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MARINHA DO BRASIL CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS DE NÁUTICA THALITA SALES DA SILVA SOUZA RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA MERCANTE RIO DE JANEIRO 2017

MARINHA DO BRASIL CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE … · 2020. 4. 3. · A Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante – EFOMM e o Centro de Instrução Almirante Graça

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MARINHA DO BRASIL CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS DE NÁUTICA

THALITA SALES DA SILVA SOUZA

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA MERCANTE

RIO DE JANEIRO

2017

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THALITA SALES DA SILVA SOUZA

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA MERCANTE

Monografia apresentada como exigência para obtenção do título de Capitão de Cabotagem do curso de Aperfeiçoamento de Oficiais de Náutica, ministrado pelo Centro de Instrução Almirante Graça Aranha. Orientadora: Dra. Cláudia Adler Segadilha.

RIO DE JANEIRO

2017

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THALITA SALES DA SILVA SOUZA

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA MERCANTE

Monografia apresentada como exigência para obtenção do título de Capitão de Cabotagem do curso de Aperfeiçoamento de Oficiais de Náutica, ministrado pelo Centro de Instrução Almirante Graça Aranha

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Profª. Orientadora Dra. Cláudia Segadilha Adler

__________________________________________________________

Prof. Marcelo Muniz Santos

__________________________________________________________

Prof. Henrique Vaicberg

Data da aprovação: ____/____/____

Nota Final: _______________

RIO DE JANEIRO

2017

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DEDICATÓRIA

Primeiramente dedico e agradeço a Deus, por ter concedido esta bênção de poder participar deste curso. A minha família, pelo apoio e incentivo. Aos meus comandantes por toda orientação e admoestação e toda equipe de bordo, que tive satisfação em trabalhar. Para meditação: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem às fontes da vida.” Provérbios 4:23

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AGRADECIMENTOS

À TRANSPETRO – Petrobras Transporte S.A, na pessoa do Gerente Executivo de Operações de Navio CLC José Menezes de Oliveira Filho e Gerente Executivo de Controle Integrado, conformidade e manutenção de Transporte Marítimo OSM Jorge Luis Emmanuel da Silva e Gerente da GETRAM 1 Cassio Lopes Guimarães. A Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante – EFOMM e o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha – CIAGA. A minha orientadora Prof(a). Dra. Cláudia Adler, por ter me instruído nesta caminhada. A prof(a) Laís Raissa Lopes Ferreira pela paciência e organização do curso de APNT. Aos CLC Carlos Alberto Costa, CLC Raimundo Nonato Gonçalves Bentes e CCB Frederico Guimarães Barbosa, por terem acreditado no meu profissionalismo, conduta e pela indicação para cursar o tão sonhado APNT. A minha tia Gizelda, pelas palavras de força, superação e sua história de vida, que foi de muita garra e determinação. Aos meus pais Josete e Teosébio, pelo cuidado e educação. Aos meus irmãos Taciana, Tiago, Antonio e minha irmã gêmea Thaisa por todo amor, apoio e atenção, sempre me motivando e testificando que seria capaz de alcançar os meus sonhos, pois quem capacita é Deus. As primas Maria Eterilda pela ajuda com o material didático, Mariana e Letícia, pelos momentos de descontração e alegria. Aos tios Eliezer e Márcia pela acolhida na cidade maravilhosa. Aos colegas de turma pelo companheirismo e por este período juntos, passando experiências e vivências de situações rotineiras e de emergência a bordo. A cada um que Deus me deu de presente para juntos fazermos a nossa parte, nos ajudando mutualmente Obrigado Jesus por tantas bênçãos derramadas sobre todos. Dê a sabedoria e lucidez para cumprir a missão e comandar com a razão, mas também com o coração e o Teu amor, para tua satisfação do teu líder, porque isto é agradável aos olhos do teu Criador.

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EPÍGRAFE

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.” (Antonie de Saint-Exupéry)

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RESUMO

A liderança é um processo de influência exercido por uma pessoa por meio do qual um indivíduo ou grupo é orientado para o estabelecimento e o alcance de determinadas metas. Essa influência pode ser exercida de diversas formas, desencadeando vários estilos. O líder, seja por posição ou influência, pode estabelecer atitudes de comportamento positivas ou negativas em relação à forma como gere as emoções e os relacionamentos. Quando as lideranças estabelecem vínculos seguros propiciam o desenvolvimento de relações de confiança. Desse modo, o tema do presente estudo é o relacionamento interpessoal do comandante na marinha mercante. Tem-se por objetivo tratar das principais teorias sobre o tema liderança e como tais teorias podem ser aplicadas no dia-a-dia do líder máximo de uma embarcação naval representado pela figura do comandante. Tem-se por inspiração básica, além das considerações de renomados autores para fins de discorrer sobre tão importante tema os ensinamentos transmitidos através da obra do Capitão-de-mar-e-guerra D. Michael Abrashoff “Este barco também é seu”, onde o comandante oferece generosamente suas experiências que podem ser aplicadas por qualquer líder em qualquer organização. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, realizada através de livros, artigos acadêmicos, periódicos, bem como publicações em meio virtual. Palavras-chave: Liderança. Relacionamento. Interpessoal. Confiança.

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ABSTRACT Leadership is an influential process generally exerted by a person, and by this way another person or group is guided to the establishment and to the reach of several goals. Such influence can be exerted in many ways, initiating several styles. The leader, either through position or influence, can establish positive or negative behavioral attitudes according to how he manages emotions and relationships. When leaders establish secure bonds, they propitiate the development of reliable relationships. Thus, the theme of this study is the interpersonal relationship of the Captain in the Merchant Navy. The purpose of it is to deal with the main theories about the theme “leadership” and how such theories can be applied during the day by day of the maximum leader of a vessel, represented by the figure of the Master. As a basic inspiration, beyond the considerations of renowned authors in order to talk about this important theme, there are the teachings transmitted through the masterpiece of the Navy Captain Mr. D. Michael Abrashoff “It’s Your Ship”, in which he generously shares his experiences that can be applied by any leader in any organization. It consists in a bibliographic research of qualitative nature that was made based on books, academic articles, newspapers, as well as on virtual publications on the internet. Key words: Leadership, Relationship, Interpersonal, Reliable.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

1RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA

MERCANTE .............................................................................................................. 10

2 EXEMPLOS PRÁTICOS ........................................................................................ 16

3 ACEITAÇÃO E REJEIÇÃO DA FIGURA DO COMANDANTE ............................... 18

4 VIVÊNCIAS ............................................................................................................ 24

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 26

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27

ANEXO A....................................................................................................................28

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INTRODUÇÃO

O presente estudo abordará o relacionamento do comandante e da

tripulação a bordo de um navio, sabendo que este é o posto mais elevado e de

maior responsabilidade em uma embarcação.

