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Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP/ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1 st Secretary Valéria Aparecida Modolo Instituto Agronômico - Campinas 2º Secretário / 2 nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF/FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli Instituto Agronômico - Campinas 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9073 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Antônio T. Amaral Júnior UENF Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Cláudio José da S. Freire Embrapa Clima Temperado Daniel J.Cantliffe University of Florida Djalma Rogério Guimarães Instituto CEPA Eduardo S. G. Mizubuti UFV Eunice Oliveira Calvete UPF Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Murilo Zerbini Junior UFV Jerônimo Luiz Andriolo UFSM José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS Mariane Carvalho Vidal Embrapa Hortaliças Maria do Carmo Vieira UFMS Marie Yamamoto Reghin UEPG Marilene L. A. Bovi IAC Paulo César T. de Melo ESALQ Paulo E. Trani IAC Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rovilson José de Souza UFLA

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Volume 23 número 4outubro-dezembro 2005

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURAThe Brazilian Association for Horticultural ScienceIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 28, 13012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374E-mail: [email protected]: www.abhorticultura.com.brPresidente/PresidentPaulo César Tavares de MeloUSP/ESALQ - PiracicabaVice-Presidente/Vice-PresidentDimas MenezesUFRPE - Recife1º Secretário / 1st SecretaryValéria Aparecida ModoloInstituto Agronômico - Campinas2º Secretário / 2nd SecretaryEunice Oliveira CalveteUPF/FAMV - Passo Fundo1º Tesoureiro / 1st TreasurerSebastião Wilson TivelliInstituto Agronômico - Campinas2º Tesoureiro / 2nd TreasurerJoão Bosco Carvalho da SilvaEmbrapa Hortaliças - BrasíliaCOMISSÃO EDITORIAL DAHORTICULTURA BRASILEIRAEditorial CommitteeC. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9073 / 3385 9000Fax: (0xx61) 3556 5744E-mail: [email protected] / PresidentLeonardo de Britto GiordanoEmbrapa HortaliçasCoordenação Executiva e Editorial / Executive andEditorial CoordinationSieglinde BruneEmbrapa HortaliçasEditores / EditorsAna Maria Montragio Pires de CamargoIEAAndré Luiz LourençãoIACAntônio Evaldo KlarUNESP - BotucatuAntônio T. Amaral JúniorUENFArthur Bernardes Cecilio FilhoUNESP - JaboticabalBraulio SantosUFPR

Carlos Alberto LopesEmbrapa HortaliçasCésar Augusto B. P. PintoUFLACláudio José da S. FreireEmbrapa Clima TemperadoDaniel J.CantliffeUniversity of FloridaDjalma Rogério GuimarãesInstituto CEPAEduardo S. G. MizubutiUFVEunice Oliveira CalveteUPFFrancisco Bezerra NetoESAMFrancisco Murilo Zerbini JuniorUFVJerônimo Luiz AndrioloUFSMJosé Fernando DuriganUNESP - JaboticabalJosé Magno Q. LuzUFUJosé Orestes M. CarvalhoEmbrapa RondôniaLuiz Henrique BassoiEmbrapa Semi-ÁridoMaria de Fátima A. BlankUFSMariane Carvalho VidalEmbrapa HortaliçasMaria do Carmo VieiraUFMSMarie Yamamoto ReghinUEPGMarilene L. A. BoviIACPaulo César T. de MeloESALQPaulo E. TraniIACRenato Fernando AmabileEmbrapa CerradosRicardo Alfredo KlugeESALQRoberval D. VieiraUNESP - JaboticabalRogério L. VieitesUNESP - BotucatuRonessa B. de SouzaEmbrapa HortaliçasRovilson José de SouzaUFLA

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866 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE,AGRIS/FAO e TROPAG.

Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hbwww.abhorticultura.com.br

Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Trimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestralde 1999 a 2001: Quadrimestrala partir de 2002: TrimestralISSN 0102-0536

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira deHorticultura.

CDD 635.05

Editoração e arte/CompositionLuciano Mancuso da Cunha

Revisão de inglês/English revisionPatrick Kevin Redmond

Revisão de espanhol/Spanish revisionMarcio de Lima e Moura

Tiragem/printing copies1.000 exemplares

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Volume 23 número 4outubro-dezembro 2005

ISSN 0102-0536

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SUMÁRIO/CONTENT

* Artigos em inglês com resumo em portuguêsArticles in English, with an abstract in Portuguese

CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER869

PESQUISA / RESEARCHComportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do AmparoEvaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio do Amparo, BrazilJ. E. Yuri; R. J. Souza; G. M. Resende; J. H. Mota 870Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófiloQuality and health of onion seedlings by adding thermophilic compostP. Boff; J. F. Debarba; E. Silva; H. Werner 875Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsaDamages caused by drop impact on the postharvest quality of arracacha rootsG. P. Henz; R. M. Souza; J. R. Peixoto; L. Blumer 881Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológicoEvaluation of methods for drying primed onion seedsR. F. Caseiro; J. Marcos Filho 887Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiroGenetic diversity among tomato accessions infested by different tomato leaf miner populationsG. R. Moreira; D. J. H. Silva; M. C. Picanço; L. A. Peternelli; F. R. B. Caliman 893Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alfaceEvaluation of mulch types on lettuce productionV. C. Andrade Júnior; J. E. Yuri; U. R. Nunes; F. L. Pimenta; C. S.M. Matos; F. C. A. Florio; D. M. Madeira 899Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCRRT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potatoL. N. Fonseca; A. K. Inoue-Nagata; T. Nagata; R. P. Singh; A. C. Ávila 904Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da ConquistaEvaluation of sweet potato clones in Vitória da ConquistaA. D. Cardoso; A. E. S. Viana; P. A. S. Ramos; S. N. Matsumoto; C. L. F. Amaral; T. Sediyama; O. M. Morais 911Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavusEvaluation of essential oils from Allium sativum and Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the Aspergillus flavus groupE. C. Viegas; A. Soares; M. G. F. Carmo; C. A. V. Rossetto 915Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólitaYield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and potassium in lettuce grown in substrate with zeoliteA. C.C. Bernardi; M. R. Verruma-Bernardi; C. G. Werneck; P. G. Haim; M. B.M. Monte 920Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréiaYield and quality of sweet potato roots fertilized with ureaA. P. Oliveira; M. R. T. Oliveira; J. A. Barbosa; G. G. Silva; D. H. Nogueira; M. F. Moura; M. S. S. Braz 925Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DFColonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in Distrito Federal, BrazilP. A. Melo Filho; A. N. Dusi; C. L. Costa; R. O. Resende 929*Growth and yield of lettuce plants under salinity*Crescimento e produtividade da alface em condições salinasJ. L. Andriolo; G. L. Luz; M. H. Witter; R. S. Godoi; G. T. Barros; O. C. Bortolotto 931Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de CampinasEvaluation of garlic accesses from the collection of the Instituto Agronômico de CampinasP. E. Trani; F. A. Passos; D. E. Foltran; S. W. Tivelli; I. J.A. Ribeiro 935Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesaEvaluation of packing lines and classification standards for fresh market tomatoes in BrazilM.D. Ferreira; M.K. Kumakawa; C. Andreuccetti; S.L. Honório; M. Tavares; M.L. Mathias 940Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do cauleResponse of watermelon cultivars to gummy stem blightG. R. Santos; A. C. Café Filho 945Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in naturaTomato plant staking and training systems for fresh fruit productionB. G. Marim; D. J. H. Silva; M. A. Guimarães; G. Belfort 951

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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limãoYield and composition of essential oil of lemongrass in different drying and fragmentation conditionsL. C. B. Costa; R. M. Corrêa; J. C. W. Cardoso; J. E. B.P. Pinto; S.K.V. Bertolucci; P. H. Ferri 956*Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars*Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de cultivares de milhoI. P. C. Almeida; P. S. L. Silva; M. Z. Negreiros; Z. Barbosa 960Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-MalásiaSplit forms and sources of nitrogen fertilization for the flowering white cabbage productionL. A. Zanão Júnior; R. M. Q. Lana; K. A. Sá 965Determinação das etapas do processamento mínimo de quiaboDetermination of the stages of minimum processing of okraM. A. G. Carnelossi; P. Yaguiu; A. C. L. Reinoso; G. R. O. Almeida; M. L. Lira; G. F. Silva; V. R.R. Jalali 970Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênioYield and postharvest quality of summer growing crisphead lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenumG. M. Resende; M. A. R. Alvarenga; J. E. Yuri; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior 976Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsaInfluence of BAP and GA3 concentration on the in vitro development of arracachaN. R. Madeira; J. B. Teixeira; C. T. Arimura; C. S. Junqueira 982Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por plantaYield of tomato under protected environment in relation to spacing and number of branches per plantL. A. Carvalho; J. Tessarioli Neto 986Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água correnteOvercoming beetroot seeds dormancy through immersion in running waterJ. B. Silva; R. D. Vieira; A. B. Cecílio Filho 990Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadasAssociation of modified atmospheres and antioxidants reduce browning of minimally processed potatoesL.L.O. Pineli; C. L. Moretti; G. C. Almeida; A. B.G. Nascimento; A.C. A. Onuki 993Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiroCluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato accessionsM. Karasawa; R. Rodrigues; C. P. Sudré; M. P. Silva; E. M. Riva; A. T. Amaral Júnior 1000

PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGEDiferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalisMentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) development in different concentrations of nutritive solutionL. L. Haber; J. M. Q. Luz; L. F. A. Dóro; J. E. Santos 1006Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada em diferentes espaçamentosYield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different planting spacingsG. M. Resende; N. D. Costa 1010Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegidoPerformance of tomato genotypes grown under protected cultivationC. R. B. Eklund; L. C. S. Caetano; A. Shimoya; J. M. Ferreira; J. M.R. Gomes 1015Técnicas de colheita para tomate de mesaHarvesting methods for fresh market tomatoesM. D. Ferreira; A. T.O. Franco; M. Tavares 1018

ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL / ECONOMY AND RURAL EXTENSIONAnálise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do ParanáProspective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná State, BrazilR. R.B. Negrelle; E. R. S. Elpo; N. G. A. Rücker 1022Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no BrasilThe challenges and the oportunities for the onion agribusinessN. J. Vilela; N. Makishima; V. R. Oliveira; N. D. Costa; J. C. M. Madail; W. P. Camargo Filho; G. Boeing; P. C. T. Melo 1029

ERRATA / ERRATA1034

ÍNDICE / CONTENT1035

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS1045

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869Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

carta do editor

Foram sete anos. Entretanto, parece-me que foi ontem. Foi sem dúvida um grande aprendiza-do, uma verdadeira escola de convivência e de relacionamento humano, dando-me oportunidadede conhecer vários colegas que de maneira abnegada ajudaram-me na tarefa de conduzir a revistaHorticultura Brasileira (HB). Estou falando dos sete anos durante os quais tive a oportunidade deservir a atual Associação Brasileira de Horticultura, ocupando a presidência da Comissão Edito-rial da HB. A responsabilidade da continuidade dos trabalhos ficará nos ombros de uma equipe degrande capacidade e competência, tendo na Presidência da Comissão Editorial o Dr. Paulo Eduardode Melo que há exatamente sete anos transferiu-me esta incumbência. Agradeço a todos os Edi-tores e Consultores ad hoc que durante todos estes anos, apesar do cansaço de um dia de aulas, deextenuantes trabalhos de pesquisa, palestras para produtores ou análise de projetos, reuniramforças para revisar mais um trabalho de pesquisa enviado para ser publicado na HB. Ao ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro à revista.Muito grato a todos. Meu agradecimento especial à incansável colega Sieglinde Brune por todosestes anos de companheirismo e dedicação. Também agradeço o trabalho sério e competente denossa secretária Roseli Medeiros Barbosa. Aproveito para desejar à nova diretoria da AssociaçãoBrasileira de Horticultura, presidida pelo amigo Paulo César Tavares de Melo, muito sucesso nacondução da ABH. Boa sorte a todos!

Leonardo de B GiordanoPresidente da Comissão Editorial

Horticultura Brasileira

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870 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

pesquisa

A alface (Lactuca sativa L.) é umaespécie mundialmente conhecida e

considerada a mais importante hortaliçafolhosa (FERNANDES; MARTINS,1999). A alface do tipo americana, de-nominada ‘Crisphead lettuce’ nos Esta-dos Unidos, é considerada a mais im-portante dentre os vegetais para ser con-sumido em forma de saladas cruas, ten-do um consumo per capita superior a11,3 kg ano-1 no Brasil (SANDERS,1999).

O grupo da alface americana temapresentado aumento crescente, na re-gião do sul de Minas Gerais, devido àscondições edafoclimáticas favoráveis e

YURI, J.E.; SOUZA, R.J.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo. HorticulturaBrasileira, Brasília, v.23, n.4, p.870-874, out-dez 2005.

Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio doAmparoJony E. Yuri1; Rovilson José de Souza2; Geraldo M. de Resende3; José H. Mota4

1REFRICON, Rod. Regis Bittencourt s/n km 294, 06850-000 Itapecerica da Serra-SP; E-mail: [email protected]; 2UFLA, C. Postal 37,37200-000 Lavras-MG; 3Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 4UFMS, C. Postal 533, 79.804-970 Dourados-MS

também devido à proximidade dos gran-des centros consumidores (redes “fastfood”). A região possui mais de 30 pro-dutores em diversos municípios do sulde Minas Gerais, cultivando cerca de1800 ha por ano, com uma produção de10.500 toneladas desta folhosa (YURI,2000).

De acordo com Thompson (1944), aalface é uma das hortaliças mais sensí-veis às altas temperaturas e isto, namaioria das vezes, é o fator maislimitante para o não imbricamento dasfolhas (formação da cabeça). Com basenos resultados de Lenano (1973),Brunini et al., (1976) e Cásseres (1980),

verifica-se que a alface se desenvolvebem em temperaturas entre 15 e 20ºC.

Temperaturas acima de 20ºC estimu-lam e aceleram o pendoamento. Com oaumento da temperatura, a planta emiteo pendão floral precocemente, interrom-pendo a fase vegetativa, tornando o pro-duto impróprio para consumo ecomercialização, devido à ocorrência desabor amargo das folhas, em função doacúmulo de látex (CÁSSERES, 1980).

Jackson et al. (1999) relatam que aalface americana requer, como tempe-ratura ideal para o desenvolvimento,23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Tem-peraturas muito elevadas podem provo-

RESUMOCom o objetivo de avaliar o comportamento de cultivares de

alface do tipo americana em duas épocas de cultivo, foram conduzi-dos dois experimentos em Santo Antônio do Amparo (MG), de se-tembro a dezembro de 1998 e fevereiro a maio de 1999 em condi-ções de túnel. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso comseis cultivares (Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady e Raider)e quatro repetições. As avaliações de massa fresca total e comercial,circunferência e comprimento do caule da cabeça comercial foramrealizadas quando as plantas apresentaram cabeça bem formada ecompacta. Na primeira época de plantio, sobressaíram-se na carac-terística massa fresca total as cultivares Lady (820,4 g planta-1) eLucy Brown (790,7 g planta-1) sem, contudo, diferirem da cultivarLorca (626,6 g planta-1). Para massa fresca comercial destacaram-seas cultivares Lady (620,0 g planta-1) e Lucy Brown (559,3 g planta-1)com maiores rendimentos. A circunferência da cabeça comercial va-riou de 36,3 a 47,2 cm e o comprimento do caule de 3,3 a 4,5 cm.Para a segunda época de cultivo não observou-se diferenças signifi-cativas entre as cultivares para massa fresca total e comercial. Noentanto, todas as cultivares apresentaram massa fresca comercialacima de 850 g planta-1. A circunferência da cabeça variou de 45,4 a53,4 cm e o comprimento de caule de 3,7 a 4,9 cm. Maiores rendi-mentos em termos de massa fresca foram obtidos na segunda épocade plantio.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., rendimento, competição de cul-tivares.

ABSTRACTEvaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio

do Amparo, Brazil

The behavior of crisphead lettuce cultivars at two planting periodswas evaluated in two experiments carried in Santo Antônio do Amparo,Minas Gerais State, Brazil, from September to December 1998 andFebruary to May 1999, under a plastic tunnel conditions. Theexperimental design was a randomized complete block with sixtreatments (cv Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady and Raider)with four replications. The evaluations of total and marketable freshweight, circumference and stem length of the marketable head werecarried out when the plants had well formed and compact heads. Inthe first cultivation period, the cultivars Lady (820,4 g plant-1) andLucy Brown (790,7 g plant-1) presented higher fresh weight. However,they did not differ from cultivar Lorca (626,6 g plant-1). The cultivarsLady (620.0 g plant-1) and Lucy Brown (559.3 g plant-1) presented thehighest yield of marketable fresh weight. The circumference ofmarketable heads varied from 36.3 to 47.2 cm and the stem lengthfrom 3.3 to 4.5 cm. No significant differences were observed amongcultivars for total and commercial fresh mass in the second plantingtime; However, all cultivars presented commercial fresh mass above850 g plant-1. The marketable head circumference varied from 45.4to 53.4 cm and the stem length from 3.7 to 4.9 cm. Highest yield offresh mass was obtained in the second planting time.

Keywords: Lactuca sativa L., yield, cultivar competition.

(Recebido para publicação em 20 de fevereiro de 2004 e aceito em 13 de junho de 2005)

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car queima das bordas das folhas exter-nas, formar cabeças pouco compactas etambém contribuir para a ocorrência dedeficiência de cálcio, conhecido como“tip-burn”.

Outro fator que afeta a planta é ofotoperíodo, pois a alface exige diascurtos durante a fase vegetativa e diaslongos para que ocorra o pendoamento.Para Robinson et al. (1983), opendoamento em alface é uma caracte-rística importante que influencia dire-tamente o desenvolvimento da cabeça.Dias longos associados a temperaturaselevadas aceleram o processo, o qual étambém dependente da cultivar(NAGAI; LISBÃO, 1980; RYDER,1986; VIGGIANO, 1990).

Segundo Conti (1994), o compri-mento do dia não é problema para o cul-tivo da alface no verão brasileiro, poisas cultivares européias importadas jáestão adaptadas a dias mais longos doque os que ocorrem no país de origem.Observa-se que a expansão da cultura estáocorrendo para as áreas de latitudes me-nores e, conseqüentemente, o fotoperíodonão é obstáculo. Entretanto, em condiçõesde menores latitudes, verifica-se o aumen-to da temperatura no período do verão,havendo necessidade de se escolher áreasde elevadas altitudes.

A altitude do local é um fator quedeve ser levado em consideração para ocultivo da alface, pois influencia direta-mente na temperatura. Portanto, regiõesde menores altitudes não são adequadasao plantio de verão, devido ao excessode calor. Verifica-se que nas regiões ser-ranas do Rio de Janeiro e no cinturãoverde de São Paulo, em altitudes supe-riores a 800 m é possível cultivar-se aolongo do ano. Já em localidades com al-titude inferior a 400 m, de clima quente,desde que se utilize cultivares adaptadaspode-se cultivar a alface na maioria dosmeses (FILGUEIRA, 2000).

As cultivares americanas têm eleva-da produção de massa fresca, o que érelatado por Bernardi e Igue (1973) nascultivares Great Lakes e New York quepesaram, em média, 644,0 e 610,0 gra-mas, respectivamente. Leal et al. (1974)avaliando o comportamento de cultiva-res de alface de diferentes grupos naregião Serrana do Estado do Rio de Ja-neiro, numa época quente, verificaram

que a cultivar Mesa 659 foi a que apre-sentou melhor formação de cabeça emrelação às demais cultivares estudadas,com 58% das plantas apresentando mas-sa superior a 400,0 gramas.

Bueno (1998), nas condições de La-vras, a uma altitude de 918 metros, apre-sentou em junho, para a cultivar Lorca,uma massa fresca total e comercial porplanta de 801,2 e 461,2 gramas, respec-tivamente. Utilizando a mesma cultivar,local e época de plantio, Mota (1999)obteve massa fresca total e comercialpor planta de 1000 e 695 gramas, res-pectivamente. Em experimento realiza-do em Santo Antônio do Amparo (MG),a uma altitute de 1.050 metros,Alvarenga (1999) obteve massa frescatotal e comercial por planta de 1011,0 e677,8 gramas, respectivamente, para acultivar Raider, avaliadas nos meses demaio e junho.

Yuri (2000), em experimento reali-zado no município de Boa Esperança(MG), obteve para os genótipos LucyBrown, PSR 5338, PSR 4303, PSR0110, Empire 2000 e Seeker, produtivi-dade comercial de 266,6; 276,1; 293,8;301,6; 304,4 e 333,8 g planta-1, respec-tivamente, porém, não mostraram dife-renças significativas comparadas à‘Raider’ (333,8 g planta-1).

O presente trabalho teve como obje-tivo avaliar o comportamento de culti-vares de alface americana em duas épo-cas de plantio, nas condições do municí-pio de Santo Antônio do Amparo.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimen-tos na Estação Experimental da RefriconMercantil Ltda., no município de SantoAntônio do Amparo (MG), situado auma altitude de 1.050 metros, em soloclassificado como Latossolo VermelhoDistroférrico.

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos casualizados, com qua-tro repetições, sendo os tratamentosconstituídos por seis cultivares de alfa-ce americana (Cassino, Legacy, LucyBrown, Lorca, Lady e Raider). A semea-dura foi realizada em bandejas depoliestireno expandido contendo 200células, utilizando-se o substrato comer-cial Plantmax HT sendo utilizadas mu-

das com 30 dias de idade. O primeiroexperimento foi realizado de setembroa dezembro de 1998 (1ª época), comtransplante em 26/10/1998, e o segun-do de fevereiro a maio de 1999 (2ª épo-ca), com transplante em 19/03/1999.

Com base nos resultados da análisedas amostras de solo, a área experimen-tal utilizada na primeira época foicorrigida com calcário dolomítico seismeses antes do plantio da alface. A adu-bação de plantio foi feita dois dias antesdo transplantio, utilizando-se uma mis-tura de adubo formulado 4-30-16 com otermofosfato magnesiano YoorimMaster, em que se aplicou 37,5 kg ha-1

de N; 600,0 kg ha-1 de P20

5 e 150,0 kg ha-1

de K20. Na segunda época foi aplicado

400,0 kg ha-1 de P20

5 e as mesmas doses

de N e K20 utilizados anteriormente ba-

seados nos dados de Raij et al. (1996).

Os canteiros foram construídos com45,0 m de comprimento e 1,2 m de lar-gura. A cada dois canteiros foi instaladauma estrutura de proteção, constituídade túnel alto, com 3,0 m de largura e 1,7m de altura, coberto com filme plásticotransparente de baixa densidade,aditivado com anti-UV, de 75 micras deespessura. O túnel teve a função de pro-teger as plantas do excesso de chuva(efeito guarda chuva), sendo que o mes-mo ficava semi-aberto durante a condu-ção do experimento. Na área central decada canteiro foram demarcadas trêsparcelas, ou seja, seis em cada estruturade túnel alto, onde os tratamentos fo-ram distribuídos de modo aleatório.Cada parcela mediu 4,0 m de compri-mento por 1,2 m de largura, onde foramplantadas quatro linhas de alface espa-çadas entre si de 0,35 m. Em cada par-cela, constaram 44 plantas. A área útilda parcela foi formada por 20 plantasdas duas linhas centrais do canteiro.

O sistema de irrigação utilizado du-rante a primeira semana nas duas épo-cas foi por aspersão convencional e pos-teriormente por gotejamento. Este con-sistiu de duas linhas de tubo gotejador“Streamline 6000”, com vazão de 1,2 Lh-1 por emissor. Após a instalação dostubos gotejadores, os canteiros foramcobertos por um filme plástico preto(mulching), com a finalidade de evitara infestação de plantas daninhas e o con-tato das folhas da alface com o solo.

Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo

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Uma semana após o transplantio,teve início a adubação de cobertura rea-lizada por fertirrigação, utilizando-se osadubos solúveis nitrato de potássio, ni-trato de cálcio, sulfato de magnésio ecloreto de potássio, na dose de 40,0 kgha-1 de N, 80,0 kg ha-1 de K

20 e 50,0 kg

ha-1 de Ca, aplicados diariamente . Afertirrigação foi feita até dois dias antesda colheita.

O controle de doenças e pragas na pri-meira época foi realizado com pulveriza-ções semanais com produtos à base decobre e com inseticida piretróide. Na se-gunda época, as pulverizações foram rea-lizadas, com os mesmos produtos a cada15 dias, pois as condições climáticas fo-ram menos favoráveis às pragas e doen-ças, devido à menor precipitação. Para ocontrole das plantas daninhas, utilizou-se,a capina manual em torno das covas e oherbicida de contato paraquat entre os can-teiros, utilizando protetor para evitar aderiva (Chapéu de Napoleão).

As colheitas foram realizadas aos 67e 78 dias para os plantios nos anos de1998 e 1999, respectivamente, quandoas plantas apresentaram cabeça bem for-mada e compacta, sendo avaliadas amassa fresca total e comercial, circun-ferência da cabeça comercial e compri-mento do caule. Para a obtenção damassa fresca total a planta foi cortadarente ao solo, com as folhas externas einternas e com a cabeça compacta. Amassa fresca comercial foi obtida remo-vendo-se as folhas externas.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância conjunta, sendoas médias comparadas pelo teste deTukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram efeitossignificativos para cultivares, épocas deplantio e a interação entre estes fatores(Tabelas 1 e 2). Para a primeira épocade plantio, maiores rendimentos de mas-sa fresca total foram obtidos com ascultivares Lady (820,4 g planta-1) e LucyBrown (790,7 g planta-1) que não mos-traram diferenças significativas entre si(Tabela 1). Mota et al. (2003) em con-dições de verão em Lavras; sob cultivoem túnel alto, obtiveram massa frescade 650,0 g planta-1, para a cultivarRaider, assim como Yuri et al. (2002),nas mesmas condições, no município deBoa Esperança, obtiveram para a culti-var Lucy Brown, 972,0 g planta-1, re-sultados estes semelhantes aos obtidosno experimento. No entanto, sob condi-ções de casa de vegetação, Salatiel etal. (2001) utilizando a cultivar Lorca,nas condições de Jaboticabal, no verãoe outono obtiveram 308,5 g planta-1, re-sultado bem inferior ao obtidos no pre-sente experimento.

Na segunda época de cultivo, as cul-tivares não apresentaram diferenças sig-nificativas entre si para massa frescatotal que oscilou entre 1119,7 g planta-1

(cultivar Lorca) a 1278,8 g planta-1 (cul-tivar Lucy Brown). Nas mesmas condi-ções de cultivo, no município de Santanada Vargem, Yuri et al. (2004), obtive-ram massa fresca total de 1075,2 g plan-ta-1 para a cultivar Raider.

As cultivares Lady e Lucy Brownapresentaram massa fresca total de620,0 e 559,3 g planta-1, respectivamen-

te, com os melhores desempenhos naprimeira época de plantio (Tabela 1). Emcondições de verão, Mota et al. (2003)em sistema de cultivo de túnel alto, emSantana da Vargem, encontraram varia-ções para as cultivares Raider e LucyBrown entre 333,8 a 266,6 g planta-1,valores bem inferiores aos obtidos porestas cultivares no presente experimen-to (415,0 e 559,3 g planta-1, respectiva-mente).

Para a segunda época de cultivo nãose verificaram diferenças significativasentre as cultivares, com massa frescacomercial entre 858,2 e 1037,2 g plan-ta-1. Estes resultados são superiores aosobservados por Mota (1999) e Bueno(1998) em condições de cultivo seme-lhante em Lavras, utilizando a cultivarLorca, assim como aos alcançados porGadum et al. (2002) em Botucatu, paraas cultivares Raider e Lucy Brown. To-davia, Yuri et al. (2002) obtiveram re-sultados similares com a cultivar Raiderem Boa Esperança (972,0 g planta-1).

A cultivar Lady apresentou uma cir-cunferência de cabeça de 47,2 cm naprimeira época e de 52,0 cm na segun-da. É uma cultivar que apresenta comodestaque o tamanho da cabeça comer-cial, o qual determina o melhor rendi-mento industrial. Na primeira época, ascultivares Lady, Lucy Brown e Lorcaapresentaram os melhores desempenhoscom 47,2; 45,9 e 43,0 cm, respectiva-mente, de circunferência de cabeça, sem,no entanto diferirem entre si. As culti-vares Legacy, com 36,3 cm e Cassino,com 40,6 cm, foram as que apresenta-ram os menores tamanhos de cabeça(Tabela 2). Resultados semelhantes fo-ram observados por Mota et al. (2003)que em condições de verão encontraramvariações entre 34,7 a 41,5 cm.

Na segunda época de plantio, a cul-tivar Lucy Brown apresentou a maiorcircunferência com 53,4 cm, não dife-rindo das cultivares Lady (52,0 cm),Lorca (51,6 cm) e Raider (49,1 cm) (Ta-bela 2). Estes resultados foram superio-res aos obtidos por Bueno (1998) ondea cultivar Lorca apresentou uma circun-ferência da cabeça de 45,0 cm, e porMota (1999) que verificou uma circun-ferência de 46,5 cm na mesma cultivar.

Na Tabela 2 observa-se diferençasignificativa no comprimento de caule

J. E. Yuri et al.

1Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cadacaracterística não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período desetembro a dezembro; **período de fevereiro a maio.

CultivarMassa fresca total (g planta-1) Massa fresca comercial (g planta-1)

1ª epoca* 2ª epoca** 1ª epoca 2ª epoca

Cassino 485,6 c B 1226,2 a A 332,8 b B 858,2 a A

Legacy 505,4 c B 1235,6 a A 376,9 b B 929,1 a A

Lucy Brown 790,7 ab B 1278,8 a A 559,3 a B 1037,2 a A

Lorca 626,6 bc B 1199,7 a A 406,0 b B 926,3 a A

Lady 820,4 a B 1210,0 a A 620,0 a B 970,0 a A

Raider 609,4 c B 1248,5 a A 415,0 b B 996,3 a A

C.V. (%) 8,5 10,1 9,7 11,3

Tabela 1. Massa fresca total e comercial de cultivares de alface americana em função dasépocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/19991.

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entre as cultivares. No entanto, essa di-ferença, não afetou a formação da ca-beça comercial. Na primeira época deplantio, a cultivar Legacy apresentou omenor comprimento com 3,3 cm; noentanto, estatisticamente sem diferen-ciar das cultivares Cassino, LucyBrown, Lady e Raider. O maior valorfoi apresentado pela cultivar Lorca com4,5 cm (Tabela 2). Resultados semelhan-tes foram observados para a segundaépoca, onde a cultivar Lady mostrou omenor comprimento (3,7 cm), seguidapelas cultivares Cassino, Raider e LucyBrown, sem diferirem estatisticamente.O comprimento foi inferior ao apresen-tado por Bueno (1998), com a cultivarLorca, de 6,8 cm. Mota et al. (2003) emcultivo de alface sob túnel alto, verifi-caram para as cultivares Raider e LucyBrown comprimentos de caule de 7,1 e5,3 cm, respectivamente. Menores com-primentos de caule são desejáveis paraa alface do tipo americana, principal-mente quando destinada à indústria debeneficiamento, uma vez que proporcio-nam menores perdas durante oprocessamento. Por outro lado, o cauleexcessivamente comprido acarreta umamenor compacidade da cabeça e dificul-ta o beneficiamento, afetando a quali-dade final do produto (YURI et al.,2002; RESENDE et al., 2003).

Nas duas épocas avaliadas observa-ram-se diferenças significativas na massafresca total e comercial para todas as cul-tivares testadas, sendo a segunda época amais produtiva. Assim como para circun-ferência da cabeça comercial, com exce-ção para a cultivar Lady. No comprimen-to do caule somente as cultivares Legacye Raider apresentaram os menores valo-res na primeira época de cultivo. Entre-tanto, para as duas épocas, todos os mate-riais apresentaram o comprimento de caulereduzido e dentro de um patamar consi-derado aceitável de acordo com Resende(2004) que relata caules até 6,0 cm comoos mais adequados, sendo aceitáveis até opatamar de 9,0 cm e inaceitáveis ou me-nos recomendados para processamentoaqueles acima deste valor.

A melhor performance do cultivoobservada na segunda época de plantiopode ser explicada pela melhor adapta-ção da cultura às condições de tempera-turas mais amenas, tendo como ótima a

faixa de 15,5 a 18,3ºC, conforme relataSanders (1999), podendo tolerar algunsdias com temperaturas de 26,6 a 29,4ºC,desde que as temperaturas noturnas se-jam baixas.

Em função dos resultados obtidos nopresente estudo, pode-se concluir, paraas condições do município de SantoAntônio do Amparo que a produção dealface do tipo americana é viável nasduas épocas de cultivo testadas, sendoa segunda época, a mais favorável paraa obtenção de melhores rendimentos. Ascultivar Lady e Lucy Brown destaca-ram-se como as mais recomendadaspara o cultivo na primeira época, consi-derando a massa fresca comercial. Paraa segunda época de cultivo todas as cul-tivares mostraram-se produtivas no quese refere à massa fresca comercial, nãodiferindo entre si; no entanto, levando-se em consideração a maior circunferên-cia de cabeça comercial e menor com-primento de caule, sugere-se as cultiva-res Lucy Brown, Lady e Raider comoas mais promissoras.

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Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cadacaracterística não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período desetembro a dezembro; **Período de fevereiro a maio.

Tabela 2. Circunferência de cabeça e comprimento de caule de cultivares de alface america-na em função das épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/1999.

CultivarCircunferência da cabeça (cm) Comprimento do caule (cm)

1ª epoca* 2ª epoca** 1ª epoca 2ª epoca

Cassino 40,6 cd B 45,4 c A 4,1 ab A 4,1 ab A

Legacy 36,3 d B 47,3 bc A 3,3 b B 4,9 a A

Lucy Brown 45,9 ab B 53,4 a A 4,2 ab A 4,8 ab A

Lorca 43,0 abc B 51,6 ab A 4,5 a A 4,9 a A

Lady 47,2 a A 52,0 ab A 3,6 ab A 3,7 b A

Raider 42,4 bc B 49,1 abc A 3,7 ab B 4,6 ab A

C.V. (%) 3,7 5,9 10,4 12,0

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875Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A cultura da cebola (Allium cepa L),nas principais regiões de cultivo no

Brasil, tem se caracterizado pelo uso in-tensivo do solo, emprego crescente deagroquímicos e poucas práticas cultu-rais que possam oferecersustentabilidade ao sistema produtivo(EPAGRI, 2000). Em Santa Catarina porexemplo, o controle das principais doen-ças da cebola, que vinha sendo feito comduas a três aplicações de fungicidas,passou a receber nos últimos 10 anos,mais de 15 intervenções no mesmo ci-clo de cultivo (dados não publicados).Este aumento no uso de agrotóxicos édecorrente, em grande parte, da expan-são da cultura em monocultivo, do

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Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de com-posto termófiloPedro Boff1; João F. Debarba2; Edson Silva2; Hernandes Werner2

1EPAGRI - Est. Exp. de Lages, C. Postal 181 88502-970 Lages-SC; E-mail: [email protected];2EPAGRI - Est. Exp. de Ituporanga,C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga-SC

estreitamento genético das cultivars co-merciais e do próprio efeito negativo queestes agrotóxicos e a abusiva adubaçãomineral de alta solubilidade causam àflora e fauna local (GONÇALVES,2001). A supressão de doenças e pragasem plantios comerciais, pode ser vistacomo manifestação da estabilidade esaúde do agroecossistema(THURSTON, 1992). Portanto, orestabelecimento da saúde solo-planta,em termos de conferir resiliência aoagroecossistema em resposta a distúr-bios, é de fundamental importância naredução da necessidade de uso deagroquímicos (VAN BRUGGEN;SEMENOV, 2000).

No sul do Brasil, as principais doen-ças na cultura da cebola são a queima-acinzentada (Botrytis squamosa) e omíldio (Peronospora destructor) na fasede muda, ao passo que na fase pós-trans-plante, as mais freqüentes são o própriomíldio e a mancha-púrpura (Alternariaporri) (BOFF, 1996). A sanidade damuda de cebola durante o período decanteiro afeta diretamente o desenvolvi-mento da cultura no pós-transplante, vistoque a necrose e morte de folhas nesta fase,reduz o tamanho de bulbo e enfraquecea qualidade de película dos mesmos parao armazenamento (BOFF, 1994).

Tem-se verificado que solos enrique-cidos com matéria orgânica, via adubo

RESUMO

Avaliou-se, em condições de campo, a influência de compostotermófilo como adubação de base e em cobertura de canteiros, nasanidade e na qualidade de mudas de cebola. A semeadura foi reali-zada em maio e junho de 1993 e de 1994. Três experimentos foramdelineados em blocos ao acaso, com seis repetições, tendo comotratamentos as adubações de base por composto termófilo, incluin-do descarte de cebola; por formulação comercial organo-mineral; epor composição NPK. Em outro experimento, a adubação mineral eo composto termófilo foram combinadas em esquema fatorial comseis densidades de semeadura, tendo três repetições. Para a cobertu-ra das sementes no leito de canteiros, foram avaliados num quintoexperimento, o pó-de-serra de Pinus novo, pó-de-serra de Pinus comum ano, solo e composto termófilo, em delineamento de blocos aoacaso, com quatro repetições. A adubação por composto apresentoumaior emergência e sobrevivência de mudas do que a adubaçãoorgano-mineral e mineral, nos três experimentos estudados. Inde-pendentemente da densidade de semeadura, o composto termófilo,como adubação de base, proporcionou maior sobrevivência de mu-das (101,4 pl/m2) e menor intensidade de ataque de Botrytis squamosa(51,7%), em comparação com adubação mineral (85,7 pl/m2 e56,8%). Quando usado em cobertura das sementes, o composto pro-piciou maior emergência (146,1 pl/m2) e sobrevivência de mudas(134,8 pl/m2) do que a cobertura com terra (90,2 e 77,5 pl/m2, res-pectivamente). Não houve influência, entre os tipos de adubação debase e/ou de cobertura, na ocorrência do tombamento de plântulasde cebola.

Palavras-chave: Allium cepa, Botrytis squamosa, tombamento, adu-bo orgânico, produção de mudas.

ABSTRACT

Quality and health of onion seedlings by adding thermophiliccompost

The effect of thermophilic compost on onion diseases andseedling quality used as basic fertiliser or bed cover was evaluated.The research was carried out in 1993 and 1994 in Ituporanga, SantaCatarina State, Brazil. Three experiments were conducted inrandomised blocks with six replicates. The treatments werethermophilic compost, mineral fertilizer and organic-mineralfertilisers. In another experiment, the compost and the mineralfertiliser were combined with six plant densities in a factorial designexperiment. For the seed bed coverage, new and one-year-old Pinussawdust, soil, and thermophilic compost were evaluated using arandomised block design with four replicates. Thermophilic compostshowed higher emergence and survival of onion transplants thanorganic-mineral and mineral fertiliser. The thermophilic compostincreased the survival of onion transplants (101.4 pl/m2) and reducedBotrytis squamosa intensity (51.7%) when compared with the mineralfertiliser (87.7 pl/m2 and 56.8%) regardless of plant density. Onionseedlings grown on seedbeds covered with compost presented higheremergence (146.1 pl/m2) and survival of seedlings (134.8 pl/m2) thanthose grown using only soil as coverage (90.2 and 77.5 pl/m2,respectively). The occurrence of damping-off did not differ betweentreatments with fertilisers alone or treatments in which coverage wasused in the seedbed.

Keywords: Allium cepa, Botrytis squamosa, damping-off, organicfertiliser, transplants.

(Recebido para publicação em 12 de maio de 2004 e aceito em 5 de julho de 2005)

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verde, propiciam plantas de cebola to-lerantes ao ataque de doenças e pragas,conferindo maior resistência de bulbosdurante o armazenamento. A influênciada adubação na ocorrência de doençasem plantas tem sido amplamente discu-tida e particularmente estudada por al-guns autores na adição de compostosorgânicos (HOITINK; FAHY, 1986;PAULITZ; BAKER, 1987; HUBER,1994; ELAD; SHTIENBERG, 1994).Huelsman e Edwards (1998) observa-ram que a adição de esterco compostadode gado reduziu, significativamente, aincidência de bacterioses (Pseudomonassyringae pv. lachrymans e Erwiniatracheiphila) em pepino e da antracnose(Colletotrichum piperatum) em pimen-tão, quando comparado à adição de adu-bo mineral nas proporções equivalentesde macronutrientes.

Mecanismos envolvidos na promo-ção de saúde de plantas, via adição decomposto, incluem o estímulo da ativi-dade antagonista local ou adicionadapelo composto, a indução de resistênciae o efeito trófico na planta (HOITINK;FAHY, 1986; ZHANG et al., 1996;RAUPP, 1999). McQuilken et al. (1994)estudando a ação do extrato aquoso deesterco de gado com palha na atividadede Botrytis cinerea em alface, observa-ram redução da severidade desta doen-ça, sugerindo estarem envolvidos me-canismos de antibiose e indução de re-sistência.

O efeito de resistência sistêmica ad-quirida, definida como aquela capaz deexpressar-se distante do sitio inicialquando exposto ao indutor ou agenteexterno, sem afetar o DNA gemônicoda planta, é de particular interesse nocontrole de doenças da parte aérea deplantas, via manejo de adubação (VANLOON et al., 1998; MÉTRAUX et al.,2000). Os agentes de indução por suavez, podem ser microorganismos, agen-tes físicos ou substâncias químicas ca-pazes de despertar resistência do hos-pedeiro a uma larga gama de patógenos.Por outro lado, o potencial supressivo ea indução de resistência por compostosorgânicos é influenciado pelo processode compostagem e pelo nível dematuração (HOITINK; FAHY, 1986).

No Estado de Santa Catarina, o siste-ma de cultivo de cebola utiliza-se de mu-

das transplantadas. O ciclo de cultivo é re-lativamente longo e a colheita coincidentecom a entrada de cebola da Argentina, obri-gando o armazenamento dos bulbos por umperíodo de até quatro meses (EPAGRI,2000). A ocorrência de períodos chuvososna época de colheita obriga oarmazenamento dos bulbos, muitas vezesem condições precárias, resultando emgrandes perdas (BOFF, 1996). O materialadvindo do descarte e da subseqüente toa-lete na comercialização dos bulbos é com-posto de escamas, raízes, folhas secas ebulbos deteriorados. É hábito do produtorde cebola, depositar este material embarrancas de rios, beiras de estradas ououtros locais longe de lavouras, pelo tradi-cional argumento de que restos culturaistrariam doenças aos próximos cultivos decebola. Não obstante esta prática possa serjustificada, a reciclagem local dos restosde descarte de cebola pelo processo decompostagem poderia oferecer uma me-lhor alternativa, não só em temos econô-micos mas também sob ponto de vistaambiental. Quando o processo decompostagem for do tipo termófilo, alcan-çando temperaturas de até 70 ou 80ºC, háuma redução substancial de estruturas depatógenos e insetos-praga presentes nosrestos culturais (GALUEKE, 1972;HOITINK; FAHY, 1986). Por outro lado,o composto oriundo do processo termófilopossibilita enriquecimento biológico, pelacolonização de micro-organismos benéfi-cos nos sucessivos revolvimentos da pilha.Do ponto de vista nutricional, o uso de com-posto orgânico para adubação de plantaspropicia disponibilização gradativa e con-tínua de nutrientes sem haver excesso e/ouconsumo de luxo, favorecendo o metabo-lismo da proteossíntese e minimizando comisto o ataque de doenças e pragas(CHABOUSSOU, 1980; SCHELLER,2001).

O objetivo do presente trabalho foiestudar o efeito do composto termófiloresultante do descarte de bulbos na adu-bação de base e em cobertura de semen-teiras e os possíveis efeitos desta técni-ca na sanidade e na qualidade de mudasde cebola.

MATERIAL E MÉTODOS

Conduziram-se cinco experimentosde campo na Estação Experimental da

Epagri, Ituporanga, durante a fase demuda da cebola, nos anos de 1993 e1994, em Cambissolo álico.

Foram instalados três experimentosem épocas distintas de semeadura (maio/93, junho/93 e junho/94) utilizando-seblocos ao acaso com seis repetições. Nostrês experimentos, os tratamentos cons-taram de três tipos de adubação de basenas seguintes modalidades: a) Aduba-ção mineral, na dosagem de 300 g/m2

de NPK (fórmula 5-20-10), incorpora-da ao solo 10 dias antes da semeadura;b) Adubação organo-mineral, formula-ção comercial “Prochnov”, TrombudoCentral (SC), na dosagem de 3 L/m2 in-corporada 10 dias antes da semeadura.Nesta formulação utiliza-se cama deaviário e 20% de complemento mineralde NPK (2-2-2); c) Adubação com com-posto (10 L/m2) oriundo dacompostagem termófila. Este compos-to foi elaborado com capim Cameroon(Pennisetum purpureum) triturado, es-terco bovino e descarte de cebola tritu-rado (1:1:1, base em volume),intermediada por finas camadas de cin-za-de-arroz (combustão incompleta dacasca de arroz), na proporção de 5% dototal do composto e de calcáriodolomítico, sendo este último espalhadona quantidade de 100 g/m², em duassecções horizontais da pilha. O compos-to foi revolvido aos 35 e 70 dias, sendoutilizado após 120 dias a partir da for-mação da pilha. Para o ano de 1993, uti-lizou-se a cultivar de cebola “Bola pre-coce”, na semeadura de maio, e a popu-lação “Crioula”, na semeadura de junho.No ano de 1994, com semeadura em ju-nho, utilizou-se a população “Crioula”.

Outro experimento com semeaduraem junho de 1994, foi conduzido emdelineamento de blocos ao acaso, comtrês repetições e em arranjo fatorial, uti-lizando-se a população “Crioula”. Osfatores principais foram densidade e tipode adubação. O fator densidade teve osníveis de 1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 4,0 e 5,0 gra-mas de semente por metro quadrado e ofator adubação, em duas formas de adu-bação de base: composto e adubaçãomineral, nas mesmas proporções dosexperimentos acima descritos. Não hou-ve aplicação de fungicida para possibi-litar avaliação da intensidade de quei-ma-acinzentada.

P. Boff et al.

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Um quinto experimento foi condu-zido em blocos ao acaso com quatro re-petições, utilizando-se a cultivar “BolaPrecoce”, com semeadura em maio de1994. Os tratamentos constaram de qua-tro coberturas sobre o leito dos cantei-ros, na espessura de 2 cm, onde as se-mentes eram previamente semeadas, queforam: a) composto, já descrito acima;b) solo, do próprio local; c) pó-de-serrade Pinus, do ano; d) pó-de-serra de Pinus,com um ano de idade. Utilizou-se, comoadubação de base, 300 g/m2 de adubomineral NPK, fórmula 5-20-10.

A profundidade de semeadura foi de2 cm, utilizando-se como cobertura dasemente o pó-de-serra de Pinus, excetono quinto experimento, onde o objetode estudo foi o tipo de cobertura. O con-trole de plantas daninhas foi manual. Airrigação foi feita conforme necessida-de da cultura, sendo, no máximo, umavez por semana. As parcelas constaramde 3 m2, tendo como área útil 1 m2. Ava-liou-se o número de plantas emergidas,número de plantas tombadas, número defolhas cotiledonares (chicote) tombadase número de plantas remanescentes apóstombamento (estande). Por ocasião dotransplante, avaliou-se também o núme-ro de plantas sobreviventes, o peso fres-co e seco de plantas. A queima-acinzentada foi avaliada, semanalmen-te, até 15 dias antes do arranquio dasmudas, estimando-se a proporção deárea foliar necrosada pela doença con-

forme metodologia modificada deStuker e Boff (1998). A ocorrência daqueima-acinzentada foi estimada con-siderando-se o número de folhas totais,a altura média de folhas e a proporçãode área foliar necrosadas devido aos sin-tomas da doença, em quatro sub-amos-tras não destrutiva de 0,25 m2 por par-cela. As sub-amostras eram delimitadascom auxílio de um quadriculado demadeira (0,5 x 0,5 m) lançado aleato-riamente em cada avaliação. Dadoscoletados de todos os experimentos fo-ram submetidos à análise de variânciapara cada tipo de delineamento, blocosao acaso ou fatorial, com auxílio do pa-cote estatístico SAS® , seguido de testede médias Tukey (0,05), quando o valorde F fosse menor ou igual a 0,05. A nãointeração entre adubação e densidade noexperimento em arranjo fatorial permi-tiu análise independente desses fatores.Os dados das características avaliadasem função da densidade foram subme-tidos à regressão múltipla e modelos deequação foram selecionados pelo seumaior coeficiente de determinação en-contrado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação do composto termófiloproporcionou maior emergência e sobre-vivência de mudas até o transplante, emcomparação com adubação mineral, nastrês épocas de semeadura da cebola estu-

dadas (Tabela 1). A adubação organo-mineral não diferiu da adubação mine-ral, em todas as características conside-radas, exceto no número de mudas re-manescentes após o tombamento nosexperimentos com semeadura em maiode 1993 e junho de 1994 e no númerode mudas sobreviventes até o transplan-te, no experimento com semeadura emmaio de 1993. Shiau et al. (1999) rela-taram que certos compostos orgânicos,formulação comercial FBN-5Aâ porexemplo, quando adicionada asubstratos promoveram melhor desen-volvimento de plantas de repolho, tantoem casa de vegetação como em plan-tios comerciais, além de serem efetivosno controle de Rhizoctonia solani. Noquarto experimento com semeadura emjunho de 1994 não houve interação, en-tre o tipo de adubação e a densidade desemeadura da cebola. No fator aduba-ção, observou-se que a adubação mine-ral e o composto termófilo não diferi-ram na emergência de plantas, no pesoda massa fresca ou seca produzida e notombamento (Tabela 2). Entretanto, can-teiros enriquecidos pelo composto apre-sentaram maior sobrevivência de plan-tas até o transplante. Em contraste, can-teiros adubados organicamente, mesmoapresentando maior densidade de plan-tas sobreviventes, foram menos ataca-dos por B. squamosa. Sabe-se que o fun-go B. squamosa tem sua principal for-ma de sobrevivência como escleródios

Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo

Tabela 1. Número de plantas emergidas (EM), tombadas (TO), remanescentes após tombamento (ES), sobreviventes até a época de trans-plante (SO) e peso fresco em gramas por planta (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes tipos de adubação de base. Ituporanga,EPAGRI, 1993/94.

*Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, dentro de cada época de semeadura, não diferem entre si (Tukey, 0,05).; ns = diferenças nãosignificativas.

Época de

semeaduraAdubação base EM1/ TO2/ ES3/ SO4/ PF5/

Maio/93

Composto 203,1 a 9,5 ns 194,2 a 194,0 a 3,2 a

Organo-min. 179,1 b 11,9 177,6 a 177,5 a 2,6 b

Mineral 171,4 b 2,4 116,9 b 116,7 b 2,4 b

C.V. 12,4 131, 15,4 16,5 23,7

Junho/93

Composto 222,6 a 0,8 ns 218, a 221,4 a 4,1 b

Organo-min. 197,4 ab 2,6 194, a 189,5 ab 5,6 ab

Mineral 191,5 b 1,2 184, a 166,8 b 5,7 a

C.V. 14,5 100, 16,2 24,8 25,1

Junho/94

Composto 138,7 a 2,3 ns 134, a 124, a 3,5 b

Organo-min. 119,1 b 1,8 118, a 111, ab 4,4 a

Mineral 122,9 b 4,3 114, b 99, b 3,7 ab

C.V. 10,1 59,3 12,2 17,1 25,4

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em restos culturais, sendo também afonte primária de inóculo entre ciclosde cultivo (BOFF, 1994). A adição decomposto que possivelmente possibili-tou o aumento da atividade antagonistana rizosfera pôde ter reduzido a viabili-dade das estruturas de resistência destefungo (PEREIRA et al., 1996). De fato,Walker e Maude (1975) observaram queos escleródios de Botrytis spp sofremnaturalmente antagonismo porGliocladium roseum, especialmente emsolos ricos em matéria orgânica.

O aumento da densidade de semea-dura de 1 para 5 g/m2 reduziugradativamente a sobrevivência e o pesomédio de mudas, independentemente dotipo de adubação utilizada (Figura 1).Os produtores de cebola, no sistemacorrente de transplante, utilizam altasdensidades, acima de 3 g/m2, com o pro-pósito de melhor aproveitamento da área

de canteiros. Isto, no entanto, favorecea ocorrência de doenças, principalmen-te da queima-acinzentada, cuja severi-dade em épocas úmidas de inverno, cau-sam morte das mudas atacadas (BOFF,1994). Resultados semelhantes foramobtidos no adensamento de plantas decebola em pós-transplante, onde popu-lações adensadas, acima de 300.000 pl/ha, aumentou a incidência de Alterna-ria porri e reduziu a produção comer-cial de bulbos (BOFF et al., 1998).

A cobertura da semente com com-posto termófilo proporcionou maioremergência, maior número de mudasremanescentes após tombamento emaior número de mudas sobreviventesaté o transplante, em comparação coma cobertura por solo (Tabela 3). Estudosfeitos em repolho por Shiau et al. (1999)mostraram que a adição de composto nosubstrato de mudas não só teve efeito

supressivo nas doenças, mas tambémmelhorou substancialmente a qualida-de de mudas para plantios comerciais.No presente trabalho, o tombamento deplântulas não diferiu entre as cobertu-ras, embora o tombamento da folha chi-cote foi maior na cobertura por pó-de-serra de ano e por composto. A análisede amostras de plântulas e folhas tom-badas não apresentou presença defitopatógenos, indicando ser o proble-ma de origem abiótica. Sua ocorrênciaesteve relacionada com altas precipita-ções nos dias anteriores à avaliação (Da-dos não apresentados). Provavelmente,a alta umidade no leito do canteiro fa-voreceu o enfraquecimento da axilafoliar, facilitando o tombamento da lâ-mina foliar (chicote).

Houve tendência da cobertura porcomposto ser melhor que o pó-de-serrade ano e este melhor que o pó-de-serranovo, quanto à emergência, estande esobrevivência de mudas. O compostotermófilo pode ter proporcionado maiorestabilidade biológica por não deman-dar suprimento de nutrientes, principal-mente, nitrogênio, como estaria acon-tecendo com a cobertura por pó-de-ser-ra, cujo material necessita passar por umprocesso de estabilização biológica(GALUEKE, 1972). Nesta coberturapor pó-de-serra, a atividade microbianarequer suprimento extra de nutrientes, afim de iniciar a decomposição da maté-ria orgânica, o que vem a desequilibraro desenvolvimento inicial da plântula decebola (SCHELLER, 2001).

O maior teor de massa seca e maiorsobrevivência de plantas (Tabelas 2 e 3)e a menor intensidade da queima-acinzentada (Tabela 2) proporcionadopela adubação de base ou cobertura porcomposto pode estar relacionado, no seuconjunto, com os mecanismos de supri-mento equilibrado de nutrientes e deresistência induzida à patógenos (PE-REIRA et al.,1996; SCHELLER, 2001;RAUPP, 1999). Segundo Chaboussou(1987), adubos com fontes nitrogenadasde alta solubilidade, como os formula-dos minerais N-P-K, deixam a planta emestado de proteólise dominante, aumen-tando as substâncias solúveis, principal-mente aminoácidos, que favorecem oparasitismo por fungos. A qualidade demudas pode ainda ser influenciada pela

P. Boff et al.

Figura 1. Massa seca (MSE), severidade por Botrytis squamosa (SEV), peso médio por planta(PME), Emergência (EME), sobrevivência (SOB), tombamento de plântulas (TOM) de mudasde cebola submetidas a diferentes densidades de semeadura. Ituporanga, EPAGRI, 1994.

*Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si (F = 0,05); ns = diferen-ças não significativas.

Tabela 2. Emergência (EM), sobrevivência (SO), peso fresco (PF), massa seca (MS), seve-ridade da queima-acinzentada (SE) e tombamento (TO) de mudas de cebola submetidas aaplicação de composto termófilo e adubação mineral. Ituporanga, EPAGRI, 1994.

Adubação¹ EM1/ SO2/ PF3/ MS4/ SE5/ TO6/

Composto 170,9 ns 101,4 a * 4,61 ns 14,9 ns 51,7 b* 1,3 ns

Mineral 174,3 ns 85,7 b 4,12 ns 12,9 ns 56,8 a 2,9 ns

CV 20,1 28,10 60,1 53,0 16,8 124,7

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micorrização, cuja adição de compos-tos orgânicos facilita o estabelecimentodesta associação simbiótica, com rápi-da resposta na cultura da cebola(LINDERMAN, 1989).

De modo geral, conclui-se que ocomposto termófilo utilizado, incluin-do descarte de cebola, utilizado comoadubação de base ou em cobertura decanteiro, propiciou mudas de cebolamais resistentes/tolerantes ao ataque deBotrytis squamosa e maior sobrevivên-cia de plantas para o transplante. É pos-sível que os produtores de cebola pos-sam obter mudas de melhor qualidade eque respondam a melhores produções debulbo, pelo uso da adubação orgânica,oriunda do processo de compostagemtermófila. Além disso, o maior teor demassa seca das mudas produzidas emsolos enriquecidos por compostagem,pode influir na melhor conservação debulbos, visto estar relacionado com oteor de sólidos solúveis que é o princi-pal parâmetro utilizado na avaliação deconservação dos mesmos (EPAGRI,2000). Não se verificou, neste trabalho,a transmissão de patógenos da cebolaatravés do composto, que pudesseinviabilizar a inclusão de palha e bul-bos descartados no processo dacompostagem termófila. Assim, o em-prego do processo termófilo decompostagem pode viabilizar areciclagem adequada de descarte de ce-bola em vista de dar maiorsustentabilidade ao sistema de cultivo,pois propicia destino adequado destedescarte, reduz os riscos da fonte deinóculo de patógenos oriundos dos res-tos culturais e possibilita o aumento damatéria orgânica favorecendo o enrique-cimento da biodiversidade do solo.

Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo

* Médias seguidas pela mesma letra, na vertical não diferem entre si (Tukey, 0,05); ns = diferenças não significativas.

Tabela 3. Emergência (EM), tombamento de plântulas (TOp), tombamento da folha cotiledonar (TOfc), estande após tombamento (ES),sobrevivência de plantas por ocasião do transplante (SO), massa seca (MS) e peso fresco (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentescoberturas de conteiros. Ituporanga, EPAGRI, 1994.

Cobertura EM1/ TOp2/ TOfc3/ ES4/ SO5/ MS6/ PF7/

Composto 146,1 a 4,3 50,4 a 135,3 a 134,8 a 11,7 ns 5,1 ns

Terra 90,2 b 6,6 17,6 b 77,8 b 77,5 b 10,8 3,4

Pó-de-serra novo 135,2 a 7,1 34,2 b 109,3 ab 101,8 ab 10,1 4,1

Pó-de-serra de ano 141,1 a 9,2 36,8 ab 108,3 ab 106,1 ab 9,7 3,6

C.V. 7,1 34,8 14,5 11,8 15,6 8,5 17,5

Dias após semeadura 30 33 35 40 transplante = =

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboraçãode Adriana Campos e de Marcelo Pitznas atividades de laboratório e de cam-po, respectivamente.

LITERATURA CITADA

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Os produtos hortícolas estão sujei-tos a diversos tipos de danos após

a colheita, ocasionados por condiçõesinadequadas de manuseio e armazena-gem, doenças e injúrias mecânicas. Arespiração é o principal processo fisio-lógico em órgãos vegetais depois dacolheita, sendo afetada por diversos fa-tores, tais como temperatura, composi-ção da atmosfera e estresses químicos,biológicos e físicos (KAYS, 1991;KADER et al.,1992; MORETTI et al.,

HENZ, G.P.; SOUZA, R.M.; PEIXOTO, J.R.; BLUMER, L. Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.881-886, out-dez 2005.

Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita deraízes de mandioquinha-salsa1

Gilmar Paulo Henz²; Roberto M. Souza³;José Ricardo Peixoto³; Lucimara Blumer4

2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF, E-mail: [email protected]; 3FAV - Universidade de Brasília,70910-970 Brasília-DF; 4Consultora Estatística, Prodetab/Embrapa.

2000). No Brasil, não existe uma preo-cupação muito evidente com a incidên-cia de injúrias mecânicas nos sistemasde manuseio pós-colheita adotados parahortaliças. Entretanto, as conseqüênciasdos danos mecânicos podem ser umacausa primária de perdas nas etapas sub-seqüentes porque aceleram a taxa de per-da de água, levando a um acréscimo nataxa respiratória e diminuição da maté-ria seca dos produtos (WILLS et al.,1998).

A mandioquinha-salsa é umahortaliça que apresenta vários problemaspós-colheita, que reduzem substancial-mente sua durabilidade e seu valor co-mercial. Os principais problemas jáidentificados são a rápida perda de ma-téria fresca, a ocorrência de podridões ea grande incidência de danos mecâni-cos (THOMPSON, 1980; AVELAR FI-LHO, 1989; HENZ, 2001; SOUZA,2001; SOUZA et al., 2003). Quandocomercializadas sem embalagem e/ou

RESUMOComo as raízes de mandioquinha-salsa são frágeis e muito sus-

cetíveis a ferimentos, avaliou-se os danos físicos que ocorrem nasraízes devido ao impacto de queda no manuseio pós-colheita e suasconseqüências na durabilidade do produto. As raízes foram soltasde duas alturas (45 e 90 cm) e três posições de queda: horizontal;vertical com “ombro” para baixo (=distal) e para cima (=proximal),simulando-se uma situação comum no beneficiamento e nacomercialização. O experimento foi conduzido em delineamentocasualizado com três repetições de 40 raízes por parcela. Após aqueda, as raízes foram examinadas individualmente, determinando-se os tipos de ferimentos (quebradas, rachaduras, rupturas, lesõessuperficiais) em relação àquelas aparentemente intactas. A altura dequeda afetou diretamente a incidência de injúrias mais graves, comoquebras e rupturas. Na queda de 90 cm, a posição de soltura proximalcausou 40,7% de rachaduras, 19,2% de rupturas e 22,3% de lesõessuperficiais; na posição distal causou 45,8% de rupturas e 23,3% dequebra nas raízes. Em outro experimento, avaliou-se a respiração,perda de matéria fresca e a deterioração em raízes submetidas à in-júria por impacto de queda (90 cm) e armazenadas a 5oC e 24oC,comparadas com testemunhas não injuriadas, em três repetições (1,5kg raízes/parcela) distribuídas ao acaso. As raízes submetidas à in-júria por queda apresentaram taxas respiratórias superiores em com-paração com aquelas intactas quando mantidas na mesma tempera-tura, e a 24oC variou de 15,3 ml CO

2 kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO

2

kg-1 h-1 (injuriadas). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresenta-ram 84% de deterioração após quatro dias, enquanto aquelas a 5oCnão apresentaram deterioração.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, danos mecânicos, lesões,respiração, deterioração.

ABSTRACTDamages caused by drop impact on the postharvest quality

of arracacha roots

Arracacha roots are very fragile and susceptible to mechanicaldamage. The postharvest handling system may cause many lesions,mainly by impacts and drops. The effect of drop impact on arracacharoots was simulated in two drop heights (45 and 90 cm) and three releasepositions of the roots (horizontal, vertical distal and vertical proximal).The experiment was carried out in a randomized block design, withthree replicates (40 roots per and three release positions of the roots(horizontal, vertical distal and vertical proximal). The experiment wascarried out in a randomized block design, with three replicates (40 rootsper parcel). After the drop, roots were examined individually and theresulting mechanical damage was categorized in four types of lesions(broken, fracture, rupture and abrasion) compared to those apparentlyundamaged. Drop height affected directly the incidence of more seriousmechanical damage, such as broken roots and ruptures. The root positionalso affected the resulting mechanical damage: roots released from theproximal position at 90cm drop height had significantly higher fracturesincidence (40.7%), ruptures (19.2%) and superficial lesions (22.3%)than other treatments. At the 90 cm drop height, roots released from theproximal position had 40.7% of fractures, 19.2% of ruptures and 22.3%of superficial lesions; roots released from the distal position caused 45.8%of ruptures and 23.3% of broken roots. The respiration rates anddeterioration of arracacha roots submitted to mechanical damage (90cm height fall impact) and storage (5oC and 24oC) during four daysshowed that at the same temperature, mechanically damaged roots hadhigher respiration rates when compared to sound roots, ranging from15.3 ml CO

2 kg-1 h-1 (unbruised) to 34.4 ml CO

2 kg-1 h-1 (damaged) at

24oC. Injured roots kept at 24oC had 84% of deterioration after fourdays, while those kept at 5oC were completely sound.

Keywords: Arracacia xanthorrhiza, mechanical damage, lesions,respiration, deterioration.

(Recebido para publicação em 17 de Janeiro de 2005 e aceito em 27 de setembro de 2005)

1Parte da dissertação de mestrado em Agronomia apresentada pelo primeiro autor à Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília

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refrigeração, as raízes da mandioquinha-salsa têm duração de apenas um a trêsdias, dependendo da época do ano e dosistema de manuseio pós-colheita.Quando a perda de matéria fresca ultra-passa 10%, as raízes de mandioquinha-salsa tornam-se murchas e enrugadas,sem valor comercial (AVELAR FILHO,1989). De acordo com Finger e Casali(1988), a taxa respiratória de raízes demandioquinha-salsa variou de 3,4 mlCO

2 kg-1 h-1 após a colheita e alcançou

32,1 ml CO2 kg-1 h-1 após 60 h, possi-

velmente provocada pela perda de águadas raízes. Assim como ocorre para osdemais produtos hortícolas, oarmazenamento refrigerado também re-duz os principais processos fisiológicosdas raízes de mandioquinha-salsa, comoa respiração, perda de matéria fresca edeterioração (AVELAR FILHO, 1989;HENZ, 1995).

As conseqüências de injúrias mecâ-nicas na fisiologia e vida-de-prateleirade algumas hortaliças já estão bem ca-racterizadas. O manuseio e a queda deembalagens e frenagens bruscas de ca-minhões que transportam produtoshortícolas podem ocasionar diferentestipos de lesões por impacto ou compres-são (FAO, 1993; SARGENT et al.,1989a; SARGENT et al., 1989b). Osórgãos vegetais submetidos a vibraçõese danos mecânicos em geral aumentamsuas taxas respiratórias em comparaçãocom testemunhas sem injúrias(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT etal., 1982; MAO et al., 1995). A severida-de e a extensão dos danos mecânicospodem ser afetadas por diversos fatores,sendo os principais (1) a maturidade e opotencial de água; (2) a orientação celu-lar e do tecido no local do impacto; (3) oformato do objeto causador do impacto;(4) a energia com a qual o órgão choca-se com o objeto e o respectivo ângulo; e(5) a temperatura da hortaliça no momen-to da injúria (SARGENT et al., 1992;MILLER, 2003).

A simulação do impacto de queda deraízes de cenoura de quatro cultivares(‘Imperator’, ‘Dominator’,‘Cellobunch’ e ‘Nantes’) de quatro al-turas (60; 90; 120 e 150 cm) demons-trou que as rachaduras e quebras resul-tantes variaram de acordo com a culti-var, altura da queda e também da tem-

peratura das raízes (CANTWELL et al.,1991). As raízes de cenoura mantidas a0oC apresentaram 70% de rachadurasem relação àquelas mantidas a 20oC, queapresentaram somente 15%(CANTWELL et al., 1991). O efeito detemperaturas mais baixas no aumentodos danos mecânicos também foi com-provado em frutos de morango subme-tidos à força de impacto, em uma simu-lação de três alturas de queda (13; 20 e38 cm) nas cultivares ‘Chandler’, ‘OsoGrande’ e ‘Sweet Charlie’ (FERREIRAet al., 1995). No mesmo trabalho, cons-tatou-se que as forças de compressãocausaram maior incidência de injúriasnos frutos (FERREIRA et al., 1995).

Os danos mecânicos em hortaliçastêm sido mais extensivamente estuda-dos para a cultura da batata, principal-mente devido à mecanização dos pro-cessos de colheita, transporte e benefi-ciamento, que acarretam problemas deperdas no armazenamento. A incidên-cia de injúrias mecânicas em batata au-mentou a taxa respiratória em mais de100% em todas as cultivares mantidas a25oC (SCHIPPERS, 1977). À medidaque os tubérculos passam pelas diferen-tes etapas do manuseio foi constatado quehouve aumento na respiração dos tubér-culos (PISARCZYK, 1982). No Brasil,Silva et al. (1993a e 1993b) estudaram oefeito de danos mecânicos de impactosna colheita sobre a taxa respiratória detubérculos de batata, e as cultivares maissuscetíveis ao impacto aumentaram suastaxas respiratórias significativamente de10 a 18 ml CO

2 kg-1 h-1 para 26 a 35 ml

CO2. kg-1 h-1.

O principal sistema de manuseiopós-colheita da mandioquinha-salsa noBrasil envolve basicamente quatro eta-pas até alcançar o consumidor, dividin-do-se em colheita (1), beneficiamento(2), comercialização no atacado (3) e novarejo (4) (HENZ, 2001). Durante a mo-vimentação do produto nestas diferen-tes etapas da cadeia de pós-colheita, asraízes de mandioquinha-salsa sofremvários tipos de danos mecânicos,categorizados como abrasão, rupturaparcial, rachadura e quebra em um tra-balho anterior (SOUZA et al., 2003).Neste estudo, o tipo de injúria mais fre-qüente foi abrasão, na forma de lesõessuperficiais, alcançando 78,9% das

raízes no varejo, e a etapa em que ocor-reu a maior incidência de outros tiposde injúrias mecânicas foi no atacado,onde 7,6% das raízes apresentaram rup-turas, 4,2% com rachaduras e 10,6%estavam quebradas (SOUZA, 2001;SOUZA et al., 2003). As principais cau-sas de injúrias mecânicas identificadasno sistema de manuseio pós-colheita damandioquinha-salsa adotado em SãoPaulo foram impacto de queda, abrasãoe compressão das raízes (SOUZA, 2001;SOUZA et al., 2003).

O impacto de queda ocorre princi-palmente durante a movimentação dasraízes no galpão de beneficiamento,como na operação de descarga das cai-xas dos caminhões, colocação das raízesnas redes de lavação e sua transferênciapara a mesa de seleção e na operação deembalagem. Nos estabelecimentos dovarejo, as raízes são transferidas dascaixas para as gôndolas, onde tambémpodem ocorrer danos mecânicos porquedas de até 1 m de altura. A injúriamecânica por abrasão ocorre principal-mente pelo atrito das raízes com a su-perfície das caixas de madeira ou deplástico ocasionada pela vibração duran-te o transporte por caminhões. A injúriapor compressão pode ocorrer peloempilhamento das caixas de madeiranos galpões de beneficiamento, duranteo transporte por caminhões ou nos ata-cadistas, ocasionado principalmentepelo excesso de raízes nas caixas do tipo“K.” A mandioquinha-salsa é umahortaliça de preço elevado ao consumi-dor e a manutenção da integridade físi-ca das raízes é importante para a valori-zação desta hortaliça como mercadoria.O objetivo do presente trabalho foi ava-liar as conseqüências físicas e fisiológi-cas nas raízes de mandioquinha-salsasubmetidas a simulações de injúria me-cânica por impacto de queda que ocor-rem durante o beneficiamento e acomercialização.

MATERIAL E MÉTODOS

Simulação do impacto de quedaOs experimentos foram realizados

no Laboratório de Pós-Colheita daEmbrapa Hortaliças, em Brasília-DF. Oefeito do impacto por queda em raízesde mandioquinha foi avaliado através de

G. P. Henz et al.

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uma simulação, combinando-se a altu-ra da queda com a posição de solturadas raízes. As alturas de queda utiliza-das neste experimento foram definidasde acordo com as alturas do contentorplástico de 34 kg de capacidade, da mesade seleção e das gôndolas de exposiçãoda mandioquinha-salsa em supermerca-dos e sacolões. Nestes locais a ocorrên-cia de quedas de raízes é relativamentefreqüente e uma das causas mais rele-vantes de perdas pós-colheita. Raízes demandioquinha-salsa cv. Amarela Co-mum das classes 2A e 3A foram adqui-ridas na CEASA-DF, selecionando-separa a execução do experimento somen-te aquelas de tamanho pequeno a mé-dio, com 8-12 cm de comprimento e diâ-metro de 2-4 cm, isentas de danos me-cânicos e outros defeitos graves(CEAGESP, 2002). O experimento foiconduzido em um delineamento em es-quema fatorial 2 x 3 (altura x posiçãode queda), com três repetições por tra-tamento (40 raízes/parcela). As raízesforam soltas de duas alturas (45 e 90 cm)e em três posições de queda: (1) hori-zontal; (2) vertical proximal, com o“ombro” para cima; (3) vertical distal,com o “ombro” da raiz voltado parabaixo. As raízes foram mantidas nas res-pectivas alturas e posições e deixadascair livremente sobre um piso plano decimento rígido e liso. Após a queda, cadaraiz foi examinada individualmente,determinando-se os tipos de danos so-fridos como rachaduras, quebra, ruptu-ras e lesões superficiais, definidos emum trabalho anterior (SOUZA et al.,2003), e considerando-se também aque-las intactas exteriormente, sem danoaparente.

Avaliação da respiração e da de-terioração das raízes

As raízes da cv. Amarela Comumforam adquiridas de um produtor noNúcleo Rural Alexandre Gusmão, emBrazlândia-DF, e transportadas para olaboratório de Pós-Colheita da EmbrapaHortaliças. O experimento foi compos-to por quatro tratamentos, comparando-se raízes intactas com outras submeti-das à injúria mecânica por impacto dequeda de 90 cm de altura em uma su-perfície plana e rígida, e armazenamentoposterior em duas temperaturas. Cadatratamento teve três repetições com 1,5

kg de raízes em média por parcela, dis-tribuídas ao acaso. As raízes (intactas einjuriadas) foram colocadas em frascosde vidro de 5 litros, e armazenadas àstemperaturas de 24 ± 2ºC (75% UR) e a5 ± 2ºC (90% UR). A cada hora foramretiradas amostras das atmosferas inter-nas de cada frasco com seringas e inje-tadas em um cromatógrafo a gás paraleitura da concentração de CO

2. Depois

de retiradas as amostras os recipientesforam abertos para renovação da atmos-fera. Repetiu-se esse procedimento acada hora, fazendo-se quatro leiturasdiárias, durante quatro dias. Como pa-drão utilizou-se CO

2 na concentração

1.000 ml/L. Acompanhou-se também aperda de matéria fresca, através de pe-sagens diárias do material e uma ava-liação diária da incidência de deteriora-ção causada por Erwinia sp., conside-rando-se como deterioradas as raízesque apresentavam uma ou mais lesõesde podridão-mole.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Incidência de injúrias mecânicascausadas por impacto de queda

A simulação do impacto por quedadas raízes de duas alturas em uma su-perfície rígida e plana produziu tiposdistintos de injúrias mecânicas. As le-sões provocadas pelo impacto de quedaforam categorizadas em quatro tiposprincipais (rachaduras, quebras, lesõessuperficiais e rupturas) para tornar asavaliações mais rápidas e fáceis de se-rem executadas. Estes danos mecânicosem raízes de mandioquinha-salsa foramdescritos com mais detalhes no traba-lho de Souza et al. (2003). As lesões

observadas também foram ser separa-das pela extensão do dano e importân-cia na aparência do produto em defeitosgraves (rachaduras, rupturas e quebras)e leves (lesões superficiais causadas porabrasão), de acordo com a norma declassificação da mandioquinha-salsaproposta pela CEAGESP (2002). As ra-chaduras caracterizaram-se pelo rompi-mento parcial da raiz; as quebradas pelaseparação completa em duas ou maispartes; as rupturas pelo rompimento su-perficial do tecido, sem destacar-se daraiz; e as lesões superficiais apresenta-ram remoção parcial da periderme.(SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003).As raízes sem nenhum dano visível ex-ternamente foram consideradas comointactas.

Houve interação significativa entreas alturas e as posições de solturas dasraízes, que definiu a incidência e a pre-dominância de determinados tipos deinjúrias mecânicas (Tabela 1). A alturada queda afetou a incidência dos distin-tos tipos de danos mecânicos, sendo queas raízes soltas a 90 cm apresentaramuma predominância de lesões mais gra-ves, como rachaduras, quebras e ruptu-ras. Para todas as posições de soltura dasraízes, a porcentagem de raízes comdanos mecânicos após a queda foi sem-pre maior na altura de 90 cm (Figura 1),situação também observada em raízesde cenoura (CANTWELL et al., 1991)e frutos de morango (FERREIRA et al.,1995).

Na posição de soltura distal (pontada raiz para baixo), predominaram aslesões mais graves (rachaduras, quebrase rupturas) nas duas alturas (Figura 1),provavelmente devido à força do cho-

Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa

** significativo a 1% de significância; ns = não significativo

Tabela 1. Significância (teste F) e graus de liberdade (GL) para injúrias resultantes dainteração das alturas de queda e posição de soltura das raízes de mandioquinha-salsa.

Fator de

variaçãoGL

Teste F

Grave Leve Intacta

Posição (P) 2 108,55** 117,76** 168,65**

Altura de queda (A) 1 288,37** 12,46** 251,53**

P x A 2 11,39** 36,09** 127,63**

Posição (Altura) 4 59,97** 76,92** 148,14**

Posição (45 cm) 2 92,45** 129,37** 294,00**

Posição (90 cm) 2 27,49** 24,48** 2,28 ns

Média (%) 52,36 29,44 18,06

CV (%) 9,21 20,41 21,40

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que ocasionado pelo impacto de quedana porção apical da raiz, uma área bemmenor que a porção proximal (“om-bro”). Para esta mesma posição, nasraízes soltas a 45 cm de altura predomi-naram as rachaduras e as rupturas, en-quanto a 90 cm houve maior incidênciade rupturas, quebras e rachaduras. Naposição proximal (ou com o “ombro”da raiz voltado para baixo), constatou-se a menor incidência de injúrias mecâ-nicas nas raízes soltas a 45 cm, classifi-cadas como intactas, enquanto a 90 cmde queda observou-se uma grande inci-dência de raízes com rachaduras. Naposição de soltura horizontal, as raízescom queda a 45 cm apresentaram gran-de incidência de lesões superficiais, con-sideradas como menos graves, e asraízes soltas a 90 cm apresentaram umatendência de quebra (Figura 1).

De acordo com o trabalho executa-do em cenoura por Cantwell et al.(1991), a temperatura das raízes apre-sentou um grande efeito na incidênciade rachaduras ocasionadas por impactode queda, sendo maior nas raízesmantidas a 0oC em comparação comàquelas mantidas a 20oC. Efeito seme-lhante também foi observado em frutosde três cultivares de morango submeti-dos a três alturas de queda (FERREIRAet al., 1995). No presente trabalho, a si-mulação de impacto de queda foi exe-cutado em condição ambiental, com atemperatura das raízes variando entre

21oC a 23oC. Nos galpões de beneficia-mento da mandioquinha-salsa do esta-do de São Paulo, as temperaturas dasraízes e do ambiente são mais baixas,variando de 15oC a 21oC, dependendoda época do ano (HENZ, 2001). Todo obeneficiamento é executado à noite, ge-ralmente após as 21 h, estendendo-sepela madrugada até o amanhecer. A águade córregos da região é geralmente fria,e mantêm a temperatura das raízes maisbaixa. Em tese, é provável que as con-seqüências de quedas das raízes nestacondição pode provocar danos maiores,principalmente rachaduras. Por outrolado, o armazenamento em baixas tem-peraturas ainda não é utilizado regular-mente para mandioquinha-salsa no Bra-sil. Caso for necessário, estudos adicio-nais poderão ser executados com as raízesda mandioquinha-salsa levando-se emconsideração alguns fatores importantesque afetam a extensão e a severidade dosdanos mecânicos, como o potencial deágua, a energia com a qual as raízes cho-cam-se contra o chão e o respectivo ân-gulo do impacto, e a temperatura dasraízes no momento da injúria(SARGENT et al., 1992; MILLER,2003).

Respiração de raízes demandioquinha-salsa

A temperatura mais baixa (5oC) re-duziu significativamente a respiraçãodas raízes de mandioquinha-salsa emcomparação àquelas mantidas a 24oC, e

nestas duas temperaturas as raízes inju-riadas apresentaram taxas respiratóriasmais elevadas em relação às intactas. Asraízes mantidas a 5oC apresentarammenores taxas de respiração, variandode 3,8 ml CO

2 kg-1 h-1 (intactas) a 8,3 ml

CO2 kg-1 h-1(injuriadas), e as raízes

mantidas a 24oC apresentaram taxas res-piratórias que variaram de 15,3 ml CO

2

kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 kg-1 h-1

(injuriadas) (Figura 2). Temperaturasmais baixas reduzem as taxas respirató-rias e de deterioração (WILLS et al.,1998; KAYS, 1991). Finger e Casali(1988) determinaram a taxa respirató-ria de raízes de mandioquinha que va-riou de 13,4 ml CO

2 kg-1 h-1 após a co-

lheita até 32,1 ml CO2 kg-1 h-1, valores

próximos aos determinados neste traba-lho para a temperatura de 24oC. As ta-xas respiratórias foram ajustadas, obser-vando-se uma tendência de redução nasraízes mantidas a 5oC, com um decrés-cimo linear naquelas submetidas à injú-ria por queda (Y= 12,325 – 1,645X, R2=0,88), enquanto as raízes mantidas a24oC (Y= 9,000 + 4,910X, R2=0,84),observou-se um aumento linear na taxarespiratória (Figura 2).

Os órgãos vegetais submetidos a vi-brações e danos mecânicos em geral au-mentam suas taxas respiratórias em com-paração com testemunhas sem injúrias(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT etal., 1982; MAO et al., 1995). As raízesde mandioquinha-salsa apresentaram rea-ção semelhante aos de outros produtoshortícolas submetidos a injúrias mecâni-cas, como tubérculos de batata(SCHIPPERS et al., 1977; PISARCZYKet al., 1982; SILVA et al., 1993a e 1993b),e também aumentaram a respiração quan-do submetidas ao impacto por queda ouquando armazenadas em temperaturasmais altas. Este aumento na respiraçãopode estar envolvido no processo de de-terioração das raízes assim como na re-paração dos tecidos pela suberização departes superficiais. As condições ideaispara acelerar o processo de cicatrizaçãode ferimentos causados por injúrias me-cânicas em raízes de mandioquinha-sal-sa ainda não foram determinadas.

Perda de matéria fresca e deterio-ração em raízes com injúrias mecâ-nicas

Perda de matéria frescaAs raízes injuriadas mecanicamen-

te apresentaram maiores taxas diárias de

G. P. Henz et al.

Figura 1. Incidência de injúrias mecânicas leves e graves em raízes de mandioquinha-salsasubmetidas a impacto de queda de duas alturas (45 e 90cm) em três posições de soltura(distal, proximal e horizontal). Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001.

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perda de matéria fresca (PMF) até qua-tro dias de armazenamento em relaçãoàs raízes intactas nas duas temperaturasavaliadas (24oC e 5oC). As raízes injuria-das mantidas a 24oC apresentaram 8,3%de PMF após quatro dias (taxa diária de2,07%), e 6,1% de PMF para as raízesmantidas a 5oC, com uma taxa diária de1,52%. Já as raízes intactas apresenta-ram as menores perdas de matéria fres-ca, variando de 4,1% para aquelasmantidas a 24oC a 1,39% para raízesconservadas a 5oC, com taxas diárias de1,02% e 0,34%, respectivamente. A ex-posição dos tecidos injuriados provavel-mente acelerou a perda de matéria fres-ca, principalmente porque as umidadesrelativas dos ambientes eram relativa-mente baixas para o armazenamento deprodutos hortícolas (78% UR a 24oC e72% UR a 5oC).

Os dados obtidos no presente traba-lho em relação à perda de matéria fres-ca das raízes estão de acordo com ob-servações empíricas sobre a manuten-ção da integridade e valor comercial damandioquinha-salsa quando expostos agranel no varejo. Nesta condição, con-sidera-se que as raízes durem de um atrês dias, dependendo da época do ano.Para as raízes de cenoura, considera-seque o máximo de perda de matéria per-missível para a manutenção do valorcomercial das raízes é de 8%, sendo deapenas 4% para as raízes mantidas comas folhas (ROBINSON et al., 1975).Dependendo da extensão do dano me-cânico nas raízes, a aparência damandioquinha-salsa pode ficar compro-metida depois de apenas dois dias, pe-ríodo em que as lesões tornam-se maisvisíveis e facilmente detectáveis. É pro-vável que o limite máximo de perda dematéria fresca para as raízes demandioquinha-salsa manterem seu va-lor comercial situe-se em torno de 6-8%,como já determinado para a cenoura.Acima de 10% de perda de matéria fres-ca, as raízes já apresentam danos visí-veis de murchamento e perdem seu va-lor comercial (AVELAR FILHO, 1989).

DeterioraçãoAs raízes de mandioquinha-salsa ti-

veram sua conservação pós-colheitacomprometida a 24oC, independente daincidência de injúrias mecânicas. As

raízes lesionadas e as intactas mantidasa 24oC apresentaram deterioração apósquatro dias, alcançando 66% nas raízesintactas e 84% nas raízes comferimentos. Já as raízes intactas e comferimentos mantidas a 5oC não apresen-taram problemas com deterioração apósquatro dias de armazenamento. O efei-to benéfico da refrigeração e de emba-lagens apropriadas para as raízes demandioquinha-salsa já foi demonstradoanteriormente por outros autores(AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001),sendo uma excelente tecnologia para amanutenção da qualidade e integridadedo produto.

A maior incidência de deterioraçãonas raízes injuriadas mecanicamente eraesperada, uma vez que muitos patógenospós-colheita são dependentes de portasde entrada para iniciar a infecção,principalmente doenças causadas porfungos. No caso da mandioquinha-sal-sa, é provável que a bactéria responsá-vel pela podridão-mole permaneça la-tente nas lenticelas das raízes, inician-do a doença sob condição favorável,como temperaturas acima de 20oC eumidade relativa acima de 75%.

De acordo com os resultados obti-dos no presente trabalho, a incidênciade injúrias mecânicas causadas por

impacto de queda em raízes demandioquinha-salsa deve ser reduzidano manuseio pós-colheita porque afetaa qualidade e a conservação do produ-to, de modo semelhante ao que já foiobservado para outros produtoshortícolas (KAYS, 1991; KADER et al.,1992; WILLS et al., 1998). O tipo pre-dominante de injúria mecânica causadapela simulação do impacto de queda nasraízes de mandioquinha-salsa variou deacordo com a altura da queda, sendoquebra (48,3%) para raízes soltas a 90cm e lesões superficiais (84%) pararaízes soltas a 45 cm. A incidência deinjúrias mecânicas afetou a respiraçãodas raízes de mandioquinha-salsa emrelação às raízes intactas a 24oC e 5oC,com tendência a ser mais alta na maiorparte do tempo. A perda de matéria fres-ca foi maior nas raízes injuriadas meca-nicamente em relação às raízes intactasa 24oC e 5oC. O uso de embalagens e derefrigeração pode reduzir substancial-mente os efeitos negativos da incidên-cia de injúrias mecânicas nas raízes, sen-do uma tecnologia simples e apropria-da para aqueles produtos com maiorvalor agregado, como a mandioquinha-salsa produzida no sistema orgânico ouraízes com maior valor de mercado,como as das classes ‘3A’ e ‘B’.

Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa

Figura 2. Respiração de raízes de mandioquinha-salsa submetidas a impacto de queda (“qda”)em comparação com raízes intactas (“int”) armazenadas em duas temperaturas (5oC e 24oC)durante quatro dias. Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001.

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G. P. Henz et al.

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O condicionamento fisiológico(“priming”) das sementes pode be-

neficiar diretamente o desempenho delotes de sementes, ao promover redu-ção do período de germinação e emer-gência das plântulas ou, indiretamente,ao favorecer a tolerância a condições deestresse após a semeadura como, porexemplo, a baixa disponibilidade deágua (FINCH-SAVAGE, 1995). Segun-do Pill (1995), esse tratamento consistena hidratação controlada das sementes,ativando os processos metabólicos neces-sários para a germinação sem no entantopermitir a protrusão da raiz primária. Ape-

CASEIRO, R.F.; MARCOS FILHO, J. Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico. Horticultura Brasileira,Brasília, v.23, n.4, p.887-892, out-dez 2005.

Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicio-namento fisiológicoRoseli Fátima Caseiro2; Julio Marcos Filho1

1USP/ESALQ, Depto. Produção Vegetal, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; Bolsista CNPq; 2Pós-graduanda da USP/ESALQ;E-mail: [email protected]

sar de sua influência sobre a velocidade, asincronização e a percentagem de germi-nação, a utilização comercial do condicio-namento fisiológico ainda é relativamen-te baixa (NASCIMENTO, 1998).

Um dos aspectos fundamentais parapossibilitar a comercialização das semen-tes condicionadas é a redução cuidadosado teor de água após o tratamento até atin-gir nível adequado para o armazenamento.Dependendo do procedimento utilizado,pode haver reversão dos benefícios alcan-çados durante o tratamento. Estudos rea-lizados por Heydecker et al. (1975) eFurutani et al. (1986) mostraram que se-

mentes de cebola poderiam ser tratadas eposteriormente secadas até atingir o teorde água inicial, sem reversão dos efeitosbenéficos do tratamento. Por outro lado,Haigh et al. (1986) verificaram, para amesma espécie, que após a secagem ao arpor 24 h em ambiente de laboratório a 15°C,houve redução da percentagem de emer-gência das plântulas em campo; no entan-to, para tomate e cenoura, a secagem e oarmazenamento das suas sementes por 28dias não provocaram efeitos prejudiciais.

Essa controvérsia persiste quandosão consideradas informações obtidascom outras espécies. Assim, para toma-

RESUMO

Há controvérsias quanto à possível reversão de efeitos benéfi-cos do condicionamento fisiológico quando as sementes são desi-dratadas imediatamente após esse tratamento. A presente pesquisafoi conduzida para avaliar a eficiência de diferentes procedimentosde secagem de sementes de cebola após o condicionamento. Amos-tras de quatro lotes da cultivar Petroline foram hidrocondicionadasentre duas folhas de papel toalha umedecidas com água a 15ºC, por48 horas, com posterior secagem rápida em estufa com circulaçãode ar, a 35-40ºC, por aproximadamente 24 horas; secagem lenta a20ºC e umidade relativa de 75%, durante 72 h; incubação das se-mentes em soluções de polietilenoglicol 8000 (340 g/L de água) a8ºC, durante 24; 72 ou 120 horas; incubação das sementes em ba-nho-Maria a 40ºC, durante 1; 3 e 5 h; incubação das sementes a35ºC por 24 e 48 h. Após a secagem lenta e os procedimentos deincubação, as sementes foram secadas rapidamente, até atingiremteor de água em torno de 6,0 a 8,0%. O potencial fisiológico dassementes foi avaliado por meio dos testes de germinação, índice develocidade de germinação, envelhecimento acelerado econdutividade elétrica. Adotou-se delineamento experimental intei-ramente casualizado, com doze tratamentos e quatro repetições paracada teste. Verificou-se que a incubação em PEG 8000 reduziu dras-ticamente a germinação e o vigor das sementes condicionadas. Nãoocorreram variações acentuadas entre os resultados dos processosde secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e in-cubação a 35ºC. No entanto, o processo de secagem rápida foi con-siderado como o mais adequado após o condicionamento das se-mentes de cebola, pois além de rápido (o período gasto foi de apro-ximadamente 24 h), é o procedimento de execução mais simples eobjetivo.

Palavras-chave: Allium cepa, priming, incubação, germinação, vigor.

ABSTRACT

Evaluation of methods for drying primed onion seeds

This work was carried out to evaluate drying procedures ofprimed onion seeds. Samples of four seed lots (cultivar Petroline)were primed between two moistened sheets of germination papertowel, at 15ºC, during 48 h, and then submitted to the followingdrying processes: fast drying (in oven with air circulation, under 35-40ºC, during approximately 24 h); slow drying (seeds kept in achamber under 20ºC and 50-60% relative humidity during 72 h);incubation in PEG 8000 solution (340 g/L water), under 8ºC, during24; 72 and 120 h; incubation in a water bath under 40ºC, during 1; 3and 5 h; and incubation in a chamber under 35ºC, during 24 and 48h. After the slow drying and the incubation processes, seeds weresubmitted to fast drying to complete seed desiccation to obtain themoisture content around 6-8% (fresh weight basis). The physiologicalpotential was evaluated through germination, speed of germination,accelerated aging and electrical conductivity tests. The experimentwas carried out in a completely randomized design, with 12treatments and four replicates for each test. Results showed that theincubation in PEG 8000 solution drastically reduced seed germinationand vigor of primed seeds. In addition, there were no wide differencesamong the process of fast drying, slow drying, incubation in waterbath and incubation under 35ºC. The fast drying was considered thebest procedure to reduce moisture content of primed onion seeds,with the advantage of being faster (the period required was about 24h) and more practical.

Keywords: Allium cepa, priming, incubation, germination, vigor.

(Recebido para publicação em 20 de maio de 2004 e aceito em 3 de julho de 2005

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te (ARGERICH et al., 1989) e com alho-porró (ROWSE, 1996), a secagem dassementes após o condicionamento pro-moveu reversão dos efeitos vantajososobtidos durante o tratamento. Em tomateverificou-se, inclusive, a perda completada viabilidade das suas sementes. Damesma forma, a secagem de sementesde alface, realizada a 21ºC e 45% deumidade relativa do ar, não influencioua velocidade e a percentagem de germi-nação (GUEDES; CANTLIFFE, 1980);porém, quando a secagem foi conduzidaem estufa, a 32ºC, houve reversão dosefeitos proporcionados pelo tratamento.Por outro lado, Eira e Marcos Filho(1990), trabalhando com alface, verifi-caram que tanto a secagem das sementesem ambiente de laboratório, durante 48h, como a conduzida em estufa, a 32ºC,por 12 h, não foram prejudiciais para osdois lotes de sementes avaliados.

Desta maneira, verifica-se que osefeitos da secagem pós-condicionamen-to das sementes dependem do procedi-mento adotado para a secagem, da es-pécie considerada e do potencial fisio-lógico dos lotes utilizados. Visando so-lucionar essa questão, trabalhos maisrecentes têm incluído alternativas paratornar as sementes condicionadas maisresistentes à dessecação. Por exemplo,Bruggink e Van der Toorn (1995) cons-tataram que a tolerância à dessecaçãode sementes germinadas de pepino pôdeser induzida pela incubação das mesmasem soluções de polietilenoglicol. Pro-cedimentos semelhantes foram utiliza-dos por Bruggink et al. (1999), com re-dução do período de germinação e ma-nutenção da longevidade similar à dassementes não condicionadas. Nestecaso, alguns métodos foram utilizadosapós o condicionamento fisiológico, in-cluindo a incubação das sementes empolietilenoglicol, a secagem lenta, a se-cagem rápida e o choque térmico. A si-milaridade entre o método para induzira tolerância das sementes à dessecaçãodurante a germinação e aquele utiliza-do para prevenir a redução dalongevidade de sementes condicionadasindica o envolvimento dos mesmosmecanismos fisiológicos e que a tole-rância à dessecação e a longevidade dassementes são realmente característicasrelacionadas.

A disponibilidade de um método prá-tico de secagem sem provocar reversãosignificativa dos benefícios obtidos du-rante o condicionamento fisiológicodeve apresentar contribuição relevantepara a evolução do conhecimento cien-tífico e abrir novos caminhos para a pes-quisa; além disso, poderia acelerar oaprimoramento da tecnologia adotadapor empresas produtoras de sementes e,conseqüentemente, permitir oarmazenamento seguro e o aumento daoferta de sementes condicionadas aosprodutores de hortaliças. Diante do ex-posto, o presente trabalho teve por ob-jetivo verificar a eficiência de diferen-tes procedimentos para a secagem desementes de cebola condicionadas fisio-logicamente.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado noLaboratório de Análise de Sementes daESALQ. As sementes foramhidrocondicionadas de acordo com pro-cedimento adotado por Caseiro et al.(2004). Foram constituídos doze trata-mentos (testemunha e onze procedimen-tos para a secagem), arranjados em de-lineamento experimental inteiramentecasualizado, com quatro repetições.Amostras de 5,0 g de quatro lotes desementes de cebola, cv. Petroline, compotencial fisiológico diferente, foramembebidas entre duas folhas de papeltoalha, durante 48 horas a 15ºC. Após ocondicionamento fisiológico efetuou-sea secagem direta das sementes, me-diante os procedimentos: a) secagem rá-pida em estufa com circulação de ar a35-40ºC, por aproximadamente 24 h; b)secagem lenta, em câmara a 20ºC eumidade relativa de 75%, durante 72 h;c) incubação pré-secagem das semen-tes, em solução de polietilenoglicol 8000(340 g/L de água) a 8ºC, durante 24; 72ou 120 h; d) incubação das sementes embanho-Maria a 40ºC (choque térmico),lacrando-se as sementes em envelopesde alumínio durante uma, três e cincoh; e) secagem rápida por curto período,até que houvesse decréscimo de apro-ximadamente 6 a 8 pontos percentuaisno teor de água, seguida por acondicio-namento em recipientes plásticos e in-cubação a 35ºC por 24 e 48 h. Após a

secagem lenta e os três procedimentosde incubação, as sementes foramsecadas rapidamente, da maneira já des-crita, até atingirem teor de água em tor-no de 6,0 a 8,0%.

O potencial fisiológico das semen-tes submetidas aos diferentes tratamen-tos foi avaliado com a utilização dosseguintes testes:

Grau de umidadeDeterminado antes e após os trata-

mentos, de acordo com as Regras paraAnálise de Sementes (BRASIL, 1992),utilizando-se o método da estufa a105ºC±3ºC, por 24 h, com duas repeti-ções de 1,0 g de sementes para cada lote.

GerminaçãoTestes de germinação foram condu-

zidos com quatro repetições de 50 se-mentes para cada lote, distribuídas so-bre papel chupão (Germibox) e coloca-das para germinar a 20ºC. O substratofoi umedecido com volume de águaequivalente a 2,5 vezes a sua massa. Ascontagens foram realizadas diariamen-te até o 12o dia após a semeadura, com-putando-se o número de plântulas nor-mais, sendo os resultados expressos empercentagem média por tratamento elote.

Velocidade de germinaçãoTeste realizado conjuntamente com

o de germinação. As avaliações foramrealizadas diariamente, à mesma hora,a partir do dia em que foramidentificadas as primeiras plântulas nor-mais, que foram computadas e retiradasdo substrato. Ao final, com os dadosdiários do número de plântulas normaisfoi calculado o índice de velocidade degerminação (IVG), de acordo com a fór-mula proposta por Maguire (1962). Osdados foram expressos em índices mé-dios de velocidade de germinação paracada lote.

Envelhecimento aceleradoForam utilizadas caixas plásticas

(11,0 x 11,0 x 3,5 cm) adaptadas, funcio-nando como compartimento individualou mini-câmara. Em cada uma, foramcolocados 40 ml de solução saturada deNaCl, conforme Jianhua e McDonald(1996). As sementes foram distribuídasuniformemente sobre a tela de alumí-nio colocada no interior de cada caixa,formando uma camada única. As caixas

R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

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plásticas foram tampadas e mantidas emuma câmara de envelhecimento (tipoB.O.D.) regulada a 41ºC±0,3ºC, ondepermaneceram por 72 h. Após esse pe-ríodo, foram colocadas para germinar a20ºC e avaliadas aos seis dias após asemeadura. Os resultados foram expres-sos em percentagem de plântulas nor-mais para cada lote. Avaliações do graude umidade, antes e após o período deenvelhecimento, permitiram verificar aprecisão dos resultados.

Condutividade elétricaO método utilizado foi o de

condutividade de massa, de acordo comVieira (1994). Foram avaliadas quatro re-petições de 50 sementes para cada lote.Cada repetição foi pesada com precisãode duas casas decimais e, a seguir, colo-cada em um copo plástico com capacida-de para 200 ml, contendo 50 ml de águadeionizada (2mho cm-1 de condutividade)e mantida em germinador a 20ºC, durante24 h. Após esse período efetuaram-se asleituras da condutividade elétrica da solu-ção de embebição, em condutivímetroDigimed-CD-20 e os dados foram expres-sos em mmho cm-1 g-1 de sementes.

Os dados obtidos nesses testes foramsubmetidos à analise de variância e asmédias comparadas pelo teste de Tukey(p£0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teste de germinação (Tabelas 1 a4) não foi suficientemente sensível para

detectar variações no potencial fisioló-gico das sementes submetidas aos dife-rentes procedimentos para a secagem,com ou sem incubação prévia; as dife-renças existentes foram identificadas portodos os testes de vigor conduzidos nestapesquisa, normalmente mais rigorososque o de germinação.

