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A MATEMÁTICA FINANCEIRA E SUAS CONTRIBUIÇÕES: UMA PROPOSTA DE

APRENDIZAGEM PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Marcelo Bazanella1

Profª. Renata Camacho Bezerra 2

RESUMO: O presente artigo intitulado “A Matemática Financeira e Suas Contribuições: Uma Proposta de Aprendizagem para alunos do Ensino Médio” apresenta os resultados obtidos com a intervenção pedagógica desenvolvida no Colégio Estadual do Campo São Roque, Ensino Fundamental e Médio, no Distrito de São Roque, do município de Santa Helena/PR. O trabalho teve como objetivo central, desenvolver nos estudantes a criatividade e a capacidade para relacionar os conteúdos de Matemática Financeira na solução de problemas do cotidiano. O projeto buscou responder o seguinte questionamento: Como a Educação Financeira pode auxiliar os estudantes do Ensino Médio na resolução de situações problemas do seu cotidiano? Esse artigo apresenta todo o processo de implementação do projeto, seus pontos positivos e negativos que foram enfrentados na intervenção pedagógica, bem como, a fundamentação teórica, as contribuições dos professores do GTR e as considerações finais. A pesquisa apontou que o projeto desenvolvido promoveu atitudes positivas em relação à matemática financeira, possibilitando ao estudante a autonomia e confiança quanto às capacidades matemáticas e perseverança na resolução de problemas e na organização de suas finanças individuais e familiares, através de planejamento orçamentário. Consolidando assim o conhecimento de como investir e aplicar em investimentos de forma consciente, em prol da melhoria da sua qualidade de vida e dos seus familiares e condições de aplicarem seus conhecimentos matemáticos financeiros nas atividades cotidianas.

Palavras Chaves: Educação Financeira; Resolução de Problema; Finanças.

1. INTRODUÇÃO

A matemática é fruto da construção humana, seus conceitos surgiram a partir

das necessidades que os homens sentiram de resolver situações problemas do seu

dia a dia. Tais situações problemas, na maioria das vezes, estavam ligadas a

diferentes áreas e as pessoas nem sempre percebiam que estavam usando

conceitos matemáticos diante de uma situação real, mas a Matemática estava e está

presente em praticamente todos os momentos da nossa vida.

1 Licenciado em Matemática, Professor de Matemática do Ensino Público do Estado do Paraná,

Cursista do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2016 e 2017, no Colégio Estadual do Campo São Roque, Ensino Fundamental e Médio, no Distrito de São Roque do município de Santa Helena/PR – e-mail: [email protected]. 2 Doutora em Educação, Mestre em Educação Matemática, Professora do Curso de Licenciatura em

Matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Foz do Iguaçu e orientadora do PDE – e-mail: [email protected].

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Este artigo tem como objetivo apresentar os avanços alcançados a partir da

intervenção pedagógica realizada em sala de aula, que permitiu aos estudantes o

contato com situações do seu cotidiano envolvendo porcentagem e taxas de juros,

tornando a aprendizagem significativa, com a construção do conhecimento relevante

à sua vida.

O professor nesse processo foi um agente de transformação, através de

diferentes práticas metodológicas, oportunizando aos estudantes o desenvolvimento

das capacidades cognitivas.

Por meio da Matemática Financeira, os estudantes desenvolveram

habilidades para administrar seus ganhos, despesas e lucros, evitando prejuízos,

pois, a matemática financeira é responsável pelo estudo dos juros, financiamentos,

aplicações financeiras, entre outras situações relacionadas ao mercado financeiro,

ou seja, conceitua custo empresarial, mas é preciso sensibilizar o cidadão desde

criança à ideia de minimizar custos e maximizar os ganhos, seja em uma aquisição

ou venda de bens, e isso é possível ser trabalhado desde cedo no contexto escolar

e na disciplina de Matemática.

Diante disso, o estudo da Matemática Financeira passa a ser essencial na

vida de todos os cidadãos, para que esses sejam realmente capazes de gerir suas

finanças, através do conhecimento matemático.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Educação Matemática no Ensino Médio

As Diretrizes Curriculares de Matemática para o Ensino Médio abordam

considerações teóricas metodológicas essenciais, para a Educação Matemática.

