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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO ESTRATÉGIA PARA FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES Por: EVELYN QUEIROZ DE BARROS Orientador Prof. Sergio Majerowicz Rio de Janeiro 2012

MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO ESTRATÉGIA PARA FIDELIZAÇÃO … · específicas, tais como; gestão de marketing, de retenção, de fidelização de clientes e a gestão de atendimento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO

ESTRATÉGIA PARA FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES

Por: EVELYN QUEIROZ DE BARROS

Orientador

Prof. Sergio Majerowicz

Rio de Janeiro

2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO

ESTRATÉGIA PARA FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: Evelyn Queiroz de Barros

RESUMO

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a importância do atendimento ao cliente como fator de retenção no segmento varejista. A presente pesquisa encontra-se segmentada em três capítulos. O primeiro capítulo aborda a importância do comportamento do consumidor. O segundo capítulo descreve o foco na retenção de clientes. O último capítulo aborda o marketing de relacionamento como estratégia para retenção de clientes. Dessa forma, pode-se concluir que se torna fundamental que as organizações implementem a estratégia de CRM para um crescimento competitivo, bem como para aquisição de uma ferramenta voltada para manutenção de seus clientes e que, neste intuito, sejam delineados e estruturados gestões específicas, tais como; gestão de marketing, de retenção, de fidelização de clientes e a gestão de atendimento ao cliente, todas com o compromisso por assumir a visão do cliente, com metas de desempenho baseadas em retornos do relacionamento com cliente.

Palavras-chave: Atendimento ao Cliente; Retenção; Marketing de Relacionamento.

METODOLOGIA

O trabalho está definido como uma pesquisa descritiva e

explicativa. Para melhor entendimento acerca do tema apresentado foi

realizado um levantamento bibliográfico, a fim de contemplar uma ampla

revisão de literatura, buscando-se publicações direcionadas para as estratégias

de marketing de relacionamento para a fidelização de clientes.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ...................... 7

CAPÍTULO II

FOCO NA RETENÇÃO DE CLIENTES ........................................................... 20

CAPÍTULO III

O MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO ESTRATEGIA PARA

RETENÇÃO DE CLIENTES ............................................................................. 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 44

ÍNDICE ............................................................................................................. 47

5

INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é demonstrar a importância das

estratégias de Marketing de Relacionamento para a fidelização de clientes.

Tendo em vista que com advento da globalização ampliaram-se

as oportunidades de negócios, e a competitividade tornou-se cada vez mais

acirrada, a ‘fidelidade à marca’ perdeu força. Portanto, em qualquer segmento,

o relacionamento com o cliente tornou-se um diferencial sem precedentes.

Dessa forma, o presente estudo se justifica pela necessidade das organizações

em desenvolverem estratégias para a fidelização de clientes, a fim de que

consigam sobreviver, evitando a perda de seus clientes para a concorrência.

O presente estudo tem como problema de pesquisa: de que forma

as estratégias de Marketing de Relacionamento podem contribuir para a

fidelização de clientes?

A criação e manutenção da lealdade do consumidor têm se

tornado uma necessidade estratégica para as organizações. A necessidade de

conquistar a lealdade e, principalmente, manter os clientes leais à empresa

impulsionou o desenvolvimento de uma estratégia conhecida como Marketing

de Relacionamento.

No Marketing de Relacionamento, a lealdade do consumidor é

enfatizada, para manter um relacionamento forte e duradouro entre empresa e

consumidor. Sendo seu principal objetivo desenvolver e manter

relacionamentos para obter, na interação entre a empresa e o consumidor,

experiências de qualidade e a consequente satisfação do consumidor com o

serviço ou produto.

O objeto de estudo desta pesquisa delimitou-se aos programas de

fidelização e sua importância na retenção de clientes como estratégia de

marketing de relacionamento.

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Acredita-se que o cliente tornou-se mais criterioso na busca por

benefícios e fatores que agreguem valor ao produto/serviço e não somente

preço e qualidade. Portanto, a implementação de programas de fidelização

visam atender as demandas motivacionais do cliente, constituindo-se em uma

importante estratégia de Marketing de Relacionamento, sendo preponderante

para reter o cliente, bem como para que ele se torne um disseminador das

marcas de sua preferência.

7

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO DO

CONSUMIDOR

As mudanças ocorridas no mundo, a grande quantidade de

informações dispostas com a evolução da informática e invenção da internet, o

encurtamento das distâncias e do tempo gasto para uma nova tecnologia se

tornar global colaboram significativamente para grandes mudanças no

comportamento dos consumidores.

Mais consumidores chegam ao mercado todos os dias, cada vez

mais precocemente, e sofrendo influências de várias de novas informações a

cerca de produtos ou serviços, sempre criando novos anseios e novas

expectativas.

Dessa forma, o objetivo deste capítulo é abordar a importância do

comportamento do consumidor uma vez que o conhecimento do

comportamento do consumidor se torna um dos grandes desafios para que os

negócios obtenham êxito.

A identificação de como se chega a optar pelos produtos, das

marcas e lojas é de essencial relevância. Compreender como ocorrem os

processos de escolha em cada categoria de produto, em cada faixa etária e

social se torna, entretanto de grande importância para um atendimento ao de

excelência ao cliente.

1.1 – Comportamento do Consumidor

Na decisão de comprar um bem, ou serviço, no varejo, “o

consumidor precisa definir o tipo de produto, ou serviço, o preço a ser pago e

as variáveis que influenciam seu comportamento”. Essas variáveis estão

8

relacionadas ao perfil do consumidor e a variáveis externas que influenciam

seu processo de escolha (SALOMON, 2002, p.133).

O estudo do comportamento do consumidor pode revelar

as preferências e algumas características distintas dos

mais variados consumidores. As variáveis que influenciam

as escolhas de cada um são determinadas por fatores

internos e externos aos indivíduos (PARENTE, 2000,

p.201).

A relevância de identificar esses fatores e poder entendê-los

representa a oportunidade de identificar formas para melhorar a relação

consumidor-prestador de serviço, ou produtor, e por consequência todas as

ligações que estão entre eles.

A compreensão do comportamento dos consumidores fornece

elementos que permitem a orientação do planejamento estratégico das

empresas, assim como a adaptação do negócio ao perfil do consumidor, o que

favorece a obtenção de taxas de rentabilidade satisfatórias e contribui a

perpetuação da atividade comercial (ENGEL et al, 2005).

Para Engel et al (2005, p.24), o comportamento do consumidor é

definido como "atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm,

consomem e dispõem de produtos e serviços". Esse comportamento é

analisado, pois possibilita "identificar os motivos pelos quais as pessoas

compram e com isso fica mais fácil desenvolver estratégias para influenciar os

consumidores".

Estudar o comportamento do consumidor é entender como os

indivíduos tomam decisões de gastar seus recursos disponíveis, tais como:

tempo, dinheiro e esforço, por exemplo, em itens relacionados ao consumo.

Inclui o estudo de 'o que comprar', 'por que comprar', 'quando comprar', 'onde

comprar', 'com que freqüência comprar' e 'com que freqüência usar' o que

comprar (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p.12).

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Segundo Engel et al (2005, p. 235) pode se definir

comportamento do consumidor "como as atividades diretamente envolvidas em

obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos

decisórios que antecedem estas ações".

O comportamento do consumidor é representado pelo

reflexo da procura por bens e serviços aos quais mantém

uma relação, sobretudo com os fatores culturais, que

afetam as expectativas individuais sobre determinados

produtos ou serviços (SALOMON, 2002, p.133).

De acordo com Churchill e Peter, (2000) o comportamento dos

consumidores é formado por pensamentos, sentimentos, ações e as influências

sobre eles que determinam mudanças.

Para Parente (2000) para entender o comportamento do

consumidor deve-se estudar quem são os consumidores, o que os

consumidores compram, por que compram como é o processo de compra, por

que ficam satisfeitos ou insatisfeitos, e como mantê-los.

