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  • 0

    UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

    CENTRO DE EDUCAO, FILOSOFIA E TEOLOGIA - CEFT

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA RELIGIO

    ELIEZER CARDOSO DE OLIVEIRA

    MARKETING PALAVRA DE VIDA: A LGICA MERCADOLGICA DA

    ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRS

    SO PAULO

    2017

  • 1

    Eliezer Cardoso de Oliveira

    MARKETING PALAVRA DE VIDA: A LGICA MERCADOLGICA DA

    ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRS

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Cincias da Religio,

    rea de concentrao: Cincias da

    Religio da Universidade Presbiteriana

    Mackenzie, como parte das exigncias para

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias

    da Religio. Orientador: Prof.

    Dr. Leonildo Silveira Campos.

    So Paulo

    2017

  • 2

    O48m Oliveira, Eliezer Cardoso de

    Marketing palavra de vida: a lgica mercadolgica da

    Assembleia

    de Deus no Brs / Eliezer Cardoso de Oliveira 2017.

    228 f.: il ; 30 cm

    Dissertao (Mestrado em Cincias da Religio) Universidade

    Presbiteriana Mackenzie, So Paulo, 2017.

    Orientador: Prof. Dr. Leonildo Silveira Campos

    Bibliografia: f. 217-225

    1. Marketing religioso 2. Pentecostalismo 3. Comunicao I. Ttulo II. Assembleia de Deus do Brs

    LC BX6198.A7

  • 3

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    minha famlia, embrio inspirativo e esteio de

    confiana, pelo constante incentivo e apoio.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A Jesus Cristo, Mestre por excelncia, referncia maior.

    A minha querida Rosye Domingos, pela pacincia, incentivo e colaborao.

    Aos amigos, que sempre incentivaram meus estudos e estiveram ao meu lado.

    Aos meus pais Joaquim e Sinair, um amor que jamais ter fim.

    Aos meus irmos e sobrinhos, dos quais tenho muito orgulho.

    Aos meus familiares, pelo tempo dispensado para me ouvir e compartilhar.

    Aos meus colegas de classe e demais formandos pelo compartilhamento.

    Aos professores pelo aprendizado, que o maior legado.

    Aos pastores e membros da ADBRAS pelos dilogos.

    Aos pastores e membros da AD Belenzinho pelas contribuies.

    Aos autores e tericos citados neste trabalho, pela fundamentao terica.

    Aos colaboradores da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Ao MAC Pesquisas pelo financiamento parcial da pesquisa.

    A CAPES pelo financiamento via bolsa Capes-Taxas.

    Ao Prof. Dr. Leonildo Silveira Campos, que me transmitiu apoio e confiana.

    Ao Prof. Dr. Ricardo Bitun pela pacincia e incentivo.

    A Prof Dra. Lidice Ribeiro, pelo aprendizado, compreenso e apoio metodolgico.

    A Prof Dra. Suzana Coutinho, pela motivao na continuidade dos estudos.

    A todos que acreditam que o conhecimento uma busca continua.

  • 6

    Os seres humanos so considerados produtos a

    serem utilizados e, em seguida, descartados. Ns

    criamos uma cultura descartvel que agora est se

    espalhando. (Papa Francisco)

  • 7

    RESUMO

    A proposta do pesquisador na elaborao desta dissertao trabalhar as questes que

    envolvem a problemtica da quebra de paradigmas e insero da multimdia na maior Igreja

    Pentecostal do Brasil: as Assembleias de Deus. Mais especificamente, aps analisar a histria

    da AD, o tema foi delimitado na Assembleia de Deus no Brs Ministrio Madureira - ADBRAS,

    que nos parece ser vanguardista na contextualizao do sagrado, dos costumes e da msica

    assembleiana tradicional, fazendo uso das diversas mdias disposio no mercado religioso

    brasileiro. No segundo momento, trabalhou-se criticamente, informando as opes de culto e

    programao temticos, analisando a posio do marketing religioso e sua influncia na

    evangelizao. O trabalho se firma como anlise bibliogrfica, pesquisa de campo e observao

    participativa. O dilogo do pesquisador com os tericos permitiu o embasamento necessrio

    para credibilidade na pesquisa e formulao da dissertao. Significa dizer que o trabalho

    buscou as fontes j publicadas nos assuntos que se referem a marketing religioso

    pentecostalismo e comunicao. Espera-se contribuir com o segmento religioso pentecostal, no

    sentido de apresentar informaes e anlises que norteie o debate em torno da utilizao de

    ferramentas mercadolgicas na evangelizao crist. As denominaes modernas parecem

    entender que, mais do que discutir posies teolgicas, preciso saber fazer e adaptar

    benchmarking em seus processos. O resultado aponta para a realidade de que na propagao

    das novidades do mercado religioso, marketing, sociologia e teologia podem caminhar de mos

    dadas. A confirmao maior desta verdade vem de quem criou a marca cristo uma das mais

    implacveis marcas religiosas de todos os tempos.

    Palavras chave: Marketing Religioso. Pentecostalismo. Comunicao.

  • 8

    ABSTRACT

    The researcher's proposal in the elaboration of this dissertation is to work on the

    questions that involve the problem of breaking paradigms and insertion of multimedia in the

    largest Pentecostal Church in Brazil: Assemblies of God. More specifically, after analyzing the

    history of AD, the theme will be delimited in ADBRAS Ministrio Madureira, which seems to

    be avant-garde in contextualizing the sacred, customs and traditional Assembleia music, making

    use of the various media available in the Brazilian religious market. In the second phase, we

    intend to work critically, informing about cult and thematic programming options, analyzing

    the position of religious marketing and its influence on evangelization. The work aims to

    consolidate itself as bibliographic analysis and field research. . The researcher's dialogue with

    the theorist, allowed the necessary basis for credibility in the research and formulation of the

    thesis. This means that the work has been able to go to sources already published in the issues

    that relate to religious marketing, Pentecostalism and context. It is expected to contribute to

    the Pentecostal religious segment, in order to present the information and analysis that guides

    the debate on the use of marketing tools for evangelism, rather than to discuss theological

    positions, one must know and adapt to the benchmarking of Their processes. The expected

    results points to the fact that the spread of the new religion of the market, marketing, sociology

    and theology can go hand in hand. The greatest confirmation of this fact comes from those who

    created the "Christian" brand one of the most ruthless religious brands of all time.

    Keywords: Religious marketing. Pentecostalism. Communication.

  • 9

    RESUMEN

    El propsito del investigador en la preparacin de este trabajo es trabajar las cuestiones

    relacionadas con el problema de romper paradigmas y la insercin de la multimedia en la mayor

    iglesia pentecostal en Brasil: las Asambleas de Dios. Ms especficamente, despus de analizar

    la historia de nuestra era, el tema se definir en el AD Brs Ministerio Madureira, que parece

    ser de vanguardia en el contexto de las costumbres sagradas y msica assembleiana tradicional,

    haciendo uso de los diversos medios de comunicacin disponibles en el mercado religioso

    brasileo. En la segunda fase, tenemos la intencin de trabajar crticamente, informando de

    culto y de opciones de programacin temtica, analizando la posicin de comercializacin

    religiosa y su influencia en la evangelizacin. El trabajo tiene como objetivo consolidarse como

    anlisis bibliogrfico y de investigacin de campo. El investigador de dilogo con el terico,

    permiti la base necesaria para la credibilidad en la investigacin y la formulacin de la tesis.

    Esto significa que el trabajo se ha podido ir a las fuentes ya publicadas en los asuntos que se

    refieren a la comercializacin religiosa, el pentecostalismo y el contexto. Se espera que

    contribuya al segmento religiosa pentecostal, con el fin de presentar la informacin y el anlisis

    que orienta el debate sobre el uso de herramientas de marketing para el evangelismo, ms de

    discutir posiciones teolgicas, uno debe conocer y adaptarse a la evaluacin comparativa de sus

    procesos. Los resultados esperados puntos al hecho de que la propagacin de la nueva religin

    del mercado, la comercializacin, la sociologa y la teologa puede ir de la mano. El mayor

    confirmacin de este hecho proviene de aquellos que cre la marca "cristiano" una de las marcas

    religiosas ms despiadados de todos los tiempos.

    Palabras clave: Marketing religiosa. Pentecostalismo. Comonicacon.

