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Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? P. T. Della Vecchia; P. S. Koch. 3 ARTIGO CONVIDADO O cultivo de yacon no Brasil. S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara. 5 PESQUISA Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno. 9 Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de água. C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux. 16 Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordem fisiológica causada por impacto em frutos de tomate. C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann. 20 Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes. 24 Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos, cultivado com doses elevadas de nitrogênio. F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza 31 Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho. A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França 37 Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens. A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento. 41 PÁGINA DO HORTICULTOR Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigerado e a condições ambientais. B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho. 46 Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal. J. S. Costa; A. M. R. Junqueira. 49 “Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva. 53 Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE. N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias 57 Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição ambiental não controlada. M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto. 61 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro. C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo. 65 Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. G. M. de Resende 68 Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do fertilizante e dos fungicidas contendo Zn. M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso. 72 ERRATA 77 NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO 81 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Brito Giordano Embrapa Hortaliças Editores Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Danilo F. Silva F o INPA Francisco Reifschneider Embrapa Hortaliças José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected]

Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

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Volume 18 número 1

Março 2000ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

SUMÁRIO

CARTA AO EDITORTomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos?P. T. Della Vecchia; P. S. Koch. 3

ARTIGO CONVIDADOO cultivo de yacon no Brasil.S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara. 5

PESQUISADesenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea.Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno. 9Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares deervilha sob diferentes lâminas de água.C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux. 16Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordem fisiológica causada por impacto em frutos de tomate.C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann. 20Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes. 24Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos,cultivado com doses elevadas de nitrogênio.F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza 31Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferasem plantas de repolho.A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França 37Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens.A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento. 41

PÁGINA DO HORTICULTORCaracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigeradoe a condições ambientais.B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho. 46Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal.J. S. Costa; A. M. R. Junqueira. 49“Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas demandioquinha-salsa.M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva. 53Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE.N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias 57Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condiçãoambiental não controlada.M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto. 61

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTEEficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo. 65Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita,em Porteirinha - MG.G. M. de Resende 68Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do fertilizantee dos fungicidas contendo Zn.M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso. 72

ERRATA77

NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO81

SOCIEDADE DEOLERICULTURADO BRASILPresidenteRumy GotoUNESP-BotucatuVice-PresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTA1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloIAC

2º SecretárioIngrid B. I. BarrosUFRGS-Porto Alegre

1º TesoureiroMarcelo PavanUNESP-Botucatu

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIALDA HORTICULTURABRASILEIRAPresidente

Leonardo de Brito GiordanoEmbrapa Hortaliças

EditoresAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTA

Arminda Moreira CarvalhoEmbrapa Cerrado

Carlos Alberto LopesEmbrapa Hortaliças

Danilo F. Silva Fo

INPA

Francisco ReifschneiderEmbrapa Hortaliças

José Magno Q. LuzUFU

Marcelo Mancuso da CunhaIICA-MI

Maria Aparecida N. SediyamaEPAMIG

Maria do Carmo VieiraUFMS - CEUD - DCA

Mirtes Freitas LimaEmbrapa Semi-Árido

Renato Fernando AmabileEmbrapa Cerrados

Sieglinde BruneEmbrapa Hortaliças

CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

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Address:Caixa Postal 07-19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety for Vegetable Science

Volume 18 number 1March 2000

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

CONTENT

LETTER TO THE EDITORLong shelf life tomatoes: what are and how they were developed.P. T. Della Vecchia; P. S. Koch. 3

INVITED ARTICLEThe yacon cultivation in Brazil.S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara. 5

RESEARCHDevelopment of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in a floodplain area.Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno. 9Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powdery mildew severity in pea cultivarsunder different water depths.C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux. 16Electronic nose: a non-destructive technology to screen tomato fruit with internal bruising.C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann. 20Growth and productivity of taro and sweet corn under intercropping conditions.M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes. 24Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissue culture, cultivated under highnitrogen levels.F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza 31Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injuries on cabbage plants.A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França 37Genetic transformation of potato cultivar Achat by Agrobacterium tumefaciens.A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento. 41

GROWER'S PAGEPostharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ stored under refrigeration and ambientconditions.B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho. 46Diagnosis of the horticultural crop production in hydroponical facilities in theDistrito Federal region.J. S. Costa; A. M. R. Junqueira. 49“Stimulate Mo” and protection with floating rowcover on pre-rooting of peruvian carrot(Arracacia xanthorrhiza Bancroft) explants.M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva. 53Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State, Brazil.N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias 57Characteristics of multiplier onion during controlled storage conditions.M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto. 61

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTEfficiency of Metalaxyl to control tomato late blight.C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo. 65Yield characteristics of sweet potato cultivars under different harvest periods in Porteirinha,Minas Gerais State, Brazil.G. M. de Resende 68Potato plant growth and tuber yield as a function of Zn fertilizer application methods andZn fungicides.M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso. 72

ERRATA77

INSTRUCTIONS TO AUTHORS81

Page 3: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

3Hortic. bras., v. 18, n. 1, jul. 2000.

carta ao editor

Em função do grande número de con-sultas que temos recebido questio-

nando-nos sobre a origem dos tomateslonga vida atualmente comercializadosno Brasil, entendemos que é bastanteoportuno prestar à sociedade alguns es-clarecimentos que possibilitem um me-lhor entendimento sobre o assunto.

A produção de tomates para o con-sumo “in natura” no Brasil sofreu gran-des transformações tecnológicas, nestaúltima década. Dentre elas, a utilizaçãode sementes híbridas de cultivares queproduzem frutos do tipo longa vida (cul-tivares do tipo longa vida) foi sem dú-vida uma das mais importantes.

O fruto de tomate das cultivares tra-dicionais possui uma curta vida pós-co-lheita. Ao contrário, o fruto das cultiva-res do tipo longa vida possui uma vida

DELLA VECCHIA, P.T.; KOCH, P.S. Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 3-4, março 2.000.

Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos?Paulo Tarcísio Della Vecchia; Paulo Sergio KochSementes Agroflora/Sakata, Caixa Postal 427, 12.906-840 – Bragança Paulista – SP.

RESUMO

A produção de tomates para o consumo in natura no Brasil so-freu grandes transformações tecnológicas nesta última década. Dentreelas, a utilização de sementes híbridas de cultivares que produzemfrutos do tipo longa vida (cultivares do tipo longa vida) foi, semdúvida, uma das mais importantes. A expressão “tomates longa vida”tem sido utilizada no Brasil para descrever a característica de maiorconservação pós-colheita dos frutos produzidos por algumas culti-vares específicas de tomateiro (cultivares tipo longa vida). Cultiva-res de tomateiro do tipo longa vida podem ser obtidas por meio daseleção de alelos favoráveis para uma maior firmeza do pericarpo,pela utilização de mutantes de amadurecimento (rin, nor e alc) e pormeio de técnicas da moderna biotecnologia molecular. As primeirassão conhecidas como longa vida estruturais, as segundas como lon-ga vida rin, nor ou alc, e as terceiras como longa vida transgênicas.Cultivares de tomateiro do tipo longa vida foram introduzidas co-mercialmente no Brasil pela primeira vez pela Agroflora em 1988(longa vida estruturais) e em 1992 (longa vida rin). Não existematualmente cultivares de tomateiro do tipo longa vida transgênicassendo comercializadas no Brasil.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc , transgênico,firmeza.

ABSTRACT

Long shelf life tomatoes: what are and how they weredeveloped.

The production of fresh market tomatoes in Brazil experiencedgreat technological transformations, during the last decade. Amongthem, the use of F1 hybrid cultivars which produce fruits withextended shelf life (long shelf life cultivars) was, without anyquestion, one of the most important. The expression ‘long shelf lifetomatoes’ has been used in Brazil to describe the characteristics ofextended post harvest life of fruits produced by some specific tomatocultivars (long shelf life cultivars). Long shelf life tomato cultivarscan be obtained by the selection of favorable alleles for an improvedpericarp firmness, by the utilization of ripening mutants (rin, norand alc) and by modern molecular biology techniques. The first onesare known as structural long shelf life cultivars, the second as rin,nor or alc long shelf life cultivars and the third as transgenic longshelf life cultivars. Long shelf life tomato cultivars were firstintroduced commercially in Brazil by Agroflora in 1988 (structurallong shelf life cultivars) and in 1992 (rin long shelf life cultivars).Up to the present there are no transgenic long shelf life tomatocultivars being commercialized in Brazil.

Keywords: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc, firmness,transgenic.

(Aceito para publicação em 07 de janeiro de 2.000)

pós-colheita mais prolongada, permane-cendo firme por um maior período detempo. A expressão “tomate longa vida”foi utilizada pela primeira vez no Brasil,em 1988, pela Agroflora, para descrevera característica de maior conservaçãopós-colheita dos frutos da cultivar híbri-da F

1 Débora VFN, introduzida comer-

cialmente por esta companhia, naqueleano. O termo “longa vida” foi utilizadopor passar mais facilmente o novo con-ceito a produtores e consumidores, umavez que o leite tipo longa vida já come-çava a fazer sucesso, naquela época, fren-te ao tipo tradicional. Além disso, a tra-dução direta dos termos utilizados na li-teratura internacional para qualificar acaracterística (“long shelf life” = vidalonga de prateleira; “extended shelf life”= vida prolongada de prateleira) não pa-

recia ser a mais indicada para descrevero novo conceito no Brasil.

Existem três possibilidades para secriar/obter uma cultivar híbrida de to-mateiro do tipo longa vida:

a) Por meio de métodos convencio-nais de melhoramento genético, onde sebusca, pela seleção de parentais superio-res, aumentar a freqüência dos alelosfavoráveis para uma maior firmeza dopericarpo do fruto. Neste caso temos olonga vida do tipo estrutural. Longa vidado tipo estrutural é um caráter genéticoquantitativo, predominantemente con-trolado por genes de ação gênica aditiva.Os tomates longa vida do tipo estrutu-ral são resultantes de um longo períodode seleção para o caráter. Praticamente,todas as cultivares do tipo longa vidaestrutural, atualmente comercializadas,

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4 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

descendem direta ou indiretamente decultivares de tomateiro criadas/desen-volvidas para o processamento industrial(tomates de indústria) nos Estados Uni-dos nas décadas de 50 e 60. Cultivaresde tomateiro do tipo longa vida estrutu-ral foram introduzidas comercialmentepela primeira vez no Brasil pelaAgroflora, em 1988. Como exemplos decultivares deste tipo comercializadas nomercado brasileiro temos os híbridos F

1Débora VFN, Débora Plus, Débora Max,Diana, Monalisa, Seculus, Cronos, etc;

b) Por meio de métodos convencio-nais de melhoramento genético pela uti-lização de mutantes de amadurecimen-to. O termo mutantes de amadurecimen-to tem sido utilizado para designar alelosmutantes simples com efeitos múltiplos(pleiotrópicos) que afetam o amadure-cimento do fruto do tomate. Entre elesse destacam o rin (“ripening inhibitor”= inibidor de amadurecimento), o nor(“non ripening” = não amadurece) e oalc (Alcobaça).

Em frutos destes mutantes, durante oprocesso de amadurecimento, ocorremreduções drásticas na degradação das pa-redes celulares das células do pericarpo,na síntese do etileno e de carotenóides ena respiração do fruto, o que lhes propor-ciona uma vida pós-colheita mais prolon-gada. Neste caso temos os longa vida rin,nor ou alc. Rin, nor e alc são alelosrecessivos. Estes alelos são geralmenteintroduzidos individualmente nas linha-gens parentais de híbridos por meio deretrocruzamentos sucessivos. Eles são ex-plorados comercialmente em cultivares hí-bridas F

1 de tomate no estado heterozigoto.

O alelo rin foi descoberto e descrito pelospesquisadores R.W. Robinson e M.L. To-mes da Universidade de Cornell, EUA, em1968, em uma linhagem F

4 de tomateiro

selecionada do cruzamento entre as culti-vares Fireball e Linhagem 54-149. O alelonor, pelos pesquisadores E.C. Tigchelaar,M.L. Tomes, E.A. Kerr e R.J. Barman daUniversidade de Purdue, EUA, em 1973,na cultivar de tomateiro Italian Winter e oalelo alc foi descoberto e descrito por F.Almeida em uma cultivar da região deAlcobaça, Portugal, em 1967. Cultivaresde tomateiro do tipo longa vida rin foramintroduzidas comercialmente pela primei-ra vez no Brasil pela Agroflora, em 1992.Como exemplo de cultivares deste tipocomercializados no mercado brasileirotemos os híbridos F

1 Carmen, Raisa,

Graziela, Neta, etc;

c) Por meio de técnicas da modernabiologia molecular. São as cultivarestransgênicas. Diversas técnicas e abor-dagens têm sido utilizadas para esta fi-nalidade. Dentre elas se destaca o uso detransgênicos homozigotos de orientação(senso e antisenso) de translação do DNAe de transcrição de mRNA, que interfe-rem na produção de etileno e na produ-ção e/ou atividade de enzimas envolvi-das no processo do amadurecimento nor-mal do fruto do tomateiro. Neste casotemos os longa vida transgênicos. Nãoexistem, atualmente, cultivares de toma-teiro do tipo longa vida transgênicoscomercializados no Brasil. Como exem-plo de cultivares deste tipo temos o hí-brido F

1 Flavr Savr que foi criado/desen-

volvido pela Calgene-Monsanto e que foicomercializado nos EUA por alguns anosna metade desta década.

Os diferentes tipos de tomates lon-ga vida apresentam diferentes níveis devida pós-colheita. A tabela 1 apresentadados comparativos relativos à vidamédia pós-colheita para os diferentestipos de tomate longa vida.

Desde a sua introdução no mercadobrasileiro, em 1988, o tomate longa vidatem aumentado a sua participação no mer-cado para consumo in natura. Estima-seque hoje eles já representem cerca de 70%do mercado para o produto. Devido àmaior flexibilidade oferecida ao produtorna hora da colheita, menor perda nas ope-rações de embalagem e transporte dos fru-tos e menor perda na comercialização dosfrutos no varejo, o tomate longa vida con-quistou definitivamente seu espaço nomercado brasileiro. Sem sombra de dúvi-da o tomate longa vida desempenha hojeum papel fundamental no incremento daprodutividade e da qualidade do tomateproduzido no Brasil.

LITERATURA CITADA

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DELLAPENNA, D.; LINCOLN, J.E.; FISCHER,R.L.; BENNET, A.B. Transcriptional analysisof polygalacturonase and others ripeningassociated genes in Rutgers, rin, nor and Nrtomato fruit. Plant Physiology; v. 90, n. 4, p.1372-1377, 1989.

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Tabela 1. Vida média pós-colheita para os diferentes tipos de tomate longa vida.

GenótipoVida Média

Pós-colheita 1/

Tipo de TomateLonga Vida

Normal/Mole 1 A Tradicional

Normal/Firme 2-3 A Estrutural

Heterozigoto Alc/Firme 3-4 A Alc

Heterozigoto Rin/Firme 3-5 A Rin

Heterozigoto Nor/Firme 4-5 A Nor

Heterozigoto Rin/Nor/Firme 5-7 A Rin/Nor1/ A = 4 dias no verão; A = 7 dias no inverno.

P.T. Della Vecchia & P.S. Koch

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5Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

artigo convidado

O yacon, espécie da famíliaAsteraceae, é originário dos vales

andinos da Colômbia, Equador, Peru,Bolívia e noroeste da Argentina, em alti-tudes de 2.000 a 3.100 metros. Nessa re-gião, é cultivado desde a antiga civiliza-ção Inca, e utilizado na alimentação hu-mana. É também conhecido como“aricoma” ou “jicama”, no Peru e Equa-dor e como “yacon strawberry”, nos Es-tados Unidos (National Research Concil,1989; Montiel,1996; Grau & Rea, 1998).Foi introduzido na Europa há mais de 50anos como espécie potencial para a pro-dução de álcool etílico, porém logo foiesquecido e somente redescoberto nadécada de 80. No Brasil, a espécie foiintroduzida por volta de 1989, na região

VILHENA, S.M.C.; CÂMARA, F.L.A.; KAKIHARA, S.T. O cultivo de yacon no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 5-8, março 2000.

O cultivo de yacon no Brasil.Stela Maria C. Vilhena; Francisco Luiz A. Câmara; Sergio T. KakiharaUNESP - FCA, C. Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP.

de Capão Bonito (SP), por imigrantesjaponeses, que utilizam suas folhas eraízes tuberosas nos tratamentos contradiabetes e altas taxas de colesterol nosangue (Kakihara et al.,1996). Alémdisso, tanto os rizóforos como as raízestuberosas apresentam grandes quantida-des de fruto-oligossacarídeos do tipoinulina, com grau de polimerização (Gp)£ 12, como carboidratos de reserva, oque justifica sua importância potencialna indústria alimentícia, como adoçantealternativo para a sacarose, na indústriade alimentos infantis, por serem anti-cariogênicos, e de produtos dietéticos,por conter baixas calorias (Ohyama etal.,1990; Asami et al.,1991; Fukay etal.,1993; Vilhena & Câmara, 1998).

DESCRIÇÃO BOTÂNICA

É uma espécie do tipo perene, cujoscaules aéreos são cilíndricos, de colora-ção esverdeada, apresentam pilosidadeem toda superfície, e chegam a mediraté 2,5 m de altura. As folhas brotam degemas do caule aéreo, são opostas, del-gadas, apresentam as bordas lobuladase formam uma ala de cada lado dopecíolo (National Research Concil,1989; Montiel,1996). Estas apresentamvárias estruturas secretoras, tais comotricomas, idioblastos e hidatódios (Dipet al.,1996) que secretam compostossecundários do grupo dos terpenos(Grau & Rea, 1997). As flores estãoagrupadas nas extremidades dos ramos

RESUMO

O yacon (Polymnia sonchifolia Poep. Endl.) é uma espécie dafamília Asteraceae que apresenta um complexo sistema subterrâ-neo. Suas raízes tuberosas e rizóforos contêm grandes quantidadesde frutose e glicose livres, além de fruto-oligossacarídeos do tipoinulina como carboidrato de reserva. Vem despertando interesse prin-cipalmente por suas propriedades medicinais, sendo utilizado comoauxiliar no tratamento contra diabetes e colesterol. Foi introduzidono Brasil por volta de 1989, porém somente em 1994 iniciaram-seos primeiros cultivos comerciais. Atualmente é cultivado na regiãode Capão Bonito (SP), a partir de rizóforos pesando de 60 a 80 g.Estes são plantados em canteiros de 0,30 - 0,40 m de altura por 1,0m de base, em um espaçamento de 1,00 x 0,90 m. O pH do solo éajustado para 6,0 e a fertilização básica é realizada com NPK + Zn,de acordo com análise e a recomendação utilizada para batata doce.Posteriormente são aplicados 40 kg.ha-1 de N em duas parcelas. Airrigação é feita por aspersão e a colheita realizada entre os 8 e 10meses após o plantio, obtendo-se um rendimento médio de 80 t.ha-1

de raízes e 1 t.ha-1 de folhas desidratadas. Tanto as raízes como asfolhas podem ser consumidas frescas ou desidratadas em estufascom ventilação forçada, à temperatura máxima de 50°C, para se evitara degradação dos carboidratos de reserva e das substâncias do meta-bolismo secundário.

Palavras-chaves: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., carboidratosde reserva, diabetes, sistema de produção, pós-colheita.

ABSTRACT

The yacon cultivation in Brazil.

Yacon (Polymnia sonchifolia Poep End.) is a species from theAsteraceae family which presents a complex subterraneous system.Its tuberous roots and rhizophores contain great amounts of freefructose and glucose, besides inulin type fructo-oligosaccharides asreserve carbohydrates. It has raised interest mainly for its medicinalproperties, being used as an auxiliary in the treatment against diabetesand cholesterol. It was introduced in Brazil around 1989, but only in1994 the first commercial cultivation started. It is presently cultivatedin the Capão Bonito region, São Paulo State, from rhizophoresweighing from 60 to 80 g. These are planted in beds 0.30 - 0.40 mhigh, 1.0 m wide, in a 1.0 x 0.90 m interspace. Soil pH is adjusted to6.0 and the basic fertilization is made with NPK + Zn according tosoil analysis and to some recommendation for sweet-potatoes. Lateron, 40 kg.ha-1 of N are added, divided in two applications. Irrigation ismade by sprinkle irrigation and harvesting happens between the 8t h

and 10th months after planting, yielding an average of 80 t.ha-1 oftuberous roots and 1 t.ha-1 of fresh leafs. Roots as well as leafs can befreshly consumed or dehydrated in a stove with forced ventilation at500C maximum temperature to avoid loss of reserve carbohydrates aswell as the secondary metabolism substances.

Keywords: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., store carbohidrate,diabetes, production system, post-harvest.

(Aceito para publicação em 07 de dezembro de 1999)

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6 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

e podem ser de dois tipos: as liguladas,que se encontram nos bordos, e astubulares na parte central dainflorescência.

O sistema subterrâneo é constituído detrês partes distintas: os rizóforos que sãoricos em frutanos e fibras não digeríveis,dos quais originam-se gemas que darãoorigem a uma nova planta; as raízes deabsorção e fixação; e as raízes tuberosasou de reserva, também ricas em frutanos,porém menos fibrosas, mais suculentas,translúcidas e que chegam a pesar até 2kg, sendo as preferidas para o consumohumano (Zardini,1991; Bonucceli, 1989;Lizarraga et al.,1997), (Figura 1).

ASPECTOS CLIMÁTICOS ETÉCNICAS DE CULTIVO

É uma espécie extremamente adap-tável quanto ao clima, altitude e tipo desolo, sendo que sua alta resistência ao frioe à seca está relacionada à grande quan-tidade de carboidratos de reserva nos ór-

gãos subterrâneos. Além disso, seusrizóforos contêm gemas que regeneramuma nova planta a cada ano, após o in-verno. Descrita como neutra aofotoperíodo (National Research Council,1989), alcança a maturidade a partir desete meses após o plantio, quando teminício a floração, seguida da fase desenescência de toda parte aérea. Entreoito e dez meses de idade, quando a par-te aérea começa a secar, é realizada acolheita das raízes tuberosas (para finscomerciais) e dos rizóforos (como mate-rial de propagação para o próximo plan-tio). É também nesta fase em que se ob-servam as maiores quantidades de fruto-oligossacarídeos nesses orgãos, sendoque a partir dos dez meses inicia-se o pro-cesso de despolimerização das cadeias,com a liberação de frutose e glicose, queserão utilizadas na forma de energia, paraa brotação das gemas e consequente re-generação da planta. A colheita das fo-lhas é realizada três vezes durante o ci-clo, sendo retiradas somente as folhas daparte mediana do caule (Vilhena, 1997).

A cultura do yacon é implantada emáreas bem preparadas, com aração pro-funda ou sobre canteiros com 1 m delargura e 0,30 m de altura. O plantio éfeito utilizando-se rizóforos pesandoentre 60 e 80 g, com espaçamento de1,0 m entre linhas e 0,90 m entre plan-tas, a uma profundidade de aproxima-damente 0,15 m. O pH do solo é corri-gido com calcáreo dolomíticoobjetivando mantê-lo por volta de 6,0;é feita uma adubação de plantio (reco-mendação para batata) com NPK e Zn,e duas adubações nitrogenadas em co-bertura. Deve-se ter um cuidado espe-cial com a irrigação, que pode ser feitapor aspersão e com a eliminação dasplantas invasoras, realizando-se pelomenos três capinas manuais durante ociclo. No Brasil, na região de CapãoBonito, o plantio é feito normalmentenos meses de agosto e setembro, utili-zando-se rizóforos de um único cloneque foi introduzido nesta região(Kakihara et al.,1996).

Figura 1: (A) Aspecto geral de uma cultura de yacon com 5 meses; (B) inflorescência; (C) sistema subterrâneo; (D) folhas. Botucatu,UNESP, 1997.

A

B

C

D

S.M.C. Vilhena et al.

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7Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

TÉCNICAS DE PÓS-COLHEITA

A colheita das folhas e dos órgãos sub-terrâneos é feita manualmente. Kakiharaet al. (1996) relataram obter rendimentosde até 100 t.ha -1 de raízes tuberosas e 1t.ha-1 de folhas frescas. As folhas colhidassão desidratadas em estufa à temperaturade 40°C, trituradas e embaladas em potesou sacos plástico. As raízes para consu-mo “in natura” podem ser armazenadasem câmara fria, à temperatura de 4°C porperíodo de até 30 dias. Para obtenção deraízes desidratadas, estas devem ser lava-das em água corrente, descascadas,fatiadas na forma de “chips”, espalhadasem bandejas e desidratadas natural ouartificialmente. Independentemente dométodo utilizado para desidratação (es-tufa elétrica ou túneis com aquecimen-

to solar) a temperatura não deve ultra-passar 50°C (Figura 2).

UTILIZAÇÃO

Na medicina popular suas folhas sãoutilizadas in natura ou desidratadas, naforma de chá, contra diabetes e altas ta-xas de colesterol. As raízes tuberosas sãoconsumidas tanto in natura como cozi-das em sopas ou desidratadas na formade “chips” para os mesmos fins, e tam-bém como alimento. Nieto (1991), estu-dou a composição química das raízes dealgumas linhagens de yacon e encontrouvalores médios, em matéria seca, de 3,7%de proteínas, 3,5% de cinzas, 1,5% dematéria graxa, 3,4% de fibras, 87,7% deextrato livre de nitrogênio e 8,2% de po-tássio, considerando um alimento alta-

mente energético e de bom valor nutri-cional. Mais recentemente, Vilhena et al.(1997), observaram maiores quantidadesde proteínas nas raízes tuberosas do cloneintroduzido no Brasil, e relacionam seuvalor energético ao alto conteúdo de açú-cares totais (Tabela 1).

Além de sua importância como ali-mento energético e como planta medici-nal, os órgãos subterrâneos de yacon con-têm de 60 - 70% de frutanos na forma defruto-oligossacarídeos do tipo inulina,com grau de polimerização (GP) máxi-mo de 12 (Figura 3), que podem ser uti-lizados tanto na indústria de produtosdietéticos e de alimentos infantis, comopara a produção de xarope de frutose,açúcar de grande interesse para a indús-tria alimentícia (Ohyama et al., 1990;Asami et al., 1991; Vilhena, 1997).

A

B

D

Figura 2: (A) Raízes comerciáveis; (B) desidratação das raízes tuberosas de yacon, na forma de chips, em estufa elétrica; (C) em túneis comenergia solar; (D) raízes e folhas desidratadas e embaladas para comercialização. Capão Bonito, 1996.

C

O cultivo de yacon no Brasil.

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8 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

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Tabela 1. Composição química (% da massa seca) de raízes tuberosas de yacon. Botucatu, UNESP, 1997.

Proteína M. Graxa Cinzas Fibras Acidez* pH Frutosetotal**

Açúcar total

4,34 1,66 3,56 3,26 1,28 5,53 98,41 63,18

% de água nas raízes = 85,93%* Acidez normal em ml/100 g de amostra** mg.g -1 massa fresca

S.M.C. Vilhena et al.

Figura 3: (A) Cadeia de frutanos do tipo inulina; (B) Identificação dos fruto-oligossacarídeosnas raízes tuberosas de yacon pela cromatografia líquida de alta resolução (HPLC): (Ht)amostra padrão de fruto-oligossacarídeos extraídos de Helianthus tuberosus, (X) e (Y) fru-to-oligossacarídeos extraídos de raízes tuberosas de Polymnia sonchifolia Poep Endl. recémcolhidas. Vilhena,1997.

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9Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

pesquisa

Pachyrrhizus tuberosus conhecidapopularmente como feijão-macuco

é uma planta herbácea, trepadeira po-dendo atingir de 30 centímetros a 3,5metros de altura, formando uma ou maisraízes tuberosas, de casca marrom claroe interior branco. O fruto é um legume,medindo de 6,5 a 20 cm de comprimen-to. As raízes representam um alimentopotencialmente importante para os tró-picos, notadamente pelo conteúdo de

MELO, Z. de O.; BUENO, C.R. Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18. n. 1, p. 9-15, março 2.000.

Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea.Zilvanda L. de Oliveira Melo; Carlos Roberto BuenoINPA, Caixa Postal 478, 69.011-970 Manaus-AM.

RESUMO

Entre as espécies tropicais que produzem tubérculos encontra-se Pachyrrhizus tuberosus, conhecida popularmente como feijão-macuco ou jacatupé. Objetivou-se avaliar o crescimento da espéciecorrelacionando o desenvolvimento de órgãos da planta na fasevegetativa, de floração, de frutificação e da formação das raízestuberosas, bem como avaliar a importância do tutoramento e da eli-minação da inflorescência no desenvolvimento da planta e na pro-dução das raízes tuberosas. O estudo foi realizado em área de várzeado Rio Solimões, no período de agosto de 1993 a maio de 1994,tendo-se verificado um total de 1.925 mm de chuva, temperaturamédia de 26oC e umidade relativa 86,5%. Foi estudado o comporta-mento de três genótipos (definidos como 1, 2 e 3), submetidos aquatro formas de manejo: com e sem tutoramento das plantas e come sem poda das inflorescências. O delineamento experimental utili-zado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2 x 2 (respec-tivamente introduções, tutoramento e retirada das inflorescências).Foram utilizadas três repetições e as parcelas mediram 15,5 x 25,0metros. O tratamento tutorado promoveu acúmulo da matéria secados frutos e do caule, resultando em maior peso da matéria seca daparte aérea. De maneira geral, no tratamento tutorado houve incre-mento ordenado das partes aérea e subterrânea. As taxas de cresci-mento dos genótipos estudados apresentaram um mesmo padrão dedesenvolvimento das plantas. Houve tendência das plantas tutoradasde apresentarem maior crescimento relativo. A poda dasinflorescências promoveu aumento considerável do peso das raízestuberosas, chegando a aumentar em até 4,6 vezes, em comparaçãocom o tratamento com inflorescências. Além de aumentar o peso damatéria seca das folhas, a poda das inflorescências favoreceu tam-bém um aumento nos teores de clorofilas a, b e total, aos 160 diasapós a semeadura. Pelos resultados obtidos nesse trabalho, concluí-mos que o tutoramento das plantas, associado à remoção dasinflorescências, favoreceu o desenvolvimento do feijão macuco.

Palavras-chaves: Pachyrrhizus tuberosus, tutoramento, poda deinflorescência, tuberização, clorofila.

ABSTRACT

Development of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in afloodplain area.

Pachyrrhizus tuberosus, popularly known as yam bean, (“fei-jão-macuco” or “jacatupé” in portuguese) is one of the tropical foodplant species bearing edible tuberous roots. The purpose of this studywas to evaluate the plant’s growth, correlating the development ofthe plant parts in the vegetative, flowering, fruiting and tuberousroot formation stages, as well as assessing the importance of stakingthe plants and pruning the inflorescence in the development of theplant and in the yield of tuberous roots. The study was carried out ina Rio Solimões’ floodplain area from August 1993 to May 1994,with 1,925 mm of rainfall, 26oC average temperature and 86.5%relative humidity. The behavior of three genotypes, identified as 1,2 and 3, which were submitted to four kinds of plant management:with and without staking the plants and with and without pruningthe inflorescences. The experimental design was completelyrandomized blocks in a factorial scheme of 3 x 2 x 2 (genotypes,staking, and inflorescences pruning, respectively) with threereplications. Plots measuring 15.5 x 25.0 m were used. The stakingtreatment increased the plant and stems dry matter weight. Usuallythere was a steady increase of the above and below ground partswith staking. Growth rates were similar to all genotypes. Stakedplants showed a tendency to higher relative growth. The pruning ofthe inflorescences promoted up to 4.6 fold increase in the tuberousroots weight. In addition to raising the leaves dry matter weight,inflorescence pruning also furthered an increase in the a, b and totalchlorophyl grades 160 days after sowing. According to resultsobtained, it was concluded that staking plants associated with thepruning of the inflorescences improved the development of the “fei-jão-macuco”.

Key Words: Pachyrrhizus tuberosus, staking, inflorescencepruning, tuberous root formation, chlorophyl.

(Aceito para publicação em 02 de fevereiro de 2.000).

proteínas, que pode alcançar até 9% dototal da matéria seca (Noda et al. 1984;Sales, 1993).

Na literatura, alguns trabalhos mos-tram que a prática de determinados tra-tos culturais podem otimizar ou mesmodirecionar o desenvolvimento de umaespécie. Pesquisas de campo mostramque a desfolha induz alterações fisio-metabólicas profundas nas relações fon-te-dreno, como por exemplo na síntese

e distribuição de fotoassimilados(Hanson & West, 1982; Pandey, 1983;Wilkerson et al., 1984; Pechan &Morgan, 1985). A remoção das flores,observada em lentilha (Lens esculentaL.) três semanas após a antese, em ní-veis de 25 a 75% reduziu sensivelmen-te a produção de sementes, porém, essaredução não foi proporcional ao grau deremoção (Pandey, 1983). Noda & Kerr(1983), em um estudo realizado com a

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10 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

espécie jicama (Pachyrrhizus erosus(Urban)), onde avaliou-se a produção deraízes tuberosas em plantas com e semtutor e com e sem inflorescência, veri-ficaram que a retirada dos botões flo-rais aumentou em até dez vezes a pro-dução em peso das raízes e, que apesardessa espécie ser uma planta trepadeiracom crescimento indeterminado, os da-dos sugeriam não ser necessáriotutoramento para aumentar a produçãode raízes.

Sinha et al. (1977), ao estudaremtambém a espécie jicama, obtiveramuma correlação negativa entre produçãode raízes e número de vagens por plan-ta. Isso sugere que há migração defotoassimilados para as flores, vagens esementes, em detrimento da formaçãode raízes.

Noda et al. (1984) concluíram que acombinação tutoramento e retirada dasinflorescências poderia aumentar a pro-dução de raízes tuberosas em até dezvezes. Por sua vez Alvarenga (1987), emCampinas, (SP), verificou que, na pri-mavera, a remoção de ramos laterais einflorescências, praticadas isoladamenteou em combinação, não afetou o pesodas raízes, enquanto que no outono,desfolhas de 33% e 66%, associada àremoção de inflorescências, propicioupeso de raízes superior em relação aoplantio de primavera. Em estudos reali-zados por Zapeda (1971), os resultadosmostraram que a retirada dasinflorescências em jicama aumentou otamanho e o rendimento das raízes, pro-movendo um incremento de até 114%,em relação ao tratamento onde asinflorescências foram mantidas.

Costa (1994), estudando o efeito dapoda da parte aérea e das raízes emmudas de tomateiro industrial, verificouque o tratamento sem poda proporcio-nou maior peso médio dos frutos (83 g)e maior produtividade (66,0 t/ha).

A importância do conhecimento doconteúdo de clorofila em folhas baseia-se no seu relacionamento com a taxafotossintética e o crescimento da planta(Boardman, 1977; Buttery & Buzzel,1977; Engel & Poggiani, 1991). O ren-dimento fotossintético da planta por suavez depende de vários fatores internos,como estrutura da folha, teor de cloro-fila e acúmulo de produtos da fotossín-

tese dentro dos cloroplastos, além defatores externos, como qualidade equantidade de luz (Hall & Rao, 1980).

Alvarenga (1987), em estudos rea-lizados com a espécie feijão-macuco,verificou que o fotoperíodo afetou osníveis de clorofilas a, b e total dosfolíolos laterais da quinta folha trifolio-lada, sem contudo alterar a relação clo-rofila a:b. Verificou, ainda, que a redu-ção observada nos teores de clorofilanão alterou o ganho de matéria seca dasplantas, apesar de ter aumentado o nú-mero de folhas e suas respectivas áreas.

Esse trabalho teve como objetivo: a)avaliar o crescimento da espécie feijão-macuco, correlacionando o desenvolvi-mento de órgãos da planta nas fasesvegetativa, de floração, de frutificaçãoe da formação das raízes tuberosas; b)avaliar a importância do tutoramento eda eliminação da inflorescência no de-senvolvimento da planta e na produçãode raízes tuberosas.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido na Es-tação Experimental do Ariau - Muni-cípio de Iranduba, na margem esquer-da do Rio Solimões, utilizando-se trêsgenótipos da Coleção do Programa deMelhoramento de Hortaliças do Insti-tuto Nacional de Pesquisas da Amazô-nia, identificadas como genótipos 1, 2e 3, no período de agosto de 1993 amaio de 1994, tendo-se verificado umtotal de 1.925 mm de chuva, tempera-tura média de 26oC e umidade relativade 86,5%.

Foram coletadas amostras de solo (0a 25 cm de profundidade) no local deimplantação do experimento, para de-terminação do pH e da fertilidade. Osresultados obtidos foram: pH em água= 4,68; fósforo = 53 ppm; potássio =126 ppm; cálcio = 9,18 me%; magnésio= 3,37 me%; alumínio = 0,90 me%;manganês = 88 ppm; zinco = 26 ppm;ferro = 618 ppm.

A semeadura foi direta no campo,utilizando-se duas sementes por cova,em leiras com cerca de 20 cm de altura,utilizadas para proteger as plântulas nafase inicial de seu crescimento. Oespaçamento foi de um metro entre li-nhas e de 0,5 metro entre plantas, e o

delineamento experimental de blocos aoacaso, em esquema fatorial 3 x 2 x 2(três introduções, com e sem tutor, come sem a retirada das inflorescências),com três repetições. O tamanho das par-celas foi de 15,5 x 25,0 m.

Durante a fase experimental as plan-tas apresentaram perfurações no limbofoliar, notadamente no início de seu de-senvolvimento. Detectou-se que o prin-cipal ataque era devido a “vaquinhas”,principalmente dos gêneros Eriopis eCerotoma.

Para a identificação de doenças, fez-se um levantamento avaliando a ocor-rência das mesmas sobre as plantas e onível de danos causados pelospatógenos. Observou-se que os princi-pais problemas foram: ferrugem, cau-sada por Fhakospsora pachyrhizi, ob-servada em 100% das plantas;antracnose, causada por Colletotrichumsp, ocorrendo em folhas e vagens; viro-se (mosaico) e murcha, causada porSclerotium spp.

O tutoramento das plantas teve iní-cio quando as mesmas apresentavam oseu terceiro par de folhas trifolioladas,usando como tutor varas de madeira.A poda das inflorescências foi realiza-da semanalmente, quando as mesmasencontravam-se na fase de botão flo-ral, tendo iniciado aos 70 dias após asemeadura.

Durante o desenvolvimento dasplantas foram realizadas avaliaçõesmensais do crescimento, até 175 diasapós o plantio. A cada coleta realizou-se um sorteio de três plantas por parce-la, de modo que, para cada característi-ca avaliada, calculou-se a média aritmé-tica de três repetições, totalizando 36plantas por bloco. As plantas foram ar-rancadas do solo com o auxílio de umaenxada, tomando-se o cuidado para nãodanificar o sistema radicular e a seguir,colocadas em sacos plásticos,etiquetadas por tratamento, colocadasem caixas de isopor contendo gelo etransportadas para o laboratório.

Antes de se iniciar as medições, asplantas foram cuidadosamente lavadas,secas e suas raízes tuberosas escova-das para a remoção de qualquer resí-duo de solo.

Foi feita a contagem do número defolhas por planta e a medida da área

Z. de O. Melo & C. R. Bueno

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11Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

foliar foi realizada com o auxílio do apa-relho portátil LICOR LI 3.000. Para adeterminação da biomassa dividiu-se aplanta por partes (folhas, caule, flores,vagens, sementes e raízes). Cada umadessas partes foi colocada em sacos depapel e levada a estufa a 80°C com cir-culação forçada de ar, até se obter pesoconstante. Após a secagem, obteve-se opeso da matéria seca, utilizando-se umabalança analítica modelo METTLERH35 AR. O desenvolvimento das raízestuberosas foi avaliado através do peso damatéria fresca e da matéria seca acumu-lada. A razão de área foliar foi determi-nada por meio da relação RAF = AFE xRPF, onde RAF é razão de área foliar;AFE área foliar específica e RPF razãodo peso foliar, expresso em cm2/g/dia,segundo Benincasa (1986). A taxa decrescimento relativo foi avaliada consi-derando as diferenças de matéria secaacumulada em um período de trinta diasao longo do desenvolvimento das plan-tas, sendo que na última coleta o interva-lo foi reduzido para quinze dias, devidoà cheia do rio Solimões. A equação utili-zada para o cálculo da taxa de crescimen-to relativo foi: TCR = 1

nP

2-1

nP

1/T

2-T

1,

expressa em g.g-1.dia (Magalhães, 1985)onde: P

2 e P

1 são pesos da matéria seca

acumulada nos tempos T2 e T

1.

Para obtenção dos teores de clorofi-las a, b e total, foi selecionada a quintafolha trifoliolada. Para compor umaamostra, fez-se a homogeneização de trêsamostras provenientes de um mesmo tra-tamento. A seguir, retiraram-se seis dis-cos foliares de 0,72 cm, evitando-se aborda e a nervura central das folhas. Osdiscos foram pesados e macerados emacetona 80%, com adição de MgCO

3, a

fim de evitar a feofitinização (Steffens

et al., 1976) e centrifugados a 2.500 rpmdurante dez minutos. As absorbâncias dosextratos cetônicos foram determinadasem espectrofotômetro, a 645 nm e 663nm e os cálculos das concentrações declorofilas a, b e total foram realizadoscom base nos coeficientes de Arnon(1949), expressos em miligramas porgrama de material fresco:

clorofila a = (12,7 x DO663 - 2,69 xDO 645) x V/1.000 x W;

clorofila b = (22,9 x DO645 - 4,68 xDO 663) x V/1.000 x W;

clorofila total = (20,2 x DO645 +8,02 x DO663) x V/1.000 x W;

onde: V = volume da amostra emmililitros; W = peso da amostra em gra-mas; DO = densidade ótica.

Para a análise dos dados utilizou-seo programa estatístico SAS (SAS, 1989).Na avaliação dos dados foi realizada aná-lise de variância pelo teste F e compara-ção das médias pelo teste de Tukey, a 5%de probabilidade (Gomes, 1977).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parte aérea e sistema radicular

A análise estatística mostrou que aárea foliar e a razão de área foliar não

apresentaram diferenças significativasem nenhum dos tratamentos estudadose suas interações. Isso significa que tantoos genótipos como o manejo adotadosnão proporcionaram aumento foliar,apesar de ter sido eliminado na plantaum dreno de fotoassimilados, que é ainflorescência. Nesse caso, outra parteda planta foi beneficiada com a altera-ção desse dreno metabólico.