Para Pinheiro et al. (2006) desde o início das trocas de bens e

serviços entre os vendedores e compradores, o sucesso sempre dependeu

diretamente da visão que o comprador (consumidor) faz sobre a propriedade

ou não dos produtos ou serviços.

Desta forma quanto maior for a visão dos benefícios e utilidades

que os produtos ou serviços terão para os consumidores mais estimulados

para a aquisição eles estarão e quando os consumidores não percebem as

vantagens e utilidades da aquisição menos estimulados para compra se

sentirão.

O processo de decisão dos consumidores é influenciado

por determinantes individuais, influências ambientais e

externas que determinarão quais produtos/serviços, onde

10

comprar e quais as características são relevantes

(ENGEL et al, 2005, p. 237).

Quanto aos produtos e serviços, as variáveis e as características

se modificam e isso permite diversas escolhas tanto de produtos ou de serviços

a serem adquiridos quanto em relação a decisões referentes ao canal de

distribuição escolhido para a compra, preço, prazo.

O consumidor é o foco e a base para as estratégias de marketing

e as alterações em seu comportamento, além das mudanças nos padrões de

consumo, que influenciam e promovem a adaptação das organizações.

De acordo com Schiffman e Kanuk (2000, p.18), a "pesquisa do

consumidor possui dois paradigmas, o positivismo e o interpretativismo ou

experimentalismo".

As teorias positivistas tomam como base o lado racional e

objetivo do ser humano e seus métodos de pesquisa são originários

principalmente das ciências naturais e consistem em experimentos, técnicas de

levantamento e de observação. Além disso, seus resultados são descritivos,

empíricos e quantitativos (SCHIFFMAN e KANUK, 2000).

Já a teoria interpretativista explora outros ramos das ciências

sociais que ajudam a explicar o comportamento do consumidor e está ligada à

motivação, a necessidades e a desejos e isso é feito através de pesquisas

qualitativas. Ainda, segundo os autores, esses dois tipos de pesquisas podem

ser utilizados de forma complementar, podendo apresentar um perfil mais rico e

possibilitando o uso de estratégias mais significativas e eficientes

(SCHIFFMAN e KANUK, 2000).

11

1.2 – Necessidades e Desejos

Na visão de Pinheiro et al. (2006), os desejos nunca são

totalmente atendidos, já que estão sempre evoluindo para níveis superiores de

insatisfações, pelo surgimento de necessidades inéditas.

Para estes mesmos autores, essas necessidades parecem

resultar do instinto ou do inato, e mesmo de "condicionamentos ou

aprendizados inconscientes, e de reações personalizadas, significadoras de

emoções, de desejos, de fantasias, ou procuras de atitudes distintivas"

(PINHEIRO et al., 2006, p.19).

O desejo é superior à necessidade, na medida em que "é ele que

nutre nossa psiquê, da mesma maneira que a satisfação das necessidades

corresponde a nossa vida fisiológica" (ENGEL et al, 2005, p. 239).

Tanto as necessidades, sejam elas, reais ou imaginárias,

quanto os desejos, atuam como dínamos geradores de

energia, a serem canalizados em um determinado

sentido; e os estímulos, assim produzidos, recebem o

nome de motivações (PINHEIRO et al., 2006, p.20).

Muitos estudos são realizados com o propósito de classificar as

necessidades mediante esquemas de classificação ou modelos de

comportamento.

Dentre estes estudos, destaca-se o trabalho de Maslow (1954),

que idealizou uma hierarquia de necessidades, onde:

(...) admite a existência de certa sobreposição entre os

níveis de necessidades, e parte do propósito de que todas

as pessoas buscam a auto-realização e que as

necessidades do homem são classificadas de acordo com

uma hierarquia, não sendo necessário que um nível

esteja completamente atendido para que alguns

12

elementos de um nível superior se manifestem

(SOLOMON, 2002, p.136).

Segundo essa teoria, as necessidades humanas dividem-se em

cinco níveis: fisiológicas, de segurança, sociais, de ego e de auto-atualização.

À medida que este satisfaz uma necessidade, procura satisfazer à próxima

necessidade da hierarquia, ou seja, fisiológica, segurança, social, estima e, por

fim, auto-realização (SOLOMON, 2002).

O principal obstáculo à utilização desta teoria reside na

dificuldade de testá-la empiricamente, pois não há como medir, de forma

precisa, o quanto determinada necessidade está sendo atendida antes que a

próxima seja ativada (SCHIFFMAN e KANUK, 2000).

Gade (2000, p.89) enfatiza a idéia de que, "se o individuo

alimentado se sente querido, agora desejará ser o mais querido. Aparecem

então os desejos de prestígio, de status, aceitação e de auto-estima".

O individuo sentirá a necessidade de "mostrar a comprovação de

sua força, inteligência, adequação, independência, liderança, enfim, das

qualidades que lhe darão estima aos olhos dos outros e lhe darão

autoconfiança" (GADE, 2000, p.90).

Na sociedade de consumo, com a evolução do poder de compra,

surge uma renovação acelerada de necessidades, alimentadas pelo contexto

imediato e pelo plano cultural.

Segundo Gade (2000), os objetos considerados de luxo surgem

como bens inacessíveis, alimentando desejos. Com o tempo, tendem a ter seu

uso banalizado, transformando-se em necessidades. Para o autor, o luxo de

ontem é a necessidade de hoje.

O luxo varia representativamente com a passagem do tempo. O

que era luxo há uma década pode não sê-lo hoje. O celular é um perfeito

exemplo. Ter um celular foi um luxo para poucos no início dos anos 90, no

Brasil. Custava muito e era acessível a poucos favorecidos e representava um

13

produto diferenciado. Atualmente, o celular é um bem fundamental e de fácil

acesso a qualquer classe social (SCHWERINER, 2005).

O dinamismo próprio da expansão das necessidades se vai

prolongando, mas encerra inéditas significações, individuais e coletivas,

conforme se observa na citação a seguir:

À medida que se sobe na escala social, os objetos

multiplicam-se, diversificam-se, renovam-se. Muito

rapidamente, aliás, e sob o signo da moda, a sua

circulação acelerada acaba por significar e fazer ver uma

mobilidade social que não existe realmente. É já este

sentido de certos mecanismos de substituição: muda-se o

carro porque se não pode mudar o apartamento. É ainda

mais claro que a renovação acelerada dos objetos

compensa muitas vezes a frustração de uma aspiração ao

progresso social e cultural (SCHWERINER, 2005, p. 26).

Os homens não consomem apenas com o objetivo racional de

suprir necessidades exclusivamente físicas. Se assim fosse, de acordo com

Gade (2000, p.91) a relação do homem com os produtos estaria limitada "às

coisas de per se, e a avaliação do valor e da utilidade dos produtos envolveria

tão-somente suas propriedades tangíveis (objetivas)", pois é justamente "a

subjetividade que leva o homem a atribuir uma dimensão simbólica ao objeto".

1.3 – Motivação

Segundo Schiffman e Kanuk (2000), a maioria das pessoas

experimenta os mesmos tipos motivações de compra, mas expressam esses

motivos de formas diferentes. O entendimento desses motivos é muito

importante para que as empresas possam compreender e prever o

comportamento humano.

14

Para Blackwell et al (2005), a motivação do consumidor

representa a tentativa de satisfazer as necessidades fisiológicas e psicológicas

por meio da compra e consumo de produtos.

Segundo Pinheiro et al. (2006), a motivação é um estado de

tensão psicológica que antecede e prepara as pessoas para a ação. A

motivação pode ocorrer quando é despertada uma necessidade e com isso o

indivíduo empreende uma ação para que reduza a tensão, orientando-a para

um objetivo que esteja vinculado à necessidade inicial.