A liderança, é principalmente a arte de fazer as coisas simples muito bem. No entanto, algumas vezes as tornamos mais difíceis do que precisam ser. Ao contrario de alguns líderes, prefiro me afirmar fortalecendo os outros e ajudando-os a se sentirem bem em relação ao seu trabalho e a si mesmos. Quando isso acontece, o trabalho deles melhora, e o meu próprio moral dá um salto. ( ABRASHOFF, 2006, p.111)

Essa abrangência caracteriza que um simples gesto pode mudar um

contexto, dependendo do modo que é inserido no meio, e na atitude de se doar

e saber se colocar no lugar do outro, se torna mais tranquilo e calmo o

ambiente, e caso não exista o bom senso de ajudar, o papel de um líder acaba

sendo deficiente.

Concentrei-me em cultivar a autoestima. Eu sabia que a maioria de nós carrega consigo uma mochila invisível cheia de inseguranças da infância, e que muitos marinheiros geralmente lutavam sob carga de insultos no passado, incluindo ser menosprezados em casa ou reprimidos na escola. Eu poderia tornar a carga mais pesada ou mais leve, e a escolha certa era óbvia. Em vez de enfraquecer as pessoas para torná-las iguais a robôs, tentei mostrar a elas que eu confiava e acreditava nelas. ( ABRASHOFF, 2006, p.111)

A criação de cada ser humano depende da educação familiar. A

mensagem passada, no texto acima, tem como consequência, escolher um

fardo leve para aqueles que sofreram repressões. De igual modo, a percepção

de rosto sofrido, propicia a esperança da credibilidade na segurança, a qual é

possível trabalhar com prazer.

A escolha do tema justifica-se pela relevância que o papel do comandante

tem, por meio da sua competência técnica e relacionamento interpessoal,

postura centrada na eficácia, sensibilidade ao ambiente externo, capacidade de

refletir em ação e exercer um papel transformador no seu ambiente de

trabalho.

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1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL DO COMANDANTE NA MARINHA

MERCANTE

A LIDERANÇA

A Liderança consiste em acompanhar de perto o desempenho de cada

liderado e avaliar se todos estão rendendo o maior potencial. O líder precisa ter

a sensibilidade de aproximação e receptividade, para corrigir se necessário, a

deficiência.

Os melhores líderes ajudam os liderados não só em relação à carreira, mas também em relação à vida pessoal. Eles os ajudam a se tornar pessoas melhores, e não apenas bons profissionais. Os líderes potencializam os liderados. E isso é muito importante, pois promover o crescimento das pessoas gera crescimento para a organização (MAXWELL, 2008, p.96).

É conduzir as pessoas que estão sob sua responsabilidade de forma

que as mesmas compreendam com clareza quais os objetivos a serem

alcançados. O bom líder observa seus liderados e consegue obter o que cada

um tem de melhor. Consegue extrair e avaliar o potencial de cada integrante de

sua equipe. Dessa forma o líder terá o máximo desempenho de cada um e

conseguirá atingir os objetivos de forma mais rápida e eficiente.

A liderança precisa ser conquistada com respeito e confiança. Os liderados precisam ver no seu líder uma pessoa equilibrada e qualificada para lidera-los. Dessa forma a relação de confiança e trabalho será desenvolvida naturalmente, entre o LIDER e os LIDERADOS. (KATZENBACH; SMITH, 1994, p.42)

A liderança é um processo de influência exercido por uma pessoa por

meio do qual um indivíduo ou grupo é orientado para o estabelecimento e

alcance de determinadas metas. Essa influência pode ser exercida de diversas

formas, desencadeando vários estilos.

O líder tem percepção clara do que deve ser edificado, do alvo a ser

atingido, e consegue inspirar seus colegas a se juntarem a ele na construção

desse futuro. Segundo Robbins (2003) um líder deve reconhecer que:

• A responsabilidade maior por sua eficácia é antes sua do que dos

liderados:

• Os resultados dependem de suas habilidades interpessoais e que elas

podem ser aprendidas e aperfeiçoadas;

• As habilidades devem ser transformadas em comportamentos;

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• Os componentes emocionais constituem a base sobre a qual os

comportamentos devem ser estabelecidos.

Segundo Robbins (2005), a teoria identifica quatro comportamentos de

liderança:

• O líder diretivo, encorajador, participativo, aquele que faz com que as

tarefas sejam executadas.

• O líder apoiador, aquele que está atento às necessidades de seus

liderados.

• O líder participativo, aquele que envolve seus funcionários no processo

de tomada de decisão.

• O líder orientado para a conquista, aquele que fixa metas desafiadoras,

confia e espera o melhor desempenho de seus liderados.

Segundo Robbins (2014) O líder eficaz é capaz de transformar idéias e

desejos em realidade concreta. Suas caracteristicas fundamentais são

apontadas como sendo:

1. Postura centrada na eficácia, isto é, nos resultados de sua organização.

Ele tem consciência clara que não tem desculpas que justifiquem a não

execução dos objetivos e metas propostas.

2. Sensibilidade ao ambiente externo, incluida a responsabilidde pública,

tanto para com a clientela da sua organização como em relação a

outras instituições e pessoas que fazem parte da ecologia maior.

3. Capacidade de identificar e solucionar problemas, sendo definido como

problema o “gap” existente entre o ponto em que se encontra sua

organização e o objetivo a ser por ela alcançado.

4. Motivação pelo uso do poder, isto é, uma vez definido o objetivo, lança

mão de todos os recursos – políticos, tecnológicos, financeiros e

materiais de forma a levar a efeito o pretendido.