Observou-se que apenas aos 40 diasas plantas não tutoradas apresentarammédias mais elevadas referentes ao nú-mero de folhas, quando comparadascom aquelas tutoradas (Tabela 1), mos-trando que a diferença foi observadaapenas no início do crescimentovegetativo e posteriormente as plantascresceram de forma equilibrada, atingin-do valores semelhantes.

Referente ao peso de matéria secaacumulada na parte aérea (Tabela 2),foram observadas diferenças significa-tivas aos 160 dias para o caule e total,sendo o tratamento tutorado aquele queresultou em maior crescimento. As fo-lhas não mostraram diferenças, enquan-to que o caule sim, o que resultou emmaior peso total da parte aérea. O au-mento do peso da matéria seca do caule160 dias nas plantas submetidas ao

Tratamentodias após a semeadura

40 70 100 130 160 175Com tutor 12,4 b 12,6 28,6 34,6 47,3 36,7Sem tutor 15,2a 12,3 25,1 36,3 48,2 45,9DMS 2,16 - - - - -

Tabela 1. Número de folhas por planta de feijão-macuco em diferentes estádios de desen-volvimento. Manaus, INPA, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% peloteste de Tukey.

Tratamento

Folha (g) Caule (g) Parte Aérea (g)

(dias após a semeadura) (dias após a semeadura) (dias após a semeadura)

40 70 100 130 160 175 40 70 100 130 160 175 40 70 100 130 160 175

Com tutor 2,2 3,9 10,8 15,5 22,6 20,6 0,5 3,2 7,7 16,9 34,6a 38,4 2,6 7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4

Sem tutor 2,8 3,7 8,4 11,6 17,8 20,3 0,5 3,0 7,3 10,8 20,1b 36,9 3,3 6,5 16,3 24,4 41,4b 79,4

Com infl. 2,3 4,5 9,6 13,0 16,7 16,0b 0,4 3,4 8,3 14,0 25,7 32,2 2,8 7,6 17,6 31,7 69,0 105,8

Sem infl. 2,7 3,1 9,7 14,1 23,7 25,0a 0,6 2,8 6,7 13,7 29,0 42,9 3,2 5,9 16,8 29,4 56,1 76,4

DMS (tutor) - - - - - - - - - - 13,92 - - - - - 39,38 -

DMS (inflor) - - - - - 5,63 - - - - - - - - - - - -

Tabela 2. Peso de matéria seca da folha, caule e parte aérea de plantas de feijão-macuco em diferentes dias após semeadura e formas demanejo. Manaus, INPA, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey

Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.

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12 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

tutoramento, permitiu melhor distribui-ção e disposição das folhas, promoven-do melhor interceptação relativa da luzsolar do que nas plantas não tutoradas.Portanto, o tutoramento pode favorecero crescimento em extensão do caule, de-corrente da expansão dos primórdiosfoliares, do aumento de nós formados edo alongamento dos entrenós. Este últi-mo exige um suprimento contínuo deprodutos fotossintetizados (Whatley &Whatley 1982). Com relação à disposi-ção das folhas, Mota (1979) ressalta quea fotossíntese, nas folhas com inclinaçãoótima, aumenta linearmente com a luz eque, para o uso eficiente da luz solar, ainclinação ótima deve ser de 81°, ou seja,uma posição mais ou menos ereta.

Aos 175 dias, o peso de matéria secadas folhas, para o tratamento com reti-rada das inflorescências, mostrou valorsuperior. Segundo Verkleyj & Challa(1988), durante o crescimento, osfotoassimilados produzidos nas folhas(fonte) podem ser utilizados parcial outemporariamente no crescimento daplanta e/ou armazenados sob a forma deamido e açúcares, assim como podemser exportados para outros órgãos. Taissubstâncias podem acumular-se nas fo-lhas, formando material não fotossin-tetizante, resultando, portanto, nummaior acúmulo de matéria seca. Com aretirada das inflorescências, as raízestuberosas passam a ser o principal dre-no metabólico, e as folhas passam a ex-portar os fotoassimilados para a forma-ção e desenvolvimento dessas raízes.

As plantas não tutoradas apresenta-ram, 70 dias após o plantio, peso dematéria seca das raízes superior ao dasplantas submetidas ao tutoramento

(Tabela 3). Com relação aos demais pe-ríodos, o peso de matéria seca das raízesnão foi influenciado pelo tutoramento.Esses resultados parecem indicar, quecomo as plantas começaram o processode tuberização por volta dos 70 dias eque, em algumas plantas esse processofoi mais precoce do que em outras, essadesuniformidade pode ter ocasionadodiferenças estatísticas em favor do tra-tamento sem tutoramento. Com relaçãoaos demais períodos, não foram obser-vadas diferenças significativas no pesode raízes, nas plantas submetidas ou nãoao tutoramento. Verificou-se que, aos130, 160 e 175 dias após a semeadura,no tratamento com poda de inflores-cência o peso de raízes foi superior.

Vários autores (Zapeda, 1971;Meyer et al., 1973; Noda, 1979; Noda& Kerr, 1983; Noda et al., 1984), men-cionam que a prática da retirada dasinflorescências proporciona um aumen-to considerável na produção de raízes

tuberosas. Zapeda (1971), trabalhandocom jicama, relata a necessidade dessaprática para duplicar o rendimento dasraízes em termos de tamanho e peso.Meyer et al. (1973) mencionam que, emgeral a remoção das flores, frutos ougomos em desenvolvimento favorece ocrescimento radicular, podendo causarum decréscimo na razão caule-raiz.

A Tabela 3 mostra que o aumentodo peso da matéria seca das raízes ocor-reu quando as inflorescências foram re-tiradas das plantas (a poda teve inicioaos 70 dias após o plantio). A poda dasinflorescências possibilitou a transferên-cia preferencialmente de fotoassi-milados para as raízes (maior drenometabólico), resultando consequente-mente, no aumento do peso da matériaseca. No final do ensaio, aos 175 diasapós o plantio, as plantas tutoradas ecom poda das inflorescências produzi-ram cerca de 4,6 vezes mais raízestuberosas do que o tratamento sem tu-tor e com inflorescências (Figura 1).

Tabela 3. Peso de matéria seca das raízes, parte aérea e total, em três genótipos de feijão-macuco, obtidos em diferentes dias após asemeadura e formas de manejo. Iranduba, INPA, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey.

Tratamento

Raízes (g) Parte Aérea(g) Total (g)

(dias após a semeadura) (dias após a semeadura) (dias após a semeadura)

40 70 100 130 160 175 40 70 100 130 160 175 40 70 100 130 160 175

Com tutor 0,1 1,4b 5,2 7,9 25,1 32,8 2,6 7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4 2,9 8,6 21,2 43,4 105,3a 128,6

Sem tutor 0,4 2,0a 8,5 7,7 18,9 28,0 3,3 6,5 16,3 24,4 41,4b 79,4 3,6 8,4 25,9 31,3 57,5b 108,8

Com infl. 0,3 1,9 7,1 6,0b 10,4b 16,5b 2,8 7,6 17,6 31,7 69,0 105,8 3,1 9,6 24,0 37,2 79,5 117,4

Sem infl. 0,3 1,5 6,4 9,6a 33,5a 44,6a 3,2 5,9 16,8 29,4 56,1 76,4 3,5 7,5 23,1 37,5 83,5 121,2

DMS (tutor) - 0,46 - - - - - - - - 39,38 - - - - - 43,40 -

DMS (inflor) - - - 3,12 9,64 12,01 - - - - - - - - - - - -

Z. de O. Melo & C. R. Bueno

Figura 1. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) emplantas de feijão macuco tutoradas, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM,INPA, 1996.

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13Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Com relação ao peso da matéria secada parte aérea, o maior acúmulo ocorreunas plantas submetidas ao tratamentocom tutor, 160 dias após a semeadura.Para os demais períodos, não se verifi-cou diferenças estatísticas. Os tratamen-tos com e sem inflorescências não influen-ciaram no peso da matéria seca da parteaérea em todos os períodos analisados.

Os dados do peso de matéria secaacumulada na parte aérea, raízes e totalem plantas de feijão-macuco com tutore sem tutor são mostrados nas Figuras 1e 2, respectivamente.

Com relação à retirada das inflores-cências, observou-se que o peso da ma-téria seca das raízes foi significativamen-te superior nos tratamentos sem inflores-cências que naqueles com inflores-cências. Este resultado mostrou que osfotoassimilados que seriam utilizadospara a formação das flores e posterior-mente para vagens e sementes foramcarreados para o sistema radicular, pro-movendo maior produção de raízes. Nasplantas submetidas ao tutoramento, a pro-dução de raízes foi ainda mais evidentedo que nas plantas não tutoradas. Isso sedeve a uma melhor penetração e distri-buição de luz solar por entre as folhas,facilitado pelo crescimento mais ordena-do das plantas, conduzidas pelo tutor.Não foram observadas diferenças entreos genótipos utilizados.

Comparando-se a matéria seca nasraízes e na parte aérea (Figuras 1 e 2),observou-se que as plantas submetidasao tratamento com tutoramento apresen-taram um acúmulo de matéria seca daparte aérea e total superior aos das plan-tas não tutoradas. Observou-se ainda queas plantas, a partir de 120 dias após se-meadura apresentaram tanto nos trata-mentos com tutor e sem tutor, um au-mento progressivo no crescimento, che-gando a 175 dias após o plantio ao ple-no desenvolvimento. Estes resultadosparecem indicar que na época da últimacoleta, aos 175 dias após o plantio, asplantas ainda encontravam-se acumu-lando matéria seca e portanto em con-dições de desenvolvimento, podendo oensaio ter sido prolongado por um perío-do maior. Observou-se também que asplantas cultivadas com inflorescênciastiveram um maior acúmulo de matéria

seca da parte aérea, independente de te-rem sido ou não tutoradas. Quanto aopeso de matéria seca total, as plantastutoradas apresentaram maior acúmuloquando submetidas ao tratamento seminflorescências.

Taxas de crescimento relativo

Os genótipos estudados apresenta-ram uma tendência de taxa de cresci-mento relativo dentro de um mesmopadrão ao longo do seu desenvolvimen-to, em todos os períodos avaliados (Fi-gura 3) .Observou-se também que nosgenótipos 1 e 3 ocorreu um decréscimona taxa de crescimento relativo dasraízes no intervalo de tempo de 40-70dias. Coincidentemente nesse período asraízes iniciaram a tuberização e, prova-velmente, o processo não foi uniforme.Outro fator que pode ter contribuídopara esse decréscimo foi que neste mes-mo período as plantas sofreram grandeataque de vaquinhas e as folhas ficaramdanificadas, prejudicando o processo defotossíntese, a formação defotoassimilados e, consequentemente, atuberização. No intervalo de tempo de70-100 dias, época em que as plantasestavam iniciando a floração, ocorreudecréscimo na taxa de crescimento dosfrutos (considerados aqui a soma dosvalores de flores, vagens e sementes),nos três genótipos estudados. Isto deve-se ao fato de que neste mesmo períodotambém iniciou-se a tuberização.

Houve uma tendência das plantastutoradas a apresentarem um maior cres-cimento relativo da raiz, caule, folha efruto (Figura 3). Verificou-se que hou-ve uma maior taxa de crescimento rela-tivo da raiz nas plantas que foram si-multaneamente tutoradas e desprovidasde inflorescências, reforçando os dadosjá discutidos de um crescimento maisordenado nas plantas tutoradas. Verifi-cou-se, ainda, um aumento acelerado nataxa de crescimento relativo do fruto apartir de 130 dias até 175 dias após asemeadura. Esse período também coin-cidiu com um aumento da área foliar.Estes dados confirmam os resultados en-contrados por Alvarenga (1987), traba-lhando com feijão-macuco que verifi-cou aumentos na produção de vagens esementes, coincidentes com o melhordesenvolvimento foliar.

Teores de clorofilas

O conteúdo de clorofilas em umaplanta está diretamente relacionado coma capacidade de realizar a fotossíntese,cujo resultado ou produto final é o de-senvolvimento do vegetal. Observou-seque 160 dias após a semeadura os teo-res de clorofilas obtidos em plantas ondeas inflorescências foram removidas,apresentaram valores estatisticamentesuperiores ao tratamento sem poda (Ta-bela 4). Observou-se que os teores declorofila a, 160 dias após o plantio, apre-sentaram diferenças significativas, em

Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.

Figura 2. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) emplantas de feijão macuco sem tutor, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM,INPA, 1996.

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14 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

manejo das inflorescências, foram en-contradas diferenças pelo teste F, nosperíodos de 70 e 160 dias (Tabela 4).

São escassas as informações sobreos efeitos fisiológicos da remoção dasinflorescências sobre a tuberização e oconteúdo de clorofilas. Supõe-se que,com a retirada das inflorescências, se-ria eliminado um forte dreno metabóli-co, que é a floração e a formação devagens e sementes. Com essa alteração,a planta passaria a deslocar maior quan-tidade de assimilados para a formaçãode raízes tuberosas e para o seu cresci-mento vegetativo, apresentando maiorvigor e provável acúmulo de clorofilasnas folhas.

Os resultados obtidos neste trabalho,dentro das condições desenvolvidas,permitem concluir que:

A última coleta foi realizada aos 175dias após a semeadura, quando as plan-tas ainda apresentavam incrementos dematéria seca nas diferentes partes, en-contrando-se portanto em pleno desen-volvimento, indicando que seria viávelpermanecer por mais tempo no campoe provavelmente aumentar a produçãode raízes. As plantas tutoradas apresen-taram, de maneira geral, tendência a umdesenvolvimento mais organizado, re-sultando num incremento ordenado daspartes aérea e subterrânea, promoven-do um maior rendimento das raízes. Otutoramento das plantas resultou emaumento do peso de matéria seca acu-mulada nos frutos, apesar de os mesmosnão serem comestíveis e no momentoutilizados apenas para a multiplicaçãodas plantas. As taxas de crescimento detodos os genótipos apresentaram o mes-mo padrão ao longo do desenvolvimen-to das plantas, considerando o períodoestudado. Observou-se uma tendênciadas plantas tutoradas a apresentaremuma maior taxa de crescimento relati-vo, indicando um maior acúmulo nopeso da matéria seca, ou seja, maiorcrescimento. A remoção dasinflorescências aumentou o peso dematéria seca acumulada das folhas, bemcomo a produção de raízes tuberosas,que associada ao tutoramento, produziu4,6 vezes a mais, em peso, que o trata-mento com inflorescências, sendo por-tanto recomendada essa prática cultural.

função dos tratamentos com ou seminflorescências. Analisando-se os teoresde clorofila b, verificou-se que apenasno período de 160 dias, ocorreram dife-renças significativas quanto a forma demanejo. Os tratamentos sem inflorescên-cias mostraram-se superiores e com di-ferenças significativas no teste F ao ní-

vel de 5% e 1% de probabilidade nos teo-res de clorofilas a e b, respectivamente.

Com relação a clorofila total, os va-lores do teste F, em função das formasde manejo foram não significativos,quando avaliados nos períodos de 40,100 e 130 dias após semeadura. Obser-vou-se ainda que no tratamento com

Z. de O. Melo & C. R. Bueno

Figura 3. Taxa de crescimento relativo de três introduções de feijão macuco, em função dotempo. Iranduba - AM, INPA, 1996.

Taxa

de c

resc

imento

rela

tivo (

g/g

.dia

)T

axa

de c

resc

imento

rela

tivo (

g/g

.dia

)T

axa

de c

resc

imento

rela

tivo (

g/g

.dia

)

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15Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

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Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.

TratamentoClorofila a (mg/g MF)

(DAS)Clorofila b (mg/g MF)

(DAS)Clorofila total (mg/g MF)

(DAS)

40 70 100 130 160 40 70 100 130 160 40 70 100 130 160

Com infl. 1,86 1,29 1,51 1,53 1,38b 0,66 - 0,06 0,55 0,46b 2,56 1,29a 1,56 2,16 1,84b

Sem infl. 1,98 1,18 1,51 1,63 1,67a 0,69 - 0,05 0,54 0,55a 2,56 1,12b 1,55 2,16 2,17a

DMS - - - - 0,23 - - - - 0,07 - 0,16 - - 0,28

Tabela 4. Teores de clorofilas a, b e total em plantas de feijão macuco, obtidas em diferentes períodos após semeadura, em função da podade inflorescências. Iranduba, INPA, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey.

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16 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

O Brasil, por vários anos, importoupraticamente toda a ervilha (Pisum

sativum L.) necessária para suprir a de-manda das indústrias de processamento.Entretanto, entre 1977 e 1987, o país semostrou com potencial para tornar-seexportador, em razão da rápida expan-são da área cultivada no Brasil Central.Esta região é caracterizada por invernoseco, com baixa umidade relativa do are temperatura amena. Tais condições sãoadequadas à produção de sementes dealta qualidade fisiológica (Andreoli,1979), reduzem o perigo da ocorrênciade doenças (Oliveira, 1965) e exigem ocultivo sob irrigação.

A irrigação é uma das práticas quemais favorece o aumento da produtivida-de da cultura de ervilha (Haddock &Linton, 1957; Hawthorn & Polland, 1966,

Marouelli et al., 1991, Chauhan, et al.,1992), tornando-se por isso uma práticaindispensável. Em regiões com distribui-ção irregular de chuvas é possível obterrazoáveis produções, sem irrigação desdeque as plantas não sejam submetidas asevero déficit hídrico por ocasião doflorescimento e do enchimento das vagens(Salter, 1962; Salter, 1963; Salter &Willians, 1967; Behl et al., 1968), princi-palmente por ocasião do enchimento dasvagens (Miller et al., 1977).

Apesar do sucesso que a cultura daervilha obteve no Brasil Central, há es-cassez de informações relacionadas aodesempenho de novas cultivares plan-tadas no país, diante das múltiplasinterações água-solo-planta-doença,principalmente aquelas relacionadas àdoenças de solo e de folha.

Entre as principais doenças que ata-cam a lavoura de ervilha no Brasil Cen-tral está a podridão-de-esclerotínia, cau-sada pelo fungo Sclerotiniasclerotiorum, relatada como doença desolo e causadora de grandes danos a di-versas lavouras na região de Cerrados(Café Filho, 1985). Os danos podem serdiretos, com morte de plantas e reduçãoda produção, mas o maior problema re-side na inviabilização de áreas para no-vos plantios, pois o fungo permanece nosolo por muitos anos, não existindométodos eficazes para a sua erradicação(Café Filho, 1985; Santos et al., 1993).A alta multiplicação e disseminaçãodeste fungo pode se tornar um dos fato-res limitantes à produção de ervilha paragrãos nas regiões produtoras do país(Santos & Reifschneider, 1990), ainda

OLIVEIRA, C.A.S.; MAROUELLI, W.A.; SANTOS, J.R.M.; BOITEUX, L.S. Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio emcultivares de ervilha sob diferentes lâminas de irrigação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 16-20, março 1999.

Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídioem cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de água.Carlos Alberto da S. Oliveira; Waldir Aparecido Marouelli; Jorge Roland M. dos Santos; Leonardo S.BoiteuxEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF.

RESUMO

Foi estudado o efeito de lâminas de água sobre o número deescleródios produzidos por Sclerotinia sclerotiorum, a severidadede oídio causada por Erysiphe pisi e a produção de matéria seca daparte aérea em ervilha (Pisum sativum L.) sob condições de solo eclima do Brasil Central. O delineamento experimental foi de blocosao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. As lâminasde água, aplicadas através de uma única linha de aspersão, variaramentre 125 e 499 mm. As cultivares estudadas foram Maria, Luíza,Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia e Kodama. A matéria secada parte aérea das plantas não variou entre as cultivares, mas au-mentou com a lâmina total de água aplicada. O número de escleródiosproduzidos nas plantas aumentou significativamente com o aumen-to da lâmina de água aplicada e não diferiu entre cultivares semi-áfilas e cultivares de folhas normais. As cultivares Marina, Mikadoe Luíza mostraram uma produção de escleródios significativamenteinferior à observada na cultivar Triofin. Lâmina de água e cultivarinteragiram significativamente para severidade de oídio avaliada aos70 dias após o plantio. O aumento da lâmina de água total aplicadana cultura reduziu a severidade de oídio nas cultivares suscetíveisAmélia e Mikado. As cultivares Maria e Marina apresentaram po-tencial de serem utilizadas em áreas com problemas de Sclerotinia.

Palavras-chave: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, manejo dairrigação, doença, controle.

ABSTRACT

Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powderymildew severity in pea cultivars under different water depths.

The effect of water depth on the number of sclerotia producedby Sclerotinia sclerotiorum, oidium severity caused by Erysiphe pisi,and top plant dry matter of dry pea (Pisum sativum L.) was studiedunder soil and climate conditions of Central Brazil. It was used arandomized complete block design with four replications (cultivaras a factor and a split plot on water depth). Water depths, appliedthrough a single irrigation sprinkler line, varied from 125 to 499mm, and the cultivars studied were Maria, Luiza, Marina, Mikado,Triofin, Viçosa, Amélia and Kodama. Top plant dry matter did notvary among cultivars; however, it increased with total water depthapplied. Number of sclerotia produced in infected plants increasedsignificantly as water applied increased and did not differ for semi-leafless and normal leaf cultivars. Cultivars Marina, Mikado andLuiza showed a significant reduced number of sclerotia in comparisonwith cv. Triofin. Water depth and cultivar interacted significantlyfor oidium severity evalueted 70 days after planting. Increasing waterdepth applied to the crop reduced oidium severity on the susceptiblecultivars Amélia and Mikado. Cultivars Maria and Marina showedgood potential for use in areas infected with Sclerotinia.

Keywords: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, irrigationmanagement, disease, control.

(Aceito para publicação em 02 de dezembro de 1999).

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17Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

mais porque não há cultivares resisten-tes a este patógeno.

A arquitetura da planta de ervilha eas altas densidades de plantio, aliadas aoutros fatores, podem ajudar a criar ummicroclima mais ou menos favorável àpodridão-de-esclerotínia. Em feijão,plantas com arquitetura significativa-mente mais densa, devido à maior quan-tidade e proximidade de folhas, mostra-ram-se com maior incidência da doen-ça (Schwartz & Gaves, 1980). Tal fatosugere que cultivares áfilas ou semi-áfilas de ervilha podem apresentar me-nores níveis de severidade dessa doen-ça (Santos, 1990).

Outra doença de importância na cul-tura de ervilha na região do PlanaltoCentral é a doença de folha causada poroídio (Erisiphe pisi), consideradaendêmica (Santos et al., 1990) e queapresenta diversas cultivares suscetíveisa essa doença. O fungo reduz a biomassavegetal podendo promover perdas aci-ma de 50% na produção (Café Filho etal., 1988). O efeito favorável da chuva,do orvalho e da irrigação por aspersãono desenvolvimento do oídio foi relata-do por Yarwood (1957). Por outro lado,a incidência de oídio decresceu duranteo período de chuvas (Schnathorst,1965), sugerindo um possível efeito deremoção ou lavagem de esporos de oídiopela ação mecânica da água da chuvaou da irrigação sobre as partes infectadasda planta. Trabalhos mais recentes nãoforam encontrados na literatura tratan-do sobre a interação entre água e doen-ças causadas por esclerotinia e oídio, emespecial, para condições tropicais.

Este trabalho teve por objetivo ava-liar o desempenho da biomassa aérea deoito cultivares de ervilha, incluindo duassemi-áfilas, e quantificar a produção deescleródios de Sclerotinia sclerotiorume a severidade de oídio nestas cultiva-res, quando submetidas a diferentes ní-veis de água no solo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no cam-po experimental da Embrapa Hortaliças,em Brasília (DF), em Latossolo Verme-lho-Escuro, fase cerrado e textura argi-losa, em uma área infestada naturalmen-te por S. sclerotiorum e conduzido du-

rante a época fria e seca do ano que vaide abril a setembro.

As práticas culturais adotadas foramas recomendadas pela Embrapa Horta-liças (Giordano et al., 1984). Foram es-tudadas as cultivares de ervilha Maria,Luíza, Marina, Mikado, Triofin, Viço-sa, Amélia e Kodama. Todas as cultiva-res têm características de adaptação aregiões tropicais e apresentam ciclo en-tre 100 e 120 dias. As cultivares Améliae Kodama são semi-áfilas; Amélia eMikado são consideradas suscetíveis aooídio (Giordano et al., 1988) e as de-mais resistentes.

O delineamento experimental foi deblocos ao acaso, com parcelas subdivi-didas e quatro repetições. A área totalde cada subparcela foi de 24 m² sendo aárea útil de 8 m² (4,0 x 2,0 m). Oespaçamento entre linhas de plantio foide 17 cm sendo distribuídas cerca de 35sementes por metro linear.

Ao contrário de Hanks et al. (1980),que considerou cultivar como parcelaprincipal e nível de irrigação comosubparcela, os tratamentos deste expe-rimento consistiram da combinação deseis níveis de água correspondendo a499, 415, 331, 259, 197 e 176 mm (ob-tidos até 107 dias após o plantio e dosquais 124 mm são provenientes de chu-vas), localizados nas parcelas principais,com as oito cultivares localizadas nassubparcelas. Uma única linha de asper-sores foi utilizada para todo o experimen-to, conforme metodologia proposta porHanks et al. (1980), para obter os seisníveis de água. Os aspersores foram es-paçados de 6 m entre si e proporciona-ram um raio molhado médio de 13 m.

A lâmina de água aplicada foi medi-da por meio de coletores (latas de óleode um litro) em cada tratamento de irri-gação, dispostos em apenas um lado dalinha de aspersão. Para possibilitar a ger-minação adequada em todas as parcelas,até a época de início dos tratamentos, foiaplicada a lâmina de água de 50 mm pelosistema de aspersão convencional.

A partir dos resultados de Marouelliet al. (1991), a freqüência de irrigaçãofoi determinada com base na leituramédia (quatro repetições) de tensiô-metros em cada subparcela do tratamen-to de irrigação mais próximo da linhade aspersores, considerando-se a tensão

de 35 kPa, a 15 cm de profundidade,como limite para reposição de água aosolo durante o ciclo da cultura.

Para fins do manejo da água do solo,a capacidade de retenção de umidade dosolo, relacionando os teoresvolumétricos de água (θ), em %, comas tensões de água (h), no intervalo en-tre 10 e 1.500 kPa, foi representada pelaequação a seguir:

θ (h) = 42,153 h - 0,062 (r2 = 0,92)Para as cultivares estudadas foram

avaliados os efeitos de lâminas totais deágua sobre: peso seco da parte aéreaapós a separação dos grãos, grau de se-veridade de oídio 70 dias após o plantioe número de escleródios de S.sclerotiorum existentes junto aos grãos,após a colheita e trilhagem da parte aé-rea das plantas. Outros dados de produ-ção foram obtidos e estão sendo publi-cados em um outro trabalho. O grau deseveridade de oídio, inoculado natural-mente sob condições de campo, foiquantificado em cada parcela por doisavaliadores, aos 70 dias após o plantio(lâminas de água correspondentes a 303,250, 204, 162, 125 e 114 mm, das quais63 mm proveniente de chuvas), com ouso da seguinte escala de notas adapta-da de Bohn & Whitaker (1964): 1 = au-sência de doença (zero plantasinfectadas); 2 = incidência baixa (me-nos de 33% das plantas); 3 = incidênciamédia (33 a 66% de plantas) e 4 = inci-dência alta (mais de 66% das plantas).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não ocorreu interação entre cultivare lâmina de água para peso seco(biomassa) da parte aérea e número deescleródios presentes nos grãos colhi-dos, indicando efeitos semelhantes dofator cultivar dentro das lâminas estu-dadas. Entretanto, houve interação paraseveridade de oídio indicando que cadagenótipo pode responder de forma dife-renciada com o aumento da lâmina deágua. Como o fator lâmina de água nãofoi aleatorizado, não foi válido o respec-tivo teste estatístico “F”, porém, os efei-tos de lâmina d’água foram bastanteóbvios para severidade de oídio e nú-mero de escleródios. O fator cultivar nãofoi significativo para o peso seco finalda parte aérea realizado após a separa-

Escleródios oídio em ervilha sob diferentes lâminas de água.

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18 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

ção dos grãos, que apresentou uma mé-dia de 1935 g/parcela ou seja, 2,42 t/ha.

O peso seco da parte aérea das plan-tas, não variou estatisticamente entrecultivares, mas foi afetado pela lâminatotal de água aplicada. A equação deregressão ajustada para explicar o efei-to da lâmina de água (x), para todas ascultivares, sobre a produção de biomassaaérea (MS) por metro quadrado é dadapela expressão MS = 60,4586 + 0,8992x- 0,00073x2 - 4,1619E-07x3, com r2 =0,99 (Figura 1). Através da equaçãoajustada o valor máximo de 278,7 g/m2é obtido para a lâmina de 444,7 mm,

observando-se o efeito negativo sobreesta característica a partir de lâminas deágua maiores. Ao contrário do que seesperava a biomassa aérea final de cul-tivares com folhas normais e semi-áfilasforam similares, o padrão desenescência e deiscência dos diversostipos de folhas talvez possa explicar estecomportamento que necessita ser me-lhor quantificado. Para todas as culti-vares houve redução no crescimento daparte aérea da planta quanto menor alâmina total de água aplicada.

O número de escleródios foi signi-ficativamente afetado tanto pela lâmina

total de água aplicada quanto pela culti-var (Figuras 1 e 2). Independentementeda cultivar utilizada, houve redução nonúmero de escleródios (NE) por metroquadrado de área plantada com a redu-ção da lâmina total de água aplicada eda biomassa aérea (Figura 1). A equa-ção logística de regressão ajustada foiNE = -1,1938 + 69,0882 / [ 1 + (x /360,4629) ^ (-6,1378) ], com r²=0,99.Assim, ao irrigar demasiadamente umacultura se está favorecendo a produçãode escleródios que, juntamente com ou-tros fatores, irão contribuir para a redu-ção da biomassa final da planta confor-me evidenciado pelas duas curvas daFigura 1.

Em relação às cultivares, o fato dosgenótipos com folhagem semi-áfila,Amélia e Kodama não diferirem dasdemais, quanto a produção deescleródios, sugere que diferenças naarquitetura (número de folhas egavinhas, principalmente) dessas culti-vares não foram suficientes para redu-zir a produção de escleródios, obtida sobas condições edafoclimáticas e densida-de de plantio estudadas. A não existên-cias de diferenças estatísticamente sig-nificativas na biomassa aérea de plan-tas semi-áfilas e com folhas normais aju-da a explicar este resultado.

As cultivares Triofin e Marina,Mikado e Luíza apresentaram, respec-tivamente, as maiores e menores pro-duções de escleródios (Figura 2) em re-lação às demais cultivares indicando queexistem diferenças genotípicas entreelas. Assumindo que a presença depropágulos se correlaciona positivamen-te com a resistência de campo aesclerotinia, os resultados sugerem queas cultivares Marina, Mikado e Luíza,por não diferirem estatisticamente en-tre si, podem apresentar maior resistên-cia de campo à podridão-de-esclerotíniado que a cultivar Triofin. Assim, deve-se preferir as cultivares que reduzem opotencial de inóculo de esclerotinia emáreas sob irrigação por aspersão e emáreas onde não existam muitas opçõesde rotação de culturas. Entretanto, a prá-tica do manejo integrado da água do soloe de cultivares mais resistentes deve serestimulada, por razões óbvias.

Os resultados observados, 70 diasapós o plantio e após a floração, para

C.A. da S. Oliveira

Figura 1. Valores observados e ajustados de produtividade média de matéria seca da parteaérea de plantas (g/m2) e número médio de escleródios por m2 em função da lâmina total deágua aplicada, em mm. Médias obtidas com oito cultivares de ervilha. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1989.

Figura 2. Número de escleródios para oito cultivares de ervilha. Brasília, Embrapa Hortali-ças, 1989. (Médias seguidas da mesma letra não diferiram entre si a 5% de probabilidadepelo teste Tukey).

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19Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

severidade de infecção de oídio provenien-te de inoculações obtidas naturalmentesob condições de campo e cuja interaçãolâmina de água aplicada x cultivar foisignificativa, mostraram as cultivaressuscetíveis Amélia e Mikado com notasde severidade de oídio inversamente pro-porcionais à lâmina de água aplicada (Ta-bela 1). A cultivar Kodama apresentouuma tendência de quebra da susceptibi-lidade para menores lâminas de águaaplicada. As demais cultivares não apre-sentaram este comportamento e confir-maram a sua resistência a esta doença(Giordano et al., 1988) independente-mente do nível de irrigação.

O comportamento observado nas cul-tivares consideradas suscetíveis a oídio,por sua vez, evidencia que elevadas pre-cipitações podem reduzir o potencial deinóculo, devido à maior remoção ou la-vagem da fonte de inóculo das partesaéreas das plantas (Sivaplan, 1993). Con-siderando que o oídio é um parasita obri-gatório, com nenhuma capacidadesaprofítica, a simples remoção do esporoda planta para o solo reduz a fonte deinóculo secundário dentro da lavoura. Poroutro lado, a maior incidência de oídionos tratamentos menos irrigados, tambémpode ser explicada pelos freqüentes re-latos da literatura mostrando que diver-sas culturas, quando estão submetidas amenores lâminas de água econsequentemente nutrientes, podem re-duzir ou acelerar o seu ciclo de vida e setornarem mais suscetíveis ao ataque edesenvolvimento de doenças em geral.

Ao usar a irrigação por aspersão,como parte do manejo integrado dessas

duas doenças, há que se levar em consi-deração que podridão-de-esclerotínia,representada pela produção deescleródios, e oidiose têm comportamen-tos opostos em relação à quantidade deágua aplicada através da irrigação, ouseja, a produção de escleródios aumentaenquanto a severidade de oídio é reduzi-da sob maiores lâminas de água aplica-da. Entretanto, considerando que a resis-tência genética existe somente para oídio,esforços devem ser feitos no sentido demaximizar a produção das cultivares re-sistentes ao oídio e, através do manejoadequado da irrigação e cultivares resis-tentes, minimizar a produção deescleródios e prováveis danos deesclerotínia. Portanto, as cultivares Ma-ria e Marina, que são altamente resisten-tes a oídio, apresentam altas produtivi-dades e praticamente tiveram o mesmocomportamento com relação a produçãode escleródios (Figura 2), devem ter apreferência para plantio em locais natu-ralmente infestados por S. sclerotiorum.

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Lâmina deágua (mm)

Cultivar

Maria Triofin Luíza Viçosa Marina Kodama Mikado Amélia

303 1,0 a* 1,0 b 1,0 c 1,0 d 1,0 e 1,0 f 1,4 de 2,0 cd

250 1,0 a /1 1,0 b 1,0 c 1,0 d 1,0 e 1,0 f 1,4 de 2,0 cd

204 1,0 a 1,0 b 1,0 c 1,0 d 1,0 e 1,0 f 1,8 cde 2,5 bc

162 1,0 a 1,0 b 1,0 c 1,0 d 1,0 e 1,1 f 2,0 cd 2,9 b

125 1,0 a 1,0 b 1,0 c 1,0 d 1,1 e 1,5 f 2,5 bc 3,3 ab

114 1,1 a 1,1 b 1,1 c 1,0 d 1,5 e 1,8 f 3,3 ab 4,0 a

Tabela 1. Severidade de oídio em oito cultivares de ervilha submetidas a diferentes lâminas totais de água, 70 dias após o plantio. Brasília,Embrapa Hortaliças, 1989.

* Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey./1 Severidade de oídio avaliada através de escala visual de notas, sendo 1 = ausência da doença; 2 = severidade baixa; 3 = severidade médiae 4 = severidade alta.

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A ocorrência de injúrias mecânicasde impacto, vibração e compressão estágeralmente associada a todas as etapasdo manuseio pós-colheita dos diversosprodutos hortícolas. A severidade e osdanos decorrentes das injúrias mecâni-cas variam de acordo com o manuseio

MORETTI, C.L.; SARGENT, S.A.; BALABAN, M.O.; PUSCHMANN, R. Nariz eletrônico: tecnologia não destrutiva para a detecção de desordem fisioló-gica causada por impacto em frutos de tomate. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 20-23, março 2.000.

Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordemfisiológica causada por impacto em frutos de tomate.Celso Luiz Moretti1; Steven Alonzo Sargent1; Murat O. Balaban2, Rolf Puschmann3.1 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970; Brasília-DF; 2 Universidade da Flórida, Gainesville, 32611, USA; 3 UFV, Depto. deBiologia Vegetal, 36.571-000,Viçosa-MG.

RESUMO

Frutos de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.), cv. Solar Set,foram colhidos no estádio verde-maduro (100% da superfície com co-loração verde) e tratados com 100 µL.L-1 de etileno gasoso a 20°C.Após atingirem o estádio verde-rosado (menos de 10% da superfície dofruto com coloração vermelha ou amarelo-tanino), parte dos frutos fo-ram submetidos a uma queda de 0,40 m sobre uma superfície plana elisa. Posteriormente, os frutos submetidos ao impacto e os não-subme-tidos foram armazenados a 20°C e 85-95% de umidade relativa atéestarem completamente amadurecidos. Os frutos com e sem injúriasmecânicas foram então colocados individualmente no frasco deamostragem do “nariz eletrônico” e os doze sensores iniciaram a detecçãodos compostos emanados pelos frutos. Os dados foram submetidos àanálise discriminante multivariada. O grau de dissimilaridade entre ostratamentos foi definido utilizando-se a distância de Mahalanobis. Asdiferenças encontradas nos frutos com e sem injúria mecânica foramsignificativas (P<0,0041). A distância de Mahalanobis entre grupos(28,19 unidades) foi um indicativo dramático das diferenças encontra-das entre os dois grupos de frutos. A análise do desempenho do “narizeletrônico” demonstrou que o equipamento é uma ferramenta útil paraclassificar, não-destrutivamente, tomates expostos a condições extre-mas de manuseio pós-colheita, como injúrias mecânicas.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, armazenamento,injúria mecânica, pós-colheita.

ABSTRACT

Electronic nose: a non-destructive technology to screentomato fruit with internal bruising.

Tomato (Lycopersicon esculentum Mill) fruits, ‘Solar Set’, wereharvested at the mature-green stage (green color in 100% of the fruitsurface) and gassed with 100mL.L-1 of ethylene at 20°C. At thebreaker stage (less than 10% of the fruit surface is red or tannin-yellowish), fruit were dropped from a 40 cm height onto a smoothsurface. Following impact, fruits were stored at 20°C and 85-95%relative humidity until table-ripe stage. Bruised and unbruised fruitwere then placed individually inside the electronic nose-samplingvessel and the twelve conducting polymer sensors were lowered intothe vessel and exposed to the volatile given off by the fruit. Datawere analyzed employing multivariate discriminant analysis(MVDA), which maximizes the variance between treatments. Thedegree of dissimilarity was defined using the Mahalanobis distanceThe differences found between bruised and unbruised fruit werehighly significant (P<0.0041). The Mahalanobis distance betweengroupings (28.19 units) was a dramatic indicative of the differencesbetween the two treatments. The electronic nose proved to be a usefultool to nondestructively identify and classify tomato fruit exposedto harmful post-harvest practices such as mechanical injuries.

Keywords: Lycopersicon esculentum, mechanical injury,postharvest, storage.

(Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.000)

do produto. Injúrias mecânicas de im-pacto, vibração, compressão, abrasão ecorte estão relacionadas a diversas alte-rações de composição química, física esensorial em maçãs, pepinos, batatas etomates. Hudson & Orr (1977) obser-varam que existe relação direta entre a

ocorrência de injúrias mecânicas deimpacto e abrasão e perda de água embatatas.

Em tomates, a ocorrência de injúriasmecânicas de impacto nem sempre cau-sa uma sintomatologia aparente, isto é,sinais externos e prontamente visíveis.

C.A. da S. Oliveira

Page 21: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

21Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Em alguns casos, a injúria mecânicamanifesta-se apenas internamente, dan-do origem a desordem fisiológica de im-pacto. A ocorrência deste fenômeno foiinicialmente estudada por Halsey (1955),que observou amadurecimento alteradoem frutos de tomate com esta desordem.A ocorrência da desordem fisiológica deimpacto é cumulativa durante as diver-sas etapas de manuseio, e sua severidadedepende da cultivar, estádio de maturaçãoe número de impactos sofridos pelo fru-to (McColloch, 1962, Sargent et al .,1989; Sargent et al., 1992).

Embora exista uma considerávelquantidade de trabalhos abordando osefeitos de injúrias mecânicas sobre a fi-siologia, metabolismo, aparência e qua-lidade de produtos hortícolas submetidosa injúrias mecânicas, há uma lacuna naliteratura no que diz respeito à utilizaçãode equipamentos eletrônicos na detecçãoda alteração de características químicase físicas de frutos de tomate com desor-dem fisiológica de impacto. A detecçãoeletrônica de aromas tem sido amplamen-te utilizada nos últimos anos para a clas-sificação de grãos (Borjesson et al .,1996), classificação de peixes armazena-dos (Di Natale et al., 1996), determina-ção do ponto de colheita em melõescantaloupe (Benady et al., 1995), deter-minação da qualidade de “blueberries”(Simon et al., 1996) e concentração decompostos voláteis em frutos de tomatemaduros em relação ao ponto de colhei-ta (Maul et al., 1998). O interesse portecnologias não destrutivas tem aumen-tado a cada ano. Assim é que técnicascomo medida de firmeza por aplanação(Calbo & Nery, 1995), transmissão deimpulsos acústicos na determinação damaturidade de melões (Sugyama et al.,1994) e fluorescência de pigmentosclorofílicos (DeEll, et al., 1997) têm semostrado ferramentas efetivas para defi-nir e predizer a qualidade de produtosfrescos. Apesar do trabalho com estes ti-pos de ferramentas ter sido intenso nosúltimos anos, a utilização de técnicas não-destrutivas para a avaliação da ocorrên-cia de danos mecânicos em produtoshortícolas ainda não foi avaliada.

O presente trabalho teve por objeti-vo avaliar a utilização de tecnologia não-destrutiva denominada “nariz eletrôni-co” na discriminação de frutos de tomate

com e sem desordem fisiológica causa-da por impacto.