Já para Schiffman e Kanuk (2000), a motivação pode ser descrita

como a força motriz interna dos indivíduos que os impele à ação e esta força é

produzida por um estado de tensão, que existe em função de uma necessidade

não satisfeita.

Segundo os autores, os indivíduos possuem necessidades inatas

e adquiridas. As necessidades inatas são necessidades fisiológicas,

necessárias para manter a vida, consideradas primárias. As necessidades

adquiridas são as que aprendemos em resposta a nossa cultura e meio

ambiente e são consideradas necessidades psicológicas ou secundárias.

Além de necessidades e motivações, o consumidor possui

objetivos que são os resultados almejados do comportamento motivado, ou

seja, todo comportamento é orientado para objetivos. Além disso, as

necessidades e objetivos são interdependentes (SCHIFFMAN; KANUK, 2000).

Existem diversos tipos de necessidades e estas estão

relacionadas a fatores fisiológicos e psicológicos. Também podem ser citadas

algumas teorias que buscam analisar os tipos de necessidades humanas.

Uma dessas teorias é conhecida como “a hierarquia das

necessidades humanas de Maslow (1954)”. Esta teoria foi formulada pelo Dr.

Abraham Maslow e apresenta uma hierarquia de necessidades desde a de

menor nível até as necessidades de maior nível.

15

A hierarquia de necessidades é composta por: necessidades

fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades

do ego e necessidades de auto-realização (SCHIFFMAN; KANUK, 2000):

a) Necessidades fisiológicas: é o primeiro nível de

necessidades ou necessidades primárias; trata-se das

necessidades fundamentais para sustentar a vida biológica,

incluindo alimento, água, ar, abrigo, sexo;

b) Necessidades de segurança: depois de satisfeitas as

necessidades primárias, as necessidades de segurança passam

a ser a principal força por trás do comportamento do indivíduo;

trata-se de uma força que envolve muito mais que segurança

física, mas também aspectos relacionados à estabilidade, à

rotina, à familiaridade, à saúde;

c) Necessidades sociais: é o terceiro nível e inclui necessidades

como amor, afeto, relacionamento e aceitação;

d) Necessidades do ego: quando as necessidades sociais estão

mais ou menos satisfeitas, surgem as necessidades do ego. Elas

podem ser orientadas para dentro ou para fora. As necessidades

orientadas para dentro dizem respeito às necessidades do

indivíduo de auto-aceitação, auto-afirmação e de sucesso. E as

necessidades orientadas para fora incluem as necessidades de

prestígio, de reputação, de status, de reconhecimento;

e) Necessidades de auto-realização: de acordo com Maslow

(1954), a maioria das pessoas não satisfaz as necessidades do

ego suficientemente e jamais muda para o quinto nível; esta

necessidade refere-se ao desejo do indivíduo de satisfazer seu

potencial.

A motivação humana não tem razões óbvias e varia de pessoa

para pessoa. Algumas pessoas não são capazes de dizer o motivo de seu

16

comportamento. Isso é o que Freud chama de motivação inconsciente, ou seja,

as pessoas não têm consciência do que realmente motiva seu comportamento.

Outro ponto importante é a mudança da realidade, que estimula a mudança da

motivação do consumidor (BLACKWELL et al., 2005).

Em termos de direção, a motivação pode ser positiva ou negativa.

As forças positivas podem ser caracterizadas como necessidades, desejos ou

vontades que atraem o consumidor para determinado produto ou objeto e as

forças negativas são medos ou aversões que o afastam de determinado objeto.

Além disso, pode-se diferenciar o comportamento por motivos

racionais ou emocionais. Os motivos racionais são usados por consumidores

quando elegem metas com critérios totalmente objetivos como tamanho, peso,

preço. Já os motivos emocionais implicam a seleção de objetivos de acordo

com critérios pessoais ou subjetivos (SCHIFFMAN; KANUK, 2000).

1.4 – Intenções, Atitudes, Crenças e Sentimentos

O processo de escolha do consumidor envolve diversas questões

relacionadas à forma como cada um interpreta a apresentação de um produto.

O conhecimento das intenções, das atitudes, das crenças e dos sentimentos

predominantes no comportamento dos consumidores permite interpretá-los e

criar formas e estratégias de melhor satisfazer suas necessidades e desejos.

Prever o comportamento do consumidor não é tarefa fácil. Uma

das práticas utilizadas é confiar nos comportamentos passados para prever o

comportamento futuro. Com isso é possível fazer uma previsão do consumo, o

que pode ser feito através das informações sobre as intenções dos

consumidores (BLACKWELL et al., 2005).

Segundo os autores, a intenção do consumidor está associada a

um comportamento futuro ou algo que espera fazer. A melhor forma de prever

este tipo de comportamento é avaliar a intenção do mesmo o mais próximo

17

possível do ato da compra, pois, dependendo do tempo entre a medida das

intenções e a realização do comportamento real, há uma grande oportunidade

de mudanças nas intenções.

Observa-se que pressupor o comportamento é uma tarefa

bastante complexa, por isso as análises devem ser acompanhadas de estudos

sobre atitudes, sobre crenças e sobre sentimentos do consumidor.

As atitudes são uma expressão dos sentimentos mais íntimos que

refletem se uma pessoa é favorável ou desfavorável a algum objeto (uma

marca, um serviço ou uma loja de varejo). Essas atitudes resultam de

processos psicológicos e não são diretamente observáveis, mas devem ser

deduzidas a partir do que as pessoas dizem ou fazem (SCHIFFMAN; KANUK,

2000).

Ressalta-se também que as atitudes representam os gostos dos

consumidores. Atitude é uma predisposição na qual se aprende a comportar-se

de maneira constantemente favorável ou constantemente desfavorável a

respeito de um dado objeto.

Separando essa definição em partes tem-se que:

a) Objeto da atitude: inclui conceitos específicos

relacionados ao consumo ou com o marketing, tais como

produto, categoria de produto, marca, serviço, posses,

usos do produto, causas ou tópicos, pessoas,

propaganda, preço, meio ou varejista;

b) Predisposição que se aprende: as atitudes são

aprendidas e são formadas em função da experiência

direta com o produto, da informação adquirida de outros,

ou da exposição à propaganda veiculada pela mídia de

massa e às várias formas de marketing direto;

c) Atitudes têm coerência: elas são relativamente

coerentes com o comportamento que refletem, pois as

atitudes mudam e têm influências situacionais;

18

d) Atitudes ocorrem dentro de uma situação: as

atitudes ocorrem e são afetadas pela situação, ou seja,

por eventos ou por circunstâncias que, em determinado

momento, influenciam a relação entre uma atitude e o

comportamento (SCHIFFMAN; KANUK, 2000 apud

ENGEL et al., 2005, p.94).

Existem diversos tipos de atitudes e, para entender melhor como

elas influenciam o comportamento, é necessário analisar como elas são

formadas.

As atitudes podem ser formadas por crenças, sendo definidas

como um julgamento subjetivo entre o relacionamento de duas ou mais coisas.

Compreender a imagem do produto requer compreender as crenças dos

consumidores sobre ele (BLACKWELL et al., 2005).

Os sentimentos também são importantes na formação das

atitudes. Segundo Blackwell et al. (2005), os nossos sentimentos em relação a

um objeto podem resultar na formação de uma atitude. Os sentimentos são

definidos como um estado afetivo ou uma reação e podem ser positivos ou

negativos.

As atitudes não são estáveis e podem mudar ao longo do tempo.

Isso vai depender da forma como foram construídas e como são influenciadas,

através da experiência pessoal, influência da família e dos amigos, marketing

direto e exposição aos meios de comunicação de massa (SCHIFFMAN;

KANUK, 2000).

Outro fator importante que pode determinar e afetar a atitude ou

sua alteração é a personalidade, valores e estilos de vida do indivíduo, objetos

de análise da seção que segue.

