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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOVE DE JULHO
MATERIAL DE APOIO PARA AS AULAS DE
SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE RH E GERENCIAIS
1º. SEMESTRE LETIVO DE 2008
Profª Alzira Jorri de Tomei
“Hoje levantei pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia terei hoje. Posso reclamar que está chovendo ou agradecer as águas por levarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter teto para morar. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saírem como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente, esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar a forma. Tudo depende de mim.”
Sir Charles Chaplin
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CAPÍTULO I
A psicologia (do grego Ψυχολογία; ψυχή (psique), "alma", e λογία (logos), "palavra",
"razão", "estudo") é a ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamentos,
razão) e o comportamento humano e animal (para fins de pesquisa e correlação, na área da
psicologia comparada) Neste ponto é necessário uma informação importantíssima: o corpo e
a mente não são separados, quando se fala que o estudo se dá pelo viés da mente e/ou pelo
viés do corpo, é necessário informar que essa é uma elaboração teórica, já que existem
estudos, com grande comprovação ao longo dos tempos, que mostram a influência de um sobre o outro. Para
estes fins, há vários métodos, como a observação, estudos de caso, estudos em neuropsicologia entre outros
estudos multidisciplinares. Outro objeto de estudo da psicologia são as personalidades inadaptáveis com
comportamentos desviantes, chamados de Psicopatologia. Como dito, a partir do pressuposto básico que
existe um monismo - e não um dualismo como Descartes apregoou - este ramo do conhecido tem seus
estudos voltados a esse axioma principal. Entre outras atuações que esta ciência permite ao profissional da
área, estão a explicação dos mecanismos envolvidos em determinados comportamentos, assim como preveni-los e modifica -los.
A psicologia é uma ciência considerada tanto das áreas sociais, ou humanas, como da área biomédica (por
exemplo, a neuropsicologia faz parte deste espectro), assim ela é estudada tanto em métodos quantitativos
como em métodos qualitativos. Estes métodos aplicam-se ao estudo dos processos psíquicos, geradores de
comportamentos e vice-versa. Os estudos clássicos em psicologia baseavam-se justamente nos
comportamentos, que eram diretamente observados, que faziam com que o psicólogo inferisse um processo
psíquico; porém, com os avanços das neurociências, na atualidade, também é possível, mesmo que
rudimentarmente, estudar os processos psíquicos na sua origem. A introspecção é outro método para chegar
aos processos conscientes. Existem vários outros métodos desenvolvidos, cada um para estudo de um ou mais processos mentais.
Cabe à psicologia estudar questões ligadas à personalidade, à aprendizagem, à motivação, à memória, à
inteligência, ao funcionamento do sistema nervoso, e também à Comunicação Interpessoal, ao
desenvolvimento, ao comportamento sexual, à agressividade, ao comportamento em grupo, aos processos
psicoterapêuticos, ao sono e ao sonho, ao prazer e à dor, além de todos os outros processos psíquicos e
comportamentais não citados.
PSICOLOGIA SOCIAL
Surgiu para estabelecer uma ponte entre a psicologia e a sociologia. O seu objeto de estudo é o
comportamento dos indivíduos quando estão em interação.
Ela também pode ser definida como o estudo do condicionamento que os processos mentais impõem à vida
social do homem, ao mesmo tempo que as diversas formas da convivência social influem na manifestação concreta dos mesmos.
Segundo Aroldo Rodrigues, psicólogo brasileiro, a psicologia social é o estudo das "manifestações
comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação".
A interação social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro social são os objetos investigados por
essa área da psicologia. Assim, vamos falar dos principais conceitos da psicologia social a partir do ponto de
vista do encontro social: a percepção social, a comunicação, as atitudes, as mudanças de atitudes, o
processo de socialização, os grupos sociais e os papéis sociais.
Histórico
Em 1895, o cientista social francês Gustave Le Bon (1841-1931) apresentou, em seu pioneiro trabalho sobre
a Psicologia das Multidões, a proposição básica para o entendimento de uma psicologia social: sejam quais
forem os indivíduos que compõem um grupo, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam seus modos de
vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo,
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coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir de maneira muito
diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se
encontrasse em estado de isolamento [9: p. 18]. Essa proposição e os argumentos de Le Bon para justificá-
la, serviu de parâmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo publicado por Sigmund Freud em 1921. A questão teórica de Le Bon, com quem Freud dialogou era "massa", não "grupo".
Um problema de tradução entre o alemão e o inglês fez com que surgisse o termo "grupo" em Freud, embora
não haja evidências de que o mesmo tenha se preocupado com esta questão. O grupo como objeto de
estudos ganhou densidade na psicologia social durante a segunda guerra mundial, com Kurt Lewin,
considerado por muitos autores como fundador da psicologia social.
A psicologia social brasileira, segundo Hiran Pinel (2005), foi marcada por dois psicólogos bastante
antagônicos: Aroldo Rodrigues (empirismo e que adotou uma abordagem mais de experimental-cognitiva,
por exemplo, de propagandas etc.) e, Silvia Lane (marxista e sócio-histórica). Lane fez seguidores famosos e
muito estudados na atualidade: Ana Bock e outros (mais ligados a Vigotski), como Bader Sawaia (que
descreve minuciosamente as artimanhas da exclusão e o quanto é falso e hipócrita a inclusão, encarada
como "maquiagem" que cala a voz do oprimido); Wanderley Codo (que estuda grupos minoritários,
sofrimentos e as questões de saúde dos professores e professoras); Maria Elizabeth Barros de Barros e Alex
Sandro C. Sant'Ana (que se associam as idéias de Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo
Ferraço (que se associa com Boaventura Santos e Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o existencialismo quanto o marxismo de Paulo Freire) etc.
O psicólogo bielo-russo Vigotski - um fervoroso marxista sem perder a qualidade de psicólogo e educador -
foi resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome Brunner nos Estados Unidos da América, país que
marcou - e marca - a psicologia brasileira. Em 1962 é publicado nos EUA, e após a saída dos militares do governo brasileiro, tornou-se inevitável sua publicação no Brasil.
Os psicólogos sociais sócio-históricos, produzem artigos criticando o Estado e o modo neo-liberal de produção
que tem um forte impacto na produção de subjetividades. As práticas são mais ativas e menos desenvolvidas
em consultórios, e a noção de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo como saudáveis as táticas e estratégias de enfrentamento da classe proletária.
Críticas à Psicologia Social
Hoje em dia, a teoria da psicologia social tem recebido inúmeras críticas. Apontamos agora as principais:
a) Baseia-se num método descritivo, ou seja, um método que se propõe a descrever aquilo que é observável,
fatual. É uma psicologia que organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros sociais.
b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra,
que precisava de conhecimentos e de instrumentos que possibilitassem a intervenção na realidade, de forma
a obter resultados imediatos, com a intenção de recuperar a nação, garantindo o aumento da produtividade
econômica. Não é para menos que os temas mais desenvolvidos foram a comunicação persuasiva, a
mudança de atitudes, a dinâmica grupal etc, voltados sempre para a procura de "fórmulas de ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao contexto social".
c) Parte de uma noção estreita do social. Este é considerado apenas como a relação entre pessoas – a
interação pessoal -, e não como um conjunto de produções humanas capazes de, ao mesmo tempo em que
vão construindo a realidade social, construir também o indivíduo. Esta concepção será a referência para a construção de uma nova psicologia social.
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Com uma posição mais crítica em relação à realidade social e à contribuição da ciência para a transformação
da sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia social, buscando a superação das limitações
apontadas anteriormente,
A psicologia social mantém-se aqui como uma área de conhecimento da psicologia, que procura aprofundar o conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico.
O que quer dizer isso?
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A subjetividade humana, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões, são construídas nas
relações sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos homens com a Natureza.
Assim, a psicologia social, como área de conhecimento, passa a estudar o psiquismo humano, objeto da
psicologia, buscando compreender como se dá a construção deste mundo interno a partir das relações sociais
vividas pelo homem. O mundo objetivo passa a ser visto, não como fator de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo.
Numa concepção como essa, o comportamento deixa de ser "o objeto de estudo", para ser uma das
expressões do mundo psíquico e fonte importante de dados para compreensão da subjetividade, pois ele se
encontra no nível do empírico e pode ser observado; no entanto, essa nova psicologia social pretende ir além do que é observável, ou seja, além do comportamento, buscando compreender o mundo invisível do homem.
Além disso, essa psicologia social abandona por completo a diferença entre comportamento em situação de
interação ou não interação. Aqui o homem é um ser social por natureza. Entende-se aqui cada indivíduo
aprende a ser um homem nas relações com os outros homens, quando se apropria da realidade criada pelas
gerações anteriores, apropriação essa que se dá pelo manuseio dos instrumentos e aprendizado da cultura humana.
O homem como ser social, como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. Estamos
sempre nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos iguais. Isso porque nosso mundo
interno se alimenta dos conteúdos que vêm do mundo externo e, como nossa relação com esse mundo
externo não cessa, estamos sempre como que fazendo a "digestão" desses alimentos e, portanto, sempre em movimento, em processo de transformação.
Ora, se estamos em permanente movimento, não podemos ter um conjunto teórico onde os conceitos
paralisam nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das atitudes, da percepção, dos papéis sociais e
acreditarmos que com isso compreendemos o homem, não estaremos percebendo que, ao desempenhar esse
papel, ao perceber o outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem estará em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso corpo teórico devem ser capazes de captar esse homem em movimento.
E, superando esse conceitual da antiga psicologia social, a nova irá propor, como conceitos básicos de
análise, a atividade, a consciência e a identidade, que são as propriedades ou características essenciais dos homens e expressam o movimento humano.
Psicologia Social • Estudo científico da Psicologia dos seres humanos nas suas relações com outros
indivíduos, quer sejam influenciados, quer ajam sobre eles; - pensamos e sentimos de determinada maneira
porque somos seres sociais; - o mundo em que vivemos é, em parte, produto da maneira como pensamos.
Objeto • A Psicologia Social é a ciência que procura compreender os ―como‖ e os ―porquê‖ do comportamento
social. Campo de Ação • Comportamento analisado em todos os contextos do processo de influência social: -
interação pessoa/pessoa; - interação pessoa/grupo; - interação grupo/grupo. Estuda as relações
interpessoais - comunicação; - influências; - conflitos; - autoridade; - etc. Investiga os fatores psicológicos
da vida social: - estatuto social; - liderança; - estereótipos; - etc. Analisa os fatores sociais da Psicologia
Humana - motivação; - atitudes; - opiniões; - preconceitos; - etc.
LANE, S. e SAWAIA, B. (Orgs.) Novas veredas em psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1995.
A ciência da Sociologia
Ainda que a Sociologia tenha emergido em grande parte da convicção de Comte de que ela eventualmente
suprimiria todas as outras áreas do conhecimento científico, hoje ela é mais uma entre as ciências.
Atualmente, ela estuda organizações humanas, instituições sociais e suas interações sociais, aplicando
mormente o método comparativo. Esta disciplina tem se concentrado particularmente em organizações
complexas de sociedades industriais.
Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais, as explicações da Sociologia não partem
simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando muito, na observação casual de alguns fatos.
Muitos dos teóricos que almejavam conferir à sociologia o estatuto de ciência, buscaram nas ciências naturais
as bases de sua metodologia já mais avançada, e as discussões epistemológicas mais desenvolvidas. Dessa
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forma foram empregados métodos estatísticos, a observação empírica, e um ceticismo metodológico a fim de
extirpar os elementos "incontroláveis" recorrentes numa ciência ainda muito nova e dada a grandes
elucubrações. Uma das primeiras e grandes preocupações para com a sociologia foi eliminar juízos de valor
feitos em seu nome. Diferentemente da ética, que visa discernir entre bem e mal, a ciência se presta à explicação e à compreensão dos fenômenos, sejam estes naturais ou sociais.
Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para todos os ramos de
conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais, quando comparados com os fenômenos de natureza e, conseqüentemente, da abordagem científica da sociedade.
Tais peculiaridades, no entanto, foram e continuam sendo o foco de muitas discussões, ora tentando
aproximar as ciências, ora afastando-as e, até mesmo, negando às humanas tal estatuto com base na
inviabilidade de qualquer controle dos dados tipicamente humanos, considerados por muitos, imprevisíveis e
impassíveis de uma análise objetiva.
A Sociologia, assim, vai debruçar-se sobre todos os aspectos da vida social. Desde o funcionamento de
estruturas macro-sociológicas como o Estado, a classe social ou longos processos históricos de transformação
social ao comportamento dos indivíduo num nível micro-sociológico, sem jamais esquecer-se que o homem
só pode existir na sociedade e que esta, inevitavelmente, lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe
determinará a identidade. Para compreender o surgimento da Sociologia como ciência do século XIX, é
importante perceber que, nesse contexto histórico social, as ciências teóricas e experimentais desenvolvidas
nos séculos XVII,XVIII e XIX inspiraram os pensadores a analisar as questões sociais, econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, com enfoque científico.
Sociologia Aplicada
Sociologia Aplicada formula explicações sobre processos sociais que exigem tratamento peculiar e
combinação entre indução e prática. Tem ela o atributo de estudar a natureza e as significações da
organização sociocultural em sua história e de analisar as tendências regulares e fundamentos das mudanças
sociais. Seu desenvolvimento pode parecer discreto, caso se pretenda exigir da Sociologia o que não é
sociológico. Não se pode esperar dela uma teoria de administração, ou fórmulas práticas para resolver
problemas que ocorrem nas relações do trabalho, ou para solucionar questões relativas à eficácia do
gerenciamento e dos conflitos nas relações do trabalho. Mesmo assim, ela é cada vez mais requisitada – só
ou em conjunto com outras ciências – para as pesquisas necessárias nessa fase de transformações
estruturais de nossa sociedade. Dupla é a preocupação do livro: oferecer um texto com os fundamentos da
Sociologia
CASTRO, Celso Antonio Pinheiro - Sociologia aplicada à Administração
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Você é hands on ou hands off?
Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome
que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os
interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia, ambição,
conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON. Para o
felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada gama de habilidades, o
salário era um assombro: R$ 800,00. Ou seja, um pitico. Não que esse fosse algum exemplo fora da
realidade. Ao contrário, é quase o paradigma dos anúncios de emprego.
A abundância de candidatos permite que as empresas levantem cada vez mais a
altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido.
E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da super-qualificação, que é uma espécie do
lado avesso do efeito pitico...
Vamos supor que, após uma duríssima competição Com outros candidatos tão bem
preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno.. E um de
seus primeiros Clientes fosse o seu Borges, Gerente da Contabilidade.
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Seu Borges: - Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
Fabiana: - In a hurry! Seu Borges: - Saúde.
Fabiana: - Não, Seu Borges, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em Inglês. Aliás,
desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em Inglês se aqui só se fala Português?
Seu Borges: - E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
Fabiana: - O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu
tenho profundos conhecimentos de informática.
Seu Borges: - Não, não.. Cópias normais mesmo.
Fabiana: - Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver
um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
Seu Borges: - Fabiana, desse jeito não vai dar!
Fabiana: - E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
Seu Borges: - Como assim?
Fabiana: - É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu
potencial energético.
Seu Borges: - Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
Fabiana: - Certamente, mas antes vamos discutir meu futuro...
Seu Borges: - Futuro? Que futuro?
Fabiana: - É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
Seu Borges: - Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e ainda não me aconteceu nada.
Fabiana: - Sei. Mas o senhor é hands on?
Seu Borges: - Hã?
Fabiana: - Hands on....Mão na massa.
Seu Borges: - Claro que sou!
Fabiana: - Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí explorando
minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando fui contratada.
MAGALHÃES, Nilo - Cronista da Revista VEJA - Edição de outubro 2007
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CANDIDATOS EMPREGÁVEIS VALEM TANTO COMO OS QUALIFICADOS?
Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações
requeridas.
