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| Otros Servicios Personalizados Articulo Articulo en XML Referencias del artículo Cómo citar este artículo Traducción automática Enviar articulo por email Indicadores Links relacionados Bookmark Mastozoología neotropical versión ISSN 0327-9383 Mastozool. neotrop. vol.19 no.1 Mendoza jun. 2012 ARTÍCULOS Y NOTAS Variação espacial e sazonal atropelamentos de mamíferos no bioma cerrado, rodovia BR 262, Sudoeste do Brasil Nilton C. Cáceres 1 , Janaina Casella 2 e Charla dos Santos Goulart 3 1 Laboratório de Ecologia e Biogeografia. Departamento de Biologia, CCNE, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 97.110-970, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul CCBS, Cx.P. 549, Campo Grande, MS, 79.070-900, Brasil [correspondência: < [email protected]>]. 3 Departamento de Biociências. Campus II. Rua Oscar Trindade de Barros, s/n. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS, 79.200-000, Brasil. Recibido 1° febrero 2011. Aceptado 16 noviembre 2011. Editor asociado: D Astua RESUMO: Foram examinadas a composição e abundância das espécies de mamíferos atropeladas em dois trechos da rodovia BR 262, a relação dos atropelamentos com a distância de centros urbanos, a escala espacial dos atropelamentos, a distribuição dos atropelamentos segundo a sazonalidade e a relação dos atropelamentos com o número de veículos. Os animais atropelados foram registrados durante 2 anos e 4 meses entre Campo Grande e Miranda, estado do Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil. Ao todo foram registrados 231 espécimes de mamíferos distribuídos em 20 espécies, sendo Carnivora, Cingulata e Pilosa as principais ordens. Os atropelamentos foram mais intensos conforme o distanciamento dos grandes centros urbanos. Na análise de distribuição espacial e sazonal dos atropelamentos, Cerdocyon thous e Tamandua tetradactyla apresentaram picos definidos de atropelamentos em certos trechos da estrada, marcados sazonalmente. Não houve diferença na riqueza de espécies entre os trechos estudados nem entre as estações climáticas. Porém, o número total de atropelamentos se mostrou mais acentuado no trecho da rodovia que estava mais próximo ao Pantanal, com destaque para as ordens Carnivora e Pilosa. Em geral, houve mais atropelamentos durante o período chuvoso, com destaque para a ordem Cingulata. Recomendações de manejo são feitas com o objetivo de diminuir o efeito prejudicial da estrada, tais como uso de placas sinalizadoras de locais e épocas críticas de atropelamentos, uso de cercas de contenção de fauna em trechos críticos e facilitação para a movimentação da fauna através da rodovia, de modo seguro. ABSTRACT: Spatial and seasonal variation of mammal road kill in the BR-262 highway, Cerrado biome, southwestern Brazil. The composition and abundance of mammal road kills were examined on two stretches of the BR-262 Federal Road, besides relationship between city distance and road kill, road-kill spatial distribution, seasonality effects, and relationship with vehicles daily volume. The killed animals were registered over 2 years and 4 months, between Campo Grande and Miranda, in Mastozoología neotropical - Variação espacial e sazonal atropelamento... http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S0327-93832012000100003&... 1 de 13 15/03/2013 14:26

(Mastozoología Neotropical - Variação Espacial e Sazonal Atropelamentos de Mamíferos No Bioma Cerrado, Rodovia BR 262, Sudoeste )

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    Mastozoologa neotropicalversin ISSN 0327-9383

    Mastozool. neotrop. vol.19 no.1 Mendoza jun. 2012

    ARTCULOS Y NOTAS

    Variao espacial e sazonal atropelamentos demamferos no bioma cerrado, rodovia BR 262,Sudoeste do Brasil

    Nilton C. Cceres1, Janaina Casella2 e Charla dos Santos

    Goulart3

    1 Laboratrio de Ecologia e Biogeografia. Departamento de Biologia, CCNE, Universidade Federal deSanta Maria. Santa Maria, RS, 97.110-970, Brasil.2 Programa de Ps-Graduao em Ecologia e Conservao, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,CCBS, Cx.P. 549, Campo Grande, MS, 79.070-900, Brasil [correspondncia: ].3 Departamento de Biocincias. Campus II. Rua Oscar Trindade de Barros, s/n. Universidade Federal deMato Grosso do Sul, Aquidauana, MS, 79.200-000, Brasil.