As sementes apenas condicionadasapresentaram índice de velocidade degerminação (IVG) sempre significativa-mente superior ao das sementes subme-tidas ao hidrocondicionamento e seca-gem, para todos os lotes avaliados (Ta-belas 1 a 4). Essa ocorrência pode seratribuída à necessidade de um períodoadicional para que as sementes commenor grau de umidade atingissem ní-veis semelhantes aos das mais úmidas,durante a etapa inicial do processo degerminação. Verificou-se que as semen-tes não submetidas à secagem apresen-taram grau de umidade em torno de45%, enquanto, após a secagem, essesvalores atingiram aproximadamente 7%.Sabe-se que a velocidade de germina-ção está diretamente relacionada ao graude umidade da semente (ROSSETTO etal., 1997). No entanto, mesmo após asecagem, os valores do IVG foram su-periores aos obtidos para a testemunha,indicando que a secagem não promoveua reversão dos efeitos benéficos do con-dicionamento, quando avaliados pelavelocidade de germinação.

A incubação em polietilenoglicoldurante 24; 72 e 120 h e a conduzida a35ºC, durante 24 e 48 h, para todos os

lotes avaliados, foram os tratamentos queconduziram aos menores IVG, quandocomparados aos demais métodos (Tabe-las 1 a 4). Em contrapartida, os IVG maiselevados foram observados após a incu-bação em banho-Maria, durante 3 e 5 h.Entretanto, neste caso, não foi detectadadiferença significativa em relação ao pro-cesso de secagem rápida, que foi consi-derado o método mais rápido e prático.

Considerando o comportamento dassementes condicionadas e não secadas,no teste de envelhecimento acelerado(Tabelas 1 a 4), verificou-se que, empresença de solução saturada de NaCl,as que inicialmente apresentavam graude umidade em torno de 45,1% (médiados quatro lotes), foram cedendo águapara o ambiente durante o teste e, no fi-nal, o seu teor de água permaneceu aoredor de 12,7% (média dos quatro lo-tes). Desta maneira, as sementes nãopermaneceram com grau de umidadeelevado durante todo o teste, o que con-tribuiu para amenizar os efeitos do en-velhecimento acelerado. De acordo comMarcos Filho (1999), as sementes maisúmidas geralmente são mais sensíveisàs condições desse teste. Bruggink et al.(1999) observaram que, após o teste dedeterioração controlada, houve reduçãoda porcentagem de germinação das nãosecadas após o condicionamento; valedestacar que os princípios dos testes deenvelhecimento acelerado e de deterio-ração controlada são equivalentes.

De maneira geral, foi constatado queas sementes condicionadas e secadas

Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico

Tabela 1. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividadeelétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 1, submetidas à diferentes processos de secagem apóso condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.

Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE �mho/cm-1g-1 GU (%)

Testemunha 86 a 7,60 cde 61, cdef 202,78 e 5,6

Condicionamento sem secagem 85 a 12,07 a 65, bcde 74,75 ab 44,9

Secagem rápida 86 a 8,90 bcd 79, a 92,05 bcd 7,9

Secagem lenta 83 a 9,23 bc 70, abcd 114,19 d 7,2

Banho maria 1 hora 88 a 9,52 bc 76, ab 104,32 bcd 7,4

Banho maria 3 horas 90 a 10,33 b 80, a 107,54 cd 7,5

Banho maria 5 horas 89 a 9,71 bc 79, ab 102,60 bcd 7,8

Incubação PEG 24 horas 81 a 7,26 efg 58, def 81,08 abcd 7,2

Incubação PEG 72 horas 79 a 6,69 fg 49, f 65,66 a 6,9

Incubação PEG 120 horas 80 a 6,16 g 50, ef 69,61 a 7,2

Incubação 35ºC 24 horas 86 a 7,67 def 74, abc 104,82 bcd 6,6

Incubação 35ºC 48 horas 87 a 8,69 cde 78, ab 107,33 cd 6,9

C.V (%) 5,73 6,82 6,51 12,63

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890 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

foram mais resistentes às condições deestresse de alta temperatura e alta umi-dade relativa do ar, as quais foram im-postas pelo teste de envelhecimento ace-lerado. As sementes submetidas aos pro-cedimentos de secagem rápida e à incu-bação em banho-Maria por 1; 3 e 5 h ouem estufa a 35ºC por 48 h (Tabela 1) eas sementes submetidas ao banho-mariapor 5 h (Tabela 3), apresentaram germi-nação significativamente superiores àtestemunha.

Na presente pesquisa, os procedi-mentos utilizados para a secagem dassementes de cebola, foram baseados nospor Bruggink et al. (1999), que obtive-ram resultados semelhantes com a se-cagem lenta, banho-Maria (ou choque

térmico) e incubação das sementes a35ºC; todos esses procedimentos bene-ficiaram o potencial fisiológico das se-mentes.

Ao contrário do verificado no pre-sente trabalho, Bruggink et al. (1999)verificaram que a incubação das semen-tes de Impatiens walleriana Hook emPEG 8000 foi eficiente para prevenir aredução do potencial dearmazenamento. Esse mesmo procedi-mento, utilizado por Bruggink e Van derToorn (1995), havia induzido a tolerân-cia à dessecação de sementes germina-das de pepino. Por outro lado, Brugginket al. (1999) mencionaram que as se-mentes de amor-perfeito e de pimentãosubmetidas à secagem rápida, foram

mais sensíveis ao teste de deterioraçãocontrolada em relação às submetidas àsecagem lenta e à incubação a 35ºC, res-pectivamente. Conseqüentemente, veri-fica-se que a eficiência dos métodos parainduzir tolerância à dessecação e/oumelhor desempenho das sementes du-rante o armazenamento das sementestambém é influenciada pela espécie uti-lizada.

Quando a eficiência dos procedi-mentos de secagem foi avaliada peloteste de condutividade elétrica, todos osmétodos provocaram redução significa-tiva na exudação de solutos quandocomparados à testemunha. Vários auto-res têm sugerido que o condicionamen-to fisiológico pode exercer efeito benéfi-

Tabela 2. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividadeelétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 2, submetidas à diferentes processos de secagem apóso condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.

Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE �mho/cm-1g-1 GU (%)

Testemunha 85 a 8,02 de 73, ab 179,18 d 6,6

Condicionamento sem secagem 85 a 13,75 a 76, a 66,74 a 44,2

Secagem rápida 87 a 10,29 bc 81, a 88,77 c 7,7

Secagem lenta 87 a 10,28 bc 58, bc 90,21 c 7,3

Banho maria 1 hora 80 a 9,10 cd 78, a 95,58 c 7,1

Banho maria 3 horas 81 a 10,73 b 73, ab 95,14 c 7,6

Banho maria 5 horas 84 a 10,29 bc 79, a 90,60 c 7,7

Incubação PEG 24 horas 80 a 8,11 de 52, c 73,11 ab 6,6

Incubação PEG 72 horas 82 a 7,49 de 58, bc 60,45 a 6,9

Incubação PEG 120 horas 76 a 7,05 e 48, c 64,65 a 6,8

Incubação 35ºC 24 horas 80 a 7,86 de 74, ab 93,58 c 6,1

Incubação 35ºC 48 horas 82 a 8,37 de 76, a 87,65 bc 6,9

C.V (%) 5,97 7,03 7,45 6,97

Tabela 3.. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividadeelétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 3, submetidas à diferentes processos de secagem apóso condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.

Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE �mho/cm-1g-1 GU (%)

Testemunha 89 a 9,02 fg 77, bcde 185,26 e 5,3

Condicionamento sem secagem 92 a 14,24 a 85, abcd 61,58 a 45,8

Secagem rápida 89 a 10,71 bcd 87, abc 81,60 bc 7,6

Secagem lenta 90 a 10,54 cd 80, abcde 83,28 bc 7,3

Banho maria 1 hora 92 a 10,37 cde 83, abcd 90,46 cd 7,1

Banho maria 3 horas 93 a 11,93 b 87, ab 92,42 cd 7,6

Banho maria 5 horas 93 a 11,52 bc 89, a 100,60 d 7,9

Incubação PEG 24 horas 88 a 8,90 fg 75, cde 73,92 ab 6,8

Incubação PEG 72 horas 91 a 8,93 fg 67, e 64,55 a 6,9

Incubação PEG 120 horas 83 a 7,76 g 73, de 69,38 ab 7,0

Incubação 35ºC 24 horas 94 a 9,86 def 84, abcd 95,35 cd 6,6

Incubação 35ºC 48 horas 90 a 9,15 ed 85, abcd 84,46 bc 6,9

C.V (%) 5,78 5,33 5,75 7,18

R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

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co sobre a integridade das membranascelulares (WOODSTOK; TAO, 1981;ARMSTRONG; MCDONALD, 1992).Porém, em outros trabalhos, foi ressalta-do que a redução na lixiviação de solutosapós o condicionamento fisiológico podeocorrer principalmente em função da per-da de eletrólitos durante esse tratamento etalvez não esteja relacionada à reorgani-zação das membranas (DEARMAN et al.,1986; CHOJNOWSKI et al., 1997). Noentanto, conforme destacaram Woodstocke Tao (1981), durante o processo de con-dicionamento fisiológico, a hidrataçãoocorre de maneira mais lenta, aumentan-do a disponibilidade de tempo para o re-paro ou reorganização gradual das mem-branas.

Os valores da condutividade elétri-ca obtidos após a execução de todos osmétodos de secagem (Tabelas 1 a 4),exceto incubação em PEG 8000, foramsuperiores aos observados para as se-mentes não secadas. Neste caso, a seca-gem provavelmente provocou desorga-nização do sistema de membranas, per-mitindo maior lixiviação de eletrólitos.Porém, observa-se que após todos osprocedimentos de secagem houve redu-ção significativa na lixiviação desolutos, quando comparados à testemu-nha, indicando a ocorrência de reparono sistema de membranas durante o con-dicionamento fisiológico e que, mesmoapós a secagem, pelo menos parte des-se reparo e/ou reorganização foimantida. No caso da incubação das se-mentes em PEG 8000, ressalta-se que,

Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico

ao contrário dos demais métodos, assementes ficaram imersas em soluçãoe, por isso, novamente pode ter ocorri-do perda de eletrólitos no momento daincubação, diminuindo ainda mais aquantidade de lixiviados durante o testede condutividade elétrica.

No teste de condutividade elétricapara todos os lotes avaliados,com exce-ção do tratamento de incubação em PEG8000 (Tabelas 1 a 4), a secagem rápidafoi o método que provocou as menoresperdas de solutos durante o teste; desta-ca-se ainda que as sementes submetidasao banho-maria por cinco horas (Tabe-la 3) e as submetidas ao banho-Mariapor 1; 3 e 5 h e à incubação a 35ºC, por24 h (Tabela 4), apresentaram maioresíndices de lixiviação em relação àssecadas rapidamente. De maneira geral,a incubação das sementes em PEG 8000,

durante 24; 72 e 120 h, foi o procedi-mento menos favorável à manifestaçãodo potencial fisiológico das sementes,não promovendo a tolerância àdessecação.

Com exceção da incubação em PEG8000 (Tabela 5), os demais procedimen-tos provocaram decréscimo no grau deumidade das sementes condicionadas,que apresentavam em torno de 45,1%de água (média dos quatro lotes) antesdo início da incubação. No entanto, es-ses valores permaneceram elevadosquando foi efetuada a incubação em so-lução de PEG 8000. Isto justifica o de-sempenho inferior das sementes expos-tas a essa modalidade de incubação an-tes da secagem definitiva, pois as se-mentes mais úmidas apresentam ativi-dade metabólica mais intensa, predis-pondo-as à deterioração.

Tabela 4. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividadeelétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 4, submetidas à diferentes processos de secagem apóso condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.

Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE �mho/cm-1g-1 GU (%)

Testemunha 93 a 9,62 ef 82, abc 156,90 f 6,2

Condicionamento sem secagem 94 a 16,08 a 87, ab 63,53 ab 45,4

Secagem rápida 94 a 11,66 bc 88, ab 76,55 cd 7,6

Secagem lenta 92 a 11,14 cd 88, ab 84,55 de 7,2

Banho maria 1 hora 92 a 10,89 cde 91, a 89,68 e 7,1

Banho maria 3 horas 94 a 12,86 b 78, bc 91,81 e 7,4

Banho maria 5 horas 92 a 12,02 bc 86, ab 91,94 e 7,5

Incubação PEG 24 horas 93 a 9,74 ef 76, bc 71,80 bc 6,4

Incubação PEG 72 horas 86 a 8,70 f 70, c 62,07 a 6,6

Incubação PEG 120 horas 88 a 8,80 f 76, bc 61,56 a 6,5

Incubação 35ºC 24 horas 92 a 10,24 de 87, ab 87,94 e 6,1

Incubação 35ºC 48 horas 93 a 9,93 def 89, ab 78,13 cd 6,4

C.V (%) 6,24 4,77 6,21 4,49

Tabela 5. Grau de umidade (%) após o período de incubação pré- secagem, após o condicio-namento fisiológico de quatro lotes de sementes de cebola, cultivar Petroline. Piracicaba,ESALQ, 2002.

TratamentosLotes

1 2 3 4 Média

Secagem lenta 10,1 10,5 10,0 10,0 10,2

Banho maria 1 hora 39,3 38,9 38,3 38,9 38,9

Banho maria 3 horas 40,3 39,3 41,1 39,7 40,1

Banho maria 5 horas 34,7 35,0 39,1 35,7 36,1

Incubação PEG 24 horas 47,6 47,3 48,2 48,0 47,8

Incubação PEG 72 horas 48,1 49,5 48,7 49,1 48,9

Incubação PEG 120 horas 48,4 48,9 49,3 48,8 48,9

Incubação 35ºC 24 horas 39,2 38,1 40,2 39,7 39,3

Incubação 35ºC 48 horas 33,6 32,4 34,6 29,2 32,5

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892 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Desta maneira, as sementes de ce-bola foram sensíveis à desidratação apóso condicionamento fisiológico, apenasquando foram mantidas com grau deumidade acima de 47,3%, por períodosuperior a 24 h, antes da secagem. Nométodo de incubação em solução dePEG 8000, as sementes que já haviaminiciado as atividades metabólicas maisintensas durante o condicionamento fi-siológico, foram ainda incubadas porperíodos de 24; 72 e 120 h, sem quehouvesse condições para a continuida-de do processo de germinação ou o iní-cio da secagem, permanecendo por maistempo com teores elevados de água. Deacordo com Vertucci e Farrant (1995),as células naturalmente tolerantes àdessecação, quando mantidas com grausde umidade associados à ocorrência deatividades catabólicas, podem sofrerdanos mais severos se permaneceremnessas condições durante período pro-longado, quando comparadas às secadasrapidamente. Assim, segundo aquelasautoras, a capacidade de tolerância dassementes à dessecação também depen-de da maneira como a secagem é reali-zada.

Os dados obtidos no presente traba-lho demonstraram que é possível efe-tuar a secagem após o condicionamen-to fisiológico de sementes de cebola,sem provocar reversão significativa dosefeitos favoráveis ao potencial fisioló-gico. Como não foram verificadas vari-ações acentuadas entre os processos desecagem rápida, secagem lenta, incuba-ção em banho-Maria e incubação a35ºC, o uso da secagem rápida é maisconveniente para a redução do grau deumidade das sementes condicionadas decebola pois, além de rápido, esse proce-dimento é mais prático que os demaismétodos que envolvem incubação.

LITERATURA CITADA

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R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

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893Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

O tomate (Lycopersicon esculentumMill.) é uma das mais importantes

hortaliças cultivadas no mundo. A Chi-na e os Estados Unidos são os princi-pais produtores com 25.851 t e 12.275t, respectivamente (FAO, 2004). O Bra-sil é o maior produtor da América Lati-na, com aproximadamente, 3,5 milhõesde t, sendo os maiores estados produto-res Goiás, São Paulo e Minas Gerais(AGRIANUAL, 2005).

Maior parte das produções brasilei-ra e chinesa é destinada ao consumo in

MOREIRA, G.R.; SILVA, D.J.H.; PICANÇO, M.C.; PETERNELLI, L.A.; CALIMAN, F.R.B. Divergência genética entre acessos de tomateiro infestadospor diferentes populações da traça-do-tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.893-898, out-dez 2005.

Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentespopulações da traça-do-tomateiroGisele R. Moreira1; Derly José H. da Silva2; Marcelo C. Picanço3; Luiz Alexandre Peternelli4; FabianoRicardo B. Caliman2

1UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected]; 2UFV, Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa–MG;. E-mail: [email protected]; [email protected]; 3UFV, Depto. Biologia Animal, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected];4UFV, Depto Informática, 36571-000 Viçosa– MG; E-mail: [email protected]

natura (62% e 95%, respectivamente),enquanto apenas 21% da produção ame-ricana é destinada a este fim, sendo orestante processado pelas indústrias dealimento (FONTES; SILVA, 2002). Emambos os casos, há grande exigência emrelação à qualidade e aparência dos fru-tos. Isto impõe constante atenção porparte dos produtores devido ao grandenúmero pragas e doenças que ocorredurante o ciclo da cultura, que é, por-tanto, exigente em tratamentosfitossanitários.

No contexto das pragas, a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera:Gelechiidae), tem sido de grande impor-tância em praticamente todas as regiõesonde o tomate é cultivado. Os danos sãocaracterizados por galerias produzidaspelas lagartas nas gemas, brotos termi-nais, flores, inserção dos ramos e frutose, especialmente às folhas (SOUZA;REIS, 1992).

O controle da traça-do-tomateiro ébaseado na aplicação intensiva de inse-ticidas, o que tem acarretado, além do

RESUMONeste trabalho estudou-se a divergência genética entre acessos

de Lycopersicon spp. com relação à resistência a populações da tra-ça-do-tomateiro, Tuta absoluta, e verificou-se a importância relati-va dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência. Foi con-duzido experimento envolvendo quatro populações do inseto proce-dentes de Uberlândia (MG), Viçosa (MG), Camocim de São Félix(PE) e Santa Teresa (ES) e cinco acessos de tomateiro, ‘Santa Cla-ra’, ‘Moneymaker’, TOM-601, PI 126445 (L. hirsutum f. typicum) ePI 134417 (L. hirsutum f. glabratum). Foram realizados testes demédias de Tukey e método de agrupamento de Tocher, e verificada aimportância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a di-vergência entre acessos por meio do método de Singh. Verificou-sea existência de variabilidade genética entre os acessos de tomateiroquando infestados pelas populações da traça-do-tomateiro prove-nientes das diferentes regiões do Brasil. O acesso Santa Clara foi omais suscetível à população de Santa Teresa. ‘Moneymaker’ e ‘TOM-601’ foram mais resistentes às populações provenientes de Camocimde São Félix e Santa Teresa, respectivamente. PI 126445 foi maisresistente às populações de Santa Teresa e Viçosa. PI 134417 foimais resistente à população de Viçosa. ‘Moneymaker’ e TOM-601mostraram-se boas fontes a serem utilizadas em programas de me-lhoramento que visem à obtenção de cultivars de tomate resistentesà traça-do-tomateiro. Os caracteres que mais contribuíram para adivergência entre os acessos de tomateiro foram mortalidade larval,número de pupas fêmea e número de pupas macho. Os caracteresperíodo larval e peso de pupas macho não podem ser eliminados emfuturas avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiroproveniente de Uberlândia.

Palavras-chave: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, recursos gené-ticos, variabilidade genética, melhoramento de plantas.

ABSTRACTGenetic diversity among tomato accessions infested by

different tomato leaf miner populations

The genetic diversity among Lycopersicon spp. accesses wasstudied, concerning the resistance to various Tuta absolutapopulations. An experiment was carried out using four populationsof the insect originally from Uberlândia, Viçosa, Camocim de SãoFélix and Santa Teresa and five tomato accessions, ‘Santa Clara’,‘Moneymaker’, TOM-601, ‘PI 126445’ (L. hirsutum f. typicum) and‘PI 134417’ (L. hirsutum f. glabratum). Tukey mean comparing testand Tocher grouping were accomplished and the relative importanceof T. absoluta characters to the genetic divergence among tomatoaccessions was evaluated by Singh method. There was geneticvariability among tomato accessions when infested by tomato leafminer populations collected from different regions of Brazil. The‘Santa Clara’ accession was most susceptible to Santa Teresapopulation. ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ were most resistant toCamocim de São Félix and Santa Teresa populations, respectively.‘PI 126445’ was most resistant to Santa Teresa and Viçosapopulations. ‘PI 134417’ was most resistance to Viçosa population.‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ can be utilized in breeding programsaiming to obtain tomato plants resistant to the tomato leaf miner.The characteristics that most contributed to the genetic divergenceamong tomato accessions were larval mortality, female pupae numberand male pupae number. The characters larval period and male pupaeweight cannot be eliminated in future resistance evaluations to thepopulation tomato leaf miner from Uberlândia.

Keywords: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, genetic divergence,genetic variability, plant breeding.

(Recebido para publicação em 27 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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aumento no custo de produção, a redu-ção da população de inimigos naturais(MELO; CAMPOS, 2000) e o apareci-mento de populações da praga resisten-tes aos inseticidas (SIQUEIRA et al.,2001).

Uma alternativa para atenuar os pro-blemas citados é a utilização da resis-tência presente em espécies silvestres ea incorporação desta no tomateiro cul-tivado. Dentre estas se destacam os aces-sos PI 134417 de L. hirsutum f.glabratum e PI 126445 de L. hirsutumf. typicum, os quais contêm asmetilcetonas, trideca-2-ona (2-TD) eundeca-2-ona (2-UD), e osesquiterpeno-zingibereno nos exudatosdos tricomas glandulares tipo VI dasfolhas, respectivamente, que promovemefeitos negativos na biologia e compor-tamento da praga (RAHIMI; CARTER,1993; THOMAZINI et al., 2001; LEI-TE et al., 1999).

Além das espécies citadas a cultivarMoneymaker e a linhagem TOM-601têm se mostrado promissoras em pro-gramas de melhoramento que visam àobtenção de plantas de tomate resisten-tes às pragas, por possuírem teores de2-TD nos tricomas glandulares tipo VIdas folhas relacionados com a resistên-cia à T. urticae (CHATZIVASILEIADISet al., 1999; ARAGÃO et al., 2002).

Além do conhecimento de fontespromissoras de resistência à traça-do-tomateiro outro fator importante nomelhoramento visando à obtenção decultivar resistente a este inseto, é a di-vergência genética. Segundo Cruz eRegazzi (1997), com base na divergên-cia genética, pode-se selecionar, dentrevários genitores, aquelas combinaçõeshíbridas de maior efeito heterótico naprogênie e maior probabilidade de re-cuperar genótipos superiores nas gera-ções segregantes.

Vários métodos podem ser utiliza-dos para avaliar a divergência genéticaentre genitores, dentre eles osmultivariados, como os aglomerativos(métodos hierárquico e de otimização)baseados em medidas de dissimilaridade(distância generalizada de Mahalanobis,distância euclidiana e distânciaeuclidiana média) têm sido bastante uti-lizados. Pesquisadores têm constatadoa viabilidade da utilização da distância

generalizada de Mahalanobis, e os mé-todos nela baseados, como ferramentaorientadora na escolha de genitores emdiversas culturas como milho (CRUZ etal., 1994), feijão (MACHADO et al.,2002), Capsicum spp. (SUDRÉ et al.,2005) e tomate (SUINAGA et al., 2003).

Outro fator que deve ser considera-do na seleção dos genitores é o númerode caracteres avaliados durante a sele-ção. É necessário avaliar a importânciade cada caractere para a diversidade,identificando-se aqueles que menos con-tribuem, sendo recomendável o descar-te em estudos futuros. Neste aspecto,tem-se o método proposto por Singh(1981) o qual divide a distância deMahalanobis em partes referentes a cadavariável, e o método de descarte de va-riáveis proposto por Garcia (1998) oqual se baseia no método de Singh(1981) e no posterior agrupamento pelométodo de otimização de Tocher. Ouseja, se na ausência do caráter com pou-ca contribuição para a divergência hou-ver alteração no agrupamento original,tal caráter não pode ser descartado.

O objetivo deste trabalho foi estu-dar a divergência genética entre aces-sos de tomateiro infestados por popula-ções de T. absoluta, provenientes de di-ferentes regiões do Brasil, e verificar aimportância relativa dos caracteres datraça-do-tomateiro para a divergênciagenética.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nosmeses de março e abril de 2001, em con-dições de casa de vegetação, na Hortada UFV, segundo esquema fatorial 4 x5, sendo os fatores, respectivamente,populações de Tuta absoluta e acessosde Lycopersicon spp. As populações doinseto foram provenientes de Uberlândia(MG), Viçosa (MG), Camocim de SãoFélix (PE) e Santa Teresa (ES), e osacessos de tomateiro utilizados foram‘Santa Clara’ (padrão de suscetibilidadeà traça-do-tomateiro), ‘Moneymaker’,‘TOM-601’, ‘PI 126445’ (L. hirsutumf. typicum) e ‘PI 134417’ (L. hirsutumf. glabratum).

Os tratamentos foram dispostos nodelineamento inteiramente casualizado,com três repetições. Cada parcela expe-

rimental foi constituída por um vaso depolietileno com capacidade para quin-ze litros de substrato contendo uma plan-ta de tomateiro com 101 dias de idadeno início das avaliações.

Na constituição das repetições, fo-lhas contendo larvas no segundo está-dio de desenvolvimento, de cada popu-lação da traça-do-tomateiro devidamen-te identificada, foram coletadas das cria-ções em laboratório da UFV, deposita-das em bandejas e levadas até a hortada UFV.

A infestação das plantas foi feitadepositando-se dez larvas de T. absolu-ta em duas folhas totalmente expandi-das (cinco larvas por folha) do terçosuperior de cada uma das plantas a se-rem avaliadas. A seguir as folhas foramenvolvidas por sacolas de organza de 20x 28 cm.

Uma semana após a infestação ini-ciaram-se as seguintes avaliações: nú-mero de minas grandes (comprimento≥ 0,5cm), número de minas pequenas(comprimento < 0,5cm), mortalidadelarval em porcentagem e período larvalem dias (2º ao 4º estádio de desenvolvi-mento), as quais foram realizadas duasvezes por semana até a fase de pupação.Após a pupação, foram avaliados o sexo,por meio da avaliação da porção termi-nal do abdome pupal (COELHO;FRANÇA, 1987), a razão sexual [nú-mero de pupas fêmea/(número de pupasfêmea + número de pupas macho)] e ospesos das pupas fêmea e macho em mi-ligramas.

Os caracteres avaliados foram ini-cialmente submetidos a análises gráfi-cas dos resíduos, para testar a normali-dade e homogeneidade das variâncias.A confirmação da normalidade foi feitapor meio dos testes de Shapiro-Wilk eKolmogorov-Smirnov (P<0,05), en-quanto que para homogeneidade foi usa-do o teste de Bartllet (P<0,05) (STEELet al., 1997). Estas análises foram reali-zadas com o auxílio do programa esta-tístico SAS.

Foi realizada análise de variância (a= 5%) e análises univariada (teste decomparação de médias de Tukey) emultivariada (método de otimização deTocher, baseado na dissimilaridade ex-pressa pela distância generalizada deMahalanobis) (CRUZ; REGAZZI,

G. R. Moreira et al.

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1997). A importância relativa doscaracteres da T. absoluta para a diver-gência genética foi avaliada como pro-posto por Singh (1981) e o estudo dodescarte de variáveis foi feito como pro-posto por Garcia (1998). Estas análisesforam realizadas com o auxílio do pro-grama estatístico GENES, versãoWindows (CRUZ, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve significância do efeito depopulação de T. absoluta para oscaracteres número de minas pequenas,mortalidade larval, período larval e nú-mero de pupas fêmea. O efeito de aces-sos de tomateiro não foi significativoapenas nos caracteres período larval,número de pupas fêmea e razão sexual.

Para a interação entre os efeitos de po-pulação de T. absoluta e acessos de to-mateiro, houve significância para todosos caracteres, com exceção do períodolarval e razão sexual (dados não mos-trados). Estes resultados evidenciamvariabilidade tanto entre as populaçõesda traça-do-tomateiro quanto entre osacessos de tomateiro, porém a utiliza-ção dos acessos de tomateiro em pro-gramas de melhoramento que visam àobtenção de cultivars resistentes à T.absoluta, depende da população da pra-ga que está sendo analisada.

Os maiores coeficientes de variaçãoforam obtidos para os caracteres núme-ro de pupas macho e peso de pupas ma-cho (54,70% e 56,59%, respectivamen-te) (Tabela 1). No entanto, esses níveissão aceitáveis em termos de precisão

experimental para experimentos de re-sistência a insetos.

A cultivar Santa Clara apresentouvariação de suscetibilidade em relaçãoàs diferentes populações de T. absolu-ta. A população da traça-do-tomateirooriunda de Santa Teresa causou o maiornúmero de minas grandes (1,49), tevemenor mortalidade larval (3,33) e apre-sentou maior número de pupas fêmea(7,67) (Tabela 1). Segundo Suinaga etal. (1999) a cultivar Santa Clara consti-tui substrato alimentar adequado paralagartas da traça-do-tomateiro, prova-velmente devido às baixas concentra-ções de substâncias tóxicas ou inibidoresde origem morfológica.

Na cultivar Moneymaker, a popula-ção de Camocim de São Félix teve amaior mortalidade larval (66,67) e um

Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro

(1) Dados transformados: log (x). As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna não diferem significativa-mente, pelo teste de comparação de médias de Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Médias de oito caracteres de Tuta absoluta em função da população da praga e do acesso de tomateiro. Viçosa, UFV, 2001.

População de T. absoluta

Acessos de

tomateiro

Número de minas grandes (1) Número de pupas fêmea

Uberlândia ViçosaCamocim

deSão Félix

Santa

TeresaUberlândia Viçosa

Camocim

deSão Félix

Santa

Teresa

'Santa Clara' 1,11 bAB 1,23 ab A 1,18 b A 1,49 a A 2,33 b B 2,67 b A 4,33 b AB 7,67 a A

'Moneymaker' 0,90 a AB 1,03 a A 0,92 a A 1,01 a B 6,33 a A 2,33 b A 2,67 b B 4,00 ab B

TOM-601 0,87 a B 0,98 a A 0,94 a A 0,82 a B 4,33 a AB 4,00 a A 4,33 a AB 3,00 a BC

PI 126445 1,11 ab AB 1,17 a A 1,11 ab A 0,92 b B 4,00 ab AB 2,33 bc A 7,00 a A 0,67 c C

PI 134417 1,20 a A 1,16 a A 1,05 a A 1,09 a B 3,33 a AB 2,33 a A 4,67 a AB 3,67 a BC

CV (%) 13,09 CV (%) 36,27

Número de minas pequenas Número de pupas macho

'Santa Clara' 6,33 a B 11,67 a B 14,00 a AB 8,67 a C 2,67 a AB 2,00 a AB 3,33 a A 2,00 a AB

'Moneymaker' 12,67 a AB 9,67 a B 5,67 a B 3,00 a C 1,33 b AB 3,67 a A 0,67 B B 4,00 a A

TOM-601 6,67 b B 10,33 ab B 25,00 a A 5,67 b C 1,33 ab AB 3,00 a A 0,67 b B 0,33 b B

PI 126445 27,67 b A 53,00 a A 19,67 b AB 54,33 a A 3,00 a A 0,67 b B 0,67 b B 0,00 b B

PI 134417 18,00 ab AB 23,00 ab B 12,33 b AB 33,67 a B 0,67 a B 0,33 a B 0,67 a B 2,00 a AB

CV (%) 40,46 CV (%) 54,70

Mortalidade larval (%) Peso de pupas fêmea (mg)

'Santa Clara' 50,00 a AB 53,33 a AB 23,33 b B 3,33 b D 3,43 a AB 3,16 a A 4,70 a A 4,56 a A

'Moneymaker' 23,33 b B 40,00 b B 66,67 a A 20,00 b CD 3,14 a AB 2,92 a A 2,17 a B 3,83 a A

TOM-601 43,33 ab AB 30,00 b B 50,00 ab AB 66,67 a AB 4,37 a A 3,45 ab A 3,46 ab AB 1,84 b BC

PI 126445 30,00 b B 70,00 a A 23,33 b B 93,33 a A 3,45 a AB 1,83 ab A 2,73 a B 0,80 b C

PI 134417 60,00 ab A 73,33 a A 46,67 b AB 43,33 b BC 1,79 a B 3,46 a A 2,78 a B 3,24 a AB

CV (%) 26,00 CV (%) 25,93

Período larval (dias) Peso de pupas macho (mg)

'Santa Clara' 8,75 a A 12,94 a A 10,26 a A 15,08 a A 3,11 a A 1,97 a AB 3,57 a A 2,89 a A

'Moneymaker' 6,15 b A 9,92 ab A 5,50 b A 15,39 a A 1,70 a AB 2,79 a A 0,87 a B 2,24 a AB

TOM-601 9,44 a A 8,04 a A 10,33 a A 14,61 a A 3,43 a A 2,49 ab AB 0,94 b B 0,41 b B

PI 126445 8,94 a A 10,22 a A 12,86 a A 13,00 a A 2,63 a AB 0,37 b B 0,50 ab B 0,00 b B

PI 134417 8,27 b A 7,00 b A 8,40 b A 16,55 a A 0,50 a B 0,80 a AB 1,28 a AB 2,17 a AB

CV (%) 35,18 CV (%) 56,59

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896 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

dos menores números de pupas fêmea emacho (2,67 e 0,67, respectivamente).Por outro lado, teve pequeno períodolarval (5,50) (Tabela 1). De acordo comLara (1991) diferenças quanto à dura-ção do período larval são importantesquando se visa a resistência de plantasàs pragas, visto que, quanto maior estafase, maior número de ínstares (estádiosde desenvolvimento) serão necessáriospara que se complete o desenvolvimen-to do inseto e, consequentemente, ha-verá menor número gerações do inseto.Deste modo, apesar da vantagemadaptativa desta população, a populaçãode insetos possivelmente não aumenta-rá, devido à alta mortalidade.

Na linhagem TOM-601 observou-seque a população de Santa Teresa cau-sou baixo número de minas pequenas(5,67), apresentou alta mortalidadelarval (66,67), pequeno número depupas macho (0,33) e baixos pesos depupas fêmea e macho (1,84 e 0,41, res-pectivamente) (Tabela 1).

A resistência de ‘Moneymaker’ e‘TOM-601’ às populações de Camocimde São Félix e Santa Teresa, respectiva-mente, pode estar relacionada com apresença da 2-TD e 2-UD nos tricomasglandulares tipo VI das folhas, as quaisjá foram relacionadas com a resistênciadesses acessos à T. urticae(CHATZIVASILEIADIS et al., 1999;ARAGÃO et al., 2002).

A população de Santa Teresa causouelevado número de minas pequenas(54,33) em PI 126445, entretanto, esteacesso pode ser considerado resistentea esta população devido ao pequenonúmero de minas grandes (0,92), altamortalidade larval (93,33), pequenosnúmeros de pupas fêmea e macho (0,67e 0,00, respectivamente) e baixos pesosde pupas fêmea e macho (0,80 e 0,00,respectivamente) (Tabelas 1). Este aces-so silvestre também manifestou maiorresistência à população de Viçosa, vistoque, apesar de ter causado elevados nú-meros de minas grandes (1,17) e peque-nas (53,00), esta população apresentouelevada mortalidade larval (70,00), nú-mero e peso relativamente baixos depupas fêmea (2,33 e 1,83, respectiva-mente) e pequenos número e peso depupas macho (0,67 e 0,37, respectiva-mente) (Tabela 1).

Em PI 134417, elevado número deminas grandes (1,16), número relativa-mente alto de minas pequenas (23,00) epequeno período larval (7,00) foram ob-servados quanto a população de Viçosa(MG), entretanto, apresentou alta mor-talidade larval (73,33) e pequeno núme-ro de pupas fêmea (2,33) (Tabelas 1).

Apesar do elevado número de mi-nas grandes causado pela população deViçosa em PI 126445 e PI 134417, ob-servaram-se altas mortalidades larvais,possivelmente devido aos aleloquímicos

presentes nos exudatos dos tricomasglandulares tipo VI das folhas dessasespécies (EIGENBRODE et al., 1996;LEITE et al., 1999) e/ou à presença decomponentes lamelares (EIGEN-BRODE et al., 1996). Segundo Lara(1991) o inseto poder se alimentar degrande quantidade de determinadosubstrato, mas este não lhe ser favorá-vel, provocando distúrbios no desenvol-vimento e podendo causar até a morte.

O elevado número de minas peque-nas em PI 126445 e PI 134417 pode sedevido às lagartas caminhando, sobre asuperfície foliar, à procura de substratoadequado, uma vez que os aleloquímicossesquiterpeno-zingibereno e metil-cetonas (2-TD e 2-UD), presentes nes-ses acessos, são voláteis (FREITAS etal., 1998; LEITE et al., 1999), ou à exis-tência de substâncias deterrentes à ali-mentação de T. absoluta no mesófilofoliar dessas espécies (LIN;TRUMBLE, 1986).

A dissimilaridade entre os acessosde tomateiro variou de acordo com apopulação da praga com as quais foraminfestados. Na população de Uberlândia,o par mais similar foi ‘Moneymaker’ ePI 126445 (31,46) e o mais dissimilarfoi ‘Santa Clara’ e ‘Moneymaker’(162,80). Na população de Viçosa,‘Moneymaker’ e TOM-601 foram osmais similares (5,68), enquanto‘Moneymaker’ e PI 126445 foram os

G. R. Moreira et al.

Tabela 2. Medidas de dissimilaridade genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, a partirda distância generalizada de Mahalanobis (D

ii’2) de nove caracteres de T. absoluta. Viçosa, UFV, 2001.

População de T.

absoluta

Acesso de tomateiro

'Moneymaker' TOM-601 PI 126445 PI 134417

Uberlândia 'Santa Clara' 162,803 83,286 101,487 49,409

'Moneymaker' - 51,615 31,461 48,998

TOM-601 - 39,066 126,233

PI 126445 - 92,703

Viçosa 'Santa Clara' 123,758 123,290 81,895 46,117

'Moneymaker' - 5,683 196,330 164,677

TOM-601 - 178,158 141,370

PI 126445 - 23,632

Camocim de São

Félix

'Santa Clara' 528,470 543,611 793,998 403,444

'Moneymaker' - 38,847 59,884 24,642

TOM-601 - 46,821 63,813

PI 126445 - 104,291

Santa Teresa 'Santa Clara' 203,792 404,198 878,206 221,504

'Moneymaker' - 136,740 357,703 35,369

TOM-601 - 118,197 68,920

PI 126445 - 236,061

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mais dissimilares (196,33). Nas popu-lações de Camocim de São Félix e San-ta Teresa, observou-se maior similari-dade entre Moneymaker’ e PI 134417(24,64 e 35,37, respectivamente) emaior dissimilaridade entre ‘Santa Cla-ra’ e PI 126445 (793,99 e 878,21, res-pectivamente) (Tabela 2).

A identificação de genitores commáxima divergência genética tem sidoestudada por muitos autores em progra-mas de melhoramento (SUINAGA et al.,2003; MACHADO et al., 2002; SUDRÉet al., 2005) de modo a maximizar aheterose manifestada nos híbridos e au-mentar a probabilidade de ocorrência degenótipos superiores nas geraçõessegregantes. De acordo com Cruz et al.(1994) recomenda-se evitar cruzamen-tos entre indivíduos de mesmo padrãode similaridade para que a variabilida-de não seja restrita a inviabilizar osganhos a serem obtidos com a seleção.

Outro fato importante que deve serconsiderado na escolha dos genitores aserem cruzados é se os mesmos perten-cem a grupos diferentes, evitando-se ocruzamento entre genitores de mesmoagrupamento (CARPENTIERI-PIPOLO et al., 2000). Com base nométodo de otimização de Tocher foramformados 2; 3; 2 e 3 grupos, quando osacessos de tomateiro foram infestadospelas populações de Uberlândia, Viço-sa, Camocim de São Félix e Santa Tere-sa, respectivamente.

Quando infestadas pela populaçãode Uberlândia, foram alocados em umgrupo ‘Moneymaker’, TOM-601 e PI126445 e em outro grupo a cultivar San-ta Clara e PI 134417. Quando infesta-das pela população de Viçosa,‘Moneymaker’ e TOM-601 ficaram emum grupo distinto das espécies silves-tres PI 126445 e PI 134417, e em outrogrupo distinto a cultivar Santa Clara.Quando a infestação foi feita com a po-pulação de Camocim de São Félix, ob-servou-se mais uma vez que a cultivarSanta Clara teve comportamento dife-rencial entre os acessos de tomateiro,ficando em grupo isolado. Quando in-festadas pela população de Santa Tere-sa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 e o aces-so silvestre PI 134417 constituírammesmo grupo, ficando em grupos dis-tintos ‘Santa Clara’ e PI 126445 (Tabe-

la 3). Pode-se concluir, com esses re-sultados, que a cultivar Santa Clara foia mais divergente em relação aos demaisacessos de tomateiro, ficando em grupoisolado quando infestada por três dasquatro populações de T. absoluta.

Apesar de ter sido observadadissimilaridade genética intra e intergrupos, no presente trabalho não foipossível recomendar cruzamentos pro-missores entre os acessos deLycopersicon estudados, devido ao fatodestes não terem apresentado resistên-cia simultânea às distintas populaçõesda traça-do-tomateiro. Num programade melhoramento é interessante que seleve em consideração a variabilidade doinseto, porém a obtenção da cultivar detomate não pode ser resistente à traça-do-tomateiro oriunda de apenas umalocalidade específica. Todavia, pode-seinferir que ‘Moneymaker’ e TOM-601podem ser utilizadas em programas demelhoramento que objetivam a obten-ção de plantas de tomate resistentes à T.absoluta, pois foram, em geral, maispróximas geneticamente de PI 126445e/ou PI 134417, portanto, menos susce-tíveis às populações da praga que a cul-tivar Santa Clara.

Com relação à importância relativados caracteres para a divergência gené-tica entre Lycopersicon spp., segundo ométodo de Singh (1981), os caracterescom maior influência na distância ge-neralizada de Mahalanobis foram mor-talidade larval e número de pupas fê-mea, quando estes foram infestados pe-las populações de Uberlândia e SantaTeresa (47,06% e 44,38% e, 45,57% e

Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro

Tabela 3. Agrupamento dos acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populaçõesde Tuta absoluta pelo método de Tocher, com base na dissimilaridade expressa pela distân-cia generalizada de Mahalanobis. Viçosa, UFV, 2001.

População de T.

absolutaGrupo Acessos de tomateiro

Uberlândia I 'Moneymaker', PI 126445, TOM-601

II 'Santa Clara', PI 134417

Viçosa I 'Moneymaker', TOM-601

II PI 126445, PI 134417

III 'Santa Clara'

Camocim de São

Félix

I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601, PI 126445

II 'Santa Clara'

Santa Teresa I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601

II PI 126445

III 'Santa Clara'

33,32%, respectivamente). Quando in-festados pelas populações de Viçosa eCamocim de São Félix as maiores con-tribuições foram do número de pupasmacho e mortalidade larval (40,19% e23,29% e, 42,76% e 26,41% respecti-vamente) (Tabela 4).

Quando os acessos de tomateiro fo-ram infestados pela população da traça-do-tomateiro proveniente deUberlândia, os caracteres menos impor-tantes para a divergência foram períodolarval e peso de pupas macho (0,14% e0,26%, repetitivamente). Quando infes-tados pela população de Viçosa, oscaracteres menos importantes forampeso de pupas macho e peso de pupasfêmea (0,20% e 0,56%). Em relação àpopulação de Camocim de São Félix oscaracteres menos importantes foram nú-mero de minas pequenas e período larval(0,12% e 0,66%) e, em relação à popula-ção de Santa Teresa os caracteres menosimportantes foram período larval e razãosexual (0,12% e 0,19%) (Tabela 4).

O número de caracteres avaliados naseleção de genótipos é de suma impor-tância em programa de melhoramento.Caracteres que contribuem pouco paraa divergência podem ser eliminados au-mentando a eficiência da seleção. Combase no método de descarte de variáveisproposto por Garcia (1998) constatou-se que os caracteres período larval e pesode pupas macho não podem ser elimi-nados em futuras avaliações de resistên-cia à população da traça-do-tomateiroproveniente de Uberlândia, devido amudança no agrupamento original. To-davia, o período larval pode ser elimi-

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898 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

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(1) MG = logaritmo do número de minas grandes (comprimento ≥ 0,5cm); MP = número deminas pequenas (comprimento < 0,5cm); ML = mortalidade larval (%); PL = período larval(2º ao 4º estádio de desenvolvimento) (dias); NPF = número de pupas fêmea; NPM =númerode pupas macho; RS = razão sexual (número de fêmeas/ total de indivíduos); PPF = peso depupas fêmea (mg); PPM = peso de pupas macho (mg)

Tabela 4. Contribuição relativa (%) de nove caracteres de Tuta absoluta para a divergênciagenética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absolu-ta, utilizando-se a metodologia de Singh. Viçosa, UFV, 2001.

Caracteres de T.

absoluta

População de T. absoluta

Uberlândia ViçosaCamocim de

São FélixSanta Teresa

MG (1) 1,34 1,89 2,87 0,92

MP 0,96 1,64 0,12 1,16

ML 47,06 23,29 26,41 45,57

PL 0,14 3,98 0,66 0,12

NPF 44,38 6,46 14,35 33,32

NPM 3,35 40,19 42,76 13,50

RS 1,00 21,79 1,04 0,19

PPF 1,51 0,56 7,34 3,67

PPM 0,26 0,20 4,45 1,55

nado em avaliações de resistência às po-pulações de Camocim de São Félix e SantaTeresa, e o peso de pupas macho pode sereliminado quando as plantas forem ava-liadas quanto à resistência a população deViçosa. Em avaliações envolvendo as po-pulações de Viçosa, Camocim de SãoFélix e Santa Teresa também podem sereliminados os caracteres peso de pupasfêmea, número de minas pequenas e ra-zão sexual, respectivamente.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela concessão da bolsade estudo à primeira autora e à Univer-sidade Federal de Viçosa, peladisponibilização da estrutura física eprofissional.

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G. R. Moreira et al.

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899Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Na região sul de Minas concentra-se grande número de produtores de

alface, os quais, em sua maioria, utili-zam algum tipo de material como co-bertura de canteiro. Entretanto, existepouca informação sobre os materiaisdisponíveis na região e que podem serutilizados como cobertura de solo.

Tanto a cobertura com plástico quan-to com restos vegetais têm sido explo-radas com os objetivos de reduzir a eva-poração da água na superfície do solo;diminuir as oscilações de temperaturado solo (ARAÚJO et al., 1993); permi-tir o controle de plantas invasoras; ofe-recer proteção aos frutos, evitando seucontato direto com o solo; obter maiorprecocidade da colheita e capacidade deinfluir diretamente, de maneira positi-va, sobre a incidência de pragas e doen-ças (CASTELLANE, 1995). Os restos

ANDRADE JÚNIOR, V.C.; YURI, J.E.; NUNES, U.R.; PIMENTA, F.L.; MATOS, C.S.M.; FLORIO, F.C.A.; MADEIRA, D.M. Emprego de tipos decobertura de canteiro no cultivo da alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.899-903, out-dez 2005.

Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alfaceValter C. de Andrade Júnior1,4; Jony E. Yuri2; Ubirajara R. Nunes1; Fernando L. Pimenta3; Christiano deS.M. de Matos3; Francisco C. de A. Florio3; Dermival M. Madeira3

1Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FCA, Depto. Agronomia, R. da Glória, 187, Centro, 39100-000 Diamantina-MG;2UFLA, DAG, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Universidade Vale do Rio Verde, UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82, Centro,37410-000Três Corações-MG; 4E-mail: [email protected]

vegetais contribuem ainda como reser-va considerável de nutrientes, cujadisponibilização pode ser rápida e in-tensa, dependendo, dentre outros fato-res, do regime de chuvas (ROSOLEMet al. 2003); da relação C/N(ROBINSON, 1988) além de reduzir alixiviação dos nutrientes e acompactação do solo.

Avaliando a utilização de materiaiscomo cobertura morta do solo no culti-vo de pimentão, Queiroga et al. (2002)verificaram que o diâmetro, número,massa de fruto e a produção foram afe-tados pela cobertura morta, sendo a pa-lha de carnaúba superior aos demaismateriais usados como cobertura. Se-gundo os autores, este fato deve-se àmelhor conservação da umidade do solo,menor incidência de plantas daninhas,redução da temperatura do solo e ao for-

necimento de nutrientes às plantas, de-vido a sua rápida decomposição.

Ao avaliar o efeito da coberturamorta sobre o comportamento de culti-vares de alface no município deMossoró, Maia Neto (1988) verificouque a cobertura morta proporcionouaumentos na produção e na massa mé-dia de plantas das cultivares Brasil 221,Babá de Verão e Vitória, e também re-duziu a massa de matéria fresca dasplantas invasoras.

De acordo com Reghin et al. (2002),o uso da cobertura com agrotextil pretoproporcionou maior produção de alface(cv. Veneza Roxa) quando comparado àcobertura com palha de arroz, (153,68g e 127,71 g, respectivamente). A palhade arroz picada não apresentou respos-ta favorável como cobertura de cantei-ro, pois permitiu o desenvolvimento de

RESUMO

Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes coberturas decanteiro sobre as características agronômicas de cultivares de alface(Lactuca sativa L.) tipo lisa, foi realizado um experimento na Uni-versidade Vale do Rio Verde em Três Corações (MG). O delinea-mento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquemafatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de cobertu-ra (plástico preto, capim braquiária seco, casca de arroz, casca de cafée solo nu) e duas cultivares de alface tipo lisa (Regina e Elisa), com 3repetições. A colheita foi realizada 42 dias após o transplantio, sendoavaliados a produção total (t ha-1), produção comercial, massa médiapor planta, diâmetro médio de cabeça, diâmetro médio de caule, nú-mero médio de folhas e massa média de raiz. Foi observada interaçãosignificativa entre tipos de cobertura x cultivares somente para a ca-racterística massa média de raiz, tendo a cultivar Elisa apresentadomaior massa média de raiz quando utilizadas as coberturas com cascade café e casca de arroz. A cobertura com casca de café foi a queproporcionou os melhores resultados, superando os demais tipos decobertura para todas as características avaliadas. A cultivar Regina foisuperior à Elisa em quase todas as características estudadas, excetopara diâmetro médio de caule onde não foi observada diferença signi-ficativa entre as cultivares. ‘Elisa’ também apresentou maior massamédia de raiz que a cultivar Regina.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., coberturas de solo, produção.

ABSTRACT

Evaluation of mulch types on lettuce production

An experiment was carried out at Universidade Vale do RioVerde, Minas Gerais State, Brazil, to evaluate the effect of bedcoverages on the agronomic characteristics of lettuce cultivars. Theexperimental design was of randomized complete blocks in a 5 x 2factorial scheme with five types of mulch (black plastic; drybraquiaria grass; rice husk; coffee husk and nude soil), two leaf lettucecultivars (Regina and Elisa) and three replications. Plants wereharvested 42 days after the transplanting date. The total andcommercial yield, average fresh plant plant weight, head averagediameter, stem average diameter, leave average number and the rootfresh weight were evaluated. Only for the root average weight wasobserved significant interaction between coverage types and cultivars.The cv. Elisa presented the highest root average weight when thecoffee or rice husk were used. The coffee husk proportioned the bestresults. This coverage exceeded all others in all the evaluatedcharacteristics. The cv Regina was superior to Elisa in almost allstudied characteristics, except in stem average diameter where nosignificant difference was detected between cultivars. ‘Elisa’presented higher root weight than ‘Regina’.

Keywords: Lactuca sativa L., soil coverages, yield.

(Recebido para publicação em 22 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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900 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

várias espécies de plantas daninhas. Jáo agrotextil preto foi eficiente no con-trole de plantas daninhas, promovendomelhor desenvolvimento e produção deplantas com maior massa. Tanto o usoda palha de arroz quanto solo nu resul-taram em decréscimo na massa frescada cabeça de 18,12 e 13,62%, respecti-vamente, em relação ao agrotextil pre-to. Provavelmente, a presença de plan-tas daninhas interferiu na formação e namassa fresca da cabeça de alface.

No cultivo da alface, AndreaniJúnior e Galbiati Neto (2003) avaliarama influência de vários tipos de cobertu-ra de solo sobre a produtividade e veri-ficaram que as coberturas com bagaçode cana e palha de arroz proporciona-ram maiores ganhos de peso das plan-tas, 710,0 e 669,5 gramas, respectiva-mente, quando comparada ao tratamen-to terra nua sem capina (355,6 g) e aotratamento em que se utilizou plásticotransparente (280,4 g).

A utilização da cobertura de solo nocultivo da alface tem se mostrado fatordeterminante no aumento da produçãoe na qualidade do produto. No entanto,para que a utilização da cobertura sejaviável é preciso que novas alternativasde cobertura, disponíveis na região decultivo, sejam avaliadas.

Este trabalho teve como objetivoavaliar os efeitos de diferentes tipos decobertura de canteiro sobre a produçãoe qualidade de duas cultivares de alfacetipo lisa.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Se-tor de Olericultura da Universidade Valedo Rio Verde (UNINCOR), Três Cora-ções, MG, de 24/09 a 05/12/2003. O cli-ma, de acordo com a classificação deKoppen, é Cwb, ou seja, temperado chu-voso, com temperatura média do mêsmais quente inferior a 22° C. O solo pre-dominante na área é classificado comoLatossolo Vermelho distroférrico, tex-tura argilosa com características: pHH

2O: 5,5; P disponível = 1,2 mg/dm3; K

disponível = 22 mg/dm3; H+Al3+ = 5,0mg/dm3; Al3+ = 0,2 cmol

c/dm3; Ca2+ =

2,9 cmolc/dm3; Mg2+ = 1,9 cmol

c/dm3;

SB= 4,9 cmolc/dm3; CTC = 9,9 cmol

c/

dm3; MO = 2,4g/dm3.

O delineamento experimental utili-zado foi em blocos ao acaso em esque-ma fatorial 5 x 2, proveniente da com-binação de cinco tipos de coberturas decanteiro: [Brachiaria decumbens (capimbraquiária seco); Oryza sativa L. (cas-ca de arroz); Coffea arabica L. (cascade café); plástico preto com densidadede 50 micra e testemunha (sem cober-tura)] e duas cultivares de alface tipo lisa(Regina e Elisa), com 3 repetições.

As mudas foram produzidas sob es-tufa plástica em bandejas de isopor de128 células contendo substrato artificialPlantimax e transplantadas 30 diasapós a semeadura, em canteiros com1,25 m de largura e 20 cm de altura, es-paçados 30 cm um do outro. Foram uti-lizadas 5 fileiras por canteiro, sendo asparcelas compostas por 25 plantas, es-paçadas 0,25 m, totalizando 1,56 m2 porparcela. Foi utilizada como área útil asnove plantas centrais de cada parcela,ocupando área de 0,56 m2. Antes dotransplante os canteiros receberam ascoberturas orgânicas que apresentavamespessura de aproximadamente 5 cm ea cobertura com plástico preto. Os can-teiros foram preparados manualmente edurante o preparo foram aplicados 200g m-2 de calcário dolomítico. A aduba-ção de plantio foi com composto orgâ-nico na dose de 40 t ha-1, não sendo uti-lizada nenhuma formulação química.

Aos 25 dias após o transplantio foirealizada adubação em cobertura com aformulação 20-00-20, na dose de 60 kgha-1. Foram realizadas capinas manuaisnas parcelas onde ocorreram infestaçõescom plantas daninhas e a irrigação foifeita diariamente. A irrigação foi reali-zada por aspersão elevando-se o teor deágua no solo próximo à capacidade decampo, durante todo o ciclo da cultura.Não houve necessidade de aplicação dedefensivos para o controle de pragas edoenças.

A colheita foi realizada 42 dias apóso transplantio, sendo avaliadas caracte-rísticas de produção e de qualidade dasplantas. A produção total foi obtida pelasoma da massa total da parte aérea detodas as plantas da área útil de cada par-cela, sendo expressa em t ha-1. A produ-ção comercial foi determinada após aretirada das folhas externas que apresen-tavam coloração amarela ou algum tipo

de injúria. Depois procedeu-se a somada massa comercial de todas as plantasda área útil de cada parcela, sendo tam-bém expressa em t ha-1. A massa médiapor planta foi obtida dividindo-se a mas-sa total das plantas pelo número totalde plantas da área útil da parcela, e osresultados expressos em g. O diâmetromédio de cabeça foi obtido por medi-ção da parte mais compacta da cabeça,não considerando as folhas externas dasplantas. O diâmetro médio do caule foideterminado após a colheita das plantascom raízes, sendo a medida feita logoabaixo das primeiras folhas, utilizando-se um paquímetro. O número médio defolhas foi obtido após a obtenção de to-dos os dados referentes às outras ava-liações. Foram retiradas todas as folhascomerciais de cada planta da parcela útile obtido o número médio de folhas. Amassa média de raiz foi obtida por pe-sagem do sistema radicular de todas asplantas da área útil. Foi considerado nosresultados, para todas as característicasavaliadas, a média das nove plantas cen-trais, correspondente a área útil de cadaparcela.

A análise de variância foi utilizadana avaliação dos tipos de cobertura e decultivares para as características estu-dadas aplicando-se o teste Scott e Knotta 5% de probabilidade para a compara-ção das médias. Os dados de númeromédio de folhas foram transformadosem √x antes da análise, sendo apresen-tados nos resultados os valores das mé-dias. As análises estatísticas foram rea-lizadas utilizando-se o programa esta-tístico SISVAR (FERREIRA, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observados efeitos significa-tivos do tipo de cobertura do canteiro ede cultivares sobre todas as característi-cas analisadas, exceto para a caracterís-tica diâmetro médio de caule, onde nãofoi observada diferença significativa en-tre as cultivares. Os resultados não evi-denciaram efeitos significativos dainteração tipo de cobertura x cultivar paraas características avaliadas, com exceçãoda massa média de raiz (Tabela 1).

As produções total e comercial va-riaram, respectivamente, de 35,63 a30,71 t ha-1 e de 70,67 a 61,59 t ha-1. A

V. C. Andrade Júnior et al.

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901Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

cobertura de canteiro com casca de cafésuperou os demais tipos de cobertura emtodas as características estudadas, pro-porcionando às cultivares produção to-tal e comercial, massa média por plantae número médio de folhas, 77,43%,77,19%, 77,51% e 29,68% superiores àsmédias dos demais tipos de cobertura.Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003),trabalhando com alface, não observaramdiferenças significativas entre o efeitoda cobertura com palha de café e plásti-co preto para as características peso dasplantas e número de folhas. Ao avaliardiferentes tipos de coberturas de solo nodesenvolvimento da alface, Verdial et al.(2001) observaram que a utilização decobertura plástica do tipo dupla faceproporcionou os maiores valores médiosde produção.

No presente estudo, o material or-gânico “casca de café” superou o mate-rial sintético “plástico preto” em todasas características avaliadas. Esse resul-tado é importante, principalmente paraa região do sul de Minas, pois nesta áreaalém de existir grande disponibilidadede casca de café também concentra-segrande número de pequenos produtoresde alface.

Não foram observadas diferençassignificativas entre os efeitos dos demaistipos de cobertura (capim braquiáriaseco, casca de arroz, plástico preto e solosem cobertura) sobre as característicasestudadas, exceto para massa média porplanta onde a cobertura com casca dearroz proporcionou um acúmulo demassa na planta significativamentemaior que o tratamento com capimbraquiária seco, plástico preto e solo semcobertura. Para as demais característi-cas, as coberturas com capim braquiáriaseco, casca de arroz e plástico pretoapresentaram efeitos semelhantes aosobservados para o cultivo em solo semcobertura. Portanto, no presente traba-lho estes tratamentos não resultaram embenefícios para a produção. Zizas et al.(2002b) observaram que o uso de cascade arroz reduziu o peso médio das plan-tas da cultivar Regina. Neste mesmo tra-balho o número de folhas/planta no tra-tamento solo sem cobertura foi signifi-cativamente menor que o verificado nascoberturas com plástico vermelho ebranco, porém, não diferiu estatistica-

Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface

**Significativo a 1% pelo teste F; nsnão significativo; 1Médias seguidas por letras minúscu-las nas colunas e por letras maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Scott eKnott.(α=0,05).

Tabela 1. Produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio decabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz de duascultivares de alface tipo lisa cultivadas em diferentes tipos de cobertura de canteiro. TrêsCorações, UNINCOR, 2003.

Tipos de cobertura**

Cultivares

Média¹Regina Elisa

Produção total (t ha-1)** - CV= 10,29%

Casca de café 73,59 67,75 70,67 a

Casca de arroz 47,96 41,32 44,64 b

Capim braquiária seco 43,69 35,73 39,71 b

Plástico preto 47,77 30,86 39,32 b

Solo sem cobertura 42,78 28,49 35,63 b

Média¹ 51,16 A 40,83 B

Produção comercial (t ha-1) ** - CV= 12,13%

Casca de café 65,46 57,71 61,59 a

Casca de arroz 42,28 35,52 38,90 b

Capim braquiária seco 38,83 30,91 34,87 b

Plástico preto 42,22 26,90 34,56 b

Solo sem cobertura 36,92 24,50 30,71 b

Média¹ 45,14 A 35,11 B

Massa média por planta (g)** - CV= 10,25%

Casca de café 0,460 0,423 0,442 a

Casca de arroz 0,300 0,258 0,279 b

Capim braquiária seco 0,273 0,223 0,248 c

Plástico preto 0,299 0,193 0,246 c

Solo sem cobertura 0,267 0,178 0,223 c

Média¹ 0,320 A 0,255 B

Diâmetro médio de cabeça (cm) ** - CV= 9,66%

Casca de café 23,85 20,37 22,11 a

Casca de arroz 20,41 16,44 18,43 b

Capim braquiária seco 19,93 15,70 17,82 b

Plástico preto 20,93 16,85 18,89 b

Solo sem cobertura 20,63 15,41 18,02 b

Média¹ 21,15 A 16,96 B

Diâmetro médio de caule (cm) ns - CV= 10,90%

Casca de café 2,54 2,74 2,64 a

Casca de arroz 2,03 2,16 2,09 b

Capim braquiária seco 1,91 1,87 1,90 b

Plástico preto 2,16 2,00 2,08 b

Solo sem cobertura 2,04 1,69 1,87 b

Média¹ 2,13 A 2,09 A

Número médio de folhas ** - CV= 4,91%

Casca de café 32,93 27,89 30,41 a

Casca de arroz 26,70 22,37 24,54 b

Capim braquiária seco 24,04 19,26 21,65 b

Plástico preto 27,85 20,45 24,15 b

Solo sem cobertura 26,07 20,82 23,45 b

Média¹ 27,52 A 22,16 B

Massa média de raiz (g) ** - CV= 16,45%

Casca de café 15,44 aB 21,63 aA 18,54 a

Casca de arroz 11,15 aB 15,55 bA 13,35 b

Capim braquiária seco 9,00 aA 12,51 bA 10,76 b

Plástico preto 12,52 aA 12,15 bA 12,34 b

Solo sem cobertura 12,48 aA 10,22 bA 11,35 b

Média¹ 12,12 B 14,41 A

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902 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

mente dos tratamentos com plástico pre-to e casca de arroz. Os autores observa-ram que a temperatura média do solocoberto com casca de arroz foi igual ado solo sem cobertura, 23,9oC, e as co-berturas com plástico vermelho e pretoforam as que propiciaram maiores tem-peraturas média do solo, 25,3oC e25,0oC, respectivamente. Avaliando ascultivares de alface Brisa, Simpson,Verônica, Regina 579, Vera e Tainá, emdiferentes coberturas de solo, (ZIZASet al., 2002a), verificaram que a culti-var Regina 579 apresentou maior diâ-metro do caule e maior número de fo-lhas e que o uso de plásticos preto e ver-melho resultou em menor massa médiae produtividade por planta. Os autoresrelatam que estes resultados podem es-tar associados às ocorrências de maio-res temperaturas do solo provocadaspela cobertura com estes plásticos emrelação aos demais tipos de cobertura.Resultados semelhantes foram encontra-dos por Chaves et al. (2003) os quaisrelataram o efeito do plástico em aumen-tar a temperatura do solo a níveis de afe-tar o metabolismo da planta, interferin-do no seu crescimento e desenvolvimen-to. Segundo Goto (1998), o uso de co-bertura com plástico em alface deve seravaliado para cada região de cultivo,uma vez que o aumento da temperaturado solo pode afetar o desenvolvimentode raízes e, por conseguinte, a absorçãode nutrientes. Verdial et al. (2001) veri-ficaram que a temperatura do solo co-berto com plástico preto foi 25,12oC,1,56oC e 1,72oC, respectivamente, maiorque as temperaturas observadas para ostratamentos sem cobertura, sem capinae sem cobertura com capina quinzenal.

Um fator que deve ser considerado,embora não tenha sido avaliado, é a con-centração e liberação de K da casca decafé para o solo. Conforme relatamGuimarães et al. (2002), a casca de cafécontém alto teor de K, em média 3,75dag. g-1 de K

2O, sendo um resíduo da

cafeicultura utilizado na adubação doscafezais com o objetivo de repor o Kextraído pelas plantas.

Segundo Rosolem et al. (2003) asespécies que acumularam K foram asque liberaram este elemento em maiorquantidade. Sendo a casca de café ricaem K pode-se afirmar que a superiori-

dade da cobertura de canteiro com cas-ca de café em relação aos demais tiposde cobertura pode estar relacionada àmaior disponibilização de K para asplantas, contribuindo, conseqüentemen-te, para o melhor desenvolvimento dasmesmas. Malavolta (1980) relata quemais de 80% do K encontra-se na for-ma solúvel na planta, sendo, portanto,passível de lixiviação.

A cultivar Regina foi superior à Elisaem produção total e comercial, massamédia por planta, diâmetro médio de ca-beça e número médio de folhas. Em mé-dia, a cultivar Regina apresentou produ-ção total e produção comercial, 25,30%e 28,57%, maiores que a cultivar Elisa(Tabela 1). A massa média por planta e odiâmetro médio de cabeça da cultivarRegina foram 25,5% e 24,71%, respec-tivamente, superior ao da cultivar Elisa.O número médio de folhas da cultivarRegina (27,52) foi significativamentemaior (24,19%) que o da cultivar Elisa(22,16 folhas). Esses dados corroboramcom os obtidos por Zizas et al. (2002b),em que a cultivar Regina apresentoumaior número de folhas/planta e diâme-tro de caule em relação à Elisa.

Não foi observada diferença signi-ficativa entre as cultivares para a carac-terística diâmetro médio de caule (Ta-bela 1). Já a cultivar Elisa apresentoumaior massa média de raiz, (14,41 g),em relação à Regina, (12,12 g), uma di-ferença de 18,89%.

A interação significativa dos tipos decobertura x cultivares para a caracterís-tica massa média de raiz (Tabela 1)mostra que para a cultivar Regina nãofoi observada diferença significativaentre os efeitos dos diferentes tipos decobertura de canteiro. Já para a cultivarElisa, a cobertura com casca de café foisuperior às médias dos demais tratamen-tos, em 71,53%, tendo a mesma propor-cionado 21,63 g de massa média de raiz.Observou-se que a cultivar Elisa apre-sentou maior massa média de raiz quan-do foram utilizadas as coberturas comcasca de café e casca de arroz, respec-tivamente, 40,09% e 39,46%. Não fo-ram observadas diferenças significati-vas entre cultivares para os demais ti-pos de cobertura de canteiro.

A diferença significativa do fatorcultivar é esperada, pois a produção de

uma cultivar é função de seu genótipo eda interação genótipo x ambiente(QUEIROGA et al., 2001; SILVA et al.,2000).

Conclui-se que a cobertura de can-teiro com casca de café proporcionou omelhor crescimento e desenvolvimentoda alface. Entre as cultivares, a Reginafoi superior à Elisa quanto às caracte-rísticas de produção total, produção co-mercial, massa média por planta, diâ-metro médio de cabeça e número mé-dio de folhas. Entretanto, a cultivar Elisaapresentou maior massa média de raizem relação à Regina. A maior massamédia de raiz da cultivar Elisa não in-fluenciou as demais características ava-liadas, baseando-se na hipótese de queuma maior massa média de raiz propor-cionaria maiores produção total e comer-cial, massa média por planta, diâmetromédio de cabeça e do caule e maior nú-mero médio de folhas, por explorarmelhor o solo, e consequentemente, ab-sorver mais água e nutrientes. Este fatopode estar relacionado a maior eficiên-cia da cultivar Regina em absorver águae nutrientes, pois esta foi superior à Elisapara a maioria das características ava-liadas. Em termos de massa média deraiz, a cultivar Elisa apresentou melho-res resultados quando as coberturas decanteiros utilizadas foram casca de cafée casca de arroz.

LITERATURA CITADA

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903Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

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Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002a.

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904 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A batata é uma das principais horta-liças cultivadas no Brasil. Em 2003

a produção brasileira foi de aproxima-damente três milhões de toneladas emuma área de 149.000 ha (FAO, 2004).Dentre os problemas fitossanitários dacultura ressaltam-se as viroses,notadamente aquelas causadas peloPotato virus Y (PVY), da famíliaPotyviridae (VAN REGENMORTEL etal., 2000). No Brasil, na última década,o PVY vem acarretando infecções quevariam de 30 a 100% do campo, depen-dendo das estirpes presentes nas plan-tas, da cultivar envolvida, da idade da

FONSECA, L.N.; INOUE-NAGATA, A.K.; NAGATA, T.; SINGH, R.P.; ÁVILA, A.C. Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR.Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.904-910, out-dez 2005.

Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCRLeonardo N. Fonseca1; Alice K. Inoue-Nagata2; Tatsuya Nagata3; Rudra P. Singh4; Antonio Carlos de Ávila2

1Universidade Vale do Rio Doce, Av. Israel Pinheiro 2000, 35100-000 Governador Valadares-MG; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218,70359-970 Brasília-DF ; 3Universidade Católica de Brasília, 70790-160 Brasília-DF; 4Potato Research Centre, Agriculture and Agri-FoodCanada, P.O. Box 20280, Fredericton, NB, Canada E3B 4Z7

planta infectada, bem como das condi-ções ambientais (SOUZA-DIAS, 2001).

Três estirpes de PVY são conheci-das: PVYC, PVYO e PVYN (DE BOKX;HUTTINGA, 1981) entretanto, maisrecentemente surtos epidêmicos de umanova variante necrótica, o PVYNTN, vêmsendo relatados em vários países comoAlemanha, Hungria, Tchecoslovaquia,Áustria, Iugoslávia, França, Bélgica,Estados Unidos e Brasil (BECZNER etal. 1984; WEILGUNY; SINGH, 1998;SOUZA-DIAS et al. 2004). A nova va-riante necrótica, o PVYNTN, foi descritaprimeiramente na Hungria por Beczner

et al. (1984) e no Brasil foi notificadaoficialmente ao Ministério da Agricul-tura em novembro de 1997 pelo Institu-to Agronômico de Campinas (IAC). Asestirpes de PVYO e PVYN foram relata-das no Brasil por volta de 1939 porSilberschmidt et al. (1941).

Tradicionalmente, a diagnose de PVYem nível de espécie é feita utilizando testessorológicos como Elisa (Enzyme linkedimmunosorbent assay) com anticorpospoliclonais ou monoclonais (CLARK;ADAMS, 1977, SINGH et al. 1993).

Para diferenciação fenotípica de es-tirpes de PVY, utiliza-se principalmen-

RESUMOO Potato virus Y (PVY) tornou-se o maior problema nas áreas

de produção de batata semente do Brasil. Somente as estirpes co-mum (PVYO) e necrótica (PVYN) eram detectadas infectando batatano Brasil. Esta situação mudou drasticamente a partir de 1997 quan-do um surto epidêmico de uma variante da estirpe necrótica de PVYcausando arcos e anéis necróticos na superfície do tubérculo(PVYNTN) foi observado no país. Este estudo visou avaliar e validaruma metodologia de diferenciação de estirpes que causam necroseem tubérculos, proposta por Weilguny e Singh (1998). Vinte e oitoisolados de PVY originários de tubérculos infectados de batata, pro-venientes de quatro estados brasileiros, foram analisados em suareação em plantas de fumo, por Elisa, utilizando anti-soro policlonale pelo método 3-primer RT-PCR. Quatro isolados induziramclareamento de nervuras e manchas peroladas em folhas de Nicotianatabacum conforme esperado para a estirpe comum. Os 24 isoladosrestantes induziram necrose de nervuras neste hospedeiro portanto,classificados como da estirpe necrótica. Todos os 28 isolados dePVY reagiram positivamente contra o anti-soro policlonal de PVYpor Elisa. Três métodos de extração de RNA foram testados, sendoque o método de hidrocloreto de guanidina mostrou-se o mais efi-ciente e de menor custo. Dos 28 isolados submetidos ao RT-PCR,um isolado de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul foramdiferenciados como PVYO, confirmando os resultados do teste bio-lógico. Um isolado de PVYN foi detectado no Estado de SantaCatarina e quatro no Rio Grande do Sul. O PVYNTN foi detectado emMinas Gerais (seis isolados), Santa Catarina (três isolados) e SãoPaulo (dez isolados). Estes resultados confirmam a presença dessavariante necrótica, PVYNTN, nas principais regiões produtoras debatata do Brasil.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, vírus Y da batata, reação emcadeia da polimerase, potyvírus.

ABSTRACTRT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato

The Potato virus Y (PVY) has become the major virus problemin seed potato growing areas of Brazil. Only necrotic and ordinaryPVY strains were found infecting potatoes in Brazil. This situationdrastically changed around 1997 when an epidemic of a PVY necroticvariant causing necrotic rings on the potato tuber surface wasobserved in the country. This study aimed to test the tuber necroticstrain differentiation method proposed by Weilguny & Singh (1998).Twenty eight PVY isolates originated from infected tubers and leavesfrom four Brazilian States were analyzed by host reaction afterinoculation in tobacco, by ELISA using polyclonal antiserum andby the 3-primer RT-PCR method. The ordinary strain type isolatesinduced vein clearing and chlorotic pearl spots on Nicotiana tabacumleaves. All 24 remaining isolates inducing vein necrosis in leaveswere classified as necrotic strains. All 28 PVY isolates positivelyreacted to PVY polyclonal antiserum by Elisa. Three RNA extractionmethods were compared and the guanidine hydrochloride methodwas the most efficient and of the lowest cost. One isolate from SantaCatarina State and three from Rio Grande do Sul out of 28 PVYisolates submitted to RT-PCR method were differentiated as PVYO,confirming the biological test. One isolate of PVYN was detectedfrom Santa Catarina and four from Rio Grande do Sul State. ThePVYNTN was detected in Minas Gerais (six isolates), Santa Catarina(three isolates) and São Paulo (ten isolates). These results confirmedthe presence of this new variant, PVYNTN in the main potato growingareas of Brazil.

Keywords: Solanum tuberosum, Potato virus Y, virus, polymerasechain reaction, potyvirus.

(Recebido para publicação em 30 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)

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te a planta indicadora Nicotianatabacum que manifesta sintomas quevão desde mosaico e necrose até a mor-te foliar (WEIDEMANN, 1988;SINGH, 1992). A estirpe PVYO causaem plantas de N. tabacum clareamentodas nervuras e, posteriormente, manchasperoladas no limbo foliar. A estirpePVYN e sua variante PVYNTN causamnecrose na mesma hospedeira. A varian-te PVYNTN pode também induzir em tu-bérculos de batata arcos e anéisnecróticos, sintomas esses ausentes emtubérculos de plantas infectadas com aestirpe PVYN (BECZNER et al., 1984;LE ROMANCER; NEDLLEC, 1997;SOUZA-DIAS, 2001). Em folhas debatata, sintomas de infecção por PVYvariam de mosaico leve a severo, po-dendo causar necrose nas hastes, limboou nervuras das folhas.

Com a finalidade de distinguir asestirpes PVYN e PVYNTN, Weilguny eSingh (1998) propuseram umametodologia baseada no método detranscrição reversa (RT) e amplificaçãopor meio da reação em cadeia dapolimerase (PCR) do genoma viral, noqual utiliza-se uma combinação de trêsoligonucleotídeos. Esta metodologiadenominada de 3-primerRT-PCR permi-te diferenciar a estirpe necrótica (PVYN)da sua variante (PVYNTN). Outros auto-res, como Nie e Singh (2002), propuse-ram um sistema uniplex e multiplex dedistinção de estirpes e variantes de PVYe Rosner e Maslenin (1999) propuserama diferenciação de variantes de PVY pormeio de RT-PCR. Um outro estudo fei-to para distinção das estirpes PVYN ePVYNTN foi proposto por Glais et al.(1996) baseado em padrões de restrição.

Atualmente encontra-se disponívelno mercado um sistema de detecção dePVYNTN através de RT-PCR produzidopela empresa Adgen. Este sistema é one-roso e ainda não foi suficientementevalidado para os isolados de PVY noBrasil.

Uma vez que os anti-sorospoliclonais contra PVY hoje amplamen-te utilizados nos sistemas de certificaçãode batata no Brasil não permitem dis-tinguir as estirpes, há uma demanda ur-gente em disponibilizar umametodologia confiável e de baixo custopara identificar as estirpes PVYO, PVYN

e PVYNTN que ocorrem no Brasil. Em-bora a legislação de batata-semente noBrasil não diferencie as várias estirpesde PVY, torna-se necessário ummonitoramento dessa estirpe necróticadevido à indução do sintoma de necroseem tubérculo, o que inviabiliza a suacomercialização. Este trabalho temcomo objetivo avaliar e validarmetodologia de 3-primer RT-PCR pro-posta por Weilguny e Singh (1998) comos isolados coletados no Brasil. A esco-lha desse método baseou-se no fato deo mesmo já estar sendo utilizado em sis-temas de produção de batata na Améri-ca do Norte e Peru.

MATERIAL E MÉTODOS

Manutenção e identificaçãodos isolados de PVY

Cada isolado de PVY foi identifica-do e mantido na planta indicadora N.tabacum por meio de inoculação mecâ-nica. Os isolados foram recebidos naEmbrapa Hortaliças de janeiro de 2001a setembro de 2002. Foram seleciona-dos 28 tubérculos de batata infectadoscom e sem sintomas nos tubérculos dasvariedades Monalisa, Atlantic, Achat,Panda e Bintje, oriundas de Minas Ge-rais, São Paulo, Santa Catarina, RioGrande do Sul e dois isolados, PVYO ePVYN, caracterizados por Inoue-Nagataet al. (2001), totalizando-se 30 isolados(Tabela 1).

Os isolados foram agrupados e no-meados por sigla do estado de origem,número do isolado seguido do nomeabreviado da cidade onde foi coletado otubérculo.

Teste biológico e sorológicoFoi realizado com a inoculação de

extrato foliar em tampão fosfato a0,01M, pH 7,0, em plantas de Nicotianatabacum TNN e Samsun previamentepolvilhadas com carborundum 600mesh.

As plantas inoculadas foram avalia-das por sorologia pelo método DAS-Elisa (CLARK; ADAMS, 1977) utili-zando anti-soro policlonal contra PVYproduzido na Embrapa Hortaliças.

Extração de RNA totalForam avaliados três métodos a par-

tir de plantas de fumo infectadas: 1)

método proposto por Weilguny e Singh(1998) em que 100 mg de extrato foliarfoi adicionado ao tampão Tris–HCl a0,1M e Na

2SO

3 a 0,02M, pH 8,3, e o

RNA total foi extraído por tratamentocom fenol/clorofórmio seguido de pre-cipitação com etanol; 2) método TrizolReagent (Invitrogen), composto por umtampão de isotiocianato de guanidina efenol. A solução foi misturada a 100 mgde extrato foliar e o RNA total foi pre-cipitado após a adição de clorofórmiopara a separação das fases. 3) métodode hidrocloreto de guanidina(LOGEMANN et al., 1987) com a adi-ção de quatro gotas de extrato de folhaem 200 µl de tampão hidrocloreto deguanidina a 8,0 M. O RNA total foi ex-traído com fenol/clorofórmio, precipi-tado com etanol, seguido de lavagenscom acetato de sódio a 3 M, pH 5,2, eetanol 70%. Após a secagem do preci-pitado nos três métodos, o RNA total foiressuspendido com 50 µl de água ealíquotas de 10 µl foram armazenadas a–20oC.

Síntese do cDNA e PCRPara a avaliação do método de ex-

tração, o RNA total foi submetido àtranscrição reversa utilizando-se MMLVreverse transcriptase (AmershamBiosciences). As combinações de 3-primer RT-PCR utilizados foram PVYO

anti-senso para transcrição reversa e osoligonucleotídeos PVYO anti-senso ePVYO senso para PCR (Tabela 2) deacordo com Singh et al. (1996) gerandoum produto amplificado de 479 pb. Nes-te experimento foram feitas doze repe-tições do método Weilguny e Singh(1998) de extração e cinco repetições decada um dos outros dois métodos.

Para o experimento de diferenciaçãodas estirpes de PVY, foram utilizadosos 28 isolados selecionados e controlesde PVYO BR e PVYNBR (Tabela 1). Nãose utilizou um controle positivo dePVYNTN devido à impossibilidade legalde importação de um isolado de PVYNTN

caracterizado no exterior. Para assegu-rar a confiabilidade do teste, todas asreações foram realizadas com o mesmolote de primers que foram utilizados dolaboratório do Dr. Rudra P. Singh(Potato Research Centre, Agricultureand Agri-Food, Canada). Três combina-ções de primers foram utilizadas nos

Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

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906 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

testes (Tabela 2): para a detecção de to-das as estirpes, a RT foi realizada com ooligonucleotídeo PY2 e PY1/PY2 paraPCR amplificando um fragmento deDNA de 1,3 Kb. Para a detecção da es-tirpe necrótica PVYN e da sua variantenecrótica PVYNTN foram usados osoligonucleotídeos 2A para RT e 2A/2Spara PCR (WEILGUNY; SINGH,1998), resultando em um fragmento de

394 pb; para a detecção somente da va-riante PVYNTN foram usados osoligonucleotídeos 1A para RT e 2A/2Spara PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998;SINGH et al, 1998). O tamanho espera-do do fragmento foi também de 394 pb(Tabela 2). Para cada reação de trans-crição reversa do RNA viral foi utiliza-do 2 µl de RNA total na concentraçãode 10 mg/µl juntamente com 2 µl de

tampão para transcrição reversa (5xAmersham), 0,75 µl de PBS-tween 1X,2 µl de dNTPs a 2,5 mM, 0,5 µl deprimer antisenso (0,1 mg/µl), 0,125 µlde inibidor de RNase (20 unidades/µl -Amersham) e 0,5 µl (100 unidades) deMaloney murine leukemia virus reversetranscriptase (USB) para um volume fi-nal de 10 µl. O RNA e o primer reversoforam previamente incubados a 65oC por

L. N. Fonseca et al.

1Estado, número do isolado e cidade brasileira de origem (Cidades de origem: Pe=Pelotas, Ca=Canoinhas, Cp=Campinas, Vg=VargemGrande do Sul, Ib=Ibiá, Pa=Pouso Alegre); PVYOBR e PVYNBR são isolados utilizados como controles positivos para as estirpes PVYO ePVYN respectivamente. Em algumas localidades, foram colhidos dois tubérculos de uma mesma planta, de modo que para distinguir umisolado do outro adicionou-se uma letra ao lado; 2Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/ PCR), seguidoda representação da estirpe amplificada (PVYNTN); 3Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/PCR), segui-do da representação da estirpe amplificada (PVYN e PVYNTN); 4Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/PCR), seguido da representação da estirpe a ser amplificada (PVY (PVYO, PVYN e PVYNTN); 5Resultado indicando a estirpe diagnosticada(PVYO, PVYN e PVYNTN ); O sinal (+) representa presença de banda no gel de eletroforese para a combinação dos oligonucleotídeos nasreações de RT, PCR e presença de necrose anelar nos tubérculos; O sinal (-) significa ausência de banda ou ausência de necrose anelar nostubérculos; 6Sintomas em Nicotiana tabacum mecância. NN : necrose de nervura ; MP : mancha perolada ; SS : sem sintomas.

Tabela 1. Diferenciação de isolados de PVY em de quatro estados brasileiros. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

Isolado/local¹

Sintomas de

anéis necróticos

em tubérculos

Sintomas em

Nicotiana

tabacum6

RT-PCR²* 1A/ 2A,

2S PVYNTN

RT-PCR³* 2A/ 2A,

2S PVYN/ PVYNTN

RT-PCR4* PY2/

PY1, PY2

PVYO/PVYN/

PVYNTN

Estirpe de PVY

detectada5

SC-01(Ca) - NN6 - + + PVYN

RS-03(Pe) - NN - + + PVYN

RS-06(Pe) - NN - + + PVYN

RS-07(Pe) - NN - + + PVYN

RS-08(Pe) - NN - + + PVYN

RS-09(Pe) - MP - - + PVYO

RS-09A(Pe) - MP - - + PVYO

SC-01A(Ca) - MP - - + PVYO

RS-05(Pe) - MP - - + PVYO

SC-02(Ca) + NN + + + PVYNTN

SC-02A(Ca) + NN + + + PVYNTN

SC-14(Ca) + NN + + + PVYNTN

SP-06(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-07(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-08(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-11(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-12(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-13(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-15(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-16(Vg) + NN + + + PVYNTN

SP-01(Cp) + NN + + + PVYNTN

SP-02(Cp) + NN + + + PVYNTN

MG-01(Ib) + NN + + + PVYNTN

MG-01(PA) + NN + + + PVYNTN

MG-02(PA) + NN + + + PVYNTN

MG-03(PA) + NN + + + PVYNTN

MG-04(PA) + NN + + + PVYNTN

MG-05(PA) + NN + + + PVYNTN

PVYOBR - MP - - + PVYO

PVYNBR - NN - + + PVYN

Planta sadia - SS - - - -

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907Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

5 minutos e subseqüentemente adicio-nados à mistura que foi incubada por 90minutos a 37oC para a síntese do cDNA.

Após a obtenção da fita de cDNA,2 µl da mesma foi adicionado a uma mis-tura contendo 2,5 µl de tampão comTris-HCl, pH 8,3 na concentração de 1,0mM, 5,32 mM de KCl e 1,6 mM deMgCl

2. Adicionou-se 1 µl de dNTPs (2,5

mM) 0,5 µl de cada primer na concen-tração de 0,1 µg e 0,125 µl de Taqpolimerase (1,7 unidades - Invitrogen)para um total de 25 µl de reação. A am-plificação ocorreu nas seguintes condi-ções: 95oC por 5 minutos, 30 ciclos comdesnaturação da fita dupla a 95oC,anelamento do primer de 55oC (combi-nação PY1/PY2) ou 63oC (combinação2A/2S) e extensão a 72oC, todos os pas-sos com duração de 1 minuto. O produ-to de amplificação por PCR foi aplica-do em gel de agarose e observado sobluz ultra-violeta após tratamento comsolução de 0,5 mg/ml de brometo deetídeo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sorologia e reação dos isolados dePVY em plantas indicadoras de N.tabacum

Vinte e oito isolados de PVY foraminoculados em N. tabacum para deter-minação da estirpe a que pertencem. Iso-lados caracterizados de PVY (PVYOBRe PVYNBR) foram utilizados como con-troles.

Os isolados SC-1A(Ca), RS-05(Pe),RS-08(Pe), RS-09(Pe), RS-09A(Pe) ePVYOBR causaram em plantas de N.tabacum Samsun e TNN clareamento denervuras a partir de cinco dias pósinoculação, avançando para manchasperoladas até 12 dias pós inoculação(Tabela 1). Estes sintomas são típicosda estirpe comum PVYO.

Os isolados RS-03(Pe), RS-06(Pe),RS-07(Pe), RS-08(Pe) PVYNBR, SC-01(Ca), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca), SP-06(Vg), SP-07(Vg), SP-08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP-02(Cp), SP-01(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA) e MG-05(PA) causaram necrosede nervuras até 12 dias pós inoculaçãoocorrendo perda foliar até 20 dias após

inoculação. Estes sintomas são causa-dos por estirpes necróticas de PVYN ouPVYNTN. Plantas inoculadas apenas comtampão permaneceram sem sintomas.

O teste DAS-Elisa realizado nasplantas inoculadas mostrou que todasestavam infectadas com PVY (dadosnão mostrados). Além disso, procedeu-se à inoculação mecânica de cada isola-do em Datura stramonium com a fina-lidade de verificar possíveis infecçõesmistas com outros vírus. Para todos osisolados avaliados, as plantas de D.stramonium não mostraram sintomas.

Escolha do método de extração deRNA total

Com a finalidade de otimizar o sis-tema de extração de RNA, três métodosforam avaliados: Trizol, hidrocloreto deguanidina e o proposto por Weilguny eSingh (1998). Seis isolados de PVY(RS-05, SC-14, SP-11, MG-01(Ib),PVYO e PVYN) foram selecionados paraesta avaliação. Os isolados foram mul-tiplicados em plantas de Nicotianatabacum Samsun para extração do RNAtotal. Após a extração do RNA total, oRNA foi submetido à transcrição reversacom o primer PVYO anti-senso e subse-qüentemente à PCR utilizando o con-junto de primers que amplifica a regiãodo genoma que codifica a capa protéica(PVYO anti-senso e PVYO senso) do ví-rus (Tabela 2).

A comparação da eficiência do mé-todo de extração foi feita individualmen-te pela avaliação do produto de PCR emgel de agarose (Figura 1). Em todas ascinco repetições realizadas, o método dehidrocloreto de guanidina e o Trizolapresentaram amplificações efetivas econsistentes (Figura 1). Entretanto, o

método de Weilguny e Singh (1998)apresentou em geral amplificaçõeserráticas e de baixa quantidade. Dozerepetições foram realizadas e o resulta-do manteve-se invariável. A partir des-se ponto, o método com o hidrocloretode guanidina foi considerado como pa-drão para os experimentos posteriores.

RT-PCR para diferenciação dasestirpes de PVYO, PVYN e a variantenecrótica PVYNTN

A inoculação mecânica de plantas defumo não é suficiente para permitir adistinção entre PVYN e PVYNTN. Com ointuito de se determinar a presença doPVYNTN no Brasil, avaliou-se o métodode 3-primer RT-PCR. O método foiadaptado para diferenciar as estirpesPVYO, PVYN e a variante PVYNTN.

A detecção universal de PVY foi rea-lizada com a combinação deoligonucleotídeo PY2 para RT e PY1 ePY2 para PCR. Amplificação de todosos isolados foi confirmada com a pre-sença do fragmento de DNA de 1,3 kbno gel de agarose (Tabela 1, Figura 2).Este resultado demonstrou que as plan-tas estavam de fato infectadas com PVY.

A utilização do oligonucleotídeo 2Apara RT e 2A e 2S para PCR resultou naamplificação do DNA (394 pb) de 25isolados (Tabela 1, Figura 2). Isso indi-cou que os isolados SC-01(Ca), RS-03(Pe), RS-06(Pe), RS-07(Pe), RS-08(Pe), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca), SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP-01(Cp), SP-02(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA), MG-05(PA) e PVYNBR, perten-cem às estirpes PVYN ou PVYNTN.

Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

P1= proteína P1; NIb= Nuclear Inclusion body; 3’ UTR = região 3’ não traduzida; CP = capaprotéica;. 1Localização em relação ao genoma de PVY, acesso U09509; 2Região genômicade anelamento do primer; Sítio de restrição BamHI encontra-se sublinhado.

Tabela 2. Seqüências dos primers utilizados e sua localização no genoma viral de PVY.Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

Primers Localização¹ (nt) Proteína²

1A- Antisenso 5'-GGTTGACATAATTTTGCTT - 3' 669-652 P1

2A- Antisenso 5'- GCGTGCGATATGTTTTTGC - 3' 607-589 P1

2S- Senso 5'- CAGATTGGTTCCATTGAATGC - 3' 214-234 P1

PY1- Senso 5'-CCCGGATCCGTCTCCTGATTGAAG - 3' 8362- 8377 NIb

PY2- Antisenso 5'- GGGGGATCCAAATCAGGAGATTC -3' 9704 -9691 3' UTR

PVYO Senso 5'-TGGTGTTCGTGATGTGACCT- 3' 8717- 8736 CP

PVYO- Antisenso 5'-ACGTCCAAAATGAGAATGCC-3' 9196 -9177 CP

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O grupo dos isolados necróticos pos-sivelmente continham isolados dePVYNTN devido à observação de sinto-mas no tubérculo original (Tabela 1).Para a detecção do PVYNTN combinou-se o oligonucleotídeo 1A para RT e 2Ae 2S para PCR conforme descrito porWeilguny e Singh (1998). A reação érealizada a alta temperatura deanelamento (630C), que é necessáriapara uma correta diferenciação(WEILGUNY; SINGH, 1998). De umtotal de 25 isolados necróticos, 19 exi-biram amplificação específica de DNA:SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca),SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP-01(Cp), SP-02(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA), MG-

05(PA). Estas 19 amostras foram isola-das de tubérculos de batata exibindo sin-tomas de anéis e arcos necróticos na suasuperfície. Não houve amplificação deDNA dos demais isolados necróticos ecomuns (Tabela 1).

Até a década de 80, o vírus de bata-ta considerado mais importante no Bra-sil era o Potato leafroll virus (PLRV).Este quadro modificou-se no final dadécada de 90 com o surgimento de umanova variante necrótica de PVY, oPVYNTN (FIGUEIRA; PINTO, 1995;SOUZA-DIAS, 2001; SOUZA-DIAS,2004).

A primeira notificação oficial dapossível ocorrência da variante PVYNTN

no Brasil foi feita em 1997 pelo Dr. JoséA.C. de Souza Dias ao Ministério daAgricultura Pecuária e Abastecimento.

L. N. Fonseca et al.

Figura 1. Teste do método de extração de RNA total. Nas colunas 1 a 8 (A) foi utilizado ométodo de extração de RNA total proposto por Weilguny & Singh (1998). Nas colunas 9 a16 (B) foi utilizado o método Trizol e nas colunas 1 a 12 (C), foi utilizado o método dohidrocloreto de guanidina. Foram utilizadas as mesmas amostras para os três métodos. Nascolunas 1A, 2A, 9B, 10 B, 1C e 2C, foram utilizadas plantas sadias; colunas 3A, 11B e 3C:amostra RS-05 (Pe);colunas 4A, 12B e 4C: isolado SC-14 (Pe); colunas 5A, 13B e 5C: SP-11 (Vg); colunas 6A, 14B e 6C: isolado MG-01 (Ib); colunas 7A, 15B, e 7C: isolado PVYNBR;e colunas 8A, 16B, e 8C: isolado PVYOBR. A combinação de primers utilizada foi PVYO

antisenso/ PVYO senso e antisenso para RT-PCR, respectivamente. A coluna 9C refere-se aobranco da RT e a 10C refere-se ao controle positivo da RT (isolado SP-16(Vg)), colunas 11Ce 12C são os controles negativo e positivo (isolado SP-16(Vg) da PCR. O tamanho da bandaesperada foi de 479pb (indicado pelas setas). Foi utilizado como marcador de peso molecular,o 1Kb Ladder (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

Para exemplificar a ameaça desta novavariante necrótica, em 1998, naEslovênia, um surto epidêmico dePVYNTN infectou a quase totalidade dasbatatas da cultivar Igor (WEILGUNY;SINGH, 1998).

O sistema de diferenciação de estir-pes de PVY pelo método 3-primer RT-PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998)explora a característica de alta variabi-lidade da proteína P1. Este estudo com-parou isolados eslovênios de PVYNTN enorte americanos de PVYN e PVYC. Tes-tes biológicos e sorológicos utilizandoanticorpos policlonais e monoclonaisnão permitiram a diferenciação das es-tirpes/variantes necróticas. Contudo,utilizando o sistema 3-primer RT-PCRfoi possível diferenciar o PVYNTN denove isolados de PVYN, 13 isolados dePVYO, um isolado de PVYC além de seisvírus e um viróide que comumente ocor-rem na batata. Em condições brasilei-ras, resultados similares foram obtidosatravés da combinação do 3-primer RT-PCR com DAS-Elisa e/ou PCR univer-sal. O sistema mostrou-se efetivo paradiferenciar as duas estirpes PVYO ePVYN e a variante necrótica PVYNTN em28 isolados de PVY originários de dis-tintos estados produtores de batata doBrasil (Tabela 1). Entretanto, a substi-tuição do método de extração de RNAtotal como proposto por Weilguny eSingh (1998) pelo método dehidrocloreto de guanidina(LOGEMANN et al. 1987) foi essen-cial para a reprodutibilidade econfiabilidade dos resultados.

Vale ressaltar que o sistema foi tes-tado com folhas infectadas de fumo enão foram feitos ensaios com folhas etubérculos de batata. A presença de ar-cos ou anéis superficiais nos tubérculosé indicativo da presença da variantenecrótica PVYNTN, porém o vírus podeestar presente em tubérculosassintomáticos. Sob condições de casa-de-vegetação, progênie de tubérculosobtidos a partir de tubérculos-mãe comsintomas de anéis quase sempre sãoassintomáticos (dados não mostrados).Segundo Le Romancer e Bedekkec(1997), a presença de anéis nos tubér-culos está em função do genótipo debatata, virulência do isolado e condiçõesambientais e de armazenamento dos tu-bérculos.

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909Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

Outros sistemas também têm sidotestados para diferenciação de espéciesvirais e estirpes ou variantes de PVYcomo métodos de análise de restrição(GLAIS et al., 1996, ROSNER;MASLENIN, 1999) e o sistema de RT-PCR multiplex (KLERKS et al., 2001,NIE; SINGH, 2002). Todavia esses sis-temas precisam ser avaliados em con-dições brasileiras.

Um outro fator peculiar ao sistema3-primer RT-PCR é que, diferentemen-te do sistema taxonômico de diferencia-ção de espécies virais proposto porShukla et al. (1994), que preconiza o usoda similaridade da seqüência deaminoácidos da capa protéica para dis-tinção das espécies virais, o sistema 3-primer RT-PCR utiliza a proteína P1para a distinção de estirpes ou variantesdentro da espécie PVY (WEILGUNY;SINGH 1998).

Foi possível verificar a detecção davariante necrótica de PVYN e PVYNTN

em três dos quatro estados brasileirospesquisados (MG, SP e SC) porém, issonão significa que o mesmo não estejapresente em outros estados produtoresno Brasil. O trabalho de Souza-Dias et.al. (2004) confirma a presença da va-riante PVYNTN nos estados de MG, SP eacrescenta outros estados como GO eBA. As estirpes PVYO e PVYN têm sidorotineiramente detectadas em todos osestados brasileiros (FIGUEIRA etal.,1996). Um estudo realizado porMoraes (1997) relatou uma maior inci-dência da estirpe necrótica PVYN (83%)em relação à estirpe comum PVYO

(16,4%) nos estados de MG, SP e SC. Osistema 3-primer RT-PCR com as mo-dificações propostas, demonstrou boacapacidade de distinção das estirpes ouvariantes de PVY no Brasil. O mesmopossui vantagens como, menos onerosoe razoável rapidez na execução. Estametodologia possui um excelente poten-cial para ser adotada para o estudo dadetecção e abrangência de PVYNTN noBrasil. Ações futuras serão realizadasem nível principalmente de detecção deestirpes de PVY a partir de folhas e tu-bérculos de batata.

LITERATURA CITADA

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Figura 2. Gel demonstrativo do teste de diferenciação de estirpes em agarose 2%. A combina-ção de primer utilizada para A, foi PY2/ PY1, PY2 (RT/ PCR). A combinação dos primers emB, foi 2A/ 2A, 2S (RT-PCR). A combinação dos primers em C foi 1A/ 2A, 2S (RT/ PCR).Colunas 1A, 1B e 1C, representam as amostras sadias (controles negativos). Colunas 2, 3, e 4(A, B, C) são isolados de PVYO: PVYOBR, SC-01 (Ca) e RS-05 (Pe) respectivamente.Colunas 5 e 6 (A, B e C) são estirpes de PVYN, dos isolados: RS-03 (Pe) e PVYNBR. Colunas7, 8 e 9 são estirpes de PVYNTN dos isolados SC-14 (Ca), MG-01 (Ib) e SP-11 (Vg). Colunas11A, 10B e 10C representam os brancos da RT. As colunas 10A, 11B e 11C representam oscontroles positivos da RT [isolado SP-16(Vg)]. Colunas 13A, 12B e 12C representam os bran-cos da PCR. Coluna 12A, 13B e 13C representam os controles positivos da PCR [isolado SP-16(Vg)]. A seta em A indica fragmento amplificado de 1,3 Kbp e em B e C, de 394 pb. Todasas amostras testadas estão representadas na tabela 2. Foi utilizado como marcador de pesomolecular, o 1Kb plus (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

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A batata-doce (Ipomoea batatas (L.)Lam.) é a única espécie da família

Concolvulaceae cultivada para fins ali-mentícios. Outras espécies da mesmafamília, no entanto, são cultivadas parafins ornamentais na Ásia, África e Aus-trália (HALL; PHATAK, 1993).

