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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COORDENAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS INOVADORAS NA GRADUAÇÃO NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS MARLENE GÔNGORA DOS SANTOS CONTRIBUIÇÕES DO NEGRO NA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO CURITIBA 2015

MARLENE GÔNGORA DOS SANTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute

PROacute-REITORIA DE GRADUACcedilAtildeO E EDUCACcedilAtildeO PROFISSIONAL

COORDENACcedilAtildeO DE ESTUDOS E PESQUISAS INOVADORAS NA GRADUACcedilAtildeO

NUacuteCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS

MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS

CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO BRASILEIRO

CURITIBA 2015

2

MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS

CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO

BRASILEIRO

Trabalho apresentado como requisito parcial agrave conclusatildeo do Curso de Especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais ndash Nuacutecleo de Estudos Afro-Brasileiros ndashUniversidade Federal do Paranaacute

Orientador Prof Dr Joseacute Antonio

Marccedilal

CURITIBA

2015

3

Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel

4

ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1

Paulo Freire

1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)

5

RESUMO

Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa

bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo

dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao

intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada

uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a

cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e

liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da

identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande

diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por

diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas

regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da

Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma

a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro

Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

2

MARLENE GOcircNGORA DOS SANTOS

CONTRIBUICcedilOtildeES DO NEGRO NA FORMACcedilAtildeO DO POVO

BRASILEIRO

Trabalho apresentado como requisito parcial agrave conclusatildeo do Curso de Especializaccedilatildeo em Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais ndash Nuacutecleo de Estudos Afro-Brasileiros ndashUniversidade Federal do Paranaacute

Orientador Prof Dr Joseacute Antonio

Marccedilal

CURITIBA

2015

3

Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel

4

ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1

Paulo Freire

1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)

5

RESUMO

Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa

bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo

dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao

intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada

uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a

cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e

liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da

identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande

diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por

diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas

regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da

Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma

a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro

Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

3

Aos meus pais in memorian aos meus filhos e netos meu marido e todos aqueles que de alguma maneira tornaram esse trabalho possiacutevel

4

ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1

Paulo Freire

1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)

5

RESUMO

Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa

bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo

dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao

intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada

uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a

cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e

liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da

identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande

diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por

diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas

regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da

Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma

a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro

Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-

primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

4

ldquoDesrespeitando os fracos enganando os incautos ofendendo a vida explorando os outros discriminando o iacutendio o negro a mulher natildeo estarei ajudando meus filhos a serem seacuterios justos e amorosos da vida e dos outrosrdquo 1

Paulo Freire

1 (Pedagogia da Indignaccedilatildeo 2000)

5

RESUMO

Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa

bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo

dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao

intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada

uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a

cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e

liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da

identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande

diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por

diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas

regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da

Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma

a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro

Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

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4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

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ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

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Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

5

RESUMO

Este trabalho analisa a influecircncia cultural dos africanos no Brasil por meio de pesquisa

bibliograacutefica Na histoacuteria brasileira observa-se a pluralidade decorrente da inter-relaccedilatildeo

dos escravos africanos e das pessoas advindas de outras etnias Devido ao

intercacircmbio cultural existente em boa parte do periacuteodo colonial brasileiro foi gerada

uma cultura hiacutebrida e intensamente rica A partir deste fato pode-se verificar que a

cultura africana contribuiu principalmente na culinaacuteria danccedila religiatildeo muacutesica e

liacutengua Percebe-se que os africanos foram de extrema importacircncia para a formaccedilatildeo da

identidade cultural afro-brasileira haja vista que os escravos possuiacuteam grande

diversidade de ritos e costumes devidos sua origem multifacetada constituiacuteda por

diferentes etnias com idiomas e tradiccedilotildees distintas pois eram oriundos de muitas

regiotildees do continente africano Na realidade brasileira as pessoas originaacuterias da

Aacutefrica passaram a assimilar interpretar e recriar costumes de outras culturas de forma

a produzirem o sistema cultural hiacutebrido constituinte da identidade do povo brasileiro

Palavras-chave Cultura Identidade Aacutefrica Afro - brasileira

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-

primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

6

ABSTRACT

This paper analyses the cultural influence of africans in Brazil by means of a

bibliographical research In brasilian history we can observe the diversity coming from

the interrelation of african slaves and people from other ethnicities Due to the cultural

exchange that happened in great part of brazilian colonial period it was generated a

hybrid and intensely rich culture From this fact we can verify that the african culture

has contributed mainly to the cuisine dance religion music and language We can

notice that africans were of extreme importance to the formation of african-brazilian

cultural identity since the slaves had great diversity of rites and customs due to its

multifaceted origin built by different ethnicities with distinct languages and traditions for

they came from various regions of the african continent In the brasilian reality people

coming from Africa began to assimilate interpret and recreate customs from other

cultures in such a way to produce the hybrid cultural system which builds the identity of

the brasilian people

Key words Culture Identity Africa African-brasilian

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

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Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

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ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

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o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO8

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA16

21 Histoacuteria18

22 Evoluccedilatildeo Histoacuterica20

23 Comunidade Quilombola22

24 Religiatildeo27

25 Candombleacute30

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR35

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA44

41 Milagre para o governador tomar sopa45

5 MUacuteSICA E DANCcedilA48

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NA BRASIL52

7 LITERATURA65

8 CONCLUSAtildeO67

9 REFEREcircNCIAS73

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-

primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

8

1 INTRODUCcedilAtildeOaaaaaaaaaaaNVOLVIMENTO

Para compreender a cultura africana e sua influecircncia para a formaccedilatildeo

do povo brasileiro devemos entender como tudo iniciou Sabe-se que

constantemente em nossa histoacuteria tudo comeccedilou a partir do traacutefico negreiro

Naquela eacutepoca incontaacuteveis africanos deixaram atraveacutes da forccedila sua terra natal

e o continente que estavam habitando e foram trazidos ao Brasil para exercer

um trabalho forccedilado sem remuneraccedilatildeo escravizados sem piedade e

desumanamente

Observamos ainda que existisse a compreensatildeo que se natildeo tivesse

acontecido isso talvez o paiacutes natildeo tivesse o desenvolvimento econocircmico que

teve pois no periacuteodo colonial o negro sempre foi considerado ldquoas matildeos e os

peacutes dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil natildeo eacute possiacutevel fazer

conservar e aumentar fazenda nem ter engenho corrente (ANTONIL 1982

p89) Assim os escravos aprisionados nos engenhos acabaram mantendo

sua cultura o que lhes restava de lembranccedila de seu paiacutes seu povo sua raccedila

suas origens e acabaram recriando outras formas culturais ao entrarem em

contato com outras raccedilas e povos aqui instalados

Quando trazidos da Aacutefrica os negros se misturaram com outros negros

de regiotildees diferentes de seu proacuteprio paiacutes o que fez com que desenvolvessem

novas formas e haacutebitos culturais pois ali em seu continente satildeo cultivados

vaacuterios haacutebitos e costumes devido agrave sua proporccedilatildeo geograacutefica Satildeo diferentes

na linguagem nos haacutebitos de vestirem nas comidas tiacutepicas na crenccedila entre

outros costumes peculiares Dessa forma o negro desenvolveu no Brasil uma

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

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o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

9

formaccedilatildeo cultural muito peculiar e consequentemente influenciaram

diretamente aqueles que aqui habitavam

Durante o periacuteodo Monaacuterquico a participaccedilatildeo do negro na formaccedilatildeo da

raccedila cultura e costumes do povo brasileiro foram muito aleacutem da participaccedilatildeo

econocircmica pois foram implantando paulatinamente suas praacuteticas todos os

rituais trazidos das diferentes regiotildees Sua religiatildeo tomou forccedila e acabou

influenciando nos haacutebitos de nosso povo Conforme explica VAINFAS (2001

p66) ldquodurante o periacuteodo colonial quase nada se sabia sobre a origem eacutetnica

dos africanos traficados para o Brasil Poreacutem ao longo do periacuteodo passou-se a

designaacute-los a partir da regiatildeo ou porto de embarque ou seja das aacutereas de

procedecircnciardquo

Apoacutes leituras e esclarecimentos percebemos na origem do povo

africano duas contribuiccedilotildees incalculaacuteveis pelos seus haacutebitos e costumes os

Bantos e os Sudaneses Os bantos foram assim classificados devido agrave relativa

unidade linguiacutestica dos africanos oriundos de Angola Congo e Moccedilambique

Percebemos ainda que Vainfas ressalta que

Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil

desde o seacuteculo XVII concentrando-se na regiatildeo sudeste mas espalhados por

toda a parte inclusive na Bahia () Os Bantos oriundos do Congo eram

chamados de congo muxicongo loango cabina monjolo ao passo que os de

Angola o eram de massangana cassange loanda rebolo cabundaacute quissamatilde

embaca benguela (VAINFAS 200p 67)

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-

primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

10

Com tudo isso observamos que os Bantos traziam consigo uma

especificidade cultural destacada na linguiacutestica em seus costumes em sua

regiatildeo Pelo fato de terem vivido no Brasil um paiacutes respeitador das crenccedilas

catoacutelicas acabaram sendo influenciadas pela mesma poreacutem nem de longe

deixaram de resguardar e praticar sua religiatildeo aqui

Outros autores tais como Kavinajeacute demonstram que

Os bantos depois de um periacuteodo de autonomia religiosa que se conhece

atraveacutes de documentos histoacutericos assistiram agrave transformaccedilatildeo de deus cultos

Por um lado esses deram lugar aacute macumba por outro amoldaram-se agraves

regras dos candombleacutes nagocircs natildeo se distinguindo deles senatildeo por uma maior

toleracircncia Os cultos bantos em gradativo decliacutenio acolheram os espiacuteritos dos

iacutendios o que iria levar ao surgimento de um ldquocandombleacute de caboclosrdquo e

adoraram cantos em liacutengua portuguesa ao passo que os candombleacutes nagocircs soacute

usavam cantos em liacutengua africana (KAVINAJEacute 2009 p 3)

O segundo grupo acima citado os Sudaneses advindos da Aacutefrica

Ocidental mais especificamente do Sudatildeo e da Costa da Guineacute trouxe

tambeacutem grande contribuiccedilatildeo para a cultura brasileira de uma forma positiva

principalmente atraveacutes de sua praacutetica religiosa destacando o candombleacute e

seus escravos sudaneses

Estes dois grupos maiores tiveram maior destaque na mistura de

nossos costumes Assim passaram a ter sua cultura religiatildeo e povos cruzados

e miscigenados Paiva destaca que

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

11

Misturavam-se informaccedilotildees assim como etnias tradiccedilotildees e praacuteticas culturais

Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para

designar grupos diferentes de pessoas para indicar hierarquizaccedilatildeo das

pessoas para impor a diferenccedila dentro de um mundo cada vez mais mesticcedilo

Da cor da pele agrave dos panos que a escondia ou a valorizava ateacute a pluralidade

multicor das ruas coloniais reflexo de conhecimentos migrantes aplicados agrave

mateacuteria vegetal mineral animal e cultural (PAIVA 2001 p 36)

Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos

propiciou a construccedilatildeo de uma identidade cultural brasileira ou cultura afro-

brasileira Uma vez que eles natildeo temeram em inventar coacutedigos de

comportamentos e de recriarem praacuteticas de sociabilidade e culturais (PAIVA

2001 p23) Assim este cruzamento foi resultado de um longo processo que

propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil

Conforme Paiva (2001 p27) afirma o cruzamento cultural pode ser

caracterizado como resultado da ligaccedilatildeo entre universos afastados em

continentes diferentes que foram se ajustando e se adaptando sobrepondo-se

de representaccedilotildees e praacuteticas culturais

Assim a influecircncia africana foi se tornando visiacutevel em vaacuterios

seguimentos da sociedade colonial tais como culinaacuteria praacuteticas religiosas

danccedilas dentre outros valores culturais que foram incorporados pela populaccedilatildeo

brasileira

Quantas matildees-pretas amas de leite negras cozinheiras e quitandeiras

influenciaram crianccedilas e adultos brancos (negros e mesticcedilos tambeacutem) no

campo e nas aacutereas urbanas com suas histoacuterias com suas memoacuterias com

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

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6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

12

suas praacuteticas religiosas seus haacutebitos e seus conhecimentos teacutecnicos Medos

verdades cuidados forma de organizaccedilatildeo social e sentimentos senso do que

eacute certo ou errado valores culturais escolhas gastronocircmicas indumentaacuterias e

linguagem tudo isso se conformou no contato cotidiano desenvolvido entre

brancos negros indiacutegenas e mesticcedilos na Colocircniardquo ldquoa nossa heranccedila cultural

africana eacute visiacutevel no jeito de andar e no falar do brasileirordquo (FREYRE 2001

p343 e 346)

Freyre expotildee em sua obra a formaccedilatildeo e influencia do afrodescendente

para a cultura brasileira em seus costumes Sua influecircncia na muacutesica na

danccedila na alimentaccedilatildeo nas crenccedilas religiosas nas lendas nas supersticcedilotildees

enfim influenciam diretamente nos costumes e na cultura de nosso povo Sua

raccedila por meio da forma de ser conseguiu afetar e por muitas vezes implantar

seus costumes nos pequenos e ateacute mesmo nos grandes colonizadores da

eacutepoca colonial Mas podemos observar ateacute os dias de hoje como preservam e

cultuam seus costumes e haacutebitos quando se trata de mistura de povos e raccedilas