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2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as
competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função
não precisava delas.
Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos
talentos, o funcionário poderá ser preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores. Em uma
empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente super qualificada.
E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a
Fundação Alfred Nobel.
Pessoas super qualificadas não resolvem simples problemas! Um dia um grupo de
Marketing e Finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a Van da empresa pifou. Como
isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da Van.
E aí todos descobriram que o Cleto falava Inglês, tinha informática, energia e criatividade e estava fazendo
pós-graduação..... só que não sabia nem abrir o capô.
Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou
um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos,
para espanto geral, botou a Van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, ele foi embora feliz da vida. Aquele
ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as empresas modernas torcem o nariz:
O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR
MIRANDA, Cléo - Fundadora do Projeto ―O Jovem Empreendedor‖
EXERCÍCIOS DE VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
1. Por que a nova Psicologia irá propor, como conceitos básicos de análise, a atividade, a consciência e a
identidade do homem, como suas propriedades ou características essenciais para expressarem o
movimento humano?
2. Faça um comparativo entre Sociologia e Sociologia aplicada.
3. Você acredita em alguma diferença entre Administração e Sociologia aplicada à Administração?
Explique.
4. Você vê alguma influência e importância da Sociologia sobre o comportamento humano nas
organizações? Por quê?
5. Você leu duas histórias ao final do capítulo explicativo sobre Sociologia. Compare a personagem
Fabiana do primeiro conto, com o ―sujeito da bicicleta‖ do segundo conto. Caracterize-os, comente
sobre o perfil de ambos.
6. Como você explica a expressão ―empregável‖?
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CAPÍTULO II
A EVOLUÇÃO SOCIOLÓGICA DO HOMEM E DO TRABALHO
O trabalho
Para chegar a uma definição de trabalho, é preciso procurar os elementos que definem, ao longo da trajetória
humana sobre o planeta, as relações estabelecidas entre o homem e o ambiente onde vive. Ora, ―o trabalho
só começa quando uma determinada atividade altera os materiais naturais, modificando sua forma original‖
(COGGIOLA, 2002, p. 182). Ou seja, pode-se definir o trabalho como o processo que realiza a mediação
entre o ambiente e o homem, quando este põe em ação as forças de que seu corpo está dotado – braços,
pernas, cabeça, mãos –, transformando os elementos que encontra disponíveis na natureza em produtos,
suprindo assim suas necessidades, não importando ―se elas se originam do estômago ou da fantasia‖ (MARX, 1985, p. 45).
O trabalho assim concebido – ação deliberada sobre o meio, caracterizada e dirigida pela inteligência e pela
capacidade de abstração e formulação de conceitos – nada tem a ver com as atividades que realizam outros
animais, como as abelhas ou as formigas. O homem, ao atuar ―sobre a natureza externa a ele e ao modificá-
la, modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza‖ (MARX, 1985, p. 149). O trabalho humano não é ação
sobre o meio realizada de forma instintiva ou mecânica, mas processo complexo de aprendizagem, onde o
homem não se limita a repetir ações e processos, como os outros animais, mas desenvolve técnicas e
tecnologia que lhe são úteis. Ou seja, o homem se diferencia pois cria suas próprias ferramentas e sua ação não se limita a modificar os materiais que encontra disponíveis na natureza:
No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do
trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural;
realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. (MARX, 1985, p. 149-50).
Desde os primeiros tempos da humanidade houve uma divisão do trabalho, que no início se dava em função
de características fisiológicas, como gênero, idade, força física etc. Mas, à medida que o trabalho se
diversificava e se tornavam mais complexas a técnica e a tecnologia, essa primeira divisão do trabalho foi
sendo superada pela divisão entre o trabalho material e o trabalho intelectual. Passava a haver, quanto à
função imediata do indivíduo no meio social, um trabalho realizado pela mente e um trabalho realizado pelas
mãos, sendo o primeiro entendido como afastado da prática humana, um produto da consciência humana e
não de um órgão. Cada indivíduo ficou limitado a esferas profissionais particulares, exclusivas, não devendo
sair delas, sendo unicamente caçador, operário, professor ou administrador. Com essa divisão, o trabalho e
seus produtos passaram a ser, qualitativa e quantitativamente, distribuídos de forma desigual. (MARX;
ENGELS, 1996, p. 44-8).
Engels e o macaco
Embora mais conhecido como um dos pioneiros do materialismo histórico, Engels dedicou parte de sua vida
intelectual ao estudo das chamadas ―ciências naturais‖.
Para Engels, o fato de um grupo de macacos, há alguns milhões de anos, ter deixado de necessitar das mãos
para caminhar, passando a adotar cada vez mais uma posição ereta e deixando as mãos livres para executar
as mais variadas funções, foi o ―passo decisivo para a transição do macaco em homem‖. Usava-se antes as
mãos apenas para tarefas como ―recolher e sustentar alimentos (...) construir ninhos nas árvores (...)
construir telhados entre os ramos (...) empunhar garrotes, com os quais se defendem se seus inimigos, ou
para os bombardear com frutos e pedras‖ (ENGELS, s.d., p. 269-70). Tendo descido das árvores e fazendo
uso da postura ereta, nossos ancestrais teriam aos poucos adaptado as mãos a novas tarefas. Embora nesse
período de transição as funções que a mão cumpria fossem bastante simples, ela adquiriu ao longo do tempo
mais destreza e habilidade, transmitindo de geração em geração essa flexibilidade adquirida.
Também destaca Engels a fala como característica essencial da evolução do homem, pois, dado o fato de os
humanos viverem coletivamente, de precisarem se comunicar e comunicar o que aprendiam e observavam,
tiveram a necessidade de desenvolver uma linguagem articulada que pudesse expressar idéias, conceitos, signos etc.
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Nisso residiria a explicação para o surgimento da linguagem, no processo onde o organismo sofreria várias
modificações: a laringe pouco desenvolvida do macaco foi-se transformando, lenta mas firmemente,
mediante modulações que produziam por sua vez modulações mais perfeitas, enquanto os órgãos da boca aprendiam pouco a pouco a pronunciar um som articulado após o outro. (ENGELS, s.d., p. 271).
Engels afirma que o trabalho e a palavra articulada ―foram os dois estímulos principais sob cuja influência o
cérebro do macaco foi-se transformando gradualmente em cérebro humano‖
Engels o Homo erectus
Sabe-se que, entre sete e 2 milhões de anos atrás, uma grande quantidade de diferentes espécies de
macacos bípedes evoluiu, adaptando-se a diferentes condições ambientais. E que essas espécies se
assemelhavam com os humanos apenas no modo de andar.
Como a sinalizar a origem do gênero Homo, ―em meio a essa proliferação de espécies humanas houve uma,
entre 3 e 2 milhões de anos atrás, que desenvolveu um cérebro significativamente maior‖ (LEAKEY, 1997, p.
14). Esses ancestrais humanos começaram a produzir suas primeiras ferramentas, batendo duas pedras uma
contra a outra, o que propiciou a eles, entre outras coisas, o acesso a alimentos que até então lhes eram
negados. ―Os primeiros conjuntos de artefatos encontrados têm 2,5 milhões de anos de idade; eles incluem,
além de lascas, implementos maiores tais como cutelos, raspadores e várias pedras poliédricas‖ (LEAKEY,
1997, p. 46). Nesse sentido, temos que a história da evolução humana está marcada, conforme assinalava Engels, pela fabricação de ferramentas utilizadas no trabalho.
O homem teve um grande número de antepassados, alguns distantes, outros mais próximos, não tendo
evoluído de forma linear do macaco até nós. Quando falamos em evolução, falamos antes de mais nada em
adaptação local, que, no caso do homem, não se dá apenas pela modificação biológica com descendências,
mas tem no trabalho um mecanismo que permite tentar diminuir as conseqüência negativas das intempéries do meio ou suprir necessidades vitais, como comer ou se proteger do frio.
A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO TRABALHO
Foi o trabalho o fator que diferenciou a adaptação humana da adaptação de outros animais. Se todos os
ancestrais humanos e seus contemporâneos, de diferentes regiões e épocas, têm características próprias, é
óbvio que isso se deu em função das diferentes formas encontradas para se adaptar ao meio. Se havia
diferentes formas de adaptação ao meio, é porque havia diferentes formas de trabalho. Então temos,
retomando Engels, que não é apenas em função de uma determinação biológica que o homem se transforma, mas também pela sua intervenção, pelo trabalho, sobre a natureza.
O trabalho humano desenvolveu não apenas uma grande diversidade de técnicas e ferramentas como
diferentes formas de organização das sociedades. Foi a cooperação entre mãos, os órgãos da linguagem e o
cérebro que produziu as artes e a política, a cerâmica e as navegações, o direito e as religiões, a escravidão e o capitalismo etc.
Referências bibliográficas:
COGGIOLA, Osvaldo. O capital contra a história: gênese da crise contemporânea. São Paulo: Xamã; Edições
Pulsar, 2002.
DARWIN, Charles. A origem do homem e a seleção sexual. São Paulo: HEMUS, 1974.
ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem [1876]. In: ENGELS,
Friedrich; MARX, Karl.
A ORIGEM DA SOCIEDADE CAPITALISTA
Trabalho manual / intelectual / qualificado /não qualificado
Cada vez mais pessoas percebem e se preocupam com a situação de injustiça, miséria, corrupção e
exploração a que são submetidas. Poucos, porém, têm clareza sobre as origens e as causas desta situação.
Queremos mostrar, como surgiram e o que defendem o Capitalismo e o Socialismo. E para o trabalho ficar
mais completo, apresentamos uma análise crítica dos dois tipos de sociedade.
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Pensamento capitalista
A sociedade capitalista teve sua origem na Idade Média, quando as antigas corporações feudais se
desintegraram e, com isso, os mestres e aprendizes instalaram empresas de propriedade individual, com operários assalariados que fabricavam manufaturados em série.
Nasceu assim a burguesia (nome derivado de ―burgo‖, isto é ―cidade‖, pois os donos das empresas
moravam na cidade, enquanto os senhores feudais, pelo fato de serem grandes proprietários de terra,
moravam nos castelos rurais).
Nesta sociedade, as funções produtivas, as prerrogativas, os direitos e deveres de cada um eram pré-
estabelecidos e definitivos do nascimento até a morte. Esta estrutura feudal padronizada e hereditária não
era interessante para os novos empresários.
Essa burguesia nascente não aceitou a sociedade feudal ―fixa e fechada‖, porque a liberdade de empresa (a
liberdade de produzir e comercializar) inexistia, uma vez que todos os aspectos da vida social eram
codificados e controlados pelos senhores feudais, a começar pelo primeiro deles, o rei, associados à Igreja
(também grande proprietária de terras). Essa contestação colocou em dúvida também a origem divina do
poder e colocou o indivíduo como devendo ser o articulador (com base num pacto com os outros indivíduos)
da ordem social.
Esta idéia de uma sociedade construída sobre a base de um ―contrato‖ entre indivíduos livres e iguais (em
oposição às desigualdades da sociedade feudal), que instituem o Estado, para serem por ele protegidos no
exercício das respectivas liberdades individuais (compatíveis com a convivência social) encontra sua
formulação mais clara na obra ―O Contrato Social‖, de J. J. Rousseau. Esta obra serviu como base teórica para a Revolução Francesa, mãe da sociedade capitalista.
Na Inglaterra, a burguesia tinha conquistado, aos poucos, a liberdade de empresa e o direito de participar
das decisões políticas a partir de um pacto com o poder real e o dos senhores feudais.
Na França, a revolução apoiada nas idéias do ―Contrato Social‖, de Rousseau, conseguiu abolir a estrutura de
poder absoluto dos monarcas feudais, como também conseguiu abolir (na sua primeira fase) o poder
temporal e espiritual da Igreja. A religião foi substituída pela filosofia (o ―livre pensamento‖) na determinação das pautas morais de convivência.
Foi assim que a Revolução Francesa marcou o nascimento da sociedade capitalista na sua plenitude.
As idéias básicas defendidas na Revolução Francesa foram: ―Liberdade, Igualdade e Fraternidade‖. Essas três
palavras, em particular as duas primeiras, Liberdade e Igualdade, sintetizam a imagem que a sociedade
capitalista tem de si mesma e a imagem que ela pretende que todo homem tenha dela.
O Estado, nesta nova sociedade, teria a função de garantir o cumprimento dos direitos individuais. Neste
Estado, o Poder Legislativo codificaria tais direitos nas leis, o Poder Judiciário julgaria os conflitos inter-
individuais segundo esses direitos e leis, e o Poder Executivo faria com que fossem respeitados uns e outros, se necessário pelo uso da força, que a todos representaria face ao eventual infrator.
Todos estes princípios são até hoje defendidos pelos chamados ―liberais‖, para quem a sociedade capitalista é
o modelo social que efetivamente os realizou e os realiza.
Marx, numa abordagem crítica pessoal, pegou ao pé da letra os princípios de ―Liberdade, Igualdade e
Fraternidade‖, sobre os quais dizia descansar a sociedade capitalista, e fez um questionamento a fundo dessa sociedade a partir dos seus próprios princípios.
Marx mostrou como a suposta igualdade era ilusória no Capitalismo, uma vez que todo homem, ao nascer,
encontrava uma sociedade dividida em dois blocos desiguais: de um lado, o bloco dos proprietários dos
meios de produção (empresas, terras, máquinas), e do outro lado, os proletários que, pelo fato de não serem
proprietários destes, se viam obrigados a vender a sua força de trabalho aos donos das empresas, e desta forma ganhar o necessário para subsistir.
Para Marx, o capitalista se enriquece apropriando-se, sem qualquer tipo de retribuição, de uma parte do
produto do trabalho realizado pelo operário.
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Marx mostrou, também, que a liberdade individual no Capitalismo estava condicionada pela divisão da
sociedade em classes: de um lado, os proprietários dos meios de produção e, do outro lado, os trabalhadores.
Nessas circunstâncias, o filho do operário,vindo ao mundo não tem escolha livre do seu projeto de vida;
carente dos meios de produção, ele não tem outro remédio senão vender a sua força de trabalho ao
capitalista (este sim tem a ―liberdade‖ de contratá-lo ou não) e perpetuar a estirpe deste novo tipo de
escravo moderno, gerado pelo Capitalismo. Escravo, porque uma vez vendida a sua força de trabalho, é o
capitalista e não o operário quem decide pela vida deste (o que produzir, como produzir, horários,
regulamentos da empresa com as devidas sanções e a sempre possível demissão e condenação ao desemprego).
De fato, pensava Marx, o que defendem os capitalistas quando falam de ―liberdade‖, não é nada mais do que
a sua ―liberdade de empresa‖, isto é, a sua ―liberdade‖ de enriquecerem às custas do trabalho operário não remunerado.
Sírio Lopez Velasco
QUESTÕES PARA DEBATE
1 - Por que os empresários liberais (burgueses) entraram em conflito com os senhores
feudais?
2 - Qual a ligação (relação) entre o Capitalismo e a Revolução Francesa?
3 - Como surgiu o Capitalismo?
4- Qual a função do Estado no Capitalismo?
5 - O que defende e propõe o Capitalismo, como nova sociedade, em oposição ao
Feudalismo?
6- Qual é o conceito de trabalho na sociedade capitalista?