MATERIAL E MÉTODOS

Material vegetal. Frutos de tomate(Lycopersicon esculentum Mill.), da cv.Solar Set, foram colhidos no primeirosemestre de 1997 em campos de produ-ção comercial em Bradenton (Flórida,EUA), para o primeiro experimento, ena estação experimental da Universida-de da Flórida (Gainesville, EUA), paraum segundo experimento. Após a co-lheita, os frutos foram colocados embadejas de isopor (Niles Packaging,Michigan, EUA), similares às usadaspara transportar ovos e levados para olaboratório de pós-colheita no mesmodia. Após seleção para retirada de fru-tos danificados e classificação por ta-manho (63 a 72 mm) e massa (140 ± 10g), os frutos foram tratados com 100 mL.L-1 de etileno gasoso num sistema de flu-xo contínuo (fluxo de 50 mL.s-1) a 20°C.Após atingirem o estádio de amadure-cimento verde-rosado (menos de 10%da superfície do fruto com coloraçãoamarelo-tanino ou avermelhada), os fru-tos foram retirados do tratamento cometileno e submetidos a injuria mecânicade impacto.

Injúria mecânica de impacto earmazenamento. Os frutos foram sub-metidos à queda de uma altura de 0,40m sobre uma superfície metálica, planae rígida. Cada fruto sofreu dois impac-tos em pontos eqüidistantes de uma li-nha equatorial imaginária, tentando-senão atingir a parede locular que separadois lóculos adjacentes. Após o impac-to, os frutos foram armazenados a 20°Ccom 85-90% de umidade relativa atéatingirem a maturidade comercial paraos padrões de firmeza do mercado ame-ricano. O padrão foi determinado quan-do os tomates colocados sobre uma su-perfície côncava de borracha apresen-taram uma deformação maior ou iguala 3 mm quando submetidos a uma forçaestática de 9,8 N aplicada por 5 segun-dos sobre a região equatorial do fruto.A ponta de prova utilizada possuía for-mato convexo e 11 mm de diâmetro. Afirmeza foi medida com um medidor defirmeza do tipo Cornell (Hamson, 1952),adaptado por Gull et al. (1980).

Teste com o “nariz eletrônico”. Aoatingirem o padrão anteriormente deter-minado, os frutos foram submetidos aoteste com o nariz eletrônico (modeloeNose 4000, Neonotronics ScientificCo., Flowery Branch, Georgia, EUA).O equipamento é, como o próprio nomesugere, uma simulação do sistema olfa-tivo humano. Basicamente, ele consistede uma série de 12 sensores químicosnão específicos, cada um mostrandouma resposta distinta aos compostosvoláteis que são liberados pelo produtoobjeto de estudo (NeonotronicsScientific Inc., 1996). A resistência elé-trica dos sensores químicos muda àmedida que a concentração de compos-tos voláteis no espaço amostral aumen-ta. As mudanças na resistência elétricasão traduzidas em números que são en-tão analisados por um sistema de reco-nhecimento, utilizando-se como ferra-menta, por exemplo, a análise de fun-ções discriminantes.

A calibração do sistema, feita compolietileno glicol (PEG), durou 10 mi-nutos e foi feita em três etapas sendomonitorada por um microprocessadoracoplado ao equipamento. Inicialmen-te, o frasco de amostragem foi aspergi-do com ar purificado (fluxo de 7 ml.s-1)por 2 minutos a fim de eliminar-se qual-quer odor estranho à análise a ser feita.Procedeu-se então a aspersão de ar pu-rificado por 4 minutos sobre os 12sensores de polímeros condutores con-tidos na sonda de amostragem com afinalidade de eliminar-se qualquer com-posto que porventura estivesse impreg-nado nos sensores. Finalmente, ossensores foram rebaixados para o inte-rior do frasco de amostragem e foramexpostos por 4 minutos aos compostosvoláteis liberados pelo PEG para cali-brar o equipamento.

Após a calibração, os frutos injuria-dos e não-injuriados foram colocados,individualmente, no frasco de coleta doequipamento e as três etapas descritasanteriormente foram desenvolvidas, ten-do-se dessa vez os frutos como elemen-tos emanadores de compostos voláteis.

O delineamento empregado foi in-teiramente casualizado com 2 tratamen-tos (frutos com desordem fisiológicacausada por impacto e controle) e 8 re-petições, sendo um fruto por repetição.

Nariz eletrônico: detecção de desordem fisiológica causada por impacto.

Page 22: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

22 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Os resultados apresentados são as mé-dias dos dois experimentos conduzidos.Os resultados das alterações nas resis-tências elétricas dos 12 sensores empre-gados foram armazenados numa base dedados e posteriormente analisados. Uti-lizou-se a técnica de análise de funçõesdiscriminantes empregando-se o paco-te de programas STATISTICA (Statsoft,1994). Este procedimento estatístico deanálise multivariada cria funçõesdiscriminantes lineares que maximizamas diferenças entre tratamentos e seusrespectivos controles, otimizando a pro-babilidade de uma re-classificação ten-do por base a concentração de compos-tos voláteis de uma amostra da qual nãose conhecesse a história pregressa. Foicalculada a distância de Mahalanobis(distância entre os centróides de doisgrupos distintos) a fim de comparar-sea extensão da diferença (grau dedissimilaridade) entre os tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O “nariz eletrônico” mostrou-se umatecnologia eficaz na detecção de frutoscom desordem fisiológica de impacto.Ele forneceu informações suficientespara que o procedimento de análisediscriminante multivariada encontrassediferenças significativas (P<0,0041)entre os frutos injuriados e não injuria-dos. A distância de Mahalanobis (28,19unidades) (Figura 1) entre os dois gru-pos de frutos foi um indicativo das dra-

máticas diferenças encontradas pelossensores ao amostrarem os compostosvoláteis que foram produzidos pelos fru-tos. Segundo a análise discriminantemultivariada, os frutos injuriados foramagrupados com escores canônicosvariando entre –15 e –12 e os não inju-riados entre 11 e 15 (Figura 1). A re-classificação dos frutos baseada na aná-lise discriminante foi 100% acurada, istoé, a probabilidade de classificar-se umfruto qualquer como sendo injuriado ounão injuriado foi igual a 1,0.

Acredita-se que as alterações fisio-lógicas e metabólicas observadas nosfrutos com desordem fisiológica de im-pacto possam estar relacionadas com asdiferenças observadas. Os aumentostransientes da evolução de gás carbônicoe etileno (Moretti et al., 1998), altera-ções na concentração de pigmentoscarotenóides, considerados precursoresde vários compostos voláteis em toma-tes (Buttery & Ling, 1993), de compos-tos voláteis chave na determinação dearoma e sabor (Moretti et al., 1997), deácidos orgânicos, vitamina C total e con-sistência (Moretti et al, 1998) podemestar relacionadas com os resultadosdetectados pelo equipamento.

A interpretação da distância deMahalanobis foi útil para contrastar ograu de diferença encontrado entre osfrutos que sofreram injúria mecânica deimpacto e os frutos não injuriados. Adistância obtida entre os grupos de fru-tos injuriados e não injuriados (28,19

unidades) foi quase três vezes maior doque a distância entre frutos intactos noestádio verde-rosado e vermelho (10,72unidades) observada por Maul et al.(1997). Assim, foi possível colocar emperspectiva a importância do manejopós-colheita na obtenção de frutos comsabor e aroma desejáveis.

Acredita-se que compostos voláteiscomo 2-isobutiltriazol, 1-penteno-3-ona,hexanal, cis-3-hexenal, entre outros, te-nham papel importante na percepção desabor de tomates (Kader et. al, 1977;Petró-Turza, 1987). Os resultados obti-dos com esta tecnologia mostram apotencialidade de sua utilização na de-terminação não-destrutiva da qualidadede tomates frescos em indústrias e super-mercados, com um custo relativamentemenor e maior rapidez comparativamenteàs técnicas analíticas. O aroma e o sabordos frutos submetidos à análise com o“nariz eletrônico” poderiam contar a his-tória da vida pós-colheita do fruto quan-do nenhum sintoma visual, como no casoda desordem fisiológica causada por im-pacto, for perceptível. Desta forma, as-segurar-se-ia que um maior número defrutos chegasse com melhor qualidade àmesa do consumidor.

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Escores canônicos

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Nariz eletrônico: detecção de desordem fisiológica causada por impacto.

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24 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Os sistemas de cultivos múltiplosconstituem-se em peça fundamen-

tal na manutenção da pequena proprie-dade agrícola em países em desenvol-vimento ou como componentes de sis-temas agrícolas sustentáveis(Vandermeer, 1981; Santos, 1998). Opotencial desses sistemas relaciona-secom o aumento da eficiência de explo-ração dos recursos naturais e do uso daterra, além de conferir proteção contrapragas e doenças e de reduzir a pressãoexercida por plantas espontâneas sobreas culturas (Altieri, 1995; Liebman,1995; Santos, 1998). Outro fator a sedestacar é o aspecto social desta práti-

PUIATTI, M.; FÁVERO, C.; FINGER, F.L; GOMES, J.M. Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 24-30 , março 2.000.

Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivoassociado.Mário Puiatti1; Claudenir Fávero2; Fernando Luis Finger1; Jorge M. Gomes1

1/UFV – Depto. de Fitotecnia; 2/Bolsista de IC/CNPq – 36.571-000 Viçosa – MG.

RESUMO

Objetivando avaliar a viabilidade agronômica e econômica daassociação inhame e milho doce, foi desenvolvido um trabalho emárea da horta de pesquisas da Universidade Federal de Viçosa, emsistema de consórcio (associação aditiva), utilizando-se inhame(Colocasia esculenta) ‘Chinês’ como cultura principal e milho doce(Zea mays) ‘Doce Cristal’ como cultura contrastante. O inhame foiplantado em sulcos de 12 cm de profundidade, no espaçamento de100 x 30 cm, e o milho doce em covas de 3 cm de profundidade, nafileira de plantio, entre as plantas de inhame, 40 dias após plantio doinhame. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, comquatro repetições, no esquema fatorial (3 x 2) + 2 (três arranjos deplantas: uma planta de milho a cada 30 cm; duas plantas de milho acada 60 cm e três plantas de milho a cada 90 cm x dois manejos dasplantas de milho: sem e com corte e retirada da parte aérea das plan-tas de milho no momento da colheita das espigas verdes + dois con-troles: monoculturas de inhame e de milho doce). Foram avaliadascaracterísticas de crescimento e de produção das culturas, além dosíndices de eficiência dos consórcios. As duas espécies são adequa-das para plantio em sistema de consórcio. O arranjo com uma plantade milho a cada 30 cm propiciou maiores produtividades e índicesde eficiência dos consórcios. Com exceção do arranjo com três plan-tas de milho/cova a cada 90 cm com corte da parte aérea das plantasde milho na colheita das espigas, no qual ocorreram menores índi-ces de eficiência dos consórcios e rendimento financeiro total infe-rior ao da monocultura do inhame, as demais associações estudadasdemonstraram-se viáveis agronômica e economicamente.

Palavras-chave: Colocasia esculenta, Zea mays, cultivos múltiplos.

ABSTRACT

Growth and productivity of taro and sweet corn underintercropping conditions.

An experiment was conducted to evaluate some crop productioncharacteristics and economic viability of intercropping systems usingtaro (Colocasia esculenta) ‘Chinês’, as major crop, and sweet corn(Zea mays) ‘Doce Cristal’ as minor crop. Taro corms were planted in12-cm-deep furrows in a 100 x 30 cm spacing. Sweet corn seeds weresowed in the row between the taro plants 40 days after the main cropplanting. Corn plants were distributed in three arrays, as follows: onecorn plant 30 cm apart; two corn plants 60 cm apart, and three cornplants 90 cm apart; and two growing systems (with and withoutremoving the corn shoot when the ears were harvested at 110 daysafter sowing – soft kernel stage), comprising six treatments ofintergrown and two control treatments (i.e., single crops). Theexperiments were organized in four random blocks, in a factorial arraydesign (3 x 2) + 2 (three distribution of plants: one corn plant 30 cmapart; two corn plants 60 cm apart, and three corn plants 90 cm apartby two systems of corn growth: with and without removal of shootwhen the ears were harvested + two control: single crop of either taroor sweet corn). Data for plant growth, production and the efficiencyfor the different planting systems arrays were collected. Both cropswere suitable for intergrowing systems. Higher values for cropproduction and intergrowing efficiency index were obtained intreatment with one corn plant 30 cm apart. Lower intergrowingefficiency index and economical return were observed in the treatmentwhere each three corn plants were 90 cm apart and shoots wereremoved just after the harvest at the soft kernel stage. The othersintercrop systems were both agronomically and economically viable.

Keywords: Colocasia esculenta, Zea mays, intercropping.

(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000)

ca, uma vez que ao envolver maior uti-lização de mão-de-obra, normalmentede cunho familiar, funciona como me-canismo de integração de seus membrose da comunidade rural reduzindo oêxodo do campo.

Dentre os sistemas de cultivos múlti-plos, o consórcio de plantas, em particu-lar, tem recebido especial atenção, prin-cipalmente pela riqueza de suasinterações ecológicas e do arranjo e ma-nejo das culturas no campo, o que con-trasta com a exploração de sistemas agrí-colas sustentados em monoculturas, comuso intensivo de capital e de “insumosmodernos” (Santos, 1998). Para a maio-

ria dos pequenos proprietários rurais, apreocupação com a produtividade bioló-gica e com o retorno econômico é menorque aquela dispensada ao suprimento dealimentos para a família com mínimoenvolvimento de capital e de riscos(Francis, 1986; Santos, 1998).

Dentre as culturas com grande po-tencial para exploração em sistema deconsórcio, tem-se o inhame (Colocasiaesculenta), que é alimento básico paradiversas populações distribuídas pelomundo, especialmente nas regiões tro-picais e subtropicais úmidas (Wang,1983; Rubatsky & Yamaguchi, 1997).Seus rizomas, além de apresentarem boa

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conservação pós-colheita, são fonte decarboidratos, minerais e vitaminas(Hashad et al., 1956; Plucknett et al.,1970; Sunell & Arditti, 1983; Wang,1983; Puiatti et al., 1990, 1992;Rubatsky & Yamaguchi, 1997). Estaespécie é rustica, de fácil cultivo, ciclolongo porém com flexibilidade de co-lheita, com grande versatilidade quantoàs formas de consumo, tolerante aosombreamento, além de clones comadaptação à condições edafoclimáticasdistintas (Plucknett et al., 1970; de laPena, 1983; Sunell & Arditti, 1983;Wang, 1983; Nolasco, 1984; HerediaZarate, 1988, 1995; Rubatsky &Yamaguchi, 1997). O inhame é uma es-pécie de regiões tropicais úmidas, apre-sentando certa tolerância ao sombrea-mento (Plucknett et al. 1970; de la Pena,1983; Sunell & Arditti, 1983; Wang,1983; Rubatzky & Yamaguchi, 1997),sendo que em alguns países é tradicio-nalmente cultivado em consórcio comcoco, milho e outras culturas, apesar depoder crescer à luz direta (Rubatzky &Yamaguchi, 1997). A tolerância aosombreamento (que pode estar ligada àflexibilidade da arquitetura da planta eà plasticidade na absorção de biomassa),constitui-se em fator chave em determi-nadas associações, e sua ausência temsido a causa do insucesso de associa-ções quando do excessivo sombrea-mento de uma espécie em decorrênciado crescimento acentuado de outra(Cruz & Sinoquet, 1994, citados porSantos, 1998). Por outro lado, o milhodoce (Zea mays), é um importante ali-mento indicado para o consumo huma-no principalmente como fonte de calo-rias, além de vitaminas e proteínas (Pe-reira, 1987; Rubatsky & Yamaguchi,1997). Devido ao sabor adocicado,pericarpo fino e endosperma com tex-tura delicada, o milho doce é indicadopara consumo humano no estádio degrãos verdes (Pereira, 1987; Parentoniet al., 1990; Rubatsky & Yamaguchi,1997; Wolfe et al., 1997). É uma espé-cie de ciclo relativamente curto, rústi-ca, produtiva (Parentoni et al., 1990,1991; EMBRAPA, 1992; Rubatsky &Yamaguchi, 1997), com boa adaptaçãoa grandes amplitudes térmicas(Rubatsky & Yamaguchi, 1997) e porser planta C4, adapta-se melhor a am-bientes com alta luz (Wolfe et al., 1997).

No Brasil, seu cultivo poderá se consti-tuir em boa opção para os agricultoresvisando atender à demanda crescentepelo consumo “in natura” e/ou pela in-dústria de enlatados (Parentoni et al.,1991). Por apresentar hábito de cresci-mento e desenvolvimento temporal dis-tintos ao do inhame, constitui-se numaopção bastante interessante para asso-ciação com inhame. Essa associaçãopermitiria melhorar a exploração daárea, com investimentos reduzidos e re-torno financeiro antecipado ao colher asespigas de milho ainda verdes.

Os objetivos do experimento foramverificar a viabilidade agronômica eeconômica da associação inhame e mi-lho doce, em três arranjos de plantas edois manejos das plantas de milho apósa colheita das espigas verdes.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido em áreada horta de pesquisas da UniversidadeFederal de Viçosa (UFV) no período de05 de setembro de 1988 a 05 de junhode 1989, em solo Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbico, textura argilosa etopografia plana. As análises realizadasnas amostras de solo, nos Laboratóriosde Física e de Química de Solos do De-partamento de Solos da UFV, revelaramos seguintes valores: argila = 55, silte =19, areia fina = 9 e areia grossa = 17dag/kg de solo; pH em água (1:2,5) =5,5; Al+3 = 0,1, Ca+2 = 3,4 e Mg+2 = 0,9cmol

c/dm3; P = 88 e K = 141 mg/dm3 de

solo e C = 2,0 dag/kg de solo.Foi avaliado o consórcio (associa-

ção aditiva) entre as culturas de inhame(cultura principal ou padrão) e de milhodoce (cultura contrastante). O inhamefoi plantado em sulcos de 12 cm de pro-fundidade, no espaçamento 100 x 30 cm.Após a colocação das mudas, no sulcode plantio, foi passado sulcador bico depato, tração animal, entre as linhas deplantio, cobrindo as mudas de inhame eformando os sulcos de irrigação comprofundidade aproximada de 15 cm. Omilho doce foi plantado na fileira deplantio do inhame, em covas com cercade 3 cm de profundidade, feitas comauxílio de enxada, entre as plantas deinhame, 40 dias após plantio (DAP) doinhame.

O delineamento experimental ado-tado foi de blocos ao acaso, com quatrorepetições, no esquema fatorial (3 x 2)+ 2 (três arranjos de plantas: uma plan-ta de milho a cada 30 cm, duas plantas acada 60 cm e três plantas a cada 90 cmx dois manejos das plantas de milho:sem e com corte e retirada da parte aé-rea das plantas de milho por ocasião dacolheita das espigas verdes + dois con-troles: monoculturas de inhame e demilho doce). O corte das plantas de mi-lho foi realizado rente ao solo, com au-xílio de enxada, e a parte aérea das plan-tas foi retirada da área experimentalimediatamente após a colheita das espi-gas verdes.

A parcela experimental foi compos-ta de 4 linhas de 3,60 m de comprimen-to (14,4 m2) e teve como área útil (3,6m2) as duas linhas centrais excetuando-se 0,90 m das extremidades. Os dois tra-tamentos controle (monoculturas deinhame e de milho doce) foram espaça-dos de 100 x 30 cm apresentando popu-lações de 33.333 plantas/ha para inhamee para o milho doce. Para cada cultura,essas populações foram mantidas cons-tantes em todos os tratamentos consor-ciados (associação aditiva); dessa for-ma, variou-se apenas o arranjo das plan-tas e o manejo das plantas de milho docena colheita das espigas verdes.

Para propagação do inhame ‘Chinês’foram utilizados rizomas filhos compeso médio de 55 g, obtidos no bancode germoplasma de hortaliças da UFV.Para o milho, foram utilizadas semen-tes da variedade ‘Doce Cristal’ adquiri-das no comércio, sendo colocadas detrês a cinco sementes/cova, proceden-do-se o desbaste das plântulas em ex-cesso aos 15 dias após emergência, dei-xando-se o número de plantas/cova deacordo com cada tratamento. Em razãodos níveis elevados de nutrientes apre-sentados na análise química do solo nãofoi realizado nenhum tipo de adubação.Foram realizadas, durante o cultivo,quatro capinas manuais, aos 40, 75, 125e 185 dias após o plantio (DAP) doinhame. Na ausência de chuvas, e até30 dias antes da colheita do inhame, fo-ram realizadas irrigações semanais, porinfiltração, nos sulcos formados entre aslinhas de plantio, aplicando-se, em cadairrigação, uma lâmina de água de cerca

Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.

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de 40 mm, considerada suficiente paraatender às necessidades das culturas deinhame (Soares, 1991) e do milho doce(EMBRAPA-CNPMS, 1992).

Durante o desenvolvimento das cul-turas, seis plantas de inhame previamen-te escolhidas e identificadas na parcelaútil, foram avaliadas mensalmente, apartir de 70 até 250 DAP, quanto a áreafoliar, a altura de planta e o número defolhas emitidas. Para avaliação da áreafoliar foi utilizado o método deChapman (1964), adaptado para oinhame ‘Chinês’ por Nolasco (1984),utilizando-se da equação Y = 242,0 .X0,6656. O valor X utilizado correspondeuao valor médio das medidas tomadas daúltima folha emitida com o limbo foliartotalmente expandido das seis plantasidentificadas. Para o cálculo do Índicede Área Foliar (L – dm2/m2), o valor Yfoi multiplicado pelo número médio defolhas fotossinteticamente ativas/plan-ta e pelo número de plantas presentesna área útil da parcela, dividindo-se ovalor encontrado pela área útil da par-cela (3,6 m2). A altura de plantas foiobtida pela distância da superfície dosolo até a inserção do pecíolo no limbofoliar da folha utilizada para mediçõesda área foliar. Considerou-se, para onúmero de folhas emitidas no intervalodas avaliações, as folhas com o limboaberto.

Aos nove meses do plantio doinhame, após atingida a maturação, asplantas de inhame foram colhidas e ava-liadas quanto a produção de rizomas. Osrizomas mãe foram separados, e os

rizomas filhos classificados, com baseno diâmetro transversal, de acordo comPuiatti et al. (1990), nas classes extra =filho grande (>47 mm), especial = filhomédio (40-47 mm), primeira = filhopequeno (33-40 mm) e refugo (<33mm), contados e pesados. Considerou-se produção comercial o somatório dastrês primeiras classes.

Para o milho doce, aos 90 DAP, foiavaliada a altura de plantas (do nível dosolo até o ápice do pendão floral), altu-ra da inserção da primeira espiga e diâ-metro do colmo a 1,0 m de altura do ní-vel do solo. Aos 110 DAP do milho (150DAP do inhame), com as espigas apre-sentando grãos verdes (“estádio depamonha”), as plantas tiveram as suasespigas colhidas e avaliadas quanto aprodução de espigas com e sem palha(número e peso de espiga).

A Produtivade Relativa da parte co-lhida de cada Cultura (PRc) foi calcula-da pela relação entre a produtividade dacultura em associação/produtividade darespectiva cultura solteira(monocultura); o Índice de Eficiência daTerra (IET) consistiu do somatório dasPR de cada cultura na respectiva asso-ciação: IET= PRi + PRm, onde: PRi ePRm = Produtividades Relativas doinhame (i) e do milho (m). No cálculodo rendimento financeiro considerou-se,para o milho doce, a produtividade to-tal de espigas em palha com valor mé-dio de R$ 5,00/saca de 25 kg nas Cen-trais de Abastecimento de Belo Horizon-te (CEASA-BH) no mês de fevereiro/98 (correspondendo ao mês da colheita

do milho). Para o inhame calculou-se orendimento ponderado, considerando-seo somatório das multiplicações das pro-dutividades de cada classe de inhamepelo respectivo valor médio decomercialização na CEASA-BH, nomês de junho/98 (correspondendo aomês da colheita do inhame), valendo asaca de 20 kg: R$ 3,00, R$ 11,00, R$8,00 e R$ 4,00, respectivamente pararizomas mãe, filho grande, filho médioe filho pequeno.

Exceto para os dados de crescimen-to das plantas de inhame e os índices deeficiência das associações, os quais sãoapresentados como valores médios semanálise estatística, para os demais da-dos obtidos foi realizada a análise devariância, e às médias aplicado o testede Tukey a 5% de probabilidade. Con-siderou-se, para efeito de análise esta-tística do fatorial, apenas observaçõesadvindas de cada cultura, conformeWijesinha et al. (1982). Valores oriun-dos de contagem foram transformadospor x + 0,5 para proceder às análisesestatísticas. Os rendimentos financeiros(R$/ha) da monocultura do inhame (con-trole) e das associações (fatorial) foramcomparados pelo teste de Dunett a 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os tratamentos em associaçãoafetaram o crescimento da parte aéreadas plantas de inhame (Figura 1). Noperíodo entre 30 e 90 DAP do milho (70a 130 DAP do inhame), observou-se,

Arranjo1 AP (cm)AIE(cm)

DC(cm) EP

PME (g)PC/m2

PE (kg/ha)RF (R$/ha)

C/ palha S/ palha C/ palha S/ palha

1/30 278,9 139,2 2,20 1,44 347,3 160,6 2,62 a 13.026, a 6.039 2.605,20 a

2/60 279,9 139,8 2,29 1,46 356,1 169,8 2,18 b 11.531, ab 5.467 2.306,10 b

3/90 275,2 139,0 2,39 1,47 350,3 162,6 2,20 b 11.169, b 5.193 2.233,90 c

Fatorial 278,0 139,3 2,30 1,46 351,2 164,4 2,34 11.909, 5.566 2.381,73

Monocultivo 297,4 148,8 2,44 1,52 374,8 178,5 2,67 15.208, 7.239 3.041,60

CV (%) 4,6 7,4 7,2 9,6 7,0 7,7 12,3 10,0 13,0 10,0

Tabela 1. Alturas de planta (AP) e de inserção da 1a espiga (AIE), diâmetro de colmo (DC), número de espigas/planta (EP), peso médio deespigas (PME) com e sem palha, número de plantas colhidas/m2 (PC), produção de espigas/ha (PE) com e sem palha e rendimento financei-ro (RF) proporcionado pela cultura do milho ‘Doce Cristal’ em consórcio com inhame ‘Chinês’ em função do arranjo das plantas. Viçosa,UFV, 1988-89.

*/Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm.

M. Puiatti et al.

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visualmente, crescimento acentuado dasplantas de milho, as quais ocasionaramsombreamento progressivo das plantasde inhame nos tratamentos em associa-ção. Apesar da maioria das espécies dafamília Araceae serem consideradasplantas de sombra (Rubatzky &Yamaguchi, 1997), o sombreamento dasplantas de inhame proporcionado pelasplantas do milho doce, promoveu, nes-sa fase, o alongamento dos pecíolos dasplantas de inhame fazendo com que es-sas atingissem maior altura de planta,comparado ao cultivo solteiro (Figura1C); além disso, para a maioria das as-sociações, o sombreamento tambémpromoveu a expansão do limbo foliardas plantas de inhame, visto que obser-vou-se aumento do índice de área foliar(Figura 1A), sem contudo ter ocorridoalteração na taxa de acúmulo de folhas(Figura 1B). Com a colheita das espi-gas de milho (110 DAP do milho ou 150DAP do inhame), observou-se nas plan-tas de inhame dos tratamentos associa-dos, necrose das folhas superiores, pos-sivelmente em razão do aumento repen-tino na exposição dessas plantas à luzdireta; essa necrose levou à diminuiçãodrástica da área foliar das plantas deinhame dessas associações (Figura 1A),além de um atraso na emissão de novasfolhas (Figura 1B), mesmo nas associa-ções nas quais as plantas de milho nãosofreram corte na colheita das espigas(T1, T2 e T3). Todavia a injúria(necrose) nas folhas foi mais pronuncia-da nas associações com maior númerode plantas de milho/cova e com a remo-ção da parte aérea das plantas de milho(T5 e T6 – Figura 1), possivelmente emdecorrência de um maior sombreamentoinicial provocado pelas plantas de mi-lho às plantas de inhame adjacentes.

Pela análise de variância observou-se efeito significativo do arranjo de plan-tas somente para a cultura do milho, emque com uma planta de milho a cada 30cm proporcionou maiores número deplantas colhidas/m2, produção de espi-gas com palha e rendimento financeiropela cultura (Tabela 1). O manejo deplantas teve efeito significativo somen-te sobre a produção de rizomas mãe,cujo valor foi maior quando não se pro-cedeu o corte das plantas de milho nacolheita das espigas (Tabela 2). Ainteração arranjo x manejo foi signifi-

Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.

Figura 1. Índice de área foliar (A), número de folhas acumuladas (B) e altura de plantas (C)de inhame ‘Chinês’ em monocultura e em associação com milho doce ‘Doce Cristal’, avalia-das entre 70 e 250 dias após o plantio. T1, T2 e T3 correspondem, respectivamente, aoarranjo com uma planta de milho a cada 30 cm, com duas plantas de milho a cada 60 cm ecom três plantas de milho a cada 90 cm, mantendo-se as plantas de milho após a colheita dasespigas verdes; T4, T5 e T6, correspondem respectivamente, aos tratamentos T1, T2 e T3,procedendo-se o corte das plantas de milho e a retirada dessas plantas da aérea de cultivo nacolheita das espigas verdes; T7 corresponde à monocultura de inhame. Seta indica a épocaem que foi realizada a colheita das espigas de milho. Viçosa, UFV, 1988/89.

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cativa somente para rendimento financei-ro das culturas associadas (Tabela 3), emque o corte das plantas de milho no ar-ranjo com três plantas de milho a cada90 cm proporcionou menor rendimento fi-nanceiro. Com exceção para altura de in-serção da primeira espiga, diâmetro de col-mo e peso médio de espigas, as médias domonocultivo das demais característicasanalisadas, para ambas culturas, foramsignificativamente superiores às médiasdo fatorial (Tabelas 1 e 2).

Apesar das plantas de inhame, nasassociações, terem apresentado recupe-ração parcial da parte aérea (após a co-lheita das espigas do milho) com o de-correr do ciclo, possuindo no final dociclo índice de área foliar próximo aodo controle (Figura 1A), a produção dasclasses de rizomas dos tratamentos as-sociados foi afetada de forma significa-tiva em relação à monocultura deinhame (Tabela 2). Em inhame os açú-cares solúveis (principalmente os redu-tores) sintetizados no limbo foliar são

translocados para os rizomas (órgãosprincipais de reserva) passando antespor um “armazenamento temporário”nos pecíolos (Hashad et al., 1956). Des-sa forma, o armazenamento de reservasnos rizomas é altamente dependente daintegridade das estruturas aéreas (limboe pecíolo), e qualquer alteraçãomorfofisiológica dessas estruturas po-derá afetar a síntese, a quantidade e avelocidade de translocação dos açúca-res, repercutindo no crescimento dosrizomas. Danos à parte aérea durante ociclo podem refletir negativamente naprodução de rizomas, uma vez que, con-forme observado nos inhames ‘Chinês’e ‘Japonês’, os rizomas filhos iniciamseu crescimento em torno de 165 DAPdo inhame (Puiatti et al., 1992), poden-do contudo ocorrer variações entreclones e efeito ambiental (Plucknett etal., 1970; Herédia Zarate, 1988, 1995).

O arranjo com uma planta de milho acada 30 cm foi o que menos afetou a pro-dução de rizomas, o qual apresentou,

comparativamente aos demais arranjos eà média do fatorial, valores de produção(exceto para filho médio e filho peque-no), rendimento financeiro e PRi nume-ricamente maiores (Tabelas 2 e 4). Poroutro lado o arranjo com três plantas demilho a cada 90 cm proporcionou, excetopara produção de filho pequeno, os me-nores valores para essas características.Nesse último arranjo as plantas deinhame adjacentes à cova do milho pro-vavelmente tenham sofrido maior com-petição por fatores de crescimento comoluz, água e nutrientes, visto que menoresvalores de crescimento dessas plantasforam observados durante o ciclo e, emespecial, quando procedeu-se o corte dasplantas de milho na colheita das espigas(Figura 1). A competição por luz em as-sociações é um dos principais fatores quelimita crescimento das culturas associa-das, e a maior habilidade de uma culturaem interceptar a radiação fotossintéticaativa pode representar uma maior capa-cidade de explorar nutrientes e água dosolo (Harper, 1977).

As culturas podem apresentar me-canismos de compensação da produti-vidade que podem ocorrer em função demodificações das populações dessasculturas nas associações, bem como nosarranjos espaciais dessas e mesmo emfunção do sincronismo de plantio e dodesenvolvimento temporal das espéci-es (Santos, 1998). No inhame ‘Chinês’,foi observada redução do peso da mas-sa do rizoma mãe com aumento da

Arranjo1Manejo2

S/ corte C/ corte

1/30 7.556,83 a A 8.502,40 a A2/60 7.272,30 a A 7.700,50 a A3/90 7.325,65 a A 5.884,20 b B

Tabela 3. Rendimento financeiro (R$/ha) das culturas de inhame ‘Chinês’ e de milho ‘DoceCristal’ em associação em função do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.

*/Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não dife-rem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey;1,2/Vide legenda da Tabela 2.

M. Puiatti et al.

Arranjo1 RM (kg/ha) FG (kg/ha) FM (kg/ha) FP (kg/ha) RC (kg/ha) RT (kg/ha) RF (R$/ha)1/30 4.535 5.921 3.501 437 9.422 14.393 5.424,402/60 4.429 5.421 3.670 333 9.091 13.853 5.180,103/90 3.755 4.327 3.343 455 7.669 11.879 4.371,03Manejo2

S/ corte 4.786, a 5.017 3.481 395 8.498 13.679 4.948,58C/ corte 3.693, b 5.429 3.528 421 8.957 13.071 5.035,10Fatorial 4.240 5.223 3.504 408 8.728 13.375 4.991,84Monocultivo 5.895 9.882 4.778 665 14.600 21.160 8.330,55CV (%) 17,4 22,7 21,0 17,1 19,9 17,3 18,6

Tabela 2. Produção de rizomas mãe (RM), filho grande (FG), filho médio (FM), filho pequeno (FP), comerciais (RC) e total (RT) erendimento financeiro (RF) proporcionado pela cultura do inhame ‘Chinês’ em consórcio com milho ‘Doce Cristal’ em função do arranjo edo manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.

*/Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm.2/ S/ corte = plantas de milho permaneceram até a colheita do inhame; C/ corte = plantas de milho foram cortadas rente ao solo e retiradas daárea de cultivo quando da colheita das espigas verdes.

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densidade populacional (Silva et al.,1971). No presente trabalho a menorprodução de rizomas mãe quando docorte da parte aérea das plantas de mi-lho pode ter favorecido o crescimentodos rizomas filhos, embora esse au-mento não tenha sido significativo(Tabela 2).

A cultura do milho foi a que maiscontribuiu para o IET, apresentando, nosdois fatores em estudo (arranjo e mane-jo), maiores valores de PR que a culturado inhame (Tabela 4). Tal fato eviden-cia que a cultura do milho teve compor-tamento de cultura dominante (Santos,1998); por essa razão as associações nãointerferiram no seu crescimento, expres-so pela altura de inserção da primeiraespiga, diâmetro de colmo e peso mé-dio de espigas com e sem palha, em queas médias dessas características nos cul-tivos associados (fatorial) não diferiramde forma significativa das médias domonocultivo (Tabela 1). Em situaçõesde distribuição uniforme dos indivíduos,como ocorre nos arranjos aditivos (casoem questão), a espécie que apresentacrescimento mais rápido sobressai e su-planta a menos vigorosa (Harper, 1977),o que pode ter acontecido com milhoem relação ao inhame. Apesar dos fato-res em estudo (arranjo e manejo) nãoterem tido efeito sobre as característi-cas de crescimento das plantas e dasespigas de milho, o número de plantasde milho colhidas/m2 e a produção deespigas com palha foram menores nosarranjos com maior número de plantas/cova (Tabela 1). Isso demonstra que,mesmo sendo cultura dominante, nosarranjos com maior número de indiví-duos/cova as plantas de milho sofreramcompetição em alguma fase do desen-volvimento o que afetou de alguma for-ma a sua prolificidade. O milho é umaplanta com metabolismo C4, e como talmelhor adaptada a ambientes com altairradiancia (Wolfe et al., 1997); consi-derando que seu plantio ocorreu 40 DAPdo inhame, as plantas de milho em ar-ranjo com maior número/cova podem tersofrido competição por luz com a cul-tura do inhame (e entre si) no estádioinicial de desenvolvimento. A competi-ção por outros fatores e em outras fasesde desenvolvimento da cultura, espe-cialmente durante o enchimento dosgrãos, quando ambas culturas já apre-

Arranjo1 PRi PRm IET1/30 0,68 0,86 1,542/60 0,66 0,76 1,423/90 0,57 0,74 1,31Manejo2

S/ corte 0,65 0,80 1,45C/ corte 0,62 0,77 1,39Fatorial 0,64 0,78 1,42Monocultivo 1,0 1,0 1,0

Tabela 4. Produção relativa de rizomas de inhame ‘Chinês’ (PRi) e de espigas com palha demilho ‘Doce Cristal’ (PRm) e índice de eficiência da terra (IET) nas associações em funçãodo arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.

1,2/Vide legenda da Tabela 2.

sentavam os sistemas radiculares desen-volvidos, não deve ser descartada. In-terferências negativas entre espéciesvegetais nas associações podem estarligadas a diversos fatores, tais como:competição por recursos como água,nutrientes, CO

2 e luz, ou ainda por mo-

dificações danosas no microclima e/ouefeitos alelopáticos (Vandermeer, 1981;Santos, 1998), em que a intensidadedessas interações pode ser alterada pelograu de sincronismo entre o crescimen-to das espécies envolvidas e o estádiofenológico em que se dá a interferência(Harper, 1977).

Apesar das culturas em associaçãoterem apresentado menores produtivi-dades que as respectivas monoculturas(Tabelas 1 e 2), observa-se pelo IET(Tabela 4), que as associações forameficientes, uma vez que em todas o IETfoi superior a 1,00, indicando que asculturas são adequadas para serem con-sorciadas (Santos, 1998); ou seja, paraque as monoculturas produzissem omesmo que um hectare das duas cultu-ras juntas haveria a necessidade de áreade cultivo total, das duas culturas sol-teiras, superior a um hectare. Isso evi-dencia que, de acordo com o “Princípioda Produção Competitiva” deVandermeer (1981), a competição queocorreu nessas associações pode serconsiderada como do tipo “competiçãomútua suficientemente fraca”, uma vezque, para áreas iguais, as duas culturasem associação produziram mais que asrespectivas monoculturas. Esse tipo deresultado é altamente desejável face àslimitações que pesam sobre os peque-nos agricultores, e demonstra o poten-

cial do sistema de cultivo em consórciopara a pequena propriedade agrícola, naqual a limitação de área disponível setorna num dos fatores mais limitantes(Santos, 1998). Observa-se ainda (Ta-bela 4), que os maiores valores de IETforam alcançados pelo arranjo com umaplanta de milho a cada 30 cm, e semcorte da parte aérea das plantas de mi-lho na colheita das espigas, os quais pro-piciaram as maiores contribuições emtermos de produtividade relativa da par-te colhida para o inhame (PRi) e paramilho (PRm). Além disso, o arranjo comuma planta de milho a cada 30 cm pro-porcionou rendimento financeiro pelomilho significativamente superior aosdemais arranjos (Tabela 1); comporta-mento semelhante, embora não signifi-cativo, foi observado para o inhame (Ta-bela 2). Todavia a associação que pro-porcionou, numericamente, maiores ín-dice de eficiência (IET = 1,55) e rendi-mento financeiro foi a que envolveu oarranjo de uma planta de milho a cada30 cm com o corte das plantas na co-lheita. Nessa associação o inhame apre-sentou 72% do rendimento financeiroproporcionado pela respectiva mono-cultura de inhame, que somado ao ren-dimento proporcionado pelo milho(82% do rendimento proporcionadocom a monocultura do milho), alcançouo montante de R$ 8.502,40/ha (Tabela3); destaca-se ainda que o rendimentoproporcionado pelo milho ocorreu an-tecipadamente com a venda das espigas,fato esse que vem demonstrar o poten-cial dessa associação. A complemen-tariedade ou não-coincidência dos ciclosde crescimento e produção das culturas

Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.

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30 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

associadas é um dos mecanismos quelevam ao sucesso as associações (San-tos, 1998), e pode ser o caso dessa asso-ciação, inhame com milho doce.

Dentre as associações estudadas, oarranjo com três plantas de milho a cada90 cm com corte da parte aérea das plan-tas de milho na colheita das espigas, foia menos eficiente (IET =1,19), e a únicaque apresentou rendimento financeirototal (inhame + milho) inferior ao damonocultura do inhame (teste de Dunett,P<0,05) e às demais associações (Tabela3). O que mais contribuiu para o baixoIET nessa associação foi a pequena PRdo inhame (0,47), embora também tenhasido a menor PR alcançada pelo milho(0,72); esses valores podem ter sido de-vidos a interferências sofridas pelas plan-tas nessa associação, principalmente peloinhame, conforme discutido.

A exceção do arranjo com três plan-tas de milho a cada 90 cm que apresen-tou menores valores de PR e IET (Ta-bela 4) e rendimentos físico e financei-ro pelas culturas (Tabelas 1 e 2) os de-mais arranjos apresentaram rendimen-tos físico e financeiro próximos entre si,destacando-se o arranjo com uma plan-ta de milho a cada 30 cm. O efeito domanejo das plantas de milho na colhei-ta das espigas (sem ou com corte) foipouco expressivo.

Os resultados obtidos nesse trabalhoevidenciam a viabilidade agronômica eeconômica das associações de inhamee milho doce. A escolha do tipo de as-sociação deverá levar em consideraçãoas peculiaridades de cada propriedade ea preferência do mercado acomercializar os produtos. Há de se con-siderar ainda que, nos tratamentos as-sociados, parte do retorno financeiroocorreu antecipadamente com a vendado milho verde (150 DAP do inhame).Além disso, nas associações com a reti-rada da parte aérea das plantas de milhoainda verdes teria o opcional de forne-cer material vegetal para alimentaçãoanimal levando à produção de leite e/oucarne, além do esterco. Esse estercopoderia voltar diretamente à área emcultivos posteriores, ou indiretamente

via composto orgânico, repondo, emparte, os nutrientes removidos pelas cul-turas. Nesses casos, entretanto, deve serfeita uma análise da relação custo/be-nefício em função do gasto com mão-de-obra para execução de tais procedi-mentos, especialmente na obtenção docomposto.