Soacute conseguiram manter sua cultura neste paiacutes por terem por muitas vezes se

adaptado aos costumes e deixado que fossem alterados alguns haacutebitos de seu

povo entretanto conseguiram apesar de tudo manter sua origem

Na ternura na miacutemica excessiva no catolicismo em que se deliciam nossos

sentidos na muacutesica no andar na fala no canto de ninar menino pequeno em

tudo que eacute expressatildeo sincera de vida trazemos quase todos a marca da

influecircncia negra Da escrava ou sinhama que nos embalou Que nos deu de

mamar Que nos deu de comer ela proacutepria amolegando na matildeo o bolatildeo de

comida Da negra velha que nos contou as primeiras histoacuterias de bicho e de

mal-assombrado Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- peacute de uma

coceira tatildeo boa De que nos iniciou no amor fiacutesico e nos transmitiu ao ranger

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

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omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

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Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

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o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

13

da cama- de- vento a primeira sensaccedilatildeo completa de homem Do moleque que

foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo (FREYRE (2001 p 348)

Uma grande influecircncia deste povo na muacutesica passa pelas canccedilotildees

infantis pois as negras aprendiam com os portugueses suas proacuteprias canccedilotildees

e as deixavam com um palavreado mais simples para que pudessem cantar

com as crianccedilas de seus senhores de uma forma tranquila Isto com o objetivo

de que a crianccedila compreendesse sua linguagem e conseguisse pronunciar sem

erros Assim ocorre que muitas canccedilotildees tiveram alteraccedilotildees em sua letra de

origem Estas canccedilotildees satildeo pronunciadas ateacute os dias de hoje por matildees agraves suas

crianccedilas

A linguagem infantil tambeacutem aqui se amoleceu ao contato da crianccedila com a

ama negra Algumas palavras ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas

pelos portugueses se amaciaram no Brasil por influecircncia da boca africana Da

boca africana aliada ao clima - outro corruptor das liacutenguas europeias na

fervura por que passaram na Ameacuterica tropical e subtropical FREYRE (2001 p

382)

Assim podemos afirmar que foi se delineando tambeacutem uma forma toda

peculiar do brasileiro aprender a falar desde pequeno sob a influecircncia do

negro tiveram palavras de seu vocabulaacuterio alteradas e simplificadas Uma

maneira menos formal de verbalizar vontades e desejos de pedir e serem

atendidos de um modo um tanto peculiar diferente dos que aqui habitavam

Estas mudanccedilas advindas das misturas das raccedilas eacute que deu corpo a formaccedilatildeo

da linguagem tatildeo proacutepria utilizada neste paiacutes

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

peg3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fpatrimonio-cultural252Fartistico-esportivo252Fmusica252Fcantores-compositores252F12829-ile-aiye-e-criolo-que-bloco-e-esse-o-

primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

14

A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida

machucou-as tiraram-lhes as espinhas os ossos as durezas soacute deixando

para a boca do menino branco as siacutelabas moles Daiacute esse portuguecircs de

menino que no norte do Brasil principalmente eacute uma das falas mais doces

deste mundo Sem rr nem ss as siacutelabas finas moles palavras que soacute faltam

desmanchar-se na boca da gente A linguagem infantil brasileira e mesmo a

portuguesa tem um sabor quase africano cacaacute bumbum tenteacuten neneacuten tataacute

papaacute papapo lili mimi () Amolecimento que se deu em grande parte pela

accedilatildeo da ama negra junto agrave crianccedila do escravo preto junto ao filho do senhor

branco Os nomes proacuteprios foram dos que mais se amaciaram perdendo a

solenidade dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos FREYRE

(2001 p 382)

Observando esta multiculturalidade que o povo brasileiro expressa

podemos observar que a cultura brasileira entatildeo eacute advinda de trecircs raccedilas o

indiacutegena o negro e o povo europeu Assim poderemos afirmar que nossa

cultura natildeo se formou de uma forma harmocircnica uniforme e linear Muitos

conflitos existiram para que o que somos atualmente pudesse ser formado As

adaptaccedilotildees a transtornos que ultrapassamos neste periacuteodo contribuiacuteram

visivelmente para esta formaccedilatildeo Muitas adaptaccedilotildees e superaccedilotildees tiveram de

acontecer para que nossa cultura hoje chegasse ao que eacute O colorido de nossa

terra eacute devido a costumes de outros povos que se juntaram e criaram formas

proacuteprias de cantar comer danccedilar crer enfim viver intensamente e

calorosamente de acordo com o que nossos antepassados nos deixaram

como heranccedila A preservaccedilatildeo dessas praacuteticas culturais ocorreu atraveacutes de

aproximaccedilotildees e afastamentos conforme ideia defendida por Paiva (2001 p40)

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

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Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

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Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

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o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

15

Dessa forma entatildeo podemos compreender a formaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

de toda uma unidade cultural com influecircncias indiacutegenas europeias e africanas

que deixam como principal legado toda tradiccedilatildeo cultural e que se tornou de

uma peculiaridade uacutenica e proacutepria

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

16

2 A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Figura 1 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUfacrc=_ampimgrc=c56EP5F-

5kmBlM3A3BD5_iF8zKpg2GTM3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Fimg252Ffestivalafro-

358x325png3Bhttp253A252F252Fwwwconsciencianet252Fagencia252Ffestival-de-musica-danca-e-cultura-afro-brasileiras-comeca-hoje-no-rio252F3B3583B325

Por volta de 1800 aproximadamente dois terccedilos da populaccedilatildeo

brasileira mais ou menos 3 milhotildees de pessoas eram negros mulatos

prisioneiros ou natildeo

Nesta eacutepoca ocorre uma miscigenaccedilatildeo mulata muito expressiva e

aumentada gradativamente Surge entatildeo uma questatildeo de religiotildees populares

ao redor do catolicismo e dos terreiros de Umbanda e Candombleacute cada vez

mais fortificados Verificamos que a cultura afro-brasileira tem grande destaque

e alcanccedila uma grande proporccedilatildeo religiosa no Brasil

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

17

Com o tempo pode-se afirmar que a muacutesica e a danccedila dos

descendentes africanos fazem parte do patrimocircnio cultural da populaccedilatildeo negra

sendo que constituem uma histoacuteria antiga e de grande valor Fazem parte

desta cultura especificamente a muacutesica a danccedila o teatro o artesanato a

indumentaacuteria e as tradiccedilotildees

A cultura afro-brasileira eacute o efeito do processo da cultura africana no

Brasil compreendendo o predomiacutenio obtido das culturas portuguesa e indiacutegena

que se mostra em diferentes expressotildees a saber a muacutesica a religiatildeo e a

culinaacuteria

Os estados do Maranhatildeo Pernambuco Alagoas Bahia Minas Gerais

Espiacuterito Santo Rio de Janeiro Satildeo Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais

entusiasmados tanto pela quantidade de escravos que aceitavam quanto pela

migraccedilatildeo interna dos mesmos por causa do fim do ciclo da cana-de-accediluacutecar na

regiatildeo Nordeste

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=iHciUrqHOorC9QSwh4HwCgampbiw=1092ampbih=507ampsei=jHciUtTVGon48gTj_oCwBgfacrc=_ampimgrc=QmFKzB1lrGq4oM3A3BVKunZWtVM3Cq6M3Bhttp253A252F252Fuploadwikimediaorg252Fwikipedia252Fcommons252Fthumb252F7252F77252F

Barracao_do_Opo_Afonjajpeg252F200px-Barracao_do_Opo_Afonjajpeg3Bhttp253A252F252Fptwikipediaorg252Fwiki252FIl2525C3

2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

18

21 Histoacuteria

Por volta do seacuteculo XVI os primeiros escravos africanos chegaram ao

Brasil em navios utilizados para o traacutefico negreiro Esses eram trazidos do

Senegal Gacircmbia Costa do Ouro Daomeacute Nigeacuteria Guineacute Mina Benim

Angola Moccedilambique e de outras regiotildees anglo-portuguesas Geralmente os

escravos eram desembarcados em Salvador Rio de Janeiro Recife Olinda e

em Porto de Galinhas Estima-se que entre o seacuteculo XVI e XIX o Brasil tenha

recebido 40 de todos os escravos trazidos ao continente

A chegada de escravos continuou de forma significativa no ritmo do

desenvolvimento da sociedade No seacuteculo XVI os escravos foram trazidos ao

Nordeste para a produccedilatildeo accedilucareira No iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil foi

considerado o maior produtor de accediluacutecar do mundo produzindo cerca de 9 mil

toneladas por ano

No seacuteculo XVII os escravos foram mandados para os plantios de

algodatildeo no Maranhatildeo Especificamente entre 1693 e 1695 os escravos foram

destinados e utilizados na mineraccedilatildeo em Minas Gerais e no planalto central A

populaccedilatildeo escravagista cresceu rapidamente Estima-se que entre 80000 e

150000 escravos tenham trabalhado nesta regiatildeo de forma a possibilitar no

periacuteodo de 1700 a 1770 que metade de todo ouro extraiacutedo no mundo tenha

sido extraiacutedo no Brasil Esta riqueza permitiu o acuacutemulo de capitais que

resultou na Revoluccedilatildeo Industrial do seacuteculo seguinte

No decorrer desta eacutepoca destacou-se a preferecircncia pelos escravos

exportados do porto de Whydah Daomeacute que eram famosos por serem fortes e

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

brasileiraampoq=cultura+afroampgs_l=img100240888840109361914144057426372j5j2j2j0j1120001ac115imgtjsRIO3osCUhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

httpwwwgooglecombrimgresimgurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraimagensculinaria-afro-brasileira-

4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

3phpamph=254ampw=350ampsz=10amptbnid=EP7UlMHrpcWhRMamptbnh=90amptbnw=124ampprev=search3Fq3Dculin25C325A1ria2Bafro2Bbrasileira26tbm3Disch26tbo3Duampzoom=1ampq=culinC3A1ria+afro+brasileiraampusg=__30RTtvng3epxyEdb5gUEFWMC8JM=ampdocid=qQP4jYyjB3vbVMampsa=Xampei=KsCuUf

31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

3o-foto252520Edgar252520de252520SouzaJPG3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiaco

mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

cq23LmxgtEM3A3Beay23ll_DOib5M3Bhttp253A252F252F3bpblogspotcom252F-ypD4HQDqCEU252FT4gQsCf-oKI252FAAAAAAAAE-0252FG-

ocJEwOfWY252Fs320252FLiteratura252BAfro-brasileirajpg3Bhttp253A252F252Ffazervaleraleiblogspotcom252F2012252F04252Fufs-

promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

httpwwwwebartigoscomartigosa-influencia-africana-no-processo-de-

formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

Estudos criacuteticos de Cloacutevis Moura Legendas de Miriam N Ferrara Satildeo

Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro

19

vigorosos Aleacutem deles os escravos ashanti e iorubaacute eram preferidos pois

conheciam as teacutecnicas de mineraccedilatildeo que haviam empregado em suas terras

Ateacute o seacuteculo XIX o traacutefico de escravos deteve-se no Rio de Janeiro e

Satildeo Paulo onde o cafeacute se tornou o principal produto para o mercado brasileiro

Naquela eacutepoca estimava-se que havia dois escravos negros para um branco

20

22 Evoluccedilatildeo histoacuterica

Figura 2 Afro-brasileiros Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Bloco20afro20IlC3AA20AiyC3AA20n

a20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=choiUsbMFZDI9gSKmYHIBgampbiw=1092ampbih=507ampsei=VhsiUs_uFYic9gS4iIGoCgfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=UyotMkObKIkUCM3A3BBN5RGCwWlYftVM3Bhttp253A252F252Fwwwgeledesorgbr252Fimages252Fstories252F2012252Fcriolo_e_ile_ayej

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primeiro-videoclipe-de-um-bloco-afro-da-bahia3B5503B367

A princiacutepio as demonstraccedilotildees culturais afro-brasileiras natildeo eram

permitidas e muito menos levadas em conta de forma a serem

desencorajadas Isso porque natildeo faziam parte do conjunto cultural europeu

menos ainda era um exemplo de civilidade mas sim uma cultura natildeo civilizada

simultaneamente agrave Europa em desenvolvimento

Todavia a partir dos meados do seacuteculo XX as manifestaccedilotildees culturais

afro-brasileiras passaram a ser sucessivamente aceitas e admiradas e

festejadas pelas elites brasileiras como expressotildees artiacutesticas autenticamente