No Brasil, a batata-doce é uma cul-tura antiga, bastante disseminada e deforma geral, cultivada, principalmente,por pequenos produtores rurais, em sis-temas agrícolas com reduzida entrada deinsumos (SOUZA, 2000).

Segundo Figueiredo (1995), em vir-tude dessa hortaliça apresentar elevadarusticidade e amplo espectro depotencialidade de uso, a batata-doceapresenta-se como espécie de interesseeconômico, principalmente, para paísesem desenvolvimento e com escassez dealimentos para a população.

O potencial de produção da batata-doce é alto, por ser uma das plantas commaior capacidade de produzir energia

CARDOSO, A.D.; VIANA, A.E.S.; RAMOS, P.A.S.; MATSUMOTO, S.N.; AMARAL, C.L.F.; SEDIYAMA, T.; MORAIS, O.M. Avaliação de clones debatata-doce em Vitória da Conquista Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.911-914, out-dez 2005.

Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da ConquistaAdriana D. Cardoso1; Anselmo Eloy S. Viana1; Paula Acácia S. Ramos2; Sylvana N. Matsumoto1; CláudioLúcio F. Amaral1; Tocio Sediyama3; Otoniel M. Morais1

1Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Depto. Fitotecnia e Zootecnia, C. Postal 95, 45083-900 Vitória da Conquista–BA;3Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa-MG; 2Bolsista PIBIC/CNPq; E-mail: [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

por unidade de área e tempo (Kcal/ha/dia). As ramas e raízes tuberosas sãolargamente utilizadas na alimentaçãohumana, animal e como matéria-primanas indústrias de alimento, tecido, pa-pel, cosmético, preparação de adesivose álcool carburante. Seu consumo percapita é bastante variado, desde 2 kg/hab/ano, nos Estados Unidos a 114 kg/hab/ano no Burundi (CIP, 2001).

O Brasil ocupa o décimo lugar naprodução de batata-doce, produzindo emtorno de 498.046 t/ano, com área plan-tada de 43.959 ha e produtividade mé-dia de 11,5 t/ha (IBGE, 2002). Dentreos motivos para essa baixa produtivida-de destacam-se o uso de variedades pou-co produtivas e o baixo níveltecnológico empregado (CNPH, 2001).O cultivo relativamente simples e pou-co dispendioso, torna-a uma hortaliçamuito popular e bastante consumida.

A região Sul é a maior produtora debatata-doce, com cerca de 251.219 t/ano,

seguida da região Nordeste, com pro-dução média de 158.474 t/ano. O Esta-do da Bahia produz 19.072 t/ano, sendoque apenas 108 t são produzidas nomunicípio de Vitória da Conquista(IBGE, 2002).

Segundo Murilo (1990), a batata-doce é a quarta hortaliça maisconsumida pela população brasileira,com média de 3,6 kg/hab/ano, superadaapenas pela batata, tomate e abóbora.Conforme Miranda et al. (1989), nasregiões Sul e Nordeste, o consumo mé-dio é estimado em cerca de 5,6 e 6,8 kg,respectivamente.

A batata-doce é excelente fonte denutrientes e de energia devido aos teo-res de carboidratos, açúcares, sais mi-nerais, vitaminas A, C e complexo B.Além disso, contém também grandequantidade de metionina, que é um dosaminoácidos essenciais para o bem es-tar dos seres humanos (MIRANDA etal., 1989).

RESUMOClones de batata-doce foram avaliados em Vitória da Conquis-

ta, em experimento, composto por 16 clones oriundos de Janaúba(MG), de Viçosa (MG), Bom Jardim de Minas (MG), Gurupi (TO),Santo Antônio da Platina (PR), Holambra II (SP), Vitória da Con-quista (BA) e Condeúba (BA). Os clones avaliados foram: 1; 2; 7; 9;14; 15; 17; 19; 23; 25; 29; 30; 36; 38; 44 e 100. Utilizou-se o deli-neamento em blocos casualizados, com 16 tratamentos e 3 repeti-ções. Foram avaliadas as características das raízes tuberosas: produ-tividade total, peso médio total, produtividade comercial, peso mé-dio comercial, comprimento, diâmetro e formato. Ainda avaliou-se:resistência a insetos de solo e peso de ramas. Os dados foram sub-metidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste deScott–Knott a 5% de probabilidade. Os clones 1; 7; 25; 29 e 38destacaram-se em produtividade de raízes tuberosas e os clones 1;2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 em peso de ramas. Os clones 1; 25 e 36apresentaram melhor comportamento para o comprimento de raízestuberosas.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, produtividade, formato de raiz,insetos de solo.

ABSTRACTEvaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista

Sweet potato clones were evaluated in Vitória da Conquista,Bahia State, Brazil. Sixteen clones (1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 25;29; 30; 36; 38; 44 and 100), originating from Janaúba, Viçosa, BomJardim de Minas, Gurupi, Santo Antônio da Platina, Holambra II,Vitória da Conquista and Condeúba were analyzed. Random plotswere utilized with 16 treatments and three repetitions. The followingcharacteristics were evaluated: total root yield, average root weight;commercial root yield; average commercial root weight; length,diameter and form of the roots; resistance to soil insects and branchweight. The data were submitted to variance analysis and Scott–Knott test with 5% probability. Clones 1; 7; 25; 29 and 38 stood outin root yield and the clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 and 36 stood out inbranch weight. Clones 1; 25 and 36 presented the best resultsconcerning the length of roots.

Keywords: Ipomoea batatas, yield, root shape, soil insects.

(Recebido para publicação em 27 de outubro de 2004 e aceito em 9 de maio de 2005)

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A batata-doce apresenta grande diver-sidade fenotípica e genotípica. A maio-ria dos produtores utiliza variedades re-gionais, sendo que grande parte delas épouco produtiva e suscetível a pragas edoenças (MIRANDA et al., 1984).

A base do melhoramento de umacultura está em sua variabilidade gené-tica, ou seja, na diversidade de respostaàs melhores práticas agronômicas, re-sistência a pragas e doenças, tolerânciaà seca e muitas outras características. Autilização eficiente dessa variabilidadedepende, em primeiro lugar, de umacoleção bem mantida e significativa dasvariações intra e interespecífica dispo-níveis; em segundo lugar, de uma com-pleta avaliação dos caracteres de cadaacesso; em terceiro lugar, de um pro-grama de ensaios avançados avaliandoos melhores materiais sob condiçõesrepresentativas e de um programa dehibridação para combinar as caracterís-ticas de genótipos distintos (HERSEY;AMAYA, 1982).

Apesar da importância da batata-doce no Brasil, são poucos os trabalhosde pesquisa visando selecionar e indi-car cultivares para as diferentes regiõesdo país, sendo este um dos principaisproblemas enfrentados pelos produtores(CNPH, 1995). Existe no Brasil um nú-mero elevado de cultivares, com enor-me diversidade genética entre elas.Como praticamente em todos os muni-cípios brasileiros existem cultivares lo-cais, é comum encontrar uma mesmacultivar com nomes diferentes ou dife-rentes cultivares com o mesmo nome.

Segundo Silveira (1993) e Jones etal. (1986), o Brasil possui um vastogermoplasma de batata-doce, mantidopor pequenos agricultores, comunidadesindígenas e, até mesmo, em hortas do-mésticas que pode ser avaliado, selecio-nando-se os mais adequados.

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar características agronômi-cas de clones de batata-doce provenien-tes de diferentes locais cultivados emVitória da Conquista.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emárea experimental da Universidade Es-tadual do Sudoeste da Bahia, em Vitó-

ria da Conquista (BA), a 14º53’51" lati-tude sul e 40º48’23" longitude oeste, àaltitude média de 900m. A precipitaçãomédia anual está em torno de 700 a 1200mm/ano. O solo da área experimentalfoi classificado como CambissoloHáplico Tb, Distrófico, com texturamédia, topografia suavemente ondula-da e plana e boa drenagem.

Foram utilizados clones de batata-doce, provenientes do Banco deGermoplasma da EPAMIG e da UFV ecoletados junto a agricultores da região.Os clones são citados e classificadospelo local de origem, segundo Oliveira(2002): Clones 1; 2; 7; 9; 14; 15 e 17 deJanaúba (MG); Clone 19 de Viçosa(MG); Clones 23 e 25 de Bom Jardimde Minas (MG); Clones 29 e 30 deGurupi (TO); Clone 36 de Santo Antô-nio da Platina do (PR); Clone 38 deHolambra II (SP); Clone 44 de Vitóriada Conquista (BA) e Clone 100 deCondeúba BA).

O preparo do solo foi feito como re-comendado para a cultura da batata-doce. O solo foi arado, gradeado e, emseguida, enleirado. Não foram feitascalagem e adubação, objetivando simu-lar ambiente que prevalece nas áreas decultivo dessa cultura nas pequenas emédias propriedades agrícolas da região.

As ramas foram selecionadas, padro-nizadas e cortadas com 50 cm de com-primento antes do plantio. Por ocasiãodo plantio (23/03/2003) utilizou-seleiras, com 30 cm de altura eespaçamento de 1,5 m x 0,25 m. Nodecorrer do experimento, os tratos cul-turais foram restritos às capinas e irri-gações, feitos sempre que necessário.

O delineamento experimental utili-zado foi em blocos casualizados, com16 tratamentos (clones) e três repetições,sendo a parcela experimental compostapor 6 plantas úteis.

Após a colheita, feita em outubro de2003, foram avaliadas as característicasa) Produtividade de raízes tuberosas,obtida pela pesagem de todas as raízestuberosas da parcela; b) Peso médio dasraízes tuberosas obtido pela divisão daprodução total de raiz tuberosa pelo nú-mero total de raízes tuberosas da parce-la; c) Produtividade comercial selecio-nando-se todas as raízes tuberosas compeso >80 g da parcela; d) Peso médio

das raízes comerciáveis obtido pela di-visão da produção comercial pelo nú-mero total de raízes comerciáveis daparcela; e) Peso de ramas frescas obti-do pela pesagem de toda parte aérea daparcela; f) Comprimento de raízestuberosas medindo-se individualmenteo seu comprimento com o auxílio deuma régua; g) Diâmetro de raízestuberosas determinado na porção cen-tral da raiz com auxílio de umpaquímetro; h) Formato de raízestuberosas determinado por meio de umaescala de notas estabelecida por Françaet al. (1983), citados por Azevedo et al.(2000), sendo a nota 1 atribuída pararaízes com formato fusiforme, regular,sem veias ou qualquer rachaduras; nota2 para raízes com formato consideradobom, próximo de fusiforme, com algu-mas veias; nota 3 para raízes com for-mato desuniforme, com veias e bastanteirregular; nota 4 para raízes muito gran-des, com veias e rachaduras (indesejávelcomercialmente) e nota 5 para raízes to-talmente fora dos padrões comerciais,muito irregulares e deformadas, commuitas veias e rachaduras. A atribuiçãodas notas foi feita em raízes comerciáveis,tomadas ao acaso em cada parcela; i)Danos causados por insetos de solo utili-zando-se escala de notas estabelecida porFrança et al. (1983) citados por Azevedoet al. (2000), sendo a nota 1 atribuída pararaízes livres de danos, com aspecto co-mercial desejável; nota 2 para raízes compoucos danos, perdendo um pouco comrelação ao aspecto comercial (presençade algumas galerias e furos nas raízes);nota 3 para raízes com danos verifica-dos sem muito esforço visual (presençade galerias e furos nas raízes em maiorintensidade), com aspecto comercialprejudicado; nota 4 para raízes commuitos danos, praticamenteimprestáveis para comercialização (pre-sença de muitas galerias, furos e iníciode apodrecimento) e nota 5 para raízestotalmente imprestáveis para fins comer-ciais (repletas de galerias, furos e apo-drecimento mais avançado).

A análise estatística foi realizada uti-lizando-se o programa SAEG, versão8.0, procedendo-se à análise de variân-cia e, posteriormente, as médias dos tra-tamentos foram agrupadas através doteste de Scott-Knott (1974), a 5% deprobabilidade.

A. D. Cardoso et al.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a produtividade de raízestuberosas, foi possível separar os clonesavaliados em 2 grupos (Tabela 1). Oprimeiro composto pelos clones 1; 7; 25;29 e 38, apresentou a maior produtivi-dade que o segundo grupo compostopelos clones 2; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 30;36; 44 e 100. Somente quatro clones (14;19; 30 e 44) apresentaram produtivida-de inferior à média nacional que é de8,7 t ha-1 (EMBRAPA, 2003). Azevedoet al. (2000) avaliando o desempenhode clones de batata-doce verificaramprodução total máxima de 33,5 t ha-1 como clone 92762 e mínima com 8,2 t ha-1como clone 92676.

O valor obtido para peso médio dasraízes tuberosas variou de 91 a 212,7 gsem diferença entre os clones.

Pode-se constatar que os clones 1;2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 destacaram-seapresentando maior peso de ramas, comvalor máximo de 14,1 t ha-1 (Tabela 1).Os clones 14; 15; 19; 23; 30; 38; 44 e100 apresentaram os mais baixos valo-res de peso de ramas.

Não houve diferença estatística en-tre os clones avaliados para peso médiode raízes comerciáveis, sendo que osdados obtidos variaram de 102 a 286 g.Azevedo et al. (2000) avaliando clonesde batata-doce também não encontraramdiferença significativa entre clones paraesta característica.

Na Tabela 1, observou-se que osclones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29; 36 e 38apresentaram maior produtividade co-mercial, com valor máximo de 21,3 t ha-1.Peixoto et al. (1999) avaliando clonesde batata-doce em Uberlândia, encon-traram produtividade variando entre28,0 t ha-1 e 0,7 t ha-1. O clone 1, oriun-do de Janaúba (MG), foi o que mais seaproximou do valor encontrado por es-ses autores, com produtividade comer-cial de 21,2 t ha-1.

Houve diferença significativa entreos clones para a característica compri-mento de raízes tuberosas, sendo osclones 1; 36 e 25 os que apresentarammaiores valores, com 20,69 cm, 18,85cm e 17,03 cm de comprimento, respec-tivamente (Tabela 1). Figueiredo (1993)

obteve valores próximos nas cultivaresPaulista e Uberlândia, com 21,5 cm e18,0 cm, respectivamente. Os demaisclones analisados apresentaram compor-tamento inferior em relação a esta ca-racterística.

Não houve diferença significativapara formato de raiz tuberosa entre osclones avaliados. Todos os clones apre-sentaram nota de formato de raiz infe-rior a 3,0, variando de 1,63 a 2,27. Se-gundo Azevedo et al. (2000), os clonesque mais se aproximaram do formatoideal fusiforme (menores notas) são osmais promissores, pois o formato é con-siderado uma importante característicacomercial da batata-doce. Peixoto et al.(1999) encontraram formato de clonespróximos ao ideal, mas também diver-sos clones com nota superior a 3,0. As-sim, os clones analisados em Vitória daConquista apresentaram bom desempe-nho em relação a essa característica, sen-do considerados bastante promissores.

Não foi encontrada diferença signi-ficativa entre os clones avaliados paradiâmetro de raízes tuberosa, que varioude 2,98 a 5,63 cm. A média geral doexperimento foi de 4,36 cm. Figueiredo(1993) encontrou valores médios de diâ-metro de 5,3 cm na cultivar Paulista e

4,8 cm na cultivar Uberlândia, valoresestes também próximos à média de diâ-metro encontrado neste trabalho. Segun-do Miranda et al. (1995), as raízestuberosas de batata-doce de melhor clas-sificação (extra A) devem apresentardiâmetro entre 5 e 8 cm e comprimentovariando entre 12 e 16 cm.

Não houve diferença significativaentre os clones em relação à resistênciaaos insetos de solo. Os clones 25; 29; 36;38; 44 e 100 apresentaram notas inferio-res a 2,0, com alta ou moderada resistên-cia a insetos de solo. Os clones 1; 2; 7; 9;14; 15; 17; 19; 23 e 30 alcançaram notasentre 2,0 e 2,6, sendo estes clones os maisresistentes a danos causados pelos inse-tos, em relação aos demais.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Universida-de Estadual do Sudoeste da Bahia e àCoordenação de Aperfeiçoamento doPessoal de Nível Superior (CAPES).

LITERATURA CITADA

AZEVEDO, S.M.; FREITAS, J.A.; MALUF, W.R.;SILVEIRA, M.A. Desempenho de clones e méto-dos de plantio de batata-doce. Acta Scientiarum,v.22, n.4, p.901-905, 2000.

Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista

*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Scott-Knott.

Clone PRT (t ha-1) PR (t ha-1) PC (t ha-1) CRT (cm)

1 (Janaúba - MG) 28,5 a 14,1 a 21,3 a 20,69 a

7 (Janaúba - MG) 23,9 a 8,6 a 11,0 a 17,03 a

25 (Bom Jardim de Minas - MG) 27,7 a 10,5 a 17,1 a 18,85 a

29 (Gurupi - TO) 23,2 a 9,9 a 12,3 a 15,00 b

38 (Holambra II - SP) 20,2 a 3,4 b 11,5 a 15,05 b

2 (Janaúba - MG) 13,5 b 6,7 a 19,4 a 16,17 b

9 (Janaúba - MG) 16,7 b 6,3 a 19,2 a 13,47 b

14 (Janaúba - MG) 4,1 b 2,1 b 11,6 a 15,43 b

15 (Janaúba - MG) 12,2 b 4,1 b 13,5 a 13,56 b

17 (Janaúba - MG) 15,4 b 7,5 a 2,9 b 14,72 b

19 (Viçosa - MG) 7,5 b 2,8 b 6,0 b 15,19 b

23 (Bom Jardim de Minas - MG) 8,8 b 3,0 b 4,6 b 15,40 b

30 (Gurupi - TO) 7,8 b 2,6 b 5,9 b 12,31 b

36 (St. Antônio de Platina - PR) 15,7 b 11,5 a 5,5 b 15,22 b

44 (Vitória da Conquista - BA) 8,4 b 1,4 b 4,4 b 13,64 b

100 (Condeúba - BA) 9,9 b 2,6 b 7,0 b 13,18 b

C.V. (%) 46,64 52,72 59,02 13,92

Tabela 1. Médias de produtividade de raízes tuberosas (PRT), peso de ramas (PR), produti-vidade comercial (PC) e comprimento das raízes tuberosas (CRT) em clones de batata-doce,2004. Vitória da Conquista, UESB, 2004.

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915Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Alguns fungos dos gênerosAspergillus, Fusarium e

Penicillium podem causar problemas noconsumo de grãos de amendoim, tantoin natura ou quando submetidos à ex-tração de óleos, diminuindo o valornutricional e podendo produzirmicotoxinas, dentre elas as aflatoxinas,sintetizadas principalmente por fungosdo grupo Aspergillus flavus e que apre-sentam potencial para causar doençasem animais e em seres humanos(ANGLE et al., 1982; DHINGRA;COELHO NETO, 1998) .

Em amendoim, a prevenção da con-taminação com aflatoxina tem sido ob-tida com uso de cultivares resistentes(BASHRA et al., 1994), com a adoçãode algumas práticas que controlam acolonização de fungos com potencialaflatoxigênico, tais como calagem(ROSSETTO et al., 2003), secagem(FERNANDEZ et al., 1997) e escolha

VIEGAS, E.C.; SOARES, A.; CARMO, M.G.F.; ROSSETTO, C.A.V. Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupoAspergillus flavus. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.915-919, out-dez 2005.

Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos dogrupo Aspergillus flavus1

Elson de C. Viegas; Andréa Soares; Margarida Gorete F. do Carmo; Claudia Antonia V. RossettoUFRRJ, Depto. Fitotecnia, C. Postal 74511, 23890-000 Seropédica-RJ; E-mail: [email protected]

do tipo de solo (ANGLE et al., 1982)ou que interferem na biossíntese deaflatoxina (REDING; HARRINSON,1994), e com procedimentos para a re-moção dos grãos contaminados combase em cor e flutuação (DICKENS;WHITAKER, 1975), ou ainda utilizan-do peróxido de hidrogênio (CLAVEROet al., 1993).

O potencial para controle pós-co-lheita de fungos do grupo Aspergillusflavus tem sido demonstrado empregan-do-se produtos com propriedadesfungitóxicas, principalmente o benomyl(MAEDA et al., 1995; VANZOLINI etal., 2000). A literatura também relata aação de extratos de alho (Allium sativumL.) (BILGRAMI et al. 1992) e de óleosessenciais de capim limão(Cymbopogon citratus Stapf) a 3000ppm em meio BDA (MISHRA;DUKEY, 1994), de manjericão(Ocimum basilicum L.) a 6,0 ml L-1 em

meio Czapek-dox ágar (DUBE et al.,1989), de sementes de cenoura (Daucuscarota L.) a 3000 ppm (DWIVEDI etal., 1991) e de rizomas de Nardostachysjatamansi DC a 1000 ppm em Czapek-dox agar, como eficientes no controlede A.flavus. Além destes, Mahmoud(1994) observou que citral, citronela eulgenol impediram o crescimento de A.flavus e a produção de aflatoxina até osoito dias de incubação. Entretanto, após15 dias, houve incremento da produçãode toxinas.

Em relação a outros fungos, Mishrae Dubey (1994) constataram atividadefungitóxica do óleo essencial de capimlimão a 1500 ppm em meio BDA sobrefungos dos gêneros Penicillium, Alter-naria, Fusarium e Botrytis. Mishra etal. (1995) verificaram que Fusariumoxysporum apresentou inibição de seucrescimento micelial quando submeti-do ao óleo essencial de rizomas de

1Parte da Tese de Doutorado apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

RESUMODiante da propriedade inibitória de óleos essenciais vegetais

sobre o desenvolvimento micelial de fungos e da importância dasespécies do grupo Aspergillus flavus, que apresentam potencial parasíntese de aflatoxina, este trabalho teve como objetivo avaliar invitro a toxicidade de óleos essenciais vegetais contra fungos do gru-po A. flavus, isolados a partir da cultura do amendoim. Inicialmente,foi avaliada a toxicidade de oito óleos essenciais vegetais no desen-volvimento micelial de dois isolados do grupo A. flavus, em compa-ração ao fungicida sintético benomyl. Em seguida, foi avaliada atoxicidade dos óleos de casca de canela (Cinnamomum zeilanicumBreym.) e de bulbilho de alho (Allium sativum L.) contra 37 isola-dos do grupo A. flavus, durante 12 meses. A maior inibição do de-senvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o emprego dosóleos essenciais de casca de canela e de bulbilho de alho, e o efeitoinibitório variou com o isolado testado.

Palavras-chave: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativumL., Arachis hypogaea L.

ABSTRACTEvaluation of essential oils from Allium sativum and

Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of theAspergillus flavus group

Considering the inhibitory property of essential plant oils on themycelial development of fungi, and the importance of Aspergillusflavus-like fungi which may produce aflatoxins, this research wasdesigned to evaluate the toxicity of essential oils against fungibelonging to the group A. flavus isolated from peanut crops. Thetoxicity of eight essential oils against two isolates of A. Flavus–likefungi was evaluated in comparison to the synthetic fungicidebenomyl. The toxicity of Cinnamomum zeilanicum Breym. andAllium sativum L. essential oils was also evaluated against 37 fungalisolates for a period of 12 months. The highest inhibition of themycelial development of A. flavus was obtained with cinnamon andgarlic essential oils. The inhibitory effect on growth was variableaccording to the fungal isolate.

Keywords: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum L.,Arachis hypogaea L.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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Nardostachys jatamansi na concentra-ção de 1000 ppm em meio Czapek-doxágar.

O objetivo deste trabalho foi avaliarin vitro a toxicidade de óleos essenciaisvegetais contra fungos do grupo A.flavus isolados a partir da cultura doamendoim.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosem laboratórios da UFRRJ em 2003,empregando óleos essenciais de diver-sas plantas, solubilizados em dimetilsulfóxido (DMSO) e em metanol(MeOH), que foram fornecidos pelaEMBRAPA/CTAA, após extração pelométodo do arraste do vapor,(LANGANAU, 1979) e armazenadosem congelador, no período de 1986 a2001.

Para avaliar a toxicidade dos óleosessenciais no desenvolvimento de fun-gos do grupo Aspergillus flavus, foi uti-lizado o método da escavação em pla-cas de Petri (MORAIS, 2000) contendomeio BDA (DHINGRA; SINCLAIR,1995). Primeiramente, foram seleciona-dos dois isolados de fungos do grupo A.flavus (T52 e T63), obtidos de semen-tes de amendoim, no cultivo da seca de2001, e que estavam armazenados emóleo mineral por seis meses em câmarafria. Para o preparo do inóculo, estesisolados foram incubados em meio BDAa 20°C por sete dias e fotoperíodo de 12horas. Em seguida foram feitas suspen-sões de conídios em água esterilizada ea concentração ajustada para 107

conídios ml-1, com auxílio dehemacitômetro, conforme testes preli-minares.

Foi utilizado o delineamento intei-ramente casualizado, com três repeti-ções, empregando-se 10 tratamentos,sendo 8 óleos essenciais na dosagem de2,0 mg ml-1 de solvente, e duas teste-munhas, o solvente DMSO na dosagemde 1,0 mg ml-1 de metanol e benomyl nadosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água des-tilada. As dosagens dos óleos essenci-ais e do fungicida foram selecionadasem testes preliminares. Assim, para cadaum dos dois isolados do fungo, foi adi-cionado 0,1 ml de suspensão de conídiosem cada placa de Petri contendo meio

BDA. Em seguida foram realizados trêsorifícios de 7 mm com auxílio de cilin-dro de cobre. Nestes orifícios foramaplicados com auxílio de pipeta auto-mática o óleo essencial, o solvente ou ofungicida sintético, conforme o trata-mento. A incubação foi realizada a 20oCe fotoperíodo de 12 horas por sete dias.Após este período a avaliação foi reali-zada com a medição do diâmetro doshalos de inibição.

Para confirmar os resultados foi re-petido o experimento anterior, porémapenas com o isolado T52. Adotou-se odelineamento experimental inteiramentecasualizado com três repetições, empre-gando-se seis tratamentos, sendo qua-tro óleos essenciais na dosagem de 2,0mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas,o solvente DMSO na dosagem de 1,0mg ml-1 de metanol e benomyl na dosa-gem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destila-da. A ação dos tratamentos sobre o iso-lado T52 foi avaliada após incubação a20oC e fotoperíodo de 12 horas por setedias. Os demais procedimentos foramidênticos ao anterior.

A partir dos resultados observadosnos dois ensaios anteriores foi realiza-do o terceiro ensaio, seguindo-se osmesmos procedimentos, a fim de se con-firmar a toxicidade dos óleos de canela(Cinnamomum zeilanicum Breym) e dealho (Allium sativum L.) em relação adiferentes isolados do grupo Aspergillusflavus. Para tanto, foi testada a ação dosóleos contra 32 diferentes isolados dofungo, obtidos no cultivo de amendoimno período das águas de 2001. Adotou-se o delineamento em blocos ao acaso,em esquema fatorial 2x32 (duas substân-cias e 32 isolados), e três repetições. Porplaca, foi adicionado 0,1 ml de suspen-são na concentração de 5.107 conídios ml-1

de água destilada. Em seguida, foramrealizados três orifícios de 7 mm comauxílio de cilindro de cobre. Nestes ori-fícios foram aplicados com auxílio depipeta automática, 2,0 mg de óleo essen-cial solubilizado em 1,0 ml de solvente(DMSO + metanol). Após sete dias deincubação a 20oC e fotoperíodo de 12horas foi realizada a medição do diâme-tro dos halos de inibição.

Após 12 meses de armazenamentodos extratos foi repetido o experimentoanterior, adotando-se delineamento in-

teiramente casualizado em esquemafatorial 2x5 (dois óleos essenciais, dealho e de canela, e cinco isoladosfúngicos obtidos da cultura do amen-doim, no cultivo da seca de 2001), comtrês repetições. Os demais procedimen-tos foram idênticos ao experimento an-terior. Da região central e periférica doshalos de inibição foram retiradas, comauxilio de estilete estéril, três amostrasde meio de cultura, que foram repica-dos para placas de Petri contendo meioBDA. Após sete dias de incubação a20oC e fotoperíodo de 12 horas foi rea-lizada a avaliação visual do crescimen-to do fungo. O efeito do óleo essencialfoi considerado “fungistático” quandose observou crescimento do fungo apósa repicagem, e “fungicida” quando nãohouve qualquer crescimento.

Os dados foram submetidos aos tes-tes de normalidade (Lilliefors) e dehomocedasticidade (BARTLEY;COCHRAN) (RIBEIRO JÚNIOR,2001). Quando não foi observada ahomogeneidade da variância, os dadosforam transformados para log (x). Emseguida foram realizadas as análises devariância e teste de Tukey ou Scott-Knott, para comparação das médias,ambos a 5% de probabilidade(PIMENTEL GOMES, 1966). Nas ta-belas são apresentadas as médias origi-nais, sem transformação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os óleos essenciais testados noprimeiro teste, constatou-se com basenos diâmetros dos halos de inibição for-mados que o isolado T63 teve o seu de-senvolvimento micelial reduzido demaneira mais acentuada pelos óleos debulbilho de alho e de casca de canela.Para o isolado T52 constatou-se maiorinibição pelos óleos de folhas de sálviae de casca de canela. No entanto, estesóleos sempre apresentaram eficiênciasignificativamente menor que o padrãofungicida. O óleo de pimenta do reinonão inibiu o crescimento micelial denenhum dos dois isolados, enquanto queos de capim limão e de pimenta longaapresentaram pequena inibição apenasdo isolado T52 (Tabela 1).

No segundo teste, quando foramavaliados apenas os óleos de sálvia, alho

E. C. Viegas et al.

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e canela, foram confirmados os resulta-dos relacionados à inibição do cresci-mento do isolado T52 pelos óleos es-senciais de casca de canela e de bulbilhode alho (Tabela 1). Os óleos essenciaisde alho e de canela possivelmente pos-suem um princípio ativo com açãofungicida conforme constatado tambémpor Bolkan et al. (1981), avaliando atoxicidade de extrato de alho sobreFusarium monilforme e Rhizoctoniasolani. Além disso foi constatadatoxicidade de extrato de óleo contraAspergillus flavus (BILGRAMI et al.,1992), Crinipellis perniciosa,Phytophthora palmivora (BASTOS,1992), Curvularia spp., Alternaria spp.(BARROS et al., 1995) e Colletotrichumgloeosporiodes (RIBEIRO;BEDENDO, 1999). Utilizando óleo es-sencial de alho, Chalfoun e Carvalho(1987) também constataram inibição docrescimento micelial de Gibberella zeae(Schw.), Alternaria zinniae Pape eMacrophomina phaseolina (Tass.) Goid.

Foi constatada maior toxicidade doóleo essencial de casca de canela quedo de bulbilhos de alho, expressa pelosmaiores halos de inibição promovidospelo primeiro em relação ao segundopara a maioria dos isolados testados (Ta-bela 2). Foi observada ainda respostadiferencial dos isolados quando à sen-sibilidade aos dois óleos essenciais tes-tados, detectada pelo teste de Scott-Knott. O óleo essencial de alho promo-veu halos de inibição que variaram en-

Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus

*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados de sementes deamendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleos essenciais vegetais, do solvente DMSO+metanol (50% v/v) e do fungicidaBenomyl. Seropédica, UFRRJ, 2003.

Nome vulgar Nome científicoParte

utilizada

Cultura/origem

1o teste 2o teste

T52/semente T63/semente T52/semente

Sálvia Salvia officinalis L. Folha 11,7b* 0,0c 5,2cd

Alho Allium sativum L. bulbilho 4,3bc 11,7bc 8,8bc

Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Folha fresca 7,3bc 5,0bc 4,0cd

Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Casca 10,3bc 13,0b 13,3b

Capim limão Cymbopogon citratus Stapf. Folha 3,7c 0,0c -

Pimenta da Jamaica Pimenta officinalis Fruto 3,3c 0,0c -

Pimenta do Reino Piper nigrum L. Fruto 0,0c 0,0c -

Gengibre Zingiber officinale Rox. Rizoma 3,7bc 3,3bc -

Solvente - - 0,0c 0,0c 0,0d

Benomyl - - 35,0a 20,3a 40,0a

C.V.(%) 46,41 37,12 37,05

*Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferementre si a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupoAspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo das águas, em resposta aoemprego de óleos essenciais de alho e de casca de canela. Seropédica, UFRRJ, 2003.

Culturas OrigemExtratos

Bulbilho de alho Casca de canela

Y27 Semente 12,0Bc* 22,0Aa

Y82 Semente 12,0Bc 20,0Aa

Y62 Solo 10,0Bd 20,0Aa

Y75 Vagem 9,0Bd 20,0Aa

Y11 Solo 7,0Be 20,0Aa

Y5 Solo 13,0Bb 19,0Aa

Y48 Vagem 12,0Bc 18,0Ab

Y10 Solo 12,0Bc 17,0Ab

Y19 Solo 12,0Bc 17,0Ab

Y8 Solo 11,0Bc 17,0Ab

Y43 Semente 10,0Bd 17,0Ab

Y36 Vagem 10,0Bd 17,0Ab

Y100 Vagem 15,0Aa 16,0Ab

Y67 Solo 12,0Bc 15,0Ac

Y29 Semente 11,0Bc 15,0Ac

Y52 Semente 11,0Bc 15,0Ac

Y59 Solo 11,0Bc 15,0Ac

Y13 Solo 10,0Bd 15,0Ac

Y113 Solo 10,0Bd 15,0Ac

Y12 Solo 10,0Bd 15,0Ac

Y54 Vagem 10,0Bd 15,0Ac

Y128 Semente 7,0Be 15,0Ac

Y66 Solo 12,0Bc 14,0Ac

Y88 Vagem 10,0Bd 14,0Ac

Y50 Vagem 10,0Bd 13,0Ac

Y65 Solo 10,0Bd 13,0Ac

Y111 Solo 12,0Ac 12,0Ad

Y80 Semente 12,0Ac 12,0Ad

Y73 Vagem 11,0Ac 11,0Ad

Y99 Semente 10,0Ad 10,0Ae

Y104 Solo 10,0Ad 10,0Ae

Y130 Semente 7,0Be 10,0Ae

C.V.(%) 2,13

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918 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

tre 7,0 e 15,0 mm. Porém para 34% dosisolados testados, estes halos forammaiores do que 12,0 mm, valor consi-derado por Gunatilaka et al. (1994)como ideal para testes in vitro. O óleoessencial de canela proporcionou halosde inibição que variaram entre 10,0 e22,0 mm, com valores maiores que 12,0mm para 87% dos isolados testados.Wilson et al. (1997) constataram que oextrato do gênero Allium e o óleo es-sencial de Cinnamomum zeilanicumdemonstraram a maior atividadeantifúngica sobre Botrytis cinerea, emrelação aos demais extratos e óleos es-senciais testados. Em geral, os óleosforam ativos contra todos os isolados dogrupo A. flavus testados, conformandoainda dos resultados de Morais (2000)que cita grande variação quanto à sen-sibilidade de fungos a óleos essenciais.

Após 12 meses de armazenamentodos óleos, foi constatado maior diâme-tro dos halos de inibição quando se em-pregou o óleo de casca de canela emcomparação ao óleo de bulbilho de alho(Tabela 3). Além disso, quando foi apli-cado o óleo de casca de canela, obser-vou-se maior diâmetro de halo de inibi-ção para T2, isolado do solo, que para o

E. C. Viegas et al.

*Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferementre si a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupoAspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, em resposta ao empre-go de óleo de alho e de canela, após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003.

Culturas Origem Bulbilho de alho Casca de canela

T2 Solo 8,0Ba* 20,0Aa

T20 Semente 8,3Ba 15,8Aab

T24 Semente 9,5Aa 9,5Ab

T35 Pericarpo do fruto 12,0Aa 14,6Aab

T55 Pericarpo do fruto 8,0Ba 15,0Aab

C.V.(%) 13,865

Tabela 4. Avaliação da atividade dos óleos de alho e de casca de canela sobre isolados defungos do grupo Aspergillus flavus, isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca,após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003.

Culturas OrigemBulbilho de alho Casca de canela

Centro halo Periferia halo Centro halo Periferia halo

T2

Solo Fungistática Fungistática Fungicida Fungistática

T20

Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática

T24

Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática

T35

Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática

T55

Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática

T24, isolado de semente. Já quando foiempregado o óleo de alho não foi cons-tatada diferença entre os isolados quan-to à sensibilidade, com base nos diâme-tros dos halos de inibição formados.

Quando foi realizada a repicagem apartir da região dos halos de inibição foiobservado que, dos pontos retirados pró-ximos ao centro, somente não houvecrescimento do isolado T2 quando foiempregado o óleo de casca de canela(Tabela 4). Para os demais isolados hou-ve crescimento micelial, inclusive dasamostras retiradas a partir do centro doshalos (Tabela 4). Para Mishra e Dubey(1994), o potencial antifúngico por lon-ga duração facilita o isolamento futurodos componentes dos óleos.

Pode-se concluir que a maior inibi-ção relativa, in vitro, do desenvolvimen-to micelial de A. flavus foi obtida com oemprego dos óleos essenciais debulbilho de alho e principalmente, decasca de canela. Existe variabilidade napopulação do fungo quanto à sensibili-dade aos óleos. Novos estudos são ne-cessários a fim de se comprovar a efi-ciência destas substâncias no controlede Aspergillus flavus em sementes des-tinadas ao consumo ou à semeadura.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao CNPq pela bolsade PQ concedida aos dois últimos auto-res.

LITERATURA CITADA

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Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus

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920 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A alface é a mais popular das horta-liças folhosas e seu consumo ocor-

re principalmente na forma natural. As-sim, o aumento da produção dessahortaliça é necessário devido ao aumen-to do consumo, função da crescente ele-vação populacional e da mudança nohábito alimentar do consumidor, em ra-zão da conscientização sobre a impor-tância nutricional das hortaliças(CORTEZ et al., 2002). É importantealimento para a saúde humanas, por serfonte de vitaminas e de sais minerais,além de apresentar baixo valor calórico.

Com a tendência de crescimento domercado hortícola, os produtores têmadotado novos sistemas de cultivo, comoos protegidos (túneis e estufas) e ohidropônico, em alternativa ao sistematradicional a campo. Existe ainda umanova possibilidade que é o cultivozeopônico, no qual plantas são cultiva-das em substrato artificial composto

BERNARDI, A.C.C.; VERRUMA-BERNARDI, M.R.; WERNECK, C.G.; HAIM, P.G.; MONTE, M.B.M. Produção, aparência e teores de nitrogênio,fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.920-924, out-dez 2005.

Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alfacecultivada em substrato com zeólitaAlberto C.C. Bernardi1; Marta R. Verruma-Bernardi2; Carlos G. Werneck3; Patrick G. Haim3; MarisaB.M. Monte4

1Embrapa Solos/Embrapa Pecuária Sudeste, C.Postal 339, 13560-970 São Carlos-SP; E-mail: [email protected]; 2UFF, Depto.Nutrição e Dietética e UFSCar, Depto. Tecnologia Agroindustrial e Sócio-Economia Rural, Araras-SP; E-mail: [email protected];3UFRRJ, Engenharia Agronômica, Seropédica-RJ; 4CETEM/MCT, Rio de Janeiro-RJ

pelo mineral zeólita misturados a rochasfosfáticas, e que funciona como um sis-tema de liberação controlada erenovável de nutrientes para as plantas.Este mineral apresenta três proprieda-des principais, que conferem grande in-teresse para uso na agricultura pela altacapacidade de troca de cátions, alta ca-pacidade de retenção de água livre noscanais e alta habilidade na adsorção.Assim, a zeólita pode atuar na melhoriada eficiência do uso de nutrientes pormeio do aumento da disponibilidade deP da rocha fosfática, na melhora do apro-veitamento do N (NH

4+ e NO

3-) e redu-

ção das perdas por lixiviação doscátions trocáveis, especialmente K+ etambém como um fertilizante de libe-ração lenta (ALLEN et al., 1995;NOTARIO-DEL-PINO et al., 1994;BARBARICK et al., 1990).

No entanto, não bastam alternativasviáveis para o aumento quantitativo da

produção e a manutenção do forneci-mento o ano todo, pois o consumidorde hortaliças tem se tornado mais exi-gente, havendo necessidade de se obterprincipalmente produtos de qualidade.A qualidade final de um produto agrí-cola é resultado de diversos fatores, en-tre estes os níveis de fornecimento denutrientes. A qualidade é a soma de to-das características combinadas que pro-duzam uma hortaliça com valor nutriti-vo, aceitável e desejável como alimen-to humano. A aparência externa das hor-taliças é de grande importância, uma vezque o consumidor somente adquire oproduto mais atrativo.

A análise sensorial pode ser uma fer-ramenta adequada para avaliar a quali-dade ou aparência externa das hortali-ças. Esta técnica é utilizada para medir,analisar e interpretar de forma rápida ecriteriosa os atributos físicos e quími-cos dos alimentos através da percepção

RESUMONeste trabalho foi avaliado e relaciondar a produção, teores de

N, P e K e a aparência de alface cultivada em substrato com zeólitaenriquecida com N, P e K. Os tratamentos utilizados foram quatroníveis (20; 40; 80 e 160 g/vaso) de zeólitas enriquecidas com H

3PO

4/

apatita, KNO3 e KH

2PO

4, além de uma testemunha cultivada em

solução nutritiva. Avaliou-se a produção da alface e os teores de N,P e K no tecido da parte aérea. O teste de ordenação foi utilizadopara comparar a aparência das amostras. A alface cultivada em meiocom zeólita enriquecido com fontes de fósforo apresentou maiorprodução e qualidade visual equivalente à alface testemunha, culti-vada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre osteores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os teoresde P e o tamanho das plantas. A análise sensorial foi uma ferramentaadequada para avaliar a qualidade da alface.

Palavras-chave: Lactuca sativa, estilbita, análise sensorial, testede ordenação.

ABSTRACTYield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and

potassium in lettuce grown in substrate with zeolite

In this research we evaluated and related yield and tissue levelsof N, P and K in shoot tissues and appearance of lettuce plants grownin a substrate with N, P and K enriched with zeolite. Treatmentscomprised of four levels (20; 40; 80 and 160 g/pot) of zeolite enrichedwith H

3PO

4/apatite, KNO

3 and KH

2PO

4, and a control grown in a

nutrient solution. Lettuce yield and N, P and K levels in the shoottissues were evaluated. Ordering test was carried out to compare theappearance of the samples. Lettuces grown in substrate with zeoliteenriched with phosphorus sources showed higher yield, andequivalent visual quality in comparison with the control. There weresignificant correlations between N level in tissues and the sensoryattributes of plant color and size, and between the P levels and thesize of the plant. The sensory analysis of the appearance was anadequate tool to identify the quality of lettuce.

Keywords: Lactuca sativa, stilbite, sensory analysis, preference test.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)

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pelos sentidos da visão, olfato, tato, au-dição e gustação (MATTHHEIS;FELLMAN, 1999; MEILGAARD et al.,1988; AMERINE et al., 1965). Esta ava-liação baseia-se em técnicas que sãofundamentais na percepção psicológicae fisiológica, sendo que o grau de apre-ciação de um produto alimentício estáligado a um processo subjetivo. O sen-tido da visão se antecipa na percepção atodas as outras informações, e possibi-lita aquisição de informações sobre as-pectos do alimento como estado, tama-nho, forma, textura e cor (DUTCOSKY,1996). Resultados obtidos por Siomoset al. (2001) mostraram que com a ava-liação da qualidade visual foi possível adiferenciação de alfaces produzidas emdiferentes substratos de cultivo.

O objetivo deste trabalho foi avaliare relacionar a produção, teores de N, Pe K e a aparência de alface cultivada emsubstrato com zeólita enriquecida comN, P e K.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcasa-de-vegetação, em vasos com 3 kgde substrato inerte, composto de areialavada com água destilada e ácido clo-rídrico diluído (3:1 v:v).

A zeólita utilizada foi coletada naBacia do Parnaíba, no Maranhão, ondese localiza o principal depósito de zeólitanatural do País, com grande potencial deaproveitamento econômico (REZENDE;ANGÉLICA, 1991). O material coleta-do foi concentrado em mesa vibratória,resultando em um produto com 84% dezeólita estilbita e com capacidade de tro-ca de cátions de 2,5 cmol

c g-1. A fórmula

química determinada da zeólita foi:(CaO)

0,82 (Na

2O)

0,19 (K

2O)

0,15 (MgO)

0,56

(Fe2O

3)

0,30 (TiO

2)

0,11 (Al

2O

3)

1,85 (SiO

2)

16

(H2O)

4,7. A zeólita concentrada foi

enriquecida por meio da incubação comsoluções contendo H

3PO

4 1 mol L-1 (ZP),

KNO3 0,5 mol L-1 (ZNK) e K

2HPO

4 1

mol L-1 (ZPK). A relação utilizada foi de1:40 por 24 horas, com temperatura eagitação constantes. Após a incubação, asuspensão foi filtrada e o material sólidodesidratado a 100oC. A zeólitaenriquecida com H

3PO

4 recebeu, ainda,

a adição de fosfato natural (34% de P2O

5)

na proporção de 2:1 na base de massa.

O delineamento experimental foi emblocos ao acaso, com três repetições.Utilizaram-se 11 tratamentos: Z20, Z40,ZP20, ZP40, ZP80, ZP160, ZNK40,ZNK80, ZPK20, ZPK40, e a testemu-nha (sem adição de zeólita). As doses econcentrações de nutrientes em cada tra-tamento estão na Tabela 1. A zeólitaapresentava traços de outros elementos,entre eles o fósforo, razão pela qual omaterial concentrado apresentou umapequena porcentagem de P disponível.

A testemunha recebeu todos os nu-trientes necessários para o desenvolvi-mento das plantas por meio de uma so-lução nutritiva, com a composição (mgL-1): N = 210; P = 31; K = 234; Ca =200; Mg = 48; S = 65; B = 0,5; Cu =0,02; Fe = 5,0; Mn = 0,5; Zn = 0,2, eMo = 0,02. O preparo dessa solução foifeito segundo Sarruge (1975). O forne-cimento foi realizado em quatorze apli-cações de 150 ml de solução nutritivapor vaso com duas plantas, totalizando2,1 L por vaso. As aplicações ocorre-ram ao longo de todo ciclo de cultivo,sendo que na primeira semana de culti-vo o intervalo de fornecimento foi detrês dias, e nas seguintes o intervalo foide 1 dia. Nos dias em que não se forne-ceu solução, as plantas receberam águada irrigação. Quando a zeólita utilizadanão possuía um dos macronutrientes emteste, N, P ou K, este era adicionado naforma de solução, na mesma concentra-ção fornecida à testemunha. Desse modotodos os tratamentos receberam as mes-mas quantidades de Ca, Mg, S, B, Cu,Fe, Mn, Mo e Zn.

Os tratamentos foram iniciados em26/06/2003, com o transplante para osvasos de cultivo, de duas mudas da alfa-ce cv. Regina, aos 30 dias após a germi-nação. Ao final de 30 dias de cultivo,ambas plantas de cada vaso foram ava-liadas com relação à aparência, produ-ção e teores de nutrientes na parte aérea.

A análise da aparência foi realizadapelo teste de ordenação de preferência(ABNT, 1994), utilizando-se 53provadores não treinados. O teste foiaplicado para os atributos de cor, tama-nho e presença de lesões e para a prefe-rência de compra. Os provadores atri-buíram notas de 1 a 11, de modo que otratamento que apresentasse cor maisintensa, maior tamanho, menos lesões e

fosse o preferido para ser comprado,receberia as menores notas.

Em seguida foram realizadas avalia-ções da produção e dos teores dosmacronutrientes N, P e K na parte aéreadas alfaces. A parte aérea das plantas foicolhida e pesada e, em seguida seca a65oC em estufa de circulação forçada dear. Foram realizadas determinações, namatéria seca, dos teores totais de N, noextrato da digestão sulfúrica e determi-nados pelo método semi-microKjeldhal. Também foram feitas determi-nações de P e K, no extrato da digestãonitro-perclórica e determinados porespectrometria de plasma induzido(ICP-OES) e fotometria de chama, res-pectivamente, de acordo com ametodologia de Carmo et al. (2000).

A interpretação dos resultados dosatributos (cor, tamanho, presença de le-sões, e preferência de compra) foi reali-zada por meio do teste de Friedman, uti-lizando-se a tabela de Newel eMacFarlane, conforme ABNT (1994).Os resultados de produção e teores deN, P e K foram analisados estatistica-mente utilizando-se a análise de variân-cia e teste de Tukey (5%). Estabeleceu-se o coeficiente de correlação de Pearson(r), entre as médias de produção e teo-res de nutrientes e a somatória das no-tas dos atributos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os melhores tratamentos para pro-dução das alfaces (peso fresco) foramZP40, ZP20, ZP80 e ZPK20, não haven-do diferenças significativas entre eles(Tabela 2). Porém, foram significativa-mente maiores que a produção obtidacom a testemunha, que recebeu todos osnutrientes de forma balanceada por meiode solução nutritiva, sendo que estesvalores representam aumentos de 56; 46;39 e 30%, respectivamente. Os resulta-dos indicam o potencial, para o cultivodesta hortaliça, da utilização da zeólitaacidificada e em mistura com apatita(tratamentos ZP) nas doses de 20; 40 e80 g do material por vaso. Outro aspec-to interessante é que as produções obti-das com a zeólita acidificada em mistu-ra com a apatita foram equivalentes àobtida com a zeólita enriquecida comuma fonte solúvel de fósforo (KH

2PO

4).

Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita

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922 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Estes resultados estão em concordânciacom os de Allen et al. (1995) que con-cluíram que uma mistura adequada dazeólita clinoptilolita e rocha fosfática daCarolina do Norte foi eficiente para ocultivo intensivo de trigo (Tritticumaestivum cv. Coker). Barbarick et al.(1990) também verificaram que a com-binação de zeólita e rocha fosfática podeser um eficiente fornecedor de fósforopara as plantas, desde que outros ele-mentos essenciais não sejam limitantes.

Os resultados da Tabela 2 tambémindicam que os demais tratamentos(ZPK40; ZP160; Z20; ZNK80; Z40 e

ZNK40) apresentaram produções (pesofresco) estatisticamente equivalentes àtestemunha. Estes resultados demons-tram, assim, o potencial para utilizaçãodo mineral zeólita enriquecida, comofonte de nutrientes para esta hortaliçafolhosa. Confirmando os resultados ob-tidos por Notario-Del-Pino et al. (1994)e Williams e Nelson (1997) com alfafae crisântemo, respectivamente.

A análise de tecidos vegetais é umamedida direta da disponibilidade de nu-trientes no substrato de cultivo, pois osresultados correspondem à quantidadede nutriente absorvida pelas plantas.

Desta forma, o teor de nutrientes nostecidos vegetais reflete sua real dispo-nibilidade, pois existe uma relação en-tre o fornecimento de um nutriente pelosubstrato de cultivo ou por um fertili-zante e a concentração nas folhas, e umarelação entre essa concentração e a pro-dução da cultura. Tal técnica pode estarsujeita a algumas limitações tais comoépocas de amostragem, interpretação,contaminação da amostra, deficiênciase excessos de nutrientes (MALAVOLTAet al. 1997).

Os teores de nitrogênio na parte aé-rea da alface (Tabela 2) foram signifi-cativamente maiores, nos tratamentosZPK40 e ZPK20, aos quais foram adi-cionados o KH

2PO

4. Provavelmente

houve uma interação positiva entre ofornecimento de fósforo no substrato decultivo, e a absorção de nitrogênio pe-las plantas de alface. Estes teores, as-sim como os dos tratamentos ZP40;ZP80 e ZP160, podem ser consideradosadequados, adotando-se a faixa de 31 a40 g kg-1, proposta por Reuter eRobinson (1997). Nos demais tratamen-tos não foram observadas diferenças sig-nificativas em relação à testemunha,cultivada com solução nutritiva, e estãotodos abaixo da faixa adequada(REUTER; ROBINSON, 1997).Challinor et al. (1995) também haviamobservado baixos teores de nitrogênioem cravo cultivado em substrato comzeólita. Os teores de nitrogênio na parteaérea observados neste estudo foraminferiores aos de Fernandes et al. (2002),que encontraram o valor médio de 47 g

A. C. C. Bernardi et al.

* Extraídos em pasta de saturação (Embrapa, 1997).

Tabela 1. Tratamentos utilizados em função dos nutrientes adicionados à zeólita, dose de zeólita por vaso e quantidade de nutrientesfornecidas. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.

Tratamentos EnriquecimentoConcentração* (mg kg-1) Zeólita

(g por

vaso)

Quantidade fornecida pela zeólita

(mg/vaso)

N (N-NO3) P K N (N-NO

3) P

2O

5K

2O

Z 20 zeólita concentrada 0,1 17 3,9 20 0,002 0,78 0,09

Z 40 zeólita concentrada 0,1 17 3,9 40 0,004 1,56 0,19

ZP 20 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 130 3,9 20 0,004 327 0,09

ZP 40 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 40 0,008 653 0,19

ZP 80 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 80 0,016 1306 0,38

ZP 160 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 160 0,032 2612 0,75

ZNK 40 zeólita + KNO3 93796 17 15210 40 3752 1,56 733

ZNK 80 zeólita + KNO3 93796 17 15210 80 7504 3,11 1466

ZPK 20 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 20 0,002 517 1010

ZPK 40 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 40 0,004 1034 2021

Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%.(1)CV% = coeficiente de variação; (2)DMS = diferença mínima significativa. *, **, *** indicamsignificância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não significativo.

Tabela 2. Produção (peso fresco) e teores de N, de P e de K de alfaces cultivadas em substratocom zeólitas. Média de três repetições. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.

TratamentosProdução

(g por vaso)

Teores (g kg-1)

N P K

Z 20 190,90 def 24,69 de 2,30 d 34,97

Z 40 162,83 f 26,65 bcde 2,37 d 33,70

ZP 20 296,74a 30,19abcd 4,52 bc 37,17

ZP 40 315,89a 32,15abc 5,70ab 35,47

ZP 80 283,30ab 32,06abc 6,02ab 33,90

ZP 160 220,83 cde 31,17abc 5,80ab 35,47

ZNK 40 160,14 f 21,28 e 2,97 cd 33,00

ZNK 80 180,91 ef 26,93 bcde 2,83 cd 34,50

ZPK 20 263,55abc 33,55a 6,07ab 32,33

ZPK 40 239,25 bcd 32,67ab 7,13a 36,27

Testemunha 202,61 def 26,09 cde 2,55 d 35,13

Teste F 24,38*** 10,54*** 24,66*** 0,69N.S.

CV%(1) 8,40 7,30 14,44 8,52

DMS(2) 56,11 6,15 1,85 -

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923Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

kg-1 para a cultivar Regina cultivada emsistema hidropônico.

Observa-se na Tabela 2 que os teo-res de fósforo na parte aérea das plantasde alface foram significativamentemaiores que a testemunha, nos tratamen-tos ao qual foi adicionado à zeólita umafonte do nutriente, na forma de KH

2PO

4

(ZPK40; ZPK20) ou na forma de apatita(ZP80; ZP160; ZP40; ZP20). Nestes tra-tamentos, as concentrações encontradasna parte aérea estão dentro da faixa (4 a 6g kg-1) considerada como adequada paraa cultura (REUTER; ROBINSON, 1997).No entanto são inferiores aos teores esta-belecidos por Fernandes et al. (2002), queencontraram valores de 8,5 g kg-1.

Estes valores evidenciam a maiordisponibilidade do macronutriente fós-foro no substrato que recebeu o mineralzeólita enriquecida com apatita.Notario-Del-Pino et al. (1994), em umexperimento em casa-de-vegetação comalfafa, compararam o fornecimento defósforo e potássio, através da zeólita(phillipsita) com o KH

2PO

4, e confirma-

ram o aumento dos teores deste nutrientena planta.

Os resultados do presente estudo in-dicaram que os teores de potássio nãodiferiram significativamente em funçãodos tratamentos utilizados (Tabela 2).Esta ausência de diferenças entre as fon-tes de fornecimento do nutriente tambémfoi observada por Challinor et al. (1995)em cravo. Diferentemente, Williams eNelson (1997) observaram em crisânte-mo, que as plantas cultivadas emsubstrato com zeólita enriquecida compotássio, apresentaram maiores teoresque as testemunhas que receberam ferti-lizantes na forma solúvel. Os resultadosda concentração de potássio, nos tecidosda parte aérea, foram menores que o va-lor médio de 71 g kg-1 encontrado porFernandes et al. (2002) para a mesmacultivar de alface utilizada neste estudo.Também estão abaixo da faixa adequada(50 a 80 g kg-1) proposta por Reuter eRobinson (1997).

A aparência é o atributo que maiscausa impacto na escolha por parte doconsumidor e dentro desta, a cor é a ca-racterística mais relevante. Isto porquea cor caracteriza sobremaneira o produ-to, constituindo-se no primeiro critériopara sua aceitação ou rejeição. A apa-

rência geral e a cor estão relacionadascom a qualidade, índice de maturação edeterioração do produto. O consumidorespera uma determinada cor para cadaalimento e qualquer alteração nesta,pode diminuir sua aceitabilidade(DELLA-MODESTA, 1994).

Na Tabela 3 estão a soma das notasatribuídas às alfaces pelos 53 provadoresque participaram do teste de preferên-cia. Observou-se que o atributo cor foio que apresentou menores variaçõesentre os tratamentos. As maiores dife-renças observadas foram no tamanho ena presença (ou ausência) de lesões.

O teste de preferência pode ser con-siderado como uma das mais importan-tes etapas da análise sensorial, pois re-presenta o somatório de todas as per-cepções sensoriais e expressa o julga-mento, por parte do consumidor, sobrea qualidade do produto (DUTCOSKY,1996). Os resultados deste teste indica-ram que a alface preferida foi a teste-munha, cujos nutrientes foram forneci-dos em quantidades adequadas através

de solução nutritiva, e a alface obtidano substrato com o tratamento ZP80(zeólita + apatita, na dose de 80 g porvaso). Os outros tratamentos ZP (160;40 e 20), ZNK80 e ZPK20 também ob-tiveram alta preferência de compra pe-los provadores. Os resultados de Siomoset al. (2001) também mostraram que aavaliação visual da aparência foi ade-quada para diferenciar alface obtida emdiferentes substratos.

Os coeficientes de correlação dePearson (r) entre as médias dos pesosfresco, teores de N, P e K e o somatóriodas notas dos atributos de cor, tamanho,presença de lesões e preferência de com-pra estão na Tabela 4. Observaram-secorrelações significativas (r = -0,79**)entre a média peso fresco da alface e osomatório das notas dadas pelosprovadores para o atributo tamanho. Ocoeficiente negativo justifica-se pelofato de que o tratamento que aparenta-va ser o de maior tamanho recebeu amenor nota, estabelecendo-se assim acorrelação negativa.

Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita

Valores seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Friedman. Dife-rença mínima = 112.

Tabela 3. Somatório das notas das alfaces pelos 53 provadores não treinados. São Carlos,Embrapa Solos, 2004.

Tratamentos Cor Tamanho Lesões Preferência

Z 20 304,ab 489, c 277, b 354, b

Z 40 367, b 445, c 316, b 367, b

ZP 20 307,ab 253,ab 302, b 321,ab

ZP 40 276,ab 195,a 341, b 295,ab

ZP 80 255,ab 203,a 296, b 234,a

ZP 160 243,a 183,a 322, b 282,ab

ZNK 40 436, b 513, c 436, c 504, c

ZNK 80 296,ab 321, b 239,ab 250,ab

ZPK 20 272,ab 272,ab 192,ab 267,ab

ZPK 40 310,ab 290,ab 374, b 383, b

Testemunha 356, b 319, b 162,a 222,a

*, **, *** indicam significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica nãosignificativo.

Tabela 4. Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as médias dos pesos fresco, teoresde N, P e K e o somatório das notas dos atributos de cor, tamanho, presença de lesões epreferência de compra. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.

Cor Tamanho Lesões Preferência

Peso fresco -0,539N.S. -0,789** -0,062N.S. -0,416N.S.

Teor N -0,803** -0,860*** -0,168N.S. -0,519N.S.

Teor P -0,624* -0,752** 0,191N.S. -0,188N.S.

Teor K -0,252N.S. -0,370N.S. 0,116N.S. -0,112N.S.

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924 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A. C. C. Bernardi et al.

Houve também correlações signifi-cativas e negativas entre os teores denitrogênio na parte aérea das plantas eas notas dos atributos cor (r = -0,80**)e tamanho (r = -0,86***). Isso é justifi-cável em função das funções fundamen-tais que este nutriente exerce no meta-bolismo vegetal. O nitrogênio é consti-tuinte de todas as proteínas e ácidosnucleícos da planta e também o teordeste macronutriente nas folhas é umdos fatores que determina o conteúdode clorofila (MENGEL; KIRKBY,1982; MARSCHNER, 1995;MALAVOLTA et al., 1997). Por isso,nos tratamentos onde houve maior dis-ponibilidade de nutriente, as plantasapresentaram cor mais verde, mais in-tensa e maior tamanho.

O teor de fósforo das folhas da parteaérea da alface correlacionou-se signi-ficativamente (r = -0,75**) com o atri-buto sensorial de tamanho avaliado pe-los provadores. A explicação é que o P,nos vegetais, é um componente dosfosfolipídeos da membrana, dos açúca-res fosforilados e das proteínas, é tam-bém parte integrante do DNA (acidodesoxiribonucleíco), RNA (ácidoribonucleico), ATP (adenosina 5-trifosfato); PEP (fosfoenolpiruvato),NADPH (nicotinamidaadeninadinucleotídeo difosfato) e outroscompostos bioquímicos que utilizam ofosfato como armazenamento de ener-gia (MENGEL; KIRKBY, 1982;MARSCHNER, 1995; MALAVOLTAet al., 1997). Como vários processosmetabólicos vitais dependem desse su-primento de energia, a nutrição adequa-da deste nutriente vai interferir direta-mente sobre a síntese de proteínas e deácidos nucleícos, e conseqüentementeinfluenciar o crescimento das plantas,como mostraram os resultados. Nãohouve correlações significativas entre osteores de K os atributos sensoriais ava-liados.

Os resultados mostraram que o usodas zeólita pode ser uma fonte eficiente

de nutrientes N, P e K. A alface cultivadaem meio com zeólita apresentaram maiorprodução e qualidade visual equivalenteà alface testemunha, cultivada em solu-ção nutritiva. Houve correlações signifi-cativas entre os teores de N e os atribu-tos sensoriais cor e tamanho, e entre osteores de P e o tamanho. A análise senso-rial foi uma ferramenta adequada paraavaliar a qualidade da alface.

AGRADECIMENTOS

À FINEP através do CT Mineral,pelo financiamento do trabalho. AosDrs. Nélio G.A.M. Rezende, da CPRM;Hélio Salim de Amorim e Fernando deSouza Barros, da UFRJ; e Paulo Rena-to Perdigão Paiva, do CETEM.

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925Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A batata-doce é uma cultura de gran-de importância econômico-social,

participando no suprimento de calorias,vitaminas e minerais à alimentação hu-mana. É a quarta hortaliça maisconsumida no Brasil e destaca-se deoutras culturas por apresentar alto ren-dimento por área. Produz raízestuberosas que apresentam na sua com-posição, Ca, K e carboidratos variandoentre 25 e 30%, dos quais 98% são fa-cilmente digestíveis, além de vitaminasA, do complexo B, e C, ferro, cálcio efósforo (MIRANDA, 2003).

No Brasil, a batata-doce é cultivadaem praticamente todos os estados, prin-cipalmente nas regiões sul e nordeste,onde se constitui em uma das mais im-portantes fontes de alimento. Na Paraíbaé mais cultivada e difundida nas regiões

OLIVEIRA, A.P.; OLVEIRA, M.R.T.; BARBOSA, J.A.; SILVA, G.G.; NOGUEIRA, D.H.; MOURA, M.F.; BRAZ, M.S.S. Rendimento e qualidade de raízesde batata-doce adubada com níveis de uréia. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.925-928, out-dez 2005.

Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada comníveis de uréiaAdemar P. de Oliveira1; Márcia Roseane T. de Oliveira2; José A. Barbosa2; Geomar G. da Silva2; DijaumaH. Nogueira2; Mácio F. de Moura2; Maria do Socorro S. Braz2

1UFPB, CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; Bolsista produtividade em pesquisa CNPq; E-mail: [email protected], 2UFPB,Progr. Pós-graduação, 58397-000 Areia-PB

próximas aos grandes centros consumi-dores, sendo considerado o estado maiorprodutor nordestino e o quarto em nívelnacional (SOARES et al., 2002). Ape-sar deste destaque, é paradoxalmente anível nacional, um dos estados que pos-sui uma das mais baixas produtividades,em torno de 6,8 t ha-1. A falta de um pro-grama de nutrição mineral para a cultu-ra, é um dos principais fatores respon-sáveis por esta baixa produtividade(SILVA et al., 2002).

O nitrogênio é o segundo nutrientemais exigido pela batata-doce(FILGUEIRA, 2000). Seu fornecimen-to via adubação funciona comocomplementação à capacidade de seusuprimento nos solos, a partir damineralização de seus estoques de ma-téria orgânica, geralmente baixa em re-

lação às necessidades das plantas(MALAVOLTA, 1990).

Na batata-doce, a utilização do ni-trogênio merece atenção especial. Emsolos com alta disponibilidade desse ele-mento ocorre um intenso crescimento daparte aérea, em detrimento da formaçãode raízes tuberosas, e naqueles com de-ficiência, inicialmente ocorre clorosenas folhas mais velhas, seguido das maisnovas, sendo que com o agravamentoda deficiência surgem manchasnecróticas internevais, podendo ocorrerabscisão das folhas, ocorrendo igual-mente redução significativa na qualida-de (CHAVES; PEREIRA, 1985).

O amido é considerado o principalcomponente da raiz da batata-doce, se-guido dos açucares mais simples,sacarose, glicose, frutose, maltose. Na

RESUMOEstudos que visem o aumento do rendimento e da qualidade de

raízes da batata-doce, podem se constituir em importantes ferramen-tas para melhorar a condição sócio-econômica da região Nordeste,pelo fato desta ser uma das hortaliças de grande importância nessaregião. Com o objetivo de avaliar o efeito de níveis de uréia no ren-dimento e qualidade de raízes comerciais de batata-doce, cultivarRainha Branca, instalou-se um experimento de julho a novembro/2003, na UFPB, em Areia. O delineamento experimental foi blocoscasualizados com cinco tratamentos (0; 115; 230; 345 e 460 kg ha-1)de uréia, em adubação de cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio,em quatro repetições. Utilizaram-se parcelas úteis com 28 plantas,espaçadas de 0,80 x 0,30 m. A produção de raízes comerciais emfunção dos níveis de uréia, atingiu valor máximo estimado de 18,8 tha-1, no nível de 339 kg ha-1 de uréia, superando a produtividademédia nacional de raízes comerciais, em 8,8 t ha-1. O teor de glicose(açúcares redutores), nas raízes da batata-doce, aumentou em fun-ção dos níveis de uréia, até o nível de 187 kg ha-1, com teor máximode 8,7%. O teor de amido foi reduzido com a elevação dos níveis deuréia, com percentual mínimo de 57% no nível de 460 kg ha-1. Con-tudo, o teor mínimo de amido situou-se dentro da faixa definidapara a espécie.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, nutrição mineral, produção,glicose, amido.

ABSTRACTYield and quality of sweet potato roots fertilized with urea

Studies with the objective of increasing yield and quality of sweetpotato roots, could be an important tool to improve the socioeconomic condition in the northeastern area of Brazil, due to theimportance of this vegetable in that area. The present work was doneto evaluate the effect of urea levels on yield and quality of sweetpotato cultivar Rainha Branca. The experiment was conduced fromJuly to November/2003, in Paraíba State, Brazil. The experimentaldesign was of randomized blocks with five treatments (0; 115; 230;345 and 460 kg ha-1 of urea), in cover fertilization at 30 and 60 daysafter planting date, in four replications. Plots with 28 plants, spaced0,80 x 0,30 m apart were used. Commercial root yield of 18.8 t ha-1

was obtained when 339 kg ha-1of urea were employed, a much betterresult compared to the national average of 8.8 t ha-1of commercialroots The glucose level (reducing sugars) on the sweet potato roots,increased with the increase of the urea levels, up to 187 kg ha-1ofurea with a maximum of 8.7% of glucose. Starch level was reducedwith increasing urea levels, with minimum percent of 57% at thelevel of 460 kg ha-1. However, the starch minimum level was withinthe range defined for this species.

Keywords: Ipomoea batatas, mineral nutrition, yield, glucose,starch.

(Recebido para publicação em 8 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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926 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

indústria de alimentos é utilizado paramelhorar as propriedades funcionais,sendo empregado em sopas, molhos decarne, como formador de gel em balas epudins, estabilizante em molhos de sa-lada, na elaboração de compostos far-macêuticos, na produção de resinas na-turais e na elaboração de materiaistermoplásticos biodegradáveis(CEREDA et al., 2001).

Os teores de amido nas raízes dasplantas podem variar, entre outros as-pectos, em função da adubação. Portan-to, o estudo e conhecimento sobre a in-fluência desse fator na acumulação deamido nas raízes das plantas, proporcio-nará melhoria na qualidade e no rendi-mento industrial do produto. A nutriçãoequilibrada, tanto em macro como emmicronutrientes, aumenta a produção emelhora a qualidade do produto em vá-rios aspectos (MALAVOLTA, 1987).

Alguns autores relatam efeitos danutrição orgânica e mineral na qualida-de de algumas hortaliças produtoras deraízes comerciais. No inhame, Souto(1989), detectou resposta positiva emtermos de produção à aplicação de fer-tilizantes nitrogenados, mas verificoubaixo conteúdo de gordura, fibra brutae proteína bruta nas túberas. Oliveira etal. (2002) verificaram redução da maté-ria seca e aumento nos teores de amidoe cinzas, em função do emprego de es-terco bovino e de galinha. O teor deamido é também influenciado pela adu-bação com NPK (KAYODE, 1985). Nabatata-doce, Silva (2004), observou ele-vação do teor de amido, em função doemprego de fósforo.

O objetivo deste trabalho foi avaliara influência da adubação nitrogenada norendimento e qualidade das raízes co-merciais de batata-doce.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na Univer-sidade Federal da Paraíba, em Areia,entre julho e novembro/2003, em deli-neamento experimental de blocoscasualizados, com cinco tratamentos,compostos pelos níveis de 0; 115; 230;345 e 460 kg ha-1 de uréia, em quatrorepetições. O solo da área foi classifi-cado como NEOSSOLO REGOLÍTICOPsamítico Típico, textura franca, cuja

análise química na camada de 0-20 cm,resultou em: pH (H

2O) = 6,5; P = 36,84

mg dm-3; K = 119,88 mg dm-3; Al+3 =0,00 cmol

c dm-3; Ca+2 = 2,55 cmol

c dm-3;

Mg+2 = 0,55 molc dm-3 e matéria orgâni-

ca = 8,11 g dm-3.A adubação de plantio foi realizada

conforme recomendações do Laborató-rio de Química e Fertilidade do Solo daUFPB e constou da aplicação de 20 tha-1 de esterco bovino, 200 kg ha-1 desuperfosfato simples e 68 kg ha-1 decloreto de potássio. Na adubação decobertura, aplicaram-se os níveis deuréia, definidas no delineamento expe-rimental, a metade aos 30 dias e a outrametade aos 60 dias após o plantio.

O preparo do solo constou de aração,gradagem e confecção de leirões. Noplantio, foram utilizadas duas ramas porcova, da cultivar Rainha Branca, retira-das de plantio jovem, cortadas com umdia de antecedência, para facilitar omanejo, sendo secionadas em pedaçosde aproximadamente 40 cm de compri-mento, contendo em média oitoentrenós. As ramas foram enterradaspela base com auxílio de um pequenogancho, numa profundidade aproxima-da de 10 cm. Foram utilizadas parcelasconstituídas por seis leirões de sete plan-tas, no espaçamento de 0,80 m entreleirões e 0,30 m entre plantas, e ocupouuma área de 14 m2 com 54 plantas. Uti-lizaram-se os quatro leirões centraiscomo área útil, excluindo-se a primeirae a última planta de cada leirão, resul-tando em 28 plantas avaliadas.

Durante a condução do experimen-to foram realizadas irrigações pelo sis-tema de aspersão convencional nos pe-ríodos de ausência de precipitação, comturno de rega de três dias; capinas comauxílio de enxadas com o objetivo demanter a cultura livre da competiçãocom plantas daninhas; amontoas paraproteger as raízes contra raios solares emanter a formação dos leirões. Não efe-tuou-se aplicações de agrotóxicos emdecorrência da ausência de pragas e/oudoenças.

A colheita foi realizada aos 120 diasapós o plantio, onde foram obtidos osdados de produção comercial, a qualcorrespondeu ao peso das raízes de for-mato uniforme, lisas com peso igual ousuperior a 80 g, conforme Embrapa

(1995). Amostras de aproximadamenteum quilograma de cada tratamento e re-petição foram levadas ao laboratório daUFPB, para determinação dos teores deglicose (açúcares redutores) e de ami-do, conforme metodologia do InstitutoAdolfo Lutz (1985).

Os resultados obtidos foram subme-tidos à análises de variância e de regres-são polinomial, utilizando-se o“software” SAEG 8.0 (2001). Dentrodas doses de N, foram testados em cadacaracterística avaliada, os modelospolinomiais (linear, quadrático e cúbi-co). O critério para a escolha do mode-lo foi definido através da significânciapelo teste F a 5% de probabilidade e domaior valor de coeficiente de determi-nação (R2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância e de regres-são revelaram efeitos significativos dosníveis de uréia (P<0,05), sobre a produ-ção de raízes comerciais e sobre os teo-res de glicose e amido nas raízes.

A produção de raízes comerciais debatata-doce em função das doses de N,atingiu valor máximo estimado de 18,8t ha-1 no nível de 339 kg ha-1 de uréia(Figura 1), demonstrando uma boa pro-dução nas condições do município deAreia. Esse resultado evidencia que essahortaliça responde ao fornecimento deuréia. Esta produtividade superou em 10t ha-1 a produtividade média nacional deraízes comerciais de batata-doce que éde 8,8 t ha-1 (Embrapa, 1995). Mendon-ça e Peixoto (1991) obtiveram respos-tas significativas para a produtividade,produção por planta e peso médio deraízes comerciais na batata-doce, ava-liando níveis de adubação com N, P eK. Nas condições edafoclimáticas doEstado de Virgínia (USA), Phillips et al.(2005), observaram elevação do rendi-mento de raízes comerciais da batata-doce, em função do emprego de N, atéo nível de 84 kg ha-1

Provavelmente, o nível de uréia res-ponsável pela máxima produção deraízes comerciais, juntamente com osnutrientes contidos no solo, supriu deforma equilibrada a batata-doce. O equi-líbrio entre os elementos nutritivos pro-porciona maiores produções do que

A. P. Oliveira et al.

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maiores quantidades de macro-nutrien-tes isoladamente (PRIMAVESI, 1985).

Embora os teores de P (36,84 mgdm-3) e K (111,88 mg dm-3), original-mente presentes no solo fossem respec-tivamente, baixo e alto, os resultadosobtidos para o rendimento em função dofornecimento de uréia devem-se, emparte, ao baixo teor de matéria orgânica(0,81%). De acordo com Pottker eRoman (1994), o teor de matéria orgâ-nica tem sido classicamente utilizadopara estimar a disponibilidade de nitro-gênio e, consequentemente, a necessi-dade de adubação. Teixeira et al. (1994)enfatizaram que em solos degradados,os baixos teores de matéria orgânicapodem determinar menor disponibilida-de de nitrogênio para culturas, resultan-do numa das principais limitações à pro-dutividade agrícola.

A redução na produção de raízescomerciais verificada nos níveis acimade 339 kg ha-1 de uréia, pode indicar queo excesso deste nutriente foi prejudicialà formação de raízes comerciais na ba-tata-doce, possivelmente em função daelevada produção de massa verde e for-mação de raízes adventícias(EMBRAPA, 1995). Em solos com altadisponibilidade de nitrogênio ocorre in-tenso crescimento da parte aérea, emdetrimento da formação de raízestuberosas, decorrente do crescimentovegetativo exuberante (CHAVES; PE-REIRA, 1985). Também, pode ter ocor-rido efeito indireto do amônio, reduzin-do a absorção de outros cátions, de for-ma que a absorção destes seria reduzidapela planta (CARNICELLI et al., 2000).Huett (1989) verificou redução de pro-dutividade em varias hortaliças, em fun-ção de doses elevadas de N.

O teor de glicose (açúcares reduto-res) nas raízes da batata-doce aumentouem função da elevação dos níveis deuréia, até o nível de 187 kg ha-1de uréia,com teor máximo de glicose de 8,7%,quando então, começou a decrescer (Fi-gura 2). Esse teor foi semelhante ao ob-tido, por Cereda et al. (2001), para a es-pécie, (8,5 a 9%) em raízes originadasde plantio com adubação balanceada.

A presença de glicose acentua o sa-bor da batata-doce, favorecendo suascaracterísticas de mesa e deprocessamento (PICHA, 1986). Portan-

to, doses acima daquela responsávelpelo máximo teor de glicose nas raízescomerciais podem reduzir sua qualida-de, não reduzindo seu rendimento, issoporque para a obtenção do rendimentomáximo foi necessário o fornecimentode 359 kg ha-1 de uréia.

O teor de amido foi reduzido com aelevação dos níveis de uréia, compercentual mínimo de 57% no nível de460 kg ha-1 (Figura 3). Contudo, o teormínimo de amido encontra-se dentro dafaixa definida para a espécie que é de13,4% (CEREDA et al., 2001) e supe-rou o teor de amido em raízes de batata-doce de 16%, obtido por Silva (2004),em função de doses de fósforo, também

nas condições de clima e solo da pre-sente pesquisa. Em batata, Magalhães(1985) e Pimpini et al. (1992), relatamque o excesso de nitrogênio proporcio-na redução no teor de amido. Eminhame, Oliveira et al. (2002), observouredução no teor de amido em rizóforoscolhidos aos noves de idade, em funçãoda adubação organo mineral.

A cultura estava bem suprida de Kpelo emprego do esterco bovino quecontinha na sua composição químicaconcentração 9,75 g kg-1, pela alta con-centração no solo fornecida pelas adu-bações orgânica e mineral, aliadas aquantidade deste nutriente, originalmen-te no solo. O potássio em altas doses

Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia

Figura 1. Produção comercial de raízes de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia,CCA-UFPB, 2004.

Figura 2. Teor de glicose em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia.Areia, CCA-UFPB, 2004.

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reduz o amido, em decorrência do au-mento da absorção e acúmulo desse nu-triente na planta, acarretando redução dopotencial osmótico e aumento da absor-ção de água, o que causa diluição dosteores de amido nos tubérculos (REISJUNIOR, 1995). No inhame Dioscoreacayennensis (OLIVEIRA et al., 2002),observaram relação direta do K com oteor de amido nos rizóforos. Também, aredução no teor de glicose, em níveisacima de 198 kg ha-1, pode ter contri-buído para a redução do teor amido, issoporque a glicose nas raízes épolimerizada em amido (CEREDA etal., 2001).

LITERATURA CITADA

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2O

5 e de

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Figura 3. Teor de amido em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia.Areia, CCA-UFPB, 2004.

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929Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

O alho (Allium sativum L.) é uma dashortaliças mais cultivadas no mun-

do e largamente empregado na culiná-ria brasileira. No Brasil, a cultura des-taca-se como uma das cinco hortaliçasde maior relevância (RESENDE, 1997).Vários agentes fitopatogênicos, espe-cialmente os vírus, provocam reduçãona produtividade de bulbos. Entre osvírus de maior importância encontram-se os potyvírus Onion yellow dwarf virus(OYDV) e Leek yellow stripe virus(LYsV), o carlavírus Garlic commonlatent virus (GarCLV) e várias espéciesde allexivírus, todos transmitidos porafídeos (CONCI et al., 1999), com ex-ceção dos allexivírus que são transmiti-dos por ácaros. Desses, apenas OYDVisoladamente chega a causar perdas naprodução de bulbos de até 50 %(WALKEY; ANTILL, 1989).

Plantas de alho são constantementevisitadas por diversas espécies deafídeos e entre eles são encontrados:Lipaphis sp. (Mordvilko),Rhopaloshiphum sp. (Koch), Aphis sp.(L.), Geopenphigus sp. (Hille), Myzussp. (Passerini), Hyperomyzus sp.(Börner) e Neotoxoptera sp. (Theobald)(MELO FILHO et al., 2000; MELO FI-LHO et al., 2002). Mais de oitenta e seis

MELO FILHO, P.A.; DUSI, A.N.; COSTA, C.L.; RESENDE, R.O. Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF. Horticultura Brasi-leira, Brasília, v.23, n.4, p.929-930, out-dez 2005.

Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DFPéricles de A. Melo Filho1; André N. Dusi2; Cláudio Lúcio Costa3; Renato de O. Resende3

1Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto Agronomia, Dom Manoel de Medeiros s/n 52171-900 Recife-PE; E-mail:[email protected]; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Universidade de Brasília, Instit. Biologia, 70919-970Brasília-DF

espécies de vírus são transmitidas porafídeos (PAIVA; KITAJIMA, 1985).

Blackman e Eastop (1984) relatarama ocorrência de Neotoxopteraformosana em plantas do gênero Alliumno Japão, China, Taiwan, Coréia, Aus-trália, Nova Zelândia, Hawai e Améri-ca do Norte. No Brasil não há relato desua ocorrência em A. sativum. O pre-sente trabalho teve como objetivo adetecção da ocorrência de viroses emplantas de alho naturalmente infestadaspor afídeos.

MATERIAL E MÉTODOS

Plantas de alho da cv. Amarante fo-ram cultivadas durante a primavera, emcasa de vegetação na Embrapa Hortali-ças, para estudos de viroses. Durante ocultivo ocorreu infestação natural poruma espécie de afídeo de coloração es-cura. As plantas colonizadas foramtransportadas para insetário com telaanti-afídeo para manutenção das popu-lações e posterior captura de adultoscom uso de armadilha constituída porbandeja amarela com água e detergen-te. Foram preparadas lâminassemipermanentes para observação da

morfologia dos espécimes com auxíliode microscópio composto. Os espécimesforam comparados com as descriçõesencontradas em Blackman e Eastop(1984) e Costa et al. (1993), com espé-cimes encontrados na coleção de afídeosdo Departamento de Fitopatologia daUniversidade de Brasília, além de regis-tros fotográficos das principais caracte-rísticas morfológicas dos espécimesatravés do uso de microscópioesteroescópio Zeiss, quer sejam: N.formosana (adultos ápteros de colora-ção magenta, vermelha a preto, antenaescura da base ao ápice, sifúnculo escu-ro ou pálido só em formas jovens, for-ma alada vermelho escura ou preta, combordado em toda extensão das nervurasdas asas); N. oliveri (adultos ápteros decoloração vermelha escura, antena combase clara e segmentos terminais negros,sifúnculo pálido em adultos, forma ala-da vermelho escura a preta, com borda-dos estreitos na base e no ápice)(Blackman; Eastop, 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As colônias de afídeos detectadassobre as plantas de alho eram de colo-

RESUMOPlantas de alho da cv. Amarante, cultivadas em casa de vegeta-

ção para detecção da ocorrência de viroses, foram naturalmente in-festadas por afídeos de coloração escura durante a primavera de 2001.Com o objetivo de identificar a espécie em questão foram coletadosindivíduos alados, capturados com armadilha constituída por ban-deja amarela com água, além de formas ápteras. A identificação daespécie foi feita segundo a chave descritiva elaborada por Blackman& Eastop (1984) e por comparação com espécimes de Neotoxopteraformosana e N. oliveri da coleção do Depto. Fitopatologia da Uni-versidade de Brasília. O afídeo encontrado em alho pertence à espé-cie Neotoxoptera formosana Takahashi, 1921.

Palavras-chave: Allium sativum, afídeos.

ABSTRACTColonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in

Distrito Federal, Brazil

Garlic plants (cv. Amarante) cultivated during the spring in thegreenhouse for detection of viruses, were found to be naturallycolonized by a dark aphid. For species identification, specimens ofthe few alatae individuals collected by pan yellow water traps andmany apterae individuals were compared to the species descriptionsin Blackman & Eastop (1984). The specimens were also comparedwith Neotoxoptera formosana and N. oliveri from the aphid collectionof the Phytopathology Department of the University of Brasília. Theaphid found in the garlic plants belongs to the species Neotoxopteraformosana Takahashi, 1921.

Keywords: Allium sativum, aphid.

(Recebido para publicação em 26 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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930 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

ração escura e com a maioria dos espé-cimes localizados da porção medianapara a basal das folhas (Figura 1A). Osespécimes ápteros, quando observadosao microscópio estereoscópio, apresen-taram forma ovalada e de coloração ne-gra a magenta, com sifúnculo clavadotambém de coloração escura (Figura1B), porém pálido nas formas jovens.Estas características concordam comaquelas descritas por Blackman e Eastop(1984) a respeito das espécies de afídeosque colonizam plantas de alho.

A antena é de coloração escura des-de a base até o ápice. Essa característi-ca permite a separação entreNeotoxoptera formosana e N. oliveri(Blackman; Eastop, 1984). Há na ante-na a presença de longo processo

terminalis (Figura 1C). As asas apresen-tam as nervuras uniformemente borda-das em toda a sua extensão (Figura 1D),sendo esta outra importante caracterís-tica que separa Neotoxoptera formosanade N. oliveri (Blackman; Eastop, 1984).Isto reforçou a hipótese de se tratar daespécie Neotoxoptera formosana.

De acordo com Sako et al. (1990),N. formosana é comprovadamentetransmissor de Garlic latente vírus(GarLV). No trabalho os autores com-provaram transmissão desse vírus paraplantas de Allium chinese. Isso tornaesse afídeo potencialmente transmissordessa espécie de vírus para outras espé-cies do gênero Allium.

Com base nas observaçõesregistradas e descrições encontradas na

Figura 1. Colonização por Neotoxoptera formosana sobre plantas de alho no Brasil: A)Agrupamento dos espécimes na porção mediano-basal das folhas; B) Forma aptera apresen-tando forma ovalada, coloração negra e sifúnculo* escuro e clavado; C) Antena apresentan-do longo processo terminalis*; D) Forma alada apresentando decoração ao longo de todo ocomprimento das nervuras das asas**. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2001.

chave de classificação de famílias esubfamílias descrita em Costa et al.(1993) e em Blackman e Eastop (1984),pode-se concluir que se trata da ocor-rência de N. formosana sobre alho noBrasil. Este é o primeiro relato da colo-nização de N. formosana sobre plantasde alho no Brasil.

LITERATURA CITADA

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P. A. Melo Filho et al.

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931Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Lettuce (Lactuca sativa) is the mostimportant horticultural NFT-grown

crop in Brazil. Standard nutrientsolutions are prepared using high qualitywater and electrical conductivity ismonitored daily to fit values between 1.4and 2.0 dS m-1 (FAQUIN; FURLANI,1999). This is so to prevent plant salinestress in periods of high transpirationdemand, or reduction in growth rate dueto low availability of mineral nutrients.The use of nutrient solutions preparedfrom low quality water or by re-usingnutrient solutions has hardly been

ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; WITTER, M.H.; GODOI, R.S.; BARROS, G.T.; BORTOLOTTO, O.C. Growth and yield of lettuce plants under salinity.Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.931-934, out-dez 2005.

Growth and yield of lettuce plants under salinityJerônimo L. Andriolo1; Gean L. da Luz2; Maiquel H. Witter3; Rodrigo dos S. Godoi1; Gisele T. Barros1;Orcial C. Bortolotto4

1UFSM, CCR, Depto. Fitotecnia, 97105-900 Santa Maria-RS; E-mail: [email protected]; 2Acadêmico do curso de agronomia,UFSM; 3Bolsista PIBIC-CNPq; 4Bolsista FAPERGS

considered a possibility for this crop.The main reason is the high sensitivityof lettuce plants to salinity(SHANNON; GRIEVE, 1999). As aconsequence, the remaining volumes ofnutrient solution at the end of thecropping period are discharged in theenvironment. This practice is nowadayscriticisable in a worldwide contextsearching for sustainable agriculturalproduction systems.

One of the possibilities to reduceenvironmental pollution fromhydroponical horticultural production

systems is recycling and re-using thenutrient solution. The ionicconcentration of the nutrient solutionsused to grow horticultural crops ishigher than that at which nutrients areabsorbed by plants. Hence, the growthof the crop is followed by an increasingimbalance of the ionic concentration ofthe nutrient solution. In order to adjustperiodically the ionic balance to theoriginal level, it is necessary to dolaboratory mineral analysis or electrode-computing measurements. Bothmethods are difficult to carry out in the

ABSTRACTLettuce plants, cv. Vera, were grown under five salinity levels in

a hydroponical experimental set-up using a 0.15 m deep sand growingbed. A standard nutrient solution was used, with the followingcomposition, in mmol L-1: 16.9 NO

3-; 2.0 H

2PO

4-; 1.0 SO

4— 4.0 Ca++;

10.9 K+ e 1.0 Mg++, and, in mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0,05 Cu;0,50 B; 0,04 Mo, and 4.82 chelated Fe. The five salinity levelscompared as treatments were obtained by varying the concentrationof the standard nutrient solution, reaching average electricalconductivities (EC) of 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS m-1, for T1,T2, T3, T4 and T5, respectively. The nutrient solution at each salinitylevel was supplied from a reservoir by means of a flooded-typeelectrical pump, for 15 minutes, at intervals of 90 minutes duringthe day and 420 minutes during the night. A completely randomisedexperimental design was used with four replications and 20 plantsper plot. Four plants of each plot were harvested at 32 days afterplanting, to determine shoot and root dry mass, shoot fresh weight,leaf area and number of leaves per plant. Number of leaves was 18per plant and was not affected by treatments. Dry mass of leavesincreased 24,4% from T1 to T3. No relationships were found ondata from stem and root dry mass. A positive effect of EC wasrecorded on shoot fresh mass, which increased 28.5% from T1 toT2, and decreased 16.5% from T2 to T5. Maximum LAI estimatedvalue was 4.3 m2 m-2 for an EC of 2.6 dS m-1. Salinity levels above2.0 and 2.6 dS m-1 reduce fresh yield and plant growth, respectively.

Keywords: Lactuca sativa, fertigation, hydroponics, salinity.

RESUMOCrescimento e produtividade da alface em condições salinas

Plantas de alface, cv. Vera, foram cultivadas em cinco níveis desalinidade em um dispositivo experimental composto por uma ca-mada de areia de 0,15 m de profundidade. Foi empregada uma solu-ção nutritiva padrão, com a seguinte composição, em mmol/L: 16,9de NO

3-; 2,0 de H

2PO

4-; 1,0 de SO

4—; 4,0 de Ca++; 10,9 de K+ e 1,0

de Mg++, e, em mg L 1, 0,42 de Mn; 0,26 de Zn; 0,05 de Cu; 0,50 deB; 0,04 de Mo, e 4,82 de Fe quelatizado. Os cinco níveis de salinidadeforam obtidos por variações na concentração da solução nutritivapadrão, atingindo valores médios de condutividade elétrica (CE) de0,80; 1,93; 2,81; 3,73 e 4,72 para T1, T2, T3, T4 e T5, respectiva-mente. A solução nutritiva em cada nível de salinidade foi fornecidaa partir de um reservatório através de uma bomba submersa, durante15 min, em intervalos diurnos de 90 min e noturnos de 420 min. Umdispositivo experimental inteiramente casualizado foi empregado,com quatro repetições e 20 plantas por parcela. Quatro plantas decada tratamento foram coletadas aos 32 dias após o plantio paradeterminar a massa seca da parte aérea e das raízes, a massa frescada parte aérea, a área foliar e o número de folhas. O número defolhas por planta foi igual a 18, sem diferença significativa entre ostratamentos. A massa seca de folhas aumentou 24,4% de T1 paraT3. A massa seca do caule foi reduzida nos níveis salinos mais ele-vados, porém não foi observada relação dos tratamentos com a mas-sa seca do caule e das raízes. Foi observado efeito positivo na massafresca da parte aérea, a qual aumentou 28,5% de T1 para T2, decres-cendo 16,5% de T2 para T5. O valor máximo estimado do índice deárea foliar foi de 4,3 m2 m-2 para uma EC de 2,6 dS m 1. Concluiu-seque níveis salinos acima de 2,0 e 2,6 dS m 1 reduzem o crescimentoe a massa fresca das plantas, respectivamente.

Palavras-chave: Lactuca sativa, fertirrigação, hidroponia,salinidade.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)

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nowadays social and economic contextof commercial production. For re-usinga recycled nutrient solution withoutprevious mineral nutrient analysis, afraction of it is added to the standardnutrient solution being prepared,disregarding its mineral composition.This practice would lead to high salinitylevels in the nutrient solution.

The initial effect of salinity atcellular level is due to its osmoticeffects. Shoot and root growth rate isreduced, resulting in smaller and fewerleaves and shorter plant stature. Theeffects of salinity depends oninteractions with environmentalvariables such as water vapour deficit,temperature and solar radiation(YEO,1999). Lettuce has beenconsidered as a moderately salt sensitivecrop, with a threshold electricalconductivity (EC) of 1.3 dS m-1, and anegative slope of 13.0 for each unit ofadded salinity above this threshold value(AYERS et al., 1951). Nevertheless, theroot growing media may affect theresponse of plants to salinity. Pasternaket al. (1986) reported that yield andquality of soil grown lettuce was notaffected by sprinkling with water at 4.4dS m-1. Positive effects of salinity in fruitquality has been reported forhorticultural soilless growing crops suchas tomato (CUARTERO; MUÑOZ,1999; LI; STANGUELLINI, 2001;BOLARIN et al., 2001) and muskmelon(MAVROGIANOPOULOS et al.,1999). For hidroponically grown lettucecrops, results are scarce in the literature.

The goal of this work was todetermine the effect of salinity ongrowth, development and yield ofhydroponically grown lettuce plants.

MATERIAL AND METHODS

An experimental set-up was madeinside a polyethylene tunnel, at theUniversidade Federal de Santa Maria.The soil surface was dug up in order tomake a 1.3 m length, 1.2 m width and0.25 m depth tank into the soil, whichwas covered with a 200 mµ blackpolyethylene sheet. A fibber cement tile(3.05 m length and 1.10 m width) wasplaced over the tank with a slope of 3%and covered with a 200 mµ black

polyethylene sheet. The tile gullies werefilled with 0.015-0. 025 m particle sizegravel and covered with a 1,5 × 10-3 mpolyethylene screen. Sand of 0.0015-0.003 m particle size was used to makeup a 0.15 m depth growing bed over thetile. (For more details, see ANDRIOLOet al., 2004). A flooded-type electricalpump was placed at the bottom of theupper end of the tank, and connected toa pipe to drive the nutrient solution upto the surface of the sand bed. The pumpwas put to work by means of a timeruntil the nutrient solution started to flowaway from the lower side of the growingbed. After the pump was switched off,the nutrient solution drained off from thegrowing bed across the polyethylenescreen and the tile gullies. Finally, theset-up was covered by a whitepolyethylene sheet.

On June 18, 2004, six-leaved lettuceplantlets, cv. Vera, were transferred tothe sand bed through cuttings made inthe polyethylene sheet. Plant densitywas 25 plants m-2. Water and nutrientswere supplied by means of a standardnutrient solution with the followingcomposition, in mmol L-1

(CASTELLANE; ARAÚJO, 1995):16.9 NO

3-; 2.0 H

2PO

4-; 1.0 SO

4—; 4.0

Ca++; 10.9 K+ and 1.0 Mg++, and, inmg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0.05 Cu; 0.50B; 0.04 Mo, and 4.82 chelate Fe. ThepH and electrical conductivity (EC) was5.8 and 2.9 dS m-1, respectively. Thepump delivered the nutrient solution for15 minutes, at intervals of 90 minutesduring the day and 420 minutes duringthe night. The tunnel was ventilated onsunny days by opening the lateral sides,to reach similar values of maximum airtemperatures inside and outside of it.

Five salinity levels were comparedas treatments, obtained by varying theconcentration of the standard nutrientsolution. The target EC values oftreatments were 0.8; 1.85; 3.0; 4.0 and5.0 dS m-1, for T1, T2, T3, T4 and T5,respectively. The actual EC valuesaveraged over the experimental periodwere 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dSm-1, respectively. Electrical conductivityand pH were measured daily. A volumeof water or an aliquot of nutrient solutionat the required concentration was addedevery time the measured EC value was

10% above or below the original value,respectively. The volumes to be addedwere estimated by a proportionalitycoefficient of the volume of nutrientsolution contained into the reservoir,estimated by the depth of the liquidinside it. The pH was maintained in therange between 5.0 e 6.0 by additions ofH

3PO

4 or KOH, from a titration curve

previously determined in the laboratory.A completely randomised experimentaldesign was used, with four replicationsand an experimental set-up for each plot.

Four plants of each plot wereharvested at 32 days after planting(DAP), when fully expanded olderleaves began to senesce. The number ofleaves longer than 0.01 m were counted.Specific leaf area (SLA) was determinedon the basis of dry mass of 100 leaf disks(5 ́ 10-4 m2), sampled on all leaves. Leafarea index (LAI) was estimated byextrapolating the SLA to the plant leafdry mass. Shoot fresh weight wasdetermined and roots were carefullyremoved out from the sand and washedin water. Dry mass of leaves, stem androots were determined after drying at60ºC until constant dry weight wasreached. Statistical models were fittedby regression analysis.

RESULTS AND DISCUSSION

The number of leaves was 18 perplant and was not affected by treatments.Dry mass of leaves increased 24,4%from T1 to T3 (Figure 1a). TreatmentsT4 and T5 maintained this value and thedata fitted a polynomial model (Figure1a). Stem dry mass was slightly reduced,root dry mass was not affected bytreatments, and no relationship wasfound on data from both variables(Figure 1a). Dry mass fractions did notdiffer among treatments, and averagevalues were 0.93 for leaves, 0.02 forstem and 0.05 for roots.

A positive effect of EC levels wasrecorded on shoot fresh mass, whichincreased 28.5% from T1 to T2, fittinga polynomial model with a maximumestimated value of 170.7 g/plant for anEC of 2.0 dS m-1 (Figure 1b). A 16.5%linear decrease was found from T2 toT5. Leaf area data fitted a polynomialmodel, with a maximum LAI estimated

J. L. Andriolo et al.

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933Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

value of 4.3 m2/m2 for an EC of 2.6 dSm-1 (Figure 2).

Lettuce growth was affected by lowconcentrations of the nutrient solution,probably due to low availability ofmineral nutrients. Nevertheless, drymass accumulation was not reduced atconcentrations of the nutrient solutionhigher than 2.8 dS m-1. This impliesuptake of carbon by leaves and mineralnutrients by roots were not affected.Effects of salinity on plant growth andyield have been attributed tosimultaneous reduction in leaf area androot growth, affecting photosynthesisand water and mineral uptake(SHANON; GRIEVE, 1999). Salinityhas been measured as the total saltconcentration in the root media,disregarding ions in solution.Nevertheless, when salinity is due toNaCl, its effects are associated withaccumulation of Na+ and Cl- in cells and/or to ionic imbalance leading tophysiological disturbances (BOLARINet al., 2001). This was not the case inthe present experiment, as a balancednutrient solution was prepared from highquality water. When dealing withsalinity, it should be advisable toseparate the effects from water withNaCl from those arising from theconcentration of the nutrient solution.This conclusion should be consideredwhile growing fruiting horticulturalcrops commercially at high EC levelsto improve physiological quality(CUARTERO; FERNADEZ-MUÑOZ,1999; LI; STANGUELLINI, 2001).

Although plant dry mass was notaffected by high nutrient solutionconcentrations, fresh weight and leafarea were reduced. This effect might beattributed to its influence on wateruptake by plants. The estimated upperthreshold value of 2.0 dS m-1 and thelinear slope of –14.9 (Figure 1b) werehigher than those of 1.3 dS m-1 and –13.0 respectively, reported by Ayers etal. (1951). These discrepancies might beassociated to genotype differences andto environmental conditions influencingplant water demand. The effect on freshweight was more pronounced than onleaf area, suggesting leaves had somedegree of plasticity at low water deficit.Nevertheless, when water deficit rises

by effect of high nutrient solutionconcentration, its influence on leaf areawas similar to that on fresh weight.