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31Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Tem sido demonstrado por meio deresultados experimentais que a

utilização da cultura de tecidos em alho,com intuito de eliminar viroses, tem re-sultado em materiais com crescimento eprodução significativamente superioresaos multiplicados pela via convencional(Resende, 1997). Esse comportamentosugere que as exigências nutricionais des-tas plantas serão alteradas pela ausênciade viroses nos materiais limpos de vírus.Portanto, para viabilizar a utilização doalho oriundo de cultura de tecidos em es-cala comercial, muitas questões relacio-nadas à nutrição e adubação precisam seresclarecidas, para que o produtor possaexplorar todo potencial produtivo propor-cionado pela cultura de tecidos.

Neste contexto, o N merece atençãoespecial por ser um dos nutrientes maisexigidos pela cultura do alho e pela sua

RESENDE, F.V.; OLIVEIRA, P.S.R. de; SOUZA, R.J. de. Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos,cultivado com doses elevadas de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 31-36, março 2.000.

Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente decultura de tecidos, cultivado com doses elevadas de nitrogênio.Francisco V. Resende1; Paulo Sérgio R. de Oliveira1; Rovilson José de Souza2

1 UNIMAR - Faculdade de Ciências Agrárias, C. Postal 554, 17.525-902 Marília - SP; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG.

RESUMO

Este trabalho foi realizado em Marília (SP), com o objetivo deestudar o crescimento, produção, absorção de N e as correlações entreestas características, no alho obtido por cultura de tecidos, cultivadoem doses elevadas de N. Foram utilizadas cinco doses de N: 0, 80,140, 200 e 250 kg/ha, adotando-se delineamento experimental de blo-cos casualizados com quatro repetições. O número de folhas/planta ea razão bulbar aumentaram proporcionalmente à elevação da dose deN no solo. A altura da planta e o acúmulo de matéria seca, por outrolado, demostraram uma resposta quadrática, aumentando até as dosesde 180 e 164 kg/ha de N, respectivamente. A acumulação de N tam-bém seguiu o comportamento quadrático para parte aérea e bulbo,entretanto, somente o bulbo apresentou um ponto máximo de acúmulona dose de 182 kg/ha. Para produção total de bulbos, verificou-se umcomportamento quadrático, aumentando até a dose de 234 kg/ha deN. A produção comercial foi afetada negativamente pelos níveis de Nmais elevados, apresentando uma curva de resposta quadrática. A pro-dução comercial máxima estimada (18,74 t/ha) foi verificada para umadose de 194,4 kg de N por hectare. Os níveis de resposta ao N do alhoproveniente da cultura de tecido mostraram-se superiores ao do alhomultiplicado de forma convencional. Foram verificadas correlaçõesaltamente significativas entre a quantidade de N extraída e as caracte-rísticas de produção da planta.

Palavras-chave: Allium sativum L., multiplicação “in vitro”,adubação nitrogenada.

ABSTRACT

Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissueculture, cultivated under high nitrogen levels.

This work was accomplished in Marília county, State of SãoPaulo - Brazil, with the objective of studying the growth, production,N uptake and correlations between these characteristics, on tissueculture garlic cultivated under high nitrogen levels. Five levels of Nwere used: 0, 80, 140, 200 and 250 kg/ha in a randomised blockdesign with four replications. The number of leaves per plant andthe bulbing ratio increased under high N levels in the soil. The plantheight and dry matter accumulation showed a quadratic response,reaching maximum values at N levels of 180 and 164 kg/ha,respectively. The N-accumulation on leaves and bulbs also followedthe quadratic behaviour, although only the bulb showed a maximumvalue of N-accumulation under the level of 182 kg/ha. For total yield,a quadratic effect was observed, increasing up to 234 kg/ha of N.The commercial yield was negatively affected by the high N levels,showing a quadratic effect. The maximum estimated commercialyield (18.74 t/ha) was obtained under 194.4 kg/ha of N. Garlic plantsoriginated from tissue culture had better response to higher N levelsthan those whose bulbs were multiplied in the field. Highly significantcorrelations were observed between N-accumulation and the plantproduction components.

(Aceito para publicação em 11 de fevereiro de 2.000)influência na severidade de várias doen-ças, destacando-se nesse caso as viro-ses. Sabe-se que em alguns situações, ovírus pode direcionar para sua reprodu-ção até 75% do conteúdo de proteínasde uma célula, além de afetar o conteú-do de outros compostos ricos em Ncomo os açúcares e a clorofila (Gibbs& Harrison, 1979).

Verifica-se, na literatura internacio-nal, resposta a níveis elevados de N peloalho, podendo chegar a 360 kg/ha(Maksoud et al., 1984). No Brasil, entre-tanto, o alho responde a níveis bem maismodestos, atingindo no máximo 100 kg/ha (Menezes Sobrinho et al., 1974). Nocaso de alho proveniente de cultura detecidos comprovou-se a capacidade deresposta ao N em níveis significativamen-te superiores aos materiais multiplicadosde forma convencional. (Barni & Garcia,

1994; Resende, 1997), verificaram queo alho proveniente de cultura de tecidosrespondeu efetivamente às adubaçõesmais pesadas com N que as plantas damesma cultivar multiplicadas de formaconvencional.

Partindo das observações desses au-tores, procurou-se neste trabalho iden-tificar a real capacidade de resposta aoN por plantas de alho provenientes decultura de tecidos, avaliando o compor-tamento das mesmas quando cultivadasem níveis elevados de N, bem comocorrelacionar, nestas condições, a quan-tidade de N absorvida pela planta comseu crescimento e produção.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado na Uni-versidade de Marília (UNIMAR), em

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32 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Marília (SP), utilizando material propa-gativo da cultivar Gigante Roxão mul-tiplicado através de cultura de tecidos,no Laboratório de Biotecnologia da Uni-versidade Federal de Lavras (UFLA). Asplantas utilizadas neste trabalho forammultiplicadas durante dois anos em cam-pos isolados de lavouras comerciais emLavras (MG). Em função da ausência decaracterização das viroses que ocorremno alho no Brasil e, consequentemente,inexistência de anti-soros específicos(Dusi, 1995), não foram realizados tes-tes de indexação para presença de viro-ses nas plantas estudadas.

A cultivar Gigante Roxão pertenceao grupo dos alhos semi-nobres (ciclomédio), apresenta bulbos com películade coloração arroxeada, pequena inci-dência de bulbilhos “palitos”, boa resis-tência ao pseudo-perfilhamento e adap-tação às condições de plantio do Sudes-te e Centro Oeste do país dispensando anecessidade de vernalização(EMBRAPA, 1984).

O experimento foi conduzido naFazenda Experimental da UNIMAR noperíodo de 16/04/1997 a 23/09/1997 emum solo classificado como PodzólicoVermelho Amarelo de transição abrup-ta, com as seguintes características quí-micas: pH em CaCl

2: 6,2; matéria orgâ-

nica: 20,8 g dm-3; P: 121 mg dm-3; K:5,1 mmol

c dm-3; Ca: 43 mmol

c dm-3; Mg:

26 mmolc dm-3; V: 82%.

As adubações de plantio basearam-se em recomendações para o Estado de

São Paulo, seguindo informações doBoletim 100 (Raij et al., 1996) para oalho comum, constando de 120 kg/ha deP

2O

5, 40 kg/ha de K

2O, 10 kg/ha de áci-

do bórico e sulfato de zinco e 50 kg/hade sulfato de magnésio.

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos casualizados, com qua-tro repetições. As parcelas foram dimen-sionadas com 1,00 m de largura por 2,00m de comprimento, constando de 5 filei-ras de 20 plantas, totalizando 100 plan-tas/parcela. Como área útil, foram con-sideradas as três fileiras centrais, excluin-do-se as duas últimas plantas de cadaextremidade da parcela. O espaçamentoutilizado para o plantio foi de 0,10 mentre plantas e 0,20 m entre fileiras.

Os tratamentos constituíram-se decinco doses de nitrogênio: 0, 80, 140,200 e 250 kg/ha, utilizando uréia comofonte, parceladas em três aplicações: noplantio, aos 45 e 70 dias após o plantio.

Após o plantio foi colocado sobre oscanteiros, uma camada de 5 cm de cascade arroz (cobertura morta) com a funçãode manter a umidade e a temperatura dosolo adequadas à emergência dasplântulas. O controle das plantas dani-nhas foi realizado com aplicações empós-emergência, utilizando os herbicidasFluazifop-butyl e Linuron nas dosagensrecomendadas para cada produto e capi-nas manuais quando necessário. Foramrealizadas pulverizações semanais comprodutos à base de Mancozeb, Iprodione,

Tebuconazole, Vamidothion e Parathion-metyl visando o controle preventivo depragas e doenças.

Foram avaliados aos 80 e 120 diasapós o plantio, a altura da planta, o nú-mero médio de folhas/planta e a razãobulbar que mede a relação entre o diâ-metro do pseudocaule e diâmetro dobulbo em formação, fornecendo umaestimativa da taxa de bulbificação daplanta (Mann, 1952). Aos 120 dias fo-ram coletadas amostras de 3 plantas/parcela, secadas em estufa a ± 70oC atépeso constante para obtenção da produ-ção de matéria seca. A quantificação doN na planta foi realizada no Laborató-rio de Solos e Adubação da Universida-de de Marília pelo método semi-micro-kjeldahl com digestão ácida quente.

As plantas atingiram o ponto de co-lheita aos 160 dias após o plantio. Osbulbos foram curados em local seco eventilado durante 50 dias, sendo entãoclassificados por tamanho e pesadospara obtenção das produções total e co-mercial. Para produção comercial foramconsiderados apenas bulbos com diâme-tro superior a 35 mm, intactos, livres desintomas de ataque de pragas e doençase em perfeito estado de conservação.

Os dados obtidos foram submetidosaos testes de Lilliefors e Barttlet paraverificar, respectivamente, o ajuste aoscritérios de normalidade ehomogeneidade exigidos para a análisede variância (Little & Hills, 1978). Osvalores médios das características estu-dadas foram ajustados à curva de res-posta (regressão) em função das dosesde N (Gomes, 1990).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As doses de N influenciaram signi-ficativamente (p<0,01) a altura da plantae o número médio de folhas/planta aos80 e 120 dias após o plantio. Os resulta-dos para a altura das plantas indicaramaos 80 dias, uma tendência linear de res-posta ao aumento das doses de N, en-quanto aos 120 dias prevaleceu um com-portamento tipicamente quadrático (Fi-gura 1). O número médio de folhas apre-sentou uma relação linear, aumentandoproporcionalmente ao incremento dasdoses de N aos 80 e 120 dias (Figura 2).A altura da planta alcançou, aos 120

F.V. Resende et al.

Figura 1. Altura aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de culturade tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.

80 dias - Y = 54,99 + 0,047X; R2 = 0,87**120 dias - Y = 49,38 + 0,124X - 0,00034X2 ; R2 = 0,91**

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33Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

dias, um valor máximo estimado de 60,7cm para a dose de 182,3 kg/ha. Para onúmero médio de folhas/planta o valormáximo ocorreu fora do intervalo dedoses estudados. Uma vez que o desen-volvimento vegetativo do alho intensi-fica-se no período entre 60 e 120 diasapós o plantio (Silva et al., 1970), a res-posta linear apresentada aos 80 dias tor-na-se coerente, pois nesse período asplantas encontram-se em pleno cresci-mento. Da mesma forma, o comporta-mento quadrático aos 120 dias, explica-se pela coincidência com o início dasenescência da parte aérea.

O efeito positivo do N no crescimen-to e no aumento da massa foliar do alhotem sido observado tanto em plantasmultiplicadas de forma convencional(Souza, 1990; Resende, 1992), quantoprovenientes de cultura de tecidos(Resende, 1997).

As produções de matéria seca dasfolhas (p<0,05), bulbo (p<0,01) e total(p<0,01), aos 120 dias após o plantio,mostraram-se significativamente influen-ciadas pelo aumento das doses de N,apresentando para todas estas caracte-rísticas, com exceção da matéria secatotal que mostrou comportamento linear,relação quadrática com o aumento de Nno solo (Figura 3). As respostas signifi-cativas obtidas nesta época foram sus-tentadas pelo trabalho de Silva et al.,(1970). Segundo estes autores, entre 90e 135 dias a bulbificação do alho é in-tensificada resultando no aumento dademanda de nutrientes (principalmenteN e K). Durante este período a plantaabsorve 49% do N total e os bulbos pas-sam a responder por mais de 50% damatéria seca total da planta (Zink, 1963).

Analisando-se as curvas de ajuste(Figura 3), observa-se que a quantidadede matéria seca cresceu para parte aéreaaté a dose de 183,3 kg/ha (8,96 g/plan-ta), para o bulbo até 168 kg/ha (13,25 g/planta) e para o total até 166,6 kg/ha(23,50 g/planta) de nitrogênio. Estes re-sultados complementaram as observa-ções de Resende (1997), que verificouaumentos lineares na matéria seca, numintervalo de doses de 0 e 140 kg/ha de N,em folhas, bulbos e raízes de plantasmultiplicadas através de cultura de teci-dos. Em plantas multiplicadas pela viaconvencional, segundo este autor, os pon-

tos máximos de produção de matéria secaforam obtidas nas doses de 105 e 102 kg/ha, respectivamente, na parte aérea e to-tal, e 118 kg/ha para o bulbo aos 110 diasapós o plantio.

A razão bulbar foi afetada pelo Napenas aos 120 dias (p=0,06), traduzin-do-se numa relação linear positiva como incremento das doses de N. Como oaumento da razão bulbar indica atraso

na bulbificação, este resultado mostraque a formação do bulbo foi limitadapela elevação das doses de N (Figura4). Esta relação linear expressa, de ma-neira geral, a mesma tendência obser-vada em outros trabalhos com alho decultura de tecidos (Resende, 1997) econvencional (Santos et al.,1984). Aos80 dias, o aumento das aplicações de Nnão interferiu na razão bulbar. Nesta

Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos.

Figura 3. Matéria seca das folhas, bulbo e total aos 120 dias após o plantio, de plantas dealho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília(SP), UNIMAR, 1997.

Figura 2. Número médio de folhas por planta aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas dealho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília(SP), UNIMAR, 1997.

80 dias - Y = 7,16 + 0,003X; R2 = 0,73**120 dias - Y = 9,34 + 0,0051X; R2 = 0,95**

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34 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

época, a formação do bulbo encontra-se ainda pouco evidente e, portanto, aexigência nutricional é mínima nestaparte da planta.

Segundo Mann (1952), quando a ra-zão bulbar reduz-se a níveis inferioresa 0,5, o bulbo encontra-se completamen-te formado e para valores menores que0,2 encontra-se em fase final de matu-ração. Nota-se que com estas pressupo-sições, mesmo estando completamenteformados aos 120 dias após o plantio, aelevação das doses de N provocou, nesta

época, um nítido atraso no processo dematuração dos bulbos, demonstrado peloaumento da razão bulbar. Esse atrasopode ser entendido como resultante deum excessivo desenvolvimento vegeta-tivo da planta causado por quantidadeselevadas de N, retardando ou prejudican-do fase reprodutiva (Malavolta e tal.,1989), que no caso do alho é repre-sentada pela formação do bulbo.

Como esperado, a absorção de Npela planta mostrou-se bastante influen-ciada (p<0,01) pelo aumento das doses

de N. Embora a quantidade acumuladade N em todas as partes, à exceção doacúmulo total que apresentou respostalinear, tendeu para um comportamentoquadrático em relação às doses destenutriente (Figura 5), apenas para o bul-bo detectou-se um ponto de máximoacúmulo de N, que segundo a equaçãoajustada, foi igual a 280,27 mg/planta nadose de 182,60 kg/ha de N. O N totalacumulado atingiu o valor calculado de545,38 mg/planta na dose máxima utili-zada (250 kg/ha). Assemelhando-se aosresultados de Resende (1997), que ob-servou um acúmulo crescente de N até228 mg/planta para dose máxima aplica-da (140 kg/ha) deste nutriente em plan-tas de alho de cultura de tecidos (as plan-tas convencionais acumularam o máxi-mo de 132,2 mg/planta com 107 kg/hade N), verificou-se também que a absor-ção de N aumentou de forma proporcio-nal à disponibilidade deste nutriente nosolo, ou seja, até a dose de 250 kg/ha.

A absorção de nutrientes pelo alhoacompanha o crescimento das folhas,das raízes e principalmente do bulbo(Zink, 1963; Silva et al., 1970). Estecomportamento pode ser notado, demaneira geral, pela similaridade de res-posta ao N entre as características decrescimento da planta e a quantidade denitrogênio absorvido e corroborado pe-las correlações positivas e altamente sig-nificativas (p<0,01) entre a acumulaçãode N e a produção de matéria seca e pesodos bulbos; fato constatado tambémentre o N total absorvido e as produçõestotal e comercial (Tabela 1).

Aos 120 dias após o plantio, não fo-ram observadas correlações significati-vas entre a altura da planta e a matériaseca das folhas com a quantidade de Nextraída por estas partes (Tabela 1). Estecomportamento pode ser explicado peloinício da senescência foliar do alho,marcada entre outros fatores, por umaelevada redistribuição de nutrientes daparte aérea para o bulbo, entre 120 e 150dias após o plantio (Silva et al., 1970;Resende, 1997). Reforçando esta hipó-tese, verificou-se que aos 80 dias, épo-ca em que a parte aérea encontra-se empleno crescimento, houve uma correla-ção significativa entre a altura da plantae o N acumulado na parte aérea.

As produções total e comercial fo-ram significativamente (p<0,01) influen-

F.V. Resende et al.

Figura 4. Razão bulbar aos 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de culturade tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.

Figura 5. Quantidade de nitrogênio absorvido pela parte aérea, bulbo e total aos 120 diasapós o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses denitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.

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35Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

ciadas pelo N, apresentando relaçõesquadráticas com as doses de N utilizadas(Figuras 6 e 7). Enquanto a produçãocomercial atingiu o ponto máximo, se-gundo a regressão, em 18,77 t/ha parauma dose de 194,4 kg/ha de N, a produ-ção total evoluiu, ainda que com peque-na intensidade, até a dose de 234 kg/ha,onde obteve-se uma produção calculadade aproximadamente 18,69 t/ha. Nota-se,portanto, praticamente nenhuma variaçãoentre a produção total e comercial emfunção do baixo índice de descarte de bul-bos devido, principalmente, ao pequenonúmero de bulbos com diâmetro inferiorao padrão comercial, em conseqüênciado efeito da cultura de tecidos e à míni-ma ocorrência de superbrotamento emalhos do grupo semi-nobre. Respostassignificativas de alho proveniente de cul-tura de tecidos à adubação nitrogenadaforam, de forma similar, verificadas porBarni & Garcia (1994) e Resende (1997),entretanto, trabalhando com níveis infe-riores de N, até 120 e 140 kg/ha de Nrespectivamente. Para o alho comum ousemi-nobre multiplicado de forma con-vencional, as recomendações de aduba-ção com N encontram-se na faixa de 60a 100 kg/ha (Raij et al., 1996).

Pode-se concluir, portanto, que oalho proveniente de cultura de tecidosresponde a doses mais elevadas de ni-trogênio, tanto em termos de crescimen-to quanto de produção, que o alho mul-tiplicado de forma convencional. Con-siderando a obtenção de produções co-merciais, os níveis de resposta chega-ram a aproximadamente 195 kg/ha deN, sendo quase duas vezes superior aorecomendado para o alho propagadopela via convencional. Para produçãototal de bulbos obteve-se resposta até234 kg/ha de N.

Outra conclusão importante refere-se à absorção de N pela planta, queacompanhou de forma proporcional oaumento dos níveis deste nutriente nosolo e correlacionou-se significativa-mente e de forma positiva com o aumen-to na altura da planta, peso do bulbo,produção total e comercial.

LITERATURA CITADA

BARNI, V.; GARCIA, S. Comportamento do alhoQuitéria isento do Virus do Estriado Amarelodo Alho em diferentes condições de cultivo.Hortisul, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 15-19, jan. 1994.

Características correlacionadascorrelação

(r)

Altura da planta (80 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,8435 *

Altura da planta (120 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,6567 ns

Matéria seca das folhas (120 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,5594 ns

Matéria seca do bulbo total (120 dias) x N absorvido pelo bulbo 0,9743 **

Peso médio do bulbo total x N absorvido pelo bulbo 0,9515 **

Peso médio do bulbo comercial x N absorvido pelo bulbo 0,9816 **

Produção total x N total absorvido pela planta 0,9806 **

Produção comercial x N total absorvido pela planta 0,9375 **

Tabela 1. Correlação entre as características de crescimento e produção com a absorçãode nitrogênio pelas plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. Marília (SP),UNIMAR, 1997.

*, **, ns: correlações significativas aos níveis de 5 e 1% de probabilidade e não significati-va, respectivamente, pelo teste t de Student.

Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos.

Figura 6. Produção total de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em funçãodas doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.

Figura 7. Produção de bulbos comerciais de plantas de alho provenientes de cultura detecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.

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F.V. Resende et al.

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37Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

1 Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo pelo primeiro autor.

OLIVEIRA, A. T.; JUNQUEIRA, A. M. R; FRANÇA, F. H. Impacto da Irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho, Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 37-40, março 2000.

Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmicapopulacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho1 .Aurélio Tinoco de Oliveira; Ana Maria R. Junqueira2; Félix Humberto França3

2 UnB – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade da Agricultura, C.Postal 4.508, 70.910-970, Brasília – DF; 3 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília – DF.

RESUMO

Para avaliar o impacto da irrigação via aspersão convencional nadinâmica populacional da traça-das-crucíferas foram realizados doisexperimentos. O primeiro composto por dois ensaios, foi realizado naEmbrapa Hortaliças. No primeiro ensaio, larvas de terceiro e quartoestágio foram colocadas em 16 plantas de repolho, cv. Kenzan, comfolhas abertas, 40 dias após a semeadura e em 16 plantas iniciando aformação da cabeça. Após um período de 24 horas, os vasos com asplantas foram conduzidos ao campo, onde metade deles recebeu irri-gação por aspersão convencional. A lâmina aplicada foi de 23 mm emtrinta minutos. A outra metade das plantas serviu como testemunha.No segundo ensaio, realizado com a mesma metodologia, larvas deprimeiro e segundo estágios foram colocadas em quarenta plantas.No segundo experimento realizado na Fazenda Água Limpa, Univer-sidade de Brasília, o delineamento experimental utilizado foi inteira-mente casualizado, com três tratamentos (inseticida clorfluazuron comaplicações semanais de 400 ml/ha; clorfluazuron aplicado quando atin-gido o nível de dano de seis furos, em média, nas quatro folhas cen-trais e testemunha sem inseticida), em dez repetições, totalizando trintaparcelas com 24 plantas cada uma. Foram aplicados 400 mm de águaà cultura durante o ciclo. As pulverizações semanais do inseticida e oacompanhamento do nível de dano em cinco plantas ao acaso, emcada parcela, tiveram início no 360 dia após o transplante. As notasforam atribuídas (104 dias após o transplante) às oito plantas centraisdas parcelas, conforme a escala: 01 = folhas raspadas ou sem danos,02 = folhas com furos pequenos (pouco dano); 03 = folhas com furosgrandes (muito dano); 04 = plantas totalmente danificadas. Verificou-se que a precipitação tem influência no controle da traça-das-crucíferas,promovendo 52% de remoção de larvas quando as plantas estavamcom as folhas abertas e quando larvas de primeiro e segundo estágiosforam utilizadas. Não foi observada diferença estatística entre os tra-tamentos “inseticida semanal” e “inseticida aplicado quando atingidoo nível de dano”. Também não houve diferença estatística entre ostratamentos “inseticida aplicado quando atingido o nível de dano” e atestemunha.

Palavras-chave: Plutella xylostella, irrigação, manejo integradode pragas.

ABSTRACT

Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injurieson cabbage plants.

Two experiments were carried out to evaluate the impact ofsprinkler irrigation on Diamondback moth injuries on cabbage plants(cv. Kenzan). The first experiment, composed by two trials, wascarried out at Embrapa Hortaliças. In the first trial, larvae of thirdand forth stages were transferred to 16 plants with open leaves, 40days after sowing and on 16 ‘Kenzan’ plants beginning to form head.After 24 hours, pots with cabbage plants were transferred to the field,where half of them were irrigated using sprinkler irrigation systemfor 30 minutes per day, receiving depth of water of 23 mm. Theother half of the pots were the control treatment. On the second trial,carried out at the same way, larvae of the first and second stage weretransferred to 40 cabbage plants. The second experiment was carriedout at Fazenda Água Limpa, University of Brasília. The experimen-tal design was completely randomized with three treatments(clorfluazuron weekly applied – 400 ml/ha; clorfluazuron applied atcrop economic threshold and control, without clorfluazuron) in 10replicates, total of 30 plots with 24 plants each. It was applied 400mm of water during crop cycle. The weekly clorfluazuronapplications and the weekly crop economic threshold evaluationbegan 36 days after transplanting. Grades were attributed to eightplants per plot during harvest according to the degree of injuriesobserved: 01= no damage; 02= few damages; 03= leaves with manyinjuries; 04= plant totally damaged. Sprinkler irrigation has influenceon Diamondback moth control by removing 52% of the larvae whenfirst and second stage larvae were used. No statistically significantdifference was observed between the grades of the plants that receivedclorfluazuron weekly and the plants that received it at crop economicthreshold and between the latter treatment and the control.

Keywords: Plutella xylostella, irrigation, integrated pestmanagement.

(Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2000)

A produção mundial de repolho(Brassica oleracea var. capitata)

situa-se em torno de 42,2 milhões de to-neladas, sendo que no Distrito Federal eregião do entorno a produção anual é de6.931,5 t/ano (EMATER, 1996). Dentre

as pragas que atacam a cultura, a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) é umfator limitante na produção. As larvas datraça ao perfurarem as cabeças de repo-lho diminuem o valor comercial do pro-duto. As medidas de controle da traça

baseiam-se no uso de inseticidas de am-plo espectro usados em doses elevadas eem intervalos muito curtos. Estima-se ocusto anual para o manejo da traça emum bilhão de dólares (Shelton et al.,1994). Segundo Villas Bôas et al. (1990)

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38 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

aplicações contínuas de produtos utiliza-dos para o controle de Plutella xylostellalevam ao rápido aparecimento de indiví-duos resistentes. No Distrito Federal,piretróides não atingiram controlesatisfatório da traça (França et al., 1984).A traça-das-crucíferas é considerada apraga de maior importância econômicapara o repolho na região do Distrito Fe-deral (Castelo Branco & Melo, 1992) e operíodo de desenvolvimento de altas po-pulações ocorre entre os meses de junhoa outubro (França et al., 1984).

Estratégias de manejo devem ser rea-lizadas para diminuir a pressão de sele-ção imposta pelos inseticidas à traçaconferindo-lhe resistência. Guimarães &Villas Bôas (1989) ao estudarem aflutuação populacional da traça em re-polho, objetivando definir a melhor épo-ca de plantio na região do Distrito Fe-deral, determinaram que no plantio daépoca seca (julho) obteve-se o picopopulacional aos 70 dias após o trans-plante com 5,7 larvas/planta e que noplantio das águas (dezembro) o picoocorreu apenas no final do ciclo, atin-gindo 2,0 larvas/planta. Castelo Brancoet al. (1996) recomendam, para contro-le da traça-das-crucíferas em repolho,que as aplicações de inseticidas sejaminiciadas a partir da formação das cabe-ças e somente quando forem encontra-dos, em média, 6 furos nas quatro fo-lhas centrais.

A precipitação tem grande influên-cia no desenvolvimento populacional datraça-das-crucíferas na cultura do repo-lho ao remover larvas nos primeiros es-tágios de vida (Carballo et al., 1989).Experimentos visando o controle da tra-ça-das-crucíferas resultaram em 75%(Castelo Branco & Melo, 1992), 95%(Guimarães & Villas Bôas, 1989) e 50%(Carballo et al., 1989) de cabeças comer-ciais, quando do cultivo em época dechuva e sem aplicação de inseticidas.Segundo Castelo Branco et al. (1997) airrigação efetuada durante a noite reduzo acasalamento da traça e pode contri-buir para diminuir a população da pragana área e, irrigações efetuadas durante odia podem contribuir para a redução dapopulação da traça por meio da remoçãode ovos das plantas. Costa et al. (1996)observaram significativa remoção deovos de T. absoluta (traça-do-tomateiro)em cultivo de tomate sob pivô-central.McHugh & Foster (1995), em estudo

sobre o potencial do uso da irrigação poraspersão como ferramenta degerenciamento para controle da traça norepolho, demonstraram que o uso maisefetivo da irrigação ocorreu quando aaplicação da água aconteceu diariamen-te, intermitentemente nas horas noturnas,com um índice de 85,9% de redução nainfestação da traça. Junqueira et al.(1998) ao avaliarem o impacto de dife-rentes lâminas e sistemas de irrigação nosdanos de Plutella xylostella em plantasde repolho, observaram número de da-nos bem inferior nas plantas sob irriga-ção por aspersão, em comparação à irri-gação por gotejamento.

O objetivo deste trabalho foi avaliaro impacto da água aplicada à cultura dorepolho, via sistema de irrigação por as-persão convencional, na remoção de lar-vas e fazer um estudo comparativo docontrole da traça-das-crucíferas utilizan-do água; água e inseticida (Clorfluazuroncom aplicações semanais); e água e in-seticida Clorfluazuron (aplicado quandoera atingido um nível de dano pré-esta-belecido para a cultura do repolho).

MATERIAL E MÉTODOS

O primeiro experimento foi compos-to por dois ensaios, onde foram utiliza-dos diferentes estágios da larva dePlutella xylostella com a finalidade dequantificar a remoção de larvas da traçapor meio da utilização da irrigação poraspersão convencional. O primeiro ex-perimento foi realizado de agosto a ou-tubro de 1996 na Embrapa Hortaliças,Brasília - DF.

Primeiramente realizou-se um en-saio com larvas de terceiro e quarto es-tágios e após o término deste realizou-se o ensaio com larvas de primeiro esegundo estágio. Para ambos os ensaios,a metodologia utilizada foi a mesma.Plantas de repolho, cv. Kenzan, foramproduzidas em vasos em casa-de-vege-tação. As mudas foram plantadas a in-tervalos de 30 dias de forma que du-rante a realização dos ensaios, metadedas mudas tinha entre 40-50 dias de ida-de (folhas abertas) e a outra metade ti-nha 70 dias (iniciando a formação dacabeça). Larvas de quarto estágio epupas da traça foram coletadas em plan-tas de repolho no campo experimental

da Embrapa Hortaliças e cultivadas emlaboratório em temperatura controladade 20°C e fotoperíodo de 16 horas luz.Após a eclosão das pupas os adultosforam colocados em gaiolas juntamen-te com duas a três folhas de repolho paraa oviposição. As folhas com ovos fo-ram transferidas para caixas plásticas earmazenadas em câmara com tempera-tura e luz controlada. Ao atingirem osestágios desejados as larvas foram le-vadas para a casa-de-vegetação etransferidas para as plantas de repolho.Dez larvas foram depositadas nas qua-tro folhas centrais de cada planta de re-polho, 32 plantas no primeiro ensaio e40 plantas no segundo ensaio. Após 24horas, as plantas foram conduzidas aocampo, onde metade do total das plan-tas de ambas as idades foram irrigadaspelo sistema de aspersão convencional,durante um período de 30 minutos, comuma lâmina de água de 23 mm. A outrametade serviu de testemunha, não rece-bendo irrigação. Após a irrigação asplantas foram reconduzidas à casa-de-vegetação onde realizou-se a contagemdas larvas remanescentes.

O segundo experimento, que tevecomo finalidade comparar o controle datraça-das-crucíferas utilizando água, água+ 400 ml/ha de clorfluazuron (aplicaçõessemanais) e água + 400 ml/ha declorfluazuron (aplicado quando atingidoo nível de dano da traça - 06 furos emmédia - nas quatros folhas centrais da plan-ta), teve início em maio de 1997 na Fa-zenda Água Limpa da Universidade deBrasília. O delineamento utilizado foi in-teiramente casualizado, com 3 tratamen-tos, 10 repetições, com quatro linhas de06 plantas cada uma, totalizando 24 plan-tas por parcela. As sementes do híbridoKenzan foram plantadas em bandejas, emantidas protegidas sobre telado até che-garem ao estágio de 5 a 6 folhas definiti-vas (30 dias) quando foi realizado o trans-plante. O terreno foi preparado com pas-sagem de arado, grade aradora e enxadarotativa. O espaçamento utilizado foi de0,8 x 0,3 m. O plantio foi feito em sulcoao nível do solo em 11 de junho de 1997,e as adubações foram realizadas no sulcoconforme recomendado para a cultura,tendo por base a análise do solo. Osaspersores foram dispostos em forma deretângulo à uma distância de 12 metrosentre aspersores e 18 metros entre linhas.Foram instalados “pluviômetros tipo lata”

A.T. de Oliveira et al.

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39Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

em cada parcela para acompanhamento econtrole da quantidade e uniformidade daágua aplicada via irrigação. Após a insta-lação do equipamento de irrigação, foirealizado um teste onde foi observada aaplicação de uma lâmina de 11,46 mm/hora com um Coeficiente de Uniformida-de de Christiansen de 84%. A partir doteste, determinou-se o tempo de irrigaçãoda cultura de acordo com o seu estágio dedesenvolvimento. Em cada irrigação rea-lizada, anotava-se a quantidade de águaretida em cada pluviômetro e calculava-se a lâmina precipitada. Utilizou-se o tur-no de rega praticado pelos produtores daregião: intervalo de dois dias no estágioinicial da planta e de três dias quando de-corridos trinta dias do transplante. Foramaplicados 400 mm de água à cultura du-rante o ciclo.

No trigésimo sexto dia após o trans-plante (planta iniciando a formação dacabeça), iniciou-se as pulverizações como inseticida clorfluazuron em dez par-celas em aplicações semanais. Para ava-liação do nível de dano, para aplicaçãoou não de inseticida, a contagem do nú-mero de furos foi realizada semanalmen-te, no mesmo período em que tiveraminício as pulverizações semanais, emcinco plantas obtidas ao acaso, dentreas 24 plantas que constituíam as dezparcelas pré-determinadas. Na avalia-ção, as notas foram atribuídas às oitoplantas centrais de cada parcela, fican-do o restante como bordadura. Na co-lheita, realizada aos 104 dias após otransplante, as cabeças de repolho fo-ram avaliadas para os danos da traça-das-crucíferas de acordo com a seguin-te escala de nota: 01= folhas raspadasou sem dano; 02= folhas com furos pe-quenos (pouco dano); 03= folhas comfuros grandes (com dano); 04= plantascom folhas totalmente danificadas (mui-to dano). As notas foram atribuídas pordois avaliadores. Foi registrado ainda opeso individual de cada cabeça.

Os resultados de ambos experimentosforam transformados em x + 1 (Snedecor& Cochran, 1989). Após a transformação,os dados foram submetidos à análise devariância e as médias foram comparadaspelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro ensaio do primeiro ex-perimento, onde foram utilizadas larvas

de terceiro e quarto estágios, observou-se que uma única aplicação de 23 mmde lâmina de água nas plantas de repo-lho, via sistema de irrigação por asper-são convencional, não removeu satisfa-toriamente larvas da traça (Tabela 1). Abaixa remoção de larvas foi decorrente,provavelmente, do estágio avançado emque as larvas se encontravam, resultan-do em uma menor suscetibilidade à re-moção, aliada a um empupamento ocor-rido, em larvas de quarto estágio, noperíodo compreendido entre a coloca-ção das larvas nas plantas de repolho ea irrigação destas (Tabela 2).

No segundo ensaio do primeiro ex-perimento, realizado com larvas de pri-meiro e segundo estágios, verificou-seque a precipitação de 23 mm, aplicadavia sistema de irrigação por aspersãoconvencional, removeu satisfatoriamen-te larvas da traça (Tabela 3). A maiorremoção de larvas neste ensaio foi oca-sionada, provavelmente, pela maior

suscetibilidade das larvas à remoção emdecorrência de seu pequeno tamanho,quando comparado às larvas usadas noprimeiro ensaio. Estes resultados estãode acordo com Harcourt, citado porMcHugh & Foster (1995), que verifi-cou que larvas de primeiros estágios aoserem lavadas pela irrigação são inca-pazes de retornar à sua posição na plan-ta e são afogadas nas poças de água for-madas no solo ou nas axilas das folhas.

A precipitação tem influência no con-trole da traça-das-crucíferas pela remo-ção de larvas da planta, independente daidade da planta ou larva. Porém, foi ob-servado que a remoção de larvas foi su-perior quando as plantas estavam comaproximadamente 40 dias de idade (fo-lhas abertas) e quando larvas de primei-ro e segundo estágios foram utilizadas.

No segundo experimento, nas par-celas onde o inseticida foi aplicadoquando atingido o nível de dano, obser-

Idade da Planta Testemunha Irrigadas (23mm) Média

40 dias 35,00** 33,75 34,68 a

70 dias 16,25 33,75 25,00 a

Média 25,62A 33,75A

Tabela 1. Porcentagem de remoção de larvas* de terceiro e quarto estágio de Plutellaxylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1996.

* Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte.** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 21,04%.Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamenteentre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.

Planta Test.(40 dias)

Irrig.(40dias)

Test.(70 dias)

Irrig.(70 dias)

01 33,3 62,5 50,0 40,002 33,3 83,3 33,3 -03 - 80,0 50,0 20,004 42,8 60,0 30,0 33,305 37,5 16,6 25,0 50,006 20,0 85,7 20,0 42,807 100 62,5 25,0 40,008 66,6 37,5 33,3 11,1

Média 41,6 61,0 33,3 29,6

Tabela 2. Porcentagem de empupamento verificado em relação à quantidade de larvas re-manescentes* por planta, após a irrigação de 23 mm de lâmina de água aplicada via sistemade irrigação por aspersão convencional. Brasília, Embrapa Hortaliças,1996.

* Para cálculo da porcentagem de empupamento verificado, considerou-se como total rema-nescente de larvas a quantidade de larvas acrescida da quantidade de pupas não removidaspela irrigação.

Impacto da irrigação na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas.

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40 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

vou-se redução de 70% no número depulverizações comparada ao tratamen-to onde as parcelas foram pulverizadassemanalmente. As médias das notas atri-buídas para os três tratamentos, em ge-ral, foram baixas em virtude do baixonível de dano observado (Tabela 4).

As observações feitas neste experi-mento estão de acordo com as apresen-tadas por McHugh e Foster (1995) eJunqueira et al. (1998) que ao compa-rarem a irrigação aplicada à cultura dorepolho via aspersão convencional coma irrigação por gotejamento, verificaramque a infestação da traça pode ser redu-zida simplesmente pelo uso da irriga-ção por aspersão.

As médias dos pesos das cabeças derepolho observadas nos três tratamen-tos demonstram que houve uniformida-de na adubação e irrigação do experi-mento. As cabeças de repolho em todosos tratamentos, devido ao espaçamentoutilizado, apresentaram-se com tamanhomédio, compactas e densas, conformepreferência imposta pelo mercado con-sumidor. Não houve diferença estatísti-ca significativa entre as médias dos trêstratamentos, sendo que o peso das ca-beças de repolho variou de 1.322 g a1.606 g/cada.

As pulverizações com o inseticidano campo deverão ser iniciadas quandoos danos da traça observados aleatoria-mente na cultura atingirem o nível dedano econômico pré-estabelecido. Estemétodo é simples de ser realizado, re-quer em média, um minuto por plantapara ser executado e não exige o manu-seio das folhas e plantas. Ainda, sua uti-lização não reduz a produção comercialda lavoura (Castelo Branco et al., 1996).

Verificou-se que, se o produtor obe-decer à demanda de água exigida pelacultura do repolho, somente com a irri-gação poderá obter o controle efetivo datraça-das-crucíferas.

A irrigação aplicada à cultura via as-persão convencional pode vir a ser utili-zada como parte de programas de mane-jo integrado da traça-das-crucíferas, re-duzindo a quantidade de inseticidas em-pregada no ciclo da cultura e permitindoaos produtores enviar produtos mais sau-dáveis ao mercado consumidor.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao PIBIC –UnB/CNPq pela concessão de bolsa, aoCNPq pelo apoio financeiro, à EmbrapaHortaliças e à Fazenda Água Limpa – Uni-versidade de Brasília, pelo apoio logístico,

Idade da Planta Testemunha Irrigadas (23mm) Média

50 dias 10,00** 52,00 31,00 a

70 dias 7,00 29,00 18,00 b

Média 8,50A 40,50B

Tabela 3. Porcentagem de remoção de larvas* de primeiro e segundo estágio de Plutellaxylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1996.

* Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte.** média de 10 plantas. Coeficiente de variação = 23,80 %Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamenteentre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.

Tratamento TestemunhaAplicação

Semanal doInseticida

InseticidaAplicado comNível de Dano

Nota* 2,10**a 1,61b 1,74ab

Tabela 4. Notas atribuídas às plantas de repolho nos três diferentes tratamentos. Brasília,UnB, 1997.

* Notas atribuídas de acordo com o nível de dano: 1 = folhas sem dano; 2 = folhas compouco dano; 3 = folhas com dano; e 4 = folhas com muito dano.** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 34,52%Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade.

ao professor José Ricardo Peixoto (UnB,FAV), por sua colaboração na atribuiçãode notas no segundo experimento e aSieglinde Brune (Embrapa Hortaliças),pela cuidadosa revisão do manuscrito.

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A.T. de Oliveira et al.

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41Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

O melhoramento genético tradicio-nal da batata (Solanum tuberosum

L.) é lento e defronta-se com uma gamade dificuldades. A espécie cultivada étetraplóide com segregação polissômica,e muitas das cultivares comerciais apre-sentam baixa fertilidade de pólen ou nãoflorescem (Vayda et al., 1992). Nessecenário, a utilização das técnicas detransformação genética em batata teriaa vantagem de possibilitar a incorpora-ção, em clones considerados elites, degenes específicos que codificam carac-terísticas de interesse. Achat é uma dascultivares lideres no mercado nacional,no entanto, reduções nos níveis de pro-dutividade desse genótipo têm sido re-portados devido a infecção por virosesdo grupo potivirus e luteovirus.