  • 10

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 modelo de SWOT ................................................................................................ 33

    Figura 2 o quebra cabea do centenrio ............................................................................. 80

    Figura 3 analise SWOT .................................................................................................... 109

    Figura 4 meios de comunicao ....................................................................................... 112

    Figura 5 Instituto Paulo Freire .......................................................................................... 129

    Figura 6 Instalaes desafio jovem de Belm ................................................................. 131

    Figura 7 ao social em Ceilandia .................................................................................... 132

    Figura 8 ao social em Chapec ..................................................................................... 133

    Figura 9 divulgao do programa Palavra de Vida .......................................................... 147

    Figura 10 banner programa Palavra de Vida .................................................................... 148

    Figura 11 swot ADBRAS ................................................................................................. 160

    Figura 12 a matriz ADBRAS ........................................................................................... 162

    Figura 13 marcas da ADBRAS ........................................................................................ 167

    Figura 14 banner campanhas ............................................................................................ 169

    Figura 15 campanhas janeiro profetico ............................................................................ 172

    Figura 16 pastor e a frase de efeito ................................................................................... 172

    Figura 17 divulgao da vigilia ........................................................................................ 173

    Figura 18 perfil da ADBRAS e o contraste com a ADMB .............................................. 174

    Figura 19 casal Ferreira na capa do CD Brs Adorao .................................................. 177

    Figura 20 a pastora Keila Ferreira na divulgao do CORAFESP .................................. 182

    Figura 21 divulgao do congresso de jovens .................................................................. 182

    Figura 22 divulgao do congresso de jovens .................................................................. 183

    Figura 23 marketing pessoal feminino ............................................................................. 184

    Figura 24 evento segunda de primeira. ............................................................................ 185

    Figura 25 a imagem do pastor com implante capilar ....................................................... 186

    Figura 26 a pastora moderna ............................................................................................ 187

    Figura 27 banner culto online ........................................................................................... 191

    Figura 28 divulgao do programa Palavra de Vida ........................................................ 191

    Figura 29 agenda anual ..................................................................................................... 193

    Figura 30 logo do IDEAS ................................................................................................. 198

    Figura 31 banner ao social IDEAS ............................................................................... 198

  • 11

    Figura 32 campanhas IDEAS ........................................................................................... 198

    Foto 1 presidentes das convenes ..................................................................................... 79

    Foto 2 celebrao do centenrio da AD .............................................................................. 82

    Foto 3 Daniel Berg e familia ............................................................................................. 120

    Foto 4 Gunnar e a esposa Frida Vingren ........................................................................... 121

    Foto 5 Paulo Leiva Macalo ............................................................................................. 122

    Foto 6 Cicero Canuto de Lima .......................................................................................... 123

    Foto 7 Manoel Ferreira...................................................................................................... 124

    Foto 8 Jos Welington Bezerra da Costa .......................................................................... 124

    Foto 9 Samuel Ferreira ...................................................................................................... 126

    Foto 10 Paulo Freire com crianas do Instituto ................................................................ 130

    Foto 11 Cidade Mundial ................................................................................................... 139

    Foto 12 Templo de Salomo ............................................................................................. 140

    Foto 13 Templo da Glria de Deus ................................................................................... 141

    Foto 14 Templo sede da ADMB ....................................................................................... 141

    Foto 15 Templo sede ADBRAS ........................................................................................ 143

    Foto 16 Antiga sede da AD no Brs nos anos de 1950 ..................................................... 150

    Foto 17 Pastor Luprcio lendo o breve histrico da AD no Brs ..................................... 151

    Foto 18 O deputado Joo Hornos e Paulo Macalo na inaugurao ................................. 151

    Foto 19 Samuel Ferreira e a chave da vitria .................................................................... 169

    Foto 20 orao pelos carns da campanha da vitria ........................................................ 170

    Foto 21 Samuel Ferreira com chave da vitria em destaque ............................................ 171

    Foto 22 Samuel Ferreira e a chave da vitria .................................................................... 171

    Foto 23 casal ADMB ........................................................................................................ 175

    Foto 24 casal ADBRAS .................................................................................................... 175

    Foto 25 casal ADBRAS .................................................................................................... 176

    Foto 26 assinatura do contrato Brs Adorao ................................................................. 178

    Foto 27 lanamento Brs Adorao na sede da ADBRAS ............................................... 179

    Foto 28 Samuel Ferreira durante pregao na ADBRAS ................................................. 180

    Foto 29 templo enfeitado para o evento CORAFESP ....................................................... 181

    Foto 30 mulheres posam para foto durante congresso de mulheres ................................. 181

    Foto 31 casal Ferreira, a filha e Sonia Hernandes na Marcha para Jesus ......................... 184

    Foto 32 o pastor durante um culto na sede ........................................................................ 186

  • 12

    Foto 33 o pastor Samuel ministrando ............................................................................... 187

    Foto 34 culto no templo sede ............................................................................................ 189

    Foto 35 pastor Samuel no plpito do templo sede ............................................................ 190

    Foto 36 posse do Presidente Temer .................................................................................. 192

    Grfico 1 trajetria dos ministrios em So Paulo. .......................................................... 106

    Grfico 2 Censo 2000 e 2010. .......................................................................................... 107

    Grfico 3 atuao ADBRAS. ............................................................................................ 107

    Tabela 1 conceitos e definies de marketing .................................................................... 30

    Tabela 2 cmposto de marketing expandido para servios .................................................. 43

    Tabela 3 ferramentas usadas pela AD ................................................................................ 73

    Tabela 4 ranking com os paises com mais membros assembleianos.................................. 92

    Tabela 5 nmeros de assembleianos por regio .................................................................. 93

    Tabela 6 nmeros de assembleianos por continente ........................................................... 94

    Tabela 7 nmeros de assembleianos por ministrio ........................................................... 94

    Tabela 8 a AD na linha do tempo. ..................................................................................... 96

    Tabela 9 anlise dos discursos .......................................................................................... 117

    Tabela 10 composio da ADBRAS ................................................................................ 155

    Tabela 11 potencial da ADBRAS ..................................................................................... 161

    Tabela 12 plano de aes .................................................................................................. 169

  • 13

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    APHA Public Healt Associetion

    AD Assembleia de Deus

    ADBRAS Assembleia de Deus no Brs

    ADBELEM Assembleia de Deus no Belm

    ADMB Assembleia de Deus Ministrio Belenzinho

    ADMM Assembleia de Deus Ministrio Madureira

    AT Antigo Testamento

    CGADB Conveno Geral das Assembleias de Deus no Brasil

    CONAMAD Conveno Nacional das Assembleias de Deus Ministrio do Madureira

    CPAD Casa Publicadora das Assembleias de Deus

    CCB Congregao Crist no Brasil

    CONFRADESP Conveno Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de SP

    CRA Conselho Regional de Administrao

    EETAD Escola de Ensino Teolgico das Assembleias de Deus

    IURD Igreja Universal do Reino de Deus

    IMPD Igreja Mundial do Poder de Deus

    IPDA Igreja Pentecostal Deus Amor

    IIGD Igreja Internacional da Graa de Deus

    NT Novo Testamento

    USP Universidade de So Paulo

    UMESP Universidade Metodista de So Paulo

    UNESP Universidade Estadual Paulista

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UPM Universidade Presbiteriana Mackenzie

    PUC Pontifcia Universidade Catlica

  • 14

    SUMARIO

    INTRODUO ........................................................................................................................ 19

    CAPTULO I. MARKETING E RELIGIO ........................................................................... 29

    1.1 Conceitos sobre Marketing ........................................................................................ 29

    1.1.1 Fatores ambientais no Marketing ............................................................................... 32

    1.1.1.1 Ambiente demogrfico ............................................................................................... 33

    1.1.1.2 Ambiente econmico .................................................................................................. 34

    1.1.1.3 Ambiente natural ........................................................................................................ 34

    1.1.1.4 Ambiente tecnolgico................................................................................................. 35

    1.1.1.5 Ambiente poltico legal .............................................................................................. 36

    1.1.1.6 Ambiente scio cultural.............................................................................................. 36

    1.1.2 Comportamento do consumidor ................................................................................. 36

    1.1.3 Ligao entre Propaganda e Marketing. ..................................................................... 40

    1.1.3.1 Marketing ................................................................................................................... 41

    1.1.3.2 Marketing de servios ................................................................................................ 42

    1.1.3.3 Composto de Marketing ............................................................................................. 43

    1.2 Marketing Religioso .................................................................................................. 44

    1.2.1 O que marketing religioso?...................................................................................... 44

    1.2.2 O Marketing em organizaes sem fins lucrativos. ................................................... 47

    1.2.3 Novas tendncias no mercado religioso brasileiro. .................................................... 50

    1.3 Pentecostais brasileiros e o marketing ....................................................................... 52

    1.3.1 Pentecostais que procuram se contextualizar usando o Marketing. ........................... 52

    1.3.2 O Marketing que est sendo usado por Pentecostais brasileiros. ............................... 53

    1.3.3 O Marketing como exigncia de situao de competitividade entre os religiosos. .... 54

    1.4 Estratgias de marketing ............................................................................................ 56

    1.4.1 Quando as estratgias de Marketing se tornam necessrias. ...................................... 56

    1.4.2 Teorias que ajudam entender o fenmeno mercadolgico religioso. ......................... 57

    1.4.3 A profissionalizao do marketing no segmento religioso. ....................................... 59

    CAPTULO II. ASSEMBLEIA DE DEUS: REFERENCIA PENTECOSTAL NO BRASIL 60

    2.1 Origem, fundao e trajetria da Assembleia de Deus no Brasil. ............................. 62

    2.1.1 Origem do movimento assembleiano no Brasil. ........................................................ 63

    2.1.2 Os suecos e a cultura nordestina................................................................................. 64

  • 15

    2.1.3 A influncia americana ............................................................................................... 65

    2.1.4 Perfil atual .................................................................................................................. 67

    2.2 As ferramentas corporativas e scio-religiosas da AD. ............................................. 68

    2.2.1 Evoluo ttica ........................................................................................................... 68

    2.2.2 Ferramentas modernas ................................................................................................ 71