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CAPÍTULO III
A SOCIOLOGIA DO TRABALHO
Organização e processos de trabalho
Há um uso constante de equipes multidisciplinares e formais que se sobrepõem à estrutura formal
tradicional e hierárquica:
Há um uso constante de equipes "ad-hoc" ou temporárias, com grande autonomia, totalmente dedicadas a
projetos inovadores:
Pequenas reorganizações ocorrem com freqüencia, de forma natural, para se adaptar às demandas do
ambiente competitivo:
Realizam-se, com freqüência, reuniões informais, fora do local de trabalho, para a realização de brainstorms:
Os lay-outs são conducentes à troca informal de informação (uso de espaços abertos e salas de reunião). São
poucos os símbolos de status e hierárquicos
As decisões são tomadas no nível mais baixo possível . O processo decisório é ágil; a burocracia é mínima:
A Organização por Processos
Os objetivos da organização horizontal, são: focar a empresa em seus clientes; atingir padrões de qualidade
total; descentralizar o poder e criar um ambiente adequado para o aprendizado e a melhoria contínua. Para
atingir isto, as empresas necessitam se organizar em torno de seus processos e de equipes e não em torno de funções e indivíduos
Inicialmente, foram reportados vários casos de sucesso com esta abordagem, principalmente em termos de
redução dos tempos de ciclo de produção ou serviço, melhoria da qualidade e redução de custos. As
avaliações mais recentes destes esforços, entretanto, aludem muito mais a fracassos do que a sucessos.
A Organização Circular do Projeto Saturno
Os valores iniciais definidos foram os seguintes:
compromisso com o cliente;
compromisso com a excelência;
trabalho em equipe;
confiança e respeito pelo indivíduo;
melhoria contínua.
A unidade de trabalho básica da empresa se constitui de equipes de trabalho com cerca de 15 pessoas.
Durante a formação de cada célula de trabalho, a equipe dispõe de um líder e de duas outras pessoas com
participação temporária: um representante do sindicato e outro do "management". À medida que a equipe se
consolida, depois de dois a três anos, a função do líder desaparece e a equipe se torna, de fato, auto-dirigida.
IMPACTOS DA GERÊNCIA CIENTIFICA
OBJETIVOS
• Discutir fundamentos da organização e do controle dos processos de trabalho, bem como de sua
evolução ao longo da primeira metade do século XX
• Particularmente, discussão do Taylorismo e do Fordismo
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POSICIONAMENTO
• Época: 1880 1920…
• Local: EUA e Inglaterra
• Principais setores de aplicação: metal-mecânica, siderurgia, têxtil, automobilística
• Organização da produção: grandes corporações, gerência
TAYLORISMO, NO QUE CONSISTIU?
• Sintetizar num todo razoavelmente coerente idéias que ganharam força nos EUA e na Ingl. no final do
século XIX
• Taylor juntou partes que já vinham sendo criadas desde o século XVII
• Objetivo: organização e controle de tempos e movimentos = racionalização do trabalho
TAYLOR: TIMING E OBCESSÃO
O que é neurótico no indivíduo pode ser normal no modo de produção
• A mudança definitiva do controle sobre o processo produtivo – a luta entre aprendizado e controle
sobre o processo
• Reprodução individual x coletiva
• Tudo contra, tudo a favor: a maior expressão do conflito de classes
UM DIA ÓTIMO DE TRABALHO
• Racionalidade da valorização
• A vigência universal do marcapasso não recomendava confiar na iniciativa dos trabalhadores...a
oficina não deveria ser acionada pelos operários, mas passar a ser acionada pelos patrões.
GERÊNCIA CIENTÍFICA
• Por que gerência e por que científica? Por que não trabalho científico?
• Primeiro princípio: o administrador deve reunir todo o conhecimento sobre o processo produtivo e
reduzi-lo a regras, leis e fórmulas. É a ―dissociação do processo de trabalho das especialidades dos
trabalhadores‖.
• Segundo princípio: todo possível trabalho cerebral deve ser banido da oficina e centrado no
departamento de planejamento ou projeto. É a separação entre concepção e execução
• Terceiro princípio uso centralizado do monopólio do conhecimento para controlar cada fase do
processo de trabalho e seu modo de execução. Definir não apenas o que deve ser feito mas como
deve ser feito e o tempo exato permitido para isso
O FORDISMO É UMA SUPERAÇÃO DO TAYLORISMO
• fordismo não se restringia somente à disciplina no interior da fábrica: é um padrão de acumulação
• O processo de trabalho característico do fordismo é a cadeia de produção semi-automática,
estabelecida principalmente nos EUA nos anos 20
• instaura a produção em massa
• retoma e intensifica os princípios do taylorismo
• controla a reprodução global da força de trabalho pela íntima articulação entre o processo de
produção e o modo de consumo
•
TAYLORISMO E FORDISMO NO BRASIL: BREVE COMENTÁRIO
• O taylorismo teve a sua difusão conduzida por empresários paulistas no início da década de trinta
• Os princípios foram difundidos, mas as técnicas da gerência não
• Aumento de salários eram nos EUA peça fundamental, já no Brasil…
• Lá, a luta sindical, aqui a qualificação (este é um ponto fundamental)
• Têxtil e ferrovia: técnicas de controles de tempos e movimentos
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BUROCRACIA - COMANDO HIERARQUIZADO
A teoria da burocracia foi formalizada por Max Weber que, partindo da premissa de que o traço mais
relevante da sociedade ocidental, no século XX, era o agrupamento social em organizações, procurou fazer
um mapeamento de como se estabelece o poder nessas entidades. Construiu um modelo ideal, no qual as
organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas.
Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para representar esse tipo ideal de organização, porém ao
fazê-lo, não estava pensando se o fenômeno burocrático era bom ou mau. Weber descreve a organização dos
sistemas sociais ou burocracia, num sentido que vai além do significado pejorativo que por vezes tem.
Burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa
detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Segundo Weber, a
burocracia tem os seguintes princípios fundamentais:
Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos
na atribuição de competências.
Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas
funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas
tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está formalizado, funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
Competência técnica e Meritocracia: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do
seu mérito e capacidades - havendo necessidade da existência de formas de avaliação objetivas.
Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar os meios de
produção - não os possuem.
Profissionalização dos funcionários.
Completa previsibilidade do funcionamento: todos os funcionários deverão comportar-se de acordo
com as normas e regulamentos da organização a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível.
EXERCÍCIOS DE ADAPTAÇÃO AO CONTEÚDO
1. Comente as características do pensamento da administração científica.
2. As adaptações subalternas controladas pelas funções das chefias geram desconfortos empresariais.
Que características são fundamentais para os funcionários, para que esse desgaste ou coesão não
ocorra?
3. O processo de produção é uma das maiores preocupações do homem nas empresas. Por quê?
4. Existe alguma relação entre as teorias da administração e a Sociologia? Explique.
5. É necessário que haja modelos teóricos em organizações. Relacione esse tópico do capítulo com
estratégias de trabalho.
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CAPÍTULO IV
PRINCIPAIS TEÓRICOS
SOCIOLOGIA CRÍTICA: MARX E AS RELAÇÕES ENTRE CAPITAL E TRABALHO
Robôs trabalham. Sobram operários
Nas utopias de um mundo do futuro é freqüente a imagem de uma fábrica em que só os robôs trabalham. Ao
mesmo tempo em que essa visão do futuro traz a idéia de ―folga‖ no trabalho, na realidade, temos dois
caminhos que se contradizem e se complementam. Ao mesmo tempo em que cresce a capacidade produtiva,
cresce também o desemprego. Assim, as máquinas substituem os homens no processo produtivo, mas os
beneficiados são os donos do capital constante. A divisão entre capital constante e capital variável é
importante para uma análise do sistema capitalista. O capital constante são os fixos no território, os meios de
produção, isto é, as fábricas, as máquinas. Já o capital variável é a parte do capital a ser investido na compra
da força de trabalho – para se pagar o salário do trabalhador. Essa questão, no entanto, não é nova. Parte
desse problema já foi abordado pelo filósofo alemão Karl Marx [1818 - 1883] em sua obra mais importante,
O capital. O conhecimento que Marx produziu sobre a natureza de exploração capitalista é um dos caminhos para se entender o período atual.
A teoria de Marx se mantém relevante no presente. Quando ele trata do processo de acumulação de capital e
de seus efeitos sobre o mercado de trabalho - em particular em um contexto de elevação da composição
orgânica do capital, que expressa a relação entre o capital constante e o capital variável – ou seja, a
reprodução capitalista como um processo social, historicamente determinado e mediado por relações
conflituosas - ele está abordando, ―a difusão do progresso técnico e a maior tecnificação dos processos
produtivos, que tornam parte da população trabalhadora um excedente de mão-de-obra ou, de acordo com
suas categorias [de Marx], uma superpopulação relativa‖.
O período atual parece ser perverso para alguns e libertador para outros. Ao mesmo tempo em que
aumentam relativamente as funções técnicas e que requerem menor esforço físico, as possibilidades de
emprego para uma parcela grande da população ficam mais reduzidas. O período atual, que o geógrafo
Milton Santos denominou "meio técnico científico-informacional" é marcado pela rapidez do avanço
tecnológico e pelo aumento na racionalização da produção, com efeitos importantes sobre o emprego. Com
os novos processos produtivos é possível uma menor quantidade de trabalho humano por produto fabricado.
Atualmente, teríamos ainda um acelerado desenvolvimento tecnológico que transforma a relação sociedade-espaço, causando alterações na paisagem que denotam uma ―artificialização do planeta‖.
Marx e a contemporaneidade
Marx, na tarefa de entender a submissão do trabalho ao capital e as transformações nas relações sociais de
produção, utiliza dois conceitos para explicar ao que chamou de ―subsunção do trabalho ao capital‖. Num
primeiro momento, ele explica essa relação por meio da subsunção formal do trabalho ao capital, para depois expor a subsunção real do trabalho ao capital.
O trabalho é formalmente subsumido (incluído, tornado parte) ao capital quando há uma primeira
transformação nas relações sociais de produção, quando o artesão passa a ser um proletário. Apesar das
transformações no processo produtivo e de uma nova configuração espacial terem surgido com as fábricas, o
trabalhador ainda tinha a capacidade de conhecer todos os caminhos da fabricação do produto, mesmo
estando submetido, ou seja, mesmo vendendo sua força de trabalho ao capitalista. A subsunção passa a ser
real com o advento da primeira Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII. Nesse momento,
de acordo com Marx, está completo o processo do conhecimento técnico, que foi transferido do trabalhador
para o sistema de máquinas. Essa transferência de conhecimento torna o trabalhador subordinado ao
capitalista e, ao mesmo tempo, à máquina. O conhecimento se torna segmentado e o operário não conhece mais o processo produtivo por completo.
Estamos vivendo em um período em que a indústria está mais desenvolvida. Há uma mudança no paradigma
tecnológico no interior da fábrica, ou seja, não é uma passagem da produção não-industrial para uma
industrial, mas há um processo de substituição de máquinas, isto é, passamos do domínio de uma tecnologia eletro-mecânica para um domínio da tecnologia micro-eletrônica.
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O avanço tecnológico tem um potencial libertador, mas ele precisa ser inserido em novas relações sociais e
novas relações de trabalho. As pessoas não trabalham menos porque o capital resiste em diminuir a jornada de trabalho e, assim, esse potencial libertador tecnológico não consegue desenvolver seu papel.
Os efeitos do avanço tecnológico no emprego podem ser combatidos de diversas formas. De acordo com Raul
Bastos, uma das formas seria o crescimento econômico, pois este gera emprego e a outra é a redução da
jornada de trabalho. ―Creio também que o processo de globalização traz implicações sobre o emprego, pois
na medida em que as economias se tornam mais abertas, acirra a concorrência e colocam-se novos
parâmetros de competitividade para as empresas. O que acontece é que os setores que estão mais
envolvidos com competitividade internacional são os mais afetados‖. Bastos lembra que com exceção de
alguns países da Ásia, o resto do mundo está num período modesto de crescimento e, portanto, há um agravamento dos problemas de desemprego.
É incorreto atribuir o desemprego ao despreparo do trabalhador em lidar com as novas tecnologias. Ao
aceitar essa proposição, fica subentendido que há uma perfeita adequação entre a quantidade de empregos
disponíveis e a população economicamente ativa. Há desempregados porque eles não conseguem ocupar os
postos de trabalho por falta de qualificação. Mas as pessoas estão desempregadas não por falta de qualificação e sim porque não existe emprego para todos. Há uma desestruturação do mercado de trabalho.
SOCIOLOGIA DAS INSTITUIÇÕES: TEORIA DE MAX WEBER E A BUROCRACIA
Considerando-se as instituições como mediações entre estruturas e comportamentos individuais, sustenta-se
que é possível encontrar, tanto em Ciência Política como em Economia e Sociologia, um mesmo
desenvolvimento básico do institucionalismo, dividido em três grandes correntes, cada uma com sua própria
genealogia. Na teoria econômica francesa essas três correntes correspondem à teoria da regulação, à nova economia institucional e à economia das convenções.
Basicamente os novos institucionalismos se diferenciam a partir de duas grandes oposições: 1) o peso que
atribuem na gênese das instituições aos conflitos de interesse e de poder ou à coordenação entre indivíduos; 2) o papel que atribuem à racionalidade estritamente instrumental, ou então às representações e à cultura.
A ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS: ELTON MAYO E O INÍCIO DOS ESTUDOS CIENTÍFICOS DA
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Escola das Relações Humanas
Principais vultos: Eltom Mayo (1880/1947), Kurt Lewin (1890/1947), John Dewey,
Morris Viteles e George C. Homans.
A Teoria das Relações Humanas, surgiu nos Estados Unidos como conseqüência imediata das conclusões
obtidas na Experiência em Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi basicamente
um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração.
A origem da Teoria das Relações Humanas são:
1- A necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e
mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano.
2- O desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente a Psicologia e a Sociologia.
3- As idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin foram capitais
para o humanismo na administração.
4- As conclusões da Experiência em Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton
Mayo.
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Os estudos em Hawthorne de Elton George Mayo (1880-1949)
A Western Eletric era uma companhia norte-americana que fabricava equipamentos para empresas
telefônicas. A empresa sempre se caracterizara pela preocupação com o bem estar de seus funcionários, o
que lhe proporcionava um clima constantemente sadio de relações industriais. Durante mais de 20 anos não
se constatara nenhuma greve ou manifestação. Um diagnóstico preliminar nos diria que o moral na
companhia era alto e os funcionários confiavam na competência de seus administradores.
No período entre 1927 e 1932 foram realizadas pesquisas em uma das fábricas da Western Electric Company,
localizada em Hawthorne, distrito de Chicago. A fábrica contava com cerca de 40 mil empregados e as
experiências realizadas visavam detectar de que modo fatores ambientais - como a iluminação do ambiente
de trabalho- influenciavam a produtividade dos trabalhadores.
As experiências foram realizadas por um comitê constituído por três membros da empresa pesquisada e
quatro representantes da Escola de Administração de Empresas de Harvard. Em 1924, com a colaboração do
Conselho Nacional de Pesquisas, iniciara na fábrica de Hawthorne uma série de estudos para determinar uma
possível relação entre a intensidade da iluminação do ambiente de trabalho e a eficiência dos trabalhadores,
medida pelos níveis de produção alcançados. Esta experiência que se tornaria famosa, foi coordenada por
Elton Mayo, e logo se estendeu ao estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho, da rotação de pessoal e do
efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados.
Entretanto a tentativa foi frustada, os pesquisadores não conseguiram provar a existência de qualquer
relação simples entre a intensidade de iluminação e o ritmo de produção. Reduziu-se a iluminação na sala
experimental. Esperava-se uma queda na produção, mas o resultado foi o oposto, a produção na verdade
aumentou.
Os pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram prejudicados por variáveis de natureza
psicológica. Tentaram eliminar ou neutralizar o fator psicológico, então estranho e impertinente, razão pela
qual a experiência prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em razão da crise econômica de 1929.
Os estudos básicos efetuados por Mayo e seu grupo tiveram três fases:
Sala de provas de montagem de Relés
Programa de Entrevista
Sala de observações da montagem de terminais
Conclusões da Experiência em Hawthorne
A experiência em Hawthorne permitiu o delineamento dos princípios básicos da Escola das Relações Humanas
que veio a se formar logo em seguida. Destacamos a seguir as principais conclusões.
1- Nível de Produção é Resultante da Integração Social
Quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior a sua disposição de produzir.