5. Competência interpessoal, pois se o produto de seu trabalho visa o

homem e é feito através de pessoas, deve desenvolver sua capacidade

de relacionamento com seus superiores, pares e subordinados

chegando o ponto de empatia, isto é, capaz de coloca-se no lugar

daqueles com quem se relaciona e pensar e sentir como eles.

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6. Competência técnica, que é o conhecimento e o uso adequado das

técnicas, equipamentos e instrumentos inerentes à função de

administrar: a tecnologia administrativa, em última análise, representada

pelo planejmento, administração de recursos humanos e materias.

7. Alta tolerância à mudança e à ambiguidade, mantendo sua capacidade

de avaliar os resultados obtidos por sua organização e de corrigir rumos

sempre que necessário.

8. Capacidade de refletir em ação, confiando não apenas em teorias e

modelos pré-elaborados, mas também em sua própria sensibilidade,

especialmente a relacionada ao caso concreto.

9. Atitude parentética, isto é, a capacidde psicológica inerente ao indivíduo

de separar a si mesmo de seu ambiente interno e externo, alcançando

um nível de pensamento conceptual e, portanto, de liberdade.

10. Concepção do caos como algo administrável, compreendendo e

aceitando a ideia de que, embora todos os sistemas tendam à entropia,

à desagregação, sempre é possível administrá-los, mantendo, dentro de

certos limites, ordem no caos.

Segundo Chiavenato (2003), um líder ideal deve ter o comportamento

adequado à situação problema, devendo adequar-se aos modelos propostos,

de acordo com a situação apresentada. O autor elenca três estilos de

liderança, comparando-as entre si, e descreve as principais características do

líder, a forma como aborda as tarefas e como age com os subordinados,

entendendo que os estilos de liderança se desenvolvem em cada gestor como

consequência de suas características individuais, bem como da cultura e da

organização à qual pertence.

O autor ainda comenta que um líder ideal deve ter o comportamento

adequado à situação problema, devendo adequar-se aos modelos propostos,

de acordo com a situação apresentada. Desse modo, independente do estilo

de liderança exercida a relação entre o líder e seu subordinado deve ser de

respeito mútuo.

Marins (2007) pontua as atitudes que podem ser utilizadas pelo líder a

fim de provocar a motivação, tais como: estimular as pessoas a sentirem

orgulho do que fazem; fomentar recompensas individuais e grupais; reconhecer

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o trabalho realizado; elogiar, incentivar e confiar nas pessoas; aceitar os limites

e possibilidades do colaborador; permitir o erro e incentivar as pessoas a

aprenderem com os erros; ser solidário; respeitar o tempo e o ritmo das

pessoas; educar, sobretudo pelo exemplo; nunca constranger o colaborador na

presença de outras pessoas; dar a oportunidades às pessoas expressarem

seus sentimentos.

Além das competências de um líder relacionadas acima, o comandante

de um navio mercante deverá desempenhar as atribuições presentes nas

Normas de Navegação Marítima (NORMAM-13, 2012).

De acordo com o item 1 da NORMAM-13, 2012 o Comandante deverá

cumprir e fazer cumprir, por todos os subordinados, as leis e regulamentos em

vigor, mantendo a disciplina na sua embarcação, zelando pela execução dos

deveres dos tripulantes, de todas as categorias e funções, sob as suas ordens.

O Armador na impossibilidade de estar fisicamente a bordo de seus

navios nomeia um representante legal para tal. Este representante é o

comandante da embarcação; que terá a responsabilidade de administrar todos

os eventos relacionados à operação, navegação e segurança, não somente da

embarcação como também de todos os tripulantes a bordo. O comandante

deverá acompanhar de perto todas as atividades da embarcação. Exige que

seja checada a documentação do navio, as respectivas validades dos

certificados e a renovação dos mesmos, pelo oficial designado. Pois cabe ao

capitão representar a embarcação perante a Autoridade Marítima e qualificá-la

para prosseguir viagem sem pendências legais.

Como exposto no item 5 da NORMAM-13, é atribuição do comandante,

fazer com que todos conheçam seu lugar e deveres em caso de incêndio, de

abalroamento ou de abandono, executando, pelo menos, quinzenalmente, os

exercícios para uso necessários, sempre que 1/3 da tripulação tiver sido

substituída

Identificam-se muitas atribuições previstas na NORMAM-131, 2012

principalmente nos itens 1,5, 12, 22 e 27 sobre liderança e eficácia, conforme o

autor Robbins (2014) também relata. O comandante deverá gerenciar as

condições do navio, delegando atribuições aos seus subordinados diretos,

1 Anexo A

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Imediato e Chefe de Máquinas. Porém, suas atribuições legais são

intransferíveis. Ele tem responsabilidade sobre os resultados e execução dos

objetivos e metas propostas

Segundo as Normas de Navegação Marítima (NORMAM-13, 2012), o

comandante tem a função de cumprir as instruções de viagem e operação

recebidas de sua empresa. Além de verificar a condição legal da

documentação e equipamentos. Cabe ao comandante a responsabilidade

sobre sua tripulação. Nesse quesito o comandante terá o apoio de um setor da

empresa, responsável unicamente por guarnecer a embarcação, com os

tripulantes qualificados e habilitados, com a finalidade de cumprir a referida

viagem. Por ocasião do embarque de cada tripulante o comandante deverá

checar a documentação de cada um e verificar se está de acordo com o Cartão

de Tripulação de Segurança (CTS) da embarcação, junto ao primeiro oficial de

náutica. Isto ocorre porque para cada linha que o navio estiver engajado as

exigências serão diferentes e cabe ao comandante verificar se o seu CTS está

de acordo, para então solicitar o despacho da embarcação, junto às

autoridades do porto.

Antes o navio deixar o porto, cabe ao comandante checar a navegação

que foi elaborada pelo seu oficial encarregado e fazer as devidas alterações,

obedecendo todas as condições de segurança da embarcação e a melhor

derrota (traçado na carta náutica do início de sua viagem até o destino final de

sua aventura marítima) a seguir.

Durante a viagem, cabe ao comandante acompanhar a navegação e o

bom funcionamento da maioria dos equipamentos de bordo.

Consequentemente ele será auxiliado por seus oficiais diretos, que lhe

reportarão todos os detalhes da viagem. O papel do comandante junto aos

seus tripulantes será de monitorar a rotina de bordo e se as instruções estão

sendo seguidas além de verificar se o navio está cumprindo os prazos pré-

determinados pelo armador, para a referida viagem.