Estratégias de engenharia genéticausando genes derivados de patógenostêm sido empregadas com sucesso nocontrole de doenças virais em diversasculturas incluindo a batata (Scholthof etal., 1993), permitindo o desenvolvimen-to, a curto prazo, de cultivares melhora-

TORRES, A.C.; FERREIRA, A.T.; ROMANO, E.; CATTONY, M.K.; NASCIMENTO, A.S. Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacteriumtumefaciens. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 41-45, março, 2000.

Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacteriumtumefaciens.Antonio Carlos Torres1; Adriana Teixeira Ferreira2; Eduardo Romano3; Mônica Kangussú Cattony4;Adriana Souza Nascimento4

1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF; 2Consultora Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF;3Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70.770-900 Brasília-DF; 4Bolsista CNPq/RHAE, Embrapa Hortaliças,C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF.

RESUMO

Explantes de segmentos nodais de batata (Solanum tuberosumL.) cultivar Achat provenientes da cultura in vitro foram transfor-mados, via Agrobacterium tumefaciens, estirpe LBA4404, conten-do o vetor binário pBI121 com os genes npt II e o gus-intron. Aregeneração de potenciais transformantes foi feita em meio seletivocontendo 50 mg.L-1 de canamicina. Foram obtidas plantas expres-sando resistência à canamicina e atividade da β-glucuronidase. Pelaanálise molecular nas plantas gus+, via PCR, constatou-se a ampli-ficação dos genes npt II. A hibridização por Southern blotting de-monstrou a inserção de pelo menos uma cópia do gene introduzido.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, regeneração, plantastransgênicas.

ABSTRACT

Genetic transformation of potato cultivar Achat byAgrobacterium tumefaciens.

Nodal segment explants of potato (Solanum tuberosum L.) cvAchat were excised from in vitro growing plants, and transformedwith Agrobacterium tumefaciens LBA4404 carrying the binary vectorpBI121 with npt II and gus-intron genes. The regeneration of putativetransformants was done in medium supplemented with 50 mg.L-1 ofkanamycin. Putative transformants expressing kanamycin resistanceand β-glucuronidase activity were identified. PCR analysis of theseplants showed amplification of the npt II in gus+ plants. Southernblotting hybridization revealed the insertion of at least one copy ofthe npt II gene.

Keywords: Solanum tuberosum, regeneration, transgenic plants.

(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2000)

das a partir de clones adaptados e larga-mente empregados pelos agricultores.

Neste trabalho descreve-se o desen-volvimento e a aplicação de um sistemade regeneração e transformação eficien-te para essa cultivar que, até então, nãorespondeu satisfatoriamente a protoco-los de transformação.

MATERIAL E MÉTODOS

Regeneração in vitro

Foram utilizados explantes provenien-tes de plantas desenvolvidas in vitro,subcultivadas a cada 20 dias, em meiobásico composto de sais minerais de MS(Murashige & Skoog, 1962), 3% desacarose e, em mg.L-1: i-inositol, 100;tiamina.HCl, 1,0; piridoxina.HCl, 0,05;ácido nicotínico, 0,05; glicina, 2,0. Aesse meio foram adicionados, em mg.L-1:ácido naftalenoacético, 0,05; cinetina,0,05; ácido giberélico, 0,2 e phytagar6.000 (Souza & Souza, 1986). As cul-turas foram mantidas sob fotoperíodo de

16 h, densidade de fluxo de fótons de62 mmolm-2s -1, a uma temperatura de25±2°C. Explantes de segmentos nodaise folhas dos propágulos desenvolvidosin vitro foram excisados e cultivados nomeio básico suplementado com zeatina(zea) nas concentrações de 0; 1,25; 2,5e 5,0 mg.L-1 , respectivamente.

Sensibilidade de explantes de ba-tata a canamicina

Os explantes foliares e os de seg-mentos nodais foram cultivados emmeio básico com 2,5 mg.L-1 de zea e,suplementado, respectivamente, com 0,25, 50, 100 e 200 mg.L-1 de canamicina(can). As culturas foram mantidas sobas mesmas condições de foto etermoperíodo descritas anteriormente.

Agrobacterium e condições de cul-tura

Foi utilizada a estirpe deAgrobacterium tumefaciens, LBA4404,contendo vetor binário pGUS-introncom os genes npt II (que confere resis-tência à can) e o gene gus (que expressaa atividade da β-glucuronidase).

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42 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

O meio de cultura utilizado para ocrescimento bacteriano foi o LB (LuriaBroth) (5 g.L-1 de extrato de levedura, 10g.L-1 de triptona e 10 g.L-1 de cloreto desódio, pH 7,0) contendo os antibióticoscan (50 mg.L-1), espectinomicina (100mg.L-1) e rifampicina (50 mg.L-1). Asculturas bacterianas para os experimen-tos de transformação foram inoculadasem erlenmeyers de 250 ml, com 50 mldo meio LB com os respectivos antibió-ticos. As culturas foram incubadas a28°C, em agitador orbital de 0,175 g (150rpm, raio 10 mm), durante 16 a 20 h, atéatingirem uma densidade ótica (OD

600)

entre 0,6 a 0,8. Alíquotas de 15 ml des-sas culturas foram centrifugadas a 5.000rpm (Beckman J2-21, rotor 20) por 10min, a 4°C. O sobrenadante foi descarta-do e o sedimento foi suspendido em 15ml de meio LB antes de proceder à in-fecção e ao co-cultivo dos explantes.

Infecção, co-cultivo, seleção e re-generação

Os explantes foram imersos em 5 mlda suspensão bacteriana, durante 5 min.Em seguida, os explantes foram transfe-ridos para placas de Petri, contendo pa-pel de filtro estéril, para eliminar o ex-cesso de bactéria e, incubados durante,respectivamente, 24, 48, 72 e 96 h emmeio para co-cultivo (meio básicosuplementado com 2,5 mg.L-1 de zea.Após o período de co-cultivo, osexplantes foram imersos por 30 min, em200 ml de meio contendo macro emicroelementos MS, 3% sacarose e 200mg.L-1 de cefotaxima. Depois, osexplantes foram transferidos para meiode seleção (meio de co-cultivo, com 50mg.L-1 de can, 500 mg.L-1 decarbenicilina e 100 mg.L-1 de cefotaxima)durante, aproximadamente, 25 dias. Osexplantes que iniciaram a regeneraçãoforam transferidos para meio básico, comos respectivos antibióticos, para cresci-mento das brotações. Após 30 a 40 dias,os propágulos regenerados foram colo-cados em meio de enraizamento (macro,microelementos e vitaminas MS, acres-cido de 3% de sacarose, 50 mg.L-1 de cane 0,05 mg.L-1 de ácido naftalenoacético(ANA), para diferenciação e desenvol-vimento do sistema radicular.

Teste de coloração histológicopara a atividade de gus

A atividade da enzima β -glucuronidase foi determinada de acor-

do com o procedimento adaptado deJefferson (1987). O substrato emprega-do foi o 5-bromo-4-cloro-3-indolil-glucuranida (X-Glu, Jersey Lab andGlove Supply, Linvingston, NJ, USA).Um total de 5 mg de X-Glu foi dissolvi-do em 0,02 ml de dimetilformamida eadicionado a seguinte solução: 2,5 mlde fosfato de sódio 0,2 M; 2,3 ml de águadeionizada ; 0,025 ml de ferricianeto depotássio 0,1 M; 0,025 ml de ferrocianetode potássio 0,1 M; 0,10 ml de EDTA desódio 0,5 M; e 0,10 ml de triton 10%.Propágulos e tecidos foram incubadosnessa solução a 37ºC por 4 a 6 h.

Análise molecular via PCR

O DNA total das plantas resistentesà can foi obtido a partir do método des-crito por Edwards et al. (1991). Foi uti-lizado o par de primers: 5’-GAGGCTATTCGGCTATGACTG-3’ e5’TCGACAAGACCGGCTTCCCATC-3’ que amplificam um fragmento de 460pb do gene nptII. A mistura de reação(25ml) continha 50 mM de KCl; 1,5 mM

de MgCl2 e 10 mM de Tris-HCl pH 9,0),

0,25 mM de cada dNTP, 1 mM de cadaprimer, 5 unidades de Taq DNApolimerase (Pharmacia Biotech) e 2 mldo DNA (aproximadamente 100 ng).

A amplificação foi realizada em umtermociclador Perkin Elmer Cetus DNAe as condições de temperatura utiliza-das foram 5 min a 94°C, seguidos de 35ciclos de 1 min a 94°C, 1 min a 55°C e1 min a 72°C, 5 min finais a 72°C.

Análise molecular por Southernblotting

O DNA dos transformantes primá-rios foi extraído pelo método descritopor Dellaporta et al. (1983) e, posterior-mente, purificado por gradiente decloreto de césio (Sambrook et al., 1989).Um total de 20 mg de DNA de cadaplanta foi digerido com a enzima de res-trição XbaI a 37°C por 16 h, separadopor eletroforese em gel de agarose(0,8%) transferidos por capilaridadepara membrana de náilon Hybond N(Amersham Life Science,

Figura 1. Efeito da concentração de zeatina, em mg.L-1, na regeneração de brotações emexplantes de segmentos nodais de batata Achat. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

A.C. Torres et al.

Concentração dezeatina (mg.L-1)

Média do número de brotações por explanteFolha Segmento no dois

0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,001,.25 0,61 ± 0,35 1,11 ± 0,332,50 0,43 ± 0,22 3,50 ± 0,405,00 0,44 ± 0,20 3,25 ± 0,2

Tabela 1. Efeito de concentrações de zeatina na diferenciação de brotações em explantesfoliares e de entre-nós de batata Achat*. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

*A análise estatística foi feita baseando-se no erro padrão da média.

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43Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Buckinghamshire, England) ehibridizados contra um fragmento inter-no do gene gus. A transferência e ahibridização foram realizadas essencial-mente como descritas por Sambrooket al. (1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adição de zea ao meio proporcio-nou a diferenciação de brotações nosexplantes de segmentos nodais efoliares. Conforme observado na tabela1, os explantes de segmentos nodais fo-ram mais eficazes para regeneração dacultivar Achat, nas condiçõesestabelecidas. Maior número médio debrotações (3 por explante) foi verifica-do em segmentos nodais, em meio bási-co suplementado com 2,5 ou 5,0 mg.L-1

de zea (Tabela 1, Figura 1). Emexplantes foliares, o máximo debrotações ocorreu na presença de 1,25

mg.L-1 de zea com uma produção de0,61 brotações por explante (Tabela 1,Figura 2). Esses resultados indicaramque os segmentos nodais apresentarammaior potencial morfogenético para for-mação de novo da parte aérea, em com-paração com explantes foliares.

A obtenção de transformantes a par-tir de explantes de segmentos nodais foiobservada após um período de co-culti-vo de 24 h. Maior porcentagem deexplantes positivos para gus foi obtidaem co-cultivos de 48 h (Tabela 2). Emperíodos prolongados de co-cultivos (72e 96 h) ocorreu um aumento na prolife-ração da A. tumefaciens, tornando difí-cil a sua eliminação do meio com osantibióticos empregados na transforma-ção. Resultados semelhantes foram ob-tidos em outros trabalhos de transfor-mação (Sheerman & Bevan, 1988; Tor-res et al., 1993; Forreiter et al., 1997;Torres et al., 1999) em que o período de

co-cultivo de 48 h também foi o maisadequado para a produção de plantastransgênicas.

Após o co-cultivo, os explantes fo-ram imediatamente transferidos parameio de seleção contendo can, uma vezque as seleções tardias na presença des-se antibiótico podem gerar quimeras quese perpetuam (Ferreira, 1998). Esse as-pecto é importante uma vez que a bata-ta se propaga vegetativamente.

A concentração de 50 mg.L-1 de canfoi eficiente para selecionar propágulospotencialmente transformados. Obser-vou-se que os segmentos nodais nãotransformados não mostraram processosmorfogenéticos nessa concentração,morrendo após 20 a 30 dias. Porém,quando cultivados na ausência de can,esses explantes diferenciaram parte aé-rea (Figura 3). A utilização de can comoagente seletivo também foi observadapor Newell et al. (1991) que transfor-maram entrenós da cv. Russet Burbankcom o gene da capa protéica do vírus Xe Y. Os explantes produziram brotaçõescom uma freqüência de 60% na ausên-cia de seleção e de 10% em meio com100 mg.L-1 de can. Visser et al. (1989)analisaram brotações de batata regene-radas em meio com can, sendo que maisde 90% dessas eram transformadas.Trinca et al. (1990) também observaramque a presença de can no meio de rege-neração foi eficiente na produção de até100% de brotações de batata cv. Desiréeresistentes a esse antibiótico e expres-sando o gene gus.

Nesse trabalho foi observado que,aproximadamente, 60% dos explantes,transformados com a construção gus-intron, quando incubados na presençado substrato X-Glu, mostraram expres-são constitutiva desse gene, confirman-do o evento de transformação. Porém, aregeneração de brotações foi de 12%.Esse resultado indica que somente cé-lulas vegetais competentes para trans-formação e regeneração são capazes dediferenciar parte aérea em meio seleti-vo, sendo baixa a percentagem das cé-lulas que possuíam esses dois atributos(Potrykus, 1990). Propágulos regenera-dos foram analisados e apresentaram,também, atividade constitutiva daenzima β-glucuronidase.

A adição de 100 mg.L-1 decefotaxima e de 250 mg.L-1 de

Período de co-cultivo (h)% de explantes com porção

basilar GUS+24 42 (23-60)48 66 (47-83)72 46 (28-66)*96 *

Tabela 2. Efeito do período de co-cultivo na percentagem de explantes gus positivos (osnúmeros entre parênteses denotam o intervalo de confiança a 95%). Brasília, Embrapa Hor-taliças, 1999.

*Elevada contaminação

Figura 2. Regeneração de brotações em explantes de foliares em concentrações de zeatinaem mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

Transformação genética da batata via Agrobacterium tumefaciens.

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44 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

carbenicilina ao meio foi adequada paracontrolar o crescimento da A.tumefaciens nos tecidos dos explantesapós o co-cultivo, não apresentandoefeito deletério na regeneração debrotações.

Os propágulos obtidos foram enrai-zados em meio com 0,05 mg.L-1 deANA. As plantas produzidas foramtransferidas para casa de vegetação.Ensaios histoquímicos de gus, nessanova condição ambiental, demonstraramque não houve modificação no padrãode expressão desse gene.

Em adição aos ensaios histoquímicospara confirmação da transgenicidade dasplantas obtidas, foram realizadosPolymerase Chain Reaction (PCR) eSouthern blotting. Essa última técnica éconsiderada uma prova definitiva daintegração do T-DNA no genoma vegetal(Potrykus, 1991). No ensaio de PCR, oDNA de 15 plantas potencialmente trans-formadas foi analisado utilizando-seoligonucleotídeos que amplificam umfragmento específico do gene npt II. Aanálise dos resultados indicou que todasas plantas tinham sido transformadas (Fi-gura 4). Um total de três plantas positivasnos ensaios histoquímicos para gus e PCRfoi analisado por Southern blotting (Figu-ra 5). O resultado evidenciou a integraçãodo T-DNA no genoma vegetal.

Os resultados obtidos nesse trabalhosão importantes devido à ineficácia dosprotocolos prévios de transformação apli-cados para a cultivar Achat. Foramotimizadas as condições de cultura quepermitissem maior potencial de regene-ração dos explantes e as condições quemediassem a transferência de genes nes-sa cultura. A cultivar Achat continua sen-do uma das mais plantadas no Brasil de-vido a uma série de características quan-titativas (poligênicas) incluindo tolerân-cia a murcha bacteriana. A tecnologiadescrita aqui poderá ser utilizada comoprocedimento padrão para introduzir ou-tras características de interesse agronô-mico nesse genótipo, de maneira eficien-te, em curto período de tempo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao ConselhoNacional de Desenvolvimento Científi-co e Tecnológico (CNPq) pelas bolsasconcedidas e à FAP-DF pelo apoio fi-nanceiro.

Figura 3. Sensibilidade de explantes de segmentos nodais de batata Achat às diferentesconcentrações de canamicina, em mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

Figura 4. Análise eletroforética dos frag-mentos amplificados via PCR usandoprimers específicos do gene NPT II, a partirde DNA extraído de plantas de batata cvAchat potencialmente transgênicas. Da es-querda para a direita: 1. Marcador de DNA,1 KB DNA Ladder; 2. Controle positivo; 3,4, 5, 6 e 7 amplificação a partir de plantastransgênicas; 8. Controle negativo (plantanão transgênica). A seta indica o fragmentode 460 pb correspondente ao segmento dogene nptII. Brasília, Embrapa Recursos Ge-néticos e Biotecnologia, 1999.

Figura 5. Análise por Southern blotting dostransformantes primários. DNAs foram di-geridos com Xba I, transferidos para mem-brana de náilon e hibridizados com fragmen-to interno do gene gus. Linha 1, planta nãotransgênica; linha 2-4, transformantes inde-pendentes. Os tamanhos dos fragmentos domarcador de peso molecular estão indicadosà esquerda (RB: borda direita; LB: bordaesquerda). Brasília, Embrapa Recursos Ge-néticos e Biotecnologia, 1999.

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Transformação genética da batata via Agrobacterium tumefaciens.

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46 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

página do horticultor

O Brasil é atualmente, um dos maio-res produtores mundiais em vários

mercados de frutas in natura, ocupando o1º lugar no mundo entre os países produ-tores e exportadores de laranja (Carraroet al., 1994). Ainda assim, atualmente atin-gem-se altos valores de perdas, que po-dem chegar até 40%, dependendo do pro-duto (Revista Circuito Agrícola, 1997), eentre as várias causas que originam estasperdas estão a não-utilização dearmazenamento refrigerado pós-colheita.Baixas temperaturas retardam o fenôme-no da respiração e da transpiração, os quaissão responsáveis pelas mudanças no me-tabolismo e à rápida deterioração dos pro-dutos (Mitchell et al., 1992). No Brasil,somente os frutos que são destinados àexportação são submetidos à refrigeração,fundamentalmente porque são destinados

TERUEL, M.B.J.; CORTEZ, L.A.B.; LEAL, P.A.; NEVES FILHO, L.C. Caracterização pós-colheita de laranjas da variedade ´Baianinha‘ submetidas aoarmazenamento refrigerado e a condições ambientais. Horticultura Brasileira, Brasília. v. 18, n. 1, p. 46-48, março 2000.

Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas aoarmazenamento refrigerado e a condições ambientais.Bárbara J. Teruel M.1; Luís A. B. Cortez2; Paulo A. Leal 2; Lincoln C. Neves Filho3.1 UNICAMP-FEM, C. Postal. 6122, 13.081-970. Campinas-SP; 2 FEAGRI, Depto de Construções Rurais, C. Postal 6011, 13.081-970Campinas-SP;3 FEA, Depto de Engenharia dos Alimentos, C. Postal 6121, 13.081-970 Campinas-SP.

RESUMO

A qualidade pós colheita de laranjas in natura (Citrus sinensis(L.) Osbeck, ´Baianinha‘), foi avaliada em termos de suas proprieda-des químicas e físicas, em maio de 1998. Foi aplicado um delinea-mento inteiramente casualizado, com duas repetições, submetendo osfrutos a dois tratamentos: armazenamento a temperatura ambiente (21± 0,4°C e UR= 60 ± 1,0%), e em uma câmara frigorífica (1 ± 0,5°C eUR = 85 ± 2,5%). Após 15 dias de armazenamento, foi observadauma diferença altamente significativa (P=0,01), nos níveis de ácidoascórbico (diminuição de 20% e 8%, nas laranjas expostas a tempera-tura ambiente e nos frutos refrigerados, respectivamente). A acideztitulável teve uma diminuição de aproximadamente 14%, para os fru-tos mantidos à temperatura ambiente, e de 8% para os frutos refrige-rados. Comprovou-se um aumento de 30% (frutos em condiçõesambientais) e de 18% (frutos refrigerados), na relação sólidos solú-veis e acidez titulável. Os resultados apontam uma tendência à perdada qualidade nos frutos mantidos em condições ambientais, o que re-afirma a necessidade do uso de refrigeração para a conservação pós-colheita de laranja in natura.

Palavras-chave: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ácido ascórbico,acidez titulável, pH, sólidos solúveis.

ABSTRACT

Postharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ storedunder refrigeration and ambient conditions.

The postharvest quality of fresh oranges (Citrus sinensis (L.)Osbeck, ´Baianinha‘) was evaluated in terms of chemical and physicalproperties, in May of 1998. An experiment was carried out in acompletely randomized design, with two replications, submitting thefruits to two treatments: storage at ambient conditions (21 ± 0.4°Cand RH = 60 ± 1.0%, and in cold room (1 ± 0,5°C and RH = 85 ±2,5%). After 15 days of storage, a highly significant difference wasobserved (P=0,01) in the levels of ascorbic acid (decrease of 20% and8%, at ambient condition and refrigerated fruits, respectively).Titratable acidity decrease approximately 14%, for fruits at ambientcondition, and 8% for the refrigerated fruits. It was observed an increaseof 30% (ambient condition) and 18% (refrigerated fruits), in the brix/titratable acidity ratio. The results demonstrated that there is a tendencyof quality loss for fruits maintained at ambient condition. Therefore,the use of refrigeration is necessary for the maintenance of post harvestquality of fresh orange.

Keywords: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ascorbic acid, titratableacidity, pH, soluble solids.

(Aceito para publicação em 10 de dezembro de 1999)

ao mercado europeu, tendo que ser trans-portados por um período que varia apro-ximadamente, entre 10 a 15 dias.

As frutas cítricas, entre elas a laran-ja, fornecem ao homem uma importantefonte de vitamina C, na forma de ácidoascórbico, sendo este o componentenutricional mais importante nestas. Es-pecificamente a laranja contém entre 40-70 mg de ácido ascórbico/100 ml de suco(Rocha et al., 1995). Esta propriedade,assim como outras, pode ser afetada apósa colheita, pelas condições de conserva-ção, sendo a temperatura, dentre outros,um dos fatores que mais pode influenciar(Kader, 1992). Laranjas expostas ao soldurante 9 h, após a colheita, prática co-mum na Nigéria, tiveram perdas de 40%no nível de ácido ascórbico (Mudambi& Rajagopal, 1977).

Além do valor nutritivo, avaliadopelo nível de ácido ascórbico, outrascaracterísticas podem ser determinadaspara a avaliação da qualidade das frutasfrescas, dentre elas: a aparência (tama-nho, cor), textura (firmeza, maciez), sa-bor (sólidos solúveis, acidez titulável,pH, ácidos orgânicos e compostos vo-láteis) (Kader, 1992, Fellers, 1985). Umbalanço adequado da relação sólidossolúveis e acidez titulável, é necessáriopara obter frutos com aroma e sabor dealta qualidade, sendo muito usada, estarelação, para a avaliação de frutas cítri-cas (Ting et al., 1986).

O objetivo deste estudo foi caracte-rizar algumas das propriedades quími-cas e físicas de laranjas in natura, apósa colheita, e durante o armazenamentoa 1°C e em condições ambientais.

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47Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas laranjas da cultivar´Baianinha‘ (Citrus sinensis (L.)Osbeck), da Fazenda Sete Lagoas, emSP. Aproximadamente 230 kg (10 cai-xas) de laranja foram colhidas, no mêsde maio, às 7 h 30 min. Durante a co-lheita foi feita uma seleção, procurandoescolher laranjas com semelhante graude maturação, tamanho, cor, ausência deinjúrias e defeitos. Os frutos foram co-locados em caixas plásticas (528 x 335x 310 mm), cobertas com uma lona tér-mica, e transportados durante aproxima-damente 90 min, até o Laboratório deProdutos Perecíveis (FEAGRI) e o La-boratório de Refrigeração (FEA), am-bos na UNICAMP.

Depois da chegada, foram colhidostrês frutos, de forma aleatória de cadauma das caixas, das quais foram feitasas análises de sólidos solúveis, pH, aci-dez titulável e ácido ascórbico. Logodepois, duas caixas de laranja foramcolocadas no laboratório, em condiçõesde temperatura e umidade relativa am-biente. A temperatura ambiente, emmédia, durante o tempo de duração dosexperimentos foi de 21 ± 0,4°C, e a

umidade relativa de 60 ± 1,0%.A outra parte dos frutos foi coloca-

da no interior de uma câmara frigorífica,com um sistema de resfriamento comar forçado (temperatura de 1 ± 0,5°C eumidade relativa entre 85 ± 2,5%). Osfrutos foram armazenados durante 15dias, pois geralmente este é o tempo quea laranja in natura é conservada noscontainers refrigerados, quando desti-nadas ao comércio de exportação.

Foi aplicado um delineamento expe-rimental inteiramente casualizado, e osdados foram submetidos à análise devariância, para um nível de significânciade 1%, fazendo-se a comparação dasmédias pelo Teste F. Duas vezes por se-mana foram colhidos quatro frutos, alea-toriamente, dos que foram armazenadosa temperatura ambiente e sob refrigera-ção, para a realização das análises quí-micas, perfazendo duas repetições.

Para a avaliação dos sólidos solú-veis, foi utilizado um refratômetroATAGO-N1, com escala de 1 a 20° Brix(método refratométrico recomendadopela Association of Official AnalyticalChemistry, AOAC 1997). Uma gota desuco foi colocada na lenterefratométrica, fazendo-se a leitura di-retamente. Os valores obtidos na leitu-

ra foram corrigidos usando as tabelasexistentes de °Brix-temperatura.

A acidez titulável foi medida utili-zando um pHmetro de bancadamicroprocessado, HI-8417, com faixade pH de 0 a 14 ± 0,01. Os resultadossão expressos em porcentagem de áci-do cítrico (método acidométrico,AOAC, 1997). A relação entre o con-teúdo de sólidos solúveis e a acideztitulável (a qual é chamada também deratio), foi obtida pelo quociente entre ovalor das duas propriedades. Os valoresde pH foram determinados com auxiliodo pHmetro (método potenciométricorecomendado pelo Instituto AdolfoLutz, 1985).

Para a determinação do nível de áci-do ascórbico foi utilizado uma soluçãotitulada com 2,6-diclorofnolindofeno-sódio (DCFI). Com o volume consumi-do de DCFI foram calculados os valo-res de vitamina C, em mg de ácidoascórbico/100 ml de suco de laranja(método recomendado Instituto AdolfoLutz, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores das propriedades quími-cas e físicas no início do armazenamentoencontraram-se dentro da faixa aceitá-vel para o consumo do produto in natura(Tabela 1).

Após 15 dias de armazenamento, secomprovou uma diminuição do valordos sólidos solúveis, entre as laranjasarmazenadas a temperatura ambiente eas que foram refrigeradas. Nas laranjasrefrigeradas a diminuição foi de 8%,com relação ao valor no início doarmazenamento, sendo que nas laranjasrefrigeradas a diminuição desta proprie-dade foi de 4% (Tabela 2).

Parâmetro Limite mínimo Limite máximopH 4,0 4,6AT, g/100 ml 0,8 1,0AA, mg/100 ml 38,0 80,0SS, ºBrix 10,5 15,0Ratio, ºBrix/100 ml 9,0 20,0

Tabela 1. Limites permitidos pela Legislação Brasileira para laranja in natura (Portaria n.371, Ministério da Agricultura, 1974).

AT- Acidez titulável, AA- Ácido ascórbico, SS- Sólidos solúveis, Ratio (sólidos solúveis/acidez titulável).

CondiçõesAT,%

SS,°Bxix pH

Ratio,°Brix/%

AA,mg/100ml

0 diasInício 0,75 ± 0,024a* 10,80 ± 0,34a 3,49 ± 0,041a 13,74a 60,71 ± 1,49a

15 diasAmbiente 0,60 ± 0,036a 9,49 ± 0,255a 3,64 ± 0,048a 17,81a 45,42 ± 1,56aRefrigeradas 0,69 ± 0,048a 10,30 ± 0,215a 3,85 ± 0,045a 16,36a 53,52 ± 1,23 b

Tabela 2. Valores em média das propriedades avaliadas nas laranjas durante o armazenamento. Campinas, FEAGRI, UNICAMP, 1998.

*/Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 1% de probabilidade pelo Teste F.

Caracterização pós-colheita de laranjas submetidas ao armazenamento refrigerado.

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48 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

O valor da acidez titulável nos fru-tos apresentou variação durante oarmazenamento em condiçõesambientais e sob refrigeração, observan-do-se uma diminuição desta proprieda-de ao longo do período dearmazenamento, de 20% (condiçõesambientais), e de 8% (frutos refrigera-dos) (Tabela 2). Ortiz et al. (1987), ob-servaram que a acidez titulável de la-ranjas in natura, diminui gradualmentede 0,3% para 0,07% com a maturação,o que pode estar relacionado com a de-gradação de ácidos orgânicos.

Nos frutos armazenados sob condi-ções ambientais, o valor da relação sóli-dos solúveis e acidez titulável (ratio),aumentou aproximadamente em 30%,com relação ao valor inicial, sendo quenos frutos refrigerados, o aumento destarelação foi de 16%, no final do armaze-namento (Tabela 2). Têm-se demonstra-do que esta relação deve ter no mínimoum valor de 10° Brix/%, para laranja nahora da colheita e para o consumo innatura (Chitarra & Chitarra, 1990). Ou-tros autores propõem que o valor destarelação deve estar entre 12 e 18° Brix/%,para possuir um balanceamento adequa-do entre o sabor e o aroma (doce-ácido)(Carvalho et al., 1990).

Embora todas as propriedades antesdiscutidas tenham sofrido modificaçõesao longo do armazenamento, a análiseestatística demonstrou que a diferençaentre o armazenamento refrigerado e atemperatura ambiente, não foi signifi-cativa para o nível de probabilidade usa-do (P= 0,01). Da mesma forma obser-vou-se que, mesmo os frutos mantendoo valor das propriedades do ratio (brix/acidez), dentro dos limites recomenda-dos (Tabela 1), após 15 dias dearmazenamento, os frutos não refrige-rados apresentaram uma tendência àperda de firmeza e aumento da colora-ção amarela, o que pode torná-los im-próprios para o consumo.

Após o termino do armazenamentonão foi comprovada diferença significa-tiva nos valores do pH, entre os frutosconservados a temperatura ambiente esob refrigeração (Tabela 2). Rocha et al.(1995), observaram que não existirammudanças significativas no pH de laran-jas armazenadas durante 10 dias a 4°C.

O nível de ácido ascórbico no iníciodos experimentos está dentro dos limi-tes permitidos (Tabela 1). No final doarmazenamento o conteúdo de ácidoascórbico teve uma diminuição altamen-te significativa, sendo de 20% para osfrutos mantidos a temperatura ambien-te e 8% para os frutos que ficaram sobrefrigeração (Tabela 2). Análises desen-volvidas durante o armazenamento delaranja in natura (por 4 semanas a 3°C),demonstraram uma retenção de ácidoascórbico de 93% (Nagy, 1980), ou seja,uma perda de 7% no nível de ácidoascórbico, o que poderia ser explicadopor possíveis diferenças no tipo de cul-tivar, grau de maturação e ponto de co-lheita, entre outros, das laranjas, comrelação aos frutos usados na presentepesquisa.

Das propriedades caracterizadas nalaranja ‘Baianinha´, o ácido ascórbico foia que apresentou a variação altamentesignificativa. Observa-se portanto que,para laranja ´Baianinha‘, assim como emoutras cultivares, a retenção do ácidoascórbico, depende, dentre outros fato-res, dos níveis da temperatura de armaze-namento. Esta degradação acontece tam-bém, devido à presença de enzimas es-pecíficas nos frutos (óxido citrocromo,óxido de ácido ascórbico e peróxido),cujas atividades são mais aceleradas aaltas temperaturas (Klein, 1987).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP,pelo apoio financeiro oferecido à pesqui-sa, ao Laboratório de Refrigeração

(FEA), e ao Laboratório de Produtos Pe-recíveis (FEAGRI), na UNICAMP, porpermitir a utilização de sua infra-estru-tura para a realização deste trabalho.

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49Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

A hidroponia, cultivo de plantas forado solo e em solução nutritiva, vem

se tornando uma alternativa promissorapara diversificação do agronegócio, poisgera um produto diferenciado, de boaqualidade e de grande aceitação no mer-cado. Destacam-se, também, outras mo-tivações em relação à tecnologia de cul-tivo hidropônico, dentre elas: maior ren-dimento por área; menor incidência depragas e doenças; maior facilidade deexecução dos tratos culturais; melhorprogramação da produção; ciclos maiscurtos, em decorrência de melhor con-trole ambiental (Martinez & Barbosa,

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Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do DistritoFederal.Juliana S. Costa; Ana Maria R. JunqueiraUnB - FAV - NUCOMP, C. Postal 04508, 70.910-970, Brasília - DF.

RESUMO

De outubro de 1997 a maio de 1998, foram realizadas entrevistascom produtores de hortaliças em cultivo hidropônico, na região doDistrito Federal, com o objetivo de verificar a situação atual, bemcomo identificar os pontos de estrangulamento no sistema de produ-ção. Foram identificados 18 produtores em um raio de 50 km de Bra-sília. As principais culturas são alface e tomate, ocupando uma áreade 2,7 ha e de 0,5 ha, respectivamente. Foi verificado que as estrutu-ras são, na sua maioria, de madeira e arcos de ferro, com custo médiode R$ 26,00/m2, para produção de alface e de R$ 20,00/m2, para to-mate. O custo por unidade de alface está em torno de R$ 0,25 e opreço médio de venda ao mercado de R$ 0,45, enquanto que o tomateestá sendo vendido a R$ 1,20/kg. Devido à produção recente, os pro-dutores de tomate não conseguiram ainda calcular os custos. As pro-dutividades médias observadas foram de 300 t/ha/ano de alface e de104 t/ha/ciclo de tomate. Os principais compradores são Ceasa, su-permercados, restaurantes, sacolões e mercearias. Um dos produtoresexporta alface para Manaus (AM). Metade dos produtores não usaagrotóxicos. Assistência técnica, ocorrência de “tipburn”, análise dasolução nutritiva, aquecimento interno da estrutura, doenças e pragassão os principais problemas citados pelos produtores de alface e, naprodução de tomate, frutos rachados, doenças e pragas. O cultivohidropônico de hortaliças está sendo visto como uma alternativa paraviabilização do agronegócio na região, além de permitir uma sensívelredução na utilização de agrotóxicos. Aproximadamente 44% dos pro-dutores estão sem assistência técnica e produzindo por meio de tenta-tivas, demandando uma atuação mais efetiva dos órgãos de ensino,pesquisa e extensão rural da região.

Palavras-chave: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, cultivohidropônico.

ABSTRACT

Diagnosis of the horticultural crop production inhydroponical facilities in the Distrito Federal region.

From October 1997 to May 1998, several interviews withproducers of hydroponic crops took place in Distrito Federal with theobjective of not only verifying but also identifying the present situationregarding the constraint points in the production system. Eighteenproducers were identified in a ratio of 50km away from Brasília. Themain crops are lettuce and tomato, which occupy an area of 2,7 ha and0,5 ha, respectively. It was also verified that the majority of thestructures used was made of wood and steel, which account for anaverage cost of R$ 26,00/m2 for lettuce production, and of R$ 20,00/m2 for tomato production. The unit cost for lettuce is around R$ 0,25and the average market price is R$ 0,45, whereas the tomato is soldfor R$ 1,20/kg. Due to the recent production, tomato producers haven'tyet figured out the real costs. The average productivity observed wasof 300t/ha/year for lettuce, and of 104t/ha/cycle for tomato. The mainbuyers are Ceasa, supermarkets, restaurants, vegetable stores, and greengroceries stores. One producer exports lettuce to Manaus (AM). Half ofthe producers do not use chemicals. The main problems faced by lettuceproducers are the lack of technical assistance, “tipburn”, analysis of thenutrient solution, inward structure heating, diseases and pests. On theother hand, tomato producers face cracked fruits, as well as diseasesand pests. Vegetables hydroponic cropping is seen as an alternative forthe feasibility of the agribusiness of the region, besides allowing asubstantial reduction of chemicals utilization. Approximately 44% ofthe producers have no technical assistance and are also operating throughattempts, which demands a more effective support by universities,research institutes and extension services.

Keywords: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, hydroponics.

(Aceito para publicação em 12 de janeiro de 2.000)

1996), redução de perdas por adversida-des climáticas, o que confere maior segu-rança de produção na entressafra; propor-ciona antecipação das colheitas e aprovei-tamento de áreas relativamente pequenas(Zatarin, 1997). No entanto, deve-se con-siderar o custo de implantação e o altonível tecnológico exigido nesse sistema(Martinez & Barbosa, 1996).

Atualmente, o cultivo hidropônicoé realidade em diversos países como naHolanda, nos Estados Unidos, na Fran-ça, no Japão e em Israel. No Brasil, ape-sar da grande procura pelo cultivohidropônico, existe pouca informação a

respeito dessa técnica. SegundoMartinez & Barbosa (1996), cultivoshidropônicos começam a aparecer noscinturões verdes de São Paulo (VargemGrande e Mogi das Cruzes), Belo Hori-zonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre.Porém, sem grande suporte científico epor meio de tentativas. De acordo comTeixeira (1996), em praticamente todosos estados do Brasil se cultiva hortali-ças por meio de hidroponia, principal-mente alface e tomate, seguidos da abo-brinha e do pepino. Outras hortaliçasestão restritas a pequenas áreas experi-mentais ainda sem representatividade no

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mercado, como é o caso do agrião,salsinha, pimentão, morango e melões.

No Distrito Federal, a hidroponiavem despertando interesse crescente dosagricultores, cuja participação é impor-tante no abastecimento de hortaliças.Porém, existem poucas informações arespeito da situação atual dos produto-res que optaram por este sistema de cul-tivo na região.

O presente trabalho teve como ob-jetivo verificar a situação atual do culti-vo hidropônico de hortaliças na regiãodo Distrito Federal, bem como identifi-car pontos de estrangulamento no siste-ma de produção.

MATERIAL E MÉTODOS

Entre outubro de 1997 e maio de1998, o Núcleo de Apoio à Competi-

tividade e Sustentabilidade da Agricul-tura (NUCOMP) da Faculdade de Agro-nomia e Medicina Veterinária (FAV) daUniversidade de Brasília (UnB) realizouentrevistas com produtores de hortaliçasem cultivo hidropônico na região do Dis-trito Federal.

Na primeira etapa do diagnósticoforam identificados os produtores.

Em uma segunda etapa foram reali-zadas visitas às propriedades, aplican-do-se um questionário, cujos principaisitens foram: motivos da adoção dahidroponia, localização, espécies e cul-tivares utilizadas, área ocupada por es-tufas, custo/m2 das estufas, custo de pro-dução, preço de venda, produtividade,pontos de comercialização, necessida-de de aplicação de agrotóxicos, assis-tência técnica e principais problemasenfrentados pelos produtores.

Na terceira etapa foi realizada umaanálise quantitativa simples dos dados.

A média anual da região para umi-dade relativa do ar é de 70%, para tem-peratura é de 20ºC e a precipitação é de1500 mm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se que o cultivo em sis-tema hidropônico é uma atividade mui-to recente na região, tendo iniciado háquatro anos, apenas.

Foram identificados ao todo 18 pro-dutores hidropônicos (Tabela 1). Os pro-dutores estão situados a uma distância mé-dia de 50 km de Brasília e próximos àsprincipais rodovias federais e estaduais.

Diversas razões levaram os produ-tores a adotar o cultivo hidropônico,dentre elas: tecnologia do futuro, alter-

Produtor Localização EspéciesCusto de

estufa/m2 (R$)

Custo deprodução/

unidade (R$)

Preço de venda(R$)

1 Formosa Alface 26,401 0,40 0,60

2 Formosa Alface 45,35 - 0,30

3 Formosa Alface 50,76 0,15 0,40

4 Gama Alface - - 0,45

5 Gama Alface 32,471 - -

6 Gama Alface - - 0,50

7 Lago Norte Alface 57,00 0,30 0,45

8 Lago Oeste Tomate 24,441 - 1,20

9 Luziânia Tomate 16,781 - 1,20

10 Nova Betânia Alface 33,08 - 0,40

11 Paranoá Alface 34,26 0,37 0,40

12 Paranoá Alface 39,06 0,24 0,40 13 Samambaia Alface 28,221 - 0,40 14 Valparaízo Alface 26,081 - 0,50 15 Valparaízo Alface 11,761 0,07 0,55

16 Vicente Pires Alface 11,901 - - 17 Vicente Pires Alface 44,901 0,25 0,50 18 Vicente Pires Alface 12,55 0,20 0,50

Média- - 25,962 0,25 0,454

20,613 1,205

Tabela 1. Localização dos produtores, espécies utilizadas, custo de implantação da estufa, custo de produção e preço de venda ao mercadode hortaliças. Brasília, UnB - FAV - NUCOMP, 1998.

1Estrutura em madeira e arcos de ferro;2Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de alface;3Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de tomate;4Valor médio de venda de alface/unidade;5Valor médio de venda de tomate/kg.

J.S. Costa & A.M.R. Junqueira

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nativa para pequenas áreas, dificulda-des com a condução da cultura no solo,boa qualidade do produto hidropônicoe boa aceitação do produto no mercado.

Características principais do cul-tivo de hortaliças no Distrito Federal

As principais espécies utilizadas emhidroponia comercial na região são alfa-ce crespa e lisa, ocupando aproximada-mente 2,7 ha, e tomate tipo salada, ocu-pando 0,5 ha (Tabela 2). Outras, comocouve, agrião, cebolinha, rúcula, salsaestão sendo cultivadas em áreas meno-res, em caráter experimental, possivel-mente por falta de assistência técnica.

Apenas dois produtores cultivamtomate. Dentro deste contexto, há umaperspectiva de crescimento. Para o ano1998/99 está previsto um pequeno acrés-cimo de área (0,2 ha). Entretanto, istodemonstra expansão e aceitação datecnologia entre os produtores.

Observou-se um custo médio de R$26,00/m2 para estufa modelo arco com

estrutura de madeira e arcos de ferro,incluindo toda a estrutura necessária eos equipamentos para produção de al-face hidropônica, e um custo médio deR$ 20,00/m2 para produção de tomatehidropônico (Tabela 1). Verificou-se queo custo médio de produção por unidadede alface está em torno de R$ 0,25 e opreço médio de venda ao mercado deR$ 0,45. O tomate hidropônico está sen-do vendido a R$ 1,20 o quilograma (Ta-bela 1). Não foi possível obter o custode produção do tomate, pois os própriosprodutores ainda não conseguiramcalculá-lo por se tratar de produçãomuito recente.