2- Comportamento Social dos Empregados se apóiam totalmente no grupo. Os trabalhadores não
reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros do grupo. O grupo que define a quota de
produção. O grupo pune o indivíduo que sai das normas grupais.
3- Grupos informais – Os pesquisadores de Hawthorne concentraram suas pesquisas sobre os aspectos
informais da organização. A empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de
diversos grupos sociais informais. Esses grupos informais definem suas regras de comportamento, suas
formas de recompensas ou sanções sociais, seus objetivos, sua escala de valores sociais, suas crenças e
expectativas. Delineou-se com essa teoria o conceito de organização informal.
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4- As Relações Humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos. Os
indivíduos dentro da organização participam de grupos sociais e mantêm-se uma constante interação social.
Relações Humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos.
Cada indivíduo é uma personalidade diferenciada que influi no comportamento e atitudes uns dos outros com
quem mantém contatos. É exatamente a compreensão da natureza dessas relações humanas que permite ao
administrador melhores resultados de seus subordinados.
5- A importância do Conteúdo do Cargo. A maior especialização e portanto a maior fragmentação do
trabalho não é a forma mais eficiente do trabalho. Mayo e seus colaboradores verificaram que a extrema
especialização defendida pela Teoria Clássica não cria necessariamente a organização mais eficiente. Foi
observado que os operários trocavam de posição para variar a monotonia, contrariando a política da
empresa. Essas trocas eram negativas na produção, mas elevava o moral do grupo.
6- Ênfase nos aspectos emocionais. Os elementos emocionais, não planejados e mesmo irracionais do
comportamento humano passam a merecer atenção especial por parte de quase todas as grandes figuras da
Teoria das Relações Humanas.
Teoria Clássica Teoria da Relações
Trata a organização como uma Máquina
Trata a organização como um grupo de pessoas
Enfatiza as tarefas ou a tecnologia
Enfatiza as pessoas
Inspirada em sistemas de engenharia
Inspirada em sistemas de psicologia
Autoridade Centralizada
Delegação plena de autoridade
Linhas claras de autoridade
Autonomia do empregado
Especialização e competência Técnica
Confiança e abertura
Acentuada divisão do trabalho Ênfase nas relações humanas entre as
pessoas
Confiança nas regras e nos regulamentos
Confiança nas pessoas
Clara separação entre linha e staff
Dinâmica grupal e interpessoal
Decorrência da Teoria das Relações Humanas
Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem passa a dominar o repertório
administrativo: Fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de
grupo etc. Os princípios clássicos passam a ser duramente contestados. O engenheiro e o técnico cedem
lugar ao psicólogo e ao sociólogo. O método e a máquina perdem a primazia em favor da dinâmica de grupo.
A felicidade humana passa a ser vista sob um ângulo completamente diferente, pois o homoeconomicus cede
lugar ao homem social. A ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase nas pessoas.
Motivação
A teoria da motivação procura explicar os porquês do comportamento das pessoas. Vimos na Teoria da
Administração Cientifica que a motivação era pela busca do dinheiro e das recompensas salariais e materiais
do trabalho.
A experiência de Hawthorne veio demonstrar que o pagamento, ou recompensa salarial, não é o único fator
decisivo na satisfação do trabalhador. Elton Mayo e sua equipe passaram a chamar a tenção para o fato de
que o homem é motivado por recompensas sociais, simbólicas e não materiais.
A compreensão da motivação do comportamento exige o conhecimento das necessidades humanas. A Teoria
das Relações Humanas constatou a existência de certas necessidades humanas fundamentais:
O MORAL E A ATITUDE. A literatura sobre o moral teve seu inicio com a Teoria das Relações Humanas. O
moral é um conceito abstrato, intangível, porém perfeitamente perceptível. O moral é uma decorrência do
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estado motivacional, uma atitude mental provocada pela satisfação ou não satisfação das necessidades dos
indivíduos.
O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse, identificação, aceitação fácil, entusiasmo e
impulso em relação ao trabalho, em geral paralelamente a uma diminuição dos problemas de supervisão e de
disciplina. O moral elevado devolve a colaboração.
LIDERANÇA. A Teoria Clássica não se preocupou virtualmente com a liderança e suas implicações. Com a
Teoria das Relações Humanas, passou-se a constatar a enorme influência da liderança informal sobre o
comportamento das pessoas. A Experiência de Hawthorne teve o mérito – entre outros – de demonstrar a
existência de líderes informais que encarnavam as normas e expectativas do grupo e que mantinham estrito
controle sobre o comportamento do grupo, ajudando os operários a atuarem como um grupo social coeso e
integrado.
Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo da comunicação
humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos A liderança constitui um dos temas
administrativos mais pesquisados e estudados nos últimos cinqüenta anos.
COMUNICAÇÕES. Com o desenrolar das conseqüências das Experiências de Hawthorne e das experiências
sobre liderança, os pesquisadores passaram a concentrar sua atenção nas oportunidades de ouvir e aprender
em reuniões de grupo e notar os problemas das comunicações entre grupos de empresas.
Passou-se a identificar a necessidade de elevar a competência dos administradores através do trato
interpessoal, no sentido de adquirirem condições de enfrentar com eficiência os complexos problemas de
comunicação, bem como de adquirir confiança e franqueza no seu relacionamento humano.
Neste sentido, a Teoria das Relações Humanas criou uma pressão sensível sobre a Administração no sentido
de modificar as habituais maneiras de dirigir as organizações. O enfoque das relações humanas adquiriu
certa imagem popular cujo efeito líquido foi compelir os administradores a:
a- Assegurar a participação dos escalões inferiores na solução dos problemas da empresa.
b- Incentivar maior franqueza e confiança entre os indivíduos e os grupos nas empresas.
A comunicação é uma atividade administrativa que tem dois propósitos principais:
a- Proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas possam conduzir-se nas suas
tarefas.
b- Proporcionar as atitudes necessárias que promovam motivação, cooperação e satisfação no cargo.
Estes dois propósitos, em conjunto, promovem um ambiente que conduz a um espírito de equipe e um
melhor desempenho nas tarefas.
Para a Teoria das Relações Humanas, a comunicação é importante no relacionamento entre as posições e no
conhecimento e na explicação aos participantes inferiores das razões das orientações tomadas.
DINÂMICA DE GRUPO. Fundada por Kurt Lewin a Escola da Dinâmica de grupo desenvolve uma proposição
geral de que o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores do indivíduo baseiam-se firmemente nos
grupos aos quais pertence. Dinâmica de grupo é a soma de interesses dos componentes do grupo, que pode
ser ativada através de estímulos e motivações, no sentido de maior harmonia e aumento do relacionamento.
As relações existentes entre os membros de um grupo recebem o nome de relações intrínsecas.
O chefe deve estar atento às relações entre os componentes do grupo, deve procurar desenvolver o sentido
de equipe, estimulando os seus elementos ao respeito e à estima recíprocos. As reuniões periódicas, as
palestras, as conversas informais com os componentes do grupo colaboram para que estes resultados sejam
alcançados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGLIETTA, M. (1997). "Postface", in Croissance et crises du capitalisme. Paris, Odile Jacob.
BASLE, M. (1995). "Antécédents institutionnalistes méconnus ou connus de la théorie de la régulation", in
BOYER, R. e SAILLARD, Y. (orgs.), Théorie de la régulation. LÉtat des savoirs. Paris, La découverte.
LEITE, Márcia - PESQUISADORA DA UNICAMP
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REVISÃO EM SÍNTESE
1. Explique duas características do pensamento de Karl Marx, Max Weber e Elton Mayo.
2. O que você entendeu sobre Sociologia crítica?
3. Explique a inovação da escola de relações humanas.
4. Em que se baseiam o comportamento, crença, atitudes e valores do indivíduo?
5. Qual a intenção da Teoria das Relações Humanas na organização, sob a ótica de Elton Mayo?
6. Qual a importância das comunicações nas Experiências de Hawthorne conduzidas por Elton
Mayo?
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CAPÍTULO V
Durkheim e a teoria sociológica
Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais
da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de Sociologia. É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do
normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo
obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são
entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o
indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine
certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus
membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral
tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e
troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
Objetividade científica
Seu trabalho principial é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma ―Consciência Coletiva‖. Ele
parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque se
tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de ―Socialização‖, a consciência coletiva seria então
formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que
serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse ―tudo‖ ele chamou de ―Fatos Sociais‖, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Nem tudo que uma pessoa faz é um fato social, para ser um fato social tem de atender a 3 características:
generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem
independente de suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo
que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua depois e que não
dá margem a escolhas.
Em seus estudos, ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se
admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração
afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela
sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição Social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos
padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica
é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As
instituições são portanto conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem.
Durkheim deixa bem claro em sua obra o quanto acredita que essas instituições são valorosas e parte em
sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador, que durante muitos anos causou
antipatia a sua obra. Mas Durkheim não pode ser meramente tachado de conservador, sua defesa das
instituições se baseia num ponto fundamental: o ser humano necessita se sentir seguro, protegido e respaldado.
Uma sociedade sem regras claras (num conceito do próprio Durkheim, "em estado de anomia"), sem valores,
sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com esse desespero, Durkheim se dedicou ao
estudo da criminalidade, do suicídio e da religião. O homem que inovou construindo uma nova ciência,
inovava novamente se preocupando com fatores psicológicos, antes da existência da Psicologia. Seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
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Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber que as instituições
sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados.
Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou de outra, toda a
sociedade estava ou iria sofrer as conseqüências. Aos problemas que ele observou, ele considerou como
patologia social, e chamou aquela sociedade doente de ―Anomana‖. A anomia era a grande inimiga da
sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria portanto estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de ―curar‖ a sociedade da anomia, Durkheim escreve ―A divisão do trabalho social na
problematica budista‖, onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre
os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde cada
órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma
função na divisão do trabalho, ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também
sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o indivíduo
realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e
não meramente mecânica.
Refletindo sobre a importância da dependência entre os membros da sociedade, inúmeros estudiosos que se
seguiram a Durkheim desenvolveram o que ficou conhecido como ―Funcionalismo‖. Creio que não é possível
chegar a esse ponto sem lembrar de Marx conclamando a ―união‖ dos trabalhadores. Uma união consciente
dos indivíduos ou uma união dependente, de um jeito ou de outro, ambos se opõe ao individualismo
possessivo, o que nos remete a dificuldade de convivência entre os homens. Mais de 1 século depois o
conflito ainda não está resolvido, Durkheim se visse nossa sociedade ficaria chocado com seu grau de
―anomia‖ e talvez ficasse decepcionado ao saber que os sociólogos já não querem mais ―salvar o mundo‖. Contudo, a História está cheia ―durkheims‖ e assim continuará.
Valor da Sociologia
Na sociologia, os valores vão ser abordados com produto das relações sociais e relacionados com "normas",
"representações", etc.
Conceito de fato social
O fato social também pode ser distinguido pelo estado de independência em que se encontra em relação às
suas manifestações individuais: ―O que ele exprime é um certo estado da alma coletiva.‖ (DURKHEIM, 2003,
p.31). Para ele, um fenômeno coletivo é aquele que é geral, ou seja, comum a todos os membros da
sociedade, ou, pelo menos, à maior parte deles. O autor assim resume sua definição de fato social:
Os fatos sociais podem ser menos consolidados, fluidos, como as maneiras de agir, ou ter uma forma já
cristalizada na sociedade, como as maneiras de ser. Maneiras de agir seriam expressas pelas correntes
sociais, movimentos coletivos, correntes de opinião. As maneiras de ser seriam expressas pelas regras
jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas financeiros.
Conceito de coerção social
A idéia de coerção social está na origem da Sociologia. Foi desenvolvida por Durkheim em seus primeiros
trabalhos, na virada para este século, justamente na tentativa de demonstrar a existência de fenômenos
especiais que influenciam alguns acontecimentos e atitudes individuais, e que escapam a uma explicação
puramente psicológica.
Segundo Durkheim, quando o homem vive em sociedade, boa parte de suas ações não são resultado
exclusivo de decisões isoladas, mas também de princípios exteriores a sua própria vontade.
Esses princípios são os valores e os comportamentos que são convenientes para sociedade em questão, e
que ela de alguma forma tenta induzir aos seus integrantes. É essa "pressão" que a sociedade exerce sobre
seus membros para adequar-lhes a conduta que recebeu o nome de coerção social. A coerção social pode
manifestar-se de várias maneiras, anteriores ou posteriores ao ato individual, e todas elas são refletidas nos
comportamentos das pessoas envolvidas. Uma das mais importantes formas de coerção é anterior a atitude,
e coincide com a socialização: ao ser educado, o indivíduo assimila princípios que já existiam antes dele, e
23
que de uma forma ou de outra limitam-lhe o leque de alternativas para ação. Por exemplo, no convívio com
outras pessoas, o indivíduo adapta o desejo natural de encontrar um(a) companheiro(a) e procriar, transformando-o em uma busca pelo casamento e por constituir uma família.
Sociologia funcionalista
Refletindo sobre a importância da dependência entre os membros da sociedade, inúmeros estudiosos que se
seguiram a Durkheim desenvolveram o que ficou conhecido como ―Funcionalismo‖. Não é possível chegar a
esse ponto sem lembrar de Marx conclamando a ―união‖ dos trabalhadores. Uma união consciente dos
indivíduos ou uma união dependente, de um jeito ou de outro, ambos se opõem ao individualismo
possessivo, o que nos remete à dificuldade de convivência entre os homens. Mais de um século depois, o
conflito ainda não está resolvido, Durkheim se visse nossa sociedade ficaria chocado com seu grau de
―anomia‖ (1) e talvez ficasse decepcionado ao saber que os sociólogos já não querem mais ―salvar o mundo‖. Contudo, a História está cheia de ―durkheims‖ e assim continuará.
Solidariedade mecânica e solidariedade orgânica
Solidariedade mecânica e orgânica: a divisão de trabalho, além dos serviços econômicos, tem como
importância o efeito moral; criam entre duas ou mais pessoas, um sentimento de solidariedade, gerando um equilíbrio interligado.
A solidariedade mecânica é oriunda das semelhanças individuais, é uma necessidade de vivência social, pois
liga o indivíduo à sociedade, tornando harmônicas as suas relações. Para isto, necessita de pressão (Direito repressivo) contra qualquer desvio de limite, imposto pela consciência coletiva.
A solidariedade orgânica é a independência individual, mas depende da sociedade porque depende das partes
que a compõem. Contudo, a solidariedade orgânica dá parâmetros de liberdade à consciência individual
(Direito restitutivo), surgindo um novo tipo de solidariedade.
Divisão do trabalho social
Na tentativa de ―curar‖ a sociedade da anomia, Durkheim escreve ―A divisão do trabalho social‖, onde ele
descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros da sociedade. A
solução estaria, seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende
dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele
será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter
coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo,
que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica. (1) A
anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.
A partir do surgimento do Capitalismo, e da tomada da Razão, como forma de explicar o mundo, há um
brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa.
A Modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornecem novos valores que preencham os
anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no cotidiano de muitos indivíduos. Há
um sentimento de se "estar à deriva", participando inconscientemente dos processos coletivos/sociais: perda
quase total da atuação consciente e da identidade. Este termo foi cunhado por Durkheim em seu livro O
Suicídio. Durkheim emprega este termo para mostrar que algo na sociedade não funciona de forma
harmônica. Algo desse corpo está funcionando de forma patológica ou "anomicamente". Em seu famoso
estudo sobre o suicídio, Durkheim mostra que os fatores sociais - especialmente da sociedade moderna -
exercem profunda influência sobre a vida dos indivíduos com comportamento suicida.
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Referências bibliográficas
Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002; Aron, R. As etapas do
pensamento sociológico. (págs: 297 a 369); Goldman, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed.
Difel. 1967 (págs: 27 a 70); Martins, J. de S. Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a 45).