Present results were obtained inwinter, when daily maximum airtemperatures did not exceed 29ºC andaverage global solar radiation was about8.4 MJ m-2 day-1 (BURIOL et al., 2000).This environmental condition was nearthe optimal 15-25ºC range for the lettucecrop (GOTO, 1998). Thus, relationshipsshowed in this paper could beinterpreted as a preponderant effect ofthe nutrient solution concentration.These effects might be enhanced byenvironmental conditions stimulatingwater uptake by plants (YEO, 1999),such as high temperatures and solarradiation during spring and summer. Inthis way, a second variable estimating

the effect of environment on growthunder saline conditions should bedetermined and considered whendealing with mechanistical models forthe lettuce crop. The time intervals offertigation should also be considered.Short time intervals between fertigationsmight be used to prevent the rising insalinity in the rooting media as aconsequence of plant transpiration. Inthis case, growing in sand or othersubstrates would be similar to doing itin NFT facilities. On the other hand, iflong time intervals between fertigationsare used, EC values may increase,reducing plant fresh weight and leafarea.

Marketable quality of lettuce isdetermined mainly by plant size, whichdepends on fresh weight. For

Figure 1. Dry mass of shoot organs (a) and shoot fresh weight (b) of lettuce plants grownhydroponically at five concentrations of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004.

Growth and yield of lettuce plants under salinity

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commercial purposes, results showedthat salinity levels above 2.0 and 2.6 dSm-1 reduce fresh yield and plant growth,respectively. On the other hand, the factthat, plants were able to grow shoot androots with a nutrient solutionconductivity of about 4.7 dS m-1 suggeststhat water uptake is the key variablecontrolling lettuce plant size atconcentrations of the nutrient solutionabove the threshold value. In this way,recycling and re-using nutrient solutionsis a practice that could be taken inaccount. This might be done by adding

AYERS, A.D.; WADLEIGH, C.H.;BERNSTEIN, L. Salt tolerance of six varieties oflettuce. Proceedings of the American Society forHorticultural Science, v.57, p.237-242, 1951.BOLARIN, M.C.; ESTAN, M.T.; CARO, M.;ROMERO-ARANDA, R.; CUARTERO, J.Relationship between tomato fruit growth and fruitosmotic potential under salinity. Plant Science,v.160, p.1153-1159, 2001.BURIOL. G.A.; ESTEFANEL, V.; ANDRIOLO,J.L.; MATZENAUER, R.; TAZZO, I.F. Disponi-bilidade de radiação solar para o cultivo do toma-teiro durante o inverno no Estado do Rio Grandedo Sul. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v.6, n.1,p.113-120, 2000.CASTELLANE, P.D.; ARAÚJO, J.A.C. Cultivosem solo - Hidroponia. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP,1995. 43 p.CUARTERO, J.; FERNÁNDEZ-MUÑOZ, R.Tomato and salinity. Scientia Horticulturae, v.78,p.83-125, 1999.FAQUIN, V.; FURLANI, P.R. Cultivo de hortali-ças de folhas em hidroponia em ambiente prote-gido. Informe Agropecuário, v.20, n.200/201,p.99-104, 1999.GOTO, R. A cultura da alface. In: GOTO, R.;TIVELLI, S.W. (Ed.). Produção de hortaliças emambiente protegido: condições subtropicais. SãoPaulo: FUNESP, 1998, p.137-159.LI, Y.L.; STANGHELLINI, C. Analysis of theeffect of EC and potential transpiration onvegetative growth of tomato. ScientiaHorticulturae, v.89, p.9-21, 2001.MAVROGIANOPOULOS, G.N.; SPANAKIS, J.;TSIKALAS, P. Effect of carbon dioxide enrichmentand salinity on photosynthesis and yield in melon.Scientia Horticulturae, v.79, p.51-63, 1999.PASTERNAK, D., DE MALACH, Y., BOROVIC,I., SHRAM, M., AVIRAM, C. Irrigation withbrackish water under desert conditions. IV. Salttolerance studies with lettuce (Lactuca sativa L.).Agric. Water Manage, v.11, p.303-311. 1986.SHANNON, M.C.; GRIEVE, C.M. Tolerance ofvegetable crops to salinity. Scientia Horticulturae,v.78, p.5-38, 1999.YEO, A. Predicting the interaction between theeffects of salinity and climate change on crop plants.Scientia Horticulturae, v.78, p.159-174, 1999.

successive aliquots of recycled nutrientsolutions during the growth of the crop,every time the measured EC values ofthe nutrient solution had to be raised toits original threshold. This hypothesisshould be tested by more experiments.

CITED LITERATURE

ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; GIRALDI, C.;GODOI, R.S.; BARROS, G.T. Cultivohidropônico da alface empregando substratos: umaalternativa a NFT?. Horticultura Brasileira,Brasília, v.22, n.4, p.794-798, 2004.

Figure 2. Leaf area index (LAI) of lettuce plants grown hydroponically at five concentrationsof the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004.

J. L. Andriolo et al.

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O Brasil produziu 114.436 t de alhoem 15.715 ha em 2002 (IBGE,

2002), para um consumo estimado em140 mil toneladas neste mesmo ano(DELLAMARIA, 2003). SegundoCamargo Filho (2003) a produtividadede alho no estado de São Paulo foi deaproximadamente 6,4 t ha-1 em 2003. Osacessos do banco de germoplasma doInstituto Agronômico de Campinas(IAC) têm revelado produtividades su-periores a esta média.

O Centro de Horticultura do IACmantém um banco de germoplasma dealho com 50 acessos e realiza experi-mentos regionais com essegermoplasma desde a década de 40.Dentre os acessos mantidos nessa cole-ção, encontram-se germoplasmas semi-nobres que podem ser utilizados por pro-dutores em substituição aos alhos no-bres. Os alhos semi-nobres são reco-mendados para o plantio em São Paulopois são mais adaptados às condições

TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; FOLTRAN, D.E.; TIVELLI, S.W.; RIBEIRO, I.J.A. Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronô-mico de Campinas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.935-939, out-dez 2005.

Avaliação dos acessos de alho coleção do Instituto Agronômicode CampinasPaulo E. Trani1; Francisco A. Passos1; Dulcinéia E. Foltran2; Sebastião W. Tivelli1; Ivan J.A. Ribeiro3

1Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; E-mail: [email protected]; 2APTA-UPD deTietê, C. Postal 18, 18530-970 Tietê-SP; E-mail: [email protected]; 3Instituto Agronômico, C. Postal 28, 13012-970Campinas-SP

de fotoperíodo e temperatura, dispen-sam o tratamento de vernalização, sãoprodutivos e de boa qualidade comer-cial. Os bulbos e bulbilhos desses aces-sos são arroxeados, porém, são mais cla-ros do que os do alho nobre. O númerode bulbilhos por bulbo é de 15 em mé-dia e não produzem palitos(CAMARGO FILHO et al., 1996;SIQUEIRA et al., 1996).

São indicados para plantio em SãoPaulo as cvs. Amarante, Chinês, Gigantede Curitibanos, Lavínia e Roxinho(TAVARES et al., 1998).

A expansão da área cultivada comalhos nobres e roxos ocorrida na déca-da de 80 e 90 no Brasil em áreas novasou que tradicionalmente cultivavam osalhos comuns e brancos, aumentou ocusto de produção da cultura especial-mente para a aquisição de semente. Ocusto de produção por hectare, de alhovernalizado, para São Paulo, foi deUS$6.070,00 (março/1995: R$1,00 =US$0,90) (TRANI et al., 1997). Este

alto custo foi semelhante ao valor ob-servado em Santa Catarina, deUS$6.946,00 (CARMARGO FILHO etal., 1996). Nos coeficientes técnicospara a cultura do alho vernalizado, ocusto da semente representou 51% dovalor dos insumos ou 33% do custo to-tal, enquanto o custo de vernalização foide cerca de 16% do preço da sementeou 5% do custo total (TRANI et al.,1997). Esse custo elevado dificulta ocultivo de alhos nobres para os peque-nos produtores e produtores familiaresde diversas regiões brasileiras.

A cultura do alho é uma atividadeeconômica importante no sistema deagricultura familiar. Além de empregarmão-de-obra desde o plantio até a co-lheita, permite a utilização da mão-de-obra num período que essa estaria ocio-sa. Com isto, favorece a fixação do ho-mem ao campo e proporciona uma ren-da extra para a família.

As mutações somáticas e a seleçãocuidadosa dos produtores deram origem

RESUMOCinqüenta acessos de alho pertencentes ao banco de

germoplasma do Instituto Agronômico de Campinas foram ava-liados em campo, nos municípios de Tietê e Jundiaí (SP), Brasil,em 2003, em blocos ao acaso, com três repetições. Os dados ob-tidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médiascomparadas pelo teste de Skott-Knott, em nível de 5% de proba-bilidade. Os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos apresen-taram excelente desempenho para produtividade e qualidade dobulbo, nos dois locais. Por outro lado, os acessos Bulbilho Aéreo2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o am-biente, o primeiro para o tamanho do bulbo e o segundo para aprodutividade. Comparando-se os resultados de Jundiaí com osobtidos em Tietê, nota-se que em Jundiaí houve maior variabili-dade genética para a produtividade e para o diâmetro do bulbo,devido ao menor efeito ambiental.

Palavras-chave: Allium sativum L., banco de germoplasma, produ-tividade.

ABSTRACTEvaluation of garlic accesses from the collection of the

Instituto Agronômico de Campinas

Fifty accesses from the garlic germplasm bank of InstitutoAgronômico de Campinas were evaluated in Tietê and Jundiaí, SãoPaulo State, Brazil. The field trials were carried out in 2003, and theexperimental design was randomized blocks with three replicates.The data were subjected to an ANOVA and the means comparedusing the Skott-Knott test at a 5% probability level. The accessPiedade and Gigante de Curitibanos showed excellent performancefor yield and bulb quality in both locations. On the other hand,environmental interaction occurred for access Bulbilho Aéreo 2 andAndradas Manoel Lopes 2. For the first one, the bulb size wasdifferent and for the second the yield changed. A greater geneticdiversity on yield and bulb diameter was observed in Jundiaí, due tolower environmental effects.

Keywords: Allium sativum L., germplasm bank, yield.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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936 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

a um grande número de cultivares dealhos semi nobres e comuns com carac-terísticas agronômicas distintas. Estascultivares são exploradas economica-mente no sistema de agricultura fami-liar nas distintas regiões produtoras deSão Paulo, as quais apresentam carac-terísticas edafoclimáticas diferentes.

Em 1987, Lisbão et al. (1993) avalia-ram o comportamento de acessos de alhoem três municípios paulistas (MonteAlegre do Sul, Pariquera-Açu eGuatapará). Os acessos estudados apre-sentaram comportamento diferente emcada município. Em Monte Alegre doSul, os acessos IAC Lavínia 1632 (9,2 tha-1), Roxinho I-5063 (6,3 t ha-1) e Pe-ruano (5,6 t ha-1) foram superiores aosdemais, enquanto em Pariquera-Açu osmais produtivos foram Santa CatarinaRoxo (4,9 t ha-1); Cajuru I-2315 (4,9 t ha-1);São José 4999 (4,5 t ha-1) e Areal nº2I-3978 (4,4 t ha-1). Nenhum dos acessosavaliados em Pariquera-Açu obteve pro-dutividade superior a 5,0 t ha-1 devidoàs condições climáticas locais. Por ou-tro lado, os acessos mais produtivos emGuatapará foram o Peruano (7,2 t ha-1)e o Chinês (4,8 t ha-1).

No município paulista de Tietê,Lisbão et al. (1991) avaliaram o com-portamento de dez acessos de alho, em1988. O acesso Lavínia foi o mais pro-dutivo entre os dez testados, com pro-dutividade de 12,8 t ha-1. Os demaisacessos revelaram produtividades supe-riores à cultivar tradicionalmente culti-vada na região (Roxinho de Goiânia),que produziu apenas 1,7 t ha-1. Dentreos outros acessos merecem ser destaca-dos os genótipos Chinês, Mineiro eRoxinho, com produtividades de 8,1; 7,9e 7,7 t ha-1, respectivamente.

Como parte do programa de pesqui-sa e adaptação de tecnologias regionais,o IAC, em conjunto com a CATI, estu-daram o comportamento varietal do alhoem Guatapará em 1988 e em RibeirãoPreto no ano seguinte. Os resultados de1989 em Ribeirão Preto confirmaram osdados do ano anterior obtidos emGuatapará. As médias de produtividadee peso médio dos bulbos nos dois anosde estudo, demostraram que os acessosLavínia (12,3 t ha-1 e 28,8 g), CatetoRoxo (10,7 t ha-1 e 27,5 g), Roxinho(10,7 t ha-1 e 25,0 g) e Chinês (9,1 t ha-1

e 24,1 g) foram superiores aos demaisacessos avaliados (LISBÃO et al., 1991;LISBÃO et al., 1993).

Segundo Siqueira et al. (1996), oacesso Assaí (IAC-3702) foi identifica-do no banco de germoplasma do IAC,como sendo muito semelhante ao aces-so Cateto Roxo. Portanto, ele pode subs-tituir o acesso Cateto Roxo com vanta-gens, pois seus bulbos apresentam emmédia 10 dentes ou bulbilhos, enquantono Cateto Roxo ocorrem mais de 30 den-tes. Além disso, as plantas do acessoAssaí são tolerantes aopseudoperfilhamento. Diante disto, ospequenos produtores que cultivam CatetoRoxo para consumo próprio e vendaslocais, podem passar a utilizá-lo em plan-tios comerciais ou experimentais.

Os resultados obtidos indicam queas produtividades dos acessos de alhosão muito variáveis de região para re-gião, de acordo com as condiçõesedafoclimáticas e os tratos culturaisempregados. O objetivo deste trabalhofoi avaliar o número de bulbos por hec-tare, a produtividade, o peso médio e odiâmetro dos bulbos, que são relaciona-dos à qualidade comercial de genótiposdo banco de germoplasma de alho doCentro de Horticultura do IAC.

MATERIAL E MÉTODOS

Dois experimentos de campo foraminstalados em duas localidades do esta-do de São Paulo, em 2003, para avalia-ção de 50 acessos de alho, pertencentesao banco de germoplasma do Centro deHorticultura do Instituto Agronômico deCampinas.

O primeiro experimento foi instala-do em 03/04/2003 em Tietê, enquanto osegundo ocorreu em 10/04/2003 emJundiaí. Os bulbilhos de cada acessoutilizado no plantio foram selecionadosem peneira nº2 (peso 1,5-2,0 g). O alhofoi plantado em linhas simples transver-sais aos canteiros, os quais tinham ummetro de largura. O espaçamento entreas linhas foi de 0,25 m e, entre plantas,de 0,1 m. Cada parcela conteve 0,5 m2

de área total e foi composta de duas li-nhas transversais. No experimento deTietê cada linha foi plantada com setebulbilhos, num total de 14 bulbilhos porparcela, ou 0,35 m2 de área cultivada.

Em Jundiaí por sua vez, cada linha deplantio nos canteiros conteve 6bulbilhos, num total de 12 bulbilhos porparcela, ou 0,30 m2 de área cultivada.Em ambos os locais os tratos culturais(calagem, adubação, irrigação, tratosfitossanitários, e etc.) foram realizadosde acordo com Trani et al. (1997).

Independentemente do ciclo, todosos acessos foram colhidos no mesmo diaem cada local. Em Tietê a colheita ocor-reu em 08/09/2003, e no dia seguinte,09/09/2003, foi colhido o experimentoem Jundiaí. Em ambas as localidades,foram avaliados quatro caracteres: nú-mero de bulbos por parcela, produtivi-dade (t ha-1), peso médio do bulbo (g) ediâmetro médio do bulbo (mm). O diâ-metro médio do bulbo foi obtido pormeio da média aritmética de três bulbospor parcela escolhidos ao acaso.

Para efeito de comparação dos aces-sos quanto à produtividade em 2003com os resultados obtidos em experi-mentos anteriores, os dados de peso to-tal de bulbos em g parcela-1 no experi-mento de Tietê/SP foram convertidospara t ha-1 por meio da equaçãoProdutividade

Tietê (t ha-1) = (2,857 *

peso total de bulbos (g parcela-1) *0,007. Por motivos idênticos, os dadosde peso total de bulbos em g parcela-1

no experimento de Jundiaí/SP foramconvertidos para t ha-1 por meio da equa-ção Produtividade

Jundiaí (t ha-1) = (3,333

* peso total de bulbos (g parcela-1) *0,007. Considerou-se que um hectare decultivo de alho corresponde a 7.000 m2

de canteiros, o que origina o fator 0,007.

Os experimentos foram conduzidosem blocos ao acaso com três repetições.Os dados obtidos foram submetidos aoteste de Hartley, em nível de 5% de pro-babilidade, para verificar ahomogeneidade de variâncias. Em am-bos os experimentos os dados originaisforam submetidos à análise de variância,e tiveram as médias comparadas pelo tes-te de Scott-Knott, em nível de 5% de pro-babilidade (FERREIRA, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Devido à heterogeneidade dos qua-drados médios residuais (GOMES,1970), os resultados dos experimentossão apresentados separadamente.

P. E. Trani et al.

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937Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Para a variável número de bulbos porhectare não houve efeito significativo deacessos no experimento de Tietê em ra-zão da uniformidade de emergência dosbulbilhos, ocorrendo reduzido númerode falhas (Tabela 1). Tanto na análisede variância quanto no teste de Scott-Knott não houve diferenças significati-vas em Tietê.

Por outro lado, na análise de variân-cia, para o experimento em Tietê obser-vou-se que houve efeito altamente sig-nificativo de acessos para os caracteresprodutividade, peso médio do bulbo ediâmetro médio do bulbo. O peso mé-dio do bulbo, que está relacionado aotamanho ou volume do mesmo, foi oprincipal fator a influenciar a produti-vidade. Os coeficientes de variação paraa produtividade, peso médio do bulbo ediâmetro médio do bulbo, foram 18,4%,16,6% e 8,0%, respectivamente (Tabe-la 1).

Em Tietê foram detectadas cincoclasses para a produtividade. O acessoBulbilho Aéreo 2 com produtividade de14,9 t ha-1, e o acesso Piedade com pro-dutividade de 13,4 t ha-1, superaram es-tatisticamente os demais. Na segundaclasse ficaram os acessos Gigante deCuritibanos e Andradas Manoel Lopes2, que produziram 10,9 t ha-1 e 10,1 t ha-1,respectivamente. O acesso Gigante deCuritibanos foi o padrão de referêncianeste experimento devido a sua expres-são no cultivo comercial.

Comparando a produtividade deacessos do experimento em Tietê comos obtidos por Lisbão et al. (1991) nomesmo local, duas considerações me-recem ser destacadas. Primeiro, a maiorprodutividade obtida no ano de 1988pelos autores com o acesso Lavínia foide 12,8 t ha-1, o que não é muito dife-rente das produtividades expressas nopresente experimento para os acessosBulbilho Aéreo 2 e Piedade. Segundo,os acessos de melhor produtividade notrabalho de Lisbão et al. (1991) revela-ram uma produtividade bem abaixo noexperimento atual, com exceção de Mi-neiro que havia produzido 7,9 t ha-1 eagora produziu 7,6 t ha-1. Este resultadopode ser explicado pela interação entregenótipo e ambiente.

Resultados semelhantes às produti-vidades dos acessos foram obtidos para

Tabela 1. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo(g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasmado IAC em Tietê, IAC, 2003.

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott,5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,35 m2), escolhidos ao acaso; **Efeito de acessos (P < 0,01); nsAusência de efeito de acessos.

Acesso

Número de

bulbos

(mil ha-1)1

Produtividade

(t ha)1

Peso médio

do bulbo (g)1

Diâmetro

médio do

bulbo (mm)1, 2

Bulbilho Aéreo 2 266,0 a 14,9 a 55,8 a 48,9 a

Piedade 280,0 a 13,4 a 47,9 b 49,3 a

Gigante de Curitibanos 266,0 a 10,9 b 40,8 c 44,6 b

Andradas Manoel Lopes 2 274,0 a 10,1 b 36,9 c 42,3 b

BGH 5952 300,0 a 8,6 c 28,9 d 39,8 b

Mendonça 5062 280,0 a 8,4 c 30,1 d 37,9 c

Roxo Capim 280,0 a 8,2 c 29,1 d 37,5 c

Catetinho do Paraná 274,0 a 7,9 c 28,8 d 36,1 c

Mineiro 280,0 a 7,6 c 27,3 d 36,2 c

Tatuí 3705 266,0 a 7,6 c 28,3 d 37,5 c

Canela de Ema 280,0 a 7,2 d 25,7 d 35,4 c

BGH 5935 280,0 a 6,8 d 23,7 e 34,0 d

BGH 5947 294,0 a 6,4 d 21,7 e 35,0 c

Bom Repouso 266,0 a 6,4 d 23,8 e 36,5 c

Santa Catarina Roxo 266,0 a 6,3 d 23,5 e 36,4 c

Gigante Tietê 280,0 a 6,2 d 22,3 e 35,2 c

Cateto Precoce I-99 274,0 a 6,2 d 22,7 e 36,2 c

Cateto Roxo 294,0 a 6,0 d 20,3 e 32,3 d

São José 4999 274,0 a 5,8 d 21,3 e 33,8 d

BGH 5963 266,0 a 5,8 d 21,9 e 33,3 d

Peruano Bisão 280,0 a 5,7 d 20,3 e 32,4 d

BGH 4842 266,0 a 5,6 d 21,3 e 32,5 d

Santa Catarina Branco 280,0 a 5,6 d 20,2 e 33,3 d

Lavínia 3208 280,0 a 5,4 d 19,3 f 32,7 d

BGH 5936 280,0 a 5,3 d 19,2 f 32,2 d

Areal nº2 3978 260,0 a 5,3 d 20,5 e 31,5 e

BGH 6394 246,0 a 5,1 d 20,8 e 33,3 d

Cará 266,0 a 5,0 e 18,8 f 33,1 d

Sacaia Goiânia 294,0 a 5,0 e 16,9 f 33,0 d

BGH 4823 266,0 a 4,8 e 18,1 f 32,2 d

Chinês Esalq 286,0 a 4,7 e 16,5 f 30,4 e

Vera Cruz 5004 280,0 a 4,7 e 16,9 f 33,0 d

Do Reino de Araras 274,0 a 4,7 e 17,3 f 31,0 e

Formosa 4713 274,0 a 4,7 e 17,3 f 31,0 e

Andradas Manoel Lopes 1 274,0 a 4,6 e 16,8 f 32,7 d

Roxo Araras 274,0 a 4,6 e 16,8 f 30,6 e

Chinês 4653 286,0 a 4,6 e 16,0 f 30,2 e

Mexicano 266,0 a 4,5 e 16,8 f 32,3 d

Lavínia 1632 274,0 a 4,2 e 15,6 f 29,2 e

Gravataí 266,0 a 4,2 e 15,8 f 31,2 e

Assaí 3702 254,0 a 4,1 e 16,3 f 29,4 e

BGH 0525 286,0 a 4,0 e 14,2 f 27,5 f

Roxinho 5063 280,0 a 3,9 e 13,8 f 28,3 f

Alho Preto 280,0 a 3,9 e 13,8 f 28,5 f

Roxo Mineiro 260,0 a 3,8 e 14,5 f 25,0 f

Mossoró 266,0 a 3,8 e 14,1 f 30,8 e

BGH 4814 260,0 a 3,5 e 13,6 f 27,8 f

Amarante Embrapa 274,0 a 3,3 e 11,9 f 27,0 f

Roxo de Araras 2 266,0 a 2,9 e 10,6 f 26,8 f

Cajuru 2315 260,0 a 2,5 e 9,8 f 26,3 f

C.V. (%) 7,1 18,4 16,6 8,0

F 0,9ns 18,4** 15,1** 10,9**

Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas

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938 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

o peso médio do bulbo no experimentoem Tietê, no qual seis classes foram de-tectadas. O acesso Bulbilho Aéreo 2, commédia de 55,8 g por bulbo, superou osdemais. Na segunda classe destacou-seo acesso Piedade com média de 47,9 gpor bulbo. O acesso Gigante deCuritibanos e Andradas Manoel Lopes 2,que produziram pesos médios de bulbode 40,8 e 36,9 g, respectivamente, ocu-param a terceira classe (Tabela 1).

No experimento em Tietê foram ob-tidas seis classes para o diâmetro médiodo bulbo, variável relacionada ao tama-nho de bulbos selecionados. Os acessosPiedade, com 49,3 mm e Bulbilho Aé-reo 2, com 48,9 mm, superaram os de-mais. Os acessos Gigante deCuritibanos, Andradas Manoel Lopes 2e BGH 5952, com 44,6 mm, 42,3 mm e39,8 mm respectivamente, situaram-seem segundo lugar.

As médias referentes ao número debulbos por hectare, produtividade (t ha-1),peso médio do bulbo (g) e diâmetromédio do bulbo (mm) referentes aos 50acessos avaliados em Jundiaí, bem comoo valor de F da análise de variância e acomparação pelo teste de Skott-Knottencontram-se na Tabela 2.

A análise de variância para o núme-ro de bulbos por hectare mostrou-se es-tatisticamente significativa para o expe-rimento em Jundiaí. O teste de Skott-Knott para esta variável detectou ape-nas uma classe, demonstrando não ha-ver diferença entre o número de bulbospor hectare de cada acesso avaliado. Asemelhança entre o número de bulbospor hectare era esperada em função dametodologia adotada no experimento ea uniformidade de brotação.

Para o experimento em Jundiaí fo-ram detectadas 9 classes de produtivi-dade. O acesso Bulbilho Aéreo 2 foi omais produtivo com 13,1 t ha-1 superan-do os demais. Na classe seguinte estãoos acessos Piedade e Gigante deCuritibanos, com magnitudes respecti-vas de 11,6 t ha-1 e 11,4 t ha-1 (Tabela 2).Estes acessos superam Lavinia 1632,que nos experimentos de Lisbão et al.(1991) e Lisbão et al. (1993), foi o maisprodutiva em São Paulo, e que nesteensaio posicionou-se na terceira classede produtividade, com 9,6 t ha-1, junta-mente com outros acessos.

Tabela 2. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo(g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasmado IAC em Jundiaí, IAC, 2003.

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott,5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,3 m2), obtidos ao acaso; *Efeitode acessos (P < 0,05); ** Efeito de acessos (P < 0,01)

Acesso

Número de

bulbos

(mil ha-1)1

Produtividade

(t ha)1

Peso médio

do bulbo (g)1

Diâmetro

médio do

bulbo (mm)1, 2

Bulbilho Aéreo 2 273,0 a 13,1 a 48,0 a 39,3 c

Piedade 287,0 a 11,6 b 40,5 b 47,3 a

Gigante de Curitibanos 273,0 a 11,4 b 41,7 b 45,3 a

BGH 5952 287,0 a 9,8 c 34,3 c 38,3 c

Lavínia 1632 273,0 a 9,6 c 35,3 c 39,3 c

Roxo Capim 287,0 a 9,3 c 32,4 c 38,7 c

Andradas Manoel Lopes 2 280,0 a 9,0 c 32,2 c 40,7 b

BGH 5935 280,0 a 8,7 d 31,0 d 35,0 d

Mineiro 287,0 a 8,6 d 29,9 d 32,3 e

Tatuí 3705 280,0 a 8,3 d 29,8 d 35,3 d

Gigante Tietê 287,0 a 8,1 d 28,3 d 41,7 b

BGH 4842 273,0 a 8,1 d 29,8 d 36,0 d

Peruano Bisão 296,3 a 7,5 e 25,3 e 32,7 e

Mendonça 5062 287,0 a 7,4 e 25,7 e 37,0 d

Chinês Esalq 296,3 a 7,2 e 24,3 e 32,3 e

BGH 5947 280,0 a 7,1 e 25,3 e 33,0 e

Cateto Roxo 326,7 a 7,1 e 21,7 f 30,3 e

Areal nº2 3978 287,0 a 7,0 e 24,5 e 33,7 e

Bom Repouso 263,7 a 7,0 e 26,7 e 33,0 e

Santa Catarina Roxo 310,3 a 7,0 e 22,6 f 36,3 d

Lavínia 3208 280,0 a 6,9 e 24,6 e 32,0 e

São José 4999 287,0 a 6,7 f 23,3 f 35,3 d

Catetinho do Paraná 287,0 a 6,5 f 22,8 f 33,3 e

Cateto Precoce I-99 296,3 a 6,5 f 21,9 f 34,7 d

Mexicano 287,0 a 6,5 f 22,5 f 32,7 e

Sacaia Goiânia 273,0 a 6,5 f 23,6 e 31,0 e

24 343,0 a 6,3 f 18,5 g 30,3 e

Chinês 4653 256,7 a 6,3 f 24,4 e 31,7 e

BGH 6394 296,3 a 5,9 f 20,1 g 31,7 e

BGH 0525 263,7 a 5,7 g 21,5 f 29,7 e

Cará 273,0 a 5,6 g 20,7 f 32,0 e

BGH 5963 287,0 a 5,6 g 19,7 g 32,0 e

Vera Cruz 5004 280,0 a 5,6 g 19,9 g 31,0 e

Roxo Mineiro 303,3 a 5,5 g 18,1 g 23,7 g

BGH 5936 256,7 a 5,4 g 21,2 f 31,0 e

Cajuru 2315 287,0 a 5,4 g 18,8 g 31,0 e

Formosa 4713 280,0 a 5,4 g 19,3 g 29,0 f

Roxinho 5063 263,7 a 5,3 g 20,1 g 27,7 f

BGH 4814 287,0 a 5,2 g 18,0 g 28,7 f

Amarante Embrapa 310,3 a 5,2 g 16,7 g 27,0 f

Santa Catarina Branco 280,0 a 5,1 g 18,3 g 28,7 f

Andradas Manoel Lopes 1 280,0 a 5,1 g 18,3 g 32,3 e

Roxo Araras 240,3 a 5,1 g 21,0 f 29,7 e

Roxo de Araras 2 296,3 a 5,0 g 16,8 g 28,7 f

Do Reino de Araras 296,3 a 4,9 g 16,7 g 28,0 f

Alho Preto 303,3 a 4,5 h 14,7 h 26,3 f

Mossoró 287,0 a 4,5 h 15,5 h 41,7 b

Assaí 3702 233,3 a 4,4 h 18,7 g 24,0 g

Canela de Ema 263,7 a 3,4 i 12,8 i 20,7 h

Gravataí 280,0 a 3,1 i 11,0 i 26,7 f

C.V. (%) 8,6 7,8 8,2 5,1

F 1,7* 42,9** 46,1** 30,6**

P. E. Trani et al.

Page 75: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

939Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas

O teste Skott-Knott detectou 9 clas-ses para o peso médio do bulbo para osacessos cultivados em Jundiaí. O aces-so Bulbilho Aéreo 2 superou os demaiscom média de 48,0 g por bulbo. Por suavez, Piedade e Gigante de Curitibanosexpressaram pesos médios de bulbo se-melhantes na segunda classe, com va-lores de 40,5 g e 41,7 g, respectivamen-te (Tabela 2).

Para o diâmetro médio do bulbo, omaior valor em magnitude foi verifica-do para o acesso Piedade, com 47,3 mm,que não diferiu do acesso Gigante deCuritibanos, que expressou 45,3 mm dediâmetro. Estes acessos foram superio-res em diâmetro aos acessos Mossoró eAndradas Manoel Lopes 2, que produ-ziram diâmetro médio de bulbo de 41,7mm e 40,7 mm, respectivamente.

Houve semelhança de resultadosentre os dois locais quando se compa-ram o peso médio do bulbo com a pro-dutividade e com o diâmetro do bulbo.A exceção no experimento em Jundiaí(Tabela 2) foi o acesso Mossoró queapresentou baixa produtividade (4,5 t ha-1)e cabeça grande (41,7 mm).

Portanto, os melhores tamanhos debulbo aliados à boa produtividade emJundiaí foram alcançados pelos acessosPiedade e Gigante de Curitibanos. Asprodutividades foram maiores do que aprodutividade normal para o alho emSão Paulo, que é de 4 a 8 t/ha (LISBÃOet al., 1993; TAVARES et al., 1998).Apesar da produtividade do acesso

Bulbilho Aéreo 2 ter sido de 13,1 t ha-1,comercialmente o diâmetro médio do seubulbo classifica o acesso em categoriainferior à dos acessos Piedade e Gigantede Curitibanos, em razão de variações de36 a 45 mm do diâmetro serem classifi-cadas como tamanho 4, ao passo quevariações de 46 a 55 mm classificam ogenótipo como tamanho 5 (TRANI et al.,1997), o que é um fator importante novalor monetário para o alho.

Os acessos Piedade e Gigante deCuritibanos exibiram excelente desem-penho para produtividade e qualidade dobulbo, nos dois locais avaliados. Emcontraposição, os acessos Bulbilho Aé-reo 2 e Andradas Manoel Lopes 2 apre-sentaram interação com o ambiente, oprimeiro para o tamanho do bulbo e osegundo para a produtividade. Aos agri-cultores, recomenda-se o plantio expe-rimental destes quatro acessos de alho,porque revelaram produtividade e qua-lidade superior em relação às cultivarestradicionalmente plantadas.

LITERATURA CITADA

CAMARGO FILHO, W.P. Área e produçãodos prin-cipais produtos da agropecária do estado de São Paulo:levantamento subjetiva estado de São Paulo. São Pau-lo, 2003. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/ibcoiea.php >. Acesso em: 27 ago. 2004.CAMARGO FILHO, W.P.; TRANI, P.E.;SIQUEIRA, W.; BERNHARDT, L.W.; MAZZEI,A.R.; SILVA, C.G.; URYU, E.N.; CABRERA FI-LHO, J. Repensando a agricultura paulista – ca-deias produtivas do alho, da cebola e condimen-tos. São Paulo, 86 p., 1996. (não publicado)

DALLAMARIA, G.C.M. A cultura do alho noBrasil. Batata Show, ano 3, n.6, p.32-33, 2003.FERREIRA, D.F. Programa Sisvar versão 4.3(Build 45). DEX/UFLA, Lavras (MG). Disponí-vel em :<http://www.dex.ufla.br/danielff/dff02.htm>. Acesso em: 15 mar. 2005.GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.4a. ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1970, 430 p.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA EESTATÍSTICA Produção Agrícola Municipal:Alho. Brasília, 2002. Disponível em: <http://w w w. s i d r a . i b g e . g o v . b r / b d a / t a b e l a /protabl.asp?z=t&o=1&i=P>. Acesso em 27 ago.2004.LISBÃO, R.S.; FORNASIER, J.B.; GROPPO,G.A.; NEVES, J.P.S.; BARBOSA, L.A.V.;INADA, I.; RODRIGUES, A.; VERAGUAS, S.;FERNANDES, S.C.S. Avaliação de cultivares dealho. Campinas, Coordenadoria de AssistênciaTécnica Integral. Programa de Pesquisa e Adap-tação de Tecnologias Regionais, n.22, mai. 1991.LISBÃO, R.S.; SIQUEIRA, W.J.; FORNASIER,J.B.; TRANI, P.E. Alho. In: FURLANI, A.M.C.;VIEGAS, G.P., Ed. O melhoramento de plantasno Instituto Agronômico. Campinas, InstitutoAgronômico, 1993. p.222-253. 524 p.SIQUEIRA, W.J.; TAVARES, M.; TRANI, P.E.Variedades de alho para o estado de São Paulo.Campinas, Instituto Agronômico, 1996. 26 p (Boletim Técnico, 165)TAVARES, M.; TRANI, P.E.; SIQUEIRA, W.J.Alho. In: Instruções agrícolas para as principaisculturas econômicas, editado por Joel Irineu Fahl,Marcelo Bento Paes de Camargo, Maria AngélicaPizzinatto, Juarez Antonio Betti, Arlete MarchiTavares de Melo, Isabela Clerici Demaria e AngelaMaria Cangiani Furlani. 6. ed. rev. atual. Campi-nas, Instituto Agronômico, 1998. p.175-176. (Bo-letim IAC, 200).TRANI, P.E.; TAVARES, M.; SIQUEIRA, W.J.;SANTOS, R.R.; BISÃO, L.G.; LISBÃO, R.S.Cultura do alho: recomendações para seu cultivono estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agro-nômico, 1997. 39 p (Boletim Técnico, 170)

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940 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Segundo Cançado Jr. et al. (2003), otomateiro é a segunda hortaliça culti-

vada no mundo, sendo que em quantidadeproduzida é superada apenas pela batata.Das 108.499.056 t métricas de produçãomundial de tomate em 2002, 3.518.163foram produzidas pelo Brasil, colocando-o como oitavo produtor mundial,correspondendo a uma área colhida de62.291 ha. O volume comercializado naCeagesp (SP) neste mesmo ano foi de243.794 t, sendo o tomate salada responsá-vel por 189.405 t, com preço médio deR$0,85/kg baseado no volume comercia-lizado na Ceagesp (FNP CONSULTORIA

FERREIRA, M.D.; KUMAKAWA, M.K.; ANDREUCCETTI, C.; HONÓRIO, S.L.; TAVARES, M.; MATHIAS, M.L. Avaliação de linhas de beneficiamentoe padrões de classificação para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.940-944, out-dez 2005.

Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação paratomate de mesaM.D. Ferreira1; M.K. Kumakawa2; C. Andreuccetti1; S.L. Honório1; M. Tavares3; M.L. Mathias2

1UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, Conselho Integrado de Tecnologias de Processos, Distrito Barão Geraldo, C. Postal 6011, 13083-875Campinas-SP; E-mail: [email protected], 2UNICAMP, Fac. Eng. Mecânica, Campinas-SP; 3Universidade Federal deUberlândia, Fac. Matemática, Av. João Naves de Ávila, 2121, 38408-100 Uberlândia-MG.

& AGROINFORMATIVOS, 2004). Osmesmos autores afirmaram que uma boaalternativa para aumentar a lucratividadedos produtores é otimizar a logística de pro-dução, colheita e distribuição do tomate, oque acarretaria numa melhora de qualida-de do produto e numa diminuição das per-das pós-colheita.

As perdas na pós-colheita podem sercausadas por danos mecânicos,armazenamento impróprio, manuseioexcessivo, transportes inadequados egrande tempo de exposição no varejo.

Danos mecânicos devido a impac-tos, compressão, vibração, cortes e ra-

chaduras estão relacionados com alte-rações fisiológicas, metabólicas, de aro-ma, sabor e qualidade em diversos pro-dutos hortícolas (MORETTI et al.,1998). Danos mecânicos podem ser oca-sionados por uma pequena força, porimpacto com outro fruto ou em umasuperfície dura, sendo cumulativos du-rante as práticas de manuseio pós-co-lheita (MOHSENIN, 1986; SARGENTet al., 1992). Portanto, as etapas de ma-nuseio do produto, desde o campo até oconsumidor, devem ser cuidadosamen-te coordenadas e integradas paramaximizar a qualidade final do produto

RESUMOAtualmente, existem disponíveis no mercado brasileiro alterna-

tivas quanto a equipamentos de beneficiamento e classificação paratomate de mesa, sendo os mais comuns aqueles que realizam a pa-dronização através dos parâmetros tamanho e peso do produto. Nes-te trabalho realizou-se um levantamento em cinco unidades de be-neficiamento e classificação para tomate de mesa, localizadas naregião de Campinas (SP), caracterizando o tipo de equipamento, seufuncionamento, as etapas envolvidas no processo e aferindo a clas-sificação utilizada pelos galpões, comparando-a com aquela deter-minada pelo Programa Brasileiro para a Modernização daHorticultura, desenvolvido pela Companhia de Entrepostos e Arma-zéns Gerais de São Paulo, Ceagesp. A classificação dos tomates foirealizada medindo-se os diâmetros transversais dos frutos por meiode um paquímetro digital. Na avaliação das linhas de beneficiamen-to e classificação, observou-se grande variação nas etapas do pro-cesso: quanto às dimensões, determinou-se aproximadamente 99%de diferença entre os comprimentos aferidos; quanto ao número eao tipo de escovas, na etapa de lavagem encontrou-se o mínimo de 4escovas e o máximo de 19 escovas nylon, na etapa de secagem omínimo de 5 e o máximo de 15 escovas espuma (poliuretano-poliéter), e na etapa da segunda secagem, incluindo o polimento, omínimo de 6 e o máximo de 64 escovas, preferencialmente de ori-gem animal, crina. Observou-se ainda para os padrões de classifica-ção maiores o não cumprimento das normas nos galpões de benefi-ciamento avaliados. Das 14 amostragens realizadas nas 5 unidadesde beneficiamento, 57,2% enquadraram-se às normas de classifica-ção recomendadas.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, escovas, galpões,normas, diâmetros de frutos.

ABSTRACTEvaluation of packing lines and classification standards for

fresh market tomatoes in Brazil

Currently, are available in the Brazilian market some alternativesof packing and standardization equipment for fresh market tomatoes.The most common ones classify the fruits through their size andweight. Five packing line units for classifying fresh market tomatoes,located in the Campinas region, Brazil, were evaluated. The type ofequipment was characterized; the involved steps in the process, andthe working functions were analysed. A comparison was donebetween the classification recommended by the Brazilian Programfor the Modernization of the Horticulture (developed by theCEAGESP), and those used in the different packing housesevalkuated. The classification was carried out measuring thetransversal diameter of the fruits with a digital paquimeter. A largevariation was observed (99%) in the length of the packing lines. Inthe washing step the number of brushes varied from 4 to 19 nylonbrushes. In the drying step, the number of foam brushes(polyurethane-polyether) ranged from 5 to 15, and from 6 to 64brushes of animal origin (horse poil mainly) in the second dryingand polishing step. For bigger classification standards a lack offulfillment of the norms was observed. From the 14 samples takenin the 5 packing houses, only 57.2% worked accordingly to therecommended norms.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, brushes, packing houses,standards.

(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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(SARGENT et al, 1992). Hyde e Zhang(1992) relatam que as escovas utiliza-das em uma linha de beneficiamento eclassificação possuem diferentes velo-cidades de acordo com a sua finalidade.Porém, a velocidade excessiva das es-covas e/ou a excessiva exposição a elas,também podem causar danos aos frutos,em especial se as escovas utilizadas pos-suírem superfícies pontiagudas e rígidas.Uma linha de beneficiamento e classi-ficação de frutas e hortaliças é compos-ta por etapas como recebimento, pré-seleção, lavagem, secagem, classifica-ção e embalagem (MILLER et al.,2001).

Segundo Ferreira et al. (2004), osfrutos são avaliados, dentre outrosparâmetros, pelo tamanho que, por suavez, é medido através da circunferênciaou diâmetro transversal. Para Belém(2003), a classificação garante um pa-drão único para os produtores, atacadis-tas e consumidores finais, promovemaior facilidade na comercialização,possibilitando que os melhores agricul-tores possam ter seus produtos valori-zados, diminuindo as perdas, além degarantir ao consumidor um elevado pa-drão de qualidade de frutas e hortaliças.A classificação do tomate de mesa tam-bém interfere na qualidade final, umavez que este é suscetível a danos provo-cados pelo manuseio incorreto, seja daclassificação manual ou da mecânica.

Produtos com características de ta-manho e peso padronizados são maisfáceis de ser manuseados em grandesquantidades, pois apresentam menoresperdas, produção mais rápida e melhorqualidade (CHITARRA; CHITARRA,1990).

Objetivou-se com este trabalho ca-racterizar os equipamentos (nacionais eimportados) de beneficiamento e clas-sificação para tomate de mesa em cincounidades localizadas na região de Cam-pinas (SP), identificando as etapas en-volvidas no processo e os parâmetros defuncionamento tais como material uti-lizado, tipo de classificadora, escovasempregadas na etapa de limpeza e lava-gem. Estabeleceu-se também o relacio-namento entre a classificação utilizadapelas unidades referidas com a recomen-dada pelo Programa Brasileiro para aModernização da Horticultura

(CEAGESP, 2000), verificando se asnormas preconizadas estavam sendocumpridas.

MATERIAL E MÉTODOS

A caracterização dos equipamentosde beneficiamento e classificação foirealizada pela identificação dos materi-ais utilizados na construção do classifi-cador, das medidas de rotação de ope-ração das esteiras de lavagem, secageme polimento. Dimensionou-se o tipo demáquinas beneficiadoras empregadaspor meio de medidas feitas com o auxí-lio de uma trena profissional. Foimensurado o tamanho de cada etapa doequipamento, aferindo-se tanto o com-primento quanto as larguras interna eexterna. Na etapa de limpeza, polimen-to e secagem, identificaram-se a quan-tidade e qualidade das escovas utiliza-das, classificando o material das esco-vas de acordo com sua origem em ve-getal, animal e sintético. Para avaliaçãodas condições das escovas foi utilizadauma escala de notas de 1 a 5, corres-pondente ao nível de conservação dasescovas (1=escovas em péssimo estadode conservação, com ausência no núme-ro de cerdas; 2=estado de conservaçãoruim, mas sem falhas na escova; 3=in-termediário, escovas em uso, com cerdaseretas, mas apresentando algum desgas-te por uso; 4=escovas novas com poucouso; 5=escovas recém instaladas). Fo-ram avaliadas as escovas nas etapas re-ferentes à lavagem, secagem e polimen-to. Aferiu-se a rotação de operação dasescovas (rpm) nas etapas já menciona-das através da determinação de um pon-to de referência, utilizando-se um cro-nômetro de precisão, considerando umminuto como tempo padrão. Realiza-ram-se cinco repetições para cada gru-po de escovas, considerando-se comoresultado final a média das repetições.

A eficiência do processo de classifi-cação foi avaliada por medições do diâ-metro transversal dos frutos. Verificou-se sua adequação dentro das normas depadrão e classificação indicadas peloPrograma Brasileiro para a Moderniza-ção da Horticultura (CEAGESP, 2000),determinando-se a eficiência dos equi-pamentos utilizados nas unidadespesquisadas. A metodologia baseou-se

em recomendações de Sargent et al.(1991) e Lopez Camelo et al. (2003).Amostras foram coletadas nos padrõesde classe (diâmetros) 3A, 2A e 1A, con-forme disponibilidade nos galpões, res-pectivamente equivalente às classesGrande, Médio e Pequeno (CEAGESP,2000), denominações mais usadas apósembalamento, em um número de 100frutos para cada padrão de classificação.A análise dos resultados foi feita peloTeste t, para um intervalo de confiançade 90%. A confiabilidade de 90% parao método foi adotada segundo o limitede tolerância para mistura de tomatespertencentes a classes diferentes, quenão deve ultrapassar 10% de frutos quepertençam à classe imediatamente su-perior e/ou inferior, conforme descreveo Programa Brasileiro para a Moderni-zação da Horticultura (CEAGESP,2000) e Ferreira et al. (2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cinco unidades de beneficia-mento e classificação estudadas foramnomeadas de Galpões 1 a 5, sendo quetodos trabalhavam com capacidade in-ferior à máxima. Galpões 1, 2 e 3 eramcompostos de equipamentos mistos, eta-pa de recebimento e limpeza (lavagem,secagem e polimento) de origem nacio-nal, e classificação com maquinárioimportado. Galpões 1 e 3 utilizavam-seda classificação por diâmetro e cor;Galpão 2, classificação por peso e cor.Galpão 4 possuía linha de beneficia-mento e classificação por peso impor-tada, sendo a classificação por cor rea-lizada manualmente. Galpão 5, bene-ficiamento e classificação por diâmetroem equipamento nacional através daesteira de lona. Os Galpões 1, 2 e 5 clas-sificavam, no período da pesquisa, fru-tos com formato redondo e os Galpões3 e 4, tomates oblongos (CEAGESP,2000).

Quanto à caracterização das etapasdas linhas de beneficiamento e classifi-cação observa-se, na Tabela 1, um dife-rencial entre os comprimentos das eta-pas constituintes do equipamento debeneficiamento, bem como no compri-mento total desta, que neste caso varioude 18,84 m a 37,49 m. Constatou-se quesomente em um galpão o recebimento

Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa

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ocorreu em tanques de água. Importan-te salientar que essas diferenças de com-primento encontradas podem estar re-lacionadas ao tipo de classificador uti-lizado e ao volume diário de produção.Outro aspecto observado refere-se àsdimensões da etapa de limpeza (lava-gem, secagem e polimento) que diferi-ram entre as unidades pesquisadas. To-

davia, não eram proporcionais ao com-primento máximo de cada linha, ocor-rendo, portanto, equipamentos commenores dimensões totais, mas propor-cionalmente com maiores dimensõesnas etapas de limpeza.

O Galpão 4 apresenta o menor nú-mero de escovas nas três etapas (Tabela2). Enquanto que na etapa de Secagem2/

Polimento o Galpão 2 apresentou omaior número. Esta máquina de classi-ficação não utilizava escovas no poli-mento, somente realizando secagem.Observa-se portanto uma grande dife-rença no número e tipos de escovas naslinhas de beneficiamento avaliadas.Miller et al. (2001) relatam que a utili-zação de escovas transversais para lim-peza é praticamente universal para fru-tas e hortaliças, juntamente com a apli-cação de algum detergente ou desinfe-tante. O fruto deve ser localizado ime-diatamente sobre o espaço entre a pri-meira e segunda escova, mas não sobrea escova, porque cada linha de frutaspassará entre as escovas.

As escovas da maioria dos galpõesestavam em condições razoáveis, nota3 na escala proposta. Pode-se destacaros Galpões 2 e 3 por terem apresenta-dos as escovas em melhores condições,notas 4 e 5. A etapa de polimento apre-sentou escovas em melhores condiçõesde funcionamento enquanto que as daetapa de secagem estavam em condiçõesmais comprometedoras (nota 2). Paraque o processo de limpeza seja efetivoe para o adequado funcionamento dasescovas, estas devem sercontinuadamente verificadas, pois ocor-re desgaste por uso, com o acúmulo deimpurezas, as quais prejudicam o seuapropriado funcionamento. Para tanto,revisões periódicas são recomendadas(SARDI, 2001).

Observa-se na rotação das escovasdas etapas de lavagem, secagem e poli-mento, diferenças entre os galpões (Ta-bela 3). Nota-se que o Galpão 4 apresen-tou uma rotação baixa em todas as eta-pas, enquanto que os Galpões 1 e 5 sedestacaram pela elevada rotação. Hydee Zhang (1992) relatam que uma redu-ção na velocidade das escovas reduz aintensidade das injúrias causadas pelasescovas e pela abrasão de um fruto con-tra o outro. Com a redução da velocida-de das escovas, ocorre uma conseqüenteredução no número de impactos por se-gundo, porém, com a redução do fluxodo produto, o impacto total pelo choquede fruta contra fruta pode continuar omesmo. Assim, recomenda-se para cul-tivares de maior sensibilidade uma redu-ção na velocidade das escovas, mas comum fluxo normal de operação dos frutos.

*EI = etapa inexistente.

Tabela 1. Caracterização dimensional (comprimento, m) em cinco unidades de beneficia-mento e classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003.

EtapasDimensões dos galpões de beneficiamento (m)

Galpão 1 Galpão 2 Galpão 3 Galpão 4 Galpão 5

Tanque Recebimento EI* EI* EI* 4,57 EI*

Recebimento 3,47 2,24 2 3,1 3,4

Lavagem 1,92 2,45 2,45 1,43 2,1

Esteira EI* EI* 1,55 EI* EI*

Secagem 1,75 0,75 0,93 1,43 1,65

Secagem 2/Polimento 3,8 2,4 0,93 3,86 3,8

Seleção EI* 4,8 EI* EI* 2,5

Saída Seleção EI* 2,45 EI* EI* EI*

Etapa Alimentação 6,28 EI* 1,62 5,7 EI*

Entrada Colorimetro EI* 2,85 EI* EI* EI*

Colorimetro 1,8 1 1,7 EI* EI*

Saída Colorimetro EI* 1,85 EI* EI* EI*

Linha Classificação 6,44 16,7 9,52 9 5,39

Total 25,46 37,49 20,7 29,09 18,84

M. D. Ferreira et al.

*EI = etapa inexistente.

Tabela 3. Rotações das escovas nas diferentes etapas em cinco galpões de beneficiamento eclassificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003.

GalpõesEtapas (rotação rpm)

Lavagem Lavagem 2 Secagem Secagem 2 Polimento

1 162 EI* 118 EI* 118

2 76 EI* 119 EI* 11

3 102 77 26 26 26

4 46 EI* 46 EI* 46

5 168 EI* 115 148 131

Tabela 2. Classificação das escovas em cinco galpões de beneficiamento e classificaçãopara tomates de mesa, quanto ao número e material utilizado nas etapas de lavagem, seca-gem e polimento. Campinas, UNICAMP, 2003.

Galpões

Etapas

Lavagem Secagem Secagem2/Polimento

EscovasMaterial

EscovasMaterial

EscovasMaterial

1 15 Nylon 15 Espuma 30 Crina

2 19 Crina 5 Espuma 64 PVC

3 10 Nylon 9 Espuma 16 Crina

4 4 Nylon 6 Espuma 6 Nylon

5 16 Nylon 14 Espuma 30 Crina

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943Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Quanto aos padrões de classificação,observa-se na tabela 4 os resultados re-ferentes à verificação ou não da adequa-ção dentro das normas para todos osgalpões pesquisados. Os parâmetros in-dicados nas tabelas são: “Variável”(classificação adotada pelos Galpõespesquisados); “n1” (tamanho da amos-tra por padrão de classe); “Média” (mé-dia dos diâmetros amostrados, mm);“DP” (Desvio Padrão da amostra, mm);“Intervalo da amostra” (intervalo calcu-lado a partir do Teste t com intervalo deconfiança de 90%, conformemetodologia); e “Intervalo padrão”, in-tervalo de diâmetros indicados pelaCEAGESP (2000) para diferentes pa-drões de classe.

No Galpão 1, observa-se que, paraas classes de diâmetros 1A e 2A, as nor-mas foram atendidas, admitindo-se to-lerância de mistura de 10%, conformeindica CEAGESP (2000). Ou seja, dian-te das análises, determinou-se que o “In-tervalo da amostra” está contido no “In-tervalo padrão”. Para tomate 1A, den-tro da amostragem de 100 frutos, 98deles enquadravam-se nas normas depadrão e classificação da CEAGESP.Para tomate 2A, 96 frutos atenderam aclassificação conforme norma. Enquan-to que para os tomates classificadoscomo 3A, 27 frutos estavam de acordocom a legislação, isto significa que o“Intervalo da amostra” não pertence ao

“Intervalo padrão”, o primeiro estandoabaixo do segundo. Logo, tomates queforam classificados como Grande (3A)estavam sendo supervalorizados, sendomais adequada a classificação tamanhoMédio (2A).

Todavia para Galpão 2, observa-sediferença entre a classificação dada poressa unidade de beneficiamento e a clas-sificação indicada pela Ceagesp, paratodos os níveis de classe analisados. Osintervalos das amostras não estão con-tidos nos intervalos padrões de classifi-cação, sendo aqueles inferiores a esses.Neste caso, todos os tomates dessa uni-dade, durante a época da pesquisa, esta-vam sendo supervalorizados. Os toma-tes classificados como Médio (2A) eGrande (3A) são, conforme normaCeagesp (2000), tomates de tamanhoPequeno, com diâmetros variando de 50a 65 mm.

Já no Galpão 3, o tomate classifica-do como 1A, está sendo desvalorizado,uma vez que o “Intervalo da amostra”está acima do “Intervalo padrão”, ouseja, o adequado seria denominar o to-mate como 2A (tamanho Médio) e nãocomo 1A (Pequeno). Para a outra classeanalisada (2A), determinou-se que anorma estava sendo atendida, com 71frutos correspondendo a classificaçãoconforme Ceagesp (2000). O “Interva-lo da amostra” está contido no “Inter-valo padrão”.

No caso do Galpão 4, levantou-seque, para todos os níveis de classespesquisados (1A, 1A Extrinha e 2A), asnormas foram atendidas de maneirasatisfatória segundo os padrões de clas-sificação da Ceagesp (2000). Os inter-valos das amostras estão contidos nosintervalos padrões indicados pela legis-lação. Encontraram-se 94 frutos enqua-drados na norma para as classificações1A e 1A Extrinha e para tomate 2A,obtiveram-se 80 frutos com diâmetrosde acordo com a norma.

Dentre os tomates classificados peloGalpão 5, aqueles denominados como1A e 2A encontram-se dentro das nor-mas sugeridas pela Ceagesp (2000), com98 e 91 frutos, respectivamente, aten-dendo a legislação. Já para o tomate clas-sificado como 3A o “Intervalo da amos-tra” não está contido no “Intervalo pa-drão”. O tomate, nesse caso, estava sen-do supervalorizado, uma vez que deve-ria ter sido classificado como 2A (tama-nho Médio). A partir dessa análise, ob-serva-se que o tipo de equipamento uti-lizado nas diferentes unidadespesquisadas, bem como sua devidacalibração, afetaram os resultados declassificação para tomate de mesa.

Os resultados mostram diferençasentre os galpões para beneficiamento detomate quanto ao equipamento utiliza-do, dimensões externas, número e tipode escovas e rotações das escovas. Ob-

Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa

*Esta unidade não utilizava classificação 1A, mas considerava esta como a de menor diâmetro.**Unidade 4 considerava o menor diâmetro como extrinha (1A), não existindo a classificação 3A.

Tabela 4. Resultados das classificações dadas pelos diferentes Galpões conforme formato dos tomates. Campinas, UNICAMP, 2003.

Galpões Formato fruto Variável n1Média

(mm)

Desvio

padrão (mm)

Intervalo

amostra (mm)

Intervalo

padrão* (mm)Condição

1

Redondo 1A 100 59,38 2,96 58,89-59,87 50-65 Adequado

Redondo 2A 100 69,22 3,43 68,65-69,79 65-80 Adequado

Redondo 3A 100 77,35 5,22 76,48-78,22 Acima de 80 Inadequado

2

Redondo 2A Méd* 100 53,17 2,82 52,71-53,64 65-80 Inadequado

Redondo 2A 100 56,22 2,48 55,80-56,63 65-80 Inadequado

Redondo 3A 100 61,67 4,43 60,94-62,41 Acima de 80 Inadequado

3Oblongo 1A 100 52,86 3,35 52,31-53,42 40-50 Inadequado

Oblongo 2A 100 58,52 3,18 57,99-59,05 50-60 Adequado

4

Oblongo 1A** (Extrinha) 100 45,19 2,98 44,70-45,69 40-50 Adequado

Oblongo 1A 100 46,03 2,88 45,55-46,51 40-50 Adequado

Oblongo 2A 100 54,25 4,30 53,53-54,96 50-60 Adequado

5

Oblongo 1A 100 58,99 2,58 58,56-59,42 50-65 Adequado

Oblongo 2A 100 69,57 3,47 68,99-70,15 65-80 Adequado

Oblongo 3A 100 76,26 2,95 75,77-76,75 Acima de 80 Inadequado

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serva-se através dessas informações umpotencial para pesquisas futuras, com acriação de parâmetros para melhor fun-cionamento e eficiência nas etapas deuma linha de beneficiamento e classifi-cação. Para a avaliação das normas declassificação, os menores padrões (fru-tos com menores diâmetros transversais)são coincidentes para o Padrão Ceagesp(2000), enquanto as encontradas para osmaiores padrões não o são, na sua maio-ria, discordando dos resultados encon-trados por Sargent et al. (1991). Os equi-pamentos que realizam classificaçãoutilizando como padrão o diâmetro dofruto (Galpões 1, 3 e 5) atenderam emsua maioria (62,5%) as normas preco-nizadas pela Ceagesp (2000). Dos37,5% equipamentos restantes que nãoestavam atendendo as normas nessasunidades, 25% estavamsupervalorizando e 12,5%subvalorizando o produto. Os outrosdois galpões (2 e 4) classificam os fru-tos por peso, porém, não foi possívelcomparar as unidades, uma vez que emuma delas as normas não foram atendi-das em nenhuma classificação realiza-da, enquanto que na outra unidade asclassificações dos frutos se adequaramàs normas.

Todas as unidades de classificaçãofalharam em pelo menos uma classe,não atendendo os limites pré-estabele-cidos e somente uma delas atingiu asnormas da CEAGESP (2000) nas cate-gorias classificadas. O melhor resulta-do obtido, nesse caso, contou com equi-pamento importado para a classificaçãoatravés da aferição do peso dos frutos(Galpão 4). Porém, o tipo de equipamen-to, seja ele importado ou nacional, porsi só, não é satisfatório para avaliar aeficiência das operações de classifica-ção. Deve-se atentar para outros quesi-tos, de acordo com Sargent et al. (1991),tais como a calibração do equipamento(a freqüência e o rigor com que essa ta-refa é realizada) e a velocidade das es-teiras transportadoras. No caso do nãocumprimento da norma, segundo Lopezet al. (2003), as atribuições podem serdadas à seqüência de operações e à ve-

M. D. Ferreira et al.

locidade das correias de transporte.Logo, a calibração dos equipamentosdeve ser feita freqüentemente, com ointuito de evitar a desvalorização ou asupervalorização do produto, rotulando-se o produto de acordo com a legisla-ção, não prejudicando os consumidoresfinais. Faz-se necessário a realização detreinamento dos operadores, a fim deque esses possam efetuar a adequaçãodos equipamentos às classificações, con-forme os diferentes diâmetros e varie-dades existentes, comparando-se o diâ-metro classificado com aquele indica-do pela norma.

No caso da classificação obtida nãose adequar às normas, como encontra-do na maioria dos galpões estudadosnessa pesquisa, Gayet et al. (1995) afir-maram que é indispensável proceder àeliminação manual dos frutos conside-rados fora de calibre e a sua inclusãonos lotes correspondentes. Para a garan-tia de um produto de qualidade é neces-sário que as normas estabelecidas, nes-se caso para tomate de mesa, se adap-tem, de acordo com Ferreira et al.(2004), à realidade agrícola com vistasas cultivares de diferentes formatos, ta-manhos e cores. Por isso, é relevante aformação de recursos humanos que pos-sam dar apoio a essa realidade, a exis-tência de cursos e treinamentos para ostrabalhadores e o compromisso dos pro-dutores diante desses fatores.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Fundaçãode Amparo a Pesquisa do Estado de SãoPaulo, FAPESP (O presente trabalho fazparte do Projeto UNIMAC).

LITERATURA CITADA

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Dentre as doenças da melancia(Citrullus lanatus) o crestamento

gomoso do caule, ou cancro da haste, éuma das principais devido aos seus efei-tos na redução da produtividade e qua-lidade dos frutos (SANTOS et al.,2005b). Os sintomas incluem cancro nocaule, queima das folhas e também apo-drecimento de frutos (SCHENCK, 1968).A doença vem despertando preocupaçãonos perímetros irrigados da região nor-deste do Brasil (DIAS et al. 1996), e emoutros países, como nos Estados Unidos(EVERTS, 1999; KEINATH; DUTHIE,

SANTOS, G.R.; CAFÉ FILHO, A.C. Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.945-950, out-dez 2005.

Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule1

Gil Rodrigues dos Santos2; Adalberto C. Café Filho3

2Universidade Federal de Tocantins, Campus de Gurupi, C. Postal 66, 77400-000 Gurupi-TO; 3Universidade de Brasília, Depto.Fitopatologia, 70910-900 Brasília-DF; [email protected]

1998; SITTERLY; KEINATH, 1996;SCHENCK, 1960) e no Caribe (BALA;HOSEIN, 1986). O agente causal é o fun-go Didymella bryoniae (Auersw) Rehm(=Mycosphaerella citrullina (C.O. Sm.)Gross.), anamorfo Ascochyta cucumisFautrey & Roum (=Phomacucurbitacearum (Fr.) Sacc.), que temcomo hospedeiras diversas espécies deCitrullus, Cucumis, Cucurbita, e outrosgêneros da família Cucurbitaceae(KEINATH, 1995). Figueiredo e Cardo-so (1964) registraram a doença pela pri-meira vez no Brasil, com o patógeno em

sua forma assexuada. Recentemente,Café-Filho e Santos (2004) registrarame descreveram a forma perfeita deDidymella bryoniae no Brasil.

Em área de cultivo comercial, o con-trole químico aumentou a produção ematé 16,9 t por ha (SANTOS et al.,2005a). Em um estudo específico paraestimativa de perdas de produção, veri-ficou-se redução de até 19,2% na pro-dutividade devido ao crestamentogomoso (SANTOS et al., 2005b). En-tretanto, o controle químico docrestamento gomoso é dificultado devi-

RESUMOFace à importância do crestamento gomoso do caule e à escas-

sez de relatos da reação de genótipos de melancia na literatura na-cional e internacional, este trabalho teve por objetivo avaliar a res-posta de genótipos comerciais de melancia ao crestamento gomoso.No campo, estudou-se o nível de infecção nas folhas em delinea-mento de blocos ao acaso com nove cultivares de melancia e quatrorepetições, com inoculação de duas plantas por parcela aos 43 diasapós o plantio (DAP). Foram avaliadas as cultivares Crimson Sweet,Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana e Riviera. Emcasa de vegetação, estudou-se a infecção no caule em vasos, comdelineamento inteiramente casualizado, com três repetições, em es-quema fatorial de 9 x 3, sendo o fator “a” = cultivares e o fator “b” =isolados. Foram avaliadas as mesmas cultivares do ensaio de cam-po, com inoculação artificial com disco de micélio aos 15 dias apósa semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Osisolados de D. bryoniae utilizados na inoculação das plântulas fo-ram: UnB 76 (Melão-DF), UnB 75 (Melancia-PE) e UnB 81 (Abó-bora-DF). Dentre as cultivares avaliadas no campo, Riviera mos-trou-se mais resistente e apresentou menores (P<0,05) índices deinfecção foliar aos 74 e 79 dias após plantio (DAP), e também me-nor valor da área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD).Foram altamente suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix e Safira,que apresentaram os mais altos níveis de infecção nas folhas aos 74DAP e também altos valores de AACPD. Na avaliação da doença nocaule, em casa de vegetação, Riviera também apresentou a menorAACPD (P<0,05). Foi significativa a correlação (r=0,77) entre aresposta das cultivares em campo (resistência das folhas) e em casade vegetação (resistência no caule).

Palavras-chave: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae.

ABSTRACTResponse of watermelon cultivars to gummy stem blight

Gummy stem blight, caused by Didymella bryoniae, is one ofthe most important watermelon diseases. Nevertheless, there arerelatively few published studies on the response of watermelongenotypes to the disease. This paper reports results of studies on theresponse of commercially available watermelon cultivars to gummystem blight. Leaf infection was studied in a randomized completeblock field experiment with nine watermelon genotypes and fourreplicates. Two plants per experimental plot were inoculated 43 daysafter planting. Cultivars Crimson Sweet, Onix, Rubi, Safira, Eureka,Georgia, Sheila, Savana and Riviera were evaluated. Stem infectionwas studied in the greenhouse, in a completely randomized design,with three replicates, in a 9 X 3 factorial, where plant cultivarscorresponded to factor “a” and pathogen isolates corresponded tofactor “b”. The same nine cultivars were examined following artificialinoculation with mycelial disks inserted into stems, 15 days afterplanting date, when plants were at the first adult leaf stage. The D.bryoniae isolates were UnB 76 (Melon-DF), UnB 75 (Watermelon-PE) and UnB 81 (Pumpkin-DF). In the field experiment, Rivierawas the most resistant genotype, with significantly (P<0.05) lowervalues of leaf infection at 74 and 79 DAP and the smallest area underdisease progress curve (AUDPC). Crimson Sweet, Rubi, Onix andSafira were the most susceptible genotypes based on foliar diseaselevels 74 days after planting and also based on the AUDPCs. In thegreenhouse, Riviera also presented the smallest (P<0.05) AUDPCin stems. A significant correlation (r=0.77) was detected betweendisease measurements in the greenhouse (stem response) and in thefield (foliar response).

Keywords: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae.

(Recebido para publicação em 2 de dezembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF.

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do à rápida infecção das folhas pelopatógeno (ARNY; ROWE, 1991; VANSTEEKELENBURG, 1985), necessitan-do várias aplicações de fungicidas. Alémdisso, existem relatos de resistência dopatógeno a determinados princípios ati-vos (EVERTS, 1999;MALATHRAKIS; VAKALOUNAKIS,1983; SANTOS et al., 2004).

Até o momento, ainda há escassezde informação sobre a reação degenótipos de cucurbitáceas, com boaaceitação comercial, resistentes à doen-ça, e diversos trabalhos relatam a buscade fontes de resistência para o melhora-mento (DIAS et al., 1996; DUSI et al.,1994; MCGRATH et al., 1993;SUMNER; HALL, 1993; WEHNER;AMAND, 1993). Uma outra abordagemé a avaliação da resposta dos genótiposcomerciais disponíveis ao crestamentogomoso. O conhecimento da respostadas cultivares à infecção por D.bryoniae, é importante para capacitar osprodutores quanto à tomada de decisõesagronômicas, e pode ter impacto imedi-ato no manejo da doença. O controle viaresistência genética, mesmo parcial,pode ser usado em conjunto com outrasmedidas e reduzir o uso de agrotóxicos,reduzindo o custo de produção e contri-buindo para a melhor conservação doecossistema. Segundo Cohen et al.(1993), além da preocupação com a saú-de pública, os produtores rurais sãomotivados a otimizar as práticas cultu-rais utilizando menos defensivos quími-cos e optando pela utilização de culti-vares resistentes a doenças.

Sowell e Pointer (1962) identifica-ram o genótipo PI 189225 como fontede resistência ao crestamento gomoso.Norton e Cosper (1985) confirmaram aresistência de PI 189225 e comentaramque este genótipo, além do PI 271778,possibilitaram retrocruzamentos queresultaram no lançamento de cultivaresde melancia resistentes ao crestamentoe outras doenças. No Brasil, Dias et al.(1996) examinaram 70 acessos de me-lancia quanto à resistência a D.bryoniae, incluindo PI 189225, o qualapresentou reação variável (suscetívela resistente) em diferentes ensaios. Acultivar Crimson Sweet, uma das maisplantadas no Brasil, foi utilizada comopadrão de susceptibilidade. Esses auto-

res encontraram seis fontes de resistên-cia para uso em futuros trabalhos demelhoramento, sendo PI 189255 umadelas.

Exceto pelo estudo de Dias et al.(1996), são poucos os trabalhos envol-vendo a identificação de fontes de re-sistência a D. bryoniae em melancia noBrasil. Nenhum trabalho foi encontra-do comparando genótipos comerciais.Este trabalho teve por objetivoquantificar a resposta de genótipos co-merciais de melancia ao crestamentogomoso do caule. Essa informação po-derá ser útil para o manejo integrado dadoença.

MATERIAL E MÉTODOS

Avaliação da resistência nas folhasO estudo foi realizado de 9/12/2003

a 8/03/2004, em condições de campo naEstação Biológica da Universidade deBrasília, em Brasília, DF. O experimentofoi instalado em local não cultivado nosdois anos anteriores e sem histórico deplantio de cucurbitáceas. Após aração egradagem, a área foi adubada com 800kg/ha da fórmula N-P-K 4-14-8. A se-meadura foi feita em covas, noespaçamento de 2 x 2 m, colocando-se5 sementes/cova a 2 cm de profundida-de. Cada parcela foi composta por qua-tro covas semeadas com a mesma culti-var. Decorridos 30 dias após o plantio(DAP) foi feito o desbaste, deixando-seduas plantas por cova e em seguida foirealizada adubação de cobertura com200 kg/ha da fórmula N-P-K 20-00-20.Durante todo o ensaio foram feitas trêscapinas de forma manual aos 15; 30 e40 DAP e foi conduzido odirecionamento das ramas para o inte-rior da parcela, visando-se evitar a mis-tura de ramas entre cultivares diferen-tes. O suprimento de água para as plan-tas foi conforme a distribuição das chu-vas no local do ensaio. Foram feitas apli-cações do inseticida Metamidofós nadose de 0,24 kg/ha, aos 20, 30 e 45 DAP,visando-se diminuir o nível deinfestação de pragas. Não foram utili-zados fungicidas durante a condução dotrabalho. Aos 43 DAP duas plantas decada parcela foram inoculadas utilizan-do-se um pedaço de caule de 10 cm decomprimento/planta, naturalmente

infectado e obtido em cultivo comercialafetado pelo crestamento gomoso docaule. Após ferimento do colo por fric-ção com o fragmento infectado, este foidepositado ao lado da planta inoculada.Devido às condições do clima favorá-veis à doença (chuvas, temperatura ame-na e alta umidade do solo e do ar, Figu-ra 3) não foi feita câmara úmida nasplantas inoculadas. Estas serviram defoco inicial de inóculo. Foi utilizado odelineamento em blocos ao acaso comnove tratamentos e quatro repetições. Ostratamentos constaram dos genótipos demelancia atualmente mais plantados nopaís: Crimson Sweet (cultivar) e doshíbridos Onix, Rubi, Safira, Eureka,Georgia, Sheila, Savana e Riviera.

Quando os primeiros sintomas dadoença foram observados nas folhas,iniciou-se o monitoramento da doença,utilizando-se uma escala de notas de 0a 9 onde: 0-planta sadia; 1-menos de 1%da área foliar afetada; 3-entre 1 e 5% daárea foliar afetada; 5-entre 6 e 25% daárea foliar doente; 7-entre 26-50% dafolha doente; 9-mais que 50% da áreafoliar afetada (SANTOS et al., 2005a).Para obtenção das curvas de progressoda doença, converteram-se as notas paraporcentagens de área foliar doente peloponto médio de cada nota, em cada umadas parcelas estudadas aos 44; 49; 54;59; 64; 69; 74; 79; 84 e 89 DAP. A cadaavaliação, foram coletadas folhasinfectadas visando-se comprovar a pre-sença de D. bryoniae nas plantas, pormeio de exame em microscópioestereoscópico e ótico. A Área Abaixoda Curva de Progresso de Doença(AACPD) de cada tratamento foi cal-culada segundo Shaner e Finney (1977)e a análise de variância e teste de médiaforam executados utilizando-se o pro-grama SigmaStat v.2 (Jandel ScientificSoftware). Os materiais foram separa-dos em classes de resistência com basenas AACPDs e nas porcentagens de áreafoliar atacadas em cada época de ava-liação no campo, considerando-seCrimson Sweet como padrão desuscetibilidade (DIAS et al., 1996).

Avaliação da resistência no caulePara o exame da resistência no cau-

le foi conduzido um experimento emcasa de vegetação, de maio a julho de2004, em vasos de polietileno, capaci-

G. R. Santos e A. C. Café Filho

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dade de 3,0 kg, contendo uma misturade terra vegetal + esterco, na proporçãode 3:1. O substrato foi previamentedesinfestado com brometo de metila eutilizado após 4 dias. Foram semeadasquatro sementes por vaso de cada culti-var e após a germinação das sementes eemergência das plântulas, forammantidas duas plântulas em cada vaso.A unidade experimental foi constituídapor três vasos com um total de seis plan-tas por cada repetição. A irrigação foirealizada diariamente com regador mo-lhando-se toda a planta. O experimentofoi repetido para confirmação dos resul-tados.

Utilizou-se o delineamento inteira-mente casualizado com três repetiçõese em esquema fatorial de 9 x 3, sendo ofator “a” = cultivares e o fator “b” = iso-lados. As mesmas cultivares estudadasem campo foram estudados neste ensaio.Foram utilizados os seguintes isoladosde D. bryoniae para inoculação no cau-le: UnB 81 (Abóbora-DF), UnB 76 (Me-lão-DF) e UnB 75 (Melancia-PE). Ainoculação foi feita em plântulas com15 dias decorridos da semeadura, quan-do do surgimento da primeira folha de-finitiva. Utilizou-se disco de micélio queficou preso ao caule por meio de um al-finete estéril. Plântulas tratadas apenascom alfinete estéril representaram a tes-temunha. Após a inoculação, asplântulas ficaram sob câmara úmida por24 h e em sala de incubação comfotoperíodo de 12 h e temperatura de23+4oC. Decorridas 24 h da inoculaçãoiniciou-se diariamente a avaliação dadoença nas plântulas por um período deoito dias. Utilizou-se uma escala de no-tas adaptada para doença no caule, onde:0=ausência de doença; 1=presença delesão no caule e 2=presença de lesão nocaule e tombamento e morte dasplântulas. Para avaliação da resistênciaà infecção no caule, considerou-se oprogresso da doença nas seis plântulasde cada repetição durante os oito diasconsecutivos.

Para análise estatística foi calculadaa AACPD. A análise de variância, testede médias e correlação dos dados deAACPD de campo e casa de vegetaçãoforam executadas utilizando-se o pro-grama SigmaStat v.2 (Jandel ScientificSoftware).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ensaio desenvolvido em campo,os sintomas foram detectados nas folhasaos seis dias após a inoculação dopatógeno no caule em todos as cultiva-res. Esse fato demonstrou que ocorrerápida infecção do patógeno quandoexistem fontes de inóculo no plantio sobcondições climáticas favoráveis (Figu-ra 3). A cv. Riviera mostrou-se mais re-sistente à infecção de D. bryoniae nasfolhas, diferindo estatisticamente devários genótipos aos 74 e 79 DAP (Ta-bela 1) e apresentando menor valor de

AACPD quando comparado com Rubie Crimson Sweet (Figura 1). As curvasde progresso da doença indicam visual-mente as diferenças das dinâmicas deprogresso em cada classe de resistência(Figura 2). Aos 74 DAP, foram maissuscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onixe Safira, as quais apresentaram os maisaltos níveis de infecção nas folhas e (Ta-bela 1). Crimson Sweet e Rubi tambémapresentaram os mais altos valores deAACPD, diferindo significativamentede Riviera (Figura 1). As cvs. Sheila,Geórgia, Eureka e Savana, apresentaramresposta intermediária, pois não se se-pararam de Crimson Sweet ou de

Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. **DAP: dias após plantio.

Tabela 1. Avaliação da resistência nas folhas de cultivares de melancia, em duas épocas, aocrestamento gomoso em condições de campo. Brasília, UnB, 2004.

CultivarArea foliar infectada (%)*

74 DAP** 79 DAP

Crimson Sweet 26,5 a 41,5 ab

Onix 26,5 a 35,8 ab

Rubi 26,5 a 47,3 a

Safira 26,5 a 41,5 ab

Sheila 17,8 ab 41,5 ab

Georgia 15,0 ab 47,3 a

Eureka 12,0 ab 32,3 ab

Savana 6,0 ab 20,8 ab

Riviera 3,0 b 9,0 b

Figura 1. Reação de cultivares de melancia ao crestamento gomoso nas folhas, pela ÁreaAbaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD), em condições de campo. Brasília,UnB, 2004. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%de probabilidade. Brasília, UnB, 2004.

a aab ab ab ab

abab

b

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Riviera, nem pela área foliar atacada aos74 DAP, nem pela AACPD (Tabela 1,Figura 1). De um modo geral, até os 64DAP, a maioria das cultivares apresen-tou um nível semelhante de infecção nasfolhas. Esse período coincidiu com aformação e crescimento dos frutos. Apartir dos 64 DAP houve aumento brus-co na percentagem de área foliarinfectada (Figura 2) nos genótipos maissuscetíveis (Rubi e Crimson Sweet) emrelação àqueles intermediários ou resis-tentes (Riviera e Savana). As plantasdeste grupo, principalmente Riviera, emcondições de campo, mantiveram baixapercentagem de área foliar infectada até

os 74 DAP, o qual coincide com o pe-ríodo da primeira colheita. Esta infor-mação é importante para o produtor, poispode exigir um menor número de apli-cações de fungicidas até a primeira co-lheita, sem prejuízo à produção de fru-tos saudáveis a um custo mais baixo,quando comparado com genótipos maissuscetíveis.

O aumento da doença nesse estádioda cultura já foi observado anteriormen-te em ‘Crimson Sweet’ por Santos et al.(2005b), que registraram que a curva deprogresso da doença nas folhas aumen-tou bruscamente, de forma exponencial,a partir de 75 DAP. Segundo os autores,

o aumento progressivo da doença nestafase relacionou-se com o início da co-lheita dos frutos, quando normalmenteocorrem injúrias nos ramos e nas folhasque são portas de entrada para opatógeno. De acordo com Svedelius eUnestan (1978), quando o tecido émecanicamente afetado, ocorreexsudação de nutrientes importantespara o processo de infecção de D.bryoniae. Chiu e Walker (1949) verifi-caram que a germinação dos esporos deD. bryoniae foi estimulada pelos extra-tos das plantas. Van Steekelenburg(1985) anotou que o maior progresso dadoença está associado com o maior de-senvolvimento vegetativo da culturadevido à densa cobertura das folhas in-feriores que reduz a evaporação e pro-longa o período de molhamento foliar.Corroborando essa observação, Arny eRowe (1991) constataram que a infec-ção em folhas e pecíolos de pepino porD. bryoniae foi mais influenciada peladuração do molhamento foliar do quepela temperatura. Além da influênciadesses fatores, também acredita-se que amovimentação de pessoas na colheita den-tro da área plantada favorece a dissemi-nação do patógeno e, assim, aumenta ra-pidamente a taxa de progresso da doença.A cv. Riviera manteve menores níveis dedoença nas folhas quando comparada comoutros genótipos até no último dia da ava-liação, aos 89 DAP (Figura 2).

Mesmo com nível de resistência in-completo, vale salientar que ‘Riviera’retardou o início da fase exponencial dadoença (mas não o início do aparecimen-to dos sintomas) e a manteve em níveisbaixos em épocas importantes como afase de formação e crescimento de fru-tos. Contudo, após a primeira colheitados frutos (74 DAP), o crestamento tam-bém aumentou consideravelmente nes-ta cultivar. Portanto, apesar desta culti-var ter mostrado maior nível de resis-tência que as demais, a resistência é par-cial, e a doença pode alcançar índiceselevados ao final do ciclo. Esse resulta-do concorda com outros autores quecomentaram sobre a dificuldade no con-trole por resistência, e que nenhumgenótipo de melancia comercializadoatualmente tem alta resistência aopatógeno (PUNITHALINGAM;HOLLIDAY, 1972; BLANCARD et al.,1996; SITTERLY; KEINATH, 1996).

G. R. Santos e A. C. Café Filho

Figura 2. Curvas de progresso do crestamento gomoso do caule em cultivares de melanciarepresentativas de diferentes níveis de resistência. ‘Riviera’ e ‘Crimson Sweet’ representamas cultivares mais resistente e suscetível respectivamente. Brasília, UnB, 2004.

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. Os dados representam amédia de 3 isolados.

Tabela 2. Áreas Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD) de cultivares de me-lancia inoculados no caule com isolados de D. bryoniae, em casa de vegetação. Brasília,UnB, 2004.

Genótipo AACPD*

Georgia 11,2 a

Safira 11,1 a

Crimson Sweet 10,9 a

Onix 10,4 a

Sheila 10,2 a

Eureka 9,5 ab

Rubi 9,4 ab

Savana 9,0 ab

Riviera 7,8 b

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Assim, o controle químico deve conti-nuar como importante componente domanejo da doença em cultivares maissuscetíveis e bem aceitos comercialmen-te. Santos et al. (2005a), estudando ocontrole químico da doença em área decultivo comercial, iniciaram as aplica-ções em Crimson Sweet aos 17 DAP eanotaram aumento da produção em até16,9 t/ha. Os resultados deste trabalhoindicam que o controle poderia ser ini-ciado mais tardiamente, especialmentenos genótipos mais resistentes (Figura2), permitindo a redução do número deaplicações químicas.

Com relação às linhagens estudadaspor outros autores, Sowell e Pointer(1962) identificaram o genótipo PI189225 como fonte de resistência, em-bora tenham registrado 38,1% de plan-tas mortas em um dos ensaios. Poste-riormente, Norton e Cosper (1985) con-firmaram a resistência de PI 189225 ecomentaram que este genótipo, além doPI 271778, possibilitaramretrocruzamentos que resultaram no lan-çamento de genótipos resistentes aopatógeno e à antracnose. No Brasil, emum dos ensaios de Dias et al. (1996), oacesso PI 189225 apresentou apenas16,6% e 41,7% de plantas respectiva-mente resistentes e medianamente resis-tentes. Mesmo assim, PI 189225 dife-riu significativamente de ‘CrimsonSweet’, que foi classificada como alta-mente suscetível, mesma classificaçãoencontrada neste trabalho. Desta forma,observa-se falta de estabilidade na re-sistência de PI 189225 a D. bryoniaeindicando que o material estaria segre-gando para esta característica.

Nos ensaios desenvolvidos em casade vegetação, com relação à infecçãomédia de três isolados de D. bryoniaeno caule, apenas a cv. Riviera diferiuestatisticamente de ‘Crimson Sweet’(Tabela 2). As cvs. Eureka, Rubi eSavana não se separaram de Riviera.Esses resultados foram semelhantes aosencontrados em campo, com exceção dacv. Rubi, que no ensaio de campo de-monstrou alto grau da doença nas fo-lhas (Tabela 2). Todos os isolados fo-ram patogênicos a todas cultivares e nãohouve interação significativa entre cul-tivares x isolados, demonstrando dessaforma a falta de especificidade entre os

Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule

isolados testados. Falta deespecificidade entre isolados de D.bryoniae foi relatada por Keinath et al.(1995), quando compararam isolados dopatógeno de cucurbitáceas obtidos naCarolina do Sul, Flórida e Nova York, everificaram que dos 19 isolados testa-dos 17 foram patogênicos à melancia eao melão Cantaloupe (Cucumis melo).De modo geral esses autores relatarampouca diversidade quanto à virulência.

Foi encontrada correlação significa-tiva (r=0,77) entre as AACPDs do ensaiode campo (resistência das folhas) e decasa de vegetação (resistência no caule),sugerindo que a metodologia utilizada emcondição controlada pode ter valor auxi-liar na avaliação de grande número deplantas em programas de melhoramen-to. Entretanto, a seleção final de cultiva-res resistentes deve ser feita a campo. Osresultados deste trabalho poderão seraplicados imediatamente para o manejointegrado do crestamento gomoso do cau-le da melancia.

AGRADECIMENTOS

O primeiro autor foi bolsista de dou-torado e o segundo é bolsista de pesqui-sa do CNPq. O trabalho também rece-beu apoio financeiro adicional atravésdo Processo CNPq no. 474194/2003-5.

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Figura 3.Temperaturas máxima e mínima (oC), umidade relativa do ar (%) e chuvas (mm)a partir de 37 dias após o plantio. Brasília, UnB, 2003/2004.

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951Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A cultura do tomateiro é uma dasprincipais hortaliças cultivadas no

Brasil. Sua produção anual é de aproxi-madamente 3,6 milhões de toneladasdestinados ao mercado de tomate frescoe para processamento, cultivados emmais de 60 mil ha (AGRIANUAL, 2004).Estão envolvidos, na cultura do tomatei-ro no Brasil, mais de 10.000 produtores,com aproximadamente 200.000 pessoastrabalhando diretamente na produçãodesta hortaliça (TAVARES, 2003).

Segundo pesquisa realizada peloMINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃONACIONAL (2003) o consumidor bra-sileiro prioriza, na compra dos produ-

MARIM, B.G.; SILVA, D.J.H.; GUIMARÃES, M.A.; BELFORT, G. Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos paraconsumo in natura. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.951-955, out-dez 2005.

Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção defrutos para consumo in natura1Bruno G. Marim; 2Derly José H. da Silva; 2Marcelo de A. Guimarães; 3Gabriel Belfort1UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; 2UFV, Depto. Fitotecnia; 3UFLA, Genética e Melhoramento, 37200-000Lavras-MG; E-mail: [email protected]

tos hortícolas, a qualidade e a aparênciado produto. No caso do tomate, aspectoscomo cor, brilho e principalmente o ta-manho do fruto têm especial relevância.Tal fato é confirmado pelos preços maiselevados pagos aos frutos de maior ta-manho nas Centrais de Abastecimento(CEASAs) espalhadas por todo o Brasil.

Uma das formas de melhoria da qua-lidade e aparência do tomate produzidoé a adoção de técnicas adequadas demanejo da cultura. As principais formasde manejo empregadas na cultura dotomateiro são: tipo de tutoramento, for-ma de condução e espaçamento. O tipode tutoramento utilizado, bem como a

forma de condução, pode alterar a dis-tribuição da radiação solar e a ventila-ção em torno das plantas (ANDRIOLO,1999), influenciando a umidade relati-va e a concentração de gás carbônicoatmosférico entre e dentro das fileiras(GEISENBERG; STEWART, 1986). Otipo de tratamento também pode influen-ciar na maior ou menor eficiência decontrole de pragas (PICANÇO et al.,1998) e doenças (BOFF et al., 1992).

O tutoramento mais freqüentementeutilizado pelos agricultores brasileirosé o método tradicional ou “V” invertido(MAKISHIMA; MIRANDA, 1992;FONTES; SILVA, 2002). Nesse

RESUMOOs sistemas de tutoramento e condução influem no desenvolvi-

mento da planta do tomateiro e na qualidade do fruto produzido.Para avaliar a influência de três sistemas de tutoramento e dois decondução da planta do tomateiro na produção classificada de frutoscomercializáveis, foram conduzidos dois experimentos, de agosto adezembro/1999 (exp. 1) e de 2000 (exp. 2) em Viçosa (MG). O de-lineamento foi em blocos ao acaso com três repetições, no esquemafatorial 3x2, tutoramento e condução, respectivamente. Avaliaram-se os seguintes métodos de tutoramento: T1, tradicional (V inverti-do), T2, triangular e T3, vertical e duas formas de condução, comuma e duas hastes por planta. Independentemente do tratamento, asplantas foram podadas acima do sexto cacho. Observaram-se dife-renças entre os sistemas de tutoramento, condução e entre os anosde cultivo em relação às características avaliadas, sendo que ocor-reu interação entre estes efeitos apenas para as características pro-dução de frutos comercializáveis e produção total. O tutoramentovertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanhogrande e diminuição na produção de frutos de tamanho médio e fru-tos não comercializáveis, quando comparado com os outros méto-dos de tutoramento. Independentemente do sistema de tutoramento,o tomateiro cultivado com uma haste produziu mais frutos de tama-nho grande, de maior valor comercial, enquanto as plantas conduzidascom duas hastes produziram mais frutos de tamanho médio e pe-queno.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., tratos culturais, pro-dução classificada, eficiência fotossintética, rentabilidade.

ABSTRACTTomato plant staking and training systems for fresh fruit

production

The main reason for staking and training tomato plants is to keepplants and fruits off the ground to reduce losses and to improve thequality of the production. To evaluate the influence of three plantstaking and two training systems of the tomato production for freshmarket, two experiments were conducted during the period of August1999 (exp.1) and 2000 (exp.2) in Viçosa, Brazil. The experimentaldesign was a randomized complete block design with three blocks,in a 3 x 2 factorial plant staking and 2 conduction systems. Thefollowing staking methods were tested: T1, traditional (two bamboostakes as an inverted V frame); T2, triangular staking or; T3, verticalstaking with polypropylene cord. Plants were conducted with one ortwo stems per plant. Independent of the treatment, the plants werepruned above the sixth flower cluster. Differences were observedamong staking and conduction systems and among the years inrelation to the appraised characteristics. There was interaction amongtraining, conduction systems and years for marketable fruits and totalfruit production. The vertical staking up provided increase inproduction of fruits of big size and decrease in production of fruitsof medium size and production of not marketable fruits, whencompared with the other staking methods. Independently of theconduction system (for two stems), the tomato cultivated with onlyone stem produced bigger fruits with higher commercial value, whilethe plants conduced with two stems produced more fruits of mediumand small size.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., cultural treatments,classified production, efficient use of assimilates, profitability.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2004 e aceito em 4 agosto de 2005)

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tutoramento ocorre a formação de umacâmara úmida e aquecida sob o “V” in-vertido, sendo esta, um ambiente favo-rável ao desenvolvimento de fungos, queainda ficam livres da ação dosagrotóxicos que são aplicados na parteexterna das plantas (REBELO, 1993).Tentando solucionar este problema, pro-pôs-se o tutoramento triangular. Estesistema teoricamente reune as vantagensdo método tradicional (estabilidade enão dependência de mão-de-obra espe-cializada) e evita a formação da câmaraúmida e aquecida sob o “V” invertido.

Outro método utilizado na cultura dotomateiro é o tutoramento vertical, quepermite melhorar a distribuição da ra-diação solar e a ventilação, reduzindo operíodo de molhamento foliar e, porconseguinte, a severidade das doenças(ZAMBOLIM et al., 1989).

Além de tutoramento, a planta do to-mateiro necessita de condução, poden-do, desta forma, maximizar a produção ea qualidade do tomate destinado ao mer-cado de mesa. Como método de condu-ção considera-se qualquer prática quealtere a arquitetura da planta ao longo deseu desenvolvimento, como por exem-plo, a poda apical, retirada de brotaçõeslaterais, raleio de frutos, entre outros.

A condução da planta com uma has-te, sem poda apical ou com poda a 1,80m acima do solo, é o método de condu-ção mais utilizado no país (OLIVEIRAet al., 1995; LOPES; STRIPARI, 1998;SILVA et al., 1997). No entanto váriosautores têm sugerido a condução dasplantas com duas hastes associado àpoda apical, devido ao aumento na

produtividade proporcionado por estes(FONTES et al., 1987; OLIVEIRA etal., 1995; POERSCHKE et al., 1995;)

A poda apical, deixando-se menornúmero de cachos por planta, traz bene-fícios à cultura do tomateiro, tais como:redução do ciclo, facilidade de execuçãodos tratos culturais, aumento no pesomédio dos frutos, redução e maior segu-rança na aplicação de agrotóxicos (CAM-POS et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995;POERSCHKE et al., 1995). Além disso,a limitação do número de cachos porplanta é uma prática recomendada prin-cipalmente nos cultivos cujas condiçõesambientais limitem o crescimento daplanta do tomateiro e em conseqüência onúmero de cachos produtivos (OLIVEI-RA et al., 1995).

Apesar de existirem vários trabalhosavaliando a influência dos métodos detutoramento (FONTES et al., 1987; SIL-VA et al., 1997; SANTOS et al., 1999) ede condução (CAMPOS et al., 1987;OLIVEIRA et al., 1995; 1996;POERSCHKE et al., 1995) na produ-ção do tomateiro, alguns resultados sãobastante contraditórios. Além disso,poucos são os trabalhos relacionandoestes fatores simultaneamente.

O presente trabalho teve como obje-tivo avaliar três métodos de tutoramentoe dois métodos de condução do tomatei-ro, podado acima do sexto cacho, quantoà produção classificada de frutos em doisanos consecutivos de cultivo.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizadosem campo, na Horta da Universidade

Federal de Viçosa, de agosto a dezem-bro de 1999 e 2000, em soloPodzolossolo Vermelho-Amarelo, tex-tura argilosa e topografia plana. A reco-mendação de adubação foi baseada na5ª Aproximação (Ribeiro et al., 1999).

Os experimentos foram conduzidosem delineamento em blocos ao acasocom três repetições num esquemafatorial 3x2. Os fatores foram constituí-dos de três métodos de tutoramento edois de condução da planta do tomatei-ro e as parcelas constituídas por quatrofileiras de dez plantas, considerando-seúteis as doze plantas centrais, sendo seisplantas de cada uma das duas fileirasinternas da parcela. Foi utilizada a cul-tivar Santa Clara, tipo Santa Cruz, cujasmudas foram produzidas em bandejascom 128 células preenchidas comsubstrato comercial.

O espaçamento utilizado foi de1,0x0,5 m entre e dentro das fileiras,respectivamente. Na condução dos ex-perimentos foram utilizadas as técnicasrecomendadas para o cultivo do toma-teiro (MAKISHIMA; MIRANDA,1992; FILGUEIRA, 2000).

Os métodos de tutoramento (Figura1) foram:

T1 - Tutoramento tradicional ou Vinvertido ou cerca cruzada(FILGUEIRA, 2000).

T2 - Tutoramento triangular; para seobter este tratamento as fileiras ímpa-res foram iniciadas imediatamente apósos mourões, enquanto as fileiras paresiniciaram a 0,25m destes. De forma, quehavia distância horizontal de 0,25 mentre fileiras adjacentes, dando assim a

B. G. Marim et al.

Figura 1. Esquema ilustrativo dos sistemas de tutoramento tradicional (T1), triangular (T2) e vertical com fitilho (T3).

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conformação de um triângulo entre plan-tas de fileiras contíguas.

T3 - Tutoramento vertical comfitilho; neste sistema a planta é tutoradapor fitilho preso a dois fios de aramehorizontais e paralelos, o primeiro a 0,10m e o segundo a 1,8 m em relação aosolo (LOPES; STRIPARI, 1998; FON-TES; SILVA, 2002).

Os métodos de condução avaliadosforam uma e duas hastes por planta. In-dependentemente do sistema detutoramento e do número de hastes porplanta; estas foram despontadas manten-do-se seis racimos. O desponte foi efe-tuado deixando-se três folhas acima dosexto racimo de cada planta.

As colheitas foram feitas em inter-valos de sete dias cada, de 30/11 a 29/12/1999 e de 21/11 a 27/12/2000, nasquais se avaliaram as seguintes caracte-rísticas:

a) produção de frutos de tamanhogrande, PFG (t ha-1); b) produção de fru-tos de tamanho médio, PFM (t ha-1); c)produção de frutos de tamanho peque-no, PFP (t ha-1); d) produção precoce defrutos de tamanho grande, PPFG (t ha-1),obtida pela soma dos pesos dos frutosdesta classe colhidos na primeira e se-gunda colheita; e) produção precoce defrutos de tamanho médio, PPFM (t ha-1),obtida soma dos pesos de frutos destaclasse colhidos na primeira e segundacolheita; f) produção de frutoscomercializáveis, PC (t ha-1), obtida pelasoma dos pesos dos frutos de tamanhogrande, médio e pequeno; g) produçãode frutos não comercializáveis, PNC (tha-1), obtida pela soma dos pesos dosfrutos sem classificação comercial; h)produção de frutos com defeitos, PFD(t ha-1), obtida pela soma dos pesos detodos os frutos com defeitos causadospor insetos, pássaros, roedores, doenças,danos mecânicos e fisiológicos e h) pro-dução total, PT (t ha-1), obtida pela somados pesos de todos os frutos produzi-dos. A classificação de frutos de tama-nho grande, médio e pequeno seguiu asnormas do MINISTÉRIO DA AGRI-CULTURA, PECUÁRIA E ABASTE-CIMENTO (2002).

Foram realizadas análises de variân-cia individuais e conjuntas dos experi-mentos para cada característica (STEELet al., 1997). Aplicou-se o teste Tukey a

5% de probabilidade para comparaçãoentre médias. Seguiu-se o método deScheffé para comparação de contraste.Utilizou-se, para todas as análises, oprograma computacional SAEG (RI-BEIRO JÚNIOR, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todas as características, comexceção de PPFM, a relação entre osquadrados médios do resíduo das análi-ses de variâncias individuais dos expe-rimentos, foi inferior a quatro, permi-tindo que se procedesse à análise con-junta dos experimentos, como citado porGomes (1970). Para a característicaPPFM, utilizou-se o método propostopor Cochran (1954), visando o ajuste dosgraus de liberdade, viabilizando a aná-lise conjunta dos experimentos.

A partir da análise de variância con-junta dos experimentos verificou-se quehouve interação tripla do tipoTutoramentos*Conduções*Anos signi-ficativa para as características PC e PTe interação Tutoramentos*Anos paraPPFM. Para as demais característicasnão houve interação, sendo assim, ascomparações entre métodos detutoramento e condução, na análise con-junta dos experimentos, foram realiza-das a partir dos valores médios dos doisanos.

Considerando-se apenas os efeitosdo fator tutoramento verificou-se, naanálise conjunta dos experimentos, queo método de tutoramento vertical foi omais produtivo para a característica

PFG, não diferindo do método tradicio-nal (Tabela 1). O tutoramento verticalproporcionou aumento de 6,34% e21,78% em relação ao tutoramento tra-dicional e triangular, respectivamente.Tal resultado tem elevada importânciapara o produtor, pois os frutos de maiortamanho são aqueles que alcançammaiores preços no mercado para consu-mo in natura.

Com o intuito de comparar otutoramento vertical frente aos demaismétodos avaliados, realizou-se o con-traste = 2T3 – (T1+T2). A partir deste,verificou-se que o sistema vertical pro-porcionou aumento na produção de fru-tos de tamanho grande, diminuição naprodução de frutos de tamanho médio ede frutos não comerciais (Tabela 1).Além disso, não houve diferença quan-to à produção de frutos de tamanho pe-queno, produção precoce de frutos detamanho grande e frutos com defeitos.Estes resultados são concordantes comos encontrados por Santos et al. (1999)que verificaram não haver efeito dométodo de tutoramento sobre a incidên-cia de doenças no tomateiro e conse-qüentemente sobre a produção de fru-tos com defeitos.

A maior insolação e ventilação pro-piciada à cultura do tomateiro pelo mé-todo vertical, como relatado porZambolim et al. (1989), resultou, nestetrabalho, em maior produção de frutosgrandes. Tal fato pode ser explicado,pois maior insolação possibilita maiorinterceptação da radiação solarfotossinteticamente ativa pela planta e

Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura

1Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si, aonível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey; *,nsContraste significativo e não significati-vo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scheffé; 2T1: tutoramentotradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho; 3PFG, PFM ePFP: produção de frutos de tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG:produção precoce de frutos de tamanho grande; PNC: produção de frutos não comercializáveise PFD: produção de frutos com defeitos.