Sendo que as mesmas salientam que,

É importante que o aluno do Ensino Médio compreenda a Matemática Financeira aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se ao trato com dívidas, com crediários, à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras (PARANÁ, 2008, p.61).

Assim é fundamental a apropriação por parte dos estudantes do

conhecimento matemático de forma que se “[...] compreenda os conceitos e

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princípios matemáticos, raciocine claramente e comunique idéias matemáticas,

reconheça suas aplicações e aborde problemas matemáticos com segurança”

(LORENZATO, VILA, 1993, p.41).

Conforme Andrini e Vasconcelos (2004), uma maneira eficaz no ensino da

Matemática Financeira é promover atividades e trabalhar com conteúdos que levem

os alunos do Ensino Médio, a perceber que a disciplina não trata apenas de um

apanhado de fórmulas para o cálculo de juros, mas sim uma metodologia que

permite a tomada de decisão entre alternativas que envolvam investimento e

financiamento.

Ainda conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática

do Estado do Paraná – DCE’s, através,

[...] da Educação Matemática, almeja-se um ensino que propicie e possibilite aos indivíduos decisões, análises e conjecturas, apropriações de conceitos, formulações de ideias. Aprende-se matemática não somente pela beleza ou pela consciência de suas teorias, mas, para que, a partir dela, o homem amplie seu conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. (PARANÁ, 2008, p. 48).

Voltada a essa concepção podemos salientar que, “[...] os conteúdos

clássicos da Matemática e da Matemática Financeira são instrumentos para um

processo mais amplo: a Educação Financeira” (SANTOS, 2005, p. 139), por isso a

disciplina de Matemática no Ensino Médio, deve abordá-los com real significado, no

qual por meio dos conteúdos envolvendo a Educação Financeira será possível,

capacitar o aluno “para entender o mundo em que vive, tornando-o mais crítico ao

assistir a um noticiário, ao ingressar no mundo do trabalho, ao consumir, ao cobrar

seus direitos e analisar seus deveres” (ALMEIDA, 2004, p. 5). Sobre isso ainda vale

citar que "[...] não é possível preparar alunos capazes de solucionar problemas

ensinando conceitos matemáticos desvinculados da realidade, ou que se mostrem

sem significado para eles, esperando que saibam como utilizá-los no futuro"

(BIAGGI, 2000, p. 15). É preciso promover no aluno a capacidade de solucionar

problemas de seu cotidiano.

O trabalho envolvendo a Educação Financeira na disciplina de Matemática no

Ensino Médio deve ser capaz de,

[...] esclarecer o jovem colocando-o a par de alguns aspectos do sistema, levando-o a entender que comprar e vender, acessar serviços bancários e poupar são atos comuns da vida social, mas escondem procedimentos

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que sugam recursos, muitas vezes eliminando possibilidades futuras de equilíbrio financeiro (SANTOS, 2005, p. 138).

Assim, trabalhar com metodologias diferenciadas para o ensino da

Matemática Financeira é importante para a formação financeira e para a formação

matemática desses alunos.

Além disso, a Educação Financeira nessa faixa etária contribui e promove o

desenvolvimento de cidadãos mais comprometidos com a realidade social e

econômica.

2.2. Educação Financeira

Registros da antiguidade revelam que a Educação Financeira já tinha

importância entre os povos das primeiras civilizações. As sociedades antigas faziam

uso de conceitos e procedimentos da matemática financeira, nas cobranças de

impostos e de juros. Ainda não existia o sistema monetário, a moeda nesse período,

como é conhecida na atualidade, assim, as situações de negociações e

empréstimos eram realizadas através da troca de mercadorias como alimentos,

objetos e metais preciosos existentes no local.

Os conteúdos de Educação Financeira transpassam o contexto escolar, pois

fazem parte do cotidiano dos alunos e esses precisam saber lidar com as situações

do seu dia a dia. Dessa forma, segundo Carvalho (1999) citado por Resende (2013),

[...] a contribuição da matemática nas tarefas que lidam com o dinheiro não reside apenas em apoiar as ações do cálculo correto, no que se refere às especificações de determinadas somas ou casos como troco ou pagamento de um total no caixa. Diversos conceitos e procedimentos de matemática são acionados para entendermos nossos holerites (contracheques), calcular ou avaliar aumentos e descontos nos salários, aluguéis, mercadorias, transações financeiras, entre outros (CARVALHO, 1999, p. 61, Apud, RESENDE, 2013, p.50).