    2.3 Resistncia, neopentecostalizao e modernizao na AD. ...................................... 73

    2.3.1 Rigidez........................................................................................................................ 74

    2.3.2 Modernizao ............................................................................................................. 74

    2.3.3 Neopentecostalizao ................................................................................................. 75

    2.4 Assembleia ou Assembleias: as convenes CGADB e CONAMAD. ..................... 76

    2.4.1 Conveno Geral Das Assembleias De Deus no Brasil. ............................................ 77

    2.4.2 Conveno Nacional das Assembleias de Deus Ministerio Madureira. ..................... 78

    2.5 Cisma: poder, estratgias e os caminhos da separao. ............................................. 79

    2.6 Primeiro centenrio: divergncias e oportunidades das comemoraes em 2011. .... 80

    2.6.1 Oportunidade .............................................................................................................. 81

    2.6.2 Taticas ........................................................................................................................ 82

    2.6.3 Resultados .................................................................................................................. 83

    2.7 Preservao das tradies: o futuro da igreja e sua relevncia social. ....................... 84

    2.7.1 Doutrina ...................................................................................................................... 85

    2.7.2 Usos e costumes ......................................................................................................... 85

    2.7.3 Liturgia ....................................................................................................................... 86

    2.7.4 Clula mater ............................................................................................................... 86

    2.8 Mudanas histricas e o perigo de estagnao da AD. .............................................. 87

    2.9 A AD no mercado religioso. ...................................................................................... 88

    2.9.1 Centralizao do poder econmico ............................................................................ 89

    2.9.2 Hereditariedade do poder ........................................................................................... 89

    2.9.3 Transparncia financeira ............................................................................................ 90

    2.9.4 Poltica partidria ....................................................................................................... 91

    2.9.5 A naturalidade dos fatos ............................................................................................. 91

    2.9.6 Nmero de assembleianos pelo mundo ...................................................................... 92

    2.9.7 Nmeros de assembleianos no Brasil ......................................................................... 93

    2.9.8 AD em percentual por continente ............................................................................... 93

    2.9.9 ADMB x ADBRAS .................................................................................................... 94

  • 16

    CAPTULO III. O MARKETING RELIGIOSO ASSEMBLEIANO...................................... 96

    3.1 A teologia arminiana e a abertura para o marketing na AD. ................................... 102

    3.2 Os desafios da AD frente ao mercado religioso. ..................................................... 104

    3.2.1 Concorrentes diretos e indiretos da AD no Brasil .................................................... 106

    3.3 A AD e sua participao no mercado religioso brasileiro. ...................................... 107

    3.4 Multimdia: os caminhos da comunicao na AD. .................................................. 110

    3.5 Analise de discurso: a importncia do sermo na AD. ............................................ 114

    3.5.1 Sermo 1 Pr. Paulo Freire (ADMB Campinas) ..................................................... 114

    3.5.2 Sermo 2 Pr. Samuel Ferreira (ADBRAS) ............................................................ 115

    3.6 A evoluo da AD na figura do pastor presidente. .................................................. 118

    3.6.1 Daniel Berg (18841963) ......................................................................................... 119

    3.6.2 Gunnar Vingren (1879-1933) ................................................................................... 120

    3.6.3 Paulo Leiva Macalo (1903-1982) ........................................................................... 121

    3.6.4 Cicero Canuto de Lima (1893-1982)........................................................................ 122

    3.6.5 Manoel Ferreira (1932) ............................................................................................ 123

    3.6.6 Jos Welington Bezerra da Costa (1934) ................................................................. 124

    3.6.7 Samuel Cassio Ferreira (1968) ................................................................................. 125

    3.7 Ao social, voluntariado e capilaridade: uma ttica de marketing. ....................... 127

    3.7.1 O papel social da AD................................................................................................ 129

    3.7.2 ADBRAS IDEAS (sudeste)................................................................................... 129

    3.7.3 ADMB Instituto Paulo Freire (sudeste)................................................................. 129

    3.7.4 ADBELEM Par Desafio Jovem de Belm DEJOBE (nordeste) ...................... 131

    3.7.5 ADCN Faa uma criana feliz (norte) ................................................................... 132

    3.7.6 ADFE CONAS Sul (sul) ....................................................................................... 133

    3.7.7 ADBG Barra das Garas (centroeste) ................................................................... 133

    3.8 A relao de troca com os fiis na AD. ................................................................... 134

    3.9 Barreiras para uma maior participao no mercado religioso brasileiro. ................ 137

    3.10 Mega templos. A AD na onda dos grandes empreendimentos. ............................... 139

    3.10.1 Cidade Mundial dos Sonhos de Deus ....................................................................... 139

    3.10.2 Templo de Salomo .................................................................................................. 140

    3.10.3 Templo da Glria de Deus........................................................................................ 141

    3.10.4 Templo de sede da ADMB em SP............................................................................ 141

    3.10.5 Templo sede da ADBRAS em SP ............................................................................ 142

  • 17

    CAPTULO IV. O CASE DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRS .................................. 147

    4.1 Perfil da Assembleia de Deus no Brs ..................................................................... 149

    4.1.1 A composio do campo ADBRAS ......................................................................... 152

    4.2 Origem e governo na ADBRAS .............................................................................. 153

    4.2.1 ADBRAS, um campo da ADMM com status de Ministrio ................................... 153

    4.2.2 ADMB, um Ministrio do Ministrio Misses ........................................................ 153

    4.2.3 Neopentecostalizao ............................................................................................... 155

    4.2.4 Mercado alvo e segmentao ................................................................................... 155

    4.2.5 Necessidades, demandas e desejos na ADBRAS ..................................................... 156

    4.2.6 Setor e mercados de atuao .................................................................................... 157

    4.2.7 Estrutura no Brasil .................................................................................................... 157

    4.2.8 Anlise da situao atual .......................................................................................... 158

    4.2.9 Fatores ambientais .................................................................................................... 159

    4.2.10 Concorrentes atuais .................................................................................................. 160

    4.2.11 Definio de estratgias............................................................................................ 162

    4.2.12 Fatores crticos para o sucesso das estratgias mercadolgicas ............................... 163

    4.2.13 CRM ......................................................................................................................... 163

    4.2.14 Tticas ...................................................................................................................... 163

    4.2.15 Beneficios para o fiel ................................................................................................ 164

    4.2.16 Possveis objees .................................................................................................... 164

    4.2.17 O acordo entre ADBRAS e as congregaes. .......................................................... 165

    4.2.18 Instrumentos de controle .......................................................................................... 167

    4.3.1 Beckmarketing.......................................................................................................... 167

    4.3.2 Marcas ...................................................................................................................... 167

    4.3.3 Campanhas ............................................................................................................... 168

    4.3.4 Usos e costumes ....................................................................................................... 174

    4.3.5 A musica ................................................................................................................... 176

    4.3.6 Pregao ................................................................................................................... 180

    4.3.7 Congressos................................................................................................................ 181

    4.3.8 Eventos temticos ..................................................................................................... 184

    4.3.9 O modelo pastoral .................................................................................................... 185

    4.3.10 Liturgia ..................................................................................................................... 188

    4.3.11 O templo e o marketing religioso ............................................................................. 189

    4.3.12 Midia digital ............................................................................................................. 190

  • 18

    4.3.13 Politica ...................................................................................................................... 167

    4.3.14 Organizao de agenda anual ................................................................................... 192

    4.4 Mercado alvo e segmentao ................................................................................... 193

    4.4.1 Necessidades, demandas e desejos na ADBRAS ..................................................... 194

    4.4.2 Imaginrio pentecostal: analise de culto .................................................................. 194

    4.5 Metas financeiras:Tcnicas para arrecadaes. ....................................................... 198

    4.6 Trabalhos sociais desenvolvidos pela ADBRAS ..................................................... 199

    4.6.1 Objetivos do IDEAS ................................................................................................. 200

    4.7 A ADBRAS como estratgia de solidificao da holding ADMM. ........................ 200

    4.8 Nepotismo: uma forma de manuteno e perpetuao do poder. ............................ 201

    4.9 A ADBRAS e seu concorrente direto a ADMB ....................................................... 202

    4.10 Mix de marketing: a busca de um planejamento eficaz. .......................................... 203

    4.10.1 Misso e troca ........................................................................................................... 204

    4.10.2 Gesto do marketing da ADBRS ........................................................................... 204

    4.10.3 O produto .................................................................................................................. 205

    4.10.4 O preo ..................................................................................................................... 206

    4.10.5 A praa ..................................................................................................................... 206

    4.10.6 A promoo .............................................................................................................. 207

    4.10.7 As pessoas ................................................................................................................. 208

    4.10.8 O perfil ...................................................................................................................... 208

    4.10.9 O processo ................................................................................................................. 208

    4.10.10 A produtividade ........................................................................................................ 209

    4.11 Perfil dos consumidores dos produtos e servios da ADBRAS. ............................. 209

    4.12 O marketing pessoal e institucional juntos na ADBRAS ........................................ 210

    CONCLUSO ........................................................................................................................ 213

    BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 216

    ANEXOS ................................................................................................................................ 225

  • 19

    INTRODUO

    O objetivo primordial deste texto procurar compreender as circunstncias e o contexto

    em que se deu a implementao de estratgias de comunicao na Assembleia de Deus no Brs,

    em So Paulo no perodo de 2006 a 2016. ADBRAS como ser nominada neste texto uma

    denominao pentecostal brasileira, ligada Assembleia de Deus Ministrio Madureira no Rio

    de Janeiro. Os fatos ocorridos neste perodo com a chegada do pastor Samuel Ferreira

    presidncia da igreja, lanam luzes sobre os mecanismos de poder da famlia Ferreira sobre os

    membros no mbito das ADs resultantes do trabalho empreendedor do fundador do ministrio,

    Paulo Leiva Macalo. A trajetria da ADBRAS, suas dificuldades e problemas, so marcados

    nesta dcada pela inaugurao do novo Templo sede na Avenida Celso Garcia. Parece-nos que

    essa inaugurao resultou em uma espcie de oportunidade para a tomada do campo do Brs,

    onde se criou um ambiente com acirrada disputa pelo poder na denominao religiosa.