O comandante é o responsável por conduzir o navio por ocasião das

chegadas e saídas dos portos, com total segurança. Mesmo auxiliado por seus

oficiais e pelo prático do referido porto, cabe ao comandante a

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responsabilidade total da embarcação, não sendo eximida a responsabilidade

do comandante com a presença do prático a bordo.

Após o navio cumprir sua navegação e atracar no terminal, o papel do

comandante será proceder a liberação da embarcação, junto às autoridades

portuárias. E receber qualquer autoridade que, por ventura, venha a bordo para

inspecionar o navio. É de responsabilidade do comandante, sanar qualquer não

conformidade que seja anotada, para manter a embarcação sem pendências,

de segurança, da parte operacional ou mesmo de ordem legal.

É papel também do comandante acompanhar a operação do navio e

verificar o bom cumprimento das metas operacionais, como também a

responsabilidade por todas as etapas da viagem, desde o carregamento do

navio, porto de origem, até a descarga, no seu porto de destino.

Portanto essas são as responsabilidades do comandante e o seu papel,

perante o seu Armador, Autoridade Marítima e mediante à sua tripulação.

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2 EXEMPLOS PRÁTICOS

A discussão realizada a seguir foi feita a partir de pesquisa tele

matizada, bibliográfica, conciliadas nas observações e vivências da autora.

Assim sendo discute situações reais a luz da teoria, buscando mostrar um

exemplo prático da atuação de oficiais em suas respectivas funções de

liderança.

COMO DEVE SER A CONDUTA RECOMENDÁVEL DO COMANDANTE A

BORDO?

A partir do observado, conclui-se que o comandante para uma boa

relação interpessoal com sua tripulação deve ter respeito, participar de todas

as atividades possíveis do seu navio e se fazer presente em todos os setores,

o máximo que puder. De forma que os tripulantes sintam que o mesmo valoriza

o trabalho de todos e interage com sua tripulação. O comandante deve evitar

atitude de desconfiança e julgamentos equivocados, em qualquer situação.

A construção do navio Zumbi dos Palmares é um exemplo prático de um

relacionamento interpessoal eficaz. Teve início em 2012, no Estaleiro Atlântico-

Sul, no Porto de Suape, no município de Ipojuca, Estado de Pernambuco,

Brasil. A tripulação, teve acesso ao navio em 2013, era composta de: 10 (dez)

oficiais, nas funções de Comandante, Imediato, Primeiro Piloto, Dois Segundos

Pilotos, Chefe de Máquinas, Primeiro Oficial de Máquinas e Três Segundo

Oficiais de Máquinas. A equipe de apoio, serviços gerais e saúde se juntou a

tripulação um mês antes da primeira viagem.

Neste período, mesmo a tripulação não estando embarcada, o

comandante exerceu sua liderança. Delegou atribuições aos liderados para

acompanhar a obra e os comissionamentos dos equipamentos, supervisionou a

conclusão da obra e também da verificação dos documentos; procedendo as

necessárias correções. Presidia as reuniões de planejamento estratégico para

cumprir as exigências do armador.

A tripulação do novo navio “Zumbi dos Palmares”, era constituída de

duas equipes provenientes de dois navios diferentes, portanto o papel do

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comandante foi também de integrar as duas equipes fomentando um

relacionamento para o sucesso desta nova tripulação.

Em 20 de maio de 2013 foi realizada a viagem inaugural. A partir de

então, o papel do comandante foi fundamental na consolidação do início de

operação de um novo e moderno navio com recursos tecnológicos de ponta. A

presença dos técnicos do estaleiro era mais um desafio na liderança do

capitão, com tudo houve uma adequação das situações problemas. A figura 1

mostra a tripulação do navio Zumbi dos Palmares em 22 de abril de 2015,

cerca de dois anos de operações sem registro de acidente.

Figura 1-Tripulação do ZUMBI DOS PALMARES.

Fonte: acervo pessoal do 2OM Luiz Carlos Alves

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3 ACEITAÇÃO E REJEIÇÃO DA FIGURA DO COMANDANTE

• A aceitação do comandante

Em primeiro lugar, define-se o termo aceitação, fazendo referência ao

efeito de aceitar ou receber algo de forma voluntária e sem oposição. Dizemos

que um comandante é carismático quando este consegue envolver seus

tripulantes a alcançar o máximo desempenho possível. (ABRASHOFF, 2006)

Para ser aceito, o mesmo faz um acompanhamento desde o início de sua

carreira, de praticante de náutica até a posição máxima hierárquica. O

amadurecimento de um profissional e o somatório das experiências ao longo

da carreira pode capacitar um oficial de náutica a assumir a função de

comandante, com todas as qualificações necessárias. Empatia, boa

comunicação, percepção de conflitos são elementos imprescindíveis para

alcançar a aceitação de seus tripulantes.

Ouve-se que uma pessoa é carismática porque nasceu com essa

habilidade, porém já foi comprovado que pode-se trabalhar um profissional não

somente na parte técnica, mas no que tange ao relacionamento humano, de

forma a corrigir certas atitudes equivocadas, que limitam a aproximação,

aceitação, de uma equipe com seu líder maior. (ROBBINS, 2014.)

Por essa razão este trabalho é dedicado a analisar alguns elementos

que poderão auxiliar aos futuros comandantes, a alcançar a aceitação de seus

tripulantes e por consequência obter dos mesmos um máximo aproveitamento.

A aceitação do comandante pela tripulação começa pela chegada do

mesmo a bordo. A maneira respeitosa com que o comandante embarca no

convés do navio será fundamental para toda uma sequência de trabalho que o

espera. Apesar de ser o representante do armador e a pessoa a bordo de

maior hierarquia, sua postura não deve externar arrogância nem superioridade,

pois isso causará uma má impressão aos tripulantes, que o estão recebendo.

O respeito com o comandante ao apresentar-se e conhecer sua equipe.

O respeito será natural e recíproco se assim o comandante se apresentar.

Outro elemento muito importante para o comandante obter a aceitação de seus

tripulantes é passar a conhecer sua equipe. Por mais que, ao chegar a bordo,

todos sejam ao comandante desconhecidos, entende-se que se foram

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nomeados pelo setor de Recursos Humano da empresa, para embarcar

naquele navio, estão preparados e aptos a desempenhar suas funções.