    Recibido 1 febrero 2011.Aceptado 16 noviembre 2011.Editor asociado: D Astua

    RESUMO: Foram examinadas a composio e abundncia das espcies de mamferos atropeladas emdois trechos da rodovia BR 262, a relao dos atropelamentos com a distncia de centros urbanos, aescala espacial dos atropelamentos, a distribuio dos atropelamentos segundo a sazonalidade e arelao dos atropelamentos com o nmero de veculos. Os animais atropelados foram registrados durante2 anos e 4 meses entre Campo Grande e Miranda, estado do Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil. Aotodo foram registrados 231 espcimes de mamferos distribudos em 20 espcies, sendo Carnivora,Cingulata e Pilosa as principais ordens. Os atropelamentos foram mais intensos conforme odistanciamento dos grandes centros urbanos. Na anlise de distribuio espacial e sazonal dosatropelamentos, Cerdocyon thous e Tamandua tetradactyla apresentaram picos definidos deatropelamentos em certos trechos da estrada, marcados sazonalmente. No houve diferena na riquezade espcies entre os trechos estudados nem entre as estaes climticas. Porm, o nmero total deatropelamentos se mostrou mais acentuado no trecho da rodovia que estava mais prximo ao Pantanal,com destaque para as ordens Carnivora e Pilosa. Em geral, houve mais atropelamentos durante o perodochuvoso, com destaque para a ordem Cingulata. Recomendaes de manejo so feitas com o objetivo dediminuir o efeito prejudicial da estrada, tais como uso de placas sinalizadoras de locais e pocas crticasde atropelamentos, uso de cercas de conteno de fauna em trechos crticos e facilitao para amovimentao da fauna atravs da rodovia, de modo seguro.

    ABSTRACT: Spatial and seasonal variation of mammal road kill in the BR-262 highway, Cerradobiome, southwestern Brazil. The composition and abundance of mammal road kills were examined ontwo stretches of the BR-262 Federal Road, besides relationship between city distance and road kill,road-kill spatial distribution, seasonality effects, and relationship with vehicles daily volume. The killedanimals were registered over 2 years and 4 months, between Campo Grande and Miranda, in

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  • southwestern Brazil. A total of 231 mammal specimens was found, which were distributed in 20 species,being Carnivora, Cingulata and Pilosa the main orders. The road-kill frequency was more intense far frombig urban centers. Analyzing the spatial distribution of road kills, Cerdocyon thous and Tamanduatetradactyla showed defined peaks of road kill, in specific sites of the road, being also seasonally marked.There were no differences in the species richness between road stretches or between seasons. However,the number of road kills was higher in the stretch near the Pantanal biome, with emphasis to Carnivora andPilosa. Overall, there were more road kills during the rainy season, with Cingulata as the main order.Management recommendations are done in order to diminish the road impact, such as the use of road signin critical locations for road kills, use of fences for faunal contention in critical stretches, and facilitation offaunal movements for crossing safely the road.

    Palavras-chave: Carnivora; Cingulata; Ecologia de estradas; Escalas de atropelamento; Myrmecophagatridactyla.

    Key words: Carnivora; Cingulata; Myrmecophaga tridactyla; Road ecology; Road-kill scale.