    Procuramos entender a mxima de que uma organizao corporativa que visa

    consolidao no mercado, precisa se posicionar na busca de estratgias para evidenciar, manter

    e inovar a marca e o produto ou servio, tornando-o competitivo. Para isso h o consenso de

    que fundamental o investimento em marketing. Assim, as organizaes religiosas modernas

    tem lanado mo de estratgias cada vez mais inovadoras no sentido de firmar suas filosofias e

    liturgias. Em se tratando de igrejas crists, a reforma protestante do sculo XVI abriu um leque

    de oportunidades que fez surgir no cenrio religioso, diversos agentes independentes e com

    objetivos distintos. Isso alavancou uma verdadeira busca aos fiis, que como consumidores da

    religio, buscam soluo para seus problemas existenciais e aproximao com o sagrado.

    Observou-se que a Assembleias de Deus no Brasil tem se tornado assunto acadmico

    nas principais universidades. A denominao que atualmente est presente em praticamente

    todos os municpios brasileiros comeou de forma tmida no norte do pas, em Belm do Par.

    Com uma linguagem simples, o jornalista e historiador Emilio Conde a descreve como um

    gro de mostarda que germinou, enflorou-se e ps-se a outonar almas, igrejas, searas e

    misses. Fato que, as Assembleias de Deus tomaram o Brasil de norte a sul e hoje se

    configura como a maior denominao evanglica pentecostal em solo brasileiro. Freston

    (1988:36) informa que houve trs ondas do movimento pentecostal no Brasil: A primeira onda,

    foi o que alguns autores chamaram de pentecostalismo clssico, quando alguns missionrios

    pentecostais convertidos nos Estados Unidos, pelo movimento que ficou conhecido como

    Avivamento da Rua Azuza, aqui chegaram e fundaram as igrejas Congregao Crist no

    Brasil e a Assembleia de Deus. Estas novas denominaes tinham como principais

  • 20

    caractersticas combater o catolicismo, promover o sectarismo religioso, evidenciar a doutrina

    das lnguas estranhas, pregar o triunfo do esprito sobre as paixes mundanas, com foco da

    pregao na necessidade de isolamento do mundo para receber a salvao eterna. Desde

    isolamento surgiu aplicao de regras que orientava a vida dos fiis.

    Mas os tempos mudaram, o segmento pentecostal cresceu e se tornou extremamente

    competitivo. Os fiis, assim como os consumidores, procuram satisfazer suas necessidades de

    f da melhor forma possvel, tanto quantitativamente, quanto qualitativamente, logo essas

    necessidades so sanadas por uma oferta de mercado que Kotler (2007:64) define como uma

    combinao de produtos, servios, informaes ou experincias, oferecida a um pblico alvo

    para satisfazer uma necessidade ou um desejo.

    A Assembleia de Deus no s mudou, mas se dividiu. De uma pequena obra missionria,

    tornou-se um grande imprio religioso, com demandas polticas e sociais de interesse pblico.

    Hoje duas grandes convenes administram a obra, a Conveno Geral das Assembleias de

    Deus no Brasil CGADB, com uma fatia aproximada de 70% e a Conveno Nacional das

    Assembleias de Deus ministrio Madureira CONAMAD, com 25%. Outros 5% no pertence a

    nenhum guarda-chuva e atuam de forma independente. No cenrio brasileiro, a evidncia do

    crescimento das Assembleias de Deus est sobre a observao dos tericos. Basta observar os

    bairros das periferias, nas esquinas e ruas, o brotar crescente de novas congregaes e

    ministrios ligados AD no Brasil.

    Para analisar os fatores por de detrs do crescimento da AD, esta pesquisa pode nos

    ajudar numa melhor compreenso das estratgias de comunicao e marketing que tem operado

    nas igrejas pentecostais brasileiras. Considera-se que compreender a atuao do caso da

    ADBRAS importante para a expanso do movimento pentecostal brasileiro, particularmente

    no que diz respeito s Assembleias de Deus. No entanto, a cpula tradicional assembleiana no

    poupa crticas s ferramentas corporativas no mbito da denominao. A AD tradicional, nas

    primeiras dcadas, era avessa aos meios de comunicao, mas na tentativa de resolver tenses

    e se expandir, pouco a pouco foi permitindo estratgias advindas do mercado religioso.

    Um dos objetivos deste texto avaliar, luz da perspectiva do marketing, a trajetria de

    Samuel Ferreira, e a presso imposta ADBRAS que absorve as mudanas num contexto de

    conflitos internos na denominao assembleiana. Outros objetivos estabelecidos foram:

    pesquisar os desafios que a ABRAS enfrenta ao adotar estratgias de marketing, pautando-se

    no esforo de melhor se posicionar no mercado religioso local, estadual e nacional; analisar as

    estratgicas de marketing religioso utilizadas pela AD no Brasil, atravs do case da ADBRAS

    em So Paulo; verificar como est se dando a utilizao de ferramentas de marketing religioso

  • 21

    na ADBRAS, identificar o impacto no cenrio scio religioso paulistano quando aplicada as

    estratgias de marketing pela ADBRAS e estudar os desdobramentos sobre o marketing da

    ADBRAS para outras igrejas e ministrios da mesma denominao.

    Compreender o significado que emerge de tais aes, pressupe que agindo dessa forma,

    principalmente adotando-se a perspectiva de marketing poderemos contribuir para o

    entendimento das ferramentas mercadolgicas no mbito religioso brasileiro. As anlises aqui

    realizadas trazem tona a importncia dos meios de comunicao no contexto religioso e as

    relaes de poder percebidas no mbito da AD, das quais deriva a dominao, o poder de mando

    e a sua aceitao como algo natural.

    O enfoque da anlise est na ADBRAS tanto em seus aspectos simblicos quanto em

    seus valores e interpretaes, pois assim torna-se possvel a aproximao de sua construo e a

    compreenso de suas interaes na vida social por meio das relaes com os fiis. Tais

    consideraes possibilitaram compreender como esses fiis foram e ainda so tratados na AD,

    especificamente no ministrio Madureira, atravs dos relatos oficiais de suas congregaes

    trazendo como resultado a experincia do apagamento da memria da AD tradicional.

    Esta dissertao no se aprofunda nos caminhos da histria da ADBRAS, mas a espreita

    enquanto pano de fundo de uma parte importante para a denominao, uma vez que, sua

    trajetria est entrelaada na histria das Assembleias de Deus. Histria essa que passa por dois

    missionrios Suecos, se aloja no nordeste do Brasil, formando assim o que Freston chamou de

    ethos sueco nordestino. Foi observado tambm nos trabalhos de Paul Freston um

    embasamento para se entender o sistema de governo das Assembleias de Deus, caracterizado

    pelo autor como oligrquico e tendo surgido para facilitar o controle pelos missionrios suecos

    e depois foi reforado pelo coronelismo nordestino. A sociedade e cultura nordestinas

    impregnaram um autoritarismo quando a liderana passou s mos dos obreiros nacionais.

    Conforme Freston os caciques nordestinos deixaram o seu estilo de liderana que perpetua at

    os dias atuais.

    Pesquisas com diversas abordagens tm sido realizadas nos ltimos tempos sobre a AD.

    Algumas mais triunfalistas apresentam uma verdadeira anlise e interpretao do campo social

    daqueles que a fundaram e luta para manter suas tradies. Outras mostram como a

    denominao vem se modificando em sua estrutura no decorrer de seu primeiro centenrio.

    Diante das questes colocadas esse trabalho buscou testar as seguintes hipteses: as

    Assembleias de Deus no Brasil tem passado por profunda transformao; estas transformaes

    so divisoras de guas na denominao; a ADBRAS tem se mostrado vanguardista na aplicao

    de mtodos mercadolgicos; a ADBRAS utiliza estratgias de marketing profissionais bem

  • 22

    definidas; a ADBRAS busca novas alternativas de mdia e esttica no concorridssimo mercado

    religioso e a ADBRAS o ministrio assembleiano que mais cresce no Brasil.

