12
ISSN 1519-0021 Editorial N° 70 Utilidade Pública Municipal: Decreto Municipal 36.331, São Paulo Utilidade Pública Estadual: Decreto Estadual 42.825, São Paulo Utilidade Pública Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000 João Pessoa Março 2003 O último Encontro Brasileiro de Ictiologia desenrolou- se como esperado – profícuo, alegre e organizado. Con- gratulamos os componentes da equipe organizadora do Encontro pelo trabalho sério, sob a presidência da Dra. Yur Tedesco, também Coordenadora de Pesquisa e Exten- são da Instituição que hospedou o encontro, a Universida- de Presbiteriana Mackenzie, cuja estrutura atendeu ple- namente às várias atividades previstas no XV EBI. Na Assembléia Geral, além de outras ações, ficou de- finido o local do próximo EBI: João Pessoa, no Estado da Paraíba, também nova sede da Diretoria da Sociedade. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sediará o XVI Encontro Brasileiro de Ictiologia, em 2005. A UFPB é uma universidade relativamente jovem e que tem um pa- pel importante no cenário nacional, abrigando 19.800 alu- nos, distribuídos em campus universitários de três cidades, incluindo a capital. O curso de Ciências Biológicas tem 25 anos de existência e desde 1980 funciona a Pós- Graduação em Ciências Biológicas (área de concentração Zoologia). A atual diretoria coordenará o Encontro e estará de braços abertos para receber a todos os participantes do próximo EBI, que terão a oportunidade de apresentar os resultados dos seus trabalhos no ponto mais oriental das Américas, onde o sol nasce primeiro. O Editorial do Boletim 69 da SBI destacou os 20 anos de existência da nossa Sociedade e a importância com a qual ela se revestiu nos ce- nários nacional e internacional, pelo esforço conjunto de ictiólogos brasileiros - “estes resul- tados, fruto do trabalho individual de cada um de nós e da forte e fraterna integração existente entre os ictiólogos brasileiros... nos enchem do mais profundo orgulho...”, diz o Editorial. Entre a dependência do conhecimento dos primeiros ictiólogos europeus e americanos que aqui che- garam e o atual momento da ictiologia brasileira estão figuras importantes da história da pesqui- sa ictiológica brasileira, representadas justa e adequadamente na pessoa do Dr. Naércio Aqui- no Menezes, Presidente de Honra do XV EBI. Os resultados mais palpáveis do esforço dos que ajudaram a construir a ictiologia brasileira e a nossa Sociedade podem ser vistos no atual quadro da ictiologia brasileira, que se estende por todos os estados da nossa Federação, com centros de pesquisa distribuídos pelo país. Po- dem ser vistos também nos números do último EBI, quando 793 participantes, incluindo pesqui- sadores de outros países, estiveram reunidos, mostrando e discutindo os resultados de seus trabalhos e idéias. Os 20 anos de existência da SBI foram comemorados à altura, com a criação da Neotropical Ichthyology, revista científica da Sociedade, passo importante para consolidar, cada vez mais, a SBI como formadora e disse- minadora de conhecimentos ictiológicos de qua- lidade. Parabéns a todos que fazemos a SBI! Sigamos com nossa contribuição, como pesqui- sadores e cidadãos, à construção paulatina de um país que de si possa sempre se orgulhar. Parque Solon de Lucena, centro de João Pessoa João Pessoa é uma ci- dade acolhedora, de belas praias e uma das mais an- tigas do Brasil. Conta com um importante conjunto arquitetônico barroco. É considerada a segunda cidade mais verde do mun- do e possui uma bonita orla com restaurantes e bares para todos os gostos. Leia nesta edição: Notícias da Assembléia Geral........................2 Palestra do Dr. Gérard Lasserre....................3 Livros – Anúncios e Resenhas.......................7 Comunicação dos Sócios...............................9 Centro histórico, foto tomada do Rio Sanhauá

Editorial · Foi criada a Neotropical Ichthyology, revista da SBI. Faça uma visita à página da Sociedade ... Maiores informações através da página

  • Upload
    doananh

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ISSN 1519-0021

Editorial

N 70 Utilidade Pblica Municipal: Decreto Municipal 36.331, So Paulo Utilidade Pblica Estadual: Decreto Estadual 42.825, So Paulo Utilidade Pblica Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000

Joo Pessoa Maro 2003

O ltimo Encontro Brasileiro de Ictiologia desenrolou-se como esperado profcuo, alegre e organizado. Con-gratulamos os componentes da equipe organizadora do Encontro pelo trabalho srio, sob a presidncia da Dra. Yur Tedesco, tambm Coordenadora de Pesquisa e Exten-so da Instituio que hospedou o encontro, a Universida-de Presbiteriana Mackenzie, cuja estrutura atendeu ple-namente s vrias atividades previstas no XV EBI.

Na Assemblia Geral, alm de outras aes, ficou de-finido o local do prximo EBI: Joo Pessoa, no Estado da Paraba, tambm nova sede da Diretoria da Sociedade.

A Universidade Federal da Paraba (UFPB) sediar o

XVI Encontro Brasileiro de Ictiologia, em 2005. A UFPB uma universidade relativamente jovem e que tem um pa-pel importante no cenrio nacional, abrigando 19.800 alu-nos, distribudos em campus universitrios de trs cidades, incluindo a capital. O curso de Cincias Biolgicas tem 25 anos de existncia e desde 1980 funciona a Ps-Graduao em Cincias Biolgicas (rea de concentrao Zoologia). A atual diretoria coordenar o Encontro e estar de braos abertos para receber a todos os participantes do prximo EBI, que tero a oportunidade de apresentar os resultados dos seus trabalhos no ponto mais oriental das Amricas, onde o sol nasce primeiro.

20imncontaddeenmaa dictigaestsa adno

qua qupocendeEBsadmotraSBdaSocadmilidaSigsadum

Parque Solon de Lucena, centro de Joo Pessoa

Joo Pessoa uma ci-dade acolhedora, de belas

NPLC

O Editorial do Boletim 69 da SBI destacou os anos de existncia da nossa Sociedade e a portncia com a qual ela se revestiu nos ce-rios nacional e internacional, pelo esforo junto de ictilogos brasileiros - estes resul-os, fruto do trabalho individual de cada um

ns e da forte e fraterna integrao existente tre os ictilogos brasileiros... nos enchem do is profundo orgulho..., diz o Editorial. Entre ependncia do conhecimento dos primeiros

logos europeus e americanos que aqui che-ram e o atual momento da ictiologia brasileira o figuras importantes da histria da pesqui-ictiolgica brasileira, representadas justa e

equadamente na pessoa do Dr. Narcio Aqui- Menezes, Presidente de Honra do XV EBI. Os resultados mais palpveis do esforo dos

e ajudaram a construir a ictiologia brasileira e nossa Sociedade podem ser vistos no atual adro da ictiologia brasileira, que se estende r todos os estados da nossa Federao, com tros de pesquisa distribudos pelo pas. Po-

m ser vistos tambm nos nmeros do ltimo I, quando 793 participantes, incluindo pesqui-ores de outros pases, estiveram reunidos, strando e discutindo os resultados de seus balhos e idias. Os 20 anos de existncia da I foram comemorados altura, com a criao Neotropical Ichthyology, revista cientfica da ciedade, passo importante para consolidar, a vez mais, a SBI como formadora e disse-

nadora de conhecimentos ictiolgicos de qua-de. Parabns a todos que fazemos a SBI! amos com nossa contribuio, como pesqui-ores e cidados, construo paulatina de pas que de si possa sempre se orgulhar.

Leia nesta edio: otcias da Assemblia Geral........................2 alestra do Dr. Grard Lasserre....................3 ivros Anncios e Resenhas.......................7 omunicao dos Scios...............................9

praias e uma das mais an-tigas do Brasil. Conta com um importante conjunto arquitetnico barroco. considerada a segunda cidade mais verde do mun-do e possui uma bonita orla com restaurantes e bares para todos os gostos.

Centro histrico, foto tomada do Rio Sanhau

Pgina 10

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n( 61

Pgina 4

Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia n( 56

N( 70

Utilidade Pblica Municipal: Decreto Municipal 36.331, So Paulo

Utilidade Pblica Estadual: Decreto Estadual 42.825, So Paulo

Utilidade Pblica Federal: Portaria Federal 373 de 12 de maio de 2000

Joo Pessoa Maro 2003

Editorial

MEMBROS DA DIRETORIA

E CONSELHO DELIBERATIVO

DA SBI

DIRETORIA

BINIO 2001-2003

Presidente:

Dra. Ierec Maria de Lucena Rosa Depto. de Sistemtica e Ecologia

Universidade Federal da Paraba

[email protected]

Secretrio:

Dr. Robson Tamar da Costa Ramos

Depto. de Sistemtica e Ecologia

Universidade Federal da Paraba

[email protected]

Tesoureira:

Dra. Renata Guimares Moreira

Departamento de Fisiologia

Universidade de So Paulo

[email protected]

CONSELHO DELIBERATIVO

Presidente:

Dr. Roberto Esser dos Reis

Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - PUCRS

[email protected]

Membros:

Dr. ngelo Antonio Agostinho

Universidade Estadual de Maring - UEM

[email protected]

[email protected]

Dr. Jos Sabino

Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal - UNIDERP

[email protected]

Dr. Luiz Roberto Malabarba

Museu de Cincias e Tecnologia - PUCRS

[email protected]

Dr. Paulo Andreas Buckup

Museu Nacional - UFRJ

[email protected]

Dr. Paulo de Tarso Chaves

Universidade Federal do Paran - UFPR

[email protected]

Dr. Thomaz Lipparelli

Fundao O Boticrio de Proteo Natureza - FBPN

[email protected]

Notcias da

Assemblia Geral

ANUIDADE A nova taxa da anuidade da Sociedade de 100 reais (a data do pagamento vence em 30 de janeiro do ano correspondente, com tolerncia de 60 dias para o pagamento da anuidade). Os ex-scios cujos desligamentos forem anteriores realizao da XIV Assemblia da SBI estaro anistiados dos dbitos anteriores. Para se re-filiarem, devero pagar apenas a taxa de filiao e a anuidade vigentes.

NOVOS NOMES Foram eleitos a nova diretoria da SBI e o Conselho Deliberativo, cujos nomes esto disponveis na homepage da sociedade e neste boletim.

REVISTA Foi criada a Neotropical Ichthyology, revista da SBI. Faa uma visita pgina da Sociedade (http://www.sbi.bio.br) e conhea mais sobre a Revista. Artigos j podem ser submetidos ao Editor Cientfico, Dr. Luiz Malabarba.

MAIS DO QUE NUNCA, FUNDAMENTAL PAGAR EM DIA A ANUIDADE E AMPLIAR O QUADRO DE SCIOS DA SBI PARA GARANTIR O PLENO XITO DA NOSSA REVISTA

ESTATUTO Durante a XIV Assemblia, alguns artigos do Estatuto da Sociedade tiveram alteraes propostas votadas e aprovadas na assemblia (exceo feita alterao proposta para o artigo 12, que foi rejeitada). Durante a votao, no entanto, houve a expresso de insatisfao de alguns scios, devido impossibilidade de ajuste do texto da alterao proposta, no momento da assemblia. Estes colegas argumentaram que a Assemblia o foro mais adequado para discusso e ajuste do texto da alterao, visto ser o nico momento em que os scios esto num mesmo foro para discutir tais questes. A mesa no discordou, mas destacou que o texto de alterao proposto foi disponibilizado no Boletim N 68 da SBI e que ajustes seriam impossveis naquele momento, visto que o artigo 35 do mesmo Estatuto diz que o texto da alterao a ser proposta deve ser divulgado, na ntegra, juntamente convocao para a Assemblia Geral. Aproveitando a discusso que a questo citada acima levantou, sugerimos aos scios que tm propostas de modificao do artigo 35 ou outros, que redijam suas propostas e as enviem diretoria. Esta se prope a disponibiliz-las aos scios no prazo adequado.