    INTRODUO

    Entre os fatores antrpicos que ameaam as espcies da fauna silvestre, o atropelamentopode ser uma importante causa de mortalidade em todo o mundo, como tem sido reportado naEuropa (Sorensen, 1995; Forman et al., 2003; Baker et al., 2004; Jaeger e Fahrig, 2004). NoBrasil, apesar de novos artigos terem sido publicados nos ltimos anos enfocando mamferos(e.g. Bager, 2006; Cherem et al., 2007; Melo e Santos-Filho, 2007; Coelho et al., 2008; Zaleskiet al., 2009; Cceres et al., 2010b), ainda so escassos os estudos sobre ecologia derodovias, principalmente quando relacionam a mortalidade por atropelamento com aconservao ambiental.Recentemente tem-se demonstrado que as colises envolvendo carnvoros so influenciadospor fatores temporais (Philcox et al., 1999; Guter et al., 2005; Orlowski e Nowak, 2006) e porfatores espaciais (Clarke et al., 1998; Clevenger et al., 2003; Malo et al., 2004; Ramp et al.,2005). Variaes sazonais so tambm relatadas para outras espcies para as quais, nasestaes reprodutivas ou de recrutamento, as frequncias de atropelamento so maiores(Grilo et al., 2009). Na estao seca, quando os recursos so escassos, pode haver umaumento na mobilidade dos animais, aumentando a frequncia de atropelamento nas rodovias(Melo e Santos-Filho, 2007). Colises com veculos mostram significantes aglomeraesespaciais e parecem depender da densidade populacional, biologia e habitat das espcies,estruturas da paisagem, e caractersticas do trfego de veculos na rodovia (Clevenger et al.,2003; Baker et al., 2004; Malo et al., 2004; Orlowsky e Nowak, 2006; Cceres, 2011).A rodovia BR 262 atravessa o gradiente ambiental formado entre o cerrado e o pantanalsul-mato-grossense (Ab'Sber, 1988; IBGE, 1992), apresentando diferentes nveis deurbanizao e extensas reas de pastagem intercaladas vegetao nativa. O fato da rodoviaBR 262 abranger a zona de transio Cerrado-Pantanal (Veloso et al., 1991) a coloca comoum importante fator para o entendimento dos impactos causados sobre a fauna atropelada,proveniente de duas diferentes regies biogeogrficas.A diversidade da fauna regional potencialmente elevada, sendo frequente a ocorrncia deatropelamentos de mamferos silvestres que utilizam as reas de entorno da estrada comoparte de seus habitats (Cceres, 2011; Cceres et al., 2010b).Neste estudo so apresentados os resultados de um monitoramento de dois anos e quatromeses de durao referente aos atropelamentos de mamferos na rodovia BR-262 em doistrechos (entre Campo Grande e Aquidauana e de Aquidauana a Miranda, no sudoeste doBrasil), avaliando o efeito do trnsito de veculos sobre os mamferos silvestres e analisandoos padres sazonais e espaciais de atropelamentos nestes dois trechos.Os objetivos deste estudo so: (i) avaliar a relao da distncia das cidades com osatropelamentos; (ii) avaliar a distribuio espacial dos atropelamentos em termos de escalasde agrupamento de mortalidade ao longo da rodovia; (iii) avaliar as diferenas nos fluxos deveculos entre trechos de rodovia e entre estaes climticas; (iv) avaliar as diferenas deabundncia e riqueza de mamferos atropelados em dois trechos da rodovia, (v) avaliar asdiferenas de abundncia e riqueza de mamferos atropelados entre estaes climticas

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  • (chuvosa e seca); e (vi) fazer recomendaes de manejo da rodovia com o intuito de diminuir oefeito da estrada sobre a fauna silvestre.Nossas hipteses so: haver influncia da distncia das cidades de maior porte sobre asfrequncias de atropelamentos; a distribuio espacial dos atropelamentos no ser aleatriae sim agrupada para cada espcie; haver diferena nos atropelamentos entre os dois trechosda rodovia j que um deles se situa entre dois grandes centros urbanos; a sazonalidadeclimtica influenciar nos atropelamentos, com o perodo chuvoso sendo aquele com maiorndice; o volume de trfego de veculos diferir entre os postos de contagem e influenciar nafrequncia de atropelamento da fauna.

    MATERIAIS E MTODOS

    rea de estudo: A rodovia BR 262 de pista nica e mo dupla, predominantementeretilnea, mas com alguns trechos sinuosos de serra. A rea estudada consiste em um trechode 200 km, entre as cidades de Campo Grande e Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul,no sudoeste do Brasil. Padronizamos chamar a juno de duas cidades adjacentes,Aquidauana e Anastcio, separadas apenas pelo Rio Aquidauana, como "Aquidauana" (Fig.1).

    Fig. 1. rea de estudo, mostrando a rodovia BR 262, trecho entre Campo Grande e Miranda, no estado deMato Grosso do Sul, no sudoeste do Brasil. Bioma Pantanal em cinza e Cerrado em branco.

