativa é realizada no contexto

em que se pesquisa, ou seja, retratando a realidade de cunho social e da

descoberta dos fatos. Portanto ela enfatiza a interpretação em contexto,

buscam retratar a realidade de forma completa e profunda, procuram

representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes

numa situação social. Ou seja, possibilita uma experiência mais real, é preciso

estar inserido no contexto onde se realiza o projeto. O pesquisador não esta

acima do mundo social que estuda, mas imerso nele. Diante disso:

Todas essas modalidades compartilham uma característica essencial da pesquisa qualitativa: “O objetivo de se extrair a compreensão e o significado,[em que] o pesquisador tem como primeiro instrumento de coleta de dados e de analise, o campo de trabalho, uma orientação indutiva para analise, e resultados que são ricamente descritivos”.(MERRIAM,1998,p.10 apud KLEBER p.47,2006).

Diante desse relato de experiência também achamos importante falar

sobre o ensino não formal de música desenvolvido em ONG´s e da

profissionalização que ela traz com o intuito de formar o educador musical,

além de ressaltar o ensino de música no contexto não formal inserido na Igreja

do Beato André de Soveral onde esta sendo desenvolvido o curso de violão

que será abordado neste relato de experiência. Diante disso descreveremos o

papel importante que a música exerce nesse contexto religioso, a participação

11

do Ministro de música na paróquia, e a importância dessa ferramenta como

forma de evangelização para os cristãos.

Como fundamentação teórica, trago alguns autores que se destacam e

pesquisam sobre o ensino não formal como Oliveira/2008, Kleber/2006,

Cascais/2011, Ghon/2006, Alvarenga/2011, Rodriques/1998 entre outros.

Este trabalho monográfico divide-se em dois capítulos com seus

subtópicos. No primeiro capítulo, apresentaremos um estudo sobre o espaço

não formal de ensino e como o ensino de Música ocorre em alguns desses

contextos. Em seguida, apresentaremos o ensino de Música na Igreja do Beato

André de Soveral bem como a metodologia usada em auxilio para os

estudantes do curso de violão, além do o projeto de ensino que foi apresentada

ao pároco da Igreja, a divulgação do curso, o plano de aula que foi

desenvolvido, bem como algumas peças que foram estudadas com os alunos

que participam do projeto.

Ao final, apresentaremos nossas conclusões sobre o relato de

experiência do curso de violão desenvolvido na Igreja do Beato André de

Soveral, ressaltando as contribuições e desafios encontrados e vencidos no

desenvolvimento desse curso. Falaremos também do crescimento tão

significativo que essas dificuldades trouxeram onde, ajudaram a tomar

iniciativas e me fizeram refletir sobre minha formação, vindo de encontro com a

pratica em um contexto musical não formal. O interesse em descrever sobre

este assunto surgiu a partir de uma pesquisa qualitativa, pois, como já estava

inserida no espaço não formal vi a importância de descrever esse relato de

experiência, pois minha formação precisava ser mais desenvolvida e trabalha

em uma pratica de ensino mais real, próximo da realidade Musical no contexto

não formal .

12

Capítulo 1 – Ensino de Música em contextos não formais

1.1 O que é o ensino não-formal

Lemos em Cascais (2011) que a Educação não formal acontece fora do

ensino regular, tornando-se um complemento deste. Nas leituras realizadas é

consenso entre os autores pesquisados, que a escola, cujo espaço é ocupado

pela educação formal, não consegue sozinha dar conta das múltiplas

informações que surgem a cada momento no mundo. Cabe então, estabelecer

parcerias e utilizar outros espaços educativos presentes na comunidade para

que os estudantes tenham uma educação mais contextualizada. Seja no

esporte, na cultura musical, teatral ou social,o desenvolvimento do aluno não

segue uma linha de formação regular, o desempenho se da a cada aula e de

acordo com a necessidade e interesse de cada aluno, capacitando-o

pessoalmente para a vida. Segundo Gohn (2006),

na educação não formal há o desenvolvimento de vários processos, dentre eles: consciência e organização de grupo”, “construção e reconstrução de concepções”, “sentimento de identidade”, “formação para a vida”, “resgate do sentimento de valorização de si próprio”, “os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca (GOHN, 2006, p.31)

Também Oliveira (2010) escreve que a educação não formal, embora

tenha certa espontaneidade na aquisição de conceitos e contribuição para

conscientização, mostrou-se que, com atividades planejadas e direcionadas,

mesmo não tendo um caráter escolar de educação, contribuiu para a formação

humana por meio de uma relação da compreensão atual mundial,

conscientização da destruição da natureza e no letramento trabalhados por

meio de músicas.

O ensino não formal entende-se como sendo uma troca de

conhecimento entre todos os indivíduos e compartilhamento de Experiências

que transpassam esse ensino, além de existir trocas de experiências da vida e

13

para a vida. Gohn (2006, p. 28), cita que quando se fala em educação não

formal, é quase impossível não compará-la com a educação formal. Ressalta a

importância da educação não formal, pois está “voltada para o ser humano

como um todo”, entretanto, afirma que àquela não substitui a educação formal,

mas poderá complementá-la através de programações específicas e fazendo

uma articulação com a comunidade educativa. Embora ambas as modalidades

tenham objetivos bem similares, como a formação integral do ser humano, a

educação não formal tem objetivos que lhe são próprios, devido à forma e ao

espaço em que se realizam suas práticas.

O que diferencia o ensino formal do não formal é que o primeiro

acontece de maneira sistematizada onde seus conteúdos trabalhados segue

uma linha de ensino focado no desenvolvimento regular de disciplinas, onde há

um currículo a seguir, normas a cumprir e onde o principal objetivo é a

aprendizagem (CASCAIS, 2011). Portanto a educação formal é aquela

desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados, ou seja,

um ensino que segue regras, leis e se dividem por idades ou pelo nível de

conhecimento do indivíduo.

