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MARIANA SOCOLOSKI F. DE JESUS LETÍCIA MARIA … · do organismo simulado – a CELAC. Esta divisão foi feita ao visar uma melhor organização do conteúdo. Antes de ... 3.3 BELIZE

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MARIANA SOCOLOSKI F. DE JESUS – SECRETÁRIA ACADÊMICA

EFRAIM VITALIANO VERAS – DIRETOR ASSISTENTE

JOÃO PEDRO DE MACEDO SILVA – DIRETOR ASSISTENTE

JULIANA ARANTES DEL DUQUI NETO – DIRETORA ASSISTENTE

LETÍCIA MARIA BARBOSA BARROS – DIRETORA ASSISTENTE

CELAC – COMUNIDADE DE ESTADOS LATINO-AMERICANOS E CARIBENHOS

O ENFRENTAMENTO DA POBREZA E MOVIMENTOS GUERRILHEIROS NA

AMÉRICA LATINA

Guia de estudo apresentado ao Projeto de Extensão e Pesquisa UNISIM-RN – Simulação Inter Mundi, do Curso de Direito do Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN), a ser realizado de 20 a 23 de agosto de 2015.

Orientador adjunto: Prof. Benício de Sá

Orientadora geral: Profa. Vânia Vaz.

NATAL – RN

2015

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CARTA DE APRESENTAÇÃO

Caros e caras delegados e delegadas, sejam bem-vindos e bem-vindas à IX

Unisim – Simulação Intermundi da UNIRN! É com muito orgulho que apresentamos a

CELAC – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, um comitê

idealizado para promover debates voltados para o cenário latino-americano e, ainda,

para proporcionar uma experiência acadêmica única na vida de cada um dos senhores

e senhoras.

Simular um organismo supranacional como a CELAC é uma oportunidade não

apenas para vivenciar o mundo das relações internacionais, mas, para,

principalmente, aprofundarmo-nos em um tema tão pouco explorado durante nossa

vida, enquanto estudantes: a questão da América Latina.

Por isso, então, que nós – diretores e diretoras da CELAC, pensamos em

centrar os debates em dois temas que representam vetores essenciais para a

compreensão dos problemas latino-americanos: a questão da pobreza e movimentos

guerrilheiros.

Assim, preparamos este material com muito carinho para guiar os estudos dos

senhores e senhoras, possibilitando um posterior aprofundamento de seus

conhecimentos e, por fim, proporcionando uma simulação de muito aprendizado!

Vale salientar que dividimos o guia de estudo em dois volumes: o Guia voltado

para o estudo das delegações e dos temas (este que fazemos a apresentação) e o

Guia Auxiliar, voltado para a compreensão da criação, organização e funcionamento

do organismo simulado – a CELAC. Esta divisão foi feita ao visar uma melhor

organização do conteúdo.

Antes de iniciarmos o conteúdo, apresentamos o corpo organizador do nosso

comitê: Mariana Socoloski F. De Jesus – Secretária Acadêmica, Efraim Vitaliano

Veras – Diretor Assistente, João Pedro De Macedo Silva – Diretor Assistente, Juliana

Arantes Del Duqui Neto – Diretora Assistente e Letícia Maria Barbosa Barros –

Diretora Assistente.

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Lembrando que estamos sempre disponíveis para orientação e para dirimir

quaisquer dúvidas que possam surgir.

Posto isso, é hora de iniciarmos nossos estudos!

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SUMÁRIO

1. TEMA A: O ENFRENTAMENTO DA POBREZA NA AMÉRICA LATINA ......................... 7

2. TEMA B: MOVIMENTOS GUERRILHEIROS DA AMÉRICA LATINA: TERRORISMO

OU LUTA POPULAR? ...................................................................................................................... 17

3. PAÍSES MEMBROS .................................................................................................................. 23

3.1 ANTÍGUA E BARBUDA ......................................................................................................... 23

3.2 BARBADOS ............................................................................................................................. 24

3.3 BELIZE ..................................................................................................................................... 25

3.4 COMUNIDADE DA DOMINICA ............................................................................................ 26

3.5 COMUNIDADE DAS BAHAMAS .......................................................................................... 27

3.6 ESTADO PLURINACIONAL DA BOLÍVIA .......................................................................... 28

3.7 ESTADOS UNIDOS MEXICANOS ...................................................................................... 31

3.8 FEDERAÇÃO DE SÃO CRISTÓVÃO E NEVES ............................................................... 34

3.9 GRANADA ............................................................................................................................... 36

3.10 JAMAICA ................................................................................................................................. 37

3.11 REPÚBLICA ARGENTINA .................................................................................................... 39

3.12 REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA ................................................................. 43

3.13 REPÚBLICA COOPERATIVA DA GUIANA ....................................................................... 46

3.14 REPÚBLICA DA COSTA RICA ............................................................................................ 48

3.15 REPÚBLICA DA GUATEMALA ............................................................................................ 50

3.16 REPÚBLICA DA NICARÁGUA ............................................................................................. 53

3.17 REPÚBLICA DAS HONDURAS ........................................................................................... 54

3.18 REPÚBLICA DE CUBA ......................................................................................................... 57

3.19 REPÚBLICA DE TRINIDADE E TOBAGO ......................................................................... 59

3.20 REPÚBLICA DO CHILE ........................................................................................................ 61

3.21 REPÚBLICA DO COLÔMBIA ............................................................................................... 62

3.22 REPÚBLICA DO EQUADOR ................................................................................................ 64

3.23 REPÚBLICA DO HAITI .......................................................................................................... 66

3.24 REPÚBLICA DO PANAMÁ ................................................................................................... 68

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3.25 REPÚBLICA DO PARAGUAI ............................................................................................... 69

3.26 REPÚBLICA DO PERU ......................................................................................................... 71

3.27 REPÚBLICA DO SALVADOR .............................................................................................. 73

3.28 REPÚBLICA DO SURINAME ............................................................................................... 75

3.29 REPÚBLICA DOMINICANA .................................................................................................. 77

3.30 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ............................................................................ 79

3.31 REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI............................................................................. 82

3.32 SANTA LÚCIA ......................................................................................................................... 84

3.33 SÃO VICENTE E GRANADINAS ......................................................................................... 85

4. ORGANIZAÇÕES E PAÍSES OBSERVADORES ................................................................ 86

4.1 BANCO MUNDIAL – BM ....................................................................................................... 86

4.2 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ..................................................................................... 88

4.3 HUMAN RIGHTS WATCH – HRW ...................................................................................... 89

4.4 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU ............................................................. 90

4.5 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA ............................................... 92

4.6 REINO DA ESPANHA ........................................................................................................... 94

4.7 REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA DO NORTE .................................... 95

4.8 REPÚBLICA FRANCESA ..................................................................................................... 96

4.9 REPÚBLICA POPULAR DA CHINA .................................................................................... 97

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 98

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1. TEMA A: O ENFRENTAMENTO DA POBREZA NA AMÉRICA LATINA

Como melhor forma de trazê-los a realidade internacional, pensou-se em guiá-

los, frente ao tema A, com base em estudos assentados na região latino-americana e

caribenha, através do Projeto Regional Para A Superação Da Pobreza Na América

Latina – PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) de 1992,

trazendo robustez aos dados utilizados e argumentos importantes para o andamento

dos debates. A partir deste ponto, os senhores e senhoras delegados e delegadas

estarão aptos a trazer para os dias de simulação informações específicas sobre as

principais estratégias que precisam ser levantadas para o enfrentamento da pobreza

e combate à miséria na América Latina e Caribe.

Primeiramente, é crucial estabelecer que combate à pobreza significa

satisfação de necessidades básicas e emergenciais da população, além de

compreender que componentes relativos à pobreza variam de país a outro (PNUD,

1992). Portanto, a satisfação dessas necessidades vai variar conforme estes

componentes se mostrem em níveis maiores ou menores, em cada realidade,

adaptando os meios de interferência.

A estratégia centra-se na mudança de bases econômicas da pobreza (PNUD,

1992), de forma a trabalhar o cenário encontrado, compreendendo suas demandas e

potencialidades. As necessidades da população imersa na pobreza tomam duas

dimensões: 1. Dimensão econômica; 2. Dimensões não econômicas – participação,

criação, liberdade, afeto, identidade. (PNUD, 1992). Compreendendo, assim, um

caráter interacional entre estas dimensões, de forma que se comuniquem ao combater

os pontos estratégicos de enfrentamento da pobreza

Ainda, entender quais as raízes da pobreza é ponto crucial para mudança da

realidade. A partir do projeto em estudo, são estabelecidas tais raízes: 1. Insuficiência

do excedente gerado no decorrer da produção, o que impede crescimento de

investimentos ou mesmo de auferir lucros mínimos; 2. Apropriação não equitativa dos

excedentes, trazendo um cenário comum no mundo não-desenvolvido centrado na

desigualdade social, onde poucos têm muito, enquanto muitos nada têm; 3.

Inadequações na estrutura de oferta e demanda, como, por exemplo, baixos salários

mínimos e desemprego que impedem a construção de uma população consumidora,

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interferindo nos níveis de demanda e oferta; 3. Insuficiência das fontes de bem-estar,

ponto que está atrelado a necessidade de desenvolvimento de políticas sociais.

Com base nisso, entende-se que promoção de políticas sociais são

necessárias ao combate das necessidades mais emergenciais da população pobre,

mas não deve ser promovida isoladamente, pois os principais problemas da miséria

centram-se em uma base estrutural nas frentes econômica e social da sociedade.

“A superação da pobreza é tarefa conjunta das políticas econômicas e sociais. Em parte, devido aos diferentes tipos de carências que cada grupo apresenta, mas, sobretudo, por ser necessário enfocar o problema de forma

global para poder enfrentá-lo. ” (PNUD, 1992)

Sendo assim, é crucial que os mecanismos de enfrentamento deste cenário se

dê a partir de uma reconstrução e adaptação conforme cada realidade, atentando

sempre a necessidade de se colocar o cidadão no centro do processo, de forma que

ele participe destas estratégias através do trabalho, consumo e

conscientização/educação.

“Levando-se em conta que atualmente mais da metade da população latino-americana é pobre, e que, em grande parte, essa situação tem origem estrutural, não se pode continuar mantendo a superação da pobreza como programa ou tarefa parcial a cargo da política social, mas sim como objetivo

central do desenvolvimento. ” (PNUD, 1992)

Neste sentido abordado, o termo pobreza mostra-se extremamente amplo e

mutável. De acordo com o projeto adotado por este trabalho, são duas as principais

definições: a primeira é a pobreza absoluta, que está relacionada com o atendimento

mínimo das necessidades básicas não satisfeitas, para a sobrevivência biológica. Já

a concepção de pobreza relativa se fundamenta na questão da desigualdade de renda

e social, as chamadas “condições heterogêneas de injustiças” (PNUD, 1992).

Assim, compreende-se a necessidade de combate emergencial de

determinados pontos, enquanto urge, também, a necessidade de reconstrução de um

cenário injusto e travado ao crescimento. Reconstruir a sociedade latino-americana e

caribenha visando seu crescimento econômico e competitivo além de possibilitar a

sua população condições mínimas de bem-estar é a meta principal do projeto, fazendo

com que estas duas estratégias estejam em constante interação. Portanto, o objetivo

básico do desenvolvimento é aumentar a qualidade e a expectativa de vida dos

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membros da sociedade. Aliar crescimento econômico com mais oportunidades de

bem-estar, de forma a dispor recursos para a satisfação de necessidades básicas, é

o maior desafio para os países latino-americanos.

“As altas incidências da pobreza na região exigem estilo de crescimento no qual as receitas dos pobres aumentem mais depressa que a receita média da população, e o gasto público se direcione de modo crescente para a satisfação dos fatores básicos (...). Atualmente, a maioria dos países da região registra concentrações de renda muito altas; abater a pobreza, mantendo tal distribuição, com base apenas no crescimento, exigiria elevadas taxas de crescimento do PIB per capita (mais de 6% ao ano),

mantidas por várias décadas, o que é totalmente inviável. ” (PNUD, 1992)

É importante frisar que a pobreza passa a ser um obstáculo ao crescimento por

duas razões: primeiro, constata-se redução do mercado interno, já que não se tem

estímulo ao consumo e aos pequenos e médios empresários; segundo, é evidente

que nos dias atuais o fator-chave para eficiência na produção é o conhecimento. Não

mais fatores como terra, capital ou mão-de-obra. (PNUD, 1992) Por isso a importância

do investimento em capital humano como ponto principal para o combate à pobreza

na região, e vice-versa.

“Diminuir e erradicar a pobreza torna-se indispensável para elevar as capacidades e os conhecimentos da população, requisito sine qua non para superar o subdesenvolvimento latino-americano. Do mesmo modo, a apropriação de conhecimentos por parte dos pobres aumenta sua potencialidade para abandonar esse estado. A superação das pobrezas de renda e de conhecimentos deve ser concebida como processos simultâneos

com sinergias positivas. ” (PNUD, 1992)

De forma a traçar pontos estratégicos para o combate dos problemas acima

delineados, o projeto traz: o desenvolvimento da economia popular; promoção de

política social para a superação da pobreza; promoção de política de desenvolvimento

sociocultural; a reforma do Estado; a dimensão de gênero na estratégia de superação

da pobreza e, por fim, dimensão tecnológica (PNUD, 1992) que serão, a seguir,

expostos detalhadamente.

1.1 ECONOMIA POPULAR

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Partindo deste ponto, o investimento destinado ao desenvolvimento econômico

deve visar a estabilidade macroeconômica, de modo a desenvolver “um setor externo

sólido”, (PNUD, 1992) buscando maiores níveis de exportação. No entanto, tal medida

não é suficiente no combate à pobreza. Em reforço ao que fora discutido alhures, a

superação da pobreza está ligada ao crescimento da renda dos pobres de forma a

esta sofrer aumentos acima da média, de modo a satisfazer necessidades básicas.

Com base no fator renda, estabelecem-se três tipos de política: a salario; economia

popular e social (PNUD, 1992).

Quanto aos fundamentos da economia popular, é preciso ressaltar que,

enquanto ponto chave para o enfrentamento da pobreza, trata-se do reconhecimento

da necessidade de investimento no polo mais atrasado da sociedade no tocante a

produção. Estimulando, assim, pequenas e médias empresas a tomarem impulso de

modo a integrar-se no desenvolvimento econômico da região. Para isso, seguindo

uma estratégia de estímulo à economia popular, há dois fatores que necessitam ser

explorados: o emprego urbano e melhoria de renda. (PNUD, 1992) Isto porque torna-

se evidente a tendência do processo de urbanização, além de que a renda “é o fator

mais fraco das formas produtivas populares. ” (PNUD, 1992)

“A estratégia de transformação produtiva da CEPAL, orientada para atingir verdadeira competitividade internacional das economias regionais, reconhece múltiplos agentes, entre eles a pequena e a média empresas, e o que denomina setor social da economia (aqui identificado como formas associativas da economia popular). Em ambos os trabalhos parte-se de premissas similares, entre outras, as formas associativas podem impulsionar muitas unidades econômicas populares; os trabalhadores autônomos representam um dos potenciais empresariais da região; é necessário valorizar as funções empresariais e inovadoras da região, e incentivar as pequenas empresas e as formas associativas; as grandes perspectivas que decorreriam de maior articulação entre ramos de atividade e formas

empresariais. ” (PNUD, 1992)

Neste sentido, é importante trazer para o debate a relevância da produção

comercial no setor rural na sua forma camponesa, ou seja, centrada na economia rural

de menor dimensão. Isto porque “sua importância quantitativa é significativa: 57.1%

da força de trabalho rural da região encontra-se vinculada a essa forma de atividade.

” (PNUD, 1992) Nesta forma, é um dado determinante no conjunto de produção

agropecuária em geral. Além disto, quanto ao meio urbano, observa-se que as

pequenas unidades produtivas representam grande parte da força de trabalho não

agrícola no continente. No entanto, é fato que quanto ao nível de produtividade, as

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pequenas unidades produtivas, tanto urbanas quanto rurais, possuem valores mais

baixos que as unidades de grande porte. (PNUD, 1992)

Por fim, analisa-se que

“O setor assalariado da economia moderna é o principal mercado da economia popular e o comportamento daquele orientará, em grande parte, a dinâmica desta. Um conjunto de produtos com alta flexibilidade de renda e baixa de preço vai se caracterizar, então, por sua natureza marcadamente procíclica: quando a economia cresce e a massa salarial se incrementa, a demanda por esse tipo de produtos cresce de maneira mais que proporcional; porém, quando a economia enfraquece e o fundo salarial diminui, a demanda

por produtos da economia popular cai vertiginosamente. ” (PNUD, 1992)

Exposta a problemática no tocante a economia popular, torna-se latente

analisar algumas opções para o enfrentamento da pobreza através do

desenvolvimento econômico deste setor relativo às pequenas unidades produtivas.

Primeiramente, a diversificação de cultivos significa mais dinamicidade ao

processo produtivo e fortalecimento ao pequeno empreendedor rural. (PNUD, 1992)

Por meio deste modelo, o empreendedor se alia a diversas fontes de renda e não se

prende a limitação de produção por colheita, mantendo seu quadro de pessoal durante

todo o ano.

Além disso, programas de apoio à economia popular também se apresentam

como fundamentais no apoio e investimento nas pequenas e médias empresas. Este

apoio, portanto, deve se dar no sentido de auxiliar no enfrentamento de problemas de

mercado, por exemplo, sendo este um dos principais obstáculos para empresas

populares. “Portanto, é necessário estabelecer mecanismos para dar ao pequeno

produtor apoio eficiente em seus processos administrativos, produtivos e de

comercialização. ” (PNUD, 1992) Pois “seja qual for a forma adotada pela economia

popular, o que deve ser uma decisão autônoma dos próprios produtores, boa parte de

seu êxito dependerá dos mecanismos de apoio com os quais puder contar. ” (PNUD,

1992)

Tais mecanismos podem significar melhorias na relação entre produção e

comercialização, maiores estratégias jurídicas e institucionais e mais ofertas de

crédito para o setor produtivo popular.

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“Na América Latina as experiências em crédito popular têm sido variadas: o programa microempresarial na Colômbia, o Conaupes no Equador, o IDESI e o Banco de Crédito Cooperativo no Peru, o crédito à palavra no meio rural mexicano, e a Acción Internacional que opera com custos de 11 centavos por dólar em empréstimos associativos inferiores a

300 dólares. ” (PNUD, 1992)

1.2 POLÍTICA SOCIAL

Este componente do rol de estratégias citado alhures visa suprir as

necessidades mais básicas dos mais pobres. Visa, ainda, eliminar a pobreza absoluta

através do “acesso a serviços gratuitos, ativos básicos de consumo e tempo

disponível. ” (PNUD, 1992) São dois os fatores basilares para esta eliminação: a

compensação social – voltada para a forma mais emergencial do combate à pobreza,

de caráter paliativo para amenizar os efeitos da miséria; e a transformação estrutural

– cujos efeitos plenos serão alcançados a médio prazo, mas visando, ainda, a

satisfação das necessidades básicas. (PNUD, 1992)

A premissa mais básica para a sustentação desta estratégia centra-se na

defesa da dignidade da pessoa humana. Desta forma, rebate-se uma série de

formulações falaciosas advindas do senso comum, como:

“1. A população beneficiária de um programa social não está recebendo favor, mas um serviço a que tem direito. 2. Assim como, nos sistemas democráticos, não há cidadãos de segunda, portanto, não há votos que contem menos, na política social não há beneficiários de segunda, que

só tenham direito a receber serviços de segunda. ” (PNUD, 1992)

A análise destes pontos, partindo do primeiro, centra-se no processo de

conscientização acerca da nocividade ao sistema democrático apresentada pelo

paternalismo e clientelismo. A relação entre servidores públicos e população passa a

ser conduzida pela concretização de direitos e deveres e, não, pela troca de favores.

(PNUD, 1992)

O segundo ponto, por sua vez, trata se estabelecer a não discriminação àquela

parcela da população arrebatada pela pobreza. Isto porque é inconcebível que se

forneça atenção inferior a um determinado grupo em razão de sua pobreza. (PNUD,

1992)

A partir disto põe-se que os principais desafios enfrentados pelo manejo das

políticas sociais encontram-se na vulnerabilidade de todas ação e omissão pública em

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produzir efeitos negativos na empreitada destas políticas, podendo levá-las ao

fracasso; na necessidade de articulação entre desenvolvimento econômico e social;

no aumento da importância política dos setores sociais no desenvolvimento de

políticas econômicas e, por fim, na confluência entre todos os desafios.

Para o enfrentamento destes desafios, torna-se essencial o comprometimento

do Estado enquanto orientador destas políticas e na conversão destas em política de

Estado que ultrapasse a mudança de governos. Além disso, o controle de processos,

através de fiscalização adequada, de forma a evitar vícios na efetivação das políticas;

transparência e descentralização do setor público são aspectos indissociáveis na

aplicação ideal destas políticas e para o seu sucesso.

Além disso, para que as políticas sociais cheguem aos seus objetivos, devem

cumprir com alguns critérios como “maior equidade social e de gênero”, (PNUD, 1992)

ou seja, igualdade de oportunidades entre todos e todas, além do “trato desigual aos

desiguais, significando que a política compensa as desvantagens das pessoas. ”

(PNUD, 1992) Ainda, eficácia e eficiência devem ser critérios intrínsecos na análise e

fiscalização destas políticas, bem como sua continuidade e foco nos grupos

populacionais arrematados pela pobreza, de fato.

1.3 POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIOCULTURAL

Esta estratégia centra-se no objetivo de deslocar a população pobre das

margens da sociedade para o centro desta, tornando-se atores ativos da superação

da própria pobreza. Isto se daria a partir de um processo politizador, conscientizador

e educador da população, de modo que esta se apropriasse de “conhecimentos

relevantes” (PNUD, 1992) como “vida cotidiana e consumo, organização comunitária

e vida política. ” (PNUD, 1992) Configurando-se, assim, como um processo não só de

integração políticas dos marginalizados, como de inclusão social através do processo

de captura de diversos conhecimentos.

1.4 REFORMA DO ESTADO

Este elemento se relaciona com a necessidade de desenvolver estruturas que

sustentem a interação entre Estado e população. É a reorganização do Estado em

prol do enfrentamento da pobreza em conjunto com a sociedade civil.

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“Orienta-se para superar desarticulação entre a política econômica e a social; desarticulação interna do social; debilidade política e decisória do setor social no conjunto do Estado; atraso de suas organizações; sujeição das organizações do setor social aos conchavos de todo tipo; caráter antiparticipativo derivado de seu centralismo, formalismo e estrutura piramidal; fragilidade para unir-se à sociedade civil; carência de gerentes sociais especializados, e escasso e mau uso da avaliação no setor social.”

(PNUD, 1992)

1.5 A DIMENSÃO DE GÊNERO

As relações de gênero são as relações sociais, específicas, estabelecidas entre

homens e mulheres. No contexto da análise de fatores de enfrentamento da pobreza,

cabe reconhecer que “as mulheres pobres fazem parte não só de estratos sociais

carentes, como de um gênero subordinado e oprimido. ” (PNUD, 1992) Posto isso,

identifica-se a problemática de gênero como essencial, no sentido de sua

desconstrução, “para facilitar a construção de uma sociedade mais equitativa, mais

justa e mais humana. ” (PNUD, 1992)

“Em primeiro lugar, deve-se redefinir o trabalho doméstico e o não remunerado como trabalho produtivo, incluindo-os, dessa forma, nas contas nacionais e nas estatísticas trabalhistas. Em segundo lugar, redefinir também o conceito de lar, para desvinculá-lo de pressupostos falsos: o da equidade interna no lar, e o de que todos os seus membros participam da tomada de

decisões. ” (PNUD, 1992)

Ao considerar a problemática de gênero, enquanto fator-chave para o

enfrentamento da pobreza, existem pontos estratégicos para a sua desconstrução a

longo prazo e a curto prazo. (PNUD, 1992) As medidas a longo prazo estão atreladas

a conscientização em busca de novas relações que busquem assegurar à mulher que

possa controlar sua própria vida e que tome suas próprias decisões. Seria uma

reestruturação da base social enfrentada na região, que coloca a mulher em situação

inferior ao homem ao definir divisões de trabalho como “os homens em tarefas

remuneradas; as mulheres nas domésticas e reprodutivas exclusivamente. ” (PNUD,

1992) Quanto a medidas a curto prazo, estão estas orientadas para satisfazer

necessidades atuais, como creches para assegurar o espaço da mulher no ambiente

de trabalho não-doméstico.

1.6 A DIMENSÃO TECNOLÓGICA

Dentre as melhores soluções traçadas para o enfrentamento da pobreza a

adoção de inovação tecnológica, de forma a melhor contribuir para os níveis de

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produtividade da economia popular através de uma rede regional de transferência de

informações, além do desenvolvimento de bens e serviços mais competitivos e

impulsionar a produção de pesquisas que auxiliem ao desenvolvimento de tecnologias

de produção. (PNUD, 1992)

Enquanto grandes empresas crescem à medida que inovam o seu arcabouço

tecnológico, por deter grandes quantidades de capital,

“A oferta tecnológica para a economia popular é modesta, tanto por não ser matéria de desenvolvimento nos países avançados, como pela fraca capacidade das nações menos adiantadas, como as da região em estudo. Essa modesta capacidade é produto não só das restrições de recursos, mas também relativa à orientação dos existentes até a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura e indústrias modernas. ” (PNUD, 1992)

Para alcançar um bom ritmo de produtividade, portanto, as unidades da

economia popular devem integrar-se à inovação tecnológica com base em algumas

estratégias, como: mais pesquisas quanto a disponibilidade de tecnologias

apropriadas à economia popular; desenvolvimento de pesquisa e tecnologia;

estabelecer rede regional-nacional; aumentar a competitividade através da produção.

(PNUD, 1992)

No campo da economia rural, torna-se ainda mais imperativa a necessidade de

investimentos tecnológicos, a partir da construção de uma rede de interação entre

diversos produtores de forma a manter corrente fluxos de informação.

“A principal razão disso é que, sem constante interação entre pesquisadores e produtores populares, os pesquisadores tendem a ignorar a racionalidade, os recursos e, sobretudo, os conhecimentos dos produtores. A essência da estratégia de desenvolvimento tecnológico para a economia rural é a geração de novos conhecimentos a partir do enriquecimento cruzado dos pesquisadores e camponeses. Ao invés de organizações funcionalmente especializadas (pesquisa básica, desenvolvimento tecnológico, assistência técnica, capacitação), as instituições devem especializar-se por regiões e produtos, integrando todos os elementos funcionais mencionados e permitindo a manutenção de estreito contato com os produtores populares, de tal maneira que seus problemas e oportunidades se convertam em

diretrizes para pesquisa, assistência técnica etc.” (PNUD, 1992)

Por fim, compreende-se cada um destes fatores de enfrentamento da pobreza,

não, como elementos particular e individualizados, mas como uma interação dinâmica

entre todos eles, para, assim, ter-se uma estratégia generalista, englobando vários

problemas simultaneamente. Desta forma, deve-se compreender, não, apenas as

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necessidades advindas da pobreza, mas qual as potencialidades de cada região para

que os investimentos sejam pontuais em valorizá-las.

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2. TEMA B: MOVIMENTOS GUERRILHEIROS DA AMÉRICA LATINA:

TERRORISMO OU LUTA POPULAR?

A partir deste ponto, pretende-se abordar diversas questões relativas a

formação de movimentos guerrilheiros na América Latina e Caribe, bem como as

perspectivas destes em chegar ao poder ou de, simplesmente, participarem

ativamente da política de onde se encontram. Além disso, pretende-se, também,

levantar o debate quanto à natureza destes movimentos – se perseveram enquanto

luta armada pelo povo no poder ou enquanto manifestação de violência gratuita ou

terrorismo. Ressalta-se, porém, o caráter simplista deste texto, uma vez que foi

produzido com o finco de guiá-los quanto ao estudo do tema, mas, a título de

profundidade, os senhores e senhoras delegados e delegadas estarão incumbidos de

complementar o presente estudo com pesquisas acerca do cenário geral da ALEC

(América Latina e Caribe) e de suas respectivas delegações frente a problemática.

A autora Judith Larson, em 1977, publicou um trabalho científico em renomada

revista de sociologia que tinha como cerne a investigação de movimentos guerrilheiros

na ALEC, levantando o questionamento acima citado, de forma a desenvolver o tema

sob um ponto de vista de formação destes movimentos e suas motivações políticas e

sociais. Cumpre ressaltar que é com base neste trabalho que desenvolveremos esta

introdução temática, uma vez que temos como proposta guiá-los no estudo sob a

perspectiva de levantar questionamento e de compreensão acerca da formação dos

movimentos guerrilheiros no âmbito da ALEC e, nos capítulos seguintes, traremos

uma exposição acerca da situação atual destes movimentos e suas formações em

cada delegação. Salientando, no entanto, o caráter simplista do presente trabalho,

sendo necessários estudos complementares por outras fontes.