19

1.5 – Percepção do Consumidor

A percepção é definida como o processo pelo qual um indivíduo

seleciona, organiza e interpreta estímulos visando um quadro significativo e

coerente do mundo. Pode-se descrever a percepção como a maneira de ver o

mundo a nossa volta (SCHIFFMAN; KANUK, 2000).

O indivíduo recebe estímulos e, a partir de seus sentidos, pode

percebê-los e interpretá-los à sua maneira. A percepção é o resultado de dois

tipos diferentes de dados que interagem para formar os quadros pessoais.

Um deles refere-se aos estímulos físicos do ambiente exterior e o

outro é fornecido pelos próprios indivíduos na forma de certas predisposições

com base em experiência prévia. Os indivíduos interpretam os estímulos de

acordo com suas necessidades, expectativas e experiências (SCHIFFMAN;

KANUK, 2000).

Além disso, os autores destacam que os consumidores possuem

percepções duradouras, ou imagens, e são muito importantes no estudo do

comportamento do consumidor. As principais imagens percebidas pelo

consumidor são: imagens de produto e de serviço, preço percebido, qualidade

percebida, imagem de loja de varejo, imagem do fabricante e imagem de

marca.

Os consumidores criam imagens dos produtos e dos canais de

distribuição e, segundo Engel et al (2005), a imagem que se faz do canal de

distribuição é importante no processo de decisão do consumidor. A imagem

inclui o ambiente físico, os níveis de serviços e a qualidade dos produtos. Além

das imagens percebidas, existem os riscos percebidos.

Segundo Schiffman e Kanuk (2000), o risco percebido pode ser

definido como a incerteza que os consumidores encontram quando não podem

prever as conseqüências de suas decisões de compra e estes podem ser

classificados em risco funcional, risco físico, risco financeiro, risco social, risco

psicológico e risco de tempo.

20

CAPÍTULO II

FOCO NA RETENÇÃO DE CLIENTES

O objetivo deste capítulo é definir o marketing de relacionamento,

seu funcionamento e como esta ferramenta pode ser utilizada pelas

organizações.

2.1 – Importância da retenção de clientes

Para Engel et al (2005) a retenção dos clientes deve receber

ainda maior prioridade das organizações do que a conquista de novos clientes.

Para estes autores, é geralmente menos caro manter clientes atuais do que

atrair novos. Além disso, a perda de clientes pode ser desastrosa em mercados

maduros que estão tendo pouco crescimento real.

Ainda segundo estes mesmos autores, ressaltam a importância

da manutenção dos clientes e chamam a atenção para uma série de mudanças

no ambiente de marketing, tais como relativa escassez de novos

consumidores, aumento da concorrência e os altos custos associados à

conquista de novos clientes em relação aos gastos requeridos para sua

manutenção e os retornos gerados por sua permanência (ENGEL et al, 2005).

No que se refere à relativa escassez de novos consumidores nos

dias atuais, observa-se a diminuição do crescimento populacional dos países

desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como, a redução do crescimento

do Produto Interno Bruto (PIB).

Os dois movimentos conjugados fazem com que as organizações

se defrontem com uma realidade de relativa diminuição da quantidade dos

novos consumidores, proporcionalmente ao passado, e com a retração do

crescimento do nível de consumo dos consumidores existentes (MCKENNA,

1999).

21

Em relação aos custos associados à reconquista de clientes

perdidos e a atração de novos clientes, observa-se que eles se elevaram

quando comparados com os custos de manutenção dos clientes atuais, dentre

outros fatores, pelo aumento dos preços das mídias de massa. Atualmente,

estima-se que a atração de um novo cliente pode custar até cinco vezes mais

do que reter um cliente existente e até doze vezes mais para levá-lo ao mesmo

nível de lucratividade do cliente perdido (KOTLER, 2000, p. 397).

Outra razão para o aumento da importância da retenção do

consumidor é salientada por Mckenna (1999, p. 44), como sendo o aumento da

concorrência, “fomentada pela relativa paridade e redução de vantagens

competitivas de bens de consumo e serviços no mercado e em virtude da

desregulamentação de mercados”.

Quanto maior a concorrência, maiores possibilidades de escolha

tem o consumidor, e como afirma Day (2001), quando os consumidores têm

escolhas e se sentem livres para fazerem-nas, eles se manterão fiéis somente

se estiverem completamente satisfeitos.

Esta nova dinâmica de mercado fez com que algumas empresas

e profissionais de marketing começassem a mudar seu comportamento perante

os novos e exigentes consumidores, e o próprio conceito do marketing evoluiu

(MCKENNA, 1999, p.46).

O foco do conceito de marketing então se desloca da empresa

para o mercado. Parte de uma orientação para fechar a venda com o objetivo

de persuadir o consumidor e adaptar as necessidades do consumidor aos

atributos do produto oferecido, para o foco no consumidor e suas

necessidades, em que as empresas se adaptam às necessidades de seus

consumidores, e não mais o contrário. Começando a ser desenvolvida a

orientação para mercado.

Neste momento, surgem novas propostas de atuação de

marketing. Mckenna (1999) destaca que:

O marketing moderno é visto como uma batalha pela

fidelidade do cliente para a retenção dos atuais clientes

22

da organização. A retenção agora é vista como

economicamente mais vantajosa do que constantemente

buscar novos consumidores (MCKENNA, 1999, p.46).

A cultura das empresas passa a se alterar de “conquistar o cliente

a qualquer preço” para a cultura de “reter o cliente” e conquistar e isolar os

melhores deles, ou seja, os que geram maior valor, das ofertas da concorrência

(MCKENNA, 1999).

Neste sentido, a mentalidade das empresas tem se modificado de

“completar uma venda” para a de “iniciar um relacionamento”; de “fechar um

negócio” para “construir lealdade” (VAVRA, 1993, p.32).

Antes concentradas quase que exclusivamente na melhoria dos

produtos ou marcas, os esforços de marketing agora visam criar um

relacionamento contínuo em que o cliente deve manter-se satisfeito em todas

as etapas desde a venda e utilização até a recompra de produtos. (VAVRA,

1993).

O aumento do tempo de permanência do consumidor impacta,

portanto, no aumento da lucratividade da empresa. Estudos mostram que 5%

de aumento na retenção de cliente podem ser traduzidos em até 85% de

aumento na lucratividade da empresa (ENGEL et al, 2005).

Corroborando com o apresentado acima, Kotler (2000, p. 398)

agrega outros aspectos que justificam esta afirmação:

1. Os clientes altamente satisfeitos permanecem fieis por mais

tempo;

2. Estes clientes compram mais produtos da empresa à medida

que ela lança produtos ou aperfeiçoa os produtos existentes;

3. Tornam-se “advogados” da empresa e falam favoravelmente da

empresa e seus produtos;

23

4. Os clientes altamente satisfeitos prestam menos atenção às

marcas e às propagandas dos concorrentes e são menos

sensíveis à preço;

5. Sugerem melhorias e idéias sobre produtos ou serviços à

empresa;

6. Custam menos para serem atendidos do que os novos clientes,

uma vez que as transações tornam-se rotineiras;

7. A taxa de lucro por cliente tende a aumentar ao longo do tempo

de vida do cliente retido.

A lógica subjacente a este raciocínio é a de que à medida que a

satisfação do consumidor aumenta maior é o sentimento de afinidade e ligação

com produtos ou serviços de uma empresa, manifestada pelo desejo do

consumidor é de permanecer com a empresa, fato que proporciona resultados

financeiros diretos, como mostra a Figura 1.

Figura 1: Consequências para os clientes e empresas

Fonte: Kotler (2000, p.398)

Pesquisas sugerem que esforços de retenção do consumidor e de

construção de lealdade não deveriam ser aplicados a toda a base de clientes

24

da empresa, pois os consumidores diferem em seu valor para a empresa

(VAVRA, 1993).