Logicamente alguns irão se destacar, por suas qualidades e experiências, mas

o comandante não pode desconsiderar nenhum membro de sua guarnição. A

partir do momento que conhecemos cada membro da equipe podemos obter de

cada um o máximo desempenho e trabalhar em algum detalhe que seja

necessário para uma melhoria. Por vezes um tripulante não está

desempenhando satisfatoriamente suas funções, pois está sendo mal

gerenciado ou talvez insatisfeito. A partir do momento que o comandante

passar a conhecer todos seus tripulantes e dar a devida atenção a cada um,

haverá uma reciprocidade dos mesmos e uma boa aceitação ao seu líder.

Figura - 2 Primeiro Oficial de Náutica do Zumbi dos Palmares, Thalita Sales.

Fonte: arquivo pessoal (2013)

A participação e cordialidade do comandante na rotina a bordo

A participação do comandante junto aos seus tripulantes nas atividades

gerais de bordo e da resolução dos problemas é de suma importância, para

que a tripulação tenha confiança em seu líder e corresponda de forma positiva

à expectativa deste. O comandante não deve ser alheio às atividades de bordo,

por mais que possam ser avaliadas como simples. Pode-se exemplificar aqui o

trabalho de um tripulante, que ao se esmerar em desempenhar seu trabalho,

com o máximo afinco, ficará muito satisfeito pelo reconhecimento do seu

comandante prestigiar. Um elogio, uma observação positiva irá causar um

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efeito grande no profissional. O efeito positivo que um simples “bom dia” causa,

pode parecer pequeno, mas para aquele que recebe a palavra é de grande

satisfação. Quando o comandante participa das atividades de bordo e se faz

presente no dia a dia da tripulação, cria um espírito de aceitação e que

resultará num relacionamento aberto e franco entre a equipe e seu líder.

O comandante apesar de sua posição de líder e representante do

armador, deve possuir uma postura de amizade com sua tripulação. Estar

presente nas atividades rotineira, do navio, e valorizar o bom trabalho de todos,

tecendo elogios quando houver destaque e um empenho maior de um

determinado tripulante. Dessa forma os trabalhadores de bordo se sentirão

valorizados e motivados para exercerem suas funções.

A cordialidade do comandante deve ser demonstrada em diversos

âmbitos, não apenas nas relações de trabalho no momento, mas também de

descontração, nas áreas comuns e compartimentos habitáveis do navio.

O momento das refeições é um exemplo que o comandante compartilha

do mesmo ambiente com os demais tripulantes. Caso o mesmo promova um

ambiente saudável e cordial ele terá reciprocidade da tripulação.

Como o comandante faz para atender a tripulação e representar a

empresa? O comandante a bordo representa a integração de sua tripulação

com a Empresa/Armador. Os tripulantes têm na figura do seu comandante o

líder que os conduz e os orienta nas máximas atividades.

O comandante da embarcação deve se portar com total integridade e

correção diante de seus liderados, pois o êxito será o resultado de um trabalho

conjunto da equipe e seu líder. Para tal é imprescindível que todos os

tripulantes desempenhem suas funções da melhor forma possível e

compreendam as instruções e metas a serem cumpridas. O comandante tem o

poder para determinar as instruções da Empresa/Armador, portanto a

condução dessas ordens precisa ser absorvida de forma clara e compreendida

pela tripulação. A partir do momento que os tripulantes compreendem a

importância e significado das missões, o resultado será alcançado com maior

eficiência e dentro do prazo previsto.

Existe também, o lado humano envolvido nesse relacionamento,

comandante e comandados, pois cada pessoa tem suas necessidades

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particulares, seus anseios e problemas. Dessa forma o comandante tem a

responsabilidade de zelar por cada tripulante. Ouvir, atender, procurar auxiliar e

orientar não é uma tarefa fácil ou opcional. Um tripulante desalinhado, por

motivos diversos, sejam eles de ordem pessoal ou não, pode colocar toda

equipe em descompasso, resultando um papel negativo aos objetivos do navio.

Por essa razão o comandante deve identificar aqueles que demonstram algum

comportamento diferente do normal ou que o procuram para algum

esclarecimento ou ajuda. A partir do momento que o tripulante se sentir apoiado

e valorizado, irá reagir com certeza com maior segurança e depositar sua

confiança no seu comandante. Numa situação de gravidade, que o tripulante

esteja passando, não será por vezes solucionada a bordo, mas o comandante

juntamente com o setor de Recursos Humanos da empresa pode orientar seus

tripulantes a melhor decisão e caminho a tomar.

• A rejeição do comandante

Uma das maiores rejeições que o comandante pode sofrer de sua

tripulação é o não atendimento aos seus comandados. Apesar da posição

superior que o comandante ocupa a bordo, é necessário ter em mente que sua

visão, não é a única e nem sempre é a melhor. Por vezes, diante de uma

situação difícil, pode-se visualizar uma solução, que talvez uma outra pessoa,

hierarquicamente inferior, consegue enxergar outra alternativa, que traz ao

navio e à equipe um melhor resultado. O comandante deve exercitar seu

discernimento, compartilhando experiências com seus comandados e

procurando subtrair desses o que cada um tem de melhor, pois o objetivo de

todos é comum e todos se beneficiarão quando as metas forem atingidas da

forma mais segura, rápida e eficiente.

Outra rejeição que o comandante pode sofrer de sua tripulação é

quando este não reconhece o bom trabalho de seus comandados e estes não

se sentem incentivados à crescer. Todo bom profissional almeja alcançar a

posição mais alta em sua carreira. O comandante já alcançou essa posição,

por essa razão, por conhecer tão bem todas as dificuldades que teve para

chegar a posição maior, precisa ter em mente que seus comandados também

têm uma meta, um sonho. Quando o comandante não permite e não incentiva

seus comandados nessa natural e justa ascensão, eles passam a rejeitá-lo.

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Tem-se como exemplo o imediato do navio, que por ser um bom oficial e

eficiente em suas funções gera no comandante, uma não indicação por

questão de comodidade e até interesse para uma promoção, pois perderia seu

melhor oficial. Mas essa é uma atitude egoísta e injusta, para alguém que como

ele um dia almejou assumir ao comando.

Um grande motivo de rejeição é também quando os tripulantes tem um

sentimento de medo para com seu comandante e não um sentimento de

respeito. Um bom comandante ganha a confiança e lealdade de seus

comandados quando os trata com respeito, justiça e os valoriza. A relação

comandante e comandados não deve ser uma relação de medo e sim de

confiança e admiração. Dessa forma o comandante será o líder maior a bordo

do seu navio de forma natural e terá sempre seus tripulantes ao seu lado, para

qualquer missão e nas maiores dificuldades que por ventura venham a ocorrer.

Profissionalmente um comandante pode ser rejeitado por seus

comandados quando o mesmo não transmite segurança e conhecimento. Toda

tripulação quando olha para seu comandante, espera sempre apoio e

orientação, para as atividades de bordo, sejam elas de rotinas, mas

principalmente as emergências. O comandante deve transmitir a toda equipe

confiança e domínio da situação. Para tal foi treinado e recebeu todo subsídio

da sua empresa, para exatamente ser a bordo o orientador maior. No momento

que o comandante demonstra insegurança, desiquilíbrio emocional ou

desconhece uma determinada etapa do trabalho a ser executado, transparece

a sua fraqueza e será notoriamente rejeitado pelos tripulantes.

A figura do comandante desestabiliza seus comandados

A presença do comandante a bordo, junto à sua tripulação, deve ser

uma “figura” de inspiração e segurança. É evidente que o cargo seja exercido

por de um ser humano, que está sujeito a falhas. Porém esse profissional, em

especial, recebe ao longo de sua carreira, todo um preparo na sua formação

técnica e também psicológica. De forma a minimizar ao máximo qualquer

desvio ou deficiência que o mesmo apresente. Pois a partir do momento que

assuma a função de comando, ele será colocado à prova em situações muitas

vezes de emergência e de grande estresse e terá que corresponder não

somente às expectativas do seu armador, como também de sua tripulação.

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Como então a figura do comandante pode desestabilizar seus

comandados?

Ao se deparar com uma situação de emergência ou de grande tensão o

comandante deverá ser o forte pilar que seus tripulantes esperam dele. O

comandante passa a ser o líder que todos desejam alcançar. Uma reação de

insegurança ou mesmo até um pequeno desequilíbrio emocional poderá ser o

motivo de toda tripulação se sentir desprotegida e insegura. Sem haver o

distanciamento do grau de relação, pode-se fazer uma comparação de um pai

e uma mãe de família com seus filhos. O pai a mãe são o espelho para seus

filhos, não somente no exemplo de vida a seguir, como também no exercício da

proteção e segurança. Quando este pai ou esta mãe, por motivos diversos da

vida, perdem o foco ou o equilíbrio emocional, seus filhos ou mesmo a família

irão sentir profundamente desprotegidos e desestabilizados.

Por essa razão o comandante deve procurar não somente se aprofundar

nos conhecimentos técnicos, que irão permitir ao mesmo desenvolver suas

funções a bordo com esmero e excelência, mas também deverá buscar um

equilíbrio emocional, que o permita enfrentar todas as situações com sabedoria

e bom discernimento.

A falta de conhecimento técnico poderá desencadear uma descrença

dos comandados na figura do comandante, pois é o comandante de uma

embarcação o profissional em que o armador mais investiu e preparou, para

assumir em seu nome um bem de tão grande valor. Por essa razão todas as

situações em que o navio for engajado, o comandante estará frente liderando.

A tripulação seguirá todas as ordens emanadas de seu líder maior e essas

ordens deverão ser claras e precisas. A falta de conhecimento do comandante

ou a má condução da embarcação, levada por uma determinação equivocada

deste, ou até mesmo por um desequilíbrio emocional, desestabilizará com

certeza os seus comandados.

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4 VIVÊNCIAS

O principal legado desse trabalho tem o objetivo de deixar a todos que

alcançarem a posição mais elevada da carreira de um oficial de náutica,

subsídios e um alicerce de orientações para assumir o comando. Na frase de

Antonie de Saint-Exupéry “o essencial é invisível aos olhos" tem um significado

muito singelo do espirito que norteia um comandante. O essencial um dia

transformou o sonho de uma jovem em realidade; ao deixar para trás muito

suor, esforço e sacrifício, não só de si próprio, mas daqueles que a geraram e

dedicaram-se para transformar uma criança em um líder, uma capitã de um

navio.

Cruzou os portões de uma renomada instituição de ensino do Brasil, que

a tantos jovens já recebeu e formam até hoje, oficiais de alto padrão de ensino

e disciplina, a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante.

Diante de tantas indecisões e perguntas, como poderia uma pessoa de

formação familiar humilde almejar um dia chegar ao título maior dessa

instituição?

Mas essas indecisões ficaram na esteira da maior das embarcações, a

vida. E o tempo se encarregou de responder todas as perguntas e tirar do

horizonte dos olhos a névoa que encobria o conhecimento.

Com o passar dos anos foi galgando os degraus da carreira, não com

menor sacrifício, muito pelo contrário. Longe de casa, os natais e aniversários

foram somente datas que deixou de contar, pois tinha a missão maior de

transportar riquezas e ajudar o país a crescer, diante de tantas adversidades,

que esse povo sempre enfrentou, desde os tempos mais remotos.

Ao passar dos anos, viu no seu ombro uma mudança acontecer, que não

era somente no dourado de sua platina, mas na responsabilidade que passava

a assumir a cada função que recebia.

Um dia chegou a tão sonhada confirmação, você foi selecionada para o

Curso de Aperfeiçoamento para Oficiais de Náutica, você será uma

Comandante.

Mas a missão não chegou ao seu fim, ela está somente começando. Ao

somar todos os conhecimentos, vivências e buscar a orientação dos

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professores que até hoje são os responsáveis pela formação na mesma

EFOMM, (idealizaram a nobre missão de ensinar com sabedoria), para assim

buscar excelência na profissão.

Comandar será assumir toda responsabilidade, não somente por um

valioso bem, que é uma embarcação, mas principalmente por comandar vidas,

que jamais podem ser medidas em valor. Precisa-se então pedir a orientação e

proteção àquele que sempre foi nosso benfeitor maior, nosso Bom Deus.

Independente da crença de cada um, as evidências desse mundo, não nos

deixa negar que existe um ser superior que conduz esse mundo e Comanda

nossas vidas.

Precisa-se e deve-se ter mão forte para comandar, pois nem sempre o

mar será calmo nem o vento brando, por muitas vezes têm na proa somente a

incerteza da próxima milha, mas a confiança de que foram muito bem

preparados e amparados por instituições, empresas e nossos queridos

familiares e amigos.

A relação interpessoal entre comandantes e comandados, precisa ser de

respeito, confiança e muitas vezes de renuncia de interesses pessoais, para no

mesmo barco não se chegar sozinho a lugar algum.

“O essencial é invisível aos olhos”. Pois a arte de comandar vai exigir

por vezes e vezes, que as decisões sejam embasadas somente na intuição e

no somatório de nossas experiências. Os tripulantes sempre confiarão

inteiramente na capacidade e caráter de seu Capitão. Não os decepcione! Para

que haja sucesso na embarcação, se faz necessário que cada tripulante esteja

consciente das suas funções, trabalhando com esmero, amor e

responsabilidade, visando um resultado sempre positivo, para que as metas

alcançadas, seja o sucesso de todos aqueles que estão engajados naquela

embarcação da Marinha Mercante.

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CONCLUSÃO

A partir do presente estudo, Relacionamento Interpessoal do

Comandante da Marinha Mercante, pode-se concluir que a função do

comandante desempenha um papel estratégico nos comandados, que estão

interligados em uma relação que vai além de uma relação hierárquica. Apesar

da dinâmica do comércio mundial atual, que exige o máximo de produtividade,

jamais deve-se relevar o fato de lidar não somente de resultados financeiros,

mas principalmente de vida humana. Afinal, um navio não é somente feito de

aço e de equipamentos, mas tem na presença humana, o seu único condutor.

Na Marinha Mercante os marinheiros têm um ditado de que “navio tem alma” e

essa alma é das pessoas que o tripulam e o conduzem pelos mares. A

dinâmica do trabalho a bordo passa por essa razão, de forma insubstituível,

pela presença humana e gerenciada por um líder, que é seu comandante. Por

isso quando um comandante tem sua tripulação ao seu lado, comprometida e

integrada, com certeza obterá os melhores resultados.

O homem, ser racional é parte fundamental numa sociedade que

necessita de uma liderança para sobreviver. Com o decorrer dos séculos, essa

relação de sobrevivência, foi se tornando tão competitiva quanto produtiva. O

homem passou a se sentir capaz de alcançar patamares mais elevados, se

estivesse numa sociedade organizada, e sobre tudo conduzida por uma

liderança forte.

É na pessoa do comandante que o armador se faz presente e atua

decisivamente na missão maior de um navio, cumprir sua finalidade comercial,

com isso o comandante refletirá na eficácia de sua liderança.

A dinâmica do trabalho a bordo foi significativamente alterada com a

entrada da mulher na Marinha Mercante. Os comandantes tiveram que

adaptar-se a presença de oficiais femininas a bordo e aos poucos foram

descobrindo o grande potencial de liderança e comprometimento que elas

trouxeram às embarcações, a partir 1997, quando ocorreu o ingresso das

mulheres na escola de formação de oficiais da marinha mercante, explorando a

capacidade de liderar através da motivação de pessoas.

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REFERÊNCIAS

ABRASHOFF, D. Michael. Este barco também é seu. Dicas práticas sobre liderança e cooperação do comandante do melhor navio de guerra da Marinha americana. Capitão de Mar e Guerra Michael D. Abrashoff ; tradução Claudia Gerpe Duarte. São Paulo: Cultrix, 2013. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 5ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2003. KATZENBACH, J. R.; SMITH, D. K. A força e o poder das equipes: Como formar, liderar e manter equipes com alta performance e com força para assumir riscos e desafios. São Paulo: Makron Books, 1994. MAXWELL, J. C. As 17 incontestáveis leis do trabalho em equipe: Descubra os segredos para o desenvolvimento de equipes vencedoras. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007. NORMAM 13 – atribuições do comandante a bordo. 2012. RANGEL, Alexandre – O que podemos aprender com os gansos – São Paulo: Editora Original.- p,35-42 2003. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. Tradução: Reynaldo Marcodes. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003 __________________. Organizational Behavior. 10th ed. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2005. __________________. Comportamento Organizacional. 14.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2014.

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ANEXO A

NORMAM 13 compete ao comandante:

1) cumprir e fazer cumprir, por todos os subordinados, as leis e

regulamentos em vigor, mantendo a disciplina na sua embarcação,

zelando pela execução dos deveres dos tripulantes, de todas as

categorias e funções, sob as suas ordens;

2) inspecionar ou fazer inspecionar a embarcação, diariamente, para

verificar as condições de asseio, higiene e segurança;

3) cumprir as disposições previstas nas instruções sobre os meios de

salvamento a bordo; assegurar a ordem e serventia das embarcações

auxiliares de salvamento; tomar todas as precauções para completa

segurança da embarcação, quer em viagem, quer no porto;

4) implantar e manter um programa continuado e periódico de treinamento

para familiarização de novos tripulantes e para manutenção do nível

operacional da tripulação;

5) fazer com que todos conheçam seu lugar e deveres em caso de

incêndio, de abalroamento ou de abandono, executando, pelo menos,

quinzenalmente, os exercícios para uso necessários, sempre que 1/3

da tripulação tiver sido substituída;

6) assumir pessoalmente a direção da embarcação sempre que

necessário como: por ocasião de travessias perigosas, entrada e saída

de portos, atracação e desatracação, fundear ou suspender, entrada e

saída de diques, em temporais, cerração ou outra qualquer manobra da

embarcação em casos de emergência;

7) supervisionar o carregamento, a descarga, o lastro e deslastro da

embarcação, de forma eficiente, de acordo com as normas de

segurança;

8) dar ciência às autoridades competentes, inclusive ao Armador, sempre

que, justificadamente, tiver que alterar os portos de escala da

embarcação;

9) convocar, quando necessário, os oficiais da tripulação para, em

Conselho decidir quanto as situações de extrema gravidade para a

embarcação e para a carga;