Verificou-se que a produtividademédia de alface está em torno de 300 t/ha/ano, aproximadamente seis vezesmaior que aquela obtida em condiçõesde campo que é de 52 t/ha/ano. De acor-do com os dados adaptados de Jensen& Collins, citados por Castellane &Araújo (1995), essa produtividade se

equipara à produtividade obtida em ou-tros países, que está próxima a 313 t/ha/ano. A produtividade média alcançadapelos produtores de tomate hidropônicoé de 104 t/ha/ciclo (Tabela 2).

Com relação à utilização de agro-tóxicos, verificou-se que 50% dos pro-dutores entrevistados não utilizam pro-duto químico para controlar doenças epragas; 12,5% utilizam agrotóxicos demaneira preventiva e 37,5% utilizamcomo tratamento curativo (Tabela 2).

A maioria dos produtores comer-cializa seus produtos em supermercados,sacolões, restaurantes, mercearias eCeasa em Brasília. Um dos produtoresexporta alface para Manaus (AM).

Principais problemas menciona-dos pelos produtores do Distrito Fe-deral

Os produtores se queixaram da faltade assistência técnica especializada, sen-do que do total dos produtores visita-dos, oito não recebem assistência técni-

Produtor EspéciesÁrea de cultivo

(m2)Produtividade Agrotóxicos

AssistênciaTécnica

1 Alface 1.818 243,94 Curativo não recebe

2 Alface 88 373,30 - não recebe

3 Alface 788 312,66 Curativo não recebe

4 Alface 1.125 109,50 não utiliza IAC

5 Alface 1.540 213,31 não utiliza EMBRAPA

6 Alface 3.180 387,38 não utiliza IAC

7 Alface - - não utiliza não recebe

8 Tomate 2.455 - não utiliza não recebe

9 Tomate 2.146 104,00 Preventivo não recebe

10 Alface 7.980 205,83 Preventivo Eng. Agr. fixo

11 Alface 1.080 152,08 Curativo EMATER

12 Alface 640 384,96 Curativo EMATER

13 Alface 1.240 423,87 não utiliza EMATER 14 Alface 1.150 499,89 Curativo EMBRAPA 15 Alface 1.435 572,30 não utiliza não recebe

16 Alface 840 - - EMATER 17 Alface 2.450 301,68 não utiliza não recebe 18 Alface 1.910 107,49 Curativo IAC

- - 31.8651 306,302 - -

104,003

Tabela 2. Área de cultivo, produtividade média, utilização de agrotóxicos e assistência técnica por produtor e por espécime. Brasília, UnB- FAV - NUCOMP, 1998.

1Área total ocupada por estufas;2Produtividade média do alface em t/ha/ano;3Produtividade média do tomateiro em t/ha/ciclo.

Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças.

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ca; quatro são assistidos pela EMATER,três pelo Instituto Agronômico de Cam-pinas (IAC), dois pela Embrapa Horta-liças. Apenas um produtor tem Enge-nheiro Agrônomo fixo na propriedade.

Muitos produtores se queixaram docalor excessivo no interior da estrutura.A maioria dos produtores iniciou a ati-vidade de forma empírica e cometeuerros que poderiam ter sido evitados,como a construção de uma estrutura compé-direito mais alto e janela para saídade ar quente, o que evitaria o aqueci-mento. Observou-se, também, mauposicionamento das estruturas, muitopróximas umas das outras, o que agra-va ainda mais o problema do aqueci-mento e estruturas com pé-direito mui-to baixo para as condições climáticas daregião (2,0 m em média).

Os produtores têm grande dificulda-de em obter análise da solução nutritivae em ajustar as mesmas. Na cultura daalface observou-se a ocorrência de“tipburn” com frequência, principal-mente durante os períodos mais quen-tes do ano, quando o aumento na taxade evapotranspiração contribui para oaparecimento do problema.

Quanto à ocorrência de pragas edoenças, as mais observadas em alface

foram o pulgão e o tripes, a Erwinia spe a Cercospora sp, respectivamente. Nacultura do tomateiro, foram apontadosproblemas como frutos rachados, ocor-rência de doenças como Alternaria sp,oídio e pragas como ácaro e traça-do-tomateiro.

O cultivo hidropônico de hortaliçasestá sendo explorado no Distrito Fede-ral, como uma alternativa paraviabilização do agronegócio. Os produ-tores estão situados próximos a impor-tantes rodovias federais e estaduais, oque facilita o escoamento da produçãopara o mercado de Brasília e outros cen-tros do Distrito Federal, bem como paraoutras cidades de outros estados maispróximos. Apesar de alface ser a prin-cipal espécie cultivada, observou-se umgrande interesse dos produtores por ou-tras culturas, que só não estão sendocultivadas por falta de informações e deassistência técnica mais presente. O cus-to das estufas vai depender das instala-ções requeridas para o cultivo de deter-minada espécie e também do materialutilizado na construção da mesma. Aadoção da hidroponia, conforme a con-dução da cultura, pode eliminar emgrande parte a necessidade deagrotóxicos. Aproximadamente 44%dos produtores estão sem assistência

técnica evidenciando a ausência de su-porte técnico-científico, como aconte-ce em outros estados. Muitos dos pro-blemas apresentados poderiam ter sidoevitados diante de uma consulta préviaaos institutos de ensino, pesquisa e ex-tensão da região.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem ao CNPq,pelo apoio financeiro e pela concessãode bolsa, ao Núcleo de Apoio àCompetitividade e Sustentabilidade daAgricultura, pelo apoio logístico, aostécnicos da EMATER do Distrito Fede-ral e de Goiás, pelo auxílio na identifi-cação dos produtores, e aos produtores,pela valiosa contribuição ao trabalho.

LITERATURA CITADA

CASTELLANE, P.D.; ARAUJO, J.A.C. de. Cul-tivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal,FUNEP, 1995. 43 p.

MARTINEZ, H.E.P.; BARBOSA, J.G. O cultivode flores sob hidroponia. Boletim de Exten-são, Viçosa, n. 38, 1996. 25 p.

TEIXEIRA, N.T. Hidroponia: Alternativa parapequenas áreas. Guaíba: Agropecuária, 1996.86 p.

ZATARIM, M. Hidroponia: a busca da tecnologia.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, n. 1,maio 1997.

J.S. Costa & A.M.R. Junqueira

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O Brasil é o maior produtor mundialde mandioquinha-salsa, cultivan-

do-se anualmente cerca de 11.000 ha,com produtividade média de 9,2 t/ha. Éum produto muito valorizado, tanto doponto de vista nutricional quanto comer-cial, mas tem como principais inconve-nientes o ciclo cultural relativamentelongo (10 a 12 meses) e ser um produtomuito perecível.

A cultura geralmente é instalada atra-vés de mudas ou rebentos que crescem apartir da base das plantas, formando umatouceira. A planta produz sementes bo-tânicas, mas sua utilização é restrita aostrabalhos de melhoramento genético.

Pelo fato do ciclo da cultura ser lon-go, é necessário estabelecer tão rápido

REGHIN, M.Y.; OTTO, R.F.; SILVA, J.B.C. da. “Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p.53-56, março 2.000.

“Stimulate Mo” e proteção com Tecido “Não Tecido” nopré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa.Marie Yamamoto Reghin1; Rosana Fernandes Otto1; João Bosco Carvalho da Silva2

1 UEPG-Dept° de Fitotecnia/Fitossanidade, C. Postal 992, 84.010-300 Ponta Grossa-PR; 2 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970Brasília-DF.

RESUMO

Avaliou-se a brotação e o enraizamento de mudas demandioquinha-salsa, cultivar Amarela Comum, tratadas com o com-posto de reguladores de crescimento “Stimulate Mo”, associado ounão à cobertura dos canteiros com tecido de polipropileno, conheci-do como Tecido “Não Tecido” (NT). As doses de “Stimulate Mo”foram: 1) testemunha sem tratamento; 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L; 4)7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/ L. As mudas foram retiradas da periferia datouceira, selecionadas por peso (10-15 g), cortadas em bisel (1,5-2,0cm de comprimento) e tratadas com imersão em hipoclorito de sódio10%, por três minutos. Posteriormente foram imersas na solução de“Stimulate Mo”, por 30 minutos, armazenadas à sombra por cincodias e transferidas para canteiros. O NT foi colocado após o plantio,em cobertura do canteiro, como uma manta flutuante. Foram avalia-dos: porcentagem de mudas com brotação, número e comprimentode folhas e de raízes. Não houve interação significativa entre os fa-tores NT e doses de “Stimulate Mo”. Observou-se efeito benéficoda proteção com NT para todas as características avaliadas, resul-tando em mudas uniformes, precoces e vigorosas aos 36 dias doplantio. O produto “Stimulate Mo” foi eficiente no aumento do nú-mero e comprimento de raízes, confirmando sua utilidade comoestimulador do enraizamento.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, polipropileno,reguladores de crescimento.

ABSTRACT

“Stimulate Mo” and protection with floating rowcover onpre-rooting of Peruvian carrot (Arracacia xanthorrhiza Bancroft)explants.

It was evaluated the effect of doses of Stimulate Mo, a productwith growth regulators on the sprouting and pre rooting of Peruviancarrot explants, cultivar Amarela Comum, associated with andwithout floating rowcover of polypropylene. The following doseswere tested: 1) 0 (control without treatment); 2) 2.5 ml/ L; 3) 5.0 ml/L; 4) 7.5 ml/ L and 5) 10.0 ml/ L. The explants were removed fromthe cornels, selected by size (10-15g), cut in bezel (1.5-2.0 cm oflength) and treated by immersion in sodium hypocloride 10% duringthree minutes. Afterwards the explants were treated in different doseof “Stimulate Mo” during 30 minutes and stored during five days ina shaded place. After planting the floating rowcover of polypropylenehad been set, it was evaluated the percentage of explants withsprouting, number and length of leaves and number and length ofroots. It was not observed significative effect of interaction betweenfloating rowcover and doses of “Stimulate Mo”. The protection byfloating rowcover was superior in all of the characteristics observed,promoting the development of uniforms and vigorous explants andearly pre-rooting at 36 days after planting. The product “StimulateMo” was efficient to increase number and root length confirming itsutility as a rooting stimulator.

Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, rooting,polypropylene, plant growth regulators.

(Aceito para publicação em 10 de janeiro de 2.000)

quanto possível, a população final de-sejada (Câmara, 1992). Por isso é im-portante conhecer bem os efeitos dotipo, tamanho das mudas, posição ocu-pada pela muda na touceira, tratamen-tos fitossanitários e técnicas para pro-mover o rápido crescimento do vegetal,com maior garantia de estande.

Quando se referem à posição damuda na touceira, alguns autores (Silva& Normanha, 1964; EMBRATER/EMBRAPA, 1982), recomendam o usodaquelas da periferia, por resultarem emmenor taxa de florescimento no campo.Câmara (1992), comparou mudas dasregiões periférica, mediana e apical eenraizadas por 60 dias em canteiros,observando que o enraizamento destas

e a produção de raízes de reserva porplanta não foram influenciados pelaposição do rebento na touceira. O autorconcluiu que os fatores que regulam oflorescimento não são os mesmos quecondicionam as falhas de enraizamentono campo. Vieira et al. (1995) estuda-ram três tipos, três tamanhos e duas for-mas de plantio de mudas e seus efeitosno crescimento e produção da mandio-quinha-salsa, quando observaram que aprodução de raízes comerciáveis foi in-dependente do tipo e tamanho de mu-das utilizadas no plantio. Observaramainda, quanto à profundidade da mudatransplantada, que é mais viável deixaras mudas com o ápice descoberto nomomento do plantio.

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54 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Uma das práticas generalizadas nopreparo das mudas nos países andinos eno Brasil que tem resultado em maiorprodução é o corte dos propágulos(Casali et al., 1984), reduzindo sua es-trutura de reserva para 1,5 a 2,0 cm, commassa de 3,0 a 6,0 g. Quanto aos tiposde cortes, podem ser encontradas váriasalternativas. O mais comum é o corteem bisel simples, que é feito com umúnico corte inclinado em relação ao eixodo comprimento da muda. ConformeSenna Neto (1976), esta forma aumentaa superfície cortada, proporcionandomaior enraizamento e produtividade emenor pendoamento.

Na safra 96/97, no Estado do Paranáforam produzidas 39.827 t (Seab, 1998),estando a cultura em plena expansão.Para o plantio da mandioquinha-salsatem sido observado a seleção detouceiras, preparo das mudas e plantioem leiras, no local definitivo. Dependen-do da época de plantio, principalmenteno período da estação seca e fria tem-severificado alta desuniformidade noestande, e percentual significativo deflorescimento, com reflexos diretos nadiminuição do rendimento da cultura.Conforme Santos (1997), os plantioscomerciais de mandioquinha-salsa nasprincipais regiões produtoras do paísapresentam perdas de produção devidoao florescimento que, em alguns casos,chega a causar reduções expressivas.Ocorrem dois tipos de florescimento: oprimeiro, denominado “capitão” dá ori-gem a plantas incapazes de produzirraízes de reserva; acredita-se que essetipo de florescimento está associado amudas mais velhas. O outro tipo deflorescimento não vem a ser tão compro-metedor na produção, uma vez que, ape-sar da emissão do pendão floral, há for-mação de brotações laterais, de tal for-ma que a planta completa seu ciclo nor-mal, produzindo ainda raízes comerciais.

Câmara (1992) propôs conduzir acultura em duas etapas, sendo a primei-ra destinada a promover o enraizamentode mudas, utilizando-se espaçamentoadensado em canteiros, e a etapa defi-nitiva instalada com o transplante dasmudas pré-enraizadas. Isso possibilitaevitar falhas no estande, selecionar plan-tas e manejar melhor a cultura, semocorrência de pendoamento e com me-

nor tempo da cultura na área definitiva.São poucos os resultados encontra-

dos com reguladores de crescimento nopré-enraizamento de mudas de mandio-quinha-salsa. Câmara (1989) estudou oenraizamento de mudas em substratosde areia, terra e vermiculita e suas mis-turas, imergindo previamente as mudaspreparadas (corte transversal) em solu-ção de ácido indol butírico (AIB) a 500,1000 e 2000 ppm, por 20 segundos.Observou-se que o AIB, a partir de 1000ppm, foi fitotóxico. A concentração de500 ppm apresentou porcentagem médiade enraizamento de 95%, estatisticamen-te igual à testemunha, sem utilização deAIB. Nos tratamentos com AIB, sempreque houve presença de vermiculita nosubstrato, foi baixa a porcentagem deenraizamento. Entretanto, sem AIB, ossubstratos não se diferenciaram. Sendoassim, por meio dos resultados obtidos,para o enraizamento prévio, o autor re-comenda quaisquer dos substratos utili-zados, sem aplicação de AIB.

Em ensaio com mudas demandioquinha-salsa, conduzido emcasa-de-vegetação, Carvalho & Leal(1997) observaram que os tratamentoscom hormônio AIB em diversas dosa-gens e tempo de imersão, praticamentenão influenciaram nas característicasestudadas (número de mudas vivas, sempodridões e número de mudas combrotações aos 15, 30 e 60 dias).

O produto “Stimulate Mo” é compos-to de reguladores de crescimento, con-tendo 90 ppm de cinetina, 50 ppm deácido giberélico, 50 ppm de ácido indolbutírico e 4% de molibdênio (Stoller doBrasil, 1998). Sua função é estimular odesenvolvimento do sistema radicular,aumentando a absorção de água e nutrien-tes pelas plantas e favorecendo o equilí-brio hormonal. O crescimento contínuodas raízes é fundamental para a produ-ção das citocininas, que só ocorrem naextremidade de raízes novas (Stoller doBrasil, 1998). Na literatura, não existemtrabalhos nesta área com a cultura damandioquinha-salsa. Contudo, tem-seinformações de que alguns produtores doParaná tratam os propágulos antes doplantio, com a dose de 5,0 ml/ L deStimulate Mo, durante 30 minutos.

O Tecido “Não Tecido” (NT) é umfilme de polipropileno, confeccionado

a partir de longos filamentos de polipro-pileno que são colocados em camadas esoldados uns aos outros por meio decalor. Tem ampla utilização na indús-tria têxtil no Brasil, mas sua utilidadena agricultura é ainda pouco conhecida.Entretanto, na Europa, estima-se em20.000 ha a área de cultura e coberta como NT (Hernandez & Castilla, 1993). Esta“manta térmica” poderá, em muitos ca-sos, se constituir em interessante alter-nativa de proteção de cultivos hortícolas,a baixo custo. Seu emprego é bastantegeneralizado em sementeiras (Hernandez& Castilla, 1993), tais como a de fumo(Wells & Loy, 1985), sendo colocadodiretamente sobre o solo plantado, semnecessidade de estruturas de sustentação.Algumas vantagens atribuídas ao empre-go do NT são o aumento da precocida-de; aumento da produção (Soltani et al.,1995; Otto, 1997) e proteção contra da-nos causados por chuvas fortes ou grani-zo (Hemphill & Crabtree, 1988).

O presente trabalho teve com o obje-tivo avaliar o efeito de doses de“Stimulate Mo”, com e sem proteção deNT, no pré-enraizamento de mudas demandioquinha-salsa.

MATERIAL E MÉTODOS

Propágulos de mandioquinha-salsada cultivar “Amarela Comum” foramretirados da periferia das touceiras quecompletaram o ciclo vegetativo. Foramselecionados aqueles com massa de 10a 15 g, cortados em bisel a 1,5 - 2,0 cmda base das folhas e submetidos ao tra-tamento de imersão por três minutos, emsolução à base de hipoclorito de sódio a10% (Brune et al., 1996). Posteriormen-te, os propágulos foram imersos por 30minutos na solução de “Stimulate Mo”,nas seguintes doses: 1) testemunha (semtratamento); 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L;4) 7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/L. Ospropágulos foram mantidos em condi-ções ambientais de laboratório por cin-co dias, para cicatrização do tecido cor-tado, e então transferidos para canteiroscom 1 m de comprimento por 1,1 m delargura, no espaçamento de 0,05 x 0,05m, com 56 mudas por parcela. Em se-guida os canteiros foram, ou não cober-tos com NT de 20 – 25 micras de espes-sura e massa de 17g/m², aplicado dire-

M.Y. Reghin et al.

Page 55: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

55Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

tamente sobre os canteiros, formandouma manta flutuante, fixada com solocolocado sobre as bordas da manta.

O plantio foi realizado em junho de1998, na área experimental deOlericultura da Fazenda-Escola Capãoda Onça, UEPG, Ponta Grossa (PR),utilizando irrigação por aspersão. Aos36 dias do plantio avaliou-se a porcen-tagem de mudas com brotação, consi-derando-se aquelas com brotação daparte aérea e, numa amostra de 7 plan-tas por repetição, avaliaram-se o núme-ro e comprimento médio das folhas edas raízes.

O delineamento experimental foi ode blocos casualizados, com três repeti-ções, utilizando-se o esquema fatorialde 5 x 2 (cinco doses de “Stimulate Mo”,na presença e ausência da cobertura comNT). Fez-se análise de regressão dosdados de doses de “Stimulate Mo” e,

para comparação das médias relativas àproteção ou não com NT, usou-se o tes-te de “F”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os fatores doses de “Stimulate Mo”e proteção com NT tiveram atuaçõesindependentes, não ocorrendo interaçãosignificativa entre eles nas característi-cas avaliadas.

Nas parcelas com proteção de NTobservou-se desenvolvimento mais rá-pido e uniforme da parte aérea (Tabela1). Aos 36 dias do plantio, mais de95,0% das mudas apresentavambrotação da parte aérea, com maior nú-mero de folhas e comprimento maiorque 10 cm, enquanto nas parcelas nãocobertas, ocorreu 90,9% de mudas combrotação, e estas apresentavam menorcrescimento. O efeito superior do NT

também foi verificado no número e nocomprimento de raízes (Tabela 2 e Fi-guras 1 e 2).

As doses de “Stimulate Mo” nãopromoveram diferença significativa nascaracterísticas de desenvolvimento daparte aérea (Tabela 1). Por outro lado, aaplicação de “Stimulate Mo” aumentouo número e o comprimento das raízes,com efeito linear para número (Figura 1)e quadrático para comprimento (Figura2), tendo sido estimado como ponto demáximo, a dose de 7,0 ml/L. Não foramobservados sintomas de fitotoxidez emquaisquer das doses estudadas. Estes re-sultados confirmam a atuação do produ-to como estimulador do sistema radicular,podendo resultar na maior capacidade deabsorção de água e nutrientes (Stoller doBrasil, 1998).

Apesar da brotação e doenraizamento terem ocorrido durante osmeses de junho, com temperaturas rela-tivamente baixas (médias das máximasde 26,2°C e mínimas de 9,4°C), não fo-ram observadas mudas com haste floralem quaisquer dos tratamentos, provavel-mente em função da idade das mudas eda seleção feita. Estes resultados corro-boram com os obtidos por Silva &Normanha (1964) e EMBRATER/EMBRAPA (1982). Embora, Câmara(1992) não tenha encontrado diferençasna taxa de florescimento em função daposição do propágulo na planta.

A cobertura com NT resultou emmédias superiores em todas as caracte-rísticas avaliadas, quando comparada aotratamento sem proteção (Tabelas 1 e 2).A proteção deve alterar fatores

"StimulateMo" Brotação (%) N° de folhas Parte aérea (cm)

Doses Com NT Sem NT Com NT Sem NT Com NT Sem NT0 96,67 88,00 2,27 2,00 10,77 7,932,5 ml/ L 98,00 89,33 2,27 2,00 10,73 7,305,0 ml/ L 97,00 92,00 2,55 2,00 12,67 7,707,5 ml/ L 90,67 90,33 2,55 2,00 10,57 7,8010,0 ml/ L 96,67 95,00 2,83 2,00 11,10 8,40Média 95,80 A 90,93 B 2,49 A 2,00 B 11,17 A 7,83 BCV (%) 4,45 15,83 8,93

Tabela 1. Porcentagem de brotação, número de folhas e comprimento da parte aérea de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com “StimulateMo”, com e sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998.

*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

"StimulateMo"

Número de raízes Comprimento de raízes(cm)

Doses Com NT Sem NT Com NT Sem NT0 50,50 42,77 3,20 2,332,5 ml/L 53,60 42,23 2,67 3,175,0 ml/L 57,27 48,80 4,70 3,337,5 ml/L 53,00 43,07 4,10 3,3310,0 ml/L 60,50 44,70 3,87 3,40Média* 54,97 A 44,31 B 3,71 A 3,11 B

CV (%) 7,01 17,05

Tabela 2. Enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com Stimulate Mo, come sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998.

*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, no nível de 5% deprobabilidade, pelo teste de Tukey.

“Stimulate Mo” e proteção com Tecido "não Tecido" em mandioquinha-salsa.

Page 56: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

56 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

ambientais sob a cobertura, ocorrendoum microclima mais favorável para odesenvolvimento das mudas. Salienta-se que um dos objetivos do uso do NTnos cultivos que ocorrem nas épocas frias,é o aumento da temperatura noturna doar abaixo da cobertura, de 2 a 5°C, comoos descritos por Hernandez & Castilla(1993) e Otto (1997).

Os resultados demonstram que opré-enraizamento de mudas demandioquinha-salsa com o produto“Stimulate Mo” foi eficiente, aumentan-do o número e o comprimento de raízesde acordo com o aumento da dose até olimite de 7,0 ml/L.

Qualquer das técnicas estudadasvem reforçar o uso do pré-enraizamento,podendo-se obter mudas aptas para otransplante em curto espaço de tempo(36 dias), enquanto que, em condiçõesnormais, o tempo é de 45 a 60 dias (San-tos, 1997).

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M.Y. Reghin et al.

Figura 1. Efeito de doses de “Stimulate Mo” no número de raízes de mudas de mandioquinha-salsa. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

Figura 2. Efeito de doses de “Stimulate Mo” no comprimento de raízes (cm) de mudas demandioquinha-salsa. Ponta Grossa, UEPG, 1998.

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57Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

A produção mundial de cebola(Allium cepa L.) nos últimos anos

(1995/96/97) esteve entre 37,38 e 38,49milhões de t/ano, proveniente de umaárea de cultivo de 2,2 a 2,3 milhões dehectares/ano, com uma produtividademédia de 16,7 t/ha (FAO,1998). No Bra-sil, a cebola destaca-se ao lado da batatae do tomate como a cultura olerácea eco-nomicamente mais importante, tanto pelovolume produzido, em torno de 900 milt/ano, como pela renda gerada. A sua pro-dução ocorre nas regiões Sul (Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul),contribuindo com 37,7% da produçãonacional, Sudeste (São Paulo e MinasGerais), com 35,3% e Nordeste(Pernambuco e Bahia), com 27%. A pro-dutividade média nacional se situa em12,49 t/ha, sendo que nos estados dePernambuco e Bahia, maiores produtoresdo Nordeste, a produtividade média é de14,89 e 14,68 t/ha (ANUÁRIO, 1996).

No contexto do Mercosul, destacam-se apenas as produções do Brasil, comofertas equivalentes às suas necessida-

COSTA, N.D.; RESENDE, G.M. de; DIAS, R. de C.S. Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 57-60,março 2.000.

Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE.Nivaldo Duarte Costa; Geraldo Milanez de Resende; Rita de Cássia Souza DiasEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina-PE.

RESUMO

Objetivando-se indicar cultivares de cebola mais produtivas ede melhor qualidade de bulbos para a região semi-árida, conduziu-se um ensaio no Projeto Bebedouro, Petrolina-PE, de abril a agostode 1997. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso comquatro repetições e as seguintes cultivares: Granex-429, Texas Grano-PRR, Brownsville, Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438,Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10,Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179) , CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040, CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 eCrioula Mercosul. A produtividade de bulbos comerciais variou de21,41 a 61,78 t/ha, destacando-se as cultivares Texas Grano-PRR(61,78 t/ha), Granex-429 (58,28 t/ha), Texas Grano-438 (56,97 t/ha), Brownsville (55,38 t/ha), Texas Grano-502 (53,97t/ha) e Houston(53,35 t/ha), que não mostraram diferenças significativas entre si.

Palavras chave: Allium cepa, adaptação, produtividade,classificação de bulbos.

ABSTRACT

Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State,Brazil.

With the objective of identifying high productive and betterquality onion cultivars for the tropical semi-arid region of Brazil,field trials were conducted at Petrolina, Pernambuco State, Brazil,from February until July of 1996.The experimental design was arandomized complete blocks with four repetitions and twentytreatments (Cultivars Granex-429, Texas Grano-PRR, Brownsville,Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438, Conquista, Compos-to IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, AlfaTropical (CNPH-6179), CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040,CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 and Crioula Mercosul).Production of commercial bulbs ranged forms 21.41 to 61.78 ton/ha. Texas Grano-PRR had the highest yield (61.78 ton/ha), followedby Granex-429 (58.28 ton/ha), Texas Grano-438 (56.97 ton/ha),Brownsville (55.38 ton/ha), Texas Grano-502 (53.97 ton/ha) andHouston (53.35 ton/ha).

Keywords: Allium cepa, adaptation of cultivars, yield, bulbclassification.

(Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2.000)

des de consumo, e da Argentina, cujovolume de produção tem gerado expres-sivos excedentes exportáveis. Esses doispaíses respondem em sua quase totali-dade pelo abastecimento do referidomercado, sendo as produções do Uru-guai e Paraguai praticamente marginais(cerca de 3,5%), não influindo no perfildo mercado (Boeing, 1995).

A globalização da economia mundiale a formação do Mercosul interferiramsignificativamente no mercado de horta-liças no Brasil. As tendências das produ-ções na Argentina e no Brasil evidenci-am um mercado competitivo do qual con-tinuarão participando aqueles países quetiverem maiores vantagens comparativase fizerem inversões nos setores produti-vos. Portanto, o momento por que passaa cebolicultura é crucial e deve apresen-tar definições. Somente continuará nomercado o produtor que se tecnificar,obter produto de qualidade e se adaptar aessas mudanças no mercado(Ferreira,1997). Hoje, a cebola está sen-do cultivada em regiões distintas, dentro

de uma grande amplitude geográfica,estendendo-se do Equador até regiõesmais próximas aos círculos polares.

As pesquisas têm demonstrado que asmelhores cultivares são aquelas obtidas naprópria região de produção, porque cadauma requer condições especiais defotoperíodo e temperatura para a obten-ção das características qualitativas dese-jáveis, altos rendimentos e boa conserva-ção no armazenamento (Jones, 1963).

A cultivar Texas Grano é uma dasmais adaptadas às condições do CentroSul do País (Filgueira,1982). Goto &Costa (1979), avaliando cultivares, con-cluíram ser a “Texas Grano-502” a maisprodutiva em duas localidades onde fo-ram avaliadas, com respectivamente,80,0 e 96,8 t/ha.

Avaliando cultivares de cebola deciclo precoce, Gandim et al. (1989),verificaram produtividades variando de17,47 a 32,32 t/ha, destacando-se ascultivares EMPASC 352- Bola precoce(32,32 t/ha), IPA-1 (29,42 t/ha), BaiaPeriforme (28,88 t/ha), IPA-2 (28,25 t/

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58 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

ha) e IPA-6 (27,65 t/ha). Estudando aadaptação de cultivares de cebola,Churata-Masca & Santos (1983), obser-varam que a “Granex Yellow “ foi a maisprodutiva (77,3 t/ha), seguida pelas cul-tivares Excel, Granex-33 e Granex-429(entre 64,5 e 61,9 t/ha) e “IPA-2” (55,2t/ha) e “Ag.-59” (50,7 t/ha). Candeia, etal, (1985), verificaram uma produtivi-dade de 30,3 t/ha para a cultivarBrownsville, que foi a mais produtivadentre as avaliadas. A maior produtivi-dade de bulbos comerciais foi apresen-tada pelas cultivares Granex-33 eGranex-429 com 33,07 e 32,19 t/ha, res-pectivamente (Caraballo et al.,1990).

Avaliando 29 cultivares de cebola,Madisa (1994) constatou ser “Equanex”a mais produtiva (36,28 t/ha), tendo acultivar Granex alcançado 26,83 t/ha ea produtividade média das cultivares sesituado em 23,29 t/ha. Murakami et al.(1995), estudando o comportamento decinco genótipos e três cultivares, ob-

servaram que a cultivar Régia foi a maisprodutiva (90,3 t/ha), seguida pela cul-tivar São Paulo (78,7 t/ha).

Dada a importância desta hortaliçapara a região do vale do São Francisco,objetivou-se identificar cultivares adap-tadas, que apresentem alto potencialpara produção e qualidade de bulbos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no Cam-po Experimental de Bebedouro, daEmbrapa Semi-Árido, em Petrolina(PE), com altitude de 365,5m e latitudede 9o 24’ Sul, no período de abril a agos-to de 1997, em Latossolo VermelhoAmarelo com as seguintes característi-cas: pH (H

2O) = 7,0; Ca2+ = 2,2 cmol

c/

dm3; Mg2+ = 0,8 cmolc/dm3; Na+ = 0,05

cmolc/dm3; K+ = 0,32 cmol

c/dm3; Al3 =

0,05 cmolc/dm3; e P/Mehlich = 23,88

mg/L, determinadas segundometodologia da Embrapa (1979).

O delineamento experimental foiblocos ao acaso com quatro repetiçõese os tratamentos, constituídos das se-guintes cultivares: Granex-429, TexasGrano-PRR, Brownsville, Houston,Texas Grano-502, Texas Grano-438,Conquista, Composto IPA-6, BelémIPA-9, Franciscana IPA-10, ValeouroIPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179),CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040, CNPH-6067, Bola PrecoceEMPASC, XP-1, XP-2 e CrioulaMercosul. Utilizaram-se parcelas de 7,2m2 de área útil, com 300 plantas porparcela e bordaduras laterais, noespaçamento de 0,15 x 0,10m.

A adubação básica constou de 30 Kg/ha de N; 120 kg/ha de P

2O

5 e 60 kg/ha de

K2O, de acordo com as recomendações

baseadas na análise do solo. Foram apli-cados em cobertura 90 kg/ha de N (uréia)e 60 kg/ha de K

2O (cloreto de potássio)

parcelados aos 20 e 30 dias após o trans-plante. Os tratos culturais e controlefitossanitários foram realizados de acor-do com as recomendações regionais paraa cultura da cebola. O transplante dasmudas foi realizado aos 30 dias após asemeadura e as irrigações, quando neces-sárias, foram realizadas em sulcos.

A colheita foi efetuada quando amaioria das plantas encontravam-setombadas, aos 120 dias após a semea-dura para as cultivares Granex-429,Texas Grano PRR, Texas Grano 438,Conquista, Alfa Tropical (CNPH-6179),CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040, Franciscana IPA-10 e Bola Pre-coce EMPASC, e aos 127 dias para ascultivares Brownsville, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Valeouro IPA-11 eCNPH-6067 e aos 150 dias para as cul-tivares XP-1, XP-2 e Crioula Mercosul.

As plantas colhidas foram submeti-das ao processo de cura, ficando por seisdias expostas ao sol e dois dias à som-bra, efetuando-se, em seguida, o corteda parte aérea. Avaliaram-se as seguin-tes características: produtividade total (t/ha) e comercial (t/ha), sendo considera-dos comerciáveis os bulbos entre 35 e90 mm de diâmetro. Os bulbos foramclassificados de acordo com o maiordiâmetro transversal em quatro classescomerciais, segundo Brasil (1995), onde2 = 35 a 50mm, 3 = 50 a 70mm, 4 = 70a 90mm e 5 = bulbos com diâmetrotransversal maior que 90mm; sendo que

CultivaresProdutividade (t/ha)

Total Comercial

Texas Grano-PRR 62,71a 61,78 a

Granex-429 58,49 ab 58,28 ab

Texas Grano-438 57,79 ab 56,97 ab

Brownsville 56,02 ab 55,38 ab

Texas Grano-502 54,20 ab 53,97 ab

Houston 53,92 ab 53,35 ab

Alfa Tropical (CNPH-6179) 49,86 bc 48,96 bc

CNPH-6067 43,82 cd 43,34 cd

Franciscana IPA-10 (roxa) 42,99 cd 42,68 cd

Valeouro IPA-11 40,25 cde 39,54 cde

CNPH-6074 39,50 de 38,86 cde

CNPH-5898 36,26 de 35,49 de

Composto IPA-6 35,62 de 34,73 de

XP-1 35,37 de 33,77 deBelém IPA-9 35,22 de 33,76 deBola P. EMPASC 33,79 def 32,40 efCNPH-6040 30,93 efg 30,36 ef

Conquista 29,89 efg 29,40 fCrioula Mercosul 24,70 fg 22,31 fXP-2 23,89 fg 21,41 f

C.V. (%) 15,42 16,56

Tabela 1. Produtividade total e comercial de cultivares de cebola no Vale São Francisco.Embrapa Semi-Árido, Petrolina (PE), 19971.

1Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Duncan,ao nível de 5% de probabilidade.

N.D. Costa et al.

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59Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

os bulbos menores (diâmetro transver-sal inferior a 35 mm) foram computa-dos apenas na produtividade total.

Posteriormente, foi feita a análise devariância das características avaliadas,aplicando-se o teste de Duncan no nívelde 5% de probabilidade para compara-ção das médias, segundo metodologiadescrita por Gomes (1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A colheita foi efetuada quando amaioria das plantas encontravam-setombadas, sendo iniciada aos 120 diasapós a semeadura. Pela Tabela 1, obser-va-se que a produtividade de bulboscomerciais variou de 21,41 a 61,78 t/ha, destacando-se as cultivares TexasGrano-PRR, Granex-429, Texas Grano-438, Brownsville , Texas Grano-502 eHouston, que não mostraram diferençassignificativas entre si. Estas cultivaresapresentaram incrementos na produtivi-

dade da ordem de 285,5 a 386,4% supe-riores à média nacional (12,7 t/ha); es-tando ainda acima da produtividademédia mundial de 16,7 t/ha e dos resul-tados encontrados por Gandim et al.(1989), Candeia et al. (1985) e Madisa(1994) que variaram de 17,47 a 36.28 t/ha. Entretanto foram inferiores às pro-dutividades relatadas por Churata-Mas-ca & Santos (1995) e Murakami et al.(1995), que relataram produtividadesentre 77,3 e 90,3 t/ha. Os mais baixosrendimentos foram observados para ascultivares Bola Precoce EMPASC,CNPH-6040, Conquista, CrioulaMercosul e XP-2, que não mostraramdiferenças estatísticas entre si. A boaperformance produtiva das cultivaresTexas Grano-PRR e Texas Grano-438,são evidenciadas por Goto & Costa(1979) e Filgueira (1982), que relatamserem estas as mais adaptadas e produ-tivas. Assim como também em relaçãoa cultivar Granex-429, que Caraballo et

CultivaresClasses*(%)

5 4 3 2 1**

Granex-429 49,35 38,59 10,94 0,77 0,35

T. Grano-PRR 51,80 32,96 12,67 2,22 0,35

Brownsville 50,20 32,40 14,36 1,90 1,14

Houston 44,10 38,50 14,30 2,00 1,10

T. Grano-502 34,00 45,00 18,60 2,00 0,40

T. Grano-438 51,40 33,00 12,10 2,10 1,40

Conquista 0,80 31,20 58,00 9,00 1,00

Composto IPA-6 12,27 44,72 34,50 6,04 2,47

Belém IPA-9 12,02 40,50 36,85 6,50 4,13

Valeouro IPA-11 6,46 44,50 42,84 4,44 1,76

Alfa Trop. (CNPH-6179) 31,75 46,00 19,13 1,32 1,80

CNPH-5898 11,00 44,60 35,80 6,50 2,10

CNPH-6074 17,04 46,37 30,40 4,57 1,62CNPH-6040 4,03 42,73 41,39 10,00 1,85CNPH-6067 18,84 50,40 26,10 3,50 1,16Franciscana IPA-10 (roxa) 11,86 51,50 33,90 2,00 0,74

B. P. Empasc 5,95 40,76 42,50 7,65 3,14XP-1 11,00 44,25 34,70 5,35 4,70XP-2 3,77 31,66 40,37 10,60 13,60C. Mercosul - 37,35 43,25 9,70 9,70

Tabela 2. Percentagem em peso de bulbos comerciais de cultivares de cebola, segundo o maior diâmetro transversal em classes e refugos.Embrapa Semi-Àrido, Petrolina (PE), 1997.

*Classe 2: 35 a 50mm; Classe 3: 50 a 70 mm; classe 4: 70 a 90 mm e classe 5: bulbos maiores que 90 mm de diâmetro transversal.** Bulbos de baixo valor comercial

al. (1990), informam boa produtivida-de comercial de bulbos (32,19 t/ha), noentanto, inferior a alcançada no presen-te trabalho.

A Tabela 2, apresenta a percentagemdo peso de bulbos comerciais de cebolaem classes, segundo o maior diâmetrotransversal. As cultivares Conquista,Valeouro IPA -11, Franciscana IPA-10,CNPH-6040, Bola P. EMPASC, CNPH-5898 e Crioula, sobressaíram-se dasdemais por apresentarem bulbos comer-ciais acima de 80% nas classes 3 (50 a70mm de diâmetro transversal) e daclasse 4 (70 a 90mm de diâmetro trans-versal), que são os de maior preferênciado mercado consumidor nacional. Acultivar XP-2 apresentou a maior quan-tidade de bulbos tipo 1 (chupeta), assimcomo as cultivares Texas Grano-PRR,Texas Grano-438, Brownsville,Granex-429 e Houston apresentaram44% de bulbos comerciais da classe 5(acima de 90 mm de diâmetro transver-

Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe.

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60 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

sal), que são bulbos grandes de baixovalor comercial, conforme relatam Silvaet al.(1991) da preferência do consumi-dor nacional por bulbos com 80 a 100g ediâmetro transversal de 40 a 80 mm.

Os resultados obtidos em termos deprodutividade e qualidade de bulbos evi-denciam que poderiam ser utilizadas pe-los produtores, sob irrigação, as cultiva-res: Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179) e CNPH-6067. Assim como consolida a cultivarTexas Grano-502 como adaptada às con-dições do vale do São Francisco.

As cultivares Granex-429,Brownsville, Texas Grano-PRR,Houston e Texas Grano- 438, pela suaperformance produtiva, necessitam demaiores estudos quanto a níveis de adu-bação e densidades de plantio, que pro-movam menor diâmetro do bulbo, ade-quando-as à preferência do mercadoconsumidor.

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61Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

A cebola (Allium cepa L.) é umahortaliça amplamente consumida

em todo o mundo e o seu cultivo é ex-pressivo no Brasil onde se tem observa-do um incremento contínuo na área plan-tada. Em 1993, a produção de cebolasno Brasil foi de 928.704 toneladas, ocu-pando o terceiro lugar em importânciaeconômica (Anuário...,1995).

Para Costa & Pinto (1977), o RioGrande do Norte apresenta grande po-tencial para a exportação de cebola parao Mercado Comum Europeu. Sua pro-dução se dá no verão, possibilitando amaturidade, geralmente acentuada, tor-nando a cura fácil e as condições dearmazenamento satisfatórias, sendoconsequentemente os bulbos de excelen-te qualidade.

Na espécie existe grande diversida-de de tipos, sendo que o grupoaggregatum G. Don. tem-se tornadocomercialmente importante para o país,especialmente para as regiões norte,nordeste e sudeste, sendo utilizada nopreparo de pratos típicos regionais. Deacordo com Jones & Mann (1963), essegrupo se caracteriza por apresentar bul-bos com numerosos brotos laterais;

MAIA, M.C.C.; PEDROSA, J.F.; TORRES FILHO, J.; NEGREIROS, M.Z. de; BEZERRA NETO, F. Características de qualidade de cebola múltipla durantearmazenamento sob condição ambiental não controlada. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 61-64, março 2.000.

Características de qualidade de cebola múltipla durantearmazenamento sob condição ambiental não controlada.Maria C. C. Maia1 ,2; Josué F. Pedrosa2; José Torres Filho2; Maria Z. de Negreiros2; Francisco Bezerra Neto2.2 ESAM. C. Postal 137. CEP 59.625 – 900. Mossoró – RN.