As Diretrizes Curriculares Estaduais de Matemática (DCEs) do Paraná

abordam a Matemática Financeira, sendo por natureza parte da Matemática

aplicada:

[...] é aplicada em diversos ramos da atividade humana e influencia decisões de ordem pessoal e social, de modo que provoca mudanças de forma direta na vida das pessoas e da sociedade. Sua importância se reflete no cotidiano de quem lida com dívidas ou crediários, interpreta descontos, entender ajustes salariais, escolhe aplicações financeiras, entre outras (PARANÁ, 2008, p. 40).

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Sendo assim, os estudantes, mesmo não conhecendo como Matemática

Financeira, já a reconhecem em seu cotidiano, pois indiretamente estão inseridos

nos sistemas de crédito, seja pessoalmente ou através de seus familiares que estão

de alguma forma lidando com esse tipo de operações.

Ainda segundo as DCEs de Matemática, os estudantes do Ensino Médio

precisam compreender que a,

Matemática financeira é aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se o trato com dividas, com crediários à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras (PARANÁ, 2006, p.61).

A Educação Financeira no Ensino Médio é um excelente instrumento para

auxiliar no desenvolvimento de atitudes positivas dos estudantes para com a

matemática em si, pois ela oportuniza a utilização de uma metodologia de ensino

carregada de significados e significantes aos mesmos.

2.3. Resolução de Problemas

A resolução de problemas, entre as tendências metodológicas, para o ensino

da matemática trata-se de um elo, com todas as outras tendências da Educação

Matemática. As situações problemas possibilitam ideias novas, impulsionando os

diversos ramos da matemática, mesmo que estes não estejam diretamente

interligados.

A resolução de problemas é vista como uma “meta” e, após o terreno

preparado implica, no aluno, conseguir resolver problemas e assim para Diniz (2001)

é visto como,

Um processo e os enfoques são dados aos procedimentos ou passos para chegar à resposta, o ensino centra-se em ensinar a resolver problemas, o que, como consequência, resultaria em aprender matemática à resolução de problemas como habilidade básica deve ser entendida como uma competência mínima para que o indivíduo possa inserir-se no mundo do conhecimento e do trabalho. (DINIZ, 2001, p.88, Grifo nosso).

Faz-se necessário que as situações problemas sejam geradoras de desafios

e questionamentos, pois quando os estudantes são desafiados, suas emoções e

entusiasmos na busca de solucionar tal situação ou desafio são despertados,

portanto “[...] se o professor apresentar aos alunos problemas que desafiem a

curiosidade, certamente vai despertar o interesse dos mesmos para resolvê-los”

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(POLYA, 2008, p.27). Pois, quando a satisfação é gerada, devido à solução

encontrada pode ativar um talento natural para a matemática, que poderá ser um

instrumento profissional ou até mesmo a própria profissão.

Assim, as situações problemas precisam estar adequadas ao nível dos

estudantes, isto é, “[...] nem tão difíceis para que não desanimem frente às

dificuldades encontradas e nem tão fáceis para que não percam o interesse por

julgarem fáceis demais” (FERREIRA, 2014, p. 24). Assim, cabe ao professor a

percepção quanto ao grau de compreensão de seus estudantes frente aos

questionamentos por ele elencados.

Embora a resolução de problemas se trate de uma perspectiva

metodológica, há o intuito de ampliá-la para além de uma metodologia ou conjunto

de orientações didáticas, assim;

A Resolução de Problemas corresponde a um modo de organizar o ensino o qual envolve mais que aspectos puramente metodológicos, incluindo uma postura frente ao que é ensinar, e consequentemente, do que significa aprender [...] na Resolução de Problemas trata-se de situações que não possuem solução evidente e que exigem que o resolvedor combine seus conhecimentos e decida pela maneira de usá-los em busca da solução. (DINIZ, 2001, p. 89, Grifo nosso).