A inserção da Música no ensino formal está regulamentada após a

promulgação da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que determina a

presença do ensino de música nas escolas de educação básica (ALVARENGA,

2011). Diante disso inicia-se um processo dentro das escolas das redes

públicas e particulares para garantir a efetivação da referida Lei,

No contexto não formal, vemos o ensino de música de diversas

maneiras. Segundo Queiroz (2007,p.3), essa perspectiva demonstra a

necessidade de pensarmos em propostas de formação musical no universo

cultural de cada sociedade, contemplando espaços múltiplos de produção e

transmissão de conhecimentos musicais. Diversas instituições governamentais

e não governamentais têm com diferentes propósitos e objetivos,

proporcionado uma representativa expansão dos espaços de educação musical

no país. Expansão que tem possibilitado a criação de novos contextos formais

– estruturados a partir da legislação educacional vigente –, e, também, de

diversos contextos não formalizados, que, apesar de possuírem estruturas e

organização interna das suas atividades e propostas, não se enquadram na

14

dimensão político-educacional necessária para serem considerados como

pertencentes à esfera formal de ensino.

Há também o ensino não formal que está se desenvolvendo em igrejas

evangélicas e católicas contribuindo para uma formação musical de qualidade

e que tem o objetivo não só técnico, mas também espiritual, utilizando-se como

resgate de pessoas envolvidas em uma grande marginalização pessoal e

social. A música tem sido um meio de transformação social de diversas

pessoas, ou seja, ela contribui para o bem de todos envolvendo-os no contexto

musical. Diante disso encontramos a música em diversos espaços que

contribuem para uma pratica e uma formação musical onde esta inserida no

meio social segundo Arroyo(2002).

Muitos outros cenários de prática musical foram- me revelados nos anos seguintes: os vários grupos de música popular – de rock, de pagode, de MPB, música sertaneja - atuando em bares, restaurantes, casas de shows. E mais: a Festa do Camaru - parque de exposição de animais, rodeios e shows de música sertaneja; os centros de Umbanda; a Banda e o Coro municipais; a oficina cultural da Prefeitura; o carnaval; os grupos de Folia de Reis; as várias escolas particulares de música; as diferentes igrejas evangélicas onde a música ocupa papel de destaque; os projeto sociais envolvendo a prática de música; o comércio especializado em instrumentos musicais e os estúdios de gravação5. Atentar para a presença desses vários mundos musicais enseja-nos ocasião de perceber como as músicas constituem-se em “fenômeno transversal que varre todos os espaços de uma sociedade. (ARROYO, 2002, p.105).

1.2.O Terceiro setor

O terceiro setor é formado por associações ou entidades sem fins

lucrativos, e contribui para chegar a locais de maiores dificuldades, fazendo

ações sociais, portanto possui um papel fundamental na sociedade. Existem

várias organizações que fazem parte do terceiro setor, como as ONGs

15

(Organizações Não Governamentais) que são compostas quase que, em sua

totalidade, de mão-de-obra voluntária, pessoas que trabalham e não recebem

remuneração para isso. Elas são de iniciativas privada ou associada a religiões

e tem como objetivo principal melhorar qualidade de vida dos necessitados.

Ao contrário, as organizações da sociedade civil sem fins lucrativos tiveram quase sempre papel marginal, vistas ou como forma de assistencialismo e caridade, associada sobretudo à religião, ou como forma de movimento político, associada a ONGs, ou, ainda, de defesa de interesses corporativos, relacionada a sindicatos e associações. [.....] É importante entender que o papel cada vez mais relevante do terceiro setor, como coadjuvante do poder público na promoção do desenvolvimento social, explica-se pelo fato de, em geral, sua ação tender a ser mais eficaz e eficiente na aplicação dos recursos públicos, além da credibilidade de que goza junto aos organismos internacionais de financiamento. A proximidade com o cliente, a maior capilaridade e a estrutura organizacional menor, mais dinâmica e flexível lhe possibilitam esta superioridade como executor da política social do governo. (RODRIQUES, p.33,1998).

É importante entender que o papel cada vez mais relevante do terceiro

setor, é o desenvolvimento social, onde explica-se pelo fato de, em geral, sua

ação tender a ser mais eficaz e rápida na aplicação dos recursos públicos,

além da credibilidade de que goza junto aos organismos internacionais de

financiamento. A proximidade com o cliente, a maior capilaridade e a estrutura

organizacional menor, mais dinâmica e flexível. É importante destacar que o

terceiro setor se tornou tão abrangente e importante que hoje ele é uma nova

alternativa de trabalhos profissionais ou pessoais e a cada dia esse sistema

público vem se desenvolvendo e aprimorando as instituições. O terceiro setor

cresce em números e em efeitos sociais e é uma realidade que se consolida e

fortalece a medida que são vencidos os desafios teóricos e práticos,

legitimando-se seu papel na sociedade e buscando-se cada vez mais sua

profissionalização. Mas vale relembrar que o terceiro setor não substitui o

16

primeiro setor, ele é um complemento de conteúdos culturais e sociais sendo

adicionado aos setores anteriores a ele.

A música esta presente neste setor para possibilitar que as pessoas

possam participar de um curso ou aprender determinado instrumento, uma

parte dos alunos quando querem participar desse ensino tem a música muitas

vezes como um Rob, sem o objetivo inicial de tocar em bandas ou em grupos,

mas , no percurso do curso esse pensamento se transforma e se da o

surgimento de diversas bandas como diversos instrumentos, e outra parte de

alunos realmente busca o ensino de música com o objetivo de melhor sua

qualidade musical.Nas ONG (a) os alunos aprendem música por meio dos

ritmos passados por instrumentos de bandinha rítmica ou por meio do

instrumento que ele escolher, um dos métodos de ensino utilizado é a

contagem, ou determinado instrumento elétrico ou manual para que os alunos

tenham uma base para a execução do ritmo . Pós semestre algumas

instituições fazem apresentações para que os pais ou parentes vejam o

trabalho realizado que essa instituições não governamentais fizeram.