RESUMO

Utilizando-se progênies de meios irmãos de cebola múltipla,foram avaliados caracteres de qualidade de bulbos durante oarmazenamento pós-colheita sob condição de ambiente natural. Paratanto, foi conduzido um experimento em condições de laboratório,utilizando delineamento inteiramente casualizado, com 14 tratamen-tos (progênies) e três repetições. Os conteúdos de sólidos solúveis ematéria seca foram influenciados significativamente pelo tempo dearmazenamento. A perda de peso máxima foi 21,70 % em cincosemanas.

Palavras-chave: Allium cepa L., pós – colheita, qualidade.

ABSTRACT

Characteristics of multiplier onion during controlled storageconditions.

Bulb quality characteristics from multiplier onion half-sib familieswere evaluated during postharvest storage under natural ambientconditions. For this purpose, one experiment was conducted underlaboratory conditions. The experiment was carried out in a completelyrandomized design with 14 treatments (families) and three replications.Soluble solid and dry matter contents were significantly influencedby storage period. Maximum weight loss was 21.7% within five weeks.

Keywords: Allium cepa L., postharvest, quality.

(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000)

inflorescência tipicamente sembulbinhos, podendo ou não produzir se-mentes, propagando-se sexuada ouvegetativamente pelos bulbos laterais.O tipo produzido no Rio Grande doNorte possui coloração roxa devido àpresença de fenóis (catecol epirocatecol) em sua composição quími-ca, precursores dos pigmentos, e estáligada à resistência aos fungosColletotrichum sp. e Botrytis spp (Cos-ta & Pinto, 1977).

O período de armazenamento depen-de das características genéticas da varie-dade, condições e tempo dearmazenamento, junto a outros fatores,inclusive método de colheita e cura.Estudos dos fatores que determinamaumentos no período de armazenamentoda cebola suscitam muitas perguntas. Aspublicações deste assunto refletem acomplexidade do problema.

As alterações que ocorrem na cebo-la após a colheita, e que dificultam aconservação são decorrentes da perda deágua, brotação, enraizamento e deterio-ração (Santos & Araújo, 1993). De acor-do com Ward (1976), a perda de pesoem cebola armazenada sob temperatu-

ras altas aumenta principalmente emfunção do aumento da respiração ouperda de água.

A variedade de cebola múltipla podeapresentar uma vida útil pós colheitaconsideravelmente prolongada se esto-cada sob condições de armazenamentofavoráveis. Associado a isso, inúmerosfatores, como procedimentos técnicos,características do genótipo, adequaçãono transporte, pequenas distâncias etempo para a colocação do produto nosmercados podem minimizar as perdasdo produto.

A composição química dos bulbosde cebola é variável. O conteúdo dematéria seca mostra desde teores baixos,cerca de 4% até cerca de 25% em algu-mas cultivares, sendo que a maior parteda matéria seca é constituída porcarboidratos (Jones & Mann, 1963).Teores de matéria seca variando de 7,62a 9,13%, foram observados por Vavrina& Smittle (1993), quando estudaram oefeito do ambiente na qualidade dosbulbos de 6 cultivares de cebola comum.

Geralmente o teor de matéria secapode aumentar quando as cebolas sãocolhidas manualmente com a haste

1 Bolsista da Capes

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62 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

intacta e com o tempo dearmazenamento (Smittle & Maw, 1988).

Lorenz & Hoyle (1946), estudandoo efeito do tempo de cura sobre a perdade peso e composição química de bul-bos de cebolas inferiram que o incre-mento no teor de matéria seca nos bul-bos de cebola após período de cura édevido a uma remoção de água dos bul-bos juntamente com o movimento desubstâncias, principalmente atranslocação de açúcares da parte aéreapara os bulbos. Smittle et al., (1979)avaliando características de qualidadeem cebolas, já haviam reportado que oteor de matéria seca aumenta com o pe-ríodo de armazenamento.

A qualidade de estocagem é extrema-mente importante em cebola quando osbulbos são mantidos por um longo perío-do de tempo sob condições ambientaisnaturais. Longo período de armaze-namento e alta percentagem de matériaseca se inserem numa mesma categoriainterferindo na qualidade e no teor desólidos solúveis totais (Pike, 1986).

A capacidade que essa cultura pos-sui de apresentar poucas alterações nassuas características físicas e químicasdurante o armazenamento pode deter-minar sua potencialidade comercial eaceitabilidade, possibilitando minimizaras perdas pós colheita. Apesar dainquestionável importância que assumeesse aspecto de conservação, inexisteminvestigações sobre as perdas que ocor-rem com a cebola múltipla colhida noRio Grande do Norte.

O objetivo desse trabalho foi avaliarcaracteres de qualidade (perda de peso,sólidos solúveis e matéria seca) durantearmazenameto pós-colheita, utilizando-se de progênies de meios irmãos de ce-bola múltipla.

MATERIAL E MÉTODOS

As 14 progênies de meios irmãosavaliadas neste trabalho foram plantadasna horta do Departamento de Fitotecniada Escola Superior de Agricultura deMossoró (ESAM), no período de junhoa setembro de 1997, em solo classifica-do como Podzólico Vermelho-AmareloEquivalente Eutrófico, textura franco-arenosa, PE (Eutrustalfs), segundo o SoilTaxonomy, Estados Unidos (1979).

O experimento foi conduzido no la-boratório de Pós-Colheita da ESAM,nos meses de setembro e outubro de1997. As condições ambientais de ar-mazenagem foram de temperatura mé-dia 27,4°C ± 2°C e umidade relativamédia do ar 69,5 % ± 2 %.

As plantas de cada parcela útil fo-ram colhidas com a parte aérea intactanas primeiras horas do dia, aos 96 diasdo transplantio, quando no mínimo,80% das plantas de cada parcela apre-sentavam sinais de maturação, isto é, porocasião do tombamento da haste e se-cagem inicial das folhas.

A cura dos bulbos se deu de formanatural, com a exposição diária ao sol,até se observar seca completa de suasfolhas, a qual ocorreu após uma semana.Após a cura, foram levados ao laborató-rio de pós-colheita da ESAM, onde per-maneceram armazenados sob condiçãoambiental não modificada, com a parteaérea intacta, sob folhas de papel em bal-cões de alvenaria durante cinco semanas.

Utilizou-se o delineamento inteira-mente casualizado, com 14 tratamentose três repetições. Cada repetição foicomposta por 24 bulbos. Os dados fo-ram analisados semanalmente.

Avaliou-se a perda de peso conside-rando-se seis épocas a partir da cura, pormeio da diferença entre o peso Inicialdo bulbo e o peso obtido a cada interva-lo de amostragem utilizando-se cincobulbos de cada parcela útil, mantidas sob

temperatura ambiente por um períodode 35 dias. O teor de matéria seca, ex-presso em percentagem, foi determina-do após a secagem de uma amostra decinco bulbos, em estufa com circulaçãoforçada de ar e temperatura constante a70°C. O teor de sólidos solúveis foi de-terminado por refratometria (°BRIX),utilizando-se um refratômetro digital,em suco extraído através de“espremedor de limão” utilizando umafatia da porção mediana do bulbo, sempelícula e camada mais externa, consi-derando uma amostra de cinco bulbospor parcela, expressa em porcentagem.O peso fresco dos bulbos foi determi-nado a partir de pesagem de uma amos-tra de cinco bulbos, em balança de pre-cisão, sendo expresso em gramas.

Os dados foram submetidos à análi-se de regressão utilizando-se o progra-ma ‘Table Curve’.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Registrou-se uma perda de pesomédia de 17,41% durante o período de35 dias de armazenamento. Consideran-do que a cebola é comercializada porunidade de peso, a perda de peso totalse constitui num fator limitante na vidade armazenamento do produto, refletin-do-se em sérios prejuízos econômicos.A perda de peso média diária foi de0,62% durante o período em que as plan-tas foram armazenadas. Com relação aoperíodo de armazenamento (Figura 1),

Figura 1. Perda de peso de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas.Mossoró, ESAM, 1998.

M.C.C. Maia et al.

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63Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

observou-se um aumento linear na per-da de peso, sendo mais rápido até a 2a

semana. A partir daí, notou-se um cres-cimento mais lento, com perda progres-siva em peso total. Com o decorrer dotempo de armazenamento, alcançou21,70%, no fim da 5a semana. Todas asperdas, provavelmente, ocorreram de-vido à desidratação e à taxa de respira-ção, estimuladas por altas temperaturas(27,4 ± 2°C), uma vez que as taxas dedeterioração, enraizamento e brotaçãoforam desprezíveis.

Foi verificado um teor de matériaseca variando de 16,13 a 16,55% nodecorrer do período de armazenamento.A desidratação dos bulbos, juntamentecom o movimento vertical de substân-cias, predominantemente carboidratos,da parte aérea para os bulbos são os prin-cipais fatores que contribuem para o in-cremento do teor de matéria seca nosbulbos armazenados com a haste intactaLorenz & Hoyle (1946). O teor de ma-téria seca apresentou um acréscimo li-near com o tempo de armazenamento(Figura 2), a translocação de solutos daparte aérea para os bulbos, juntamentecom a perda de água, parece ter tidomaior influência no aumento percentualde matéria seca. Cebolas que apresen-tam elevado teor de sólidos solúveis to-tais são desejáveis e de grandeaceitabilidade, sendo seu destino acomercialização ‘in natura’ ou, princi-palmente, para a indústria de desidrata-ção, pois esse índice é considerado umaimportante característica de qualidade.

O teor de sólidos solúveis totais, na1a semana de armazenamento, apresen-tou um alto valor médio de 15,47%.Durante o período de armazenamento,o teor de sólidos solúveis totais alcan-çou um valor médio de 16,25%. Issoindica que houve um acréscimo nopercentual de sólidos solúveis totais como tempo de armazenamento conferindomelhor qualidade ao produto. Ao fim da5a semana em que os bulbos foram ar-mazenados com a parte aérea intacta,verificou-se um incremento linear napercentagem de sólidos solúveis totais(Figura 3). A composição desseparâmetro é formada essencialmente poraçúcares, sendo que o aumento dessassubstâncias com o tempo dearmazenamento, é devido à remoção de

Figura 2. Teor de matéria seca de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 sema-nas. Mossoró, ESAM, 1998.

Figura 3. Teor de sólidos solúveis de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5semanas. Mossoró, ESAM, 1998.

Figura 4. Peso fresco de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró,ESAM, 1998.

Qualidade de cebola múltipla durante armazenamento.

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64 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

água dos bulbos, e principalmente, àtranslocação de açucares da parte aéreapara os bulbos.

Para o peso fresco de bulbos foramencontrados valores variando entre36,95 g, observados na 1ª semana, a21,18 g, ao final da 5ª semana dearmazenamento. A média durante o pe-ríodo foi de 29,33 g. Registrou-se dimi-nuição no peso fresco em relação aopeso inicial, mais acentuada a partir da3a semana de armazenamento (Figura 4),indicando ser esse o período máximoquando se deseja armazenar cebolas sobcondição ambiental com altas tempera-turas. A desidratação e a respiração pa-recem ser os principais fatores respon-sáveis por essa perda progressiva.

Conclui-se que a perda de peso má-xima em cinco semanas foi de 21,70%,que o tempo de armazenamento influen-

ciou significativamente na elevação dosteores de matéria seca e sólidos solú-veis totais e que o peso fresco de bulbosdiminuiu ao longo do período dearmazenamento.

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65Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

insumos e cultivares em teste

Dentre os fatores que reduzem a pro-dução do tomateiro (Lycopersicon

esculentum Mill.), destacam-se as inú-meras doenças de natureza biótica(Lopes & Santos, 1994). Trinta entreelas ocorrem no Estado do Espírito San-to (Liberato et al.,1996), tradicional pro-dutor de tomate tipo “salada”, sendo al-gumas com níveis elevados de incidên-cia e severidade. A “requeima” causadapelo fungo Phytophthora infestans(Mont.) De Bary, é considerada a doen-ça mais importante, prevalecendo emcondições persistentes de baixa tempe-ratura e alta umidade. A mesma torna-se altamente destrutiva em áreas sujei-tas a frequentes cerrações ou em épocascom muito orvalho, chegando a perdasde até 100% da produção, caso não se-

RODRIGUES, C.; RIBEIRO, L.G.; LOPES, J.C.; FREITAS, F.S. de; AZEVEDO, L.A.S. de. Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 65-67, março 2.000.

Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.Celson Rodrigues1; Luiz G. Ribeiro1; José Carlos Lopes1; Flávio S. de Freitas2 ; Luis Antonio S. de Azevedo3

1UFES - Depto de Fitotecnia, 29.500-000, Alegre - ES; 2Santa Bárbara Agropecuária Ltda, 29.540-000 Ibitirama - ES; 3NovartisBiociências S.A., 04.706-900 São Paulo - SP.

RESUMO

Foi avaliada a eficiência das dosagens de 1; 2,5 e 5 g/cova dofungicida Ridomil 50 gr (metalaxyl 50 g/kg), em aplicação única nosolo, comparada com a dosagem de 400 g/100 litros de água doFólio (metalaxyl + clorotalonil, 80 + 400 g/kg) e do RidomilMancozeb br (metalaxyl + mancozeb, 80 + 640 g/kg), em dez pul-verizações, para o controle da requeima do tomateiro cv. Santa Cla-ra. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seistratamentos e quatro repetições. A percentagem de área foliarlesionada pela requeima foi de 2,75% no tratamento com Folio,7,25% com Ridomil Mancozeb br; 18,25; 18,50 e 24,25% com asdosagens crescentes do Ridomil 50 gr, e 34,25% com a ausência detratamento com fungicidas (testemunha). A produção de frutos co-mercialmente aceitáveis por dez plantas de tomateiro, avaliadas emcada parcela experimental, durante quatro semanas a partir de 90dias do transplantio do tomateiro foi de 10,26 kg para o tratamentocom o Folio, 9,10 kg para o Ridomil Mancozeb br, 2,07 kg; 1,86 e1,74 kg para as dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, enquantopara a testemunha foi de 1,58 kg. Estes resultados demonstraram asuperioridade dos fungicidas Folio e Ridomil Mancozeb br em rela-ção ao Ridomil 50 gr, para o controle da requeima do tomateiro, nascondições experimentais utilizadas.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Phytophthorainfestans, controle químico, metalaxyl.

ABSTRACT

Efficiency of Metalaxyl to control tomato late blight.

An experiment was conducted to study the efficiency of the dosagesof 1; 2.5 and 5 g/plant, of the fungicide ridomil 50 gr (metalaxyl, 50 g/kg), in only one application in the soil, compared with the dosage of400 g/100 liters of water, of the folio (metalaxyl + chlorothalonil, 80+ 400 g/kg) and of the ridomil mancozeb br (metalaxyl + mancozeb,80 + 640 g/kg), in ten pulverizations for the control of the late blightof the tomato cv. Santa Clara. The experiments were set up in a com-plete randomized design, with six treatments and four replications.The percentage of the damaged foliage area caused by late blight wasof 2.75% in the treatment with folio; 7.25% with ridomil mancozebbr; 18.25, 18.50 and 24.25% with the increasig dosages of the ridomil50 gr, and, 34.25% in the control treatment. The production ofcommercially acceptable fruits for ten tomato plants were evaluatedin each experimental plot, during four weeks after ninety days of thetransplant to field. The yield was 10.26 kg for the treatment with folio;9.10 kg for the ridomil mancozeb br; 2.07, 1.86 and 1.74 kg for theincreasing dosages of the ridomil 50 gr, while the control treatmentwas 1.58 kg. Treatments with folio and ridomil mancozeb br gavebetter results in controlling late blight than ridomil 50 gr.

Keywords: Lycopersicon esculentum, Phytophthora infestans,chemical control, metalaxyl.

(Aceito para publicação em 21 de fevereiro de 2.000)

jam adotadas medidas de controle (Valleet al., 1992; Costa et al., 1995). A inci-dência da doença, nos municípios pro-dutores do Estado alcança 95% (Valleet al.,1992.

A falta de cultivares e híbridos co-merciais com resistência ao patógeno,faz com que o controle químico seja ométodo mais utilizado para o controleda requeima. São recomendadas pulve-rizações preventivas periódicas commancozeb, clorotalonil, cúpricos e comsistêmicos em condições climáticas fa-voráveis à doença (baixas temperaturas,12 a 20ºC, chuvas ou neblinas frequen-tes por mais de dois dias) e curativas,assim que surgirem os primeiros sinto-mas (Kurozawa & Pavan, 1997). Den-tre os fungicidas sistêmicos recomen-

dados, destaca-se o metalaxyl, como umdos mais eficientes (Cohen et al., 1979;Sinigaglia et al., 1983). As formulaçõespós-molháveis e mistas, RidomilMancozeb br, à base de metalaxyl +mancozeb (80 + 640 g/kg), e Fólio, à basede metalaxyl + clorotalonil (80 + 400 g/kg), são amplamente receitadas no Esta-do do Espírito Santo, sendo comum o usode oito a dez pulverizações por ciclovegetativo da cultura, (400 g do produtocomercial/100 litros de água, 600 a 800litros da calda por hectare). Este elevadonúmero de pulverizações contribui parao aumento do custo de produção, riscode intoxicações por parte dos aplicadorese de excesso de resíduos químicos nosfrutos, bem como para a poluição do soloe da água (Valle et al.,1992).

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66 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

A disponibilidade do Ridomil 50 grno mercado brasileiro, (formulação gra-nulada à base de metalaxyl (50 g/kg),registrada para o controle dePhytophthora e Pythium em citros, fumoe crisântemo), despertou o interesse so-bre a possível eficiência no controle darequeima do tomateiro, visando reduziro número de aplicações. Portanto, con-duziu-se o presente experimento, com-parando três dosagens do metalaxyl(Ridomil 50 gr), em aplicação única, viasolo, com uma dosagem do metalaxyl +clorotalonil (Folio) e do metalaxyl +mancozeb (Ridomil Mancozeb br), emdez aplicações, via pulverização.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naFazenda Santo Antônio, em Santa Rita,no Município de Ibitirama-ES, de abrila setembro de 1996. A temperatura mé-dia mínima registrada foi de 150C e amáxima de 300C e a umidade relativafoi de aproximadamente 70%. Utilizou-se a cultivar Santa Clara, por ser a maiscultivada na região e suscetível à requei-ma. As plantas foram conduzidas emsistema tutorado vertical, com uma plan-ta por cova. A adubação e os tratos cul-turais foram os usuais à cultura. A irri-gação foi efetuada em dias alternados,utilizando-se o sistema manual, comauxílio de uma mangueira. O delinea-mento experimental utilizado foi de blo-cos casualizados, com seis tratamentose quatro repetições. As parcelas, espa-çadas de 2 m entre si, foram constituí-das por quatro fileiras com 40 plantas,no espaçamento 0,5 x 1,0 m. Os trata-mentos avaliados foram o fungicidaRidomil 50 gr nas dosagens de 1,0; 2,5e 5,0 g/cova; Ridomil Mancozeb br nadosagem de 400 g/100 litros de água eo Folio na dosagem de 400 g/100 litrosde água em pulverização e a testemu-nha, sem aplicação de fungicida. Ofungicida Ridomil 50 gr foi aplicadouma única vez, na cova de plantio porocasião do transplantio das mudas detomateiro para o campo. As mudas fo-ram transplantadas com 30 dias de ida-de. Os outros fungicidas foram aplica-dos em dez pulverizações cada, em in-tervalos de sete dias, iniciando-se 30dias após o transplantio e empregando-

se pulverizador costal manual, com bicocônico JD5-2. O volume aplicado porpulverização foi de 600 litros/ha.

A avaliação de severidade da requei-ma foi efetuada aos 70 dias após otransplantio, em duas folhas por planta,localizadas na porção mediana da mes-ma, com o uso de uma escaladiagramática divulgada por Azevedo &Leite (1996), para avaliação da doençana cultura da batateira, expressa em por-centagem de área foliar lesionada emquatro níveis: 1%, 10%, 25% e 50%. Aprodução de frutos comercialmenteaceitáveis foi avaliada durante quatrosemanas, a partir de 90 dias após otransplantio, através da colheita de to-dos os frutos considerados em ponto decolheita e pesagem dos comercialmen-te aceitáveis ou seja; com diâmetrotransversal igual ou superior a 33 mm.Para as avaliações foram consideradasas dez plantas centrais de cada parcela,dispostas em duas fileiras (área útil de2 m²). As médias foram comparadasestatisticamente por meio do teste deDuncan a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à testemunha, todos ostratamentos com fungicidas reduziramsignificativamente a severidade da re-queima do tomateiro. Nos tratamentoscom Folio e com Ridomil Mancozeb br(dez pulverizações e dosagem de 400 g/100 litros de água), estatisticamente si-

milares entre si, mas superiores aos de-mais tratamentos, as percentagens deárea foliar lesionada destes dois trata-mentos foram, respectivamente, de 2,75e 7,25%. Para os tratamentos com oRidomil 50 gr, aplicado uma única vezna cova e na ocasião do transplantio, ospercentuais de área foliar lesionada fo-ram de 24,25% para a dosagem de 1 g/cova, de 18,50% para a de 2,5 g/cova ede 18,25% para a de 5 g/cova, igualan-do-se estatisticamente entre si e supe-rando a testemunha, cujo percentual deárea foliar lesionada foi de 34,25%.

A produção de frutos comercialmen-te aceitáveis por dez plantas de toma-teiro em cada parcela experimental, du-rante quatro semanas a partir de 90 diasdo transplantio do tomateiro, foi de10,26 Kg para o tratamento com o Folio,9,10 Kg para o Ridomil Mancozeb br;2,07, 1,86 e 1,74 kg para as dosagenscrescentes do Ridomil 50 gr, enquantoque para a testemunha foi de 1,58 kg.Estes resultados demonstraram um in-cremento na produção em relação à tes-temunha de 550 e 476%, para os trata-mentos com Folio e Ridomil Mancozebbr, respectivamente, enquanto que ostratamentos com o Ridomil 50 grincrementaram-na em apenas 31, 17 e10%, da menor para a maior dosagemavaliada, não diferindo estatisticamen-te da testemunha.

A liberação gradativa do ingredien-te ativo, característica que colabora parauma maior eficiência e redução no nú-

Tabela 1. Área foliar lesionada (%) e produção de frutos comerciais em plantas de tomatetratadas para o controle da requeima. Ibitirama(ES), UFES, 1996.

TratamentosÁrea foliar

lesionada ( % )

Produção defrutos

( Kg/10 plantas )Metalaxyl + Clorotalonil1 2,75 a 10,26 aMetalaxyl + Mancozeb2 7,25 a 9,10 aMetalaxyl 3 24,25 b 2,07 bMetalaxyl 4 18,50 b 1,86 bMetalaxyl 5 18,25 b 1,74 bTestemunha 34,25 c 1,58 bC.V.( % ) 30,7 34,0

*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5% pelo Teste de Duncan.1 e 2/ Dosagem de 400g de Folio e Ridomil Mancozeb br/100 litros de água, respectivamente.Volume de pulverização = 600 litros/ha.3, 4 e 5/ Dosagens de 1,0 ; 2,5 e 5,0 g de Ridomil 50 gr/cova, respectivamente.

C. Rodrigues et al.

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67Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

mero de aplicações de formulações gra-nuladas de fungicidas sistêmicos emgeral, via solo, ampliando o seu efeitoresidual neste e nas plantas, não foi su-ficiente para garantir, neste experimen-to, uma eficiência do Ridomil 50 grcomparável com a obtida com Folio ecom Ridomil Mancozeb br, no controleda requeima. Esta superioridade dometalaxyl em formulações mistas comfungicidas protetores, aplicadas via pul-verização, sobre formulações simples,para o controle de P. infestans em to-mateiro, foi por diversas vezes relatada(Sinigaglia et al., 1983; Azevedo, 1993;Costa et al., 1995), sendo atribuída avários fatores relativos à constituiçãodos produtos, aplicação e às caracterís-ticas dos patossistemas nos quais foramutilizados. A menor eficiência do usodo metalaxyl pode ser devida à alta so-lubilidade e mobilidade do produto ati-vo no solo. Dessa forma, apesar da fácilabsorção e transporte acropetal por meiode raízes, caule e folhas do tomateiro(Cohen et al., 1979; Azevedo, 1993)provavelmente a lixiviação tenha ocor-rido muito rapidamente. Comoconsequência apresentou-se em níveisinsuficientes para conferir a proteção

necessária durante todo o período críti-co de ocorrência da doença (20 aos 70dias após o transplantio das mudas parao campo). Também a frequência de irri-gações (uma a cada 48 horas) possivel-mente levou à redução do residual doproduto no solo, fato agravado pela uti-lização de somente uma aplicação domesmo, por ocasião do transplantio. Háque se considerar ainda a possibilidadede encurtamento da meia vida dometalaxyl, devido à degradação do pro-duto por microrganismos como algunsfungos e bactérias com potencial parametabolizá-lo em acylalaninas nãofungistáticas, principalmente ometalaxyl ácido, no solo ( Azeve-do,1993).

LITERATURA CITADA

AZEVEDO, L.A.S. Fungicidas antioomicetos.Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 1,p. 319-347. 1993.

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Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.

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68 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Planta de fácil cultivo, rústica e deampla adaptação, a batata-doce é am-

plamente difundida, estando dentre asdoze culturas fundamentais do mundo(Barreira, 1986), de grande importânciasocial e econômica vislumbrando-se suaparticipação efetiva no suprimento de ali-mentos. Além disso, constitui-se numaexcelente alternativa para a alimentaçãoanimal e para a agroindústria (Thomazelliet al., 1997), apresentando produtivida-de média mundial de 14,93 t/ha(FAO,1998) e nacional de 11,31 t/ha(ANUÁRIO, 1996), sendo que uma boaprodutividade se situa entre 9 e 14 t/hade acordo com Yamaguchi (1983).

RESENDE, G.M. de. Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 18, n. 1, p. 68-71, março 2.000.

Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocasde colheita, em Porteirinha - MG.Geraldo M. de ResendeEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 - Petrolina-PE e-mail: [email protected]

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a produtividade e a qualidade de raízesde cultivares de batata-doce e identificar a melhor época de colhei-ta, conduziu-se um experimento no Campo Experimental doGorutuba, em Porteirinha-MG, de novembro de 1990 a junho de1991. Foram estudadas cinco cultivares de batata-doce (BrazlândiaBranca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa e Paulistinha)e duas épocas de colheita (150 e 200 dias após plantio), arranjadasem esquema fatorial 5x2, no delineamento experimental de blocoscasualizados, com cinco repetições. Verificou-se, para a colheita aos150 dias após o plantio, que a cultivar Brazlândia Branca foi 62,7%mais produtiva (22,84 t/ha) que a cultivar Brazlândia Roxa (14,33t/ha), a menos produtiva. Aos 200 dias de ciclo, a cultivarPaulistinha foi a mais produtiva (54,50 t/ha), sendo a menor pro-dutividade apresentada pela cultivar Brazlândia Rosada (55,0% me-nos produtiva que a cultivar Paulistinha). A cultivar BrazlândiaRoxa apresentou maior produção de refugos, de 7,76 e 12,38 t/ha,respectivamente, para a colheita aos 150 e aos 200 dias após oplantio. Para peso médio de raiz, houve uma variação de 220,12 a504,95 g, sendo que todas as cultivares apresentaram maior por-centagem de raízes graúdas (400-800 g/raiz), quando colhidas maistardiamente. Recomenda-se a colheita das cultivares Paulistinha,Brazlândia Rosada e Brazlândia Branca aos 150 dias após o plan-tio, pelo tamanho menor de raízes preferidas pelo consumidor. Jápara a cultivar Princesa, em função da sua menor produção de raízestipo 2 (400 a 800 g/raiz) comparativamente às cultivares anterio-res, sua colheita pode ser feita de 150 até 200 dias após o plantio.A cultivar Brazlândia Roxa apresentou melhor desempenho quan-do colhida aos 200 dias após o plantio.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, raiz tuberosa, produtividade.

ABSTRACT

Yield characteristics of sweet potato cultivars under differentharvest periods in Porteirinha, Minas Gerais State, Brazil.

With the objective of evaluating sweet potato cultivars underdifferent harvest periods, one experiment was carried at the GorutubaExperimental Field, Porteirinha-MG, Brazil, from November 1990to June 1991. The experimental design was a randomized completeblock in a 5x2 factorial arrangement with four replications. The firstfactor consisted of five cultivars (Brazlândia Branca, BrazlândiaRosada, Brazlândia Roxa, Princesa and Paulistinha) and the secondone of two harvest times (150 and 200 days after planting). For theharvest at 150 days after planting, the cv. Brazlândia Branca yielded62.7% more (22.84 ton/ha), than the cv. Brazlândia Roxa (14.44ton/ha). For the harvest at 200 days after planting, the cv. Paulistinhahad the highest yield (54.50 ton/ha), and cv. Brazlândia Rosada hadthe lowest yield, 55.0% less productive than the cv. Paulistinha. Thecv. Brazlândia Roxa showed the highest non-commercial yield of7.76 and 12.38 ton/ha, respectively, for the harvests at 150 and 200days after planting. The mean root weight, renged from 220.12 to504,95 g, and all the cultivars showed higher percentage of big roots(400-800 g/root) when harvested later. cv. Paulistinha, BrazlândiaRosada and Brazlândia Branca can be harvested 150 days afterplanting. cv. Princesa can be harvested at 150 days of plantingextended up to 200 days due to its lowest yield of big roots. cv.Brazlândia Roxa, harvested at 200 days after planting, had the bestperformance.

Keywords: Ipomoea batatas, root tuber, yield.

( Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.000)

O ciclo da cultura varia entre 90 e240 dias (Vernier & Varin, 1994), 150 a210 dias (Khatounian, 1994), 150 a 240dias (Smith & Mantengo, 1995), depen-dendo da cultivar e das condições am-bientes. A época de colheita varia deacordo com a destinação do produto.Para mesa, a batata-doce deve ser co-lhida tão logo atinja o tamanho ideal decomercialização, o que geralmente ocor-re dos 100 aos 110 dias para as cultiva-res precoces até aos 180 dias para as tar-dias. Para a indústria, pode ser colhidamais tarde (Miranda et al., 1984).

Avaliando doze clones de batata-doce, no espaçamento de 0,80 x 0,30 m,

em Anápolis-GO, sob uso de irrigaçãopor aspersão com colheita aos 152 dias,Peixoto et al. (1989) observaram produ-tividades variando de 16,7 a 27,0 t/ha,sendo a cultivar Brazlândia Branca a maisprodutiva (26,7 t/ha), seguida pela Prin-cesa (26,6 t/ha), Brazlândia Rosada (25,8t/ha), Coquinho (18,1 t/ha) e BrazlândiaRoxa (17,7 t/ha). A produção de refugososcilou entre 1,6 e 4,5 t/ha e a maior foi ada ‘Brazlândia Roxa’ (4,5 t/ha). O pesomédio de raízes variou de 183,3 g(Brazlândia Roxa) a 232,1 g (BrazlândiaRosada). Utilizando o espaçamento de0,80 x 0,40 m, Mendonça & Peixoto(1991), no mesmo local, observaram

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69Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

maiores produtividades para as cultiva-res Brazlândia Branca (20,21 t/ha) eBrazlândia Roxa (19,54 t/ha) e peso mé-dio de raiz de 220,08 e 197,54g, respec-tivamente, com ciclo de 152 dias e plan-tio no período chuvoso (dezembro).

Durante o desenvolvimento da plan-ta, são necessários 25 mm de água porsemana e um total de 450-600 mm nociclo (Yamaguchi, 1983). Peterson, ci-tado por King (1985), relata que 25 mmde água por semana resultaram emmaiores produtividades que quando seaplicou uma lâmina de água de 12 mm,o que equivale a 500 mm por um perío-do de cinco meses de ciclo.

Aplicando-se uma lâmina de 10 mmem irrigações a cada dois dias, com plan-tio em novembro e colheita em maio(seis meses), Cecílio Filho et al. (1998)verificaram maior produtividade para acultivar Brazlândia Branca (20,50 t/ha),seguida da ‘Brazlândia Rosada’ (9,35 t/ha) e da ‘Coquinho’ (6,02 t/ha) em La-vras-MG. Em condições irrigadas nonorte de Minas Gerais, colhendo aos 150dias após o plantio, Resende (1999) ve-rificou maior produtividade para as cul-tivares Brazlândia Branca (22, 3 t/ha),Paulistinha (21,3 t/ha) e Princesa (19,0t/ha), que não tiveram diferenças signi-ficativas entre si.

Este trabalho teve como objetivoavaliar o potencial produtivo de culti-vares de batata-doce em duas épocas decolheita no período chuvoso, com irri-gação suplementar, nas condições daregião Norte de Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido noperíodo de novembro de 1990 a junho

de 1991 no Campo Experimental doGorutuba, Porteirinha-MG, situada a15° 47’ de Latitude Sul e 43° 18’ deLongitude Oeste, com altitude de 516m. O clima, segundo a classificação deKöppen é do tipo AW, com verão chu-voso (outubro a março) e inverno seco,e o solo tipo aluvião, textura arenosa.

Foram estudadas cinco cultivares debatata-doce (Brazlândia Branca,Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa,Princesa e Paulistinha) e duas épocas decolheita (150 e 200 dias após plantio),arranjadas em esquema fatorial 5 x 2,no delineamento experimental de blo-cos casualizados, com cinco repetições.As parcelas constituíram-se de quatrofileiras de 4,5 m de comprimento, espa-çadas de 0,80 m entre elas e 0,30 m en-tre plantas, sendo usadas como área útilas duas fileiras centrais. A adubaçãoconstou de 330 kg/ha de superfosfatosimples e 50 kg/ha de cloreto de potás-sio, incorporados no sulco de plantio.

No plantio (29/11/90), foram utili-zadas mudas com oito entrenós, fican-do enterrados três a quatro transversal-mente na leira, a uma profundidade de0,10 - 0,15 m. A cultura foi mantida nolimpo, através de capinas manuais, nãosendo realizados quaisquer tratosfitossanitários.

Registraram-se as seguintes precipi-tações pluviométricas (mm) durante arealização do experimento: novembro -23,2; dezembro - 206,2; janeiro - 202,3;fevereiro - 54,20; março - 65,3; abril -23,2; maio - 12,6 e junho - 0,0 mm, per-fazendo um total de 694,4 mm até 150dias após o plantio (dap) e 774,5 mmaté os 200 dap. Foram realizadas trêsirrigações suplementares no meses de-

zembro, fevereiro e março até 150 dap,e mais outras duas (abril e maio) até 200dias, com lâminas em torno de 40 mm.

As colheitas foram realizadas aos 150e aos 200 dias após o plantio, sendo ava-liadas as seguintes características: pro-dutividade comercializável (raízes compeso entre 100 e 800 g), refugo (raízesabaixo de 100 g, rachadas, deformadas,esverdeadas, brocadas e com veias), pesomédio de raiz comercializável e classifi-cação de raízes comercializáveis em por-centagem (Tipo 1 - raízes entre 100 e 400g e Tipo 2 - raízes entre 400 e 800 g). Osdados foram submetidos à análise devariância, aplicando-se o teste de Tukeyaté o nível de 5%. Os dados de porcenta-gem foram transformados em arco-seno ( P/100).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram efeitossignificativos da interação cultivares xépocas de colheitas para todas as carac-terísticas avaliadas.

A cultivar Branca foi 62,7% maisprodutiva do que a ‘Brazlândia Roxa’,a menos produtiva, aos 150 dias apósplantio (Tabela 1). Para a colheita aos200 dias a cultivar Paulistinha foi a maisprodutiva (54,50 t/ha), sendo o pior de-sempenho apresentado pela cultivarBrazlândia Rosada que foi 55,0% me-nos produtiva que a ‘Paulistinha’. Asprodutividades obtidas estão acima damédia mundial de 14,93 t/ha (FAO,1998) e da nacional de 11,31 t/ha(ANUÁRIO, 1996). Peixoto et al.(1989), em Goiás, colhendo aos 152 diasapós o plantio, também observarammaiores produtividades para as cultiva-res Brazlândia Branca (26,7 t/ha) e Prin-cesa (26,6 t/ha) e menor para a cultivarBrazlândia Roxa (17,7 t/ha). Mendonça& Peixoto (1991) também constataramser a cultivar Brazlândia Branca maisprodutiva que a ‘Brazlândia Roxa’ eKurihara et al. (1993) relatam para ascultivares Brazlândia Branca,Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa ePrincesa produtividades variando de 15a 18 t/ha, necessitando de irrigações naépoca seca. Por outro lado, as produti-vidades obtidas foram inferiores às 25-30 t/ha informadas por Miranda et al.(1989) para as cultivares BrazlândiaBranca, Brazlândia Rosada, Brazlândia

CultivaresComercializável Refugo

150 dias 200 dias 150 dias 200 diasBrazlândia Branca 22,84 a1 39,35 b 4,89 b 11,00 aPaulistinha 22,11 ab 54,50 a 3,37 b 6,01 bPrincesa 19,79 ab 42,82 b 2,90 b 3,08 cBrazlândia Rosada 16,93 ab 29,99 c 4,22 b 3,26 cBrazlândia Roxa 14,33 b 35,66 bc 7,76 a 12,38 aC.V. (%) 14,42 20,77

Tabela 1. Produtividade comercializável e de refugo (t/ha) de cultivares de batata-doce, emduas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91.

1Médias seguidas pela mesma letra na colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, aonível de 5%.

Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita.

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70 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Roxa, em ciclo de 120-150 dias e su-periores às produtividades relatadas porCecílio Filho et al. (1998), para as cul-tivares Brazlândia Branca (20,50 t/ha)e Brazlândia Rosada (9,35 t/ha), colhen-do aos 180 dias.

Comparando-se as produtividadesnos dois ciclos estudados (Tabela 1),verificaram-se incrementos, dos 150 aos200 dias de ciclo, de 72,27; 146,49;116,37; 77,14 e 148,85% para as culti-vares Brazlândia Branca, Paulistinha,Princesa, Brazlândia Rosada eBrazlândia Roxa, respectivamente, emfunção do maior período de permanên-cia da cultura no campo (ciclo). Estesincrementos, aliados à produção de re-fugos, peso médio de raiz e classifica-ção de raízes, indicam o melhor ciclopara as diferentes cultivares em estudo.Resultados semelhantes com relação arefugos foram encontrados por Peixotoet al. (1989), que verificaram uma maiorprodução para a cultivar BrazlândiaRoxa. Salienta-se, no entanto, que a pro-dução de refugos foi proporcionalmen-te maior devido à produção de raízescom peso inferior a 100g e raízes defor-madas, não sendo constatado ataque depragas de solo por ocasião da colheita,ao contrário do que diversos autores re-latam como um dos principais fatoresde produção de raízes não-comercializáveis de batata-doce (Peixo-to & Miranda, 1984; King, 1985;EMPASC/ACARESC, 1990).

No que se refere ao peso médio deraiz, verificou-se uma variação de220,12 a 504,94 g/raiz (Tabela 2), so-bressaindo-se, aos 150 e 200 dias apóso plantio, as cultivares Brazlândia Ro-

sada e Paulistinha que mostraram-se68,9 e 55,4% superiores à cultivarBrazlândia Roxa que apresentou osmenores pesos médios de raiz, nas duasépocas de colheita. Os pesos médios dascultivares Brazlândia Branca eBrazlândia Roxa (Tabela 2), foram su-periores aos obtidos por Mendonça &Peixoto (1991) colhendo aos 150 diasapós o plantio (222,08 e 197,54 g/raiz,respectivamente). Resultados similaresforam constatados por Peixoto et al.(1989), que observaram maior pesomédio de raiz para a cultivar BrazlândiaRosada, colhendo aos 176 dias após oplantio, e por Miranda (1989) que rela-ta uma maior produção de batatasgraúdas, de elevado peso médio quan-do aquela cultivar é colhida após 120-150 dias de ciclo.

Aos 150 dias o após plantio, para aclassificação de raízes comerciais emporcentagem (Tabela 2), observa-seque todas as cultivares a exceção dacultivar Brazlândia Roxa, apresentarammenos de 92,19 % de raízes entre 100e 400g e mais de 13,0% de raízes entre400 e 800g. Para a colheita aos 200 diasapós o plantio, a cultivar BrazlândiaRoxa sobressaiu-se, com maior porcen-tagem de raízes entre 100 a 400g(72,42%), comparativamente às demaiscultivares que apresentaram maioresporcentagens de raízes graúdas (400 a800g/raíz). Segundo Silveira et al.(1997), o tamanho ideal de batatas parao comércio está entre 200 e 500g e Sil-va et al. (1991) informam que para ascondições do Rio de Janeiro e São Pau-lo, está entre 150 e 400g; para merca-dos menos exigentes, oscila entre 151

a 800g para a classificação de especiala extra A. Neste contexto, as cultiva-res avaliadas atendem plenamente àsexigências do mercado consumidorbrasileiro.

Apesar de todas as cultivares apre-sentarem melhores produtividades aos200 dias após o plantio, recomenda-sea colheita das cultivares Paulistinha,Brazlândia Rosada e Brazlândia Bran-ca aos 150 dias após o plantio; para acultivar Princesa, em função da suamenor produção de raízes tipo 2 (400 a800 g/raíz), comparativamente às culti-vares anteriores, pode-se inferir que suacolheita seja realizada aos 150 dias, po-dendo ser estendida até 200 dias após oplantio. A cultivar Brazlândia Roxa peloseu desempenho quanto às diferentescaracterísticas avaliadas, deverá ser co-lhida aos 200 dias após o plantio, corro-borando as afirmações de Miranda et al.(1989) e Miranda (1989), de ser estacultivar mais tardia. Esta recomendaçãobaseia-se no fato da preferência dosconsumidores recaírem sobre batatas demenor tamanho, assim como pela menorexposição da cultura ao ataque de pragasde solo, uma vez que quanto mais tempoa batata-doce permanecer no solo maiora possibilidade de ocorrerem pragas, so-bretudo broca da raiz, cujas larvas dani-ficam as raízes internamente e externa-mente, prejudicando o seu aspecto físi-co, o odor e o sabor, ficando imprestáveispara o consumo; conforme relatam Pei-xoto & Miranda (1984) e Miranda et al.(1989), que recomendam a colheita pre-coce como uma das medidas gerais decontrole de insetos de solo.