Ainda para o autor, esta perspectiva precisa transpassar as situações-

problemas convencionais apresentadas ao final de determinado conteúdo ou

atividade, na qual;

Os conteúdos são claros, com enunciados precisos; correspondem à aplicação dos algoritmos; e sua solução – muitas vezes, única – consiste em traduzir a linguagem do enunciado e aplicar algoritmos. A resolução dos problemas convencionais com frequência é mecânica e seguida de exemplos. (DINIZ, 2001, p. 94).

Outra questão que precisa ser considerada pelo professor, é o momento da

explicação de como se resolve um problema. É preciso deixar claro aos alunos que

essa não é tarefa fácil, pois podemos encarar um problema de diferentes maneiras.

Muitas vezes, o nosso entendimento do problema, quando lemos pela primeira vez é

parcial, só vai se completando na medida em que lemos mais atentamente e, dessa

forma, nos organizamos em busca da solução (POLYA, 2008).

Na resolução de um problema nem sempre podemos seguir regras, ou

simplesmente fazer o uso de algum algoritmo, pois, os problemas quando bem

formulados exigem muito mais que uma forma mecânica para ser resolvido e, cada

estudante pode encontrar uma estratégia ou caminho diferente para resolver a

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mesma situação-problema apresentada. Os problemas variam muito, mas de uma

maneira geral, existem etapas que podem ajudar na resolução. Essas etapas não

são rígidas nem infalíveis e podem variar quanto ao número (POLYA, 2006).

A tendência metodológica para resolução de problemas apresenta quatro

etapas que devem ser consideradas pelo professor, que são;

1ª Compreender o problema: quem vai resolver um problema, primeiramente precisa entender o que se pede, através de uma leitura atenta, ou até mais de uma, interpretando corretamente, para saber o que se pretende calcular. São partes importantes de um problema: a incógnita; os dados fornecidos pelo problema e a condição que deve ser satisfeita relacionando esses dados conforme as condições estabelecidas no enunciado; 2ª Elaboração de um plano: depois de interpretar o problema é preciso escolher uma estratégia de ação, que pode variar muito dependendo da natureza do problema. Pode se iniciar com o esboço de uma figura geométrica, com um gráfico, uma tabela ou um diagrama; fazer uso de uma fórmula; tentativa/erro sistemática, entre outras; 3ª Executar o plano: se o plano foi bem elaborado, não fica tão difícil resolver o problema, seguindo passo a passo o que foi planejado, efetuando todos os cálculos, executando todas as estratégias, podendo haver maneiras diferentes de resolver o mesmo problema. O importante é que o professor acompanhe todos os passos, questionando o aluno, podendo dar alguma ajuda, mas que o aluno se sinta o idealizador e realizador do plano; 4ª Retrospecto ou verificação: depois de encontrar a solução é hora de verificar se as condições do problema foram satisfeitas, se o resultado encontrado faz sentido. Pode-se questionar também sobre outras maneiras de resolver o mesmo problema, como também a resolução de outros problemas correlatos, usando a mesma estratégia (POLYA, 2008, p. 34).

Percebe-se que as etapas acima citadas são importantes, mas se o estudante

não realizar a primeira e com sucesso, as demais não poderão levar ao objetivo

final, que é a resolução e o entendimento da situação problema inicialmente

apresentada. Portanto, é essencial primeiramente que o professor, juntamente com

os estudantes, realize suas próprias leituras, para que consigam captar todas as

informações contidas no enunciado do problema, isto é, “[...] investigar tudo o que o

problema encerra, é mais que meio caminho andado para se chegar à solução.”

(POLYA, 2008, p. 37). E, cabe ainda ao professor de Matemática, além de

apresentar situações-problemas bem formuladas, possibilitar aos estudantes

condições e mecanismos necessários para a solução dos mesmos.

Assim, o professor poderá adequar os problemas, dependendo do nível de

compreensão dos seus estudantes, para que os mesmos possam fazer uma leitura

interpretativa. O professor deverá ainda, “[...] acompanhar e questionar o aluno, para

saber se houve entendimento, auxiliando-o, quando ele apresentar dificuldades”

(POLYA, 2008, p. 38).