Tabela 1. Análise conjunta1 dos dados relativos aos anos de 1999 e 2000 de seis caracterís-ticas agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em três sistemas de tutoramento. Viço-sa, UFV. 2004.

Tutor² PFG³ PFM PFP PPFG PNC PFD

T1 41,0 ab 18,7 a 8,4 a 7,1 a 3,6 a 12,6 a

T2 35,8 b 20,5 a 9,1 a 6,0 a 4,1 a 15,2 a

T3 43,6 a 17,1 a 8,2 a 6,6 a 2,8 a 14,4 a

C = 2T3-

(T1+ T2)10,5* -4,9* -1,0 ns 0,1 ns -2,1* 1,2 ns

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maior ventilação reduz a umidade rela-tiva do ar e renova a concentração degás carbônico na atmosfera adjacente àsfolhas, resultando, desta forma, emmaior eficiência fotossintética(LOOMIS; AMTHOR, 1999). Esta hi-pótese é reforçada observando-se a ca-racterística PNC (Tabela 1), na qual otutoramento vertical possibilitou dimi-nuição na sua produção, ou seja, possi-velmente uma maior eficiênciafotossintética pode ter proporcionadomaior disponibilização defotoassimilados que, direcionados aosfrutos, aumentaram o tamanho destes.

Para as características PC e PT fo-ram realizadas as análises individuais dosexperimentos, sendo estas avaliadas den-tro de cada nível do fator condução (Ta-bela 2). Verificou-se diferença entre osmétodos de tutoramento apenas para acaracterística PC, no ano de 1999 e emplantas conduzidas com uma haste. Nes-te caso, as maiores médias foram obser-vadas nas parcelas com os tutoramentostradicional e vertical (Tabela 2).

Em relação aos métodos de condu-ção (Tabela 3), observou-se que plantasconduzidas com uma haste produzirammais frutos de tamanho grande e commaior precocidade. Já as plantasconduzidas com duas hastes foram maisprodutivas para as características PFMe PFP. Não houve diferença entre os dois

métodos de condução quanto às carac-terísticas PPFM, PNC e PFD.

Para a característica PC no ano de1999 e nas parcelas com o tutoramentotradicional, plantas conduzidas com umahaste produziram mais, quando compa-radas com aquelas conduzidas com duashastes. Já naquelas com o método trian-gular, observou-se maiores médias paraplantas conduzidas com duas hastes (Ta-bela 2). Para PT, plantas conduzidas comuma haste foram mais produtivas nasparcelas tutoradas com os métodos tra-dicional e vertical (Tabela 3) e não dife-riram daquelas conduzidas com duashastes nas parcelas com o método trian-gular. Em 2000, não houve efeito decondução em nenhum nível do fatortutoramento.

Estes resultados discordam dos en-contrados por Oliveira et al. (1995) queem trabalho realizado em condições (pe-ríodo, cultivar, local) bastante semelhan-tes ao deste, verificaram que não houveefeito para produção de frutos grandes(diâmetro maior que 60 mm). Além dis-so, verificaram efeito significativo paraPC e PT, com menor produção paraplantas conduzidas com uma haste. Issopode ter ocorrido, pois Oliveira et al.(1995) utilizaram espaçamento de1,0x0,6m, enquanto neste trabalho oespaçamento adotado foi de 1,0x0,5 m.Possivelmente, no espaçamento 0,5 m

entre plantas a condução das plantascom duas hastes tenha resultado emmaior competição por fotoassimilados,com conseqüente redução no peso mé-dio dos frutos. No tomateiro, o aumen-to da densidade de plantas resulta emganhos quantitativos e, principalmente,qualitativos na produção quando asso-ciada com práticas de condução que re-duzam a competição por radiação(BORRAZ et al., 1991; STRECK et al.,1998).

Diante dos resultados do presentetrabalho, conclui-se que o método detutoramento triangular não proporcio-nou vantagens produtivas para a cultu-ra do tomateiro. Enquanto isso, otutoramento vertical, dentre os avalia-dos, é o mais adequado para a produçãode frutos para o consumo in natura.

Com relação à forma de condução,o cultivo com uma haste, independen-temente do método de tutoramento uti-lizado, proporcionou aumento na pro-dução de frutos grandes. Desta forma,pode-se unir as duas recomendações, ouseja, utilizar, no espaçamento 1,0x0,5 me plantas conduzidas com seis cachos,o tutoramento vertical com uma haste,pois, estes proporcionam aumento naprodução de frutos grandes sem altera-ção na produção comercial e total, pro-movendo assim aumento na receita destacultura.

B. G. Marim et al.

*,nsSignificativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; 1PFG, PFM e PFP: produção de frutos detamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG e PPFM: produção precoce de frutos de tamanho grande e médio, respectiva-mente; PNC: produção de frutos não comercializáveis e PFD: produção de frutos com defeitos.

Tabela 3. Análise conjunta dos dados relativos a sete1 características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em duas formas decondução nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.

Nº hastes PFG* PFM* PFP* PPFG* PPFMns PNCns PFDns

1 45,8 16,4 7,0 8,0 4,0 3,0 15,0

2 34,4 21,2 10,1 5,2 4,6 4,0 13,1

1Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, na vertical, e maiúsculas, na horizontal, não diferem entre si, ao nível de 5%de probabilidade, pelo teste Tukey; 2T1: tutoramento tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho.

Tabela 2. Estimativas1 (t.ha-1) da produção de frutos comercializáveis (PC) e produção total (PT) avaliadas em tomateiro cultivado em trêssistemas de tutoramento e duas formas de condução, nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.

Tutor²

PC PT

1999 2000 1999 2000

1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes

T1 73,4 a A 61,1 a B 70,4 a A 67,3 a A 90,5 a A 78,3 a B 86,8 a A 81,4 a A

T2 59,9 b B 69,4 a A 71,0 a A 60,9 a A 80,9 a A 91,2 a A 86,9 a A 79,4 a A

T3 69,3 ab A 65,0 a A 71,3 a A 70,2 a A 92,5 a A 81,3 a B 86,1 a A 84,9 a A

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Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura

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Cymbopogon citratus (D.C.) Stapfé uma espécie originária da Índia e

largamente distribuída por vários paísestropicais, entre eles o Brasil, onde assu-me diferentes sinonímias conforme a re-gião onde se encontra: capim-limão(MG), capim-santo (BA), erva-cidreira(SP) e outros como capim-catinga, ca-pim-de-cheiro, capim-cidrão, capim-cidrilho, capim-cidró e capim-ciri. Per-tence à família Poaceae e se constitui emuma erva perene, que forma touceirascompactas e robustas de até 1,2 m de al-tura, com rizoma semi-subterrâneo.

O chá das folhas da espécie tem lar-ga utilização popular para nervosismo,febre, tosse, dores diversas (dor de ca-beça, abdominais, reumáticas) e altera-ções digestivas como dispepsia eflatulência. Também é aproveitada comfinalidades agronômicas para composi-ção de cercas-vivas e na contenção deencostas para evitar a erosão, mas a suamaior importância econômica reside naprodução do seu óleo essencial, rico emcitral e largamente utilizado na indús-tria de alimentos e cosméticos.

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Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composiçãodo óleo essencial de capim-limãoLarissa C. do B. Costa1; Ricardo M. Corrêa2; Júlio César W. Cardoso2; José Eduardo B.P. Pinto2; SuzanK.V. Bertolucci2; Pedro H. Ferri3

1UESC, Depto. Ciências Biológicas, 45650-000 Ilhéus-BA; 2UFLA, Depto. Agricultura, 37200-000 Lavras-MG; 3UFG, Instituto deQuímica, Goiânia-GO

Em órgãos isolados o citral apresen-tou efeito antiespasmódico, tanto no te-cido uterino como no intestinal, entre-tanto não mostrou atividade sobre amusculatura esquelética e cardíaca(FERREIRA, 1984). Estudos sugeremque a atividade antibacteriana de C.citratus reside principalmente nos com-ponentes α- e β-citral presentes no óleo(ONAWUNMI et al., 1984). Suas ativi-dades antimicrobianas e antifúngicasforam comprovadas em 22 espécies demicrorganismos, além da propriedadeinseticida, principalmente larvicida,bem como, repelente de insetos (SOU-ZA et al., 1991).

Rocha et al. (2000) estudando o efei-to da temperatura de secagem sobre orendimento e a composição química doóleo essencial de Cymbopogonwinterianus, encontraram os melhoresresultados para o tempo de secagem erendimento de óleo na temperatura de60ºC e grande variação quantitativa doneral em função das diferentes tempe-raturas testadas (30; 40; 50; 60 e 70ºC).Em Mentha piperita, observou-se que a

elevação da temperatura de secagem de40 para 60ºC e depois para 80ºC provo-cou uma grande redução no conteúdode óleo essencial, além de afetar tam-bém a sua composição, diminuindo oconteúdo de 1,8 cineol e citronelal até80ºC e aumentando os conteúdos dementol e neomentol até 60ºC (BLANCOet al., 2002a). Comportamento seme-lhante de redução do teor de óleo essen-cial com o aumento da temperatura desecagem também foi observado emRosmarinus officinalis, verificando-sealteração da composição química entre60 e 80ºC (BLANCO et al., 2002b).Martins (1998) relata que temperaturassuperiores a 45ºC danificam os órgãosvegetais e seu conteúdo, pois causamuma “cocção” das plantas e não umasecagem.

A secagem das plantas aromáticas emedicinais visa minimizar a perda deprincípios ativos e retardar a sua dete-rioração em decorrência da redução daatividade enzimática, permitindo a con-servação das plantas por um períodomaior para a sua posterior

RESUMOEste estudo foi conduzido com objetivo de determinar o tipo de

secagem e a fragmentação das folhas de capim-limão para otimizaro rendimento extrativo do óleo essencial. Foram estabelecidos 6 tra-tamentos com 2 tipos de secagem (estufa de ventilação forçada a40ºC e sala com desumidificador) e 3 tamanhos de fragmentos dasfolhas secas (pulverização em moinho, fragmentos com 1 e com 20cm de comprimento), com 4 repetições. O óleo essencial foi extraí-do por hidrodestilação durante 2 horas. O maior rendimento de óleoessencial foi obtido com o material seco na sala com desumidificador,não havendo diferenças significativas para os tamanhos da folha. Ocomponente mais abundante no óleo essencial foi o citral que tam-bém apresentou as maiores concentrações nas folhas secas emdesumidificador.

Palavras-chave: Cymbopogon citratus, planta medicinal, pós-co-lheita, secagem, moagem.

ABSTRACTYield and composition of essential oil of lemongrass in

different drying and fragmentation conditions

In this study the drying and fragmentation conditions oflemongrass leaves were determined, to increase the essential oil yield.Four replications of six treatments were studied with 2 dryingmethodologies (oven-drying at 40ºC and room temperature usingmoisture dryer) and 3 fragmentation sizes (powder obtained in mill,1 cm and 20 cm fragments). The essential oil was extracted inClevenger’s modified apparatus during 2 hours. The higher essentialoil yield and citral content was obtained with the leaves dried underroom temperature using moisture dryer, with no significantdifferences in the fragmentation sizes.

Keywords: Cymbopogon citratus, medicinal plant, post-harvest,drying, miller.

(Recebido para publicação em 17 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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comercialização e uso. Além disso, osprocessos de secagem afetam sobrema-neira o rendimento e a composição quí-mica das espécies, especialmente as aro-máticas por possuírem substâncias mui-to voláteis (VON HERTWIG, 1991).Corrêa et al. (2004), estudando rendi-mento de óleo essencial sob diferentesmétodos de secagem, observaram que asecagem à sobra mista (sol e sombra) esecador solar proporcionaram maiorrendimento de óleo em comparação àsecagem em estufa a 35ºC.

Em contrapartida, Rosal et al. (2004)estudando o efeito de diferentes méto-dos de secagem no teor de óleo essen-cial de folhas e inflorescências debasilicão (Ocimum basilicum), verifica-ram que a secagem em estufa a 35º Cpermitiu maior teor de óleo essencialnesta espécie, em comparação com asecagem em desumidificador.

O estado de fragmentação do mate-rial vegetal também tem sua importân-cia para a otimização extrativa, poisquanto maior a divisão, mais expostosestarão os princípios ativos. Como osóleos essenciais localizam-se em estru-turas internas e/ou externas diversas, afragmentação do material vegetal podeinfluenciar diretamente no rendimentoextrativo. Silva et al. (2004), estudandoos teores de óleos essenciais de folhas decidrão (Aloysia triphylla), frescas e se-cas em diferentes tamanhos de fragmen-tos verificaram que folhas inteiras secas,frescas inteiras e frescas processadas emliquidificador não apresentaram diferen-ças no teor de óleo essencial. Porém asfolhas secas trituradas em moinho apre-sentaram o menor rendimento no ensaio.

Os teores e a composição química dosconstituintes voláteis das plantas aromá-ticas sofrem influência de diversos fato-res, dentre os quais destacam-se o méto-do de secagem e o processo extrativoempregado. Desde que toda acomercialização e armazenamento do ca-pim-limão só podem ser realizados como material seco, elaborou-se este estudo,com o objetivo de determinar o rendimen-to de óleo essencial das folhas de capim-limão submetidas a dois métodos de se-cagem e fragmentadas em três tamanhos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de 29/03 a 29/04/2004 em área experimental

localizada no município de Itumirim-MG. Plantas de capim-limão com cercade 12 meses de idade tiveram suas fo-lhas colhidas pela manhã, sendo entãolevadas imediatamente ao laboratório daUFLA para seleção e pesagem. Em se-guida, as folhas inteiras foram colocadasem sacos de papel Kraft e levadas aosrespectivos tratamentos de secagem: emestufa de circulação forçada mantida a40°C e em sala com desumidificador, atépeso constante.

Após o período de secagem, a maté-ria seca foi fragmentada em três níveis:pulverização em moinho de facas utili-zando tamis com malha de 20 mesh ecortada em fragmentos com 1 centíme-tro e com 20 centímetros de comprimen-to, para a imediata extração do óleo es-sencial.

A extração do óleo essencial dasfolhas de capim-limão foi realizadapelo processo de hidrodestilação du-rante 2 horas em aparelho deClevenger modificado com 40 g dematéria seca. Em seguida, o hidrolatofoi submetido à partição líquido-líqui-do, em funil de separação, utilizando-se 30 ml de diclorometano. Este pro-cedimento foi realizado por três ve-zes. A fração orgânica foi reunida eadicionou-se 3 g de sulfato demagnésio anidro para retirar possíveisresíduos de água. Após 30 min de re-pouso, a solução foi filtrada por meiode filtração simples e armazenada àtemperatura ambiente em vidros escu-ros parcialmente tampados para per-mitir a evaporação do solvente àtemperatura ambiente sob capela deexaustão de gases. Em seguida foramdeterminadas as massas dos óleos, afim de obter os rendimentos extrativos.

Amostras do óleo foram analisadasem cromatógrafo de gás acoplado aespectrômetro de massa (GC-MS)Shimadzu QP5050A nas seguintes con-dições: coluna CBP-5 (Shimadzu) pre-enchida com coluna capilar de sílica (30m x 0,25 mm diâmetro interno x 0,25µm, filme composto defenilmetilpolisiloxano 5%) conectado aum detetor quadrupólo operando emmodo EI a 70 eV com intervalo de mas-sa entre 40-400 µ, a razão de 0,5 scan/s;gás carreador: He (1 ml/min); injetor etemperatura de interface a 220ºC e

240ºC, respectivamente, com razão defluxo 1:20. O volume de injeção foi de0,2 µl (20% em CH

2Cl

2) em fluxo e tem-

peratura de 60ºC a 246ºC, com um au-mento de 3ºC/min, após 10ºC/min para270ºC, mantendo a temperatura final por5 min. Os componentes foram identifi-cados por comparação com dados deespectro de massa da literatura(ADAMS, 2001) e por base de dadoscomputadorizada usando bibliotecaNIST (1998). As concentrações doscompostos foram calculadas a partir dasáreas dos picos e expressos com valo-res aferidos em três análises.

O delineamento experimental ado-tado foi o de blocos casualizados com 4repetições, em esquema fatorial 2x3. Osresultados de rendimento foram expres-sos em g kg-1 de matéria seca e analisa-dos pelo software SISVAR para com-paração de médias através do teste deTukey a 5%.

A composição química dos óleos nãopôde ser comparada estatisticamentepelo teste de Tukey, pois foi analisadasomente uma amostra composta forma-da pelo agrupamento das repetições decada tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de secagem da biomassade capim-limão reduziu cerca de 5 ve-zes o peso da matéria fresca. A secagemdos fragmentos de 1 e 20 cm emdesumidificador proporcionou maiorrendimento de óleo essencial do que emestufa, ao passo que no estado de pó nãohouve efeito significativo do método desecagem (Tabela 1). Embora outros tra-balhos com secagem de capim-limãorecomendem o uso de secagem em es-tufa com temperaturas variando entre 30e 50ºC para o maior rendimento e com-posição química do óleo (BUGGLE etal., 1999), no presente trabalho, a seca-gem das folhas em desumidificador, pro-porcionou maiores rendimentos naquantidade e composição do óleo emcomparação com o uso da estufamantida a 40ºC.

O rendimento de óleo variou em fun-ção dos diferentes tamanhos de frag-mentos da matéria seca, apenas quandosecos em estufa. De acordo com a Ta-bela 1, observou-se que a matéria seca

Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão

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reduzida a pó proporcionou maior ren-dimento de óleo do que os fragmentoscom 1 e 20 cm de comprimento.

A localização dos óleos essenciais nasplantas varia de acordo com a família bo-tânica a qual pertence, podendo ocorrerem estruturas secretoras especializadas,tais como pêlos ou tricomas glandulares(Lamiaceae), corpos oleíferos (Apiaceae),bolsas lisígenas ou esquizolisígenas(Pinaceae, Rutaceae) ou célulasparenquimáticas diferenciadas(Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), comoé o caso do capim-limão (SIMÕES;SPITZER, 2000; LEWINSOHN et al.,1998). No presente trabalho, provavel-mente o desumidificador reduziu a perdade óleo destas células parenquimáticas,

contribuindo para um maior rendimentode óleo essencial. Possivelmente a menortemperatura no desumidificador e a seca-gem do material em função da desidrata-ção do ambiente preservou essas célulasparenquimáticas, em comparação com aestufa, que mantém temperatura relativa-mente alta (40ºC).

A análise qualitativa do óleo essencialde C. citratus, mostra que os componen-tes majoritários presentes no óleo foramo neral e o geranial (Figura 1). A misturadestes dois isômeros forma o citral, prin-cipal constituinte do óleo essencial de C.citratus (SOUSA et al., 1991).

A composição química do óleo es-sencial de C. citratus em função dosmétodos de secagem e fragmentação

da matéria seca encontra-se na Tabela2. Observa-se que houve variação noconteúdo de citral em função do mé-todo de secagem e fragmentação damatéria seca. Na secagem emdesumidificador o conteúdo de citralfoi maior em relação à secagem emestufa. Temperaturas menores nodesumidificador contribuíram parauma menor degradação das célulasoleíferas e conseqüentemente, preser-vando os componentes químicos doóleo. No tocante à fragmentação, ob-servou-se que na secagem emdesumidificador, o conteúdo de citralfoi em média 8,25% superior do quena secagem em estufa (Tabela 2).

Na secagem em estufa, o conteúdode citral variou em função da fragmen-tação, sendo que na forma de pó, o con-teúdo de citral foi em média 19,3%maior que na fragmentação de 20 cm e5,06% maior em relação ao corte de 1cm. Porém, para a secagem emdesumidificador, o efeito da fragmen-tação foi menor. A diferença no con-teúdo de citral entre o corte de 20 cm ea redução a pó foi de apenas 2,5%, emcomparação às diferenças obtidas nasecagem em estufa. ConformeLewinsohn et al. (1998), o acúmulo decitral em C. citratus ocorre em célulasoleíferas com paredes celulareslignificadas existentes no mesofilo pró-ximo aos feixes vasculares. A pulveri-zação do material permitiu um aumen-to da superfície de contato do materialvegetal no processo de hidrodestilaçãoe portanto uma maior extração dosóleos essenciais contidos nestas estru-turas mais profundas.

Os compostos voláteis são muitosensíveis ao processo de secagem. Al-terações na concentração de compostosvoláteis durante a secagem podem serafetadas por vários fatores como o mé-todo de secagem e as características doproduto submetido à secagem(VENSKUTONIS, 1997).

Na secagem em desumidificadorocorreu a desidratação do material ve-getal apenas pela redução da umidadedo ar sem elevação da temperatura doambiente preservando desta forma, ascaracterísticas originais da planta. Dian-te do exposto, pode-se verificar que odesumidificador é um aparelho eficien-

L. C. B. Costa et al.

Tabela 1. Rendimento médio de óleo essencial (g kg-1 de matéria seca) de C. citratus em funçãode métodos de secagem e tamanho dos fragmentos da matéria seca. Lavras, UFLA, 2004.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferementre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

SecagemTamanho do Fragmento

20 cm 1 cm pó *

Estufa 9,267 bB 8,148 bB 13,393 aA

Desumidificador 13,605 aA 14,525 aA 13,540 aA

Figura 1. Cromatograma do óleo essencial de C. citratus.

Tabela 2. Composição química média (%) dos óleos essenciais de C. citratus em função demétodos de secagem e fragmentação da matéria seca. Goiás, UFG, 2004.

ComponenteEstufa Desumidificador

20 cm 1 cm pó 20 cm 1 cm pó

6-metil-5-hepten-2-ona t t 1,37 t 1,09 T

linalol 1,42 1,14 1,49 1,37 1,74 1,37

neral 30,01 34,55 39,25 38,36 38,57 36,66

geraniol t 1,46 1,74 1,55 1,65 1,52

geranial 39,59 44,50 43,80 46,06 45,44 45,7

epóxido linaloolóxido 12,39 4,97 0,63 t t 3,61

2-undecanona 9,49 1,40 1,23 1,20 1,39 1,79

tridecanona t 1,17 1,09 0,87 t 1,87

não identificados 2,74 8,04 9,39 10,57 10,12 5,21

(citral = neral + geranial 69,60 79,05 83,05 84,42 84,01 82,36

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959Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

te, de custo reduzido e econômico nouso da energia elétrica em comparaçãoà estufa, representando desta forma, umavantagem do ponto de vista prático.

Várias pesquisas em pós-colheita deplantas medicinais normalmente preo-cupam-se apenas com o efeito da tem-peratura de secagem no rendimento equalidade do óleo essencial (BLANCOet al., 2002a, BLANCO et al., 2002b,MARTINS, 2000, RADÜNZ et al.,2002, ROCHA et al., 2000,VENSKUTONIS, 1997). Neste estudo,pôde-se perceber que o tamanho do frag-mento do material vegetal submetido àextração de óleos essenciais tambéminfluencia o rendimento extrativo. As-sim, considerando-se a variabilidade dalocalização dos óleos essenciais nas di-ferentes famílias de plantas sugere-se arealização de novos trabalhos levando-se em consideração também a importan-te contribuição do tamanho do fragmen-to de matéria seca no rendimentoextrativo do óleo essencial das plantasmedicinais.

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960 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

The cultivation of corn (Zea mays L.)for “green corn” and grain

production is one of the most importantactivities of the Brazilian Northeasternagriculture. Corn ears harvested with amoisture content of the grains between70 and 80% is called “green corn”. Inthe first semester of the year, fruitproducing companies without othercropping options successfully explorecorn in the areas previously occupiedwith melon plants, in order to producegreen ears, grains, and stubble (above-ground plant parts, without ears), underdryland conditions, and where irrigationis possible. Under these conditions,another option to explore corn would bethe production of “baby corn”.

“Baby corn” consists of the huskedear, harvested two or three days after silkemergence. “Baby corn” is a profitablecrop that allows a diversification ofproduction, aggregation of value, and

ALMEIDA, I.P.C.; SILVA, P.S.L.; NEGREIROS, M.Z.; BARBOSA, Z. Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars. Horticultura Brasileira,Brasília, v.23, n.4, p.960-964, out-dez 2005.

Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivarsItala Paula de C. Almeida1;2; Paulo Sérgio L. e Silva1;3; Maria Z. de Negreiros1; Zenaide Barbosa4

1ESAM, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; E-mail: [email protected]. 4Faculdade Vale do Jaguaribe. Rua Cel. Alexandrino, 563,Centro, 62800-000 Aracati-CE; E-mail: [email protected]; 3bolsista do CNPq (autor correspondente); 2Estudante mestrado da ESAM.

increased income (PANDEY et al.,2002). As a product, it is only importantin Thailand and a few other countries(PEREIRA FILHO et al., 1998).Because of globalization, othercountries have become interested in thiscrop. Brazil has a promising marketbecause the demand for baby corn isrising and production almost does notexist. There is also a perspective ofexportation to other markets, especiallythose that already import a variety ofBrazilian vegetable products. In additionto supplying the growing domesticdemand, this product could be includedin the export list of agriculturalcompanies, taking advantage of theexisting export chain used for fruits,ornamental plants, and other products.Therefore, the evaluation of baby cornproduction under the conditions of theBrazilian Northeast should beinteresting.

There are three reasons to evaluatecorn cultivars introduced into theBrazilian Northeast, with regard to theirbaby corn, green ear, and grain yields.These cultivars are frequently used bygrowers without being previouslyevaluated for the Northeasternconditions. Second, these cultivars differin their green ear and grain yield, andnot always the best cultivars for greencorn yield are also the best for grainyield (SILVA; PATERNIANI, 1986;SILVA; SILVA, 1991; SILVA et al.,1997; SILVA et al.,1998). Last, specificcultivars for the production of baby cornstill do not exist in Brazil, but researchworks involving cultivars developed forother purposes indicate differencesbetween them (PEREIRA FILHO et al.,1998; CARVALHO, 2002). Apparently,the data upon which the present workwas based are pioneer on this subject inthe Brazilian Northeast. The objective

ABSTRACTMost maize cultivars have been developed for grain production.

Because superior cultivars may differ in their exploiting purposes,interest has been demonstrated for the evaluation of corn cultivarswith regard to their baby corn, green ear, and grain yields productionability. In the present work ten corn cultivars (AG 405, AG 1051,AG 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435,DKB 350 and DKB 747) were evaluated in the yield of baby corn,green ears and dry grains. Two experiments were carried out in thesame season, in neighboring areas and managed in a similar way, inMossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil, in a randomized blocksdesign with five replicates. Baby corn yield (178,571 plants ha-1)was evaluated in one of the experiments. The other experiment(50,000 plants ha-1) was set to evaluate green ear and dry grain yield.Cultivars DKB 350 and AG 8080 were the most productive in numberand weight of marketable unhusked, and husked baby corn ears.Cultivars DKB 435 and AG 8080 were the most productive in numberand weight of marketable, unhusked, and husked ears. There wereno differences between cultivars for grain yield.

Keywords: Zea mays L., green corn.

RESUMORendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de

cultivares de milho

Desde que a maioria das cultivares de milho foi desenvolvidapara produção de grãos, existe interesse em se avaliá-las quanto àprodução de minimilho e espigas verder pois as cultivares superio-res podem diferir, dependendo da finalidade de exploração da cultu-ra. O objetivo do trabalho foi avaliar as produções de minimilho,espigas verdes e de grãos de dez cultivares (AG 405, AG 1051, AG2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, DKB350 e DKB 747) de milho. Dois experimentos, conduzidos na mes-ma época, em áreas vizinhas e manejados de forma semelhante, fo-ram realizados em Mossoró-RN, no delineamento de blocos ao aca-so com cinco repetições. Em um deles (178.571 plantas ha-1) ava-liou-se a produção de minimilho. No outro (50.000 plantas ha-1),avaliaram-se as produções de espigas verdes e de grãos. As cultiva-res DKB 350 e AG 8080 mostraram-se as mais produtivas em nú-mero e peso de espigas de minimilho comercializáveis, empalhadase despalhadas. As cultivares DKB 435 e AG 8080 mostraram-se asmais produtivas quanto aos números e pesos de espigas verdescomercializáveis, empalhadas e despalhadas. Não houve diferençaentre cultivares quanto ao rendimento de grãos.

Palavras-chave: Zea mays L., milho verde.

(Recebido para publicação em 18 de fevereiro de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)

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961Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

of this work was to evaluate the abilityof production of baby corn, green ear,and grain yields of ten corn cultivars.

MATERIAL AND METHODS

Corn cultivars produced by theMonsanto company, were evaluated intwo experiments carried out underdryland conditions, irrigated bysprinkling as needed: DKB 333B andAG 7575 (single-cross hybrids); DKB350, AG 8080 and AG 6690 (three-waycross hybrids); DKB 435, DKB 747, AG2060, AG 405 and AG 1051 (double-cross hybrids). The experiment wassprinkler-irrigated with a 5.6 mm waterdepth and a one-day watering schedule.The water depth required was calculatedconsidering an effective depth of the rootsystem of 0.40 m. Irrigation time wasbased on the water retained by the soilat a tension of 0.04 Mpa.

Experiment 1: Baby corn yieldand other traits

The research was carried out at theRafael Fernandes Experimental Farm,located 20 km away from Mossoró, RioGrande do Norte State (5°11’S latitude,37°20’W longitude, and 18 m altitude),from December 2002 to April 2003. Theexperimental soil was classified as aPodzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico.Analysis of this soil presented thefollowing results: pH = 6.7, Ca + Mg =4.00 cmol

c dm-³, K = 0.27 cmol

c dm-³,

Na = 0.09 cmolc dm-³, Al = 0.04 cmol

c

dm-³, and organic matter = 11.42 g kg-1.The soil was tilled by means of two

harrowings and received, at sowing, 30kg ha-1 N (urea), 60 kg ha-1 P

2O

5 (single

superphosphate), and 30 kg ha-1 K2O

(potassium chloride). Half of thenitrogen, all phosphorus, and allpotassium were applied as plantingfertilization, in furrows located besideand below the seeding furrows. The restof the nitrogen (30 kg ha-1) was applied,as sidedressing, after weeding. Seedswere planted on 12/20/2002 using twoseeds per pit, at 0.80 m × 0.07 m rowspacing. Thinning was performed 22days after seeding, leaving one plant perpit (178,571 plants ha-1). Pest controlwas done by means of three deltamethrinsprays (250 ml ha-1), performed 7; 14and 24 days after sowing; weed control

was performed by hoeing 35 days aftersowing.

A randomized blocks design withfive replicates was used. Plots consistedof five plant rows with six meters inlength. The usable area consisted of thethree central rows eliminating six plantsof each end.

The evaluated traits were totalnumber and weight of ears; number andweight of marketable unhusked ears;number, weight, length, and diameter ofhusked ears to be sold fresh orpreserved; fresh and dry mass of theabove-ground part of the plant, tassels,and roots; leaf area, stalk diameter, plantheight, and ear insertion height. The totalnumber and weight of ears wereestimated based on the total number ofears harvested from the usable area ofthe plot. Unhusked ears, free of damagecaused by pests or diseases wereconsidered marketable. Husked ears thatpresented good health, a color varyingfrom pearly white to light yellow,cylindrical shape with a diameterranging from 0.8 to 1.8 cm and lengthranging from 4 to 12 cm wereconsidered marketable. The number ofears to be sold as preserves was alsodetermined (diameter between 1.0 cmand 1.5 cm, and length ranging from 5to 10 cm). Marketable ear diameter andlength were evaluated using a caliperrule. The fresh and dry matter weight ofears, the above-ground part, root system,and tassels were estimated based on 10ears, five crushed plants, the crushedroots of two plants, and ten tassels,respectively. Leaf area was determinedusing one plant from each plot, by meansof a LICOR 3100 Leaf Area Integrator.Stalk diameter was determined in twoplants, by measuring the section locatedbelow the ear insertion node with acaliper rule. Plant height (distance fromthe soil level to the insertion point ofthe highest leaf) and ear insertion height(distance from the soil level to the earinsertion node), and tasselcharacteristics were evaluated in thesame ten plants selected at random fromthe usable area of each plot.

Experiment 2: Green ear yield,grain yield and other traits

This experiment was planted on thesame date, in a neighboring area, and

managed in a similar way. Differentlyfrom experiment 1, each plot of thisexperiment consisted of four 6.0 m longrows of plants. The usable area wasconsidered as the space occupied by thetwo central rows, with the eliminationof plants from one pit at each end. Oneof the usable rows was chosen at randomfor green ear yield assessment, and theother was used for grain yieldassessment. A total of 26 plants perusable row was grown, at a row spacingof 1.0 m x 0.4 m, with two plants per pit(50,000 plants ha-1).

The evaluated traits were total numberand mass of green ears; number and massof marketable green ears, either unhuskedor husked; fresh and dry mass of theabove-ground part of the plant, tassels, androots; leaf area, stalk diameter, plantheight, and ear insertion height; grain yieldand its components. The total number andmass of ears were estimated based on thetotal number of ears harvested from theusable area of the plot. The marketableunhusked ears considered were those freefrom damage caused by pests or diseasesand with a length of 24 cm or longer, andmarketable husked ears were those withgood health and grain set, presenting alength of 18 cm or longer. The fresh anddry masses of the above-ground part ofthe plant, tassels, and roots; leaf area, andstalk diameter were evaluated after greenear harvesting. Plant height and earinsertion height were measured after dryear harvesting. The number of dry ears wasestimated based on the ears harvested fromthe usable area; the number of kernels perear was obtained from 10 ears selected atrandom, and the 100-grain weight wasestimated based on five samples of 100kernels. Grain yield was corrected for amoisture content of 15.5% (wet basis).

RESULTS AND DISCUSSION

Experiment 1: Baby corn yieldand other traits

The baby corn was harvested from48 to 62 days after sowing, in sevenharvest operations. Cultivars AG 405,AG 1051, and AG 2060 showed themost pronounced late behavior.

Cultivar DKB 333 B showed thegreatest plant height and the greatestfresh mass of the above-ground part,

Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars

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962 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

only differing from cultivar DKB 350,which had the shortest height, and fromcultivar DKB 747, with respect to freshmass of the above-ground part (Table1). The greatest ear insertion height wasshown by cultivar AG 1051, whichexceeded all cultivars except of cultivarsDKB 333 B, AG 405, and DKB 435(Table 2). High plant densities maycause lodging in some cultivars, incertain environments (BAVEC;BAVEC, 2002), especially withincreasing planting density it causesplant height and ear insertion height toincrease as well (MODARRES et al.,1998). Since baby corn is generallyproduced under high planting densities,preference should be given to smaller-sized cultivars, in order to decrease yieldlosses, which might happen if lodging

occurs before flowering.

Cultivars AG 7575 and AG 6690showed the tassels with the smallestnumber of branchings and AG 7575 hadthe smallest fresh and dry masses (Table1). The tassel functions as a strong sinkorgan, and may demand an expressiveamount of photoassimilates(CHINWUBA et al., 1961). Thecompetition effect for nutrients andcarbohydrates between ear and tasselwill be so much more severe as will theenvironment’s adverse conditions(MAGALHÃES et al., 1993; GERALDIet al., 1985). In addition, large tasselscause leaf shading (HUNTER et al.,1969). On the other hand, there exist anegative correlation between tassel sizeand prolificacy (SOUZA JÚNIOR et al.,1985), which is a very important trait in

cultivars intended for baby cornproduction. Thus, cultivars with smallertassels seem to be important for bothbaby corn and grain production. It isinteresting to point out that detasselingprovides an increase in the productivityof commercial baby corn ears,regardless of sowing season(CARVALHO et al., 2002) orphosphorus rate applied (SAHOO;PANDA, 2001). However, the effectcaused by tassel removal on forage yieldvaried with cropping season (SAHOO;PANDA, 2001).

There were no differences betweencultivars with regard to leaf area, stalkdiameter, dry mass of the above-groundpart of the plant, and fresh and drymasses of the root system.

Cultivars DKB 350 and AG 8080were the most productive with respectto the number and mass of marketableunhusked, and husked baby corn ears(Table 2). It becomes evident, therefore,that depending on the criterion used foryield assessment in baby corn (numberor mass of unhusked or husked ears, andso on), cultivars can be different. Yieldswith a similar magnitude as thoseobserved in the present work for massof unhusked ears were observed by otherauthors (CARVALHO, 2002). Inrelation to husked ears, yields had asimilar magnitude as those observed inother experiments(AEKATASNAWAN, 2001), but werelower than those verified in otherresearches (PEREIRA FILHO et al.,

I. P. C. Almeida et al.

1Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)

Table 1. Means for plant height, ear insertion height, fresh matter of the above-ground part, number of tassel branchings, tassel fresh weightand tassel dry weight of corn cultivars evaluated for baby corn yield. Mossoró, ESAM, 2002/20031

Cultivars Plant height (cm) Ear height (cm)

Fresh weight of

the above-ground

part (kg ha-1)

Number of tassel

branchings

Tassel fresh

weight (mg)

Tassel dry weight

(mg)

DKB 333B 191, a 106, ab 49,250 a 12, abc 430, ab 210, abc

AG 405 186, ab 109, ab 45,036 ab 14, a 440, ab 210, ab

AG 1051 184, ab 112, a 40,536 ab 11, abc 390, bc 190, bcd

AG 6690 176, ab 88, bc 43,000 ab 9, c 370, bcd 180, cde

AG 8080 176, ab 82, c 39,928 ab 10, bc 310, cd 160, de

DKB 747 160, ab 77, c 29,429 b 13, ab 490, a 210, abc

AG 2060 174, ab 88, bc 38,857 ab 12, abc 490, a 240, a

AG 7575 167, ab 73, c 32,821 ab 8, c 290, d 140, e

DKB 435 176, ab 92, abc 33,893 ab 11, bc 380, bc 180, bcd

DKB 350 153, b 73, c 30,893 ab 11, bc 360, bcd 180, cde

C.V. % 9 11 24 8 15 10

Table 2. Means for the number and weight of marketable unhusked and husked baby cornears of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031

Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)

CultivarsUnhusked ears Husked ears

Number ha-1 kg ha-1 Number ha-1 kg ha-1

DKB 333B 91,505 bcd 3,627 bc 46,718 bc 457, b

AG 405 80,695 d 2,936 c 24,324 c 186, b

AG 1051 87,066 cd 3,384 bc 30,309 c 323, b

AG 6690 133,691 abc 4,599 abc 39,044 bc 371, b

AG 8080 107,529 bcd 5,672 a 53,475 abc 526, ab

DKB 747 140,723 ab 4,844 abc 56,564 abc 482, b

AG 2060 76,448 d 3,233 bc 22,973 c 293, b

AG 7575 139,189 ab 4,719 abc 43,243 bc 403, b

DKB 435 141,119 ab 5,008 ab 68,146 ab 498, ab

DKB 350 172,393 a 6,100 a 83,765 a 877, a

C.V. % 21 22 37 41

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963Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

1998; CARVALHO et al., 2002).Cultivar AG 2060 showed ears with

the largest mean diameter, to be soldeither fresh or preserved (Table 3). Withregard to ear length, the same cultivarand also cultivar AG 6690 yielded thelargest ears to be sold fresh. In the caseof ears to be sold as preserves, cultivarAG 7575 had high ear length. Therewere no differences between cultivarswith regard to fresh and dry baby cornear weight. The moisture content forbaby corn ears varied from 88%(cultivar AG 405) to 91% (cultivar DKB350). Other authors obtained a meanvalue of 89% (YODPET,1979) or avariation from 90% to 95%(CARVALHO, 2002).

Experiment 2: Green ear yield,grain yield, and other traits

The green ears were harvested from68 to 76 days after planting date, in fourharvesting operations. Cultivars AG405, AG 1051, AG 8080, DKB 333B,and DKB 435 showed the mostpronounced late behavior.

There were no differences betweencultivars with regard to the total numberand weight of green ears. Therefore, thecultivars differed only with respect totheir number and weight of marketableears, either unhusked or husked (Table4). For these traits, cultivar DKB 747and AG 8080 proved to be the mostproductive for number of unhuskedmarketable ears. Differences betweencultivars with regard to traits for green

Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars

corn yield evaluation were also observedby other authors (SILVA et al., 1997;SILVA et al., 1998).

There were no differences betweencultivars with regard to leaf area, stalkdiameter, fresh and dry masses of theabove-ground part of the plant, tassel,and root system, evaluated after the finalharvesting of green ears.

Among the evaluated traits afterharvesting mature ears, there weredifferences between cultivars only withregard to plant height and ear insertionheight, and with regard to weight of 100grains (Table 4). Cultivars DKB 435 andDKB 747 showed the smallest meansfor both heights. The greatest mass of100 grains was shown by cultivar AG7575. The fact that cultivars differed

with respect to green ear yield butshowed the same grain yield could bedue to several factors. Cultivars maydiffer with regard to their green ear coband straw weights, but their grain at the“green corn stage” can still showdifferent moisture contents (SILVA;PATERNIANI, 1986). Besides, at thetime when green ears are harvested,grain filling is obviously not completeand cultivars may differ with regard totheir grain filling rate and duration ofthe grain filling period (PONELEIT;EGLI, 1979). Finally, ears consideredunsuitable for green corn production canbe perfectly used for grain production.

Cultivar DKB 350 and AG 8080were the most productive with respectto the number and weight of marketable

Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)

Table 3. Means for diameter and length of marketable baby corn ears, fresh and preserved,of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031

CultivarsEars to be sold fresh Ears to be sold as preserves

Diameter (cm) Length (cm) Diameter (cm) Length (cm)

DKB 333B 1.31, bc 9.02, abcd 1.24, bc 8.76, bc

AG 405 1.37, abc 9.34, abc 1.30, abc 8.88, ab

AG 1051 1.39, abc 9.31, abc 1.32, ab 8.96, ab

AG 6690 1.38, abc 9.88, a 1.28, abc 9.20, ab

AG 8080 1.33, bc 8.26, d 1.26, bc 7.92, de

DKB 747 1.31, bc 8.75, bcd 1.24, bc 8.34, de

AG 2060 1.50, a 9.90, a 1.36, a 9.10, ab

AG 7575 1.29, bc 9.70, ab 1.26, bc 9.36, a

DKB 435 1.26, c 8.42, d 1.22, c 8.06, cd

DKB 350 1.42, ab 8.42, cd 1.30, abc 7.76, e

C.V., % 5 3 3 6

Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05).

Table 4. Means for the number and mass of marketable, unhusked and husked green ears, plant height, and ear insertion height, and 100-dry-grain weight of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031

Cultivars

Marketable green ears Heights100-grain

weight (g)Unhusked Husked Plant Ear

No. ha-1 kg ha-1 No. ha-1 kg ha-1 cm

DKB 333B 26,682 bc 6,932 c 17,430 ab 2,951 b 202, a 108, a 36, abc

AG 8080 39,066 a 10,958 ab 17,902 ab 3,508 b 195, ab 90, ab 33, bc

AG 6690 37,675 ab 10,659 abc 27,227 ab 4,998 ab 188, ab 96, ab 35, abc

AG 405 35,817 ab 9,874 abc 20,876 ab 4,098 ab 188, ab 84, ab 40, ab

DKB 350 33,878 abc 8,945 abc 27,596 ab 5,232 ab 186, ab 89, ab 35, abc

AG 1051 24,113 c 6,998 c 15,496 b 3,105 b 184, ab 90, ab 38, abc

AG 2060 32,052 abc 9,317 abc 23,613 ab 4,957 ab 183, ab 88, ab 37, abc

AG 7575 32,104 abc 7,680 bc 23,415 ab 3,629 b 182, ab 94, ab 41, a

DKB 435 36,026 ab 8,709 abc 25,000 ab 3,798 ab 164, b 78, b 32, c

DKB 747 39,961 a 11,630 a 32,194 a 6,430 a 164, b 74, b 36, abc

C.V., % 16 18 30 29 9 15 10

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964 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

I. P. C. Almeida et al.

unhusked, and husked baby corn ears.Cultivar DKB 747 and AG 8080 werethe most productive with respect to thenumber and weight of marketable,unhusked, and husked ears. There wereno differences between cultivars withrespect to grain yield. Therefore, the bestcultivars can be different when differentcorn exploiting purposes are taken intoaccount.

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965Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A couve-da-Malásia foi introduzidano Brasil, em 1992, por possuir altos

teores de vitamina A, a partir de sementestrazidas da Malásia por Dr. Warwick E.Kerr, que adotou esta nomenclatura. Alémdisso, é de fácil cultivo e de ciclo curto(LEE, 1982; FERREIRA et al., 2002),podendo ser facilmente cultivada em hor-tas domésticas o ano inteiro, tornando-seuma fonte acessível de vitamina A.

Na literatura existem poucas infor-mações referentes à nutrição mineral debrássicas. Segundo Hori (1965), estasvariedades botânicas são grandesextratoras de nutrientes do solo e res-pondem com alta produtividade em es-paço de tempo relativamente curto. ParaTrani et al. (1994), elas apresentam gran-de capacidade de resposta ao nitrogê-

ZANÃO JÚNIOR, L.A.; LANA, R.M.Q.; SÁ, K.A. Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia. HorticulturaBrasileira, Brasília, v.23, n.4, p.965-969, out-dez 2005.

Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produ-ção de couve-da-MalásiaLuiz Antônio Zanão Júnior1; Regina Maria Q. Lana2; Kátia Aparecida de Sá2

1UFV, Depto. Solos, 36570-000 Viçosa-MG; 2UFU – ICIAG; E-mail: [email protected]

nio, verificando-se aumento na produ-tividade com aplicações da ordem de até300 kg ha-1. No entanto, é necessário,entre outros fatores, conhecer as exigên-cias nutricionais de cada cultivar parase fornecer nutrientes em quantidadesadequadas e equilibradas. Sabe-se quea couve-da-Malásia é altamente sensí-vel à falta de nitrogênio, fósforo, potás-sio, enxofre (SOUSA, 1997) e boro(MOTA, 2001). Trabalhos realizadoscom a couve-da-Málasia na China eAustrália demonstraram a importânciado nitrogênio para a sua produtividade.No Brasil, Zanão Jr. et al. (2005) verifi-caram que a melhor dose de N para acouve-da-Malásia foi de 210 kg ha-1.

Segundo More e Morgan (1998), parao cultivo da couve-da-Malásia na Aus-

trália, recomenda-se a aplicação, no plan-tio, de 50 m3 ha-1 de esterco bovino; 1,25a 2,0 t ha-1 de superfosfato simples; 150-300 kg ha-1 de nitrato de amônio e cloretode potássio. Na adubação de cobertura érecomendada a aplicação de 150-300 kgha-1 de nitrato de amônio e cloreto depotássio, uma a três semanas após a emer-gência. A variação da quantidade éverificada em função da textura do solo.

Para Malavolta (1974), quando seestudam aspectos relacionados à nutri-ção das hortaliças, deve-se atentar parao fato de que sendo o ciclo delas geral-mente curto, essas culturas estão muitosujeitas a distúrbios nutricionais, pelorápido crescimento, intensa produção,alta necessidade de nutrientes e intensalixiviação de nutrientes no solo.

RESUMOA couve-da-Malásia, Brassica chinensis L. var. parachinensis

(Bailey) é muito cultivada na China, Austrália e outros países dosudeste asiático e foi introduzida no Brasil em 1992. Existem pou-cas informações referentes à nutrição mineral desta Brássica nas con-dições brasileiras. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efei-to de fontes e parcelamento do nitrogênio na produtividade e teoresde macro e micronutrientes na parte aérea desta hortaliça. O experi-mento foi conduzido em casa de vegetação, em vasos de 5 dm3 devolume com 4,8 kg de solo. O delineamento experimental foi emblocos casualizados, em fatorial 2 x 6, com três repetições. As fon-tes nitrogenadas, uréia e nitrato de cálcio, foram avaliadas em dife-rentes parcelamentos da dose de 105 mg dm-3 de N em três aplica-ções (na semeadura, 15 e 30 dias após a semeadura), nas seguintesproporções: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-0%, 25%-75%-0%, 25%-50%-25% e 33%-33%-33%. As plantas foram colhi-das aos 40 dias após a semeadura. A melhor fonte de nitrogênio foi anítrica (nitrato de cálcio), proporcionando maiores produções de mas-sa fresca e seca da parte aérea, massa seca de raízes, produção defolhas por planta e maiores teores de N, Ca e Mn na parte aérea.Quanto ao parcelamento, os melhores resultados foram obtidos quan-do se realizou adubação na semeadura seguida de duas coberturas,uma aos 15 e outra aos 30 dias após a semeadura, nas proporções33%-33%-33% e 25%-50%-25%, para as duas fontes avaliadas.

Palavras-chave: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey)Sinskaja, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de nutrientes.

ABSTRACTSplit forms and sources of nitrogen fertilization for the

flowering white cabbage production

The flowering white cabbage plant, Brassica chinensis L. var.parachinensis (Bailey) Sinskaja is often cultivated in China, Australiaand other southeastern Asian countries and introduced in Brazil in1992. There is little information regarding the mineral nutrition ofthis Brassica in the Brazilian conditions. The effect of sources andsplitting of nitrogen in the productivity and ratio of macro andmicronutrients in the shoot of this vegetable were evaluated. Theexperiment was carried out in a greenhouse in pots with capacity for5 dm3. The experimental design was a randomized block design, ina 2 x 6 factorial scheme with three replications. The nitrogen, calciumnitrate and urea sources were evaluated in different splitting for the105 mg dm-3 of N dose, in the sowing, 15 and 30 days after sowing,in the following ratios: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-0%, 25%-75%-0%, 25%-50%-25% and 33%-33%-33%. The plantswere harvested 40 days after sowing. The biggest productions offresh and dry weight of the shoot, dry matter of root, leaf numberand the biggest ratio of N, Ca and Mn in the shoot were reachedwith the nitric source (calcium nitrate). The best results concerningthe splitting were obtained when fertilization took place during thesowing followed by two side dressing applications, one 15 days andanother 30 days after sowing, in the proporcions 33%-33%-33%and 25%-50%-25%, for the sources evaluated.

Keywords: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey)Sinskaja, urea, calcium nitrate, nutrients accumulation.

(Recebido para publicação em 23 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)

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966 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

No Brasil, pouco se conhece sobreas exigências nutricionais da couve-da-Málasia. Até o momento, as recomen-dações de adubação para seu cultivo sãofeitas, com base naquilo que se conhe-ce para hortaliças folhosas como a alfa-ce. Como é uma folhosa, a adubaçãonitrogenada e seu manejo são extrema-mente importantes para o sucesso dacultura, devendo-se ter informações es-pecíficas claras sobre a melhor fonte denitrogênio e o parcelamento mais ade-quado desta adubação. O objetivo dopresente trabalho foi avaliar o efeito defontes e formas de parcelamento da adu-bação nitrogenada sobre a produtivida-de e teores foliares de macro e micro-nutrientes na parte aérea das plantas decouve-da-Malásia.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de maioa julho de 2004, conduzido em casa devegetação, na Universidade Federal deUberlândia (MG). As temperaturas mé-dia mínima e máxima na casa de vege-tação, durante o período em que o ex-perimento foi conduzido foram, respec-tivamente, 17ºC e 26°C.

A semeadura foi realizada em 09/06/2004, diretamente em vasos de 5 dm3, com4,8 kg de solo mantidos em espaçamentode 20 x 20 cm. Foi utilizado solo da ca-mada superficial (0 a 20 cm) de umLatossolo Vermelho distrófico típico, tex-tura média (273 g kg-1 de argila). A análi-se do solo apresentou as seguintes carac-terísticas: pH H

2O (1:2,5) = 4,6; P

(Mehlich-1) = 0,2 mg dm-3; K+ (Mehlich-1) = 5,4 mg dm-3; Al+3, Ca+2, Mg+2, H+Al,= 6,0; 1,0; 1,0 e 40,0 mmol

c dm-3, respec-

tivamente; saturação por bases = 4,22 %,matéria orgânica = 12 g kg-1; B, Cu, Fe,Mn, Zn e S-SO

4-2 = 0,31; 0,9; 36; 0,3; 0,2

e 6,0 mg dm-3, respectivamente.

O experimento foi conduzido emdelineamento de blocos casualizados,distribuindo-se os tratamentos em es-quema fatorial 2 x 6, com três repeti-ções. O primeiro fator foram as fontesde nitrogênio, sendo nítrica e amídica eo segundo fator constituiu-se dosparcelamentos da aplicação da dose de105 mg dm-3 de N, o que corresponde a210 kg ha-1, em diferentes proporções,sendo: A) 50% na semeadura, 50% aos

15 dias após a semeadura (DAS) e 0%aos 30 DAS; B) 0% na semeadura, 50%aos 15 DAS e 50% aos 30 DAS; C) 75%na semeadura, 25% aos 15 DAS e 0%aos 30 DAS; D) 25% na semeadura,75% aos 15 DAS e 0% aos 30 DAS; E)25% na semeadura, 50% aos 15 DAS e25% aos 30 DAS e F) 33% na semea-dura, 33% aos 15 DAS e 33% aos 30DAS. Como fonte nitrogenada nítricautilizou-se o nitrato de cálcio e comofonte amídica, a uréia. A uréia possui44% de N na forma amídica (NH

2), que

quando é aplicada ao solo, é rapidamen-te hidrolisada e se converte na formaamoniacal e o nitrato de cálcio possui14% de N na forma nítrica e até 1,5 %na forma amoniacal, além de possuir 18-19% de Ca e 0,5-1,5 % de magnésio.

O preparo do solo foi feito para cadavaso. A calagem foi realizada para ele-var a saturação por bases a 70%, con-forme recomendação feita por Ribeiroet al. (1999) para a cultura da alface,aplicando-se uma dose correspondentea 2,0 t ha-1 de calcário dolomíticocalcinado (PRNT 100%). O solo dos va-sos foi incubado por 30 dias.

A semeadura foi realizada a 1 cm deprofundidade, distribuindo-se cinco se-mentes por vaso. Após a emergência, foirealizado o desbaste, deixando-se umaplanta por vaso, a mais vigorosa e cen-tralizada. A rega foi feita duas vezes aodia, utilizando-se 100 ml de água porrega em cada vaso.

Na semeadura, foram aplicados 200mg dm-3 de P

2O

5, 30 mg dm-3 de K

2O e

1 mg dm-3 de FTE BR-8, com 7% Zn,2,5% B, 1% Cu, 5% Fe, 10% Mn e 0,1%Mo. Foram realizadas duas coberturascom 25 mg dm-3 de K

2O, uma aos 15 e

outra aos 30 DAS. A fonte de P2O

5 foi o

superfosfato triplo e a de K2O o cloreto

de potássio. As doses seguiram as reco-mendações feitas para a cultura da alfa-ce (RIBEIRO et al., 1999).

A colheita foi realizada 40 dias apósa semeadura, para avaliação da massafresca da parte aérea (MFPA), massaseca da parte aérea (MSPA), produçãode folhas por planta (PF), massa secade raízes (MSR), diâmetro do caule(DC), teores dos macronutrientes (N,P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (B,Cu, Fe, Mn e Zn) na parte aérea dasplantas.

Na colheita, o sistema radicular foiseparado da parte aérea. A produção defolhas foi obtida fazendo-se a contagemdas mesmas no momento da avaliaçãoda massa fresca da parte aérea. O diâ-metro do caule foi medido com o auxí-lio de um paquímetro. As raízes foramlavadas cuidadosamente até a retiradado solo aderido às mesmas. O excessode água foi retirado com o auxílio depapel toalha e em seguida o material(parte aérea e raízes) foi encaminhadopara secar em estufa de circulação for-çada de ar a 70°C, até massa constante.

A análise química da parte aérea dasplantas, para determinação dos teores demacro e micronutrientes, foi realizadasegundo Bataglia et al. (1983).

Após a colheita, foi retirada umaamostra de solo dos vasos, para deter-minação do pH em água e teores de Mne Zn disponíveis, segundo metodologiadescrita por Silva et al. (1999).

Os dados obtidos foram inicialmen-te submetidos aos testes de normalida-de (SHAPIRO-WILK) e homoge-neidade (LEVENE), para se determinar,caso necessário, a transformação a seradotada. Como as variâncias foram ho-mogêneas entre os tratamentos e os re-síduos da análise da variância apresen-taram distribuição normal, nenhum de-les foi transformado. O teste de Tukey a5% de probabilidade foi utilizado paracomparação entre as médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando os fatores estudados,foi observada interação significativa eefeito significativo independente(P≤0,05) do parcelamento, apenas paraa massa fresca da parte aérea. No que serefere às fontes, houve efeito significa-tivo para a MSPA; MFPA; MSR; NF;teores foliares de N, Ca, Mn e Zn; pHem água e teores de Mn e Zn disponí-veis no solo (Tabelas 1-4).

A produção de massa fresca da par-te aérea foi superior quando a dose de105 mg dm-3 de N foi parcelada nas trêsépocas, sendo semeadura, 15 DAS e 30DAS, nas proporções de 25%-50%-25%e 33%-33%-33%.

A produção de massa fresca da par-te aérea (produtividade agronômica)

L. A. Zanão Júnior et al.

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alcançada neste experimento foi inferiorà máxima produção obtida por ZanãoJúnior et al. (2005) (114,55 g planta-1)com a utilização de 210 kg ha-1 de N,30% na semeadura, 35% aos 15 e 35%aos 30 dias e por Ferreira et al. (2002),quando estudaram a mesma variedadeem Uberlândia, em condições de cam-po, com adubação orgânica e mineral emdiferentes espaçamentos (93 g planta-1),utilizando 70 kg ha-1 de N (42% no plan-tio e 58% em cobertura, aos 15 DAS).A produção de massa fresca em algunstratamentos foi semelhante à obtida porDantas (1997), com aplicação demetanol e 80 kg ha-1 de N em vasos man-tidos em casa de vegetação (52 g plan-ta-1) e superior à produção registrada porHill (1990), em espaçamento 10 x 10cm, com aplicação de 200 kg ha-1 de N(46 g planta-1), em cultivo realizado emcampo na Austrália.

A menor produção de massa frescada parte aérea alcançada no presente tra-balho, em relação à registrada por ZanãoJúnior, et al. (2005), pode ser explicadapela época do ano em que os experimen-tos foram conduzidos. As plantas pro-duzidas neste trabalho foram colhidascinco dias antecipados, em relação aotrabalho daqueles autores, desenvolvi-do durante o verão, com temperatura mí-nima de 21ºC e máxima de 29ºC, supe-riores às ocorridas durante a execuçãodeste trabalho. Estes resultados indicamo maior desenvolvimento da parte aé-rea das plantas em temperaturas maiselevadas e o encurtamento do ciclo emtemperaturas mais baixas. Dantas eAragão (2000) verificaram que plantasdesta variedade, semeadas em dezem-bro e agosto, foram fisiologicamentemais eficientes que aquelas produzidasnos outros meses e que plantas produzi-das no mês de junho foram as que apre-sentaram menor crescimento.

Pelo que pôde ser observado, há ne-cessidade de se realizar uma coberturanitrogenada aos 15 e uma aos 30 diasapós a semeadura. Estes resultados es-tão de acordo com os encontrados porFerreira (2001), que verificou que aos37 dias após a semeadura, a ausência damaioria dos nutrientes na solução nutri-tiva, utilizando a técnica do elementofaltante, reduziu significativamente aprodutividade agronômica da couve-da-

Letras minúsculas comparam médias do parcelamento dentro de cada fonte. Letras maiús-culas comparam médias entre as fontes. Médias seguidas da mesma letra não diferem entresi pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Produção de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea(MSPA), massa seca de raízes (MSR), produção de folhas por planta (FP) e diâmetro decaule (DC), obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada.Uberlândia, UFU, 2004.

FonteParcelamento de N

(%)

MFPA MSPA MSR PF

(n.º)

DC

(mm)(g planta-1)

Nítrica

50 50 0 64,45 b 4,69 0,53 12,00 11,6

0 50 50 64,30 b 4,91 0,32 11,67 11,7

75 25 0 61,21 c 4,19 0,54 12,00 12,2

25 75 0 70,96 b 5,17 0,50 12,00 14,9

25 50 25 78,02 a 5,48 0,73 12,33 15,6

33 33 33 80,21 a 7,83 0,62 12,67 16,9

Média 69,85 A 4,88 A 0,54 A 12,11 A 13,8 A

Amídica

50 50 0 45,06 c 3,61 0,20 10,00 10,4

0 50 50 49,95 c 3,72 0,35 10,33 12,3

75 25 0 56,21 b 3,88 0,41 11,00 13,1

25 75 0 56,50 b 4,58 0,42 11,33 13,4

25 50 25 65,50 a 4,60 0,53 11,33 15,7

33 33 33 68,03 a 5,26 0,43 12,00 16,2

Média 56,83 B 4,28 B 0,39 B 11,00 B 13,5 A

C.V.% 14 15 17 10 9

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Teores de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) eenxofre (S) na parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos daadubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.

FonteMacronutriente (g kg-1)

N P K Ca Mg S

Nítrica 52,29 A 6,25 A 17,11 A 30,82 A 8,30 A 6,38 A

Amídica 40,95 B 5,62 A 17,97 A 23,72 B 7,43 A 6,29 A

C.V.% 14 22 17 13 16 10

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Teores de boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e Zinco (Zn) naparte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubaçãonitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.

FonteMicronutriente (mg kg-1)

B Cu Fe Mn Zn

Nítrica 128,26 A 7,26 A 161,89 A 119,60 A 79,47 B

Amídica 126,17 A 7,66 A 175,91 A 78,01 B 90,40 A

C.V.% 17 12 9 10 14

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 4. Valores de pH em água e teores de Mn e Zn no solo, após a execução do experi-mento, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia,UFU, 2004.

FontepH em água

(1:2,5)

Mn

(mg dm-3)

Zn

(mg dm-3)

Nítrica 5,92 A 1,20 B 0,83 B

Amídica 5,42 B 1,86 A 1,13 A

C.V.% 4 13 9

Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia

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Malásia. Estas são as mesmas épocas deparcelamento recomendadas para a al-face, segundo Ribeiro et al. (1999). Issoocorreu porque o nutriente estava dis-ponível no solo para a planta no perío-do e na quantidade em que ela necessi-tava, em concentrações não tão altaspara ocorrer lixiviação excessiva ou cau-sar efeito negativo.

O maior valor de massa seca deraízes foi registrado para o parcelamentoda dose de N com aplicação de 25% doN na semeadura e 50% aos 15 DAS e25% aos 30 DAS para as duas fontes(Tabela 1). Esta produção foi inferior àobtida por Sousa (1997) e por Mota(2001), que foram de 2,84 g planta-1 e0,93 g planta-1, respectivamente.

A fonte de maior eficiência na pro-dução de massa seca e fresca da parteaérea das plantas e de raízes foi a nítrica(nitrato de cálcio), que propiciou aumen-to de 23% em relação à fonte amídica(uréia), indicando, possivelmente, a pre-ferência da couve-da-Malásia pela ab-sorção do N na forma nítrica (Tabela 1).Segundo Larcher (2000), dentre outrosfatores, a espécie/cultivar tem implica-ções nos ajustamentos metabólicos àabsorção do amônio e do nitrato. A ab-sorção do íon amônio causa grande de-manda de esqueletos carbônicos, poispode servir imediatamente para síntesede aminoácidos e compostos que con-têm N reduzido. Grande consumo doscarboidratos pode ocorrer, se afotossíntese for insuficiente, utilizandoo carbono que estaria disponível para aplanta converter em biomassa. Por ou-tro lado, o nitrato quando absorvido éreduzido antes de sua assimilação, masa demanda imediata por carboidratos émenor que a do amônio (EPSTEIN,1975; FERREIRA et al., 1993;LARCHER, 2000).

A produção de folhas por planta foimuito semelhante, não influenciado sig-nificativamente pelo parcelamento, mashavendo efeito das fontes (Tabela 1). Asplantas que receberam aplicação da fon-te nítrica produziram 10% a mais defolhas do que as que as que receberam afonte amídica.

O diâmetro do caule é uma caracte-rística avaliada para aceitação da cou-ve-da-Malásia no mercado de hortaliças.Segundo Gallacher (1999), um produto

de qualidade elevada tem diâmetro decaule entre 15 mm e 25 mm. Os resulta-dos obtidos no presente trabalho mostramque as plantas que ficaram incluídas den-tro dessa amplitude foram as que rece-beram aplicação de N na semeadura eduas coberturas. Não houve diferençasignificativa em relação às fontes.

A maior absorção de Ca com apli-cação da fonte nítrica é explicada pelofato do nitrato de cálcio possuir 18-19%de cálcio (Tabela 2). Além disso, plan-tas que recebem o N na forma nítricaaumentam a síntese de ácidos orgâni-cos, com conseqüente aumento na ab-sorção de cátions, como Ca2+, Mg2+ e K+,para atingir o balanço interno de cargas(KIRKYB; KNIGHT, 1977).

Não existem dados na literatura so-bre teores foliares adequados dos nu-trientes para couve-da-Malásia. No en-tanto, os teores foliares de N e Ca obti-dos neste trabalho são considerados ade-quados, segundo Ribeiro et al. (1999),para alface e para Brássicas (repolho ecouve-flor).

Os maiores teores foliares de zincoobtidos com a fonte amídica podem es-tar relacionados à maior absorção etranslocação deste nutriente, em relaçãoaos demais, provavelmente devido àacidificação da rizosfera que adubaçãonitrogenada pode causar, provocada pelaabsorção do íon amônio, formado pelaaplicação da uréia (FERREIRA et al.,1993). Este fato ficou comprovado coma análise do solo das parcelas que rece-beram adubação nitrogenada amídica,onde o pH em água se encontrava emtorno de 5,4 em relação a 5,9, consegui-do com a fonte nítrica (Tabela 4).

A acidificação da rizosfera, segundoMoraghan e Mascani Júnior (1991), au-menta a eficiência na absorção de micro-nutrientes metálicos Zn, Mn, Cu e Fe,cuja disponibilidade é influenciada pelopH. Os teores de Zn e Mn no solo, signi-ficativamente maiores nas parcelas quereceberam a aplicação da uréia, compro-vam sua maior disponibilidade com o pHbaixo (Tabela 4). Os teores foliares deZn com a aplicação da fonte amídica fo-ram significativamente maiores que aaplicação da fonte nítrica.

Os teores foliares de Mn forammaiores com a aplicação da fonte nítrica,apesar deste elemento estar disponível

em maior quantidade no solo, com afonte amídica. Isto pode ser explicadoem parte, pela competição entre estescátions NH

4+ e Mn2+, pois a presença do

amônio na solução diminuiu a absorçãodo Mn. Este fato também foi verificadopor Fernandes et al. (2002) trabalhandocom alface e diferentes fontes de nu-trientes em cultivo hidropônico.

As maiores produções de massa fres-ca e massa seca da parte aérea, massaseca de raízes e os maiores teoresfoliares de N e Ca e Mn na parte aéreaforam alcançadas com a fonte nítrica.Os maiores teores foliares de Zn, me-nores teores disponíveis de Mn e Zn nosolo e menores valores de pH do soloem água foram obtidos com a fonteamídica.

O nitrato de cálcio mostrou ser umafonte nitrogenada mais viável em rela-ção a uréia, apesar do custo relativomaior, pois proporcionou efeito alcali-no no substrato e forneceu maioresquantidades de N às plantas, proporcio-nando maior produção de massa frescae seca da parte aérea, massa seca deraízes e produção de folhas por planta.

Quanto ao parcelamento, melhoresresultados para produção foram obtidoscom as proporções 33%-33%-33% e25%-50%-25%, para nitrato de cálcio euréia, parcelados na semeadura, 15 e 30dias após a semeadura.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Prof.ª Dr.ªMarli A. Ranal pela revisão crítica epelas valiosas sugestões, importantes naelaboração deste artigo.

LITERATURA CITADA

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970 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

O quiabo (Abelmoschus esculentus(L.) Moench), originário da Áfri-

ca, pertencente à família Malvaceae étradicionalmente cultivado em regiõestropicais. O cultivo dessa hortaliça ébastante difundido na região nordeste doBrasil, por possuir um clima bastante fa-vorável para o seu desenvolvimento(SILVA, 2004).

A comercialização de quiabo é feita,geralmente utilizando-se frutos in natura.Alguns trabalhos têm sido realizados deforma a desenvolver processos de seca-gem e determinar as propriedades físicasdo quiabo (ADOM et al., 1996; AKAR;AYDIN, 2005). No entanto, pesquisas re-lativas ao processamento mínimo dessahortaliça ainda são inexistentes, o que fazdesse trabalho um marco no desenvolvi-mento de tecnologia, apresentando uma

CARNELOSSI, M.A.G.; YAGUIU, P.; REINOSO, A.C.L.; ALMEIDA, G.R.O.; LIRA, M.L.; SILVA, F.G.; JALALI, V.R.R. Determinação das etapas doprocessamento mínimo de quiabo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.970-975, out-dez 2005.

Determinação das etapas do processamento mínimo de quiaboMarcelo Augusto G. Carnelossi; Paula Yaguiu; Anita Caroline L. Reinoso; Gláucia Regina de O. Almeida;Moema L. Lira; Gabriel Francisco da Silva; Vahideh R.R. JalaliUFS, Depto. Eng. Química, Av. Marechal Rondon, s/n, Campus Universitário, Jardim Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; E-mail:[email protected]

nova forma de comercialização e agrega-ção de valor a esses produtos.

Em geral, hortaliças minimamenteprocessadas, segundo Moretti (2004),são tecidos vegetais que foram danifi-cados de maneira proposital e que de-vem ser mantidos na forma fresca e comqualidade por períodos prolongados detempo, pois esse processo acarreta vá-rias alterações físicas e fisiológicas queafetam a viabilidade e a qualidade dosprodutos.

Vários aspectos devem ser conside-rados quando se trabalha com produtosminimamente processados. Os proces-sos metabólicos relacionados aosestresses sofridos pelos tecidos vegetaiscomo a indução do metabolismo decompostos fenólicos, o escurecimentoenzimático e a formação de anaerobiose

conduzem, na maioria das vezes, a alte-rações sensoriais importantes(MORETTI, 2004).

Cantwell (1992) e Vitti et al. (2003)citam que a injúria mecânica causadapelo corte ou descascamento é um dosmaiores obstáculos para a conservaçãodos produtos minimamente processados,apresentando aumento da taxa respira-tória na ordem de 3 a 5 vezes, quandocomparado aos órgãos intactos. Assim,o armazenamento do produto em bai-xas temperaturas torna-se imprescindí-vel, desde o preparo até acomercialização, visando a redução darespiração e preservação da qualidade eda vida de prateleira do produto pré-pro-cessado (VITTI et al., 2003).

A utilização de embalagens e de tem-peraturas adequadas pode manter o pro-

RESUMOEste trabalho teve como objetivo estabelecer um fluxograma

operacional para o processamento mínimo de quiabo, produto mui-to consumido e produzido em diversos estados brasileiros. Para isso,foram avaliados dois modelos de fluxograma. Os procedimentosideais para cada etapa do processamento mínimo foram determina-dos utilizando os seguintes parâmetros: tipos de corte, concentraçãodo sanitizante, enxágüe (tratamento com ácido), tempo decentrifugação e tipo de embalagem (PEAD a vácuo e bandejas depoliestireno recobertas com filme de PVC, armazenadas em câmarafria (5±2ºC) por oito dias). Com base na análise sensorial, quiabocortado em rodelas com aproximadamente 2 cm de espessura mos-trou-se o mais aceito. Dentre as concentrações de sanitizantes ava-liadas, o tratamento com concentrações de 100 mg L-1 de cloro ativodurante 10 minutos, mostrou eficiência significativa na redução decoliformes totais, aeróbios mesófilos e fungos e leveduras. A utili-zação do ácido cítrico (1%) durante o enxágüe mostrou-se eficientena retirada da mucilagem do produto e verificou-se ainda que o tem-po para centrifugação de quiabo deve ser de 10 minutos. A embala-gem de PEAD a vácuo foi a que melhor preservou a qualidade dosprodutos. Para o processamento mínimo de quiabo deve ser utiliza-do o seguinte fluxograma: recepção, seleção, lavagem, corte,sanitização, enxágüe com ácido, centrifugação, embalagem earmazenamento.

Palavras-Chave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitização,centrifugação, embalagens, conservação.

ABSTRACTDetermination of the stages of minimum processing of okra

This work aimed to establish an operational flowchart for theminimum processing of okra, a product much consumed andproduced in diverse Brazilian States. In this work two models offlowchart were evaluated. The ideal procedures for each stage of theminimum processing were determined by utilization of the followingparameters: types of cut, concentration of the rinse (treatment withacid), time of centrifugation and type of the packing (PEAD therecovered polystyrene vacuum and trays with film of PVC, stored incold chamber (5±2ºC) during eight days). On the basis of the sensorialevaluation, okra cuts with approximately 2 cm of thickness weremore accepted. Among the concentrations of sanitization products,the treatment with concentrations of 100 mg L-1 of active chlorineduring 10 minutes showed significant efficiency in the reduction oftotal coliforms, mesophiles aerobic, molds and yeast. The citric acid(1%) used during rinses, revealed themselves efficient in thewithdrawal of the mucilaginous juice of immature pods. The timefor okra centrifugation must be of 10 minutes. The PEAD packingwith vacuum preserved the better quality of the minimum processingproduct. For the minimum processing of okra the following flowchartmust be used: reception, selection, washing, cut, sanitization, rinsewith acid, centrifugation, packing and storage.

Keywords: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitization,centrifugation, packaging, storage.

(Recebido para publicação em 1 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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duto livre de microorganismospatogênicos, com maior manutenção dasua qualidade e uma maior vida de pra-teleira. As embalagens atuam como bar-reira protetora, minimizando a perda deágua, reduzindo a taxa respiratória du-rante o armazenamento, bem como fa-cilitando o transporte, manipulação e avenda dos mesmos (CARNELOSSI etal., 2002). A escolha da embalagem paraos minimamente processados dependede fatores como a permeabilidade daembalagem a gases, o tipo de produto esua taxa respiratória, temperatura dearmazenamento dentre outros, visandoo aumento do tempo de vida de prate-leira (SCHLIMME; ROONEY, 1994).

O objetivo do trabalho foi estabele-cer o fluxograma para o processamentomínimo do quiabo, levando-se em con-sideração o tipo de corte, a concentra-ção do sanitizante, tratamento com áci-do para a redução da mucilagem, tem-po de centrifugação, tipo de embalageme temperatura de armazenamento.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido nolaboratório de tecnologia de alimentosda UFS. O quiabo utilizado foi adquiri-do na Associação de Produtores Orgâ-nicos do Agreste (ASPOAGRE), loca-lizada no município de Itabaiana (SE),onde foram transportados em sacolasplásticas para o laboratório e mantidosem temperatura ambiente (±25ºC).

Os fluxogramas avaliados foram a)Recepção – Seleção – Lavagem –Sanitização – Corte – Embalagem e b)Recepção – Seleção – Lavagem – Corte– Sanitização – Enxágüe –Centrifugação – Embalagem.

Tendo em vista a semelhança dasetapas inicias entre os dois fluxogramas,a recepção, a seleção e lavagem foramrealizadas da mesma forma para todomaterial. A recepção do quiabo foi rea-lizada colocando-se os frutos em caixasplásticas em ambiente refrigerado(12ºC) por aproximadamente duas ho-ras. Após esse período os frutos foramretirados da refrigeração e submetidosà seleção e lavagem. Durante a seleçãoforam escolhidos os frutos que se apre-sentavam íntegros e sem injurias mecâ-nicas. A lavagem foi realizada utilizan-

do-se água corrente para retirada da su-jidade. Após a lavagem, para o fluxo-grama A, os frutos foram submetidos àsanitização e posteriormente aos cortes,e para o fluxograma B, os frutos foramsubmetidos ao corte.

O corte dos frutos foi realizado ma-nualmente com o auxílio de facas de açoinox, afiadas e previamente higienizadasem solução de cloro (100 mg L-1). Osquiabos foram cortados de três formas,rodelas de aproximadamente 2 cm, pi-cados em cubos com ±0,5 cm3 e corta-dos longitudinalmente em ±10 cm.

Para a etapa da sanitização, amos-tras de quiabo, tanto inteiras quanto cor-tadas, foram imersas em soluções decloro ativo de marca comercialSumaveg (Diversey-Lever), com con-centrações de 50 mg L-1, 100 mg L-1 e150 mg L-1, por 10 min. Durante as eta-pas de sanitização e corte, nove amos-tras de 25 g foram retiradas para seremsubmetidas à análise microbiológica, deforma a determinar bactérias aeróbiasmesófilas, coliformes totais, bolores eleveduras.

Para o fluxograma A, após asanitização, o produto foi cortado eembalado em bandejas de poliestirenorecobertas com filme PVC. Para o flu-xograma B, após a etapa da sanitização,os quiabos cortados foram enxaguadosem soluções contendo quatro níveis deácido cítrico (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) por10 minutos. Enxágüe sem ácido foi uti-lizado como controle (3 mg L-1 de cloroativo), visando a retirada do excesso demucilagem aderido no quiabo.

Testes de centrifugação foram reali-zados em centrífuga industrial, com ve-locidade angular de 1290xg, por perío-dos de 2; 3; 5; 7 e 10 min.

Amostras de 200 g foram armaze-nadas em dois tipos de embalagem: ban-dejas de poliestireno recobertas comPVC e em embalagens de polietileno dealta densidade (PEAD) a vácuo, e ar-mazenadas a temperatura de 5ºC±2oC,por oito dias.

A cada dois dias, foram realizadasanálises dos teores de vitamina C, aci-dez total, pH e coloração (intensidade deescurecimento) do produto armazenado.

Os teores de vitamina C foram de-terminados utilizando a metodologia

proposta pela American OfficialAnalysis of Chemistry (AOAC, 39.051)(CARNELOSSI et al., 2002).

O pH foi determinado em pHmetrodigital da marca Schott em 50 ml desolução obtida pela homogeneização efiltragem de 5,0 g da amostra em águadestilada.

A acidez total (AT) foi determinadautilizando-se 10 ml da solução utiliza-da para a determinação do pH, adicio-nando-se o indicador fenolftaleína a 1%,e titulado com NaOH (0,1 N). A AT foiexpressa em % de ácido cítrico.

O índice de escurecimento do pro-duto foi acompanhado utilizando-se umcolorímetro (Minolta CR-10), calibra-do com a cor branca. Para as medições,foram retiradas 3 rodelas de quiabo decada repetição, e as leituras foram rea-lizadas na parte interna e externa do pro-duto. Os parâmetros obtidos, L, que in-dica luminosidade (claro/escuro); a, queindica a cromaticidade no eixo da corverde (-) para vermelha (+); e b, queindica a cromaticidade no eixo da corazul (-) para amarela (+), foram utiliza-dos para calcular o índice deescurecimento (IE) de acordo com Palouet al. (1999): IE= [I100(x-0,31)I/0,172],em que, x=(a + 1,75L)/(5,645L+a-3,012b).

A análise sensorial foi realizada uti-lizando o Teste de Aceitabilidade, comescala hedônica de 9 pontos (9 = gosteiextremamente, 5 = indiferente e 1 = des-gostei extremamente). Foram entrevista-das 30 pessoas não treinadas que avalia-ram o produto quanto à preferência emrelação ao tipo de corte apresentado.

A microbiota contaminante dos pro-dutos foi avaliada por meio da determi-nação da contagem padrão de bactériasaeróbias mesófilas, bolores e levedurase a presença de coliformes totais, segun-do a metodologia proposta porVanderzant e Splittstoesser (1992). Asanálises foram efetuadas em porções de25 g do material vegetal homogeneizadocom 225 ml de água peptonada a 0,1%.A contagem padrão de aeróbiosmesófilos foi feita em Ágar Padrão paraContagem (PCA), após incubação a 30-32ºC por 24 a 48 h. Coliformes totaisforam determinados pela técnica doNúmero Mais Provável (NMP), utilizan-do-se Caldo Lauril Sulfato Triptose para

Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo

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o teste presuntivo e Caldo Bile VerdeBrilhante, para o confirmativo. A con-tagem de bolores e leveduras, foi reali-zada inoculando-se 0,1 ml de cadaamostra em 15 a 20ml do meio de cul-

tura Ágar Batata Dextrose Acidificado(PDA). As placas foram incubadas emestufa a 25ºC por 5 dias.

O delineamento experimental foiinteiramente ao acaso, em esquema

fatorial 2x5 (dois tipos de embalagem e5 períodos de avaliação). Foram utili-zadas 3 repetições com aproximadamen-te 200 g do produto em cada embala-gem. Os resultados foram submetidos àanálise de variância pelo teste F e com-paração de médias pelo teste Tukey (5%),com o auxílio do software Assistat (As-sistência Estatística), versão 7.2 beta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio de análises microbio-lógicas, observou-se que a concentraçãode 50 mg L-1 mostrou-se eficiente nocontrole dos coliformes totais, reduzin-do-se os valores de 120 NMP g-1 ml-1 damatéria-prima para 5,3 NMP g-1 ml-1 noproduto cortado e sanitizado (Tabela 1).Para o controle dos fungos, leveduras,bactérias aeróbias e mesófilas, a concen-tração de 100 mg L-1 foi mais eficiente,apresentando valores abaixo do limite decontagem. Nas amostras sanitizadas in-teiras e depois cortadas (fluxograma A),observou-se que, apesar da concentraçãode 50 a 100 mg L-1 de cloro ter apresen-tado eficiência no controle dosmicroorganismos, a manipulação (corte)do produto após a sanitização ocasionouuma recontaminação da amostra,inviabilizando, dessa forma, a utilizaçãodesse fluxograma. De acordo com Pilon(2003), a lavagem de hortaliças com 50mg L-1 de cloro livre na água reduz sig-nificativamente a contagem total deaeróbios mesófilos, enquanto que oscoliformes fecais mostraram-se mais sen-síveis ao cloro não sendo detectados apóslavagem com 10, 20 e 50 mg L-1.

Os resultados obtidos por meio doteste de aceitabilidade determinaramque o corte no formato de rodelas (2 cm)foi o mais aceito, apresentando notamédia de 6,9, correspondente ao termoda escala hedônica “gostei moderada-mente”. Os cortes no formato longitu-dinal e picado não diferiram estatistica-mente entre si, apresentando notas 5,7(indiferente) e 6,1 (gostei ligeiramente),respectivamente.

A utilização de 1% de ácido cítricona etapa de enxágüe (Figura 1A), asso-ciado à centrifugação por 10 min, mos-trou-se ideal para a retirada do excessode água e de mucilagem. Observou-setambém que, para o tratamento contro-

M. A. G. Carnelossi et al.

1valores na ordem de 10² a 104 UFC/g na contagem padrão.*inferior ao limite (<2,5x10²)

Tabela 1. Análises microbiológicas do quiabo minimamente processado submetida a dife-rentes tratamentos de corte e sanitização. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.

AmostraBactérias aeróbias

mesófilas¹Bolores e leveduras Coliformes totais

Matéria prima 6.5X104 1.9X10³ > 110

Inteiro s/sanit. 6.4X104 4.3X104 > 110

Inteiro 50ppm 3.3X104 8.1X10² 15

Inteiro 100ppm 3X10³ 4.4X10² 2.8

Inteiro 150ppm 3X104 * 3.5

Cortado s/sanit. 4.9X10² 5.1X10² 5.3

Cortado 50ppm 3X10³ * 5.3

Cortado 100ppm * * 9.3

Cortado 150ppm 4.3X10² * 9.3

Figura 1. Diferença de peso (A) de quiabo minimamente processado tratado com diferentesconcentrações de ácido cítrico no enxágüe e centrifugados por 10 minutos, e teores de vita-mina C (B) do quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C por8 dias. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.

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le, a diferença de peso foi menor do quea da concentração de 0,5% (Figura 1A).Isso se deve ao fato de que o tempo decentrifugação utilizado para essa amos-tra, 20 min, não foi suficiente para a re-tirada do excesso de água e mucilagemaderida ao produto.

A mucilagem encontrada no quiaboé classificada como polissacarídica-áci-da associada com proteínas (AMAYA-FARFAN et al., 2003), podendo, se nãoremovida, servir de substrato para ocrescimento de microrganismos duran-te o armazenamento, causando a depre-ciação do produto. Pineli (2004) cita queo ácido cítrico é o principal ácido orgâ-nico de frutas e vegetais, atuandosinergisticamente com ácidos ascórbicoe eritórbico e seus sais neutros. É capazde complexar prooxidantes, como o co-bre do centro ativo da polifenoloxidase,inativando-os.

Após o segundo dia dearmazenamento, observou-se que osteores de vitamina C (Figura 1B) apre-sentaram redução de aproximadamente45%, quando comparados ao quiaboantes do processamento, nas duas em-balagens testadas. Esse acentuado de-créscimo pode ter sido ocasionado peloaumento na taxa do metabolismo, cau-sado pela injúria mecânica (corte) dahortaliça, que provoca a oxidação devários compostos, dentre eles, a vitami-na C. (CARNELOSSI et al., 2002).

Após esse período, verificou-se es-tabilização dos teores de vitamina C.Isso pode ser explicado devido à redu-ção do metabolismo, influenciado pelautilização da embalagem e peloarmazenamento em baixa temperatura(5oC), como ocorre em diversos produtosminimamente processados(CARNELOSSI et al., 2002). Quandoembalados com PVC, verificou-se umdecréscimo do teor de vitamina C, com-parado com a embalagem a vácuo o quepode, provavelmente, estar associado àalta permeabilidade do filme, que não écapaz de reter o metabolismo do produto.

De acordo com Pilon (2003), a vita-mina C é a mais instável das vitaminaspor ser sensível aos agentes físico-quí-micos como a luz, oxigênio e o calor.Klein (1987) cita que a perda de sua es-tabilidade pode ser conseqüência devários fatores, como o rompimento ce-

lular por dano ao tecido, corte oumoedura.

Em todos os tratamentos, verificou-se uma queda brusca no segundo dia dearmazenamento no teor de acideztitulável (AT) (Figura 2A), após o qualmanteve-se constante até o final do ex-perimento, para as duas embalagens tes-tadas.

O controle da atmosfera através dautilização de embalagens e a diminui-ção da temperatura de armazenamentopodem, possivelmente, ter ocasionadoa diminuição na taxa de degradação dosubstrato (açúcares) e,consequentemente, uma provável redu-ção do valor da acidez.

Quanto aos valores do pH (Figura2B), observados durante o período dearmazenamento, notou-se comporta-mento inversamente proporcional à aci-dez, apresentando aumento acentuadono tempo 2 e estabilização até o oitavo

dia. Esse resultado pode estar relacio-nado, com a estabilização metabólica doproduto, em virtude da utilização daembalagem e do armazenamento embaixa temperatura.

A intensidade de escurecimento (IE)indicou que a embalagem a vácuo foieficiente em evitar o escurecimento, tan-to na parte interna quanto na parte ex-terna do quiabo (Figuras 3A e 3B). Paraa embalagem de PVC, observou-se quea maior permeabilidade da mesma aooxigênio pode ter provocado oescurecimento do produto, pois o mes-mo é utilizado pela enzimapolifenoloxidase (PPO) para oxidaçãode compostos fenólicos (WHITAKER;LEE, 1995).

Em couve minimamente processa-da, Carnelossi et al. (2002) mostraramque o escurecimento pode estar direta-mente relacionado com a atividade daenzima polifenoloxidase, que oxida

Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo

Figura 2. Teores de Acidez Titulável (A) e variação do pH (B) do quiabo embalado a vácuoe em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão damédia. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.

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M. A. G. Carnelossi et al.

compostos fenólicos produzindo umacoloração escura nos tecidos minima-mente processados tais como observa-do em alface e repolho (COUTURE etal., 1993; HOWARD et al., 1994).Moretti et al. (2002) citam que os danosmecânicos (corte) causados durante oprocessamento podem aumentar a con-centração de dióxido de carbono, etilenoe de água livre, causar alterações no sa-bor e aroma, além de aumentar a ativi-dade de enzimas relacionadas aoescurecimento enzimático, como afenilalanina amônia liase (PAL) e apolifenoloxidase (PPO). Para Goupy etal. (1995), a intensidade doescurecimento enzimático depende de

Figura 3. Intensidade de escurecimento (IE) da parte interna (A) e da parte externa (B), dequiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras repre-sentam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.

vários fatores, principalmente do con-teúdo de compostos fenólicos e do tipode PPO presente na célula, ou ambos.Couture et al. (1993) observaram, emalface minimamente processada, que oaumento da intensidade deescurecimento com o tempo dearmazenamento, pode ser devido ao au-mento na atividade da enzimafenilalanina amônia liase (PAL), respon-sável pela síntese de compostosfenólicos, e também pelo aumento nasíntese de etileno, o qual estimula a ati-vidade da PAL e PPO.

De acordo com os resultados obtidos,determinou-se que o processamento mí-nimo do quiabo deve seguir o seguinte flu-

xograma: Recepção – Seleção – Lavagem– Corte (rodelas de 2 cm) – Sanitização(100 mg L-1 de cloro ativo) – Enxágüe (áci-do cítrico 1%) – Centrifugação (10 min)– Embalagem (PEAD a vácuo) –Armazenamento (5ºC).

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agrade-cimentos ao CNPq (Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico), pelo auxílio financeiroconcedido para a realização do trabalho,à EMDAGRO e a ASPOAGRE pelofornecimento do material utilizado nosexperimentos.

LITERATURA CITADA

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A alface americana, tipo repolhuda“Crisphead lettuce”, vem adquirin-

do importância crescente, principalmen-te, na região de Lavras. O plantio destetipo de alface visa, principalmente, aten-der as redes fast food, como aMacDonald’s, com mais de 30 produto-res em diversos municípios do sul deMinas Gerais, cultivando cerca de 1800ha por ano, totalizando aproximadamen-te 10500 toneladas desta folhosa (YURI,2000). Sua larga adaptação às condiçõesclimáticas diversas, a possibilidade decultivos sucessivos no mesmo ano, abaixa suscetibilidade a pragas e doen-ças e a comercialização segura, fazemdesta cultura a preferida pelosolericultores (RICCI, 1993), que a cul-tivam em condições de campo a céu

aberto, em cultivo protegido (estufas) ouem hidroponia (solução nutritiva).

A adubação constitui uma das práti-cas agrícolas mais caras e de maior re-torno econômico, resultando em maio-res rendimentos e em produtos maisuniformes e de maior valor comercial(RICCI et al., 1995).

Sendo a alface uma cultura compos-ta basicamente por folhas, esta respon-de muito à adubação nitrogenada. A de-ficiência de nitrogênio retarda o cresci-mento da planta e induz ausência ou máformação da cabeça, as folhas mais ve-lhas tornam-se amareladas e despren-dem-se com facilidade. Entretanto,quando aplicado em demasia, em adu-bação de cobertura, no último terço dociclo, as cultivares que formam cabeça

RESENDE, G.M.; ALVARENGA, M.A.R.; YURI, J.E.; MOTA, J. H.; SOUZA, R.J.; RODRIGUES JÙNIOR, J.C. Produtividade e qualidade pós-colheita daalface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.976-981, out-dez 2005.

Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em funçãode doses de nitrogênio e molibdênioGeraldo M. de Resende1; Marco Antônio R. Alvarenga2; Jony E. Yuri2; José Hortêncio Mota3; RovilsonJosé de Souza2; Juarez C. Rodrigues Júnior4

1Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-000 Petrolina-PE.; 2UFLA. Depto. Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3CentroUniversitário de Dourados, Depto. Ciências Agrárias, C. Postal 533, 79804-970, Dourados-MS; 4Agromax, R. Tiradentes, 12, 37750-000Machado-MG

apresentam menor firmeza, o que pode-rá ser prejudicial à comercialização(GARCIA et al., 1982).

Nos sistemas biológicos omolibdênio é constituinte de pelo me-nos cinco enzimas catalisadoras de rea-ções. Três destas enzimas (redutase donitrato, nitrogenase e oxidase do sulfito)são encontradas em plantas (GUPTA;LIPSETT, 1981). A função mais impor-tante do molibdênio nas plantas está re-lacionada com o metabolismo do nitro-gênio. A redutase do nitrato ou nitrato-redutase é uma flavoproteína que pos-sui Mo como grupo prostético e cujasíntese é induzida pela presença de Moe NO

3- no meio (MALAVOLTA, 1980).

Esta enzima catalisa a redução biológi-ca do NO-

3 a NO-

2, que é o primeiro pas-

RESUMOO trabalho foi conduzido no município de Três Pontas (MG), de

outubro a dezembro de 2002, para avaliar a influência de doses denitrogênio e molibdênio nas características produtivas e qualidadepós-colheita da alface americana (Lactuca sativa L.). Utilizou-se odelineamento de blocos ao acaso em arranjo fatorial 4 x 5, compre-endendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais à doseaplicada pelo produtor de 60 kg/ha de N (0; 60; 120 e 180 kg/ha) ecinco doses de molibdênio via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4g/ha) e três repetições. O maior peso fresco total foi obtido com adose de 86,9 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 87,4 g/ha demolibdênio. Com relação ao peso fresco comercial a dose de 89,1kg/ha de nitrogênio em cobertura propiciou a maior resposta, sendopara molibdênio a máxima produtividade alcançada com a dose de94,2 g/ha. As doses de 85,3 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 72,9g/ha de molibdênio proporcionaram a maior circunferência de cabe-ça comercial. Não se observou efeito significativo dos tratamentospara comprimento do caule e na conservação pós-colheita. As dosesde 89,9 kg/ha de N em cobertura e 77,2 g/ha de Mo em pulverizaçãofoliar propiciaram a maior porcentagem de matéria seca.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., massa fresca, nutrição,armazenamento.

ABSTRACTYield and postharvest quality of summer growing crisphead

lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum

The influence of nitrogen and molybdenum doses was evaluatedon the productive characteristics and postharvest quality of crispheadlettuce (Lactuca sativa L.), at Três Pontas, Minas Gerais State, Brazil,from October to December 2002. A randomized complete blockdesign in a 4 x 5 factorial arrangement with three replications wasused. The factorial consisted of four doses of nitrogen (0; 60; 120and 180 kg/ha) in top dressing, in addition to the usual farmers doses(60 kg/ha), and five doses of molybdenum in foliar application (0.0;35.1; 70.2; 105.3, and 140.4 g/ha). The highest total fresh weightwas obtained with the doses of 86.9 kg/ha of nitrogen in top dressingand 87.4 g/ha of molybdenum. Highest commercial fresh weightwas obtained using the doses of 89.1 g/ha of nitrogen in top dressing,while the doses of 94.2 g/ha of molybdenum resulted in the highestyield. The doses of 85.3 kg/ha of nitrogen in top dressing and 72.9g/ha of molybdenum were the best for highest commercial headcircumference. There was no significant effect of the treatments onstem length and post-harvest conservation. The highest percentageof dry matter was obtained with the doses of 89.9 kg/ha of N in topdressing and 77.2 g/ha of Mo in foliar spray.

Keywords: Lactuca sativa L., fresh weight, nutrition, storage.

(Recebido para publicação em 21 de março de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)

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so para a incorporação do nitrogênio,como NH

2, em proteínas (DECHEN et

al., 1991). Por outro lado, evita oacúmulo de NO-

3 em plantas alimentí-

cias e forragens, impedindo a combina-ção do mesmo com a hemoglobina dosangue e a produção de meta-hemoglobina que, por não funcionarcomo transportadora de O

2, causa defi-

ciência de oxigênio em pessoas e ani-mais (MALAVOLTA, 1980; OLIVEI-RA, 1980). A deficiência de molibdênioem brássicas também está associada auma acumulação de nitratos nas folhas(NOGUEIRA et al., 1983).

No Brasil observa-se a necessidadede maiores pesquisas sobre doses de fer-tilizantes a serem utilizadas, adequadasàs diferentes cultivares, regiões e épo-cas de plantio. Além disto, na ansieda-de de obter maior produtividade, oolericultor aplica em excesso, elemen-tos minerais, resultando muitas vezes emdistúrbios nutricionais nas plantas, alémde acarretar aumento do custo de pro-dutividade.

A aplicação de nitrogênio via soloaliada à aplicação de molibdênio viafoliar, pode ser uma prática que venha amelhorar a fertilização desta cultura,com o uso mais racional do nitrogênio,e por uma maior atividade da enzimaredutase do nitrato, através do uso daadubação molíbdica. O objetivo destetrabalho foi avaliar os efeitos de dosesde nitrogênio em cobertura e molibdêniovia foliar nas características produtivase qualidade pós-colheita no comporta-mento da alface americana em cultivode verão.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nomunicípio de Três Pontas, sul de MinasGerais, na Fazenda Carapuça II do pro-dutor José Cláudio Nogueira, à altitudede 870 m, situado a 21º22’00" de longi-tude sul e 45º30’45'’ de longitude oeste,em um Latossolo VermelhoDistroférrico de textura argilosa. O cli-ma da região é caracterizado por tem-peratura média anual variando de15,8°C no mês mais frio, a 22,1°C nomês mais quente; a precipitação médiaanual é de 1.529,7 mm e a umidade re-lativa do ar é de 76,2%. A análise do solo

onde foi instalado o experimento apre-sentou as seguintes características quí-micas: K = 70,0 mg dm-3; P = 78,0 mgdm-3; Ca = 4,1 cmol

c dm-3; Mg = 0,8 cmol

c

dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; H+Al = 2,3

cmolc dm-3; Zn = 0,8 mg dm-3; Fe = 25,0

mg dm-3; Mn = 14,2 mg dm-3; Cu = 1,0mg dm-3; B = 0,3 mg dm-3; pH em H

2 0 =

6,0 e matéria orgânica = 2,4 dag kg-1.O delineamento experimental foi de

blocos ao acaso no esquema fatorial 4 x5, compreendendo quatro doses de ni-trogênio em cobertura adicionais a doseaplicada pelo produtor de 60 kg/ha denitrogênio (0; 60; 120 e 180 kg/ha) ecinco doses de molibdênio via foliar(0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g/ha) etrês repetições, perfazendo um total de20 tratamentos. A uréia foi utilizadocomo adubo nitrogenado e como fontede molibdênio o molibdato de sódio. Auréia foi aplicada em cobertura aos 10;20 e 30 dias após o transplante em 40,30 e 30%, respectivamente, da dose ava-liada. As doses em cobertura de uréiapor parcela por planta foram previamen-te diluídas em água pura, aplicando-se10 ml da solução, lateralmente a cadaplanta. O molibdato de sódio foi aplica-do aos 21 dias após o transplante atra-vés de pulverizador costal manual ca-pacidade de 4 L em máxima pressão,gastando-se 300 L de calda/ha.

O preparo do solo constou de aração,gradagem e levantamento dos canteirosa 0,20 m de altura. As mudas foram obti-das em bandejas multicelulares de 288células cada uma, preenchidas comsubstrato comercial (Plantmax), sendo otransplante feito aos 25 dias após o se-meio, utilizando-se a cultivar Raider queapresenta um ciclo de 48 a 50 dias apóso transplante, com peso médio de plantaentre 700 e 1200 g, folhas de coloraçãoverde-clara mais duras e boa tolerânciaao pendoamento (YURI, 2000).

As parcelas experimentais constituí-ram-se de canteiros com quatro linhasde 2,1 m de comprimento espaçadas de0,30 m, sendo entre plantas de 0,35 m.As linhas centrais formaram a área útil,retirando-se duas plantas em cada ex-tremidade. Foi instalada, em toda a área,uma estrutura de proteção, constituídade túneis altos com 2,0 m de altura, co-brindo dois canteiros por túnel, consti-tuído de tubos de ferro galvanizados,

coberta com filme plástico transparentede baixa densidade, aditivado com anti-UV, de 100 micras de espessura, sendoos canteiros revestidos com filme plás-tico preto “mulching”, de 4 m de largu-ra e 35 micras de espessura.

A adubação básica de plantio, deacordo com análise do solo, foi de 1500kg/ha de formulado 02-16-08 e 1000 kg/ha de superfosfato simples. Após os adu-bos serem incorporados ao solo, insta-lou-se em cada canteiro duas linhas detubo gotejador, com emissores espaça-dos a cada 30 cm e com vazão de 1,5 L/h. As adubações de cobertura foram rea-lizadas através de fertirrigações diárias,totalizando 30 kg/ha de N e 60 kg de K,utilizando como fontes uréia e cloretode potássio (COMISSÃO..., 1999).

A cultura foi mantida no limpo pormeio de capinas manuais, quando neces-sárias, e o controle fitossanitário adotadofoi o método padrão utilizado pelo produ-tor, com pulverizações semanais com pro-dutos à base de oxicloreto de cobre,iprodione, procimidone e piretróides.

O transplante das mudas foi realiza-do em 28/10/2002. A colheita foi feitaem 09/12/2002, quando as plantas apre-sentaram-se completamente desenvolvi-das sendo avaliadas a massa fresca totale comercial (g/planta); circunferência ecomprimento do caule da parte comer-cial em cm (cabeça), percentagem dematéria seca da parte comercial. Para opeso da matéria seca da parte comercial,as amostras (± 300 g) foram lavadas emágua corrente e destilada e secas em es-tufa com circulação forçada de ar, a 65-70°C, até peso constante. Os dados depercentagem de matéria seca foram

transformados em arco-seno 100/P .