    Neste trabalho foi dada nfase a rotina da ADBRAS aps a chegada de Samuel Ferreira

    presidncia da igreja. Portanto situa-se entre 2006 e 2016. Tal delimitao para que se d

    foco ao longo desta pesquisa nas estratgias de marketing que vieram acompanhadas da

    chegada ao novo pastor presidente. Samuel Ferreira surgiu no somente como o smbolo do

    homem poderoso, mas tambm aquele que iria programar decidir e controlar o destino da

    ADBRAS. Localizar essa fase apresentou-se como um desafio necessrio e complexo, com

    vistas a demonstrar a importncia do tema diante de alguns fatos: seria o marketing uma

    exigncia de situao de competitividade entre os agentes religiosos? De que maneira a teoria

    da religio de Peter Berger, em O Dossel Sagrado ajuda a entender o comportamento

    marqueteiro, reproduzido no interior do cenrio religioso brasileiro? Quais as tendncias do

    mercado religioso brasileiro? A contextualizao fundamental para a sobrevivncia da AD?

    Nesse sentido esta dissertao estabelece como principal finalidade tecer a trajetria da

    ADBRAS na perspectiva do marketing, a fim de revelar as ferramentas e os conceitos do

    marketing religioso implementados em sua estrutura.

    Vrios trabalhos tm sido produzidos no mbito da academia brasileira a respeito do

    movimento pentecostal e das Assembleias de Deus no Brasil. Podemos incluir nessa lista

    Gideon Alencar, que desenvolveu uma pesquisa sobre a matriz pentecostal brasileira. Outra

    obra deste mesmo autor fala sobre a Assembleia de Deus: origem, implantao e pluralidade.

    J Marina Correa desenvolve um trabalho onde aborda sobre Assembleia de Deus: ministrio,

    carisma e exerccio de poder. A autora trata das complexidades, do pluralismo interno, dos

    interesses divergentes, dos traos singulares que cercam a AD, que formada por centenas

    de ministrios, milhes de fiis e vrias convenes, que competem entre si pelo controle da

    denominao, buscando assim enquadramento dentro de uma lgica mercadolgica que produz

    conflitos e cises, contnua e crescentemente.

    Dentre as obras principais para tratar do tema, destacamos os textos do socilogo Paul

    Freston uma das mais completas anlises do campo pentecostal brasileiro e de sua expanso

    fora do Brasil, este autor elabora uma anlise intensa da evoluo histrica dos pentecostais e

    dele a tipologia mais usada para classificar as fases de implantao e expanso do

    pentecostalismo no Brasil. Importante tambm atentarmos para a exposio de Mariano (1995),

    quando argumenta que as mudanas provocadas pela teologia da prosperidade tirou o foco de

    que as coisas materiais poderiam comprometer a salvao e focou o mercado de consumo.

  • 23

    Observamos tambm que Pierre Bourdieu mostra elementos importantes que os grupos

    religiosos devem perseguir para manter-se no mercado religioso. O autor sugere que o capital

    de autoridade propriamente religiosa de que dispem uma instncia religiosa depende da fora

    material e simblica dos grupos ou classes que ela pode mobilizar oferecendo-lhes bens e

    servios capazes de satisfazer seus interesses religiosos, sendo que a natureza destes bens e

    servios depende, por sua vez, do capital de autoridade religiosa de que dispe levando-se em

    conta a mediao operada pela posio da instncia produtora na estrutura do campo religioso.

    Com esta perspectiva buscamos entender de que maneira a como a ADBRAS conduzida por

    seus lderes conjuga os trs tipos de liderana descritos por Weber1 liderana legal, tradicional

    e carismtica, com uma nfase na pessoa do lder carismtico.

    Referenciamos tambm Peter Berger, socilogo e telogo luterano, que apresenta um

    diagnstico da situao das religies na sociedade ocidental moderna, defendendo a tese de que

    os processos infraestruturais concretos desta sociedade trouxeram como reflexo a

    secularizao. Esta, por sua vez, no impediu como muitos argumentam o impulso religioso

    que motivou os homens a aderirem religio de forma intensa, dando base para o que ele

    caracteriza como desecularizao; sendo o mundo de hoje, portanto, to impetuosamente

    religioso quanto antes. O que implica dizer que embora no seja possvel determinar com

    preciso como ser o futuro dos diversos movimentos religiosos, Berger sustenta que no h

    razo para pensar que o mundo do sculo XXI ser menos religioso do que o mundo anterior.

    O Professor Leonildo Campos corrobora com sua pesquisa sobre a Igreja Universal do

    Reino de Deus, e no artigo hstias Edir contm mais Deus, informa que os cristos tem uma

    tradio milenar no uso da propaganda para atrair adeptos e fazer crescer a comunidade de

    fieis. O texto cita tcnicas de comunicao j utilizadas por evangelistas como Wesley e

    Moody, no sculo XVIII, mesmo ainda no possuindo conscincia destas tcnicas, que seriam

    sistematizadas por Kotler em 1975, em sua obra marketing para organizaes sem fins

    lucrativos.

    Ficou entendido que esta nova dinmica levou a ADBRAS a operar com a lgica de

    mercado, o que implicou na necessidade de adaptao de seus ritos e crenas, de forma a atender

    a demanda dos fiis. Para Berger (1985) A situao pluralista , acima de tudo, uma situao

    de mercado. Nela, as instituies religiosas tornam-se agncias de mercado e as tradies

    1 Max Weber, alemo, um dos principais socilogos que tratou em outros assunto, sobre o tema da

    religio.

  • 24

    religiosas tornam-se bens de consumo. E, de qualquer forma, grande parte da atividade religiosa

    nessa situao vem a ser dominada pela lgica da economia de mercado. (BERGER 1985:149)

    A esta altura, destacamos tambm Lemuel Guerra, quando informa que j h algum

    tempo assistimos, dentro do contexto de algumas sociedades ocidentais, um processo crescente

    de transformao da religio num item de consumo, oferecido no mercado como outra

    mercadoria qualquer. Isso quer dizer que a lgica que preside a dinmica da esfera da religio,

    se observada sob o ngulo institucional, aquela mesma que determina a das mercadorias em

    geral, disponveis para consumo. Guerra salienta que os pesquisadores dedicados ao estudo da

    religio no Brasil encontram-se diante de desafiante cenrio religioso nacional, que tem sido

    recentemente marcado por um notvel aumento da competio entre organizaes religiosas

    pela preferncia dos fiis.

    A teoria sobre administrao de marketing de Philip Kotler embasa toda anlise das

    estratgias de marketing desta pesquisa. Para o autor, o marketing pode ser definido como a

    atividade humana dirigida para a satisfao das necessidades e desejos, atravs dos processos

    de troca (Kotler, 1995). Estes processos de troca so ajustados e alterados de acordo com o

    pblico a que se destine. O planejamento de marketing que vai orientar as melhores tcnicas

    para a eficiente segmentao de seus consumidores potenciais, se debruando sobre a seleo

    dos melhores meios a serem utilizados para seduzir, convencer e conquistar o pblico-alvo.

    Focamos tambm George Berna, que fundou em 1984, na Califrnia EUA, uma empresa

    especializada em marketing e servios para igrejas. Em sua obra o marketing a servio da

    igreja, ele aborda o que o marketing e como isso poder beneficiar a igreja. Ensina como ser

    um lder espiritual eficaz; a pensar mais estratgica e pro ativamente, compreender como a

    Bblia e o marketing podem coexistir pacificamente; de como obter informaes cruciais podem

    ajudara entender melhor sua congregao e sua comunidade e praticar o proselitismo. Ensina a

    criar um plano adaptado para o ministrio, e assim impactar pessoas com sua viso.

    Importante ressaltar que a pesquisa encontrou estas e outras literaturas a respeito dos

    assuntos marketing religioso, teologia pentecostal, Assembleia de Deus e cincias da religio,

    entretanto, pelo seu carter indito, a contribuio deste trabalho se d por meio da investigao

    de um problema ainda no analisado por outros pesquisadores que estudaram a AD: O caso da

    Assembleia de Deus no Brs em So Paulo, focando o marketing religioso e suas estratgias de

    comunicao.

  • 25

    Sendo assim este trabalho, a partir dos fatos sobre a trajetria da ADBRAS, acolheu o

    problema de pesquisa que tentamos desenvolver: como est a contextualizao das Assembleias

    de Deus no Brasil? O marketing tem papel preponderante na denominao? Analisamos os

    fatores ambientais do marketing, com vistas a definir o marketing religioso, como ferramenta

    que, Kotler (1995:32) classifica como marketing em organizaes sem fins lucrativos.

    Dialogando com este mesmo autor, olhamos para a ligao que h entre propaganda e marketing

    e quando as estratgias de marketing se tornam necessrias.

    Importante esclarecer alguns termos aqui usados. Por exemplo, quando falamos em

    pentecostalismo nos referimos aos movimentos do incio do sculo XX surgidos nos EUA e que

    rapidamente se expandiram por vrios continentes, em especial no Brasil. Referimo-nos

    Assembleia de Deus, no somente sob o enfoque de uma denominao religiosa, mas tambm

    de um conglomerado de igrejas, convenes, ministrios, surgidos no Brasil em 1911. O senso

    do IBGE, 2010, apontou que havia mais de doze milhes de assembleianos no Brasil.

    Estimativas atuais apontam para a monta de quinze milhes. Podemos, portanto afirmar que se

    trata do maior movimento religioso brasileiro depois da Igreja Catlica. Outrossim, nesta

    dissertao trabalhamos a problematizao com alguns termos principais, como mercadologia,

    marketing religioso, marketing mix, endomarketing, benchmarking, mercadologia, mdia,

    comunicao e pentecostalismo.