1.3 ONG´s e profissões

Esse setor vem abrindo as portas para muitas áreas entre elas a música

que vem oferecendo oportunidades diversas para o educador musical, tanto

para aprimorar-se na área como para crescimento profissional. Como escreve

Oliveira (2003) na realidade, são pelas características e qualidades mais sutis

que as pessoas se diferenciam e se qualificam para o mercado de trabalho.

Os aspectos da formação musical são importantíssimos para o perfil daquele que vai trabalhar numa ONG que tem a música como elemento básico, pois definem realmente o que pode acontecer como atividades músico-pedagógicas na prática. O gosto musical, os níveis das habilidades musicais (voz e instrumento), a capacidade criativa e expressiva, o nível de apreciação crítica do repertório musical, a autocompreensão sobre os próprios saberes e competências, sabedoria e modéstia mas, ao mesmo tempo, autoconfiança e alegria pelo que consegue fazer, a capacidade de trabalho interdisciplinar e as

17

habilidades de negociação administrativa e pedagógica podem interferir decisivamente para o sucesso do profissional numa determinada ONG (OLIVEIRA, p.96 , 2003).

A diversidade de ONG´s esta presente em vários lugares, pois elas além

de ser esse auxílio para a formação pessoal, também é de formação

profissional. Muitos educadores que trabalham nessa área adquirem mais

conhecimento e amadurecimento profissional, porque a instituição proporciona

momentos onde o professor precisa se dedicar mais e mais por meio de

estudos, de pesquisas e acolhimento mútuo entre os diversos educadores e

responsáveis nos determinados espaços. O aluno, muitas vezes, cobra do

professor autonomia e dedicação ao trabalho, portanto é preciso agir e

desenvolver mais diversidades de conteúdos, ensaios, dedicação total do

profissional, tornando a sala ou o ambiente mais agradável para que o aluno

sinta-se atraído de alguma forma pelo espaço, pois as “ONGs dependem não

só de uma contribuição do governo, mas, principalmente do aluno matriculado

no projeto a se desenvolver” (OLIVEIRA, p.06, 2003). Ainda nas palavras

dessa autora, não adianta apenas querer fazer, a pessoa precisa ter a

capacidade de saber os seus limites e competências, a fim de estar no seu

lugar certo, onde possa desenvolver- se e fazer as suas tarefas com

desembaraço, desenvoltura e competência criativa. Para esse desempenho, o

profissional pode desenvolver o hábito de planejar por pontes que é uma

Estruturas de Ensino e Aprendizagem que servem para interligar o que o

professor vai ensinar aos saberes que o aluno já possui e não somente por

planos de aulas.

Queremos destacar aqui uma característica das ONG´s, que são os

desenvolvimentos de festas, projetos, realização de bazar, lazer onde

envolvem a comunidade para angariar fundos que mantêm as instituições em

funcionamento constante, pois embora recebam contribuições de empresários

ou parcerias, as ONGs precisam de um apoio da comunidade para manter-se

em funcionamento, por isso as diversas festas e desenvolvimentos nos bairros.

Infelizmente por não ter profissionais muitos voluntários as ONGs acabam

desgastando os profissionais. Apesar desse desgaste, esses contextos

contribuem para a formação de um profissional mais dinâmico e criativo.

18

Recentemente tive oportunidade de conhecer vários formandos que têm preferido ingressar em ONGs a trabalhar em escolas superiores e conservatórios, não só pela oferta de salários e posições mais gratificantes, mas também pelo tipo de trabalho a ser desenvolvido com os alunos, que, em geral, é mais artístico, oferece mais chances de criação individual, é mais flexível em horários e metodologias, além de oferecer uma maior visibilidade dentro da comunidade (OLIVEIRA, p.97, 2003).

Como vimos, existe vários espaços onde se desenvolvem o ensino de

música não formal. Falaremos a seguir do ensino não formal como terceiro

setor, abrangendo outros espaços como as igrejas que estão se firmando cada

vez mais no ensino de música isso desde a idade média, depois com o canto

congregacional da reforma protestante e recentemente com a renovação

carismática que vem ocorrendo na igreja católica. Assim a igreja sempre foi um

celeiro de músicos, difundindo aqui no Brasil a música desde a época dos

Jesuítas tornando-se cada vez mais importante para o desenvolvimento da

sociedade.

1.4 A importância da música na Igreja católica

A história da música na igreja católica teve início após o descobrimento do

Brasil onde foram encontrados índios cantando e dançando acompanhados

com diversos instrumentos musicais, catequizados pelos jesuítas. Os

catequistas jesuítas chegaram com a intenção de ensinar a religiosidade e o

modo de viver como Europeus, sendo oferecida também uma educação

musical aos índios. Chegaram com o primeiro Governador Geral, Tomé de

Souza (1549), e foram os primeiros professores de música no Brasil, onde

desenvolveram uma educação musical voltada a servir os interesses da Igreja

e da Coroa de Portugal. A música vocal deu início por meio do Padre Anchieta

e foi possível utilizar as partituras musicais da época. Cita Alves (1999) [...] e

“seguido pelo Padre José Anchieta com seu trabalho educacional considerado

19

uma das mais importantes contribuições do século XVI”. O Auto da Pregação

Universal, em 1555, é considerado a primeira peça musical brasileira, realizado

no mesmo ano em que Anchieta fundou o primeiro teatro no Rio de Janeiro. De

1564 a 1605, foram apresentados 21 autos envolvendo música vocal e

instrumental.