Em um primeiro momento, a autora expõe que a origem destes movimentos se

deu a partir de um momento histórico vivenciado na ALEC, em que o neocolonialismo

imperava sob o ponto de vista econômico e político. Segundo ela, estes movimentos

advieram enquanto reação a forte imposição de poder promovida pelos Estados

Unidos da América, a partir de apoio cedido a golpes militares, durante a Guerra Fria,

objetivando inibir intuitos de independência nacional dos países latino-americanos e

caribenhos e da expansão comunista que se dava em todo entorno global. Ainda,

propõe a diferenciação entre duas expressões: terrorismo – extremismo político e luta

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armada.

Com o intuito de contextualizar a problemática, tratemos sobre a observação

histórica acerca da violência perpetuada na ALEC, onde eclodiram diversos processos

violentos que tinham como escopo a construção de nações independentes da

colonização europeia através de guerras; revoluções; insurgências; terrorismo;

contrarrevoluções, dentre outros. (LARSON, 1977) Vale salientar que este período de

libertação não se deu de forma generalizada entre todos os países da ALEC, mas se

deu de forma gradual, já que alguns países só se tornaram independentes na

atualidade. Após o período de colonização na América, houveram diversos conflitos

mundiais que levaram a custos sociais e econômico sem tamanho. Assim, após tantas

perdas, “a maioria dos grupos políticos que buscam resolver conflitos visando

objetivos políticos, preferem fazê-lo de modo pacífico”. (LARSON, 1977)

No entanto, a resolução de conflitos políticos na ALEC, dos anos 60-80, se deu

de maneira extremamente violenta, fazendo a violência política, nesta região, crescer

e se generalizar (LARSON, 1977). Levanta-se a questão, portanto, da contribuição da

formação e atuação dos movimentos guerrilheiros latino-americanos para este cenário

violento.

É evidente que há sociedades onde há outros mecanismos políticos de

participação que excluem a necessidade de luta armada para conquistas política de

poder popular. (LARSON, 1977). No entanto, no cenário da Guerra Fria, quando

surgiram a maioria dos movimentos guerrilheiros, várias nações latino-americanas

estavam assoladas por regimes autoritários que restringiam a participação política,

quando muitos grupos só viram como meio para chegar ao poder através da luta

armada.

“Temos aqui, pelo menos, uma situação em que há conflitos e estruturas sociais tais, que é fácil compreender a ascensão da violência: os contextos coloniais e neocoloniais (agressões externas). Seria difícil conseguir mudanças significativas destes fenômenos históricos sem a existência, em certa medida, da luta armada. Nestas situações, não há canais de participação políticas para a produção de mudanças, nem a real possibilidade de verdadeira autonomia do país. Assim, primeiramente, tem-se que se libertar da presença estrangeira dominante. É assim que historicamente tem-se promovido as chamadas guerras de independência nacionais. ” (LARSON, 1977)

Na atualidade, questiona-se, no entanto, qual fora o intuito político destes

19

movimentos. Se pela democracia e libertação nacional, ou pela tomada de poder em

busca de um novo regime autoritário.

LARSON (1977) mostra que a independência latino-americana é um mito ao

analisar a estrutura econômica desses países. E assim, observa-se a formação de um

processo neocolonizador neste período histórico que imperava sobre as nações da

ALEC.

Após esta breve contextualização que nos trouxe o cenário de formação e

motivação dos movimentos guerrilheiros, passa-se a analisar se o intuito de tais

movimentos poderia se classificar enquanto extremistas-terroristas ou enquanto o

início de movimentos libertadores.

Partindo deste questionamento, passa a ser essencial distinguir a situação

vivenciada no passado e na atualidade pelas delegações que sofreram com este

fenômeno e qual sua relação com a população e quais as formas de manifestações

existentes.

Quanto a situação, precisa-se atentar para o fato desta se caracterizar

enquanto um sistema político que apresentava mecanismos de participação política

ou, não, e se havia a presença de grupos estrangeiros que dominavam a política ou,

não. Com base nisso, passa-se a distinguir a existência de violência legítima

(ausência de mecanismos de participação e agressão externa) da violência gratuita.

Considerando que esta distinção não se centra num ponto de vista moralista ou

particular, mas sob uma concepção sociológica. (LARSON, 1977)

Assim, considera-se que a relação da situação com a população se desenvolve

conforme esta última apoia ou, não, os movimentos de reação àquela.

“Quanto mais legítima é a violência, mais apoio da população terá. Este apoio varia com o tempo e com o desenrolar da luta, mas no caso de violência legítima, tende a crescer mais que diminuir. Considerando, no entanto, que o poder estabelecido tentará impedir este crescimento desvirtuando os objetivos dos grupos rebeldes, na medida em que estes objetivos são tidos como justos, logram o apoio na população. Este apoio pode ser militar ou apenas simpatizante, mas em ambos os casos acontece do grupo rebelde crescer no tocante a quantidade de membros e quanto ao seu conceito de luta. “ (LARSON, 1977)

A partir destas distinções, compreende-se melhor o cenário da violência, esta

20

enquanto discriminada ou indiscriminada. A primeira é aquela realizada dentro de um

contexto de objetivos político-militares, afetando, unicamente, os grupos políticos

agressores e usurpadores de poder combatidos. Já a segunda, afeta pessoas que não

se relacionam com o cenário político.

Por fim, com base nesta análise, é facilitada a compreensão acerca da

diferenciação entre extremismo/terrorismo dos movimentos de libertação nacional. Os

primeiros afetam a sociedade por um viés mais marginalizado, pois são praticados por

grupos minoritários e que, sem apoio, tendem a desaparecer com o tempo, à medida

que o sistema político se abre para a participação popular. (LARSON, 1977)já os

movimentos de libertação nacional estão caracterizados por uma combinação de luta

política e armada com o intuito de promover a independência nacional de seu país. “A

expressão mais comum desta última foi dada através da formação de guerra de

guerrilhas” (LARSON, 1977), enquanto forma de enfrentar poderosos inimigos que

detinham superioridade militar.

No entanto, segundo a autora:

“A distinção entre terrorismo/extremismo e guerra popular não são elementos que os grupos detentores de poder numa situação de domínio colonial tratavam de considerar, qualificando enquanto terrorista qualquer grupo que empreendesse a luta armada. ” (LARSON, 1977)

Vale salientar, também, que durante o período no qual eclodiram as principais

guerrilhas latino-americana, como Revolução Cubana; Guerrilha do Araguaia e etc.,

havia uma tradição histórica de ascensão militar aos poderes políticos em todo

entorno da ALEC. Em proveito desta tradição, os EUA (Estados Unidos da América)

treinavam oficiais militares de várias nacionalidades latino-americana para que

mantivessem fortes na ofensiva em golpes de estado e, assim, mantinham seus

interesses resguardados.

“A maioria dos militares que ocupavam os cargos de governo nos países regidos por ditaduras militares haviam passado por cursos. Os exércitos latino-americanos não se mantiveram enquanto defensores das nações contra agressões externas, mas, sim, como mantedores da ordem pública, da segurança interna e em um único partido capaz de governar e de desenvolver economicamente suas nações. O Brasil foi o primeiro país a pôr em prática esta política quando a mobilização popular se tornou insustentável e se quando se tornou o precursor daquela na ALEC. ” (LARSON, 1977)

21

A partir deste cenário, surgiram grupos com o intuito de propagar meios

alternativo de chegar ao poder, já que o sistema se fechara para a articulação de

apenas um partido político, nascendo focos de guerrilhas rurais e urbana, como no

Uruguai, Chile, Argentina, Bolívia e Brasil. A tática principal das guerrilhas era começar

de dentro para fora: do interior rural para os grandes centros urbanos.

Já quanto a questões políticas, o intuito das guerrilhas era de criar amplas

frentes de participação. E, verifica-se que após o período de abertura política, em

várias nações as guerrilhas se converteram em partidos políticos e passaram a

participar ativamente através das eleições. Com base nisso, para a autora:

“Em suma, tanto do ponto de vista da situação latino-americana como do apoio cedido àqueles que promoviam a luta armada, não parecia se tratar de um fenômeno de extremismo político. A violência política na América Latina não parece ser um assunto marginalizado que tende a desaparecer, mas, ao contrário, um mecanismo político de ascensão ao poder. ” (LARSON, 1977)

Portanto a luta armada, em oposição ao terrorismo, é caracterizada não apenas

pelo desenvolvimento de práticas militares, mas, sim, por estar enquadrada em um

contexto político que busca pela criação de um movimento popular que possua uma

base de apoio. Os excessos promovidos, portanto, são considerados desvirtuamento

de conduta e, não, uma prática comum.

Ainda, tem como características o estabelecimento de metas políticas que

decorrem de um processo seguido por etapas, considerando as circunstâncias que a

circundam. No tocante a essas circunstâncias, primam pela clara compreensão sobre

seus inimigos e aliados. No entanto, segundo a autora, a Revolução Cubana foi o

estopim para vários outros movimentos durante a década de 60 no território da ALEC.

Ressaltando, porém, que o balanço dos objetivos visados por movimentos que

surgiram como, por exemplo, na Venezuela e Guatemala foi extremamente negativo.

(LARSON, 1977)

Neste sentido, a autora ainda expõe o fato de muitos destes movimentos terem

se perdido no tempo, uma vez que atribuíram pouca importância ao fator político, e

valorizando demasiadamente o militar. O fato político, dessa forma, deveria ser

considerado como base de sustentação do movimento, sendo um trabalho simultâneo

(defensiva militar e trabalho político) para que, de fato, o movimento possuísse um

22

sentido libertador para o povo latino-americano e caribenho.

Com base no exposto, torna-se fundamental que os senhores delegados se

permitam conhecer a realidade atual dos movimentos guerrilheiros em cada uma de

suas delegações para que se possa discutir o verdadeiro direcionamento destes: se

pelo caminho de violência gratuita ou por objetivos políticos bem delineados. Frisando-

se, também, a necessidade de compreender o contexto histórico deste modelo de luta

latino-americano. E, assim, chegar a um denominador comum na solução do problema

da violência em nossa região e da falta de participação política de determinados

grupos.

23

3. PAÍSES MEMBROS

A partir deste capítulo, os senhores delegados terão a oportunidade de

conhecer mais detalhadamente a realidade de cada país frente a cada um dos temas

e frente a informações gerais. Lembrando sempre que se tratam de dados não

aprofundados, sendo necessários pesquisas e estudos complementares para os dias

de simulação. Além disso, é importante compreender, também, qual a relação da

delegação representada com as outras delegações, de modo a adquirir

conhecimentos relativos à política externa.

A CELAC é composta por 33 países, dessa forma, variando em cinco línguas

oficiais. São elas: o espanhol, adotado por 18 países; o inglês, falado por 12 países;

o português brasileiro, adotado apenas pelo Brasil; o francês aderido pelo Haiti; e por

fim, o holandês utilizado pelo Suriname.

3.1 ANTÍGUA E BARBUDA

Cristóvão Colombo chegou à ilha maior em 1493, e deu-a o nome de uma igreja

que havia em Sevilha na Espanha: Santa Maria de la Antigua. Após tentativas

frustradas de colonização pelos espanhóis e franceses, Antígua foi colonizada por Sir

Thomas Warner em 1632, e tornou-se formalmente uma colônia britânica em 1667.

Barbuda passou ao domínio da Grã-Bretanha em 1628, e em 1860, a ilha foi anexada

à Antígua1.

O país é formado por um arquipélago de 37 ilhas no Caribe Oriental, tendo a

ilha de Antígua e a de Barbuda como as principais. No ano de 1981 a nação foi

reconhecida enquanto país pela ONU – Organização das Nações Unidas, como

também conquistou sua soberania do Reino Unido. Por ser uma ex-colônia britânica,

o país faz parte da Comunidade das Nações (The Commonwealth), e reconhece a

Elizabeth II como sua rainha2.

Antígua e Barbuda tem uma população estimada em 90.000 habitantes. 5% da

população total sofrem com a pobreza, enquanto que 18% vivem abaixo da linha da

pobreza. E, 10% são vulneráveis, ou seja, quem está em risco de cair na pobreza

1 THE COMMONWEALTH. Antigua and Barbuda: History. Disponível em:

<http://thecommonwealth.org/our-member-countries/antigua-and-barbuda/history>. Acesso em: 29 abr. 2015. 2 GOVERNMENT OF ANTIGUA AND BARBUDA. About Antigua and Barbuda. Disponível em:

<http://www.ab.gov.ag/article_details.php?id=309>. Acesso em: 29 abr. 2015.

24

caso ocorra falhas na economia3. Consequentemente, 20,5% sofrem com a

desnutrição em decorrência da pobreza associada à fome4.

Por conseguinte, na tentativa de solucionar esta problemática o governo adotou

o programa Desafío Hambre Cero lançado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas,

Ban Ki-Moon. O programa é liderado pelo governo, que convidou todos os atores

políticos do país a participar da luta para erradicar a fome e a pobreza de forma

sustentável, expressando o empenho político necessário para esta iniciativa. O projeto

recebeu o apoio de cinco organizações mundiais, são elas: Organização das Nações

Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO, Instituto Interamericano de Cooperação

para a Agricultura – IICA, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe –

CEPAL, Programa Mundial de Alimentos – PMA, e Organização Mundial da Saúde /

Organização Mundial da Saúde Pan-Americana – OMS / OPAS5.

3.2 BARBADOS

Barbados é um país localizado nas Pequenas Antilhas, na América Central. O

país foi descoberto pela Espanha em 1492, e era frequentemente visitado por

portugueses de 1536 até 1925, mas, diferente do usual, foi tomado como posse pelos

britânicos, onde ficou como colônia até 1966, ano que conquistou sua independência

política6. Barbados, junto com outros países do Caribe, faz parte do CARICOM –

Mercado Comum e Comunidade do Caribe7. O tratado original de Chaguaramas, era

que os países caribenhos participantes da CARICOM, formassem uma única entidade

legal separada do mercado comum8.

3 SPANISH PEOPLE. Organismos internacionales buscan erradicar hambre en Antigua y Barbuda.

Disponível em: <http://spanish.peopledaily.com.cn/31614/8066317.html>. Acesso em: 29 abr. 2015. 4 ZERO HUNGER CHALLENGE. Antigua and Barbuda in numbers. Disponível em:

<http://www.zerohungerchallengelac.org/ab/antiguaandbarbuda>. Acesso em: 29 abr. 2015. 5 ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Agencias de la ONU y de la OEA comienzan a trazar

plan para apoyar al gobierno de Antigua y Barbuda a erradicar el hambre. Disponível em:

<http://www.paho.org/HQ/index.php?option=com_content&view=article&id=7926:antigua-barbuda-receive-un-

oas-support-plan-eradicate-hunger&Itemid=2&lang=es>. Acesso em: 29 abr. 2015. 6 Barbados. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbados>. Acesso em: 18 abr. 2015. 7 BARBADOS. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_tags&view=tag&id=431-

barbados&lang=pt-BR>. Acesso em: 19 abr. 2015. 8 CARICOM. THE ORIGINAL TREATY. Disponível em:

<http://www.caricom.org/jsp/community/original_treaty.jsp?menu=community>. Acesso em: 19 abr. 2015.

25

Barbados, com outros oito países, conseguiu erradicar a fome, e com isso, sair

do mapa da fome9. Além disso, é o país mais desenvolvido do Caribe, com um PIB de

4,262 bilhão de dólares10. Uma boa prova é que, diferente da maioria dos países

participantes da CELAC, Barbados não possui uma população abaixo da linha da

pobreza. O país também se encontra no mapa mundial de países emergentes e em

desenvolvimento.

Como é característico de um país emergente, Barbados possui programas

sociais. São caracterizados como programas para o combate ao desemprego, para o

bem-estar da população (Government's Poverty Alleviation Fund) e programas para

os considerados “inválidos” (Barbados Disability Unit). Além desses, existem

programas direcionados para a área rural, como, por exemplo, o Rural Development

Program e Enterprise Growth Fund11. Assim, esses programas realmente têm uma

funcionalidade no país, mostrando ótimos resultados, como a saída deste do mapa da

fome.

3.3 BELIZE

Belize é um Estado Soberano situado na América Central. Foi descoberto no

século XVII, quando era habitado pelos Maias. O país teve sua independência

reconhecida em 1981 depois de um conjunto de reformas constitucionais.

Belize tem uma população de, aproximadamente, 350.000 pessoas12. A

população no nível da pobreza ultrapassa a marca de 30%13. Isso se dá, normalmente,

pela economia está baseada na área rural (agricultura), e no turismo. Graças a essa

força agrária na economia, um grande dano ambiental está acontecendo para a

criação de novas fazendas, fazendo que Belize seja o país com o maior índice de

desmatamento na América Central. Isso se agravou após o grande número de

9 América Latina reduz fome, mas sofre com obesidade. Disponível em: <http://noticias.r7.com/saude/america-

latina-reduz-fome-mas-sofre-com-obesidade-04122013>. Acesso em: 19 abr. 2015. 10 THEODORA. BARBADOS economy 2015. Disponível em:

<http://www.theodora.com/wfbcurrent/barbados/barbados_economy.html>. Acesso em: 19 abr. 2015. 11 Government Programs. Disponível em: <https://labour.gov.bb/government-programs>. Acesso em: 19 abr.

2015. 12 Belize Population. 2014. Disponível em: <http://countryeconomy.com/demography/population/belize>.

Acesso em: 20 abr. 2015. 13 MYHANDINHAND. Belize. Disponível em: <http://myhandinhand.org/immersion-trips/belize/>. Acesso em:

20 abr. 2015.

26

furacões que atingiram o país no ano de 2007. Mas, após esses furacões, empresas

de petróleo começaram a investir no país, fornecendo um avanço na economia14.

Entretanto, o maior problema se encontra na área rural. De aproximadamente

163.000 belizenhos vivem na área rural, e 72.000 estão em situação de pobreza15.

Isso se da, pois a maioria dos produtores agrícolas usa uma baixa tecnologia, que

resulta em uma baixa produtividade. Mesmo com isso, o governo tenta ser bastante

assistencialista com a população, oferecendo programas para a construção de casas,

serviços de saúde e escolares.

3.4 COMUNIDADE DA DOMINICA

Dominica é um Estado Soberano localizado na América Central. Foi descoberto

em 1442 por Cristóvão Colombo. Foi batizado de Dominica, pois era o dia da semana

que foi avistado pela primeira vez (domingo). Até 1763 a ilha de Dominica ficou

desabitada, até que a França cedeu o território para a Grã-Bretanha, que em 1805

começou a colonização.

O país é um dos mais pobres do Caribe. Isso se dá graças a falta de recursos

naturais lá encontrados16. A economia local é movida com base na agricultura (focado

na venda de bananas) e no turismo. Em 2014, obteve o menor PIB dos países

caribenhos, mas, em 2013 estava na 93° posição do IDH17. Claro que estes números

refletem na população, onde 29% dela se encontram na linha da pobreza18. Mas, para

apaziguar e tentar reduzir a pobreza em Dominica, vários programas sociais estão em

atividade atualmente, como por exemplo: o seguro social, assistência pública e o

fundo educacional19.

14 Belize Economy. Disponível em: <http://guide2belize.com/belize-economy/>. Acesso em: 20 abr. 2015. 15 RURALPOVERTYPORTAL. Rural Poverty in Belize. Disponível em:

<http://www.ruralpovertyportal.org/country/home/tags/belize>. Acesso em: 20 abr. 2015. 16 AHORROTRIBUTARIO. Dominica reduce la pobreza gracias al negocio offshore. Disponível em:

<http://www.ahorrotributario.org/noticias-47.htm>. Acesso em: 21 abr. 2015. 17 Human Development Index. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/countries/profiles/DMA>. Acesso em: 21

abr. 2015. 18 INDEXMUNDI. Dominica - População abaixo do nível da pobreza. 2013. Disponível em:

<http://www.indexmundi.com/pt/dominica/populacao_abaixo_do_nivel_de_pobreza.html>. Acesso em: 21 abr.

2015. 19 FUND, International Monetary. Dominica: Poverty Reduction Strategy Paper. 2006. Disponível em:

<https://www.imf.org/external/pubs/ft/scr/2006/cr06289.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2015.

27

Os programas emergenciais surtem efeito no país. Um exemplo disso é que,

entre 2002 e 2006, o número de pobres saiu de 39% da população para 33%20, e, em

2013, para 29%.

3.5 COMUNIDADE DAS BAHAMAS

Em 1492 Cristóvão Colombo chegou à América e provavelmente, desembarcou

em uma das ilhas das Bahamas. Durante o século XVI os espanhóis não povoaram

essas ilhas, eles somente usufruíram da população nativa como mão de obra escrava.

Dessa forma, abriram espaço para que outro país se apossasse desses territórios, e

assim fez os ingleses. A partir da década de 60, Bahamas viveu uma época de grande

prosperidade econômica devido ao turismo. Essa prosperidade acarretou em um

movimento nacionalista por um autogoverno interno, e assim no ano de 1973 o país

conseguiu sua independência do Reino Unido. Contudo, as ilhas Turks e Caicos,

continuam sob o domínio inglês21.

A Comunidade das Bahamas é um país insular composto por 700 ilhas, o que

faz sua economia ser baseada, em boa parte, no turismo. Sendo assim, um dos países

mais ricos do Caribe. A nação reconhece a rainha Elizabeth II e é membro do The

Commonweath (Comunidade de Nações Britânicas)22.

O país sofre com a exploração sexual infantil, o número de abusos aumentou

em 52% de 2009 para 2011. Bem como, também sofre com a migração clandestina.

Para escapar da pobreza, entre 20 mil e 70 mil haitianos têm migrado para as

Bahamas. Como eles são muito numerosos, não são bem recebidos,

consequentemente são discriminados. Contudo, para diminuir essas perseguições,

cursos de integração cívica que visam promover a tolerância, foram integrados ao

currículo de estudos sociais nas escolas secundárias pelo governo atual23.

Por conseguinte, existem diversos desafios à segurança nas Bahamas. A sua

geografia facilita para que haja um tráfego marítimo intenso, contribuindo com

20 AHORROTRIBUTARIO. Dominica reduce la pobreza gracias al negocio offshore. Disponível em:

<http://www.ahorrotributario.org/noticias-47.htm>. Acesso em: 21 abr. 2015. 21 COLOMBO, Fabrício. Historiando – História de Bahamas. 2014. Disponível em:

<http://f1colombohistoriando.blogspot.com.br/2014/02/historia-de-bahamas.html>. Acesso em: 04 mai. 2015. 22 The Commonwealth. Bahamas, The. Disponível em: <http://thecommonwealth.org/our-member-

countries/bahamas>. Acesso em: 04 mai. 2015. 23 FIFALIANA, Lanto. Humanium – Ayuda a los niños. Disponível em:

<http://www.humanium.org/es/bahamas/>. Acesso em: 04 mai. 2015.

28

traficantes e pescadores ilegais. A sua vasta extensão marítima deixa boa parte das

fronteiras sem vigilância. Assim, formando uma zona marítima de trânsito para muitas

atividades ilícitas. São elas: o contrabando de drogas e armas, o tráfico humano, a

migração ilegal e as invasões, que consistem em terrorismo marítimo24.

3.6 ESTADO PLURINACIONAL DA BOLÍVIA

No país conhecido hoje como Bolívia foram descobertos sítios arqueológicos

indicando que aquela região era habitada pelo homem há 21.000 anos. Desde 700

a.C. até 1.200 d.C., desenvolveu-se o império Tihuanaco. Do século XIII ao XVI esta

região foi incorporada ao império Inca. Em 1538, o espanhol Francisco Pizarro

conquistou aquela região anexando-a ao vice-reinado do Rio da Prata, com a

instalação dos colonos espanhóis foram fundadas diversas cidades, como Chiquisaca

(atual Sucre), Potosí, La Paz e Cochabamba. A riqueza das minas de prata de Potosí

foi responsável pela vinda de muitos colonos e pela grande riqueza que ali se

produziu. A independência boliviana ocorreu em 6 de agosto de 1825, uma das

primeiras colônias a rebelar-se contra o domínio espanhol, liderada por Simon Bolívar.

Cinco dias depois, adotou o atual nome em homenagem ao seu libertador25.

A Bolívia é uma das nações economicamente mais pobres da América do Sul,

com alta taxa de analfabetismo e o terceiro menor Índice de Desenvolvimento Humano

– IDH entre os países sul-americanos. Na Bolívia os números mais recentes indicam

que 1,5 milhão de pessoas, o que representa 15% da população, vivem em condições

abaixo da linha da pobreza. Faz fronteira com o Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e

Peru. Não possui em seu território litoral marítimo. Sua forma de governo é a

República presidencialista, com o atual presidente sendo Evo Morales. É em seu

território que a Cordilheira dos Andes atinge largura máxima (650km). É também onde

se localizam o árido altiplano andino e as principais cidades, como La Paz, a capital

mais alta do mundo, com 3.636m de altitude26.

24 DIÁLOGO – Fórum das Américas. Sob o radar da Real Força de Defesa das Bahamas. Disponível em:

<http://dialogo-americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2013/02/07/feature-ex-3896>. Acesso em

04 mai. 2015. 25 Territorio Indígena y Gobernanza. Contexto Histórico. Disponível em:

<http://www.territorioindigenaygobernanza.com/bov_02.html>. Acesso em: 04 mai. 2015. 26 GGN. O combate à pobreza na Bolívia. Disponível em: <http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-combate-

a-pobreza-na-bolivia>. Acesso em: 04 mai. 2015.

29

Quando assumiu seu segundo mandato, o líder indígena Evo Morales,

proclamou o nascimento de um Estado liderado pela maioria indígena em substituição

da velha "república liberal". É possível entender que Estado Plurinacional é aquele

que busca pela igualdade, dignidade e unidade na base da solidariedade de todo um

povo27.

3.6.1 GRPE - Programa de Fortalecimento Institucional para a

Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e

Promoção do Emprego

Este programa tem como objetivo incorporar e fortalecer as dimensões de

gênero e raça nas políticas e programas de combate à pobreza e à exclusão social e

de geração de emprego e renda. São pressupostos e ideias-chave do programa que

a pobreza está diretamente relacionada aos níveis e padrões de emprego e às

desigualdades existentes na sociedade. O emprego, ao lado do acesso aos serviços

e equipamentos sociais básicos, é um dos determinantes fundamentais da pobreza

(desemprego, emprego precário) e um fator decisivo para a sua superação.

As diversas formas de discriminação estão fortemente associadas aos

fenômenos de exclusão social que dão origem à pobreza São responsáveis pela

superposição de diversos tipos de vulnerabilidades e pela criação de poderosas

barreiras adicionais para que pessoas e grupos discriminados possam superar a

pobreza.

Estratégias do Programa GRPE:

a. Fortalecimento das capacidades institucionais dos gestores públicos

encarregados da formulação, implementação e monitoramento dessas

políticas.

b. Assistência técnica para a formulação-reformulação-aperfeiçoamento-

avaliação das políticas.

c. Desenvolvimento de experiências piloto.

27 Gazeta do Povo. Morales toma posse e converte a Bolívia em Estado plurinacional. Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/morales-toma-posse-e-converte-a-bolivia-em-estado-plurinacional-

aq917xa7h092iyr7opo12d2dq>. Acesso em: 04 mai. 2015.

30

d. Fortalecimento da capacidade institucional de outros atores sociais (sindicatos,

associações de empregadores, organizações da sociedade civil).

e. Apoio à criação e/ou o fortalecimento de instâncias de diálogo e concertação

social.

f. Desenvolvimento da base de conhecimentos sobre as inter-relações entre

pobreza, emprego, gênero e raça (e outras formas de discriminação).

Houve a implementação deste programa em 9 países da América Latina:

Argentina, Bolívia, Equador, Chile, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Peru28.

3.6.2 Planos econômicos

Nos anos 1990, a Bolívia tornara-se conhecida por aceitar a condição de

laboratório das políticas neoliberais. Em nome do combate à inflação, houve cortes

maciços de programas sociais, fim de subsídios a bens essenciais, privatizações,

demissões em massa. Tentou-se a privatização das fontes de água e das reservas de

gás. Produziu-se desigualdade, marginalização, instabilidade política, e as revoltas

que levaram Evo ao poder.