    Mercadologia no Brasil um termo relacionado ao Marketing, numa forma mais

    simples, uma traduo do termo. Ela vista como estratgia que visa satisfazer as

    necessidades de maneira rentvel do ponto de vista econmico. Entende-se que marketing um

    termo amplo que se refere ao estudo, planejamento, execuo, mensurao e acompanhamento

    de um produto ou servio. Kotler (1975) informa que marketing a cincia e a arte de explorar,

    criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com lucro.

    J o marketing religioso um campo do marketing social que pode ser conceituado

    como as estratgias mercadolgicas de satisfao de necessidades e troca de valores dentro de

    organizaes religiosas para angariar, reter e fidelizar pessoas que anseiam pelo equilbrio

    espiritual.

    Em relao ao Marketing mix ou composto de marketing, conforme Kotler (2005) trata-

    se de um conjunto de variveis que controlam a forma como os consumidores respondem ao

    mercado. Ele resumido no conceito dos 4Ps: produto, preo, praa e promoo.

    Usamos aqui um termo muito utilizado na rea de administrao, o endomarketing, que

    est ligado diretamente comunicao interna da empresa que busca adaptar estratgias do

    marketing utilizadas no meio externo s empresas para uso no ambiente interno. Outro termo

  • 26

    o benchmarking, que o processo de avaliao, comparao dos produtos, servios e prticas

    da empresa em relao aos concorrentes, por meio do qual feito comparaes visando

    incorporar os melhores desempenhos, aperfeioando seus prprios mtodos, para alcanar

    vantagem competitiva.

    Mdias so os meios de comunicao social. Os que estaro em voga neste projeto2

    Rdio, TV, Internet e Redes Sociais, alm dos mais tradicionais como livro, jornais e revistas.

    Comunicao de uma forma simples a forma de enviar ou receber uma mensagem, uma troca

    de informaes. No campo acadmico, estuda os processos de comunicao humana.

    Por fim, o termo pentecostalismo conota um movimento de renovao crist com nfase

    em uma experincia especial com o Esprito Santo. Para os tericos o termo amplo, e inclui

    diferentes perspectivas teolgicas, geralmente relacionadas ao meio evanglico que aceitou a

    renovao carismtica.

    A fim de buscar respostas a questionamentos levantados quando da elaborao foram

    usados no decorrer da pesquisa vrios procedimentos para levantar dados e conhecer melhor o

    objeto. Para isso iniciou-se um levantamento bibliogrfico, partindo para estudo de um caso e

    observao participativa, com analise de programas de TV e redes sociais. Foi proposta uma

    maneira esquemtica da metodologia: 1. Pesquisa Bibliogrfica: Foi realizada pesquisa

    descritiva em manuscritos sobre o tema, em bibliotecas, internet, revistas da rea, profissionais

    da rea, artigos e trabalhos cientficos. 2. Estudo de caso: na delimitao da pesquisa, foi

    analisado de forma explicativa e dedutiva o case da ADBRAS em So Paulo. 3. Observao

    participativa: Foi utilizada tcnica de observao nos eventos e programao da ADBRAS. 4.

    Anlise de sites, programas de rdio, TV e redes sociais da ADBRAS. Para isso houve analise

    em web rdios, yuotube, webtv, etc. 5. Dedutiva: partindo do macro, a Assembleia de Deus no

    Brasil, para o micro, o ministrio do Madureira no Brs/SP.

    Para apresentar os caminhos percorridos pela pesquisa, o texto apresenta-se estruturado

    em quatro captulos: O Primeiro captulo, intitulado: Marketing e Religio assumem-se como

    um captulo terico e introdutrio da pesquisa que foi realizada para o surgimento desta

    dissertao. Estudamos sobre os conceitos de marketing e marketing religioso e analisamos sua

    influncia na atuao do seguimento pentecostal brasileiro. Nota-se que as organizaes

    religiosas modernas tm lanado mo de estratgias cada vez mais inovadoras no sentido de

    firmar suas filosofias e liturgias. Em se tratando de igrejas crists, a reforma protestante do

    2 A ADBRAS possui programas televisivos em canais abertos e fechados, programas de rdio arrendados, canal

    no youtube, diversas pginas no facebook, site oficial da igreja e dos lderes, twitter, instagram, alm de boa

    comunicao visual nos templos.

  • 27

    sculo XVI abriu um leque de oportunidades que fez surgir no cenrio religioso, diversos

    agentes independentes e com objetivos distintos. Isso alavancou uma verdadeira busca aos fiis,

    que como consumidores da religio, buscam soluo para seus problemas existenciais e

    aproximao com o sagrado. Neste contexto, os grupos religiosos tm buscado diferenciao e

    posicionamento mercadolgico, lanando mo de estratgias de marketing cada vez mais

    ousadas. O segmento pentecostal, que surgi no comeo do sculo XX, tem sido uma

    exponencial referncia de organizao religiosa que abraou as estratgias mercadolgicas com

    objetivo de se tornar competitivo e ganhar mercado.

    No segundo captulo Assembleia de Deus: Referencia Pentecostal no Brasil, o foco foi

    entender o perfil das Assembleias de Deus no Brasil, sendo esta denominao evanglica o

    ncleo de nossa pesquisa. A realidade que, a Assembleia de Deus tem sustentado e liderado o

    crescimento dos pentecostais e isso tem sido uma surpresa. surpreendente que uma igreja j

    centenria e em amplo processo de amadurecimento lidere o crescimento dos evanglicos no

    Brasil. Por outro lado, na ltima dcada, 2006 a 2016, ADs como a ADBRAS ampliaram

    fortemente suas presenas na mdia, no ensino teolgico e no uso de instrumentos de marketing

    na propagao de sua mensagem. Nesse processo de amadurecimento institucional se esperava

    um crescimento menor, mas no foi o que aconteceu. Os cientistas sociais e da religio que

    acreditavam que a AD estava estagnada, parecem ter errado em suas percepes.

    J no captulo trs, O marketing religioso assembleiano, o desafio foi uma anlise sobre

    os meios de comunicao utilizados pela Assembleia de Deus bem como, a utilizao de

    ferramentas de marketing na denominao. Considerando o objeto de estudo sobre a tica do

    referencial terico apontado neste trabalho, procuramos entender como est contextualizao

    das Assembleias de Deus no Brasil, mostrando que o marketing tem papel preponderante na

    denominao. Analisamos os fatores ambientais do marketing, com vistas a definir o marketing

    religioso, como fermenta que, Kotler (1995:32) classifica como marketing em organizaes

    sem fins lucrativos. Dialogando com Kotler e outros autores, olhamos para a ligao que h

    entre propaganda e marketing e quando as estratgias de marketing se tornam necessrias,

    apontando o marketing como uma exigncia de situao de competitividade entre os agentes

    religiosos. Consideramos a figura de Samuel Ferreira e a associao de sua imagem com a

    instituio ADBRAS. Com status de pastor pop star, Ferreira programa estratgias

    mercadolgicas, criando campanhas publicitrias com objetivo de posicionar a ADBRAS como

    referncia assembleiana.

    Finalmente, no captulo quarto, O case da ADBRAS, a abordagem delimitou e focou o

    caso da Assembleia de Deus ministrio do Madureira no Brs, a ADBRAS. Aqui se verificou

  • 28

    como este ministrio utiliza as ferramentas de marketing como estratgia de comunicao e

    inovao. O programa Palavra de Vida, idealizado e propagado pela ADBRAS, contm os

    elementos de marketing apropriados para dar ttulo a esta pesquisa. Entretanto apresentada a

    interrogao: qual o motivo para tal comparao? Porque dar esse duplo sentido e sentena?

    Tradicionalmente o crescimento da Assembleia de Deus no Brasil, conforme Correa (2014) tem

    ocorrido por causa do seu modelo carismtico e personalista. No entanto em alguns lugares esse

    crescimento est atrelado ao uso de estratgias de marketing. Os eventos estudados nesta

    pesquisa foram organizados pela Assembleia de Deus Ministrio Madureira, sob a liderana de

    Samuel Ferreira, como claro objetivo de estabelecer a subsidiaria na Avenida Celso Garcia no

    bairro do Brs em So Paulo, como a principal referncia do ministrio. O programa Palavra

    de Vida mantido pelas diversas congregaes ligadas ADBRAS, e seu principal cone o

    pastor presidente. O programa hoje o principal meio de comunicao da ADBRAS e o que

    mais recebe investimento.

    Espera-se ter contribudo com o segmento religioso pentecostal, no sentido de

    apresentar informaes e anlises que norteie o debate em torno da utilizao de ferramentas

    mercadolgicas na evangelizao. No mercado religioso, sabe-se que mais do que discutir

    posies teolgicas, preciso saber fazer e adaptar benchmarking em seus processos. O

    resultado perseguido apontou para a realidade de que na propagao das novidades do mercado

    religioso, marketing, sociologia e teologia podem caminhar de mos dadas.