21

nacionais Nem todas as expressotildees culturais foram consentidas ao mesmo

tempo O samba foi umas das primeiras manifestaccedilotildees da cultura afro-

brasileira a ser respeitada quando se sobressaiu na musica popular

Logo em seguida o governo da ditadura do Estado Novo de Getuacutelio

Vargas iniciou uma poliacutetica de incitar o nacionalismo nas quais a cultura afro-

brasileira achou caminhos de aceitaccedilatildeo oficial Podem-se mencionar como

exemplo os desfiles de escolas de samba que conseguiram a aceitaccedilatildeo

governamental atraveacutes da Uniatildeo Geral das Escolas de Samba do Brasil

fundada em 1934 Com isso outras manifestaccedilotildees culturais seguiram o mesmo

caminho

22

23 Comunidades Quilombola

Aldeias Quilombolas amparavam escravos que conseguiam fugir das

fazendas e casas de famiacutelias O termo Quilombo eacute de origem da Angola Os

escravos se refugiavam nos Quilombos para natildeo serem encontrados pois

eram sempre explorados e maltratados onde viviam

Essas aldeias ficavam escondidas nas matas em lugares inacessiacuteveis

a saber o alto das montanhas e grutas Nessas aldeias os escravos se

reuniam e conseguiam ter uma vida livre As pequenas aldeias eram chamadas

tambeacutem de mocambos tanto eles e os Quilombos duraram todo o periacuteodo da

escravidatildeo no Brasil

Inicialmente o termo Quilombo era utilizado para chamar um local

utilizado por populaccedilotildees nocircmades ou pequenos acampamentos de

comerciantes mas com o iniacutecio da escravidatildeo os escravos adotavam o termo

para o lugar que eles fugiam

Um dos Quilombos mais famosos foi o Quilombo dos Palmares que se

situava na entatildeo capitania de Pernambuco atualmente o estado de Alagoas

Recebeu esse nome porque um dos escravos chamado Zumbi foi o grande

liacuteder da aldeia

O Quilombo dos Palmares foi o maior deles e lutou por mais de cem

anos contra os ataques das tropas coloniais Mesmo tendo uma material beacutelico

abaixo dos utilizados pelas tropas coloniais e lutando em menor nuacutemero

responderam a pelo menos 24 ataques de grupos com ate 3000 integrantes

23

comandados pelos capitatildees do mato Foi preciso 18 grandes ataques para

serem derrotados pelas tropas militares do governo colonial Os soldados

portugueses contaram que foi necessaacuterio mais de um dragatildeo militar para

capturar um quilombola pois se utilizavam de uma estranha teacutecnica de ginga e

luta O governador geral da Capitania de Pernambuco proclamou ser mais

difiacutecil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses

A vida nos quilombos era de liberdade e oferecia a oportunidade de

resgatar culturas perdidas agrave causa da opressatildeo colonial Essas comunidades

eram formadas por diversas etnias incessantemente ameaccediladas pelas

invasotildees portuguesas A capoeira passou a ser uma ferramenta para a

sobrevivecircncia individual a uma arte marcial com intenccedilatildeo militar

As comunidades Quilombolas assim como as indiacutegenas e ciganas

podem perceber atualmente uma melhora em sua qualidade de vida com todo

o desenvolvimento econocircmico e social do paiacutes Mas seus indicadores de

desenvolvimento humano ainda satildeo desiguais comparados aos demais

seguimentos da populaccedilatildeo

Aldeias Quilombolas satildeo grupos que tem a identidade eacutetnica que os

distinguem do restante da sociedade A Associaccedilatildeo Brasileira de Antropologia

as definem como ldquogrupos que desenvolveram praacuteticas de resistecircncia na

manutenccedilatildeo e reproduccedilatildeo de seus modos de vida caracteriacutesticos num

determinado lugarrdquo

Contudo existem grandes barreiras colocadas ao longo do caminho A

garantia dos direitos dos quilombolas a poliacutetica de promoccedilatildeo da igualdade

24

racial de forma extensa desempenha hoje uma disputa ideoloacutegica Os

avanccedilos satildeo muitos apesar das dificuldades

As comunidades se compotildeem a partir de uma grande diversidade de

processos durante a vigecircncia do sistema escravocrata que por mais de 300

anos dominou negros trazidos da Aacutefrica para o Brasil Apoacutes a aboliccedilatildeo

enfrentou as desigualdades que se apresentam ateacute o presente seacuteculo Sua

identidade se distingue pela experiecircncia vivida e compartilhada na sua

trajetoacuteria comum enquanto grupo

Comunidades Quilombolas caracterizam-se pelo haacutebito de uso comum

de suas terras formados por elas como um espaccedilo coletivo e indivisiacutevel que eacute

ocupado e explorado por meio de regras e opiniotildees aos diversos grupos

familiares

A luta contemporacircnea dos quilombolas pelos seus direitos territoriais

representa o reconhecimento do fracasso da realidade juriacutedica firmada pela

ldquoLei das Terrasrdquo

Os Quilombos formados no periacuteodo da escravidatildeo apoacutes a aboliccedilatildeo e

continuaram a ser para muitos a uacutenica forma de viver em liberdade Tornou-se

a ser uma ordem de sobrevivecircncia constituir um Quilombo jaacute que a Lei Aacuteurea

deixou os negros abandonados agrave proacutepria sorte

O marco histoacuterico contemporacircneo de grande importacircncia foi o processo

Constituinte de 1988 o qual auxiliou um aumento da mobilizaccedilatildeo da sociedade

civil brasileira Nas mobilizaccedilotildees estavam entidades do movimento negro

urbano que ampliou o debate no campo das poliacuteticas puacuteblicas sobre a

realidade da populaccedilatildeo negra

25

Nos anos 90 aconteceram mudanccedilas significativas o movimento das

pressotildees internas protagonizadas por estas organizaccedilotildees e externas

provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro por meio de

convenccedilotildees internacionais e tratados Posteriormente um novo discurso dentro

das instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que se materializou no avanccedilo da luta pela

promoccedilatildeo da igualdade racial

Esta mobilizaccedilatildeo teve como resultado a realizaccedilatildeo do I Encontro

Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas nos dias 17 18 e 19 de

novembro de 1995 e foi realizada em Brasiacutelia teve como tema ldquoTerra

Produccedilatildeo e Cidadania para Quilombolasrdquo Por fim uma representaccedilatildeo foi

escolhida para encaminhar agrave Presidecircncia da Repuacuteblica um documento

contendo as principais reivindicaccedilotildees aprovadas

No mesmo ano no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares

reuniu cerca de 30 mil pessoas na Praccedila dos Trecircs Poderes em memoacuteria ao

Tricentenaacuterio de Zumbi dos Palmares restringindo formalmente as

contribuiccedilotildees e reivindicaccedilotildees da mais expressiva manifestaccedilatildeo poliacutetica do

Movimento Negro na Agenda nacional Foi desta forma que a questatildeo

Quilombola entrou no cenaacuterio nacional Identificando assim legalmente seus

direitos especiacuteficos no que diz respeito a tiacutetulo de reconhecimento de domiacutenio

para as comunidades quilombolas

Foram estabelecidos quatro eixos para o delineamento das accedilotildees junto

as comunidades quilombolas remanescentes

Regularizaccedilatildeo Fundiaacuteria resoluccedilatildeo de problemas relativos agrave

emissatildeo do tiacutetulo de posse das terras

26

Infraestrutura e Serviccedilos formando mecanismos efetivos para

destinaccedilatildeo de obras de infraestrutura e construccedilatildeo de equipamentos sociais

destinados a atender as demandas

Desenvolvimento Econocircmico e Social modelo de desenvolvimento

sustentaacutevel baseado nas caracteriacutesticas territoriais e na identidade coletiva

Controle e Participaccedilatildeo Social estimulo agrave participaccedilatildeo ativa dos

representantes quilombolas nos foacuteruns locais e nacionais de poliacuteticas puacuteblicas

impulsionando o seu acesso ao conjunto das accedilotildees definidas pelo governo e

seu envolvimento no acompanhamento daquelas que satildeo implantadas em cada

municiacutepio brasileiro

As comunidades quilombolas que permanecem agregadas nos dias de

hoje guardam vestiacutegios arqueoloacutegicos Seus conhecimentos natildeo se datildeo mais

pelo isolamento geograacutefico Pode-se afirmar que a ligaccedilatildeo do passado reside

na conservaccedilatildeo de praacuteticas de resistecircncia e reproduccedilatildeo do seu modo de vida

num determinado local

27

24 RELIGIAtildeO

Figura 3 Agbeni Cleacuteo Martins e Matildee Tataacute de Casa Branca do Engenho Velho Salvador Bahia com trajes tiacutepicos do Candombleacute Fonte

httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=casa20branca20agbeni20cleo20martins20e20mC3A3e20tatC3A120deampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=Rl0iUoa-EYPC9gTcnoD4Agampbiw=1092ampbih=507ampsei=EF8iUriaMIi68ASfrIDADQfacrc=_ampimgrc=C0lHIdF-

eMTk0M3A3BSErkATraQHjX6M3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fimgs252F5jpg3Bhttp253A252F252Fcasadosatoriscombr252Fgrandes-iconesphp3B8003B600

Os negros trazidos da Aacutefrica como escravos eram rapidamente

batizados e obrigados a acompanhar o Catolicismo Essa passagem de uma

religiatildeo para outra era leviana e as religiotildees de origem africana conseguiam

permanecer de forma secreta As Religiotildees Afro-brasileiras ainda manteacutem suas

raiacutezes africanas como o Candombleacute e Xangocirc do Nordeste outras se

constituem atraveacutes da fusatildeo religiosa como o Batuque Xambaacute e Umbanda As

Religiotildees Afro-Brasileiras apresentam o predomiacutenio do Catolicismo A fusatildeo

28

cultural de diferentes elementos demonstra igualmente pelo conhecimento de

batizar os filhos e casar-se na igreja Catoacutelica mesmo ao seguir abertamente

uma religiatildeo afro-brasileira

No Brasil a praacutetica do Catolicismo tradicional tem o predomiacutenio

africano que se revela no culto de santos de origem africana como Satildeo

Benedito Santo Elesbatildeo Santa Efigecircnia e Santo Antocircnio de Noto ( Santo

Antocircnio do Categeroacute ou Santo Antocircnio Etiacuteope) No culto preferecircncia de santos

facilmente relacionados como os orixaacutes africanos como Satildeo Cosme e Damiatildeo

(ibejis) Satildeo Jorge ( Ogum no Rio e Janeiro) Santa Baacuterbara (Iansatilde)

Na criaccedilatildeo de novos santos populares como a Escrava Anastaacutecia e

em ladainhas rezas e festas religiosas (como a lavagem do Bonfim na qual as

escadarias da igreja do Senhor do Bonfim na Bahia satildeo lavadas com aacutegua de

cheiro pelas filhas-de-santo do candombleacute)

As igrejas pentecostais do Brasil contestam as religiotildees de origem

africana e na realidade tem vaacuterias influecircncias desta como a praacuteticas do

batismo do Espirito Santo e crenccedilas como a de incorporaccedilatildeo de entidades

espirituais (entendidas como maleacuteficas) Jaacute o Catolicismo nega a existecircncia de

orixaacutes e guias As igrejas pentecostais crecircem na sua existecircncia na forma de

democircnios

29

Figura 4 Filhas-de-santo do Terreiro Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute na Bahia httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampq=Filhas-de-

santo20do20Terreiro20IlC3AA20AxC3A920OpC3B420AfonjC3A120na20Bahiaampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-

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2525AA_Ax2525C32525A9_Op2525C32525B3_Afonj2525C32525A13B2003B133

De acordo com o IBGE cerca de 03 dos brasileiros se anunciam

como seguidores de religiotildees de origem africana mesmo que um nuacutemero

maior de pessoas se o fazem de forma discreta A princiacutepio desprezadas as

religiotildees afro-brasileira foram o satildeo ou satildeo praticadas abertamente por vaacuterios

intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado Dorival Caymmi

Viniacutecius de Moraes Caetano Veloso Gilberto Gil Maria Bethacircnia (que

frequentavam o terreiro de Matildee Menininha) Gal Costa (que foi iniciada para o

Orixaacute Obaluaye) Mestre Didi (filho da iyalorixaacute Matildee Senhora) Antonio Riseacuterio

Caribeacute Fernando Coelho Gilberto Freyre e Joseacute Beniste ( que foi iniciado no

candombleacute ketu)

30

25 Candombleacute

Figura 5 httpwwwgooglecombrsearchhl=pt- BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=557ampbih=571ampq=cultura+afro-

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BRampsite=imghpamptbm=ischampsa=1ampq=candomblC3A9ampoq=candomblC3A9ampgs_l=img100l1046842847312004757193117100228618737j0j6130001c115imgPLhXeFsjhpUampbav=on2orr_qfampbvm=bv47380653ddmgampfp=f20d65a03649f696ampbiw=899ampbih=571ampfacrc=_ampimgrc=oj8tWwXns2w47M3A3BCAK3ZNRG2BCyMM3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Fobjetos252Fcandomblejpg3Bhttp253A252F252Fwwwgirafamaniacombr252Ftudo252Freligiao_cand

omblehtml3B6063B377

Atualmente muitos estudos satildeo realizados sobre o Candombleacute pois

muitas curiosidades existem sobre o tema Eacute difiacutecil uma organizaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao tema pois o grupo que realiza os rituais religiosos eacute fechado natildeo se

permitem filmar e pouca bibliografia foi escrita sobre o tema O que

encontramos satildeo alguns trabalhos acadecircmicos com relatos e bibliografias

sobre um ou outro deus relacionado ao tema

31

A origem da palavra Candombleacute vem da liacutengua Bantu ca [ka] = uso

costume ndomb = negro preto e leacute = lugar casa terreiro eou pequeno

atabaque Sendo assim quando observamos o resultado das palavras e

origem da mesma podemos definir Candombleacute como sendo ldquolugar de

costumes dos negrosrdquo Ou seja onde podem expressar suas tradiccedilotildees praacuteticas

relacionadas agrave religiatildeo onde demonstram sua muacutesica Jaacute outros definem

Kandomble como ldquoadorarrdquo (CASINI 1987)