Organizao espao-temporal das comunidades icticas nos ecossistemas estuarino-lagunares: aplicaes ao manejo e gesto integrada.

Grard LASSERRE - Universit Montpellier II, Frana.

[email protected]

I. Organizao espao-temporal

Cerca de 82-88% da riqueza especfica na ictiofauna de ambientes estuarinos utilizados pela pesca artesanal, como Pangalanes (Madagascar), Rias Formosa e Aveiro e esturios Mondego e Tejo (Portugal), Grand-Cul-de-Sac Marin (Guadeloupe) e Thau (Frana), envolve populaes marinhas de indivduos cuja estada ali varia entre ocasional ou cclica. As ocasionais fazem incurses mais ou menos prolongadas; as cclicas colonizam-nos de maneira repetitiva todos os anos, em pocas mais ou menos semelhantes. O retorno ao mar faz-se geralmente na poca reprodutiva: por exemplo, em lagunas europias Sparus auratus, Dicentrarchus labrax; e em Madagascar, Mugil macrolepis e M. robustus. As populaes de migrantes sobrepem-se s de residentes, que realizam todo o ciclo no interior do esturio. Da resulta um modelo de organizao das comunidades estuarinas, onde a imagem que dela se tem resulta da relao entre a abundncia de seus componentes: migrantes, residentes, ocasionais... Ora, constatou-se que esta organizao no esttica; suscetvel de variao no tempo e sobretudo no espao, em funo das caractersticas do sistema.

Lagunas de Pangalanes (Madagascar). Trabalhos realizados desde 1979 no mbito da FAO evidenciam a interdependncia das populaes de peixes. H uma relao entre diversidade, abundncia e organizao espao-temporal. As populaes lagunares so definidas como assemblias complexas mas hierarquizadas pela abundncia, em funo das estratgias adaptativas ligadas ecologia ou s exigncias de habitats mais ou menos seletivos de cada espcie.

Ria Formosa (Portugal). Trabalhos anteriores indicaram que as sries de dados que no ultrapassavam trs anos consecutivos no permitiam uma anlise refinada das variaes anuais. Dr Costa Monteiro, com sries de dados mensais de 5 anos, registraram as variaes temporais das organizaes espaciais das populaes. Existe uma tendncia de descontinuidade cronolgica na organizao das assemblias, ligada ao nmero de perodos de recrutamento das populaes marinhas, o qu confirma o papel de berrio da laguna. As etapas seguintes tm como objetivo no apenas validar este processo em outras situaes climticas, mas tambm identificar os fatores do ambiente fsico e biolgico que poderiam explicar as variaes espao-temporais das populaes.

Manguezais de Guadeloupe. O recrutamento e a instalao das populaes nos habitats costeiros so abordados pela anlise da estrutura espacial, temporal e bio-associativa das assemblias. A seguir, uma fase explicativa liga as listas taxonmicas, seus ndices (riqueza em espcies, diversidade, regularidade) s variveis ambientais (descritores fsicos, qumicos e biolgicos). Os trabalhos do Dr Max Louis mostram associaes de juvenis de populaes cujos adultos so prprios, de um lado, do sistema recifal prximo, e, de outro, de manguezais. O trabalho de Catherine Alliaume evidenciou, numa anlise discriminante que explica muito bem a estrutura espacial das populaes, a existncia de uma combinao das variveis coppodos, clorofila a e visibilidade. Tal componente "nutritiva" foi reconhecida por regresso mltipla entre os fatores do ambiente e os ndices da ictiofauna, e indicou que tambm a riqueza em espcies a abundncia das populaes dela dependiam. Neste nvel de anlise, surge uma outra varivel representativa da riqueza do ambiente, os nitratos. A organizao explicativa das populaes estuarinos permite identificar dois processos interdependentes: (1) o ecossistema de pradarias submersas, stio de rico potencial para recrutamento de juvenis oriundos do manguezal e dos recifes prximos; (2) eventos ligados instalao propriamente dita dos juvenis a. Dois tipos de descritores so utilizados: a estrutura do habitat (altura dos vegetais, transparncia da gua), cujo provvel papel limitar a predao, e os recursos nutritivos (nitratos, fito e zooplncton). Nestas guas tropicais com tendncia geral oligo-trfica normal que os organismos desenvolvam estratgia de colonizao fundamentada na busca de alimento e proteo de predadores. As pradarias submersas oferecem um ambiente rico, prximo quele dos manguezais, mantendo as caractersticas ambientais relativamente estveis.

II. Estratgia de explotao e otimizao.

Disso resulta que a explotao de um ecossistema estuarino-lagunar, qualquer que seja sua localizao geogrfica, alvo principalmente das espcies migrantes, o que leva os pescadores artesanais a desenvolver tcnicas de pesca que exploram esse hbito. Os peixes deslocam-se; intil deslocar os petrechos de captura, donde resultam criativas formas de instrumentos fixos: redes de emalhe, armadilhas, etc. Basta que sejam armados nos locais e momentos apropriados. Tem-se da um sistema de explotao no apenas econmico em energia, mas tambm que exige conhecimentos precisos sobre a biologia das populaes e a ecologia do sistema. O fechamento das conexes mar-esturio, com uso de redes ou artefatos semelhantes, registrado em locais distantes uns dos outros, como Indonsia, Madagascar, Tunsia, Frana, Itlia e Portugal. Em certos ecossistemas estuarino-lagunares os pescadores instalam verdadeiros recifes artificias, onde peixes passam a ser encontrados aps 6-8 meses. Em Bnin, esses "acadja" rendem 800 Kg/hec/ano. Tais conhecimentos otimizam a explotao e seu manejo, e desencadeiam iniciativas de aquicultura - como em Portugal, Frana e Itlia.

Lagunas e manguezais de Porto Rico. Dados obtidos por Alphonse Zerbi (1999) mostram que cinco espcies de robalo habitam a costa de Porto Rico quando juvenis. Dentre essas, trs predominam: Centropomus undecimalis, C. ensiferus e C. parallelus, que toleram fortes variaes fsico-qumicas (23-35oC; salinidade 0-40; 5-160% de saturao de oxignio). Todavia, os jovens da primeira so encontrados sobretudo em guas bem oxigenadas, baixos pH e salinidade. J os jovens de C. ensiferus so mais encontrados na guas turvas e baixo nvel de oxignio; os de C. undecimalis no tm um habitat particular. Juvenis de C. parallelus dominam nos esturios dos rios costeiros; os demais , nas lagunas (maior salinidade). Esta distribuio varia quando os indivduos crescem, e a as trs espcies se repartem de maneira mais homognea. Os descritores que determinam a colonizao so a acessibilidade ao habitat, o hidrodinamismo costeiro e a mar (o recrutamento dos juvenis d-se na enchente). Estudos experimentais permitiram avaliar o efeito da salinidade e da temperatura no processo de colonizao: os juvenis de robalo escolhem preferencialmente guas a 27-28oC; no h resposta significativa entre gua doce e salgada (embora ocupem ocupem mais o interior da laguna, de salinidade maior que os rios costeiros). O tarpo, Megalops atlanticus, aps a ecloso, passa por uma fase larval leptcpfala, e nela pode ficar por vrios meses. Seu recrutamento relaciona-se mar enchente. Juvenis colonizam habitats variados, mas principalmente com altos valores de temperatura (35 oC), pH e salinidade (>40).

Ria Formosa (Portugal). O conhecimento das variaes espao-temporais das populaes de peixes deste esturio demonstrou seu papel como berrio que, ciclicamente, saam ao mar. Com esta assemblia bem identificada possvel avaliar a influncia lagunar sobre a zona marinha litornea e agregar os juvenis atravs de habitats artificiais instalados na rea marinha prxima. Dois grupos de estruturas idnticas para cada um de dois tamanhos diferentes de mdulos foram colocados no mar, a diferentes distncias da conexo esturio-mar (Santos et al., 1997). Aqui indispensvel ter-se em conta o componente explotao que vai determinar - em grande parte - a abundncia das populaes. O habitat artificial modificar as condies do ambiente; certas populaes sero mais atradas e favorecidas que outras. As anlises preliminares mostram rendimentos maiores na zona de recifes que fora dela. A influncia da Ria Formosa sobre a assemblia dos habitats evidente, com 48% das espcies em comum (contra 38% antes da instalao), e com tamanhos individuais menores que nos recifes (confirmando o papel do esturio como berrio). A riqueza especfica, a diversidade e a biomassa diminuem em funo do distanciamento do esturio. A variabilidade anual da assemblia dos recifes aumenta em relao ao distanciamento do esturio. A otimizao da atividade pesqueira pode ser influenciada pela estrutura trfica do habitat: massas de gua lagunares, abundncia e recrutamento ligados a estas massas, modificao da organizao da assemblia, com conseqncias sobre a biomassa e a estrutura demogrfica a ser considerada para a explotao. A comparao com um recife natural prximo revela riquezas especficas e diversidades idnticas. Por outro lado, a abundncia em nmero e biomassa so maiores na estrutura artificial que na natural. As primeiras tm uma maior capacidade de agregao (arquitetura?), com maior proporo de trs espcies: Diplodus annularis, D. belloti e D. vulgaris. O mesmo ocorre quando se compara o tamanho dos mdulos - os de explotao e os de proteo. H uma conseqncia da influncia agregativa que depende da estrutura fsica do habitat: tamanho dos mdulos, recife natural e artificial, que conduziria geralmente a um aumento da biomassa disponvel e da capturabilidade, mas no da modificao da organizao da assemblia (riqueza especfica e diversidade idnticas), como seria o caso com a influncia do esturio.

Nota: a organizao das assemblias atravs da dinmica das populaes foi estudada como indicador de impacto de poluio em sistemas estuarino-lagunares da Costa do Marfim (Guyonnet et al., 2003) e de manejo do Nilo, no Egito (Bebars et al., 1997).

III. Concluses.

Qualquer que seja o sistema, esturio ou particularmente laguna, o funcionamento das assemblias icticas sempre o mesmo, a nica diferena sendo registrada no nvel de uma dissimetria entre o nmero de populaes migrantes duceaqcolas e migrantes marinhas: espcies de gua doce em etapas trfica e reprodutiva capazes de se manter em gua salgada por vrios meses so menos numerosas que aquelas marinhas que podem se manter em gua doce. As populaes migrantes geralmente constituem-se de alevinos que utilizam a laguna ou o esturio como berrio. No recrutamento participam fatores climticos e fsicos em geral - inclusive o hidrodinamismo e as ligaes mar-esturio. A capacidade de acolhida desses "berrios" e atributos como durao, crescimento e mortalidade, dependero no apenas do habitat fsico, biolgico, mas tambm do habitat nutritivo, donde a fragilidade do sucesso do recrutamento. Com efeito, este depende ainda da gesto dos recursos explotados, que por sua vez deve considerar o estoque de genitores (biomassa reprodutiva).