  • 29

    CAPTULO I

    MARKETING E RELIGIO

    O objetivo do marketing tornar suprfluo o esforo de venda. (Kotler)

    Uma organizao corporativa que visa consolidao no mercado, precisa se posicionar

    na busca de estratgias para evidenciar, manter e inovar a marca, o produto e/ou servio,

    tornando-o competitivo. Para isso h o consenso de que fundamental o investimento em

    marketing. Mas o que marketing?

    O objeto de estudo deste trabalho o marketing religioso na Assembleia de Deus no

    Brs, doravante designada como ADBRAS. Este o foco, o eixo central da investigao.

    Pretende-se saber o que feito com o marketing religioso na Assembleia de Deus no Brs,

    ministrio do Madureira, na cidade de So Paulo, no perodo de 2006 a 2016, com a chegada o

    Pr. Samuel Ferreira presidncia do ministrio3. Trabalhamos a problematizao com alguns

    termos principais, como marketing, marketing religioso, marketing mix, endomarketing,

    benchmarking, mercadologia, mdia, comunicao e pentecostalismo.

    O termo pentecostalismo conota um movimento de renovao crist com nfase em uma

    experincia especial com o Esprito Santo. Para os tericos o termo amplo, e inclui diferentes

    perspectivas teolgicas, geralmente relacionadas ao meio evanglico que aceitou a renovao

    carismtica. Para um melhor entendimento na anlise das estratgias de marketing religioso

    propostas neste trabalho, vamos entender um pouco sobre os conceitos de marketing.

    1.1 Conceitos sobre Marketing

    So muitos os tericos e teorias sobre esta matria. A amplitude do debate em torno do

    tema tem sido evidenciada nas principais Universidades de negcios pelo mundo a fora. De

    forma simples, podemos entender que o Marketing faz parte da grande rea de pesquisa em

    administrao, sendo um de seus braos mais importantes. O termo marketing de origem norte

    3 A chegado do pastor Samuel Ferreira presidncia da Assembleia de Deus Madureira no Brs foi cercada por

    polemicas envolvendo a famlia do pastor da poca, o pastor. Luprcio. Houve muita resistncia da ala mais

    conservadora da igreja, mas a chegada de uma pastor jovem ao ministrio trouxe novas oportunidades e um novo

    perfil da denominao passou a ser construdo. Concomitantemente, com sua chegada, houve a inaugurao do

    novo templo sede na tradicional Avenida Celso Garcia. O antigo tempo da Major Marcelino passou a ser uma

    espcie de museu da igreja.

  • 30

    americano, oriundo da palavra inglesa market, que significa mercado, e do sul fixo ing, ao4.

    O marketing est, portanto relacionado ao de troca mercadolgica e considerando a traduo

    do termo para o portugus, podemos chamar apenas de mercadologia. Nesta rea so estudadas

    todas as perspectivas da anlise do mercado e consumidor, com apoio metodolgico nas

    disciplinas de base como psicologia, sociologia, antropologia, economia e outras.

    Segundo KOTLER et al. (2001: 103):

    Marketing a cincia e a arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer

    as necessidades de um mercado-alvo com lucro. Marketing identifica

    necessidades e desejos no realizados. Ele define, mede e quantifica o

    tamanho do mercado identificado e o potencial de lucro. Ele aponta quais os

    segmentos que a empresa capaz de servir melhor e que projeta e promove os

    produtos e servios adequados.

    Quando falamos de Philip Kotler, nos referimos ao autor e terico norte americano que

    considerado o papa do Marketing, e esta pesquisa procura uma relao de sua teoria com as

    cincias da religio, o que veremos no prximo tpico. Quando se estuda este autor, subentende-

    se, que marketing so uma srie de estratgias, tcnicas e prticas que tem o principal objetivo

    de agregar valor s determinadas marcas ou produtos a fim de atribuir uma maior importncia

    das mesmas para um determinado pblico-alvo, que so chamados de consumidores. Observe

    o quadro abaixo, elaborado a partir das teorias de Kotler e Armstrong (2007):

    Tabela 1 Conceitos e definies de marketing

    Conceitos de Marketing Definies

    Necessidade

    um estado de privao de alguma satisfao

    bsica.

    Desejos

    So carncias por satisfaes aprendidas no

    ambiente.

    Demandas

    So desejos por produtos especficos, respaldados

    pela habilidade e disposio de compr-los.

    4 Definio extrada do livro usando o marketing para fazer sua igreja crescer, de Adilson Piaza. O autor faz

    uma abordagem sinttica de como aplicar o marketing numa comunidade religiosa.

  • 31

    Produto (bem ou servio)

    algo que pode ser oferecido para satisfazer uma

    necessidade ou desejo. Idealmente, deve ser

    composto por um conjunto de valores que

    satisfaam as expectativas de benefcio dos

    consumidores.

    Valor

    tudo que possa ser percebido como benefcio em

    relao a um produto ou servio. Pode ser

    representado pela satisfao das exigncias do

    consumidor ao menor custo possvel de aquisio,

    propriedade e uso.

    Troca

    o ato de obter um produto desejado de algum,

    oferecendo algo em contra partida.

    Transao

    uma troca de valores entre duas ou mais partes.

    Relacionamento

    A prtica de construir relaes satisfatrias em

    longo prazo, conviver e comunicar-se com os

    diferentes pblicos com os quais a empresa atua.

    Rede

    formada pela empresa e todos os interessados que

    a apoiam, os chamados stakeholders, que so: os

    consumidores, funcionrios, fornecedores,

    distribuidores, varejistas, agncias de propaganda,

    cientistas universitrios e outros com quem constri

    relacionamentos comerciais mutuamente rentveis.

    Mercado

    o conjunto de todos os consumidores potenciais

    que compartilhem de uma necessidade ou desejo

    especfico, dispostos e habilitados para fazer uma

    troca que satisfaa essa necessidade ou desejo.

    Empresa

    uma organizao que procura um ou mais

    consumidores potenciais que podem se engajar em

    uma troca de valores.

  • 32

    Consumidor

    algum potencialmente disposto e habilitado a se

    engajar em uma troca de valores.

    Fonte: tabela adaptada pelo pesquisador a partir das teorias de Kotler e Armstrong.

    Assim, a anlise dos conceitos de marketing permite identificar os padres de

    comportamento essencial para uma eficaz segmentao de mercado, posicionamento de produto

    e servio, e elaborao de estratgias respaldadas pelo conhecimento do mercado alvo.

    1.1.1 Fatores ambientais no Marketing

    A anlise de ambiente um processo de identificao de foras, fraquezas,

    oportunidades e ameaas que afetam a organizao no cumprimento de sua misso. Esta matriz

    chamada de SWOT, que quando traduzida para o portugus fica FOFA que significa fora,

    fraquezas, oportunidades e ameaas, e considerado um importante instrumento no

    planejamento estratgico, para entender os ambientes internos e externos da organizao. A

    tcnica atribuda a Albert Humphrey da Universidade de Stanford nos EUA e sua anlise

    muito utilizada com teoria de hierarquia de Abraham Maslow5. Esta pesquisa aponta para uma

    anlise do ambiente interno na Igreja Evanglica Assembleia de Deus, doravante representada

    pela sigla AD, bem como do cenrio religioso externo, quando ento sero verificadas as

    oportunidades e ameaas.

    A teoria da expectativa de Victor Vroon, tambm um timo termmetro para

    analisarmos as motivaes humanas. Segundo Vronn (1964), o termo expectativa refere-se

    probabilidade de que um esforo chegue a um resultado. Nela o processo de motivao deve

    ser explicado em funo dos objetivos e das escolhas de cada pessoa e das suas expectativas

    em atingir os objetivos.

    Na delimitao do case, olharemos para questes polticas internas, sendo a ADBRAS,

    um rgo que depende do Ministrio Madureira6 no Rio de Janeiro para lanar novos produtos

    e servios, ser analisado de forma micro, enquanto que a insero da ADBRAS no cenrio

    religioso brasileiro, de forma macro.

    5 Maslow um importante terico que definiu atravs de um modelo pirmide, as prioridades a serem seguidas em

    uma empresa. 6 O ministrio do Madureira no Rio de Janeiro teve sua afirmao na administrao do Pr. Paulo Leiva Macalo

    na dcada de 1950.

  • 33

    A seguir, vamos entender um pouco o ambiente externo e seus fatores macro ambientais,

    pois as mudanas nos fatores externos geralmente atingem todas as empresas, sendo que os

    fatores micro ambientais, sero analisados com mais profundidade nos prximos captulos,

    onde sero verificadas as variveis como atendimento, demanda de servios prestados,

    satisfao do pblico alvo, crescimento do nmero de contribuintes, dedicao dos

    funcionrios, capacidade de gesto da liderana e flexibilidade da gesto, entre outros.

    Figura 1 modelo de SWOT

    Fonte: http://www.treasy.com.br/blog/analise-swot#post

    1.1.1.1 Ambiente demogrfico

    O ambiente demogrfico de interesse primordial para uma empresa, visto que envolve

    elementos constituintes dos mercados: as pessoas. Com a finalidade de acompanhar as

    tendncias de mudana de idade, estrutura das famlias, mudanas geogrficas da populao,

    caractersticas educacionais e diversidade populacional.