A conservação pós-colheita foi avalia-da utilizando-se amostra de duas cabe-ças comerciais de alface, avaliadas aos7; 14; 21 e 28 dias, em câmara frigoríficaa 5 ± 2°C e umidade relativa em tornode 90%, através de notas (nota 1= cabe-ças comerciais extremamente deteriora-das; nota 2= cabeças comerciais dete-rioradas; nota 3= cabeças comerciaismoderadamente deterioradas; nota 4=cabeças comerciais levemente deterio-radas e nota 5= cabeças comerciais semdeterioração), sendo utilizados três ava-liadores e obtida a média das notas.

Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio

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Os dados coletados foram submeti-dos à análise de variância e regressãocom base no modelo polinomial ao ní-vel de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo e inde-pendente para doses de nitrogênio e demolibdênio para peso da massa frescatotal e comercial da parte aérea. Comrelação ao peso fresco total, os dadosrelativos a doses de nitrogênio foramajustados a um modelo quadrático, noqual a dose de 86,9 kg/ha de nitrogênioem cobertura propiciou o maior rendi-mento, com 763,2 g/planta de massa

fresca (Figura 1). Levando-se em con-sideração que o produtor utilizou 30,0 e30,0 kg/ha de N, respectivamente, noplantio e em fertirrigações diárias,totalizando 60,0 kg/ha, durante o cicloda cultura, pode-se inferir serem estasdoses, em função dos resultados obti-dos, insuficientes para se alcançar amáxima produtividade de massa frescatotal por planta, que foi alcançada na suatotalidade com 146,9 kg/ha de nitrogê-nio, ou seja, 144,8% superior à dose uti-lizada pelo produtor. Estes resultadosestão próximos aos encontrados porThompson e Doerge (1996a) que encon-traram para alface lisa, a máxima pro-dutividade quando utilizaram 165,0 kg/

ha de nitrogênio. Furtado (2001), emplantio de agosto, não encontrou dife-renças significativas entre tratamentos,avaliando doses acima de 148,0 kg/hade nitrogênio.

Comparando os dados obtidos no pre-sente experimento com trabalhos realiza-dos por McPharlin et al. (1995) na Austrá-lia, utilizando 0,0 a 550,0 kg/ha de N, veri-fica-se que a dose correspondente à máxi-ma produção de massa fresca foi inferior adose de 288,0 e 344 kg/ha de N encontradapor estes autores, em dois anos de estudo.Deve-se salientar ainda que, o médio teorde matéria orgânica, 2,1 dag/kg, do soloutilizado no presente experimento prova-velmente contribuiu para uma menor res-posta à adubação nitrogenada. SegundoThompson e Doerge (1996b), nos EstadosUnidos, os agricultores utilizam doses quevariam de 224,0 a 370,0 kg/ha.

Quanto à aplicação de molibdêniotambém ajustou-se um modeloquadrático, no qual a dose de 87,4 g/hade molibdênio promoveu o maior ganhoem termos de rendimento de massa fres-ca total com 768,4 g/planta (Figura 2).Também em plantio de verão, Yuri et al.(2004a), constataram efeito quadráticono qual a dose de 235,0 g/ha demolibdênio proporcionou a maior pro-dutividade total por planta, 15,2% su-perior à testemunha sem aplicação.

Com relação à massa fresca comer-cial, os dados relativos a doses de nitro-gênio foram ajustados a um modeloquadrático, no qual a dose de 89,1 kg/ha de nitrogênio em cobertura propicioua maior resposta, com 450,1 g/planta demassa fresca comercial (Figura 1). Le-vando-se em consideração que o produ-tor utilizou um total 60,0 kg/ha de N, anecessidade para se obter a máxima pro-dutividade comercial foi de 149,1 kg/ha de nitrogênio. Furtado (2001) não en-controu diferenças significativas, ava-liando doses acima 148,0 kg/ha de ni-trogênio. Este resultado é inferior à dosede 168,0 kg/ha de N para máxima pro-dutividade de alface americana, infor-mado por Mcpharlin et al. (1995), rela-tando diferentes autores, para as condi-ções do Arizona, tanto em cultivos naprimavera como no outono. Assim comoestá próximo à dose de 155 kg/ha de N,encontrados por Tei et al. (2000), paraalface tipo lisa e “Butterhead”.

G. M. Resende et al.

Figura 1. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função dedoses de nitrogênio em cobertura. Três Pontas (MG), UFLA, 2002.

Figura 2. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função dedoses de molibdênio. Três Pontas (MG), UFLA, 2002.

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Pela Figura 2 observa-se para dosesde molibdênio, um efeito quadráticocom ponto de máxima produtividade demassa fresca comercial na dose de 94,2g/ha (445,8 g/planta). Com o incremen-to das doses de molibdênio em funçãodas épocas de aplicação, Yuri et al.(2004a), verificaram efeitos quadráticospara peso fresco comercial, tendo a dosede 212,0 g/ha de molibdênio proporcio-nado o maior rendimento quando apli-cado aos 21 dias após o transplante.Resultados positivos da aplicação demolibdênio na cultura da alface são re-latados por Fontes et al. (1982) e Zito etal. (1994), que observaram aumentomédio de 31,0% e 24,1%, na produçãocomercial de alface com a aplicação demolibdênio.

A circunferência da parte comercial(cabeça) é uma das principais caracte-rísticas para a alface americana, consi-derando a preferência do consumidorpara a aquisição do produto (BUENO,1998). Assim como para as característi-cas anteriores, para a circunferência dacabeça comercial, os fatores estudadosapresentaram efeitos independentes.Ajustou-se um modelo quadrático componto de máxima circunferência para adose de 85,3 kg/ha de nitrogênio emcobertura (Figura 3), que proporcionouuma circunferência de 37,5 cm, poucoinferior à variação encontrada por Yuri(2000) sob condições de verão, para di-ferentes cultivares, entre 40,1 a 42,9 cm.Resultados estes similares aos relatadospor Kalil (1992), Alves (1996) e Bueno(1998), que observaram significativoincremento da circunferência da cabe-ça comercial com aumento das doses denitrogênio.

Quando se refere a doses demolibdênio, constata-se um efeito sig-nificativo no qual a dose de 72,9 g/ha(Figura 4), proporcionada pelo modeloquadrático ajustado à equação de regres-são, alcançou a maior circunferência dacabeça. Yuri et al. (2004a), relatam adose de 220,0 g/ha de molibdênio comoa que promoveu a maior circunferênciada cabeça comercial, sendo as melho-res épocas de aplicação aos 14 e 21 dias,que não mostraram diferenças signifi-cativas entre si. Uma resposta diferen-cial entre espécies à disponibilidade demolibdênio tem sido relatada por

Malavolta e Kliemann (1985), sendoque há uma alta resposta em alface, as-sim como em brócolos, beterraba, cou-ve-flor, espinafre e repolho.

Não se observou efeitos significati-vos dos tratamentos para comprimentodo caule. Menores comprimentos decaule são desejáveis para a alface ame-ricana, principalmente quando destina-da à indústria de beneficiamento, deven-do ser bastante reduzido, proporcionan-do menores perdas durante oprocessamento. O caule excessivamen-te comprido acarreta menorcompacidade da cabeça e dificulta obeneficiamento, afetando a qualidadefinal do produto (YURI et al., 2002;RESENDE et al., 2003b). Na prática,caules até 6,0 cm seriam os mais ade-quados, sendo aceitáveis até o patamarde 9,0 cm e inaceitáveis ou menos reco-mendados para processamento acimadisto. Neste contexto, as doses de nitro-gênio apresentaram uma variação entre7,2 e 7,4 cm e as doses de molibdênioentre 7,0 e 7,4 cm, próximos ao níveladequado e dentro do limite aceitável.

Salienta-se que há uma tendência daalface americana em condições de cul-tivo de verão apresentar maiores com-primentos de caule comparativamenteao cultivo de inverno onde esta se mos-tra perfeitamente adaptada. Resultadossemelhantes para doses de molibdênioforam encontrados por Yuri et al.(2004a), que não constataram efeitossignificativos para comprimento do cau-le. Dados não concordantes foram obti-dos por Bueno (1998) que verificou umaumento linear no comprimento do cau-le com o incremento das doses de nitro-gênio.

Para o teor de matéria seca da partecomercial, a análise de variância reve-

lou diferenças significativas, tanto paradoses de nitrogênio como para doses demolibdênio, agindo de forma indepen-dente (Tabela 1). Estimou-se que a dosede 89,9 kg/ha de N em cobertura adi-cional a dose aplicada pelo produtor de60,0 kg/ha, propiciaria o maior retornoem termos de porcentagem de matériaseca da planta (Tabela 1). Este resulta-do é similar aos encontrados por Alves(1996) e Fontes et al. (1997), que obti-veram efeito positivo para a matéria secada alface cultivar Regina 440 e Brasil202, em resposta à adição de nitrogê-nio. Todavia, Furtado (2001), utilizan-do a mesma cultivar, obteve um efeitolinear negativo como o incremento dasdoses de nitrogênio.

A conservação pós-colheita das ca-beças comerciais avaliada em câmarafrigorífica aos 7, 14; 21 e 28 dias após acolheita, não evidenciaram diferençassignificativas entre doses de nitrogênioe molibdênio. Aos sete dias após a co-lheita as cabeças comerciais apresenta-vam-se perfeitas, sem deterioração (nota5,0). Já aos 14 dias verificaram-se paradoses de nitrogênio em cobertura emolibdênio notas médias de 3,7 e 3,8,notas estas próximas a 4,0 que caracte-rizam cabeças comerciais levementedeterioradas. Obteve-se aos 21 dias apósa colheita, notas de e 3,1 e 3,0 (modera-damente deterioradas), respectivamen-te, para nitrogênio e molibdênio. Cercade 28 dias após a colheita as cabeças jáse apresentavam deterioradas, obtendonotas médias de 2,0 e 2,1, respectiva-mente, para doses de nitrogênio em co-bertura e molibdênio. Está é uma carac-terística de grande importância em al-face americana visto que o produto fi-nal é processado e armazenado em câ-maras frigoríficas para posterior distri-

Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio

1 Dados transformados em arco-seno 100/P .

** Significativo ao nível de 1% pelo teste de F.

Tabela 1. Equações de regressão para circunferência da cabeça comercial (cm) e teor dematéria seca (%) em função das doses de nitrogênio (N) adicionais em cobertura e demolibdênio (Mo). Três Pontas (MG), UFLA, 2002.

Características Equações de regressão

Circunferência da cabeça(N) Y = 36,5163 + 0,022827X - 0,0001338**X² R² = 0,98

(Mo) Y = 36,2340 + 0,033387X - 0,0002290**X² R² = 0,98

Teor de matéria seca1¹(N) Y = 10,2509 + 0,007765X - 0,0000432**X² R² = 0,80

(Mo) Y = 10,1054 + 0,013418X - 0,0000869**X² R² = 0,68

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buição. Portanto, uma maior conserva-ção do produto após sua colheita é de-sejável e de considerável relevância.Não foram encontrados relatos na lite-ratura de uma possível contribuição donitrogênio e do molibdênio em aumen-tar a conservação da alface americana.No entanto, há relatos de pequeno efei-to na perda de peso pela adição de ni-trogênio (POULSEN et al., 1994), as-sim como efeitos não significativos(SANCHEZ et al., 1988) e de melhorconservação pós-colheita com a utiliza-ção de adubação com outros nutrientescomo silício e boro (RESENDE et al.2003a; YURI et al., 2003 e 2004b).

A duração do ciclo vegetativo dasemeadura à colheita, correspondeu a 67dias, enquanto Furtado (2001) encontroupara o transplante no final de agosto, 73dias de ciclo cultural. Segundo Whitakere Ryder (1974), a temperatura é o fatorambiental que mais influencia na for-mação de cabeça uma vez que está rela-cionada com o pendoamento. A origemMediterrânea da alface explica estecomportamento, já que nesta região astemperaturas médias oscilam entre 10 e20ºC (LINDQUIVIST, 1960 ). Segun-do Jackson et al. (1996), a alface ameri-cana requer, como temperatura idealpara o desenvolvimento, 23ºC duranteo dia e 7ºC à noite. Temperaturas muitoelevadas podem provocar queima dasbordas, formar cabeças pouco compac-tas, e também contribuir para ocorrerdeficiência de cálcio, conhecido comotip-burn. No presente experimento nãose observou qualquer ocorrência de tip-turn. No entanto, a maior precocidadeque ocorre no verão, contribuiu para aformação de cabeças menos compactas,o que foi visualmente detectado, assimcomo pode-se verificar um maior com-primento do caule, comparativamente aépoca de melhor adaptação da culturaque é no inverno.

Pelos resultados obtidos pode-seconcluir que as doses de nitrogênio emcobertura e de molibdênio foliar influen-ciaram positivamente o peso fresco to-tal, comercial e a circunferência da ca-beça comercial, não sendo observadoefeito significativo sobre o comprimentodo caule e a conservação pós-colheitada alface americana.

LITERATURA CITADA

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982 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A micropropagação in vitro pode serútil na produção de plantas com alta

qualidade sanitária, isentas de vírus,além de ser uma ferramenta importantepara a manutenção e o intercâmbio degermoplasma (HERMANN, 1997; AS-SIS, 1999; FLETCHER; FLETCHER,2001).

Alguns trabalhos já foram realiza-dos na área de micropropagação demandioquinha-salsa no Brasil e no ex-terior (PESSOA et al., 1994; LUZ et al.,1997).

Castillo (1991), Cevallos e Castillo(1991) e Duque (1993) recomendampara o cultivo in vitro de mandioquinha-salsa o meio básico MS (MURASHIGE;SKOOG, 1962) adicionado de 3% desacarose e de 0,25 mg L-1 de AG

3.

Castillo (1991) verificou rápida for-mação de calos durante amicropropagação de ápices caulinares,

MADEIRA, N.R.; TEIXEIRA, J.B.; ARIMURA, C.T.; JUNQUEIRA, C.S. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de

mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.982-985, out-dez 2005.

Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro demandioquinha-salsaNuno R. Madeira1; João B. Teixeira2; Célia T. Arimura3; Cristina S. Junqueira2

1Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Parque Estação Biológica,70770-900 Brasília-DF; 3UEMG - Campus Ituiutaba, C..Postal 431, 38302-192 Ituiutaba-MG

aspecto não desejado por ser promotor demodificações genéticas e por exaurir osnutrientes em detrimento da formação defolhas e raízes (GRATTAPAGLIA; MA-CHADO, 1990). Para minimizar este pro-blema, recomenda subcultivos in vitro, for-mando plântulas normais.

Senna Neto (1990), trabalhando como clone BGH 5746, comumente chama-do de ‘Amarela de Carandaí’ ou ‘Ama-rela Comum’, avaliou diferentes meiosde cultivo e concentrações defitorreguladores com a finalidade de in-duzir a diferenciação de ápicescaulinares com dois primórdios foliaresde mandioquinha-salsa. Concluiu que osmeios MS, Knudson e White não forameficientes, havendo paralisação do cres-cimento e desenvolvimento de plantas.Nos meios MS e White o crescimentofoi muito lento e irregular, com ausên-cia de folhas expandidas e presença de

folhas afiladas (pontiagudas). 0,01 e0,02 mg L-1 de ácido naftaleno acético(ANA) e 0,6, 1,0 e 1,4 mg L-1 de 6-benzilaminopurina (BAP) no meio deGamborg promoveram desenvolvimen-to lento e irregular. Os melhores resul-tados para o desenvolvimento do siste-ma radicular e da parte aérea foram ob-tidos com o meio de Gamborgsuplementado de 0,02 mg L-1 de ANA +0,1- 0,2 mg L-1 de BAP.

Luz (1993), visando obter plantas demandioquinha-salsa a partir da culturade meristemas e de suamicropropagação, obteve melhor desen-volvimento com a combinação de 0,1mg L-1 de ANA + 0,2 mg L-1 de BAPacrescido ao meio de cultivo B5(GAMBORG, 1968). Na fase de multi-plicação, os melhores resultados foramobtidos em meio de cultura B5 acresci-do de 0,1 e 0,2 mg L-1 de BAP.

RESUMOForam realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar o

efeito das concentrações de BAP e de AG3 no desenvolvimento in

vitro de mandioquinha-salsa. Foram avaliadas as concentrações de0,0; 0,2 e 0,4 mg L-1 de BAP e de 0,0; 0,125 e 0,250 mg L-1 de AG

3

no desenvolvimento de ápices caulinares com cerca de 2 mm dascultivares Amarela de Senador Amaral e Amarela Comum. Ainteração cultivares x concentração de BAP não foi significativa paranenhuma das características avaliadas (P>0,0617). O aumento naconcentração de BAP reduziu a formação de calos; entretanto, pro-moveu proporcionalmente redução no desenvolvimento da parteaérea. A concentração de BAP que apresentou os melhores resulta-dos foi em torno de 0,3 mg L-1 de BAP, conciliando diâmetro de calorelativamente reduzido e bom desenvolvimento da parte aérea, cer-ca de 4,5 brotos com altura média de 43 mm. A interação cultivaresx concentração de AG

3 não foi significativa para nenhuma das ca-

racterísticas avaliadas (P>0,4310). O aumento na concentração deAG

3 promoveu elevação significativa na altura média e máxima das

brotações e aumento no tamanho de calos. Nos dois experimentos,observou-se maior número de brotações na cultivar Amarela Co-mum.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, benzilaminopurina, áci-do giberélico.

ABSTRACTInfluence of BAP and GA3 concentration on the in vitro

development of arracacha

Two experiments were carried out to evaluate the effect of BAPand GA3 concentrations on the in vitro arracacha development. Theconcentrations tested were 0.0; 0.2 and 0.4 mg L-1 of BAP and 0.0;0.125 and 0.250 mg L-1 of GA

3 in the shoot tips with about 2 mm of

arracacha, cultivars Amarela de Senador Amaral and AmarelaComum. The interaction of cultivars x BAP concentration was notsignificant for any one of the evaluated variables (P>0,0617). Theincrease in the BAP concentration reduced the callus formation;however, promoted larger reduction in the shoot development. Thebest BAP concentration was around 0.3 mg L-1, with relativelyreduced callus diameter and good development of shoot, with a meanof 4.5 shoots and a height of 43 mm. The interaction of cultivars xGA

3 concentration was not significant for any one of the studied

variables (P>0,4310). The increase in the GA3

concentrationpromoted the improvement in the mean and maximum height of theshoots and in callus size. More shoots were observed for AmarelaComum cultivar in both trials.

Keywords: Arracacia xanthorrhiza, 6-benzilaminopurine,gibberellic acid.

(Recebido para publicação em 7 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)

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983Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Este trabalho objetivou avaliar oefeito das concentrações de BAP e deAG

3, de modo a tornar mais eficiente o

protocolo de micropropagação in vitrode mandioquinha-salsa.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentosrelativos à cultura de tecidos demandioquinha-salsa. No primeiro, rea-lizado no laboratório de cultura de teci-dos da Embrapa Recursos Genéticos eBioteconologia (Cenargen) em março-abril de 2002, estudaram-se diferentesconcentrações de 6-benzilaminopurina(BAP); no segundo, realizado no labo-ratório de cultura de tecidos da EmbrapaHortaliças em setembro-outubro de2002, foram avaliadas diferentes con-centrações de ácido giberélico (AG

3).

O meio de cultura utilizado foi o B5(GAMBORG, 1968), acrescido de 0,1 mgL-1 de ácido naftalenoacético (ANA),com base nos resultados positivos obti-dos por Senna Neto (1990) e Luz (1993).

No primeiro experimento, foram ava-liadas as concentrações de 0; 0,2 e 0,4mg L-1 de BAP. No segundo, a partir dosresultados obtidos no primeiro experi-mento, fixando-se a concentração deBAP em 0,3 mg L-1, foram avaliadas asconcentrações de 0; 0,125 e 0,250 mg L-1

de AG3. Para todos os meios, adiciona-

ram-se sacarose a 3% e ágar a 0,7%. Osexperimentos foram implantados em umfatorial 2 x 3, representando duas culti-vares (Amarela de Senador Amaral eAmarela Comum) e três concentraçõesde BAP no primeiro experimento e deAG

3 no segundo experimento, dispostos

no delineamento experimental inteira-mente casualizado com quatro repetições.

A desinfestação do material oriun-do do campo foi feita inicialmente nasala de preparo, por imersão em álcool70% e água destilada. Em seguida, nasala de transferência em capela de flu-xo laminar, realizou-se a imersão emsolução de hipoclorito de sódio a 1,25%por 10 minutos, seguida por três enxá-gües em água autoclavada.

Os explantes utilizados foram ápi-ces caulinares com cerca de 2 mm ex-traídos de plantas matrizes vigorosascom seis meses, sem sintomas visuaisde doenças e cultivados individualmenteem tubos de ensaio, utilizando-se cercade 15 ml de meio autoclavado por tubo.

Estes foram mantidos em salas de cres-cimento a 25±2ºC com 14 horas defotoperíodo e iluminação fluorescentecom intensidade luminosa de 110 µmolm-2 s-1.

As taxas de contaminação e de rege-neração, o número e altura de brotos, onúmero de raízes e o diâmetro dos calosforam avaliados após quatro semanas.

Efetuaram-se análises de variânciae testes de média Tukey para cultivarese análises de regressão para concentra-ções de BAP e AG

3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A interação cultivares x concentra-ção de BAP não foi significativa para

nenhuma das características avaliadas(P>0,0617).

Não foram observadas diferençassignificativas com relação à taxa de con-taminação, cujo valor médio neste ex-perimento foi de 8,4%.

A ausência de BAP levou à forma-ção de plantas estioladas, com poucasbrotações. À medida que se elevou aconcentração de BAP, observou-se aformação de plantas com menor altura(Figura 1A), porém com maior númerode brotações (Figura 1B).

Na cultivar Amarela Comum (AC),foram obtidos 4,1 brotos, significativa-mente superior aos 3,2 brotos obtidoscom a cultivar Amarela de SenadorAmaral (ASA). O comportamento das

Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa

Figura 1. Altura média e máxima das brotações ( A ) e número de brotos e diâmetro de calos( B ) em função da concentração de BAP. Brasília, Embrapa RecursosGenéticos eBiotecnologia, 2002.

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984 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

duas cultivares foi semelhante nas demaiscaracterísticas avaliadas: taxa de sobrevi-vência (96,7% em AC e 99,0% em ASA),diâmetro de calos (19,9 mm em AC e 18,9mm em ASA), altura média de brotos(55,4 mm em AC e 54,8 mm em ASA),altura máxima de brotos (78,8 mm em ACe 73,2 mm em ASA) e número de raízes(0,2 em AC e 0,3 em ASA).

O aumento na concentração de BAPreduziu o tamanho dos calos formadosna parte basal das plantas (Figura 1B).Um calo basal de tamanho excessivo éindesejável por ser potencial promotorde modificações genéticas e por exauriros nutrientes do meio de cultura em de-trimento da formação de folhas e raízes(CASTILLO, 1991). As concentraçõesde BAP utilizadas, recomendadas porSenna Neto (1990) e Luz (1993), leva-ram à produção de plantas com elevadotamanho de calo na parte basal. Aumen-tando-se a concentração de BAP, redu-ziu-se este efeito. Por outro lado, não sepode elevar muito sua concentração, porinibir o desenvolvimento da parte aérea(Figura 1A). Portanto, buscou-se o ba-lanço ideal para concentração de BAP,isto é, um ponto intermediário que com-binasse o bom desenvolvimento da par-te aérea, em tamanho e número de bro-tos, com menor tamanho do calo basal.Concentrações em torno de 0,3 mg L-1

de BAP foram as que proporcionaram omelhor desenvolvimento para as trêscaracterísticas consideradas. O modelo

linear ajustado, considerando o interva-lo estudado, apresentou elevado coefi-ciente de determinação para as três ca-racterísticas morfológicas avaliadas (ta-manho do calo basal, r2>0,997; númerode brotos, r2>0,950; e tamanho de bro-tos, r2>0,940).

No segundo experimento, ainteração cultivares x concentração deAG

3 não foi significativa para nenhuma

das características avaliadas (P>0,4310).

A taxa de contaminação média foide 7,3% neste segundo experimento, nãohavendo diferenças significativas entreos tratamentos.

O aumento na concentração de AG3

promoveu elevação na altura média emáxima das brotações (Figura 2), semaumentar o tamanho do calo basal, de-monstrando o efeito benéfico promovi-do por este regulador de crescimento nodesenvolvimento in vitro demandioquinha-salsa, em concordânciacom Castillo (1991), Cevallos e Castillo(1991) e Duque (1993) que trabalharamcom o meio MS. Por outro lado, SennaNeto (1991) e Luz (1993) concluíramque o meio B5 era superior ao meio MS,possivelmente pela menor concentraçãode sais. No entanto, Senna Neto (1991)e Luz (1993) não avaliaram o uso deácido giberélico adicionado ao meio B5.Este trabalho vem, portanto, confirmaro efeito benéfico do AG

3 adicionado ao

meio B5, considerando o intervalo que

N. R. Madeira et al.

Figura 2. Altura média e máxima das brotações em função da concentração de AG3. Brasília,

Embrapa Hortaliças, 2002.

vai de 0 a 0,25 mg L-1, à semelhança doque foi verificado no meio MS.

A cultivar Amarela Comum apresen-tou tamanho de calo basal de 7,6 mm e3,5 brotos, significativamente maior quena cv. Amarela de Senador Amaral, ondeo tamanho médio de calo foi de 6,3 mme o número médio de brotos foi de 2,7.Quanto às demais características avalia-das, o comportamento foi semelhantenas duas cultivares: taxa de sobrevivên-cia (90,0% em AC e 84,2% em ASA),altura média de brotos (17,1 mm em ACe 17,2 mm em ASA) e altura máximade brotos (26,0 mm em AC e 25,9 mmem ASA). Não foi observada formaçãode raízes em nenhuma planta.

Com a avaliação conjunta dos doisexperimentos, concluiu-se que os me-lhores resultados foram obtidos comconcentrações em torno de 0,3 mg L-1

de BAP e com 0,25 mg L-1 de AG3 adi-

cionado ao meio B5.O estabelecimento de um protocolo

eficiente de produção de mudas demandioquinha-salsa com alta qualida-de sanitária e fisiológica a partir da cul-tura de tecidos será útil na obtenção deplantas com elevado potencial produti-vo. Esta técnica pode minimizar proble-mas decorrentes da perda de vigor quevem ocorrendo no campo após ciclossucessivos de cultivo dos materiais tra-dicionalmente cultivados nas principaisregiões produtoras, provavelmente peloacúmulo de patógenos degenerativos,especialmente vírus.

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986 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

O cultivo em ambiente protegido detomate tem se expandido nos últi-

mos anos, principalmente, nas regiõesSul e Sudeste do Brasil e esta técnicapropicia ao tomateiro um incremento naprodução, podendo ser de 4 a 15 vezessuperiores àquelas obtidas em campo(MARTINS, 1992). O uso intensivo dosolo com uma espécie e a sua salinizaçãoem ambiente protegido, vemgradativamente sinalizando para o cul-tivo sem solo, especialmente em sacosplásticos, contendo substrato apropria-do. Este sistema permite um manejomais adequado tanto da água como denutrientes. Segundo Andriolo et al.(1997), as plantas cultivadas emsubstrato proporcionalmente fixam maismatéria seca nos frutos, sendo, portantomais eficientes em termos de rendimen-to, obtendo-se inclusive a mesma pro-

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Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função doespaçamento e número de ramos por planta1

Léa A. de Carvalho1; João Tessarioli Neto2

1Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, UFBA, 44380.000 Cruz das Almas-BA; E-mail:[email protected]; 2ESALQ/USP, Depto. deProdução Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP (in memoriam)

dução com menor área foliar, o que pos-sibilita a utilização de maior densidadede plantas, com melhor arejamento emenor risco de moléstias.

A elevada produtividade obtida emplantios adensados ocorre devido ao au-mento da interceptação da luzfotossinteticamente ativa e da fotossínteseno dossel, que estimula o crescimento dacultura e aumenta o total de assimiladosdisponíveis para os frutos( P A P A D O P O U L O S ;PARARAJASINGHAM, 1997). No to-mateiro, além do adensamento, o númerode plantas por unidade de área, o númerode frutos colhidos por plantas e a massamédia dos frutos estão diretamente rela-cionados à produtividade( P A P A D O P O U L O S ;PARARAJASINGHAM, 1997;STRECK et al., 1998). Apesar de ocorrer

um aumento na produção do tomateirocom o adensamento de plantas, a massamédia do fruto decresce (STRECK et al.,1996; PAPADOPOULOS;PARARAJASINGHAM, 1997;CAMARGOS, 1998; STRECK et al.1998; CAMARGOS et al., 2000), e de-pende da época do ano (MARTINS, 1992;STRECK et al., 1996) e do híbrido utili-zado (SCHMIDT et al., 2000;LOGENDRA et al., 2001).

A produção e a massa média de to-mate comercial, também são influencia-das pela densidade de plantas e pelonúmero de ramos por planta. Quantomaior o adensamento e o número de ra-mos por planta menor será a produçãototal comercial, a produção de frutosgrandes e a massa média dos frutos gran-de e médio, e maior será a produção defrutos médio e pequeno (OLIVEIRA et

1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor

RESUMO

Avaliou-se o efeito do espaçamento e do número de ramos porplanta na produção de híbridos de tomate, cultivados em substrato,sob ambiente protegido. O experimento foi conduzido de março aoutubro. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, emesquema fatorial 4X2X2, sendo quatro híbridos (Andréa, DéboraMax, Carmen e Diana), dois espaçamentos entre plantas (0,30 e 0,45m) e duas conduções (um e dois ramos por planta), com quatro repe-tições. Foram determinados o número de frutos comercializáveis(frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa mé-dia do fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande,médios e pequenos (t ha-1). Os resultados mostraram que o manejomais indicado foi o espaçamento de 0,30 m entre plantas conduzidascom uma haste, sendo que o híbrido ‘Débora Max’ apresentou omaior potencial produtivo.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., rendimento, con-dução, densidade populacional.

ABSTRACT

Yield of tomato under protected environment in relation tospacing and number of branches per plant

The effects of plant spacing and number of branches per plantwere investigated in the production of tomatoes when differenthybrids were grown in a substratum under protected environment.The work was conducted from March to October. High tomato yieldunder protected environment depends on the proper management.The experiment followed a randomized blocks design, in a factorialarrangement of 4x2x2, with four hybrids (Andréa, Debora Max,Carmen and Diana), two spacings between plants (0.30 and 0.45m)and two conduction systems (1 and 2 branches per plant). Thetreatments were replicated four times. The following parameters werestudied: marketable yield (fruits plant-1), total marketable yield (tha-1), average weight of marketable fruit (g) and yield of big, medium,and small fruits (t ha-1). According to the results the spacing of 0.30m between plants and one branch per plant were the bestcombinations with the hybrid ‘Debora Max’ showing the highestpotential yield.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., yield, conduction, plantdensity.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 31 de agosto de 2005)

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al., 1995; CAMARGOS, 1998). JáSeleguini et al. (2002) verificaram queapenas na produção de frutos médioshouve um aumento linear da produtivi-dade com o aumento da densidade. Esteefeito da densidade de plantas na pro-dução e massa média de tomate classi-ficado ocorre porque em condições deadensamento as plantas competem maispor luz e direcionam um maior gasto deenergia aos processos de crescimentocelular e menor translocação de açúca-res para os frutos, resultando numa di-minuição do diâmetro do fruto(BORRAZ et al., 1991).

Além da exigência do mercado con-sumidor quanto à massa média dos fru-tos para o consumo in natura, que se-gundo Martins (1992) e Fayad et al.(2001) é do tipo grande para o tipo San-ta Cruz e do tipo médio para o tipo Sa-lada. Campos et al. (1987) e Oliveira(1993) reportaram que existe uma cor-relação positiva entre o maior tamanhodo fruto e a ocorrência de rachadura, oque torna o fruto muito grande nãocomerciável. Diante do exposto, o pre-sente trabalho teve por objetivo avaliara produção comercial total e em diver-sas classes, de quatro híbridos de toma-te, quando submetidos a doisespaçamentos e conduzidos com um oudois ramos, no cultivo em ambiente pro-tegido e substrato.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emambiente protegido de março a outubro,em área experimental da ESALQ, emPiracicaba (SP). A casa de vegetaçãoseguiu o modelo arco, com área de 196m2 (7 x 28), coberta com plástico trans-parente de 150 µ e as partes frontais elaterais com telado tipo clarite. Os hí-bridos Andréa, Débora Max, Carmen eDiana, foram semeados em 08/03/2001,em bandejas de poliestireno expandidocontendo 128 células e preenchida como substrato Plantmax. Adubou-se sema-nalmente com 1 g L-1 de Plant Prod 20-20-20. Após 28 dias as mudas, apresen-tando 4-5 folhas definitivas foram trans-plantadas.

O delineamento experimental foi emblocos ao acaso, com quatro repetições,em um esquema fatorial 4x2x2, onde o

primeiro fator foi constituído por qua-tro híbridos (Andréa, Carmen, DéboraMax e Diana), o segundo pelo númerode ramos (um e dois) e o terceiro pordois espaçamentos (0,30 e 0,45 cm en-tre plantas). Cada parcela experimentalfoi composta por oito e doze plantas, deacordo com o espaçamento, dispostasem fileira dupla numa área de 3,06 m2,sendo que todas as plantas foram consi-deradas úteis. A condução foi feita emfileiras duplas, sendo as plantas distri-buídas sobre canteiros distanciados de1,10 m entre si. O espaçamento entre asduas linhas dentro do canteiro foi de0,60 m e entre as plantas nas linhas de0,30 e 0,45 m. O cultivo foi realizadoem sacos contendo 15 L de substratocomercial (Rendmax Estufa), na densi-dade de duas e três plantas por saco. Nacasa de vegetação os sacos foram colo-cados sobre os canteiros que foram re-vestidos com filme de polietileno pretode baixa densidade.

O sistema de irrigação utilizado foi,o de gotejamento e as fertirrigações diá-rias foram feitas com Kristalon, segun-do as recomendações da Hydro Fertilizan-tes para a cultura do tomate (Tabela 1). Apoda apical foi feita acima da terceirafolha emitida após o sexto e quintorácimos da haste principal e secundá-ria, respectivamente. Em todos os híbri-dos, o desbaste dos frutos foi feito dei-xando-se quatro frutos por rácimo aolongo das hastes e nos racimos das ex-tremidades apenas três.

O controle fitossanitário foi curati-vo, à medida que apareciam os primei-ros sintomas das doenças e pragas, se-gundo as recomendações para a culturado tomate descritas por Lopes e Santos(1994). Para o controle da larva

minadora (Liriomyza sp.), broca peque-na (Neuleucinodes elegantalis) e traça(Tuta absoluta e/ou Phthorimaeaoperculella), aplicou-se semanalmenteDecis 25. Para o controle das doençasfúngicas, aplicou-se Oxicloreto de co-bre e o Benomil, em intervalos de quin-ze dias. Aos 100 dias após o transplante(DAT), ocorreu o aparecimento de sin-tomas típicos de oídio (Erysiphecichoracearum), isto é, pó branco e finona superfície de cima e de baixo das fo-lhas mais velhas (FILGUEIRA, 2000;LOPES; SANTOS,1994).

Os frutos foram colhidos a partir domomento em que apresentaram o ápicecom coloração avermelhada até total-mente vermelhos, porém firmes. As co-lheitas foram realizadas a intervalosmédios de cinco dias, no período de 19/06 a 02/10, dependendo dos tratamen-tos. As plantas conduzidas com um ramoe espaçadas a 0,30 e 0,45 m tiveram ociclo de 167 e 158 dias, respectivamen-te, enquanto que as plantas com doisramos, independente do espaçamento,tiveram o ciclo de 180 dias.

Os frutos foram classificados segun-do o diâmetro transversal, em: oblon-gos; grandes (>60 mm); médios(<60mm e >50 mm) e pequenos (<50mm e >40); redondo–achatados; ParaCarmen e Diana foram classificados em:grande (>80 mm); médio (<80 mm e>65 mm) e pequeno (<65 mm e >50mm) e miúdos (>50 mm). Frutos comdefeitos não foram consideradoscomercializáveis (CEAGESP, 1998).Como não existe recomendação para osfrutos do híbrido Andréa (tipo Italiano),os mesmos foram classificados, devidoao seu formato, como frutos oblongos(tipo Santa Cruz).

Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta

Tabela 1. Cronograma de fertirrigação com Kristalon do tomateiro estaqueado. Piracicaba,ESALQ, 2002.

Período (dias) Estádio da planta Kristalon (N-P-K) Dose (g L-1)

1-15 Estabelecimento Amarelo (13-40-13) 0,3

16-45 Crescimento Branco (15-5-30) 0,5-0,7

Nitrato de Cálcio 0,3

Nitrato de Magnésio líquido 0,2

46-75 Até a 1ª Floração Laranja (6-12-36) 0,3-0,5

Nitrato de Cálcio 0,6-0,8

Nitrato de Magnésio líquido 0,2

76-Final Produção Laranja (6-12-36) 0,9-1,1

Nitrato de Cálcio 0,2-0,4

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Os efeitos e interações foram ava-liados pelo teste F. Havendo diferençasignificativa para um determinado fatorestudado, as médias dos tratamentosforam comparadas pelo teste de Tukey,ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância para os híbri-dos estudados mostrou não haverinteração entre o espaçamento e o nú-mero de ramos por planta para númerode frutos por planta, produção e massamédia comercial. O espaçamento nãoafetou o número de frutos e devido aoaumento na produção de biomassa oca-sionado pelo maior número de plantas porárea, maiores produções (97,39 t ha-1)foram obtidas na maior densidade (Ta-bela 2). Com a ocorrência da maior pro-dução de biomassa é provável que ainterceptação de luz fotossinteticamenteativa e da fotossíntese no dossel tenhaaumentado a produção defotoassimilados que foramdisponibilizados para os frutos( P A P A D O P O U L O S ;PARARAJASINGHAM, 1997). Os re-sultados do presente trabalho concor-dam com os obtidos por vários autores(STRECK et al., 1996;P A P A D O P O U L O S ;PARARAJASINGHAM, 1997;STRECK et al. 1998; CAMARGOS,1998; CAMARGOS et al., 2000). Opeso médio do fruto foi grandementeinfluenciado pelo híbrido utilizado. Ascultivares híbridas Carmen e Dianaapresentaram maior massa média co-mercial na menor densidade e ‘Andréa’e ‘Débora Max’ não foram afetados, pro-vavelmente, devido à melhor arquitetu-ra da planta que proporcionou uma me-nor competição interplanta pela luz eintraplanta pelos fotoassimilados( P A P A D O P O U L O S ;PARARAJASINGHAM, 1997).

O numero de ramos por planta afe-tou o número de frutos por planta, amassa média e a produção comercial.Independentemente dos híbridos asplantas conduzidas com dois ramosapresentaram maior número de frutospor planta e a menor massa média co-mercial de frutos (Tabela 2). Com exce-ção de ‘Carmen’ que não diferiu quanto

L. A. Carvalho e J. Tessarioli Neto

Avaliou-se o número de frutoscomercializável (frutos planta-1), produ-ção total comercializável (t ha-1), massa

média de fruto comercializável (g fru-to), produção de frutos grande, médiose pequenos (t ha-1).

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha para cada clas-se, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P).

Tabela 3. Produtividade classificada (t ha-1) do tomateiro cultivado em túnel de polietilenoe substrato, em função de híbrido, espaçamento e número de ramos por planta. Piracicaba,ESALQ, 2002.

HíbridosEspaçamento (m) Nº de Ramos

Média0,30 0,45 1 2

Grande C.V.(%) 69,83

Andréa 0,00 Ba 1,02 Ba 1,02 Ba 0,00 Ba 0,51 B

Débora Max 28,47 Aa 14,38 Ab 30,31 Aa 12,55 Ab 24,43 A

Carmen 1,77 Ba 5,98 Ba 7,75 Ba 0,00 Bb 3,88 B

Diana 0,75 Ba 2,27 Ba 2,54 Ba 0,48 Ba 1,51 B

Média 7,75 a 5,91 a 10,40 a 3,26 b

Médio C.V. (%) 28,00

Andréa 20,44 Ba 20,86 Ba 21,92 Ba 19,38 Ca 20,65 B

Débora Max 54,63 Aa 39,12 Ab 36,23 Bb 57,54 Aa 46,88 A

Carmen 58,17 Aa 50,72 Aa 69,63 Aa 39,26 ABb 54,45 A

Diana 43,27 Ba 49,79 Aa 58,01 Aa 35,05 Bb 46,53 A

Média 44,13 a 40,12 a 46,45 a 37,81 b

Pequeno C.V. (%)14,02

Andréa 44,67 Ca 25,22 Bb 21,57 ABb 48,32 Ba 34,95 C

Débora Max 15,65 Da 11,60 Ca 5,19 Cb 22,06 Ca 13,63 D

Carmen 55,08 Ba 32,83 ABb 20,39 Bb 67,52 Aa 43,95 B

Diana 66,61 Aa 37,31 Ab 29,30 Ab 74,62 Aa 51,96 A

Média 45,51 a 26,74 b 19,11 b 53,13 a

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, para cadacaracterística, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P).

Tabela 2. Características do produto comercial de quatro híbridos de tomate cultivado emtúnel de polietileno e substrato, em função do espaçamento e número de ramos por planta.Piracicaba, ESALQ, 2002.

HíbridosEspaçamento (m) Nº de Ramos

Média0,30 0,45 1 2

Nº de frutos (frutos.planta-1) CV(%) 10,33

Andréa 22,08 Ba 22,36 Ba 16,39 Bb 28,06 Ba 22,22 C

Débora Max 28,01 Aa 28,61 Aa 21,12 Ab 35,50 Aa 28,31 A

Carmen 25,00 ABa 26,46 Aa 20,33 ABb 31,13 Ba 25,73 B

Diana 24,38 ABa 26,67 Aa 19,88 ABb 31,17 Ba 25,53 B

Média 24,87 a 26,03 a 14,43 b 31,47 a

Produtividade (t ha-1) C.V. (%) 14,08

Andréa 65,11 Ba 47,10 Bb 44,51 Cb 67,70 Ba 56,10 C

Débora Max 98,78 Aa 65,06 Bb 71,73 Bb 95,15 Aa 81,94 B

Carmen 115,03 Aa 89,52 Ab 97,78 Aa 106,77 Aa 102,28 A

Diana 110,63 Aa 89,36 Ab 89,85 ABb 110,15 Aa 100,00 A

Média 97,39 a 72,77 b 75,96 b 94,19 a

Massa média (g.fruto) C.V. (%) 6,51

Andréa 75,92 Ca 81,17 Ba 83,52 Ca 73,57 Bb 78,55 C

Débora Max 92,64 Ba 89,05 Ba 101,68 Ba 80,00 Bb 90,84 B

Carmen 120,78 Ab 134,27 Aa 149,24 Aa 105,81 Ab 127,52 A

Diana 118,20 Ab 132,37 Aa 140,61 Aa 109,96 Ab 125,29 A

Média 101,88 b 109,22 a 118,76 a 92,33 b

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à produção comercial os demais híbri-dos diferiram e apresentaram valoresmédios superiores nas plantasconduzidas com dois ramos. O aumen-to no número de frutos e na produçãocomercial e a redução na massa médiadas plantas com dois ramos foram devi-do ao maior número de inflorescênciasprodutivas e à maior competição entreinflorescências pelos fotoassimilados,respectivamente. Tais resultados foramtambém relatados por Oliveira (1993) eOliveira et al. (1995) em campo ePoerschke et al. (1995) em estufa depolietileno.

Houve interação entre híbridos,espaçamento e número de ramos porplanta para a produção de fruto grande(Tabela 3). O híbrido ‘Débora Max’apresentou maior produção de frutogrande nas plantas conduzidas com umramo e espaçadas a 0,30 m e ‘Carmen’,apesar de não ter diferido de ‘Andréa’ e‘Diana’ apresentou maiores produçõesnas plantas com um ramo. Quanto à pro-dução de fruto médio, a cultivar Débo-ra Max apresentou maior produção namaior densidade e nas plantasconduzidas com dois ramos, porém nãodiferiu significativamente de ‘Carmen’e ‘Diana’. Apesar dos híbridos do tiposalada não apresentarem diferenças comrelação ao espaçamento, a cultivar Car-men apresentou maior produção de fru-tos médios quando o espaçamento ado-tado foi de 30 cm. O aumento da produ-ção de frutos médios com a diminuiçãodo espaçamento entre plantas observa-do no híbrido Débora Max já foi obser-vado em outros híbridos por vários au-tores (CAMARGOS, 1998; STRECK etal. 1998; CAMARGOS et al., 2000). Onúmero de ramos por planta não afetoua produção de frutos médios de‘Andréa’. ‘Carmen’ e ‘Diana’, que apre-sentaram valores médios superiores nasplantas conduzidas com um ramo, pro-vavelmente devido a menor competiçãointraplanta pelos fotoassimilados.

À exceção do espaçamento para ‘Dé-bora Max’, maior produção de frutopequeno foi obtida na maior densidadee nas plantas conduzidas com dois ra-mos (Tabela 3). Esse efeito pode ter sidoocasionado pelo maior gasto de energiaem processos de crescimento celular

Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta

pela planta e menor translocação de açú-cares para os frutos, resultando nummenor diâmetro do fruto, conforme ci-tação de Borraz et al. (1991).

Na maior densidade e nas plantasconduzidas com um ramo os híbridosdo tipo Salada diferiram ente si, sendoque o híbrido ‘Diana’ apresentou maiorprodução de fruto pequeno. A menorprodução de frutos pequenos na maiordensidade e nas plantas conduzidas comdois ramos no híbrido ‘Carmen’, con-firma a sua superioridade em relação aoDiana.

Nas condições que em que foi reali-zado o experimento, conclui-se que oespaçamento entre plantas de 0,30 m ea condução com uma haste é o mais in-dicado para o cultivo do tomate emambiente protegido e em substrato; sen-do o híbrido ‘Débora Max’ o que apre-sentou o maior potencial produtivo.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. João Tessarioli Neto (Inmemoriam), pela orientação e amizade.Á EUCATEX, pela doação doRendmax-Estufa e a TOOPSEED, peladoação das sementes.

LITERATURA CITADA

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Na beterraba (Beta vulgaris L.), aestrutura tecnologicamente deno-

minada de semente, é normalmentemultigérmica, apresentando de dois acinco aquênios formados pela junção devárias unidades florais, constituindo umespesso pericarpo corticoso. Cadaaquênio contém um óvulo que origina-rá uma semente botânica. Quando se-meado, cada aquênio origina de três acinco plântulas (MCDONALD;COPELAND, 1997; GEORGE, 1999;FILGUEIRA, 2000).

A germinação deficiente resulta emestandes inadequados no campo(DURRANT; PAYNE, 1983). A má ger-minação, além de ser resultante da restri-ção mecânica do pericarpo (MORRIS etal., 1985), tem sido também atribuída à açãode substâncias inibidoras da germinação(SLIWINSKA et al., 1999) que, segundoLexander (1978), são os ácidos abscísico,oxálico, vanílico, sinápico, ferúlico, p-oxibenzóico, p-oxinamico, p-cumárico e p-hidroxibenzóico (denominados compostosfenólicos), amônia, sais inorgânicos e cis-4-ciclohexano-1,2-dicarboximida. Essescompostos competem com o embrião poroxigênio (HEYDECKER et al., 1971;RICHARD et al., 1989) e podem promo-ver, ainda, limitações na absorção de águapor meio da redução do potencial hídrico(KHAN et al., 1983).

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Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersãoem água correnteJosué B. da Silva1; Roberval D. Vieira2; Arthur B. Cecílio Filho2

2UNESP, FCAV, 14844-900 Jaboticabal-SP; 1Doutorando em Prod. e Tecnol. de Sementes. E-mail: [email protected];

Os efeitos positivos da remoção dopericarpo sobre a geminação das semen-tes, utilizando técnicas de fricção e po-limento (MORRIS et al., 1984;MORRIS et al. 1985), não foram con-firmados por Richard et al. (1989) eDuan e Burris (1997), pois, segundoesses autores, esse procedimento nãoelimina completamente a membranapresente na superfície das sementes,capaz de dificultar a lixiviação de com-postos fenólicos envolvidos com restri-ções na quantidade de oxigênio dispo-nível ao embrião.

O uso de ácidos em baixa concen-tração e de reguladores de crescimentotambém têm sido usados com o propó-sito de melhorar a germinação de se-mentes de beterraba. Entretanto, estasmetodologias tornam-se impraticáveisquando se trabalha com grandes volu-mes de sementes.

A imersão das sementes em águacorrente é outro método que, além demais simples, tem apresentado bons re-sultados. Silva et al. (2002) verificaramaumento na taxa e na velocidade de ger-minação de sementes de beterraba pormeio da utilização desta técnica. A téc-nica de lavagem das sementes pode, deacordo com Khan et al. (1983), anularos efeitos dos inibidores ou reduzir a

concentração destes na semente(SLIWINSKA et al., 1999), favorecen-do o estabelecimento da cultura em cam-po (DURRANT et al., 1988).

O período de lavagem das sementesé um fator de grande importância nagerminação das sementes de beterraba(SOBRAL et al., 1987). Embora exis-tam trabalhos que recomendam duashoras (BRASIL, 1992) de lavagem, estametodologia requer a execução de no-vos trabalhos, pois os dados obtidos naliteratura (CUDDY, 1958; KLITGARD,1978; BASU; DHAR, 1979; KHAN etal., 1983; LONDGEN, citado porLexander, 1983) são conflitantes.

Assim, o trabalho objetivou verifi-car a interferência do período de imersãoem água corrente, no desempenho fisio-lógico das sementes de beterraba.

MATERIAL E MÉTODOS

A experimentação, realizada em la-boratório da UNESP (Câmpus deJaboticabal, SP), utilizou sete lotes desementes de beterraba, cultivar Top TallEarly Wonder mantidos hermeticamen-te embalados até o início da conduçãodos testes. Uma vez abertas as embala-gens, amostras de sementes de cada loteforam submetidas à imersão em água

RESUMOA presença de inibidores de germinação no fruto da beterraba

pode comprometer o estande da cultura. O presente trabalhoobjetivou avaliar a interferência do período de imersão em águacorrente no desempenho fisiológico das sementes de beterraba. Paratanto, sementes da cultivar Top Tall Early Wonder foram submeti-das à ação de água corrente durante 0 (testemunha), 1; 1,5; 2; 3; 4;5 e 6 horas, secadas e avaliadas pelo teste de germinação. A lava-gem por duas horas foi suficiente para aumentar a germinação dassementes.

Palavras-chave: Beta vulgaris L., inibidores, germinação.

ABSTRACTOvercoming beetroot seeds dormancy through immersion

in running water

The presence of germination inhibitors in the fruit of beetrootcan reduce the stand of crop. The present work aimed to evaluatethe interference of immersion period in running water in thephysiological performance of the beetroot seeds. Seeds from cultivarTop Tall Early Wonder were submitted to the action of running waterduring 0 (control), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 and 6 hours, dried andphysiologically evaluated using germination test. Washing the seedsduring two hours was enough to increase the germination.

Keywords: Beta vulgaris L., inhibitors, germination.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 16 de setembro de 2005)

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991Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

corrente, durante 0 (testemunha), 1; 1,5;2; 3; 4; 5 e 6 horas, tratadas comfungicida Thiram (0,2%) e postas a se-car em temperatura não controlada doambiente. Os tratamentos foram avalia-dos pelo teste de germinação a 20oC(BRASIL, 1992), com 50 sementes porrepetição, em caixas plásticas contendoduas folhas sobrepostas de papel de fil-tro umedecido com água deionizada naproporção de três vezes o peso do papelnão hidratado.

O delineamento experimental utili-zado foi de blocos ao acaso, e as médiasdos períodos comparadas pelo Teste deTukey, a 5% de probabilidade. Proce-deu-se ao estudo da regressãopolinomial para períodos de imersão dassementes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença significativa entrelotes para a porcentagem de germinaçãode sementes de beterraba, retratando queas condições diferenciadas do cultivo (fa-tores ambientais e de manejo cultural)possam modificar a concentração deinibidores e/ou outras características dopericarpo que influenciam a germinação.A quantidade de inibidores pode ser redu-zida quando a planta-mãe é submetida achuvas e irrigações freqüentes por asper-são (BATTLE; WHITTINGTON, 1969)ou quando a colheita é efetuada quandoas sementes estão em plena maturidadefisiológica (SLIWINSKA et al., 1999).

Houve efeito significativo do perío-do de imersão das sementes sobre opercentual de germinação. Entretanto,não foi possível obter ajuste das médiasà equação polinomial. Com exceção dosperíodos de zero, cinco e seis horas deimersão, todos os tratamentos propor-cionaram germinação de sementes con-siderada mínima esperada para a cultu-ra da beterraba (Tabela 1), que, segun-do Filgueira (2000), é de 80%. A maiorporcentagem de germinação (92%) foiobtida quando se procedeu à imersão dassementes por duas horas, sem, contudo,diferir-se do percentual obtido com trêshoras de imersão (85%). O período deduas horas aumentou o percentual degerminação da semente de beterraba emrelação à ausência de imersão, em apro-ximadamente 16%.

Não obstante Cuddy (1958) eKlitgard (1978) terem citado o períodode quatro horas como o mais adequadopara esse procedimento, Khan et al.(1983) também observaram que o pe-ríodo de duas horas, em relação aos de0; 8 e 24 horas, foi o que permitiu au-mento no percentual de germinação dassementes, resultado compartilhado porLondgen, citado por Lexander (1983).

Embora Basu e Dhar (1979) não te-nham encontrado diferença com o pro-longamento do período de duas para até24 horas de imersão, os resultados daTabela 1 evidenciaram que a continui-dade da imersão, procedimento que au-mentou o percentual de germinação dassementes no trabalho de Khan et al.(1983), não possibilitou resultado seme-lhante nessa pesquisa, mas trouxe pre-juízos fisiológicos, principalmente a par-tir de quatro horas, reduzindo significa-tivamente a porcentagem de germinação.

É provável que a melhora no desem-penho das sementes após os tratamentostenha sido conseqüência do menor teorde inibidores no tecido que envolve assementes, apesar de não ter sido feita aquantificação desses compostos. Na pes-quisa de Morris et al. (1984), a ausênciade diferença entre a testemunha (semen-tes não imersas) e os períodos de 1; 6; 18e 24 horas de imersão ocorreu porque osautores trabalharam com sementesdescorticadas e, portanto, sem inibidoresou com quantidade mínima.

Esses resultados deixam claro queas sementes dessa espécie e cultivar res-pondem à imersão em água corrente e

que é de relevante importância fazê-laem adequado período, sob pena de pre-judicar a germinação.

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Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente

Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, peloTeste de Tukey.** p < 0,01

Tabela 1. Valores médios de germinação (%) de sementes de beterraba após diferentes pe-ríodos de imersão em água corrente. Jaboticabal, UNESP, 2004.

Período de imersão (horas) Germinação (%)

0,0 79bc

1,0 81bc

1,5 83bc

2,0 92a

3,0 85ab

4,0 80bc

5,0 77bc

6,0 75c

Teste F 4,94**

DMS Tukey (5%) 8,97

CV (%) 6,88

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992 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

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993Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Um dos desafios ao processamentomínimo de batatas é a

suscetibilidade dos tubérculos aoescurecimento enzimático oriundo dereações catalisadas por enzimas sendoa polifenoloxidase (PPO) a mais impor-tante. Tais reações ocorrem quando háruptura da célula, embora possam tam-bém ocorrer no tecido intacto de frutase hortaliças (ARAÚJO, 2003). Os fato-res mais importantes na evolução da taxado escurecimento enzimático provoca-do são a concentração de PPO ativa ede compostos fenólicos, o pH, a tempe-ratura e o oxigênio disponível no teci-do. O pH ótimo da PPO varia com a fon-te da enzima e com o substrato. Namaioria dos casos situa-se entre 6 e 7 e

PINELI, L.L.O.; MORETTI,C.L.; ALMEIDA, G.C.; NASCIMENTO, A.B.G.; ONUKI, A.C.A. Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz oescurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.993-999, out-dez 2005.

Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz oescurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadasLívia L.O. Pineli1; Celso L. Moretti2; Gustavo C. Almeida3; Aline B.G. Nascimento4; Ana Cecília A. Onuki4

2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; E mail: [email protected]; 3UFLA, 37200-000 Lavras-MG; 4Faculda-de da Terra de Brasília, 72610-300 Brasília-DF; 1Programa de Mestrado do Depto. Nutrição da UnB, 70910-900 Brasília-DF

seu ajuste para valores inferiores a 4possibilita o controle do escurecimentoenzimático, desde que se considerem osaspectos sensoriais do produto(LAURILA et al, 1998a, 1998b).

A peroxidase (POD) também podecausar o escurecimento em hortaliçasminimamente processadas. A POD con-tém um grupo heme e está relacionadacom processos de cicatrização como, porexemplo, a lignificação (CANTOS etal., 2002). Em condições ideais, batatasinteiras descascadas podem ser estoca-das sem agentes inibidores deescurecimento por sete dias(AHVENAINEN et al., 1998), o que nãoé possível para batatas em fatias(LAURILA et al., 1998a). Vários méto-

dos para prevenir o escurecimentoenzimático podem ser aplicados em ba-tatas. Muitos inibidores deescurecimento são conhecidos, mas ape-nas alguns são potencialmente alterna-tivos ao uso de sulfito. Os sulfitos, ape-sar de possuírem diversas vantagens téc-nicas, provocam a corrosão de equipa-mentos, a diminuição do valornutricional, a perda de firmeza e a for-mação de sabores e odores desagradá-veis (off-flavors) nos produtos aos quaisé aplicado. Adicionalmente, o uso desulfitos está cada mais associado a di-versos malefícios à saúde (MCEVILYet al., 1991).

Dentre os antioxidantes maispesquisados destacam-se os ácidos cí-

RESUMO

O escurecimento enzimático da batata minimamente processa-da reduz o valor comercial do produto. O objetivo deste trabalho foiavaliar alterações químicas e físicas em batatas ‘Ágata’ minimamenteprocessadas embaladas sob atmosfera modificada em associação comantioxidantes. Batatas ‘Ágata’ foram minimamente processadas comomini batatas e tratadas por imersão em soluções antioxidantes deácido cítrico a 2%, ácido eritórbico a 3%, combinação de ácido cí-trico a 2% e ácido eritórbico a 3%, e combinação de ácido cítrico a3% e ácido eritórbico a 5% embaladas em filmes de nylonmulticamadas. Os três primeiros tratamentos foram embalados sobatmosfera modificada passiva enquanto no último tratamento apli-cou-se atmosfera modificada ativa com 10% CO

2, 2% O

2, 88% N

2.

Observou-se que o tratamento com aplicação de antioxidantes emassociação com atmosfera modificada ativa apresentou índice deescurecimento 24% menor e atividade enzimática da PPO e da POD92% e 73% menor, respectivamente, que a média dos demais trata-mentos no nono dia de observação. Houve elevação nos teores devitamina C total, observado principalmente em tratamentos que uti-lizaram ácido eritrórbico. Observou-se uma correlação entre a de-gradação do amido e o aumento nos teores de açúcares solúveis to-tais e da vitamina C total em alguns tratamentos. O tratamento comaplicação de antioxidantes em associação com atmosfera modifica-da ativa foi o mais efetivo na manutenção dos atributos de qualidadede batatas minimamente processadas.

Palavras-chave: Solanum tuberosum L., processamento mínimo,alterações metabólicas.

ABSTRACT

Association of modified atmospheres and antioxidants reducebrowning of minimally processed potatoes

Enzymatic browning of minimally processed potatoes reducesthe final price of the product. The present work was carried out aimingto evaluate chemical and physical characteristics in fresh-cut ‘Ágata’potatoes stored under modified atmospheres and treated withantioxidants. Potatoes ‘Ágata’ were minimally processed as babypotatoes and treated with antioxidants solutions as follows: citricacid (2%), eritrorbic acid (3%), combination of citric acid (2%) anderitrorbic acid (3%), and stored under passive modified atmosphere.A fourth treatment consisting of the combination of citric acid (3%)and eritrorbic acid (5%), in association with active modifiedatmosphere (10% CO

2, 2% O

2, 88% N

2) was set up. Baby potatoes

treated with citric acid (3%) and eritrorbic acid (5%), in associationwith active modified atmosphere, had a browning index that was24% lower than the average of the other 3 treatments at the end ofthe experiment. Similarly, polyphenoloxidase and peroxidase activitywere 92 and 73% lower, respectively, in the treatment whereantioxidants and active modified atmosphere were combined thanthe average of the other three treatments at the ninth day of storage.There was an increase in total vitamin C content, mainly in treatmentswhere eritrorbic acid was applied. Combination of antioxidants andactive modified atmosphere showed the best maintenance of qualityattributes for fresh-cut potatoes.

Keywords: Solanum tuberosum L., minimal processing, metabolicchanges.

(Recebido para publicação em 17 de julho de 2004 e aceito em 30 de agosto de 2005)

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994 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

trico, ascórbico e eritrórbico. Sua aces-sibilidade no mercado, como ingredien-tes já em amplo uso na indústria alimen-tícia, aponta-os como opções para a in-dústria de batatas minimamente proces-sadas. O custo do ácido eritrórbico, cin-co vezes inferior ao de seu isômero, áci-do ascórbico, justifica seu uso neste tra-balho, de forma isolada ou em combi-nação com o ácido cítrico. A aplicaçãode atmosfera modificada ativa ou pas-siva, com baixas concentrações de O

2 e

altas de CO2 também contribui para o

controle do escurecimento e outros pro-cessos degradativos, uma vez que reduza velocidade dos processos aeróbicos eimplica baixa disponibilidade de O

2 para

a atividade da PPO.

Apesar da existência de diversos estu-dos enfocando o controle de escurecimentoenzimático em produtos hortícolas, existeuma lacuna na literatura no que diz respei-to à adoção de técnicas combinadas pararedução dessa desordem em cultivares dehortaliças nacionais com potencial de apro-veitamento para o processamento mínimo.

O objetivo deste trabalho foi carac-terizar física e quimicamente batatas‘Ágata’ minimamente processadas sub-metidas a diferentes tratamentos comantioxidantes e atmosfera modificada.

MATERIAL E MÉTODOS

Material vegetalBatatas (Solanum tuberosum L.)

‘Ágata’ da classificação “primeirinha”(diâmetro entre 40 e 60 mm) foram ad-quiridas na Ceasa de Brasília, levadasao Laboratório de Pós-Colheita daEmbrapa Hortaliças, selecionadas, clas-sificadas e lavadas em água potável;

Processamento mínimoTubérculos foram descascados por

abrasão em máquina processadora (mo-delo PCED, Siemsem Ltda.) por 180segundos em tambor revestido com lixade 60 mesh e 36 segundos no segundotambor revestido com lixa de 100 mesh.As batatas descascadas foram enxagua-das em água potável, sanitizadas emágua com 150 ppm de cloro ativo por 5minutos, imersas em soluçõesantioxidantes por 3 minutos ecentrifugadas, por 7 minutos, a 800 g.

Tratamento com antioxidantesAs soluções antioxidantes usadas

foram 2% de ácido cítrico; 3% de ácidoeritórbico; 2% de ácido cítrico + 3% deácido eritórbico; e 5% de ácidoeritórbico + 3% de ácido cítrico.

Embalagem e armazenamentoO material foi posteriormente em-

balado em filme plástico de nylonmulticamadas em seladora industrial(Selovac 200B, São Paulo, SP) em por-ções de 200 gramas, e armazenado sobrefrigeração a 5ºC por 9 dias. Os trêsprimeiros tratamentos foram embaladossob atmosfera modificada passiva en-quanto o último tratamento foi embala-do sob atmosfera modificada ativa, pelautilização da mistura 10% CO

2, 2% O

2,

88% N2.

Análises químicas e físicasA cada 3 dias os tubérculos minima-

mente processados foram avaliadosquanto às seguintes variáveis: Índice deescurecimento. O índice deescurecimento foi determinado por meiode um colorímetro Minolta ColorReader CR 200b (sistema L*a*b*), ecalculado a partir da fórmula:

IE = [100 (X - 0,31)] / 0,172; X = (a+ 1,75.L) / (5,645.L+ a - 3,021.b)

Atividade enzimática dapolifenoloxidase e peroxidase. A ativi-dade das enzimas polifenoloxidase eperoxidase foi determinada segundo ométodo descrito por Flurkey e Jen(1978), sendo o extrato lido a 395 nmpara POP e a 470 nm para POD. Açúca-res solúveis totais. Determinados pelométodo fenol-sulfúrico descrito porDubois et al. (1956). Teor de amido.Determinação feita a partir de adapta-ção realizada no método de Ranganna(1986), com extração de açúcares porsolução de etanol (80%) a quente, em 3estágios, e hidrólise ácida do resíduo,também em 3 estágios, com ácidoperclórico (52%), com posterior deter-minação dos açúcares pelo métodofenol-sulfúrico. Teor de vitamina C to-tal. A vitamina C total foi quantificadade acordo com metodologia descrita porTerada et al. (1978), modificado porNunes et al. (1995).

O delineamento experimental foiinteiramente casualizado, com 16 trata-mentos provenientes de um fatorial 4x4(4 combinações de antioxidantes e 4tempos de armazenagem), com 3 repe-tições. A unidade experimental conside-rada correspondeu a uma embalagem de200 gramas. Os dados foram submeti-dos à análise de variância e as médias

L. L. O. Pineli et al.

Figura 1. Índice de escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazena-das a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa epassiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Maté-ria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Horta-liças, 2004.

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995Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

foram comparadas pelo teste da diferen-ça mínima significativa (p≤0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Índice de escurecimento (IE) O tra-tamento com ácido cítrico a 2% combi-nado com ácido eritrórbico a 3% apre-sentou melhor controle doescurecimento do que os tratamentosaplicados isoladamente até o terceiro diade armazenamento (Figura 1). No nonodia, os IE dos tratamentos sob atmosfe-ra modificada passiva estavam muitopróximos e mostravam aumento doescurecimento das batatas de aproxima-damente 10,5% em relação aos valoresiniciais. O tratamento com atmosferamodificada ativa, em associação aosantioxidantes combinados, apresentouíndice de escurecimento 6,2% menor doque a média dos IE dos demais trata-mentos logo após o processamento mí-nimo, indicando uma diferença signifi-cativa no controle do escurecimento nasprimeiras horas após a injúria aos tubér-culos. Não se observou elevação do IEpara o tratamento sob atmosfera modi-ficada ativa e ao final do experimento,verificou-se que o IE desse tratamentoera aproximadamente 24% menor doque os demais tratamentos (Figura 1).

Diversos trabalhos avaliaram osefeitos das embalagens e de diferentesatmosferas no escurecimento de batatasminimamente processadas (GUNES;LEE, 1997; LAURILA et al., 1998a), ena composição nutricional(AHVENAINEN et al., 1998; TUDELAet al., 2002, 2003). Gunes & Lee (1997)demonstraram que modificação ativa daatmosfera na embalagem foi necessáriapara estender a vida de prateleira debatatas, porém, a atmosfera modificadapor si só não foi capaz de evitar oescurecimento. Os resultados confir-mam a necessidade do tratamento porimersão com solução de agentesinibidores do escurecimento em batatasminimamente processadas. Quando seestudou a modificação da atmosfera,observou-se que a de 100% N

2, em sa-

cos de poliolefina multicamada, comalta permeabilidade, foi a mais eficaz.

Soluções de N-acetil-L-cisteína (1%),ácido pentacético dietilenotriamina(DTPA) (1%), e ácido eritrórbico (5%)

Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas

Figura 2. Atividade enzimática da polifenoloxidase (PPO) (a) e peroxidase (POD) (b) debatatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantese embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF,2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam odesvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

+ ácido cítrico (1%) usadas para trata-mento de batatas em palitos, seguindo-se estocagem em atmosfera modificadaa 1 e 6°C, foram eficazes no retardamen-to do escurecimento enzimático. Os re-sultados obtidos no presente experimen-to para o tratamento com atmosfera mo-

dificada ativa associada aos ácidos cítri-co e eritrórbico estão em concordânciacom Cacace et al. (2002), que observa-ram que todos os tratamentos foram for-temente afetados pela temperatura dearmazenamento. Segundo os autores, otratamento com ácido cítrico e eritrórbico

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foi o único a ser comparado favoravel-mente com batatas frescas preparadas,após 14 dias a 1°C ou 7 dias a 6°C.

Atividade enzimática Não foiverificada diferença significativa na ati-vidade da PPO para os tratamentos sobatmosfera modificada passiva logo apóso processamento mínimo (Figura 2a).Os tratamentos armazenados sob atmos-fera modificada passiva não apresenta-vam diferenças estatísticas quanto à ati-

vidade da PPO logo após oprocessamento mínimo e assim perma-neceram durante o período experimen-tal. A combinação de ácido cítrico a 2%e ácido eritrórbico a 3% teve a ativida-de da enzima ampliada em 18,6%, doterceiro para o sexto dia, apresentandoa maior atividade da PPO no nono diade armazenamento (39,6 UE.g-1 min-1).Por outro lado, o tratamento que reuniaa combinação de dois antioxidantes sob

atmosfera modificada ativa foi o maiseficaz na inibição da atividade da PPO,que se apresentava 2,3 e 1,9 vezes me-nor do que a média dos demais trata-mentos, no dia do processamento e após9 dias de armazenamento, respectiva-mente (Figura 2a).

A atividade da POD no dia doprocessamento foi maior em batatas tra-tadas com 3% de ácido eritrórbico(365,04 UE .g-1 min-1), e menor em ba-tatas armazenadas sob atmosfera modi-ficada ativa (111,14 UE g-1 min-1) (Fi-gura 2b). O tratamento com 2% de áci-do cítrico e o tratamento com 3% deácido eritrórbico apresentaram aumen-to na atividade da POD até o sexto diade armazenagem com posterior redução.Batatas tratadas com antioxidantes com-binados em atmosfera modificada pas-siva ou ativa apresentaram controle daatividade da POD já a partir do terceirodia (Figura 2b). Observou-se ainda, quea atividade da POD era 2,8 e 1,7 vezesmenor no tratamento sob atmosfera ati-va em relação à media dos demais tra-tamentos no dia do processamento eapós 9 dias de armazenamento, respec-tivamente.

Cantos et al. (2002) avaliaram o efei-to do processamento mínimo sobre a ati-vidade das enzimas PPO, POD efenilalanina amônia liase (PAL) e noscompostos fenólicos, em cinco cultivaresde batatas. Não encontraram correlaçãosignificativa entre o grau ou taxa deescurecimento e quaisquer das variáveisinvestigadas. Entretanto, o aumento daatividade da POD, verificada pela síntesede isoperoxidases identificadas poreletroforese, confirmou a indução da ati-vidade desta enzima como fenômeno co-mum no reino vegetal em resposta a situa-ções de estresse, como injúrias mecâni-cas. Os autores sugerem que para melhorcompreensão dos fatores limitantes dodesenvolvimento do escurecimento embatatas minimamente processadas, estu-dos adicionais de outros aspectos impor-tantes (estabilidade de membrana, com-posição lipídica, teor de cálcio, atividadede proteases, práticas agronômicas) sãonecessários. Semelhante ausência de cor-relação foi encontrada entre grau deescurecimento e atividade enzimática demaçãs durante o armazenamento a 0ºC(COSETENG; LEE, 1987).

L. L. O. Pineli et al.

Figura 3: Teores de açúcares solúveis totais (a) e amido (b) de batatas ‘Ágata’ minimamen-te processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmos-fera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosferamodificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média.Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

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Os resultados observados nas Figu-ras 1 e 2 mostram que o tratamento ondehouve combinação de antioxidantes ematmosfera modificada ativa foi o maiseficaz no controle do escurecimento eda atividade das enzimas PPO e POD, oque se traduziu em manutenção da cororiginal do produto. A combinação dosantioxidantes ácidos pode ter contribuí-do para o abaixamento do pH do meio,reduzindo a atividade das enzimas as-sociadas com o escurecimentoenzimático. Esses resultados permiteminferir que tais tratamentos podem tor-nar viável a produção e comercializaçãode batatas minimamente processadasquando o aspecto visual é colocado emperspectiva.

Açúcares Solúveis Totais e AmidoBatatas tratadas com 2% de ácido cítri-co apresentaram, ao final de nove dias,aumento de 12,5% no conteúdo de açú-cares solúveis totais, enquanto nos tu-bérculos tratados com 3% de ácidoeritrórbico foi verificada uma reduçãode 12,7% no nono dia em comparaçãocom os valores iniciais. Observou-se,ainda, em batatas tratadas com combi-nação de antioxidantes sob atmosferamodificada passiva um aumento deaproximadamente 17,0% no sexto dia,com subseqüente retorno aos patamaresiniciais (Figura 3a).

A maior concentração de açúcaressolúveis totais foi encontrada nas bata-tas armazenadas sob atmosfera modifi-cada ativa, com valor inicial de 14,84gkg-1 MF, que se reduziu, até o último diade avaliação, em aproximadamente40,0%, igualando-se aos demais trata-mentos. No nono dia de armazenamentoobservou-se que batatas tratadas com2% de ácido cítrico possuíam o maiorteor de açúcares solúveis totais, únicoque não sofreu imersão em ácidoeritrórbico.

O teor de amido avaliado nas bata-tas minimamente processadas sofreu au-mento ou manutenção de seus valoresdependendo do tratamento em questão(Figura 3b). Segundo Borgstrom (1946),os teores de amido encontrados na ma-téria fresca de batata variam de 90 a 180g kg-1 MF sendo influenciados por va-riáveis como cultivar, época do ano,temperatura e tempo de armazenamento,entre outros (NOURIAN et al., 2003).

Os valores encontrados no dia doprocessamento são semelhantes aos va-lores citados pelo autor.

A conversão de amido em açúcaresparece ser reversível (ISHERWOOD,1973). Entretanto, o aumento nos teo-res de amido encontrados no presenteexperimento parece estar mais relacio-nado com a perda d’água sofrida pelostubérculos, constatada pela umidadesuperficial crescente do produto após acentrifugação e durante oarmazenamento. De acordo comNourian et al. (2003), a degradação doamido ocorre rapidamente com a dimi-nuição da temperatura, enquanto a va-riação dos açúcares totais e redutoresestá diretamente relacionada com o tem-po de armazenamento. As condições debaixa temperatura resultam em acúmulode ATP no tecido de batata e acarretama ativação da via alternativa, conhecidacomo alternativa oxidse, que diminui osníveis de ATP e, simultaneamente,incrementa as concentrações desacarose, provavelmente via fosforilase(ISHERWOOD, 1973). A sacarose tor-na-se o substrato da invertase ácidavacuolar, que originará o acúmulo deaçúcares redutores (DUPLESSIS et al.,

1996). A indução do acúmulo de açúca-res pelo frio estaria ainda relacionadacom a deterioração das membranas dosamiloplastos (OHAD et al., 1971), fa-vorecendo a ação da enzimaamidofosforilase sobre o amido (FON-TES; FINGER, 2000).

A inibição da conversão do amidoem açúcares pela presença de CO

2 já foi

observada, assim como o aumento nasíntese de amido e mudanças na ativi-dade metabólica após a injúria aos tu-bérculos (SMITH, 1977). Isto poderiaexplicar, parcialmente, o maior teor deamido em batatas armazenadas sob at-mosfera modificada ativa, com 10% deCO

2 e 2% de O

2 no dia do

processamento, em comparação aos de-mais tratamentos, embalados sob atmos-fera modificada passiva. De acordo comPressey (1969), a atividade da sacarosesintetase, importante enzima envolvidana síntese do amido, é maior em tubér-culos jovens de batata, em que se inclu-em fisiologicamente tubérculos da clas-sificação “primeirinha”. Apesar da pro-vável distorção provocada pela perda deágua, pode-se perceber um processo dedegradação do amido nas batatas sub-metidas ao tratamento com 2% de áci-

Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas

Figura 4. Vitamina C total de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºCcom aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva.Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca.Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.

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998 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

do cítrico, evidenciando após o terceirodia uma degradação aparente de 21,0%.

O tratamento sob atmosfera modifi-cada ativa indicou redução nos teores deamido do sexto ao nono dia, com altera-ção de 20,7%. Os demais tratamentos nãoapresentaram degradação de amido, masestabilização ou acúmulo, podendo estarrelacionado com ocorrência de maiorperda d’água, ou menor degradação doamido nestas condições, de forma quenão seja capaz de sobrepor o efeito dadesidratação em nenhum dos tempos ava-liados ou com processos de síntese deamido, conforme discutido.

A maior degradação do amido embatatas tratadas com ácido cítrico estáem consonância com o crescimento doteor de açúcares solúveis totais verifi-cado para este tratamento, sendo possí-vel estabelecer correlações similaresentre os resultados das Figuras 3a e 3bpara o tratamento com ácido eritrórbico3%. Batatas submetidas aoarmazenamento sob atmosfera modifi-cada ativa tiveram aumento no teor deamido até o sexto dia, a partir do qualse observou redução de 20,2% até onono dia. Sugere-se para melhor ava-liação desta variável a determinação doteor de amido sobre a matéria seca aolongo do armazenamento, ou, alternati-vamente, o acompanhamento da maté-ria seca do produto, ou determinação daperda d’água por métodosgravimétricos, o que possibilitaria umaassociação com os resultados indicadosna Figura 3b.

Vitamina C TotalO teor de vitamina C total também

foi influenciado pela adição deantioxidantes aos tubérculos (Figura 4).O ácido eritrórbico é isômero do ácidoascórbico e pode ter causado algumadistorção na análise de vitamina C to-tal. Observa-se que a curva com menorconcentração de vitamina C total é a dostubérculos tratados com 2% de ácidocítrico, única que não sofreu imersão emácido eritrórbico. Além disso, a adiçãode antioxidantes pode prevenir a oxida-ção da vitamina C presente naturalmentena batata.

De acordo com Davey et al. (2000),batatas apresentam teores de vitaminaC que variam entre 100 e 300 mg kg-1

MF. Estes valores podem variar de acor-

L. L. O. Pineli et al.

do com a cultivar, com as práticas agrí-colas, colheita e condições dearmazenamento. O teor de vitamina Cencontrado neste experimento em bata-tas intactas da cultivar Ágata, classifi-cação “primeirinha”, foi de 220,9 mg kg-1

MF, dentro do intervalo proposto peloautor. Os valores encontrados em bata-tas minimamente processadas, tratadascom antioxidantes, situaram-se acimadeste intervalo.

Verificou-se que no dia doprocessamento todos os tratamentos di-feriam entre si, sendo que batatas arma-zenadas sob atmosfera modificada ati-va apresentavam o maior teor de vita-mina C (587,14 mg Kg-1 MF), seguin-do-se o tratamento com combinação deantioxidantes armazenado sob atmosfe-ra passiva (524,07 mg kg-1 MF), trata-mento com 3% de ácido eritrórbico(437,76 mg kg-1 MF) e 2% de ácido cí-trico (323,55 mg kg-1 MF). Batatas tra-tadas com a combinação deantioxidantes e armazenadas sob atmos-fera modificada ativa sofreram reduçãonos teores de vitamina C total ao tercei-ro dia de armazenamento, com poste-rior acúmulo até o nono dia. Os trata-mentos com antioxidantes isolados, 2%de ácido cítrico e 3% de ácidoeritrórbico, também apresentaramacúmulo de vitamina C com o tempo,com aumento de até 16,0% em seus teo-res (Figura 4). O tratamento onde secombinou os antioxidantes sob atmos-fera modificada passiva foi o único queapresentou diminuição da vitamina Ctotal (14,5%), mas ainda assim perma-neceu com valor 2,3 vezes superior aodas batatas intactas.

Batatas minimamente processadassão capazes de reter, total ou parcial-mente, seu teor inicial de vitamina C,considerando que as perdas decorrentesde processos de oxidação são compen-sadas pelo aumento na biossíntese deácido ascórbico (TUDELA et al., 2002).Esse aumento pode estar correlacionadocom a maior atividade da enzima L-galactono-g-lactona dehidrogenase(GLDH) em tecidos de batata injuria-dos, a qual catalisa o passo final dabiossíntese de ácido ascórbico (OBA etal., 1994) e poderia ser resultado damaior necessidade de poder antioxidanteem nível celular para fazer frente ao

estresse provocado pelo processamentomínimo (TUDELA et al., 2003). Alémdisso, o aumento da atividade respira-tória provocado pelo processamentomínimo leva à degradação do amido,com acúmulo de glicose, substrato re-querido no processo de síntese deascorbato (NOCTOR; FOYER, 1998).

Prasanna et al. (2000) observaramque o pico respiratório ou climatéricoem maçãs durante o amadurecimentocoincide com seu teor máximo de ácidoascórbico, o que reforça uma possívelcorrelação entre degradação do amido,aumento dos açúcares totais e síntese deascorbato. Comportamento semelhantefoi observado para tubérculos tratadoscom 2% de ácido cítrico, que a partir doterceiro dia de armazenamento apresen-tou redução nos teores de amido e au-mento nos teores de açúcares solúveistotais e na vitamina C total, simultanea-mente (Figuras 3 e 4).

O teor de vitamina C em um alimen-to deve incluir os teores de ácidoascórbico e deidroascórbico, uma vezesta última forma pode ser facilmenteconvertida na primeira no organismohumano. O ácido deidroascórbico podeser oxidado irreversivelmente a ácidodicetogulônico, sem qualquer atividadede vitamina C (PARVIAINEN;NYYSSONEN, 1992), o que significa-ria na prática a perda de valornutricional. A oxidação do ascorbatopela ascorbato oxidase aumenta em con-dições de estresse, exposição apatógenos, altas temperaturas, íons me-tálicos e agentes químicos (LEE;KADER, 2000). Portanto, o teor de vi-tamina C em batatas minimamente pro-cessadas é resultante de processosbiossintéticos e degradativos que ocor-rem simultaneamente.

No estudo apresentado, deve-se con-siderar a possibilidade da ocorrência desíntese de ascorbato em resposta aoestresse oxidativo e ao efeito da aplica-ção de antioxidantes na determinação davitamina C total. Vale ressaltar que ométodo empregado para análise destavariável refere-se a materiais com teo-res baixos de vitamina C (50-400 mgkg-1 MF), não sendo adequado para fon-tes mais ricas do nutriente. Como algunstratamentos ultrapassaram os valoresrecomendados, outros métodos devem

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ser utilizados para confirmação dos resul-tados mais elevados. A utilização da téc-nica de cromatrografia líquida de alto efi-ciência (TUDELA et al., 2002) para de-terminação de ácido ascórbico e ácidodeidroascórbico seria interessante paraelucidação das possíveis interferênciascausadas pelos antioxidantes e para acom-panhamento mais rigoroso dos processosbiossintéticos e degradativos que envol-vem o ascorbato nos tubérculos de batata.Tudela et al. (2003) estudaram o efeito doprocessamento mínimo, com subseqüen-te armazenamento sob refrigeração, a 4°C,de batatas da cultivar Manon, sob dife-rentes atmosferas (ar, ar + 20% de CO

2,

100% N2, e embalagem a vácuo), na ati-

vidade da enzima L-galactono- g-lactonadehidrogenase e no teor de Vitamina C. Aembalagem a vácuo provou ser a melhorcondição de embalagem, tendo evitado oescurecimento e retido 89,0% da Vitami-na C, seguido das atmosferas 100% N

2

(78,0% retenção) e 20% CO2 + ar (63,0%

de retenção).Em outra série de experimentos

conduzida com batatas ‘Ágata’ e‘Monalisa’ minimamente processadas sobvácuo parcial e diferentes temperaturas dearmazenamento (dados não publicados),verificou-se a eficácia deste tipo de em-balagem na retenção da vitamina C, ten-do sido observado acúmulo entre 49,0 e58,4% deste nutriente ao fim dos nove diasde avaliação. Todavia, a perda de firme-za, o encharcamento da embalagem e odesenvolvimento de processos anaeróbioslevando a odores desagradáveis compro-meteram a aceitação do produto, o quelevou à rejeição da utilização de vácuo nasembalagens.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio finan-ceiro recebido do projeto PRODETAB(ACORDO BIRD / EMBRAPA - Pro-jeto 019) e à ADF Agropecuária do Dis-trito Federal.

LITERATURA CITADA

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1000 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

O estudo da diversidade genética en-tre acessos de bancos de

germoplasma fornece informações depotenciais genitores a serem utilizadosem programas de melhoramento, alémdo fato de que a própria caracterizaçãodos acessos possibilita a identificaçãode duplicatas e o intercâmbio degermoplasma entre pesquisadores. Aforma preditiva de determinar a diver-gência genética apresenta como princi-pal vantagem o fato de não ser necessá-ria a obtenção prévia de combinações

KARASAWA, M.; RODRIGUES, R.; SUDRÉ, C.P.; SILVA, M.P.; RIVA, E.M.; AMARAL JÚNIOR, A.T. Aplicação de métodos de agrupamento naquantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1000-1005, out-dez 2005.

Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergênciagenética entre acessos de tomateiro1

Mina Karasawa; Rosana Rodrigues; Cláudia P. Sudré; Marlon P. da Silva; Elaine M. Riva; Antônio T. doAmaral Júnior2UENF/CCTA/LMGV, Av. Alberto Lamego, 2000, Parque Califórnia, 28013-600, Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected]

híbridas, como ocorre em dialelos(COIMBRA et al., 2001).

O conhecimento do grau de variabi-lidade genética, por meio dos estudosde divergência, torna-se vantajosa noprocesso de identificação de novas fon-tes de genes de interesse (AMARALJÚNIOR; THIÉBAUT, 1999). Outravantgem é o fato de que, por meio dadiversidade genética, pode-se indicarprogenitores geneticamente distantespara cruzamentos onde se procure ob-ter o efeito heterótico na geração híbri-

da e maior probabilidade de recupera-ção de segregantes superiores em gera-ções avançadas (AMARAL JÚNIOR;THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI,2001).

Para estudos de divergência genéti-ca, a técnica de análise multivariada(componentes principais, variáveiscanônicas e métodos de aglomeração)tem sido empregada tanto para caracte-rísticas expressas por variáveis quanti-tativas quanto qualitativas, as quais sãocomumente utilizadas em caracteriza-

1 Parte da tese apresentada pela primeira autora para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal na UENF em 2005

RESUMOA quantificação da divergência genética entre acessos de ban-

cos de germoplasma baseada em descritores permite a indicação depotenciais genitores a serem utilizados em programas de melhora-mento, entre outros resultados de interesse para o melhorista. Paraestudos de divergência genética, a análise multivariada, incluindoos métodos de aglomeração, tem sido amplamente empregada. Estetrabalho teve como objetivos caracterizar e quantificar a divergên-cia genética entre acessos de tomateiro, por meio de métodos deagrupamento. O experimento foi conduzido em 2001, em Camposdos Goytacazes, RJ., em condições de campo. Utilizou-se o delinea-mento experimental de blocos casualizados com 70 acessos, trêsrepetições e 16 plantas por parcela. Vinte descritores de caracteriza-ção e cinco de avaliação foram considerados. Houve diferença sig-nificativa entre os acessos para número total, peso total, númeromédio, e peso médio de frutos; comprimento e diâmetro do fruto;número de dias para germinação; número de dias para frutificação;número de flores por inflorescência; teor de sólidos solúveis; núme-ro de lóculos e número de dias para florescimento, indicando a pre-sença de variabilidade entre os acessos. O agrupamento pelo Méto-do Hierárquico do Vizinho Mais Próximo, detectou a formação dedois grupos, baseado no número de dias para germinação. O grupo 1reuniu os acessos com germinação em 10 dias e o grupo 2 foi com-posto pelos acessos que germinaram em sete dias. O subagrupamentodos grupos 1 e 2 permitiu a detecção de sete subgrupos no grupo 1 ecinco subgrupos no grupo 2. O Método de Otimização de Tocherpossibilitou a formação de dez grupos, concordantes com ossubgrupos obtidos pelo método do Vizinho mais Próximo.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, análise multivariada, ca-racterização de germoplasma, recursos genéticos, pré-melhoramento.

ABSTRACTCluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato

accessions

The quantification of the genetic divergence among accessionsin a germplasm bank, based on descriptors for characterization, allowsus to indicate promising parentals that can be used in breedingprograms. In order to study the genetic divergence, multivariateanalysis, including cluster methods has been used. The geneticdivergence among tomato accessions was characterized andquantified, using cluster analysis. The experiment was carried out in2001, in Rio de Janeiro State, Brazil, in field conditions. Arandomized block design was used, with 70 accessions, threereplications and 16 plants per plot. Twenty characterization and fiveevaluation descriptors were considered. There was significantdifference among accessions for total number of fruits, total weightof fruits, mean number of fruits, mean weight of fruits, fruit length,fruit diameter, number of days for germination, days for fruit set,number of flowers per inflorescence, solid solubles, number of loculesand days for flowering indicating the presence of genetic variabilityamong accessions. Nearest neighbor method detected two groups,based on number of days for germination. Group 1 was formed byaccessions with germination in 10 days while group 2 includedaccessions that germinated in seven days. Subgrouping from groups1 and 2 detected seven and five subgroups for each group,respectively. Based on Tocher Method, ten groups were formed withagreement between Tocher and Nearest Neighbor.

Keywords: Lycopersicon esculentum, multivariate analysis,germplasm characterization, genetic resources, pre-breeding.

(Recebido para publicação em 1 de abril de 2005 e aceito em 16 de setembro de 2005)

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ções/avaliações em bancos degermoplasma. O critério utilizado paraa escolha do método multivariado de-pende do conjunto de dados, da análisea ser realizada e qual a precisãorequerida (CRUZ; REGAZZI, 2001).

A variabilidade genética existente nogênero Lycopersicon tem possibilitadoo desenvolvimento de cultivares queatendem às mais diversas demandas domercado de tomate para processamentoe para consumo in natura(AGRIANUAL, 2002). No entanto,anos de cultivo e seleção por melhoristastêm reduzido os níveis de variação nosgermoplamas elite. Esta premissa é ver-dadeira para plantas autógamas, as quaispossuem base genética mais estreita. Porexemplo, um estudo do polimorfismo dediversas variedades de tomate demons-trou que existem menos de 5% de va-riação genética disponível em cruza-mentos compatíveis com variedades lo-cais e espécies silvestres (MILLER;TANKSLEY, 1990). A maioria das va-riedades elite são mais semelhantes doque as novas fontes de germoplasmasque estão sendo exploradas (FULTONet al., 1997).

Estudos com tomate (Lycopersicumesculentum L.) e pimentão (Capsicumannuum L.), utilizando as técnicas deanálise multivariada para quantificar adivergência genética, apresentaram con-cordância satisfatória entre as combina-ções divergentes e os híbridos superio-res (MALUF et al., 1983; MIRANDAet al., 1988). Trabalhando comCapsicum spp., Sudré et al. (2005) de-monstraram ser possível quantificar adivergência genética com base emcaracteres morfoagronômicos.

Estudos da dissimilaridade de 34acessos de tomateiro, utilizando as ca-racterísticas da fase vegetativa e de pro-dução permitiram, pelo método deTocher, verificar a consistência dos gru-pos formados, gerando 12 classes dife-rentes. Os dois primeiros componentesprincipais foram suficientes para expli-car cerca de 86% da variação total dis-ponível entre os acessos. As caracterís-ticas menos importantes foram númerode folhas definitivas e diâmetro dohipocótilo (MARIM et al., 2002).

No Brasil, a caracterizaçãomorfológica de Lycopersicon spp. foi

realizada pela Embrapa Hortaliças pormeio de 38 descritores do IPGRI, contem-plando caracteres da planta e do fruto. Asinformações provenientes da caracteriza-ção foram lançadas em bancos de dadoscomputadorizados (“Professional FileSystem”), os quais têm permitido a recu-peração de qualquer conjunto de informa-ções de modo simples e eficiente (CAR-VALHO et al., 1999).

Este trabalho teve como objetivoscaracterizar 70 acessos que compõem oBanco de Germoplasma deLycopersicon esculentum da Universi-dade Estadual do Norte FluminenseDarcy Ribeiro, utilizando 27 descritoresdo IPGRI (International Plant GeneticResources Institute), e quantificar a di-vergência genética entre os mesmos, pormeio de métodos de agrupamento.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida naUENF, localizada a 21º 45’ de latitudesul, 41º 18’ de longitude oeste e 11 metrosde altitude, no município de Campos dosGoytacazes, norte do Estado do Rio deJaneiro, durante o ano de 2001.

Os acessos de tomateiro(Lycopersicon esculentum L.) do Ban-co de Germoplasma da UENF, utiliza-dos neste trabalho, foram cedidos pelaEmpresa de Pesquisa Agropecuária doEstado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO), como parte do Banco Ativo deGermoplama (BAG) de tomateiro man-tido pela referida instituição na EstaçãoExperimental de Itaguaí.

A semeadura foi realizada em ban-dejas de plástico, e, após a germinação,as plântulas foram transferidas para ban-dejas de poliestireno com 128 células,contendo substrato para a produção demudas. As plantas no estádio de três aquatro folhas verdadeiras, foram trans-plantadas para o campo.

Utilizou-se o delineamento experi-mental em blocos casualizados conten-do 70 acessos, três repetições e 16 plan-tas por parcela. O plantio foi estabele-cido em fileiras duplas, espaçadas de 1,2m entre linhas e 0,50 m entre plantas.Tratos culturais recomendados para acultura foram realizados de acordo comFilgueira (2000).

Com base na recomendação doIPGRI (1996), os descritores de carac-terização utilizados foram peso total epeso médio dos frutos; número total enúmero médio de frutos; diâmetro ecomprimento dos frutos, e número delóculos por fruto. O descritor númerode dias para germinação, apesar de nãoconstar na lista do IPGRI, foi incluídona caracterização.

Como descritores de avaliação fo-ram considerados: número de dias parao florescimento; número de dias parafrutificação; número de flores porinflorescência; e teor de sólidos solúveis(medido em ºBrix, com auxílio derefratômetro).

Realizou-se a análise de variânciaunivariada e, para o estudo da divergên-cia genética entre os acessos, foramempregadas as Análises Multivariadaspor meio de Métodos de Agrupamento.Para tanto, foi utilizada a Distância Ge-neralizada de Mahalanobis como medi-da de dissimilaridade e, para a obten-ção dos grupos, utilizou-se o MétodoHierárquico do Vizinho Mais Próximoe o Método de Otimização de Tocher.As análises foram conduzidas utilizan-do-se os recursos computacionais doprograma GENES (CRUZ, 2001), se-guindo-se os modelos descritos por Cruze Regazzi (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variâncias univariadasrevelaram diferenças significativas entreas médias dos acessos em nível de 1% deprobabilidade, pelo teste F, para númerototal de frutos (NTF), peso total de frutos(PTF), número médio de frutos (NMF),peso médio de frutos (PMF), comprimentodo fruto (COM), diâmetro do fruto (DIA),número de dias para germinação (DGE),número de dias para frutificação (DFR),número de flores por inflorescência (NFI),teor de sólidos solúveis (TSS) e númerode lóculos por fruto (LOC). Número dedias para o florescimento (DFL) apresen-tou diferença significativa em nível de 5%de probabilidade pelo teste F. Estes resul-tados indicam, para todas as característi-cas, a presença de variabilidade entre osacessos.

A análise de agrupamento pelo Mé-todo Hierárquico do Vizinho Mais Pró-

Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

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ximo, baseada na distância generaliza-da de Mahalanobis, é subjetiva e podegerar alguma dificuldade na tomada dedecisão quanto ao número de gruposgerados, pois não há um critério defini-do para determiná-los, e qualquerinferência rígida sobre este número podenão ser produtiva. Por outro lado, a fá-cil interpretação e simplicidade são im-portantes nas análises dos dados. Algunspesquisadores sugerem o estabelecimen-to de um exame visual de pontos ondeocorram altas mudanças de níveis, pos-sibilitando a delimitação dos grupos(CRUZ, 1990).

Realizando-se o corte dodendrograma (Figura 1) considerando55% de dissimilaridade, detectou-se aformação de dois grupos. No grupo 1,estão os acessos com germinação em 10dias e, no grupo 2, os acessos com setedias para germinar.

A técnica de agrupamento minimizaa variabilidade dentro do grupo. Entre-tanto, se a estimativa de distância entrepares de indivíduos dentro do grupo é

de elevada magnitude, justifica-se osubagrupamento (ABREU et al., 2004).

Com a finalidade de se obter maio-res informações a respeito dos acessos,distribuídos conforme o número de diaspara germinação, realizaram-se novasanálises de agrupamento dentro de cadagrupo, com corte aproximado de 55%,proporcionando a obtenção de novossubgrupos (Figuras 2 e 3).

Observa-se no dendrograma obtidopara o grupo 1 (Figura 2), a formaçãode sete subgrupos (1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5,1.6 e 1.7). O subgrupo 1.1 registrou omaior número de acessos, perfazendoum total de 34 genótipos, os quais pro-duziram frutos de tamanho pequeno aintermediário, bi e multiloculados, comvariação entre 06 e 52 frutos, peso mé-dio de 11 a 65 g, diâmetro de 25 a 56mm e 61 a 114 dias para frutificação.

O subgrupo 1.2 foi representado ape-nas pelo acesso UENF211, que produ-ziu uma média de 08 frutosmultiloculados, com tamanho de 31 mmde comprimento e 51 de diâmetro, com

peso médio aproximado de 45 g e diâ-metro de 51,16 mm.

O acesso UENF154 formou osubgrupo 1.3, produzindo uma média de44 frutos triloculados, redondos, de ta-manho pequeno, com peso médio de24,38 g, 46,52 mm de diâmetro efrutificação em 107 dias.

Apenas o acesso UENF196 consti-tuiu o subgrupo 1.4, com média de 06frutos de tamanho intermediário,multiloculados, peso médio de 75,03 g,diâmetro de 57,69 mm e frutificação em102 dias.

O subgrupo 1.5 constituiu-se peloacesso UENF197, que produziu frutosmultiloculados, de tamanho intermediá-rio, com peso médio de 89 g, e diâme-tro de 60,84 mm.

O subgrupo 1.6 foi composto peloacesso UENF157, o qual produziu emmédia 21 frutos biloculados, de tama-nho pequeno, apresentando peso médiode 27,40 g, diâmetro de 36,90 mm e 97dias para frutificação.

O acesso UENF165 ficou isolado nosubgrupo 1.7, revelando elevada produ-ção média de frutos (70 frutos),biloculados, de tamanho pequeno, combaixo peso médio (9,86 g), diâmetro de29,66 mm e frutificação em 98 dias.

No grupo 2 (Figura 3), formaram-secinco subgrupos (2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5).O subgrupo 2.1 constituiu-se pelo maiornúmero de acessos, totalizando 26genótipos, os quais apresentaram umaampla faixa na produção média de frutos,compreendendo valores entre 13 a 75 fru-tos bi e multiloculados, de tamanho pe-queno, com diâmetro variando de 26 a 49mm e frutificação entre 91 a 107 dias.

Dentro do subgrupo 2.2, o acessoUENF161, único representante, produ-ziu frutos multiloculares, de tamanhointermediário, com 50,8 mm de diâme-tro e frutificação em 105 dias. O acessoUENF210, presente no subgrupo 2.3,produziu 107 frutos de tamanho peque-no, multiloculados, com diâmetro mé-dio de 46,61 mm e 103 dias parafrutificação.

Representado pelo acessoUENF155, o subgrupo 2.4 teve produ-ção de frutos pequenos, triloculados,com diâmetro de 25,72 mm e 92 diaspara frutificação. No subgrupo 2.5, com-

M. Karasawa et al.

Figura 1. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 70 genótipos de tomateiro, ob-tido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 12 característicasquantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.

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1003Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

posto pelo acesso UENF208, registrou-se a produção de frutos pequenos,multiloculados, com diâmetro chegan-do a 47 mm e frutificação em 108 dias.

Conforme Abreu et al. (2002), aces-sos alocados nos últimos grupos, quan-do comparados com os primeiros gru-pos, revelam maior divergência, sendopossível sua utilização em programas decruzamentos entre grupos mais produ-tivos.

A análise de agrupamentos pelo Mé-todo de Otimização de Tocher possibili-tou a formação de onze grupos. O grupoI englobou o maior número de genótipos,totalizando 30 acessos, com germinaçãoem 10 dias, produção entre 09 e 52 fru-tos bi e multiloculados, peso médio de11 a 53 g e diâmetro de 25 a 55 mm.

O grupo II foi representado por 22acessos, os quais tiveram germinaçãocom sete dias, número total de frutosvariando entre 13 e 74 frutos, bi, tri emultiloculados, peso médio de 13 a 41g e 36 a 49 mm de diâmetro.