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10) ter voto de qualidade em tudo quanto interessar a embarcação e à

carga, e N13/2003 Mod-1 - 4 - 2- mesmo proceder, sob sua

responsabilidade, contrariamente ao que for deliberado;

11) exercer fiscalização e repressão ao contrabando, transporte de armas,

munições e cargas não manifestadas;

12) responder por quaisquer penalidades impostas à embarcação, por

infração da Legislação em vigor, resultantes de sua imperícia, omissão

ou culpa, ou de pessoas que lhe sejam subordinadas apontando, neste

caso, o responsável;

13) superintender nas embarcações, cujo único oficial de navegação seja

o Comandante, os serviços que lhe estão afetos, acrescidos das

incumbências inerentes aos demais oficiais podendo, entretanto,

designar outros membros da tripulação para sua execução, exceto em

relação àqueles serviços que, pela sua natureza, lhe caiba executar

pessoalmente;

14) cumprir e fazer cumprir o regulamento para evitar abalroamento no

mar;

15) socorrer outra embarcação, em todos os casos de sinistro, prestando

o máximo auxílio, sem risco sério para sua embarcação, equipagem e

passageiros;

16) em caso de violência intentada contra a embarcação, seus pertences

e carga, se for obrigado a fazer entrega de tudo ou de parte, munir-se

com os competentes protestos no porto onde ocorrer o fato, ou no

primeiro onde chegar;

17) empregar a maior diligência para salvar os passageiros e tripulantes,

os efeitos da embarcação e carga, papéis e livros de bordo, dinheiro

etc., devendo ser o último a deixá-lo, quando julgar indispensável o seu

abandono em virtude de naufrágio;

18) lavrar, quando em viagem, termos de nascimento e de óbito ocorridos:

arrecadar e inventariar os bens de pessoa que falecer, fazendo entrega

de tudo à autoridade competente;

19) efetuar casamentos, escrever e aprovar testamentos "in extremis",

reconhecer firmas em documentos, nos casos de força maior;

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20) ratificar, dentro de 24 horas úteis, depois da entrada da embarcação

no porto, perante as autoridades competentes, e tendo presente o

"Diário de Navegação", todos os processos testemunháveis e protestos

formados a bordo, tendentes a provar sinistros, avarias, perdas ou

arribadas;

21) dar conhecimento à Capitania do primeiro porto que demande e a

outras embarcações, pelo rádio, ou qualquer outro meio, de todas as

ocorrências concernentes à navegação, como sejam: cascos

soçobrados ou em abandono, baixios, recifes, funcionamento dos faróis

e boias, balizas, derelitos etc.;

22) impor penas disciplinares aos que perturbarem a ordem da

embarcação, cometerem faltas disciplinares ou deixarem de fazer o

serviço que lhes compete, comunicando às autoridades competentes,

na forma da legislação em vigor; N13/2003 Mod-1 - 4 – 3;

23) fazer alijar carga por motivo de força maior, e no interesse geral, ou

quando se tratar de volume contendo materiais explosivos e perigosos,

embarcados em contravenção à lei e que esteja pondo em risco a

embarcação, tripulantes, etc;

24) determinar o uniforme do dia, cumprindo e fazendo cumprir o que

determina o Regulamento para uso de uniformes a bordo de

embarcações nacionais quando houver;

25) autorizar serviços extraordinários que se fizerem necessários a bordo,

de acordo com as leis que regem a matéria;

26) ter sempre prontos os documentos para despacho da embarcação

nas repartições competentes;

27) ter sob sua guarda valores de passageiros, dos tripulantes ou da

embarcação, como medicamentos entorpecentes para uso em casos

de emergências, assinando e exigindo os competentes recibos;

28) instaurar inquérito e demais atos de direito, para o que ocorrer a

bordo;

29) superintender os serviços de abastecimento e reparos, manutenção,

docagem e reclassificação da embarcação. Visar as respectivas

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faturas, relatórios de serviço e pedidos, assim como todos e quaisquer

outros documentos;

30) certificar-se se estão a bordo todos os tripulantes, prontos a seguir

viagem, na hora marcada para a saída da embarcação;

31) delegar poderes aos Subordinados para distribuição de serviços,

visando ao bom andamento dos trabalhos de bordo;

32) fazer-se acompanhar dos oficiais da embarcação, todas as vezes que

inspetores, peritos e vistoriadores comparecerem a bordo, prestando

todas as informações que forem solicitadas;

33) proceder inspeção geral da embarcação, por ocasião da passagem de

comando, em companhia do seu substituto, informando-o de tudo

minuciosamente, apresentando-lhe os Oficiais e tripulação e mandando

lavrar em seguida, o respectivo termo, no "Diário de Navegação";

34) exigir dos tripulantes, por ocasião de seu embarque, toda a

documentação necessária, bem como a apresentação de sua andaina

de uniformes;

35) responder pelo fiel cumprimento das leis, convenções, acordos

nacionais e internacionais, e de todas as demais normas que regem o

Transporte Marítimo, devendo zelar pelo bom nome da Empresa,

resguardando os interesses da mesma e a boa apresentação da

Marinha Mercante do Brasil, nos portos nacionais e estrangeiros;

36) determinar, sempre que necessário, o trabalho conjunto dos

tripulantes da embarcação, de modo a agilizar a superação de um

problema técnico, ou a prontificação de uma faina marinheira;

N13/2003 Mod-1 - 4 – 4;

37) organizar os serviços de quarto, de forma a manter o serviço de

vigilância e segurança da navegação adequadamente, considerando,

inclusive, a necessidade dos oficiais encarregados dos serviços de

quarto de navegação estarem o tempo todo fisicamente presentes no

passadiço ou locais diretamente ligados ao passadiço;

38) designar, entre os Tripulantes, o Gestor;

39) implantar e fazer cumprir a bordo um plano de prevenção e combate a

poluição;

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40) implantar e fazer cumprir uma política contra o uso de álcool e drogas

a bordo. Devendo normatizar os procedimentos a serem adotados e

divulgá-los a todos os tripulantes. 0402 - AO COMANDANTE É

VEDADO: 1) alterar os portos e escala da embarcação, sem causa

justificada; 2) abandonar a embarcação, por maior perigo que se

ofereça, a não ser em virtude de naufrágio e após certificar-se de que é

o último a fazê-lo.