Na idade Média onde Deus era o centro de tudo,as expressões musicais

na Igreja se davam por meio da música sacra ou recitativo de salmos cantados

nas celebrações , e essa música veio conquistando o espaço na Igreja ao

longo dos séculos.

A tradição musical da Igreja universal constitui um tesouro de valor inestimável que se destaca entre as demais expressões de arte, principalmente porque o canto sacro, ligado às palavras, é parte necessária ou integrante da liturgia solene. (§CATECISMO DA IGREJA CATOLICA CANTO E MÚSICA 1156).

E essa música se caracteriza pela musica vocal, ritmo baseado na

palavra, canto gregoriano de gênero católico, cantada por homens em latim,

sem acompanhamento musical, monódico uma oração cantada típica da igreja

e existe ate hoje exercida pelos cristãos. os cânticos litúrgicos vocais e de

transmissão oral fazem parte do repertório mais usado na música da Idade

Média. Estes cantos litúrgicos variavam nas suas interpretações consoante a

raça, a cultura, os ritos e os hábitos musicais dos diversos povos. Desde os

primeiros relatos do cristianismo, pode-se observar a valorização da voz, do

canto.

A composição e o canto dos salmos, com freqüência eram

acompanhados por instrumentos musicais, que já aparecem intimamente

ligados às celebrações litúrgicas. A Igreja continua e desenvolve esta tradição:

recital "uns com os outros salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e

louvando ao Senhor em vosso coração" (Ef. 5,19). Hoje em dia a igreja teve

algumas mudanças como a aceitação de diversos instrumentos musicais nas

celebrações e a presença da mulher cantando ou tocando. A música continua

tendo importante papel na igreja, ou seja, ela anima a celebração litúrgica

juntamente com o padre através de canções e salmos responsoriais com o

objetivo de transformar o coração das pessoas. A música participa da igreja

20

com a liturgia seguindo uma sequência de animação durante a celebração

eucarística, além de fazer parte de casamentos e batizados juntamente com a

comunidade. Mas não basta só cantar, muitas pessoas se perdem na

caminhada que é o chamado a cantar nas celebrações porque acham que a

igreja é apenas um palco para shows e esquecem a música antes de tudo é um

ato de anunciação da palavras realizando uma transformação espiritual como é

citado abaixo.

182. A função própria do rito é ser sinal da fé. A celebração cristã da vida é essencialmente uma celebração da fé. Para que um rito cantado funcione como tal, não basta que a obra seja executável, que todo o mundo cante, que a música seja bonita. É preciso, sobretudo, que o canto, a música, propicie uma experiência de Jesus Cristo, presente e atuante no meio dos seus, que sua Palavra seja anunciada e acolhida, que se realize uma comunhão no seu Espírito. (Estudos da CNBB; 79,1999).

A igreja se destaca na sociedade com um papel muito importante na

área musical, e a cada dia esse união cresce desenvolvendo diversos projetos

e trabalhos religiosos através da música.

Nas igrejas católicas existe um trabalho desenvolvido com a música que

são conhecidos como Ministérios de Música ou Grupo de Canto e, assim, como

acontece nas apresentações de orquestras, a Igreja também tem esse

momento, ou seja, a cada grupo formado tem um ministro de música que

anima a comunidade e orienta os demais participantes dos ministérios. É difícil

encontrarmos uma orquestra católica, isto porque, os ministérios têm na

maioria das vezes instrumentos populares como a voz, o violão, a bateria, o

teclado, o baixo e em alguns momentos se encontram uma flauta transversal

ou um sax para animar a celebração. É possível presenciar pessoas que

entram nos ministérios sem saber música, outros com um grau de desafinação

muito elevado ou dificuldades de ritmos; alguns desejam tocar um instrumento,

mas diante dessa realidade a igreja acolhe e tenta formar esses iniciantes

como Cita Freitas (2008) que na mesma banda são aceitos músicos de vários

21

níveis, os iniciantes [..] esse recurso resulta uma interação e possibilita troca

de informações, essa prática é o segredo do bom desempenho dos alunos.

Também serviu de estímulo para empreender a pesquisa, a constatação

de que existe um número crescente de alunos que iniciam o estudo de música

na Igreja e que, através das atividades da banda ou do coro, se tornaram

monitores ou professores de turmas de teoria, regentes de coro ou até

instrutores de instrumentos musicais.

Diante da realidade que vi na comunidade, infelizmente alguns desses

novos participantes não permanecem na igreja quando aprendem o que vieram

buscar e abandonam a escola da Igreja ou não são mais pontuais e nem se

dedicam mais para estudar as músicas deixando de lado o momento do ensaio

que é tão importante para o crescimento musical.

Encontrei alguns projetos que desenvolveram corais nas Igrejas

católicas, mas infelizmente alguns alunos se inscrevem e são poucos os que

permanecem fieis aos ensaios e a prática de exercícios contínuos em casa,

não tem uma valorização com o trabalho oferecido a determinadas

comunidades e ao grupo que tem uma formação de certificado. As aulas dos

corais ajudam as pessoas que querem participar dos ministérios,

desenvolvendo a afinação, o ritmos e auxiliando a pessoa na área que se tem

dificuldades. Alguns alunos se deixam levar pela timidez ou o medo de encarar

o público e acabam desistindo de participar das aulas ou saem dos ministérios.

É importante destacar a parte técnica instrumental e de sonorização das

igrejas. Algumas têm a acústica desproporcional ao som disponível, onde

esses equipamentos são de má qualidade e tornam o serviço dos ministérios

mais árduos e cabe as pessoas comprarem seus equipamentos ou utilizar

aquilo que a igreja oferece além dos ministérios não terem um certo cuidado

com os equipamentos que são disponibilizados, muitos manuseiam de forma

errada e acaba ficando difícil a compra regular desses equipamentos já que

muitas igrejas são construídas por doações da própria comunidade, por isso é

preciso ter mais zelo pelo que se usa. Afirma Freitas (2008) “As bandas [...] de

algumas igrejas visitadas apresentam alguns problemas de qualidade técnica

instrumental e de interpretação musical, por parte dos ministérios ou por parte

dos agentes engajados a comunidade”. (FREITAS, p.13,2008).

22

1.5 A importância da igreja na transformação social

Desde de o século passado e atualmente a Igreja tem desenvolvido

diversos projetos sociais com o objetivo de renovação pessoal de cada

indivíduo. Aos poucos, a igreja vem se envolvendo em Campanhas para

chamar a atenção da sociedade em busca de uma transformação e a espera

de um mundo mais justo e irmão. A Igreja católica tem uma campanha muito

importante chamada Campanha da Fraternidade, onde esse é um trabalho de

construção árdua. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da

sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade

brasileira, buscando caminhos de solução. A cada ano é escolhido um tema,

que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita

em que direção se busca a transformação. A campanha é coordenada pela

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De 1962 até hoje, a

Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização

desenvolvida num determinado tempo (quaresma), para ajudar os cristãos e as

pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos

no processo de transformação da sociedade a partir de um problema específico

que exige a participação de todos na sua solução. A Campanha da

Fraternidade tornou-se especial manifestação de evangelização libertadora,

provocando, ao mesmo tempo, a renovação da vida da Igreja e a

transformação da sociedade, a partir de problemas específicos, tratados à luz

do Projeto de Deus. Citarei abaixo algumas campanhas que foram aderidas

pelos Bispos.

Água, fonte de vida em 2004, Felizes os que promovem a paz em

2005 , Levanta-te, vem para o meio! Em 2006, vida e missão neste chão em

2007, e a campanha atual de 2014 ano de produção deste trabalho com o

tema: Tráfico Humano ,Tema bastante polêmico, pois muitas pessoas sofrem

com entes queridos sendo traficados.

Além de a Igreja católica promover essas campanhas, existe também

caravanas pé na estrada que ajudam as pessoas de outras comunidades,

doando roupas, calçados, alimentos ou ajudando na limpeza de alguns

desabrigados. Podemos destacar também a toca de Assis que desenvolve

23

projetos sociais ajudando as pessoas nas ruas, além do carisma da adoração

ao Santíssimo Sacramento e da entrega diária de serviço a Deus. A Toca de

Assis também trabalha com o carisma de dedicação ao próximo,

principalmente àqueles que mais necessitam e que estão em situação de plena

miséria (tanto física, quanto espiritual). É com esse intuito, que a Pastoral de

Rua “caça” moradores de rua durante a noite (DIARIO LITORAL, 2014).

É possível encontrar igrejas ou comunidades que fundaram faculdades

fundamentadas na escola regular e onde trabalha o carisma daquela

instituição. Além de promover educação e cuidado com as pessoas que não

tem condições, a igreja também forma interiormente as pessoas que se

permitem da seguinte maneira: com pontualidade, responsabilidade,

dedicação, estudo constante do instrumento que o ministro de música utiliza,

zelo pelo outro, paciência, socialização, entre outras.

No próximo capítulo iremos abordar o desenvolvimento do projeto

musical realizado na Igreja do Beato André de Soveral, bem como a história da

igreja e perfil dos alunos que participam das aulas de música, especificamente

as aulas de violão e o desenvolvimento da metodologia do mesmo.

Abordaremos também a experiência que foi adquirida nesse tempo da

realização do curso bem como as dificuldades e participação dos alunos no

curso de violão popular.

Capítulo 2 – Ensino de Música na Igreja do Beato André de Soveral

O citado projeto teve início a partir de um convite do padre da

comunidade. Seu objetivo era de apenas formar um coral, pois ele via que isso

iria ajudar as senhoras que cantam na igreja, ou seja, havia uma preocupação

com a formação musical para essas pessoas. Portanto foi sugerido que as

aulas envolvessem mais técnica vocal e fosse de encontro a um repertório

próprio para uma apresentação. O intuito da formação desse coral era de

envolver as quatro comunidades da paróquia, ou seja, que dentro do coral

estivessem pessoas de diferentes comunidades. E a partir do sim dado para a

formação desse coral, apresentei ao Pároco um projeto (no anexo imagem 1)

para a formação de três turmas de violão, além de um coral.

24

A igreja Mãe Peregrina que atualmente desenvolvo o projeto musical,

tornou-se paróquia e recebeu o nome de Beato André de Soveral, um dos

mártires da Igreja que celebra sua festa em setembro. Está localizada na rua

Aeroporto Eduardo Gomes s/n, no bairro Jardim aeroporto do município de

Parnamirim/RN. Devido ao local de celebração não comportar o crescente

número de pessoas, foi iniciada a fundação da Igreja Mãe Peregrina em

01/11/2004, e antes mesmo dela ser terminada, iniciaram-se as celebrações

dentro do Conselho Comunitário do Bairro de Jardim Aeroporto.

Quero destacar aqui a formação escolar musical que a cada dia se

desenvolvem em projetos sociais e culturais por todo o mundo, possibilitando

as pessoas uma aproximação ao ensino não formal. Muitos projetos e ONGs

foram desenvolvidos em todo o mundo, e esse crescimento se dá não só para

o ensino da música, mas para outras áreas , tanto social como cultural.

Os projetos realizados fora da sala de aula se desenvolveram porque

houve a necessidade da música sair da escola regular e diversificar esse novo

ensino, dando espaço para projetos socias se desenvolverem e produzir mais

mão de obra de acordo com Almeida(2005).

Em uma pesquisa, o entrevistado fala que: esses projetos são bons porque de certa forma o empregou. O oficineiro confessa que seria bom a música estar presente na escola regular, mas se estivesse na escola hoje nós estaríamos desempregados. (ALMEIDA,p.53,2005).

E foi a partir desse ponto destacado acima que surgiu esse projeto onde

descreveremos o seu desenvolvimento, passo a passo que atualmente ocorre

no espaço da Paróquia do Beato Andre de Soveral.

2.1 História e construção do projeto Musical

O projeto teve inicio em 26 de julho de 2014 utilizando o espaço do salão

paroquial da igreja do Beato Andre de Soveral, a partir da permissão do padre

Abelardo, atual administrador e pároco da Paróquia. O projeto foi desenvolvido

a partir do interesse dos paroquianos pois me solicitavam aulas particulares em

suas casas e quando surgiu essa idéia e um espaço de boa estrutura para as

25

aulas ficou melhor para desenvolver o curso de violão. O objetivo inicial do

projeto além de dar aulas era de formar três turmas e cada com no máximo 07

pessoas iniciantes para o ensino de violão popular. A primeira turma seria n//a

faixa etária entre 07 a 14 anos, a segunda turma entre 14 a 18 anos e a

terceira turma de adultos. Diante disso Pedi a permissão do padre da

comunidade já que seria desenvolvido em um espaço da Igreja católica, e foi

aceito de imediato.

Os pais ou responsáveis que tinham o desejo de participar do curso

preencheram uma ficha de inscrição, que segue em (anexo na imagem 2). E

todos receberam um calendário para verificação das aulas conforme (anexo na

imagem 3).

Iniciamos com a divulgação entre os paroquianos e também nas cidades

vizinhas durante dois meses. Inscreveram-se 21 alunos. As aulas ocorrem

todos os sábados com duração de uma hora, em uma sala reservada para o

projeto no salão paroquial da Igreja católica Beato André de Soveral.

Também participo da comunidade e da Igreja e por isso, penso que as

pessoas me confiaram seus filhos e reconhecem meu trabalho devido a aulas

particulares que dei a algumas pessoas que participam da Igreja. No bairro do

Jardim Aeroporto, na praça principal, onde o salão paroquial é localizado,

também acontecem eventos culturais. O salão tem uma boa estrutura; possui

cinco banheiros, cinco salas para reuniões e formações, além de uma cozinha,

duas salas pequenas para guardar materiais e um salão na parte de baixo. A

igreja conta com uma secretaria para atendimento diário de pessoas que

queiram tirar dúvidas ou marcarem casamentos e o salão pode também ser

alugado, vindo ajudar nas despesas da própria Igreja. O salão não é

climatizado, possui apenas alguns ventiladores e janelas nas salas. As

cadeiras são de boa qualidade para aqueles que estão iniciando suas aulas.

Os materiais usados na sala durante as aulas são: quadro branco,

cadeiras sem braço colocadas em círculo, e caderno pessoal de cada aluno

para anotações. Cada turma tem as seguintes características:

TURMA 1- PERFIL DA TURMA: (07 a 14 anos), Essa turma se

caracteriza pelos alunos que têm mais dúvidas. Sempre perguntam ou

questionam determinado assunto ou tema da aula, tirando suas duvidas em

relação a ritmo ou a acordes mais complicados. são bem pontuais e cumprem

26

as atividades que são feitas para realizar em casa. A penas dois alunos tinham

conhecimentos iniciais com o instrumento, sabiam fazer alguns acordes, e

começamos a trabalhar ritmos, e a mudança no braço do instrumento

relembrando os acordes que poderiam ter esquecido.

TURMA 2- PREFIL DA TURMA: (14 e 18 anos), Essa turma se

caracteriza pelos alunos mais ativos e perseverantes, realizam as atividades e

participam bastante de cada proposta lançada em sala, seja teórica ou prática.

Essa turma eram de alunos iniciantes, não tinham nem hum conhecimento

prévio na área de violão, e partirmos do inicio, relembrando as sete notas

musicas trabalhando os primeiros acordes e ritmo inicial.

TURMA 3- IDENTIDADES DA TURMA: (a partir de 18 anos), Essa

turma é caracterizada pelos alunos mais maduros, os adultos. Alguns têm

muitas dúvidas e não conseguem desenvolver todos os exercícios, e é preciso

passar e repassar as aulas e muitas vezes usar de criatividade para tomar a

atenção de alguns. Durante o curso houve uma desistência grande dessa

turma, alguns por motivos de doença ou atividades pessoais.

Os resultados que venho observando não são totalmente satisfatórios,

pois nem todos os alunos se dedicam ao estudo do instrumento em casa e em

um curto tempo de aula recebo a notícia da desistência de um aluno que não

impossibilitou aos outros alunos a continuarem as aulas. Por outro lado, há o

bom desempenho de alguns que se destacam estimulando os outros a

continuarem no estudo.

Considero que o trabalho do professor consiste em educar e formar o

aluno para desenvolver suas atividades e ter autonomia no que faz, o que vem

ao encontro da missão de cada pessoa que frequenta a Igreja, que é de formar

e aos poucos convidar os demais frequentadores a se engajarem em uma

pastoral ou grupos já formados dentro da Igreja. Podemos destacar um

segundo objetivo que é levá-los para os ministérios da Igreja, pois como fala a

oração do bom pastor precisamos de mais operários e de bons operários.

Quero destacar que durante toda a minha participação em projetos, no

trabalho ou dentro da Igreja, percebo que as pessoas que procuram para

participar têm uma grande dificuldade de acompanhamento no ritmo. Muitas

delas, já entram em grupos ou em aulas sabendo tocar, mas percebo que

alguns têm grandes dificuldades para entender a duração dos acordes em

27

determinadas músicas, precisando então, de um auxílio para com eles. Nas

aulas procurei desde o início trabalhar essa questão do ritmo sempre com um

acompanhamento simples, começando com uma contagem antes de tocar ou

algum elemento determinando a pulsação da música ou do exercício proposto.