O grupo III foi composto pelos aces-sos UENF201, UENF202 e UENF160,que germinaram com sete dias, produ-ziram de 44 a 61 frutos com fenótipobiloculado, com 10 a 13 g de peso mé-dio e diâmetro de 26 a 33 mm.

Os acessos UENF178, UENF180,UENF197 e UENF196, do grupo IV,germinaram com 10 dias, produziramfrutos com peso médio variando entre37 a 89 g, multiloculados e com 47 a 61mm de diâmetro.

O grupo V foi composto pelos aces-sos UENF161, UENF210 e UENF208,que apresentaram sete dias para germi-nação, frutos multiloculados, com pesomédio de 25 a 52 g e diâmetro variandoentre 47,40 e 52,63 mm.

O grupo VI constituiu-se pelos aces-sos UENF211 e UENF224, representan-do os genótipos que germinaram com10 dias, de frutos multiloculados e queproduziram, respectivamente, 08 e 11frutos por planta, com peso de 44,88 e64,62 g e diâmetro de 51,16 e 55,98 mm.

Os acessos UENF154 e UENF179,que compõem o grupo VII, germinaramcom 10 dias, produziram 44 e 17 frutosbiloculados com peso médio de 24,38 e34,17 g e 46,52 e 42,38 mm de diâme-tro, respectivamente.

O acesso UENF157 único compo-nente do grupo VIII germinou com 10dias, produziu em média 21 frutostriloculados por planta, com peso mé-dio de 27,40 g e 36,90 mm de diâmetro.

O acesso UENF165 apresentou-seno grupo IX, expressando germinaçãocom 10 dias, produção média de 70 fru-tos biloculares, com peso médio de 9,86g e diâmetro de 26,96 mm.

O grupo X, composto pelo acessoUENF215, germinou com oito dias, pro-duziu em média 22 frutos por planta,com 39 mm de comprimento, 47 mmde diâmetro e quatro lóculos.

O acesso UENF155, representantedo grupo XI, teve germinação com sete

dias, produção média de 90 frutosbiloculados, com peso médio de 7,56 ge diâmetro de 25,72 mm.

Comparando-se a formação dos grupospelos métodos Vizinho Mais Próximo (Fi-gura 1) e Tocher (Tabela 1), observa-se queo grupo I do Vizinho Mais Próximo, obti-do pelo agrupamento dos acessos que apre-sentaram 10 dias para germinação, envol-ve os grupos I, IV, VI, VII, VIII e IX, gera-dos pelo método de Tocher. Por outro lado,o grupo II, referente aos acessos com ger-minação obtida em sete dias, envolve osdemais grupos obtidos pelo método deTocher, quais sejam: II, III, V e X.

Analisando-se os subgrupos obtidospelo método do Vizinho Mais Próximo,

Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

Figura 2. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 40 genótipos de tomateiro com10 dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, combase em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.

Figura 3. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 30 genótipos de tomateiro comsete dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”,com base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.

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1004 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

formados de acordo com 10 ou sete diaspara germinação, e o método de Tocher,observa-se elevada semelhança na for-mação de grupos. Visualiza-se, pela Fi-gura 2 e Tabela 1, que o subgrupo 1.1compreende os grupos I e VI de Tocher,envolvendo também os acessosUENF178 e UENF180 do grupo IV.

Os subgrupos 1.2 e 1.4correspondem, respectivamente, aosacessos UENF197 e UENF196 (Figura2), remanescentes do grupo IV (Tabela1). Já os acessos UENF154 e UENF157do grupo VII de Tocher (Tabela 1) fo-ram configurados nos subgrupos 1.3 e1.5, respectivamente.

Completando os resultados envol-vendo acessos com 10 dias para germi-nação, verificou-se que os subgrupos 1.6e 1.7, do Vizinho Mais Próximo (Figu-ra 2), compreendem os respectivos gru-pos VIII e IX, presentes no método deTocher (Tabela 1).

Com relação ao subgrupo envolven-do acessos que apresentaram sete diaspara germinação (Figura 3), registrou-se elevada similaridade em relação aosdados obtidos por Tocher (Tabela 1),sendo que o subgrupo 2.1 envolveu osgrupos II e III, enquanto o grupo X foirepresentado pelo subgrupo 2.4.

Os acessos UENF161, UENF210 eUENF208, presentes no grupo V (Ta-bela 1), apresentaram-se isolados nos

M. Karasawa et al.

Tabela 1. Grupos estabelecidos pelo Método de Otimização de Tocher, com base em 12características quantitativas avaliadas em 70 genótipos de tomateiro. Campos dos Goytacazes,UENF, 2001.

Grupos Acessos

I

UENF104, UENF168, UENF188, UENF221, UENF174, UENF182, UENF222,

UENF159, UENF166, UENF206, UENF175, UENF216, UENF156, UENF140,

UENF187, UENF217, UENF209, UENF218, UENF200, UENF225, UENF163,

UENF223, UENF181, UENF191, UENF170, UENF184, UENF213, UENF190,

UENF210b, UENF198

II

UENF172, UENF219, UENF158, UENF204, UENF176, UENF205, UENF199,

UENF214, UENF203, UENF193, UENF164, UENF167, UENF171, UENF186,

UENF212, UENF162, UENF185, UENF195, UENF194, UENF169, UENF173,

UENF177

III UENF201, UENF202, UENF160

IV UENF178, UENF180, UENF197, UENF196

V UENF161,UENF210, UENF208

VI UENF211, UENF224

VII UENF154, UENF179

VIII UENF157

IX UENF165

X UENF215

XI UENF155

resultados expressos pela análise do Vi-zinho Mais Próximo, conferindo a for-mação dos respectivos subgrupos 2.2,2.3 e 2.5 (Figura 2).

Os dados obtidos revelaram eleva-da concordância na formação de gruposentre os acessos estudados, tanto pelométodo de Tocher quanto pelo VizinhoMais Próximo. Concordância entre mé-todos de agrupamento foi verificadapara pimentas e pimentões (SUDRÉ etal., 2005), e feijão de vagem (ABREUet al., 2004).

O método do Vizinho Mais Próxi-mo possibilitou a formação de grupos,de acordo com o número de dias paragerminação.

Considerando-se que a análisemultivariada possibilita a predição daheterose, alguns cruzamentos podem sersugeridos, seguindo-se o princípio de secruzar os acessos mais distantes e commelhores características agronômicas(SUDRÉ et al., 2005). Com base nosresultados obtidos neste trabalho, reco-mendam-se os cruzamentos entre osacessos UENF155 x UENF175 e UENF155 x UENF222.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Dra. MariaLuíza de Araújo da Empresa de Pesqui-sa Agropecuária do Estado do Rio de

Janeiro (PESAGRO-RIO) pela cessãodas sementes dos acessos utilizados nes-te trabalho e à FAPERJ pela concessãoda bolsa para a primeira autora do tra-balho.

LITERATURA CITADA

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Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

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página do horticultor

O cultivo hidropônico de plantas noBrasil tem crescido nos últimos

anos. No entanto, esta técnica ainda épouco conhecida por parte dos agricul-tores tradicionais, dificultando a adoçãodeste sistema de produção. Entretanto,sabe-se que a técnica de cultivohidropônico é bastante promissora (JE-SUS FILHO, 2000) e deverá se expan-dir nos próximos anos.

HABER, L.L.; LUZ, J.M.Q.; ARVATI DÓRO, L.F.; SANTOS, J.E. Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha Piperita e MelissaOfficinalis. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1006-1009, out-dez 2005.

Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Menthapiperita e Melissa officinalisLenita L. Haber1; José Magno Q. Luz1; Luiz Fernando Arvati Dóro1; José Eduardo Santos2

1UFU, ICA, C. Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; E-mail: [email protected]; [email protected];[email protected]; 2ILES, ULBRA, Itumbiara-GO

Os produtores de cultivos hidropônicosvêm buscando novas alternativas para usoem hidroponia, sendo as hortaliças folhosase as espécies condimentares, aromáticas emedicinais boa opção, principalmente emfunção da demanda do mercado consumi-dor por produtos livres de agrotóxicos. Ocultivo hidropônico sob cultivo protegidoreduz muito o uso de agrotóxico oferecen-do um produto de melhor qualidade para o

público consumidor. A crescente exigên-cia dos principais mercados por produtosde boa qualidade e de origem certificada,produzidos sem agressões ao ambiente,vêm oferecendo vantagens adicionais parao uso de hidroponia, principalmente quan-do se cultivam plantas de interesse farma-cêutico.

Segundo Maranca (1986) o gêneroMentha, comumente conhecido como

RESUMOAvaliou-se o desenvolvimento das espécies de plantas medici-

nais, aromáticas e condimentares Mentha piperita (hortelã-pimen-ta) e Melissa officinalis (melissa) em diversas concentrações de so-lução nutritiva em sistema hidropônico NFT. Os experimentos fo-ram implementados em ambiente protegido sendo as espéciessemeadas em espuma fenólica com dimensões de 2,5x2,5x3 cm, com3 sementes por cubo, irrigadas diariamente com água até a germina-ção e, posteriormente com solução nutritiva diluída em 50%. Após15 dias para a melissa e 16 dias para a hortelã-pimenta, as mudasforam transferidas para as bancadas de desenvolvimento onde rece-beram solução nutritiva diluída em 75% por 12 dias, sendo as mu-das posteriormente transplantadas para as bancadas de cultivo ondeforam submetidas às concentrações da solução nutritiva até o mo-mento da colheita. O delineamento experimental utilizado foi intei-ramente casualizado, em esquema de parcelas subdivididas. As con-centrações da solução nutritiva (I – 50%, II – 75%, III – 100%, IV –125%) foram sorteadas nas parcelas e nas subparcelas avaliando-seo efeito da posição das plantas nos perfis hidropônicos (I - inicial, II- intermediária e III - final), totalizando 12 tratamentos, para cadaespécie. Cada posição continha 5 conjuntos de plantas sendo utili-zadas 3 repetições por tratamento. Foram avaliados a altura das plan-tas, número de folhas e brotos, peso fresco e seco, tanto da parteaérea quanto de raiz. Com relação à posição das plantas nos perfis,foi observada interação significativa entre os tratamentos para nú-mero de folhas e peso seco para menta e melissa, respectivamente,onde a posição inicial revelou ser o melhor tratamento. Ainda paramelissa foi observada diferença significativa entre as posições paraaltura das plantas, peso fresco de raiz e peso fresco e seco de folhas,com a posição inicial tendo os maiores valores, apesar de não diferirsignificativamente da posição mediana.

Palavras-chave: Mentha piperita, Melissa officinalis, nutrição deplantas, hidroponia.

ABSTRACTMentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)

development in different concentrations of nutritive solution

The development of two medicinal, aromatic and condimentarspecies, Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)was evaluated in different concentrations of nutritive solution in aNFT hidroponic system of cultivation. Three seeds of these two specieswere sowed on a fenolical spume (2,5x2,5x3 cm), and irrigated dailywith water up to the germination and later with a nutrient solutiondiluted to 50%. After a period of 15 and 16 days for balm andpeppermint, respectively, seedlings were transferred to the developmentworkbenches made with polypropylene channels and received thenutrient solution diluted to 75% during 12 days. After this period,plants were transferred to cultivation on workbenches with differentconcentrations of nutritive solution until the harvest. The experimentaldesign was conducted completely randomized on split-splot scheme,the concentration of nutrient solution being (I - 50%, II - 75%, III -100%, IV - 125%) located on the plot and the position of plants in thechannels (I - initial, II - intermediary, III - final) on the subplot with atotal of three replications per treatment. A total of five plants was usedin each position. The evaluated variables were plant height, numberof leaves and buds, fresh and dry weight of leaves and roots. Analyzingthe position of plants in the channels it was possible to observesignificant interaction between treatments and in the number and leavesdry weight of balm and peppermint, respectively, the initial positionbeing the best treatment in terms of plant growth. For balm wereobserved significant differences between the positions of plants in thechannels in relation to plant height, root fresh weight and leaves freshand dry weight, with the initial position having the higher values,despite of having no significant differences when compared with theintermediary position.

Keywords: Mentha piperita, Melissa officinalis, plants nutrion,hidropony.

(Recebido para publicação em 14 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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hortelãs, compreende espécies com açãomedicinal, sendo conhecidas, principal-mente, pelo sabor característico e aro-ma refrescante. Mentha piperita Linn.,conhecida popularmente por hortelã-pi-menta é uma erva vivaz ou perene, comcaule ramificado, contendo folhas opos-tas pecioladas ovais e com margemserrilhada, apresentando cor verde maisescura na face superior da folha e maispálida na inferior. Matos (1998) cita essaespécie como produtora de óleo essen-cial rico em mentol, mentona ementofurano, sendo estes compostosmais abundantes nas folhas. O óleo tempropriedades antiespasmódica,antiinflamatória, antiúlcera e antiviral,sendo de grande importância econômi-ca na indústria farmacêutica. Além douso farmacêutico, que exige matéria pri-ma de boa qualidade (SCHILCHER,1988), o mentol destaca-se como maté-ria prima importante na indústria de ta-baco e de produtos destinados à higienebucal e confeito.

Plantas cultivadas em solução nutri-tiva poderão apresentar rendimento deóleo essencial até cinco vezes superioraos encontrados em plantas conduzidasem cultivos convencionais. O teor dementol encontrado nas plantas oriundasdo cultivo hidropônico é superior aoencontrado em plantas cultivadas emsolo, evidenciando que a maior ou me-nor disponibilidade de determinadosnutrientes pode alterar rotas bioquími-cas específicas, que, por sua vez, irãoproduzir componentes do óleo essencialem proporções diferentes, resultando emóleos com qualidades distintas (MAIA,1998). Mairapetyan (1984 apud MAIA,1998) mostrou que é possível a produ-ção de até cinco vezes mais óleo essen-cial em cultivos com solução nutritivado que na mesma área de solo, obten-do-se óleo com até 60% de mentol, en-quanto as plantas cultivadas em soloproduziram óleo com apenas 49% dementol.

Conhecida popularmente pormelissa e/ou erva-cidreira verdadeira,Melissa officinalis L., é uma planta her-bácea anual, de caule ramificado a par-tir da base, formando touceiras de 40 a60 cm de diâmetro. As folhas grandes(5 a 8 cm) são pecioladas, de forma oval,serrilhadas nas pontas, com nervura sa-

liente e reticuladas na face inferior(CORRÊA JUNIOR et al., 1991).

De acordo com Tekel et al. (1997),as folhas secas de melissa são utiliza-das para chá e condimento. O óleo es-sencial das folhas é largamente utiliza-do pela indústria farmacêutica, por pos-suir atividade antioxidativa, antibiótica,antifúngica, antibacteriana e sedativa.Objetivou-se com o presente trabalhoavaliar o desenvolvimento da hortelã-pimenta e da melissa em diferentes con-centrações da solução nutritiva propos-ta por Furlani et al. (1999).

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram instalados naUniversidade Federal de Uberlândia, de21/08/20 a 01/11/2002, em um túnel devegetação de 5,5x21x3,5 m, com cober-tura superior de filme plástico agrícolacom espessura de 150 micras. Lateral-mente o túnel era fechado com tela desombreamento de 50%.

O delineamento utilizado para cadaexperimento foi o inteiramentecasualizado em esquema em parcelassubdivididas. Avaliou-se nas parcelas oefeito das concentrações da solução nu-tritiva (I - 50%; II - 75%; III - 100%; IV- 125%) utilizadas durante a fase decrescimento e nas sub-parcelas o efeitoda posição da planta no perfilhidropônico (I - inicial; II - intermediá-ria e III – final). A posição inicial do

canal correspondia a parte mais próxi-ma da entrada da solução nutritiva (Fi-gura 1). Foram utilizadas três repetiçõese cinco plantas em cada posição com umtotal de 12 parcelas e 36 sub-parcelas.

Utilizou-se a solução nutritiva (g/1000 L de solução), proposta por Furlaniet al. (1999): nitrato de cálcio, 750; ni-trato de potássio, 500; fosfatomonoamônio (MAP), 150; sulfato demagnésio, 400; sulfato de cobre, 0,15;sulfato de zinco, 0,50; sulfato demanganês, 1,50; ácido bórico, 1,50;molibdato de sódio, 0,15 e tenso-Fe®(FeEDDHMA-6% Fe.), 30.

As duas espécies foram semeadas emplacas de espuma fenólica e irrigadascom a solução nutritiva diluída em 50%.Aos 26 dias após a semeadura, as mudasforam transferidas para a bancada de de-senvolvimento sendo utilizada, nestafase, solução nutritiva diluída em 75%.

As mudas permaneceram na banca-da de desenvolvimento por um períodode 12 dias, quando foram transferidaspara as bancadas de crescimento, e sub-metidas à irrigação com as quatro con-centrações de solução nutritiva.

O ponto de colheita das plantas foideterminado em função do tamanho co-mercial. Neste estádio foram avaliadasas características de altura de plantas,número de folhas, número de brotos,massa fresca e seca da parte aérea e raiz.Os resultados obtidos foram submetidosà análise estatística de variância e poste-

Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis

Figura 1. Posição das plantas no perfil hidropônico. Uberlândia, UFU, 2002.

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riormente análise de regressão para asconcentrações da solução nutritiva e tes-te de Tukey para as posições nos canais,com auxílio do programa SANEST(ZONTA; MACHADO, 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Hortelã-pimentaForam observadas diferenças esta-

tisticamente significativas entre as con-centrações da solução nutritiva no quese refere à altura das plantas (Figura 2),com aumento significativo da altura

quando utilizaram-se concentrações de75 e 100% (máximo em 85,61%), de-crescendo a partir deste ponto. A con-centração de 125% resultou em menoraltura.

Para alfavaca e cebolinha, nas mes-mas concentrações da solução nutritivautilizada neste trabalho, Santos et al.(2002a; 2002b) observaram que as con-centrações de 50 e 125% proporciona-ram a menor altura de plantas e a menorprodução de matéria fresca de folhas,respectivamente, com concentrações ex-tremas interferindo de maneira negativa.

Resultados semelhantes a estes fo-ram observados também na cultura daalface, onde constatou-se que o pesofresco da alface foi menor nos extremosde condutividade elétrica (PEREIRA,2002). Estes resultados evidenciam queconcentrações extremas (maior e menorconcentração) influenciam negativa-mente o desenvolvimento, possivelmen-te pela variação da pressão osmótica dasolução, que influencia na absorção denutrientes.

Somente para número de folhas foiobservada interação significativa entrea posição das plantas nos canais de cul-tivo e as concentrações da solução, comdiferença significativa apenas na con-centração de 50%, com a posição media-na apresentando plantas com menornúmero médio de folhas. Estes resulta-dos ocorreram, provavelmente devido aum sombreamento ocasionado pelasplantas de Melissa officinalis, afetandoas plantas de hortelã-pimenta.

Para as demais características (pesofresco e seco de raiz, peso fresco e secode folhas, e número de brotos) não foiobservada diferença estatística signifi-cativa entre os tratamentos.

MelissaPara as características altura de plan-

tas, peso fresco e seco da parte aérea eda raiz, houve influência da posição nocanal de cultivo. Em nenhuma das ca-racterísticas avaliadas ocorreu influên-cia das concentrações da solução nutri-tiva, entretanto houve interação dessacom a posição da planta no canal decultivo para peso seco da raiz.

Analisando as características alturade plantas, peso fresco de raiz e pesofresco e seco da parte aérea, observou-se diferença significativa entre as posi-ções das plantas nos canais de cultivo(Tabela 1), com melhor desempenho dasplantas cultivadas na posição inicial, asquais diferiram significativamente dasplantas cultivadas na posição final. Es-ses resultados refletem uma melhor ab-sorção de nutrientes da solução nutriti-va, pelas plantas localizadas no iníciodos canais.

Quanto à interação entre as concen-trações da solução nutritiva e a posiçãodas plantas nos canais de cultivo para amatéria seca da raiz (Tabela 2), foramobservadas nas concentrações de 50 e

L. L. Haber et al.

Figura 2. Crescimento das plantas de Mentha piperita nas diferentes concentrações da solu-ção nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.

PFR – Peso fresco da raiz; PFPA – Peso fresco da parte aérea; PSPA – Peso seco da parteaérea; *Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukeya 5% de probabilidade.

Tabela 1. Médias das características avaliadas para a M. officinalis, submetidas a diferentesconcentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.

Altura (cm) PFR (g) PFPA (g) PSPA (g)

Inicial 31,66 a 81,12 a 84,73 a 3,66 a

Intermediária 31,43 a 76,58 a 71,87 ab 3,36 ab

Final 27,64 b 59,73 b 62,50 b 2,81 b

Média 30,24 72,48 73,03 3,28

CV (%) 8,138 16,292 16,900 16,395

*Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (Pd” 0,05).

Tabela 2. Interação entre concentração da solução nutritiva e posição das plantas nos ca-nais, para peso seco da raiz de plantas de melissa. Uberlândia, UFU, 2002.

PosiçãoConcentração (%)

50 75 100 125

Inicial 12,69 a 14,78 a 13,11 a 11,76 a

Intermediária 10,56 ab 8,63 b 11,96 ab 9,97 a

Final 7,67 b 13,91 a 8,50 b 8,83 a

Média (g) 10,30 27,32 11,19 10,19

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1009Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

100%, diferenças significativas entre asposições inicial e final, com maior pro-dução de matéria seca na posição ini-cial, sendo que na concentração de 75%a posição intermediária apresentou amenor produção de matéria seca, dife-rindo significativamente das demais. Naconcentração 125% não houve diferen-ça entre as posições, provavelmente pelofato desse tratamento possuir maior con-centração de nutrientes, reduzindo acompetição entre plantas ao longo doscanais. Estes resultados podem ser ex-plicados de maneira semelhante aosobservados para as características altu-ra de plantas, peso fresco e seco da par-te aérea, e peso fresco de raiz.

Não foi observada diferença estatis-ticamente significativa entre as diferen-tes concentrações para a variável desen-volvimento das plantas. Schmidt et al.(2001), avaliando o desempenho de di-ferentes concentrações de soluções nu-tritivas para o cultivo da alface, verifi-caram que não ocorreram diferenças sig-nificativas entre as concentrações de 50e 100% das soluções de Castellane eAraújo (1995) e Furlani (1995) no cul-tivo da alface. No cultivo da alfavaca,realizado nas mesmas condições destetrabalho, Santos et al. (2002b) observa-ram diferença entre as concentrações dasolução nutritiva, sendo que a melhorconcentração para altura de plantas foide 100%. Maior número de folhas foiobtido na concentração de 75%, sendoque o maior peso seco de folhas foi ob-servado na concentração de 125%, con-cluindo que as plantas tiveram um bom

desenvolvimento em todas as concen-trações.

Baseando-se nos resultados encon-trados conclui-se que o cultivo deMelissa officinalis em sistemahidropônico - NFT pode ser feito com asolução de Furlani et al. (1999), na con-centração de 100% com ponto de co-lheita antecipado em relação ao campo,porém com a altura da planta reduzidaa 30 cm.

O cultivo de Mentha piperita podeser feito com a solução de Furlani et al.(1999), na concentração reduzida a 85%,com redução do ciclo da cultura em 20dias, quando comparado às condiçõesde campo. Concentrações extremas,como 50 e 125% da referida soluçãointerferem negativamente no crescimen-to de plantas de Mentha piperita, nãosendo recomendadas para o seu cultivo.

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Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis

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1010 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A produção mundial de cebola(Allium cepa L.), em 2004, foi de

53,59 milhões de t, cultivadas em umaárea 3,07 milhões de ha, o que propor-cionou uma produtividade média de17,46 t ha-1 (FAO, 2005). No Brasil, acebola ocupa o terceiro lugar em impor-tância econômica entre as hortaliças(SOUZA; RESENDE, 2002). A produ-tividade média foi de 17,88 t ha-1 em2004, sendo que nos estados de PE e BA,maiores produtores do Nordeste, a pro-dutividade média foi de 21,16 e 24,25 tha-1, respectivamente (IBGE, 2005).

A cebola é planta de dias longosquanto à formação de bulbos, e as culti-vares designadas de dias curtos não são,particularmente, plantas de dias curtos;simplesmente exigem menos horas deluz para bulbificarem (MELO; RIBEI-

RESENDE, G.M.; COSTA, N.D. Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v.23, n.4, p.1010-1014, out-dez 2005.

Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivadaem diferentes espaçamentosGeraldo M. de Resende; Nivaldo Duarte CostaEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; E-mail: [email protected]

RO, 1990). A formação de bulbos estárelacionada com a interação entre a tem-peratura e o fotoperíodo. Nesta interaçãoo fator mais importante é o fotoperíodoe o mesmo determina os limites de adap-tação de cultivares (GALMARINI,1997).

Em plantas conduzidas sob condi-ções ideais, a bulbificação é aceleradacom alta densidade de plantas(RABINOWITCH; BREWSTER,1990). Estudando os espaçamentos de10 x 15 cm e 20 x 15 cm, ViegasD’Abreu (1996), verificou que a maiorprodutividade foi obtida no menorespaçamento (10 x 15 cm), e que a maiormassa fresca do bulbo (145,7 g bulbo-1)foi verificada no maior espaçamentocomparado aos 118 g bulbo-1 obtido com10 x 15 cm.

A produtividade comercial aumen-tou e a massa fresca do bulbo diminuiuquando o número de linhas por canteiropassou de duas para quatro e oespaçamento entre plantas reduziu de21,9 para 7,6 cm. A maior porcentagemde bulbos pequenos e médios foiverificada nos menores espaçamentos(STOFFELLA, 1996). Kanton et al.(2002) observaram aumento na produ-tividade com o incremento da densida-de de plantio (37,04 para 156,25 plan-tas/m2), assim como menor altura deplanta e massa fresca do bulbo, relatan-do que densidades acima de 76,92 plan-tas por metro quadrado como as queproporcionam maiores produtividadesde bulbos comerciais. Lopes et al.(2004), avaliando a influência da densi-dade de plantas sobre a produtividade

RESUMOCom o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos

entrelinhas e entre plantas sobre as características produtivas e oarmazenamento de bulbos de cebola, conduziu-se um experimentode setembro de 1999 a março de 2000, em Petrolina. O delineamen-to experimental utilizado foi de blocos ao acaso, no esquema fatorial2x3, compreendendo dois espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15 m)e três espaçamentos entre plantas (0,10, 0,20 e 0,30 m), sendo utili-zada a cultivar Alfa Tropical com quatro repetições. Foram encon-tradas reduções lineares na produtividade comercial com o aumentodo espaçamento entre plantas, tendo o espaçamento com 0,10 mpropiciado os maiores rendimentos. Uma redução gradativa na pro-dução de bulbos não comerciais foi verificada à medida que se au-mentou o espaçamento entrelinhas e plantas. A massa fresca dosbulbos aumentou linearmente à medida que se aumentaram osespaçamentos entrelinhas e entre plantas. Foi verificada maior por-centagem de bulbos pequenos e médios nos menores espaçamentos.À medida que se incrementou o espaçamento entre plantas ocorreumaior perda de massa fresca dos bulbos de cebola até 60 dias dearmazenamento. Pelos resultados obtidos em função das diferentescaracterísticas avaliadas, recomenda-se os espaçamentos de 0,10 ou0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequadospara o cultivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas condições doVale do São Francisco, para plantio no segundo semestre do ano.

Palavras-chave: Allium cepa, rendimento, densidade de plantio,perda de massa fresca de bulbos.

ABSTRACTYield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different

planting spacings

The effect of different plant spacing was evaluated on yield andstorage characteristics of onion bulbs. The experiment was carriedout from September 1999 to March 2000, in Pernambuco State,Brazil, in a randomized complete block design, in a 2 x 3 factorialscheme, with four replications. The cultivar Alfa Tropical was plantedat 0.10 and 0.15 m row spacing and at 0.10; 0.15 and 0.30 m plantspacing. A linear reduction was found for commercial yield whenplant spacing increased, the highest yield being obtained with 0.10m spacing. A linear reduction in noncommercial bulbs was found asthe spacing between rows and between plants was increased. Bulbsfresh weight increased linearly as the spacing between rows andbetween plants increased. Larger percentage of small and mediumbulbs was obtained in the narrowest spacing. As spacing betweenplants increased, a larger lose of onion bulb weight was found up to60 days of storage. According to the results, the spacing 0.10 x 0.10m or 0,15 x 0.10 m are recommended as the more adapted for thecultivation of onion cultivar Alfa Tropical, in the São Francisco Valleyconditions, for the summer season planting.

Keywords: Allium cepa, yield, fresh mass of bulb, planting density,bulb mass fresh loss.

(Recebido para publicação em 11 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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em três espaçamentos (0,20; 0,30 e 0,40m x 0,08 m), constataram que no menorespaçamento (0,20 x 0,08 m) foi obtida amaior produtividade comercial e menordiâmetro do bulbo.

O incremento na densidade de plantioproporcionando aumento na produtivida-de total e redução do tamanho do bulbo étambém relatado por outros autores(BREWSTER; SALTER, 1980;HARTRIDGE-ESH; BENNET, 1980;MCGEARY, 1985). Por outro lado, Sa-bota e Downes (1981) não observaramdiferenças significativas na produtivida-de quando compararam duas populaçõesde plantas (192.940 e 257.320 plantas ha-1),na cultivar Texas Grano. Da mesma for-ma, avaliando duas densidades de plantio(7,5 cm entre plantas e 12,5 e 15,0 cmentrelinhas), Aujla e Madan (1992) nãoencontraram diferenças na produtividadee na altura da planta. Entretanto, o maiorespaçamento aumentou o número de fo-lhas e o diâmetro transversal do bulbo.

A região Nordeste, representada pe-los estados de Pernambuco e Bahia, pri-vilegiada pelas suas condições climáticas,pratica a semeadura de janeiro a dezem-bro, com maior concentração de plantionos meses de janeiro a março, possibili-tando escalonamento de plantio e produ-ção com oferta em diferentes períodos. Noentanto, comparativamente ao primeirosemestre ocorrem menores produtivida-des no segundo semestre. Todavia, com olançamento da cultivar Alfa Tropical re-comendada para plantio de verão e no se-gundo semestre na região, sob condiçõesde temperatura elevada e fotoperíodo cres-cente (COSTA et al., 2002), vislumbra-seuma nova era para a cebolicultura no Nor-deste, pela possibilidade de maior produ-ção na entressafra, e possivelmenteviabilizando a substituição da importaçãodo produto (MENDONÇA, 2001).

Procurando fornecer maiores informa-ções técnicas sobre o cultivo da cebolaAlfa Tropical no segundo semestre do ano,no presente trabalho avaliou-se o efeitode diferentes espaçamentos sobre as ca-racterísticas produtivas e dearmazenamento dos bulbos, nas condiçõesdo Vale do São Francisco.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de se-tembro de 1999 a março de 2000, naEmbrapa Semi-Árido em Petrolina, a 9o

24' de latitude Sul e 40o 29' de longitu-de Oeste, e 365,5 m de altitude. O soloclassificado como Latossolo VermelhoAmarelo Distrófico apresentou pH(H

2O) = 6,1; Ca = 2,1 cmol

c/dm3; Mg =

0,7 cmolc/dm3; Na = 0,01 cmol

c dm-3; K

= 0,28 cmolc dm-3; Al = 0,05 cmol

c dm-3,

P(Mehlich) = 7,2 mg dm-3 e M.O. = 6,9g kg-1.

O delineamento experimental utili-zado foi de blocos ao acaso, em esque-ma fatorial 2x3, compreendendo doisespaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15m) e três espaçamentos entre plantas(0,10; 0,20 e 0,30 m) com quatro repe-tições. A unidade experimental consti-tuiu-se de um canteiro de 3,0 m de com-primento por 1,2 m de largura, sendoutilizada como área útil 1,8 m2 (3,0 x0,6 m). A adubação de plantio foi reali-zada com 600 kg ha-1 da fórmula NPK6-24-12, baseada no resultado da análi-se do solo. Foram aplicados em cober-tura 200 kg ha-1 de uréia e 50 kg ha-1 decloreto de potássio, parcelados aos 15 e30 dias após o transplante.

Foi utilizada a cultivar Alfa Tropi-cal, desenvolvida pela Embrapa Horta-liças, recomendada para plantio de ve-rão, sendo a semeadura feita em 24/09/1999 e o transplante efetuado 30 diasapós.

O preparo do solo constou de aração,gradagem e levantamento dos canteirosa 0,20 m de altura. A cultura foi mantidano limpo através de capinas manuais. Airrigação por microaspersão foi realiza-da três vezes por semana, com lâminasem torno de 10 mm, baseada na evapo-ração do tanque classe A, e suspensas20 dias antes da colheita. Os demais tra-tos fitossanitários foram realizados deacordo com as recomendações para acultura da cebola.

A colheita foi realizada em 100 diasapós a semeadura quando 70% das plan-tas estavam estaladas, com sinais avan-çados de senescência, comoamarelecimento e seca das folhas. A curafoi realizada ao sol por três dias e 12dias à sombra em galpão ventilado.

Foram avaliadas a produtividadecomercial de bulbos (bulbos perfeitos ecom diâmetro transversal >35 mm) erefugos (bulbos com diâmetro <35 mm)expressos em t ha-1, aos 15 dias após acura. A massa fresca de bulbo (g bulbo-1)

foi determinada dividindo-se o peso debulbos comerciais após a cura pelo nú-mero de bulbos. Após o período de cura,os bulbos foram armazenados à tempe-ratura ambiente e realizadas pesagensaos 20; 40 e 60 dias (temperatura e umi-dade relativa médias no período de27,2°C e 74%, respectivamente), sendoos valores comparados àqueles obtidosao final da cura (15 dias após colheita).Os valores foram transformados emporcentagem de perda de massa fresca.A classificação de bulbos comerciaissegundo o diâmetro transversal (mm) foifeita de acordo com Brasil (1995) emclasse 2 (>35 até 50 mm de diâmetro);classe 3 (>50 até 70 mm); classe 4 (>70ate 90 mm) e classe 5 (>90 mm);, sendoos resultados expressos em porcenta-gem.

Segundo a metodologia descrita porPimentel Gomes (2000), os dadoscoletados foram submetidos à análise devariância e as médias comparadas peloteste de Tukey, ao nível de 5% de pro-babilidade, e regressão polinomial. Osdados de porcentagem foram transfor-

mados em arco-seno P / 100 para

efeitos de análise, sendo apresentadosnos resultados as médias originais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Efeitos significativos paraespaçamentos entrelinhas e entre plan-tas, assim como para a interação foramobtidos para produtividade comercial.Verificou-se reduções lineares na pro-dutividade dos espaçamentos entre li-nhas com o aumento do espaçamentoentre plantas (Figura 1). Desdobrando-se a interação em função doespaçamento entre linhas observou-semaior produtividade média (47,05 t ha-1)do espaçamento 0,10 m entrelinhascomparativamente ao espaçamento de0,15 m (41,11 t ha-1) nos diferentesespaçamentos entre plantas. A popula-ção de plantas ideal a ser empregada éaquela suficiente para atingir o índicede área foliar ótimo a fim de interceptaro máximo de radiação solar útil àfotossíntese e ao mesmo tempomaximizar a fração da matéria secaalocada às partes vegetativas e produti-vas (HAO; PAPADOPOULOS, 1999),diminuindo as pressões de competição

Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos

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interplantas. Os resultados obtidos con-firmam as observações de que as cebo-las respondem especialmente à variaçãono espaçamento entre plantas(FILGUEIRA, 1982; MELO et al.,1988). A produtividade da cebola tam-bém aumentou à medida que se diminuiuà distância entrelinhas, fato também re-latado por diversos autores em diferen-tes épocas (MANGUAL-CRESPO et al.,1979; LOPES, 1987; STOFFELLA,1996; BOFF et al., 1998).

Resultados similares foram obtidosno que se refere à produção de refugo(bulbos não comerciais), ou seja, veri-ficou-se uma redução linear gradativana produção de bulbos não comerciaisà medida que se aumentou o

espaçamento entre plantas (Figura 2).Desdobrando-se a interação em funçãodo espaçamento entre linhas observou-se que o espaçamento de 0,10 m entreli-nhas apresentou maior produção médiade refugos (2,52 t ha-1) comparativamenteao espaçamento de 0,15 m (1,40 t ha-1).Estes resultados mostram relação inver-sa entre o aumento ou redução doespaçamento entrelinhas e entre plantasna produtividade de bulbos de cebola. Embaixas populações se produz, geralmen-te, baixos rendimentos e alta porcenta-gem de bulbos médios e grandes. Emcultivos com densidades maiores que aótima, apesar de maior produtividadetem-se bulbos pequenos e desuniformesde menor qualidade comercial (refugos),

comparativamente ao cultivo em densi-dade adequada.

Notou-se para massa fresca do bul-bo efeito significativo da interação dosfatores. Foi verificado que a massa fres-ca do bulbo aumentou linearmente àmedida que se aumentaram osespaçamentos entre plantas. Este incre-mento foi da ordem de 34,9% e 55,91%,respectivamente, para os espaçamentosde 0,10 e 0,15 m entrelinhas (Figura 3).No que se refere aos espaçamentos en-trelinhas constatou-se bulbos com maio-res médias de massa fresca noespaçamento de 0,15 m (102,57 g bul-bo-1) comparativamente ao espaçamentode 0,10 m (85,88 g bulbo-1), dentro dosespaçamentos entre plantas. Salienta-seque a maior massa fresca do bulbo foiobtida tanto com o aumento doespaçamento entre plantas quanto como espaçamento entrelinhas, o que, estárelacionado à maior área de exploraçãodas raízes e menor competiçãointerplantas por água, luz e nutrientes.O incremento da densidade, reduzindoo diâmetro e a massa fresca do bulbo érelatada por Lopes (1987) e Lopes et al.(2004). A diminuição da massa frescado bulbo com o incremento da densida-de de plantio foi também observada poroutros autores (GALMARINI;GASPERA, 1995; STOFFELLA, 1996;LIPINSKI et al., 2002; KANTON et al.,2002). Segundo Souza e Resende(2002), o mercado consumidor nacio-nal prefere bulbos de tamanho médiocom pesos de 80 a 100 gramas e diâme-tro transversal de 40 a 80 mm, que seenquadram perfeitamente dentro dasfaixas de tamanho de bulbo obtidas nopresente estudo.

A classificação de bulbos de cebolafoi influenciada pela interação entre osfatores (Tabela 1). No que se refere àclassificação de bulbos classe 2, cons-tatou-se para os espaçamentos de 0,10e 0,15 m entrelinhas reduções linearesdeste tipo de bulbo com o aumento doespaçamento entre plantas, que são me-nores comparativamente às demais clas-ses. Com relação ao desdobramento dainteração no sentido do espaçamentoentrelinhas verificou-se que oespaçamento de 0,10 apresentou maiornúmero de bulbos médios nesta classedentro dos diferentes espaçamentos

Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina, EmbrapaSemi-Árido, 1999/2000.

Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas.Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

G. M. Resende e N. D. Costa

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(33,45%) quando comparado aoespaçamento de 0,15 m (23,12%).

Resultados inversos foram verifica-dos para a classe 3 (bulbos de tamanhointermediário), pois, ocorreram aumen-tos lineares com o incremento doespaçamentos entre plantas. Desdobran-do-se a interação, não se observou paraos maiores espaçamentos entre plantas(0,20 e 0,30 m) diferenças significati-vas dentro dos espaçamentos de 0,10 e0,15 m entrelinhas; fato este que só foiverificado quando da utilização do me-nor espaçamento entre plantas (0,10 m),que proporcionou maior percentagem debulbos desta classe no espaçamento de0,10 m entre linhas (54,43%) compara-tivamente a 0,15 m entrelinhas(49,20%).

Para a classe 4, composta de bulbosde maior tamanho, registrou-se efeitossemelhantes (Tabela 1) aos anterioresocorrendo aumentos lineares com o in-cremento do espaçamentos entre plan-tas. No entanto, desdobrando-se em fun-ção dos espaçamentos entrelinhas asmaiores percentagens médias de bulbosdesta classe foram obtidas noespaçamento de 0,15 m entrelinhas(24,14%) comparado ao espaçamento de0,10 m (10,82%). Estes resultados de-monstram o efeito da densidade de plan-tio como fator determinante na produ-ção de cebola ao mesmo tempo que cor-roboram com os obtidos por ViegasD’Abreu (1996), que obteve maior tama-nho de bulbo no maior espaçamento, as-sim como os obtidos por Stoffella (1996)que verificou maior porcentagem de bul-bos pequenos e médios nos menoresespaçamentos, e Rumpel e Felczynski(2000) que encontraram redução na pro-dução de bulbos maiores com o incre-mento da densidade de plantio.

As pressões exercidas pela popula-ção de plantas afetam de modo marcanteo desenvolvimento da cebola. Os resul-tados obtidos no presente trabalho evi-denciaram uma relação inversa entre adensidade de plantio e o tamanho dobulbo. De forma geral, altas densidadesproduzem maior número bulbos porárea, mas com menor massa fresca econsequentemente menor produtivida-de comercial; fato este atribuído princi-palmente às pressões de competiçãointerplantas. Quando a densidade de

plantas aumenta por unidade de área,atinge-se um ponto no qual as plantascompetem por fatores essenciais de cres-cimento, como nutrientes, luz e água.

A perda de peso aos 20; 40 e 60 diasapós cura (DAC) apresentou efeitos sig-nificativos apenas para o espaçamentoentre plantas, não se constatando efeitosignificativo para o espaçamento entre-linhas e nem para a interação dos fato-res. Para perda de peso aos 20 (Y =7,5386 + 12,8168**X; R2 = 0,99), 40(Y =17,7093 + 10,8710**X; R2 = 0,92)e 60 (Y = 16,0176+ 32,4786**X; R2 =0,99) dias após cura, verificou-se au-mentos lineares evidenciando maioresperdas de peso com o incremento dosespaçamentos. Pelos coeficientes angu-lares das equações de regressão, estima-se esta perda de massa em 1,28, 1,09 e3,25% para cada aumento doespaçamento entre plantas (0,10 m) para

20, 40 e 60 DAC. Inferiu-se por estesresultados, que a maior perda ocorreuem espaçamentos maiores, que determi-naram maior tamanho de bulbos, comconseqüente maior teor de água nos bul-bos. Calbo et al. (1980) observaram per-das de 30% a 100% em bulbos de cebo-la Baia Periforme armazenadas até 70dias, a granel e réstias em diferentes re-cipientes, assim como Resende et al.(2004) informam para a cultivar TexasGrano 502 PPR que o espaçamento de0,30 x 0,15 m foi o que promoveu maiorpercentagem de perda de peso de bul-bos (43,16%), sob as condições do Valedo São Francisco, armazenadas até 60dias após a cura.

Pelos resultados obtidos em funçãodas diferentes características avaliadas,recomenda-se os espaçamentos de 0,10x 0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plan-tas como os mais adequados para o cul-

Figura 3. Massa fresca do bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F.; 1classe 2: >35 até 50 mmde diâmetro; classe 3: >50 até 70 mm e classe 4: >70 ate 90 mm.

Tabela 1. Equações de regressão para classificação de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,em classes (%), segundo o diâmetro transversal nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhasem função dos espaçamentos 0,10; 020 e 0,30 m entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.

Classes¹ Equações de regressão

classe 2Y (0,10 m) = 49,9067 - 72,8530**X R² = 0,95

Y (0,15 m) = 59,9518 - 156,0420**X R² = 0,95

classe 3Y (0,10 m) = 41,2463 + 31,4903**X R² = 0,90

Y (0,15 m) = 32,0498 + 62,4829**X R² = 0,85

classe 4Y (0,10 m) = 5,8051 + 67,0393**X R² = 0,94

Y (0,15 m) = 11,4103 + 90,1114**X R² = 0,93

Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos

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G. M. Resende e N. D. Costa

tivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nascondições do Vale do São Francisco, paraplantio no segundo semestre do ano.

LITERATURA CITADA

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1015Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A produção do tomate, bem como deoutras hortaliças, não apresenta

abastecimento regular ao longo do anodevido à diminuição na oferta do pro-duto durante os períodos em que as con-dições climáticas são menos favoráveis,principalmente alta temperatura e umi-dade (AMBRÓSIO; NAGAI, 1991;MARTINS, 1991). Quando o tomateiroé exposto a temperaturas extremas, ocor-rem baixa produtividade e qualidade dosfrutos (MINAMI; HAAG, 1989; GOTO,1995; REGHIN, 1996). A umidade dosolo é outro fator limitante para sua pro-dução, pois a umidade relativa do ardepende em parte da evaporação da águado solo, a qual associada à presença deágua livre nos órgãos aéreos da planta,provoca o aparecimento de doenças,cujo controle fica muito mais difícil deser alcançado (GOTO, 1995).

Uma das alternativas para se supe-rar as limitações de origem ambiental éa produção sob cultivo protegido, pro-duzindo frutos de melhor qualidade. Ocultivo protegido permite total ou par-cial controle da velocidade do vento,umidade relativa, temperatura ambien-te, proteção contra chuvas pesadas(MARTINS, 2000); reduz o uso deagrotóxicos, além de fortalecer os con-ceitos de qualidade total,

EKLUND, C.R.B.; CAETANO, L.C.S.; SHIMOYA, A.; FERREIRA, J.M.; GOMES, J.M.R. Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido.Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1015-1017, out-dez 2005.

Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegidoCátia Regina B. Eklund1; Luiz Carlos S. Caetano2; Aldo Shimoya1; José Márcio Ferreira2; Jakeline M.R.Gomes2

1Bolsista FAPERJ/Pesagro-Rio; 2Pesagro-Rio/EEC, C. Postal 114331, 28080-000 Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected]

competitividade por melhores produtosno mercado, oferta programada e pro-dutos diferenciados (FONTES,1999).

O tomateiro apresenta pleno desen-volvimento nesta modalidade de culti-vo, com incrementos de produção quevariam de 17 a 77% ou até 5 a 8 vezessuperior àqueles obtidos em campoaberto (MARTINS et al., 1992).

Quando se associa genótipos comalto potencial produtivo e manejo decondições ambientais favoráveis obtêm-se elevados índices de produtividade,proporcionando aumentos de produçãode 25 a 40% devido à maturação preco-ce, melhor uniformidade, maior vigorinicial e desenvolvimento, melhor qua-lidade de frutos, resistência a doenças ecapacidade de adaptação mais ampla(MELLO et al., 1988).

O objetivo do experimento foi ava-liar o desempenho de sete genótipos detomate, conduzidos sob cultivo prote-gido na região de Campos dosGoytacazes, norte do Estado do Rio deJaneiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho constituiu-se de um ex-perimento conduzido em ambiente pro-tegido (casa-de-vegetação) na Estação

Experimental da Pesagro-Rio, em Cam-pos dos Goytacazes, RJ entre maio esetembro de 2001, em solo classificadocomo Cambissolo. O delineamento ex-perimental utilizado foi de blocoscasualizados com quatro repetições esete tratamentos representados por cin-co híbridos de tomate (Lycopersicumesculentum L.), Bonus, Cronos, Erika,Pegasus, Vitara e duas cultivares SantaClara e Santa Cruz. Os genótipos apre-sentam crescimento indeterminado, comexceções do Vitara e Pegasus e fruto tipocaqui, com exceções dos híbridosCronos e Érika, que são do tipo salada.

A semeadura foi feita em 20/04/2001em bandejas de isopor com 128 células,empregando-se como substrato oPlantmax e transplantadas em 14/05/2001, no espaçamento de 0,8 m entrefileiras e 0,5 m entre plantas, sendo cadaparcela experimental composta por umalinha de 6,0 m de comprimentototalizando 12 plantas, sendo oito plan-tas centrais utilizadas como úteis.

O solo onde foi conduzido o experi-mento apresentou as seguintes caracte-rísticas químicas e físicas: pH

(água) = 6,3;

S-SO4 = 105 mg/dm3; P = 231 mg/dm3;

K = 13,0 mmolc/dm3; Ca = 63,1 mmol

c/

dm3; Mg = 41,1 mmolc/dm3; Al = 0

mmolc/dm3; H+Al = 15,3 mmol

c/dm3;

RESUMOCom o objetivo de avaliar o desempenho dos genótipos de to-

mate cultivados sob cultivo protegido nas condições do NorteFluminense, foi conduzido um experimento na Estação Experimen-tal de Campos, Pesagro-Rio, de maio a setembro de 2001. O deli-neamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com setetratamentos (cinco cultivares híbridas: Bonus, Cronos, Erika,Pegasus, Vitara e duas cultivares de polinização aberta: Santa Clarae Santa Cruz), com quatro repetições. Vitara se destacou por apre-sentar frutos com maior número de lóculos (5,25), comprimento(53,67 mm), diâmetro (69,79 mm) e peso médio (147,35 g).

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, produtividade, qualidadede fruto, estufa.

ABSTRACTPerformance of tomato genotypes grown under protected

cultivation

The performance of seven tomato genotypes was evaluated underprotected cultivation in an experiment conducted in the NorthFluminense region, Rio de Janeiro State, Brazil, from May toSeptember 2001. The experimental design was a randomizedcomplete block with seven treatments (five hybrids: Bonus, Cronos,Erika, Pegasus, Vitara and two cultivars: Santa Clara and Santa Cruz),with four replications. Vitara hybrid produced fruits with highestnumber of locules (5,25), length (53,67), diameter (69,75 mm) andaverage weight (147,35 g).

Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fruit quality, greenhouse.

(Recebido para publicação em 8 de setembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

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1016 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Na = 1,5 mmolc/dm3; C = 32,9 g/dm3;

MO = 56,7 g/dm3; CTC = 134,0 mmolc/

dm3; SB = 118,7 mmolc/dm3; V = 89 %;

Saturação Al = 0%; Saturação de Na =1%; Fe = 270,0 mg/dm3; Cu = 2,8 mg/dm3; Zn = 19,4 mg/dm3; Mn = 49,0 mg/dm3; B = 0,54 mg/dm3; Areia = 56%;Argila = 16%; e Silte = 28%. A aduba-ção de plantio foi realizada com 15 t/hade esterco de curral curtido, 200 kg/hade K

2O, 500 kg/ha de P

2O

5. Em cober-

tura aplicaram-se 679 kg/ha de uréia,parcelada em cinco vezes, de 20 em 20dias a partir de 28/05/2001, via água deirrigação por gotejamento. Otutoramento foi feito com fitilho amar-rado no colo das plantas, enrolado aoredor das mesmas e a outra extremida-de da fita amarrada ao arame dispostona horizontal a 1,80 m de altura. As plan-tas foram conduzidas com uma hasteprincipal, eliminando-se todas asbrotações laterais. Estas sofreram podaapical após a emissão do oitavo cacho.

Os parâmetros de produção avalia-dos a partir da primeira colheita, que seiniciou dois meses após o transplantio,foram: comprimento do fruto (mm), diâ-metro do fruto (mm), relação compri-mento/diâmetro do fruto, produção to-tal de frutos (t/ha), número total de fru-tos por hectare, número de frutos comer-ciais por hectare, peso médio de frutos(g), produção de frutos comerciais (t/ha), espessura da polpa (mm) e númerode lóculos. Para espessura e número delóculos foram amostradas ao acaso, cin-co frutos por parcela, onde estes foramseccionados na parte mediana para ava-liações. Para comprimento (C), diâme-tro (D) e relação comprimento/diâme-

tro do fruto (C/D), retirou-se ao acaso10 frutos por parcela, medindo-se comum paquímetro o comprimento e o diâ-metro destes frutos (mm). Pela relaçãocomprimento/diâmetro avaliou-se o for-mato dos frutos produzidos: C/D<1; C/D=1 e C/D>1 correspondendo, respec-tivamente, às formas achatada, redondae oblonga (ARAÚJO,1997).

Os dados coletados foram submeti-dos à analise de variância e as médiascomparadas pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentadas as 10características do tomate avaliadas no pre-sente trabalho. Com exceção da espessu-ra da polpa, produção total de frutos e pro-dução de frutos comerciais, os genótiposde tomate apresentaram diferenças signi-ficativas para as outras características es-tudadas. Para a relação comprimento/diâ-metro do fruto (RCD), apenas os genótiposBonus e Santa Cruz apresentaram médiassuperiores a 1, indicando formato oblon-go. Para os demais genótipos, os frutosforam de formato achatado (C/D<1). Ohíbrido Vitara se destacou por apresentaros maiores valores para as médias das se-guintes características: número de lóculos(NDL), comprimento do fruto (CFR), diâ-metro do fruto (DFR) e peso médio de fru-tos comerciais (PFC), contudo, foi ogenótipo que apresentou o menor núme-ro total de frutos produzidos (NTF) e nú-mero de frutos comerciais (NFC) comcerca de 50% de frutos não comerciais.

Embora os genótipos não tenhamapresentado diferenças significativas paraprodutividade total de frutos e produtivi-

dade de frutos comerciais, deve-se desta-car os genótipos Pegasus e Bonus porapresentarem médias superiores a 56,9 t/ha (produtividade total de frutos) e 42,8 t/ha (produtividade de frutos comerciais).O genótipo Bonus apresentou a menormédia de peso médio de frutos comerciais,podendo este resultado ser atribuído aoalto número de frutos produzidos. Emcomplemento, o mesmo híbrido apresen-tou elevada produção de frutos comerciaise, conseqüentemente, menor número defrutos não comerciais. Já o genótipoPegasus, em relação ao Bonus, apresen-tou uma capacidade inferior de produzirunidades de frutos totais e comerciais, en-tretanto, esta foi compensada pela alta pro-dução total de frutos (PTF).

Comparando-se os resultados de pro-dutividade com os níveis de produtivida-de (90 a 150 t/ha) de frutos utilizando asnovas cultivares híbridas de crescimentoindeterminado, em cultura tutorada e aci-ma de 150 t/ha em estufa, relatadas porFilgueira (2000), deduz-se que as produ-tividades dos genótipos no presente tra-balho foram baixas. Isso se atribui à defi-ciência de irrigação causada por proble-mas mecânicos, que impediu a manifes-tação do potencial produtivo, principal-mente dos híbridos. Os resultados são,entretanto, um importante indicativo parao cultivo protegido do tomateiro na regiãoonde foi conduzido o experimento

LITERATURA CITADA

AMBRÓSIO, L.A.; NAGAI, H. Sazonalização dospreços das classes de tomate, no atacado, em São Pau-lo, nos períodos de 1983/1986 e 1987/1990. In CON-GRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 31,1991, Belo Horizonte. Anais... SOB. Horticultura Bra-sileira, v.9, n.1, p.30, 1991.

C. R. B. Eklund et al.

¹Médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Médias das características número de lóculos (NDL), espessura da polpa (EDP), comprimento dos frutos (CFR), diâmetro dofrutos (DFR), relação comprimento/diâmetro de fruto (RCD), produção total de frutos (PTF), número total de frutos por ha (NTF), númerode frutos comerciais por ha (NFC), peso médio de frutos comerciais (PFC) e produção de frutos comerciais (PCO) obtidas de dados de setegenótipos de tomate. Campos dos Goytacazes, PESAGRO, 2001.

Genótipo NDL EDP (mm) CFR (mm) DFR (mm) RCD PTF (t/ha) NTF NFC PFC (g) PCO (t/ha)

Bonus 2,25c 0,625a 51,43ab 51,04f 1,01a 56,98a 843750,a 574219,a 74,57c 42,81 a

Cronos 4,00ab 0,575a 44,44c 57,69cd 0,77c 45,79a 543750,c 371094,bc 86,83c 32,24 a

Erika 3,25bc 0,625a 48,69bc 63,45b 0,76c 58,12a 559375,bc 339844,bc 111,32 b 38,14 a

Pegasus 3,25bc 0,650a 45,77c 59,06c 0,77c 68,58a 775781,ab 487500,ab 92,53 bc 45,16 a

Sta Clara 2,25c 0,675a 50,63ab 54,9de 0,92b 54,63a 709375,abc 420313,ab 87,46 c 36,63 a

Sta Cruz 2,50c 0,625a 54,42 a 53,23ef 1,02a 54,88a 772656,ab 439844,ab 84,48 c 35,77 a

Vitara 5,25a 0,600a 53,67a 69,79a 0,76c 65,55a 497656,c 247656,c 147,35 a 36,81 a

C.V. (%) 19,5 10,7 3,9 2,7 2,0 18,7 14,5 17,9 10,4 20,4

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1017Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido

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1018 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A produção anual brasileira de toma-te representa 3% de toda a produ-

ção mundial, colocando o país em nonolugar em toneladas produzidas (FNPCONSULTORIA & COMÉRCIO,2001). Em 2001, de acordo com a Com-panhia de Entrepostos e Armazéns Ge-rais de São Paulo (CEAGESP), o volu-me comercializado de tomate para con-sumo foi de 152 mil t, com preço médiode US$ 0,28/kg (FNP CONSULTORIA& COMÉRCIO, 2001). Após a colheita,o tomate apresenta-se como um fruto al-tamente perecível. O fruto maduro pos-sui vida média de prateleira de uma se-mana, com perdas variando entre 25 e50%, enquanto o fruto parcialmente ma-duro apresenta vida útil de até duas se-manas, com 20 a 40% de perdas pós-co-lheita (BARRET REINA, 1990). Mukaie Kimura (1986) também observaram emestudo que as perdas em tomate varia-

FERREIRA, M.D.; FRANCO, A.T.O.; TAVARES, M. Técnicas de colheita para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1018-1021,out-dez 2005.

Técnicas de colheita para tomate de mesa1

Marcos David Ferreira2; André T.O. Franco3; Marcelo Tavares4

2/UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, C. Postal 6011, 13083-875 Campinas-SP; E-mail: [email protected]; 3/UNICAMP, Fac.Eng. Alimentos, C. Postal 6121, 13081-970 Campinas-SP; 4/UFU, Fac. Matemática, Bairro Sta. Mônica, 38408-100 Uberlândia-MG

ram de 0 a 50% dependendo do tipo devarejo e da época do ano. As perdas sãomaiores na época chuvosa. Por sua vez,Tsunechiro et al., (1994) relatam que nomercado varejista em São Paulo as per-das variaram de 14% em 1976 para11,8% em 1991. Lana et al. (1999) rela-tam que as perdas de tomates ocorridasem uma rede de supermercados variamde 5 a 25%. A grande maioria deve-se aperdas por dano mecânico (55,6%) e tam-bém por dano fisiológico (4,6%).

As perdas pós-colheita em frutas ehortaliças são causadas principalmentepor injúrias mecânicas, como, manuseioe transportes inadequados,armazenamento impróprio, e grandetempo de exposição no varejo(CEAGESP, 2002). Injúria mecânicapode ser causada por mais de um tipode força: impacto, compressão e vibra-ção (BRUSEWITZ et al., 1991;

VERGANO et al., 1991). Os impactosocorrem na queda do fruto (GARCIA etal., 1988). A compressão ocorre no con-tato entre frutos, por exemplo, embala-gens lotadas de frutos (BANKS et al.,1991) ou também durante a colheita,devido à pressão dos dedos. A vibraçãodecorre de repetitivos impactos em bai-xa freqüência entre frutos (MANESS etal., 1992), ocorrendo geralmente duranteo transporte, causando alta porcentagemde perdas (JONES et al., 1991). Horta-liças e frutas reagem diferentemente aosdanos físicos (DELWICHE et al., 1989).Sommer et al., (1960) relatam que perassão muito mais sensíveis ao impacto doque às vibrações. Outros frutos comomorangos e maçãs, são mais sensíveis àcompressão (HOLT; SCHOORL, 1976;HOLT; SCHOORL, 1982).

Danos fisiológicos e patológicos sedão principalmente, na fase de produ-

1 Parte do projeto de pesquisa UNIMAC (Unidade Mecânica de Auxílio à Colheita) financiado pela FAPESP.

RESUMOComparou-se a qualidade de frutos provenientes de colheita uti-

lizando cestas de bambu e sacolas de lona plástica em campos deprodução na região de Mogi-Guaçu, SP. Utilizou-se como testemu-nha frutos não submetidos ao manuseio. O delineamento utilizadofoi inteiramente casualizado em esquema fatorial (sistemas de co-lheita x dias após a colheita) com três repetições. Foram observadoso tempo de colheita, incidência de danos físicos (%) originados nocampo e/ou no processo de colheita, perda de masa (%) durante oarmazenamento, e a qualidade visual após armazenamento por 21dias a temperatura ambiente (23oC). O tempo necessário para reali-zar a colheita no mesmo número de plantas utilizando-se cesta debambu foi superior em 20%, em relação à sacola plástica. A incidên-cia de danos físicos (%) e perda de massa (%), apesar de maioresnos frutos colhidos com sacola, não foram significativamente dife-rentes dos colhidos com cestas de bambus. Observou-se maior per-da de massa (%) durante o armazenamento nos frutos colhidos utili-zando-se sacolas de lonas plásticas. Após armazenamento por 21dias, frutos colhidos com sacola plástica apresentavam maiores per-das do que aqueles colhidos utilizando-se cestas de bambu, princi-palmente devido a danos físicos e podridões.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, cestas de bambu, saco-las plásticas, danos físicos, qualidade dos frutos.

ABSTRACTHarvesting methods for fresh market tomatoes

Quality of tomato fruits harvested using traditional bamboobaskets was compared to fruits harvested using harvest bags in theMogi Guaçu region, São Paulo State, Brazil. Fruits not submitted tohandling were used as control. The trial was totally randomized(harvest system x days after harvest) in a factorial design. Theobserved data were time spent for each harvest operation, mechanicalinjury (%) caused either in the field or/and in the process ofharvesting, weight loss (%) during storage and final quality of fruitsafter storage for 21 days at room temperature (23°C). The timenecessary for the harvest with bamboo baskets was 20% higher thanusing plastic bags. The results showed that weight loss (%) and injuryincidence (%) using harvesting bags were higher than the harvestusing bamboo baskets. Weight loss (%) was higher in fruits harvestedwith plastic bags during storage. After storage during 21 days,tomatoes harvested using plastic bag showed higher losses than fruitspicked using bamboo baskets due to mainly mechanical injury anddiseases.

Keywords: Lycopersicon esculentum, bamboo basket, harvestingbags, mechanical injury, fruit quality.

(Recebido para publicação em 25 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)

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1019Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

ção, transporte e armazenamento. Asinjúrias causadas por impactos, com-pressões, vibrações, cortes e rachadurasestão relacionadas com alterações fisi-ológicas, metabólicas, de aroma, sabore qualidade em diferentes produtoshortícolas, tais como, maçãs, pepinos,batatas e tomates (MORETTI;SARGENT, 2000). A grande incidênciade danos físicos em tomate acontecedurante a colheita, aumentando duranteo transporte e beneficiamento(FERREIRA et al., 2003).

Silva e Calbo (1991) avaliaram acolheita de tomate empregando diver-sos acessórios e concluíram que a saco-la de colheita usada em outros países(Estados Unidos e Canadá) possibilitoumaior rendimento e menores danos aosfrutos, com menor impacto. No entan-to, no Brasil, a colheita de tomates paraconsumo in natura é realizada utilizan-do-se cestas de bambu e transferindo osfrutos para caixas plásticas. Alguns pro-dutores, em busca de uma maior rapi-dez para o processo de colheita utilizamsacolas de colheita confeccionadas comlona plástica originalmente usada paralaranja, podendo ser uma alternativapara colheita do tomate. Porém, o efei-to desta modificação no processo naqualidade final dos frutos de tomate nasnossas condições de cultivo ainda é des-conhecido.

O objetivo deste trabalho foi avaliartécnicas de colheita utilizando-se cestade bambu e sacola de lona plástica, naqualidade de tomate cv. Débora.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados frutos de tomate,cultivar Débora (Sakata seeds) colhidosem propriedade rural, situada no muni-cípio de Estiva Gerbi (SP), coordena-das geográficas 46o 53’

W e 22o 19’ S,

com temperatura média anual de 19,6oCe precipitação anual de 1565 mm.

O cultivo foi em Latossolo Verme-lho Amarelo em sistema tradicional deplantio, conduzida em estaca de bam-bu, com o uso de irrigação por sulcos,utilizando-se espaçamento entre linhasde 1,00 m e entre plantas de 0,50 m.Frutos foram colhidos primeiramenteem cesta de bambu, com dimensões ex-ternas de 40 cm de comprimento, 25 cm

de altura e 20 cm de largura e após seuenchimento foram transferidos para cai-xa plástica com dimensões de 55 cm decomprimento, 30 cm de altura e 35 cmde largura, posicionada no carreador prin-cipal de plantio. Em outra situação, acolheita foi realizada utilizando-se saco-las de lona plástica (utilizadas para co-lheita de laranja), com dimensões exter-nas de 65 cm de comprimento e 55 cmde largura. Em seguida, os frutos foramtransferidos para caixas plásticas, seme-lhante às do sistema de colheita em ces-tas de bambu. O tempo gasto para co-lheita foi mensurado nas duas situaçõesutilizando-se cronômetros de precisão.

Em cada caixa nos dois sistemasmencionados foi retirada amostra de 40frutos no estádio salada (CEAGESP,2000). A testemunha correspondia a fru-tos (40) retirados diretamente da plan-ta, sem passar pelo manuseio descritoanteriormente. Foram retiradas amostrasde 3 caixas, sendo cada caixa uma repe-tição em um total de 120 frutos por tra-tamento. Estes frutos foram transporta-dos cuidadosamente em embalagens depapelão, envoltos individualmente emespuma para o laboratório daUNICAMP e armazenados à tempera-tura ambiente (23oC) por 21 dias.

Foram avaliados os danos físicos(%) baseando-se nas Normas e Padrõesde Classificação (CEAGESP, 2000)identificando os em duas categorias:antes e durante a colheita. As injúriasmecânicas anteriores à colheita foramcaracterizadas como: derivadas deabrasão com as estacas de bambu e fiosde amarrio, ataque de insetos e distúr-bios fisiológicos e nutricionais; as injú-rias mecânicas causadas na colheita fo-ram identificadas como: derivadas decompressão do fruto contra a cesta decolheita e/ou caixa plástica, impacto dofruto quando em queda na caixa plásti-ca e/ou cesta de colheita, marcas deunhas ou dedos e compressão dopedúnculo do fruto contra superfícieexterna de outro fruto. O diâmetro trans-versal do fruto foi mensurado utilizando-se paquímetro digital. Para mensuração daárea externa referente ao dano físico, es-tas foram delimitadas utilizando-se cane-ta marcador para retroprojetor de cor pre-

ta. Após a delimitação das áreas refe-rentes a danos físicos, as marcações fo-ram transferidas para papel de seda e in-dividualizadas por fruto. Para mensurarestas áreas utilizou um planímetro(KEUFFEL & ESSER Co). As áreasmensuradas foram comparadas à super-fície total do fruto, considerando este comuma esfera (MOHSENIN, 1986) e utili-zando-se a seguinte fórmula: Área Ex-terna do fruto = 4 x 3,1415 x R2 (R=raio)sendo o resultado expresso em porcenta-gem. Utilizou-se a mesma metodologiaem duas categorias (antes e durante acolheita) em todos os tratamentos. A per-da de massa (%) foi avaliada a cada qua-tro dias utilizando a relação entre a dife-rença da massa inicial e final.

Após 21 dias de armazenamento, osfrutos foram avaliados quanto à aparên-cia encontrada, baseando-se em umaescala de 0-5, considerando (0) frutoapropriado para consumo; (1) descartepor dano físico externo superficial; (2)descarte por dano físico externo grave;(3) descarte por dano físico e podridãoassociada (4) descarte por podridão; (5)descarte por perda de água (seco) ou porqueima do sol. Considerou-se frutosapropriados para consumo aqueles quenão apresentavam nenhum dano exter-no e/ou podridões ou danos físicos ex-ternos leves inferiores a 10%. Tomatesforam descartados devido a danos físi-cos externos leves e graves, quando aincidência foi superior a 10%, sendo quea presença de injúrias graves era fatorde exclusão principal. Considerou-sepodridões causadas por fungos e/ou bac-térias em qualquer nível. Tomates secose/ou queimados de sol, eram aqueles quedemonstravam queimaduras e/ou perdade água excessiva.

O delineamento utilizado foi inteira-mente casualizado em esquema fatorial(sistemas de colheitas x dias após a colhei-ta). O teste estatístico realizado para ava-liação da qualidade após armazenamentofoi o da diferença de proporções (BUSSAB;MORETTIN, 2002), em nível de 5% deprobabilidade. Os resultados médios obti-dos para danos físicos foram comparadaspelo teste Tukey ao nível de 5% de proba-bilidade e para perda de massa foram reali-zadas análises de regressão no desdobra-mento da interação dentro de cada sistemade colheita.

Técnicas de colheita para tomate de mesa

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1020 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tempo necessário para realizar acolheita no mesmo número de plantasutilizando-se cesta de bambu foi de

20’13", superior em 20%, em relação asacola plástica (15’51"). Porém, estemenor tempo de colheita não interferiupositivamente na qualidade final do fru-to. Silva e Calbo (1991) em avaliaçãode diferentes métodos de colheita para

tomate de mesa, também encontrarammaior rendimento com o uso da sacolade colheita, todavia com menores da-nos físicos aos frutos.

Observou-se maior incidência dedanos físicos, ainda que não significati-vo, em tomates colhidos com sacola delona plástica (3,99%), quando compa-rados àqueles colhidos com cestas debambu (3,55%) (Tabela 1). Os tomatescolhidos sem esse manuseio (testemu-nha) apresentaram 1,27% de danos físi-cos. Esses frutos apresentavam danosfísicos relacionados ao ataque de inse-tos, e estacas de bambu, demonstrandoque as perdas já iniciam no campo eaumentam na etapa de colheita, comotambém foi observado por Sanches(2002) em bananas. Hung e Prussia(1989) também relatam que a incidên-cia de danos físicos está relacionada aotipo e intensidade do manuseio utiliza-do.

De acordo com Schoorl e Holt,(1982), os danos físicos causados porimpacto e compressão são os que maisinfluenciam na qualidade dos frutos detomate. Na colheita de tomates, o pontocrítico para incidência em danos físicosocorreu principalmente quando do im-pacto do fruto em queda na caixa plás-tica e/ou cesta de colheita e a compres-são do fruto contra a superfície externada cesta ou sacola plástica. Altura e ve-locidade de queda, enchimento das cai-xas, cestas e sacolas plásticas, são fato-res que ocasionaram danos aos frutos.Treinamento de funcionários e utiliza-ção de equipamento adequado podemmodificar a situação encontrada.

Observa-se perda de massa (Figura1) crescente durante o armazenamento,porém significativamente maior em to-mates colhidos com sacola e cesta debambu em relação à testemunha.

A qualidade dos frutos no final de21 dias de armazenamento foi compro-metida principalmente em frutos colhi-dos com sacola (82,5% de descarte)quando comparada com colheita utili-zando cesta de bambu (71,66%), pro-vavelmente devido a maiores danos fí-sicos associados a podridões. A teste-munha apresentou 37,5% de frutos des-cartados após armazenamento. Os da-nos físicos graves provenientes da eta-pa de colheita foram as principais cau-

M. D. Ferreira et al.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a5% de probabilidade

Tabela 1. Avaliação para danos físicos (%) em frutos de tomate cultivar ‘Débora’, em dife-rentes técnicas de colheita (cesta e sacola plástica) comparadas a testemunha. Campinas,UNICAMP, 2003.

Técnica de colheita Dano físico (%)

Testemunha 1,27 b

Cesta 3,55*a

Sacola 3,99 a

Tabela 2. Avaliação de descarte de frutos após 21 dias de armazenamento, baseado emescala 0-5, considerando (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físicoexterno superficial; (2) descarte por dano físico externo grave (3) descarte por dano físico epodridão associadas (4) descarte por podridão; (5) descarte por perda de água (seco) ou porqueima do sol. Campinas, UNICAMP, 2003.

Técnica de

colheita

Escala de notas (%) Total

descarte (%)0 1 2 3 4 5

Testemunha 62,50 0 5,00 7,50 20,00 5,00 37,50

Cesta 28,34 5 42,50 3,33 15,00 5,83 71,66

Sacola 17,50 5 40,00 8,33 26,67 2,50 82,50

Test. x Cest. s* s s. n.s. n.s. n.s. s

Test. x Sac. s s s n.s. n.s n.s. s

Cesta x Sac. s n.s n.s. n.s. s n.s. n.s

Figura 1. Modelos ajustados para a perda de massa, em porcentagem, (y) em função dosperíodos de armazenamento, em dias, (x) dentro de cada sistema de colheita. Campinas,UNICAMP, 2003.

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1021Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

sas de descarte, principalmente para fru-tos colhidos com cesta (42,5%) e saco-la (40%) (Tabela 2).

Silva e Calbo (1991) relataram quefrutos colhidos com sacola plástica apre-sentaram menores danos quando com-parados a outros métodos, como porexemplo, a colheita com a utilização decestas. Uma razão para isto deve-se aouso de sacolas de colheita com estrutu-ra de sustentação, o que proporcionamenor força de compressão, pois maio-res forças de compressão causam maio-res perdas (BANKS et al., 1991). A co-lheita utilizando-se sacolas plásticas foirealizada em menor tempo, todavia commaiores perdas e redução na qualidadefinal do produto. A colheita utilizando-se sacolas plásticas sem sustentação nãose mostrou adequada, influenciandonegativamente na qualidade final dosfrutos após o armazenamento. Essasmaiores perdas podem estar relaciona-das a uma maior força de compressãoentre os frutos. Observa-se que méto-dos alternativos de colheita devem serestudados visto que neste experimentocausaram grande redução na qualidadefinal do produto, além disso, deve ha-ver maior preocupação com os frutosantes da colheita, o que também é res-ponsável por elevadas perdas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP eao proprietário e funcionários da empre-sa MALLMANN, Mogi-Guaçu (SP).

LITERATURA CITADA

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Técnicas de colheita para tomate de mesa

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economia e extensão rural

O rizoma de gengibre é amplamentecomercializado em função de seu

emprego na medicina popular (excitan-te, estomacal e carminativo), na alimen-tação, industrial, especialmente comomatéria-prima para fabricação de bebi-das, perfumes e produtos de confeitariacomo pães, bolos, biscoitos e geléias(CORRÊA JUNIOR et al., 1994; TRO-PICAL, 2000; INFORMAÇÕES,2002). Várias propriedades do gengibreforam comprovadas em experimentoscientíficos, citando-se as atividades anti-inflamatória, antiemética e antinausea,antimutagênica, antiúlcera,hipoglicêmica, antibacteriana, entre ou-tras (YOSHIKAWA et al., 1994;ONTENGCO et al., 1995;LONIEWSKI et al., 1998; WHO, 1999;UTPALENDU et al., 1999).

Incluído no grupo “especiarias”, ogengibre representa atualmente o 3º lu-gar das plantas medicinais, aromáticase condimentares mais produzidas noParaná (PARANÁ, 2003). Apesar destaimportância econômica no contexto re-gional, há carência de informações sis-tematizadas sobre esta cadeia produti-

NEGRELLE, R.R.B.; ELPO, E.R.S.; RÜCKER, N.G.A. Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná. Horticultura Brasileira, Brasília,v.23, n.4, p.1022-1028, out-dez 2005.

Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná1

Raquel R.B. Negrelle2; Eliane R.S. Elpo3; Neusa G.A. Rücker 4

2UFPR, C. Postal 19023, 81531-970 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 3UFPR, R. Padre Camargo, 280, 7º andar, Alto da Glória,80060-240 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 4Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, R. dos Funcioná-rios, 1559, Cabral, 80035-050 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]

va, em especial, no que se refere ao sis-tema operacional de comercialização,que de acordo com as queixas dos pro-dutores, tem causado prejuízos aoagronegócio gengibre.

As rápidas mudanças que estão ocor-rendo em todos os setores da socieda-de, em especial nos âmbitos político,econômico e tecnológico, impõem cres-cente complexidade ao processo de pla-nejamento das organizações que atuamno agronegócio. Por outro lado, a aber-tura econômica e o acesso à informaçãoe a produtos de todas as partes do mun-do tornam o consumidor mais exigente.O estabelecimento de estratégias queatendam aos interesses dos consumido-res requer que os (demais) agentes dascadeias produtivas apresentem eficiên-cia, qualidade e que se coordenem en-tre si para garantir, também, menor pre-ço, uma vez que a competitividade dosprodutos de origem agropecuária estásendo definida pelas instâncias “fora daporteira”. O estudo das cadeias produ-tivas procura levantar os pontos críticos,atuais e potenciais, que impedem o al-cance desses objetivos, assim como

identificar oportunidades e nichos demercado para os produtos da cadeia(IAPAR, 2003).

Realizou-se o estudo prospectivo dacadeia produtiva do gengibre no estadodo Paraná, aqui apresentado e que en-globa: a) Panorama do volume de pro-dução agrícola mundial, brasileira eparanaense de gengibre; b) Caracteriza-ção da comunidade produtora agrícolado litoral paranaense de gengibre; c)Identificação e caracterização de outrosníveis da cadeia produtiva do gengibredo litoral paranaense; Detecção dosprincipais pontos de estrangulamentonos diferentes níveis da cadeia produti-va no litoral do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se pesquisa exploratório-descritiva baseada em levantamento bi-bliográfico e documental, além de visi-tas técnicas e entrevistas abertas (2000a 2002). Neste processo, várias institui-ções foram contatadas, citando-se espe-cialmente a Secretaria de Agricultura eAbastecimento do Estado do Paraná

1Parte da tese de Doutorado em Agronomia, Produção Vegetal PELA UFPR do segundo autor.

RESUMOApresentam-se resultados de estudo prospectivo da cadeia pro-

dutiva do gengibre no estado do Paraná (Brasil), englobando pano-rama mundial, brasileiro e paranaense de produção e comercialização;caracterização da comunidade produtora agrícola paranaense; iden-tificação, caracterização e detecção dos principais pontos de estran-gulamento de outros níveis da cadeia produtiva.

Palavras-chave: Zingiber officinale Roscoe, cadeia de produção,comercialização.

ABSTRACTProspective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná

State, Brazil

A prospective analysis of the ginger trade chain in Paraná State(Brazil) is presented, including an overview of the production andcommercialization at both international and national levels as wellas the characterization of the agricultural community and of the otherslevels of the trade chain in Paraná State, and the main strangulationpoints at these levels.

Keywords: Zingiber officinale Roscoe, production chain, marketing.

(Recebido para publicação em 5 de outubro de 2004 e aceito em 2 de setembro de 2005)

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1023Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

(SEAB/PR), que disponibilizou infor-mações estatísticas referentes aos mu-nicípios produtores, área, produção evalor bruto da produção; a EmpresaParanaense de Assistência Técnica eExtensão Rural (EMATER/PR) e o Ins-tituto Agronômico do Paraná (IAPAR/PR), onde se obteve informações com-plementares relativas aos diversos seg-mentos e agentes econômicos que com-põem esta cadeia produtiva. O universode técnicos entrevistados nestas institui-ções correspondeu a 10 pessoas, repre-sentando 6 Núcleos Regionais daSEAB/PR e englobando 32 municípiosparanaenses.

Adicionalmente, foram efetuadasvisitas técnicas e entrevistas abertas a 9produtores de Morretes, principal regiãoprodutora de gengibre no Paraná. Estesprodutores foram selecionados aleato-riamente a partir de cadastro junto àEMATER, buscando-se representantesde cada uma das três classes de proprie-dades (pequenas, médias e grandes)agrícolas, segundo critérios desse cadas-tro. Neste processo, buscou-se identifi-car junto aos produtores, o fluxo decomercialização do produto agrícolagengibre in natura.

Paralelamente, procedeu-se entre-vistas com 3 representantes de peque-nas indústrias familiares em Morretes,aleatoriamente selecionados dentre os34 registrados em cadastro existente naEMATER.

Foram também entrevistados 3 re-presentantes do setor gerencial dacomercialização de produtos in naturana região metropolitana de Curitiba, vin-culados à Central de Abastecimento doParaná (CEASA-PR). Neste mesmo lo-cal, foram entrevistados locatários deboxes de comercialização de produtosin natura (n=3) e produtores quecomercializam seus produtos no pátio(“pedras”) (n= 3).

De forma complementar, procedeu-se entrevistas com representantes de dis-tintos setores referendados pela CEASA(2002), como receptores do produto porela comercializado em Curitiba, a saber:supermercados (n= 4), feiras-livres (n=2) e Mercado Municipal (n= 2).

O setor supermercadista foi repre-sentado pelos seguintes estabelecimen-tos: Carrefour (n= 1), Companhia Bra-

sileira de Distribuição (CBD) (n= 1) eSonae Distribuição Brasil (n=2). A se-leção destes foi efetuada com base nosdados da Associação Brasileira de Su-permercados (ABRAS) (2000), dadosque representam as três maiores empre-sas deste setor, por faturamento brutoem nível nacional.

Todas as principais feiras-livres, pro-movidas semanalmente em Curitiba,foram visitadas, identificando-se e se-lecionando-se as bancas que procediamas vendas de gengibre in natura, paraavaliação no contexto desta pesquisa(n=2). Igualmente, todas as bancasinseridas no Mercado Municipal quecomercializavam o gengibre in naturaforam também identificadas e avaliadas(n=2).

As informações estatísticas referen-te ao comportamento do comércio ex-terior do gengibre, disponibilizadas emBrasil (2004), foram consideradas comoparâmetros comprobatórios dos indica-dores, US$ FOB e Peso Líquido (kg) naanálise da exportação e importação bra-sileira da mercadoria gengibre.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cenário mundialO gengibre tem sido utilizado no orien-

te há mais de 2.000 anos, havendo refe-rências de que nos séculos XII a XIV eratão popular na Europa quanto a pimenta-do-reino. Antes do descobrimento daAmérica já era largamente utilizado pelosárabes, como expectorante e afrodisíaco,sendo difundido por toda a Ásia tropical,da China à Índia. Foi introduzido na Amé-rica logo após o descobrimento, sendo queos primeiros relatos comentam que inicial-mente foi cultivado no México, sendo emseguida levado às Antilhas, principalmenteà Jamaica, a qual em 1.547, chegou a ex-portar cerca de 1.100 t para a Europa(LISSA, 1996).

De acordo com a FAO, citada nosestudos de Herbs e Spices (2003), oprognóstico do agronegócio gengibre épromissor, em função do aumento daárea, produção e produtividade nos prin-cipais países produtores. Neste contex-to está incluso o Brasil, sem contudo tersido nominada a sua participação nasinformações estatísticasdisponibilizadas.

Com referência aos indicadores eco-nômicos, a área mundial ocupada comgengibre apresentou variação de 3,7%entre 1999 e 2001, passando de 310.100ha para 321.732 ha. Já o volume ofertadonesse período mostrou variação positi-va maior que a da área (7,7%), commédia de 800.775 t. A Nigéria destaca-se em nível mundial pela extensão daárea cultivada com gengibre, embora emtermos de volume produzido seja supe-rada pela Índia e China. O aumento deárea ocorrido entre 1999 e 2001 deveu-se, principalmente, à alta demanda do-méstica como dos mercados internacio-nais (HERBS; SPICES, 2003).

O comércio internacional dosrizomas de gengibre é feito sob 3 for-mas básicas: gengibre in natura, emconserva ou cristalizado e seco. Dorizoma imaturo, tenro e menos pungen-te, colhido em torno de 6 meses, é pre-parada a conserva (em salmoura ou xa-rope de açúcar) ou o gengibre cristali-zado. O gengibre seco é preparado apartir do rizoma colhido após comple-tado o seu estágio de maturação. Estegengibre seco é comercializado em pe-ças íntegras, laminado ou ainda em pó.Esta última forma é utilizada em menorvolume dado que o processo de moa-gem é geralmente realizado no país im-portador (TAVEIRA MAGALHÃES etal., 1997). Registra-se também acomercialização de produtos derivadosdo gengibre, como o óleo essencial eoleoresina. O óleo essencial é produzi-do, principalmente, na Índia e na Chinae, em menor escala, na Austrália,Jamaica e Indonésia(INTERNATIONAL TRADECENTRE, 1986; PURSEGLOVE et al.,1981).

O valor mundial do comércio degengibre chega a cerca de US$ 185 mi-lhões, excluindo-se o óleo e a oleoresina.Apesar de maior produtor, a participa-ção da Índia neste mercado mundial épequena, correspondendo a apenas 6%.A China, por sua vez, tem liderado estemercado. Entretanto, no que tange aocomércio de oleoresina e óleo, aproxi-madamente 50% é proveniente da Ín-dia. Os preços do gengibre no mercadomundial variam grandemente de acor-do à sua origem e limpeza. O preço deimportação do gengibre seco geralmente

Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

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está entre US$ 700 e US$ 1350/t. O gen-gibre jamaicano tem um nicho particu-lar, sendo vendido no mercado europeua preços que variam entre US$ 5000 eUS$ 6000/t. O preço do óleo varia deacordo com sua concentração e pureza.O óleo de origem chinesa é vendido porUS$ 22 a US$ 30/kg, o de origem chi-nesa a US$ 40 a US$ 50/kg e o prove-niente de Sri Lanka chega a US$ 70/kg,preço que tem se elevado ultimamente.A oleoresina é cotada entre US$ 40 eUS$ 50/kg (CROP PROFILE, 2003).

Cenário nacionalNo Brasil, acredita-se que a intro-

dução do gengibre deu-se durante a in-vasão holandesa, em função da permu-ta de plantas econômicas existentes en-tre os dois países naquela época (LISSA,1996). Esta cultura iniciou-se no Rio deJaneiro, espalhando-se para São Paulo,Paraná e, mais recentemente, para San-ta Catarina (SANTOS, 2000), principal-mente nas regiões litorâneas.

Embora o Brasil seja considerado,um dos grandes fornecedores mundiaisde gengibre, sua produção é pequenacomparativamente a outras culturas,envolvendo relativamente um conjuntopequeno de agricultores (SANTOS,2000). A produtividade média brasilei-ra tem sido registrada em torno de 20 t/ha, cifra bastante inferior à obtida nosprincipais produtores mundiais (60 t/ha)(RÜCKER, 1993). Esta diferença, se-gundo a autora, estaria atrelada à varia-bilidade das condições de solo e climade cada região produtora, tratos cultu-rais, diversificação e rotação de cultu-ras, tecnologia apropriada, mão-de-obratreinada e organização do setor produ-tivo.

Há carência de informações no to-cante à evolução da produção brasilei-ra. Segundo Rücker (2002), a produçãode gengibre no Brasil em 1999 esteveem torno de 10 mil t. Não foram encon-trados registros das produções dos anos

subseqüentes.O gengibre brasileiro é geralmente

comercializado no estado in natura e sedestina essencialmente à exportação(70% a 80%), principalmente para Es-tados Unidos, Reino Unido, Holanda eCanadá.Os rizomas que não atingem aqualidade tipo exportação são destina-dos ao mercado regional. De 73 t em1972, a exportação de gengibre alcan-çou 3.800 t em 1985, estabilizando-se evoltando a crescer a partir de 1993(6.721 t em 1994), com o preço médio aUS$ 1,04/kg em 1995 (TAVEIRA MA-GALHÃES et al., 1997). Registra-se,em 1998, cifra recorde de exportaçãoultrapassando US$ FOB 7.0 milhões,mas seguido por um expressivo decrés-cimo, em 2002, cujo valor correspondeuà quase metade do comercializado em1998 (vide NURIN/BANCO DO BRA-SIL, 2003; BRASIL, 2004).

O aumento de 31,3% no volume ex-portado de gengibre de 1995 a 1998pode ser justificado pela maior deman-da no mercado importador, além demelhor preço oferecido ao produto bra-sileiro em detrimento ao oferecido pe-los outros países produtores, muito em-bora, no período seguinte a queda aoredor de 17% está relacionada à falta dequalidade do produto brasileiro frenteaos oferecidos por outros países, segun-do informações de produtores do litoralparanaense e de técnicos da SEAB–PR(Figura 1).

A evolução da importação brasilei-ra de gengibre apresenta um movimen-to pendular, na medida em que as for-ças de mercado determinam a oferta e ademanda. Durante o período de 1996 a2003, o menor volume importado foi de2000, que correspondeu a 22,0 mil kg.A partir de 2001, os preços médios ne-gociados no comércio exterior tendema diminuir, competindo com os preçosmédios praticados no mercado internobrasileiro. Com esta mudança, mesmopenalizando a Balança Comercial Bra-sileira, a importação de gengibre, em2003, atingiu um volume de 56,7 milkg líquido (Figura 2).

Cenário estadualA cultura de gengibre foi introduzida

por famílias de japoneses no litoralparanaense há aproximadamente 25anos (EPAGRI, 1998). Entretanto, tor-

R. R. B. Negrelle et al.

Figura 1. Evolução da exportação brasileira de gengibre, 1999 a 2003.Fonte de dados: Brasil (2003).

Figura 2. Evolução da importação brasileira de gengibre, 1999 a 2003.Fonte de dados: Brasil (2003).

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nou-se efetivamente comercial somen-te na última década, após introdução devariedade de rizomas gigantes(TAVEIRA MAGALHÃES et al.,1997). Atualmente, o Estado do Paranádesponta como o maior produtor nacio-nal de gengibre (rizomas in natura)totalizando 3.945 t/ano, em uma áreaaproximada de 201 ha, distribuída em26 municípios. A safra 2001/02contabilizou R$ 3.3 milhões,correspondendo a 19,14% do Valor Bru-to da Produção (VBP) do Grupo “Espe-ciarias” e 0,017% do VBP estadual(PARANÁ, 2003).

A maior parte da área produtora degengibre no Paraná (97%) está concen-trada no litoral paranaense, restrita aosmunicípios de Morretes, Guaraqueçaba,Antonina, Paranaguá e Guaratuba, to-dos pertencentes ao Núcleo Regional(NR) de Paranaguá (PARANÁ, 2003).

Os cinco municípios produtores degengibre que pertencem ao Núcleo Re-gional de Paranaguá ocuparam uma áreaaproximada de 194 ha, com produçãomédia de 3.880 t na safra 2001/02.Morretes, principal municípioparanaense produtor de gengibre, ocu-pa aproximadamente 60% da área cul-tivada e participa com 54% do total daprodução do Núcleo Regional(PARANÁ, 2003).

A análise das informações estatísti-cas referentes a área ocupada e volumede produção de gengibre, safras 1990/91 a 2001/02, indicam um comporta-mento sazonal atrelado às variações daoferta e demanda do mercado externo(PARANÁ, 2003) (Figura 3/A-B).

A safra 1997/98 foi recorde em ter-mos de produção de gengibre, principal-mente em função do que foi produzidono núcleo regional de Paranaguá. As-sim como citado para o comércio brasi-leiro de gengibre, vários fatores podemestar associados a este recorde estadualcomo, por exemplo, a demanda do mer-cado importador, além do melhor preçopago ao produto em relação a outrospaíses produtores.

As safras subseqüentes não mantive-ram este patamar de produção. Como jáanteriormente mencionado, entre os fa-tores apontados pelos produtores, cita-seo desestímulo em função da dependên-cia de “atravessadores” que, por sua vez,

tendem a forçar a venda do produto porpreços mais reduzidos. Outro agravanteseria a inaceitabilidade deste produtofrente a um mercado mais exigente emtermos de aparência e ausência de fun-gos, substâncias químicas tóxicas eacompanhamento de laudo fitossanitáriocomprobatório desta qualidade.

Desta forma, atualmente, há um nú-mero bem menor de produtores devidoao prejuízo na comercialização da safra2001/02, face ao cumprimento de con-tratos de exportação e, segundo Rücker(2002), a produção agrícola do gengi-bre ainda pode ser considerada uma ati-vidade lucrativa, desde que sejaimplementado um sistema agro-indus-trial de manejo e beneficiamento ade-quado deste produto, sem uso abusivode insumos agrícolas e sem uso deagrotóxicos. Assim, potencializar-se-iaa aceitação do gengibre paranaense pelomercado consumidor regional e tercei-ros países.

Segundo Santos (2000), acomercialização para o mercado exter-no do gengibre produzido em Morretesfoi iniciada há cerca de 20 anos, median-te a Cooperativa Agrícola de Cotia. Estemercado externo é realizado por empre-sas exportadoras localizadas no Paraná(Antonina, Morretes e Curitiba), SãoPaulo (São Paulo, Santos, Indaiatuba,Atibaia e Jales), Minas Gerais (BeloHorizonte) e Santa Catarina (Itajaí). Amaioria destas empresas que exportamo gengibre do município de Morretestem um funcionário que inspeciona aembalagem do produto nas proprieda-des de produção. As empresas de maiorporte possuem, geralmente, um repre-sentante que acompanha a carga no por-to de destino.

Comunidade produtora agrícolaO sistema de produção paranaense

de gengibre, em especial no municípiode Morretes, é realizado por pequenos(área da cultura de 0,2 a 0,3 ha), médios

Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

Figura 3. Evolução da área (A) e da produção (B) de gengibre, Estado do Paraná, Safras1990/91 a 2001/02.Fonte de dados: Paraná (2003).

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(área da cultura de 0,3 a 1 ha) e grandesprodutores (até no máximo 10 ha). Es-sas propriedades, em sua maioria, pos-suem atividade olerícola, englobando acultura de gengibre e de outras hortali-ças, como chuchu, berinjela, alface, pe-pino, abobrinha, entre outras; caracteri-zando este município como um impor-tante fornecedor de hortaliças para aRegião Metropolitana de Curitiba. EmMorretes foram observadas três situa-ções quanto ao custeio do cultivo: o pro-dutor arca com os custos, os produtoressão financiados pelas empresas expor-tadoras, tendo o produtor venda garan-tida do produto, e o cultivo é realizadocom financiamento bancário.

Mão-de-obra empregadaSantos (2000) salienta que no muni-

cípio de Morretes, o setor agrícola é ogrande gerador de empregos, principal-mente nas atividades de colheita, pre-paro e limpeza, classificação e embala-gem do produto in natura. Salienta, ain-da, que entre dois mil e quinhentos a trêsmil empregos (a grande maioria tempo-rários) são gerados durante o períodoque envolve a colheita do gengibre. Forao período da colheita, cerca de mil equinhentas pessoas trabalham durantetodo o ciclo da lavoura, que é de um ano.Nas pequenas propriedades, toda a fa-mília trabalha no cultivo. Porém, duran-te a colheita, estes pequenos produtorescontratam entre quinze e vinte empre-

gados. As propriedades maiores têmentre doze e quinze empregadosregistrados e durante a colheita são tem-porariamente contratados entre sessen-ta e oitenta pessoas. Estes trabalhado-res recebem uma diária, em média, deR$10, podendo chegar até a R$ 15, nocaso de mão-de-obra mais especializa-da. A renda dos trabalhadores é gastapraticamente toda no município, deter-minando que os resultados das safras degengibre sejam refletidos no comérciolocal.

Terminada a colheita do gengibre,parte dos trabalhadores continua no pre-paro do novo plantio, o restante vai paraa colheita e o plantio de hortaliças. Issomantém a grande maioria dos trabalha-dores rurais empregados, praticamente,o ano todo (IAPAR, 2000/01).

Tecnologia empregadaObservou-se em Morretes um modelo

tecnológico em transformação, onde coe-xistem as agriculturas tradicionais da ba-nana e da mandioca, de baixa produtivida-de, e sistemas de produção tecnificados,visando o mercado, com médio e alto ní-veis tecnológicos e alta produtividade, con-forme detalhado em Marchioro (2002).Entre os tecnificados, cita particularmenteo cultivo do gengibre.

De acordo com EPAGRI (1998), osprodutores de gengibre possuem equi-pamentos agrícolas como cultivadormotorizado, trator equipado com arado

e grade de disco, escarificador, carreta,pulverizador, conjunto de irrigação, pul-verizadores costais, lavadores de gen-gibre, contentores de plástico para trans-porte e colheita da produção, entre ou-tros. Evidenciou-se que os processos debeneficiamento do gengibre pós-colhei-ta no município de Morretes estão afe-tos ao tipo de produto finalcomercializado, a saber: rizomas innatura. Desta forma, após a colheita orizoma é geralmente submetida à lava-gem e limpeza manual, secagem natu-ral, classificação, acondicionamento(embalagem) e transporte.

Origem e destino da produçãoagrícola

Cerca de 70% a 90 % da produçãode Morretes destina-se à exportação doproduto in natura. Do restante desta pro-dução, parte é utilizada localmente, emforma de rizomas-semente ou encami-nhada para processamento industrial, eparte é encaminhada à CEASA-PR, comsede em Curitiba, para comercializaçãoin natura tanto nos boxes, porcomerciantes locais, como nas “pedras”.

Pequenas indústrias familiaresNo Paraná não há registro de

processamento do gengibre em nívelindustrial, exceto o realizado por peque-nas indústrias familiares localizadas emMorretes. Segundo técnico daEMATER, em 2003, registraram-se 34indústrias caseiras que processavamparte da colheita de gengibre neste mu-nicípio. Estas indústrias produzem prin-cipalmente balas, conservas e geléia degengibre. Estes produtos são vendidoslocalmente, em outras cidades do lito-ral e, também, em feiras-livres e algunssupermercados de Curitiba. SegundoSantos (2000), o número destas indús-trias em anos passados chegou a 150.Esta diminuição em relação ao obser-vado atualmente pode ser um reflexo daprópria diminuição da produção local.

A Resolução n.23, de 15/03/2000 daSecretaria de Vigilância Sanitária(BRASIL, 2000), que regulamenta oregistro de produtos alimentícios, dis-pensa da obrigatoriedade de registro asindústrias que processam balas, doces econservas. Entretanto, a Resolução RDCn.275, de 21/10/2002, da Secretaria deVigilância Sanitária (BRASIL, 2002)recomenda aos estabelecimentos produ-

R. R. B. Negrelle et al.

Figura 4. Distribuição da Comercialização do Gengibre, Morretes, 2001.Fonte: Pesquisa de campo, 2001.

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tores de alimentos a aplicação do regu-lamento técnico de procedimentosoperacionais padronizados e verificaçãodas boas práticas de fabricação. A pes-quisa de campo realizada em Morretesrevelou total ausência de controle dequalidade nestas pequenas indústriasprocessadoras, tanto por parte daANVISA local quanto de órgãosextensionistas rurais e dos próprios pro-prietários.

Comercialização do gengibre innatura

A CEASA-PR é o principal polo re-ceptor e de comercialização de gengi-bre in natura na Região Metropolitanade Curitiba. Conforme dados obtidos daDivisão Técnica Econômica daCEASA-PR (2002), a comercializaçãodo gengibre in natura pela CEASA deCuritiba correspondeu a um volumeaproximado de 200 t, no período de 2000a 2001, com preço médio por kg de R$0,90 a R$ 0,67, respectivamente. Destevolume comercializado neste período,79,1% a 79,5% referiam-se ao produtoprocedente do município de Morretes.

Os principais receptores do produtoofertado na CEASA-PR sãosupermercadistas, feirantes ecomerciantes do Mercado Municipal deCuritiba (Figura 4).

Segundo a Secretaria Municipal deAbastecimento de Curitiba (SMAB), noperíodo de 2000 a 2001, as feiras-livresmovimentaram cerca de 42,8% dacomercialização anual do gengibre innatura e o Mercado Municipal deCuritiba 20,0% (PARANÁ, 2002).

Limitações e pontos de estrangu-lamento da cadeia produtiva de gen-gibre de Morretes

Produção agrícolaGeralmente o cultivo de gengibre

está inserido na região de ocorrência daFloresta Ombrófila Densa (FlorestaAtlântica), com severas restrições de usoe ocupação impostas pelo IBAMA e Ins-tituto Ambiental do Paraná (IAP). Por-tanto, antes de iniciar o plantio, o pro-dutor deve entrar em contato com estasinstituições para obter o devidolicenciamento ambiental. A cultura dogengibre tradicional no município deMorretes é caracterizada pelo uso ex-cessivo de agrotóxicos, o que

potencializa o risco de dano ambientalpróximo a regiões de preservaçãoambiental e rios. Há uma tendência domercado mundial, grande alvo da pro-dução do município de Morretes, darpreferência ao gengibre orgânico (SAN-TOS, 2000), visto que o uso inadequa-do de agrotóxicos na agricultura podertrazer sérios prejuízos à segurança dotrabalhador rural envolvido em sua apli-cação, à saúde do consumidor e ao equi-líbrio do meio ambiente.

A incidência de pragas (principal-mente lagarta-rosca, nematóides e doen-ças Phyllosticta sp, Rhizoctonia solani,Fusarium oxysporum) compromete se-riamente a produção de gengibre. O con-trole destas ou a redução de seus efeitostem sido conseguido, em parte, com arotação de culturas e o emprego derizomas-semente sadios.

Outra grande dificuldade da culturano município, segundo Santos (2000),é a descapitalização do produtor, quecontraiu muitas dívidas com os bancosno início da década de 90 e, em tornode 70 produtores, securitizaram suasdívidas. Com isso, há o impedimento aoacesso a novos créditos e, desta forma,comprometendo a produção, bem comoa qualidade do produto.

