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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
PROacute-REITORIA DE GRADUACcedilAtildeO E EDUCACcedilAtildeO PROFISSIONAL
COORDENACcedilAtildeO DE ESTUDOS E PESQUISAS INOVADORAS NA GRADUACcedilAtildeO
NUacuteCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS
MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS
CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO BRASILEIRO
CURITIBA 2015
2
MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS
CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO
BRASILEIRO
Trabalho apresentado como requisito parcial agrave conclusatildeo do Curso de Especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais ndash Nuacutecleo de Estudos Afro-Brasileiros ndashUniversidade Federal do Paranaacute
Orientador Prof Dr Joseacute Antonio
Marccedilal
CURITIBA
2015
3
Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel
4
ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1
Paulo Freire
1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)
5
RESUMO
Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa
bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo
dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao
intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada
uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a
cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e
liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da
identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande
diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por
diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas
regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da
Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma
a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro
Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
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24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
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aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
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A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
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MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
2
MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS
CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO
BRASILEIRO
Trabalho apresentado como requisito parcial agrave conclusatildeo do Curso de Especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais ndash Nuacutecleo de Estudos Afro-Brasileiros ndashUniversidade Federal do Paranaacute
Orientador Prof Dr Joseacute Antonio
Marccedilal
CURITIBA
2015
3
Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel
4
ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1
Paulo Freire
1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)
5
RESUMO
Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa
bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo
dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao
intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada
uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a
cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e
liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da
identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande
diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por
diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas
regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da
Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma
a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro
Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
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3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
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de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
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O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
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cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
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O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
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Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
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donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
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Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
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oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
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dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
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ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
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Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
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74
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Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
3
Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel
4
ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1
Paulo Freire
1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)
5
RESUMO
Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa
bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo
dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao
intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada
uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a
cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e
liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da
identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande
diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por
diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas
regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da
Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma
a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro
Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
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Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
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24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
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cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
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Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
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A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
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aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
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3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
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de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
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A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
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entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
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4
ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1
Paulo Freire
1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)
5
RESUMO
Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa
bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo
dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao
intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada
uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a
cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e
liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da
identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande
diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por
diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas
regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da
Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma
a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro
Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
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ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
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o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
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Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
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cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
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O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
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Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
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donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
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Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
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oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
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dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
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Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
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ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
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e africana DF 2004
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em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
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EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
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formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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Gerais UFMG 2001
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antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
5
RESUMO
Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa
bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo
dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao
intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada
uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a
cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e
liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da
identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande
diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por
diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas
regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da
Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma
a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro
Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
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Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
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UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
6
ABSTRACT
This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a
bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from
the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural
exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a
hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture
has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can
notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian
cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its
multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for
they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people
coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other
cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of
the brasilian people
Key words Culture Identity Africa African-brasilian
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
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A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
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ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
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Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
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Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
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oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
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2013
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO8
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16
21 Histoacuteria18
22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20
23 Comunidade Quilombola22
24 Religiatildeo27
25 Candombleacute30
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44
41 Milagre para o governador tomar sopa45
5 MUacuteSICA E DANCcedilA48
6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52
7 LITERATURA65
8 CONCLUSAtildeO67
9 REFEREcircNCIAS73
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo
Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
8
1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO
Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo
do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que
constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro
Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal
e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer
um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e
desumanamente
Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse
acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que
teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os
peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer
conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982
p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo
sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila
suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em
contato com outras raccedilas e povos aqui instalados
Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros
de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem
novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados
vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes
na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre
outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
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ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo
Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
9
formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram
diretamente aqueles que aqui habitavam
Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da
raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo
econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os
rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou
influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001
p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica
dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a
designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de
procedecircnciardquo
Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo
africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os
Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa
unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique
Percebemos ainda que Vainfas ressalta que
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil
desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por
toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram
chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de
Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde
embaca benguela (VAINFAS 200p 67)
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
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aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo
Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
10
Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma
especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua
regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas
catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe
deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui
Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que
Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece
atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos
Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves
regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior
toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos
iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e
adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute
usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)
O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica
Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe
tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva
principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e
seus escravos sudaneses
Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de
nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados
e miscigenados Paiva destaca que
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
38
Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
11
Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais
Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para
designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das
pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo
Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade
multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave
mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos
propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-
brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de
comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA
2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que
propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil
Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser
caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em
continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se
de representaccedilotildees e praacuteticas culturais
Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios
seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas
danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo
brasileira
Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras
influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no
campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
38
Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
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A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
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ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
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formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
12
suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos
verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que
eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e
linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre
brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural
africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001
p343 e 346)
Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente
para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na
danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees
enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua
raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar
seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da
eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e
cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas
Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se
adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu
povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem
Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos
sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em
tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da
influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de
mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de
comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de
mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma
coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
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aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
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independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
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3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
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de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
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arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
13
da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)
Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees
infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees
e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar
com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo
de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem
erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de
origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas
crianccedilas
A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a
ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas
pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da
boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na
fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p
382)
Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda
peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do
negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma
maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem
atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam
Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo
da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
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De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
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aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
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misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
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de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
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violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
14
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida
machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando
para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de
menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces
deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam
desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a
portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute
papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela
accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor
branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a
solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE
(2001 p 382)
Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa
podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o
indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa
cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos
conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As
adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram
visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de
acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa
terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas
proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e
calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram
como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de
aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
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esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
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httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
15
Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas
que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de
uma peculiaridade uacutenica e proacutepria
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
16
2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-
5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-
358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325
Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo
brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos
prisioneiros ou natildeo
Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e
aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares
ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez
mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque
e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
17
Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos
descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra
sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte
desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a
indumentaacuteria e as tradiccedilotildees
A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no
Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena
que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a
culinaacuteria
Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais
Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais
entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela
migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na
regiatildeo Nordeste
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-
3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf
31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
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httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
18
21 Histoacuteria
Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao
Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do
Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim
Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os
escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e
em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha
recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente
A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do
desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao
Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi
considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil
toneladas por ano
No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de
algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram
destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A
populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e
150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no
periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha
sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que
resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte
No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos
exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
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Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
48
5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
49
por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
50
que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
51
muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
67
8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
68
Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
70
tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
71
nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
72
podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
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formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
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PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro
19
vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois
conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras
Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e
Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro
Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco
20
22 Evoluccedilatildeo histoacuterica
Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n
a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej
peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-
primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367
A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram
permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem
desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu
menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada
simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento
Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais
afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e
festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente
21
nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo
tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-
brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular
Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio
Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-
brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como
exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo
governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil
fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo
caminho
22
23 Comunidades Quilombola
Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das
fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os
escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois
eram sempre explorados e maltratados onde viviam
Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis
a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se
reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas
tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da
escravidatildeo no Brasil
Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local
utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de
comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo
para o lugar que eles fugiam
Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se
situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas
Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande
liacuteder da aldeia
O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem
anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico
abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero
responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes
23
comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para
serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados
portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para
capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e
luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais
difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses
A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de
resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades
eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas
invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a
sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar
As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas
podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo
o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de
desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais
seguimentos da populaccedilatildeo
Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os
distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia
as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na
manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num
determinado lugarrdquo
Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A
garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade
24
racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os
avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades
As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de
processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300
anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo
enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua
identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua
trajetoacuteria comum enquanto grupo
Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum
de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute
ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos
familiares
A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais
representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela
ldquoLei das Terrasrdquo
Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e
continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se
a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea
deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte
O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo
Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade
civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro
urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a
realidade da populaccedilatildeo negra
25
Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das
pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas
provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de
convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro
das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela
promoccedilatildeo da igualdade racial
Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro
Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de
novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra
Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi
escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento
contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas
No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares
reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao
Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as
contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do
Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo
Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus
direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio
para as comunidades quilombolas
Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto
as comunidades quilombolas remanescentes
Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave
emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras
26
Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para
destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais
destinados a atender as demandas
Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento
sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva
Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos
representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas
impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e
seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada
municiacutepio brasileiro
As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de
hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais
pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside
na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida
num determinado local
27
24 RELIGIAtildeO
Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte
httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-
eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600
Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente
batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma
religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam
permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas
raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se
constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As
Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo
28
cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de
batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente
uma religiatildeo afro-brasileira
No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio
africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo
Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo
Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos
facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo
(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)
Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e
em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as
escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de
cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)
As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem
africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do
batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades
espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de
orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de
democircnios
29
Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-
santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-
BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F
Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3
2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133
De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam
como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero
maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as
religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios
intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi
Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que
frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o
Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio
Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no
candombleacute ketu)
30
25 Candombleacute
Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-
brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand
omblehtml3B6063B377
Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois
muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se
permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que
encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias
sobre um ou outro deus relacionado ao tema
31
A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso
costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno
atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e
origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de
costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas
relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem
Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)
Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do
Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos
foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias
desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por
diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e
culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e
relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem
Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas
diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes
Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14
ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se
principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo
Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus
proacuteprios deuses
O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou
ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer
suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e
templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir
32
aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles
que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo
Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam
Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que
ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem
muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que
datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um
papel de pertencimento na sociedade
O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que
definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados
como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)
As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural
mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam
como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da
somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza
Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica
satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e
de como eacute visto atualmente
Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um
mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias
em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e
Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos
animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de
coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e
insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo
33
independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as
providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham
tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso
ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de
enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a
contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa
de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E
tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar
Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um
adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua
vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute
atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo
Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses
fatos para que consiga exercer a atividade oracular
Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo
entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o
responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos
Orixaacutes
Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas
seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os
participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o
passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui
as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada
aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram
preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo
34
esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de
buacutezios em nosso paiacutes
A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e
graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias
literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto
Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra
escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de
objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais
secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos
e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua
caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano
35
3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR
Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml
Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira
O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro
escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes
Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de
vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de
zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica
danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se
36
misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de
seus haacutebitos e costumes
Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o
costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em
solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta
disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante
suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os
impediriam de treinar
O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica
negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser
proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute
hoje
Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se
encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola
durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em
mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta
danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas
outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das
incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira
Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O
que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande
queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se
acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso
Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam
37
de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois
saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas
de nada que aconteceu anteriormente
Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais
como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi
promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho
forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a
Capoeira
No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e
praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela
denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos
capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem
ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal
Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses
Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a
algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro
(SAMPAIO FERRAZ 1980)
O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam
natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o
filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes
proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um
dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas
praacuteticas
Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de
Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de
38
Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade
Juca Reis retornou a Portugal
Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas
perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX
Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo
soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo
Eacute poliacutecia das primeiras
Eacute levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Jaacute da navalha afiada
A ningueacutem o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai Assim continuando
A poliacutecia hemos de ver
As suas portas fechando
Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013
p1)
Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a
necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os
colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas
39
violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas
eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente
Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta
Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas
danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira
como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento
importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros
A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas
essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho
aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em
campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou
capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta
ou jogo
Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos
movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi
criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas
caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos
ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela
mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao
som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo
utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco
dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto
eacute comemorado o dia do capoeirista
40
A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira
para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo
ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente
capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um
esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e
contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou
ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira
comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca
marcialidade satildeo realizadas no mundo todo
Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos
antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente
capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um
jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto
amigaacutevel
A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave
opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo
brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do
Brasil
A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com
uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda
serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas
possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento
Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no
ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo
41
entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou
quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um
deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente
O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o
oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um
novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o
adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute
consequecircncias mais graves
O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes
em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas
acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande
elasticidade
O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde
os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem
passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver
formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento
considerado honroso para o capoeirista
O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do
grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um
capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina
com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem
quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista
A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade
pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de
42
inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou
dificuldade uma ironia a cidade de origem etc
A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada
como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos
estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma
arte-marcial para se defenderem
A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado
A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de
palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um
atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o
agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a
muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo
tambeacutem
As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas
do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como
ladainhas chulas corridos ou quadras
A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira
Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em