Os alunos precisam perceber que dentro da música existe uma organização de

ritmo, de pulso, de melodia, de acompanhamento. Trabalhamos essa questão

da seguinte forma: os alunos formam duplas e tocam juntos, exercitando os

exercícios programados para vencerem as dificuldades acima relatadas. Logo

percebo se os critérios citados acima estão sendo bem executados pela dupla

ou não, e percebo também que alguns têm dificuldades de sintonia entre si e

os colegas com os quais estão tocando.

Essa metodologia que utilizei foi uma ferramenta muito importante para

aqueles alunos que sentiam dificuldades de acompanhamento em uma

determinada música, a contagem unida aos acordes e ao ritmo fazia com que

os alunos não se perdessem ao tocar. Esse método foi de muita importância,

quando comecei a dar aulas de música a alunos com deficiência intelectual, Lá

na instituição eram feitos trabalhos com bandinha rítmica e precisava contar

sempre e durante a música tocada, devido a dificuldade que eles tinham. Os

professores anteriores utilizavam esse método e foi passado para mim, e

passei a usar essa marcação rítmica.

A partir do desenvolvimento desse projeto podemos enxergar o papel

importante que a Música tem e o quanto ela tem o poder de capacitar e

envolver pessoas na sua melodia que cura e se une á Igreja para resgatar

pessoas, onde eles se permitem transformar e renovar-se a cada dia. A música

modifica e interagem com o individuo até ele ter o pensamento musical

formado e poder atuar na área com essa importância.

28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As diversas áreas destacadas neste trabalho vêm de encontro a essa

transformação social e pessoal de cada um, além de possibilitar recursos e

desenvolver altas habilidades de pessoas que se diziam ser incapazes. A

Música existe para tornar a vida das pessoas mais belas e dinâmicas sendo

uma descoberta, além de conquistar o professor que precisa estar sempre

atualizado para exercer a sua função. A atuação de professores nestas

instituições só os torna mais capazes atribuindo a eles novas estratégias e

pontes para um educador que está presente na realidade e que se desenvolve

junto com o meio que vive.

O presente trabalho desenvolvido na Paróquia possibilitou ás pessoas

do curso uma oportunidade de participar mais ativamente da comunidade

tocando ou cantando, ou seja, veio de encontro com o resgate e uma novidade

para os jovens da comunidade, além de reestruturar ministérios e trazer as

pessoas e jovens do curso para participarem de encontros realizados pela

igreja.

Essa pesquisa foi de grande contribuição para minha formação, pude de

forma concreta avaliar-me e utilizar as práticas de ensino de acordo com a

formação adquirida e moldada. Os desafios com certeza possibilitaram um

crescimento bem significativo e digno de muito orgulho, grandes educadores

estiveram presentes pra indicar o caminho do ensino e do aprendizado, é

preciso estar com o pensamento aberto a críticas e a novas oportunidades para

desenvolver um trabalho que possibilita o nosso amadurecimento profissional e

acadêmico.

Percebi que os alunos que permaneceram até o final do curso, tiveram

um crescimento bastante significativo, muitos ainda tem algumas dúvidas ou

não lembram determinado ritmo, e foi preciso falar da importância de praticar o

instrumento em casa, que houvesse esse interesse da parte de cada um para a

dedicação no estudo individual em suas casas.

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROYO, Margarete.Mundos musicais locais e educação musical EM PAUTA - v. 13 - n. 20 - junho 2002 . CACAIS, Maria das Graças. Educação Formal, Informal e não fromal em ciências: Contribuição dos diversos espaços Educativos,2011, Manaus/AM.

KLEBER,Magali Oliveira. TERCEIRO SETOR, ONGS E PROJETOS SOCIAIS EM MÚSICA: BREVES ASPECTOS DA INSERÇÃO NO CAMPO EMPÍRICO 2002. OLIVEIRA, JUNIOR, Antônio Paulino de . EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO. 2010. GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade

civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio

de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

ALVARENGA, Claudia Helena; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Educação musical e legislação: reflexões acerca do veto à formação específica na Lei 11.769/2008. Opus, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 51-72, jun. 2011. RODRIGUES,Maria Cecília Prates. Demandas sociais versus crise de financiamento: o papel do terceiro setor no Brasil*. Rio de Janeiro SET./OUT. 1998 ASFORA, Laila Federico.Monografia- terceiro setor:organizações sociais.

Universidade católica pontifícia do rio de janeiro- Brasil .2012 MERRIAM, Sharan B. Qualitative Research and Case Study applications in Education. Francisco: Jossey-Bass Publisher, 1998. QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Educação Musical em João Pessoa: a realidade do ensino e aprendizagem da música nos espaços formais e não-formais do município. Paraiba/2007. OLIVEIRA,Alda de. Atuação profissional do educador musical: terceiro setor. Revista da ABEM, N° 8, 2003. ALVES,Sergio Luiz de Almeida. 500 Anos de Educação Musical no Brasil: Aspectos Históricos .1999. Catecismo da igreja católica 1156.

30

Estudos da CNBB; 79,1999.

Cifra das músicas

O cravo e a rosa

<http://www.cifraclub.com.br/os-pequerruchos/o-cravo-e-a-

rosa/imprimir.html#tom=-5 >Acesso em: 05 de novembro de 2014

Pra não dizer que não falei das flores de Gerald Vandré.

<http://www.cifraclub.com.br/geraldo-vandre/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-

flores/imprimir.html >Acesso em: 05 de novembro de 2014

Quero te dar a paz de Padre Zeca.