Por isso, torna-se importante para as empresas ter conhecimento

detalhado de sua base de consumidores, conhecer quais são os clientes de

maior valor para a empresa, suas necessidades e como mantê-los satisfeitos e

leais (VAVRA, 1993).

2.2 – Seleção de clientes

Kotler (2000, p. 398) definem um cliente lucrativo como “uma

pessoa, família ou empresa que dê receitas ao longo do tempo, em montante

considerável, maiores que os custos da empresa para atrair, vender ou prestar

lhe serviço”.

Reichheld (2000, p.6) em sua definição de clientes certos, coloca

que “clientes que ofereçam fluxos de caixa constantes e um retorno rentável

para o investimento da empresa nos próximos anos, e cuja lealdade possa ser

conquistada e mantida”, o que incorpora à afirmação de Kotler (2000) uma

visão de longo prazo e aspectos relativos a conquista, desenvolvimento e

manutenção da lealdade dos clientes.

Reichheld (2000) subentende que alguns clientes forneçam

maiores recompensas a empresa por serem inerentemente previsíveis e leais,

optando por relações duradouras e estáveis; serem mais rentáveis que outros;

e, por achem os produtos e serviços da organização mais valiosos que os de

seus concorrentes. (REICHHELD, 2000, p.6).

Day (2001, p.149) ressalta que os clientes ideais a serem

buscados podem variar de empresa para empresa, pois os clientes ideais são

aqueles para quem a empresa pode fazer mais porque suas aptidões se

adaptam melhor às necessidades e às condições destes.

25

Reichheld (2000) alegam que para a empresa identificar quais são

seus consumidores mais importantes e rentáveis, ela precisa quantificar e

traçar um perfil completo dos lucros que a empresa obtém com seus clientes,

ao longo do tempo. Para tanto, ela precisa saber seus padrões de compra, os

custos necessários para servi-los e as margens que eles trazem.

Ainda Reichheld (2000) coloca que os sistemas contábeis das

organizações atualmente não conseguem detectar esses padrões; associam os

clientes como números e não percebem como identificar todas as diferenças

fundamentais entre os clientes que afetam os fluxos de caixa da empresa

(REICHHELD, 2000, p.7).

Day (2001) coloca que para entender as diferenças entre os

clientes que afetam os fluxos de caixa da empresa é necessário fazer o cálculo

aproximado do valor e a lucratividade ao longo do ciclo de vida do cliente com

a empresa (lifetime value)1.

Dessa forma, devem-se estimar os retornos futuros do cliente ou

segmento e deduzir os custos estimados ao longo do tempo do

relacionamento. Devendo ser contabilizados os custos e os benefícios de

ações de marketing, de vendas e das interações com os consumidores.

A maioria destes custos é fácil de identificar, pois são custos de

aquisição, atendimento, manutenção e retenção de clientes, tais como

publicidade dirigida, comissões de vendas, preços melhores para atrair novos

clientes.

Reichheld (2000) alega que:

Para estimar os retornos futuros do cliente ou segmento

deve-se fazer um cálculo aproximado da duração do

relacionamento com base no histórico de experiências do

cliente ou segmento, e do número e sortimento de

1 Lifetime Value (ou valor do tempo de vida) é um marketing métrico que projeta o valor de uma pessoa sobre a história do seu relacionamento com uma empresa. O uso do valor da vida do cliente como um marketing métrico tende a colocar maior ênfase no serviço de cliente e na satisfação deste a longo prazo, sendo este processo melhor do que investir a curto prazo.

26

produtos comprados ao longo do relacionamento.

(REICHHELD, 2000, p.8)

Para Day (2001), no cálculo dos custos estimados devem-se ser

contabilizados os custos dos prováveis produtos a serem consumidos pelo

consumidor e dos custos de servi-lo, referentes a custos de fornecer

informações e conselhos aos clientes, e custos de gerenciar estoques, por

exemplo.

Day (2001, p.149) ressalta que o grande desafio é “a previsão do

comportamento futuro dos clientes, principalmente se a lealdade do cliente no

passado se deve à inércia ou falta de alternativas adequadas, ou não”.

Para Reichheld (2000, p.9), “também são desafios auferir os

padrões de margens e de duração do ciclo de vida do cliente”.

Consumidores leais melhoram a performance da empresa, por

comprarem mais, aceitarem pagar preços mais elevados (premium prices) e

fazerem comunicações ‘boca-à-boca’ positivas sobre a empresa. Não trocam

de fornecedor por pequenas e momentâneas vantagens de preço (Day, 2001).

Os maus clientes são denunciados por alguns indicadores.

Histórico de mudar de fornecedores, a ausência de interesse em soluções que

exigem relacionamento de longo período, a mentalidade de barganhar por

preços, de atendimento caro ou que não se encaixam nas aptidões da

organização(DAY, 2001).

Para Day (2001, p.149) atender bem os clientes mais rentáveis

também significa desencorajar ou pelo menos não buscar ativamente alguns

clientes. Um desafio difícil para empresas com a mentalidade mercantil,

medindo o sucesso em termos de volume de vendas e participação de

mercado.

Segundo Kotler (2000, p. 396), não há muito que fazer com “os

clientes finais que mudam de região ou foram à falência, mas, muito pode ser

27

feito quando abandonam a empresa devido a baixa qualidade do produto,

serviços deficientes ou preços altos demais”.

Para Reichheld (2000), o desafio de reter os clientes mais

valiosos quando uma empresa sabe identificá-los, passa pela certificação das

verdadeiras razões pelas quais estes clientes estão fazendo negócios com a

empresa ou do porque não estão.

No tópico a seguir serão apresentados os principais fatores que

contribuem para a retenção e para o abandono dos clientes atuais da empresa.

2.3 – Fidelidade do cliente

Para Reichheld (2000) a certificação das verdadeiras razões pelas

quais os clientes fazem negócios com a empresa ou do porque não o fazem,

deve ser feita através de uma entrevista honesta sobre o que motiva sua

lealdade ou deslealdade.

Rust et al (2001) em seu estudo levantou alguns fatores de

influência correlacionados positivamente com a manutenção de clientes:

(a) qualidade de serviço prestado aos clientes;

(b) satisfação;

(c) lealdade do consumidor;

(d) comprometimento do cliente, definido como “a medida do

quanto as partes em uma relação de troca deseja continuar o

relacionamento de valor”; e

(e) atendimento dado pelos funcionários. (RUST et al, 2001, p.31)

Para Day (2001, p. 155), marcas fortes também estão

relacionadas à manutenção de clientes por criarem vantagens no

relacionamento de quatro formas:

28

• Faz com que seja familiar aos clientes e lembrada por ocasião

da compra;

• Representa as experiências passadas e aquilo que os clientes

sabem a respeito da capacidade do produto ou serviço para

satisfazer suas necessidades;

• Capta as associações positivas que os consumidores fazem

com a marca (desempenho, qualidade, atendimento, suporte,

etc.) e trazem consigo a promessa de cumpri-la de forma

confiável; e

• Conquistam a lealdade do cliente e, por conseqüência, um

fluxo previsível de vendas, devido ao desempenho durante os

relacionamentos passados.

Para outros pesquisadores, as razões para os clientes se

manterem fiéis estão relacionadas ao custo percebido pelos clientes em trocar

de fornecedor.

Quanto maior o custo notado pelo cliente, seja por ele se sentir

ligado afetivamente à organização, ou pela perda de um valor monetário ligado

ao fato de ele deixar o relacionamento, mais forte sua relação com a

organização (RUST et al, 2001)

A empresa pode elevar os custos de trocas de fornecedor. Podem

ocorrer quando, por exemplo, uma empresa oferta ao cliente descontos em

novas compras de produtos ou serviços ou facilita sua compra de forma a

economizar-lhe tempo com a nova compra. Desta forma, ela evidência a perda

de recursos monetários e de tempo se ele decidir por comprar de outra

empresa.

Alguns aspectos do comportamento do consumidor favorecem a

percepção do consumidor quanto ao risco e custos na mudança de fornecedor.