    Para este estudo, a rodovia foi dividida em dois trechos. O primeiro trecho (#1) se estende deCampo Grande a Aquidauana, com 130 km de extenso. Este primeiro trecho temacostamento e zona de amortecimento mantidos sempre com poucas rvores e vegetaobaixa. No segundo trecho (#2), entre Aquidauana e Miranda, com 70 km, a estrada muitasvezes sem acostamento ou com baixa manuteno na zona de amortecimento. O trecho #2 sesitua nas adjacncias do bioma Pantanal (Fig. 1).A vegetao da regio tpica de savana do bioma Cerrado, principalmente arbrea(cerrado), apresentando florestas de galeria ao longo de rios que cortam a rodovia, sendo osprincipais o Rio Cachoeiro (km 430) e Rio Dois Irmos (km 460) no trecho 1; o trecho 1 segueem muitos quilmetros quase paralelamente o Rio Aquidauana (entre km 460 e 490), querecebe as guas dos dois rios citados acima (Fig. 1). A Serra de Maracaju, em seu trechooeste, cortada pela rodovia principalmente entre os km 440 e 470. O trecho 2 tem o biomaPantanal muito prximo, em seu lado norte (Fig. 2).

    Fig. 2. Perfil da regio de estudo, mostrando a rodovia BR 262 (linha tracejada), trecho entre Campo

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  • Grande e Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, no sudoeste do Brasil. Altitude se refere reacinza e a latitude linha tracejada. O principal trecho da Serra de Maracaju, cortado pela rodovia,

    ressaltado na figura.

    Coleta de dados: Os dados foram computados atravs de registros sistemticos, sempre quepossvel com periodicidade quinzenal no ano de 2002 e a partir de fevereiro de 2003 a agostode 2004, com periodicidade semanal. Foram realizadas 50 viagens no trecho 1 e 30 no trecho2, alm de 45 viagens durante a estao chuvosa e 35 durante a seca.As viagens foram realizadas de motocicleta e as sadas eram feitas logo no incio da manh,para que fosse observado o maior nmero possvel de carcaas, antes que essas fossemdestrudas pelo trfego de veculos ou removidas por animais necrfagos. Um indivduo decada, das seguintes espcies, teve seu crnio preparado como testemunho e estodepositados na Coleo de Mamferos da UFSM: Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus,Eira barbara, Leopardus pardalis e Puma yagouaroundi. A velocidade mdia percorrida foi de60 km/h e, para cada animal atropelado, dados detalhados do local, espcie, data, quilmetroda rodovia e coordenadas geogrficas foram anotados. Espcimes de difcil identificao emcampo, devido s condies da carcaa, foram levados ao laboratrio para exame detalhado ecorreta identificao. As coordenadas geogrficas de cada registro de atropelamento foramobtidas com um GPS de navegao (Global Position System), sempre com erro PDOP menorque 10 m.Aps identificao e anotao, a carcaa era removida para a rea de refgio contgua paraevitar que fosse contabilizada novamente na viagem seguinte. Foram consideradas todas asespcies de mamferos silvestres atropelados visualizados na faixa de domnio da rodoviacompreendendo a faixa de rolagem e o acostamento. A classificao e nomes especficosutilizados seguiram Wilson e Reeder (2005).Os dados provenientes do trfego de veculos na BR 262 para os dois trechos da rodoviaforam obtidos a partir do volume dirio mdio (VDM), disponibilizados pelos postos decontagem do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) e peloCETRAN (Centro de Excelncia em Engenharia de Transportes), que so rgosgovernamentais brasileiros.

    Tratamento dos dados: Para testar a hiptese de influncia de grandes centros sobre afrequncia de atropelamentos, utilizamos a anlise de regresso linear mltipla entreabundncia de atropelamentos para cada espcie em trechos de 20 km da rodovia e asdistncias dos dois principais centros urbanos na regio, Campo Grande e Aquidauana. Essasduas variveis preditoras foram transformadas (raiz quadrada) antes das anlises paratorn-las homocedsticas para com a varivel dependente.Para verificar em quais escalas a distribuio espacial dos atropelamentos foi mais intensa,utilizou-se uma modificao da estatstica K de Ripley que avalia a no-aleatoridade dadistribuio espacial de eventos de atropelamentos ao longo de diversas escalas deagrupamento. O mtodo utiliza tambm uma funo para sua interpretao (Ripley, 1982;Levine, 2000) proposta por Clevenger et al. (2003), modificada por Coelho e colaboradores(2008). Os atropelamentos foram avaliados atravs do conjunto total de dados e depois porestao (chuvosa e seca). As espcies com maior ocorrncia foram avaliadas individualmentequanto a esses parmetros, atravs do software SIRIEMA 1.0 (Coelho, 2006). O raio inicial foide 100 m e o intervalo de raio foi de 500 m. Os valores de significncia acima dos limites deconfiana (99%) obtidos a partir dessas simulaes indicam escalas com agrupamentossignificativos e os valores abaixo desses limiares indicam escalas com disperso significativa(Coelho, 2006).Para avaliar se a riqueza de espcies atropeladas diferiu significativamente entre os doistrechos analisados e entre as duas estaes climticas, utilizou-se o teste G. Optou-se por nocorrigir a riqueza quanto ao comprimento do trecho ou esforo amostral devido ao fato de setratar de uma medida de composio de espcies, que menos sensvel variao doesforo amostral; porm, para a abundncia de atropelamentos, essa correo foi realizada(ver adiante).O teste G foi utilizado para avaliar se houve diferena significativa nas abundncias totais deatropelamentos entre trechos e estaes do ano. O mesmo teste foi utilizado para as principaisordens de mamferos, tanto para trecho quanto para sazonalidade.