Exercícios para debate
1. Explique o que é sociologia funcionalista.
2. O que é divisão do trabalho social?
3. O que é fato social e quais são as suas características?
4. Onde são refletidas as formas da coersão social?
5. A que princípio científico se refere Durkheim?
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CAPÍTULO VI
SÍMBOLOS E CULTURA
Conceito de cultura
Na sua primeira acepção, cultura é um termo que vem do alemão e que é oriundo de palavras como "folk" e
"kulture" que quer dizer povo(agricultura)
Voltaire, um dos poucos pensadores franceses do século XVIII partidários de um concepção relativista da
história humana.
Diversos sentidos da palavra variam consoante a aplicação em determinado ramo do conhecimento humano.
Ciências sociais - (latu sensu) é o aspecto da vida social que se relaciona com a produção do saber,
arte, folclore, mitologia, costumes, etc., bem como à sua perpetuação pela transmissão de uma
geração à outra.
Sociologia - o conceito de cultura tem um sentido diferente do senso comum. Sintetizando simboliza
tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que confere uma
identidade dentro do seu grupo de pertença. Na sociologia não existem culturas superiores, nem
culturas inferiores pois a cultura é relativa, designando-se em sociologia por relativismo cultural, isto
é a cultura do Brasil não é igual à cultura portuguesa, por exemplo: diferem na maneira de se
vestirem, na maneira de agirem, têm crenças, valores e normas diferentes... isto é têm padrões culturais distintos.
Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou
comportamento natural. Por seu turno, em biologia uma cultura é normalmente uma criação especial
de organismos (em geral microscópicos) para fins determinados (por exemplo: estudo de modos de
vida bacterianos, estudos microecológicos, etc.). No dia-a-dia das sociedades civilizadas
(especialmente a sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser associada à aquisição de
conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição; este
sentido normalmente se associa ao que é também descrito como ―alta cultura‖, e é empregado
apenas no singular (não existem culturas, apenas uma cultura ideal, à qual os homens
indistintamente devem se enquadrar). Dentro do contexto da filosofia, a cultura é um conjunto de
respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos. Cultura é informação, isto é,
um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e
aos vindouros. A cultura é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo
os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus
antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura é um fator de humanização. O
homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de
símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos.
Antropologia - esta ciência entende a cultura como o totalidade de padrões aprendidos e
desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward Burnett Tylor, sob a
etnologia (ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a cultura seria ―o complexo que inclui
conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo
homem como membro da sociedade‖. Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de
organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
A principal característica da cultura é o chamado mecanismo adaptativo: a capacidade de responder ao
meio de acordo com mudança de hábitos, mais rápida do que uma possível evolução biológica. O homem não
precisou, por exemplo, desenvolver longa pelagem e grossas camadas de gordura sob a pele para viver em
ambientes mais frios – ele simplesmente adaptou-se com o uso de roupas, do fogo e de habitações. A
evolução cultural é mais rápida do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o homem
torna-se dependente da cultura, pois esta age em substituição a elementos que constituiriam o ser humano;
a falta de um destes elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da cultura) causaria o mesmo
efeito de uma amputação ou defeito físico, talvez ainda pior.
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Além disso a cultura é também um mecanismo cumulativo. As modificações trazidas por uma geração
passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das novas gerações.
Um exemplo de vantagem obtida através da cultura é o desenvolvimento do cultivo do solo, a agricultura.
Com ela o homem pôde ter maior controle sobre o fornecimento de alimentos, minimizando os efeitos de
escassez de caça ou coleta. Também pôde abandonar o nomadismo; daí a fixação em aldeamentos, cidades e estados.
Cultura nas organizações
DEFININDO AS ORGANIZAÇÕES
Segundo Srour, podemos definir organização como ―agentes coletivos, à semelhança das classes sociais, das
categorias sociais e dos públicos‖ que ―são planejadas de forma deliberada para realizar um determinado
objetivo‖
As organizações, desde o tempo dos mais antigos estudiosos da administração, como Fourier, Morelly, Blanc,
Saint Simon, passando pelos tradicionais Taylor e Fayol, preocupavam-se primordialmente com a estrutura.
Foi Elton Mayo, já na terceira década deste século, quem começou o questionamento sobre as relações
humanas, dando algumas das primeiras contribuições a essa temática, seguido principalmente por Follet e
Barnard. Este, no seu estudo da ―Autoridade e Comunicação‖, defendia que ―as pessoas têm motivações
individuais e cooperam com os outros para atingir certos propósitos‖ (Apud PARK, 1997).
A visão mecanicista, que encara a organização como estruturas rígidas, tem sido deixada de lado de maneira
inflexível por alguns estudiosos - como por exemplo Fritjof Capra - e por algumas organizações, que propõem
a chamada visão sistêmica, pela qual se encaram as organizações como organismos vivos, as quais, dentro
do paralelo, desenvolvem-se e adaptam-se aos impulsos da realidade. Segundo Capra, ―o controle não é a
melhor abordagem, mas sim a cooperação, o diálogo e a colaboração‖, deixando claras as suas posições
sobre o poder e suas manifestações no âmbito organizacional.
Vivemos, em fins do século XX, um momento de busca incessante pelo conhecimento da organização, em
que os staffs buscam prioritariamente a essência de
suas corporações(1).
Cultura, subcultura, contracultura
Na Sociologia, Antropologia e estudos culturais, uma subcultura é um grupo de pessoas com características
distintas de comportamentos e credos que os diferenciam de uma cultura mais ampla da qual elas fazem
parte. A subcultura pode se destacar devido à idade de seus integrantes, ou por sua raça, etnia, classe e/ou
gênero, e as qualidades que determinam uma subcultura como distinta podem ser de ordem estética, religiosa, ocupacional, política, sexual, ou por uma combinação desses fatores.
O termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude que marcaram
os anos 60: o movimento hippie, a música rock, uma certa movimentação nas universidades, viagens de
mochila, drogas e assim por diante. Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que,
embora muito próximo de nós, já faz parte do passado. De outro lado, o mesmo termo pode também se
referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de
enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças
mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica – esta parece ser
a palavra-chave – que, de certa maneira, ‗rompe com as regras do jogo‘ em termos de modo de se fazer
oposição a uma determinada situação. Uma contracultura, entendida assim, reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social.
A partir de todos esse fatos era difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação radical, pois
rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e comportamentos da cultura
dominante, surgindo inicialmente na imprensa, foi ganhando espaço no sentido de lançar rótulos ou modismos.
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Cultura real e cultura ideal.
Cultura de Equipe Ideal
O perfil de cultura ideal criado pela organização indica que se exige um estilo de equipe que reúne papéis do
tipo inovador e pioneiro. Essa equipe deve:
* Obter resultados com base em fatos e informações.
* Absorver e transmitir informações técnicas.
* Prestar atenção aos detalhes ao atingir objetivos.
* Procurar tarefas desafiadoras em sua área específica.
* Tomar decisões de maneira sistemática e lógica.
* Ter um interesse amigável pelas pessoas.
* Influenciar e convencer os outros para obter comprometimento.
* Assegurar a manutenção da qualidade e dos padrões.
* Motivar os demais e mantê-los concentrados nas respectivas metas.
* Aderir a regras, procedimentos e diretrizes da organização.
* Procurar encontrar soluções satisfatórias para os problemas.
* Proceder com confiança depois de qualificar uma ação e concluir sua análise.
* Concentrar-se na obtenção de resultados e no aprimoramento dos padrões.
* Ter uma determinada cautela antes de agir.
* Avaliar informações analíticas.
Papel Da Equipe Ideal
Para que a equipe ideal possa trabalhar com sucesso, é vital que pelo menos um dos papéis descritos a
seguir esteja representado.
Pioneiro
O pioneiro busca resultados, é ativo e exigente, especialmente diante de incertezas e/ou oposição. Estimula a
si mesmo e os demais a desenvolver e atingir objetivos, metas e resultados de longo prazo.
Inovador
O inovador consegue enfrentar novos desafios e desenvolver soluções imaginativas para problemas difíceis,
criando e desenvolvendo idéias novas e inovadoras.
Líder Ideal Para Essa Equipe
Em decorrência das diferenças entre a cultura real e ideal da equipe, provavelmente será necessário um
processo de mudança na equipe. A pessoa ideal para liderar essa equipe durante uma mudança deve ter um
perfil que se ajuste à Cultura Ideal ou deve ter competência para modificar o próprio comportamento a fim
de se enquadrar às necessidades dessa Cultura Ideal.
Cultura de Equipe Real
A cultura da equipe real mostrada anteriormente foi ajustada para mostrar claramente a forma do gráfico.
Isso se faz necessário quando é gerada uma forma "fechada". O perfil de cultura "fechado" da equipe real
indica que os membros da equipe estão bem equilibrados em termos de talento profissional. Contudo, em
termos de comportamento, os integrantes podem ter os seguintes problemas:
* Conflito.
* Indecisão.
* Trabalhar em subgrupos opostos.
* Frustrações, problemas e estresses.
* Desorientação.
* Rejeição e insegurança.
* Resistência a mudanças.
Se o líder e os membros da equipe estiverem dispostos a modificar consideravelmente seu comportamento,
terão uma oportunidade razoável de sucesso. A seguir, mostramos possíveis talentos e limitações da equipe.
Talentos Da Equipe
Essa equipe amigável e otimista inspira as pessoas com seu entusiasmo. É capaz de motivar e de criar uma
atmosfera que estimula todos a se dedicar às respectivas tarefas. Considera os resultados importantes, bem
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como um ambiente de mudanças rápidas. Atua com um senso de urgência, compete para vencer e está
sempre à procura de tarefas desafiadoras. Previdente, questiona o status quo e arrisca-se no desconhecido.
Comunica-se verbalmente com os outros e oferece um ótimo nível de estímulo, treinamento e apoio.
Orientada para as pessoas, procura desenvolver uma cultura de participação e envolvimento, ao mesmo
tempo que compete para vencer e atingir metas.
Reação Da Equipe A Mudanças
Bastante otimista, essa equipe acata, aceita e gera mudanças prontamente. Os resultados são importantes;
por isso, se a mudança agregar algum valor, será tratada com entusiasmo e sem receio. Contudo, às vezes a
equipe pode se mostrar impulsiva e deixar de avaliar a fundo as possíveis conseqüências das próprias ações.
É ativa, vigilante e reage rapidamente a mudanças.
Líder Ideal Para Essa Equipe
O líder ideal para essa equipe deve saber lidar com pessoas e influenciar e convencê-las a fim de que se
comprometam. O ambiente deve ser amigável e o líder, além de entusiasta e orientado para resultados, deve
irradiar otimismo, responder a desafios e elevar o moral dos outros membros da equipe.
Valor Da Equipe
O ambiente no qual uma equipe trabalha, o nível em que opera e o valor que agrega à organização são
fatores vitais para seu sucesso ou fracasso. O valor que essa equipe agrega à organização é o seguinte:
* Cumprir metas por meio de pessoas.
* Ter o desejo de obter o apoio de outros para concluir tarefas.
* Ter disposição para questionar o status quo.
* Causar impressões favoráveis e incentivar o envolvimento.
* Ter habilidade para se comunicar, interna e externamente.
* Identificar e criar mudanças inovadoras.
Limitações Da Equipe
Toda equipe tem talentos que agregam valor à organização, mas, do mesmo modo, também tem limitações.
As limitações dessa equipe são tais que podem:
* Não desenvolve estratégias e objetivos de longo prazo.
* Toma decisões rapidamente, sem confirmar os fatos.
* Assume coisas demais e não acompanha nem conclui as tarefas.
BIBLIOGRAFIA
BARROS FILHO, Clóvis. Ética na Comunicação - da informação ao receptor.
São Paulo, Moderna, 1995.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora
Nova Fronteira, 1975.
FRANÇA, Fabio. Comunicação institucional na era da qualidade total. São Paulo, 1997. Dissertação
de Mestrado, ECA-USP.
EXERCÍCIOS
1. O que é cultura real e cultura ideal? Dê exemplos.
2. Qual a diferença entre cultura, subcultura e contracultura nas organizações?
3. Quais são os elementos que definem a cultura de uma organização?
6. Identificar os pontos fortes da cultura de uma organização ou setor da organização.
7. Como você melhoraria a cultura de alguma organização onde você convive ou conhece?
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CAPÍTULO VII
INTERAÇÃO SOCIAL / SOCIALIZAÇÃO
Conceito de interação social
É a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em contato.Distingue-se da mera
interestimulação em virtude de envolver significados e expectativas em relação às ações de outras
pessoas.Podemos dizer que a interação social é a relação de ações sociais. Fenômeno cuidadosamente
estudado pela psicologia social, originando um novo corpo de ciência que buscou descobrir e estudar as leis e as modalidades dos pequenos grupos, o que inclui dinâmica própria, sua origem e fases de desenvolvimento.
O aspecto mais importante da interação social é que ela modifica o comportamento dos indivíduos
envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Desse modo, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para que haja uma interação social.
Os contatos sociais e a interação constituem, portanto, condições indispensáveis à associação humana. Os
indivíduos se socializam por meios dos contatos e da interação social; e a interação social pode ocorrer entre uma pessoa e outra, entre uma pessoa e um grupo e outro.
Conceito de contato social e processo social
Os indivíduos estão constantemente envolvidos em uma infinidade de processos sociais que os levam a
aproximar-se ou afastar-se de seus semelhantes, modificando situações de distância anteriormente
existentes. As relações sociais, por sua vez, não correspondem a outra coisa senão a estas situações de
maior ou menor distância entre os sujeitos, tomadas em um dado momento do desenvolvimento de
processos de associação e dissociação. São o resultado de processos sociais em determinado instante.
A intensidade das relações é, pois, determinada pela distância existente entre as pessoas. O conceito de
distância social, em Wiese, é multifacetado, sendo inúmeros os fatores que conduzem à aproximação e ao
afastamento entre os homens - a linguagem, o sexo, a idade, a classe social, os hábitos etc. - e diversos,
também, os pontos de vista sob os quais esta distância pode ser medida. Entre um grupo de indivíduos que
obedece certas regras de etiqueta, por exemplo, pode-se identificar a proximidade decorrente do convívio,
que é facilitado por tais regras, e, ao mesmo tempo, o distanciamento imposto pela preservação da intimidade, também imposta pela etiqueta.
A exemplo das demais categorias da sociologia wieseniana, a noção de contato social é de caráter formal;
seu conteúdo e a finalidade com que são estabelecidos não são, em princípio, objeto da investigação
sociológica. A categoria do contato social é ampla, e compreende contatos físicos, psíquicos e físico-psíquicos.
São fenômenos de curta duração, que não constituem processos sociais de associação e dissociação mas que
podem, todavia, desencadeá-los, dando origem a novas relações sociais. Os contatos sociais provocam, também, modificações e até a eliminação de relações já existentes.
A principal classificação dos contatos sociais é a que os divide em primários e secundários. Aqueles são
contatos próximos, imediatos, estabelecidos através do tato, da visão frente à frente, da fala ou até do
olfato, ao passo que estes últimos são contatos que se produzem a maiores distâncias . Os contatos
secundários podem ser mantidos com o auxílio de meios de comunicação a distância - telefone, carta, rádio
etc. – ou consistir, simplesmente, no pensar em outra pessoa, no desejar sua presença etc. Estes últimos contatos, vividos apenas internamente, também são classificados por Wiese como contatos unilaterais.
A categoria do contato social não está entre as mais importantes para a teoria de Wiese, que se interessa,
antes de tudo, pelos processos de associação e dissociação entre indivíduos e grupos e pelas relações sociais
decorrentes de tais processos. A noção de contato social é, em comparação a estas outras categorias, uma
noção ainda mais geral e abstrata, já que são caracterizados como contatos sociais tanto aqueles contatos
que resultam no aparecimento de processos sociais (um encontro entre pai e filho, por exemplo) como
aqueles que desaparecem sem deixar vestígios (o contato, que pode ser meramente visual, entre dois
desconhecidos que viajam juntos no mesmo ônibus e que nunca mais voltam a se encontrar). Embora
também possa ser entendida como o resultado de infinitos contatos sociais, não é sob esta perspectiva, mas,
sim, sob a perspectiva dinâmica dos processos de aproximação e afastamento que a vida em sociedade é tomada por Wiese como objeto da ciência social.