Como se tem demonstrado neste trabalho verifica-se que a origem do

Candombleacute vem da Aacutefrica com uma enorme diversidade cultural Estudos

foram realizados e demonstram que existem mais de 400 divindades originaacuterias

desta cultura com suas tradiccedilotildees e costumes Cada uma representada por

diferentes santos seus terreiros com costumes diferenciados suas crenccedilas e

culturas O que se pode verificar eacute que todas satildeo ligadas as forccedilas naturais e

relacionam seu poder com a uniatildeo com o homem

Os escravos capturados ao serem trazidos ao Brasil vieram de culturas

diferentes por essa razatildeo com costumes e cultos a divindades diferentes

Atualmente se mencionam 16 orixaacutes reconhecidos oficialmente e outros 14

ainda reconhecidos em alguns terreiros extraoficiais Este panteatildeo relaciona-se

principalmente aos escravos provenientes de Angola Moccedilambique Congo

Gana Benin Nigeacuteria e estes falando liacutenguas diferentes e cultuando seus

proacuteprios deuses

O Candombleacute natildeo eacute uma religiatildeo onde se possa realizar seu culto ou

ritual em casa como em diferentes religiotildees onde as pessoas passam a fazer

suas rezas e oraccedilotildees em suas residecircncias pois aprenderam em suas igrejas e

templos como fazer No Candombleacute os praticantes obrigatoriamente tecircm de ir

32

aos terreiros Natildeo existem dentro desta praacutetica autodidatas ou seja aqueles

que aprendem e realiza o ritual sozinho nem tatildeo pouco auto iniciaccedilatildeo

Para os praticantes desta religiatildeo homem e natureza se completam

Existe um complexo vital que o cercam pertencem a um uacutenico universo que

ultrapassa os limites deste mundo estatildeo embasados no universo que vai aleacutem

muito aleacutem do mundo real Procuram o preacute-existente ou seja elementos que

datildeo legitimidade a organizaccedilatildeo que construiacuteram e caminhos que o levem a um

papel de pertencimento na sociedade

O que vemos nesta cultura religiosa africana eacute que ldquoAquilo que

definimos como objetos forccedilas ou fenocircmenos da natureza satildeo venerados

como sagrado nos mitos e nas culturas mais remotasrdquo (CASINI 1987 p17)

As comunidades Iorubaacutes que mantiveram seus mitos e cultura natural

mais sagrada natildeo se veem como uma parte da natureza poreacutem se observam

como a natureza em si Creem que a Materialidade do homem origina da

somatoacuteria de todos os elementos que compotildee a natureza

Assim observamos que estudos da origem do Candombleacute na Aacutefrica

satildeo inexistentes Existem fatos e relatos de como se daacute ao longo do tempo e

de como eacute visto atualmente

Conta uma lenda que na Aacutefrica dos povos iorubas havia um

mensageiro que atendia pelo nome de Exu que perambulava entre as aldeias

em busca de solucionar alguns problemas que incomodava a todos humanos e

Orixaacutes Assim Exu recebeu o conselho para que escutasse todos os humanos

animais e divindades e ainda outros seres que habitam a Terra Histoacuterias de

coisas boas e ruins de batalhas vencidas ou perdidas de sucessos e

insucessos sobre sauacutede doenccedilas e mortes Deveria ouvir tudo

33

independentemente de sua importacircncia Deveria saber ainda sobre as

providecircncias que haviam tomado para solucionar os problemas que tenham

tido e as oferendas aos Deuses que lhes deram sucessos ou natildeo A partir disso

ele reuniu 301 histoacuterias o que significa de acordo com o sistema de

enumeraccedilatildeo dos antigos iorubas que Exu tinha desenvolvido sua tarefa a

contento Apoacutes toda coletacircnea deste material Exu tinha em seu poder o mapa

de cada coisa que poderia trazer sucesso ou natildeo sobre cada um de noacutes E

tinha a soluccedilatildeo de cada problema e sua forma de solucionar

Todo esse saber conforme conta a histoacuteria foi repassado a um

adivinho que se chamava Orumilaacute tambeacutem conhecido como Ifaacute que por sua

vez o repassou aos seguidores conhecidos como sacerdotes do oraacuteculo de Ifaacute

atualmente conhecidos como babalaocirc ou pais do segredo

Ateacute os dias atuais todo iniciado deve adquirir conhecimento desses

fatos para que consiga exercer a atividade oracular

Acredita-se que Exu era o mensageiro encarregado da comunicaccedilatildeo

entre o advindo de Orunmilaacute Deus do Oraacuteculo que eacute por sua vez o

responsaacutevel por dar a resposta e pelo transporte das oferendas ao mundo dos

Orixaacutes

Essa arte ateacute os dias atuais sobrevive na Aacutefrica entre os iorubas

seguidores da religiatildeo tradicional dos orixaacutes e na Ameacuterica entre os

participantes do Candombleacute brasileiro e da Santeria cubana No Brasil com o

passar do tempo os babalaocircs se extinguiram dos pais e matildees de santo Aqui

as adivinhaccedilotildees do candombleacute e dos jogos de buacutezios foram sendo simplificada

aos poucos e foi sendo desligada da praacutetica divinatoacuteria poreacutem foram

preservados os nomes dos Odus Atualmente os proacuteprios Orixaacutes foram sendo

34

esquecidos onde Exu passou a ocupar o papel central na pratica dos jogos de

buacutezios em nosso paiacutes

A expansatildeo do Candombleacute no Brasil com a nova politizaccedilatildeo e

graduaccedilatildeo dos negros comeccedilou a ser estudada com maior interesse e vaacuterias

literaturas atualmente satildeo encontradas de relatos e estudos sobre o assunto

Deixou entatildeo de ser mito e passou a ser vista como religiatildeo com a palavra

escrita Apoacutes pesquisas foi descoberto que esta religiatildeo estaacute impregnada de

objetos rituais cantigas cores e desenhos das roupas e colares de rituais

secretos de iniciaccedilatildeo nas danccedilas proacuteprias e na proacutepria arquitetura dos templos

e ainda trazem a tradiccedilatildeo do comportamento do pai-de-santo com toda sua

caracteriacutestica miacutetica dos Orixaacutes do qual acreditam descender o ser humano

35

3 CAPOEIRA UMA ARTE SECULAR

Figura 6 Capoeira Fonte httpwwwvocerealmentesabiacom201301capoeira-lutahtml201301capoeira-lutahtml

Existem poucos documentos que retratam ou falam sobre a Capoeira

O que observamos eacute que existem relatos orais de que foi atraveacutes do negro

escravizado que se desenvolveu esta arte em nosso paiacutes

Os negros aprisionados na Aacutefrica e trazidos para o Brasil eram de

vaacuterias naccedilotildees e vieram de diferentes regiotildees Estes grupos faziam questatildeo de

zelar pela sua proacutepria cultura como por exemplo lutas religiotildees muacutesica

danccedila e ateacute mesmo seus proacuteprios rituais Quando aqui chegaram eles se

36

misturaram com outros trazidos de regiotildees diferentes e absorveram parte de

seus haacutebitos e costumes

Surgiu entatildeo neste periacuteodo a Capoeira que veio para expressar o

costume de vaacuterios povos atraveacutes do Africano poreacutem isto tudo aconteceu em

solo brasileiro Tambeacutem existem relatos de que a Capoeira era uma luta

disfarccedilada em forma de danccedila para que os escravos pudessem usar durante

suas fugas pois se pensassem que aquela arte era uma danccedila natildeo os

impediriam de treinar

O que natildeo se relata muito eacute que por volta de 1841 agrave danccedila e a muacutesica

negra sofreu grandes retaliaccedilotildees e proibiccedilotildees chegando ateacute mesmo a ser

proibida assim sendo como a capoeira se manteve da forma que ainda eacute

hoje

Alguns defendem que esta arte foi trazida da Aacutefrica mesmo pois laacute se

encontra um ritual usado como praacutetica pelos jovens Mucupes do sul de Angola

durante a Efurundula (ritual que eacute feito quando uma menina se transforma em

mulher) poreacutem laacute eacute conhecida como Nrsquogolo ou seja danccedila das zebras Nesta

danccedila o melhor guerreiro se isentaria do dote ao escolher sua noiva Mas

outros historiadores dizem que esta praacutetica seria apenas mais umas das

incorporadas pelos negros ao criar aqui a danccedila da Capoeira

Muitas outras histoacuterias satildeo contadas contudo sem comprovaccedilatildeo O

que se sabe eacute que na eacutepoca da Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica houve uma grande

queima e destruiccedilatildeo de documentos que diziam respeito agrave escravidatildeo pois se

acreditava que deveriam apagar da histoacuteria do Brasil tal ato vergonhoso

Poreacutem o fato real eacute que com a queima e destruiccedilatildeo destes arquivos deixariam

37

de reembolsar aos negros e suas famiacutelias as indenizaccedilotildees cabiacuteveis pois

saberiam que sem tais documentos isto seria inviaacutevel pois natildeo teriam provas

de nada que aconteceu anteriormente

Natildeo pensem que foi faacutecil manter tal cultura pois ocorreram fatos tais

como o de 11 de outubro de 1890 onde a Lei n487 de Sampaio Ferraz foi

promulgada para que tivessem puniccedilatildeo de dois a seis meses de trabalho

forccedilado na ilha de Fernando de Noronha aos negros que praticassem a

Capoeira

No art 402 que tratava Dos vadios capoeiras lia-se Fazer nas ruas e

praccedilas puacuteblicas exerciacutecios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela

denominaccedilatildeo capoeiragem andar em correria com armas ou instrumentos

capazes de produzir uma lesatildeo corporal provocando tumulto ou desordem

ameaccedilando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal

Pena - prisatildeo celular de dois a seis meses

Paraacutegrafo uacutenico - eacute considerado circunstacircncia agravante pertencer o capoeira a

algum bando ou malta Aos chefes e cabeccedilas se imporaacute a pena em dobro

(SAMPAIO FERRAZ 1980)

O que natildeo imaginavam quando promulgada esta Lei foi que atingiriam

natildeo somente os negros mas tambeacutem pessoas da nobreza Por Exemplo o

filho do Conde de Matosinho tambeacutem conhecido como um dos grandes

proprietaacuterios do paiacutes e dono do jornal O Paiacutes Joseacute Eliacutesio dos Reis que era um

dos grandes frequentadores destas rodas foi diretamente afetado em suas

praacuteticas

Apoacutes ser preso sob influecircncia poliacutetica foi libertado com apoio de

Quintino Bocaiuacuteva que ameaccedilou renunciar ao cargo que ocupava na eacutepoca de

38

Relaccedilotildees Exteriores Assim logo que conquistou novamente sua liberdade

Juca Reis retornou a Portugal

Os capoeiras ainda precisaram ldquose cuidarrdquo pois sofreram muitas

perseguiccedilotildees por todo seacuteculo XIX

Conforme publicaccedilatildeo do jornal Diaacuterio de Notiacutecias de 19011890 natildeo

soacute a elite tinha medo dos capoeiras mas toda populaccedilatildeo

Eacute poliacutecia das primeiras

Eacute levadinha do diabo

Deu cabo dos capoeiras

Vai dos gatunos dar cabo

Jaacute da navalha afiada

A ningueacutem o medo aperta

Vai poder a burguesada

Ressonar com a porta aberta

A ir assim poderemos

Andar mui sossegadinhos

Nessa terra viveremos

Como Deus com seus anjinhos

Ai Assim continuando

A poliacutecia hemos de ver

As suas portas fechando

Por natildeo ter mais que fazer (LITORALWAY 2013

p1)

Quando chegaram ao Brasil os escravos africanos atentaram para a

necessidade de criar uma maneira de proteccedilatildeo contra a violecircncia e refrear os

colonizadores brasileiros Pois eram constantemente alvos de praacuteticas

39

violentas dos senhores de engenho Quando conseguiam fugir das fazendas

eram seguidos pelos capitatildees-do-mato que os capturavam violentamente

Os senhores de engenho os proibiam de praticar qualquer tipo de luta

Desta arte os escravos passaram a utilizar o ritmo e os movimentos de suas

danccedilas africanas adaptando-as a um tipo de luta Assim surgiu a capoeira

como uma arte marcial que se ocultava na danccedila Portanto foi um instrumento

importante da resistecircncia cultural e fiacutesica dos escravos brasileiros

A praacutetica da capoeira acontecia em terreiros proacuteximos agraves senzalas

essa praacutetica era para a manutenccedilatildeo cultural e o aliacutevio de estresse do trabalho

aleacutem da manutenccedilatildeo da sauacutede fiacutesica A praacutetica dessa luta ocorria na eacutepoca em

campos com pequenos arbustos chamados na eacutepoca de capoeira ou

capoeiratildeo portanto foi o nome deste lugar que inspirou para nomear esta luta

ou jogo

Atualmente a capoeira possui trecircs estilos que se distinguem nos

movimento e ritmo do acompanhamento musical O estilo mais antigo foi

criado na eacutepoca da escravidatildeo chamada de capoeira angola suas

caracteriacutesticas satildeo ritmo musical lento golpes jogados mais baixos ( proacuteximos

ao solo) e muita maliacutecia O segundo estilo eacute o regional caracterizado pela

mistura da maliacutecia da capoeira angola com o jogo raacutepido de movimentos ao

som do berimbau seus golpes satildeo raacutepidos e secos as acrobacias natildeo satildeo

utilizados O terceiro tipo de capoeira eacute o contemporacircneo que une um pouco

dos dois primeiro estilos e eacute o mais praticado atualmente No dia 03 de agosto

eacute comemorado o dia do capoeirista

40

A capoeira tornou-se uma verdadeira exportadora da cultura brasileira

para o exterior Existente em dezenas de paiacuteses em todos os continentes todo

ano a capoeira atrai milhares de alunos e estrangeiros ao Brasil habitualmente

capoeirista estrangeiros se esforccedilam a aprender a liacutengua portuguesa em um

esforccedilo para melhor se envolver com a arte Frequentemente mestres e

contramestres respeitados satildeo convidados a dar aulas especiais no exterior ou

ateacute mesmo a estabelecer seu proacuteprio grupo Apresentaccedilotildees de capoeira

comumente administradas em forma de espetaacuteculo acrobaacuteticas e com pouca

marcialidade satildeo realizadas no mundo todo

Embora o aspecto marcial ainda se faccedila presente como nos tempos

antigos ainda eacute sutil e disfarccedilado A malandragem ainda se faz presente

capoeiristas experientes dificilmente tiram os olhos de seus adversaacuterios em um

jogo de capoeira jaacute que uma queda pode chegar disfarccedilada em um gesto

amigaacutevel

A capoeira eacute o siacutembolo da miscigenaccedilatildeo de etnias resistecircncia agrave

opressatildeo e teve sua imagem mudada tornando-se fonte de orgulho para o povo

brasileiro Hodiernamente eacute considerado patrimocircnio Cultural Imaterial do

Brasil

A roda de capoeira nada mais eacute do que um ciacuterculo de capoeiristas com

uma bateria musical em que a capoeira eacute jogada tocada e cantada A roda

serve para o jogo divertimento e espetaacuteculo e tambeacutem para que o capoeiristas

possam ampliar o que aprenderam durante o treinamento

Os capoeiristas alinham-se na roda cantando e batendo palmas no

ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam no centro da roda O jogo

41

entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou

quando algum outro capoeirista compra o jogo e inicia um novo jogo com um

deles O objetivo do jogo da capoeira natildeo eacute nocautear ou destruir o oponente