Iniciado em 2006, o governo de Evo Morales lançou políticas ousadas de

redistribuição de renda, em especial, aumento das aposentadorias e uma versão local

do Bolsa Família. O percentual da população vivendo em extrema pobreza caiu de

38% para 24%, em seis anos.

A exploração do gás, o principal produto de exportação foi renacionalizado em

2006. A alta das cotações internacionais do produto não encheu os bolsos de poucos

proprietários privados. E sim ajudou a ampliar os programas sociais, os investimentos

de infraestrutura, a geração de ocupações. Em novembro do ano passado, Evo

apoiou-se nesta alta para instituir um 14º salário para os servidores públicos e parte

dos trabalhadores privados. Por fim, não houve concessões fiscais a grandes grupos

econômicos, as tentativas de desinvestimento, por parte do empresariado, foram

enfrentadas com a nacionalização de pelo menos vinte companhias, numa série de

setores econômicos.

28 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (Org.). GRPE: Bolívia: Organização Internacional

do Trabalho, 2005. 30 slides, color.

31

Os resultados positivos impressionam os próprios representantes de

instituições antes hostis. “A oportunidade [aberta pela alta dos preços do gás] poderia

ter sido desperdiçada, mas a realidade é que não foi”, disse ao New York Times o

representante do Banco Mundial na Bolívia, Faris Hadad Zarvos.29

3.6.3 Guerrilha de Ñancahuazú

A Guerrilha de Ñancahuazu não foi um evento isolado na Bolívia, mas sim uma

ação que desde o início teve o apoio do Partido Comunista da Bolívia. Havia

treinamentos para jovens guerrilheiros, uma vez que estes jovens tenham concluído

a sua formação no acampamento guerrilheiro, era feito um pacto de sangue que

consistia em fazer um corte perto da veia e deixa o sangue escorrer para baixo,

prometendo lutar pela liberdade do país até a vitória ou até a morte. A maior parte do

grupo era formada por bolivianos e guerrilheiros cubanos liderados por Ernestro Che

Guevara na Bolívia entre 1966 e 196730.

3.7 ESTADOS UNIDOS MEXICANOS

O México, antes da colonização espanhola, foi habitado por várias civilizações,

como por exemplo, as civilizações Astecas e Maias. Mas, com a chegada dos

colonizadores espanhóis, essas civilizações foram dizimadas para facilitar a

exploração de riquezas no local. Em 1519, Hernán Cortez chegou à Ilha de Cozumel,

onde deu início a invasão ao território mexicano. Depois disso, as civilizações

começaram a cair e um genocídio da população mexicana também começou. Depois

que as cidades foram erguidas, o México começou a enviar suas riquezas para a

Espanha. Cansados disso, em 16 de setembro de 1810, uma rebelião começou, e foi

dado o grito de independência mexicano31.

O México está localizado na América do Norte, mas também é considerado

parte da América Latina. É o 11º país mais populoso do mundo, com 118 397 000 de

29 MARTINS, Antônio. Economia: o notável exemplo da Bolívia. Disponível em:

<http://outraspalavras.net/blog/2014/02/19/economia-o-notavel-exemplo-da-bolivia/>. Acesso em: 04 mai. 2015. 30 MONTOYA, Víctor. Pasajes y personajes de la guerrilla de Ñancahuazú. Disponível em:

<http://www.elortiba.org/pdf/Montoya, Victor_Pasajes_de_Nancahuazu.pdf>. Acesso em: 04 mai. 2015. 31 PACIEVITCH, Thais. História do México. Disponível em: <http://www.infoescola.com/mexico/historia-do-

mexico/>. Acesso em: 26 abr. 2015.

32

habitantes32, e também um dos mais ricos da América Latina, superado apenas pelo

Brasil. Mas, mesmo assim, o nível de pobreza no México é preocupante e crescente.

Existe uma grande desigualdade social no México. Essa desigualdade é visível

se contarmos os números de pessoas em situação de pobreza e o número de

milionários. Atualmente, 44.9% da população mexicana estão em situação de pobreza

(aproximadamente 53 000 000 de pessoas), e existem 27 milionários9. A população

de pessoas com um patrimônio milionário aumentou 23% entre 2013 e 2014.

Na questão da pobreza extrema, os números foram mais favoráveis. Entre 2013

e 2014, houve uma redução de 13 000 000 para 11 500 000 habitantes em pobreza

extrema, ou seja, de 11.3% para 9.8% da população mexicana.

Mesmo com todos esses dados, o México tem mostrado uma grande

desenvoltura para combater a pobreza e diminuir os problemas sociais, como a

desigualdade. No evento do G20, ele foi premiado, junto do Brasil e a Coreia do Norte

por conseguir diminuir a desigualdade social no país.

O México possui vários programas assistencialistas/emergenciais para ajudar

no fim da pobreza como, por exemplo, o Programa Prospera que busca atingir seus

objetivos com serviços de saúde, educação e nutrição. A missão principal do Prospera

é articular e coordenar a oferta institucional de programas e ações de política social,

incluindo aquelas relacionadas com o fomento produtivo, geração de renda, bem estar

econômico, inclusão de trabalho e, consequentemente, financeira, educacional e na

alimentação e saúde, dirigida à população em situação de pobreza extrema, no âmbito

de regimes de manejo que permitem que as famílias melhorem suas condições de

vida para garantir o total aproveitamento dos seus direitos sociais e o acesso ao

desenvolvimento social com igualdade de oportunidades.33

Esse programa, inicialmente, focalizava nas áreas rurais mexicanas, tendo em

vista que é uma área 2,5 vezes mais pobre do que a área urbana. Mas,

posteriormente, foi para a área urbana. O programa está obtendo bons resultados,

32 En México hay más de 53 millones de personas en pobreza y 27 millonarios. 2014. Disponível em:

<http://www.zocalo.com.mx/seccion/articulo/en-mexico-hay-mas-de-53-millones-de-personas-en-pobreza-y-27-

millonarios-14>. Acesso em: 16 mar. 2015. 33 Objeto, Missión y Visión. Disponível em:

<https://www.prospera.gob.mx/Portal/wb/Web/objeto_mision_vision>. Acesso em: 18 mar. 2015.

33

uma vez que o número de crianças com desnutrição crônica vem diminuindo, o acesso

a alimentos está mais amplo e há uma grande prevenção de doenças34.

Nos Estados mexicanos, a maior parte dos recursos dos programas sociais é

gerenciada pelo Governo Federal e suas delegações, mas, a partir de 1998, passou

a existir uma centralização no planejamento, na distribuição e gerência das políticas

assistencialistas.

Sobre as guerrilhas, é de extrema relevância os Zapatistas, que são formados

por camponeses indígenas pertencentes aos grupos chamula, tzeltal, tojolabal, chol y

lacandón, que lutam pelos seus direitos por meio de uma gestão autônoma e

democrática do território, pela participação direta da população e pela partilha da terra

e da colheita35.

As opiniões sobre o tipo de movimento que é adotado pelos Zapatistas

divergem, mas, na maioria das opiniões, é defendido como um movimento anarquista,

onde “Manda el Pueblo y lo gobierno obedece” 36.

Normalmente, em casos de ocupação de cidades pela EZLN – Ejército

Zapatista de Liberación Nacional existe um conflito armado entre o grupo e as forças

militares, mas, normalmente, o grupo se desloca voluntariamente para suas bases.

Além desse, hodiernamente, outros movimentos guerrilheiros continuam em

plena atividade no México. O Ejército Popular Revolucionario luta pela instauração do

comunismo no México e tem como apoiador o Partido Democrático Popular

Revolucionário – EPR, que se caracteriza por ser de extrema direita e lutar pela

igualdade social no país. Além dele, temos a FARP – Forzas Armadas

Revolucionarias del Pueblo, como maiores representantes de guerrilhas.

Com base nos fatos apresentados, é notória uma grande desigualdade social

no México, mesmo com programas assistencialistas do governo, e com os números

34 MEDINA, Susana Pérez. Políticas públicas de combate a la pobreza en Yucatán, 1990–2006. Disponível em:

<http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1405-10792011000200003&lang=pt>. Acesso

em: 16 mar. 2015.

35 Moviemento Zapatista. Disponível em: <http://www.mgar.net/soc/zapatista.htm>. Acesso em: 18 mar. 2015. 36 BECALLE, Ayrton. ZAPATISTAS: COMUNISTAS, SOCIALISTAS OU ANARQUISTAS? 2014.

Disponível em: <http://ayrtonbecalle.com/2014/07/22/zapatistas-comunistas-socialistas-ou-anarquistas/>. Acesso

em: 17 mar. 2015.

34

diminuindo, a população em situação de pobreza e miséria ainda é grande, graças ao

grande número de habitantes. As guerrilhas tentam acabar com isso, tendo em vista

que maioria delas tem cunho socialista e comunista, mas, uma implantação de estado

igualitário é praticamente impossível, visando sua localização e os parceiros

econômicos.

3.8 FEDERAÇÃO DE SÃO CRISTÓVÃO E NEVES

Em 1623, São Cristóvão foi colonizada pelos ingleses, e a ilha de Névis

em 1628 pelos franceses. Pois no ano de 1627 os franceses tomaram a ilha de São

Cristóvão e permaneceram até 1782, quando os ingleses ganharam na Colina

Brimstone e as ilhas passaram ao controle britânico. Seus territórios foram unidos,

juntamente com o da Anguila, e assim participaram da Federação das Índias

Ocidentais. Por conseguinte, em 1967 tornou-se um Estado associado ao Reino

Unido. E em 1980 a Anguila separou-se, e São Cristóvão e Névis tornou-se um

território unificado e independente no dia 19 de setembro de 1983, se tornando

integrante da Comunidade Britânica – bloco formado pelo Reino Unido e suas ex-

colônias37.

Localizado no Mar do Caribe, o território de São Cristóvão e Névis é formado

por duas ilhas que são separadas por um estreito de 3km, chamado de The Narrows.

O país não possui fronteiras terrestres, e está relativamente próximo a Porto Rico e

Antígua e Barbuda. A capital e sede do governo do Estado é Basseterre. O Estado é

uma monarquia constitucional, com sistema de governo parlamentar, integrada

na Commonwealth – Comunidade Britânica de Nações. A Rainha Elizabeth II é o

seu chefe de Estado. Ela é representada no país pelo governador-geral – Edmund

Lawrence, que atua no conselho do Primeiro-Ministro – Timothy Harris. Em termos de

economia, o país é membro da CARICOM – Comunidade do Caribe, e o turismo e as

finanças internacionais são as principais fontes de renda para a população38.

No ano de 2011, os gastos com o setor público de saúde era de 2% do PIB.

Cerca de 98% da população dispõe de água potável, e a mortalidade infantil foi de 7

por 1.000 nascidos vivos no ano de 2012. No que se diz respeito à educação, há 12

37 Country Facts. São Cristóvão e Nevis – História. Disponível em: <http://country-facts.com/pt/country/north-

america/244-saint-kitts-and-nevis/2623-saint-kitts-and-nevis-history.html>. Acesso em: 12 mar. 2015. 38 Portal das Comunidades Portuguesas. São Cristóvão e Nevis. Lisboa 2015. Disponível em: <

http://www.secomunidades.pt/web/guest/listapaises/SC>. Acesso em: 14 mar. 2015.

35

anos a escolaridade virou obrigatória a partir dos 5 anos de idade. O ensino é

oferecido pelo setor público, privado e pela igreja. Assim, garantindo que 74% da

população tenha o ensino primário completo (2009)39.

Sem histórico com guerrilhas, por muitos anos São Cristóvão foi usada para a

atividade ilegal de lavagem de dinheiro, e, somente em 2010, a Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE retirou o país da lista de paraísos

fiscais. A reputação da nação também foi prejudicada pelo intenso tráfico de drogas e

armas, que ainda preocupa a nação.40 O narcotráfico no leste do Caribe impõe um

problema duplo sobre as sociedades das ilhas. Não só ameaça as instituições

democráticas e o Estado, mas, uma vez que os traficantes pagam seus agentes com

drogas e não com dinheiro em espécie, formou-se um mercado local para a cocaína

e o crack, com os consequentes problemas sociais e de saúde pública.

Segundo o Tenente Coronel Patrick Wallace, comandante da Força de Defesa

de São Cristóvão e Nevis “A segurança da sociedade são-cristovense tem sido

ameaçada por gangues de jovens violentos – que muitos consideram ser uma

ramificação do comércio de drogas. ” Para tentar amenizar o prejuízo a garantir a

segurança da sua população, o Sistema Regional de Segurança – RSS em parceria

com a Guarda Costeira dos EUA faz o patrulhamento marítimo para coibir a entrada

de drogas no país. Bem como, foram criadas equipes denominadas Delta, formadas

pela polícia e pela Força de Defesa que trabalham 24 horas por dia para combater a

violência na região.41

Visando oferecer alternativas e dar esperança de crescimento para jovens que

se envolveram com o tráfico, em 2012 foram criados programas como o

“microfinanciamento e desenvolvimento de negócios”. Estes são fundamentais para

conduzir as crianças de bairros de baixa renda que se afastam das escolas, para um

caminho que contribuam para o seu futuro.42 As autoridades locais também criaram a

39 The Commonwealth. St Kitts and Nevis: Society. London 2015. Disponível em: <

http://thecommonwealth.org/our-member-countries/st-kitts-and-nevis/society>. Acesso em: 2 abr. 2015. 40 São Cristóvão e Neves, país que precisa da paz. 2012. Disponível em: < http://www.lagoinha.com/ibl-

noticia/sao-cristovao-e-nevis-pais-que-precisa-da-paz-de-cristo/>. Acesso em: 14 mar. 2015. 41 DIÁLOGO Revista Militar Digital – Fórum das Américas. Entrevista com o Ten. Cel. Patrick Wallace. 2012.

Disponível em: < http://dialogo-americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2012/01/12/feature-ex-

2793>. Acesso em 14 mar. 2015. 42 DIÁLOGO Revista Militar Digital – Fórum das Américas. Narcotráfico e violência aumentam no Leste do

Caribe. 2012. Disponível em: < http://dialogo-

36

Operação Futuro, um programa preventivo ministrado pela polícia para manter os

jovens longe das drogas e do tráfico. Ele conta com atividades externas e apresenta

as crianças à ex-membros de gangues que estão presos, para estes darem seus

depoimentos incentivando os jovens a buscar um caminho longe da criminalidade.43

3.9 GRANADA

Granada é um país localizado no Caribe. Ele é formado por uma ilha e por uma

parte do território das Ilhas Granadinas. No século XV, os índios Caribes expulsaram

os habitantes originais de Granada, tomando o território. Em 1650, os franceses

invadiram a ilha e exterminaram os índios Caribes, tomando o poder da ilha. Mas, em

1762, ano que começou um sistema escravocrata, a ilha passou a depender da

Inglaterra. Em 7 de fevereiro de 1974 a ilha passou a ser um estado independente.

Em 1979, um golpe colocou no poder Maurice Bishop, um marxista, que aproximou o

país com a Cuba e com a antiga União Soviética. Porém, em 1983, aconteceu uma

intervenção militar, conjunto com os Estados Unidos e o general Hudson Austin que

executou Bishop e fundou o Partido Nacional em 1984, quando as tropas dos Estados

Unidos se retiraram.

O país é feito de contrastes. A população atual abaixo do nível da pobreza é de

30%44. Isso mostra que o país ainda precisa crescer bastante em questão de retirar a

população da pobreza. Em contrapartida, 96% da população é alfabetizada, mas 25%

está desempregada. Como anteriormente foi exposto, o país é feito de contraste.

Enquanto para a população serviços como a educação básica estão disponíveis

(93,8% das crianças entre 5 e 7 anos estão nas escolas, e 97% dos adolescentes

entre 10 e 14 anos também estão), serviços como a água potável sete dias por

semana só estão disponíveis para 55% da população45.

americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2012/02/27/aa-eastern-caribbean>. Acesso em 14 mar.

2015. 43 DIÁLOGO Revista Militar Digital – Fórum das Américas. Entrevista com o Ten. Cel. Patrick Wallace. 2012.

Disponível em: < http://dialogo-americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2012/01/12/feature-ex-

2793>. Acesso em 14 mar. 2015. 44 INDEXMUNDI. População abaixo do nivel de pobreza. 2012. Disponível em:

<http://www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=69&l=pt>. Acesso em: 01 maio 2015. 45 PROGRAMME, United Nations Development. About Grenada. Disponível em:

<http://www.bb.undp.org/content/barbados/en/home/countryinfo/grenada.html>. Acesso em: 01 maio 2015.

37

O governo também tenta ajudar a população pobre, em especial no setor rural,

visto que é um dos pilares da economia local, com programas como o SFA – Special

Facility of Assistance46, que incentiva o setor agrícola.

Granada não possui guerrilhas próprias, mas existem dados de jornais que

diziam haver treinamentos de guerrilhas nos territórios Granadinos47.

3.10 JAMAICA

No ano de 1494, os espanhóis chegaram ao território jamaicano, mataram os

nativos – arauaques, e levaram escravos africanos para trabalhar em plantações de

cana-de-açúcar. Mas por volta de 1670, os britânicos tomaram o controle da ilha. Sua

independência foi conquistada no ano de 1962, por conseguinte tornou-se membro da

Comunidade Britânica. Na década de 70, o país se aproximou do bloco soviético

durante a Guerra Fria, mas em 1980 adotou a política liberal ficando sob a influência

dos Estados Unidos da América. E em 1999, foi fundado um grupo de cooperação

com os EUA, afim de extinguir as plantações de Cannabis sativa em seu território.48

Situada na América Central, a Jamaica é a terceira maior ilha do Caribe. Assim,

não possui fronteiras terrestres, e está relativamente próxima a Cuba, Haiti e as Ilhas

Caymans. O atual chefe de Estado e primeiro-ministro é Portia Simpson-Miller. O

sistema político da Jamaica é estável há 20 anos. Porém, os problemas econômicos

do país têm agravado os problemas sociais. A elevada taxa de desemprego, o

subemprego desenfreado, a dívida crescente, as altas taxas de juros e do mercado

de trabalho são os principais problemas a serem enfrentados. A migração de pessoas

desempregadas para as áreas urbanas, juntamente com um aumento do uso e tráfico

de drogas, como a cocaína e a maconha, contribui para um elevado nível de

criminalidade especialmente em sua capital, Kingston49.

46 PROGRAMME, United Nations Development. About Grenada. Disponível em:

<http://www.bb.undp.org/content/barbados/en/home/countryinfo/grenada.html>. Acesso em: 01 maio 2015. 47 TIMES, The New York. Experts Suggest Grenada training ground for guerrillas. The Virgin Islands Daily

News. W, p. 17-17. 06 nov. 1983. Disponível em: <https://news.google.com/newspapers?id=bUdNAAAAIBAJ&sjid=mvsDAAAAIBAJ&hl=pt-

BR&pg=5385,1676051>. Acesso em: 01 maio 2015. 48 Country Facts. Jamaica – Parte Historica 2. Disponível em: <http://country-facts.com/pt/country/north-

america/235-jamaica/2487-jamaica-history-part-2.html>. Acesso em: 23 mar. 2015. 49 CriaCAC. JAMAICA. Brasil 2010. Acesso em: <http://www.biblioteca.ifc-camboriu.edu.br/criacac/tiki-index.

php?page=JAMAICA>. Acesso em: 12 mar. 2015.

38

A Jamaica possui uma população de 2,8 habitantes (estimativa 2011)50. Devido

às desigualdades sociais, o país sofre com a pobreza e o desemprego, principalmente

entre pessoas com idade de trabalho (15-64 anos), nas quais 46% vivem abaixo da

linha de pobreza. Cerca de 2% da população vive com menos de um dólar por dia e

3,6% das crianças são subnutridas. A maioria da população desempregada mora em

terrenos precários ou em guetos.51 Algumas organizações se mobilizam através de

projetos de capacitação, como por exemplo, o Kingston Restoration Company – KRC.

A alta taxa de criminalidade e violência afeta significativamente a vida das

crianças. No ano de 2010, entre os meses de janeiro e outubro, jovens com idade

entre 10 e 19 anos responderam por cerca de 25% da criminalidade no país. No

mesmo ano, 4.500 casos de abuso foram registrados pelo Escritório de Registro de

Crianças – ORC.52

Para tentar dar maior suporte aos seus habitantes, no ano de 2011 o governo

enviou ao Brasil, grupos de pessoas para conhecer alguns programas sociais

brasileiros. Collete Robinson, chefe da missão jamaicana, afirma

As iniciativas são interessantes. Pudemos ver na prática como essas políticas funcionam. E isso nos deu ideias interessantes, que poderiam ser aplicadas na Jamaica. Foi valioso conhecer os agricultores, as fazendas, o Restaurante Popular e a população atendida.53

Como também, em fevereiro de 2014 o Ministro das Relações Exteriores da

República Federativa do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado, realizou uma visita

de trabalho à Jamaica. Esta serviu para promover a discussão sobre temas de

interesse mútuo para ambos os países e para fortalecer ainda mais os laços de

amizade entre eles.54

50 AGNU. Dossiê Jamaica. 2013. Disponível em: <

https://14minionuagnu2012.wordpress.com/category/jamaica/>. Acesso em: 2 abr. 2015. 51 CriaCAC. JAMAICA. Brasil 2010. Acesso em: <http://www.biblioteca.ifc-camboriu.edu.br/criacac/tiki-index.

php?page=JAMAICA>. Acesso em: 12 mar. 2015. 52 AGNU. Dossiê Jamaica. 2013. Disponível em: <

https://14minionuagnu2012.wordpress.com/category/jamaica/>. Acesso em: 2 abr. 2015. 53 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Missão jamaicana conhece programas

sociais do governo brasileiro. Brasil 2011. Disponível em: <

http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2011/setembro/missao-jamaicana-conhece-programas-sociais-

do-governo-brasileiro>. Acesso em 12 mar. 2015. 54 Ministério das Relações Exteriores. Nota 34 Comunicado Conjunto Brasil-Jamaica. 2014. Disponível em: <

http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2326:comunicado-conjunto-

brasil-jamaica-por-ocasiao-da-visita-do-ministro-luiz-alberto-figueiredomachado-e-da-reuniao-inaugural-da-

comissao-mista-bilateral-kingston-13-de-fevereiro-de-2014&catid=42&Itemid=280&lang=pt-BR>. Acesso em:

12 mar. 2015.

39

Outrossim em maio de 2014, os Chanceleres do Peru, Colômbia, El Salvador e

México, o Ministro de Comércio Exterior e Investimentos Estrangeiros de Cuba e o

Vice-chanceler da Jamaica se reuniram em Lima, capital do Peru, afim de discutir

sobre a proposta de pactos sociais que permitam uma mudança estrutural para

alcançar uma maior igualdade entre as regiões. Proposta esta apresentada pela

Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL, para definição da

Agenda de Desenvolvimento pós-2015. Mostrando assim, o interesse do país em

promover seu desenvolvimento.55

A ausência de guerrilhas no país é compensada com a violência. Esta chega a

ser tanta, que levou o país a decretar estado de emergência em 2010, para enfrentar

as gangues que atuavam em seu território. Na capital, Kingston, e em outras cidades,

algumas favelas são controladas por líderes de quadrilhas, que obtiveram seu poder

devido a ligações com chefes de partidos políticos.

Na década de 90, essas gangues ganharam a independência através da

participação no tráfico de cocaína sul-americana na América do Norte e na Europa,

bem como através da exportação de maconha jamaicana. Apesar dessa

independência, muitas delas continuam a manter ligações com partidos políticos,

conseguindo assim, a proteção das autoridades do Estado e do governo

estadunidense.56

3.11 REPÚBLICA ARGENTINA

Antes da chegada dos espanhóis a região, no começo do século XVI, o norte

da Argentina fazia parte do Império Inca e a região dos pampas era habitada por

nações indígenas. Em 1516, o navegador espanhol Juan Diaz de Sólis realizou

navegações no estuário do Rio da Prata e oficializou a conquista do território para os

espanhóis. Assim, dando início a colonização espanhola na região.57

55 CEPAL. Altas autoridades da região ressaltam contribuição de propostas da CEPAL para a Agenda pós-

2015. 2014. Disponível em: < http://periododesesiones.cepal.org/pt-br/comunicados/altas-autoridades-da-regiao-

ressaltam-contribuicao-de-propostas-da-cepal-para-agenda-pos>. Acesso em: 12 mar. 2015. 56 Zero Hora Notícias. Jamaica decreta estado de emergência para enfrentar gangues. Brasil 2010. Disponível

em: < http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2010/05/jamaica-decreta-estado-de-emergencia-para-enfrentar-

gangues-2913869.html>. Acesso em: 12 mar. 2015. 57 ROMERO, Luis Alberto. História contemporânea da Argentina. São Paulo: Jorge Zahar Editor, 2010. 312

p.

40

Inicialmente, a Argentina que tem Buenos Aires como sua capital, possui uma

população de 42.192.494 milhões de habitantes (2012), estima-se que a população

urbana abrange 92% do total e apenas 8% a população rural. Sua forma de governo

é a república presidencialista, atualmente com Cristina Kirchner no poder. O país

possui uma divisão administrativa de 23 províncias subdivididas em municipalidades

e o Distrito Federal de Buenos Aires. Mais de 10 milhões de pessoas na Argentina, o

equivalente a 25% da população, vivem atualmente em condição de pobreza. Esse

número foi concluído pelos estudos “Diferenças estruturais e desigualdades sociais

persistentes”, apresentados pelo Observatório da Dívida Social da Argentina, órgão

da Universidade Católica Argentina em 2013.

Uma das formas de combate à pobreza é o Programa de Transferência

Condicionada de Renda em vigência, Plan Asignación Universal por Hijos para

Protección Social – AUH, que foi implementado desde 1º de novembro de 2009.

Destinado às mulheres grávidas, aos filhos menores de 18 anos ou portadores de

deficiência, sem limite de idade, de trabalhadores desempregados que não estejam

recebendo seguro desemprego ou de trabalhadores do mercado formal, informal ou

domésticos que ganhem um salário mínimo. O financiamento do AUH é feito pelo

Sistema Previdenciário Argentino e esse subsistema é administrado pela

Administración Nacional de La Seguridad Social – ANSES.

Porém para receber o benefício, os responsáveis necessitam ser residente na

República Argentina há pelo menos três anos e pertencer a grupos familiares que se

encontram nas condições que foram descritas acima. Os beneficiários do AUH têm

direito a um valor único mensal de $270,00, por gestante ou filho menor de 18 anos,

já os filhos portadores de deficiência recebem, sem limite de idade, $1.080,00

mensais. Contudo, o AUH apresenta como peculiaridade a divisão dos valores pagos:

aqueles que têm direito a receber $270,00 por mês recebem mensalmente $216,00,

restando $54,00 mensais a serem pagos uma vez por ano, a partir da verificação do

cumprimento das condicionalidades. Para os filhos portadores de deficiência, dos

$1.080,00 mensais, $864,00 são pagos no mês e $216,00 uma vez por ano. Para o

recebimento do valor acumulado ao longo do ano, as famílias que recebem este

benefício devem comprovar o cumprimento das condicionalidades do AUH, ou seja, a

frequência escolar e o calendário de vacinação para os menores de 18 anos, e

acompanhamento médico para as gestantes.

41

Outra característica é a vinculação do benefício ao desemprego e ao salário

mínimo, de modo que a pobreza não é percebida como decorrente da renda auferida,

mas da situação de vulnerabilidade causada pelo desemprego ou pelo trabalho

precário.

Destacando outro programa de combate à pobreza, que visa diminuir a

informalidade e o desemprego, o Governo Argentino criou o Plan Argentina Trabaja.

Esse Programa está pautado por um conceito de trabalho que afirma:

O trabalho é uma atividade chave na vida do ser humano tanto para o desenvolvimento de suas capacidades pessoais, quanto para o de sua família e de sua comunidade, no trabalho, as pessoas socializam e crescem com dignidade.

Com esta concepção de trabalho, o Governo da Nação criou cinco linhas de

ação do Argentina Trabaja: Ingreso Social con Trabajo; Projetos Socioprodutivos

'Manos a la obra'; Marca Coletiva, Microcréditos; Monotributo Social. Dentre essas, o

Ingreso Social con Trabajo se mostra como o Programa mais complexo, articulando

geração de postos de trabalho, organização cooperativa dos trabalhadores e

melhorias de infraestrutura urbana, valorização e revitalização de áreas coletivas nas

comunidades onde suas ações são executadas. Em alguns documentos do próprio

Ministério de Desarrollo Social de la Nación, o nome do Ingreso Social com Trabajo é

usado como sinônimo do Argentina Trabaja.