Deste princpio geral de funcionamento resultam manejos, tcnicas de explotao e de gesto integrada dos recursos. O princpio geral manter uma biomassa fecunda de tal maneira que os alevinos sejam mais numerosos que o "prescrito" pela capacidade fsica de acolhida. Para manejar o acesso efetivo sobre os berrios lagunares, indispensvel otimizar o funcionamento fsico das conexes mar-esturio e eliminar todas as perturbaes urbanas, porturias, aterros, etc. Para otimizar a produo do recrutamento, essencial manter-se a capacidade de acolhida fsica e trfica. Enfim, a qualidade do meio, que depende do aporte das bacias versantes com suas atividades econmicas correspondentes, ser determinante. A gesto e o manejo integrados do recuso dependem de todos esses fatores em conjunto, sendo a dinmica espao-temporal das assemblias um elemento vital de anlise. Negligenciar um nico elemento deste conjunto conduz a resultados nulos.

A pesca deve ser seletiva para evitar desperdcios, e se necessrio deve ser conjugada a prticas de aquacultura extensiva. Ela pode ser diferente nos ecossistemas tipo recife especialmente preparados para a explotao. O futuro de uma gesto eficaz dos recursos para um desenvolvimento sustentvel, a compreendida a preservao da biodiversidade para as geraes futuras, de integrar no nvel das variveis fsicas, biolgicas e econmicas um espao nico, indo da bacia versante ao sistema marinho em longa escala de tempo, utilizando sries temporais de longo termo para identificar a sade dos ecossistemas e suas conseqncias sobre a sade humana. O alcance de tais objetivos depender ainda por muito tempo de metodologias para obteno de informaes confiveis (representatividade e preciso dos dados biolgicos), e de colaboraes entre pases, organismos, instituies e disciplinas de estudo.

IV. Referncias

ALIAUME, C., MONTEIRO, C., LAM HOAI, T., LOUIS, M. ET G. LASSERRE, 1993. Spatial and temporal dynamics of fish assemblages in coastal lagoons: Ria Formosa of Portugal and Grand-Cul-de-Sac Marin of Guadeloupe. Oceanol. Acta 16, 3:291-300.

AMANIEU, M. et G. LASSERRE, 1982. Organisation et volution des peuplements lagunaires. In: Actes Symposium international sur des lagunes ctires. SCOR/IABC/UNESCO, Bordeaux, 8-14 septembre 1981. Oceanol. Acta, SP, 201-213.

BEBARS, .M.I., LAM HOAI, T. et G. LASSERRE, 1997. Analysis of the Egyptian marine and lagoon fisheries landing in relation to the construction of the Aswan Dam. Oceanol. Acta 20, 2, 421-436.

GUYONET, B., ALLIAUME, C., ALBARET, J.-J., CASELLAS, C., ZERBI, A. et G. LASSERRE, 2003. Influence of multipolluted environments on the biology of Ethmalosa fiambata (Bowdish) and on the fish diversity in Ebri lagoon (Ivory Coast). In press, ICES Journal of Marine Science.

JORGE, I., MONTEIRO, C. et G. LASSERRE, 2002. Fish community of Mondego estuary: espao-temporal organisation. In: M.Pardal, J.C. Marques & M. Graa ed.: Aquatic Ecology of the the Mondego river basin. Global importance of local experience. Coimbra University Press, 199-217.

SANTOS, M., MONTEIRO, C. & G. LASSERRE, 1997.A four years overview of the fish assemblages in artificial reef systemas off Algarve (South Portugal), and the response of marine organismos in their environment. Ed. L.E. Hawkins & S. Hutchinson, with A.C. Jensen, J. Williams & M. Shaeder. Univ. Southampton, 345-352.

LIVROS

Anncios e resenhas

Peixes do Rio das Velhas: Passado e Presente

Carlos Bernardo Mascarenhas Alves

O livro "Peixes do Rio das Velhas: Passado e Presente" est disponvel experimentalmente na pgina http://www.fisica.ufmg.br/~lpv/.livro/, onde pode ser livremente consultado. Brevemente a verso definitiva estar disponvel na pgina do Projeto Manuelzo (http://www.manuelzao.ufmg.br). Os organizadores solicitam contribuies dos leitores no sentido de corrigir erros de tipografia, nomes de espcies ou outras sugestes.

Os contatos podem ser feitos atravs de Carlos Bernardo M. Alves ([email protected]).

Fish Adaptations

Paulo Ceschi

[email protected]

Adalberto Luis Val: INPA, Laboratorio de Ecofisiologia e Evolucao Molecular, Manus, Brazil. B.G. Kapoor: Jiwaji University, Gwalior, India. ISBN 1-57808-249-8; April 2003; c.426 Pages; US$ 140.00

Contents:Fish Adaptations to Amazonian Blackwater: Aline Y.O. Matsuo and Adalberto Luis Val; Hypoxia Tolerance and Adaptations in Fishes: The Case of Amazon Cichlids: Adriana R. Chippari-Gomes et al.; Steady Swimming by Fishes: Kinetic Properties and Power Production by the Aerobic Musculature: David J. Coughlin; Fish Adaptation to Pressure: Philippe Sebert; Morphophysiological Adaptations in the Digestive System of Antarctic Nototheniod Fishes: Grazia Tagliafierro et al.; Fish Feeding and Nutrition in Intensive Systems: Jose Eurico Possebon et al.; Vitamins C, D, and E in Fish: Edsandra C. Chagas et al.; Osmoregulatory Adaptations of Freshwater Teleosts: Bernardo Baldisseroto; Environmental Pollution and Fish Gill Morphology: Marisa N. Fernandes and Aurelia de Fatima Mazon; Adaptations in the Elamobranch Electroreceptive System: William Raschi and Shannon Gerry; Morphological Adaptations of Pearlfish (Carapidae) to their Various Habitats: Eric Parmentier and Pierre Vandewalle; On the Homologies and Evolutionary Transformation of the Skeletal Elements of Catfish (Teleostei: Siluriformes) Suspensorium: A Morpho Functional Hypothesis: Rui Diogo and Michel Chardon; Chromosomal Changes and Adaptation of Cichlid Fishes During Evolution: Eliana Feldberg et al.; Cytogenetics and Evolution in Extreme Environment: The Case of Antarctic Fishes: Eva Pisano and Catherine Ozouf-Costaz; Eyes and Vision of the New Zealand Torrentfish Cheimarrichthys fosteri VON HAAST (1874): Histology, Photochsmistry, and Electrophysiology: Victor Benno Meyer-Rochow and Paul Edward Coddington

Para importao direta podemos intermediar junto editora pedindo um desconto para os associados. Outros livros sobre o assunto: www.scipub.net/catalog

Peixes da Zona Econmica Exclusiva da regio Sudeste-Sul do Brasil

Hitoshi Nomura/ESALQ-USP

RESENHA - Peixes da zona econmica exclusiva da regio sudeste-sul do Brasil levantamento com rede de meia-gua. Editora da Universidade de So Paulo e Imprensa Oficial de So Paulo, 242 pp., il. autores: Jos Lima de Figueiredo, Andressa Pinter dos Santos, Noriyoshi Yamaguti, Roberto vila Bernardes e Carmen Lcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski e-mail da Diviso de Marketing da Edusp [email protected]

No Brasil est em vigor o Programa Revizee Programa de Avaliao do Potencial Sustentvel de Recursos Vivos da Zona Econmica Exclusiva que tem por finalidade inventariar os potenciais de captura dos peixes, crustceos, moluscos, mamferos, etc., com vistas sua explorao comercial racional. Na plataforma continental so encontradas espcies que se adaptaram a um ambiente diferente do costeiro. Geralmente so espcies pequenas, que fazem migraes dirias e que suportam variao elevada de presso. Seu ciclo de vida geralmente curto, mas a biomassa grande, sendo importantes na cadeia alimentar, principalmente dos atuns e espcies afins. Essas espcies no tm importncia comercial, mas servem de alimento para aquelas de grande valor. As espcies capturadas foram estudadas quanto sua distribuio geogrfica, biologia e tomados os dados para caracteriz-las especificamente. Cada espcie foi fotografada e em cada item h um mapa mostrando as estaes de captura. O livro merece ser lido e figurar na estante dos ictiologistas e amantes da natureza em geral.

Ovos e larvas de peixes de gua doce Desenvolvimento e manual de identificao

Hitoshi Nomura/ESALQ-USP

RESENHA - Ovos e larvas de peixes de gua doce Desenvolvimento e manual de identificao. Universidade Estadual de Maring e Eletrobrs, Maring, 378 p., il., 2001. (autores Keshiyu Nakatani, ngelo Antnio Agostinho, Gilmar Baumgartner, Andrea Bialetzki, Paulo Vanderlei Sanches, Maristela Cavicchioli Makrakis e Carla Simone Pavanelli). E-mail da Editora: [email protected]

Est de parabns a Universidade Estadual de Maring, onde funciona o Ncleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura NUPELIA, cujos membros componentes tm pesquisado intensamente os peixes existentes principalmente no Reservatrio de Itaipu. Em colaborao com os pesquisadores da Eletrobras, os estudiosos do Nupelia estudaram o desenvolvimento inicial do ciclo de vida dos peixes. Os pesquisadores das estaes de piscicultura da CESP, CEMIG, CHESF, FURNAS, CODEVASF, ITAIPU BINACIONAL, COPEL, CODAPAR e outras prestaram sua colaborao durante os cinco anos em que durou o estudo.

No fcil o estudo das larvas dos peixes, que muito diferem das formas adultas, apresentando exigncias ecolgicas diferentes. O estudo das fases iniciais dos peixes importante para se compreender o crescimento, a mortalidade e a reproduo de suas populaes. A taxonomia de larvas de peixes de gua doce bem menos conhecida do que os marinhos. O primeiro captulo do livro trata da Biologia e reproduo de peixes, seguido da Importncia do estudo de ovos e larvas, Metodologia de coleta e anlise em estudos de ovos e larvas, Caractersticas gerais dos grandes grupos, e Chaves de identificao. As Ordens tratadas foram: Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Perciformes, Clupeiformes, Cypriniformes, e Pleuronectiformes. No fim do livro se encontram as referncias e um glossrio explicativo das palavras empregadas no texto. Alm dos ovos e larvas estudados h fotografias dos exemplares adultos. Recomendamos o livro a todos os pesquisadores do campo da ictiologia.

Curso de Extenso sobre Peixes de Costes Rochosos

Comunicao dos Scios

(Nossa Contribuio)

ESPCIES DE PEIXES AMEAADAS DE EXTINO NO BRASIL

Ricardo de Souza Rosa*

Aps mais de uma dcada de trabalhos, a comunidade de ictilogos conseguiu compilar a lista de espcies ameaadas de peixes da fauna brasileira, a ser oficializada pelo Ibama. Este trabalho reveste-se da maior importncia para as questes de conservao da biodiversidade, j que as primeiras listas oficiais da fauna brasileira ameaada de extino, publicadas em 1973 e 1989, no contemplavam os grupos de peixes.

Desde as primeiras iniciativas para a compilao da lista dos peixes, aps termos assumido a coordenao dos trabalhos em 1989, a Sociedade Brasileira de Ictiologia, desempenhou papel fundamental na divulgao da matria, atravs de publicao de notas no boletins informativos n 15 e 18. Naquela oportunidade, foi disponibilizado um formulrio para a coleta de informaes sobre espcies candidatas lista. Apesar do mesmo tambm ter sido divulgado atravs de outras sociedades no exterior (American Society of Ichthyologists and Herpetologists e Neotropical Ichthyological Association), o retorno foi modesto. Apenas 16 espcies foram indicadas, uma delas por um pesquisador estrangeiro e as demais por pesquisadores brasileiros.