O grande objetivo do capoeirista ao entrarem uma roda eacute a queda derrubar o

oponente sem ser golpeado O jogo entre um capoeirista experiente e um

novato o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o

adversaacuterio Jaacute o jogo entre dois experiente seraacute muito mais agressivo e teraacute

consequecircncias mais graves

O movimento baacutesico da capoeira eacute a ginga mas satildeo comuns os chutes

em rotaccedilatildeo rasteiras floreios golpes com as matildeos cabeccediladas esquivadas

acrobacias giros apoiados nas matildeos ou na cabeccedila e movimento de grande

elasticidade

O batizado acontece em uma roda de capoeira solene e festiva onde

os novos alunos recebem sua primeira corda e os demais alunos podem

passar para graduaccedilotildees superiores Em algumas ocasiotildees pode-se ver

formandos e professores recebendo graduaccedilatildeo avanccediladas momento

considerado honroso para o capoeirista

O batizado acontece ao comando do capoeirista mais graduado do

grupo seja ele mestre contramestre ou professor Os alunos jogam com um

capoeirista formado e devem tentar se defender Comumente o jogo termina

com a queda do aluno momento em que eacute batizado Momento este tambeacutem

quando o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido ou nome de capoeirista

A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecidos na comunidade

pelos seus apelidos do que por seus proacuteprios nomes Apelidos podem surgir de

42

inuacutemeros motivos desde as caracteriacutesticas fiacutesicas uma particular habilidade ou

dificuldade uma ironia a cidade de origem etc

A muacutesica eacute o componente fundamental da capoeira Foi incorporada

como forma de lograr os escravizadores fazendo-os acreditar que os escravos

estavam danccedilando e cantando quando na verdade estavam treinando uma

arte-marcial para se defenderem

A muacutesica na capoeira determina o ritmo e o estilo do jogo que eacute jogado

A muacutesica eacute criada pela bateria e pelo canto comumente acompanhados de

palmas A bateria eacute composta por trecircs berimbaus dois pandeiros e um

atabaque mas pode variar excluindo ou incluindo alguns instrumentos como o

agogocirc e o ganzuaacute Um dos berimbaus define o ritmo do jogo desta maneira eacute a

muacutesica que comanda a roda de capoeira natildeo soacute no ritmo mas no conteuacutedo

tambeacutem

As canccedilotildees de capoeira satildeo divididas em partes solistas e respostas

do coro Dependendo do seu conteuacutedo podem ser classificadas como

ladainhas chulas corridos ou quadras

A ladainha ou lamento eacute utilizado no inicio da roda de capoeira

Comeccedila com o longo grito ldquoiecircrdquo seguido de uma narrativa solista cantada em

um tom solene Eacute cantada pelo capoeirista mais respeitado ou graduado da

roda O jogo de capoeira somente pode comeccedilar apoacutes o fim da ladainha

A chula eacute um canto em que a parte solista eacute muito mais longa do que a

resposta do coro O solista canta dez doze ou mais versos o coro responde

com dois ou quatro versos A chula pode ser cantada em qualquer momento da

roda

43

O corrido eacute a mais comum na roda de capoeira eacute um canto onde a

parte solista e resposta do coro tem igual valor em alguns casos o nuacutemero de

versos do coro superam os versos solistas Podem ser cantados em qualquer

momento da roda seus versos podem ser modificados e improvisados durante

o jogo acontecendo durante a roda ou para passar algum avido a um dos

demais capoeiristas

A quadra eacute composta de um mesmo verso repetido quatro vezes

sendo trecircs versos e uma resposta do coro Pode ser cantada em qualquer

momento da roda

As canccedilotildees tecircm assuntos variados falam sobre histoacuterias de

capoeiristas famosos falam do cotidiano da comunidade comentam o que esta

acontecendo durante a roda de capoeira fantasiam sobre a vida ou um amor

perdido Outras ainda satildeo alegres e falam coisas tolas cantadas apenas por

diversatildeo

44

4 CULINAacuteRIA AFRO-BRASILEIRA

Figura 3 Acarajeacute Fonte 1

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4jpgampimgrefurl=httpwwwportalsaofranciscocombralfamulher-culinaria-afro-brasileiraculinaria-afro-brasileira-

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31FbWr4AOl2YDACwampved=0CC8Q9QEwAQampdur=1836

A cozinha brasileira sofreu grande influecircncia da cultura Africana pois os

negros foram inserindo seus temperos e modificando a cozinha portuguesa

Trocou vaacuterios ingredientes dando aos pratos sabores especiacuteficos e

diferenciados Fizeram o mesmo com os pratos da terra Descobriram legumes

daqui fizeram pratos com frutos do mar seco ensinaram e fizeram uso de

panelas de barro e das colheres de pau

45

O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baiacutea o azeite de

dendecirc confirmou a excelecircncia da pimenta malagueta sobre a do reino deu ao

Brasil o feijatildeo preto o quiabo ensinou a fazer vatapaacute caruru mungunzaacute

acarajeacute angu e pamonha2

41 Milagres para o governador tomar sopa

Algumas lendas satildeo relatadas dentre elas

O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso Negros e

mulatos (da Guineacute e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549 com o

Governador Tomeacute de Souza que comia mal e era preconceituoso entre outras

coisas natildeo admitia sopa de cabeccedila de peixe em honra a Satildeo Joatildeo Batista

Bem que o Padre Noacutebrega tentou convencecirc-lo de que era bobagem mas Tomeacute

de Souza resistiu ateacute que o jesuiacuteta mandou deitar a rede ao mar e ela veio soacute

cabeccedila de peixe bem fresca e o homem deixou a mania entrou na sopa3

Alguns termos de nosso vocabulaacuterio eacute tambeacutem herdado dos negros

Por exemplo fulas e mandingas vieram com os negros atraveacutes da Guineacute

Fulas quer dizer ldquoopacosrdquo o que noacutes compreendemos como ldquonego fulordquo ndash deriva

daiacute o termo ldquofulo de raivardquo que demonstra a palidez da pessoa que estaacute irada

Mandingas por sua vez veio significar encantamento e maacutegicas

Existia uma divisatildeo entre os negros que chegavam e que seriam

aproveitados na lavoura outros nos serviccedilos domeacutesticos devido a sua criaccedilatildeo

2 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

3 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

46

e forma de se comportar diante das situaccedilotildees Os iorubanos ou nagocircs os

jejes os tapas e os haussaacutes todos sudaneses islamitas e da costa oeste foram

os que mais contribuiacuteram com a cozinha brasileira pois por serem mais faacuteceis

de controlar eram tidos como escravos domeacutesticos Jaacute natildeo podemos dizer o

mesmo dos povos trazidos do sul como por exemplo de Angola culturalmente

falando originaacuterios de liacutengua bantos ou ainda natildeo podemos nos esquecer dos

negros do Congo ou tambeacutem conhecidos como minas ou os de Moccedilambique

pois eram mais fortes e menos submissos assim eram aproveitados para o

serviccedilo pesado

Durante as pesquisas encontramos vaacuterios relatos de que o negro

tambeacutem contribuiu divulgando o inhame a cana de accediluacutecar o dendezeiro com

a propagaccedilatildeo do leite de coco com a divulgaccedilatildeo da pimenta malagueta e a

galinha de Angola

Alguns alimentos Africanos que se tornaram indispensaacuteveis na cozinha

brasileira4

Abaraacute

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de

feijatildeo-fradinho temperada com pimenta sal cebola e azeite-de-

dendecirc algumas vezes com camaratildeo seco inteiro ou moiacutedo e

misturado agrave massa que eacute embrulhada em folha de bananeira e

cozida em aacutegua (No candombleacute eacute comida de santo oferecida

a Iansatilde Obaacute e Ibeji)

Abereacutem Bolinho de origem afro-brasileira feito de milho ou de

4 httpwwwbotequimdosambacombrportalculturalcultura-afro-brasileiraculinariahtml

47

arroz moiacutedo na pedra macerado em aacutegua salgado e cozido

em folhas de bananeira secas (No candombleacute eacute comida de

santo oferecida a Omulu e Oxumareacute)

Abrazocirc

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de farinha de milho ou de mandioca apimentado frito em azeite-de-dendecirc

Acaccedilaacute

Bolinho da culinaacuteria afro-brasileira feito de milho macerado em aacutegua fria e depois moiacutedo cozido e envolvido ainda morno em folhas verdes de bananeira (Acompanha o vatapaacute ou caruru Preparado com leite de coco e accediluacutecar eacute chamada acaccedilaacute de leite) [No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxalaacute Nanatilde Ibeji Iemanjaacute e Exu

Ado

Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moiacutedo misturado com azeite-de-dendecirc e mel (No candombleacute eacute comida de santo oferecida a Oxum)

Aluaacute

Bebida refrigerante feita de milho de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com accediluacutecar ou rapadura usada tradicionalmente como oferenda aos orixaacutes nas festas populares de origem africana

Quibebe

Prato tiacutepico do Nordeste de origem africana feito de carne-de-sol ou com charque refogado e cozido com aboacutebora Tem a consistecircncia de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dendecirc e cheiro verde Fonte terrabrasileiranet

48

5 MUacuteSICA E DANCcedilA

Figura 4 Muacutesica Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=musica+e+danC3A7a+afro-

brasileiraampoq=musica+e+danC3A7a+afroampgs_l=img1006235100170130321913055049919375j3j4j0j1130001ac115imggn3Y4HJ-0awfacrc=_ampimgrc=XbvLt_R-

Gft6iM3A3BRC7YBh7g1sFVCM3Bhttp253A252F252Flaboratoriodanoticiacombr252Fuserfiles252Fimage252FOlodum_Ter25C325A7a252520da252520Ben25C325A725C325A

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mbr252Fparajornalistas252Fnoticiasphp253FidNot253D1483B17723B1181

Nos paiacuteses africanos a muacutesica tem o mesmo valor que tradiccedilotildees

religiosas Eles preservam os costumes de que os descendentes de muacutesicos

deveratildeo preservar a cultura ou seja ser muacutesico tambeacutem Todos os rituais

religiosos na Aacutefrica satildeo praticados em sintonia com momentos musicais Eles

cantam e tocam para todos os santos O candombleacute por sua vez como jaacute

mencionados trouxe muita influecircncia para a cultura brasileira e uma das

grandes praacuteticas eacute a muacutesica que se expandiu por todo Paiacutes Ele eacute conhecido

49

por diversos nomes atraveacutes de todo Brasil Tambor de mona no Maranhatildeo

Xangocirc do Rio Grande do Norte ateacute Sergipe Batuque no Rio Grande do Sul

Seacuteculos de miscigenaccedilatildeo com mulccedilumanos do norte da Aacutefrica

justificam a enorme permissividade de Portugal com relaccedilatildeo a determinadas

praacuteticas musicais e religiosas os batuques Nos Estados Unidos por exemplo

os negros nunca puderam tocar seus tambores

No candombleacute usam-se trecircs tambores de timbres diferentes e um

agogocirc instrumento de ferro que repercute como um sino para acompanhar as

cantigas levadas pelos pais e matildees-de-santo na conduccedilatildeo das cerimocircnias

religiosas Ainda hoje a liacutengua dos cacircnticos preserva palavras da liacutengua original

Batuque eacute a denominaccedilatildeo geneacuterica para as danccedilas dos negros africanos