Para a implementação deste Programa, o Ministério faz acordos com os

Municípios e Províncias, através do Instituto Nacional de Associativismo e Economia

Social – INAES. Este Instituto coordena a formação de cooperativas e a capacitação

de cooperativados. As cooperativas são compostas por cerca de 60 trabalhadores. Os

trabalhadores interessados em conseguir uma vaga no Ingreso Social con Trabajo

devem cumprir os seguintes requisitos:

a. Pertencer a famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica e

estar desempregados;

b. Residir nas localidades beneficiadas pelo Programa;

c. Não receber benefício monetário de outro programa ou plano social

(exceto de alimentação ou AUH);

42

d. Não estar em atividade registrada como empregado, empregador

monotributista, ou outros, ser aposentado ou pensionista ou receber seguro

desemprego; e

e. Estar incluído em uma cooperativa de trabalho conveniada com o

Programa.

De acordo com o Ministério de Desarrollo Social de La Nación a oferta de

trabalho é bastante desigual na Argentina. Para a identificação de zonas prioritárias

para a implementação do Plano, o Ministério adotou um método que parte do conceito

de Necessidades Básicas Insatisfeitas – NBI, isto é, da identificação de pessoas que

vivem em uma das seguintes condições: em casa onde habitam mais de três pessoas

por quarto; em peças de aluguel, construção precária ou outro tipo; em edificação sem

banheiro; que tenha alguma criança de 6 a 12 anos fora da escola; que tenha quatro

ou mais pessoas por trabalhador empregado, cujo chefe de família não tenha

completado o terceiro ano da escola primária.58

Na opinião de Daniel Arroyo, o ex-ministro do Desenvolvimento Social da

Província de Buenos Aires e CEO do Poder Cidadão, o programa tem sido

positivo. Salienta que a cobertura inicial de beneficiários passou de 70.000 para

200.000, foi ampliado e tem servido para capacitar as pessoas para que possam entrar

no mercado do trabalho. Quase 30% dos beneficiários foram capacitados e

formalizados, ou tem outro emprego. Ou seja, seus usuários tomaram isso como um

processo de aprendizagem, desenvolveram outras atividades ou outras linhas de

trabalho e com o apoio do Estado.59

Em 1970 um grupo de guerrilheiros denominado o Movimento Peronista

Montonero (Os Montoneros) aliados aos seguidores de esquerda do General Juan

Perón, esperavam que o retorno de Perón do exílio espanhol, transformaria a

Argentina em uma grande “Pátria Socialista”.

58 CAMARA, Guilherme Dornelas; MISOCZKY, Maria Ceci. Os Programas Sociais de Combate à Pobreza na

Argentina e no Brasil: Abordagens teóricas e repercussões. Disponível em:

<http://www.madres.org/documentos/doc20130123163633.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2015. 59 PISCETTA, Juan Pablo. Tres años del plan "Argentina Trabaja": Impacto y asignaturas pendientes.

Disponível em: <http://www.infobae.com/2012/08/25/666735-tres-anos-del-plan-argentina-trabaja-impacto-y-

asignaturas-pendientes>. Acesso em: 18 abr. 2015.

43

Coordenados por Perón, os Montoneros começaram uma luta intensa contra o

regime pró-americano que até então estava no poder. Houve várias ações deste

grupo, como o sequestro e execução do ex-presidente argentino Pedro Aramlburu,

diversas vezes pediram resgastes também por executivos de multinacionais. Porém

todos esses acontecimentos tinham seus “lucros” com o dinheiro dos resgates que

iam diretamente para a doação de alimentos e roupas paras a população carente.

Em 1973 o Partido Peronista conseguiu através de uma eleição direta, fazem

com que o peronista Hector Compara se elegesse presidente. Logo a seguir, uma

disputa interna iniciou-se entre os peronistas de direita e os montoneros de esquerda

e na cerimônia de retorno de Perón em junho de 1973, estes dois grupos se

enfrentaram deixando 13 mortos e 100 feridos.

Mesmo com sua resistência brava, os Montoneros era uma força antiga e já

gasta em 1977, mesmo com alguns participantes que levaram a luta até 1981.

Simplesmente os guerrilheiros e suas famílias já não podiam mais ser mantidos por

um longo período de tempo, a comunidade sem apoiar o grupo também fez com que

a causa fosse perdendo forças.60

3.12 REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA

Inicialmente, vale citar algumas características geográficas do país, para

contextualizá-lo na América Latina. Sendo assim, a Venezuela está localizada na

costa norte da América do Sul e conta com uma população superior a 30 milhões de

habitantes61. Boa parte dos venezuelanos se concentra na Capital, Caracas, e em

outras grandes cidades do país. Por conseguinte, no que tange a questão da pobreza,

o tema ganhou relevância com a assunção de Hugo Chavez Frias ao poder, em 1998,

mas o enfrentamento dessa mazela tem perdido força nos últimos anos, como será

demonstrado na sequência.

Assim, segundo o Instituto Nacional de Estadística62, no primeiro semestre de

60 CANUCKISTAN, Dan. Os Monteneros: Nacional-Revolucionários da Argentina. Disponível em:

<http://legio-victrix.blogspot.com.br/2012/06/os-montoneros-nacional-revolucionarios.html>. Acesso em: 04

mai. 2015. 61 VENEZUELA. INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. Población total, por sexo: 1990-2015.

Disponível em: <http://www.ine.gov.ve/>. Acesso em: 26 mar. 2015. 62 VENEZUELA. INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. NOTAS DE PRENSA: Afirma Elías

Eljuri La pobreza continúa disminuyendo en Venezuela. Disponível em:

<http://www.ine.gov.ve/index.php?option=com_content&view=article&id=376:la-pobreza-continua-

44

1998, praticamente metade da população venezuelana era considerada pobre, sendo

que 21% estavam na faixa da pobreza extrema e o coeficiente de Gini63 correspondia

a 0,489. Nesse contexto, com a chegada de Chavez e uma conjuntura internacional

favorável, tendo em vista o alto valor do barril de petróleo (principal produto de

exportação), o país começou a viver outro paradigma.

Por conseguinte, o “comandante” Chavez, com o projeto de Revolução

Bolivariana, passou a redistribuir o excedente da receita do petróleo na tentativa de

reduzir o abismo entre ricos e pobres, e avançou no programa que foi considerado a

marca do seu governo: as missões64. Um dos eixos dessa estratégia tenta introduzir

médicos em comunidades pobres, principalmente por meio da parceria Venezuela-

Cuba. No entanto, o número de equipes médicas ainda é insuficiente para atender

toda a população. As “missões” também focam em outros segmentos importantes para

o desenvolvimento do país, como a educação básica, superior e profissionalizante, o

auxílio às mães solteiras etc.

Ademais, o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,

analisando o avanço no cumprimento das metas do milênio, afirmou que outro grande

fator impulsionador da redução da pobreza na Venezuela foi a geração de empregos,

como pode ser lido na sequência

“As principais políticas para alcançar a redução da pobreza durante o período 1999-2012 estão num conceito universal e equitativo de política social, o que pressupõe o direito de emprego e renda como um precioso e prioritárias bens sociais, que também conferem dignidade especialmente as capacidades da classe trabalhadora gera acesso a bens sociais negociadas no mercado e a certas mercadorias de política social.”

Nesse sentido, com a operacionalização desses programas, a Venezuela

conseguiu reduzir os índices de pobreza para 27,4% em 2011 e a pobreza extrema

atingiu 7,3% no mesmo ano65. No entanto, a perspectiva atual não parece ser otimista,

disminuyendo-en-venezuela&catid=123:pobreza>. Acesso em: 26 mar. 2015. 63 O coeficiente de Gini é um cálculo para medir a desigualdade social de um país. Quanto mais um país se

aproxima do número 1, mais desigual é a distribuição de renda e riqueza, e quanto mais próximo do número 0,

mais igualitário será aquele país. 64 JARDIM, Cláudia. Em década de Chávez, pobreza caiu na Venezuela. BBC Brasil. São Paulo. 31 jan.

2009. Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090130_venezuela_social_cj_cq.shtml>. Acesso

em: 26 mar. 2015. 65 VENEZUELA. INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. NOTAS DE PRENSA: Afirma Elías

Eljuri La pobreza continúa disminuyendo en Venezuela. Disponível em:

<http://www.ine.gov.ve/index.php?option=com_content&view=article&id=376:la-pobreza-continua-

disminuyendo-en-venezuela&catid=123:pobreza>. Acesso em: 26 mar. 2015.

45

pois os novos dados divulgado no relatório “Panorama Social da América Latina”66

elaborado pela CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe dão

conta que na Venezuela, a taxa de pobreza aumentou 6,7% entre 2012 e 2013 (de

25,4% a 32,1%) e a taxa de indigência, 2,7% (de 7,1% a 9,8%).

Além disso, pesquisas realizadas por universidades venezuelanas67 também

apontam um aumento na pobreza. Até o próprio INE68 - Instituto Nacional de

Estadística tem revelado esse aumento. Porém, parece existir uma tentativa (por parte

do governo) de “engavetar” essas informações, haja vista não serem facilmente

encontradas nos sites governamentais do país. Além disso, esses últimos dados

contradizem o discurso do líder Nicolás Maduro que continua apostando na

erradicação da pobreza até 2018.

Por fim, vale salientar que as mudanças políticas, a forte inflação e a queda no

valor barril de petróleo, principal produto para exportação, são os fatores

preponderantes para essa nova decolada da pobreza.

A história da Venezuela é permeada por tensões políticas de grande

envergadura. No passado recente, em 1992, o tenente-coronel Hugo Chávez Frias e

outros oficiais tentaram derrubar o governo do presidente Carlos Andrés Pérez, no

entanto, o movimento fracassou e seu lideres foram presos. Depois de ser perdoado

pelo governo, Chávez conseguiu ser eleito presidente do país, em 1998. Todavia, em

2002, foi deposto do cargo, mas, como o apoio de parte dos militares e da população,

retornou ao posto de presidente depois de três dias69.

Por conseguinte, oficialmente, a Venezuela não regista a presença de

guerrilhas em seu território. No entanto, motivado pela ação do grupo FARC – Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia, a relação com o governo colombiano se

66 COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE. Panorama Social da América

Latina. Disponível em: <http://www.cepal.org/sites/default/files/publication/files/s1420848_pt.pdf>. Acesso em:

26 jan. 2015. 67 Pobreza en Venezuela llega a 48,4% de los hogares. El Universal. Caracas. 29 jan. 2015. Disponível em:

<http://www.eluniversal.com/economia/150129/pobreza-en-venezuela-llega-a-484-de-los-hogares>. Acesso em:

26 mar. 2015. 68 Venezuela. Crece la pobreza y la pobreza extrema en Venezuela, según INE. Últimas Notícias. Caracas.

29 jan. 2015. Disponível em: <http://www.ultimasnoticias.com.ve/noticias/actualidad/economia/crece-la-pobreza-

y-la-pobreza-extrema-en-venezuela.aspx#ixzz3VWbV3xZs>. Acesso em: 26 mar. 2015. 69

VILLA, Rafael Duarte. Venezuela: mudanças políticas na era Chávez. Estudos Avançados, São Paulo, v.

19, dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

40142005000300011&lang=pt>. Acesso em: 29 mar. 2015.

46

manteve instável por um período. Desse modo, o imbróglio entre os dois se agravou

em 2008, quando numa operação militar de combate as FARC, o exército colombiano

entrou numa zona de fronteira equatoriana70.

Nesse contexto, o mandatário da Venezuela entendeu que a operação

ameaçou a soberania territorial do Equador e ordenou a retirada imediata dos

diplomatas venezuelanos atuantes em Bogotá. "Por favor, chanceler (Nicolás)

Maduro, feche a embaixada e mande que todos voltem"71, declarou o presidente. A

ação foi seguida pelo presidente do Equador, Rafael Correa.

Por conseguinte, em 2010, a Colômbia peticionou junto a OEA – Organização

dos Estados Americanos e uma reunião extraordinária foi realizada entre os dois

países (Colômbia e Venezuela). Na ocasião, o embaixador colombiano acusou o país

vizinho de manter acampamentos militares das FARC no seu território. A Venezuela

negou as acusações e questionou também a forma como a mídia divulgou o assunto72.

Por fim, com a posse de Ruan Manoel Santos no cargo de presidente da

Colômbia, as relações diplomáticas entre os dois países foram reatadas73. O novo

presidente ainda ressaltou a importância do apoio venezuelano para as negociações

de paz (entre o governo colombiano e as FARC) que estão ocorrendo em Havana74.

3.13 REPÚBLICA COOPERATIVA DA GUIANA

O território guianense foi descoberto pelos espanhóis no ano de 1499.

Posteriormente, no século XVII os holandeses ocuparam a região e por volta de 1814,

a Holanda cedeu a Guiana aos ingleses, que a nomearam oficialmente como Guiana

Inglesa. Em 1950, Cheddi Jagan fundou o Partido Progressista Popular, formado pela

população de origem mestiça, e apresentou um programa de profundas reformas

70

AGÊNCIA EFE. Entenda o conflito Equador, Colômbia e Venezuela. Disponível em:

<http://migre.me/pdTRa>. Acesso em: 29 mar. 2015. 71

G1. Entenda o conflito entre Venezuela, Equador e Colômbia. Disponível em:

<http://migre.me/pdTSs>. Acesso em: 29 mar. 2015. 72

OEA. Comunicado de Prensa: La OEA aboga por el diálogo y la cooperación en las relaciones

bilaterales entre Colombia y Venezuela. Disponível em:

<http://www.oas.org/es/centro_noticias/comunicado_prensa.asp?sCodigo=C-276/10>. Acesso em: 29 mar. 2015. 73

SIMON ROMERO. Leaders Repair Colombia-Venezuela Ties. Disponível em:

<http://www.nytimes.com/2010/08/11/world/americas/11venez.html?_r=1>. Acesso em: 29 mar. 2015. 74

NIETO, Clara. Colômbia, Venezuela e seus conflitos. 2013. Disponível em:

<http://envolverde.com.br/ips/inter-press-service-colunistas/colombia-venezuela-e-seus-conflitos/>. Acesso em:

29 mar. 2015.

47

sociais, como também se mostrou a favor da Independência. O Congresso Nacional

Popular, partido dos negros, dirigido por Forbes Burnham, conseguiu o apoio da

população branca, que era menos radical. Cheddi Jagan ganhou as eleições de 1961,

mas vários distúrbios de caráter racial atrasaram a Independência. Jagan venceu

novamente as eleições em 1964, e dois anos depois o país alcançou sua

Independência dentro da Commonwealth – Comunidade de Nações britânicas.75

A República Cooperativa da Guiana, anteriormente conhecida como Guiana

Inglesa, é localizada no extremo norte da América do Sul. Dessa forma, seu território

faz fronteiras com o Brasil, Venezuela e Suriname. A Guiana é o único estado-membro

da Commonwealth of Nations – organização intergovernamental composta por ex-

colônias britânicas76 situado na América do Sul, como também, é a única nação sul-

americana a ter o inglês como idioma oficial. Seu sistema governamental é a república

democrática representativa indireta, e tem como Presidente e Primeiro-Ministro,

respectivamente, Donald Ramotar e Sam Hinds.

A economia do país é dependente do setor primário, e a indústria ainda é

bastante precária, atrasando todos os setores da economia e tornando o país

dependente de capital estrangeiro para se desenvolver.77 Em setembro de 2009, com

a criação da ponte sobre o Rio Tacutu no Brasil, a economia guianense se fortaleceu,

pois grande quantidade de produtos do norte brasileiro pôde ser exportada pelo porto

de Georgetown – capital da Guiana 78.

Em contrapartida à economia pouco desenvolvida, a taxa de alfabetização da

população total é de 98,8%, homens 99,1% e mulheres 98,5% (2003 est.)79, deixando-

nos explícito que o governo se preocupa com a sua população, tendo em vista que a

educação é mantida pelo governo federal, através do Ministério da Educação.

75 COLOMBO, Fabrício. Historiando. Brasil: Fabrício Colombo. 2013 Jun. - [citado em 2013 Jun. 24]. Disponível

em: <http://f1colombohistoriando.blogspot.com.br/2013/06/historia-da-guiana.html>. Acesso em: 11 mar. 2015. 76 The Commowealth. The Commowealth Site [Internet]. Londes 2015. Disponível em: <

http://thecommonwealth.org/>. Acesso em: 11 mar. 2015. 77 OTCA – Organización del Tratado de Cooperación Amazónica. República Cooperativa da Guiana.

Disponível em: <http://www.otca.info/portal/admin/_upload/paises/pdf/Guyana_PT.pdf>. Acesso em: 11 mar.

2015. 78 Agência Brasil. Brasil e Guiana criam comissão para desenvolver ações na área de infraestrutura. 2013.

Disponível em: < http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-07-19/brasil-e-guiana-criam-comissao-

para-desenvolver-acoes-na-area-de-infraestrutura>. Acesso em: 2 abr. 2015. 79 OTCA. República Federativa da Guiana. 2010. Disponível em: <

http://www.otca.org.br/portal/admin/_upload/paises/pdf/Guyana_PT.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2015.

48

No ano de 2011, a despesa com a saúde pública foi de 5% do PIB. E mesmo

sendo um país pouco desenvolvido, 95% da sua população dispõe de água potável e

84% têm acesso a instalações sanitárias adequadas. E no ano de 2012, 1,3% dos

guianenses entre 15 e 49 anos eram soropositivos do HIV (Vírus da Imunodeficiência

Humana).80

Em meio à pobreza da população local, mas sem históricos de guerrilhas, a

Guiana vive um clima de tensão entre diferentes comunidades. A maioria da

população guianense é composta por indianos trazidos do Oriente na época em que

era colônia britânica, e por descendentes africanos. Historicamente, essas

comunidades nunca mantiveram laços entre si, e com o passar dos anos começaram

a se enfrentar. Os conflitos ocorrem há anos, e com mais intensidade na costa leste.

Tomando por base a tolerância e bom relacionamento entre as diferentes raças

existentes no Brasil, Paul Hardy que já foi candidato à Presidência da Guiana, em

entrevista para o site de notícias G1, afirma: "O problema racial que temos aqui não

existe no Brasil. Nós temos uma lição a aprender com os brasileiros".81

Dando continuidade aos problemas políticos que envolvem o país, vale

ressaltar o problema da Guiana Essequiba. O território é administrado pela Guiana,

mas as autoridades venezuelanas reivindicam como parte do seu país. No ano de

2013, A Venezuela e a Guiana decidiram manter a ONU como mediadora do litígio de

mais de 50 anos entre ambos os países pelo território Essequibo, e desde então o

diálogo corre bem.82

3.14 REPÚBLICA DA COSTA RICA

Antes mesmo dos europeus chegarem, os indígenas da Costa Rica se

estabeleciam e uma região entre as civilizações dos Andes e da Mesoamérica.

Igualmente ao resto da América Central a Costa Rica não batalhou de forma direta

80 The Commonwealth. Guyana: Society. Londres 2015. Disponível em: < http://thecommonwealth.org/our-

member-countries/guyana/society>. Acesso em: 2 abr. 2015. 81 G1. ‘De costas’ para a América do Sul, Guiana vive crise étnica. Brasil 2008. Disponível em: <

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL344098-5602,00-

DE+COSTAS+PARA+AMERICA+DO+SUL+GUIANA+VIVE+CRISE+ETNICA.html>. Acesso em: 12 mar.

2015. 82 DN – Diário de Notícias. ONU medeia litígio entre Venezuela e Guiana por Essequibo. Brasil 2013.

Disponível em: <

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3398033&seccao=EUA%20e%20Am%E9ricas>.

Acesso em: 12 mar. 2015

49

contra os espanhóis pela sua independência, com a derrota da Espanha na guerra de

independência do México em 1810, em 15 de setembro de 1821, autoridades firmadas

na Guatemala declararam toda a América Central como independente. Mesmo sendo

considerado o país mais pacífico e estável da América Latina, a Costa Rica passou

por dois períodos de grande violência no século XX. O período em que o ditador

Federico Tinoco Granados governou (1917-1919) e em 1948 aconteceu uma rebelião

armada após a eleição presidencialista contrariada, disputada entre Rafael Angel, ex-

presidente, e Otílio Ulate Blanco. Aboliu totalmente o Exército em 1949, fazendo dela

a mais antiga democracia latina.

Com uma população de 4,6 milhões de habitantes (2011), tem como sua capital

a cidade de São José, considerada uma das capitais mais seguras da América Latina.

Divide-se administrativamente em sete províncias com governadores que são

nomeados pelo presidente. Dois partidos roubam a cena no território, o Partido de

Libertação Nacional e o Partido Unidade Social-Cristã, seu idioma oficial é o espanhol,

porém possui mais de cem línguas nativas utilizadas com mais frequência em reservas

indígenas, mais de 10% falam inglês e uma minoria negra reproduz um inglês criolo

advindo da Jamaica83.

No que tange o combate à pobreza, existe o Programa Avancemos. Criado em

2006 e sendo parte da ação estratégica do Plano Nacional de desenvolvimento da

Costa Rica de 2006 a 2010. É um programa social do governo que possui uma

abrangência nacional. Controlado pelo Instituto Conjunto para a Assistência Social,

caracteriza-se pela transferência de dinheiro condicional, é dado aos estudantes

devidamente matriculados na escola, que estão em situação de extrema pobreza,

previne o trabalho infantil, diminui a negligência educacional e a saída do sistema de

ensino secundário na Costa Rica. Promovendo a manutenção na educação de

adolescentes de modo que com seu compromisso firmado em estudar, fará superar a

situação atual de carência84.

83 JOBIM, Nelson. Costa Rica: a mais antiga democracia da América Latina. Disponível em:

<http://nelsonfrancojobim.blogspot.com.br/2014/06/costa-rica-mais-antiga-democracia-da.html>. Acesso em: 05

mai. 2015. 84 IMAS – Instituto Mixto de Ayuda Social. ¿Qué es el programa Avancemos?. Disponível em:

<http://www.imas.go.cr/ayuda_social/avancemos.html>. Acesso em: 05 mai. 2015.

50

Entre os anos 1856 e 1857, sendo uma República independente, a Costa Rica

passou por um de seus acontecimentos históricos mais importantes: a Campanha

Nacional de 1956, travando uma guerra contra as forças armadas dos estados sulistas

americanos, que foram comandados por William Walker, que tinha o objetivo de fazer

da América Central uma fonte escravista. O grupo que acompanhava Walker foi

denominado de flibusteiros. Chegado ao fim com a vitória das tropas da Costa Rica

contra os Estados Unidos, em seu território, o grupo flibusteiros foram rendidos em 1

de maio de 185785.

3.15 REPÚBLICA DA GUATEMALA

A República da Guatemala é uma ex-colônia espanhola, localizada na América

Central. Nos seus primórdios foi dominada pela civilização maia, por quase 2000 anos

antes da chegada dos europeus. Após passar cerca de 300 anos sob o domínio

espanhol, em 1821 tornou-se independente. No entanto, o país não perdeu o seu

caráter colonial, mantendo o mesmo modelo agrícola- latifundiário baseado no

trabalho forçado indígena. A história da Guatemala foi marcada por períodos de

governo democrático, e períodos de guerra civil e juntas militares. E ainda, vivenciou

uma guerra de guerrilha por cerca de 36 anos(1960-1996), assinando um acordo paz

apenas em 1996. Tal conflito interno foi considerado um dos mais violentos da história

do país.

Quanto à extensão territorial o país abrange 108,889km² 86, constituindo

fronteiras a norte e a oeste, com países como México, Belize e Honduras. No sudeste

partilha áreas fronteiriças com El Salvador e ao sul é banhado pelo o oceano pacifico.

Além disso, a sua capital é a cidade de Guatemala e a língua oficial é o espanhol.

Atualmente, a Guatemala possui um governo democrático constitucional. O seu

atual presidente, eleito em janeiro de 2014, chama-se Otto Fernando Perrez Molina e

sua vice é Ingrid Roxana Baldetti Elias. Vale salientar, que o presidente é

simultaneamente chefe de Estado e de governo do país.

85 VIEIRA, Jonas. Perfil da Costa Rica. Disponível em:

<https://historiadaamerica.wordpress.com/2012/01/20/perfil-da-costa-rica-2/>. Acesso em: 05 mai. 2015.

86 The World Factbook.2014.Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/gt.html >. Acesso em: 25 mar. 2014.

51

No que tange ao enfrentamento da pobreza, é importante mencionar que em

2012 o país possuía uma das maiores taxas de pobreza da América Latina que chegou

a 70,3%, isso segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe –

CEPAL87. Outro aspecto citado pela mesma fonte foi a questão da violência na

Guatemala. Visto que esta se posiciona entre os 14 países mais violentos do mundo

e entre os sete também mais violentos da América Latina, e sabe-se que a violência

é uma consequência indireta da pobreza.

De acordo com os dados do Mapa da Pobreza Rural de 2011, elaborado pelo

governo, e divulgado pelo Banco mundial e pelo Instituto Nacional de Estadística –

INE, em quase metade dos municípios rurais na Guatemala, 44%, a maioria da

população, mais de 75% vive na pobreza88.

Um estudo realizado pelo Banco Mundial revela que em relação a toda a região

latino-americana, a Guatemala detém o maior número “cronicamente” pobre, ou seja,

aqueles que durante a última década (2004-2014) não conseguiram escapar da

pobreza (isto representa 50%).89 O problema da pobreza na Guatemala deve-se

principalmente a alta concentração de renda e ao baixo investimento por parte dos

governos, para melhoras os serviços vitais.

A respeito dos movimentos guerrilheiros, é impossível não mencionar um dos

conflitos mais violentos e sangrentos da América Latina. A guerra civil da Guatemala

durou 36 anos (1960-1996) e teve suas raízes no golpe de Estado ocorrido em 1954,

que destituiu o até então presidente Jacobo Arbenz. Após a derrubada deste, a política

do país foi marcada por uma intensa intervenção militar que suspendeu diversos

direitos constitucionais e liberdades civis.

Os anos 80 foram marcados por grandes tensões políticas ocorridas no país.

O governo começou adotar uma política contra insurgente (política de terra queimada)

87 VIRGINIA CONTRERAS. Informe Desnuda Pobreza y violencia en Guatemala. Diario La Hora. 27 jan.

2015. Disponível em:< http://lahora.gt/informe-desnuda-pobreza-y-violencia-en-guatemala/>. Acesso em: 31

mar.2015.

88Guatemala: en 44% de los municipios rurales, tres de cada cuatro personas viven en pobreza. El Banco

Mundial Noticias. 30 abr. 2013. Disponível em: <http://www.bancomundial.org/es/news/press-

release/2013/04/30/mapa-de-pobreza>. Acesso em: 31 mar. 2015. 89 JULIO E. SANTOS. Guatemala. El Periodico. Disponível em: <

http://www.elperiodico.com.gt/es/20150310/pais/9691/Guatemalcon-la-mayor-cantidad-de-pobres-

cr%C3%B3nicos-de-Am%C3%A9rica-Latina.htm>. Acesso em: 31 mar. 2015.

52

para impedir o desenvolvimento de grupos revolucionários no interior da região. As

forças que lutavam contra o governo dividiam-se em quatro: o Partido Guatemalteco

do Trabalho, o Armadas Rebeldes, a Organização Revolucionária do Povo em Armas

e o Exército Guerrilheiro dos Pobres. E foi neste cenário que houve a unificação destas

forças, formando assim, o grupo guerrilheiro Unidade Revolucionária Nacional

Guatemalteca – URNG.

O relato extraído da obra "A revolução guatemalteca", caracteriza de maneira

bem clara a situação caótica do país:

Na Guatemala, o terror se transformou num espetáculo: soldados, comissionados e patrulheiros civis estupravam as mulheres diante dos maridos e dos filhos. O zelo anticomunista e o ódio racista se disseminaram no desempenho da contrainsurgência. As matanças eram inconcebivelmente brutais. Os soldados matavam crianças, lançando-as contra rochas na presença

dos pais. 90 (GRANDIN, 2004).

A fase de negociações diretas entre o grupo guerrilheiro (URNG) e o governo

foi iniciada em 1991. Os acordos de paz foram mediados pela Organização das

Nações Unidas – ONU. No entanto, a assinatura destes documentos ocorreu em

períodos de grande instabilidade política no país. Visto que, em 1993 o próprio

presidente Jorge Elías proclamou um autogolpe.

Por fim, no dia 29 de Dezembro de 1996 foi finalizado o processo de

negociações de paz entre o governo e as forças revolucionarias, os tratados foram

assinados na presença do Secretário-Geral da ONU Boutros Boutros-Ghali. O

Secretário-Geral da URNG, o Comandante Rolando Morán e presidente Álvaro Arzú

partilharam o Prêmio da Paz da UNESCO, pelo papel de extrema importância

desempenhado por ambos no período de negociações. Hoje a URNG é um partido

político, no entanto a sua representatividade ainda precisar evoluir.