    Conforme Censo 2010, at o incio dos anos 1980 a populao brasileira era considerada

    como predominantemente jovem. Hoje, apesar de ainda ser formada por muitas crianas e

  • 34

    jovens, ela vem apresentando algumas mudanas. O nmero de crianas e adolescentes deve

    diminuir nos prximos anos, segundo Censo 2010. Hoje os casais tm, em mdia, menos filhos

    que antigamente. Pergunte a seus avs quantos irmos eles tinham e compare com o nmero de

    irmos que voc ou seus amigos tm. Ainda h muitas crianas e adolescentes no Brasil. Mas,

    como vimos este nmero no tem aumentado muito, pois a cada ano a quantidade de crianas

    que nasce menor. Em consequncia disso, nosso pas est "envelhecendo". Estas

    consideraes podem ter um impacto negativo a mdio e longo prazo, uma vez que diminuindo

    a quantidade de crianas diminui tambm as oportunidades de novos membros na Assembleia

    de Deus - AD7, sendo este, em hiptese, o principal indicador de crescimento da denominao

    atualmente.

    1.1.1.2 Ambiente econmico

    Para adquirir bens ou servios no mercado, os consumidores necessitam de poder de

    compra. O ambiente econmico engloba os fatores que afetam o poder aquisitivo do

    consumidor e os seus padres de gasto. Estes fatores variam muito de pas para pas. Para Kotler

    (1995) "mercados exigem poder de compra, alm de pessoas. O poder de compra existente em

    uma economia depende da renda atual, preos, poupanas, emprstimos e disponibilidade de

    crdito.

    1.1.1.3 Ambiente natural

    Nos ltimos anos verifica-se um aumento na preocupao mundial em relao ao meio-

    ambiente. A empresa tem enfrentado vrios protestos de Organizaes No Governamentais e

    entidades ligadas preservao natural que no aceitam o alto grau de poluio produzido pelas

    empresas. Segundo Kotler (1995), "a deteriorao do ambiente natural est prestes a tornar-se

    um dos principais assuntos enfrentados pelas empresas. Em muitas cidades do mundo, a

    poluio do ar e da gua tem atingido nveis alarmantes.

    A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento desordenado a

    populao mundial e intensidade dos impactos ambientais, o homem comea a entender a

    importncia de suas prticas ambientais. Estima-se que estamos consumindo 20% a mais de

    7 1. O principal indicador de crescimento na igreja nas primeiras dcadas era o proselitismo, que foi facilitado

    devido brechas da cultura brasileira. A partir da dcada de 80, percebe-se que o crescimento da igreja diminuiu e

    passa a ter como base a f de bero, disseminada no seio da famlia. 2. Doravante utilizaremos o termo AD no

    singular, para designar a Igreja Assembleia de Deus, j que foi assim que a denominao foi oficializada no Brasil.

  • 35

    recursos naturais do que o planeta capaz de repor, e assim estamos avanando sobre os

    estoques naturais da terra, comprometendo as geraes atual e futura. Nos pases

    industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos naturais provindos de pases em

    desenvolvimento, a ponto de aqueles pases j responderam por mais de 80% do consumo total

    do mundo8.

    As empresas atualmente tem investido em marketing verde9, no lanamento de seus

    produtos, isto tambm se tornou um diferencial competitivo. Percebe-se est tendncia

    atingindo as igrejas, que cada vez mais, se preocupam com reciclagem e meio ambiente.

    Comprar de fornecedores comprometidos com a preservao da natureza deve a ser uma

    filosofia pregada e valorizada.

    1.1.1.4 Ambiente tecnolgico

    Atualmente o ambiente que mais tem afetado a vida das empresas e evidentemente,

    das igrejas. As organizaes que no conseguem acompanhar o rpido desenvolvimento

    tecnolgico esto fadadas ao fracasso. A tecnologia a grande responsvel pelas inovaes que

    afetaram o modo de vida da populao mundial e para (KOTLER, 1999: 95)

    todas novas tecnologias (...) so uma fora de destruio criativa. Os

    transistores afetaram a indstria de tubos a vcuo, a xerografia afetou o

    negcio de papel carbono, os autos prejudicaram as estradas de ferro e a

    televiso atingiu os jornais. Em vez das velhas indstrias moverem-se em

    direo s novas, muitas lutaram ou ignoravam as mudanas e seus negcios

    declinaram.

    Percebe-se que muitas empresas hoje, acabam por sucumbir por no acompanharem os

    novos rumos que a tecnologia aponta, pois segundo Kotler (1995), o "aparecimento de novas

    tecnologias cria novas oportunidades e novos mercados". As empresas devem ficar atentas s

    tendncias tecnolgicas: acelerao do passo da mudana tecnolgica; oportunidades ilimitadas

    de inovao; variao dos oramentos de pesquisa e desenvolvimento; crescimento da

    legislao sobre as mudanas tecnolgicas.

    As novas tecnologias podem atender s necessidades humanas e os departamentos de

    marketing precisam entender o ambiente tecnolgico mutante. Para trabalhar num ambiente

    competitivo, as empresas adquirem computadores e maquinas de ltima gerao e programas

    8 Dados no ministrio do meio ambiente www.mma.gov.br. 9 Conceito sobre sustentabilidade que visa analisar as estratgias que preservem o meio ambiente e os recursos

    naturais.

    http://www.mma.gov.br/

  • 36

    compatveis com o mercado grfico e de web. As impressoras so de alta resoluo, garantindo

    uma tima qualidade na impresso de seu material informativo, alm de servir para confeco

    de outros produtos de divulgao.

    1.1.1.5 Ambiente poltico legal

    Os desenvolvimentos do ambiente poltico afetam fortemente as decises de marketing.

    Para Kotler (1995) "este ambiente composto de leis, rgos governamentais e grupos de

    presso que influenciam e limitam vrias organizaes e indivduos em sociedade. Outros

    fatores que influenciaram o ambiente poltico so: quantidade substancial de legislao

    afetando as empresas-igrejas e crescimento de grupos de interesse pblico.

    1.1.1.6 Ambiente scio cultural

    Este ambiente composto por instituies e outras foras que afetam os valores bsicos,

    as percepes, as atitudes e os comportamentos de uma dada sociedade. Os valores e crenas

    aprendidos so passados de gerao a gerao e so acentuados pelas escolas, igrejas, negcios

    e governo, onde informa (KOTLER 1999: 108) que

    a sociedade em que as pessoas nascem molda suas crenas, valores e normas

    bsicas. As pessoas absorvem, quase inconscientemente, uma viso de mundo

    que define seu relacionamento consigo mesma, com os outros e com o

    universo.

    Nas decises de marketing devem ser conhecidas as caractersticas culturais porque

    algumas podem influenciar a tomada de decises. Valores culturais bsicos tem alta

    persistncia; cada cultura consiste de subcultura e valores culturais secundrios que operam

    mudanas ao longo do tempo. Nossa cultura brasileira muito voltada para a magia e crendices

    populares, apesar dos esforos do governo e das entidades de classes em promover um estado

    laico. Isso favorece a implementao de aes religiosas por competitividade e resultados.

    1.1.2 Comportamento do consumidor

    A anlise do comportamento do consumidor e suas implicaes na formulao da

    estratgia de marketing e da organizao no se limitam a compra, mas incluem tambm as

    atividades de preparao da compra, o consumo e a utilizao de produtos e servios e as

  • 37

    atividades ps-compra. (VROON, 1964), considerava que a motivao o produto do valor

    previsto atribudo a um objetivo pela probabilidade de alcana-lo. De acordo com Chiavenato

    (2003), motivo so foras conscientes ou inconscientes que levam a pessoa a determinado

    comportamento.

    Os principais problemas apontam para medidas e modelagem do comportamento do

    consumidor; relaes entre distribuidor e o consumidor; o consumidor face aos novos meios de

    comunicao, como a internet; o consumidor face s inovaes em produtos e servios; grupos

    especficos de consumidores, como crianas, idosos, adolescentes; problemas relacionados

    marca; problemas relacionados avaliao da qualidade do relacionamento, satisfao, valor,

    confiana, comprometimento, fidelidade.

    Para Kotler (1995), o xito ou o fracasso em marketing depende e muito das reaes

    dos consumidores expressas sob a forma de padres de compra, cabendo s empresas atender

    seus desejos em todos os aspectos, encontrando as dimenses do comportamento e tornando as

    ofertas da empresa compatveis com as expectativas de seu pblico-alvo. Para isso, o mercado

    consumidor pode ser segmentado em funo da idade, do sexo, da classe social e de uma srie

    de fatores relacionados s pessoas, inclusive porque no possvel ajustar uma nica oferta

    para todos. necessrio introduzir variveis especficas aos produtos, tais como gosto, atitude,

    status, prestgio e funo, onde os itens que no so aceitos da mesma forma por diferentes

    consumidores. Observamos que (DRUCKER, 1999: 103) afirma que

    haver sempre alguma necessidade de vender. Mas o objetivo do marketing

    conhecer e compreender o Consumidor to bem que o produto ou servio o

    atendem completamente e, em consequncia, vendem se sozinhos.

    Idealmente, o marketing deve resultar em um consumidor que est pronto para

    comprar.

    Nota-se que atravs do conhecimento mais preciso sobre o consumidor possvel prever

    com mais segurana seus padres de comportamento de compra e de consumo. O

    comportamento do consumidor traduz-se na procura