Carimboacute tambor de criola bambelocirc zambecirc candombleacute samba de roda jongo

caxambu satildeo alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil

principalmente nas ocasiotildees em que os negros se reuacutenem para festejar ou

lembrar a escravidatildeo

Apesar de muito antiga a palavra ldquobatuquerdquo etimologicamente natildeo se

pode afirmar seu significado Pode ser que tenha se referido a sapateado e

palmas tambeacutem por sua vez aparece em relatos escritos como danccedila de

sapateado ou ateacute mesmo conhecida como rituais religiosos

Muitos senhores inibiam a praacutetica das danccedilas trazidas pela cultura

africana e principalmente algumas delas tais como o ldquoBatuquerdquo pois

acreditavam que fossem muito eroacuteticas e obscenas ldquoA umbigada gesto em

50

que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da

muacutesica era uma das danccedilas desprezadas pelos senhores de engenhordquo5

Outras muacutesicas tiveram grande influecircncia na cultura de nosso povo

algumas criaram raiacutezes e tem grandes renomes que foram responsaacuteveis pela

sua divulgaccedilatildeo O samba verdadeiro por sua vez era a expressatildeo do lamento

do negro dessa forma ele lamentava sua vida traduzindo sentimentos que

grande parte deles tinha poreacutem natildeo podiam dizer

Atualmente podemos observar que eacute um ritmo forte e com suas

proacuteprias caracteriacutesticas Eacute originaacuterio da Aacutefrica e quando chegou ao Brasil foi

atraveacutes dos escravos Entrou atraveacutes da Bahia com os negros trazidos para

trabalhar nos engenhos e plantaccedilotildees de accediluacutecar dos senhores

Passaram-se os anos e a danccedila foi tomando caracteriacutesticas proacuteprias

tornando-se a danccedila nacional brasileira haacute muito tempo Os baianos mais

abastados viajavam ao Rio de Janeiro para as festas anuais nas aldeias e

trouxeram o samba ldquopraacute caacuterdquo Com isto foi sendo carnavalizada e tornou-se a

danccedila nacional que atualmente noacutes temos

Gradualmente a batida sutil e a nuanccedila interpretativa do samba levavam-nos

rua acima danccedilando nos cafeacutes e eventualmente ateacute nos salotildees de baile

tornou-se a alma danccedila do Brasil Originalmente a danccedila teve movimentos de

matildeo muito caracteriacutestico derivados de sua funccedilatildeo ritualista quando eram

segurados pequenos recipientes de ervas aromaacuteticas em cada uma das matildeos

e eram aproximadas do nariz do danccedilarino cuja fragracircncia excitava Havia

5 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

51

muito trabalho de solo e antes de se tornar uma danccedila de salatildeo teve passos

incorporados do maxixe 6

Tivemos grandes nomes do Samba brasileiro poreacutem devemos

destacar o de Carmem Miranda que ficou conhecida no mundo inteiro pois

com muita periacutecia profissionalismo e vitalidade ela divulgou o ritmo e a musica

para outros paiacuteses Tudo iniciou com Irene e Castelo de Vernou com destaque

na Ameacuterica do Norte e acabaram inserindo o samba em suas apresentaccedilotildees

profissionais

Depois de alguns anos juntamente com as escolas de samba e o

carnaval comeccedilaram entatildeo a apresentar um ritmo proacuteprio como um baleacute

artiacutestico com todo ritmo de samba e alguns passos baacutesicos

6 Publicado no httpwwwgeledesorgbresquecer-jamais179-esquecer-jamais14716-a-historia-da-escravidao-negra-

no-brasil A Histoacuteria da Escravidatildeo Negra no Brasil Publicado em Terccedila 03 Julho 2012 11h12min

52

6 O NEGRO E A EDUCACcedilAtildeO NO BRASIL

Figura 5 Professores negros Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc=_ampimgrc=CH97hIT3RDayOM3A3B8t7IUYLlhm0_BM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom

252F-EPvh5uby9cQ252FTt1EXs6HP8I252FAAAAAAAAABc252Fax16caXPOHc252Fs1600252Fprofnegrosjpg3Bhttp253A252F252Fubuntuigualdadeblogspotcom252F2011252F12252Fprofess

ores-negros-no-brasilhtml3B3603B460 Figura 6 Escola de negro Fonte httpwwwgooglecombrsearchhl=pt-

BRampsite=imghpamptbm=ischampsource=hpampbiw=899ampbih=571ampq=escola+de+negroampoq=escola+de+negroampgs_l=img329328647094122621000240612852j1j1j1j160001ac115imgwgTfJ3CnvLofacrc

=_ampimgrc=DWwy-kJ61oyqYM3A3Bt6t7MEhMamfvsM3Bhttp253A252F252F1bpblogspotcom252F_5yFScX-upgw252FTBO6J31gNJI252FAAAAAAAAAlc252FQcLwWKxHfNA252Fs1600252Fescolasjpg3Bhttp253A252F252Fdianacostaeduhistoriablogspotcom252F2010252F06252Fanalfabetism

o-entre-jovens-negros-ehtml3B3353B450

Muitos relatos existem sobre a dificuldade de ensinar a cultura afro-

brasileira e africana nos bancos escolares A histoacuteria mostra relatos de

exclusatildeo do negro das escolas e principalmente do processo educativo Ainda

percebemos hoje nos ambientes escolares a exclusatildeo do negro que satildeo alvos

de muitos preconceitos

53

Superar esse histoacuterico de exclusatildeo eacute um grande desafio a lei

1063903 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees

eacutetnico-Raciais e para o Ensino de Histoacuteria Cultura Afro-Brasileira e Africana foi

promulgada nesta perspectiva Como principal objetivo esta Lei quer ajudar a

superar os preconceitos e eliminar as atitudes discriminatoacuterias atraveacutes de

praacuteticas pedagoacutegicas que demonstrem maior qualidade e que incluam o estudo

da influecircncia africana na cultura nacional

Assim em 9 de janeiro de 2003 foi aprovada pelo Conselho Nacional

de Educaccedilatildeo a Lei 10639 que fala sobre a obrigatoriedade de ensinar sobre a

cultura afro-brasileira em todas as escolas na disciplina de Histoacuteria na

Educaccedilatildeo Baacutesica Isso instigou muitos estudiosos e professores a estudar

melhor sobre a cultura deste povo e suas influecircncias que tiveram na formaccedilatildeo

do brasileiro

Esta Lei causou muita polecircmica pois surgiram dois grupos de pessoas

o primeiro favoraacutevel a ela que defendiam a necessidade da mesma ajudaram a

construir e deram subsiacutedios para que a esta fosse firmada Eles acreditavam

que se existisse uma lei para proteger os direitos do negro a sociedade seria

mais justa e deveria diminuir as distacircncias existentes nos direitos das pessoas

que aqui moravam Por outro lado existiam os que defendiam que tal Lei

aumentaria ainda mais a distacircncia entre os grupos raciais que pelo Brasil ter

povos originaacuterios de diversos lugares do mundo estariam privilegiando os Afros

descendentes enquanto que outros teriam menos direitos Estas pessoas vatildeo

ainda mais longe alegam que tal Lei fere a Constituiccedilatildeo Brasileira em seu

artigo 206 inciso I que diz ldquoa todos devem ser assegurados igualdade de

condiccedilotildees para permanecircncia e acesso a escolardquo sendo assim quando se faz

54

cotas para negro este direito deixa de ser cumprido pois se privilegia os afros

brasileiros

Para que este reconhecimento seja feito com prudecircncia eacute necessaacuterio

que se estude de que forma ocorreu a inserccedilatildeo do negro na escola desde o

periacuteodo da Primeira Repuacuteblica que foi aproximadamente de 1889 a 1930

Muitos estudiosos preveem que apesar da aboliccedilatildeo da escravatura e dos

direitos civis adquiridos pelo negro a partir daquela data ainda existia muito

preconceito racial e sofrimento por conta deste Por muito tempo o negro foi

impedido de frequentar os lugares por onde os brancos tinham livre acesso e

por muitas vezes foi sugerido a estes que ficassem fora das escolas para natildeo

constranger pessoas de ldquoclasses superioresrdquo os filhos dos brancos que ali

frequentavam

A escola sempre foi considerada um caminho para se chegar ao poder

poliacutetico econocircmico e social de ascensatildeo e de um futuro melhor

Para se ter noccedilatildeo do quanto eacute difiacutecil estudar este tema a educaccedilatildeo

negra no Brasil somente alguns Jornais da Raccedila Negra satildeo encontrados com

artigos pertinentes ao trabalho aqui descrito Moura afirma que

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou atraveacutes de jornais de

pequena tiragem e duraccedilatildeo precaacuteria as atividades da comunidade negra

brasileira principalmente a de Satildeo Paulo ali se refletiam dando-nos por isso

esses jornais um painel ideoloacutegico do universo do negro A preocupaccedilatildeo com a

educaccedilatildeo eacute uma constante O negro deve educar-se para subir socialmente

Em todas as publicaccedilotildees eacute visiacutevel a preocupaccedilatildeo com uma eacutetica puritana

capaz de retirar o negro de sua situaccedilatildeo de marginalizado (MOURA 2002

p6)

55

O maior jornal de circulaccedilatildeo entre a raccedila negra no Brasil com maiores

informaccedilotildees sobre a forma que o mesmo era tratado no periacuteodo histoacuterico aqui

citado foi o Jornal Menelick Vaacuterios artigos satildeo encontrados em ediccedilotildees deste

que nos proporcionou uma pesquisa melhor sobre o assunto

Penso que se eu fosse preto procuraria casar-me com moccedila de cor mais

um pouco mais branca para ir melhorando as condiccedilotildees de modo que meus

filhos tivessem uma condiccedilatildeo melhor Como branco entretanto embora natildeo

tenha repugnacircncia por moccedilas com algum sangue negro natildeo acharia hoje

razoaacutevel casar-me com uma delas pois creio que meus filhos natildeo me

perdoariam lanccedilaacute-los ao mundo para sofrerem as humilhaccedilotildees da cor

(FIGUEIREDO apud FREYRE 2004 p 596)

Diante deste pensamento registrado podemos observar de que forma

se pensava e como as pessoas agiam naquele tempo daiacute passamos a

compreender melhor a necessidade da Lei que se fez valer para defender os

direitos humano que mesmo sendo tatildeo discutido natildeo se fazia importante

Podemos ver aqui o alto grau preconceituoso que a sociedade branca tinha em

relaccedilatildeo ao negro Percebemos ainda o quanto foi difiacutecil a formaccedilatildeo daquilo

que hoje chamamos de identidade brasileira que estava sendo forjada por

todos os que se diziam republicanos

Sabe-se que desde o seacuteculo passado e mesmo antes da

Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica jaacute se discutiam e falavam da importacircncia de um

Sistema Educacional Nacional

56

Jaacute naquela eacutepoca alguns historiadores como Hilsdorf (2005) jaacute

descreviam sobre a necessidade da populaccedilatildeo estudar para que um dia

pudesse se equiparar a sociedade europeia Que para uma evoluccedilatildeo e

transformaccedilatildeo positiva para que pudesse alcanccedilar o progresso o povo

brasileiro deveria estudar Somente assim alcanccedilariacuteamos a modernizaccedilatildeo e o

progresso

Desta feita a escola foi instituiacuteda para todos os imigrantes e os

mesmos deveriam aceitar o Brasil como sua paacutetria A escola passou a ser

pensada como instrumento de doutrinaccedilatildeo e tinha como principal funccedilatildeo

ensinar a liacutengua paacutetria a Geografia e tambeacutem a Histoacuteria do Brasil Acreditavam

que desta forma o aluno passaria a respeitar e amar esta terra

E o negro como ficava sua educaccedilatildeo escolar naquela eacutepoca

Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras deacutecadas de

sua implantaccedilatildeo a alunos provenientes das camadas populares no entanto

daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano Desse contingente

estavam excluiacutedos os pobres os miseraacuteveis e os negros As fotografias da

eacutepoca revelam a pequena presenccedila de crianccedilas negras nas classes dos grupos

escolares e isso se explica pelas peacutessimas condiccedilotildees sociais em que se

encontrava a populaccedilatildeo negra da eacutepoca (SOUZA 1998 p 27)

Pode-se entatildeo perceber como o negro era tratado e das dificuldades

que tinha para conseguir estudar Lembramos ainda que as escolas puacuteblicas

fossem ofertadas as pessoas de melhores condiccedilotildees financeiras ou seja

57

donos e proprietaacuterios de terras que tinham condiccedilotildees de colocar seus filhos

em instituiccedilotildees particulares

Com o Manifesto Republicano que tinha como objetivo principal

colocar nosso paiacutes no que chamamos de modelo capitalista idealizado por

eles o negro ficou ainda mais desconectado do mundo pois deixava de ser

naquele tempo uma ferramenta de trabalho viva e passava a ser cidadatildeo

brasileiro A partir de sua libertaccedilatildeo surgiu entatildeo grandes problemas o que

fazer com estas pessoas que passavam a fazer parte da populaccedilatildeo brasileira

Quem iria trabalhar na lavoura jaacute que os negros haviam sido libertados Como

ficaria a produccedilatildeo nacional jaacute que a agricultura era a principal fonte de renda do

Brasil

Se toda preocupaccedilatildeo com o negro eacute em relaccedilatildeo a serem ferramentas

o que diriacuteamos entatildeo sobre sua educaccedilatildeo

A raccedila negra no Brasil por maiores que tenham sido os seus incontestaacuteveis

serviccedilos agrave nossa civilizaccedilatildeo por mais justificadas que sejam as simpatias de

que a cercou o revoltante abuso da escravidatildeo por maiores que se revelem os

generosos exageros dos seus proprietaacuterios haacute de constituir sempre um dos

fatores de nossa inferioridade como povo (RODRIGUES 1977 p 7)

A escola puacuteblica brasileira natildeo se preocupou com o negro Mesmo

apoacutes sua libertaccedilatildeo continuou agrave margem dos direitos humanos neste paiacutes