Atualmente, o ex-ditador Efraín Ríos Montt enfrenta julgamento pelo crime de

genocídio ocorrido durante a guerra civil guatemalteca. Vale mencionar, que o seu

governo foi considerado um dos mais violentos do país. Em maio de 2013, o general já

reformando foi condenado a 80 anos de prisão, pelo crime de homicídio em massa de

milhares de indígenas maias, durante o seu mandato. Porém, a Corte de

Constitucionalidade da Guatemala considerou que houve erros no processo e anulou a

90 GRANDIN, Greg. Revoluções do Século 20: A Revolução Guatemalteca. São Paulo: Editora Unesp, 2004.

Tradução de Luiz Antônio de Araújo.

53

sentença. O novo julgamento deverá ocorrer ainda este ano. Outros generais e

participantes diretos deste conflito também foram julgados por esta corte. Nos dias de hoje,

apesar de o país já não se encontrar em guerra ainda enfrenta sérios problemas

relacionados ao alto índice de violência e ao trafico de drogas.

3.16 REPÚBLICA DA NICARÁGUA

O país de Nicarágua foi, inicialmente, uma colônia espanhola no início do

século XVI. Em 1821 o país foi declarado independente da Espanha, e se tornou um

país totalmente independente em 1838. Uma violenta oposição à manipulação e

corrupção do governo teve uma ascensão em 1978, afetando todas as classes91. O

resultado dessa oposição foi uma curta guerra civil, o que concretizou o poder do

grupo guerrilheiro Sandinista, que está no poder até hoje.

Antes do seu descobrimento, o país era habitado por uma população que

desapareceu sem deixar vestígios. Logo depois do seu descobrimento, Nicarágua se

tornou uma colônia espanhola, que durou até o século XIX, quando os habitantes

começaram a planejar a independência graças as grandes mudanças na colônia.

Localizado na América Central, faz limite com o Golfo de Fonseca, Honduras,

Mar das Caraíbas e Costa Rica. A sua capital é Manágua. Com uma população de,

aproximadamente, 6 203 734 habitantes, é visto como um dos países menos

desenvolvidos da América Latina, mas que é um dos que estão em êxito quando se

fala na luta contra a fome. O total da população pobre é de 30%, e, em sua maioria,

são mães solteiras. É notório que a sociedade nicaraguense seja subdesenvolvida,

tendo em vista suas taxas de mortalidade e sua pirâmide etária. Apenas 4.8% da

população estão entre 55 e 64 anos, e 4.7% passam dos 65 anos de idade.

Vários são seus problemas sociais e o principal é a pobreza. Graças a isso,

outras dificuldades vão sendo desencadeadas. Problemas com a escassez de

habitações, desnutrição, falta de um bom sistema de saúde, e com isso a falta de

tratamento para doenças como a dengue e a malária92.

91 CIA. The World Fact Book, Nicaragua. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/print/country/countrypdf_nu.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2015.

92 Social Issues - People - Nicaragua. Disponível em:

<http://www.countriesquest.com/central_america/nicaragua/people/social_issues.htm>. Acesso em: 22 mar.

2015.

54

Por ser um país afastado e pobre, é difícil ouvir qualquer coisa sobre programas

sociais, mas, como é comum nos países Latino-Americanos, se ouve bastante no

programa Hambre Cero – Fome Zero. Além desse, existe o Usura Cero, que permite

a autorização de microcréditos para mulheres desenvolverem seus próprios negócios,

Plan Techo para promover moradia, e o Bono Productivo93, que distribui animais para

uma autoprodução de alimentos nas zonas rurais. Estes programas estão mostrando

cada vez melhores números na luta contra a fome, e trazendo reconhecimento para a

Nicarágua.

Sobre os movimentos guerrilheiros podemos citar os Sandinistas. A principal

ideia do movimento Sandinista é uma integração Latino-Americana, que está

acontecendo atualmente graças a CELAC94. Mesmo com essa integração nacional, o

governo Sandinista continua no poder, e com uma aprovação de 65.8%95 pelo povo.

Esse número se dá pelos movimentos de cunho social adotados pela administração

do país.

O movimento nasceu por volta de 1920, na área rural do país, liderada por

Augusto César Sandino. As ideias iniciais do sandinismo eram a realização de um

projeto de distribuição de terras e saída dos militares americanos que ocupavam o

território nicaraguense. Logo após atingirem suas metas, o grupo entregou suas

armas para garantir a soberania nacional, mas, logo depois, Augusto foi assassinado

e um governo ditador se instaurou em Nicarágua da década de 1930 até 1970. Mas,

em 1961, a Frente Sandinista de Liberacion Nacional – FSLN surgiu, criando escolas

e outros projetos sociais, com um cunho socialista. Depois de boa parte do país aderir

a causa Sandinista, se iniciou uma guerra civil, onde a FLNS venceu96.

3.17 REPÚBLICA DAS HONDURAS

93 Miles de nicaragüense serán beneficiados con programas sociales. 2013. Disponível em:

<http://www.lavozdelsandinismo.com/nicaragua/2013-06-17/miles-de-nicaraguense-seran-beneficiados-con-

programas-sociales/>. Acesso em: 22 mar. 2015.

94 Sandinismo. Disponível em: <http://es.wikipedia.org/wiki/Sandinismo>. Acesso em: 22 mar. 2015.

95 Aumenta aprobación del buen Gobierno sandinista. 2015. Disponível em:

<http://www.vivanicaragua.com.ni/2015/01/16/politica/aumenta-aprobacion-del-buen-gobierno-sandinista/>.

Acesso em: 22 mar. 2015.

96 SOUSA, Rainer. Revolução Sandinista. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia-da-

america/revolucao-sandinista.htm>. Acesso em: 02 abr. 2015.

55

Honduras é um país Latino-Americano participante da CELAC. Ele era

considerado um dos mais pobres do mundo. Com uma população de 8 200 000 de

habitantes, 70% encontravam-se em situação de pobreza extrema, sofrendo com

problemas, em sua maioria, como a fome e falta de perspectivas para um futuro

melhor, mas, em 2013, já era notável a redução destes números. Em 2012, Honduras

anunciou que estava buscando por uma parceria para o combate a fome, algo que

deixou o Brasil disposto a ajudar97.

No ano de 2013, o ex-presidente Porfirio Lobo, foi premiado com um diploma

da FAO – Food and Agriculture Organization, ou, em português, Organização das

Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, por cumprir com a meta do “Desafio

Fome Zero” dois anos antes do prazo estipulado. Os principais objetivos do desafio

eram:

a. Acesso a uma alimentação saudável;

b. Evitar a desnutrição das crianças;

c. Assegurar a sustentabilidade do sistema alimentar;

d. Aumentar a produção; e

e. Evitar o desperdício de alimentos98.

Tomando por base as referências do primeiro parágrafo, vale salientar que

esses não são os únicos problemas enfrentados pela nação. Vários outros programas

para a erradicação da pobreza estão sendo colocados em prática pelo país. Um ótimo

exemplo para ser tomado é a adoção de sistemas brasileiros, como a “Bolsa Família”,

o “Cadastro Único” e também implantações de planos, como o “Plano Brasil Sem

Miséria”, “Plano Safra da Agricultura Familiar” (bem importante, tendo em vista que

boa parte da população Hondurenha é da parte rural) e também a implantação de

mecanismos de incentivo à produção, transformação e comercialização de alimentos,

que foram tomados como base em programas assistencialistas ou emergenciais. Além

destes, uma linha de crédito mais acessível e juros mais baixos foram disponibilizados

para agricultores.

97 BRASIL, Portal. Honduras busca parceria para o combate à fome. 2012. Disponível em:

<http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/02/honduras-busca-parceria-para-o-combate-a-fome>.

Acesso em: 15 mar. 2015. 98 DESCONHECIDO. Venezuela, Honduras e Panamá premiados por luta contra a fome. 2013. Disponível

em: <http://portocanal.sapo.pt/noticia/2124/>. Acesso em: 15 mar. 2015.

56

Evidentemente existem outros programas emergenciais, como a Red de

Comercialización Comunitaria Alternativa – COMAL99 e o Programa Piloto de

Combate a la Pobreza Urbana, Plano de Atención Cultural, Plano Piloto de

Capacitación Técnica para Jóvenes, Plano Piloto de Atención de Ninãs/os100, que

estão realmente funcionando na comunidade hondurenha, mas, com certeza, as

desigualdades sociais e o estado de miséria e pobreza não foram totalmente

erradicados do país.

Dentro do plano para crianças (Instituto Hondureño de la Niñez y la Familia),

está o Bienestar Familiar y Desarrolo Comunitario, que visa o fortalecimento da

família, melhoramento de condições da criança e da família e a divulgação dos direitos

infantis. Também estão presentes os programas de Intervención y Protección Popular

e Reeducación y Reinserción Social.

A taxa de desemprego em Honduras, atualmente, está estável, mas é a maior

em 3 anos101. Além de todos esses fatores, programas assistencialistas e desemprego

relativamente estável, Honduras é um dos países que tentam investir para a

diminuição da pobreza, estando em 73º lugar no ranking de “Gastos de países para a

redução da pobreza.”102.

Não é comum ouvir qualquer coisa sobre movimentos guerrilheiros hondurenhos,

mas, vez ou outra, ouve-se falar do Movimiento Popular de Liberación Cinchonero –

MPLC. O MPLC teve como base para sua criação a violência governamental das

décadas de 70/80. Em 1981, Tomás Nativí Gálvez expos que a única forma de luta

contra essa violência era que as massas respondessem com um direito legitimo e

irrenunciável: a violência popular. Então nasceu a Unión Revolucionaria del Pueblo,

que teve seu nome alterado logo depois para o atual.

99 DESCONHECIDO. VIDA Y PRÁCTICAS DE ECONOMIA SOLIDARIA EN LA RED COMAL,

HONDURAS. 2010. Disponível em:

<http://www.economiasolidaria.org/documentos/vida_y_practicas_de_economia_solidaria_en_la_red_comal_ho

nduras>. Acesso em: 15 mar. 2015. 100 FINANZAS, Secretaria de. Plano Piloto Integral de Combate a la Pobreza Urbana. Disponível em:

<http://www.sefin.gob.hn/wp-content/uploads/2012/08/PPICPU-Quienes-Somos.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2015. 101 TRADINGECONOMICS. Taxa de desemprego honduras. 2015. Disponível em:

<http://pt.tradingeconomics.com/honduras/unemployment-rate>. Acesso em: 15 mar. 2015. 102 PREVIDELLI, Amanda. Quanto 126 países gastam para reduzir índices da pobreza. 2013. Disponível em:

<http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/quanto-126-paises-gastam-para-reduzir-indices-de-pobreza>. Acesso

em: 15 mar. 2015.

57

3.18 REPÚBLICA DE CUBA

Cuba é uma longa e estreita ilha localizada no mar do caribe. A sua população

é considerada uma das mais heterogêneas do mundo que conta com uma perfeita

simbiose de brancos, negros, pardos, mulatos e etc. Possuí cerca de 11.217 milhões

de habitantes, dos quais 75% vivem em áreas urbanas103. As cidades mais populosas

são: a cidade de Havana, Santiago de Cuba e Holguín. É um país laico e sua língua

oficial é o espanhol.

Na República de Cuba, a soberania reside no povo, a partir do qual deriva o

poder do Estado. Esse poder é exercido de maneira direta ou indireta pelo órgão

máximo, isto é, pelas Assembleias de Poder Popular e por outros órgãos do estado

derivados destas, agindo de acordo com as regras estabelecidas pela Constituição.

Tais órgãos são: os Órgãos Superiores do Poder das Pessoas, a Assembleia Nacional

do Poder Popular, o Conselho de Estado, o Conselho de Ministros e o Conselho de

Defesa Nacional. O atual presidente é Raúl Castro e o seu vice é Miguel Díaz-Canes

e o cargo de presidente da Assembleia Nacional é ocupado por Esteban Lazo

Hernández.

Economicamente, Cuba tem apresentado melhorias, nos últimos tempos:

From an economy traditionally based on the production and export of sugar and few other commodity, Cuba has changed to a more modern and less vulnerable service economy where, without scorning traditional commodity, tourism has become the center of development. Within the service sector, the advanced results in the scientific and technology field, in biotechnology, and in the production of medicines and medical .equipment are widely implemented.104

No que tange ao enfrentamento da pobreza, Cuba apresentou uma positiva

evolução. No Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (2014) ocupou

a 44º posição de 187 países105. O país lançou diversos programas políticos e

estratégias que visam garantir a segurança alimentar e nutricional de todos, mas

principalmente dos grupos mais vulneráveis. Cuba é o único país da América Latina e

do Caribe que eliminou a desnutrição infantil severa, e tem avançado no cumprimento

103 The World Factbook. 2014. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/cu.html > Acesso em: 13 mar. 2015.

104 CUBA DIPLOMATICA. Economy. 2010. Disponível em:

<http://www.cubadiplomatica.cu/onu/EN/LearnaboutCuba/Economy.aspx> Acesso em: 13 mar. 2015. 105 RURAL POVERTY PORTAL. Rural Poverty in Cuba. Disponível em:

<http://www.ruralpovertyportal.org/country/home/tags/cuba> Acesso em: 13 mar. 2015

58

da Meta de Desenvolvimento do Milênio, de erradicação da pobreza extrema e da

fome

La situación actual favorable en materia de pobreza extrema y hambre, el avance constatado en materia de empleo, seguridad y asistencia social en el cumplimiento del Objetivo 1 del Milenio y las consideraciones señaladas sobre las estrategias y políticas que previsiblemente se aplicarán permiten evaluar como PROBABLE el cumplimiento en el 2015 de este Objetivo. (Información publicada en el Tercer Informe Nacional de los ODM 2010)106

Sobre a questão agrícola, é importante mencionar que antiga politica

centralizadora da agricultura vem dando lugar a formas de gestão mais sustentáveis,

priorizando as pequenas cooperativas e adotando medidas como a gradual diminuição

dos subsídios. Estas e outras medidas visam combater o défice alimentar de Cuba e

promover uma maior segurança alimentícia. Muitas famílias cubanas gastavam um

percentual extremamente elevado da sua renda mensal na compra de produtos

alimentícios, por isso o governo desenvolveu uma espécie de cartão de racionamento

que dá direito ao cidadão de receber uma determinada quantidade de arroz, feijão,

ovos e outros alimentos considerados básicos no cardápio das famílias.

Dentro do contexto internacional, Cuba mostrou um posicionamento firme no

que diz respeito ao desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza, a

desnutrição e ao analfabetismo. Todos estes ideais foram bem defendidos pelo

embaixador cubano Rodolfo Reyes, em reunião do Conselho de Segurança das

Nações Unidas.

A respeito das guerrilhas, é impossível não mencionar a famosa Revolução

Cubana liderada pelas figuras de Fidel Castro (líder do Movimento 26 de julho.) e

Ernesto Che Guevara, que comandaram diversas ações guerrilheiras contra o regime

ditatorial de Fulgencio Batista, que teve o seu fim no ano de 1959. A vitória da

revolução rapidamente se espalhou pelo mundo, influenciando diversos movimentos

guerrilheiros na América Latina, onde inúmeros países também viviam sob ditaduras

seculares. Diante da vitória, Fidel Castro se comprometeu a realizar uma obra social

que incluía um sistema de saúde pública de qualidade, melhoria nos índices de

106 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Erradicar la pobreza extrema e

la fome: como vamos em Cuba?. Disponível em: <

http://www.cu.undp.org/content/cuba/es/home/mdgoverview/overview/mdg1/ >. Acesso em: 13 mar. 2015.

59

alfabetização e distribuição de terras e de casas gratuitas. Em 1963, Cuba cria um

‘’campo’’ de preparo e apoio às guerrilhas latino-americanas107.

Atualmente, Cuba tem desempenhado um papel essencial nos diálogos de paz

ocorridos entre o governo colombiano e a guerrilha das FARC108. Desde novembro de

2012, que o país é sede das negociações entre as duas entidades109.

3.19 REPÚBLICA DE TRINIDADE E TOBAGO

Até a chegada de Cristóvão Colombo, a região era habitada por índios caribes

e arauaques. Consequentemente, a partir disto Tobago foi conquistada pelos

espanhóis. Em 1632 a outra ilha que compõe o país, Trinidad, foi ocupada pelos

holandeses e tomada novamente pelos espanhóis. Após séculos de invasões ao

território, o Reino Unido conquistou Trinidad e em 1814 Tobago foi cedida aos

britânicos. E em 1962 sua independência foi conquistada, assim passando a fazer

parte da Comunidade Britânica de Nações.

A República de Trinidade e Tobago está localizada no Mar do Caribe e não

possui fronteira terrestre com nenhuma nação. Apesar das ilhas serem uma

continuação geológica da América do Sul, o país pertence à América Central. Seu

território é formado por duas ilhas principais (Trinidad e Tobago), a Ilha de Trinidad é

maior e mais povoada, comportando 96% dos habitantes do país. A economia assenta

no comércio do petróleo e do gás natural, bem como na indústria. Entre os seus

principais parceiros comerciais estão os Estados Unidos, Jamaica, Reino Unido e

Alemanha. A população de 1,34 milhão de habitantes (2013) é 98,8% alfabetizada e

no ranking do IDH 2013 o país posicionou-se no 64º lugar.110

No ano de 2011, os gastos públicos com a saúde eram de 3% do PIB. Bem

como, cerca de 94% da população tinha acesso a água potável, e 92% tinha acesso

107 VIRTUALIA O MANIFESTO DIGITAL. Revolução Cubana- Os barbudos da Sierra Maestra.

Disponível em:< http://virtualiaomanifesto.blogspot.com.br/2009/01/revoluo-cubana-os-barbudos-da-

sierra.html> Acesso em: 12 mar. 2015. 108 G1. O governo colombiano e Farc retomam diálogo em Cuba. 17 mar. 2015. Disponível em:

<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/governo-colombiano-e-farc-retomam-dialogo-em-cuba.html>

Acesso em: 18 mar. 2015. 109 OPERA MUNDI. Cuba, Estados Unidos e a luta contra o terrorismo. Disponível em:

<http://m.operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/29299/cuba+estados+unidos+e+a+luta+contra+o+terrorismo

.shtml>Acesso em: 12 mar. 2015. 110 Brasil Export. Trinidad e Tobago Comércio Exterior. Brasil 2014. Disponível em: <

http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/indicadoresEconomicos/INDTrinidadeTobago.pdf

>. Acesso em: 13 mar. 2015.

60

a instalações sanitárias adequadas. Sobre a mortalidade infantil, esta foi de 18 por

1.000 nascidos vivos no ano de 2012. Ainda no mesmo ano, 1,6% das pessoas entre

15 e 49 anos, eram diagnosticadas com HIV positivo.111

O país busca no Brasil medidas para o combate a pobreza. Em janeiro de 2015,

foram enviados ao Brasil representantes de sete organizações trinitinas, que

participaram de treinamentos do Programa Global Alumni – GAP, na Academia do

Rio112. Trinidade e Tobago foi um dos países com interesse no Cadastro Único para

Programas Sociais do governo federal113, instrumento que, além de identificar e

caracterizar as pessoas mais pobres, permite ao poder público agir para diminuir sua

pobreza, nas várias dimensões em que ela se manifesta.

O país não tem histórico de guerrilhas, entretanto o crime tornou-se um dos

maiores desafios que ameaçam a economia e a população, não só de Trinidad e

Tobago, mas de todos os países do Caribe. Internacionalmente, o país é o segundo

com maior número de feminicídios, ficando atrás apenas de El Salvador, segundo

dados da Organização Mundial de Saúde e do Mapa da Violência (2012).114

Em fevereiro de 2012 foi divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento – PNUD, o Relatório de Desenvolvimento Humano do Caribe de

2012. Segundo o Relatório, a América Latina e o Caribe são o lar de 8,5% da

população mundial, no entanto, a região corresponde a cerca de 27% dos homicídios

do planeta. Como também, afirma que os homicídios relacionados às gangues são

“substanciais e crescentes”, pois não foi observado nenhum decréscimo nas

porcentagens.115

Em agosto de 2012, a primeira-ministra de Trinidad, Kamla Persad-Bissessar,

declarou estado de emergência limitado após 11 pessoas serem assassinadas em

111 The Commonwaelth. Trinidad and Tobago: Society. London 2015. Disponível em: <

http://thecommonwealth.org/our-member-countries/trinidad-and-tobago/society>. Acesso em: 2 abr. 2015. 112 Luta Pela Paz. Organizações de Trinidad e Tobago participam do 90 treinamento do GAP. 2015.

Disponível em: < http://www.fightforpeace.net/organisations-from-trinidad-and-tobago-participate-in-9th-gap-

training?lang=pt>. Acesso em: 23 mar. 2015. 113 Blog do Planalto. Experiências brasileiras em políticas sociais atraem o interesse de delegações de 92

países. Disponível em: < http://blog.planalto.gov.br/assunto/reducao-da-pobreza/>. Acesso em: 23 mar. 2015. 114 Blog da Redação. Dia internacional pelo fim da violência contra a mulher: como enfrenta-la no Brasil?

2013. Disponível em: < http://outraspalavras.net/blog/2013/11/25/brasil-como-enfrentar-violencia-contra-a-

mulher/>. Acesso em: 14 mar. 2015. 115 PNDU. Violência tem custo crescente na vida das pessoas e ameaça economia do Caribe. 2012. Disponível

em: < http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=2627>. Acesso em: 14 mar. 2015.

61

quatro dias. O estado de emergência durou até dezembro do mesmo ano. Ela afirmou

também que as mortes eram causadas pelo tráfico de narcóticos, pois o país

juntamente com a Jamaica, estava sendo usado como ponto de passagem de cocaína

proveniente da América do Sul com destino à Europa e aos Estados Unidos.116

A alta criminalidade acaba por quebrar a confiança em um desenvolvimento

futuro. Bem como, reduz a competitividade das indústrias e dos serviços existentes,

pois para se manterem seguras, precisam arcar com elevados custos. Por

conseguinte, a educação e a assistência médica também são prejudicadas, uma vez

que o governo passa a investir mais no combate a violência e são desviadas verbas

para efetuar as aplicações das leis.

3.20 REPÚBLICA DO CHILE

A República do Chile historicamente dominada pelos espanhóis teve seu

movimento de independência entre 1817 e 1818, tendo sido liderado por Bernado

O’higgins. Durante o século XVI e o começo do século XIX o Chile foi governado pelo

vice-reino do Peru. Os primeiros movimentos para acabar com o domínio espanhol

foram ocorridos em 1810, mesmo tempo que um conselho composto por proprietários

rurais, difundiram a independência chilena. Em meados de 1817, com a ajuda do

general argentino José de San Martin, Bernado O’higgins comandou um exército que

saiu da Argentina, derrotaram os espanhóis em 5 de abril de 1818 e O’higgins

elaborou a primeira Constituição chilena e implementou uma ditadura117.

Governado atualmente pela presidenta Michelle Bachelet, o Chile tem como

idioma oficial o espanhol, sua capital é Santiago do Chile. O país ocupa uma extensa

faixa costeira localizada entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes.

O Sistema Chile Solidário, é de iniciativa do governo que sugere como uma

forma de tratar a pobreza extrema, combinando os elementos que serão citados a

seguir e uma única intervenção:

116 DIÁLOGO Revista Militar Digital. Jamaica e Trinidad combatem violência relacionada a drogas. 2012.

Disponível em: < http://dialogo-americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2012/01/09/aa-caribbean-

violence>. Acesso em: 14 mar. 2015. 117 CNUOI. República do Chile. 2014. Disponível em:

<https://minionu15anoscnuoi1945.files.wordpress.com/2014/03/chile.pdf>. Acesso em: 04 mai. 2015.

62

a. Instalação progressiva de um sistema de proteção social integral para as

famílias chilenas em situação de pobreza extrema; e

b. Atenção personalizada a estas famílias, a fim de integrá-las efetivamente às

redes de serviços e aos programas dirigidos a elas.

A junção destes permitirá que estas famílias superem a condição de pobreza

extrema. Coordenado pelo Ministério do Planejamento, o Chile Solidário pode ser

definido como um sistema de proteção integral dirigido às 225.000 famílias mais

carentes do país. As famílias participantes do Chile Solidário recebem apoio

psicossocial, transferência financeira temporária, subsídios monetários e acesso

preferencial a programas de promoção social118.

O resultado esperado é de que 70% dessas famílias possuam práticas de apoio

mútuo, integrem-se ao meio local onde residem e às redes locais existentes, aceitem

efetivamente os benefícios sociais e tenham uma renda per capita superior à linha de

pobreza extrema. O programa envolve o acesso aos seis outros programas que o

compõem destinados a dar apoio as famílias em 53 condições mínimas de qualidade

de vida, que se dividem em sete categorias: identificação, saúde, educação, dinâmica

familiar, habitação, trabalho e renda119.

A Guerra Civil Chilena também nomeada de Revolução de 1891 foi um conflito

armado entre as forças que apoiaram o Congresso e o presidente da época José

Manuel Balmaceda. A guerra foi dividida entre o Exército e a Marinha do Chile, os dois

tomaram partidos respectivamente do presidente e do Congresso. Foi encerrado com

a derrota do Exército do Chile e o suicídio do presidente Balmaceda, a guerra marcou

para os chilenos a queda da República Liberal e o início da Era Parlamentar120.

3.21 REPÚBLICA DO COLÔMBIA

É notório que a história da Colômbia é caracterizada por muita violência. A

rivalidade entre os partidos conservador e liberal geraram guerras e matanças sem

118 TCR. Redução da Pobreza. São Paulo, Brasil. Disponível em:

<http://siteresources.worldbank.org/SAFETYNETSANDTRANSFERS/Resources/281945-

1131468287118/1876750-1140119752568/Silva_Port.pdf>. Acesso em 04 mai. 2015. 119 RPP – Revista de Políticas Públicas. Os programas de transferência condicionada de renda na América

Latina. Disponível em: <http://www.revistapoliticaspublicas.ufma.br/site/download.php?id_publicacao=205>.

Acesso em: 04 mai. 2015. 120 FINSLAB. Chileno Guerra Civil de 1891. Disponível em: <http://finslab.com/enciclopedia/letra-c/chileno-

guerra-civil-de-1891.php>. Acesso em: 04 mai. 2015.

63

fim. O local atual onde se encontra a Colômbia era pertencente ao vice-reino da Nova

Granada (uma subdivisão do Império Espanhol). A luta pela independência

colombiana teve inicio em 20 de julho de 1910 com um levante em Bogotá. Em

seguida, em 1819 foram fundadas as Províncias Unidas da Nova Granada, compostas

por Venezuela, Colômbia e Equador121.

Sua atual capital é Bogotá, onde predomina o sistema de governo sendo uma

república presidencialista, atualmente com Juan Manuel Santos no poder, tem o

espanhol como idioma oficial e tem sua divisão administrativa em 32 departamentos

e o distrito da capital.

Em relação ao combate à pobreza, é possível citar o Programa Mais Famílias

em Ação. Podemos considerar que este programa seria um “Bolsa Família”

colombiana, atende cerca de 2,8 milhões de famílias no país com um valor mensal em

dinheiro de 140.000 pesos por família, porém exigindo que os filhos estejam

frequentando o ambiente escolar. É o maior programa político atualmente na

Colômbia. O governo estima atingir a 5,6 milhões de crianças com esta iniciativa. Há

também o programa Jovens em Ação, no qual atende a demanda de 120 mil jovens

com bolsas para financiar cursos profissionalizantes no país. E por fim, o programa

Mulheres Poupadores, que é destinado para a qualificação das mulheres para que

poupem e comecem a abrir pequenos negócios122.

Sobre as guerrilhas, há a luta das Forças Armadas Revolucionárias da

Colômbia – FARC que teve como objetivo inicial a mobilização de camponeses

comunistas liderados por Manuel Marulanda, estendendo-se até hoje a atuação do

grupo. Estes não se conformavam com a situação econômica e social da Colômbia,

decidiram ao longo de 40 anos de luta, controlar o território sul no país. No entanto o

território colombiano abriga outros grupos guerrilheiros. As FARCS é muito criticada

mundialmente como um grupo de ação terrorista e que é sustentando pelo tráfico de

drogas. Porém tem sua natureza de combate e a disputa entre outros grupos

paramilitares e guerrilheiros impedem que sejam julgados por seus “verdadeiros”

121 SCHILLING, Voltaire. Colômbia: guerrilhas & drogas. Disponível em:

<http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/colombia3.htm>. Acesso em: 04 mai. 2015. 122 EBC. Modelo brasileiro inspirou programas sociais colombianos, diz Juan Manuel Santos. Disponível

em: <http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/06/modelo-brasileiro-inspirou-programas-sociais-

colombianos-diz-juan>. Acesso em: 04 mai. 2015.