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Contatos sociais (direto, indireto, primário, secundário, categórico, simpático)
Processos sociais (comunicação, socialização, cooperação, competição, conflito, acomodação,
assimilação)
CONCEITOS BÁSICOS DA SOCIOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO
Interação social é o resultado da estimulação recíproca entre indivíduos. A sociologia investiga as variações
nos padrões de interação social.
Contatos e processos sociais
Os contatos sociais caracterizam o modo como os indivíduos participam da interação,
enquanto os processos definem como se realiza a interação.
Fato Básico Interação entre A e B
Contato Social Como A e B estão envolvidos
Processo Social Como se realiza a interação entre A e B
Contatos Sociais Básicos
Tipo Realização
Direto Sem intermediário, face a face
Indireto Com intermediário
Primário Com envolvimento total
Secundário Com envolvimento parcial
Categórico Por meio de estereótipos
Simpático Confirma ou rejeita o estereótipo
Processo Sociais Básicos
Tipo Definição
Comunicação Sinônimo de interação social
Socialização Sinônimo de educação (integração das novas
Gerações e dos novos membros do grupo)
Cooperação Aproxima os indivíduos na ação conjunta ou no
parcelamento de tarefas, visando ao objetivo proposto
Competição Luta inconsciente e contínua contra o oponente não
individualizado, objetivando bens ecológicos econômicos
Conflito Luta consciente e intermitente pela conquista de status
Acomodação Solução provisória do conflito
Assimilação Solução definitiva do conflito
ZANITELLI, Martins Leandro - Mestrando em Direito Civil pela Faculdade de Direito da UFRGS.
Exercícios
1. Por que o processo de socialização é algo constante?
2. Identifique diferentes tipos de contatos e processos sociais.
3. Qual a diferença entre contato social e processo social?
4. Dê um exemplo para cada tipo de processo social?
5. Qual a diferença entre contato social categórico e simpático?
6. Por que o ser humano é um ser de relações?
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CAPÍTULO VIII
GRUPOS E ORGANIZAÇÕES
Relações Sociais Organizadas e não-Organizadas
Relações Sociais
Organizadas Possuem finalidade(s) definida(s), caracterizam grupo social constituído para atingi-la(s). São
temáticas, duradouras e focadas. Ex. política, religião, trabalho.
Não-Organizadas Provocadas por estímulos que atingem os participantes ou os que se dispõe a delas
participar com finalidade individual e ocasional. Ex. trânsito, consumo.
Status e papel social
1. Em cada grupo de que participa, o indivíduo ocupa uma posição (status) que lhe assegura direitos e lhe
impõe deveres;
2. O status é um fenômeno relativo, ou seja, só tem significado num contexto grupal e em relação a outros.
Tipos de Status
Status atribuído Imposto independentemente de concurso pessoal. Ex. raça, gênero, idade.
Status adquirido Depende de aptidões e de concurso pessoal do indivíduo para obtenção e manutenção do
mesmo. Ex. se tornar advogado.
O papel social é a dinâmica do status, ou seja, o uso das propriedades e desempenho das ações
relacionadas a uma certa característica ou posição social. Numa empresa temos definidos os direitos e
deveres (status) juntamente com a expectativa de comportamento correspondente ao estatuído nas normas
que regem a organização e aos requisitos que determinaram nossa contratação (papel).
Grupo social
Conjunto de indivíduos associados por relações interativas. Entre os membros do grupo existe uma circulação
de experiências, que tende a promover certa homogeneidade de sentimento, pensamento e ação.
Coesão Social e Coerção Social
Coesão Social é quando falamos de coesão social, de imediato vem-nos à mente tratar-se de massa
aglutinante que une os membros do grupo, ou que impera nele uma predominância do sentido do ―nós‖
sobre o ―eu‖.
Georges Gurvitch: coesão grupal x pressão
Forma de integração Característica
Massa Coesão é mais fraca do que pressão
Comunidade Há um equilíbrio entre fusão e pressão
Comunhão Coesão é mais forte do que a pressão
A coesão fundamenta-se na equação básica:
Necessidade Bem
Coerção Social é uma força emanada do grupo, das instituições, da autoridade, enfim de uma fonte de
poder capaz de impor um comportamento. No grupo organizado existem instituições responsáveis pelo
controle do comportamento dos membros.
Ideologia
―Ideologia é um conjunto de idéias, de procedimentos, de valores, de normas, de pensamentos, de
concepções religiosas, filosóficas, intelectuais, que possui uma certa lógica, uma certa coerência interna e
que orienta o sujeito para determinadas ações, de uma forma partidária e responsável‖. A ideologia é um
poder social invisível que nos força a pensar como pensamos e agir como agimos sem consciência crítica.
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Controle social e desvio de comportamento
―É um conjunto de dispositivos sociais – usos, costumes, leis, instituições, sanções – que objetivam a
integração social dos indivíduos, o estabelecimento da ordem, a preservação da estrutura social, alicerçando
nos valores e expresso na imposição da vontade dos líderes, da classe dominante ou do consenso grupal‖.
Instituições: objetivos e autoridade
Objetivos - Autoridade
Satisfação das necessidades sociais pela manutenção do equilíbrio social.
Pessoa ou conjunto de pessoas responsáveis pelo exercício do poder para garantir o cumprimento das
normas e a consecução dos objetivos.
Comportamento desviado é o que se dirige em sentido contrário ao da expectativa. As normas estabelecem o
limite do desvio, além do qual impõem-se as sanções.
Estrutura, organização e sistema
Grupo organizado – previsão de comportamentos
® sabemos o que fazer
® sabemos o que podemos fazer
® sabemos o que não podemos fazer
Estrutura – equilíbrio, regularidade de forma e interdependência que se manifestam em
comportamento padronizado.
Organização – é o conjunto das relações entre os membros do grupo – e entre grupos – conformado com
uma estrutura.
Exercícios de revisão
1. Apresente conceitos básicos sobre grupos sociais.
2. Qual a importância do controle social para a consecução dos objetivos determinados?
3. O que é sistema social? Dê exemplos.
4. O que é grupo social? Classifique-o.
5. O que é controle social? Por quais meios se faz controle social?
6. Toda organização apresenta estrutura e organização. Tanto as relações estruturadas como as não
estruturadas exercem influências nas organizações. Comente esse tema.
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CAPÍTULO IX
DESIGUALDADES
Desigualdades Sociais
No mundo em que vivemos percebemos que os indivíduos são diferentes, estas diferenças se baseiam nos
seguintes aspectos: coisas materiais, raça, sexo, cultura e outros.
Os aspectos mais simples para constatarmos que os homens são diferentes são: físicos ou sociais.
Constatamos isso em nossa sociedade pois nela existem indivíduos que vivem em absoluta miséria e outros
que vivem em mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias enquanto outros não sequer o que comer durante o dia.
Por isso vemos que em cada sociedade existem essas desigualdades, elas assumem feições distintas porque
são constituídas de um conjunto de elementos econômicos, políticos e culturais, próprios de cada sociedade.
Desigualdades: A pobreza como fracasso
No século XVIII, o capitalismo teve um grande crescimento, com a ajuda da industrialização, dando origem
assim as relações entre o capital e o trabalho, então o capitalista, que era o grande patrão, e o trabalhador assalariado passaram a ser os principais representantes desta organização.
A justificativa encontrada para esta nova fase foi o liberalismo que se baseava na defesa da propriedade
privada, comércio liberal e igualdade perante a lei. A velha sociedade medieval estava sendo totalmente
transformada, assim o nome de homem de negócios era exaltado como virtude, e eram-lhe dadas todas as credenciais uma vez que ele poderia fazer o bem a toda sociedade.
O homem de negócios era louvado ou seja ele era o máximo, era o sucesso total e citado para todos como
modelo para os demais integrantes da sociedade, a riqueza era mostrada como seu triunfo pelo seus
esforços, diferente do principal fundamento da desigualdade que era a pobreza que era o fator principal de seu fracasso pessoal .
Então os pobres deveriam apenas cuidar dos bens do patrão, maquinas, ferramentas, transportes e outros e
supostamente Deus era testemunha do esforço e da dedicação do trabalhador ao seu patrão. Diziam que a
pobreza se dava pelo seu fracasso e pela ausência de graça, então o pobre era pobre porque Deus o quis assim.
O pobre servia única e exclusivamente para trabalhar para seus patrões e tinham que ganhar somente o
básico para sua sobrevivência, pois eles não podiam melhorar suas condições pois poderiam não se sujeitar
mais ao trabalho para os ricos, a existência do pobre era defendida pelos ricos, pois os ricos são ricos as
custas dos pobres, ou seja para poderem ficar ricos eles precisam dos pobres trabalhando para eles, assim conclui-se que os pobres não podiam deixar de serem pobres.
Classe, etnia e gênero
Uma classe social é um grupo de pessoas que tem status social similar segundo critérios diversos,
especialmente o econômico. Diferencia-se da casta social na medida em que ao membro de uma dada casta,
normalmente é impossível mudar de status.
Segundo a ótica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada por um
capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o estado, e as
classes dominadas por ela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe
dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes,
de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu
lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a perpetuação
da exploração.
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Na Idade Média, por exemplo, a classe dominante era formada pelos senhores feudais, donos das terras
através da atitudes de coerção, e a classe dominada era formada pelos camponeses. Uma classe à parte era
a classe dos guerreiros que era composta pelos camponeses e alguns eram senhores feudais, que podia passar para uma classe dominante caso recebesse terras como prêmio de suas conquistas.
Segundo Karl Marx, as classes sociais estão associadas à divisão do trabalho. São grupos coletivistas que
desempenham o mesmo papel na divisão do trabalho num determinado modo de produção (asiático, feudal, mercantil, industrial, etc).
Povo, etnia ou ainda grupo étnico, refere-se a um grupo de seres humanos unidos por um fator comum,
tal como a nacionalidade, etnia, religião, língua, bem como demais afinidades históricas e culturais. Estas
comunidades humanas geralmente reivindicam para si uma estrutura social e política, bem como um
território. Os membros de um determinado "povo", (como, por exemplo, o povo português, ou o povo
espanhol) partilham valores, crenças e hábitos em comum. Outros usos da palavra "povo"
Uma outra acepção, agora política, da palavra Povo é usada para significar aquela grande parte da
população de uma nação que não tem posição de poder político. Nesta acepção contrapõe-se à palavra elite.
Outros significados para grupo étnico
Também costuma-se utilizar o termo grupo étnico, em sentido mais estrito, ao conjunto de descendentes de
determinada população, que aderiram e misturaram-se perfeitamente à cultura dominante de determinado país, a ponto de não mais pertencerem à etnia de seus pais, sem no entanto constituírem u novo povo.
Gênero
O emprego da noção de gênero tem origem na tradição antropológica e psicanalítica feminista, e visa, como
na gramática, acentuar a diferenciação entre seres e coisas designadas como da ordem do masculino e do
feminino. Ou seja, a partir de uma diferenciação anatômica – pênis ou vagina – a sociedade classifica e
institui os sujeitos em uma ordem social previamente instituída. Essa ordem define lugar, objeto e
comportamento específicos a homens e mulheres, distribuindo a cada um funções, saberes e poder social de
acordo com as características distintivas que a própria sociedade constrói como sendo pertinentes a cada um
dos sexos. A exemplo de inteligência e coragem para os homens, afetividade e fragilidade para as mulheres.
Instituições
Definimos a instituição como um padrão de controle ou uma programação de conduta individual imposta pela
sociedade. Provavelmente, tal definição não desperta qualquer oposição no leitor visto que, embora difira da
acepção comum do termo, não entra em choque direto com o mesmo. No sentido usual, o termo designa
uma organização que abranja pessoas, como por exemplo, um hospital ou uma universidade. De outro lado,
(o termo instituição) também é ligado às grandes entidades sociais que o povo enxerga quase
como um ente metafísico a pairar sobre a vida do indivíduo, como ―o Estado‖, ―o mercado‖
ou o ―sistema educacional‖.
Por isso, desejamos mostrar que a linguagem é uma instituição. Ela é a primeira instituição com que se
defronta o indivíduo. Esta afirmativa pode parecer surpreendente. A linguagem muito cedo envolve a criança
nos seus aspectos macrosociais. No estágio inicial da existência, a linguagem aponta as realidades mais
extensas, que se situam além do microcosmo das experiências imediatas do indivíduo. É por meio da
linguagem que a criança começa a tomar conhecimento dum vasto mundo situado ―lá fora‖, um mundo que
lhe é transmitido pelos adultos que o cercam, mas vai muito além deles.
Movimentos de mudança
Desde as últimas décadas do século XX, a América do Sul passa por profundas mudanças políticas e
econômicas que a tornaram mais democrática e liberal. Contudo, os processos de democratização política e
liberalização econômica não convergiram espontaneamente na região. Ao contrário, esses dois processos estruturais apresentaram grandes incompatibilidades.
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Novos líderes e governos surgiram na virada de século com tendências mais nacionalistas e à esquerda do
espectro político, porém, marcando um movimento muito mais heterogêneo em comparação com a uniformidade observada na década imediatamente anterior.
O artigo conclui sugerindo que a divisão analítica convencional na área entre institucionalismo e populismo,
ou entre neoliberalismo e modelos nacionalistas, não deve levar o debate teórico nem as democracias na
prática para muito longe. Na realidade, as contradições vividas nas últimas décadas estão redefinindo a política na América do Sul, para o novo século, de uma forma inédita e cujo resultado final é imprevisível.
Estratificação social
Conceito: é a diferenciação de indivíduos e grupos em posições (status) ou classes, diferenciação esta feita
de maneira hierárquica.
A estratificação social pode ser feita através de:
a) Castas: Um sistema de castas compõe-se de um número muito grande de grupos hereditários, os papeis
das pessoas é determinado por sua ascendência, esse é um modelo de estratificação que não apresenta
nenhuma possibilidade de mudança de posição social, por isso é chamado de fechado, a pessoa que pertence
a uma casta só pode casar-se com um membro da mesma casta. Ex. A Índia a casta tinha caráter religioso.
b) Estamentos: Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas. São
reconhecidos por lei e geralmente ligados ao conceito de honra, o prestigio é o que determina a posição da
pessoa na sociedade. Ex.: Sociedade pré-capitalista.
c) Classes: Constitui uma forma de estratificação social onde a diferenciação dos individuo é feito de acordo
com o poder aquisitivo, não há desigualdade de Direito, pois, a lei prevê que todos são iguais, independente
de sua condição de nascimento, mas há uma desigualdade de fato, como é facilmente percebível por todos. Ex.: Sociedades Capitalistas.
As classes sociais
As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. Cada tipo de organização social
estabelece as desigualdades, de privilégios e de desvantagens entre os indivíduos. As desigualdades são
vistas como coisas absolutamente normais, como algo sem relação com produção no convívio na sociedade,
mas analisando atentamente descobrimos que essas desigualdades para determinados indivíduos são
adquiridos socialmente. As divisões em classes se da na forma que o indivíduo esta situado economicamente e socio-politicamente em sua sociedade.
Como já vimos no capitalismo, quem tinham condições para a dominação e a apropriação, eram os ricos,
quem trabalhavam para estes eram os pobres, pois bem esses elementos eram os principais denominadores
de desigualdade social . Essas desigualdades não eram somente econômicas mas também intelectuais, ou
seja o operário não tinha direito de desenvolver sua capacidade de criação, o seu intelecto. A dominação da
classe superior, os burgueses, capitalistas, os ricos, sobre a camada social que era a massa, os operários, os
pobres, não era só economica mas também ela se sobrepõe a classe pobre, ou seja ela não domina só economicamente como politicamente e socialmente.