Poucas oportunidades tiveram de progredir sem estudos Isso fez com que sua

marginalizaccedilatildeo se agravasse a cada dia

58

Portanto tornou-se necessaacuteria uma Lei para que os negros tivessem

acesso aos bancos escolares de forma igualitaacuteria e menos preconceituosa do

que vinham tendo Como isso foi comprovado para que tal Lei fosse criada

Atraveacutes dos iacutendices de analfabetismo desta populaccedilatildeo em nosso paiacutes

Foram criadas no Brasil vaacuterias escolas destinadas somente agrave

educaccedilatildeo do negro devido agrave dificuldade que os mesmos enfrentavam para

ingressar no ensino puacuteblico Podemos citar o Coleacutegio Satildeo Benedito de

Campinas (1902) o Coleacutegio Perseveranccedila ou Cesarino em Campinas (1860)

Escola Primaacuteria Clube Negro Flor de Maio Satildeo Carlos-SP e a Escola

Ferroviaacuteria de Santa Maria do Rio Grande do Sul tambeacutem podem observar a

escola criada no Quilombo pelo negro Cosme entre outras

Somente a partir da deacutecada de 60 foi que o ingresso do negro ao

ensino puacuteblico brasileiro tornou-se rotineiro poreacutem as relaccedilotildees entre os alunos

continuavam ainda discriminatoacuterias A partir de 70 com tudo que se

apresentava foi que os negros passaram a fazer denuacutencias a cobrar do

governo uma posiccedilatildeo onde o mesmo natildeo pudesse ser discriminado e que

estes tivessem seus direitos de igualdade conforme consta na Constituiccedilatildeo

garantidos

Para que os conteuacutedos de sua cultura fossem incorporados agraves

disciplinas escolares foram necessaacuterias vaacuterias Leis e Projetos de Leis em

diversos lugares neste paiacutes

Atualmente o Brasil pode ser considerado um paiacutes com caracteriacutesticas

multieacutetnicas respeitadas poreacutem ainda com necessidades de um curriacuteculo

59

oficial que seja embasado na pluralidade cultural e que este faccedila parte de

conteuacutedos transversais na Educaccedilatildeo Baacutesica

A importacircncia da Lei 106392003 eacute que ela vem para propor accedilotildees e

igualar os direitos daqueles que tem interesse em ingressar na educaccedilatildeo

puacuteblica e privada Se tivermos poliacuteticas puacuteblicas que demonstrem interesse em

reconhecer o negro e sua cultura na formaccedilatildeo do povo brasileiro poderemos

entatildeo acreditar num paiacutes democraacutetico e justo Assim esta Lei vem propor

accedilotildees que se preocupem com o desenvolvimento humano e permita que o

negro no Brasil seja menos excluiacutedo e marginalizado

Tal Lei vem reconhecer que existem os descendentes Africanos sua

trajetoacuteria bem como sua condiccedilatildeo de sujeito na construccedilatildeo desta naccedilatildeo

Temos de compreender que tudo que estaacute proposto na Lei vem para

contribuir melhorar ampliar o processo de democratizaccedilatildeo de toda educaccedilatildeo

brasileira

Permitiraacute que se desenvolvam muitas accedilotildees reais em favor dos negros

brasileiros buscando amenizar as diferenccedilas nos iacutendices quando falamos de

negros e brancos diminuindo assim a discriminaccedilatildeo racial social poliacutetica e

econocircmica

Do total de universitaacuterios brasileiros 97 satildeo brancos 2 de negros e

1 de descendentes de orientais Sobre os 22 dos brasileiros que vivem

abaixo da linha da pobreza 70 deles satildeo negros Sobre 53 milhotildees de

brasileiros que vivem na pobreza 63 deles satildeo negros

60

Percebemos que eacute um grande desafio quando falamos num paiacutes

pluricultural que respeita os direitos iguais com iguais condiccedilotildees de

escolaridade de ascensatildeo social de sauacutede entre tantas outras coisas

Em que poderemos repensar Poderemos repensar entatildeo em um novo

perfil de professor e aluno que se preocupem com suas relaccedilotildees e ajuda

adquira conhecimento da histoacuteria e cultura afro brasileira pensar talvez e por

que natildeo em um novo modelo de educaccedilatildeo onde se priorizem o povo e a raccedila

brasileira e natildeo somente a europeia como se vecirc ainda nos dias atuais nos

bancos escolares Por esta necessidade foi que precisamos criar Leis que

defendessem o direito e desigualdade neste Paiacutes

Encontramos ainda muitas dificuldades para que se aplique esta Lei no

ambiente escolar Um dos problemas para que este fato natildeo aconteccedila eacute o

despreparo por parte dos profissionais da educaccedilatildeo sem saber de que forma

fazer isso Em segundo lugar podemos observar a escassez de material de

estudo sobre o tema do afro brasileiro e africano no Brasil Ainda temos de

enfrentar ainda o preconceito de algumas instituiccedilotildees Conforme podemos

observar a forma como foi implantado ditatorialmente o tema fez com que

alguns professores rejeitassem o mesmo e dificultassem ainda mais o trabalho

e implantaccedilatildeo deste na escola As poliacuteticas educacionais que estatildeo sendo

implantadas pelo MEC podem facilitar a aplicabilidade nas redes puacuteblicas de

ensino

Podemos observar tambeacutem ainda nos dias atuais a falta de livros

didaacuteticos apropriados com conteuacutedos adequados o que tambeacutem vem

61

dificultando o ensino nas escolas brasileiras no que diz respeito agrave cultura

Africana

Kabenguete Munanga7 afirma que existe uma defasagem de

informaccedilotildees ou que pela falta de atualizaccedilotildees as mesmas satildeo passadas de

forma incorreta pelos livros distribuiacutedos nas escolas ainda nos dias atuais

Alguns professores tais como Deacutebora Adatildeo8 relatam inclusive sobre

algumas piadas inseridas nestes livros que denigrem a imagem do negro em

nosso Paiacutes

Todos concordam com um fato apesar das coisas a serem

melhoradas muitas delas devem e podem ser aproveitadas pois temos

material de grande qualidade distribuiacutedo pelas editoras e governos

Os professores relatam ainda que os alunos aprendem com maior

facilidade sobre o assunto quando as atividades vatildeo aleacutem das aulas

O trabalho com a muacutesica com danccedila com teatro ou outra forma

qualquer de expressar a cultura negra trabalhada associada agrave mateacuteria escrita

datildeo maior ecircnfase e ficam gravadas com melhores iacutendices de aproveitamento e

ainda o uso da imagem fortalece mais ainda o elo existente entre a cultura afro

brasileira

Segundo o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) em 2004 o CNE (Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo) estabeleceu que a responsabilidade de regulamentar e

desenvolver as diretrizes previstas pela lei 10639 eacute dos Conselhos de

Educaccedilatildeo Municipais Estaduais e do Distrito Federal Aleacutem disso cada

sistema deve fazer o controle das unidades da sua rede de ensino

encaminhando um relatoacuterio de atividades ao MEC agrave SEPPIR (Secretaria de

7 Para Kabenguele Munanga professor de sociologia da USP e vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da instituiccedilatildeo os livros

didaacuteticos 8 Professora de liacutengua portuguesa Deacutebora Adatildeo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Meacutedio Vila Ursolina de Satildeo Paulo

62

Poliacutetica de Promoccedilatildeo da Igualdade Racial) e ao CNE (Conselho Nacional de

Educaccedilatildeo) anualmente

Os gestores de ensino nas escolas devem incentivar pais e professores

a discutir as bases curriculares dos projetos pedagoacutegicos das escolas levando

em conta as temaacuteticas previstas pela lei Tambeacutem eacute recomendado que as

escolas procurem formas de pedir financiamento para Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

prevendo por exemplo a disponibilidade de obras para qualificar os projetos

pedagoacutegicos da instituiccedilatildeo de ensino

Existe a obrigatoriedade do cumprimento da Lei 10639 em todo

territoacuterio Nacional ateacute 2015 assim as escolas editoras professores alunos

devem estar preparados para o cumprimento do que expressa a Lei Esta

determinaccedilatildeo estaacute prevista no Plano Nacional de Implementaccedilatildeo

As Escolas do Paranaacute no tempo coevo fazem parte atraveacutes da Equipe

Multidisciplinar de um programa do governo que trabalha diretamente com a

diversidade cultural Satildeo desenvolvidas atividades que valorizam a cultura e

priorizam a compreensatildeo de todos que ali convivem da necessidade de

respeitar culturas e povos diferentes Com ecircnfase no afro-brasileiro satildeo

desenvolvidos vaacuterios projetos para divulgaccedilatildeo da importacircncia do mesmo e da

contribuiccedilatildeo deste povo para nossa cultura Nesta equipe estaacute presentes

membros do Conselho Escolar o que torna mais forte a aplicabilidade nas

escolas

Nos Projetos Poliacuteticos Pedagoacutegicos das escolas puacuteblicas do Paranaacute jaacute

satildeo obrigatoacuterios a inserccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da cultura afro indiacutegena entre outros

tantos que estatildeo sendo obrigatoacuterios pela legislaccedilatildeo Jaacute foram adaptados para

cumprimento da parte legal solicitada pelo governo poreacutem devido agrave falta de

63

materiais didaacuteticos muitas escolas ficam com a praacutetica somente no papel ou

seja no PPP A praacutetica ainda deixa muito a desejar O Conselho Escolar deve

trabalhar tambeacutem na fiscalizaccedilatildeo deste assunto para que o mesmo esteja

sendo implantado

O MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura) promove semestralmente

cursos de poacutes graduaccedilatildeo agrave distacircncia e presencial sobre diversidade cultural

visando agrave capacitaccedilatildeo dos profissionais da Educaccedilatildeo para trabalhar

adequadamente a cultura africana nas salas de aulas

Alguns professores preferem trabalhar a cultura afra a partir da proacutepria

famiacutelia dos alunos poreacutem deve-se tomar cuidado com tais atitudes pois

muitas destas famiacutelias estatildeo inseridas na cultura europeia e acabam por

desconhecer sua proacutepria origem Quanto mais simples e humilde menos

conhecimento de sua proacutepria cultura ela apresenta Acabam devido agrave

necessidade inseridas em culturas de outras raccedilas esquecendo-se de suas

origens Sabem pouco do que lhes foram repassados pelos seus ancestrais

Assim torna-se muito importante que o professor esteja preparado para trazer

a este povo e demonstrar aos que lhe cercam como eacute realmente sua

descendecircncia

As famiacutelias tambeacutem podem e devem contribuir com a aplicaccedilatildeo da Lei

1063903 nas escolas Sempre buscar superar os preconceitos natildeo permitir

atitudes discriminatoacuterias valorizar sua cultura Se perceberem que estaacute

ocorrendo discriminaccedilatildeo solicitar junto agraves direccedilotildees que promovam projetos e

atividades que valorizem o negro e seus descendentes africanos evitando

assim que ocorra discriminaccedilatildeo por falta de conhecimento por parte de outros

alunos O que se percebe eacute que muitas vezes as discriminaccedilotildees racistas

64

ocorrem por ignoracircncia da populaccedilatildeo Comentar valorizar e saber expressar

com dignidade os temas diminui ou quase eliminam os preconceitos raciais

nos ambientes escolares O que se precisa saber eacute que estas crianccedilas seratildeo

os futuros cidadatildeos de nosso paiacutes e se forem bem orientadas agora no futuro

natildeo teremos mais necessidades de tantas leis para evitar os preconceitos

existentes Por isso as participaccedilotildees dos pais satildeo extremamente importantes

nas Associaccedilotildees de Pais e Conselhos Escolares

Se o pai tiver conteuacutedo sobre o tema deve passaacute-lo agrave escola para

incentivar a abordagem dentro do curriacuteculo da instituiccedilatildeo Tal recomendaccedilatildeo eacute

feita por uma especialista da Universidade Santa Cruz Ilheacuteus Bahia Rachel

de Oliveira Os pais tecircm natildeo somente o direito poreacutem o dever de colaborar

com a educaccedilatildeo e a instituiccedilatildeo onde seu filho estaacute matriculado

A escola pode promover programas onde os alunos convivam de forma

praacutetica com a cultura negra por exemplo podem realizar visita a museus

parques documentaacuterios filmes entre outras atividades que podem ser

desenvolvidas como exposiccedilotildees no proacuteprio ambiente escolar palestras etc

Devemos lembrar que

A questatildeo racial natildeo eacute exclusiva dos negros Ela eacute da populaccedilatildeo brasileira Natildeo

adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianccedilas negras se a branca natildeo

repensar suas posiccedilotildees Ningueacutem diz para o filho que deve discriminar o negro

mas a forma como se trata o empregado as piadas os ditos e outros gestos

influem na educaccedilatildeo (CANDAU 2003 p29-30)

65

7 LITERATURA

Figura 7 Literatura brasileira Fonte httpwwwgooglecombrsearchnewwindow=1ampbiw=1092ampbih=507ampq=literatura20afro-

brasileiraampum=1ampie=UTF-8amphl=pt-BRamptbm=ischampsource=ogampsa=Namptab=wiampei=ZkciUqG_O42A8gSTgIHIDwfacrc=_ampimgdii=_ampimgrc=Bmn

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promove-curso-literatura-afrohtml3B3903B480

A literatura afro-brasileira eacute uma parte da literatura do Brasil que se

estendem tambeacutem publicaccedilotildees de pesquisa de campo dos trabalhos de

sociologia antropologia etnologia muacutesica linguiacutestica botacircnica entre outro

Alguns escritores brasileiros como o advogado Edson Carneiro o

meacutedico legista Nina Rodrigues Jorge Amado o poeta e escritor mineiro

Antonio Olinto o escritor e jornalista Joatildeo Ubaldo o antropoacutelogo e museoacutelogo

Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o socioacutelogo francecircs Roger

Bastide o fotografo Pierre Verger a pesquisadora etnoacuteloga estadunidense

66

Ruth Landes o pintor Caribeacute se doaram trabalhosamente na busca de dados

para contar esse lado da historia do Brasil que ainda natildeo tinha sido escrita

detalhadamente jaacute Joatildeo do Rio e outros se introduziram nas religiotildees afro-

brasileiras para esse proposito outros foram convidados a fazer parte do

Candombleacute como membros permanentes recebendo cargos honoriacuteficos como

Obaacute de Xangocirc9 no Ilecirc Axeacute Opocirc Afonjaacute10 e Ogan na Casa Branca do Engenho

Velho Terreiro do Gantois os quais ajudavam financeiramente a manter esses

terreiros

Sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a

histoacuteria das religiotildees afro-brasileiras e conseguiram a ajuda de acadecircmicos

simpatizantes ou membros dos candombleacutes

Outros por terem uma formaccedilatildeo acadecircmica se converteram em

escritores na mesma proporccedilatildeo que eram sacerdotes como eacute o caso dos

antropoacutelogos Juacutelio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima as Iyakiruxas Matildee

Stella e Giselle Cossard tambeacutem conhecida como Omindarewa a francesa

professor Agenor Miranda a advogada Cleo Martins o professor de sociologia

Reginaldo Prandi e outros

9Tiacutetulo honoriacutefico do Candombleacute criado no Axeacute Opoacute Afonjaacute por Matildee Aninha em 1936 esses tiacutetulos honoriacuteficos de doze Obaacutes de Xangocirc reis ou ministros da regiatildeo de Oyo concedidos aos amigos e protetores do Terreiro 10 Ilecirc Axeacute Opoacute Afonjaacute (Casa de Forccedila Sustentada por Afonjaacute) Centro Cruz Santa do Axeacute do Opoacute Afonjaacute fundada por Eugecircnia Ana dos Santos em 1910

67

8 CONCLUSAtildeO

Considerar a diversidade natildeo significa negar a existecircncia de caracteriacutesticas

comuns nem a possibilidade de constituirmos uma naccedilatildeo ou mesmo a

existecircncia de uma dimensatildeo universal do ser humano Pluralidade Cultural

quer dizer a afirmaccedilatildeo da diversidade como traccedilo fundamental na construccedilatildeo

de uma identidade nacional que se potildee e repotildee permanentemente e o fato de

que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de

ser humano (PCN 2001 p 16)

Desde a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001

ouvimos falar sobre a Pluralidade Cultural Neste documento o governo

descreve sobre as relaccedilotildees sociais discriminatoacuterias e excludentes pelas quais

estaacute passando a sociedade brasileira assim vieram de encontro agrave

necessidade desta discussatildeo em sala de aula pelos alunos maiores Ele visa

ainda levar ao conhecimento dos alunos a guerra pelas injusticcedilas sociais os

problemas vividos no Brasil e as transformaccedilotildees pelas quais passamos

buscando uma melhor qualidade de vida a todos os pacientes ou natildeo daqui

Vivenciando esta praacutetica nas escolas podemos possibilitar aos alunos

o conhecimento de diferentes culturas seus haacutebitos seus costumes sua

histoacuteria enfim tudo o que possa levaacute-los desde crianccedila a respeitarem a

pluralidade cultural pela qual enfrentamos

Mesmo com tantos avanccedilos na educaccedilatildeo ainda verificamos que

nossos alunos tecircm muitos direitos lesados quando observamos situaccedilotildees de

exclusatildeo sociais tatildeo priorizada no grupo social no qual vivemos

68

Ambas desigualdade social e discriminaccedilatildeo se articulam no que se

convencionou denominar ldquoexclusatildeo socialrdquo impossibilidade de acesso aos

bens materiais e culturais produzidos pela sociedade e de participaccedilatildeo na

gestatildeo coletiva do espaccedilo puacuteblico mdash pressuposto da democracia Por esse

motivo jaacute se disse que na praacutetica o Brasil natildeo eacute uma sociedade regida por

direitos mas por privileacutegios O privileacutegio por sua vez assenta-se em

discriminaccedilotildees e preconceitos de todo tipo socioeconocircmico eacutetnico e cultural

Em outras palavras dominaccedilatildeo exploraccedilatildeo e exclusatildeo interagem a

discriminaccedilatildeo eacute resultado e instrumento desse complexo de relaccedilotildees (PCN

2001 p 19)

Percebe-se que apesar de todos os esforccedilos natildeo podemos negar o

sofrimento do negro em relaccedilatildeo a discriminaccedilatildeo e das caracterizaccedilotildees em

relaccedilatildeo a sua cultura e raccedila nos ambientes escolares Isto nos posiciona a

compreender que cada vez mais precisamos trabalhar com a Pluralidade

Cultural pois a compreensatildeo dessa temaacutetica levaraacute nosso aluno sem falta a

uma melhor compreensatildeo do mundo em que vivemos somente desta forma

que poderemos dizer que exercemos a cidadania

Os PCNs e as legislaccedilotildees pesquisadas deixam clara a necessidade de

pararmos de usar estereoacutetipos nos livros didaacuteticos para que assim e somente

assim seja caracterizada fielmente a raccedila negra neste Paiacutes

Pode-se observar ainda que pessoas pertencentes a sociedades

tradicionais natildeo aceitam com bons olhos as mudanccedilas pelas quais o paiacutes estaacute

passando

69

Eacute uma aacuterdua tarefa poreacutem eacute responsabilidade de toda sociedade fazer

com que as pessoas sejam transformadas para que diminuam ou ainda que

se extingam o preconceito para que os valores principais de boa convivecircncia

seja menos dificultoso assim as instituiccedilotildees de ensino natildeo podem nem

devem fazer parte de uma sociedade excludente nem devem promover as

desigualdades sociais

Segundo Carone 1978 no Brasil existem uma miscelacircnea de cultura e

raccedila Aqui se encontram negros brancos europeus asiaacuteticos e diversos outros

povos que forma esta sociedade tatildeo heterogecircnea e diversificada com tanto

intercacircmbio social Mas o que vemos eacute um ferir de nossa democracia sempre

que infringimos a legislaccedilatildeo e fechamos os olhos para que acontecesse e

ainda acontece por aqui

O que precisamos ainda discutir satildeo as dificuldades em relaccedilatildeo a

reduccedilatildeo das praacuteticas racistas nas escolas

Conhecer e valorizar a pluralidade eacutetnocultural brasileira valorizar as vaacuterias

culturas presentes em nosso paiacutes reconhecer as qualidades de cada cultura

valorizando-as criticamente repudiar todo tipo de discriminaccedilatildeo seja ela de

ordem religiosa eacutetnica sexual entre outras valorizar um conviacutevio paciacutefico e

criativo entre os diferentes por fim compreender a desigualdade como um

problema social passiacutevel de mudanccedilas (SOUZA MOTTA 2002 p 46)

Souza eacute bem claro em sua explicaccedilatildeo quando relata a necessidade de

valorizar as diferentes culturas existentes em nosso Paiacutes pois temos aqui um

grande potencial tratando-se da pluralidade de raccedilas e costumes Trata

70

tambeacutem da riqueza e contribuiccedilatildeo que esta diversidade cultural deixa para

nosso povo Que devemos valorizar cada objeto ou fala relacionada a culturas

diferentes Que nossas escolas estatildeo com muitos alunos de outras culturas e

raccedilas convivendo pacificamente e que assim deve continuar Que deve deixar

de existir o preconceito quanto a pessoas de culturas e raccedilas diferentes e em

sua convivecircncia Que o Ensino de Histoacuteria afro-brasileira consta na legislaccedilatildeo

vigente e tem como intuito principal a uniatildeo de raccedilas diferentes

Os livros de literatura brasileira tambeacutem diferem e muito do que estaacute

constando na proposta de hoje pois vaacuterios livros apreciam claacutessicos como por

exemplo ldquoO bom Crioulordquo e outros ateacute citados como literatura para vestibular

discriminaccedilatildeo cultural Por muitas vezes percebe-se que ateacute os curriacuteculos satildeo

discriminatoacuterios e excludentes pois muitas vezes ele se adeacutequa ao livro

didaacutetico diferentemente do que estaacute sendo trabalhado na legislaccedilatildeo Muitos de

nossos livros ainda trazem fatos europeizados sem trabalhar como deveriam a

cultura afro-brasileira

As estatiacutesticas comprovam ainda que no Brasil negros e pardos

estudem bem menos que brancos SOUZA 2002 ainda afirma que existe uma

discriminaccedilatildeo muito grande dos que ingressam nas escolas e dos que se

formam

O governo tem adotado algumas medidas para reduzir o problema da

discriminaccedilatildeo ateacute a adoccedilatildeo de cotas para que os afro-brasileiros

conseguissem concluir seus estudos o governo implantou mas o que

percebemos eacute que problemas culturais sempre foram e ainda satildeo seacuterios em

71

nosso Paiacutes pois os iacutendices de analfabetismo e baixa escolaridade do negro

estatildeo bem elevados ateacute os dias atuais

Eacute muito complicado descrever sobre a pluralidade cultural sobre a

diversidade sobre poliacuteticas puacuteblicas pois nos deparamos com muitas

dificuldades e divergecircncias pois o assunto eacute muito complexo

Reconhecemos que estudar desde pequenos sobre esta diversidade e

que fazemos parte de um mesmo universo inter-racial estas medidas tem

resolvido grandes problemas que foram constatados anteriormente no acircmbito

escolar

Em 1988 foi constitucionalizado que os direitos satildeo iguais que temos

igualdade de condiccedilotildees e que a discriminaccedilatildeo social eacute crime

Observa-se apoacutes esta pesquisa que o que ainda falta eacute desenvolver

um plano educacional que contemple a pluralidade cultural com metas e

objetivos interdisciplinares onde a aacuterea de abrangecircncia fosse as disciplinas de

Histoacuteria de Geografia Sociologia Liacutengua Portuguesa a Antropologia e a

Psicologia

As praacuteticas pedagoacutegicas devem mostrar o quanto satildeo incoerentes e o

repuacutedio que tem quanto agraves situaccedilotildees racistas devem demonstrar ainda o

conhecimento da cultura que iraacute trabalhar e associaacute-las ao conhecimento

utilizando as mesmas como meio de aprendizagem

Devemos verificar e colocar em praacutetica os antigos ensinamentos de

que cada pessoa eacute uacutenica e merece o devido respeito e atenccedilatildeo Que todos

72

podem e devem conviver pacificamente dentro da mesma Paacutetria ou em locais

diferentes poreacutem que se torne isto normas gerais regras de educaccedilatildeo baacutesica

e de boa convivecircncia de respeito valorizaccedilatildeo e dignidade

O professor tem o dever de mediar e romper com o trauma causado

por muitos seacuteculos com o preconceito instaurado que reflete na aprendizagem

dos alunos e na educaccedilatildeo deste povo

Finalmente podemos concluir que se vive ensina-se e aprende-se a

diversidade porque para viver eacute preciso conhecer o outro suas diferenccedilas

semelhanccedilas e assim existir um maior desenvolvimento da aprendizagem

73

9 REFEREcircNCIAS

ANTONIL Andreacute Joatildeo Cultura e Opulecircncia do Brasil Belo Horizonte Itatiaia

Satildeo Paulo EDUSP 1982

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em

05101998 Brasiacutelia Senado Federal 1998

BRASIL Lei 10639 Inclui a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura

Afro-Brasileira no Curriacuteculo da Rede de Ensino Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

2003

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 1996

BRASIL Brasiacutelia- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo das

Relaccedilotildees Eacutetnico-raciais e para o Ensino Histoacuteria e Cultura Afro Brasileira

e africana DF 2004

CANDAU Vera Luacutecia Somos tods iguais Escola discriminaccedilatildeo e educaccedilatildeo

em direitos humanos Rio de Janeiro DPampA 2003

FREYRE Gilberto Casa-Grande amp Senzala 43 ed Rio de Janeiro Record

2001

HILSDORF Maria Lucia Speedo Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Satildeo

Paulo Thompson 2005

httpwwwhistedbrfaeunicampbracer_histedbrjornadajornada7_GT220P

DFO20NEGRO20NO20PENSAMENTO20EDUCACIONAL20BRASIL

EIRO20DURANTE20O20PERCDODO20DEpdf

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formacao-da-cultura-afro-brasileira21319ixzz2O7jRZdJJ

74

KAVINAFEacute Tata Kisaba O sacrifiacutecio do povo africano cultura Afro -

Americana Disponiacutevel em

httpwwwritosdeangolacombrHistoricohistorico04htm Acesso em 15 Abril

2013

MOURA Cloacutevis A Imprensa Negra em Satildeo Paulo in Imprensa Negra

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Paulo Imprensa Oficial Sindicato dos Jornalistas no Estado de Satildeo Paulo

Ediccedilatildeo Fac-Similar 2002

PAIVA Eduardo Franccedila Escravidatildeo e Universo Cultural na Colocircnia Minas

Gerais UFMG 2001

SOUZA I S MOTTA F P C FONSECA D Estudos socioloacutegicos e

antropoloacutegicos Satildeo Paulo 2002

VAINFAS Ronaldo Dicionaacuterio do Brasil Colonial (1500-1808) Rio de

Janeiro Objetiva 2001

UNICEF - Manual dos Afrodescendentes das Ameacutericas e Caribe ndash Mundo Afro