Para Rust et al (2001), os que determinam a percepção de riscos na mudança

de fornecedores são:

29

(a) dificuldade de avaliação pré-compra da qualidade do

serviço ou produto; (b) experiências de compra anteriores;

(c) nível de envolvimento com o serviço ou produto; (d)

aversão do consumidor ao risco; (e) força da marca; e (f)

comunicação ‘boca-à-boca’ de amigos e familiares.

(RUST et al, 2001, p. 100)

Para Rust et al (2001), quanto mais fortes forem estes fatores,

menos propensos a mudança de fornecedores são os clientes. Vale ressaltar

que os clientes não são todos iguais, dados demográficos, histórico de compra

e o histórico de atrito, como o de reclamações, podem dar indicações sobre a

lealdade dos consumidores.

Porém, para saber quais são realmente os clientes mais leais a

uma empresa, é necessária uma minuciosa análise da base de clientes,

entendendo as necessidades do segmento atendido e ajustando-se para

melhor servir-los, bem como oferecendo-lhes um atendimento de excelência

(REICHHELD, 2000, p.10).

30

CAPÍTULO III

O MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO

ESTRATEGIA PARA RETENÇÃO DE CLIENTES

O objetivo deste capítulo é apresentar as principais estratégias do

marketing de relacionamento para a fidelização de clientes.

3.1 – Conceito de Marketing de Relacionamento

O conceito de Marketing de Relacionamento é relativamente

recente, surgido nos anos 90. Como todos os conceitos da área de

administração, este também “surgiu de uma necessidade, imposta pelo

mercado. Uma necessidade de reformulação da relação empresa/consumidor”

(VAVRA, 1999, p.25).

De acordo com McKenna (1999, p.29) o marketing de

relacionamento pode ser definido como:

A atração, a manutenção e, em organizações multi-

serviços, o aumento de relacionamento com clientes. A

atração de novos clientes deve ser vista como um passo

intermediário no processo de marketing e solidificar

relacionamentos, transformar clientes em leais

consumidores e servi-los é de fato marketing.

Vários são os autores que têm definido marketing de

relacionamento como a relação entre comprador e vendedor, que uma

empresa busca alcançar fortalecer e desenvolver através de relações de longo

prazo com clientes potenciais atuais.

31

De acordo com Stone (2001) marketing de relacionamento é a

utilização de uma ampla gama de abordagens de marketing, vendas,

comunicação, serviço e atendimento ao cliente para identificar os clientes

individuais de uma empresa, criar um relacionamento duradouro e vantajoso

entre a empresa e os clientes que ela possui e gerenciar esse relacionamento

para beneficiar os clientes e a própria empresa.

Segundo Ferreira e Sganzerlla (2000), o marketing de

relacionamento é um processo contínuo e por isso exige que a empresa

busque feedback dos clientes para poder avaliar se seus desejos e

necessidade vêm sendo atendidos. O início do marketing de relacionamento

deve ser acima de tudo vontade da empresa em programá-lo, pois o seu

sucesso depende de mudanças profundas no modo de pensar e agir

empresarialmente. Para implantá-lo na organização necessita que haja uma

conscientização de todos que trabalham na empresa e que estejam

convencidos que este é o objetivo central.

Para Bogmann (2000) marketing de relacionamento é um

processo contínuo, que requer que a empresa tenha contato constante com os

consumidores para assegurar que os objetivos estejam sendo alcançados;

integre o processo de marketing de relacionamento ao processo de

planejamento estratégico, habilitando a empresa a melhor gerenciar seus

recursos e atender às necessidades futuras dos clientes.

3.2 – Gestão do relacionamento com o cliente

Na gestão abrangente do relacionamento com o cliente podem

ser utilizados os mais variados processos e técnicas de marketing, vendas e

comunicação, os quais, segundo Bogmann (2000), visam, em suma a:

1. Identificar clientes de forma individualizada e nominal;

2. Criar um relacionamento entre a empresa e os clientes,

relacionamento que se prolongue por muitas transações;

32

3. Administrar esse relacionamento para o benefício dos

clientes e da empresa (BOGMANN, 2000, p. 13).

Segundo Bogmann (2000) a decisão de se utilizar o marketing de

relacionamento deve afetar todas as pessoas, a tecnologia e os processos

dentro da organização. Não se trata de somente utilizar conceitos isolados,

como marketing com banco de dados, ou database marketing ou modelagem

de comportamento de clientes por prognósticos, marketing pessoal, venda de

relacionamento, customização de massa, intimidade ou união com o cliente,

muito embora cada um desses aspectos e outros mais desempenhe um

importante fator como componentes do conceito geral de marketing de

relacionamento.

De acordo com Peppers e Rogers (1997) o marketing de

relacionamento visa alinhar a empresa às expectativas de certos clientes e

conquistar continuamente o valor que esses clientes esperam.

Para Drucker (1999) um relacionamento significativo com um

consumidor começa, de modo geral, quando ambas as partes vislumbram

vantagens em se unir por um longo período de tempo. O relacionamento

advindo dessa união deve ser focado nas vantagens mútuas que ambos

obtêm, advindas dessa união.

As vantagens derivadas das necessidades e desejos de cada

parte mudam, evoluem e, em alguns momentos, se contradizem, mas, a partir

da construção do relacionamento, as partes envolvidas conseguem perceber o

que está acontecendo e se adaptam a essas novas realidades, motivadas por

um objetivo comum.

Assim sendo, pode-se dizer que marketing de relacionamento não

é um modismo passageiro que se adapta a situações momentâneas e se

extingue com a mudança desses fatores. Muito mais que isso, ele provém de

iniciativas essenciais às organizações, como um guarda chuva central, do qual

emana uma nova abordagem de marketing, criando novos valores para

estruturar as organizações por um longo prazo.

33

3.3 – Customer Relantionship Management (CRM)

No final da década de noventa, alguns autores começaram a se

referir ao Marketing de Relacionamento como Customer Relationship

Management (CRM), ou seja, Gestão do Relacionamento com o Cliente,

determinados, em geral, a ampliar o foco para o aspecto gerencial necessário à

implementação de uma estratégia de relacionamento com o cliente.

Segundo Vavra (1999), Gerência de Relacionamento com

Clientes é uma abordagem empresarial voltada para entender e influenciar o

comportamento dos clientes, através de comunicações significativas para

aperfeiçoar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade.

Galbreath e Rogers (1999, p. 162) definem CRM como:

Atividades que um negócio desenvolve para identificar,

classificar, adquirir, desenvolver e reter clientes cada vez

mais fiéis e lucrativos, através da entrega do produto ou

serviço correto, para o cliente correto, através do canal

correto, no tempo correto e com o custo correto.

Ainda estes mesmos autores afirmam que “o termo gestão do

relacionamento com o cliente (CRM) está se tornando terminologia padrão,

substituindo o marketing de relacionamento, que tem sido amplamente

percebido como um termo limitado”.

Segundo Kotler (2000, p.122) muitas vezes, uma empresa usará

“gerenciamento do relacionamento com o cliente” porque ela não quer

transmitir a idéia que logo se associa à palavra “marketing”.

Alguns autores preferem uma terminologia alternativa, como é o

caso de Stone e Woodcock (1998, p.29), que sugerem o termo Customer

Management (CM), ou seja, Gestão do Cliente, justificando esta denominação

“não apenas pela confusão existente sobre os termos mas porque em alguns

casos um relacionamento pode não ser nem desejado nem apropriado”.

34

O Marketing de Relacionamento possui princípios fundamentais,

isto é, características, dimensões, valores e, ainda, estratégias que o

distinguem do marketing tradicional e conferem-lhe seu aspecto único.

O marketing de relacionamento deriva dos princípios do

marketing tradicional, ainda que seja bem diferente. [...]