A luta de classes
As classes sociais se inserem em um quadro antagônico, elas estão em constante luta, que nos mostra o
caráter antagônico da sociedade capitalista, pois, normalmente, o patrão é rico e dá ordens ao seu
proletariado, que em uma reação normal não gosta de recebê-las, principalmente quando as condições de trabalho e os salários são precários.
Prova disso, são as greves e reivindicações que exigem melhorias para as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de se conciliar os interesses de classes.
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A predominância de uma classe sobre as demais, se funda também no quadro das práticas sociais pois as
relações sociais capitalistas alicerçam a dominação econômica, cultural, ideológica, política, etc.
A luta de classes perpassa, não só na esfera econômica com greves, etc, ma em todos os momentos da vida
social. A greve é apenas um dos aspectos que evidenciam a luta.
A luta social também está presente em movimentos artísticos como telenovelas, literatura, cinema, etc.
Tomemos a telenovela como exemplo. Ela pode ser considerada uma forma de expressar a luta de classes,
uma vez que possa mostrar o que acontece no mundo, como um patrão, rico e feliz, e um trabalhador,
sofrido e amargurado com a vida, sempre tentando ser independente e se livrar dos mandos e desmandos do
patrão. Isso também é uma forma de expressar a luta das classes, mostrando essa contradição entre os indivíduos.
Outro bom exemplo da luta das classes é a propaganda. As propagandas se dirigem ao público em geral,
mesmo aos que não tem condição de comprar o produto anunciado. Mas por que isso? A propaganda é capaz
de criar uma concepção do mundo, mostrando elementos que evidenciam uma situação de riqueza, iludindo
os elementos de baixo poder econômico de sua real condição. A dominação ideológica é fundamental para encobrir o caráter contraditório do capitalismo.
As desigualdades sociais no Brasil
O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração de renda, os salários baixos,
o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a violência, etc, são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.
As desigualdades sociais não são acidentais, e sim produzidas por um conjunto de relações que abrangem as
esferas da vida social. Na economia existem relações que levam a exploração do trabalho e a concentração da riqueza nas mão de poucos. Na política, a população é excluída das decisões governamentais.
Até 1930, a produção brasileira era predominantemente agrária, que coexistia com o esquema agrário-
exportado, sendo o Brasil exportador de matéria prima, as indústrias eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste período, um verdadeiro ―surto industrial‖.
A industrialização no Brasil, a partir da década de 30, criou condições para a acumulação capitalista,
evidenciado não só pela redefinição do papel estatal quanto a interferência na economia (onde ele passou a
criar as condições para a industrialização) mas também pela implantação de indústrias voltadas para a
produção de máquinas, equipamentos, etc. A política econômica, estando em prática, não se voltava para a
criação, e sim para o desenvolvimento dos setores de produção, que economizam mão-de-obra. Resultado: desemprego.
Mobilidade social e representação de classe
Em entrevistas concedidas a jornais, o ex-presidente brasileiro Presidente Fernando Henrique referiu-se ao
fato do Brasil possuir classes sociais muito mutáveis, o que estaria conspirando contra a formação de grupos
fortes no campo da representação sindical e partidária.
O que dizem os dados? As pesquisas mostram que, de fato, a mobilidade social no Brasil continua intensa. Os
dados mais recentes, revelam que 63% dos chefes de família (homens) mudaram de status social, quando comparados aos seus pais, e apenas 37% permaneceram na situação dos seus pais.
Mais importante do que isso, é verificar que, dentre as pessoas móveis, cerca de 80% subiram na escala
social e 20% desceram. Ou seja, a grande maioria das famílias brasileiras está em melhores condições
quando comparadas à respectiva geração anterior. O mais interessante é que o mesmo quadro fora
encontrado no início da década de 70, quando se realizou a primeira pesquisa sobre o assunto. Portanto,
sociedade brasileira era e continua móvel - sempre, comparando-se as gerações atuais com as anteriores.
Paradoxalmente, a sociedade brasileira é tão desigual hoje quanto no passado. A pirâmide social continua
com uma extensa base e um reduzido pico. Além disso, os mercados de trabalho passam por uma enorme
revolução. Há 40 anos, uma expressiva parcela da força de trabalho era constituída de homens que
trabalhavam de forma concentrada nas fábricas do setor industrial, o que facilitava a consolidação de valores
e a mobilização sindicial. Hoje, quase 50% da força de trabalho é composta de mulheres que, na maioria dos
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casos, complementam o orçamento doméstico, e que, junto com os homens, trabalham em unidades
dispersas e atomizadas do comércio e dos serviços - o que dificulta a conscientização e a mobilização.
Bibliografia
PEREIRA, F. P. “Seja homem!” Produção de masculinidades em contexto patriarcal. (Doutorado em Ciências
Sociais – PUC/SP), São Paulo, setembro de 2005.
Pastore, José- Desigualdade e Mobilidade Social no Brasil - T.A.Queiroz Editor Ltda.
Exercícios de verificação de aprendizagem
1. Comente sobre o problema base da desigualdade social ser a dominação
2. Analise os diferentes níveis de desigualdade. Escolha um ou dois e comente a respeito.
3. Em cada fase histórica a sociedade cristaliza desigualdades sociais de forma própria. Por quê?
4. O que é desigualdade social? Explique se ao longo da história ela aparece da mesma forma.
5. O que é estratificação social?
6. O que é mobilidade social? Quais são os tipos?
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CAPÍTULO X
COMPORTAMENTO E OS RECURSOS HUMANOS NAS ORGANIZAÇÕES
É comum no mercado de outplacement a prestação de serviços que assessorem organizações na condução de entrevistas de desligamento em processos de demissões de massa, de cargos gerenciais ou, ainda, em qualquer cargo a depender da política de Recursos Humanos da mesma.
A entrevista de desligamento é uma possibilidade de obter do ex–funcionário, a título de colaboração,
algumas informações e sugestões para melhorar as condições de trabalho e das relações (empresa–funcionário), de forma a serem evitadas futuros desligamentos contribuindo com o desenvolvimento organizacional e as práticas de Recursos Humanos.
Considerando que a produtividade e a imagem dos produtos da empresa estão associadas à valorização e
ao respeito para com seus colaboradores, empresas passam a investir em ferramentas de valorização, podemos identificar a necessidade desta entrevista nas organizações que: A) Realizam desligamento em massa de vagas, por exemplo temporárias;
B) Empresas com turnover elevado; e
C) Empresas de varejo, indústria e prestação de serviços que dependem da produtividade e boa imagem de seus produtos, dentre outros.
Como ocorre em toda entrevista, é necessário que seja planejado o local onde o candidato tenha a menor presença de estimulações possíveis (visual, sonora etc.), local onde não haverá interrupções e que seja
realizado check–list do material que será utilizado (caneta, questionário de desligamento etc.). Quanto ao tempo, não há uma regra, o colaborador demora em média 20 minutos para o preenchimento do questionário, mais cerca de 20 minutos correspondentes às orientações do consultor e coleta de relatos verbais para esclarecer eventuais dúvidas por parte do funcionário ou entrevistador.
Para que a entrevista não gere constrangimento e nem atinja o caráter de ―desabafo‖, por parte do
funcionário, o entrevistador no processo de desligamento tem que assumir maior parte da entrevista ouvindo do que falando. Este espaço é destinado para que o colaborador fique à vontade para se expressar, sabendo que aquele conteúdo é confidencial e que não será prejudicado. Aqui, buscamos
informações acerca do motivo do desligamento, opinião sobre seu cargo, colegas de trabalho, benefícios, carreira e demais políticas de RH. Em geral, são sugeridos em sua aplicação alguns cuidados metodológicos:
I – Deve ser aplicada e conduzida no último dia de trabalho para não causar desconforto;
II – Deve-se orientar o candidato quanto aos objetivos, informando-lhe que não é obrigatório o preenchimento, dizendo-lhe que aquele conteúdo é confidencial, que não o desabonará etc.; III – Caso a pessoa se recuse a preencher o formulário, pede-se para que assine e justifique o motivo; IV – Prepare o ambiente, execute o chek–list de material e realize rapport;
V – Não responda ou induza respostas às perguntas para o candidato; VI – Evite manifestações que tomem posição ou julgamento de valores no relato ou a respeito do candidato, ou ainda, contingências ditas como ―fofocas‖, ―concordar ou descordar‖ etc.; VII – Fundamente-se na ética de sua categoria. Os dados obtidos neste processo deverão ser agregados ao relatório que será entregue ao cliente de maneira a não expor desnecessariamente o ex–colaborador.
Os questionários ou roteiros de entrevistas são formulados de acordo com a situação de desligamento: A)
Pedido de demissão; B) Demissão por justa cause ou C) Demissão sem justa causa. Em ambas devemos estar preparados para comportamentos de ressentimento, falsas esperanças, raiva, rancor, irritação, tristeza e até barganha.
Na conclusão da entrevista, é necessário que o entrevistador encerre-a de maneira cordial, discreta e
otimista suficiente para manter a auto–estima do colaborador sem gerar falsas esperanças. No caso de outplacement, colocando-se à disposição de orientá-lo na elaboração de um currículo, dando-lhe dicas de recolocação profissional, postura em processos seletivos, reflexões sobre o mercado de trabalho etc.
ALENCAR, Eduardo Tadeu da Silva - Comentando RH - VEJA - outubro 2006
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Metas e objetivos nos grupos
Situações de metas comuns (competição, co-orientação, cooperação)
Situações de metas diferentes (divergência, paralelismo, convergência)
A influência da cultura ocorre inclusive sobre os objetivos buscados por cada indivíduo na organização, os
quais podem pertencer às três variáveis mencionadas anteriormente. A relação entre os objetivos e as
variáveis pode ser observada quando buscamos reconhecimento pelo serviço, responsabilidade etc.
(tecnologia), competência da chefia, salário etc. (preceitos) amizade da chefia, relacionamento com colegas
(sentimentos).
Neste sentido, retomamos a questão do conflito no ambiente corporativo, dado que não ocorre só entre
patrão e empregado. Ele pode ocorrer também em nível horizontal, isto é, entre os empregados, em
qualquer nível hierárquico, pois cada um tem sua meta individual, muitas vezes divergente. Vejamos o que
pode ocorrer em cada situação, segundo Bernardes (1995):
1) Quando as metas dos participantes são comuns, pode ocorrer:
· Competição – ocorre quando há luta para obtenção de recursos escassos, no sentido de não
serem suficientes para a satisfação de todos os postulantes. Ex.: o objetivo de ter prestígio é alcançado pela
meta individual de ser promovido para o lugar do chefe que se afasta, porém o cargo é único e os
postulantes são muitos.
· Co-orientação – caracteriza-se por ser comum a todos, mas cada qual pode obtê-la sem
prejudicar os demais e também sem precisar o auxílio dos companheiros. Ex: a meta de receber o salário no
fim do mês é comum aos operários da linha de produção, bastando para alcançá-la executar os serviços que
lhes foram determinados.
· Cooperação – ocorre quando uma pessoas atinge sua meta somente quando as demais alcançam
as suas. Ex.: o time de futebol, em que os jogadores possuem a meta coletiva de vencerem o adversário.
2) Quando as metas dos participantes são diversificadas:
· Divergência – a meta individual diverge da meta coletiva e ambas são incompatíveis. Ex.: o
operário recém-admitido que tem a meta individual de produzir o máximo possível, o que contraria o grupo
de trabalhadores antigos, que acordaram uma meta de certo número de unidades, par que não tivessem
tanto esforço.
· Paralelismo – há um paralelismo entre as metas de ambos, sendo compatíveis desde que chefe e
empregado se entendam. Ex.: a troca do salário por serviços, já que fazer isso ou aquilo é aceitável pelo
trabalhador, pois sua meta é monetária.
· Convergência – as metas são distintas porém só podem ser alcançadas juntas. Ex: o ensino e a
aprendizagem são metas diferentes, porém indissociáveis, ou seja para alcançar sua meta pessoal o
professor colaborar para que o aluno alcance a sua de aprender.
Esta explanação resumida sobre as metas é importante para o gerente de comunicação por dois motivos:
para determinar a forma de controle social adequada a cultura organizacional; e para compreender o estado
iminente do conflito nas organizações, considerando este como uma situação de desacordo qualquer, entre
os participantes da organização, ou entre estes e os gestores, ou ainda entre a organização e os outros
membros do macro-sistema - os stakeholders (clientes, comunidade, fornecedores, concorrentes, governo
etc). Em qualquer dos casos a situação pode trazer prejuízos à produtividade, à qualidade dos bens ou
serviços e a sobrevivência do sistema organizacional. E claro, tudo isso está sob a influencia da cultura do
ambiente externo a organização.
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Aprendizagem da cooperação
Geralmente, quando nos reunimos em grupo para aprender, seguimos o velho modelo educacional ―um-fala-
e-os-outros-ouvem‖. A desconferência surge como uma alternativa prática e lúcida a este modelo tradicional
e ultrapassado de aprendizagem. Apesar de estar estudando e aplicando uma série de desconferências com
grupos corporativos há algum tempo, dificilmente eu chegaria a uma explicação tão bem definidia como a de Kazi em seu blog 1001 Gatos de Schrödinger, onde cita:
Os princípios que guiam uma desconferência são diretamente influenciados pelo trabalho do autor e consultor
Harrison Owen, que descreve um método de organizar grupos de interação, chamado Open Space Technology.
Owen em seu artigo ―Opening Space for Emerging Order‖, explica os Quatro Princípios do Open Space:
1) Seja quem for que veio,é a pessoa certa,
2) O que quer que aconteça, é apenas aquilo que deveria ter acontecido,
3) Quando quer que comece é na hora certa
4) Quando acaba,acabou.
E acompanhando a Lei dos Dois Pés afirmando que, ―Se a qualquer momento você encontra-se em qualquer
situação onde você não estiver nem aprendendo ou contribuindo – use seus dois pés e dirija-se para um lugar mais ao seu gosto‖.
Mais adiante ele define a desconferência como ―um fórum auto-organizado‖ e compara o evento e uma jam
session, um encontro de músicos jazzistas onde cada um leva entra com seus conhecimentos em uma ação de improviso coletivo. Vale a pena conferir o post de Kaki sobre desconferências integralmente.
Como promover grupos cooperativos
Voluntariado Corporativo deve promover reflexão sobre participação cidadã
15/02/2007 - O voluntariado empresarial é uma estratégia na gestão socialmente responsável, que ajuda a
enraizar valores da empresa, trabalhar seu público interno e as relações da empresa com a comunidade. É
uma estratégia interessante porque promove o fortalecimento da cultura corporativa, cria vínculos entre funcionários, melhora o clima organizacional e a imagem corporativa.
Internamente, as relações interpessoais e intersetoriais são favorecidas, adquirindo caráter menos
competitivo e mais colaborativo, pois, ao atuar em uma ação voluntária, num ambiente com menos recursos,
o funcionário aprende a desenvolver capacidades que muitas vezes se perdem no mundo corporativo. É como
resume Roberto Ravagnani, diretor fundador do Canto Cidadão, que trabalha desde 2005 com a
sensibilização dos colaboradores da empresa para questões sociais e voluntariado, de forma bem humorada:
―Ao desenvolver ações voluntárias, o funcionário aprende a trabalhar em grupo, com poucos recursos, ser
criativo, comunicativo, trabalhar com dedicação, que é tudo o que as empresas querem‖.
Existem muitas formas de se estimular o voluntariado no ambiente empresarial. Conforme indica Adelaide
Barbosa Fonseca, consultora em ações sociais e coordenadora do Grupo de Estudos de Ação Voluntária,
podem ser criadas campanhas, ações pontuais (como doação de alimentos, agasalhos e brinquedos),
palestras de sensibilização dos funcionários, encontros entre funcionários e organizações sociais. Também é
interessante ceder equipamentos e espaços para a realização de atividades voluntárias, doar recursos para a
organização apoiada pelo funcionário, ou dobrar o valor da doação de dinheiro que um funcionário faz para uma determinada instituição.