O trabalho prosseguiu atravs de contatos pessoais e pesquisas de campo, at que em 1992 uma lista preliminar foi disponibilizada comunidade cientfica atravs do Informativo Ictiolgico da SBI, para consulta e comentrios. Aps inmeras revises, a lista foi encaminhada em 1996 ao Departamento de Vida Silvestre do Ibama. Diante da impossibilidade da sua oficializao pelo Ibama naquela oportunidade, optamos por divulgar extra-oficialmente a lista, atravs de uma publicao (Rosa & Menezes, 1996).

Esta lista preliminar (Rosa & Menezes, 1996) continha 78 espcies, incluindo 12 elasmobrnquios e 66 telesteos. O levantamento utilizou os critrios contidos no Livro Vermelho de 1990 (IUCN, 1990), que embora no fossem os mais atualizados, pareciam os mais adequados para o tratamento das espcies brasileiras, que em sua grande maioria no poderiam ser rigorosamente classificadas quanto ao seu estado de conservao devido insuficincia de dados. Desse modo, 40 espcies tiveram seu estado de conservao indeterminado ou consideradas como deficientes de dados. Outras 18 espcies foram consideradas em perigo, 12 vulnerveis, sete raras e uma extinta.

A partir de 1997, o processo de reviso da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino foi retomado, atravs de uma parceria entre o Ministrio do Meio Ambiente e da Fundao Biodiversitas. Reunies preparatrias para a formao de grupos de trabalho e adequao metodolgica foram realizadas em Braslia (dezembro de 1997) e Atibaia (agosto de 1999). Aps sucessivos adiamentos, o processo foi desencadeado em agosto de 2002, com o estabelecimento de um cronograma para a apresentao de uma lista de espcies candidatas, consultas amplas comunidade cientfica, e a consolidao da lista em um workshop final. A lista de espcies candidatas de peixes foi ento disponibilizada na home page da Fundao Biodiversitas, e o processo de consulta ampla paralelamente divulgado atravs de diversas sociedades cientficas (SBI, SBZ, Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrnquios-SBEEL, American Elasmobranch Society-AES, e ASIH).

O advento da Internet proporcionou maior eficincia no processo de consulta e um retorno substancial de informaes. Nesta segunda fase do trabalho, 71 pesquisadores contriburam com informaes, 61 do Brasil e dez do exterior. Quanto ao tipo de contribuio, houve 162 comentrios sobre espcies indicadas, 81 propostas de incluso de espcies, e quatro propostas de excluso de espcies.

A lista final foi consolidada em um workshop realizado em Belo Horizonte em dezembro de 2002. De 218 espcies avaliadas, 166 espcies foram consideradas ameaadas, incluindo 18 elasmobrnquios e 148 telesteos. Dentre as espcies ameaadas, 36 foram tratadas como criticamente ameaadas, 38 em perigo, e 92 vulnerveis, segundo as categorias atuais de ameaa da IUCN.

A ampla divulgao da lista, por determinao do Ibama, s ser feita aps a sua oficializao. Entretanto, alguns aspectos gerais podem ser abordados e comentados. Quanto distribuio ecolgica das espcies de peixes ameaadas, 30 so marinhas e 136 de gua doce. Esta situao decorre do grande nmero de espcies dulccolas com distribuio restrita e do precrio estado de conservao de muitos ambientes de gua doce, comparativamente aos ambientes marinhos. Quanto distribuio geogrfica das espcies dulccolas ameaadas, nove ocorrem em bacias da regio norte, 13 na regio nordeste, 17 na regio centro-oeste, 75 na regio sudeste, e 33 na regio sul (algumas espcies ameaadas ocorrem em mais de uma regio). Estes dados denotam o maior grau de comprometimento das bacias das regies sul e sudeste, mais densamente habitadas, comparativamente s demais regies. Todavia refletem tambm o melhor conhecimento regional sobre o estado de conservao das espcies, j que todos os levantamentos estaduais de fauna ameaada foram conduzidos nestas duas regies (Paran, 1995; Machado et al., 1998; Rio de Janeiro, 1998; So Paulo, 1998; Marques et al., 2002). Deste modo, um maior nmero de espcies foram avaliadas nestas regies, comparativamente s outras.

A distribuio sistemtica das espcies ameaadas refletiu o maior comprometimento dos ambientes de gua doce, pois as trs ordens de telesteos com maior nmero de espcies ameaadas (Cyprinodontiformes, Characiformes e Siluriformes) constituem grupos dominantes e/ou diversificados em guas continentais Neotropicais. Esta distribuio tambm refletiu o grau diferenciado de conhecimento dos grupos taxonmicos, pois os Cyprinodontiformes, embora no constituam o grupo mais diversificado em gua doce, foram extensamente pesquisados em levantamentos de campo, particularmente os Rivulidae estudados por Wilson Costa da UFRJ (ver Costa, 2002). Tais estudos demonstram a fragilidade dos bitopos particulares que estes peixes ocupam, como poas e lagoas marginais. Algumas espcies de telesteos preliminarmente listadas (Rosa & Menezes, 1996), tais como o pirarucu (Arapaima gigas) e o tambaqui (Colossoma macropomum), foram excludas da lista de espcies ameaadas. Dentre os elasmobrnquios, predominantemente marinhos, a ordem com maior nmero de espcies ameaadas Carcharhiniformes, que corresponde ao grupo mais diversificado de tubares em guas tropicais e subtropicais, alvo de pesca ou de capturas incidentais em pescarias dirigidas para outros recursos. As ordens e famlias com maior incidncia de ameaa e seus respectivos nmeros de espcies ameaadas esto indicadas na Tabela 1.

Uma ltima reunio entre representantes dos rgos e instituies envolvidos e os coordenadores dos grupos de trabalho, previamente divulgao da lista, j est agendada para maro de 2003. Alm da oficializao e divulgao da lista, uma preocupao geral o estabelecimento em mdio prazo, de planos de ao visando a conservao das espcies ameaadas, alm do estabelecimento de prazos para a reviso peridica da lista. Uma recomendao que dever tambm ser emanada desta reunio, a de que os estados e municpios envidem esforos para avaliar o estado de conservao de suas faunas, e que desenvolvam trabalhos visando a compilao das respectivas listas de espcies ameaadas.

A concretizao deste trabalho s foi possvel graas a todos que contriburam com informaes acerca do estado de conservao e distribuio de espcies, e ao empenho da Fundao Biodiversitas na coordenao das atividades. Agradecimentos especiais aos integrantes da SBEEL que participaram da avaliao dos elasmobrnquios, a Flvio C. T. Lima, que coordenou o subgrupo de peixes de gua doce, e a Rodrigo L. Moura, que trouxe valiosas informaes acerca dos telesteos marinhos.

Referncias Bibliogrficas

Costa, W. J. E. M. 2002. Peixes anuais brasileiros: diversidade e conservao. Curitiba, Ed. da UFPR, 240p

Ibama. 1989. Lista Oficial de Espcies da Fauna Brasileira em perigo de Extino. Portaria No. 1.522 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 22 de dezembro de 1989.

IBDF. 1973. Lista Oficial de Espcies Animais em perigos de Extino da Fauna Indgena. Portaria No. 3.481-DN do Instituto Brasileiro e Desenvolvimento Florestal. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 31 de maio de 1973.

Iucn. 1990. 1990 IUCN Red List of Threatened Animals. Gland, Switzerland and Cambridge, U. K., International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, 192p.

Machado, A. B. M. et al. (eds.) 1998. Livro vermelho das espcies ameaadas de extino da fauna de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas, 605p.

Marques, A. A. B. et al. 2002. Lista das espcies da fauna ameaadas de extino no Rio Grande do Sul. Decreto n 41.672, de 11 de junho de 2002. Porto Alegre, FBZ/MCT-PUCRS/PANGEA, 52p.

Paran. 1995. Lista vermelha de animais ameaados de extino no Estado do Paran. Curitiba, Secretaria de Estado de Meio Ambiente/GTZ, 177p.

Rio de Janeiro. 1998. Lista das espcies ameaadas de extino do Estado do Rio de Janeiro. Dirio Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 34 (102), Parte I: 9-16, 5 de junho de 1998.

Rosa, R. S. & N. A. Menezes. 1996. Relao preliminar das espcies de peixes (Pisces, Elasmobranchii, Actinopterygii) ameaadas no Brasil. Revta. Bras. Zool. 13(3): 647-667.

So Paulo. 1998. Fauna Ameaada no Estado de So Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Srie Documento Ambientais. So Paulo, 59 p.

Departamento de Sistemtica e Ecologia, Universidade Federal da Paraba, 58059-900 Joo Pessoa PB, e-mail:[email protected].

Participe do Boletim SBI!

Envie as suas contribuies para os prximos nmeros.

Seus artigos, contribuies e outras informaes podem ser enviados diretamente para a secretaria , preferencialmente como attachments em um email.

Formulrio para filiaes, atualizao de endereo e compra de livros

Cadastro:________

Nome:______________________________________________________ Data de Nascimento: ___/___/___

Instituio:_______________________________________________________________________________

Endereo:________________________________________________________________________________

CEP:____________Cidade:___________________________Estado:__________Pas:_________________

Fone: ( )______________ Fax: ( )__________________ E-mail:______________________

Graduao: ______________________________________Titulao:_______________________________

rea de Atuao:

a) Tipo de Ambiente de Interesse: _____________________________________________

b) Regio/Bacia Hidrogrfica: ________________________________________________

Linha de Pesquisa:________________________________________________________________________

PRIMEIRA ANUIDADE: R$ 100,00 (estudantes com comprovao pagam R$ 50,00)

TAXA DE FILIAO: R$20,00

Cheque n _______do Banco ____________ nominal Sociedade Brasileira de Ictiologia, no valor de R$_________

[ ] Pagamento da taxa de filiao e primeira anuidade. [ ] Compra de livros:

Endereo da Tesouraria: Dra. Renata G. Moreira. Depto. de Fisiologia IB Universidade de So Paulo Rua do Mato, travessa 14, n.321 05508-900 So Paulo, SP Brasil. Tel: (+11) 3091-7519.

E-mail: [email protected]

Elevando a Capacidade de Suporte...

Expediente

BOLETIM

Sociedade Brasileira de Ictiologia

N(70

Presidente: Ierec Maria de Lucena Rosa

Secretrio: Robson Tamar da Costa Ramos Tesoureira: Renata Guimares Moreira

Elaborao: Diretoria SBI

Editorao: Robson T. C. Ramos

Assistente: Rodrigo C. A. P. Farias

Tiragem: 500 exemplares

Impresso: JHC Formulrios

Endereo: Secretaria da SBI

Dpto. de Sistemtica e Ecologia

CCEN Universidade Federal da Paraba

Campus Universitrio Joo Pessoa PB

58059-900

Email: [email protected]

Web: http://www.sbi.bio.br

CGC: 53.828.620/0001-80

Os conceitos, idias e comentrios expressos neste boletim so de inteira responsabilidade da Diretoria da SBI ou dos que os assinam.

Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica

Anna Emilia Vazzoler, 1996

SBI/UEM, 169p.

Preo: R$ 25,00 (R$ 20,00 para scios)

Recursos Pesqueiros Estuarinos e Marinhos no Brasil

Melquades Pinto Paiva, 1997

EUFC, 278p.

Preo: R$ 27,00 (R$ 22,00 para scios)

Peixes do Rio Tibagi: Uma abordagem Ecolgica

Sirley T. Bennemann, Oscar A. Shibatta & Julio C. Garavello, 2000. UEL, 62p.

Preo: R$ 25,00

Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes

Malabarba, L.R. et al (eds), 1998 Edipucrs, 608p.

Preo: US$ 50,00

Postagem: R$ 15 (Brasil) US$ 15 (exterior)

ISSN 1519-0021

EMBED Word.Picture.8

EMBED Word.Picture.8

O ltimo Encontro Brasileiro de Ictiologia desenrolou-se como esperado profcuo, alegre e organizado. Congratulamos os componentes da equipe organizadora do Encontro pelo trabalho srio, sob a presidncia da Dra. Yur Tedesco, tambm Coordenadora de Pesquisa e Extenso da Instituio que hospedou o encontro, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, cuja estrutura atendeu plenamente s vrias atividades previstas no XV EBI.

Na Assemblia Geral, alm de outras aes, ficou definido o local do prximo EBI: Joo Pessoa, no Estado da Paraba, tambm nova sede da Diretoria da Sociedade.

A Universidade Federal da Paraba (UFPB) sediar o XVI Encontro Brasileiro de Ictiologia, em 2005. A UFPB uma universidade relativamente jovem e que tem um papel importante no cenrio nacional, abrigando 19.800 alunos, distribudos em campus universitrios de trs cidades, incluindo a capital. O curso de Cincias Biolgicas tem 25 anos de existncia e desde 1980 funciona a Ps-Graduao em Cincias Biolgicas (rea de concentrao Zoologia). A atual diretoria coordenar o Encontro e estar de braos abertos para receber a todos os participantes do prximo EBI, que tero a oportunidade de apresentar os resultados dos seus trabalhos no ponto mais oriental das Amricas, onde o sol nasce primeiro.

Leia nesta edio:

Notcias da Assemblia Geral........................2

Palestra do Dr. Grard Lasserre....................3

Livros Anncios e Resenhas.......................7

Comunicao dos Scios...............................9

Centro histrico, foto tomada do Rio Sanhau

Parque Solon de Lucena, centro de Joo Pessoa

O Editorial do Boletim 69 da SBI destacou os 20 anos de existncia da nossa Sociedade e a importncia com a qual ela se revestiu nos cenrios nacional e internacional, pelo esforo conjunto de ictilogos brasileiros - estes resultados, fruto do trabalho individual de cada um de ns e da forte e fraterna integrao existente entre os ictilogos brasileiros... nos enchem do mais profundo orgulho..., diz o Editorial. Entre a dependncia do conhecimento dos primeiros ictilogos europeus e americanos que aqui chegaram e o atual momento da ictiologia brasileira esto figuras importantes da histria da pesquisa ictiolgica brasileira, representadas justa e adequadamente na pessoa do Dr. Narcio Aquino Menezes, Presidente de Honra do XV EBI.

Os resultados mais palpveis do esforo dos que ajudaram a construir a ictiologia brasileira e a nossa Sociedade podem ser vistos no atual quadro da ictiologia brasileira, que se estende por todos os estados da nossa Federao, com centros de pesquisa distribudos pelo pas. Podem ser vistos tambm nos nmeros do ltimo EBI, quando 793 participantes, incluindo pesquisadores de outros pases, estiveram reunidos, mostrando e discutindo os resultados de seus trabalhos e idias. Os 20 anos de existncia da SBI foram comemorados altura, com a criao da Neotropical Ichthyology, revista cientfica da Sociedade, passo importante para consolidar, cada vez mais, a SBI como formadora e disseminadora de conhecimentos ictiolgicos de qualidade. Parabns a todos que fazemos a SBI! Sigamos com nossa contribuio, como pesquisadores e cidados, construo paulatina de um pas que de si possa sempre se orgulhar.

O curso foi ministrado em Porto Belo, SC, promovido pela UNIVALI e pela SBI. Segundo o nosso colega Mauricio Hostim, o ministrante, o curso Foi um sucesso total e tivemos gente de diferentes partes do Brasil (Minas Gerais, So Paulo, Paran...). Mauricio nos enviou fotos de alguns dos bons momentos do curso, dos quais selecionamos a foto abaixo para conhecimentos dos colegas leitores do boletim da SBI.

Joo Pessoa uma cidade acolhedora, de belas praias e uma das mais antigas do Brasil. Conta com um importante conjunto arquitetnico barroco. considerada a segunda cidade mais verde do mundo e possui uma bonita orla com restaurantes e bares para todos os gostos.

EMBED Word.Picture.8

AUMENTE O CARDUME !

TRAGA NOVOS SCIOS PARA A SBI !

Agenda Ictiolgica

Encontro da American Society of Ichthyologists and Herpetologists. Manaus, 26 de junho a 01 de julho de 2003. Maiores informaes atravs da pgina http://www.aiha.org.br

Conferncia apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Zoologia/UFPR, em Curitiba, em 26/02/2003. Traduo: Paulo de Tarso Chaves, HYPERLINK mailto:[email protected] [email protected]. Apoio: CAPES.

N.T.: a denominao esturio, sentido amplo, incluir lagunas em geral, rias portuguesas, baas e desembocaduras de rios.

_989643649.doc

_997162709.doc

_997162735.doc

_997166890.doc

_989643661.doc

_989643642.doc

Roberto E. ReisBol70.doc

Pgina 2 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

ANUIDADE A nova taxa da anuidade da Sociedade de 100 reais (a data do pagamento vence em 30 de janeiro do ano correspon-dente, com tolerncia de 60 dias para o pagamento da anuidade). Os ex-scios cujos desligamentos forem anteriores realizao da XIV Assemblia da SBI estaro anistiados dos dbitos anteriores. Para se re-filiarem, devero pagar apenas a taxa de filiao e a anuidade vigentes. NOVOS NOMES Foram eleitos a nova diretoria da SBI e o Conse-lho Deliberativo, cujos nomes esto disponveis na homepage da sociedade e neste boletim. REVISTA Foi criada a Neotropical Ichthyology, revista da SBI. Faa uma visita pgina da Sociedade (http://www.sbi.bio.br) e conhea mais sobre a Revista. Artigos j podem ser submetidos ao Editor Cientfico, Dr. Luiz Malabarba. ESTATUTO Durante a XIV Assemblia, alguns artigos do Estatuto da Sociedade tiveram alteraes propostas votadas e aprovadas na assemblia (exceo feita alterao proposta para o artigo 12, que foi rejeitada). Durante a votao, no entanto, houve a expres-so de insatisfao de alguns scios, devido impossibilidade de ajuste do texto da alterao proposta, no momento da assemblia. Estes colegas argumentaram que a Assemblia o foro mais ade-quado para discusso e ajuste do texto da alterao, visto ser o nico momento em que os scios esto num mesmo foro para dis-cutir tais questes. A mesa no discordou, mas destacou que o texto de alterao proposto foi disponibilizado no Boletim N 68 da SBI e que ajustes seriam impossveis naquele momento, visto que o artigo 35 do mesmo Estatuto diz que o texto da alterao a ser proposta deve ser divulgado, na ntegra, juntamente convocao para a Assemblia Geral. Aproveitando a discusso que a questo citada acima levantou, sugerimos aos scios que tm propostas de modificao do artigo 35 ou outros, que redijam suas propostas e as enviem diretoria. Esta se prope a disponibiliz-las aos scios no prazo adequado.

MEMBROS DA DIRETORIA E CONSELHO DELIBERATIVO

DA SBI

DIRETORIA BINIO 2001-2003

Presidente: Dra. Ierec Maria de Lucena Rosa Depto. de Sistemtica e Ecologia Universidade Federal da Paraba

[email protected] Secretrio:

Dr. Robson Tamar da Costa Ramos Depto. de Sistemtica e Ecologia Universidade Federal da Paraba

[email protected] Tesoureira:

Dra. Renata Guimares Moreira Departamento de Fisiologia Universidade de So Paulo

[email protected]

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente:

Dr. Roberto Esser dos Reis Pontifcia Universidade Catlica do Rio

Grande do Sul - PUCRS [email protected]

Membros: Dr. ngelo Antonio Agostinho

Universidade Estadual de Maring - UEM

[email protected] [email protected]

Dr. Jos Sabino Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal -

UNIDERP [email protected]

Dr. Luiz Roberto Malabarba Museu de Cincias e Tecnologia -

PUCRS [email protected]

Dr. Paulo Andreas Buckup Museu Nacional - UFRJ

[email protected] Dr. Paulo de Tarso Chaves

Universidade Federal do Paran - UFPR

[email protected] Dr. Thomaz Lipparelli

Fundao O Boticrio de Proteo Natureza - FBPN

[email protected]

Notcias da Assemblia Geral

MAIS DO QUE NUNCA, FUNDAMENTAL PAGAR EM DIA A ANUIDADE E AMPLIAR O

QUADRO DE SCIOS DA SBI PARA GARANTIR O PLENO XITO DA NOSSA REVISTA

AUMENTE O CARDUME !

TRAGA NOVOS SCIOS PARA A SBI !

Agenda Ictiolgica Encontro da American Society of Ichthyologists and Herpetologists. Manaus, 26 de junho a 01

de julho de 2003. Maiores informaes atravs da pgina http://www.aiha.org.br

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69 Pgina 3

ORGANIZAO ESPAO-TEMPORAL DAS COMUNIDADES ICTICAS NOS ECOSSISTEMAS ESTUARINO-LAGUNARES: APLICAES AO MANEJO E

GESTO INTEGRADA.1

Grard LASSERRE - Universit Montpellier II, Frana. [email protected]

I. Organizao espao-temporal Cerca de 82-88% da riqueza especfica na ictiofauna de ambientes estuarinos2 utilizados pela pesca

artesanal, como Pangalanes (Madagascar), Rias Formosa e Aveiro e esturios Mondego e Tejo (Portugal),

Grand-Cul-de-Sac Marin (Guadeloupe) e Thau (Frana), envolve populaes marinhas de indivduos cuja estada

ali varia entre ocasional ou cclica. As ocasionais fazem incurses mais ou menos prolongadas; as cclicas coloni-

zam-nos de maneira repetitiva todos os anos, em pocas mais ou menos semelhantes. O retorno ao mar faz-se

geralmente na poca reprodutiva: por exemplo, em lagunas europias Sparus auratus, Dicentrarchus labrax; e

em Madagascar, Mugil macrolepis e M. robustus. As populaes de migrantes sobrepem-se s de residentes,

que realizam todo o ciclo no interior do esturio. Da resulta um modelo de organizao das comunidades estua-

rinas, onde a imagem que dela se tem resulta da relao entre a abundncia de seus componentes: migrantes,

residentes, ocasionais... Ora, constatou-se que esta organizao no esttica; suscetvel de variao no

tempo e sobretudo no espao, em funo das caractersticas do sistema.

Lagunas de Pangalanes (Madagascar). Trabalhos realizados desde 1979 no mbito da FAO evidenciam a inter-

dependncia das populaes de peixes. H uma relao entre diversidade, abundncia e organizao espao-

temporal. As populaes lagunares so definidas como assemblias complexas mas hierarquizadas pela abun-

dncia, em funo das estratgias adaptativas ligadas ecologia ou s exigncias de habitats mais ou menos

seletivos de cada espcie.

Ria Formosa (Portugal). Trabalhos anteriores indicaram que as sries de dados que no ultrapassavam trs

anos consecutivos no permitiam uma anlise refinada das variaes anuais. Dr Costa Monteiro, com sries de

dados mensais de 5 anos, registraram as variaes temporais das organizaes espaciais das populaes. Existe

uma tendncia de descontinuidade cronolgica na organizao das assemblias, ligada ao nmero de perodos

de recrutamento das populaes marinhas, o qu confirma o papel de berrio da laguna. As etapas seguintes

tm como objetivo no apenas validar este processo em outras situaes climticas, mas tambm identificar os

fatores do ambiente fsico e biolgico que poderiam explicar as variaes espao-temporais das populaes.

Manguezais de Guadeloupe. O recrutamento e a instalao das populaes nos habitats costeiros so aborda-

dos pela anlise da estrutura espacial, temporal e bio-associativa das assemblias. A seguir, uma fase explicati-

va liga as listas taxonmicas, seus ndices (riqueza em espcies, diversidade, regularidade) s variveis ambien-

tais (descritores fsicos, qumicos e biolgicos). Os trabalhos do Dr Max Louis mostram associaes de juvenis

de populaes cujos adultos so prprios, de um lado, do sistema recifal prximo, e, de outro, de manguezais.

O trabalho de Catherine Alliaume evidenciou, numa anlise discriminante que explica muito bem a estrutura

espacial das populaes, a existncia de uma combinao das variveis coppodos, clorofila a e visibilidade. Tal

1 Conferncia apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Zoologia/UFPR, em Curitiba, em 26/02/2003. Traduo: Paulo de

Tarso Chaves, [email protected]. Apoio: CAPES. 2 N.T.: a denominao esturio, sentido amplo, incluir lagunas em geral, rias portuguesas, baas e desembocaduras de rios.

mailto:[email protected]:[email protected]

Pgina 4 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

componente "nutritiva" foi reconhecida por regresso mltipla entre os fatores do ambiente e os ndices da icti-

ofauna, e indicou que tambm a riqueza em espcies a abundncia das populaes dela dependiam. Neste nvel

de anlise, surge uma outra varivel representativa da riqueza do ambiente, os nitratos. A organizao explica-

tiva das populaes estuarinos permite identificar dois processos interdependentes: (1) o ecossistema de prada-

rias submersas, stio de rico potencial para recrutamento de juvenis oriundos do manguezal e dos recifes prxi-

mos; (2) eventos ligados instalao propriamente dita dos juvenis a. Dois tipos de descritores so utilizados:

a estrutura do habitat (altura dos vegetais, transparncia da gua), cujo provvel papel limitar a predao, e

os recursos nutritivos (nitratos, fito e zooplncton). Nestas guas tropicais com tendncia geral oligo-trfica

normal que os organismos desenvolvam estratgia de colonizao fundamentada na busca de alimento e prote-

o de predadores. As pradarias submersas oferecem um ambiente rico, prximo quele dos manguezais, man-

tendo as caractersticas ambientais relativamente estveis.

II. Estratgia de explotao e otimizao.

Disso resulta que a explotao de um ecossistema estuarino-lagunar, qualquer que seja sua localizao

geogrfica, alvo principalmente das espcies migrantes, o que leva os pescadores artesanais a desenvolver

tcnicas de pesca que exploram esse hbito. Os peixes deslocam-se; intil deslocar os petrechos de captura,

donde resultam criativas formas de instrumentos fixos: redes de emalhe, armadilhas, etc. Basta que sejam ar-

mados nos locais e momentos apropriados. Tem-se da um sistema de explotao no apenas econmico em

energia, mas tambm que exige conhecimentos precisos sobre a biologia das populaes e a ecologia do siste-

ma. O fechamento das conexes mar-esturio, com uso de redes ou artefatos semelhantes, registrado em

locais distantes uns dos outros, como Indonsia, Madagascar, Tunsia, Frana, Itlia e Portugal. Em certos e-

cossistemas estuarino-lagunares os pescadores instalam verdadeiros recifes artificias, onde peixes passam a ser

encontrados aps 6-8 meses. Em Bnin, esses "acadja" rendem 800 Kg/hec/ano. Tais conhecimentos otimizam

a explotao e seu manejo, e desencadeiam iniciativas de aquicultura - como em Portugal, Frana e Itlia.

Lagunas e manguezais de Porto Rico. Dados obtidos por Alphonse Zerbi (1999) mostram que cinco espcies de

robalo habitam a costa de Porto Rico quando juvenis. Dentre essas, trs predominam: Centropomus undecima

lis, C. ensiferus e C. parallelus, que toleram fortes variaes fsico-qumicas (23-35

-oC; salinidade 0-40; 5-160%

de saturao de oxignio). Todavia, os jovens da primeira so encontrados sobretudo em guas bem oxigena-

das, baixos pH e salinidade. J os jovens de C. ensiferus so mais encontrados na guas turvas e baixo nvel de

oxignio; os de C. undecimalis no tm um habitat particular. Juvenis de C. parallelus dominam nos esturios

dos rios costeiros; os demais , nas lagunas (maior salinidade). Esta distribuio varia quando os indivduos cres-

cem, e a as trs espcies se repartem de maneira mais homognea. Os descritores que determinam a coloniza-

o so a acessibilidade ao habitat, o hidrodinamismo costeiro e a mar (o recrutamento dos juvenis d-se na

enchente). Estudos experimentais permitiram avaliar o efeito da salinidade e da temperatura no processo de

colonizao: os juvenis de robalo escolhem preferencialmente guas a 27-28oC; no h resposta significativa

entre gua doce e salgada (embora ocupem ocupem mais o interior da laguna, de salinidade maior que os rios

costeiros). O tarpo, Megalops atlanticus, aps a ecloso, passa por uma fase larval leptcpfala, e nela pode

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69 Pgina 5

ficar por vrios meses. Seu recrutamento relaciona-se mar enchente. Juvenis colonizam habitats variados,

mas principalmente com altos valores de temperatura (35 oC), pH e salinidade (>40).

Ria Formosa (Portugal). O conhecimento das variaes espao-temporais das populaes de peixes deste estu-

rio demonstrou seu papel como berrio que, ciclicamente, saam ao mar. Com esta assemblia bem identifica-

da possvel avaliar a influncia lagunar sobre a zona marinha litornea e agregar os juvenis atravs de habi-

tats artificiais instalados na rea marinha prxima. Dois grupos de estruturas idnticas para cada um de dois

tamanhos diferentes de mdulos foram colocados no mar, a diferentes distncias da conexo esturio-mar

(Santos et al., 1997). Aqui indispensvel ter-se em conta o componente explotao que vai determinar - em

grande parte - a abundncia das populaes. O habitat artificial modificar as condies do ambiente; certas

populaes sero mais atradas e favorecidas que outras. As anlises preliminares mostram rendimentos maio-

res na zona de recifes que fora dela. A influncia da Ria Formosa sobre a assemblia dos habitats evidente,

com 48% das espcies em comum (contra 38% antes da instalao), e com tamanhos individuais menores que

nos recifes (confirmando o papel do esturio como berrio). A riqueza especfica, a diversidade e a biomassa

diminuem em funo do distanciamento do esturio. A variabilidade anual da assemblia dos recifes aumenta

em relao ao distanciamento do esturio. A otimizao da atividade pesqueira pode ser influenciada pela estru-

tura trfica do habitat: massas de gua lagunares, abundncia e recrutamento ligados a estas massas, modifi-

cao da organizao da assemblia, com conseqncias sobre a biomassa e a estrutura demogrfica a ser

considerada para a explotao. A comparao com um recife natural prximo revela riquezas especficas e di-

versidades idnticas. Por outro lado, a abundncia em nmero e biomassa so maiores na estrutura artificial

que na natural. As primeiras tm uma maior capacidade de agregao (arquitetura?), com maior proporo de

trs espcies: Diplodus annularis, D. belloti e D. vulgaris. O mesmo ocorre quando se compara o tamanho dos

mdulos - os de explotao e os de proteo. H uma conseqncia da influncia agregativa que depende da

estrutura fsica do habitat: tamanho dos mdulos, recife natural e artificial, que conduziria geralmente a um

aumento da biomassa disponvel e da capturabilidade, mas no da modificao da organizao da assemblia

(riqueza especfica e diversidade idnticas), como seria o caso com a influncia do esturio.

Nota: a organizao das assemblias atravs da dinmica das populaes foi estudada como indicador de im-

pacto de poluio em sistemas estuarino-lagunares da Costa do Marfim (Guyonnet et al., 2003) e de manejo do

Nilo, no Egito (Bebars et al., 1997).

III. Concluses.

Qualquer que seja o sistema, esturio ou particularmente laguna, o funcionamento das assemblias

icticas sempre o mesmo, a nica diferena sendo registrada no nvel de uma dissimetria entre o nmero de

populaes migrantes duceaqcolas e migrantes marinhas: espcies de gua doce em etapas trfica e reprodu-

tiva capazes de se manter em gua salgada por vrios meses so menos numerosas que aquelas marinhas que

podem se manter em gua doce. As populaes migrantes geralmente constituem-se de alevinos que utilizam a

laguna ou o esturio como berrio. No recrutamento participam fatores climticos e fsicos em geral - inclusive

o hidrodinamismo e as ligaes mar-esturio. A capacidade de acolhida desses "berrios" e atributos como

durao, crescimento e mortalidade, dependero no apenas do habitat fsico, biolgico, mas tambm do habi-

Pgina 6 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

tat nutritivo, donde a fragilidade do sucesso do recrutamento. Com efeito, este depende ainda da gesto dos

recursos explotados, que por sua vez deve considerar o estoque de genitores (biomassa reprodutiva).

Deste princpio geral de funcionamento resultam manejos, tcnicas de explotao e de gesto integrada

dos recursos. O princpio geral manter uma biomassa fecunda de tal maneira que os alevinos sejam mais nu-

merosos que o "prescrito" pela capacidade fsica de acolhida. Para manejar o acesso efetivo sobre os berrios

lagunares, indispensvel otimizar o funcionamento fsico das conexes mar-esturio e eliminar todas as per-

turbaes urbanas, porturias, aterros, etc. Para otimizar a produo do recrutamento, essencial manter-se a

capacidade de acolhida fsica e trfica. Enfim, a qualidade do meio, que depende do aporte das bacias versan-

tes com suas atividades econmicas correspondentes, ser determinante. A gesto e o manejo integrados do

recuso dependem de todos esses fatores em conjunto, sendo a dinmica espao-temporal das assemblias um

elemento vital de anlise. Negligenciar um nico elemento deste conjunto conduz a resultados nulos.

A pesca deve ser seletiva para evitar desperdcios, e se necessrio deve ser conjugada a prticas de a-

quacultura extensiva. Ela pode ser diferente nos ecossistemas tipo recife especialmente preparados para a ex-

plotao. O futuro de uma gesto eficaz dos recursos para um desenvolvimento sustentvel, a compreendida a

preservao da biodiversidade para as geraes futuras, de integrar no nvel das variveis fsicas, biolgicas e

econmicas um espao nico, indo da bacia versante ao sistema marinho em longa escala de tempo, utilizando

sries temporais de longo termo para identificar a sade dos ecossistemas e suas conseqncias sobre a sade

humana. O alcance de tais objetivos depender ainda por muito tempo de metodologias para obteno de in-

formaes confiveis (representatividade e preciso dos dados biolgicos), e de colaboraes entre pases, or-

ganismos, instituies e disciplinas de estudo.

IV. Referncias

ALIAUME, C., MONTEIRO, C., LAM HOAI, T., LOUIS, M. ET G. LASSERRE, 1993. Spatial and temporal dynamics of fish

assemblages in coastal lagoons: Ria Formosa of Portugal and Grand-Cul-de-Sac Marin of Guadeloupe. Oceanol.

Acta 16, 3:291-300.

AMANIEU, M. et G. LASSERRE, 1982. Organisation et volution des peuplements lagunaires. In: Actes Symposium

international sur des lagunes ctires. SCOR/IABC/UNESCO, Bordeaux, 8-14 septembre 1981. Oceanol. Acta, SP,

201-213.

BEBARS, .M.I., LAM HOAI, T. et G. LASSERRE, 1997. Analysis of the Egyptian marine and lagoon fisheries landing in

relation to the construction of the Aswan Dam. Oceanol. Acta 20, 2, 421-436.

GUYONET, B., ALLIAUME, C., ALBARET, J.-J., CASELLAS, C., ZERBI, A. et G. LASSERRE, 2003. Influence of multipol-

luted environments on the biology of E hmalosa fiambata (Bowdish) and on the fish diversity in Ebri lagoon

(Ivory Coast). In press, ICES Journal of Marine Science.

t

.

JORGE, I., MONTEIRO, C. et G. LASSERRE, 2002. Fish community of Mondego estuary: espao-temporal organisa-

tion. In: M.Pardal, J.C. Marques & M. Graa ed.: Aquatic Ecology of the the Mondego river basin Global impor-

tance of local experience. Coimbra University Press, 199-217.

SANTOS, M., MONTEIRO, C. & G. LASSERRE, 1997.A four years overview of the fish assemblages in artificial reef

systemas off Algarve (South Portugal), and the response of marine organismos in their environment. Ed. L.E.

Hawkins & S. Hutchinson, with A.C. Jensen, J. Williams & M. Shaeder. Univ. Southampton, 345-352.

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69 Pgina 7

LIVROS Anncios e resenhas

Peixes do Rio das Velhas: Passado e Presente

Carlos Bernardo Mascarenhas Alves O livro "Peixes do Rio das Velhas: Passado e Presente" est disponvel experimentalmente na pgina

http://www.fisica.ufmg.br/~lpv/.livro/, onde pode ser livremente consultado. Brevemente a verso definitiva estar

disponvel na pgina do Projeto Manuelzo (http://www.manuelzao.ufmg.br). Os organizadores solicitam contribuies

dos leitores no sentido de corrigir erros de tipografia, nomes de espcies ou outras sugestes.

Os contatos podem ser feitos atravs de Carlos Bernardo M. Alves ([email protected]).

Fish Adaptations Paulo Ceschi

[email protected]

Adalberto Luis Val: INPA, Laboratorio de Ecofisiologia e Evolucao Molecular, Manus, Brazil. B.G. Kapoor: Jiwaji Uni-

versity, Gwalior, India. ISBN 1-57808-249-8; April 2003; c.426 Pages; US$ 140.00

Contents: Fish Adaptations to Amazonian Blackwater: Aline Y.O. Matsuo and Adalberto Luis Val; Hypoxia Toler-

ance and Adaptations in Fishes: The Case of Amazon Cichlids: Adriana R. Chippari-Gomes et al.; Steady Swimming by

Fishes: Kinetic Properties and Power Production by the Aerobic Musculature: David J. Coughlin; Fish Adaptation to Pres-

sure: Philippe Sebert; Morphophysiological Adaptations in the Digestive System of Antarctic Nototheniod Fishes: Grazia

Tagliafierro et al.; Fish Feeding and Nutrition in Intensive Systems: Jose Eurico Possebon et al.; Vitamins C, D, and E in

Fish: Edsandra C. Chagas et al.; Osmoregulatory Adaptations of Freshwater Teleosts: Bernardo Baldisseroto; Environ-

mental Pollution and Fish Gill Morphology: Marisa N. Fernandes and Aurelia de Fatima Mazon; Adaptations in the

Elamobranch Electroreceptive System: William Raschi and Shannon Gerry; Morphological Adaptations of Pearlfish

(Carapidae) to their Various Habitats: Eric Parmentier and Pierre Vandewalle; On the Homologies and Evolutionary

Transformation of the Skeletal Elements of Catfish (Teleostei: Siluriformes) Suspensorium: A Morpho Functional Hy-

pothesis: Rui Diogo and Michel Chardon; Chromosomal Changes and Adaptation of Cichlid Fishes During Evolution:

Eliana Feldberg et al.; Cytogenetics and Evolution in Extreme Environment: The Case of Antarctic Fishes: Eva Pisano

and Catherine Ozouf-Costaz; Eyes and Vision of the New Zealand Torrentfish Cheimarrichthys fosteri VON HAAST

(1874): Histology, Photochsmistry, and Electrophysiology: Victor Benno Meyer-Rochow and Paul Edward Coddington

Para importao direta podemos intermediar junto editora pedindo um desconto para os associados. Outros livros

sobre o assunto: www.scipub.net/catalog

Peixes da Zona Econmica Exclusiva da regio Sudeste-Sul do Brasil

Hitoshi Nomura/ESALQ-USP

RESENHA - Peixes da zona econmica exclusiva da regio sudeste-sul do Brasil levantamento com rede de

meia-gua. Editora da Universidade de So Paulo e Imprensa Oficial de So Paulo, 242 pp., il. autores: Jos Lima de

Figueiredo, Andressa Pinter dos Santos, Noriyoshi Yamaguti, Roberto vila Bernardes e Carmen Lcia Del Bianco Rossi-

Wongtschowski e-mail da Diviso de Marketing da Edusp [email protected]

No Brasil est em vigor o Programa Revizee Programa de Avaliao do Potencial Sustentvel de Recursos Vivos

da Zona Econmica Exclusiva que tem por finalidade inventariar os potenciais de captura dos peixes, crustceos,

Pgina 8 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

moluscos, mamferos, etc., com vistas sua explorao comercial racional. Na plataforma continental so encontradas

espcies que se adaptaram a um ambiente diferente do costeiro. Geralmente so espcies pequenas, que fazem mi-

graes dirias e que suportam variao elevada de presso. Seu ciclo de vida geralmente curto, mas a biomassa

grande, sendo importantes na cadeia alimentar, principalmente dos atuns e espcies afins. Essas espcies no tm

importncia comercial, mas servem de alimento para aquelas de grande valor. As espcies capturadas foram estuda-

das quanto sua distribuio geogrfica, biologia e tomados os dados para caracteriz-las especificamente. Cada es-

pcie foi fotografada e em cada item h um mapa mostrando as estaes de captura. O livro merece ser lido e figurar

na estante dos ictiologistas e amantes da natureza em geral. Ovos e larvas de peixes de gua doce Desenvolvimento e manual de identificao

Hitoshi Nomura/ESALQ-USP

RESENHA - Ovos e larvas de peixes de gua doce Desenvolvimento e manual de identificao. Universidade Es-tadual de Maring e Eletrobrs, Maring, 378 p., il., 2001. (autores Keshiyu Nakatani, ngelo Antnio Agostinho,

Gilmar Baumgartner, Andrea Bialetzki, Paulo Vanderlei Sanches, Maristela Cavicchioli Makrakis e Carla Simone Pavanel-

li). E-mail da Editora: [email protected]

Est de parabns a Universidade Estadual de Maring, onde funciona o Ncleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiolo-

gia e Aquicultura NUPELIA, cujos membros componentes tm pesquisado intensamente os peixes existentes princi-

palmente no Reservatrio de Itaipu. Em colaborao com os pesquisadores da Eletrobras, os estudiosos do Nupelia

estudaram o desenvolvimento inicial do ciclo de vida dos peixes. Os pesquisadores das estaes de piscicultura da

CESP, CEMIG, CHESF, FURNAS, CODEVASF, ITAIPU BINACIONAL, COPEL, CODAPAR e outras prestaram sua colabora-

o durante os cinco anos em que durou o estudo.

No fcil o estudo das larvas dos peixes, que muito diferem das formas adultas, apresentando exigncias ecol-

gicas diferentes. O estudo das fases iniciais dos peixes importante para se compreender o crescimento, a mortalidade

e a reproduo de suas populaes. A taxonomia de larvas de peixes de gua doce bem menos conhecida do que os

marinhos. O primeiro captulo do livro trata da Biologia e reproduo de peixes, seguido da Importncia do estudo de

ovos e larvas, Metodologia de coleta e anlise em estudos de ovos e larvas, Caractersticas gerais dos grandes grupos,

e Chaves de identificao. As Ordens tratadas foram: Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Perciformes, Clupei-

formes, Cypriniformes, e Pleuronectiformes. No fim do livro se encontram as referncias e um glossrio explicativo das

palavras empregadas no texto. Alm dos ovos e larvas estudados h fotografias dos exemplares adultos. Recomenda-

mos o livro a todos os pesquisadores do campo da ictiologia.

Curso de Extenso sobre Peixes de Costes Rochosos

m

co

F

te

ra

do

na

le

O curso foi ministrado em Porto Belo, SC, pro-

ovido pela UNIVALI e pela SBI. Segundo o nosso

lega Mauricio Hostim, o ministrante, o curso

oi um sucesso total e tivemos gente de diferen-

s partes do Brasil (Minas Gerais, So Paulo, Pa-

n...). Mauricio nos enviou fotos de alguns

s bons momentos do curso, dos quais selecio-

mos a foto abaixo para conhecimentos dos co-

gas leitores do boletim da SBI.

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69 Pgina 9

Comunicao dos Scios

(Nossa Contribuio)

ESPCIES DE PEIXES AMEAADAS DE EXTINO NO BRASIL

Ricardo de Souza Rosa*

Aps mais de uma dcada de trabalhos, a comunidade de ictilogos conseguiu compilar a lista de espcies

ameaadas de peixes da fauna brasileira, a ser oficializada pelo Ibama. Este trabalho reveste-se da maior im-

portncia para as questes de conservao da biodiversidade, j que as primeiras listas oficiais da fauna brasi-

leira ameaada de extino, publicadas em 1973 e 1989, no contemplavam os grupos de peixes.

Desde as primeiras iniciativas para a compilao da lista dos peixes, aps termos assumido a coordenao

dos trabalhos em 1989, a Sociedade Brasileira de Ictiologia, desempenhou papel fundamental na divulgao da

matria, atravs de publicao de notas no boletins informativos n 15 e 18. Naquela oportunidade, foi disponi-

bilizado um formulrio para a coleta de informaes sobre espcies candidatas lista. Apesar do mesmo tam-

bm ter sido divulgado atravs de outras sociedades no exterior (American Society of Ichthyologists and Herpe-

tologists e Neotropical Ichthyological Association), o retorno foi modesto. Apenas 16 espcies foram indicadas,

uma delas por um pesquisador estrangeiro e as demais por pesquisadores brasileiros.

O trabalho prosseguiu atravs de contatos pessoais e pesquisas de campo, at que em 1992 uma lista pre-

liminar foi disponibilizada comunidade cientfica atravs do Informativo Ictiolgico da SBI, para consulta e

comentrios. Aps inmeras revises, a lista foi encaminhada em 1996 ao Departamento de Vida Silvestre do

Ibama. Diante da impossibilidade da sua oficializao pelo Ibama naquela oportunidade, optamos por divulgar

extra-oficialmente a lista, atravs de uma publicao (Rosa & Menezes, 1996).

Esta lista preliminar (Rosa & Menezes, 1996) continha 78 espcies, incluindo 12 elasmobrnquios e 66 te-

lesteos. O levantamento utilizou os critrios contidos no Livro Vermelho de 1990 (IUCN, 1990), que embora

no fossem os mais atualizados, pareciam os mais adequados para o tratamento das espcies brasileiras, que

em sua grande maioria no poderiam ser rigorosamente classificadas quanto ao seu estado de conservao

devido insuficincia de dados. Desse modo, 40 espcies tiveram seu estado de conservao indeterminado ou

consideradas como deficientes de dados. Outras 18 espcies foram consideradas em perigo, 12 vulnerveis,

sete raras e uma extinta.

A partir de 1997, o processo de reviso da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaada de Extino foi reto-

mado, atravs de uma parceria entre o Ministrio do Meio Ambiente e da Fundao Biodiversitas. Reunies pre-

paratrias para a formao de grupos de trabalho e adequao metodolgica foram realizadas em Braslia (de-

zembro de 1997) e Atibaia (agosto de 1999). Aps sucessivos adiamentos, o processo foi desencadeado em

agosto de 2002, com o estabelecimento de um cronograma para a apresentao de uma lista de espcies can-

didatas, consultas amplas comunidade cientfica, e a consolidao da lista em um workshop final. A lista de

espcies candidatas de peixes foi ento disponibilizada na home page da Fundao Biodiversitas, e o processo

de consulta ampla paralelamente divulgado atravs de diversas sociedades cientficas (SBI, SBZ, Sociedade Bra-

sileira para o Estudo de Elasmobrnquios-SBEEL, American Elasmobranch Society-AES, e ASIH).

Pgina 10 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

O advento da Internet proporcionou maior eficincia no processo de consulta e um retorno substancial de

informaes. Nesta segunda fase do trabalho, 71 pesquisadores contriburam com informaes, 61 do Brasil e

dez do exterior. Quanto ao tipo de contribuio, houve 162 comentrios sobre espcies indicadas, 81 propostas

de incluso de espcies, e quatro propostas de excluso de espcies.

A lista final foi consolidada em um workshop realizado em Belo Horizonte em dezembro de 2002. De 218

espcies avaliadas, 166 espcies foram consideradas ameaadas, incluindo 18 elasmobrnquios e 148 teles-

teos. Dentre as espcies ameaadas, 36 foram tratadas como criticamente ameaadas, 38 em perigo, e 92 vul-

nerveis, segundo as categorias atuais de ameaa da IUCN.

A ampla divulgao da lista, por determinao do Ibama, s ser feita aps a sua oficializao. Entretanto,

alguns aspectos gerais podem ser abordados e comentados. Quanto distribuio ecolgica das espcies de

peixes ameaadas, 30 so marinhas e 136 de gua doce. Esta situao decorre do grande nmero de espcies

dulccolas com distribuio restrita e do precrio estado de conservao de muitos ambientes de gua doce,

comparativamente aos ambientes marinhos. Quanto distribuio geogrfica das espcies dulccolas ameaa-

das, nove ocorrem em bacias da regio norte, 13 na regio nordeste, 17 na regio centro-oeste, 75 na regio

sudeste, e 33 na regio sul (algumas espcies ameaadas ocorrem em mais de uma regio). Estes dados deno-

tam o maior grau de comprometimento das bacias das regies sul e sudeste, mais densamente habitadas, com-

parativamente s demais regies. Todavia refletem tambm o melhor conhecimento regional sobre o estado de

conservao das espcies, j que todos os levantamentos estaduais de fauna ameaada foram conduzidos nes-

tas duas regies (Paran, 1995; Machado et al., 1998; Rio de Janeiro, 1998; So Paulo, 1998; Marques et al.,

2002). Deste modo, um maior nmero de espcies foram avaliadas nestas regies, comparativamente s ou-

tras.

A distribuio sistemtica das espcies ameaadas refletiu o maior comprometimento dos ambientes de

gua doce, pois as trs ordens de telesteos com maior nmero de espcies ameaadas (Cyprinodontiformes,

Characiformes e Siluriformes) constituem grupos dominantes e/ou diversificados em guas continentais Neotro-

picais. Esta distribuio tambm refletiu o grau diferenciado de conhecimento dos grupos taxonmicos, pois os

Cyprinodontiformes, embora no constituam o grupo mais diversificado em gua doce, foram extensamente

pesquisados em levantamentos de campo, particularmente os Rivulidae estudados por Wilson Costa da UFRJ

(ver Costa, 2002). Tais estudos demonstram a fragilidade dos bitopos particulares que estes peixes ocupam,

como poas e lagoas marginais. Algumas espcies de telesteos preliminarmente listadas (Rosa & Menezes,

1996), tais como o pirarucu (Arapaima gigas) e o tambaqui (Colossoma macropomum), foram excludas da lista

de espcies ameaadas. Dentre os elasmobrnquios, predominantemente marinhos, a ordem com maior nme-

ro de espcies ameaadas Carcharhiniformes, que corresponde ao grupo mais diversificado de tubares em

guas tropicais e subtropicais, alvo de pesca ou de capturas incidentais em pescarias dirigidas para outros re-

cursos. As ordens e famlias com maior incidncia de ameaa e seus respectivos nmeros de espcies ameaa-

das esto indicadas na Tabela 1.

Uma ltima reunio entre representantes dos rgos e instituies envolvidos e os coordenadores dos gru-

pos de trabalho, previamente divulgao da lista, j est agendada para maro de 2003. Alm da oficializao

e divulgao da lista, uma preocupao geral o estabelecimento em mdio prazo, de planos de ao visando a

Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69 Pgina 11

conservao das espcies ameaadas, alm do estabelecimento de prazos para a reviso peridica da lista.

Uma recomendao que dever tambm ser emanada desta reunio, a de que os estados e municpios envi-

dem esforos para avaliar o estado de conservao de suas faunas, e que desenvolvam trabalhos visando a

compilao das respectivas listas de espcies ameaadas.

A concretizao deste trabalho s foi possvel graas a todos que contriburam com informaes acerca do

estado de conservao e distribuio de espcies, e ao empenho da Fundao Biodiversitas na coordenao das

atividades. Agradecimentos especiais aos integrantes da SBEEL que participaram da avaliao dos elasmobrn-

quios, a Flvio C. T. Lima, que coordenou o subgrupo de peixes de gua doce, e a Rodrigo L. Moura, que trouxe

valiosas informaes acerca dos telesteos marinhos.

Referncias Bibliogrficas Costa, W. J. E. M. 2002. Peixes anuais brasileiros: diversidade e conservao. Curitiba, Ed. da UFPR, 240p

Ibama. 1989. Lista Oficial de Espcies da Fauna Brasileira em perigo de Extino. Portaria No. 1.522 do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 22 de dezembro de 1989.

IBDF. 1973. Lista Oficial de Espcies Animais em perigos de Extino da Fauna Indgena. Portaria No. 3.481-DN do Instituto Brasi-

leiro e Desenvolvimento Florestal. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 31 de maio de 1973.

IUCN. 1990. 1990 IUCN Red List of Threatened Animals. Gland, Switzerland and Cambridge, U. K., International Union for Conser-

vation of Nature and Natural Resources, 192p.

Machado, A. B. M. et al. (eds.) 1998. Livro vermelho das espcies ameaadas de extino da fauna de Minas Gerais. Belo Horizon-

te, Fundao Biodiversitas, 605p.

Marques, A. A. B. et al. 2002. Lista das espcies da fauna ameaadas de extino no Rio Grande do Sul. Decreto n 41.672, de 11

de junho de 2002. Porto Alegre, FBZ/MCT-PUCRS/PANGEA, 52p.

-

Paran. 1995. Lista vermelha de animais ameaados de extino no Estado do Paran. Curitiba, Secretaria de Estado de Meio

Ambiente/GTZ, 177p.

Rio de Janeiro. 1998. Lista das espcies ameaadas de extino do Estado do Rio de Janeiro. Dirio Oficial do Estado do Rio de

Janeiro, 34 (102), Parte I: 9-16, 5 de junho de 1998.

Rosa, R. S. & N. A. Menezes. 1996. Relao preliminar das espcies de peixes (Pisces, Elasmobranchii, Actinopterygii) ameaadas

no Brasil. Revta. Bras. Zool. 13(3): 647-667.

So Paulo. 1998. Fauna Ameaada no Estado de So Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Srie Documento Ambientais. So Pau-

lo, 59 p.

Departamento de Sistemtica e Ecologia, Universidade Federal da Paraba, 58059-900 Joo Pessoa PB, e

mail:[email protected].

Participe do Boletim SBI! Envie as suas contribuies para os prximos nmeros.

Seus artigos, contribuies e outras informaes podem ser en-viados diretamente para a secretaria , prefe-

rencialmente como attachments em um email.

Pgina 12 Boletim Sociedade Brasileira de Ictiologia n 69

Formulrio para filiaes, atualizao de endereo e compra de livros Cadastro:________

Nome:______________________________________________________ Data de Nascimento: ___/___/___

Instituio:_______________________________________________________________________________

Endereo:________________________________________________________________________________

CEP:____________Cidade:___________________________Estado:__________Pas:_________________

Fone: ( )______________ Fax: ( )__________________ E-mail:______________________

Graduao: ______________________________________Titulao:_______________________________

rea de Atuao:

a) Tipo de Ambiente de Interesse: _____________________________________________

b) Regio/Bacia Hidrogrfica: ________________________________________________

Linha de Pesquisa:________________________________________________________________________

PRIMEIRA ANUIDADE: R$ 100,00 (estudantes com comprovao pagam R$ 50,00) TAXA DE FILIAO: R$20,00

Cheque n _______do Banco ____________ nominal Sociedade Brasileira de Ictiologia, no valor de R$_________

[ ] Pagamento da taxa de filiao e primeira anuidade. [ ] Compra de livros:

Endereo da Tesouraria: Dra. Renata G. Moreira. Depto. de Fisiologia IB Universidade de So Paulo Rua do Mato, travessa 14, n.321 05508-900 So Paulo, SP Brasil. Tel: (+11) 3091-7519.

E-mail: [email protected]

Elevando a Capacidade de Suporte...

Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica Expediente

BOLETIM Sociedade Brasileira de Ictiologia

N70

Presidente: Ierec Maria de Lucena Rosa Secretrio: Robson Tamar da Costa Ramos

Tesoureira: Renata Guimares Moreira

Elaborao: Diretoria SBI Editorao: Robson T. C. Ramos Assistente: Rodrigo C. A. P. Farias Tiragem: 500 exemplares Impresso: JHC Formulrios Endereo: Secretaria da SBI

Dpto. de Sistemtica e Ecologia CCEN Universidade Federal da Paraba Campus Universitrio Joo Pessoa PB 58059-900

Email: [email protected] Web: http://www.sbi.bio.br CGC: 53.828.620/0001-80

Os conceitos, idias e comentrios expressos neste boletim so de inteira responsabilidade da Diretoria da SBI ou dos que os assinam.

Anna Emilia Vazzoler, 1996 SBI/UEM, 169p.

Preo: R$ 25,00 (R$ 20,00 para scios)

Recursos Pesqueiros Estuarinos e Marinhos no Brasil Melquades Pinto Paiva, 1997 EUFC, 278p. Preo: R$ 27,00 (R$ 22,00 para scios)

Peixes do Rio Tibagi: Uma abordagem Ecolgica Sirley T. Bennemann, Oscar A. Shibatta & Julio C. Garavello, 2000. UEL, 62p. Preo: R$ 25,00

Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes Malabarba, L.R. et al (eds), 1998 Edipucrs, 608p. Preo: US$ 50,00 Postagem: R$ 15 (Brasil) US$ 15 (exterior)

EditorialPeixes do Rio das Velhas: Passado e PresenteCurso de Extenso sobre Peixes de Costes RochososReferncias BibliogrficasEndereo da Tesouraria: Dra. Renata G. Moreira. Depto. de FiE-mail: [email protected] a Capacidade de Suporte...Recursos Pesqueiros Estuarinos e Marinhos no BrasilPhylogeny and Classification of Neotropical Fishes