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  • Os dados de VDM foram mantidos separados por posto de contagem e por estao do ano. Oposto de contagem localizado em Terenos, denominado 262BMS1338, leva em consideraoos veculos que transitaram entre Campo Grande e Aquidauana (#1). O posto localizado emAquidauana, denominado 262BMS2362, leva em considerao os veculos que transitaramentre Aquidauana e Miranda (#2). As diferenas entre os valores de VDM entre os trechos eperodos do ano foram averiguadas se significativas atravs do teste t.Todos os dados foram padronizados previamente para todas as anlises estatsticas, deacordo com a extenso do trecho de rodovia (Baker et al., 2004) e com o nmero de viagensem cada trecho da rodovia ou estao climtica. O trecho 2 foi padronizado multiplicando-se ovalor absoluto pelos quocientes da diviso do comprimento do trecho 1 pelo comprimento dotrecho 2 e da diviso do esforo amostral no trecho 1 pelo esforo no trecho 2; a estao secafoi padronizada pela multiplicao do valor absoluto pelo quociente da diviso do esforoamostral na estao chuvosa pelo esforo na estao seca. Os testes estatsticos foramrealizados atravs do programa BioEstat 5.0 (Ayres et al., 2007).

    RESULTADOS

    Um total de 231 animais atropelados foram registrados, distribudos em 20 espciesdistribudas em 6 ordens e 10 famlias de mamferos. As ordens mais registradas foramCarnivora (N = 91), Cingulata (N = 73) e Pilosa (N = 55), com destaque para C. thous,Euphractus sexcinctus e Myrmecophaga tridactyla (Tabela 1).

    Tabela 1 Frequncia de atropelamento segundo diferentes espcies de mamferos durante as estaeschuvosa e seca na rodovia BR 262, trecho 1, de Campo Grande a Aquidauana, e trecho 2, de Aquidauana

    a Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil, entre os meses de maio de 2002 aagosto de 2004.

    Distncia de centros urbanosUm gradiente de intensidade de atropelamentos foi observado ao longo da rodovia amostrada,sendo maior quanto mais se afasta do maior centro urbano (Campo Grande; 766.461habitantes; IBGE, 2010), havendo nova diminuio quando se aproxima de outro centrourbano de menor tamanho (Aquidauana e Anastcio, juntas com 68.876 habitantes), masparece no haver tanto efeito perto de um centro urbano menor ainda (Miranda; com 25.481habitantes (Fig. 3a). A regresso mltipla entre abundncia de fauna e distncias dosprincipais centros urbanos foi significativa para C. thous (F = 9,2; R2 = 0,40; P = 0,01), M.tridactyla (F = 7,3; R2 = 0,33; P = 0,02) Tamandua tetradactyla (F = 5,3; R2 = 0,22; P = 0,04),

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  • E. sexcinctus (F = 9,9; R2 = 0,42; P = 0,01), exceto para Dasypus novemcinctus (P = 0,63). Defato, houve uma relao explanatria muito forte das distncias dos grandes centros urbanosexplicando a abundncia geral de mamferos atropelados (F = 19,1; R2 = 0,62; P = 0,002).

    Fig. 3. a) Nmero total de mamferos atropelados por trechos de 20 quilmetros (eixo horizontal) narodovia BR-262 no oeste de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil, durante os anos de 2002 a 2004. b)Nmero de indivduos atropelados de Cerdocyon thous; c) de Myrmecophaga tridactyla; d) de Tamandua

    tetradactyla; e) de Euphractus sexcinctus e f) de Dasypus novemcinctus. Localizaes dos permetrosurbanos no eixo horizontal: incio da cidade de Campo Grande est situado nos quilmetros 360-379;

    cidade de Aquidauana est localizada nos quilmetros 480 e 499 e cidade de Miranda aps o quilmetro559.