64

motivos e práticas no grupo, por ação da mídia que evidencia os sequestros, mortes,

e pressões diplomáticas associados a este grupo123.

O Exército de Libertação Nacional – ELN é o segundo maior grupo guerrilheiro

com mais homens em suas fileiras. Sob a ideologia marxista-leninista o ELN aparece

na década de sessenta, pela mão da Revolução Cubana. Um dos seus fundadores foi

o padre Camilo Torres. Estes guerrilheiros têm mantido ao longo de sua história

diferentes tipos de ações “terroristas” e abordagens de paz124.

3.22 REPÚBLICA DO EQUADOR

A República do Equador localiza-se no hemisfério ocidental, no noroeste da

América do Sul. Constitui fronteiras com a Colômbia ao norte e ao sul com o Peru, e

ainda é banhado pelo Oceano Pacifico. Além disso, possui territórios insulares que

são as ilhas Galápagos, localizadas a 960 km do Equador.125 O seu território ainda

abrange a Cordilheira dos Andes e a Floresta Amazônica. A sua capital é a cidade de

São Francisco do Quito e a língua oficial é o espanhol. O Equador é um país

relativamente pequeno com uma área de 283,561 km quadrados e o número de

habitantes chega 15, 654,411 milhões126.

Segundo a Constituição equatoriana de 1979, o país é uma República

presidencialista unitária, em que o presidente e o vice são eleitos por meio voto

popular direto e secreto, com um mandato de quatro anos. Em 2008, com o advento

da nova Constituição, foi permitida reeleição no país. Atualmente, Rafael Correa

ocupa o cargo de presidente da República (reeleito em 2013), sendo seu vice Jorge

Glass. Associado ao líder venezuelano Hugo Chávez, Correa defendeu diversos

ideais socialistas, que também são compartilhados por outros países da América

Latina, como a Bolívia e Nicarágua.

123 SOUSA, Rainer Gonçalves. FARC. Disponível em:

<http://www.mundoeducacao.com/historiageral/farc.htm>. Acesso em: 04 mai. 2015.

124 EL TIEMPO. La historia del segundo grupo guerrillero com más hombres em el país. Disponível em:

<http://www.eltiempo.com/politica/proceso-de-paz/historia-del-eln/14100715>. Acesso em: 04 mai. 2015. 125 The World Factbook 2014. Disponível em: < https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/ec.html >. Acesso em: 14 mar. 2014. 126 Portal Vermelho. Contrainjerencia.com.Pobreza no Equador diminui 12 pontos em sete anos. São Paulo,

21 jul. 2014. Disponível em: < http://www.vermelho.org.br/noticia/246163-7>. Acesso em: 14 mar. 2015.

65

No que tange ao Enfrentamento da pobreza, o ministro da Senplades –

Secretaria Nacional de Planejamento e Desenvolvimento do Equador, Pabel Muñoz

afirma que o índice de pobreza caiu de 37,5% para 25,5% em 2013, resultando numa

queda de 12 pontos nos últimos sete anos127. Em 2014 este índice rondava os 23,69%

(Fonte: Instituto Nacional de Estadística del Ecuador (INEC), Banco Mundial, Informe

sobre Desarrollo Humano 2014). Isto deve-se, principalmente, ao plano de governo

de Correa que prioriza o desenvolvimento sustentável como meio de erradicação da

pobreza, este objetivo ficou bastante claro no discurso proferido pelo presidente

equatoriano na 37ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO

Vencer a pobreza é o imperativo moral mais importante do mundo,

considerando que, pela primeira vez na história da humanidade, a pobreza

não é causada por falta de recursos ou fatores naturais, mas sim por um

sistema injusto que produz exclusão. 128

Sobre a questão guerrilheira, vale mencionar a acusação feita contra o atual

Presidente do Equador, Rafael Correa, o qual supostamente teria sido financiado

pelas FARC durante sua campanha em 2007129. Correa chegou a convocar uma

comissão civil, para que esta investigasse se sua campanha haveria sido realmente

financiada pelo grupo. No entanto, no dia 28 de julho de 2009 as FARC negaram ter

financiado a campanha eleitoral do Presidente equatoriano130.

Outro conflito emblemático, envolvendo também as FARC ocorreu no dia no 1º

de março de 2008, no qual um dos acampamentos do grupo, localizado no Equador,

foi bombardeado pelo exército colombiano. O Equador qualificou o ataque como um

desrespeito a sua soberania, rompendo relações diplomáticas com o país vizinho. A

Colômbia, por outro lado, clamava pelo apoio equatoriano na luta contra o terrorismo

e o narcotráfico. Os dois países dividem uma fronteira terrestre de 586 km, por isso

127 Portal Vermelho. Pobreza no Equador diminui 12 pontos em sete anos. São Paulo, 21 jul. 2014. Disponível

em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/246163-7>. Acesso em: 14 mar. 2015. 128 ONU (Brasil). ‘Vencer a pobreza é o imperativo moral mais importante do mundo’, diz presidente do

Equador na UNESCO. Disponível em: <http://www.onu.org.br/vencer-a-pobreza-e-o-imperativo-moral-mais-

importante-do-mundo-diz-presidente-do-equador-na-unesco/>. Acesso em: 13 mar. 2015. 129 VEJA. Procuradoria do Equador investiga financiamento das Farc: Presidente Rafael Correa é acusado de

receber dinheiro para sua campanha. 2011. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/procuradoria-

do-equador-investiga-financiamento-das-farc-a-correa>. Acesso em: 18 mar. 2015. 130 BBC. Presidente do Equador nega relações com guerrilha colombiana. 2009. Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/07/090718_correa_farc_cq.shtml>. Acesso em: 17 mar. 2015.

66

para haver um real enfrentamento de questões como estas, que são recorrentes na

América-latina, faz-se necessário uma efetiva cooperação de ambas as partes. No fim

das contas, o governo da Colômbia desculpou-se formalmente e os dois Estados

reestabeleceram relações diplomáticas131. A crise entre estes dois países, ocorrida

em março de 2008, foi um fenômeno isolado que nem precisou da intervenção da

ONU132.

Atualmente, o Equador é sede dos diálogos iniciais de paz entre a Colômbia e

o Exercito de Libertação Nacional (ENL), segundo maior grupo guerrilheiro

colombiano133. O governo de Rafael Correa demonstrou total apoio a essas

conversações, e se comprometeu a dispor de todas as facilidades necessárias para

que isso aconteça em território equatoriano. O diálogo é essencial para que os

conflitos na Colômbia cessem, tendo em vista que o Equador também sofre

consequências deste embate, principalmente nas áreas de fronteira onde o governo

equatoriano teve de reforçar o patrulhamento134.

3.23 REPÚBLICA DO HAITI

O Haiti se encontra na Ilha de São Domingos, também conhecida como

Hispaniola, foi a primeira colônia da América descoberta por Cristóvão Colombo. Os

habitantes da ilha foram massacrados durante 25 anos. Em conflito com a França,

que teria interesse na ilha, a Espanha cedeu aos franceses parte desta. Hoje, além

do Haiti, se divide entre a República Dominicana, também. Durante o domínio francês,

a ilha se tornou uma das mais ricas através da exploração de mão-de-obra escrava e

degradação ambiental, já que foi base para a silvicultura (cultura de árvores) e de

indústrias relacionadas com açúcares.

131 JUS NAVIGANDI. A crise armada Colômbia-Equador à luz do Direito Internacional do uso da força no

contexto da guerra contra o terrorismo internacional. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11079/a-

crise-armada-colombia-equador-a-luz-do-direito-internacional-do-uso-da-forca-no-contexto-da-guerra-contra-o-

terrorismo-internacional>. Acesso em: 18 mar. 2015. 132 G1. Colômbia pede que Equador colabore em luta contra guerrilha. 2008. Disponível em:

<http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL785316-5602,00-

COLOMBIA+PEDE+QUE+EQUADOR+COLABORE+EM+LUTA+CONTRA+GUERRILHA.html>. Acesso

em: 15 mar. 2015. 133 EXAME. Correa revela diálogos iniciais de paz entre Colômbia e ELN. 2014. Disponível em:

<http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/rafael-correa-revela-dialogos-iniciais-de-paz-entre-governo-da-

colombia-e-eln>. Acesso em: 17 mar. 2015. 134 VERMELHO PORTAL. Farc querem Rafael Correa e Nicolás Maduro em acordo de paz. 2014. Disponível

em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/241353-7>. Acesso em: 18 mar. 2015.

67

Ao final do século XVIII, grande parte dos escravos haitianos se revoltou e o

país se tornou a primeira nação negra liderada pós-colonial no mundo e declarou sua

independência. A história política do Haiti é marcada por muita instabilidade, no

entanto, em 2006 inaugurou um novo presidente eleito democraticamente.

O país é formado por 95% de negros, enquanto que mulatos e brancos dividem

os outros 5% e, tem como idioma oficial o francês e o “creolo”. Além disso, sua

população é majoritariamente católica e protestante.

Um forte terremoto atingiu o Haiti em 2010 e o país sofre consequências

econômicas e sociais até hoje em virtude desta catástrofe ambiental. Atualmente se

encontra como o país mais pobre do hemisfério ocidental, com 80% da população

abaixo da linha de pobreza e 54% em extrema pobreza. O terremoto contribuiu para

a destruição de sua capital e de várias áreas vizinhas além da contração do PIB do

país. Quando o país começou a se recuperar, em 2011 teve sua agricultura arrasada

em virtude de dois furacões. Percebe-se, assim, a vulnerabilidade do país quanto a

diversas catástrofes ambientais. Sua infraestrutura é precária e, após o terremoto,

teve suas dívidas externas perdoadas por muitos países doadores, mas continua

acumulando dívidas.

As condições de vida e saúde são as mais precárias do mundo. Os índices são

gritantes. 47% dos haitianos sofrem de desnutrição crônica e aqueles que sobrevivem,

60% morrem de HIV-AIDS, que é a taxa mais alta do Caribe, de acordo com a

Organização Mundial da Saúde – OMS.

O valor dos alimentos também é um fator preocupante e que contribui para as

taxas de desnutrição e de não desenvolvimento comercial. Mudanças climáticas e

preços do petróleo impedem aumento de produção ou a continuidade desta.135

Não há forças militares regulares no país, mas, desde 2004 tem o apoio das

Nações Unidas na missão de estabelecer a paz e ajudado na manutenção da ordem

civil, de forma a controlar a imigração ilegal. Em virtude destas forças da Missão de

Estabilização da ONU no Haiti, surgiu um movimento guerrilheiro de ex-militares

135 CIA – Central Intelligence Agency. SURINAME. Disponível em:

<https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ns.html>. Acesso em: 30 abri. 2015.

68

haitianos contra esta medida. Segundo o grupo, não se trata de uma força de paz,

mas de guerra.136

3.24 REPÚBLICA DO PANAMÁ

O Panamá foi descoberto em 1501 pela Espanha, se tornando uma colônia

espanhola. Em 1821, rompeu relações com a Espanha e se juntou a uma união entre

Nova Granada, Equador e Venezuela, chamada de República Grã-Colômbia, que foi

dissolvida 10 anos depois. Depois da dissolução, o ainda não chamado Panamá e

Nova Granada (conhecido atualmente por Colômbia) continuaram unidos. Porém, em

1903, encorajado pelos Estados Unidos e pela França, o Panamá declarou

independência da Colômbia, se tornando assim um novo país 137.

Panamá está localizado na América Central, e tem sua segunda maior

economia, e é a que mais cresce e também é o maior consumidor ativo na região5.

Em 2013 o Panamá ficou em 65° lugar no IDH138, e é a segunda economia mais

competitiva da América Latina. Mas, mesmo com esses números, o contraste entre o

desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social é enorme. Em números

gerais, quatro em cada dez pessoas vivem na pobreza. Ou seja, 36.8% da população

é pobre, e 16.6% vive em situação de pobreza extrema. A porcentagem é melhor

considerando apenas a área urbana, já que é onde acontece maior parte do turismo.

Apenas 20% da população é pobre, e 4.4% vive em pobreza extrema. Já na área rural

e indígenas, quase toda a população é pobre (98.4% da população) 139.

Existem vários programas para tentar diminuir essa diferença social. Como

exemplo podemos usar o PAN-PRODEA – Programa de Ayuda Nacional, que visa,

por meio de outros projetos, uma redução no índice da pobreza. São programas como:

Programa de Nutricion, Promoción a la Cultura y el Deporte, Programa Nuevo Colón,

Infraestructura Social, Junta Asesora Del Presidente Para Asuntos De Colon (Japac),

136 AFP e PUBLICO. Haiti: Guerrilha entra na segunda maior cidade do país. Disponível em:

<http://www.publico.pt/mundo/noticia/haiti-guerrilha-entra-na-segunda-maior-cidade-do-pais-1186788>. Acesso

em: 30 abr. 2015. 137 Panamá. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Panamá>. Acesso em: 02 abr. 2015. 138 Ranking IDH Global 2013. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/Ranking-IDH-Global-

2013.aspx>. Acesso em: 02 abr. 2015.

139 Erradicar la Pobreza Extrema y el Hambre. Disponível em: <http://www.onu.org.pa/objetivos-desarrollo-

milenio-ODM/erradicar-pobreza-extrema-hambre>. Acesso em: 02 abr. 2015.

69

Pan – Mop que tentam diminuir a desigualdade social no país140. Além disso, o

governo conta com construção de casas e projetos sociais para o mesmo fim.

É esperado que estes programas assistencialistas realmente funcionem no

país. É absurdo um número tão alto de pessoas em situação de pobreza, sobretudo

na zona rural.

Antes da década de 70, o Panamá tinha guerrilhas próprias, mas foram

extintas. Como o país faz fronteira com a Colômbia, ele também tem a presença da

FARC – Forzas Armadas Revolucionarias de Colombia, mais precisamente da Frente

57 do grupo. A FARC é um grupo guerrilheiro com um cunho Lenista-marxista que é

considerado um grupo violento pela maioria dos países141.

Além da Colômbia e do Panamá, a FARC também atua no Peru, Equador,

Venezuela e na zona de fronteira da Colômbia com o Brasil.

3.25 REPÚBLICA DO PARAGUAI

O Paraguai, como maioria dos países latino-americanos, foi inicialmente uma

colônia espanhola. Foi descoberto por dois exploradores: Aleixo Garcia e Sebastião

Caboto em 1524. Em 1811 o Paraguai conquistou sua independência142, mas logo

depois entrou em um regime ditatório que acabou pouco tempo depois, mas em 1935,

um novo regime de ditadura de cunho militar se instaurou e acabou em 1989143.

O Paraguai se encontra na América Do Sul e faz fronteira com o Brasil,

Argentina e Bolívia. Atualmente, conta com uma população de aproximadamente 6

802 000 habitantes. Dos mais de 6,5 milhões de habitantes paraguaianos, apenas

23.8% da população se encontra em situação de pobreza, tendo em vista que no ano

de 2011, este mesmo percentual era de 32.4%. Os números de pobreza extrema

também são animadores. No mesmo período de tempo, o percentual baixou de 18%

para 10.1% da população. A meta para o ano de 2015 já foi alcançada desde 2014,

140 Programa de Ayuda Nacional. Disponível em: <http://www.pan.gob.pa/pan/programas.html>. Acesso em:

02 abr. 2015.

141 Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia. Disponível em:

<http://es.wikipedia.org/wiki/Fuerzas_Armadas_Revolucionarias_de_Colombia>. Acesso em: 02 abr. 2015. 142 CIA. World Factbook Paraguay. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/print/country/countrypdf_pa.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2015. 143 CERQUEIRA, Wagner de; FRANCISCO. Paraguai. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia-

da-america/historia-paraguai.htm>. Acesso em: 22 mar. 2015.

70

quando a situação de pobreza extrema no país atingiu um nível inferior a 9% dos

paraguaianos144.

O Paraguai já conseguiu alcançar a meta para 2015, de reduzir a 9% a pobreza

extrema, concentrada principalmente na área rural, afetando 17,6% da população145.

Ao todo, a pobreza extrema no Paraguai afeta 677 mil pessoas, de uma população

total de 6 687 milhões de habitantes, conforme contagem populacional de 2012.

Vários projetos sociais e programas assistencialistas têm sido adotados pelo

governo do Paraguai, e, como mostrado nos dados anteriores, vêm fazendo um

grande efeito. Um bom exemplo desse tipo de programa é o PROPAIS II – Programa

Paraguayo De Inversiones Sociales. O PROPAIS teve um fundo de investimento do

BID – Banco Interamericano de Desarrollo para um financiamento de projetos para o

desenvolvimento social. Esses projetos são formulados e tem uma gestão por grupos

em situação de pobreza e por comunidades pobres paraguaianas, tanto em centros

urbanos ou rurais. Além do PROPAIS, existem os projetos: Tekoporã, Tekoha,

Tenonderã, Proyecto Merkaaguazu, Focem Mercosur Yporã, Focem Mercosur

Habitat, Asistencia a Pescadores.

Um recente grupo guerrilheiro, formado em 2008, atua na zona noroeste do

país. O Ejército del Pueblo Paraguayo – EPP, tem uma ideologia Leninista-marxista,

e foi dividido em 2014, criando um novo grupo: Asociación Campesina Armada – ACA.

Os antigos ideais do EPP eram derrubar o governo paraguaio e instaurar um

governo Lenista-Marxista. A EPP atua, em maioria dos casos, por meio de sequestros

e táticas violentas. Entre os atos do movimento, os mais famosos são o Incidente de

Tacuatí, Bomba en el Palacio de Justicia de Asunción, Secuestro de Lindstron,

Secuestro de Fidel Zavala, Incidente con Severiano Martínez en mar Dulce,

Enfrentamiento en Arroyito, 21 de Setiembre de 2011 e Secuestro de Arlan Fick y

Edelio Morinigo146. O sequestro de Arlan Fick foi considerado o mais longo da EPP.

144Pobreza extrema no Paraguai caiu de 18 para 10,1% da população. Disponível em:

<http://www.radioculturafoz.com.br/pobreza-extrema-no-paraguai-caiu-de-18-para-101-da-

populacao/#.VQ8V1_nF9qU>. Acesso em: 22 mar. 2015.

145SOCIAL, Secretaría de Accíon. PROPAIS II. Disponível em: <http://www.sas.gov.py/pagina/56-propais-

ii.html>. Acesso em: 22 mar. 2015.

146Ejercito Del Pueblo Paraguayo. Disponível em:

<http://es.wikipedia.org/wiki/Ejército_del_Pueblo_Paraguayo>. Acesso em: 22 mar. 2015.

71

Ele foi sequestrado em 2 de abril de 2014 e liberado em 25 de dezembro do mesmo

ano147.

3.26 REPÚBLICA DO PERU

Inicialmente, no tangente aos aspectos gerais, o Peru possui uma população

de quase 30 milhões de habitantes e é governado desde 2011 pelo presidente Ollanta

Humala do Partido Nacionalista Peruano. Até 2006 o país convivia com um quinto da

população em situação de pobreza. Conforme assevera o economista peruano Juan

Chacaltana do CEDEP – Centro de Estudos e Desenvolvimento para a Participação,

idealizador do estudo “é possível prevenir a pobreza?”, o Peru sofre de dois aspectos

dessa mazela social: a pobreza crônica, resultado da concentração dos meios de

produção e a temporária, geralmente, derivada de catástrofes naturais148.

Por conseguinte, nos últimos anos o país conseguiu reduzir substancialmente

o número de pobres. Segundo o INEI – Instituto Nacional de Estadística e Informática,

só em 2013 meio milhão de pessoas ascenderam socialmente. Dessa forma, o país

reduziu a incidência de pobreza de 33,3%, em 2009, para 23,9% em 2013149. Essa

considerável redução é o resultado de um período com bom crescimento econômico,

geração de empregos e transferência de renda para a população mais pobre,

conforme assevera o próprio INEI “Uno de los factores más relevantes para la

disminución de la pobreza es el incremento del gasto e ingresos, especialmente en el

segmento de la población más pobre.”

No entanto, essa diminuição ainda é muito desigual, conforme mostra o próprio

relatório do INEI. Em 2013, a pobreza na área rural foi reduzida em 5% se comparado

com 2012, mas na região urbana a redução foi de apenas 0,5%. Além disso, a pobreza

aumentou em oito das vinte e cinco regiões peruanas pesquisadas. As medições do

INEI também são questionáveis, pois entendem que saiu da pobreza o cidadão que

conseguiu comprar uma cesta básica mensal, integrada por alimentos, roupas,

147 BBC. Termina el secuestro más largo de la "guerrilla" paraguaya. Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/mundo/ultimas_noticias/2014/12/141225_ultnot_alan_fick_paraguay_secuestro_guerrilla

_fp>. Acesso em: 22 mar. 2015. 148

PNUD. Estudo vê dois tipos de pobreza no Peru. 2006. Disponível em:

<http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=870>. Acesso em: 16 mar. 2015. 149

INFORMÁTICA, Instituto Nacional de Estadística e. ALREDEDOR DE 500 MIL PERSONAS

DEJARON DE SER POBRES. Lima: 2014. p 1. Disponível em:

<http://www.more.ufsc.br/homepage/inserir_homepage>. Acesso em: 16 mar. 2015.

72

transporte, educação e saúde, entre outros aspectos, avaliada em R$ 1.150, em lares

de cinco pessoas150.

Por fim, a pobreza não está relacionada somente com as circunstâncias

econômicas, mas também com razões estruturais. Quanto a isso milhões de peruanos

vivem em regiões remotas, distantes de todos os serviços púbicos e 3 milhões sequer

tem acesso à energia elétrica151.

A maioria dos grupos guerrilheiros não conseguiu romper a virada do milênio e

foram derrotados ainda no século XX. No entanto, no Peru, o grupo (PCP-SL) Partido

Comunista do Peru – Sendero Luminoso segue resistindo, apesar da prisão dos seus

lideres, do reduzido número de membros e, consequentemente, das ações

debilitadas. O grupo é pouco conhecido para além das fronteiras peruanas, por isso é

necessário detalhar sua história.

Nos anos 50 a esquerda estava dividida em todo o mundo e o Peru não foi a

exceção, tendo em vista que o Partido Comunista do Peru começou a sofrer divisões

internas, principalmente, pelas divergências quanto ao modo de atuação. Assim, um

dos ramos do partido defendia a necessidade de revolução do campo para a cidade,

numa típica inspiração maioista (tática utilizada na Guerrilha do Araguaia, no Brasil).

Essa tendência do partido veio a constituir o Sendero Luminoso152.

Por conseguinte, o grupo vislumbrava a necessidade de derrotar o capitalismo

e o regime semifeudal, semicolonial e burguês predominante no Peru. Na busca por

esse intento, liderados por Abimael Guzman, o PCP-SL iniciou um trabalho de

doutrinação em universidades e regiões carentes. Porém, na década de 1980

começaram as ações armadas, os julgamentos sumários e, consequentemente, uma

série de violações aos direitos humanos.

No entanto, o forte caráter violento dos senderistas, afastou as massas

150

BONILLA, David Blanco. A pobreza no Peru diminui, mas de maneira desigual. Uol Notícias. São Paulo,

08 maio 2014. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2014/05/08/a-pobreza-no-peru-

diminui-mas-de-maneira-desigual.htm>. Acesso em: 16 mar. 2015. 151

PNUD (Peru). Tres millones de peruanos de la zona rural no tienen acceso a energía eléctrica. 2012.

Disponível em: <http://www.pe.undp.org/content/peru/es/home/presscenter/articles/2012/09/06/tres-millones-de-

peruanos-de-la-zona-rural-no-tienen-acceso-a-energ-a-el-ctrica.html>. Acesso em: 16 mar. 2015. 152

BERTONHA, João FÁbio. Sendero Luminoso: ascensão e queda de um grupo guerrilheiro. Espaço

Acadêmico, Paraná, ago. 2001. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/003/03bert.htm>. Acesso

em: 18 mar. 2015.

73

populares do grupo e, além disso, o governo ditatorial de Fugimori declarou guerra

aos adeptos e simpatizantes do movimento, conseguindo prender o líder do PSP-SL,

professor Guzman, em 1992. Fato que resultou num grande enfraquecimento da

guerrilha. Nesses confrontos ocorreram outras séries de inúmeras violações de

direitos humanos, agora, perpetradas pelos dois lados.

Atualmente, segundo autoridades peruanas, os remanescentes do Sendero

Luminoso conseguem se manter em atividade com os recursos provenientes do

narcotráfico153. O grupo também alicia crianças para submeter ao treinamento militar,

o fato é de tamanha gravidade que em 2007 o governo do Peru declarou estado de

emergência devido à guerrilha154. Além disso, em 2012, o grupo queimou três

helicópteros de uma empresa privada155. O relatório da Anistia Internacional 2013,

também atesta que em 2012, 30 membros das forças de segurança foram mortos e

muitos outros ficaram feridos no combate com os remanescentes do Sendero

Luminoso156.

Por fim, cabe ressaltar que em 2003 foi publicado o relatório final da comissão

nacional da verdade e reparação. O documento relata as violações cometidas pelo

Estado e pelos grupos guerrilheiros. O Sendero Luminoso foi considerado o maior

violador de direitos humanos, por ter cometido 54% das graves violações. Porém, as

reparações às vítimas e familiares avançaram poucos, principalmente, pela recusa

sistemática das forças armadas em cooperar com as investigações157, como também

ocorre no Brasil no caso da comissão nacional da verdade, memória e justiça.

3.27 REPÚBLICA DO SALVADOR

153

PABLO PEREIRA (Brasil). Meninos soldados. Disponível em:

<http://infograficos.estadao.com.br/public/especiais/meninos-soldados/peru.html>. Acesso em: 18 mar. 2015. 154

AFP. Prorrogado no Peru o estado de emergência devido à guerrilha. Disponível em: <http://dialogo-

americas.com/pt/articles/rmisa/features/regional_news/2013/05/07/feature-ex-4130>. Acesso em: 18 mar. 2015. 155

AFP. Guerrilha do Sendero Luminoso queima 3 helicópteros no Peru: Ataque ocorreu em Cusco, no

sul do país. Não houve feridos, segundo as Forças Armadas.. 2012. Disponível em:

<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/10/guerrilha-do-sendero-luminoso-queima-3-helicopteros-no-

peru.html>. Acesso em: 18 mar. 2015. 156

INTERNACIONAL, Anistia. Informe 2013 - anistia internacional: o estado dos direitos humanos no

mundo. Londres, 2013. p 137. Disponível em: <https://anistia.org.br/wp-

content/uploads/2014/04/AmnestyInternational_AnnualReport2013_complete_br-pt.pdf>. Acesso em: 18 mar.

2015. 157 INTERNACIONAL, Anistia. Comissão da Verdade e da Reconciliação: Dez anos depois ainda não

há justiça, verdade nem reparação no Peru. 2013. Disponível em: <https://anistia.org.br/noticias/comissao-da-

verdade-e-da-reconciliacao-dez-anos-depois-ainda-nao-ha-justica-verdade-nem-reparacao-peru/>. Acesso em: 18

mar. 2015.

74

El Salvador é o menor país da América Latina. Os primeiros povos que

habitaram o local foram os Pocomanes, os Lencas e os Pipiles, isto ainda no século

XI. Em 1522, o espanhol Andrés Admiral Niño desembarcou no Golfo de Fonseca. E

no ano de 1524, o capitão espanhol Pedro de Alvarado conquistou o Cuzcatlán, e

assim deu-se o inicio da colonização espanhola. No entanto, foi apenas em 1821, com

a assinatura da Declaração de Independência da América Central, que o país tornou-

se independente. Apesar de esta ser uma delegação pequena, a sua história foi

marcada por revoltas indígenas e camponesas, que ocorreram em janeiro de 1932. A

partir da década de 30 até 1979, o país viveu sob o comando de regimes militares

extremamente autoritários. E diante deste cenário, uma guerra civil surgiu na década

de 80, deixando cerca de 75.000 mortos158. As primeiras eleições democráticas foram

realizadas em 1984, elegendo o presidente José Napoleon Duarte, ainda no meio de

uma guerra civil.

Em relação as suas características geográficas, vale mencionar que El

Salvador é banhado pelo o oceano pacífico, muito embora seja o único país da

América Central que não tem acesso ao mar do caribe, ainda e faz fronteira com as

Honduras e Guatemala. O seu território apresenta uma área de 21,041 km

quadrados159 e o número de habitantes, segundo dados de 2014, é de 6,125,512

milhões160. E por fim, a língua oficial do país é o espanhol.