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Primeiramente, o professor precisa diferenciar um problema de um exercício,

pois

“[...] o exercício serve apenas para treinar uma habilidade em praticar determinados processos algorítmicos, e o problema é descrito como uma situação, onde não se sabe de antemão por qual meio se chega à solução, não existindo nenhum algoritmo que possa previamente considerar como caminho” (DANTE, 2005, p.41).

Aprender a solucionar e resolver uma situação-problema é um dos aspectos

da matemática que proporciona ao aluno desenvolver a sua curiosidade, a reflexão,

a utilização dos conteúdos, por isso se deve sempre de forma gradativa, procurar

propor problemas com maior grau de dificuldade, que instigue o raciocínio dos

alunos. Desta forma, eles aprendem a resolver problemas mais complexos, mais

desafiadores.

Enfim, acredita-se que, quando os alunos têm a chance de terem um espaço

disponível para que discutam sobre a Resolução de Problemas, os pensamentos

matemáticos, vão se aprimorando, surgem elaboração de hipóteses, de estratégias,

de registros de como foram formuladas e quais os recursos que utilizaram para

resolver o problema.

Neste sentido, acreditamos que a Matemática Financeira quando vinculada à

atividades que envolvem o cotidiano dos estudantes, promove o desenvolvimento da

capacidade de resolver situações-problemas, leva à realização de cálculos mentais

de juros e porcentagens, à levantar hipóteses, à pesquisar conhecimentos teóricos e

práticos e elaborar soluções frente às situações vivenciadas.

Na sequência do texto, apresenta-se a metodologia utilizada na aplicação da

PDP e refletindo a respeito dos resultados obtidos no decorrer da intervenção

pedagógica.

3. METODOLOGIA

3.1. Ação Interventiva

As atividades da Produção Didático Pedagógica – PDP, foram desenvolvidas

no primeiro semestre de 2017, com um total de 26 alunos do 2º Ano do Ensino

Médio e, envolveram os conteúdos de juros e porcentagem na resolução de

situações-problemas. A PDP foi desenvolvida com uma carga horária de 32 aulas

com a duração de 50 minutos cada uma, na qual, devido à carga horária da

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disciplina de Matemática, foi possível conjugar duas aulas em cada encontro,

possibilitando um maior aprofundamento das atividades e retomada das mesmas

quando necessário.

As atividades se iniciaram com explanação para os mesmos da

implementação do projeto e da metodologia da PDP em forma de Unidade Didática.

3. 2. Análise e Discussão dos Resultados

Foi realizada com os alunos uma atividade de socialização, denominada

“Chuva de ideias: Educação Financeira”. A Chuva de ideias consistiu em uma

dinâmica, na qual os alunos, em uma caixa retiravam fichas com um assunto que

fosse voltado a temática da PDP, eles escolhiam uma palavra que resumisse o

assunto. A atividade auxiliou os alunos na aquisição de um vocabulário mais amplo

sobre o assunto proposto e estimulou o raciocínio rápido. Mas, no decorrer dos

questionamentos se percebeu que os alunos apresentavam pouca noção sobre a

matemática financeira e como essa está presente no cotidiano das pessoas, pois os

mesmos não conseguiram, sem interferência do professor, discutir conhecimentos

voltados ao tema da PDP e nem mesmo defender o seu ponto de vista.

A atividade seguinte, “Discutindo o Texto”, foi realizada em grupo, a mesma

consistia em uma proposta de estudo de fragmentos do texto “A história do dinheiro”,

texto este disponível no Portal da Matemática3 e fragmentos do texto “História da

Matemática Financeira”, disponível no site Brasil Escola4. Após ler e discutir com os

colegas, cada dupla realizou uma produção textual para aferição do entendimento

dos mesmos sobre o conteúdo abordado. Percebe-se que, após a atividade ampliou-

se o campo de visão dos alunos, pois os mesmos, em suas produções e em

conversa com o grande grupo, passaram a levantar questionamentos sobre o

assunto, demonstrando interesse e percebendo como desde o início da humanidade

a Matemática, a economia e o dinheiro fazem parte da vida do homem.