    Escalas espaciais de atropelamentosNas anlises de distribuio espacial envolvendo todos os atropelamentos, houve formaesde agrupamentos para todas as escalas avaliadas, no havendo ntida distino entre osperodos chuvoso e seco; porm, houve agrupamentos ntidos para determinadas espcies. Opadro espacial de C. thous foi inverso em relao aos picos de agrupamentos deatropelamentos durante a estao seca frente estao chuvosa. Cerdocyon thousapresentou um pico de agregao (na escala de 10 km) de atropelamentos durante a estaoseca (Fig. 4b), ao passo que um pico similar foi observado para T. tetradactyla (13 km), pormdurante a estao chuvosa (Fig. 4d). Dasypus novemcinctus apresentou um pico deagrupamento em maior escala, em torno de 50 km, durante a estao chuvosa. Para M.tridactyla e E. sexcinctus, em geral no houve picos significativos de agrupamento, apenas emescalas muito grandes (135 km; Fig. 4c).

    Fig. 4. Estatstica L (Kobs-Kexp) com funo de agrupamento (linha mais escura) conforme a distncia deescala (raio) e limite de confiana de 99% (linhas em cinza) para a distribuio de espcies atropeladas de

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  • mamferos na BR 262, sudoeste do Brasil, entre os anos de 2002 e 2004. Legendas: todas as espcies(a); Cerdocyon thous (b); Myrmecophaga tridactyla (c); Tamandua tetradactyla (d); Euphractus sexcinctus

    (e) e Dasypus novemcinctus (f).

    Os padres especficos de atropelamentos das cinco espcies foram mais ntidos para e C.thous e T. tetradactyla, ocorrendo principalmente entre os km 420 e 460 da BR 262, havendotambm um pico para a primeira espcie entre os km 500 e 520 (Figs. 3b, 3d).Myrmecophaga tridactyla apresentou pico de atropelamentos similar a um dos picos de C.thous, entre os km 420 e 440; as duas espcies de tamandus apresentaram um segundo picoentre os km 540 e 560, prximo cidade de Miranda (Figs. 3c, 3d). O padro para D.novemcinctus foi tambm ntido entre os km 460 e 480, que um trecho logo aps osprincipais trechos observados para C. thous e T. tetradacyla (Figs. 3b, 3c, 3d, 3e, 3f), estandorelacionado proximidade com o Rio Aquidauana. De forma geral, os principais trechos comatropelamentos das espcies foram aqueles entre os km 420 e 440 com 30 casos, entre os km460 e 480 com 29 casos (trecho 1) e aquele entre os km 500 e 520 com 27 casos (trecho 2)(Fig. 3a).

    Diferenas entre trechos e estaes climticasNo houve diferena significativa entre as riquezas de espcies observadas entre os doistrechos da rodovia (G = 2.9; P = 0.09) ou entre as estaes climticas (G = 0.0; P = 0.86).Porm, o nmero total de atropelamentos se mostrou mais acentuado no trecho 2 (G = 14.5; P< 0.001) ou no perodo chuvoso (G = 7.6; P = 0,006), quando corrigidos pelo comprimento dotrecho de rodovia e/ou esforo amostral (Tabela 2).

    Tabela 2 Nmero de atropelamentos totais e para cada ordem, riqueza de espcies de mamferossilvestres e volume dirio mdio (VDM) de veculos por trecho da rodovia BR 262 e por estao do ano no

    estado de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil. Nmero entre parnteses um valor estimado deatropelamentos para o trecho 2 ou para a estao seca, por um fator de correo que leva em conta as

    diferenas de extenso entre trechos e/ou esforo amostral em dias de viagem.

    Entre os dois trechos analisados, houve diferena significativa para as ordens Pilosa (G = 3.9;P = 0.05) e Carnivora (G = 9.2; P = 0.003), mas no para Cingulata (G = 2.7; P = 0.10),havendo maiores valores de abundncia para o trecho 2 (Tabela 2). Porm, Cingulata foi ogrupo mais atropelado na estao chuvosa quando comparada estao seca (G = 21.8; P