No que tange a situação política, é importante citar que neste país

constitui-se uma república, sendo a sua capital San Salvador. Em março de

2014, o ex-comandante guerrilheiro Salvador Sánchez Cerén vence as eleições

presidenciais, ocupando o mais alto cargo do país durante os próximos 5 anos, juntamente

com seu vice Oscar Ortiz. Vale mencionar, que durante 20 anos o país foi governado pelo

partido Arena. Apenas em 2009, que tal situação muda com a vitória do FMLN, partido do

atual presidente.

Em relação ao enfrentamento da pobreza, El Salvador tem apresentado grandes

melhorias, principalmente, durante o governo de Salvador Sanchez Ceren, candidato do

158EL BANCO MUNDIAL. El Salvador: Panorama Geral. Disponível em: <

http://www.bancomundial.org/es/country/elsalvador/overview> Acesso em: 10 mar. 2015. 159 The World Factbook. 2014. Disponível em: <http://www.bancomundial.org/es/country/elsalvador/overview>

Acesso em: 10 mar. 2014. 160 The World Factbook. 2014. Disponível em: <http://www.bancomundial.org/es/country/elsalvador/overview>

Acesso em: 10 mar. 2014.

75

partido Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional – FMLN. Neste período a taxa

de pobreza sofreu uma redução de 4,4%, a fonte deste dado é o Panorama Social da

América Latina 2014, estudo publicado no dia 26 de janeiro de 2014 pela Comissão

Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe – CEPAL. Segundo

essa pesquisa, antes o índice de pobreza atingia 45,3% da população, enquanto que

em 2014 esse número caiu para 40,9%. O índice de extrema pobreza também sofreu

uma de 13,5% para 12,5%. Medardo González, secretário-geral da FMLN, afirmou

que para vencer a luta contra a pobreza os programas sociais, a renumeração e os

subsídios que protegem o bolso pobre se fazem essenciais161.

Além disso, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano Mundial de

2013, El Salvador foi o país que obteve o maior aumento no valor do IDH entre 1990

e 2012 dentro da América Latina (aumento de 0,152). E ainda, o percentual da

população que teve acesso à água aumentou 30% entre 1991 e 2011162.

Sobre os movimentos guerrilheiros, é importante destacar a Frente Farabundo

Marti de Libertação Nacional – FMLN, que atualmente é um partido politico, mas num

passado não tão distante foi uma guerrilha. Esta teve uma participação extremamente

ativa na guerra civil iniciada nos anos 80, lutando contra as Forças Armadas de El

Salvador – FAES. O conflito teve o seu fim no início dos anos 90, pois tanto o governo

de Cristiani percebeu que não conseguiria vencer as forças guerrilheiras, e nem estas

teriam condições de derrubar o seu governo. E diante desta situação, ambas as partes

aceitaram a mediação da ONU e em janeiro de 1992 firmou-se o Tratado de

Chapultepec, que transformou a FMLN num partido político e cuidou de reintegrar os

ex-guerrilheiros na sociedade.

3.28 REPÚBLICA DO SURINAME

País situado na América do Sul, fronteiriço ao Oceano Atlântico, encontrando-

se entre a Guiana Francesa e a Guiana, de capital Paramaribo. Foi explorado pelos

espanhóis no século XVI e tornou-se uma colônia holandesa em 1667. Dois séculos

161MARCELA BELCHIOR. Pobreza se reduce 4,4% en El Salvador con gobierno de socialista. ADITAL

NOTICIAS DE AMERÉRICA LATINA Y CARIBE. El Salvador. 2 mar. 2015. Disponível em:

<http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=ES&cod=84023> Acesso em: 10 mar. 2015 162 PNUD EN EL SALVADOR. El Salvador en breve. 2014. Disponível em: <

http://www.sv.undp.org/content/el_salvador/es/home/countryinfo/ >. Acesso em: 11 mar. 2015.

76

depois, aboliu a escravatura e passou a trazer trabalhadores indianos para seu

território. No contexto da Independência dos Países Baixos, se tornou independente

em 1975. Em 1980 sofreu um golpe militar e foi declarado como uma República

Socialista. Manteve um governo autoritário até 1987 quando, por pressão

internacional, inauguraram-se as eleições democráticas no país. Ainda após este

evento democrático, os militares conseguiram derrubar o governo por um ano. Assim,

formou-se no país uma coalizão com a participação de diversos partidos políticos que

conseguiu retornar ao poder através de eleições. No entanto, os eleitores escolheram,

após este evento, um ex-líder militar, enquanto que a coalizão permanece fazendo

oposição, atualmente. Hoje o país se encontra em uma forma de governo

constitucional-democrática e teve sua Constituição revisada em 2012.

O país possui uma mescla étnica entre indianos, africanos e europeus. Seu

idioma oficial é o holandês, mas o falado é o inglês. Além disto, possui dialetos e

línguas nativas denominadas Sranang Tongo, Caribe Hindustani e javanês.

Majoritariamente, a população se divide entre hindus, protestantes e católicos, com o

hindu em primeiro lugar. O número de surinameses que migram para a Holanda é

grande e, por isso, o país é muito influenciado pelos países baixos. “O país em geral

está em plena transição demográfica, pós-industrial, com uma baixa taxa de

fertilidade, uma taxa de mortalidade moderada, e uma expectativa de vida

aumentando163.”

Quanto à economia, o país é dominado pela indústria de mineração, tornando

a economia muito vulnerável à volatilidade dos preços dos minerais. Desde 2012 que

o país vem sofrendo baixo no crescimento econômico.

As perspectivas econômicas de Suriname, para o médio prazo, dependerá do contínuo compromisso com políticas monetárias e fiscais responsáveis e para a introdução de reformas estruturais, liberalizando os mercados e promovendo a concorrência.164

Ainda,

O crescimento econômico na última década tem sido sólido, porém altamente dependente do setor de mineração. Essa Estratégia de Parcerias de Países

163 CIA – Centro Intelligence Agency. SURINAME. Disponível em:

<https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ns.html>. Acesso em: 27 abr. 2015. 164 CIA – Centro Intelligence Agency. SURINAME. Disponível em:

<https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ns.html>. Acesso em: 27 abr. 2015.

77

e nossa colaboração com o Grupo Banco Mundial e outras instituições financeiras internacionais de destaque apoiarão nossos esforços no sentido de alcançar um crescimento mais sustentável e com melhores oportunidades para todos.165

Hoje o Suriname se encontra como um dos países que menos cresce na

América Latina e assolado pela pobreza. Vale salientar que pela economia

surinamesa ser predominada pela extração de minerais, está extremamente

suscetível a desastres climáticos, principalmente no tocante ao alto nível do mar. No

entanto, se encontra como o país de melhor performance no cenário econômico da

América Latina na última década.

Assim, o governo surinamês tem dado prioridade à promoção da diversificação

econômica, fortalecimento de serviços sociais e melhor manejo com os riscos de

desastres naturais.166

Os níveis de pobreza e desigualdade, embora apresentem melhoras no Suriname, continuam preocupantes. Em 2014, o país ficou em 100 dos 187 países na medição do Índice de Desenvolvimento Humano da PNUD. Há significativas desigualdades entre as áreas costeiras, predominadas pelos mais ricos, e as áreas interioranas ruralistas, predominadas pelos mais pobres.167

Quanto às questões de movimentos guerrilheiros, atualmente, não se verifica

mais a sua presença. Consta, no entanto, que entre 1986 e 1992, houve o embate

conflituoso entre a liderança que fazia oposição ao governo ditatorial militar. Os

opositores exigiam reformas democráticas e mais direitos às minorias. Houve um

cessar fogo em junho de 1989, mas a guerra voltou ainda mais violenta, matando

pessoas e destruindo aldeias. Em 1991, por fim, foram realizados acordos dando fim

ao conflito.168

3.29 REPÚBLICA DOMINICANA

Em sua primeira viagem para a América, em 1492, Colombo desembarcou na

Hispaniola, território hoje ocupado pela República Dominicana e pelo Haiti. Assim

165 The World Bank. O Grupo Banco Mundial Lança a Primeira Estratégia de Parceira de Países no

Suriname em 30 anos. Disponível em: <http://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2014/12/18/world-

bank-group-first-country-partnership-strategy-suriname-30-years>. Acesso em: 27 abr. 2015. 166 The World Bank. Suriname Overview. Disponível em:

<http://www.worldbank.org/en/country/suriname/overview>. Acesso em: 27 abr. 2015. 167 The World Bank. Suriname Overview. Disponível em:

<http://www.worldbank.org/en/country/suriname/overview>. Acesso em: 27 abr. 2015. 168 FINSLAB. Suriname: Guerra de Guerrilha. Disponível em: <http://finslab.com/enciclopedia/letra-

s/suriname-guerra-de-guerrilha.php>. Acesso em: 28 abr. 2015.

78

como, a maioria dos países do continente americano, a República Dominicana teve

uma história muito sangrenta que começa pela colonização espanhola, passando pela

a invasão do Haiti (1822-1844), pelos regimes totalitários de Trujillo, por uma

sangrenta guerra civil em 1965 e ainda sofreu graves consequências causadas pelos

furacões David e Frederic em 1979, que matou e desabrigou milhares de pessoas.

A República Dominicana é uma ilha localizada no Caribe (Ilha Hispaniola onde

também se localiza o Haiti), banhada pelo mar do caribe e pelo oceano atlântico, tendo

uma área total de 48,670 Km quadrados169. O país contém cerca de 10,349,741

milhões de habitantes170 e a língua oficial é o espanhol. A capital Dominicana é Santo

Domingo. Quanto a sua estrutura governamental, é importante mencionar que se

constitui uma república democrática, em que o atual presidente é Danilo Medina

Sánchez e o sua vice é Margarita María Cedeńo Lizardo. A mais recente constituição

do país foi promulgada no dia 26 de janeiro de 2010.

No que concerne ao enfrentamento da pobreza, segundo o Relatório de

Monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio de 2010 – ODM, 34%

da população da República Dominicana, em 2009, vivia na pobreza. Traduzindo, em

uma população de 9 milhões e 700 mil pessoas (2009), cerca de 3 milhões e 298 mil

eram pobres. No que tange ao nível de extrema o pobreza o pode-se dizer que 10,4%

da população dominicana vivia nessa condição. A meta a ser atingida pelo país é de

reduzir esse número para 5,4% até 2015171. No entanto, a própria PNUD acredita que

esse objetivo só se concretizará em 2020, tendo em vista que a questão da pobreza

também está atrelada à política fiscal como função redistributiva e da não ocorrência

de eventos de crise econômica de alto impacto no desenvolvimento172.

169 The World Factbook. 2014. Disponível em: < https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/dr.html> Acesso em: 9 mar. 2014. 170 The World Factbook. 2014. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/dr.html>. Acesso em: 9 mar. 2014.

171 NACIONES UNIDAS REPÚBLICA DOMINICANA. República Dominicana en datos: Pobreza. Disponível

em:< http://portal.onu.org.do/republica-dominicana/datos/pobreza/32>. Acesso em: 9 mar.2014

172 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Erradicar la pobreza extrema e

la fome: como vamos em República Dominicana?. Disponível em:

<http://www.do.undp.org/content/dominican_republic/es/home/mdgoverview/overview/mdg1/>. Acesso em: 9

mar. 2015.

79

Vale salientar que o país continua ultrapassando barreiras e atingindo cada vez

melhores resultados. O que pode ser comprovado pelo estudo realizado pelo

Ministério de Economia, Planejamento e Desenvolvimento – MEPyD e divulgado pelo

Palácio Nacional. Tais dados comprovam que entre setembro de 2012 e março de

2014, a taxa de pobreza do país caiu 6%173.

A formação de guerrilhas nacionais na República Dominicana é praticamente

inexistente, e se realmente houve algum movimento guerrilheiro a sua atuação não foi

tão significativa no contexto histórico deste país. No entanto, é importante mencionar

a intervenção militar norte americana ocorrida em 1965.

Na época a República Dominicana vivia num período de instabilidade política,

em decorrência do fim da era Trujillo no ano de 1961 (contabilizando 30 anos de

Ditatura). A intervenção militar no país ocorreu no período da guerra fria e “(...) a

possibilidade de que acontecesse com a República Dominicana algo similar a Cuba

em 1959 foi um dos motivos para que os EUA se interessassem pelo país.”174.

A instabilidade e o deficiente histórico democrático faziam com que a República

Dominicana se tornasse um alvo extremamente vulnerável a golpes comunistas e a

formação de movimentos guerrilheiros, sob o comando e financiamento cubano. Por

isso, que este território atraiu tanto atenção da nação norte americana, a ponto de

fazer com que a própria OEA aprovasse o envio de tropas para ocupar o país.

3.30 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Em março de 1500, Pedro Álvares Cabral navegador português, em busca das

Índias Orientais avistou o território brasileiro, o Brasil foi então descoberto no dia 22

de abril. Seu escriba Pero Vaz de Caminha narrou a chegada ao território,

173 El Día. Pobreza extrema se ha reducido significativamente en República Dominicana, según estúdio.

2014. Disponível em: <http://eldia.com.do/pobreza-extrema-se-ha-reducido-significativamente-en-republica-

dominicana-segun-estudio/>. Acesso em: 9 mar. 2015.

174 CASTILLO, José Loreto Julián. Bipolarização na América Latina: conflitos e parcerias em torno da

intervenção norte-americana na República Dominicana em 1965. 2014. Disponível em:

<http://bdm.unb.br/bitstream/10483/8220/1/2014_JoseLoretoJulianCastillo.pdf>. Acesso em: 01 maio 2015.

80

descrevendo o encontro com os índios, onde encontravam-se todos nus, carregando

arcos e flechas e possuíam a cor da pele diferente175.

Atualmente governado pela presidenta Dilma Rousseff, o Brasil é a sétima

economia do mundo, também constitui o maior país em área e população na América

Latina e o quinto maior do mundo, possui o real como moeda e seu idioma oficial é o

português176.

No que tange o enfrentamento da pobreza, há o Programa Bolsa Família. No

qual, é um programa integrante do Plano Brasil Sem Miséria, trata-se de uma política

assistencialista, baseado na transferência de renda para família residentes no

território nacional, cuja situação pode ser considerada de pobreza ou extrema

pobreza177. Segundo o artigo 2°, IV, b, da Lei n° 10.836/2004, o foco do programa está

em atender brasileiros, cuja renda familiar per capita é inferior a R$ 70,00 mensais.

Instituído pela Lei n° 10.836/2004 e regulamentado pelo Decreto n° 5.209/2004, a

distribuição de renda para essas famílias se dá por meio de um depósito, de um valor

que depende do tamanho da família, da idade de seus membros e da sua renda.

Ademais, é digno de nota que o programa abarca, também, benefícios específicos

para famílias que se encaixam numa condição especial, como é o caso de gestantes

e de mães que amamentam178.

Há também o PRONATEC – Programa Nacional de Acesso Técnico e

Emprego, que surgiu da fusão do Ministério da Educação com o Plano Brasil Sem

Miséria, contando também, com o financiamento do Governo Federal. Sua finalidade

é coordenar a oferta de vagas de qualificação profissional. Dessa forma, o programa

oferece, de forma gratuita, cursos de formação profissional e tecnológica, em todo o

território nacional, visando oferecer maiores oportunidades de inserção de seus

beneficiados no mercado de trabalho. Também oferece o material escolar a ser

utilizados, alimentação e transporte, e tem duração mínima de 160 horas. Além disso,

é importante frisar que o programa é executado juntamente às prefeituras municipais

175 Soul Brasileiro. Descobrimento e Colonização (1500-1808). Disponível em:

<http://soulbrasileiro.com.br/main/brasil/historia-do-brasil/1-descobrimento-e-colonizacao-1500-

1808/descobrimento-e-colonizacao-1500-1808/>. Acesso em: 07 mai. 2015. 176 The World Bank. Brasil: aspectos gerais. Disponível em:

<http://www.worldbank.org/pt/country/brazil/overview>. Acesso em: 07 mai. 2015. 177 MDS, Brasil. Bolsa Família. Disponível em: < http://www.mds.gov.br/bolsafamilia>. Acesso em 07 mai. 2015. 178 PLANALTO, Brasil. DECRETO Nº 5.209 DE 17 DE SETEMBRO DE 2004. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5209.htm>. Acesso em: 07 mai. 2015.

81

por meio da assistência social, estas responsabilizadas pela mobilização dos

beneficiários, pré-matrícula e acompanhamento dos alunos, atingindo, ainda, a esfera

dos governos estaduais, os quais também participam da execução179.

É relevante, também, citar a Farmácia Popular. Este programa destina-se a

toda a população, principalmente para os quais possuem dificuldade em manter

tratamentos de saúde por não poder custear os remédios e que geralmente não

buscam a utilização do Sistema Único de Saúde – SUS. Procura ampliar o acesso aos

medicamentos que são considerados essenciais ao tratamento de doenças que

ocorrem com mais frequência no Brasil, é realizado através do repasse de recursos

do Ministério da Saúde aos estabelecimentos farmacêuticos credenciados. Tem,

como por exemplo, os medicamentos para hipertensão, diabetes e contraceptivos que

ficam disponíveis em farmácias e drogarias privadas do país com valores até 90%

menor do que o normal180.

Sobre o tema guerrilhas, é importante destacar a Coluna Prestes. Este foi o

movimento liderado pelos militares que contrariavam o governo da república velha,

insatisfação instaurada pela falta de democracia, fraudes eleitorais, concentração de

poder nas mãos da elite agrária e a exploração das populações mais pobres pelos

coronéis. Iniciado no Rio Grande do Sul e depois de passar por 11 estados em 2 anos

e 6 meses, acabou dividindo-se. Uma parte do grupo foi para a Bolívia e a outra para

o Paraguai. Possuía cerca de 200 homens, porém em alguns momentos chegou a

contar com cerca de 1.500 pessoas, uma mistura de militares e simpatizantes do

movimento liderado por Luís Carlos Prestes.

Por conseguinte, houve também a Guerrilha do Araguaia. Ocorrida na década

de 1970, localizada na região sul do Pará, na divisa entre o Maranhão e Tocantins.

Caracterizou-se por ser um confronto desigual entres os combatentes revolucionários

e o repressor regime militar imposto pelo golpe de 1964, foi desencadeada em 12 de

abril de 1972, na fase mais violenta da ditadura militar, movimento armado, com

179 MDS, Brasil. PRONATEC. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/brasilsemmiseria/pronatec>. Acesso em:

07 mai. 2015. 180 CAIXA, Brasil. Farmácia Popular. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/farmacia-

popular/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 07 mai. 2015.

82

menos de 100 combatentes, resistiram bravamente por cerca de 3 anos às investidas

de mais de 12 mil homens das Forças Armadas181.

3.31 REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI

O Uruguai está situado na parte sudeste da América do Sul. Lá vivem cerca de

3,5 milhões de pessoas, a maioria em Montevidéu (capital do país) ou nos seus

arredores. Até 2005, quando Tabaré Vasquez do Partido Frente Ampla assumiu a

presidência, o Uruguai nunca tinha sido governado por um grupo de esquerda. Nas

eleições de 2010 a Frente Ampla logrou êxito novamente e conseguiu eleger José

“Pepe” Mujica, famoso mundialmente pelos seus hábitos humildes. Agora, em 2015,

Tabaré Vasquez voltou a governar o país.

Por conseguinte, nessa primeira década com a Frente Ampla no poder, a

República Oriental do Uruguai conseguiu reduzir a pobreza de 40% para 11%,

conforme assevera o Instituto Nacional de Estadística – INE182 e organismos

internacionais como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe -

CEPAL. Essa expressiva redução foi motivada principalmente pela geração de

empregos (segundo o Fundo Monetário Internacional, a taxa de desemprego para

2015 é de 6,9%, contra 22% em 2005183) e melhor distribuição de renda, já que os

10% mais ricos detêm 30% da renda gerada no país184. Esse aspecto coloca o Uruguai

como um dos países menos desiguais da América Latina.

No entanto, a inflação ainda é um problema para esse povo. O ministro da

Economia, Mario Bergara, na gestão de Mujica, afirmou que "a inflação não está fora

de controle, em absoluto. Está um pouco acima do que desejaríamos. Mas seria um

problema se não fosse previsível e alterasse as decisões, que não é o caso185". A

181 Portal Vermelho. Em caravana, UJS revive Coluna Prestes e Guerrilha do Araguaia. Disponível em:

<http://www.vermelho.org.br/noticia/240341-8>. Acesso em: 07 mai. 2015. 182 URUGUAI. INSTITUTO NACIONAL DE ESTADÍSTICA. Redução da Pobreza. Disponível em:

<http://www.ine.gub.uy/>. Acesso em: 14 mar. 2015. 183 FONDO MONETARIO INTERNACIONAL. Estudios económicos y financieros: Perspectivas

económicas. 2014. Pág. 18. Disponível em:

<http://www.imf.org/external/spanish/pubs/ft/reo/2014/whd/wreo0414s.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2015. 184 ITAÚ (Org.). O que ocorreu com a distribuição de renda e a pobreza na América Latina? 2014. Pág.

02. Disponível em:

<https://www.itau.com.br/_arquivosestaticos/itauBBA/contents/common/docs/20140815_MACRO_VISAO_Des

igualdade_de_Renda.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2015. 185 RODRIGO GARCÍA (Brasil). Menos desemprego e pobreza nos primeiros dez anos de esquerda no

Uruguai. R7 Notícias. São Paulo. 22 out. 2014. Disponível em: <http://noticias.r7.com/internacional/menos

desemprego-e-pobreza-nos-primeiros-dez-anos-de-esquerda-no-uruguai-22102014>. Acesso em: 14 mar. 2015.

83

pobreza ainda afeta principalmente os filhos e netos de afrodescendentes, esses

compõem a maior parte da população de rua.

O país do extremo sul também enfrenta problemas para resgatar os cidadãos

em situação de extrema pobreza, a maior proporção dessas pessoas vive em

Montevidéu e localidades urbanas com menos de 5000 habitantes186. Com o intuito

de superar esse desafio, o governo lançou o Plano Integrado de Proteção Social

baseado em cinco pilares: distribuição de renda nos moldes do programa bolsa-

família, apoio as mães das classes mais pobres com filhos de até três anos,

capacitação dos jovens em busca do primeiro emprego, identificação de famílias com

problemas internos e criação de um cartão de crédito para aquisição de produtos

essenciais.

Por fim, a oposição uruguaia argumenta “não ver nos programas sociais uma

porta de saída, o que demonstra a pouca efetividade dos resultados”, como afirmou o

deputado Juan Pedro Bordaberry. Outros reconhecem o êxito dos programas no

combate às razões econômicas da pobreza. Mas há outros aspectos, como a

urbanização de bairros pobres, que necessitam de estímulos.187

Hodiernamente, o Uruguai é um dos países latino-americanos com o período

democrático mais longevo, tal fato decorre do fim da ditadura militar ter se dado ainda

1984, nesta data seus vizinhos ainda se arrastavam numa difícil transição. No entanto,

nas décadas de 60 e 70, além da ditadura, o país platino conviveu com uma das

guerrilhas mais articuladas e atuantes do cone sul.

Ocorre que nos idos de 1960 o Uruguai não vivia mais o estado de bem-estar

social desfrutado nos anos da segunda guerra, isso ocorreu, pois o país deixou de ser

o grande fornecedor de carne e lã para as nações em confronto, tendo em vista o

reestabelecimento de suas economias188. Nesse contexto, surge o Movimento de

186 LARED21 (Uruguai) (Org.). Uruguai: pobreza diminui, mas crianças continuam muito afetadas. Portal

Vermelho. São Paulo, 29 mar. 2012. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/179489-7>. Acesso em:

14 mar. 2015. 187 FARINELLI, Victor. Uruguai impulsiona novo programa social para erradicar pobreza extrema. Opera

Mundi. São Paulo. 20 nov. 2012. Disponível em:

<http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25515/uruguai+impulsiona+novo+programa+social+para+erra

dicar+pobreza+extrema.shtml>. Acesso em: 14 mar. 2015 188 BRENO ALTMAN (Brasil). Quem foram os Tupamaros e como o movimento virou partido após

abandonar as armas. 2010. Disponível em:

<http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/5602/quem+foram+os+tupamaros+e+como+o+movimento

+virou+partido+apos+abandonar+as+armas.shtml>. Acesso em: 15 mar. 2015.

84

Libertação Nacional – Tupamaros. Élio Gaspari, no livro “A Ditadura Derrotada”, traça

o perfil do grupo

Pela esquerda, os Tupamaros, com 3 mil militantes, fizeram coisas nunca vistas e até mesmo difíceis de imaginar. Suas ações, iniciadas em 1968, eram românticas, vingativas, pirotécnicas. Eles assaltaram um cassino e devolveram as gorjetas dos crupiês pelo correio [..] Praticaram o maior roubo de joias dos tempos modernos, levando o equivalente a 6 milhões de dólares da caixa-forte de um banco189.

Por conseguinte, com o reestabelecimento da democracia e a libertação dos

membros do movimento Tupamaros, houve uma reorganização do grupo que

conseguiu se colocar como partido político e integrar uma aliança de legendas

denominada Frente Ampla. Os frenteamplistas governam o país desde 2005. Em 2010

o ex-tupamaro José “Pepe” Mujica foi eleito para a presidência.

Atualmente, o país não tem focos guerrilheiros e nem enfrenta grandes

problemas com o narcotráfico (outro agravante das guerrilhas na atualidade), mas em

2013 o governo de Mujica se ofereceu para mediar as relações de paz entre a

Colômbia e as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo

considerado como terrorista pelos Estados Unidos da América e União Europeia. As

negociações estão acontecendo em Havana, Cuba190.

3.32 SANTA LÚCIA

Santa Lúcia é um país localizado na América Central, mais precisamente nas

Pequenas Antilhas. Foi descoberto em 1502 pela Espanha. Santa Lúcia sofreu várias

tentativas de ocupação, mas, em 1660, a França se estabeleceu no país, gerando

uma longa e desgastante disputa com a Inglaterra. Mas, em 1814, através do Tratado

de Paris, a Grã-Betanha assumiu o total controle do território.

A economia do país está baseada no turismo e na agricultura. O turismo fornece

um grande número de empregos, e também constitui 65% do PIB no país. O setor

agrário é um dos mais diversos do Caribe. Existe uma grande produção de bananas,

189 GASPARI, Elio. O sacerdote e o feiticeiro: a ditadura derrotada. 3. ed. São Paulo: Companhia das

Letras, 2003. p. 334. 190 LUIS JAIME ACOSTA. Presidente uruguaio recomenda que Farc não peçam "o impossível" em diálogo

de paz. Reuters Brasil,13 ago. 2013. Disponível em: <http://migre.me/pdYZl>. Acesso em: 15 mar. 2015.

85

mangas e abacates. Porém, Santa Lúcia está muito exposta a choques externos,

como desastres naturais191.

A população tem uma boa representatividade do governo com o chamado

Seguro Social. O Seguro Social é, basicamente, uma ajuda de custo do governo para

pessoas que se encaixam nos padrões necessários para que esse seguro seja

recebido192. Dentro do Seguro Social existem vários programas menores, para certas

ocasiões, como ajuda para sobreviventes de guerra, para pessoas idosas

(aposentadoria), uma licença maternidade, entre outros.

3.33 SÃO VICENTE E GRANADINAS

No ano de 1719, as navegações francesas e inglesas chegaram às ilhas. Após

inúmeras disputas territoriais, com o Tratado de Versalhes a posse ficou para a Coroa

Britânica. Entre 1960 e 1962, São Vicente e Granadinas foi uma unidade

administrativa da Federação das Índias Ocidentais. A autonomia foi concedida em

1969 e a independência no ano de 1979.193

São Vicente e Granadinas é um arquipélago das Caraíbas, localizado a oeste

de Barbados, a sul de Santa Lúcia e a norte de Granada. Tem como ilha principal,

São Vicente, e dois terços das Granadinas são uma cadeia de pequenas ilhas de sul

de São Vicente até Granada.194 Seu território tem influência colonial britânica,

consequentemente é membro da Commonwealth – Comunidade de Nações

britânicas e do CARICOM – Comunidade do Caribe.

Atualmente o Estado é uma democracia parlamentar e monarquia

constitucional tendo como capital a cidade de Kingstown, principal centro urbano, e a

Rainha Elizabeth II como chefe de Estado. Esta representada no país

pelo Governador-geral, Sir Frederick Ballantyne. A economia baseia-se na agricultura,

e o setor turístico está em desenvolvimento, juntamente com as indústrias. O governo

191 CIA. Saint Lucia. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/st.html>. Acesso em: 21 abr. 2015. 192 POLICY, Office Of Retirement And Disability. Social Security Programs Throughout the World: The

Americas, 2007. Disponível em: <http://www.socialsecurity.gov/policy/docs/progdesc/ssptw/2006-

2007/americas/saint_lucia.html>. Acesso em: 21 abr. 2015. 193 Internet Nations. São Vicente e Granadinas. 2012. Disponível em: <

https://sites.google.com/site/internetnations/o-mundo/caribe/sao-vicente-e-as-granadinas>. Acesso em 22 mar.