<http://www.cifraclub.com.br/padre-zeca/quero-te-dar-paz-paz-de-

cristo/imprimir.html >Acesso em: 05 de novembro de 2014

Galhos secos de evangélica.

<http://www.cifraclub.com.br/para-nossa-alegria/para-a-nossa-

alegria/imprimir.html> Acesso em: 05 de novembro de 2014

Como eu quero de Kid abalha.

<http://www.cifraclub.com.br/kid-abelha/como-eu-quero/imprimir.html> Acesso

em: 05 de novembro de 2014

31

ANEXOS

Imagem 1- projeto

32

Algumas Músicas trabalhadas

O Cravo e a Rosa

Os Pequerruchos

Ritmo em setas

Tom: D D Em

O cravo brincou com a rosa A D

Debaixo de uma sacada D Em

O cravo saiu ferido A D

E a rosa despedaçada .

D Em O cravo ficou doente. A D A rosa foi visitar D Em O cravo teve um desmaio A D E a rosa pôs-se a chorar.

Prá Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Geraldo Vandré

Ritmo Tom: C Am G Am Caminhando e cantando e seguindo a canção Am G Am

33

Somos todos iguais braços dados ou não Em G D A Nas escolas nas ruas, campos, construções Em G D A Caminhando e cantando e seguindo a canção Refrão: Am G Am

Vem, vamos embora, que esperar não é saber Am G Am

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (2x)

Quero te dar a paz (paz de cristo)

Padre Zeca

Ritmo

X( essa letra representa som abafado)

Tom: G G

Quero, eu quero Em

Te dar a paz, te dar a paz C Do meu Senhor, do meu senhor D Com muito amor, com muito amor Ritmo versos G

Na flor vejo manifestar Em

O poder da criação C Nos teus lábios eu vejo estar D O sorriso de um irmão G Toda vez que eu te abraço Em E aperto a tua mão C Sinto forte o poder do amor D Dentro do meu coração

34

Galhos Secos

Para Nossa Alegria

Ritmo

Tom: G Em C

Nos galhos secos de uma árvore qualquer D Em

Onde ninguém jamais pudesse imaginar C D Em

O Criador vê uma flor a brotar C D Em

Olhai, olhai, olhai. Os lírios cresceram no campo C D Em

E o Senhor nosso Deus os tem alimentado para nossa alegria C D Em Para nossa alegria

35

Como Eu Quero

Kid Abelha

Ritmo

Tom: C C

Diz pra eu ficar muda G

Faz cara de mistério Am

Tira essa bermuda F7M

Que eu quero você sério C Tramas do sucesso G Mundo particular Am

Solos de guitarra F Não vão me conquistar Refrão: Am Em

Uh, eu quero você F

Como eu quero Am Em

Uh, eu quero você F

Como eu quero

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Imagem 2- ficha de inscrição

37

Imagem 3- calendário das aulas

38

Plano de Aula1

1° AULA

1. TEMA : Conhecendo os primeiros acordes e sua cifra

2. OBJETIVOS

Conhecer as cifras dos acordes e as sete notas musicais;

Conhece o violão e suas partes;

Trabalhar um ritmo para estudo em casa.

3. DURAÇÃO

A duração da aula será de 1 horas.

4. RECURSOS

Materiais da sala utilizados, carimbo das casas do violão para desenhar no

caderno dos alunos, quadro branco e cadeiras apropriadas para as aulas de

violão, onde os alunos devem exercer a sua posturas.

5. METODOLOGIA

Escrita das sete notas musicais no quadro e sua cifra.

A cada musica faço uma seqüência de acordes para os alunos praticarem em

casa e já chegar com mais facilidade pra execução dos próximos acordes e

ritmos.

Ex: C -D-E -F-G- A-B

Do-re-mi-fa-sol-la-si

Primeiros acordes trabalhados

( Em - A )seguidos de ritmos simples, representadas como setas para

baixo. EX:

O ritmo sempre é trabalhado com o exemplo acima a partir de setas, alguns

alunos ao ouvirem o ritmo já tocam mas alguns precisam dessas setas para

guiarem na execução dos ritmos.

39

6. AVALIAÇÃO

No final da aula é revisado o que foi dado e feito perguntas relacionadas às

explicações anteriores.

Uma segunda avaliação é feita por meio de uma pequena prova com perguntas

simples envolvendo os temas abordados e para auto avaliação dos alunos.

Essa prova não tem caráter eliminatório, serve apenas para que os alunos

possam se observar em relação as aulas.

Apesar de o curso ser desenvolvido na Igreja, o repertório é todo popular

e para quem desejar também podem aprender músicas evangélicas ou

católicas, pois o curso é aberto à todas as pessoas que queiram participar. No

repertório também trabalhamos músicas folclóricas e infantis. O curso é aberto

à sugestões dos alunos, e uma vez por outra, é preciso reestruturar o plano de

aula de acordo com o interesse dos alunos.

Curso de violão popular

(PROVA PARA ALTO AVALIAÇÃO INDIVIDUAL)

Professora:

Aluno(a):_____________________________________

Responda as questões abaixo.

1) Como se chamam os acordes abaixo.

a) C

b) D

c) E

d) F

e) G

f) A

g) B

2)Coloque a cifra dos acordes

40

a)Do diminuto:

b)sol sustenido menor:

c)La bemol:

d)si menor:

d)do sustenido menor:

e)sol com baixo em do:

f)re sustenido:

g)mi maior:

3) Enumere de forma correta e de o nome das cordas e suas respectivas

cifras.

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

4) antecessor e sucessor.

a)____A___

b)____C____

c)F_______

d)____B____

e)____F#___

f)____E____

g)D________

41

5) De o nome das partes do violão.

Imagem retira da internet