Na atividade envolvendo Folder, no qual a propaganda apresentava duas

opções de preço para aquisição de motos. A negociação poderia ser a vista ou a

prazo. A atividade possibilitava aos alunos a opção de escolher entre uma das

motos e qual forma de pagamento usaria para compra do produto escolhido. E em

3 Texto original disponível em< http://portalmatematico.com/moedas.shtml

4 Texto original disponível em< http://brasilescola.uol.com.br/matematica/matematica-financeira.htm

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conversa no grande grupo, cada aluno apresentou as argumentações em relação à

escolha realizada, quais critérios que utilizou para aquisição e qual a forma de

pagamento que escolheu para efetuar o pagamento.

Fonte: https://www.consorcionacionalhonda.com.br/

A proposta consistiu em levar os alunos a analisar e decidir qual seria a

melhor oferta para aquisição de uma das motos e qual a melhor forma de

pagamento que a empresa ofertava. Explorando, assim, no momento da realização

das operações matemáticas a noção que os mesmos tinham de juros e

porcentagem.

Nessa primeira etapa da PDP, com o objetivo de testar o conhecimento dos

alunos em relação à Matemática Financeira, houve uma boa aceitação de todas as

atividades propostas, mas os mesmos apresentaram muita dificuldade na tomada de

decisão em relação a qual proposta seria a mais vantajosa para efetuar a compra de

um determinado produto e o que precisariam levar em consideração durante o

processo de negociação.

Em relação aos diferentes momentos envolvendo atividades com situações-

problemas, com porcentagem e juros simples e composto, os alunos apresentaram

muita dificuldade em resolver as questões apresentadas na Unidade Didática. Nesse

momento, percebeu-se a necessidade de aprofundar o tema e, dessa forma,

trabalhou-se com mais atividades envolvendo os conteúdos. No decorrer da

aplicação da PDP, foram feitas várias retomadas de situações com uso de

porcentagem e juros simples e composto, com metodologias diferenciadas. E foi

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possível perceber que, em relação a esses conteúdos, precisaremos retomá-los no

decorrer do ano letivo.

Em relação ao jogo utilizado, “O Cashflow101”, trabalhado no laboratório de

informática da escola, no qual o jogador deverá ter rendimentos suficientes para

pagar suas contas, sem depender do salário, no início, os alunos apresentaram

muita dificuldade para compreender os comandos e as regras do jogo. Mas, no

decorrer da aplicação do mesmo, foram se familiarizando e passaram a gostar do

jogo. O objetivo de trabalhar com esse jogo, foi de levar os alunos a terem a

possibilidade de comprar o seu sonho ou fazer cinquenta vezes o valor do dinheiro

inicial, no término do jogo, de forma rápida. E, ganhando ou perdendo, os alunos

aprendem e desenvolvem a inteligência financeira e a importância do investimento

sábio, podendo aplicar o que aprendeu no jogo à vida real.

Mas a grande dificuldade em trabalhar com o jogo virtual é a precariedade do

laboratório de informática da escola, devido à falta de manutenção dos

equipamentos e atualização dos softwares e hardwares dos computadores.

O outro jogo trabalhado “Banco Imobiliário”, que teve como objetivo explorar

de forma lúdica a noção de compra, venda e empréstimos e, de estimular a

concentração e o raciocínio lógico dos alunos, através do monopólio do mercado

imobiliário, negociando suas propriedades e, tendo o cuidado de não irem à falência.

A aceitação em relação a esse jogo foi maior que o anterior, por ser um jogo que os

alunos já conheciam e pelo fato do mesmo ser jogado em duplas ou grupos,

promovendo uma maior interação entre os alunos.

Para aprofundar os conhecimentos dos alunos, foi promovida uma palestra

com o representante e gerente de Desenvolvimento de Negócios da Agencia

Bancária Sicredi, Eder Luiz Bley, o qual abordou a questão da importância da

matemática financeira na vida das pessoas e como é importante que as mesmas

adquiram o hábito de realizar um planejamento econômico pessoal e familiar,

passando a ter condições de equilibrar os gastos e as contas do mês. Outro ponto

abordado pelo palestrante foi sobre como efetuar compras à vista e a prazo

promovendo a iniciação no ramo financeiro.

Para finalizar, foi realizado um momento com os alunos, os quais relataram

que as atividades mais significativas do ponto de vista dos mesmos foram as que

envolveram os folders, pois as mesmas, segundo eles, possibilitaram criar

estratégias para realizar a melhor compra, visualizar a qualidade, preços dos

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produtos ofertados e qual empresa apresentava o melhor preço à vista e a melhor

proposta a prazo.