Possui seis dimensões que se diferem materialmente das

definições históricas de marketing. Tomadas em conjunto,

essas diferenças têm o potencial para transformar a visão

da empresa sobre o marketing que ela pratica e sobre

quase toda a empresa, desde o trabalho que ela efetua

com a tecnologia empregada, passando pelos produtos

que fabrica, até a estrutura com que ela alcança seus

objetivos (BOGMANN, 2000, p. 32).

As seis dimensões em questão são: a) criação de novo valor para

os clientes e compartilhamento desse valor entre produtor e consumidor; b)

criação do valor junto com os clientes; c) planejamento e alinhamento

organizacional com foco no cliente; d) esforço contínuo e colaborativo entre

comprador e vendedor, funcionando em tempo real; e) reconhecimento do valor

do cliente por seu período de vida de consumo; f) construção de uma cadeia de

relacionamentos para criar o valor desejado pelo cliente.

Ferreira e Sganzerlla (2000, p. 10), destacam apenas três

propriedades que caracterizam o Marketing de Relacionamento e o diferenciam

do marketing tradicional: a) relacionamento individual com o cliente; b)

processo interativo com o cliente ao longo do tempo ao invés de uma troca

transacional; c) atividade de valor agregado através de mútua interdependência

e colaboração entre fornecedores e clientes.

McKenna (1999, p. 50) refere-se aos princípios fundamentais do

Marketing de Relacionamento como valores e crenças essenciais,

apresentados como condições básicas à sua implementação. Este autor

35

descreve os seguintes valores e crenças essenciais do Marketing de

Relacionamento:

a) cada cliente é um indivíduo: heterogeneidade, e não

homogeneidade é o conceito chave; b) colaboração e

criação de valor em conjunto; c) relacionamentos de longo

prazo; d) relacionamentos tipo ganha-ganha; e) abandono

dos valores da organização burocrática e adoção dos

valores da organização de serviços e relacionamentos.

Vavra (1999) apresentou o conceito de Marketing de

Relacionamento, descreveu cinco estratégias para o desenvolvimento de um

plano para esta abordagem, ressaltando que a empresa deve usá-las

simultaneamente: oferta de um serviço essencial orientado ao cliente,

relacionamento customizado, oferta de serviços “extras” (diferenciais) em

relação à concorrência, preços diferenciados para cada tipo de cliente e

marketing interno.

Posteriormente, Berry (2002, p. 73) escreveu:

Empresas podem praticar marketing de relacionamento

sem serviços “extras” e sem incentivos de preços. Estas

estratégias podem ser úteis para construir

relacionamentos com os clientes, mas não são

essenciais. O que é essencial no marketing de

relacionamento é a oferta de um serviço desejado pelo

cliente e entregue com excelência. [...] Hoje eu

posicionaria serviço essencial, qualidade de serviço e

confiança como aspectos centrais do marketing de

relacionamento. Todo o resto gira em torno destes

fundamentos.

36

A partir destas características, dimensões, valores e estratégias

apontadas por diversos autores, é possível extrair alguns pontos em comum

que distinguem os princípios fundamentais do Marketing de Relacionamento:

a) Tratamento individual dado aos clientes

Para Stone e Woodcock (1998, p. 3), o Marketing de

Relacionamento busca “identificar seus clientes de forma individualizada e

nominal”.

Bogmann (2000, p. 31) reforça esta idéia ao afirmar que “o

marketing de relacionamento é o processo contínuo de identificação e criação

de novos valores com clientes individuais”. Para que os clientes sejam tratados

de maneira customizada, Vavra (1999, p. 40) sugere que eles sejam

“identificados, reconhecidos, comunicados, auditados em relação à satisfação e

respondidos”.

Quando a carteira de clientes é muito grande, isto só é possível

através da tecnologia de informação, uma ferramenta fundamental à

implementação de bancos de dados que permitam a rapidez no

armazenamento e disponibilização de informações sobre clientes (STONE e

WOODCOCK, 1998).

b) Relacionamentos de longo-prazo

A “construção de relacionamentos duradouros com todos os

clientes” ou ainda “o compartilhamento de benefícios durante uma vida toda de

parceria” são características essenciais do Marketing de Relacionamento

(VAVRA, 1999, p. 41).

Bogmann (2000, p. 53), enfatiza, ainda, que para o sucesso do

Marketing de Relacionamento “relacionamentos longos são também

necessários dentro das organizações”.

c) Parceria com o cliente

A idéia de parceria implica em que o relacionamento seja

proveitoso para ambas as partes, ou seja, tanto o cliente quanto o fornecedor

serão beneficiados, pois “num relacionamento, não é apenas uma parte que

37

toma a iniciativa, mas há uma interação baseada em igualdade e respeito”

(BOGMANN, 2000, p. 13). Além disso, implica na idéia de confiança e

colaboração entre as partes (BERRY, 2002).

Segundo Vavra (1999, p. 52), “talvez a principal contribuição do

marketing de relacionamento, e que irá ser lembrado pelas futuras gerações, é

sua ênfase na colaboração. Parceiros em colaboração criam valor em

conjunto”.

Bogmann (2000, p. 41) reforça esta idéia afirmando que o

Marketing de Relacionamento “é fundamentalmente diferente das abordagens

de administração existentes porque convida o cliente para dentro da empresa

por meio da cadeia de valor”.

d) Seleção de clientes

Conforme coloca Bogmann (2000, p.43) “embora não seja

possível um negócio de alta lucratividade com elevados níveis de perda de

clientes, obviamente não é suficiente apenas não perder clientes. É necessário

dar prioridade aos clientes certos e então fazer de tudo para mantê-los”

e) Oferta de bens e serviços com qualidade

Conforme apontado anteriormente para Berry (2002, p. 73) “o que

é essencial no Marketing de Relacionamento é a oferta de um serviço desejado

pelo cliente e entregue com excelência”.

f) Processo contínuo, baseado em alinhamento e

interdependência organizacionais

A empresa precisa estar continuamente buscando agregar valor

para os seus clientes e para que isto seja possível precisa estar

permanentemente monitorando e aperfeiçoando sua cadeia de valor.

O Marketing de Relacionamento só será bem-sucedido se toda a

infraestrutura da empresa for alinhada com foco no relacionamento, e isto

envolve mudança de estrutura organizacional, de cultura e valores, de

tecnologia, de processos, de conhecimento e de estratégia (STONE e

38

WOODCOCK, 1998), além de uma forte interdependência entre funções e

departamentos.

Para Berry (2002), criar valor superior para os clientes, a

interdependência do marketing com as outras funções necessita ser

completamente interligada na estratégia global da organização. Desse jeito,

vários departamentos são engajados nas atividades desenvolvidas para

conhecer as necessidades atuais e futuras dos clientes e os fatores que as

afetam. Esse conhecimento é difundido através dos departamentos financeiro,

recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento (P&D), produção, expedição,

que estarão engajados nas atividades objetivando atender às necessidades

dos clientes de forma personalizada (BERRY, 2002).

Segundo Vavra (1999), uma performance de marketing interativo

implementada com sucesso exige que todas as partes da empresa envolvidas

em cuidar do cliente possam contribuir e apoiar umas às outras para proverem

o cliente com uma boa qualidade total notada e deixá-lo satisfeito. Dessa

forma, para uma empresa que busca uma estratégia de marketing de

relacionamento, a interface interna entre marketing, operações, pessoal e

outras funções é de relevância estratégica para o sucesso (VAVRA, 1999).

Em resumo, pode-se dizer que o Marketing de Relacionamento

caracteriza-se pela busca de uma parceria duradoura com clientes individuais

selecionados, através da oferta de bens e serviços de qualidade, obtidos a

partir de um alinhamento e interdependência organizacionais e de um processo

contínuo de agregação de valor.

3.4 – O CRM como estratégia

O marketing de relacionamento é um processo contínuo e por isso

exige que a organização busque feedback dos clientes para poder avaliar se

seus desejos e necessidade vêm sendo atendidos. (FERREIRA e

SGANZERLLA, 2000).