Estímulo à participação
Na opinião da consultora, não importa se o colaborador vai participar voluntariamente das organizações
apoiadas pela empresa em suas ações de investimento social ou de atividades realizadas em organizações
escolhidas por ele mesmo. O que interessa é que a empresa promova uma reflexão crítica sobre a
participação cidadã. ―É preciso que o funcionário entenda que ele não deve fazer apenas o seu trabalho, mas
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que ele faz parte de um contexto maior, no qual estão presentes a pobreza, a forme, a violência. E que a
solução para esses problemas não depende apenas do governo, das empresas e das organizações da sociedade civil, mas de cada indivíduo‖, defende.
Nesse processo, é importante que a empresa faça a divulgação das atividades já realizadas por voluntários.
Isso pode ser feito de muitas formas: por meio de jornais internos, criando-se um site no qual os voluntários
da empresa possam inserir seus depoimentos, ou apenas estimulando que eles contem suas experiências em
rodas de conversas entre os colegas. Mas Adelaide adverte que a premiação de um voluntário é delicada,
pois isso pode acender o espírito competitivo. Para ela, é mais interessante que a organização apoiada envie,
por exemplo, uma carta dizendo o que o trabalho do voluntário significou para a instituição.
Referências
BERNARDES, Cyro. Sociologia aplicada à administração: gerenciando grupos nas organizações. 4 ed.
São Paulo: Atlas, 1995
BOBBIO, Noberto. A democracia e o poder invisível. In: Bobbio, Noberto. O futuro da democracia. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
FREITAS, M.E. Cultura organizacional: formação tipologias e impacto SP:Markron Books, McGraw-
hill,1991.
SIMÕES, Roberto Porto. Relações públicas e micropolítica. São Paulo: Summus, 2001
TORQUATO, Gaudêncio. Cultura poder, comunicação e imagem: fundamentos da nova empresa. São
Paulo: pioneira, 1991.
Exercícios
1. Comente sobre a interferência das metas individuais nas metas grupais.
2. O conflito é um mal necessário, passível de ser reduzido pela cooperação através da ressocialização.
Por quê?
3. Num mesmo grupo social, encontramos todas as situações de metas comuns e metas diferentes. Argumente.
4. Que tipo de metas predomina na empresa democrática? Por quê?
5. Que tipo de metas predomina na empresa autocrática? Por quê?
6. Podemos transformar um grupo competitivo em cooperativo? Por quê? Como?
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CAPÍTULO XI
MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO
Produtividade, motivação e satisfação
Georges Snyders, educador francês contemporâneo, afirma: "A alegria é um ato e não um estado no qual
nos instalamos confortavelmente, é a atividade de passar para... A alegria também é um ato, na medida que,
por meio dela, a pência de agir é aumentada, um acréscimo de vida, fazendo o indivíduo se sentir como que
prolongado, enquanto a não-alegria vai restringir reduzir-se, economizar-se, ficar de vigília ou entregar-se à
dispersão."
O trabalho ganhou tempo e espaço na vida das pessoas e, por isso, não é possível impedir que elas vivam
intensamente esse espaço e tempo conforme suas expectativas. Todas as experiências que procuram afastar
pura e simplesmente esses desejos acabam por perder efetivamente a participação dos trabalhadores em suas atividades.
Mas é da alegria compartilhada em grupo que falamos, e da necessidade de as empresas se abrirem às
expectativas de seus colaboradores. As empresas, a nosso ver, deveriam resgatar as relações de
solidariedade e fraternidade entre os seus pares. Sobre esta base os profissionais devem criar sua
identidade.
Essa alegria dos times pode ser traduzida na alegria da divisão das tarefas, do contentamento de trabalhar
junto, que ultrapassa as alegrias individuais, pois suas escolhas estão ligadas às de outros. Assim, a alegria
do trabalho comum é produto da concepção do trabalhador como uma totalidade de tendências e
expectativas, num feixe cultural que possa ser compartilhado com outros profissionais e no ambiente de trabalho, como, por exemplo, a comemoração de resultados e desafios alcançados.
Muito embora tudo isso não signifique que as empresas devam ter a pretensão de preencher todas as
necessidades de realização de seus colaboradores, deve-se levar em conta que há uma relação entre a vida
extra trabalho e intra trabalho, como forma de complementaridade e harmonização.
E é sempre preciso relembrar que a empresa, como organização da alegria, da realização plena de um
conjunto de colaboradores, só pode existir se aceitar a existência de diferentes tipos de personalidades.
Porque, embora tenham evoluído em seus métodos e conteúdos, as empresas no Brasil ainda não levaram
até o fim a tarefa de transformar a relação empregador/empregado, compreendendo cada indivíduo, respeitando suas diferenças.
E, para finalizar - sem a pretensão de dar uma receita, muito menos um conselho -, existem algumas coisas
que podem ser feitas para se conseguir felicidade nas nossas atividades: fazer sempre aquilo de que
gostamos; sentir-se sempre valorizado pelo que fazemos; estar identificado com a cultura da empresa;
procurar fazer sempre que, no nosso ambiente de trabalho, prevaleça o bom humor e o espírito de cooperação entre todos.
Ricardo de Almeida Prado Xavier é administrador de empresas e
presidente da Manager Assessoria em Recursos Humanos
Hierarquia das necessidades
A hierarquia de necessidades de Maslow, é uma divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow, em
que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto.
Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.
Maslow define um conjunto de cinco necessidades:
necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;
necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa
a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
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necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo
ou fazer parte de um clube;
necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades
pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que
desempenhamos;
necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser: É
neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com
aquilo que é na realidade "... temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais".
Entretanto existem várias criticas a sua teoria, a principal delas é que é possível uma pessoa estar auto-
realizada, contudo não conseguir uma total satisfação de suas necessidade fisiológicas.
Influências da coesão grupal
Coesão grupal
Podemos dizer que todo grupo só consegue sobreviver se continuamente exercer uma certa atração sobre
os seus membros. O conceito de coesão grupal refere-se à quantidade de pressão exercida sobre os
membros do grupo a fim de que nele permanecem e pode ser considerado como a resultante das forças que agem sobre um meMbro para que ele permaneça no grupo
Os estudiosos dos grupos sociais sempre se perguntaram as razões que levam à coesão grupal. Uma
primeira classe de resposta sugere que os grupos em geral são atraentes e que eles são dotados de atributos
que os tornam solicitados pelas pessoas. Um outro argumento sugere que muitas pessoas procuram os
grupos, não pela atração exercida pelo grupo em si mesmo, mas pela atração exercida por um determinado
membro do grupo. Uma terceira resposta indica que muitas vezes procuramos o grupo, não por nos
sentirmos atraídos por uma determinada pessoa ou pelo grupo, mas porque acreditamos que o grupo é a
única alternativa que dispomos para atingir determinados objetivo. De acordo com Thibaut e Kelley (1959),
a tendência a um membro permanecer no grupo é função da satisfatoriedade dos resultados por ele obtido no grupo e também da magnitude das recompensas oferecidas por outros grupos.
Pode ser encontrada na literatura especializada algumas evidências empíricas a respeito da coesão
grupal. Elas podem ser assim caracterizadas:
a) quanto maior a coesão grupal, maior a satisfação experimentada pelos membros;
b) quanto maior a coesão grupal, maior a comunicação entre os membros do grupo;
c) quanto maior a coesão grupal, maior a influência exercida pelo grupo sobre os
membros; e
d) quanto maior a coesão grupal, maior a produtividade do grupo
O moral do trabalhador
O trabalhador moral é aquele que fará adesão automática a determinados conceitos, modos de se organizar o
cuidado e modos de se fazer a gestão, formulados por militantes/intelectuais/gestores engajados, por serem
eles, em princípio, justos e necessários. O trabalhador moral tanto adere de corpo e alma aos modelos de
gestão mais "participativos e democráticos" propostos, como consegue traduzir e implementar, nas sua prática cotidiana, os conceitos que eles apresentam.
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Exercícios
1. Perceber se nas relações de trabalho, a produtividade, a motivação e a satisfação apresentam
dimensões individuais e grupais e comentar a respeito.
2. Entender como a produtividade, a motivação e a satisfação que integram o sistema social. Explique.
3. Verifique as relações dos grupos competitivos e cooperativos quanto à produtividade e dê sua opinião
a respeito.
4. De que modo a produtividade, a motivação e a satisfação se interligam nas relações de trabalho?
5. Qual a relação entre coesão, motivação e satisfação?
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CAPITULO XII
RECURSOS HUMANOS SOB O PONTO DE VISTA SOCIOLÓGICO
Ideologia na sociedade e nas organizações
Ideologia da Sociedade Industrial
Ideologia da sociedade industrial trata de aspectos totalitários, tanto do comunismo soviético quanto do
capitalismo ocidental.
Este estudo denuncia que este domínio total de ambas as sociedade passava pelo predomínio de uma razão
técnica (operacional) que, alegando estar desmistificando a realidade, extinguia toda capacidade de
mediação da razão em relação à realidade empírica. Assim, todo pensamento das sociedades industriais
avançadas (caracterização que une, tanto o capitalismo como comunismo de sua época) seria pautada por
uma imediaticidade que racionalizava o irracional. Não parecia absurdo à época, por exemplo, que o congresso estado-unidense criasse uma comissão para a liberdade que cuidaria de assuntos de guerra.
A afluência criada pela produção em massa das sociedades industriais terminaria por integrar aqueles que
outrora haviam sido críticos ao sistema. A dominação e a exploração, então, também assumiam um caráter
racional. O avanço científico e tecnológico nos moldes operacionais que Marcuse tanto critica através de sua
compreensão dialética da realidade e do conhecimento, passariam a esconder a dominação cada vez mais totalitária destas sociedades.
A liberdade partidária e os direitos civis nos E.U.A esconderiam o fato de que a sociedade se encontrava
dominada e controlada por uma irracionalidade produtiva com vistas a um consumo sem limites articulado à publicidade que por sua vez gerariam um massificação alarmante da população.
Nesta conjuntura, as organizações que se opunham ao capitalismo estariam sendo englobados por este se
vendo cada vez mais impotentes frente à eficiência do sistema capitalista.
A saída, para o autor, seria a Grande Recusa que conscientemente só poderia se desenvolver com o
pensamento negativo da teoria crítica - em contraposição ao pensamento positivista e neopositivista que
predominavam na academia -, mas que praticamente já estaria sendo desenvolvido por aqueles setores
marginalizados da sociedade, os párias, os desempregados, os explorados e perseguidos de outras raças e
outras cores, os não-empregáveis (MARCUSE, 1969, p. 235).
A teoria crítica também não seria capaz de delinear os traços da sociedade futura, apenas negar um domínio
que se fazia total. Marcuse, no entanto, propunha que deveria se criar uma nova ciência e uma nova técnica
que não lançasse um olhar para a natureza tanto quanto para o homem como sendo estes meros objetos.
MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 3ª edição,
1969.
Normas, crenças, valores e doutrinação.
As organizações são constituídas por pessoas que utilizam artefatos para transformar matérias-
primas, informações etc em bens e serviços por meio da divisão do trabalho e colaboração, a qual para
sua eficiência necessita de normas de procedimentos, nelas desenvolvendo sentimentos e atitudes
peculiares, bem como rituais específicos (como as cerimônias de admissão). Além disso, as
organizações são grupos humanos que se autoperpetuam, ao mesmo tempo em que seus participantes
levam a efeito grande parte de suas interações dentro dessas associações.
Os vários objetivos pessoais que levam os indivíduos a participar das organizações buscando
satisfazê-los variam conforme o tipo de influência da família e da sociedade onde nasceram e
cresceram, portanto, da aprendizagem sofrida desde a infância em seu ambiente cultural, processo que
a Sociologia denominou socialização.
A socialização é o meio pelo qual a cultura é interiorizada tanto na organização como na sociedade,
pois, conforme Lakatos et al. (1985), se trata do processo que permite que a pessoa, ao longo da vida,
aprenda e interiorize os elementos socioculturais de seu meio, integrando-os na estrutura de sua
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personalidade sob a influência de experiências e agentes sociais significativos, e adaptando-se assim ao
ambiente em que vive (BERNARDES, 1995).
Portanto, a socialização irá condicionar e/ou determinar o comportamento do indivíduo, em relação ao
grupo formal e informal que integre, conforme os objetivos buscados na organização, além do
recebimento de salários.
Anomia e alienação
A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas
transformações ocorrentes no mundo social moderno. A partir do surgimento do Capitalismo, e da
tomada da Razão, como forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais,
fortemente ligados à concepção religiosa. A Modernidade, com seus intensos processos de mudança, não
fornecem novos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de
significado no cotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se "estar à deriva", participando
inconscientemente dos processos coletivos/sociais: perda quase total da atuação consciente e da
identidade. Este termo foi cunhado por Durkheim em seu livro O Suicídio. Durkheim emprega este termo
para mostrar que algo na sociedade não funciona de forma harmônica. Algo desse corpo está funcionando
de forma patológica ou "anomicamente". Em seu famoso estudo sobre o suicídio, Durkheim mostra que
os fatores sociais - especialmente da sociedade moderna - exercem profunda influência sobre a vida dos indivíduos com comportamento suicida.
Alienação: Perda de algum bem material, físico, mental, emocional, cultural, social, político e econômico.
Onde você não apenas cede mas o repciona novamente como algo indiferente, o criador se torna criatura a coisas são humanizadas e os humanos são coisificados
Normas de procedimentos heterônimas e autônomas
- Fontes formais: são as formas de exteriorização do direito, a exemplo das lei e dos costumes.
- Fontes materiais: são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, que envolvem
fatos e valores. São analisados fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos etc. São os
fatores reais que influenciam na criação da norma jurídica.
- Fontes heterônimas: são as impostas por agente externo, a exemplo das Constituições, leis,
decretos etc.
- Fontes autônomas: são as elaboradas pelos próprios interessados, a exemplo dos costumes e dos
contratos
Características da ideologia nos sistemas sociais em geral
Ideologia é um termo usado no senso comum contendo o sentido de "conjunto de idéias, pensamentos,
doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e,
principalmente, políticas". A ideologia, segundo Karl Marx, pode ser considerado um instrumento de
dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a
consciência humana e mascarando a realidade.
Karl Marx, pensador alemão, desenvolveu uma teoria a respeito da ideologia, na qual concebe a mesma
como uma consciência falsa, proveniente da divisão do trabalho manual e intelectual. Nessa divisão,
surgem os ideólogos ou intelectuais que passam através de idéias impostas a dominar através das
relações de produção e das classes que esses criam na sociedade. Contudo a ideologia (falsa consciência)
gera inverte ou camufla a realidade, para os ideais ou vontades da classe dominante. (Fonte: Marx, Karl e
Engels, Friedrich. A Ideologia Alemã (Feuerbach). São Paulo: Hucitec, 2002.)
CANCLINI, Nestor Garcia. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983. 2- ______A
socialização da arte - teoria e prática na América Latina. São Paulo: Cultrix, 1984 3- CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência, aspectos da cultura popular no BrasilI. São Paulo: Brasiliense, 1986.
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PESQUISA SOBRE CONTEÚDO
1. O que você entende por ideologia organizacional?
2. Qual a diferença entre normas, crenças e valores nas organizações formais?
3. Argumente sobre o processo de alienação e anomia como fatores inerentes ao dia-a-dia na empresa.
4. O fenômeno da anomia ocorre nas organizações formais?
5. Por que os conceitos trabalhados na Sociologia de modo geral valem tanto para a sociedade quanto para as organizações?
6. O administrador de RH deve criar e intervir na ideologia da empresa? Por quê?