um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da
roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha
A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a
resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde
com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da
roda
43
O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a
parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de
versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer
momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante
o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos
demais capoeiristas
A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes
sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer
momento da roda
As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de
capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta
acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor
perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por
diversatildeo
44
4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA
Figura 3 Acarajeacute Fonte 1
httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-
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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836
A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os
negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa
Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e
diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes
daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de
panelas de barro e das colheres de pau
45
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de
dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao
Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute
acarajeacute angu e pamonha2
41 Milagres para o governador tomar sopa
Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e
mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o
Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras
coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista
Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute
de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute
cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3
Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros
Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute
Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva
daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada
Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas
Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam
aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo
2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
46
e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os
jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram
os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis
de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o
mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente
falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos
negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique
pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o
serviccedilo pesado
Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro
tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com
a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a
galinha de Angola
Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha
brasileira4
Abaraacute
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de
feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-
dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e
misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e
cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida
a Iansatilde Obaacute e Ibeji)
Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de
4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml
47
arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido
em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de
santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)
Abrazocirc
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc
Acaccedilaacute
Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu
Ado
Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)
Aluaacute
Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana
Quibebe
Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet
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5 MUacuteSICA E DANCcedilA
Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-
brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-
Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A
3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco
mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181
Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees
religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos
deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais
religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles
cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute
mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das
grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido
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por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo
Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul
Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica
justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas
praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo
os negros nunca puderam tocar seus tambores
No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um
agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as
cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias
religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original
Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos
Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo
caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil
principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou
lembrar a escravidatildeo
Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se
pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e
palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de
sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos
Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura
africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois
acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em
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que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da
muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5
Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo
algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela
sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento
do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que
grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer
Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas
proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi
atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para
trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores
Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias
tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais
abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e
trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a
danccedila nacional que atualmente noacutes temos
Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos
rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile
tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de
matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram
segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos
e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia
5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos
incorporados do maxixe 6
Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos
destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois
com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica
para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque
na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees
profissionais
Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o
carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute
artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos
6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-
no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min
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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL
Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom
252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess
ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-
BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc
=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism
o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450
Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-
brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de
exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda
percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos
de muitos preconceitos
53
Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei
1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees
eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi
promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a
superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de
praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo
da influecircncia africana na cultura nacional
Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a
cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na
Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar
melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo
do brasileiro
Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas
o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a
construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam
que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria
mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas
que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei
aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter
povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros
descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo
ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu
artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de
condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz
54
cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros
brasileiros
Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio
que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o
periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930
Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos
direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito
preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi
impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e
por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo
constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali
frequentavam
A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder
poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor
Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo
negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com
artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que
Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de
pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra
brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso
esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a
educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente
Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana
capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002
p6)
55
O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores
informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui
citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste
que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto
Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais
um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus
filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo
tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje
razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me
perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor
(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)
Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma
se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a
compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os
direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante
Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em
relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo
que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por
todos os que se diziam republicanos
Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da
Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um
Sistema Educacional Nacional
56
Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute
descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia
pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e
transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo
brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o
progresso
Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os
mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser
pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo
ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam
que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra
E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca
Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de
sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto
daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente
estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da
eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos
escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se
encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)
Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades
que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas
fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja
57
donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos
em instituiccedilotildees particulares
Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal
colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por
eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser
naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo
brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que
fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira
Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como
ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do
Brasil
Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas
o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo
A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis
serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de
que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os
generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos
fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)
A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo
apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes
Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua
marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia
58
Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem
acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do
que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada
Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes
Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave
educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para
ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de
Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)
Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola
Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a
escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras
Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao
ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos
continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se
apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do
governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que
estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo
garantidos
Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves
disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em
diversos lugares neste paiacutes
Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas
multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo
59
oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de
conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica
A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e
igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo
puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em
reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos
entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor
accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o
negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado
Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua
trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo
Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para
contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo
brasileira
Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros
brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de
negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e
econocircmica
Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e
1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem
abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de
brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros
60
Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes
pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de
escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas
Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo
perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda
adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por
que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila
brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos
bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que
defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes
Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no
ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o
despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma
fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de
estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de
enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos
observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que
alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho
e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo
implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de
ensino
Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros
didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem
61
dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura
Africana
Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de
informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de
forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais
Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre
algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em
nosso Paiacutes
Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem
melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos
material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos
Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior
facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas
O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma
qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita
datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e
ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro
brasileira
Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e
desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de
Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada
sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino
encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de
7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros
didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo
62
Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de
Educaccedilatildeo) anualmente
Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores
a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando
em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as
escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos
pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino
Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo
territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos
devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta
determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo
As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe
Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a
diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e
priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de
respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo
desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da
contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes
membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas
escolas
Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute
satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros
tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para
cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de
63
materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou
seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve
trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja
sendo implantado
O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente
cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural
visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar
adequadamente a cultura africana nas salas de aulas
Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria
famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois
muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por
desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos
conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave
necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas
origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais
Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer
a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua
descendecircncia
As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei
1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir
atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute
ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e
atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando
assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros
alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas
64
ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar
com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais
nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo
os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro
natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos
existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes
nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares
Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para
incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute
feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel
de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar
com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado
A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma
praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus
parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc
Devemos lembrar que
A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo
adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo
repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro
mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos
influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)
65
7 LITERATURA
Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-
brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn
cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-
ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-
promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480
A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se
estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de
sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro
Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o
meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro
Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo
Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger
Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense
66
Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados
para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita
detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-
brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do
Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como
Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho
Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses
terreiros
Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a
histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos
simpatizantes ou membros dos candombleacutes
Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em
escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos
antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee
Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa
professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia
Reginaldo Prandi e outros
9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910
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8 CONCLUSAtildeO
Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas
comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a
existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural
quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo
de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de
que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de
ser humano (PCN 2001 p 16)
Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001
ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo
descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais
estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave
necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa
ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os
problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos
buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui
Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos
o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua
histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a
pluralidade cultural pela qual enfrentamos
Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que
nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de
exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos
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Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se
convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos
bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na
gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse
motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por
direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em
discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural
Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a
discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN
2001 p 19)
Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o
sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em
relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a
compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade
Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a
uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma
que poderemos dizer que exercemos a cidadania
Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de
pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente
assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes
Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades
tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute
passando
69
Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer
com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que
se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia
seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem
devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as
desigualdades sociais
Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e
raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros
povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto
intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre
que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e
ainda acontece por aqui
O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a
reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas
Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias
culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura
valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de
ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e
criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um
problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)
Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de
valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um
grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata
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tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para
nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas
diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e
raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar
de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em
sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo
vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes
Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute
constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por
exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular
discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo
discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro
didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de
nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a
cultura afro-brasileira
As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos
estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma
discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se
formam
O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da
discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros
conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que
percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em
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nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro
estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais
Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a
diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas
dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo
Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e
que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem
resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito
escolar
Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos
igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime
Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver
um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e
objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de
Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a
Psicologia
As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o
repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o
conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento
utilizando as mesmas como meio de aprendizagem
Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de
que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos
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podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais
diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica
e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade
O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado
por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem
dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo
Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a
diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas
semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem
73
9 REFEREcircNCIAS
ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia
Satildeo Paulo EDUSP 1982
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em
05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998
BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura
Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo
2003
BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496
Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996
BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das
Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira
e africana DF 2004
CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo
em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003
FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record
2001
HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo
Paulo Thompson 2005
httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P
DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL
EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf
httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-
formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ
74
KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -
Americana Disponiacutevel em
httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril
2013
MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra
Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo
Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo
Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002
PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas
Gerais UFMG 2001
SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e
antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002
VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de
Janeiro Objetiva 2001
UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro