118
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL ANDRÉ FELIPE DE ALMEIDA XAVIER MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE Belo Horizonte 2015

MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA …©-Felipe-de-Almeida-Xavier.pdf · 18 em Gestão Social, Educação 1. X3m Xavier, André Felipe de Almeida Matemática no ensino

  • Upload
    lyhuong

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

16

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E

EXTENSÃO

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

ANDRÉ FELIPE DE ALMEIDA XAVIER

MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA

PRÁTICA DOCENTE

Belo Horizonte

2015

17

ANDRÉ FELIPE DE ALMEIDA XAVIER

MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA

PRÁTICA DOCENTE

Dissertação apresentada ao programa de pós-

graduação Strictu Sensu Mestrado em Gestão Social,

Educação e Desenvolvimento Local, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Área de Concentração: Inovações Sociais, Educação

e Desenvolvimento Local

Linha de Pesquisa: Educação e Desenvolvimento

Local

Orientadora: Profª Drª Áurea Regina Guimarães

Thomazi

Belo Horizonte

2015

18

X3m Xavier, André Felipe de Almeida

Matemática no ensino superior: a avaliação da prática docente. / André Felipe

de Almeida Xavier. – 2015.

114f.

Orientadora: Profa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi.

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2015. Curso do Mestrado

em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Bibliografia f. 98-102.

1.Matemática – estudo e ensino. 2. Ensino superior. 3. Professores – avaliação.

4. Desenvolvimento social. I. Thomazi, Áurea Regina Guimarães. II. Centro

Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658.114.8

19

20

―A educação não transforma o mundo. Educação

muda pessoas. Pessoas mudam o mundo‖.

Paulo Freire (1983)

21

À minha família e aos meus amigos

pelas mensagens de incentivo e de apoio incondicional.

22

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora Drª. Áurea Regina Guimarães Thomazi, pela imensa

paciência, atenção e carinho em orientar um aluno, que buscava somente respostas exatas, a

perceber que em cada temática existem vários aspectos e abordagens diferentes.

Às Profas

Dra Adilene Gonçalves Quaresma (UNA) e Drª Iracema Campos Cusati (UEMG)

pelas contribuições e orientações dadas na banca de qualificação, primordiais para a

continuidade da pesquisa.

Aos profissionais do Centro Universitário UNA, em especial aos professores do Mestrado em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, pela valiosa contribuição à minha

formação e pela apresentação de temáticas enriquecedoras para o desenvolvimento desta

pesquisa.

À minha esposa Paloma pelo amor e apoio incondicional. Seu incentivo foi fundamental, me

mostrando que é sempre possível crescer e buscar novos conhecimentos. Mostrou-me que

estudar é um processo contínuo e a longo prazo.

Aos meus pais Gilberto e Graça e ao meu irmão Fernando pelo exemplo de vida, amor e

determinação. Aos meus sogros pelos incentivos e palavras amigas de conforto.

Aos colegas do Mestrado, companheiros de trabalhos em grupo, discussões e atividades, por

compartirem experiências, dúvidas e anseios.

Aos alunos envolvidos na pesquisa por terem a percepção de que este trabalho visa melhoras

para eles.

Aos professores, colegas de trabalho, pelo incentivo e pelas palavras de conforto. Ao

coordenador pela prontidão em atender às minhas demandas e declarações comprobatórias de

atividades complementares.

23

RESUMO

A presente dissertação tratou da avaliação da prática pedagógica de professores de

Matemática no ensino superior. A Matemática, historicamente, é uma disciplina que sofre

muitas queixas por parte dos alunos. Existe uma enorme resistência no processo ensino-

aprendizagem da Matemática, e esse processo impacta diretamente a formação superior em

diversas instituições de ensino. Cabe ao professor de Matemática e das disciplinas afins no

ensino superior minimizar esse impacto e tornar o processo de ensino da Matemática

condizente com a demanda dos alunos. Dessa forma, objetivou-se analisar os parâmetros, os

critérios e as justificativas considerados pelos alunos como importantes para avaliar os

professores de Matemática no ensino superior. Uma prática ―bem-sucedida‖ incide

diretamente na formação superior de qualidade dos alunos, ou seja, na formação de bons

profissionais em diversas áreas do conhecimento. A fundamentação teórica se apoiou em

estudos sobre educação e a prática pedagógica docente, a abordagem da Matemática como

ciência ou filosofia, além de seu ensino e, finalmente, sobre as avaliações institucionais. A

metodologia na pesquisa segue uma abordagem qualitativa com finalidade exploratória, por

meio da aplicação de questionários e entrevistas para a coleta de dados quali-quantitativos.

Para melhor ilustrar os dados coletados, foram realizados uma análise e relato dos dados.

Visando ao crescimento profissional do autor desta pesquisa, além de servir como

instrumento de reflexão para diversos profissionais da área, foi produzido um guia de boas

práticas pedagógicas em Matemática no ensino superior, construído a partir do relato dos

alunos e dos princípios da educação matemática no ensino superior.

Palavras-chave: Ensino superior. Educação Matemática. Prática Docente. Avaliação da

aprendizagem.

24

ABSTRACT

This dissertation dealt with the evaluation of pedagogical practice of mathematics teachers in

higher education. Mathematics, historically, is a discipline that suffers many complaints from

students. There is a huge resistance in the teaching and learning of mathematics process, and

this process has a direct impact on higher education in various educational institutions. The

teacher of Mathematics and its related disciplines in higher education minimize this impact

and make the teaching process of mathematics consistent with the demand of the students.

Thus, this study aimed to analyze the parameters, insights and justifications considered by

students as important to assess mathematics teachers in higher education. A practical

"successful" directly affects the quality of higher education students, that is, the formation of

good professionals in different areas of knowledge. The theoretical framework was based on

studies of education and the teaching pedagogical practice, math approach as science or

philosophy, in addition to his teaching and finally on institutional reviews. The research

methodology follows a qualitative approach with exploratory purpose, through the use of

questionnaires and interviews to collect qualitative and quantitative data. To better illustrate

the data collected was carried out an analysis and reporting of data. Aimed at the professional

growth of the researcher, in addition to serving as reflection tool for many professionals, has

produced a guide to good teaching practices in mathematics in higher education, built from

the students' report and the principles of mathematics education in higher education.

Keywords: Pedagogical Practice. Higher education. Mathematics Education. Practice

Teaching. Evaluation of learning.

25

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma dos itens que se referem à prática docente de um professor de

Matemática, segundo uma escala de importância – resultado final .................

64

Figura 2 Fluxograma dos itens que se referem aos recursos mais utilizados pelo

professor de Matemática para ministrar suas aulas, segundo uma escala de

importância – Resultado final ...........................................................................

65

26

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 A importância da Matemática na formação dos diferentes cursos .............. 46

Gráfico 2 A importância da Matemática na formação dos alunos do curso GRH ...... 46

Gráfico 3 A importância da Matemática na formação dos alunos do curso GPI ........ 47

Gráfico 4 A importância da Matemática na formação dos alunos – Média aritmética

por categoria no total dos cursos .................................................................

48

Gráfico 5 Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para a formação

profissional do aluno – Por curso ................................................................

49

Gráfico 6 Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para a formação

profissional do aluno – Média aritmética por categoria ..............................

50

Gráfico 7 Você gosta da Matemática e suas disciplinas afins? – Por curso ................ 51

Gráfico 8 Você gosta da Matemática e suas disciplinas afins?– Média aritmética por

categoria ......................................................................................................

51

Gráfico 9 Qual fator é mais importante no professor de Matemática para seu

aprendizado? – Por curso ............................................................................

52

Gráfico 10 Qual fator é mais importante no professor de Matemática para seu

aprendizado? – Média Aritmética ...............................................................

53

Gráfico 11 Importância da vivência do professor de Matemática na área profissional

onde está lecionando – Por curso ................................................................

54

Gráfico 12 Importância da vivência do professor de Matemática na área profissional

em que está lecionando – Média Aritmética ...............................................

55

Gráfico 13 Primeira reação em relação à Matemática – Por curso ............................... 56

Gráfico 14 Primeira reação em relação à Matemática – Média Aritmética .................. 56

Gráfico 15 Uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática pode mudar

a opinião do aluno em relação à disciplina? – Por curso ............................

56

Gráfico 16 Uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática pode mudar

a opinião do aluno em relação à disciplina? – Média Aritmética ...............

58

Gráfico 17 Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior

no sucesso profissional do aluno – Por curso ..............................................

59

Gráfico 18 Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior

no sucesso profissional do aluno – Média aritmética ..................................

60

27

Gráfico 19 Você acha que consegue ter êxito acadêmico e profissional mesmo com

um professor que não apresente uma boa prática docente de Matemática?

– Por curso ...................................................................................................

61

Gráfico 20 Você acha que consegue ter êxito acadêmico e profissional mesmo com

um professor que não apresente uma boa prática docente de Matemática?

– Média aritmética .......................................................................................

62

Gráfico 21 Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso superior? –

Por curso .....................................................................................................

63

Gráfico 22 Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso superior? –

Média aritmética ..........................................................................................

64

Gráfico 23 Você sabe/foi informado pelo professor como utilizará a Matemática

dentro de sua atividade profissional? – Por curso .......................................

66

Gráfico 24 Você sabe/foi informado pelo professor como utilizará a Matemática

dentro da sua atividade profissional? – Média aritmética ...........................

67

Gráfico 25 Você acredita que uma aula com um prévio planejamento será mais bem

executada? – Por curso ................................................................................

68

Gráfico 26 Você acredita que uma aula com um prévio planejamento será mais bem

executada? – Média aritmética ....................................................................

68

Gráfico 27 Quem é o maior responsável por um possível fracasso acadêmico do

aluno? ..........................................................................................................

69

Gráfico 28 Quem é o maior responsável por um possível fracasso acadêmico do

aluno? – Média aritmética ...........................................................................

70

28

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 Principais temas matemáticos relacionados às diversas profissões ............... 73

29

LISTA DE TABELA

Tabela 1 Quantidade de alunos pesquisados nos questionários por curso .................... 44

30

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

CPA – Comissão Própria de Avaliação

GPI – Gestão de Processos Industriais

GRH – Gestão de Recursos Humanos

IES – Instituições de Ensino Superior

IFETs – Institutos Federais Tecnológicos

INEP – Instituto Nacional de Educação e Pesquisas Educacionais

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

31

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16

2 AVALIAÇÃO DOCENTE NA MATEMÁTICA DO ENSINO SUPERIOR:

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E A PERSPECTIVA DOS

DISCENTES .........................................................................................................

24

2.1 Produção do conhecimento como uma prática inovadora ............................... 25

2.2 Matemática: ciência ou filosofia? ....................................................................... 28

2.3 Ensino da Matemática ......................................................................................... 31

2.4 As instituições de ensino superior e a importância da Matemática – Ênfase

nos cursos de Engenharia ....................................................................................

34

2.5 Avaliação institucional ......................................................................................... 36

2.6 Considerações finais ............................................................................................. 39

3 A DOCÊNCIA DA MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS

DISCENTES .............................................................................................................

40

3.1 Introdução ............................................................................................................. 41

3.2 Procedimentos metodológicos ............................................................................. 42

3.3 O que os discentes consideram importante na prática docente de

Matemática? .........................................................................................................

44

3.3.1 Importância da Matemática para seu curso de graduação ................................. 45

3.3.2 Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para sua formação

profissional.............................................................................................................

48

3.3.3 Você gosta de Matemática? ................................................................................... 50

3.3.4 Qual fator é mais importante em relação ao professor de Matemática para seu

aprendizado?...........................................................................................................

52

3.3.5 Importância de o professor de Matemática ter vivência na área profissional

em que está lecionando .........................................................................................

53

3.3.6 Primeira reação em relação à Matemática .......................................................... 55

3.3.7 Incidência de uma boa prática pedagógica no ensino da Matemática

relacionada à opinião do aluno em relação à disciplina .....................................

57

3.3.8 Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior no

sucesso profissional do aluno ...............................................................................

58

3.3.9 Êxito acadêmico e profissional mesmo com uma prática docente insatisfatória 60

3.3.10 Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso? ........................ 62

3.3.11 Escala de importância referente à prática docente de um professor de

Matemática ............................................................................................................

64

3.3.12 Escala de importância referente aos recursos mais utilizados pelo professor de

Matemática para ministrar suas aulas .................................................................

65

3.3.13 O professor informou como utilizará a Matemática em sua atividade

profissional? ..........................................................................................................

66

3.3.14 Execução da aula planejada ................................................................................. 67

3.3.15 Maior responsável pelo fracasso acadêmico do aluno ........................................ 69

3.4 Entrevistando os discentes ................................................................................... 70

3.4.1 O uso e o gosto pela Matemática .......................................................................... 71

3.4.2 A didática no ensino da Matemática .................................................................... 72

3.4.3 Matemática e sucesso professional ....................................................................... 72

3.4.4 Estratégias docentes de ensino ............................................................................. 74

3.4.5 O papel do professor na formação profissional ................................................... 76

32

3.5 Considerações finais ............................................................................................. 77

4 GUIA DE BOAS PRÁTICAS DOCENTES DE MATEMÁTICA NO

ENSINO SUPERIOR ..............................................................................................

80

4.1 Introdução ............................................................................................................. 81

4.2 Produto técnico ..................................................................................................... 82

4.3 Considerações finais ............................................................................................. 85

4.4 O Guia ................................................................................................................... 87

4.4.1 Apresentação ......................................................................................................... 87

4.4.2 Introdução ............................................................................................................. 87

4.4.3 Relato dos alunos .................................................................................................. 88

4.4.4 Condição docente .................................................................................................. 89

4.4.5 Princípios básicos do ensino da Matemática ....................................................... 90

4.4.6 Considerações finais ............................................................................................. 95

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 98

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 100

APÊNDICES ...................................................................................................................... 105

ANEXOS ............................................................................................................................. 113

16

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa abordou as práticas docentes de professores de

Matemática na educação de nível superior, bem qualificadas pelos alunos, identificando os

aspectos mais preponderantes para uma boa avaliação.

Os professores de Matemática no ensino fundamental e médio encontram dificuldades

relacionadas ao alto nível de reprovações dos alunos nessa disciplina e as críticas que,

historicamente, o ensino dessa disciplina tem recebido.

No ensino superior, a situação não é diferente. Além da dificuldade clássica e histórica

dos alunos em Matemática, estes chegam às faculdades e universidades apresentando

dificuldades nessa disciplina. É importante informar, segundo Gusmão (2001), que o déficit

de aprendizagem representa uma falha no processo da aprendizagem que originou o não

aproveitamento escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n.

9394/96, compõe a formação escolar da seguinte forma: Educação Básica, formada pela

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e a Educação Superior. Se essa

educação básica não estimula o aluno a desenvolver habilidades e competências necessárias

para o aprendizado da Matemática, além do próprio conteúdo inerente a ela, este terá grandes

dificuldades no Ensino Superior, ocasionado, assim, o déficit de aprendizagem nos cursos de

graduação.

A LDBEN, Lei n. 9394/96, define os objetivos do ensino médio, etapa final da

Educação Básica, o qual tem uma duração mínima de três anos, conforme os elencados

abaixo:

I — a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino

Fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;

II — a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições

de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III — o aprimoramento do educando como ser humano, incluindo a formação ética e

o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV — a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

(BRASIL, 2014)

Esses objetivos foram pensados não somente em termos de falhas na aquisição do

conhecimento, mas também no ato de ensinar, problema este que não é especificamente

inerente ao sujeito aprendiz no sentido de suas competências e potencialidades, mas sim em

uma constelação maior de fatores e de sua inter-relação, os quais envolvem direta ou

indiretamente essa complexa relação. Para que esse problema recorrente ao déficit de

17

aprendizagem seja minimizado, muitas instituições de ensino superior oferecem disciplinas

online de nivelamento em Matemática e Português antes do início dos cursos regulares, com o

intuito de diminuir esse impacto nos cursos de graduação. Essa tentativa é válida, mas não

soluciona todos os problemas de aprendizagem.

Diante desse cenário, caberá ao professor de Matemática e suas disciplinas afins,

durante o curso regular, tentar compensar, ao máximo, a defasagem de seus alunos, utilizando

práticas pedagógicas adequadas para o processo de aprendizagem. Esse processo impacta

diretamente a formação profissional do aluno, uma vez que o professor deverá elaborar um

plano de ensino capaz de sanar essa falta de pré-requisitos, com o programa regular da

disciplina. Essa ausência de pré-requisitos se deve, principalmente, ao fato de um grande

número de alunos que estão ingressando no ensino superior terem estudado em escolas

públicas, onde em sua grande maioria o ensino fundamental e o médio não sustentam uma boa

base para que estes iniciem um curso de graduação.

A ampliação do acesso à educação superior de massa, resultante da ausência dos

vestibulares e da disputa mercantilista entre as faculdades e universidades, gerou um grande

número de alunos que se encaixam nesse perfil. Esses alunos, que possivelmente não seriam

aprovados em uma seleção mais rigorosa, acabam por serem admitidos em outros processos

menos exigentes. Dessa forma, a maioria desses alunos é reprovada em diferentes disciplinas

durante sua formação, principalmente pela falta de pré-requisitos, mesmo concluindo o

nivelamento1 exigido no início do curso.

Por outro lado, alguns professores na educação superior não têm formação pedagógica

e didática, não possuindo assim a prática pedagógica além daquela adquirida nos tempos de

universidade, com sua trajetória profissional alicerçada apenas nos modelos de professores

que tiveram. Dessa forma, suas experiências de docência foram constituídas somente

enquanto alunos, conforme diz Behrens:

Alguns pedagogos, professores universitários, nunca exerceram as funções que

apresentam aos seus alunos. Falam em teoria sobre uma prática que nunca

experienciaram. Esse fato pode trazer alguns riscos para a formação dos alunos, pois

a proposta metodológica que o docente apresenta é fundamentada na teoria e, muitas

vezes, desvinculada da realidade, embora seja assentada em paradigmas inovadores

na educação. (BEHRENS 2002, p. 60)

A formação pedagógica do professor no ensino superior gera um grande impacto na

formação do aluno. Esse fator, que poderia ser preponderante para minimizar o déficit de

1 Representa um conjunto de atividades de matemática a serem desenvolvidas pelo aluno, com o objetivo de

revisar conteúdos importantes e indispensáveis para a continuidade do curso superior.

18

aprendizagem trazido pelo aluno, poderá ao contrário tornar-se um fator que potencialize o

fracasso acadêmico, uma vez que o professor não utiliza os recursos pedagógicos necessários

para fomentar essa aprendizagem. Dessa forma, esses profissionais precisariam ser reflexivos

sobre suas próprias ações pedagógicas, reflexão essa que auxiliará na condução metodológica

a ser percorrida.

Os professores possuem a responsabilidade nas interações sociais com seus alunos,

possuindo papel de destaque na intermediação para a construção desse saber. Hoje, a

produção do conhecimento tende a não ser mais verticalizada, ou seja, na perspectiva em que

o professor ensina e o aluno aprende. O processo de aprendizagem deve ser horizontalizado e

é de fundamental importância que o aluno seja agente ativo na construção desse

conhecimento.

Segundo Cunha (1997), o foco na prática pedagógica permite investigar o saber-fazer

do professor em sua experiência cotidiana de sala de aula, lugar privilegiado onde se realiza o

processo de ensino-aprendizagem, permeado pelas contradições do contexto social, visando

analisar e compreender como acontece a prática pedagógica e por que ela acontece. De modo

geral, os professores universitários, possuidores de títulos de mestres e doutores, têm dado

pouca importância à sua formação docente. O professor muitas vezes é caracterizado como

um especialista em seu campo de conhecimento, o que é inclusive critério para sua seleção e

contratação. Mas isso não quer dizer que este domine a área educacional e pedagógica. Por

mais que ele se capacite em cursos de pós-graduação, elevando cada vez mais sua titulação

acadêmica, isso não significa que tenha desenvoltura suficiente para lecionar. Diante disso,

surgiu o interesse por pesquisar as boas práticas docentes de Matemática em uma instituição

de nível superior, analisando diversos cursos de graduação, considerando os fatores

preponderantes, segundo a visão dos alunos, que contribuem para uma boa avaliação,

procurando identificar suas características comuns.

Partindo do que foi retratado anteriormente, o objetivo deste projeto de pesquisa foi

conhecer os critérios avaliativos utilizados pelos alunos para avaliar boas práticas

pedagógicas de Matemática no ensino superior. Para isso, buscou-se analisar o conteúdo das

avaliações institucionais para verificar quais são os quesitos parametrizados para realizar tal

processo. Há de se considerar que a avaliação institucional já estabelece a priori os critérios

para os alunos avaliarem seus professores. Entretanto é importante também analisar, dentre

esses critérios, ainda que pré-estabelecidos, quais são os mais considerados pelos alunos.

É importante enfatizar que os instrumentos avaliativos ponderados pelos alunos

podem ser os mais diversos possíveis, variando desde a apresentação do professor em sala,

19

domínio do conteúdo, utilização de recursos tecnológicos, compromisso, pontualidade, dentre

outros.

As autoavaliações, ou avaliações institucionais são preponderantes para identificar as

práticas docentes em diversas áreas do conhecimento, uma vez que avaliam o professor em

diversos fatores, como assiduidade, utilização de recursos, dificuldade apresentada na

disciplina, clareza nas argumentações, estratégias utilizadas para transmitir o conteúdo,

material didático, utilização de bibliografias, dentre outros. Todos esses fatores, analisados

em conjunto, servem como norteadores para identificar as boas e más práticas pedagógicas de

docentes de Matemática no ensino superior.

O estudo desses parâmetros foi realizado em uma instituição privada de nível superior,

em cursos de diversas áreas de conhecimento, por meio de uma pesquisa de campo

envolvendo alunos de vários cursos superiores.

Nesse sentido, a questão que se coloca é: quais parâmetros, critérios e justificativas

são considerados pelos alunos na avaliação realizada para identificar as boas práticas

pedagógicas de professores de Matemática na educação superior?

O objetivo geral desta pesquisa foi analisar os parâmetros, critérios e justificativas que

são utilizados pelos discentes para avaliar as práticas pedagógicas de professores de

Matemática na educação superior.

E para tal estabeleceram-se os objetivos específicos apresentados a seguir.

a) Discutir o que a literatura pedagógica especializada aborda sobre práticas docentes na

educação superior, em especial sobre a prática de professores de Matemática.

b) Identificar os critérios estabelecidos pelos discentes ao avaliarem seus professores.

c) Analisar os parâmetros estabelecidos pelos alunos, individualizando-se por curso

superior e generalizado.

d) Elaborar um guia da boa prática docente de Matemática no ensino superior.

e) Analisar os princípios do ensino superior e verificar a contribuição destes para o

ensino da Matemática.

Aqui cabe mencionar que, ao iniciar a construção do pré-projeto de pesquisa, foi

pensado inicialmente investigar mais a fundo as avaliações institucionais de diversas

Instituições de Ensino Superior (IES), mas, no decorrer da pesquisa, verificar o que os alunos

pensam sobre uma boa prática docente de Matemática no ensino superior se mostrou um

objetivo mais relevante; dessa forma, o foco da pesquisa se concentrou nessa temática.

Tendo em vista a prática profissional do autor desta pesquisa na docência de

Matemática, ressaltando assim a disciplina de Cálculo Diferencial em cursos de graduação de

20

Engenharia, surgiu o interesse por investigar a prática docente de professores de Matemática

no ensino superior, a fim de nortear suas ações na docência dessa disciplina, além de

considerar que uma boa prática metodológica do ensino da Matemática poderá dessa forma

incidir diretamente em melhor atividade docente e no processo ensino-aprendizagem dos

alunos.

A Matemática vem sendo construída há milhares de anos. Seus resultados e teorias

milenares se mantêm válidos e úteis até hoje e, mesmo assim, a Matemática continua a se

desenvolver permanentemente. Um trabalho matemático consiste em procurar padrões,

formular conjecturas, por meio de deduções rigorosas e, a partir de axiomas e definições,

estabelecer novos resultados. A Matemática é uma ferramenta essencial em diversas áreas do

conhecimento, como Engenharia, Medicina, Física, Química, Biologia e Ciências Sociais. É

uma ciência presente no cotidiano de todos. É utilizada, mesmo sem ter em mente tal ação,

como o simples fato de separar o dinheiro para se pagar uma passagem de ônibus ou até

mesmo fazer um planejamento financeiro para a aquisição de um novo bem.

Segundo André (1992), uma das razões que motivam investigar boas práticas

pedagógicas é o deslocamento do foco de atenção do fracasso para o sucesso. Para tal, diante

dessa eminente responsabilidade do professor no processo de aprendizagem do aluno, torna-se

essencial a presença de estudos capazes de mensurar a qualidade dessa relação.

A partir da última década, segundo exigências do Ministério da Educação, toda

instituição de ensino superior deve realizar frequentemente sua autoavaliação. Essa deve ser

proposta e coordenada por uma comissão interna, chamada Comissão Própria da Avaliação

(CPA). Nesses projetos de autoavaliação, propostos pela instituição e aprovados pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), os professores são

sempre avaliados pelos alunos. Esse tem sido um dos principais componentes da avaliação

institucional interna. Essa, além de avaliar os docentes, avalia também todas as outras

dimensões da instituição, incluindo a infraestrutura e os projetos político-pedagógicos dos

cursos. Essa autoavaliação tem como objetivo analisar as instalações, ou seja, o aspecto físico

da instituição, os funcionários que nela trabalham, a estrutura de laboratórios e bibliotecas, a

coordenação dos cursos, funcionários e os professores. Dessa forma, o processo de

autoavaliação é realizado pelo conjunto das avaliações feitas pelos alunos, professores e

demais funcionários. O papel preponderante desse processo de autoavaliação é a avaliação do

corpo docente, que é o ponto-chave no processo de ensino-aprendizado de qualquer

instituição.

21

Para melhor investigar o problema levantado, optou-se pela utilização da abordagem

quali-quantitativa, a fim de pesquisar os fatores preponderantes para que as práticas

pedagógicas de docentes de Matemática sejam destacadas, segundo a ótica dos próprios

alunos.

Optou-se por esse tipo de abordagem, pois esta contempla medidas quantificáveis de

variáveis e inferências a partir da amostra de uma população e, ao mesmo tempo, permite ao

autor desta pesquisa desenvolver conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões

encontrados nos dados (GIL, 2008). Dessa forma, os instrumentos utilizados para determinar

essa abordagem foram as entrevistas e os questionários.

O desenho do estudo foi realizado de forma exploratória, visando proporcionar maior

familiaridade com o problema e com o intuito de torná-lo mais explícito. Segundo Gil (2008),

as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, modificar e esclarecer

conceitos, paradigmas e ideias.

Os questionários e as entrevistas foram aplicados em uma instituição privada de

ensino superior, em alunos de diversos cursos de graduação que cursam a Matemática e suas

disciplinas afins, como Cálculo e Estatística, como parte dos componentes curriculares. Os

cursos escolhidos para essa abordagem foram Engenharia (Civil, Elétrica, Mecânica e

Produção), Direito, Pedagogia, Ciências Contábeis, Administração, Psicologia e diversos

cursos tecnólogos. Os questionários e as entrevistas foram aplicados pelo próprio pesquisador.

Buscou-se uma amostra variável de 20 a 30 alunos em cada curso para os questionários e uma

quantidade mínima de 1 aluno entrevistado por curso.

A pesquisa de campo ocorreu em duas etapas distintas. A primeira consistiu na

aplicação de questionários aos discentes de uma instituição privada, a fim de analisar os

parâmetros que estes julgam necessários para avaliar especificamente os professores de

Matemática e áreas afins (Cálculo e Estatística, dentre outros). Posteriormente, foi

selecionada aleatoriamente a quantidade de participantes, mínimo um aluno de cada curso,

para responder ao questionário. Por fim, foram analisados os dados coletados de forma quali-

quantitativa.

O critério utilizado para a escolha dessa instituição é por ela ter sido eleita pela 3ª vez

o melhor Centro Universitário privado de Minas Gerais e pelo 4º ano consecutivo foi

apontada como o melhor Centro Universitário privado de Belo Horizonte (INEP/MEC). Além

disso, a instituição possui 52 anos atuantes em Minas Gerais. São 10 campi com cursos em

diversas áreas de conhecimento.

22

Pretendeu-se, com a utilização de questionários, realizar o levantamento de dados de

uma amostra da população de estudantes de nível superior, com a finalidade de identificar

quais critérios são importantes para avaliar um professor de Matemática. Dessa forma, foi

possível quantificar os resultados, trabalhando-os de forma estatística, por meio da análise de

gráficos e tabelas.

A partir da amostra de alunos selecionados no questionário, a entrevista demonstrou,

de forma mais detalhada e concisa, quais são os aspectos preponderantes para uma boa prática

docente de Matemática no ensino superior, considerando a visão dos alunos para saber com

quais critérios eles mais concordam, trabalhando assim de forma analítica os dados coletados.

Dessa forma, foi confeccionado um guia para reflexão sobre boas práticas docente da

Matemática no ensino superior, com o intuito de fornecer orientações e gerar reflexões para

os professores de Matemática de diversos cursos superiores. O intuito desse guia é contribuir

para melhor prática docente, levando em consideração diversos princípios do ensino superior

e as demandas e os anseios dos alunos.

A proposta de investigação abordada foram as metodologias e ferramentas utilizadas

para o ensino matemático no ensino superior. Este estudo buscou ser uma ferramenta de

inserção social e de desenvolvimento local, procurando contribuir com uma boa formação

profissional dos alunos. Por essa razão, a linha de pesquisa do programa de Mestrado

Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário

UNA ―Educação e Desenvolvimento Local‖ e a área de concentração ―Inovações sociais,

Educação e Desenvolvimento Local‖ foram contempladas.

A estrutura da dissertação segue na apresentação de três artigos, atendendo a

orientações do colegiado sobre a nova estrutura do trabalho de conclusão de curso. Sendo

assim, cada artigo foi formulado a partir de temáticas específicas. O primeiro artigo

representa uma fundamentação teórica sobre a avaliação docente na Matemática no ensino

superior, analisando a construção do conhecimento e a perspectiva dos discentes. Procurou-se

nesse artigo, Capítulo 2 deste estudo, fazer um percurso teórico na produção do conhecimento

como uma prática inovadora, passando pela análise da Matemática como filosofia ou ciência;

analisando o ensino da Matemática; fazendo uma reflexão da relação das instituições de

ensino superior e da importância da Matemática, dando ênfase aos cursos de Engenharia; e,

por último, ponderando sobre as avaliações institucionais.

O segundo artigo (Capítulo 3) expõe a docência da Matemática na perspectiva dos

discentes. Aqui foi realizada uma pesquisa de campo quali-quantitativa e, a partir da análise

dos dados, foram realizados relatos e análises de diversos quesitos pesquisados que são

23

preponderantes, na visão dos alunos, para o desenvolvimento de uma boa prática pedagógica

de Matemática no ensino superior.

O terceiro artigo, Capítulo 4, apresenta o guia para reflexão sobre boas práticas

docentes da Matemática no ensino superior. A proposta desse guia são informações teóricas,

técnicas e procedimentais para professores de Matemática do ensino superior. Esse guia não é

manual sobre a educação matemática, é apenas um instrumento que visa contribuir para a

reflexão do professor com base nos princípios do ensino da Matemática no ensino superior e

também no relato dos dados da pesquisa de campo, realizada com os alunos em uma

entrevista com docente formador de professores e autores do referencial teórico da pesquisa.

24

2 AVALIAÇÃO DOCENTE NA MATEMÁTICA DO ENSINO SUPERIOR: A

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E A PERSPECTIVA DOS DISCENTES

TEACHER EVALUATION IN HIGHER EDUCATION MATHEMATICS: THE

KNOWLEDGE BUILDING AND THE PERSPECTIVE OF STUDENTS.

XAVIER, André Felipe de Almeida

Estudante do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

THOMAZI, Áurea Regina Guimarães

Professora do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

RESUMO

O presente artigo propõe uma reflexão em torno de aspectos referentes à construção do

conhecimento, ao conhecimento matemático e à avaliação institucional da prática docente. A

produção do conhecimento é analisada na perspectiva da possibilidade de uma prática

inovadora e, em seguida, a Matemática é discutida em sua dicotomia como filosofia ou como

ciência, passando pela importância de seu ensino, dando ênfase aos cursos de Engenharia e à

prática profissional do pesquisador. Por fim, faz-se uma breve análise das avaliações

institucionais a partir de um relato sobre sua origem, importância, aplicação e utilização nas

IES.

Palavras-chave: Filosofia da Matemática. Ensino da Matemática. Avaliação Institucional.

Prática docente. Ensino Superior.

ABSTRACT

The chapter will present a literature course in the construction of relevant knowledge,

mathematical knowledge and institutional evaluations spa. The production of knowledge will

be discussed before the possibility of being an innovative practice. The math will initially be

discussed before his dichotomy as philosophy or as a science, through the importance of their

education, with emphasis on the engineering courses and professional practice of the

researcher. Finally, it is necessary to analyze the institutional evaluations, making a brief

account of its origin, importance and application and use in HEIs.

25

Keywords: Philosophy of Mathematics, Mathematics Education, Reviews Institutional

Teaching practice and Higher Education.

2.1 Produção do conhecimento como uma prática inovadora

A prática docente sofreu grandes mudanças ao longo dos anos. Escutam-se ainda as

histórias das palmatórias, os decorebas, a rigidez no ensino de outrora. Percebe-se claramente

que há 40 anos, por volta dos anos 1970, o professor era o único detentor do conhecimento e

que o processo de ensino-aprendizagem era unidirecional. Não existia uma troca de

conhecimentos, o professor ensinava e os alunos aceitavam, sem questionar, sem participar

desse processo. Porém, com o passar do tempo, a figura do professor sofreu alterações.

Magalhães (2001) afirma que a figura do professor na forma de transmissor do conhecimento

começa a desaparecer, surgindo assim a figura do mediador do conhecimento.

Atualmente, o cenário da educação no Brasil é bem diferente do que se apresentava

antes. O Estado continua sendo o responsável pela educação pública e, embora tenham se

ampliado e democratizado as vagas, o sistema de ensino tornou-se bastante precário. Segundo

Fonseca (2006), a educação pública, muitas vezes também a privada, é de qualidade duvidosa,

sem infraestrutura, sem capacidade de aprendizagem, extremamente conteudista e

despreocupada com uma formação crítica.

Para Freire (2002) não há docência sem discentes, e o conhecimento não deve ser pré-

transmitido, mas construído conjuntamente, aceitando o novo, rejeitando qualquer forma de

discriminação e valorizando a identidade de cada um. Romanowisk (2008) defende uma

educação capaz de promover o desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico,

dando condições aos alunos de atuarem e de responderem aos desafios de seu tempo e

capazes de enfrentarem as incertezas. Para Behlau, Dragone e Nagano (2004), no ensino, a

relação entre os professores e seus alunos facilitará, ou não, o processo de aprendizagem. Ou

seja, percebe-se em vários autores a defesa e os argumentos a favor de uma atitude do

professor como provocador e viabilizador da produção do conhecimento em oposição.

Ainda nessa perspectiva, Freire (2002) defende uma prática educativo-progressista em

favor da autonomia dos educandos, contrapondo-se ao modelo ―bancário‖ de educação que

privilegia a memorização massacrante de conteúdos descontextualizados das realidades dos

alunos e sem espaço para reflexão crítica. Como antídoto para combater esse modelo de

prática opressora, que inibe a curiosidade, a criatividade e a criticidade tanto dos educandos

quanto dos educadores, Freire (2002, p. 25) sugere alguns saberes necessários, para que uma

26

prática pedagógica seja transformadora e bem-sucedida a partir da compreensão de que

―ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para sua produção ou sua

construção‖, o que exige do educador uma indagação constante sobre seu saber-fazer, para

possibilitar as intervenções pedagógicas mais adequadas e a reelaboração de seus saberes.

Para o educador dos dias atuais, não basta somente ter o total domínio da disciplina

que lecionará. Tal fato não é mais preponderante para o processo ensino-aprendizagem. O

educador deverá estar atualizado com as atividades de seus alunos e tentar se inserir um

pouco pelo mundo onde estes vivem. Para que esse processo de ensino-aprendizagem possa

surtir efeito, faz-se necessário que o professor seja inovador. Para que ocorra essa inovação,

deverá realizar mudanças em vários âmbitos no processo educativo.

Nos dias atuais, o termo ―inovação‖ vem sendo usado de forma banalizada e, de forma

recorrente, relacionado à utilização da tecnologia. A tecnologia é sim uma forma de inovação,

mas não é a única. Tratando-se de inovação em educação, esse termo é usado para descrever

as melhorias na qualidade de ensino e estratégias para a formação dos professores. Na

verdade, a inovação se afasta do pensamento simplista, caracterizando-se mais como um

processo. Para Carbonell (2002), o desenvolvimento da inovação pelo professor tende a

acontecer quando este exerce sua prática com paixão e compromisso pela docência,

objetivando constituir uma ação educativa mais estreita entre professor, conteúdo e aluno.

Diante disso, é importante salientar que uma ação inovadora não é algo que ocorre de forma

involuntária. Para que o professor seja inovador, ele deve pensar, refletir e planejar sua ação

educativa com os alunos, pois não há inovação sem intencionalidade. Nesse sentido, Morin

(2003) mostra que a inovação tem, em sua essência, o princípio de reorganizar o processo

educativo, por meio de suas inter-retroações.

Carbonell (2002) destaca ainda o fato de não se culparem outros para não se realizar

uma mudança ou inovação. É preciso reconhecer suas limitações e focar no que deve ser feito

para a realização desse processo. A inovação procura converter as escolas em lugares mais

democráticos, atrativos e estimulantes. A inovação permite mudar ao longo do tempo,

trazendo novidades, desde que adequando conteúdos às novas realidades e criando novas

formas de saberes. A inovação permite transpor a barreira rígida escolar para construir

conhecimentos condizentes com uma determinada localidade. Um exemplo que pode ser

citado de inovação escolar é a Escola da Ponte, em Portugal. De acordo com Pacheco (2008),

a experiência da Escola da Ponte, um modelo de escola pública em Portugal que conta com

mais de 30 anos de existência, é um excelente exemplo de inovação, que em grande parte

apresenta as características apontadas por Carbonell (2002). O modelo de gestão escolar conta

27

com a participação direta de seus alunos. Outro fato importante adotado pela Escola da Ponte

é que ela não exclui nenhum tipo de aluno, seja ele com algum tipo de deficiência

psicomotora ou alunos que tiveram problemas em outras instituições. Todos têm a mesma

oportunidade de aprender e se tornar um cidadão, mesmo aqueles alunos com problemas

disciplinares.

Uma análise sobre o ensino na Escola da Ponte (PACHECO, 2008) permite relacionar

alguns princípios da prática pedagógica daquela escola com os 10 componentes do novo

conhecimento inovador de Carbonell (2002, p. 59):

O conhecimento afeta todos os aspectos do desenvolvimento pessoal;

O conhecimento tem de ser relevante;

O conhecimento se enriquece com a interculturalidade;

O conhecimento apela à emancipação e à busca da verdade;

Um conhecimento que desenvolve o pensamento reflexivo e compreensivo e

possibilita o fato de entender um pouco melhor os tempos que conformam o

passado, o presente e o futuro;

O conhecimento requer mais perguntas que respostas;

Um conhecimento que se enriquece com a experiência pessoal;

O conhecimento tem uma forte carga emotiva e faz parte da subjetividade;

Um conhecimento que olha o entorno para interpretá-lo e tratar de transformá-lo;

O conhecimento é público e democrático.

Freire (2002) afirma que muitos podem se tornar críticos e até se indagar sobre

questões a respeito da relação entre os avanços sociais e a educação, concluindo que se a

sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela.

Educação e sociedade estão interligadas. Da mesma forma quando se fala em

educação do indivíduo, reporta-se também à cidadania e a outros conceitos decorrentes, como

responsabilidade, solidariedade e identidade:

A educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a

condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. Um cidadão é

definido, em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em relação a

sua pátria. O que supõe nele o enraizamento de sua identidade nacional. (MORIN,

2003, p. 65)

Pode-se notar que a mudança na sociedade faz com que a escola se adapte a ela.

Porém esse dimensionamento não é garantia de uma educação de qualidade. Dessa forma, a

responsabilidade por essa educação (escola) de má qualidade tende a cair sobre o profissional

docente. Estes se tornam alvos ou ficam à mercê de muitas esperanças sociais e políticas em

crise na sociedade brasileira. É importante repensar na formação pedagógica dos professores,

uma vez que estes trazem consigo uma bagagem social e experiências vividas, já que também

passaram por processos educativos.

28

Todos os professores foram alunos de outros professores e viveram as mediações de

valores e práticas pedagógicas. Absorveram visões de mundo, concepções

epistemológicas, posições políticas e experiências didáticas. Através delas foram se

formando e organizando, de forma consciente ou não, seus esquemas cognitivos e

afetivos, que acabam dando suporte para a sua futura docência. (CUNHA, 2006, p.

259)

Mudanças profundas nas escolas e, consequentemente, na educação só acontecerão

quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feito de cima

para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como ganho

individual e coletivo.

2.2 Matemática: ciência ou filosofia?

A Matemática tem se imposto ao longo dos tempos com uma forte presença em várias

áreas do conhecimento e em muitas ações do mundo moderno. Segundo D’Ambrósio (1996),

sua presença será cada vez mais forte no futuro, mas não na forma como ela é praticada hoje.

A integração da Matemática com novos saberes no futuro oferecerão a todos novas

experiências enriquecedoras.

Ao longo do tempo, matemáticos, pesquisadores e filósofos veem discutindo a

dicotomia da Matemática como ciência ou filosofia.

A Educação Matemática é comumente tratada como um dado enunciado em termos

científicos. Assumindo essa postura ao se tratar a Matemática como ciência, em que se faz

sentido ensinar os conteúdos, significados, operações e possíveis aplicações, ela é a verdade

absoluta, o fato inquestionável. Dessa forma, a Matemática assume a linha positivista, do

trabalho com fatos e da exaltação do cientificismo, como citam Japiassu e Souza Filho (2001,

p. 153):

Para Comte. as ciências se ordenaram hierarquicamente da seguinte forma:

matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia; cada uma tomando

por base a anterior e atingindo um nível mais elevado de complexidade. A finalidade

última do sistema é política: organizar a sociedade cientificamente com base nos

princípios estabelecidos pelas ciências positivas. (JAPIASSU; SOUZA FILHO

2001).

Os ramos da Matemática mais utilizados nas ciências são os cálculos, as estatísticas e

análises de experimentos.

René Descartes (2000) já afirmava que a Matemática é uma ferramenta para se fazer

ciência e não uma ciência. Isso ocorre porque palavras e números não se encontram na

29

natureza, mas já se mostrou uma ferramenta importantíssima para a construção de diversos

modelos científicos.

O risco de se abordar a Matemática como ciência persiste no fato de que essa está em

constante transformação. É um grande erro afirmar que a Matemática consiste somente em

demonstrar teoremas e fazer contas; trata-se de uma ferramenta que envolve diversos outros

conhecimentos. Dessa forma, não se preocupa somente em formular hipóteses e observar

padrões e relações, ela é vital para muitas ciências. Sua função mais importante na ciência é o

fato de possuir em sua expressão modelos científicos. São utilizadas medidas de coleta e

observação, bem como são propostas maneiras de formular hipóteses e prever (estatística),

requerendo assim modelos e um extensivo uso. Os ramos matemáticos mais utilizados em

outras ciências incluem o cálculo e a estatística.

Na maioria das escolas, pode-se notar claramente que a Educação Matemática

utilizada é a da abordagem científica. Os alunos são ensinados de forma conteudista, dando

ênfase ao absolutismo. Esse fato acontece porque, segundo Bicudo (2009), a cultura escolar

brasileira deixa de lado a aplicação da Matemática como filosofia nos diversos cursos de

formação de professores, utilizando assim a abordagem como ciência.

A tarefa da Filosofia da Educação Matemática é manter vivo o movimento de

ação/reflexão/ação nas atividades realizadas em Educação Matemática. Sejam essas

as atividades de pesquisa, de ensino e de aprendizagem, que ocorrem no âmbito

escolar, sejam aquelas que ocorrem no mundo-vida, cotidianamente, ou mesmo as

concernentes às políticas públicas da Educação, além de outras atividades aqui não

mencionadas, mas que cabem ou se referem ao que chamamos de Educação

Matemática. (BICUDO, 2009. p.230.)

É de fundamental importância entender que, ao se pesquisar e ensinar a Educação

Matemática ou até mesmo a própria Matemática, existem temas filosóficos que amparam

essas ações educadoras e investigativas nas seguintes áreas: Didática da Matemática,

Tecnologias em Educação Matemática, História da Educação Matemática, Filosofia da

Educação Matemática e Formação de professores de Matemática, dentre outras.

Silva (2007) destaca que a Matemática é uma fonte constante e inesgotável de

questionamentos, transbordando seus limites, requerendo assim um contexto estritamente

filosófico para que esses possam ser tratados. Dessa forma, a Filosofia da Matemática tem

como objetivo acolher essas questões.

A Filosofia da Educação Matemática toma como análise crítica o estudo da prática de

professores de Matemática e a produção em Educação Matemática. Foca o movimento da

análise reflexiva e crítica, indo além do ―saber fazer‖, ―como fazer‖, com referência no

30

―porque fazer‖. Dessa forma age multidisciplinarmente, valendo do estudo de outras

disciplinas, como Psicologia, Antropologia, Matemática, História, Sociologia, enfim,

interrogando temas, como verdade, absoluto, objetivo e outros modos de conceber o

conhecimento (BICUDO, 2009).

Almeida Filho (1997) esclarece que a ideia mais correta para a multidisciplinaridade é

a da justaposição das disciplinas, cada uma cooperando dentro de seu saber para o estudo do

elemento em questão. É o conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente, sem

fazer aparecer as relações que possam existir entre elas, destinando-se a um sistema de um só

nível e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação. A multidisciplinaridade corresponde à

estrutura tradicional de currículo nas escolas.

Os procedimentos da Filosofia, caracterizados como abrangência, sistematicidade

das análises críticas e hermenêuticas e pelo trabalho de reflexão constante, são

tomados como norte também na investigação efetuada pela Filosofia da Educação

Matemática. São princípios de procedimentos, os quais ganham nuanças e formas,

de acordo com as próprias concepções de mundo e de conhecimento presentes nas

escolas ou linhas filosóficas assumidas. (BICUDO, 2009, p. 234)

A Filosofia na Educação Matemática é importante para manter viva a busca pela

compreensão da realidade em que se está inserido, conhecendo-a e não apresentando somente

respostas e justificativas, mas apresentando compreensões e reflexões. Dessa forma, a

filosofia da educação matemática deve estar presente na formação do professor de

Matemática, de forma que coloque em destaque o modo de pensar filosófico, pois:

O conhecimento é um conjunto de informações, conceitos, princípios, crenças,

convicções, valores, símbolos, rituais, linguagens, opiniões, argumentações,

habilidades de índole diversa e outros componentes que estão mais ou menos

interconectados e atados como os fios de uma rede. O conhecimento,

extraordinariamente complexo e multidimensional, assenta-se em três grandes

pilares: o da informação, que gera conhecimento relevante; o da explicação, que

facilita a compreensão do por que das coisas; e o da apropriação subjetiva, que

contribui para a formação de um critério de opinião pessoal. (CARBONELL, 2012,

p. 51)

Trabalhar a filosofia nos currículos escolares contribuirá com aquele que está em

formação profissional, para que este fique sempre atento ao que faz, preocupando-se com os

significados e com suas ações. A filosofia deve contribuir eminentemente para o

desenvolvimento do espírito problematizador. A filosofia é, acima de tudo, uma força de

interrogação e de reflexão, dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição

humana. Contribuirá para a construção de recursos teóricos e técnicos para dúvidas e

questionamentos. Assim, faz-se necessário investigar as ações e indagações que mantêm a

busca pelos questionamentos.

31

Estudos significativos referentes à Filosofia Matemática indicam os modos com os

quais a realidade dos objetos matemáticos, assim como a produção de seu conhecimento, os

métodos de contagem, o posicionamento e a mensuração estão presentes em diferentes

civilizações, ao passar dos anos e no cotidiano. Essa evolução e esse desenvolvimento na

civilização ocidental fizeram com que esse conhecimento científico fosse denominado

Matemática (BICUDO, 2009).

Após essa discussão, pode-se notar que a Matemática não é uma ciência, mesmo sendo

uma ferramenta importantíssima para tal. A Matemática vai muito além das fronteiras das

ciências, ela auxilia na construção de novos modelos em diversas áreas do conhecimento,

tornando-se extremamente importante na descrição do universo, sendo assim um aspecto

filosófico.

2.3 Ensino da Matemática

A Matemática tornou-se, ao longo dos anos, uma das ferramentas mais importantes da

sociedade. Apropriar-se dos conceitos e procedimentos matemáticos básicos contribui para a

formação do futuro cidadão, que se engajará no mundo do trabalho, nas relações sociais,

culturais e políticas. Para exercer plenamente sua função de cidadão, é necessário saber

contar, medir, comparar, construir estratégias, resolver problemas, justificar os resultados,

encontrar regularidades, estabelecer relações, inferir, interpretar e tomar decisões. Os estudos

feitos por Morin (2004) para a educação podem ser claramente aplicados à Matemática, uma

vez que estes contribuem para o desenvolvimento do raciocínio lógico, não só matemático,

mas com reflexos em diversas ciências, enfrentando as incertezas para a construção destas.

O ensino matemático, que compreende o cálculo, é claro, será levado aquém e além

do cálculo. Deverá revelar a natureza intrinsecamente problemática das

matemáticas. O cálculo é um instrumento do raciocínio matemático, que é exercido

sobre o problem settings o problem solving, em que se trata de exibir ―a prudência

consumada e a lógica implacável‖. No decorrer dos anos de aprendizagem, seria

preciso valorizar, progressivamente, o diálogo entre o pensamento matemático e o

desenvolvimento dos conhecimentos científicos, e, finalmente, os limites da

formalização e da quantificação. (MORIN 2003, p. 23).

A Matemática, disciplina do raciocínio lógico e abstrato, vem estudando quantidades,

medidas, variações, estruturas e espaços ao longo do tempo. Vem sendo construída há

milhares de anos e continua a desenvolver-se permanentemente. É importante salientar que,

analisando-a como maneira de pensar, é fator preponderante no processo de desenvolvimento

32

de um cidadão. Considerada difícil pelos alunos, nas diversas esferas de ensino, o fracasso

nessa disciplina acaba sendo aceito como um fator normal no processo de aprendizagem.

Romanowisk (2008) afirma que o professor é aquele que ensina em uma determinada

instituição, tem como ofício ser mestre, promove a humanização de seus alunos e a sua

própria. Dessa forma, os professores são protagonistas da tarefa educacional e é necessário

que eles assumam o papel de produtores de sua profissão, articulando com as instituições e

com a sociedade. O professor com sua maneira própria de agir, ser, ensinar e pensar

transforma um conjunto de saberes complexos em conhecimento tangível para seus alunos

(FONSECA 2006).

Outro aspecto fundamental em relação à aprendizagem da Matemática é destacado por

Veiga (2008), a qual afirma que, para pensar a ação educativa e a formação do professor, é

necessário compreender a realidade social e educacional em que este está inserido. Para o

professor da atualidade, não basta chegar à sala de aula e passar seu conteúdo de forma

horizontalizada. Faz-se necessário conhecer a realidade local em que esse aluno está inserido,

investigar a bagagem pedagógica desse aluno e verificar se este possui problemas de

aprendizagem. O professor deve ser agente impulsionador para a construção do conhecimento

matemático, com a fundamental participação de seus alunos.

A psicologia aparece como o campo do conhecimento científico que dá instrumentos

para se compreenderem os processos educativos. Nesse sentido, as principais correntes da

didática da Matemática sempre estiveram diretamente ligadas às diferentes tendências da

psicologia. Existem tendências importantes para auxiliar no processo de construção do

conhecimento da Matemática, entre eles a resolução de problemas e a modelagem

matemática. A resolução de problemas visa tirar o aluno do comodismo da sala de aula

transformando-o em um agente ativo e interessado, com o objetivo de desconstruir a noção de

que a Matemática é uma ciência que já tem tudo pronto e acabado. Nesse processo de

resolução de problemas, o aluno passa a ser sujeito de seu próprio processo de aprendizagem,

pois utiliza os conhecimentos adquiridos para a construção de sua própria realidade. A

modelagem matemática busca gerar condições para a aquisição de saberes em um ambiente

de investigação, assentando no método científico e observando os fenômenos, com o intuito

de gerar dúvidas. Segundo Dante (2007), a problematização é o ponto de partida para a

construção de um modelo matemático que exprima a relação entre as grandezas observadas.

Carraher e Schliemann (1988) sugerem a prática pedagógica da Etnomatemática que

implica a experiência e vivência adquiridas no mundo real, trazendo para dentro da escola, e a

partir desses fatos, os conceitos matemáticos que seriam ensinados. Dentro dessa visão, ainda

33

segundo os autores, é importante repensar a educação matemática como tarefas relacionadas à

cultura escolar, a partir de situações problemáticas, conforme a definição de Etnomatemática

de D’Ambrósio (2001, p. 60):

Indivíduos e povos têm, ao longo de suas existências e ao longo da história, criado e

desenvolvido instrumentos de reflexão de observação, instrumentos materiais e

intelectuais (que chamo ticas) para explicar, entender, conhecer, aprender para saber

e fazer (que chamo matema) como resposta a necessidades de sobrevivência e de

transcendência em diferentes ambientes naturais, sociais e culturais (que chamo de

etnos). Daí chamar o exposto acima de programa Etnomatemática.

A Etnomatemática pode também ser entendida como a forma pela qual o pensamento

matemático é compreendido pelos grupos culturais, enquanto a Modelagem Matemática como

uma ferramenta atuante, auxiliando os indivíduos a atuar e agir com o mundo. Dentro dessa

ótica, a aceitação do novo deverá partir dos grupos culturais, sem perder o elo com as

tradições. Reconhecer a aprendizagem segundo uma ótica etnomatemática é reconhecer que

cada grupo requer uma educação diferenciada. Dessa forma, é importante enfatizar que a

Etnomatemática e a Modelagem Matemática são correntes matemáticas que buscam

solucionar problemas e conjecturar problemas a partir do cotidiano, cada qual de maneira

especificada (OREY; ROSA, 2003).

Muitas vezes o professor de Matemática é chamado de Matemático. Essa associação

nem sempre é válida e pode ser algumas vezes falha. Fiorentini e Lorenzato (2007) analisam

bem essa diferença, uma vez que o Matemático tende a conceber a Matemática priorizando

conteúdos formais, enquanto o professor de Matemática ou educador matemático tende a

concebê-la como um meio, ou seja, um instrumento de suma importância para a formação

intelectual e social de crianças, jovens e adultos. A Matemática é, portanto, usada como

ferramenta essencial em muitas áreas do conhecimento, como a Física, Química, Finanças,

Engenharia, Medicina, Biologia e Ciências Sociais.

O professor desempenha papel fundamental no processo de aprendizagem, mas o

fracasso nessa disciplina acaba ficando a cargo do aluno, principalmente quando dizem ―não

sou bom em Matemática‖. Diante disso, a reprovação e o desinteresse do aluno na disciplina

refletem em sua vida, fazendo com que ele trate Matemática como uma disciplina sem

significado, baseada no mecanicismo e lhe causando certo medo, o qual é originado

justamente pelo baixo desempenho e pela reprovação:

Todos conhecem o medo da Matemática. Ele pode até ter diminuído, pois, com o

mundo em mudança, o ensino naturalmente progride. Mas, mesmo hoje, a

Matemática ensinada de maneira tradicional é a disciplina que apresenta o mais

baixo desempenho dos alunos e é, ainda, a que mais reprova. Isso acontece no Brasil

34

e no mundo inteiro (IMENES; LELLIS, 1997, p. 6 apud SCHMITT; FERREIRA,

2004, p. 14).

Nessa perspectiva, D’Ambrosio (2001) afirma que o novo papel do professor de

Matemática está relacionado à importância de se criar um ambiente propício gerando uma

dinâmica para o comportamento interativo entre seus usuários. Partindo-se desse ponto de

vista, ainda segundo esse autor, os professores podem engajar os alunos na análise crítica da

cultura dominante e da própria cultura, através da linguagem matemática.

2.4 As instituições de ensino superior e a importância da Matemática – Ênfase nos

cursos de Engenharia

Nos últimos anos, o número de Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil cresceu

consideravelmente. O acesso ao ensino superior é facilitado pela ausência de vestibulares e

processos seletivos, substituídos por outras formas menos rigorosas. Segundo pesquisa do

INEP em 2011, existem no Brasil mais de 2.300 instituições de educação superior,

contemplando faculdades, universidades públicas e privadas e os institutos federais de

educação tecnológica (IFET). Com a facilidade no acesso à educação, oportunizada também

pelos financiamentos governamentais, segundo dados do INEP de 2011 aproximadamente 1,5

milhão de estudantes do Ensino Superior possui algum tipo de financiamento, seja ele

reembolsável ou não (INEP, 2014). Reflexo desse processo é um grande número de alunos

buscando a oportunidade de fazer um curso superior, seja por vislumbrar melhor colocação

profissional, ou por exigências do mercado.

Segundo dados do INEP de 2011, na última década, de 2001 a 2010, o crescimento do

acesso ao ensino superior no Brasil foi de 110,1%. Segundo esse levantamento, em 2010 o

Brasil tinha 6.379.299 matrículas em 29.507 cursos de graduação, tanto presenciais quanto a

distância, oferecidos por 2.377 Instituições de Ensino Superior (INEP, 2014).

Na vertente do crescimento das instituições de nível superior, oportunizada por

demanda mercadológica de engenheiros, em diversas áreas do conhecimento (civil, elétrico,

mecânico, produção, químico, metalúrgico e aeronáutico dentre outros), os cursos de

engenharia tiveram um grande crescimento dentro das instituições de nível superior. Ainda,

segundo dados do INEP de 2011, aproximadamente 12% (doze por cento) dos alunos no

ensino superior estão matriculados nos cursos de engenharia (INEP, 2014).

Pinto e Oliveira (2010) esclarecem que a Engenharia é a ciência que aplica os

conhecimentos matemáticos, científicos e técnicos na criação, implementação e no

35

aperfeiçoamento de utilidades, sejam elas materiais, mecânicas, obras, processos, estruturas e

até mesmo sistemas. Dentro desse processo, a Engenharia busca vários conhecimentos para

viabilizar as utilidades, de forma sustentável, para uma determinada localidade. Essa

disciplina engloba vários ramos, cada qual com determinada ênfase em um campo de

aplicação e utilizando determinados tipos de tecnologia.

Dentre os ramos da Engenharia que estão mais difundidos no ensino superior em todo

o território nacional, estão: Engenharia Civil, Engenharia de Minas, Engenharia Mecânica,

Engenharia Elétrica, Engenharia Química, Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal,

Engenharia de Produção.

Torna-se necessário, ainda, considerar a produção do conhecimento nas instituições de

ensino superior. A produção do conhecimento em qualquer área do conhecimento é

regulamentada em sete itens, conforme o artigo 43º da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de

1996 (BRASIL, 1996):

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

pensamento reflexivo;

II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade

brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,

desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que

constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de

publicações ou de outras formas de comunicação;

V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e

possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão

sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de

cada geração;

VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade;

VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das

conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e

tecnológica geradas na instituição.

Tratando-se da educação matemática, pode-se notar que, a partir dessas orientações,

dando ênfase às engenharias ou a outras áreas do conhecimento que envolva a Matemática e

suas disciplinas afins, o aluno deverá, ao fim de sua graduação, estar apto a contribuir para o

desenvolvimento da sociedade brasileira e o meio onde vive, desenvolvendo-se como homem,

preocupado com diversos aspectos de seu cotidiano.

Um estudo realizado em 2001 pelo Sistema Nacional de Avaliação do ensino Básico

(SAEB) mostrou que dois terços dos estudantes brasileiros concluem o ciclo básico de

formação com nível precário de raciocínio matemático (INEP, 2001). Isso impactará

36

diretamente o mercado de trabalho, pois a grande maioria dos jovens não terá condições de

resolver cálculos e equações, mesmo fazendo uso de outras tecnologias, como calculadoras e

computadores.

Considerando-se ainda a produção do conhecimento na educação superior, segundo o

artigo 52º da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (BRASIL, 1996), as universidades são instituições pluridisciplinares de formação

dos quadros profissionais, de extensão, de pesquisa e de domínio do saber humano,

caracterizadas por:

I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e

problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto

regional e nacional;

II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado

ou doutorado;

III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

(BRASIL, 1996).

Dessa forma, as IES, segundo a Lei nº. 9.394 da LDBEN, procuram direcionar

algumas de suas ações para a produção de trabalhos e intervenções, através de um prévio

levantamento de temas e problemas relevantes e condizentes com a realidade inserida,

utilizando aspectos científicos, culturais e regionais. Outra ação importante a ser destacada é o

fato de as IES darem importância à titulação do corpo docente, a fim de melhorar sua

avaliação junto ao MEC.

Diante desse cenário de crescimento das IES, com o ―boom‖ na demanda por cursos

de engenharia, a Matemática se torna ferramenta importantíssima nesse novo processo de

formação profissional, não só de futuros engenheiros mas também de: administradores,

contabilistas, pedagogos, advogados, psicólogos, programadores de sistemas e graduação

tecnológica em diversas áreas.

2.5 Avaliação institucional

A avaliação institucional é um dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior (SINAES). O SINAES foi criado pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de

2004 (BRASIL, 2004) e tem como componente principal a avaliação das instituições, dos

cursos e do desempenho dos estudantes. O objetivo principal é avaliar todos os aspectos,

como o ensino, a pesquisa, o corpo docente, as instalações e a infraestrutura, a

responsabilidade social e sustentabilidade, o desempenho dos alunos, dentre outros aspectos.

Segundo o SINAES (BRASIL, 2004), a avaliação institucional está relacionada:

37

À melhoria da qualidade da educação superior;

À orientação da expansão da sua oferta;

Ao aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e

social;

Ao aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições

de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção

dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da

autonomia e da identidade institucional. (BRASIL, 2004).

Torna-se necessário, ainda, considerar que as avaliações dessas instituições de ensino

superior são subdivididas em duas partes, conforme a Lei nº. 10.861, de 14 de abril de 2004:

Avaliação externa: realizadas por comissões designadas pelo INEP (Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Essa avaliação tem

como referência os padrões de qualidade para a educação superior expostos nos

instrumentos de avaliação.

Avaliação Interna: coordenada por uma Comissão Própria de Avaliação (CPA) de

cada instituição e é orientada pelas diretrizes e pelo roteiro de autoavaliação do

CONAES. (BRASIL, 2004)

As Instituições de Ensino Superior, de um modo geral, vêm sendo alvo de inúmeras

questões sobre sua atuação no contexto social, e a ausência de subsídios que apresentem

respostas concretas às questões constantes têm provocado o descrédito quanto à

responsabilidade social. Dessa forma, é imprescindível repensar o processo de avaliação

institucional desenvolvido nas instituições de ensino para atender aos objetivos e anseios da

sociedade, já que se constitui numa ferramenta valiosa para demonstrar o que é e o que tem

feito em prol da sociedade, permitindo buscar novos caminhos para alcançar resultados

significativos.

A avaliação Institucional constitui-se num instrumento e ação capaz de sinalizar o

desempenho de seu funcionamento e detectar distorções entre o planejado e o que está sendo

executado, oferecendo, dessa forma, subsídio para correção. A avaliação, segundo Both

(1992), proporciona as condições necessárias para redimensionamento do compromisso da

instituição com a comunidade e a sociedade. Ela deve ser vista como um compromisso de

todos e para todos.

É necessário saber e entender o processo de desenvolvimento do ensino, a formação

de profissionais, as finalidades de avaliações de aprendizagem e de que forma se processam

os critérios de seleção e de promoção dos alunos, tendo em vista que a sociedade atual exige

das organizações públicas e privadas, em especial das instituições educacionais, qualidade nos

serviços oferecidos e compromisso social. Isso ocorre uma vez que a educação é constituída

como um bem público e o maior patrimônio de qualquer país, sendo uma força propulsora

38

para o desenvolvimento da nação e possibilitando a constituição de uma sociedade mais

crítica. Nessa linha de raciocínio, vale ressaltar o que expressa Dias Sobrinho:

Avaliar uma instituição é compreender as suas finalidades, os projetos, a missão, o

clima, as pessoas, as relações sociais, a dinâmica dos trabalhos, a disposição geral,

os grupos dominantes e as minorias, os anseios, os conflitos, os valores, as crenças,

os princípios, a cultura. (DIAS SOBRINHO, 1996, p. 71).

Diante do que foi exposto anteriormente, a avaliação institucional interna deverá ser

criada de forma particular em cada instituição de nível superior. Objetiva-se, por meio dessa,

detectar os pontos fortes e fracos de diversos processos. Vale ressaltar que, ao se mencionar o

termo avaliação institucional interna, vem à mente apenas a avaliação do corpo docente. Na

realidade, esse processo consiste em avaliar os docentes sim, mas também toda a

infraestrutura, coordenação, laboratórios, acessibilidade, coordenação, administrativo,

limpeza, direção e atividades acadêmicas. A avaliação docente, entretanto, tem uma

importância central. Esta é realizada pelos alunos de diversos cursos de graduação, os quais

avaliam seus professores em diversos aspectos. Dentre estes, é importante destacar:

Organização e disponibilidade do Plano de Ensino da disciplina;

Recursos didáticos;

Interdisciplinaridade;

Habilidade interpessoal;

Esclarecimento de dúvidas;

Inovação;

Utilização de sistemas de informação para a publicação de conteúdos e atividades;

Nível de exigência da disciplina;

Abordagem do professor em relação às questões sociais e da atualidade, dentre

outros.2

Esse processo tem como critério identificar o papel pedagógico e relacional do

professor nas instituições de ensino superior, seja ela privada ou pública. Esse tipo de

avaliação pretende nortear o trabalho dos professores e dos demais funcionários envolvidos

no processo de ensino-aprendizagem. É um instrumento, segundo seus criadores, útil para

ajudar o professor a aperfeiçoar sua prática docente, uma vez que vários quesitos são

analisados. As instituições defendem que cabe ao professor submetido a essa avaliação

entender que esse processo não serve para fiscalizar sua prática docente, mas sim nortear seu

trabalho, apontando os pontos positivos e aqueles deficitários.

Um ponto negativo das avaliações institucionais, apontado por Dias Sobrinho (1996),

é a generalidade desse processo. A avaliação aplicada é padronizada para todos os docentes

de diversas áreas do conhecimento. Nesse caso, é importante enfatizar que cada professor

2 Informações retiradas da Avaliação Institucional da IES analisada, considerando-se os aspectos abordados pela

mesma na avaliação do corpo docente.

39

deveria ser avaliado por critérios condizentes com sua área de atuação. Diante dessa

padronização nas avaliações institucionais, faz-se necessário investigar com os discentes os

aspectos que diferenciam o trabalho docente de um professor de Matemática na Educação

Superior em relação às demais disciplinas.

Propõe-se, portanto, investigar, em diversos cursos de graduação, dando ênfase a

cursos de engenharia pela prática pedagógica do pesquisador, como os discentes pensam e

idealizam um bom profissional de Matemática no ensino superior.

2.6 Considerações finais

O ensino da Matemática é fundamental para a formação superior de alunos em

qualquer curso superior, independente de sua área de atuação. É importante repensar como

esse conhecimento está sendo construído, por meio de uma análise dos processos

educacionais utilizados nessas instituições, lembrando o quão é importante a utilização de

aspectos inovadores nesse processo.

Uma constatação impõe-se na necessidade de abordar a Matemática não como ciência,

mas como filosofia, permitindo assim que ela tenha inúmeros caminhos para se chegar a um

determinado resultado.

No que concerne à avaliação institucional, pode-se salientar que esta é um instrumento

fundamental para nortear o trabalho de qualquer docente nas instituições de ensino superior

(IES), mas este não deve ser engessado, e sim adaptado de acordo com a demanda de cada

curso, visto que as aulas desses professores podem possuir características diversas.

Mais do que avaliar institucionalmente, é importante acompanhar com mais

proximidade a demanda dos discentes, especificamente quando se trata do ensino da

Matemática, identificando os aspectos preponderantes para uma boa prática docente no ensino

dessa disciplina, contemplando o que vem sendo realizado de maneira correta e satisfatória.

Dessa forma, a construção do conhecimento será de forma horizontal e preocupada

com a formação dos alunos, tornando-os cidadãos críticos, capazes de contribuir, dentro de

sua área de conhecimento, para o desenvolvimento da sociedade.

40

3 A DOCÊNCIA DA MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS DISCENTES

TEACHING MATH IN VIEW OF STUDENTS.

XAVIER, André Felipe de Almeida

Estudante do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

THOMAZI, Áurea Regina Guimarães

Professora do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

RESUMO

Diante do alto número de reprovações nas disciplinas de Matemática nas Instituições de

Ensino Superior e da dificuldade historicamente apresentada pelos alunos, faz se necessário

um estudo aprofundado da prática docente dessa disciplina, identificando os aspectos

preponderantes, segundo a ótica do próprio aluno, que contribuem para uma boa prática

docente. É importante levar em conta a importância de práticas inovadoras para o

desenvolvimento dessa disciplina, assim como analisar esta a partir de um olhar filosófico,

indo além da prática repetitiva, abordando diversas formas questionadoras de pensar e fazer.

Esta abordagem filosófica permite ao aluno questionar os problemas relativos à sua prática

academia e profissional. Escutar o que os alunos vislumbram de um bom professor de

Matemática no ensino superior é importante, pois demonstra que não basta somente dominar

o conteúdo ministrado, é necessário estar atento a diversos aspectos que contribuem para uma

docência bem-sucedida.

Palavras-chave: Ensino da Matemática. Avaliação. Prática Docente.

ABSTRACT

Given the high number of failures in the disciplines of mathematics in higher education

institutions and the difficulty historically presented by the students, it is necessary a detailed

study of the teaching practice of this discipline, identifying the predominant aspects, from the

viewpoint of the students themselves, contributing to a good teaching practice.

It is important to take into account the importance of innovative practices for the development

of this discipline, as well as analyze this from a philosophical look, going beyond the

41

repetitive practice, addressing several questioning ways of thinking and doing. This

philosophical approach allows the student to question the problems related to its practice

facility and professional. Listen to what students envision a good math teacher in higher

education is important because it shows that not enough to master the content taught, it is

necessary to pay attention to several aspects that contribute to a successful teaching.

Keywords: Mathematics Teaching. Evaluation. Educational Practice.

3.1 Introdução

O cenário da educação pública no Brasil, segundo Fonseca (2006), é de qualidade

duvidosa, porque os currículos são engessados e conteudistas. Esse cenário se reflete

diretamente no ensino da Matemática. Romanowski (2008) e Freire (2002) dizem que o

conhecimento deve ser construído em conjunto, em vez de ser pré-transmitido, e com o

objetivo de desenvolver o aluno nas dimensões humana, cultural, científica e tecnológica.

Além desses aspectos para o desenvolvimento discente, o professor deve estar atento à

utilização de inovações nesse processo de aprendizagem. Segundo Carbonell (2002), o

desenvolvimento da inovação acontece quando o professor exerce sua prática com paixão e

compromisso pela docência, com o objetivo de construir uma relação mais estreita entre o ele,

o conteúdo e seu aluno.

A Matemática, tratada cotidianamente como ciência, ensina os conteúdos, significados

e operações, e o Cálculo e a Estatística são os ramos mais utilizados como ciência. É um

grande risco categorizar a Matemática como ciência, pois esta está em constante

transformação, não somente fazendo contas e demonstrando teoremas, mas como uma

ferramenta que envolve diversos outros conhecimentos. Segundo Silva (2007), a Matemática

é uma fonte inesgotável de saberes, requerendo assim um contexto filosófico para sua

abordagem, a filosofia Matemática, cujo objetivo é colher essas questões. A filosofia na

Matemática é importante para manter viva a busca pela realidade na qual o indivíduo está

inserido.

Os procedimentos da Filosofia, caracterizados como abrangência, sistematicidade

das análises críticas e hermenêuticas e pelo trabalho de reflexão constante, são

tomados como norte também na investigação efetuada pela Filosofia da Educação

Matemática. São princípios de procedimentos, os quais ganham nuanças e formas,

de acordo com as próprias concepções de mundo e de conhecimento presentes nas

escolas ou linhas filosóficas assumidas (BICUDO, 2009. p. 234.).

42

A Matemática é a disciplina que envolve o raciocínio lógico e abstrato. Sua aplicação

deve visar tirar o aluno do comodismo da sala de aula, objetivando torná-lo um agente ativo e

interessado. Para tal, é necessário que o aluno desconstrua a imagem de que a Matemática é

uma ciência. O professor desempenha papel fundamental nessa construção, porém um

possível fracasso acaba ficando a cargo do aluno, ainda mais quando este diz que não é bom

em Matemática. Para tal, D’Ambrósio (2001) afirma que o professor tem de criar um

ambiente propício para o aprendizado, engajando os alunos na análise crítica da cultura por

meio da linguagem matemática.

Para que esse professor consiga ensinar a Matemática com uma abordagem filosófica,

fomentando a criticidade em seus alunos e preocupado em formar cidadãos, ele não pode

apenas se preocupar em dominar o conteúdo e repassá-lo. Fazem-se necessários diversos

outros quesitos necessários para o desenvolvimento de uma prática docente de qualidade,

preocupada com o desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal do aluno.

Para que essa prática docente de Matemática seja adequada, nada melhor do que ouvir

os próprios alunos e relatar o que eles esperam desse professor. Foram investigadas quais

estratégias metodológicas são importantes e quais não fazem diferença para uma boa prática

docente em Matemática, abordando-se aspectos pessoais na maneira de lecionar do professor,

sua prática pedagógica e instrumentos utilizados para desenvolver essa prática.

3.2 Procedimentos metodológicos

Para melhor investigar o problema levantado nesta pesquisa, utilizou-se a abordagem

quali-quantitativa, a fim de se identificarem os fatores preponderantes para que as práticas

pedagógicas de docentes de Matemática sejam destacadas, segundo a ótica dos próprios

alunos.

Optou-se por esse tipo de abordagem, pois este contempla medidas quantificáveis de

variáveis e inferências a partir da amostra de uma população e, ao mesmo tempo, permite ao

pesquisador desenvolver conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados

nos dados (GIL, 2008). Dessa forma, os instrumentos que foram utilizados para determinar

essa abordagem são as entrevistas e os questionários.

O desenho do estudo foi realizado de forma exploratória, a fim de proporcionar maior

familiaridade com o problema, com o intuito de torná-lo mais claro. Segundo Gil (2008), as

pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, modificar e esclarecer

43

conceitos, paradigmas e ideias. Para os questionários utilizou-se a estatística como ferramenta

para a análise, enquanto as entrevistas foram analisadas por seu conteúdo.

Os questionários e as entrevistas foram aplicados em uma instituição privada de

ensino superior junto a alunos de diversos cursos de graduação que cursam a Matemática e

suas disciplinas afins, como Cálculo e Estatística, como parte dos componentes curriculares.

Os cursos escolhidos para essa abordagem foram: Engenharia (Civil, Elétrica, Mecânica e

Produção), Psicologia, Direito, Pedagogia, Ciências Contábeis, Administração, Gestão de

Recursos Humanos e Gestão da Produção Industrial. Os questionários foram aplicados pelo

próprio pesquisador, buscando uma amostra com variação de 20 a 30 alunos em cada curso e

uma quantidade mínima de 1 aluno entrevistado por curso.

A pesquisa de campo abordada neste capítulo apresenta, portanto, duas etapas

distintas. A primeira consistiu na aplicação de questionários aos discentes de uma instituição

privada, a fim de se analisarem os parâmetros que estes julgam necessários para avaliar

especificamente os professores de Matemática e áreas afins (cálculo e estatística dentre

outros). Posteriormente, foi selecionado, aleatoriamente, um aluno de cada curso para a

entrevista.

O critério utilizado para a escolha dessa instituição foi o fato de ela ter sido eleita pela

4ª vez o melhor Centro Universitário privado de Minas Gerais e pelo 4º ano consecutivo foi

apontada como o melhor Centro Universitário privado de Belo Horizonte (INEP/MEC 2014).

Além disso, a instituição possui 52 anos atuantes no mercado mineiro e foi escolhida, pelo 4º

ano consecutivo, a instituição de ensino entre as 100 melhores para trabalhar no Brasil,

segundo a revista Great Place to Work, nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014. São 10 campi

que oferecem cursos em diversas áreas de conhecimento.

Por meio da utilização de questionários, pretendeu-se realizar o levantamento de dados

de uma amostra da população de estudantes de nível superior, com a finalidade de identificar

quais critérios são importantes para avaliar um professor de Matemática. Dessa forma, os

dados serão apresentados em forma de gráficos e tabelas.

A partir da amostra de alunos selecionados no questionário, a entrevista tem por

finalidade demonstrar, de forma mais detalhada e concisa, quais são os aspectos

preponderantes para uma boa prática docente de Matemática no ensino superior,

considerando-se a visão dos alunos para saber com quais critérios eles mais concordam,

trabalhando assim, de forma analítica, os dados coletados.

44

3.3 O que os discentes consideram importante na prática docente de Matemática?

Conforme já explicitado anteriormente, uma das ferramentas utilizadas no presente

instrumento de pesquisa foi a aplicação de um questionário estruturado, contendo um total de

17 perguntas, sendo 16 fechadas e uma aberta (APÊNDICE A). Esse questionário obteve uma

amostra variável de 20 a 30 alunos por turma.

A relação de alunos que responderam aos questionários por turma procedeu da

seguinte forma: 30 alunos de Engenharia Mecânica; 26 alunos de Engenharia Elétrica, 30

alunos de Engenharia Civil, 30 alunos de Engenharia de Produção, 30 alunos de Direito, 27

alunos de Psicologia, 30 alunos de Pedagogia, 24 alunos de Administração, 25 alunos de

Ciências Contábeis, 26 alunos de Gestão de Recursos Humanos e 22 alunos de Gestão da

Produção Industrial, representando um total de 300 alunos pesquisados.

Tabela 1 - Quantidade de alunos pesquisados nos questionários por curso

Quantidade de alunos pesquisados por curso

Cursos Graduação Tecnólogo

Engenharia Civil 30

Engenharia Elétrica 26

Engenharia Mecânica 30

Engenharia de Produção 30

Administração 24

Ciências Contábeis 25

Psicologia 27

Pedagogia 30

Direito 30

Gestão da Produção Industrial 22

Gestão de Recursos Humanos 26

Fonte: dados da pesquisa.

A diferença entre o número de alunos que responderam à pesquisa em cada curso se

deve ao número de matriculados nestes. Buscou-se nivelar uma amostra condizente com essas

diferenças, ressaltando que essa desigualdade numérica não implicará negativamente nos

resultados.

O questionário parte, em um primeiro momento, da análise da Matemática na

formação acadêmica e profissional do aluno. Posteriormente foi realizada uma análise do

docente de Matemática e suas disciplinas afins, analisando sua prática pedagógica,

45

procedimentos metodológicos e sua participação na formação acadêmica e profissional do

aluno.

3.3.1 Importância da Matemática para seu curso de graduação

A primeira pergunta abordada no questionário tratou da importância da Matemática no

respectivo curso superior do estudante, adotando-se uma escala de 1 a 5 (considerando-se 1

pouco importante e 5 muito importante).

Antes de se fazer a análise dos dados dessa pergunta, é importante mostrar a

Matemática em seu papel formativo, segundo o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), do

Ministério da Educação (BRASIL, 1999, p. 251):

Em seu papel formativo, a Matemática contribui para o desenvolvimento de

processos de pensamento e a aquisição de atitudes, cuja utilidade e alcance

transcendem o âmbito da própria Matemática, podendo formar no aluno a

capacidade de resolver problemas genuínos, gerando hábitos de investigação,

proporcionando confiança e desprendimento para analisar e enfrentar situações

novas, propiciando a formação de uma visão ampla e científica da realidade, a

percepção da beleza e da harmonia, o desenvolvimento da criatividade e de outras

capacidades pessoais.

Analisando-se os dados coletados, é importante verificar que os alunos dos cursos de

engenharia responderam predominantemente na escala 5 (muito importante), com um

percentual altíssimo nessa categoria, enquanto os dos outros cursos, como Pedagogia,

Administração e Ciências Contábeis, obtiveram maioria nessa categoria também, mas não

com um percentual tão expressivo como os apresentados pelos cursos de engenharia.

46

Gráfico 1 – A importância da Matemática na formação dos diferentes cursos

Fonte: dados da pesquisa.

A partir dessa análise geral, os dados são apresentados com mais detalhe sobre cada

uma das categorias de estudantes, a fim de se entenderem melhor os dados coletados.

Nos cursos tecnólogos de Gestão de Recursos Humanos (GRH) e Gestão da Produção

Industrial (GPI), os alunos escolheram a categoria 4 na escala de importância da Matemática

nos respectivos cursos. Porém esses resultados não são tão expressivos, uma vez que as

categorias 3 e 5 também obtiveram resultados próximos aos demais, conforme dados

apresentados nos Gráfico 2 e 3.

Gráfico 2 – A importância da Matemática na formação dos alunos do curso GRH

Fonte: dados da pesquisa.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

96,67%

100,00%

96,67%

93,55%

3,33% 3,70%

63,33%

70,83%

72,00%

30,77%

27,27%

3,85% 0,00%

26,92%

38,46%

30,77%

Pouco Importante

2

3

4

Muito Importante

47

Gráfico 3 – A importância da Matemática na formação dos alunos do curso GPI

Fonte: dados da pesquisa.

Os alunos dos cursos de Direito e Psicologia foram aqueles que deram menos

importância para a Matemática em relação a sua formação superior. Os alunos do curso de

Psicologia, em sua grande maioria, escolheram a escala de pouco importante, totalizando um

percentual de 48,15% destes. Outra grande fatia, 37,04%, escolheu a categoria 2 na escala de

importância. No curso de Direito, a maioria dos alunos escolheu a categoria 2, totalizando

36,67% dos respondentes, quase empatando com a categoria 3, que representou 33,33% dos

respondentes.

Analisando-se os resultados finais obtidos nessa pergunta, por meio da realização de

uma média aritmética simples pode-se concluir que a Matemática é muito importante na

formação superior de 59,83% dos alunos, número fortemente impulsionado pelos cursos de

Engenharia, Administração e Ciências Contábeis. As categorias 4 e 3, respectivamente, são as

que, em seguida, possuem maior percentual de votos, apresentando 13,93% e 12,28%. Por

último, ainda segundo o mesmo critério utilizado, nas categorias 1 e 2 houve um percentual

inferior a 10% cada um.

O Gráfico 4 representa a média aritmética sobre a importância da Matemática para os

estudantes de todos os cursos pesquisados, obedecendo à escala de 1 para pouco importante e

5 para muito importante.

0,00% 4,55%

27,27%

40,91%

27,27%Pouco Importante

2

3

4

Muito Importante

48

Gráfico 4 – A importância da Matemática na formação dos alunos – Média aritmética

por categoria no total dos cursos

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.2 Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para sua formação

profissional

Esta pergunta abordada no questionário objetivou classificar a importância dos

conteúdos relacionados à Matemática no curso superior do aluno para sua formação

profissional, também se adotando uma escala de 1 a 5 (considerando 1 pouco importante e 5

muito importante). Analisando-se os dados coletados, é importante verificar que, mais uma

vez, os alunos dos cursos de engenharia responderam predominantemente na escala 5 (muito

importante), com um percentual altíssimo nessa categoria, enquanto os dos outros cursos,

como Pedagogia, Administração e Ciências Contábeis, obtiveram maioria nessa categoria

também, mas não com um percentual tão expressivo como os apresentados pelos alunos dos

cursos de engenharia.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Pouco Importante

2

3

4

Muito Importante

6,85%

7,11%

12,28%

13,93%

59,83%

49

Gráfico 5 – Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para a formação

profissional do aluno – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando-se os demais resultados, mais uma vez no curso de Psicologia obteve-se

resultado expressivo na categoria 1, enquanto no curso de Direito obteve-se maior resultado

na categoria 2, também com um forte impacto na categoria 3, e nos cursos de Graduação

Tecnológica de Gestão de Recursos Humanos e Gestão de Processos Industriais obteve-se

maioria nas categorias 3 e 4, respectivamente.

Para complementar a análise dessa pergunta, a Matemática permite aos indivíduos

pensarem de maneira individual e coletiva, tornando-os seres capazes de tomarem suas

próprias decisões e não serem enganados em diversas situações cotidianas. Diante disso, ao se

pensar que atualmente a maioria das informações vem veiculada em linguagem Matemática:

Resultados matemáticos e dados estatísticos são uma referência constante durante

debates na sociedade. Eles fazem parte da estrutura da argumentação. Dessa forma,

a Matemática é usada para dar suporte ao debate político. Mas não apenas isso. Ela

se torna parte da linguagem com a qual sugestões políticas, tecnológicas e

administrativas são apresentadas. A Matemática torna-se parte da linguagem do

poder. (BORBA; SKOVSMOSE, 2001, p. 127).

Segundo Imenes e Lellis (1994), para se decodificarem informações precisa-se da

Matemática nas mais diversas áreas do conhecimento, mas, para o desenvolvimento da

96,67%

88,46%

96,67%

74,19%

3,33% 3,70%

56,67%54,17%

64,00%

0,00%

27,27%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

50

autonomia política e intelectual, é preciso um ensino de Matemática que ajude os sujeitos a

decifrarem a informação disponível na sociedade. Por isso a Matemática é vista, ensinada e

percebida de forma diferente em cada área do conhecimento, fato que parece percebido na

pesquisa realizada com os alunos.

O Gráfico 6 representa a média aritmética das categorias respondidas sobre a

importância dos conteúdos relacionados à Matemática para a formação profissional do aluno

por todos os cursos pesquisados, obedecendo à escala de 1 para pouco importante e 5 para

muito importante.

Gráfico 6- Importância dos conteúdos relacionados à Matemática para a formação

profissional do aluno – Média aritmética por categoria

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.3 Você gosta de Matemática?

Ao serem perguntados se os alunos gostam de Matemática e suas disciplinas afins, os

alunos de Engenharia (Civil, Elétrica, Mecânica e Produção), Administração, Ciências

Contábeis e Gestão da Produção Industrial disseram, em sua maioria, que sim, mais uma vez

com destaque para os alunos dos cursos de engenharia com resultados superiores a 90%. Nos

demais cursos, Direito, Psicologia, Pedagogia e Gestão de Recursos Humanos, a maioria dos

estudantes escolheu a alternativa não, conforme dados representados no Gráfico 7.

9,62%6,44%

16,86%

15,70%

51,38%

1 - Pouco Importante

2

3

4

Muito importante

51

Gráfico 7 – Você gosta da Matemática e suas disciplinas afins? – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Realizando-se uma análise de forma generalizada, conforme dados representados no

Gráfico 8, englobando-se todos os cursos pesquisados, 63,89% dos alunos responderam que

gostam de Matemática, enquanto o restante, 36,11%, disse que não gosta de Matemática. O

número de alunos que não gosta de Matemática é baixo, em relação ao histórico da aceitação

da Matemática. Uma das hipóteses para essa rejeição é o fato de o aluno não conseguir

relacionar os conteúdos matemáticos ensinados a ele na escola com sua vivência. Para muitos

desses estudantes, não há construção do conhecimento matemático, dessa forma passam a

memorizar os conteúdos em vez de desenvolver o raciocínio e a compreensão (CHAMIE,

1990).

Gráfico 8 – Você gosta da Matemática e suas disciplinas afins?– Média aritmética por

categoria

Fonte: dados da pesquisa.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

SIM

NÃO

63,89%

36,11%

SIM

NÃO

52

3.3.4 Qual fator é mais importante em relação ao professor de Matemática para seu

aprendizado?

Todos os alunos dos cursos pesquisados consideraram o domínio do conteúdo como

fator preponderante do professor de Matemática para potencializar o aprendizado do aluno.

Os demais quesitos: relacionamento com os alunos e uso de tecnologias e formação

profissional obtiveram escolhas pouco significativas em relação ao resultado apresentado.

Segue a apresentação do Gráfico 9 com os resultados alcançados em todas as categorias, de

forma comparativa, a fim de se demonstrarem, de forma clara, as escolhas realizadas pelos

alunos.

Gráfico 9 – Qual fator é mais importante no professor de Matemática para seu

aprendizado? – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

No curso de Direito obteve-se boa representatividade, aproximadamente 35% no

quesito ―uso de tecnologias‖, resultado próximo ao quesito mais votado, domínio do

conteúdo.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Relacionamento c/ alunos

Uso de tecnologias

Domínio do conteúdo

Formação Profissional

53

Analisando-se o quesito formação profissional, é importante enfatizar que os alunos

consideraram para responder a essa pergunta não só o diploma de graduação do professor mas

também os títulos de pós-graduação, mestrado e até mesmo doutorado.

Numa análise geral, através do cálculo da média aritmética, segue o resultado de cada

quesito em relação ao fator mais importante do professor de Matemática para o aprendizado

do aluno.

Gráfico 10 – Qual fator é mais importante no professor de Matemática para seu

aprendizado? – Média Aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.5 Importância de o professor de Matemática ter vivência na área profissional em que

está lecionando

Ao serem questionados, os alunos dos 11 cursos de graduação pesquisados foram

categóricos ao responderem sim em relação à importância de o professor de Matemática

possuir vivência no curso em que está lecionando. Os dados a seguir ilustrarão melhor as

preferências de cada curso e o respectivo percentual de escolha de cada alternativa.

20,06%

4,05%

74,03%

1,86%

Relacionamento c/ alunos

Uso de tecnologias

Domínio do conteúdo

Formação Profissional

54

Gráfico 11 – Importância da vivência do professor de Matemática na área profissional

onde está lecionando – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando-se os dados do Gráfico 11, podem-se destacar os cursos de Direito,

Pedagogia e Engenharia Civil, em que quase 90% dos alunos responderam sim. Por outro

lado, os estudantes dos cursos de Psicologia e Engenharia Mecânica escolheram cerca de 40%

o quesito não.

De forma geral, mais uma vez realizando-se o procedimento da média aritmética, um

pouco mais de 75% dos alunos de todos os cursos preferiram a alternativa sim, conforme

representação no Gráfico 12.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

SIM

NÃO

55

Gráfico 12 – Importância da vivência do professor de Matemática na área profissional

em que está lecionando – Média Aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.6 Primeira reação em relação à Matemática

Os alunos, ao serem questionados em relação à primeira reação em relação à

Matemática, foram enfáticos ao responderem, em quase todos os cursos, que possuem

dificuldade, com exceção os alunos do curso de Engenharia Mecânica, com uma escolha de

46,67% no quesito prazer.

É importante destacar que, nos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e

Engenharia Civil, os quesitos prazer e dificuldade apresentaram um equilíbrio muito grande

de acordo com as respostas apresentadas pelos alunos. Analisando-se os resultados mais

expressivos, dá-se importante destaque para os alunos dos cursos de Engenharia de Produção,

Pedagogia e Gestão de Recursos Humanos, em que o quesito dificuldade obteve percentual

acima de 70%. Os dados do Gráfico 13 ilustrarão melhor as preferências de cada curso e o

respectivo percentual de escolha de cada alternativa.

77,86%

22,14%

SIM

NÃO

56

Gráfico 13 – Primeira reação em relação à Matemática – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Partindo de uma análise generalizada, utilizando o procedimento da média aritmética

como ferramenta para determinar o resultado de todos os cursos pesquisados, percebe-se que

a grande maioria das respostas ficou no quesito dificuldade, com quase 62% das preferências,

seguido pelo quesito prazer, com quase 26% das escolhas, conforme informações

apresentadas no Gráfico 14.

Gráfico 14 – Primeira reação em relação à Matemática – Média Aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Prazer Dificuldade Rejeição Indiferença

25,44%

61,28%

5,83%7,45%

Prazer

Dificuldade

Rejeição

Indiferença

57

3.3.7 Incidência de uma boa prática pedagógica no ensino da Matemática relacionada à

opinião do aluno em relação à disciplina

Diante do questionamento sobre a relação entre uma boa prática pedagógica de um

professor de Matemática e a mudança de concepção do aluno em relação à disciplina, mais de

90% dos alunos, em todos os cursos, responderam que sim. Esse fato é importante destacar

caso determinado professor tenha as características necessárias para desenvolver essa

mudança no aluno. Dá-se destaque importante para os cursos de Pedagogia, Ciências

Contábeis e Gestão de Produção Industrial, nos quais as respostas neste quesito foram

unânimes. Analisando de forma conjunta os dados coletados, mais de 95% responderam sim.

Os Gráficos 15 e 16 representam, respectivamente, os resultados por curso e pela média

aritmética.

Gráfico 15 – Uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática pode mudar a

opinião do aluno em relação à disciplina? – por curso

Fonte: dados da pesquisa.

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

Eng.Mecânica

Eng.Elétrica

Eng.Civil

Eng.de Produção

Direito

Psicologia

Pedagogia

Administração

Cienc. Contáb.

Gestão de RH

GPI

96,67%

95,65%

93,33%

96,77%

93,33%

92,59%

100,00%

91,30%

100,00%

96,15%

100,00%

NÃO

SIM

58

Gráfico 16 – Uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática pode mudar a

opinião do aluno em relação à disciplina? – Média Aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

Mas o que significa um bom professor ou uma boa prática docente de Matemática? Ao

retratar uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática, D ́Ambrósio (1993, p.

35) acredita que ―o professor de Matemática deveria apresentar quatro características: visão

do que venha a ser Matemática, visão do que constitui a atividade Matemática, visão do que

constitui a aprendizagem de Matemática, visão do que constitui um ambiente próprio à

atividade Matemática‖.

Convém precisar ainda, que, segundo D’Ambrósio (1993), ser professor de

Matemática é estar sempre aprendendo com os alunos, colegas, pais, livros e meios de

comunicação em geral, mas cabe a esse profissional selecionar conteúdos, conceitos,

informações, pois é a partir daí que o professor vai desenvolver seu trabalho tentando lhe dar

significado, pois a educação Matemática deve ser trabalhada com uma educação voltada para

a formação de cidadãos capazes, críticos, autônomos, buscando, dessa forma, efetivar uma

educação holística que possibilite aos alunos encontrarem significado e aplicabilidade nos

conteúdos aprendidos.

3.3.8 Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior para o

sucesso profissional do aluno

Ao serem perguntados sobre o grau de responsabilidade do professor de Matemática

para o sucesso profissional do aluno, os alunos do curso de Gestão de Produção Industrial

(GPI) empataram ao escolherem as categorias 3 e 4; cada uma delas apresentou 31,82% das

escolhas dos alunos. Os alunos dos cursos de Ciências Contábeis e Gestão de Recursos

95,98%

4,02%

SIM

NÃO

59

Humanos escolheram a categoria 4, representando respectivamente 40% e 42,31% das

escolhas. Os demais cursos escolheram, em sua maioria, a categoria 5, quesito muito

importante, destacando-se o curso de Engenharia Mecânica, em que 76,67% dos alunos

fizeram essa escolha.

Outro ponto importante a se destacar na análise desses dados é o fato de somente

alunos do curso de Psicologia escolheram a categoria 1 (menos importante), representando

14,81% dos entrevistados. O fato comum na análise desses dados é o equilíbrio da maioria

dos cursos na escolha do quesito 4 (importante).

O Gráfico 17 representa a escolha dos alunos por curso considerando-se os quesitos

enumerados com uma escala de 1 para pouco importante e 5 para muito importante.

Gráfico 17 – Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior

no sucesso profissional do aluno – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando-se os dados coletados de forma generalizada e adotando-se o

procedimento estatístico da média aritmética para encontrar os resultados, quase metade dos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito importante

4

3

2

1 - Pouco Importante

60

alunos apontou a categoria 5 (muito importante), com 46,82% das escolhas. Em seguida,

29,68% dos alunos escolheram a categoria 4 e 18,06% escolheram a categoria 3. Com pouca

representatividade, impactada pelo curso de Psicologia, as categorias 1 (pouco importante) e 2

obtiveram juntas um pouco mais que 5% dos votos. O Gráfico 18 ilustra a escolha

apresentada pelos alunos.

Gráfico 18 – Grau de responsabilidade do professor de Matemática no ensino superior

no sucesso profissional do aluno – Média aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.9 Êxito acadêmico e profissional mesmo com uma prática docente insatisfatória

Ao serem perguntados se os discentes conseguiriam obter êxito acadêmico e

profissional mesmo com um professor de Matemática que não apresente uma boa prática

pedagógica, estes foram enfáticos, em todos os cursos, respondendo a alternativa não.

Segundo Azanha (2004), um bom professor seria aquele capaz de dominar a arte de

ensinar, sendo responsável pelo processo ensino-aprendizagem, ter domínio do conteúdo e

relacioná-lo com a vivência do aluno. Para Cunha (1996), a característica que se destaca em

um bom professor é a afetividade.

Nesse aspecto, é importante destacar os cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia

Civil com percentuais próximos a 90%. Os cursos de Administração e de Gestão de Produção

Industrial foram os cursos que apresentaram os percentuais mais baixos, 69,57% e 63,64%,

1,35% 4,11%

18,06%

29,68%

46,82%1 - Pouco Importante

2

3

4

5 - Muito importante

61

respectivamente. O Gráfico 19 ilustra as escolhas nesse quesito por curso, enquanto o Gráfico

20 demonstra a média aritmética de todos os cursos.

Gráfico 19 – Você acha que consegue ter êxito acadêmico e profissional mesmo com um

professor que não apresente uma boa prática docente de Matemática? – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando-se os dados de forma geral e utilizando-se a média aritmética como

ferramenta estatística para a análise desses dados, nota-se que a grande maioria dos estudantes

escolheu o quesito não, mesmo nos cursos nos quais a Matemática é menos presente, como

psicologia e pedagogia, com uma representatividade de um pouco mais de 80%, enquanto o

quesito sim obteve quase 20% na votação, conforme representado no Gráfico 20.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

NÃO

SIM

62

Gráfico 20 – Você acha que consegue ter êxito acadêmico e profissional mesmo com um

professor que não apresente uma boa prática docente de Matemática? – Média

aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.10 Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso?

Ao serem perguntados em relação ao ensino da Matemática no curso superior que o

discente está cursando, os resultados foram bastante diversificados, podendo escolher quatro

categorias (insuficiente, satisfatório, bom e excelente). Os alunos entrevistados do curso de

Psicologia indicaram que a Matemática utilizada nesse curso é insuficiente, com a

representatividade de 36%.

Os alunos dos cursos de Direito, com um percentual de 46,67% escolheram a

alternativa satisfatória. Particularmente, no curso de Administração, duas categorias ficaram

empatadas nas escolhas dos alunos, cada qual com um percentual de 34,78%, sendo elas:

satisfatório e bom.

A categoria que obteve o maior número de escolhas dentre os cursos foi a categoria

bom. Os alunos dos cursos de Engenharia Mecânica (60,71%), Engenharia de Produção

(51,61%), Pedagogia (53,33%), Ciências Contábeis (56%), Gestão de Recursos Humanos

(65,38%) e Gestão de Produção Industrial (54,44%) escolheram, em sua maioria absoluta,

essa categoria, com destaque para os cursos de Engenharia Mecânica e Gestão de Recursos

Humanos, com votação acima de 60% nessa categoria.

Por fim consideraram a categoria excelente em relação ao ensino da Matemática em

seu curso superior os alunos dos cursos de Engenharia Elétrica (45,83%) e Engenharia Civil

(63,33%), este último com uma votação bastante expressiva comparada ao percentual dos

19,80%

80,20%

SIM

NÃO

63

demais cursos neste e em outras categorias. O Gráfico 21 ilustrará melhor as escolhas dos

alunos dos diversos cursos em relação ao ensino da Matemática.

Gráfico 21 – Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso superior? –

Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Por meio da análise do Gráfico 21, pode-se notar a discrepância dos resultados dos

cursos de Engenharia Elétrica, Civil e de Produção em relação aos cursos de Direito,

Psicologia e Pedagogia. Por outro lado, existe um equilíbrio em relação aos cursos de

Ciências Contábeis, Gestão de RH, Gestão da Produção Industrial, Pedagogia e Engenharia

Mecânica.

Analisando-se, de forma generalizada, os dados apresentados e considerando-se a

média aritmética como ferramenta para analisar os dados conjuntamente, o quesito que obteve

maior representatividade foi a categoria bom (43,44%), seguido por excelente (24,80%),

satisfatório (23,24%) e insuficiente (8,52%), conforme representação no Gráfico 22.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

Insuficiente

Satisfatório

Bom

Excelente

64

Gráfico 22 – Qual sua opinião sobre o ensino da Matemática em seu curso

superior? – Média aritmética

3.3.11 Escala de importância referente à prática docente de um professor de Matemática

Ao serem indagados a respeito dos itens que os alunos julgam mais importantes para

a prática docente de um professor de Matemática, considerando uma escala de importância, os

alunos da maioria dos cursos escolheram a categoria ―didática‖. Em seguida, os alunos

escolheram a categoria ―contextualização do conteúdo‖, posteriormente a categoria

―relacionamento interpessoal‖ e, por último, a categoria ―uso de processos inovadores‖. A

Figura 1 ilustrará melhor a ordem de preferência dos alunos de todos os cursos pesquisados.

Figura 1 - Fluxograma dos itens que se referem à prática docente de um professor de

Matemática, segundo uma escala de importância –Resultado final

Fonte: dados da pesquisa.

8,52%

23,24%

43,44%

24,80%Insuficiente

Satisfatório

Bom

Excelente

1º • Didática

2º • Contextualização do conteúdo

3º • Relacionamento interpessoal

4º • Uso de processos inovadores

Fonte: dados da pesquisa.

65

3.3.12 Escala de importância referente aos recursos mais utilizados pelo professor de

Matemática para ministrar suas aulas

Ao serem indagados a respeito dos recursos mais utilizados por seus professores de

Matemática quando ministram suas aulas, considerando uma escala de importância, o item

mais escolhido, fazendo-se uma análise geral dos cursos, foram as ―Listas de exercícios‖,

seguido pelos ―Materiais elaborados pelo professor‖, ―Livro didático‖ e por último ―Slides‖

(apresentações no computador). A Figura 2 ilustrará melhor a ordem de utilização desses

recursos, segundo a ótica dos alunos de todos os cursos pesquisados.

Figura 2 - Fluxograma dos itens que se referem aos recursos mais utilizados pelo

professor de Matemática para ministrar suas aulas, segundo uma escala de importância

– Resultado final

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.13 O professor informou como utilizará a Matemática em sua atividade profissional?

Ao serem questionados se foram informados como utilizarão a Matemática em sua

atividade profissional, os alunos escolheram a categoria ―sim‖ em 10 dos 11 cursos

pesquisados. Faz-se destaque positivo para o curso de Pedagogia, em que 96,67% escolheram

essa categoria, enquanto o curso que obteve a votação menos expressiva foi a Engenharia

Mecânica, com 60% dos votos. O único curso que escolheu a categoria ―não‖, com uma

representatividade de 100% nessa resposta, foi o curso de Psicologia. O Gráfico 23 ajudará a

compreender melhor as escolhas do diversos cursos de graduação pesquisados e a respectiva

1º• Listas de exercícios

2º• Materiais elaborados pelo professor

3º• Livro didático

4º• Slides

66

porcentagem de escolha para cada curso, com destaque para a discrepância entre os alunos do

curso de Pedagogia que escolheram aproximadamente 97% sim, enquanto os alunos do curso

de Psicologia escolheram em 100% não.

Gráfico 23 – Você sabe/foi informado pelo professor como utilizará a Matemática dentro

de sua atividade profissional? – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Em relação ao curso de Psicologia, que obteve uma representatividade de 100% no

quesito não, é notório lembrar que nesse curso é muito enfatizada a importância de se discutir

com os alunos o sentido e o objetivo de cada conteúdo ou atividade. Além disso, nem todo

professor de Matemática cursou alguma formação pedagógica ou licenciatura e só se

preocupa em dominar o conteúdo da Matemática em si, deixando de lado a visão, o interesse e

a expectativa do aluno. Esse tipo de situação pode ocorrer porque determinados docentes do

ensino superior têm formação em diversos cursos, como engenharia, administração,

economia, finanças, dentre outros, e possuem habilitação e vivência profissional para lecionar

disciplinas de Matemática, muitas vezes podendo não compatibilizar sua experiência com a

demanda mercadológica do aluno.

De forma generalizada, considerando-se a média aritmética como ferramenta de

análise dos dados, o Gráfico 24 ilustra o percentual de cada categoria escolhida.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Engenharia Mecânica

Engenharia Elétrica

Engenharia Civil

Engenharia de Produção

Direito

Psicologia

Pedagogia

Administração

Contábeis

Gestão de RH

GPI

SIM

NÃO

67

Gráfico 24 – Você sabe/foi informado pelo professor como utilizará a Matemática dentro

da sua atividade profissional? – Média aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

3.3.14 Execução da aula planejada

A pergunta abordada se refere ao prévio planejamento de uma aula de Matemática

relacionando-o à sua execução. Analisando-se os dados por curso, é notório que todos eles

possuem mais de 90% de escolha no quesito ―sim‖, afirmando que uma aula será mais bem

executada com um planejamento prévio desta, com destaque para os cursos de Engenharia

Elétrica, Engenharia de Produção e Administração que obtiveram 100% das escolhas. O

Gráfico 25 representa o percentual de cada curso relacionado às categorias, e o Gráfico 26

apresenta uma visão geral desses dados coletados, através da utilização da média aritmética

para a análise dos resultados.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

SIM

NÃO

62,72%

37,28%

68

Gráfico 25 – Você acredita que uma aula com um prévio planejamento será mais bem

executada? – Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

Gráfico 26 – Você acredita que uma aula com um prévio planejamento será mais bem

executada? – Média aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

Fato importante é destacar a representatividade dos alunos de Gestão da Produção

Industrial. Nesse curso de graduação tecnológica, o foco da formação dos alunos é a aplicação

de conceitos de Produção e Operações em empresas de manufatura e serviços que demandam

conhecimento dos processos operacionais, gerenciais e estratégicos da organização, além de

86%

88%

90%

92%

94%

96%

98%

100%

NÃO

SIM

96,95%

3,05%

SIM

NÃO

69

conhecimento das tecnologias que promovem agilidade às operações, com ganhos em

produtividade e minimização dos custos.

3.3.15 Maior responsável pelo fracasso acadêmico do aluno

Ao serem perguntados quem é o maior responsável por um possível fracasso

acadêmico do aluno, 10 dos 11 cursos pesquisados escolheram a alternativa ―aluno‖ para

resposta a essa pergunta, com destaque para os 4 cursos de engenharia, com um índice de

mais de 90% nas respostas. Os cursos que apresentaram menor percentual nesse quesito foram

Administração e Gestão da Produção Industrial, com um pouco menos de 70% das escolhas.

No curso de pedagogia, os alunos escolheram a alternativa ―professor‖ como

responsável por um possível fracasso acadêmico dos alunos, com uma representatividade de

76,67% das escolhas. Nessa dimensão das escolhas dos respectivos cursos, o curso que teve o

segundo maior percentual foi Psicologia, com um percentual de 25,93%.

Para melhor análise dos dados coletados, o Gráfico 27 ilustra a escolha dos alunos em

cada quesito, por curso e o Gráfico 28 ilustra a escolha dos alunos de forma geral, utilizando a

média aritmética para análise e construção desses dados.

Gráfico 27 – Quem é o maior responsável por um possível fracasso acadêmico do aluno?

– Por curso

Fonte: dados da pesquisa.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Aluno

Professor

Instituição

70

Percebe-se que quase 75% dos alunos do curso de Pedagogia entendem que um

possível fracasso do aluno é de responsabilidade do professor, fato que se repete nos cursos de

Psicologia e Administração com pouco mais de 20%, e nos cursos de Ciências Contábeis,

Gestão de Recursos Humanos e Gestão da Produção Industrial com percentuais próximos a

10%. Além disso, é importante notar que os alunos dos cursos de Gestão da Produção

Industrial responderam, com uma representatividade de cerca 20%, que a Instituição é

responsável por um possível fracasso acadêmico do aluno.

Gráfico 28 – Quem é o maior responsável por um possível fracasso acadêmico do aluno?

– Média aritmética

Fonte: dados da pesquisa.

Mesmo percebendo nos resultados apresentados que quase 80% dos alunos se veem

como responsáveis por um possível fracasso acadêmico, o professor deve estar sempre atento

em dar aos alunos as ferramentas metodológicas, tecnológicas e inovadoras necessárias para

aperfeiçoar o processo de aprendizagem. Dessa forma, esses alunos estarão mais bem

preparados e, diante de um possível fracasso acadêmico, terão a consciência de não culparem

os docentes por possíveis fracassos, devido a todas as ações realizadas previamente.

3.4 Entrevistando os discentes

A outra ferramenta utilizada no presente instrumento de pesquisa foi a aplicação de

uma entrevista estruturada, contendo um total de 15 perguntas abertas (APÊNDICE B). Essa

entrevista obteve uma amostra de 1 aluno por turma, totalizando 11 entrevistados.

79,03%

16,16%

4,81%

Aluno

Professor

Instituição

71

A entrevista contempla aspectos da prática docente de um professor de Matemática no

ensino superior; engloba questões referentes à própria disciplina ministrada; investiga melhor

a prática docente realizada e examina os aspectos relacionados ao próprio docente.

3.4.1 O uso e o gosto pela Matemática

Analisando-se a disciplina Matemática, duas questões (1 e 2) contemplam

especificamente esse item. A primeira pergunta colocada aos entrevistados foi se estes

utilizavam a Matemática em seu trabalho. Categorizando de forma mais detalhada, 3

entrevistados responderam sim, 2 responderam pouco e 6 entrevistados responderam muito.

Alguns entrevistados responderam de forma direta e outros com alguma justificativa, como

esta: ―Utilizo Matemática, pois a minha atividade depende dos cálculos‖ – entrevistado do

curso de Administração que trabalha nos Recursos Humanos. Outro entrevistado, Mestre de

Obras e aluno do curso Engenharia Civil, cita em sua resposta: ―Para fazer orçamentos,

calcular áreas, volumes, esquadros, pesos de diversos materiais e descobrir medidas não

especificadas em diversos projetos‖.

No que concerne à questão referente ao gosto pela Matemática, 10 entrevistados

responderam que sim enquanto 1 respondeu não. O fato interessante dessa questão foram os

motivos que levam os alunos a gostarem dessa disciplina. Podem-se destacar: utilização na

prática com frequência; ampliação do entendimento e da compreensão de outras disciplinas;

estímulo ao raciocínio lógico; satisfação em chegar aos resultados; e o fato de ser exata. O

aluno que respondeu que não gosta da Matemática enfatizou que sua resposta se deve ao fato

de ele ter dificuldades nessa disciplina.

Para despertar o interesse dos alunos, o professor deveria partir do conhecimento que

cada aluno já traz com ele, seja este adquirido de forma social, cultural ou familiar. Diante

disso, para D’Ambrosio (1986), é muito difícil motivar os alunos com fatos e situações do

mundo atual relacionados à Matemática, que foi criada e desenvolvida em outros tempos. A

partir do momento em que o aluno não consegue fazer essa relação entre a Matemática e sua

vivência, a tendência é evitar por não ter sentido para ele.

[...] a dificuldade em Matemática é tida como natural, e gera nos alunos insegurança

e medo, às vezes não decorrente da falta de estudo, mas de terem assimilado ou

aceitado a Matemática como algo realmente difícil e que somente quem tem aptidão

consegue aprender. É entendido entre educadores matemáticos que a aversão

generalizada e o insucesso em Matemática é uma realidade cotidiana dos estudantes

e que deve-se procurar meios para que a Matemática deixe de ser um fator de

72

seleção e exclusão e se transforme em um instrumento de inclusão nas escolas e na

sociedade (REIS, 2015, p. 3)

3.4.2 A didática no ensino da Matemática

Podem-se igualmente constatar que as questões (3 e 12) da entrevista se referem à

prática docente do professor de Matemática no ensino superior.

A questão 3 pergunta qual aspecto é mais importante na prática docente de um

professor de Matemática no ensino superior. Mesmo a questão exigindo em seu enunciado

somente o quesito que o aluno julga o mais importante, alguns destes não conseguiram

enumerar somente uma resposta. Dessa forma, os itens contemplados foram: didática (9

escolhas); gosto pelo que faz (1 escolha), planejamento (2 escolhas), paciência (1 escolha) e o

domínio do conteúdo (1 escolha). Importante destacar que a didática foi o item mais lembrado

pelos alunos, visto que, por essa escolha, estes julgam como fator mais importante a forma

como os saberes são transmitidos e construídos.

De acordo com Leivas e Cury (2009, p. 4):

Um dos problemas do ensino de conteúdos matemáticos é o distanciamento entre o

conteúdo abordado, a realidade do aluno e as origens do conhecimento em questão.

A apresentação axiomática parece simplificar o ensino, pois os conteúdos são

articulados em uma sequência rígida, em que toda nova definição depende das

anteriores, todo teorema exige que já esteja aceito certo número de axiomas e

demonstradas as proposições das quais ele depende.

Um dos alunos que respondeu ao questionário, estudante do curso de Pedagogia e

tendo como profissão Secretária Escolar, afirmou que ―a didática do professor deve ser

aplicada de forma teórica e prática, abrangendo o maior número possível de questões e

conteúdos completos, o que irá facilitar a aprendizagem e desenvolvimento do cotidiano‖.

O professor deve fazer uso de práticas metodológicas para a resolução de problemas,

como exposição oral e resolução de exercícios. Isso torna as aulas mais dinâmicas e

não restringe o ensino de Matemática a modelos clássicos. A resolução de

problemas possibilita compreender os argumentos matemáticos e ajuda a vê-los

como um conhecimento passível de ser apreendido pelos sujeitos do processo de

ensino e aprendizagem (PARANÁ, 2008, p. 63).

3.4.3 Matemática e sucesso profissional

Analisando-se a questão 12 da entrevista, que relaciona a prática docente com o

sucesso acadêmico e profissional do aluno, todos os 11 alunos foram categóricos em

responder que existe sim uma relação direta entre esses itens. Dentre as justificativas

73

apresentadas na questão, nota-se com maior recorrência que os entrevistados disseram, em

síntese, que uma boa prática docente agrega valor e conhecimento aplicado na prática e ajuda

na capacidade de resolver problemas.

Um depoimento importante foi o realizado por uma aluna do curso de Engenharia de

Produção que trabalha como Assistente Administrativo. Ao ser questionada se existe uma

relação direta entre uma boa prática docente em Matemática no ensino superior e o sucesso

acadêmico e profissional do aluno, ela diz que ―Sim, porque um bom professor nos incentiva

e nos ajuda a buscar cada vez mais o conhecimento. Através dos conhecimentos adquiridos,

temos a capacidade de resolver problemas, tanto na vida acadêmica quanto profissional‖.

Outro aluno, Jovem Aprendiz e estudante do curso de Engenharia Mecânica, relata: ―Acho

que depende da área em que o aluno irá atuar. Se for trabalhar com cálculo, então a resposta é

sim. Sua base no ensino médio é muito importante para que seu desempenho seja melhor‖.

Para melhor ilustrar a importância da Matemática em diversas profissões, segue um

quadro informativo com os principais temas matemáticos relacionados às diversas profissões.

Quadro 1 – Principais temas matemáticos relacionados às diversas profissões

Continua

Profissão Aplicações

Administração Preparar orçamentos para projetos, planejar e controlar pesquisas, além de resolver

situações que envolvam cálculos estatísticos.

Agronomia Calcular os componentes químicos destinados à fertilização e dimensionamento das áreas a

serem cultivadas.

Arquitetura A arquitetura é uma união das áreas de exatas, humanas e arte, pois exige aptidões

múltiplas, como o domínio de cálculos, desenhos intuitivos e história.

Cinema

Desde o movimento dos personagens até o quadro de fundo podem ser criados por

softwares que combinam pixels em formas geométricas, que são armazenadas e

manipuladas. Os softwares codificam informações como posição, movimento, cor e textura

de cada pixel. Para isso, utilizam-se vetores, matrizes e aproximações poligonais de

superfícies para determinar a característica de cada pixel.

Contabilidade

O profissional que trabalha com contabilidade realiza muitos cálculos matemáticos, em

operações envolvendo folhas de pagamento, cálculos trabalhistas e determinação de valores

de impostos, assim como a elaboração do balanço comercial das empresas.

Direito O profissional do Direito utiliza a Matemática quando trabalha com causas que envolvam a

realização de cálculos, como, por exemplo, bens, valores, partilhas e heranças.

Engenharia

É usada na construção de edifícios, estradas, túneis, metrôs, ferrovias, barragens, portos,

aeroportos, usinas, sistemas de telecomunicações, criação de dispositivos mecânicos,

desenvolvimento de máquinas, entre outros.

Geografia

Os geógrafos utilizam a Matemática em diversas situações. Existe inclusive um ramo

chamado Geografia Matemática, que estuda e analisa a forma, os movimentos e as

dimensões da Terra. A Matemática também é usada na topografia para medição de

distâncias e ângulos.

74

Quadro 1 – Principais temas matemáticos relacionados às diversas profissões

Continuação

Profissão Aplicações

Geologia O geólogo utiliza diversos princípios da Matemática para escavar, conhecer e avaliar os

segredos do solo e das pedras.

Jornalismo A Matemática é útil aos jornalistas de economia e política, além daqueles que utilizam

dados estatísticos em seus trabalhos.

Medicina

Veterinária

A Matemática auxilia ainda em pesquisas genéticas, como, por exemplo, a teoria da

probabilidade, que permite descobrir as chances de se obter determinado resultado

proveniente de um cruzamento. É bastante útil também na análise do crescimento de

populações de vírus e bactérias, através de curvas exponenciais ou logísticas, determinando

o impacto de epidemias, ou ainda o crescimento de "culturas" de bactérias.

Meteorologia

Na meteorologia, os cálculos ajudam a entender os movimentos da atmosfera. Os

meteorologistas utilizam equações matemáticas e físicas para interpretar as informações dos

satélites e radares meteorológicos, gerando assim as famosas previsões do tempo. A

Matemática está presente na medição da velocidade, direção e distância percorrida pelo

vento. Os números também são essenciais para medir a umidade relativa do ar (expressa em

porcentagem).

Música

Os teóricos da música com frequência usam a Matemática para entender a estrutura musical

e comunicar novas maneiras de ouvir música. Usam a Matemática também para entender as

escalas musicais, sendo que alguns compositores incorporaram a proporção áurea e o

número de Fibonacci em seu trabalho.

Odontologia O dentista utiliza a Matemática para calcular composições de amálgamas, posologias, doses

de anestésicos e também para dimensionar próteses e aparelhos corretivos.

Psicologia O psicólogo utiliza a Matemática para a análise de dados estatísticos e avaliação de testes.

Fonte: PORTAL MATEMÁTICO, 2015.

3.4.4 Estratégias docentes de ensino

A partir da abordagem deste tema, nas questões 6, 9 e 10 da entrevista, podem-se

examinar mais a fundo os fatores diretamente relacionados à aula de Matemática. Em um

primeiro momento, na questão 6, os discentes foram questionados a respeito dos fatores mais

importantes para se aprender o conteúdo. Diante dessa questão, as respostas obtidas foram:

atividades e exercícios; compreensão das fórmulas; concentração e disciplina; maneiras

diferentes de ensinar o mesmo conteúdo, este último aparecendo com maior incidência entre

os demais. O aluno do curso de Gestão de Recursos Humanos menciona em sua entrevista:

―Metodologia de fácil entendimento‖.

De acordo com D’Ambrosio (1986, p. 2), os professores tratavam a Matemática como:

[...] um corpo de conhecimentos acabado e polido. Ao aluno não é dado em nenhum

momento a oportunidade ou gerada a necessidade de criar nada, nem mesmo uma

solução mais interessante. O aluno, assim, passa a acreditar que na aula de

Matemática o seu papel é passivo e desinteressante.

75

Com o passar do tempo, e com o desenvolvimento social e tecnológico, a Matemática

passa a desempenhar um papel importantíssimo na vida de todos, facilitando na tomada de

decisões a respeito de questões do cotidiano, como calcular, medir, raciocinar e argumentar.

David (1999, p. 58) aponta o papel da Matemática como disciplina curricular:

[...] a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem passando do

ensinar para o aprender, sugere uma relação professor-aluno de mão dupla

(em que ambos ora ensinam, ora aprendem), busca um sentido para o ensinar

Matemática em algo que não é o conteúdo matemático em si mesmo, mas vai

além dele.

Outra questão que incide sobre a dinâmica da aula de Matemática foi sobre as

situações consideradas para que esta aula fosse considerada ―chata‖. Dentre os itens

relacionados pelos alunos, aqueles que obtiveram maior incidência foram: ausência de

exercícios, de disciplina e, com maior destaque, quando o professor é tímido e introspectivo.

Segue a relação de todas as respostas elencadas pelos alunos entrevistados:

a) professor metódico;

b) método de ensino antigo;

c) ausência de exercícios;

d) exercícios sem sentido;

e) professor sem conhecimento do conteúdo;

f) professor sem paciência e introspectivo;

g) uso excessivo de slides;

h) ausência de disciplina.

Dentro do Ensino da Matemática, a resolução de problemas é um fator importante a se

considerar, pois ajuda o aluno a desenvolver uma estratégia, usar a criatividade, formular

hipóteses, tomar decisões e discutir soluções. De acordo com Dante (1999, p. 11):

[...] fazer o aluno pensar produtivamente, desenvolver o raciocínio do aluno, ensinar

o aluno a enfrentar situações novas, dar ao aluno a oportunidade de se envolver com

as aplicações Matemáticas, tornar as aulas de Matemática mais interessantes e

desafiadoras, equipar o aluno com estratégias para resolver problemas e dar uma boa

base Matemática às pessoas.

A última questão referente à aula de Matemática enfatiza o momento em que os

entrevistados consideram uma aula de Matemática difícil. Os quesitos enumerados pelos

alunos foram vários, envolvendo aspectos relacionados ao conteúdo, à ausência de explicação

clara e à resolução de exercício. Importante destacar que 3 dos 11 alunos entrevistados

mencionaram nessa questão que não acham a aula de Matemática difícil em nenhuma

76

situação, conforme trecho a seguir retirado da entrevista da estudante de Pedagogia é

Secretária Escolar: ―Em nenhuma situação. Depende da boa didática do professor e da força

de vontade e disciplina do aluno‖. O aluno de Administração, que trabalha nos recursos

humanos, relata: ―Não existe nenhuma matéria difícil, às vezes o professor não consegue

transmitir o conteúdo para o aluno‖.

Outros estudantes relatam os momentos de dificuldades enfrentados durante as aulas

de Matemática, conforme as respostas citadas: ―Quando tenho dificuldade de entendimento da

matéria‖ – aluno de Direito e ―Quando o professor não é capaz de ensinar‖ – aluno de

Engenharia Elétrica.

3.4.5 O papel do professor na formação profissional

A quarta questão da entrevista pergunta se professor de Matemática exerce um papel

de destaque na formação acadêmica do aluno. Dessa forma, 1 aluno respondeu não e os outros

10 responderam sim. O aluno que respondeu de forma negativa justificou que: ―Não muito, só

quando se trata da matéria onde se estudará tributos ou economia financeira‖ – estudante de

Direito. Os demais alunos, que responderam sim, justificaram, de forma equilibrada, da

seguinte forma: amplia o conhecimento para outras disciplinas; incentiva a resolução de

problemas e desafios; prepara para o mercado de trabalho; ajuda na resolução de problemas

no cotidiano.

Afinal o que caracteriza um bom professor de Matemática? O que caracteriza uma boa

docência de Matemática? A questão 5 da entrevista tem por objetivo sanar essas dúvidas, pois

pergunta aos alunos quais são os elementos preponderantes para que um professor de

Matemática no ensino superior tenha uma boa prática docente. Dos relatos obtidos, é

importante destacar: ―Uma boa formação, vivência na matéria que ensina e bons materiais

didáticos‖ e ―Uma boa comunicação com os alunos, buscando utilizar exemplos que tragam

melhor entendimento do conteúdo aplicado‖.

Analisando-se as respostas, os alunos contemplaram: quesitos relacionados ao próprio

professor e seu papel docente, aspectos relacionados ao planejamento e execução da aula e,

por fim, a transmissão do conteúdo para a melhor compreensão. Realizando-se uma análise de

cada resposta e filtrando-as categorizando-se itens afins, podem-se relacionar alguns itens que

apareceram com frequência:

a) boa dicção;

b) metodologia flexível;

77

c) boa formação;

d) experiência;

e) material didático;

f) didática adequada e diversificada;

g) variedade de exercícios;

h) esclarecimento de dúvidas;

i) boa relação com os alunos;

j) aplicação do conteúdo no cotidiano;

k) domínio da matéria;

l) ética;

m) pontualidade;

n) incentivo à resolução de problemas;

o) conteúdo dinâmico.

É importante notar que os alunos, ao serem questionados nessa pergunta, responderam

de forma generalizada, despreocupando-se em separar quais características são pertinentes ao

professor, como pontualidade e ética, quais são referentes à sua prática pedagógica, como a

didática e a resolução de problemas, dentre outros e, por fim, características relacionadas

propriamente à maneira de lecionar, tendo como exemplo uma boa dicção.

A maioria dos entrevistados respondeu a essa pergunta elencando diferentes tópicos que

estes julgaram importantes, mostrando que não há apenas um aspecto determinante, mas

talvez uma combinação de alguns fatores. A título de ilustração cita-se a fala de um dos

entrevistados: ―Conhecimento da matéria, conduzir o ambiente de forma respeitosa, não

deixar que seus alunos fiquem com dúvidas, manter a hierarquia dentro e fora de sala de aula‖

(Engenharia Civil, 46 anos). Vale enfatizar a importância, abrangência e complexidade que

esta pergunta traz para dentro da pesquisa, uma vez que ela contempla vários quesitos

necessários para se identificarem boas práticas docentes de Matemática no ensino superior.

3.5 Considerações finais

O presente capítulo apresentou o relato e uma breve análise dos questionários e

entrevistas com uma amostra de alunos de diferentes cursos de nível superior de uma

instituição privada de ensino. Nele viram-se quesitos que os alunos julgam importantes para

uma boa prática docente de Matemática no ensino superior.

78

Percebe-se que a maioria dos alunos, em destaque aqueles das engenharias, gosta de

Matemática ou de suas disciplinas afins. Porém, muitos desses alunos declararam que

possuem grande dificuldade.

É evidente que a grande maioria desses alunos sabe que a Matemática é importante

para sua formação superior. A maioria dos alunos respondeu positivamente a essa pergunta,

salvo os alunos dos cursos de Direito, Pedagogia, Gestão de Recursos Humanos e Gestão de

Processos Industriais. Ao se realizar uma média, percebe-se que a maioria nota essa

importância, resultado impulsionado pelos cursos de Engenharia, Administração e Ciências

Contábeis.

Analisando-se a importância dos conteúdos matemáticos relacionados à formação

profissional do aluno, fica recorrente a baixa expressividade desta nos cursos de Direito,

Pedagogia, Gestão de Processos Industriais e Gestão de Recursos Humanos, este último com

percentual apresentado de 0% (zero por cento). Analisando-se, de forma conjunta, todos os

cursos pesquisados, o relato apresenta um resultado em que metade dos entrevistados acha

muito importante esse quesito.

Convém então relatar que, em quase sua totalidade, os alunos percebem que uma boa

prática docente de Matemática no ensino superior pode mudar a opinião do aluno em relação

à disciplina, uma vez que, como já foi retratado, a maioria deles vê a Matemática como difícil,

mas importante para a prática profissional.

Considerando-se a prática docente, é notória e recorrente a palavra didática, tanto

analisando e relatando os questionários, quanto nas entrevistas. Ao mencionarem a palavra

didática, através do relato apresentado percebe-se que os alunos elegem um conjunto de

características para que o professor consiga ministrar bem suas aulas. As características

apresentadas pelos alunos que complementam a didática são: boa dicção, paciência, controle

da sala de aula, exercícios contextualizados, maneiras diferentes de explicar o mesmo

conteúdo, dentre outros. Outro aspecto importante relatado pelos questionários é o fato de os

alunos darem mais importância ao domínio do conteúdo pelo professor (74,03%), em

detrimento do uso de tecnologias, relacionamento com os alunos e formação profissional. É

importante salientar que nesse relato os alunos não só contemplaram as características

relacionadas ao professor, mas também quesitos que abrangem a própria aula ministrada, os

materiais didáticos e o ambiente em sala de aula.

Por fim, é importante perceber que os alunos relataram aspectos que julgam

importantes para que os professores tenham boas práticas docentes e muito desses quesitos

não são contemplados pelas avaliações institucionais. Fica nítida a oportunidade de ver além

79

do que avaliam as instituições, em especial a aqui pesquisada, pois alguns quesitos

contemplados, como inovação, utilização de sistemas de informação para publicação de

conteúdos e atividades, interdisciplinaridade e abordagem a questões da atualidade não são

recorrentes nos relatos apresentados, tanto nos questionários quanto nas entrevistas. É a

oportunidade de perceber qual é a demanda dos alunos, estes mesmos que são extremamente

conectados, mas que acham mais importantes a didática e o domínio do conteúdo em

detrimento ao uso inovação e tecnologias.

80

4 GUIA DE BOAS PRÁTICAS DOCENTES DE MATEMÁTICA NO ENSINO

SUPERIOR

GOOD PRACTICE GUIDE MATH TEACHERS IN HIGHER EDUCATION.

XAVIER, André Felipe de Almeida

Estudante do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

THOMAZI, Áurea Regina Guimarães

Professora do Programa de Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Centro Universitário UNA.

[email protected]

RESUMO

Trata-se do produto técnico oriundo da pesquisa realizada nesta dissertação do Mestrado em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local. O objetivo é informar aos professores de

Matemática de cursos superiores a respeito das demandas dos alunos, demonstrando o que

eles esperam em relação à prática docente, em relação às aulas, ao material didático, à prática

pedagógica, enfim. Este guia foi elaborado em decorrência dos dados levantados após a

realização da pesquisa de campo, aplicando-se questionários e entrevistando alunos de 11

cursos superiores sobre a docência de Matemática. A partir desses dados buscou-se destacar,

além dos aspectos apontados pelos discentes, algumas orientações para reflexão, apoiando-se

em alguns autores utilizados no referencial teórico e em uma entrevista com um docente de

Matemática em cursos de bacharelado, licenciatura e formação de professores. Assim, foram

levantadas algumas considerações e elencados 12 princípios do ensino da Matemática no

ensino superior, a fim de provocar uma reflexão por parte do docente da Matemática no

ensino superior.

Palavras-chave: Ensino Superior. Educação. Matemática. Práticas docentes.

ABSTRACT

This is the technical product derived from the research conducted in this work of the Master

in Social Management, Education and Local Development. The aim is to inform teachers of

mathematics degree courses about the demands of students, demonstrating what they expect

81

with regard to teaching practice in relation to school, the teaching materials teaching practice

anyway. This guide is designed as a result of data collected after the completion of field

research, applying questionnaires and interviewing students in 11 undergraduate courses on

mathematics teaching. From these data we sought to highlight besides the problems raised by

the students some guidelines for reflection relying on some authors used the theoretical

framework and in an interview with a teacher of mathematics in bachelor's, graduate and

teacher training. Thus, some considerations were raised and listed 12 principles of

mathematics teaching in higher education, in order to provoke reflection by the teacher of

mathematics in higher education.

Keywords: Higher Education. Education. Mathematics. Teaching practices.

4.1 Introdução

Esta pesquisa foi importante para a prática social da educação, uma vez que foram

detectadas, a partir do ponto de vista dos alunos, quais são as práticas bem sucedidas de

profissionais no ensino da Matemática. Além disso, por meio desta pesquisa, foi possível

identificar parâmetros capazes de aperfeiçoar o processo de ensino.

Buscou-se, com essa investigação, nortear o trabalho do pesquisador, docente de

Matemática em cursos de Engenharia, Administração e Ciências Contábeis no ensino

superior. O objetivo é melhorar o processo de ensino-aprendizagem da Matemática e suas

disciplinas afins. Dessa forma, outros professores de Matemática podem se apropriar dessas

informações para adequarem melhor sua prática pedagógica.

É evidente que as práticas que podem levar ao sucesso do ensino da Matemática,

detectadas nesta pesquisa, não só contribuirão para um eficiente processo de aprendizagem,

mas também para melhor formação profissional de diversos professores, nos diversos cursos

de licenciatura. Busca-se assim contribuir para um contexto com professores mais bem

preparados e com práticas pedagógicas adequadas às demandas dos alunos. Alunos melhor

preparados podem significar melhores profissionais em diversas áreas. Dessa forma, os alunos

poderão se apropriar dos conhecimentos matemáticos adquiridos ao longo do curso e aplicá-

los em suas respectivas atividades laborais, utilizando-a como ferramenta que auxilie na

resolução de diversos tipos de problemas.

82

Vale lembrar que as práticas pedagógicas bem desenvolvidas e sucedidas, além de

levar os alunos ao sucesso acadêmico, podem instigá-los a continuar o processo acadêmico de

aprendizagem.

A proposta de intervenção é a utilização de uma um guia reflexivo que possa servir

como uma ferramenta de orientação para ajudar a nortear o trabalho docente dos professores

de Matemática no ensino superior. Dessa forma, através dos dados levantados junto aos

próprios alunos, cria-se um guia de reflexão pedagógica para profissionais, de maneira que

estes tenham questões que os façam refletir como estão sendo realizadas suas aulas, orientá-

los a perceber as principais dificuldades dos alunos e saber detectá-las. Vale ressaltar que este

estudo é relevante para o aperfeiçoamento da prática profissional do autor desta pesquisa,

professor de Cálculo Diferencial, Estatística e Matemática em cursos de graduação de

Engenharias, Administração e Ciências Contábeis. Além disso, pretende-se contribuir também

para outros professores de Matemática que lecionem em outros cursos diferentes dos

lecionados por esse autor e dos contemplados nos relatos da pesquisa.

4.2 Produto técnico

Uma aula de Matemática é um momento em que existe a possibilidade de alunos e

professores construírem determinado conhecimento, de forma conjunta, problematizando o

conteúdo e verificando sua relevância prática.

Como já foi explicitado anteriormente, existe uma grande preocupação em melhorar o

ensino da Matemática no ensino superior, embora outras disciplinas também tenham suas

dificuldades. É notório que a Matemática é considerada a grande vilã por muitos alunos,

conforme dados levantados nesta pesquisa. Além disso, existe o fato agravante de que a falta

de conhecimento desse conteúdo preocupa os professores da área. Quanto a esse problema

relacionado ao conteúdo, Micotti (1999, p. 154) esclarece:

A aplicação dos aprendizados em contextos diferentes daqueles em que foram

adquiridos exige muito mais que a simples decoração ou a solução mecânica de

exercícios, domínio de conceitos, flexibilidade de raciocínio, capacidade de análise e

abstração. Essas capacidades são necessárias em todas as áreas de estudo, mas a

falta delas, em Matemática, chama a atenção.

Alguns críticos apontam o recorrente descaso que o ensino da Matemática vem

sofrendo ao longo dos tempos. Essa polêmica sobre o ensino dessa disciplina não é recorrente

somente no Brasil. Segundo Ponte (2015), as novas estratégias de ensino obtêm mais sucesso

83

com os conteúdos mais básicos, deixando de lado a excessiva formalização, buscando como

solução a contextualização.

Outro ponto importante abordado por Guilherme (1983) é o fato de a Matemática estar

sendo ensinada por meio de exercícios artificiais e mecânicos, motivo que pode ser um dos

fatores que contribuem para as representações que hoje se têm a respeito dessa disciplina.

Essa abordagem de ensino deixa a impressão de que o objetivo do professor ao ensinar

Matemática é apenas o de transmitir os conteúdos, acreditando que, por meios desses, os

alunos sejam capazes de compreender a linguagem Matemática e, consequentemente,

desenvolver o raciocínio lógico, tornando-se aptos a abstrair, analisar, sintetizar e generalizar.

A pesquisa realizada junto aos alunos de diversos cursos superiores, como já retratado

anteriormente, mostra o contrário. Esses alunos devem ser escutados e devem-se identificar

suas demandas, uma vez que cada curso superior apresenta uma particularidade em relação à

Matemática. D’Ambrósio (2001, p. 22) ressalta:

O cotidiano está impregnado dos saberes e fazeres próprios da cultura. A todo

instante, os indivíduos estão comparando, classificando, quantificando, medindo,

explicando, generalizando, inferindo e, de algum modo, avaliando, usando os

instrumentos materiais e intelectuais que são próprios à sua cultura.

No que concerne à visão do professor e de seu conhecimento, este é protagonista

fundamental em seu campo profissional, decorrente de um interesse por um conhecimento

específico para mobilizar sua ação, mesmo de forma inconsciente. O professor de Matemática

é um elemento decisivo na complexa atividade de ensinar. Cabe a ele tornar mais curto

possível o caminho entre os alunos e a Matemática, conduzindo os alunos à construção do

conhecimento.

Para encurtar, ao máximo possível, esse caminho entre os alunos e a Matemática,

procurou-se investigar a figura do bom professor. Sabe-se que o professor é o responsável

pelo processo de ensino-aprendizagem, devendo dominar o conteúdo e saber relacioná-lo à

vivência do aluno. Esse professor tem de ser atualizado, dinâmico e adaptado às mudanças

tecnológicas. Segundo a concepção de Comênio (apud AZANHA, 2004), o bom professor

seria aquele capaz de dominar a arte de ensinar tudo a todos.

Segundo Cunha (1996), a afetividade é a principal característica que se destaca para

um bom professor. Em sua pesquisa, o resultado que prevaleceu foi o fato de que um bom

professor é aquele que mantém um bom relacionamento com seus alunos, tendo assim uma

boa relação afetiva. Além disso, citaram na pesquisa que o bom professor deve ser amigo,

preocupado com os alunos e compreensivo. Percebe-se claramente nessa pesquisa realizada

84

por Cunha (1996) que há a prevalência das características afetivas e do relacionamento

interpessoal. Fica nítido na pesquisa que esse processo é mais eficaz quando o aluno se sente

motivado a aprender, fazendo com que o professor procure elementos para incorporar em sua

aula que motivem os discentes a aprender. Carrijo (apud COELHO, 2015) diz que um bom

professor deve apresentar as seguintes características: senso de humor e animação, demonstrar

satisfação, abrir espaço para a participação dos alunos e variar o tipo de aula, dentre outros

aspectos citados.

Ao professor deve ser dado apoio para que ele adote uma nova atitude e assuma sua

responsabilidade perante o futuro. Isso depende essencialmente de sua própria

transformação, conhecendo-se como um indivíduo e como um ser social, inserido

numa realidade planetária e cósmica. O primeiro passo é que o professor conheça a

si próprio. Ninguém pode pretender influenciar outros sem o domínio de si próprio.

O professor deve conhecer a sociedade em que atua e ter uma visão crítica dos seus

problemas maiores, bem como de seu ambiente natural e cultural, e da sua inserção

numa realidade cósmica. O professor deve estar livre de preconceitos e predileções.

Só sendo livre poderá permitir que outros sejam livres. Em vez de fazer com que o

aluno saiba o que ele sabe, deve criar situações para que o aluno queira saber a

realidade que o cerca. E dar a ele liberdade de encontrar significação no seu

ambiente. (D’AMBROSIO, 1996, p. 79-80)

Outra característica de um bom professor é sua metodologia de ensino. O professor

deve tornar sua aula atraente, de acordo com o interesse de seus alunos. Segundo Cunha

(1996), os melhores professores são aqueles que, além de tornarem suas aulas mais atraentes,

estimulam a participação do aluno.

Após essa breve análise, em linhas gerais, da docência em diversas áreas do

conhecimento, retorna-se à docência da Matemática, objeto deste estudo. Segundo a visão de

Polya (1981), um bom professor de Matemática deve ensinar seus alunos a pensar, além de

tentar desenvolver a capacidade de usarem as informações transmitidas, considerando o

conhecimento adquirido fora da escola.

Nos últimos anos, a educação vem sofrendo uma forte crise, e no ensino da

Matemática isso não é diferente. Em todos os níveis de ensino, incluindo o nível superior, o

insucesso na Matemática tem atingido índices preocupantes, refletidos nos altos índices de

reprovação. Segundo Bacquet (2001), um número cada vez maior de alunos não gosta da

Matemática, não entendem a importância de seu estudo e muito menos compreendem sua

relevância. Do ponto de vista docente:

Os professores mostram-se igualmente descontentes, queixam-se dos programas que

são grandes, pouco flexíveis, demasiado abstratos. Não sabem como interessar os

seus alunos. E, além disso, sentem-se isolados, com poucas oportunidades para

discutirem com os colegas ou para conhecerem as experiências mais interessantes

que, apesar de tudo, se vão realizando. A muitos professores cada vez mais agrada

85

menos o que fazem os resultados do seu trabalho, o modo como os alunos reagem

àquilo que lhes ensinam. (VASCONCELOS, 2009, p. 30)

Diante de todo o cenário apresentado, um guia pode constituir um material importante

para nortear o trabalho docente de Matemática no ensino superior. Sabe-se que cada professor

possui sua particularidade na forma de lecionar, cada qual com sua didática, materiais

pedagógicos e tecnológicos além dos livros e apostilas.

A elaboração desse guia, portanto, não é para ensinar o professor a lecionar, e muito

menos resolver todos os problemas da docência da Matemática no ensino superior, mas pode

ser uma ferramenta importante para explicitar as demandas dos alunos, mostrando suas

angústias e expectativas, de forma que este seja motivado a procurar a excelência acadêmica e

profissional, com uma formação de qualidade e adequada à realidade em que este está

inserido.

Pensou-se em um guia, semelhante a um modelo de cartilha, o qual, segundo Barcelar

et al. (2015), é qualquer compilação elementar que preceitue de um padrão de comportamento

por meio de ilustrações.

Assim, propõe-se um guia que permita ao docente refletir sobre os aspectos que

podem ajudá-lo a aprimorar sua prática profissional, seja em aspectos relacionados à sua

maneira de lecionar, ao material didático utilizado, ao material tecnológico ou até mesmo

relacionado a aspectos comportamentais e de relação interpessoal. Este também contemplará

aspectos relacionados à própria Matemática e sua importância acadêmica e profissional,

segundo a opinião dos próprios alunos.

Uma boa prática pedagógica na docência da Matemática no ensino superior implica

questões relacionadas ao professor, ao aluno, à instituição e ao próprio conteúdo.

Dessa forma, propõe-se o guia intitulado: Guia para reflexão sobre boas práticas

docente da matemática no ensino superior. Esse material poderá ser utilizado internamente

na instituição onde a pesquisa foi realizada, sendo apresentado primeiramente à direção da

instituição e, em um segundo momento, distribuído nas salas dos professores para servir de

consulta e orientação e objeto de reflexão e discussão entre os profissionais da área.

4.3 Considerações finais

A elaboração desse guia foi importante para nortear o trabalho do autor desta pesquisa,

repensando sua maneira de lecionar e de abordar diversos aspectos em sala de aula, na

docência da Matemática, na relação com os alunos e na utilização de ferramentas inovadoras

86

e não apenas tecnológicas para auxiliar no processo de aprendizagem. Professor de diferentes

cursos superiores poderá apropriar-se dessas informações para contribuir com sua prática

docente, de forma que possa buscar e atender, da melhor forma, às expectativas e aos anseios

de seus alunos.

Este capítulo foi elaborado após a análise dos resultados da pesquisa de campo,

buscando relatar e informar aos professores o que os alunos consideram ser um bom professor

de Matemática no ensino superior. Para complementar as informações pesquisadas, optou-se

por também buscar algumas orientações sobre o que seriam boas práticas de um professor de

Matemática.

Esse guia não é uma solução definitiva para os professores de Matemática de diversos

cursos no ensino superior, pois não existe uma receita pronta e inacabada e seria muita

pretensão usar esse guia como tal. É importante lembrar que a educação está em constante

mudança, e as instituições e alunos as acompanham. Em relação aos professores não pode ser

diferente, não podem ficar estagnados no tempo lecionando como há 20 anos. O mundo

mudou, o aluno mudou e este quer mudanças também no sistema educacional. Esse aluno está

fortemente conectado, seja nos telefones, tablets e computadores. Cabe aos professores

utilizar essas ferramentas a seu favor. Em vários momentos da pesquisa, os alunos

mencionaram a importância da tecnologia no processo de aprendizagem. Mas também não se

pode ver essa tecnologia, por si só, como a resolução de todos os problemas do ensino, ou a

única estratégia para a construção do conhecimento.

Os problemas na educação estão e continuarão presentes na sala de aula: dificuldade

de aprendizagem, problemas sociais, de relacionamento, falta de tempo para estudar, pressão

do trabalho, dentre outros. É humanamente impossível um professor dizer que não tem

nenhum tipo problema dentro de suas aulas, seja qual aspecto for.

Dessa forma, o guia foi elaborado como uma ferramenta para ajudar a nortear diversas

práticas docentes, fazendo o professor refletir em relação à sua maneira de agir com os

alunos, sua forma de lecionar, os materiais didáticos utilizados e prestar atenção em quesitos

que, em um primeiro momento, podem não apresentar tanta importância, mas que podem ser

relevantes para os alunos. É um elemento importante para que os professores possam

minimizar os diversos tipos de problemas corriqueiros em sala de aula.

Os doze princípios também relacionados no guia servem para complementar as

informações relatadas pelos alunos, mostrando que, de alguma forma, o que estes descrevem

nas pesquisas está diretamente ligado a esses princípios.

87

Não existirão aulas perfeitas, sem erros e problemas, mas poderão existir sim aulas

com qualidade, utilizando recursos inovadores com o professor preocupado com uma prática

pedagógica de Matemática adequada à turma em que está lecionando, com material didático

correto, avaliações coerentes e atendendo às demandas e anseios dos alunos.

4.4 Texto do “Guia para reflexão sobre boas práticas docentes da Matemática no ensino

superior”

4.4.1 Apresentação

Este guia é um produto técnico proveniente da dissertação intitulada ―MATEMÁTICA

NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE” do programa de

Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro

Universitário UNA – Belo Horizonte – MG.

O autor deste guia é o professor de Matemática, Cálculo Diferencial e Estatística,

André Felipe de Almeida Xavier, orientado pela Profª Drª Áurea Regina Guimarães Thomazi,

como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local, no Centro Universitário UNA.

4.4.2 Introdução

Este guia informativo foi criado com o objetivo de contribuir com os profissionais de

Matemática e suas disciplinas afins, para que possam, a partir de uma reflexão, aprimorar suas

respectivas práticas docentes, bem como discutir com outros docentes e mesmo com os

discentes, além de poder consultá-lo em qualquer momento.

Este guia foi criado a partir das informações obtidas por diversos alunos de 11 cursos

superiores de uma instituição privada de ensino. As informações foram obtidas através da

análise detalhada dos dados coletados por meio de questionários e, em um segundo momento,

por meio de entrevistas estruturadas.

Embora muitos docentes escutem o que os discentes têm a dizer, essa pesquisa

possibilitou o registro e a sistematização de alguns relatos sobre o que os alunos consideram

necessário para que um professor de Matemática, no ensino superior, tenha uma boa prática

docente. Para isso, optou-se também por buscar algumas orientações sobre o que seriam boas

88

práticas de um professor de Matemática, em alguns textos, sites e entrevista com um docente

com experiência nessa área.

Aspira-se, com as orientações e informações contidas neste guia, contribuir para que

diversos docentes de Matemática no Ensino Superior possam desenvolver e aprimorar suas

aulas, de forma que possam atender aos anseios, às angústias, demandas e expectativas dos

alunos. Que este guia seja uma ferramenta de auxílio para boas práticas docentes.

4.4.3 Relato dos alunos

A simples menção da palavra Matemática já é motivo de medo para muitas pessoas,

deixando-as mentalmente bloqueadas. Para muitos, parece que ―não entra na cabeça‖, mas,

para outros, é motivo de paixão pelos números e por tudo que ela representa.

Em certa época pensou-se que a matemática se ocupava do mundo que nossos

sentidos percebessem, e foi somente no século dezenove que a matemática pura se

libertou das limitações sugeridas por observações da natureza. É claro que a

matemática originalmente surgiu como parte da vida diária do homem, e se há

validade no princípio biológico da ―sobrevivência do mais apto‖ a persistência da

raça humana provavelmente tem relação com o desenvolvimento no homem de

conceitos matemáticos. A princípio as noções primitivas de número, grandeza e

forma podiam estar relacionadas com contrastes mais do que com semelhanças. (...)

Gradualmente deve ter surgido, da massa de experiências caóticas, a realização de

que há analogias: e dessa percepção de semelhanças em números e forma nasceram

a ciência e a matemática. (BOYER; GOMIDE, 1996)

Diante do que os alunos expressaram na pesquisa de campo, serão abordados aspectos

relacionados à Matemática como disciplina acadêmica, destacando quesitos relacionados à

prática profissional e acadêmica destes.

Dessa forma, do ponto de vista dos alunos pesquisados, os aspectos relacionados à

Matemática para que determinado professor tenha uma boa prática docente nessa disciplina

são:

a) consideram a Matemática muito importante academicamente e profissionalmente;

b) relataram, em sua maioria, que possuem grande dificuldade, mesmo assim disseram

que gostam da disciplina;

c) enfatizaram a importância profissional da Matemática, utilizando-a com frequência no

ambiente de trabalho.

d) consideram o conteúdo mais difícil quando o professor não tem paciência e não

mantém a disciplina na sala de aula;

89

e) indicaram, como importantes para aprender, as diferentes maneiras que o professor

tem para ensinar um mesmo conteúdo, além da concentração e disciplina;

f) praticam com frequência o conteúdo por meio da resolução de problemas, atividades e

exercícios como forma para potencializar a compreensão do conteúdo.

4.4.4 Condição docente

Diante dos relatos dos alunos cabe destacar, de forma breve, algumas considerações

relacionadas à profissão docente.

Vasconcelos (1996), de forma sintética, descreve o perfil dos docentes atuantes nas

universidades, citando o professor, o conscientizador e o pesquisador. Essa autora ainda

enfatiza a existência daqueles que acumulam dupla função, tentando conciliar o trabalho de

docência com as pesquisas acadêmicas, fato esse prejudicado pelo excesso de trabalho e o

tempo escasso para o desempenho concomitante de ambas as atividades.

Antunes (2009) expõe que ser professor implica vários papéis e um deles é o de

ensinar o aluno a usar as informações adquiridas para refletir, pensar, argumentar, pesquisar,

ligar-se ao mundo, solidarizar-se e agir, onde ele possa utilizar os conhecimentos

desenvolvidos como ponto de partida para um novo olhar, outros aprendizados e diversos

saberes no que diz respeito a sua qualificação específica.

Behrens (1996) diz que o docente deve trabalhar com metodologias voltadas para o

desenvolvimento da criatividade em sala de aula, instigando o aluno a superar os desafios.

Para isso, os professores de Matemática precisam possuir características condizentes

para potencializar o desenvolvimento e a aprendizagem de seu aluno. Essas características

poderão ser pertinentes não só ao ensino da Matemática, mas também ao ensino de outras

áreas do conhecimento.

Diante dos aspectos apresentados na pesquisa de campo, abordando tanto as

entrevistas quanto os questionários, para que os professores tenham uma boa prática

pedagógica na docência da Matemática no ensino superior, segundo relato dos alunos, os

professores devem possuir as seguintes características:

a) dominar o conteúdo abordado, demonstrando segurança na exposição e intermediação

do conhecimento;

b) possuir vivência profissional no curso onde leciona. Nesse quesito percebe-se que para

os alunos, se um professor de Matemática leciona em um curso de Administração, este

deve conhecer aspectos relacionados a essa profissão para aplicá-los em sala de aula;

90

c) ter didática, ou seja, os quesitos necessários para os fundamentos, condições e

realizações do ensino;

d) incentivar a interpretação e resolução de problemas e desafios condizentes com a área

de conhecimento do aluno;

e) inserir problemas e desafios relacionados ao cotidiano no processo de aprendizagem;

f) ter paciência ao explicar determinado conteúdo, ao esclarecer as dúvidas e também ao

resolver problemas e exercícios;

g) ficar atento às aulas expositivas, de forma que utilize boa dicção, tendo cuidado com o

vocabulário utilizado, além do ritmo e volume de sua voz;

h) possuir carisma. Para os alunos é de extrema importância a empatia com o professor.

Aspetos afetivos são de extrema importância no processo de aprendizagem;

i) manter disciplina em sala de aula. Neste caso, é importante para os alunos que o

professor saiba dosar o ímpeto dos alunos, conversas fora de hora e conflitos;

j) ser exigente. Isso não significa que o professor deva ser incoerente ao aplicar uma

avaliação ou atividade;

k) ensinar os alunos de forma clara, preocupando-se com a construção do conhecimento,

esclarecendo as dúvidas e acompanhando o processo de aprendizagem;

l) ser um profissional dedicado;

m) buscar sempre o aperfeiçoamento profissional, realizando cursos, participando de

palestras, cursos de extensão e pós-graduação, dentre outros;

n) compreender as limitações de seus alunos, pois cada um possui um ritmo diferente de

aprendizagem, além de uma bagagem no ensino da Matemática adquirida ao longo dos

anos de estudo, que influenciará diretamente em seu aprendizado no ensino superior.

4.4.5 Princípios básicos do ensino da Matemática

Ensino e aprendizagem de Matemática é uma ferramenta muito importante em

qualquer esfera do ensino, e isso não poderia ser diferente no ensino superior.

Serão enumerados doze princípios importantes para nortear o trabalho docente de

Matemática no ensino superior, de forma que o professor possa apropriar-se dessas

informações e refletir sobre elas, podendo incorporá-las à sua prática docente.

91

A construção desses doze princípios foi extraída e transcrita a partir de uma entrevista

com um professor de computação, com formação em Matemática que trabalha com a

formação de professores de Matemática, em cursos de licenciatura. (GUIMARÃES, 2014)

a) Princípio 1 – Utilização de Recursos

Ensinar e aprender são condicionados por recursos limitados, sendo o tempo

disponível o mais importante deles. Questões são importantes para nortear esse princípio: o

assunto está bem explicado no livro texto? Existe algum recurso de TI (Tecnologia da

Informação) para complementar e acelerar o processo de aprendizagem? Deve-se ficar atento

a diversos recursos disponíveis e gratuitos na internet para expandir a Matemática e reforçar a

aprendizagem do aluno.

b) Princípio 2 – Interação profissional e humana

Ensinar e aprender tem dimensões tanto profissionais como humanas. A postura do

professor ao ensinar e interagir poderá ter impacto emocional e psicológico. Dessa forma,

respeitar os alunos é um aspecto humano fundamental da atividade de ensino, aspecto este

aplicável na docência de qualquer disciplina.

Relacionando com o ensino da Matemática, o professor deve julgar os alunos por seus

méritos, como as pessoas que querem aprender, e não por sua capacidade inata.

É importante evitar a arrogância e desdenho em relação aos alunos mais lentos no

raciocínio matemático, pois essa é uma atitude que se espera dos professores de Matemática.

c) Princípio 3 – Clareza e precisão

O professor deve prover os alunos com declarações sobre o conteúdo do curso e

objetivos, através de instruções para atividades de aprendizagem e critérios claros para as

avaliações dos alunos. É preciso haver clareza e precisão sobre o que se espera dos estudantes

e como isso será medido. Não há mérito em tornar as coisas artificialmente difíceis para os

alunos.

d) Princípio 4 – Alinhamento

O ensino, a aprendizagem e a avaliação de estratégias precisam ser alinhados com a

expectativa dos alunos e com o currículo do curso. Após esse alinhamento, as atividades de

aprendizagem devem ser projetadas para alcançá-los.

92

É fundamental que os alunos sejam avaliados sobre o que e como eles são ensinados.

As tarefas devem ser projetadas para avaliar o atingimento desses objetivos.

e) Princípio 5 – Carga Intelectual

A carga de trabalho sobre os alunos deve ser apropriada para o nível e as normas do

curso.

Todo aluno tem um limite para o que pode assimilar razoavelmente em um

determinado momento, especialmente em Matemática.

O ensino deve progredir de um ponto de partida. É necessário medir a carga adequada,

avaliando o conhecimento anterior do aluno. Decidir sobre a carga de trabalho adequada para

diferentes turmas de alunos e ―cumprir o programa‖ é uma das principais dificuldades dos

professores.

f) Princípio 6 – Processo e produto

Esse princípio se relaciona em adequar a forma de fazer Matemática, sendo esta

formal (definições, teoremas e provas) ou exploratória (menos sistemática). Essa diferença

pode ser vista das seguintes formas: focar no processo de construir a Matemática ou focar a

Matemática como um produto pronto. O importante é criar um equilíbrio entre o exploratório

e o formal, criando aos poucos necessidade de argumentação e prova.

g) Princípio 7 – Reconstrução de ideias

A Matemática é aprendida de forma mais eficaz se o aluno reconstrói as ideias

envolvidas e as combina em novo significado e compreensão.

É o aluno que deve construir suas próprias abstrações e o professor deve ajudá-los nisso,

fazendo mais do que apenas transmitir a informação. Ele pode ajudar o aluno reproduzindo e

explicitando, em suas apresentações, esse diálogo interno, que possa ser então imitado pelos

alunos.

Ao mesmo tempo à produção desse diálogo interno, o professor deve fornecer

motivação, incentivando o engajamento efetivo. Além disso, é importante avaliar se

determinado tópico ou assunto pode ser mais bem aprendido em grupos e em discussões.

93

h) Princípio 8 – Aprender a aprender

Pode ser necessário ensinar explicitamente as competências específicas de

aprendizagem da Matemática, ou seja, as habilidades que o aluno utiliza para monitorar,

adaptar e aplicar seus processos de aprendizagem.

O professor deve ajudar os alunos a reconhecerem o quanto eles precisam para

aumentar o rigor, ir mais fundo em um problema, ou verificar o andamento de sua própria

aprendizagem.

i) Princípio 9 – Apresentação

Boas explicações são essenciais para apoiar os alunos na aprendizagem de forma mais

eficiente e eficaz. Quão bem o professor explica um tópico pode ter um efeito sobre a

facilidade com que o aluno aprende.

Cabe aqui reconhecer que os alunos têm diferentes estilos de aprendizagem e

contemplar esses estilos pode ser importante.

O professor deve se policiar para não usar apenas seu próprio estilo de aprendizagem.

Os alunos preferem as aulas expositivas usando o quadro no lugar de slides, exatamente pela

possibilidade de acompanhar o professor no diálogo interno.

j) Princípio 10 – Envolvimento

Os estudantes devem estar ativamente engajados no processo de fazer a Matemática, a

fim de aprender a Matemática.

É importante propor atividades para os alunos aprenderem fazendo. Dessa forma,

poderão desenvolver habilidades de ordem superior em Matemática, o que proporciona

escadas para chegarem a níveis cada vez mais altos.

Os alunos aprendem de maneiras diferentes e caberá ao professor desenvolver formas

para ajudar todos os alunos a aprender.

Os planos de ensino devem considerar também que existem várias maneiras de

resolver problemas e usar diferentes estratégias.

O professor deve se posicionar como um facilitador da aprendizagem, proporcionando

aos alunos o conhecimento e as ferramentas para resolver problemas e depois incentivar os

alunos a resolvê-los por conta própria, ajudando o aluno a se sentir confiante em suas

habilidades matemáticas.

94

Quando um aluno responde determinado problema de forma incorreta, o professor

deve incentivá-lo a descobrir onde ele errou e em continuar trabalhando com o problema até

que chegue à resposta correta, oferecendo-lhe apoio e orientação sempre que necessário.

k) Princípio 11 – Entusiasmo

Altos níveis de motivação e entusiasmo são necessários para uma aprendizagem eficaz

de Matemática.

É importante nesse princípio manter o interesse e motivação dos alunos que

começaram interessados em Matemática, para que estes não ―se desliguem‖ durante o

processo.

Gerar entusiasmo é outra habilidade para o professor dominar. Ela envolve fornecer

mais imediatamente um feedback ao aluno sobre o curso, de forma mais eficiente e eficaz

possível, evitando desperdício de recursos.

l) Princípio 12 – Avaliação

Entender a avaliação como parte inerente ao processo de aprendizagem da Matemática

e não apenas como forma de atender à legislação e fornecer nota a um aluno.

Neste quesito é importante distinguir entre avaliação formativa (aprendizagem em

andamento) e somativa (certificação da conclusão de uma etapa), além de confrontar a

avaliação com os objetivos de aprendizagem estabelecidos.

Por fim, neste princípio, é necessário verificar se houve a construção de uma compreensão da

Matemática, a criação ativa de significados, a disponibilidade de tecnologias para ajudar na

avaliação e a conexão dos novos conhecimentos com o conhecimento prévio.

Complementando os 12 princípios de Guimarães (2014), vale citar Martinho e Ponte

(2015), que apontam aspectos que vão ao encontro dessas orientações, ressaltando que a

aprendizagem matemática envolve sempre a construção progressiva de um quadro de

significados através do qual o aluno evolui na sua apropriação pessoal do conhecimento

matemático. O significado matemático forma-se através do estabelecimento de conexões entre

a nova ideia e os conhecimentos prévios do sujeito.

Esses autores sublinham que a negociação de significados tende a diminuir com o

aumento do controle exercido pelo professor sobre a dinâmica da aula. A construção de

significados evolui por aproximações sucessivas, sendo a partilha apenas possível a partir do

momento em que estes se tornam públicos ou visíveis.

95

Para Ponte (1998), em uma sala de aula não se pode limitar à exposição de matéria ou

à resolução de exercícios, o professor tende a assumir um papel de coordenador e não de

controlador.

Para produzir uma dinâmica significativa em sala de aula, o professor não deve

somente reproduzir um ambiente agradável, introduzir novas tarefas ou incentivar a

participação dos alunos. Como se viu em Guimarães (2014), Stein (2001) também reforça que

é necessário que o professor estimule o interesse dos alunos a fim de enriquecer as interações

estabelecidas.

Por fim, segundo Libâneo (1990), a didática deve estabelecer vínculos entre o ensino e

a aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos.

Wallon (1971, p. 255) afirma que: ―a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os

indivíduos‖, é fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são

constitutivos da atividade emocional.

4.4.6 Considerações finais

Este Guia não é uma receita nem se pretende que seja conclusivo, seria muita

pretensão. O processo de ensino-aprendizagem da Matemática no ensino superior não é

uniforme, existem alunos com diferentes personalidades, diferentes bagagens culturais e

escolares e demandas diferentes.

Vale ressaltar que o conteúdo deste Guia são apenas pontos para reflexão e que cada

docente deve procurar escutar a demanda de seus alunos, não apenas pelo que dizem, mas

pelo que revelam em suas atitudes dentro da sala de aula.

É importante que os professores busquem eles próprios avaliarem suas aulas, sabendo

que nem sempre serão perfeitos. Nesse caso, o importante é estarem interessados em

acertarem ao máximo possível, querendo compreender os processos do ensino aprendizagem,

as dificuldades e as barreiras cotidianas que uma aula de Matemática pode apresentar.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. A Vaca Sagrada da Educação Brasileira. Adaptado. In: Jornal Virtual

Gestão Educacional, Ano 2, n. 105, 24 mar. 2009.

BEHRENS, Marilda Aparecida. A formação continuada dos professores e a prática

pedagógica. Curitiba: Champagnat, 1996.

96

BOYER, Carl B.; GOMIDE, Elza F. (Trad.). História da matemática. 2. ed. São Paulo:

Edgard Blücher, 1996.

GUIMARÃES, Angelo de Moura. Graduado em Matemática, Bacharelado/Licenciatura pela

Universidade Federal de Minas Gerais (1975) e Mestre em Ciência da Computação pela

Universidade Federal de Minas Gerais (1983). Professor aposentado do curso de Ciência da

Computação da Universidade Federal de Minas Gerais. Entrevista realizada em fevereiro de

2014.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

MARTINHO, Maria Helena, PONTE, João Pedro da. A comunicação na sala de aula da

Matemática: um campo de desenvolvimento profissional do professor. Disponível em:

http://www.esev.ipv.pt/mat1ciclo/Comunicacao/Martinho-Ponte_05%20CIBEM_.pdf, Acesso

em 20 jan. 2015.

PONTE, J. P. Da formação ao desenvolvimento profissional. Atas do ProfMat98, Lisboa:

APM, 1998. p. 27-44.

STEIN, M. K. Mathematical argumentation: Putting umph into classroom discussions.

Mathematics Teaching in the Middle School, v. 7, n. 2, p. 110-112, 2001.

VASCONCELOS, Maria Lúcia M. C. A formação do professor de terceiro grau. São

Paulo: Pioneira, 1996.

WALLON, Henri. As origens do caráter na criança. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,

1971.

BIBLIOGRAFIAS COMPLEMENTARES

Seguem sugestões de bibliografias importantes para auxiliarem no desenvolvimento de

boas práticas pedagógicas de Matemática no ensino superior.

CARBONELL, Jaume. A aventura de inovar. A mudança na escola. Porto Alegre: Artmed,

2002 Coleção Inovação pedagógica.

LIMA, E. Lages. Meu professor de matemática e outras histórias. 4. ed. São Paulo:

Sociedade Brasileira de Matemática, 2004. Coleção do Professor de Matemática.

PACHECO, José. Escola da Ponte – Formação e Transformação em Educação. São

Paulo: Vozes Editora, 2008.

SITES RECOMENDADOS

Recomendam-se os seguintes sites e vídeos disponíveis e gratuitos na internet para

expandir a Matemática e reforçar a aprendizagem do aluno:

97

Wolfram alpha, disponível em: http://www.wolframalpha.com/

Kahn academy, disponíveis em: https://pt.khanacademy.org/.

98

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente, o foco desta investigação eram as práticas docentes de professores de

Matemática na educação de nível superior, bem qualificadas pelas avaliações institucionais,

objetivando analisar os parâmetros, critérios e justificativas que são utilizados pelos discentes

para avaliá-las. Porém, expor-se o projeto para a Banca de qualificação, percebeu-se que o

foco poderia ser mudado. Dessa forma, o tema continuou a ser as práticas docentes de

professores de Matemática no ensino superior, porém com ênfase naquelas bem qualificadas

pelos alunos, identificando os aspectos mais preponderantes para uma boa avaliação, segundo

a ótica dos próprios alunos.

Na elaboração do projeto de qualificação, procurava-se entender a abordagem da

Matemática como ciência do raciocínio lógico e abstrato, porém a Banca, durante o exame de

qualificação, também apontou uma nova perspectiva e, durante a revisão bibliográfica sobre o

assunto, percebeu-se a importância de se abordar a Matemática como filosofia, pois esta

contempla uma análise crítica e reflexiva, compreendendo assim a realidade onde se está

inserido.

A pesquisa apresentou como fonte de investigação as práticas docentes de Matemática

no ensino superior, tendo em vista coletar, nos quesitos indicados pelos discentes,

informações destes as quais corroboram para construção de uma boa prática pedagógica.

A análise dos questionários e das entrevistas foi primordial para entender a demanda

dos alunos em relação à docência da Matemática. Essa etapa da pesquisa permitiu levantar

informações inerentes à visão dos discentes de cada curso pesquisado e compará-las de forma

geral, compreendendo as demandas dos alunos de diferentes cursos e até mesmo comparando

o quanto determinado curso utiliza a Matemática dentro de sua matriz curricular.

Ainda no que se refere à pesquisa de campo, um fato que causou surpresa foi que a

maioria dos alunos entrevistados respondeu que gosta da Matemática, apesar de responderem

também, em sua maioria, que possuem dificuldade na aprendizagem desta disciplina. Nessa

etapa do questionário esperava-se um índice altíssimo de rejeição, diante do histórico que a

Matemática representa na vida acadêmica do aluno, hipótese levantada pela experiência

profissional deste pesquisador. Constatou-se também que, mesmo os alunos dos dias de hoje,

apesar de serem bastante adeptos ao uso de tecnologias, estes deram mais importância a uma

aula de Matemática, ao domínio do conteúdo e ao relacionamento entre professor-aluno.

Esta pesquisa do mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

permitiu ao autor deste estudo aprofundar-se no aperfeiçoamento de sua prática profissional,

99

docente de Matemática, Cálculo e Estatística em diversos cursos de uma instituição de ensino

superior. Este estudo foi determinante para a elaboração de um produto técnico denominado

―Guia para reflexão sobre boas práticas docentes da Matemática no ensino superior‖. Esse

guia visa ao desenvolvimento profissional deste pesquisador e poderá servir também como

instrumento de reflexão para diversos professores da área, ajudando a conjeturar sobre sua

prática pedagógica, entender os princípios do ensino superior e conhecer as principais

demandas dos alunos. Esse guia poderá também fazer refletir sobre os processos de formação

de professores e os cursos de licenciatura, questionando se estes estão preocupados com a

formação de professores intermediadores ou somente transmissores do conhecimento.

Diante de tudo que foi constatado nesta pesquisa, pode-se perguntar qual seria a real

importância desses dados e se estes são suficientes para esgotar a pesquisa sobre essa

temática. Seria relevante ampliar essa pesquisa envolvendo outras instituições de ensino

superior, além daquela aqui pesquisada, e compreender a relevância em se fazer uma

segmentação mais profunda e específica do estudo dessa temática por curso, investigando

mais a fundo os quesitos pesquisados. Pode-se constatar que esta pesquisa representa um

começo promissor, mas, como mencionado, ainda se tem muito a ser aprofundado.

100

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Cotidiano escolar e práticas sócio pedagógicas.

Em Aberto, Brasília, [s.n.], v.11, n. 53, p. 29-38, jan./mar. 1992.

ANTUNES, Celso. A Vaca Sagrada da Educação Brasileira. Jornal Virtual Gestão

Educacional, Ano 2, n. 105, 24 mar. 2009.

AZANHA, José Mário Pires. Uma reflexão sobre a formação do professor da escola básica.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.2, p. 369-378, maio/ago. 2004.

BARCELAR, Betânia Maria Filha (et al.). Metodologia para elaboração de cartilhas em

projetos de educação ambiental em micro e pequenas empresas. Disponível em:

<http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0514-1.pdf >. Acesso em: 5 jan.

2015.

BEHLAU, M.; DRAGONE, M. L.; NAGANO, L. A Voz que Ensina: O Professor e a

Comunicação Oral em Sala de Aula. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

BEHRENS, Marilda Aparecida. A formação continuada dos professores e a prática

pedagógica. Curitiba: Champagnat, 1996.

BEHRENS, Marilda Aparecida. A formação Pedagógica e os desafios do mundo moderno. In:

MASSETTO, Marcos. (Org.). Docência na Universidade. 4 ed. Campinas, São Paulo:

Papirus, 2002.

BICUDO, Maria Aparecida Viggani. Filosofia da Educação Matemática. Por quê?

BOLEMA, Ano 22, n. 32, p. 229-240, 2009.

BORBA, Marcelo de Carvalho; SKOVSMOSE, Olé. A ideologia da certeza em Educação

Matemática. In: Educação Matemática Crítica: a questão da democracia. Campinas:

Papirus, 2001.

BOTH, I. A questão da avaliação institucional. Ponta Grossa: UEPG, 1992.

BOYER, Carl B.; GOMIDE, Elza F. (Trad.). História da matemática. 2. ed. São Paulo:

Edgard Blücher, 1996.

BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro

de 1996. Brasília. 31 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso

em: 17 mar. 2014.

BRASIL Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. 5 p. Brasília. Disponível em:

http://portal.inep.gov.br/superior-condicoesdeensino-legislacao_normas. Acesso 5 mar. 2014.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1999.

CARBONELL, Jaume. A aventura de inovar. A mudança na escola. Porto Alegre: Artmed,

2002 (Coleção Inovação pedagógica).

101

CARRAHER, T. N.; CARRAHER, D. W.; SCHLIEMANN, A. D. Mathematics in the Street

and in Schools. British Journal of Development al Psychology, v. 3, n. 1, p. 21-22, 1985.

CHAMIE, L. M. S. A relação aluno-Matemática: alguns dos seus significados. Dissertação

de Mestrado, UNESP - Rio Claro, 1990.

COELHO, Rafael Otto. O que leva o aluno a gostar (ou não) da aula de Física? Disponível

em:

<http://www.cefetrs.tche.br/~coelho/artigo_espec.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2015.

CUNHA, Maria Isabel da. A relação professor-aluno. In: VEIGA, I. P. de A. (Org.).

Repensando a didática. Campinas, SP: Papirus, 1996, p. 145-158.

CUNHA, Maria Isabel da. Docência na universidade, cultura e avaliação institucional: saberes

silenciados em questão. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, ago. 2006 . Disponível

em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

24782006000200005&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 24 ago. 2014

CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas, SP: Papirus,

1997. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

D’AMBRÓSIO, B. S. Formação de professores de Matemática para o século XXI: o grande

desafio. Pró-Posições, Campinas, v. 4, n. 1, p. 35-41, 1993.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Da realidade à ação: reflexões sobre a educação matemática.

Campinas: Ed. da Universidade Estadual de Campinas, 1986.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 16. ed. Campinas:

Papirus, 1996. 121 p.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: Elo entre as tradições e a modernidade. Belo

Horizonte: Autêntica, 2001.

DANTE, L. R. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. 6. ed. São Paulo:

Ática, 1999.

DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. Vol. 1. Asão Paulo: Editora

Ática, 2007.

DAVID, M. M. M. S. As possibilidades de inovação no ensino-aprendizagem da

Matemática elementar. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1999.

DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Nova Cultura, 2000. (Coleção Os

Pensadores).

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação quantitativa, avaliação qualitativa: interações e ênfases.

Psicologia da Educação. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados. São Paulo, n. 2,

jun., 1996.

102

FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em educação matemática

percursos teóricos e metodológicos. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2007. 247 p.

FONSECA, Selva Guimarães. Ser professor no Brasil: História oral da vida. 3. ed.

Campinas, SP. Papirus. 2006.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 93 p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 2002.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas,2008.

GUILHERME, Marisa. A ansiedade matemática como um dos fatores geradores de

problemas de aprendizagem em Matemática. Dissertação de Mestrado. Universidade

Estadual de Campinas, 1983.

GUSMÃO, Bianca B. de. Dificuldade de aprendizagem: um olhar crítico. Pará: UAM,

2001.

IMENES, Luiz M.; LELLIS, Marcelo C. Manual Pedagógico. In: Matemátic. Imenes e

Lellis: Livro do Professor. São Paulo: Scipione, 1997. p. 6-9.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA. Censo da educação superior: 2011 – resumo técnico. – Brasília. 114 p. 2013.

Disponível em:

http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/resumo_tecnico/resumo_tecni

co_censo_educacao_superior_2011.pdf. Acesso em 12 mar. 2014

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA. SAEB 2001: novas perspectivas. Brasília: O Instituto, 2001. 106 p. Disponível

em <http://download.inep.gov.br/download/saeb/2001/Miolo_Novas_Perspectivas2001.pdf

acesso em: jul./14.

JAPIASSU, Hilton; SOUZA FILHO, Danilo Marcondes de. Dicionário básico de filosofia.

3. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001. 309 p.

LEIVAS, José Carlos Pinto; CURY, Helena Noronha. Transposição didática: exemplos em

educação matemática. Educação Matemática em Revista, v. 1, n. 10, p. 65-74, 2009.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da globalização. Pedagogia

em Foco, Rio de Janeiro, 2001. Disponível em:

<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/prof04.htm>. Acesso em: 30 set. 2014.

MARTINHO, Maria Helena, PONTE, João Pedro da. A comunicação na sala de aula da

Matemática: Um campo de desenvolvimento profissional do professor. http://www.esev.ipv.pt/mat1ciclo/Comunicacao/Martinho-Ponte_05%20CIBEM_.pdf, Acesso

em 5 jan. 2015.

103

MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. O ensino e as propostas pedagógicas. In: BICUDO,

Maria Aparecida Viggiani. Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas.

São Paulo: Editora UNESP, 1999.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 9. ed. São Paulo:

Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2004.

PACHECO, José. Escola da Ponte – Formação e Transformação em Educação. São

Paulo: Vozes Editora, 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento da Educação Básica. Diretrizes

Curriculares para Educação Básica: Matemática. Curitiba: SEED-PR, 2008.

PINTO, D. P.; OLIVEIRA, V. F. Educação em engenharia como área do conhecimento. In:

Educação em engenharia: evolução, bases, formação. Juiz de Fora: ED. FÓRUM

MINEIRO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2010. p. 91-106.

POLYA, George. Mathematical learning and understanding, learning and teaching

problem solving. New York: John Wiley, 1981.

PONTE, João Pedro. A investigação sobre o professor de Matemática: problemas e

perspectivas. Disponível em: <

http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/curso_rio_claro.htm>. Acesso em: 20 jan. 2015.

PONTE, J P. Da formação ao desenvolvimento profissional. In: Atas do ProfMat98. Lisboa:

APM, 1998. p. 27-44.

PORTAL MATEMÁTICO. Matemática e as profissões. Disponível em:

http://www.somatematica.com.br/mundo/profissoes.php. Acesso em 15 fev. 2015.

REIS, Leonardo Rodrigues dos. Rejeição à Matemática: causas e formas de intervenção.

Disponível em: http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/12005/LeonardoRodriguesdosReis.pdf.

Acesso em 18 fev. 2015.

ROMANOWSKI, Joana Paulin. Formação e profissionalização docente. 3. ed. Curitiba:

Ibpex, 2008. 196 p.

ROSA, M.; OREY, D. C. Vinho e queijo: Etnomatemática e modelagem. Bolema, v. 20, n.

16, p. 1-16, 2003.

SILVA, Jairo José da. Filosofias da Matemática. São Paulo: UNESP. 2007. 239 p.

STEIN, M. K. Mathematical argumentation: Putting umph into classroom discussions.

Mathematics Teaching in the Middle School, v. 7, n. 2, p. 110-112, 2001.

VASCONCELOS, Cláudia Cristina. Ensino-aprendizagem da matemática: velhos

problemas, novos desafios. Revista Millenium, nº 20. São Paulo, 2009.

104

VASCONCELOS, Maria Lúcia M. C. A formação do professor de terceiro grau. São

Paulo: Pioneira, 1996.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas.

Campinas: Papirus, 2008. 177 p.

WALLON, Henri. As origens do caráter na criança. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,

1971.

105

APÊNDICES

APÊNDICE A

Questionário aplicado em uma instituição de nível superior, para alunos de diversos

cursos que possuem a Matemática em sua grade curricular

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestrando: André Felipe de Almeida Xavier

Orientadora: Drª Áurea Regina Guimarães Thomazi

Prática docente de Matemática no Ensino Superior

1) Em qual segmento de curso superior você está matriculado?

Engenharia Administração, Economia e Gestão

Direito Informática e Tecnologia

Saúde Ciências Sociais

Educação Outros

2) Considerando uma escala, classifique a importância da Matemática para seu

curso de graduação.

Selecione um valor no intervalo de 1, pouco importante, a 5, muito importante.

1 2 3 4 5

pouco importante muito importante

3) Considerando uma escala, qual será a importância dos conteúdos relacionados à

Matemática no seu curso superior para a sua formação profissional?

Selecione um valor no intervalo de 1, pouco importante, a 5, muito importante.

1 2 3 4 5

pouco importante muito importante

4) Você gosta da Matemática e suas disciplinas afins?

Sim Não

5) Qual fator é mais importante no professor de Matemática para o seu

aprendizado?

Relacionamento com os alunos Domínio do conteúdo

106

Uso de tecnologias Formação profissional (titulação)

6) Você julga importante que o professor de Matemática tenha vivência na área

profissional onde o mesmo está lecionando?

Sim Não

7) Qual a sua primeira reação em relação à Matemática?

Prazer Rejeição

Dificuldade Indiferença

8) Na sua opinião, uma boa prática pedagógica de um professor de Matemática,

pode mudar a opinião do aluno em relação à disciplina?

Sim Não

9) Qual o grau de responsabilidade do professor de Matemática no Ensino Superior

no sucesso profissional do aluno?

Selecione um valor no intervalo de 1, pouco importante, a 5, muito importante.

1 2 3 4 5

pouco muito

10) Você acha que consegue ter êxito acadêmico e profissional mesmo com um

professor que não apresente uma boa prática docente de Matemática?

Sim Não

11) Qual a sua opinião sobre o ensino da Matemática no seu curso superior?

insuficiente satisfatório bom

excelente

12) Considerando uma escala de importância, enumere os itens que se referem à

prática docente de um professor de Matemática. (Classifique utilizando 1 para o

item que você julgar mais importante e 5 para menos importante).

Didática Relacionamento Interpessoal

Uso de recursos tecnológicos Contextualização do conteúdo

Uso de processos inovadores

13) Enumere quais recursos o professor utiliza (utilizou) para ministrar suas aulas de

Matemática?

Livro didático. Listas de exercícios.

Slides. Materiais elaborados pelo professor.

14) Que pergunta a seu ver falta nessa lista?

15) Você sabe/foi informado pelo professor como utilizará a matemática dentro da

sua atividade profissional?

107

Sim Não

16) Você acredita que uma aula com um prévio planejamento será melhor

executada?

Sim Não

17) Quem é o maior responsável por um possível fracasso acadêmico do aluno?

Aluno Professor Instituição

108

APÊNDICE B

Entrevista aplicada aos discentes, selecionados de forma prévia e aleatória, depois de

responderem aos questionários

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestrando: André Felipe de Almeida Xavier

Orientadora: Drª Áurea Regina Guimarães Thomazi

Curso: ______________________________________________________________

Idade: ________________ Sexo: ____________________________________

Profissão: ___________________________________________________________

01) Você utiliza a Matemática no seu trabalho?

02) Você gosta da Matemática? Por quê?

03) O que você julga mais importante na prática docente de um professor de Matemática no

Ensino Superior?

04) O professor de Matemática exerce um papel de destaque na sua formação acadêmica

superior? Caso a resposta seja afirmativa, cite exemplos que possam contribuir para tal.

05) Quais elementos você julga preponderantes para que um professor de Matemática no

Ensino Superior tenha uma boa prática docente?

06) Em uma aula de Matemática, o que você considera mais importante para que você possa

aprender este conteúdo?

07) Quais características um professor precisa ter para você afirmar que ele é um bom

professor?

08) Qual diferencial um professor de Matemática no Ensino Superior deve ter em relação aos

professores das demais disciplinas?

09) Em quais situações você considera uma aula de Matemática chata?

10) Em quais situações você considera uma aula de Matemática difícil?

109

11) Qual forma de ensinar ou de agir na sala de aula faz você considerar que um professor

seja ruim?

12) Você considera que exista uma relação direta entre uma boa prática docente em

Matemática no Ensino Superior e o sucesso acadêmico e profissional do aluno? Por quê?

Poderia exemplificar?

13) Caso não tenha um bom professor de Matemática, você acredita que isso afetará sua

formação acadêmica? E na sua formação profissional? De que maneira isso afetaria?

14) Se você pudesse interferir na formação dos professores de Matemática o que você

gostaria de sugerir?

15) O que mais você gostaria de acrescentar/comentar sobre a qualidade ou competência

de professores de Matemática?

110

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA

PRÁTICA DOCENTE

Nome do Orientador: Áurea Regina Guimarães Thomazi

Nome do Pesquisador: André Felipe de Almeida Xavier

1. Natureza da pesquisa: o Sr (Sra) está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que

tem como finalidade identificar quais são os quesitos que contribuem para uma boa

avaliação da prática pedagógica de um professores de matemática no ensino superior, na

visão dos alunos. Desta forma, objetiva-se analisar os parâmetros, critérios e justificativas

considerados pelos alunos como importantes para essa avaliação. A pesquisa se

desenvolverá através da pesquisa de campo por meio da aplicação de questionários e,

posteriormente, entrevista.

2. Participantes da pesquisa: participarão desta pesquisa cerca de 450 alunos de diversos

cursos de graduação e de graduação tecnológica de uma instituição de ensino privado da

cidade de Belo Horizonte.

3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo o Sr (Sra) permitirá que o

pesquisador aplique um questionário e, futuramente, o (a) entreviste. O Sr (Sra) tem

liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em

qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para o Sr (Sra). Sempre que quiser

poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do pesquisador, do

projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

4. Sobre as entrevistas: serão realizadas aleatoriamente através da amostra de alunos que

responderam os questionários.

5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Pode

gerar alguma dúvida ou desconforto em relação à preservação dos dados coletas, além do

(a) pesquisado (a) se sentir constrangido (a) em responder alguma pergunta. Desta forma,

é importante lembrar que o anonimato será preservado. Além disso, os procedimentos

adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres

Humanos conforme Resolução no. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum

dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.

6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais. Somente o pesquisador e a orientadora terão conhecimento dos dados.

111

7. Forma de Acompanhamento e Assistência: a pesquisa não apresenta alguma forma de

acompanhamento ou assistência aos pesquisados.

8. Benefícios: ao participar desta pesquisa a sra (sr.) não terá nenhum benefício direto.

Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes sobre a docência da

Matemática no ensino superior, de forma que o conhecimento que será construído a partir

desta pesquisa possa nortear a prática pedagógica de professores dessa disciplina, onde o

pesquisador se compromete a divulgar os resultados obtidos.

9. Pagamento: o Sr (Sra) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa,

bem como nada será pago por sua participação.

Após esses esclarecimentos, solicitamos seu consentimento de forma livre para

participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste

termo de consentimento, e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos

neste estudo.

__________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________________

Nome do Participante da Pesquisa:

__________________________________

Assinatura do Pesquisador

___________________________________

Assinatura do Orientador

Pesquisador Principal: André Felipe de Almeida Xavier – 9861-2417

Pesquisador Orientador: Áurea Regina Guimarães Thomazi – 8896-7285

Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar – Belo Horizonte/MG

Telefone do Comitê: 3508-9110

112

APÊNDICE D

TERMO DE COMPROMISSO DE CUMPRIMENTO DA RESOLUÇÃO 466/2012

Nós, André Felipe de Almeida Xavier, RG. M-6.615.262 e Áurea Regina Guimarães

Thomazi, RG. MG-737.045, responsáveis pela pesquisa intitulada “MATEMÁTICA NO

ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE‖, declaramos que:

Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações que

serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;

Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão utilizados

para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;

O material e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a nossa

responsabilidade;

Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos e/ou em

encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a privacidade e os

direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo qualquer acordo restritivo à

divulgação;

Assumimos o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum

risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos sujeitos participantes, que não

tenha sido previsto no termo de consentimento.

O CEP do Centro Universitário UNA será comunicado da suspensão ou do encerramento

da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente ou na ocasião da interrupção

da pesquisa;

As normas da Resolução 466/2012 serão obedecidas em todas as fases da pesquisa.

Belo Horizonte, 24 de março de 2014

____________________________________

André Felipe de Almeida Xavier

CPF 049.648.226-21

___________________________________

Áurea Regina Guimarães Thomazi

CPF 270.110.466-15

16

ANEXO A

Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR: A AVALIAÇÃO DA PRÁTICA

DOCENTE

Pesquisador: André Felipe de Almeida Xavier

Área Temática:

Versão: 1

CAAE: 34770614.7.0000.5098

Instituição Proponente: Centro Universitário UNA

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 756.408

Data da Relatoria: 19/08/2014

Apresentação do Projeto:

Os professores de matemática no ensino fundamental e médio encontram dificuldades relacionadas ao alto nível de

reprovações dos alunos nessa disciplina e as críticas que, historicamente, o ensino desta tem recebido. No ensino

superior a situação não é diferente. Além da dificuldade clássica e histórica que os alunos possuem na Matemática, os

mesmos chegam para as faculdades e universidades com um déficit muito grande. Contudo, a prática pedagógica de

professores de matemática é normalmente bem avaliada em instituições de ensino superior. Diante do exposto, o

presente projeto de pesquisa estuda quais parâmetros, critérios e justificativas são considerados pelos alunos na

avaliação realizada para ponderar as práticas pedagógicas de professores de matemática na educação superior e o

impacto dessa prática docente de matemática no ensino superior na formação acadêmica e profissional do aluno.

O estudo será realizado de forma exploratória, com o intuito de proporcionar uma maior familiaridade com o problema

e de torná-lo mais explícito.

Os instrumentos que serão utilizados para determinar esta abordagem serão as entrevistas e os

questionários aplicados em uma instituição privada de ensino superior junto a alunos de diversos cursos de graduação

que, cursam a matemática e suas disciplinas afins como cálculo e estatística, como parte dos

113

112

componentes curriculares. Os cursos escolhidos para essa abordagem são: Engenharia, Arquitetura, Direito, Pedagogia,

Ciências Contábeis, Administração, Sistemas de Informação e alguns cursos de graduação tecnológica.

Por fim, pretende-se analisar os dados coletados de forma quali-quantitativa.

O critério utilizado para a escolha dessa instituição é por ela ter sido eleita pela 2ª vez o melhor Centro

Universitário privado de Minas Gerais e pelo 3º ano consecutivo foi apontada como o melhor Centro Universitário

privado de Belo Horizonte(MEC).

Objetivos da Pesquisa

Objetivo Primário: O objetivo geral dessa pesquisa é analisar os parâmetros, critérios e justificativas que são utilizados pelos discentes para avaliar as práticas pedagógicas de professores de matemática na educação superior. Objetivos Secundários: • Discutir o que a literatura pedagógica especializada aborda sobre práticas docentes na educação superior, em especial sobre a prática de professores de matemática; • • Identificar os critérios estabelecidos pelas instituições e pelos discentes avaliarem seus professores; • Verificar quais são os critérios que mais contribuem para uma boa avaliação; • • Verificar os aspectos comuns e diferentes nas características das práticas docentes bem avaliadas, do ponto de vista de discentes de diferentes cursos.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Os pesquisadores afirmam que a presente proposta de pesquisa não apresenta riscos, uma vez que não haverá exposição das partes pesquisadas. Contudo, no TCLE ressaltam que será assegurado o anonimato dos sujeitos de pesquisa e que os procedimentos adotados não oferecem riscos à sua dignidade. Quanto aos benefícios espera-se identificar quais fatores são mais preponderantes para uma boa avaliação docente de matemática na educação superior, na ótica dos alunos.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

O projeto possui justificativa e relevância. O referencial teórico foi apresentado. Não há dúvidas quanto a pertinência e valor científico do estudo proposto. A metodologia parece ser adequada aos objetivos perseguidos. O modelo de questionário e roteiro de entrevista também se encontra anexado, o que permite a análise de seu conteúdo e a verificação dos aspectos éticos. Observa-se ainda que o projeto apresenta orçamento financiado pelos pesquisadores. Quanto aos aspectos éticos, o projeto evidencia a necessidade do Termo de Livre Consentimento e este se encontra anexado. Neste termo há a informação aos usuários de que serão atendidos os princípios da Resolução 496/12. O TCLE atende ao disposto na legislação sendo conciso e objetivo; com

114

113

linguagem adequada ao nível sociocultural dos sujeitos de pesquisa; descrição suficiente dos procedimentos, riscos e benefícios. Registra-se a presença do termo de compromisso exigido do pesquisador. Quanto ao cronograma, prevê o início da coleta de dados para agosto. Contudo, o projeto anexado na íntegra a plataforma informa que a coleta de dados só será iniciada apenas após a aprovação do comitê de ética.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

O projeto apresenta documentação prevista na Resolução 466/12. - O TCLE - Termo de compromisso do pesquisador - modelo de questionário, roteiro de entrevistas - Cronograma físico e financeiro

Recomendações:

Recomendo que o pesquisador siga o protocolo de pesquisa proposto.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Ver recomendações acima.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Considerações Finais a critério do CEP:

BELO HORIZONTE, 19 de Agosto de 2014

Assinado por:

Helen Lima Del Puerto (Coordenador)

115

114

ANEXO B

Termo de Compromisso para pesquisa de acordo com a ResoluçãoCNS46612 e suas

complementares

116