2015. 194 Skaphandrus. São Vicente e Granadinas. 2014. Disponível em: < http://skaphandrus.com/pt/scuba-dive-

locations/info/country/S%C3%A3o-Vicente-e-Granadinas>. Acesso em: 22 mar. 2015.

86

tem tido pouco sucesso em relação a diversificação da economia, bem como em atrair

novas indústrias. A elevada taxa de desemprego foi um fator relevante na saída de

pessoas do país. Como também, o elevado nível de endividamento público, impede o

Estado de investir em programas sociais e de responder a choques externos.195

No ano de 2011, os gastos com a saúde pública era de 4% do PIB, e cerca de

95% da população usufruía de água potável. Sobre a mortalidade infantil, esta foi de

21 por 1.000 nascidos vivos em 2012. E no ano de 2010, 5% do PIB era destinado a

educação. O ensino superior é através da Universidade Regional das Índias

Ocidentais, e seus principais campos estão em Barbados, Jamaica e Trinidad e

Tobago.196

4. ORGANIZAÇÕES E PAÍSES OBSERVADORES

Por fim, o presente capítulo traz aspectos relacionados às delegações

observadoras da Cúpula da CELAC simulada. A partir das informações aqui contidas,

os senhores e senhoras delegados e delegadas poderão compreender como se dá a

relação internacional entre a região latino-americana e caribenha e as nações e

organismos que se encontram fora de tal região. Torna-se essencial entender tais

relações não apenas do ponto de vista político, mas, também, econômico e histórico,

de forma a procurar mantê-las enquanto estratégia de cooperação internacional.

Compreender a conjuntura atual da América Latina e Caribe significa compreender as

raízes históricas que nos trouxeram até aqui.

4.1 BANCO MUNDIAL – BM

O Banco mundial é um grupo de instituições financeiras, em que a principal a

meta a ser alcançada é o crescimento econômico e a cooperação a nível global. Este

organismo é produto de acordos estabelecidos na Conferência de Bretton Woods,

ocorrida nos Estados Unidos, no mês de julho de 1944, no período pós-guerra.

Inicialmente, o Banco Mundial desempenhou um papel extremamente importante na

195 Internet Nations. São Vicente e Granadinas. 2012. Disponível em: <

https://sites.google.com/site/internetnations/o-mundo/caribe/sao-vicente-e-as-granadinas>. Acesso em: 22 mar.

2015. 196 The Commonwaelth. St Vincent and The Grenadines: Society. London 2015. Disponível em: <

http://thecommonwealth.org/our-member-countries/st-vincent-and-grenadines/society>. Acesso em: 2 abr. 2015.

87

reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial. O seu primeiro empréstimo

foi concedido em 1947, com fim de ajudar a França a recuperar a sua economia num

momento tão frágil da história mundial. O valor emprestado foi de 250 milhões de

dólares197 e durante um bom tempo o foco do Banco Mundial era exatamente auxiliar

os países em situação semelhante.

A criação desta instituição representou um marco na economia mundial, visto

que proporcionou uma melhor regulamentação das relações econômicas entre as

Nações-Estados. O Grupo Banco Mundial, tem sua sede em Washington, e é

constituído pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento –

BIRD, pela Associação Internacional de Desenvolvimento – AID, pela Sociedade

Financeira Internacional – SFI, pela Agência Multilateral de Garantia de Investimentos

– MIGA e pelo Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre

Investimentos – ICSID. Vale mencionar, que a designação de Grupo Banco Mundial –

GBM se refere às cinco instituições, o termo Banco Mundial – BM diz respeito apenas

ao BIRD e à AID.

Atualmente, a reconstrução continua a ser uma peça importante na atuação do

órgão. No entanto, a redução da pobreza através de uma globalização mais inclusiva

e sustentável é o foco principal do Banco Mundial.

O Banco Mundial é uma espécie de cooperativa constituída por 188 nações.

Estes países membros, ou acionistas, são representados por um Conselho de

Governadores. Geralmente, os governadores são ministros dos países membros das

finanças ou ministros de desenvolvimento. Normalmente, se reúnem uma vez por ano

nas Reuniões Anuais das Assembleias de Governadores do Grupo Banco Mundial e

do Fundo Monetário Internacional. O atual Presidente do Grupo Banco Mundial

chama-se Jim Yong Kim e este é responsável pela gestão global do Banco.

197 THE WORLD BANK. Archives: World Bank History. 2013. Disponível em:

<http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/EXTABOUTUS/EXTARCHIVES/0,,contentMDK:20053333

~menuPK:63762~pagePK:36726~piPK:437378~theSitePK:29506,00.html>. Acesso em: 30 abr. 2015.

88

Sobre a atuação do Banco Mundial na América Latina e Caribe, é importante

mencionar que existe uma estratégia voltada para extinguir a extrema pobreza na

região até 2030 e para ‘’fomentar la prosperidad compartida’’198. Sendo assim, o

trabalho desta instituição se pauta nas seguintes áreas: produtividade, educação,

acesso aos serviços públicos e crescimento inclusivo e sustentável.

O Banco apoia a agenda de Desenvolvimento Econômico da América Latina,

mediante suporte financeiro. Durante o ano de 2014, o Grupo Banco Mundial investiu

cerca de 10.200 milhões de dólares em 43 novos projetos regionais199. Tais projetos

são de inciativa pública e/ou privada que buscam ampliar os serviços públicos,

melhorar a produtividade, competitividade e integração regional, e ajudar os mais

necessitados. Um exemplo que deve ser citado é o financiamento estudantil/

universitário, que beneficia inúmeros estudantes no México, na Columbia, em El

Salvador e nas Honduras. Iniciativas como estas são de extrema importância, já que

a educação também é um meio de enfrentamento da pobreza.

4.2 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Os Estados Unidos que atualmente é governado pelo presidente Barack

Obama, possui uma divisão administrativa de 50 estados e tem Washington como

capital federal e tem sua moeda própria, o dólar norte-americano.

Na 3ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos –

CELAC, os chefes de Estado e de governo deste bloco celebraram duas conquistas:

a decisão dos Estados Unidos de passar a ter relações com Cuba, depois de meio

século, e também a aproximação com a China, que entre suas promessas, disse que

iria duplicar o intercâmbio comercial com a região e que seria investido 250 bilhões de

dólares na próxima década, além destas conquistas um dos temas principais foi a

erradicação da pobreza.

Ricardo Patiño o chanceler do Equador disse em entrevista que a virada na

política norte-americana em relação a Cuba foi “um gesto político” para toda a região,

mas não foi o suficiente. Além disso, afirma “os Estados Unidos já não são mais nosso

198 EL BANCO MUNDIAL. América Latina y el Caribe : panorama general: Estrategia. 2014. Disponível

em: <http://www.bancomundial.org/es/region/lac/overview#2>. Acesso em: 30 abr. 2015. 199 EL BANCO MUNDIAL. América Latina y el Caribe : panorama general: Resultados. 2014. Disponível

em: <http://www.bancomundial.org/es/region/lac/overview#3>. Acesso em: 30 abr. 2015.

89

sócio privilegiado. Agora, o sócio privilegiado é a China e também a Europa, a Rússia

e muitos outros países.”200.

4.3 HUMAN RIGHTS WATCH – HRW

Trata-se de uma organização independente, pois não recebe, direta ou

indiretamente, recursos de governos nem de setor privado, além de se manter

imparcial politicamente, e internacional, pois atua ao redor do mundo, como parte de

um movimento a favor da dignidade da pessoa humana e do avanço da causa dos

direitos humanos. Além disso, tem como missão defender os direitos de todas as

pessoas ao redor do mundo.

Fundada em 1978, a Human Rights Watch é conhecida pela averiguação exata e imparcial de relatórios, utilização eficaz dos meios de comunicação e advocacia orientada, muitas vezes, em parceria com grupos locais de direitos humanos. A cada ano, a Human Rights Watch publica mais de 100 relatórios e apurações sobre as condições dos direitos humanos em 90 países, gerando uma ampla cobertura nos meios de comunicação locais e internacionais. Com isso, a Human Rights Watch reúne-se com governos, ONU, grupos regionais, como a União Africana e da União Europeia, instituições financeiras e corporações para pressionar por mudanças nas políticas e práticas que promovam os direitos humanos e por justiça em todo o mundo201.

A equipe de profissionais do Human Rights Watch engloba advogados,

jornalistas, especialistas e diversos outros em várias nacionalidades, totalizando,

aproximadamente, 400 membros no mundo inteiro. Tais profissionais conduzem

missões e investigações sobre violações de direitos humanos, de modo a apurar sob

um ponto de vista imparcial as condições dos direitos humanos em 90 países ao redor

do mundo. Todas essas apurações são utilizadas por meio de militância e pressão

sobre aqueles que estão em posição de poder, em busca de uma aplicação plena e

justa destes direitos.

Os países latino-americanos que são englobados pelo trabalho da ONG são:

Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana,

Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua,

Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.

200 EBC – Agência Brasil. Relação Cuba-EUA e aproximação com a China são temas da CELAC. Disponível

em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-01/relacao-cuba-eua-e-aproximacao-com-china-

sao-temas-da-celac>. Acesso em: 07 mai. 2015. 201 HRW – Human Rights Watch. Disponível em: <http://www.hrw.org/node/75136>. Acesso em: 01 mai. 2015.

90

4.4 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU

A Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sua sigla ONU, é

uma organização de nível internacional formada por 193 países membros. Este

organismo surgiu num contexto de extrema instabilidade na política externa,

principalmente devido a Segunda Guerra Mundial. Tal conflito deixou o mundo

devastado e a própria comunidade internacional sentiu a necessidade de criar um

instrumento de cooperação, que fosse capaz de manter paz mundial.

No dia 24 de Outubro de 1945, nasceu oficialmente a ONU, quando a Carta

das Nações Unidas foi ratificada pelos 51 membros fundadores, entre eles podemos

mencionar alguns integrantes da própria CELAC, tais como: Bolívia, Brasil, Chile,

Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras,

México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Republica Dominicana, Uruguai e

Venezuela202.

Vale mencionar, que este organismo internacional baseia-se em princípios

como o da igualdade, da soberania e da boa fé, visando sempre o cumprimento dos

ditames da carta. E também defende a utilização de meios pacíficos para a resolução

de conflitos internacionais, buscando assim a manutenção da paz entre todas as

nações. Além disso, a ONU procura

Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de caráter econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais203.

Quanto a sua estrutura organizacional, é importante citar os principais órgãos

em funcionamento são: a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho

Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o

Secretariado.

Atuação da ONU na América Latina e Caribe se dá por meio de seus Órgãos,

Agências especializadas, Fundos, Programas, Comissões, Departamentos e

202 ONU (Brasil). SOBRE A ONU. 2014. Disponível em: <http://nacoesunidas.org/conheca/>. Acesso em: 19 abr.

2015.

203 ONU (Brasil). Propósitos e princípios da ONU. 2014. Disponível em:

<http://nacoesunidas.org/conheca/principios/>. Acesso em: 19 abr. 2015.

91

Escritórios. Sendo assim, é importante mencionar o Escritório Regional para América

do Sul do ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos)

cujo objetivo é proteger os direitos humanos. Sua atuação abrange os seguintes

países: Argentina, Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela. As prioridades temáticas

deste escritório são a pobreza, a impunidade, a descriminalização e o estado de direito

Além disso, em novembro de 2004, no 20º aniversário da Declaração de

Cartagena sobre Refugiados, foi estabelecido o Plano de Ação do México que

pretende definir estratégias de proteção de refugiados na América Latina. Nesse

sentido, foram criados programas como o de Reassentamento Solidário, Fronteiras

Solidárias e Cidades Solidárias, objetivando melhorar a atuação deste plano na

região.

O Centro RIO + é uma instituição que foi criada no âmbito do Hemisfério Sul, e

pretende estimular a cooperação sul-sul. O seu principal objetivo é promover o

desenvolvimento por meio de práticas sustentáveis.

A ONU é constituída por cinco comissões regionais e uma delas é a Comissão

Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Uma das suas funções é

monitorar a aplicação de políticas públicas para o desenvolvimento econômico da

região, assim como promover a cooperação entre os países. A CEPAL tem um papel

essencial, na elaboração de estudos de cunho socioeconômico envolvendo toda a

América Latina e Caribe. Ultimamente, a CEPAL têm dedicado o seus estudos a

questões voltadas para consolidação de sociedades plurais e democráticas.

92

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),

também tem uma linha de atuação na região. O seu principal objetivo é erradicar a

fome e a insegurança alimentar, problemas que atingem tanto a América Latina, como

o Caribe.

E finalmente, não poderíamos deixar de citar a Organização Pan-Americana da

Saúde que é um organismo internacional de saúde pública, que atua nas Américas

como um todo. E a sua principal função é melhorar as condições de saúde de todos

os países americanos, através de políticas e serviços públicos voltados para esta

questão.

No que tange ao contexto latino americano, a ONU teve um papel fundamental

na mediação de diversos conflitos internos, tais como: a guerra civil guatemalteca

(1960-1996), a guerra civil de El Salvador (1980-1992) e etc.204

4.5 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA

A OEA é um organismo regional do continente Americano, também

considerado o mais influente do mesmo. A OEA reúne, em seu total, 35 países

membros205. Foi criada três anos depois da ONU, e é o organismo regional mais

antigo, tanto Americano, quanto mundial. A carta organizacional, redigida e assinada

pelos países membros em 1967, consta que um dos motivos da criação da OEA é

conseguir uma ordem de paz e de justiça, para promover uma solidariedade entre os

estados membros, intensificar sua colaboração e defender a soberania, sua

integridade territorial e sua independência206. Na mesma carta também estão

presentes os princípios e metas da OEA, que são, em ordem:

a. Garantir a paz e a segurança continentais;

b. Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio da

não-intervenção;

204 UNRIC. Informação sobre a ONU. 2013. Disponível em: <http://www.unric.org/pt/informacao-sobre-a-

onu>. Acesso em: 19 abr. 2015. 205 AMERICANOS, Organização dos Estados. Estados Membros. 2015. Disponível em:

<https://www.oas.org/pt/sobre/estados_membros.asp>. Acesso em: 01 maio 2015. 206 AMERICANOS, Organização dos Estados. CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS

AMERICANOS. 1967. Disponível em: <http://www.oas.org/dil/port/tratados_A-

41_Carta_da_Organização_dos_Estados_Americanos.htm#ch3>. Acesso em: 01 maio 2015.

93

c. Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução pacífica

das controvérsias que surjam entre seus membros;

d. Organizar a ação solidária destes em caso de agressão;

e. Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que

surgirem entre os Estados membros;

f. Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento econômico,

social e cultural;

g. Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno

desenvolvimento democrático dos povos do Hemisfério; e

h. Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita

dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos

Estados membros.

Essa carta foi criada e assinada em 1948, na Colômbia, e entrou em vigor em

1951207.

Em 31 de Janeiro de 1962 uma resolução para Cuba foi suspensa da OEA por

apresentar um novo caráter socialista e ir contra os princípios dos países membros,

mas, em 2009, essa resolução foi suspensa, o que deixa claro que a Cuba pode

novamente ingressar na comunidade de estados Americanos208.

A OEA é uma parceira da CELAC. Em Janeiro de 2014, a OEA participou da

cúpula, que, inclusive, aconteceu em Cuba. Os organismos se complementam.

Um novo secretário-geral pra OEA foi eleito esse ano, o ex-chanceler Luis

Almagro. Segundo ele, a OEA precisa encontrar mais credibilidade entre os países

membros, e cita os 4 pilares para que isso aconteça: democracia, direitos humanos,

segurança multidimensional e desenvolvimento integral209. Ultimamente vários

207 AMERICANOS, Organização dos Estados. Quem Somos. 2015. Disponível em:

<http://www.oas.org/pt/sobre/quem_somos.asp>. Acesso em: 01 maio 2015. 208 SATO, Paula. O que significa o fim da suspensão de Cuba da Organização de Estados Americanos (OEA)?

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/significa-fim-suspensao-cuba-

organizacao-estados-americanos-oea-474931.shtml>. Acesso em: 01 maio 2015. 209 MASERI, Sergio Gómez. ‘Não me interessa ser administrador da crise da OEA, senão o facilitador da

renovação’. 2015. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/nao-me-interessa-ser-administrador-da-

crise-da-oea-senao-facilitador-da-renovacao-15681048>. Acesso em: 01 maio 2015.

94

problemas vêm surgindo em questão da OEA estar desacatando a soberania nacional,

como, por exemplo, quando ela pediu melhorias em presídios brasileiros210.

O problema com a quebra da soberania nacional entre os países participantes

da OEA não é recente. Em 1965, durante a segunda intervenção militar na República

Dominicana211, a OEA se mostrou favorável à invasão. Isso vai contra o que foi

assinado em 1948, pois interferiu diretamente na soberania nacional da República

Dominicana.

4.6 REINO DA ESPANHA

O poderoso império espanhol se deu entre os séculos XVI e XVII com a

descoberta e exploração das Américas. No entanto, ao falhar no processo de

mercantilização e industrialização do país o levou a ficar atrás de países como

Alemanha, França e Bélgica, em termos de desenvolvimento. Se encontra no

Sudoeste europeu, fronteiriço ao Mar Mediterrâneo e ao Oceano Atlântico.

Não se envolveu durantes as duas grandes guerras mas sofreu com o estopim

de uma guerra civil entre 1936 e 1939. Após a era do Franquismo, houve uma

transição pacífica para a democracia e um rápido processo modernizador que o fez

campeão mundial em liberdade e direitos humanos. Em 2008 sofreu grandes

recessões frente a crise econômica mundial, aumentando rapidamente os níveis de

desemprego no país. Seu crescimento econômico foi retomado em 2013, no entanto

o alto desemprego continuou a pesar. Hoje, o consumo privado ajudou a elevar o PIB

do país e algumas contrações de garantias sociais e a volta de alguns impostos têm

sendo significativos quanto ao enfrentamento da crise, mas gerando uma receita

inferior à média da União Europeia.212

As relações internacionais estabelecidas entre a Espanha e a América Latina

nos remete a era mercantilista, quando a América fora descoberta e colonizada pelos

210 Corte de direitos humanos da OEA pede melhorias em presídio do RS. 2014. Disponível em:

<http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/01/corte-de-direitos-humanos-da-oea-pede-melhorias-em-

presidio-do-rs.html>. Acesso em: 01 maio 2015. 211 CASTILLO, José Loreto Julián. Bipolarização na América Latina: conflitos e parcerias em torno da

intervenção norte-americana na República Dominicana em 1965.2014. Disponível em:

<http://bdm.unb.br/bitstream/10483/8220/1/2014_JoseLoretoJulianCastillo.pdf>. Acesso em: 01 maio 2015. 212 CIA – Central Intelligence Agency. SPAIN. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-

world-factbook/geos/sp.html>. Acesso em: 01 mai. 2015.

95

espanhóis e portugueses. São laços históricos estabelecidos através de períodos

seculares de descoberta de regiões, exploração de sua rica e vasta natureza além de

um grande impulso catequizador que buscava mais adeptos ao catolicismo que

majorava na Espanha.

No entanto, em plena era contemporânea,

Desde o início da transição democrática espanhola, em 1976, a política externa passou a ser alvo de atenção crescente no país, incluindo uma chave do mesmo tamanho, a política latino-americana. Não só por razões de identidade e afinidades históricas, linguísticas e culturais, mas também por causas econômicas e sociais, tem sido objeto de uma análise mais

aprofundada213.

Bartolomé (2014) deixa claro, também, que esta ideia partiu de uma estratégia de

política externa que visava uma proximidade maior da Europa com a América Latina,

sendo a Espanha membro da União Europeia, a melhor ponte de comunicação entre

os dois continentes. Para isto, a partir da década de oitenta, a Espanha passou a

apoiar a redemocratização dos países latino-americanos que sofreram décadas de

ditaduras. Superado este evento, passou a apoiar movimentos de integração através

de esforços em busca de mais desenvolvimento econômico.

4.7 REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA DO NORTE

Reino Unido é o termo utilizado para o grupo de 4 países: Inglaterra, Irlanda do

Norte, Escócia e País de Gales. A ligação principal com a CELAC, e com a América

Latina, são os países que foram colonizados por ele, entre eles a polêmica ilha

Malvinas (Falklands)214 e Bermudas.

Como esperado, a CELAC da um apoio no conflito das Malvinas a um país

Latino, no caso a Argentina215 (o conflito é entre a Inglaterra e a Argentina).

213 BARTOLOMÉ, M. (2015). Relaciones entre España y América Latina en el Ámbito de la Defensa. Revista De

Relaciones Internacionales, Estrategia y Seguridad, 10 (1), pp.111,131. 214 RIBEIRO, Ana Karoline Linhares; BRANCO, Maria Isabel Boavista Gomes Castelo; SILVA, Nathane Cristian

Lima da; Costa, Nayara Hanna Santiago. Conflito das Ilhas Malvinas: análise da disputa diplomática

Argentina-Inglaterra. 2013. Disponível em: <http://ambito-

juridico.com.br/site/?artigo_id=13191&n_link=revista_artigos_leitura>. Acesso em: 01 maio 2015. 215 Argentina agradeceu o apoio da CELAC. 2015. Disponível em: <http://lainfo.es/pt/2015/01/29/argentina-

agradeceu-o-apoio-celac-ilhas-malvinas/>. Acesso em: 01 maio 2015.

96

Também é importante salientar que alguns países participantes da CELAC

fazem parte da Commonwealth e reconhecem a Rainha Elizabeth II como chefe de

estado.

Além disso, o Reino Unido mantem vários acordos comerciais com vários

países Latinos, como, por exemplo, o Brasil216.

4.8 REPÚBLICA FRANCESA

O motivo maior de uma relação, mesmo que indireta, entre a França e a CELAC

são os países que foram descobertos e colonizados pela mesma, como a Guiana

Francesa, na América Latina. Já no Caribe, a França possui uma maior

representação. Os países caribenhos que foram descobertos ou colonizados pela

França são: República Dominicana217, Haiti, Guadalupe, Martinica e Santa Lucia.

A França possui um dos maiores PIB na economia global, sendo o 5° maior no

mundo, o 2° de toda a Europa218.

Obviamente a França não possui um poder de decisão sobre nenhum conteúdo

de questão material na CELAC, tendo em vista que não é um país da América Latina,

mas, mesmo assim, pode ser considerado um país observador. Mas isso não impede

a França de participar de outras organizações entre grupos de países. A França faz

parte da ONU (Organização das Nações Unidas (Sendo membro permanente do seu

conselho de segurança, inclusive com poder de veto)), SPC (Secretariado Da

Comunidade do Pacífico), G8, OMC (Organização Mundial do Comércio), COI

(Comissão do Oceano Índico), OTAN (Organização do Tratado do Atlântico (sendo

membro fundador)), OIF (Organização de Francofonia (Organização de países que

216 GIRALDI, Renata. Brasil e Reino Unido firmam acordos econômicos e ampliam parceria para as

Olimpíadas de 2016. 2012. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-09-28/brasil-

e-reino-unido-firmam-acordos-economicos-e-ampliam-parceria-para-olimpiadas-de-2016>. Acesso em: 01 maio

2015. 217 BVAL. França. Disponível em:

<http://www.bvmemorial.fapesp.br/php/level.php?lang=pt&component=41&item=42>. Acesso em: 01 maio

2015. 218 Ranking PIB Mundial 2015: Instabilidade econômica derrubará Brasil para a 8ª posição. Disponível em:

<http://www.aviculturaindustrial.com.br/noticia/ranking-pib-mundial-2015-instabilidade-economica-derrubara-

brasil-para-a-8a-posicao/20150223171553_Z_156>. Acesso em: 01 maio 2015.

97

falam Francês)). E, como mais importante para o contexto atual, a AEC (Associação

dos Estados do Caribe)219.

4.9 REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

A República Popular da China, ou simplesmente China é o maior país da Ásia

Oriental e o mais populoso do mundo. Durante séculos China ficou conhecida como

uma civilização líder na inovação cientifica e artística. Mas durante o século XX, o país

foi assolado por grandes agitações civis, fomes, derrotas militares e ocupação

estrangeira.

Com o termino da Segunda Guerra Mundial, foi instaurado um sistema

socialista de governo liderado por Mao Tsé-Tung, durante este período a China

tornou-se um país de economia fechada. Apenas no fim dos anos 70, durante o

governo Deng Xiaoping, que a China se abriu aos investimentos estrangeiros.

Atualmente, a economia chinesa é uma das mais competitivas do mundo.

Após a sua reabertura, a China têm se mostrado defensora de princípios

diplomáticos e da cooperação a nível internacional. Esta “já chamou a atenção para

seu caminho de desenvolvimento pacífico e seu papel na manutenção da paz e na

estabilidade mundiais com base na sua história de relações regionais e tradições

teóricas.” 220

Quanto a sua estrutura governamental, é importante mencionar que se constitui

um Estado Socialista, em que o atual presidente é XI Jinpinge e seu vice é LI

Yuanchao. A mais recente constituição do país foi promulgada no dia 4 de dezembro

de 1982 e sua capital se localiza da cidade de Beijing221.

Um dos grandes avanços da CELAC foi o estabelecimento do Foro CELAC-

China. Sendo este o primeiro mecanismo de interlocução externa formalizada pela

Comunidade com um país subdesenvolvido. A Primeira Reunião de Ministros e

219 France International Organization Participation. Disponível em:

<http://www.indexmundi.com/france/international_organization_participation.html>. Acesso em: 02 maio 2015. 220 LEITE, Alexandre César Cunha; MÁXIMO, Jéssica Cristina Resende. Através dos Olhos do Dragão: Um

Estudo sobre o Campo das Relações Internacionais na China. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 35, n.

1, p.231-259, 02 jul. 2013. Disponível em: <http://contextointernacional.iri.puc-rio.br/media/8artigo351.pdf>.

Acesso em: 01 maio 2015. 221 The World Factbook. 2014. Disponível em: < https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/geos/ch.html > Acesso em: 30 abr. 2014.

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Ministras das Relações Exteriores do Foro CELAC-China, foi celebrada nos dias 8 e

9 de Janeiro de 2015. Nesta ocasião foi a aprovado o Plano de Cooperação 2015-

2019, em que os signatários firmaram o compromisso que visa ampliar o comercio e

os investimentos entre os países da comunidade e a China, com ênfase em produtos

industrializados e de alta tecnologia. O objetivo é que todos se beneficiem no campo

econômico e também se pretende aumentar os mecanismos de dialogo e cooperação

entre os países signatários.

Segundo o Ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira

Inauguramos um mecanismo com potencial para conceber e implementar novas iniciativas que reforcem e diversifiquem o relacionamento sino-latino-americano e caribenho. Lançamos, hoje, uma parceria duradoura, equilibrada e plena de possibilidades.222

5. CONCLUSÃO

Por fim, senhores e senhoras delegados e delegadas, intentou-se, por

meio do presente estudo, trazer os principais pontos acerca da questão da pobreza

na América Latina e sobre a formação e conjuntura dos movimentos guerrilheiros

nesta mesma região, de modo a melhor contribuir na formação do conhecimento

acerca da América Latina e para propor um debate ainda mais enriquecedor durante

os dias de simulação.

Ressaltamos, no entanto, a necessidade de aprofundamento dos seus

respectivos estudos para melhor compreensão dos temas e, principalmente, das

delegações que serão representadas. Como pôde ser notado, trouxemos pontos bem

genéricos acerca de cada delegação, membro ou observadora, com o intuito

meramente orientador e, não, de aprofundamento. Posto isso, é necessário respaldar

os estudos em pesquisas que os liderem na compreensão de toda conjuntura

internacional, política e econômica que a delegações estão inseridas para um

desempenho mais satisfatório.

222 Blog do Planalto Presidência da República. Grupo Celac-China decide ampliar investimentos mútuos a

US$ 250 bilhões em dez anos. 2015. Disponível em: <http://blog.planalto.gov.br/grupo-celac-china-decide-

ampliar-investimentos-mutuos-a-us-250-bilhoes-em-dez-anos/>. Acesso em: 01 maio 2015.

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É com muita satisfação que oferecemos o presente trabalho como

construção de novas experiências acadêmicas.

Que venha a simulação!

Avante, América Latina!