A atividade que não chamou a atenção dos alunos foi a “Chuva de ideias:

Educação Financeira”. Os mesmos não participaram com o mesmo interesse que

nas demais atividades propostas ao grupo, por mais que se buscasse envolver os

mesmos com questionamentos, os alunos não responderam à atividade com o

mesmo entusiasmo que nas demais.

Enfim, os resultados obtidos durante a implementação da proposta foram

considerados satisfatórios, pois no decorrer da aplicação das atividades, os alunos

das demais turmas do Ensino Médio buscaram informações, que os auxiliassem na

solução de situações-problemas envolvendo cálculos de juros e porcentagem para

utilizarem em situações financeiras do cotidiano, promovendo o planejamento, a

organização e o investimento correto de suas economias.

4. CONCLUSÃO

Tanto o projeto do PDE quanto a intervenção pedagógica desenvolvida nas

aulas de Matemática tinha como proposta apresentar aos alunos algo inovador que

viesse de encontro com as necessidades dos educandos nas suas práticas diárias,

nas resoluções de situações-problemas voltadas à matemática financeira, para se

tornarem aptos à solucionar questões do seu cotidiano e situações de risco para sua

economia.

Promover o conhecimento em Matemática Financeira auxiliou os estudantes,

em curto espaço de tempo, à relacionar a matemática ao cotidiano e, a longo prazo,

esperamos que os ajude na obtenção, sem acarretar prejuízo, no financiamento de

um apartamento, na aquisição de uma moto, considerando a manutenção, gasto,

depreciação, ao fazer um empréstimo, entre outros. A Educação Financeira é de

extrema importância nas tomadas de decisões ou em um investimento, pois esta,

quando bem aplicada, planejada e organizada traz uma lucratividade, tornando

possível o processo de maximização nos resultados.

O PDE foi um programa de grande relevância na minha formação enquanto

professor, no qual, durante o desenvolvimento, na aplicação do Projeto de

Intervenção e no GTR, foi possível ampliar meus conhecimentos a cerca da temática

e consequentemente oportunizar aos alunos metodologias diferenciadas envolvendo

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os conteúdos matemáticos, promovendo a construção de novos conhecimentos. E,

no decorrer da intervenção pedagógica, percebeu-se que as atividades promoveram

nos alunos a capacidade de resolver situações-problemas do seu cotidiano e que a

mesma é possível de ser aplicada, nas demais turmas do Ensino Médio, a partir de

algumas adequações.

A intervenção pedagógica promoveu nos alunos o interesse sobre os

aspectos que envolvem a Educação Financeira, como: planejamento orçamentário,

a sensibilização dos alunos com vistas à melhorar as responsabilidades financeiras

e promoção do conhecimento em investir, economizar, organizar e fazer um bom

planejamento financeiro.

Os objetivos foram alcançados, pois foi oportunizado aos estudantes o

contato com situações do seu dia a dia, envolvendo porcentagem e taxas de juros,

promovendo a construção do conhecimento relevante à sua vida. Pois os alunos

alcançaram um grau de conhecimento em matemática financeira, educando-os para

a vida futura e contribuindo na construção de uma aprendizagem significativa, na

qual os mesmos poderão planejar seus gastos e investimentos de forma consciente

e que gere satisfação pessoal.

Enquanto professor, acredito que este estudo foi pertinente, diante da

importância de estar trabalhando com metodologias diferenciadas envolvendo a

Educação Financeira, nas aulas de Matemática, frente às inúmeras transformações

que estamos vivenciando no setor econômico e diante da necessidade de promover

a formação matemática dos alunos do Ensino Médio.

Enfim, diante das observações feitas e de estudos realizados para elaboração

do projeto de intervenção do PDE, percebeu-se a necessidade de explorar mais os

conteúdos da Matemática Financeira junto aos estudantes. E, faz-se necessário que

seja trabalhado, nas aulas de matemática, a educação financeira de forma

contextualizada com o cotidiano, promovendo que a vivência do aluno ultrapasse os

muros da escola e chegue à sala de aula, fazendo a diferença no fazer pedagógico

do professor de Matemática.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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