39

O início do marketing de relacionamento deve ser acima de tudo

um 'desejo' dos gestores da organização em implementá-lo, pois o seu sucesso

depende de mudanças profundas no modo de pensar e agir de seus

colaboradores.

Para implantá-lo as organizações necessitam que haja uma

conscientização de todos que trabalham na empresa e que estejam

convencidos que este é o objetivo central.

O processo de marketing de relacionamento deve começar pela

alta administração da empresa, pois envolve decisões estratégicas que, muitas

vezes, podem significar mudanças de cultura e clima organizacional.

Segundo Bogmann (2000) todo o processo de marketing de

relacionamento envolve três dimensões de marketing: comprometimento,

confiança e cooperação.

Pode-se dizer então que, o marketing de relacionamento como

cultura, é o centro do negócio, considerando a criação e a agregação de valor

ao relacionamento, por meio de uma recompensadora cooperação mútua, de

forma que o relacionamento se caracterize por ser estável, amigável, baseado

em confiança e comprometimento recíprocos.

O marketing de relacionamento enquanto ferramenta estratégica

só é válida como fonte de vantagem competitiva. Isto significa agregar valor a

ser entregue ao mercado e às empresas que são parceiras. Esse valor, porém,

deve ser superior aos que seriam obtidos em relacionamentos tradicionais, de

pura transação, aqueles que são difíceis de serem copiados pela concorrência.

Para construir esse valor é necessário estudar o mercado,

conhecer os parceiros e isso só é possível por meio de relacionamentos de

confiança e cooperação mútua. Na dimensão tática, o marketing de

relacionamento assume uma nova função que segundo McKenna (1999, p. 98)

envolve “a construção de relacionamentos e não a promoção de produtos. No

marketing de relacionamento os quatros P’s do marketing mix (produto, preço,

promoção e praça)”. Deixam de ser parâmetros fundamentais para a promoção

40

de trocas, para ser considerados aqueles que contribuem para os

relacionamentos em um contexto de redes e interações existentes.

Pode-se verificar que a interatividade do processo exerce papel

fundamental no marketing de relacionamento. No marketing tradicional, a

interatividade serve como intermediária entre a produção e o consumo

enquanto no marketing de relacionamento funciona como realizadora entre a

produção e o consumo.

Para Peppers (1997), o marketing de relacionamento apóia-se na

dimensão interativa do marketing de serviços e do gerenciamento de

qualidade. O autor coloca ainda que para que os relacionamentos com clientes

e outros parceiros sejam duradouros e lucrativos, é necessário à função

interativa que ele define como a interface entre a produção e o consumo.

Depois que o produto ou serviço é entregue, o que garante novas vendas é a

interatividade da empresa com o cliente. Entende-se que esta interatividade

não pode ser feita apenas entre empresa e cliente, mas sim em todas as

relações que envolvem a empresa e interferem na satisfação do cliente.

McKenna (1999) coloca que o marketing de relacionamento, como

processo, é constituído de entradas e saídas e requer que empresas vão

buscar feedback dos clientes para avaliar se suas necessidades e desejos vêm

sendo atendidos. Segundo esse mesmo autor, as entradas do processo são:

entender as vontades dos clientes; construir as parcerias com os clientes;

aumentar o poder dos funcionários e gestão pela qualidade total.

E as saídas positivas do processo são: satisfação dos clientes;

lealdade dos clientes; alta qualidade dos produtos e serviços e lucros maiores.

E ainda, marketing de relacionamento enfatiza nas organizações atividades-

chaves (ou processos) nas empresas que são consideradas essenciais na

retenção de clientes.

McKenna (1999) enumera algumas delas: responder às

necessidades dos clientes e seus pedidos rapidamente e com cortesia;

construir competência e profissionalismo no serviço pessoal direto ou indireto

aos clientes; aplicar conceitos e métodos de customização de massa para

41

customizar produtos e serviços padronizados; melhorar a relação de valor em

relação ao preço pago por meio de redução do custo de fazer negócio;

desenvolver sistemas de informações de linha de frente; organizar times de

negócios e funções em torno de clientes e ou mercados; encorajar o

envolvimento ativo de consumidores no processo de planejamento e melhorias

de produtos e serviços; construir uma cultura de retenção centrando em

sistemas de recompensa e reconhecimento da retenção e lealdade.

42

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gerenciamento do atendimento ao cliente coloca-se como ação

para adequação da organização aos desafios de seus cenários ambientais. As

razões para a organização se voltar para a retenção de clientes, abordados

neste estudo, podem ser assim citados: o aumento de concorrência, a elevação

das exigências dos consumidores, inovações tecnológicas constantes e

percepção de ganhos com o aumento da permanência dos clientes.

Este estudo teve o objetivo de compreender como as

organizações podem utilizar o CRM ou marketing de relacionamento como

estratégia para a melhoria das ações de marketing a fim de manter clientes no

atual contexto brasileiro.

O processo de gerenciamento do atendimento ao cliente deve ser

realizado mediante investimento em um sistema de CRM efetivo que

disponibilize as informações de forma rápida, precisa e integrada para os

gestores e seus colaboradores.

Dentre os recursos vistos como imprescindíveis ao bom

gerenciamento de do atendimento ao cliente estão: o foco da empresa

auxiliando aos gestores do processo de gerenciamento de clientes a balancear

o sacrifício de rentabilidade necessário para alcançar a retenção do cliente.

Além disso, vê-se como imprescindível a qualidade e

disponibilidade das informações sobre o cliente, obtidas por meio do

desenvolvimento da área de tecnologias de informação da organização, e

fornecidas aos gestores de marketing e aos operadores do serviço de

atendimento ao cliente, em linha com o discutido da literatura pesquisada.

É importante ressaltar que a avaliação de resultados das ações

de relacionamento por meio da implementação do CRM é realizada não

apenas para testar novas ações de atendimento ao cliente, mas também

periodicamente para auferir se estas, ao longo do tempo, continuam trazendo

43

benefícios superiores a seu custo, havendo avaliação da assertividade das

ações de relacionamento.

Sendo assim, torna-se fundamental que as organizações

implementem a estratégia de CRM para crescimento competitivo, bem como

para aquisição de uma ferramenta voltada tanto para manutenção de seus

clientes e que, neste intuito, sejam delineados e estruturados gestões

específicas, tais como; gestão de marketing, de retenção, de fidelização de

clientes e a gestão de atendimento ao cliente, todas com o compromisso por

assumir a visão do cliente, com metas de desempenho baseadas em retornos

do relacionamento com cliente.

44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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47

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 1

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 2

RESUMO ........................................................................................................... 3

METODOLOGIA ................................................................................................ 4

SUMÁRIO .......................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ...................... 7

1.1 – Comportamento do Consumidor ............................................................... 7

1.2 – Necessidades e Desejos ......................................................................... 11

1.3 – Motivação ................................................................................................ 13

1.4 – Intenções, Atitudes, Crenças e Sentimentos ........................................... 16

1.5 – Percepção do Consumidor ...................................................................... 19

CAPÍTULO II

FOCO NA RETENÇÃO DE CLIENTES ........................................................... 20

2.1 – Importância da retenção de clientes ....................................................... 20

2.2 – Seleção de clientes ................................................................................. 24

2.3 – Fidelidade do cliente ............................................................................... 27

CAPÍTULO III

O MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO ESTRATEGIA PARA

RETENÇÃO DE CLIENTES ............................................................................. 30

3.1 – Conceito de Marketing de Relacionamento ............................................. 30

3.2 – Gestão do relacionamento com o cliente ................................................ 31

3.3 – Customer Relantionship Management (CRM) ......................................... 33

3.4 – O CRM como estratégia .......................................................................... 38

48

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 44

ÍNDICE ............................................................................................................. 47