ComercializaçãoDe modo geral, os produtores de

gengibre de Morretes se mostram insa-tisfeitos com o mercado externo. Nãohá garantia de preço, nem existência deum contrato estabelecido entre o agricul-tor e o comprador, determinando emmuitos casos atraso ou mesmo a falta depagamento pelo produto. Esta situaçãopassa a configurar-se em desestimulo àcontinuidade do plantio desta cultura,reforçada pelo alto custo de produção (emmédia R$ 18.000,00/ha).

Outro entrave relativo àcomercialização, considerado por algunsprodutores como principal problema, é aexcessiva produção de gengibre no Bra-sil, dificultando a venda. Entretanto, ascifras de importação de gengibre desmen-tem este fato. Alguns outros produtoresconsideram como fator negativo nacomercialização do produto brasileiro osbaixos preços ofertados pela China, umdos grandes produtores mundiais.

Entre outros fatores também apon-tados pelos produtores foi a alegação dos

“atravessadores” de que o produtoparanaense deixa a desejar no aspectoqualidade com a presença de fungos eausência de controle sanitáriocomprobatório.

É imprescindível que se diga que acomercialização está diretamente rela-cionada com a qualidade e preço. O pro-dutor busca minimizar custos e obter omelhor preço para o seu produto, parapotencializar a inserção do produto nomercado e aumentar sua lucratividade,enquanto que o comprador espera obtera melhor qualidade possível aliada amenores preços. É um ciclo vicioso, quenem sempre considera o consumidor fi-nal como dependente direto do resulta-do deste processo.

Controle de qualidadeObservou-se uma grande carência

quanto ao controle higiênico-sanitáriodo sistema de produção como um todo,especialmente no beneficiamento pós-colheita, por parte dos produtores. Con-seqüentemente, o produto final apresen-ta sério comprometimento de qualida-de frente ao mercado consumidor regio-nal e terceiros países, especialmente noque concerne aos padrõesmicrobiológicos referenciados comoadequado em Brasil, 2001.

A falta de qualidade que muitas ve-zes se iniciou na produção acaba per-sistindo no setor secundário. A maioriadas pequenas indústrias não aplica con-trole de qualidade ao produto, operan-do em situação bastante precária, bemcomo o descumprimento da ResoluçãoRDC n.275 (BRASIL, 2002), por parteda fiscalização. Este tipo de situaçãodemonstra descaso com a saúde da po-pulação consumidora destes produtos.

Os comerciantes e produtores quecomercializam na CEASA-PR conside-ram como critérios de avaliação de qua-lidade do rizoma de gengibre: tamanho,brilho, ausência de terra aderida à su-perfície do rizoma, ausência debrotamento e quebra. Entretanto, nãofazem exigência quanto à certificaçãoou laudo técnico que identifique a qua-lidade sanitária do produtocomercializado. A grande maioria des-tes comerciantes mostrou desconheceras orientações e normatizações legaissobre este aspecto e as implicações dafalta de qualidade na saúde do consu-

Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

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R. R. B. Negrelle et al.

midor. Estes apenas mencionam, ocasio-nalmente, as conseqüências do uso deagrotóxicos. Também o consumidor épouco exigente, dado que compra pro-dutos sem qualquer garantia de proce-dência qualificada, mantendo assim aproblemática.

Nos estabelecimentos decomercialização foram identificadosproblemas, na qualidade do produtocomercializado, como os de origem nosmanipuladores e na inexistência de lau-do laboratorial atestando o controle dequalidade do produto in natura adquiri-do do setor primário, associados à faltade qualidade sanitária evidenciada emalgumas amostras comercializadas degengibre in natura.

AGRADECIMENTOS

Aos agentes econômicos (produto-res agrícolas, donos e funcionários deempresas e demais envolvidos), que in-tegram a cadeia produtiva do gengibreem Morretes, pelas informações presta-das. Aos técnicos da SEAB/PR, em es-pecial a Srª. Gilka Andretta, ao Sr.Baltazar Henrique dos Santos e ao Sr.Rodrigo Aquino de Paula, pelas contri-buições prestadas.

LITERATURA CITADA

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No Brasil, como geradora de empre-gos e renda na agricultura, a cultu-

ra da cebola é uma atividade de elevadaimportância socioeconômica. Em razãode não existir uma política comercialrestritiva entre os países doMERCOSUL, as entradas livres eintempestivas do produto estrangeiro, emdetrimento das atividades produtivas doBrasil transferem-se para uma preocupa-ção social mais ampla. Neste aspecto, arealização de estudos de naturezaexploratória sobre a situação do merca-do da cebola no Brasil nos últimos anospode ser útil e necessária para subsidiarpolíticas setoriais e novas estratégias deprodução e comercialização. As informa-ções obtidas poderão auxiliar os agentesdo agronegócio, instituições de pesquisae desenvolvimento e formuladores de po-lítica setorial nas tomadas de decisão pararedirecionar a cebolicultura brasileira,com vistas a elevar as condições decompetitividade do produto.

VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; OLIVEIRA, V.R.; COSTA, N.D.; MADAIL, J.C.M; CAMARGO FILHO, W.; BOEING, G.; MELO, P.C.T. Desafios eoportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1029-1033, out-dez 2005.

Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no BrasilNirlene J. Vilela1; Nozomu Makishima1; Valter R. Oliveira1; Nivaldo D. Costa2; João Carlos M. Madail3;Waldemar P. Camargo Filho4; Guido Boeing5; Paulo César T. de Melo6

1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Semi Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 3EmbrapaClima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 4Instituto de Economia Agrícola, Av. Miguel Stefano, 3.900, 04301-903 SãoPaulo-SP; 5Instituto CEPA, C. Postal 1587, 88034-001 Florianópolis-SC; 6USP-ESALQ, Depto. de Produção Vegetal, C.Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; E-mails:[email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

O objetivo deste trabalho foi elabo-rar uma análise descritiva da situaçãode mercado da cebola no Brasil nos úl-timos três anos e, especificamente, de-tectar desafios e oportunidades para oagronegócio da cebola no Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi elaborado com basena sistematização e análises das infor-mações obtidas em reuniões técnicaspara identificação de sistemas de pro-dução predominantes nas principais re-giões produtoras do País, realizadas coma participação dos agentes doagronegócio de cebola em SC, SP e PE-BA, (VILELA et al., 2002). Adicional-mente, utilizaram-se os relatórios dosencontros intitulados “Seminário Nacio-nal de Cebola – Seminário de Cebolado MERCOSUL”, promovidos peloagronegócio de cebola do Brasil e doMERCOSUL para escalonamento de

oferta dos anos de 1999-2003 e as in-formações obtidas de fontes oficiais(IBGE e MDIC) e de outros trabalhospublicados. Os resultados foram descri-tos com base na sistematização e análi-se das informações, acerca da situaçãoestrutural da produção e do comporta-mento de mercado (KING, 1967;KERBY, 1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No âmbito da agricultura brasileira,a cebola destaca-se como uma culturade elevada importância socioeconômica.No aspecto de geração de emprego erenda, estima-se que a cadeia produtivagere mais de 250 mil empregos diretossó no setor da produção (SAASP, 1997).De acordo com censo agropecuário de1996 (IBGE, 2002), são mais de 102 milprodutores envolvidos na exploraçãoeconômica da cebola. A cultura de ca-ráter tipicamente familiar (88%) é res-

RESUMOEste trabalho teve por objetivo descrever alguns aspectos

socioeconômicos relacionados à cebola no Brasil e detectar os prin-cipais desafios e oportunidades que o produto apresenta para oagronegócio. A cultura, de caráter tipicamente “familiar” (88%), geracerca de 250 mil empregos somente no setor de produção. O consu-mo é estável em 85 mil t por mês. A consolidação do Mercosul e aconseqüente importação de cebola da Argentina somada à produçãonacional tem causado excesso de oferta em alguns meses, gerandoperdas e conseqüentes prejuízos para os produtores. O setor produ-tivo brasileiro necessita elevar o nível tecnológico para alcançar maioreficiência técnica e econômica. No entanto, é necessário que as re-giões produtoras do Brasil e da Argentina tenham estabilidade deprodução e que a quantidade ofertada seja suficiente para atender àsnecessidades de abastecimento em determinados períodos do ano,sem causar desequilíbio no mercado.

Palavras-chave: Alium cepa, agronegócio, competitividade, mer-cado, produção, importação.

ABSTRACTThe challenges and the oportunities for the onion agribusiness

The main objective of this work was to describe somesocieconomic aspects of the onion production in Brazil and to detectthe principal challenges and opportunities for the onion agribusiness.The onion cultivation in Brazil is a family activity (88%), generatingabout 250 thousand jobs directly involved in the production. Theonion consumption in Brazil is nearly 85 thousand t per month. Withthe consolidation of the MERCOSUL, the onion import fromArgentina and the national production has caused excess of supplyin some months, generating losses and consequent damages for theproducers. The Brazilian productive sector needs to improve thetechnological level of the onion production to reach greater technicaland economic efficiency. However, it is necessary that Brazilian andArgentinian producers look for a better production forecast to avoidexcess of supply during some periods of the year.

Keywords: Allium cepa, agribusiness, competitiveness,commercialization, production, importation.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)

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ponsável pela sobrevivência no campode um grande número de pequenos pro-dutores que têm a cebola como únicafonte de renda (VILELA et al., 2002).Uma das características marcantes dosetor produtivo é que, mesmo nas mé-dias e grandes propriedades, o sistemade produção é em parceria, ou seja, oempresário fornece a terra, capital, má-quinas e insumos, enquanto as famíliasparceiras entram com mão-de-obra parao cultivo, tratos culturais e colheita.Maior parte (65,8%) dos produtores decebola está concentrada nos extratos deárea menores que 20 ha e são responsá-veis por 51,7% da produção nacional(IBGE, 2002).

Direções da cadeia produtivaNo âmbito da cadeia produtiva, fo-

ram observados dois cenários. No seg-mento da produção, a preocupação coma competição externa colocou o atendi-mento às exigências do mercado comoo principal centro de atenção doagronegócio da cebola. Neste aspecto,os produtores procuram por produtocom maior competitividade em qualida-de, custos e preços, optando por culti-vares que garantam maior produtivida-de, apresentem maior grau de resistên-cia às doenças e forneçam produtos co-merciais com alto padrão de qualidade

e maior produtividade. Estas preferên-cias incluem cultivares de polinizaçãoaberta ou híbridas que proporcionemuma colheita uniforme, exatamente den-tro da época programada. Adicional-mente, estas cultivares ou híbridos de-vem exibir padrão comercial similar aodo produto importado, especialmentequanto à uniformidade no tamanho dobulbo, cor, retenção de escamas e sabor.Ademais, percebe-se clara avidez portecnologias para produção de cultivaresde cebola menos pungentes (tipos do-ces ou suaves), mais adequadas paraconsumo fresco em saladas e tipos maisapropriados à industrialização (flocos epó) e, também, cultivares adequadaspara cultivo em sistemas orgânicos,como forma de agregar maior valor aoproduto nacional (VILELA et al., 2002).

No segmento dos consumidores,observam-se preferências pela ótimaqualidade do produto, diversificação detipos varietais (tipos mais e tipos me-nos pungentes), produtos diferenciados(produção em sistemas orgânicos eagroecológicos), disposição dos produ-tos classificados e com melhor conser-vação pós-colheita. Nas observações deBoeing (2002), os consumidores prefe-rem cebolas com bulbos globulares comcasca de coloração avermelhada seme-lhante à cor do pinhão.

Diante destas exigências, as institui-ções de pesquisa públicas e privadas vêmajustando suas atividades para atender àsdemandas dos produtores e dos consu-midores, procurando desenvolver culti-vares com as características que atendamàs tendências atuais do mercado.

Distribuição das safras e preços demercado

Em decorrência das exigências dacultura quanto ao fotoperíodo e tempe-ratura, as cultivares regionais são dife-renciadas. Na BA e PE, as cultivarespredominantes são as importadas clarasprecoces e as da série IPA, com resis-tência à conservação de 30 a 45 diasapós a colheita. Em SP, na safra do cedo,as cebolas produzidas são as claras pre-coces e, nas semeaduras tardias, as baiasperiformes. Em MG, GO e DF, predo-minam cultivares claras precoces e abaia periforme.

Em SC, as cultivares mais plantadassão as crioulas de casca escura, pungen-tes e com armazenamento pós-colheita,que pode se estender por até 6 meses, e ascultivares baias periformes precoces. NoRS, os produtores cultivam tradicional-mente cebolas do grupo baia periforme,cuja semente é produzida no próprio esta-do. Desta forma, a oferta de cebola se dis-tribui durante o ano todo (Tabela 1).

N. J. Vilela et al.

Fonte: ANACE,2003

Tabela 1. Calendário de colheita e comercialização de cebola no Brasil, 2003.

Estados/indicaçõesMeses

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Santa Catarina

Colheita X X X X

Comercialização X X X X X X X X

Rio Grande do Sul

Colheita X X X

Comercialização X X X X X X

Paraná

Colheita X X X

Comercialização X X X X X X X X

São Paulo

Colheita X X X X X X

Comercialização X X X X X X X X

Pernambuco e Bahia

Colheita X X X X X X X X X X X X

Comercialização X X X X X X X X X X X X

Minas Gerais

Colheita X X X X X

Comercialização X X X X X X

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Desde 1989, com o objetivo de or-ganizar a produção e a comercializaçãoda cebola no Brasil, os agentes doagronegócio do Brasil e da Argentina(Associações Regionais de Produtores,Associação Nacional de Produtores deCebola-ANACE, comerciantes de cebo-la e de insumos para a cultura, pesqui-sadores, extensionistas) vêm realizando,anualmente, o Seminário Nacional daCebola, quando registra-se um acordopara a consolidação de safras e a ofertaanual dos dois países para o mercadobrasileiro. Para 2003 foi programada aoferta de 841 mil t de cebola brasileirae de 150 mil t de cebola argentina (Ta-bela 2). Entretanto, de acordo com oIBGE (2004) a produção naquele anofoi de, aproximadamente, 1.187mil t,superando a oferta interna (841.099 t)em aproximadamente 346 mil t.

Os grandes Estados produtores comoSC, SP e BA aumentaram a área planta-da e a produção em relação ao ano ante-rior. Além disso, outros Estados de me-nor expressão econômica nacebolicultura, como é o caso de GO eMG vêm investindo na cultura e forman-do novos pólos ceboleiros. Por outrolado, é elevada a elasticidade-preço daoferta da cebola, característica econô-mica determinante no processo de pro-dução e comercialização que expressaa sensibilidade da produção às variaçõesde preços.

As variações de preços sãoestacionais e ocorrem com certa fre-qüência, o que pode ser resultado do

efeito da “teoria da teia de aranha”: emdeterminada época do ano, o preço é altoe a produção é baixa, e no ano seguinte,o produtor, estimulado pela alta do pre-ço, aumenta a produção; o aumento daoferta tende a gerar queda dos preços.Isso pode ser observado no período de1998 a 2003, o preço médio de cebolano mercado atacadista foi de R$ 479,22por tonelada. A variação bianual dospreços mostrou pouca diferença entre osanos pares e ímpares. Os preços maio-res ocorreram em anos com final par (demarço a julho, ficaram acima da média),enquanto nos anos ímpares, a ocorrên-cia de preços acima da média foi me-nor. A diferença da média entre anospares e ímpares foi de 25%.

O principal mercado atacadista noBrasil é a Ceagesp (Companhia deEntrepostos e Armazéns Gerais do Es-tado de SP), que comercializou em2003, um volume de 92.379 t de cebolanacional (76%) e importada (24%).

Situação do consumoO consumo da cebola no Brasil apre-

sentou tendência de aumento de produ-tos processados ao final da década de1990 e início do século 21. Em razão doaumento da população urbana e damaior participação da mulher no mer-cado de trabalho, as famílias passarama fazer maior número de refeições forado domicílio. Apesar da redução do con-sumo domiciliar de bulbos de 6,5 kg/hab/ano em 1987 para 3,5 kg/hab/anoem 2003 (IBGE, 2004), vem aumentan-do o consumo de cebola processada com

pasta de alho e sal, purês e catchup ecebolas desidratadas.

O consumo institucional (setor derefeições coletivas) evoluiu no períodode 1998/2002 em 37% (BRASIL, 2002)e, em levantamento recente realizadopor Cabrera Filho (2004) relata que oconsumo médio de cebola no Brasil si-tua-se em torno de 85 e 90 mil t/mês. Éimportante ressaltar que o IBGE pesqui-sa o consumo familiar no âmbito dosdomicilios. Para formar uma ideia so-bre a quantidade consumida em todosos segmentos do consumo, além dasunidades familiares deve-se pesquisar oconsumo das agroindústrias e o chama-do consumo institucional (setores derefeições coletivas representados pelaslojas de comidas prontas, restaurantes,merenda escolar, hospitais e outros).

Importações brasileiras para oabastecimento nacional

As importações brasileiras aumen-taram nos últimos anos. Uma das razõesque pode explicar este crescimento é aboa aparência da cebola argentina, as-sociada a sua boa conservação pós-co-lheita. Isto contribui para que os consu-midores optem pelo produto importado,o que implica na transferência de valoragregado para o país vizinho(CAMARGO FILHO, 1999).

De acordo com Porter (1993) a prin-cipal vantagem competitiva entre asnações consiste em aumentar sucessiva-mente a produtividade dos fatores e di-ferenciar os produtos em excelência dequalidade.

Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil

Fonte: ANACE, 2003.

Tabela 2. Programação da oferta de cebola em mil toneladas, 2003.

Mês RS SC PR SP MG BA/PE GO Brasil ARG MERCOSUL

JAN 16,50 39,60 18,00 3,45 3,50 81,05 4,00 85,05

FEV 15,00 55,00 19,20 2,40 3,00 94,60 9,00 103,60

MAR 55,00 6,00 3,30 4,50 68,80 16,50 85,30

ABR 39,60 1,47 19,09 2,00 62,60 28,50 90,66

MAI 8,35 9,25 2,18 25,32 6,00 51,10 34,50 85,60

JUN 26,84 5,45 23,34 13,00 68,63 27,00 95,63

JUL 26,23 9,22 20,15 11,40 66,90 19,50 86,40

AGO 54,64 10,40 16,00 81,04 7,50 88,54

SET 45,79 10,25 14,10 70,14 3,50 73,64

OUT 0,45 37,05 5,69 16,50 59,70 59,69

NOV 1,00 4,40 6,40 30,52 4,44 14,00 60,76 60,76

DEZ 17,50 17,60 16,00 9,09 4,10 12,00 76,22 76,22

Total 50,00 220,00 65,60 239,24 62,36 171,50 32,40 841,09 150,000 991,09

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1032 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

A cebola fresca ou refrigerada foi oprincipal tipo importado pelo Brasil(99%). Nos últimos anos, as importaçõesde alguns tipos, como cebola seca, fo-ram reduzidas. Outras, tais comoechalotes e conservas não estão constan-do da pauta de importações de cebolas.

A proposta da Argentina de lançar150 mil t de cebola fresca no mercadobrasileiro em 2003 realizou-se com umacréscimo de 21,4 mil t. Em adição àsexcessivas importações da Argentina(171,4 mil t) o Brasil ainda importoumais de 1,2 mil t de outros países.

Em 2003, o Brasil importou cebolafresca desnecessária eintempestivamente durante o ano intei-ro, não somente da Argentina como pla-nejado, mas também de outros países.A excessiva quantidade importada, so-mada aos estoques de SC, RS e PR, quesão comercializados na mesma época de

maior entrada do produto estrangeiro,ultrapassam as reais necessidades deabastecimento do mercado, resultandoem perdas para a cebolicultura brasilei-ra. A ocorrência deste fato pode serexplicada pela falta de um planejamen-to sistemático da produção: planta-sedemais e perde-se muito, seja por defi-ciência de armazenagem, seja pelo com-portamento de mercado no processo deexpurgo da carga excedente. Subtrain-do da produção interna de 1.187 mil t(IBGE,2004) as necessidades de consu-mo de 1.020 mil t conforme tabela 3 eas exportações de 900,4 t, o resultado éum excedente de produção equivalentea 166,2 t.

Este resultado evidencia que a im-portação de cebola fresca é desncessária,uma vez que a safra brasileira foi maisdo que suficiente para suprir o mercadonacional. Entretanto, por força de acor-

do com o MERCOSUL, foi planejadoum espaço de 150 mil t no mercado bra-sileiro para a produção argentina, poréma Argentina destinou ao Brasil 171.436t que, somadas às importações de ou-tros países, totalizaram 172.677 t impor-tadas. Considerando a oferta programa-da do Brasil (841.099 t) mais as impor-tações realizadas (172.677 t) menos asexportações (900,4 t), observa-se umdéficit operacional no mercado (-7.124t). Quando se correlaciona o excedenteda produção à oferta programada, con-sumo e exportações, verifica-se que asimportações representaram uma parce-la de 51% no total excedente.

No Brasil ocorrem situações em quea cebola, como única fonte de renda dosprodutores, precisa ser comercializadaimediatamente após a colheita, até mes-mo sem cura, para recuperar o escassocapital de giro e sustentar a sobrevivên-cia da família. Sem cura, a cebola, alémda aparência não-atrativa, fica mais ex-posta às deteriorações. Além dos bul-bos mal curados, verifica-se ainda oapodrecimento por falta de ambienteadequado ao armazenamento, bulbosatacados por pragas e doenças, manu-seio e transporte feito sem cuidados, máaparência visual dos bulbos(desuniformes, descascados ou com cas-cas muito finas). Em algumas regiões,como NE e SE são utilizadas cultivaresinadequadas que não apresentam resis-tência ao armazenamento. Pelo fato des-

N. J. Vilela et al.

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (2004a, 2004b); ANACE (2003)*Programada; **estimado

Tabela 3. Comportamento do mercado de cebolas frescas em 2003.

*Oferta

A

Importação

B

Estoque

C = A + B

**Consumo

D

Suficiência

estoques

E= D - C

Exportação

F

Suprimento do

mercado

= å (E - F)

JAN 81.050, 3.925, 84.975, 85.000, -25, 30,7 -55,7

FEV 94.600, 9.285, 103.885, 85.000, 18.885, 0,6 18.828,7

MAR 68.800, 37.757, 106.557, 85.000, 21.557, 0 40.385,7

ABR 62.160, 45.922, 108.082, 85.000, 23.082, 0,3 63.467,4

MAI 51.100, 44.662, 95.762, 85.000, 10.762, 0,5 74.228,9

JUN 68.632, 12.879, 81.511, 85.000, -3.489, 0,3 70.739,6

JUL 66.905, 10.810, 77.715, 85.000, -7.285, 0 63.454,6

AGO 81.038, 5.345, 86.383, 85.000, 1.383, 194,5 64.643,1

SET 70.145, 1.335, 71.480, 85.000, -13.520, 422 50.701,1

OUT 59.691, 344, 60.035, 85.000, -24.965, 248,7 25.487,4

NOV 60.760, 111, 60.871, 85.000, -24.129, 1,1 1.357,3

DEZ 76.218, 302, 76.520, 85.000, -8.480, 1,7 -7.124,4

TOTAL 841.099, 172.677, 1.013.776, 1.020.000, -6.224, 900,4

Fonte: Vilela et al., 2002.

Tabela 4. Sistemas predominantes e custos de produção de cebola no Brasil.

Principais produtores Sistemas de produção predominantes

Custos de

produção

(R$)

Santa Catarina - Cultivo mínimo com microtrator (15.000 t/ha) 3.981,12

- Cultivo mínimo com trator (25.000 t/ha) 6.475,36

- Cultivo mínimo com trator (35.000 t/ha) 8.194,94

- Sistema agroecológico (10 t/ha) 3.256,00

São Paulo Plantio direto (36 t/ha) 7.754,38

Petrolina-PE Juazeiro-BA Transplante (25 t/ha) 4.519,96

Rio Grande do Sul Transplante (20tha) 3.699,00

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1033Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil

tas cultivares de cebola possuírem bai-xo teor de sólidos solúveis totais na suacomposição, imediatamente após seremcolhidas e curadas, necessitam sercomercializadas, gerando um grandefluxo de cebola de baixa qualidade nocomércio. Esta situação traz,consequentemente, quedas de preços,reduzindo a rentabilidade da cultura eelevando os níveis de perdas. Assim, nosegundo semestre, observam-se quedasde preço por excesso de oferta, em ra-zão da impossibilidade dearmazenamento. No primeiro semestre,o escoamento dos estoques armazena-dos da cebola de ciclo tardio confronta-se com os da cebola importada.

No Brasil, a característica marcanteda oferta de cebola é a estacionalidadeda produção. Levando-se em conta onível da tecnologia adotado pelos pro-dutores e as condições de clima, muitasvezes desfavoráveis à cultura, as médiasde produtividade são baixas, variandode 15 a 17 t/ha. De acordo com Vilela etal. (2002), os custos médiosoperacionais da cebola variam de acor-do com o nível tecnológico da cultura(Tabela 4).

De acordo com Tosi (2003), na Ar-gentina, o custo médio operacional totalda cebola, em 2003, foi de U$ 1.465,02,ou seja, R$ 2.809,59, para o nível de pro-dutividade de 1200 bolsas de 25 kg. Aprodutividade média da cebola Argenti-na, confirmada por Galmarini (2004)varia entre de 26 a 28 t/ha, levando-seem conta as cultivares de dia curto,intemediário e longo. Para o caso dascultivares de dia longo tipo Valencianas,que ocupam 80% da área plantada a pro-dutividade média situa-se em torno de 33t/ha. Diante das condições produtivas doBrasil, é factível esperar um cenário fa-vorável para a Argentina (BARBERO;CASTELLANO; LUCARENA, 2000).Na Argentina existe maior integração dossetores produtivos com o governo. Alémdisso, o solo fértil necessita de poucaadubação, principalmente de fósforo epotássio, o que contribui para a reduçãodos custos operacionais. Na produção decebola, outro fator que explica as vanta-gens da Argentina em relação ao Brasil éo clima que favorece os ganhos de pro-dutividade e a qualidade dos bulbos(CAMARGO FILHO, 2000).

As situações de produção ecomercialização permitem a conclusãode que a permanência da cebola do Bra-

sil ou da Argentina no mercado brasilei-ro passa pela questão da competitividade.Apesar da produtividade média da cebo-la brasileira ser mais baixa ,quando com-parada à da Argentina e os custos de pro-dução mais elevados, novas fronteiras deprodução estão surgindo em São Gotardo(MG), Cristalina (GO) e ChapadaDiamantina (BA). Nesses novos polospredominam lavouras de grande exten-são, mecanizadas, operando com eleva-do nível tecnológico. A produtividademédia desses locais tem sido superior a50 t/ha e qualidade comparável à do si-milar importado.

Na região de Irecê (BA), a culturada cebola vem evoluindo de forma con-siderável nos últimos anos. Os produ-tores de Irecê vêm adotando tecnologiade produção superior à da tradicionalzona do submédio São Francisco (PE-BA). Conseqüentemente, as médias deprodutividade obtidas têm sido superio-res a 25 t/ha. Estas novas fronteiras deprodução têm contribuído, de forma sig-nificativa, para as mudanças no cenárioda comercialização de cebola do país e,diretamente, são também responsáveispela fragilidade dos pequenos produto-res tecnologicamente menos eficientes.

Na situação de desarticulação apre-sentada pelo mercado da cebola fresca,em razão de excesso de produção e ex-cesso de importações, torna-se necessá-ria a racionalização da produção (redu-ção de área média plantada nas regiõese elevação do nível tecnológico dos sis-temas) para que sejam gerados ganhosde produtividade com capacidade dediluir custos e, ao mesmo tempo, elevara qualidade da cebola nacional.

A vantagem competitiva do produtoda Argentina no mercado brasileiro devese manter enquanto o país vizinho cui-dar da qualidade e da apresentação dacebola que exporta, a menos que o Bra-sil, e em particular os estados do Sul,invistam mais em tecnologias, com vis-tas a alcançar maior eficiência técnica eeconômica dos atuais sistemas produti-vos. Outra alternativa é diversificar aoferta de variedades, procurando dife-renciar o produto em relação ao concor-rente, como a produção de cebola tipodoce ou em sistemas orgânicos ouagroecológicos. Nos estados do NE,onde o clima apresenta condições favo-ráveis, a produção de cebola tipo salada(cebola doce) com vistas às exportaçõespara os Estados Unidos e Europa, pode

tornar-se uma alternativa rentável paraos produtores.

LITERATURA CITADA

ANACE. Escalonamento mensal da oferta de ce-bola para 2003: em toneladas. In: SEMINÁRIONACIONAL DE CEBOLA, 15; SEMINÁRIO DECEBOLA DO MERCOSUL, 16, 2003, Petrolina.Anais... Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2003.BARBERO, A.; CASTELLANO, A.;LUCANERA, G. Situação actual y perpectivas delcultivo de cebolla en el Valle Bonaerense del RioColorado. In: REUNIÓN ANUAL DE LA AAEA,29., 1998, La Plata. Trabajos y comunicaciones...Buenos Aires: AEEA, 2000.BOEING, G. Fatores que afetam a qualidade dacebola na agricultura familiar catarinense.Florianópolis: Instituto Cepa, 2002. 88 p.BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indús-tria e Comércio. Importação brasileira, 07031019:outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em:<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acessoem: 22 jan. 2004a.BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indús-tria e Comércio. Exportação brasileira, 07031019:outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em:<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acessoem: 22 jan. 2004b.BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Re-feições coletivas: um segmento que apresentaoportunidades para o produtor. Frutifatos, Brasília,DF. Edição 3. p.2-10, 2002.CABRERA FILHO, J. Relatório da produção de ce-bola no Brasil: 2004. São Paulo: Secretaria da Agri-cultura e Abastecimento. 2004. 5 p. (Documento).CAMARGO FILHO, W.P. Produção e mercadode cebola no MERCOSUL: 1990-98. InformaçõesEconômicas, São Paulo, v.29, n.4, p.19-30, 1999.CAMARGO FILHO, W.P. Alterações no merca-do de cebola com o MERCOSUL: InformaçõesEconômicas, São Paulo, v.32, n.14, p.41-49, 2000.GALMARINI, C. Rendimiento da cebolla en Ar-gentina. INTA. [email protected](comunicação via E-mail em 03/11/2004).IBGE. Censo Agropecuário:1996.Número de infor-mantes por extratos de áreas. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2002.IBGE. Produção agrícola municipal de cebola.Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Aces-so em: 09 fev. 2004.IBGE. Pesquisa de orçamento familiar-2003. Dis-ponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acessoem: 18 abr. 2004.KERBY, J.K. Essencial of marketingmanagement. Chicago: South-Western PublishungCompany, 1992. 696 p.KING, R.W. Análise quantitativa em administraçãomercadológica. São Paulo: USP, 1967 682 p.PORTER, M.E. A vantagem competitiva s das Na-ções. Rio de Janeiro: campus,1993. 897 p.SAASP. Repensando a agricultura paulista. SãoPaulo, 1997. 43 p.TOSI, J.C. INTA Balcarce: suplemento económico n.25: costo operativo de cebolla. Disponível em: <http://www.inta.gov.ar/balcarce/info/documentos/econo/suple/25/cebolla.htm> Acesso em: 09 dez. 2003.VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; VIEIRA,R.C.M.T.; CAMARGO FILHO, W.P.; MADAIL,J.C.M.; COSTA, N.D.; BOEING, G.; VIVALDI, L.F.;WERNER, H. Identificação de sistemas de produ-ção de cebola nos principais Estados produtores: re-latório final de pesquisa - subprojeto 13.2001.865-07. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2002.

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1034 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Errata

No artigo “Efeito da sacarose, cinetina, isopentenil adenina e zeatina no desenvolvimento de embriões de Heliconiarostrata in vitro”, publicado no v.23, n.3, julho a setembro de 2005, p. 789-792, retifica-se o nome de um dos autores,constante da página 789.

Onde se lê: Fernanda D. Duval, leia-se: Fernanda G. Duval.

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1035Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Abboud, A.C.S. ...................... 117, 281Almeida, D.L. ................................ 184Almeida, G.C. ................................. 993Almeida, G.R.O. ............................. 970Almeida, I.P.C. ...............................960Alvarenga, A.A. ............................. 846Alvarenga, M.A.R. ......................... 976Alves, A.U. ....................................... 19Alves, D.S. ....................................... 28Alves, R.E. ..................................... 793Amaral Júnior, A.T. ....... 22, 123, 1000Amaral, C.L.F. ................................ 911Amaro Filho, J. .............................. 718Andrade Júnior, V.C. ......................899Andrade, F.V. .................................... 90Andreuccetti, C. ............ 148, 324, 940Andriolo, J.L. .................................931Anti, G.R. ........................................ 271Aquino, L.A. ......................... 100, 266Aragão, F.A.D. ............................... 789Araújo, J.S.P .................................... 05Araújo, M.G.................................... 143Arie F. Blank ..................................780Arimura, C.T. ................................. 982Arrigoni-Blank, M.F. ..................... 780Ávila, A.C. ..................................... 904Bacarin, M.A. .................................799Banzatto, D.A. ................................ 743Baptista, G.C. ................................... 38Barbieri, V.H.B. .............................. 826Barbosa, J.C. ............................ 51, 311Barbosa, J.A. .................................. 925Barbosa, L.J.N. ...................... 128, 768Barbosa, Z. ..................................... 960Barros Júnior, A.P. ... 233, 285, 290, 712Barros, A.F.F. ................................. 789Barros, G.T. .................................... 931Baptista, G.C. ................................... 38Batista, J.A. ....................................841Belfort, G. ....................................... 960Beraldo, M.R.B.S. .......................... 143Bergamin, L.G. ............................... 311Bernardi, A.C.C. .............................920Bertolucci, S.K.V. ................. 735, 956Bervald, C.M.P. .............................. 799Bezerra Neto, F. ........ 90, 133, 189, 233,285, 290, 712, 754, 773

Índice dos autores do v.23, 2005(O numero da página em negrito indica o primeiro autor)

Biscegli, C.I. ................................... 793Blat, S.F. ........................................... 72Blumer, L. ...................................... 881

Boeing, G. ..................................... 1029Boff, P. ............................................ 875Boiteux, L.S. ................. 105, 815, 819

Bordallo, P.N. .................................123Bortolotto, O.C. .............................. 931

Botelho, R. ..................................... 805

Botrel, T.A. ..................................... 316Braz, L.T. ........................................ 743

Braz, M.S.S. ................................... 915

Brito, C.H. ...................................... 826Caetano, L.C.S. ............................1015

Café Filho, A.C. .................... 228, 945

Caliman, F.R.B. ..................... 255, 893Câmara, M.J.T. ...................... 233, 712

Camargo Filho, W.P. .................... 1029

Camargo, M.S. ............................... 271Campos, R.S. .................................. 215

Cañizares, K.A.L. ............................ 09Cantarella, H. ................................. 726

Cardoso, A.A. ................................. 255

Cardoso, A.D. ................................. 911Cardoso, A.I.I. ............... 198,.785, 837

Cardoso, F.B. .................................. 138

Cardoso, J.C. .................................. 169Cardoso, J.C.W. .............................. 956

Cardoso, M.O. ................................ 128

Cardoso, A.I.I. ....................... 198, 731Carmello, Q.A.C. ........................... 271

Carmo, M.G.F. ............... 117, 281, 915

Carneiro, C.R. ................................ 754Carnelossi, M.A.G. ................ 215, 970Carrijo, O.A. ........................... 57, 105

Carvalho, A.M. .............. 250, 805, 851Carvalho, J.G. ................................. 174

Carvalho, L.A. ................................ 986Carvalho, W. .................................. 819Caseiro, R.F. ...................................887Castro, A.C.R. ................................ 699

Castro, E.M. ...................................846Castro, M.R.S. ....................... 100, 266

Catelan, F. ....................................... 853

Cecílio Filho, A.B. .. 763, 831, 853, 990César, M. ........................................ 228

Charchar, J.M. ................................ 851Corrêa, P.C. .................................... 722

Corrêa, R.M. ................................... 956

Costa, A.S. ...................................... 699Costa, C.A. ....................................... 28Costa, C.L. ..................................... 929

Costa, C.P. ............................... 72, 158Costa, F.A. ...................................... 773

Costa, F.B. ...................................... 112

Costa, L.C.B. .................................. 956Costa, M.R. .................................... 221

Costa, N.D. ................ 707, 1010, 1029

Cruz, C.D. ........................................ 44Cruz, M.C.P. .................... 51, 311, 758

Dantas, A.C.M. ................................. 86

Debarba, J.F. ................................... 875Deleito, C.S.R. ....................... 117, 281

Derbyshire, M.T.V.C. ..................... 221

Deuner, S. ....................................... 799Dias, E.N. ................................ 94, 275

Dias, R.C.S ..................................... 179Domingues, R.J. ............................. 749

Dóro, L.F.A. .................................1006

Duarte, J.M. .................................... 826Duarte, R.P.F. ................................. 299

Dusi, A.N. ....................................... 929

Duval, F.D. ..................................... 789Eklund, C.R.B. .............................1015Elpo, E.R.S. .................................. 1022

Espínola Sobrinho, J. ............ 133, 773Fabbrin, E.G. .................................... 48

Faquin, V. ....................................... 735

Farias, M.F. .................................... 740Fernandes, L.A. ................................ 28

Fernandes, L.E. .............................. 228

Fernandes, M.C.A. ................. 117, 281Ferreira, J.M. ................................ 1015

Ferreira, L.S. .................................. 799

Ferreira, M.D. ..... 148, 324, 1018, 940Ferreira, M.E. .................. 51, 311, 758

Ferreira, M.R. ................................. 749

Ferri, P.H. ....................................... 956Filgueiras, H.A.C. .......................... 793

Finger, F.L. .............................. 81, 722

Fiorini, C.V.A. ................................ 299Fiorini, I.V.A. ................................. 299

Page 172: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1036 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Firme, L.P. ...................................... 722Florio, F.C.A. ................................. 899

Foltran, D.E. ................................... 935

Fonseca, L.N. .................................904Fonseca, M.E.N. ........... 815, 819, 851

Fontes, P.C.R. .................. 94,.255, 275Fontes, S.M. ................................... 780Fortes, G.R.L. ................................... 86

França, R.B. ..................................... 86

Franco, A.T.O. .............................. 1018Franzin, S.M. .................................. 193Freitas, D.F. .................................... 112

Freitas, K.K.C. ...................... 285, 290Furtado, E.L. .................................. 198

Gabriel, A.P.C. ............................... 123

Gaia, J.M.D. ...................................221Galvão, H.L. ..................................... 81

Garcia Júnior, O. ............................ 749

Garcia, D.C. ................................... 193Giordano, L.B. .............. 105, 815, 819

Godoi, R.S. ..................................... 931

Godoy, A.R. ....................................785Godoy, M.C. ...................................837Gois, V.A .......................................... 15

Gomes Júnior, J. ............................. 112Gomes, A.M.A. .............................. 108Gomes, J.M.R. .............................1015

Gomes, L.A.A. ............................... 299Gomes, L.S. .................................... 826

Gomes, T.M. ...................................316Gonçalves, K.S. ............................... 05Goto, R. ............................................ 09

Graça, R.N. ..................................... 275

Grangeiro. L.C. .............................. 763Grosso, C.R.F. ................................ 841

Guerra, J.G.M. ................................ 184

Guimarães, M.A. ............................ 951Gutierrez, A.S.D. ............................ 324

Haber, L.L. ...................................1006

Haim, P.G. ....................................... 920Henz, G.P. ........................ 61, 138, 881Honório, S.L. .................................. 940

Inoue-Nagata, A.K. ............... 815, 904Israel, M. ........................................ 169

Ito, S.C.S. ....................................... 718

Jacoby, C.F.S. ................................. 294Jalali, V.R.R. ................................... 970

Junqueira, A.M.R. ......... 250,.805, 810

Junqueira, C.S. ............................... 982

Junqueira, R.M. .............................. 184Karasawa, M. ........................ 22, 1000Kumakawa, M.K. ........................... 940

Ladeira, I.R. .......................... 100, 266Lana, R.M.Q. ........................... 76, 965

Leão, F.F. ........................................ 228

Leitão, M.M.V.B.R. .............. 133, 773Leite, G.L.D. ..................................... 28

Levien, S.L.A. ................................ 242

Licursi, V. ....................................... 299Lima Júnior, E.C. ........................... 846

Lima Sobrinho, R.R. ...................... 735

Lima, J.S.S. ........................... 285, 290Lima, M.A.C. .................................793Lira, M.L. ....................................... 970

Loges, V. .........................................699Lopes, C.A. .................................... 320

Lopes, J.C. ......................................143Lopes, N.F. ..................................... 799Luz, G.L. ......................................... 931

Luz, J.M.Q. ......................... 826, 1006Machado, C.M.M. .......................... 851Madail, J.C.M. ............................. 1029

Madeira, D.M. ................................ 899

Madeira, N.R. .................................982Makishima, N. .............................. 1029

Maluf, W.R. .................................... 299

Mantovani, J.R. ..............................758Mapeli, N.C. ..................................... 32Marcos Filho, J. ............................. 887

Mariano, R.L.R. ............................. 108Marim, B.G. ....................................951Marouelli, W.A. ...................... 57, 320Martins, C.S. .................................. 221Martins, E.R. .................................... 28

Martins, M.I.E.G. ........................... 853

Mathias, M.L. ................................. 940Matos, C.S.M. ................................ 899

Matsumoto, S.N. ............................ 911

Medeiros, J.F. ................ 202, 260, 773Medeiros, P.H. ................................ 112

Medeiros, S.L.P. ............................... 48

Mello, S.C. ..................................... 271Melo Filho, P.A. .............................929Melo, H.C. ...................................... 846

Melo, P.C.T. ......................... 154, 1029Mendonça Júnior, C.F ...................... 15

Mendonça, F.V.S .............................. 15Mendonça, M.C. ............................ 780

Menezes, J.B. ............ 15, 90, 112, 754Menezes, N.L. ................................ 193

Mesquita Filho, M.V. ....................... 68Miranda, J.E.C. ................................ 44Miranda, N.O. ....................... 242, 260Mizobutsi, G.P .................................. 81

Modolo, V.A. .................................. 316Monte, M.B.M. .............................. 920

Morais, M.S. .................................. 128

Morais, O.M. .................................. 911Moreira, G.R. ......................... 255, 893Moretti, C.L. ................................... 993

Mota, J.H. .............. 174, 238, 870, 976Mota, M.G.C. .................................. 221

Mota, W.F. ......................................722Moura, M.C.C.L. ............................ 206Moura, M.F. .................................... 915

Moura, M.L. ..................................... 81Muniz, M.F.B. ................................ 703Nagata, T. ....................................... 904

Napoleão, R.L. ................................. 28

Nascimento, A.B.G. ........................ 993Nascimento, J.T ............................... 19Nascimento, W.M. ...........44, 211, 703

Negreiros, M.Z. .... 133, 189, 202, 233,285, 290, 712,754,773 960Negrelle, R.R.B. ...........................1022Neves, L.L.M. ................................ 722

Noce, R. .......................................... 238Nogueira, D.H. ............................... 915

Nunes , G.H.S .... 15, 90, 112, 133, 718

Nunes, U.R. .................................... 899Olinik, J.R. ..................................... 294

Oliveira Júnior, A.C. ......................735Oliveira, A.P. ......... 19, 128, 768, 915 227Oliveira, A.S. .................................. 780

Oliveira, B.C. ................................... 05

Oliveira, C.D. .................................743Oliveira, E.Q. ........ 233, 285, 290, 712

Oliveira, F.L. ..................................184Oliveira, M.R.T. ............................. 915Oliveira, R.F. .................................. 316

Oliveira, R.P. .................................. 294

Oliveira, S.A. ................................. 810Oliveira, T.S. ......................... 242, 260

Oliveira, V.R. ....................... 221, 1029

Onuki, A.C.A. ................................ 993Otto, R.F. ........................................ 294

Oviedo, V.R.S. ................................ 785

Page 173: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1037Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Padovan, M.P. ................................ 184Papa, G. ............................................. 38

Passos, F.A. ........................... 841, 935

Paulus, D. ......................................... 48Paulus, E. .......................................... 48

Peixoto, J.R. ................................... 881

Pereira, C. .......................................810Pereira, E.W.L. ................................. 90

Pereira, F.H.F. ....................... 100, 266

Pereira, J.E.S. ................................... 86Pereira, M.G. .................................. 123

Pereira, P.R.G. ....................... 100, 266

Pereira, R.S. ...................................703Pereira, W.E. .................................. 768

Peternelli, L.A. ............................... 893

Picanço, M.C. ................................. 893Pimenta, F.L. .................................. 899

Pineli, L.L.O. .................................993Pinto, J.E.B.P. ................ 735, 846, 956Pizetta, L.C. ...................................... 51Polidoro, J.C. .................................... 05

Poltronieri, M.C. ............................ 221Puiatti, M. .............................. 100, 266

Purquerio, L.F.V. ............................831Puschmann, R. ............................... 215Queiroga, R.C.F. ........... 133, 189, 754

Queiróz, M.A. ....................... 179, 206

Ramos, P.A.S. ................................. 911Ramos, S.J. ....................................... 28

Ranal, M.A. ...................................... 76

Reghin, M.Y. ..................................294Reifschneider, F.J.B. ........................ 61

Reinoso, A.C.L. .............................. 970

Reis, A. ........................................... 250Resende, F.V. .................................. 851

Resende, G.M. ...... 174, 238, 707, 976,1010, 870

Resende, R.O. ................................ 929Rezende, B.L.A. .............................853Ribas, R.G.T. .................................. 184

Ribeiro, D.G. .................................. 789Ribeiro, I.J.A. ................................. 935

Ribeiro, L.G. ................................... 143

Ribeiro, R.L.D. ........................ 05, 184

Riffel. C. ........................................... 48Riva, E.M. ............................. 22, 1000

Rocha, J.M.M. ................................ 718

Rocha, R.C.C. ....................... 133, 189Rocha, R.H.C. ....................... 133, 189

Rodrigues Júnior, J.C. ........... 174, 976

Rodrigues, J.D .................................. 09Rodrigues, R. ......................... 22, 1000

Rossetto, C.A.V. ............................. 915

Rücker, N.G.A. ............................. 1022Sá, K.A. .......................................... 965

Saad, J.C.C. .................................... 740

Sala, F.C. ................................. 72, 158Sales Júnior, R. ............................... 718Salviano, A.M. ............................... 718

Santana, D.G. .................................. 826Santos Júnior, J.J. ............................. 90

Santos, G.R. ........................... 228, 945Santos, J.E. ...................................1006Santos, O.S. ............................. 48, 193

Sedyama, T. .................................... 911

Shimoya, A. .................................. 1015Silva, C.A. ...................................... 260

Silva, D.J.H. ................ 94, 206, 255, 893,722, 951Silva, E. .......................................... 875Silva, E.O. ............................. 215, 290

Silva, G.F. ....................................... 970

Silva, G.G. ....................................... 915Silva, H.R. ............................... 68, 819

Silva, I.F. .......................................... 19

Silva, J.B. ....................................... 990Silva, J.B.C. ........... 105, 250, 815, 851

Silva, J.E.L. ........................... 128, 768

Silva, M.C.C. .................................202Silva, M.P. ....................................1000

Silva, P.S.L. .................................... 960

Silva, W.L.C. .................................. 320Silva-Mann, R. ............................... 780

Silveira, E.B. .................................. 108

Silveira, L.M. ........ 233, 285, 290, 712Simões, A.N. .................................. 112Singh, R.P. ...................................... 904

Siqueira, J.M. ................................... 32

Soares, A. ....................................... 915Soares, A.M. ................................... 846

Sousa, V.F. ...................................... 202

Souza, A.F. ....................................... 68Souza, A.P. ....................................... 19

Souza, E.R. ..................................... 242

Souza, F.F. ......................................179Souza, G.L.F.M. ............................. 754

Souza, P.A ............................... 15, 754Souza, R.J. ............ 174, 238, 976, 870,Souza, R.M. .................................... 881

Stringheta, P.C. ............................... 255

Sudré, C.P. ............................. 22, 1000Tanada-Palmu, P.S. ........................ 841

Tavares, M. .......... 148, 324, 1018, 940

Teixeira, J.B. .................................. 982Teixeira, M.C.F. ............................. 699

Tessarioli Neto, J. ........................... 986

Tivelli, S.W. .......................... 726, 935Töfoli, J.G. ......................................749Torres, A.C. .................................... 789Torres, S.B. ............................ 303, 307Trani, P.E. ...................... 726, 841, 935Trevizan, L.R.P. ................................ 38Vencovsky, R. ................................... 72Verruma-Bernardi, M.R. ................ 920

Viana, A.E.S. .................................. 911

Viegas, E.C. .................................... 915Vieira, J.V. ............... 44, 250, 805, 851Vieira, M.C. ...................................... 32

Vieira, R.D ..................................... 990Vilas Bôas, R.L. ............................... 09

Vilela, N.J. ........................... 154, 1029Werneck, C.G. ................................ 920Werner, H. ...................................... 875

Witter, M.H. ................................... 931

Yaguiu, P. ........................................ 970Yuri, J.E. ........ 174, 238, 976, 870, 899

Zanão Júnior, L.A. .................. 76, 965Zanatta, E.R. ................................... 799Zarate, N.A.H. .................................. 32

Zatarim, M. .................................... 198Zerbini, F.M. .................................. 206Zolnier, S. ......................................... 57

Page 174: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1038 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Abóbora (Cucurbita moschata)

Sphaerotheca fuliginea, produto lácteo fermentado,doença, oídio .................................................................... 198ZYMV, resistência ........................................................... 206

Flores, qualidade de sementes, polinização manual ....... 731

Alface (Lactuca sativa)

Produção de folhas, taxa de crescimento, sombreamento,temperatura ambiente, luminosidade .............................. 133

Biossólidos, resíduos, metais pesados, lodo de esgoto ... 143

Bremia lactucae, Thielaviopsis basicola, mosaico daalface, resistência genética, alface crespa vermelha ....... 158Rendimento, nutrição, qualidade, dose de potássio, épocade aplicação ...................................................................... 174

Sombreamento, taxa de crescimento, indicadores econômi-cos, temperatura, luminosidade ....................................... 189

Qualidade fisiológica, sementes, mudas ......................... 193Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,consórcio .......................................................................... 233

Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285

Composição química, consórcio, densidade populacional290Melhoramento, linhagens, nematóide das galhas,florescimento precoce ...................................................... 299

Dióxido de carbono, fertirrigação, matéria seca ............. 316

Desempenho agronômico, consorcio, densidadepopulacional ..................................................................... 712Pós-colheita, fertilizantes minerais, fertilizante orgânico754

Nitrogênio, crescimento ................................................... 758

DRIS, análise foliar de nutrientes, balanço nutricional,produção, queima de bordos, hidroponia ........................ 810Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853

Rendimento, competição de cultivares ........................... 870

Coberturas de solo, produção .......................................... 899Massa fresca, nutrição, armazenamento, nitrogênio,molibdênio ....................................................................... 976

Estilbita, análise sensorial, teste de ordenação, zeólita .. 920

Fertirrigação, hidroponia, salinidade ............................... 931Alho (Allium sativum)

Tendência, produção, preços ........................................... 238

Afídeos, Neotoxoptera formosana .................................. 929Banco de germoplasma, produtividade ........................... 935

Cinnamomum zeilanicum Breym, Arachis hypogaea L . 915

Agronegócio, competitividade, mercado, produção,importação ...................................................................... 1029Batata (Solanum tuberosum)

Micropropagação, crescimento, tipo de explante, multipli-cação in vitro, número de gemas ....................................... 86

Controle químico, indutor de resistência, BTH, requeima .... 749

Refrigeração, açúcares, temperatura de armazenamento .... 799

Índice analítico dos artigos publicados no volume 23, 2005

Vírus Y da batata, reação em cadeia da polimerase, potyvírus, RT-PCR .......................................................... 904

Processamento mínimo, alterações metabólicas, antioxidante ..................................................................... 993

Batata-doce(Ipomoea batatas)

Sulfato de amonio, produtividade, teor de N .................. 726

Adubação fosfatada, ramas por cova, produção de raízes ..... 768

Produtividade, formato de raiz, insetos de solo .............. 911

Nutrição mineral, produção, glicose, uréia amido .......... 925

Beterraba (Beta vulgaris)

Inibidores, germinação .................................................... 990

Brócolos (Brassica oleracea L. var. italica)

Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, soloarenoso ............................................................................... 51

Recobrimento, biofilme, pectina, gelatina, vigor desementes ........................................................................... 841

Cebola (Allium cepa)

Frigorificação de bulbos, produção de sementes, rendimen-to, potencial de sementes ................................................. 294

Rendimento, densidade de plantio, perda de peso debulbos ............................................................................... 707

Rendimento, densidade de plantio, armazenamento,massa fresca de bulbos .................................................. 1010

Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico,produção de mudas, composto termófilo ........................ 875

Priming, incubação, germinação, vigor, secagem desementes ........................................................................... 887

Cenoura (Daucus carota)

Melhoramento, qualidade fisiológica, germinação, caracte-rística de semente ............................................................... 44

Oxisolo, micronutriente, boro ........................................... 68

Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,consórcio .......................................................................... 233

Resistência a doenças, produtividade, cultivo orgânico,cultivo convencional florescimento, queima das folhas . 250

Composição química, consórcio, densidade populacional ....290

Desempenho agronômico, sistemas consorciados .......... 712

Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica . 743

Sistemas de cultivo, teste de comparação pareada, teste deordenação, preferência do consumidor, análise sensorial 805

Cultivar, cenourete, processamento mínimo ................... 851

Coentro (Coriandrum sativum)

Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285

Germinação, sementes, vigor, pureza, microrganismos,termo-inibição, cultivares ................................................ 703

Couve (Brassica oleraceae cv. Acephala)

Taxa respiratória, etileno, polifenol oxidase, vitamina C,conservação, processamento mínimo .............................. 215

Page 175: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1039Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Couve-da-Malásia (Brassica chinensis L. var.parachinensis (Bailey)“Tsoi sum”, adubação nitrogenada .................................... 76Parcelamento, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo denutrientes .......................................................................... 965Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, soloarenoso ............................................................................... 51Bandeja, volume de célula, idade de transplantio ........... 837Feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris)Nutrição, rendimento, qualidade, solo arenoso, teor defósforo .............................................................................. 128HortaliçasCaixa “K”, transporte, pós-colheita, absorção de água,fungos, embalagem .......................................................... 138Citrullus lanatus, Cucumis melo, Lycopersicon esculentum,Solanum melongena, estabelecimento de plântulas, termo-inibição, condicionamento osmótico, germinação, tempera-tura baixa, sementes ......................................................... 211Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza)Embalagens, preços, comercialização ............................... 61Danos mecânicos, lesões, respiração, deterioração ........ 881benzilaminopurina, ácido giberélico ............................... 982Maxixe (Cucumis anguria)Cyclanthera pedata, hortaliça não-convencional, sistemade condução, tutoramento, espaçamento ........................... 28Potencial fisiológico, vigor, deterioração de sementes ... 307Melancia (Citrullus lanatus)Análise multivariada, agrupamento, variáveis canônicas,divergência genética ........................................................ 179Epidemiologia, controle, crestamento gomoso ............... 228Nutrição de plantas, crescimento, macronutriente .......... 763Didymella bryoniae, crestamento gomoso do caule ....... 945Melão (Cucumis melo)Pós-colheita, qualidade, armazenamento, refrigeração .... 15Qualidade, produtividade, armazenamento ....................... 90Conservação, injúria pelo frio, qualidade pós-colheita,armazenamento, refrigeração, época de colheita ............ 112Plasticultura, salinidade, irrigação, cobertura do solo .... 202Variabilidade espacial, sólidos solúveis totais, firmezade polpa, qualidade de fruto ............................................ 242Geoestatística, manejo localizado ................................... 260Sólidos solúveis totais, firmeza de polpa, fertilizantesorgânicos, análise de custo .............................................. 718Filme de polietileno, manejo de irrigação, produtividade,sólidos solúveis totais ...................................................... 773Abscisão peduncular, comportamento respiratório, firmeza,tomografia de ressonância magnética, 1-metilciclopropeno ..793Nutrição de plantas, hidroponia, nitrogênio, qualidade defrutos ................................................................................. 831Milho (Zea mays)

Capacidade combinatória, efeito recíproco, análisedialélica, caracteres agronômicos, proteína total ............ 123

Comprimento e diâmetro de espiga, profundidade degrãos, espaçamento .......................................................... 826Milho verde, minimilho ................................................... 960Pepino (Cucumis sativus)

Nutrição, CO2, irrigação, enxertia ..................................... 09

Potencial fisiológico, vigor, solução salina, envelhe-cimento de sementes ........................................................ 303Endogamia, produção, melhoramento ............................. 785Pimenta (Capsicum spp.)Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,técnica multivariada ........................................................... 22Resistência genética, oídio ................................................ 72Pimenta-do-reino ((Piper nigrum L..)

Germoplasma, isozimas, melhoramento genético .......... 221Pimentão (Capsicum annuum)Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,técnica multivariada ........................................................... 22Estufa, análise de crescimento, matéria seca, ambienteprotegido ............................................................................ 94Resistência genética, oídio ................................................ 72Xanthomonas axonopodis, antibiose, epidemiologia,controle, biofertilizante, mancha bacteriana ................... 117Absorção, ambiente protegido, nitrogênio, potássio,fertirrigação, nutrição de plantas ..................................... 275Xanthomonas euvesicatoria, antibiose, biofertilizante ... 281Planta MedicinaisChamomilla recutita, Asteraceae, planta medicinal, óleoessencial, biomassa, nitrogênio, fósforo, capítulo floral .. 32Mentha x villosa, plantas medicinais, hidroponia, substrato ... 48Lychnophora pimaster, nutrição mineral, nutrição orgânica,planta medicinal, óleo essencial, arnica, calagem .......... 735Melissa officinalis, substrato, intervalo de colheita, alturade corte ............................................................................. 780Mikania glomerata, guaco, fotoperíodo, clorofila,condutância estomática, anatomia foliar ......................... 846Zingiber officinale, cadeia de produção, comercialização,gengibre .......................................................................... 1022Cinnamomum zeilanicum, Arachis hypogaea, toxicidade deóleos essenciais ................................................................ 915Mentha piperita, nutrição de plantas, hidroponia, concen-tração de solução nutritiva ............................................. 1006Melissa officinalis, nutrição de plantas, hidroponia,concentração de solução nutritiva ................................. 1006Cymbopogon citratus, pós-colheita, secagem, moagem,óleo essencial, capim limão ............................................. 956Plantas ornamentais(Orchidaceae) espécies, levantamento, nativas,biodiversidade, cultivo ..................................................... 169(Aster ericoides), nutrição, estufa ................................... 271(Zingiberales, Araceae), flores de corte, classificação deinflorescências, ponto de colheita, embalagem .............. 699

Page 176: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1040 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Dendranthema grandiflora, análise de crescimento,tensão de água no substrato, crisântemo ......................... 740

Heliconia rostrata, cultura de embriões, micropropagação,cultura de tecidos, sacarose, cinetina, isopentenil adenina,zeatina .............................................................................. 789

Pupunha (Bactris gasipaes)

Adubação orgânica, adubação mineral, esterco bovino,palmito ................................................................................ 19

Quiabo (Abelmoschus esculentus)

Carboidratos, vitamina C ................................................. 722

Sanitização, centrifugação, embalagem, conservação,processamento mínimo .................................................... 970

Rabanete (Raphanus sativus)

Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184

Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853

Repolho (Brassica oleracea var. capitata)

Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, soloarenoso ............................................................................... 51

População, nitrato, qualidade, espaçamento, característicaqualitativa ......................................................................... 100

Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184

População, fertilização nitrogenada, produção, espa-çamento ............................................................................ 266

Vermicomposto de esterco de bovino, boro, aduboorgânico ............................................................................ 311

Tomate (Lycopersicon esculentum)

Ralstonia solanacearum, resistência sistêmica adquirida,murcha bacteriana, acibenzolar S-methyl ......................... 05

Resíduos de pesticidas, metabolismo, cultivo protegido,acefato, metamidofós ......................................................... 38

Condutividade elétrica, potencial matricial, potencialosmótico, tensiômetro, sistema radicular, substrato, cultivosem solo .............................................................................. 57Etileno, respiração, açúcares solúveis, oxidase do ACC,poligalacturonase, amadurecimento do fruto .................... 81Coloração, firmeza, pegamento de fruto, sólidos solúveis,tolerância ao calor ............................................................ 105Pectobacterium carotovorum, controle biológico, controleintegrado, Rhodotorula sp., Pseudomonas sp., fluorescente,cálcio, podridão mole ....................................................... 108Danos físicos, padrões de qualidade, custo do tomate,consumo in natura, consumidor ...................................... 148Cultivar, manejo cultural, qualidades nutracêuticas,processamento .................................................................. 154Temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade,rendimento ....................................................................... 255Ralstonia solanacearum, patógeno de solo, turno de rega ....320Comercialização, classificação, perdas pós-colheita,embalagem ....................................................................... 324Mosca-branca, geminivírus ............................................. 815Colorímetro, pigmentos, carotenóides ............................ 819Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética,melhoramento de plantas ................................................. 893Escovas, beneficiamento, classificação, normas, diâmetrosde frutos ............................................................................ 940Tratos culturais, produção classificada, eficiênciafotossintética, rentabilidade, tutoramento ....................... 951Produtividade, qualidade de fruto, estufa ...................... 1015Análise multivariada, caracterização de germoplasma,recursos genéticos, pré-melhoramento .......................... 1000Rendimento, condução, densidade populacional ............ 986Cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidadedos frutos, técnica de colheita ....................................... 1018

Page 177: Volume 23 número 4 ISSN 0102-0536 - UFPR gengibre.pdf · 2007. 7. 25. · Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 SUMÁRIO/CONTENT

1041Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Adailson Pereira de Souza ................................... UFPB - PB

Adalberto Café Filho ............................................. UnB - DFAdão de Siqueira Ferreira .................................. UFOP - MG

Ademar Pereira de Oliveira ................................. UFPB - PB

Aderson Soares de Andrade Jr. ..... Embrapa Meio Norte - PIAdilson Tonietto ........................................... FEPAGRO - RS

Adriana Antonieta N. Rizzo .......... UNESP Araraquara – SP

Adriana Ramos.................................................... Ilhéus - BAAdriano do Nascimento Simões ....................... Viçosa - MG

Agostinho Dirceu Didonet ..... Embrapa Arroz e Feijão - GO

Aike A. Kretzschmar ........................................ UDESC - SCAilton Reis .................................... Embrapa Hortaliças - DF

Alberto C. de Campos Bernardi .. Embrapa Pecuária Sudeste - SP

Aldi Fernando França de Souza ........................... UFG - GOAlexandre Augusto Nienow ...................................UPF - RS

Alexandre Couto RodriguesEmbrapa Clima Temperado - RS

Alexandre Pio Viana ............................................ UENF - RJAlice Maria Quezado Soares Durval .. Embrapa Hortaliças - DF

Aloisio Costa Sampaio .......................... UNESP Bauru – SP

Álvaro Luiz Mafra ............................................ UDESC - SCAmauri Alves de Alvarenga ............................... UFLA - MG

Amauri Bogo ..................................................... UDESC - SC

Ana Cristina P. P. de Carvalho ... Embrapa Agroind. Tropical - CEAna Maria Conte e Castro ......................... UNIOESTE - PR

Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim .............. Viçosa - MG

André Nunes Loula Tôrres .............................. EPAGRI - SCAndréa Maria André Gomes ................................ UFPE - PE

Angela Maria Ladeira .................. Instituto de Botânica - SP

Angela Maria Soares .......................................... UFLA - MGÂngelo Pedro Jacomino ......................... ESALQ - USP - SP

Antonieta Nassif SalomãoEmbrapa Recursos Genéticos - DF

Antônio Carlos Gomes ................... Embrapa Cerrados - DFAntônio Hélio J. .....Hórtica Consultoria e Treinamento - SP

Antônio Ismael Inácio Cardoso ......... UNESP Botucatu - SP

Antonio Nolla ....................................................... Toledo -PRAntonio Rafael Teixeira Filho ............... Embrapa Sede - DF

Arione da Silva Pereira ..... Embrapa Clima Temperado - RS

Arlindo Leal Boica Junior ............. UNESP Jaboticabal - SPArtur Ferreira Lima Neto .............. Embrapa Hortalicas - DF

Auri Brackmam ................................................... UFSM - RS

Barbara Janet Teruel de Medeiros ............... UNICAMP - SPBeatriz Marti Emygdio ......................... Embrapa Trigo - RS

Bernard A. L. Nicolaud ..................................... UFRGS - RS

Bernardo Ueno .................. Embrapa Clima Temperado - RSCarlos Alberto Aragão ....................................... UNEB - BA

Carlos Alberto da Silva Oliveira ........................... UnB - DF

Agradecimento aos revisores ad hocs que colaboraram com a revista dejaneiro de 2004 a outubro de 2005

Carlos Alberto Escapim ........................................ UEM - PR

Carlos Alberto Simões do Carmo ................. INCAPER - ESCarlos Machado dos Santos ................................. UFU - MG

Carlos R. F. Grosso ...................................... UNICAMP - SP

Carlos Roberto Bueno .......................................... INPA - AMCarmen Ilse Pinheiro Jobim ........................ FEPAGRO - RS

Carmen Silvia Vieira Janeiro Neves ...................... UEL - PR

Carolina Fernandes ........................ UNESP Jaboticabal - SPCassandro Vidal T. do Amarante ...................... UDESC - SC

Cecília Helena S. P. Ritzinger .. Embrapa Mandioca e Frut. - BA

Célia Regina Álvares Maltha .............................. UFV - MGCelma Domingos de Azevedo ..................... PESAGRO - RJ

Celso Trindade ................................. São João Del Rei - MG

Charles de Araujo ................................................. UFV - MGCharles Martins de Oliveira ............ Embrapa Cerrados - DF

Cirino Corrêa Júnior ...................................... EMATER - PR

Clara Oliveira Goedert ... Embrapa Recursos Genéticos - DFCláudia Araújo Marco.....................................Fortaleza - CE

Claudia Petry ...........................................................UPF - RS

Cláudia Pombo Sudré .......................................... UENF - RJCláudia Renata F. Martins ..................................... UnB - DF

Cláudia Silva da Costa Ribeiro .... Embrapa Hortaliças - DF

Cleber D. de G. Maciel ...................... UNESP Botucatu - SPCosme Damião Cruz .............................................. UFV - DF

Dalmo Lopes de Siqueira .................................... UFV - MG

Daniela Biaggioni Lopes ............ Embrapa Semi-Árido - PEDavi Teodoro Junghans .....Embrapa Mandioca e Frut. - BA

Débora Cristina Santiago ....................................... UEL - PR

Demóstenes M. P. de Azevedo ........ Embrapa Algodão - PBDenise Viani Caser ................................................... IEA - SP

Derly J. H. da Silva .............................................. UFV - MG

Dilermando Perecin ....................... UNESP Jaboticabal - SPDomingos Fornasier Filho ............. UNESP Jaboticabal - SP

Douglas Lau ......................................................... UFV - MG

Eduardo Euclydes de Lima e Borges .................. UFV - MGEgon J. Meurer .......................................... Porto Alegre - RS

Eliemar Campostrine ........................................... UENF - RJ

Ernani L. Agnes ................................................... UFV - MGFernanda A. Londero Backes ...................... Canoinhas – SC

Fernando Aragão ....... Embrapa Agroindústria Tropical - CE

Fernando Campos MendonçaEmbrapa Pecuária Sudeste - SPFernando César Sala .............................. ESALQ - USP - SP

Fernando Cezar Juliatti ........................................ UFU - MG

Fernando França de Souza .................................... UFG - GOFernando Luiz Finger .......................................... UFV - MG

Fernando Mesquita Lara ................ UNESP Jaboticabal - SP

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1042 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Flávia R. A. Patricio ......................... Instituto Biológico - SPFlávio de França Souza .................. Embrapa Rondônia - ROFrancisco A. Passos ................................................ IAC - SPFrancisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental - AMFrancisco Carlos Krzyzanowski ............. Embrapa Soja - PRFrancisco Ferraz Laranjeira ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BAFrancisco Hevilásio Freire Pereira ...................... UFV - MGFrancisco L. A. Câmara ..................... UNESP Botucatu - SPFrancisco Vilela Resende .............. Embrapa Hortaliças - DFFrederico Dimas Fleig ......................................UDESC - SCGeni L. Villas Boas ....................... Embrapa Hortaliças - DFGeraldo Milanez de Resende ...... Embrapa Semi-Árido - PEGermano Leão Demolin Leite ..........................UFMG - MGGerson R. L. Fortes .... Embrapa Rec. Gen.e Biotecnologia - DFGilberto Martins ..................................................... UEL - PRGilmar Paulo Henz ....................... Embrapa Hortaliças - DFGilmar Schafer .................. Embrapa Clima Temperado - RSGlauber Henrique de Souza Nunes ................... ESAM - RNGlauco E. P. CortezCentro Universítario Moura Lacerda - SPHaydeé Siqueira Santos ..................... UNESP Botucatu - SPHelcio Costa .................................................. INCAPER - ESHélio Grassi Filho .............................. UNESP Botucatu - SPHeloisa Filgueiras ..... Embrapa Agroindustria Tropical - CEHerminia E. Prieto Martinez ............................... UFV - MGHideaki W. Takahashi ........................................... UEL - MGHumberto Silva Santos ......................................... UEM - PRIniberto amerschmidt ..................................... EMATER - PRIsabel Cristina Bezerra .................. Embrapa Hortaliças - DFItamar Ferreira de Souza .................................... UFLA- MGItamar Rosa Teixeira ........................................ Ipameri - GOIvo Ribeiro da Silva ............................................. UFV - MGJairo Augusto Campos Araújo ....... UNESP Jaboticabal - SPJairo Vidal Vieira .......................... Embrapa Hortaliças - DFJean Carlos Cardoso .Fund. Shunji Nishimura de Tecnologia - SPJean Kleber Mattos ................................................ UnB - DFJesus G. Töfoli ................................... Instituto Biológico -SPJoão A. Wordell Filho ...................................... EPAGRI - SCJoão Bosco Carvalho da Silva ...... Embrapa Hortaliças - DFJoão Carlos Bespalhok Filho ............................... UFPR - PRJoão Carlos Soares de Mello ...... Univ. Federal Fluminense - RJJoão Ito Bergonci .............................................. UFRGS - RSJoão Tavares Filho ................................................. UEL - PRJoaquim Gonçalves de Pádua ........... EPAMIG Caldas - MGJony Eishi Yuri ................................................... UFLA - MGJorge Luiz Martins ...............................................UFPel - RSJosé Abramo Marchese ...................... UNESP Botucatu - SPJosé Alberto Caram de Souza Dias ........................ IAC - SPJosé Antônio Azevedo EspindolaEmbrapa Agrobiologia - RJ

José Biasi .......................................................... EPAGRI - PRJosé Cambraia ...................................................... UFV - MG

José de Barros. de França Neto .............. Embrapa Soja - PRJosé Eduardo B. P. Pinto .................................... UFLA - MGJosé Ernani Schwemgber .. Embrapa Clima Temperado - RSJosé Fernando Durigan .................. UNESP Jaboticabal - SPJosé Ferreira da Silva ........................................ UFAM - AMJosé Flávio Lopes .......................... Embrapa Hortalicas - DFJosé Francismar de Medeiros ............................ ESAM - RNJosé Garcia ............................................................ UFG - GOJosé Geraldo Baumgartner ............ UNESP Jaboticabal - SPJosé Guilherme Marinho GuerraEmbrapa Agrobiologia - RJJosé Maria D. Gaia .. Univ. Federal Rural da Amazônia - PAJosé Maria Pinto .......................... Embrapa Semi Árido - PEJosé Orestes M. Carvalho .............. Embrapa Rondônia - ROJosé Polese Soares Novo ........................................ IAC - SPJosé Ricardo Peixoto .............................................. UnB - DFJosé Roberto de Oliveira ...................................... UFV - MGJosé Roberto Pinto de Souza ................................. UEL - PRJosé Roberto Vicente ............................................... IEA - SPJosé Ronaldo Magalhães .......Embrapa Gado de Leite - MGJosé Tadeu Jorge .......................................... UNICAMP - SPJosé Wellington dos Santos ............. Embrapa Algodão - PBJosivan Barbosa Menezes .................................. ESAM - RNJozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar Embrapa Cerrados - DFJulio Marcos Filho ................................. ESALQ - USP - SPJurandi Gonçalves de Oliveira ............................ UENF - RJJuscelino Antônio Azevedo ............ Embrapa Cerrados - DFJuvenil Enrique Cares ............................................ UnB - DFKeigo Minami ........................................ ESALQ - USP - SPLaércio Antonio Gonçalves Jacovine .................. UFV - MGLázaro Eustáquio Pereira Peres ............. ESALQ - USP - SPLeo Pires Ferreira.................................... Embrapa Soja - PRLeonardo Collier ............................................ UNITINS -TOLúcia Sadayo Assiri Takahashi .............................. UEL - PRLuciana M. de Carvalho Embrapa Tabuleiros Costeiros - SELudwig H. Pfennig ............................................. UFLA - MGLuis Vitor Silva do Sacramento ..... UNESP Araraquara – SPLuiz Antonio Augusto Gomes ........................... UFLA - MGLuiz Antônio Biasi ............................................... UFPR - PRLuiz Carlos Prezotti ...................................... INCAPER - ESLuiz Carlos S. Caetano ................................ PESAGRO - RJLuiz Eduardo Bassau Blum ................................... UnB - DFLuiz Eduardo Corrêa Antunes .. Embrapa Clima Temperado - RSLuiz Pedro Barrueto Cid Embrapa Recursos Genéticos - DFMadelaine Venson ............................ EPAMIG Viçosa – MGMagali Ferreira Grando ..........................................UPF - RSMagno A. Patto Ramalho................................... UFLA - MGManoel Teixeira de Castro Neto . Embrapa Mandioca e Frut.- BAManoel Vicente Mesquita Filho ... Embrapa Hortaliças - DF

Manoel Xavier dos Santos .... Embrapa Milho e Sorgo - MGMarcelo Antoniol Fontes ............Alellyx Applied Genomics

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1043Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Marcelo Carnier Dorneles ..................... ESALQ - USP - SPMarcelo Murad Magalhães ................................ UFLA - MGMarcelo Tavares ................................................... UFU - MGMárcia Maria Castro .......................... UNESP Botucatu - SPMarco Eustáquio de Sá ................ UNESP Ilha Solteira - SPMarcos Antonio Bacarin ......................................UFPel - RSMarcos David Ferreira ................................. UNICAMP - SPMarcos Eduardo Paron ...................... UNESP Botucatu - SPMarcus Vinícius de Miranda Martins ................. Brasília-DFMaria Aico Watanabe ............ Embrapa Meio Ambiente - SPMaria Amélia Gava Ferão ............................ INCAPER - ESMaria Anita G. da Silva ............................. Porto Alegre - RSMaria Auxiliadora Coêlho de Lima .. Embrapa Semi-Árido - PEMaria de Fátima Arrigoni Blank ............................. UFS -SEMaria do Carmo de Salvo Soares Novo .................. IAC -SPMaria do Carmo M. D. Pavani ...... UNESP Jaboticabal - SPMaria Helena T. Mascarenhas . EPAMIG Sete Lagoas - MGMaria Urbana C. Nunes ...... Embrapa Tabuleiros Costeiros - SEMaria Zuleide de Negreiros ............................... ESAM - RNMariana Zatarim ................................ UNESP Botucatu - SPMariane Carvalho Vidal ................ Embrapa Hortaliças - DFMarina Castelo Branco ................. Embrapa Hortaliças - DFMarinalva Woods Pedrosa ................................... UFV - MGMário César Lopes ..................................... UNIOESTE - PRMario Puiatti ........................................................ UFV - MGMarley Marico Utumi .................... Embrapa Rondônia - ROMarli Ranal .......................................................... UFU - MGMarta Simone Mendonça Freitas ........................ UENF - RJMartin Homechin ................................................... UEL - PRMaurício Ventura ................................................... UEL - PRMax José de A. Faria Júnior ........ UNESP Ilha Solteira - SPMessias Gonzaga Pereira ..................................... UENF - RJMirían Josefina Baptista ............... Embrapa Hortaliças - DFMoacil Alves de Souza ........................................ UFV - MGMônica Sartori de Camargo ....... Santa Bárbara d’Óeste - SPMonique Ines Segeren ................................... Holambra - SPNand Kumar Fageria .............. Embrapa Arroz e Feijão - GONatan Fontoura da Silva ....................................... UFG - GONei Peixoto .............................................. UEG Ipameri - GONerinéia Dalfollo Ribeiro ................................... UFSM - RSNilson Borlina Maia ............................................... IAC - SPNilton Luiz de Souza ......................... UNESP Botucatu - SPNilton Nélio Cometti .... Escola Agrotécnica Fed.de Colatina - ESNirlene J. Vilela ............................ Embrapa Hortaliças - DFNivaldo Duarte da Costa ............. Embrapa Semi-Árido - PENuno Rodrigo Madeira ................. Embrapa Hortaliças - DFOg de Souza ......................................................... UFV - MGOmar Cruz Rocha ........................... Embrapa Cerrados - DF

Onkar Dev Dhingra .............................................. UFV - MGOrivaldo José Saggin Jr.Embrapa Microbiologia do Solo - RJ

Osmar Alves Lameira ..... Embrapa Amazônia Oriental - PAOsmar Carrijo ................................ Embrapa Hortaliças - DFOssami Furumoto .......................... Embrapa Hortaliças - DFPaulo R. R. Chagas ...... Centro de Pesquisa Mokiti Okada - SPPaulo Antônio de Souza Gonçalves ................EPAGRI - SCPaulo Ernesto Meissner Filho ... Embrapa Mandioca e Frut.- BAPaulo Roberto Beskow ...................................UFSCAR - SPPaulo Sérgio Koch .............................. Sementes Sakata - SPPaulo Sérgio Rabelo de Oliveira ................... UNIMAR - SPPedro Boff ........................................................ EPAGRI - SCPedro Henrique Monnerat ................................... UENF - RJPedro Milanez de Rezende ................................ UFLA - MGRaimundo Nonato Távora Costa ........................... UFC - CERaquel R. B. Negrelle .......................................... UFPR - PRRavi Dalt Charma ........................... Embrapa Cerrados - DFRegina Maria Quintão Lana ................................ UFU - MGRicardo Enrique B. Smith .................................... UENF - RJRicardo Henrique Silva Santos ............................ UFV - MGRicardo Tadeu de Faria .......................................... UEL - PRRita de Cássia S. Dias ................. Embrapa Semi-Árido - PERoberto Cleiton F. de Queiroga ......................... ESAM - RNRoberto Ferreira da Silva ..................................... UENF - RJRoberto Lyra Villas Bôas ................... UNESP Botucatu - SPRoberto Pedroso de Oliveira ... Embrapa Clima Temperado - RSRoberval Dailton. Vieira .................... UNESP Botucatu - SPRobinson Luiz Contiero .................................. Cascavel - PRRogério Lopes Vieites ........................ UNESP Botucatu - SPRonaldo do Nascimento .......................................UFPel - RSRonan Gualberto ............................................ UNIMAR - SPRonessa Bartolomeu de Souza ..... Embrapa Hortaliças - DFRosana Fernandes Otto ....................................... UEPG - PRRosana Rodrigues ................................................ UENF - RJRovilson J. de Souza .......................................... UFLA - MGRubens Alves de Oliveira .................................... UFV - MGRui Pereira Leite Jr. ........................................... IAPAR - PRRui Sales Júnior ................................................. ESAM - RNRui Scaramella Furiatti ....................................... UEPG - PRRumy Goto ......................................... UNESP Botucatu - SPSally Ferreira Blat .................................. ESALQ - USP - SPSalvador Barros Torres ................................. EMPARN - RNSebastião Alberto de Oliveira ................................ UnB - DFSebastião Wilson Tivelli ......................................... IAC - SPSérgio Werne Paulino Chaves ........................ Mossoró - RNShizuo Seno.................................. UNESP Ilha Solteira - SPSieglinde Brune ............................. Embrapa Hortalicas - DFSilvaldo Felipe da Silveira ................................... UENF - RJSilvano Bianco ............................... UNESP Jaboticabal - SPSilvio Lopes Teixeira ........................................... UENF - RJ

Silvio Luís Rafaeli Neto ................................... UDESC - SCSilvio Moure Cícero .............................. ESALQ - USP - SP

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1044 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

Silvio Tavares ......................................... ESALQ - USP - SPSimon Swen Cheng ......... Embrapa Amazônia Oriental - PA

Sissi Kawai Marcos ............................................ Franca - SP

Solange G. Canniati Brazaca ................. ESALQ - USP - SPSuzana Lucy Nixdorf ............................................. UEL - PR

Sylvio Luis Honório .................................... UNICAMP - SP

Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................ UFPel – RSTelma Nair Santana Pereira ................................. UENF - RJ

Valdivina Lúcia Vidal ................... AGENCIARURAL - GO

Valéria Aparecida Modolo ...................................... IAC - SPValesca Pandolfi ..................................... ESALQ - USP - SP

Valter Rodrigues Oliveira ............. Embrapa Hortaliças - DF

Vera Lucia Bobrowski .........................................UFPel - RSVicente Wagner Dias Casali ................................ UFV - MG

Vivian Loges .......................... Jaboatão dos Guararapes - PE

Wagner Bettiol ...................... Embrapa Meio Ambiente - SPWagner Ferreira da Mota ..................... UNIMONTES - MG

Waldelice Oliveira Paiva ... Embrapa Agroindústria Tropical - CE

Waldemar Pires de Camargo Filho .......................... IEA - SPWaldir Aparecido Marouelli ......... Embrapa Hortaliças - DF

Walkyria B. Scivittaro ...... Embrapa Clima Temperado - RS

Walter Rodrigues da Silva ..................... ESALQ - USP - SPWarley M. do Nascimento ............ Embrapa Hortaliças - DF

Wellington Marota Barbosa .......................... Vila Velha - ES

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1045Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

normasNORMAS PARA PREPARO E SUBMISSÃO DEMANUSCRITOS

Submissão de manuscritos para publicação:Encaminhar para o endereço abaixo:• Texto, original e duas cópias, digitado em espaço du-

plo, paginado e com numeração de linhas;• Disquete com texto original contendo gráficos, dese-

nhos, tabelas, fotografias e microfotografias;• Carta de encaminhamento com a ciência de todos os

autores;• Cheque referente à taxa de tramitação no valor de R$

50,00 para todas as seções.Endereço para submissão:Horticultura BrasileiraC. Postal 19070359-970 - Brasília-DFTipos de trabalhoO periódico Horticultura Brasileira (HB) é a revista oficial

da Associação Brasileira de Horticultura. HB destina-se à pu-blicação de artigos técnico-científicos que descrevem traba-lhos originais sobre hortaliças, plantas medicinais e ornamen-tais que venham contribuir, significativamente, para o desen-volvimento destes setores.

A Comissão Editorial necessita da anuência de todos au-tores do(s) trabalho(s), que devem assinar a carta de encami-nhamento ou a primeira página do trabalho original. Caso umou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser men-cionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor cor-respondente deverá se responsabilizar pela anuência do(s)faltante(s). Os artigos submetidos são revisados por dois con-sultores ad hocs, sendo ainda analisados pelo Editor Associa-do especializado da área a que se refere o artigo. Cabe à Co-missão Editorial tomar a decisão final de aceite, alteração ourejeição do trabalho. Alterações só serão realizadas com aanuência do(s) autor(es). O autor correspondente receberá aversão gráfica do trabalho para análise e eventual correção.Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ouestilo. A HB não adota política de distribuição de separatas.

O periódico Horticultura Brasileira aceita artigos técni-co-científicos escritos em português, inglês ou espanhol. Écomposto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 1, Car-ta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5.Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7.Nova Cultivar; e 8. Comunicações.

1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,a convite da Comissão Editorial;

2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.Será publicada a critério da Comissão Editorial;

3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, re-ferente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramen-te demonstrada;

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural;

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ounota científica contendo dados e/ou informações passíveis de

GUIDELINES FOR THE PREPARATION ANDSUBMISSION OF MANUSCRIPTS

Submission of manuscripts fpr publication:Send the manuscript with the following to the address

bellow:• Text, original and two copies, in double-space with

lines and pages numbered;• Disket containing the manuscript and ots graphics,

drawings, tables, photographs or micrographs;• A letter accompanying the manuscript, providing

authorization by all the authors;• Processing fee of US$ 50.00Submit the manuscript to:Horticultura BrasileiraC. Postal 19070359-970 - Brasília-DFSubject MatterHorticultura Brasileira (HB) is the official journal published

quarterly by the Brazilian Association for Horticultural Science.HB publishes original papers which contribute to the scientificand technologic development of horticultural crops. The journalcovers basic and applied researches on vegetable crops, medi-cinal herbs and ornamental plants.

The Editorial Board requires the signature of all authorson the first page of the original paper or on the submissionletter. If one or more authors could not sign, the submissionletter must contain the reason(s). In this case, thecorresponding author will take the responsibility for thesubmitted paper. The manuscripts are examined by tworeviewers of the specific research area. The Editorial Boardmakes the final decision on acceptance, changes or rejection.No changes will be made without the approval of the author(s).The corresponding author will receive the galley proof whichshould be corrected and returned to the publisher; changes incontent and style should not be made. No offprint will besupplied.

Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishingtechnical and scientific articles written in Portuguese, Englishor Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and RuralExtension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers inTest; 7. New Cultivar; and 8. Communications.

1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouseinterest. Only invited articles are accepted in this section;

2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of generalinterest. It will be accepted for publication after beingsubmitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;

3. RESEARCH: manuscript describing a complete andoriginal study in which the replication of the results has clearlybeen established;

4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:manuscript dealing with applied economy and rural extension;

5. GROWER’S PAGE: communications or short noteswith information that could be quickly usable by farmers;

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1046 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

utilização imediata pelo horticultor;6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-

cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares;

7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registrode novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponi-bilidade, com dados comparativos;

8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicaçãoentre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seção Comu-nicações. Por questões de espaço, nem todas as comunica-ções recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão serpublicadas apenas parcialmente.

O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordocom a quantidade de trabalhos aceitos.

Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, aindanão relatados ou submetidos simultaneamente à publicação emoutro periódico ou veículo de divulgação. Está também implíci-to que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos erespeito à legislação vigente do copyright foram também obser-vados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normasnão serão considerados. Após aceitação do manuscrito para pu-blicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright paratodas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcialou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização porescrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.

Para publicar na HB, é necessário que o primeiro autor dotrabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticulturae esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada artigosubmetido deverá ser acompanhado da anuência à publica-ção de todos os autores, e será avaliado pela Comissão Edito-rial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de acordocom a seção a que se destina.

Submissão dos trabalhosOs originais deverão ser submetidos em três vias, em pro-

grama Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fontearial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deveráser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original.Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade.

Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista,solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação. Dessaforma os trabalhos deverão ter 15 - 20 páginas digitadas,nãomais que 30 referências bibliográficas e quatro figuras, tabe-las ou quadros. O resumo deverá ter no máximo 250 pala-vras.

Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, 17palavras no máximo, que não deve incluir nomes científicos,a menos que não haja nome comum no idioma em que foiredigido. Ao título deve seguir o nome, endereço postal e ele-trônico completo dos autores (veja padrão de apresentaçãonos artigos publicados nos últimos volumes da HorticulturaBrasileira).

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Re-sumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final.As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)

6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:communications or scientific notes describing tests withpesticides, fertilizers and cultivars;

7. NEW CULTIVAR: this section contains recentreleases of new cultivars and germplasm and includesinformation on origin, description, avaliability, andcomparative data;

8. COMMUNICATIONS: these have the objective ofpromoting communication among readers and the EditorialBoard as short communications, suggestions and criticism,in a more informal way. They should be concise, notexceeding 300 words or 1,200 characters. These should besigned by author(s) and submitted in duplicate (originaland one copy), along with a diskette that contains a copyof the text.

The journal HB is issued every three months, dependingon the amount of material accepted for publication.

HB publishes original manuscripts that have not beensubmitted elsewhere. With the acceptance of a manuscriptfor publication, the publishers acquire full and exclusivecopyright for all languages and countries. Unless specialpermission has been granted by the publishers, nophotographic reproductions, microform and otherreproduction of a similar nature may be made of the journal,of individual contributions contained therein or of extractstherefrom.

Membership in the Associação Brasileira de Horticulturais required for publication. For the paper to be eligible forpublication the first author must be a Association memberand the manuscripts should be accompanied by theagreement for publication signed by the authors. Allmanuscripts will be evaluated by the Editorial Board,Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordancewith their respective sections.

Manuscript submission

Manuscripts should be submitted in triplicate (originaland two copies) typed double-spaced (everything must bedouble spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,is required. Include a copy of the manuscript on computerdiskette at submission. The Editorial Board will only accept3.5 inch diskette which have the files copied on them usingthe program Word 6.0 or superior.

It is recommended that the authors observe the followingformat: 15 to 20 typed pages, including up to 30 bibliographicreferences, four figures, graphics or tables.

The title page should include: title of the paper (scientificnames should be avoided); name(s) of author(s) andaddress(es). Please refer to a recent issue of HB for format.

The structure of the manuscript should include: 1.Abstract and Keywords. Keywords should start withscientific names and it should not repeat words that arealready in the title; 2. Summary in Portuguese (atranslation of the abstract will be provided by the Journalfor non-Portuguese-speaking authors) and Keywords (Pa-lavras-chave). 3.Introduction; 4. Material and Methods;5. Results and Discussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited

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1047Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetirtermos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, emInglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o títuloem Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus simi-lares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material eMétodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Li-teratura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser uti-lizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrãode apresentação nos artigos publicados nos últimos volumesda Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento con-sultar a home page da ABH: www.abhorticultura.com.br ouwww.sobhortalica.com.br

As citações de artigos no texto deverão ser feitas confor-me os exemplos: Esaú e Hoeffert (1970) ou (ESAÚ;HOEFFERT, 1970). Quando houver mais de dois autores, uti-lize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), comosegue: De Duve et al. (1951) ou (DE DUVE et al., 1951). Quan-do houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), nomesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a datade publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.

Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s)autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vírgula,como segue: (FARRAR; KENNEDY, 1987, 1997) ou: ...se-gundo Farrar e Kennedy (1987, 1991)...

Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas ostrabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do sobre-nome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais autoresdevem ser listados na ordem cronológica, depois de todos ostrabalhos do primeiro autor. As referências bibliográficas deve-rão obedecer as normas da ABNT (NBR 6023, de 2002)

Exemplos:a) Periódico:

BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticulture Science, Mountvermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.

b) Livro:ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

c) Capítulo de livro:ULLSTRUP, A. J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (Ed.).Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. cap.3, p. 465-536.

d) Tese:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. Dissertação, EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade deSão Paulo, Piracicaba.

e) Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos):HIROCE, R.; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.;FURLANI, P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO,J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Sal-vador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

f) Trabalhos apresentados em congresso, publicadosem revista/CD-ROM:

Literature and 8. Figures and Tables. This structure willbe used for the Research section. For other sections pleaserefer to a recent issue of HB for format. You can alsovisit ABH home page in the following addresses:www.abhorticultura.com.br or www.sobhortalica.com.br.

Bibliographic references within the text should have thefollowing format: Esaú & Hoeffert (1970) or (ESAÚ; HOEFFERT,1970). When there are more than two authors, use a reduced form,like the following: De Duve et al. (1951) or (DE DUVE et al.,1951). References to studies done by the same author in the sameyear should be noted in the text and in the list of the Cited Literatureby the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a, 1997b.

In citations involving more than one article from the sameauthor(s), published in different years, the years will besepareted with comma, as follows: (Farrar & Kennedy, 1987,1991) or: ...accordingly to Farrar & Kennedy (1987, 1991)...

In the Cited Literature, references from the text should belisted in alphabetical order by last name, without numberingthem. Papers that have two or more authors should be listedin chronological order, following all the papers of the firstauthor, second author and so on. Please refer to a recent issueof HB for more details. The bibliographic references shouldbe done accordingly to the ABNT norms (NBR 6023, from2002).

Examples:

a) Journal:

BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticultural Science, Mountvermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.

b) Book:

ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

c) Chapter:ULLSTRUP, A. J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (Ed.).Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. cap3, p. 465-536.

d) Thesis:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. (Master thesis), Es-cola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidadede São Paulo, Piracicaba.

e) Articles from Scientific Events (when not publishedin journals):HIROCE, R; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI,P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, J. R. Com-posição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais...Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

f) Articles from scientific events, published in referredjornals:REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com trêsmodelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,

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1048 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005

REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com trêsmodelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresenta-do no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.

g) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:g1) Periódico:

KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just onlinejournalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Dis-ponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>.Acesso em: 25 nov. 1998.

g2) Trabalhos apresentados em congresso:SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos doparadigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Re-cife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:<http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acessoem: 21 jan. 1997.

Uma cópia da prova tipográfica do manuscrito será enviadaeletronicamente para o autor principal, que deverá fazer aspossíveis e necessárias correções e devolvê-la em 48 horas.Correções extensivas do texto do manuscrito, cujo formato econteúdo já foram aprovados para publicação, não são acei-táveis. Alterações, adições, deleções e edições implicarão novoexame do manuscrito pela Comissão Editorial. Erros e omis-sões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e de-volvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidadedo(s) autor(es).

Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação dos últimos volumes daHorticultura Brasileira.

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à Associação, pagamento de anuidade, devem ser encami-nhados à Diretoria da Associação Brasileira de Horticultura,no seguinte endereço:

Associação Brasileira de HorticulturaIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 2813012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374E-mail: [email protected]

n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresenta-do no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.

g) Articles publised by electronic means:g1) Journal:

KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just onlinejournalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Dis-ponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>.Acesso em: 25 nov. 1998.

g2) Articles from scientific events:SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos doparadigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Re-cife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:<http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acessoem: 21 jan. 1997.

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O quanto pode a olericulturaurbana?

Cultivar hortaliças em áreas ur-banas não é novidade. Na Euro-pa medieval os castelos, as urbesnaquele tempo, já possuíam seusjardins de ervas. Em países den-samente povoados, a sobrevivên-cia de todos sempre foi garantidaatravés do cultivo de qualquerárea agricultável, incluindo áreasurbanas. No Brasil de outrora, ashortaliças se sucediam no fundodos quintais (de casas e de aldei-as, também estas, urbes, a seutempo e história), diversificadasem uma constelação de espécies,muitas hoje esquecidas, cada qualcom seu sabor peculiar, seu valornutritivo, seu poder terapêutico.O que há de novo então no culti-vo de hortaliças em espaços ur-banos? A inovação está no poten-cial dessa atividade como auxiliarna solução de dois dos mais sia-meses problemas da humanidade:a fome (oculta ou evidente) e apobreza. Mas, o que pode aolericultura urbana contra essesmales?Falemos do Brasil, ainda que nes-se retrato quase todo o Mundo separeça. Aqui, o acesso aos alimen-tos em quantidade e qualidadeadequadas (Segurança Alimen-tar), é crítico em regiões menosdesenvolvidas e nas periferias dasgrandes cidades, inchadas pormilhões de brasileiros vindos dazona rural. Males causados peladesnutrição ou pela má-nutrição,de tão generalizados já consti-

Foto: PauloEduardodeMelo

tuem problemas de saúde públi-ca. E não deixemos de atribuir àfome, a sua parcela de responsa-bilidade na mortalidade infantil,nos neonatos de baixo peso, nasuscetibilidade a doenças, na di-ficuldade de aprendizado erepetência escolar, na baixa efi-ciência do trabalho, etc., etc. e etc.Dando nome e endereço a esseretrato, encontra-se, no Entornode Brasília, o município de SantoAntônio do Descoberto (GO).Santo Antônio contribui com 50mil habitantes (95% na zona ur-bana), para os quase três milhõesde pessoas que hoje vivem na re-gião geoeconômica da capital fe-deral. A maioria da população deSanto Antônio está abaixo da li-nha de pobreza (menos de 0,5 sa-lário mínimo per capita). Os in-dicadores sociais da cidade suge-rem uma comunidade carente deações de cidadania, incluindoaquelas relativas à segurança ali-mentar. Em face a essa realidade,iniciou-se um projeto de produ-ção de hortaliças em uma hortaurbana comunitária. O projetoenvolve atualmente 25 famílias,a cada uma tocando um talhão decerca de 300 m2. Um ano após oinício do projeto, o quanto pôdea olericultura urbana em favordessas famílias?Em relação ao hábito alimentar,as famílias envolvidas no projetoincorporaram à dieta o consumodiário de duas ou três diferenteshortaliças! Mas, quais hortaliças?No início do projeto, o interessedas famílias, seja para consumo,seja para venda, se concentravaem nada além de seis hortaliças:alface crespa, couve-comum,cebolinha e coentro (cheiro-ver-de), jiló e quiabo. Um ano após,Dna. Francisca Souza, uma dashortelãs envolvidas no projetocultiva, consome e vende abobri-nha, alface crespa e americana,alho, berinjela, cenoura,cebolinha e coentro, couve-brócolos, couve-comum, couve-flor, erva-doce, espinafre, jiló,maxixe, pepino, pimentão, quia-bo, rabanete e repolho. Além dadiversidade, merecem nota tam-bém a qualidade das hortaliças ea produtividade alcançada. A hor-ta urbana alterou também o con-sumo de outros alimentos, em vir-

tude do aumento de até 35% narenda familiar proporcionado pelacomercialização dos excedentes.Foi o que aconteceu com o horte-lão Marcelo Duarte, que ao ladoda esposa e dos dois filhos, pas-sou a consumir mais carne, maisarroz e mais feijão. Segundo ele,“os meninos, agora, estão muitomais bonitinhos”.Os resultados alcançados na cur-ta vida do projeto até aqui nãodevem porém criar a ilusão dafacilidade. Cultivar hortaliças nãoé uma atividade leve. Muito aocontrário, demanda dedicação,talento e vocação. Por isso, boaparte do sucesso dos novoshortelãos de Santo Antônio doDescoberto se deve à sua enormedisposição em trabalhar com ashortaliças. Até chegarmos ao gru-po de hoje, foram várias as desis-tências e as substituições. Quan-do não há inclinação para aolericultura, tudo parecerá lento,trabalhoso e difícil. Esse aspectonão deve ser menosprezado.Somam-se aos desafios inerentesao cultivo de hortaliças, algumasoutras dificuldades específicas doambiente urbano. Os furtos sãocomuns em hortas urbanas. Seusmaiores prejuízos? O sentimentode violação da horta (uma exten-são do lar) e o desaânimo causa-do pela impossibilidade de colhero que foi cultivado, ainda que umúnico pé de alface! Além disso,por descuido ou de propósito, osladrões sempre danificam, porpisoteio ou simples destruição,um volume de hortaliças muitomaior do que o que levam.O acesso a água de qualidade ecom custo reduzido (inclusivepara irrigação) é outra grande di-ficuldade das hortas urbanas. Ne-nhuma horta deveria ser instala-da antes que esse aspecto fossecuidadosamente considerado. Épreciso ter em vista também asustentabilidade econômica eambiental da horta urbana (umespaço limitado e intensamenteexplorado) no longo prazo. Paratanto, é necessário manejar ade-quadamente os recursos naturais,em especial o solo e a água, e ga-rantir recursos, que podem advirda comercialização da produção,para a continuidade da atividade.Nesse contexto, a adubação deve

ser utilizada também com o obje-tivo de construir a fertilidade dosolo. Isto permitirá a reduçãogradativa do uso de fertilizantes(orgânicos ou não), em geral tãointenso e dispendioso na produ-ção de hortaliças, e promoverá aindependência dos produtores derecursos externos. Também é fun-damental conservar o solo. Paratanto, os hortelãos de Santo An-tônio adotaram práticas de mane-jo que ao mesmo tempo melho-ram a qualidade do solo e propi-ciam rendimento econômico,como, por exemplo, a adubaçãoverde em consórcio com hortali-ças.Um último aspecto a ser conside-rado é o fato de muitas hortas ur-banas serem também comunitá-rias. Isso significa que pessoasdiferentes, com comportamentose expectativas distintas, irão com-partilhar seu tempo em um espa-ço físico restrito. Ali, as afinida-des irão aproximar alguns em de-trimento de outros. Haverá soli-dariedade, mas haverá tambémcompetição. Nascerá um senti-mento de associativismo, mas nãopara com todos. Administrar es-ses sentimentos, além dos nossos(já que também somos humanos)é sempre mais difícil que parecee é um ponto-chave para o suces-so da empreitada. Não se deveesquecer que, sobretudo, a hortaurbana é feita por gente! (O pro-jeto Horta Urbana de Santo An-tônio do Descoberto é financiadopelo CNPq).

(Paulo Eduardo de Melo,Marina Castelo Branco,Flávia A. de Alcântara,

Henoque Ribeiro da Silva,Embrapa Hortaliças, E-mail:

[email protected])