CultivaresPeso médio de raiz(g)

Classificação de raízes (%)

Tipo1 Tipo 2

150 dias 200 dias 150 dias 200 dias 150 dias 200 dias

Brazlândia Rosada 319,46 a1 387,17 b 81,71 bc 44,58 c 18,29 b 55,43 a

Brazlândia Branca 278,43 ab 397,55 b 78,88 c 53,17 b 21,12 ab 46,83 b

Paulistinha 261,04 ab 504,94 a 75,21 c 41,37 c 24,79 a 58,63 a

Princesa 256,35 b 381,00 b 86,41 b 58,14 b 13,59 c 41,86 b

Brazlândia Roxa 220,12 b 276,97 c 92,19 a 72,42 a 7,81 d 27,58 c

C.V. (%) 10,46 3,45 5,86

Tabela 2. Peso médio e classificação de raízes de cultivares de batata-doce, em duas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91.

1Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5%.Tipo 1 = raízes entre 100 e 400gTipo 2 = raízes entre 400 e 800g

G.M. de Resende

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71Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

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Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita.

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72 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Em solos tropicais, uma das limita-ções ao desenvolvimento e à pro-

dutividade da batateira é a baixa dispo-nibilidade de fósforo. Como conse-quência, aumentos de produtividadesquase sempre ocorrem quando o solorecebe elevada quantidade de adubofosfatado (Fontes et al.,1997). Porém,o uso de altas doses de adubo fosfatadopode induzir ou aumentar a deficiênciade zinco em plantas, particularmente emcondições de limitada disponibilidadedeste ion (Cakmak & Marschner, 1987)e de temperaturas abaixo de 150C,(Martin et al.,1965).

Em solo cujo teor de Zn foi consi-derado moderamente baixo (0,90 mgdm-3 de Zn+2 extraído com ditizona),

MOREIRA, M.A.; FONTES, P.C.R.; FONTES, R.L.F.; CARDOSO, A.A. Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação dofertilizante e dos fungicidas contendo Zn. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p.72-76, março 2.000.

Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de apli-cação do fertilizante e dos fungicidas contendo Zn.Marialva A. Moreira1; Paulo C. R. Fontes2; Renildes L. F. Fontes3; Antônio A. Cardoso4.1Mestranda UFV, Depto. Fitotecnia, 2,4 Bolsistas do CNPq, UFV, 3 UFV, DPS 36.571-000 Viçosa-MG.

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos do modode aplicação do fertilizante contendo Zn e de fungicidas contendoou não Zn sobre o crescimento, a produtividade e o conteúdo denutrientes dos tubérculos de batata. O experimento foi conduzidona Horta Nova, da Universidade Federal de Viçosa, com a cultivarMonalisa, em solo Podzólico Vermelho - Amarelo Câmbico, con-tendo 6,9 mg dm-3 de Zn+2, extraído por Mehlich-1. O delineamen-to experimental foi o de blocos casualizados em parcelas subdivi-didas, com quatro repetições. Nas parcelas avaliou-se os efeitos daaplicação de fungicidas (contendo ou não Zn) e nas subparcelas omodo de aplicação do fertilizante contendo Zn (testemunha, Znaplicado no solo, Zn pulverizado na parte aérea da planta e Zn nosolo + parte aérea). O crescimento da planta, representado pelo com-primento e número de caules, peso da matéria seca da parte aérea enúmero de tubérculos, foi caraterizado aos 20 e 45 dias após a suaemergência. Após a senescência natural das plantas, os tubérculosforam colhidos, classificados e pesados. Em ambas as épocas deamostragens, os tratamentos não influenciaram o crescimento dabatateira. A produtividade de tubérculos comerciais (44,2 t/ha) foimaior na parcela em que as plantas foram pulverizadas comfungicidas contendo zinco e não foi influenciada pelo modo de fer-tilização. Os tratamentos não apresentaram efeito sobre os conteú-dos de P, Ca, Mg, Cu e Fe nos tubérculos; porém, os conteúdos deMn e Zn foram maiores quando as plantas foram pulverizadas comfungicidas contendo Zn.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, micronutriente, pulveriza-ção foliar, adubação.

ABSTRACT

Potato plant growth and tuber yield as a function of Znfertilizer application methods and Zn fungicides.

The objective of the experiment was to evaluate the effects ofZn fertilizer application methods and fungicides with or without Znon potato plant growth, tuber yield and nutrient contents. Theexperiment was installed in the Horta Nova of the UniversidadeFederal de Viçosa with the Monalisa cultivar on a cambic Red-yellowPodzolic, containing 6.9 mg dm-3 of Zn extracted by Mehlich-1. Theexperiment was carried out in a randomized block with fourreplications in a split plot design. The fungicide spray programs (withor without Zn) were done in the main plots and the zinc fertilizerapplication methods (control, Zn in the soil, Zn sprayed on the plantshoots and Zn in soil + shoots) were in the split plots. Plant growth(stem lengths and numbers, shoot dry matter and tuber numbers)was characterized at 20 and 45 days after plant emergence. Followingnatural senescence, tubers were harvested, graded and weighted. Atboth sampling dates, plant growth was not affected by the treatments.Commercial tuber yield (44.2 t/ha) was higher in the plots receivingfungicides containing Zn and it was not affected by zinc fertilizerapplication methods. The treatments did not affect the P, Ca, Mg,Cu and Fe contents in the tubers but Mn and Zn contents were higherwhen plants were sprayed with Zn fungicides.

Keywords: Solanum tuberosum, micronutrient, foliar sprays, soilapplication.

(Aceito para publicação em 20 de janeiro de 2.000)

Martin et al. (1965) mostraram que acon-teceu em condições de baixa temperatu-ra a adição de alta dose de P (200 mgdm-3) induziu à deficiência de Zn em to-mate. Este efeito não se verificou em tem-peratura do solo acima de 210C. Porém,em solo com teor muito baixo de zinco(0,10 mg dm-3), as plantas adubadas comfósforo apresentaram deficiência de Zn,independemente da temperatura.

A deficiência de zinco aumenta apermeabilidade das membranasradiculares (Marschner, 1995) e podecontribuir para a excessiva absorção defósforo (Marschner & Cakmak, 1986;Parker, 1997). Assim, foi verificado queplantas de batata deficientes em zincoapresentavam altas concentrações de

fósforo em seus tecidos (Christensen &Jackson, 1981). Os sintomas de defici-ência de zinco mais comumente apre-sentados pela batateira são caracteriza-dos pela posição quase vertical das fo-lhas do ápice da planta, com as margensdos folíolos voltando-se para cima (Fon-tes, 1987) e por má formação das fo-lhas, bronzeamento ou amarelecimentopresentes ao redor das margens das fo-lhas jovens (Boawn & Leggett, 1963).

A deficiência de zinco pode sercorrigida pela sua adição ao solo, emquantidades variando de 4 a 35 kg/ha(Martens & Westermann,1991). Entre-tanto, a absorção do zinco pelas raízes,especialmente em solos intemperizadose com altos teores de óxidos de ferro e

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73Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

alumínio pode ser prejudicada pela açãoadsortiva exercida por eles sobre o zin-co adicionado (Saeed & Fox,1979).Além disto, a disponibilidade de zincopode também ser reduzida pela eleva-ção do pH, decorrente da calagem, tor-nando a sua aplicação via foliar umapossível alternativa. Usualmente, quan-do suplementado por via foliar, o zincoé aplicado em quantidade em torno de0,5 kg ha-1 (Volkweiss,1991; Yilmaz etal., 1997).

Diferentes métodos de aplicação dofertilizante contendo zinco e a sua pre-sença nos fungicidas normalmente apli-cados à cultura promoveram aumento noteor de zinco na parte aérea da batateira(Moreira, 1998). Entretanto, em condi-ções brasileiras, pouco é sabido sobreos efeitos dos métodos de aplicação dofertilizante contendo zinco sobre a pro-dutividade da cultura. Ainda mais queo efeito do zinco adicionado como fer-tilizante pode estar sendo confundidocom aquele presente nos fungicidas, nor-malmente aplicados à cultura da batata.Assim, o presente trabalho teve comoobjetivo avaliar os efeitos do modo deaplicação do fertilizante contendo Zn ede fungicidas contendo ou não Zn so-bre o crescimento, a produtividade e oconteúdo de nutrientes dos tubérculosde batata.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi conduzido um experimento naHorta Nova, no campus da Universida-de Federal de Viçosa, em solo PodzólicoVermelho-amarelo câmbico, contendo38% de argila, pH (H

2O) igual a 6,0, com

os teores iniciais de 93 e 6,9 mg.dm-3 deP e Zn+2, extraídos por Mehlich-1.

O delineamento experimental utiliza-do foi o de blocos casualizados em par-celas subdivididas, com quatro repeti-ções. Nas duas parcelas foram aplicadosos fungicidas (contendo ou não Zn) e nasquatro subparcelas, testou-se o modo deaplicação do fertilizante contendo Zn(testemunha, Zn aplicado no solo, Znpulverizado na parte aérea e Zn solo +parte aérea). Cada parcela experimentalfoi constituída de quatro fileiras de 10plantas, no espaçamento de 0,8 x 0,3m.A área útil foi constituída pelas duas fi-

leiras centrais, eliminando-se a primeiraplanta de ambas as extremidades.

Os programas de pulverização comfungicidas contendo ou não Zn estão naTabela 1, tendo sido empregados nasdosagens recomendadas pelos fabrican-tes. Foram feitas sete pulverizações comos fungicidas, sendo a primeira sete diasapós a emergência (DAE) e assubsequentes semanalmente. O total deZn aplicado como fungicida foi 3,6 mgpor planta.

No tratamento Zn no solo, este foicolocado nos sulcos, por ocasião doplantio, na dosagem de 4 kg/ha, utili-zando-se o sulfato de zinco. Nas aplica-ções foliares foi utilizada uma soluçãocontendo 0,5 g/L de Zn, na forma desulfato de zinco, aos 20 e 45 dias após aemergência (DAE). Foram gastos, emmédia, 11,4 e 12,2 mL/planta de solu-ção, respectivamente.

O plantio dos tubérculos foi feito emjulho de 1997, utilizando-se a cultivarMonalisa. A adubação, feita nos sulcos,constou de 300 de sulfato de amônio,1.400 de superfosfato triplo e 500 decloreto de potássio, 200 de sulfato demagnésio e 15 de bórax, todos expres-sos em kg/ha. A amontoa foi realizadaaos 15 DAE, por ocasião da adubaçãonitrogenada em cobertura com 600 kg/ha de sulfato de amônio.

Aos 20 e 45 DAE, antes da aplicaçãofoliar do Zn, foram realizadas amos-tragens de planta inteira, caracterizando-se o crescimento (comprimento e núme-ro de caule, peso da matéria seca da par-te aérea e número de tubérculos).

A colheita dos tubérculos foi reali-zada em 23 de outubro de 1997, após asecagem completa da parte aérea. Os

tubérculos foram classificados em co-merciais e não comerciais. Os tubércu-los não comerciais foram avaliadosquanto ao embonecamento, coração oco,rachadura e esverdeamento. Os tubér-culos comerciais foram classificados deacordo com o seu maior diâmetro trans-versal em: classe 1 = ø ³ 8,5cm; classe 2= 4,5cm < ø < 8,4cm; classe 3 = 3,3cm< ø < 4,4cm e classe 4 = ø < 3,3cm, combase na Portaria número 69 de 21/02/95do Ministério da Agricultura e Refor-ma Agrária. Os tubérculos foram avalia-dos também quanto ao teor de matériaseca, P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn. Osdados obtidos foram submetidos à aná-lise de variância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comprimento do caule, número decaules e número de tubérculos

O comprimento e o número de cau-les, e o número de tubérculos, avalia-dos aos 20 e 45 dias após a emergência(DAE), não foram significativamenteafetados pelo uso de fungicidas conten-do zinco e nem pelo modo de aplicaçãodo fertilizante, não havendo tambéminteração significativa entre eles. Namédia de todos os tratamentos, os com-primentos dos caules foram 46 e 60 cm,aos 20 e 45 DAE, respectivamente. ReisJr. (1995), testando a cultivar Baraka,aos 48 DAE, encontrou associação en-tre a máxima produção classificada detubérculos e o comprimento de caule.Do mesmo modo, Rocha (1995) obser-vou que os comprimentos do caule de55 e 70cm, tanto aos 20 como aos 50DAE, estavam associados à máximaprodutividade de tubérculos da cultivarBaraka.

SemanaProgramas de pulverizações com fungicidas

Com zinco Sem zinco

1 Mancozeb Chlorothalonil

2 Cymoxanil Chlorothalonil

3 Mancozeb Chlorothalonil

4 Mancozeb + Metalaxyl Metalaxyl

5 Mancozeb Chlorothalonil

6 Mancozeb + Metalaxyl Metalaxyl

7 Oxicloreto de Cobre Oxicloreto de Cobre

Tabela 1. Programa semanal de pulverizações com fungicidas contendo ou não zinco emsuas formulações. Viçosa, UFV, 1997.

Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira.

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Aos 20 e 45 DAE, o número médiode caules por planta foi 3,6 e 3,8,correspondendo a 15 e 16 caules/m, res-pectivamente. Esta característica variade acordo com diversos fatores, dentreos quais a cultivar (Morena et al.,1994).Beukema & Van Der Zaag (1990) ci-tam que para as condições européias sãonecessárias 15 a 20 hastes/m para pro-dução adequada de batata para consu-mo, enquanto Fontes et al. (1995) mos-traram que o número adequado de has-tes por unidade de área depende da cul-tivar e do preço da batata semente.

O número médio de tubérculos porplanta foi 14,0 e 13,3, aos 20 e 45 DAE,respectivamente. Portanto, já aos 20DAE, os números de caules e de tubér-culos por planta já estavam definidos.Este fato foi diferente do encontrado porReis Jr. (1995), que verificou maior nú-mero de tubérculos da cultivar Barakaaos 48 do que aos 20 DAE.

Produção de matéria seca

A produção de matéria seca da parteaérea e dos tubérculos por planta não foisignificativamente afetada pelos trata-mentos. Aos 20 DAE, cada planta apre-sentou, como média dos tratamentos comfungicidas, as seguintes produções de

matéria seca: 23,7 g de parte aérea e 10,5g de tubérculos, enquanto que aos 45DAE os valores médios foram: 29,5 e110,3 g, respectivamente. Boawn &Leggett (1964) não encontraram respos-ta da produção de matéria seca das fo-lhas da batateira com adição de zinco nosolo ou na solução nutritiva. Porém,Christensen & Jackson (1981) verifica-ram que a produção de matéria seca dasfolhas das plantas cultivadas em soluçãonutritiva foi afetada pela interação zincoe fósforo na solução.

Conteúdos de nutrientes nos tu-bérculos

Os conteúdos de fósforo, cálcio,magnésio, cobre e ferro nos tubérculosnão foram afetados pelos tratamentos(Tabela 2). Na média dos tratamentospulverizados com fungicidas contendozinco houve a retirada pelos tubérculosde 20 kg de P, 10 kg de Mg, 3.208 g deCa, 410 g de Fe, 157 g de Zn, 97 g deMn e 47 g de Cu/ha. A quantidade denutrientes removida pelos tubérculos de-pende da produtividade e dos teores denutrientes nos tubérculos, ambos varian-do com o solo, o ano, a adubação e acultivar (Paula et al., 1986; Rocha,1995). Por outro lado, os conteúdos de

manganês e zinco nos tubérculos, ele-mentos contidos nos fungicidas, foramafetados pelo uso de fungicidas conten-do zinco (Tabela 2). Isto indica que aaplicação de fungicidas contendo zincofavoreceu a sua translocação para ostubérculos. Translocação do zinco apli-cado nas folhas para as raízes e caules,de forma mais acentuada em plantasbem nutridas em zinco, foi observadaem feijoeiro (Rodrigues et al., 1997).

As quantidades de zinco absorvidaspelos tubérculos, nos tratamentos da par-cela cujas plantas receberam pulveriza-ções com fungicida contendo zinco, fo-ram 139, 151, 166 e 171 g/ha para a tes-temunha, Zn no solo, Zn na parte aéreae Zn no solo + na parte aérea, respecti-vamente. Esses mesmos tratamentosreceberam 241, 4.241, 734 e 4.584 g/ha de zinco, provenientes dos tubércu-los plantados (7,87 g/ha), do cloreto depotássio (0,30 g/ha), do sulfato deamônio (0,24 g/ha), do calcário (6,76g/ha), do superfosfato triplo (21,0 g/ha), do sulfato de magnésio (55,0 g/ha),das pulverizações com fungicidas con-tendo zinco (150 g/ha) e dos tratamen-tos em que o zinco foi colocado no solo(4000 g/ha), pulverizado na parte aé-

FungicidaModo deAplicação

Conteúdos de nutrientesP Ca Mg Cu Fe Mn Zn

g planta-1 mg planta-1

Com Zn Testemunha 0,49 0,074 0,21 1,10 9,48 2,18 3,34Solo 0,50 0,078 0,25 1,30 9,53 2,43 3,63Foliar 0,44 0,076 0,24 1,03 12,43 2,50 3,98Solo+Foliar 0,48 0,082 0,24 1,03 7,93 2,15 4,11

Sem Zn Testemunha 0,50 0,084 0,24 1,00 11,25 1,68 3,09Solo 0,47 0,080 0,25 0,98 9,25 1,80 2,99Foliar 0,44 0,069 0,23 0,98 10,83 1,73 3,37

Solo+Foliar 0,47 0,076 0,21 0,98 10,03 1,58 3,64Com Zn • 0,48 0,077 0,24 1,11 9,84 2,31A 3,77A

Sem Zn • 0,47 0,077 0,23 0,98 10,34 1,69 B 3,27 B

• Testemunha 0,50 0,079 0,23 1,05 10,36 1,96 3,21

• Solo 0,48 0,079 0,25 1,14 9,39 2,11 3,31

• Foliar 0,44 0,073 0,23 1,00 11,63 2,11 3,68

• Solo+Foliar 0,48 0,078 0,23 1,00 8,98 1,86 3,87

Tabela 2. Conteúdos de P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn nos tubérculos de batata, em função do uso de fungicidas contendo ou não Zn e do modode fertilização com Zn. Viçosa, UFV, 1997.

Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco pelo teste F a 5% de probabilidade.

M.A. Moreira et al.

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75Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

rea (493 g/ha) e no solo + parte aérea(4.493 g/ha).

Portanto, na parcela em que as plan-tas receberam pulverizações comfungicidas contendo zinco, as recupe-rações pelos tubérculos foram 0,30, 0,71e 5,48% do zinco aplicado no solo, apli-cado no solo + parte aérea e pulveriza-do na parte aérea, respectivamente. Osvalores correspondentes nas parcelasque receberam pulverizações comfungicidas não contendo zinco foram –0,10; 0,51 e 2,23 respectivamente. Abaixa eficiência de recuperação do Znadicionado como fertilizante pode tersido devido à sua disponibilidade rela-tivamente alta original no solo e a in-corporação pelas diversas formas ante-riormente mencionadas.

Produtividade de tubérculos

A utilização dos fungicidas conten-do zinco, em comparação com aquelesque não o continham, proporcionou au-mento significativo (p£0,05) na produ-tividade de tubérculos (Tabela 3). O usode fungicidas contendo zinco proporcio-nou o mesmo efeito sobre o teor de zin-co total na quarta folha da planta, deter-minado aos 20 DAE conforme os dadosapresentados por Fontes et al. (1999).

As produtividades médias de tubér-culos foram 44,2 e 40,1 t/ha com uso defungicidas contendo ou não Zn, respec-tivamente. Estes valores são considera-dos relativamente altos quando compa-rados com 22,14 t/ha, média da produ-tividade de países europeus, e 14,33 t/ha, média brasileira (FAO, 1996). Asprodutividades alcançadas no presenteensaio foram devidas, em parte, à au-sência aparente de doenças de folhagemdurante todo o ciclo da batateira. A maiorprodutividade foi devido as aplicaçõesde fungicidas contendo zinco. As apli-cações do fungicida no estádio inicialde desenvolvimento da planta, períodocoincidente com temperaturas aindabaixas, podem ter favorecido a absor-ção de zinco através das folhas das plan-tas ainda jovens e com restrito sistemaradicular. Nestas condições, a absorçãode nutrientes é marcadamente reduzida,principalmente aqueles dependentes doprocesso de difusão, como é o caso doZn. No milho, Leblanc et al. (1997) mos-traram sintomas de deficiência de zincomais acentuados em plantas jovens do

que em plantas mais velhas, talvez, de-vido a diferenças no tamanho do sistemaradicular. Ademais, o número de tubér-culos e o número de caules já estavamdefinidos aos 20 DAE. Os fungicidascontendo zinco utilizados durante o ex-perimento não foram analisados para sa-ber se havia algum íon acompanhante quepudesse proporcionar esse aumento naprodução de tubérculos.

No presente experimento não foiconstatada a ocorrência de doenças naparte aérea da batateira em nenhum dostratamentos, independentemente da apli-cação ou não de Zn. Graham & Webb(1991) mostram que o ion zinco podeter nenhum efeito, decrescer ou aumen-tar a susceptibilidade das plantas a doen-ças. Estes autores, revisando a limitadaliteratura sobre o assunto, afirmam quea aplicação de zinco em quantidadesmaiores que aquelas necessárias para ocrescimento das plantas, mas nãofitotóxicas, podem ser benéficas na re-dução da manifestação de algumasdoenças talvez pelo seu efeito tóxico so-bre o patógeno ou pela sua importânciana manutenção da integridade dasbiomembranas, principalmente dasraízes. Entretanto, não há evidências doefeito de doses supraótimas de zinco naintegridade e estabilidade das membra-nas. No tomateiro, em condições con-troladas, foi mostrado o efeito do zincoaumentando o biocontrole de Fusariumoxysporum por Pseudomonasfluorescens (Duffy & Defago,1997).

O modo de aplicação do fertilizantenão afetou significativamente a produ-tividade (Tabela 3), devido, provavel-mente, ao teor de zinco no solo ter sido

suficiente para o desenvolvimento dabatateira. Ademais, houve aporte de zin-co indiretamente pelos fertilizantes,calcários e tubérculo-semente. Ellis(1945) e Hoyman (1949) verificaramaumento na produtividade da batateiracom o uso de zinco aplicado via foliar,mas não conseguiram resposta quandoo zinco estava presente em quantidadesuficiente no solo. Por outro lado,Boawn & Leggett (1963) observaramque a aplicação de zinco via foliar nãofoi eficiente para remover os sintomasde sua deficiência na batateira, enquan-to Grunes et al. (1961) verificaram au-mento na produtividade da batateira comaplicação do zinco no solo.

Não ocorreu produção de tubércu-los da classe 1. A única classe cuja pro-dutividade respondeu significativamen-te ao uso de fungicidas contendo zincofoi a 2, que determinou a diferença naprodução total. As médias de produçãode tubérculos da classe 2 foram 39,54 e34,82 t/ha, com o uso de fungicidas con-tendo ou não zinco, respectivamente. Onúmero de tubérculos das classes 2, 3 e4 não foram significativamente afetadospelos tratamentos, mostrando que o efei-to da pulverização com fungicidas con-tendo Zn influenciou apenas o peso dostubérculos.

Em nenhuma classe foram observa-dos tubérculos com rachaduras, embo-necamento, coração oco e esverdea-mento. O uso de fungicidas contendo Znreduziu o teor de matéria seca dos tu-bérculos, sendo obtidos os valores de15,4% e 16,0% para os tratamentos comfungicidas contendo ou não zinco, res-

Modo de aplicaçãodo fertilizante

FungicidaMédia

Com Zn Sem ZnTestemunha 42,0 42,3 42,2 aSolo 46,0 40,7 43,3 aFoliar 45,4 38,2 41,8 aSolo+Foliar 43,2 39,3 41,3 aMédia 44,2 A 40,1 B

Tabela 3. Produção de tubérculos de batata (t/ha), em função do uso de fungicidas contendoou não Zn e do modo de fertilização com Zn. Viçosa, DFT-UFV, 1997.

Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco e letras minúsculascomparam o modo de aplicação do fertilizante. Em cada coluna, as médias seguidas pelamesma letra maiúscula ou minúscula não expressam diferenças significativas a 5% de pro-babilidade pelos testes F e de Tukey, respectivamente.

Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira.

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76 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

pectivamente. Estes valores estão próxi-mos aos 16,4 e 15,7% de matéria secaencontrados por Rocha (1995) e Fonteset al. (1987) para outras cultivares. Poroutro lado, o modo de aplicação do ferti-lizante não afetou os teores de matériaseca dos tubérculos.

LITERATURA CITADA

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M.A. Moreira et al.

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77Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997.

errata

No artigo "Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acinzentada, na cultura da cebola", de autoria de PedroBoff e outros, publicado no v. 17 n. 2, julho 1999, houve erro na impressão na página 84, tabela 2. O título e rodapé da tabela2 estão corretos, porém o conteúdo é de outro trabalho. Os valores corretos da tabela 2 estão apresentados a seguir:

Tabela 2. Efeito de preparados caseiros na área abaixo da curva da proporção de área foliar necrosada da queima-acinzentada (Botrytissquamosa-ACPD); número de plantas sobreviventes (sobrevivência) e número de plantas aptas ao transplante, com diâmetro do pseudocaulemaior que 4 mm (P. aptas) por grama de semente plantada. Ituporanga (SC), EPAGRI - Estação Experimental de Ituporanga. 1994/1995.

TratamentoB. squamosa -

ACPDSobrevivência P. aptas ns

1 - Vinclozolin (0,075%) 77,0 b 167,2 a 94,8

2 - Cinza vegetal (50 g/m²) 98,8 a 152,0 a 63,1

3 - Extrato de camomila (0,5%) 102,3 a 146,6 b 63,1

4 - C.bordalesa (0,5% de CuSO4) 101,5 a 140,3 b 70,8

5 - Ext. própolis+enxofre+silicato 112,0 a 128,9 b 57,56 - Testemunha 104,1 a 133,2 b 63,0

7 - Extrato de alho (0,2%) 109,3 a 140,5 b 60,98 - Calda sulfocálcica (0,15º Be) 105,8 a 125,2 b 52,19 - Extrato de menta (1%) 107,6 a 142,1 b 60,810- Micronutrientes (B+Zn) 107,6 a 123,6 b 58,511- Silica-gasil-114 (0,1%) 104,1 a 131,0 b 72,5

12- KMnO4 (0,3%) 101,0 a 146,4 b 64,013- Extrato de própolis (0,2%) 101,5 a 140,2 b 64,514- Enxofre PM (0,2%) 108,5 a 130,9 b 56,415- Creolina (0,25%) 107,6 a 124,5 b 61,316- Gliocladium roseum (104 sp/ml) 95,7 a 140,9 b 65,9

17- G. roseum (106 esp/ml) 95,7 a 161,1 a 63,118- G. roseum (108 esp/ml) 89,1 b 180,9 a 73,2

C.V. (%) 8,9 13,7 22,9

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78 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

No artigo "Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio", de autoria deArthur Bernardes Cecílo Filho e Rovilson José de Souza, publicado no v. 17 n. 3, novembro 1999, as figuras 1, 2 e 3 foramimpressas de forma ilegível (p. 249-252). Portanto, as mesmas encontram-se re-impressas a seguir:

Figura 1. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre oinício do perfilhamento. Lavras, UFLA, 1996.

Trat. 1 (20/10 x 20 cm) Trat. 2 (20/10 x 35 cm)

Trat. 3 (20/10 x 50 cm) Trat. 4 (20/11 x 20 cm)

Figura 2. Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de perfilhos (MSPe) e produção de rizomas por planta (RIZ/PLA),durante seu ciclo (dias após o plantio - d.a.p), em função da época e densidade de plantio. LAVRAS, UFLA, 1996.

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79Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Trat. 5 (20/11 x 35 cm) Trat. 6 (20/11 x 50 cm)

Trat. 7 (20/12 x 20cm) Trat. 8 (20/12 x 35cm)

Trat. 9 (20/12 dez x 50cm) Trat. 10 (20/01 x 20cm)

Trat. 11 (20/01 x 35cm) Trat. 12 (20/01 x 50cm)

Figura 2. Continuação.

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80 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Figura 3. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre oinício do período de crescimento do rizoma (PCRi). Lavras, UFLA, 1996.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Instruções para apresentação de trabalhos à revistaHorticultura Brasileira:

I. O periódico, em português, é composto das seguintesseções:

1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Eco-nomia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos eCultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente.

II. Definição das seções:

1. ARTIGO CONVIDADO: sobre tópico de interesseatual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre,porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigató-ria a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatu-ra, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso hajatabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicosou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l),(m) e (n) de PESQUISA;

2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comis-são Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender àalínea (b) de PESQUISA;

3. PESQUISA

a) Artigo relatando um trabalho original, referente a re-sultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos si-multaneamente à publicação em outro periódico ou veículode divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após sub-metidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publica-

dos, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida auto-rização por escrito da Comissão Editorial de HorticulturaBrasileira;

b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, pro-cessados em microcomputador, em programa Word 6.0 ousuperior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze. O disquetecontendo o arquivo deverá ser incluído;

c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado daanuência à publicação de todos os autores, assim como decópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação daanuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil depelo menos um dos autores;

d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho,que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espé-cies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que nãohaja nome comum em português. Ao título deve seguir o nomee endereço postal completo dos autores (veja padrão de apre-sentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algumautor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apre-sentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé,com numeração consecutiva. Anotações como entidadesfinanciadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas emAGRADECIMENTOS;

e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. Aspalavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem re-petir termos para indexação que já estejam no título; 2.Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. O

Page 81: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

81Hortic. bras., v. 17, n. 2, jul. 1998.

abstract, o título em inglês e keywords devem ser versõesperfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4.Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradeci-mentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas.

f) Referências à literatura no texto deverão ser feitasconforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú &Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilizea expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempreem itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duveet al., 1951);

g) As referências bibliográficas citadas no texto deverãoser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabé-tica, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigodo(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por umaletra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho,como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada refe-rência deverá obedecer as normas vigentes da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue:

Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta,separados por ponto-e-vírgula. Independente do número deautores, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do artigo. Título do Periódico (emHorticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a uti-lização de abreviações), cidade de publicação (apenas paraperiódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quan-do a informação estiver disponível), paginação inicial e fi-nal, mês (indicando com inicial maiúscula os meses paraperiódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódi-cos em português, e abreviando-se na terceira letra quandoo nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publi-cação. Recue o início de uma eventual segunda linha de re-ferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat

production of vegetables during refrigerated storage.Journal of the American Society for HorticulturalScience, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972.

Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, sepa-rados por ponto-e-vírgula. Independente do número de auto-res do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sem-pre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Ci-dade de publicação: editora, ano de publicação. Número totalde páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha dereferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New

York: John Willey, 1979. 632 p.

Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CA-PÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. In-dependente do número de autores, todos devem ser relacio-nados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de etalli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In:NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LI-

VRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Indepen-dente do número de autores, todos devem ser relacionados,vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli naLITERATURA CITADA). Título do livro (em HorticulturaBrasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abre-viações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação.Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segun-da linha de referência até alinhar-se com a terceira letra dalinha inicial. Veja o exemplo:ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed.

Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465 - 536.

Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título datese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: insti-tuição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tesemestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual se-gunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora

em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p.(Tese mestrado).

Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em cai-xa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do nú-mero de autores do artigo, todos devem ser relacionados, ve-dando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LI-TERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DOCONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em HorticulturaBrasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA),número do congresso. (seguido de ponto), ano de realizaçãodo congresso, cidade de realização do congresso. Título dapublicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reti-cências): Local de edição da publicação: editora ou institui-ção responsável pela publicação, ano de publicação. Páginasinicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventualsegunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;

FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mine-

ral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p.

357 - 364.

www site

- Autor(es):MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.;

FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z.

Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título(ver exemplo 2).- Título: indica-se o título do documento consultadoAmbiente de desenvolvimento de software para o do-mínio de administração rural.- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico ena língua do texto, o nome do site onde o documentoestá armazenado, seguido da data, entre parênteses,em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet.

Page 82: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

82 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996)Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996)URL: indica-se o endereço completo do site, prece-dido da sigla URL.URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/doc10.htm- Notas: data de consulta - indica-se, na língua portu-guesa, a data em que a consulta foi efetuada.Consultado em 12 fev. 1996.Exemplo 1

MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.;FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento desoftware para o domínio de administração rural. Disponível: s i t eAgrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/doc10.htm Consultado em 12 fev.1996.

Exemplo 2MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum

Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassatConsultado em 10 abr. 1995.

www page

- Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) eem sua ausência, entra-se pelo título

- Título: indica-se o título do documento consultado

- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico ena língua do texto, o nome do site onde o documentoestá armazenado, seguido da data, entre parênteses,em que o mesmo tomou-se disponível na intemet- Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995)- Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resu-mos_ dos_artigos.htm

- Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em quea consulta foi efetuada

Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http://www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov.1999.

FTP (file transfer protocol)

Citação de arquivo disponível para transferência, através do serviço ftp.- Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es)

BRUCKMAN, A.

- Título: indica-se o nome completo do documento,em itálicoApproaches to managing deviant behavior in virtualcommunities.- Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o endereço completo do siteURL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviance-chi94ouftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94- Notas: data de acesso - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consultado em 4 dez. 1994.

BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtualcommunities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consul-tado em 4 dez. 1994.

Mensagem pessoal

Documentos originados do correio eletrônico- Autoria: indica-se o nome do autor

FERREIRA, S.M.S.

- Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campocorrespondente ao título, utilizando as informações contidas na linha de assunto do e-mail.Notícias

- Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico doautor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indican-do em seu lugar o endereço da lista da qual o autor éassinante).smferrei@spider. usp.brindicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal- Notas: data da mensagem enviada14 maio 1996

FERREIRA, S.M.S. Notícias. [email protected]. Mensagem pessoal.

14 mai 1996

Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet)

- Autoria.- Título do artigo.- Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúscu-las.- Local de publicação, se houver.- Número do volume e fascículo e, se houver, o nomeda seção.- Páginas (inicial e final) do artigo, ou número pará-grafos (quando não apresentar paginação).- Data.- Endereço/protocolo (quando se tratar de documentodisponível na intemet).- Indicação do tipo de mídia.- Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, adata em que a consulta foi efetuada, apenas quando setratar de documentos disponível na lntemet.Exemplos:

BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2,

10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996.

WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice& Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive.

Eventos Científicos Considerados em parte (emCD-ROM)- Autoria- Título e subtítulo da parte- Nome do evento- Número do evento- Data e local de realização- Título e subtítulo do evento- Local de edição- Editor- Ano de publicação- Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos(quando não apresentar paginação)

Page 83: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

83Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

- Indicação do tipo de mídiaCARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção auto-

mática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cober-tura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTOREMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Lati-no-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Es-paciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos.

h) A citação de resumos apresentados em congressos deveser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto nocaso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;

i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idadedeve ser limitada a no máximo 50% do total de referências,exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quanti-dade razoável;

j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras queapresentem dados relevantes à interpretação do assunto e quenão possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Da-dos apresentados em figuras não devem ser apresentados no-vamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devemser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com nu-meração consecutiva;

k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas,rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta or-dem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabe-las e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, oleitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem sernecessário que consulte o texto. As tabelas devem ser confi-guradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word,ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas hori-zontais devem aparecer somente entre o título e o corpo databela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando foro caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha;

l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem serindicadas de acordo com a nomenclatura adotada pelaChemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067,publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas de-vem ser apresentadas no rodapé;

m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de no-mes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a refe-rência ao princípio ativo;

n) No caso do trabalho conter fotografias, a ComissãoEditorial deve ser consultada. No caso de fotografias colori-das, os autores devem cobrir os custos adicionais.

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural, tendo formalivre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a),(b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresen-tar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Casohaja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação.Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências aagrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas(j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ounota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor.Observar o mesmo padrão de PESQUISA.

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendoobedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) dePESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatóriaa sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmu-las químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotogra-fias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o regis-tro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obede-cer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUI-SA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PES-QUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract,título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e)de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a suaanuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulasquímicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotogra-fias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação en-tre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seçãoExpediente. Por questões de espaço, nem todas as notas rece-bidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadasapenas parcialmente.

9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) dePESQUISA não serão aceitos.

10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f),(g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos au-tores para que sejam adequados sem serem registrados nasecretaria da revista.

11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUI-SA permanecerão na secretaria da revista, com processo detramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constanteno aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pelaComissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações con-tidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos auto-res, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalhoserá excluído dos registros da secretaria da revista.

III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seçõesPESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serãoapreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialis-tas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre aconveniência de sua publicação do trabalho, com base naqualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submeti-dos à publicação nas demais seções, a critério da ComissãoEditorial, podem também ser apreciados por assessores adhoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempreque consultados indicar alterações que adequem o artigo aopadrão de publicação da revista.

Page 84: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

84 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.

IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorialou verifique os padrões de publicação em Horticultura Bra-sileira, v. 14 em diante.

V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Edi-torial. Se necessário, modificações nas normas de publicaçãoserão feitas posteriormente.

VI. Os originais devem ser enviados para:Horticultura BrasileiraC. Postal 19070.359-970 Brasília - DFTel.: (061) 385.9051 / 385.9000Fax: (061) 556.5744E.mail: [email protected]

VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço,filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, paga-mento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria daSOB, no seguinte endereço:

UNESP - FCAC. Postal 23718.603-970 Botucatu - SPTel: (014) 820 7172Fax: (014) 821 3438

Page 85: Março 2000 SUMÁRIO€¦ · Volume 18 número 1 Março 2000 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexadapelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.

Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade deOlericultura do Brasil, 1983

Quadrimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1989: Semestrala partir de 1999: Quadrimestral

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.I. Sociedade de Olericultura do Brasil.

CDD 635.05

Tiragem: 1.000 exemplares

Biotecnologia e transgênicos

Os avanços na área de bio-tecnologia iniciaram-se a partir de1953, quando Watson & Crick, de-monstraram o modelo da estrutura damolécula do DNA, permitindo des-vendar a universalidade do códigogenético. Na década de setenta, apóso isolamento e caracterização dasprimeiras enzimas de restrição, umanova disciplina – a Engenharia Gené-tica – tomou impulso. Desde então, atecnologia de DNA recombinante vemocupando um lugar de destaque entreas estratégias disponíveis para omelhoramento genético de plantas eanimais. Experimentos clássicos(incluindo a expressão do gene dainsulina humana na bactéria Esche-richia coli), indicaram, desde muitocedo, as incalculáveis possibilidadesdo emprego direto da biotecnologia naárea da saúde. Novas e significantescontribuições incluíram conheci-mentos detalhados sobre a estrutura eexpressão gênica em diversos orga-nismos, bem como a produção deproteínas não bacterianas em célulasbacterianas, terapia gênica e o desen-volvimento de animais e plantas comfenótipos até então inimagináveis.

O desenvolvimento de horta-liças mais produtivas e com maiorqualidade nutricional constitui umdesafio para a nossa comunidadecientífica. A viabilidade econômicadessas culturas depende, em grandeparte, da redução das perdas advindasdo ataque de pragas, doenças, compe-tição com ervas daninhas, bem como,de perdas decorrentes de fatoresabióticos. Em sistemas altamente co-evoluídos, como os observados nasrelações plantas-patógenos, a intro-gressão de genes de resistência entreplantas geneticamente distantes (porexemplo entre diferentes gêneros) temsido uma realidade. Um exemploimportante foi o isolamento do geneBs2 de Capsicum chacoense e aobtenção de plantas transgênicas de

tomate expressando resistência aXanthomonas vesicatoria.

A produção de organismosgeneticamente modificados (OGM)está sendo uma estratégia com re-sultados satisfatórios para produção deplantas resistentes a fatores bióticos eabióticos que limitam a produtividade,bem como de alimentos com maiorvalor nutricional. Além disso, plantastransgênicas podem ser utilizadas comobiorreatores para produção de mo-léculas de interesse farmacológico.Exemplos dessa estratégia são osestudos que estão em andamento paraprodução da vacina contra cólera,hepatite e HIV. É um novo paradigmacientífico que está se iniciando.

Até 1997, mais de 40 espéciescultivadas transgênicas tinham sidoaprovados para comercialização emvários países, dentre os quais incluem-se: a batata, com resistência a insetos;o tomate com maior período pós-colheita; a abóbora com resistência avírus; e a canola com resistência aherbicida. Os países em desenvol-vimento só têm a ganhar com autilização dessas novas tecnologias,quando acopladas a um sistemamultidisciplinar visando o melho-ramento genético. A qualificação deprofissionais nessa área é essencialpara formação de competência.

Para parte da opinião públicaessa nova tecnologia tem sido vistacomo uma afronta à ordem natural dascoisas. Daí, rotularem os transgênicosde “antinaturais”. Entretanto, o me-canismo da transgênese é um reflexo doque acontece na natureza, ou seja, ainteração entre as plantas e a bactériade solo Agrobacterium tumefaciens.Portanto, a transferência de genes entrereino diferentes vem ocorrendo hámilhões de anos.

No Brasil, trabalhos pioneirosem transformação genética de hor-taliças, estão sendo desenvolvidos, emparceria, pela Embrapa Hortaliças,Embrapa Recursos Genéticos e Bio-tecnologia e a Universidade Federal dePelotas. Clones transgênicos de batata“Achat”, resistentes ao virus Y dabatata (PVY), foram desenvolvidosmediante a expressão do gene quecodifica a proteína da capa proteíca.Em casa-de-vegetação esses clonesmantiveram o padrão de resistênciaquando desafiados por inoculaçãomecânica. Atualmente, esses clonesestão sendo avaliados em campo.

Antonio Carlos Torres e Leonardo S.Boiteux, Pesquisadores da EmbrapaHortaliças.

Foto da capa: Arquivo EmbrapaHortaliças.

Nossa Capa:Expressão do gene gus em plantas transgênicas de alfacee batataFoto Centro:Corte transversal de segmento de caule de batatamostrando a expressão do gene gus (azul) localizado nosistema vascularFoto Superior esquerda:Segregação da geração R0 em sementes de alfacemostrando o controle (ausência de coloração) e a expressãodo gene gus (azul)Foto Superior direita:Brácteas de alface mostrando expressão do gene gus (azul)e controle (ausência de coloração)Foto Inferior esquerda:Calo de alface mostrando a expressão localizada do genegus (azul)Foto Inferior direita:Folha de alface mostrando a expressão do gene gus (azul)